Você está na página 1de 192

OSTENSIVO MOC

OSTENSIVO I REV.3
OSTENSIVO MOC

MARINHA DO BRASIL
DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS
ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO

METEOROLOGIA E OCEANOGRAFIA
- MOC-03 –

4ª edição
Rio de Janeiro
2023

OSTENSIVO II REV.3
OSTENSIVO MOC

© 2023 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas

Autor: Professor (MSc) Paulo Roberto Valgas Lobo


Professora (MSc) Aline Benezath Mamede da Silva

Revisão Pedagógica: Pedagoga Maria Elisa Dutra Costa


Diagramação: Maria da Conceição de Sousa Lima Martins
Capa: Edvaldo Ferreira de Sousa Filho
Renato Luiz Alves da Conceição

Coordenação Geral: CMG(RM1) Pedro Henrique da Silva Santos

4ª edição atualizada em 2022: Professora (MSc) Aline Benezath Mamede da Silva


Revisão Pedagógica: Pedagoga Adriana Abreu da Costa e Silva de Oliveira
Revisão Ortográfica: Pedagoga Adriana Abreu da Costa e Silva de Oliveira
Formatação/Diagramação: Ingrid Stephaní Mattos Luiz da Silva

exemplares

Diretoria de Portos e Costas


Rua Teófilo Otoni, no 4 – Centro Rio de Janeiro, RJ
20090-070
http://www.dpc.mar.mil.br
secom@dpc.mar.mil.br

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1825, de 20 de dezembro de 1907.


IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL

OSTENSIVO III REV.3


OSTENSIVO MOC

SUMÁRIO ......................................................................................................................... III


APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. VII

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO À METEOROLOGIA ...................................................................................... 1-1


1.1 Radiação solar ......................................................................................................... 1-1
1.2 Elementos meteorológicos ......................................................................................... 1-9
1.3 Instrumentos de medida ........................................................................................... 1-17
1.4 Padrões meteorológicos ......................................................................................... 1-20
1.5 Centros de alta e baixa pressão .............................................................................. 1-25
1.6 Circulação dos ventos ............................................................................................. 1-31

CAPÍTULO 2

SISTEMAS SINÓTICOS ..................................................................................................... 2-1


2.1 Processo convectivo ................................................................................................ 2-1
2.2 Massas de ar e frentes ............................................................................................. 2-6
2.3 Sistemas Frontais ..................................................................................................... 2-9

CAPÍTULO 3

SISTEMAS TROPICAIS ..................................................................................................... 3-1


3.1 Sistemas barotrópicos .............................................................................................. 3-1
3.2 Ciclones Tropicais ..................................................................................................... 3-5

CAPÍTULO 4

ANÁLISES METEOROLÓGICAS ........................................................................................ 4-1


4.1 Cartas e boletins meteorológicos ............................................................................ 4-1
4.2 Tempo presente - diagnóstico ............................................................................... 4-11
4.3 Evolução do tempo – prognóstico ......................................................................... 4-14

OSTENSIVO IV REV.3
OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 5

MENSAGENS METEOROLÓGICAS ................................................................................... 5-1


5.1 Recepção de boletins meteorológicos, cartas sinótica e imagens ........................... 5-1

CAPÍTULO 6

INTRODUÇÃO À OCEANOGRAFIA ................................................................................... 6-1


6.1 Oceanos e mares ...................................................................................................... 6-1
6.2 Hidrografia: rios, lagos e lagoas ................................................................................ 6-8

CAPÍTULO 7

ONDAS ........................................................................................................................... 7-1


7.1 Processo de Formação de Ondas .............................................................................. 7-1
7.2 Definição dos Elementos de Ondas ........................................................................... 7-2
7.3 Classificação das Ondas ............................................................................................. 7-5

CAPÍTULO 8

MARÉS .......................................................................................................................... 8-1


8.1 Teoria das marés ...................................................................................................... 8-1
8.2 Os elementos das marés .......................................................................................... 8-7
8.3 Tábuas das marés ................................................................................................... 8-12

CAPÍTULO 9

CORRENTES OCEÂNICAS E COSTEIRAS ............................................................................ 9-1


9.1 Correntes oceânicas ................................................................................................. 9-1
9.2 Correntes costeiras ................................................................................................... 9-6

OSTENSIVO V REV.3
OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 10

CARTAS AUXILIARES ..................................................................................................... 10-1


10.1 Cartas piloto .......................................................................................................... 10-1
10.2 Cartas de correntes de marés ............................................................................... 10-6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 10-13


ANEXOS ...................................................................................................................... 10-14

OSTENSIVO VI REV.3
OSTENSIVO MOC

APRESENTAÇÃO

Este módulo de Meteorologia e Oceanografia pretende capacitar o aluno a interpretar


as informações meteorológicas diárias, recebidas a bordo das embarcações.
De forma organizada, ao longo das unidades deste módulo, será possível estudar e
compreender as várias etapas dos processos físicos que envolvem os parâmetros ambientais
e afetam o estado do tempo e do mar.
Além disso, após essa disciplina, o aluno poderá aproveitar melhor os boletins
meteorológicos recebidos a bordo. Nas embarcações mais modernas é necessário o
conhecimento sobre as cartas sinóticas e as imagens de satélites, que fornecem preciosas e
detalhadas informações aos navegantes, tanto nas regiões oceânicas, como nas áreas
costeiras.
Esta disciplina habilitará o estudante a manusear de forma correta as tábuas de maré,
cartas piloto e cartas de corrente de maré, tão úteis as manobras das embarcações em águas
costeiras e águas interiores.
É muito importante que o navegante entenda os processos oceânico-atmosféricos
que interferem no estado do mar e nas condições atmosféricas e que podem alterar a
navegação de forma negativa. Além disso, o navegante se torna capacitado a utilizar os
fenômenos atmosféricos e oceanográficos a fim de otimizar as suas derrotas, tornando-as
mais seguras.

OSTENSIVO VII REV.3


OSTENSVO MOC

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO À METEOROLOGIA

Atualmente fala-se muito em meio ambiente. Há comentários e notícias diárias sobre


a natureza e o que está mudando no planeta Terra?
É importante entender o que é meteorologia e também oceanografia. Afinal, as
pessoas que trabalham no mar precisam ter consciência de que a natureza busca equilíbrio
naturalmente, espontaneamente. A meteorologia explica isso. Ela espelha fenômenos de mau
tempo e tempestades e mostra também belas situações de bom tempo e mar tranqüilo.

1.1 RADIAÇÃO SOLAR

Nesse início de estudo, é necessário, primeiramente, definir o que vem a ser


meteorologia.
Meteorologia é a ciência que estuda a atmosfera e seus fenômenos.

Que fenômenos são esses que acontecem na atmosfera?

São as modificações que ocorrem com a temperatura do ar, a pressão atmosférica, a


umidade do ar, o vento e outros, os quais são considerados como elementos meteorológicos.
Esses elementos são dinâmicos, ou seja, eles estão sempre se alterando e, além disso,
estão interligados, o que significa que a variação de um sempre causa alteração de outro. Veja
que entender essas dinâmicas é a função da meteorologia.
Serão estudados ainda nessa unidade o comportamento da circulação do ar nos
centros de baixa (B) e de alta (A) pressão, assim como a circulação geral da atmosfera e as
brisas marítima e terrestre.
O conhecimento da meteorologia na navegação é de fundamental importância
porque, com a correta observação das condições do tempo e sua interpretação, o navegante

OSTENSVO - 1-1 REV.3


OSTENSVO MOC

pode se preparar para enfrentar as condições atmosféricas mais duras ou tomar decisões
sobre a melhor maneira de fugir delas, ou seja, saber lidar com as informações meteorológicas
é para o navegante uma questão de segurança.
A Radiação Solar, que será estudada a seguir, é o principal elemento da meteorologia
e é também responsável por toda a dinâmica atmosférica, portanto é importante saber como
ela se comporta.

1.1.1 Incidência da Radiação Solar

A radiação solar é a energia emitida pelo Sol, a qual aquece a Terra, permitindo a
evaporação da água, a formação de nuvens, a chuva, o temporal, etc. Enfim, é o elemento que
vai desencadear toda a dinâmica dos fenômenos meteorológicos.
Como a radiação solar (ondas curtas) não afeta o ar, o aquecimento da Terra desencadeia por
contato, o aquecimento do ar à superfície, o que resulta muitas vezes no movimento do ar.
Essa radiação, no entanto, não atinge a superfície da Terra de maneira uniforme. Ela varia
bastante em função da forma arredondada do planeta, do movimento de Rotação da Terra,
que consiste no movimento que o planeta faz em torno de si mesmo, dando origem aos dias
e às noites, bem como no movimento de Translação da Terra, que consiste no movimento do
planeta em torno do Sol. Há ainda uma outra variação com relação ao tipo de superfície onde
os raios de Sol incidem. Cada uma dessas variações será estudada.

1.1.2 Ângulo de Incidência

O fator mais importante para se entender essas variações do recebimento da radiação


solar é chamado de ângulo de incidência, isto é, a forma como os raios incidem sobre a
superfície da Terra. Esse ângulo varia de acordo com a posição em que a superfície da Terra
está em relação ao Sol.
Para entender melhor esse assunto, faça uma experiência utilizando uma lanterna, conforme
mostra a Figura 1, onde o foco de luz, incidindo sobre uma área qualquer, pode representar
um fenômeno semelhante ao que acontece com a luz solar (radiação) incidindo na superfície
terrestre.

OSTENSVO - 1-2 REV.3


OSTENSVO MOC

Você pode observar que quanto mais perpendicular for esse foco, maior será a
intensidade de calor (luz) concentrado na área. E, ao contrário, quanto maior for a inclinação
desse foco, menor será a intensidade.

Figura 1: Ângulo de incidência da radiação solar


Fonte (Maciel, 2014)

1.1.3 Variação com a Latitude

Com essa experiência, podemos concluir que, devido ao próprio formato arredondado
da Terra, a distribuição da radiação solar é desigual com a variação da latitude, conforme
mostra a Figura 2. Essa diferença de intensidade da radiação solar entre as latitudes dá origem
ao que chamamos de regiões climáticas.

Figura 2: Efeito da diferença de radiação solar nas


diferentes latitudes

OSTENSVO - 1-3 REV.3


OSTENSVO MOC

Desta forma, o planeta, em relação ao clima, divide-se nas 3 faixas apresentadas na


Figura 3:

Figura 3: Zonas climáticas formadas pela diferença de intensidade


da radiação solar nas latitudes.

▪ Região tropical, que compreende a faixa de latitude entre 0º - 30ºN e 0º - 30ºS;


▪ Região temperada, que compreende a faixa de latitude entre 30ºN-60ºN e 30ºS- 60ºS;
▪ Região polar, que compreende a faixa de latitude entre 60ºN-90ºN e 60ºS-90ºS.

1.1.4 Movimento de Rotação

Com relação ao movimento diário que a Terra realiza em torno de seu próprio eixo, é
fácil perceber que, quando o Sol nasce e se põe, o ângulo de incidência se afasta
perpendicularmente e, nesses horários, o aquecimento da superfície é pequeno, ao contrário
do que acontece na passagem meridiana do Sol (Sol a pino), ocasião em que o aquecimento
da superfície é muito maior (Figura 4).

OSTENSVO - 1-4 REV.3


OSTENSVO MOC

Figura 4: O movimento de rotação da Terra e a formação do


dia e da noite.

1.1.5 Movimento de Translação

Dependendo da posição relativa do Sol em relação à Terra, devido ao movimento de


translação, a energia proveniente da radiação solar é recebida em quantidades diferentes nos
dois Hemisférios (Norte e Sul). O Hemisfério que está voltado para o Sol e recebe mais
diretamente sua radiação vai se aquecer mais, ocasionando o verão enquanto que no outro
Hemisfério será inverno. Assim, confirmamos mais uma vez que é o ângulo de incidência com
que os raios atingem a superfície terrestre que ocasiona esta variação, ou seja, quanto mais
perpendicular à superfície for o ângulo de incidência dos raios solares maior será o
aquecimento da superfície, conforme mostra a Figura 5.

Figura 5: O movimento de translação da Terra e formação das quatro estações do ano


(primavera, verão, outono e inverno)

OSTENSVO - 1-5 REV.3


OSTENSVO MOC

1.1.6 Tipo de Superfície

O outro aspecto responsável pela quantidade de energia absorvida refere-se ao tipo


de superfície que recebe a radiação solar. Observe na Figura 6 que, de toda a radiação que
chega à superfície da Terra, uma parte é absorvida e outra é refletida de volta para a
atmosfera.

Figura 6: Imagem da quantidade de radiação solar recebida e refletida por uma superfície
coberta de gele e neve e outra coberta por água.

Pois bem, cada tipo de cobertura de Terra (vegetação, água, neve, areia. etc.) tem um
índice de absorção e de reflexão diferente; por exemplo, a neve absorve 10% e reflete 90% da
energia solar, enquanto que a água absorve cerca de 94% dessa energia, transformando-a em
calor, e reflete cerca de 6%.
Da mesma forma, há uma diferença na absorção da radiação solar entre os continentes
e os oceanos. Enquanto a água tem uma tendência de armazenar o calor que recebe, a terra,
ao contrário, o devolve rapidamente para a atmosfera. Essa diferença na absorção da
energia gera diferença de temperatura entre essas superfícies, formando fenômenos
atmosféricos importantes para a navegação, que serão melhor descritos nos próximos
capítulos.
É importante entender que essa energia que é recebida pela Terra está em constante
transformação, sendo transportada em grandes quantidades sob a forma de calor. Esse
transporte de energia atinge grandes distâncias e contribui significativamente para o
equilíbrio e o balanço térmico do planeta.

OSTENSVO - 1-6 REV.3


OSTENSVO MOC

Exercícios resolvidos 1.1

Com base no que você estudou sobre “Radiação solar”, responda.

1.1.1) Qual a importância do ângulo de incidência dos raios solares no aquecimento da


superfície do planeta TERRA?

O aquecimento da superfície é conseqüência da quantidade de radiação solar que é


absorvida pela região. Quando o ângulo de incidência dos raios é muito inclinado, ocorre um
espalhamento da energia por uma área muito grande, então a quantidade de energia
absorvida por unidade de área é menor. Por exemplo, na hora do nascer e pôr-do-sol é
menor, e maior, ao meio dia.

1.1.2) Que fatores influenciam o ângulo de incidência dos raios solares no nosso planeta
TERRA?

Com a rotação da TERRA, o ângulo de incidência varia com as horas do dia. Com a
translação da TERRA em torno do SOL, ocasionando as estações do ano (verão,
outono, inverno e primavera), o ângulo de incidência varia com os dias do ano.
Com a forma esférica da TERRA, em cada latitude o ângulo de incidência varia,
principalmente entre as baixas e altas latitudes.

1.1.3) Que outro fator influencia o aquecimento da superfície do planeta TERRA?

O aquecimento da superfície é também conseqüência do tipo de cobertura da superfície.


Por exemplo: floresta, areia, água, gelo ou neve.

OSTENSVO - 1-7 REV.3


OSTENSVO MOC

1.1.4) Como se pode explicar o processo de aquecimento e resfriamento do ar,


nos níveis próximos à superfície?

O ar em contato com a superfície da TERRA, por condução, tende ao equilíbrio, igualando


sua temperatura a da superfície. A temperatura da superfície é que indica se ocorrerá
aquecimento ou resfriamento do ar, na busca desse equilíbrio. Ocorrerá sempre um
resfriamento do ar quando o vento soprar sobre uma superfície mais fria.

(este conceito físico será importante para o aluno entender, mais adiante, o processo de
formação de nevoeiro)

OSTENSVO - 1-8 REV.3


OSTENSVO MOC

1.2 ELEMENTOS METEOROLÓGICOS

▪ Por que em determinadas ocasiões o estado do mar, rio ou lago


está calmo e em outras, agitado ou mesmo severo?
▪ O que faz o tempo bom, sem vento e com céu limpo, passar
para outra situação mais agitada?
▪ O que sustenta a intensificação dos fenômenos
meteorológicos e do mau tempo?

Estas questões serão esclarecidas ao longo deste módulo, pelo entendimento das
variações e interação dos elementos meteorológicos a serem vistos nesta subunidade.

1.2.1 Temperatura

Você já sabe que a fonte de calor do planeta Terra e, consequentemente, da atmosfera


é o Sol. Mas o Sol não aquece diretamente a atmosfera. Ao contrário, os raios solares
atravessam a camada do ar que nos envolve, sem aquecê-la, e esquentam a superfície dos
continentes e dos oceanos do nosso planeta. Assim, quanto maior for a quantidade de
radiação solar recebida, maior será a temperatura do ar, gerando áreas com diferentes
temperaturas, que irão causar diferença de pressão atmosférica associada à diferença de
temperatura.
A temperatura do ar também varia conforme a altitude, de forma que em regiões mais
altas (altas altitudes), a temperatura será menor, enquanto nas regiões mais próximas da
superfície (baixas altitudes), a temperatura será maior. Essa variação de temperatura vertical
pode ocasionalmente dar origem às nuvens, conforme veremos mais a frente.

1.2.2 Pressão atmosférica

No ensino fundamental é ensinado que a pressão é uma força exercida sobre um corpo ou
objeto. Pois bem, podemos dizer então que:

OSTENSVO - 1-9 REV.3


OSTENSVO MOC

Pressão atmosférica é a força exercida pelo peso da atmosfera sobre


uma unidade de área.

A pressão em uma superfície é o peso de toda a coluna de ar acima dela; portanto,


podemos facilmente concluir que a altitude interfere na pressão atmosférica. Nas áreas de
elevada altitude, a pressão é menor, porque a coluna de ar nas áreas elevadas é menor que
nas áreas de baixa altitude, certo? Observe a Figura 7.

Figura 7: Pressão atmosférica em diferentes altitudes

A temperatura também influi na pressão atmosférica. Se o ar estiver mais frio, estará


mais denso, mais comprimido, mais pesado e a pressão será maior sobre a superfície. Se o ar
estiver quente, estará mais expandido, menos denso, menos pesado e a pressão será menor
sobre a superfície. Isto significa dizer que, se houver aquecimento do ar, ele se expandirá,
ficando menos denso, e a pressão diminuirá. Entretanto, se houver um resfriamento do ar,
este se comprimirá, ficando mais denso e a pressão aumentará.
Assim, em áreas mais frias do planeta, a pressão atmosférica é maior, enquanto em
áreas mais quentes a pressão atmosférica é menor. A diferença de pressão atmosférica, como
veremos a seguir, dá origem aos ventos.

1.2.3 O Vento

OSTENSVO - 1-10 REV.3


OSTENSVO MOC

Como vimos no item anterior, nas áreas de alta pressão, o ar se acha comprimido; logo,
ele vai procurar espaços para onde possa se deslocar, certo? Muito bem, por um outro lado,
nas áreas de baixa pressão há espaço sobrando, pois aí o ar encontra-se expandido. Assim, o
ar que se encontra comprimido em uma área de alta pressão desloca-se para áreas de baixa
pressão a fim de expandir-se. Esse deslocamento horizontal de ar é o que denominamos de
vento, que é representado pela rosa dos ventos, mostrada na Figura 8.

Figura 8: Rosa dos Ventos

A direção do vento sempre é indicada pela direção de onde vem o vento. A direção do
vento é pontual, ou seja, dentro da circulação do ar, a direção observada pelo navegante
depende da posição relativa de embarcação.

Vento é o deslocamento de ar e é designado pelo sentido de onde


vem, trazendo as características do seu local de origem.

Portanto, o vento é o ar em movimento, é o ar que se desloca das zonas ou áreas de


alta pressão, chamadas anticiclones, para zonas ou áreas de baixa pressão, chamadas ciclones.
Isto nos permite dizer que os anticiclones são dispersores de vento e os ciclones são
receptores de ventos.
O vento é designado pelo sentido de onde vem, trazendo as características do seu local
de origem. Portanto, dependendo do local de onde se originou, podem ser quentes ou frios,
úmidos ou secos, sendo, conseqüentemente, responsáveis pelas variações de temperatura e

OSTENSVO - 1-11 REV.3


OSTENSVO MOC

de umidade do ar nos locais por onde passa. Mas não se preocupe, este assunto veremos
adiante.

1.2.4 Umidade do Ar, Nuvens e Chuva

▪ Umidade

A ação da radiação solar sobre as águas da superfície da Terra provocam o fenômeno


da evaporação, que nada mais é do que a passagem da água do estado líquido para o estado
gasoso (de vapor). Na evaporação, uma quantidade enorme de vapor de água fica em
suspensão na atmosfera, ou seja, água em estado gasoso, dando origem a umidade do ar. Nas
regiões onde há maior evaporação, a umidade do ar será maior, enquanto nas regiões com
menor evaporação, a umidade do ar será menor. Essa característica da atmosfera também irá
interferir na mudança de tempo, conforme será visto no próximo tópico.

A umidade do ar é a quantidade de vapor de água contida na


atmosfera.

▪ Nuvens

Para ocorrer a formação de nuvens, é necessário um mecanismo de levantamento do


ar e que as parcelas de ar ascendentes sejam de alta umidade. Ao se elevarem, as parcelas
que possuem alta umidade, se resfriam, alcançando o máximo de umidade que aquela parcela
suporta (U.R=100%). Nesse instante diz-se que o ar atinge a saturação, a temperatura do
ponto de orvalho e a partir daí o vapor d´agua presente na parcela se transforma em água
líquida, dando origem às nuvens.
A Umidade do ar não é visível, mas as gotículas de água resultantes da condensação e
que formam as nuvens são bem visíveis. A luminosidade do Sol atravessa as nuvens finas
dando a coloração bem branca. Nas nuvens muito espessas a luz do Sol não atravessa a
nuvem. Por isso o céu fica escuro na ocorrência de nuvens bem espessas, como a nuvem
cumulonimbos, característica de mau tempo.

OSTENSVO - 1-12 REV.3


OSTENSVO MOC

▪ Chuva

Entretanto a ocorrência de precipitação necessita de concentração de gotículas de


água no estado líquido, sólido e gasoso dentro da nuvem, para as gotas de chuva ficarem
pesadas. Observe figura 9.

Figura 9: Umidade, nuvens e precipitação.

O processo inicia-se com evaporação à superfície do oceano, aumentando a umidade


absoluta do ar. O movimento ascendente do ar resfria o ar, aumenta a umidade relativa (UR).
Ao atingir a temperatura do ponto de orvalho (TPO), o ar se satura (UR = 100%) e inicia-se a
condensação e a formação de nebulosidade. Com o desenvolvimento das atividades
convectivas, as gotículas de nuvem evoluem para gotas de chuva e ocorre a precipitação.

1.2.5 Visibilidade

A visibilidade no mar pode ser afetada por ocorrências de de nevoeiros, que depende
da umidade relativa do ar e principalmente da relação entre a temperatura do mar (TSM) e a
temperatura do ponto de orvalho (TPO). Ao avaliar se a visibilidade será reduzida, é
fundamental que se observe a temperatura do ar se aproximando da TPO. Visto que a
temperatura do ar irá resfriar até atingir o equilíbrio com a temperatura da superfície do mar
(TSM). É lógico então, que o ar, durante o resfriamento antes de atingir o equilíbrio, passe
pela TPO e inicie O NEVOEIRO. A Figura 10 mostra a visão de um navio durante a ocorrência
de um nevoeiro.

OSTENSVO - 1-13 REV.3


OSTENSVO MOC

Figura 10: Visão de um navio em dia de nevoeiro

OSTENSVO - 1-14 REV.3


OSTENSVO MOC

Exercícios resolvidos 1 . 2

Responda.
1.2.1) Cite os principais elementos meteorológicos que influenciam nas condições do
estado do tempo.

▪ Temperatura do ar, temperatura da superfície do continente, temperatura da superfície


do mar, temperatura do ponto de orvalho, e gradiente horizontal de temperatura.

▪ Pressão do ar e gradiente horizontal de pressão.

▪ Direção do vento, velocidade do vento, circulação horizontal do ar e movimento vertical


do ar.

▪ Umidade relativa do ar, umidade absoluta máxima do ar e umidade absoluta real do


ar.

1.2.2) Cite alguns tipos de comportamentos dos elementos meteorológicos.

A tendência da temperatura pode ser de resfriamento ou aquecimento. A pressão do ar


pode estar em elevação ou declínio. Umidade relativa aumentando ou diminuindo. O vento
rondando do quadrante norte para sul ou constante. O céu tendendo a muito nublado ou a
parcialmente nublado.

1.2.3) Descreva qual o interesse dos navegantes nos comportamentos ou tendências


desses elementos meteorológicos.
As condições do estado do tempo depende de todos os elementos e de cada um em
especial, porque eles interagem entre si, afetando o estado do tempo. Desta forma, ao
observar a mudança de comportamento de cada elemento isolado e de todos eles entre
si é possível realizar uma análise consistente do tempo, tornando a navegação mais
segura.

1.2.4) Descreva as principais interações desses elementos meteorológicos e suas


influências e resultados nas condições do estado do tempo.

OSTENSVO - 1-15 REV.3


OSTENSVO MOC

O comportamento da temperatura do ar afeta a tendência da pressão do ar e


consequentemente a circulação do ar horizontal e vertical e a intensidade dos ventos.
O comportamento da temperatura do ar afeta a tendência da umidade relativa e
conseqüentemente a possibilidade ou não de formação de nebulosidade, nuvens,
névoa úmida ou nevoeiro.
A interação desses elementos requer muita atenção dos navegantes. É necessário,
no mar, contínuas observações desses elementos. Ressalta-se que as condições do
tempo provenientes de uma situação de resfriamento do ar são bem diferentes de
uma situação de aquecimento do ar.

OSTENSVO - 1-16 REV.3


OSTENSVO MOC

1.3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Nesta subunidade, serão abordados os instrumentos que nos permitem medir os


elementos meteorológicos e mais do que isso, nos permitem acompanhar a variação desses
elementos, o que possibilita a realização de previsões meteorológicas. É importante saber
quais são os instrumentos de medida mais comuns existentes a bordo e como utilizá-los
corretamente. A Tabela 1 abaixo mostra os instrumentos de medida dos elementos
meteorológicos abordados e os seus funcionamentos.

Tabela 1: Instrumentos de medida e os respectivos elementos meteorológicos analisados


Elemento
Instrumento Imagem Funcionamento
Analisado
É constituído de um tubo fino de vidro,
de diâmetro uniforme, o qual contém
uma substância sensível ao calor
(normalmente mercúrio ou álcool
Termômetro Temperatura
etílico), ou seja, uma substância capaz
de expandir-se ou retrair-se,
dependendo do aumento ou de
diminuição de calor, respectivamente.
Consiste em uma câmara
parcialmente evacuada que comprime
e expande com o aumento e
diminuição da pressão, Pressão
Barômetro
respectivamente. Essas alterações são Atmosférica
transmitidas a um ponteiro já
calibrado a determinadas condições e
unidades de medida.

OSTENSVO - 1-17 REV.3


OSTENSVO MOC

Sua estrutura é, basicamente, três ou


quatro copos em volta de um pole
vertical. O instrumento é fixo e
geralmente instalado em um mastro,
onde o vento é melhor capturado. E os
copos servem justamente para
capturar o vento e girar as estacas. A Intensidade
Anemômetro
velocidade é medida pelo número de do Vento
rotações por minuto (RPM) e, assim,
uma média é determinada. Para ver o
registro desta média, se instala um
registrador, que deve ficar em algum
local fechado próximo ao
anemômetro.
O instrumento é formado por um
cone com duas aberturas. A abertura
Direção do
Biruta maior é quem recebe o vento e
Vento
direciona da biruta, que indicará a
direção do vento.
Utiliza a propriedade do cabelo
humano, como elemento sensível, o
qual se estica, quando umedecido.
Assim sendo, ao esticar se Umidade do
Higrômetro
proporcionalmente à quantidade Ar
relativa de vapor de água no ar,
indicará, através de seu mostrador, a
umidade relativa existente

OSTENSVO - 1-18 REV.3


OSTENSVO MOC

Exercícios resolvidos 1 . 3

Faça o que se pede nos itens abaixo.


1.3.1) Cite os instrumentos de medida dos principais elementos meteorológicos.

▪ Termômetros;

▪ Barômetros;

▪ Psicrômetros ou Higrômetros;

▪ Anemômetros e anemoscópicos (cata-vento ou biruta)

1.3.2) Qual o procedimento do navegante, com os dados observados nos instrumentos de


bordo?

Registrá-los, ressaltando os horários das observações.

1.3.3) Qual a importância do registro dos dados observados?

O principal interesse dos navegantes com os registros dos dados observados nas
últimas horas é a importante indicação da tendência do respectivo elemento
meteorológico.

1.3.4) Qual o interesse do navegante em detectar a tendência da temperatura do ar ou da


pressão do ar?

A grande importância da tendência desses elementos é o comportamento dos outros


elementos envolvidos nas condições do estado do tempo, como ventos, nebulosidade,
chuva, trovoadas, visibilidade no mar etc.

OSTENSVO - 1-19 REV.3


OSTENSVO MOC

1. 4 PADRÕES METEOROLÓGICOS

1.4.1 Pressão Atmosférica Normal

Considera-se pressão atmosférica normal quando o nível do mar está em 1013 hPa
(hectoPascal), que corresponde a 760 mm Hg (milímetro de mercúrio). Isto significa que, caso
a pressão atmosférica apresente-se muito acima ou muito abaixo deste padrão (1013 hPa),
ela não está normal, o que poderá ocasionar perturbações atmosféricas, como veremos mais
adiante.
Desta forma, quando a pressão atmosférica estiver acima de 1013 hPa, diz-se que há
ocorrência de um sistema (centro) de alta pressão atmosférica, enquanto que quando a
pressão atmosférica estiver abaixo de 1013 hPa, há ocorrência de um sistema (centro) de
baixa pressão atmosférica.

Pressão Atmosférica Normal (ao nível do mar)


1013 mb = 1013 hPa

1.4.2 Classificação das Nuvens

As nuvens classificam-se, segundo padronização internacional, em dez tipos,


dependendo da altitude da base da nuvem, ou seja, da parte da nuvem mais próxima da
superfície da Terra. Esses dez tipos de nuvens dividem-se em nuvens baixas, médias e altas,
conforme mostra a Tabela 2 abaixo:

Tabela 2: As nuvens e as alturas de ocorrência


Nuvens Baixas Nuvens Médias Nuvens Altas
Stratus (St) Altrostratus (As) Cirrus (Ci)
Nimbostratus (Ns) Altocumulus (Ac) Cirrustratus (Cs)

OSTENSVO - 1-20 REV.3


OSTENSVO MOC

Stratocumulus (Sc) Cirrucumulus (Cc)


Cumulus (Cu)
Cumulonimbus (Cb)

No entanto, para a análise do tempo, é necessário ter um foco maior nas nuvens baixas
e altas, já que cada uma delas tem a sua importância na previsão e análise do tempo. Veja as
características de cada um desses tipos de nuvens:

A) Nuvens Baixas

As nuvens baixas mais importantes para a análise do tempo são apresentadas nas
Figuras 11 (a) e 11(b).
▪ Stratus (St) - São normalmente acinzentadas, aparecem em camadas uniformes,
aparentando um nevoeiro, porém em altitude. Quando espessas, dificultam a penetração da
luz solar, conforme apresentada na Figura 11(a).

▪ Cumulus (Cu) - São nuvens densas, com a aparência de chumaços de algodão, porém
nunca cobrem inteiramente o céu. Normalmente, a presença de cumulus significa bom tempo,
conforme apresentada na Figura 11 (b).

Figura 11(a): Nuvens Stratus. Figura 11(b): Nuvens cumulus


▪ Cumulonimbus (Cb) - São nuvens muito densas e acinzentadas, com formatos que
lembram grandes torres. Normalmente, são seguidas de mau tempo com fortes ventos e
chuvas pesadas, conforme mostra a Figura 12.

OSTENSVO - 1-21 REV.3


OSTENSVO MOC

Figura 12: Nuvens cumulonimbus

B) Nuvens Altas

▪ Cirrus (Ci) - Com aparência fibrosa, normalmente se apresentam isoladas. A presença


desse tipo de nuvem está associada a situações de bom tempo, quando não apresentam
deslocamento. Quando apresentam deslocamento associa-se a mau tempo. Como na situação
de cirrus pré-frontal, na chegada da frente fria. A cirrus é representada pela Figura 13 (a).

▪ Cirrostratus (Cs) - São nuvens finas e esbranquiçadas e, normalmente, cobrem o céu


todo, dando uma aparência de um fino véu e são características de bom tempo. A cirrostratus
é representada pela Figura 13(b).

Figura 13 (a): Nuvens cirrus Figura 13(b): Nuvens cirrostratus

OSTENSVO - 1-22 REV.3


OSTENSVO MOC

1.4.3 Intensidade do Vento

Dependendo da intensidade do vento, pode-se ter uma situação característica do


tempo. Correto? Isto significa que podemos estabelecer certos padrões do tempo no mar, rio
ou lago por meio da velocidade do vento.
Muito bem, foi assim que um meteorologista criou a Escala Beaufort, que associa a
velocidade do vento com aspectos do tempo. Observe abaixo:

Tabela 3: Escala Beaufort


Designação Velocidade do Velocidade do Vento
Beaufort Vento (Nós) (m/s)
Calmaria 0-1 0 - 0,2
Bafagem 1-3 0,3 - 1,5
Aragem 4-6 1,6 - 3,3
Fraco 7 - 10 3,4 - 5,4
Moderado 11 - 16 5,5 - 7,9
Fresco 17 - 21 8,0 - 10,7
Muito Fresco 22 - 27 10,8 - 13,8
Forte 28 - 33 13,9 - 17,1
Muito Forte 34 - 40 17,2 - 20,7
Duro 41 - 47 20,8 - 24,4
Muito Duro 48 - 55 24,5 - 28,4
Tempestuoso 56 - 63 28,5 - 32,6
Furacão 64 - acima 32,7 - acima

OSTENSVO - 1-23 REV.3


OSTENSVO MOC

Exercícios resolvidos 1 . 4

1.4.1) As informações meteorológicas recebidas diariamente, pelos navegantes, podem


indicar se as condições do tempo estão normais ou não. Com isso, os navegantes podem
constatar a ocorrência de mau tempo ou de bom tempo. Então, cite os aspectos que pode-se
considerar normais nas observações meteorológicas.

▪ Pressão atmosférica ao nível do mar próxima de 1013hPa.

▪ Nuvens baixas, tipo stratus, céu parcialmente nublado a limpo.

▪ Vento inferior a 10 nós com direção constante ou seja, força igual ou inferior a 3 na
escala Beaufort.

▪ Umidade relativa entre 60% a 70%, ou seja, um ar que não apresente característica
de um ar muito seco, nem de ar muito úmido.

▪ Temperaturas da superfície e temperatura do ar, adequada à estação do ano, na


região, ou seja, a sazonalidade (verão, outono, inverno e primavera), característica
de latitude da área.

1.4.2) Cite os tipos de nuvens normais, esperadas na ocorrência de bom tempo e de mau
tempo.

Na ocorrência de bom tempo espera-se nuvens estratificada de pequena espessura,


tipo stratus e cirrus (sem deslocamento) e na ocorrência de mau tempo as nuvens
associadas observadas são cumuliformes, de desenvolvimento vertical, com grande
espessura, tipo cumulonimbus (Cb).

1.4.3) Descreva o estado do tempo associado à intensidade dos ventos, apresentada na


classificação da escala Beaufort.

A escala Beaufort apresenta as características da velocidade ou intensidade do vento,


numa escala de 0 a 12 (zero a doze). O navegante percebe que um vento de força 7, numa
escala até 12, já indica tratar-se de um vento forte, ou seja, mais forte que um força 2 ou
3, por exemplo. Logicamente, o navegante espera encontrar um estado do mar mais
agitado quando sopra um vento de força maior, como no nosso exemplo força 7.

OSTENSVO - 1-24 REV.3


OSTENSVO MOC

1.4.4) Quando o navegante pode esperar a ocorrência de céu bastante nublado ou


encoberto?

Se o navegante observar a umidade relativa do ar maior que o normal, indicando tratar-


se de ar bastante úmido. E observar também que esta associada a uma circulação do ar
propicia a formação de nebulosidade.

1.5 CENTROS DE BAIXA (B) E ALTA (A) PRESSÃO

Durante esta subunidade, será estudado como se forma uma área de baixa e alta
pressão; como acontece o deslocamento da massa de ar de uma área para outra; como se
verifica a intensidade desse deslocamento; enfim, como ocorre a movimentação horizontal
de massas de ar devido à diferença de pressão atmosférica.
Porém, antes de dar início a esse assunto, é interessante saber que linhas isóbaras, são
linhas que unem os pontos de mesma pressão atmosférica (Figura 14).
.

Figura 14: Linhas isóbaras

Observa-se que ao unir os pontos de igual pressão atmosférica, reduzidos ao nível do


mar, tem-se uma série de linhas fechadas (isóbaras), contendo áreas de mesma pressão, que
tendem a decrescer ou crescer, para o centro, dependendo de terem como origem um centro
de baixa ou de alta pressão, respectivamente (Figura 15).

OSTENSVO - 1-25 REV.3


OSTENSVO MOC

Figura 15: Configuração isobárica dos centros de alta e baixa pressão no Hemisfério Norte.
1.5.1 Centro de Baixa Pressão ( B)

O centro de baixa pressão atmosférica forma-se, normalmente, em função de


movimentos ascendentes (subida) de ar decorrente do aquecimento (atividade convectiva).
É, também, denominado depressão ou ciclone.
No centro de baixa pressão à superfície (B), a circulação horizontal do ar é convergente
com movimento vertical ascendente e circulação no sentido horário, no hemisfério sul (HS).
Observa-se baixa pressão em região com aquecimento da superfície e
conseqüentemente, por condução, aquecimento do ar à superfície, resultando movimento
vertical ascendente. O ar quente torna-se menos denso, menos pesado que o ar frio.
As depressões são representadas por isóbaras fechadas que envolvem uma área de pressão
barométrica decrescente, ou seja, envolvem uma área onde, a partir da periferia para o
centro, há uma tendência à diminuição da pressão atmosférica (Figura 16).

Figura 16: Circulação horizontal e vertical de centro de baixa pressão,


enfatizando a formação de nuvens na ocorrência desses sistemas.

OSTENSVO - 1-26 REV.3


OSTENSVO MOC

1.5.2 Centro de Alta Pressão ( A)

O centro de alta pressão atmosférica forma-se em regiões onde ocorrem situações


propícias para a circulação de ar descendente (descida), devido, principalmente, ao
resfriamento em altas altitudes. Neste caso, o ar concentra-se e, tornando-se mais denso e
mais pesado, desloca-se para o solo, e consequentemente, eleva a pressão atmosférica.
Observe que a formação de um centro de alta pressão é basicamente o contrário do
que ocorre na formação de um centro de baixa ou depressão. Os centros de alta, também
denominados anticiclones, são representados por isóbaras fechadas que envolvem uma área
de pressão barométrica crescente, ou seja, envolvem uma área onde, a partir da periferia para
o centro, há uma tendência ao crescimento da pressão atmosférica (Figura 17).
No centro de alta pressão à superfície (A), a circulação horizontal é divergente com
movimento vertical descente e circulação no sentido anti-horário no HS.

Figura 17: Circulação horizontal e vertical de centro de alta pressão,


enfatizando a ausência de nuvens na ocorrência desses sistemas.

Nunca esqueça de que o centro de alta (anticiclone) está


associado ao BOM TEMPO, enquanto que o centro de baixa
(ciclone ou depressão) está associado a MAU TEMPO.

OSTENSVO - 1-27 REV.3


OSTENSVO MOC

1.5.3 Movimento de Ar de um Centro para Outro

A circulação horizontal do ar é convergente na região de baixa pressão (B) e divergente


na região de alta pressão (A). O movimento vertical do ar é ascendente na região de B e
descendente na região de A.
Muito bem, mas devido ao movimento de rotação da Terra, esse deslocamento de ar
não acontece de forma retilínea e sim em espiral. No caso do Hemisfério Sul, onde nos
encontramos, os ventos sofrem uma pequena alteração no sentido, contrário ao dos
ponteiros do relógio, sempre partindo de um centro de alta pressão, ou seja, os ventos
sopram em torno das isóbaras (centro de alta), para a esquerda. Este fenômeno chamamos
de coriolis. Veja a Figura 18, onde se observa no Hemisfério Norte uma “força” que impulsiona
os fluidos (vento) para a direita do seu movimento, enquanto que no Hemisfério Sul, essa
mesma força impulsiona os fluidos (vento) para a esquerda do seu movimento inicial.

Figura 18: Força de Coriolis

Devido à rotação da Terra e a velocidades tangenciais associadas aos círculos de


latitude respectivos, observa-se o efeito da força de Coriolis. Os ventos meridionais que se
aproximam do equador, desviam suas trajetórias para W (sentido contrário à rotação da
Terra). Os ventos que se afastam do equador, desviam suas trajetórias para E (mesmo sentido
da rotação da Terra).
Observe que os ventos, no Hemisfério Sul, sopram no sentido anti-horário em relação
à sua origem (centro de alta pressão), porém, no sentido horário em relação a seu destino
(centro de baixa pressão). (Figura 19).

OSTENSVO - 1-28 REV.3


OSTENSVO MOC

Figura 19: Sentido da Circulação do Ar nos centros de alta e baixa pressão


No Hemisfério Sul.

No hemisfério sul (HS), o sentido de circulação do ar é anti-horário, em um centro de


alta pressão (A) e o contrario no HN (sentido horário). Conseqüentemente em um centro de
baixa pressão (B), no HS, a circulação do ar é no sentido horário e contrário no HN (anti-
horário).

1.5.4 Acompanhamento da Pressão Atmosférica

Na prática, todo navegante deve acompanhar a pressão atmosférica por meio do


barômetro de bordo; dessa forma podem-se assegurar certas tendências meteorológicas.
Veja como é simples:
▪ Registre no “Diário de Bordo”, em todas as horas cheias (01:00, 02:00, 03:00, ...) a
pressão atmosférica indicada no barômetro de bordo;
▪ Após um quarto de serviço (quatro horas), verifique qual é a tendência da pressão
atmosférica, conforme indicado a seguir:
Tabela 4: Comportamento da pressão atmosférica e o seu significado
Pressão
Situação Possível Tendência Meteorológica
Atmosférica
Sem alteração Navegando em uma linha isóbara Tempo sem alteração
Navegando em direção a um centro de
Subindo Bom tempo
alta pressão
Navegando em direção a um centro de
Descendo Mau tempo
baixa pressão

OSTENSVO - 1-29 REV.3


OSTENSVO MOC

Exercícios resolvidos 1 . 5

Faça o que se pede nos itens abaixo.


1.5.1) Cite as denominações das linhas empregadas em uma carta de pressão a
nível do mar.
As linhas de igual pressão atmosférica são conhecidas como isóbaras ou linhas
isobáricas. A carta sinótica apresenta configurações isobáricas que permitem o
navegante observar a circulação dos ventos.

1.5.2) Quais as principais indicações apresentadas das cartas de pressão ao


nível do mar?

Nas cartas sinóticas estão assinaladas com a letra B, as regiões de baixa pressão e
com a letra A áreas de alta pressão.

1.5.3) Quais características das isóbaras nos centros de baixa (B) e de alta (A) pressão?

O navegante observa que as isóbaras diminuem de valor em hPa, da periferia para


o centro de baixa (B) e aumentam de valor em hPa, da periferia para o centro de
alta (A) pressão.

1.5.4) Como a circulação do ar está associada ao comportamento da pressão do ar, cite as


circulações horizontais e verticais observadas nas regiões de baixa (B) pressão e de alta (A)
pressão?

O navegante observa na região de baixa (B) circulação horizontal convergente e


movimento vertical ascendente. Na região de alta (A) a circulação horizontal é
divergente e consequentemente o movimento vertical é descendente.

OSTENSVO - 1-30 REV.3


OSTENSVO MOC

1.6 CIRCULAÇÃO DOS VENTOS

O vento como elemento meteorológico é um dos indicadores de mudança de tempo


mais utilizados por navegantes. Isto significa que, dependendo de sua intensidade, de sua
direção e sentido de onde sopra ou da forma de rondar (mudar de direção), possibilita definir
as condições do tempo. Além disso, é importante que você sempre associe a este fenômeno
meteorológico o deslocamento de uma massa de ar de um centro de alta pressão (A) para um
centro de baixa pressão (B). Veja a figura 20.

Figura 20: Interação das circulações horizontais e verticais nos


centros de alta e baixa pressão.

Nos centros de baixa pressão, pode-se notar que o movimento horizontal em


superfície é sempre convergente (receptor de ar), enquanto o movimento vertical é sempre
ascendente, sendo essas regiões propícias à formação de nuvens, conforme já mencionado.
Nos centros de alta pressão, o movimento horizontal em superfície é divergente, o que
está relacionado ao movimento descendente do ar (movimento vertical). Desta forma, nos
centros de alta pressão não há formação de nuvens, já que não há ascensão de ar na
atmosfera.
A intensidade desse vento é inversamente proporcional à distância entre as isóbaras,
entre as quais é verificada a diferença entre as pressões (Figura 21).

OSTENSVO - 1-31 REV.3


OSTENSVO MOC

Figura 21: Gradiente horizontal de pressão

Na configuração das isóbaras, observa-se que a velocidade do vento depende do


gradiente horizontal de pressão. Quando o espaçamento entre as isóbaras é estreito, o
gradiente é forte e o vento é forte. Quando o espaçamento entre as isóbaras é largo, o
gradiente é fraco e o vento é fraco. Este conceito é muito usado pelo navegante ao interpretar
carta sinótica. Você também vai precisar deste conceito físico.
O vento tanto pode ser originado por grandes deslocamentos de massas de ar, como
pode ser originado por pequenos sistemas, ou seja, por deslocamentos de pequenas massas
de ar. No primeiro caso, dizemos que o vento é decorrente da circulação geral da atmosfera,
enquanto que no segundo é decorrente de um processo convectivo local e, portanto,
denominado vento local. Veja cada um desses casos em separado.

1.6.1 Circulação Geral da Atmosfera

O globo terrestre tem regiões frias, como por exemplo as áreas de altas latitudes, e
regiões quentes, como o Equador e os trópicos, devido à incidência de menor ou maior
radiação solar. Além disso, devido ao movimento de translação da Terra e a formação das
estações do ano, teremos variações da incidência solar em determinadas regiões durante o
ano. Diante disso, verifica-se que na Terra existem regiões geradoras de grandes centros de
alta pressão (regiões frias) e regiões geradoras de grandes centros de baixa pressão (regiões
quentes), que imprimem uma constante circulação geral da atmosfera.
Dessa forma, devido à diferença de temperatura existente entre as latitudes, há
formação de centros de alta e baixa pressão em latitudes específicas, gerando circulações
planetárias específicas de cada área, conforme mostrado na Figura 22.

OSTENSVO - 1-32 REV.3


OSTENSVO MOC

Entre os trópicos de Câncer e Capricórnio e o equador (região tropical), há a formação


de centros de alta pressão nos trópicos (região de menor temperatura) e centros de baixa
pressão no equador (região de maior temperatura), o que dá a origem aos chamados ventos
alísios. No Hemisfério Norte, ou seja, entre o trópico de Câncer e o equador, os ventos alísios
tem direção Nordeste, enquanto no Hemisfério Sul (entre o trópico de Capricórnio e o
equador) os ventos alíseos tem direção Sudeste. A essa circulação se dá o nome de Célula de
Hadley.
Nas regiões temperadas (30ºN-60ºN / 30ºS-60ºS) se observa um gradiente de pressão,
de forma que nas latitudes de 60ºN / 60ºS há formação de centros de baixa pressão, enquanto
nas latitudes de 30ºN / 30ºS há formação de centros de alta pressão, conforme visto
anteriormente. Dessa forma, nessa região há formação dos chamados ventos de oeste, e a
essa circulação se dá o nome de Célula de Ferrel.
Por fim, entre as regiões polares (latitudes de 90ºN / 90ºS) e as latitudes de 90ºN –
90ºS há formação da Célula Polar, circulação que dará origem aos ventos de leste. Essa
circulação é formada devido a diferença de pressão entre os pólos e as latitudes de 60º (N/S),
já que nos polos há formação de centros de alta pressão (baixa temperatura) e nas latitudes
de 60º (N/S) há formação de centros de baixa pressão.

Figura 22: Circulação geral da atmosfera, mostrando as 3 principais células de ar no planeta.

OSTENSVO - 1-33 REV.3


OSTENSVO MOC

1.6.2 Ventos Locais

Dentre os ventos locais mais importantes para a navegação, as brisas (Figura 23)
ocorrem, principalmente, em regiões litorâneas ou próximas de grande superfícies líquidas
(grandes lagos ou grandes rios), delimitando superfícies distintas de terra e água, que
apresentam diferentes graus de absorção do calor e que geram processos convectivos locais.
Isto significa que a terra absorve de dia mais rapidamente o calor (radiação solar) do que a
superfície líquida; no entanto, à noite, há um maior resfriamento de terra do que da água.
Desta forma, ao longo do dia é formado um centro de baixa pressão no continente
devido ao maior aquecimento da superfície, causando um deslocamento de ar, no fim do dia,
do mar para o continente, chamado de brisa marítima. Por outro lado, ao longo da noite, a
temperatura do continente diminui, gerando uma região de alta pressão, o que causa um
deslocamento de ar do continente para o mar, pela manhã, chamado de brisa terrestre.
:

Figura 23: Representação das brisas marítimas e terrestres e seus períodos


de ocorrência.

1.6.3 Cálculo do Vento Real

Observe que, quando se está navegando, o vento que se sente é o que denominamos
vento aparente, isto porque é a resultante da combinação do vento real com o vento
provocado pela movimentação da embarcação.

OSTENSVO - 1-34 REV.3


OSTENSVO MOC

▪ Como determinar a intensidade e direção do vento real


quando estou navegando?

A resposta é simples:

▪ Primeiro - Utilizando-se a rosa-dos-ventos da própria carta por que se está navegando,


traça-se uma seta a partir do centro, com a mesma direção e sentido do rumo verdadeiro e
com um tamanho que corresponda à velocidade média da embarcação; para tanto, utiliza-se
uma abertura de compasso na escala de latitude que corresponda ao valor desejado. A seta
traçada será denominada vetor do rumo e velocidade da embarcação. Como exemplo, supõe-
se que se esteja navegando com Rv = 090o e com uma velocidade média de 8 nós (milhas por
hora). Observe a Figura 24:
(Rumo = direção para onde vai = 090º)

Figura 24: Cálculo do vento verdadeiro

▪ Segundo - Verificam-se a intensidade e a direção do vento aparente, efetuando-se a


leitura do anemômetro e da biruta. Com estes dados, e utilizando a régua de paralelas e
compasso, traça-se uma seta (vetor), a partir da ponta da seta anterior (rumo e velocidade da
embarcação). Esta seta será denominada vetor da direção e velocidade do vento aparente.

OSTENSVO - 1-35 REV.3


OSTENSVO MOC

Como exemplo, imagina-se que o anemômetro de bordo esteja marcando 10 nós de


velocidade do vento aparente e a biruta indicando a direção de 180º . Veja a Figura 25:
(Direção de onde vem = 180º) e (Direção para onde vai = 000º)

Figura 25: Cálculo do vento verdadeiro.

▪ Terceiro - Agora basta unir a origem da primeira seta (vetor do rumo e velocidade da
embarcação) com a ponta da segunda (vetor da direção e velocidade do vento aparente) para
obter-se uma nova seta, que tem origem na primeira e na ponta na Segunda. A esta terceira
seta denominamos vetor da direção e velocidade do vento real. Será com ela que poder-se-á
facilmente, utilizando a régua de paralelas e do compasso, obter a direção e a velocidade do
vento real. A direção é facilmente obtida lendo diretamente na rosa-dos-ventos, enquanto
que a intensidade será o tamanho da seta medida na escala de latitude. Observe a Figura 26,
que corresponde ao nosso exemplo:

OSTENSVO - 1-36 REV.3


OSTENSVO MOC

Figura 26: Cálculo do vento verdadeiro.


Observação: Direção do vento real é de onde vem o vento e a direção do vetor do vento
aparente utilizado é para onde vai o vetor.

Resposta: Vento Real Velocidade = 13 nós Direção = 220o

OSTENSVO - 1-37 REV.3


OSTENSVO MOC

Exercícios resolvidos 1 . 6

Faça o que se pede nos itens abaixo.


1.6.1) Qual o sentido da circulação do ar no hemisfério Sul (HS) na região de baixa (B)
pressão?

A circulação do ar é no sentido HORÁRIO. Ressalta-se que a circulação do ar é no


sentido contrário (anti-horário), se a região for de alta (A), no HS.

1.6.2) Quais as diferenças significativas da circulação do ar, que o navegante observa em


uma viagem de longo curso que cruze o Equador, ou seja, passe do HS para o HN e vice-
versa?
Os sentidos de circulação do ar são contrários no Hemisfério Sul (HS) e Norte (HN). No
HS, centro de B, observa-se circulação do ar no sentido HORÁRIO. No HN, centro de B,
observa-se circulação do ar no sentido ANTI-HORÁRIO.

1.6.3) Qual a principal preocupação do navegante, quando se está observando o tópico


DIREÇÃO do vento?

A direção do vento é sempre considerada de ONDE VEM o vento. Por isso o navegante
deve sempre incluir a expressão “de”. Exemplos: vento de N ou vento de NE. Além
disso, é importante que o navegante calcule o vento real através do uso da rosa dos
ventos, a régua de paralelas e o compasso.

1.6.4) Descreva os dois principais tipo de circulação geral do ar, características das
regiões tropicais e das regiões de média latitude.

Em ambos os hemisférios (HS e HN) os navegantes observam ventos alísios de


sudeste (H.S) e de nordeste (H.N) entre os trópicos e o equador. Enquanto nas regiões
de médias latitudes, os ventos predominantes são de oeste em ambos os hemisférios.

1.6.5) O navegante observa em sua navegação costeira alternância da direção das brisas
marítima e terrestre. Cite qual a direção da brisa que sopra sempre no período da tarde.
1.6.6)

OSTENSVO - 1-38 REV.3


OSTENSVO MOC

No período da tarde, sopra a brisa marítima, com direção do mar para a costa.

1.6.7) Quais as principais razões físicas das brisas terem direções diferentes?

Sabemos que o aquecimento ou o resfriamento influenciam a temperatura da


superfície e temperatura do ar, as quais afetam a pressão do ar. Consequentemente
a pressão do ar desencadeia a circulação correspondente ao comportamento desse
aquecimento ou resfriamento do ar. No período da tarde, ocorre aquecimento da costa.
O aquecimento leva a menor pressão da área e a circulação converge para essa área,
vindo do mar, ou seja, ocorrência de brisa marítima. No período da madrugada e da
manhã ocorre o contrário, resultando na brisa terrestre.

OSTENSVO - 1-39 REV.3


OSTENSVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 1

Responda, nos espaços, às seguintes perguntas:

1.1) Radiação Solar


1.1.1) O que é meteorologia?
_____________________________________________________________________
1.1.2) Defina radiação solar.
_____________________________________________________________________
1.1.3) O ângulo de incidência da radiação solar na Terra é uniforme?
_____________________________________________________________________
1.1.4) A posição relativa do Sol em relação à Terra determina a intensidade de radiação
solar?
_____________________________________________________________________
1.1.5) Podemos afirmar que, dependendo do tipo de superfície, haverá maior ou menor

absorção da radiação solar? Exemplifique.


_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

1.2) Elementos Meteorológicos


1.2.1) Defina temperatura do ar.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.2.2) O que é pressão atmosférica?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.2.3) Nas áreas mais frias do planeta Terra, a pressão é menor?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.2.4) Qual é a origem do vento?

OSTENSVO - 1-40 REV.3


OSTENSVO MOC

___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.2.5) O que é umidade do ar?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.3) Instrumentos de Medida


1.3.1) Como é constituído o termômetro?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.3.2) Quais são os instrumentos que medem a umidade do ar?


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.3.3) A bordo, como determinamos a pressão atmosférica?


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.3.4) Biruta ou cata-vento é a denominação popular de que instrumento?


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.3.5) Quais são as unidades mais utilizadas para medir a intensidade do vento?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.4) Padrões Meteorológicos
1.4.1) Quais são as medidas da pressão atmosférica normal no nível do mar?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.4.2) Como se classificam as nuvens?

OSTENSVO - 1-41 REV.3


OSTENSVO MOC

___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.4.3) Descreva uma nuvem Cumulonimbus (Cb).


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.4.4) Cite um tipo de nuvem alta.


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.4.5) Pela escala Beaufort, que intensidade em nós terá um vento “fresco”?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.5) Centros de Alta e Baixa Pressão


1.5.1) O que são linhas isóbaras?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.5.2) Como se forma um centro de baixa pressão atmosférica?


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.5.3) O que é um anticiclone? Como ele se forma?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.5.4) Devido ao movimento de rotação da Terra, o deslocamento do ar (vento) não
acontece de forma retilínea e sim em espiral. Como é denominado esse fenômeno?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.5.5) A que a velocidade do vento é proporcional?

OSTENSVO - 1-42 REV.3


OSTENSVO MOC

___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.6) Circulação dos Ventos
1.6.1) Qual é o elemento meteorológico que é um dos melhores indicadores de tempo para
o navegante?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.6.2) Defina “circulação geral da atmosfera”.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.6.3) Em que regiões, normalmente, ocorrem os ventos locais?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.6.4) O que é vento aparente?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.6.5) Quando navegando, é possível determinar o vento real? Como?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

OSTENSVO - 1-43 REV.3


OSTENSVO MOC

Chave de Respostas das Tarefas e do Teste de Auto-Avaliação


da Unidade 1

1.1) Radiação Solar

1.1.1) Meteorologia é a ciência que estuda a atmosfera e seus fenômenos.


1.1.2) A radiação solar é a energia emitida pelo Sol, a qual aquece e movimenta o ar,
permitindo a evaporação da água, a formação de nuvens, a chuva, o temporal, o furacão, etc.,
enfim, é o elemento que vai desencadear toda a dinâmica dos fenômenos meteorológicos.
1.1.3) O Ângulo de incidência da radiação solar na Terra não é uniforme, esse ângulo varia
de acordo com a posição em que a Terra está em relação ao Sol.
1.1.4) Sim. E consequentemente a sazonalidade (outono, inverno, primavera e verão).
1.1.5) Sim. Cada tipo de cobertura da Terra (vegetação, água, neve, areia, etc.) tem um
índice e absorção e de reflexão diferente; por exemplo, a neve absorve 25% e reflete 75% da
energia solar.

1.2) Elementos Meteorológicos

1.2.1) Temperatura é a medida da quantidade de calor presente no meio analisado.


1.2.2) Pressão atmosférica é a força exercida pelo peso da atmosfera sobre uma área.
1.2.3) Não. É maior.
1.2.4) O vento é o resultado do deslocamento de ar de uma área de alta pressão para
uma de baixa pressão.
1.2.5) Umidade do ar é a quantidade de vapor de água contida na atmosfera.

1.3) Instrumentos de Medida

1.3.1) O termômetro é constituído de um tubo fino de vidro, de diâmetro uniforme, o qual


contém uma substância sensível ao calor (normalmente mercúrio ou álcool etílico), ou seja,

OSTENSVO - 1-44 REV.3


OSTENSVO MOC

uma substância capaz de expandir-se ou retrair-se, dependendo do aumento ou da diminuição


de calor, respectivamente.
1.3.2) Higrômetro e Psicrômetro.
1.3.3) Por meio de um instrumento denominado barômetro.
1.3.4) Anemoscópio.
1.3.5) Nó (milha por hora) e metro por segundo.

1.4) Padrões Meteorológicos

1.4.1) 1013 mb, 760 mmHg e 1013 hPa.


1.4.2) As nuvens classificam-se em baixas, médias e altas.
1.4.3) Cumulonimbus (Cb) são nuvens muito densas e acinzentadas, com formatos que
lembram grandes torres. Normalmente, são seguidas de mau tempo com fortes ventos,
chuvas pesadas e trovoadas.
1.4.4) Cirrus (Ci). CIrrustratus (Cs). Cirroscumulus (Cc)
1.4.5) De 17 a 21 nós.

1.5) Centros de Alta e Baixa Pressão

1.5.1) São linhas que unem os pontos de mesma pressão atmosférica.


1.5.2) O centro de baixa pressão atmosférica forma-se, normalmente, em função de
movimentos ascendentes (subida de ar decorrente do aquecimento (atividade convectiva)).
1.5.3) É um centro de alta pressão e se forma em regiões ode ocorrem situações propicias
para a ocorrência de ar descendente (descida).
1.5.4) Efeito de coriolis.
1.5.5) A velocidade do vento é diretamente proporcional ao gradiente horizontal de
pressão entre uma isóbara e outra consecutiva, ou seja, diretamente proporcional à diferença
de pressão e inversamente proporcional à distância entre essas isóbaras.

1.6) Circulação dos Ventos

1.6.1) O vento, com suas mudanças de direção, intensidade e outras características.

OSTENSVO - 1-45 REV.3


OSTENSVO MOC

1.6.2) Circulação geral da atmosfera é o deslocamento de grandes massas de ar, decorrente


da existência de regiões, da Terra, geradoras de grandes centros de alta e de baixa pressão.
1.6.3) Ocorrem, principalmente, em regiões litorâneas ou próximas de grandes superfícies
líquidas (grandes lagos ou grandes rios), delimitando superfícies distintas de terra e água, que
apresentam diferentes graus de absorção do calor e que geram processos convectivos locais.
1.6.4) É a resultante da combinação do vento real com o vento provocado pela
movimentação da embarcação.
1.6.5) Sim, por meio de representação gráfica realizada na própria rosa-dos-ventos da
carta náutica.

OSTENSVO - 1-46 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 2

SISTEMAS SINÓTICOS

A sociedade está acostumada a conviver com significativas mudanças do tempo, que


afetam seu dia-a-dia, e mesmo seu período de férias com a família. O cidadão que vive ou
trabalha nas latitudes médias e altas sofre influências de fenômenos meteorológicos
característicos dessas regiões, que o cidadão comum conhece como frentes frias.

2.1 PROCESSO CONVECTIVO

2.1.1 Desenvolvimento de atividades convectivas

Em um dia de grande calor, é possível ouvir alguém afirmar — Hoje vai chover – e
acaba chovendo mesmo.
Isso ocorre porque se desenvolveu uma atividade convectiva, ou seja, quando a
temperatura está muito elevada, a evaporação é muito intensa, aumentando a umidade
relativa (UR) do ar. Portanto, será estudado com detalhes como acontece o processo
convectivo, porque dessa forma percebe-se como os elementos meteorológicos interagem
entre si e, consequentemente, como funciona o sistema sinótico.

Etapas que compõem o processo convectivo representadas na Figura 27.


I – Aquecimento do ar à superfície, em decorrência do aquecimento da superfície pela
radiação solar.
II – Evaporação da superfície líquida e subida do ar quente (com vapor de água) para a
atmosfera.
III – Com a subida do ar quente desencadeia-se a redução da pressão atmosférica na
superfície, o que vem a facilitar a convergência de ar para aquele local.
IV – O ar quente juntamente com o vapor de água, à medida que vão ganhando altitude,
sofrem resfriamento e, consequentemente, o vapor de água começa a se condensar,
formando nuvens. No início as nuvens formadas são do tipo Cumulus (Cu).

OSTENSIVO - 2-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

V– O ar quente e o vapor de água que sobem na atmosfera e formam nuvens do tipo Cumulus,
ao intensificar este processo, passam a formar Cumulonimbus (Cb).

Figura 27: Fases do Processo Convectivo.

Observe que o processo convectivo é interrompido quando ocorre a precipitação


(chuva), a que denominamos chuvas convectivas. Porém, se esse ar que está convergindo
continuar a se aquecer, a ascensão de ar quente se manterá, dando prosseguimento ao
processo convectivo, até que a superfície se resfrie, a convecção de ar úmido termine e o
processo convectivo se dissipe.
É importante ressaltar que o processo convectivo está fortemente relacionado aos
eventos que chamamos de “chuva de verão”, o qual ocorre em dias mais quentes e úmidos
de verão.

Pode-se concluir, portanto, que o processo convectivo, caso


encontre condições propícias, poderá gerar mau tempo. O
navegante, neste caso, deve ter atenção à formação de nuvens do
tipo Cumulonimbus (Cb), que é o sinal mais claro da intensificação
deste processo.

Destaca-se abaixo alguns pontos que podem trazer condições apropriadas para a
intensificação do processo convectivo:
▪ contínuo aquecimento da superfície por meio da radiação solar;

OSTENSIVO - 2-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ grande extensão de superfície líquida, possibilitando a evaporação e,


conseqüentemente, a formação de nuvens; e
▪ forte circulação convergente, com ascensão de ar úmido, possibilitando a concentração
de nuvens, principalmente cumulonimbus (Cb).

OSTENSIVO - 2-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 2 . 1

2.1.1) Descreva o comportamento da umidade relativa (UR) no movimento ascendente do


ar.

O ar em movimento ascendente se expande e conseqüentemente se resfria.


Você se lembra que a umidade relativa é inversamente proporcional à temperatura do ar, ou
seja, quando o ar resfria a umidade relativa aumenta. Quanto mais resfria o ar mais aumenta
a UR, até atingir a saturação (UR = 100%). Você recorda que a temperatura do ar no
momento em que a UR = 100% é denominada de temperatura do ponto de orvalho (TPO).
Muito bem, agora podemos continuar a descrever o comportamento da UR em um
movimento ascendente do ar. No início deste exercício, veja só, comentamos que o ar resfria
enquanto sobe, então, sua UR aumenta até a temperatura do ar atingir a TPO, o ar se torna
saturado (UR = 100%), ocorre o início da condensação, e a formação de nuvens.

2.1.2) Quais as principais conclusões que o navegante pode tirar de um processo convectivo,
resultante do movimento ascendente do ar?

O navegante percebe que o processo convectivo pode resultar na formação de


nuvens, já que ocorre ascensão de ar úmido.

2.1.3) Quais as conclusões que o navegante pode tirar ao observar movimento descendente
do ar?

O navegante pode concluir o seguinte:


▪ não haverá processo convectivo;
▪ a temperatura do que desce, aumenta e então, sua UR diminui;
▪ não será atingida a TPO e então, não haverá condensação para formar nuvens;
▪ as condições são favoráveis a ocorrência de BOM tempo.

OSTENSIVO - 2-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

2.1.4) No desenvolvimento de atividades convectivas, o navegante pode esperar sempre


ocorrência de nuvens pesadas tipo cumulonimbus (Cb)?

Sempre não. Você recorda que o ar pode ser seco ou úmido e se a temperatura for
mais quente, o ar pode ter maior umidade relativa. Então, o navegante percebe que o
mau tempo, com Cb precisa que o ar seja bastante úmido.

2.1.5) Se ocorrer movimento ascendente de ar seco, que condições do tempo o navegante


pode esperar?

Você notou que esses exercícios já ressaltaram a importância do ar ser úmido, ou seja,
com UR elevada. Neste caso, o movimento ascendente indica atividades convectiva
com ar seco. Considera-se o ar seco, um ar com pouca energia (calor latente) para
alimentar e intensificar nuvens pesadas com trovoadas. Então o navegante pode,
nessa situação de ar seco, esperar bom tempo com nuvens CIRRUS paradas.

OSTENSIVO - 2-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

2.2 MASSAS DE AR E FRENTES

Nesta subunidade, será estudado como as massas de ar se comportam e como


acontecem os deslocamentos. Como visto anteriormente, quando uma massa de ar se
desloca, traz consigo as características meteorológicas (temperatura e umidade) da sua região
de origem. Ao se deslocar, invade áreas dominadas por outras massas de ar com
características diferentes, onde a superfície que delimita a massa de ar, que está se
deslocando, é denominada superfície frontal ou simplesmente frente, a qual,
consequentemente irá gerar mudanças no tempo.
Observe que a frente refere-se à massa de ar que se desloca, podendo, portanto, ser
denominada frente quente ou frente fria, dependendo de estar delimitando uma massa de
ar quente ou fria, respectivamente. Veja a Figura 28.

Figura 28: Representação de uma superfície frontal fria, indicada pelo deslocamento
da massa de ar fria.

2.2.1 Classificação das Massas de Ar

Um meteorologista norueguês de nome Bergeron classificou as massas de ar conforme


sua umidade, sua região de origem e sua temperatura, em função de ser o ar mais quente ou
mais frio do que a superfície sobre a qual se desloca. Utilizou, para isso, uma simbologia
própria, a fim de caracterizar a massa de ar que se aproxima ou que esteja predominando no
local.
Esta classificação, hoje em dia, é utilizada internacionalmente, e vem facilitando a
descrição de uma determinada massa de ar. Vejamos como funciona.

OSTENSIVO - 2-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

Umidade do ar
Símbolo Superfície Umidade
m Marítima Alta
c Continental Baixa

Região de origem
Símbolo Origem Temperatura
P Polar Fria
T Tropical Quente
E Equatorial Quente

Temperatura
Símbolo Massa de Ar Observação Situação
w Mais quente que a Cede calor à Estável
superfície superfície
k Mais fria que a Absorve calor da Instável
superfície superfície

Pois bem, pode-se dessa forma descrever sucintamente uma massa de ar.
Observe: mPk – significa massa de ar Polar marítima (alta taxa de umidade e baixa
temperatura), mais fria do que a superfície sobre a qual se desloca (k).

Dessa forma, fica fácil classificar uma massa de ar e principalmente identificar a


situação prevista do estado de tempo. Por exemplo, no Brasil temos quatro massas de ar
formadas na região de atuação (massas de ar primárias) e uma massa de ar que
eventualmente se desloca gerando mudança de tempo (massa de ar secundária). Observe na
Figura 29.

OSTENSIVO - 2-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 29: Massas de ar atuante no Brasil.

Na Figura 29, é possível observar cinco massas de ar atuantes no Brasil. No entanto,


nem todas influenciam constantemente no nosso clima. Note as características de cada massa
de ar e sua região de formação.
Tabela 5: Massas de ar atuantes no Brasil e as suas características em relação a
umidade e temperatura.
Sigla Nome Características Local de Formação
mEc massa equatorial quente e úmida Primária
continental
mEa massa equatorial quente e úmida Primária
atlântica
mTc massa tropical quente e seca Primária
continental
mTa massa tropical quente e úmida Primária
atlântica
mPa massa polar atlântica fria e úmida Secundária

OSTENSIVO - 2-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

2.3 Sistemas Frontais

A classificação de uma massa de ar caracteriza-se por certos parâmetros


meteorológicos (temperatura e umidade), os quais em uma situação de equilíbrio, isto é, sem
que as massas de ar apresentem deslocamentos, determinarão a região onde se localizam
essas mesmas condições meteorológicas e, portanto, delimitarão uma área de estabilidade
(sem mudanças). Entretanto, caso haja o deslocamento dessas massas de ar, gerarão uma
frente que invadirá áreas com outras características meteorológicas, provocando
modificações no tempo (chuvas, mudanças na temperatura, etc.) e, portanto, delimitando
uma área de instabilidade (sujeito a mudanças) até que se estabeleça uma nova situação de
equilíbrio. Entendeu com funciona?
Essas modificações no tempo ocorrerão, com maior ou menor intensidade,
dependendo do tipo e intensidade da frente.

2.3.1 Frente Fria

A formação de uma frente fria, normalmente, está associada à formação de regiões de


baixa pressão em suas proximidades, proporcionando o deslocamento da massa de ar frio de
encontro à massa de ar quente, que é forçada a ceder espaço. Verifica-se que a massa de ar
frio, por ser mais densa, desloca-se próximo da superfície, enquanto que a massa de ar
quente, por ser menos densa, é forçada a subir em seu deslocamento, afastando-se da região.
Esse escoamento do ar quente em forma de corrente ascendente (subida) provoca o
desenvolvimento de atividades convectivas (Figura 30).

OSTENSIVO - 2-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 30: Frente fria com formação de nuvens.

Pelas características da massa de ar fria, a rampa da superfície frontal fria é bem


íngreme, forçando uma forte subida do ar quente do local, resultando em uma intensa
atividade convectiva, com formação de nuvem cumulonimbus (Cb).
A Figura 31 mostra a circulação do ar em uma frente fria. Observe que antes da passagem do
sistema, o vento predominante virá sempre do quadrante norte, enquanto que após a
passagem do sistema, o vento predominante será sempre do quadrante sul.

Figura 31: Circulação do ar característico de uma frente fria.

Observando o quadro abaixo, onde podemos identificar o comportamento de uma


frente fria antes de sua passagem e depois de sua passagem.
Tabela 6: Comportamentos dos elementos meteorológicos antes e depois da passagem
de uma frente fria.

OSTENSIVO - 2-10 REV.3


OSTENSIVO MOC

Antes Depois
Temperatura Aumenta Diminui
Pressão Diminui Aumenta
Vento Quadrante Norte Quadrante Sul (predominando
(predominando NO) SO)
Nuvens Cirrus Cumulus / céu sem nuvens

2.3.2 Frente Quente

A formação de uma frente quente ocorre quando há substituição do ar frio pelo ar


quente à superfície do solo ou do oceano. Isto acontece da seguinte forma: a massa de ar
quente desloca-se de encontro à massa de ar frio, no entanto, por ser menos densa (mais leve)
que a massa de ar frio, ao deslocá-la, forma uma cunha onde ocorrem as mudanças do tempo.
Veja a Figura 32.

Figura 32: Frente quente com formação de nuvens.

Pelas características pouco íngremes da rampa que o ar quente sobe, no deslocamento


da massa de ar quente, são observadas nuvens stratus, nimbustratus, cirrustratus e cirrus, etc,
com chuva leve e duradoura.
A Figura 33 abaixo mostra a circulação do ar em uma frente quente. Observe que tanto antes
quanto após a passagem do sistema, o vento predominante virá sempre do quadrante norte,
de forma que na presença de uma frente quente, não haverá ronda do vento.

OSTENSIVO - 2-11 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 33: Circulação do ar característico de uma frente quente.

Observando o quadro abaixo, podemos identificar o comportamento de uma frente quente


antes de sua passagem e depois de sua passagem.

Tabela 7: Comportamentos dos elementos meteorológicos antes e depois da passagem


de uma frente quente.
Antes Depois
Temperatura Cai lentamente Tende a estabilizar
Pressão Estabiliza Estabiliza
Vento Quadrante Norte Quadrante Norte
(predominando NO) (predominando N)
Nuvens Cirrus / Cirrustratus Stratocumulus

2.3.3 Frente Oclusa

Ocorre quando uma frente quente deixa de ter contato com a superfície do solo ou do
oceano, sendo forçada a elevar-se, por causa do avanço da massa de ar fria. Teremos então
três massas de ar com temperaturas diferentes, sendo uma quente, outra fresca ou menos
fria e a terceira fria. Uma frente fria, em sua trajetória normal, pode deslocar-se cerca de duas
vezes mais rápida do que uma frente quente e, alcançá-la, juntar-se a ela e empurrá-la para
cima, formando uma frente oclusa, que pode ser simplesmente chamada de oclusão. (Figura
34)

OSTENSIVO - 2-12 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 34: Etapas de formação do sistema frontal com formação da


frente oclusa dando início ao fim do sistema.

2.3.4 Frente Estacionária

Ocorre quando não há deslocamento da frente. O tempo associado à frente


estacionária depende do histórico da frente, do contraste de temperatura, direção e
intensidade dos ventos, etc., podendo evoluir para uma frente fria ou para uma frente quente.
(Figura 35)

Figura 35: Frente estacionária

Na frente fria estacionária observam-se as isóbaras paralelas a frente fria (FF),


consequentemente o vento é paralelo à FF, em ambos os lados, porém com direções opostas.
Nesse caso, no HS, observa-se vento quente no NW e vento frio de SE.

OSTENSIVO - 2-13 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 2.3

Faça o que se pede.

2.3.1 O planeta TERRA busca equilíbrio térmico por meio do deslocamento de massas de
ar de temperaturas diferentes. Cite a direção do movimento das massas de ar FRIO.

As massas de ar frio se deslocam das altas latitudes (regiões polares) para as regiões
mais quentes (médias e baixas latitudes).

2.3.3 Os boletins meteorológicos informam com freqüência, a ocorrência de frente fria.


Explique o que você entende, com a informação de chegada de uma frente fria.

È o deslocamento de uma massa de ar fria. Para o ar frio ocupar uma região é


necessário o ar quente do local se deslocar. Isto ocorre também com subida do ar
quente, desencadeando esta ascensão do ar, uma atividade convectiva com aumento
de temperatura do ar, queda na pressão atmosférica, formação de nuvens,
precipitação, mudança na direção do vento (quadrante N para quadrante S), trovoadas
e rajadas de vento, ou seja, mau tempo.

2.3.4 Explique as razões físicas dos boletins meteorológicos informarem a ocorrência de


frente fria.
As principais razões são a mudança no comportamento da atmosfera durante a passagem
desses sistemas, principalmente a ocorrência de forte precipitação, mudança na direção do
vento e queda da pressão atmosférica, fatores que podem prejudicar a navegação, tornando-
a insegura.

OSTENSIVO - 2-14 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 2

Responda, nos espaços, às seguintes perguntas:

2.1 Processo Convectivo


2.1.1) Qual é a primeira etapa do processo convectivo?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.1.2) Com a subida do ar quente, que processo desencadeia-se?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.1.3) Como acontece a formação de nuvens?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2.1.4) Quando o processo convectivo é interrompido?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.1.5) Caso haja condições favoráveis para o prosseguimento do processo convectivo, o que
poderá ocorrer?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2.2. Massas de ar e frentes


2.2.1) O que uma superfície frontal ou frente indica?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.2.2) O que significa uma área de instabilidade?

OSTENSIVO - 2-15 REV.3


OSTENSIVO MOC

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.2.3) Descreva as características de uma frente fria?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.2.4) Que tipos de frente podem ocorrer?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
2.2.5) Quando ocorre uma frente estacionária ?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 2-16 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 2

2.1 Processo Convectivo

2.1.1) É o aquecimento do ar à superfície, em decorrência do aquecimento da superfície


pela radiação solar.
2.1.2) Com a subida do ar quente, desencadeia-se a redução da pressão atmosférica na
superfície, o que vem a facilitar a convergência de ar para aquele local (vento).
2.1.3) O ar quente juntamente com o vapor de água, à medida que vão ganhando altitude,
sofrem resfriamento e, conseqüentemente, o vapor de água começa a se condensar,
formando nuvens.
2.1.4) O processo convectivo é interrompido quando cessa o movimento ascendente do ar.
2.1.5) Caso haja condições propícias, o processo convectivo desenvolve-se
espontaneamente até atingir a intensidade de tempestade ou tormenta.

2.2. Massas de ar e frentes

2.2.1) Indica o deslocamento de uma massa de ar com características próprias.


2.2.2) Trata-se de uma área sujeita a modificações no tempo presente.
2.2.3) Uma frente fria, normalmente, está associada à formação de regiões de baixa pressão
em suas proximidades, proporcionando o deslocamento da massa de ar frio de encontro à
massa de ar quente, que é forçada a ceder espaço.
2.2.4) Frente oclusa, frente fria, frente quente e frente estacionária.
2.2.5) Ocorre quando não há deslocamento da frente.

OSTENSIVO - 2-17 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 3

SISTEMAS TROPICAIS

3.1 SISTEMAS BAROTRÓPICOS

Nesta subunidade, serão estudadas com mais detalhes as características


meteorológicas tropicais, isto porque é onde se encontra a maior parte do território brasileiro,
sua costa, rios e lagos e, portanto, locais onde se costuma navegar.
As características dos sistemas tropicais são distintas das características do tempo nas
regiões subtropicais ou extratropicais, ou seja, nas regiões de médias ou altas latitudes.
Os sistemas tropicais são considerados sistemas barotrópicos, isto é, sistemas que
apresentam apenas variações de pressão atmosférica, enquanto que os sistemas
extratropicais são sistemas baroclínicos, ou seja, apresentam variações de pressão
atmosférica e de temperatura.
Nos sistemas extratropicais, a variação da temperatura tem um papel importante,
resultando em diferentes massas de ar e, conseqüentemente, em sistemas frontais com
frentes frias e frentes quentes, conforme visto anteriormente.
Além disso, observam-se, na ocorrência das estações do ano, diferenças sensíveis
entre verão e inverno. Já a região tropical, não sendo afetada pela variação de temperatura,
não sente os efeitos das estações do ano. Observa-se um período do ano muito chuvoso, e
outro menos chuvoso, resultado apenas da variação da pressão atmosférica.
A variação da pressão, associada à presença de ar bem quente e bastante úmido,
favorece o desenvolvimento de intensa atividade convectiva, que é a principal característica
meteorológica da região tropical. O navegante com freqüência observa na região tropical a
formação de imensas nuvens Cumulonimbus (Cb), com trovoadas, pancadas de chuva e
rajadas de vento.

3.1.1 Zona de Convergência Intertropical – ZCIT

As massas de ar das latitudes médias e altas, regiões de alta pressão à superfície,


deslocam-se em direção ao Equador da Terra, região de baixa pressão à superfície. Essa

OSTENSIVO - 3-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

circulação ocorre tanto no Hemisfério Norte como no Hemisfério Sul. Observamos então uma
convergência à superfície dos ventos alísios na região do Equador térmico, provocada pela
circulação à superfície. Essa região onde ocorre a convergência é denominada Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) e influencia todo o sistema tropical. Veja a figura 36:

Figura 36: Representação da Célula de Hadley com a formação


da zona de convergência intertropical (ZCIT)

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) oscila sua posição em função do verão


entre o Hemisfério Norte e o Hemisfério Sul. A posição da ZCIT afeta as características dos
ventos alísios, consequentemente influenciando no tempo, razão pela qual sua posição é
indicada diariamente nos Boletins Meteorológicos. Na ZCIT é observada também acentuada
concentração de nuvens Cumulonimbus (Cb) e temporais (Figura 37).
Devido a sazonalidade, a posição da ZCIT varia ao longo das estações do ano, de forma
que o sistema, por ter como principal fonte de energia a umidade do ar, sempre busca regiões
de maior umidade, ou seja, a ZCIT se desloca para o Hemisfério onde ocorre o verão.

Figura 37: Variação sazonal da posição da ZCIT

OSTENSIVO - 3-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

A oscilação da ZCIT, além de ter influências sobre a intensidade dos alísios, afeta
consideravelmente a condições de nebulosidade da região e, consequentemente, concorre
para fortes temporais. A costa Norte e nordeste do Brasil é mais afetada pelo deslocamento
da ZCIT, nos meses de março e abril, época em que a ZCIT é observada mais ao Sul.
Normalmente, a ZCIT acompanha o posicionamento do Equador térmico, razão pela qual a
ZCIT é observada quase sempre no Hemisfério Norte entre as latitudes de 5o N a 15o N. Só em
condições especiais, a ZCIT posiciona-se no Hemisfério Sul. Nessas situações, são observados
acentuados aumentos da nebulosidade e precipitação na costa norte e nordeste do Brasil.

3.1.2 Ventos Alísios

Os ventos alísios, característicos das regiões tropicais, de ambos os Hemisférios,


originam-se da circulação geral da atmosfera (Célula de Hadley).
Eles afetam a costa norte e nordeste do Brasil, sendo observados tanto na área marítima como
na continental. Os ventos alísios, na costa do Brasil, são ventos de sudeste (SE) ao passo que
no Hemisfério Norte são de nordeste (NE). Comentou-se anteriormente que os ventos alísios
originam-se do escoamento de Sul para Norte, no Hemisfério Sul, ou seja, das latitudes médias
para o Equador. Constata-se, então, que há um desvio para a esquerda ao longo do
escoamento. Fato idêntico ocorre com as correntes marítimas. Tal fato se deve ao efeito de
Coriolis, devido ao movimento de rotação da Terra. O efeito de Coriolis, afeta
permanentemente essa circulação tropical, razão pela qual os alísios de SE mantêm suas
características ao longo de todo o ano, sendo mais intensos na costa do Brasil no período de
verão e de outono no Hemisfério Sul.
Os ventos alísios de SE e de NE, ao alcançarem a região equatorial, têm praticamente
escoamento paralelo da direção leste, observando-se extensas regiões com calmarias,
conhecidas como DOLDRUMS.

As características principais dos ventos alísios, no


Hemisfério Sul, são: frequência constante, direção de
sudeste e velocidade moderada, tendo atuação entre os
doldrums e a faixa de altas pressões de latitudes
subtropicais.

OSTENSIVO - 3-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 3 . 1

3.1.1) Defina sistemas barotrópicos.

São sistemas de intensa atividade convectiva, desencadeados por variação da


pressão do ar. É característico das regiões tropicais.
É bom recordar que já foram estudados sistemas baroclínicos, nas regiões de altas
latitudes, que são diferentes porque dependem da variação da temperatura e
consequentemente da pressão atmosférica.

3.1.2) Defina zona de convergência intertropical (ZCIT).

É a região próxima ao equador térmico do planeta TERRA, onde ocorre a


convergência dos ventos alísios de NE do HN e de SE do HS.

3.1.3) Cite as características dos ventos alísios.

São ventos das regiões tropicais, permanentes durante todo o ano. Sopram de NE
no HN e de SE no HS, convergindo na região equatorial e assumindo direção de
leste.

3.1.4) Descreva as características do estado do tempo nas regiões tropicais.

São regiões quente e úmida. Os ventos alísios convergem para a ZCIT e retornam
pela célula de Hadley (ventos em altitudes) para as regiões de média latitude,
formando os anticiclones permanentes, com bom tempo nessas áreas.
Nas áreas próximas a ZCIT no verão, ocorrem tormentas tropicais e furacões.

OSTENSIVO - 3-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

3.2 CICLONES TROPICAIS

O ciclone tropical, dependendo da região, é conhecido como furacão, tufão, baguió


ou simplesmente ciclone. Na verdade, esse processo é desencadeado por perturbação
atmosférica, proveniente de depressão associada à intensificação da circulação convergente
e ciclônica de ar quente e úmido em baixos níveis, ou seja, o processo convectivo intenso
associado à depressão leva à formação de ciclones tropicais.
O ciclone tropical tem como principais características o movimento rotativo,
denominado redemoinho ciclônico, com diâmetro de dezenas de milhas, podendo alcançar
centenas de milhas, um núcleo central calmo, denominado olho, e os constantes
deslocamentos, no início lento e, em seguida, crescentes, podendo chegar à velocidade de 25
nós. Tem trajetória para W, desviando gradualmente, no HN, para NW, N e NE e no HS, para
SW, S e SE, conforme pode ser visto na Figura 38.
Os ciclones tropicais são fenômenos que ocorrem no mar, isto porque necessitam
continuamente de suprimento de ar úmido instável; caso contrário, tendem a dissiparem-se.
As condições ideais para a formação de um ciclone tropical são:
▪ Água do mar com temperatura superior a 27o C;
▪ Pressão atmosférica abaixo do normal (menos que 1004 mb); e
▪ Existência de distúrbios tropicais de qualquer espécie sobre a superfície (chuvas, muito
vento, etc.)
Existem regiões propícias à formação de ciclones e, estatisticamente, já se tem a sua
trajetória, ou seja, o caminho que normalmente segue até sua dissipação. Observe na Figura
36 as regiões mais freqüentes de ciclone tropicais.

Figura 38 : Local de ocorrência e as trajetórias dos furacões

OSTENSIVO - 3-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 3 . 2

3.2.1) Quais são as condições propícias a ocorrência de nuvem cumulonimbus (Cb)?

Você pode constatar que nos dias mais quentes e úmidos, tem-se oportunidade de
presenciar a ocorrência de Cb. Provavelmente você já percebeu também que no
verão, na parte da tarde, pancadas de chuva e trovoadas. É comum as pessoas
falarem em chuvas de verão, ao se referirem a situações semelhantes.

3.2.2) Cite as condições propícias para o mau tempo se intensificar e atingir a categoria de
tempestade, tormenta e mesmo ciclone ou furacão.

É bom recordar que quando a circulação do ar é favorável a desenvolver a atividade


convectiva, pode-se esperar mau tempo. É bom ressaltar que a umidade relativa alta
e o consequente aumento das temperaturas do ar e do mar são elementos que
indicam que o ar rico em calor latente, que pode ser liberado e intensificar o mau
tempo para categoria de tempestade.

OSTENSIVO - 3-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 3

Responda, nos espaços, às seguintes questões:

3.1 Sistemas tropicais


3.1.1) O que significa barotrópico?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3.1.2) Qual é a principal característica meteorológica da região tropical?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3.1.3) Defina Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3.1.4) Em função de que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) modifica sua posição?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3.1.5) Qual é o vento característico das regiões tropicais?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

3.2 Perturbações atmosféricas e nuvens cumulonimbus


3.2.1) Defina tempestade.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3.2.2) Cite um problema para a navegação que pode ser causado pela tempestade.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 3-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

3.2.3) De que fenômeno as trovoadas são decorrentes?


___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3.2.4) Quais são as principais características de um ciclone tropical?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
3.2.5) Cite uma das condições ideais para a formação de um ciclone tropical.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 3-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 3

3.1 Sistemas tropicais

3.1.1) São sistemas que apresentam apenas variações de pressão atmosférica.


3.1.2) O desenvolvimento de intensa atividade convectiva.
3.1.3) É a região para a qual as massas de ar das latitudes médias e altas, regiões de alta
pressão à superfície, deslocam-se em direção ao Equador.
3.1.4) Em função do verão no Hemisfério Norte e do verão do Hemisfério Sul.
3.1.5) Ventos alísios.

3.2 Perturbações atmosféricas e nuvens cumulonimbus

3.2.1) A tempestade acontece devido ao acúmulo de nuvens do tipo Cumulonimbus (Cb),


que provocam precipitação (chuva) intensa, acompanhada de fortes ventos e trovoadas.
3.2.2) Perda de visibilidade, devido ao aguaceiro.
3.2.3) As trovoadas são decorrentes do desequilíbrio elétrico no interior da nuvem
Cumulonimbus – Cb.
3.2.4) Circulação ciclônica fechada, núcleo central calmo (olho) e constantes
deslocamentos.
3.2.5) Pressão atmosférica abaixo do normal (menos que 1004 mb).

OSTENSIVO - 3-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 4

ANÁLISES METEOROLÓGICAS

4.1 CARTAS E BOLETINS METEOROLÓGICOS

As informações meteorológicas de interesse do navegante são elaboradas pelo Serviço


Meteorológico Marinho, que funciona na Diretoria de Hidrografia e Navegação. Essas
informações são agrupadas, de acordo com o fim a que se destinam, nos tipos de boletim e
cartas meteorológicas seguintes:

▪ Boletins de Previsão para Área Portuária.

▪ Boletim de Condição e Previsão do Tempo (METEOROMARINHA); das 0000 HMG e das


1200 HMG.
▪ Boletim Especial de Previsão.

▪ Carta Meteorológica por Fac-Símile ou Internet (Carta Sinótica de Pressão ao Nível do


Mar) das 0000 HMG e das 1200 HMG.
▪ Imagem de satélite.

4.1.1 Boletim de Previsão para Área Portuária

Como o próprio nome está indicando, o boletim de previsão para áreas portuárias
fornece as condições meteorológicas previstas para a área de um porto e suas proximidades.
Ele é redigido em linguagem clara e, normalmente, transmitido por radiotelefonia. Vejamos
cada um desses boletins com mais detalhes.

Área abrangida, data e hora do término


1
do período de sua validade;
2 Aviso de mau tempo;
3 Previsão do estado do céu;

OSTENSIVO - 4-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

4 Previsão dos ventos predominantes;


5 Previsão de ondas;
6 Previsão de visibilidade;
7 Previsão da tendência da temperatura.

4.1.2 Boletim de Condição de Previsão do Tempo ( Meteoromarinha)

Este é um boletim mais completo, cujas informações são elaboradas para as áreas
marítimas sob a responsabilidade do Brasil, chamada de METAREA V, as quais foram
estabelecidas e padronizadas em um acordo internacional com os membros que compõem a
Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
No Meteoromarinha, a previsão do tempo é elaborada, separadamente, para cada
uma das áreas abaixo relacionadas, que compõem a região marítima da costa brasileira:

Tabela 9: Divisão da Metarea V para realização da previsão do tempo.


Alfa Do Arroio Chui ao Cabo de Santa Marta;
Bravo Do Cabo de Santa Marta ao Cabo Frio (Oceânica);
Charlie Do Cabo de Santa Marta ao Cabo Frio (Costeira);
Delta Do Cabo Frio a Caravelas;
Echo De Caravelas a Salvador;
Foxtrot De Salvador a Natal;
Golf De Natal a São Luiz;
Hotel De São Luiz ao Cabo Orange;
November Norte Oceânica (Oeste de 020o W, de 7o N a 15o S)
Sierra Sul Oceânica (Oeste de 020o W, de 15o S a 36o S).

Cada área pode ainda ser subdividida em parte Norte ou Sul e parte Leste ou Oeste
para melhor identificar as variações do tempo dentro da mesma região.
A região de responsabilidade de Brasil junto a 0MM, para elaboração e divulgação do
boletim METEOROMARINHA e da CARTA SINÓTICA de pressão ao nível do mar, Metarea V é
divida em 10 subunidades para melhor entendimento das previsões do tempo.

OSTENSIVO - 4-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 39: Metarea V de responsabilidade do Brasil dub-dividida em 10 partes, sendo 8


costeiras (Alfa-Hotel) e 2 oceânicas (N e S).

Todos os serviços meteorológicos destinados à navegação marítima elaboram e


emitem boletins de condições e previsão do tempo de acordo com as normas estabelecidas
pela OMM. O Meteoromarinha é constituído das seguintes partes:
Tabela 10: Composição do boletim Meteoromarinha
Descrição do Meteoromarinha
Parte I Aviso de Mau tempo
Parte II Resumo descritivo do tempo
Parte III Previsão do tempo
Parte IV Análise e/ou prognóstico do tempo
Parte V SELEÇÃO DE MENSAGENS METEOROLÓGICAS DE NAVIOS

As partes I, II e III são transmitidas em linguagem clara, em português, e repetidas em


inglês, após a Parte VI. Veja cada uma das partes:

PARTE I – Aviso de mau tempo


Os avisos de mau tempo incluídos tanto no Boletim de Previsão para Áreas Portuárias
como no Meteoromarinha são emitidos, quando uma ou mais das seguintes condições
meteorológicas estejam previstas:
▪ Vento de força 7 ou acima, na escala Beaufort (intensidade 28 nós ou mais);

OSTENSIVO - 4-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Ondas de 3 metros ou maiores, em águas profundas (mar de grandes vagas ou


vagalhões);
▪ Visibilidade restrita a 1 km ou menos;
▪ Ressacas: ondas costeiras com altura superior a 2,5 metros e com grande comprimento
de onda, na direção quase perpendicular à costa. É interessante observar que ondas de grande
comprimento de onda tem grande volume d’água no efeito de arrebentação, intensificando a
ação da ressaca.
Os elementos já mencionados no aviso de mau tempo não são repetidos nos demais
itens dos boletins de previsão. A ausência de aviso de mau tempo é claramente mencionada
no texto da parte I dos boletins com a expressão NIL ou NÃO HÁ.

PARTE II – Resumo descritivo do tempo (Tempo Presente)


É uma sinopse do tempo presente ou sumário da situação atmosférica em um
determinado instante de referência, com indicação das posições das configurações sinóticas
existentes na área, seu movimento, desenvolvimento e área afetada. Esta parte começa com
a data-hora (HMG) de referência, ou seja, hora da análise sinótica.

PARTE III – Previsão do tempo (Tempo Futuro)


Esta parte fornece as previsões para METAREA V válidas até a data-hora (HMG),
mencionada no início do texto, para as áreas costeiras (A, B, C, D, E, G e H) e oceânicas (N e S).
As informações citadas nesta parte são as seguintes:
▪ previsão do estado do tempo;
▪ previsão do estado do céu;
▪ previsão dos ventos predominantes;
▪ previsão de ondas;
▪ previsão de visibilidade; e
▪ previsão da tendência de temperatura.

É na parte III que o navegante obtém a previsão do tempo para as próximas 24 horas,
na área costeira de seu interesse. Logo abaixo pode-se observar um Meteoromarinha na sua
forma original, enviado no dia 08/04/2019 as 0000 HMG.

OSTENSIVO - 4-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

METEOROMARINHA REFERENTE ANALISE DE 0000 HMG – 08/ABR/2019

DATA E HORA REFERENCIADA AO MERIDIANO DE GREENWICH – HMG


PRESSAO EM HECTOPASCAL – HPA
VENTO NA ESCALA BEAUFORT
ONDAS EM METROS
PARTE UM - AVISOS DE MAU TEMPO
AVISO NR 241/2019
AVISO DE VENTO FORTE/MUITO FORTE
EMITIDO ÀS 1300 - SÁB - 06/ABR/2019
ÁREA BRAVO AO SUL DE 25S A PARTIR DE 072100. VENTO SE/E 7/8 COM RAJADAS.
VÁLIDO ATÉ 090000.
AVISO NR 242/2019
AVISO DE VENTO FORTE
EMITIDO ÀS 1300 - SÁB - 06/ABR/2019
ÁREA CHARLIE A PARTIR DE 072100. VENTO SW/SE 7 COM RAJADAS.
VÁLIDO ATÉ 082100.
AVISO NR 243/2019
AVISO DE MAR GROSSO
EMITIDO ÀS 1300 - SÁB - 06/ABR/2019
ÁREA BRAVO AO SUL DE 25S A PARTIR DE 080600. ONDAS DE S/SE 3.0/4.0.
VÁLIDO ATÉ 091200.

PARTE DOIS - ANALISE DO TEMPO EM 080000


BAIXA 1010 EM 37S023W. ALTA 1018 EM 46S063W. CAVADO EM 17S049W, 22S048W E
25S044W. CAVADO EM 44S054W E 47S045W. FRENTE FRIA EM 37S023W, 31S031W,
27S038W E 25S043W MOVENDO-SE COM 05 NÓS PARA E/NE. FRENTE FRIA EM 47S012W,
44S022W E 43S033W MOVENDO-SE COM 10/15 NÓS PARA E. ZONA DE CONVERGÊNCIA
INTERTROPICAL (ZCIT) EM 01S020W, 02S030W E 04S040W.

PARTE TRÊS - PREVISÃO DO TEMPO VÁLIDA DE 081200 ATÉ 091200


ÁREA ALFA (DE ARROIO CHUÍ ATÉ CABO DE SANTA MARTA)

OSTENSIVO - 4-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

VENTO SW/SE 3/4 RONDANDO PARA SE/NE 4/5. ONDAS DE S/SE 0.5/1.5 JUNTO À COSTA,
1.5/2.5 NO RESTANTE DA ÁREA PASSANDO 2.5/3.5 A LESTE DE 048W. VISIBILIDADE BOA.
ÁREA BRAVO (DE CABO DE SANTA MARTA ATÉ CABO FRIO - OCEÂNICA)
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS. VENTO SE/E 6/7 COM RAJADAS.
ONDAS DE SW/SE 2.0/3.0 PASSANDO S/SE 3.0/4.0 AO SUL DE 25S E SE/E 2.0/2.5 NO RESTANTE
DA ÁREA. VISIBILIDADE MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA CHARLIE (DE CABO DE SANTA MARTA ATÉ CABO FRIO - COSTEIRA)
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO SW/SE 6/7
PASSANDO 5/6 COM RAJADAS. ONDAS DE SW/SE 0.5/1.5 JUNTO À COSTA E 2.5/3.5 A PARTIR
DE 50MN DA COSTA. VISIBILIDADE MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA SUL OCEÂNICA
SUL DE 30S
OESTE DE 035W
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS. VENTO SE/E 3/4 PASSANDO
4/5 COM RAJADAS. ONDAS DE SW/S 1.5/2.5 PASSANDO 3.0/4.0. VISIBILIDADE
MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.
LESTE DE 035W
PANCADAS. VENTO N/NW 4/5 OCASIONALMENTE 6 RONDANDO PARA SW/S 3/4, COM
RAJADAS. ONDAS DE W/SW 2.5/3.5. VISIBILIDADE MODERADA DURANTE AS PANCADAS.
ÁREA NORTE OCEÂNICA
PANCADAS OCASIONALMENTE FORTES E TROVOADAS ISOLADAS ENTRE 05S E 05N. VENTO
NE/N 4/5 AO NORTE DO EQUADOR E SE/E 3/4 NO RESTANTE DA ÁREA COM RAJADAS
DURANTE AS PANCADAS. ONDAS DE SE/E 1.0/2.0 AO SUL DE 05S E E/NE 1.5/2.5 NO RESTANTE
DA ÁREA. VISIBILIDADE MODERADA/RESTRITA DURANTE AS PANCADAS.

4.1.3 Boletim Especial de Previsão

O boletim especial de previsão do tempo fornece previsões meteorológicas para uma


área marítima restrita e para finalidades específicas, tais como operações de reboque, socorro
e salvamento, deslocamento de plataformas de petróleo, regatas oceânicas e outras
atividades que, por sua peculiaridade, exigem informações que não constam normalmente no
Meteoromarinha.

OSTENSIVO - 4-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

A forma e o conteúdo deste boletim obedecem, de uma maneira geral, aos modelos
das Partes I, II e III do Meteoromarinha.
A solicitação de previsão especial deve ser feita diretamente ao Serviço Meteorológico
Marinho da DHN, informando a sua finalidade, área abrangida, informações especiais
necessárias, datas previstas para início e fim da operação, meios de comunicação, órgão ou
empresa responsável pela operação e demais elementos pertinentes; a DHN avaliará o pedido
e informará ao solicitante sobre a possibilidade, ou não, do seu atendimento.

4.1.4 Carta Meteorológica por Fac- Símile ou Internet

As cartas meteorológicas, também conhecidas como Cartas Sinóticas de pressão ao


nível do mar, são transmitidas por fac-símile ou INTERNET, possibilitando ao navegante, que
dispõe de receptor apropriado, receber as informações meteorológicas na forma gráfica. SITE
www.dhn.mar.mil.br, selecionar serviços meteorológicos.
Na figura 40, é possível observar a carta sinótica emitida no dia 08/04/2019 as 0000
HMG e identificar os centros de alta (A) e baixa pressão (B), assim como suas respectivas
isóbaras, e alguns sistemas sinóticas estudados anteriormente.
Na imagem nota-se a presença de sistemas frontais (frentes frias e quentes), as linhas
isóbaras, os centros de alta e baixa pressão e a ZCIT. Constata-se que a simbologia das frentes
frias são triângulos azuis e a simbologia das frentes quentes são semicírculos vermelhos e que
a simbologia das frentes oclusas são triângulos azuis e semicírculos vermelhos alternados, mas
no mesmo lado da frente. Pode-se alertar o navegante que para a situação de ocorrência de
frente fria estacionária, será observada a simbologia de triângulos azuis e semicírculos
vermelhos em lados opostos da frente estacionária.

OSTENSIVO - 4-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 40: Carta Sinótica emitida no dia 08/04/2019 as 0000 HMG.

OSTENSIVO - 4-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 4.1

4.1.1) Cite os horários de referência dos boletins meteoromarinha e das cartas sinóticas de
pressão ao nível do mar.

Ambos tem o mesmo horário em HMG – hora média de Greenwich (hora universal).
Diariamente às 0000 HMG (zero horas e zero minutos) e às 1200 HMG (doze horas
e zero minutos), são observados e processados os elementos meteorológicos. Esses
produtos são divulgadas 2 a 3 horas depois das observações, ao termino do
processamento e confecção do boletim e da carta.

4.1.2) Quais as informações disponíveis no meteoromarinha?

O navegante dispõem de 3 partes principais no boletim.


Parte I – avisos de mau tempo.
Parte II – tempo presente (resumo descritivo do tempo)
Parte III – tempo futuro (previsão do tempo)

4.1.3) Quais são os elementos meteorológicos contemplados nos avisos de mau tempo do
meteoromarinha?

▪ Vento de força 7 ou acima.


▪ Ondas de 3 metros ou acima
▪ Visibilidade restrita a 1 Km ou menos (Nevoeiro)
▪ Ressaca

4.1.4) Quais são os elementos meteorológicos descritos na parte II (tempo presente) do


meteoromarinha?

Áreas com ocorrência de centro de baixa pressão e de centro de baixa pressão. São
também descritas as características de frente fria, ou seja, trajetória, velocidade e
posição da frente fria presente na METAREA V.

4.1.5) Quais os elementos meteorologia citados na parte III – previsão do tempo do


meteoromarinha?

OSTENSIVO - 4-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

Você pode perceber na leitura da previsão do tempo – parte III do meteoromarinha,


informações do estado do tempo e do céu, direção e intensidade do vento
predominante e indicações de alterações da direção do vento que podem evidenciar
mudança do estado do tempo. É ressaltada a direção e altura das ondas e tendências
da visibilidade e da temperatura do ar.

4.1.6) Quais as principais características das isóbaras das cartas sinóticas, que são de
interesse dos navegantes?

Inicialmente você pode se perguntar, se a carta sinótica é de pressão ao nível do


mar, como o navegante percebe áreas de vento forte e de mar severo? Você precisa
está treinado e qualificado para interpretar a relação entre as isóbaras e a circulação
do ar, identificando a direção do vento e das ondas. É bom recordar circulação do ar,
centros de alta e baixa e gradiente horizontal de pressão, antes de examinar a
configuração das isóbaras da carta sinótica.

4.1.7) Como você pode identificar a presença de uma frente fria, em um documento gráfico
como a carta sinótica?

Ao examinar a carta sinótica, você percebe que a simbologia usada é padronizada e


pela forma e cor revela que elemento meteorológico está sendo informado.
A frente fria por exemplo é representada pelos triângulhos azuis voltados para o
equador, enquanto a frente quente é representada pelos semicírculos vermelhor
voltados para os polos.

OSTENSIVO - 4-10 REV.3


OSTENSIVO MOC

4.2 TEMPO PRESENTE – DIAGNÓSTICO

A primeira necessidade do navegante em relação à meteorologia é o bom


entendimento das condições do tempo presente isto é, o navegante deve ser capaz de saber
interpretar as informações fornecidas pela parte II do Meteoromarinha (descrição do tempo)
associado às observações locais, a fim de fazer o diagnóstico do tempo presente, ou seja, o
que os vários elementos meteorológicos indicam para o tempo presente.
Além disso, comparando-se condições do tempo presente, mais a observação feita a
bordo, com a situação ocorrida algumas horas antes, o navegante pode entender qual é a
tendência do tempo, ou seja, a variação dos principais parâmetros meteorológicos, tais como
temperatura do ar, temperatura da água, pressão atmosférica, umidade do ar, escoamento
dos ventos, nuvens e visibilidade. Esses parâmetros meteorológicos, que representam o
diagnóstico do tempo presente, podem indicar a intensificação ou abrandamento das
condições do tempo, o que, na falta do recebimento do Meteoromarinha, torna-se de grande
valia para o navegante.

4.2.1 Parâmetros Meteorológicos – Interpretação

Como interpretar os elementos meteorológicos para se obter um correto diagnóstico


do tempo presente:
▪ A temperatura do ar e a umidade indicam as propriedades da massa de ar presente e sua
alteração brusca pode ser a chegada de uma frente com outras características;
▪ A pressão atmosférica indica o grau de aquecimento da superfície e o comportamento da
temperatura do ar e, portanto, as características da massa de ar presente. Uma alteração
brusca da pressão pode significar, também, a chegada de outra massa de ar;
▪ A temperatura da superfície do mar (TSM), associada à informação da temperatura de ar,
indica como está se comportando a interação atmosfera–oceano. Se a diferença for
acentuada, pode provocar alteração nas características da massa de ar presente.
▪ Quando a temperatura da superfície do mar (TSM) é mais fria que a TPO, a visibilidade
pode ser afetada devido à formação de nevoeiro.
▪ Quando a TSM for mais quente que o ar, pode haver instabilidade, favorecendo a
convecção e a formação de nuvens Cumulus.

OSTENSIVO - 4-11 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ A observação do vento na região, associada à verificação da pressão na carta


meteorológica, demonstra ao navegante sua posição em relação ao sistema de pressão,
indicando sua situação em relação à depressão e também em relação ao anticiclone, uma vez
que, no Hemisfério Sul, o sentido da circulação no centro de baixa ou depressão é no sentido
horário e no centro de alta ou anticiclone é no sentido anti-horário.

▪ A intensidade do vento está relacionada ao gradiente horizontal de pressão, que é função


do gradiente horizontal de temperatura. O navegante constata que quanto mais forte for o
gradiente de pressão, maior será a velocidade do vento observado na região em questão.
▪ A umidade relativa presente, sendo elevada, indica que a saturação do ar pode ser obtida
com um pequeno resfriamento do ar. Nessa situação, o navegante deve estar atento aos
outros parâmetros que favorecem a formação de nevoeiros e, consequentemente, afetam a
visibilidade.
▪ A observação de súbitas rajadas de vento e uma rígida e intensa instabilidade,
acompanhada de trovoadas e forte precipitação, pode indicar uma linha de instabilidade ou
estar associada a uma frente fria que se aproxima. O navegante deve ter o hábito de observar
o céu. O aparecimento de inúmeras nuvens Cirrus de uma mesma direção pode ser
considerado Cirrus pré-frontais, podendo representar indícios de condições severas de tempo
nas proximidades da frente fria.

O navegante deve ter sempre em mente que a observação meteorológica é de


fundamental importância para a segurança da navegação.

OSTENSIVO - 4-12 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 4 . 2

4.2.1) Qual a principal preocupação do navegante ao pretender entender a previsão do


tempo para as próximas horas?

Se você está interessado na previsão do tempo, primeiro você tem de observar e


entender o tempo presente. No boletim meteoromarinha, parte II (dois) você encontra
o diagnóstico do tempo presente. Você precisa associar as anotações anteriores e
interpretar as tendências.

4.2.2) Nas observações dos parâmetros meteorológicos, efetuadas a bordo, que


procedimentos ajudam a entender o tempo presente?

Sempre que você observar a temperatura do ar, deve constatar: se a variação é de


resfriamento ou de aquecimento do ar. O mesmo com a variação de outros elementos
meteorológicos como a pressão do ar, a direção do vento, a nebulosidade e
visibilidade.
O navegante deve ter especial atenção na verificação do tipo de variação do
elemento observado e principalmente se ele se mantém constante, ou seja, se indica
condições estáveis.

4.2.3) Porque razão é importante interpretar a variação ou tendência de cada elemento


meteorológico?

Existe interação entre os elementos do ar, temperatura, umidade, pressão, circulação


do ar e nebulosidade. Então essa interação dos elementos vai influenciar o estado
do tempo e sua evolução nas próximas horas.

4.2.4) Como o navegante pode esperar bom tempo, se o tempo presente indica, no momento
da observação, um aspecto de mau tempo?

È preciso identificar as tendências dos elementos e interpretar a interação desses


elementos. Ela pode ser favorável à evolução para o bom tempo.

OSTENSIVO - 4-13 REV.3


OSTENSIVO MOC

4.3 EVOLUÇÃO DO TEMPO – PROGNÓSTICO

Conforme comentou-se na subunidade passada, o navegante poderá comparar as


condições do tempo presente mais a observação feita a bordo, com a situação ocorrida
algumas horas antes e dessa forma poderá entender qual é a tendência do tempo, ou seja,
poderá fazer um prognóstico a respeito da evolução do tempo.
Serão vistos, agora, alguns aspectos meteorológicos interessantes, visando ao bom
entendimento da evolução do tempo.
Portanto, quando em viagem não for possível receber o Meteoromarinha, pode-se
elaborar uma previsão, através da observação da tendência de alguns parâmetros
meteorológicos. Para isso, é necessário que essas observações sejam feitas e registradas, no
mínimo, de 3 em 3 horas. Caso seja possível, é interessante adquirir o hábito de observar e
registrar, rotineiramente, a cada hora cheia (1 hora, 2 horas, 3 horas ...), não só para sua
utilização em tempo real, mas, principalmente para melhor acompanhamento da tendência
do tempo.
Os elementos meteorológicos a serem observados e registrados são a pressão
atmosférica, a temperatura do ar, a temperatura da água, a direção e intensidade do vento, a
umidade do ar, os tipos de nuvens e a direção do marulho. Veja como fazer:

4.3.1 Pressão Atmosférica

A bordo, para acompanhar as variações da pressão atmosférica, deve-se registrá-la de


hora em hora, da seguinte maneira.
▪ Utilizar uma folha de papel quadriculado ou milimetrado;
▪ Colocar na parte superior do papel, o horário em que o navegante realizou a observação
e na lateral esquerda os valores da pressão atmosférica hectaPascal (hPa), de modo que no
centro do papel fique o valor de 1013 hPa; e
▪ A cada hora, registrar a pressão com um ponto no valor observado e, após três horas,
deve-se unir os pontos registrados (Figura 41).

OSTENSIVO - 4-14 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 41: Registro horário da pressão atmosférica mostrando queda da pressão


ao longo do tempo.

O exemplo dado na Figura 41 mostra que foi observada e registrada a pressão


atmosférica às 03:00, 04:00, 05:00, 06:00 e 07:00 horas. Entretanto, apesar de não ter sido
ainda observada a pressão para a 08:00 horas, podemos prever que será por volta de 1011
milibares. Isto só é possível porque houve um acompanhamento da variação barométrica
desde as 03:00 horas, verificando a tendência, que é de queda, e a intensidade, que é de
aproximadamente 1 milibar por hora.
Muito bem, esse controle horário da tendência barométrica fornece o dinamismo do
ar atmosférico, possibilitando a previsão da chegada de sistemas frontais (frentes), num
determinando local.

Quando uma frente fria se aproxima, a pressão cai até a


chegada da frente, passando a subir após sua passagem.

OSTENSIVO - 4-15 REV.3


OSTENSIVO MOC

4.3.2 Temperatura

Assim como a pressão, a temperatura também deve ser registrada a cada hora, a fim
de servir como indicador para uma previsão meteorológica. Existem duas regras básicas sobre
temperatura:
▪ Quando uma frente fria se aproxima, a compressão da massa de ar quente, provocada
pela força do ar frio produz um aumento significativo de temperatura, passando a cair durante
e após a passagem da frente fria;
▪ Quando é uma frente quente que se aproxima, a temperatura permanece estável ou
diminui um pouco, passando a subir acentuadamente durante e após a passagem da frente
quente.

4.3.3 Vento

O registro e a plotagem horária da direção do vento permitem indicar a contínua


mudança da direção quando um sistema ciclônico (centro de baixa pressão) se aproxima.
Observa-se, no Hemisfério Sul (HS), que a circulação é no sentido horário. Essa variação na
circulação é associada à significativa queda de pressão atmosférica. Quando a depressão
associa-se a uma frente fria no HS, a circulação do lado do ar quente varia de NE para N e
para NW, indicando a aproximação da superfície frontal fria, ou seja, da frente fria.
Após a passagem da frente fria, no HS, o navegante observa brusca mudança da direção do
vento de NW para SW. A característica da circulação do ar do cavado que está passando pela
região onde se encontra o navegante, é percebida pelo vento frio que sopra de SW/S .

O principal indício da passagem de uma frente fria é a brusca


mudança de direção do vento. No HS o vento ronda de NW
para SW.

4.3.4 Nuvens

A formação das nuvens é o resultado das correntes ascendentes do ar e, por isso,


indica, com razoável antecedência, as ocorrências de atividades convectivas fortes e
moderadas. O topo de grandes Cumulonimbus (Cb) caracteriza-se pela formação de nuvens

OSTENSIVO - 4-16 REV.3


OSTENSIVO MOC

Cirrus, que são arrastadas por forte circulação divergente em altitude a grandes distâncias.
Essas Cirrus em forma de garras ajudam a previsão de aproximação de frente fria (Figura 42).
A observação de CIRRUS em acentuado movimento de uma determinada marcação ou
azimute no horizonte, no mar, é um bom indício de chegada de mau tempo. Esta situação
indica o topo de um Cumulonimbus (Cb).

Figura 42: Nuvens Cirrus indicativas de aproximação de mau tempo.

OSTENSIVO - 4-17 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 4 . 3

Acompanhe com atenção a solução desses exercícios.


4.3.1) Cite alguma situação da evolução do tempo, devido à tendência da temperatura do
ar.

Se a temperatura do ar diminuir, apresentando um resfriamento, devido à interação


com a umidade, ocorrerá o seguinte: a umidade relativa irá aumentar. Se o
resfriamento persistir, poderá atingir a temperatura do ponto de orvalho (TPO). Nessa
situação o ar ficará saturado (UR = 100%) e iniciará a condensação e formação de
nebulosidade ou nevoeiro.

4.3.2) Cite outra influência da tendência da temperatura do ar na evolução do estado do


tempo.

Agora vamos observar a influência do aquecimento do ar no comportamento da


pressão atmosférica. O ar em contato com uma superfície mais quente irá se
aquecer. Ficará mais quente, mais leve, ou seja, menos denso e sua tendência será
ter movimento ascendente o que resultará em nebulosidade. O aquecimento do ar
junto à superfície, resulta em movimento ascendente do ar.

4.3.3) Qual a situação do tempo esperada, devido ao movimento vertical do ar?

Se a tendência da circulação do ar é movimento ascendente, espera-se queda na


pressão atmosférica em superfície com consequente formação de nuvens.
Entretanto, se o movimento é descendente, observa-se aumento na pressão
atmosférica superficial e não haverá nuvens.

OSTENSIVO - 4-18 REV.3


OSTENSIVO MOC

4.3.4) O que precisa ser observado pelo navegante para haver um bom entendimento da
evolução do tempo?

Um observador interessado na evolução do tempo precisa entender uma série


de conceitos físicos e meteorológicos, tais como:
CONSEQUÊNCIA NA
OCORRÊNCIA/TENDÊNCIA
ATMOSFERA
Resfriamento do ar Aumento da UR
Aquecimento do ar Declínio da UR
Queda da temperatura do ar Elevação da pressão do ar em superfície
Elevação da temperatura do ar Declínio da pressão do ar em superfície
Circulação convergente do ar Movimento ascendente do ar
(área de baixa pressão) com formação de nuvens
Formação de nuvens
Ar muito úmido (UR alta)
desenvolvidas tipo Cb (Mau tempo)
Nuvens finas (Bom Tempo) com
Ar com pouca umidade (UR baixa)
vento fraco
Aproximação de Centro de Baixa Ventos fortes e nebulosidade com
Pressão (B) ar ascendente.
Aproximação de Centro de Alta Ventos fracos, sem nebulosidade
Pressão (A) com ar descendente
Resfriamento do ar e subida da UR
Movimento do ar sobre superfície
(poderá atingir a TPO e ocorrer
mais fria
nevoeiro)
Movimento do ar sobre superfície Aquecimento do ar e queda da UR,
mais quente visibilidade boa
Subida do ar local com formação de
Chegada de massa fria (frente fria) nuvens Cb e ventos fortes,
pancadas de chuva e trovoadas

OSTENSIVO - 4-19 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 4

Responda, nos espaços, às seguintes questões:

4.1) Cartas e boletins meteorológicos


4.1.1) Cite o tipo de informação meteorológica (boletins e cartas) fornecido pela Diretoria de
Hidrografia e Navegação, Serviço Meteorológico Marinho, para atender determinada
atividade marítima, mediante solicitação do navegante interessado.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4.1.2) Qual é o nome dado ao boletim que fornece informações meteorológicas sobre a área
de um porto? De que forma ele é transmitido?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4.1.3) Qual será a área marítima do meteoromarinha, por cuja previsão meteorológica você
terá interesse, caso esteja navegando nas proximidades do porto de Vitória, no Espírito
Santo?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4.1.4) A que se refere a primeira parte da METEOROMARINHA ?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4.1.5) Defina uma carta meteorológica.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

OSTENSIVO - 4-20 REV.3


OSTENSIVO MOC

4.2. Tempo presente - Diagnóstico


4.2.1) Qual é a primeira necessidade do navegante em relação ao diagnóstico e prognóstico
do tempo?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4.2.2) O que indicam os elementos meteorológicos, quando há variação brusca de
temperatura, pressão e direção do vento?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
4.2.3) O que poderá ocorrer, quando a temperatura da superfície do mar for bem mais baixa
que a do ar?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4.2.4) O que poderá ocorrer, quando a temperatura da superfície do mar for bem mais
elevada que a do ar?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4.2.5) O que pode indicar a observação de súbitas rajadas de vento e uma rápida e intensa
instabilidade acompanhada de trovoadas e forte precipitação?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________4.3
Evolução do tempo - Prognóstico
4.3.1) Em que favorece ao navegante a observação e acompanhamento dos elementos
meteorológicos a bordo?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4.3.2) A que intervalos de tempo deve ser feita a observação e registro dos elementos
meteorológicos?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4.3.3) Quando uma frente fria se aproxima, qual é o comportamento da temperatura?
___________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 4-21 REV.3


OSTENSIVO MOC

_________________________________________________________________________4.3
.4) No caso da questão anterior, como se comporta a pressão?
___________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
4.3.5) No avanço de uma frente fria, no Hemisfério Sul, qual é o comportamento do vento?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 4-22 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 4

4.1 Cartas e boletins meteorológicos


4.1.1) Boletim Especial de Previsão.
4.1.2) Boletim de Previsão para Área Portuária. É, normalmente, transmitido via
radiotelefonia.
4.1.3) Área Delta.
4.1.4) A parte I refere-se a “aviso de mau tempo”.
4.1.5) Também conhecida como de previsão do tempo à superfície, as cartas sinóticas
apresentam informações meteorológicas, em forma gráfica, e são transmitidas por Fac-Símile
ou INTERNET.

4.2 Tempo presente - Diagnóstico


4.2.1) É o bom entendimento das condições do tempo presente.
4.2.2) Indicam passagem de frente.
4.2.3) Poderá ocorrer nevoeiro, afetando a visibilidade.
4.2.4) Poderá favorecer a convecção e, consequentemente, a instabilidade.
4.2.5) Pode indicar uma linha de instabilidade associada a uma frente fria que se aproxima.

4.3 Evolução do tempo - Prognóstico


4.3.1) Favorece o entendimento da evolução do tempo, ou seja, o prognóstico do tempo.
4.3.2) É necessário que essas observações sejam feitas e registradas, no mínimo, de 3 em 3
horas. Caso seja possível, é interessante adquirir o hábito de observar e registrar,
rotineiramente, a cada hora cheia.
4.3.3) Ocorre aumento significativo de temperatura, passando a cair durante e após a
passagem da frente.
4.3.4) Quando uma frente fria se aproxima, a pressão cai até a chegada da frente, passando a
subir, após sua passagem.
4.3.5) No avanço de uma frente fria, normalmente se observa brusca mudança de direção do
vento de N ou NW para S ou SW.

OSTENSIVO - 4-23 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 5

MENSAGENS METEOROLÓGICAS

5.1 RECEPÇÃO DE BOLETINS METEOROLÓGICOS, CARTAS SINÓTICAS E IMAGENS

Após estar ciente da importância do conhecimento de meteorologia para a execução


de uma navegação segura, cabe a pergunta:

▪ Como obter o Boletim Meteorológico para acompanhar a


evolução do tempo presente no local a ser navegado?

Nesta subunidade serão abordados os modos possíveis para se obter o boletim


meteorológico. Certamente, haverá um modo mais adequado para que se possa obter o
boletim a bordo de uma embarcação, dependendo, logicamente, dos equipamentos
disponíveis.
Os meios de transmissão dos boletins que, consequentemente, irão impor a condições
de recepção dos mesmos a bordo, referem-se, principalmente, aos transmitidos pela Diretoria
de Hidrografia e Navegação, tendo em vista que são específicos para a navegação aquaviária,
sendo, portanto, dirigido especialmente a você, navegante.

5.1.1 Boletim de Previsão para Áreas Portuárias

O boletim de previsão do tempo para a área portuária, muito utilizado na navegação


regional e interior, é transmitido, em linguagem clara, por radiotelefonia, via aparelho SSB.
As estações costeiras, administradas pela EMBRATEL, que transmitem esse tipo de
boletim, são as seguintes:

Belém Rádio (PPL)


Posição da estação: Ɵ = 08o 04’ S ƛ = 034o 55’ W

OSTENSIVO - 5-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

Frequência: 4369,8 kHz


Horário de transmissão: 01:03; 06:03; 10:03; 12:03; 15:03 e 21:03
Trecho abrangido: Proximidade do porto de Belém

Olinda Rádio (PPO)


Posição da estação: Ɵ = 08o 04’ S ƛ = 034o 55’ W
Frequência: 4369,8 kHz
Horário de transmissão: 01:03; 06:03; 10:03; 12:03; 15:03 e 21:03
Trecho abrangido: Proximidade dos portos de Recife e Salvador.

Rio Rádio (PPR)


Posição da estação: Ɵ = 22o 58’ S ƛ = 043o 40’ W
Frequência: 4413,2 kHz
Horário de transmissão: 01:03; 06:03; 10:03; 12:03; 15:03 e 21:03
Trecho abrangido: Proximidade dos portos do Rio de Janeiro e Vitória.

Junção Rádio (PPJ)


Posição da estação: Ɵ = 32o 11’ S ƛ = 052o 10’ W
Frequência: 4382,2 kHz
Horário de transmissão: 01:03; 06:03; 10:03; 12:03; 15:03 e 21:03
Trecho abrangido: Proximidade do porto do Rio Grande.

5.1.2 Boletim de Condição e Previsão do Tempo (METEOROMARINHA)

O boletim de condição e previsão do tempo para a área marítima brasileira


(METEOROMARINHA) é emitido de acordo com a normas estabelecidas pela Organização
Mundial de Meteorologia – OMM, conforme visto na subunidade 4.1 da unidade 4, sendo
destinado, também, à navegação marítima de longo curso e cabotagem.
O METEOROMARINHA é transmitido atualmente no Brasil também pela Internet, pelo
site da Diretoria de Hidrografia e navegação (DHN). www.dhn.mar.mil.br.

OSTENSIVO - 5-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

Áreas de Previsão – As áreas definidas por letras e limitadas por linhas cheias
em cinza representam as regiões para as quais o Serviço Meteorológico Marinho
diariamente divulga previsões meteorológicas.
A distribuição da previsão meteorológica ao longo da costa é feita em 8 áreas,
começando pela Costa Sul com a letra A até a letra H na Costa Norte. É interessante observar
que, na região entre Florianópolis (SC) e Cabo Frio (RJ), a área oceânica leva a letra B e a área
costeira leva a letra C. As previsões cobrem ainda duas regiões oceânicas bem afastadas da
costa até o meridiano de 20o de longitude W, as quais são designadas pela letra S de Sul e pela
letra N de Norte.

As estações que transmitem o METEOROMARINHA são as seguintes:

Belém Rádio (PPL)


Posição da estação: Ɵ = 01o 25’ S ƛ = 048o 26’ W
Frequência: 4321 e 8462 kHz
Horário de transmissão: 22:00 e 10:00
Trecho abrangido: Áreas E, F, G, H e N.

Olinda Rádio (PPO)


Posição da estação: Ɵ = 08o 04’ S ƛ = 034o 55’ W
Frequência: 4321 e 8462 kHz
Horário de transmissão: 04:30 e 16:30
Trecho abrangido: Áreas D, F, E e N

A estação Rádio da Marinha do Rio de Janeiro transmite,


também, nos horários 01:15; 08:45 e 18:45 horas, em
radiotelefonia, via VHF, o METEOROMARINHA; no entanto, esse
tipo de emissão tem alcance reduzido.

OSTENSIVO - 5-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

5.1.3 Carta Meteorológica ( 0000 HMG e 1200 HMG)

As cartas meteorológicas ou cartas sinóticas ou cartas de pressão ao nível do mar são


representações gráficas da situação do tempo e, portanto, consideradas como boletins
gráficos de meteorologia, sendo emitidas de duas formas distintas:
▪ Fac-Símile – Neste caso, a resposta é feita por um aparelho próprio denominado fac-
símile, que é capaz de receber a emissão de uma estação especializada na transmissão de
cartas meteorológicas. Para tanto, é necessário que o navegante sintonize o fac-símile de
bordo em um dos Centros de Transmissão abaixo discriminados:

Centro de transmissão: Rio de Janeiro, Brasil


Indicativo de chamada: PWZ 33
Área de recepção: Paralelos de 10o N a 35o S
Meridianos de 015o W e 085o W
Frequência: 12025 e 17140 kHz
Horário (HMG): 07:45 às 08:30 e 17:45 às 18:30

Centro de transmissão: Brasília, Brasil


Indicativo de chamada: PPNA
Área de recepção: Paralelos de 15o N a 35o S
Meridianos de 010o W e 085o W
Frequência: 10225 e 18080 kHz
Horário (HMG): 15:10 às 19:40

Internet – O navegante, em águas brasileiras, já dispõe hoje, a bordo das


embarcações com microcomputador instalado, dos recursos da INTERNET, que possibilita
acessar os sites de instituições que divulgam previsão do tempo e outros produtos
meteorológicos de interesse específico do navegante. Atualmente, já é possível acessar o
Serviço Meteorológico Marinho da DHN, sediado no estado do Rio de Janeiro. Em seu site, o
navegante pode ser contemplado com o boletim meteorológico, aviso de mau tempo e,

OSTENSIVO - 5-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

principalmente, a carta sinótica de pressão ao nível do mar com a representação gráfica dos
centros de alta e baixa pressão bem como o posicionamento das frentes existentes.

5.1.4 Orientações para utilização dos sites

▪ Meteoromarinha e Cartas sinóticas

o Site da DHN – www.dhn.mar.mil.br


o Selecionar: Meteorologia
o Serviços meteorológicos;

As opções de interesses do navegante são:


o Avisos de mau tempo.
o Boletim meteoromarinha (0000HMG ou 12000HMG).
o Cartas sinóticas (das 0000 HMG ou 1200 HMG), selecionar o dia de interesse.

A melhor maneira de se ganhar habilidade com previsão do


tempo é acessar com frequência os sites mencionados.

5.1.5 Outras Informações Meteorológicas

Existem outros meios de se obter informações sobre o tempo, porém normalmente


tais informações são voltadas para áreas continentais ou são informações mais genéricas,
podendo, entretanto, ser úteis ao navegante. Vejamos onde obtê-las:
▪ Estações de Rádio e Televisão Locais – Uma das formas bastante simples de se obter
informações meteorológicas é através da transmissão feita por radiodifusão, ou seja, por
meio de rádio ou televisão local. Normalmente, essas informações são fornecidas dentro de
uma programação própria, sendo, portanto, necessário que o navegante conheça a

OSTENSIVO - 5-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

programação da estação de rádio ou televisão, pois geralmente estão incluídas nos


noticiários.
▪ Jornais – Periódicos e jornais, de grande circulação, normalmente divulgam,
diariamente, dados fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia, e, em muitos casos,
apresentam imagens de satélite com os detalhes referentes à nebulosidade e à localização
de áreas de alta e baixa pressão, assim como o posicionamento de frentes.

OSTENSIVO - 5-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 5 . 1

Faça o que se pede e fixe as soluções dos exercícios.

5.1.1) Na recepção da carta sinótica e do boletim meteoromarinha, como identificar a data


e o horário?

Usa-se o grupo de 6 algarismos para representar a data e a hora, do seguinte modo:


dia, sempre com dois algarismos; a hora, com dois algarismos; e, os minutos, com
dois algarismos. Por exemplo: 281200Z significa dia 28, às 12 horas (HMG). A letra
Z (ZULU) representa horário HMG, ou seja, fuso ZERO, que é o fuso do meridiano
de Greenwich.

É bom ressaltar que as cartas sinóticas e os boletins meteoromarinha são elaborados


sempre para os horários de 0000Z e 1200Z.

É interessante observar que estes horários indicam o instante das observações


meteorológicas efetuadas pela rede de estações e navios (mensagens SHIP). Esses
dados são analisados e então elaborada a carta sinótica e o boletim, que são
divulgados pelos meios de comunicação disponíveis cerca de 2 horas depois desses
horários, mantendo como referência a hora da observação (0000Z ou 1200Z).

OSTENSIVO - 5-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 6

INTRODUÇÃO À OCEANOGRAFIA

Quando observa-se a imensidão dos oceanos, vem a lembrança dos grandes


navegadores, portugueses e espanhóis, principalmente. Eles despertam grande admiração,
por sua capacidade e habilidade de grandes marinheiros.
Pensa-se naturalmente nos sentimentos de angústia e coragem em enfrentar súbitas
tempestades e investir por belas e desconhecidas regiões costeiras, mas recheadas de
perigosos bancos, arrecifes e alto fundos.
Quantos desses bravos, o oceano acolheu de modo trágico, por falta total de mapas e
cartas náuticas, nunca antes hidrografadas?
Hoje dispõe-se de detalhadas informações costeiras e oceânicas de correntes, marés e
principalmente áreas cartográficas com modernos recursos de hidrografia aliados à
fundamental consciência ambiental.

6.1 OCEANOS E MARES

Nesta subunidade será estudado um pouco da oceanografia, ou seja, o estudo das


características físicas dos oceanos e mares. Este assunto é de fundamental importância para
o navegante, tendo em vista que os oceanos e mares, que cobrem a maior parte da superfície
da Terra, estão ligados entre si, formando uma única massa líquida e permitindo, assim, que
por meio da navegação marítima, possa haver comércio entre os países e,
consequentemente, o transporte de mercadorias e pessoas. Além disso, o conhecimento da
oceanografia permite ao homem explorar racionalmente as riquezas animais e minerais
disponíveis, ou seja, exercer uma atividade pesqueira ou de prospecção de petróleo e outros
minerais na plataforma continental, sem poluir ou degradar o meio marinho. Portanto,
atenção à unidade!!!

OSTENSIVO - 6-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

6.1.1 Os Oceanos

Os oceanos são grandes massas de água líquida que envolvem os continentes. A


extensão e profundidade são os dois elementos principais que diferenciam os oceanos dos
mares. Estes também são massas de água líquida, mas de menor extensão e menor
profundidade, geralmente localizadas às margens dos oceanos, próximo dos continentes.
Ao observar a Figura 43 com atenção, verá que os continentes estão cercados por uma
única e imensa massa de água líquida. Entretanto, ao longo da história, o navegante deu
nomes diferentes às águas oceânicas que ia descobrindo. E foi assim que se definiu a
existência de vários oceanos.
Considerando somente a extensão, são três os principais oceanos:
▪ Oceano Pacífico ............................................................ 165 384 000 km2
▪ Oceano Atlântico ............................................................ 82 217 000 km2
▪ Oceano Índico ................................................................ 73 481 000 km2

No entanto, existe ainda o oceano Glacial Ártico, ao redor do Pólo Norte. Mais
recentemente, alguns oceanógrafos começaram a denominar as águas que banham o
continente Antártico como oceano Glacial Antártico.

Figura 43: Os cinco oceanos e os continentes que os cercam.

6.1.2 Os Mares

Os mares em geral são partes ou prolongamentos dos oceanos e, normalmente, ficam


próximos dos continentes. Podemos distinguir três tipos de mares:

OSTENSIVO - 6-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Mares Aberto – Localizados ao longo das costas litorâneas, esses mares comunicam-se
diretamente com o oceano. Exemplo: o mar da China, entre o sudeste da Ásia e o arquipélago
das Filipinas; o mar do Norte, entre as ilhas Britânicas e o norte da Europa continental.

▪ Mares Interiores – Localizados no interior dos continentes e comunicam-se com o


oceano por meio de passagens chamadas estreitos. Exemplo: o mar Mediterrâneo, localizado
entre o sul da Europa, o norte da África e o oeste da Ásia.

▪ Mares Fechados – Localizados no interior dos continentes, sem se comunicarem com


outros mares ou oceanos. Diferenciam-se dos lagos por terem água salgada. Exemplo: o mar
Cáspio, entre o sul da Rússia européia e o norte do Irã.

6.1.3 Relevo Submarino

Durante muito tempo, pensou-se que o relevo submarino, ou seja, o fundo dos mares
e oceanos fosse totalmente plano. Somente neste século, depois de muitas pesquisas, que se
descobriu que existe um relevo submarino muito acidentado, quase semelhante ao dos
continentes.
Simplificadamente, podemos reconhecer quatro grandes áreas no relevo submarino,
representados na Figura 44.

▪ Plataforma Continental – É o prolongamento dos continentes o qual permanece imerso.


Apresenta-se na forma de um planalto submerso que margeia todo o continente, com uma
largura que varia de 30 a 350 milhas náuticas, caracterizando-se pela declividade suave do
fundo até uma profundidade máxima de, aproximadamente, 200 metros. Esta é a parte mais
importante do relevo submarino, por estar contida na Zona Econômica Exclusiva, (ZEE) de 200
milhas de largura, com suas zonas pesqueiras, jazidas de petróleo e de outros recursos
minerais.

▪ Talude Continental – É o prolongamento da margem externa da plataforma continental


e se caracteriza pela acentuada declividade do fundo até atingir a região pelágica;

OSTENSIVO - 6-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Região Pelágica – É a maior porção do relevo submarino, correspondendo a 80% da área


total dos oceanos. O relevo dessa área é formado por planícies e vulcões, isolados ou dispostos
em linha, chegando a atingir profundidades de 3000 a 5000 metros; e

▪ Região Abissal – É a zona de maior profundidade, iniciando a partir da profundidade de


5000 metros. Caracteriza-se por apresentar fossas submarinas localizadas próximas às regiões
pelágicas.

Figura 44: Relevo submarino

O enorme volume d’água dos oceanos, contempla principalmente a região pelágica,


mas é na região das plataformas continentais que temos mais interesse. Os oceanos são mais
belos na costa ou no litoral, nas atividades diárias de fluxo e refluxo das marés.

6.1.4 Perfil Litorâneo

Os oceanos e os mares estão em movimentos constantes e esse trabalho das águas,


ao longo de muitos anos, delineia o perfil de um litoral. Os acidentes geográficos mais
importantes são:

OSTENSIVO - 6-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Golfo – É um pedaço de mar ou de oceano em grande abertura no continente;

Figura 45: Imagem de Satélite do Golfo do México

▪ Baía – São aberturas menores que o golfo;

Figura 46: Imagem de Satélite da Baía de Guanabara

▪ Canais – São trechos de águas marinha entre duas porções de continente; e

Figura 47: Imagem de Satélite do Canal do Panamá

OSTENSIVO - 6-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Estreitos – São trechos de água do mar entre duas ilhas ou partes continentais.

Figura 48: Imagem de Satélite do Estreito de Gibraltar

OSTENSIVO - 6-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 6 . 1

Faça o que se pede nos itens abaixo.

6.1.1) A Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar, que entrou em vigor na década
de 90, estabeleceu uma série de conceitos de interesse dos navegantes. Cite os principais no
seu entender.

A convenção definiu mar territorial até 12 milhas da costa.


Definiu Zona Econômica Exclusiva (ZEE) de 12 a 200 milhas, totalizando 200
milhas. Nesta faixa o país costeiro tem soberania na coluna d’água, no solo e no
subsolo.

6.1.2) Comente sobre a importância da Amazônia Azul.

Esta faixa de 200 milhas ao longo de todo o litoral do Brasil acrescenta uma região
de 3,5 milhões de km², na qual o Brasil tem soberania. Esta região contempla toda a
atividade brasileira na pesquisa e exploração de petróleo (OFFSHORE).

6.1.3) Comente a relação entre a plataforma continental e a Zona Econômica Exclusiva


(ZEE)?

A plataforma continental tem o aspecto geográfico. No Brasil ela é estreita nas


regiões costeiras, Nordeste e Leste e bastante larga nas regiões Norte, Sudeste e
Sul. Já a ZEE tem o aspecto jurídico, é estabelecida pela convenção das nações
unidas sobre direito do mar e tem respaldo internacional.

OSTENSIVO - 6-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

6.2 Hidrografia: Rios, Lagos e Lagoas

Nesta subunidade será abordada a importância da água na superfície da Terra e como


ela se apresenta.
A superfície do planeta Terra é constituída predominantemente pelas águas.
Enquanto as terras emersas, ou seja, os continentes e ilhas não chegam a constituir 30% da
superfície do planeta, as águas cobrem mais de 70% delas, estando, portanto, a maior parte
da Terra coberta por água.
Continuar-se-á o estudo de hidrologia, mais especificamente na área de hidrografia,
ou seja, o estudo físico de rios, lagos e lagoas. Este assunto é de fundamental importância
para o bom entendimento da navegação fluvial.

6.2.1 Rios

Os rios são correntes de água doce que se formam a partir de precipitações (chuva ou
neve) ou através das fontes que são conhecidas como “olhos-d’água”. Veja abaixo a definição
de alguns termos utilizados na hidrografia:

Tabela 11: Divisão dos rios


Como o próprio nome indica, é o local onde nasce
o rio. Normalmente, esse local fica em um ponto
Nascente
elevado do terreno, a fim de facilitar o caminho das
águas, sendo também denominado cabeceira;
Local onde desemboca ou deságua o rio.
Normalmente, o rio deságua no oceano, mar ou
lago. Entretanto, o rio também poderá desaguar
Foz
em outro rio que, nesse caso, é sua foz. O rio que
desemboca em outro rio é denominado afluente
deste;

OSTENSIVO - 6-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

É o caminho que um rio percorre da nascente ou


cabeceira até a sua desembocadura ou foz e o
terreno, pelo qual as águas correm, é denominado
Curso leito. A parte do curso que fica próxima da nascente
é o curso superior, perto da foz fica o curso inferior
e, entre o curso superior e o curso inferior, forma-
se o curso médio;
São as terras que se localizam de um e de outro
lado do rio, limitando-o em sua largura. Tomando
como referência o sentido das águas de um rio e
Margens
ficando de costas para a sua cabeceira, o navegante
terá à sua direita a margem direita e à sua esquerda
a margem esquerda.
Jusante O lado do rio onde fica a foz.
Montante O lado do rio onde fica a nascente

Figura 49: Rio Amazonas.

▪ Os Regimes Fluviais dos Rios

O regime fluvial é a variação do nível das águas de um rio ao longo de seu curso e
durante os períodos de um ano. Portanto, essa variação depende do clima da área percorrida
pelo rio e seus afluentes. O regime fluvial está diretamente relacionado ao período chuvoso e

OSTENSIVO - 6-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

de seca da região, ou seja, o regime fluvial é influenciado pela sazonalidade que consiste na
variabilidade associada às estações do ano (inverno, primavera, verão e outono) do respectivo
hemisfério.
Os rios podem ter dois tipos de regimes: pluvial e nival.

▪ Pluvial – Ocorre quando o regime fluvial do rio depende das águas de chuva, ou seja, o
rio é alimentado essencialmente pelas águas das chuvas. Portanto, as cheias – período em que
os rios aumentam consideravelmente o volume de suas águas – coincidem com a estação de
chuvas.

▪ Nival – Ocorre quando o regime fluvial do rio depende das águas resultantes do
derretimento da neve e das geleiras, que ficam próximas de sua nascente. Portanto, as cheias,
nesse caso, ocorrem quando for verão na cabeceira.
Há rios que possuem os dois regimes. Quando no verão, os períodos de cheias e de degelo
desses rios coincidem, em geral suas bacias hidrográficas sofrem enchentes catastróficas. No
Brasil, o regime dos rios é essencialmente pluvial, com exceção do rio Amazonas, que em sua
cabeceira apresenta regime nival. O Amazonas nasce na cordilheira dos Andes, no Peru, com
o nome de Ucayali. Por causa do clima equatorial, os rios da região amazônica em geral são
regulares, isto é, não apresentam grandes variações no volume de água durante o ano.
Nas outras regiões do país de clima predominantemente tropical, os rios são
irregulares, ou seja, o volume de água desses rios varia muito: aumenta consideravelmente
na estação chuvosa (geralmente no verão) e diminui bastante na estação mais seca, trazendo
perigos à navegação.

▪ Volume de Água dos Rios

Quanto ao volume de água, podemos classificar os rios como:

▪ Intermitentes ou Temporários – São aqueles cujos leitos secam ou congelam durante


um período do ano: um exemplo de rios intermitentes ou temporários são os situados no
sertão do nordeste;

OSTENSIVO - 6-10 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Perenes – São aqueles cujos leitos nunca secam ou congelam e portanto, correm o ano
todo. A maioria dos rios no Brasil são perenes, com exceção dos localizados no sertão do
nordeste.

▪ Formas de Relevo dos Rios

Conforme as formas de relevo predominantes no curso dos rios, eles podem ser de:
▪ Planície – São aqueles que atravessam áreas mais rebaixadas e planas, favorecendo a
navegação, pois não apresentam obstáculos. O Amazonas e o Paraguai são típicos rios de
planície.
▪ Planalto – São aqueles que atravessam áreas elevadas, geralmente planaltos.
Normalmente, são navegáveis somente nos trechos onde não haja desníveis, ou seja, quedas
d’água ou cachoeiras.
Se, por um lado, as cachoeiras impedem a navegação, por outro são exatamente os lugares
onde a força das águas é maior, o que permite a construção de usinas hidroelétricas. Porém,
a tecnologia moderna criou considerações para tornar navegável os rios de planalto,
bastando, para isso, construir eclusas nas barragens.
As eclusas elevam ou rebaixam o nível das águas numa área fechada, possibilitando o
seu nivelamento com cada lado da barragem, o que permite a passagem de embarcação ao
longo do curso do rio. Veja a Figura 50.

Figura 50: Eclusas.

OSTENSIVO - 6-11 REV.3


OSTENSIVO MOC

6.2.2 Lagos e Lagoas

Quando as águas de um rio encontram algum obstáculo para continuar seu curso e, ao
mesmo tempo, deparam-se com depressões de relevo, elas se acumulam, dando origem a um
lago (Figura 51).

Figura 51: Vista do alto de um lago.

A navegação em águas interiores tem uma grande importância em regiões


beneficiadas pela natureza, com a existência de grandes lagos.

Qualquer obstáculo que leve um rio a interromper seu curso acaba


formando um lago. Até mesmo os obstáculos provocados pelas
obras de engenharia do homem, como as barragens das usinas
hidroelétricas.

Quando há represamento de água do mar em uma restinga, que é um cordão arenoso


formado pelo trabalho de acumulação de sedimentos pelo mar, temos a formação de uma
lagoa (Figura 52).

OSTENSIVO - 6-12 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 52: Imagem de satélite da Lagoa de Araruama.

A navegação em águas interiores, dando prosseguimento a navegação costeira, é um


importante fator no desenvolvimento regional das áreas contempladas pela natureza com
lagoas, lagunas ou extensas restingas.

6.2.3 Bacias Hidrográficas

Uma bacia hidrográfica consiste em uma área banhada por um rio principal e sua
rede de afluentes. Os rios brasileiros distribuem-se pelas seguintes bacias hidrográficas:
▪ Bacia Amazônica
▪ Bacias do São Francisco
▪ Bacia Platina
▪ Bacia do Nordeste
▪ Bacia do Leste
▪ Bacia do Sul-Sudeste

Observe a figura 53, que corresponde às bacias hidrográficas do Brasil:

OSTENSIVO - 6-13 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 53: Bacias hidrográficas do Brasil.

O aproveitamento da bacia hidrográfica é um fator fundamental para o


desenvolvimento da respectiva região e da integração do território nacional.
Para terminar esta subunidade, vamos ver um último conceito muito importante:
Quando um ou mais rios, lagos ou lagoas passam a servir de via de transporte ou via
de acesso às pessoas ou mercadorias, permitindo fluir uma navegação segura, denominamos
de hidrovia. Uma das principais hidrovias do Brasil é a Tietê-Paraná, representada na Figura
54.

Figura 54: Hidrovia Tietê Paraná.

OSTENSIVO - 6-14 REV.3


OSTENSIVO MOC

O Brasil é contemplado com extensas bacias hidrográficas, com bons trechos de rios
naturalmente navegáveis. Com o incremento de eclusas as possibilidades serão
extraordinárias e refletirão nas atividades das navegações interiores.

OSTENSIVO - 6-15 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 6

Responda, agora, às seguintes questões:

6.1 Oceanos e mares


6.1.1) Quais são os principais elementos que diferenciam os oceanos dos mares?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

6.1.2) Quais são os três principais oceanos?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.1.3) O que são mares interiores?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.1.4) Defina plataforma continental.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.1.5) Como é designado um extenso pedaço de mar ou oceano em uma grande abertura
no continente?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.2 Os movimentos das águas oceânicas
6.2.1) De que é decorrente o marulho?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.2.2) De que fenômeno é decorrente a arrebentação das ondas?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 6-16 REV.3


OSTENSIVO MOC

6.2.3) Como é denominada a variação vertical periódica do nível das águas dos mares e
oceanos?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.2.4) Qual é a principal causa do fenômeno da maré?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.2.5) Cite os fatores que influenciam as correntes marítimas.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.3 Hidrologia básica
6.3.1) Quais são os estados em que se apresentam as águas no nosso planeta?
__________________________________________________________________________
6.3.2) Defina oceanos.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.3.3) O que são banquisas?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.3.4) A água em seu ciclo natural, permanece sem mudanças de estado? Justifique.
__________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

6.3.5) Descreva o ciclo das águas.


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.3.6) Defina rios.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.3.7) O que é curso de um rio?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 6-17 REV.3


OSTENSIVO MOC

6.3.8) O que é regime fluvial?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.3.9) Como podemos classificar os rios, de acordo com o relevo?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
6.3.10) Em que consiste uma Hidrovia?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 6-18 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 6

6.1 Oceanos e mares


6.1.1 A extensão, a profundidade e a localização são três elementos principais que
diferenciam os oceanos dos mares.
6.1.2 Oceano Pacífico, Atlântico e Índico.
6.1.3 Mares interiores são aqueles que se localizam no interior dos continentes e
comunicam- se com o oceano por meio de passagens chamadas estreitos.
6.1.4 Plataforma Continental é o prolongamento da parte continental que se encontra
submersa, apresentando-se na forma de um planalto submerso que mareia todo o continente,
com uma largura que varia de 30 a 350 milhas náuticas e a uma profundidade máxima de,
aproximadamente, 200 metros, com uma suave declividade.
6.1.5 Golfo.

6.2 Hidrologia básica


6.2.1 Líquido, sólido e gasoso.
6.2.2 Oceanos são grandes massas de água salgada que separam os continentes. Ocupam
quase três quartas partes da superfície do planeta.
6.2.3 Banquisas são grandes porções de oceanos e mares que, devido às baixas
o
temperaturas (abaixo de 0 C), congelam.

6.2.4 Não, a água cumpre um ciclo natural que compreende os três estados (líquido, sólido
e gasoso).
6.2.5 O ciclo das águas consiste na passagem da água pelos três estados, de acordo com a
temperatura e pressão ambiente (gelo, água e vapor de água).
6.2.6 Rios são correntes de água doce que se formam a partir de precipitações (chuva ou
neve) ou de fontes.
6.2.7 Curso de um rio é o caminho que um rio percorre da nascente ou cabeceira até a sua
desembocadura ou foz.

OSTENSIVO - 6-19 REV.3


OSTENSIVO MOC

6.2.8 Regime fluvial é a variação do nível das águas de um rio ao longo de seu curso e

durante os períodos de um ano.


6.2.9 De planície ou de planalto.
6.2.10 Consiste em um ou mais rios, lagos ou lagoas que passam a servir de via de
transporte de pessoas e/ou mercadorias, permitindo fluir uma navegação segura.

OSTENSIVO - 6-20 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 7

ONDAS

Nesta unidade, serão abordados os elementos e as características geradoras de uma


onda que é um movimento vertical e ondulatório do nível do mar produzido pelo contato e
incidência do vento, bem como os elementos que compõem uma onda, de forma a poder
caracterizá-la, ou seja, descrever o estado do mar através da altura, frequência e demais
características das ondas, por exemplo. Portanto, é muito importante para o navegante
conhecer esses elementos e saber utilizá-los corretamente.

7.1 Processo de Formação de Ondas

A principal característica, no processo de formação de ondas, é a transferência de


energia por meio dos ventos, da atmosfera para o oceano. Basta uma ligeira brisa atuando
algum tempo sobre um mar plano, calmo, sem agitação, para que comece a surgir uma
pequena ondulação na sua superfície, o que, consequentemente, faz aumentar a superfície
de contato e incidência do vento (força de atrito).
A energia cinética dos ventos, proporcional a sua intensidade, é absorvida pela
superfície do mar como energia potencial, resultando na ondulação do mar. Essa energia
potencial se propaga até a linha de arrebentação. Ressalta-se que a propagação de energia,
não implica em deslocamento de massa d’água. Quando ocorre arrebentação, então, essa
energia potencial se transforma em energia cinética, resultando em movimento de massa
d’água após a arrebentação.
Após a arrebentação essa energia cinética é transformada em energia térmica por
atrito da costa ou da areia da praia. Por esta razão as águas das praias são mais quentes que
as águas do mar atrás da arrebentação. Os banhistas percebem essa diferença, quando
mergulham e furam as ondas.
O resultado da ação contínua do vento é um favorecimento ao crescimento das ondas,
em virtude de se observar, na pequena ondulação criada, uma pressão maior à barlavento do
que à sotavento. Observe a Figura 55.

OSTENSIVO - 7-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 55: Esquema mostrando a ação do vento e formação de ondulação pela


transferência “oceano-atmosfera.

Dessa forma, a onda crescerá até atingir uma situação de equilíbrio. A partir da
situação de equilíbrio, as ondas não aumentam mais suas alturas e o excesso de energia é
consumido na arrebentação de algumas ondas. Temos, então, uma situação conhecida como
mar encarneirado, devido à espuma branca das arrebentações das cristas das ondas.

7.2 Definição dos Elementos de Ondas

Para melhor compreensão dos elementos de uma onda, acompanhe a tabela abaixo
com a Figura 56.

Figura 56: Esquema de representação dos elementos de uma onda.

Tabela 12: Explicação dos elementos de uma onda.


Crista É a parte superior do perfil da onda;
Cavado É a parte inferior do perfil da onda.
Comprimento É a distância horizontal entre duas cristas ou dois
cavados consecutivos. Símbolo L

OSTENSIVO - 7-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

Altura É a distância vertical entre uma crista e um cavado


consecutivos. Símbolo H.
Período Período de uma onda é o tempo que leva para
passar por um mesmo ponto duas cristas
consecutivas ou dois cavados consecutivos.
Símbolo T.
Frequência É o inverso do período, ou seja, é o número de
cristas que passa por um ponto em um
determinado tempo ou o número de cavados.
Símbolo 1/T.
Velocidade de Propagação Velocidade de propagação das ondas é a distância
horizontal percorrida por uma crista ou por um
cavado na unidade de tempo. Símbolo V.
Trem de Ondas É o conjunto de ondas de características iguais ou
parecidas, cuja propagação tem a mesma direção.
Direção É o ponto ou setor do horizonte de onde vem a
onda, devendo ser medido por meio da rosa-dos-
ventos
Declividade É a razão entre a altura e o comprimento da onda,
ou seja: Declividade = H/L

Esta relação é muito usada para indicar a possibilidade de arrebentação. A


arrebentação da onda acontece quando a declividade é maior que 1/7, ou seja, quando a
razão H/L > 1/7.

OSTENSIVO - 7-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 7.2

Fixe as soluções apresentadas.

7.2.1) Cite os principais elementos das ondas?

Os elementos de uma onda são: crista, cavado, altura, amplitude, comprimento,


declividade, velocidade de propagação, direção, frequência e período.

7.2.2) Comente sobre interação atmosfera-oceano. Ressalte as energias envolvidas.

A interação do vento com a superfície do mar, resulta na transferência da energia


cinética dos ventos para a superfície do mar sobre a forma de ondas, que armazenam
esta energia, como energia potencial. Esta energia é conservativa, o que permite que
as ondas se propaguem por centenas de milhas pelo oceano, chegando a costas
distantes. Por isso as vagas continuam e se propagam como marulhos.
É bom ressaltar que para haver uma boa transferência de energia do vento para o
mar, há necessidade de condições propícias. Estas condições requerem espaço e
tempo. Nesse espaço e tempo o vento precisa manter a mesma direção. Por isso
chamando esse espaço de pista. Logicamente precisa haver um vento forte para
desenvolver bem as ondas.

OSTENSIVO - 7-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

7.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ONDAS

Você verá nesta subunidade, a classificação das ondas quanto ao tipo de movimento,
de altura, de comprimento, de declividade e da profundidade do local e, consequentemente,
o mar que produzem.
Convém esclarecer que ondas são todos os tipos de ondulações observadas no mar,
entretanto é muito importante diferenciar as vagas dos marulhos, mais conhecidos como
swell.
7.3.1 Vagas

Denominam-se vagas as ondas que estão sendo geradas pelo vento,


enquanto existir vento e enquanto estiver se desenvolvendo e crescendo
com a presença dele. Mas sabemos de dois aspectos importantes:
primeiro: que a energia das ondas é conservativa, então elas podem se
propagar por grandes distancias; segundo: que o vento para de atuar
sobre as vagas a partir de determinado momento, porque enfraqueceu e
parou ou simplesmente porque mudou de direção, não mais afetando as
vagas em questão.

7.3.2 Marulhos

Denomina-se marulhos as ondas que estão se propagando sem serem


afetadas por ventos, ou seja, já foram vagas, mas como saíram da área
influenciada pelo vento, mudam do nome, mas continuam a se propagar, na
mesma direção até encontrar um obstáculo, como uma costa ou praia ou
ilha ao longo da plataforma continental.

É muito comum o navegante observar a passagem de marulhos em ocasiões de céu


limpo, céu estrelado e condições de bom tempo, sem vento.
O navegante não deve estranhar encontrar mar severo com bom tempo. É ocorrência
de marulhos. Já o navegante quando encontrar vento muito forte pode observar vagas
desenvolvidas, borrifos e mar encarneirado. O mar para desenvolver vagas precisas de 3

OSTENSIVO - 7-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

(três) elementos: vento forte, espaço e tempo para gerar vagas, ou seja, condições propícias
para formar área geradora de ondas. Essas áreas podem ser observadas pelos navegantes
na interpretação das cartas sinóticas de pressão do nível do mar.

Figura 57: Esquema da área geradora de vagas e da formação de marulhos ao se


afastarem da zona de atuação do vento.

7.3.3 Movimento Ondulatório

Quanto ao movimento ondulatório, temos dois tipos distintos.

▪ Ondas Progressivas – São aquelas que têm velocidade de propagação e crescem para
uma determinada direção. Seus efeitos são notados até longe do local de origem, e
normalmente, os ventos geradores são fortes e com direção constante.

Ventos fortes e direção constante = Ondas progressivas

▪ Ondas Não-Progressivas – São aquelas que possuem pouca velocidade de propagação.


Geralmente, apresentam-se com direções desencontradas e, nesses casos, os ventos
geradores são inconstantes, ou seja, rondam a todo momento. Quando ocorrem com ventos
fortes, geram o que denominamos mar confuso ou desencontrado, ou seja, apesar do mar
agitado, é impossível determinar de que direção vêm as vagas.

Ventos com direção não constante = Ondas não-progressivas

OSTENSIVO - 7-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

7.3.4 Profundidade das Águas

A profundidade das águas tem influência na propagação das ondas e, dessa forma, podemos
classificá-las como:
▪ Ondas de Águas Profundas – São aquelas que se formam e se propagam em locais
onde a profundidade é maior que a metade do comprimento da onda, ou seja, são ondas
vigorosas, que tendem a crescer, caso sejam progressivas.

PROFUNDIDADE > L/2 = ONDAS DE ÁGUAS PROFUNDAS

▪ Ondas de Águas Rasas – São aquelas que se propagam em locais onde a


profundidade é menor que a metade do comprimento da onda, ou seja, são ondas que
sofrem influência do fundo do mar, afetando sua declividade, porque aumentam a altura e
diminuem o seu comprimento e tendem à arrebentação.

PROFUNDIDADE < L/2 = ONDAS DE ÁGUAS RASAS

7.3.5 Altura da Onda

É bastante comum, também, classificar a onda pela sua altura, conforme se segue:

▪ Pequena – Onda com altura menor que 2 metros: H < 2 m


▪ Moderada – Onda com altura maior que 2 e menor que 4 metros: 2 m < H < 4 m
▪ Grande – Onda com altura superior a 4 metros: H > 4 m

7.3.6 Comprimento da Onda

Assim como pela altura, é possível também classificar a onda pelo seu
comprimento, como veremos a seguir:

OSTENSIVO - 7-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Curta – Onda com comprimento menor que 100 metros: L < 100 m
▪ Regular – Onda com comprimento entre 100 e 200 metros: 100 m < L < 200 m
▪ Larga – Onda com comprimento maior que 200 metros: L > 200 m

7.3.7 Declividade da Onda

A declividade é também um importante parâmetro de classificação de ondas, como


se segue:
▪ Pequenas – H/L < 1/100
▪ Moderadas – 1/100 < H/L < 1/25
▪ Grandes – 1/25 < H/L < 1/7
▪ Arrebentação – H/L > 1/7

Dependendo do tempo e do espaço de atuação do vento, isto é, de sua intensidade


e direção, do espaço ou pista percorrida pelo vento na mesma direção (isóbaras retilíneas) e
do tempo ou persistência do vento nessa mesma direção e intensidade, será gerado um tipo
de onda que, consequentemente, produzirá um estado de mar mais agitado ou até mesmo
severo.
Muito bem, devido à importância do estado do mar para o navegante, criou-se uma
escala em função da intensidade e velocidade do vento, a fim de melhor representar tais
variações. A escala de estados do mar é conhecida como Escala Beaufort, em homenagem a
seu criador. A seguir, na próxima folha, está uma escala Beaufort completa, verifique-a com
atenção.

OSTENSIVO - 7-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

Tabela 13: Escala Beaufort.

OSTENSIVO - 7-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 7.3

Fixe as soluções apresentadas.

7.3.1 Qual a diferença entre vagas e marulhos?

Inicialmente podemos comentar que vagas e marulhos têm uma semelhança, ambos
são ondas. A diferença é que enquanto tem vento e a onda está sendo influenciada
e desenvolvida na área geradora de onda, ela é denominada VAGA. Depois que a
vaga deixa de ser afetada pelo vento, ela continua a se propagar, sem modificar suas
características, passando então a ser denominada de marulho (SWELL).

7.3.2 O navegante observa dias com mar calmo ou pouco agitado e outros dias com mar

muito agitado ou severo. O que é necessário para formar ONDAS?


Para formar onda é necessário além de vento forte, espaço e tempo, ou seja, pista e
persistência do vento na mesma direção. É bom lembrar que onda é o resultado da
transferência de energia do vento para o mar.

7.3.3 As ondas de águas profundas, quando se propagam na direção da navegação costeira,


até chegarem ao litoral, se transformam em ondas de água rasas. Cite o comportamento dos
elementos da onda, nessa situação.

A altura, o comprimento e a declividade da onda são os elementos mais afetados,


por influência do fundo do mar, a partir da profundidade (P) de interferência do fundo,
que é a metade do comprimento (L) da onda. ( P < L/2)

7.3.4 Para o navegante se dirigindo para a região costeira, que comprimento de onda é
mais preocupante?
As ondas longas, de grande comprimento sofrem influência do fundo do mar, em
profundidades maiores, ou seja, mais afastadas do litoral. Então as ondas têm mais
tempo e mais distância para crescerem até chegar à costa.

OSTENSIVO - 7-10 REV.3


OSTENSIVO MOC

7.3.5 Por que o navegante observa alguns dias sem arrebentação na costa e outros com

arrebentação forte na mesma área costeira?

A onda que se dirige para a costa sofre influência do fundo e afeta a sua
declividade (D = altura/comprimento). A interferência do fundo do mar faz com que
a altura da onda aumente e o comprimento da onda diminua. Então a declividade
aumenta. Só há arrebentação se a declividade da onda atingir o valor crítico de
D>1/7.

OSTENSIVO - 7-11 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 7

Responda, agora, às seguintes perguntas:

7.1 Elementos das ondas


7.1.1) Qual é a principal característica no processo de formação de uma onda?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7.1.2) Defina cavado de uma onda.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
7.1.3) Descreva o que é período de uma onda.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7.1.4) Qual é a relação existente entre frequência e período?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7.1.5) Qual é o indicador de arrebentação de uma onda? Como se determina?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7.2 Classificação das ondas
7.2.1) Defina ondas progressivas.
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
7.2.2) Quando podemos classificar uma onda como sendo de águas rasas?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________7.2
.3) Que altura tem uma onda considerada grande?
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 7-12 REV.3


OSTENSIVO MOC

7.2.4) Quais são as classificações de comprimento para uma onda?


__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________7.
2.5) Qual é a relação entre a altura e o comprimento de uma onda considerada com
declividade pequena?
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 7-13 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 7

7.1 Elementos das ondas


7.1.1 A principal característica no processo de formação de uma onda é a transferência de
energia, por meio dos ventos, da atmosfera para o oceano.
7.1.2 É parte inferior do perfil da onda.
7.1.3 Período de uma onda é o tempo que leva para passar por um mesmo ponto duas cristas
consecutivas ou dois cavados consecutivos. Símbolo T.
7.1.4 Frequência é o inverso do período, ou seja, é o número de cristas ou de cavados que
passa por um ponto em um determinado tempo.
7.1.5 O indicador é a declividade. Declividade = H/L, caso H/L > 1/7, haverá arrebentação.

7.2 Classificação das ondas


7.2.1 São aquelas que têm força de propagação e crescem para uma determinada direção.
Seus efeitos são notados até longe do local de origem e, normalmente, os ventos geradores
são fortes e com direção constante.
7.2.2 Quando está em locais a profundidade é menor que a metade do comprimento da
onda, ou seja, é uma onda que tende à arrebentação.
7.2.3 Têm altura superior a 4 metros – (H > 4 m).
7.2.4 Curta, Regular e Larga.

7.2.5) H/L < 1/100.

OSTENSIVO - 7-14 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 8

MARÉS

Ao refletir sobre as distintas belezas do imenso litoral brasileiro, é natural lembrar-se


dos navegadores que singram as águas costeiras e inevitavelmente a presença corajosa dos
pescadores na sua árdua labuta diária. E na escola da vida ninguém mais do que eles, para
perceber as múltiplas nuances das marés em seu ciclo de 28 dias acompanhando as fases da
Lua, com variação das alturas e das correntes de marés, no vai e vem das enchentes e
vazantes.
Nesta unidade, será estudado como e quando as marés favorecem ou impedem o
acesso de uma embarcação a um determinado porto.

8.1 TEORIA DAS MARÉS

Nesta subunidade, aprender-se-á como funciona esse fenômeno oceanográfico e os


fatores causadores das marés. O entendimento desse fenômeno é importante para que o
navegante possa trabalhar aproveitando o fluxo das marés a seu favor e não contra si. Além
disso, verifica-se que, em muitos casos, o movimento das marés é um fator de grande
relevância, quando na demanda de portos e canais que tenham limitações de calado e na
execução de manobras que exigem certa precisão e, ao mesmo tempo, apresentem limitações
de espaço e de efeitos de correntes de marés de enchente e de vazante significativos.

8.1.1 Fatores Causadores

Os fatores causadores do fenômeno das marés são, resumidamente, duas leis da


física:
▪ A lei da Gravitação Universal, que consiste em: “Os astros se atraem na razão direta de
suas massas e na razão inversa do quadrado das distâncias”; e
▪ A força Centrífuga, que consiste em: “Um corpo em uma trajetória circular recebe
uma força (centrífuga) no sentido do centro para fora, proporcional à velocidade imprimida”.

OSTENSIVO - 8-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

Muito bem, as oscilações das marés devem-se, portanto, à atração (lei da gravitação
universal) da Lua durante o seu movimento ao redor da Terra, em menor medida à atração do
Sol e também à força centrífuga do sistema Lua-Terra.
No sistema Lua-Terra (Figura 58), a força gravitacional e a força centrífuga estão em
equilíbrio. A força centrífuga é constante em todos os pontos da superfície terrestre, porém a
força gravitacional do sistema é maior no ponto da superfície mais próxima da Lua – meridiano
superior – e menor no ponto mais afastado da Lua – meridiano inferior. Desta forma, o
equilíbrio entre as forças só poderá ser estabelecido com o movimento de subida do nível do
mar.

Figura 58: Sistema Terra – Lua – Sol e as forças gravitacionais e


centrífugas relacionadas ao sistema.

No ponto da superfície da Terra mais próximo da Lua, o movimento de subida do nível


do mar ocorre devido à força gravitacional ser maior que a força centrífuga e, no ponto da
superfície da Terra mais afastado da Lua, o movimento de subida do nível do mar ocorre
devido à força centrífuga ser maior que a força de atração.
Nas regiões da superfície da Terra equidistantes das regiões mais próximas da Lua e
das mais afastadas da Lua, ou seja, nos meridianos intermediários entre o meridiano superior
e o meridiano inferior, a força de atração e a força centrífuga mantêm equilíbrio, o que torna
o nível do mar baixo.

8.1.2 Período das Marés

Consideremos, agora, os seguintes movimentos do Sol, Terra e Lua:


▪ De rotação da Terra em torno do seu próprio eixo; e
▪ De translação da Lua ao redor da TERRA (Fases da LUA).

OSTENSIVO - 8-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

A Terra faz a rotação completa em 24 horas, então em 12 horas metade dos meridianos
ou regiões da Terra passam pelo nível mais alto das águas, porque atingem a posição mais
próxima da Lua, posição de maior força de atração. No entanto, na outra metade da Terra, as
regiões passam também pelo nível mais alto, porque atingem a posição mais afastada da Lua,
posição de maior força centrífuga.
Podemos concluir, então, que a cada 12 horas as partes da Terra ou todos os
meridianos alcançam o nível mais alto das águas. Raciocínio idêntico é valido para o nível mais
baixo das águas a cada 12 horas. Constata-se, portanto, que durante 24 horas consecutivas,
uma determinada região tem duas marés altas, chamadas de preamar (PM), ou seja, nível
mais alto das águas, e duas marés baixas, chamadas baixa-mares (BM), isto é, nível mais baixo
das águas.
Isso significa que, a cada 6 horas, ocorre uma maré alta e uma maré baixa
consecutivamente, ou seja, ocorre uma maré alta e, 6 horas depois, ocorre uma maré baixa;
em seguida, novamente uma maré alta e, 6 horas depois, outra maré baixa; e assim por diante,
alternando-se maré baixa e maré alta de 6 em 6 horas, sendo, por isso, chamada de maré
semidiurna. Em 24 horas, tem-se a ocorrência de duas marés altas e duas marés baixa.
Entretanto, existem regiões em determinada época do ano onde isso não acontece,
mas esse assunto será tratado mais adiante.
Outra constatação importante é que o nível do mar, nas marés altas ou nas marés
baixas, varia ao longo do ciclo lunar, ou seja, em função das fases da Lua.
No ciclo lunar, de duração de 28 dias, a Lua realiza seu movimento e translação ao
redor da Terra. Se considerarmos os sistema Sol-Terra-Lua e a posição relativa dos três astros,
veremos que o Sol ilumina tanto a Terra quanto a Lua de forma semelhante, ou seja, a face
voltada para o Sol é toda iluminada. Acontece que, para um observador que se encontra na
Terra, a parte iluminada da Lua varia ao longo do ciclo lunar, devido à posição relativa da Lua
variar. Essa variação do posicionamento da Lua em relação à Terra é que chamamos de fases
da lua. Observe a figura 59.

OSTENSIVO - 8-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 59: A Figura mostra a formação da maré de sizígia e de quadratura.

Há 4 fases: lua nova, quarto crescente, lua cheia e quarto


minguante; observamos que, na fase lua nova, temos Sol-Terra-Lua
em conjunção e, na fase lua cheia, temos Sol-Terra-Lua em oposição
e, em ambas as fases, constata-se um alinhamento Sol-Terra-Lua,
ou seja, a força gravitacional da Lua e do Sol sobre a Terra somam-
se, significando que a atração da Lua e atração do Sol contribuem
para a elevação do nível do mar, por ocasião da maré alta. Nessas
ocasiões, temos uma maré alta com nível mais elevado, sendo esse
tipo de maré denominado Maré de Água Viva ou Maré de Sizígia.

Observe que, na fase da Lua quarto crescente e na fase da


Lua quarto minguante, a posição relativa da Lua-Terra-Sol
forma um ângulo de 90 graus, o que significa que a atração
da Lua é numa direção e a atração do Sol é em outra direção,
ou seja, 90o defasada. Isso indica que a força resultante terá
um efeito menor na elevação do nível do mar, por ocasião
da maré alta. Nessas ocasiões, ocorre uma maré alta menos
alta, a qual chamamos de Maré de Água Morta ou Maré de
Quadratura.

OSTENSIVO - 8-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

É muito importante ressaltar que, nas marés de sizígias,


temos marés altas mais acentuadas, ou seja, mais altas, e as
marés baixas também mais acentuadas, ou seja, nas baixas
de sizígias o mar atinge o nível mais baixo. Já nas marés de
quadratura, temos as marés altas menos altas e as marés
baixas menos baixas. Esses aspectos são de muita
importância para os navegantes que trafegam em águas
costeiras e também para as embarcações que demandam
canais de acesso aos portos. Principalmente se o navegante
estiver interessado no efeito das correntes de marés de
enchente e vazante. Essas correntes de marés são mais
significantes nos dias de marés de sizígia, e menos atuantes
nos dias de marés de quadratura.

OSTENSIVO - 8-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 8 . 1

Reflita os conceitos ressaltados nesses exercícios.

8.1.1) Cite os três principais parâmetros, entre os vários componentes que resultam no
movimento das marés.

Podemos citar a força de atração da LUA, a força de atração do Sol e a força


centrífuga da TERRA.

8.1.2) Cite as principais causas da variação das alturas e horários da maré em um mesmo
porto, ao longo dos dias, dos meses e dos anos.
Observa-se que a posição relativa da LUA-SOL-TERRA varia em função das fases
da LUA, em seu movimento de translação em torno da TERRA, no período de 28
dias.
Nas fases de lua nova e lua cheia, observa-se um alinhamento dos 3 astros, somando
na mesma direção os esforços que resultam a maré mais forte que é denominada
maré de sizígia ou maré viva.
Nas fases de LUA quarto crescente e LUA quarto minguante, observamos que os 3
astros formam um ângulo de 90º como num quadrado, os esforços não se somam na
mesma direção, resultando uma maré mais fraca, que é denominada maré de
quadratura ou maré morta.

OSTENSIVO - 8-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

8.2 OS ELEMENTOS DAS MARÉS

Na subunidade passada, foi estudado o que causa o fenômeno das marés e como isso
acontece. Nesta subunidade, serão abordados os elementos que compõem a maré e quais são
as consequências que ela provoca.

8.2.1 Fluxo e Refluxo

A maré é um movimento vertical do nível das águas. No período em que o nível das
águas está subindo, chamamos de Maré de Enchente ou Fluxo e, quando o nível das águas
está descendo ou diminuindo, chamamos esta ação de Maré de Vazante ou Refluxo.

8.2.2 Preamar e Baixa- mar

Quando a maré de enchente chega ao seu maior nível é denominada de maré alta ou
maré cheia, mas o termo mais correto e usado na Marinha Mercante é Preamar. Quando a
maré de vazante chega ao seu nível mais baixo é chamada de maré baixa ou vazia, entretanto
o termo mais correto para designar esse momento é Baixa- mar.

8.2.3 Nível de Redução – NR

O nível de redução é o nível escolhido como referência das sondagens das cartas
náuticas, ou seja, é o plano de referência com o qual todas as profundidades cartográficas
estão relacionadas.
As profundidades registradas nas cartas náuticas indicam as sondagens reduzidas do
efeito das marés até o nível de redução (NR). Por isso a denominação desse nível de referência
é de nível de redução. Este nível de referência das profundidades, registradas na carta náutica,

OSTENSIVO - 8-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

é também escolhido para ser o nível de referência do zero das réguas de marés, que medem
as alturas das marés, de cada região.
O nível de redução é baseado na média das menores baixa-mares de sizígias da região
sondada, significando que o navegante pode obter a informação da profundidade real em
determinado instante, adicionando a altura da maré ao valor da profundidade indicada na
carta náutica. Esta adição proporciona ao navegante a certeza de que encontrará uma
margem de segurança, pois sempre obterá um nível do mar maior que o valor indicado na
carta náutica, mesmo no instante da baixa-mar, porque o cálculo do NR leva em consideração
a definição de que o NR é um plano tão baixo, que a maré, em condições normais, não ficará
abaixo do NR.

8.2.4 Altura da Maré

A altura da maré é a distância vertical, em um determinado instante, entre o nível do


mar e o nível de redução – NR. A altura da maré na preamar e na baixa-mar é dada pela Tábuas
das Marés, publicação de grande importância para o navegante.
O navegante deve interpolar as alturas de PM e BM para obter altura da maré no horário
desejado.

8.2.5 Amplitude da Maré

A amplitude da maré é a diferença em altura entre a preamar e a baixa-mar seguinte,


ou seja, é a quantidade em metros que o nível do mar sobe entre uma baixa-mar e uma
preamar.
No Brasil, temos regiões onde a amplitude de maré costuma ultrapassar os 6 metros, como
por exemplo no Maranhão.

OSTENSIVO - 8-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

8.2.6 Nível Médio do Mar – NM

O nível médio é o nível do mar que fica a meio caminho entre o nível da preamar e o
nível da baixa-mar, ou seja, é a metade da amplitude da maré. O navegante pode observar
que metade da amplitude da maré fica acima do Nível Médio do Mar (NM) no instante da PM
e metade da amplitude fica abaixo do NM no instante da BM. Pode-se afirmar que NM
coincidiria com o nível normal do mar, numa região sem efeito significativo da maré.

8.2.7 Estofo de Maré

O estofo de maré é o instante em que a maré, na preamar ou na baixa-mar permanece


parada, ou seja, são alguns minutos em que o nível do mar não se altera, portanto, não há
movimento das águas. Nesse instante o navegante pode observar a inversão de sentido das
correntes de enchente ou vazante.
Observe com atenção a Figura 60, que apresenta todos esses novos conceitos:

Figura 60: Esquema dos principais elementos de maré.

OSTENSIVO - 8-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 8 . 2

Preste atenção nos conceitos apresentados detalhadamente, nas soluções dos


exercícios.
8.2.1) Defina nível de redução das marés (NR).

Para ser possível o navegante usar as cartas náuticas de um porto ao longo dos dias
de um ano, em qualquer horário, é fundamental reduzir as profundidades registradas
do efeito das marés. Por isso o nome nível de redução.
As cartas náuticas indicam as profundidades sem considerar nenhum acréscimo
devido as marés. Isso será realizado pelo próprio navegante, consultando no instante
desejado as tábuas das marés.

8.2.2) Defina amplitude da maré.

É o valor obtido pela diferença entre as alturas da preamar e baixa-mar daquele


dia. A amplitude da maré é diferente da sizígia para a quadratura em um mesmo
porto.

8.2.3) Como é medida a altura da maré?

O principal elemento a ser definido, é onde fica, no mar, o zero da régua de marés,
a ser instalada para as medidas das alturas das marés, nesse porto.
Sabe-se que as cartas náuticas indicam as profundidades do fundo do mar até o NR.
Então a partir daí mede-se as alturas das marés. O zero da régua de marés coincide
com o NR, calculado para o referido porto.

8.2.4) Explique o comportamento das PM e BM nas marés de sizígias e de quadratura.

Na sizígia as PM são maiores e as BM são menores. Então a amplitude é maior.


Na quadratura as PM são menos altas e as BM são menos baixas. Então a amplitude
é menor.

OSTENSIVO - 8-10 REV.3


OSTENSIVO MOC

8.2.5) Explique o comportamento do Nível Médio (NM).

O nível médio do mar é o mesmo sempre. Visto que a altura do NM é constante, tanto
na sizígia como na quadratura.

OSTENSIVO - 8-11 REV.3


OSTENSIVO MOC

8.3 TÁBUAS DAS MARÉS

Nesta subunidade, será estudado como utilizar a publicação “Tábuas das Marés”,
para obter a hora e a altura da maré, na preamar e na baixa-mar, o que possibilita calcular a
amplitude da maré nesse dia, no local, em questão. O navegante necessita dessas
informações para verificar qual é a profundidade real de um determinado local, em um
determinado instante. Verificando, também, qual é a intensidade e o sentido da corrente de
maré indicada na carta de correntes de maré do referido porto.
A “Tábuas das Marés” é uma publicação confeccionada, editada e distribuída
anualmente pela Diretoria de Hidrografia e Navegação, órgão da Marinha do Brasil. Vejamos
como ela é constituída.

8.3.1 Conteúdo das Tábuas

A DHN faz a previsão das marés para os principais portos brasileiros e alguns
estrangeiros próximos do Brasil. Esta previsão é feita anualmente por meio de cálculos
denominados métodos harmônicos.
As “Tábuas das Marés”, portanto, fornece ao navegante dia-a-dia as horas das
preamares e baixa-mares e respectivas alturas sobre o nível de redução (NR), ao qual
correspondem também às sondagens que estão registradas na carta náutica.
Em cada página da “Tábuas das Marés”, temos o seguinte:
▪ Nome do porto;
▪ Coordenadas geográficas do porto;
▪ Fuso a que se referem as horas indicadas;
▪ Instantes das preamares e baixa-mares com as respectivas alturas sobre o Nível de
Redução;
▪ Altura do Nível Médio sobre o Nível de Redução; e
▪ Fases da Lua.

OSTENSIVO - 8-12 REV.3


OSTENSIVO MOC

Observe a Figura 61, que assinala os itens citados.

Figura 61: Tábua da maré do Terminal de Alumar no Maranhão (Ano-2020)

Observe que, no dia 04/01/2020, temos as seguintes alturas de marés:

Hora da Maré Altura da Maré

0113 4,9
0730 1,8
1345 5,0
2008 1,9

OSTENSIVO - 8-13 REV.3


OSTENSIVO MOC

Olhando a tábua do dia 04/01/2020 pode-se afirmar que, a partir de 01:13 hora
(preamar), a maré estará descendo; a partir das 07:30 horas (baixa-mar) a maré começará a
encher; a partir das 13:45 horas (preamar) a maré começará a vazar e, a partir das 20:08
horas (baixa-mar), a maré estará enchendo.

8.3.2 Utilizando a Tábua

A utilização da tábua é bastante simples. Para sabermos a profundidade de um


determinado local de um porto, ou nas imediações em um determinado instante, deve-se
proceder da seguinte forma:
▪ Utilizando a Tábuas das Marés, abra na página do porto que se deseja;
▪ Vá à coluna correspondente ao mês vigente;
▪ Procure na coluna o dia desejado; em seguida, verifique a altura e a hora da maré
correspondente a PM e BM e calcule a altura para o instante desejado.
▪ Achada a altura da maré, basta somá-la com a profundidade registrada na carta
(nível de redução), e se tem a profundidade naquele instante para aquele local.

PROFUNDIDADE PROFUNDIDADE ALTURA DA


= +
REAL NAQUELE NA CARTA MARÉ NAQUELE
INSTANTE NÁUTICA INSTANTE

Para se obter a Amplitude da Maré, basta subtrair a altura da maré na baixa-mar da


altura da maré na preamar consecutiva ou antecedente.

Amplitude = Preamar – Baixa-mar

Para obter a altura da maré no instante desejado (x), o navegante tem de resolver uma
regra de três, ou seja, hora da preamar menos a hora da baixa-mar (minutos) e a respectiva

OSTENSIVO - 8-14 REV.3


OSTENSIVO MOC

amplitude (cm). A hora desejada menos a hora da baixa-mar (minutos) e a altura da maré no
instante x, menos a altura da baixa-mar (cm).

OSTENSIVO - 8-15 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 8 . 3

Fixe os procedimentos descritos nas soluções dos exercícios.

8.3.1) Um Mestre-de-Cabotagem demandava o terminal da ALUMAR no dia 4 de janeiro de


2020, às 07:30 horas, e o local onde navegava estava registrado em carta náutica com uma
profundidade de 5,2 metros. Qual foi a profundidade real naquele instante?

Consultando a tábua, coluna de janeiro, dia 4, verifica-se que, às 08:30 horas, a altura
da maré é de 5,8 metros (preamar). Logo, podemos, com uma simples adição,
determinar a profundidade naquele local às 08:30 horas.

Profundidade = 5,2 m + 1,8 m Profundidade = 7,0 metros

8.3.2) Um Patrão-de-Pesca-de-Alto-Mar deixava o terminal da ALUMAR para uma jornada de


pesca, no dia 4 de janeiro de 2020, às 13:45 horas, navegando em uma região em que a carta
registrava uma profundidade de 3 metros. Qual foi a profundidade real naquele instante?

Utilizando a tábua, e entrando na coluna de fevereiro com o dia e a hora, obtemos


para as 12:26 horas uma altura de maré de 5,5 metros. Adicionando ao nível de
redução registrado na carta, teremos:.

Profundidade = 3 m + 5,0 m Profundidade = 8,0 metros

8.3.3) Consultando-se a tábua de marés para um determinado porto, obteve-se as


seguintes informações:
Baixa-Mar Preamar
Hora Altura Hora Altura
600 1,0 m 1200 7,0 m

OSTENSIVO - 8-16 REV.3


OSTENSIVO MOC

Calcule a altura da maré prevista para as 1100 (h e min.) para aquele dia.

8.3.4) Quais são as informações registradas no cabeçalho de todas as folhas das tábuas das
marés?
Nome do porto e as coordenadas geográficas (Latitude Longitude);
Fuso (positivo a W) a que se referem os horários registrados;
Número da Carta contemplada; e
Altura do NM.

8.3.5) Como está listado o índice de portos da publicação?

O índice registra os portos em ordem geográficas, sentido norte-sul.

8.3.6) Cite uma das utilidades do registro da altura do NM, no cabeçalho das páginas das
tábuas das marés.

Como no NM está a meio da amplitude da maré. Em um dia de maré de sizígia, a BM


está bem próxima do NR. E é a partir do NR que é medida a altura do NM. Então altura
do NM pode ser considerada, em dia de sizígia, a semi-amplitude da maré nesse dia e
o dobro será a amplitude.

Como a amplitude dá uma boa informação ao navegante sobre o comportamento da


maré nesse porto e logicamente, também alerta o navegante para as fortes correntes
de maré de enchente e de maré de vazante nos portos de grande amplitude, de grande
altura do NM.

OSTENSIVO - 8-17 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 8

Responda, agora, às seguintes questões:

8.1 Teoria das marés


8.1.1) Em que consiste a Lei da Gravidade Universal?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________8.1.2)
Qual é o astro que mais influencia o fenômeno das marés?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8.1.3) Quantas marés podem ocorrer normalmente em um período de 24 horas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________8.1.
4) Em que fases da lua a força gravitacional é maior? Por quê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8.1.5) Defina maré de quadratura. Quando ela ocorre?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

8.2. Os elementos das marés


8.2.1) Quando ocorre a maré de vazante ou refluxo?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8.2.2) Como é denominado o estado da maré? Quando ele alcança o maior nível?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

OSTENSIVO - 8-18 REV.3


OSTENSIVO MOC

8.2.3) Descreva o que é “Nível de Redução”.?


___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________8.2.4)
Como denominamos o estado em que a maré, em um determinado instante na preamar ou
baixa-mar, permanece parada?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

8.2.5) Quando ocorrem as correntes de marés?


___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

8.3 Tábuas das marés


8.3.1) O que fornece a publicação “Tábuas das Marés”?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
8.3.2) De que forma é obtida a amplitude da maré, para um determinado instante?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________8.3.3) O
que o navegante deve fazer para obter a profundidade de um local em um determinado
instante?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________8.3.4)
Estando o navegante no terminal da Alumar (em anexo), às 08:20 horas do dia 5 de março de
2007, em um local onde a carta indicava uma sondagem de 3,2 metros, qual foi a profundidade
real naquele instante ?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
8.3.5) O mestre de um rebocador que demandava o terminal da Alumar (em anexo), às
13:10 horas do dia 26 de março de 2007, e que estava com um calado a ré de 4,5 metros,

OSTENSIVO - 8-19 REV.3


OSTENSIVO MOC

verificou que passaria em um local onde constava na carta náutica uma sondagem de 3
metros. É possível a navegação sem o risco de encalhe? Justifique.
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

OSTENSIVO - 8-20 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 8

8.1 Teoria das marés

8.1.1) Consiste na atração dos astros, na razão direta de sua massa e na razão inversa do

quadrado das distâncias.


8.1.2) A Lua.
8.1.3) Duas marés altas e duas marés baixas, alternadamente.
8.1.4) Na fases nova e cheia, porque ficam alinhadas ao Sol.
8.1.5) São marés com menor elevação no nível do mar e ocorrem nas Luas quarto
minguante e quarto crescente.

8.2. Os elementos das marés

8.2.1) Ocorre quando o nível das águas está descendo ou diminuindo.

8.2.2) Preamar.
8.2.3) Nível de Redução é o nível escolhido como referência das sondagens das cartas
náuticas, ou seja, é o plano de referência com o qual todas as profundidades cartografadas
(sondagem cartografada) estão relacionadas. Este mesmo nível é usado como referência para
as medidas das alturas de maré
8.2.4) Estofo de Maré.
8.2.5) Ocorrem no fluxo e refluxo, ou seja, no momento em que a maré está enchendo ou
está vazando.

8.3 Tábuas das marés

8.3.1) Fornece para os portos nacionais e alguns estrangeiros, dia-a-dia, para todos os dias
do ano, as horas das preamares e baixa-mares e respectivas alturas sobre o nível de redução,
ao qual correspondem as sondagens que estão registradas nas cartas náuticas.

OSTENSIVO - 8-21 REV.3


OSTENSIVO MOC

8.3.2) Basta subtrair a altura da maré na baixa-mar da altura da maré na preamar consecutiva
ou antecedente.
8.3.3) Basta somar o nível de redução – NR (sondagem registrada na carta náutica) à da maré
do instante desejado (fornecida pela Tábua da Maré).
8.3.4) 9,1 metros.
8.3.5) Sim, porque a profundidade, às 0640 horas, é de 8,0 metros.

OSTENSIVO - 8-22 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 9

CORRENTES OCEÂNICAS E COSTEIRAS

Recentemente foi possível acompanhar a habilidosa navegação do pesquisador AMY


KLINK, na sua travessia, a remo, do Oceano Atlântico Sul.
Entretanto, imagina-se como uma única pessoa conseguiu conduzir uma embarcação, provida
apenas de remos, por um imenso oceano, e chegar ao seu intento 100 dias depois.
Esta empolgante proeza é resultado de minuciosa pesquisa das correntes oceânicas na região
de interesse do navegador AMY KLINK. Este fato comprova ao navegante comum como é
importante o conhecimento dessa unidade para a eficiência da navegação.

9.1 CORRENTES OCEÂNICAS

Nesta subunidade, serão estudadas as correntes oceânicas, que também são


chamadas de correntes marítimas. Do ponto de vista da navegação e da pesca, as correntes
marítimas são muito importantes, sendo, portanto, necessário conhecê-las para que possa
utilizá-las em seu favor.

9.1.2 Causa das Correntes

As correntes marítimas correspondem aos deslocamentos das águas oceânicas,


continuamente, em uma determinada direção e velocidade. Essas grandes massas de água
salgada que correm na superfície dos oceanos, e em águas profundas, percorrendo cursos
bastante regulares, como dissemos anteriormente, são consideradas verdadeiros rios
oceânicos.
O principal fator responsável pela existência dessas correntes é a diferença da
densidade das águas. Essa diferença de densidade é provocada pela diferença de temperatura
e salinidade, ou seja, as temperaturas extremamente baixas e as salinidades altas,
características das regiões polares, afetam consideravelmente a densidade da água do mar
nas altas latitudes, sendo este fato muito importante para desencadear o processo de
correntes frias e profundas e, consequentemente, provocar o deslocamento da água

OSTENSIVO - 9-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

superficial, quente e menos salina da região equatorial na direção das altas latitudes para
suprir o espaço liberado pelo deslocamento das correntes frias e profundas na direção das
baixas latitudes e Equador. Observe a Figura 62.

Figura 62: Esquema da formação da circulação


termohalina.

9.1.2 Identificação das Correntes

As correntes marítimas podem ser identificadas pelas diferentes temperaturas que


apresentam. Logo, de acordo com a temperatura e sua região de origem, elas podem ser:
a) Correntes Quentes – Provenientes de zonas equatoriais e tropicais, como a Corrente
das Guianas, a Corrente do Golfo (Gulf Stream), a Corrente do Brasil e a Corrente Sul
Equatorial;
b) Correntes Frias – Oriundas das regiões polares ou frias, como a Corrente do Labrador,
a Corrente de Humbolt, a Corrente das Malvinas, a Corrente de Benguela e a Corrente
circumpolar Antártica. Veja a figura 63.

OSTENSIVO - 9-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 63: Correntes Oceânicas frias (em azul) e quentes (em vermelho)

As correntes são observadas em diferentes profundidades: nos oceanos, à superfície


do mar, encontramos correntes quentes – menos densas; em águas profundas, encontramos
correntes frias – mais densas. A rotação da Terra tem influência em suas trajetórias,
desviando-as para a direita no Hemisfério Norte e para a esquerda no Hemisfério Sul, devido
ao efeito da força de Coriolis (lembrem que a Força de Coriolis age sobre fluidos, e isso inclui
a água do mar). Em outras palavras, pode-se descrever o mesmo comportamento das
correntes oceânicas meridionais.

9.1.3 Correntes Marítimas na Costa do Brasil

Na costa do Brasil, encontramos correntes quentes e frias. A corrente Sul Equatorial,


ao encontrar a costa norte/nordeste do Brasil, bifurca-se na corrente do Brasil, na direção sul,
e na corrente das Guianas, na direção norte. Ambas são correntes superficiais quentes e se
deslocam próximo à costa, sendo frequentemente observadas pelos navegantes. Na costa sul
e sudeste do Brasil, observa-se, em alguns pontos, o surgimento de água fria e profunda
proveniente da corrente das Malvinas, chegando até a região de Cabo Frio. O afloramento das
águas frias e ricas em nutrientes é chamado de ressurgência, sendo, nesses locais,
normalmente observada grande atividade pesqueira.
A Figura 64 mostra o giro do Atlântico Sul e as principais correntes que o compõem.
Observe que a Corrente do Brasil é a principal corrente de atuação no nosso litoral. Próximo

OSTENSIVO - 9-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

à região Sul do Brasil, essa corrente apresenta um desvio na direção leste (ela na verdade é
empurrada pelos ventos de oeste atuantes nessa região) e passa a ser chamada de corrente
do Atlântico Sul. Essa corrente, ao colidir com o sul Africano, muda de direção, formando a
corrente de Benguela, que se dirige para a região equatorial. Note que essa corrente
apresenta baixas temperaturas, e ao chegar na região equatorial, encontra a corrente Sul
Equatorial, fechando o Giro do Atlântico Sul.

Figura 64: Esquema do Giro do Atlântico Sul

O navegante, na costa do Brasil para melhor planejar a sua navegação, deve saber a
direção correta e a velocidade das correntes no oceano Atlântico Sul e na costa do Brasil, as
quais variam a intensidade conforme os períodos do ano. Para tanto, é necessário consultar a
publicação Cartas Piloto, que é fornecida pela Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN.
A importância do conhecimento prático das correntes marítimas reside,
principalmente, em uma economia de combustível e num melhor aproveitamento da
velocidade na navegação. Além disso, é também um meio de transporte da base alimentar
dos pesqueiros, ou seja, transporta sais nutrientes, essenciais para os desenvolvimentos dos
microorganismos (plâncton) que servem de base de alimentação dos peixes. Outra razão é
que o movimento das correntes frias, dirigindo-se para regiões quentes, e o das correntes
quentes, indo em direção às regiões frias, influem no clima dessa regiões e no equilíbrio
térmico do planeta TERRA.

OSTENSIVO - 9-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 9 . 1

9.1.1) Comente a circulação oceânica das correntes quentes e frias de ambos os hemisférios.

Quando se trata de correntes formadas por diferença de temperatura, chama-se de


circulação termohalina.
Isto significa que as massas d’águas mais quentes e menos densa tem densidade
diferente das massas d’água mais frias e mais densas.
A circulação das correntes busca o equilíbrio térmico do planeta TERRA. Então as
correntes quentes circulam na direção das altas latitudes, se afastando da região
tropical e as correntes frias, ao contrário se aproximam da região tropical. Além disso,
as correntes quentes, como são menos densas, circulam pelas camadas superficiais
dos oceanos e as correntes frias, como são mais densas, circulam pelas camadas
profundas dos oceanos.
Ressalta-se apenas, que essas correntes meridionais sofrem influencias da rotação
da TERRA e do efeito da força de coriolis, desviando suas trajetórias.

9.1.2) Comente sobre as correntes oceânicas nas regiões brasileiras.

O litoral do Brasil (Nordeste até o Sul) sofre influência principalmente da Corrente do


Brasil. Essa corrente se origina da bifurcação da corrente equatorial sul no nordeste
do Brasil, e passa a fluir na direção sul.
Na região sul do Brasil observa-se a ocorrência da corrente das Malvinas, corrente
fria e profunda, com pontos de ressurgência (afloramento) na costa brasileira,
notadamente na ilha de Santa Catarina e na área de Cabo Frio e Arraial do Cabo.

OSTENSIVO - 9-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

9.2 CORRENTES COSTEIRAS

9.2.1 Correntes de Marés

Nesta subunidade, será abordada a oscilação periódica e regular das marés que resulta
em um deslocamento horizontal de massa d’água, movimento esse caracterizado como
correntes de marés. É interessante ressaltar que as correntes de marés, devido ao volume dos
oceanos, envolvem uma quantidade de energia extraordinária, daí resultando a sua
importância. As correntes de marés, embora ocorram em todo o oceano, podem ser
observadas com mais facilidade na linha da costa.
As correntes de marés são movimentos das águas no sentido horizontal e ocorrem no
fluxo e refluxo, ou seja, no período em que a maré está enchendo ou está vazando. No
intervalo de tempo em que a maré está enchendo, o sentido da corrente é, normalmente, do
mar para terra; e quando a maré está vazando, o sentido da corrente é da terra para o mar.
Entretanto, acidentes geográficos, ventos, etc. podem alterar esse sentido.

▪ Direção e Intensidade da Corrente

Na prática, se não for levado em consideração o perfil da costa e o


regime de ventos, pode-se dizer que a direção da corrente é no
sentido “mar para terra”, quando da maré de enchente, sendo, por
isso, denominada corrente de enchente; no sentido “terra para mar”,
quando da maré de vazante, passa, então, a ser denominada
corrente de vazante.

Um aspecto que influencia a variação da intensidade da corrente da maré numa


mesma região ao longo do mês é a fase da Lua, ou seja, Lua cheia e Lua nova, que significam
ocorrências de marés de sizígia, que são as marés mais altas na PM e mais baixas na BM. Outro
aspecto importante é a amplitude da maré. Os portos de grande amplitude apresentam fortes
intensidades das correntes, de enchente e de vazante. Nesses portos, nos dias de sizígia a
velocidade das correntes de marés são maiores que nos dias de marés de quadratura. Os
navegantes devem ter especial atenção no planejamento e acompanhamento de suas
navegações nesses dias, nas regiões em questão.

OSTENSIVO - 9-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

▪ Fatores de Influência

As correntes produzidas pela maré são de especial interesse aos navegantes em áreas
como baías, enseadas e nas proximidades dos portos, enfim, nas áreas onde apresenta maior
influência.
As correntes de maré são fortemente influenciadas pela geografia da região,
resultando em um comportamento diferenciado, na sua direção e velocidade, ao longo de um
canal de acesso ao porto e nos demais pontos de uma baía ou enseada, conforme as
características geográficas da região.
As características geográficas que influenciam na direção e velocidade de uma
corrente de maré são:
▪ profundidade ao longo do canal de acesso ao porto;
▪ largura da barra (entrada);
▪ comprimento do canal de acesso;
▪ existência ou não de ilhas e pontas, etc.

Em suma, são vários os aspectos que influenciam a circulação das águas durante a
ocorrência das marés, tanto nas marés de enchente quanto nas marés de vazante.
Além disso, observamos que a variação na intensidade ou velocidade é proporcional à
amplitude da maré, ou seja, quanto maior for a amplitude, maior será o volume da água e,
consequentemente, maior será a intensidade ou velocidade da corrente; assim como quanto
menor for a amplitude, menor será a intensidade ou velocidade da corrente.
Outros fatores podem influenciar na direção e velocidade da corrente de maré, como o
próprio regime de ventos. Entretanto, o navegante poderá obter informações precisas sobre
essa corrente na carta de correntes de marés, assunto que será estudado na última fase deste
módulo.

9.2.2 Correntes Produzidas pelo Vento

Como dissemos anteriormente, o vento poderá influenciar na direção e velocidade da


corrente de maré. No entanto, em alguns casos, poderá também gerar um outro tipo de
corrente.

OSTENSIVO - 9-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

A ação dos ventos sobre a superfície do mar, devido ao atrito, produz um pequeno
arrasto superficial, denominado corrente de deriva. Entretanto, o desenvolvimento da
corrente de deriva só é possível em regiões onde as características predominantes tenham:
▪ Proximidade da costa;
▪ Configuração do fundo do mar em forma de canal;
▪ Perfil do litoral alinhado em relação à direção do vento; e
▪ Regime de ventos com direção, velocidade ou intensidade constantes ou persistente.
Nesses casos, a corrente de deriva causada pelo vento produz um deslocamento da
água da superfície, que não é na mesma direção do vento, devido ao atrito das camadas de
água do mar em profundidades distintas.
O resultado no HS é que a corrente de deriva gerada fica, aproximadamente, 90o à
esquerda da direção do vento gerador, fato este comumente observado na costa do Brasil,
principalmente na costa sudeste. No HN a corrente de deriva fica a 90º à direita da direção
do vento gerador.
A água profunda ocupa o espaço liberado pelo deslocamento da água da superfície na
corrente de deriva, em regiões que apresentam características favoráveis a essa ocorrência,
resultando o fenômeno da ressurgência, conforme observado na Figura 65.

Figura 65: Esquema do processo de ressurgência no Hemisfério sul.

Este movimento de ascensão das águas frias e profundas, normalmente ricas em sais
nutrientes, contribui significativamente para a formação de áreas piscosas (áreas ricas em
peixe).
Quando estudamos ondas constatamos que em alto-mar, na interação oceano-
atmosfera, a energia transferida pelos ventos para o oceano é quase toda consumida na

OSTENSIVO - 9-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

formação de ondas, ou seja, oscilação vertical da superfície do mar, que não implica, em
deslocamento horizontal de massa d’água.

9.2.3 Correntes de Retorno de Ondas

Ao estudar a unidade 7 – ondas, pôde-se constatar que na arrebentação a energia


potencial das ondas é transformada em energia cinética, desencadeando o deslocamento da
massa d’agua das ondas, na direção da costa. Esses volumes d’água acumulados na costa e
nas praias, procuram uma área adequada para retornarem para o mar, resultando numa forte
corrente costeira de retorno. Em dias de mar severo, com fortes arrebentações, as correntes
de retorno, são mais significativas, conforme mostrado na Figura 66.

Figura 66: Deslocamento da corrente de retorno.

OSTENSIVO - 9-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 9 . 2

Preste atenção e reflita os procedimentos destacados nas soluções dos exercícios.

9.2.1) Comente sobre correntes de marés, de determinado porto, ao longo de 24 horas, num
dia de Lua cheia.

Inicialmente, constata-se que nos dias de lua cheia e lua nova, as marés são de maior
amplitude. Nas marés de sizígia o nível do mar é mais alto na PM e mais baixo no
BM. Portanto, nas 6 horas de enchente, o volume de água que se desloca é maior
que em um dia de quadratura. O mesmo comportamento é notado nas 6 horas de
vazante, corrente forte.
Entretanto, as correntes de marés, neste dia, no porto referido, serão proporcionais
à amplitude do porto em questão.

9.2.2) Em que situação as correntes de marés podem ser bastante preocupantes para os
navegantes?

A intensidade das correntes, tanto na vazante como na enchente, será mais forte nos
portos em que a amplitude da maré é significativa. Então, numa situação de maré de
sizígia (Lua cheia e Lua nova), este porto terá uma intensidade de corrente de
enchente e de vazante mais significativa ainda, requerendo atenção e cuidados
especiais por parte dos navegantes.

9.2.3) Cite em que direção flui uma corrente induzida pelo vento, numa área marítima
qualquer.

A corrente resultante de toda a camada d’água afetada pelo atrito do vento, se


desloca em uma direção defasada de 90º da direção do vento. Sendo para a
esquerda da direção do vento, no HS e para a direita da direção do vento no HN.

É bom lembrar que a direção do vento considerada, é sempre de onde vem o vento,
enquanto a direção da corrente, é para onde flui a corrente.

OSTENSIVO - 9-10 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 9

Responda, agora, às seguintes perguntas:

9.1 Correntes oceânicas


9.1.1) O que são correntes marítimas?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9.1.2) Qual é a principal forma de classificação ou identificação das correntes marítimas?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9.1.3) Como podemos identificar ou classificar a corrente do Brasil?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9.1.4) De que bifurcação nasce a corrente do Brasil?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9.1.5) Em que publicação podemos verificar a intensidade e direção das correntes
marítimas?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9.2 Correntes costeiras
9.2.1) Qual é a origem da corrente de maré?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9.2.2) Se não levarmos em consideração o perfil da costa ou o regime de ventos, qual será o
sentido da corrente de maré na enchente?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

OSTENSIVO - 9-11 REV.3


OSTENSIVO MOC

9.2.3) Cite um dos fatores que influenciam na corrente de maré.


________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
9.2.4) A que parâmetro é diretamente proporcional a velocidade da corrente de maré?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
9.2.5) Como é denominada a corrente produzida por ventos?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

OSTENSIVO - 9-12 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 9

9.1 Correntes oceânicas


9.1.1) Correntes marítimas são os deslocamentos das águas oceânicas, continuamente na
mesma direção e velocidade.
9.1.2) São identificadas pelas diferentes temperaturas que apresentam; podem ser
correntes quentes e correntes frias.
9.1.3) Como uma corrente quente.
9.1.4) Da corrente Sul Equatorial.
9.1.5) Cartas-Piloto.

9.2 Correntes costeiras


9.2.1) A oscilação periódica e regular das marés origina um deslocamento horizontal de
massa d’água, conhecido como corrente de maré.
9.2.2) O sentido do mar para terra.
9.2.3) A profundidade.
9.2.4) A corrente de maré é diretamente proporcional à amplitude da maré.
9.2.5) Corrente de deriva.

OSTENSIVO - 9-13 REV.3


OSTENSIVO MOC

CAPÍTULO 10

CARTAS AUXILIARES

Ao visitar um centro cultural, é possível deparar-se muitas vezes com mapas e cartas
com registros ambientais de longa data, com valor histórico e referencial de grande interesse
até os dias atuais.
O mais interessante, é que esses mapas mostram claramente, um hábito adquirido por
todas as pessoas, que é representar preciosas informações sob a forma gráfica.
Este costume permanece vivo nos dias atuais e é muito aplicado pelos navegantes, como
detalhamos no nosso estudo a seguir.

10.1 CARTAS PILOTO

Nesta subunidade, serão abordadas as publicações que auxiliam o navegante com


relação a parâmetros meteorológicos e oceanográficos. Na verdade são cartas que
apresentam, de forma gráfica, uma variedade de informações, com a finalidade de, na fase de
planejamento, facilitar as providências, procedimentos, precauções e decisões dos
navegantes na escolha das melhores derrotas e condução adequada de sua embarcação .
Portanto, durante esta subunidade, serão estudados os elementos fornecidos pelas Cartas
Piloto.

10.1.1 Apresentação das Cartas Piloto

As Cartas Piloto apresentam-se em um atlas, contendo 12 cartas, sendo uma carta para
cada mês do ano.
O Atlas de Cartas Piloto - Oceano Atlântico de Trindade ao Rio da Prata, publicado pela
Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN e disponível a todos os navegantes, abrange o
trecho do Oceano Atlântico Sul compreendido do litoral do Brasil até o meridiano de 20 o W e
do paralelo de 10o N ao paralelo de 35o S, cobrindo toda a costa brasileira, de norte a sul.
As informações apresentadas nas cartas piloto são resultados de um trabalho
estatístico de períodos superiores a trinta anos de observação e coleta de dados. É

OSTENSIVO - 10-1 REV.3


OSTENSIVO MOC

interessante o navegante atentar que as informações são fornecidas, em percentual ou


frequência de ocorrência do parâmetro, e não por indicação de valor médio, com a vantagem
de apresentar ao navegante qual a possibilidade de, naquele mês de interesse, ocorrer tal
vento ou tal corrente. Essa informação da carta piloto é a indicação de uma probabilidade,
baseada na observação de vários anos anteriores e que normalmente se repetem no mês em
questão. Porém, para o acompanhamento diário da evolução do tempo e do estado do mar,
durante a viagem, o navegante não deve dispensar o permanente monitoramento e
interpretação das informações diárias do tempo presente e das previsões do tempo para as
próximas horas, constantes dos boletins meteorológicos transmitidos diariamente pelo
Serviço Meteorológico Marinho (METEOROMARINHA).

▪ Elementos da Carta Piloto

As cartas piloto são representações gráficas. Os elementos são indicados por setas e
linhas. Podem ser coloridas, inteiras, tracejadas ou pontilhadas. Para acompanhar este item,
é interessante que você tenha a sua frente uma Carta Piloto.
A carta piloto da costa brasileira apresenta de forma gráfica as informações
climatológicas, no mês de interesse. Diversos parâmetros e suas instruções de manuseio
compõem cada uma das 12 folhas do atlas de cartas piloto.
Atenção aos elementos fornecidos pela Carta Piloto. Veja a Figura 67:

Figura 67: Carta Piloto com ênfase na região sudeste do Brasil.

OSTENSIVO - 10-2 REV.3


OSTENSIVO MOC

1 ) Vento – As rosas-dos-ventos de cor azul indicam, em percentagens, as frequências de


ocorrências das direções de onde sopram os ventos, por octante, ou seja, direção N, NE, E,
SE, S, SW, W e NW. O número de traços ou penas na extremidade das setas indica a
intensidade do vento, indicada pela força do vento na escala BEAUFORT. A percentagem de
ocorrência de ventos em determinada, direção, quando não indicada diretamente, pode ser
determinada, comparando-se o comprimento da seta, medida a partir da circunferência,
com a Escala Percentual de Ventos, existente na carta, próxima ao trecho de instruções. No
centro das circunferências estão indicadas as percentagens de ocorrências de calmaria.
(Figura 68)
2 ) TSM – Temperatura da Superfície do Mar – As isotermas em linhas cheias encarnadas
indicam, em graus Celsius, a temperatura da água da superfície do mar.
3 ) Temperatura do Ar – As isotermas, em linhas tracejadas encarnadas, indicam em graus
Celsius a temperatura do ar à superfície. (Figura 68)
4 ) Correntes Marítimas – As setas, em verde, indicam as direções predominantes, para onde
fluem as correntes e os números, as velocidades médias das correntes da água do mar na
superfície.
5 ) Rotas – Linhas de derrotas recomendadas para o porto indicado.
6 ) Linhas Isogônicas – A Declinação Magnética para o ano em vigor (1993) está representada
em roxo por linhas cheias, e as variações anuais em linhas tracejadas.
7 ) Visibilidade no porto – Os números em Azul indicam o percentual de visibilidade inferior a
2,5 milhas náuticas, observada na área do porto em questão. (Figura 68)
8 ) Nevoeiro no porto – Os números em vermelho indicam o percentual de nevoeiro
observado na área do porto. (Figura 68)
9 ) Vento forte no porto – Os números em encarnado indicam o percentual de ventos fortes
observados na região do porto. (Figura 68)
10 ) Pressão – A pressão média do ar ao nível do mar está representada em azul por linhas
cheias.
11 ) Temperatura do ar no porto – Os números em vermelho indicam a temperatura média
do ar no porto em questão.
12 ) Vento no porto – A rosa-dos-ventos, em azul, indica os percentuais dos ventos
predominantes na área do porto.

OSTENSIVO - 10-3 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 68: Carta piloto para as proximidades do porto do Rio de Janeiro.

No verso de cada carta piloto, estão registradas informações para os principais portos
brasileiros e ilhas oceânicas. O Atlas de Cartas Piloto é composto de 12 cartas, cada uma para
um mês. É bastante interessante o navegante adquirir o hábito de consultar a carta piloto do
mês em curso e fazer a comparação com as dos meses anteriores e com as dos meses
posteriores, para deste modo ressaltar quais são os parâmetros meteorológicos e
oceanográficos que apresentam mudança significativa na região de interesse. Como exemplo,
recomendamos que o navegante pesquise nas Cartas Piloto como o elemento visibilidade
varia de mês para mês, ao longo do ano, no seu porto de trabalho, por causa da sazonalidade,
ou seja, por efeito das estações do ano: verão, outono, inverno e primavera.

OSTENSIVO - 10-4 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 10 . 1

Exercite os procedimentos, ressaltados nas soluções dos exercícios.


10.1.1) Explique como são apresentadas as informações dos elementos meteorológicos e
oceanográficos, em um Atlas de cartas piloto.

As informações são apresentadas em 12 cartas, uma para cada mês, o que permite
a análise sazonal, ou seja, o exame em todas as estações do ano (Verão, outono,
inverno e primavera), para destacar mudanças significativas na mesma região.

10.1.2) O navegante, ao selecionar a carta piloto do mês de seu interesse, deseja obter
informações do vento. Cite como o elemento vento pode ser interpretado, em uma carta
piloto.

São mostradas, graficamente, as frequências e as respectivas direções e


intensidades dos ventos. Destacando-se desse modo o vento predominante.

10.1.3) Qual a característica utilizada nas cartas piloto, para selecionar ou classificar o
elemento apresentado?

Os elementos são classificados por frequência ou percentual. Demonstrando dessa


forma a situação predominante, no mês de interesse, na área selecionada.

10.1.4) O oceano Atlântico Sul é contemplado com Atlas de cartas piloto?

Sim. Tem publicação brasileira, editada pela DHN, abrangendo a área de 10º N a 35º
S e do litoral do Brasil ao meridiano de 020º W. Além de publicações internacionais
que cobrem o oceano Atlântico Sul, como a carta piloto americana NVPU 105.

OSTENSIVO - 10-5 REV.3


OSTENSIVO MOC

10.2 CARTAS DE CORRENTES DE MARÉS

As correntes produzidas pelas marés são de especial interesse, dos navegantes, ao


demandarem o canal de acesso de um porto ou em baías e enseadas. Da mesma forma que é
preciso conhecer o regime dos ventos predominantes, quando se navega em águas restritas
também é importante conhecer o comportamento das correntes e a influência das
características geográficas como ilhas, pontas salientes, bancos de areia etc. sobre o
movimento das águas, por ocasião das marés de enchente e das marés de vazante.
Para tanto, é necessário consultar uma publicação, da DHN, denominada Cartas de Correntes
de Marés.

10.2.1 Apresentação da Carta

Como valioso auxílio ao navegante, publica-se Coletânea de Carta de Correntes de


Marés, para os portos em que o efeito das marés é mais significativo e que tenham grande
atividade de embarcações. As Cartas de Correntes de Maré compõem-se de 13 folhas. Seis
para cada hora que antecede a preamar, uma para o instante da preamar, e seis para cada
hora depois da preamar. Em cada uma das 13 cartas, o navegante observa, ao longo de toda
a região, a distribuição das correntes com indicação da sua direção e intensidade. É
interessante o navegante observar, ao manusear a coletânea de cartas, que para cada página,
ou seja, para cada horário, haverá diferença na distribuição da corrente. Então, quando o
navegante for utilizar as cartas de correntes, será de fundamental importância que ele
selecione a carta correta, ou seja, escolha na coletânea de cartas exatamente a carta do
horário de interesse do navegante. A seleção da carta a ser utilizada é feita, tendo-se em vista
a análise do instante da preamar indicada nas tábuas das marés do porto em questão e do
momento em que o navegante está interessado em utilizar a informação da corrente de maré.

▪ Aplicação da Carta

Como exemplo, pode-se apresentar o caso hipotético do navegante que desejou


demandar o porto do Rio de Janeiro (Baía de Guanabara), às 09:10 horas do dia 14 de maio
de 2019. Consultando as tábuas das marés, observou-se que a preamar no Rio de Janeiro

OSTENSIVO - 10-6 REV.3


OSTENSIVO MOC

nesse dia foi às 15:03 horas. Então, a hora desejada pelo navegante é 6 horas antes da
preamar, ou seja, 9 horas são 6 horas antes de 15 horas. Logo, a carta de corrente de maré
selecionada será das 6 horas antes da preamar. As Cartas de Correntes de Maré registram a
direção pelo sentido da seta desenhada e a velocidade, pelo algarismo que indica nós e
décimos de nó (Figura 69).
Como segundo exemplo, pode-se apresentar a situação do navegante que desejou
demandar o mesmo porto do Rio de Janeiro, às 13:30 horas do dia 10 de fevereiro de 2020.
Consultando as Tábuas das Marés, observa-se que a preamar no Rio de Janeiro nesse dia foi
às 14:10 horas. Então, a hora desejada pelo navegante é 1 horas antes da preamar ou seja, 13
horas é 1 horas antes das 14 horas. Logo, a Carta de Corrente de Maré selecionada será a da
1 hora antes da preamar (Figura 70).

Figura 69: Cartas de corrente de maré 6h antes da PM


(maré vazante)

OSTENSIVO - 10-7 REV.3


OSTENSIVO MOC

Figura 70: Cartas de corrente de maré 1h antes da PM


(maré enchente)

OSTENSIVO - 10-8 REV.3


OSTENSIVO MOC

Exercícios resolvidos 10 . 2

Reflita os conhecimentos adquiridos. Realize a tarefa abaixo.


10.2.1) Explique como são apresentadas as informações de correntes de marés, em uma
coletânea de cartas de correntes, de determinado porto.

As informações são apresentadas em 13 cartas. Seis cartas para cada hora antes da
preamar, uma carta para o instante da preamar e seis cartas para cada hora depois
da preamar.

10.2.2) Como o navegante seleciona a carta de correntes de marés de seu interesse, para
atender a sua navegação?

O navegante determina nas tábuas das marés, o horário da preamar e compara com
o horário de seu interesse e então, utilizando essa diferença, que pode ser antes ou
depois da preamar, o navegante seleciona a carta de corrente de seu interesse.

OSTENSIVO - 10-9 REV.3


OSTENSIVO MOC

Teste de Auto- Avaliação da Unidade 10

Responda, agora, às seguintes perguntas:

10.1 Cartas-piloto
10.1.1) Como se apresenta um atlas de Cartas-Piloto?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

10.1.2) Cite dois elementos meteorológicos fornecidos pela Carta-Piloto?


___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10.1.3) Como é apresentada na carta-piloto a temperatura do ar no porto?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10.1.4) Como são indicadas na carta-piloto as correntes marítimas?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10.1.5) O que há no verso da carta-piloto?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

10.2 Cartas de corrente de maré


10.2.1) Em que momento é importante ao navegante saber da corrente de maré?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
10.2.2) Como se apresenta a coletânea de cartas de correntes de maré?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

OSTENSIVO - 10-10 REV.3


OSTENSIVO MOC

10.2.3) Como fazer a seleção da carta de corrente de marés a ser utilizada?


___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

10.2.4) De que forma a carta de corrente de maré registra o sentido e a velocidade da


corrente?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
10.2.5) Qual é o órgão que confecciona e publica as cartas de correntes de marés e o atlas
de cartas piloto da Metarea V?
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

OSTENSIVO - 10-11 REV.3


OSTENSIVO MOC

Chave de Respostas do Teste de Auto-Avaliação da Unidade 10

10.1 Cartas-piloto

10.1.1) O atlas apresenta-se com 12 cartas-piloto, uma referente a cada mês.


10.1.2) Temperatura do ar e vento.

10.1.3) Os números em vermelho indicam a temperatura média do ar no porto em questão.


10.1.4) As setas, em verde, indicam as direções predominantes, e os números, as velocidades
médias das correntes da água do mar na superfície.
10.1.5) No verso de cada carta-piloto estão registradas informações para os principais portos
brasileiros e ilhas oceânicas.

10.2 Cartas de corrente de maré

10.2.1) Ao demandarem o canal de acesso de um porto ou em baías e enseadas.


10.2.2) As cartas de Correntes de Maré compõem-se de 13 folhas. Seis para cada hora que
antecede a preamar, uma para o instante da preamar, e seis para cada hora depois da
preamar.
10.2.3) A seleção da carta a ser utilizada é feita tendo-se em vista a diferença entre o instante
da preamar, indicada nas tábuas das marés do porto em questão, e o momento em que o
navegante está interessado em utiliza a informação da corrente de maré.
10.2.4) As Cartas de Correntes de Maré registram a direção pelo sentido da seta desenhada
e a velocidade, pelo algarismo que indica nós e décimos de nó.
10.2.5) Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN, da Marinha do Brasil (site:
www.dhn.mar.mil.br).

OSTENSIVO - 10-12 REV.3


OSTENSIVO MOC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRY, Roger; CHORLEY, Richard. Atmosfera, Tempo e Clima. Edição: 9. Editora: Bookman.
Capítulos: 7, 9 e 11. 2013.

BRASIL. Ministério da Marinha. Diretoria de Portos e Costas. Ensino Profissional Marítimo.


Meteorologia e Oceanografia – Módulo 4. Curso do Ensino à Distância de Aperfeiçoamento
de Convés. Rio de Janeiro: DPC, 2004. 138 p. il.

LOBO, Paulo Roberto Valgas; SOARES, Carlos Alberto. Meteorologia e Oceanografia – Usuário
Navegante. 2 ed. Rio de Janeiro: Diretoria de Hidrografia e Navegação, 2007. 418 p. il.

Ynoue, Rita; Reboita, Michelle; Ambrizzi, Tércio; Da Silva, Gyrlene. Meteorologia: noções
básicas. Edição: 1. Editora: Oficina de Textos. Capítulos: 4, 6 e 9. 2017.

http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=home/page&page=instrumentos

OSTENSIVO - 10-13 REV.3


OSTENSIVO MOC

ANEXO 1

MOC 01

OSTENSIVO - 10-14 REV.3

Você também pode gostar