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Como citar este artigo: Bezerra, M. L. O., Siquara, G. M., & Abreu, J. N. S.
(2018). Relação entre os pensamentos ruminativos e índices de ansiedade
e depressão em estudantes de psicologia. Revista Psicologia, Diversidade
e Saúde, 7(2), 235-244. doi: 10.17267/2317-3394rpds.v7i2.1906
Artigo original
Marilia Lopes Oliveira Bezerra1, Gustavo Marcelino Siquara2, José Neander Silva Abreu3
1
Autora para correspondência. Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Salvador, Bahia, Brasil. ORCID: 0000-0003-3155-8990.
marilialopesbezerra@gmail.com
2
Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Salvador, Bahia, Brasil. ORCID: 0000-0002-4495-6835. gustavosiquara@bahiana.edu.br
3
Universidade Federal da Bahia. Salvador, Bahia, Brasil. ORCID: 0000-0001-7636-3666. neandersa@hotmail.com
RESUMO | O período universitário é marcado por desco- ABSTRACT | The university period is marked by
bertas e desafios que podem servir como gatilho para o discoveries and challenges that can serve as triggers for the
desenvolvimento de transtornos de humor e ansiedade. A development of mood and anxiety disorders. The succession
sucessão de fatores estressores é observada em estudan- of stressors is observed in students of diverse nationalities
tes de diversas nacionalidades e culturas, destacando-se o and cultures, highlighting the role of ruminal thoughts and
papel dos pensamentos ruminativos e sua prevalência em their prevalence in individuals prone to depressed mood
indivíduos propensos a estados de humor deprimido. O states. A cross-sectional analysis was carried out in 166
presente estudo realiza uma análise transversal em 166 students from 03 higher education institutions in the City of
estudantes de psicologia de 03 instituições de ensino su- Salvador, Bahia, through the use of psychometric scales such
perior da Cidade de Salvador, na Bahia, através da apli- as Questionnaire of Rumination and Reflection (QRR), Trait-
cação de escalas psicométricas sendo elas: Questionário State Anxiety Inventory ) And Beck Depression Inventory
de Ruminação e Reflexão (QRR), Inventário de Ansiedade (BDI), obtaining quantitative data, analyzed statistically
Traço-Estado (IDATE) e Inventário Beck de Depressão (BDI). through SPSS 20.0 by the Pearson model. The anxiety
Os dados obtidos foram analisados através do programa and depression present high prevalence in the studied
estatístico SPSS 20.0. Para as análises foram utilizadas sample, reinforcing the hypothesis widely ratified by the
ferramentas de estatísticas descritiva e inferencial como a scientific literature, its strong association with rumination
correlação de Sperman e teste t de student. A ansiedade and the presence of stressors in the academic scope. The
e depressão apresentam forte correlação, com a escala involvement of university students due to anxiety and
de pensamentos ruminativos. Os níveis clínicos de ansieda- depression generates great impact on productivity and
de e depressão estiveram acima do que a literatura apon- professional insertion, and the damages related to these
ta ao comparar com a população geral. O acometimento disorders extrapolate to the social environment where they
dos estudantes universitários por ansiedade e depressão are inserted. Therefore, it is necessary to adopt preventive
gera grande impacto na produtividade e inserção pro- measures that allow a greater emotional and psychic
fissional, e os prejuízos relacionados a estes transtornos balance of these individuals.
extrapolam para o meio social onde os mesmos estão inse-
ridos. Por isso, torna-se necessária a adoção de medidas KEY WORDS: depression, anxiety, ruminative thoughts,
preventivas, que permitam um maior equilíbrio emocional university students, Psychology.
e psíquico desses indivíduos.
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As características mais típicas do estado depressivo podem gerar consequências negativas sobre o indi-
são proeminência dos sentimentos de tristeza ou va- víduo, a família e a comunidade, como alto risco de
zio e perda da capacidade de experimentar pra- prejudicar a si próprio ou terceiros. Abandonar os
zer nas atividades. Alterações cognitivas, redução programas educativos desempenhados, aumentar
do interesse pelo ambiente, cansaço exagerado, a taxa de desemprego, gerar encargos adicionais
fadiga, apatia e ansiedade podem derivar deste para as famílias e sociedade, criando inúmeros pro-
estado inicial, agravando as consequências e com- blemas psicossociais.
prometendo a qualidade de vida do sujeito (Del
Porto, 1999). Pode-se desfrutar de bem-estar físico e mental a
despeito de um transtorno mental diagnosticado e
A ruminação é uma forma amplamente estudada em processo de tratamento. Para isto, é necessária
de cognição perseverante que é considerada como melhor investigação dos dados epidemiológicos em
importante fator etiológico e de manutenção para saúde mental, possibilitando o desenvolvimento de
depressão, enquanto a maleabilidade emocional programas de prevenção e tratamento daqueles
permite que os estados afetivos transitem de acordo que possuem os transtornos. Esta pesquisa teve como
com as experiências vivenciadas (Kuppens, Allen, & objetivo avaliar aspectos da saúde mental, ansie-
Sheeber, 2010). dade e depressão, em estudantes Universitários de
Psicologia, relacionando com o grau de pensamen-
Segundo Thomsen (2006) e Kuppens, Allen, & Shee- tos ruminativos.
ber (2010), a ruminação se relaciona mais intensa-
mente com a tristeza quando comparada a outros
tipos de afeto negativo. As pessoas que ruminam
habitualmente em resposta a um sofrimento, tendem Método
a exibir dependência em suas experiências afeti-
vas negativas e em seus comportamentos. A rumi- Procedimentos
nação pode ser um quadro mal adaptativo em que
o indivíduo desenvolve estratégias ineficazes para A composição da amostra foi por conveniência, os
regular o efeito negativo gerado por determina- estudantes foram convidados pelos pesquisadores
das situações. Os pensamentos negativos impactam do presente estudo a preencher as escalas solicita-
no rendimento dos estudantes uma vez que podem das, descritas abaixo. A aplicação das escalas foi
comprometer a sua saúde mental, elevando níveis feita de forma coletiva após a assinatura do Termo
de ansiedade, depressão e diminuindo a sua re- de Consentimento Livre e Esclarecido, com lingua-
flexão em relação às atividades da vida social e gem clara e objetiva.
acadêmica. Assim sendo, é necessário a criação de
ambientes acadêmicos amigáveis e afetivos a fim Participantes
de reduzir estes problemas e suas repercussões na
vida dos indivíduos (Campbell-Sills & Barlow, 2007, Participaram da pesquisa 166 estudantes de Psi-
Nolen-Hoeksema et al., 2008). cologia das seguintes instituições de ensino supe-
rior: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
MacKean (2011) e Gallagher (2008) sugerem em (EBMSP), Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e
seus estudos que os problemas de saúde mental em Universidade Federal da Bahia (UFBA), situadas na
estudantes universitários como depressão, ansieda- cidade de Salvador. Os dados descritivos dos par-
de, pensamentos suicidas, psicose, vícios, uso de me- ticipantes podem ser visualizados na Tabela 1. Os
dicamentos psiquiátricos e outros distúrbios crônicos, critérios para inclusão na amostra foram estudantes
estão mais prevalentes quando comparados a po- matriculados e que frequentam os centros acadêmi-
pulação geral. As doenças mentais não diagnosti- cos acima descritos.
cada ou não tratadas em estudantes universitários
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Dentre os estudantes que participaram do estu- sobre si mesmo, buscando autoconhecimento, po-
do, 126 são mulheres e 40 são homens, com ida- dendo ser positivo ou prejudicial para o self. As
de média de 21,6, sendo a menor idade 17 anos questões: 6, 9, 10, 13, 14, 17, 20, 24, foram inver-
e a maior 57 anos. O projeto obedeceu às ques- tidas na escala Likert.
tões éticas, sendo aprovado pelo Comitê de Éti-
ca em Pesquisa da UNEB, sob número de CAAE: Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)
47512015.0.0000.0057 e parecer final de apro-
vação sob número 1.333.710. É um instrumento de autoavaliação para mensura-
ção da ansiedade e seus subtipos, traço e estado,
Instrumentos com questões de múltipla escolha. É composta de
20 questões em cada escala de ansiedade (traço
Questionário de Ruminação e Reflexão (QRR) e estado), com escores variando de 1 a 4, e escore
total variando de 20 a 80 em cada escala. No mo-
Composto por duas escalas de 12 itens cada, foi mento de aplicação do questionário, deve-se expli-
criado para avaliar o quanto os indivíduos enga- car ao sujeito sobre a divisão em (I – IDATE Estado
jam-se em pensamentos ruminativos e reflexivos. Al- e II IDATE Traço) e em que cada uma consiste. O
guns exemplos de itens de ruminação são: “Eu passo estado de ansiedade seria uma condição emocional
um bom tempo lembrando momentos constrangedo- transitória, variando sua intensidade com o perigo
res ou frustrantes pelos quais passei.”; “Muito de- percebido pelo indivíduo. Já no traço de ansiedade
pois de uma discordância ou discussão ter acabado, haveria uma intensificação do estado de ansiedade.
meus pensamentos continuam voltados para o que Deve ser dito que as respostas não têm como finali-
aconteceu.” e “Eu sempre pareço estar remoendo, dade ser certas ou erradas, e suas respostas devem
em minha mente, coisas recentes que disse ou fiz”. estar de acordo com as opções ofertadas.
Zanon & Teixeira, 2006; Zanon & Hutz, (2009) Com relação à quantificação e interpretação das
apontam que o QRR apresenta validade de cons- respostas, atribui-se pontuação previamente defini-
truto e índices de consistência interna satisfatórios das para cada quesito. Os escores para as per-
para o uso do instrumento em universitários brasi- guntas de caráter positivo são invertidos, ou seja,
leiros (a=0,87 para ambas as escalas). Na rumi- se o paciente responder 4, atribui-se o valor 1 na
nação o indivíduo tem uma tendência a empregar codificação; se responder 3, atribui-se o valor 2; se
excessiva atenção, de forma automática, à eventos responder 2, atribui-se o valor 3, se responder 1,
ou sentimentos negativos, já na reflexão ele pensa atribui-se o valor 4. Para o IDATE-estado, as per-
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Tabela 2. Descrição dos dados que indicam as pontuações encontradas nas escalas.
A análise dos resultados da Escala de Ansiedade Os resultados da pesquisa sugerem que 56% da
Traço - Estado sugerem que 8% - 18% da amos- amostra apresentam níveis mínimo de sintomas de
tra apresentaram nível leve, em cada escala, 49% depressão, seguidos de 18% apresentando níveis
e 54% apresentaram nível médio respectivamente, leve de sintomas depressivo, 15% moderado e 9%
enquanto 42% e 27% apresentaram nível alto em da amostra apresentaram nível grave de sintomas
cada escala descritos na tabela 2. de depressão segundo normatização do instrumento
utilizado.
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A Tabela 3 apresenta as correlações totais de Ruminação, IDATE-E, IDATE-T e BDI em estudantes do curso
de Psicologia. A partir dos resultados observa-se maior significância estatística na correlação entre a Ru-
minação e IDATE–T (r=0,692, p<0,01), assim como BDI (r=0,444, p<0,01) e IDATE-E (r=0,508, p<0,01).
Destaca-se na tabela a força da associação positiva entre os níveis de ansiedade (IDATE-T) e depressão
(BDI) (r=0,771, p<0,01).
Não foram encontradas diferenças significativas tíficos, devido ao aumento dos níveis de ansiedade,
ao comparar os sujeitos da amostra quanto ao iní- depressão, uso de medicamentos psiquiátricos, uso
cio e final do curso, instituição pública e particular abusivo de substâncias e risco de suicídio nesta po-
e gênero. pulação (MacKean, 2011 & Gallagher, 2008).
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Com base nas análises feitas e comparando com Este aumento pode estar relacionado ao ambien-
os achados de um estudo realizado por Fioravanti, te universitário que tem se tornado cada vez mais
et al. (2006) com estudantes universitários, os quais estressor. Ibrahim, Al- Kharboush, El-Khatib, Al –
obtiveram média entre 38,7 e 42,6 na escala IDATE Habib, Asali, (2013) sugerem que as principais
Estado e entre 38,0 e 41,8 na escala IDATE traço causas da ansiedade estão associadas aos cursos
observa-se que os níveis de ansiedade estão maio- acadêmicos condensados e falhas acadêmicas. Os
res em comparação ao grupo analisado neste es- quadros de ansiedade e depressão podem acar-
tudo. Sendo os resultados médios encontrados de retar em abuso de substâncias, ideações suicidas,
43,5 pontos no IDATE Estado e 47,1 no IDATE Traço. comportamentos sexuais de risco, dependência de
smartphones, além de impactar negativamente no
Segundo Ibrahim & Abdelreheem, (2014), 43,9% desenvolvimento das habilidades cognitivas e no
dos estudantes de medicina apresentam sinais sig- processo de aprendizagem dos estudantes univer-
nificativos de ansiedade e 57,9% de depressão. sitários (Ibrahim, Al- Kharboush, El-Khatib, Al –Ha-
Neste mesmo estudo foi observado que 29,3% dos bib, Asali, 2013; Mustaffa, Aziz, Mahmood, Shuib,
estudantes de Farmácia apresentam sinais de an- 2014; Boumosleh, Jaalouk, 2017).
siedade e 51,1% de depressão. Comparando com
o presente estudo encontramos dados parecidos O construto ruminação se mostra relacionado com
com os estudantes de psicologia sendo que 42% os sintomas de ansiedade (r=0,692, p<0,01, cor-
da amostra com níveis altos na Escala IDATE-Traço relação forte) e depressão (r=0,444, p<0,01, cor-
e 24% com níveis moderados ou graves de de- relação moderada). A presença de pensamentos
pressão. Nos participantes deste estudo os níveis ruminativos podem predizer a manifestação desses
de ansiedade chamam a atenção devido à alta transtornos. O alto nível de ruminação alto pode ser
porcentagem de estudantes com níveis altos de an- visto como um agravante no processo de adoeci-
siedade como traço. mento mental dos estudantes de Psicologia. Alguns
estudos apontam que a dificuldade de atualizar
Eisenberg et al (2007) sugerem em seu estudo que as informações e novos conteúdos na mente podem
a prevalência de depressão e ansiedade entre es- dificultar a regulação emocional (Jonides & Nee,
tudantes de graduação foi de 15,6% e entre es- 2006) aumentando problemas desta ordem. Sán-
tudantes de pós-graduação foi de 13%. Quando chez, Álvaro, & Vázquez, Carmelo (2012), sugerem
comparado aos dados desta amostra nota-se um que os indivíduos com depressão, dispõem de for-
aumento nestes resultados sendo os sinais de ansie- mas ineficazes de regulação emocional a situações
dade traço 42% (alta) e depressão 9% (grave). negativas, favorecendo a manutenção de uma res-
posta emocional negativa sustentada, favorecendo
Segundo informações da World Health Organiza- o desenvolvimento da ruminação e pouca flexibili-
tion (2017), no ano de 2015, a proporção mundial zação comportamental. Pessoas que ruminam muito
da depressão foi de 4,4 %. Grandes pesquisas fei- apresentam dificuldades na resolução de proble-
tas com base na população mostram que até 33,7% mas e prolongam seus episódios depressivos (Nolen-
desta são afetadas por um transtorno de ansiedade -Hoeksema, 1991, 2004; Nolen-Hoeksema, Morrow
durante a vida (Bandelow, et al 2015). Foi encon- & Fredrickson, 1993). Os maiores índices de rumi-
trado um percentual de 9% dos participantes com nação associados a um alto grau de sintomas de
sintomas depressivos grave. ansiedade podem ter um pior prognóstico na saúde
mental dos estudantes, uma vez que a ruminação é
Os achados deste estudo indicam que os estudan- uma forma ineficaz de regulação emocional.
tes de Psicologia apresentaram maiores índices de
sintomas depressivos grave (9%), sendo a popula- Estudos já apontam que quanto maior é o nível de
ção geral (4,4%) (Organização Mundial de Saúde ansiedade e a depressão, maior o será risco em de-
2017). Os sintomas de ansiedade como traço, se senvolver problemas sociais, perda de produtivida-
apresentaram ainda maiores, índice de 44% com de e diminuição do engajamento em muitas ativida-
nível alto de ansiedade. des. Clark e Watson (1991) buscam compreender
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a relação entre ansiedade e depressão, devido a Aziz, Mahmood, Shuib, (2014) sugerem que algu-
presença de sintomatologia inespecífica, uma vez mas medidas não farmacológicas, como o uso de
alguns sintomas estão presentes em quadros de- técnicas de flexibilização dos pensamentos, regula-
pressivos e ansiosos, os autores sugerem característi- ção de emoções, relaxamento, foco atencional como
cas comuns relacionadas com a expressão de afetos Mindfulness e treinamento de habilidades sociais
negativos como tensão e instabilidade. com intuito de prevenir ou amenizar a manifestação
de sintomas depressivos e ansiosos podem ser úteis
Ao comparamos os níveis de ansiedade e sintomas neste processo.
de depressão em estudantes do início e fim do curso
de psicologia, não foi encontrado diferenças signi- Em resumo o estudo aponta que os níveis de depres-
ficativas em relação ao período do curso. Nas com- são e principalmente ansiedade, nos estudantes de
parações entre tipo de instituições (pública e priva- psicologia, estão em um nível maior quando compa-
do) ou de gênero (homem e mulher), também não rados com alguns estudos que investigaram outros
foram encontradas diferenças significativas. Uma hi- cursos universitários. Os níveis de ansiedade e de-
pótese para tentar explicar esse achado é a de que pressão, estão fortemente correlacionados entre si
os estudantes de psicologia já apresentam índices e também com os níveis de pensamentos ruminativos
mais altos que a população geral de ansiedade e o que indica um agravamento do quadro e maiores
depressão desde o início da vida universitária neste dificuldade de regulação emocional dos estudantes.
curso. Amaral et al (2008) em um estudo com estu- Ao comparamos as diferentes fases (início e fim) do
dantes de medicina encontrou maior predomínio de curso de psicologia, não foi encontrado diferenças
depressão entre os alunos do terceiro e do quarto significativas nos níveis de ansiedade e depressão.
ano. Por outro lado, Velez et al (2008) demonstra- Não foi encontrado também diferenças significati-
ram que não existem diferenças significativas entre vas em relação ao gênero ou se a condição da uni-
os níveis de depressão e ansiedade nos alunos no versidade é pública ou particular.
início e no final do curso.
O estudo apresenta algumas limitações. O fato de
O estudo de Mancevska et al (2008) evidenciou ser um estudo quantitativo não foi possível enten-
que os alunos de segundo ano apresentaram níveis der de maneira mais detalhada os motivos ou re-
de depressão menores que os alunos de primeiro lações desses índices encontrados na escala. Por se
ano, no entanto estes apresentavam maiores níveis tratar de uma pesquisa transversal, não é possível
de ansiedade. A própria literatura demonstra resul- acompanhar essas medidas ao longo do tempo ou
tados diferentes frente aos níveis de ansiedade e ao longo do curso de Psicologia. Os participantes
depressão durante o período do curso. do estudo foram escolhidos por conveniência o que
pode gerar viés nos resultados encontrados. Ou-
Não foi encontrado diferença significativa ao com- tra limitação é a falta de pesquisas que englobam
pararmos a variável gênero assim como nos acha- estudantes do curso de Psicologia, para compara-
dos de (Bayram & Bilgel, 2008; Grant, Marsh, Sy- ções de dados.
niar, Williams, Addlesperger, 2002). Já no estudo
feito por Ibrahim & Abdelreheem, (2014) encontrou
uma maior prevalência dos sintomas ansiosos e de-
pressivos em mulheres. No presente estudo, uma li- Considerações finais
mitação importante é o maior número de pessoas do
sexo feminino, uma vez que no curso de Psicologia a De acordo com os achados deste estudo, os estu-
maioria dos estudantes são do respectivo sexo. dantes de Psicologia apresentam maiores índices
de sintomas depressivos e ansiosos que a população
A partir de dados que indicam um aumento dos ní- geral e estudantes de outros cursos universitários, no
veis de depressão e principalmente ansiedade nos entanto estes resultados não se diferenciam quan-
estudantes de psicologia é importante pensar em to ao período do curso, tipo de instituição (publi-
medidas de intervenção. Nos estudos realizados ca ou privado) ou gênero. Os dados encontrados
por Wadlinger & Isaacowitz, (2011) & Mustaffa, nos fazem pensar na hipótese que os estudantes de
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