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Disponibilização: Eva

Tradução e Revisão Inicial: Naty


Revisão Final: Keira
Formatação: Eva

Fevereiro/2020
Nosso planeta, Mortuus, está perdido e morrendo.
Um lugar desolado onde habitam alguns poucos sobreviventes
solitários.
Meus homens perderam a esperança. Nosso futuro é sombrio.
A longevidade é um luxo que não podemos comprar.
O máximo que podemos esperar é a sobrevivência.
Nós persistimos quando uma oportunidade se apresenta.
Cinco fêmeas ― uma chance para um futuro.
A aquisição dessas mulheres foi contra tudo o que me ensinaram,
mas tempos desesperados exigem medidas desesperadas.
Elas são nossas agora.
Adormecidas e preparadas para procriar.
Nós não iremos morrer ― perdidos e esquecidos.
É nosso destino crescer e mais uma vez habitar nosso planeta
solitário.
Sou Breccan Aloisius, o Comandante esquecido.
Meu povo terá o futuro que merece.
Eu me certificarei disso.

Minha mente está decidida... até que ela acorda e nada acontece
como planejado.
NOTA DA SÉRIE LOST PLANET

No início, houve muitos que sobreviveram às explosões iniciais de


radiação e dos distúrbios ambientais catastróficos que resultaram disso. Os
morts, os únicos habitantes de Mortuus, o Lost Planet ― Planeta Perdido,
mudaram com os efeitos da radiação, aprenderam a se adaptar e, mais
importante, a sobreviver. Com isso, tornaram-se altamente qualificados e
inteligentes, capazes de sobreviver até nas piores condições.
O planeta é perigoso e a vida não é fácil, mas os morts tem um ao
outro e isso é tudo o que importa. Eles proliferaram na estrutura protetora
de um prédio abandonado que converteram em alojamentos. Morts
receberam incumbências, treinados desde o nascimento para passar
conhecimento de geração em geração. Eventualmente, os morts esperavam
ampliar a instalação e conquistar o ar livre selvagem e indomável.
Então, o desastre aconteceu.
O Rades, uma doença contraída por complicações da radiação,
começam a infectar sua população cada vez mais. Primeiro, houve febre,
seguida de feridas, depois, finalmente, a loucura e, inevitavelmente, a
morte. Colocar em quarentena os infectados ajudou, mas já era tarde
demais. Mulheres, crianças e idosos foram os primeiros a ir. Um por um, os
morts que contraíram o Rades, morreram. Famílias inteiras foram
disseminadas.
Até que apenas dez machos restaram.
GLOSSÁRIO

• Cachos Verdes ― Plantas de folhas amargas (como salada), às


vezes a única coisa que eles têm para comer.
• Câmara Criostática ― Onde as humanas adormecidas são
mantidas.
• Cela de Reforma ― Cela de prisão dentro da Instalação.
• Cemitério ― Terras desertas fora da Instalação.
• Ciclo Solar ― Uma semana.
• Criotubo ― Tubo grande onde as fêmeas humanas são mantidas
adormecidas, que emite uma luz azul suave.
• Código Biológico ― DNA
• Doce de Raiz Dourada = Balas feitas de raiz dourada que tem
gosto de caramelo.
• Flora ― Droga artificial do planeta humano
• Facção ― Grupo de morts (e depois se inclui humanos).
• Ghan ― Raízes rochosas encontradas nos poços subsolos que
podem ser moídas em pó e usadas para certas doenças. Como repelir dores
de garganta.
• Hagbud ― Planta venenosa, espinhosa e preta.
• Hipervelocidade ― Velocidade da luz.
• Instalação ― Os últimos edifícios restantes onde os Morts
vivem.
• Jackaws ― Eles não gostam muito de comer, mas são divertidos
de assistir e ouvir quando voam cantando músicas que enchem sua alma.
Parecidos com o pássaro Gaio-Azul.
• Kevins ― Quando um mort tem aquele brilho de abuso em seus
olhos.
• Lilabushes ― Flores cor de rosa e aveludadas que crescem em
um arbusto que não é comestível tem outros usos para as pétalas que caem
das flores. Eles são perfumados e Galen tem feito ‘sabonetes’ como Aria os
chama com as pétalas.
• Livro Alienígena da Subfacção ― Livro que Sayer começou em
um esforço para ajudar os morts a entender as fêmeas alienígenas melhor.
Os morts devem preencher o livro conforme aprendem coisas sobre elas.
• Magknife ― Faca afiada.
• Magnastrike ― Raio.
• Metal Zuta ― Metal.
• Mettalengths ― Quilômetros de distância.
• Micro-revolução ― Um mês.
• Micro-visualizador ― Microscópio.
• Microbôs ― Nanotecnologia que cura.
• Migalhas de Sodiumchloridus ― Sal dos morts.
• Minnasuit ― Uniforme que é cinza carvão e emborrachado.
Protege a pele.
• Mortania ― Termo carinhoso que significa bela moça.
• Mortarekking ― Filho da puta.
• Morts ― Homens.
• Mortyoung / Mortling ― Bebê Mort.
• Níveis R ― Níveis de radiação (os níveis letais são oito pontos
positivo e acima).
• Os Eternos ― Para onde pensam que irão quando morrem.
• Opasita ― Similar aos germes. São parasitas cinzentos que
infectam e se espalham. Toxica e tem um biogene dentro a que os opasitas
reagem negativamente. Calix criou um super biogênico para imunizar
contra ele.
• Perapa ― Semelhante ao jalepeño.
• Planta Fernus Pegajosa ― Planta pegajosa que entrou nos
Pulmões de Belin.
• Perfume Feminino ― Os hormônios femininos e secreções são
mais potentes quando a implantação é um sucesso. Aumenta cada solar à
medida que ela cresce para acomodar o mortling. Torna-se mais potente se
eles não acasalam continuamente porque o sêmen é bom para o útero.
Mantém-no protegido. Os aromas aumentados são um mecanismo de alerta
para dizer as meninas morts / alienígenas de que precisam fazer sexo (como
versão mort de vitaminas pré-natais).
• Reforço de Eletrólitos ― Comprimido ou tablete de calcário.
• Rekking ― Porra.
• Revolução ― Um ano.
• Rogshite ― Merda.
• Rogcow ― Animais raros que caçam para carne. Tem gostos
semelhante à carne.
• Rogstud ― Rogcow macho.
• Sabrevipe ― A cabeça tem o tamanho de cinco pessoas juntas.
Três olhos azuis claros, o meio leitoso e nublado. Narinas que são planas
contra a cabeça e tão grandes quanto um punho. Bigodes longos que se
movem por conta própria, provando o ar pelo cheiro de sua presa. Coisa
mais assustadora sobre sabrevipes são os dentes.
• Solar ― Um dia.
• Sub-ossos ― Ossos no pescoço de morts (28).
• Subfacção ― Grupo de humanos dentro da facção.
• Traje Zu ― Uniformes grossos capazes de proteger contra
níveis R leves a médios
• Toxica ― Agente paralisante no esperma dos morts
• Uvie ― Moça do Computador
• Wegloscan ― Scanner que eles usam para detectar gravidez.
• Zenotablet ― Como um iPad ou computador de mão.
• Zonnoblaster ― Arma que dispara lasers
CAPÍTULO UM
BRECCAN

SCRAAAAAAPE!
O som ecoa no centro de comando, mas é um que aguardo
ansiosamente a cada solar. Toda manhã, ao nascer do sol, minha rotina é a
mesma. Deslizo de volta a porta de metal zuta que esconde a enorme janela
que cobre toda a parede e permite a entrada da luz do sol.
Quente.
Brilhante.
Esmagadora.
Exalo pesadamente e fecho meus olhos para me aquecer. O calor na
minha pele branca pálida me aquece até meus ossos gelados. Raios
ultravioletas são prejudiciais à nossa carne sensível, mas ansiamos o que
eles oferecem, no entanto.
“Esta jornada é fundamental para nossa sobrevivência.” Galen repete
pela milionésima vez neste solar.
Abro meus olhos só para poder revirá-los. Rangendo os dentes,
arrasto meu olhar do Cemitério, como chamamos o que está além da janela,
para o botânico da nossa facção. “Você já disse.” Grunho em resposta, com
uma ligeira aspereza no meu tom.
Galen franze a testa e suas írises negras piscam das órbitas redondas
como fendas de meia-lua, um sinal revelador de sua frustração. Culpa me
incomoda por perturbá-lo. Ele está apenas tentando fazer o seu trabalho e
está absolutamente correto. Mas, por mais que eu queira testar o solo além
do que podemos ver do Cemitério, como ele tem sugerido há anos, estou
cauteloso.
“Como estão os níveis R no ar?” Meus olhos se dirigem para meu
melhor amigo aqui, Calix.
Calix coça a linha do maxilar e a orelha pontuda se agita no lado
esquerdo, um traço comum quando está pensando profundamente. Seus
óculos ― que um dia pertenceram ao pai dele, Phalix ― estão em sua
cabeça. Phalix morreu misteriosamente em uma jornada ao Cemitério.
Nosso melhor palpite é de que um sabrevipe o pegou baseado no estado de
seu corpo.
“Hum.” Calix diz. Suas narinas se abrem quando ele bate no
zenotablet e o aparelho acende em resposta. Depois de um momento de ler
os resultados, ele olha para mim com preocupação marcando suas feições.
“Quatro pontos positivo.”
“Níveis letais são oito e mais altos.” Uvie diz, nosso sistema de
computação falando em sua voz feminina e digitalizada.
Galen solta uma exclamação e se levanta da cadeira. Se ele acha que
está saindo sem algum tipo de plano, ele rekking enlouqueceu.
“Pare.” Grito. “Plano?”
Ele coloca as mãos grandes nos quadris e olha pela janela, as órbitas
brilhando de excitação. O jaleco que ele sempre usa sobre o traje está
manchado com amostras de solo que, se eu rezasse para qualquer deus,
rezaria para que estivesse devidamente descontaminado. A propósito, Calix
assobia quando Galen se encosta na cadeira, suponho que ele esteja tão
preocupado quanto eu.
“Lá.” Ele diz, apontando para o horizonte com uma garra preta
afiada. “Além da Montanha Bleex.” Ele bate no vidro incrivelmente
espesso e impenetrável, apontando para a montanha mais alta dentro de
nossa visão. Em algum lugar além da Montanha Bleex há uma antiga
instalação que há muito tempo foi abandonada. “Quero montar um time e
viajar para lá. Cinco morts. Dos meus cálculos, seriam necessários apenas
três solar completos para chegar lá, pelo menos dois para coletar amostras e
depois três para voltar. Os dados não preveem quaisquer tempestades em
breve. Condições perfeitas de viagem.” Ele se vira e sorri para mim,
mostrando as duas presas de cada lado da boca.
“Não.” Minha reação instantânea é sempre não. Não é seguro.
Apesar dos níveis R estarem na zona amena, existem outras ameaças.
Sabrevipes são conhecidos por rondar a área, especialmente quando o
tempo está bom. Eles são rekking enormes, cruéis e complicados para
matar. Pelo menos sua carne vale a pena comer.
“Nós poderíamos sempre expandir nossa busca para além do antigo
Setor 1779 para ver se talvez encontrássemos qualquer instalação de
trabalho...”
Corto Galen com um grunhido de aviso. Ele apresenta esse
argumento com frequência, e até mesmo Calix concorda que é uma péssima
ideia ir andando pelo Cemitério na esperança de encontrar qualquer vida ou
instalações de trabalho de mort.
“Breccan.” Galen diz em voz baixa. “Temos que tentar. E se o solo
for bom para o plantio? Poderíamos pegar as mudas que não estão
prosperando e replantá-las.”
Aceno uma mão para ele para dispensar suas palavras. “As mudas
irão morrer.” Nós todos iremos morrer.
Ele recua como se eu tivesse batido nele. “Mas nós precisamos disso
para nossa sobrevivência, porque eventualmente...”
“Não!” Grito, cerrando minhas mãos enquanto me apresso para a
janela. Encaro a terra árida fora de nossa casa na montanha e agito minha
cabeça. Está morta. Alguns animais vagam por aí que valem a pena capturar
e comer, mas além disso, é um espaço sem valor. Vazio. Desolado. Rekking
cruel. Raiva borbulha dentro do meu peito e minhas orelhas se achatam
contra minha cabeça, uma reação fisiológica natural quando se prepara para
uma briga. “De que servem as mudas florescentes quando nossa própria
raça está morrendo? O que precisamos para a continuidade de nosso povo
são mulheres. E como você pode ver...” Assobio e gesticulo para o nada
vazio. “Não resta mais ninguém.”
A sala fica quieta além da batida de Calix em seu zenotablet. Galen e
eu entramos nessa discussão com frequência e é do interesse de todos ficar
de fora. Chegou a ter golpes antes, e eu ainda estou cuidando de costelas
machucadas da última vez que Galen ficou bravo quando eu disse não a ele.
Ele é principalmente calmo, mas perde-se a ataques de raiva. Avrell, nosso
médico, explicou-me inúmeras vezes que é uma reação química por causa
de sua genética e não um desejo inato de rekking me enlouquecer.
“Por que apenas não convidamos um sabrevipe para nossas
instalações?” Galen retruca, sua fúria levantando a sua cabeça feia. “Por
que não o deixamos nos despedaçar e chupar nossos ossos porque não
temos nenhum rekking futuro?!”
Minha própria raiva é extinguida quando a culpa mais uma vez toma
seu lugar.
Ele está certo.
De novo.
“Galen...”
Meu pedido de desculpas é interrompido quando uma trombeta toca.
Todas as discussões são ignoradas quando nós três corremos para o convés
da nave.
Theron e Sayer estão de volta.
E o som significa boas notícias.
Nossas botas batem no chão, ecoando nos corredores vazios
enquanto corremos. Quando alcançamos a grossa porta duplamente
reforçada, cada um de nós se atrapalha para vestir rapidamente nosso traje
zu. O material espesso nos protegerá de níveis R médios e nossas máscaras
manterão fora quaisquer patógenos no ar que possam ser prejudiciais à
nossa saúde.
Em poucos segundos, estamos vestidos e protegidos, cada um de nós
ansioso por um minúsculo pedaço de boas notícias. Introduzo o código de
dezesseis dígitos que apenas alguns de nós têm e então atravessamos a
pesada porta.
Theron e Sayer, totalmente vestidos com seus próprios trajes zu, já
estão subindo na nave e correndo em nossa direção.
“O que vocês acharam?”
“Havia algum sinal de vida?”
“Vocês acharam alguma coisa que podemos usar?”
Calix, Galen e eu todos deixamos escapar nossas perguntas de uma
só vez. Theron levanta a mão para nos silenciar.
“Comandante.” Theron diz, sorrindo através do vidro de sua
máscara. “Você irá rekking enlouquecer.”
Sayer acena rapidamente ao lado dele. Sua excitação é palpável. Isso
só pode significar coisas boas para a facção.
“É algo que você precisa ver para acreditar.” Sayer diz e começa a
embarcar.
Nós nos apressamos atrás deles e subimos a rampa para dentro da
nave.
Ao entrar, vejo a área de carga preenchida com o que parece ser
criotubos. Cinco, para ser exato. Eles certamente não são de Mortuus, mas
me lembro de ler sobre eles na biblioteca com livros deixados para trás por
aqueles que os encontraram antes de nós. Os mesmos livros que nos
ensinaram tudo, de mecânica e tecnologia a reprodução e biologia, mas não
isso. Este é um território desconhecido.
“O que há neles?” Exijo.
Theron bate um punho enluvado no topo de um deles. “Veja.”
Vou até ele e olho para dentro da pequena janela, e me vejo
encarando a criatura mais estranha que já vi.
Lábios semelhantes aos meus, mas muito mais gordos e um tom
estranho de rosa, são a primeira coisa que noto. O nariz no alienígena é
atrevido e adornado com um dispositivo que parece ser usado para respirar.
Marcas castanhas claras salpicam sua carne. Cílios compridos e escuros
tocam as altas maçãs do rosto da criatura e uma quantidade obscena de
cabelos castanhos, da mesma cor que meu chá favorito, emoldura seu rosto.
Ela.
Ela.
Ela.
Imagens daqueles livros ― livros feitos para morts mais velhos
acasalarem ― estão na minha mente. Livros que explicavam em detalhes
não só a anatomia mort, mas também como dois tipos se encaixam
fisicamente para procriar. Os mesmos livros que todos os morts nesta
instalação memorizaram e examinaram por suas próprias razões egoístas.
Livros que nunca imaginamos que poderíamos usar o que aprendemos.
Mas agora?
“O... o que é isso?” Arrasto meu olhar para Theron. “Onde você
conseguiu essa criatura?”
Seu sorriso é frio. “Estávamos orbitando nosso planeta na Mayvina
fora da atmosfera, enviando sons. Você sabe, o usual, procurando por vida.”
“E encontramos algo enorme. Uma nave.” Sayer explica, também
sorrindo. Suas presas duplas brilham na luz.
“Uma nave?” Grito. “O que vocês fizeram?”
Theron encolhe os ombros e gesticula para os criotubos.
“Detectamos vida na nave. Centenas. No entanto, eles tinham alguma vida
protegida nessas unidades, como se fossem colocadas em hibernação por
algum motivo. Sendo os mortarekkers habilidosos que somos, Sayer e eu
embarcamos na nave, colocamos tantos criotubos na Mayvina quanto
couberam, antes que a nave entrasse em hipervelocidade e desaparecesse.
Estou te dizendo, foi uma chance. Uma pequena lasca e nós a pegamos.
Estas são nossas.”
Olho para a janela novamente, hipnotizado pela criatura intrigante.
“Avrell prepare o laboratório. Quero que todos os passos sejam tomados
para garantir que não exponhamos a instalação à doença. Apenas abra esta
unidade, mas mantenha o alienígena em hibernação. Quero que Avrell teste
seu código biológico.”
Quatro pares de olhares intensos estão em mim. Esperança brilha em
seus olhos de ônix. Caras que nunca sorriem fazem isso como se fosse o seu
rekking trabalho. Algo enche meu peito.
Esperança.
“E se elas combinarem?” Galen pergunta humildemente, sua voz
ligeiramente abafada por trás de sua máscara protetora.
“Se elas combinarem, nós procriaremos.”

***

Nove morts estão muito perto de Avrell enquanto ele trabalha


rapidamente para estudar os dados biológicos. Seis solar passam desde que
Theron e Sayer trouxeram para casa os criotubos e todos nós ficamos no
limite com a necessidade de saber se a reprodução funcionará. A missão das
mudas de Galen é uma coisa do passado. Ninguém quer deixar o
laboratório, muito menos a instalação, para percorrer o Cemitério em busca
de um bom solo para plantar.
“Há apenas cinco delas.” Hadrian resmunga, o mais jovem com
apenas dezessete revoluções. “Quem vai conseguir uma?”
Arrasto meu olhar da alienígena inconsciente que permanece em um
sono profundo para a única criança em nossa facção. Memórias de quando
sua mãe morreu, a última de nossas mulheres, é um solar sombrio que tento
desesperadamente não lembrar. Vetta era como uma mãe para todos nós. E
porque ela ainda era fértil, nós tínhamos planos para continuar nossa
existência através de seu ventre. Tudo desvaneceu no solar que ela pegou o
Rades e morreu tremendo enquanto agarrava a sua própria carne, perdida
pela loucura da doença.
A criança em seu ventre, uma que pertencia ao seu falecido
companheiro Puno, morreu junto com ela. Foi um momento devastador.
Tomei Hadrian sob minha proteção e cuidei dele como um filho desde
então.
“Sim, comandante, quem conseguirá uma?” Draven, o tenente
engenheiro da nossa facção, desafia da entrada do laboratório. Sei que ele
não irá entrar. Ele sofre mentalmente e sempre se sente preso. Tudo decorre,
de acordo com Avrell e seus estudos, de quando Draven pegou um caso leve
de Rades. Ele ficou adormecido por quase uma revolução inteira, centenas e
centenas de solar. Sua pele se infiltrou com uma substância semelhante a
um pus de feridas que se formaram em todo o corpo. Se não fosse por
Avrell cuidando dele em todos os momentos de cada solar, ele teria
encontrado a morte junto com Vetta e seu bebê não nascido. Quando ele
chegou, seus olhos estavam loucos e ele falou por muitos solar sobre ‘os
captores.’ Eles o acorrentaram e o torturaram.
Tudo em sua mente, claro.
Eles ainda o assombram a cada respiração que ele toma.
Tem sido muitas revoluções, e ele nunca perdeu o brilho perturbado
em seus olhos negros como carvão.
Endireito minha coluna e caminho até a alienígena. Avrell passou a
chamá-la de espécime Az-1. Seu peito, sob o lençol fino cobrindo, sobe e
desce a cada respiração que ela toma. Estamos todos usando nosso traje zu
até que possamos averiguar se ela está carregando algo prejudicial.
“Alguma atualização?” Pergunto, meus olhos grudados em seu rosto
incomum e sujo. Ela tem a cor da barriga de um sabrevipe. Se ela não fosse
potencialmente perigosa para tocar, adoraria tirar a minha luva e ver como é
a textura da sua pele.
Ele olha para cima do micro visualizador na mesa perto da
alienígena, e um pequeno sorriso, revelando suas presas semi-arqueadas,
faz esperança dançar novamente dentro do meu peito. “Acho que é uma boa
notícia, comandante.”
Todos na sala parecem estar prendendo a respiração. A tensão é
grossa o suficiente para cortar com uma magknife.
“Prossiga.” Insisto, baixando a minha ânsia.
“Dê uma olhada.” Ele gesticula para o microvisualizador.
Caminho até a máquina e espio o visualizador. Dentro estão células
coloridas, mas elas não significam nada para mim.
“Vê as células azuis?” Ele pergunta.
“Há muitas.” Concordo.
“Agora encontre as opacas. Você pode ter que apertar os olhos para
ver essas.”
Pisco enquanto tento me concentrar. “Eu as vejo. As azuis estão
sendo comidas por elas.”
“Não comidas.” Avrell diz, um sorriso em sua voz. “Fertilizadas.”
Eu me afasto e olho para ele. “O que isso significa?”
“Exatamente o que você pensa. Não só a nossa genética é
compatível, mas também podemos procriar com as alienígenas. Isso aí...”
Ele aponta para o microvisualizador. “É a esperança de nossa
sobrevivência.”
“O que você fará com eles?” Havia pelo menos quatro unidades de
células fertilizadas sob o observador.
“Eu poderia destruí-los ou implantá-los.”
Olho em volta para os outros oito pares de olhos assistindo minha
conversa com Avrell. Dez morts. Cinco alienígenas. É injusto escolher entre
quem recebe uma alienígena para acasalar e quem não. Tanto quanto eu
adoraria acordar e acasalá-las corretamente, é muito arriscado. Se as
alienígenas adoecessem e morressem como Vetta, tudo isso seria em vão.
Minhas orelhas se achatam contra minha cabeça enquanto estalo
todos os vinte e oito sub-ossos no meu pescoço. Todos os meus
subordinados se inclinam levemente em submissão. Eles sabem que minha
palavra é obrigatória. Mesmo que eles odeiem o que estou prestes a dizer.
“Mantenha-as em hibernação.” Digo, desprezando minhas próprias
palavras. “Recolha amostras de todos os dez de nós e implante as células
fertilizadas em todos os seus úteros. Mantenha todas as amostras extras
congeladas para uso futuro, caso estas não sejam necessárias. Esta é a única
esperança para o nosso futuro neste momento.”
Todos meus morts usam as mesmas expressões torturadas que tenho
certeza que tenho.
Nós as queremos.
Nós as queremos acordadas e queremos acasalar com elas.
Precisamos acasalar com elas. Não apenas como um imperativo biológico
para garantir nossa sobrevivência, mas para nos lembrar do que significa
viver em vez de meramente sobreviver.
Mas o sacrifício está no nosso sangue. É tudo que fizemos a vida
inteira. O sacrifício terminará conosco, no entanto. Essas células
implantadas se transformarão em morts. Bebês se transformarão em
médicos, líderes e guerreiros. Famílias serão criadas de nossos sacrifícios.
Um solar em breve, esta instalação irá se movimentar com vida e atividade.
Nossos sacrifícios valerão a pena.
Pelo menos é o que continuo dizendo a mim mesmo.
“Estarei no centro de comando.” Murmuro antes de me desculpar.
Uma dose viciante de raios ultravioletas é muito necessária porque
eu faria praticamente qualquer coisa para trazer um pouco de luz para o
meu futuro quase preto.
Sacrifício.
Tem que ser feito.
CAPÍTULO DOIS
ARIA

Estou me afogando.
Ondas de dor me sugam, puxando meus membros, tornando-os
pesados e difíceis de operar. Um peso invisível esmaga meu peito e luto
para atrair oxigênio para os pulmões que protestam. Demais. Usei muita
flora na noite anterior. Um novo medicamento para o mercado que é mais
aceito na alta sociedade. Sem agulhas ou fumaça para os ricos e famosos.
Apenas uma rápida inalação da névoa cara e você está perdido para ela. Sua
chamada sedutora canta para mim, tentando-me a voltar e fugir.
É por isso que me tornei uma atriz em primeiro lugar. Eu queria ir
para outro lugar, ser outra pessoa. Eu tinha o corpo, o rosto, o talento. O
dinheiro era um fator, mas é apenas o veículo que me dava acesso ao meu
verdadeiro objetivo: escapar. Sair das favelas, da minha vida. Fama e
fortuna me deram uma saída, mas nunca me trouxeram a felicidade como eu
imaginava.
Tarde demais, percebi que tinha sido seduzida pelo brilho e glamour
que fui preparada para imitar. Não havia escapatória, havia apenas outra
gaiola ― embora seja uma dourada.
A maré de drogas acalma e atormenta. Alterno entre o mais alto que
já estive e a maior dor que já experimentei. A última bate no meu corpo
como uma maré implacável, sem parar, sem fim. Tento, inutilmente, abrir
meus olhos, apertar os botões nos controles para liberar outra dose para
acabar com a dor, ou arrancar a agulha que a fornece, mas não posso fazer
nada. A única coisa que me deu a minha única libertação é agora o meu
maior tormento.
Minutos, horas, dias, não posso nem dizer quanto tempo passa antes
de poder mover minhas mãos ― e então é apenas para abrir e fechar meus
dedos. Não posso mover meus braços dos meus lados. Por pura força de
vontade, abro minhas pálpebras e estremeço no quarto muito claro que me
rodeia.
Tento não entrar em pânico. Não é a primeira vez que me encontro
em uma casa estranha depois de uma longa noite de dança e bebida e não
será a última. Mas nunca levei isso tão longe que não pudesse lembrar
como cheguei aqui. Que não conseguia nem me mexer na manhã seguinte.
Você fez isso desta vez, Aria.
Mas é a próxima onda de dor que me deixa completamente
acordada, afastando os últimos resquícios de estupor e gerando o primeiro
lampejo de medo. Cólicas atravessam minha barriga e descem. Meu corpo
tentando se limpar. Estive de ressaca antes, mas nada assim. Nada que me
fizesse sentir que estou morrendo.
Outro grito sai da minha garganta e chama a atenção do guarda do
outro lado da porta. Só que ainda devo estar sonhando, porque o homem
que aparece, aparenta ser algo de um pesadelo, toda a estranha pele branca e
ossos disformes na testa. Ele se ergue ao lado da minha cama em um terno
estranho, com cabelos negros esvoaçantes e duros olhos negros que me
encaram debaixo de uma sobrancelha pesada. Presas. Ele tem presas.
Definitivamente não é humano. Um monstro.
Isso é um pesadelo.
Não é real.
A imagem dele me invade enquanto a dor se intensifica. Minha boca
enche d’água e posso sentir a bile subindo pela minha garganta. O pânico
me assalta quando tento puxar minhas mãos para cobrir minha boca, mas
elas estão contidas.
Contida, com dor, à mercê de um monstro em um quarto que não
reconheço. Como esta manhã poderia piorar?
Então a porta se abre e nove outros gigantes em vários graus
aterrorizantes entram na sala.
Recusando-me ou incapaz de manter meus olhos abertos e encarar
esse horror, nunca saberei qual, cedo à correnteza de dor e choque me
puxando para baixo e sucumbo à escuridão acolhedora.
***

A próxima vez que acordo, estou alerta com uma sensação vazia no
estômago, em um quarto vazio, a porta desprotegida.
Talvez tenha sido um pesadelo depois de tudo. Tinha que ser. Devo
ter tido uma overdose de novo e eles me levaram a um exclusivo centro de
tratamento para limpar meu sistema. Em uma semana ou duas, eles me
enviarão de volta a Hollywood, me drogarão para passar outra semana de
ensaios, aparições e gravações, e depois repetirão.
Exceto... este lugar não é nada como qualquer um dos outros que
eles já me prenderam. Eles podem me tratar como um bichinho treinado
para sua diversão, mas mesmo assim, sou um bichinho de estimação
mimado. Em troca de bom comportamento e imprensa, recebo os melhores
cuidados, alimentação, transporte e hospedagem.
A certa altura, deve ter sido um lugar agradável, o melhor dos
avanços tecnológicos. Há telas embutidas nas paredes que leem meus sinais
vitais de sensores presos a meus pulsos, tórax e testa. Exceto, a tecnologia
está anos desatualizada, utilizável, mas desajeitada e lenta. O quarto é limpo
e bem mantido, mas as paredes brancas se desvaneceram com o tempo e as
rachaduras se espalharam pela superfície.
Não importa. Apenas ligarei para a minha assistente e eles me
buscarão cedo. Tenho um programa em dois dias e começamos a filmar dois
dias depois disso, acho. Na verdade, não tenho certeza. Tudo está tão
nebuloso em minha mente. Nem sei que dia ou hora é ou onde diabos estou,
mas não há nenhuma maneira que eu possa tirar qualquer folga agora.
Nunca sou capaz de tirar férias, então certamente não tenho tempo para um
período de reabilitação. Eles devem saber disso. Preciso encontrar Kevin.
Como meu gerente de talentos, ele me ajudará a entender tudo isso.
Saio da cama e corro para uma das telas de computador, apesar da
dor no estômago que deve ter vindo deles bombeando as drogas do meu
sistema, franzo a testa. O plano de fundo verde escuro e as leituras
brilhantes não se parecem com nenhum outro sistema operacional que já
usei. Talvez seja algum tipo de acordo retrô? Pressiono as opções de menu
aleatoriamente, na esperança de encontrar um comando familiar, sem
sucesso.
Em que porra de lugar eles me colocaram?
A dor no meu estômago aumenta e me lembro do sonho. As ondas
de dor. Deveria me assustar o quanto deixei as drogas tomarem conta da
minha vida, mas há coisas piores do que arriscar minha saúde para lidar
com minhas escolhas.
Bloqueio a dor quando me movo para uma tela diferente. Esta
dispara um alarme no momento em que a toco e me viro de surpresa, meu
corpo gritando em protesto. Umidade enche minha calcinha e, pela primeira
vez em muito tempo, sinto sinais de constrangimento. Realmente caí tanto
que não consigo controlar minhas funções corporais?
Enquanto os alarmes tocam ao fundo, tropeço pelo quarto e procuro
o banheiro. Não tem como eu deixar alguém me ver nesse estado. Eles
podem exigir confidencialidade em lugares como este, mas fofoca é uma
mercadoria quente e todos podem ser comprados se o preço for justo. Eu
sou a prova viva disso.
Acho o banheiro na segunda tentativa. A primeira porta continha um
armário de suprimentos com tecnologia mais desatualizada, incluindo
máscaras de respiração estranhas, telas de tablets e dispositivos portáteis.
Não quero nem saber para que servem os maiôs.
Um banho vai ajudar a limpar minha mente. Então tudo começará a
fazer sentido.
Desperdiço dez minutos tentando descobrir os controles para o
banheiro estranho até eu desistir. Quando os atendentes voltarem, peço que
me mostrem como usá-lo. Até lá, irei trocar a roupa suja e esperar que não
esteja fedendo. Tiro o vestido do hospital e o jogo em um canto.
Quase faço o mesmo com minhas roupas de baixo, então vejo o
sangue.
Minha visão nada e meus ouvidos soam tão alto que não consigo
mais ouvir o alarme. Eu me forço a descartar as calcinhas junto com o
vestido do hospital. Então me dou instruções. Primeiro passo, use o pano na
borda da pia para lavar o melhor que puder. Encontre o sabonete, Aria.
Lave seu corpo, Aria. Não imagine que horrores causaram o sangue. Não
pense. Essa é a regra número um. Não pense. Apenas faça.
Aja como se a realidade fosse a mentira e a fantasia é a verdade.
Não sei quanto tempo fico em frente ao espelho depois de fazer uma
lavagem superficial. Tempo demais. Nem é o suficiente. Os alarmes soam
até que não consigo ouvir meus próprios pensamentos, o que é
provavelmente uma coisa boa.
Quando eles desligam, sei que não estou mais sozinha. O silêncio é
ensurdecedor, palpável. Pensei que não poderia estar mais envergonhada
das situações em que me coloquei, mas estava errada. Isso deve ser um
novo ponto baixo.
Eu me preparo para o julgamento deles enquanto ouço vozes do
outro lado da porta do banheiro. Eles irão sussurrar por trás de suas mãos.
Me dar olhares de pena. Não demorará muito para que meu último truque
acabe em todos os tabloides, do Atlântico ao Pacífico, mas não deixarei que
eles me quebrem. Irei enfrentá-los, depois ao meu gerente de talentos, e
serei Aria Delaney, a atriz e festeira que eles querem que eu seja. E farei
isso com um sorriso.
A porta se abre e tomo um último momento para respirar antes de
terminar minha lavagem. Localizo outro vestido de papel em um armário
para me vestir e rezo para que o sangue não continue a escorrer pelas
minhas pernas. Com movimentos lentos, visto o vestido e, em seguida, dou
um passo em direção à porta e viro para encarar meu destino.
Em vez das enfermeiras que espero, encontro os homens dos meus
pesadelos.
Todos os dez se espremem no pequeno quarto do hospital e tentam
se forçar pela porta. Seus ombros grandes e largos não cabem bem, e três
deles ficam presos na porta. Seria cômico se não fosse tão aterrorizante.
Uno minhas mãos entre meus seios e pisco. Flora normalmente não é
alucinógena, mas algumas vezes vem acompanhada de outras drogas com
efeitos colaterais variados. Isso é tudo.
“Socorro.” Resmungo para qualquer um, menos para os monstros
que se aglomeram em meu caminho.
Todos eles olham para mim no momento em que eu falo.
“Recuem.” Vem uma voz estranhamente acentuada. “Deixe Avrell
ter espaço ou jogarei todos rekking vocês no Cemitério.”
Rekking?
Cemitério?
O que é essa loucura?
Os três na porta se movem para trás obedientemente, mas seus olhos
se esforçam para me ver ao redor de mais dois que dão um passo à frente.
Um deles é claramente responsável ― aquele que se debruçou sobre o meu
leito quando acordei antes. Não há como esquecer o rosto dele. Não só
porque é tão estranho, mas porque ele olhou para mim com muito desprezo.
O outro ao seu lado não tem essa expressão, e prefiro imediatamente
sua presença.
“Olá.” O agradável diz. “Meu nome é Avrell Dracarion. Você
entende minha língua?”
“Sim.” Resmungo. “Como?”
Um dos outros alienígenas acena para mim e sorri, mostrando não
um, mas dois caninos superiores de cada lado da boca. Como uma dose
dupla de vampiro. Duas vezes mais dentes mortais. “O nome é Sayer,
especialista em linguística.” Ele diz, com um sorriso cada vez maior. Tenho
certeza de que ele acha que está sendo amigável, mas não consigo parar de
olhar para os dentes que parecem muito afiados para o meu conforto. “Você
pode nos entender porque Uvie e eu trabalhamos durante anos adicionando
todos os idiomas planetários vizinhos no computador. Certo, Uvie?”
Uma mulher com voz robótica fala. “Correto. Cada Mort foi
implantado com uma unidade de interpretação de linguagem especialmente
projetada que lhes permite falar e entender idiomas que foram inseridos no
sistema. No momento em que você falou, ativou suas unidades de
interpretação. Seus cérebros trabalham nos bastidores para fazer toda a
computação, de modo que ela vem naturalmente para os processos.
Algumas palavras, no entanto, não serão traduzidas devido a gírias
interplanetárias que possam ter se formado desde a última atualização da
linguagem.”
Falando em cérebros, o meu dói. Estou sonhando. Isso tudo está na
minha cabeça. Mas todos olham para mim de uma maneira expectante.
Vívido e real. Eles não estão indo embora.
Lambo meus lábios enquanto olho para frente e para trás entre eles.
“O que está acontecendo?”
Os dois diante de mim compartilham um olhar, então o chamado
Avrell diz, “Por favor, não tenha medo.”
“Estou sentindo malditamente além de medo.” Foi um milagre que
meus joelhos não saíram simplesmente debaixo de mim. “Você… eu nem
sei o que você é. Não sei o que está acontecendo. Só quero ir para casa, por
favor.”
“Nós não iremos machucar você.” Avrell levanta as mãos. Mãos
brancas grandes e pálidas com dedos ósseos extravagantemente salientes. O
mais assustador, porém, tem as garras negras de um centímetro nas pontas
de cada um dos dedos. Afiadas e brutais. Algo que pertenceria a um animal
selvagem. Garras que parecem poder descascar minha carne dos meus
ossos. Meu coração bate mais rápido no meu peito. “Nós não iremos
machucar você.” Ele repete e dá um passo lento para frente. Eu recuo em
resposta.
O alto ao lado de Avrell suspira como se estivesse irritado e cruza os
braços sobre o peito.
“Quem são todos vocês? O que é você?”
“Eu sou um curador.” Ele coloca a mão no ombro do gigante ao lado
dele. “Este é Breccan Aloisius, o comandante chefe da instalação. Este é o
nosso planeta, Mortuus.”
“Ela é saudável ou não, Av?” Um deles pergunta fora do quarto do
hospital.
Há um murmúrio de concordância do grupo.
O gigante grita o que deve ser um comando para o grupo, e os
homens saem do quarto enquanto me lançam olhares curiosos.
“Por favor, me diga o que está acontecendo.”
O gigante dá um passo à frente. “Trouxemos você para o nosso
planeta porque somos os últimos da nossa raça.” Ele olha para os meus pés
e depois para as minhas coxas. Sua boca torce. “Não parece que você será
de alguma ajuda. Sua implantação não foi bem-sucedida.”
Sigo seu olhar e encontro minhas coxas internas revestidas de
sangue. “Implantação?”
Então me ocorre.
Eu fui sequestrada ― e não foi um ataque ou ciclo menstrual que
causou meu sangramento. Estes… sejam o que forem, me sequestraram e
tentaram me engravidar. O sangue é de um aborto espontâneo.
CAPÍTULO TRÊS
BRECCAN

Estou tão rekking irritado que poderia destruir o laboratório inteiro


com apenas os meus dois punhos. Iria também, se estivesse sozinho. Cada
pedacinho de esperança que nos é dado, é devorado por alguma força
invisível. Talvez nosso destino não seja crescer e repovoar Mortuus. Talvez
estamos destinados a morrer. Minha mão treme de fúria e tenho a vontade
irresistível de ir ao centro de comando e me acalmar com alguma terapia
ultravioleta. Desconhecido para Avrell, ajuda mais do que machuca. Ele me
colocaria em uma cela de correção, embora, se soubesse quanta terapia me
auto administro a cada dia.
Foram seis ciclos solares ― um total de quarenta e dois solar
completos, desde que Avrell coletou seus óvulos e os fertilizou com as
amostras de todos os tipos. Ele implantou um dos ovos fertilizados e parecia
ter prosperado.
Até ela acordar.
“Coloque-a de volta no criotubo e...”
“O... o que?” Ela sussurra, tropeçando para trás, sangue pingando
por todo o chão estéril. Mesmo com a garantia constante de Avrell de que
ela é segura e não contaminada, ainda me preocupo com as doenças
infecciosas sendo espalhadas por minha equipe.
Ignorando-a, perfuro Avrell com um olhar severo. “Criotubo. Agora.
Espécime Az-1 é incompatível. Comece no próximo exemplar.”
“Eu tenho um nome!” Ela grita, sua voz ecoando nas paredes ao meu
redor.
Ela abraça o meio dela e estremece. Lágrimas silenciosas rolam por
suas bochechas salpicadas e pingam de sua mandíbula, encharcando a frente
de seu vestido de papel. Uma pontada de simpatia puxa meu coração, mas
não posso me permitir ficar suave sobre uma mulher alienígena inútil.
Temos que continuar tentando.
“Depois que eu tratar seu útero com alguns microbôs para curar a
área, poderemos tentar novamente a implantação quase imediatamente.”
Avrell oferece, suas sobrancelhas escuras comprimidas.
Microbôs podem curar praticamente qualquer coisa. Perda de
membros, você está simplesmente sem sorte. Seu cabelo preto como breu
― que combina em cores com todos os homens nesta instalação ― está
confuso neste solar. Como se ele o estivesse puxando. Ao contrário das
minhas longas madeixas que pendem frouxamente nas minhas costas, ele
mantém seu cabelo curto ― diz que interfere em seu trabalho. O pedágio
que seus estudos estão tomando em sua forma física é evidente. Toda morte
nesta instalação está em seu ponto de ruptura.
“Não acho que devemos perder a esperança ainda.” Ele diz
suavemente. “O corpo da espécime Az-1 parece estar eliminando algumas
toxinas que estavam dormentes enquanto estavam no criotubo. Toxinas
estranhas.”
“Eu sou Aria.” Ela sussurra. “E se chama flora. Eu estava cheia de
flora.”
Aria.
O nome soa como uma música. Pensamentos da voz de minha mãe
cantarolando palavras me arranham por dentro. Recuso-me a lembrar
daquele fatídico solar quando olhei em seus olhos tristes enquanto o sangue
corria dos cantos, roubando-a de mim.
“Por favor.” Ela implora.
O sangue se acumula no chão entre seus pés e eu me encolho.
Repugnante. Que bagunça. “Eu sinto muito, mas...”
Avrell me interrompe. “O embrião era seu, comandante.”
Uma confusa mistura de orgulho e tristeza se instala em meus ossos.
O pequeno mort que crescia dentro do Espécime Az-1 ― Aria ― pertencia
a mim.
Talvez seja eu quem esteja quebrado.
“Eu posso testar um dos outros morts a seguir.” Avrell diz, seus
pensamentos combinando com os meus.
“De jeito nenhum!” Aria grita, fazendo minhas orelhas se achatarem
contra minha cabeça para bloquear o som.
Irritação borbulha dentro de mim. Estou acostumado com meus
homens obedecendo meus comandos. Esta Aria é difícil.
“É para o seu próprio bem.” Grito.
Seus olhos castanhos que combinam com seu cabelo cor de chá
brilham com fúria. Suas bochechas sob as manchas ficam vermelhas.
Espero mais discussão da alienígena problemática. Mas um rápido olhar
para a porta atrás de mim é meu único aviso de que ela não está mais
interessada em falar.
Com velocidade surpreendente, ela se lança para a porta,
escorregando apenas ligeiramente em sua poça de sangue.
Por instinto, estendo a mão para agarrá-la. Minhas garras varrem o
ar, passando por seu vestido de papel e rasgando cortes ao lado dele, mas
não a segura.
“Pare!” Grito, saindo do meu estupor enquanto corro atrás dela.
Pegadas vermelhas sangrentas são deixadas em seu caminho
enquanto ela atravessa a porta e corre pelo corredor.
“Tranque-a.” Grito para Avrell enquanto persigo minha alienígena
perturbadora.
Ela é muito mais rápida do que eu poderia imaginar, mas eu treino
cada solar para ser mais rápido que sabrevipes. Acelero e corro atrás dela.
Um alarme soa e então o assobio das portas se fechando automaticamente
me diz que Avrell fez seu trabalho. Em breve, ela não terá para onde ir e eu
a terei em minhas mãos.
Passo por várias portas onde curiosos olhos negros espiam através
do vidro. Eles logo aprenderão tudo sobre nossa pequena fugitiva.
Eu tenho que pegá-la primeiro.
Ela desacelera quando percebe que está correndo direto para um
beco sem saída. Sua cabeça se lança para a esquerda e depois para a direita
antes de soltar um grito aterrorizado. Largos olhos castanhos encontram os
meus conforme ela se vira para mim. Caminho lentamente, agora que a
tenho presa. Seu olhar viaja atrás de mim. Se ela acha que irá passar por
mim, ela enlouqueceu.
“É de seu interesse obedecer.” Digo com calma.
Suas narinas se inflamam e seus olhos se tornam lacrimosos. “Eu
não quero voltar a dormir.” Ela morde um dos seus lábios rosados inchados.
“Se você não planeja me deixar ir para casa, você não pode simplesmente
me deixar sair com você?”
Pisco para ela, confuso por suas palavras, momentaneamente
atordoado por sua vulnerabilidade. Depois de um segundo, sacudo minha
cabeça para limpá-la. “Não.”
Ela estende ambas as mãos minúsculas como se ela tivesse o poder
de parar meu corpo massivo. Pequena e delicada. Trêmula. Uma tonalidade
azulada em seus dedos finos. Seus dentes começam a estalar juntos e
levanto minha cabeça para o lado, curioso com os sons que ela está fazendo.
Quando os sons se tornam mais altos, me preocupo que ela esteja prestes a
atacar.
Endireito minha coluna, deixando meus sub-ossos estalarem e
estourarem conforme levanto para a minha altura total. Minhas orelhas se
achatam contra a minha cabeça e mostro minhas presas duplas para ela.
Seja qual for o movimento de batalha que ela está prestes a desencadear,
estarei pronto. Enfrentei sabrevipes com minhas próprias mãos. Posso
derrubar essa alienígena em miniatura.
Mas em vez de me atacar, ela se encolhe, um soluço aterrorizado
escapando dela.
Franzo a testa para ela, quebrando minha postura de batalha. “Posso
ver que você está com medo.” Começo, escolhendo minhas palavras com
cuidado. Ela me lembra muitas das nossas pessoas... de antes. Quando
todos estavam gritando e implorando por suas vidas enquanto o Rades os
destruíam um por um. Fecho meus olhos, oprimido pelo lembrete.
Tap! Tap! Tap!
Abro os olhos a tempo de vê-la tentando passar por mim, seus pés
descalços batendo no azulejo.
Rapidamente, me lanço e enrolo meu punho em seu cabelo antes que
ela possa ir longe demais. Um grito de chocalhar ossos arranca de seu
minúsculo corpo. Ela se sacode e se contorce. Suas garras, mais suaves e
mais frágeis que as minhas, passam pela minha bochecha enquanto ela tenta
se libertar. Ela não quebra a superfície, mas a picada permanece. Eu a
agarro por seus pequenos braços e a empurro contra a porta mais próxima.
Os olhos selvagens de Draven assistem ao show do outro lado do vidro.
Quando olho para ele, ele desaparece da minha vista.
“Pare.” Ordeno, meu peito arfando de esforço.
Sua garganta balança enquanto ela engole. “Apenas me mate.” Ela
diz, com sua voz vacilante. “Prefiro estar morta do que estar presa em
algum caixão.”
Levanto minha cabeça para o lado e estudo seus lábios. Uma vez,
Jareth comeu uma nova espécie de flatshrooms que Galen descobriu e teve
uma reação violenta. Seus lábios incharam como estes indomados. Mas ele
nunca foi tão intrigante. Nós brincamos às suas custas até Avrell administrar
um tratamento para curá-lo.
Mas esses lábios?
São uma armadilha visual, e estou preso.
Ela os lambe.
Calor, rápido como o lampejo de um magnastrike em uma
tempestade, atinge abaixo na minha barriga. Como o envenenamento por
radiação ultravioleta que entra na minha corrente sanguínea quando passo
muitos solar roubando segundos extras ao sol, isso desperta meus nervos
enquanto viaja para o meu pau. Tantas vezes me acariciei para liberar
apenas para encontrar um pequeno indício de prazer no meu mundo
sombrio. Tantas vezes.
E agora, pensamentos obscuros e proibidos de me dar prazer de
outras maneiras começam a criar raízes em minha mente.
Como se sentisse minha reação fisiológica, Aria lambe os lábios
novamente. Suas pálpebras ficam pesadas e ela me dá um sorriso doce. Um
sorriso que quero provar.
Um baixo estrondo sai da minha garganta.
Possessivo e animalesco.
Minha.
O pensamento é como quando Hadrian costumava se derramar em
copos com pequenos mortling. Rápido. Fora de controle. Bagunçado. Você
não pode pará-lo quando começa. Imagens de Aria livre de seu vestido e
espalhada diante de mim estão na linha de frente da minha mente. Meu pau
está rígido no meu minnasuit, lutando contra o material protetor.
Nós poderíamos procriar da maneira natural.
Como meus pais e seus pais e cada mort antes deles.
Talvez estar no criotubo é o problema. Avrell pode ter entrado em
alguma coisa quando mencionou as toxinas estranhas escondidas. Eu
poderia reivindicar esta pequena alienígena como minha e atirar minha
semente nela repetidas vezes até que finalmente vingasse.
Uma criança.
Minha.
Nascimento de uma nova esperança.
“Por favor.” Ela implora, novas lágrimas escorrendo pelo seu rosto
de aparência estranha.
O animal em mim anseia por passar minha língua bifurcada e
absorver sua umidade. Tão feroz e indomado. Eu a tive em meus braços por
meros segundos e ela já está me fazendo esquecer quem eu sou.
Ela está me infectando?
Estou enlouquecendo como Draven quando ele pegou Rades?
Avrell perdeu um detalhe importante?
Antes que eu possa considerar esses pensamentos, seus cílios vibram
enquanto seus olhos rolam para trás, e então seus joelhos se dobram. Eu a
puxo para os meus braços. Seu corpo é leve e macio. É o aroma dela que
entra nas minhas narinas e invade meus pulmões.
Doce.
Estranho.
Minha.
Eu a respiro, mas não a deixo sair.
Passando meu dedo com garras através de seu cabelo sedoso, me
deixo ser arrebatado por sua suavidade. Minha mente corre com ideias de
onde mais ela poderia ser suave. Ainda estou muito duro no meu traje e
ansioso para aprender mais sobre ela.
Ela é tão pequena e frágil enquanto dorme. Seus lábios carnudos me
provocam enquanto os separa no sono. Imagino o gosto deles. Meu pau
palpita contra a minha coxa e vaza com necessidade. A coisa mais
inteligente a fazer seria voltar ao laboratório e jogá-la de volta no casulo.
Eu sempre fiz o que precisa ser feito para melhorar o nosso povo.
Então, por que estou andando pelo corredor passando por todos os
olhos curiosos e ignorando o laboratório?
Os planos mudaram, é por isso.
A pequena alienígena Aria pertence a mim.
E colocarei minha semente de mortarekking dentro dela.

***

“Saudações, Comandante.” Uvie me cumprimenta conforme entro


no centro de comando.
“Modo silencioso.” Instruo, não querendo nem mesmo que o
computador seja uma testemunha de minhas necessidades avassaladoras.
Meu corpo está tremendo. Recuando.
Mais cedo, em vez de fugir com ela como planejei inicialmente,
relutantemente me virei e levei Aria de volta ao laboratório para que Avrell
a limpasse enquanto eu lidava com alguns negócios necessários.
Minha mente está correndo.
Estou perdendo o controle.
É por isso que preciso me controlar.
Fechando a porta atrás de mim, passo pelo centro de comando vazio
até a porta grossa de metal zuta que cobre a janela. Faz uma barulheira alta
enquanto a abro, convidando os raios nocivos do sol para a sala.
Assim que o calor atinge minha pele, minhas veias parecem estar
cheias de prazer. Abro a frente do meu minnasuit e puxo o material para
baixo e para fora dos meus braços. Está pendurado na minha cintura, os
braços balançando ao meu lado. Nuvens vermelhas escuras se espalham à
distância e posso dizer que os ventos são altos, com base em todos os
escombros que passam. Uma tempestade está vindo em nossa direção e
parece ser enorme.
Os raios do sol encharcam minha pele, aquecendo minha carne a
níveis inseguros. Desde o solar quando fomos forçados a partir de nosso
planeta uma vez habitável para a segurança das instalações da montanha
para escapar do Rades, nossa carne é incrivelmente vulnerável aos raios
UV. Avrell acha que todos nós pegamos uma doença, ainda que menor, e foi
isso que causou a mudança. Não só os raios produzem queimaduras
dolorosas, causadoras de infecções, mas também podemos nos intoxicar
pelo envenenamento dos raios. Em muita quantidade é letal.
Mas um pouco…
A tontura toma conta de mim, afastando minhas responsabilidades e
preocupações. Caio em uma cadeira perto da janela e inclino minha mão
para trás, expondo meu pescoço ao sol. Meu peito dói conforme os raios
aquecidos me penetram. Mas o zumbido correndo pelas minhas veias faz
valer a pena. Sussurros dançam dentro da minha cabeça. Tremores deslizam
pela minha garganta e depois ao longo do meu torso. Meu pau sacode em
meu traje, me lembrando que precisa de atenção.
Com um gemido, deslizo minha mão grande por baixo do tecido e
procuro minha ereção. É dura e dolorida. Minha semente já está pingando
na ponta. Anseio caçar a alienígena Aria e prendê-la. Montá-la, empurrar
meu pênis dentro dela, e acasalá-la até que eu esteja gasto e satisfeito.
Nosso futuro criando raízes dentro dela. Imaginando sua nudez abaixo de
mim enquanto gemidos de prazer escapam em sua voz doce, eu me vejo
acariciando minha espessura.
“Deixe-me ajudá-lo.”
Sua voz é um ronronar.
Uma alucinação.
Invenção do intoxicante veneno UV correndo solto no meu sistema.
“Aria.” Rosno, o nome dela uma palavra de adoração na minha
língua bifurcada.
Estou acasalando e gemendo.
Dirigindo profundamente em seu corpo quente.
Liberando nosso futuro em seu ventre.
“Rekk!” Assobio, o prazer explodindo através de mim.
Calor atira e respinga em meu abdômen chamuscado que já está
começando a borbulhar com feridas. Preciso fechar a janela, mas ainda
estou feliz com o veneno.
Sem preocupação.
Sem medo.
Sem perda de esperança.
Apenas puro prazer não filtrado.
Um chocalhar do lado de fora da porta me tira do meu estupor. Eu
me levanto com as pernas trêmulas e mal consigo colocar meu traje de volta
quando a porta se abre.
Avrell tem um braço protetor ao redor de Aria. Suas sobrancelhas
estão franzidas enquanto ele avalia a situação. Ele teve que me arrastar para
fora daqui em estados piores, muitas vezes antes. Essa necessidade que
tenho não é nada de novo.
“Aqui.” Ele diz enquanto puxa um pano do bolso e joga em minha
direção.
Limpo meu peito e, em seguida, puxo o zíper para cima, escondendo
minha carne queimada que não está mais encharcada com a minha semente.
Enfio o pano sujo no meu bolso e tento não balançar nos meus pés.
“Há quanto tempo você está aqui?” Avrell pergunta. Com um
pequeno suspiro, ele corre para fechar a grande porta de metal zuta.
Uvie, o pedaço de computador rogshite, faz um barulho, me
delatando. “Oito minutos e quarenta e seis segundos.”
“Alguém não entende o modo silencioso.” Reclamo. “Como ela
está?” Levanto a minha cabeça para Aria, que me observa com um brilho de
medo em seu olhar. Tão diferente da expressão que ela usava na minha
fantasia. Meu pau endurece mais uma vez. É assim que será agora? A
necessidade de procriar com ela ditando todos os meus pensamentos e
ações?
A pequena alienígena Aria é meu novo veneno.
“Eu a verifiquei. Seu corpo terminou de expelir a implantação
malsucedida e os microbôs curaram a área. Ela está fisicamente pronta para
tentar novamente.” Ele olha para ela, preocupação escrita em todo o seu
rosto. Então ele me olha com uma expressão de resignação. “Você tem
certeza disso?”
Quando a levei inconsciente para o laboratório mais cedo, contei a
ele sobre o novo plano. Aria será o receptáculo do nosso futuro. Avrell pode
continuar a impregnar as alienígenas no criotubo, mas a Aria é minha para
testar em tempo real. Ela irá dormir nos meus aposentos. Ela irá responder a
mim. Ela irá carregar a minha semente.
Esta. Irá. Funcionar.
“Absolutamente.” Digo com feroz convicção.
Ele curva sua cabeça em submissão.
Isso começa agora.
CAPÍTULO QUATRO
ARIA

Esse monstro alienígena, ou seja lá o que for, quer que eu tenha seu
bebê.
Não consigo fazer minha mente processar o que está acontecendo,
muito menos a perspectiva de ter que passar por um novo processo para
fazer outro, especialmente não com ele. Ter uma família, filhos nunca
estiveram no meu plano. Não poderia estar, não com meu estilo de vida.
Não só seria impossível cuidar de uma família com a minha agenda, mas
meu corpo é meu produto número um. Ter um bebê me arruinaria.
Mas procriar com o alienígena pode ser minha única chance de
sobreviver neste mundo estranho e não sou nada além de um mestre da
sobrevivência.
O comandante, pelo que entendi será aquele com quem ficarei,
segura meu braço e praticamente me arrasta pelos corredores compridos e
sinuosos da instalação. Tento memorizar o caminho que pegamos da sala na
qual o encontramos, mas depois de voltas demais, perco o mapa na minha
cabeça. Pânico ameaça me ultrapassar, mas o contenho. Desespero leva a
erros, e não posso me dar ao luxo de cometer erros se quero ir para casa
viva.
Enquanto inúmeras portas passam muito rápido por mim, tento olhar
nelas para ver quantos outros estou lidando, mas a maioria, senão todas,
estão vazias. Está de acordo com o que aprendi com o médico, Avrell, e seu
desejo de procriar com qualquer mulher disponível. Ocasionalmente, uma
das janelas revelará um rosto indistinto como o do comandante. A estranha
pele pálida, estatura intimidante e cabelos escuros e grossos.
Mas sem mulheres.
Isso deveria me assustar mais. No início, eu estava apavorada. Mas
quando percebi que eles contavam comigo, que havia algo que eu poderia
usar para barganhar, o medo desapareceu e foi substituído por
determinação. Fiz coisas piores e sobrevivi. Também posso fazer isso.
Abrirei minhas pernas para esse alienígena, desde que isso me
mantenha viva.
Finalmente, o comandante para em uma das portas e ergue sua
pulseira para o scanner. Um bipe soa e a porta se abre para revelar o que
deve ser seu quarto. Ele grunhe e puxa meu braço, me puxando para dentro
atrás dele.
Ele me deixa na entrada de seu quarto para tirar seu uniforme em um
recanto que suponho ser o banheiro. Sou grata. Por mais que ele me assuste,
também não escapou à minha atenção o que ele estava fazendo quando o
médico e eu o interrompemos. Não havia como negar o cheiro que ainda se
agarrava pesado no ar, ou o relaxamento, prazerosamente calmo em seus
músculos.
Eu fiz isso?
O conceito é difícil de esquecer enquanto o observo retirar seu
uniforme e jogá-lo em um buraco na parede que presumo ser uma rampa de
lavanderia. Abaixo há uma fina camada sob a pele, apertada, de algum tipo,
que se forma nas cristas bem definidas de seus músculos protuberantes.
Envolvo meus braços em volta da minha cintura, mas não consigo afastar
meus olhos.
“Você pode usar minhas roupas. Abra o cubículo lá.” Ele instrui, e
acena para uma parede de armários em frente à cama.
Ignorando a cama e suas implicações, espio os armários. Pego
roupas aleatoriamente até encontrar um par de calças com uma espécie de
cintura elástica e uma camisa que é quase um vestido. Demoro o maior
tempo possível, esperando encontrá-lo já na cama. Certamente depois de se
masturbar, ele não pode estar pronto para outra rodada.
“Por que você me roubou?” Tagarelo.
Ele solta um suspiro pesado. “Nós não roubamos você. Encontramos
você. Meus homens estavam explorando e localizaram alguma vida em uma
nave que passava. Eles as puxaram da nave e trouxeram de volta para cá.”
Isso não faz sentido, no entanto.
Por que eu estaria dormindo em algum casulo rastejando pelo espaço
sideral?
“Vire-se.” Ele diz, e sua voz está mais próxima mais do que eu
esperava.
Por mais que eu esperasse que me dessem uma noite de indulto, a
evidência sugere que o Comandante Breccan está ansioso para se dedicar à
tarefa.
Com a garganta seca, mãos trêmulas, eu me viro para encará-lo e ao
meu destino. Nenhuma quantidade de técnicas de respiração profunda ou
calmante irá acalmar meus nervos, mas há um truque que aprendi nos meus
anos de atuação, tanto na frente da câmera quanto fora dela. Fingir. É o que
eu faço. A única coisa que sei fazer.
Gostaria de ter uma dose de flora. O sistema deles, embora fora de
moda, ainda é muito avançado e conseguiu limpar todo o meu corpo de
todos os vestígios da droga. Eles precisam de sua reprodutora perfeita,
afinal, então nem tenho desintoxicação para me distrair do jeito que ele está
olhando para mim.
“Talvez devêssemos dormir um pouco.” Sugiro. “Tem sido um longo
dia.” Começo a me mover na direção da cama, mas ele me para com um
grunhido e congelo antes de voltar a encará-lo, pavor se acumulando no
meu estômago.
Ele está tão perto, seu corpo apaga todo o resto. Ombros largos,
abdômen densamente musculoso, quadris estreitos emoldurando seu sexo.
Uso minha própria inspeção para me distrair da sensação de seus olhos
traçando meu corpo. Estou ciente do fato de que, apesar das roupas que ele
me deu, não há roupa intima. Seu nariz chato alarga e imagino se seus
sentidos são tão fortes que ele pode sentir meu medo, porque certamente
não será excitação neste momento.
“Não iremos dormir. Avrell me informou que você estará fértil pela
próxima semana. Não podemos nos dar ao luxo de perder qualquer chance
de procriar.”
“Que romântico.” Murmuro.
Seu olhar fixa no meu. “Romance não tem nada a ver com
reprodução.” Ele diz quase como uma pergunta.
Há uma pausa, onde posso entrar em pânico ou me submeter a essa
mão que recebi. Sei que não tenho chance de lutar contra esses homens.
Eles são maiores, mais fortes e mais bem informados sobre o terreno.
Frustração cresce dentro de mim como um jato de agua quente que irrompe
do solo, sem dúvida, dispara dos meus olhos para os dele. Eu o odeio, neste
momento, por me colocar nessa posição. Eu o odeio por tirar minhas
escolhas, como tantos outros.
Mas não o deixarei ganhar.
Não serei uma vítima.
Não tenho certeza de como acabei naquele criotubo em primeiro
lugar, mas ele me colocou neste planeta e agora estou aqui. Até que eu
tenha as respostas que procuro, preciso permanecer viva.
Se eu tiver que fazer isso, farei do meu jeito. Não lutarei, mas
vencerei no final. Eu o deixarei me foder, me tratar como uma vaca
reprodutora, até conseguir a minha chance de escapar ― e então irei
escapar, não importa o que isso custe.
Mesmo que isso custe o que resta de mim.
Meus olhos piscando, boca pressionada em uma inclinação teimosa,
giro para longe dele, puxando meu braço de seu aperto, e me curvo sobre a
cama da plataforma elevada. Apresento minha bunda levantada no ar e
levanto a camisa fina.
Silêncio é a resposta da minha ação.
Bom. Eu o choquei. Eu me viro para poder ver sua expressão e
levanto uma sobrancelha. “Bem, vamos continuar com isso. Eu não serei
fértil para sempre, comandante.” Então, pressiono meu rosto nos cobertores
estranhos e o cheiro dele enche meu nariz. Estranhamente picante, com um
toque suave de couro.
Quero chorar, sei que deveria, mas as lágrimas não virão. Meu rosto
permanece limpo e seco até que sinto a mão dele no meu quadril, e minhas
bochechas esquentam. Uma vez, antes de ir a Hollywood para ser atriz, eu
pensava em ter uma família. A minha própria é tão completamente
bagunçada, eu imaginava como seria. Certamente nunca pensei que seria
assim.
Sua mão bate no meu quadril, estalando a pele macia. É apenas
minha imaginação ou tremeu? Certamente o grande comandante, forte e
seguro de si não está nervoso?
“O que você está esperando?” Exijo, minha voz abafada do cobertor.
“Apenas acabe com isso.”
Gentilmente, ele desliza as calças pelas minhas coxas e elas caem no
chão. Minha bunda está nua para ele. Arrepios descem pela minha espinha
por estar tão vulnerável. Sua palma embala meu quadril e seu toque é quase
reverente por natureza.
“Será mais fácil se você estiver preparada.” Ele diz, com a voz
rouca. Soando quase dolorido. “Não quero te machucar.”
Quase bufo. Ele é bem dotado nesse departamento, mas não achei
que importaria para ele se isso me machucaria ou não. Ele certamente não
tem problema em me foder para seu benefício.
“Basta acabar com isso.” Repito duramente.
O calor dele queima a parte de trás das minhas pernas conforme ele
se aproxima de mim. Isso vem daquela parte estranha deles? O choque me
faz tremer e pressiono meu rosto mais completamente no cobertor para
bloquear o que me rodeia. Esta é apenas outra cena com um ator sem rosto.
Apenas preciso fazer minha parte até acabar.
O comandante está em silêncio atrás de mim enquanto empurra a
camisa mais para cima nas minhas costas. Ele levanta meus quadris, em
seguida, pressiona a mão no meio das minhas omoplatas, arqueando minha
parte de baixo para recebê-lo. Um dos seus pés empurra o meu para fora,
espalhando-os o suficiente para que ele possa pisar no meio. Minha
respiração engata conforme o sinto se movendo entre as minhas pernas,
acariciando a si mesmo.
Uma mão ainda entre meus ombros, a outra segurando seu pau, ele
começa a pressionar em mim. Faço um som na garganta pelo seu tamanho.
Não estou de forma alguma pronta para levá-lo. Nada nessa situação é
remotamente sexy e mesmo com um homem normal, preciso estar drogada
para relaxar o suficiente para qualquer tipo de sexo. Talvez isso o faça
broxar tanto que ele esqueça esse acordo de procriação e eles me deixarão
por minha conta.
Ele faz um som áspero e se afasta.
Por um segundo, estou aliviada. Esperança jorra rápido e quente
dentro de mim. Começo a me levantar, mas a mão nas minhas costas me
impede.
“O que você está fazendo?” Pergunto.
Então o sinto.
A cabeça dele roça minha buceta, enviando choques de prazer e
surpresa por todo o meu sistema. Isso rouba um suspiro do meu peito e
estou sem palavras. É bom, de todas as coisas. Ele estende a mão para
envolver o peso pesado do meu peito através do tecido da camisa.
“Você não precisa fazer isso.” Minhas bochechas queimam de
vergonha pelo meu tom. Há quantos anos tenho sido submetida ao abuso e
assédio sexual que acompanham a minha profissão? Você pensaria que eu
teria perdido a capacidade de sentir vergonha, mas sinto um milhão de
vezes enquanto ele trabalha seu pau para frente e para trás contra o meu
clitóris.
“Quieta, Aria.” É só eu ou a voz dele soa dura? É com desejo?
Irritação?
Desejo trabalharia a meu favor. Talvez seja por isso que ele sugeriu
sexo comigo em vez de simplesmente tê-los me subjugando e me
retornando ao criotubo. Talvez... talvez ele realmente me queira.
Fica cada vez mais difícil pensar quanto mais ele passa empurrando
contra mim. Alcanço cegamente e encontro um fino lençol de espuma que
deve servir como um travesseiro e empurro meu rosto nele para apagar
tudo. Mas é um esforço infrutífero porque ele me mantém neste momento
com ele. A mão nas minhas costas fica suave, reverente. Ela se move para o
meu cabelo e o arrasta lentamente, e o imagino olhando maravilhado. Meu
corpo não é nada parecido com o que ele está acostumado e mostra, porque
ele passa o tempo todo explorando. A pele áspera de seus dedos raspa
minha pele, explorando meu corpo, todas as depressões e fendas.
Quando ele está certo de que estou pronta, aquelas mãos viajam de
volta para os meus quadris e congelo. Quero que ele me queira, porque o
desejo faz você fazer coisas estúpidas, mas ao mesmo tempo é difícil para
eu deixar ir. Dê a ele o que ele quer, Aria. Você já fez isso antes.
Seus dedos alcançam meu clitóris inchado e latejante e depois
descem mais abaixo e encontram minha entrada. Não estou tão excitada
quanto ele gostaria ― definitivamente não o suficiente para levá-lo ―
então ele acrescenta seus dedos, sua garra afiada raspando no meu interior.
Tremores me atravessam. Estou tão vulnerável. Se ele realmente quisesse,
poderia me estripar simplesmente com a mão.
“Suas garras.” Choramingo, medo fazendo minha voz tremer.
“Eu posso retrai-las.” Ele me garante suavemente.
Graças a Deus por isso.
Ele cumpre sua palavra e as garras afiadas desaparecem de repente,
levando um pouco do terror junto com elas.
“Muito áspero, mais devagar.” Digo a ele, encorajada agora que não
tenho medo de que ele me machuque.
“Isso ajudará.” Ele diz enquanto me acaricia por dentro.
“Não se você está tentando me excitar. Você está sendo muito
áspero. Vá mais devagar, um pouco mais suave.” Respiro fundo, mas é
como tentar inalar sopa. Eu tenho que fazer isso. “Assim.”
Abaixo minha mão e seguro seus estranhos dedos ossudos e mostro a
ele como me dar prazer. No lado de fora. Puxando seus dedos do meu
corpo, guio sua mão até o ponto que vai me ajudar a me sentir bem. Suas
garras realmente desapareceram e são apenas seus dedos firmes me tocando
agora.
Não posso vê-lo, não posso ver o que estou fazendo, mas ele é um
aprendiz rápido e logo tira a minha mão para assumir o controle. E Deus,
agora que ele sabe o que preciso, ele me dedilha como se fosse seu único
objetivo na vida. Como se eu fosse uma névoa de flora e ele quer consumir
cada pedacinho de mim.
Há apenas muita resistência que posso fazer quando estou cercada
por tanto estresse. O apelo da sereia do prazer é irresistível. O comandante
zumbe em sua garganta, satisfeito. Seus dedos empurram dentro de mim
brevemente, muito mais fácil desta vez, e ele rapidamente os puxa de volta
para fora.
Agora que ele está satisfeito com a minha prontidão, ele se alinha
com a minha buceta e empurra seu pau dentro de mim. Levanto meus
antebraços para virar e olhar para ele, mas ele nem está me observando. Sua
cabeça está jogada para trás, as bochechas coradas ― se você pode
imaginar isso, considerando sua aparência. Ele não sua, mas esse mesmo
rubor estranho está se espalhando por seu peito.
As preliminares foram prazerosas o suficiente para me deixar pronta
para tomar a cabeça bulbosa do seu pau, mas sei que é o comprimento
espesso que será o verdadeiro desafio. Apesar de sua atitude geral, o
Comandante Breccan tem uma incrível paciência. Ele lentamente empurra
para frente e para trás, centímetro por centímetro, até que ele está
estabelecido dentro de mim.
Não sei o que sentir ― e pela primeira vez na vida, não sei como
agir. Eu me acomodo entorpecida. Entorpecida significa o que quer que
aconteça comigo não me afetará. Especialmente não o fato de que nunca
estive tão cheia em minha vida.
Ele alcança para espalmar meus seios novamente, suas garras de
volta e suavemente raspando contra a minha pele. Suspiro com o quão
sensível me tornei. Ao meu som, Breccan desliza as palmas das mãos para
meus quadris e bombeia em mim mais forte, seu controle se partindo. Ele
empurra descontroladamente, e mesmo se eu fosse a melhor atriz do
planeta, não teria sido capaz de agir como se aquele pau grosso me
estocando não me afetasse. Ele alcança um lugar em mim que nunca senti
antes, e isso arranca sons animalescos do meu peito com cada impulso.
Ele obviamente não tem problema em aproveitá-lo. Mas eu não.
Respiro através disso o máximo que posso, focando em tudo, menos na
maneira como ele entra e sai de mim. Ele demora para gozar mais do que eu
pensava, mas quando goza, respiro um suspiro de alívio.
Até que o calor do seu sêmen jorra dentro de mim, e perco a
habilidade de me mover.
CAPÍTULO CINCO
BRECCAN

Meu gozo toxico entrou em sua corrente sanguínea. Sei o momento


em que isso acontece porque minha estranha alienígena relaxa e cai contra a
cama. Um gemido em sua garganta é a única indicação de sua aflição.
Preciso trabalhar rápido para remediar isso.
Nem mesmo parando para limpar meu pau, sento na cama e puxo
seu corpo flácido para os meus braços. Nossas espécies, quando procria, a
toxica que são liberadas através do sêmen que imobilizam a fêmea e criam
uma barreira dentro dela para evitar que a semente do macho derrame.
Esses primeiros momentos são críticos para a implantação.
“Respire, pequena alienígena.” Murmuro, passando um dedo com
garras ao longo de seu cabelo, puxando fios perdidos de seus olhos. Seus
olhos castanhos estão arregalados e continuam circulando ao redor. Ela está
em pânico. Eu deveria chamar Avrell para trazer algo para acalmá-la, mas
não posso arriscar a introdução de algo estranho em seu corpo enquanto ela
está tomando minha semente.
Terei que acalmá-la da maneira antiga. A maneira do meu povo.
Ouvi muitas histórias de mulheres ficando aterrorizadas na primeira vez. E
se estou sendo franco comigo mesmo, acredito que ficaria muito infeliz se a
primeira vez que eu procriasse com alguém, não conseguisse mover um
músculo.
Ela está quase completamente paralisada.
E ficará por algum tempo.
Seria conveniente que ela tirasse uma soneca.
Seus olhos selvagens que me lembram tanto de Draven indicam o
contrário. Uma soneca está longe dos planos dela.
“É a toxica.” Tento explicar.
Outro gemido rouco sai de sua garganta.
“Não se preocupe.” Asseguro a ela. “Não irá te matar. Isso
simplesmente te deixa inútil para que você possa aceitar minha semente.”
Ela aperta os olhos e lágrimas escorrem dos cantos. Neste momento,
meu peito parece oco. Como se uma força invisível tivesse alcançado
dentro de mim e retirado minhas entranhas.
Inclinando-me para a frente, pressiono minha testa na dela. Era algo
que eu lembrava de ter visto meu pai fazer com minha mãe quando eu era
jovem. Uma promessa não dita. Uma pequena demonstração de afeto. Se
minha mãe se preocupava com uma refeição que estava cozinhando, meu
pai passava por ela, pegava-a nos braços e pressionava a testa na dela.
Imediatamente, ela se acalmaria.
De perto, posso sentir o cheiro de Aria. Ela cheira diferente de
qualquer coisa que eu possa identificar. Um perfume que não existe nas
nossas instalações. Um perfume que é único para ela apesar das limpezas
que Avrell deu a ela em várias ocasiões.
Eu a inalo e então respiro minhas palavras. “Eu cuidarei de você. É
isso que o nosso povo faz. Nós procriamos e os machos cuidam de suas
fêmeas. Eu protegerei você enquanto trabalhamos juntos para criar nossos
filhos. E uma vez que você tenha um em seu ventre, eu a manterei
alimentada e saudável. Você não irá querer nada. Minha pequena
alienígena, você não terá que levantar um dedo. Eu cuidarei de você tão
obedientemente como faço com toda a minha facção aqui. Mais porque
você é minha.”
Levantando levemente, olho em seus olhos que agora reabriram.
Eles estão vermelhos, pequenas veias crepitando longe das írises, de suas
lágrimas. Sua pele está molhada e o impulso irresistível de limpar as
lágrimas me rouba.
Calix perderia a cabeça sobre o que eu quero fazer.
O desejo é intenso ― como a minha necessidade dos raios UV.
Ele puxa minhas terminações nervosas. Canta músicas que imploram
para eu seguir adiante.
Eu cedo, porque meu autocontrole é quase inexistente, e arremesso
minha língua bifurcada. Minha língua passa ao longo do rastro molhado de
suas lágrimas, tirando outro som terrível dela.
Ela tem um gosto divino.
Ao contrário de qualquer coisa que já provei.
O desejo de lambê-la novamente vence e me vejo inclinando sua
cabeça de um lado e de outro enquanto limpo suas lágrimas.
Eventualmente, me afasto e solto um suspiro pesado.
“Gosto do seu gosto.” Admito, confusão puxando minhas
sobrancelhas juntas. Certamente não me lembro do meu pai lambendo
minha mãe. Terei que mencionar isso para Avrell.
Ela pisca para mim, mas não está mais chorando. Seus olhos
percorrem lentamente meus traços enquanto me estuda. Imagino se ela me
vê como um companheiro forte e digno. Um feroz e formidável o suficiente
para proteger seu filho. Achato minhas orelhas e solto um grunhido violento
e gutural para impressioná-la. Deve parecer temível a todos.
Outro som de choramingo escapa e seus olhos estão mais uma vez
correndo de um lado para o outro. Eu a aborreci novamente. Tento
pressionar a testa novamente. Eu a lambo mesmo que suas lágrimas estejam
secas. Murmuro explicações humildes para ela. Acaricio seus cabelos.
“Vo... você.” Sua palavra é grossa e enlameada em sua garganta.
Passo uma garra ao longo do lábio inferior dela e o puxo para baixo.
“Voltará devagar. A capacidade de falar e se mover. É isso...” Murmuro,
minha garra tilintando em seus dentes arredondados.
Ela move sua cabeça ligeiramente para o lado, longe de mim, seus
olhos procurando em outro lugar. Não gosto disso. Agarrando sua
mandíbula, eu a trago para me encarar novamente. Agito minha mão para
ela e suas narinas se abrem. As manchas marrons em sua bochecha logo se
juntam com manchas vermelhas. Isso, juntamente com o brilho furioso em
seus olhos, me faz pensar se ela está prestes a atacar. Pego a mão dela e
inspeciono suas garras inúteis. Seus dentes e garras são inúteis. A menos
que ela cuspa ácido, não vejo o que seu pequeno corpo alienígena pode
fazer para atacar o meu.
“Se tivermos um filho, irei chamá-lo de Sokko como meu pai.” Digo
a ela com orgulho. “Lania como minha mãe se for uma menina.” Sorrio
para ela.
Ela lentamente puxa a mão fraca do meu aperto e alcança meu rosto.
Anseio seu toque e fecho meus olhos. Tantas vezes minha mãe acariciava as
bochechas do meu pai e...
“Rekk!” Rujo quando a dor rasga ao longo do meu couro cabeludo.
Seus dedos estão emaranhados na minha juba e ela continua
puxando-o. Agarro seu pulso delicado que nada mais é que ossos envoltos
em sua pele rosa e desembaraço seu aperto do meu cabelo.
“Não.” Rosno, minhas orelhas achatando contra minha cabeça. “Não
me faça contê-la.”
Ela cospe em mim e eu recuo, empurrando-a para longe de mim
enquanto me retiro para um lado da cama. Limpo seu veneno secreto,
esperando não perder a visão. Leva um segundo para perceber que é fluido
inofensivo. Como as lágrimas dela. Disparo minha língua e lambo a doçura.
“Você é um mo... monstro.” Ela murmura, suas palavras ficando
melhor a cada respiração.
Suas palavras não significam nada para mim enquanto ando de volta
para ela, desesperado por outro gosto. Esse sabor doce faz minhas
terminações nervosas ganharem vida. Um grito escapa dela quando meu
corpo duro pressiona contra o seu macio. Meu pau está duro e pingando
mais uma vez, mas terá que esperar. Seu corpo ainda está cumprindo seus
deveres de proteção e não é seguro entrar nela novamente. Mas não é isso
que desejo de qualquer maneira.
Quero entrar na boca dela.
Quero lamber esse néctar direto da sua língua.
Preciso disso. Rekking preciso disso.
“Po... por favor.” Ela choraminga.
Não sei o que ela pede. Tudo o que sei é o intenso desejo que me
atravessa. Sua mão cruel que ainda tem mechas do meu cabelo enrolado em
seus dedos é um problema e considerado uma ameaça. Eu a prendo na cama
enquanto procuro sua boca. Meu pau esfrega contra sua pélvis, fazendo com
que ela faça mais sons. Os bons sons. Os sons que me fazem pensar que ela
gosta de me ter como companheiro.
“Preciso provar dentro de sua boca.” Ronco enquanto a minha língua
bifurcada se lança e provoca seus lábios rosados, implorando por acesso.
De uma maneira petulante que me lembra Hadrian quando ele era
mais jovem, ela pressiona a boca em uma linha firme. O fogo se acende
dentro de mim e imagino por que ela está escolhendo ser difícil.
Irei persuadi-la a abrir a boca para mim.
Assim como persuadi sua buceta a ficar molhada para mim.
E assim, quando esfrego meu pau entre seus lábios inferiores, ela
deixa escapar sons distorcidos que me levam à beira da loucura.
Lentamente, de uma maneira provocante, deslizo meu pau contra seu ponto
de prazer. Esfregando, esfregando e esfregando. É como um botão quente
para transformá-la em mingau. Eu amo esse botão. Talvez um solar, verei se
minha língua funciona nesse botão. Até esse solar, usarei meu pau.
“Você gosta quando esfrego você aqui.” Digo a ela, um sorriso
arrogante no meu rosto. Gosto disso também. Todo lugar que a toco me traz
prazer.
Ela olha para mim e eu rio. Para uma alienígena tão pequena, ela é
tão feroz. Orgulho me atravessa. Tenho sorte de ter conseguido uma
companheira tão forte. Ela é digna de um comandante durão.
“Quando sua buceta estiver pronta novamente, deslizarei dentro de
você e entregarei mais da minha semente.” Murmuro. “Irei mantê-la
debaixo de mim assim até que funcione.”
“Você não pode fazer isso.” Ela engasga.
Impressionado com a minha capacidade de fazê-la falar, escolho o
momento de não responder, mas saborear sua doçura. Ela solta um som de
surpresa quando empurro minha língua em sua boca. É mais longa que a
dela, então sou capaz de me aprofundar. A explosão de sabor na minha
língua me faz gemer. Minhas duas presas ameaçam cortar sua pequena
língua, mas estou atento porque ela é preciosa e não quero machucá-la.
Entre a maneira que estou esfregando contra ela e a provando, derramarei
minha semente se não tiver cuidado.
Estou perdendo meu controle sobre minha sanidade, perdendo-me
para ela, quando uma violenta explosão corre pela minha língua.
Ela me mordeu!
O sangue escorre da minha boca para o rosto dela. Olho para ela
com horror. Como ela ousa! Como seus dentes estúpidos valem alguma
coisa?
Ela mostra os dentes para mim, manchados com o meu sangue, a
selvageria em seus olhos me chocando. Seu corpo ainda está fraco da
toxica, mas há força em sua expressão. Em suas ações.
Alcanço e toco um dos seus dentes. Não tão afiado quanto minhas
presas duplas, mas pontudo o suficiente para perfurar a pele macia,
aparentemente.
Toda raiva desaparece enquanto a admiro. Seu cabelo cor de chá se
espalha por cima da minha cama e decido que ela é linda. Como o sol que
eu desesperadamente anseio. Ela é o sol também. Talvez eu prefira até
mesmo olhar para ela sobre a massa em chamas.
Prendo seus pulsos e olho para ela, meu pau deslizando mais uma
vez contra seu ponto de prazer. Ela desesperadamente mantém sua raiva,
mas logo seus cílios estão vibrando. Gemidos doces de necessidade
escapam. E se eu fosse capaz de dedilhar sua buceta sem arriscar a
implantação potencial, saberia que ela estava escorregadia com sua
excitação.
“Você é uma companheira digna.” Murmuro, um sorriso puxando
meus lábios. “Forte. Semelhante a um comandante.”
Capturo seus pulsos com uma mão e uso minha garra para perfurar
sua camiseta no topo e, em seguida, arrasto-a para baixo, cortando o
material. Jareth terá um ataque ao saber que destruí roupas preciosas, mas
não posso nem me importar. Não quando estou abrindo minha companheira
para mim como um presente. Afasto o tecido para revelar seus seios. Um
monte arrebitado. Eles se encherão de leite e alimentarão bem nosso
pequeno mort. O orgulho que surge e me atravessa é esmagador.
Oh que sorte!
“Tão linda.” Murmuro. “Tão forte.” Sorrio para ela. “Minha.”
Eu me esfrego contra ela novamente, com cuidado para não penetrar
acidentalmente. Agora que a toxica está se desgastando, ela começa a se
contorcer. Não tentando escapar, mas balançando comigo em busca de mais
prazer. Giro meus quadris, esfregando círculos em seu ponto doce enquanto
agito seu mamilo endurecido com minha garra. Ele se eleva ao meu toque.
Um solar irá vazar com nutrição. Meu pau se contorce enquanto imagino se
isso também terá um gosto tão maravilhoso.
“Breccan.” Ela sussurra, não mais com raiva. Meu nome em seus
lábios é uma recompensa. Uma recompensa por essa vida horrível a qual fui
sentenciado. Em uma palavra, ela apaga tudo. A morte. Nosso mundo
inabitável. A solidão.
Minha pequena alienígena é uma consertadora.
Uma cura para a loucura.
Ela é meu presente.
Seu corpo treme enquanto a trago para mais perto do prazer. Aqueles
lábios carnudos dela se separam. Estou faminto por outro gosto, mas
esperarei até que seu humor melhore. Talvez depois que eu a tenha desfeita.
“Ah!” Suas costas se arqueiam para fora da cama e seus seios se
agitam enquanto ela grita. Estou fascinado pelas reações dela. Quero
aprender tudo o que há para saber sobre ela.
Eu irei porque ela é minha.
Quando ela gira de volta para baixo, deslizo ao lado dela, liberando
suas mãos. Ela me observa com as sobrancelhas franzidas enquanto passo
minhas garras por seu cabelo. Eu cuidarei dela. Logo, ela perceberá isso.
Logo, ela saberá e ela confiará em mim.
Eu sou seu companheiro agora.
Toda a minha felicidade gira em torno dela.
E no momento em que for forçado a voltar ao trabalho, mandarei
Theron e Sayer conseguir mais dessas belas alienígenas.
Cada um dos meus morts terá uma.
Verei isso acontecer, mesmo que seja a última coisa que farei.
CAPÍTULO SEIS
ARIA

O filho da puta me paralisou. Paralisou!


Não posso acreditar, mesmo que meus membros ainda estejam
pesados e lentos para responder ao mais simples dos comandos. Breccan ―
não posso pensar nele como o comandante, agora que ele esteve dentro de
mim ― tem que me levar de volta para fora do seu quarto e para a área
médica para observação. Demorei algum tempo para que eu pudesse
funcionar o suficiente para me mover novamente.
“Não vai demorar tanto para você se recuperar, pequenina. Seu
corpo deve se adaptar a toxica. Confirmarei isso com Avrell.”
“Foda-se.” Rebato.
Ainda estou irritada. Não por causa da paralisia, apesar que isso,
confie em mim, está no topo da minha lista de reclamações.
Estou irritada com o quanto eu gostei.
Ser incapaz de me mover aumentou o prazer a um ponto em que
quase perdi a consciência. Não pude escapar disso, não havia para onde ir.
Tudo o que pude fazer foi desfrutar.
E agora tudo que eu quero fazer é desfrutar de novo e de novo.
Ele é mais viciante que a droga mais forte.
E mais perigoso.
“Não sei o que isso significa.” Seus braços fortes flexionam debaixo
de mim enquanto ele abre a porta do escritório de Avrell.
Percebendo a oportunidade de conseguir um espaço muito
necessário, saio de seus braços. “Significa… deixa pra lá. Apenas me deixe
em paz.” Me apresso para a sala de exame e salto na mesa. Posso apenas
supor que eles querem ter certeza de que sua implantação foi um sucesso, e
prefiro acabar com a humilhação o mais rápido possível para poder voltar
para o nosso quarto e dormir. Pelo menos então, não terei que encarar o
quão completamente fodido é tudo isso.
Avrell olha para cima da tela do computador onde ele está
trabalhando. Na tela à sua frente, observo fotos de outras mulheres no
criotubo. Há quatro delas.
Então isso me ocorre.
Não posso deixar essas mulheres para trás. Não posso deixá-las
enfrentar esse destino se eu puder fazer algo para salvá-las. Além de me
salvar, terei que descobrir uma maneira de salvá-las também.
Avrell fecha a tela antes que eu possa determinar qualquer outra
coisa.
Tudo bem. Não tenho nada além de tempo para descobrir onde eles
estão mantendo as garotas e um plano para nos tirar daqui antes de nos
tornarmos um harém de criação para esses monstros.
Ainda não consigo decifrar suas expressões tão facilmente quanto
poderia se fossem humanos, mas se tivesse que arriscar um palpite, diria
que Avrell está surpreso que estamos de volta tão cedo.
“Vocês já copularam?” Ele pega uma varinha de digitalização do
bolso e atravessa a sala para mim. Eu me inclino para trás na mesa de
exame enquanto ele acena para mim. Exaustão cai sobre mim em ondas e a
letargia da paralisia não ajuda.
Abro um olho para ver Breccan praticamente se envaidecendo. “Aria
teve uma reação severa a toxica. Você irá verificar para ver se há alguma
complicação?”
Avrell suspira resignado conforme se afasta de Breccan. “Eu disse a
você que a probabilidade de isso funcionar é pequena. Se você a machucou
quando poderíamos tê-la usado para incubação...”
O grunhido de resposta de Breccan enche a sala e eu imito o suspiro
de Avrell. Acho que às vezes ele gosta de ouvir sua própria superioridade.
“Basta verifica-la!” Suas estranhas orelhas afuniladas achatam-se
contra seu crânio e seus caninos se estendem além de seus lábios como
algum tipo de vampiro emo. Um gostoso, embora eu nunca admitiria isso.
Avrell acena o scanner sobre o meu corpo enquanto ele emite um
sinal sonoro e transmite informações para a tela. Não consigo ler sua
linguagem estranha, mas reconheço uma leitura do meu corpo e dos
componentes correspondentes. Não que eu saiba o que isso significa. Olho
para Breccan enquanto ele se aproxima ao meu lado, um profundo estrondo
ainda emanando de seu peito.
“Relaxe. Por que você está sendo tão protetor, comandante? Estou
apenas examinando-a, conforme ordenado.” Ele envia a Breccan um olhar
conhecedor, que olha para longe, finalmente ficando quieto.
“Uma vez que este é o meu corpo que estamos falando, você me dirá
o que está acontecendo e por que você está me verificando? Pensei que
você disse que a toxica era segura.” Certamente não parecia seguro ficar
paralisada. Mais como assustador. Pensei que o criotubo era aterrorizante,
mas ser tão vulnerável neste lugar estranho cheio de homens intimidantes
não é exatamente a minha ideia de um alívio. Especialmente não com
Breccan, que me deixou tão conflituosa em tão pouco tempo.
Avrell finaliza a verificação e passa pela tela ao lado da cama. “A
toxica é segura. A paralisia durante a primeira cópula é geralmente a pior
que acontece. Diminuirá à medida que seu corpo se acostumar com a
toxica. O tempo de recuperação diminuirá e suas faculdades retornarão
muito mais rapidamente, enquanto a capacidade do corpo de reter nossa
semente aumentará a cada exposição.” Ele sorri para mim. “Estou
verificando para ver se...”
Há uma batida rápida na porta e depois aparece outro alienígena,
embora este pareça muito mais jovem que Breccan e Avrell. Seu rosto está
sem rugas e seu cabelo parece tão indomável quanto seu sorriso. Isso me
lembra daqueles cortes de cabelo góticos nitidamente angulados que os
adolescentes costumavam praticar quando eu era mais jovem. Funciona em
seu rosto, que é cortado com maçãs do rosto salientes e uma sobrancelha
cortante. Seus ouvidos pontiagudos se contorcem quando seus olhos
pousam em mim e seus olhos apertam conforme abre um largo sorriso
juvenil.
“Hadrian. Você deveria estar no centro de comando atendendo aos
seus deveres.” Breccan diz bruscamente. Ele se aproxima de mim conforme
Hadrian avança, perplexo pela advertência de Breccan.
“Draven assumiu por um tempo para que eu pudesse fazer uma
verificação de perímetro. Durante minhas rondas, vi a luz acesa e decidi
verificar se não havia necessidade de ajuda.” Ele fala rápido e se agita no
lugar como se tivesse a energia de uma criança. “Ela já está criando, Av?
Você pode dizer?”
Apesar de tudo, sua exuberância me faz querer sorrir porque é tão
incalculável. Ele me lembra de mim quando eu era mais jovem. Inocente.
Não contaminada pelas misérias e pressões da vida.
“Hadrian!” Avrell diz bruscamente, mas levanto um braço pesado
para tocar a mão de Avrell.
“Está tudo bem.” Digo, mas Breccan está praticamente vibrando ao
meu lado. Avrell sabiamente se move fora do meu alcance. Minha mão cai
de volta para a cama. Breccan se eriça, mas se acalma. “Bem.” Digo para
Avrell. “Você também pode responder a ele. É por isso que estamos todos
aqui, não é?”
Breccan, se possível, se aproxima mais. Ele tenta pegar minha mão,
mas o evito. A última coisa que quero é estar perto dele agora.
Avrell passa o dedo pela tela, faz anotações e verifica leituras. Não
tenho ideia de como eles são capazes de dizer se estou grávida depois de
apenas uma vez, muito menos tão rapidamente, mas eles devem ser capazes
disso. Ele se vira para Breccan. “Sinto muito, comandante. Não dessa vez.”
Espero Breccan reagir mal, mas ele parece… satisfeito com esta
notícia. É evidente que ele gostou de dormir comigo. Provavelmente mais
do que imagino.
O que poderia funcionar para o meu plano de fuga. Irei cortejá-lo
com meus truques na cama, deixá-lo pensar que estou sendo complacente, e
então desaparecer de debaixo do seu nariz que-deveria-ser-feio-mas-não-é.
“Posso falar com você em particular?” Avrell pergunta a Breccan,
que concorda e segue-o para fora da sala de exame.
“Rekk, você é linda.” Hadrian deixa escapar. “Para uma alienígena,
quero dizer.”
Ele é encantadoramente charmoso e seus comentários bruscos me
fazem gostar mais dele do que deveria. “Você não parece muito ruim,
mesmo para um alienígena.” Respondo, e então sorrio para que ele saiba
que não tomei nenhuma ofensa. “Então você trabalha no centro de
comando? Isso é longe daqui?” Apesar do quanto gosto dele, me ocorre que
a ignorância juvenil de Hadrian também pode ser uma vantagem. O layout é
confuso para mim e aprender o que posso sobre o local será útil.
“É no lado sul da instalação.”
“O que você faz ali?”
Hadrian se senta na cama ao meu lado, mas seu pé bate no chão.
“Estou treinando para me tornar o próximo comandante. Tomarei o lugar de
Breccan quando ele envelhecer.” Ele se vira para mim, seu rosto ficando
sério. “Se ele chegar tão longe. Tem sido um longo tempo desde que um
mort envelheceu. A maioria do nosso povo morre de coisas piores do que a
velhice.”
Isso eu posso imaginar, e nem vi o mundo fora de suas instalações.
Se eles estão recorrendo a procriar com humanos, não é surpresa que o
lugar seja perigoso. “O que aconteceu com o seu povo? Com seus pais?
Quantos de vocês ainda restam?”
“Rekk, uma tonelada de coisas. Doença. Secas. Tempestades.
Sabrevipes. Mortuus é um planeta perigoso e apenas os morts mais fortes
sobreviveram. Há dez de nós ao todo. Apenas machos, e é por isso que é tão
afortunado que você esteja aqui.”
Percebo que ele não respondeu minha pergunta sobre seus pais e não
pressiono.
Hadrian se levanta quando Avrell e Breccan retornam. “É melhor eu
voltar para minhas rondas.” Então ele atravessa a porta de correr e sai antes
que qualquer um de nós possa responder.
Espero não ter sido muito insensível em meu questionamento, e
apesar de meu ódio por este lugar e por Breccan, pedirei desculpas a ele se
fui.
“Bem, doutor, o que fazemos agora?”
“Nós tentaremos de novo.” Breccan rosna.
Meu coração afunda. Eu sabia que seria esse o caso, mas esperava
por um resultado diferente.
Breccan faz um movimento para me agarrar e sair, mas Avrell o
detém. “Terei uma palavra com Aria antes de vocês irem. Sozinhos.” Antes
que Breccan possa rosnar, Avrell garante que será apenas um minuto.
Assim que Breccan entra no corredor, Avrell diz, “Notei que você
fez algo com a língua de Breccan. Ficamos curiosos se isso é um costume
alienígena.”
Mente em branco, só posso piscar para ele. “Algo para sua... oh,
você quer dizer quando eu o mordi?” Riso borbulha e transborda. “Deus,
não. Eu estava apenas chateada ― com raiva ― quando ele me paralisou.
Não é um costume.”
Os ombros de Avrell relaxam, mas sua expressão ainda é séria.
“Bom. Mas prefiro que você não repita isso de novo. Feridas abertas
espalham doenças e doenças aqui podem ser fatais. Até a menor ferida pode
ser catastrófica.”
“Ele ficará bem?” Não pergunto por preocupação... não por ele, de
qualquer forma. Pergunto porque apesar de ele ser um monstro, ele é o
único monstro que eu conheço. Deixar-me para outro ― potencialmente um
que é ainda mais perigoso ― não é um resultado que eu tenha considerado
até agora. Tanto para o meu plano de machucá-lo, se alguma vez chegasse a
isso.
“Ele ficará bem. Cuidei da ferida com microbôs ― minúsculos robôs
programados para reparar feridas.”
Tenho mais perguntas sobre os microbôs, mas Breccan aparece,
impaciente, na porta. Hora de partir.
“Obrigada, Avrell.” Porque não sei mais o que dizer.
“Bom solar para você, Aria.” Ele responde, mas já está de volta
olhando para as telas.
Suspiro e sigo Breccan de volta pelos corredores para o nosso
quarto. Desta vez, me visto e subo na cama sem questionar. Estou tão
cansada que não poderia me importar onde estou ou com quem. Amanhã
lidarei com o que aconteceu comigo. Amanhã, lidarei com a maneira
adorável que Breccan olha para mim. Por enquanto, só quero passar por
esta noite.
Ele se acomoda atrás de mim, envolvendo-me em seus membros até
que eu esteja cercada por eles. Seu calor me envolve, tenta me consolar,
mas não deixo. Não demora muito para o grandalhão adormecer.
Assim que ele dorme, com o braço pesado e a coxa musculosa sobre
o meu corpo dolorido e bem usado, saio da cama. Não há como dormir com
ele. Não quero estar perto dele.
Roubo uma grande camisa dos armários de roupas e envolvo-a em
volta de mim como um cobertor. Com meu braço como travesseiro, me
enrolo no chão frio, caio em um sono profundo e sem sonhos.
Não são as sereias que me acordam, mas o peso de um alienígena
adulto em cima de mim, as orelhas contra a cabeça e um grunhido
reverberando em seu peito. “Sabrevipes.” Ele avisa. “Atacando a instalação.
Fique aqui. Não deixe este quarto.”
CAPÍTULO SETE
BRECCAN

Sirenes disparam enquanto corro para colocar o meu traje de


proteção sobre o meu minnasuit. Chamo Draven, Jareth e Theron para
ajudar, pois são meus lutadores mais habilidosos. Quando Hadrian aparece
e começa a vestir seu traje, grito, “Fique!”
“Não.” Ele argumenta, vestindo seu traje mais rápido do que o resto
de nós. “Estive treinando para fazer isso. Posso ajudar a matá-los. Sou mais
rápido do que qualquer um de vocês, morts velhos!” Ele sorri antes de
puxar uma máscara sobre sua cabeça.
Não tenho tempo para discutir, então grunho em vez disso. É melhor
que ele não seja rekking morto porque não tenho certeza se estou
mentalmente equipado para lidar com uma perda como essa. Mas por mais
que eu queira mantê-lo preso e protegido como quando ele era jovem, ele
nunca aprenderá se não o deixar perder de vez em quando. Agarro minha
mais poderosa e mais longa magknife, uma que matou muitos sabrevipes.
Draven pega uma lança que Ozias fez. É apontada como uma flecha
normal, mas uma vez que perfura seu alvo, cinco lâminas são atiradas para
fora de modo que você ao retirá-la destrói tudo ao sair. É letal e Draven
provou ser o mais habilidoso nisso.
Theron pega seu zonnoblaster, algo que se provou útil quando
precisamos fugir. Ele sopra um spray de balas de titânio que derretem e se
expandem ao penetrar na carne. Incrivelmente doloroso. Ozias quase perdeu
o pé quando acidentalmente atirou em si mesmo uma vez.
Jareth, como eu, prefere lâminas. As suas são menores e ele gosta de
uma em cada mão. O mort é bastante habilidoso em atirá-las. Eu o vi jogá-
las até onde os olhos podem ver e ainda acertar o alvo exatamente onde ele
pretendia.
Isso nos leva a Hadrian.
Não sei que rekk ele usará. Ele vasculha o armário de armas e exibe
vários itens. Assim que todos estão vestidos com traje de proteção e prontos
para lutar, digito o código de dezesseis dígitos e nos apressamos para os
elementos.
“Atacando o lado norte.” Sayer diz pelo rádio. “Vejo vocês no radar
emergindo da entrada oeste. Tenham cuidado. Os ventos estão altos e há
pelo menos seis sabrevipes próximos a essa porta.”
“Entendido.” Digo de volta conforme gesticulo para os meus
homens seguirem.
Rastejamos ao longo do lado rochoso de nossas instalações, nossas
armas desembainhadas. Os ventos são tão furiosos que minha máscara
continua se movendo. Alarme faz meu coração pular duas vezes mais
rápido. Não tenho nem um segundo para pensar no fato de que a alienígena
Aria não está grávida. Eu estava ansioso para acasalar com ela novamente,
neste solar, mas depois tudo foi para rogshite.
Aponto para Draven e, em seguida, passo em frente. Ele é quieto e
furtivo. Hadrian, o mortarekker alto, pode ficar na retaguarda. A última
coisa que preciso é que ele chame a atenção deles antes de estarmos
prontos.
Draven segue em frente, silenciosamente, com a lança apontada e
pronta. Gesticulo para que Jareth e Theron prossigam à minha frente. Eles
tomam a sugestão e avançam também. Hadrian está sendo
surpreendentemente quieto e vigilante, o que me deixa orgulhoso.
Esse é meu garoto.
“Dois se viraram e estão indo para o oeste.” Sayer avisa.
“Mantenham seus olhos rekking abertos.”
Antes que eu possa avisar Draven, um sabrevipe espia na esquina. A
cabeça do sabrevipe é do tamanho de cinco cabeças de mort juntos. Três
pálidos olhos azuis, o meio leitoso e nublado. Narinas que são planas contra
a cabeça e tão grandes quanto o meu punho. Longos bigodes que se movem
por conta própria, saboreando o ar pelo cheiro de sua presa. Mas a coisa
mais temível sobre sabrevipes são seus dentes.
Como se na sugestão, o animal feroz abre a boca e ruge. Ameaçador
e feroz. Posso sentir as vibrações até os dedos dos pés.
Todos nós permanecemos congelados, pois é melhor esperar que eles
ataquem. Às vezes eles mostram suas vulnerabilidades para nós dessa
maneira. Esta vulnerabilidade é muito maior do que aquela que se esconde
atrás dele, está em suas patas traseiras. É tão alto quanto Draven, se ele
estivesse em meus ombros. Garras afiadas e prateadas captam a luz do sol
para o oeste, opostas à tempestade que se aproxima, e quase me cegam.
Suas garras são tão letais quanto nossas lâminas.
“Agora!” Grito.
Draven corre para frente sem hesitar, seu braço recuando. Ele se
aproxima, mas não muito perto, e libera a lança. Ela avança, perfurando a
barriga do animal sem pelos, logo abaixo do seu coração.
O sabrevipe grita e quando cai de quatro, a lança se empurra mais
profundamente e se aproxima da espinha. Mas até Draven agarrar e puxar
de volta, a função da lança é inútil.
O sabrevipe encolhido que agora posso dizer que é um filhote corre
de volta para o lado norte.
“Peguem-no!” Grito para Theron e Jareth.
Mas antes que eles possam ir, Hadrian decola em uma corrida.
Mortarekker!
Theron e Jareth correm atrás dele enquanto ajudo Draven a derrubar
o grande que está agitando sua enorme pata com garras para ele. Ele puxa
sua magknife pela alça e a segura na frente dele.
“Algum outro?” Grito para Sayer pelo rádio.
“Negativo.” Ele responde. “Eles correram porque a tempestade está
se intensificando. Fugiram para as cavernas perto do Lago Acido.”
“Bom.” Rosno enquanto ando ao redor do lado do sabrevipe,
fazendo um arco amplo. Draven o está distraindo e irritando-o, chutando
pedras em seu caminho. Está sangrando e furioso, mas mantendo a
distância.
A cauda do animal agita de um lado para o outro e tenho o cuidado
de não pisar enquanto estou perto. Não perdendo tempo, carrego e lanço-me
de costas, consciente de onde a lança se projeta. Minha magknife mergulha
profundamente em seu lado entre suas costelas. Um grito de dor do animal
faz a montanha estremecer em resposta.
Mas leva um momento para perceber que não é o estrondo da
montanha... mas sim o trovão.
Rekk!
Gotas de água bombeiam o vidro da minha máscara, dificultando a
visão. A tempestade se aproxima e o animal tenta revidar. Mas sou mais
rápido. Já tiro a magknife e o esfaqueio novamente. Está em suas patas
traseiras novamente antes de me afastar.
Será seu erro fatal.
Draven ruge e corre para frente. Ele agarra sua lança e puxa.
Trituração e rasgos podem ser ouvidos conforme a arma funciona
como pretendido. Ele tritura e arranca órgãos vitais enquanto o puxa de
volta. O animal fica flácido embaixo de mim e desmorona na terra rochosa
abaixo.
Um grito estridente pode ser ouvido, e sei que é o sabrevipe menor
que está por perto. Draven acena para mim que ele tem este, e saio de perto
do animal para correr verificando meus homens. Quando dobro a esquina,
vejo sua cauda batendo atrás de uma pedra, mas nem Theron nem Jareth
estão se movendo para a frente.
“O que vocês estão esperando?” Exijo.
“Ele tem Hadrian preso. Acho que está com medo e não sabe para
onde ir.” Jareth explica.
Meu peito parece estar se esmagando. Não Hadrian. Ele é como o
meu próprio mortling. Eu morreria para proteger aquele menino. Ele pode
ser tão alto quanto eu agora e bastante lutador, mas sempre será o mortling
que me obrigou a mudar seus trajes sujos.
Rekk!
O que eu estava pensando? Ele não está pronto. Muito impulsivo e
fora de controle. Ele nunca será um líder como quer enquanto se comportar
assim.
Ele não irá morrer.
Não sob a minha supervisão.
Eu me lanço para frente e subo pelo lado rochoso para ver se consigo
olhar para baixo na área onde o sabrevipe o prende. Uma vez que subo até o
topo, vejo que ele está preso. Ele continua rasgando seu traje zu, rasgando o
material duro como se não fosse nada. Minha respiração é sugada do meu
peito. Ele irá perfurar seu minnasuit embaixo e não há como dizer que tipo
de impurezas entrarão em seu sistema. A última coisa que preciso é que
meu mort mais jovem pegue o Rades. Ele nunca sobreviveria. Draven
dificilmente conseguiu e ele é o dobro do seu tamanho.
“Hadrian.” Grito.
“Estou bem.” Ele grita de volta. “Rekk, este sabre é pesado!”
O sabrevipe ergue sua cabeça e todos os seus três olhos piscam para
mim. Medo cintila no olhar do jovem, mas não o deixo influenciar minha
decisão. É o animal ou Hadrian. Eu sempre escolho meus homens sobre a
paisagem podre e o que nela habita.
Pulo para dentro da fenda, aterrissando nas costas do animal. Ele
grita, mas não lhe dou tempo para reagir. Cavo minha magknife em sua
garganta e rasgo de orelha a orelha. Um assobio e um respingo indicam que
atingi todas as suas artérias fatais e ele desaba contra Hadrian.
Hadrian geme e se contorce embaixo dele. O rekker é pesado demais
para eu tirá-lo sozinho, mas, felizmente, Theron se espreme ao meu lado.
Juntos, nós arrastamos a fera de cima do meu garoto e saímos da fenda.
Jareth corre para dentro e ajuda Hadrian a ficar de pé.
Imediatamente, ele puxa o sealatape e começa a remendar os buracos em
seu traje. Neste mundo, não há tempo para esperar. Nenhuma margem para
erro. Ele precisa selar todos os buracos antes que bactérias nocivas ou
patógenos entrem. Espero que não seja tarde demais.
Conforme arrastamos o animal para fora, mais vento e chuva da
tempestade se agrava nos atacando. Os ventos são fortes e é quase
impossível arrastar o pesado sabrevipe e empurrar contra a tempestade.
Devagar, seguimos em frente e acabamos nos encontrando com Draven.
Hadrian e Jareth se movem para ajudá-lo desde que esse animal é maior.
Nós cinco levamos o nosso transporte para a entrada oeste. Quando
chegamos lá, Sayer está esperando com a porta aberta, seu traje de proteção
no lugar. Ele nos ajuda e arrastamos as carcaças para a baía de
descontaminação, quando chegamos lá dentro. Usamos a baía maior para as
nossas caças, e há uma menor onde nós morts entramos.
Quando estamos todos selados dentro da sala menor, Sayer aperta
alguns botões na parede. Água purificada e pressurizada explode em seis
direções. Todas as quatro paredes, piso e teto. Isso nos purifica dos
elementos e sujeira. Então, a segunda fase começa. O ar, tão forte e furioso
quanto uma tempestade, explode no teto. Todos nós seguramos os arreios ao
longo da parede para evitar cair. Outra rodada de água nos lava novamente.
A terceira fase é um agente químico que Calix projetou. Ele nos
reveste como a chuva do teto, escorregadia e lamacenta. Segundo ele, ataca
qualquer patógeno remanescente. Uma vez que nos sentamos por alguns
segundos para deixar que façam o seu trabalho, mais água. Então, ar. Um
bipe alto indica que estamos completamente limpos.
Nem sempre passamos pela fase pesada da descontaminação, como
no caso de descarregar as aquisições de Theron e Sayer, mas depois de
missões de caça ou qualquer uma das viagens de Galen, onde ficamos
expostos por longos períodos, o fazemos. Especialmente se o sangue estiver
envolvido.
Calix, todo vestido com traje de proteção, espera do outro lado da
porta quando ela reabre. “Hadrian, venha comigo.”
Jareth deve ter enviado por rádio para deixá-lo saber que seu traje
estava rasgado e ele foi exposto. Como Calix é nosso especialista em
doenças contagiosas, ele se certificará de que Hadrian não corre risco de ter
algo letal.
“Você quase se matou lá fora.” Resmungo para Hadrian.
Ele sorri para mim por trás de sua máscara. “Ainda vivo, velho mort.
Ainda vivo.” Ele faz símbolos de chifre com as mãos enluvadas e um
sorriso puxa meus lábios. Quando ele era menor e não podia falar ainda, ele
queria que eu mostrasse a ele livros de rogcows ― animais que são raros,
mas têm gosto delicioso quando queimados corretamente. Essa era sua
maneira de comunicar que ele queria ver fotos de seu animal favorito.
Agora, ele gosta de me mostrar seus símbolos rogcow, como se estivesse
tentando me lembrar que ele é tão espetacular quanto um daqueles animais
muito cobiçados.
“Vá em frente, seu pedaço de rogshite.” Agito minha cabeça e dou
um tapinha em seu ombro conforme ele passa. “Quero um relatório
completo imediatamente.”
“Cuidarei disso, comandante.” Calix me garante. Ele sabe o quanto
Hadrian significa para mim. “As mortes foram limpas também.”
Dou a ele um aceno de satisfação ao saber que os sabrevipes são
seguros para comer.
“Draven, você tem isso?” Pergunto enquanto saímos da pequena baía
de descontaminação.
Ele me dá um aceno de cabeça. Enquanto o resto de nós começa a
remover nossos trajes, ele permanece no dele para esfolar e cortar os
sabrevipes. Galen, que é um excelente cozinheiro, ficará satisfeito por
podermos matar dois e que são comestíveis. Muitas vezes, conseguimos
matar um, apenas para descobrir que está doente. Grande desperdício. Mas
este solar, dormiremos com nossas barrigas cheias.
Falando de barrigas cheias...
Exaustão escoa pelos meus ossos. Quero me enroscar com minha
companheira e segurá-la. Seu cheiro é como um agente poderoso que me
ajuda a dormir. Os muitos benefícios de ter esta pequena alienígena não
passam desapercebidos por mim. Ela deveria estar satisfeita com a minha
matança este solar e provavelmente estará ansiosa pela minha semente.
Deveria é a palavra-chave aqui. Minha pequena alienígena me surpreende
com frequência e não parece estar impressionada como ela deveria estar
com meus esforços. Talvez eu deva tentar mais.
Bocejo enquanto me arrasto em direção aos meus aposentos.
Mais tarde.
Irei entretê-la com a história da nossa corajosa caçada, empurrar meu
pau dentro dela e oferecer a ela a minha semente mais tarde.
Primeiro, uma soneca.
Ao passar pelo centro de comando, me contorço para entrar. Mas sou
puxado na direção de Aria, igualmente. Por um momento, a indecisão me
deixa imóvel.
Compartilharemos tempo de UV juntos, então.
Um largo sorriso puxa meus lábios.
Eu posso ter os dois de uma vez.
Meu pau se contorce no meu minnasuit.
Que recompensa para um solar exigente.
Estou indo, pequena alienígena, e rekk, tenho um presente para
você.
CAPÍTULO OITO
ARIA

O quarto ao meu redor está em ruínas.


Roupas, cobertores e seus estranhos trajes escorregadios que fazem o
seu corpo parecer assassino, enchem o chão em um emaranhado selvagem.
Os tubos de creme e gel encontrei em sua pia do banheiro. Não reconheci
nenhuma das misturas, mas as destapei e provei de qualquer maneira, na
esperança de achar algo útil.
Deveria me sentir culpada por destruir todos os pertences de
Breccan, mas tudo o que tenho que fazer para me motivar a não dar a
mínima é lembrar como é ser impotente ou relembrar os rostos das outras
mulheres na tela de Avrell.
Depois de uma hora ― quem sabe, não tenho relógio ― de
vasculhar todos os seus armários de armazenamento, investigar os pontos
de fraqueza das paredes e vasculhar os quartos laterais acessíveis através de
painéis deslizantes, não encontrei nada de útil. A instalação em si é
impenetrável. Eles querem ficar trancados dentro dessas paredes com base
no que Hadrian me contou sobre o seu planeta cruel.
Concordar em ser sua reprodutora foi um erro de proporções épicas.
Tomei algumas decisões de merda na minha vida, mas dormir com um
alienígena tem que estar no meu top cinco.
Escapar enquanto eles estavam fora, lutar contra os seres
monstruosos que habitam este planeta teria sido o plano perfeito. Se eu
pudesse ter descoberto uma maneira de sair do quarto. Não tenho certeza se
teria pressa de ir lá fora, embora. Um arrepio me percorre enquanto
considero o aterrorizante planeta que Hadrian descreveu. Definitivamente
preciso planejar um plano melhor porque sair do prédio e entrar em um
mundo inseguro não parece a melhor ideia.
Agora, deito no topo da montanha de roupas, derrotada. Não posso
sair do quarto sem uma pulseira ou o código que eles digitam no painel.
Exausta e oprimida, cochilo, envolvida no cheiro de Breccan com a
lembrança de suas mãos de garras longas ainda cobertas de tinta na minha
pele como uma tatuagem. Tenho a sensação de que será tão permanente.
Memórias do jeito que ele me beijou ― tão dominante e consumidor ―
atacam minha mente. Eu gostei disso. Por uma fração de segundo, amei o
jeito que sua língua lisa e incomum bifurcada deslizou contra a minha e
quase me perdi nele. Seu gosto é o contrário de qualquer coisa que já
conheci, mas não é ruim. Menta é o gosto mais próximo que posso igualar.
Ansiava fechar os olhos e imaginar que estava de volta em casa com um
homem grande e bonito. Mas no momento em que seus dentes afiados
rasparam os meus, uma lembrança ameaçadora de quem ele era, encontrei
minha decisão e mordi-o. Eu o fiz sangrar e acho que ele mereceu.
Quando acordo de novo, olho para Breccan em cima de mim. Meu
primeiro pensamento é, Droga, ele certamente leva essa coisa de procriar a
sério.
Meu segundo pensamento é que não quero ficar paralisada
novamente.
Ele de alguma forma me despiu sem me acordar. Estou nua em cima
da sua cama, meus braços presos por uma de suas mãos com garras acima
da minha cabeça. Minhas pernas estão presas quase no meu peito e
penduradas em seus ombros, seu pau grosso esfregando contra o meu
clitóris. Medo me congela de dentro para fora, muito parecido com os
efeitos da toxica, a única coisa que não bloqueia é o quão bom pra caralho
é.
Não pense nisso, Aria.
Seja forte.
Pare de balançar seus quadris junto com ele.
Mas não posso deixar de pensar sobre o jeito que seu pau desliza
contra o meu clitóris sensível. Meu único foco é na maneira experiente que
ele faz meu corpo vibrar. Seus movimentos de fricção são muito bons.
Quero ele dentro de mim. Quero que ele pare de me provocar e
empurre dentro de mim. O pensamento de que estou desejando esse
monstro como uma dose de flora é o suficiente para me fazer questionar
minha sanidade.
Seja forte.
Um gemido embaraçoso e carente ressoa de mim. Isso lhe agrada
porque ele sorri para mim. Exige muito ser forte.
“Aí está você, minha pequena Aria. Volte para mim. Isso é bom?”
Tão bom.
“Não.” Minto, com minha voz ofegante.
Uma risada ressoa dele enquanto trabalha seus quadris de forma
circular. Meu corpo estremece em resposta enquanto as veias do prazer
pulsam do meu núcleo para todas as terminações nervosas do meu corpo. É
enlouquecedor estar com ele. Trabalho muito para me convencer
mentalmente de que é uma má ideia, mas nunca me senti tão viva. Ele é tão
bom. Bom demais. É difícil odiá-lo quando ele está me fazendo
enlouquecer enquanto extrai um orgasmo.
Estrelas brilham ao meu redor enquanto gozo. Ainda estou
tremendo, sobrecarregada com felicidade, quando ele empurra lentamente
em mim. Esticando e me enchendo até o limite. Aumenta o orgasmo que
ainda me invade e gemo em alívio por tê-lo completamente dentro de mim.
Estocada. Estocada. Estocada.
Minha buceta aperta com a necessidade de gozar de novo.
Estocada. Estocada. Estocada.
Oh, Deus.
“Não se preocupe, eu cuidarei de você.” Ele murmura, com sua voz
feroz. “Você é tão rekking gostosa. Eu pretendia esperar até depois de
descansar, mas você claramente sentiu muito minha falta enquanto eu
estava fora. A exibição do seu descontentamento foi completamente
recebida. Planejo procriar com você hoje à noite por horas para fazer as
pazes com você.”
Estocada. Estocada. Estocada.
Ele geme quando seu orgasmo sai dele e entra no meu corpo. Seu
pau pulsa cada gota de toxica. Não precisando mais segurar meus braços,
graças ao efeito paralítico de seu sêmen, ele aproveita e suas garras
começam a rastrear cada centímetro disponível da minha pele. O olhar
pesado que ele está me dando me enfurece e eu poderia dar um tapa nele
por me fazer gostar disso, mas terei que me contentar em dar a ele um olhar
mortal.
O carinho lento continua até que ele esteja quase suave ― se é que
você pode chamar assim ― e mal consegue ficar dentro por mais tempo.
Ele não parece com pressa para sair de mim, e tudo o que posso fazer é
esperar. Avrell disse que seria cada vez menos a cada vez que
copulássemos, mas agora estou começando a me perguntar se isso era
apenas besteira que eles mentiram para me impedir de pirar ainda mais.
Sabiamente, não penso no que Breccan quer dizer com procriar por
horas.
Quando ele termina, passa a mão por seu pau para pegar o sêmen
pingando da ponta. Com os olhos nos meus, ele cuidadosamente esfrega
minhas dobras, em seguida, pressiona seus dedos escorregadios dentro de
mim.
Jogo minha cabeça contra a cama, a toxica cedendo o suficiente para
eu gemer em voz alta. Mesmo que saiba o porquê, mesmo sabendo que não
deveria, ainda assim envia ondas de prazer em mim.
Os olhos de Breccan assumem um brilho satisfeito. “Tome até a
última gota, mortania. Assim que você estiver se sentindo melhor, tenho
algo para te mostrar. Tenho a sensação de que você irá gostar.”
Enquanto me deito congelada na cama, Breccan se veste e então se
move pelo quarto limpando a bagunça que fiz sem uma palavra negativa.
Depois que termina, ele molha uma pequena toalha e se aproxima de mim.
Ele é gentil e carinhoso enquanto me limpa entre as minhas coxas, seus
olhos negros intensos nos meus. Tento ignorar a agitação no meu peito. O
jeito feliz com que ele cuida de mim é confuso. Meu instinto é odiá-lo, mas
ele torna isso muito difícil, especialmente quando está sendo tão doce. Suas
mãos são reverentes enquanto acaricia minha barriga plana e a rachadura no
meu peito parece crescer mais. Orgulho e esperança brilham em seu olhar.
Não há nada de intimidante ou enfurecedor sobre ele agora. Não neste
momento. Agora ele é lindo e me considera como se eu fosse seu mundo
inteiro. Eu nunca fui o mundo inteiro de ninguém. Com um suspiro de
arrependimento, ele finalmente me deixa para me encontrar algo para vestir.
Mesmo enquanto me veste, ele faz isso com consideração cuidadosa, como
se não quisesse me machucar.
Maldito seja por fazer uma bagunça na minha mente.
Esqueço de ficar com raiva quando ele me leva para outra jornada
através da instalação. “Onde estamos indo?” Pergunto quando minha voz
retorna.
Esta pode ser minha chance de descobrir um plano de fuga. Ou pelo
menos distrair Breccan tempo suficiente para pegar sua pulseira. Sinto uma
pontada de culpa ao pensar em traí-lo, mas não posso me dar ao luxo de ser
fraca. Esses... homens não têm escrúpulos em me usar. Eu não deveria ter
sobre usá-los em troca.
Ele me dá um sorriso que só posso descrever como um sorriso
travesso e tenho que me perguntar se transar não melhorou a disposição do
comandante azedo. “O centro de comando.”
Minha resposta atrevida morre na minha garganta. O centro de
comando. “Você pode me colocar no chão? Eu posso andar.”
Seus passos não diminuem. “Não me importo de te carregar. Você é
muito leve para uma fêmea do seu tamanho.”
“Uma fêmea do meu tamanho?”
“Você tem os quadris e os seios de uma mulher reprodutora. Eu
esperava que você pesasse muito mais.”
Jogo meu peso para o lado e por um milagre, consigo ficar em pé.
“Que diabos? Você está me chamando de gorda?”
As sobrancelhas franzidas em sua testa demonstram no que acho que
seja um olhar interrogativo. “Você está descontente? Isso será útil quando
você estiver carregando nossos filhotes. Eu não entendo sua raiva.”
Lembre-se do centro de comando. “Esqueça.” Digo entre os dentes
cerrados. “Estamos quase lá?” Acho que memorizei as direções de seus
aposentos até o principal corredor da instalação. Estamos nos aproximando
do escritório de Avrell e da área médica que me lembro de antes.
“É um pouco mais ao sul.” Breccan responde, mas olha para mim
como se não conseguisse me entender.
Isso faz dois de nós, amigo.
O centro de comando está vazio quando o encontramos e imagino se
o turno de Hadrian terminou agora que Breccan está aqui. Ele desliza a
pulseira por baixo do sensor e as portas emitem um sinal sonoro quando se
abrem. “Bem-vindo, Comandante Breccan”, diz uma voz feminina
levemente digitalizada.
“Bom solar para você, Uvie.” Ele cumprimenta a voz.
Entramos e Breccan atravessa até uma parede de telas de
computador sobre um banco e bancadas cobertas de botões diferentes.
Enquanto ele estuda as telas atentamente, caminho pela sala, tentando me
orientar. Imediatamente em frente às portas é a janela gigante que está agora
coberta com uma porta de metal maciça. Já estive aqui antes. Eu me lembro
agora. Um calor sobe pela minha garganta quando me lembro do jeito que
Breccan estava na frente da janela aberta naquele dia com o sol brilhando
sobre ele e ele parecia drogado. Avrell entregou-lhe um pano para se limpar
quando entramos. Estranho. Apesar de nós o pegarmos logo depois que ele
estava dando prazer a si mesmo, ele não estava envergonhado.
Forçando-me a pensar em outras coisas além de Breccan e seu pau,
examino o equipamento na sala. Tudo, como o resto da instalação, é velho,
mas tão limpo quanto eu esperava desses machos estranhos. Eles
mencionaram doença e infecção, mas estou percebendo que eles levam a
limpeza ao extremo.
“Só podemos ficar aqui por alguns minutos ― sua pele ainda é
sensível.”
“Minha pele?” Eu me viro para enfrentar Breccan, que veio ficar
atrás de mim.
“Aqui.” Ele diz, e começa a puxar a porta de metal que cobre a
janela. “Deixe-me te mostrar.” Um horrível ruído sai da parede conforme se
abre. Recuo com o som alto. “Não se aflija.” Ele diz humildemente
conforme envolve seus braços em volta de mim por trás. “Eu a manterei
segura.”
A janela revela um redemoinho de luz e uma intensa onda de calor.
Não percebi o quão fria eles mantinham a instalação até que a onda de calor
cumprimenta minha pele e gemo de prazer. Atrás de mim, Breccan
endurece e solta um suspiro, mas não presto muita atenção porque o calor é
glorioso, quase como um bom dia na praia de volta em casa. Fecho meus
olhos porque é muito brilhante para olhar pela janela de qualquer maneira e
finjo que estou deitada na areia com o som das ondas no meu ouvido e uma
boa bebida ao meu lado.
Minutos passam, não sei quanto tempo. Tanto tempo que meus
joelhos doem de ficar em pé e minha pele coça como se tivesse uma
queimadura solar. Vale a pena, porque pela primeira vez não sinto tanto
medo ― ou tão sozinha.
Eu me volto para Breccan, para agradecer a ele ou para o que, eu não
sei ― mas isso não importa. Sua pele está em um tom horrível de vermelho
e os negros de seus olhos foram branqueados. Ele faz um som terrível antes
de cair de joelhos enquanto seus olhos rolam para trás em sua cabeça e ele
cai no chão.
Por um momento, entro em pânico. Metade de mim olha para a
porta. Este seria o momento perfeito para fugir. Eu me arrepio quando
considero as duras condições e os animais assustadores de que Hadrian
falou. Ok, então talvez escapar seja uma má ideia. Afasto esse pensamento
imediatamente. Preocupação com Breccan assume cada pensamento em
minha mente.
O momento de indecisão sobre o que fazer me custa e faço a
segunda melhor coisa enquanto tenho tempo.
Fecho as cobertas gigantes das janelas. É preciso mais esforço do
que eu esperava e resmungo enquanto o arrasto, o som de raspagem é
agonizante aos meus tímpanos. O corpo de Breccan treme aos meus pés,
depois relaxa quando os últimos raios de sol estão cobertos. Pego a pulseira
do corpo sem vida de Breccan sem pensar duas vezes, depois uso-a para
abrir a porta e gritar por ajuda no corredor. Os escritórios de Avrell estão
próximos. Ele tem que me ouvir. Então, guardo a pulseira em um dos bolsos
e volto para o lado de Breccan para avaliar o dano.
Sua pele parece quente ao toque e já se rachou com feridas em
alguns lugares. Tenho medo de tocá-lo, medo de movê-lo. Eu me pergunto
quando levo a cabeça dele para o meu colo se é por isso que eles usam os
trajes. Nem percebi que ele se despiu atrás de mim. Toda a sua parte
superior do corpo parece vermelha e dolorosa. É por isso que a pele deles é
tão branca? Eles não se expõem aos raios do sol, então obviamente não se
bronzearão. Enquanto espero por ajuda, fico imaginando de onde vieram e o
que são exatamente.
Breccan começa a voltar a si quando ouço passos correndo pelo
corredor. Aliviada, lágrimas ardem nos meus olhos conforme ele abre os
dele. “Por que você não disse que iria te machucar?” Exijo. Lágrimas
escorrem pelo meu rosto e caem no cabelo dele.
Ele levanta um braço ferido e pega uma das lágrimas salgadas para
levar aos seus lábios. “Pareceu trazer alegria para minha companheira. Eu
não queria interromper.”
Sinto a primeira agitação de… não sei o que. Não quero saber. Isso
me lembra da maneira como me senti quando fizemos sexo mais cedo e
então como ele cuidou de mim depois. Corro para limpar as lágrimas
enquanto Avrell vem para o nosso lado. Ele levanta Breccan com uma
facilidade surpreendente e nos apressamos para a sala de exames, onde já
passamos muitas vezes.
Enquanto ele e Breccan discutem o que aconteceu, sigo atrás, minha
mente em um labirinto confuso.
“Nós conversamos sobre isso.” Avrell murmura sob sua respiração
para Breccan. “Está ficando fora de controle.”
“Não está fora de controle.” Breccan resmunga. “Estou bem.”
“Não está fora de controle. Estou bem.”
Eu lembro de dizer essas mesmas palavras para minha irmã. Nós
conversamos no telefone e admiti usar flora. Em vez de seguir em frente,
ela estava preocupada com o fato de eu estar viciada nisso.
“Eu não sou viciada.”
Eu ri dela. Mas doeu ouvir essas palavras. Eu estava completamente
viciada apesar da minha negação. A única maneira de lidar com o estresse
do meu trabalho e com as coisas que aconteceram comigo foi com as
constantes doses de flora. Era mais um pesadelo do que realidade. Lá, eu
era um ídolo, mas um ídolo maltratado. Vivia para o entorpecimento da
mente. Era a minha fuga.
Do que Breccan está fugindo?
Ele praticamente teve uma overdose nos raios do sol, isso consigo
compreender. Então, o que faz com que ele precise fugir?
Responsabilidade. Desesperança. Dor.
Mais uma vez, meu peito dói. Eu posso relacionar. Ter o peso do
mundo em seus ombros é um fardo imenso. De volta em casa, eu estava
preparada para parecer e agir, literalmente, de uma certa maneira. Eu nunca
consegui apenas ser.
E aqui?
Eu não precisei de flora desde que cheguei aqui. Todo este novo
mundo tem sido muito grande e assustador, mas não um dos quais precisei
fugir mentalmente. No começo, talvez, eu achasse que era, mas enquanto
passo mais tempo com essas pessoas, estou percebendo que o desejo
interminável de me entorpecer não existe.
Minha mente voa para mais cedo com Breccan em sua cama. Eu
estava paralisada, mas não estava entorpecida. Senti o jeito que ele me dava
prazer e me adorava. Não foi horrível. Longe disso, na verdade.
As coisas que fui forçada a suportar em casa... eram diferentes. Pior.
Objetivada e despersonalizada até que eu era mais uma coisa do que
uma pessoa.
Aqui… eles precisam de mim de uma maneira que nunca precisaram
antes. Breccan, apesar de sua natureza arrogante e animalesca, mostrou-me
ternura que não experimentei há muito tempo, ou nunca. Eu sou cuidada,
ganho orgasmos ofuscantes, e me sinto querida e... necessária.
Eu me sentiria assim se voltasse para casa? Alguma vez já me senti
assim? Aqui, fico chocada ao perceber que me sinto quase... contente. Não
me lembro da última vez que me senti contente em casa sem a ajuda de um
estupor induzido por drogas, e mesmo assim era passageiro.
Sei que ainda devo querer partir. Sei que tenho que tentar salvar as
outras mulheres.
Mas agora... agora não tenho tanta certeza se quero ir para casa.
Nem tenho certeza se quero saber o que está acontecendo no meu
planeta. Seja como for... de alguma forma, acabei em um desses criotubos e
estava voando pelo espaço. Adormecida. A ideia é aterrorizante.
Especialmente desde que não me lembro de nada. Fui sequestrada? Fui
forçada a fugir? Agora que minha mente encontrou alguma clareza, as
questões continuam a me atormentar de como cheguei a essa posição de
qualquer maneira. E se alguém me colocou lá, por que eu estaria com pressa
de voltar?
Eu não estaria.
Não viver em uma neblina constante é bom. Estou começando a
querer coisas para mim novamente. Sentimentos de ter um propósito me
invade.
Eu sou mais que Aria Delaney, atriz.
Feroz. Resiliente. Resistente.
Vivi algumas provações assustadoras na vida e, no entanto, aqui
estou. Presa em um planeta arrepiante com gigantes vampiros albinos e
sexy com orelhas de elfo e isso não é totalmente uma droga. Não, não é
nada de droga.
Talvez quanto mais conhecer esses caras, talvez me sinta mais
inclinada a ficar. Talvez eu possa ajudá-los. Nos meus próprios termos.
Talvez não sejamos tão diferentes afinal.
CAPÍTULO NOVE
BRECCAN

Avrell aplica uma medicação de limpeza na maior ferida no meu


peito. Grito e furo a cama com minhas garras. “Rekk! Você está tentando
queimar um buraco através de mim?”
Aria vem ao lado dele e me olha com os olhos apertados. “Isso foi
imprudente.” Suas narinas se abrem e seus lábios pressionam juntos em
uma linha firme. É como se ela estivesse me repreendendo também. “Você
desmaiou.” Ela gesticula ao meu peito. “E olhe para você. Você está quase
cozinhando!”
“Eu cheiro rogcow?” Hadrian questiona, farejando alto enquanto
entra na área médica.
“Calix te limpou, eu vejo.” Rosno, mudando de assunto. “As garras
do sabrevipe pegaram você?”
Hadrian abre o minnasuit e tira a metade superior para me mostrar
suas feridas. Sua pele branca pálida foi arranhada e há marcas vermelhas,
mas não foi perfurada.
“Quão grande era essa coisa?” Aria diz, choque em sua voz
enquanto inspeciona as marcas de Hadrian. Seus dedos voam como se
quisesse tocá-lo, mas ela mantém distância.
“Não se preocupe.” Ele sussurra alto o suficiente para eu ouvir. “Eu
não mordo... a menos que você queira.” Ele balança as sobrancelhas e
mostra suas presas duplas, fazendo-a rir.
Rir!
Aquele rekking mort me dá nos nervos maior parte dos solar agora
que ele é bem sucedido, mas agora quero abraçá-lo e agradecê-lo por trazer
uma alegria genuína a minha companheira.
Ocorre-me enquanto a vejo analisar suas feridas de batalha e
conversar com ele que ela não é feliz. Não feliz como eu sou. Ela é a
melhor coisa que aconteceu comigo em toda a minha existência.
Mas ela?
Nós essencialmente a tomamos de algum lugar.
Minha mente palpita com perguntas. Sobre sua família. Seus
deveres. As coisas que ela gosta de fazer ou que ela preza. Eu não sei de
nada.
“O que é isso?” Avrell pergunta enquanto ouve meu coração com
seu dispositivo. “Seu pulso está batendo de forma irregular. Estou
preocupado que você possa ter algum envenenamento por UV.”
“Era maior que esta sala!” Hadrian se vangloria, esticando os braços
para descrever o filhote de sabrevipe.
Aria grita de horror. “Não! E você o derrubou sozinho?”
“Enquanto todo mundo assistia.” Ele concorda. “Você está falando
com o futuro comandante quando meu pai desistir.”
Ela ri de novo e meu coração bate no peito. Avrell entra em pânico e
corre para seu armário de remédios.
“Av.” Grunho. “Não é envenenamento por UV.” Meus olhos viajam
para Aria. É ela.
O olhar de Avrell segue o meu e assistimos enquanto Hadrian finge
correr e lutar contra esse gigante que ele inventou em sua cabeça.
“Você seria um ótimo ator.” Ela diz a ele, suas risadinhas ecoando na
sala.
“Não sei o que é isso, mas sei que seria ótimo em tudo.” Ele sorri
como o pequeno rekk cabeça oca que é.
“Vá ajudar Galen a cozinhar essa fera enorme que você destruiu
sozinho.” Ordeno secamente.
Ele me mostra seus chifres de rogcow e sai da enfermaria médica
como se fosse o rei de Mortuus. Avrell solta uma risada divertida conforme
retorna sem o remédio para envenenamento por UV, mas ao invés disso é
um reforço de eletrólitos. Jogo o comprimido na minha boca e mastigo a
pílula calcária. Assim que engulo, posso sentir minha força retornando.
“Por que esses monstros atacaram a instalação?” Ela pergunta, medo
piscando em seus olhos marrons. “Eles podem entrar? Eles irão nos
comer?” Ela estremece e esfrega os braços.
Saio da mesa, não mais tonto, e puxo seu corpo leve para os meus
braços. A princípio, ela está rígida, mas depois se encosta no meu peito que
ainda está muito mais quente que o normal. Me orgulha de saber que posso
confortá-la. Mesmo que seja apenas para fazê-la parar de tremer.
Quero confortar sua alma como Hadrian fez em poucos momentos.
“Os morts por aqui trabalham o tempo todo para manter as coisas
fora. As feras, os elementos, os patógenos.” Acaricio seus cabelos macios
que aprecio muito tocar. “Irei mantê-la segura. Este solar e todo solar
depois, mortania.”
Avrell ri atrás de mim. “Muito rogstud, Comandante.”
Rekking rogstud. Uma fera que monta um rogcow para criar
pequenos bezerros. Anda por aí grunhindo com seu pênis sempre ansioso e
pronto. Quando ele está pronto para tocar em sua fêmea, ele zurra este som
de mortarekking que fará você querer achatar seus ouvidos contra o seu
crânio e fixá-los lá para que você não tenha que ouvir mais. É terrível.
Eu não sou um rekking rogstud.
Seu nariz se contrai enquanto ela olha para mim. “Mortania?”
“Significa linda fêmea.” Avrell explica, com um sorriso em sua voz.
Grunhindo, puxo-a comigo para fora da sala. “Vejo você mais tarde
na baía de nutrição.” Grito por cima do meu ombro.
“Ninguém irá culpa-lo se você não aparecer.” Ele grita atrás de mim.
“Tente manter o zurro baixo embora. Deixa os outros invejosos.”
Olho para ele por cima do meu ombro e ele me mostra os chifres que
Hadrian está sempre jogando em minha direção. Esses morts estão
enlouquecendo. Cada um deles.

***

“Por que não comemos com os outros?” Aria pergunta enquanto


carregamos nossas bandejas para os meus aposentos.
Passo minha nova pulseira no leitor, já que parece que perdi minha
outra. Normalmente, Hadrian é o único que perde seus pertences por aqui.
Talvez eu esteja distraído demais com minha nova alienígena e me
comportando como um jovem mort novamente. Descuidado e idiota.
“Por que nós comeríamos com eles?” Estou perplexo porque
faríamos tal coisa. Vi o jeito que Hadrian come. Faz uma bagunça em todo
o lugar. Não quero ver isso enquanto estou consumindo minha refeição. Isso
fará seu estômago se revirar.
Ela entra no meu quarto e senta-se à mesa, uma mesa que mais cedo
neste solar foi derrubada quando minha companheira estava entediada e
solitária sem mim.
Pensamentos confusos competem pelo espaço em minha mente.
Uma parte de mim sabe que ela é a chave para o nosso futuro. Ela será
minha companheira e produzirá meu filho. Mas a outra parte de mim se
pergunta sobre a maneira como minha mãe e meu pai interagiam. Minha
mãe ria com frequência. Papai era jovial como Hadrian. Talvez eu precise
trabalhar em fazer minha companheira rir. Então, ela não me dará olhares
de ódio enquanto a presenteio com a minha semente.
“Isso é o que as famílias fazem.” Ela diz com mau humor. Ela pega o
utensílio e cutuca o filé de sabrevipe no prato. “Elas comem juntos.”
Sentado em frente a ela, observo minha companheira. A raiva e o
medo invadem suas feições e a curiosidade persiste lá. A curiosidade é algo
com que estou familiarizado e estou preparado para lidar. Uma vez, passei
um solar inteiro descrevendo para Hadrian todos os animais que vivem no
planeta.
Cada. Fera.
Em detalhe.
“Nós somos uma família, então.” Concordo enquanto pego meu
lombo e o mordo. Sucos suculentos correm pela minha língua e gemo. Nós
não tivemos boa carne em tempos. Por muitos solar, estamos definhando
com os cachos verdes de Galen. Um punhado de plantas frondosas
salpicadas com algum molho que ele inventou. O gosto é decente, mas
prefiro carne. Um mort foi feito para comer carne. Infelizmente para nós,
carne é difícil de encontrar.
Comi tudo no meu prato, incluindo a pequena porção de cachos
verdes que tem gosto especialmente amargo neste solar, quando sinto seus
olhos em mim. Quando olho para cima, o utensílio dela ainda está na mão,
mas ela não tocou em nada. Sua expressão é triste e suas deliciosas lágrimas
ameaçam vazar por suas bochechas manchadas. Talvez eu a lamba como
um doce depois do jantar.
“Eu já tenho uma família.” Ela murmura. Seus ombros caem para
frente. “Tinha.”
Culpa me invade enquanto tento imaginar essa família. “Você tinha
um companheiro?” Pergunto, com minha voz rouca. Eu não tinha
considerado isso. Nem sequer perguntei. E se ela tiver um companheiro em
seu planeta? Pior ainda, filhotes?
Ela funga. “Não. Nenhum marido ou namorado. Mas eu tinha mãe e
pai. E minha irmãzinha, Limerick.”
Uma irmã?
Não sei o que dizer. Meu coração dói por ela. Nosso mundo é tão
estéril e vazio. Os solar que meus pais foram tirados de mim estão gravados
em minha mente. Quase desmoronei. Não havia luz no meu mundo por
muito tempo. Apenas solar, solar e solar solares de nada além de escuridão
sem fim.
Ela está sofrendo a escuridão também.
O coração da minha doce companheira dói pela família dela.
Normalmente, tomo decisões e lidero minha facção sem hesitar. No
entanto, agora, não tenho certeza do que fazer. Sem saber o que dizer.
“Coma.” Resmungo, mais duro do que quero dizer.
Ela recua e as lágrimas doces vazam de seus olhos. Seus olhos
vagam dos meus para a carne em sua bandeja. Com o utensílio, ela o
apunhala.
Rekk!
Seus dentes inúteis. Eu sou um companheiro horrível. Ela seria
melhor combinada com alguém como Hadrian. Alguém que a faz rir. Ou
talvez Avrell. Gentil e preocupado com o bem-estar dela.
Ainda…
Ela está presa comigo.
Talvez ela não tenha destruído nosso quarto porque sentia minha
falta.
Foi porque ela me detesta.
Devo corrigir seus sentimentos. Fazê-la entender que posso
aprender. Fui eu que aprendi, através de tentativa e erro, o que metade das
máquinas nesta rekking instalação faz. Alguém tinha que descobrir e
ensinar o resto.
“Permita-me...” Digo em um tom mais suave. Corto a carne com três
garras e, em seguida, uso minha outra mão para rasgar pedaços menores do
lombo. Tenho o cuidado de torná-los minúsculos, como a boca dela.
“Quando Hadrian era mais jovem e suas presas duplas ainda não tinham
crescido, eu costumava cortar sua carne. Aquele mort cabeça oca ainda
tenta me fazer cortar sua comida.” Balanço minha cabeça, mas não consigo
tirar o sorriso do meu rosto. “Ele não é meu mortling, mas ele também
poderia ser. Eu o criei.”
Quando levanto o meu olhar, sua expressão triste se derreteu e ela
sorri para mim. Rekk, amo seus sorrisos.
“Você é como seu pai adotivo?”
Não entendo as palavras, mas entendo o significado. “Eu morreria
por ele se é isso que você supõe, mortania.”
Suas bochechas coram com o nome que Avrell me provocou mais
cedo. Eu a chamarei assim com frequência. Minha pequena alienígena gosta
de ouvir que ela é linda.
“Isso é doce.” Ela diz, um sorriso puxando seus lábios. Mas então
fica séria. “Isso tudo é tão...” Ela para. “Diferente.” Ela apunhala um dos
pequenos pedaços de carne com o utensílio e dá uma mordida. Seus olhos
se arregalam e um gemido escapa dela. “Oh meu Deus. Isso é tão bom.
Kevin não me deixava comer carne. Disse que eu era mais vendável como
vegana.”
Mais palavras que não entendo.
Exceto Kevin.
Pego a maneira desagradável que ela diz o nome.
“Quem é Kevin?” Rosno, incapaz de manter o tom ciumento fora do
meu tom. Tanto por ser gentil e bondoso com minha companheira.
Ela não se mexe desta vez, mas em vez disso se endireita, me
nivelando com um olhar duro. “Kevin é meu gerente de talentos. Ele
garante que meu cabelo e maquiagem estão sempre no mesmo nível. Kevin
escolhe meu guarda-roupa. E Kevin decide sobre os papéis que aceitarei.
Ele é meu dono.” Seu pescoço fica vermelho e ela não encontra mais o meu
olhar. “No ano passado, ele começou a me conseguir papéis mais
reveladores.”
Inclino minha cabeça e tento entender sua linguagem sem sentido.
Ela continua com um suspiro pesado. “Foi ele quem me deu minha
primeira dose de flora. Para ‘me acalmar.’” Ela ri amargamente. “Eu me
acalmei bem.” Mais lágrimas brotam nos olhos dela.
Meu peito dói por ver a dor praticamente sangrando por ela. Quero
segurá-la em meus braços até que desapareça. Mas algo me diz que ela
precisa desabafar isso. Como na vez que que Draven quase enlouqueceu.
Tive que nos trancar em uma cela de reforma. Ele se queixou e implorou
por três solar diretos. Com apenas eu para ouvir. Eu o deixei soltar sua raiva
em mim, para o horror de Avrell. E eventualmente, quando Draven deixou
tudo sair, encontrou alguma paz.
Ajudarei minha pequena alienígena a encontrar a paz.
Isso... isso é algo que posso fazer. Algo que Avrell, Hadrian ou
qualquer outro mort aqui não é capaz. Eu sou o mais forte. Posso lidar com
isso.
“Me conte mais, Aria. Se você deve soltar a raiva em mim, sou sua
vítima voluntária.”
Ela pisca para mim e solta uma risadinha. Uma doce risada. Eu a fiz
rir. Pena que não estava tentando ser engraçado. Pequenos passos embora.
Contarei isso como progresso.
“Você não entenderia.” Ela diz de repente, o riso morrendo em sua
garganta. Seus olhos frios.
“Eu tentarei por você. Posso ser paciente.” Asseguro a ela. Alcanço
através da mesa e aperto sua mão. Ela tenta se afastar, mas não a deixo.
“Isto!” Ela rosna, sua voz cruel. “É por isso que você não irá
entender.” Ela aperta meus dedos com o utensílio.
Empurro para trás, minha mão dolorida. O que fiz de errado? Minhas
orelhas se achatam contra a minha cabeça, preparando-se para a batalha.
Não posso lutar com minha companheira embora.
Rekk, ela é tão confusa.
“Vocês são todos iguais!” Ela grita, levantando-se do seu lugar.
“Cada maldito planeta, vocês são todos iguais! Predadores!”
Nós somos, na verdade, predadores, mas não a interrompo para
apontar esse fato.
“Você é como Kevin.” Ela cospe.
Imito seus movimentos e me levanto. “Ele é um bom caçador?”
Ela pisca para mim em confusão. “O que? Não. Ele come comida
para viagem e tem um spray bronzeador. Não, ele não é um bom caçador.”
“Ahh.” Digo em compreensão. “Seu Kevin é um bom líder. Forte e
esperto.”
Ela murmura uma série de palavras que não fazem sentido, mas
parece furiosa. Seus ombros tremem de raiva. Avanço e estendo minha mão
para ela como ela fez com Hadrian antes. Pedindo para tocar, mas
preocupado com o que poderia acontecer.
Seus olhos castanhos encontram os meus e ela chega a pressionar a
palma da mão na minha. “Kevin não é nada para mim. Ele não é um bom
líder. Mas ele é esperto e forte.”
Nossos dedos se juntam e gentilmente a puxo para mais perto. Para
minha surpresa, ela me permite puxá-la para um abraço. Percebo que devo
tratá-la como um mortling birrento. Hadrian era um terror mortarekking
quando era pequeno. Mas tudo o que eu fazia era puxa-lo para o meu colo e
acariciar suas costas para acalmá-lo. Passo meus dedos ao longo dos ossos
nas costas dela.
Ela relaxa contra mim e meu coração canta dentro de sua caixa como
um jackaws. Eles não são muito bons para comer, mas eles são divertidos
para assistir e ouvir quando eles voam, cantando músicas que enchem sua
alma. Muitas vezes, ao olhar pela janela no centro de comando, observo os
jackaws. Um dos meus poucos momentos de prazer.
Isto é, até que minha companheira chegou.
Agora todo momento me enche de excitação.
“Kevin abusou de seu poder.” Ela murmura contra o meu peito ainda
dolorido. “Ele abusou de mim.”
Algo no jeito que ela diz suas palavras faz meu sangue esfriar. “Este
Kevin machucou você?”
Ela inclina sua cabeça e franze a testa para mim. “Ele me viciou em
flora. E quando eu estava muito drogada, ele me fodia.”
Pisco para ela em confusão. “O que é esse foder?”
“O que fazemos, Breccan!” Ela grita exasperada. “O que você faz
comigo!” Lágrimas quentes rolam por suas bochechas enquanto um soluço
a atravessa. “Deixe-me explicar isso de uma maneira que você possa
entender. Ele me paralisou com a toxica dele...” Ela explica, e faz um gesto
com dois dedos em cada mão como se estivesse arranhando o ar. “E
então… então ele enfiava seu pau dentro de mim. Isso me fazia sentir
doente, suja e usada. Ele tentava procriar comigo.”
Minha mente fica preta de raiva.
Esse Kevin ousou copular com minha companheira?
Eu rekking acho que não!
“Eu cortarei sua carne de seus ossos e o alimentarei ao maior
sabrevipe neste rekking de planeta!” Rujo e me afasto dela. Devo destruir
alguma coisa. Se não puder ter esse Kevin, destruirei a mortarekking
parede.
Ela observa, imóvel, enquanto arranco um armário da parede e o
bato no chão. Espero que ela recue com medo, mas minha companheira
feroz permanece forte enquanto faço uma birra da qual o jovem Hadrian
ficaria orgulhoso, destruindo o quarto que trabalhei tão diligentemente para
limpar mais cedo. Parece que minha companheira e eu gostamos de quebrar
as coisas. Um elo comum.
“Você é minha.” Eu me agito. “Ele não pode nem carregar você. Ele
não sabe caçar. Este Kevin é inútil! Um pedaço de sujeira contaminada por
radiação no fundo da minha bota.”
Seus olhos se arregalam. “Você está perdendo o ponto, seu grande
vampiro de orelhas de elfo de aparência maligna!”
Minhas orelhas se achatam contra a minha cabeça e levanto todas os
sub-ossos no meu pescoço antes de mostrar minhas presas duplas para ela.
“Você está segura aqui. Rasgarei esse Kevin se eu alguma vez o ver.”
Um sorriso puxa seus lábios. “Isso é meio doce de um jeito meio
psicótico.”
“Doce como suas deliciosas lágrimas e língua, mortania?”
Seus cílios batem contra suas bochechas e ela suaviza em minha
direção. “Você realmente não entende.” Um suspiro pesado escapa dela.
“Suas intenções são puras, eu entendo. Você quer procriar e criar vida neste
planeta.”
Aceno com um sorriso. “Sim.”
Ela franze os lábios. “As minhas custas.”
“Também quero outras coisas, além de procriar.” Meu pau endurece.
Procriar está definitivamente no topo da lista. Mas seus sorrisos estão em
segundo lugar. “Quero fazer você rir como Hadrian faz.” Dou um passo em
direção a ela e levanto minha mão. Mais uma vez, ela não hesita e pressiona
a palma da mão na minha. “Aria, quero que você relaxe na minha presença,
como você faz com Avrell.” Nossos dedos se ligam mais uma vez. “Quero
alimentar você e cuidar de você. Não quero essa comida e o spray que você
fala que esse Kevin inútil deseja.”
Ela bufa e em seguida gargalha. Assim como com Hadrian. Eu ainda
não estava tentando ser engraçado, mas gosto que sou habilidoso o
suficiente para não precisar ser um cabeça oca como o meu garoto para
fazê-la rir. Ele tem muito a aprender se quiser ser um comandante tão
competente quanto eu.
Eu a puxo para o meu corpo e ela relaxa contra mim. Talvez meus
esforços estejam funcionando. Acaricio seus cabelos, imitando o que meu
pai costumava fazer com a minha mãe. Um pequeno ronronar escapa dela.
Meu pau está duro entre nós, ansioso para pressionar dentro dela e enchê-la
com a minha semente.
“Breccan, eu quero uma escolha.” Ela diz, com suas palavras firmes.
“Kevin não me deu escolha. Você não me deu escolha. Quero poder dizer
não e você irá ouvir.”
Inclino minha testa esbarrada contra a sua suave. “Você quer
escolher nossos momentos de procriar?”
“Essencialmente, sim.”
“Se este é seu desejo, concederei isto, mortania.”
Ela desliza as palmas das minhas mãos ainda doloridas no peito
dolorido sobre o meu minnasuit. Seus dedos correm suavemente pelos meus
longos cabelos negros e fecho os olhos. O sentimento me traz as mesmas
sensações avassaladoras que os raios UV fazem.
“Eu só quero beijar por agora.” Ela me diz, sua voz baixa e sedutora.
“Beijar?”
“Sua língua esfregando contra a minha.” Ela sorri para mim.
“Contanto que você não me morda com aqueles seus dentes assustadores.”
Entendo isso, e gosto muito do seu sabor doce.
“Esfregarei sua língua com a minha até que você me implore para
parar, pequena alienígena.” Parece que terei meu doce depois do jantar.
“Qualquer coisa para lhe trazer alegria. Eu nunca machucaria você, nem
mesmo com meus dentes.”
Ela recua e um momento passa entre nós porque sabemos que ela é
conhecida por usar os dela antes.
“Você não é como Kevin em tudo.” Ela murmura antes de ficar na
ponta dos pés e empurrar sua língua deliciosa na minha boca. E como
prometido, tenho cuidado enquanto a beijo.
Orgulho me atravessa.
Eu não sou como Kevin comida-pra-viagem-spray-de-bronzear-que-
não-caça.
Nós dois gostamos muito desse fato.

***

Gritos.
Apavorados e tristes.
Acordo no meu quarto escuro, procurando pela minha alienígena
assustada. Meus sub-ossos racham e estalam enquanto analiso qualquer
coisa que está fazendo ela gritar de medo.
“Shhh.” Murmuro uma vez que percebo que sua cabeça está cheia de
más recordações ou inventou horrores muito parecidos com os de Hadrian.
Nenhum terror real a espera. “Você está segura, pequena alienígena.”
Ela se agarra ao meu peito e orgulho me enche. Acaricio minhas
garras através de seu cabelo e pressiono meus lábios em sua cabeça.
Quando sua respiração se estabiliza, quase caio no sono. Mas quando seus
dedos minúsculos voam sobre minha pele nua logo acima do cós da minha
calça, um gemido baixo ressoa através de mim.
Não a toque.
É a escolha dela.
Tudo em mim implora para empurrá-la na cama, separar suas pernas
rosadas e entrar em sua buceta escorregadia. Em vez disso, respeito seus
desejos. Ignoro a minha dureza dolorida pressionada entre nós.
“Beije-me.” Ela sussurra, sua respiração quente fazendo cócegas na
minha pele.
Enrolo meus dedos com garras em seu cabelo e inclino sua cabeça
para trás. Meus lábios roçam ao longo dela. O que ela chama de beijo é a
segunda melhor coisa para o acasalamento. Eu gosto imensamente disso.
Ela separa sua boca e permite que minha língua bifurcada prove sua doçura.
Eu a lambo como se eu pudesse extrair cada gota saborosa de sua boca.
Gemidos enchem o ar conforme ela cede à maneira que eu a chupo com
minha boca. Ela morde o meu lábio inferior de brincadeira e eu solto um
gemido.
“Beije meu pescoço.” Ela ordena.
Estou feliz em obedecer. Ela pode não querer acasalar, mas tocá-la e
prová-la não parece fora dos limites. Passo meus lábios ao longo de sua
bochecha até seu queixo e ao pescoço. Minha vez de provocá-la de volta.
Raspando minhas afiadas presas duplas sobre sua pele, gosto da maneira
como ela geme de prazer. Esta pequena alienígena gosta da promessa de
perigo. Lambo sua carne que tem um gosto mais pungente que sua boca.
Anseio lamber cada parte dela.
“Deixe-me te provar, Aria.” Imploro. Eu posso ser o comandante por
aqui, mas sou tão fraco quanto um mort recém-nascido quando se trata dela.
Aceitarei o que ela me der.
“Sim.” Ela murmura. “Lá em baixo.”
Franzo a testa no escuro. Não tenho certeza do que ‘lá embaixo’
significa. Deslizando minha mão sobre seu peito, sussurro, “Aqui?”
“Não.”
Deslizo ainda mais para baixo, onde sua barriga, esperançosamente,
inchará um dia com meu mortling. “Aqui?”
“Não.” Ela respira. “Lá.”
Movendo minha palma para sua buceta sobre as calças, gentilmente
a toco. “Aqui?”
“Sim. Me beije lá.”
“Você quer que eu remova isso?” Pergunto enquanto puxo o tecido.
“Sim.” Ela diz, com um sorriso em sua voz. “Porque quero que você
me beije com sua língua.”
Um rosnado ressoa através de mim, mas me forço a ficar calmo e
remover suas roupas sem rasga-la de seu corpo. Depois de mostrar sua
carne nua para mim, empurro seu joelho para o lado. Seu cheiro é
almiscarado e faz minha boca encher d’água. Inclinando-me para a frente,
pressiono meus lábios no pescoço mais uma vez antes de começar a abrir
caminho pelo corpo dela. Ela faz um som choramingando que faz meu pau
pingar minha semente.
“Você cheira diferente de tudo que já cheirei.” Murmuro enquanto
alcanço seu pequeno tufo de cabelo entre suas coxas. “Perfeição, pequena
alienígena.”
Ela grita conforme deslizo minha longa língua entre os lábios
inferiores de sua buceta. O sabor é um néctar dos Eternos. Mais delicioso
do que qualquer coisa que já comi. Fico voraz enquanto praticamente como
minha alienígena. O desejo de mordê-la é intenso, mas algo me diz que ela
não gostaria disso. Seus sucos se tornam mais fluidos e deslizam sobre
minha língua, me deixando tonto. Fico absorto na minha tarefa. Beijando
sua buceta. Cada miado e gemido me estimula.
“Deixe-me beijá-la por dentro, Aria.” Murmuro contra sua doce
carne. “Deixe-me colocar minha língua dentro de você. Você pode não
querer meu pau, mas deixe-me te provar. Imploro, doce alienígena.”
Seus dedos se enroscam na minha juba e ela me puxa para mais
perto. “Sim. Apenas sua língua. Quero isso.”
Gemo e começo a deslizar em seu buraco apertado que é feito para o
meu pau. Minha língua discorda enquanto a exploro profundamente. Os
sons que saem dela são desiguais e irregulares. Desesperados. Curvando a
língua para cima, estou feliz por encontrar algo dentro dela que a faz gritar
de prazer.
“Breccan!”
Amo como ela diz meu nome e esfrego o pequeno nódulo dentro
dela. Isso se encaixa perfeitamente no sulco entre as duas pontas da minha
língua. Ela sacode e espasma, seus sucos saindo livremente dela o sabor
mais saboroso que minha boca já conheceu. Meu nariz está pressionado
contra o botão de prazer dela. Decido que também quero dar prazer ali.
Movendo-me para frente e para trás, uso meu nariz para esfregar contra a
carne latejante enquanto minha língua a provoca por dentro.
Gosto de beijar dentro dela.
Gosto muito disso.
“Breccan!” Ela grita alto o suficiente para acordar toda a instalação.
Antes que eu possa silenciá-la, ela goza violentamente. Seu corpo se
debate e ela me presenteia com mais de seu doce néctar. Não paro de chupar
e lamber e provar até que ela me empurra com força para longe.
“Chega.” Ela respira. “Não mais. Por favor.”
Por um momento, me preocupo que a machuquei. Envolvo meus
braços ao redor de suas coxas finas e descanso minha bochecha contra sua
buceta.
“Me desculpe, pequena alienígena.”
Seus dedos acariciam gentilmente meu cabelo. “Não se desculpe por
isso. Nunca. Isso...” Ela diz com um suspiro suave. “Isso foi tudo.”
Ela logo adormece e minhas pálpebras ficam pesadas. Preciso
descansar se planejo beijar sua buceta quando ela acordar.
E irei beijá-la de novo e de novo até que ela me implore para parar.
Isso foi tudo.
Não posso esperar para dar-lhe tudo a cada solar.
CAPÍTULO DEZ
ARIA

“O que você quer dizer com eu estou fazendo errado?” Olho para os
pedaços de metal espalhados no meu colo. Estive trabalhando em ajudar
Ozias a consertar a versão alienígena de um tablet. Não tenho ideia do que
estou fazendo, mas fiz questão de não ficar enclausurada no quarto de
Breccan, evitando todos. Na verdade, estou tentando ficar ocupada, então
não penso em sexo, e se isso significa que tenho que fingir que sei o que
estou fazendo, então que seja.
Ozias, ou Oz, como Jareth o chama, apenas sorri e atravessa a mesa
entre nós para juntar dois fios, fazendo com que o tablet ganhe vida. Oz é o
funileiro da facção. Apesar do fato de que suas mãos estão sempre
manchadas de graxa e seus bolsos cheios de pedaços de papel e peças de
reposição, suas roupas e cabelos são sempre impecáveis. Ao contrário de
seu bom amigo Jareth, Oz é o mais quieto. Isso torna muito fácil para mim
divagar quando estou em sua presença.
Meus olhos se arregalam e sorrio de volta para ele. “Obrigada!
Espero que você perceba que não tenho ideia do que estou fazendo aqui.
Nem sei porque você está me deixando te ajudar. Estou fazendo mais danos
do que ajuda neste momento, eu acho.”
Seus dedos se movem rapidamente enquanto ele reconecta seu
próprio tablet. Tento acompanhá-lo, mas ele é simplesmente rápido demais
para meus olhos humanos rastrearem. “Eu gosto da companhia, pequenina.
Tem sido apenas nós por muito tempo.”
Continuo tentando mexer com o tablet. Já faz três dias― solar, como
eles chamam ― desde que Breccan me levou ao centro de comando e
recebeu aquelas horríveis queimaduras UV. Três dias desde que admiti meu
segredo para ele. Três dias sem qualquer pressão para procriar para eles.
Mas mesmo que não tenhamos relações sexuais, ele está feliz em me fazer
gozar todas as noites.
Aquela língua.
Quase gozo apenas pensando nisso.
Horror toma conta de mim enquanto me pergunto se Oz pode cheirar
minha excitação. Suas sobrancelhas estão franzidas em concentração, então
espero que não. Forçando meus pensamentos em outro lugar, penso em
como meus dias foram gastos porque é um tópico muito mais seguro do que
minhas noites.
Explorei a instalação livremente. Não consegui usar a pulseira para
acessar as outras garotas nos criotubos, ainda não. Elas estão seguras e eu
também ― por agora. É melhor eu aprender o máximo possível sobre a
instalação enquanto tenho a oportunidade.
Até agora, além de ficar junto com Oz, passo tempo com Avrell na
enfermaria médica, tratando distensões e feridas dos vários habitantes. De
longe, o paciente mais frequente é o sombrio e pensativo Draven, que ainda
tenho que reunir coragem para me aproximar sozinha. Breccan mencionou
que ele é um pouco louco, então mantive minha distância. Os outros morts
falam comigo de passagem, mas a maioria é muito tímida pela minha
presença para manter uma conversa. Eles podem ser intimidantes em
estatura e aparência, mas por baixo, estou aprendendo que eles são
realmente... humanos.
“Quanto tempo?” Pergunto depois de alguns momentos de silêncio
sociável.
“Perdão?”
“Quanto tempo tem sido apenas vocês dez vivendo neste lugar?”
O mundo exterior ― O Cemitério, como eles chamam ― é um lugar
perigoso, com inúmeras maneiras de sofrer uma morte dolorosa. A radiação
e sabrevipes são apenas o começo.
Pela primeira vez, Oz faz uma pausa em seus ajustes e seus olhos se
movem para mim. Suas orelhas achatam e seus olhos se voltam para fendas
estreitas, em uma ação que aprendi significa que estão na ofensiva,
preparando-se para atacar ou experimentando emoções extremas. Então,
alguns segundos depois, seus músculos se soltam e ele relaxa. Depois de
uma longa pausa, ele diz, “Tem sido tantas revoluções que perdi a conta.
Antes de você chegar, perdemos a esperança. Por muito tempo estávamos
nos preparando para saudar a morte. Breccan...” Ele se interrompe com um
olhar penetrante para mim.
Eu estaria brincando se dissesse que não estava interessada.
“Breccan o que?”
“Existe um plano de contingência em vigor se formos vencidos por
outra doença como a que dizimou nosso povo.”
“Plano de contingência? E o que isso tem a ver com Breccan?”
Apesar de tudo, minha pulsação acelera na minha garganta. Conhecendo
Breccan, não pode ser bom, ou melhor, será algo que me fará querer
estrangulá-lo.
“Você não deveria se preocupar. Agora que você e as outras
alienígenas estão aqui, não temos nada com que nos preocupar. Avrell é tão
bom com remédio quanto eu com máquinas. Eles te deixarão grávida de
pequenos mortlings em pouco tempo e tudo ficará bem.”
Seguro minha língua contra explicar que quaisquer mortlings foram
colocadas em espera. Não posso roubar o brilho esperançoso em seus olhos,
não quando nos damos tão bem a manhã toda. Além de Hadrian e Avrell,
Oz é o único outro mort com quem pude conversar.
“E quanto a Breccan, Oz? Como futura mãe de seus filhos, tenho o
direito de saber.”
Ele coloca o tablet de lado e coça seu cabelo comprido e grosso. É
ainda mais longo do que o meu, e se estou sendo completamente honesta,
estou com um pouco de inveja de como ele cai em ondas negras em seus
ombros musculosos. “Quando o Rades atacou, nossos números sofreram
muito. Fizemos tudo o que podíamos para salvar quem pudéssemos, mas
muitas vidas foram perdidas. Quase todas. Ainda não temos certeza se
somos suscetíveis a contraí-lo além da instalação. É um risco e uma
preocupação constante.”
“Isso explica sua obsessão com germes e limpeza.”
“Exatamente, pequenina.” Ele sorri para mim como um orgulhoso
irmão mais velho, e seu afeto e orgulho aquecem meu coração. “Quando
conseguimos nos reagrupar, Breccan, como nosso líder, achou importante
criar um plano para o caso de sermos atingidos pela doença novamente. Nós
discutimos com ele por muitos solar, mas ele não seria influenciado.”
Meu intestino se agita, e não acho que seja pelos grãos estranhos que
eles me serviram no café da manhã. “O que ele quer fazer?”
Oz, não é mais capaz de ficar em um lugar, se move em torno da ala
mecânica que ele compartilha com Jareth e Theron. “Você deve entender a
doença… é terrivelmente doloroso para quem a contrai. Feridas empoladas.
Dores fantasmas. Delírio. Também é altamente contagiante. Ninguém
pegou os Rades quando Draven pegou, o que é um milagre, um que Avrell e
Calix estavam ambos perplexos. Supõe-se, porém, que, se um de nós
adoecesse, é quase certo que todos nós iríamos. Não podemos esperar outro
perdão como o de Draven. Como comandante, Breccan assumirá a
responsabilidade de limitar nosso sofrimento, se chegar a esse ponto.”
Eles abriram uma escotilha? Porque parece que todo o ar foi sugado
da sala. “Limitar seu sofrimento?” Repito. “O que isso significa?”
“Significa, pequenina, que se ficarmos doentes de novo, Breccan nos
mandará para os Eternos e depois tirará a própria vida. Nenhum Mort quer
viver sozinho. Já é ruim o suficiente ser forçado a viver sem uma
companheira ― para um mort, o mais próximo da morte possível. Mas para
um de nós viver sozinho pelo resto da nossa vida, seria um destino pior do
que a morte.”
Sua revelação me deixa em silêncio enquanto ele continua a
trabalhar em outra pilha de tablets.
Se eu não ficar, se usar a pulseira para libertar as outras mulheres e
fugir, não é para isso que condenarei esses morts, um destino pior do que a
morte? Sem mim e as crianças que posso fornecer, elas morrerão um a um
nessa instalação solitária e isolada em um planeta ainda mais perigoso e
deprimente que o meu.
Como posso deixá-los aqui quando tenho a capacidade de salvá-los?
Tento, inutilmente, replicar os passos de Oz para consertar o tablet,
mas depois de uma hora ou mais de sua instrução paciente, não estou mais
adiantada do que quando comecei. Minha mente está muito preocupada
com o meu dilema para me concentrar nos fios e circuitos.
Breccan vem me buscar depois de suas rondas. Olho para cima do
tablet e o encontro encostado na porta, me observando com sua versão de
um sorriso. É muito feroz para ser classificado como tal e, se pressionada,
diria que é mais uma careta.
Uma onda de afeto toma conta de mim, por esse grande e estranho
alienígena que passei a ver como meu. O tipo de homem que tomaria as
decisões difíceis para salvar seu povo da missão. Que seria forte o
suficiente para cuidar deles, e ele faria, sei que ele faria.
Esses grandes olhos de ônix me estudam avidamente e eu tremo. A
recém-descoberta intimidade inspirada em nossa conversa sobre Kevin e
sua infinita paciência desde então me desfaz. Mas é a total percepção de
que ele está disposto a morrer por seus homens, que me deixa louca. Isso
me faz perceber, verdadeiramente, a vida que desperdicei em meu próprio
mundo. Os dias que cedi às drogas e delírio. Minha irmã, minha única
família decente, a dispensava por drogas.
Enquanto Breccan, doce Breccan, está preparado e pronto para fazer
muito pior para seus homens. Esses seres rudes sabem mais sobre como a
vida é preciosa do que posso começar a entender. Mas não se trata apenas
dos bebês, embora eu esteja aprendendo como a família ― e companheiras
― são importantes para eles, mas também sobre como eles apreciam cada
momento. O mundo aqui é tão duro, tão imprevisível, eles têm que extrair a
essência de todos os dias porque eles não sabem se terão outros.
Meu coração acelera em antecipação. Não quero desperdiçar outro
dia, outro daqueles preciosos momentos. Quero viver, como eles, com
alegria a cada segundo que estou viva.
Quero aproveitar tudo isso... com Breccan.
O pensamento rouba minha respiração.
“Hora de um intervalo...” Ele ordena. “Antes que este tenha você
mexendo em todas as horas do solar como ele faz.”
“Receio que sua companheira não tenha aptidão para o trabalho de
conserto, Comandante.”
Sua conversa filtra através do zumbido nos meus ouvidos. Mal
consigo respirar para responder. “Seja legal, Oz.”
Breccan avança e envolve um braço em volta da minha cintura. Ele
morde meus lábios com suas presas afiadas, o que me faz tremer contra seu
calor. Enquanto ele acaricia meu pescoço, ele sussurra, “Você passou muito
tempo longe de mim, minha Aria.”
Meus dedos cravam em seu minnasuit enquanto meu corpo vibra de
acordo. O tempo que ele me deu para conhecer um ao outro sem a pressão
do sexo me deixou... querendo. Querendo ele. Para beijar, para tomar. Não
posso deixar de suavizar contra ele ― e para ele. As noites que passamos
beijando são uma provocação que me deixa doendo por mais do que apenas
sua língua dentro de mim.
“Faz apenas algumas horas.” Protesto, mas meu corpo não ― e me
inclino para ele.
“Como eu disse, muito tempo. Ozias tem monopolizado seu tempo.”
Oz não se ofende. “Estou feliz em entretê-la quando quiser, Brec.
Prefiro muito mais a companhia dela à sua.”
Arrasto Breccan antes que eles batam cabeças ― literalmente. Não
seria a primeira vez que me deparo com um par de morts briguentos
resolvendo suas diferenças lutando como um par de animais. Não tenho
interesse em ver Breccan fazendo isso. Estou muito mais interessada em
beijar. Mal posso manter minhas mãos longe dele enquanto caminhamos de
volta para seus aposentos.
“Há algo importante, minha alienígena?” Ele pergunta quando o
empurro contra uma parede no corredor e ataco sua garganta. Ele a
descobre para mim, e há algo poderoso no conhecimento de que esse
alienígena grande e forte está disposto a ser vulnerável por causa do meu
prazer. Um grunhido reverbera em seu peito enquanto chupo e mordo sua
pele branca. Não consigo o suficiente da textura acetinada. Tudo o que
posso pensar é sentir a pele contra a minha sem pudor, sem roupas entre
nós.
Tento alcançar sua boca, mas ele é alto demais para mim. Pego suas
orelhas e puxo seus lábios para os meus. “Beije-me.” Digo em vez de
responder.
Não tenho certeza se poderia colocar meus sentimentos em palavras,
se tentasse. Sua compaixão quando ele ouviu meus conflitos sobre o meu
gerente de talentos, sua disposição de me dar tempo para chegar a um
acordo com a minha decisão, seu sacrifício por seus homens. Nunca
encontrei um homem melhor que ele. Em algum momento entre acordar
neste planeta perdido e agora, eu amoleci para o grande homem. Não faz
mal que ele tenha evoluído e se tornou um beijador fenomenal no pouco
tempo que estivemos “praticando.”
“Você gostaria que eu te beijasse em outro lugar?” Ele provoca de
brincadeira.
Um gemido carente me escapa. “Leve-me para a cama, Breccan.”
Digo contra seus lábios. “Quero fazer mais do que beijar. Não quero pensar
em nada. Não quero me preocupar com nenhum dos nossos destinos. Quero
que você me faça esquecer tudo. Só quero que seja eu e você. Como nós
nos encontramos em algum lugar e nos demos bem e você me levou para
casa. Pode ser apenas eu e você e mais nada?”
Suas mãos com garras afastam meu cabelo e então ele cobre minha
bochecha. “Não entendo sua urgência, mortania, mas farei o que precisar.
Estou aqui para aliviar todos os seus medos e não quero nada mais do que
me deitar com você.”
Então ele me pega e corre para o quarto, suas pernas longas e
poderosas dão um passo para o que seriam três dos meus. Eu o seguro como
se minha vida dependesse disso e rezo para não estar cometendo um erro.
Então decido, que se dane.
Eu mereço uma noite para tê-lo sem reservas.
Depois disso, decidirei o que fazer.
Mas, por enquanto, pretendo me perder no meu companheiro ―
porque pode ser a única chance que tenho.
CAPÍTULO ONZE
BRECCAN

Seus olhos castanhos brilham de fome. Mais intensos e ferozes do


que a metade de meus morts quando tínhamos que viver quarenta e sete
solar diretamente nos galhos verdes de Galen. Mas não acho que ela esteja
com fome de sustento.
Ela está com fome de mim.
Penso sobre o jeito que ela mordeu minha garganta com seus dentes
inúteis. Meu pau endurece. A pequena Aria pode tentar se alimentar de mim
o quanto quiser, desde que ela me deixe enfiar minha língua em sua boca
doce. Seu beijo é uma das minhas coisas favoritas. Não acho que ela
percebe que tem um gosto tão bom. Fico louco apenas pelo gosto dela.
Tanto é que me encontro desejando-a mais que os raios UV. Estou
completamente curado e não voltei desde então.
Eu sou mais forte por causa dela.
A escuridão que vive dentro está sendo afugentada por sua luz.
Com cada sorriso e palavra, ela me muda.
Seus olhos permanecem nos meus enquanto ela começa a se despir.
Seu corpo é rosa e macio. As ondas de seus seios parecem falar uma língua
que só meu pau sabe. Deixo meus olhos descerem para seu tufo de cabelos
castanhos. Gosto muito do jeito que faz cócegas no meu nariz quando
lambo sua buceta.
“Tire suas roupas.” Ela exige, com sua voz feroz. Ela é uma ótima
companheira para um Comandante.
“Ao seu serviço, Senhora Comandante.”
Ela ri. E, rekk, eu estava tentando ser engraçado dessa vez. Nossos
momentos juntos estão se tornando mais fáceis e acho que estamos
aprendendo muito um com o outro. Certamente estou aprendendo a fazê-la
sorrir mais. Eu os conto e guardo em minha mente para me fazer passar por
pensamentos sombrios. Memórias horríveis do meu passado ou um futuro
sem ela nele. Às vezes a escuridão come minha mente. Ela a manda
embora, no entanto.
Retiro meu minnasuit e me dispo em segundos. Abandono minhas
botas e traje para caminhar em sua direção. Meu pau balança, ansioso para
tê-la, mas evoluí sábio para os gostos de Aria. Parando antes de nossos
peitos tocarem, olho para ela e acaricio minhas garras através de seu cabelo
sedoso.
Ela passa as pontas dos dedos no meu peito e meu pau salta, batendo
em seu corpo macio. Seus olhos se estreitam conforme ela desliza a mão
entre nós e o agarra. “Ele está feliz em me ver.” Ela ronrona.
“Você fala dele como se ele tivesse a sua própria mente.” Rosno. “Eu
estou feliz em ver você.”
Seu sorriso é minha ruína. Ela gentilmente acaricia meu eixo. “Estou
feliz em ver você também. Você inteiro.” Ela morde o lábio inferior que
quero morder também. “Senti falta de estar com você.” Ela se vira e aponta
para a cama. “Deite-se, garanhão.”
Divertido por seu comportamento mandão, obedeço a minha
companheira e me estendo na cama, meu pau apontando para cima. Ela
caminha até mim, seus seios saltando com seu movimento. Quando ela
estiver cheia do meu filho, seus seios incharão com o sustento para o nosso
mortling. Isso é algo que lembro do meu passado.
“Iremos acasalar assim?” Pergunto com uma sobrancelha levantada.
Ela joga o cabelo por cima do ombro enquanto me monta. “Sim.
Você tem algum problema com isso, Comandante?”
“E quando minha toxica atingir seu sistema? O que vai acontecer
então?” Provoco.
Sua mão envolve o meu pau novamente e ela se coloca sobre a
minha ponta. “Você vai me pegar se eu cair.”
Nós dois gememos quando ela afunda todo o caminho, meu pau a
enche até a capacidade.
“Eu sempre vou te pegar.” Prometo, com meus dentes rangendo de
prazer.
Ela descansa as palmas das mãos no meu peito e começa a balançar
os quadris de um jeito que me faz querer girá-la e impulsionar nela com
força. Mas o sorriso satisfeito em seu rosto me faz agarrar os lençóis em vez
disso, permitindo-lhe esse controle que ela tão implacavelmente implora.
“Você é tão gostoso.” Ela murmura.
“Você também, minha companheira.”
Sua cabeça cai para trás e ela esfrega seus seios enquanto faz todo o
trabalho.
“Permita-me ajudar.” Rosno enquanto arranco uma das palmas de
sua mama e substituo-a com a minha. Imito a maneira como ela estava
esfregando o polegar sobre o mamilo e delicadamente raspo minha garra
sobre a pele pontiaguda. Ela grita e sua buceta aperta em volta do meu pau.
“Breccan.” Ela geme, seu corpo tremendo com o prazer iminente.
“Toque-me aqui também.” Sua mão livre agarra meu pulso e me guia entre
seus lábios inferiores. Com cuidado para retrair minha garra, eu a
massageio lá também.
“Você gosta de acasalar comigo.” Digo com minha voz rouca.
“Sim.” Ela concorda. “Muito.”
“Você gosta de ser o comandante na cama.” Belisco seu mamilo
entre duas das minhas garras, puxando-a para perto de mim. “Você me
permitirá provar sua língua doce, Senhora Comandante?”
Ela geme e assente, seus movimentos se tornando frenéticos
enquanto ela procura minha boca com a dela. Prazer está atravessando todas
as minhas terminações nervosas. Eu poderia fazer isso com minha pequena
alienígena a cada segundo de cada solar. Deveria promover Hadrian e
passar o resto da minha existência fazendo exatamente isso. Eu morreria um
mort feliz.
Seus dentes fracos mordem meu lábio inferior antes que ela lance a
língua para dentro da minha boca. Estou impressionado com o modo como
ela move seus quadris. Como se ela soubesse exatamente o que vai ser bom
para mim. Sábia e inteligente, ela é.
“Encherei você com a minha semente.” Aviso. “Logo. Você está
pronta para me deixar cuidar de você?”
“Ainda não.” Ela choraminga. “Tão perto.”
Eu a esfrego rapidamente entre as coxas. “Perca-se, mortania. Eu
vou pegar você.”
Ela endurece e grita, sua buceta me apertando. Posso dizer que ela
encontrou sua liberação e isso me permite fazer o mesmo. Um grunhido alto
e reivindicador me rasga quando meu pau bombeia para dentro dela. Minha
semente tomará um solar, tenho certeza disso. Nossos corpos trabalharam
juntos dessa vez. Percebo agora que as vezes anteriores foram incompletas
em comparação.
Neste momento, podemos também ser um.
Seu corpo relaxa, a toxica entra em vigor e estou pronto para
apanhá-la como prometi. Eu a deslizo do meu pau esvaziado e a puxo
contra o meu peito. Acariciando seus cabelos, sussurro o quão bonita, forte
e inteligente ela é. Lágrimas ― lágrimas que eu adoraria lamber ―
encharcam meu peito, mas desta vez elas não são de tristezas.
E, como prometido, a toxica não é tão paralisante quanto da vez
anterior. Ela é capaz de mover a mão e mal a levanta. Sabendo o que ela
procura, deslizo a minha própria sob o dela. Seus dedos se enroscam entre
os meus, ligando-nos juntos.
“Descanse, minha pequena alienígena. Eu tenho você agora.”
Eu tenho você para sempre.

***

“Não há maçanetas ou alavancas.” Ela geme enquanto bate na


parede do tubo de limpeza. ”Pior chuveiro de sempre.”
Rio e alcanço atrás dela para empurrar um dos painéis. Explosões de
água aquecidas do teto ganham um grito estridente da minha alienígena. Ela
tenta enterrar sua cabeça contra o meu peito nu para se esconder do
poderoso spray.
“Vocês levam a limpeza tão loucamente a sério!” Ela inclina a
cabeça para olhar para mim, fazendo beicinho. Isso faz seus lábios mais
tentadores do que o habitual. “Eu gostaria de ter uma banheira.” Ela reflete
em voz alta. Seu corpo continua esfregando-se contra o meu e estou tendo
dificuldade em manter o foco em nos limpar.
“O que é uma banheira?” Pergunto roucamente. Meu pau latejando
entre nós.
Ela aperta meu comprimento dolorido e morde seu lábio inferior.
“Você enche com água quente e afunda. Isso te dá mais tempo para
brincar.” Seus olhos castanhos escurecem e suas bochechas ficam
levemente rosadas.
“Nós temos muito tempo para brincar.” Digo, minhas palmas
encontrando seu traseiro redondo e o apertando.
“Não é o mesmo.” Ela resmunga, mas desliza as mãos para a parte
de trás do meu pescoço. Ela fica com o olhar suave em seus olhos que
implora para eu tomá-la. Eu nunca poderia negar minha doce alienígena
alguma coisa. “É mais relaxante.”
Levantando-a, a empurro de volta para a parede e posiciono meu pau
contra sua abertura. “Feche seus olhos, Aria. Relaxe. Farei todo o trabalho
para que você não se preocupe em não ter essa banheira.”
Ela resmunga, mas se transforma em um gemido conforme a deslizo
pelo meu comprimento até que ela esteja completamente sentada. Com a
água nos ensopando, ela é mais escorregadia e em todos os lugares que nos
esfregamos é incrível. Minha boca procura a dela e a beijo enquanto acasalo
com ela. Parece que minha língua é feita para explorar ativamente sua boca.
Ela pertence lá.
Retiro minhas garras e procuro seu botão de prazer ― seu clitóris
como ela chama ― e esfrego até que sua buceta está apertando em ao meu
redor. Sua cabeça bate contra o painel atrás dela, mas ela parece gostar de
cada parte de meus cuidados. Logo, estou gemendo e enchendo-a com a
minha semente. A toxica atinge seu sistema, tornando-a inútil. Seguro
minha pequena alienígena, murmurando palavras gentis para ela, até que
seu corpo começa a se mover novamente. Uma vez que ambos retornamos
do nosso prazer e ela não é mais um peso morto em meus braços, me afasto
um pouco para olhar para ela.
“Eu posso me acostumar com esses chuveiros, contanto que você
esteja neles comigo.” Ela murmura, um sorriso inclinando os lábios de um
lado.
Levanto meus dedos para o rosto dela e passo meus dedos ao longo
de sua pele macia de sua bochecha. Normalmente, mantenho minhas garras
o tempo todo porque elas são uma ferramenta útil. Mas com minha pequena
alienígena, gosto de tocá-la com ternura.
“Diga-me algo que ninguém mais sabe sobre você.” Ela sussurra.
“Qualquer coisa, não importa quão pequeno.”
Demoro um momento para pensar e enquanto penso, lavo-a. Quando
finalmente penso em algo, acaricio meus dedos através de seu molhado
cabelo bagunçado e sorrio.
“Eu gosto de jackaws.”
“Jackaws?”
“Eles voam perto das janelas e cantam. É lindo.” Aperto meus lábios
e sopro, imitando o som que eles fazem.
Ela solta um suspiro satisfeito e, em seguida, sua voz faz algo mais
bonito do que qualquer jackaw. O som é semelhante ao deles, mas é
acompanhado de palavras. Eu a encaro, extasiado. Cada palavra que toca
dela me enche a borda. Não quero que ela pare. Eventualmente, ela para,
mas o sorriso brilhante vale a pena.
“Cantar acapella era um dos meus talentos. Vários filmes de garotas
que fui escalada pediram por isso. Não percebi o quanto eu sentia falta de
cantar.” Seus olhos ficam vidrados com lágrimas. Do bom tipo. Meu
coração canta também.
“Não sei nada do que você disse nem o que significa. Minha unidade
de tradução é inútil.” Resmungo, mas não com raiva.
Ela ri. “Talvez eu devesse cantar mais um pouco. Gostei da
expressão em seu rosto.”
“É melhor você fazer isso de novo.” Digo com um sorriso. “Só pra
ter certeza.”

***

Passaram sete solar desde que Aria me levou para a cama em seus
próprios termos. Estou percebendo que é melhor assim. Prazer para nós
dois. Ela agora ri livremente comigo e há um grande avanço. Amo como ela
gosta de Oz, Avrell e Hadrian. Eu até vi Draven sorrir uma vez ou duas, o
que é inédito.
Aria é vida.
Como uma pequena muda no laboratório de Galen.
Ela cresce e cresce a cada solar, e tudo o que podemos fazer é
observá-la maravilhados.
Logo, é minha esperança, ela carregará meu filho.
Até lá, quero fazer algo especial para ela. Ela balbucia muito agora e
me conta sobre essas coisas chamadas filmes. Seus favoritos são o que ela
considera ‘clássicos.’ Ouço e faço anotações. Não consigo lembrar os
nomes de todos eles, mas presto atenção ao que os heróis de suas histórias
fazem por suas heroínas. Parece bobo, mas a animação em sua voz
enquanto reconta as histórias me garante que ela não me verá como bobo se
eu as replicar.
E é exatamente isso o que estou fazendo.
Replicando-os.
Escolhi as partes que mais iluminam seus olhos e criei um plano.
Muito parecido com uma missão no Cemitério que deve ser executada
corretamente e requer a assistência de todos os meus morts, jogo toda a
energia para extrair a missão mais bem-sucedida que posso.
Hadrian chama isso de: Operação Rogstud.
Ele pode chamá-lo qualquer que seja o rekk que ele quiser, mas tudo
o que me importa é fazê-la feliz.
“Tente isso.” Galen diz conforme me oferece uma pedra amarela
dura e lisa.
“Não parece atraente.” Grunho.
No entanto, coloco o ‘doce’ na minha boca. A doçura explode na
minha língua e arregalo meus olhos. “É bom.” Minha companheira ficará
satisfeita.
Ele sorri, mostrando suas presas duplas para mim. “Bem, quando
Aria começou a descrever o doce açucarado que ela chamava de caramelo,
isso me lembrou de uma raiz que encontrei. A raiz dourada tem um sabor
rico e suave. Ainda tenho que encontrar um uso para nós, mas é rico em
vitaminas. Quando ela estiver carregando seus filhos, isso beneficiará o
crescimento e o desenvolvimento do jovem.”
“Devo alimentá-la com isso a cada segundo de cada solar.” Prometo.
Ele ri. “Eu fiz apenas doze. Não queria fazer muitos no caso de não a
agradar. A pequena alienígena tem gostos diferentes dos nossos. Eu queria
ter certeza.”
Seu orgulho em ajudar a fazer minha companheira feliz me aquece.
Devo a ele por isso. “Obrigado, Galen. Levarei o resto como um presente
para ela. Irei me certificar de que ela saiba do trabalho duro que você faz
por ela e do valor nutricional.”
Com um salto em seu passo, ele circula em seu laboratório coletando
coisas. Ele fez uma bolsa de couro macio que é adornada com um cordão
trançado preto no topo. Os fios de prata me dizem que a trança veio de sua
própria cabeça. Que presente pensativo.
Aceito graciosamente a oferta de doces de raiz dourada e dou-lhe um
aceno de cabeça antes de sair. Hadrian faz um barulho alto na área de
nutrição enquanto trabalha para preparar uma refeição para Aria e para
mim. Todos meus morts têm várias tarefas e sou grato. Meu próximo passo
é visitar Calix.
Eu o encontro em seu laboratório, coçando atrás de sua cabeça
enquanto olha para o que ele está trabalhando. Meu peito aperta conforme
entro. “É isso?” Pergunto com espanto.
Ele se vira para mim, seus olhos em fendas ofensivas por um
momento antes de voltarem ao normal. Posso ver que ele está no limite, e
me sinto culpado por incumbi-lo de algo tão difícil.
“Não está certo, eu não acho.” Ele reclama.
Ando até lá e passo meus dedos sobre o material. “É quase como se
ela estivesse bem diante de mim.” Eu me maravilho. “A forma de seus
seios...” Paro quando um rosnado baixo ressoa através de mim. “Como você
sabe a forma deles?”
Suas orelhas se achatam contra seu crânio e seus olhos retornam a
fendas. “Eu não toquei sua companheira.”
“Você apenas olhou para ela tempo suficiente para memorizar sua
forma?” Assobio.
“Eu não quero sua companheira.” Ele rosna de volta. É quase como
se ele tivesse mais a dizer. Ele se abstém embora. “Há outra na câmara
criostática que tem seu tamanho e forma. Eu tirei as medidas dos registros
lá.” Ele se volta para a roupa que ele costurou. “Talvez eu faça mais quando
as outras acordarem.”
Não me incomoda que ele tenha medido as outras alienígenas.
Iria me incomodar se ele tocasse a minha alienígena.
“Espero que ela ame isso.” Digo, com minha voz calma novamente.
“É o mesmo material dos nossos minnasuits. As coisas que ela tem
contato a cada solar não são propícias para afastar as bactérias indesejáveis.
Com este novo traje, me sentirei mais seguro de que ela não é uma mulher
que anda, fala e carrega doenças.”
Bufo em diversão enquanto ele cuidadosamente desabotoa as costas.
Uma vez que ele remove o traje do cabide, ele me entrega. Fico feliz que
me permite ver o contorno de suas curvas a qualquer momento durante um
solar. Os outros irão ver suas curvas também, mas isso é algo com o que
devo viver. Eles sabem que é proibido pensar em tocar o que é meu.
Assim que me despeço dele, vou até Oz, onde sei que ela estará
trabalhando. Eu a encontro lá dentro, mas ao invés de trabalhar, ela está
mostrando mais de sua ‘dança’, como ela chama. Oz é um aprendiz rápido e
um professor paciente. Sou grato por ele.
“Senhora Comandante.” Provoco, fazendo a minha presença
conhecida.
Seus olhos castanhos se erguem para os meus e o sorriso em seu
lindo rosto cai. Não é de tristeza, no entanto. Saudade brilha em seu olhar.
Ela sentiu minha falta. Tenho rekking certeza que também senti falta dela.
“Hora de comer?” Ela pergunta enquanto se aproxima de mim.
Eu recolho seu corpo minúsculo em meus braços e pressiono meus
lábios nos dela. Às vezes ela prefere seus beijos sem língua. A princípio, eu
era inflexível em manter a língua como parte de nossa rotina, mas depois
aprendi que ela gosta de fazer beijos sem língua quando está sendo
brincalhona ou se sentindo contente. Muitas vezes, beijos com a língua a
deixam nua e espalhada diante de mim.
Eu certamente prefiro os beijos de língua.
“O que é isso?” Ela pergunta.
Sorrindo, me afasto dela para entregar-lhe o novo traje. “Eu tenho
um traje feito para você. Este solar, eu estou te dando um encontro.”
Ela pisca para mim e então seus olhos ficam brilhantes com
lágrimas.
No começo, estou preocupado que ela abomina a ideia e talvez
entendi mal tudo o que ela falou. Olho para Oz e ele parece igualmente
chateado. Nós todos trabalhamos tão duro.
Mas então ela se joga para mim e me beija com sua doce e deliciosa
língua. Estou rosnando e rasgando buracos em sua roupa inútil com minhas
garras quando ela se afasta.
“Obrigada pelo vestido.” Ela diz. “Espero que caiba. É tão bonito.”
Vestido.
Ahh, é assim que ela os chama.
“Calix fez isso para você.”
Feito para ser usado apenas em ambientes fechados, ele me lembrou.
Assim como ela os descreveu para mim antes, este vestido é feito para
parecer bonito. Se ela alguma vez deixasse a instalação ― o que ela rekking
não irá ― ela precisaria de um minnasuit e traje zu apropriados para isso.
Seu lábio inferior balança. “Isso é tão fofo. Deixe-me experimentá-
lo.” Ela corre para um armário. Enquanto esperamos por ela, Oz me traz a
caixa que ele guardou. Graciosamente a aceito e espero que ela volte.
“Eu não sei.” Ela grita de trás da porta. “É muito ousado.”
Meu coração dói. “Você não gosta disso, minha companheira?”
“Oh, eu amo isso.” Ela diz. “É tão real. Mas…”
“Venha.” Insisto, minha impaciência fazendo sair como uma ordem
proferida.
A porta se abre e ela avança.
Oz faz um som sufocante e não consigo tirar os olhos dela. O tecido
azul-escuro do minnasuit se encaixa nela como uma segunda pele. Logo
depois de seus quadris, o material se alarga em vez de se encaixar em suas
pernas. Seus pequenos pés estão escondidos.
Ela ri e seus seios são empurrados para cima, parecendo bastante
tentadores enquanto ameaçam se derramar de cima, estremecendo com seus
movimentos. Estou rekking hipnotizado. Oz parece que está lutando para
respirar.
“Acho que você gosta?” Ela diz e se envaidece. De brincadeira, ela
gira em torno de um círculo e o material magicamente gira em torno dela.
“Mortania, você é a melhor coisa que meus olhos já viram.” Digo,
minha voz rouca.
“Eu concordo.” Oz concorda.
Atiro-lhe um olhar afiado que o faz recuar um passo. Minhas orelhas
se encostam no meu crânio e mostro minhas presas.
“Acalme-se, amigo.” Ela retruca conforme se aproxima de mim. “Eu
só tenho olhos para um macho aqui.”
Aperto seu quadril e, em seguida, passo a palma da minha mão sobre
o material ao longo de suas costelas. “Minha.” Rosno.
Ela ri de novo, o som mais feliz que já ouvi dela. “Sua. Você é um
homem das cavernas.”
“Estou pronto para este encontro, e então quero tirar este traje do seu
corpo, pequena alienígena. Quero lamber cada centímetro de você,
especialmente entre suas coxas...”
“Breccan!” Ela olha para Oz, que usa um sorriso tímido. “Nós temos
companhia.”
Quero rosnar e me enfurecer com ele para dar o rekk daqui, mas ele
me ajudou muito. Honrando seu trabalho duro, estendo minha mão para ela.
“Jareth e Oz fizeram isso para você.”
Ela pega os pedaços de metal zuta achatados que tilintam juntos e
estão amarrados em uma corda fina, e o levanta. “Eles me fizeram um
colar?”
Oz se aproxima de nós, orgulhoso em cada passo. “Sim.” Ele
concorda. “Como você verá, nós martelamos o metal zuta mais brilhante
que possuímos. Breccan mencionou a ‘joia’ que você tanto gostava. Nós
trabalhamos duro para imitar o design. Espero que você ache do seu
agrado.”
Ela se afasta de mim para abraçá-lo. Quero arrastá-la de volta para
os meus braços, mas sei que minha pequena alienígena odeia quando ‘fico
todo louco’, como ela diz. Ela é mais suave comigo se eu deixa-la tomar
suas próprias decisões. E agora, ela está decidindo abraçar Oz. Um abraço
amigável, devo acrescentar. Quando nos abraçamos, ela gosta de pegar meu
traseiro e apertar.
“Obrigada.” Ela respira. “Você me ajudará a colocá-lo?”
Ele sorri, suas presas duplas em plena exibição, como se ela lhe
desse a mais alta honra. Assisto em diversão enquanto ele o amarra em
volta do pescoço dela. A maior peça de metal zuta está pendurada e esconde
a linha que seus seios criaram ao serem espremidos juntos. Decido que
gosto desse colar de metal zuta porque meus morts não verão uma parte
dela que estou desesperado para lamber.
Ela se vira para mostrá-lo, e ele sorri tão forte que me pergunto se
dói. Minha doce pequena alienígena é tão boa para os meus homens. Um
solar em breve, me certificarei de que eles tenham suas próprias
alienígenas. No tempo devido. Estou hesitante em acordá-las porque ainda
não sabemos o suficiente sobre elas. Para não mencionar, não há o
suficiente para todos. E escolher a felicidade para um enquanto nego a outro
não está na minha lista de coisas que estou ansioso para fazer.
“Está na hora.” Digo a ela e estendo minha mão.
Ela a pega e une nossos dedos. Quando está quieto e estamos
sozinhos, esta é uma de suas coisas favoritas para fazer. Gosto do jeito que
seus dedos cor de rosa parecem ao lado dos meus brancos pálidos. Como
nos encaixamos de alguma forma única.
“Isso é muito gentil.” Ela diz enquanto caminhamos pelo corredor.
“Estou tão feliz.”
Estufo meu peito e sorrio. “Essa foi a intenção. Essa é a minha
intenção com tudo que faço... te fazer feliz.”
Eu a guio para a área de nutrição. Hadrian, assim como pedi,
arrastou minha mesa do meu quarto e a colocou no meio desta sala. Puxo a
cadeira dela e ajudo-a a se sentar ― exatamente como os homens de seus
filmes. Ela solta um suspiro satisfeito que me enche de esperança.
Hadrian, de algum lugar escondido, apaga as luzes. A pequena
cúpula na mesa acende. Não tenho certeza se isso está perto de seu jantar à
luz de velas, mas pela maneira como ela passa os dedos sobre a cúpula e
funga, sinto como se talvez isso invocasse algumas memórias de casa. Meu
peito está apertado de ansiedade, mas até agora ela adorou cada um dos
meus gestos.
Hadrian aparece carregando dois pratos de comida. Ele os coloca na
frente de cada um de nós.
“Rekk.” Ele amaldiçoa, com os olhos colados no peito da minha
companheira.
Rosno, fazendo Aria rir. Seus seios balançam e ganham mais atenção
de Hadrian.
“Uh, isso é uma boa... bagunça de metal zuta no seu pescoço.” Ele
diz, tentando salvar-se de um estrangulamento.
“Oh, Hadrian...” Ela diz divertida. “É um colar. E obrigada.”
“Eu cortei seu sabrevipe em pedacinhos.” Ele se vangloria. “E seus
cachos verdes são os mais verdes, o que significa que eles não são tão
amargos. Eu deveria cortar isso para você também?”
“Isso é perfeito, Hadrian. Eu posso gerenciar.”
Ele assente e sai correndo. Ela sorri e cora sob meu olhar intenso. Eu
não quero comer. Simplesmente quero olhar para ela. Quando ela percebe
que não estou comendo, ela pega um pedaço de sua carne com os dedos e a
estende para mim.
Minha boca rega para saboreá-la mais do que a carne, então me
agarro à oportunidade. Agarro seu pulso e o puxo para mais perto. Puxando
a carne de seu aperto, rapidamente a como e, em seguida, lanço minha
língua bifurcada para fora. Sua respiração engata enquanto lambo os restos
da carne da sua pele.
“Uau, uh, está quente aqui.” Ela murmura.
Continuamos nossa refeição e ela me conta tudo sobre cachoeiras e
ilhas. Não sei sobre essas coisas, mas a maneira como ela as descreve
parece adorável. Se pudesse dar a ela, eu daria. Eventualmente, nós
terminamos e a guio para o centro de comando, que foi configurado para
mais de nosso encontro.
Dentro, encontramos uma das telas de computador. Eu a ajudo a
sentar em um dos assentos e começo a gravação. Essa foi a coisa mais
complicada, e não tenho ideia de como isso aconteceu. Espero que o
Hadrian não tenha feito bagunça.
Quando começa, ela engasga.
E então ri.
Risos, risos e risos.
Eu também rio.
Aquele mortarekker não decepcionou, e como ele conseguiu colocar
Draven nisso, eu não faço a mínima ideia. Eles fizeram para ela um filme.
Eles estão todos nisso. Galen, Avrell, Calix, Draven, Oz, Jareth, Sayer,
Theron e finalmente Hadrian.
Atuando.
Cada macho atua como si mesmo, exceto Hadrian e Draven. Draven
sou eu, e devo admitir que seu rosnado está no mesmo nível do que eu faço.
Estou impressionado com o quão duro ele parece enquanto caminha.
Mas Hadrian? Hadrian está fingindo ser Aria. Estou rindo tanto,
lágrimas vazam dos meus olhos. Aria ainda está rindo também.
“Oh, besta, me mostre seu pau nu novamente seu rogstud gigante.”
Hadrian diz, sua voz aguda. Ele flerta por aí fazendo papel de bobo.
Draven rosna. Novamente. E joga Hadrian por cima do ombro.
“Alienígena, estou levando você para minha toca para colocar a minha
semente em você uma e outra vez até que você esteja gorda com o meu
filho.” Ele bate no traseiro de Hadrian e ele grita.
“Não tão forte, seu mortarekker!”
Draven sorri para a fonte da gravação enquanto caminha ao redor da
instalação ‘trabalhando’ com um Hadrian se contorcendo fingindo ser Aria
atirado por cima do ombro. Eles até imitam uma caçada, onde Hadrian
sussurra em voz alta para Draven colocá-lo no chão. Então ele volta a ser
Hadrian, e ele mata o ‘maior sabrevipe em toda a terra.’ Uma vez que ele se
vira, mostrando seus músculos, ele dança fora da tela e depois retorna,
fingindo ser Aria novamente.
“Hadrian, você é tão corajoso. Quando o velho desistir, eu vou te
levar como meu. Você pode colocar sua semente em mim e...”
Draven bate nele na cabeça. “Não desrespeite o comandante.”
“Quero dizer...” Hadrian retrocede em sua voz alta de Aria. “Eu vou
estar tão distraída sobre o comandante bonito que eu nunca vou rastejar
para fora da minha cama novamente.”
Draven assente, satisfeito. “Ainda bem que ainda estou vivo.” Ele
começa a descompactar o minnasuit ― mas depois ele balança o dedo para
nós. “Para ver mais, você terá que pegar o próximo.” Ele diz.
Todos os morts fazem uma reverência e a gravação termina.
“Oh meu Deus.” Aria ri através de suas lágrimas. “Você realmente
presta atenção a tudo o que digo.” Quando se acalma de sua risada, ela se
levanta da cadeira e rasteja para o meu colo. “Não sei o que poderia tornar
este encontro melhor do que o final feliz que teremos depois.”
Acaricio meus dedos pelos cabelos dela. “Doces?”
Ela geme. “Nem me provoque desse jeito.”
Com um sorriso, puxo a bolsa do bolso e a entrego para ela. Seus
olhos arregalados brilham de excitação enquanto ela se apressa para abri-lo.
O perfume permeia o ar e ela ofega.
“Caramelo?”
“Não exatamente.” Digo. “Eles são doces de raiz dourada. Galen
espera que você fique satisfeita com eles.”
Ela arranca uma da bolsa e coloca na sua língua. Seus olhos se
fecham e ela geme. O bom tipo de gemido. Quando ela reabre os olhos,
uma emoção estranha nada neles.
“Breccan?”
“Sim, Senhora Comandante?”
“Você fez bem. Muito bem.” Ela sorri. “Eu quero um beijo.” Seus
olhos escurecem e ela monta meu colo, onde meu pau dolorido está duro
embaixo dela. “Com língua.”
CAPÍTULO DOZE
ARIA

Ainda não disse à Breccan que tenho a pulseira dele.


Sei que deveria, mas não posso deixar de pensar que talvez precise
em algum momento. Além disso, ele conseguiu uma nova de qualquer
maneira, então não é como se ele sentisse falta disso. A vida com os morts
tem sido... indescritível. Nos meus papéis em casa, eu costumava
representar a família feliz, mas aqui... aqui estou começando a realmente
sentir isso. É um sentimento que não quero perder, e sei que se lhe dissesse
que roubei a pulseira e me agarrei ao meu pequeno plano b, isso destruiria
essa felicidade.
Nós estamos deitados na cama, meu corpo ainda congelado nos
efeitos posteriores da toxica, algumas manhãs depois do encontro
inacreditável que eles planejaram para mim. Os efeitos paralisantes não são
tão fortes quanto costumavam ser, e também aproveitei o modo como
prolongam e melhoram meu prazer. Era um aspecto que não considerei na
primeira vez que isso aconteceu, que ceder a ele, confiar que ele cuidaria de
mim, aumentaria as sensações e as tiraria.
“O que consome seus pensamentos, minha companheira?” Breccan
pergunta enquanto suas garras arranham minhas costas nuas.
Sorrio contra seu peito, sentindo-me mais contente do que nunca
senti em minha vida apesar de minhas preocupações. “Estou feliz.”
Suas garras se retraem e a suavidade de seus dedos as substitui. Ele
cobre as bochechas da minha bunda e abre minhas pernas sobre seus
quadris. Posso sentir o impulso agradável de seu pau entre as minhas coxas
e isso me faz suspirar.
“Isso me traz prazer. Tudo que eu quero é te fazer feliz.”
“E o que faria você feliz, Breccan?” Ele me pressiona mais
firmemente contra a crescente dureza entre nós. “Além disso.” Digo, mas
minha voz é praticamente um ronronar. Deve ser contra a lei quão
habilidosos esses alienígenas são em fazer amor. Bem, meu alienígena de
qualquer maneira.
“Você é tudo que preciso para ser feliz.”
Deixo escapar as próximas palavras, inconsciente de que elas eram
mesmo um medo até que saem dos meus lábios. “E se eu nunca
engravidar?”
Nós temos feito sexo praticamente diariamente desde que acordei,
exceto por alguns dias quando ele estava me cortejando. A preocupação é
clara no rosto de Avrell toda vez que ele faz uma verificação e me informa
de novo e de novo que não estou grávida. Breccan, no entanto, tem sido
paciente, resoluto. Se ele se preocupa, nunca me deixa ver isso.
Ele levanta meu queixo para estudar meu rosto. O seu próprio é sério
enquanto considera suas palavras. Meu companheiro pode ser impetuoso e
teimoso como uma mula, mas ele é um líder por uma razão e eu,
cautelosamente, estou aprendendo a confiar nele. “Isso tem incomodado
você, minha companheira?”
Eu me mexo desconfortavelmente. “Mais ou menos... quero dizer,
essa é toda a razão pela qual você queria me manter. Se eu nunca
engravidar, tudo isso foi para nada.”
Meu coração está na minha garganta enquanto estudo seu rosto, mas
ele apenas sorri. “Mortania, existem outras fêmeas que podem produzir
jovens.” Seus olhos se tornam predatórios. Se todo o meu corpo não
estivesse frouxo da toxica, teria derretido com suas palavras. “Se isso te
preocupa tanto, sempre podemos nos esforçar mais para procriar.”
“Mais esforço?” Grito. “Você me tem de manhã antes das rondas no
centro de comando e à noite antes de dormir. Às vezes você me procura no
meio do dia! Se nos esforçarmos mais, nunca sairíamos da cama.”
Ele toma minha boca em um beijo ardente. “Eu ficaria bem com
isso.”
***

Nossas palhaçadas matinais atrasam Breccan para suas rondas, mas


ele meramente rosna e se afasta, um sorriso satisfeito em seus lábios. Um
sorriso que eu coloquei lá.
Apenas posso esperar que o que pretendo fazer em seguida não
roube esse sorriso por muito tempo.
Depois que me instalei em minha vida como parte da facção,
Hadrian e Oz lutaram para me dar passeios para me familiarizar com o
layout da instalação. A câmara criostática está na área médica ao lado do
escritório de Avrell. Eu me dirijo para lá uma vez que Breccan está fora de
vista e espero que ninguém me pare no caminho.
Sayer, o especialista em linguística, acena quando passo por ele
perto da área de nutrição, mas ele não me para. Digo uma rápida oração de
agradecimento por sua propensão a ter seu nariz preso em um livro ou
outro, porque ele mal olha para cima quando nos cruzamos. Um suspiro sai
dos meus lábios e pressiono a mão no meu estômago revirado. Boca seca,
mordo meus lábios e espero que ninguém mais esteja vagando pelos
corredores.
Não estou fazendo nada de errado. Mas apenas parece errado não
ser completamente honesta com meus rapazes. Passei a conhecê-los e
apreciá-los e a última coisa que quero fazer é traí-los. Mas antes que eu
realmente aceite o meu destino aqui, preciso ver as outras mulheres por
mim mesma e depois conversar com Breccan sobre quais são seus planos
para acordá-las. Durante a maior parte da minha vida, deixei as coisas
acontecerem comigo e com as pessoas ao meu redor... não mais. Uma
estranha reviravolta do destino nos trouxe até aqui, e serei amaldiçoada se
não cuidar das outras garotas.
Talvez seja toda a conversa de procriação e responsabilidades.
Talvez seja porque passei muito tempo com os caras e anseio por ver
alguém como eu. Não percebi como é solitário ser a única humana entre um
bando de alienígenas. Seja qual for a razão, chego a câmara criostática e
aceno minha pulseira sob o scanner com o coração batendo contra as
costelas tão violentamente que temo desmaiar.
A tela emite um tom familiar de acesso e meus ossos se transformam
em geleia de alívio. Olho por cima do meu ombro enquanto passo pela
porta. As câmeras vão gravar minha presença e, no momento em que
questionarem minha visita, terei uma explicação. Não acho que me meteria
em problemas por estar aqui, mas também não quero uma audiência.
Só quando me viro percebo que não estou sozinha na sala. A porta se
fecha muito rapidamente atrás de mim para eu escorregar de volta, e então
estou presa com vários criotubos ― aquele de onde saí vazio, os outros
ainda ocupados ― e um mort. Não posso dizer quem.
Não posso voltar sem chamar sua atenção; é um milagre que ele não
me notou na primeira vez. Hesito por alguns momentos antes de perceber o
que ele está fazendo. Demora alguns minutos porque a única luz na câmara
criostática é uma cor azul fraca que emana dos tubos verticais. As mulheres
adormecidas não precisam de luz, então a maior parte da sala é banhada por
sombras.
A princípio, acho que é Avrell. Ele sempre parece estar correndo de
um lado para o outro, verificando suas estatísticas e testando-as quanto à
compatibilidade genética com os morts ― algo que tentei não pensar. Eu
tive uma escolha ― se não a princípio, então certamente depois ― mas
estas mulheres não. Talvez seja por isso que estou aqui. Para dar uma
escolha a essas mulheres.
Dou um passo mais perto e o mort se desloca em minha direção.
Calix.
O brilho azul dos tubos reflete em seus óculos, então não posso ver
seus olhos. A caneta que ele carrega religiosamente está escondida atrás da
orelha pontuda, esquecida. Suas garras estão estendidas e raspam contra o
vidro, o som silenciado pelo zumbido das máquinas. Talvez seja por isso
que ele não me ouviu entrar. Isso, ou ele está tão extasiado com a mulher no
tubo à sua frente que uma daquelas tempestades poderia acontecer agora e
ele não notaria.
Minha garganta se fecha, tornando a fala impossível enquanto Calix
tecla um comando na tela sensível ao toque do tubo que faz com que a
janela na frente do corpo da mulher se abra. Ele coloca um braço sobre o
tubo criogênico sobre a cabeça e ergue o outro para pressionar o material do
vestido fino que ela está usando.
Tento racionalizar o que ele está fazendo. Ele é o especialista em
doenças. Faz sentido que ele estaria fazendo testes nas mulheres, mas ele
não tem nenhum equipamento com ele e a maneira como ele está tocando
nela certamente não é clínica. A expressão em seu rosto é reverente,
admirada, mas meu cérebro pula para a frente e para a violação que parece
muito familiar.
“O que você está fazendo?” Grito.
Calix pisca lentamente, como se estivesse em um sonho. “Aria?”
“Tire suas mãos dela.”
Ele as afasta e as aperta em punhos ao seu lado. “Breccan sabe que
você está aqui?”
“Oh, ele irá em breve. O que você estava fazendo com ela?”
“Fazendo?”
Meu estômago se agita enquanto o rosto de Kevin nada na minha
visão. A imagem é passageira, mas faz o pouco café da manhã que comi
agitar desconfortavelmente. “Tocando-a assim.”
“Eu não a estava machucando.” Ele parece chocado com a noção,
mas minha raiva não é influenciada.
“Você não deveria tocá-la.”
“Ela é para ser minha companheira, Aria.”
Pressiono uma mão na minha barriga e giro, com certeza ficarei
doente. “Eu tenho que ir.”
Eu nem me importo se ele vê a pulseira enquanto a balanço na frente
do sensor freneticamente. Calix segue logo atrás, mas tudo o que posso
pensar é chegar a algum lugar seguro antes de vomitar por todo o chão.
“Aria, espere!” Ele grita atrás de mim.
Mal posso ouvi-lo sobre o zumbido nos meus ouvidos. Ele poderia
me pegar se quisesse, mas mantém uma distância segura entre ele e a fêmea
chorando.
Corro até encontrar Breccan perto dos laboratórios de Galen. Ele
imediatamente sorri, mas se transforma em uma carranca quando ele corre
para o meu lado. “O que há de errado, minha Aria?”
Calix corre para nós e Breccan rosna. Calix imediatamente dá um
passo cauteloso para trás. “Eu não a machuquei, antes de você arrancar
minha garganta.”
“Então por que ela parece assustada?”
“Eu... não tenho certeza, Comandante.”
“Explique.” Breccan me ordena.
“Eu tenho sua pulseira e fui ver as mulheres nos criotubos.” Digo
tudo de uma vez e não dou a ele uma chance de reagir antes de continuar.
“Calix estava lá e ele estava tocando uma das mulheres!”
Ele me dá um olhar que diz que vamos falar sobre a braçadeira
depois. Para Calix, ele diz “Há algo errado com uma das mulheres?”
“Não, comandante.”
“Você tem que fazer algo sobre isso.” Digo.
“Mortania, conheço Calix a vida toda. Confio nele com isso. Tenho
certeza de que ele não quis prejudica-la. Você veio a conhecê-lo também,
espero. Nós queremos nada mais do que te proteger.”
Quero puxar meu cabelo em frustração. “Nós tivemos uma conversa
sobre escolhas, Breccan! Fazer qualquer coisa para aquelas mulheres sem o
seu conhecimento ou consentimento não está bem.”
Ele dispensa Calix. “Nós também tivemos uma conversa sobre o
nosso povo, Aria. Se não as engravidarmos e rapidamente nossos homens
logo morrerão.”
“Eu pensei que estava bem com isso, mas não posso deixar você
tratá-las como se não fossem pessoas. Elas são como eu.”
“Você é minha companheira e será a mãe dos meus filhos. Você
ouvirá a razão.”
“Eu sou sua companheira e a futura mãe de seu filho, mas você não
me possui! Meus pensamentos são meus e você prometeu que eu estaria a
salvo aqui, livre para falar o que penso.”
“Você não está em perigo. Meus homens morreriam por você como
fariam comigo. Eles mostraram de novo e de novo como eles pensam em
você como se fosse deles. Não provei minha devoção a você?”
“Então me escute. Essas mulheres são pessoas, assim como eu. Elas
têm sentimentos, esperanças e sonhos. Seus homens não podem tratá-las
como menos que humanos. Se você não consegue ver isso, então temos um
problema aqui. Não posso estar com alguém que permita que tal coisa
aconteça. Você não vê?” Uma lágrima corre pela minha bochecha e a
enxugo. Odeio chorar. “Onde nós colocamos o limite? Você pode me
entender e respeitar, mas você pode dizer o mesmo para seus homens? O
que eu vi Calix fazendo não era clínico ou qualquer parte de seus deveres.
Foi predatório. Eu não farei parte deste evento, não mais.”
“As alienígenas são minha preocupação, Aria, como eu sou o
comandante desta instalação. Meus homens estão apenas fazendo sua parte
e cumprindo minhas ordens.”
“Mas você é o alto e poderoso comandante. Se você pretende que eu
faça parte da facção, se você pretende que nosso filho, que é meio humano,
faça parte da facção, então a maneira como você trata essas mulheres deve
mudar.”
As orelhas de Breccan se encostam em sua cabeça e me pergunto se
fui longe demais. Como éramos tão felizes apenas algumas horas atrás?
“Isso é uma ameaça?”
Outra lágrima cai do meu queixo. Eu me sinto fraca, mas se esta é a
colina que escolho para morrer, eu poderia escolher pior. Lembro-me de
como estava com medo quando acordei, sozinha, sangrando e cercada por
alienígenas estranhos. Como sua companheira, como companheira do
comandante, não posso deixar de sentir que é meu trabalho, meu dever,
proteger essas mulheres. Posso não ser capaz de mandá-las para casa, mas
posso protegê-las aqui. Pelo menos com a melhor das minhas habilidades.
Meu coração se quebra com o olhar feroz no rosto de Breccan.
Mesmo que isso signifique perder a melhor coisa que já aconteceu
comigo.
CAPÍTULO TREZE
BRECCAN

Minhas orelhas se achatam contra a minha cabeça. Quero me


enfurecer e destruir. Não por causa de Calix. Não por causa de Aria. Apenas
pela situação. Por que tudo tem que ser tão complicado?
“Uma ameaça?” Ela sussurra, lágrimas escorrendo por suas
bochechas. Minha boca enche d’água para lambê-las porque elas são tão
doces, mas sei que agora não é a hora. “Se você não se importa com meus
pensamentos e sentimentos, então como posso me importar com você?”
Eu poderia sufocar Calix por fazer minha companheira ficar
chateada.
“Aria”, digo, com meu tom mais suave. “Você não entende.” Ela não
entende. Ela não estava aqui quando vimos nossas famílias morrerem uma a
uma. Ela não estava aqui quando estávamos enlouquecidamente
aterrorizados. A procriação bem-sucedida com essas alienígenas é tão
crucial. É realmente uma questão de vida ou morte de uma espécie inteira.
“Acho que tenho a minha resposta.” Ela diz ― então arqueia e
vomita sem aviso a seus pés.
“Aria!” Grito e me aproximo dela quando ela se torna vacilante e
balança.
Felizmente, Calix está bem atrás dela e a pega antes de cair.
Rapidamente a puxo em meus braços e caminho pelo corredor até o
laboratório de Avrell. Seus olhos estão arregalados quando corro através das
portas, mas ele não perde tempo e me leva até a cama. Eu a deito e ela pisca
lentamente para mim, seu rosto pálido. Pegando sua mão, salpico beijos nas
costas dela.
“O que há de errado com ela?” Exijo, com minha voz dura e
violenta.
Ele começa a ligá-la a algumas máquinas, um olhar esperançoso em
seu rosto. Suas presas duplas, enquanto ainda não são tão proeminentes
quanto as outras desde que ele colocou alguns para baixo, aparecem
enquanto ele sorri.
“Por que você está tão rekking feliz?” Estou a segundos de subir na
mesa e tirar o sorriso do rosto dele.
Ele pega seu wegloscan e agita-o sobre o abdômen dela. Uma
vibração de esperança dança dentro da minha caixa torácica. Ele sempre
fica vermelho. Vermelho é a cor da morte e dos futuros sem esperança.
Como a paisagem do Cemitério. Como os céus que são radioativos com
toxinas prejudiciais. Mas o wegloscan não está aceso vermelho.
Está verde.
Como amargos cachos verdes dos quais sobrevivemos quando a
carne é inexistente.
Como a cor das pedras que coletamos dos poços subterrâneos que
sempre brilham com água limpa vinda do fundo do nosso planeta, protegida
dos patógenos que afligem todo o resto.
Verde é a vida.
Verde é um futuro.
Coloco minha mão sobre sua barriga lisa e sorrio para ela. “Aria...”
Então, me viro para Avrell. “É verdade?”
Ele está concordando com os olhos arregalados. “Ela está
impregnada com sucesso.”
Solto uma risada alta de prazer e olho para o minha doce e fértil
companheira alienígena. Mas ela não está sorrindo. Sua felicidade foi tirada
de suas feições e seus olhos castanhos que sempre brilham de emoção estão
mortos. Vazios. Desolados.
“Aria.” Murmuro, preocupação fazendo minha voz ficar rouca.
Ela se senta e balança sua cabeça para mim quando a alcanço. “Não
me toque.”
Um rugido ressoa através de mim. Quero puxá-la em meus braços e
lamber cada parte dela, adorar seu corpo como se ela fosse o sol. Mas então
lembro dos desejos dela. Isso iria irritá-la ainda mais e afastá-la.
“Aria.” Digo de novo e levanto a palma da mão, desejando que ela a
toque com a dela. Uma desculpa. Nós vamos trabalhar com isso. Ela e as
outras alienígenas levarão nossos jovens. Nosso futuro não é mais sombrio.
É reluzente e brilhante.
Ela olha minha mão como se eu tivesse infectado com Rades. Suas
narinas se dilatam em desgosto. Seu lábio se curva, mostrando os dentes
para mim. Quando chego um pouco mais perto, ela suspira como um jovem
sabrevipe.
“Avrell...” Ela instrui, sua voz fria e vazia. “Mostre-me a ala de
navegação.”
“A ala de navegação foi fechada por muitas revoluções.” Rosno,
minha raiva me ultrapassando. Eu mesmo a selei, incapaz de ver mais
memórias do nosso passado por medo de sucumbir à loucura deprimente.
Cor transborda para suas bochechas salpicadas e ela aponta um dedo
acusador em minha direção. “É o local mais distante de você.” Então ela
olha para Calix. “E ele. Mande Hadrian ficar comigo se estiver preocupado
que eu esteja sozinha ou se você quiser que alguém cuide de mim.”
“Não.” Grito. Quero puxá-la para os meus braços e, no entanto, me
contenho. Cada fibra do meu ser implora para que eu faça isso. Mas minha
companheira está frágil e irritada. Não irei desfazer tudo pelo que
trabalhamos tanto. Não trairei a confiança da minha companheira, mesmo
quando ela está zangada comigo.
Ela fecha os olhos por um momento, mais lágrimas quentes vazando.
Quero lamber todas elas. Sussurrar promessas a ela.
“Estou me mudando.” Ela diz com firmeza. “Preciso de espaço de
você. De todos vocês.”
“Aria.” Grito, com minha voz tremendo. “Você não pode sair.”
Sua sobrancelha sobe, um brilho desafiador em seus olhos. “Eu
posso. Eu vou. Você vai me deixar.”
Calix ainda não olha para mim, sua cabeça curvada em submissão.
Avrell permanece imóvel ao nosso lado. Minhas mãos formam punhos e as
deixo cair ao meu lado, engolindo o desejo de acariciar minhas garras
através de seu cabelo macio.
“Devemos falar sobre isso.” Digo, pânico subindo na minha voz.
Ela me dá um aceno de cabeça cortado. “Nós iremos, eventualmente.
Mas agora não posso. Estou nauseada agora por muitas e muitas razões.
Avrell.” Ela se aproxima e agarra seu cotovelo em busca de apoio. Seus
olhos se lançam aos meus em confusão. Aceno meu comando para ele
escoltá-la.
Com um suspiro pesado e choroso da minha companheira, eles saem
do laboratório.
Meu coração vai com eles.

***

Passaram três solar desde que Aria foi embora. Pensei que ela
precisava deixar a raiva esmaecer um pouco, mas em vez disso, ela
desapareceu. Quando voltei para os nossos aposentos, suas roupas, joias e
manta favorita desapareceram. Ela também levou seus doces de raiz
dourada. Como ela não vai longe sem esses, eu sabia que ela estava falando
sério naquele momento.
Cada solar, muito depois de as luzes se apagarem, eu me debato e
viro, inalando seu perfume persistente que se agarra aos meus lençóis.
Estou enlouquecendo. Os primeiros solar, depois de sermos forçados a
entrar na instalação, estão à frente da minha mente. A solidão. O desespero.
O desespero total para alguém entrar e salvar a todos nós.
Ninguém veio.
Lentamente, solar por solar, tivemos que sair da loucura mental e
nos apegar a uma esperança de que naquele solar seriamos novamente um
povo próspero e bem-sucedido. Pouco a pouco, faríamos progressos e
faríamos o que pudéssemos.
Havia sempre um indício de esperança que nos impulsionava.
Agora, não consigo me agarrar a essa esperança.
Desesperado por algo para tirar a dor mental, abro as portas de metal
zuta no centro de comando e deixo os UVs entrarem na sala. É preciso
força, mas evito abrir o zíper do meu minnasuit e deixá-lo queimar minha
pele. Mas não preciso mais disso... não desde ela. O que preciso fazer é
pensar. Preciso planejar e melhorar as coisas. É por isso que convoco uma
reunião.
Todo mundo está aqui, exceto Calix e Hadrian.
“Onde está Calix?” Grito. Sei onde Hadrian está. Ele está ocupado
cuidando da minha companheira na minha ausência. Tanto quanto a fera
dentro de mim se debate e grita em protesto, sei que é o melhor. Ele
também me mantém informado de sua saúde e bem-estar geral. Sou grato
por sua ajuda. Ela confia nele e ele não é uma ameaça para ela.
Diferente de mim.
Fecho meus olhos e empurro esse pensamento para fora da minha
cabeça.
Eu nunca a ameaçaria. Sua má interpretação é apenas isso... uma má
interpretação. Quando ela se acalmar, ela verá. Eu a farei ver.
“Ele está a caminho. Disse que precisava parar no laboratório para
verificar alguma coisa.” Sayer diz, seus olhos nunca deixando um dos
manuais antigos que já lemos mais vezes do que posso contar. Seus longos
cabelos negros estão enrolados no mesmo tipo de nó que Aria usa às vezes
em cima de sua cabeça. Meu coração aperta, sabendo que ela lhe ensinou
como fazer o nó.
“Comandante.” Avrell diz, como sua voz firme. “Feche as portas de
metal zuta.”
Solto um gemido, mas faço como pedido. A última coisa que preciso
é ser enfraquecido pelos raios UV. Preciso da minha mente afiada e meu
corpo forte. Depois de fechá-las, vou até a cabeceira da mesa e me sento.
Olho em volta para os soldados da facção, meus homens mais confiáveis ―
meus únicos homens. Avrell está à minha direita, com um tablet na mão.
Seu cabelo normalmente cortado está um pouco desgrenhado e ele parece
cansado. Ele tem trabalhado incansavelmente cada solar nas amostras e as
tentativas de implantação nas outras alienígenas. Admiro sua devoção à
extensão de nossa raça.
Ao lado de Avrell, Galen pega a sujeira debaixo de sua garra usando
uma magknife. Tento não me encolher. Seu cabelo desgrenhado está
pendurado em seus olhos inclinados e suas sobrancelhas negras estão
enroladas. Sei que ele passa cada solar dedicando cada grama de energia
para as mudas que ele tenta cultivar em seu laboratório. Se não fosse pelo
seu trabalho duro, teríamos passado fome muitas revoluções atrás.
“Qual é o status na nave?” Pergunto, estalando os sub-ossos no meu
pescoço. Estou tenso. Completamente.
Theron, que está girando rápido demais em sua cadeira ao lado de
Galen, agarra o lado da mesa, suas garras afundam na superfície dura e para
a si mesmo. “A nave tem um nome.” Ele diz secamente. “Sayer e eu
esvaziamos o capacitor de combustível em Mayvina. Depois da nossa
última corrida, queimamos nosso combustível e é um rekking de milagre
que voltamos para casa. Fumaça, Comandante. Nós voltamos em fumaça.”
Se eu fosse aquele que rezava aos deuses, enviaria um
agradecimento por permitir que Aria chegasse inteira.
“Está pronta para outra corrida?” Pergunto.
Theron sacode a cabeça e puxa uma tira de tecido do bolso e morde
enquanto reúne os cabelos negros na altura dos ombros. Falando por entre
os dentes, ele diz, “Não está pronta. Enquanto estávamos descarregando o
capacitor de combustível, Sayer encontrou uma ruptura na parte externa da
caixa do motor.” Ele amarra a tira no cabelo e encolhe os ombros. “Essa é a
especialidade de Oz.” Ele se vira e faz um gesto para Oz, que se senta ao
lado dele.
Oz sorri e puxa um objeto de metal zuta engordurado do bolso. “O
rasgo na costura externa era simples de consertar. Isto?” Ele acena no ar. “O
container de deflexão falhou e quem rekk sabe quando. É uma maravilha
que os alienígenas não nos seguiram até o nosso planeta e nos enviaram
para os Eternos.”
Theron bufa. “Porque Mayvina...” Ele enuncia, e me dá um olhar
aguçado, “ronrona como um sabrevipe recém-nascido e corre como um
rogstud alfa.” Ele me lança um sorriso maroto. “Eles não conseguem
acompanhar a Mayvina. Mesmo quando minha fêmea de metal zuta está um
pouco doente e precisa de reparos. Ela nunca desaponta.”
Evito revirar os olhos. “Quando tudo estará operacional na
Mayvina?”
“Logo.” Theron me garante, suas garras batendo na superfície da
mesa. “Logo, Comandante.”
O assento em frente a mim na outra extremidade da grande mesa que
acomoda dez está vazio. Draven se inclina contra a parede atrás de seu
assento, seus olhos negros e fendas estreitas. Enquanto os olhos dos outros
morts só mudam quando estão com raiva ou extremamente emocionados, os
de Draven permanecem assim sempre. Ele me garante que está calmo e
lúcido, mas vejo a loucura que ainda vive dentro dele. Não tenho certeza de
que isso vá desaparecer.
“Qual é o status das feras na área? As tempestades expulsaram os
sabrevipes?” Pergunto a Draven. Adoraria que eles dessem o rekk fora, para
que os rogcows vagueassem em nosso caminho. Eles são alimentos
melhores.
Ele se afasta da parede, olha a porta aberta e depois relaxa um
pouco. As cicatrizes auto infligidas ao longo de seus braços nus são um
lembrete constante das vezes em que ele tentou arrancar as feridas de seu
corpo quando estava quase morrendo por causa de Rades. Elas devem
incomodá-lo de vez em quando, porque ao contrário do resto de nós, que
usam minnasuits completos que cobrem nossos braços, ele cortou as
mangas de todos os seus minnasuits. Seus cabelos negros são cortados
curtos e irregulares em alguns lugares a partir do crescimento desajeitado
após a doença. Ninguém diz nada sobre as cicatrizes ou como os Rades
arruinaram seu corpo e mente.
“Sabrevipes são abundantes.” Ele rosna. “Vi alguns voadores ao sul
a poucos mettalengths de distância da instalação.”
Arqueio uma sobrancelha para ele. “Da torre?”
Seus olhos voltam para a porta novamente, sempre se certificando de
que haja uma rota de fuga. “A torre, comandante.” Afirma, sua voz sem
remorso.
Aperto meu queixo e evito repreendê-lo por gastar tanto tempo na
torre. Os ventos são brutais lá em cima e você tem que ser completamente
coberto da cabeça aos pés em camadas protetoras e uma máscara completa.
É solitário, ventoso e chato. Acredito que meu tenente gosta da abertura.
Ele sofre com a sensação de estar preso e a torre é mais uma fuga para ele.
O problema é que é inseguro e aberto a predadores. Um sabrevipe não pode
subir tão alto, mas ele trouxe de volta as carcaças de vermes peçonhentas
que são conhecidas por nidificar nessas alturas. Dentes incrivelmente
afiados e eles se movem rapidamente. Azar para eles, Draven se move mais
rápido.
“Não é seguro se afastar tanto da instalação.” Lembro-lhe.
Seus olhos negros me penetraram. “Claro.”
Estou enervado pelo brilho em seu olhar. Draven é um selvagem. Às
vezes temo que ele simplesmente desapareça um solar. Apenas escorregue
pela porta e caminhe para a grande abertura.
Jareth, que se senta em frente a Theron, do outro lado da cadeira
vazia de Draven, rabisca em um pedaço de papel. Suas mãos brancas estão
cheias de pequenos cortes e seu cabelo curto e escuro está aparecendo em
pelo menos quatro direções diferentes. Ele empurra o papel para Sayer ao
lado dele, e Sayer assente, com um sorriso no rosto. Sayer pega o papel e o
coloca entre as páginas de seu livro e o fecha.
“Preciso do relatório de Calix.” Resmungo. “Onde rekk ele está?”
Antes que alguém possa responder, um rugido alto e dolorido ecoa
do corredor.
Eu me levanto quando Calix entra no centro de comando com a
força de uma tempestade brutal. Seus olhos negros são fendas e suas orelhas
achatadas contra o crânio. Ele mostra os dentes, suas presas duplas
brilhando na luz e respira pesadamente. Neste momento, ele está louco. Eu
me preocupo que ele tenha contraído o Rades porque a loucura em seu olhar
coincide com a de Draven.
“Qual é o problema?” Exijo.
“Eu vou rasgar a sua mortarekking cabeça fora de seus ombros!” Ele
grita enquanto manda uma cadeira voando para a parede.
Por processo de eliminação, digo, “Hadrian?”
Calix olha para mim enquanto Avrell se levanta ao meu lado. Draven
está tenso do outro lado da sala. O protocolo afirma que, se alguém tiver
sintomas de Rades, você o incapacita e coloca imediatamente em
quarentena.
Ele certamente não se parece com o seu eu habitual. Os óculos que
pertenciam a Phalix se foram, a única coisa que Calix recuperou do corpo
dizimado do pai. A caneta de seu zenotablet que está sempre empoleirado
atrás da orelha está ausente. Seu cabelo curto está bagunçado.
“Calix...” Avrell diz suavemente. “Vamos levá-lo ao laboratório para
que eu possa fazer alguns testes. Você não está agindo como...”
“Eles a levaram!” Calix ruge, seus sub-ossos rachando e estalando
em seu pescoço enquanto assume plenamente sua posição de batalha.
“Quem levou quem?” Exijo.
Ele assobia para mim, seus olhos selvagens de fúria. “Hadrian e sua
companheira. Eles levaram minha lilapetal.”
Pisco para ele em confusão e atiro um olhar conturbado para Galen.
Ele está cultivando lilabushes e elas estão florescendo no momento. As
flores rosas e aveludadas não são comestíveis, descobrimos, mas ele
encontrou outros usos para as pétalas que caem das flores. Elas são
perfumadas, e Galen tem feito ‘sabonetes’ como Aria chama, com as
pétalas.
“Eu não entendo.” Galen diz, levantando as palmas das mãos.
“Ele está tendo alucinações.” Avrell resmunga ao meu lado. “Preciso
dele no laboratório.”
Calix balança sua cabeça e puxa seu cabelo. “Não. Não! Vocês todos
rekking não entendem.” Ele me lança um olhar de desespero total. “Eles
levaram a minha alienígena.”
“Sua alienígena?” Desafio.
Ele olha para mim. “Quando eu a toco, sua pele aveludada fica rosa.
A carne da alienígena reage ao meu toque. Ela é para ser minha
companheira!”
“Então, estamos apenas entrando e reivindicando as que queremos?”
Theron pergunta, uma leve mordida em sua voz. “Se eu soubesse que era
uma opção, teria reivindicado uma no momento em que desembarcamos na
Mayvina.”
“Calix!” Berro. “Concentre-se e me diga o que aconteceu.”
Direciono um olhar duro a Theron. “Ninguém reivindicará nenhuma das
alienígenas.”
Theron solta um bufo mas recua.
“Eu fui verifica-la. Lamber as lágrimas que às vezes vazam de seus
olhos. Ela gosta quando endireito o braço incomum de metal zuta que ela
usa.” Seus olhos se transformam em órbitas redondas, negras e suas orelhas
se soltam de sua cabeça enquanto ele pensa nela. “Ela gosta quando passo
os dedos por seus cabelos. As rugas que geralmente se formam entre as
sobrancelhas desaparecem. Sei que no criotubo elas devem estar
inconscientes, mas comigo ela responde fisicamente ao meu toque e
proximidade.”
Ele está infectado.
Mas não pelos Rades.
Ele está infectado pelas lindas alienígenas que cantam para nossos
corações solitários. Uma vez que elas entram em você, não há como tirá-las.
Penso na minha corajosa Aria. Levantando-se para o comandante da facção.
Seu corpo é fraco e, no entanto, ela é tão feroz quanto Draven.
E agora, minha companheira roubou uma das outras alienígenas.
A alienígena, a obsessão de Calix, recebeu uma escolha. Aria fez
isso acontecer. Imprudente. Ela poderia colocar a alienígena em risco,
retirando-a do criotubo sem a ajuda de Avrell. Preocupação me incomoda,
mas tenho que confiar na tomada de decisão da minha companheira.
Fecho meus olhos... porque a notícia que estou prestes a entregar não
vai ser boa para nenhum deles.
“A alienígena estava dormindo ou minha companheira a acordou?”
Pergunto, precisando ter certeza.
As sobrancelhas negras de Calix se franzem enquanto ele faz sua
explicação. “E... eles a acordaram. Eles a envolveram em um cobertor e a
levaram para fora da câmara criostática. Eu a vi entre Aria e Hadrian
enquanto a levavam para a ala de navegação. Eu queria ver o que eles
estavam fazendo antes de intervir, então os segui até a ala. Quando tentei
entrar, Hadrian ficou na porta e disse que eu não deveria entrar por ordem
da Senhora Comandante.” Os olhos de Calix se estreitam de raiva. “Senhora
Comandante? Desde quando?”
Eu me levanto a toda a minha altura e deixo as sub-ossos no meu
pescoço estalarem alto. Minhas orelhas se encostam no meu crânio
enquanto rosno. Minha posição de batalha é feroz, e os homens sob o meu
comando baixam suas cabeças em respeito. Até mesmo o desesperado,
solitário e triste Calix.
Eu odeio fazer isso com eles, mas deve haver ordem, e se quisermos
ter algum tipo de felicidade a longo prazo, precisarei estabelecer algumas
novas regras até então.
“Ela é a líder delas. Aria Aloisius”, digo, reivindicando-a com meu
sobrenome. “É Senhora Comandante desta facção e o elo das Aliens.
Quando se trata das alienígenas e do seu bem-estar, você procura conselho
através de mim ou da Senhora Comandante. Esta é a regra. Uma cerimônia
logo tornará minhas palavras vinculantes. Algum mort discorda? Achei que
não.”
Calix abre a boca, mas o paro com um aceno de mão. “Confie em
Aria. Ela é sábia e sabe o que é melhor para as alienígenas. Elas têm
costumes e necessidades diferentes da nossa raça. Irei me encontrar com ela
para discutir o futuro das outras, mas, neste momento, ela está no comando
da recém-acordada alienígena. Também irei aconselhá-la sobre o perigo de
acordá-las sem a ajuda de Avrell. Se apresse, Avrell”, digo a ele. “Por favor,
ajude Aria e Hadrian com qualquer coisa que eles precisem.” Ele se levanta
e assente, com o rosto mais pálido do que o normal, sem dúvida se
preocupando com a recém-acordada. Arrasto meu olhar dele que
provavelmente combina com o meu e considero os outros morts. “A ala de
navegação se tornará a subfacção feminina. Morts não podem entrar a
menos que Senhora Comandante permita.”
Rekk.
Aria sabe melhor o que ela está fazendo.
Meu coração aperta com a lembrança de seus olhos brilhando com
fogo feroz enquanto corajosamente protegia mulheres que nem conhece.
Sua dedicação é admirável e sua especialização é necessária se quisermos
fazer isso funcionar.
“Esta reunião está adiada. Aria é oficialmente considerada Senhora
Comandante e o Elo Alienígena.”
Todos concordam.
Até mesmo Calix.
CAPÍTULO QUATORZE
ARIA

Durante dias e dias, pairei sobre cama da menina, franzindo a testa


como uma mãe sobre um recém-nascido. Minha mão vai para a minha
barriga enquanto meus pensamentos voam para a vida crescendo lá. Tudo
mudou tanto, tão rapidamente, que não tive tempo para pensar sobre o que
significará quando nascer. Deveria estar com medo. Nunca pensei em me
tornar mãe ― nenhum pensamento real de qualquer maneira. A maior parte
da minha vida foi gasta sobrevivendo.
Agora, não posso deixar de sentir que tenho duas vidas pelas quais
lutar.
A garota se agita impacientemente e termino esse pensamento.
Agora tenho a vida do meu filho para proteger, assim como a vida de todas
as mulheres presas neste planeta perdido.
Agora, admito para mim mesma, foi egoísta, até mesmo imprudente,
mover a garota tão rapidamente. Em minhas ações precipitadas, poderia ter
custado a vida dela em vez de salvá-la.
“Ela com certeza parece engraçada.” Hadrian observa de seu ponto
de vista no outro lado da sala. Suas palavras são hesitantes, mas ele não
consegue tirar os olhos dela.
“Você não precisa encarar, Hadrian.” Resmungo, em seguida,
suavizo. “Ela precisa descansar.”
Mas ajeito o cobertor. Eu estava tão segura de mim mesma com
Breccan ao meu lado, tão certa. Ele me deu força que eu nunca soube que
poderia possuir.
Breccan, que aparece todos os dias desde a minha partida para pedir
entrada, mas não permiti que Hadrian o deixasse passar pela porta.
Olho de volta para a garota que não acordou desde que a limpamos e
trocamos três dias atrás. Seu cabelo amarelo ensolarado ficou escorrido e
sua pele pálida ficou doentia. Eu me lembro de como fiquei doente depois
que eles me acordaram, mas isso foi devido ao aborto espontâneo. Minha
mão aperta o material do meu vestido na minha barriga, meus pensamentos
voltando para o meu bebê. Os alienígenas têm remédio, aqueles robôs, que
poderiam ajudá-la. É egoísta da minha parte manter o remédio
potencialmente salvador pela minha própria teimosia.
Suspiro. Breccan faz com que ser um líder pareça muito mais fácil
do que é. A vida dessa garota está em minhas mãos. Não posso deixar a
teimosia, ou o orgulho, interferir em minhas decisões como quando a trouxe
aqui. Se irei liderar ― sozinha ou ao lado de Breccan ― tenho que começar
percebendo que cometi um erro.
“Devemos deixar Avrell dar outra olhada nela.” Digo para Hadrian.
Uma vez que eles perceberam que não só a acordamos, mas também a
levamos, Avrell veio para o resgate e ligou algumas máquinas para ficar de
olho nela.
“Você acha que ela está doente? Ela já poderia estar carregando um
pequeno mort?” Não posso dizer se ele parece esperançoso ou desapontado.
“Não tenho certeza. Talvez os humanos reajam ao criotubo de
maneira diferente. Ela não parece bem.” Admito com relutância.
“Deveríamos tê-la levado diretamente para a enfermaria médica, em vez de
trazê-la para cá. A culpa é minha. Fiz um grande negócio em salvá-la e não
a deixarei morrer por minha causa.” Avrell não estava feliz por ter que vir
até a subfacção para cuidar dela, mas ele não discutiu. Simplesmente fez o
que podia e então partia, mas não antes de insistir para que a levássemos se
as coisas piorassem.
“Você quer que eu a carregue até lá?”
Olho de volta para a forma fraca da garota. “Não acho que devamos
movê-la agora. Estou preocupada que possa ser demais para ela.”
Ele a encara um segundo a mais, com o rosto sério, depois se vira
para mim e aperta meu ombro “Eu vou me apressar, Aria. Nós iremos
consertá-la.”
Sorrindo em gratidão, digo “Você é um bom amigo, Hadrian.”
“Um bom companheiro.” Ele corrige enquanto volta para a porta.
Isso faz meu sorriso se alargar, mesmo quando treme de
preocupação. “Você será o melhor companheiro algum dia. Agora vá,
depressa, por favor.”
Não posso fazer mais nada para ajudar a garota adormecida, então a
deixo em seus aposentos até que Hadrian retorne com Avrell. Tenho que
ficar ocupada, caso contrário, minha mente corre e fico tão deprimida que
não quero sair da cama. Mas não posso passar os dias longe ficando
drogada e deixando minha vida passar por mim. Tenho pessoas dependendo
de mim. Não só meu bebê, mas essa garota também, e todas as mulheres
nos criotubos.
Os morts me tratam bem, isso é inegável. Mas eles ainda não estão
acostumados com humanos e as mulheres precisarão da minha ajuda. A que
está a poucos metros precisa de mim agora. Irei compensar o que fiz, tanto
para Breccan quanto para a nova garota.
Sigo para a sala comum no centro da ala de navegação. Costumava
ser o que suponho que era o convés principal da tripulação do prédio antes
de chegar a ser a instalação. Como os números dos morts são tão pequenos,
eles não precisam mais disso. A grande sala atende perfeitamente às minhas
necessidades. Com a ajuda de Hadrian, a transformei em uma sala de estar
para quando acordarmos as outras.
Hadrian pegou os móveis das outras áreas ao redor da instalação:
dois sofás longos, elegantes e modernos e cadeiras sem braços. Nós as
arrumamos em volta de uma mesa de centro baixa e fina com um grande
prato de doces dourados no meio. Ele até construiu uma lareira de um
antigo emissor de raio laser para fazer a sala parecer acolhedora. O efeito
funciona. Ou funcionaria se eu não estivesse tão preocupada com a nova
garota e Breccan.
Passo por isso agora, a caminho das últimas áreas de estar. Existem
seis quartos, três de cada lado. Uma que configurei como uma espécie de
biblioteca. Há uma tonelada de manuais antigos e alguns textos históricos
que Hadrian conseguiu coletar. Também abasteci as prateleiras com tabletes
e papel em branco, materiais de arte e ferramentas de desenho para os
futuros habitantes. Espero que seja um passatempo calmante para as
mulheres quando acordarem.
Os outros cinco quartos contêm pequenas camas, mesa de cabeceira,
armário para roupas e um pequeno armário com um tubo para limpeza.
Ainda não me acostumei a tomar tais chuveiradas intensas que fazem você
se sentir como se uma camada de sua pele está faltando depois,
francamente, mas estar limpo é melhor que nada.
Acho que Hadrian gostou de preparar os quartos para mais pessoas.
Ele mencionou em mais de uma ocasião como está feliz por ter mais
pessoas se juntando à subfacção.
Forçando-me a parar de pensar, passo por cada quarto, endireitando
coisas que não precisam ser endireitadas e dizendo a mim mesma que tudo
dará certo. Tem que dar.
O toque da porta me alerta para o retorno de Hadrian. Eu me
certifico de sair devagar de um dos quartos. Ir muito rápido parece
desencadear meus reflexos de vômito. Não leva muito hoje em dia,
aparentemente.
“Você conseguiu Avrell?” Pergunto enquanto me movo o mais
rápido que a minha mudança de corpo permite.
“Sim.” Ele responde hesitante e sai da porta para revelar não dois,
mas três morts enchendo a entrada para os aposentos.
Meus olhos imediatamente se estreitam para a forma imponente de
Breccan. “O que você está fazendo aqui?”
Sua expressão é dura e ilegível, e eu estaria mentindo se não
houvesse uma parte de mim preocupada com a falta de resposta dele. Ele
sempre me olhou com carinho e desejo, mesmo no começo. Sinto a perda
disso como um soco. Não só arrisquei a vida da garota que estou tentando
proteger, mas distanciei o único homem que já se importou comigo.
“Eu ainda sou o comandante dessa facção. Todos os seus membros,
incluindo as alienígenas, são de minha responsabilidade.”
Hadrian passa na frente dele e ouço seus sub-ossos racharem
ameaçadoramente. Breccan rosna em troca. Uma parte de mim suaviza
ainda mais na necessidade de Hadrian de me proteger. Ele é quase como o
irmão mais novo que nunca tive.
“Não quero que você a aborreça.” Hadrian diz. “Ela está carregando
o futuro para todos os morts, não apenas para você.”
Não querendo uma briga e sabendo que é importante que Avrell veja
a garota o mais rápido possível, aceno para entrarem no quarto dela e dou a
Hadrian um olhar reprovador. “Agora não é a hora. Por aqui”, acrescento
olhando na direção de Avrell.
“Por que não fazemos isso em nossos alojamentos?” Ouço Avrell
perguntar a Breccan em voz baixa enquanto passam pelas áreas de estar.
“Silêncio.” Breccan instrui, mas quando olho para eles, vejo seus
olhos percorrendo apreciativamente minhas melhorias. Mas nenhuma das
belas decorações significará nada se não houver ninguém vivo para apreciá-
las. Eu o ignoro quando seus olhos pousam em mim uma vez que ele
termina sua avaliação. Não suporto ver a decepção do meu comportamento
imprudente.
A garota está acordada pela primeira vez desde que a trouxemos para
a ala de navegação. Seus grandes olhos azuis se arregalam quando os
alienígenas entram na sala. Sua respiração acelera e franzo a testa com a
chiadeira disso. Seus pulmões foram danificados pelo criotubo?
A dúvida me queima implacavelmente. Eu causei o dano?
“O que... está... acontecendo?” Ela pergunta ao redor ofegando
respirações. Seus olhos selvagens vasculham o quarto, sua respiração
piorando conforme pousam em Breccan, Avrell e Hadrian.
Lembrando-me do medo que me dominou depois que acordei, dou
um passo à frente na frente deles, dando-lhes um olhar lateral para recuar
um pouco.
Pego sua mão na minha, com cuidado com os monitores que Avrell
insistiu que ela fosse ligada. Ouvindo-a respirando agora, sou grata que ele
insistiu. “Não se preocupe. Sei que tudo parece assustador e confuso agora,
mas estamos aqui para ajudá-la. Esses são meus amigos. Eles não irão
machucar você.”
“Onde... estou?”
“Você está em uma base segura no que gosto de chamar O Planeta
Perdido. Meu amigo Avrell aqui irá te verificar ― não se preocupe, é
indolor ― só para ter certeza de que você está saudável.” Sua respiração
ainda está irregular, mas seus olhos não são tão selvagens quanto eram. “Eu
sou Aria. Qual o seu nome?”
“E... Emery” Ela não tira os olhos de Avrell enquanto ele avança
com sua unidade de scanner portátil, mas ela também não o impede de
examiná-la, mesmo que seu corpo trema. De choque ou medo, não tenho
certeza.
“Você está segura aqui, Emery.” Asseguro a ela. “Eu irei garantir
isso.”
Breccan descansa a mão no meu ombro e a alcanço
automaticamente. Meu coração dobra dolorosamente no meu peito quando
percebo o que estou fazendo, mas não me afasto por medo de assustar ainda
mais Emery, que mal se submete a verificação de Avrell. E se estou sendo
honesta comigo mesma, sinto falta de suas mãos em mim. Sinto falta de sua
presença tranquilizadora nas minhas costas, seus beijos acalmando minha
dor. Na verdade, mesmo que duvido que seja fisiologicamente possível,
quase sinto que nosso filho crescendo no meu ventre também sente falta
dele.
Avrell conclui seu exame e gesticula para que possamos conversar
do lado de fora. Meu estômago se revolta com a possibilidade de que ele
tenha más notícias.
Emery faz um som de surpresa quando todos nós começamos a sair,
e vou para o lado dela. “Não se preocupe. Você está segura aqui nesta
instalação. Sei que isso é esmagador, mas por favor, tente ficar calma e
descansar. Ninguém aqui irá te machucar. Eu te prometo isso. Manterei
você segura.”
“Quem são todos vocês?” Ela pergunta, e alívio me atravessa ao som
de sua respiração.
“Eu sou Aria.” Repito. “O mais alto, Breccan.” Gesticulo por cima
do meu ombro. “Ele é como meu marido. Ele é o comandante dos...
alienígenas aqui.” Não tenho certeza de quanta informação dar a ela. Não
quero assustá-la mais do que ela já está, mas também não quero mantê-la no
escuro. Um dia de cada vez.
Se possível, ela empalidece ainda mais. “Você é casada com um
deles?”
“Sim, mais ou menos. Há muito a explicar, mas guardaremos isso
para mais tarde. Pedirei para um deles te trazer algo para comer e depois
você deve descansar um pouco.”
Ela pega minha mão e percebo o quanto senti falta do toque humano.
Os morts foram acolhedores, mas não posso negar como é bom ter alguém
como eu aqui também.
“Estou com medo.” Ela sussurra.
“Está bem. Eu protegerei você. Descanse agora.”
Ela assente e já está cochilando quando saio do quarto.
Encontro os três esperando por mim na sala de estar, confortáveis no
mobiliário aconchegante.
Hadrian se levanta imediatamente à minha entrada, com uma
carranca no rosto, mas mantém a boca fechada ao gesto de Breccan, que
acena para Avrell.
Avrell apenas suspira.
“Como ela está?” Pergunto a ele, ignorando os outros dois.
“Suas estatísticas de oxigênio são um pouco preocupantes. Não
tenho certeza da causa sem mais testes, mas não há necessidade de alarme
até que tenhamos mais dados.”
“Então, ela ficará bem?”
Ele me dá um olhar severo e mordo meu lábio. “O que você fez foi
perigoso, Aria, mas não acredito que seja a causa de sua condição.”
“Obrigada.” Digo e deixo por isso mesmo. Não discutirei com ele
sobre a gravidade das minhas ações. Tenho a sensação de que vou conseguir
uma luta de palavras com Breccan.
“Fique com a alienígena.” Breccan ordena a Hadrian. “Chame-nos se
ela acordar.”
“Onde você vai?” Hadrian pergunta, claramente dividido sobre o
homem que o criou e seu desejo de me ajudar. “Acredito que eu deveria
estar perto da Senhora Comandante.”
Breccan apenas parece ligeiramente incomodado com o desafio de
Hadrian. “Você fará o que eu digo, Hadrian, ou teremos você para jantar em
vez de rogcow.”
Hadrian me lança um olhar interrogativo e dou-lhe um aceno. “Está
bem. Nos dê um tempo para conversar.”
“Levarei o scanner ao meu escritório para ver se há outras
anomalias. Quando ela se sentir bem, porém, ela deveria vir para uma
análise mais extensa.” Parecendo desconfortável, Avrell acena para
ninguém em particular e depois se desculpa. Hadrian, com relutância, volta
para o quarto de Emery, deixando-me sozinha com Breccan pela primeira
vez em dias.
O silêncio antes de ele falar ameaça me dominar, mas não há
palavras em mim, sem explicações. A verdade é que entrei em pânico e
exagerei.
“Venha comigo.” Ele finalmente diz e estende a mão.
Hesito, mas apenas para olhar para o quarto de Emery, onde posso
vê-la dormindo, tão imóvel. “E quanto a Emery?”
Foi apenas a minha imaginação ou ele está tentando esconder um
sorriso?
“Hadrian nos chamará se houver alguma mudança.”
Coloco minha mão na dele e ele me puxa da ala de navegação para
uma área da instalação que só vi de passagem. A câmara está cheia de
roupas e trajes com uma porta gigantesca que só poderia levar ao exterior
― um lugar que tanto temo quanto sonho. A liberdade que cobicei por tanto
tempo agora parece aterrorizante.
“Breccan, o que estamos fazendo aqui?”
Ele solta minha mão para estudar os trajes pesados pendurados na
parede. Depois de alguns momentos, ele seleciona um e o traz para mim.
“Levante sua perna.” Ele instrui sem responder a minha pergunta.
Faço o que ele diz e ele me ajuda a entrar no traje, que fica um
pouco solto, mas não cai quando ele aperta todas as correias. Ele se veste
sozinho e arruma os capacetes em nossas cabeças. Um microfone grita no
meu ouvido com um guincho.
“Uvie.” Breccan diz. “Quais são os níveis R hoje?”
“Três pontos positivo, comandante.” Uvie responde.
Ele acaba de nos colocar em nossos trajes. “Prepare-se para uma
excursão.”
“Onde estamos indo?”
“Estou te mostrando meu mundo, pequena alienígena. Agora,
mantenha-se comigo, não se perca. Se eu lhe disser para fazer algo, você
faz imediatamente. Este mundo é perigoso, mas irei mantê-la segura.”
Ele pega minha mão conforme atravessamos as portas e saímos para
o mundo exterior brilhante. Um vento forte levanta poeira e sou grata pela
viseira grossa e colorida. Apesar do que parece uma tempestade de poeira,
não percebi o quanto senti falta do espaço aberto. Breccan me puxa ao
longo de um caminho esculpido no que parece ser uma montanha.
Eu não falo, não posso, porque estou muito ocupada olhando as
coisas ao meu redor. Meus sentidos estão completamente sobrecarregados e
a percepção de que não estou mais em casa me atinge de novo.
Eu me pergunto se isso alguma vez deixará de ser um choque.
Acima da montanha, onde a instalação se projeta orgulhosa e
desafiadora como uma crista mortuária, Breccan me puxa para uma parada
no pico. Sua voz é suave como o melhor licor no meu ouvido. Estou tão
distraída com o quanto senti sua falta, nem percebo as palavras até ele
dizer: “Você está me ouvindo, mortania?”
Olho para ele, o amarelo brilhante circulando seu rosto e cintilando
seu traje de proteção. Meu estômago se agita e lágrimas picam a parte de
trás das minhas pálpebras. Elas transbordam e um escorre pela minha
bochecha.
“Estou ouvindo.” Digo, mas minha garganta se fecha com as
palavras.
“Você não está ouvindo, você está vazando, mortania.” Ele diz
enquanto gesticula para minhas lágrimas. “Seu traje está te machucando?”
Riso se mistura com lágrimas. “Não, estou bem. Diga isso de novo?”
Ouço seu sorriso até mesmo sobre o dispositivo de comunicação
entre nossos trajess. “Eu sabia que você não estava ouvindo.” Ele me puxa
na sua frente para que eu possa ver a montanha e através do horizonte. A
poeira brilha no vento assobiante e envia faíscas para a luz dourada. Nunca
acreditei muito em magia, mas ele envolve seus braços em volta de mim e
me pergunto se isso pode ser real.
O rádio estala e assobia, seguido por sua voz. “Você quer ir para
casa?”
Quero me virar para olhar para ele, mas ele aperta os braços em
volta da minha cintura e aponta para o ponto mais alto do céu, onde o ouro
se desvanece para branco, e então se transforma em azul royal. Duas,
circunferências brancas flutuam equidistantes. Se você estreitar os olhos,
parecem ser duas metades de um todo.
“Luas?” Pergunto em descrença.
“As esferas, sim. Eu não sei de ‘luas.’ Mas além disso é o seu
mundo, sim? Sua família. Se é isso que você quer, o que você está sentindo
falta, encontrarei uma maneira de dar isso a você.”
Desta vez me viro em seus braços e ele me deixa. Procuro seus
olhos, mas eles são ilegíveis. Ele escova uma mão ao longo do lado da
minha máscara e anseio por seu contato. “O... o que você está dizendo?”
“Você estava com tanto medo de nós ― de Calix, que é um dos mais
gentis de nossa facção ― que você tomou uma decisão precipitada com a
outra pequena alienígena, Emery. Você estava com medo de mim.”
A última parte ele fala como se estivesse cuspindo uma comida que
não tem o gosto certo. Suas palavras me envergonham e meu olhar cai para
os emblemas em linguagem estranha que não consigo ler direito.
“Fiz o meu melhor para entender seus desejos. Para deixá-la tão à
vontade em nosso mundo quanto possível”, ele continua, depois ergue meu
queixo com um dedo. “Mas, se não for o bastante, mortania, se ainda estiver
com medo, não irei mantê-la prisioneira.”
Digo as primeiras palavras que minha garganta me permite dizer, “E
as outras garotas?”
“Nós descobriremos um caminho e elas vão todas para casa, se é isso
que você acha que é o melhor.”
As lágrimas secam e, apesar do mecanismo que existe no traje que
me permite respirar, estou tendo problemas para absorver oxigênio. “Mas
isso significaria ― isso significaria o seu povo... Breccan você não
sobreviveria.”
Com isso ele traz meu olhar de volta para o dele. “Quero que você
entenda que o seu bem-estar significa tanto para mim quanto meus próprios
morts. Nós somos um agora e seus alienígenas são tão parte de nossa facção
como qualquer outro membro. Se ir para casa é do seu interesse, eu
facilitarei isso.”
“Você não pode fazer isso.” Penso na minha conversa com Avrell.
“Breccan você morreria. Todos vocês morreriam.” Aperto a mão na minha
barriga. O que aconteceria com nosso filho?
“Eu costumava pensar assim.” Ele admite. “Mas você me ensinou
diferente.”
“Eu?” Digo incrédula.
“Quem mais? Você me ensinou força quando achei que não tinha
mais nada. Você me ensinou a me importar de novo quando eu não queria
nada mais do que me deixar queimar com este planeta. Por isso eu te devo o
mundo. Eu te devo qualquer vida que você quiser para você, para aquelas
alienígenas nos criotubos.”
“Não sei o que dizer.” Digo a ele. “Depois do jeito que te tratei, as
coisas que fiz, por que você quer que eu fique?”
“Eu sempre irei querer você, Aria. Sempre. Quero que você seja
minha companheira, minha esposa como você diz. Quero que você pegue
meu nome na verdade e lidere ao meu lado ― para ambos os povos, os
morts e alienígenas. Mas só se for isso o que você quer também.”
Não tenho que pensar nisso. Minha garganta se fecha e respondo,
“Breccan. Eu quero você. Quero nós.”
Ele descansa sua máscara contra a minha, seus olhos colados aos
meus. Sua língua bifurcada sai como se quisesse lamber o sal das minhas
lágrimas se as máscaras não estivessem no caminho. “Você é mais
importante que minha própria vida. Do que qualquer coisa. Nenhum solar
vale a pena viver sem você nele. Você é mais viciante do que qualquer sol, e
sem você, meu mundo é sombrio. Vamos. Nós estivemos aqui por muito
tempo.”
Nós voltamos para dentro, onde ele me leva através de uma limpeza
rigorosa na baía de descontaminação. É um lembrete de quão tóxico é o
mundo deles e de quão seguro é aqui dentro. Uma vez que estamos limpos e
nosso traje zu foi removido, ele me prende contra uma parede, seus quadris
fortes contra os meus. Seus dedos torcem no meu cabelo enquanto me olha
com uma expressão de dor.
“Por favor, volte para mim, minha Aria.” Ele murmura. “E ilumine
minha vida novamente.”
CAPÍTULO QUINZE
BRECCAN

De volta à instalação, seu cheiro me domina. Inebriante e sedutor.


Ela praticamente goteja com algo que estou desesperado para provar. Avrell
me explicou que os hormônios femininos e as secreções seriam mais
potentes depois que a implantação fosse bem-sucedida. Ele me disse que é
suposto aumentar a cada solar à medida que ela cresce para acomodar nosso
mortling. Se ela cheirar tão bem assim, não posso nem começar a imaginar
como ela vai cheirar muitos solar a partir de agora.
“Breccan.” Aria murmura, seu nariz ficando rosa. “Estou nervosa.”
Agora que ela está em minhas mãos novamente, tenho medo de
soltá-la. Quero me agarrar a ela para sempre. E eu irei segurá-la até que ela
me afaste. Sempre irei segurá-la. “Por que, mortania?”
Ela sorri, não largo o suficiente para mostrar seus dentes inúteis, mas
o suficiente para me deixar saber que ela sentiu falta dos meus elogios. “E
se eu não for uma boa mãe para o nosso bebê? Eu cometi muitos erros. Não
quero cometer mais.”
Franzo minhas sobrancelhas enquanto escolhos palavras e tento
identificar os significados ― palavras que ela usou no passado. Mãe
significa mãe. Bebê significa mortling. “Você será a melhor mãe. Veja como
você é ferozmente protetora em relação àquela que foi acordada.”
Estou preocupado com aquela que está acordada porque há nove
outros morts que adorariam ter a chance de reivindicar uma companheira.
Não sei por quanto tempo posso mantê-los na linha antes que seus instintos
mais básicos assumirem o controle. O meu certamente assumiu com Aria, e
uma vez que isso acontece, não há como pará-lo. Consequências não
significam nada quando a possibilidade de ter uma companheira
preenchendo o seu mundo solitário está ao nosso alcance.
Seus ombros, que estavam largados para frente, voltam e ela
bravamente levanta o queixo, revelando-me sua força. As fêmeas
alienígenas não têm sub-ossos ou orelhas que se movem. Elas nem sequer
rosnam. Seus sinais de força são diferentes. Um levantamento do queixo.
Uma chama em seus olhos. Um pequeno alargamento de suas narinas.
Minha alienígena está sempre mostrando como ela é corajosa e forte. É
exatamente por isso que ela é mais adequada para o cargo que criei para ela.
“Nós teremos uma cerimônia. Uma na qual você será oficialmente
nomeada Senhora Comandante e Elo Alienígena.”
Ela envolve seus braços em volta do meu corpo e pressiona seus
seios contra o meu peito. Seu calor corporal penetra através dos nossos
minnasuits. O traje que Calix projetou para ela fala para partes carnais de
mim. Quero perfurar o material com minha garra e rasgá-lo até que seus
seios inchados escapem de seu cativeiro.
“Breccan.” Aria diz bruscamente. “Você está rosnando.”
Pisco fora meu torpor. “Você apenas…”
“Cheira incrível pra caralho?” Ela oferece, seus lábios se curvando
de um lado.
“Precisamente. Avrell explicou que durante a implantação, seu
perfume se tornaria...”
“Como isso explica você cheirando melhor, então?” Ela pergunta
confusa.
“Não sei, mas preciso que você volte para casa. Comigo. Por favor,
Aria.” Embalo seu rosto delicado com minhas mãos enormes. Ela é tão
pequena e frágil, mas é inquebrável. É uma loucura para minha mente
calcular. Um paradoxo. “Eu preciso da minha companheira.” De formas que
não posso explicar agora.
Ela me dá um leve aceno e antes que possa sugar sua próxima
respiração, eu a tenho reunida em meus braços enquanto passo da
subfacção. Ela luta no meu aperto conforme passamos pelos aposentos da
outra fêmea. Não querendo machucá-la ou o nosso mortling, eu a deixo em
seus pés.
“O que é isso?”
“Prometi a Emery que não a deixaria sozinha.” Ela olha por cima do
ombro para a porta. “Dê-me um segundo para ver como ela está. Não quero
abandoná-la nos primeiros dias dela. Já estraguei tantas coisas, não quero
quebrar minha promessa também.”
Por mais que eu queira arrastá-la de volta para os meus braços,
orgulho brilha no meu peito. Orgulho pela minha companheira. Aceno para
ela e ela mostra um sorriso brilhante. Minha companheira está satisfeita.
Ela se vira e entra no quarto comigo logo atrás. Quando vou entrar,
ela acena com a mão e arregala os olhos, fazendo sinal para eu ficar. Mostro
meus dentes para ela em tom de brincadeira, mas fico fora da vista da outra
alienígena.
“Como ela está?” Eu a ouço perguntar a Avrell, que passa todos os
dias para fazer seus testes e pegar suas amostras.
“Sua respiração ainda é difícil, mas ela está de bom humor.” Avrell
responde. “Ela está descansando agora enquanto dei a ela uma dose dos
microbôs em uma tentativa de curar o que aflige seus pulmões.”
“Quanto tempo irá demorar?” Aria pergunta.
“Saberemos em breve se são eficazes, mas ela está fraca, então ela
pode descansar por algum tempo ainda.”
Com isso, espio pela esquina e pego os olhos de Aria com os meus.
Suas bochechas coradas com cor.
“Você irá chamar se houver alguma mudança?” Ela pergunta. Seus
pés se aproximam de mim e meu pau endurece. Tão perto.
“Claro.” Ele diz. Ignoro o humor brincalhão em sua voz.
Ela acelera para meus braços como um tiro de um zonnoblaster e a
levanto e me viro. Todas as portas brilham enquanto praticamente corro em
direção aos nossos aposentos.
Nossos aposentos. Ela pode ter mudado suas coisas, mas nunca saiu,
pois vive dentro do meu coração. Sempre lá comigo, não importa o quê.
Quando a carrego até o limiar, ela solta uma risadinha.
“De onde eu venho, quando o marido leva a esposa para a casa deles,
eles estão oficialmente casados e prontos para começar a vida juntos.” Ela
diz, seus dedos acariciando meu longo cabelo preto.
“Somos oficialmente tudo isso.” Digo a ela. “E nós já começamos.
Aqui, nós pertencemos um ao outro no momento em que reivindicamos isso
mutuamente. Você tem sido minha por um tempo agora, Aria.”
Ela sorri para mim enquanto a coloco em pé. Com movimentos
seguros, ela desata o traje. No momento em que seus seios estão livres, ela
solta um suspiro de alívio. “Acho que precisamos de algumas roupas novas.
Aquelas são um ajuste confortável e com todo o crescimento que farei em
breve, precisarei de algo no qual eu possa respirar.”
Retiro meu minnasuit, meus olhos nunca deixando sua pele nua. Não
posso ver nenhum inchaço indicando meu bebê, mas Avrell me garante que
ele vive dentro dela. Estou ansioso para vê-la crescer enquanto seu corpo
acomoda o mortling.
“Você está rosnando de novo.” Ela diz, seus olhos castanhos
escurecendo de fome.
“Vejo algo que eu gostaria de provar.” Murmuro. Meu pau está duro
e dolorido. Conforme avanço, em direção a minha companheira, minha
ereção pesada balança com o meu movimento.
Seus olhos viajam para baixo e então ela morde o lábio inferior.
Alguém está com fome também, parece.
“Quero lamber dentro de cada parte da sua boca.” Murmuro.
Ela bufa. “Isso não deve soar tão romântico, mas sei a o que a sua
lambida leva...” Seu olhar encontra o meu e fogo queima dentro dele.
Minhas mãos encontram seus quadris e a puxo para mim. Uma
contração do meu pau entre nós a alerta para minha ânsia de acasalar.
“Faça amor comigo.” Ela murmura, seus dedos deslizando pelo meu
peito. Ela fica na ponta dos pés e oferece sua boca doce para mim.
Enrosco meus dedos com garras em seu cabelo brilhante e inclino
sua cabeça para que eu possa ter o melhor acesso aos seus lábios carnudos.
Ela separa seus cor-de-rosa e gordos lábios. Outro grunhido me escapa
quando minha boca captura a dela. No momento em que a minha língua
bifurcada mergulha nela, estou extasiado. Ela me intoxica como os raios
UV que me viciei, mas ela não me machuca. Não, minha pequena
alienígena me nutre. Ela preenche vazios que ficaram ocos por tanto tempo.
Ela traz vida a partes que há muito pensava que estavam mortas.
Minha língua desliza ao longo de seus dentes inúteis e dança com
sua língua curta e grossa. Sua ânsia combina com a minha. Cada um de nós
precisa desesperadamente do outro. Entre nós, meu pau pinga na coroa,
minha semente inútil agora que ela está grávida. Mas eu ainda anseio
enchê-la com isso. Adoro ver a essência leitosa vazar de sua buceta
vermelha e inchada depois que acasalamos. É fascinante e gratificante.
“Eu preciso de você agora, Brec.” Ela choraminga. “Agora mesmo.”
Pego um punhado dela com uma mão e levanto-a. Ela envolve suas
pernas em volta da minha cintura enquanto praticamente me escala. Seus
dedos trancam na parte de trás do meu pescoço, seus lábios nunca se
separam dos meus. Com minha mão livre, esfrego a coroa do meu pau
pingando contra o centro encharcado dela. Ela grita, o som diferente de
qualquer outro que já ouvi. Tão cheio de necessidade e saudade.
Ando com ela até a parede mais próxima e pressiono suas costas
contra ela. Lentamente, empurro em seu calor apertado, saboreando a
maneira como ela joga sua mão para trás, quebra o nosso beijo e grita meu
nome. Com um grunhido, bato nela. Prazer explode ao meu redor. Tê-la
sentada no meu pau é a melhor sensação neste mundo morto e quebrado.
Ela traz vida a este planeta. Ela traz vida para mim.
Um forte aroma metálico enche o ar, e então percebo que minhas
garras perfuraram seu traseiro carnudo. Pânico me atravessa, mas ela
encontra seu orgasmo com um arrepio intenso. Sua buceta aperta meu pau
com tanta força, esqueço tudo além de reivindicar minha fêmea. Minha
semente se derrama de mim, quente e violenta, enquanto empurro
descontroladamente nela. Posso sentir a toxica tornando-a inútil porque ela
relaxa completamente em meus braços.
“Brecccaaannnn.” Ela sussurra, esticando o meu nome.
“Eu tenho você, pequena alienígena. Você está protegida. Não irei te
machucar.” Eu me arrepio sabendo que tirei o sangue dela, mas não falo
dessas coisas desde que ela parece satisfeita.
Levando-a para a nossa cama, lembro de lamber e chupar sua língua
ao longo do caminho. Ela solta um gemido satisfeito quando me sento na
cama e, em seguida, a puxo contra mim enquanto me deito. Aprendi que ela
prefere ser quem está no topo depois de nossos momentos de fazer amor,
como ela os chama.
“Meu coração dói por você sem parar, mortania.” Digo a ela, minha
voz baixa e cheia de emoção por essa fêmea. “Sem parar.”
Uma lágrima vaza do canto dos olhos e desejo lambê-la. Talvez mais
tarde.
“Amor.” Ela murmura.
Acaricio seus cabelos. “Amor?”
“Isso é amor.” Ela murmura. Posso sentir sua pequena palma
espalhada no meu peito começar a levantar.
“Isso é amor.” Concordo, deslizando minha mão por baixo da dela.
Ela enrola seus dedos delicados entre os meus e suspira. “Meu. Você
é meu.”
Inalo o cheiro dela, que não é mais tão potente, e me pergunto se tem
algo a ver com o fato de que finalmente cedemos ao que temos lutado nos
últimos solar. “Seu.” Concordo. “Você também é minha.”
“Sempre.”
***

Estou no pódio com Draven à minha esquerda e Aria à minha direita.


Como tenente-comandante, é o dever de Draven ajudar nas cerimônias
quando promovemos nossos morts a posições para as quais eles são mais
adequados. Isso é algo que não veio de manuais que existiam antes de nós
ou histórias passadas de nossos pais. Isso é algo que eu criei para melhorar
a moral entre meus morts. Isso lhes dá um senso de propósito e orgulho. Em
nosso mundo dizimado, precisamos de toda a ajuda que pudermos
conseguir, encontrando algo pelo que esperar a cada solar.
Analisando o centro de comando, fico feliz em ver os membros da
nossa facção vestidos com seus trajes mais elaborados. Minnasuits
adornados com pedras preciosas retiradas das profundezas dos poços
subterrâneos e metais zuta estampados e moldados por Oz. Peças bonitas e
brilhantes costuradas nos trajes para torná-los mais atraentes. O único que
estamos perdendo é Hadrian, e outro baque de orgulho troveja no meu
peito. Ele não é mais um aprendiz. Por enquanto, ele servirá como Ajudante
da Senhora Comandante. Sua força e conhecimento deste mundo serão úteis
para ela enquanto ela toma decisões em relação ao seu povo. É uma grande
honra para ele, e em breve teremos uma cerimônia nomeando-o também.
Calix está infeliz neste solar, mas ele se senta em linha reta e alerta.
Ele é o mais imaculado, é claro, sem nenhuma fibra perdida em suas
roupas. Seus metais zuta são os mais brilhantes e sei que suas pedras são as
mais limpas. Fico feliz em vê-lo mais parecido com o seu eu habitual. Por
alguns solar, me preocupei que teríamos que prendê-lo em uma cela de
reforma até que ele pudesse controlar sua insanidade abrupta sobre aquela
que acordou.
Rapidamente, examino meus morts, dando-lhes todos os sinais de
respeito, terminando com Draven. Então, mostro a Aria um sorriso
encorajador e tento não deixar meu olhar demorar muito em seus seios
inchados que quase caem do topo de seu traje.
“Nosso planeta, Mortuus, está perdido e morrendo. Um lugar
desolado onde moram alguns poucos sobreviventes solitários. Nós
perdemos a esperança. Nosso futuro era sombrio. A longevidade era um
luxo que não podíamos pagar. O máximo que podíamos esperar era
sobrevivência. Nós todos desistimos”, digo, com minha voz rouca.
Alcanço a mão de Aria e ela a presenteia para mim, seus dedos se
ligando aos meus em uma demonstração de unidade. “Mas nosso futuro foi
restaurado. Uma semente plantada e esperamos que seja entregue a nós
como um deleite saboroso. Nós não estamos mais sozinhos. Não estamos
mais sem perspectiva. Aria Aloisius, minha companheira e esposa, veio até
nós trazendo contribuições para o nosso mundo que somente ela e seu povo
podem oferecer. Isso não virá sem luta. Não virá sem consequência. Mas,
juntos”, aperto a mão dela. “Juntos, podemos mais uma vez crescer e
habitar este planeta solitário. Podemos reconstruir nosso povo e ter
famílias.”
Enfrento meus homens e estalo os sub-ossos no meu pescoço.
Minhas orelhas se achatam e um grunhido ressoa através de mim. Todos
eles curvam suas cabeças em submissão, incluindo minha doce alienígena.
Me orgulha saber que eles confiam na minha liderança. Eu nunca irei
decepcioná-los.
“Eu sou Breccan Aloisius, o comandante esquecido. Meu povo terá
o futuro que merece. Eu me certificarei disso. Mas isso não será à custa das
alienígenas. Com a ajuda de Aria Aloisius, criaremos uma atmosfera onde
os morts e as alienígenas possam coexistir. A procriação e o crescimento da
sociedade serão sempre de extrema importância. No entanto, isso não irá
classificar os relacionamentos verdadeiros. As alienígenas devem ser
respeitadas, e todos os morts honrarão as leis da Senhora Comandante em
relação às fêmeas. Quando se trata de procriar, será por escolha e
cronograma delas. Elas serão educadas sobre a importância, mas nunca
coagidas. Toda a implantação de alienígenas no criotubo cessará, pois elas
não podem tomar suas próprias decisões nesse estado. Elas não serão
forçadas a nada que não queiram fazer, pois não somos Kevins.”
Enquanto os outros trocam olhares confusos, Aria solta um pequeno
bufo. “Não, você não é.”
“Neste solar, deixa-se saber que Aria Aloisius é considerada Senhora
Comandante e Elo Alienígena. Onde se refere as alienígenas, ela toma todas
as decisões. Eu serei seu conselho e juntos faremos isto funcionar. Todos
aqueles a favor”, grito, meus olhos correndo para cada um.
“Sim.” Todos eles gritam de volta, uma frente unificada.
“Todos aqueles que não são a favor?” Pergunto. O silêncio me
aquece. “Muito bem.”
A voz profunda e rouca de Draven entrega o decreto final. “Nossa
facção desta instalação, os únicos morts vivos em Mortuus, considera Aria
Aloisius como Senhora Comandante e Elo Alienígena. Está feito.”
E está.
Quando todos começam a ficar de pé, a cerimônia termina, Aria
levanta uma mão.
“Por favor.” Ela diz com firmeza. “Fiquem sentados por um
momento.” Seus olhos se movem em minha direção e a felicidade dança em
seu olhar de olhos castanhos. “Nós humanos temos nossa própria
cerimônia. Entre duas pessoas casadas. Oz?”
Oz, sorrindo como um rogstud ansioso no cio, se levanta e puxa algo
do bolso de seu minnasuit. Ele entrega para Aria.
“Obrigada.” Ela acena, dispensando-o. Uma vez que ele está
sentado, ela se vira para mim. “Breccan, quando acordei naquele dia, fiquei
apavorada. Todos esses caras assustadores me olhavam como se eu fosse
sua única esperança. Não só era intimidante, era esmagador. A
responsabilidade que veio com a sua esperança foi tão intensa. Eu, uma
mulher, ajudei a abrir caminho para o seu povo. Eu estava com medo e
insegura, mas conforme o tempo passou e eu me apaixonei por você, a vida
começou a se sentir bem aqui. Minha vida em casa era horrível. Olhando
para trás, não percebi como eu também estava vivendo sem esperança.
Existindo sem sentir verdadeiramente. Não foi até que fui jogada ao seu
cuidado que comecei a procurar quem eu realmente sou. Não posso
agradecer a você e aos outros o suficiente por me permitir encontrar a
verdadeira Aria. Eu tenho propósito agora. Como sua companheira e líder
das fêmeas humanas.”
Curvo minha cabeça para ela. “Você é muito bem-vinda, mortania.”
Ela sorri enquanto pega um dos meus dedos e desliza em uma banda
de metal zuta. Tem gravuras e reflete a luz. “Oh, graças a Deus, isso se
encaixa.”
Franzindo a testa, inspeciono o metal zuta no meu dedo. Ele se
encaixa confortavelmente, mas me pergunto o seu propósito. Ela me entrega
uma faixa menor de metal zuta que tem uma pedra brilhante presa entre
quatro pinos. Ela brilha na minha mão.
“Coloque no meu dedo.” Ela instrui.
Cuidadosamente, para não prender sua pele delicada com minhas
garras, deslizo a pequena faixa em seu dedo.
“Alianças de casamento.” Ela me informa. “Ela liga nossas
promessas um ao outro. É uma coisa humana.” Ela pisca para mim. “Agora,
Comandante, você pode beijar sua noiva.” Seus olhos castanhos são fogo
líquido enquanto ela separa seus lábios, apenas implorando para ser
degustada.
Eu a puxo para mim, amando seu grito e o jeito que seus seios se
esmagam contra mim, e devoro sua doce boca. Lambo e a provo muito
tempo depois que todos saem da sala. E quando está vazia, tiro as roupas
dela e provo-a um pouco mais. Em toda parte.
EPÍLOGO
CALIX

Do meu ponto de vista, posso ver diretamente a subfacção. Ela ―


Emery, como dizem ― é tão frágil. Como as belas pétalas de um lilabush.
Mas ao contrário das flores saudáveis que crescem no laboratório de Galen,
essa está murcha. Com cada solar que passa, sua pele fica mais pálida. A
tosse minúscula chacoalha seu peito e sua respiração sai entrecortada.
Aria esteve distraída criando o lar para humanos e preparando o
espaço para as outras serem acordadas, mas está ignorando as necessidades
da minha lilapetal. Ela a está deixando morrer diante dos nossos olhos.
Como de costume, quando estou roubando olhares de Emery, sua
cabeça se vira lentamente e me procura. Ela não sorri porque está fraca
demais. Ela não gesticula em saudação. Tudo o que ela faz é chorar.
Silenciosamente. Imóvel. As lágrimas que provei enquanto ela estava no
criotubo eram diferentes de qualquer coisa que minha língua bifurcada já
teve o prazer de lamber. Anseio segurá-la em meus braços sólidos e lamber
sua doce tristeza.
Mas não tenho permissão para segurá-la.
Aria exige que eu mantenha distância até que Emery possa decidir
essas coisas por si mesma. Elas não entendem que estudei suas expressões
muito antes de ela se tornar a próxima pessoa acordada. Eu me sinto em
sintonia com ela. Ela tosse e gagueja e, no entanto, não temo os agentes
patogênicos que sujam o ar ao seu redor. Não é importante para mim porque
seu bem-estar supera tudo. A ideia de alguém tossir desse jeito é suficiente
para me fazer correr de volta ao laboratório e sentar sob o equalizador para
eliminar as bactérias.
Emery, eu pegaria de bom grado tudo o que a deixa doente.
Então eu poderia segurá-la enquanto isso nos roubasse desta vida.
Ninguém, especialmente Emery, merece morrer sozinha.
Não irei rekking permitir isso.
Com os olhos fixos nos dela, tento ler suas expressões. Ela está
triste, mas principalmente preocupada. Usando a pouca energia que tem, ela
puxa e torce o metal zuta que está ao redor de seu braço. Sinto que isso abre
um segredo importante sobre ela. Vasculhei os resultados do teste que
Avrell obteve dela e li suas anotações.
Para alguém tão brilhante, o médico de nossa facção é atormentado
por não saber o que fazer.
Há um nome para a doença dela. Ela falou para Aria e foi gravado,
mas isso não significa nada para nós. Asma. Inalador. Tudo o que sabemos
é que seus pulmões lutam até mesmo em seu próprio planeta, mas pelo
menos lá ela tinha o remédio adequado. Ela é fraca demais para tentarmos
mandá-la de volta. Tem sido discutido. Com a compressão do espaço nos
pulmões, ela não sobreviveria. Isso está escrito nas anotações de Avrell
também.
Que significa…
Há apenas uma coisa a fazer.
Eu estudo doenças contagiosas e patógenos. Encontro curas para o
nosso povo. É o que eu sou bom. Como uma segunda natureza. Isso não
será diferente. Não pararei até que eu tenha feito isso.
Silenciosamente, entro na subfacção e sigo em sua direção, grato por
Hadrian não estar em lugar nenhum. Seus olhos se arregalam de surpresa,
mas ela não grita. Algo que se assemelha a alivio lampeja em seus
brilhantes olhos azuis. É o suficiente para me impulsionar para a frente em
minha missão, uma missão que sem dúvida me trancará em uma cela, se
Breccan e os outros a interceptarem.
Eu não posso falhar.
Ajoelhando-me ao lado dela, coloco minha mão sobre sua bochecha,
desesperado para tocá-la. Mas as palavras de ordem de Aria ainda tocam na
minha cabeça. Suas leis sobre apenas tocar se pedirem. Hesitação rola
dentro de mim como os movimentos de uma tempestade épica.
“Ajude-me.” Emery coaxa, seu corpo estremecendo um pouco
enquanto ela implora. “Ajude-me ou eu vou morrer.”
Deixo minha palma acariciar o lado do rosto dela, e então faço o
impensável.
Gentilmente puxo minha alienígena em meus braços, tomando
cuidado para não a quebrar e a carrego para fora de sua casa.
Com pressa, corro de volta para o meu laboratório, onde nos
trancarei. Eles eventualmente nos encontrarão, mas garantirei que eles não
possam entrar. Trabalharei implacavelmente, sem ser perturbado por eles,
até encontrar uma cura.
Eu irei rekking salvá-la.
“Relaxe agora, lilapetal.” Insisto, com minha voz suave, só para ela.
“Eu vou curar você.”
Ou morrerei tentando.

CONTINUA...

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