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TECNOLOGIA

DA INFORMAÇÃO

autor do original
SAULO FRANÇA AMUI

1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial durval corrêa meirelles, luiz alberto g. belmiro, ornella pacífico

Autores do original saulo frança amui

Projeto editorial roberto paes

Coordenação de produção rodrigo azevedo de oliveira

Projeto gráfico paulo vitor bastos

Diagramação fabrico

Revisão linguística aderbal torres bezerra

Imagem de capa nome do autor — shutterstock

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)

A529t Amui, Saulo França


Tecnologia da informação / Saulo França Amui.
Rio de Janeiro : SESES, 2014.
176 p.
ISBN: 978-85-5548-419-3.

1. Gestão da Informação. 2. Infraestrutura de TI.


3. Inteligência de Negócios. 4. Telecomunicações.
I. SESES. II. Estácio.
CDD 004

Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento


Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário

Prefácio 7

1. Gestão da Informação em uma Economia Global 10

O que é Gestão da Informação 11


Gestão da Informação no mundo contemporâneo 22
O gestor e a Gestão da Informação 33
O método da gestão em quatro passos 36

2. Infraestrutura de TI: Hardware 42

A infraestrutura de TI: Hardware 43

3. Infraestrutura de TI: Software 68

Software do computador 68
Software de sistema 70
Software aplicativo 77

4. Fundamentos da Inteligência de Negócios: Gerenci-


amento da Informação e de Banco de Dados 98
Introdução à Inteligência de Negócios ou
Business Intelligence (BI) 99
A abordagem de banco de dados para gerenciamento de dados 107
Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados 111
Como usar banco de dados para melhorar o desempenho e a tomada de
decisão na empresa 116
Gerenciamento dos recursos de dados 122

5. Telecomunicações, Internet e
Tecnologia sem Fio 128

Telecomunicações e redes no mundo empresarial hoje 128


Redes de comunicação 132
Software e redes 148
Internet 149
A revolução sem fio 159
Prefácio
Prezados(as) alunos(as)

A internet e, particularmente, a web e seus serviços e produtos transforma-


ram o mundo! Foram mudanças sociais, políticas, econômicas e científicas.
Hoje, não fazemos mais comércio como fazíamos há 20 anos. As novas tecnolo-
gias de comunicação revolucionam a convivência cada vez mais.
Falar de Tecnologia da Informação pode parecer óbvio às vezes. Mas não é! A
infraestrutura que existe por trás do que conhecemos como tecnologia da infor-
mação é muito vasta. são muitos conceitos nas áreas de sistemas, redes, bancos
de dados, hardware e software que suportam toda nossa comunicação digital,
todos os meios que nos permitem trabalhar, estudar, entreter, consumir, pro-
testar, aprender, ensinar!
Fica claro então que esse tema é vasto e que vamos nos aprofundar em suas
diversas áreas. Você pode participar fazendo as atividades propostas, as pesqui-
sas sugeridas, assistindo aos vídeos recomendados e enviando perguntas, de-
batendo com seus colegas, participando dos fóruns, dos chats e das aulas com
grande entusiasmo. Não se contente apenas com o que for apresentado, pois
estudar é um processo contínuo e eu espero que você seja uma pessoa faminta
por conhecimento. Busque mais informações e conte comigo para ajudá-lo(a)!

A própria luta em direção ao topo é suficiente para pre-


encher um coração humano. (Albert Camus)

7
1
Gestão da Informação
em uma Economia
Global
1 Gestão da Informação em uma Economia
Global

A gestão da informação tem sido amplamente utilizada em empresas e organi-


zações de todo o mundo, independentemente do ramo de atuação, e pratica-
mente todos os departamentos de uma empresa utilizam sistemas de informa-
ção, principalmente aqueles relacionados à áreas de negócio, em que a gestão
das informações auxiliam constantemente no monitoramento das atividades e
nas tomadas de decisões.
Com o aumento do comércio internacional e com o uso da internet, as mu-
danças na sociedade tornaram-se evidentes quanto à forma de tratar os dados
para estes gerarem informações e, consequentemente, conhecimento para as
empresas. A gestão do conhecimento, por sua vez, depende diretamente de in-
formações de qualidade, por isso é que o gerenciamento das informações vem
sendo aprimorado e buscado pelas empresas para um modo eficaz de utilizá-
-las a seu favor.
Neste capítulo veremos como a informação pode ser gerenciada, a partir da
compreensão da gestão da informação por meio das tecnologias da informa-
ção. Veremos ainda os principais conceitos que envolvem a gestão da informa-
ção e sua importância.

OBJETIVOS
• Aprender os conceitos sobre Gestão da Informação
• Conhecer a Gestão da Informação no mundo contemporâneo
• Compreender o papel do gestor e da gestão da informação
• Conhecer o método da gestão em quatro passos

VOCÊ SE LEMBRA?
Você já ouviu alguém falar ou mesmo já falou sobre algum destes termos?
• Tecnologia da Informação
• Conhecimento
• Computação

10 • capítulo 1
• Informação
• Sistemas

Já? Não?
Talvez nem todos?
Tudo bem, não tem problema. Vamos começar definindo alguns deles, cruciais no desen-
volvimento do nosso tema principal, que será apresentar a Tecnologia da Informação a vocês!
Bom trabalho a todos nós!

1.1 O que é Gestão da Informação

Há séculos, observamos mudanças afetarem comportamentos na sociedade e


influenciar a economia de todo o mundo. Foi assim com a agricultura, com a
Revolução Industrial e recentemente com a era da informação e do conheci-
mento. O avanço tecnológico aliado a sistemas de informações, tem proporcio-
nado uma intensa evolução no tratamento de dados e, consequentemente, na
geração de informações precisas e de qualidade. A informação tem se tornado
um ativo valioso nas empresas e organizações, fazendo parte do planejamento
estratégico, em busca de vantagem competitiva. De acordo com Stewart (2002,
p. 31) “O conhecimento e a informação estão embutidos cada vez mais em to-
dos os nossos produtos de uso cotidiano” (DUARTE, 2007).
Buckland (1991) classifica os usos mais comuns do termo informação, tra-
tando-a como processo, conhecimento e coisa (AMORIM, 2011). Além desta
identificação, também é preciso considerar a finalidade desta informação para
a organização, que, de acordo com Moresi (2000), classifica-a como informação
sem interesse, informação potencial, informação mínima e informação crítica.
Com essa valorização da informação e pela necessidade de gerenciá-la, é
importante destacar o conceito de Gestão da Informação (GI):

capítulo 1 • 11
[...] é um processo mediante o qual se obtém, desdobram ou utilizam recursos básicos
(econômicos, físicos, humanos, materiais) para conduzir a informação no âmbito da so-
ciedade a qual serve. Tem como elemento básico a gestão do ciclo de vida deste re-
curso e ocorre em qualquer organização. É própria também de unidades especializadas
que conduzem este recurso em forma intensiva, chamadas unidades de informação.
(PONJUÁN DANTE, 2004, p. 17-18).

De acordo com Duarte (2007), a Gestão da Informação, no contexto da Ciência da


Informação, adotando princípios da Administração, é visualizada como umconjunto de
conceitos, princípios, métodos e técnicas utilizados na prática administrativa e coloca-
dos em execução pela liderança de um serviço de informação [...] para atingir a missão
e os objetivos fixados (DIAS, 2003, p.65).

Alguns autores, como Rowley (1998), também consideram a GI como uma


resposta à busca pela inovação, por aprimorar a forma de lidar com o grande vo-
lume de dados, melhorando o fluxo, controle, análise e síntese das informações
para tomadas de decisão nas organizações.
A informação faz parte da essência das organizações e é encontrada em toda
a sua estrutura, com fluxo contínuo entre departamentos e diferentes áreas
funcionais.

No contexto organizacional, a informação é como poeira em suspensão em um cômodo


escuro que, apenas quando iluminada por um facho de luz, torna-se visível. Esse é o
paradoxo da visão informacional das organizações: é exatamente por ser ubíqua que a
informação se torna mais difícil de ser enxergada. Sob esse ângulo, pode-se considerar
que todo o corpo de conhecimento sobre organizações tem a ver, de forma ou de outra,
com seus diversos processos e estoques informacionais. (BARBOSA, 2003, p. 11).

Segundo Baltzan (2011, p. 6), para gerir um negócio bem-sucedido, é preci-


so compreender o impacto direto que a informação tem sobre o resultado final
de uma organização. Como a tecnologia da informação está em toda parte nos
negócios, a gestão dessas informações auxiliam fortemente na tomada de de-
cisões nas organizações e ainda ampliam a capacidade de gestão do negócio,
por meio de relatórios e cruzamentos de dados diversos que visam atender a
diferentes necessidades específicas em uma empresa.

12 • capítulo 1
O uso de tecnologias da informação nos negócios impulsionam a economia
e proporcionam maiores benefícios a áreas como atendimento ao consumidor,
finanças, vendas e marketing e outras áreas, como pode ser visto na figura 1.

Função de negócio que recebe os maiores benefícios


da tecnologia da informação
Atendimento ao consumidor 70%
Finanças 51%
Vendas e marketing 42%
Operações de TI 39%
Gerenciamento de operações 31%
RH 17%
Segurança 17%

Figura 1 – Funções de negócios que recebem os maiores benefícios da tecnologia da infor-


mação
Fonte: Adaptado de (BALTZAN, 2012 p. 7).

De acordo com Choo (2003), o objetivo da Gestão da Informação está rela-


cionado com o aproveitamento dos recursos e capacidades informacionais, de
modo que a organização compreenda e se adapte ao ambiente de mudança. Se-
gundo Davenport (1994, p. 84) “Grandes volumes de informação entram e saem
das organizações sem que ninguém tenha plena consciência de seu impacto,
valor ou custo”. Isso aponta um dos principais motivos para que empresas e or-
ganizações gerenciem suas informações, sendo um componente essencial para
o sucesso na gestão e manutenção de vantagem competitiva (AMORIM, 2011).
O modelo de gestão da empresa é importante para que a GI tenha condições
de atender à sua própria necessidade. Modelos, princípios e procedimentos
estabelecidos são fundamentais para que a informação tenha fluidez dentro
da organização, sendo importante o estabelecimento de uma arquitetura bem
como sistemas de informações que sejam capazes de representar fielmente o
processo de gestão empresarial (AMORIN, 2011). Sendo assim, destaca-se a re-
levância de gerenciar os processos organizacionais, pois:

capítulo 1 • 13
A gestão da informação mudou seu foco inicial de gestão de documentos e dados para
recursos informacionais [...] cuja principal finalidade é o acompanhamento eficiente de
processos, o apoio à tomada de decisões estratégicas e a obtenção de vantagem com-
petitiva em relação aos concorrentes. (TAPARANOFF, 2006, p. 23-24).

A gestão da informação tem o propósito de responder a esta demanda que


as organizações e empresas enfrentam com grande fluxo de dados e informa-
ções, de maneira estratégica, proporcionando otimização no desempenho des-
tas rotinas, agregando valor ao negócio e garantindo a vantagem competitiva
por meio de sistemas de informações (OLIVEIRA, 2005).
Já que estamos estudando definições e aplicações sobre gestão da informa-
ção, vamos então compreender melhor alguns conceitos básicos sobre tecnolo-
gia da informação, sua formação, dado, informação e conhecimento.

1.1.1 Definindo Tecnologia da Informação

O termo Tecnologia da Informação (TI), apesar de não ser um termo novo, é o


nosso “termo da moda”! Isso mesmo! São diversas as nomenclaturas usadas
quando queremos nos referir a sistemas que envolvam informação e o proces-
samento automatizado desta, como, por exemplo, computação, informática,
sistemas computacionais, sistemas de informação. Para começarmos nossa
viagem a este mundo em que vocês, com certeza, já estão inseridos, vamos
analisar as definições desses vários termos e discutir o porquê de nosso estu-
do. Abaixo, nós temos termos-chave e iniciais para nosso estudo definidos de
acordo com o dicionário Houaiss:

CONCEITO
Tecnologia
• 1 – teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instru-
mentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana (p.ex., indústria, ciência etc.). Ex.:
o estudo da t. é fundamental na informática.

14 • capítulo 1
Informação
Ato ou efeito de informar(-se)
• 1 – comunicação ou recepção de um conhecimento ou juízo
• 2 – o conhecimento obtido por meio de investigação ou instrução; esclarecimento, explica-
ção, indicação, comunicação, informe
• 8 – elemento ou sistema capaz de ser transmitido por um sinal ou combinação de sinais
pertencentes a um repertório finito
• 11 – Rubrica: informática.
mensagem suscetível de ser tratada pelos meios informáticos; conteúdo dessa mensa-
gem
• interpretação ou significado dos dados
• produto do processamento de dados

Computação
Ação ou efeito de computar
1 – Cômputo, cálculo, contagem; operação matemática ou lógica realizada
por regras práticas preestabelecidas.
Ex.: <c. de um prazo> <c. de uma dívida>
2 – Rubrica: informática.
m.q. processamento de dados.
3 – Derivação: por metonímia.
Ação ou atividade exercida por meio de computadores eletrônicos.

Sistema
2.1 – Derivação: por extensão de sentido.
Qualquer conjunto natural constituído de partes e elementos interdepen-
dentes.
Ex.: <s. planetário> <s. animal, vegetal, mineral etc.> <s. auditivo> <s. ner-
voso>
2.2 – Derivação: por extensão de sentido.
Arrolamento de unidades e combinação de meios e processos que visem à
produção de certo resultado.
Ex.: <s. eleitoral> <s. curricular> <s. educacional> <s. financeiro>

capítulo 1 • 15
2.2.1 – Derivação: por extensão de sentido.
Inter-relação das partes, elementos ou unidades que fazem funcionar uma
estrutura organizada.
Ex.: <s. computacional> <s. de irrigação> <s. de sinais de trânsito> <s. viá-
rio>

Informática
Ramo do conhecimento dedicado ao tratamento da informação mediante o
uso de computadores e demais dispositivos de processamento de dados

Processar
Rubrica: informática.
Submeter a processamento de dados; organizar dados, de acordo com a se-
quência de instruções codificada num programa

Automático
Rubrica: tecnologia.
Que funciona por si, dispensando operadores (diz-se de aparelho)
Ex.: arma a.

Pelas diversas definições que vimos, podemos agora escrever a nossa pró-
pria interpretação da Tecnologia da Informação. A minha é que a Tecnologia
da Informação reúne métodos e técnicas que se tornaram automáticos em sua
maioria e que servem para manipulação da informação. Por exemplo, o celular
é um dispositivo eletrônico que manipula informações de maneira automática
para prover ao seu usuário a capacidade de conversar com pessoas distantes de
si.

ATIVIDADE 1
Esta foi a minha definição. E a sua? Pense e escreva a sua própria definição para Tecnologia
da Informação. Depois disto, faça uma pesquisa na Internet (que será um dos assuntos do
nosso material) e veja se encontra novas definições. Faça comparações, discuta com seus
colegas e com seu professor!

16 • capítulo 1
CONEXÃO
Recomendações 1
Assista ao filme sobre a importância da informação de Waldez Ludwig, disponível em <http://
www.youtube.com/watch?v=IvJKT-92uDw>

1.1.2 Do que é formada a Tecnologia da Informação (TI)?

Ao analisarmos as definições anteriores e nossa própria definição de TI, foi


possível notar que ela depende (ou é formada) de alguns componentes, ou não?
Os componentes que formam a TI são:
• hardware;
• software;
• banco de dados;
• redes de telecomunicações;
• nós, os usuários finais.

A figura a seguir exemplifica os componentes da TI:

Pessoas

Software

Hardware

Dados

Redes

Figura 2 – Componentes da Tecnologia da Informação


Fonte: Adaptado de (O´BRIEN, 2004)

Mas como fica a relação entre esses componentes e a TI?

capítulo 1 • 17
• As pessoas dependem da Tecnologia da Informação para manipular in-
formações (transmitir ou receber, guardar, recuperar etc).
• Esta manipulação da informação é feita por meio de software de compu-
tador. O software é a descrição das tarefas necessárias às pessoas, mas
uma descrição de forma que o hardware do computador entende.
• Já o hardware reúne os componentes eletrônicos, que farão o real “pro-
cessamento dos dados”.
• Os dados são a representação das informações das pessoas num formato
que possa ser armazenado.
• E tudo isto pode ser feito localmente (ou seja, isoladamente) ou usando
recursos e computadores remotos. Assim, no último caso, seria necessá-
ria uma infraestrutura de comunicação, também chamada de rede!

Um dos maiores desafios hoje é a comunicação eficaz entre o pessoal de negócios e o


pessoal de TI.

1.1.3 Como podemos definir dado, informação e conhecimento?

Vamos discutir um pouco esses conceitos e as diferenças entre eles?


Abaixo, apresento trechos da definição dada pelo professor Dr. Valdemar
W. Setzer, disponibilizada em:
• <http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/dado-info.html>

Segundo o professor Dr. Valdemar Setzer, podemos dizer que dado é:

(...) uma sequência de símbolos quantificados ou quantificáveis. Portanto, um texto é um


dado. De fato, as letras são símbolos quantificados, já que o alfabeto, sendo um conjunto
finito, pode por si só constituir uma base numérica (a base hexadecimal emprega tradi-
cionalmente, além dos 10 dígitos decimais, as letras de A a E). Também são dados fotos,
figuras, sons gravados e animação, pois todos podem ser quantificados a ponto de se
ter eventualmente dificuldade de distinguir a sua reprodução, a partir da representação
quantificada, com o original. É muito importante notar-se que, mesmo se incompreensível
para o leitor, qualquer texto constitui um dado ou uma sequência de dados [...]

18 • capítulo 1
Segundo o Dr. Setzer, o dado é uma entidade matemática puramente sin-
tática, ou seja, os dados podem ser descritos por estruturas de representação.
Assim sendo, podemos dizer que o computador é capaz de armazenar dados.
Estes dados podem ser quantificados, conectados entre si e manipulados pelo
Processamento de Dados.
Podemos definir dado também como unidades básicas a partir das quais
as informações poderão ser elaboradas ou obtidas. São fatos brutos, ainda não
organizados nem processados.
Já a informação seria:

[...] uma abstração informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógica
ou matemática), que está na mente de alguém, representando algo significativo para
essa pessoa. Note-se que isto não é uma definição, é uma caracterização, porque “algo”,
“significativo” e “alguém” não estão bem definidos; assumo aqui um entendimento intui-
tivo (ingênuo) desses termos. Por exemplo, a frase “Paris é uma cidade fascinante” é um
exemplo de informação – desde que seja lida ou ouvida por alguém, desde que “Paris”
signifique para essa pessoa a capital da França (supondo-se que o autor da frase queria
referir-se a essa cidade) e “fascinante” tenha a qualidade usual e intuitiva associada com
essa palavra.

Assim, a informação depende de algum tipo de relacionamento, avaliação


ou interpretação dos dados.
Veja também que informação e dado mantêm relações:

[...] Se a representação da informação for feita por meio de dados, como na frase sobre
Paris, pode ser armazenada em um computador. Mas, atenção, o que é armazenado
na máquina não é a informação, mas a sua representação em forma de dados. Essa
representação pode ser transformada pela máquina, como na formatação de um texto,
o que seria uma transformação sintática. A máquina não pode mudar o significado a
partir deste, já que ele depende de uma pessoa que possui a informação. Obviamente,
a máquina pode embaralhar os dados de modo que eles passem a ser ininteligíveis pela
pessoa que os recebe, deixando de ser informação para essa pessoa. Além disso, é pos-
sível transformar a representação de uma informação de modo que mude de informação
para quem a recebe (por exemplo, o computador pode mudar o nome da cidade de Paris
para Londres).

capítulo 1 • 19
Houve mudança no significado para o receptor, mas no computador a alteração foi pu-
ramente sintática, uma manipulação matemática de dados.
Assim, não é possível processar informação diretamente em um computador. Para isso
é necessário reduzi-la a dados. No exemplo, “fascinante” teria que ser quantificado,
usando-se por exemplo uma escala de zero a quatro. Mas então isso não seria mais
informação [...].

Podemos agrupar dados isolados e torná-los consistentes ao se transfor-


marem em informações. Por exemplo, se tivermos um conjunto de dados que
descreva a temperatura do ambiente num local, horário e data, poderíamos ter
a seguinte relação:

Em Ribeirão Preto, SP,


no dia 3 de fevereiro,
15h10
às 15h10 estava uma
temperatura de 24°.
3 de fevereiro
Processamento

Entrada Classificar Saída

(Dados) Filtrar (Informações)

Organizar
Ribeirão
24°
Preto/ SP

Figura 3
Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

Assim, o conjunto de dados inicial foi organizado de maneira que “faça sen-
tido” àqueles que o estiverem lendo. Isto os torna informação. No entanto, a
representação no computador é feita baseada nos dados.
Veremos mais detalhes disto no capítulo sobre Fundamentos da Inteligên-
cia de negócios: gerenciamento da informação e de banco de dados (Capítulo 5).
E como fica o conhecimento?

20 • capítulo 1
Caracterizo Conhecimento como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi expe-
rimentado, vivenciado, por alguém. Continuando o exemplo, alguém tem algum conheci-
mento de Paris somente se a visitou.

Desta maneira, o conhecimento precisa ser descrito por informações.

[...] A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação
em forma de dados (se bem que, estando na máquina, deixa de ser informação). Como
o conhecimento não é sujeito a representações, não pode ser inserido em um com-
putador. Assim, neste sentido, é absolutamente equivocado falar-se de uma “base de
conhecimento” em um computador. O que se tem é, de fato, é uma tradicional “base (ou
banco) de dados”.
Um nenê de alguns meses tem muito conhecimento (por exemplo, reconhece a mãe,
sabe que chorando ganha comida, etc.). Mas não se pode dizer que ele tem informações,
pois não associa conceitos. Do mesmo modo, nesta conceituação não se pode dizer que
um animal tem informação, mas certamente tem muito conhecimento. [...]

A informação, segundo o Dr. Setzer, associa-se à semântica, enquanto o co-


nhecimento está associado à pragmática, ou seja, algo existente no mundo real.
Então, será que é impossível aos computadores manipularem conhecimen-
to? Será que não há computadores capazes de armazenar tais conhecimentos?
É uma discussão que deixo para vocês e para conversarmos no chat, no fórum
e nas aulas!

CONEXÃO
Recomendações 2
Leia na íntegra o artigo do Dr. Setzer em: <http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/dado-info.html>

capítulo 1 • 21
ATIVIDADE 2
Leia o artigo do Box Conexão 1.1.3, faça buscas de novas fontes e discuta este tema com
seus colegas. Depois, diga-me: Será que sistemas computacionais podem manipular o co-
nhecimento?

1.2 Gestão da Informação no mundo contemporâneo

A Gestão da Informação no mundo contemporâneo tem sofrido grandes avan-


ços devido ao crescimento geral na área da Tecnologia da Informação (TI). A
área de TI, por meio do uso de sistemas de informações, proporciona soluções
diversas e permite que grandes volumes de dados sejam tratados e analisados,
transformando-os em informação e posteriormente em conhecimento para as
empresas, agregando valor e contribuindo para o seu crescimento.

A função da TI
A função da TI é apoiar diretamente todas as áreas funcionais da organização, o que im-
plica fornecer, com responsabilidade, a informação que cada área funcional necessita
para a tomada de decisões. O objetivo geral da equipe de TI é ajudar usuários a aumen-
tar seu desempenho e a resolver problemas de negócios usando a TI. Para conseguir
este objetivo, o pessoal de TI precisa entender tanto das necessidades de informação
quanto da tecnologia associada a cada área funcional. Dada sua posição, entretanto,
eles precisam primeiramente pensar nas “necessidades de negócio” e depois na “tec-
nologia” (RAINER, 2012, p. 24).

Uma organização moderna, que utiliza sistemas de informações gerenciais,


processa muitos recursos e ferramentas que lidam com informação, envolven-
do hardwares, softwares (sistemas e aplicações), dados e redes. Nas empresas,
esses sistemas de informação e aplicações de ordem gerencial têm sido alinha-
dos de acordo com as estratégias das empresas, necessitando então que os sof-
twares respondam a problemas de negócios e, principalmente, auxiliem gesto-
res em suas tomadas de decisões.
De acordo com Rainer (2012, p. 53), os Departamentos de Sistemas de In-

22 • capítulo 1
formação (DSI) e usuários finais devem trabalhar juntos visando sempre à co-
operação de todos, já que o papel do DSI está mudando de uma abordagem
puramente técnica para uma visão mais administrativa e estratégica.
Assim, ainda segundo Rainer (2012, p. 53), as principais funções tradicio-
nais dos sistemas de informação são:
• administrar o desenvolvimento de sistemas e gerenciar projetos de sis-
temas;
• administrar as operações dos computadores, inclusive o centro de com-
putação;
• contratar, treinar e desenvolver funcionários com habilidades de SI.
• prestar serviços técnicos;
• planejar, desenvolver e controlar a infraestrutura.

E, para as principais funções novas (de consultoria) de SI, Rainer (2012,


p.53) aponta:
• iniciar e projetar sistemas de informações estratégicos específicos;
• incorporar a internet e o comércio eletrônico aos negócios;
• gerenciar a integração entre sistemas, incluindo internet. intranet e ex-
tranets;
• ensinar TI aos gerentes de outros departamentos;
• educar a equipe de TI sobre os negócios;
• apoiar a computação de usuário final;
• trabalhar em parceria com os executivos;
• administrar a terceirização;
• usar proativamente o conhecimento técnico e de negócios para semear
ideias inovadoras sobre a TI;
• criar alianças comerciais com fornecedores e departamentos de SI de ou-
tras organizações.

1.2.1 Como a TI pode ser usada nas empresas e pelas pessoas?

Vamos comparar situações (casos) em que podemos usar a Tecnologia da Infor-


mação (TI) para melhoraria e otimização dos processos envolvidos. Em geral,
isto também garantirá mais satisfação para as pessoas ou as empresas usuárias
nestas situações. Vamos fazer as comparações considerando um cenário sem o
uso da TI e com o uso da TI.

capítulo 1 • 23
Caso 1 – Compra de equipamentos ou bens de consumo pelas pessoas
Sem a TI
No formato tradicional, você visitaria algumas lojas que comercializam o
produto que deseja. Perguntaria sobre preços, condições de pagamento, prazos
de entrega. Faria as devidas comparações, “choraria” por um descontinho, até
escolher e, enfim, realizaria a compra. Muitas vezes você sairia da loja com o
produto (depende do tamanho do produto e de a loja tê-lo à pronta entrega!).
Com a TI
Você entra on-line no site da loja que comercializa os produtos que deseja.
Através do site destas empresas, você pode comprar os itens diretamente e pedir
que sejam enviados à sua residência. Ou, então, você entra on-line em sites como
o Buscapé1 e solicita aos sistemas de busca do site que localizem as empresas que
vendam o produto da sua escolha. Então você recebe a informação na tela de seu
computador sobre os sites encontrados que vendem o seu produto, bem como
os valores, as condições de pagamento e os prazos de entrega de cada um deles.
Adaptado de (TURBAN, JR. e POTTER, 2005)

Quer ver um exemplo?


• Entre em <www.buscape.com.br.>
• Onde eu (isto, eu mesmo!) digitei “DIGITE AQUI O NOME DO PRODU-
TO”, escreva o nome do produto que quer buscar. Vamos tentar uma TV
LCD Samsung de 40 polegadas?
REPRODUÇÃO

Figura 4

1 Disponível em www.buscape.com.br

24 • capítulo 1
Veja que, após a busca, vieram vários resultados, pois não especificamos
modelo.
Vamos clicar no segundo item (pois está mais barato!) e ver as comparações
das lojas que vendem este modelo. Na minha busca, este segundo item foi o
modelo LN40B530.
REPRODUÇÃO

Figura 5

Após clicar no segundo item (em “Compare Preços”), o site nos retornou di-
versas opções de loja vendendo determinado produto. Podemos verificar o que
os usuários acharam do produto (opinião dos usuários), fazer comparações, ve-
rificar a qualificação das lojas, dentre outros.

capítulo 1 • 25
REPRODUÇÃO
Figura 6

Veja que podemos, rapidamente, encontrar melhores opções de compra


para um determinado produto. Outra opção seria perguntar para seus vizinhos
e amigos sobre o produto que deseja comprar. Verificar se eles conhecem este
produto ou saibam de alguém que conheça. Além disto, você poderia visitar
umas 20 lojas diferentes, perguntar aos vendedores sobre o produto que dese-
ja, comparar os preços e as opções de pagamento. Pareceu difícil? Então você
percebeu como a TI pode nos ajudar?

Caso 2 – Compra de livros


Sem a TI
Basta ir a uma livraria próxima e comprar os livros que deseja. Existem livra-
rias que comercializam livros usados. Assim você poderá vender os livros que
comprou, posteriormente.
Com a TI
Você entra no site da editora que publica os livros ou num site que comercializa
apenas (e não necessariamente publica! Ex. Amazon.com, Submarino etc.), faz a
compra, escolhe para onde os livros devem ser enviados!

26 • capítulo 1
Caso 3 – Compra em supermercado
Sem a TI
Você vai ao supermercado de sua preferência, passeia por ele escolhendo
seus produtos. Às vezes você compra mais do que precisa (principalmente al-
gumas guloseimas!). Coloca tudo no carrinho de compras e vai para a fila dos
caixas. Lá, dependendo do dia, você espera um pouquinho ou espera muito!
Depois passa os itens pelo caixa, faz o pagamento em cheque, dinheiro, cartão
de crédito ou débito, coloca as compras em sacolas e leva para a casa. Alguns
supermercados oferecem a entrega das compras.
Com a TI
Alguns supermercados estão se reformulando para permitir que você leve
seus itens a um quiosque de autoatendimento, onde você passa o código de
barras de cada item em uma leitora. Depois de ter passado todos os seus itens,
o quiosque oferece instruções sobre como pagar, seja em dinheiro, cartão de
crédito ou de débito. Nestes cenários, a espera na fila do caixa tende a ser bas-
tante reduzida.
Adaptado de (TURBAN, JR. e POTTER, 2005)

Caso 4 – Televisão interativa


Sem a TI
É o formato da TV convencional, ou seja, você pode mudar de canal! O nú-
mero de canais é reduzido e você não tem acesso eletrônico à programação do
canal.
Com a TI
Hoje, no Brasil, a TV digital já chegou e é uma das grandes novidades tecno-
lógicas. Em breve seremos capazes de participar de votações on-line (enquanto
assistimos ao nosso próprio programa), teremos mais recursos para a progra-
mação da TV e quem sabe até um canal de compras! Você sabe eletronicamente
da programação da TV e pode interagir!

Caso 5 – A TI usada por diferentes áreas de uma empresa


Sem a TI
Todo o controle das empresas poderia ser feito via anotações em papel.
Além disso, o funcionamento dos procedimentos ficava com as pessoas que os
desempenhavam.

capítulo 1 • 27
Com a TI
O controle pode ser feito pelo uso de sistemas de computador. O funciona-
mento dos procedimentos pode ser escrito nestes sistemas e, assim, fica mais
fácil aprender e passar adiante tais conhecimentos.
A TI pode ser usada desde o controle de entrada e saída dos funcionários
da empresa até para fazer previsões de lucros em investimentos da empresa.
Nas áreas financeiras e de contabilidade, a TI pode ser usada por gerentes para
previsão de receitas e despesas, para gerenciamento do fluxo de caixa, realizar
auditorias, entre outras atividades.
Em vendas, em marketing, os gerentes utilizam a TI para definir os preços
dos produtos e serviços, definir campanhas de vendas, acompanhar o anda-
mento das vendas, gerenciar o relacionamento com o cliente, entre outras ati-
vidades.
Adaptado de (TURBAN, JR. e POTTER, 2005)

1.2.2 Tecnologias de Informação e Carreiras

Vimos exemplos de aplicação da TI em alguns cenários. Vimos também algu-


mas definições iniciais sobre os termos tecnologia, informação, conhecimento
etc. Você já parou e pensou: “tudo bem, mas e quanto à minha carreira, o que a
TI tem a ver com ela?”
É isto que vamos discutir agora. Vamos apresentar o relacionamento de TI
com algumas áreas e carreiras.

CONEXÃO
Recomendações 1.4
Para se aprofundar mais sobre a importância da TI nas empresas, leia alguns artigos:
<http://tribunaemfoco.wordpress.com/2007/06/26/tecnologia-da-informacao-e-sua-
importancia-no-mundo-globalizado/>
<http://www.gestaodecarreira.com.br/coaching/blog-de-ti/a-importancia-do-ti-na-sua-
empresa.html>

28 • capítulo 1
1.2.2.1 Contabilidade
A Contabilidade foi uma das primeiras áreas a usar computadores. Desde a dé-
cada de 1950, com o lançamento dos primeiros computadores para uso comer-
cial, diversos foram os esforços no desenvolvimento de sistemas de informação
contábeis, como sistema para controle de folha de pagamento, livros de escri-
turação, dentre outros. Cada vez mais os contadores passaram a depender de
sistemas de informação para criação de registros financeiros, organização de
dados, análises financeiras, enfim, tarefas que podem (e podiam) ser realizadas
sem o uso de meios tecnológicos, mas que, face ao volume de informações hoje
existente, torna-se impraticável. Podemos enumerar algumas competências em
Tecnologia da Informação interessantes para os estudantes de contabilidade:
• Conhecimento das mudanças na Tecnologia da Informação que é usada
nas empresas, nos órgãos públicos, em consultorias. Estas mudanças es-
tão relacionadas a hardware, software e meios de telecomunicação.
• Compreensão das aplicações contábeis e financeiras para garantir que
as empresas mantenham registros contábeis corretos.
• Saber como usar os sistemas para emissão de relatórios financeiros cor-
porativos em escala nacional ou global.
• Como temos muitos sistemas que usam a internet como infraestrutura,
é interessante conhecer sobre transações on-line, ambiente de negócios
móvel, segurança de redes etc.

Imagine, por exemplo, a abertura de uma nova fábrica de calçados em outro


país. Trata-se de uma decisão estratégica, que precisará de conhecimentos e
informações para embasá-la. Os gerentes financeiros e contábeis precisam da
Tecnologia da Informação para calcular e analisar este investimento, prevendo
receitas e determinando melhor a utilização dos recursos, além de permitir a
realização de auditorias para que o investimento mantenha-se mais seguro e os
cálculos, mais exatos!

1.2.2.2 Administração
Os administradores desenvolvem ampla gama de atividades em todos os seto-
res da economia. Estas atividades incluem liderança, planejamento, coordena-
ção, organização e comunicação em equipes de trabalho. Também são respon-
sáveis pela operação eficiente das empresas e pela supervisão dos funcionários.

capítulo 1 • 29
Grande parte dos postos de trabalho atuais exige diploma universitário, capaci-
dade de liderança, habilidades de redação, apresentação e análise crítica.
Os conhecimentos sobre Tecnologia da Informação também são exigidos.
Cada vez mais o uso de tecnologias digitais como Internet, celulares e smartpho-
nes, e-mail etc. permitem aos administradores o monitoramento das ativida-
des, a coordenação do relacionamento com clientes e funcionários e a tomada
de decisões de maneira cada vez mais precisa.
O trabalho dos administradores foi e tem sido transformado pelo grande
uso de Tecnologia da Informação. Algumas competências aos estudantes de
administração que podemos citar em relação à TI são:
• conhecimento das novidades em hardware e software que possam ser
usadas na administração mais eficiente dos negócios;
• entender, por exemplo, por que bancos de dados desempenham uma
função importante na administração dos recursos de informações da
empresa;
• compreender os sistemas de informação corporativos para gestão de
produção, gestão das vendas, do relacionamento com clientes e forne-
cedores etc.;
• conhecer e compreender os sistemas que integram os sistemas anteriores.

1.2.2.3 Turismo
Os avanços na Tecnologia da Informação e comunicação nos últimos trinta
anos revolucionaram a maneira de comercializar produtos e serviços ligados
a viagens (MARÍN, 2004). São inúmeros os portais hoje existentes que permi-
tem ao consumidor final montar seu próprio pacote de viagens de férias, por
exemplo. O número de opções de sistemas tecnológicos disponíveis que pos-
sam auxiliar o agente de viagens é muito vasto. Por isso, algumas necessidades
importantes que podemos ressaltar são:
• compreender tanto as alternativas como a maneira de usar sistemas de
informação para melhor atender os clientes;
• compreender sistemas que auxiliem na montagem de pacotes específi-
cos para clientes;
• entender e conhecer sistemas de comunicação para auxiliar o cliente em
suas viagens, além de sistemas para pagamentos on-line, agendamentos
e reservas etc.;
• conhecer e compreender sistemas de buscas e sistemas de mapas on-line;
• conhecer e saber operar um Sistema Global de Distribuição (GDS).

30 • capítulo 1
1.2.2.4 Economia e finanças
O setor de serviços financeiros, imobiliários, securitários, acionários, bancá-
rios é um setor muito grande. O crescimento, no mundo e sobretudo no Brasil,
está acima da média. Com este crescimento, o aumento do número de postos
de trabalho também será muito grande. Para isto, os estudantes nesta área pre-
cisarão de sólidos conhecimentos nas ferramentas que os apoiarão no merca-
do de trabalho. Algumas habilidades que podemos citar são:
• conhecimento das tecnologias de hardware e software usadas em apli-
cações financeiras, gerenciamento de fluxo de caixa, gerenciamento de
riscos;
• compreender os sistemas on-line de transações;
• aprender e compreender sistemas que funcionem em tempo real, como
bolsas de valores etc.;
• domínio de ferramentas como relatórios financeiros, sistemas que usem
inteligência artificial ou descoberta de conhecimento em base de dados
para auxiliar na tomada de decisões etc.

1.2.2.5 Marketing
A Internet mostrou novos conceitos à área de marketing e publicidade. Alguns
destes surgiram com a própria Internet. O comércio eletrônico expande-se ra-
pidamente pela Internet e isto tem atraído diversos investimentos na área de
publicidade on-line. Seja qual for a categoria profissional de marketing, os co-
nhecimento em tecnologia da informação serão cruciais, pois atividades como
branding (Gestão de Marcas), promoção e relações públicas envolvem cada vez
mais o domínio de sistemas de informação e tecnologias relacionadas à Inter-
net. Algumas habilidades que podemos citar aos futuros profissionais são:
• capacidade para entender como as tecnologias de hardware e software
podem auxiliar nas atividades de marketing, como desenvolvimento de
marcas, promoção, vendas etc.
• conhecer e compreender as tecnologias relacionadas à Internet e como
elas influenciam em campanhas de marketing social, por exemplo;
• aprender o poder que os bancos de dados e as tecnologias para explora-
ção dos dados possuem na análise do comportamento do cliente;
• compreender como os sistemas corporativos e os sistemas de gerencia-
mento do relacionamento com os clientes podem ser usados no desen-
volvimento de produtos e análise de demanda.

capítulo 1 • 31
1.2.2.6 Gestão de Tecnologia da Informação e desenvolvimento de sistemas
A administração de tecnologias de informação e de sistemas de informação é
outra importante carreira a ser apresentada e discutida.
Caso o profissional dessa área seja um gestor de Tecnologia da Informação,
algumas habilidades essenciais serão:
• profundo conhecimento de hardware e software usados pelas empresas
para auxiliar na aquisição ou substituição, visando a maior eficiência e
eficácia nas operações dos processos organizacionais;
• profundo conhecimento sobre como os sistemas de informação corpo-
rativos podem afetar a gestão da empresa e a produtividade, sobre como
estes sistemas podem gerir o relacionamento com os clientes e com for-
necedores;
• capacidade de liderar projetos de implantação de novos sistemas de in-
formação, de integrar uma equipe com profissionais de diversas áreas,
entender as necessidades tecnológicas do negócio e traduzi-las em ne-
cessidades de equipamentos, softwares e processos de trabalho apoiados
pela TI;
• conhecimentos sólidos em redes de computadores, softwares, banco de
dados, sistemas integrados etc.
• caso o profissional desta área seja um desenvolver ou engenheiro de sis-
temas, precisará de habilidades como:
• capacidade de compreender problemas e traduzi-los em ferramentas de
hardware e software que automatizem a solução destes problemas;
• capacidade de desenvolver tecnologias que facilitem o cotidiano das pes-
soas, seja nas empresas, em casa, no lazer;
• capacidade de aprimorar conhecimento e tecnologias existentes usando
recursos computacionais;
• necessidade de aprendizagem de ferramentas que possibilitam o desen-
volvimento de software;
• entender profundamente sobre redes de computadores e telecomunica-
ção, bancos de dados, arquitetura de computadores e sistemas operacio-
nais, segurança da informação etc.

32 • capítulo 1
ATIVIDADE 3
Nós falamos da importância da TI em várias áreas e carreiras. Veja que não falamos todas,
pois são muitas! Faltou falar das engenharias, da arquitetura, da pedagogia! Será que a TI
pode ser usada na pedagogia? E na física? Na medicina? Viu? Existem diversas outras car-
reiras que envolvem aprender e usar Tecnologia da Informação. Por isto, sua tarefa agora
será responder a duas atividades:
Qual a importância da TI para a sua área? A carreira que está cursando e que em breve
estará apto a desempenhar no mercado de trabalho.

1.3 O gestor e a Gestão da Informação

A informação está presente em praticamente tudo o que fazemos e utilizamos


em nosso dia a dia e no âmbito dos negócios, nas empresas e organizações.
Nos últimos anos, ela se transformou em um dos principais ativos, mesmo sen-
do um bem intangível, e sua importância se dá por vários motivos, principal-
mente por fazer parte da vida das pessoas e por ser utilizada em todas as áreas
funcionais de uma empresa. Como exemplo de suas aplicações, Rainer (2012,
p. 20) apresenta alguns exemplos como: pagar contas, vender coisas, procurar
por empregos e enviar currículos, efetuar reservas de viagens, procurar por con-
teúdos específicos em matérias e apresentações, encontrar, comprar e vender
produtos de empresas e outras pessoas, acessar informações por meio de sis-
temas, entre tantas outras possibilidades. Além dessas atividades, atualmente
estamos modificando algumas práticas do dia a dia. Por exemplo, passamos a
realizar algumas atividades de forma virtual, como, por exemplo, o uso de agen-
das, calculadoras, câmeras digitais e vários outros programas de escritório e
mídias para ouvir e gerenciar músicas e filmes.
Com todas essas possibilidades, a figura de um gestor para gerir informa-
ções torna-se necessário e, por isso, a área da Tecnologia da Informação (TI)
vem cada vez mais oferendo oportunidades de carreiras, com cargos específi-
cos para efetuar a gestão da informação e principalmente suas ferramentas e
sistemas. Esse quadro demanda a criação de cargos diferentes dos tradicionais,
como analistas de negócios, designers, analistas de sistemas e programadores,
ampliando para áreas emergentes, como Internet, segurança computacional re-
des, e-commerce e telecomunicações (RAINER, 2012 p. 22).

capítulo 1 • 33
ÁREA DESCRIÇÃO

Diretor de Tecnologia da O mais alto escalão de gerência de SI; responsável pelo planeja-
Informação (CIO) mento estratégico da organização.

Responsável pelo gerenciamento de todos os sistemas da


Diretor de Sistemas de
organização e pelas operações diárias de todos os sistemas de
Informação (IS Director)
informação.

Gerente de Centro de Gerencia os serviços de SI, como help desk, atendimento telefô-
Informações nico, treinamento e consultoria.

Gerente de Desenvolvi- Coordena e gerencia projetos de desenvolvimento de novos


mento de Aplicações sistemas.

Gerencia em especial o projeto de desenvolvimento de novos


Gerente de Projetos
sistemas.

Gerente de Sistemas Gerencia um sistema existente em particular.

Supervisiona diariamente as operações de um centro de dados


Gerente de Operações
ou de um centro computacional.

Gerente de Programação Coordena todos os esforços de programação de aplicativos.

É a interface entre usuário e programadores; determina


Analista de Sistemas requisitos de informação e especificações técnicas para novas
aplicações.

Focaliza o desenho de soluções para os problemas de negócios.


Analista de Negócios Faz a interface entre usuários e a TI, mostrando como esta pode
ser inovadora.

Desenvolvedor de Apli- Escreve código de computador para o desenvolvimento de novos


cações aplicativos ou dá manutenção em aplicativos existentes.

Gerente de Tecnologias
Prevê tendências tecnológicas, avalia e testa novas tecnologias.
Emergentes

Gerente de Redes Coordena e gerencia a rede de dados e é voz de uma organização.

Administrador de Banco Gerencia os bancos de dados da organização e inspeciona o uso


de Dados de software de gerenciamento de banco de dados.

34 • capítulo 1
ÁREA DESCRIÇÃO

Gerente de Auditoria ou
Gerencia o uso ético e legal dos sistemas de informação.
Segurança da Informação

Webmaster Gerencia o site da organização na world wide web.

Web Designer Cria sites e páginas web.

Tabela 1 – Áreas de atuação em Tecnologia da Informação (TI).


Fonte: Rainer (2012, p. 22)

Na tabela 1, Rainer (2012, p. 22) apresenta uma lista de cargos na área de


Tecnologia da Informação , na qual é possível notar como a Gestão da Informa-
ção tem sido segmentada por áreas e focos de atuação específicas.
Desempenhar esse tipo de gestão é uma tarefa para profissionais especia-
lizados. Assim, vale ressaltar que, além de profissionais relacionados à áreas
de gestão, informática e engenharia, há também profissionais com formação
específica na área que lida com conhecimento e informação, como é o caso dos
profissionais da área de biblioteconomia, comunicação social, arquivologia,
documentação, além das clássicas como gestão da informação e ciência da in-
formação (TEIXEIRA, 2008).
De acordo com Teixeira (2008), a gestão da informação é:

[...] um processo que consiste nas atividades de busca, identificação, classificação, pro-
cessamento, armazenamento e disseminação de informações, independentemente do
formato ou meio em que se encontra (seja em documentos físicos ou digitais).

Fonte: TEIXEIRA, H. 2008. O que é Gestão da Informação. Disponível em: <http://


comunicacaochapabranca.com.br/?p=179>. Acesso em: 08/06/2014.

Segundo SILVA (2007, p. 2), a gestão da informação está voltada ao conhe-


cimento que tem condições de ser coletado, processado e administrado, tor-
nando a informação um importante ativo para o compartilhamento do conhe-
cimento nas organizações.

capítulo 1 • 35
1.4 O método da gestão em quatro passos

Uma ferramenta de gestão com foco em melhora contínua muito utilizada por
várias empresas em todo o mundo é o Ciclo PDCA, também conhecido por Ci-
clo de Deming.
De acordo com Pacheco (2006),

O Ciclo PDCA, também conhecido como Ciclo de Shewhart, Ciclo da Qualidade ou Ciclo
de Deming, é uma metodologia que tem como função básica o auxílio no diagnóstico,
análise e prognóstico de problemas organizacionais, sendo extremamente útil para a so-
lução de problemas. Poucos instrumentos se mostram tão efetivos para a busca do aper-
feiçoamento quanto este método de melhoria contínua, tendo em vista que ele conduz
a ações sistemáticas que agilizam a obtenção de melhores resultados com a finalidade
de garantir a sobrevivência e o crescimento das organizações (QUINQUIOLO, 2002).

Este ciclo é baseado em um princípio de que a gestão de qualquer siste-


ma de produção necessita de quatro atividades sequenciais, sendo: planejar
(“Plan”), executar (“Do”), verificar (“Check”) e agir (“Act”). De acordo com Cher-
mont (2001), “o ciclo PDCA é uma maneira de se planejar efetivamente uma
ação, sendo bastante adequado porque não impõe uma regra, e sim uma filo-
sofia de ação”.
WIKIMEDIA

Figura 7 – O ciclo PDCA ou Ciclo de Deming

36 • capítulo 1
O estágio inicial do Ciclo PDCA é o planejamento da aação, para, em segui-
da, ser é executado tudo o que fora planejado inicialmente. Além do mais, são
realizadas verificações e novas ações. Por ser um ciclo, a cada vez os processos
são aperfeiçoados, contribuindo para a melhora contínua.
Periard (2011) descreve detalhadamente cada etapa:

P = Plan (planejamento): nesta etapa, o gestor deve estabele-


cer metas e/ou identificar os elementos causadores do pro-
blema que impede o alcance das metas esperadas. É preci-
so analisar os fatores que influenciam este problema, bem
como identificar as suas possíveis causas. Ao final, o gestor
precisa definir um plano de ação eficiente.

D = Do (fazer, execução): aqui é preciso realizar todas as ati-


vidades que foram previstas e planejadas dentro do plano de
ação.

C = Check (checagem, verificação): após planejar e por o pla-


no em prática, o gestor precisa monitorar e avaliar constan-
temente os resultados obtidos na execução das atividades.
Deve avaliar processos e resultados, confrontando-os com o
planejado, com objetivos, especificações e estado desejado,
consolidando as informações e eventualmente confeccio-
nando relatórios específicos.

A = Act (ação): nesta etapa, é preciso tomar as providências


estipuladas nas avaliações e nos relatórios sobre os proces-
sos. Se necessário, o gestor deve traçar novos planos de ação
para melhoria da qualidade do procedimento, visando sem-
pre à correção máxima de falhas e ao aprimoramento dos
processos da empresa.

Vale ressaltar que este ciclo pode seguir constantemente, sem ter a neces-
sidade de ter um fim determinado. O importante é efetuar as ações corretivas
quando terminar o primeiro ciclo e efetuar o planejamento do próximo ciclo já
realizando estes ajustes, promovendo a melhoria propriamente dita a cada ci-
clo. Caso uma etapa não seja respeitada ou não executada, o ciclo pode ser com-

capítulo 1 • 37
prometido de modo significativo, por isso estes processos devem ser conduzi-
dos de forma contínua, fazendo jus ao princípio deste método (PERIARD, 2011).

ATIVIDADE
1. Quanto vale a informação para você? Dê exemplos.

2. Quanto pode valer a informação para as empresas? Dê exemplos.

REFLEXÃO
Neste capítulo, nós falamos sobre definições acerca de temas relacionados à Tecnologia
da Informação, sobre informação, dado e conhecimento e o uso destes pela TI. Além disto,
falamos sobre as carreiras e a importância da TI nas empresas. Procure pensar, a partir da
leitura deste capítulo, como a TI influencia sua vida, sua carreira, seu lazer, enfim, qual o rela-
cionamento entre a TI e toda a sua rede social e de convivência.

LEITURA RECOMENDADA
Artigo – O papel da informação no processo de capacitação tecnológica das micro e peque-
nas empresas. Escrito por Paulo César Rezende de Carvalho Alvim.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0100-19651998000100004>

Livro – Administração de Sistemas de Informação, do autor Pedro Luiz Cortes. Livro muito
interessante e abrangente sobre o uso de sistemas de informação nas empresas. Aborda vá-
rios elementos que estudaremos vários capítulos. Para mais informações, veja as Referências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, F. B.; TOMAÉL, M. I. Gestão da informação e gestão do conhecimento na prática organizacional:
análise de estudos de casos. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação; Campinas; V8,
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38 • capítulo 1
BALTZAN, P. Sistemas de Informação. São Paulo: AMGH, 2012. 369p.

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n.5, p.351-360, 1991. Disponível em: http://people.ischool.berkeley.edu/~buckland/thing.html Acesso
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DUARTE, E. N; SILVA, A. K. A; COSTA, S. Q. Gestão da Informação do Conhecimento: práticas de


empresa “excelente em gestão empresarial” extensivas à unidades de informação. Inf. & Soc.: Est, João
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CÔRTES, P. L. Administração de sistemas de informação. São Paulo: Saraiva. 2008.

MARÍN, A. Tecnologia da informação nas agências de viagens: em busca da produtividade e do valor


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TURBAN, E.; JR., R. K. R. e POTTER, R. E. Administração de tecnologia da informação – Teoria e prática.


Rio de Janeiro: Campus. 2005.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Você já se perguntou como funciona um computador?
Sim? Ótimo!
Obteve a resposta? Não?
Sem problemas, pois nós vamos abordar este assunto no Capítulo 2, e você terá a oportuni-
dade de iniciar seus estudos e conhecer um pouco mais sobre Infraestrutura de TI, na visão
de hardwares. Vamos lá?

40 • capítulo 1
2
Infraestrutura de TI:
Hardware
2 Infraestrutura de TI: Hardware
As organizações tem investido em hardwares para ampliar a produtividade, a
receita e reduzir custos, oferecendo melhor serviço ao consumidor, com mais
velocidade, e propiciando o ambiente colaborativo entre seus funcionários.
Sem investimentos adequados na área de hardwares, muitas empresas acabam
ficando paradas com equipamentos obsoletos, sem confiança e sem poder tirar
proveito dos últimos recursos que os softwares podem proporcionar, compro-
metendo a vantagem competitiva da organização.
É importante que as pessoas tomadoras de decisão na empresa, ou seus ges-
tores, estejam alinhados com as necessidades e tendências em suas áreas, para
que possam efetuar boas escolhas na infraestrutura de TI, principalmente os
hardwares, e para que possam dar suporte ao bom funcionamento dos siste-
mas, softwares e garantir a estabilidade, consistência, segurança e performance
dos sistemas operados na organização.

OBJETIVOS
• Aprender sobre infraestrutura de TI, sob o ponto de vista do hardware
• Conhecer a história do computador e suas classificações;
• Identificar os principais componentes de hardware de um sistema de computador;
• Conhecer a arquitetura interna e o funcionamento de um computador.

VOCÊ SE LEMBRA?
Qual foi a última vez que você usou um computador? Foi hoje? Qual foi o tipo de computador
que você utilizou? Como funciona este computador? Você saberia explicar?
Você conhece alguma empresa moderna que não utiliza computadores?
Será que podemos trabalhar com tecnologia da informação sem considerar hardwares?
Note que que estamos rodeados de equipamentos. Além dos computadores tradicionais,
hoje praticamente todas as pessoas possuem um smartphone, que também são considera-
dos um tipo de computador. Vamos saber um pouco mais sobre hardware e computadores?

42 • capítulo 2
2.1 A infraestrutura de TI: Hardware

À medida que os sistemas utilizados nas empresas evoluem, a necessidade por


hardwares capazes de armazenar e processar grandes volumes de dados e que
acompanhe as tendências tecnológicas dos softwares também se faz necessário.
Com isso, o significativo ritmo de inovação na indústria de computadores com-
plica ainda mais as decisões de hardwares, pois estes podem se tornar obsoletos
muito rapidamente em relação a outras tecnologias (RAINER, 2012 p. 365).
Mas afinal, qual a finalidade de saber sobre hardwares? É realmente impor-
tante nos dias atuais? Qual a relação que isso pode ter com o negócio da empresa?
Sim, é muito importante saber sobre hardwares, pois independentemente
de sua área funcional na empresa, o uso de hardwares deve estar presente em
todo o curso da organização e em sua carreira como profissional. Seja por meio
de computadores pessoais seja por servidores, os componentes físicos respon-
sáveis pelo funcionamento dos sistemas será sempre necessário, mesmo que
sua infraestrutura de TI seja totalmente virtualizada ou parte utilizada nas nu-
vens (cloud computing). Perguntas como “ele está funcionando da forma que
deveria de acordo com suas necessidades?” ou “será que esta infraestrutura é
adequada para suportar a execução do sistema para toda a empresa?” são co-
muns em um ambiente de TI, e, de certa forma, você pode estar fazendo parte
deste contexto, mesmo sendo um usuário final de um eventual sistema de in-
formação gerencial, por exemplo.
De acordo com Laudon (2011, p. 104), empresas atuais necessitam de uma
grande diversidade de equipamentos computacionais, software e recursos de co-
municação apenas para funcionar e resolver problemas organizacionais básicos.
A maioria das empresas e organizações atualmente utilizam sistemas inter-
ligados em redes, mesmo que seja apenas pela internet, e, para isso, a menos
que existam pessoas que trabalhem isoladas, muito provavelmente será neces-
sária a uma eficiente infraesutrutura de rede que efetue as transações de da-
dos, seja por meio de redes locais para funcionários seja por redes remotas para
equipes localizadas em diferentes locais distantes geograficamente, além dos
fornecedores e clientes. Assim, notamos um grande envolvimento de pessoas
qualificadas nesta área, responsáveis pela manutenção e gerenciamento dos
equipamentos, da rede, das tecnologias e de tudo aquilo que é necessário para
que os sistemas funcionem adequadamente, de forma harmoniosa, trafegando
dados e informações aos usuários destes sistema.

capítulo 2 • 43
A infraestrutura de TI proporciona toda essa base, ou plataforma, responsá-
vel pela sustentação dos sistemas de informação da empresa (LAUDON, 2011
p. 104). O hardware é um dos elementos principais desta infraestrutura de TI.

O hardware consiste na tecnologia para processamento com-


putacional, armazenamento, entrada e saída de dados. Esse
componente inclui grandes mainframes, servidores, compu-
tadores de médio porte, computadores pessoais e laptops,
assistentes digitais pessoais (PDAs) de mão e dispositivos
móveis que dão acesso a dados corporativos e à Internet. In-
clui também equipamentos para reunir e registrar dados,
meios físicos para armazenar os dados e dispositivos para a
saída da informação processada (LAUDON, 2011 p. 105).

A vantagem competitiva de uma empresa pode estar relacionada com a ex-


ploração do hardware de computador e sua exploração de sucesso vem de crite-
riosas considerações, com perguntas como as seguintes, apontadas por Rainer
(2012, p. 366):
• Como é o acompanhamento dos rápidos avanços de preços e desempe-
nho no que diz respeito ao hardware, por parte das empresas e organiza-
ções?
• Uma organização atualiza seus computadores e sistemas de armazena-
mento com que frequência?
• A produtividade organizacional e pessoal são aumentadas pelas atualiza-
ções realizadas em hardwares? Como são mensurados estes aumentos?
• De que maneira as empresas determinam as necessidades para as novas
infraestruturas de hardware, como parques de servidores, virtualização,
computação em grade e computação utilitária?
• A infraestrutura da organização permite que seus funcionários traba-
lhem em casa ou em qualquer lugar, remotamente? Esse formato de
trabalho traz benefícios para estes funcionários e para a organização?
Como as organizações gerenciam estes novos formatos de trabalhos?

Para auxiliar na compreensão do que sejam hardwares, vamos ter uma ideia
de como funciona um computador iniciando por um pequeno histórico, co-
nhecendo seus principais componentes e um pouco de sua arquitetura e clas-
sificando-os.

44 • capítulo 2
2.1.1 Como funciona o computador

Um dos pontos interessantes na história do surgimento dos computadores foi


a rápida evolução das tecnologias utilizadas para sua produção.
O primeiro computador de grande porte a usar eletrônica digital foi o ENIAC
(Electrical Numerical Integrator and Calculator). Ele era de grande porte, devi-
do à quantidade de cálculos que ele era capaz de realizar: cerca de 5 mil somas
ou 360 multiplicações por segundo (muito pouco comparado à capacidade de
nossos computadores atuais).
WIKIMEDIA

Figura 8 – ENIAC (Parte dele, na verdade, pois aqui vemos sua interface de operação.)

O ENIAC começou a ser desenvolvido por John Eckert e John Mauchly. O de-
senvolvimento iniciou-se em 1943, com financiamento militar, para ser usado na
Segunda Guerra Mundial, mas só se tornou operacional em 1946. Tinha cerca de
30 toneladas e ocupava 180 m2 de área. Em 1944, juntou-se ao grupo de pesquisa-
dores o engenheiro John von Neumann. Este criou a arquitetura (chamada de ar-
quitetura de von Neumann) que é usada até hoje nos computadores comerciais.

capítulo 2 • 45
WIKIMEDIA
Figura 9 – O ENIAC numa visão mais ampla

O ENIAC não tinha sistema operacional (no capítulo 3, falaremos mais so-
bre o que são estes sistemas) e todas as operações eram inseridas diretamente
na máquina usando códigos numéricos.
Foi produzido usando a tecnologia de válvulas a vácuo, que foi a tecnologia
inicial para computadores eletrônicos. Por isto, ele é o marco da Primeira Gera-
ção de Computadores. O problema das válvulas era o custo alto para manuten-
ção. Para você ter uma ideia, o ENIAC foi construído usando mais de 17 mil vál-
vulas e gastava mais de 200.000 watts, aquecendo muito! As válvulas eletrônicas
possuíam o tamanho aproximado de uma lâmpada elétrica.
A era da computação comercial iniciou-se no ano de 1951, quando o UNIVAC
(Universal Automatic Computer) foi entregue ao primeiro cliente: o escritório do
Censo do Estados Unidos para tabulação dos dados do censo do ano anterior.
Pode-se dizer que o UNIVAC foi o resultado de modificações positivas no ENIAC.
Em 1947, os cientistas John Bardeen, Walter H. Brattain e William Sho-
ckley desenvolveram o transistor. O transistor é um pequeno dispositivo que
transmite sinais eletrônicos usando um resistor. Os transistores revoluciona-
ram a eletrônica e a maneira de construir computadores. Além de serem muito

46 • capítulo 2
WIKIMEDIA
menores do que as válvulas, consumiam muito me-
nos energia e geravam menos calor. Também eram
mais rápidos e mais confiáveis do que as válvulas.
Um novo avanço, nesta mesma época, foi a criação
de uma linguagem simbólica para manipular ins-
truções das máquinas em vez de códigos numéricos,
e isto tornou um pouco menos ardil a tarefa de criar
programas para os computadores. Depois das lin-
guagens assembly (as linguagens simbólicas), surgi-
ram as linguagens de “mais alto nível”, como For-
tran e COBOL. São linguagens com comandos em
inglês, em vez de símbolos e marcações como nas
linguagens assembly. E esta foi chamada a segunda
geração dos computadores. Nesta época, os compu-
tadores ainda não atingiam as pessoas “comuns” da
sociedade, sendo usados apenas por universidades Figura 10 – Foto de uma
e por organizações do governo e militares. válvula eletrônica
ANNEDAVE / DREAMSTIME.COM

Figura 11 – Foto de um transistor simples


Entre 1965 e 1970, surgiu o Circuito Integrado (CI). Trata-se de um circuito
eletrônico completo num pequeno chip feito de silício. Em 1965, os CIs co-
meçaram a substituir os transistores nos computadores e aí nós tivemos os
Computadores de Terceira Geração.

capítulo 2 • 47
ALEXSKOPJE / DREAMSTIME.COM
Figura 12 – Foto de circuitos integrados

O silício é um material chamado semicondutor, pois conduz corrente elétri-


ca quando misturado com impurezas químicas em sua constituição (você pode
pesquisar os detalhes de materiais semicondutores se ficar curioso!).
O marco importante desta terceira geração foi o lançamento do computador
da série IBM 360 em 1964. Trata-se de uma linha de computadores projetada
pela IBM1 tanto para uso comercial quanto científico. Foi uma série com o intui-
to de inserir o uso de computadores nos negócios e em operações comerciais.
NASA / WIKIMEDIA

Figura 13 – O IBM 360

Já a quarta geração de computadores, com início na década de 1970, traz


consigo a criação do microprocessador. Os computadores atuais são muito me-

1 International Business Machines (IBM) – trata-se de uma empresa de desenvolvimento de hardware e


software, estadunidense, com quase um século de existência. Mais informações em http://www.ibm.com/ibm/br/pt/

48 • capítulo 2
nores, mais de 100 vezes menores que aqueles de primeira geração, mas um
único chip é mais poderoso que o próprio ENIAC. Para você ter uma ideia, em
1977 uma calculadora podia fazer cerca de 250 multiplicações por segundo,
custava de 300 a 500 dólares e pesava mais de 500 gramas. Hoje, uma calcula-
dora pesa muito pouco, custa 1 dólar ou menos às vezes (depende da cotação)
e realiza muito mais cálculos. Em comparação ao ENIAC, um Pentium de 150
MHz era capaz de mais de 300 milhões de operações de soma por segundo, en-
quanto que o ENIAC processa apenas 5.000 operações.
Dê uma olhada na figura a seguir.

Figura 14 – Evolução dos computadores


Retirado de “A história dos processadores, desde ENIAC até Nehalem” / INTEL.

Claro que a história mais recente dos computadores você já conhece, mas va-
mos apenas comentar um pouco sobre os computadores pessoais. Estes compu-
tadores mudaram completamente o paradigma do uso de computadores.

capítulo 2 • 49
O primeiro computador pessoal que foi disponibilizado ao público em ge-
ral foi o MITS Altair, produzido em 1975. Na época, foi “choque” grande, pois
os computadores só faziam sentido para empresas, universidades, o governo
ou os militares! Para que ter um computador em casa? Se fosse para investir,
investiria em maquinários, em ferramentas, mas um computador? Não teria
serventia! Esse seria um típico discurso de um pai cujo filho acabou de lhe fazer
um pedido naquela época!

SWTPC6800 / WIKIMEDIA

Figura 15 – MITS Altair

A evolução na velocidade dos microprocessadores é tida para alguns como a quinta gera-
ção dos computadores. O marco seria o microprocessador Intel 386, que permitia a execu-
ção de várias tarefas ao mesmo tempo.

Quando Steve Jobs e Steve Woz-


VOLKER STEGER / SCIENCE PHOTO LIBRARY / SPL DC / LATINSTOCK

niak mostraram ao público jovem o


Apple I, todo mundo foi ao delírio!
Ele possuía um teclado fácil de usar
e tela! A Apple mostraria, mais tarde,
sua facilidade em conseguir sucesso
comercial com o Apple II e o software
de planilha eletrônica VisiCalc.

Figura 16 – Apple I

50 • capítulo 2
VOLKER STEGER / SCIENCE PHOTO LIBRARY / SPL DC / LATINSTOCK

Figura 17 – Apple II

Em 1981, a IBM lançou seu primeiro computador pessoal e capturou a


maior fatia de mercado em 18 meses. O padrão IBM PC foi adotado e copiado
por outras empresas.
HO / IBM / AFP

Figura 18 – IBM PC

capítulo 2 • 51
Não podemos nos esquecer de um nome importantíssimo no século pas-
sado. Claro, ainda é um nome muito importante: Microsoft. A hoje gigante
empresa de software forneceu o sistema operacional para o computador pes-
soal da IBM. Este software, chamado de MS-DOS, foi usado pela IBM e pelas
empresas que criaram computadores pessoais baseadas no padrão IBM PC.
Com grande expansão, a Microsoft logo evoluiu para novas versões de seu siste-
ma operacional até que “descobriram” e popularizaram a interface gráfica com
o sistema operacional Windows! Os sistemas Windows mudaram o conceito de
interface entre usuário e computador. Não foi a Microsoft que criou o conceito
de interface gráfica, mas foi uma das principais empresas (senão a principal) a
popularizá-lo!

ATIVIDADE 1
Nesta atividade, vou sugerir a você uma busca pelas informações do filme Piratas do Vale do
Silício (Pirates of Silicon Valley). Se gostar da dica, tente encontrá-lo numa locadora ou com
um amigo e assista a ele. Você ai gostar, pois o filme é muito bom!

CONEXÃO
Recomendações 1
Assista ao filme história do computador em minutos disponível em <www.youtube.com/
watch?v=F3qWg1JBPZg>

2.1.2 Classificação dos Computadores

2.1.2.1 Computadores pessoais


São os chamados computadores de mesa (desktop) ou microcomputadores.
Esta linha de computadores é usada para tarefas rotineiras, domésticas ou em
escritórios. Uma variação deste tipo de computador que é usada para serviços
mais avançados são as estações de trabalho (workstations). São PCs com confi-
guração muito mais robusta.

52 • capítulo 2
GOCE / DREAMSTIME.COM
Figura 19 – Uma Workstation PC

2.1.2.2 Computadores notebook


Estes computadores são mais leves, projetados para o uso portátil. Equipados
com bateria com boa duração, são usados em viagens ou em qualquer lugar.
Atualmente existem notebooks com configurações tão robustas e caras quanto
workstations.
Recentemente, surgiu uma variação dos notebooks. São modelos com tela
menor (de 7 a 11 polegadas), bateria com maior duração, sem leitores de CD ou
DVD e muito mais leves, além de serem mais baratos (em geral). São os chama-
dos netbooks. Planejados para portabilidade e navegação na Internet em qual-
quer lugar. Com a grande difusão das redes que fornecem Internet sem fio, este
modelo tem ganhado popularidade e vem sendo adotado até por escolas como
ferramenta de auxílio às atividades em sala.
KMTHEMAN / DREAMSTIME.COM

Figura 20 – Um notebook versus um netbook

capítulo 2 • 53
2.1.2.3 Mainframes
São os chamados computadores de grande porte. São projetados para proces-
samento de grandes quantidades de dados a velocidades muito altas. Em geral,
são usados em grandes empresas, como bancos, indústrias, companhias aére-
as e de seguro. São computadores projetados para vários usuários (multiusuá-
rio) ao mesmo tempo e com custo bem elevado. Pelo alto custo, os mainframes
perderam muito espaço para os servidores baseados na arquitetura PC.

2.1.2.4 Computadores handheld


O handheld, também chamado de PDA (Personal Digital Assistant), foi criado
originalmente para controlar agendas de compromissos, informações pesso-
ais, catálogo de endereços e telefones. Geralmente acessados por meio de uma
caneta gráfica, possuem tela sensível ao toque, sendo possível escrever sobre
ela.
Estes computadores evoluíram e passaram a ter suas funcionali-
dades integradas em celulares, surgindo o chamado smartphone. Um
smartphone é basicamente um celular com funções de um PDA.

Um dos smartphones mais procurados e mais desejados desde o seu lançamento é o


iPhone, da Apple.
DAVIDARTS / DREAMSTIME.COM

YOSHIKAZU TSUNO / AFP


HYSIDE / DREAMSTIME.COM

Um computador ultraportátil, o popular Iphone e um handheld da Compac

54 • capítulo 2
2.1.2.5 Supercomputadores
São os mais caros e mais poderosos computadores. Usados para grandes simu-
lações, como previsão do tempo, análise do mercado de ações, efeitos especiais
em produções cinematográficas. Também são muito usados por órgãos do go-
verno para tarefas que envolvam gigantesca manipulação de dados.
LEROY N. SANCHEZ, RECORDS MANAGEMENT / MEDIA SERVICES AND OPERATIONS / WIKIMEDIA

Figura 21 – Supercomputador RoadRunner

ATIVIDADE 2
Liste os computadores aos quais você tem ou teve acesso. Aponte o maior número de deta-
lhes possível sobre cada um deles.

2.1.3 Visão geral de um computador pessoal

2.1.3.1 Visão geral de um computador pessoal


O hardware de seu computador pessoal precisa dos seguintes componentes
para um efetivo funcionamento:
• dispositivos de entrada;
• dispositivos de saída;
• dispositivos de armazenamento secundário;
• unidade de processamento.

capítulo 2 • 55
O funcionamento básico de um computador convencional acontece de
acordo com a figura abaixo:
Armazenamento secundário

ADAPTADO DE: (CAPRON E JOHNSON, 2004)


O dispositivo de
armazenamento
secundário armazena
dados e programas

A unidade central de
processamento (CPU)
executa instruções
O dispositivo
O dispositivo de computador
de saída
de entrada envia
disponibiliza
dados à unidade
os dados
central de
processados
processamento
A memória mantém (as Informações)
dados e programas em
uso no momento

Entrada Processamento Saída

Figura 22 – Componentes principais de um computador e mecanismo de funcionamento.

As informações são inseridas no ambiente computacional por meio dos


dispositivos de entrada. Estes dispositivos permitem que nós, seres humanos,
ou equipamentos forneçamos informações para serem processadas. Exemplos
seriam o mouse, o teclado, leitores óticos, dentre outros.
Estas informações de entrada são armazenadas na memória, e a unidade
central de processamento (CPU) realiza o devido tratamento destas. Após isto,
dispositivos de saída podem exibir o resultado do processamento. Exemplos
de dispositivos de saída são monitores, impressoras, dispositivos de som etc.
Além disso, existem componentes que permitem a gravação de dados de
maneira permanente e também o intercâmbio de dados. Estes dispositivos são
chamados de dispositivos de armazenamento secundário.
Detalhando um pouco mais os componentes de um computador, temos a
figura a seguir.

56 • capítulo 2
2 3

1
6

Figura 23 – Componentes básico do computador: 1 – monitor, 2 – placa-mãe, 3 – proces-


sador, 4 – memória RAM, 5 – placas de expansão, 6 – fonte de alimentação, 7 – leitor ótico
(DVD, CD etc.), 8 – disco rígido (hd), 9 – mouse, 10 – teclado.
Dispositivos de entrada: 10 e 9
Dispositivos de saída: 1
Armazenamento secundário: 7 e 8
Elementos da CPU: 2, 3, 4, 5 e 6.

A CPU representa toda a unidade que faz o processamento, mas não é um


único componente, pois reúne diversos outros. Por exemplo, a placa-mãe, que
recebe este nome em razão de todos os demais componentes da CPU, periféri-
cos de entrada e de saída, dependerem dela para conexão. É uma placa que faz
a interligação entre todos os componentes do computador. Nela há os slots de
memória, onde fica a memória RAM do computador. A memória RAM (memó-
ria de acesso randômico) é a memória de trabalho da máquina. Nela ficam os
programas que estão sendo processados e todas as informações necessárias.
Além da memória RAM, temos o próprio processador, a unidade capaz de reali-
zar complexas operações matemáticas, e as placas de expansão, que permitem
adicionarmos novas funcionalidades ao nosso computador, como uma placa
que faça processamento dedicado de vídeo. Enquanto a memória RAM guarda
as informações de trabalho, os discos rígidos guardam todas as informações
e todos os programas. Quando desligamos o computador, as informações são

capítulo 2 • 57
salvas no disco. Quando ligamos o computador, os programas necessários para
utilização dele, bem como aquele que desejarmos, são carregados do disco
para a memória RAM.

CONEXÃO
Recomendações 3
Veja o vídeo do Olhar Digital sobre o que considerar na hora de comprar um computador,
em <www.youtube.com/watch?v=vYo6IceDsVQ>

Além dos componentes vistos, podemos enumerar um outro tipo de dispo-


sitivo: Dispositivo para Comunicação Externa. No hardware de seu computa-
dor, ele é tratado com um dispositivo de entrada e saída, mas é interessante
diferenciá-lo. Exemplos destes dispositivos são:
• placas de rede;
• hub;
• switch;
• modems.
Veremos mais sobre estes dispositivos no capítulo sobre Telecomunica-
ções, Internet e tecnologia sem fio.

ATIVIDADE 3
Você consegue listar os componentes do seu computador? Se não tiver um em casa, pode
ser do trabalho, de um amigo. O importante é tentar! Vamos lá? Ah, não se esqueça de tentar
listar características dos componentes (ex. a marca da placa-mãe). Vamos tentar?

2.1.4 A arquitetura interna e o funcionamento de um computador

Lembra-se de termos comentado sobre John von Neumann, que participou da


criação do ENIAC? Apesar de Von Neumann ter sua formação na área de mate-
mática, sua contribuição foi muito importante em diversas outras áreas e, ele
popularizou a chamada Arquitetura de Von Neumann, que será nosso objeto
de estudo agora.
A arquitetura de Von Neumann é a base da construção da principal arquite-
tura dos computadores modernos, os PCs.

58 • capítulo 2
De maneira bem simples, ela funciona assim:
A unidade central de processamento (UCP) faz operações com
1. informações. Estas operações podem ser:
a) operações de entrada e saída, como leitura de dados do teclado e
escrever dados na tela. São operações para inserção de dados na
memória do computador ou para exibição de informações que es-
tejam armazenadas nesta;
b) operações aritméticas como adição, subtração, multiplicação e di-
visão de valores inteiros ou ponto flutuante (basicamente, núme-
ros reais representados num formato definido);
c) operações lógicas e relacionais como comparações, testes de con-
dições lógicas etc.;
d) movimentação de dados entre os vários componentes, ou seja, res-
gate e inserção de informação na memória ou em dispositivos de
entrada e saída;
2. Para fazer estas operações, necessitará de que as informações estejam
na memória. Trata-se de um componente eletrônico para armazenar
informações;
3. Além da memória, existem os dispositivos de entrada e saída, como te-
clado e mouse (entrada) ou monitor e impressora (saída), que emitirão
as informações num formato legível ao usuário do computador.

Memória Primária Dados

Unidade de
Dados

Dados

Entrada e
Saída

Unidade Lógico Unidade de


Controle
e Aritmética Controle

Figura 24 – A arquitetura de von Neumann – Visão interna do funcionamento de um com-


putador

capítulo 2 • 59
Então, basicamente, na arquitetura de von Neumann, o que ocorre é que
uma máquina pode armazenar seus programas e executá-los numa unidade
responsável por diferentes operações.
Pela figura, pudemos ver que as informações podem ser dados ou infor-
mações de controle. As informações de controle são aquelas que dizem o que
deve ser feito com os dados. Por exemplo, se tivéssemos, de alguma maneira,
na memória a informação da expressão “5 + 7 < 10 ?”, saberíamos que estamos
tentando comparar a soma de 5 e 7 com o valor 10 e saber quem é maior. Logo,
5, 7 e 10 são dados e “+” , “<” e “?” são informações de controle. O computador
entenderia que deve somar os dados 5 e 7 (controle +) e verificar se o resultado
é menor que 10 (controle < e resultado ?).
As duas outras unidades da figura são a ULA (Unidade Lógica e Aritmética)
que serve para realizar as operações, efetivamente, e a UC (Unidade de Controle),
que serve para decodificar as operações, ou seja, entender o que precisa ser feito,
e disparar novas operações, caso necessário.
A UCP entende operações num determinado formato. Vamos aqui chamar
formato de linguagem, ok?
Bom, o computador entende a linguagem eletrônica que popularmente é
chamada de binária, devido à sua representação. Como um programador vai
escrever códigos que descrevam operações em binário? Não vai (geralmente)!
Nesse ponto, entrará em cena uma camada intermediária que cuidará disto
para ele! Um programador de hoje escreve código em linguagem de alto nível.
Isto quer dizer que a linguagem é de mais fácil compreensão humana!

Os passos seguidos por um programador são:


1. ele pensa no problema e o analisa;
2. depois formula algoritmos que possam resolver este problema;
3. na sequência, transforma os algoritmos2 em código de alto nível (esta
fase é chamada de codificação ou programação);
4. após isto, traduz o código de alto nível, que resultará num “executável”;
5. um executável é um programa que roda sobre uma plataforma;
6. uma plataforma é um computador com sua arquitetura e um sistema
“principal” de gerenciamento de seus recursos, chamado sistema ope-
racional;

2 Um algoritmo é uma forma de descrever a solução de um problema usando algum tipo de método e notação.
Por exemplo, uma receita de bolo é um algoritmo que ensina o que deve ser colocado num bolo e como prepará-lo.

60 • capítulo 2
7. o sistema operacional “sabe” como fazer o executável funcionar, usan-
do memória, dispositivos de entrada e saída etc.
8. O Windows, o Linux, o Solarix e o Unix, dentre outros, são exemplos de
sistemas operacionais (veremos mais sobre sistemas operacionais no
capítulo seguinte).
9. Mas sistema operacional – por exemplo Windows, não é aquela interface
que você vê com editores de texto e planilhas. Ele compreende os progra-
mas, as rotinas que estão por trás de todo o funcionamento de seu com-
putador (também veremos mais disto no capítulo seguinte).

CONEXÃO
Recomendações 4
Leia o artigo sobre o que é um algoritmo de computador em “How stuff works”, disponível
em informatica.hsw.uol.com.br/questao717.htm

ATIVIDADE 4
Faça uma busca (livros, Internet, amigos, etc) e me responda: A arquitetura de funcionamen-
to que vimos é a única existente? Existem (ou existiam) outras maneiras de um computador
funcionar?

2.1.5 Capacidade de processamento dos computadores

Existem computadores de diversos tamanhos, com diferentes recursos para


processar informações. Vimos desde dispositivos “de mão”, os handhelds, até
os mainframes e os supercomputadores.
Podemos avaliar os computadores sobre diversos aspectos, mas o que mais
é usado é o tempo necessário para realizar um FLOPS (floating point operations
per second, ou operações de ponto flutuante por segundo). Quanto mais rápi-
do um computador puder realizar um FLOP, maior será seu desempenho. Por
exemplo, enquanto um computador de mão tem uma “potência” de 500 FLOPS,
um supercomputador pode chegar a 1 trilhão de FLOPS.

capítulo 2 • 61
Você com certeza está habituado ao PC (personal computer – computador
pessoal), que é o computador de mesa. Se você trabalha com aplicativos avan-
çados com poderosos recursos gráficos, provavelmente terá uma Workstation,
que também é um computador de mesa, mas com poder superior a um PC.
Se sua empresa tem diversos computadores trabalhando em conjunto, ela
necessitará de um servidor. Servidores são computadores otimizados para pro-
ver recursos a outros computadores numa rede de computadores. São compo-
nentes importantes da infraestrutura de TI, pois fornecem plataformas, por
exemplo, para o comércio eletrônico.
Os mainframes são computadores de alto desempenho, capazes de proces-
sar enormes quantidades de informação. Surgiram por volta da década de 1960.
São usados em corretoras de ações, companhias aéreas, grandes bancos etc.
Um supercomputador é um projeto mais sofisticado, utilizado para cálculos
complexos. São usados em simulações como a previsão do tempo e em projetos
que exigem cálculos com milhares de variáveis e um tempo de resposta rápido.
Além disso, podemos unir computadores e formar supermáquinas virtuais.
Isto é possível por meio do clustering ou da computação em grade. Um cluster é
um agregado com diversos outros computadores trabalhando de maneira dedi-
cada, cumprindo tarefas de um computador de grande porte, como um main-
frame. Já a computação em grade envolve outros conceitos, como aproveitar a
ociosidade dos computadores pessoais numa rede.
A tabela abaixo mostra uma comparação entre alguns tipos de computado-
res. (LAUDON e LAUDON, 2007)

62 • capítulo 2
PROCESSADOR/
COMPUTADOR DESEMPENHO COMENTÁRIOS
VELOCIDADE

Executam, em geral, uma tarefa


Computador IntelTM de cada vez. Maior parte do po-
de mão, Palm, PXA270 – 500 FLOPS der de processamento é usada
PDA 312 MHz para formar as imagens da tela
e produzir mensagens de voz.

Máquina robusta para jogos.


Maioria dos PCs usados no
Computador Pentium® D mundo empresarial tem de 1 a
4 Giga
pessoal Dell Dual Core – 2 GHz, com desempenho de 2
FLOPS
XPS 3.20 GHz GFLOPS, mais do que sufi-
ciente para textos, planilhas e
navegar na Web.

Servidor
(computador
de médio UltraSPARC 32 Giga Podem ser usados mais de 16
porte) SUN IV + 1.5 GHz FLOPS processadores.
Fire E4900
server

Mainframe
Z990 1 Tera Podem ser usados mais de 54
IBM Z990
1.2 GHz FLOPS processadores.
eServer

Supercom- PowerPC Cerca de 64 mil processadores


~136-183
putador IBM 4400 PowerPC conectados numa
Tera FLOPS
Blue Gene/L 700 MHz única máquina.

Computação Vários pro-


em Grade cessadores ~160 Tera Programa sem fins lucrativos
Folding@ de PC dentre FLOPS com 160 mil CPUs on-line.
home (FAH) os disponíveis

Obs.: para facilidade nos cálculos, considere um giga (230) como 1 milhão de
instruções e 1 tera (240) como 1 trilhão.

capítulo 2 • 63
Pelo que pudemos ver, o computador é um conjunto de componentes eletrô-
nicos que “reagem” à inserção de dados de entrada, seguindo alguma lógica. Esta
lógica é o programa, o software que dá vida ao computador!

ATIVIDADE 5
Acesse o site <www.top500.org> e apresente alguns dos mais rápidos e poderosos computado-
res do mundo, além do local onde são utilizados.
Para encerrar esse capítulo, vou deixar algumas questões a você. Pense criticamente
sobre elas, discuta com seus colegas, tutor e professor. Faça pesquisas e anote suas consi-
derações. Vamos lá?

ATIVIDADE
1. Os computadores tornam a vida das pessoas mais fácil ou mais difícil? Qual sua opinião?
Qual a opinião das pessoas que você conhece?

2. Discuta com seus colegas como os computadores são e serão usados na carreira que
você pretende seguir. Aponte exemplos detalhados.

3. Na sua opinião, se um computador falhar, a falha é humana? (Esta pergunta pode ser
polêmica e isto é muito bom!). Discuta a quem devem ser atribuídas as falhas em com-
putadores, principalmente aqueles usados em sistemas críticos como aviação, sistemas
médicos, etc.

4. Apresente ao menos duas carreiras que não precisem do uso de computadores. Discuta
seus resultados com seus colegas e faça um breve resumo da sua discussão.

5. Nós devemos aprender eletrônica básica para podermos manipular um computador?


Por que nós não estudamos tudo sobre um equipamento (como o computador) antes
de usá-lo?

64 • capítulo 2
REFLEXÃO
Vimos até aqui que há muito mais sobre computadores do que simplesmente entender como
eles funcionam. A história e a evolução dos computadores determinaram, de certa forma,
como as pessoas passaram a pensar em tecnologia e a “consumir” tecnologia. Mesmo que
você não se torne especialista na área de tecnologia da informação, é sempre importante
saber como funcionam os equipamentos que serão usados no dia a dia. Isto facilita o diálogo
entre nós e as novas tecnologias.

LEITURA RECOMENDADA
Artigo: Como os computadores funcionam?
<http://www.fazfacil.com.br/manutencao/computador_funcionamento.html>
Artigo: Entenda o funcionamento do computador
<http://vestibular.uol.com.br/ultnot/resumos/ult2766u10.jhtm>
Livro: Introdução à Informática, de Capron e Johnson. Livro que aborda aspectos técnicos
e teóricos sobre o funcionamento do computador e dos softwares básicos para seu uso. Para
mais informações, veja as Referências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPRON, H. L. e JOHNSON, J. A. Introdução à Informática. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2004.

LAUDON, K. C. e LAUDON, J. P. Sistemas de Informação Gerenciais. São Paulo: Prentice Hall. 2007.

LAUDON, K. C. e LAUDON, J. P. Sistemas de Informação Gerenciais. 9. ed. São Paulo: Pearson


Education do Brasil. 2011.

RAINER, R. Introdução a sistemas de informação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 454p.

capítulo 2 • 65
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, nós abordaremos os tipos específicos de softwares ou programas de
computador, dando o enfoque na infraestrutura de TI sob o ponto de vista do software. Vamos
entender que existem diferentes tipos de softwares para funções diferentes, assim como
existem ferramentas diferentes para tarefas diferentes. Mais uma vez, será de grande im-
portância habilitar-se neste conteúdo e favorecer-se do que a tecnologia oferece de melhor.

66 • capítulo 2
3
Infraestrutura de TI:
Software
3 Infraestrutura de TI: Software
O software dá vida ao hardware inanimado! É, a frase parece um pouco forte,
mas tente usar um computador sem um software! Como veremos, na verdade,
existem tipos de softwares, divididos em camadas. Há aqueles que “conversam”
com o hardware do seu computador e outros que conversam com estes softwa-
res (que já estão em contato com o hardware do computador). Pareceu muito?
Então, temos também softwares para criarmos outro softwares! Vamos enten-
der um pouco mais sobre eles?

OBJETIVOS
• Conhecer sobre software do computador;
• Conhecer e classificar os softwares de sistema;
• Aprender sobre softwares aplicativos e conhecer alguns softwares;
• Entender os principais conceitos de softwares para web.

VOCÊ SE LEMBRA?
Quais são os softwares de computador que você usa? E em seu ambiente de trabalho, há
softwares ou sistemas que precisam ser executados? Quando foi a última vez que usou um
software? Sabe o que é um sistema operacional? Para usar um software como um editor
de textos, você, com certeza, precisou usar um sistema operacional. Então, vamos ver a di-
ferença entre os tipos de software, saber um pouco mais sobre a infraestrutura de TI sob a
visão do software e compreender o que cada um deles faz!

3.1 Software do computador

Como falamos antes, para usar os recursos de hardware você precisará de sof-
tware. Sem o software, seu hardware apenas ficará inerte. Por meio do software,
o hardware recebe instruções detalhadas que dizem ao computador o que deve
ser feito. Basicamente, nós temos dois tipos de software. Antes, na época do
ENIAC, todo o software era escrito desde o começo, e o próprio software precisa-
va saber manipular tudo o que fosse necessário: tanto a informação quanto os

68 • capítulo 3
próprios componentes do computador. Os dois tipos de software hoje existen-
tes são o software de sistema e o software aplicativo.
ADAPTADO DE (LAUDON E LAUDON, 2007)

Software aplicativo

Software de sistemas Software de Sistemas


Sistemas operacionais
Tradutores de linguagem
Hardware Programas utilitários

Software Aplicativo
Linguagens de programação
Linguagens de quarta geração
Pacotes de software e ferramentas de produtividade para PCs

Figura 25 – Principais tipos de software.

O software de sistema inclui os sistemas operacionais, os tradutores de lin-


guagem e os programas utilitários. Os softwares aplicativo incluem as lingua-
gens de programação, as linguagens de quarta geração e os pacotes de software.
Os softwares aplicativos com os quais temos mais contatos são estes pacotes
de software. São ferramentas como suítes de aplicativos para escritório, como o
Office, da Microsoft. Incluem editores de texto, planilhas eletrônicas, editores
de apresentações, dentre outros. Um navegador para Internet, como o Internet
Explorer, o Firefox ou o Opera, é um exemplo de software aplicativo também.
Enfim, são softwares para utilização do usuário final.
Estes softwares aplicativos foram construídos, de alguma maneira, usando
linguagens de programação. No entanto, o desenvolvedor, ao criar um softwa-
re, precisa cuidar de muitos detalhes de funcionamento. Isto torna custoso o
processo de desenvolvimento. Porém, este desenvolvedor não precisa saber

capítulo 3 • 69
como o computador faz para escrever ou desenhar uma interface gráfica na tela
do seu monitor. Para isto, basta que ele solicite (escreva) isto no seu código, e
quem cuidará da execução deste tipo de tarefa é o sistema operacional.

3.2 Software de sistema

3.2.1 Sistemas operacionais


O software de sistema operacional é aquele que “conversa” com o hardware e
manipula seus recursos. Ele “sabe” como escrever informações na saída, seja
um vídeo ou impressora. Ele também sabe como interpretar as informações
vindas da entrada, como o mouse e o teclado. Além disto, sabe como guardar
estas informações na memória e levá-las ao processador quando necessário,
para que as tarefas descritas por linguagens de programação possam ser exe-
cutadas e transformem-se em programas úteis aos usuários finais, como uma
planilha de cálculo, por exemplo.
É por isto que, na figura vista, o sistema operacional fica próximo do nú-
cleo do computador, que é o hardware. Ele traduz as necessidades dos softwares
aplicativos e, assim, os desenvolvedores têm mais facilidade para trabalhar.
Um sistema operacional de propósito geral (pois existem S.Os. para ativi-
dades específicas) é uma coleção de outros softwares que gerenciam todos os
dispositivos do computador. Em geral, ele possui os seguintes componentes:
• gerenciador (escalonador) de processos;
• gerenciador de memória;
• gerenciador de entrada e saída;
• gerenciador de sistema de arquivos.

Um programa é apenas um conjunto de instruções a serem realizadas,


como uma receita. No entanto, o programa está escrito numa linguagem de
máquina, que o computador possa compreender. Quando você deseja usar este
programa, ele se torna um processo para o sistema operacional. Por isso, o SO
possui um escalonador de processos. Por meio dele o SO consegue controlar os
programas em execução, manipular informações para este processo, controlar
os arquivos que este processo está usando, dentre outros.
O gerenciador de memória atua no sistema operacional para garantir que
cada processo tenha seu espaço de trabalho reservado na memória RAM (a
memória de trabalho). O gerenciador de entrada e saída controla e manipula

70 • capítulo 3
informações que, por exemplo, entram pelo teclado, digitadas pelo usuário, e
devem ser escritas na tela do monitor. Além disso, também controlam dispo-
sitivos de armazenamento, como discos, CDs, pen drives etc. Já o gerenciador
do sistema de arquivos garante a manipulação de arquivos em dispositivos de
armazenamento, cuida para que os arquivos fiquem organizados e possam
ser acessados.
Estes componentes do sistema operacional, normalmente, não são visí-
veis ao usuário final. Digo normalmente porque, em sistemas com código
fonte aberto, como o Linux, é possível ao usuário não só ver como alterar os
códigos para os componentes do sistema operacional.
Para os usuários finais, a manipulação dos recursos oferecidos é feita por
meio de uma interface. Esta interface começou em seus primórdios, como a fa-
mosa “linha de comando” ou interface modo texto! E hoje evoluímos para inter-
faces gráficas (tão comuns para as novas gerações que já nasceram com a existên-
cia dela), interfaces por comandos de voz etc.
A seguir temos dois exemplos de interfaces no modo texto: uma no Linux
e outra no Windows.

Figura 26

Já as interfaces gráficas são bem comuns entre nós, mas vamos fazer um
levantamento de alguns tipos dessas para diferentes sistemas operacionais.

capítulo 3 • 71
Windows 7 e 8
O Windows 8 é o mais novo sistema Windows da Microsoft, lançado em ou-
tubro de 2012 com um novo conceito visual e adaptado para dispositivos com
sensibilidade ao toque. Sucedeu o estável Windows 7, que havia sido lançado
em 2009 com foco na eficiência e praticidade de uso.

Figura 27

Windows Vista
É um dos sistemas operacionais Windows da Microsoft. Tem aperfeiçoa-
mento em suas opções de segurança, como o Windows Defender, mecanismos
de busca interna, sincronização nativa com dispositivos móveis com o Mobile
Device Center, além de melhor suporte a vídeos e TV. Possui recursos visuais,
como transparência, e um sistema para troca de janelas usando o Aero.

Figura 28

72 • capítulo 3
Windows XP
O Windows XP é uma família de sistemas operacionais produzida pela Mi-
crosoft, para uso em computadores pessoais. É um sistema robusto, com ver-
sões para usuários domésticos e corporativos. Possui suporte para Internet,
multimídia, trabalho em grupo, gerenciamento de recursos de rede, segurança
e trabalho corporativo.

Figura 29

Windows Server 2003


É um sistema operacional de rede desenvolvido como sucessor do Windows
2000 Server. É também conhecido como Windows NT 5.2. Apresenta o Active
Directory como principal ferramenta para a administração de domínios. É um
sistema utilizado estritamente em redes de computadores.

Windows CE
É o SO da Microsoft para dispositivos com pouca capacidade de armaze-
namento, como celulares, PDAs, smartphones etc. Isso mesmo! Existem sis-
temas operacionais específicos para celulares, smartphones, PDAs. Eles são
escritos para gerenciar recursos mais “escassos”, mas em geral tem todas as
funcionalidades dos sistemas operacionais mais robustos.

capítulo 3 • 73
Figura 30

Unix
Trata-se de um SO para PCs poderosos, estações de trabalho e servidores em
rede. Possui suporte para multitarefa, processamento multiusuário e trabalho
em rede, além de poder ser instalado em diversas plataformas de hardware.

Linux
Trata-se de uma alternativa grátis e confiável com relação ao Windows e ao
Unix. Pode ser instalado em diversas plataformas de hardware e possui código
fonte aberto. Isto significa que pode ser modificado por programadores e adap-
tado para necessidades de uma empresa, por exemplo.
Existem diversos “sabores” ou distribuições Linux. Cada uma tem caracte-
rísticas distintas, mas, em geral, o núcleo (ou kernel) do sistema é bem seme-
lhante.

Figura 31

74 • capítulo 3
Mac OS X
É o SO da Apple com uma interface com o usuário muito elegante, recursos
fáceis de encontrar e de utilizar. O sistema é bem robusto e tem recursos avan-
çados para vídeos, além do navegador Safari, que é muito rápido.

Figura 32

3.2.2 Tradutores de linguagem e programas utilitários

Além dos sistemas operacionais, temos também os softwares que fazem a tra-
dução de linguagem e os softwares utilitários. Os softwares de tradução conver-
tem o código escrito numa linguagem de programação (veja o tópico seguinte)
para a linguagem de máquina que será compreendida pelo hardware e usará
recursos administrados pelo sistema operacional.
Já os programas utilitários são aqueles que auxiliam o usuário na con-
figuração e no gerenciamento do sistema operacional de seu computador.
Um exemplo de programa utilitário é o Windows Explorer para Windows.
Trata-se de um gerenciador de janelas que permite ao usuário encontrar
seus arquivos no computador, como na figura a seguir.

capítulo 3 • 75
Figura 33

Você já deve estar habituada a ela, não é mesmo?

Figura 34

Outra ferramenta que podemos citar é o Desfragmentador de Discos, que


serve para reorganizar os arquivos que estão no disco rígido de maneira a ocu-
parem menos espaço.
Além desses, existem diversas outras ferramentas para auxiliar na configu-
ração da área de trabalho, no logon (entrada do usuário no sistema), no geren-
ciamento de recursos etc.

CONEXÃO
Recomendações 3.2
Se você quiser saber, detalhadamente, sobre o funcionamento do sistema operacional, aces-
se: <http://informatica.hsw.uol.com.br/sistemas-operacionais.htm>

76 • capítulo 3
3.3 Software aplicativo

Dentre os softwares aplicativos, nós temos as linguagens de programação tradi-


cionais, as linguagens de quarta geração, os pacotes de software, as ferramentas
de produtividade e os softwares de integração empresarial (em geral, nos refe-
rimos a estes últimos como sistemas de informação ou sistemas integrados de
informação).

3.3.1 Linguagens de programação

Dentre os softwares aplicativos existentes, temos as linguagens de programação,


as chamadas linguagens de quarta geração e os pacotes de software e ferramentas
de produtividade. Existem diversas linguagens de programação famosas, como
C, C++, Java, COBOL, Visual Basic, C#, PHP, Python e muitas outras. A lingua-
gem de programação serve para representarmos as instruções que um programa
deve realizar para alguma tarefa. O computador entende apenas sinais elétricos.
Como representamos a existência (1) ou a ausência (0) de sinal, a linguagem que
o computador entende é chamada de binária. Logo, se instruirmos o computador
por meio de uma linguagem binária, ele poderá realizar a tarefa que desejamos.

100100100100100111
001100011111101011

Figura 35

No entanto, é muito difícil escrever na linguagem do computador, assim


como é muito difícil escrever em inglês ou em japonês se você não conhece a
fundo a linguagem! Mas, se precisamos dar estas instruções e não sabemos a
linguagem daquele que será instruído, então podemos usar algum intermediá-
rio, por exemplo um tradutor.

capítulo 3 • 77
???
Mostre um número
na sua tela.

Figura 36

Esse intermediário, o tradutor, precisa saber falar a sua linguagem e a lin-


guagem do computador. Assim, ele precisará converter o que você quiser para a
linguagem de computador (o binário!).

Mostre um número 100100100100100111


Compilador
na sua tela. 001100011111101011

Figura 37

Em computação, esse tradutor é chamado de compilador, e a conversão de


uma linguagem em outra é chamada de processo de compilação. O tradutor é
uma ferramenta de sistema, enquanto a linguagem é um software voltado ao
usuário (para que possa “programar” o sistema).

3.3.2 Linguagens de quarta geração

As linguagens de quarta geração consistem num conjunto de diversas ferra-


mentas de software para auxiliar os usuários finais no desenvolvimento de sof-
twares aplicativos sem necessitar tanto de conhecimentos mais técnicos. Algu-
mas linguagens de programação, como Java e C++, são consideradas de quarta
geração por não serem procedurais, mas sim orientadas a objetos. A tabela a
seguir mostra sete tipos de linguagens de quarta geração.

78 • capítulo 3
CONEXÃO
Recomendações 3 Veja mais informações sobre as linguagens e suas gerações em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_de_programa%C3%A7%C3%A3o_de_quarta_
gera%C3%A7%C3%A3o>
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_de_programa%C3%A7%C3%A3o>

FERRAMENTAS DE
LINGUAGEM DE DESCRIÇÃO EXEMPLO
QUARTA GERAÇÃO

WordPerfect
Orientada
Ferramentas de Pacotes de softwares de uso geral Internet Ex-
para o
software de PC para PCs. plores
usuário final
Access
Linguagens para extrair dados armaze-
Linguagens de nados em arquivos ou bancos de dados.
SQL
consulta Suportam requisições de informações
que não são predefinidas
Extraem dados de arquivos ou bancos
de dados para criar relatórios espe-
cíficos sob uma grande variedade de
formatos que não são produzidos por
Geradores de sistemas de informação.
Cristal Reports
relatórios Geralmente proporcionam maior
controle sobre a maneira como dos
dados são formatados, organizados e
apresentados do que as linguagens de
consulta.
Extraem dados de arquivos ou ban-
co de dados e os apresentam sob o
Linguagens formato de gráficos. alguns softwares SAS Graph
gráficas geradores de gráficos também pode Systat
executar operações aritméticas ou
lógicas com os dados.

capítulo 3 • 79
FERRAMENTAS DE
LINGUAGEM DE DESCRIÇÃO EXEMPLO
QUARTA GERAÇÃO

Contém módulos pré-programados que


poderm gerar aplicações completas,
incluindo sites Web, conferindo grande
FOCUS
velocidade ao desenvolvimento. O
Geradores de PowerBuilder
usuário pode especificar o que precisa
aplicações Microsoft
ser feito e o gerador de aplicação
FrontPage
criará o código de programa apropriado
para entrada, validação, atualização e
apresentação.
Programas de software vendidos ou ar-
Pacotes de PeopleSoft
rendados por empresas comerciais que
softwares aplica- HRMS
eliminam a necessidade de software
tivos SAP R/3
personalizado, da casa.
Gerem códigos de programa com um
número menor de instruções do que
Linguagens de as linguagens convencionais, como
APL
programação de COBOL ou FORTRAN. Projetadas
Normad2
altíssimo nível primordialmente como ferramentas
de produtividade para programadores
profissionais.

Tabela 2

3.3.3 Pacotes de software e ferramentas de produtividade

Um pacote de software é um conjunto de programas criados e disponíveis no


mercado que possuem funções predeterminadas. Assim, eles não necessaria-
mente são feitos sob medida para as empresas, mas visam a realizar tarefas
bem definidas.
Dentre os tipos de software que podem fazer parte do pacote, temos edito-
res de texto, planilhas eletrônicas, programas para gerenciamento de dados,
editores gráficos e de apresentações, navegadores Web, pacotes para trabalho
colaborativo, dentre outras.

80 • capítulo 3
Você, provavelmente, usa com frequência um software para edição de texto. Este tipo
de software serve para armazenar textos de maneira eletrônica, como arquivos no seu
computador. Além disso, este tipo de software oferece uma interface ao usuário para
que este possa editar o texto, adicionando informações, pode também formatar o texto
adicionando efeitos visuais, ou mesmo usar recursos mais avançados para criar figuras,
tabelas, malas-diretas, dentre outros.

Abaixo a imagem de um editor de textos famoso: o Microsoft Word.

Figura 38

Existem diversos outros recursos para um processador de textos (ou softwa-


re para edição), como os corretores ortográficos (que permitem ao usuário re-
alizar uma correção ortográfica e às vezes gramatical de acordo com o idioma
escolhido no seu texto), os verificadores de estilo, os dicionários de sinônimos.
Já para edições voltadas a empresas do ramo publicitário, por exemplo, são
necessários mais recursos e, assim, elas usam softwares de editoração eletrô-
nica. Estes softwares permitem maior controle do texto e efeitos. Alguns exem-
plos são Corel Draw, InDesign, Illustrator e Photoshop, que é famoso por reto-
ques em fotos!

capítulo 3 • 81
REPRODUÇÃO

Figura 39 – Imagem do Illustrator.


REPRODUÇÃO

Figura 40 – Photoshop em ação!

Além dos editores de texto, temos também as famosas planilhas eletrôni-


cas. São ferramentas computacionais que simulam as tradicionais técnicas de
modelagem financeira, como o livro de registros contábeis com lápis e calcu-
ladora. A planilha eletrônica é organizada como uma grade com linhas e co-
lunas. O cruzamento entre uma linha e uma coluna é chamado de célula. Um
dos recursos mais interessantes é o fato de os valores poderem ser atualizados
dinamicamente.
As planilhas eletrônicas são frequentemente usadas em aplicações de mo-
delagem matemática e simulações. Os pacotes com planilhas eletrônicas in-

82 • capítulo 3
cluem funções gráficas, que podem apresentar os dados em vários formatos de
gráficos (linhas, colunas, pizza). O Excel é o pacote mais conhecido e utilizado.
A seguir temos um exemplo de uma planilha que analisa o ponto de equilí-
brio1 e o seu gráfico correspondente.

CUSTO FIXO
19.000,00
TOTAL

CUSTO
VARIÁVEL POR 3,00
UNIDADE

PREÇO MÉDIO
17,00
DE VENDA

MARGEM DE
14,00
CONTRIBUIÇÃO

PONTO DE
1.357
EQUILÍBRIO

GRAVATAS MODELO TRADICIONAL DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS PRO FORMA

UNIDADES
0,00 679 1.357 2.036 2.714
VENDIDAS

RECEITA 011.536 23.071 34.607 46.143

CUSTO FIXO 19.000 19.000 19.000 19.000 19.000

CUSTO
0 2.036 6.107 6.107 8.143
VARIÁVEL

CUSTO TOTAL 19.000 21.036 23.071 25.107 27.143

LUCROS/
(19.000) (9.500) 9.500 9.500 19.000
PERDAS

1 “Nome dado ao estudo nas empresas, principalmente na área da contabilidade, em que o total das receitas é
igual ao total das despesas.” http://pt.wikipedia.org/wiki/Ponto_de_equil%C3%ADbrio

capítulo 3 • 83
Gravatas modelo tradicional

(LAUDON E LAUDON, 2007)


Análise do ponto de equilíbrio
50
Dólares (milhares)

40

30

20

10

0
0,00 679 1.357 2.036 2.714
Unidades vendidas
Custo fixo Custo total Receita

Figura 41

Vamos ler um pouco sobre a Intuit e sobre o mercado de software para pe-
quenas empresas e consumidores finais.

ATIVIDADE 1
Nesta atividade, sugiro a você a leitura do texto:

“Intuit: desafio e inovação em softwares para consumidores e pequenas empresas”.


Extraído de (O´BRIEN, 2004) Adaptado de SOLOMON, Jolie.The secrets of his success.
FSB: Fortune Small Business, p. 35-38, Oct. 2001.Time, Inc. 2001.Todos os di­reitos reser-
vados.
Sott Cook tinha seus vinte e poucos anos quando ele e sua esposa, Signe, che-
garam ao Vale do Silício no ápice da explosão de software do início dos anos 1980.
Ouvindo Signe reclamar de fazer as contas da casa, Cook teve o clássico momento
de “eureka” de um empresário: por que não criar um software para controlar as fi-
nanças domésticas? Mas Cook, que era um consultor com MBA por Harvard, traba-
lhando na Procter & Gamble – aquele era seu primeiro emprego –, tentou conseguir
fundos, colidiu com uma barreira semelhante àquela que os empresários das ponto-
com encontram atualmente.
No final, a Intuit rompeu barreiras financeiras e psicológicas, afastou-se de sua
desaceleração e de sua bancarrota para se tornar uma das maiores histórias de su-

84 • capítulo 3
cesso do final dos anos 1980 e 1990. Hoje, os softwares da Intuit, produtos como o
Quicken para finanças pessoais, o QuickBooks para pequenas empresas de contabi-
lidade e o TurboTax para a preparação de declarações de imposto são, sem dúvida,
os mais populares em seus mercados.
A revista FSB (Fortune Small Business ) conversou com Cook, então com 49 anos
e presidente do comitê da diretoria executiva.
Você foi o primeiro a perceber este mercado?
Não, já havia produtos desse tipo. Fomos quase a 25ª companhia a elaborar sof-
tware para finanças pessoais, com concorrentes como a Home Acco-unt, a Dollars &
Sense e o Managing Your Money de Andrew Tobias. Eu comprei o produto principal
esperando descobrir que “Oh, eles já resolveram problema”. Mas ele era tremen-
damente lento e difícil de usar. Todos eles eram terríveis, mas vendiam bem. Que
eu saiba, fomos a primeira companhia de software que fez o teste do consumidor.
A Procter & Gamble havia me ensinado a cultura da inovação voltada ao cliente;
aprender com os clientes e dirigir o produto e a organização para conquistá-los. Mas
se você retornar aos softwares tal como eram em 1983, quando começamos, você
vai ver que, na maioria das vezes, eles eram produtos projetados por engenheiros
e vendidos para corporações. Estávamos elaborando um produto de consumo. Por
isso os controles necessários para vender a clientes empresariais eram inúteis. En-
tão, quando estávamos a meio caminho do Quicken, recrutamos grupos de donas de
casa para trabalhar conosco em nossos laboratórios. Isso é comum hoje, mas prova-
velmente nós fizemos isso cinco anos antes dos outros.
Então, você nunca conseguiu qualquer fundo de capital de risco (VC)?
Não. Isso foi durante a enorme bolha dos softwares de 1982-1983. Mesmo
ideias verdadeiramente estúpidas, companhias realmente ruins estavam receben-
do dinheiro dos fundos de capital de risco. Tínhamos nosso produto pronto para
demonstração em 1984 e fomos em busca de fundos. Mas naquela altura o mercado
de software ruiu. O operador que me atendia, Tom LaFevre, disse: “Vamos falar com
algumas pessoas ricas”. Eu disse: “Eu não conheço nenhuma pessoa rica”. Ele disse:
“Bem, eu conheço duas”. Elas investiram um total de US$ 151.000. Mas estávamos
procurando US$ 3 milhões. Tivemos que recalcular nossos planos umas 20 vezes.
Não poderíamos gastar nada com marketing. Em vez de nós mesmos vendermos
o Quicken, começamos a vendê-lo por meio de bancos, seguindo a sugestão de um
amigo que conheci trabalhando em consultoria, o presidente do banco Wells Fargo.
Mas em maio de 1985, estávamos quase sem dinheiro. Paramos de pagar salários,
devolvemos nossos computadores e móveis alugados; paramos de pagar contas,

capítulo 3 • 85
com exceção de algumas, como as de telefone. Três pessoas nos deixaram; quatro de
nós trabalhávamos sem receber nada. Meu casamento quase ruiu. Minha tarefa era
vender aos bancos e eu vinha falhando nisso durante meses. Finalmente, em setem-
bro, eu comecei a contratar um banco por mês. Finalmente estávamos dando certo.
Ultrapassamos todos nossos concorrentes ao final de 1987. Foi tão rápido que quase
não vimos o final dos anos 1980 passar.
Como você lançou o QuickBooks?
Estávamos tão ocupados em atender aos pedidos do Quicken que nem o nota-
mos. Isso é uma história sobre o que torna os empreendimentos tão maravilhosos.
Tudo aconteceu por acidente. Tínhamos feito o Quicken para ser um produto uti-
lizado pelo consumidor em sua casa. Quando fizemos uma pesquisa com nossos
clientes, a metade deles – 48% – declarou ser uma pequena empresa. Eu ignorei isso;
pensei: “Deve haver um engano”. Então, fizemos a mesma pesquisa um ano e meio
mais tarde: 49%. Ignorei-a. Apenas bem mais tarde entendemos aquilo.
Como puderam não perceber?
Pensávamos, por que eles não estão comprando software de contabilidade? Em
resumo, a resposta era que a grande maioria de pequenas empresas não possui um
contador em seu pessoal. Não distinguem débito de crédito; acreditam que o livro-
-razão foi um herói da Segunda Guerra Mundial. Além disso, ninguém havia feito
um produto de contabilidade projetado apenas para eles. É o poder do paradigma.
Ele faz com que você torça e interprete mal os fatos, vendo apenas o que você quer
ver.
Qual é o perigo maior para a Intuit agora?
Os lucros operacionais (no ano que termina em 31 de julho de 2001) foram 42%
maiores, as receitas subiram 15%. A Intuit sentiu alguma pressão da recessão eco-
nômica, mas nem tanto quanto as outras companhias. Quase a metade de nossa
receita vem de atividades relacionadas a impostos. Você já ouviu falar que “apenas
a morte e os impostos são certos”, e a certeza dos impostos acarreta um grande e
crescente negócio para a Intuit — um negócio com volatilidade relativamente bai-
xa. Nosso maior risco seria a falta de inovações. Nosso maior negócio está fornecen-
do soluções para pessoas de pequenas em¬presas. Estas necessitam muito delas. A
maior tragédia seria, de alguma maneira, deixar de inovar.

86 • capítulo 3
3.3.4 Softwares para Web

Como veremos na Capítulo 5, a Internet com a Web se tornou um ambiente não


só de entretenimento, mas de negócios. As empresas, nos últimos anos, mi-
graram suas aplicações empresariais, que antes rodavam em Intranets ou em
Mainframes, para o ambiente Web. Para isto, é preciso usar tecnologias que
atendam às necessidades deste ambiente. Dentre estas tecnologias, destaca-se
o HTML (Hypertext Markup Language), que é uma linguagem para marcação
de hipertextos, como o próprio nome diz. Os hipertextos são links (ligações)
com outras páginas.
Outras tecnologias, além do HTML, são usadas em softwares para Web e na
integração em aplicações empresariais. No passado, as empresas desenvolviam
suas próprias aplicações. Isso trouxe à tona um cenário com diversas aplicações
diferentes, que, muitas vezes, tinham grande dificuldade para “conversar” entre si.
Para resolver problemas deste tipo (existiam outros, como por exemplo portar apli-
cações de Mainframe para um cenário dominado por PCs), surgiram tecnologias
como o EDI (Eletronic Data Interchange). EDI significa troca eletrônica de dados
sobre uma rede de computadores. No mundo real e comercial, EDI significa a tro-
ca de informações entre processos de negócios de empresas distintas. Trata-se de
uma técnica para, por exemplo, trocar informações sobre encomendas entre uma
empresa de vendas e uma empresa de logística. É a comunicação eletrônica entre
processos.
Outro exemplo é a Rede Nacional de Dados (RND2), que permite a comuni-
cação entre empresas parceiras na cadeia automotiva, trocando informações.
Existem diversas aplicações que podem ser realizadas por meio desta rede e
seus integrantes.
A ideia do EDI é trocar a comunicação entre empresas parceiras que, comu-
mente, seria realizada via fax, ofícios, ou outros documentos em papel, pela comu-
nicação eletrônica. O EDI traz diversas vantagens, entre elas a redução de custos
operacionais e administrativos, a agilidade nos processos externos, a melhoria no
monitoramento desses processos, dentre outras.
Outra tecnologia é o EAI (Enterprise Application Integration). A integração
de aplicações empresariais é um termo relativamente novo e surge com o con-
ceito de unificar as aplicações de dentro e de fora da empresa por meio de um
conjunto de ferramentas e tecnologias.

2 Para conhecer as transações disponíveis nesta rede visite: www.anfavea.com.br/rnd.html

capítulo 3 • 87
Para exemplificar o uso de EAI, imagine o caso do sistema financeiro de
um banco. Imagine que o sistema de transações internas é desenvolvido em
COBOL, uma linguagem um pouco antiga, mas muito poderosa para este tipo
de aplicações. Como este banco poderia prover que outras instituições reali-
zassem transações financeiras com ele? Por meio de um serviço, que poderia
ser fornecido usando serviços web, por exemplo, este banco poderia prover o
acesso a uma interface em que outras financeiras pudessem se conectar e reali-
zar transações. Esta interface traduziria as informações externas em transações
internas para os sistemas da empresa, tradicionalmente escritos em COBOL.

Figura 42 – Figura antes e depois do EDI

Mais recentemente, surgiu o SOA (Service Oriented Architecture). A arquitetura


orientada a serviços é a evolução da integração de sistemas. Trata-se de um termo
em alta no mercado corporativo. A proposta de SOA é simples: conectar sistemas
sem depender de softwares e interfaces proprietários, ou seja, independentemente
de plataforma. Isto é possível graças à XML (Extensible Markup Language) da qual
falaremos um pouco mais adiante.
A integração entre aplicações, com tecnologias proprietárias, demanda alto
investimento, seja na tecnologia, seja em pessoal. É por isso que falamos um
pouco sobre EDI e EAI.

88 • capítulo 3
Como o mundo corporativo é cada vez mais dinâmico e integrar é uma das pa-
lavras da vez, todo processo usando EAI ou EDI pode ser muito caro e dispendioso.
Podemos pensar, então, em usar padrões abertos, ou seja, disponíveis para
qualquer um, a fim de otimizar essa integração. Geralmente, são mais fáceis de
aceitar, devido ao custo zero. Haja vista a própria internet e a Web. É claro que
existem mantenedores de padrões abertos para melhorar a divulgação e garantir
ótimas especificações, como o consórcio W3C (WWW Consortium), que é res-
ponsável pela evolução das especificações do padrão HTML (Hypertext Markup
Language), que permite a qualquer browser acessar e visualizar documentos.
Um ponto importante a ressaltar é que a Programação Orientada a Objetos
(POO) influenciou no surgimento de SOA. Um conceito importante inserido
pela POO foi o encapsulamento, em que os dados de um objeto ficam “protegi-
dos” e só podem ser acessados por métodos (interfaces). Isto melhora e docu-
menta o uso dos objetos por aplicações.

Métodos Variáveis
(comportamento) (estado)

Objeto
Figura 43 – Encapsulamento de dados

Os diversos objetos podem conter informações, e estas só poderão ser alte-


radas pelos métodos disponíveis. Os usuários do sistema conhecem as interfa-
ces, mas não necessariamente as variáveis do sistema.

andar 20 anos andar 35 anos andar 42 anos


1,68 m 1,75 m 1,80 m
58 Kg 58 Kg 78 Kg
falar pular falar pular falar pular

Maria João José

Figura 44 – Exemplos de objetos com dados (variáveis) e métodos (interfaces) bem definidos

capítulo 3 • 89
Outra vantagem da POO é que a comunicação entre objetos do sistema fica
mais bem definida através da troca de mensagens via interfaces dos objetos.
Infelizmente, embora o conceito fosse muito interessante, não se conse-
guiu, na prática, obter a desejada interoperabilidade entre os objetos de dife-
rentes tecnologias. Por exemplo, objetos escritos em Java não conseguem “con-
versar” com objetos escritos em C#, Python etc.

Qual o seu nome?


Mensagem

Maria José

Figura 45 – Comunicação entre objetos

Algumas empresas tiveram iniciativas para tentar a integração entre “plata-


formas de objetos” diferentes, como o OMG (Object Management Group), que
desenvolveu a especificação CORBA (Common Object Request Broker) e a Mi-
crosoft com o DCOM (Distributed Component Object Model), mas “a moda”
não pegou por serem opções comerciais e fechadas.
No entanto, com o advento do padrão XML, surgiu também o conceito de
softwares denominados Web Services (Serviços Web). Os padrões de Serviços
Web foram definidos pelo W3C por especificações de padrões para interopera-
bilidade, todos baseados em XML, que são o SOAP (Simple Object Access Pro-
tocol) para troca de mensagens entre aplicações, UDDI (Universal Description
Discovery and Integration) como padrão para localização e identificação de Ser-
viços Web e o WSDL (Web Services Description Language) para descrição dos
Serviços Web.
Através do uso de Serviços Web, podemos pensar em interoperabilidade e
em padrões aberto. Cabe ressaltar que SOA é uma estratégia ou metodologia,
enquanto os Serviços Web são um padrão de desenvolvimento de software.

90 • capítulo 3
A XML(eXtended Markup Language), ou linguagem de marcação estendida, é uma
“metalinguagem” baseada em marcadores com a função de descrever estruturas de
dados, oferecendo benefícios que não existem na linguagem HTML (Hipertext Markup
Language). O HTML, que também é uma linguagem de marcação, tem propósito
distinto do XML.

O HTML define um conjunto de tipos de elementos que se preocupam em como


as informações serão exibidas (aparência), enquanto o XML não possui elementos
pré-definidos, pois se trata de uma metalinguagem e serve para definições de novas
estruturas, de acordo com o que deseja o programador. Veja o exemplo a seguir:

<html>

<head>

<title>Exemplo de documento HTML</title>

</head>

<? xml version ="1.0" encoding ="UTF-8"?>

<autor tipo ="Diversos">

<nome > Jose </nome>

<id> 409 </id>

Figura 46 – Exemplo de XML e HTML

capítulo 3 • 91
Como você pode ver pela figura, caso o HTML seja exibido num navegador,
ele irá formatar a saída, enquanto que o XML não fará nada, a não ser tentar
processar a saída. Para que a aplicação possa entender o que o XML quer dizer,
é preciso um “Parser” ou interpretador, que associa o XML a um DTD (Docu-
ment Type Definition) ou XML Esquema. Não é nosso escopo entrar em detalhes
sobre isso, mas você pode ler mais a respeito na especificação do XML.

CONEXÃO
Saiba mais sobre XML em:
<www.gta.ufrj.br/grad/00_1/miguel/
<www.apostilando.com/sessao.php?cod=9>
<www.codigofonte.com.br/artigos/xml>
<www.webtutoriais.com/categorias.php?categoria=xml>
<www.dicas-l.com.br/dicas-l/20050326.php>

ATIVIDADE
1. Qual sistema operacional você conhece e/ou utiliza?

2. Qual sua opinião sobre os sistemas Windows, Linux e Mac OS? Algum deles leva van-
tagem? Em quais quesitos?

3. Você prefere a interface gráfica (GUI) ou a linha de comandos? Quais as diferentes ha-
bilidades que um usuário precisa ter para aprender a usar cada uma dessas interfaces?

4. Complete as questões abaixo – Fonte: (O´BRIEN, 2004)


1. O software ____________________ direciona o desempenho de um uso particular
de computadores para atender às necessidades de informação dos usuários finais.
2. Um ____________________ de software é um conjunto de softwares que combina a
capacidade de realizar várias aplicações de finalidades gerais (como processamento
de textos, planilhas eletrônicas e gráficos) em um programa.

92 • capítulo 3
3. Programas chamados ____________________________ gerenciam os recursos de
hardware, software e dados do sistema do computador durante sua execução dos
vários trabalhos de processamento de informações dos usuários.
4. A Microsoft introduziu o(a) _________________________________ em 1995. Trata-
se de um sistema operacional poderoso, multitarefa, multiusuário, que está sendo
instalado em servidores de rede para gerenciar redes de área local e em PCs com
requisitos de alto desempenho de computação.
5. Um sistema operacional contém programas de ____________ ________ que contro-
lam a criação, a anulação e o acesso de arquivos de dados e programas. Esses pro-
gramas também acompanham a localização física de arquivos em discos magnéticos
e outros dispositivos de armazenamento secundário.

5. Questões de múltipla escolha – Fonte: (O´BRIEN, 2004)

1. Qual das seguintes alternativas não seria considerada exemplo de um programa de


gerenciamento de sistemas?
a) Software de sistemas operacionais.
b) Programas de gerenciamento de redes.
c) Sistemas de gerenciamento de bancos de dados.
b) Programa de groupware.
3. Qual das seguintes alternativas é geralmente considerada software de aplicação?
a) Software de sistemas operacionais.
b) Um pacote de gráficos.
c) Programas utilitários do sistema.
d) Programas de gerenciamento de arquivos.
4. A função de gerenciamento de recursos de um sistema operacional normalmente:
a) Permite que usuários finais se comuniquem com ele de forma a poder carregar
programas, acessar arquivos e realizar outras tarefas.
b) Gerencia os recursos de hardware de um sistema de computadores.
c) Controla a criação, a anulação e o acesso de arquivos de dados e programas.
d) Gerencia a realização das tarefas de computação dos usuários finais.
5. Qual das seguintes alternativas se inclui na função de gerenciamento de recursos de
um sistema operacional?
a) Entrada/saída de dados
b) Monitoração de tarefas de usuários finais
c) Controle da criação e anulação de dados
d) Alocação de periféricos de entrada/saída

capítulo 3 • 93
6. Qual das seguintes alternativas não é uma das principais categorias de linguagens
de programação?:
a) Linguagens de máquina
b) Sistemas operacionais
c) Linguagens assembler
d) Linguagens de alto nível
7. O programa tradutor de linguagem de programação conhecido como intérprete de-
sempenha a seguinte função:
a) Traduz os códigos simbólicos de instrução de programas escritos em uma lin-
guagem assembler para instruções em linguagem de máquina.
b) Traduz instruções de linguagem em alto nível.
c) Traduz e executa uma instrução de programa de cada vez.
d) Nenhuma das alternativas acima.

6. Verdadeiro ou falso – Fonte: (O´BRIEN, 2004)


1. O correio eletrônico é utilizado por usuários finais para se comunicarem uns com os
outros enviando e recebendo mensagens eletrônicas via Internet ou intranets e extra-
nets de suas organizações.
( ) Verdadeiro ( ) Falso

2. O software de sistemas atua como uma interface vital de software entre o hardware de
sistemas de computadores e os programas de aplicação dos usuários finais. Consiste
em programas que gerenciam e apoiam um sistema de computadores e suas atividades
de processamento de informações.
( ) Verdadeiro ( ) Falso

3. MS-DOS, o OS/2 e o Sistema Mac OS X são exemplos de programas conhecidos de


aplicações empresariais para microcomputadores.
( ) Verdadeiro ( ) Falso

REFLEXÃO
Neste capítulo, vimos como o software de computador “dá vida” ao hardware, completando
o entendimento sobre infraestrutura de TI. Os programas que fazem com que o hardware
possa trabalhar e responder às necessidades humanas para as quais foram projetados. Pen-

94 • capítulo 3
se nos softwares e tente analisar quais deles envolvem você em seu dia a dia em casa, na
escola e no trabalho.

LEITURA RECOMENDADA
Artigo: Sistemas operacionais
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_operativo>

Artigo: Como funcionam os sistemas operacionais


<http://informatica.hsw.uol.com.br/sistemas-operacionais.htm>

Livro: Sistemas de Informações Gerenciais, de Kenneth Laudon e Jane Laudon. Livro


com conceitos de sistemas de informações de maneira muito abrangente. Possui informa-
ções aliadas às decisões estratégicas nas empresas, funcionamento de softwares, seguran-
ça e ética, dentre outros. Para mais informações, veja as Referências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de Informação Gerenciais. São Paulo: Prentice Hall. 2007.

O´BRIEN, J. A. Sistemas de Informação e as decisões gerenciais na era da Internet. São Paulo: Editora
Saraiva. 2004.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Agora que já aprendemos sobre os conceitos básicos de Tecnologia da Informação, infra-
estrutura de TI, com hardwares e softwares, que tal abordamos um assunto bem interes-
sante e útil às empresas? O gerenciamento de dados. Afinal, são estes dados que geram as
valiosas informações para as organizações. Assim, no nosso próximo capítulo veremos os
fundamentos da Inteligência de Negócios (BI) e o gerenciamento da informação e de banco
de dados. Vamos lá!

capítulo 3 • 95
4
Fundamentos da
Inteligência de Negócios:
Gerenciamento da
Informação e de Banco
de Dados
4 Fundamentos da Inteligência de Negócios:
Gerenciamento da Informação e de Banco de
Dados
Este capítulo introduz o conceito de informação dentro de uma empresa e sua
importância. Fazendo a distinção entre informações armazenadas em bancos
de dados transacionais e informações alojadas em sistemas corporativos de ar-
mazém de dados (data Warehouse, em inglês). O capítulo também apresenta
uma visão geral dos princípios dos bancos de dados e as etapas necessárias à
integração de vários bits de informação armazenados em múltiplos depósitos
operacionais com um repositório abrangente e centralizado de informações
resumidas, as quais podem se tornar uma poderosa inteligência de negócios.
Você deve entender a diferença entre informação transacional e informação
resumida e os diferentes tipos de questões que você responderia usando um
banco de dados transacional ou um armazém de dados corporativo. Você pre-
cisa estar ciente da complexidade de se armazenar dados em bancos e do nível
de esforço requerido para transformar dados operacionais em informações sig-
nificativas resumidas. Precisa também perceber o poder da informação e a van-
tagem competitiva que um armazém de dados traz a uma empresa em termos
de facilitação de inteligência de negócios. Compreender o poder da informação
ajudará você a se preparar para competir em um mercado mundial. Armado
com o poder da informação, você tomará decisões gerenciais inteligentes, atu-
alizadas e baseadas em dados.

OBJETIVOS
• Aprender sobre Inteligência de Negócios ou Business Intelligence (BI)
• Identificar os tipos de informações transacionais e analíticas
• Aprender sobre Mineração de Dados e BI
• Conhecer sobre a abordagem de banco de dados para gerenciamento de dados
• Aprender sistemas de gerenciamento de dados
• Aprender como usar banco de dados para melhorar o desempenho e a tomada de decisão
na empresa
• Aprender sobre gerenciamento dos recursos de dados

98 • capítulo 4
VOCÊ SE LEMBRA?
Qual foi a última vez que acessou algum tipo de dado em seu computador? Será que os
sistemas que você utiliza são dotados de bancos de dados? E os sites que acessa, você sabe
se possuem bancos de dados?
Sabemos que a informação é um ativo bem valioso para as empresas atualmente. Mas,
afinal, como essas informações são gerenciadas? Informações não são dados que foram
processados por sistemas? Pois bem, vamos aprender como esses dados são geridos e
conhecer sua potencialidade juntamente com a Inteligência de Negócios.

4.1 Introdução à Inteligência de Negócios ou


Business Intelligence (BI)

Analisar fatos e detectar tendências são um dos maiores desafios nas ativida-
des gerenciais voltadas à tomada de decisões e precisam ser realizados no mo-
mento certo. Esta é a ideia do BI (Business Intelligence), utilizar ferramentas
adequadas com dados disponíveis para conseguir extrair informações valiosas
a partir de um grande volume de dados.
A Inteligência de Negócios (BI, Business Intelligence) envolve as aplicações,
ferramentas e tecnologias que são utilizadas para a coleta, o acesso e a análise
de dados e informações com o foco principal nas tomadas de decisões. No livro
A Arte da Guerra, o autor Sun Tzu faz uma das primeiras referências à inteligên-
cia de negócios, pois afirma que, para se ter sucesso na guerra, é necessário ter
pleno conhecimento dos seus próprios pontos fortes e fraquezas, bem como
também dos de seus inimigos (BALTZAN, 2012 p. 234). Mas o conceito surgiu
na década de 1980 e é um termo do Gartner Group, uma consultora de negócios.
O BI necessita que os dados estejam devidamente organizados em um gran-
de repositório para que as informações possam auxiliar na tomada de decisão,
normalmente contidas em um data warehouse/data mart.
De acordo com Baltzan (2012) muitas empresas acham hoje ser quase im-
possível compreender suas próprias forças e fraquezas, e muito menos as de
seus inimigos, porque o enorme volume de dados organizacionais é inacessível
para todos, exceto para o departamento de TI. Dados da organização incluem
muito mais do que campos simples em um banco de dados; também incluem

capítulo 4 • 99
correio de voz, ligações telefônicas de clientes, mensagens de texto, clipes de
vídeo, juntamente com as inúmeras novas formas de dados.
Segundo Turban et al. (2008), o BI inicia-se no processo de transformação
de dados em informações, depois em decisões e, por fim, em ações.
As características e a finalidade do BI são inúmeras, mas poderíamos citar
a análise de dados contextualizados, a procura de relações de causa e efeito e o
uso da experiência aliado à hipóteses para tomada de decisões como importan-
tes utilização do termo. (LAUDON e LAUDON, 2007; TURBAN et al., 2008)
Na maioria das empresas, as decisões são baseadas em experiências, no co-
nhecimento acumulado e no princípio básico, mas às vezes também são basea-
das em fatos. Por exemplo, diariamente funcionários tomam decisões variadas,
podendo ser relacionadas à concessão de descontos a clientes, à produção de
novas peças, ao envio de campanhas por mala direta, à solicitação de materiais
adicionais, entre outros.
Estas ações podem representar um problema, pois a experiência, o conhe-
cimento e o princípio básico podem não ser padronizados entre funcionários
e levar anos para ser suficientemente desenvolvidos. Isso pode ter um grande
impacto no negócio, influenciando custos e receitas, o que sugere uma atenção
especial à qualidade das decisões. Para melhorar a qualidade dessas decisões,
os responsáveis pela área de TI podem fornecer a estes funcionários sistemas
de BI e outras ferramentas que sejam capazes de auxiliar na tomada de decisões
de qualidade, de forma eficiente, prática e segura, resultando em uma empresa
ágil e inteligente.
Baltzan (2012) cita algumas situações de uso do BI no auxílio a tomadas de
decisões mais inteligentes:
• Marketing: classificação de dados demográficos dos clientesque podem
ser usados para prever quais deles respondem a uma correspondência
ou compram um determinado produto.
• Varejo e vendas: prognóstico de vendas; determinação dos níveis de esto-
que corretos e horários de distribuição entre lojas e prevenção de perdas.
• Bancos: previsão de níveis de empréstimos ruins e utilização fraudulen-
ta do cartão de crédito; gastos com cartão de crédito de novos clientes e
quais tipos de clientes irão responder melhor (e se qualificar) à oferta de
um novo empréstimo.

100 • capítulo 4
• Gerenciamento de operações / previsão de falhas de máquinas: encon-
trar os fatores-chave que controlam a otimização da capacidade de pro-
dução.
• Serviços de corretagem e negociação de títulos: previsão de quando os
preços dos títulos irão mudar; prognóstico do intervalo de flutuação de
ações e do mercado global; e determinação de quando comprar ou ven-
der ações.
• Seguro: previsão do montante de dívidas e dos custos de cobertura mé-
dica; classificação dos elementos mais importantes no que se refere à
cobertura médica; prognóstico de quais clientes comprarão novas apó-
lices de seguro.
• Assistência médica: correlação dos dados demográficos de pacientes
com doenças críticas; desenvolvimento de uma melhor percepção sobre
os sintomas e suas causas e como fornecer tratamento adequado.
• Difusão: prever o que é melhor para ir ao ar em horário nobre e como
maximizar os retornos interpondo propagandas.
• Hardware e software: previsão da falha da unidade de disco; prognósti-
co de quanto tempo levará para criar novos chips; previsão de potenciais
violações de segurança.

4.1.1 Informações transacionais e analíticas

A informação pode ser de dois tipos: transacional e analítica. As informações


do tipo transacional têm o objetivo principal de apoiar a realização das tarefas
operacionais diárias, envolvendo todas as informações contidas em um único
processo de negócio ou unidade de trabalho. As informações transacionais são
utilizadas quando as atividades operacionais estão sendo executadas, a partir
de banco de dados que armazenam este tipo de informação, como, por exem-
plo, na análise de relatórios da empresa do setor de vendas ou produção (BALT-
ZAN, 2012 p. 144).
Portanto, as informações transacionais abrangem transações rotineiras
da empresa, envolvendo informações coletadas nos sistemas de PDV (Ponto
de Venda), cadastro de clientes, fornecedores e produtos, entre outros. Todo
o histórico de dados da empresa, todas as transações realizadas irão compor
este tipo de informação transacional, que, por sua vez, irão ser utilizadas para
compor as informações analíticas (BONEL, 2012).

capítulo 4 • 101
Já as informações do tipo analítica estão diretamente relacionadas à área
gerencial, envolvendo informações organizacionais que irão dar suporte e auxí-
lio à tomada de decisões importantes para finalidades específicas da empresa,
como, por exemplo, influenciar na decisão de contratação de pessoas para a
área de produção ou ainda ajudar no planejamento de vendas do próximo ano
(BALTZAN, 2012 p. 144).
As informações gerenciais, ou analíticas, são aquelas dotadas de qualidade
e organizadas de acordo com assuntos de interesse, alocadas em data warehouse
e Datamarts, com o propósito de auxiliar na tomada de decisão no menor tempo
possível, de maneira otimizada, capaz de identificar oportunidades ou amea-
ças relacionadas ao negócio para ajudar o gestor a tomar a melhor decisão (BO-
NEL, 2012).
Uma vez conhecidos os dois tipos de informações, transacionais e analíti-
cas, podemos visualizar sua aplicação nas fases do ciclo abaixo:

Coletar > ETL (Extração Transformação Carga) > Organizar > Monitorar >
Compartilhar

As informações transacionais envolvem a fase de “Coletar” e as informações


analíticas a fase de “Organizar”. A coleta de dados irá gerar informações tran-
sacionais a partir dos dados coletados e, mais adiante, após a fase de extração,
irá possibilitar a organização destes dados, gerando informações analíticas que
poderão ser monitoradas, analisadas e compartilhadas por meio de sistemas
de informações gerenciais, nas empresas. O teor dessas informações irão com-
por alguns tipos de sistemas de informação relacionados à gestão, como é o
caso dos Sistemas de Informações Operacionais ou Transacionais (com infor-
mações do tipo transacional), os Sistemas de Informações Gerenciais e os Siste-
mas de Apoio à Decisão (ambos com informações do tipo analítica).

102 • capítulo 4
O valor da informação oportuna

A necessidade de informação oportuna pode mudar em cada decisão de negócios.


Algumas decisões requerem informações semanais ou mensais, enquanto outras re-
querem informações diárias. Oportunidade é um aspecto da informação que depende
da situação. Em alguns setores, uma informação de alguns dias ou semanas anteriores
pode permanecer relevante; enquanto, em outros, uma informação de apenas alguns
minutos antes pode já não valer nada. Algumas empresas, como centros de atendimen-
tos de emergências, corretoras de ações e bancos, requerem informações atualizadas,
24 horas por dia, sete dias por semana. Outras empresas, como as de seguro e de
construção, exigem apenas informações diárias e, até mesmo, semanais. Informação
em tempo real significa informação imediata e atualizada. Os sistemas de tempo real
provêm informações em tempo real para responder ar solicitações de consulta.
Muitas empresas usam sistemas de tempo real para explorar informações transacionais
corporativas chaves. Em uma pesquisa da Evans Data Corp. com 700 executivos de TI,
48% deles disseram que já estavam analisando informações em tempo real ou quase em
tempo real, e outros 25% afirmaram ter planos de implementar sistemas em tempo real.
A crescente demanda por informações em tempo real decorre da necessidade das
empresas de tomarem decisões mais rápidas e eficazes, manterem estoques menores,
operarem com mais eficiência e controlarem o desempenho com mais cuidado. Mas
oportunidade é algo relativo. As empresas precisam de informações frescas e opor-
tunas para tomar boas decisões. As informações precisam ser oportunas também no
sentido de atender às necessidades dos funcionários – e não ir além disso.
Fonte: BALTZAN, 2012, p. 144

4.1.2 Mineração de dados (data mining) e BI (Business Intelligence)

A mineração de dados promove a descoberta de conhecimentos de interesse


em bancos de dados, por meio de técnicas e processos baseados em softwares
inteligentes. Estes são capazes de pesquisar em grandes bases de dados de ma-
neira rápida e eficiente, todas as informações consideradas úteis presentes em
um grande volume de dados. Esses resultados são expressos por meio de regras
e padrões. Assim, a mineração de dados é considerada uma importante técnica

capítulo 4 • 103
de Business Intelligence (BI), bem como o Data Warehousing e a análise OLAP
(On line Analytical Processing) (GONÇALVES, 2013).

A mineração de dados (data mining) é o processo de analisar dados para extrair in-
formações que não são fornecidas apenas pelos dados brutos. A mineração de dados
também pode começar em um nível de informação sumária (granularidade grossa) e
progredir mediante níveis crescentes de detalhes (drilling down), ou o contrário (drilling
up) (BALTZAN, 2012 p. 238).

O uso de ferramentas em mineração de dados é essencial, e estas são dota-


das de uma variedade de técnicas visando buscar padrões e relações existentes
em grandes volumes de informações, podendo efetuar previsões nas tendên-
cias dos dados, o que auxilia nas próximas decisões a serem tomadas. Dessa
forma, essas ferramentas computacionais de mineração de dados voltadas
para repositórios de dados auxiliam usuários a descobrir aquilo que lhes é mais
interessante dentro de um grande volume de dados, provendo inteligência nos
negócios, caracterizando o BI (BALTZAN, 2012 p. 238).
© ALAIN LACROIX | DREAMSTIME.COM

Figura 47 – Mineração de dados ou Datamining: conjunto de técnicas para reconhecimento


de padrões.

104 • capítulo 4
A mineração de dados faz uso de tecnologias e algumas funcionalidades
especializadas em determinadas funções, como, por exemplo, ferramentas
de consulta, de análise mutltidimensional, de comunicação, na área estatís-
tica e também em agentes inteligentes (BALTZAN, 2012 p. 238).
A expressão “rico em dados, pobre em informação” é utilizada por vários
autores, como Han (2006), e apresenta a necessidade de se utilizar ferramentas
e técnicas adequadas para obter informações úteis a partir da coletas de dados,
o que torna a mineração de dados uma das tecnologias mais promissoras atu-
almente (LAROSE, 2005).
De acordo com os autores Camilo & Silva (2009, p. 2), a mineração de dados
pode ser aplicada de forma satisfatória em diferentes áreas, como pode ser vis-
to na tabela 3 a seguir:

ÁREAS APLICAÇÕES DA MINERAÇÃO DE DADOS

Retenção de clientes Identificação de perfis para determinados produtos, venda cruzada.

Identificação depadrões para auxiliar no gerenciamento de relaciona-


Bancos
mento com o cliente.

Identificação de segmentos de mercado e de padrões de rotativida-


Cartão de xrédito
de.

Cobrança Detecção de fraudes.

Telemarketing Acesso facilitado aos dados do cliente.

Eleitoral Identificação de um perfil para possíveis votantes.

Medicina Indicação de diagnósticos mais precisos.

Segurança Detecção de atividades terroristas e criminais.

Biometria Auxílio em pesquisas biométricas.

RH Identificação de competências em currículos.

Filtração das informações relevantes, fornecimento de indicadores de


Tomada de decisão
probabilidade.

capítulo 4 • 105
ÁREAS APLICAÇÕES DA MINERAÇÃO DE DADOS

Melhoria na disposição de seus produtos nas prateleiras, através do


Supermercado
padrão de consumo de seus clientes.

Companhia de Direcionamento do envio de mensagens promocionais, obtendo


marketing melhores retornos.

Diferenciação de seus serviços oferecendo um atendimento perso-


Empresas aéreas
nalizado.

Logística de distri- Planejamento da melhor logística de distribuição dos seus produtos,


buição prevendo picos nas vendas.

Prevenção a fraudes Empresas podem economizar identificando fraudes.

Aumento do volume de vendas direcionando seus pacotes a clientes


Agências de viagens
com determinado perfil.

Tabela 3 – Áreas e aplicações da mineração de dados


Fonte: Camilo & Silva (2009, p. 2)

A abordagem de Baltzan (2012, p. 239) apresenta a tomada de decisão com


“algumas atividades diferentes em mente”, como:

• Classificação – Atribuir registros a um conjunto predefini-


do de classes.

• Estimativa – Determinar valores de um comportamento


variável contínuo desconhecido ou de um valor futuro esti-
mado.

• Agrupamento da afinidade – Determinar quais coisas an-


dam juntas.

• Agrupamento – Segmentar uma população heterogêneo de


registros em um número de subgrupos mais homogêneos.

106 • capítulo 4
Ainda segundo Baltzan (2012, p.239):

A Sega of America, uma das maiores editoras de video-games, usa a mineração de


dados e as ferramentas estatísticas para distribuir seu orçamento de publicidade de
mais de US$ 50 milhões por ano. Usando a mineração de dados, especialistas de linha
de produto e estrategistas de marketing “detalham” as tendências de cada cadeia de
lojas de varejo. O objetivo é encontrar tendências de compras que ajudem a determinar
quais estratégias de publicidade estão funcionando melhor e como realocar recursos
de publicidade na imprensa, na região e no período.

Larose (2005) apresenta que, embora algumas definições sobre mineração


de dados induzem o entendimento de que o processo de descoberta do conhe-
cimento acontece de forma totalmente automática, sabe-se, por outro lado,
que isso não condiz com a realidade. Isso mostra a necessidade ainda da análi-
se do homem, mesmo com tantas ferramentas disponíveis. De qualquer forma,
o fato é que a mineração de dados contribui muito para a descoberta de conhe-
cimento, permitindo que usuários especialistas dessas ferramentas e técnicas
foquem seus esforços naquilo que realmente é mais importante em grandes
amostras de dados (CAMILO & SILVA, 2009, p. 2). Esta combinação entre ferra-
mentas computacionais, sistemas e técnicas aliada à capacidade analítica do
homem são as grandes responsáveis por prover a inteligência nos negócios.

Para melhorar a qualidade das decisões de negócio, gerentes de TI podem fornecer


aos demais funcionários os sistemas de BI e as ferramentas capazes de auxiliá-los na
tomada de decisões , para que elas sejam melhores e eficazes. O resultado cria uma
empresa ágil e inteligente.

4.2 A abordagem de banco de dados para gerenciamento de dados

Os gerentes aplicam os conhecimentos obtidos a partir das informações pro-


cessadas pelos dados, ou seja, para chegar ao conhecimento, primeiramente os
dados devem ser processados em informações. Uma vez com este conhecimen-
to, é possível aplicá-lo em diversas situações da rotina de uma empresa, tendo
como resultados a visualização desses dados já analisados, o auxílio a decisões

capítulo 4 • 107
e também a gestão do conhecimento. Vamos compreender melhor este fluxo
de dados, unindo um pouco do que já vimos até agora?
O processo geral dos dados está apresentado na figura 48. É um esquema
de Rainer (2012, p. 111) que nos mostra o processo iniciando-se com diversas
fontes de dados, a partir de diferentes bancos de dados (Dados A, Dados B, Da-
dos C), podendo ser dados internos, externos ou até mesmo pessoais. Após esta
coleta dos dados, eles são armazenados em bancos de dados e selecionados
para comporem a organização em um data warehouse ou em data marts para
serem então analisados. Na fase de análise, os dados podem ser acessados no
data warehouse ou por meio dos data marts, e estes irão oferecer condições para
que sistemas de informações gerenciais possam consultar os dados de maneira
organizada e global, representando todos os bancos de dados anteriores a ele,
permitindo, assim, o uso de ferramentas analíticas em busca de regras ou pa-
drões, caracterizando os sistemas inteligentes.

Fontes de dados Dados A Dados B Dados C

Metadados
Data warehouse

Data marts
Data marts

Processamento analítico online


Análise de dados (OLAP), consultas, painéis de Mineração de
controle executivos, sistemas dados
de apoio à decisão

Resultados Visualização de
Decisões
Gestão do
dados conhecimento

Soluções Gerenciamento
SCM CRM E-commerce Estratégia
de documentos

Figura 48 – Processo geral dos dados


Fonte: RAINER (2012, p. 111) (Adaptado pelo autor)

108 • capítulo 4
Na fase de Resultados, que acontece após a fase de análise de dados, é pos-
sível ter acesso à visualização de dados, bem como já tomar decisões a partir
das informações que agora são emitidas e, consequentemente, pelo uso da in-
formação e aplicação do conhecimento, também é possível efetuar a gestão do
conhecimento.
A última fase, a de Soluções, ocorre a aplicação dessas decisões e conhecimen-
tos por meio de sistemas e práticas de gerenciamento, como nos sistemas de ge-
renciamento da cadeia de suprimentos (SCM), nos sistemas de gerenciamento do
relacionamento do cliente (CRM) e em outras frentes, como o gerenciamento de
documentos, comércio eletrônico (E-commerce), aspectos relacionados a estraté-
gias do negócio, entre outros.
Já que aprendemos o processo geral dos dados, vamos agora compreender
melhor o que seja um banco de dados.
De acordo com Laudon e Laudon (2011, p. 144), “um banco de dados é um
conjunto de arquivos relacionados entre si com registros sobre pessoas, luga-
res ou coisas”.

Um dos bancos de dados mais bem-sucedidos da história moderna é a lista telefônica,


conjunto de registros referentes a pessoas físicas e jurídicas que possuem telefone. Ela
fornece quatro tipos de informação sobre cada usuário de telefone: sobrenome, primei-
ro nome, endereço e número de telefone. Traz também informações sobre empresas
e categorias de empresa, tais como lojas de automóveis ou fornecedores de material
hidráulico. A lista telefônica extrai essas informações de um banco de dados com ar-
quivos de clientes, classificações de empresa, códigos de área e regiões geográficas
(LAUDON e LAUDON, 2011, p. 144).

Em um banco de dados de uma organização, podem existir fatos e informa-


ções sobre funcionários, consumidores, vendas, estoque dos produtos, transa-
ções realizadas online e muitos outros dados relacionados. Muitos gerentes e
executivos consideram o banco de dados de um sistema uma peça fundamen-
tal para o negócio, pois é por meio dele que conseguem as informações organi-
zadas que irão auxiliar na gestão do dia a dia da empresa.

capítulo 4 • 109
CONEXÃO
Leia mais sobre redes de computadores em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_dados>

De um modo geral, os bancos de dados auxiliam as empresas a diminu-


írem seus custos e a aumentar seus lucros por meio das informações gera-
das, acompanhando as atividades e direcionando na criação de novas opor-
tunidades de mercado (STAIR e REYNOLDS, 2012, p. 169). De acordo com
Laudon e Laudon (2011, p. 144), uma característica imbatível dos bancos de
dados é a capacidade de relacionar rapidamente um conjunto de arquivos
a outro.

Por que se informar em relação aos sistemas de banco de dados e inteligên-


cia de negócios?

Uma enorme quantidade de dados é introduzida diariamente nos sistemas computacio-


nais. Para onde vão todos esses dados e como são utilizados? Como podem ajudá-lo no
trabalho? Se você se tornar um gerente de marketing, pode acessar um extenso acú-
mulo de dados sobre consumidores existentes e em potencial, estudando os hábitos na
web e as aquisições anteriores. Essas informações podem ajudá-lo a vender produtos e
serviços. Se você se tornar um advogado corporativo, terá acesso a casos anteriores e
opiniões jurídicas de bancos de dados jurídicos sofisticados. Essas informações podem
ajudá-lo a ganhar casos e a proteger juridicamente a sua empresa. Se você se tornar
um gerente de recursos humanos (RH), poderá utilizar bancos de dados e ferramentas
de inteligência de negócios para analisar o impacto de aumentos, os benefícios de se-
guro aos funcionários e os custos nas contribuições para a aposentadoria, a longo pra-
zo, para a sua empresa. Independentemente do seu campo de estudo, utilizar sistemas
de bancos de dados e ferramentas de inteligência de negócios provavelmente será uma
parte crítica do seu trabalho. (Trecho extraído de STAIR e REYNOLDS, 2012, p. 169)

De acordo com RAINER (2012, p. 111), a utilização de bancos de dados


eliminou vários problemas que aconteciam em métodos anteriores de ar-
mazenamento e acesso. Com a evolução desses bancos, foram desenvolvi-
dos sistemas de gerenciamento de banco de dados (SGBD), que provêm da-

110 • capítulo 4
dos organizados e que minimizam alguns problemas como a redundância,
o isolamento e a incoerência dos dados. RAINER (2012, p. 111) ainda relata
que os sistemas de bancos de dados podem maximizar aspectos relaciona-
dos à segurança, integridade e independência dos dados.

4.3 Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados

Um conjunto de programas que manipula o banco de dados, fornecendo condi-


ções para que usuários e até mesmo outras aplicações possam gerenciá-los por
meio de interfaces, é conhecido como Sistemas de Gerenciamento de Banco de
Dados (SGBD).

Uma organização não pode concluir com sucesso a maior parte das atividades do ne-
gócio sem dados e sem a capacidade de gerenciá-los. Ela não poderia pagar os funcio-
nários, enviar contas, solicitar pedidos ao estoque ou produzir informações para auxiliar
os gerentes na tomada de decisão. Não esqueça: os dados são constituídos de fatos
brutos, como o número de funcionários e número de vendas. Para que os dados possam
ser convertidos em informações úteis, devem ser organizados de forma que tenham
significado (STAIR e REYNOLDS, 2012 p. 170).

RAINER (2012, p. 115) define um sistema de gerenciamento de banco de


dados (SGBD) como um “conjunto de programas que oferece aos usuários
ferramentas para acrescentar, excluir, acessar e analisar dados armazena-
dos em um local”. Em síntese, trata-se de um sistema computadorizado de
manutenção de registro de dados composto por vários programas especiali-
zados em gerenciar dados.
O SGBD (Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados) também pode
ser chamado de DBMS, devido à sua expressão no inglês Database Manage-
ment System.
Este sistema (SGBD) pode conter ferramentas de consultas e relatórios,
bem como programas específicos para determinadas aplicações que irão
acessar e manipular dados, de acordo com a necessidade em questão. Além
dessas ferramentas específicas, é importante ressaltar sua utilidade em fren-
tes como integridade e segurança de dados, permitindo regras de acesso a
usuários e também com sistemas de backup para cópias e restauração dos da-

capítulo 4 • 111
dos, em caso de falha do sistema. Por esses motivos, é recomendado que o seu
uso seja feito também por usuários qualificados e especializados, conhecidos
como administradores de banco de dados (DBA – database administrator).

É comum as pessoas chamarem um SGBD de banco de dados, por exemplo: banco de


dados Oracle, banco de dados MySQL, banco de dados SQL Server etc. Na verdade,
esses são os SGBDs, banco de dados é o que eles oferecem, o correto é chamá-los de:
SGBD Oracle, SGBD MySQL, SGBD SQL Server. etc. Cada um implementa um banco
de dados (ou vários) de uma maneira diferente, mas para o usuário isso é quase trans-
parente, pois a linguagem de acesso aos dados é a mesma, o SQL (FURTADO, 2014).

Os bancos de dados e os sistemas de gerenciamento de banco de dados são cada


vez mais importantes à medida que lidam com quantidades crescentes de informação
digital. Um relatório do IDC, o que se chama ‘O universo digital diverso em explosão’,
estima que o tamanho do universo digital seria de 281 exabytes ou 281 bilhões de
gigabytes. Até 2011, haveria 1.800 exabytes de dados eletrônicos ou 1,8 zetabytes.
Se uma bola de tênis fosse um byte de informação, uma bola do tamanho de zettabyte
equivaleria ao tamanho da Terra. o IDC recomenda que as empresas e as organizações
tomem providências imediatamente para criar políticas, ferramentas e padrões para
acomodar a onda da maré de dados e informações digitais que se aproxima (STAIR e
REYNOLDS, 2012 p. 170).

A figura 49 representa uma organização que utiliza um sistema de geren-


ciamento de banco de dados. Note que os dados dos departamentos de vendas,
financeiro e recursos humanos (RH) são acessados pelos sistemas de cada área
a partir do SGBD. Dessa forma, os gerentes ou usuários do sistema podem ter
acesso a diversos tipos de dados como dados de vendas, do cliente, do vendedor
e de qualquer outro dado que estiver disponível no SGBD.

112 • capítulo 4
Departamento Departamento Departamento
Vendas Financeiro RH

Sistema de Sistema Sistema de


vendas financeiro RH

Sistema de Gerenciamento de
Banco de Dados

Dados Dados Dados dos Dados do Dados


de vendas financeiros funcionários vendedor do cliente

Figura 49 – Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD)


Fonte: RAINER (2012, p. 112) (Adaptado pelo autor)

Esta abordagem de banco de dados para o gerenciamento de dados é utili-


zada pela maioria das organizações, diferentemente da abordagem tradicional,
que anteriormente era feita sem o uso de sistemas de informações ou banco de
dados. Diante disto, vamos ver as vantagens e desvantagens da abordagem de
banco de dados, de acordo com (STAIR e REYNOLDS, 2012, p. 173):

Vantagens
• Utilização estratégica aperfeiçoada dos dados corporativos: dados exa-
tos, completos e atualizados podem ser disponibilizados para os toma-
dores de decisão, quando, onde e na forma de que eles os necessitem. A
abordagem do banco de dados pode também dar maior visibilidade aos
recursos de dados da organização.

capítulo 4 • 113
• Redução na redundância de dados: o dado é organizado pelo SGBD e arma-
zenado em um único lugar, o que resulta em uma utilização mais eficiente
do espaço do sistema de armazenamento.
• Melhoria na integridade do dado: com a abordagem tradicional, algumas
mudanças não se refletiam em todas as cópias dos dados mantidas em
arquivos separados. A abordagem do banco de dados evita esse proble-
ma porque os arquivos separados não contêm cópias do mesmo dado.
• Modificação e atualização mais fáceis: o SGBD coordena as modificações
e atualizações dos dados. Os programadores e usuários não precisam
saber onde os dados estão fisicamente armazenados. O dado é arma-
zenado e modificado uma única vez. A modificação e a atualização são
também mais fáceis, porque o dado é normalmente armazenado em um
único lugar.
• Dados e independência do programa: o SGBD organiza os dados inde-
pendentemente do programa de aplicação, para que este programa não
seja afetado pela localização ou tipo de dado. A introdução de novos ti-
pos de dados irrelevantes para cada aplicação não exige uma reescrita
daquela aplicação para manter-se compatível com o arquivo de dados.
• Melhor acesso aos dados e informações: a maioria dos SBGD tem sof-
tware que torna fácil acessar e recuperar dados em um banco de dados.
Na maioria dos casos, os usuários dão comandos simples para obter
importantes informações. As relações entre registros podem ser mais
facilmente investigadas e exploradas e também facilitam as aplicações
combinadas.
• Padronização do acesso aos dados: uma abordagem padronizada, uni-
formizada de acesso ao banco de dados significa que todos os programa
de aplicação utlilizam os mesmos procedimentos gerais para recuperar
dados e informações.
• Estrutura para o desenvolvimento do programa: procedimentos padroni-
zados, de acesso ao banco de dados podem significar melhor padroniza-
ção do desenvolvimento do programa. Isso porque os programas passam
pelo SGBD para ganhar acesso aos dados no banco de dados. O acesso
padronizado ao banco de dados pode fornecer uma estrutura consisten-
te para o desenvolvimento do programa. Além disso, cada programa de
aplicação necessita voltar-se apenas para o SGBD, não para os arquivos
de dados reais, reduzindo o tempo de desenvolvimento de aplicação.

114 • capítulo 4
• Melhor proteção global dos dados: é mais fácil de monitorar e controlar
o acesso e a utilização de dados localizados centralmente. Os códigos de
segurança e as senhas podem garantir que apenas pessoas autorizadas
tenham acesso aos dados e às informações particulares no banco de da-
dos, assegurando, assim, a privacidade.
• Compartilhamento de dados e recursos de informação: o custo do har-
dware, do software e da equipe pode ser distribuído entre muitas aplica-
ções e usuários. Isso é uma característica primária do SGBD.

Desvantagens
• Maior complexidade: o SGBD pode ser difícil de implantar e operar. Mui-
tas decisões devem ser tomadas de forma devida para que o SGBD fun-
cione de forma eficaz. Além disso, os usuários precisam aprender novos
procedimentos para tirar proveito de todas as vantagens de um SGBD.
• Dificuldade de recuperação quando ocorrer falha: da abordagem tradi-
cional ao gerenciamento de arquivos, a falha em um arquivo afeta ape-
nas um único programa. Com um SGBD, uma falha pode fechar todo o
banco de dados.
• Custo elevado: a aquisição e a operação do SGBD podem ter custo ele-
vado. Esses custos incluem o custo do banco de dados e de equipe espe-
cializada, como um administrador, necessário para projetar e operar o
banco de dados. Hardware adicional também pode ser necessário.

O DBA frequentemente analisa a melhor opção de SGBD para ser utilizada


na organização e, para isso, ele utiliza alguns processos para avaliar as neces-
sidades e características do banco de dados. As necessidades irão afetar o tipo
de dado que é armazenado, o que também pode influenciar o tipo de gerencia-
mento de banco de dados que seja utilizado (STAIR e REYNOLDS, 2012, p. 188).
Segundo STAIR e REYNOLDS (2012, p. 188), as características importantes
dos bancos de dados são:
• Tamanho: o número de registros ou arquivos no banco de dados.
• Custo: os custos de aquisição ou aluguel do banco de dados.
• Usuários simultâneos: o número de usuários que precisam utilizar o
banco de dados ao mesmo tempo (o número de usuários simultâneos).
• Desempenho: a rapidez do banco de dados para atualizar os registros.

capítulo 4 • 115
• Integração: a capacidade de ser integrado com outras aplicações e ban-
cos de dados.
• Fornecedor: a reputação e a estabilidade financeira do fornecedor do
banco de dados.

Os bancos de dados podem ter diferentes arquiteturas (por exemplo, o rela-


cional, hierárquico e de rede), mas o modelo de banco de dados relacional é um
dos mais populares, com uso crescente, incluindo como exemplo o IBM DB2,
Oracle, Sybase, MySQL, Microsoft SQL Server e o Microsoft Access.

4.4 Como usar banco de dados para melhorar o desempenho e a


tomada de decisão na empresa

Um dos principais objetivos das aplicações em banco de dados é a manipula-


ção dos conteúdos para gerar informações precisas e úteis, em um tempo há-
bil. Ações comuns, como buscar, filtrar conteúdos e relacioná-los, podem tra-
zer grandes descobertas em um grande volume de dados. A possibilidade de
conectar e disponibilizar esses dados em uma rede como a internet, também é
outro grande benefício e, para isso, aspectos de segurança de rede e integração
de dados são assuntos que devem ser considerados, afinal informações e dados
de todo tipo e natureza de uma empresa podem ser trafegadas nesta rede. Gran-
des empresas têm desenvolvido novos modelos de negócio, utilizando sistemas
inteligentes a partir da análise de dados, e faturado bilhões de dólares.
De qualquer forma, o gerenciamento e a análise de dados têm que ser ca-
pazes de atender a um princípio básico da empresa, que é o de auxiliar a ad-
ministrar o negócio de modo eficaz e ao mesmo tempo ajudar seus gestores a
tomar as melhores decisões. Praticamente, qualquer resposta para uma dúvida
relacionada ao negócio poderá ser obtida por meio dos dados, influenciando o
modo de gerir.

116 • capítulo 4
[...] ao analisar as informações das compras com cartão de crédito dos clientes, a Lou-
ise’s Trattoria, uma cadeia de restaurantes de Los Angeles, percebeu que a qualidade
era mais importante do que o preço para a maioria dos clientes, os quais tinham nível
universitário e apreciavam vinhos refinados. Agindo a partir dessa informação, a cadeia
introduziu pratos vegetarianos, estendeu as opções de frutos do mar e passou a ofere-
cer vinhos mais caros, o que elevou as vendas em mais de dez por cento (LAUDON e
LAUDON, 2011, p. 154).

Em uma grande empresa, com grandes bancos de dados ou sistemas para fun-
ções separadas, como manufatura, vendas e contabilidade, são necessários recur-
sos e ferramentas especiais para analisar vastas quantidades de dados e extraí-los
de múltiplos sistemas. Entre esses recursos estão o data warehousing (armazena-
mento de dados), o data mining (mineração de dados) e ferramentas para acessar
bancos de dados internos por meio da web.

4.4.1 Websites baseados em dados

De acordo com Baltzan (2012, p. 152), “as páginas em um website devem mudar
de acordo com o que o visitante está interessado em buscar”. Considerando
uma empresa que vende carros esportivos, por exemplo, é criado um banco de
dados com informações sobre todos os carros disponíveis no momento (marca,
modelo, detalhes do motor, ano, fotografias etc.). Se um visitante, por exemplo,
acessar um site que vende carros esportivos e selecionar a marca Porche, o ban-
co de dados exibirá as opções de carros desta marca e ainda poderá relacionar
outros carros com faixas de preços compatíveis à busca do interessado, fazendo
novas sugestões semelhantes. Dentro da área de administração segura no site, a
empresa pode modificar, adicionar ou remover carros do seu banco de dados.

capítulo 4 • 117
Um website baseado em dados é um site interativo constantemente atualizado e rele-
vante para as necessidades dos seus clientes mediante o uso de um banco de dados.
Esses websites são especialmente úteis quando o site oferece um grande número de
informações, bens ou serviços. Os visitantes, com frequência, irritam-se quando são
atolados de informações quando fazem buscas em um site. Um website baseado em
dados convida os visitantes a selecionar e visualizar, por meio de uma busca, o que eles
estão interessados. O website analisa a busca e, então, cria uma página personalizada
em tempo real que satisfaz a consulta (BALTZAN, 2012, p. 152).

4.4.2 Vantagens de negócios de website baseado em dados

De acordo com Baltzan (2012, p. 154), as principais vantagens de negócios de


website baseado em dados incluem:
• desenvolvimento: permite que o proprietário do site faça mudanças em
qualquer momento, tudo sem ter de contar com um desenvolvedor ou
saber sobre programação HTML. Um website bem estruturado e baseado
em dados possibilita atualização com pouco ou nenhum treinamento.
• gestão do conteúdo: um website estático requer que um programador
faça as atualizações. Isso cria uma distância desnecessária entre o negó-
cio e seu conteúdo de rede, o que pode levar a mal-entendidos e deixar as
iniciativas para as mudanças desejadas mais lentas.
• futura expansibilidade: ter um website baseado em dados possibilita que
o site cresça mais rapidamente do que seria possível com um site está-
tico. Mudança de layout, displays e da funcionalidade do site (adicionar
recursos e seções) é mais fácil com uma solução baseada em dados.
• diminuição de erro humano: mesmo o programador mais competente,
quando encarregado de manter muitas páginas, irá deixar passar algu-
mas coisas e cometer erros. Isso levará a bugs e inconsistências que po-
dem ser demorados e caros para se descobrir e consertar. Infelizmente,
usuários que se deparam como esses bugs provavelmente irão se irritar
e sair do site. Um site baseado em dados e bem estruturado terá armadi-
lhas para esses erros visando garantir que a informação solicitada seja
preenchida corretamente e que o conteúdo acessado e disponibilizado
esteja no formato correto.

118 • capítulo 4
• redução de custos de produção e atualização: um website baseado em da-
dos pode ser atualizado e “publicado” por um competente funcionário
da administração ou responsável pela entrada de dados. Além de serem
convenientes e mais baratas, mudanças e atualizações levarão uma fra-
ção do tempo em comparação com um site estático. Enquanto treinar
um programador competente pode levar meses ou até mesmo anos, con-
tratar um funcionário para realizar a entrada de dados pode ser feito em
30 a 60 minutos.
• mais eficiente: por natureza, os computadores são excelentes para man-
ter volumes de informação intactos. Como uma solução baseada em da-
dos, o sistema mantém registro dos modelos, para que os usuários não
tenham de fazê-lo. Mudanças globais de layout, de navegação ou da estru-
tura do site precisam ser programadas apenas uma vez, em um lugar, e o
próprio site toma conta da propagação dessas mudanças para as páginas
e áreas apropriadas. Uma infraestrutura baseada em dados melhora a
confiabilidade e a estabilidade do site, enquanto reduz, em grande parte,
a chance de ele ter um colapso quando novas áreas são adicionadas.
• estabilidade aperfeiçoada: qualquer programador que tenha de atualizar
um website de modelos estáticos deve ser bem organizado para não per-
der as fontes dos arquivos. Se um programador sair inadvertidamente, o
trabalho existente talvez tenha de ser refeito, no caso de esses arquivos
não serem encontrados. Além disso, se houver mudanças nos modelos,
um novo programador deve ter o cuidado de usar apenas a versão mais
recente. Com um website baseado em dados, há a tranquilidade de saber
que o conteúdo nunca estará perdido – ainda que o programador esteja.

4.4.3 Data warehouses

capítulo 4 • 119
O que você faria se quisesse informações concisas e confiáveis sobre operações cor-
rentes, tendências e mudanças relativas à empresa inteira? Se você trabalha em uma
grande companhia, isso pode ser difícil, porque os dados geralmente são armazenados
em sistemas separados, como vendas, manufatura ou contabilidade Alguns dos dados
de que precisa estarão no sistema de vendas, e outros no de manufatura Para comple-
tar, muitos desses sistemas são legados com tecnologias de gestão de dados ultrapas-
sadas ou sistemas de arquivos nos quais a informação é de difícil acesso ao usuário.

Talvez você gaste dias e dias localizando e reunindo os dados necessários ou talvez
seja obrigado a tomar sua decisão com base em informações incompletas. Se estiver
pesquisando tendências, terá um problema adicional, porque a maioria das empresas
deixa apenas seus dados atuais imediatamente disponíveis, sendo difícil encontrar da-
dos sobre eventos passados. O data Warehousing combate todos esses problemas.

Data Warehouse é um banco de dados que armazena dados correntes e históricos de


potencial interesse para os tomadores de decisão de uma empresa. Os dados origi-
nam-se de muitos sistemas operacionais centrais, como sistemas de vendas, contas de
clientes e manufatura, podendo incluir ainda dados advindos de transações em sites. O
Data Warehouse consolida e padroniza as informações oriundas de diferentes bancos
de dados operacionais, de modo que elas possam ser usadas por toda a empresa para
análise gerencial e tomada de decisões (LAUDON e LAUDON, P. 2011 p. 153).

A figura 50 mostra como um data warehouse funciona. Os dados estão dispo-


níveis a todos para acesso conforme a necessidade, mas não podem ser altera-
dos Um sistema de data warehouse também oferece uma gama de ferramentas
ad hoc e padronizadas, como ferramentas para consulta, ferramentas analíticas
e recursos para relatórios gráficos. Muitas empresas usam portais de intranet
para disponibilizar as informações do data warehouse a todo o público interno.
Dados correntes e históricos são extraídos de sistemas operacionais internos à
organização. Esses dados são combinados com dados de fontes externas e reor-
ganizadas em um banco central projetado para análise gerencial e produção de
relatórios. O diretório de informações fornece aos usuários informações sobre
os dados disponíveis no data warehouse (LAUDON e LAUDON, 2011, p. 154).

120 • capítulo 4
“O principal objetivo de um armazém de dados é agregar informações de uma empresa
em um repositório único, de maneira que os funcionários possam tomar decisões e
empreender atividades de análise de negócios”
(PHILIPS, 2012 p. 159)

Dados
operacionais

Dados de
clientes
Fontes
internas
Acesso e
Dados de Extrai e Data warehouse análise de
produção transforma dados
(ETL)
– Consultas e relatórios
Dados de – OLAP
clientes Diretório de – Data mining
informações

Fontes Dados externos


externas

Figura 50 – Componentes de um data warehouse


Fonte: LAUDON e LAUDON (2011, p. 154) (Adaptado pelo autor)

4.4.4 Data marts

Empresas podem montar data warehouse organizacionais, nos quais um armazém cen-
tral de dados atende à organização inteira, ou podem criar armazéns menores, descen-
tralizados, denominados data marts. Data mart é um subconjunto de um data warehou-
se, no qual uma porção resumida ou altamente focalizada dos dados da organização é
colocada em um banco separado destinado a uma população específica de usuários.
Por exemplo, uma empresa pode desenvolver data marts de vendas e marketing para
tratar informações de clientes. Um data mart em geral focaliza uma única área de inte-
resse ou linha de negócios, de modo que pode ser montado com mais rapidez e a custo
mais baixo do que um data Warehouse de âmbito empresarial (LAUDON e LAUDON,
P. 2011 p. 155).

capítulo 4 • 121
Um data mart é um data warehouse pequeno, projetado para as necessida-
des do usuário final em uma unidade estratégica de negócios (UEN) ou um
departamento.

Os data marts são muito mais baratos que os data warehouses. Um data mart típico
custa algo em torno de R$ 100.000, enquanto que essa cifra sobe para a casa de R$
1 milhão ou mais para os data warehouses. Além disso, os data marts podem ser imple-
mentados mais rapidamente; em geral, em menos de 90 dias. Como contêm menos in-
formações que um data warehouse, os data marts fornecem uma resposta mais rápida
e são mais fáceis de entender e navegar. Finalmente, eles apoiam o controle local em
vez de central, conferindo poder ao grupo de usuários. Os data marts também permitem
que uma UEN construa seus próprios sistemas de apoio à decisão sem se apoiar em
um departamento de TI centralizado (RAINER, 2012 p. 126).

4.5 Gerenciamento dos recursos de dados

Configurar um banco de dados é somente o início. Para certificar-se de que os


dados para o seu negócio permanecem precisos, confiáveis e prontamente dis-
poníveis para os que deles necessitam, sua empresa necessitará de políticas e
procedimentos especiais sobre gestão de dados.

4.5.1 Estabelecendo uma política de informação

De acordo com LAUDON e LAUDON (2011), todas as empresas, grandes ou pe-


quenas, precisam de uma política de informação. Os dados de sua organização
são um recurso importante, por isso você não vai querer que os outros façam o
que quiser com eles. É necessário estabelecer regras sobre como os dados serão
organizados e armazenados e quem terá permissão para vê-los ou alterá-los.
Uma política de informação especifica as regras para compartilhar, disseminar,
adquirir, padronizar, classificar e inventariar a informação. A política de infor-
mação elabora procedimentos e responsabilidades específicas, determinando
quais usuários e unidades organizacionais compartilham da informação, para
onde ela pode ser distribuída e quem é responsável por sua atualização e manu-
tenção. Por exemplo, uma política de informação típica especifica que apenas

122 • capítulo 4
membros selecionados do departamento de Recursos Humanos e da folha de
pagamento teriam o direito de alterar e visualizar informações delicadas sobre
os funcionários, tais como número da Previdência Social ou salário, e esses de-
partamentos seriam responsáveis por assegurar a precisão de tais dados.
Caso trabalhe em uma empresa pequena, a política de informação talvez
seja estabelecida e implementada pelos proprietários ou gerentes. Em uma
grande organização, o planejamento e a gestão da informação como recurso
corporativo muitas vezes requerem uma função formal de administração de da-
dos. Esta área é responsável pelas políticas e pelos procedimentos específicos
pelos quais as informações podem ser gerenciadas como recurso organizacio-
nal. Essas responsabilidades incluem desenvolvimento da política de informa-
ção, planejamento de dados, supervisão do projeto lógico do banco de dados
e do desenvolvimento do dicionário de dados e monitoração de como os espe-
cialistas em sistema de informação e grupos de usuários finais utilizam essas
informações.
Uma grande organização também costuma ter um grupo de gestão e proje-
to de bancos de dados, dentro da divisão corporativa de sistemas de informação
responsável por definir e organizar a estrutura e o conteúdo do banco de dados e
também por sua manutenção. Em estreita colaboração com os usuários, o grupo
de projeto determina o banco de dados físico, as relações lógicas entre elementos
e as regras de acesso e procedimentos. As funções que o grupo desempenha são
chamadas de gestão de banco de dados.

ATIVIDADE
Vamos praticar um pouco os conceitos aprendidos. Responda às seguintes questões:
1. Explique as dificuldades do gerenciamento de dados.
2. Discuta os benefícios do data warehousing para os usuários finais.
3. Qual é a relação entre os bancos de dados e o data warehouse de uma empresa?
4. Estabeleça a diferença entre data warehouses e data marts.
5. Defina inteligência empresarial e como ela se relaciona com a tecnologia de banco de
dados.
6. Uma ferramenta de análise de informações que envolve a descoberta automatizada de
padrões e relações em um banco de dados é chamada de:

capítulo 4 • 123
a) armazém de dados.
b) análise preditiva.
c) mineração de dados.
d) inteligência de negócios.
e) data marts.

REFLEXÃO
Para refletir, quais seriam os princípios de um sistema de gestão de bancos de dados?
Um sistema de gestão de banco de dados (DBMS) é um software que permite a centra-
lização e a gestão de dados, de maneira que as empresas disponham de uma única fonte
consistente para todas as necessidades de informações. Um único banco de dados atende a
múltiplas aplicações. A mais importante característica do DBMS é sua capacidade de separar
as visões lógica e física dos dados.
Quais as principais ferramentas e tecnologias para extrair informações de ban-
cos de dados e, assim, melhorar o desempenho da empresa e a tomada de decisão?
As empresas dispõem de poderosas ferramentas para analisar e acessar as informações
dos bancos de dados. Um warehouse consolida dados atuais e históricos de vários sistemas
operacionais diferentes em um banco de dados central, projetado para proporcionar relató-
rios e análises. Os data warehouses suportam a análise multidimensional de dados, também
conhecida como processamento analítico on-line (OLAP). O OLAP representa os relaciona-
mentos entre os dados como uma estrutura multidimensional, que pode ser visualizada como
cubos de dados uns dentro dos outros, o que permite análises de dados mais sofisticadas O
data mining avalia grandes quantidades de dados, incluindo o conteúdo dos data warehouses,
a fim de encontrar padrões e regras utilizados para prever o comportamento futuro e orientar
a tomada de decisão. Ferramentas de mineração de texto ajudam as empresas a analisar
grandes conjuntos de dados formados por textos não estruturados Ferramentas de mine-
ração na web concentram-se na análise de parâmetros e informações úteis na World Wide
Web a partir da avaliação da estrutura dos sites, das atividades dos usuários na web e dos
conteúdos das páginas. Bancos de dados convencionais podem ser conectados à web ou a
uma interface da web para facilitar o acesso do usuário aos dados internos da organização.

124 • capítulo 4
LEITURA RECOMENDADA
O livro do casal Laudon apresenta vários casos com exemplos práticos seguidos de comen-
tários que irão fortalecer ainda mais seus conhecimentos. Leia principalmente o capítulo 10.
Outro livro que merece destaque é o do autor Rainer, em que, no capítulo 4, ele aborda
o assunto de gerenciamento de dados e gestão do conhecimento, trazendo também alguns
textos com casos de uso.
Entre vários sites existentes na internet, existe um rico de links e artigos, ferramentas e
grupos de discussão a respeito de inteligência nos negócios ou Business Intelligence. Confira
o endereço: <http://datawarehouse.inf.br>

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALTZAN, P. Sistemas de informação. São Paulo: AMGH, 2012. 369p.

BONEL, C. 2012. Informações gerenciais x Informações Transacionais. Disponível em: <http://www.


profissionaisti.com.br/2012/08/informacoes-gerenciais-x-informacoes-transacionais/>. Acesso em:
11 jun. 2014.

CAMILO, O. C.; SILVA, J. C. Mineração de dados: conceitos, tarefas, métodos e ferramentas. UFGO,
Relatório Técnico, 2009. p. 28.

FURTADO, G. 2014. O que é um SGBD?. Disponível em: <http://www.dicasdeprogramacao.com.br/o-


que-e-um-sgbd/>. Acesso em: 14 jun. 2014.

GONÇALVES, E. C. 2013. Data Mining – novos recusrsos nos sistemas de banco de dados. Disponível em:
<http://www.devmedia.com.br/data-mining-novos-recursos-nos-sistemas-de-banco-de-dados/5892>.
Acesso em: 11 jun. 2014.

HAN, J.; KAMBER, M. Data mining: Concepts and techniques. Elsevier, 2006.

LAROSE, D. T. Discovering Knowledge in data: an introduction to data mining. John Wiley and Sons, Inc,
2005.

LAUDON, K. C. e LAUDON, J. P. Sistemas de informação gerenciais. São Paulo: Pearson Education do


Brasil. 2007.

LAUDON, K. C. e LAUDON, J. P. Sistemas de informação gerenciais. 9. ed. São Paulo: Pearson Education
do Brasil. 2011.

capítulo 4 • 125
RAINER, R. Introdução a sistemas de informação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 454p.

STAIR, R. M.; REYNOLDS, G. W. Princípios de sistemas de informação. 9ª ed. São Paulo: Cengage
Learning. 2012. 590p.

TURBAN, E. et al. Business Intelligence. São Paulo: Editora Artmed. 2008.

NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Temos a certeza que você já ouviu falar em telecomunicações, infraestrutura de rede. Mas,
afinal, do que se trata? Qual sua real importância e como podemos analisar o impacto dessa
tecnologia nas nossas vidas, nas empresas e nos negócios?
É isso que abordaremos no próximo capítulo.
Até lá!

126 • capítulo 4
5
Telecomunicações,
Internet e
Tecnologia sem Fio
5 Telecomunicações, Internet e Tecnologia
sem Fio

Atualmente, praticamente tudo está conectado! Mas, afinal, quais são os meios
que as informações percorrem para deixar tudo integrado? Neste capítulo,
veremos o importante tema que define a infraestrutura de uma comunicação
numa rede. Abordaremos dois dispositivos físicos, as topologias de rede e o
funcionamento de uma rede, para que você possa compreender como as redes
conectam as pessoas. Veremos também a arquitetura de funcionamento da In-
ternet e iremos estudar seus principais conceitos.

OBJETIVOS
• Aprender sobre as telecomunicações e redes no mundo empresarial de hoje.
• Conhecer mais sobre redes de comunicação.
• Ver os principais conceitos sobre internet.
• Discutir sobre a revolução sem fio.

VOCÊ SE LEMBRA?
Será que é importante nos mantermos conectados atualmente, sob o ponto de vista empre-
sarial? Você já utilizou a internet hoje? Afinal, o que é mesmo a internet? Será que ela pode
ser considerada uma rede? Se sim, por onde estes dados trafegam e quais são as tecnolo-
gias envolvidas para que todo este volume de informação possa ser enviado a computadores
e realmente recebido por eles, em todo o mundo? Vamos compreender melhor estes concei-
tos para que possamos tirar o maior proveito dessas tecnologias e compartilhar ainda mais
informações de forma segura e eficiente na organização.

5.1 Telecomunicações e redes no mundo empresarial hoje

Depois do surgimento dos microcomputadores nos anos 1970 e depois que


as empresas começaram a adotá-los para execução das mais diversas tarefas,
como geração de relatórios, uso de planilhas para controle de despesas, dentre

128 • capítulo 5
outras, surgiu a necessidade de melhorar a forma como estes computadores
trocavam dados. E, então, o conceito de interligação ou rede de computadores
passou a fazer muito sentido!
As empresas, no passado, usavam dois tipos de redes: redes telefônicas e
redes de computadores. Estas redes são (eram) fundamentalmente diferentes.
As redes telefônicas foram construídas ao longo do século XX por grandes com-
panhias no mundo todo. As redes de computadores foram sendo construídas e
interligadas por empresas que necessitavam interligar seus computadores para
trocas de informações.
Aos poucos, as duas redes foram se fundindo e, apesar de esta fusão ainda
não estar completa, hoje as redes de computadores e as redes de telefonias in-
terligam-se utilizando padrões da Internet para troca de informações.

ATIVIDADE 1
Antes de seguirmos, vamos fazer uma leitura sobre a importância da infraestrutura de comu-
nicações numa empresa.

Rede global do McDonald’s desativada rapidamente


(LAUDON e LAUDON, 2007)
Servir hambúrguer é um negócio grande! O McDonald’s, uma empresa de US$ 15,4 bi-
lhões, possui mais de 30.000 restaurantes em 121 países, servindo mais de 46 milhões de
clientes por dia. Porém, a empresa possui uma série de problemas.
Era primeiro lugar, as notas obtidas pelo McDonald’s na American Customer Satisfaction
Índex (ACSI) foram menores que as de Wendy’s, Burger King, Pizza Hut e Kentucky Fried
Chicken, seus maiores concorrentes. As reclamações do cliente giraram em torno de serviço
lento e um menu “velho e cansado”. O McDonald’s deseja agilizar o serviço e desenvolver um
menu oferecendo opções mais “saudáveis”. Em segundo lugar, os dados que foram processa-
dos em lote no sistema de mainframe próprio do McDonald’s, em sua sede, a cada noite, não
ofereciam detalhe de que os executivos precisavam, e era necessária uma semana inteira para
serem analisados e distribuídos aos gerentes.
Embora o McDonald’s colete dados de vendas diários, os sistemas de relatório financeiro
de uma década da empresa não foram criados visando à inteligência de negócios em tem-
po real. Em terceiro lugar, trabalhadores não preparados e a troca de funcionários exigiam
treinamento de novos funcionários rapidamente e tornar o método de linha de montagem da
preparação de alimentos extremamente fácil de entender.

capítulo 5 • 129
O McDonald´s planejou gastar US$ 1 bilhão por cinco anos para unir todas as suas ope-
rações em uma rede digital de tempo-real, global, baseada na Internet, chamada Innovate,
o projeto de Tecnologia da Informação mais dispendioso e extenso da história da empresa.
A sede queria criar um meio de controlar a qualidade fundamental que torna uma cadeia de
fast-food bem-sucedida: coerência. Portanto, os executivos precisavam saber o que estava
acontecendo nas lojas.
O Innovate foi projetado para ser uma rede baseada na Web com computadores e monito-
res conectados a cada equipamento de cada loja. As informações oferecidas instantaneamen-
te teriam dado aos executivos a capacidade de monitorar e possivelmente afetar, em tempo
real, a capacidade da empresa de levar um produto coerente para os clientes o mais rápido
possível. O Innovate também teria dado aos executivos uma visão geral do sistema inteiro a
qualquer minuto do dia. O McDonald’s esperava que o Innovate permitisse que seus execu-
tivos vissem, a qualquer momento do dia, como as vendas de qualquer produto em qualquer
loja estavam prosseguindo, onde os estoques de reserva estavam localizados, em qualquer
lugar entre suas lojas e as fábricas de seus fornecedores, e gerenciar suas lojas de acordo.
O centro do Innovate teria sido um sistema de planejamento de recursos empresariais
Oracle, que substituiria o sistema de contabilidade geral do antigo mainframe IBM da empresa
e os sistemas de finanças, gerenciamento da cadeia de fornecimento e recursos humanos da
empresa. A rede teria ligado todos os restaurantes da empresa e todos os seus mais de 300
fornecedores 24 horas por dia, sete dias por semana, ao sistema de back-office em sua sede.
O Innovate simplificaria o agendamento para os membros da equipe, pois o sistema diria
aos gerentes, por exemplo, exatamente quantos clientes pedem Big Macs ou Mac Fishes entre
rneio dia e 2 horas da tarde todos os dias da semana. O Innovate também agilizaria a remessa
de dados de treinamento e benefícios aos funcionários pela Web.
O McDonald’s esperava usar o Innovate para facilitar a vida para seus franqueados, gerando
automaticamente registros de temperatura, históricos para os relatórios de segurança de alimentos,
exigidos pelo FDA (Food and Drug Administradon). Ele também poderia alertar os proprietários no
evento de uma transação cancelada incomum no sistema de ponto de vendas da janela de drive-
-through (sugerindo que um membro da equipe poderia estar embolsando dinheiro em vez de
colocá-lo na caixa registradora).
Depois de apenas dois anos, porém, o McDonald´s perdeu US$ 170 milhões quando a
empresa descontinuou o Innovate. Embora a empresa tivesse mostrado pouca ou nenhuma
experiência em implementação de sistemas de informação em grande escala quando o Inno-
vate foi iniciado, seus executivos acharam que poderiam remodelar completamente toda a sua
infraestrutura básica de tecnologia.

130 • capítulo 5
O MacDonald´s se sentiu vítima das armadilhas clássicas que acontecem com corpora-
ções, tentando implementar e justificar projetos de sistemas de informação desse tamanho
pela primeira vez. A empresa tinha uma falta de experiência nessa área, pois nunca esteve na
ponta da tecnologia. Além do mais, seus executivos não entendiam de tecnologia e a tornaram
uma prioridade baixa para a empresa.

Atualmente, é praticamente impossível não pensar em redes de computa-


dores ao utilizarmos um computador. Um ambiente de trabalho, com compu-
tadores isolados, sem comunicação em rede, atualmente, é inconcebível. Além
da possibilidade de troca de arquivos, é possível o compartilhamento de peri-
féricos como impressoras, o compartilhamento de recursos como a conexão
com Internet, o compartilhamento de software como o acesso a um servidor de
aplicações.
A comunicação numa rede de computadores é possível graças aos seguintes
componentes (O´BRIEN, 2004):

• PCs e outros terminais (1): são os computadores conectados a uma rede;


Cabe ressaltar que os dispositivos finais de comunicação (aqueles que fi-
cam nas pontas da rede) são chamados de terminais.

• Processadores de telecomunicações (2): dispositivos de hardware que


apoiam a transmissão e a recepção de dados entre os terminais de com-
putadores;
Alguns exemplos são: modems, Hubs, switches, comutadores e roteadores;

• Canais e meios de telecomunicações (3): são os meios, ou mídias pelas


quais os dados trafegam, seja na transmissão ou recebimento;
Podemos considerar dois principais tipos de meios: meios a cabo ou meios
de difusão.

capítulo 5 • 131
Processadores de 4
Telecomunicações
1
2 3 2 5
Software de
Telecomunicações

PCs e
Outros Canais e Meios de Computadores
Terminais Telecomunicações

Figura 51 – Os componentes básicos de uma conexão entre computadores.


Fonte: Adaptado de (O´BRIEN, 2004)

• Computadores (4): todos os tipos e categorias de computadores, como


mainframes, supercomputadores, computadores pessoais, notebooks, etc.

• Software de controle de telecomunicações (5): programas que apoiam a


comunicação ou a gerenciam. Sistemas operacionais para redes, brow-
sers etc.

5.2 Redes de comunicação

Redes de comunicação são fundamentais para as organizações modernas por


vários motivos. A flexibilidade com que as empresas precisam agir em resposta
a rápidas mudanças no mercado pode ser favorecida se ela contar com eficien-
tes sistemas conectados em redes de comunicação, deixando a informação dis-
ponível na hora certa para aqueles que necessitam tomar decisões certas. Além
disso, a integração dos dados, o compartilhamento de equipamentos, hardwa-
res e aplicações dentro e entre empresas se fazem necessários no mundo atual.
A redes de comunicação ainda são extremamente importantes se considerar-
mos o espaço geográfico que pode separar equipes de trabalho de uma mesma
corporação, sendo então o elo que une todas estas pontas em prol do desenvol-
vimento e crescimento da empresa, juntamente com seus funcionários, clien-
tes e fornecedores.
Existem vários tipos de redes de computador, podendo ser pequenas ou
com alcance mundial. Vamos classificá-las para compreendermos melhor seus
fundamentos de uso.

132 • capítulo 5
5.2.1 Classificação das redes quanto ao alcance

Podemos classificar as redes de computadores quanto ao seu alcance e quanto


à sua topologia. Com relação ao alcance, temos desde as redes de pequeno ao
alcance até redes globais. Vamos a elas.

CONEXÃO
Recomendações 1
Leia mais sobre redes de computadores em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Rede_de_computadores>

• PAN (Personal Area Network): trata-se de uma rede com alcance restrito.
Em geral, você pode conectar dispositivos numa PAN por meio de Bluetoo-
th (tecnologia de comunicação sem fio para dispositivos muito próximos
uns dos outros), por exemplo, ou por meio de infravermelho.

PAN

InfraRed

Figura 52 – Exemplo de Rede PAN usando infravermelho


Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

capítulo 5 • 133
• LAN (Local Area Network): uma LAN conecta computadores próximos e,
geralmente, internos a uma empresa. Um exemplo, na figura a seguir,
é a conexão de diversos subsistemas de uma empresa. Um sistema de
estoque, por exemplo, poderia solicitar ao setor de compras a compra de
mais materiais, pois o nível de estoque destes chegou a um valor crítico.
Um sistema de vendas poderia informar ao financeiro para efetuar a co-
brança de uma venda efetuada, à contabilidade para registros e à produ-
ção para iniciar a montagem do produto em questão.

Compras
Estoque

hub ou
switch
Contabilidade

Financeiro

Vendas

Produção

Figura 53 – Exemplo de uma LAN conectando áreas internas de uma empresa.


Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

134 • capítulo 5
• MAN (Metropolitan Area Network): redes que cobrem cidades são cha-
madas de MAN. Em geral, conectam diversas LANs. Esta conexão pode
incluir tecnologias de comunicação diferentes e meios de transmissão
diferentes. No exemplo abaixo, temos uma rede que conecta diversos se-
tores de uma empresa. Veja que há meios de transmissão por cabo e sem
fio; além disso, há tecnologias de transmissão pela própria Internet ou
usando uma linha dedicada.

A Setor
Administrativo B Central de
Distribuição

Linha Dedicada
(fibra óptica, por exemplo)

(fibra óptica, por exemplo)


Linha Dedicada
Comunicação
Via Internet

Comunicação Via Rádio

C Fábrica D Fábrica

Figura 54 – Exemplo de uma Rede MAN.


Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

capítulo 5 • 135
• WAN (Wide Area Network): trata-se de uma rede que pode abranger cida-
des, estados, países ou um continente. Também chamada de rede geo-
graficamente distribuída. Nossa maior WAN existente é a Internet.

Manaus Belém

Recife

Salvador
Brasília

Belo Horizonte

Londrina Rio de Janeiro


São Paulo
Curitiba

Figura 55 – Exemplo de abrangência de uma rede WAN


Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

ATIVIDADE 2
Faça uma pesquisa e apresente exemplos dos tipos de redes vistas. Por exemplo, podemos
dizer que um banco X possui uma rede metropolitana, pois suas operações se estendem a mais
de uma cidade. Apresente os exemplos com as devidas considerações e fontes das pesquisas.

136 • capítulo 5
CONEXÃO
Recomendações 2
Leia o artigo sobre rede metropolitana de alta velocidade em:
<http://www.rnp.br/newsgen/9911/rmav.html>

5.2.2 Classificação das redes quanto à topologia

A camada física de uma rede chama-se topologia, ou seja, é a forma como os


computadores estão realmente (e fisicamente) conectados. Existem três ti-
pos comuns de topologias e podemos classificar as redes quanto a estes tipos.
Numa topologia de rede, cada componente é chamado de nó. Um nó, geral-
mente, é um computador da rede. As topologias comuns são:

Rede em anel: todos os nós são unidos por uma cadeia circular. Todos os da-
dos percorrem um único sentido em torno do anel. Todos os dados são examina-
dos por cada nó para verificar se a ele pertence esta transmissão. Caso não per-
tença, é repassada ao próximo nó. Se um nó falha, o anel se rompe e a rede cai.

Figura 56
Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

capítulo 5 • 137
Rede em barramento: existe uma linha única (BUS) em que todos os nós da
rede estão conectados. Os nós tentam enviar informações e, caso exista colisão
entre eles, simplesmente tentam de novo. Todos os nós “escutam” a rede e ve-
rificam se a informação a eles pertence. Em caso afirmativo, fazem uma cópia
dela. É possível adicionar e remover nós sem prejudicar o barramento.

Figura 57
Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

• Rede em estrela: existe um centralizador responsável por gerenciar a


rede. Este centralizador é chamado, por vezes, de Hub. O Hub trata as re-
quisições e evita as colisões. É possível adicionar novos nós e remover
nós da rede sem prejuízo a esta. Basta que o Hub (para adicionar) tenha
slots de conexão disponíveis. Cabe aqui uma ressalva importante sobre o
Hub. Embora o nome Hub seja o adequado, a tecnologia dos dispositivos
Hub vendidos no mercado nem sempre funciona da forma como deveria.
Em geral, você encontrará Hubs que farão sua rede funcionar como uma
topologia em barramento, ou seja, o Hub apenas interliga os computa-
dores, mas não faz a “arbitragem” que deveria. Este tipo de problema é
resolvido com a compra de um Switch. Este dispositivo é, sim, um Hub
“completo” que faz o papel de centralizador e “árbitro” da rede.

CONEXÃO
Recomendações 3
Leia mais sobre estas diferenças em:
<http://www.infowester.com/Hubswitchrouter.php>
<http://www.abusar.org.br/Hub_e_switch.html>

138 • capítulo 5
Topografia em estrela

HUB

Figura 58
Fonte: Adaptado de (CÔRTES, 2008)

ATIVIDADE 3
Faça uma pesquisa e apresente exemplos das topologias de redes vistas. Qual topologia se
aplica à sua empresa ou ao seu local de trabalho? Por quê?

5.2.3 Transmissão física de dados e o hardware para redes de computadores

Para que os computadores possam, efetivamente, comunicar-se, é preciso


que um produza sinais elétricos que o outro (ou outros) possa compreender.
Assim, o funcionamento das redes necessita, inicialmente, da troca de dados
entre computadores através de algum meio físico. A comunicação entre duas
máquinas pode ser feita usando-se sinais analógicos ou sinais digitais. Como
há a interligação entre redes de telefonia e redes de computadores, talvez haja
a necessidade de conversão destes sinais. Por quê?

capítulo 5 • 139
A transmissão de sinais digitais envia dados como pulsos distintos (ou ligados ou desli-
gados) de uma maneira parecida como a forma de os dados trafegarem no computador.
No entanto, as redes de telefonia operam com sinais analógicos e, como boa parte da
infraestrutura da Internet se relaciona com estas redes, muitas vezes a conexão precisa
passar de um tipo de sinal para outro.

Digital signal

Analog signal

Figura 59

Para que um sinal digital possa ser enviado por uma linha telefônica (analó-
gica), por exemplo, é preciso que este sinal seja convertido na forma analógica.
Nesta conversão, podem ser alteradas a amplitude (altura da onda) ou a frequ-
ência (número de repetições num intervalo de tempo) do sinal. A conversão dos
sinais digitais em analógicos chama-se modulação, e o processo inverso cha-
ma-se demodulação. Para realizar a (de)modulação, é necessário um dispositi-
vo chamado modem.
No mundo da Internet, a função do modem não é apenas conversão de sinais.
Ele conecta você à rede mundial de computadores. O problema dos primeiros
dispositivos para este tipo de conexão foi, sem dúvida, a necessidade da trans-
missão de volumes maiores de dados num tempo menor. Os modems conven-
cionais mais modernos chegavam a uma taxa de 56.000 bps (bits por segundo).

140 • capítulo 5
Sinal Sinal Sinal
digital analógico digital

Modem Modem

Computador Terminal

Figura 60 – A conexão através de um modem.


Fonte: Adaptado de (CAPRON e JOHNSON, 2004)

No entanto, os modems convencionais foram (no Brasil ainda estão sen-


do) substituídos por outras tecnologias. O serviço de linha digital de assinan-
te (DSL) usa técnicas eletrônicas avançadas para transmitir sinais eletrônicos
convertidos em analógicos usando a mesma infraestrutura de redes analógi-
cas, mas com velocidade de transmissão muito maior. Em geral, este tipo de
tecnologia permite compartilhar a linha telefônica (ou seja, você pode usar seu
telefone ao mesmo tempo em que está usando a linha para navegar na Internet).
Outra tecnologia para conexão são os Modems a cabo, que são muito rápi-
dos e usam cabos coaxiais de televisão já instalados sem interromper a recep-
ção normal da TV. Além disso, temos também Modems celulares, que usam as
tecnologias de telefones celulares para transmissão de dados. Os sistemas celu-
lares digitais de terceira geração (3G) apresentam velocidades bem superiores e
“aceitáveis” para a navegação na Internet.
O envio de dados a um destino funcionará se o dispositivo que irá receber
tais dados estiver preparado para isto. O “sincronismo” entre o dispositivo que
envia e o que recebe dados permite dois tipos de transmissão:
• transmissão síncrona: neste caso, os dois nós de transmissão se comuni-
cam e sincronizam suas ações. Assim, os dados que serão transmitidos
ou recebidos são sincronizados num fluxo contínuo;
• transmissão assíncrona: neste tipo de transmissão, bits especiais são
inseridos no início e no fim de cada conjunto de bits transmitido. Isto
permite ao receptor “compreender” o que foi transmitido.

capítulo 5 • 141
Dependendo da direção do fluxo de tráfego permitido, temos ainda as se-
guintes configurações:
• transmissão simplex: envia dados numa única direção apenas. Ex.: televi-
são, painéis de aeroportos (com chegadas e partidas) etc.
• transmissão half duplex: permite transmissões em qualquer direção, mas
apenas um sentido por vez. Ex.: conversa por rádio;
• transmissão full duplex: a transmissão pode ser feita em ambos os senti-
dos simultaneamente. Ex.: conversa telefônica.

O meio de transmissão determina como o sinal é fisicamente enviado de


um dispositivo para outro. As formas possíveis de transmissão são (CAPRON e
JOHNSON, 2004):
• pares de fios: também são conhecidos como pares trançados. São dois
fios trançados um ao redor do outro para reduzir a interferência elétrica.
São estas as vantagens: são relativamente baratos e, em muitos casos,
já estão instalados (para sistemas telefônicos). No entanto, estão susce-
tíveis a interferências elétricas e a ruídos (qualquer coisa que provoque
distorção do sinal);
• cabos coaxiais: neste tipo de cabo, um fio condutor central é envolto por
uma camada isolante e de blindagem metálica. É comumente usado
para conectar a TV a cabo, possuindo maior largura de banda e sendo
menos suscetível a ruído do que os pares trançados;
• fibra óptica: esta tecnologia usa a luz em vez de eletricidade para enviar
dados. A largura de banda é muito maior do que a dos cabos coaxiais,
além disto é imune a interferências elétricas. Os materiais, em geral, são
mais baratos do que os cabos coaxiais, no entanto o custo de instalação
é mais elevado;

142 • capítulo 5
BARAN IVO / WIKIMEDIA

Coaxial Par trançado Fibra óptica


Figura 61 – Tipos de cabos usados em conexão de redes

• transmissão por micro-ondas: esta transmissão usa sinais que possam


ser “enxergados” pelo emissor e pelo receptor na atmosfera. As micro-
-ondas do emissor precisam “ver” o receptor. Isto requer estações repe-
tidoras aproximadamente a cada 48 quilômetros. Isto ocorre porque as
ondas seguem uma linha reta, mas a Terra é curva. Oferecem alta veloci-
dade e eficiência quanto ao custo, no entanto é suscetível às condições
climáticas;

Estação Estação
Emissora Emissora
de Micro-ondas de Micro-ondas
Estação Estação
Emissora Emissora
de Micro-ondas de Micro-ondas

Figura 62 – Transmissão por micro-ondas

capítulo 5 • 143
• transmissão por satélite: trata-se de uma outra forma de transmissão por
micro-ondas. Neste caso, o satélite age como uma estação de retrans-
missão. Assim, a estação terrestre envia e recebe sinais do satélite e um
transponder recebe e amplifica o sinal, modifica a frequência e retrans-
mite os dados. É uma forma útil quando os sinais devem percorrer mi-
lhares de quilômetros;
ADAPTADO DE (CAPRON E JOHNSON, 2004)

36 36
quilômetros
quilômetros

Estação Estação
terrestre terrestre

Terra

Figura 63 – Transmissão via satélite

• transmissão sem fio: é um formato para transmissão de dados em cur-


tas distâncias (sem fio). Exemplos possíveis para transmissão são: IrDA
– que utiliza infravermelho; o bluetooth – que usa ondas de rádio para co-
nexão de dispositivos móveis; e os padrões 802.11 – que regem a trans-
missão sem fio.

144 • capítulo 5
Como exemplo, vamos usar a seguinte situação descrita em (CAPRON e
JOHNSON, 2004) e que está relacionada à figura a seguir.

Imagine um contador com um escritório em Sacramento necessite de informa-


ções de imposto de renda dos arquivos do computador da matriz que fica em Savan-
nah. Uma rota possível para o pedido do usuário e da resposta seria:
1. O Contador solicita os dados,
2. A solicitação percorre o sistema telefônico local até
3. Uma estação de micro-ondas vizinha que transmite o pedido para
4. Uma estação terrestre de transmissão por satélite mais próxima
5. Onde ele é retransmitido a um satélite no espaço que o retransmite a Terra
6. Para uma estação terrestre de comunicação próxima a Savannah
7. Este sinal será enviado a uma estação de micro-ondas
8. Depois, através de linhas telefônicas
9. O computador da matriz recebe e processa o pedido.

CONEXÃO
Recomendações 4
Veja mais sobre os padrões 802.11 em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/IEEE_802.11
<http://www.ieee802.org/11/>
Para a conexão das LANs, MANs, WANs, podemos usar os diversos tipos de meios com-
binando-os para cada necessidade específica.

O computador faz o processamento da requisição, solicitando as informa-


ções ao disco (ou base de dados, se for o caso) e devolve a resposta num cami-
nho inverso.

capítulo 5 • 145
ADAPTADO DE (CAPRON E JOHNSON, 2004)

5
4

3
Sacramento
1 7
2
9
8
Savannah

Figura 64 – Combinando os meios para conexão de grandes redes.

Podemos destacar, ainda, alguns outros componentes necessários numa


rede de computadores, como:
• repetidores: é um dispositivo que amplia os sinais recebidos, retrans-
mitindo-os pela rede. Dessa maneira, acaba por conseguir aumentar a
extensão do cabeamento da rede, pois o sinal se degrada enquanto per-
corre a infraestrutura da rede;
• Hubs: dispositivos que distribuem os sinais físicos recebidos em redes
em estrela. Além disto, são centralizadores (devido à topologia estrela da
rede), recebendo os sinais e retransmitindo-o às unidades conectadas.
Os Hubs disponíveis no mercado distribuem o sinal a todos os nós co-
nectados e, logo, a topologia de funcionamento passa a ser barramento,
e não estrela;
• switches: o conceito adequado de switch é que funcione como um Hub
que, em vez de ser um distribuidor de sinais, atue como uma conexão
lógica entre duas estações. Assim, em vez de encaminhar os pacotes para
todos os nós, ele encaminha apenas para o destinatário correto;

146 • capítulo 5
• roteadores: são responsáveis por conectar grandes redes e decidir o ca-
minho de pacotes de dados até seu destino.

Protocolos de redes
Um protocolo de redes é um conjunto de normas para intercâmbio de dados
entre um dispositivo de rede e um computador ou entre dois computadores. Tra-
ta-se de um acordo sobre como se devem enviar dados e como o recebimento
deve ser confirmado.
Isto é necessário para que computadores de diferentes fornecedores se co-
muniquem. O exemplo mais “famoso” atualmente é o Transmission Control
Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), que permite a qualquer computador comu-
nicar-se com a Internet.

Este acordo define, entre outras coisas, como será o padrão dos bits ou do sinal ana-
lógico que será lido e escrito nos transmissores e receptores (cabos, satélites etc).

Outro exemplo de protocolo é o Ethernet. Trata-se de um protocolo pre-


dominante nas topologias de barramento ou em estrela. No Ethernet, um nó
“ouve” a rede para se certificar de que ela esteja disponível. Se dois computado-
res transmitirem ao mesmo tempo, ocorrerá colisão. No entanto, é um protoco-
lo que prevê e trata colisão, assim cada computador aguarda certa quantidade
aleatória de tempo e retransmite.
Mais um exemplo de protocolo, padrão nas redes com topologia em anel, é
o Token Ring. Ele usa uma ficha, ou token (sinal elétrico), que controla qual nó
pode enviar mensagens num determinado instante. A ficha percorre os nós e,
para que um computador possa enviar uma mensagem, ele aguarda a chegada
de uma ficha vazia, anexa à mensagem, e a transmite.

ATIVIDADE 4
Você consegue dizer qual é o protocolo de rede para comunicação na Internet? É possível
definir apenas um protocolo?

capítulo 5 • 147
5.3 Software e redes

A tecnologia de redes de computadores pode ser usada para diversas aplicações


com diversos fins. Vamos a algumas delas (CAPRON e JOHNSON, 2004):

Correio eletrônico (e-mail): envia mensagens de um computador para outro.


As mensagens são armazenadas até que o destinatário“abra” a correspondência.
Este serviço não interrompe a atividade de uma pessoa, como ocorre com uma liga-
ção telefônica, e não exige que ambos os participantes estejam presentes no momen-
to da transmissão.

Tecnologia de fac-símile (fax): usa tecnologia de computador e links de co-


municações para enviar documentos praticamente para qualquer lugar do mundo.
Pode enviar desenhos, gráficos e texto. O documento é colocado no aparelho de fax e
digitalizado. Um modem embutido converte sinais digitais em analógicos e os trans-
mite. O aparelho de fax recebedor recompõe o documento e o imprime. O fax modem
executa as mesmas funções no PC.

Groupware: software que possibilita a grupos de pessoas trabalhar em arqui-


vos ou projetos de forma conjunta. Os dados são armazenados em bancos de dados
em disco. Linhas de comunicação são necessárias para que empregados distantes
possam trabalhar juntos.

Teleconferência: reúne pessoas e ideias. Videoconferência usa câmeras de ví-


deo, telas, computadores e comunicações para possibilitar a grupos distantes de
pessoas realizar reuniões. Muito menos dispendiosa do que viagens.

Intercâmbio eletrônico de dados: possibilita que as empresas transmitam


eletronicamente documentos comerciais padrão. Faturas e ordens de compra são
exemplos de documentos comerciais padrão. Usa XML como padrão para definir
dados. Elimina a necessidade de preencher formulários de papel em um dos lados
e digitá-los em um computador do outro lado. Reduz a papelada e os custos com
pessoal.

Transferência eletrônica de fundos: possibilita que as pessoas paguem bens e


serviços realizando transferências de fundos entre várias contas. O caixa eletrônico

148 • capítulo 5
automático é um exemplo de EFT. Depósito direto de contracheques, cheques de be-
nefícios do governo etc. são uma aplicação de alto volume da EFT.

Telecommuting: troca de informações e computadores por viagens de trabalho.


As pessoas podem ligar-se diretamente às redes da sua companhia ou baixar
(download) o trabalho e transferi-lo depois de concluído. A maioria dos telecommu-
ters trabalha no escritório pelo menos dois dias por semana.

Internet: uma rede global de centenas de milhares de computadores. Ampla-


mente considerada a tecnologia que define o início deste século.

ATIVIDADE 5
Você consegue apresentar mais algum exemplo de aplicação sobre uma rede de computa-
dores?

5.4 Internet

Um marco importante para a internet foi o ano de 1990, quando o mundo


conheceu a www (World Wide Web, ou apenas web). Em 2000, o número de
computadores host era de 72 milhões e em 2012 mais de 2,4 bilhões de pes-
soas (1/3 da população mundial) usaram o serviço de internet. Para se ter
uma ideia, o telefone demorou 91 anos para atingir 100 milhões de usuá-
rios, e a televisão precisou de 54 anos para alcançar esta mesma marca (CA-
PRON e JOHNSON, 2004; LAUDON e LAUDON, 2007).
Considerada uma rede de redes, a internet possibilita que pessoas acessem
dados em outra organização e realizem comunicações e colaborações de forma
ininterrupta por todo o mundo, rapidamente, em tempo real, tornando-se uma
necessidade vital para as empresas, na sua conduta perante os negócios.

5.4.1 O que é a Internet?

Na década de 1960, a Defense Advanced Projects Research Agency (DARPA) pa-


trocinou um projeto para desenvolver uma tecnologia de rede que permitisse
que pesquisadores, em várias localizações no país, pudessem compartilhar in-

capítulo 5 • 149
formações. Esta tecnologia também deveria ser resistente a falhas. O resultado
deste projeto foi a ARPANET, lançada em setembro de 1969. A ARPANET conec-
tava computadores em quatro localizações:
• UCLA;
• Stanford Research Institute;
• UC Santa Barbara;
• Universidade de Utah.

CONEXÃO
Recomendações 5
Assista aos vídeos sobre a história da Internet em:
http://videolog.uol.com.br/video.php?id=142573
http://www.youtube.com/watch?v=9hIQjrMHTv4&feature=player_embedded

Nos anos que se seguiram, a quantidade de computadores conectados cres-


ceu de maneira bem rápida. Em 1972, foi introduzida a ferramenta de e-mail
que se tornou a maior aplicação da rede. Em 1973, a ARPANET conectou à Uni-
versity College of London no Reino Unido e com o Royal Radar Establishment
na Noruega, tornando-se internacional. Em 1986, a NSFnet (a grande rede da
National Science Foundation) foi conectada à ARPANET, e o resultado passou
a ser conhecido como Internet. Com o tempo, diversas outras companhias se
conectaram à Internet. (CAPRON e JOHNSON, 2004)
Na arquitetura de funcionamento da Internet, os Backbones (circuito de
transmissão de alta velocidade análogo ao sistema de rodovias estaduais) prin-
cipais conectam-se a redes regionais. Estas redes regionais, por sua vez, dão
acesso a provedores de serviços, grandes empresas e instituições públicas. Os
pontos de acesso à Internet (NAPs – Network Acess Point) e as Trocas de Internet
Metropolitana (MAE – Metropolitan Area Exchanges) são grandes Hub, em que
o backbone intercepta redes regionais e locais e em que os proprietários dos
backbones se conectam uns aos outros. (LAUDON e LAUDON, 2007)
As pessoas se conectam à Internet de duas maneiras:
• um provedor de serviços de Internet (Internet Service Provide – ISP): orga-
nização comercial com conexão permanente com a Internet e que vende
conexões a assinantes;

150 • capítulo 5
• por meio de suas empresas, universidades ou centros de pesquisas que
tenham domínios próprios.

Backbone

MAE Hubs Regionais (MAEs and NAPs)


Domínio Domínio
nyu.edu provedor local
Linha
T1 Host Host
regionais regionais

Linha
telefônica
comum

Rede do campus POP3 SMTP


Residência
Mail Mail

Escritórios Cliente IP Cliente IP

Figura 65 – A arquitetura da Internet.


Fonte: Adaptado de: (LAUDON e LAUDON, 2007)

A Internet é baseada na pilha de protocolos TCP/IP. Todos os computadores


recebem um endereço IP único (Internet Protocol), que é representado por um
número de 32 bits, com séries de 0 a 255, separadas por pontos. O endereço
64.233.163.104 pertence ao Google!

Quer saber o endereço IP de algum domínio?


No Windows
Abra o prompt de comando do seu Windows (Vá em iniciar e em executar e
digite cmd). Após isso, digite nslookup no prompt. Para descobrir um domínio,
digite o domínio e dê enter.

capítulo 5 • 151
Figura 66

No Linux
Abra uma janela de terminal e digite nslookup.
Após isso, basta digitar o nome do domínio cujo IP deseja descobrir.

Figura 67

152 • capítulo 5
Quando um usuário envia uma mensagem a outro usuário da Internet, a men-
sagem é decomposta em vários pacotes por meio do TCP. Cada pacote contém
seu endereço de destino. Os pacotes são enviados a um servidor de rede, que
encaminha para quantos servidores forem necessários até que todos os pacotes
cheguem ao destino e a mensagem seja remontada.
Servidores
Como vai você? Como vai você?
A B C A B C
Z
C

A B C A
C B
C A B C

A B C Y
C A B C

X
C
C
Gateway Gateway

Bem, obrigado! Bem, obrigado!


X Y Z X Y Z

Figura 68 – Comutação por pacotes


Fonte: Adaptado de: (LAUDON e LAUDON, 2007)

Para os usuários de Internet, seria muito difícil guardar os endereços base-


ando-se apenas em números. Devido a isto, foi criado o Sistema de Nomes de
Domínios (Domain Name System – DNS), que converte os endereços IP em no-
mes de domínios.
O DNS possui uma estrutura hierárquica:
• No topo está o domínio raiz.
• No domínio de primeiro nível temos nomes com dois ou três caracteres,
como .com, .edu, .gov, e códigos de país, como .ca para Canadá, .br para
Brasil.
• No domínio de segundo nível, temos duas partes, designando o nome de
primeiro nível e o nome de segundo nível.
• Um nome de hospedeiro na base da hierarquia indica um computador
específico na Internet ou na rede privada.

capítulo 5 • 153
Domínio-raiz

Domínios de
edu com gov org net primeiro nível

Domínios de
expedia google congress segundo nível

Domínios de terceiro nível


sales.google.com sales Hospedeiros

computer1.sales.google.com Computer 1

Figura 69 – Sistema de nomes de domínios na Internet


Fonte: Adaptado de: (LAUDON e LAUDON, 2007)

A Internet é baseada na arquitetura cliente / servidor. As pessoas acessam a


Internet por meio de aplicações clientes, como o software de navegação Web. To-
das as informações trocadas (dados das aplicações, mensagens de e-mail etc.)
ou armazenadas em servidores.
Os clientes que acessam a Internet, atualmente, não fazem isto apenas por
meio de PCs convencionais, mas por diversos dispositivos, entre eles (um dos
que vêm ganhando grande popularidade) os celulares.
Quando você conecta seu computador cliente à Internet, passa a ter acesso a
uma gama de serviços, como e-mail, grupos de discussão, mensagem instantâ-
nea, blogs, repositórios de vídeos, redes sociais, serviços do governo, páginas de
comércio eletrônico e serviços corporativos.
Cada serviço na Internet é implementado por um conjunto de programas e pode
funcionar a partir de um único servidor ou de servidores diferentes.
As redes corporativas compreendem um conjunto de várias redes diferentes
(desde a rede telefônica até a Internet e as redes locais) que conectam grupos de
trabalho, departamentos ou escritórios.
Uma rede corporativa pode oferecer aplicações comerciais aos seus clien-
tes. Por exemplo, pode ser um portal onde o cliente, através de seu navegador
Web, acessa relatórios sobre as vendas da empresa.

154 • capítulo 5
Para isso, a empresa precisa de uma arquitetura com sistemas back-end.
Esse tipo de sistema funciona no servidor como uma aplicação. Ele se conecta
a bases de dados, faz transações com outros sistemas etc. Além disso, você pre-
cisará de um servidor de aplicações que tratará o envio de informações de uma
aplicação cliente não apenas como requisições de páginas, mas como requisi-
ções de informações a programas.
Servidor
Servidor Sistemas
Cliente Internet Servidor de banco
de aplicativo back-end
de dados

PDA
• Navegador Web • Servidor
• Outro software Web (HTTP)
Cliente • Simple Mail Vendas
Transfer Produção
Protocol (SMTP) Páginas
Contabilidade
• Domain Name Web
RH
Serving (DNS)
• File Transfer
Protocol (FTP)
• Network News Arquivos
Transfer Protocol de
(NNTP) correio

Figura 70 – Modelo cliente servidor na Internet.


Fonte: Adaptado de: (LAUDON e LAUDON, 2007)

Internet, intranets e extranets


A intranet de uma empresa é uma rede privada que utiliza a mesma tecnolo-
gia da Internet (ou tecnologia semelhante) para conectar computadores, recur-
sos e aplicações de uma rede, tornando-os disponíveis somente ao seu público
interno.
Uma intranet deve ser protegida por medidas de segurança como firewalls,
mecanismos para autenticação e controle de acesso, permitindo apenas que
usuários autorizados possam fazer uso dos recursos disponíveis.
As principais diferenças entre a Internet e a intranet são relacionadas ao con-
teúdo (que é restrito na intranet e liberado na Internet).
As empresas podem usar intranets para diversos fins, como:
• ensino eletrônico;
• repositório de dados;
• TV corporativa;

capítulo 5 • 155
• comunicação instantânea (por texto ou voz);
• divulgação de notícias;
• gerenciamento de projetos;
• conectar aplicativos;
• etc.

CONEXÃO
Recomendações 6
Veja um menu interativo da Discovery com vários detalhes sobre a história da Internet.
<http://www.discoverybrasil.com/internet/interactivo.shtml>

Já a extranet pode ser considerada como um ponto de conexão externo a


uma intranet, ou seja, um ponto onde a intranet fica passível de acesso ao públi-
co externo (como clientes, fornecedores, parceiros comerciais etc.). O acesso da
extranet também deve ser controlado. Afinal, se não fosse assim e o acesso fosse
público, estaríamos falando da Internet!
As extranets fornecem recursos até parecidos com os das intranets, como
troca de informações, ensino eletrônico, transmissão de dados, comunicação
instantânea, dentre outros.
Quando uma empresa conecta sua intranet à intranet de outra empresa, po-
demos dizer que há a formação de uma extranet (claro, se a conexão for com o
fim de prover os recursos citados e, ainda, com a devida proteção – se for públi-
ca, não faz sentido chamá-la de extranet).

156 • capítulo 5
Intranet da Filial
Internet
Intranet da Matriz

Extranet

Intranet do Cliente ou Fornecedor

Figura 71 – Extranet composta por intranets de empresas diferentes

Em geral, a conexão para uma extranet exige a chamada rede privada virtual
(VPN – Virtual Private Network).
Numa VPN, a conexão entre elementos computacionais é protegida. Assim,
você pode trafegar dados sobre a infraestrutura pública da Internet, protegen-
do-os com mecanismos de criptografia. Mesmo que algum “intruso” tente ob-
servar os dados, estes estarão “embaralhados” de maneira que não farão senti-
do algum.

capítulo 5 • 157
A C
Internet

Dados
Dados
Dados
Dados

B D

Figura 72 – Criação de uma VPN na Internet.


Fonte: Adaptado de: (LAUDON e LAUDON, 2007)

5.4.1 A World Wide Web (www)

Há diferenças entre internet e web ou seria a mesma coisa? Sim, há diferenças.


De acordo com RAINER (2012, p. 431):

Muitas pessoas confundem a internet com a World Wide


Web. Entretanto, elas não são mesma coisa. A internet funcio-
na como um mecanismo de transporte, enquanto a World
Wide Web é uma aplicação que usa essas funções de trans-
porte. Outras aplicações, como o e-mail, também são execu-
tados pela internet.

A World Wide Web (a web, www ou w3) é o que podemos chamar de o mais
conhecido serviço de internet. É um padrão universalmente aceito para arma-
zenar, recuperar, formatar e apresentar informações usando uma arquitetura
cliente / servidor. Neste padrão, páginas web são formatadas por meio do hiper-
texto que possui links, vinculando documentos.
Para “navegarmos” na web, precisamos de um browser (navegador). O sof-
tware faz requisições de objetos usando a arquitetura cliente / servidor na web.
O usuário precisa especificar um URL (Uniform Resource Locator), ou locali-

158 • capítulo 5
zador uniforme de recursos, para acessar um site que esteja disponível e aces-
sível na web. Por exemplo, o URL para o site da empresa Google seria: <http://
www.google.com>, sendo que HTTP significa protocolo de transferência de hi-
pertexto – Hypertext Transport Protocol, que é um protocolo de comunicação
de dados na web. O restante (www.google.com) representa o nome do domínio
que identifica o servidor web onde está armazenado o site em questão, enviado
como requisição a partir de um navegador (browser).
Com a Web 2.0, os serviços ficaram mais robustos e várias possibilidades
foram incrementadas, permitindo, principalmente, um ambiente colaborativo
com recursos de compartilhar informações entre usuários. Já a web 3.0, conhe-
cida como web inteligente ou web semântica, traz recursos capazes de interagir
ainda mais com os usuários, por meio de dados que, juntamente com os re-
cursos dos navegadores, permitem cada vez mais os sistemas conheçam seus
usuários, filtrando informações de acordo com seus interesses e executando
técnicas de inteligência artificial. Com isso, a web 3.0 torna-se paulatinamente
mais inteligente a ponto de “saber o que procuramos ou precisamos”.

5.5 A revolução sem fio

Com os avanços na área de tecnologia da informação e recentemente com as


tecnologias sem fio, grandes mudanças no comportamento social e empresa-
rial foram notadas. Vivemos uma era em que a informação tem um valor extre-
mado, e nas áreas corporativas isso é cada dia mais voraz com o surgimento de
novos modelos de negócios e novas imposições na forma como fazemos com-
pras, conduzimos os negócios ou gerenciamos a própria vida. É uma verdadeira
revolução sem fio, em que dispositivos móveis têm um poder de processamen-
to superior ao de máquinas de décadas atrás, e impactando no fluxo das infor-
mações e nas economias globais.
Um exemplo dessa revolução pode ser notada claramente no modo como
fazemos compras atualmente. Não só compramos produtos por meio de uma
rede de computadores, chamada internet, bem como pesquisamos e avaliamos
produtos antes de comprá-los, realizando comparações de preços e lendo de-
talhadamente as várias especificações de um determinado grupo de produto.
Ainda formamos opiniões por meio das leituras de comentários de outros usu-
ários ou através de recomendações e avaliações de rankings feitos a partir de

capítulo 5 • 159
outros consumidores. O modo de fazer negócios, de estudar o concorrente, de
lançar produtos, de vender, de comprar, de praticamente qualquer coisa hoje
em dia foi seriamente impactado pelas tecnologias sem fio.
Vamos conhecer algumas noções sobre e-business e e-commerce; assuntos
responsáveis por movimentar cifras de bilhões de dólares num ritmo crescente
a cada ano.

5.5.1 Noções de e-business e e-commerce

Vamos iniciar este tópico de discussão com uma leitura.

ATIVIDADE 6
Amazon.com – o rei do e-tailing
(TURBAN, JR. e POTTER, 2005)
O Empreendedor e pioneiro no e-tailing Jeff Bezos, vislumbrando o imenso potencial para
vendas de varejo pela Internet, selecionou livros como o produto mais lógico para e-tailing.
Em julho de 1995, Bezos iniciou o Amazon.com, oferecendo livros por meio de um catálogo
eletrônico a partir de seu Web site. Os principais recursos oferecidos pela superloja “Amazon.
com” foram ampla seleção, preços baixos, busca e pedido fácil, informações úteis sobre o pro-
duto e personalização de produtos, sistemas de pagamento seguros e atendimento eficiente
do pedido. Logo cedo, reconhecendo a importância do atendi­mento do pedido, a Amazon.com
investiu centenas (e milhões de dólares na montagem de depósitos fí­sicos projetados para
remeter pequenos pacotes a centenas de milhares de clientes).
No decorrer dos anos desde sua fundação, a Amazon.com melhorou continuamente seu
modelo de negócios, melhorando a experiência do cliente. Por exemplo, os clientes podem
personalizar suas contas Amazon e gerenciar pedidos on-line com o recurso de pedido “One-
Click” patenteado. Esse serviço personalizado inclui uma carteira eletrônica, permitindo que
os compradores façam um pedido de maneira segura, sem a necessidade de entrar com seu
endereço, número de cartão de crédito, e assim por diante, toda vez que eles comprarem. O
One-Click também permite que os clientes vejam Status de pedido e façam mudanças nos
pedidos que ainda não entraram no processo de envio.
Além disso, a Amazon acrescentou serviços e alianças para atrair clientes a fazerem mais
com­pras, Por exemplo, a empresa agora oferece bens especializados, como sua loja profissio-
nal e técnica. Ela também está expandindo suas ofertas além de livros. Por exemplo, em junho
de 2002, ela se tornou revendedor autorizado da Sony Corpo. para vender produtos Sony

160 • capítulo 5
on-line. Hoje, você pode en­contrar quase todo produto que vende bem na Internet, desde
produtos de beleza até produtos esportivos e carros.
A Amazon possui mais de 500.000 parceiros afi­liados que enviam clientes para Amazon.
com. A Amazon paga de 3% a 5% de comissão por qualquer venda resultante. Outra extensão
de seus serviços, em setembro de 2001 a Amazon assinou um acordo com a Borders Group
Inc., oferecendo aos usuários do Amazon a opção de apanhar livros, CDs etc. nas li­vrarias
físicas da Borders. A Amazon.com também está se tornando um contratante pela Web para
ca­deias nacionais como Target e Circuit City.
Em janeiro de 2002, a Amazon.com declarou seu primeiro lucro – para o quarto trimestre
de 2001 – e isso veio acompanhando de um primeiro trimestre lucrativo de 2002. Mesmo as-
sim, seu su­cesso financeiro de forma alguma estaria assegu­rado: a empresa sustentou perdas
operacionais no segundo e terceiro trimestres de 2002, embora elas fossem menores do que
as perdas nos mesmos tri­mestres dos anos anteriores. No quarto trimestre de 2002, a empre-
sa novamente obteve lucro; 2003 foi o primeiro ano com lucro em cada trimes­tre. Como todas
as empresas, e especialmente todas as empresas de e-tailing, a Amazon.com continuará a
caminhar pela tênue linha de lucratividade pelo fu­turo previsível.

O e-commerce revolucionou a forma como as pessoas interagem com a Web


(e continua fazendo isso!). Muitas empresas implementam três modelos bási-
cos de aplicações para e-commerce:
• Modelo B2C: neste modelo, as empresas vendem produtos a seus con-
sumidores através de portais que funcionam como lojas virtuais, com
catálogos de produtos, processamento de pedidos (com carrinhos de
compras!), sistemas para controle de pagamento com cartão de crédito,
boleto etc.
• Modelo B2B: neste modelo, temos a ligação direta entre empresas. Atra-
vés de Intranets e Extranets, as empresas trocam informações sobre pedi-
dos. Isto também é feito através de EDI (troca eletrônica de dados – Ele-
tronic Data Interchange), Serviços Web ou SOA (arquitetura orientada a
serviços – Service Oriented Architecture).
• Modelo C2C: geralmente associado aos modelos de leilões on-line,
como MercadoLivre (www.mercadolivre.com.br), eBay (www.ebay.com),
dentre outros. Permite que os consumidores (e as empresas) possam
comprar e vender num processo cujo controle é dos consumidores. O por-
tal, geralmente, oferece ferramentas para auxiliá-los neste processo.

capítulo 5 • 161
A figura a seguir exibe uma estrutura de e-commerce desenvolvida pela Sun
Microsystem e seus parceiros de negócio (O´BRIEN, 2004). Esta organização
lógica apresenta:
• A infraestrutura da rede de negócios (ou base do e-commerce) é baseada
em Internet, intranets e extranets.
• Os clientes possuem um conjunto de serviços como o catálogo de produ-
tos do comerciante, informações sobre a empresa, comunicações (como
notícias) etc.
• Os clientes também devem possuir um conjunto de serviços seguros
para processamento de transações (como a efetivação da compra, o pro-
cesso de pagamento etc.).
• Para isso, um dos pontos importantes é a autenticação do cliente,
ou seja, o cliente precisa possuir credenciais que o identifiquem no
sistema.

Bancos de dados em
multimídia
Funcionários Remotos Servidor de
Funcionários Comunicações
internos
Impulso de Informações Groupware /
Mensagens
Navegação / Pesquisa
Administração de
Clientes Perfis / Uso e análise documentos
da rede
Produtividade na rede
Propaganda e no escritório
Mensagens seguras

Servidor do comerciante
Autenticação

Catálogo
Informações Ferramentas de
Comunidade online Herança /
criação / Administração
Extranet

Publicação Desenvolvimento Middleware de site


de aplicações de rede
Administração
de conteúdo
nto
ento ame
ram Pag eguros Data warehouse /
Fatu s
Sistema de apoio à decisão

Banco de dados de
contas de clientes

Internet / EDI Cadeia de suprimentos e


Sistemas financeiros
Dispositivo
Parceiros Comerciais de Segurança
Internet (Firewall) Intranet

Figura 73 – Um modelo completo de componentes para um sistema de comércio eletrônico


Fonte: Adaptado de: (O´BRIEN, 2004)

162 • capítulo 5
• Os parceiros comerciais contam com a Internet e extranets para troca de
informações e transferência eletrônica de dados (EDI), além de conexão
de cadeias de suprimentos, conexões com bases de dados e sistemas fi-
nanceiros.
• Os funcionários da empresa contam com serviços e recursos disponíveis
na intranet da empresa, como ferramentas de colaboração para troca de
mensagens, administração de documentos, ferramentas de produtivida-
de no escritório, dentre outras.
• Além disso, a empresa conta com ferramentas de software como bancos
de dados de clientes, gerenciadores de cadeias de suprimento, sistemas
integrados, sistemas para apoio à decisão, que auxiliam na própria ges-
tão da empresa, seus clientes, seus parceiros, enfim, em todo o negócio.

Veja que esse modelo de e-commerce é muito completo e focado em diversas


tecnologias (algumas das quais já falamos e outras ainda para vermos em nos-
sos capítulos).
Quando lidamos com um modelo mais completo de e-commerce, costuma-
mos defini-lo com e-business, pois vai além da ação de comercialização

e-commerce – processo de comprar, vender, transferir ou trocar produtos, serviços ou


informações usando sistemas em rede, principalmente a Internet.

e-business – é uma definição mais ampla de e-commerce que envolve atendimento


aos clientes, colaboração com parceiros, transações eletrônicas dentro de uma orga-
nização.

capítulo 5 • 163
Em geral, associamos os sistemas de comércio eletrônico ao caso abaixo:

Servidor do
Navegador
Negociente
do Cliente
na Web

▪ Verificar negociante ▪ Verificar cliente


▪ Receber pedido Servidor de ▪ Reexaminar pagamento
▪ Receber pagamento pagamento ▪ Autorizar ou negar
▪ Confirmar pedido pagamento

Cartões de Contas Pagamento Eletrô- Dinheiro


Crédito Bancárias Compra online nico de Conta Eletrônico
VISA Cartões de Débito CyberCash CheckFree Cybergold
Master Card Online Banking 1 ClickCharge BillerXpert Qpass

Figura 74 – Um modelo mais simples de e-commerce.


Fonte: Adaptado de: (O´BRIEN, 2004)

Veja que temos o cliente usando seu navegador para acessar o portal de co-
mércio eletrônico (e, assim, o servidor Web da empresa), escolher produtos, adi-
cioná-los em seu carrinho de compras e efetuar o pagamento dos mesmos para
poder efetivar a operação. O servidor de pagamento pode até ser um servidor de
terceiro, contratado pela empresa para gerenciamento de pagamentos apenas.

5.5.2 Novas tecnologias e novos desafios

Para finalizar nossa discussão e falar sobre as novas tecnologias, vamos ler o
artigo a seguir.

164 • capítulo 5
ATIVIDADE
O Google conquista o mundo!
(LAUDON e LAUDON, 2007)
Quando podemos dizer que uma marca é um sucesso completo? Talvez quando a marca
em si substitui o propósito para o qual é utilizada. Alguns anos atrás, se você perguntasse a
um internauta norte-americano como encontrar o endereço de um site em particular, ele ou
ela provavelmente o aconse­lharia a usar uma máquina de busca. Hoje, a resposta seria sim-
plesmente “Procure no Google”.
A ascensão do Google foi rápida e avassaladora. Os fun­dadores da empresa, Sergey Brin
e Larry Page, conheceram-se em 1995, como colegas de faculdade da Universidade Stanford,
onde estavam fazendo o doutorado em ciência da computação. Eles descobriram um interes-
se em comum: o desafio de filtrar informações relevantes em grandes conjun­tos de dados. Sua
colaboração resultou em uma máquina de busca, concebida em seus dormitórios no campus,
que eles denominaram BackRub, porque produzia resultados de busca com base em links
reversos, isto é, links que apontavam para trás (back) para uma página Web particular. A má-
quina com­bina as tecnologias do sistema PageRank, de Larry Page, que avalia a importância
de uma página com base nos links exter­nos que apontam para ela, e o Web crawler de Sergey
Brin, que visita sites e registra um resumo de seu conteúdo.
Brin e Page incorporaram seus projetos sob o nome Google em 1998, após levantar 1
milhão de dólares entre amigos, familiares e investidores de risco. O primeiro escritório do
Google fora dos alojamentos da Stanford foi uma garagem em Menlo Park, Califórnia. No
fim de 1998, o Google, que ainda estava na fase de testes beta, recebia 10 mil con­sultas de
busca por dia. A reputação do Google como uma máquina de busca eficiente se disseminou
rapidamente boca a boca e, no primeiro semestre de 1999, o site já estava recebendo 500 mil
consultas por dia sem ter feito nenhuma propaganda.
Durante os anos seguintes, o Google continuou a se expandir e contratar os melhores espe-
cialistas em tecnologia da informação, muitos deles estudantes de pós-graduação do Departa-
mento de Ciência da Computação da Stanford. A AOL/Netscape escolheu o premiado serviço
para suas pró­prias buscas, aumentando a taxa de uso para 3 milhões de buscas por dia. No se-
gundo semestre de 1999, a empresa levou seus 39 funcionários para a nova sede Googleplex,
em Mountain View, Califórnia. A máquina de busca também saiu oficialmente do estágio beta.
Em 2000, o índice Google incluía 1 bilhão de páginas Web. Mas o seu escopo e popula­ridade
estavam apenas engatinhando.

capítulo 5 • 165
Desde a metade de 2005, o Google vasculha um índice com mais de 8 bilhões de páginas
Web. Esse índice também inclui 1 bilhão de imagens e 1 bilhão de mensagens de grupos de dis-
cussão Usenet. Além de buscar páginas Web, os usu­ários do Google.com podem buscar arquivos
PDF, PostScript, de texto, Microsoft Office, Lotus, PowerPoint e Shockwave. O Google diz ser um
dos cinco sites mais populares da Internet, com mais de 80 milhões de usuários únicos por mês e
mais de 50% do tráfego vindo atualmente de fora dos Estados Unidos. A empresa emprega mais
de 3 mil pessoas para cumprir sua missão de “organizar as informações mun­diais e torná-las uni-
versalmente acessíveis e úteis”. Para encontrar as potenciais fragilidades na abordagem de negócios
do Google, é necessário examinar primeiro as forças da empresa. Duas fontes principais respondem
pela maior parte da receita do Google: a publicidade on-line e os serviços de busca on-line. A Google
Search Services possibi­lita às organizações incluir a máquina de busca Google em suas próprias
páginas Web. Trata-se de um contrato simples de licenciamento de tecnologia — algo não muito
original, mas lucrativo, considerando-se que a máquina de busca é tida por muitos como a melhor
entre as disponíveis. O lado do Google, que, na verdade, impulsionou seus lucros e seu cres-
cimento fenomenal, é o programa de publicidade. Em uma fração de segundo, a tecnologia
Google pode avaliar milhões de variáveis sobre seus usuários e anunciantes, cor­relacioná-las
com milhões de anúncios potenciais e apresen­tar a mensagem certa para o usuário com mais
probabilidade de reagir favoravelmente a ela. Como essa tecnologia torna os anúncios mais
relevantes, os usuários clicam em anúncios 50% a 100% mais frequentemente no Google do
que no Yahoo!, o que garante melhor retorno para os anuncian­tes. Em 2005, o Google faturou
mais de 6 bilhões de dólares com anúncios.
Em 2000, o Google lançou o AdWords, um programa de publicidade self-service ao qual
os fornecedores aderem on-line usando um cartão de crédito. Os anunciantes pagam para ter
seus anúncios exibidos na barra lateral dos resul­tados de buscas por palavras-chave específicas.
Em 2002, o AdWords Select introduziu o conceito de preço de custo-por-clique (CPC), para que os
anunciantes pagassem pelos anúncios apenas quando os usuários efetivamente clicassem sobre eles.
O Google determina a exibição dos anúncios por meio de uma combinação entre as taxas de CPC
e de click-through (número total de diques); assim, os anúncios mais relevantes para um conjunto de
palavras-chave aparecem nas posições mais destacadas. O AdWords oferece ampla exposição porque
os anúncios direcionados por palavra-chave aparecem por toda a Google Network, o que inclui America
Online, Netscape Netcenter, Shopping.com, Ask Jeeves, The New York Times na Web e mais de uma
dezena de sites com forte presença na Internet.
O número de anunciantes ativos do programa AdWords ultrapassou os 100 mil no início de 2003.
No entanto, o programa esteve sob fogo cruzado recentemente, por ser vulnerável a práticas mal-
-intencionadas de manipulação. Especificamente, empresas inescrupulosas podem usar uma
prática conhecida como “fraude do clique” para aumentar os custos dos anúncios de seus

166 • capítulo 5
concorrentes. Uma empresa cujo anúncio recebe centenas de diques de fontes que não têm
a intenção de fazer uma compra pode esgotar seu orça­mento de marketing rapidamente, sen-
do obrigada a suspen­der qualquer forma de publicidade e ficando, assim, em des­vantagem
competitiva.
O problema cresceu tanto que fez surgir empresas dedica­das a detectar diques fraudu-
lentos. Empresas que vendem a publicidade direcionada por palavra-chave, como o Google
e seu concorrente Yahoo!, reconhecem o problema, mas não lhe dão uma resposta objetiva.
O Google reembolsa os clientes pelos diques inválidos, além de manter um sistema para
detectar fraudes antes que os clientes sejam cobrados. Por questões de segurança, o Google
não divulga aos anun­ciantes detalhes sobre seus métodos antifraude. A empresa também
não quer expor a tecnologia de vigilância em uso, porque isso poderia dar aos infratores uma
vantagem a mais. Nem o Google nem o Yahoo! comentam casos específicos de fraude. Ambas
as empresas mostram-se dispostas a tra­balhar com detectores de fraude independentes, mas
ainda são criticadas por sua irresponsabilidade e ineficiência diante do problema.
Enquanto os clientes de publicidade estão preocupados com os ataques fraudulentos da con-
corrência, o Google pre­cisa ocupar-se com as ofensivas legítimas de seus próprios rivais — e não
são poucos. Pequenas e grandes empresas estão em posição de ataque para tirar a supremacia
do Google no mercado de máquinas de busca. Liderando a arti­lharia está ninguém menos do que a
desenvolvedora de software número um do mundo, a Microsoft. A Microsoft tem por hábito abalar e
destruir seus concorrentes, explorando o fato de que o seu sistema operacional Microsoft Windows
se encontra em 95% dos 6 bilhões de computado­res pessoais existentes no mundo. Netscape
Navigator, Lotus 1-2-3 e WordPerfect foram todos derrotados dessa maneira. No entanto, o Goo-
gle mostrou-se um adversário tão formi­dável que Bill Gates, frustrado, está dirigindo pessoalmente
as reações estratégicas de sua empresa. Gates viu o Google suplantar a Microsoft como o nome
tecnológico do momento, e a ação tecnológica do momento, bem debaixo de seu nariz. Houve até
mesmo uma significativa migração de funcionários da Microsoft para o Google.
Na maior parte da sua existência, o MSN, o portal Web da Microsoft, terceirizou seus meca-
nismos de busca. A tecnolo­gia de busca nunca foi considerada algo lucrativo, até que o Google
desenvolveu seu rentável programa de anúncios dire­cionados, de mãos dadas com sua renomada
máquina de busca. Em 2003, Chris Payne, um funcionário da Microsoft, convenceu Gates a apro-
var um projeto de 18 meses e 100 milhões de dólares para desenvolver a própria máquina de bus-
ca da Microsoft. O MSN Search foi lançado em novem­bro de 2004, com o auxílio de uma campa-
nha promocional de 150 milhões de dólares. No entanto, nos seis primeiros meses, o MSN Search
fez apenas um estrago marginal no mercado, respondendo por 13% das solicitações de busca em
todo o mundo. Contudo, esses 13% podem crescer facilmente para 25% com a introdu­ção do
novo sistema operacional Windows Vista.

capítulo 5 • 167
A Microsoft planeja incorporar a tecnologia de busca no Windows Vista e nas futuras
versões do Office. Para a empresa, esses aperfeiçoamentos tornarão antiquada a ideia de ir a
uma página Web para fazer uma consulta e receber centenas de combinações possíveis. Duas
outras áreas nas quais a Microsoft pode desbancar o Google são as buscas contextualizadas
e as buscas na Web oculta. Ao personalizar sua tecnologia de busca, uma máquina de busca
pode retor­nar resultados que combinem precisamente com o contexto da consulta do usuário.
O Google lançou uma ferramenta de busca personalizada que leva em conta as buscas an-
teriores do usuário ao retornar os resultados. O efeito cumulativo se traduz em resultados mais
relevantes.
O conceito de Web oculta refere-se à imensa quanti­dade de documentos e dados que existem
nos servidores do mundo todo, mas não estão disponíveis para o público em geral e não podem
ser indexados pelas máquinas de busca. Alguns desses dados têm direitos autorais protegidos, en-
quanto outros estão simplesmente armazenados muitas camadas abaixo da superfície dos bancos
de dados, emer­gindo apenas quando solicitados especificamente por meio de um formulário de
site. Estima-se que a Web oculta seja 500 vezes maior que a Web visível. Como Gates dispõe de
capital para comprar os direitos do material protegido e sua empresa possui formidáveis softwares
de gestão de direitos digitais, a Microsoft é vista como uma boa candidata a se tornar uma porta
de acesso à Web oculta. Uma máquina de busca desenvolvida pela Dipsie, empresa com sede
em Chicago, alega poder rastrear uma grande parcela dos 99% da Web que a maior parte das
máquinas de busca não consegue acessar.
A lista de candidatos ao trono do Google também inclui pequenas empresas como Teoma e
Mooter. O Teoma, que pertence ao Ask Jeeves, não classifica os sites com base no número de links
que apontam para eles. Em vez disso, ana­lisa as comunidades que se desenvolvem espontaneamen-
te em torno de um assunto particular na Web; depois, baseia suas classificações no número de pági-
nas sobre o mesmo assunto que apontam para determinado site. O Teoma acre­dita que essa técnica
torna os resultados mais abalizados, enquanto os do Google seriam mais propriamente uma dis­puta
de popularidade. O Teoma — ‘especialista’, em gaélico — foi criado por cientistas da computação da
Universidade Rutgers, liderados por Apóstolos Gerasoulis.
A Mooter, uma start-up australiana fundada por Liesl Capper, usa princípios de psicologia,
softwares e tecnologia de rede neural (veja o Capítulo 10) para tornar as buscas na Web mais
pessoais. Capper e seus sócios, Jondarr Gibb e John Zakos, criaram um algoritmo classificador que
aprende com as escolhas que um usuário faz ao trabalhar com os resultados de busca. Primeiro os
resultados são exibidos em grupos, de maneira que o usuário possa imediatamente afunilar a busca
até sua categoria de interesse. O Mooter se lembra de quais grupos o usuário escolheu e, então,
ajusta os resultados futuros para que obedeçam ao padrão de interesse.

168 • capítulo 5
A Microsoft difere desses empreendimentos menores na medida em que sua batalha pela
participação de mercado do Google vai além das máquinas de busca. Para a Microsoft, o Google
deixou de ser uma empresa de tecnologia de busca e é, hoje, uma empresa de software capaz
de ameaçar os mercados dominados por ela, como o de sistemas operacio­nais e produtividade
pessoal. No passado, a Microsoft dri­blou a concorrência fixando preços de maneira estratégica e me-
lhorando seus produtos; além disso, vinculava seus produ­tos de tal maneira que eles se tornavam os
mais convenien­tes de usar. A integração do navegador Web Internet Explorer ao sistema operacional
Windows, por exemplo, significou o fim da Netscape. Talvez não seja tão fácil para a Microsoft fazer o
mesmo com o Google. Outros fabricantes de software tiveram de confiar no Windows como a pla-
taforma sobre a qual rodam seus produtos. O Google está distribuindo seus programas baseados
em Linux gratuitamente, pela Internet.
O Google está sempre buscando novas maneiras de cres­cer. Seu programa AdSense vas-
culha páginas Web em busca de palavras-alvo e exibe anúncios apropriados, permitindo que os
operadores do site lucrem com ele. A empresa tam­bém lançou a barra de ferramentas Google, com
a qual o internauta pode usar o índice Google sem ter de visitar a home-page. A barra de ferramen-
tas também oferece uma das mais antigas proteções contra anúncios pop-up. O índice de busca
por imagens do Google foi lançado em 2001 com 250 milhões de imagens arquivadas (agora
são mais de l bilhão). Em 2002, nascia o Google Labs, permitindo que os usuários mais curiosos
testassem as novas iniciativas da empresa on-line, enquanto elas ainda estavam em desenvol­
vimento. Ainda naquele ano, apareceu o Google News, que se tornou o primeiro serviço de notícias
da Internet compilado totalmente por algoritmos computacionais. Em seguida veio o Google News
Alerts, que permite aos assinantes receber alertas personalizados de notícias por e-mail.
Em abril de 2004, o Google anunciou o Gmail, um ser­viço de e-mail baseado na Web,
que oferece um gigabyte de armazenagem on-line gratuita, um espaço sem preceden­tes na
época. Graças a uma campanha de marketing virai, o Gmail se tornou uma cobiçada commo-
dity. Enquanto o ser­viço estava em versão beta, a única maneira de obter uma conta Gmail era
receber um convite de alguém que já fosse usuário. O Google voltou à boca do povo no fim
de 2004, quando lançou o Google Desktop Search, um programa que podia ser baixado e era
capaz de buscar arquivos pessoais no computador, incluindo e-mails, arquivos de produtivi­
dade, históricos de navegação e mensagens instantâneas. Esse lançamento foi uma afronta
particular à Microsoft, que demorou dois meses para oferecer uma ferramenta parecida. Entre
outros serviços populares que o Google lançou estão o Froogle, um localizador de produtos
de consumo, e o Google Maps, que inclui mapeamento dinâmico on-line e fotos de satélite
para endereços que podem ser buscados. O Google também adquiriu e melhorou o software
de gerenciamento de fotos digitais Picasa, que pode ser baixado gratuitamente, e introduziu

capítulo 5 • 169
um serviço de comunicação por voz e mensa­gens instantâneas gratuito para computadores
pessoais, o Google Talk.
Nem todos os produtos Google foram recebidos com entu­siasmo unânime. O Gmail, por
exemplo, atraiu a ira dos defensores da privacidade, porque usa a mesma tecnologia do Ad-
Sense para exibir anúncios ao lado das mensagens. A seleção de anúncios se baseia no texto
real das mensagens, o que significa que todas as mensagens do Gmail são lidas por um escâ-
ner automatizado. Em 2005, o Google irritou alguns membros da indústria de entretenimento
ao arquivar fotos de programas televisivos para testar seu novo serviço de busca Google
Vídeo. Segundo executivos do ramo de entre­tenimento, o Google havia sido desrespeitoso
por não pedir licença para usar materiais protegidos por direitos autorais. A empresa enfrentou
críticas similares quando pensou em digi-talizar o conteúdo de milhões de livros. Foi ainda
processada por uma agência de notícias francesa por possíveis violações de direitos autorais
no Google News.
Os planos de iniciar um serviço de pagamento eletrônico on-line indicam que a próxima meta
do Google é tornar-se um grande comerciante de mídia. Permitir que os usuários busquem e de-
pois reproduzam programas de TV, eventos esportivos, clipes e vídeos musicais pode requerer
estraté­gias de negócio que a empresa ainda não teve de empregar ao lidar com informações gra-
tuitas. O Yahoo! e a Microsoft já acumulam anos de experiência na negociação com prove­dores de
conteúdo, que se preocupam particularmente com a pirataria na era digital. Eric Schmidt, o CEO
do Google, diz que a busca de vídeo e seus respectivos direitos “serão a principal preocupação do
Google durante anos”. Nesse meio tempo, a empresa continuará a inovar em seu negócio cen­tral.
Schmidt estima que o Google levará 300 anos para organizar todas as informações do mundo.

170 • capítulo 5
ATIVIDADE
1. Descreva as características principais das redes de comunicação.

2. Quais são os diferentes meios de transmissão numa rede?

3. Por que podemos dizer que a Internet (e toda sua infraestrutura) facilita a comunicação
e o comércio?

4. Quais são os principais tipos de comércio eletrônico?

5. Qual a diferença entre Internet e Web? Explique com exemplos.

REFLEXÃO
Nesse capítulo, vimos como a infraestrutura de conexão de redes de computadores pode
transmitir informações entre vários tipos diferentes de dispositivos. Por meio dessa infraes-
trutura, nós mantemos vários serviços importantes, e não apenas a nossa navegação na web.
Pense e pesquise como seria o mundo sem essa infraestrutura hoje. E se falhar? São
bancos, companhias de energia, órgãos do governo, todos conectados numa grande, muito
grande infraestrutura de comunicação.

LEITURA RECOMENDADA
Livro técnico: Redes de computadores, de Gabriel Torres. Para aqueles que quiserem
mais detalhes técnicos de funcionamento das redes de computadores, este é um livro inte-
ressante. Veja abaixo indicações no site do próprio autor (Clube do Hardware):
<http://www.clubedohardware.com.br/pagina/livro19>

Livro: Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da Internet, de


O´Brien. Livro também abrangente, com diversos temas relacionados à TI. Para mais infor-
mações, veja as Referências.

capítulo 5 • 171
Livro: Sistemas de Informação e as decisões gerenciais na era da Internet, de O´Brien. Livro
também abrangente, com diversos temas relacionados à TI. Para mais informações, veja as
Referências.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPRON, H. L.; JOHNSON, J. A. Introdução à informática. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2004.

CÔRTES, P. L. Administração de sistemas de informação. São Paulo: Saraiva. 2008.

LAUDON, K. C. e LAUDON, J. P. Sistemas de informação gerenciais. São Paulo: Pearson Education do


Brasil. 2007.

O’BRIEN, J. A. Sistemas de informação e as decisões gerenciais na era da internet. São Paulo: Editora
Saraiva. 2004.

RAINER, R. Introdução a sistemas de informação. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 454p.

TURBAN, E.; JR., R. K. R.; POTTER, R. E. Administração de Tecnologia da Informação. Teoria e prática.
Rio de Janeiro: Campus. 2005.

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