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Richard Day's Ph.D.

thesis is a study of ethnic identity and state regulation in Canada since


the arrival of the Europeans. It uses Lacanian and Foucaultian theory to analyze and critique
the Canadian discourse on 'ethnic and racial diversity' as a public problem requiring rational-
bureaucratic solutions.
• Professor do Departamento de Sociologia da Queens University, Canada.

• O objetivo do autor é examinar novas possibilidades de construção de alternativas dentro e


contra a globalização capitalista (pós-moderna). Como ponto de partida, ele nota que os mais
novos movimentos sociais deixam de trabalhar a partir de uma lógica da hegemonia, como
desenvolvida dentro do marxismo e do liberalismo, e passam a se orientar por uma lógica da
afinidade, de feição anarquista.
• O autor percebe, nesse ponto, que, ainda que as leituras a respeito dos movimentos sociais
atuais não tenham identificado essa mudança, ela está implicitamente reconhecida no
Império, de Hardt e Negri. Mas, como se verá, esse reconhecimento não ‘liberta’ esses
autores da tradição de pensamento centrada na hegemonia. Por isso, para compreender bem
os desenvolvimentos atuais, será necessário construir uma genealogia alternativa baseada na
prática e na teoria anarquistas, com um foco na tradição de ‘renovação estrutural’ que
encontra seu apogeu no trabalho de Gustav Landauer.
• Às interpretações comumente oferecidas a respeito do mais recente ativismo social associado
a protestos anti-globalização - que em geral transitam entre a tradição funcionalista e as
tentativas de enxergar nesses movimentos uma revitalização das lutas marxistas, mas que
também alcançam visões a respeito da criação de uma certa “social democracia cosmopolita”
universal e outras de raízes pós-coloniais e feministas - Richard Day quer acrescentar outras,
menos conhecidas do público acadêmico, particularmente aquelas provenientes do
‘marxismo autonomista italiano’ e aquelas que começaram a reconhecer a centralidade da
teoria e da prática anarquistas para os movimentos sociais dos anos 90 e 2000.
• Segundo Day, o campo em que as múltiplas interpretações se encaminham é pautado pela
relação dos vários autores com que ele chama de ‘hegemonia da hegemonia’: ou seja, por um
senso comum que pressupõe que as mudanças sociais significativas - e a própria ordem social
mesma - só podem ser alcançadas pelo desenvolvimento de formas hierárquicas
universalizantes, condenadas pelo estado-nação, ainda que também incluindo concepções de
um ‘estado-mundo’. Essa pressuposição, para o autor, é desafiada não só por alguns das mais
nítidas e importantes formas de ativismo, como também por uma longa tradição de ações
construídas sob o paradigma da afinidade que se estabeleceram sob o ponto cego das práticas
e doutrinas marxistas e liberais e cuja leitura, na visão de Day, consegue vislumbrar
diferentes lógicas de luta em circunstâncias sócio-históricas específicas e racionalizar de
forma crítica a respeito da realidade.
• É certo que nem o marxismo, nem o liberalismo conseguiram dar conta de todos os modos
de organização e mudanças sociais, mas, segundo Day, a peculiaridade do tempo atual é que
a ‘hegemonia da hegemonia’ é aberta e massivamente questionada no coração das lutas que
parecem tomar o protagonismo na dinâmica social de hoje. Por isso, a pergunta que se faz é:
se as lutas não-hegemônicas de hoje não podem ser adequadamente caracterizadas pelas
categorias tradicionais, como elas podem ser vistas? Ou: Elas compartilham algo além das
atitudes anti-establishment? Segundo Day, as similitudes desses movimentos podem ser
melhor captadas a partir de uma genealogia da lógica da hegemonia, que mostra como sua
auto-destruição em andamento abriu caminho para que uma sempre presente, mas
relativamente subterrânea, lógica da afinidade emergisse.
• Para começar, portanto, Day faz uma análise da desenvolvimento da lógica da hegemonia tal
como trabalhada no marxismo ocidental, começando por Lenin e Gramsci, passando por
Laclau e Mouffe, fornecendo exemplos de táticas de ação direta que estão sendo usadas em
movimentos sociais radicais e ligando esses exemplos a uma viragem: de política contra-
hegemônica das demandas/exigências (demand) para uma política não-hegemônica das
ações, lógicas que se colidem produtivamente na noção de poder constituinte da multidão, de
Hardt e Negri.
• Após, Day fará uma genealogia da lógica da afinidade para embasar sua posição de que, para
entender os novos movimentos sociais, é necessário se afastar de teorias que enfatizam a
conquista de efeitos de irradiação dentro do sistema estatal e corporativo, e focar nas
possibilidades oferecidas pelo deslocamento (displacement) e substituição (replacement)
desse sistema: só assim é possível reconhecer as particularidades de uma política não-
estatista que está sendo praticada pelo que Agambem chamou de ‘coming communities’
(comunidades vindouras).
The Lenin-Gramsci assemblage

• Em cadernos do cárcere, Gramsci argumenta que os créditos pelo ‘grande evento’ da


‘teorização e realização’ da hegemonia deve ir para Lênin. A relação entre os dois (Lenin e
Gramsci) foi explorada e lida em diferentes sentidos, mas o que importa é seguir o autor em
sua compreensão de que uma montagem peculiar Lenin-Gramsci promovida dentro do
marxismo ocidental tornou dominante uma determinada leitura de Gramsci, leitura essa que
sustenta que, pelo menos desde Lenin, teorias marxistas da hegemonia apresentaram um
aspecto duplo de coerção e consentimento.
• Lembrando que, para Gramsci, na sociedade civil, uma massa de pessoas consente
espontaneamente com a direção geral imposta na vida social por um grupo dominante
fundamental, mas que não se pode assumir que todos responderão de tal forma, Day expõe a
compreensão de que, a partir da leitura gramsciana, esse grupo dominante deve alcançar tanto
a hegemonia na sociedade civil, quanto o poder estatal em uma sociedade política: em sua
conclusão, não há hegemonia sem poder estatal, não há poder estatal sem hegemonia.
• Essas duas classes ou modos de poder estão dispostas, em Gramsci, de forma hierárquica,
não complementar - aqui, o aparato coercitivo do Estado ganha primazia sobre o processo de
consentimento e a hegemonia aparece não como um fim em si mesmo, mas como meio para
alcançar o poder se tornando Estado. Além isso, para Gramsci, o sucesso de qualquer
empreendimento que queira a transformação social depende do espalhamento de “efeitos”
por toda a sociedade, como uma forma de forjar controle/consentimento a partir da
transformação de interesses específicos em motivos universais - em outras palavras, criar não
apenas união em torno dos propósitos econômicos e políticos, mas também em termos
intelectuais e morais. Nesse cenário, o resultado natural da hegemonia seria o fato de que
somente uma das forças tende a prevalecer e a ganhar aceitação e poder que, novamente,
depende do controle dos aparatos estatais coercitivos e da propagação de ideais compatíveis
com o grupo dominante.
• Assim é que, propõe Day, a leitura gramsciana serviu para balizar o que ele chamou de velhos
movimentos sociais (old social movements), que pretendem, então, fazer-se sentir por todo
o espaço social, usualmente um Estado ou uma nação; e alcançar, se possível, a totalidade
das estruturas e manifestações sociais, políticas, culturais e econômicas. Por isso, conclui o
autor, revoluções políticas (ou os velhos movimentos sociais) são totalizantes em suas
intenções e apoiam-se em um modelo estatal e classista de mudança social.

Hegemony and the new social movements

• Day observa que o marxismo gramsciano nunca obteve grande adesão na Europa Ocidental
em razão da ‘captura’ da classe trabalhadora empreendida pelas políticas de bem-estar social.
A relativa ‘paz social’, no entanto, termina com os novos movimentos sociais dos anos 1960
aos 1980.
• Esses movimentos, embora localizem a luta primordialmente em áreas específicas, como o
fizeram o movimento negro e o ambientalista, por exemplo, ainda permanecem vinculados à
proposições estado-centrada (ou hegemônicas), uma vez que perseguiam mudanças em toda
uma ordem social e seu sucesso envolveu, em grande parte, modificações legislativas e
burocráticas e transformações nas práticas e visões hegemônicas em circulação em
determinado Estado. Por isso, o ativismo dos anos 60 e 80 não está tão distante do semblante
dos movimentos antigos de raiz oitocentista.

Hegemony deconstructed: Laclau anda Mouffe

• Por outro lado, é preciso perceber que os novos movimentos sociais começaram a abandonar
o modelo leninista-gramsciano de consenso e coerção políticas para adentrar em um território
da hegemonia pelo que parece ser puro consenso - o território das reformas liberais. Ao invés
de procurarem assumir o Estado, os grupos subordinados começaram a focar mais em alterar
o funcionamento de determinadas instituições ou incutir nessas instituições uma ordem de
valores diferentes, utilizando a máquina hegemônica de forma contra-hegemonica.
• Antes que fosse possível notar essas diferenças, no entanto, foi preciso uma espécie de
‘desconstrução’ da hegemonia, tal como elaborada por Laclau e Mouffe, especialmente pelo
primeiro, que, no contingência, hegemonia e universalidade, lançado no ano 2000,
argumenta que a hegemonia tem basicamente 4 dimensões.
◦ Primeiramente, Laclau diz que a desigualdade de poder é constitutiva da relação
hegemônica, o que põe em destaque o fato de que a hegemonia é uma espécie de
meio-termo entre o estado de natureza e o estado totalitário, que só poderia existir
em sociedades pluralistas (ou liberais);
◦ Em segundo lugar, para Laclau só existe hegemonia quando a dicotomia
universalidade/particularidade é suplantada, isto é: há uma articulação hegemônica
que garante força universal a interesses particulares e que leva a uma mútua
contaminação entre os dois;
◦ Como consequência disso, a hegemonia pressupõe a existência de significantes
tendencialmente vazios que articulam as cadeias de equivalência que sustentam a
feição universal do particular. Esses significantes, ainda que vazios, ressoam nos
discursos existentes e, por isso, efetivamente participam da produção de
significados. Sobre isso, Day dá o exemplo da palavra ‘green’ utilizada para a mais
diversas adjetivações; mas poderíamos citar as próprias siglas partidárias do nosso
sistema político, que não fornecem qualquer referencial axiológicos para as ações
de seus afiliados.
◦ Por último, Laclau percebe que a hegemonia se expande no terreno em que as
relações de representação são generalizadas como ferramenta de constituição da
ordem social. É dizer: a representação, em condições como as da pós-
modernidade, é a única forma pela qual a universalidade é alcançada e, por isso,
ela não é só necessária ao sistema, mas desejável, porque é através de processos
de representação que toda a hegemonia se expande.
• Toda essa digressão é utilizada por Day para dar conta de uma transformação nos parâmetros
da crítica, pois, afinal de contas, fica claro que existem várias dimensões do aparato de
dominação ideológica e que a luta contra-hegemônica pode se dá de formas diferentes das
que o marxismo ortodoxo enxergava. De qualquer modo, nas palavras do autor, da mesma
forma que os movimentos sociais dos anos 60 e 80 obrigaram a teoria política a repensar a
tradição, agora, ante o fracasso nas tentativas de limitação dos avanços da ideologia
neoliberal e da sociedade do controle, é necessário refletir sobre política radical em outros
termos.
The newest social movements: anti-globalization and direct action

• Termos que são trazidos a partir da análise dos ‘mais novos movimentos sociais’:
movimentos que, segundo o autor, coincidem historicamente com a intensificação da
globalização capitalista e a sofisticação de seus aparatos eletrônicos de comércio e vigilância
e que possuem como agenda comum exatamente a oposição a ideologia neoliberal associada
a globalização e responsável pela série de desajustes estruturais com os quais se convive hoje
em dia.
• Buscando a lógica política subjacente às lutas contemporâneas, Day argumenta que os novos
movimentos sociais, aqueles do pós-welfare-state, não sustentavam força transformativa
exatamente por não estarem suficientemente conscientes dos perigos da lógica da hegemonia,
o que teria levado grande parte desses movimentos a se pautar por uma fórmula de política
que compunha e até emulava o formato do Estado.
• Os mais novos movimentos, ao contrário, estariam cientes desse risco. Por isso, os grupos
contemporâneos trabalham em termos diferentes – ao largo da reforma e da revolução, além
da lógica da hegemonia - aprofundando modelos de organização e estrutura que se afastam
daqueles que vêm dos centros globais de poder. Como disse um pesquisador citado por Day:
trata-se de uma substancial transformação na luta e no ativismo político, um movimento que
deixa de lado estratégias de demanda e representação para elaborar estratégias de ação e
participação.

Politics of demand vs. politics of the act

• Políticas de demanda são diferentes de políticas da ação. Demandar pode alterar o conteúdo
das estruturas de dominação e exploração, mas não alteram sua forma. Na prática, as
demandas perpetuam essas estruturas, pois a composição com a hegemonia, em geral, não
resolve os problemas, apenas os adia ou os soluciona parcialmente, criando novos
antagonismos e aumentando a capacidade de monitoramento e controle, um movimento tipo
pendular, poderíamos dizer: uma forma mais difícil de não sair do lugar.
• Políticas de ação direta pretendem romper com essa dinâmica. Tal como formuladas em geral
pelos mais novos movimentos sociais, procuram bloquear e resistir ao poder corporativo e
estatal, tornando-os redundantes ao perseguir formas estratégicas autônomas que desafiam
os parâmetros institucionais comuns à teoria política ocidental.

Hardt e Negri: the multitude within Empire

• Como já introduzido, Day encontra em Hardt e Negri o reconhecimento implícito dessa mais
nova ordem de movimentos sociais. Para o autor, ao dizerem que o projeto da multidão
envolve ação em três níveis - resistência (ou práticas micropolíticas de insubordinação e
sabotagem), insurreição (ou instâncias coletivas de ação) e poder constituinte (ou projetos
alternativos ou utópicos) -, Hardt e Negri parecem perceber - principalmente quando se
pronunciam a respeito do poder constituinte da multidão - que a transformação social
depende de construções alternativas à globalização capitalista mais do que de qualquer
estratégia que apela ao poder do Estado ou que busque ou espere a Revolução.
• No entanto, embora fique clara uma certa percepção sobre o que Day chamou de políticas da
ação, os textos e entrevistas de Hardt e Negri mostram que suas ideias a respeito das
mudanças sociais radicais ainda se encaminham sob certa lógica da hegemonia, pois, nas
palavras do autor canadense, ainda que seja internamente diferenciado e fluido, o objetivo da
multidão é contra-atacar uma força totalizante com outra força totalizante, o que significa
dizer que, não obstante tenham reconhecido a emergência das políticas da ação, Hardt e Negri
pretendem inserir essas políticas dentro de um paradigma que é indubitavelmente pré-
gramsciano em sua relação com a teoria e as práticas da hegemonia.

‘Utopian’ socialism and the hegemony of hegemony

• De qualquer forma, a noção de poder constituinte é enxergada por Day como uma via capaz
de suplantar os paradigmas marxistas e liberais clássicos que colocam o Estado como centro
das lutas e movimentos sociais. Nesse sentido, embora advenha de uma tradição marxista, a
teoria de Hardt e Negri tem feição semelhante a certas filiais da teoria anarquista.
• Nesse ponto, Day aproxima os mais novos movimentos sociais dos anarquistas. É que, como
explica o autor, para os anarquistas, a vida sem intervenção estatal não seria apenas possível,
mas desejável aos seres humanos se formas suficientemente fortes de organização
substituíssem os aparatos coercitivos do Estado por outros modelos. Desse modo, supondo
uma correspondência entre o caráter da transformação e seu resultado, o pensamento
anarquista sempre tendeu a privilegiar revoluções sociais baseadas na construção de
afinidades (ou poder constituinte) e não em revoluções políticas que buscam alcançar
hegemonia (ou poder constituído).
• Seguindo o pensamento do teórico anarquista Gustav Landauer, Day mostra que a lógica da
renovação estrutural proposta pelo anarquismo encontra ressonância nas políticas da ação
contemporâneas e na noção de poder constituinte de Hardt e Negri. Para Landauer, a
transformação radical da sociedade não seria alcançada por meio da reforma ou da revolução;
instituições precisariam ser criadas (nas suas palavras) “quase a partir do nada, em meio ao
caos”, ao lado e não de dentro do sistema. A renovação estrutural aparece, então, como força
ao mesmo tempo negativa e positiva: negativa porque pretende reduzir a eficiência das
instituições que promovem o que Habermas chamou de colonização do mundo da vida;
positiva porque quer exatamente reverter esse processo criando novas alternativas.
• Assim como parece claro a respeito dos mais novos movimentos sociais, a teoria de Landauer
privilegia a resistência e a reformulação das micro-relações desenvolvidas em sociedade. De
maneira diferente daqueles que dialogam sempre em termos e noções ligadas à lógica da
hegemonia, os grupos sociais contemporâneos parecem ter reconhecido a exaustão tanto da
missão reformista, quanto da revolucionária, passando a adotar, como vigorosamente
defende Richard Day, práticas de renovação estrutural que não podem ser inteligidas a partir
dos paradigmas clássicos das correntes marxistas e liberais, e que, por isso, demandam uma
renovação do senso comum intelectual, sem o qual as táticas sociais mais atuais parecem
dispersas e sem sentido.

• Nesse ponto, Day lembra da tradição britânica dos estudos culturais e sua visão sobre a
cultura como forma de luta - para além dos significados tradicionais, uma luta sobre o poder
econômico e político. Por isso a conclusão, seguindo Lawrence Grossberg, de que ‘estudos
culturais só podem ser definidos como uma prática intelectual, uma forma de politizar a teoria
e de teorizar a política’.
Affinity vs. Hegemony
Just finished Richard J.F. Day’s new book Gramsci Is Dead: Anarchist Currents in the Newest Social
Movements (Between The Lines: 2005). Day has written an important book, as inspirational as it is
informative. It is intellectually gratifying to read a book that does so much, so concisely.

Day surveys the state of radical politics, but goes considerably deeper than merely cataloguing the
myriad expressions of social opposition (from the Zapatistas to squatters to anti-globalization activists to
radical queer, feminist and anti-racist movements). Gramsci Is Dead is also a fast but deep survey of
very complicated philosophical arguments, especially the dense thickets of post-structuralism, post-
modernism and autonomous Marxism (even something he calls postmarxism). The spine of his analysis,
holding together the disparate theoretical threads that he critically examines, is his goal of finding the
genealogy and current manifestation of an affinity for affinity, an increasingly influential politics that
undermines the hegemony of hegemony.

Day is a careful reader of Gilles Deleuze, Jacques Derrida, Michel Foucault and many other recent and
contemporary theoreticians, and makes good use of many of their insights. Happily he takes as his task
to make their jargon-heavy concepts” that have so altered the political-theoretical environment in the
past few decades” comprehensible to people not steeped in academia. One of his unique contributions is
to apply the same scrutiny to the original writings of the icons of utopian socialism and anarchism,
William Godwin, Robert Owen, Charles Fourier, Joseph Proudhon, Peter Kropotkin, Mikhail Bakunin.

After a quick tour of what he is calling the “newest” social movements, he spends a couple of chapters
examining the ways classical liberalism and Marxism both reinforce a basic dependency by defining
politics in terms of demand. Going further into this with Lacanian insights into desire, he helps us get a
look at the incessant (and inherent) self-defeat of the left.
“Because they share an unconscious desire to perpetuate the desire for emancipation by extra-individual,
extra-community structures of coercive power, (neo)liberalism and (post)Marxism can be said to
participate in an ethics of desire, a set of principles and outlooks that perpetuate a self-imposed failure
and provide a cover for the abdication of the difficult tasks associated with autonomous individual and
communal self-determination.” (p. 84)

Day’s critique is meant to point us away from controlling centers of power, the hegemonic state or
economy that logically is supposed to provide for us, to solve social problems.
“Without the hegemonic center articulated with apparatuses of discipline and control, there is no force to
which demands might be addressed”¦ Going through the fantasy in this case means giving up on the
expectation of a non-dominating response from structures of domination; it means surprising both
oneself” and the structure” by inventing responses that preclude the necessity of the demand and
thereby break out of the loop. This, I would argue, is precisely what is being done by the affinity-based
networks of radical activism”¦ and what motivates the anti-integrationist elements of post-colonial,
feminist and queer theories.” (p. 88-89)

In a chapter dedicated to re-examining utopian socialism in the 19th century, Day finds the logic of
hegemony and the logic of affinity at work in the texts of early anarchists. Robert Owen and Charles
Fourier both reveal tendencies towards integration, which Day calls the “poor cousin of affinity and the
best friend of hegemony.” By this he means that politics that seek integration sound egalitarian and
consultative at first but are fundamentally about subordination to a larger system, to a hegemonic logic.
He also uncovers in early utopian writings ideas which today we would probably characterize as
libertarian or even neoliberal, insofar as they accept the state, business, employees, and so on. Day
chides us to read the original texts ourselves, because it turns out that successive generations of
anarchist writers have tended to gloss over the writings in their predecessors that didn’t fit the latest
ideological imperatives. (For instance, Kropotkin’s long-running essay on anarchism in the Encyclopedia
Brittanica fails to note Bakunin’s emphasis on secret societies to foment the anarchist revolution,
something that any contemporary anarchist would quickly recognize as vanguardist in the extreme.)

Day likes the early 20th century German anarchist Gustav Landauer’s approach. It allows for the
possibility of co-existence with existing relations of oppression, but differs
“from reformism in that it does not provide positive energy to existing structures and processes in the
hope of their amelioration. Rather, it aims to reduce their efficacy and reach by withdrawing energy from
them and rendering them redundant. Structural renewal therefore appears simultaneously as a negative
force working against the colonization of everyday life by the state and corporations, and as a positive
force acting to reverse this process via mutal aid. Just as the states and capitalism advance by
percolating into everyday relations, structural renewal proceeds through its own dispersion of
regularities, its own viral infections and subtle transformations”¦ Landauer grasped the key insight of
Foucault’s governmentality thesis” that we are not governed by “˜institutions’ apart from ourselves, by a
“˜state’ set over against a “˜civil society’. Rather we all govern each other via a complex web of capillary
relations of power.” (p. 124)

In this last point we get a premonitory explanation of contestation today. In the reproduction of our
everyday lives, we reinforce relations that make us helpless. The new structure of capitalist work
management depends on our helpless reproduction of the power of capital, on our inability to really
break with the logic of subordination that is increasingly internalized into the worker’s own psychology
rather than depending on the external coercion of a boss. Capital itself has digested the insights of
Landauer and other earlier anarchists, and has worked to colonize us precisely in the “complex web of
capillary relations of power.”

Day uncovers an updated discussion of this in the work of Michel Foucault:


“Foucault both locates his project within and takes it beyond classical anarchist theories of the state. It is
within the anarchist tradition in the sense that he sees life without the state form as an ongoing
actuality rather than an impossibility (as in liberalism), or as a utopian point to be reached in some far-
off future (as in most marxisms). What takes it beyond classical anarchism is his disavowal of the
possibility of living a life entirely without relations of power as domination”¦ just as there is no pure
freedom, there is no pure domination.” (p. 137)

Like Day in his book, I am passing over complex ideas in far too cursory a manner to do them justice.
But I want to give a sense of what his book covers, and why it’s a very compelling discussion. A less-
known line of thought called “autonomous Marxism” gets a good summary in Gramsci Is Dead. It is a
frame of reference that focuses on class struggle and sees that conflict as a driving force behind
capitalist development, in addition to being its ultimate threat. Antonio Negri and Michael
Hardt’s Empire in 2001, followed in 2004 by Multitude, are seminal texts for many. Negri and Hardt
frame the concept of multitude as something of an extension of, or even a replacement for, the
“proletariat” in classical Marxism. They see the multitude as the latest incarnation of the social subject
that can bring down global capitalism, or Empire, but these “˜new’ subjects can do so not only in the
negative sense, but also “˜express, nourish, and develop positively their own constituent projects.’ Day
connects the constituent power of Negri and Hardt to the structural renewal advocated by some
anarchists, experiments which undermine Empire by draining its energy and rendering it redundant.
Paolo Virno is another theoretician of the “multitude” and like many other thinkers in this tendency, he
sees “exodus” as a crucial act of revolt in this era. Virno defines exodus as “˜an engaged withdrawal’,
a “˜founding leave-taking’ that consists in a “˜mass defection from the state’. I have argued for
something similar with regard to Critical Mass, which I dubbed an “assertive desertion“ (pdf) not
from the state but from the ball and chain represented by cars and oil and debt.

Towards the end of his remarkable book, Day argues that exploring and understanding this concept of
exodus is the most urgent task for radical theoretical practice. But he does not argue that as a universal
prescription, precisely because his entire book is a polemic against universalizing any one strand of the
many worthy lines of critique that coexist today. “You must trust in non-unified, incoherent, non-
hegemonic forces for social change, because hegemonic forces cannot produce anything that will look
like change to you at all.” (p. 155)

I think Richard Day must be in his early 30s or so, because he has fully digested the popular focus on
white privilege and offers us a strange self-deprecating tone that tries to pre-emptively answer it. I can’t
remember reading a book in which the author manages to write with so much intelligent insight, and yet
apologizes so profusely for himself and his position in life:
“I identify myself as a White male university professor living and working in relative ease and comfort in
a G8 country”¦ my struggles with oppression arise mostly from the need to challenge my own racism,
heterosexism and classism, and to find more effective ways to be in solidarity with those who experience
the debilitating effects of these apparatuses of division every day and night, throughout their lives.”
(p. 11)””¦we need to begin to understand better how, as persons of relative privilege, we can work to
demolish our privilege without asking the state to do it for us.” (p. 188)
“Infinite responsibility means always being ready to hear another other, a subject who by definition does
not “˜exist’, indeed must not exist (be heard) if current relations of power are to be maintained. To
respond means at least to have heard something” though one can never hear entirely “˜correctly’ or
completely” and thus represents a crucial step on the way to avoiding the unconscious perpetuation of
systems of division.” (p. 200)
“It will mean remembering that despite what may be a very real commitment to anti-oppression
struggles, those of us who are privileged benefit from our positions in oppressive structures, primarily
through not having to worry about the effects they have upon our own theory and practice. Infinite
responsibility means being aware of this privilege and refusing/diffusing it to the greatest extent
possible. More than anything, though, it means being willing to hear that you have not quite made it just
yet, that you still have something more to learn.” (p. 201)

Obviously learning never stops, nor should listening. But I find this kind of self-critical rhetoric really
bothersome. It feels either apologetic or condescending, and in any case, fails to come to grips with the
fact that his own life, even in its relative material and psychological comfort, is severely stunted
compared to what it might be in a world where the hierarchies and divisions he’s decrying were
abolished. To dwell on his status as being privileged is to simultaneously reinforce the hierarchies of this
society and to deny the real damage his own life is subjected to. It also fails to flip this whole concern
away from the idea of “privilege,” which clearly connotes something that’s been granted and could
(should?) be taken away, and reconfigure it as a question of rights. In other words, if it’s true that he
has some kind of greater comfort materially and/or psychologically, shouldn’t it be the basic right of
everyone to have the same (presuming of course that it is not inherently at the expense of others)?
Moreover, given the incredible sensitivity and awareness he’s displaying, does he really need to be told
by anyone that he “hasn’t quite made it yet” ? That just seems ridiculous on the face of it.

Day is obviously fully engaged with the challenge of our time” to rethink politics based on what people
are actually doing; to apply abstract theoretical insights to illuminate the deeper meaning and
possibilities of real efforts that are underway. Gramsci Is Dead is stimulating, well-researched and
generally well-written. I quibble with his adherence to the hyper-self-conscious guilt of so-called
“privilege” but I will end with two last quotes that curiously undercut some of this very rhetoric.
“A politics of affinity… is about abandoning the fantasy that fixed, stable identities are possible and
desirable, that one identity is better than another, that superior identities deserve more of the good and
less of the bad that a social order has to offer, and that the state form should act as the arbiter of who
gets what.” (p. 188)”Following in the footsteps… of those suffering the most from the depradations of
globalizing capital] means that we of the global north must learn to meet our own needs locally, thereby
limiting our participation in, and draining energy from the neoliberal order. To the extent that we
succeed in doing this, we undermine our privilege and stand in solidarity with those who do not share it.
Also, by providing alternatives for those who can and will join the exodus from the neoliberal order, we
open ourselves to sharing what we have built. In both the long and short terms… more progressive
social change can be achieved for more people by ridding ourselves of one of the final vestiges of the
logic of hegemony, which is also traceable back to the Utopian socialists: the will to save everyone at
once.” (p. 215).

Day has worked to link the insights of dense post-structuralist philosophers with the longterm trajectory
of human liberation as described in the anarchist tradition. But it’s not just an abstract book of
philosophy. He grounds his discussion in the new(est) social movements that many of us are deeply
involved in, and he’s unabashed about advocating that we act without fear of being impure since
everything is inevitably going to be short of perfection. The paradigms of 20th century politics are
exhausted and we haven’t yet wrapped our heads around what that means. This book is a vital
contribution to a growing body of work that is beginning to give a serious foundation for the explosions
that will soon rock the early 21st century.

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