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O Delegado de Polícia concluiu o inquérito e elaborou o seguinte relatório: “O presente

Inquérito Policial foi instaurado mediante portaria para apurar a morte da menor Clara Mauricio
da Silva Santos Pietra, 12 anos. Conforme consta dos autos no dia, hora e local do fato, a vítima
estava brincando na residência de parentes, quando a bola foi parar do outro lado da rua, tendo
ela ido atrás para pegá-la. No retorno para a residência, consequentemente tendo que atravessar
a rua de volta para a casa, foi atropelada pelo veículo FIAT/ARGO.PLACA QLB-2450, COR
PRETO, conduzido por MANÉ DO MÉ CLARINDO CASTRO. Devido ao forte impacto da
colisão, a vítima foi projetada contra o meio-fio e um poste, vindo a óbito no local. Depois do
acidente, o motorista parou o carro alguns metros à frente, desceu do veículo, entrou novamente
e, em seguida, retornou ao local em marcha à ré. Momentos depois, com a chegada de várias
pessoas, ele vai embora tomando destino ignorado, fatos esses registrados por uma câmera de
vigilância da rua. Prestaram depoimento nos autos: JOSEFA PALMEIRA LINS DOS
SANTOS, proprietária da residência onde a vítima estava; MARCOS ANDRÉ DOS SANTOS
COUTO, tio da vítima; REINALDO ANDRÉ DOS SANTOS COUTO, pai da vítima; MANÉ
DO MÉ CLARINDO CASTRO, motorista do veículo FIAT/ARGO. Não foram localizadas
testemunhas oculares do fato. O motorista do Fiat/Argo alegou que transitava pela via a uma
velocidade entre 30 e 40 km/h, no sentido bairro Alto do Cruzeiro ao Centro, quando em
momento algum visualizou a vítima, tendo apenas sentido o impacto de algo em seu veículo,
instante em que parou o carro mais a frente e descobriu que tinha atropelado uma pessoa. Disse,
ainda, que apenas não permaneceu no local por medo de represálias. Ele tem CNH, categoria
'AB", conforme cópia juntada aos autos. Profissionais do Instituto de Criminalística estiveram
no local e realizaram a perícia, cujo laudo se encontra nos autos, onde nele a perita Paula
Vanesca Lira informa que não possui elementos técnicos o suficiente para apresentar a causa
determinante da ocorrência, apenas conclui que houve um atropelamento por carro. A prova da
materialidade do fato encontra-se nos autos através do laudo de exame cadavérico, no qual o
perito médico-legal Petry Raimundo Abreu atesta como causa mortis traumatismo
cranioencefálico provocado por ação de instrumento contundente. Portanto, pelo que foi
relatado e por tudo mais que se encontra nos autos, notadamente pelas imagens captadas por
uma câmera de vigilância do momento do acidente, esta autoridade policial não vislumbra que
o motorista do veículo Fiat-Argo tenha agido com dolo ou culpa, em qualquer de suas
modalidades, para a ocorrência do fato, motivo pelo qual deixo de indiciá-lo. Dessa forma,
encaminhamos com as cautelas de praxe este procedimento persecutório à apreciação de Vossa
Excelência e do representante do Ministério Público”. O Ministério Público, diante da
conclusão do inquérito, ofereceu denúncia em face do réu, imputando-lhe a conduta descrita
nos Art. 302, § 1º, incisos I e III, e no Art. 303, § 1º, ambos da Lei nº 9.503/97, combinados
com o art. 60 do Código Penal Brasileiro. Ademais, o Parquet se limitou em dizer que o agente
aqui fora culpado, sem precisar, todavia, como se deu a culpa. Além disso, o membro do
Ministério Público não demonstrou em qual modalidade de culpa. Diante do oferecimento da
denúncia, o juízo da 5ª Vara Criminal da Comarca de Arapiraca, recebeu a peça acusatória e
citou o réu para arguir o que achar de direito. Devidamente citado, o réu procura você para o
representar em juízo.

1. Diante dos fatos alhures mencionados, apresente, na qualidade de advogado do Sr. MANÉ
DO MÉ CLARINDO CASTRO, a peça processual cabível, observando-se a legislação que
rege a matéria e os entendimentos firmados pelo STF e STJ. Ademais, não crie fatos novos.

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