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PLANO DE COORDENAÇÃO, CONTROLO E COMANDO


OPERACIONAL DAS FORÇAS E SERVIÇOS DE SEGURANÇA

AV. D. CARLOS I, Nº 134 7º, 1249-104 LISBOA • TEL. (+351) 213 236 409 • FAX (+351) 213 236 425
GCS@SG.MAI.GOV.PT
CONFIDENCIAL

PLANO DE COORDENAÇÃO, CONTROLO E COMANDO


OPERACIONAL DAS FORÇAS E SERVIÇOS DE SEGURANÇA

PREÂMBULO
O Plano de Coordenação e Cooperação das Forças e Serviços de Segurança, aprovado pela
Deliberação nº 230/2006, de 18 de Maio, do Conselho de Ministros (e que consubstanciava
uma actualização da anterior versão, de 16 de Março de 1989), resultava do disposto na
anterior Lei de Segurança Interna, aprovada pela Lei n.º 20/87 de 12 Janeiro, que determinava,
na alínea c) do n.º 2 do artigo 8º, que o Conselho de Ministros devia aprovar um Plano de
Coordenação e Cooperação das Forças e Serviços de Segurança, por proposta do Primeiro-
Ministro, nos termos da al. c) do art.º 9º.

Com a publicação da Lei n.º 53/2008, de 29 de Agosto, que aprova a nova Lei de Segurança
Interna, são introduzidas alterações significativas no Sistema de Segurança Interna,
nomeadamente, as resultantes da criação de um novo órgão, o Secretário-Geral do Sistema,
com competências de coordenação, direcção e controlo das forças e serviços de segurança e,
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em situações excepcionais, de comando operacional.

As competências de coordenação do Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna,


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nomeadamente, de concertação de medidas, planos ou operações entre as diversas forças e
serviços de segurança, de articulação entre estas e outros serviços ou entidades públicas ou
privadas e de cooperação com os organismos congéneres internacionais ou estrangeiros,
deverão ser exercidas acordo com o Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional
das Forças e dos Serviços de Segurança, nos termos do n.º 1 e 2 do artigo 16.º da Lei de
Segurança Interna.

As competências de controlo atribuídas ao Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna,


previstas n.º 1 do artigo 18.º da Lei de Segurança Interna, ao nível da articulação das forças e
dos serviços de segurança no desempenho de missões ou tarefas específicas, limitadas pela
sua natureza, tempo ou espaço, que impliquem uma actuação conjunta, deverão ser exercidas
de acordo com Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças e dos
Serviços de Segurança.

As competências extraordinárias de comando operacional, atribuídas ao Secretário-Geral do


Sistema de Segurança Interna, decorrentes do artigo 19.º da Lei de Segurança Interna, ao nível
do planeamento e atribuição de missões ou tarefas que requeiram a intervenção conjugada de
diferentes forças e serviços de segurança e de controlo da respectiva execução, deverão ser
exercidas de acordo com Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças
e dos Serviços de Segurança.
Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças e dos Serviços de Segurança

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O novo quadro de ameaças e riscos à segurança interna, impõe a actualização das normas e
procedimentos que permitem fazer face a situações que requeiram o empenhamento
combinando e a actuação concertada de meios das diferentes Forças e Serviços de Segurança.

As recentes alterações estatutárias e orgânicas das diversas Forças e Serviços de Segurança,


exigem a sua consagração no Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das
Forças e dos Serviços de Segurança.

Compete ao Conselho de Ministros, sob proposta do Primeiro-Ministro, nos termos da alínea


c) do n.º 2 do artigo 8.º e da alínea c) do n.º 1 do artigo 9.º, da Lei de Segurança Interna,
aprovada pela Lei n.º 53/2008, de 29 de Agosto, aprovar o Plano de Coordenação, Controlo e
Comando Operacional das Forças e dos Serviços de Segurança.

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ÍNDICE
PREÂMBULO ........................................................................................................................................................ 1
ÍNDICE …………………………………………………………………………………………………....................................................……….3
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................... 6
I. PRINCÍPIOS ORIENTADORES ....................................................................................................................... 9
II. SISTEMA DE SEGURANÇA INTERNA .......................................................................................................... 12
III. ÁREAS DE ACTIVIDADE .............................................................................................................................. 17
A. INFORMAÇÕES ...................................................................................................................................... 17
B. PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE .......................................................................................................... 18
C. MANUTENÇÃO OU REPOSIÇÃO DA ORDEM E SEGURANÇA PÚBLICAS ................................................. 19
D. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ..................................................................................................................... 19
IV. ESTRUTURAS DE COORDENAÇÃO E COOPERAÇÃO .................................................................................. 21
V. SISTEMA DE ALERTA .................................................................................................................................. 24
A. GRAUS DE AMEAÇA EM TERRITÓRIO NACIONAL .................................................................................. 24
1. Introdução ....................................................................................................................................... 24
2. Finalidade e aplicação ...................................................................................................................... 24
3. Graus de ameaça ............................................................................................................................. 25
4. Avaliação dos Graus de Ameaça ...................................................................................................... 26
5. Disposições Diversas ........................................................................................................................ 27
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B. NORMAS PARA OS ESTADOS DE SEGURANÇA ....................................................................................... 27
1. Introdução ....................................................................................................................................... 27
2. Finalidade e Aplicação ..................................................................................................................... 27
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3. Estados de Segurança ...................................................................................................................... 28
a) Estado de Segurança ALFA ............................................................................................................... 28
b) Estado de Segurança BRAVO ........................................................................................................... 28
c) Estado de Segurança CHARLIE ......................................................................................................... 28
d) Estado de Segurança DELTA ............................................................................................................ 28
4. Declaração/Cancelamento dos Estados de Segurança .................................................................... 29
5. Disposições diversas ........................................................................................................................ 29
VI. NORMAS E PROCEDIMENTOS ................................................................................................................... 30
A. NORMAS GERAIS ................................................................................................................................... 30
B. NORMAS ESPECÍFICAS ........................................................................................................................... 30
1. Incidentes de segurança .................................................................................................................. 30
a) Operação policial em consequência do trabalho de investigação................................................... 31
b) Incidente inopinado, configurando uma situação de flagrante delito ou que exija a imediata
intervenção policial (por exemplo, sequestro ou tomada de reféns ou ameaça/descoberta
de engenho explosivo). .................................................................................................................... 31
2. Protecção e Segurança .................................................................................................................... 32
a) Protecção e segurança a altas entidades e/ou cidadãos sobre os quais recaia um cenário de
ameaça............................................................................................................................................. 33
b) Escoltas e Desembaraçamento de Trânsito ..................................................................................... 33

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c)
Policiamento de grandes eventos ou outras operações planeadas, de elevado grau de risco
ou ameaça, que envolvam duas ou mais FSS .................................................................................. 33
d) Segurança de Cerimónias ................................................................................................................ 34
e) Protecção e segurança de Infra-estruturas Críticas e de Pontos Sensíveis ..................................... 34
i. Infra-estruturas Críticas ................................................................................................................... 34
ii. Pontos Sensíveis .............................................................................................................................. 35
3. Controlo de estrangeiros e de fronteiras ................................................................................................ 35
ANEXOS:..…………………….……………………………………………………………………………………………….……………………………… 38
ANEXO A – GESTÃO DE INCIDENTES TÁCTICO-POLICIAIS................................................................................... 39
A. CONCEITO .............................................................................................................................................. 39
B. FASES ..................................................................................................................................................... 40
C. PROCEDIMENTOS .................................................................................................................................. 40
1. Notícia da ocorrência ....................................................................................................................... 40
2. Contenção inicial ............................................................................................................................. 41
a) Perímetros de segurança ................................................................................................................. 41
b) Evacuação ........................................................................................................................................ 41
c) Elementos essenciais de informação ............................................................................................... 41
d) Contacto verbal inicial ..................................................................................................................... 42
e) Funções do elemento mais graduado envolvido na contenção inicial ............................................ 42
3. Activação de recursos ...................................................................................................................... 43
a) Comunicação de advertência .......................................................................................................... 43
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b) Ponto de Encontro ........................................................................................................................... 44
4. Consolidação da contenção ............................................................................................................. 44
a) Posto de Comando do Incidente (PCI) ............................................................................................. 44
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b) Célula de Negociação ....................................................................................................................... 44
c) Perímetros de segurança ................................................................................................................. 44
d) Unidade de Intervenção Táctica ...................................................................................................... 46
e) Célula de Informações ..................................................................................................................... 46
f) Centro de Operações ....................................................................................................................... 47
g) Relações com a comunicação social ................................................................................................ 47
5. Resolução do incidente .................................................................................................................... 48
a) Detenções e apreensões .................................................................................................................. 48
b) Buscas de segurança ........................................................................................................................ 48
c) Preservação de indícios ................................................................................................................... 48
d) Registo de danos.............................................................................................................................. 48
e) Relatório final de incidente ............................................................................................................. 49
D. COMANDO E GESTÃO DE INCIDENTES TÁCTICO – POLICIAIS ................................................................ 49
1. Objectivos ........................................................................................................................................ 49
2. Nomeação do Comandante Gestor do Incidente (CmdtGI) ............................................................. 50
3. Posto de Comando do Incidente (PCI) ............................................................................................. 50
a) Instalação: ........................................................................................................................................ 50
b) Composição: .................................................................................................................................... 50
c) Cadeia de comando e relações funcionais ....................................................................................... 51
d) Conteúdos funcionais ...................................................................................................................... 52

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E. DISPOSIÇÕES FINAIS .............................................................................................................................. 56


ANEXO B – PROTECÇÃO E SEGURANÇA ............................................................................................................. 57
ANEXO C – INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ................................................................................................................ 79
A. CARACTERÍSTICAS .................................................................................................................................. 79
1. Princípio da repartição de competências ........................................................................................ 80
2. Princípio da competência específica ............................................................................................... 81
3. Princípio da reserva de competência da Polícia Judiciária .............................................................. 81
4. Princípio da legalidade, da independência dos Tribunais e da autonomia do Ministério
Público ............................................................................................................................................. 85
5. Princípio da cooperação e de dever de comunicação ..................................................................... 86
6. Princípio da centralização e da partilha da informação .................................................................. 87
7. Sistema de coordenação .................................................................................................................. 87
8. Cooperação internacional ................................................................................................................ 89
B. SUBSISTEMAS DE COORDENAÇÃO ........................................................................................................ 89
1. Combate ao terrorismo ................................................................................................................... 89
a. Conceito Estratégico de Defesa Nacional ........................................................................................ 90
b. Lei de Segurança Interna e Lei de Organização da Investigação Criminal ....................................... 91
c. União Europeia ................................................................................................................................ 92
d. Organização das Nações Unidas ...................................................................................................... 93
2. Combate à droga............................................................................................................................... 96
a. Investigação criminal ....................................................................................................................... 97
b.
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Prevenção criminal .......................................................................................................................... 97
c. Dever de comunicação .................................................................................................................... 98
d. Centralização da informação ........................................................................................................... 98
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e. Sistema de Coordenação ................................................................................................................. 99
f. Formação especializada ................................................................................................................... 99
g. Dever de comunicação .................................................................................................................. 100
h. Princípio da centralização da informação ...................................................................................... 100
i. Unidades de Coordenação e Intervenção Conjunta ...................................................................... 101
j. Cláusula de excepção ..................................................................................................................... 102
3. Combate à criminalidade tributária ................................................................................................ 103
a. Enquadramento e âmbito .............................................................................................................. 103
b. Funcionamento .............................................................................................................................. 103
ANEXO D – CONTROLO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS ............................................................................. 106
A. Controlo de Fronteiras e Estrangeiros................................................................................................. 106
ANEXO E – PROGRAMAS NACIONAIS DE SEGURANÇA ESPECIAIS.................................................................... 116

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DAS FORÇAS E DOS SERVIÇOS DE SEGURANÇA

INTRODUÇÃO

Compete ao Governo, sob proposta do Primeiro-ministro, aprovar o plano de coordenação,


controlo e comando operacional das forças e dos serviços de segurança1 e garantir o seu
regular funcionamento (art.º 8.º, n.º 2, alínea c) e art.º 9.º, n.º 1, alínea c) da Lei n.º 53/2008,
de 29 de Agosto – Lei de Segurança Interna2).

A LSI atribui ao Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna3, no âmbito das suas


competências de coordenação, os poderes necessários à concertação de medidas, planos ou
operações entre as diversas forças e serviços de segurança, à articulação entre estas e outros
serviços ou entidades públicas ou privadas e à cooperação com os organismos congéneres
internacionais ou estrangeiros (art.º 16.º, n.º 1, da LSI), de acordo com o Plano.

Compete ainda ao SG SSI, no âmbito das mesmas competências de coordenação e através dos
respectivos dirigentes máximos, a articulação das forças e dos serviços de segurança
necessários a coordenar a acção das forças e dos serviços de segurança, garantindo o
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cumprimento do Plano aprovado pelo Governo (art.º 16.º, n.º 2, alínea a) da LSI).

No âmbito das suas competências de controlo, o SG SSI tem ainda poderes de articulação das
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forças e dos serviços de segurança no desempenho de missões ou tarefas específicas, limitadas
pela sua natureza, tempo ou espaço, que impliquem uma actuação conjunta (art.º 18.º, n.º 1 e
n.º 2, da LSI).

Finalmente e no âmbito das competências de comando operacional, em situações


extraordinárias, o SG SSI tem também poderes de planeamento e atribuição de missões ou
tarefas que requeiram a intervenção conjugada de diferentes forças e serviços de segurança e
de controlo da respectiva execução (art.º 19.º, n.º 1 da LSI).

Este conjunto de competências estruturantes do modelo de sistema de segurança interna ora


vigente traduzem uma alteração substancial face ao modelo anterior.
Refira-se ainda que as medidas destinadas à coordenação e à cooperação das forças e dos
serviços de segurança dependentes de diferentes ministérios, aplicadas nas Regiões

1
Doravante designado, abreviadamente, por Plano.
2
Doravante designada, abreviadamente por LSI,
3
Doravante designado, abreviadamente, por SG SSI.
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Autónomas, devem ser executadas sem prejuízo das competências do Representante da


República e dos órgãos de governo próprio da Região (cfr art.º 10.º da LSI).

Importa, assim, conformar o Plano com o novo quadro legal, aproveitando o ensejo para
clarificar algumas soluções adoptadas tendo em atenção as experiências e as lições aprendidas
com o Plano de 2006, aprofundar e desenvolver os princípios gerais de modo a facilitar o labor
interpretativo e de implementação, mesmo em situações não clara e inequivocamente
previstas, e, finalmente, integrar alguns sistemas até agora extravagantes absolutamente
essenciais aos fins da segurança interna.

Por outro lado, com a serenidade que o momento possibilita e, até, fruto de algum trabalho
interpretativo teórico já desenvolvido, torna-se agora possível introduzir alguns
aperfeiçoamentos que a falta de consenso não permitiu na anterior redacção.

Cientes, no entanto, de que as matérias relativas à segurança interna não devem ser objecto
de alterações radicais e que as inovações devem constituir, tanto quanto possível, evoluções,
mantêm-se, na essência, a filosofia subjacente ao Plano de 2006. Retoma-se, porém, a opção
de 1987 quanto à vertente prática de “manual operacional” que, simultaneamente e do
aprofundamento dos princípios gerais de procedimento, possibilite a resposta a ameaças não
expressamente previstas.

Vivendo-se uma época marcada pela voragem do tempo e pela precariedade das soluções,
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busca-se com este Plano lutar contra esse facto, estabelecendo mecanismos evolutivos
capazes de responder às ameaças, independentemente do tempo, origem e modo como se
concretizem.
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O Plano encontra-se organizado em 6 capítulos e 5 anexos.

O capítulo I é dedicado aos princípios fundamentais que enquadram o conjunto de actividades


e orientam o funcionamento do sistema de segurança interna, procedendo-se à descrição das
suas características e enunciação.

O capítulo II caracteriza o sistema de segurança interna, identificando os seus órgãos e


respectivas competências.

O capítulo III aborda as actividades que, no seu conjunto, integram a actividade de segurança
interna: informações, prevenção da criminalidade, manutenção ou reposição da ordem e
segurança públicas, investigação criminal.

No capítulo IV enunciam-se as diversas estruturas de coordenação e cooperação abrangidas,


numa perspectiva alargada, pelo sistema de segurança interna.

No capítulo V, descreve-se o quadro geral do sistema de alerta.

Finalmente, no capítulo VI fixam-se normas gerais, específicas e especiais, de procedimento


em situações concretas.
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Nos anexos encontramos, em primeiro lugar, a gestão de incidentes táctico-policiais (anexo A);
a protecção e segurança (anexo B); a investigação criminal (anexo C) e o controlo de
estrangeiros e de fronteiras (anexo D)

Constituem ainda anexos ao Plano os programas nacionais de segurança especiais da aviação


civil, da responsabilidade do INAC, e da segurança marítima, da responsabilidade da DGAM
(anexo E).

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I. PRINCÍPIOS ORIENTADORES

A actividade de segurança interna é, entre as funções do Estado, talvez aquela que requer
maiores exigências na definição e afirmação dos princípios e das normas constitucionais e
legais, particularmente daquelas que se referem aos direitos, liberdades e garantias.

A LSI dedica o seu Capítulo I, sob a epígrafe de princípios gerais, à enunciação de um conjunto
de normas enformadoras de todo o Sistema de Segurança Interna e das diversas áreas de
actividade que o integram, merecendo particular destaque os princípios fundamentais
previstos no art.º 2.º:

Princípio do Estado de direito democrático e dos direitos, liberdades e garantias


segundo o qual a actividade de segurança interna se pauta, antes de mais, pela
observância dos princípios e das regras constitucionais baseadas na soberania
popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no
respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na
separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia
económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa (art.º
2.º, n.º 1 da LSI).
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Princípio da tipicidade legal das medidas de polícia, segundo o qual as medidas de
polícia são apenas as previstas na lei (art.º 2.º, n.º 1 e n.º 2 da LSI).
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Princípio da proibição do excesso, segundo o qual as medidas de polícia devem
ser utilizadas dentro do estritamente necessário, de acordo com as exigências da
situação concreta e em proporção a esta (art.º 2.º, n.º 2 da LSI).

Falar da função de segurança interna implica, necessariamente, chamar à colação o artigo


272.º da Constituição da República Portuguesa que, sob a epígrafe polícia, estabelece:
1. A polícia tem por funções defender a legalidade democrática e garantir a
segurança interna e os direitos dos cidadãos.
2. As medidas de polícia são as previstas na lei, não devendo ser utilizadas para além
do estritamente necessário.
3. A prevenção dos crimes, incluindo a dos crimes contra a segurança do Estado, só
pode fazer-se com observância das regras gerais sobre polícia e com respeito pelos
direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
4. (…)

O desenvolvimento dos princípios constitucionalmente consagrados enquanto princípios


fundamentais do Sistema de Segurança Interna não se esgota na previsão do art.º 2.º.

Assim, não obstante o ali disposto, o legislador sentiu necessidade de, no art.º 30.º da LSI, no
capítulo relativo às medidas de polícia, pormenorizar o princípio da necessidade das medidas

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de polícia, de acordo com o qual estas só são aplicáveis nos termos e nas condições
constitucional e legalmente previstas, se necessárias e enquanto indispensáveis para garantir a
segurança e protecção de pessoas e bens e apenas se existirem indícios fundados de
preparação de crimes ou de perturbação séria ou violenta da ordem pública.

A manifesta necessidade do legislador em reiterar e melhor explicitar os princípios gerais de


actuação, designadamente, das polícias e, particularmente, no que diz respeito ao princípio da
tipicidade legal das medidas de polícia e ao princípio da proibição do excesso nas suas três
dimensões: necessidade, adequação e proporcionalidade, são significativos da sua
importância para o Sistema.

Este conjunto de princípios, que o legislador eleva à categoria de fundamentais, não só são
enformadores de todas a actividade de segurança interna e dos seus operadores,
designadamente das Forças e dos Serviços de Segurança, como valem por si próprios,
enquanto orientações gerais de actuação para além das soluções expressas e concretamente
previstas em cada momento na definição de um determinado procedimento ou
comportamento.

Num plano diverso mas de não menos importância para o funcionamento do Sistema
enquanto tal, a LSI prevê ainda um conjunto de princípios de natureza essencialmente
funcional ou organizativa:

O dever de colaboração que impende sobre a generalidade ou sobre


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determinadas categorias de cidadãos e, em particular, daqueles sobre os quais
recaem exigências adequadas à natureza das tarefas que exercem, concretiza-se:
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 No dever geral de colaboração de todos os cidadãos, enquanto
contributo para o exercício da actividade de segurança interna (art.º
5º, n.º 1, da LSI);
 No dever especial de colaboração dos funcionários, na acepção do
Código Penal, e dos militares (art.º 5º, n.º 2, da LSI) e
 O dever de pronta comunicação dos funcionários e dos militares,
relativamente os factos de que tenham conhecimento, no exercício
das suas funções e por causa delas, relativos à preparação ou
execução de factos que possam ser classificados como crimes de
terrorismo, criminalidade violenta, especialmente violenta ou
altamente organizada, nos termos do Código de Processo Penal,
sabotagem ou espionagem (art.º 5º, n.º 3, da LSI).

O princípio da autonomia do Sistema de Segurança Interna, do qual resulta a


existência de princípios e linhas de orientação próprios, de funcionamento em
todo o território nacional e desenvolvido pelas entidades de tal encarregues
(artigos 4.º, n.º 1 e 2.º, n.º 3).

O princípio da coordenação, segundo o qual as forças e serviços de segurança


exercem as suas actividades específicas de acordo com os princípios, objectivos,
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prioridades, orientações e medidas da política de segurança interna e dentro dos


limites do respectivo enquadramento orgânico (art.º 6.º, n.º 1, da LSI).

O princípio da cooperação, que estabelece deverem as forças e serviços de


segurança cooperar entre si, designadamente através da comunicação de
informações que, não interessando apenas à prossecução dos objectivos
específicos de cada um deles, sejam necessárias à realização das finalidades de
outros, salvaguardando os regimes legais do segredo de justiça e do segredo de
Estado (art.º 6º, n.º 2).

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II. SISTEMA DE SEGURANÇA INTERNA

Por segurança interna entende-se a actividade desenvolvida pelo Estado para garantir a
ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir e reprimir a
criminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições
democráticas, o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos
cidadãos e o respeito pela legalidade democrática (art.º 1º, n.º 1, da LSI).

A actividade de segurança interna é enquadrada nos termos da Constituição da República


Portuguesa e da lei, designadamente da lei penal e processual penal, da lei quadro da política
criminal, das leis sobre política criminal e das leis orgânicas das FSS (art.º 1º, n.º 2, da LSI).

Constitui objectivo primordial da actividade de segurança interna a protecção da vida e da


integridade das pessoas, da paz pública e da ordem democrática – designadamente contra o
terrorismo, a criminalidade violenta ou altamente organizada, a sabotagem e a espionagem – a
prevenção e reacção a acidentes graves ou catástrofes, a defesa do ambiente e a preservação
da saúde pública (art.º 1º, n.º 3, da LSI).

Ao Sistema de Segurança Interna compete a execução da política de segurança interna,


definida esta como o conjunto de princípios, orientações e medidas tendentes à realização
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permanente das finalidades atribuídas à actividade de segurança interna (art.º 3º, da LSI).

A Assembleia da República surge como primeira componente do Sistema, competindo-lhe


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enquadrar a política de segurança interna e fiscalizar a sua execução (art.º 7º, n.º 1, da LSI),
assente, essencialmente, na apreciação do relatório que lhe é anualmente presente pelo
Governo até 31 de Março, onde é descrita a situação do País no que toca à segurança interna e
a actividade desenvolvida pelas forças e serviços de segurança no ano anterior (art.º 7º, n.º 3,
da LSI).

Ao Governo, por sua vez, compete a condução da política de segurança interna, devendo para
tal, nomeadamente, definir as linhas gerais da política de segurança interna, as orientações
sobre a sua execução e programar e assegurar os meios destinados à execução da política de
segurança interna (art.º 8º, da LSI).

Especificamente ao Primeiro-Ministro cabe a responsabilidade política pela direcção da


política de segurança interna através, designadamente, do exercício das seguintes
competências (art.º 9º, da LSI):

1. Informar o Presidente da República acerca dos assuntos respeitantes à condução


da política de segurança interna;
2. Convocar o Conselho Superior de Segurança Interna e presidir às respectivas
reuniões;
3. Propor ao Conselho de Ministros o Plano de Coordenação, Controlo e Comando
Operacional das FSS;
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4. Dirigir a actividade interministerial tendente à adopção das providências


adequadas à salvaguarda da segurança interna;
5. Coordenar e orientar a acção dos membros do Governo em matéria de segurança
interna;
6. Nomear e exonerar o SG SSI, mediante proposta conjunta dos Ministros da
Administração Interna e da Justiça, após audição do indigitado em sede de
comissão parlamentar, e
7. Nomear e exonerar o Secretário-Geral Adjunto do Sistema de Segurança Interna,
mediante proposta conjunta dos Ministros da Administração Interna e da Justiça,
ouvido o SG SSI.

Constituem órgãos do Sistema de Segurança Interna o Conselho Superior de Segurança


Interna, o SG SSI e o Gabinete Coordenador de Segurança (art.º 11.º, da LSI).

Cabe ao Conselho assistir o Primeiro-Ministro no exercício das suas competências nesta


matéria, nomeadamente na adopção das providências necessárias em situações de grave
ameaça da segurança interna.

Enquanto órgão de consulta, compete ao Conselho Superior de Segurança Interna emitir


parecer sobre, nomeadamente (art.º 13.º, da LSI) sobre a definição das linhas gerais da política
de segurança interna e as bases gerais da organização, funcionamento e disciplina das FSS e a
delimitação das respectivas competências.
F
Cabe-lhe igualmente emitir parecer sobre os projectos de diplomas que contenham
providências de carácter geral respeitantes às atribuições e competências das FSS e as grandes
linhas de orientação respeitantes à formação, à especialização, à actualização e ao
SE
aperfeiçoamento do pessoal das FSS.

Ao Secretário-Geral do Sistema de Segurança Interna, que funciona na directa dependência


do Primeiro-ministro ou, por sua delegação no Ministro da Administração Interna, estão
confiadas competências de coordenação, direcção, controlo e comando operacional (art.º 14.º
e 15.º, da LSI).

No exercício das competências de coordenação, o SG SSI (art.º 16.º, da LSI):

1. Concerta medidas, planos ou operações entre as forças e serviços de segurança,


2. Articula as forças e serviços de segurança e outros serviços ou entidades públicas
ou privadas e
3. Coopera com os organismos congéneres internacionais ou estrangeiros.
Compete-lhe ainda, através dos dirigentes máximos, a articulação das FSS necessária a:

4. Coordenar a sua acção, garantindo o cumprimento do Plano aprovado pelo


Governo;
5. Coordenar acções conjuntas de formação, aperfeiçoamento e treino;
6. Reforçar a colaboração recíproca, garantindo o seu acesso às informações
necessárias e
Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças e dos Serviços de Segurança

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7. Desenvolver no território nacional os planos de acção e as estratégias do espaço


europeu de liberdade, segurança e justiça que impliquem actuação articulada
entre todas.

Compete ainda ao SG SSI:

1. Estabelecer com o Secretário-Geral do Sistema de Informações da República


Portuguesa mecanismos adequados de cooperação institucional de modo a
garantir a partilha de informações, com observância dos regimes legais do segredo
de justiça e do segredo de Estado, e o cumprimento do princípio da
disponibilidade no intercâmbio de informações com as estruturas de segurança
dos Estados membros da União Europeia;
2. Garantir a articulação das FSS com o sistema prisional de forma a tornar mais
eficaz a prevenção e a repressão da criminalidade;
3. Garantir a articulação entre as FSS e o SIOPS – Sistema Integrado de Operações de
Protecção e Socorro, o planeamento civil de emergência e, bem assim, os serviços
de emergência médica, segurança rodoviária e transporte e segurança ambiental,
no âmbito da definição e execução de planos de segurança e gestão de crises;
4. Articular as instituições nacionais com as de âmbito local, incluindo
nomeadamente as polícias municipais e os conselhos municipais de segurança e
5. Estabelecer ligação com estruturas privadas, incluindo designadamente as
empresas de segurança privada.
F
No exercício das competências de direcção, o SG SSI dispõe de poderes de organização e
gestão administrativa, logística e operacional dos serviços, sistemas, meios tecnológicos e
outros recursos comuns das forças e serviços de segurança, entre os quais (art.º 17.º, da LSI):
SE

1. Facultar o acesso e a utilização de serviços comuns, designadamente no âmbito do


Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal e da Central
de Emergências 112;
2. Garantir a interoperabilidade entre os sistemas de informação e o acesso por
todas, de acordo com as suas necessidades e competências, a esses sistemas e aos
mecanismos de cooperação policial internacional através dos diferentes pontos de
contacto nacionais;
3. Coordenar a introdução de sistemas de informação georreferenciada sobre o
dispositivo e os meios das FSS e de protecção e socorro e sobre a criminalidade;
4. Proceder ao tratamento, consolidação, análise e divulgação integrada das
estatísticas da criminalidade, participar na realização de inquéritos de vitimação e
insegurança e elaborar o relatório anual de segurança interna;
5. Ser o ponto nacional de contacto permanente para situações de alerta e resposta
rápidas às ameaças à segurança interna, no âmbito dos mecanismos da União
Europeia.

Em missões ou tarefas específicas, limitadas pela sua natureza, tempo ou espaço, o SG SSI, no
âmbito das suas competências de controlo, tem poderes de articulação das forças e serviços

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de segurança no desempenho de missões ou tarefas específicas que impliquem, de acordo


com este Plano, uma actuação conjunta (art.º 18.º, da LSI).

Estas exercem-se através dos respectivos dirigentes máximos, sempre que a articulação seja
necessária:

1. Ao policiamento de eventos de dimensão ampla ou internacional ou de outras


operações planeadas de elevado risco ou ameaça, mediante determinação
conjunta dos Ministros da Administração Interna e da Justiça;
2. À gestão de incidentes táctico-policiais graves entendidos, para além dos que
venham a ser classificados como tal pelos Ministros da Administração Interna e da
Justiça, como os que requeiram a intervenção conjunta e combinada de mais de
uma força e serviço de segurança e que envolvam:
a) Ataques a órgãos de soberania, estabelecimentos hospitalares, prisionais ou
de ensino, infra-estruturas destinadas ao abastecimento e satisfação de
necessidades vitais da população, meios e vias de comunicação ou meios de
transporte colectivo de passageiros e infra-estruturas classificadas como infra-
estruturas nacionais críticas;
b) O emprego de armas de fogo em circunstâncias em que se ponha em perigo a
vida ou a integridade física de uma pluralidade de pessoas;
c) A utilização de substâncias explosivas, incendiárias, nucleares, radiológicas,
biológicas ou químicas;
d) Sequestro ou tomada de reféns.
F
Finalmente e com carácter extraordinário, em situações determinadas pelo Primeiro-Ministro
após comunicação fundamentada ao Presidente da República, de ataques terroristas ou de
SE
acidentes graves ou catástrofes que requeiram a intervenção conjunta e combinada de forças
e serviços de segurança e, eventualmente, também do SIOPS, estes são colocados na
dependência do SG SSI, através dos dirigentes máximos, podendo este, no quadro das suas
competências de comando operacional, planear e atribuir missões ou tarefas de execução
conjugada e controlar a respectiva execução, nos termos do Plano (art.º 19.º, da LSI).

Ainda como órgão do Sistema de Segurança Interna temos o Gabinete Coordenador de


Segurança (artigos 21.º e 22.º, da LSI).

Trata-se de um órgão especializado de assessoria e consulta para a coordenação técnica e


operacional da actividade das FSS, funcionando na directa dependência do Primeiro-Ministro
ou, por sua delegação, do Ministro da Administração Interna.

Ao Gabinete Coordenador de Segurança compete assistir de modo regular e permanente o SG


SSI no exercício das suas competências de coordenação, direcção, controlo e comando
operacional e, designadamente, estudar e propor:

1. Políticas públicas de segurança interna;


2. Esquemas de cooperação de forças e serviços de segurança;
3. Aperfeiçoamentos do dispositivo das FSS;
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4. Condições de emprego do pessoal, das instalações e demais meios, normas de


actuação e procedimentos das FSS, a adoptar em situações de grave ameaça à
segurança interna;
5. Formas de coordenação e cooperação internacional das FSS;
6. Estratégias e planos de acção nacionais na área da prevenção da criminalidade.
E, bem assim:

7. Dar parecer sobre os projectos de diplomas relativos à programação de instalações


e equipamentos das forças de segurança;
8. Proceder à recolha, análise e divulgação dos elementos respeitantes aos crimes
participados e de quaisquer outros elementos necessários à elaboração do
relatório de segurança interna.

Por último, e no que concerne às forças e serviços de segurança, exercem funções de


segurança interna – Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública, Polícia
Judiciária, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, e o Serviço de Informações de Segurança.

Exercem ainda funções de segurança, nos casos e termos previstos na respectiva legislação, os
órgãos da Autoridade Marítima Nacional e do Sistema da Autoridade Aeronáutica (art.º 25.º,
da LSI), respectivamente Direcção-Geral da Autoridade Marítima/Polícia Marítima e Instituto
Nacional da Aviação Civil.
F
SE

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III. ÁREAS DE ACTIVIDADE


A actividade de segurança interna, tal como vem definida na Lei n.º 53/2008 de 29 de Agosto,
desenvolve-se nas seguintes áreas:

Informações;
Prevenção da criminalidade;
Manutenção ou reposição da ordem e segurança públicas;
Investigação criminal.

A. INFORMAÇÕES

A actividade de informações de segurança interna compreende o conjunto de acções


destinadas a promover, de forma sistemática, a pesquisa, a análise e o processamento de
notícias e a difusão de informações que garantam a realização dos objectivos do Sistema de
Segurança Interna.

As forças e serviços de segurança exercem a actividade de informações ao nível das suas


competências materiais e territoriais, constituindo-se como fontes fundamentais de
F
alimentação dos sistemas de informações, pelo manancial de dados que resulta da sua
actuação no terreno, estando obrigadas aos deveres de cooperação e coordenação entre si,
designadamente através da comunicação recíproca de dados não sujeitos a regime especial de
SE
reserva ou protecção, que sejam necessários à realização das finalidades uns dos outros.

O organismo competente para a produção de informações de segurança interna é o Serviço de


Informações de Segurança, cuja acção se desenvolve ao abrigo dos princípios atrás elencados.
Assim, compete-lhe elaborar estudos de informações sobre as ameaças à segurança interna,
vulnerabilidades e factores de risco, com alcance prospectivo, tendo em vista contribuir para a
definição da política de segurança interna
Compete-lhe, também, comunicar às entidades competentes para a investigação criminal e
para o exercício da acção penal os factos configuráveis como ilícitos criminais, salvaguardado o
que na lei se dispõe sobre segredo de Estado.

Compete-lhe ainda comunicar às entidades competentes, nos termos da lei, as notícias e


informações respeitantes à segurança interna e à prevenção e repressão da criminalidade.

Por outro lado, impende um especial dever de colaboração sobre as FSS previstos na legislação
de segurança interna, que estão obrigados – nos termos das orientações definidas pelas
entidades competentes – a comunicar permanentemente ao Serviço de Informações de
Segurança as notícias e os elementos de informação de que tenham conhecimento e que
estejam directa ou indirectamente relacionados com a sabotagem, o terrorismo, a espionagem
e a prática de actos que, pela sua natureza, possam alterar ou destruir o Estado de direito
constitucionalmente estabelecido.
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De acordo com o enquadramento actualmente em vigor, também o Serviço de Informações


Estratégicas de Defesa contribui para esta área da actividade de segurança interna.

B. PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE
A prevenção da criminalidade abrange todas as medidas destinadas a reduzir ou a contribuir
para a redução da criminalidade e dos sentimentos de insegurança dos cidadãos, tanto
quantitativa como qualitativamente, quer através de medidas directas de dissuasão de
actividades criminosas, quer através de políticas e intervenções destinadas a reduzir as
potencialidades do crime e as suas causas. Inclui o contributo dos governos, das autoridades
competentes, dos serviços de justiça criminal, das autoridades locais e de associações
especializadas, de sectores privados e voluntários, bem como de investigadores e do público,
com o apoio dos meios de comunicação (Cfr. Decisão do Conselho da UE de 28MAI2001 – JO L
153, de 08JUN2001).

A prevenção da criminalidade compreende as acções desenvolvidas pelas forças e serviços de


segurança com vista a evitar a ocorrência de factos que contrariem a realização das finalidades
da actividade de segurança interna, ou seja, que ponham em causa a vida e a integridade das
pessoas, a paz pública e a ordem democrática.

Tradicionalmente, o conceito de prevenção abarca três tipos fundamentais:


F
A prevenção clássica ou tradicional, que visa impedir os potenciais autores da prática de
crimes de virem a cometê-los ou de reincidirem na sua prática;
SE
A prevenção sociológica, que procura reduzir os factores de natureza sócio-económica ou os
estímulos de conjuntura capazes de favorecerem a prática de condutas criminais, e
A prevenção específica, que tem por fim limitar o número de vítimas da prática de crimes,
motivando os cidadãos a munirem-se de precauções ou a reduzirem os actos de imprudência
ou de negligência que facilitam ou precipitam a ocorrência de condutas criminosas.

O primeiro destes tipos, a prevenção tradicional, por sua vez, desenvolve-se


fundamentalmente por três formas:

1. Pela repressão criminal, isto é, pelo efeito intimidativo das penas;


2. Pela presença policial (patrulhamento, vigilância, rusgas), isto é, pelo efeito
dissuasor da presença ou da actividade policiais, e
3. Pela vigilância de pré-delinquentes identificados e reincidentes potenciais.

No domínio da prevenção, as novas correntes científicas deixaram de se centrar


exclusivamente na pessoa do delinquente, passando a analisar aprofundadamente as causas
de natureza ambiental e social. As circunstâncias em que os ilícitos são cometidos e
possibilidade de intervir em factores que reduzam as oportunidades do seu cometimento,
assumem merecido destaque, oferecendo ferramentas efectivas de prevenção e redução do
crime.
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Por outro lado, estudos actuais no domínio da prevenção de acções terroristas e outros tidos
de atentados ou acções contra pessoas, informação ou instalações, propõem a adopção dos
princípios e estratégias da prevenção criminal, com particular destaque para a prevenção
situacional (aumentar o esforço/dificuldades para o cometimento do crime; aumentar os
riscos para o potencial criminoso; reduzir as recompensas do crime; reduzir as provocações ou
incentivos e evitar/remover as desculpas de práticas criminais).

C. MANUTENÇÃO OU REPOSIÇÃO DA ORDEM E SEGURANÇA


PÚBLICAS

Esta área da actividade de segurança interna abarca as acções desenvolvidas pelas forças de
segurança uniformizadas, tendo em vista criar ou restabelecer as condições indispensáveis ao
normal funcionamento das instituições democráticas, ao regular exercício dos direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos e ao respeito pela legalidade democrática.

A ordem pública traduz um conjunto das condições externas necessárias ao regular


funcionamento das instituições e ao pleno exercício dos direitos individuais. Porém, a ordem,
F
segurança e a tranquilidade públicas não constituem fins em si mesmos, sendo apenas
condições de - ou meios para - assegurar o cumprimento da lei e garantir os direitos e as
liberdades dos cidadãos.
SE
Nesta área se inclui também a protecção de entidades determinadas ou de cidadãos em
situação de ameaça e ainda de instalações consideradas críticas ou sensíveis.

É actividade por excelência da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública,


sem prejuízo do contributo das demais forças e serviços de segurança, ao abrigo do princípio
da cooperação.

D. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

A actividade de investigação criminal compreende, nos termos da legislação em vigor, o


conjunto de diligências que, nos termos da lei processual penal, visam averiguar a existência
de um crime, determinar os seus agentes e a sua responsabilidade, descobrir e recolher
provas, no âmbito do processo (art.º 1.º da Lei n.º 49/2008, de 27 de Agosto).

Esta actividade desenvolve-se no seio do Sistema de Investigação Criminal, ao qual o legislador


atribui dois grandes objectivos.

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O primeiro deles é contribuir, nomeadamente através de acções de recolha de prova, para a


aplicação da justiça em cada caso concreto. E consagram-se duas vias para o atingir: a
atribuição à Polícia Judiciária da competência para a investigação de criminalidade mais
complexa e a valorização das competências de investigação criminal da Guarda Nacional
Republicana e da Polícia de Segurança Pública para a criminalidade cuja investigação requer
uma eficácia de proximidade.

O segundo e não menos importante objectivo é o de contribuir para a prevenção da


criminalidade, sendo que também aqui duas vias para a sua realização são apontadas. Através,
em primeiro lugar, da prevenção geral que resulta da resposta efectiva e tempestiva ao caso,
contribuindo a investigação criminal decisivamente para a aplicação da justiça aos autores.
Mas também, em segundo lugar, através de medidas especiais de prevenção, que implicam
uma constante atenção a potenciais ou reais situações criminosas geograficamente
localizadas, a potenciais ou reais grupos ou indivíduos criminosos e, em última instância,
mediante o evitar da prática do crime em concreto, actividades que preenchem o conceito de
investigação criminal preventiva.

Nesta área actuam os órgãos de polícia criminal, quer os de competência genérica – Polícia
Judiciária, Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública – quer os de
competência específica – designadamente, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a Polícia
Marítima, entre outros.
F
SE

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IV. ESTRUTURAS DE COORDENAÇÃO E COOPERAÇÃO


As Forças e Serviços de Segurança, por determinação legal específica, por solidariedade
institucional ou por dever geral de cooperação e coordenação, devem subordinar a sua acção
ao interesse comum.

Nesse sentido, o sistema de segurança interna, para além de consagrar estruturas formais de
coordenação e intervenção conjunta, apela à iniciativa das diferentes Forças e Serviços de
Segurança para o desenvolvimento de outras formas e processos de cooperação.

A coordenação é transversal a todos os domínios da actividade de segurança interna e


processa-se do seguinte modo:

1. Compete ao Gabinete Coordenador de Segurança estudar e propor os adequados


mecanismos de cooperação em três patamares distintos:

Reuniões plenárias do Gabinete, visando a coordenação técnica e operacional


das Forças e Serviços de Segurança, nas fases de preparação e de pré-
execução;
O SG SSI, entre outras competências, garante a coordenação dos estudos a
cargo do Gabinete e assegura o apoio necessário ao funcionamento do
F
Conselho Superior de Segurança Interna;
Sob coordenação do SG SSI, o Secretariado Permanente, constituído por
oficiais de ligação da GNR, PSP, PJ, SEF, SIS, SIED, AMN, SAA, SIOPS e DGSP,
SE
assegura, em permanência, a ligação com as entidades representadas e
executa as tarefas cometidas ao Gabinete.

2. A partilha e análise de informações de segurança interna e de defesa nacional são


da reserva de competência dos serviços que integram o SIRP, sob a coordenação
do seu Secretário-Geral.
Por seu turno, compete ao Conselho Consultivo do SIRP, aconselhar o Secretário-
Geral, no que respeita à salvaguarda da independência nacional, dos interesses
nacionais e da segurança interna, na tomada de decisões relativas ao exercício das
suas competências, nomeadamente quanto à articulação do SIRP com as Forças
Armadas, organismos de informações militares, órgãos responsáveis pela política
de defesa, política externa e forças e serviços de segurança.

3. A Unidade de Coordenação Anti–Terrorismo (UCAT) é responsável pela


coordenação e partilha de informação no âmbito do combate ao terrorismo.

4. O desenvolvimento do sistema de investigação criminal, conforme prescreve a


respectiva Lei de Organização, obedece aos seguintes princípios:

Distribuição de competências em sede de investigação criminal;

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Princípio da coordenação;
Princípio da cooperação e dever de comunicação;
Princípio da centralização da informação;
Princípio da partilha da informação;
Princípios relativos à formação especializada.

A coordenação dos órgãos de polícia criminal, é assegurada pelo Secretário-Geral do Sistema


de Segurança Interna, de acordo com as orientações genéricas emitidas pelo Conselho
Coordenador, presidido pelos Ministros da Justiça e da Administração Interna, e integrado
pelo SG SSI, pelo Director Nacional da Polícia Judiciária, pelo Comandante-Geral da Guarda
Nacional Republicana, pelo Director Nacional da Polícia de Segurança Pública, pelo Director
Nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, pelos dirigentes máximos de órgãos de
polícia criminal de competência específica e pelo Director-Geral dos Serviços Prisionais.
Por iniciativa própria ou a convite da presidência, o Presidente do Conselho Superior da
Magistratura e o Procurador-Geral da República podem participar nas reuniões do Conselho
Coordenador.

Compete ao SG SSI, no âmbito desta coordenação e ouvidos os dirigentes máximos dos OPC
ou, nos diferentes níveis ou unidades territoriais, as autoridades ou agentes de polícia criminal
que estes designem:
- Velar pelo cumprimento da repartição de competências entre OPC de modo a evitar
conflitos;
F
- Garantir a partilha de meios e serviços de apoio de acordo com as necessidades de
cada OPC;
- Assegurar o funcionamento e o acesso de todos os OPC ao sistema integrado de
SE
informação criminal, de acordo com as suas necessidades e competências;

No âmbito do sistema de investigação criminal, o Decreto-Lei no. 81/95, de 22 de Abril,


estabelece os princípios orientadores e os mecanismos de coordenação em matéria de
combate à droga, a saber:

Distribuição de competências em sede de investigação criminal entre os órgãos de


polícia criminal;
Distribuição de competências em sede de prevenção criminal, entre os órgãos de
polícia criminal, os serviços aduaneiros e os serviços e forças de segurança;
O dever de comunicação;
O princípio da centralização da informação;
Um sistema de coordenação através de criação das Unidades de Coordenação e
Intervenção Conjunta − UCIC; e
Os princípios orientadores da formação especializada.

A coordenação operacional é estabelecida ao nível das Unidades de Coordenação e


Investigação Conjunta (UCIC), formadas por elementos da Guarda Nacional Republicana, da
Polícia de Segurança Pública, Polícia Judiciária, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da
Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo, às quais compete

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disciplinar e praticar a partilha de informações oriundas de cada Força ou Serviço integrante e


a coordenação das acções que devam ser executadas em comum.

Na zona de fronteira comum (fronteiras internas), a cooperação luso-espanhola em matéria


policial e aduaneira, realiza-se através dos Centros de Cooperação Policial e Aduaneira
(CCPA), unidades de recolha e troca de informação e de ligação operacional destinadas à
prevenção e repressão da criminalidade4, à execução das medidas resultantes da aplicação do
acordo luso-espanhol relativo à readmissão de pessoas em situação irregular e ao apoio às
vigilâncias e perseguições transfronteiriças, efectuadas em conformidade com o previsto nos
artigos 40º e 41º da CAAS.

Os CCPA podem ainda desenvolver e coordenar operações conjuntas de vigilância e


patrulhamento fronteiriço e acções comuns de controlos pontuais reforçados (controlos
móveis) e desenvolver e/ou participar em investigações conjuntas e na vigilância de eventos
públicos.

Neles estão representados, pela parte portuguesa, a GNR, a PSP, a PJ, o SEF e a Direcção Geral
de Alfândegas e Impostos Especiais sobre o Consumo. Pelo Reino de Espanha, têm assento o
Corpo Nacional de Polícia e a Guarda Civil. É deixada em aberto a possibilidade de alargamento
a outras entidades que venham a ser indicadas pelos respectivos Ministros da Administração
Interna e do Interior.
F
Os CCPA assumem, pois, papel de grande importância em sede de cooperação policial nas
zonas fronteiriças, designadamente em situações excepcionais, de grave ameaça, em que se
considere necessária a reposição do controlo nas fronteiras internas, nos termos do nº 2 do
art.º 2º da CAAS. Nessas situações, estas estruturas constituem-se, temporariamente, como
SE
pontos de passagem fronteiriços, devendo ainda intensificar-se os controlos móveis e a acção
concertada entre as várias entidades presentes, por forma a garantir o máximo de cobertura e
segurança da área fronteiriça.

O Centro Nacional Coordenador Marítimo (CNCM), instituído pelo Decreto Regulamentar nº


86/2007, de 12 de Dezembro, visa regular, de forma integrada, a articulação, nos espaços
marítimos sob soberania e jurisdição nacional, entre autoridades de polícia, no exercício dessa
autoridade, e demais entidades competentes, designadamente órgãos e serviços da
Marinha/Autoridade Marítima Nacional (AMN), Força Aérea Portuguesa (FAP), Guarda
Nacional Republicana (GNR), Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Polícia Judiciária (PJ),
Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC),

4
Homicídio, doloso simples e doloso qualificado; violação; incêndio; falsificação de moeda; furto, roubo e receptação,
extorsão; rapto e sequestro; tráfico de pessoas; tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas;
infracções às disposições legais em matéria de arma e explosivos; destruição com emprego de explosivos, transporte
ilícito de resíduos tóxicos e prejudiciais; abandono do sinistrado na sequência de um acidente, tendo implicado a morte
ou ferimentos graves; e os crimes que podem originar a extradição.
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Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), Autoridade de Saúde Nacional (ASN),


Instituto da Água (INAG) e Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM).

O CNCM integra, em paridade, um representante nomeado pelo Director-Geral da Autoridade


Marítima e Comandante-Geral da Polícia Marítima, um representante da GNR nomeado pelo
Comandante-Geral da GNR, um representante do Gabinete Coordenador de Segurança
nomeado pelo Secretário-Geral, um representante da Marinha nomeado pelo Almirante Chefe
do Estado-Maior da Armada/Autoridade Marítima Nacional, um representante da Força Aérea
nomeado pelo Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, um representante do SEF nomeado pelo
seu Director-Nacional e um representante da PJ a nomear pelo seu Director-Nacional.

V. SISTEMA DE ALERTA

O Sistema de Alerta das Forças e Serviços de Segurança, no âmbito das medidas de segurança
interna, compreende os Graus da Ameaça em Território Nacional e as Normas para os Estados
de Segurança.

As medidas determinadas aplicam-se também a todas as infra-estruturas oficiais portuguesas


situadas em território estrangeiro, designadamente, representações diplomáticas, neste caso,
em articulação com o MNE e sem prejuízo das competências do SIED.
F
SE
A. GRAUS DE AMEAÇA EM TERRITÓRIO NACIONAL

1. Introdução

Em Portugal, os “Graus de Ameaça” até agora adoptados e correspondentes “Graus de


Segurança” apenas se encontram discriminados na Resolução do Conselho de Ministros de 16
de Março de 1989, que aprovou o primeiro Plano de Cooperação e Coordenação das Forças e
Serviços de Segurança.

Ao nível da União Europeia, o Conselho aprovou uma Recomendação e uma Decisão


relacionadas com este assunto, a saber:

Recomendação do Conselho, de 6 de Dezembro de 2001 (2001/C 356/01), sobre a


criação de uma escala comum de avaliação da ameaça para as personalidades
oficiais em visita à União Europeia; e
Decisão do Conselho, de 28 de Novembro de 2002 (2002/956/JAI), relativa à
criação de uma Rede Europeia de Protecção de Personalidades Oficiais.

2. Finalidade e aplicação

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Os graus de ameaça em território nacional destinam-se a definir, no âmbito das medidas de


segurança interna, as diversas ameaças que impendem sobre pessoas, incluindo intervenientes
processuais, eventos ou instalações, sendo tidas em consideração, nomeadamente, para:

1. Alteração dos Estados de Segurança Nacionais;


2. Protecção e Segurança de Altas Entidades e/ou cidadãos sobre os quais recaia um
cenário de ameaça;
3. Policiamento de Grandes Eventos;
4. Escoltas e Desembaraçamento de Trânsito; e
5. Protecção e Segurança de “Infra-estruturas Críticas” e “Pontos Sensíveis”.

3. Graus de ameaça

Os Graus de Ameaça são os seguintes:

Grau Ameaça
5 Reduzido
4 Moderado
3 Significativo
2 Elevado
1 Imediato
Letra “Z”
F
Ameaça real
SE
 Grau de Ameaça Reduzido – 5

Quer no âmbito interno, quer no âmbito externo, a execução, por parte de organizações ou
pessoas singulares, de qualquer atentado contra uma pessoa, instalação ou evento, teria
resultados nulos ou contraproducentes.
A segurança a prestar envolve, exclusivamente, os meios e dispositivos normais da
manutenção e reposição da ordem pública.

 Grau de Ameaça Moderado – 4

Quer internamente, quer externamente, a execução de um atentado contra uma pessoa,


instalação ou evento, conduz à obtenção de vantagens pouco significativas.
As organizações e/ou pessoas singulares capazes de executar a acção não possuem meios
técnicos/humanos sofisticados nem treino para tal fim.
A segurança envolverá, além dos meios e dispositivos normais da manutenção e reposição da
ordem pública, o empenhamento de um efectivo reduzido, cuja missão é especificamente a
protecção e segurança de uma pessoa, instalação ou evento.

 Grau de Ameaça Significativo – 3

No âmbito interno, as condições são as já referidas para o Grau 4.


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Porém, internacionalmente, estão criadas condições para que a exploração do sucesso de


qualquer atentado obtenha resultados significativos.
As organizações/pessoas singulares possuem meios materiais/humanos, sofisticados/treinados
para este tipo de acção.
A segurança envolverá, além dos meios e dispositivos normais da manutenção e reposição da
ordem pública, o empenhamento de Forças de Segurança cuja coordenação implica o
envolvimento do SG SSI, na fase de planeamento e/ou execução, quando julgado adequado,
perante a natureza do alvo e o tipo de risco que recai sobre a pessoa, instalação ou evento.

 Grau de Ameaça Elevado – 2

Quer internamente, quer no campo internacional, o sucesso do atentado contra uma pessoa,
instalação ou evento obtém vantagens muito significativas.
As organizações /pessoas singulares interessadas neste tipo de acção e capazes de as
desencadear, possuem meios materiais/humanos, sofisticados/treinados que já obtiveram
êxito em operações desta índole.
Os apoios que recebem, quer no campo logístico, quer no âmbito do planeamento operacional,
são adequados.
Existem indícios seguros quanto ao desencadeamento de um atentado.
A segurança e protecção a prestar implica a directa coordenação, por parte do SG SSI de toda a
fase de planeamento e execução da operação, devendo ser activada a Sala de Situação do
Gabinete Coordenador de Segurança.
F
 Grau de Ameaça Imediato – 1

As condições gerais são as definidas para o Grau anterior. Além disso surgem informações
SE
seguras da existência de um plano para desencadear um atentado, estando já identificados os
meios humanos e materiais que o levarão a efeito.
De imediato, deverá ser cancelado e/ou alterado o programa existente para a pessoa ou
evento, assim como activado o plano de segurança das instalações-alvo.

 Letra “Z”

Poderá ser utilizada para assinalar a existência de uma ameaça real de actos hostis contra uma
Alta Entidade, sem pôr em causa a sua vida.
São exemplos destes actos o lançamento de objectos como tintas, frutas, legumes ou detritos
e empurrões, entre outros.
Esta qualificação poderá ser usada como complemento dos Graus de Ameaça identificados
pelos números de “5” a “1” ou isoladamente.

4. Avaliação dos Graus de Ameaça

A avaliação dos Graus de Ameaça contra a segurança interna, pessoas, instalações e eventos,
será efectuada pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS), com a colaboração do SIED e

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dos órgãos de informações das Forças e Serviços de Segurança, procedendo à avaliação


permanente da ameaça e promovendo a sua oportuna difusão.

Quando a avaliação atribuir um Grau de ameaça 2 ou 1, o SG SSI dará, de imediato,


conhecimento ao Gabinete do Ministro da Administração Interna; quando for atribuído o Grau
de ameaça 1, o SG SSI deverá, ainda, transmitir essa avaliação, com carácter de IMEDIATO, ao
Gabinete do Primeiro-Ministro.

5. Disposições Diversas

Ficam revogadas todas as disposições que contrariem o estabelecido neste Plano.


As Forças e Serviços de Segurança que integram o GCS, directamente ou por intermédio do SG
SSI, podem solicitar ao SIS a avaliação do grau de ameaça contra pessoas, eventos ou
instalações.
O SG SSI estabelecerá canais de comunicação com entidades inseridas no sistema de Protecção
Civil e Emergência.
O SG SSI definirá, ainda, uma estratégia de comunicação à população, quando tal se afigure
necessário.

B. NORMAS PARA OS ESTADOS DE SEGURANÇA


F
1. Introdução
SE
Em Portugal, apenas estão definidos “Estados de Segurança” e consequentes Normas ao nível
das Forças Armadas, das Forças de Segurança, derivados das primeiras, e do INAC, através do
Plano Nacional de Segurança da Aviação Civil (PNSAC), este de âmbito restrito para a Aviação
Civil.
As medidas a implementar por cada Força e Serviço de Segurança serão estabelecidas pelas
mesmas, através de regulamentação interna.

2. Finalidade e Aplicação

As presentes normas destinam-se a definir, no âmbito das medidas de segurança interna,


designadamente contra actos de sabotagem ou terrorismo:

Os Estados de Segurança aplicáveis às Forças e Serviços de Segurança;


As normas para a declaração e cancelamento dos Estados de Segurança;
As medidas a implementar pelas Forças e Serviços de Segurança para cada Estado
de Segurança (a definir de acordo com os respectivos procedimentos internos).

As medidas a estabelecer para cada Estado de Segurança não prejudicam as constantes em


Directivas do EMGFA, na parte em que são aplicáveis às Forças de Segurança, nem a prontidão
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das Forças de Segurança previstas para o cumprimento das respectivas missões gerais. Essas
medidas não invalidam, igualmente, a manutenção do dispositivo de segurança em situação
Normal.

3. Estados de Segurança

Os Estados de Segurança correspondem a diferentes graus de segurança das instalações,


unidades e órgãos das Forças e Serviços de Segurança, bem como a diferentes graus de
prontidão operacional dos seus meios.
São, em regra, declarados preventiva e progressivamente, em função de uma ameaça e da sua
evolução, podendo, contudo, ser determinados directamente para qualquer grau, sem aviso
prévio.
Os Estados de Segurança são os seguintes:

 Estado de Segurança ALFA;


 Estado de Segurança BRAVO;
 Estado de Segurança CHARLIE; e
 Estado de Segurança DELTA.

a) Estado de Segurança ALFA

É declarado em casos de ameaça geral de acções violentas contra instalações ou elementos


F
das Forças e Serviços de Segurança, Infra-estruturas Críticas e Pontos Sensíveis, ou ainda de
outras acções susceptíveis de afectarem o normal funcionamento das instituições
democráticas ou a ordem pública, mas cuja natureza e alcance são impossíveis de prever,
SE
sendo que as circunstâncias não justificam a aplicação do conjunto de medidas do Estado de
Segurança BRAVO.
Pode, no entanto, ser necessário aplicar, em simultâneo, certas medidas do Estado de
Segurança BRAVO, tendo em conta os dados de informação, ou a título de dissuasão.
As medidas deste Estado de Segurança devem poder ser mantidas em permanência.

b) Estado de Segurança BRAVO


É declarado quando se considere existir uma crescente possibilidade de ocorrência de acções
do tipo referidas em 3.a. e possam ser identificadas as modalidades de ameaça.
Deve ser possível manter este estado durante várias semanas, sem que daí resultem
dificuldades excessivas, ou seja afectada a capacidade operacional.

c) Estado de Segurança CHARLIE

É declarado quando se verificar a ocorrência de acções do tipo das referidas em 3.a., ou


quando as circunstâncias e os dados de informação indiquem como muito provável a
realização, a qualquer momento, dessas acções, ou ainda quando for declarado o ESTADO DE
EMERGÊNCIA em parte ou na totalidade do Território Nacional.
Este estado deve ser mantido por um período limitado.

d) Estado de Segurança DELTA


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É declarado nas áreas dos locais de ocorrência ou nas imediações das áreas onde estão em
curso acções do tipo das referidas em 3.a. e quando as circunstâncias e os dados de
informações indiquem como iminente o desencadeamento das mesmas, ou ainda quando for
declarado o ESTADO DE SÍTIO OU DE GUERRA.
Normalmente, é difundido como aviso, tendo em consideração um local, uma determinada
área, ou todo o Território Nacional.

4. Declaração/Cancelamento dos Estados de Segurança

A declaração/cancelamento de qualquer Estado de Segurança pode ser determinada com


aplicação geral a todo o Território Nacional, a uma Região, Área ou Local.
Cabe ao Primeiro-Ministro declarar/cancelar qualquer Estado de Segurança, ouvido o Conselho
Superior de Segurança Interna e tendo em consideração a avaliação da ameaça elaborada pelo
Serviço de Informações de Segurança (SIS)
Compete ao SG SSI a transmissão das ordens de declaração/cancelamento dos Estados de
Segurança.
A transmissão deve ser efectuada por mensagem “RELÂMPAGO” ou “IMEDIATA”, “NÃO
CLASSIFICADA”, utilizando como texto a seguinte frase em claro:

“ DECLARO/CANCELO O ESTADO DE SEGURANÇA ALFA (ou BRAVO, ou CHARLIE, ou


DELTA) ”
F
Esta declaração poderá, quando julgado necessário, ser complementada com orientações
adequadas ao caso concreto.
SE

5. Disposições diversas

As diversas Forças e Serviços de Segurança estabelecem, através de regulamentação interna,


as medidas sectoriais a implementar em cada Estado de Segurança, nomeadamente, ao nível
da proactividade e prevenção; capacidade reactiva, informações e níveis de empenhamento de
pessoal.

Ficam revogadas todas as disposições que contrariem o estabelecido neste Plano.

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VI. NORMAS E PROCEDIMENTOS


De acordo com os princípios orientadores definidos na LSI, o Plano deve definir as normas e
procedimentos para fazer face quer a situações de grave ameaça (designadamente
sabotagem, espionagem ou terrorismo), quer a outras situações que requeiram o
empenhamento combinado e actuação concertada de efectivos e meios das diferentes Forças
e dos Serviços de Segurança.

Para tal, importa definir neste Plano um conjunto de normas que, no respeito pelas
competências próprias de cada uma das forças e serviços de segurança, permitam reforçar os
mecanismos de coordenação e cooperação técnica e operacional.

A. NORMAS GERAIS

Em termos gerais, pretende-se com a actuação conjunta das forças e serviços de segurança o
seguinte:
Intercâmbio de dados através da circulação sistemática de informação, tendo em
vista a oportuna tomada de decisões.
Eficácia, precisão e pragmatismo na tomada de medidas e na conduta
operacional, avaliando a situação de forma realista e objectiva e adoptando as
soluções adequadas;
F
Unidade de comando, inter-relacionamento e entreajuda, conseguindo uma
coordenação de esforços nas fases de planeamento, decisão e execução;
SE
Optimização de meios e aproveitamento racional das potencialidades de cada
força ou serviço de segurança, nomeadamente, das suas especialidades.

B. NORMAS ESPECÍFICAS

1. Incidentes de segurança

Considera-se incidente de segurança toda a ocorrência de carácter inopinado, com impacto na


ordem, segurança ou tranquilidade públicas, que exija a rápida intervenção policial e cuja
natureza, características e resolução envolvam, por motivos diversos, o emprego de recursos
específicos ou adicionais que ultrapassem os normal e quotidianamente utilizados.

A resolução de incidentes de segurança é orientada pelas seguintes normas gerais:

Delimitação e isolamento do local da ocorrência e áreas contíguas, impedindo


fugas e acessos indesejáveis e evitando a destruição de vestígios ou descaminho
de provas;
Tomada de dispositivo para abordagem do incidente;
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Fazer cessar a infracção, salvaguardando a segurança de pessoas e bens e a


prestação de socorros e a evacuação de eventuais vítimas;
Garantia da legalidade, segurança e tranquilidade públicas;
Detenção de suspeitos para entrega ao OPC competente ou à autoridade judicial;
Transmissão de elementos à entidade que organiza o processo.

No entanto, devem considerar-se duas situações distintas:

a) Operação policial em consequência do trabalho de investigação.

O tempo, o modo e, eventualmente, o lugar da acção são do conhecimento das forças


policiais.
A polícia com competência específica de investigação, ou no exercício de competência
delegada, no decurso da sua actividade investigatória, solicita a colaboração de outras forças
com capacidades de intervenção ou valências técnico-funcionais específicas, para executar
acções especializadas (de força ou periciais) visando impedir a continuação da actividade
criminosa, evitar a consumação do crime iminente ou detectar, identificar e deter os autores
ou suspeitos.
A coordenação da acção global (o que fazer) é da responsabilidade da entidade que conduz a
investigação, cabendo ao comandante da força de intervenção (dentro da sua autonomia
táctica) a responsabilidade pela condução dos movimentos tácticos (como fazer).
A entidade que coordena a acção global presta ao comandante da força de segurança
F
territorialmente competente todas as informações possíveis e necessárias à escolha da
modalidade de acção, acompanhando e cooperando no decorrer da mesma.
A operação é conduzida em ordem à prossecução dos objectivos definidos pela estratégia de
investigação, sem prejuízo dos deveres de protecção da vida e da integridade física das
SE
pessoas.
Sempre que a polícia territorialmente competente também detenha competência de
investigação, para o incidente em concreto, caber-lhe-á a coordenação das operações.

b) Incidente inopinado, configurando uma situação de flagrante delito ou que exija a


imediata intervenção policial (por exemplo, sequestro ou tomada de reféns ou
ameaça/descoberta de engenho explosivo).

Neste caso prevalece a função de manutenção e reposição da situação de legalidade e


segurança. O objectivo primário da intervenção é resolver o incidente, minimizando os danos
pessoais e materiais.
A sua resolução obedece à especificação definida para a gestão de incidentes táctico-policiais
(Anexo A).
A responsabilidade de coordenação e acção pertence, inicialmente, ao comando local da força
de segurança territorialmente competente, ou outro hierarquicamente superior, ao qual é
cometido o dever de accionar todos os mecanismos de cooperação e coordenação que possam
facilitar a resolução do incidente.
O incidente é imediatamente comunicado ao SG SSI e à entidade com competência de
investigação.

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Após esta comunicação ao SG SSI, a quem será transmitida toda a informação disponível no
momento, este assumirá uma das seguintes posições:

Acompanha a evolução da situação, sendo permanentemente informado das


medidas tomadas pelo gestor do incidente em ordem à resolução do mesmo ou
Classifica o incidente de segurança como Incidente táctico-policial grave nos
termos do art. 18.º da LSI, e, neste caso, assumirá o controlo do mesmo,
articulando a acção das FSS envolvidas, através dos respectivos dirigentes
máximos.

Se o incidente configurar uma situação de incidente táctico-policial grave nos termos do art.
18.º, n.º 3, da LSI, e for como tal validado, será igualmente activada a sala de situação do
Gabinete Coordenador de Segurança, para onde, o SG SSI convocará os dirigentes máximos das
FSS envolvidos.
A condução das operações táctico-policiais tem em conta os valores definidos e prosseguidos
pela investigação, em especial a preservação dos elementos de prova e indícios, mas sem
prejuízo da protecção da vida e da integridade física e psicológica das pessoas, em especial das
vítimas.
Depois de resolvido o incidente e após a reposição da situação de legalidade e segurança, a
acção policial passa a ser determinada pelo primado da investigação criminal, com o OPC
competente para a investigação a assumir o controlo pleno da ocorrência.
F
2. Protecção e Segurança

No quadro do Sistema de Alerta e das operações de protecção e segurança, as Forças de


SE
Segurança procedem às necessárias avaliações de risco, considerando os seguintes quesitos:

- A avaliação do grau de ameaça efectuado pelo SIS;


- A análise das vulnerabilidades das instalações e itinerários;
- As consequências expectáveis caso a ameaça se concretize;
- Os dispositivos e planos de segurança já existentes;
- A análise do programa da Alta Entidade ou do Evento.

As Forças de Segurança, sustentadas nesta avaliação do risco, poderão propor ao SG SSI a


interdição de sobrevoo de aeronaves nos locais e períodos considerados necessários à
protecção e segurança. A proposta deverá ser devidamente fundamentada e pressupõe a
existência de um grau de ameaça avaliado em significativo, elevado ou imediato.

O SG SSI, suportado na informação que entenda necessária, solicita ao Presidente do Conselho


Directivo do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC), a interdição de sobrevoo, cabendo a
este último a articulação com a NAV Portugal com vista à sua implementação, sem prejuízo da
articulação operacional entre o SG SSI e o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas
(CEMGFA).

A Protecção e Segurança envolve operações desencadeadas e conduzidas em função dos seus


destinatários, subdivididas em ( Anexo B) :
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Altas Entidades (Entidades Oficiais) e/ou cidadãos (Entidades não Oficiais) sobre os
quais recaia um cenário de ameaça ou risco;
Escoltas e Desembaraçamento de Trânsito;
Grandes Eventos ou outras operações planeadas, de elevado grau de risco ou
ameaça;
Cerimónias; e
Infra-estruturas críticas e Pontos Sensíveis.

a) Protecção e segurança a altas entidades e/ou cidadãos sobre os quais recaia um


cenário de ameaça

A protecção a altas entidades são operações desencadeadas e conduzidas em função do cargo


da Entidade, do Grau de Ameaça avaliado ou quando determinado por entidade competente.
Sempre que o planeamento ou a execução exijam a intervenção concertada de duas ou mais
Forças ou Serviços de Segurança, a coordenação é estabelecida pelo SG SSI.
(Apêndice 1)

b) Escoltas e Desembaraçamento de Trânsito

Considera-se Escolta a acção unificada de uma força em movimento sobre o mesmo itinerário,
executada sobre o controlo centralizado de um comando único e tendo por missão garantir a
F
segurança e guarda de pessoas ou bens em deslocamento. Designa-se também por escolta a
própria força encarregada de executar o serviço de escolta.
SE
Sempre que o planeamento ou a execução exijam a intervenção concertada de duas ou mais
Forças ou Serviços de Segurança, a coordenação é estabelecida pelo SG SSI.

(Apêndice 2)

c) Policiamento de grandes eventos ou outras operações planeadas, de elevado grau de


risco ou ameaça, que envolvam duas ou mais FSS

O estudo, a análise e a definição dos esquemas de segurança a adoptar nestas operações,


deverá processar-se no âmbito do Gabinete Coordenador de Segurança.
O comando da operação poderá, nos termos do artº 18º da LSI, ser atribuído pelo SG SSI, à
Força de Segurança territorialmente competente no local de realização do evento.

Sempre que o planeamento ou a execução exijam concertada a intervenção de duas ou mais


Forças ou Serviços de Segurança, a coordenação é estabelecida sede do Gabinete Coordenador
de Segurança.

Quando o conhecimento da realização de qualquer evento ou operação planeada, que envolva


duas ou mais FSS, chegue a entidade diversa do Gabinete Coordenador de Segurança, esta

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deverá, de imediato, transmitir tal informação ao mesmo, que se constituirá como ponto de
contacto e desencadeará os procedimentos de coordenação adequados.
(Apêndice 3)

d) Segurança de Cerimónias

As medidas de protecção e segurança de cerimónias serão implementadas de acordo com a


avaliação da ameaça, da AE que preside à cerimónia, entre outros.
(Apêndice 4)

e) Protecção e segurança de Infra-estruturas Críticas e de Pontos Sensíveis

As Forças e Serviços de Segurança deverão manter actualizada a informação relativa às infra-


estruturas críticas e pontos sensíveis existentes nas respectivas áreas de responsabilidade,
tendo em vista a execução tempestiva dos necessários procedimentos policiais, aquando da
declaração de um Estado de Segurança ou na sequência da elevação do grau de ameaça.

I. Infra-estruturas Críticas

Considera-se Infra-estrutura Crítica, o elemento, sistema ou parte deste que é essencial para a
manutenção de funções vitais para a sociedade, a saúde, a segurança e o bem-estar
económico e social, e cuja perturbação, destruição total ou parcial, disfunção ou utilização
indevida teria um impacto significativo no Estado, dada a impossibilidade de continuar a
F
assegurar essas funções.

A sua criticidade determinar-se-á pelo impacto que a sua destruição, disfunção ou utilização
SE
indevida possa determinar:

No funcionamento do sector a que pertence;


No funcionamento de outros sectores interdependentes;
No funcionamento dos Órgãos de Soberania; e
Nos Valores básicos do Estado de Direito Democrático.

Para efeito do presente Plano são infra-estruturas críticas nacionais as que foram como tal
identificadas na Carta Nacional de Infra-estruturas Criticas desenvolvida pelo CNPCE e que
constam na respectiva base de dados.

Em situação de crise ou grave ameaça para a segurança interna, o reforço das medidas de
segurança e protecção das instalações, infra-estruturas e de outros interesses considerados
críticos, é assegurado pelas forças e serviços de segurança, apoiados, se necessário e
superiormente decidido, pelas Forças Armadas, nos termos da Constituição e da Lei.
A coordenação das forças e serviços de segurança envolvidos será assegurada pelo SG SSI, no
quadro das suas competências. A articulação operacional da colaboração das Forças Armadas
será assegurada entre o SG SSI e o CEMGFA.
(Apêndice 5).

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II. Pontos Sensíveis

Para efeitos do presente Plano considera-se Ponto Sensível, qualquer espaço, instalação ou
infra-estrutura, não substituível por outra alternativa, que pelas suas características próprias,
seja susceptível de ser alvo de qualquer acção humana voluntária que ponha em perigo a
segurança de pessoas e bens. A classificação como Ponto Sensível pode ser conjuntural e como
tal susceptível de alterações ao longo do tempo.

Contrariamente ao que sucede com as infra-estruturas críticas, a destruição total ou parcial de


qualquer ponto sensível, não implicará necessariamente uma perturbação grave no
funcionamento de sectores importantes de actividade, ou na vida das populações.
(Apêndice 6)

f) Avaliação do risco

A avaliação do risco a efectuar pelas FSS deverá ser harmonizada e concretizada de acordo
com os parâmetros e variáveis indicadas numa matriz de referência.
(Apêndice 7)

3. Controlo de estrangeiros e de fronteiras


F
O controlo de fronteiras, bem como o controlo de estrangeiros, regulados pelos diplomas que
SE
dispõem sobre a entrada, saída, permanência e afastamento de cidadãos estrangeiros de
território nacional, concretizam importantes vertentes da segurança interna, contribuindo,
designadamente para a prevenção e repressão da criminalidade, a manutenção da ordem e
segurança públicas e o regular exercício dos direitos, liberdades e garantias fundamentais.

Em simultâneo, o exercício destas actividades desenvolve-se no quadro da salvaguarda da


segurança europeia, enquanto pressuposto da livre circulação de pessoas num espaço comum
de liberdade, segurança e justiça, em que cada um dos Estados assume a responsabilidade
acrescida de velar pela segurança dos seus parceiros.

Desde a entrada em vigor do Acordo de Schengen e da respectiva Convenção de Aplicação


(doravante designada por CAAS), o controlo de fronteiras e estrangeiros responde a uma nova
realidade europeia, através do reforço do controlo sistemático nas fronteiras externas, da
adopção de controlos transfronteiriços alternativos não sistemáticos, nas fronteiras internas,
da troca de informação e cooperação com as autoridades congéneres dos outros Estados-
Membros da União (com particular destaque para as espanholas) e com a colocação de oficiais
de ligação de imigração em países de origem e trânsito de fluxos migratórios.

No contexto mundial, europeu e nacional do pós-11 de Setembro e dos ataques terroristas de


Madrid e Londres, aceleraram-se esforços no sentido da redefinição das estratégias de
segurança para fazer face à nova tipologia de ameaças, cada vez mais transnacionais, erráticas
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e difusas. Nas novas estratégias de segurança, esbatem-se os limites entre os conceitos de


segurança interna e externa, face ao alargamento, qualitativo e quantitativo dos riscos e
emergem novos conceitos, tais como interoperabilidade e segurança cooperativa.

Neste quadro, é de destacar o facto de o fenómeno da desregulação dos fluxos migratórios ser
identificado, designadamente na estratégia europeia em matéria de segurança e no conceito
estratégico de defesa nacional, como uma ameaça concreta. Destaca-se, ainda, o facto de
também serem claramente referidos os crimes relacionados com a promoção e exploração da
imigração ilegal e do tráfico de pessoas, a par de outras manifestações de criminalidade
organizada, como o terrorismo e o tráfico de droga.

A criação da Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas


(FRONTEX), pelo Regulamento (CE) nº 2007/2004, de 26 de Outubro de 2004, do Conselho,
exprime a evolução comunitária no sentido da gestão integrada das fronteiras externas da
União, visando melhorar a coordenação e cooperação operacional entre os Estados-Membros,
neste domínio.

Também os recentes desenvolvimentos assinalados no âmbito da documentação de segurança


(mormente nos documentos de viagem e identidade), com a introdução de identificadores
biométricos, devem ser encarados como medida determinante no reforço do controlo
fronteiriço e na prevenção e combate da criminalidade organizada. A salvaguarda do direito à
integridade da identidade das pessoas, bem como dos documentos que a certificam, vem
F
merecendo grande atenção por parte das sociedades actuais. Assim, em paralelo, a introdução
destes indicadores constitui um forte elemento de dissuasão relativamente ao fenómeno da
usurpação de identidade e à tutela daquele bem intangível, contribuindo, ainda, para a
interoperabilidade no controlo documental, facilitadora da triagem dos fluxos de pessoas e da
SE
detecção de fraude documental.

Em caso de reposição do controlo fronteiriço nas fronteiras internas, resultante de situações


de grave ameaça à ordem pública ou à segurança interna, será imprescindível uma estreita
cooperação e coordenação estreita entre as FSS, cabendo ao SEF definir, entre outros, os
seguintes pontos.

- Termos da reintrodução dos controlos, que inequivocamente terá de contar com a


colaboração das demais FSS presentes nos CCPA, para além da Autoridade Marítima nos casos
em que se justifique;
- Pontos de passagem autorizados nas fronteiras;
- Termos em que o controlo de fronteira se deve realizar nas diferentes fronteiras;
- Termos em que se deverá assegurar o patrulhamento e a vigilância das linhas de fronteira
terrestre e marítima;

Sempre que o planeamento ou a execução exijam a intervenção concertada de duas ou mais


entidades, nacionais ou estrangeiras, a coordenação é estabelecida pelos intervenientes, nos
termos do Anexo D.

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a) Acções conjuntas da iniciativa do SEF

Cabe ao SEF coordenar o planeamento e a execução das acções de controlo de estrangeiros,


sem prejuízo da colaboração da GNR e/ou PSP para a execução de todos os procedimentos em
tempo útil, com eficácia e segurança.

Se a situação assim o exigir, em função do grau de ameaça verificado, poderão ser constituídas
unidades de coordenação, no âmbito de acções concretas, compostas por representantes das
várias entidades envolvidas, de forma a garantir a eficaz coordenação de meios no terreno e a
articulação com as respectivas Forças e Serviços de Segurança.

b) Acções conjuntas da iniciativa das Forças de Segurança

Ocorrendo uma situação urgente envolvendo cidadãos estrangeiros, que implique actuação
imediata, nomeadamente quanto à sua identificação ou análise dos respectivos documentos,
deverá ser solicitada a intervenção do SEF, no local.

Caso esta intervenção não se revele possível, o SEF disponibilizará, de imediato, um canal de
contacto e comunicação permanente e uma pessoa e/ou equipa para o apoio de retaguarda,
de modo a providenciar pela execução dos procedimentos inerentes ao formulário
denominado INFOCEST – cfr Apêndice 1 do Anexo D.
F
SE

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ANEXOS:
A – GESTÃO DE INCIDENTES TÁCTICO-POLICIAIS
B – PROTECÇÃO E SEGURANÇA
C – INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
D – CONTROLO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS
E – PROGRAMAS NACIONAIS DE SEGURANÇA ESPECIAIS

F
SE

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ANEXO A – GESTÃO DE INCIDENTES TÁCTICO-POLICIAIS

A. CONCEITO
Entende-se por Incidente Táctico-Policial a ocorrência inopinada e de carácter reactivo,
configurando uma situação de flagrante delito ou que exija a imediata intervenção policial,
cuja natureza, características e resolução envolvam, por motivos diversos, o emprego de
recursos que ultrapassem os normal e quotidianamente utilizados.

São considerados Incidentes Táctico-Policiais, nomeadamente, e para além de outros que


venham a ser propostos como tal pelo responsável da Força de Segurança territorialmente
competente:

1. Os que envolvam suspeitos armados com armas de fogo ou outras com capacidade
para produzir ofensas corporais graves ou provocar a morte, especialmente se já
tiverem sido utilizadas, e cuja natureza, características e resolução envolvam, por
motivos diversos, o emprego de recursos que ultrapassem os normal e
quotidianamente utilizados;
2. Os que envolvam o potencial uso de substâncias explosivas, incendiárias ou outras
com capacidade para produzir ofensas corporais graves ou provocar a morte,
F
especialmente se já tiverem sido utilizadas;
3. Os que envolvam o potencial uso de substâncias nucleares, radiológicas, biológicas
ou químicas (NRBQ) com capacidade para produzir ofensas corporais graves ou
SE
provocar a morte, especialmente se já tiverem sido utilizadas;

A partir do momento em que se verifiquem os pressupostos legais que enquadrem


determinado facto como Incidente Táctico-Policial, deve a sua gestão ser garantida pela Força
de Segurança territorialmente competente, sem prejuízo da obrigatoriedade da comunicação
imediata do mesmo ao SG SSI.

De acordo com as disposições da Lei nº 53/2008 de 29 de Agosto, são considerados incidentes


táctico-policiais graves, para além dos que venham a ser classificados como tal pelos Ministros
da Administração Interna e da Justiça, os que requeiram a intervenção conjunta e combinada
de mais de uma Força e Serviço de Segurança e que envolvam:

1. Ataques a órgãos de soberania, estabelecimentos hospitalares, prisionais ou de


ensino, infra-estruturas destinadas ao abastecimento e satisfação de necessidades
vitais da população, meios e vias de comunicação ou meios de transporte colectivo
de passageiros e infra-estruturas classificadas como infra-estruturas críticas
nacionais;
2. O emprego de armas de fogo em circunstâncias em que se ponha em perigo a vida
ou a integridade física de uma pluralidade de pessoas;

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3. A utilização de substâncias explosivas, incendiárias, nucleares, radiológicas,


biológicas ou químicas;
4. Sequestro ou tomada de reféns.

B. FASES
A resolução de um incidente táctico-policial inclui, por uma questão de sistematização, as fases
abaixo referidas. Na prática, estas poderão desenvolver-se simultaneamente.

1ª. Fase – Notícia da Ocorrência


Consiste na tomada de conhecimento de uma ocorrência passível de ser classificada como
incidente táctico-policial.

2ª. Fase – Contenção Inicial


Consiste na adopção dos procedimentos iniciais tendentes a controlar e estabilizar qualquer
incidente táctico-policial.

3ª. Fase – Activação de Recursos


Consiste na comunicação e deslocação atempadas de recursos especializados para o local do
incidente.

4ª. Fase – Consolidação da Contenção


F
Consiste na adopção dos procedimentos subsequentes tendentes a consolidar o controlo e
estabilização de qualquer incidente táctico-policial.
SE
5ª. Fase – Resolução do Incidente
Consiste na adopção dos procedimentos técnico-policiais tendentes à resolução do incidente.

C. PROCEDIMENTOS

1. Notícia da ocorrência

A notícia e as comunicações referentes a situações passíveis de tipificação como Incidente


Táctico-Policial têm carácter imediato e prioritário;

O elemento que primeiro tiver notícia da ocorrência, se não coincidir com o da Estação
Directora (Central de Comunicações/Rádio), deve ainda assim comunicá-la o mais rapidamente
possível e com o máximo de elementos de informação disponíveis;

Deve a Estação Directora (Central de Comunicações/Rádio) confirmar a veracidade da notícia,


enviando para o local os recursos necessários à Contenção Inicial e simultaneamente
comunicar o facto ao escalão superior (Comandante da Unidade territorialmente competente,
Oficial de Serviço ou similar);

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Ao escalão superior compete a validação da notícia e a consequente classificação da


ocorrência como Incidente Táctico-Policial;

A classificação da ocorrência como Incidente Táctico-Policial Grave será efectuada pelo SG SSI,
nos termos do artº 18º da LSI.

2. Contenção inicial

a) Perímetros de segurança
Os recursos de contenção inicial enviados para o local devem formar dois perímetros ou anéis
de segurança: interior e exterior. Os elementos enviados em reforço devem apresentar-se ao
elemento mais graduado envolvido na contenção inicial e receber instruções deste.

- Perímetro interior (contenção)


o Destina-se basicamente a reduzir a liberdade de movimentos e a evitar a
fuga dos suspeitos;
o Deve ser instalado de forma a permitir a observação directa do local do
incidente (especialmente dos pontos de acesso/fuga), mantendo no
entanto as distâncias de segurança adequadas;
o Os elementos nele envolvidos devem seleccionar posições que confiram
discrição e protecção da acção do suspeito;
F
o Apenas são permitidas medidas reactivas ou acções interventivas se,
indubitavelmente, estiverem iminentes ou em curso agressões que façam
perigar a vida de terceiros, ou se os suspeitos tentarem fugir do local.
SE
- Perímetro exterior (isolamento)
o Destina-se a evitar que peões e/ou viaturas continuem a aceder ao local
do incidente, criando uma zona de segurança;
o Constitui o perímetro mais afastado do local do incidente.

b) Evacuação

- Se existirem feridos, devem ser retirados, logo que possível, para uma área segura
fora do campo de acção dos suspeitos, até que cheguem ao local os adequados
meios de socorro que procedam à sua evacuação;
- Logo que existam condições de segurança, deverão ser igualmente evacuadas as
pessoas que se encontrem nas imediações, a distâncias ou em circunstâncias que
potencialmente possam ser atingidas pelas acções dos suspeitos (e.g.: disparos,
activação de substâncias perigosas ou tomada de reféns);
- As pessoas que, embora se encontrem na área, não estejam à distâncias ou nas
situações descritas, especialmente se forem em número elevado, poderão não ser
evacuadas, devendo no entanto ser informadas sobre os cuidados a ter e as zonas
a evitar.

c) Elementos essenciais de informação

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- Paralelamente às funções de contenção inicial, os elementos envolvidos devem


tentar obter os seguintes elementos essenciais de informação:
o tipo de situação (nomeadamente se envolve ou não reféns);
o local exacto da ocorrência;
o número de pessoas envolvidas;
o pessoas feridas, se existirem;
o armamento ou engenhos explosivos envolvidos;
o outros factos relevantes.

- Os EEI devem ser transmitidos com precisão à Estação Directora (Central de


Comunicações/Rádio) em ordem a possibilitar uma caracterização fidedigna da
situação. Sendo da responsabilidade do elemento mais graduado no local do
incidente, poderá ser efectuada por pessoa diversa do mesmo;
- Testemunhas:
o Devem ser localizadas, contactadas e sumariamente identificadas todas as
pessoas que tenham presenciado os factos que originaram a situação
táctica;
o As testemunhas devem ser questionadas, separadamente, sobre os
elementos essenciais de informação, procedendo-se ao seu registo por
escrito;
o Devem ainda ser informadas que se devem manter no local, numa área
segura, para contactos posteriores ( Local de Reunião de Testemunhas);
o Junto a essas testemunhas, e para sua segurança, deve permanecer um
F
elemento policial.

d) Contacto verbal inicial


SE

- Qualquer diálogo mantido com os suspeitos não deve ser da iniciativa dos
elementos envolvidos na contenção inicial;
- Caso ocorra (como situação última), o mesmo deve ser mantido exclusivamente
por um único elemento, nomeado para o efeito;
- O seu discurso deve ser calmo, firme e não hostil, de forma a criar um clima de
verdade e confiança na actuação das Forças e Serviços de Segurança;
- Não devem ser ostensivamente empunhadas armas, excepto se estiver iminente o
seu uso;
- Se pelos suspeitos forem feitas exigências ou ameaças, deve ser respondido que já
se encontram a caminho do local as pessoas (é importante a menção do plural)
com capacidade de decisão na matéria.

e) Funções do elemento mais graduado envolvido na contenção inicial

- Chefiar o perímetro interior de segurança, nesta fase;


- Manter informada a Estação Directora (Central de Comunicações/Rádio) sobre o
desenrolar da situação e as medidas tomadas;
- Providenciar no sentido de se proceder à evacuação de feridos, caso existam;

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- Desenvolver de imediato medidas tendentes a obter uma planta o mais


pormenorizada possível do local do Incidente;
- Nomear um elemento responsável pelo perímetro exterior de segurança;
- Dar instruções, de acordo com o presente Anexo, aos elementos que integram o
perímetro interior de segurança e a outros que vão chegando ao local em reforço
do dispositivo, sobre a situação, tarefas concretas a desempenhar, cuidados e
regras de segurança a cumprir.

3. Activação de recursos

a) Comunicação de advertência

Imediatamente após a validação da ocorrência como Incidente Táctico-Policial, o


Comandante da unidade da Força de Segurança territorialmente competente, deve
proceder à comunicação de advertência às seguintes entidades e unidades, respeitando
as competências exclusivas em razão do tipo de intervenção:

GCG/GNR ou DN/PSP, que, por sua vez, comunicará a situação ao SG SSI;


Ministério Público;
Polícia Judiciária;
Serviço de Informações de Segurança;
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (sendo caso disso);
Autoridade Marítima (sendo caso disso);
F
Instituto Nacional da Aviação Civil (sendo caso disso);
Sistema Integrado de Emergência Médica (sendo caso disso);
SE
Autoridade Nacional de Protecção Civil (sendo caso disso);
Direcção Geral dos Serviços Prisionais (sendo caso disso);
Unidades de Reserva da respectiva Força de Segurança:
De Manutenção de Ordem Pública;
De Intervenção Táctica;
De Inactivação de Engenhos Explosivos Improvisados;
De Cinotecnia;
Outras valências ou especialidades:
Equipa de negociação;
Equipa de informações;
Equipa de investigação criminal;
Responsável pelos contactos com a comunicação social;
Centro de Comunicações (apenas no caso de esta actividade não ser da
competência de outro órgão ou entidade);
Órgão de apoio logístico; e
Outros julgados necessários para a resolução do Incidente.

O Comandante da Força de Segurança territorialmente competente é responsável pela


tempestividade desta comunicação às entidades referidas nas alíneas anteriores. Para
tanto, é igualmente responsável pela elaboração e permanente actualização da fita de
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tempo onde sejam registados todos os factos relevantes para posterior apreciação e
avaliação.

b) Ponto de Encontro

O ponto de encontro é o local onde as Forças e entidades entram para o perímetro de


segurança e encontram o Comandante Gestor do Incidente (CmdGII).

4. Consolidação da contenção

a) Posto de Comando do Incidente (PCI)

A instalação e activação do PCI deve constituir-se como primeira prioridade do


Comandante Gestor do Incidente, de forma a permitir iniciar, rapidamente, a articulação e
coordenação de todos os recursos envolvidos.

b) Célula de Negociação

A Célula de Negociação (CN) é o espaço destinado à actuação da equipa de negociadores


e posiciona-se entre os perímetros interior e intermédio.

- Constitui-se como interlocutora exclusiva com os suspeitos;


-
F
O relacionamento da CN com o PCI é exclusivamente assegurado pela acção do
negociador coordenador;
- O acesso à CN é rigorosamente limitado aos negociadores, ao negociador
coordenador e a eventuais intermediários devidamente aprovados e autorizados
SE
pelo CmdtGI, mediante proposta dos negociadores;
- Integrará a Célula de Negociadores um especialista da PJ com vista à recolha das
informações necessárias para a fase de investigação posterior, o qual está
obrigado ao dever geral de colaboração, nos termos deste Plano.

c) Perímetros de segurança

- Ajustamento
- O CmdtGI, caso considere necessário e adequado, procede ao ajustamento dos
perímetros, sob proposta ou mediante parecer dos responsáveis da Unidade
especial ou de intervenção;
- Deve igualmente ser ouvido pelo CmdtGI o responsável pela área de trânsito
para efeitos de corte de artérias, controlo e regularização de tráfego e ainda
para definição e abertura de corredores de circulação de emergência;
- Os perímetros devem, sempre que possível, ser delimitados com o recurso a
barreiras físicas (e.g. fita plástica policial, grades metálicas, corda, viaturas,
etc.).
- Perímetro intermédio

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Para além dos perímetros de segurança interior e exterior já instalados, pode ser
implementado um novo perímetro – intermédio – situado entre aqueles.
- Composição e objectivos dos perímetros
-
- Perímetro interior
É composto por elementos da Unidade de Intervenção Táctica e da Unidade de
Manutenção de Ordem Pública.
- Os elementos da Unidade de Intervenção Táctica serão posicionados nos
locais de maior probabilidade de contacto com os suspeitos;
- As restantes posições serão asseguradas por elementos da Unidade de
Manutenção de Ordem Pública.
Para além dos objectivos já definidos para este perímetro, os elementos que o
integram devem ainda:
- Manter a atenção exclusivamente focalizada “para dentro”, na direcção
exacta do local do incidente;
- Consolidar o controlo de todos os possíveis pontos de fuga, recorrendo-se,
para tal, a pessoas que conheçam, residam ou trabalhem no local e
possam prestar informações sobre o mesmo;
- Proteger a acção dos negociadores em caso de negociação directa (“face-a-
face”);
- Implementar e colaborar nos planos de emergência pré-definidos;
- Impedir a entrada de qualquer indivíduo no perímetro sem prévio
F
conhecimento e autorização do CmdtGI e respectiva ordem transmitida
pelo responsável do perímetro;
Se as características do local o permitirem, devem ser integrados
atiradores de precisão.
SE
Os elementos constituintes deste perímetro, bem como os que tenham
que aceder ao seu interior, deverão, obrigatoriamente, envergar coletes
balísticos.

- Perímetro intermédio
Pode ainda ser criado um perímetro intermédio, composto por elementos da Unidade
de Manutenção de Ordem Pública. Destina-se, fundamentalmente, a permitir a
existência de uma área reservada entre os perímetros interior e exterior, permitindo o
normal e regular desenrolar das acções policiais, nomeadamente, permitir a instalação
do PCI, da célula de negociação e da Unidade de Intervenção Táctica.

Tem por funções:


- Manter a atenção focalizada, simultaneamente, “para dentro” e “para
fora”;
- Impedir o acesso de indivíduos não credenciados para tal;
- Implementar e colaborar nos planos de contingência pré-definidos.

- Perímetro exterior
É composto por elementos do comando com responsabilidade territorial.

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Para além das funções já definidas para este perímetro, os elementos que o integram
devem ainda:
- Manter a atenção exclusivamente focalizada “para fora”;
- Desviar, regularizar e canalizar o trânsito de viaturas e pessoas, de forma a
evitar congestionamentos;
- Informar condutores e peões sobre as limitações de circulação e indicar-
lhes alternativas;
- Controlar o acesso de pessoas e viaturas;
- Informar o CmdtGI da chegada de entidades relevantes;
- Permitir a existência de uma área reservada para manobra e
estacionamento de viaturas policiais e/ou de emergência.
- Permitir a existência de uma área reservada aos Órgãos de Comunicação
Social, canalizando os mesmo para a referida área e evitando que a sua
disposição seja aleatória, nomeadamente impedindo que a sua acção
possa prejudicar a resolução do Incidente.

(1) Controlo de acessos


É uma tarefa fundamental para uma eficaz acção de comando e gestão
do incidente.
- Deve ser rigorosamente aplicado o princípio da “efectiva
necessidade de aceder”;
- Deve ser implementado um sistema de credenciação;
F
- Cada perímetro de segurança deve, preferencialmente, ter apenas
um ponto de acesso.

d) Unidade de Intervenção Táctica


SE

- Deve ficar instalado em local reservado, designado por “área de espera” e


posiciona-se entre os perímetros interior e intermédio, sendo o seu acesso restrito
aos elementos da mesma;
- Garante a monitorização do objectivo e a obtenção de informação de carácter
táctico;
- Mantém um esforço de planeamento permanente para intervenção táctica
deliberada;
- Protege os negociadores em cenários de negociação directa (“face-a-face”).

e) Célula de Informações

Integram obrigatoriamente a Célula de Informações um elemento designado pelo SIS e


pela PJ. Sempre que necessário, integram ainda esta Célula elementos designados por
outras Forças, no âmbito das respectivas atribuições;

Compete à célula de informações:

- Centralizar e difundir adequadamente as informações por todos os intervenientes,


garantindo um adequado fluxo da informação disponível;

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- Exercer um esforço permanente de pesquisa de notícias e informações relevantes,


bem como o seu tratamento e análise;
- Proceder à análise das notícias que sejam objecto de difusão pelos órgãos da
comunicação social;
- Manter actualizada a avaliação da ameaça e do risco decorrentes do incidente;
- Preparar os Briefings de informações para o CmdtGI;
- Elaborar Relatórios de Situação periódicos, remetendo-os ao respectivo
departamento responsável pela área de informações policiais.

f) Centro de Operações

Compete ao Centro de Operações:

- Proceder à credenciação temporária dos elementos que se considere terem


necessidade de aceder aos diferentes perímetros;
- Controlar, monitorizar e, se possível, gravar todas as comunicações via rádio (E/R),
telefónicas e/ou outras;
- Assegurar e manter actualizado o registo de operações numa “fita do tempo”;
- Assegurar o registo vídeo de aspectos relevantes da operação, sem entrar no
perímetro interior de segurança;
- A partir do momento da implementação física do Posto de Comando do Incidente,
as comunicações rádio entre os diversos responsáveis intervenientes passam,
obrigatoriamente, a ser asseguradas em canal dedicado ao incidente,
F
encontrando-se a Estação Directora (Central de Comunicações/Rádio) sedeada no
Centro de Operações;
- Os indicativos rádio mantêm-se inalterados.
SE

g) Relações com a comunicação social

- Deve ser nomeado um oficial responsável que se constituirá como interlocutor


exclusivo com os órgãos de comunicação social, enquanto durar o incidente;
- Todos os restantes elementos envolvidos não estão autorizados a comentar ou
transmitir qualquer tipo de informação sobre a operação em curso, excepto por
indicação expressa do CmdtGI;
- Deve ser definida uma área específica para as conferências de imprensa com a
comunicação social, preferencialmente fora do perímetro exterior de segurança ou
entre este e o intermédio;
- Caso as conferências de imprensa ocorram dentro do perímetro exterior, os
jornalistas e operadores de câmara deverão ser credenciados com cartões
identificativos e permanentemente acompanhados;
- Sempre que o CmdtGI julgar oportuno ou por proposta do oficial responsável pelo
contacto com os órgãos de comunicação social, serão agendados contactos
extraordinários;
- Sempre que a gestão do incidente for assegurado pelo SG SSI, este definirá a
estratégia de comunicação e de informação pública a adoptar.

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5. Resolução do incidente

a) Detenções e apreensões

- A intercepção e neutralização de suspeitos são da responsabilidade primária da


Unidade de Intervenção Táctica;
- Os suspeitos serão de imediato e obrigatoriamente algemados e sujeitos a revista
de segurança, após o que são entregues ao OPC competente para a prossecução
das diligências de indícios de prova e apresentação às autoridades judiciárias
competentes, nos termos do disposto no Código de Processo Penal;
- Os eventuais reféns ou sequestrados, após sujeitos aos procedimentos de
segurança, deverão ser conduzidos para um local pré-definido, para identificação,
triagem, e inquirição;
- Ressalvados os casos em que as vítimas careçam de apoio psicológico urgente,
estas e as testemunhas serão entregues ao OPC competente para, consoante os
casos, recolha de informação ou de depoimento ou realizar as pertinentes
diligências de produção de prova tidas por urgentes;
- O cumprimento dos pressupostos legais relativamente a eventuais detenções e
apreensões é da responsabilidade da unidade da Força de Segurança com
competência territorial sobre a área do incidente.

b) Buscas de segurança
F
É considerada Busca de Segurança o conjunto de procedimentos operacionais tendentes à
detecção e eventual neutralização de pessoas e/ou objectos que possam afectar a
segurança das acções subsequentes:
SE

- É da responsabilidade exclusiva da Unidade de Intervenção Táctica;


- Caso existam suspeitas de existência de engenhos explosivos ou outras substâncias
perigosas, a Unidade de Intervenção Táctica deverá ser coadjuvada por elementos
da Unidade de Inactivação de Engenhos Explosivos e/ou por binómios
cinotécnicos;
- A sua execução deverá permitir a preservação de vestígios/indícios que possam
existir no local;
- Ao local só será permitido o acesso de outros elementos para além dos referidos
nas alíneas anteriores após a busca ser dada como terminada e consequente
comunicação do responsável da Unidade de Intervenção Táctica ao CmdtGI.

c) Preservação de indícios

O local do incidente deve ser considerado como “local de crime”, aplicando-se-lhe as


regras gerais de tratamento definidas, nomeadamente no respeitante ao seu isolamento.

d) Registo de danos

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- Compete ao responsável pela logística proceder ao levantamento e registo dos


danos provocados em equipamentos e/ou infra-estruturas, pela acção das Forças e
entidades intervenientes;
- Cada um dos responsáveis deve reportar, atempadamente, os danos provocados
pela sua actuação, bem como os sofridos no decurso da mesma;
- O conjunto destes dados deve ser disponibilizado à Força de Segurança com
competência territorial sobre a área do incidente, com vista à elaboração do
respectivo expediente.

e) Relatório final de incidente

- Após a resolução do incidente, deverá ser elaborado relatório circunstanciado,


pelo CmdtGI;
- As unidades/entidades intervenientes devem elaborar relatórios parcelares sobre
as respectivas áreas de intervenção;
- O CmdtGI deve anexar os relatórios parcelares referidos ao relatório de incidente.
- Este relatório deve ser remetido ao Secretário-Geral do Sistema de Segurança
Interna, designadamente para verificação da conformação da acção das entidades
intervenientes com o disposto no presente Plano;
- Sempre que no decurso de um ITP ocorra a morte ou ofensa à integridade física de
qualquer pessoa, o SG SSI remete cópia integral do relatório à Procuradoria-Geral
da República;
- Sempre que da análise do relatório resulte a existência de indícios da prática de
F
acções susceptíveis de responsabilização criminal ou disciplinar, o SG SSI remete
cópia integral do mesmo à Inspecção-Geral da Administração Interna.
SE

D. COMANDO E GESTÃO DE INCIDENTES TÁCTICO – POLICIAIS


Para efeitos do presente Plano, entende-se por Comando e Gestão de Incidentes Táctico-
Policiais a adopção de um conjunto de procedimentos operacionais tendentes ao
planeamento, identificação, activação e aplicação dos recursos necessários à resolução do
mesmo.

1. Objectivos
Constituem-se como objectivos do Comando e Gestão de Incidentes Táctico-Policiais:

- Conter, estabilizar e resolver o incidente;


- Garantir a articulação entre as diversas entidades e organismos intervenientes,
mantendo a unidade de esforços permanente e uma organização simples e
exequível;
- Estabelecer e definir planos de resposta a contingências;
- Garantir a implementação e cumprimento das directivas pré-definidas;
- Manter o contacto permanente com o escalão decisório superior;
- Assegurar o regresso rápido à normalidade:
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- Desafectar os recursos excedentários;


- Retornar às actividades policiais normais.
- Gerir as relações com a comunicação social, por forma a transmitir publicamente
uma sensação de controlo sobre o incidente;
- Assegurar o apoio logístico de toda a operação.

2. Nomeação do Comandante Gestor do Incidente (CmdtGI)

- Constitui-se como Comandante Gestor do Incidente o Comandante do


Comando/Unidade com responsabilidade territorial sobre o local da ocorrência;
- Por determinação do Comandante-Geral da GNR, do Director Nacional da PSP, ou
do Comandante-Geral da Polícia Marítima, caso os factos ocorram no espaço de
jurisdição da Autoridade Marítima e não imponham a intervenção específica de
outra Força de Segurança, pode a nomeação do CmdtGI recair sobre oficial
diverso;
- O Comandante Gestor do Incidente deve, obrigatoriamente, permanecer no Posto
de Comando do Incidente.

3. Posto de Comando do Incidente (PCI)

Entende-se por Posto de Comando do Incidente o órgão que congrega os responsáveis pelas
unidades/entidades intervenientes, auxiliando o CmdtGI na tomada de decisões e garantindo a
F
implementação das mesmas.

a) Instalação:
SE
- Localização
O Posto de Comando do Incidente deve ficar localizado entre os perímetros de
segurança intermédio e o interior, fora do campo de observação e de actuação dos
suspeitos.
- Características:
Independentemente das características do local, deve, preferencialmente:
- Dispor de energia eléctrica;
- Dispor de meios para garantir a comunicação, aos vários níveis;
- Dispor de áreas suficientes para instalação de Posto de Comando, Centro
de Operações, Sala de “Briefings”, salas de refeição e de descanso;
- Dispor de instalações sanitárias.
- Acesso:
O acesso ao Posto de Comando do Incidente é especialmente condicionado aos
portadores de credenciação adequada.
- Funcionamento:
O Posto de Comando do Incidente funciona de forma ininterrupta até à resolução
do mesmo, sendo desactivado por ordem formal do CmdtGI.

b) Composição:

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- Elementos permanentes
- Comandante Gestor do Incidente;
- Negociador Coordenador;
- Responsável pela unidade especial ou de intervenção;
- Responsável pelas informações;
- Adjunto do CmdtGI;
- Responsável da PJ;
- MP (quando presente);
- Representante do SG SSI (quando presente);
- Responsável do SIS (quando presente).
- Elementos adicionais a serem accionados pelos elementos permanentes do PCI
- Responsável pela Unidade de Inactivação de Engenhos Explosivos;
- Responsável pelos perímetros de segurança
- Responsável pela intervenção táctica;
- Responsável pela cinotecnia;
- Responsável pela Equipa de Investigação Criminal;
- Responsável pelas comunicações;
- Responsável pelo apoio logístico;
- Responsável pelos contactos com Órgãos de Comunicação Social (OCS);
- Responsável pelo Gabinete de Psicologia;
- Responsável do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras;
- Responsável da Autoridade Marítima;
F
- Responsável do Instituto Nacional da Aviação Civil;
- Responsável do Sistema Integrado de Emergência Médica;
- Responsável da Autoridade Nacional de Protecção Civil;
- Responsável da Direcção Geral dos Serviços Prisionais;
SE
- Outros responsáveis.
- É da responsabilidade do CmdtGI a nomeação do Negociador Coordenador
(mediante proposta do responsável pela Unidade de Negociação), bem como do
Adjunto do CmdtGI e do responsável pelos contactos com os OCS;
- A nomeação dos responsáveis pelas informações, pelo perímetro exterior, pelas
comunicações e pela logística é da responsabilidade do Adjunto do CmdtGI;
- A nomeação de elementos nos termos das alíneas anteriores, deve prever os
respectivos suplentes, para as faltas e impedimentos;
- A nomeação dos elementos suplentes é da responsabilidade de cada um dos
elementos efectivos, recaindo obrigatoriamente sobre um dos que se encontrem
no local.

c) Cadeia de comando e relações funcionais

- O Comandante Gestor do Incidente é responsável pelo funcionamento do Posto de


Comando do Incidente;
- Os organismos/entidades externos à Força de Segurança territorialmente
competente estão obrigados ao dever geral de cooperação. A coordenação é da
responsabilidade do CmdtGI;

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- Os elementos permanentes do PCI dependem directa e obrigatoriamente do


CmdtGI;
- Os elementos adicionais do PCI dependem do Adjunto do CmdtGI ou são
coordenados por este. No entanto, o CmdtGI pode fazer integrar, a qualquer
momento, algum(uns) do(s) elemento(s) adicional(ais) nos elementos
permanentes, de forma temporária ou definitiva;
- O Centro de Operações depende do Adjunto do CmdtGI;
- A actividade desenvolvida pela célula de negociação depende das orientações
definidas pelo CmdtGI e transmitidas pelo negociador coordenador;
- Os perímetros de segurança dependem directamente dos respectivos
responsáveis nomeados;
- A Unidade de Intervenção Táctica depende do respectivo responsável;
- A Célula de Informações depende do respectivo responsável.

d) Conteúdos funcionais

- Elementos permanentes:
Ao Comandante Gestor do Incidente compete garantir a prossecução dos
objectivos definidos em 1.
Aos restantes elementos permanentes do PCI competem designadamente as
seguintes funções, para além de outras que lhes venham a ser atribuídas pelo
CmdtGI:
- Negociador coordenador
F
A sua actividade desenvolve-se quer no PCI quer na CN e consiste,
nomeadamente em:
- Aconselhar o CmdtGI na adopção de estratégias de negociação;
SE
- Liderar a equipa de negociação;
- Manter a ligação com elemento especialista em negociação da PJ;
- Manter o CmdtGI permanentemente informado sobre a evolução
das negociações;
- Participar na elaboração dos planos de resposta a contingência,
especialmente daqueles que podem influenciar a actividade
negocial (ex.: entregas diversas, libertação de reféns, rendição de
suspeitos, etc.).
- Responsáveis pelos perímetros de segurança
A sua actividade desenvolve-se quer no PCI, quer junto do perímetro pelo
qual é responsável e consiste, nomeadamente em:
- Organizar a instalação do respectivo perímetro e fiscalizar o
cumprimento das regras relativas aos acessos;
- Manter o CmdtGI permanentemente informado sobre a situação e
eficácia dos perímetros, propondo, se considerar necessário,
ajustamentos;
- Resolver problemas pontuais relativos ao seu perímetro,
efectuando o respectivo registo para posterior inclusão em
relatório;
- Participar na elaboração dos planos de resposta a contingências.
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- Responsável pelo Unidade de Intervenção Táctica


A sua actividade desenvolve-se, quer no PCI, quer na “área de espera” e
consiste, nomeadamente em:
- Aconselhar o CmdtGI na adopção de estratégias de intervenção;
- Coordenar a acção da Unidade de Intervenção Táctica e orientar o
seu esforço de planeamento;
- Obter do CmdtGI autorização para a recolha de informação táctica
dentro do perímetro interno;
- Apresentar ao CmdtGI o conceito geral de intervenção, as opções
viáveis, a análise de riscos e as probabilidades de êxito;
- Participar activamente na elaboração dos planos de resposta a
contingências.
- Responsável pelas informações
A sua actividade desenvolve-se, quer no PCI, quer na célula de informações
e consiste, nomeadamente, em:
- Coordenar a célula de informações;
- Coordenar com o responsável do SIS;
- Coordenar com os oficiais de ligação do SEF e da PJ, caso tenham
sido activados;
- Identificar e hierarquizar as necessidades de informação de acordo
com o CmdtGI;
- Manter o CmdtGI actualizado sobre a ameaça e o risco decorrentes
do incidente;
F
- Estabelecer ligação com o respectivo departamento responsável
pela área de informações policiais;
- Garantir a centralização e o fluxo de informação entre os diversos
SE
intervenientes, internos e externos à Força de Segurança
territorialmente competente, mantendo actualizado o quadro
“situação de informações”;
- Acompanhar a inquirição dos suspeitos, reféns ou sequestrados
eventualmente libertados no decurso do incidente;
- Coordenar a credenciação;
- Propor planos de pesquisa de notícias.
- Adjunto do CmdtGI
A sua actividade desenvolve-se no PCI e consiste, nomeadamente, em:
- Instalar, activar e coordenar o centro de operações;
- Assegurar a ligação entre o CmdtGI e os elementos adicionais.
- Ministério Público
Quando presente, o magistrado do Ministério Público assume as funções
de direcção da investigação criminal, nos termos da lei.
- Elementos adicionais
Aos elementos adicionais do PCI competem, nomeadamente, as seguintes
funções, para além de outras que lhes venham a ser atribuídas pelo
CmdtGI:
- Responsável pela Unidade de Inactivação de Engenhos Explosivos

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- Avaliar as distâncias de segurança, propondo reajustamentos dos


perímetros de segurança sempre que o incidente envolva
substâncias explosivas, incendiárias ou outras;
- Proceder à busca e inactivação de possíveis engenhos explosivos,
incendiários ou outros;
- Apoiar a Unidade de Intervenção Táctica nas suas acções;
- Colaborar na recolha de indícios e meios de prova (dentro das suas
competências).
- Responsável pela cinotecnia
- Apoiar a Unidade de Intervenção Táctica nas suas acções;
- Apoiar as Equipas de Inactivação de Engenhos Explosivos nas suas
acções de busca e detecção;
- Reforçar os Perímetros de Segurança, em especial o interior.
- Responsável pela Investigação Criminal
- Coordenar as equipas de investigação criminal;
- Coordenar com o Comandante/gestor do incidente;
- Garantir, em espaço pré-definido e em coordenação com os
responsáveis pela Unidade de Intervenção Táctica e pelo apoio a
familiares/vítimas, a inquirição dos suspeitos, reféns ou
sequestrados eventualmente libertados no decurso do incidente;
- Realização de diligências em local diverso do incidente, para
obtenção ou confirmação de informações relevantes para a
resolução do mesmo;
F
- Localizar e contactar pessoas com eventual interesse para a
resolução do incidente;
- Recolha de indícios e meios de prova (dentro das suas
SE
competências).
A responsabilidade pela investigação criminal é assumida pela Polícia
Judiciária, logo que chegue ao local do incidente táctico-policial,
sempre que se trate de crime cuja investigação seja da sua
competência reservada.
- Responsável pelas comunicações
- Instalar e activar a Estação Directora (Central de
Comunicações/Rádio) local;
- Gerir e coordenar os recursos de comunicações;
- Assegurar e manter actualizada uma lista de indicativos e
contactos.
- Responsável pelo apoio logístico
- Garantir a disponibilização das barreiras físicas necessárias para a
formação dos perímetros de segurança;
- Providenciar a alimentação para todo o efectivo policial envolvido;
- Assegurar os locais para satisfação das necessidades fisiológicas;
- Assegurar o fornecimento da energia eléctrica, caso não esteja
disponível pela rede normal;
- Providenciar o material necessário ao funcionamento do Centro de
Operações;
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- Proceder ao levantamento e registo de danos.


- Responsável pelos contactos com os OCS
Este elemento constitui-se como interlocutor exclusivo com os OCS,
tendo por funções:
- Estabelecer contacto inicial com os OCS para acerto dos
procedimentos aplicáveis aos contactos subsequentes;
- Elaborar notas de imprensa para divulgação aos OCS, submetendo-
as à prévia aprovação do CmdtGI;
- Elaborar lista de identificação e contactos dos OCS presentes no
local, procedendo à sua permanente actualização;
- Convocar os elementos constantes da lista em seu poder para as
conferências de imprensa;
- Preparar o local de realização das conferências de imprensa.
- Responsável pelo Gabinete de Psicologia
- Prestar apoio técnico especializado à Célula de Negociação, por
determinação do CmdtGI;
- Elaborar lista e contactar com os familiares das vítimas, bem como
preparar o local de recepção das mesmas;
- Coordenar com a Autoridade Nacional de Protecção Civil o apoio
adequado dos serviços de acção social aos familiares e às vítimas.
- Outras Entidades
- Responsável do Serviço de Informações de Segurança
F
- Proceder à avaliação da situação e estabelecer o contacto com
o Serviço, transmitindo todos os dados pertinentes recolhidos
no local pelas autoridades directamente envolvidas no
incidente;
SE
- Receber dados oriundos da Sede para manter a Célula de
Informações informada sobre eventuais elementos de
identificação do grupo actuante, tácticas utilizadas por este,
sua ligações internacionais ou outros dados relevantes para a
conduta das operações;
- Contribuir para a produção de análise durante todo o
incidente;
- Contribuir para a inquirição de suspeitos ou reféns entretanto
libertados.
- Responsável do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras
- Desenvolve as actividades necessárias no domínio específico
das suas atribuições, consoante as circunstâncias.
- Responsável da Autoridade Nacional de Protecção Civil
- Coordenar a actuação dos meios de protecção civil e
bombeiros;
- Providenciar a interrupção do abastecimento de energia, água,
gás, etc.
- Responsável do Sistema Integrado de Emergência Médica
- Coordenar a actuação do sistema de socorro pré- -hospitalar;

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- Diligenciar no sentido de estabelecer a Unidade Hospitalar de


prevenção;
- Assegurar apoio sanitário a todos os elementos envolvidos.
- Responsável da Autoridade Marítima
- Desenvolve as actividades necessárias no domínio específico
das suas atribuições, consoante as circunstâncias.
- Responsável do Instituto Nacional da Aviação Civil
- Desenvolve as actividades necessárias no domínio específico
das suas atribuições, consoante as circunstâncias.
- Outros Responsáveis
- Desenvolvem as actividades necessárias no domínio específico
das suas atribuições, consoante as circunstâncias.
- Planeamento de resposta a contingências
Devem ser prioritariamente definidos e permanentemente actualizados
(de acordo com a evolução do incidente) planos de resposta,
nomeadamente, para as seguintes contingências:
- Tentativa de fuga dos suspeitos, com ou sem recurso a confrontação
física ou armada;
- A morte ou ofensa corporal grave, na forma tentada ou consumada,
provocada a eventuais reféns;
- Uso iminente ou efectivo de armas, substâncias explosivas,
incendiárias, NRBQ ou outras;
F
- Entregas diversas (ex.: telefone, alimentação, medicamentos, etc.);
- Libertação de reféns;
- Rendição de suspeitos;
- Suicídio de suspeitos;
SE
- Passagem inopinada a incidente móvel;
- Evacuação de pessoas.

E. DISPOSIÇÕES FINAIS
1. Fica revogado tudo o que, do antecedente, contrarie o estabelecido neste Anexo;

2. O desenvolvimento das acções e medidas táctico-policiais preconizadas neste Anexo


serão especificadas em normativos internos das Forças e Serviços de Segurança.

3. Quaisquer dúvidas ou omissões existentes no presente Anexo deverão ser colocadas,


para efeitos de resolução, ao SG SSI.

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ANEXO B – PROTECÇÃO E SEGURANÇA


Os órgãos responsáveis pela coordenação da visita de uma alta entidade, pela formulação de
um pedido de segurança a atribuir a um cidadão sobre o qual recaia um cenário de ameaça,
pela organização de um evento de risco, ou ainda pela protecção de um ponto sensível, devem
comunicar esse facto, antecipadamente, ao SG SSI, o qual deverá tomar as medidas
conducentes à avaliação da ameaça e, quando tal o exija, promover o subsequente
planeamento e execução da sua protecção e/ou segurança, em coordenação com as diferentes
Forças e Serviços de Segurança.

Exceptuam-se deste procedimento os casos abrangidos pela Lei nº 93/99, de 14 de Julho, e


pelo Decreto-Lei nº 190/2003, de 22 de Agosto, ou quando uma Autoridade Judiciária solicite
protecção para um interveniente processual.

Constituem Apêndices deste Anexo:

Apêndice 1 - Protecção e Segurança de Altas Entidades (AE) e/ou cidadãos


sobre os quais recaia um cenário de ameaça
Apêndice 2 - Escoltas e Desembaraçamento de Trânsito
Apêndice 3 - Policiamento de grandes eventos ou outras operações planeadas
de elevado grau de risco ou ameaça
Apêndice 4 - Segurança de Cerimónias
F
Apêndice 5 - Protecção e Segurança de Infra-estruturas Críticas
Apêndice 6 - Protecção e Segurança de “Pontos Sensíveis”
Apêndice 7 – Avaliação do risco
SE

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Apêndice 1 – Protecção e Segurança de Altas Entidades (AE) e/ou cidadãos sobre os quais
recaia um cenário de ameaça

As Medidas de Segurança a implementar para uma AE dependem essencialmente do grau de


ameaça definido, da categoria da Entidade e/ou da qualidade da visita.
Por ocasião de visita particular, deve ser transmitida, preferencialmente por escrito, a intenção
da AE de não ser sujeita a todas ou a algumas das medidas de segurança aplicadas á sua
categoria e grau de ameaça definido pela entidade competente.
No que diz respeito aos cidadãos sobre os quais recaia um cenário de ameaça, as Medidas de
Segurança a implementar dependem fundamentalmente da definição do grau de Ameaça.

1. Categoria das Entidades

Categorias Entidades
Presidente da República
I
Chefes de Estado estrangeiros
Presidente da Assembleia da República
II
Primeiro-Ministro e homólogos estrangeiros
Membros do Governo e homólogos estrangeiros
III
Altas Entidades do Estado e seus homólogos e equiparados
IV estrangeiros, Embaixadores estrangeiros acreditados em
F
Portugal e ex-titulares
Entidades e cidadãos, nacionais ou estrangeiros, sobre os
V
quais recaia um cenário de ameaça
SE
2. Graus de Segurança a adoptar

Grau Aeronaves de
Segurança Segurança Segurança Segurança
de Estado e Gares
Área Pessoal Instalações Deslocamentos
Segurança Marítimas

A X
- Conhecimento
policial da área
- Policiamento
descontínuo da área

Grau Aeronaves de
Segurança Segurança Segurança Segurança
de Estado e Gares
Área Pessoal Instalações Deslocamentos
Segurança Marítimas
B X
- Conhecimento
policial da área
- Policiamento
continuo da área

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Grau Segurança Segurança Segurança Segurança Aeronaves de


de Área Pessoal Instalações Deslocamentos Estado e Gares
Segurança Marítimas
C X X X X
- Conhecimento - Um elemento - Revista de - Utilização de 2
policial área de Segurança detecção de batedores, quando
- Policiamento Pessoal explosivos entendido
contínuo área - Uma Equipa necessário
- Posto fixo à de Segurança - Previsão de
entrada das com viatura itinerários
instalações alternativos

Grau Segurança Segurança Segurança Segurança Aeronaves de


de Área Pessoal Instalações Deslocamentos Estado e Gares
Segurança Marítimas
D X X X X X
- Conhecimento - Duas Equipas Revista de detecção - Utilização de 2 + 2 - Vistoria e
policial área de Segurança de explosivos batedores fiscalização da
- Policiamento com viatura - Corte de trânsito Sala VIP por
contínuo área - Nomeação na altura da Equipa de IEEI
- Posto fixo à responsável aproximação nos
entrada das pela Seg. Pess. cruzamentos
instalações - Segurança
passagens aéreas ou
desniveladas
- Previsão de
itinerários
alternativos
F
Grau Segurança Segurança Segurança Segurança Aeronaves de
de Área Pessoal Instalações Deslocamentos Estado e Gares
SE
Segurança Marítimas
E X X X X X
- Conhecimento - Duas Equipas - Revista de - Utilização de 2 + 2 - Vistoria e
policial área de Segurança detecção de batedores fiscalização da
- Policiamento com viatura explosivos - Corte de trânsito Sala VIP por
contínuo área - Nomeação - Implementação da na altura da Equipa IEEI, 24h
- Posto fixo à responsável segurança interior aproximação nos antes chegada
entrada das pela Seg. Pess. com 12h de cruzamentos - Posicionamento
instalações antecedência - Segurança de atiradores
montado com 24 h - Controlo de passagens aéreas ou especiais
de antecedência acessos às desniveladas - Fiscalização e
- Reserva de instalações - Acompanhamento acompanhamento
estaciona mentos privativas de bagagens das bagagens
- Acreditação de - Implementação de - Acesso à
todas as pessoas dispositivos especiais aeronave
com necessidade de de segurança nos somente da AE
aceder embarques e portuguesa que
- Utilização de desembarques de recebe
equipamentos de viaturas
detecção de metais - Viatura
e de RX no controlo caracterizada cerra
de acessos fila
- Posicionamento de - Definição de
atiradores especiais itinerários
alternativos

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Grau Segurança Segurança Segurança Segurança Aeronaves de


de Área Pessoal Instalações Deslocamentos Estado e Gares
Segurança Marítimas
F X X X X X
- Conhecimento - Três a cinco - Revista de - Utilização de 2 + 3 - Nomeação de
policial área Equipas detecção de batedores ou 4 responsável pela
- Policiamento de Segurança explosivos batedores+ viatura segurança das
contínuo área com viatura - Implementação da caracterizada instalações
- Posto fixo à - Nomeação segurança interior - Corte de trânsito portuárias
entrada das responsável com 12h de na altura da - Vistoria e
instalações pela Seg. Pess. antecedência aproximação no fiscalização da
montado com 24 h - Controlo de sentido de marcha e Sala VIP por
de antecedência acessos às nos cruzamentos ou Equipa IEEI e
- Reserva de instalações estanquicidade nos controlo interior
estaciona mento privativas itinerários com 24h antes
- Acreditação de - Acompanhamento chegada AE
todas as pessoas de bagagens - Posicionamento
com necessidade de - Segurança de atiradores
aceder passagens aéreas ou especiais
- Utilização de desniveladas - Controlo no
equipamentos de - Viatura com equipa acesso à aeronave
detecção de metais de reacção táctica - Fiscalização e
e de RX no controlo - Implementação de acompanhamento
de acessos dispositivos especiais das bagagens
- Posicionamento de de segurança nos - Segurança
atiradores especiais embarques e permanente à
- Implementação de desembarques de aeronave (avião
segurança interior viaturas especial ou
F
com postos - Posicionamento de militar)
- Controlo de acesso atiradores especiais - Balizamento da
para o interior ao longo do itinerário zona de
- Viatura segurança da
SE
caracterizada cerra aeronave (avião
fila especial ou
-Utilização eventual militar)
de motos em escolta - Acesso à
- Definição de aeronave
itinerários somente à AE
alternativos portuguesa que
- Considerar recebe
deslocação em -Eventual
comboio implementação
de dispositivo
reforçado,
montado 24H
antecedência

- Com efectivos reforçados


- Possibilidade de alteração inopinada de itinerários de deslocamento
- Cortes de trânsito antecipado nos dois sentidos e cruzamentos
- Utilização de meios “helis” no acompanhamento da AE

Ao Presidente da República Portuguesa serão sempre aplicadas as medidas de segurança


preconizadas pelo Grau de Segurança D. As medidas serão solicitadas às Forças de Segurança
respectivas pelo Serviço de Segurança da Presidência da República.

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Os Ministros de Estado, dos Negócios Estrangeiros, da Defesa Nacional, da Administração


Interna e da Justiça têm sempre segurança pessoal.

Por força do cargo que exercem, também os Ministros dos Negócios Estrangeiros de outros
Estados têm sempre segurança pessoal.

Os ex-titulares dos cargos de Presidente da República e de Primeiro-Ministro mantêm a


segurança pessoal após o fim do seu mandato, sendo a sua necessidade reavaliada
anualmente em termos de ameaça e risco.

As medidas preconizadas para o grau de segurança F aplicar-se-ão, em princípio, apenas às


categorias I, II e III, por determinação expressa do SG SSI.

3. Segurança nos Deslocamentos – “Coluna de Segurança”

Nos deslocamentos motorizados de AE será constituída uma “Coluna de Segurança” com o


intuito de garantir a segurança imediata da entidade.
Esta Coluna é constituída pelas seguintes elementos:

Comp./Coluna D e s ig n a ç ã o
F
- Equipa de segurança avançada (ESA);
SE
- Batedores;

- Viatura policial caracterizada;

- Viatura(s) do Protocolo de Estado (P1 e P2);

- Viatura de Comando da Segurança *;

- Dispositivo moto *;

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- Viatura da AE *;

- Viaturas da Segurança (S1 e S2) *;

S2 S1

- Eventualmente, Viatura da Equipa de Reacção Táctica do


CSPess/PSP**;

- Viatura Médica / SIEM *;

- Viatura Staff;

- Outras Viaturas Comitiva;


F
- Ambulância;
SE

- Viatura policial caracterizada (cerra fila);

- Helicóptero com atiradores especiais.

Neste contexto, e se a situação o justificar, poderão ser utilizados motociclos


descaracterizados, com missões de vigilância e prevenção.
Ainda neste âmbito, o dispositivo Moto pode ser colocado entre as viaturas do Protocolo de
Estado e a viatura de comando da Segurança.

* - estes elementos constituirão um núcleo mais próximo da entidade, sendo designado por
“Cápsula de Segurança”.
** - esta viatura poderá ser inclusa na “Cápsula de Segurança”, em situações de Grau de
Ameaça 3, 2 ou 1, com a missão de reagir contra os autores de qualquer acção (atentado)
contra a AE, deixando para os restantes elementos da “Cápsula de Segurança” as outras
preocupações relativas à segurança da AE. Para além do que está definido no presente
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Plano, a sua utilização será integrada na opção táctica definida para a segurança pessoal.

4. Escalões no âmbito da Emergência Médica

Escalão
Emergência Medidas a Adoptar
Médica
Não há intervenção do SIEM
os
A Os cuidados de 1 socorros ficará a cargo dos Elementos de Seg. Pess. que acompanham
a AE
Idêntico às do Escalão A
B Introdução de uma Ambulância e tripulação do SIEM
Intervenção activa do SIEM
C Nomeação e intervenção de uma equipa médica móvel de emergência médica
Idêntico às do Escalão C
D O SIEM fará entrar de prevenção os Hospitais que forem designados como de evacuação
Idêntico às do Escalão C
O SIEM elaborará um Plano especial de evacuação, com a utilização de meios aéreos
E A inspecção de alimentos estará a cargo da equipa médica em colaboração com as
Forças e Serviços de Segurança
F
SE

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5. Quadro geral da Tipificação da Segurança

Escalões Âmbito
Categorias das Entidades Graus de Ameaça Graus de Segurança
Emergência Médica
5, 4 C
D
3 D
I
2, 1 E E
5 A
4 C B
II 3 C
2 D D
1 E E
5, 4 B A
III 3, 2 C B
1 D C
5 A -
4 B -
IV 3 C B
2, 1 D C
5 A -
4 B -
V 3, 2 C A
1 D B
F
6. Planeamento
SE
Reunião Preparatória Inicial (até 15 dias de antecedência)

o Participantes: Protocolo de Estado, SG SSI, EMGFA, GNR, PSP, PJ, SIS, SEF,
Autoridade Marítima, DGAIEC, Autoridades aeroportuárias (militares e civis),
SIEM e outras julgadas convenientes.
o Agenda:
 Categoria da Entidade;
 Qualidade da visita;
 Comitiva;
 Relação dos elementos da comunicação social que acompanham a
entidade;
 Elementos de segurança (armados e não armados);
 Programa da visita;
 Dados sobre o estado ou ameaças de área da saúde;
o Objectivo: coordenação geral da visita e das medidas de protecção e segurança
a implementar.
o Reconhecimentos: será efectuado um reconhecimento conjunto ao local de
alojamento e/ou de actividade da AE.

Fase de Planeamento
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o Avaliação do Grau de Ameaça


Esta avaliação, nos termos já anteriormente referidos, é efectuada pelo SIS
após a reunião inicial.
o Verificação de segurança dos jornalistas e das pessoas envolvidas nas tarefas
logísticas para efeito de Acreditação.
A referida verificação será efectuada pelo SIS, SEF (tratando-se de cidadãos
estrangeiros), GNR, PSP e PJ - ou a Autoridade Marítima, caso a visita ocorra a
bordo de navio/embarcação -, com base nos dados fornecidos pelas entidades
ou indivíduos

A Força de Segurança territorialmente competente deverá elaborar o seu


Plano de Operações articulando com a outra Força de Segurança os aspectos
que requeiram cooperação.

Fase de Execução
o Coordenação da segurança – pelo SG SSI, nos casos referidos neste Plano, e
pela Força de Segurança territorialmente competente;
o Segurança Pessoal – pelo CSPess/PSP
o Segurança de área – pela Força de Segurança territorialmente competente;
o Gabinete eventual de acreditação – desenvolve as tarefas referidas na fase de
planeamento, para situações de última hora ou outras julgadas convenientes;
o Segurança das instalações - pela Força de Segurança territorialmente
F
competente. O Comandante da Força territorialmente competente e o responsável
pela Segurança Pessoal deve coordenar entre si os aspectos particulares da segurança
da AE. No interior das instalações, a gestão das medidas a implementar,
especialmente referentes à segurança pessoal da(s) entidade(s) obedece à
SE
seguinte distribuição de responsabilidades:
 Inspecção do local por equipas de detecção de engenhos explosivos e
subsolo: Força de Segurança territorialmente competente;
 Controlo de acesso às instalações, com eventual recurso a meios
adicionais de detecção: Força de Segurança territorialmente
competente;
 Segurança contínua do local após inspecção de segurança: Força de
Segurança territorialmente competente;
 Segurança da(s) entidade(s) nos quartos e seus corredores de acesso,
salas de apoio e interior das salas de reunião e de outros espaços de
acesso restrito onde permaneça(m): CSPess/PSP;
 Necessidades específicas de medidas de segurança inopinadas em
locais identificados pelo CSPess/PSP, especialmente referentes à
segurança pessoal da(s) entidade(s): CSPess/PSP em coordenação com
a Força de Segurança territorialmente competente”
 Activação de um Posto Médico de Emergência: SIEM.

o Segurança nos deslocamentos - pelo CSPess/PSP, em coordenação com a Força


de Segurança territorialmente competente;

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o Escoltas e desembaraçamentos de trânsito – nos termos do Apêndice 2 deste


Anexo;
o Segurança Aeroportuária – nos termos do PNSAC/INAC;
o Segurança das Gares Marítimas ou outros pontos considerados de risco, no
espaço de jurisdição marítima, especialmente locais onde se processam
embarques/desembarques de passageiros para viagens de médio/longo curso
– pela DGAM/PM;
o Outros locais – a ser coordenado pelo SG SSI ou pela Força de Segurança
territorialmente competente.

F
SE

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Apêndice 2 – Escoltas e Desembaraçamento de Trânsito

1. Tendo por base e para efeitos do constante neste Apêndice, apenas são consideradas
como escoltas as Escoltas de Honra, nos termos do Regulamento de Continências e
Honras Militares.

2. É considerado ainda, para efeitos do presente Plano, o dispositivo denominado de


Desembaraçamento de Trânsito.

3. Para efeitos do presente Plano, as Escoltas de Honra e o dispositivo de


Desembaraçamento de Trânsito são definidos da seguinte forma:

o A Escolta de Honra é a força armada destinada a acompanhar a Alta Entidade a


quem se deve prestar esta Honra Militar;
o O dispositivo de Desembaraçamento de Trânsito consiste na execução
simplificada de uma abertura de itinerário, que pode assumir a forma contínua
ou descontínua, efectuada por uma Força com a finalidade de facilitar um
determinado deslocamento.

4. Para efeitos do presente Plano, as Escoltas de Honra constantes deste Apêndice são da
responsabilidade e, como tal, executadas pela Guarda Nacional Republicana.

5.
F
A execução das Escoltas de Honra em área da responsabilidade da Polícia de Segurança
Pública implica que o oficial da Guarda Nacional Republicana, como Comandante da
Escolta, estabeleça, necessariamente, a coordenação com os responsáveis pelo
CSPess/PSP e dos comandos locais da Polícia de Segurança Pública.
SE

6. O dispositivo de Desembaraçamento de Trânsito é da responsabilidade e, como tal,


executado, pela Força de Segurança territorialmente competente.

7. Nos percursos que compreendam passagens por áreas de responsabilidade territorial das
duas Forças de Segurança, o princípio geral é o de o dispositivo de desembaraçamento de
trânsito ficar à responsabilidade da GNR.
Atendendo à dimensão relativa da distância a percorrer nas cidades e suas áreas
limítrofes, e por razões de facilidade de planeamento e de racionalização de recursos,
constitui excepção ao princípio geral acima enunciado, ficando à responsabilidade da PSP,
o desembaraçamento de trânsito nos seguintes deslocamentos:

o De Lisboa para Queluz e Cascais;


o Da cidade do Porto para o seu aeroporto internacional e percurso inverso;
o Da cidade de Faro para o seu aeroporto internacional e percurso inverso.

8. O dispositivo de Desembaraçamento de Trânsito é constituído, em regra (podendo


adaptar-se conforme as circunstâncias assim o aconselhem), por dois motociclistas, no
interior das áreas urbanas e por uma viatura caracterizada nas auto-estradas e em
itinerários principais e complementares.
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9. Sem prejuízo dos princípios enunciados, poderá, caso seja considerado útil e haja prévio
acordo entre as duas Forças de Segurança, o serviço de desembaraçamento de trânsito
ser executado segundo outro modelo, a definir na oportunidade.

F
SE

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Apêndice 3 – Policiamento de grandes eventos ou outras operações planeadas de elevado


grau de risco ou ameaça

1. O policiamento de grandes eventos ou outras operações planeadas de elevado grau de


risco ou ameaça deverão ser planeados de forma a garantir as medidas de segurança
adequadas.

2. A coordenação das medidas de protecção e segurança será efectuada pelo SG SSI nos
termos referidos neste Plano e pela GNR, PSP ou Autoridade Marítima, através da Polícia
Marítima, consoante a responsabilidade territorial do local onde o evento ou operação se
realizam.

3. A acção é da responsabilidade da Força de Segurança territorialmente competente, a qual


desenvolverá todas as acções de segurança relacionadas com o evento, solicitando, se
necessário, o apoio das outras Forças e Serviços de Segurança.

4. A segurança pessoal das entidades envolvidas será assegurada pelo CSPess/ PSP.

5. A avaliação da ameaça será efectuada pelo SIS, nos termos legais.

6. Dados de Planeamento Inicial

a. Programa do evento;
F
b. Fita de tempo;
c. Entidade(s) que preside(m) ao evento;
d. Relação das entidades participantes;
SE
e. Relação das entidades envolvidas na organização;
f. Relação das entidades envolvidas nas acções de apoio logístico;
g. Local do evento;
h. Local do alojamento;
i. Outros locais envolvidos;
j. Responsável pela coordenação da segurança do evento.

7. Verificação da qualidade dos jornalistas para efeitos de acreditação;

8. Verificação de segurança das pessoas envolvidas nas tarefas logísticas para efeito de
Acreditação.

9. Os critérios a observar para a verificação de segurança são definidos pelo SG SSI, ouvidas
as Forças e Serviços de Segurança envolvidos;

10. A referida verificação será efectuada pelo SIS, SEF (tratando-se de cidadãos estrangeiros),
GNR, PSP e PJ - ou a Autoridade Marítima, caso a visita ocorra a bordo de
navio/embarcação -, com base nos dados fornecidos pelas entidades ou indivíduos.

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11. Durante o evento, poderá ser assegurada localmente, pela Força de Segurança
territorialmente competente, em articulação com a Organização do evento e o Gabinete
Coordenador de Segurança, a verificação de segurança relativa às acreditações de última
hora.

12. A Segurança de Área e das Instalações é da responsabilidade da Força de Segurança


territorialmente competente.

13. No cumprimento desta competência, cabe à Força de Segurança territorialmente


competente a responsabilidade pela implementação de todas as medidas constantes do
parágrafo 17, com excepção das alíneas h) e i).

14. A Força de Segurança territorialmente competente deverá elaborar a sua Ordem de


Operações articulando com a outra Força de Segurança os aspectos que requeiram
cooperação.

15. Se necessário, o Comandante da Força territorialmente competente e o responsável pela


Segurança Pessoal devem coordenar entre si os aspectos particulares da segurança da AE;

16. No interior das instalações, a gestão das medidas a implementar, especialmente as


referentes à segurança pessoal da(s) entidade(s) obedece à seguinte distribuição de
responsabilidades:
F
a. Inspecção do local por equipas de detecção de engenhos explosivos e subsolo: Força
de Segurança territorialmente competente;
b. Controlo de acesso às instalações, com eventual recurso a meios adicionais de
SE
detecção: Força de Segurança territorialmente competente;
c. Segurança contínua do local após inspecção de segurança: Força de Segurança
territorialmente competente; e
d. Activação de um Posto Médico de Emergência: SIEM.

17. Outras medidas a implementar:

a. Activação de um Posto de Comando local, integrando elementos das FSS e


Serviços de Socorro e Emergência;
b. Inspecção do local por equipas de detecção de engenhos explosivos e subsolo;
c. Segurança contínua do local após inspecção de segurança;
d. Colocação de atiradores especiais em locais dominantes, se necessário, face ao
grau de ameaça definido;
e. Montagem da segurança afastada;
f. Montagem da segurança próxima, contínua;
g. Isolamento da área com grades de contenção de público;
h. Segurança pessoal, se as entidades presentes tiverem direito;
i. Activação de um Posto Médico de Emergência;
j. Medidas de trânsito adequadas à segurança do evento;

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k. Necessidade de prever a presença de uma Força de intervenção táctica,


próximo do local do evento.

F
SE

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Apêndice 4 – Segurança de Cerimónias

1. É consabido que as medidas de segurança a implementar aquando da realização de


cerimónias dependem de vários factores de risco e ameaça, que, aliadas ao seu
mediatismo, podem tornar-se em alvos remuneradores.

2. A coordenação das medidas de protecção e segurança será efectuada pelo SG SSI, nos
termos referidos neste Plano, e pela GNR, PSP ou Autoridade Marítima, através da Polícia
Marítima, consoante a responsabilidade territorial do local onde a cerimónia se realiza.

3. A Força de Segurança territorialmente competente deverá elaborar a sua Ordem de


Operações articulando com a outra Força de Segurança os aspectos que requeiram
cooperação.

4. A acção é da responsabilidade da Força de Segurança territorialmente competente.

5. Se necessário, o Comandante da Força territorialmente competente e o responsável pela


Segurança Pessoal podem coordenar entre si os aspectos particulares da segurança da AE;

6. No interior das instalações, a gestão das medidas a implementar, especialmente


referentes à segurança pessoal da(s) entidade(s) obedece à seguinte distribuição de
responsabilidades:
F
a. Inspecção do local por equipas de detecção de engenhos explosivos e subsolo: Força
de Segurança territorialmente competente;
b. Controlo de acesso às instalações, com eventual recurso a meios adicionais de
SE
detecção: Força de Segurança territorialmente competente;
c. Segurança contínua do local após inspecção de segurança: Força de Segurança
territorialmente competente; e
d. Activação de um Posto Médico de Emergência: SIEM.

7. A avaliação da ameaça será efectuada pelo SIS, nos termos legais.

8. Dados de Planeamento:

b. Conhecimento de:
o Entidade que preside à cerimónia;
o Relação das entidades participantes;
o Local da cerimónia;
o Fita de tempo;
o Responsável pela coordenação da segurança da cerimónia.
c. Outras Medidas a Implementar:
o Desembaraçamento das viaturas estacionadas no local ou imediações;
o Desembaraçamento de áreas que possam servir de parques de
estacionamento para as viaturas das entidades que participam na
cerimónia;
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o Inspecção do local por equipas de detecção de engenhos explosivos e


subsolo;
o Segurança contínua do local após inspecção de segurança;
o Colocação de atiradores especiais em locais dominantes, se necessário,
face ao grau de ameaça definido;
o Montagem da segurança afastada;
o Montagem da segurança próxima, contínua;
o Isolamento da área com grades de contenção de público;
o Segurança pessoal, se as entidades presentes tiverem direito, pelo
CSPess/PSP;
o Posicionamento de uma ambulância nas imediações da cerimónia;
o Desvio do trânsito que possa prejudicar a cerimónia;
o Concentração das viaturas das entidades nos parques de
estacionamento designados para o efeito; e
o Necessidade de prever a presença de uma Força de intervenção
táctica, próximo do local do evento.

F
SE

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Apêndice 5 – Protecção e Segurança de “Infra-estruturas Críticas”

A ser elaborado após a aprovação da “Carta Nacional” em sede do Conselho Nacional de


Planeamento Civil de Emergência – CNPCE (Ministério da Defesa Nacional).

F
SE

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Apêndice 6 – Protecção e Segurança de “Pontos Sensíveis”

F
SE

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Apêndice 7 – Avaliação do risco

1. Conceito de risco

São várias as possibilidades de identificação de conceito de risco, dependendo da abordagem


que é feita ao mesmo (sociológica, psicológica ou económica). Para efeitos do presente Plano,
o risco é definido, como a probabilidade de materialização da(s) ameaça(s) sobre um
determinado alvo(s) (infra-estrutura, activos e missões) num determinado período de
tempo.
A partir desta definição geral, o grau de risco será definido em função da probabilidade de
materialização da(s) ameaça(s) sobre um determinado alvo, das vulnerabilidades do alvo e das
consequências expectáveis caso a ameaça se concretize.
Em termos gráficos o grau do risco pode ser representado como:
Grau de risco = f (Probabilidade (Ameaça), Vulnerabilidades + Consequências)
Como se deduz do exposto anteriormente, a criação de uma tabela de graus de risco está
dependente das matrizes utilizadas durante o processo de análise do risco. As análises do risco
podem ser qualitativas, semi-quantitativas ou quantitativas. As matrizes que a seguir se
indicam – determinantes para a obtenção do grau de risco final – são típicas de uma avaliação
semi-quantitativa.
F
2. Matriz de classificação das vulnerabilidades
A matriz que a seguir se apresenta será utilizada para determinar o grau de vulnerabilidade
SE
encontrada no alvo. O factor de graduação considerado foi a resistência à exploração da
vulnerabilidade por um actor hostil.

Resistência à exploração Valor


Vulnerabilidade que oferece elevada resistência à exploração por actor hostil
com treino e formação especial, planeamento e equipamento/instrumentos 1
adequados.
Vulnerabilidade que oferece resistência à exploração por actor hostil com
treino e formação especial, planeamento e equipamento/instrumentos 2
adequados.
Vulnerabilidade que oferece resistência limitada à exploração por um actor
hostil com treino e formação especial, planeamento e 3
equipamento/instrumentos adequados.
Vulnerabilidade facilmente explorada por um actor hostil sem a necessidade
de treino ou formação especial, necessitando apenas de algum 4
equipamento/instrumentos rudimentares ou facilmente acessíveis.
Vulnerabilidade facilmente explorada por um actor hostil sem a necessidade
de treino ou formação especial e sem a necessidade de qualquer equipamento 5
ou instrumentos.
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3. Matriz de Identificação das consequências

As consequências referem-se aos potenciais danos resultantes da concretização de uma


determinada ameaça. Na graduação das consequências deverá ser utilizada a seguinte matriz:

Nível Humanas Patrimoniais Operacionais

Perdas humanas superiores a 80% (+ de


Superior a 80% (+ Inactividade por
50% de mortos) do total de pessoas
5 50% irrecuperável) da tempo superior a 3
presentes na infra-estrutura, e nas suas
infra-estrutura meses
proximidades.

Perdas humanas superiores a 50% (+ de


Superior a 50% (+ Inactividade por
50% de mortos e feridos graves) do total
4 50% irrecuperável) da tempo superior a 1
de pessoas presentes na infra-estrutura e
infra-estrutura mês
nas suas proximidades.
F
Perdas humanas superiores a 20% (+ de
Superior a 20% (+ Inactividade por
50% de mortos e feridos) do total de
SE
3 50% irrecuperável) da tempo superior a 1
pessoas presentes na infra-estrutura e
infra-estrutura semana
nas suas proximidades.

Ferimentos graves e ligeiros em pessoas


Inactividade por
superiores a 1% do total de pessoas Danos superiores a
2 tempo entre 1 dia
presentes na infra-estrutura e nas suas 1% da infra-estrutura
e 1 semana
proximidades.

Ferimentos ligeiros em pessoas inferiores Inactividade por


Danos inferiores a 1%
1 a 1% do total de pessoas presentes na tempo inferior a 1
da infra-estrutura
infra-estrutura, e nas suas proximidades. dia

4. Determinação da probabilidade de materialização da(s) ameaça(s)


A probabilidade é entendida como o potencial de materialização de uma determinada ameaça
no período de um ano (o período temporal pode ser diferente, consoante o contexto da
análise, por exemplo, no caso de um grande evento desportivo, os períodos temporais podem

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referir-se ao período antes, durante e após o evento, permitindo uma análise mais fina dos
riscos que impende sobre tal evento). A matriz de avaliação das probabilidades é a seguinte:

Probabilidade de ocorrência Valor


Elevada 5
Média 4
Baixa 3
Rara 2
Improvável 1

5. Determinação do grau de risco

Considerando que estamos no âmbito de avaliações semi-quantitativas, os riscos (por uma


questão de simplicidade e facilidade de aplicação) foram agregados em quatro graus: residual
(R); (B); (M) e (E).

Grau
1 -6 R Residual
F
7 - 17 B Baixo
18 - 26 M Médio
27 - 50 E Elevado
SE

A graduação final do risco resulta assim da aplicação da seguinte matriz:

10 B M E E E
9 B M E E E
Vulnerabilidades

8 B B M E E
Consequências

7 B B M E E
6 R B M M E
+

5 R B B M M
4 R B B B M
3 R R B B B
2 R R R B B
1 2 3 4 5

Probabilidade de ocorrência

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ANEXO C – INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

A. CARACTERÍSTICAS
O Sistema de Investigação Criminal constitui a pedra angular do combate à criminalidade,
sendo através dele que o Sistema de Segurança Interna e o Sistema de Justiça Penal
interagem.

O seu funcionamento baseia-se numa série de princípios e linhas de orientação consagrados


na legislação que o regulamentou, a Lei n.º 49/2008, de 27 de Agosto, de resto na linha
daquilo já se dispunha na Lei n.º 21/2000, de 20 de Agosto, que estabeleceu o conjunto
normativo de organização da investigação criminal em Portugal. São eles:

- Princípio da repartição de competências;


- Princípio da competência específica;
- Princípio da reserva absoluta de competência da Polícia Judiciária;
- Princípio da legalidade, da independência dos Tribunais e da autonomia do
Ministério Público.
- Distribuição de competências em sede de prevenção criminal;
- Princípio da cooperação e do dever de comunicação;
F
- Princípio da centralização e da partilha da informação;
- Sistema de coordenação;
SE
Vamos caracterizá-los na Lei. Para tal justifica-se detectar previamente as finalidades e
objectivos desta, o que é possível colher na Exposição de Motivos que fundamentou a
Proposta de Lei que esteve na origem da Lei de organização da investigação criminal aprovada
pela Lei n.º 21/2000 de 20 de Agosto, e cuja afirmação de princípios não resultou beliscada
pela lei vigente.

Assim, logo no ponto 1 se afirmava que a garantia de segurança das populações e o combate à
criminalidade exigem a clarificação, racionalização e operacionalização da organização da
investigação criminal, no quadro do relacionamento entre as autoridades judiciárias, a quem
cabe constitucionalmente a direcção da investigação e os órgãos de polícia criminal, por um
lado, e entre estes, por outro.

Passando, para já, ao lado da questão do relacionamento com as autoridades judiciárias,


importa ver como o legislador diz que pretende atingir aquele propósito no que à relação
entre os órgãos de polícia criminal respeita.

E aí salientavam-se os pontos 3 e 4:

“3. A desejável eficácia do combate à criminalidade exige uma racionalização dos meios e a
clarificação das funções atribuídas aos diferentes órgãos de polícia criminal, de acordo com o

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modelo mais adequado à natureza de cada uma das forças e à tipologia criminal: a
especialização da Polícia Judiciária na investigação da criminalidade mais complexa que deve
estar a cargo de uma polícia científica, e a valorização das competências de investigação
criminal da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública, para a
criminalidade cuja investigação requer uma eficácia de proximidade. Este modelo articula-se
na definição da competência reservada à Polícia Judiciária em razão do tipo de crime e na
previsão de mecanismos de competência deferida em razão da especificidade de uma dada
investigação em concreto.
4. Fundamental ao sucesso deste modelo é o sistema de coordenação, aqui se prevendo os
mecanismos de coordenação estratégica e operacional da investigação criminal, nos seus
diferentes níveis territoriais e hierárquicos. 5Atenta a posição central da Polícia Judiciária no
sistema de investigação criminal, cabe a este órgão de polícia criminal assegurar as funções
centrais nos domínios das relações internacionais, do sistema de informação criminal, da
perícia técnico-científica e da formação, prevendo o diploma, ou remetendo para diploma
próprio, os mecanismos que assegurem a utilização destes meios em benefício da investigação
criminal desenvolvida por todos os órgãos de polícia criminal.”

Entrando agora no primeiro dos princípios e linhas de orientação atrás enunciados, verifica-se
que este diploma procede a uma distribuição de competências no campo da investigação
criminal, nos seguintes termos:

1. Princípio da repartição de competências


F
Ciente de que os órgãos de polícia criminal de competência genérica e de competência
específica podem investigar os mesmos crimes – do que resultaram graves inconvenientes da
existência de processos paralelos – a Lei n.º 49/2008, veio desenvolver e aclarar regras de
SE
procedimento de acordo com a especialização e racionalização dos recursos disponíveis e, com
idêntico propósito, consagrar soluções que garantam a repartição de competências.

Desde logo:

1.º Os órgãos de polícia criminal devem comunicar à entidade competente, no mais curto
prazo, que não pode exceder vinte e quatro horas, os factos de que tenham conhecimento
relativos à preparação e execução de crimes para cuja investigação não sejam competentes.
2.º Até à intervenção da entidade competente, os órgãos de polícia criminal incompetentes
apenas podem praticar, os actos cautelares e urgentes para obstar à sua consumação e
assegurar os meios de prova.

Ressalvam-se deste princípio os casos de competência deferida a que mais à frente se fará
referência.

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2. Princípio da competência específica


Aprofundando a afirmação deste princípio o legislador acautelou igualmente que o exercício
de competências específicas não sejam exercidas ou prejudicadas por órgãos de polícia
criminal apenas dotados de competências genéricas. Assim:

“3.º Os órgãos de polícia criminal de competência genérica abstêm-se de iniciar investigações


por crimes que, em concreto, estejam a ser investigados por órgãos de polícia criminal de
competência específica.
4.º Os órgãos de polícia criminal de competência genérica abstêm-se de prosseguir
investigações por crimes que, em concreto, estejam a ser investigados por órgãos de polícia
criminal de competência específica.
5.º O órgão de polícia criminal que tiver notícia do crime e não seja competente para a sua
investigação apenas pode praticar os actos cautelares necessários e urgentes para assegurar os
meios de prova.
6.º Se, no decurso de uma investigação, se vier a revelar conexão com crimes que não são da
competência do órgão de polícia criminal que tiver iniciado a investigação, este remete, com
conhecimento à autoridade judiciária, o processo para o órgão de polícia criminal competente,
no mais curto prazo, que não pode exceder vinte e quatro horas.”

Ressalvam-se também deste princípio os casos de competência deferida a que mais à frente se
fará referência.
F
3. Princípio da reserva de competência da Polícia Judiciária
SE
O legislador, ciente de que não obstante a Polícia Judiciária estar incumbida, em exclusividade,
de investigar os ilícitos criminais mais graves e complexos, certos crimes da sua competência
reservada eram investigados por outros órgãos de polícia criminal, ressalvou dessa
possibilidade uma parte significativa e nuclear dos crimes incluídos na reserva de competência
da Polícia Judiciária, tornando-a insusceptível de ser deferida a qualquer outro órgão de
polícia criminal. A saber:

a. Crimes dolosos ou agravados pelo resultado, quando for elemento do tipo a morte de
uma pessoa;
b. Escravidão, sequestro, rapto e tomada de reféns;
c. Contra a identidade cultural e integridade pessoal e os previstos na Lei penal relativa
às violações do Direito Internacional Humanitário;
d. Contrafacção de moeda, títulos de crédito, valores selados, selos e outros valores
equiparados ou a respectiva passagem;
e. Captura ou atentado à segurança de transporte por ar, água, caminho-de-ferro ou de
transporte rodoviário a que corresponda, em abstracto, pena igual ou superior a 8
anos de prisão;
f. Participação em motim armado;
g. Associação criminosa;
h. Contra a segurança do Estado, com excepção dos que respeitem ao processo eleitoral;
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i. Branqueamento;
j. Tráfico de influência, corrupção, peculato e participação económica em negócio;
l. Organizações terroristas e terrorismo;
m. Praticados contra o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República,
o Primeiro-Ministro, os presidentes dos tribunais superiores e o Procurador–Geral da
República, no exercício das suas funções ou por causa delas;
n. Prevaricação e abuso de poderes praticados por titulares de cargos políticos;
o. Fraude na obtenção ou desvio de subsídio ou subvenção e fraude na obtenção de
crédito bonificado;
p. Roubo em instituições de crédito, repartições da Fazenda Pública e correios;
q. Conexos com os crimes referidos nas alíneas d), j) e o).

Num segundo plano, é ainda da competência reservada da Polícia Judiciária a investigação dos
seguintes crimes:

a. Contra a liberdade e autodeterminação sexual de menores ou incapazes ou a que


corresponda, em abstracto, pena superior a 5 anos de prisão;
b. Furto, dano, roubo ou receptação de coisa móvel que:
i) Possua importante valor científico, artístico ou histórico e se encontre
em colecções públicas ou privadas ou em local acessível ao público;
ii) Possua significado importante para o desenvolvimento tecnológico ou
económico;
F
iii) Pertença ao património cultural, estando legalmente classificada ou em
vias de classificação; ou
iv) Pela sua natureza, seja substância altamente perigosa;
c. Burla punível com pena de prisão superior a 5 anos;
SE
d. Insolvência dolosa e administração danosa;
e. Falsificação ou contrafacção de cartas de condução, livretes e títulos de registo de
propriedade de veículos automóveis e certificados de matrícula, de certificados de
habilitações literárias e de documento de identificação ou de viagem;
f. Incêndio, explosão, libertação de gases tóxicos ou asfixiantes ou substâncias
radioactivas, desde que, em qualquer caso, o facto seja imputável a título de dolo;
g. Poluição com perigo comum;
h. Executados com bombas, granadas, matérias ou engenhos explosivos, armas de fogo e
objectos armadilhados, armas nucleares, químicas ou radioactivas;
i. Relativos ao tráfico de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, tipificados nos
artigos 21.º, 22.º, 23.º, 27.º e 28.º do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro, e dos
demais previstos neste diploma que lhe sejam participados ou de que colha notícia;
j. Económico -financeiros;
l. Informáticos e praticados com recurso a tecnologia informática;
m. Tráfico e viciação de veículos e tráfico de armas;
n. Conexos com os crimes referidos nas alíneas d), j) e l).

porém, relativamente a estes, na fase do inquérito, o Procurador-Geral da República, ouvidos


os órgãos de polícia criminal envolvidos, pode deferir a investigação a outro órgão de polícia

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criminal desde que tal se afigure, em concreto, mais adequado ao bom andamento da
investigação e, designadamente, quando:

a. Existam provas simples e evidentes, na acepção do Código de Processo Penal;


b. Estejam verificados os pressupostos das formas especiais de processo, nos termos do
Código de Processo Penal;
c. Se trate de crime sobre o qual incidam orientações sobre a pequena criminalidade, nos
termos da Lei de Política Criminal em vigor; ou d) A investigação não exija especial
mobilidade de actuação ou meios de elevada especialidade técnica.

No entanto, tal possibilidade fica excluída sempre que:

a. A investigação assuma especial complexidade por força do carácter plurilocalizado das


condutas ou da pluralidade dos agentes ou das vítimas;
b. Os factos tenham sido cometidos de forma altamente organizada ou assumam
carácter transnacional ou dimensão internacional; ou
c. A investigação requeira, de modo constante, conhecimentos ou meios de elevada
especialidade técnica.

De igual modo e tendo presente a mesma filosofia, o Procurador-Geral da República, ouvidos


os órgãos de polícia criminal envolvidos, também poderá deferir à Polícia Judiciária a
investigação de crime não previsto na esfera das suas competências quando alguma destas
circunstâncias se verifique.
F
Num terceiro plano, compete também à Polícia Judiciária, sem prejuízo das competências da
Unidade de Acção Fiscal da Guarda Nacional Republicana, do Serviço de Estrangeiros e
SE
Fronteiras e da Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários, a investigação dos seguintes
crimes:

a. Tributários de valor superior a € 500 000,00;


b. Auxílio à imigração ilegal e associação de auxílio à imigração ilegal;
c. Tráfico de pessoas;
d. Falsificação ou contrafacção de documento de identificação ou de viagem, falsidade de
testemunho, perícia, interpretação ou tradução, conexos com os crimes referidos nas
alíneas b) e c);
e. Relativos ao mercado de valores mobiliários.

Nestes casos, a investigação criminal é desenvolvida pelo órgão de polícia criminal que a tiver
iniciado, por ter adquirido a notícia do crime. No entanto, o Procurador-Geral da República,
ouvidos os órgãos de polícia criminal envolvidos, pode deferir a investigação a órgão de polícia
criminal diferente da que a tiver iniciado, quando tal se afigurar em concreto mais adequado
ao bom andamento da investigação.

Finalmente, são da competência reservada da Polícia Judiciária Militar em matéria de


investigação criminal, aqueles que, nos termos do respectivo Estatuto, resultam ser da sua
competência sendo que, o Procurador-Geral da República, ouvidos os órgãos de polícia
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criminal envolvidos, poderá deferir à Polícia Judiciária a investigação de crime não previsto na
esfera das suas competências quando se verifique alguma das seguintes circunstâncias:

a. A investigação assuma especial complexidade por força do carácter plurilocalizado das


condutas ou da pluralidade dos agentes ou das vítimas;
b. Os factos tenham sido cometidos de forma altamente organizada ou assumam
carácter transnacional ou dimensão internacional; ou
c. A investigação requeira, de modo constante, conhecimentos ou meios de elevada
especialidade técnica.

O deferimento de competências pode ser efectuado pelo Procurador-Geral da República ou,


por sua delegação os procuradores-gerais distritais:

a. Por despacho de natureza genérica que indique os tipos de crimes, as suas concretas
circunstâncias ou os limites das penas que lhes forem aplicáveis; e ainda
b. Caso a caso, quando existam provas simples e evidentes e estejam verificados os
pressupostos das formas especiais de processo, nos termos do Código de Processo
Penal, se trate de crime sobre o qual incidam orientações sobre a pequena
criminalidade, nos termos da Lei de Política Criminal em vigor ou a investigação não
exija especial mobilidade de actuação ou meios de elevada especialidade técnica.

Na fase da instrução, é competente o órgão de polícia criminal que assegurou a investigação


F
na fase de inquérito, salvo quando o juiz entenda que tal não se afigura, em concreto, o mais
adequado ao bom andamento da investigação.

A resolução de conflitos negativos de competências é dirimida pela autoridade competente


SE
em cada fase do processo.

Ainda de acordo com a exposição de motivos da proposta de lei que está na origem da actual
Lei de organização de investigação criminal, reconhece-se, assim, a Polícia Judiciária como
órgão de polícia criminal por excelência, as forças de segurança – Guarda Nacional Republicana
e Polícia de Segurança Pública – como órgãos de polícia criminal indispensáveis para a
investigação de um vasto número de crimes e vários outros organismos como órgãos de polícia
criminal – entre os quais se destaca o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras – vocacionados para
a investigação de crimes inscritos em áreas ou actividades humanas dotadas de assinaláveis
especificidades.

Assim, quanto às forças de segurança – Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança


Pública – detêm competência, genérica, para a investigação de:

a. Crimes cuja competência não esteja reservada à Polícia Judiciária;


b. Crimes cuja investigação lhes seja cometida pela autoridade judiciária competente
para a direcção do processo, isto é, aqueles que, na fase do inquérito, o Procurador-
Geral da República, ouvidos os órgãos de polícia criminal envolvidos, lhes deferida,
desde que tal se afigure, em concreto, mais adequado ao bom andamento da
investigação e, designadamente, quando:
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i. Existam provas simples e evidentes, na acepção do Código de Processo Penal;


ii. Estejam verificados os pressupostos das formas especiais de processo, nos
termos do Código de Processo Penal;
iii. Se trate de crime sobre o qual incidam orientações sobre a pequena
criminalidade, nos termos da Lei de Política Criminal em vigor ou
c. A investigação não exija especial mobilidade de actuação ou meios de elevada
especialidade técnica.

Excepcionando aqueles em que, tal como referido anteriormente:

a. A investigação assuma especial complexidade por força do carácter plurilocalizado das


condutas ou da pluralidade dos agentes ou das vítimas;
b. Os factos tenham sido cometidos de forma altamente organizada ou assumam
carácter transnacional ou dimensão internacional ou
c. A investigação requeira, de modo constante, conhecimentos ou meios de elevada
especialidade técnica.

E, bem assim, aqueles outros em que o Procurador-Geral da República, ouvidos os órgãos de


polícia criminal envolvidos, defira à Polícia Judiciária a investigação de crime não previsto na
esfera das suas competências quando alguma destas circunstâncias se verifique.

4. Princípio da legalidade, da independência dos Tribunais e da autonomia do


F
Ministério Público
SE
De acordo com este modelo atingem-se dois escopos essenciais ao funcionamento do Sistema
de investigação criminal.

Por um lado, o Procurador-geral da República, de acordo com princípios de isenção e


objectividade, passa a dispor do poder de iniciativa no deferimento de competências para a
investigação criminal, ouvidos os órgãos de polícia criminal, quando:

a. Existam provas simples e evidentes e


b. Se verifiquem os pressupostos das formas especiais e mais céleres do processo e
c. Se verifique a circunstância de se tratar de crime sobre o qual:
I. incidam orientações de política criminal;
II. inexigência de especial mobilidade de actuação ou
III. inexigência de meios de elevada especialidade técnica para a investigação.

ou, pelo contrário, se verifique a existência de maior complexidade, em razão:

d. Do carácter plurilocalizado das condutas;


e. Da pluralidade dos agentes ou das vítimas;
f. Da forma altamente organizada da prática dos factos;
g. Da sua dimensão transnacional ou internacional; e

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h. Das necessidades de elevada especialização técnica para a investigação.

Todavia, se o processo se encontrar já em fase de instrução, a sua transferência de um para o


outro órgão de polícia criminal – que só excepcionalmente se admite por razões de
necessidade processual – é da competência do juiz.

De acordo com o disposto na Lei de organização de investigação criminal são órgãos de


competência específica todos os restantes órgãos de polícia criminal com excepção dos já
referidos Guarda Nacional Republicana, Polícia de Segurança Pública e Polícia Judiciária.

Ou seja, no que ao Sistema de Segurança Interna diz particularmente respeito, são órgãos de
polícia criminal de competência específica o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a Direcção-
Geral da Autoridade Marítima/Polícia Marítima.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras órgão que, no quadro da política de segurança interna,


tem por objectivos fundamentais controlar a circulação de pessoas nas fronteiras, a
permanência e actividades de estrangeiros em território nacional, bem como estudar,
promover, coordenar e executar as medidas e acções relacionadas com aquelas actividades e
com os movimentos migratórios, enquanto órgão de polícia criminal, procede à investigação
da criminalidade associada à imigração ilegal e ao tráfico de seres humanos, bem como da
criminalidade conexa, sem prejuízo da competência de outras entidades nos termos já supra
expostos.
F
De acordo com o respectivo diploma orgânico, a Autoridade Marítima Nacional integra a
Direcção-Geral da Autoridade Marítima, como órgão central, e a Polícia Marítima, como
estrutura operacional.
SE

Assim, a Direcção-geral da Autoridade Marítima é o serviço responsável pela direcção,


coordenação e controlo das actividades exercidas no âmbito da Autoridade Marítima e a
Polícia Marítima, enquanto órgão integrante da estrutura operacional da Autoridade Marítima
Nacional, nos termos do Decreto-Lei nº 44/2002, de 02MAR, é uma força policial armada e
uniformizada, dotada de competência especializada nas áreas e matérias legalmente
atribuídas ao Sistema de Autoridade Marítima.

5. Princípio da cooperação e de dever de comunicação


A Lei n.º 49/2008, de 27 de Agosto, consagra ainda, no seu artigo 10.º, o que chama de dever
de cooperação, o qual determina que, em geral, os órgãos de polícia criminal se devem mútua
cooperação no exercício das suas funções.
O n.º 2 do mesmo artigo consagra especificamente o dever de comunicação, em termos que
resultam dos objectivos perseguidos pelo referido diploma legal. Assim, os órgãos de polícia
criminal devem comunicar à entidade competente, no mais curto prazo, que não pode exceder
vinte e quatro horas, os factos de que tenham conhecimento relativos à preparação e
execução de crimes para cuja investigação não sejam competentes, apenas podendo praticar,

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até à sua intervenção, os actos cautelares e urgentes para obstar à sua consumação e
assegurar os meios de prova.

6. Princípio da centralização e da partilha da informação


O princípio da centralização da informação criminal vem estabelecido no artigo 11.º da Lei n.º
49/2008, de 27 de Agosto, segundo o qual o dever de cooperação é garantido,
designadamente, por um sistema integrado de informação criminal que assegure a partilha de
informações entre os órgãos de polícia criminal, de acordo com os princípios da necessidade e
da competência, sem prejuízo dos regimes legais do segredo de justiça e do segredo de Estado.

Na exposição de motivos da proposta deste diploma o legislador esclarece que o sistema


integrado de informação criminal, cuja criação está prevista, desde o início, na Lei de
organização da investigação criminal, não corresponde a uma base de dados única. Trata-se,
simplesmente, da partilha de informações entre órgãos de polícia criminal, de acordo com as
necessidades e competências de cada um deles e sempre com salvaguarda do segredo de
justiça e do segredo de Estado.

Acrescentando ainda que ao SG SSI cabe velar pela boa coordenação, cooperação e partilha de
informações entre os órgãos de polícia criminal, sem nunca aceder a processos-crime ou aos
elementos constantes desses processos e das próprias bases de dados.
F
Os termos em que essa competência específica se desenvolverá são agora esclarecidos: a
partilha e o acesso à informação são regulados por lei, sendo este último regulado por níveis
de aceso, no âmbito de cada órgão de polícia criminal.
SE
7. Sistema de coordenação
Prevê ainda esta lei um sistema de coordenação a funcionar em dois níveis.
O primeiro, a que podemos chamar político-estratégico, da competência do Conselho
Coordenador.
O segundo nível, operacional, da responsabilidade dos Comandante-Geral e Directores
Nacionais dos órgãos de polícia criminal de competência genérica e do Serviço de Estrangeiros
e Fronteiras.

Quanto ao primeiro nível, verifica-se que o Conselho Coordenador é composto por:

- Ministro da Justiça e Ministro da Administração Interna, que presidem;


- Secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, que coadjuva a presidência na
preparação e condução das reuniões;
- Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana;
- Director Nacional da Polícia de Segurança Pública;
- Director Nacional da Polícia Judiciária;
- Director do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras;
- Os dirigentes máximos dos órgãos de polícia criminal de competência específica;
- O Director-geral dos Serviços Prisionais.
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Está ainda previsto que outras entidades possam participar nas reuniões do Conselho
Coordenador, designadamente:

- O membro do Governo responsável pela coordenação da política de droga, sempre


que estiverem agendados assuntos relacionados com esta área;
- O Presidente do Conselho Superior da Magistratura e o Procurador-Geral da
República, por iniciativa própria, sempre que o entendam, ou a convite dos
membros do Governo que asseguram a presidência;
- Outras entidades com especiais responsabilidades na prevenção e repressão da
criminalidade ou na pesquisa e produção de informações relevantes para a
segurança interna.

Da competência do Conselho Coordenador interessa aqui destacar o que se prende mais


directamente com a coordenação e a articulação dos órgãos de polícia criminal, quais sejam:

- Dar orientações genéricas para assegurar a articulação entre os órgãos de polícia


criminal;
- Definir metodologias de trabalho e acções de gestão que favoreçam uma melhor
coordenação e mais eficaz acção dos órgãos de polícia criminal nos diversos níveis
hierárquicos.
F
que, no entanto, não podem constituir directivas, instruções ou ordens sobre processos
determinados.

Sem prejuízo das competências do Ministério Público, a coordenação operacional destes


SE
órgãos de polícia criminal é assegurada pelo SG SSI, de acordo com as orientações genéricas
emitidas pelo conselho coordenador dos órgãos de polícia criminal, ouvidos os seus dirigentes
máximos ou, nos diferentes níveis hierárquicos, as autoridades ou agentes de polícia criminal
que estes designem:

- Velando pelo cumprimento da repartição de competências entre órgãos de polícia


criminal de modo a evitar conflitos;
- Garantindo a partilha de meios e serviços de apoio de acordo com as necessidades
de cada órgão de polícia criminal;
- Assegurando o funcionamento e o acesso de todos os órgãos de polícia criminal ao
sistema integrado de informação criminal, de acordo com as suas necessidades e
competências.

Para o efeito o SG SSI não pode emitir directivas, instruções ou ordens sobre processos
determinados nem, tão pouco, aceder a processos concretos, aos elementos deles constantes
ou às informações do sistema integrado de informação criminal.

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8. Cooperação internacional
Em matéria de cooperação policial internacional reconhecendo-se a experiência acumulada e a
vocação da Polícia Judiciária para a investigação de crimes internacionais e transfronteiriços,
cumpre a este órgão de polícia criminal assegurar a gestão e o funcionamento da Unidade
Nacional Europol e do Gabinete Nacional Interpol.

Resulta agora aperfeiçoado os termos em que o dever de cooperação nesta sede se deve
realizar e que se traduz na integração de oficiais de ligação permanente da Guarda Nacional
Republicana, da Polícia de Segurança Pública e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras junto
daquelas Unidade e Gabinete e, de idêntico modo, através de oficiais de ligação permanente,
nos Gabinetes Nacionais de Ligação a funcionar junto da Europol e da Interpol.

Clarifica-se, igualmente, os termos em que o acesso à informação disponibilizada pela Unidade


Nacional Europol, pelo Gabinete Nacional Interpol e pelos Gabinetes Nacionais de Ligação a
funcionar junto da Europol e da Interpol, se realiza, ou seja, de acordo com o princípio da
competência funcional.

Relevante papel cabe agora ao SG SSI a quem compete, no exercício das suas competências de
direcção, garantir o acesso por todas as entidades que fazem parte do Sistema de Segurança
Interna – o que, para o efeito e face às Convenções e estatutos que as regulam, deverá ser
entendido em sentido restritivo e limitado aos órgãos de polícia criminal – aos sistemas e aos
mecanismos de cooperação policial internacional através dos diversos pontos de contacto.
F
Com este propósito, o Gabinete Sirene é integrado no Gabinete Coordenador de Segurança.
SE

B. SUBSISTEMAS DE COORDENAÇÃO

1. Combate ao terrorismo

O subsistema de coordenação da criminalidade associada ao fenómeno do terrorismo surge,


pela primeira vez, Despacho de 25 de Fevereiro de 2003, exarado por Sua Excelência o
Primeiro-Ministro, o qual criou a Unidade de Coordenação Anti-Terrorismo e onde se
encontram ainda, como veremos, as grandes definições sobre a matéria.

Deixando, para já, de lado as diversas composições que este órgão já teve – inicialmente
apenas a Polícia Judiciária, o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Militares (actual
Serviço de Informações Estratégicas de Defesa que, à época, não integrava o Sistema de
Segurança Interna o que, porventura, terá justificado a criação de uma estrutura de
coordenação algo extravagante), o Serviço de Informações de Segurança e o Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras e, posteriormente, também a Guarda Nacional Republicana, Polícia
de Segurança Pública e Direcção-geral de Autoridade Marítima/Polícia Marítima – a
fundamentação ali expedida não só mantêm plena actualidade como constitui a principal,
senão a única, fonte de interpretação da mens legis e que remetem para o Conceito

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estratégico de Defesa Nacional, para as Leis de Segurança Interna e de organização da


investigação criminal e para os principais instrumentos jurídicos internacionais produzidos
sobre a matéria pela União Europeia e Organização das Nações Unidas:

Conceito Estratégico de Defesa Nacional


A primeira referência que encontramos é ao Conceito Estratégico de Defesa Nacional. Será,
por isso, pertinente dele retirar tudo o que possa ser relevante em matéria de luta contra o
terrorismo. E logo na Introdução encontramos largas referências a esta questão.
No ponto 1.1 podemos ler: Embora este novo ambiente estratégico tenha atenuado as
ameaças tradicionais de cariz militar, fez surgir factores de instabilidade traduzidos em novos
riscos e potenciais ameaças, de que os trágicos acontecimentos de 11 de Setembro são o
paradigma.

De tal forma assim é que esses acontecimentos alteraram profundamente a agenda político-
estratégica internacional, criaram novos desafios no âmbito da Segurança e Defesa e
introduziram um novo aspecto qualitativo de “ameaça”, na cena internacional, tornando ainda
mais difusa a fronteira entre esta e a caracterização de “riscos multifacetados e
multidimensionais”.

A maximização dos princípios da surpresa e da decepção, num combate assimétrico por


actores não tradicionais, onde se insere o terrorismo transnacional, a par da demonstração de
F
capacidade e de motivação, por parte de organizações mal definidas e não totalmente
identificadas, para levar a efeito acções de grande impacto, configuram a possibilidade de
eclosão de elevados níveis de destruição humanos e materiais. As consequências de tais
acções nas economias, na segurança e na estabilidade internacionais, transcendem a
SE
capacidade de resposta individualizada dos Estados e interrelacionam os conceitos de
segurança interna e externa e os objectivos que estes prefiguram.

O terrorismo transnacional apresenta-se, pois, como uma ameaça externa e, quando


concretizado, como uma agressão externa, pelo que a sua prevenção e combate se inserem
claramente na missão das Forças Armadas.

Consequentemente, perseguindo a finalidade de garantir a segurança e o bem-estar dos


cidadãos, o Estado é obrigado a repensar e a adequar os conceitos e os instrumentos de
Segurança e Defesa, ao novo ambiente político-estratégico, numa perspectiva de minimização
de riscos e de garantia da possibilidade de resposta, não só a estes novos tipos de desafios à
paz e à estabilidade internacional, como a quaisquer outros que venham a revelar-se.

No Capítulo dedicado às ameaças relevantes, por sua vez, o terrorismo merece um ponto a ele
especificamente dedicado:
6.2. O terrorismo, nas suas variadas formas, constitui uma grave ameaça à segurança e
estabilidade internacionais, ao sistema de Estados e à sua autoridade, aos valores humanistas
e aos princípios das sociedades livres, bem como ao espaço territorial, atingível, em qualquer
parte ou momento, através de meios extremos e variáveis.
Por consequência, o Estado deve:
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- colaborar activamente, no quadro da comunidade internacional, e em especial


com os seus aliados e parceiros, na prevenção do terrorismo, em múltiplas
vertentes, incluindo operações militares;
- desenvolver todas as medidas políticas, diplomáticas, económicas, financeiras e
judiciais que permitam erradicar as redes terroristas;
- reforçar o papel, a qualidade e a partilha de informações de carácter estratégico e
operacional, no sentido de dotar as sociedades livres de uma cultura de segurança
contra o terrorismo;
- dar a adequada prioridade, na definição do esforço, estrutura e meios da Defesa
Nacional, à necessidade de melhor conhecer, detectar, dissuadir e reprimir o
fenómeno terrorista;
- valorizar o Planeamento Civil de Emergência, e contar com um Sistema de Gestão
de Crises, de modo a permitir aos órgãos de soberania, mobilizar as reservas e as
instituições necessárias para fazer face às consequências do terrorismo.
Já no Capítulo dedicado às missões e capacidades das Forças Armadas se inclui no elenco (8.2):
capacidade para, em colaboração com as Forças de Segurança, na ordem interna, e em estreita
relação com os aliados, na ordem externa, prevenir e fazer face às ameaças terroristas.

Lei de Segurança Interna e Lei de Organização da Investigação Criminal


O segundo considerando remete para a actividade de segurança interna, sendo que o terceiro
apela aos princípios consagrados na respectiva Lei e também na Lei de Organização da
Investigação Criminal.
F
No que respeita à LSI temos precisamente o Capítulo I subordinado à epígrafe “Princípios
Gerais”.
SE

Aí se consagra o conceito de segurança interna (art.º 1º, n.º 1):

A segurança interna é a actividade desenvolvida pelo Estado para garantir a ordem, a


segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir a criminalidade e
contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o regular
exercício dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos e o respeito pela legalidade
democrática.

Os princípios fundamentais que regem a actividade de segurança interna também se


encontram previstos e consubstanciam-se nos seguintes termos, face ao tema em concreto:
- Aquela actividade observará as regras gerais de polícia;
- Será desenvolvida com respeito pelos direitos, liberdades e garantias e pelos
demais princípios do Estado de direito democrático;
- Subordina-se ao princípio da necessidade;
- A prevenção do terrorismo também deve respeitar as regras gerais sobre polícia,
bem como os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Relevo ainda para o princípio da cooperação, que estabelece o dever para as forças e serviços
de segurança de cooperarem entre si, designadamente através da comunicação de
informações que, não interessando apenas à prossecução dos objectivos específicos de cada
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um deles, sejam necessárias à realização das finalidades de outros, salvaguardando os regimes


legais do segredo de justiça e do segredo de Estado (art.º 6º, n.º 2).

Passando agora à Lei de Organização da Investigação Criminal – Lei n.º 49/2008, de 27 de


Agosto.

A mesma consagra, dentro das competências específicas da Polícia Judiciária, a sua


competência reservada para a prevenção e investigação criminal e a coadjuvação judiciária dos
crimes de organizações terroristas e terrorismo.

Estabelece ainda o dever de cooperação, especificando que a Guarda Nacional Republicana e a


Polícia de Segurança Pública devem comunicar de imediato à Polícia Judiciária os factos de que
tenham conhecimento relativos à preparação e execução daqueles crimes.

União Europeia
Remete-se a seguir para os instrumentos adoptados ao nível da União Europeia.

Comecemos pela Decisão-quadro do Conselho relativa à luta contra o terrorismo, a qual visa
fundamentalmente:

a. A definição de infracções terroristas, incluindo as infracções relativas aos grupos


F
terroristas, deveria ser aproximada em todos os Estados-Membros. Por outro lado,
deveriam ser previstas penas e outras sanções que reflictam a gravidade dessas
infracções, a aplicar às pessoas singulares e colectivas que tenham cometido tais
infracções ou que por elas sejam responsáveis.
SE
b. Deverão ser estabelecidas regras jurisdicionais para garantir que a infracção terrorista
possa ser objecto de uma incriminação eficaz.
c. As vítimas de infracções terroristas são vulneráveis, devendo pois impor-se medidas
específicas em relação a elas.

Relevo merece igualmente a Decisão 2003/48/JAI do Conselho, de 19 de Dezembro de 2002,


relativa à aplicação de medidas específicas de cooperação policial e judiciária na luta contra o
terrorismo, nos termos do artigo 4º da Posição Comum 2001/931/PESC.

Aí se decide que cada Estado-Membro deve designar um serviço especializado dentro dos
respectivos serviços de polícia que, em conformidade com o direito nacional, tenha acesso e
recolha toda a informação relevante que diga respeito e resulte das investigações realizadas
pelas autoridades policiais, sobre os actos terroristas em que intervenham qualquer das
pessoas, grupos ou entidades que constam da lista (art.º 2º, n.º 1).

O número seguinte do mesmo preceito, por sua vez, estabelece que cada Estado-Membro
deve tomar as medidas necessárias para garantir que, pelo menos a informação que a seguir
se enuncia, seja comunicada à Europol logo que recolhida por aquele serviço. Essa informação
considerada mínima consiste em:
- os dados identificadores da pessoa, grupo ou entidade;
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- os actos em curso de investigação e respectivas circunstâncias específicas;


- a relação com outros casos relevantes de actos terroristas;
- uso de tecnologias de informação;
- a ameaça que poderá representar a detenção de armas de destruição maciça.
- Mais dois preceitos são de salientar.

Primeiro o artigo 4º, que estabelece o dever de os Estados-Membros tomarem, quando


adequado, as medidas necessárias para criar equipas de investigação conjuntas com vista a
proceder a investigações criminais sobre actos terroristas em que intervenha qualquer das
pessoas, grupos ou entidades que constam da lista.

Depois o artigo 7º, segundo o qual cada Estado-Membro deve tomar as medidas necessárias
para garantir que qualquer informação pertinente incluída num documento, processo,
elemento de informação, objecto ou qualquer outro meio de prova, obtido ou confiscado
durante investigações criminais ou processos penais relacionados com actos terroristas e
dirigidos contra qualquer uma das pessoas, grupos ou entidades que constam da lista, fique
imediatamente acessível ou disponível para as autoridades dos outros Estados-Membros
interessados, em conformidade com o direito nacional e com os instrumentos jurídicos
internacionais relevantes, sempre que estejam a ser conduzidas ou possam ser iniciadas
investigações dirigidas contra essas pessoas, grupos ou entidades e relacionadas com actos
terroristas.
Importa referir também a Decisão do Conselho 2008/617/JAI de 23JUN08, relativa à melhoria
F
da cooperação entre unidades especiais de intervenção dos Estados-Membros da União
Europeia em situações de crise, na qual se estabelece as regras e condições gerais que
permitem às unidades especiais de intervenção de um Estado -Membro prestar assistência
e/ou actuar no território de outro Estado-Membro (a seguir designado «Estado-Membro
SE
requerente »), a pedido deste último, e caso aquelas unidades tenham aceitado intervir para
fazer face a uma situação de crise.
Os pormenores de ordem prática e as regras de execução que complementam a presente
decisão são acordados directamente entre o Estado-Membro requerente e o Estado-Membro
requerido.
Organização das Nações Unidas
O último considerando do Despacho remete para as Convenções das Nações Unidas contra o
terrorismo e as Resoluções do Conselho de Segurança.

Existem hoje 12 principais Convenções e Protocolos multilaterais relativos às


responsabilidades dos Estados no combate ao terrorismo.

Será útil, ainda que a título meramente indicativo, a sua enunciação:


Temos em primeiro lugar as que se prendem com a segurança aeronáutica:
- Convenção relativa a actos ilícitos praticados a bordo de aeronaves (“Convenção
de Tóquio”, 1963);
- Convenção para a repressão da captura ilícita de aeronaves (“Convenção de Haia”,
1970);

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- Convenção para a repressão de actos ilícitos dirigidos contra a segurança da


aviação civil (“Convenção de Montreal”, 1971) e Protocolo Adicional (1988).

No que respeita à segurança marítima temos:


- Convenção para a repressão de actos ilícitos dirigidos contra a segurança da
navegação marítima (1988);
- Protocolo para a repressão de actos ilícitos dirigidos contra a segurança das
plataformas fixas localizadas nas placas continentais (1988).

Encontramos ainda a Convenção para a prevenção e repressão de crimes contra pessoas


protegidas internacionalmente (1973) e a Convenção relativa à protecção física de material
nuclear (1980).

As restantes quatro constituem o grupo que nos parece oferecer maior relevância na
actualidade:
- Convenção Internacional contra a Tomada de Reféns, aprovada, para ratificação,
pela Resolução da Assembleia da República n.º 3/84, de 8 de Fevereiro.
- Convenção Relativa à Marcação dos Explosivos Plásticos para fins de Detecção,
aprovada, para adesão, pela Resolução da Assembleia da República n.º 52/2002,
de 2 de Agosto.
- Convenção Internacional para a Repressão de Atentados Terroristas à Bomba,
aprovada, para ratificação, pela Resolução da Assembleia da República n.º
40/2001, de 25 de Junho.
F
- Convenção Internacional para a Eliminação do Financiamento do Terrorismo,
aprovada, para ratificação, pela Resolução da Assembleia da República n.º
51/2002, de 2 de Agosto.
SE

Para além das Convenções a que se fez referência, uma palavra relativa à Resolução 1373 do
Conselho de Segurança das Nações Unidas, que estabelece, designadamente, que os Estados
devem:
- Prevenir e suprimir o financiamento do terrorismo;
- Criminalizar a recolha, por quaisquer meios, directa ou indirectamente, de fundos
com intenção ou o conhecimento de serem utilizados para financiar a prática de
actos terroristas;
- Congelar imediatamente fundos e outros valores financeiros ou económicos
pertencentes a quem participar em actos terroristas ou facilitar a sua prática;
- Proibir a recolha de fundos para apoio dos que participam na prática de actos
terroristas.

Do supra exposto é possível retirar as seguintes orientações para o funcionamento da UCAT:

1.ª Interrelação dos conceitos de segurança interna e externa e dos objectivos que
estes prefiguram.
2.ª O Estado deve desenvolver todas as medidas políticas, diplomáticas, económicas,
financeiras e judiciais que permitam erradicar as redes terroristas.

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3.ª Deve também reforçar o papel, a qualidade e a partilha de informações de


carácter estratégico e operacional.
4.ª As Forças Armadas devem ter capacidade para, em colaboração com as forças de
segurança, na ordem interna, prevenir e fazer face às ameaças terroristas.

A segurança interna é a actividade desenvolvida pelo Estado para: (a) garantir a ordem, a
segurança e a tranquilidade públicas; (b) proteger pessoas e bens; (c) prevenir a criminalidade;
(d) contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o regular
exercício dos direitos e liberdades fundamentais do cidadão e o respeito pela legalidade
democrática.

As forças e serviços de segurança têm o dever de cooperarem entre si, designadamente


através da comunicação recíproca de dados que sejam necessários à realização das finalidades
de cada um dos outros.

A Polícia Judiciária tem competência reservada para a prevenção e investigação criminal e a


coadjuvação judiciária dos crimes de organizações terroristas e terrorismo.

O Gabinete Coordenador de Segurança é um órgão de assessoria e consulta, cuja principal


missão é a de assistir às entidades governamentais responsáveis pela execução da política de
segurança interna.
F
O SG SSI é o órgão dotado de competências de controlo e comando operacional em situações
extraordinárias, determinadas pelo Primeiro-Ministro após comunicação fundamentada ao
Presidente da República, de ataques terroristas que requeiram a intervenção conjunta e
combinada de diferentes forças e serviços de segurança e, eventualmente, do Sistema
SE
Integrado de Operações de Protecção e Socorro, que lhe são colocados na sua dependência
operacional, através dos seus dirigentes máximos. Se superiormente decidida a colaboração
das Forças Armadas, nos termos da Constituição e da Lei, a sua articulação operacional será
assegurada entre o SG SSI e o CEMGFA.

O combate ao terrorismo é um objectivo prioritário da União Europeia, o qual passa,


designadamente, por: (a) elaboração de uma lista comum de organizações terroristas; (b)
partilha dos Estados-Membros com a Europol de todos os dados úteis em matéria de
terrorismo; (c) a luta contra o financiamento do terrorismo constitui uma vertente decisiva.

Cada Estado-Membro deve designar um serviço de polícia especializado enquanto


correspondente da Europol para as matérias relacionadas com as pessoas, grupos ou
entidades que constem da lista comum.

Estado deve desenvolver medidas de resposta a situações de tomada de reféns.


Deve garantir o controlo efectivo dos explosivos plásticos que não estejam marcados e não
sejam detectáveis.
Deve preparar medidas preventivas e de resposta a situações de uso ilícito de explosivos ou
outros instrumentos letais.
Deve prevenir e reprimir o financiamento do terrorismo.
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Partindo destas conclusões, a actividade da UCAT desenvolve-se no sentido de contribuir para


uma resposta cabal aos compromissos nacionais e internacionais no âmbito do combate ao
terrorismo, designadamente através da operacionalização da informação, através dos órgãos
legalmente competentes para esse efeito, maxime, os serviços de informações e a polícia de
prevenção e investigação criminal cuja competência na matéria, de resto, é insusceptível de
ser delegada noutro órgão.

Neste sentido, o legislador não viu necessidade de ir mais além do que o reconhecimento da
existência, sob a forma de Lei, da Unidade de Coordenação Anti-terrorismo e mera definição
da sua composição e dos princípios gerais de funcionamento: de coordenação e de partilha de
informação no âmbito do combate ao terrorismo, de resto típicos da investigação criminal,
como vimos, deixando o encargo da regulamentação organização interna para, ao que tudo
indica, ao SG SSI.

O legislador reconheceu, no entanto, a natureza sui generis desta estrutura, genericamente


situada no âmbito da actividade de informação de segurança interna típica dos serviços de
informações mas intimamente ligada à actividade de investigação criminal não só pela dupla
natureza preventiva e repressiva da Polícia Judiciária mas, sobretudo, pelo poder/dever de
operacionalização através dos mecanismos processuais penais aplicáveis, considerando
bastante e suficiente a integração de representante do SG SSI, como de resto, aliás, também
do SG-SIRP.
F
Na verdade, nas situações de natureza excepcional previstas, designadamente, no artigo 19.º
da LSI, resultará bastante a activação da sala de situação e a presença dos máximos
Comandantes e Directores Nacionais das FSS que, de resto, (agora) coincidem com as
SE
entidades representadas na UCAT.

2. Combate à droga
O Decreto-Lei n.º 81/95, de 22 de Abril consagrou o sistema de combate ao tráfico de droga,
para o que:

- Distribui competências em sede de investigação criminal entre os órgãos de polícia


criminal;
- Distribui competências em sede de prevenção criminal entre os órgãos de polícia
criminal e os serviços aduaneiros e de segurança;
- Estabelece o dever de comunicação;
- Estabelece o princípio da centralização da informação;
- Estabelece um sistema de coordenação através da criação das Unidades de
Coordenação e Intervenção Conjunta – UCIC's;
- Estabelece os princípios orientadores da formação especializada.

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a. Investigação criminal
Considerou o legislador ser urgente, face à disseminação do fenómeno, empenhar no esforço
directo de combate à oferta e ao consumo outros órgãos de polícia criminal, a cuja preparação
técnica se tem atendido, sem perder de vista a necessidade de, em atenção a razões de
eficácia, continuar a atribuir à Polícia Judiciária funções de centralização informativa e de
coordenação operacional.

Dessa intenção do legislador resultou o seguinte quadro de competências, no que à


investigação dos crimes previstos no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro respeita:

Polícia Judiciária:
Tráfico e outras actividades ilícitas, ressalvadas as competências atribuídas à
Guarda Nacional Republicana e à Polícia de Segurança Pública;
Precursores;
Conversão, transferência ou dissimulação de bens ou produtos;
Abuso do exercício da profissão;
Associações criminosas;
Os demais que lhe sejam comunicados ou de que colha notícia.

Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública:


Tráfico e outras actividades ilícitas, quando ocorram situações de distribuição
directa aos consumidores, a qualquer título, das plantas, substâncias ou
F
preparações nele referidas;
Traficante-consumidor;
Incitamento ao uso de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas;
SE
Tráfico e consumo em lugares públicos ou de reunião;
Abandono de seringas;
Desobediência qualificada;

b. Prevenção criminal
Nesta área o legislador atribuiu competências específicas no combate ao tráfico de droga nos
seguintes termos:

(1) Polícia Judiciária: A prevenção da introdução e trânsito pelo território nacional de


substâncias estupefacientes ou psicotrópicas e a prevenção da constituição de
redes organizadas de tráfico interno dessas substâncias.

(2) Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública nas respectivas áreas
de actuação e com vista à detecção de situações de tráfico e consumo de
estupefacientes ou substâncias psicotrópicas: A vigilância dos recintos
predominantemente frequentados por grupos de risco e a vigilância e o
patrulhamento das zonas usualmente referenciadas como locais de tráfico ou de
consumo.

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(3) Guarda Nacional Republicana / Unidade Nacional de Controlo Costeiro faz incidir
prioritariamente a sua acção na fronteira marítima, nomeadamente através do
sistema de vigilância e controlo, em particular nos pontos que ofereçam condições
propícias ao desembarque clandestino de droga.

(4) Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo


desenvolve a sua acção em matéria de prevenção do tráfico de droga através de
unidades de informação, procedendo à identificação e adequado controlo de
mercadorias e meios de transporte, na importação, exportação e trânsito, nas vias
rodoviária, marítima, aérea e postal, mobilizando para o efeito todos os meios
disponíveis.

c. Dever de comunicação
O dever de comunicação é concretizado no artigo 3º e obriga todos os órgãos de polícia
criminal e serviços aduaneiros e de segurança:

Os órgãos de polícia criminal e os serviços aduaneiros e de segurança que tiverem notícia de


um crime, por conhecimento próprio ou mediante denúncia, comunicam-na, no mais curto
prazo, ao Ministério Público e ao órgão de polícia criminal competente para a investigação.

d. Centralização da informação
F
Este princípio é estabelecido no artigo 4º e dele resultam as seguintes atribuições para cada
um dos órgãos de polícia criminal, serviços aduaneiros e de segurança:
SE
(1) Polícia Judiciária (através da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de
Estupefacientes – UNCTE):
- Centraliza e trata toda a informação respeitante às infracções tipificadas no
Decreto-Lei n.º 15/93, de 23 de Janeiro;
- Recebe todas as informações que lhe são comunicadas pelos órgãos de polícia
criminal, serviços aduaneiros e de segurança;
- Recebe a comunicação prévia de todas as acções planificadas a desencadear
neste âmbito por parte de qualquer dos órgãos de polícia criminal;
- Recebe da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública cópia
dos autos de notícia e dos relatórios finais dos inquéritos que elaborem;
- Solicita à Guarda Nacional Republicana e à Polícia de Segurança Pública as
informações pertinentes, na sequência da recepção atrás referida;
- Divulga a informação pertinente para a actuação dos outros órgãos de polícia
criminal, serviços aduaneiros e de segurança;

(2) Guarda Nacional Republicana e Polícia de Segurança Pública:


- Transmitem à UNCTE da Polícia Judiciária todas as informações que obtenham,
devendo fazê-lo de imediato quando tomem conhecimento da preparação ou
início de execução de quaisquer das infracções previstas no Decreto-Lei n.º
15/93, de 23 de Fevereiro;
Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças e dos Serviços de Segurança

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- Transmitem previamente à UNCTE da Polícia Judiciária as acções planificadas a


desencadearem neste âmbito;
- Remetem de imediato à UNCTE da Polícia Judiciária cópia dos autos de notícia e
dos relatórios finais dos inquéritos que elaborem e as demais informações que
por esta lhes forem solicitadas.

(3) Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo Serviço
de Estrangeiros e Fronteiras:
- Transmitem à UNCTE da Polícia Judiciária todas as informações que obtenham,
devendo fazê-lo de imediato quando tomem conhecimento da preparação ou
início de execução de quaisquer das infracções previstas no Decreto-Lei n.º
15/93, de 23 de Fevereiro.

Sistema de Coordenação
As Unidades de Coordenação e Intervenção Conjunta são criadas pelo artigo 6º nos seguintes
termos:
(1) São integradas pela Polícia Judiciária, Guarda Nacional Republicana, Polícia de
Segurança Pública, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Direcção-Geral das
Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo;

(2) Funcionam sob a coordenação e a direcção estratégica e táctica da Polícia


Judiciária;
F
(3) Compete-lhes disciplinar e praticar a partilha de informações oriundas de cada
força ou serviço integrante e a coordenação das acções que devam ser executadas
SE
em comum.

Formação especializada
O Decreto-Lei n.º 81/95 estabelece ainda os princípios quanto à formação especializada, no
artigo 7º, conferindo essa responsabilidade ao Instituto Superior de Polícia Judiciária e Ciências
Criminais:
A formação específica adequada à prossecução das atribuições de prevenção e investigação do
tráfico de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, ministrada aos elementos da Guarda
Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública que integram as respectivas brigadas
anti-crime e das unidades mistas de coordenação e intervenção conjunta, é da
responsabilidade do Instituto Nacional de Polícia e Ciências Criminais da Polícia Judiciária, com
a colaboração das estruturas de formação da Direcção-Geral das Alfândegas.
Ainda no campo do combate ao tráfico de droga, e na sequência do Decreto-Lei n.º 81/95,
importa referir o Protocolo de 7 de Outubro de 1996.
Este Protocolo – assinado pelos dirigentes máximos da Polícia Judiciária, Guarda Nacional
Republicana, Polícia de Segurança Pública, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Direcção-
Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo – prossegue o objectivo de
reforço do combate ao tráfico de droga promovendo o envolvimento mais eficaz de todas as
entidades envolvidas nesse combate.
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E, prossegue o seu preâmbulo:


Tal propósito surge na sequência do Decreto-Lei n.º 81/95, de 22 de Abril que delineou um
novo quadro normativo enformador das competências dos diversos órgãos de polícia criminal
e serviços aduaneiros e de segurança e cuja aplicação ganha nova dimensão com a celebração
do presente protocolo.
Teve o mesmo como objectivo principal regulamentar o dever de comunicação, o princípio da
centralização da informação e as unidades de coordenação e intervenção conjunta,
estabelecendo ainda uma cláusula de excepção, tendo em vista os objectivos últimos do
sistema, o combate ao crime organizado.

Dever de comunicação
A regulamentação do dever de comunicação pode ser colhida do articulado do Protocolo, que
estabelece as seguintes regras:

 Os dados informativos que devam ser transmitidos nos termos do artigo 3º do


Decreto-Lei n.º 81/95 são-no para os serviços da UNCTE – sedeados em Lisboa e
nas Directorias do Porto, Coimbra e Faro – das zonas territoriais onde estejam
sedeados os serviços sobre que impenda a obrigação legal, independentemente da
informação a veicular aos seus serviços centrais;
 As referidas zonas territoriais estruturam-se de acordo com a jurisdição dos
serviços da UNCTE atrás enunciados.
F
Princípio da centralização da informação
SE
A regulamentação deste princípio encontra-se igualmente plasmada no articulado do
Protocolo, nos seguintes termos:
Os dados informativos que devam ser transmitidos nos termos do artigo 4º do Decreto-Lei n.º
81/95, incluindo as cópias dos autos de notícia ou de denúncia e dos relatórios finais dos
inquéritos que elaborem, são-no para os serviços da UNCTE – sedeados em Lisboa e nas
Directorias do Porto, Coimbra e Faro – das zonas territoriais onde estejam sedeados os
serviços sobre que impenda a obrigação legal, independentemente da informação a veicular
aos seus serviços centrais;
As referidas zonas territoriais estruturam-se de acordo com a jurisdição dos serviços da UNCTE
atrás enunciados;
Tratando-se de tráfico internacional, por qualquer meio, a comunicação é feita através dos
canais hierárquicos competentes à Direcção da UNCTE;
Tratando-se de caso em que existam suspeitas da prática de crime enquadrável no Decreto-Lei
n.º 15/93, de 22 de Janeiro por parte de elementos de órgão de polícia criminal ou de serviços
aduaneiros e de segurança, a comunicação é feita através dos canais hierárquicos
competentes à Direcção da UNCTE, cabendo a esta a obrigação de comunicar tal suspeita, de
seguida, ao Comando-Geral, Direcção Nacional ou Direcção-Geral a que pertence o elemento
suspeito;
Os serviços aduaneiros informarão antecipadamente a Direcção da UNCTE sempre que, no
âmbito dos seus compromissos internacionais, participem com outros serviços congéneres
similares em acções de controlo tendo em vista a prevenção do tráfico de droga;
Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças e dos Serviços de Segurança

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Sempre que recebam qualquer informação, notícia ou comunicação de acção planificada, os


serviços da UNCTE devem responder no prazo máximo de 24 horas, comunicando quaisquer
referências ou antecedentes existentes no sistema de informação, ou da inconveniência da
realização imediata da acção planificada. Ultrapassado este prazo de 24 horas sem qualquer
resposta, entende-se não haver qualquer referência ou antecedente, nem inconvenientes na
realização imediata da acção planificada;
Os órgãos de polícia criminal, serviços aduaneiros e de segurança podem colher junto dos
serviços da UNCTE qualquer elemento informativo que esteja disponível e com interesse para
as acções de prevenção ou de investigação que tenham em curso;
Aquelas entidades podem participar entre si na análise operacional ou táctica em acções que
devam ser executadas em comum;
Podem ainda solicitar à EUROPOL informações quanto a assuntos que sejam do interesse para
as respectivas áreas de investigação;
Tendo em vista reforçar a recolha e difusão da informação, os órgãos de polícia criminal e os
serviços aduaneiros e de segurança designarão um ou dois elementos, e que podem ser
destacados junto dos serviços centrais da UNCTE.

Unidades de Coordenação e Intervenção Conjunta


O Anexo ao Protocolo em análise estabelece a estrutura, composição, competências e
funcionamento das Unidades de Coordenação e Intervenção Conjunta.
F
Relativamente à estrutura são criadas sete UCIC's, sendo uma de âmbito nacional –
UCIC/Nacional – e seis de âmbito regional – UCIC/Norte, UCIC/Centro, UCIC/Lisboa, UCIC/Sul,
UCIC/Madeira e UCIC/Açores – definindo-se depois a área de intervenção de cada uma delas.
SE
Quanto à composição estabelece-se que as UCIC's de âmbito regional são compostas por dois
níveis: Nível de Avaliação e Decisão e Nível Informativo Operacional.

No âmbito das competências são estabelecidas as que a seguir se elencam, comuns a todas as
UCIC's, ainda que a nível nacional para a UCIC/Nacional e a nível regional para as restantes:

- Disciplinar e avaliar a centralização e partilha da informação oriunda de qualquer


uma das forças e serviços que a integram, ou resultante do tratamento a que
procede a Unidade Nacional de Informação de Droga da Unidade Nacional de
Combate ao Tráfico de Estupefacientes;
- Decidir, coordenar e avaliar as acções que devam ser executadas em comum;
- Analisar e avaliar a situação relativa ao tráfico e consumo de estupefacientes e
psicotrópicos.

Relativamente ao funcionamento, as regras estabelecidas são:

- A UCIC/Nacional funciona através de (a) reuniões de periodicidade, no mínimo,


trimestral, com a presença de todos os seus membros; (b) contactos bilaterais ou
multilaterais entre os seus membros, a cujas instituições digam respeito os
assuntos em causa.
Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças e dos Serviços de Segurança

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- O Nível de Avaliação e Decisão das UCIC’s de âmbito regional funciona através de


(a) reuniões de periodicidade, no mínimo, bimestral, com a presença de todos os
seus membros; (b) contactos bilaterais ou multilaterais entre os seus membros, a
cujas instituições digam respeito os assuntos em causa.
- O Nível Informativo Operacional das UCICs de âmbito regional funciona através da
(a) efectivação das comunicações a que se referem os artigos 3º e 4º do Decreto-
Lei n.º 81/95, de 22 de Abril; (b) recepção dessas comunicações, com posterior
tratamento e difusão.

Cláusula de excepção
O Protocolo consagra ainda a chamada cláusula de excepção, a qual encontra a sua razão de
ser nos objectivos últimos do mesmo.

E estes são apontados no preâmbulo do Protocolo:


O combate ao tráfico de estupefacientes é, antes de mais e acima de tudo, uma luta contra os
grupos e organizações criminosas, os quais só podem ser combatidos eficazmente se se
conhecerem as suas distintas componentes, estruturas, circuitos, formas de actuação e modos
de agir para consecução dos seus objectivos criminosos. Torna-se, por isso, necessário que se
intercambie a informação disponível em cada força policial ou serviços aduaneiros e de
segurança, se agilize a permuta de dados e elementos já adquiridos e se disponibilizem e
divulguem esses dados àqueles que no concreto momento deles necessitem.
F
É esse objectivo último de combater os grupos e organizações criminosas que fundamenta a
referida cláusula, que vem consagrada nos termos seguintes:
No quadro da sua intervenção global e com vista a salvaguardar o sucesso de investigações em
SE
curso, a Polícia Judiciária poderá solicitar aos demais órgãos de polícia criminal, serviços
aduaneiros e de segurança, pela via considerada mais adequada e ao nível que por cada um for
considerado mais apropriado, a adopção de procedimentos de natureza excepcional, no que à
sua actuação em matéria de prevenção e repressão do tráfico de droga diz respeito.
Referência ainda à Estratégia Nacional de Luta contra a Droga, a qual define objectivos
programáticos e contém orientações e linhas de actuação de âmbito nacional que se escoram,
na sequência do quadro legislativo e regulamentar em vigor e atrás descrito, numa actuação
concertada de vários órgãos de polícia criminal e serviços aduaneiros e de segurança,
atribuindo à Polícia Judiciária competência para desenvolver a coordenação operacional e a
centralização da informação criminal subjacente.
Esses objectivos programáticos e linhas de orientação vieram a ser melhor concretizados no
Plano de Acção Nacional de Luta contra a Droga e a Toxicodependência – Horizonte 2004, o
qual procura implementar a nível nacional um modelo de actuação que contribua activamente
para a execução das medidas e acções previstas no Plano de Acção da União Europeia de Luta
contra a Droga 2000-2004, aprovado no Conselho Europeu de Santa Maria da Feira.
Dos objectivos que daí resultam, salientam-se:

- Reforço do combate ao tráfico ilícito de droga, designadamente as drogas


sintéticas, o praticado por via marítima e o praticado por organizações criminosas;

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- Desenvolvimento de mecanismos de coordenação específica, englobando,


nomeadamente, as vertentes da detecção, prevenção e investigação criminal;
- Estabelecimento, no âmbito das Unidades de Coordenação e Intervenção
Conjunta, de pontos de contacto operacionais em todas as entidades com
intervenção neste domínio;
- Agilização dos fluxos de informação através desses pontos de contacto
operacionais;
- Celebração de protocolos de cooperação, sempre que necessário e/ou
conveniente, entre as entidades com intervenção neste domínio;
- Integração da informação criminal relativa ao tráfico ilícito de drogas no Sistema
Integrado de Informação Criminal (SIIC), aproveitando as suas potencialidades no
sentido do reforço da análise de informação, a nível estratégico e operacional;
- Criação de um sistema de monitorização dos preços e de análise laboratorial dos
produtos apreendidos na “rua”, como modo de avaliação indirecta da eficácia da
actuação das forças de investigação criminal e de segurança.

3. Combate à criminalidade tributária

a. Enquadramento e âmbito
De acordo com o disposto na Lei de Organização da Investigação Criminal, conjugado com o
Regime Geral das Infracções Tributárias, a competência para a investigação dos crimes
F
tributários de valor superior a 500.00€ é da Polícia Judiciária (PJ) e da Unidade de Acção Fiscal
da Guarda Nacional Republicana (UAF/GNR), sendo os crimes de montante inferior da
competência de investigação da UAF/GNR, da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) e da
SE
Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo (DGAIEC).

O Decreto-Lei nº 93/2003 de 30 de Abril serviu para estabelecer as condições de acesso


recíproco às bases de dados das autoridades com competência de investigação no âmbito dos
crimes tributários, ficando estabelecido que o mesmo teria lugar no âmbito da Unidade de
Informação Financeira da Polícia Judiciária, de forma a regular a extensão e limites de
cooperação entre a PJ e os órgãos da administração tributária, no domínio do acesso e
tratamento da informação de natureza tributária relevante para as acções de investigação
criminal inseridas no âmbito das respectivas competências.

De forma a operacionalizar o estabelecido neste diploma legal, foi entretanto celebrado, entre
a PJ, a DGCI e a DGAIEC, o Protocolo nº 22/2003 de 4 de Julho, documento que, atentas as
competências da UAF/GNR nesta matéria, carece de actualização e renovação, envolvendo
todas as entidades competentes.

b. Funcionamento
Os Decreto-Lei nº 93/2003 de 30 de Abril, designadamente nos seus artigos 1º, 4º, 5º e 7º e o
Decreto-Lei nº 42/2009 de 10 de Fevereiro apontam para a existência e funcionamento de um

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subsistema de coordenação para o combate aos crimes tributários, sendo o mesmo composto
pelas entidades competentes para a sua investigação.

Este sub- sistema de combate aos crimes tributários assenta o seu funcionamento em:
- Grupo Permanente de Ligação;
- Assessoria técnica;
- Equipas mistas;
- Apoio operacional;
- Controlo e avaliação.

O Grupo Permanente de Ligação, sediado na Unidade de Informação Financeira da Polícia


Judiciária, que tem por objectivo prioritário o acesso, a análise e a transmissão da informação
obtida, bem como a programação de acções de investigação conjuntas no âmbito do combate
à criminalidade tributária e aos crimes de branqueamento de capitais, e ainda a assessoria
técnica e a coordenação das equipas mistas e de apoio operacional é actualmente constituído
por funcionários da PJ, da DGCI e DGAIEC, aguardando-se, pelos motivos já indicados, a
oportuna integração de um representante da UAF/GNR.

É através do Grupo Permanente de Ligação que, de acordo com as competências legalmente


atribuídas, a Polícia Judiciária pode solicitar a consulta em tempo real das bases de dados da
Direcção-Geral dos Impostos e da Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais
sobre o Consumo e, nos mesmos termos, podem estas entidades solicitar a consulta em tempo
F
real ao Sistema Integrado de Informação Criminal da Polícia Judiciária.

No campo da assessoria técnica prevê-se que cada uma das partes possa solicitar às outras,
através do Coordenador do Grupo Permanente de Ligação, a participação pontual e
SE
temporária de técnicos e especialistas para o estudo e desenvolvimento de projectos de
análise e pesquisa de informação no âmbito da actividade desenvolvida pela Unidade de
Informação Financeira, sempre que se mostre justificadamente necessário.

As equipas mistas são preferencialmente constituídas por funcionários dos respectivos


serviços com competência territorial no local onde os factos ilícitos ocorreram ou se pretende
obstar que venham a ocorrer, e são constituídas sempre que as circunstâncias do caso
concreto o aconselhem.

A sua supervisão cabe ao Grupo Permanente de Ligação.

Também através do Coordenador do Grupo Permanente de Ligação pode qualquer uma das
três entidades requerer o apoio pontual directo de técnicos e especialistas das outras.

Tal tem aplicação em todo o território nacional e é limitado apenas na medida dos recursos
disponíveis.

Este sistema integra ainda os seus próprios mecanismos de controlo e avaliação.

Plano de Coordenação, Controlo e Comando Operacional das Forças e dos Serviços de Segurança

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Desde logo através de relatórios de avaliação elaborados pelo Grupo Permanente de Ligação,
semestralmente ou sempre que solicitados por alguma das três entidades.

Depois, através das reuniões dos dirigentes máximos, pelo menos uma em cada semestre,
para avaliação dos resultados obtidos e transmissão das orientações que forem tidas por
convenientes.

F
SE

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ANEXO D – CONTROLO DE ESTRANGEIROS E FRONTEIRAS

A. Controlo de Estrangeiros e Fronteiras

1. Tipos de acções
a. Acções conjuntas de iniciativa do SEF

Cabe ao SEF coordenar o planeamento e a execução das acções de controlo de


estrangeiros, sem prejuízo da colaboração da GNR e/ou PSP para a execução de todos os
procedimentos em tempo útil, com eficácia e segurança.

Se a situação assim o exigir, em função do grau de ameaça verificado, poderão ser


constituídas unidades de coordenação, no âmbito de acções concretas, compostas por
representantes das várias entidades envolvidas, de forma a garantir a eficaz
coordenação de meios no terreno e a articulação com as respectivas Forças e Serviços
de Segurança.
b. Acções conjuntas de iniciativa das Forças de Segurança
F
Ocorrendo uma situação urgente envolvendo cidadãos estrangeiros, que implique
actuação imediata, nomeadamente quanto à sua identificação ou análise dos
respectivos documentos, deverá ser solicitada a intervenção do SEF, no local.
SE
Caso esta intervenção não se revele possível, o SEF disponibilizará, de imediato, um
canal de contacto e comunicação permanente e uma pessoa e/ou equipa para o apoio
de retaguarda, de modo a providenciar pela execução dos procedimentos inerentes ao
formulário denominado INFOCEST, cujo modelo constitui o Apêndice 1 ao presente
Anexo.

2. Conceitos operativos

a. Controlo de Fronteiras (Pessoas)

(1) Controlo de Fronteira – Controlo efectuado nos Postos de Fronteira qualificados


para esse efeito aos indivíduos que pretendem entrar em território nacional ou
dele sair, sempre que provenham ou se destinem a países não signatários do
Acordo de Schengen.

(2) Controlo Mínimo – Controlo destinado a estabelecer a identidade, baseado nos


documentos de viagem apresentados, bem como na verificação simples e rápida da
validade do documento que permite a passagem da fronteira e na existência de
indícios de falsificação ou de contrafacção e na existência de indícios de fraude
documental. Em regra, o controlo mínimo aplica-se aos cidadãos nacionais de
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Estados Membros de União Europeia ou nacionais de outros Estados que


beneficiem do regime comunitário.

(3) Controlo Pormenorizado – Análise pormenorizada da validade do documento


apresentado para a passagem da fronteira e da existência de indícios de falsificação
ou contrafacção e na existência de indícios de fraude documental, bem como dos
restantes requisitos legais para entrada no território (visto de entrada, meios de
subsistência, confirmação dos objectivos da estada pretendida, existência de
medidas impeditivas da entrada). É aplicável aos estrangeiros nacionais de países
terceiros, não beneficiários do regime comunitário.

(4) Documentos de viagem e equivalentes - Documentos reconhecidos e válidos para


a entrada e saída de território português. Para além do passaporte, são
reconhecidos outros documentos de viagem e documentos que os substituem,
nomeadamente o bilhete de identidade.

(5) Fronteiras Externas – As fronteiras terrestres, bem como os aeroportos e os portos


marítimos das Partes Contratantes do Acordo de Schengen, desde que não sejam
fronteiras internas. Em Portugal são consideradas fronteiras externas os
aeroportos, no que diz respeito aos voos que tenham como proveniência ou
destino os territórios dos Estados não vinculados à CAAS e os portos marítimos,
salvo no que se prende com as ligações a território português e às ligações
F
regulares de transbordo entre Estados Partes na Convenção de Aplicação. As
fronteiras externas só podem, em princípio, ser transpostas nos pontos de
passagem fronteiriços, durante as horas de abertura fixadas.
SE
(6) Fronteiras Internas – As fronteiras terrestres comuns das Partes Contratantes do
Acordo de Schengen bem como os seus aeroportos, no que diz respeito aos voos
internos, e os seus portos marítimos, no que diz respeito às ligações regulares de
navios que efectuam operações de transbordo, exclusivamente provenientes ou
destinados a outros portos nos territórios das Partes Contratantes, sem escala em
portos fora destes territórios. No caso de Portugal, são consideradas internas as
fronteiras com Espanha.As fronteiras internas podem ser transpostas sem que o
controlo das pessoas seja efectuado.

(7) País Terceiro – País que não seja Parte na CAAS, nem Estado Membro da União
Europeia.

(8) Ponto de Passagem Fronteiriço – Qualquer ponto de passagem autorizado pelas


autoridades competentes das Partes Contratantes do Acordo de Schengen para a
passagem das fronteiras externas.

(9) Recusa de Entrada – Decisão que, no controlo de fronteira externa, impede a


entrada em território português aos estrangeiros que não reúnam
cumulativamente os requisitos legalmente previstos para esse efeito, ou que
constituam perigo ou grave ameaça para a ordem pública, segurança nacional ou
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relações internacionais de Estados membros da União Europeia ou de Estados onde


vigore a CAAS.

(10) Reposição do controlo na Fronteira Interna – Por razões de ordem pública e


segurança nacional, uma Parte Contratante do Acordo de Schengen pode, após
consulta das outras Partes Contratantes, decidir que, durante um período limitado,
serão efectuados, nas fronteiras internas, controlos fronteiriços nacionais
adaptados à situação concreta. Se razões de ordem pública e segurança nacional
exigirem uma acção imediata, a Parte Contratante em causa tomará as medidas
necessárias e informará desse facto, o mais rapidamente possível, as outras Partes
Contratantes.

(11) Visto – Carimbo a óleo ou vinheta autocolante apostos no passaporte ou noutro


documento de viagem válido, autorizando o estrangeiro a solicitar a entrada e/ou a
permanência em território nacional.

(12) Voo interno – Qualquer voo exclusivamente proveniente ou destinado aos


territórios das Partes Contratantes do Acordo de Schengen, sem escala fora desses
territórios.

b. Controlo de estrangeiros
F
(1) Consulta de antecedentes – Pesquisa a efectuar no âmbito do controlo ou
identificação de um estrangeiro nas bases de dados e/ou ficheiros disponíveis,
destinada ao apuramento de antecedentes processuais no SEF, de medida cautelar,
indicação no Sistema de Informação Schengen (SIS) ou na lista nacional de pessoas
SE
inadmissíveis em território nacional.

(2) Controlo de estrangeiros – Controlo da permanência e actividades de estrangeiros


em território nacional, nomeadamente através de acções de identificação e
fiscalização, mediante controlo documental, com vista ao estabelecimento ou
confirmação da identidade e à verificação e/ou confirmação das respectivas
condições de entrada e permanência e consequente accionamento dos
mecanismos legalmente previstos, em função das situações detectadas.

(3) Controlo documental – Controlo destinado a estabelecer a identidade do


estrangeiro, bem como a averiguar as condições de entrada e a regularidade da sua
permanência. Consiste na verificação da validade do documento de identificação
apresentado e da existência de indícios de falsificação ou contrafacção, bem como
na consulta às bases de dados existentes, para apuramento de antecedentes.

(4) Documentos de identificação – Documentos reconhecidos e válidos que atestam a


identidade do seu portador. O documento de viagem e o título de residência são
documentos de identificação dos estrangeiros, sendo que o segundo substitui o
bilhete de identidade, para todos os efeitos legais.

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(5) Estrangeiro – Todo o cidadão que não prove possuir a nacionalidade portuguesa.

(6) Medidas de afastamento – Medidas que visam afastar de território nacional


estrangeiros que nele tenham entrado e permaneçam ilegalmente, que atentem
contra a segurança nacional, a ordem pública ou os bons costumes, cuja presença
ou actividades no País constituam ameaça aos interesses ou à dignidade do Estado
Português ou dos seus nacionais, que interfiram de forma abusiva no exercício de
direitos de participação política reservados aos cidadãos nacionais, que tenham
praticado actos que, se fossem conhecidos pelas autoridades portuguesas, teriam
obstado à sua entrada no País, e em relação aos quais existam sérias razões para
crer que cometeram actos criminosos graves ou que tencionam cometer actos
dessa natureza, designadamente no território da União Europeia.

As medidas de afastamento tipificadas na legislação de estrangeiros são a


notificação para abandono voluntário, o apoio ao regresso voluntário, a
readmissão, a condução à fronteira e a expulsão.

(7) Residente - O estrangeiro habilitado com título válido de autorização de residência


em Portugal.

3. Cooperação Policial Schengen


F
Entre as medidas compensatórias da supressão do controlo nas fronteiras internas, para os
efeitos que ora relevam, destacam-se as previstas em capítulo próprio da CAAS sobre a
cooperação policial. Nele se inscreve a intensificação da cooperação nas regiões fronteiriças
comuns, com base em acordos bilaterais, bem como a vigilância e a perseguição
SE
transfronteiriças. Neste ponto, para além das definições de cada uma das medidas,
sintetiza-se a actividade dos centros de cooperação policial e aduaneira e a perseguição
transfronteiriça, matérias reguladas através de acordos luso-espanhóis específicos,
nomeadamente no que se prende com a intervenção do SEF.

a. Centros de Cooperação Policial e Aduaneira (CCPA)

Os Centros de Cooperação Policial e Aduaneira constituem unidades de recolha e troca


de informação e de ligação operacional destinadas a desenvolver, na zona de fronteira
comum (fronteiras internas), a cooperação luso-espanhola em matéria policial e
aduaneira, prosseguindo os seguintes objectivos principais:

(1) Prevenção e repressão das formas de criminalidade previstas na alínea a) do nº 4


do artº 41º da CAAS, e, em particular, as que se relacionem com a imigração ilegal,
tráfico de seres humanos, de estupefacientes, bem como de armas e explosivos;
(2) Execução das medidas resultantes da aplicação do acordo luso-espanhol relativo à
readmissão de pessoas em situação irregular;
(3) Apoio às vigilâncias e perseguições transfronteiriças, efectuadas em conformidade
com o previsto nos artigos 40º e 41º da CAAS;

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A criação destes CCPA resulta de Acordo Luso-Espanhol sobre cooperação


transfronteiriça em matéria policial e aduaneira, assinado em 19 de Novembro de 2005,
na Cimeira Ibérica de Évora. Estes Centros substituíram os postos mistos de fronteira,
criados também por Acordo Luso-Espanhol, assinado em 19 de Novembro de 1997, na
Cimeira Ibérica de Madrid, alargando o número de entidades envolvidas, reforçando as
suas competências e aproveitando as respectivas instalações.

Funcionam 24 horas por dia e, sem prejuízo de poderem vir a ser consideradas mais e
novas localizações, estão instalados em cinco locais, três situados em território
português (Vilar Formoso/Fuentes de Oñoro; Castro Marim/Ayamonte e
Quintanilha/Alcanizes) e dois em território espanhol (Tuy/Valença e Caya/Elvas).

Neles estão representados, pela parte portuguesa, a Guarda Nacional Republicana


(GNR), a Polícia de Segurança Pública (PSP), a Polícia Judiciária (PJ), o Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e a Direcção Geral de Alfândegas e Impostos Especiais
sobre o Consumo (DGAIEC). Pelo Reino de Espanha, têm assento o Corpo Nacional de
Polícia (CNP) e a Guarda Civil (GC). É deixada em aberto a possibilidade de alargamento
a outras entidades que venham a ser indicadas pelos respectivos Ministros da
Administração Interna e do Interior.

Os CCPA podem desenvolver e coordenar operações conjuntas de vigilância e


patrulhamento fronteiriço e acções comuns de controlos pontuais reforçados (controlos
móveis).
F
Nestas acções, o SEF procede ao controlo documental e à verificação da situação dos
cidadãos estrangeiros, efectuando as consultas necessárias e accionando os mecanismos
SE
legalmente previstos em função das várias situações detectadas.

Os CCPA podem, ainda, desenvolver e/ou participar em investigações conjuntas e na


vigilância de eventos públicos.

No âmbito da investigação criminal, o SEF actuará sobretudo na prevenção e repressão


da criminalidade associada à imigração ilegal e ao tráfico de seres humanos, bem como
da criminalidade conexa, sem prejuízo das competências da PJ nesta matéria.

Os CCPA assumem, pois, papel de grande importância em sede de cooperação policial


nas zonas fronteiriças, designadamente em situações excepcionais, de grave ameaça,
em que se considere necessária a reposição do controlo nas fronteiras internas, nos
termos do nº 2 do art.º 2º da CAAS. Nessas situações, estas estruturas constituem-se,
temporariamente, como pontos de passagem fronteiriços, devendo ainda intensificar-se
os controlos móveis e a acção concertada entre as várias entidades presentes, por forma
a garantir o máximo de cobertura e segurança da área fronteiriça.

No caso de reposição do controlo das fronteiras internas, competirá ao SEF assegurar o


controlo de fronteira relativamente ao controlo de pessoas.

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b. Vigilância transfronteiriça

Consiste na possibilidade de os agentes de um Estado Schengen que mantenham sob


vigilância uma pessoa que se presuma ter participado em facto punível, passível de
extradição, serem autorizados a continuar essa vigilância no território de outro Estado
Schengen.

Para esta vigilância apenas são competentes a PJ e a DGAIEC, que devem actuar nos
termos previstos pelo art.º 40º da CAAS.

c. Perseguição transfronteiriça

Esta modalidade de cooperação policial, prevista no art.º 41º da CAAS, consiste na


possibilidade de os agentes que persigam uma pessoa, no seu país, continuarem essa
perseguição no território de outro Estado, com o qual tenha fronteira terrestre comum.

As disposições previstas no Acordo de Adesão de Portugal à CAAS foram


complementadas e alargadas pelo Acordo Luso-espanhol sobre perseguição
transfronteiriça, celebrado em 1998. Este Acordo define, como autoridades portuguesas
competentes para a perseguição transfronteiriça, a GNR, a PSP, a PJ, o SEF e a DGAIEC, e
como autoridade portuguesa competente para a recepção do pedido de autorização,
comunicação do início da perseguição e informação sobre o resultado, o Gabinete
Nacional SIRENE.
F
Em Espanha, são competentes para efectuar a perseguição em território português, o
Cuerpo Nacional de Policia, o Cuerpo de la Guardia Civil, bem como a Direccion General
SE
de Aduanas. Para efeitos de recepção dos pedidos de autorização e outras
comunicações previstas, é competente o SIRENE Espanha.

Na eventualidade de ocorrerem situações de grave ameaça, este mecanismo de


cooperação policial poderá assumir uma particular relevância, estando a entidade
portuguesa que assegurar a perseguição vinculada aos procedimentos que constam no
Quadro I e aos seguintes pressupostos:

Efectuar-se apenas em caso de flagrante delito da prática e ou participação da pessoa


perseguida nos crimes elencados no nº 46 do art.º 41 da CAAS (com excepção dos crimes

6
Homicídio, doloso simples e doloso qualificado; violação; incêndio; falsificação de moeda; furto, roubo e receptação,
extorsão; rapto e sequestro; tráfico de pessoas; tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas;
infracções às disposições legais em matéria de arma e explosivos; destruição com emprego de explosivos, transporte
ilícito de resíduos tóxicos e prejudiciais; abandono do sinistrado na sequência de um acidente, tendo implicado a morte
ou ferimentos graves; e os crimes que podem originar a extradição.

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susceptíveis de extradição) ou evasão em situações de detenção provisória ou de


cumprimento de pena privativa de liberdade;

Efectuar-se exclusivamente através das fronteiras terrestres;

Limitar-se a um raio de 50 Km da fronteira e a um período de 2 horas;

Para além das limitações espacio-temporais acima referidas, que obrigam a que,
independentemente dos resultados, a perseguição transfronteiriça finde, esta também
terminará sempre que e a partir do momento em que a Espanha (Parte Contratante em
cujo território ocorre a perseguição) o solicite.

d. SIS/SIRENE

(1). Finalmente, a última medida compensatória abordada será o Sistema de


Informação Schengen (SIS), incluindo a informação suplementar por ele requerida
ao nível dos registos nacionais (SIRENE), que consiste numa base de dados policiais
comum a todos os Estados Schengen, entendida como condição prévia à aplicação
efectiva da CAAS e à abertura das fronteiras internas, cuja consulta constitui
procedimento de segurança obrigatório.
Trata-se, pois, de um importante instrumento de cooperação policial e judiciária,
disponibilizando informação a todos os Estados Schengen e aos seus agentes no
F
terreno, para efeitos de controlo de emissão de vistos, de controlo fronteiriço e
transfronteiriço, de controlos rodoviários e alfandegários e de acções de
fiscalização e investigação.
SE

O sistema SIS II terá novas funcionalidades e tipologias de dados, a saber:

 Introdução de uma nova categoria de pessoas: pessoas cuja identidade tenha


sido usurpada, dependendo de consentimento;
 introdução de impressões digitais e de fotografias para imediata identificação
da pessoa procurada;
 alargamento do leque de documentos a apreender (documentos de viagem,
autorizações de residência, cartas de condução, cheques, cartões de débito e
crédito, obrigações);
 barcos, motores fora de bordo e aeronaves;
 equipamento industrial;
 máquinas agrícolas;
 placas de matrícula: e

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 por iniciativa de Portugal, está a ser estudada a possibilidade de se introduzir


uma nova categoria de dados relativos a menores com interdição judicial de saída
do território nacional.

Atenta, designadamente, a introdução de novas tipologias de dados, como barcos,


motores fora de bordo e aeronaves, será desejável a inclusão da Polícia Marítima e
do INAC no sistema em apreço.
Aos dados SIS será alargada a possibilidade de acesso também à EUROPOL e aos
membros nacionais do EUROJUST.

(2). Sistema de Informação Schengen (SIS) (artº 92º a 118º da CAAS)

O Sistema de Informação Schengen é uma base de dados policiais comum a todos


os Estados Schengen, que centraliza informações relativas a estrangeiros
inadmissíveis, pessoas procuradas para detenção com vista à extradição, pedidos
judiciais de paradeiro, pessoas desaparecidas, pessoas e veículos para submeter a
vigilância discreta ou a controlo específico (revista), bem como a veículos, armas,
notas de banco e documentos emitidos e em branco (furtados, desviados ou
extraviados) para apreensão. Nele estão registadas as pessoas procuradas ou
vigiadas pelos serviços de polícia de todos os Estados Schengen, bem como as
pessoas colocadas sob protecção, em particular menores e doentes mentais
desaparecidos.
F
Este Sistema tem a informação tripartida em dados, motivos e acções, por forma a
determinar clara e inequivocamente as categorias de dados e os vários tipos de
indicações a introduzir, os motivos que levaram à sua inserção e as acções a
SE
desenvolver no terreno, sempre que a consulta ao Sistema revele a existência de
uma indicação sobre uma pessoa, objecto ou veículo.
Em Portugal, as entidades utilizadoras do SIS são a GNR, a PSP, a PJ, o SEF, a
DGAIEC, a DGACCP e o MP7.
No entanto, estas entidades têm acessos diferentes, quer em termos de consulta,
quer no que respeita ao direito de inserção. A GNR, a PSP, a PJ e o SEF a acedem a
todos os dados para efeitos de consulta, enquanto que as restantes entidades
apenas acedem a parte desses dados. No que respeita ao direito de inserção,
exercem-no a GNR, a PSP, a PJ, o SEF e a DGAIEC, a nível centralizado, no Gabinete
Nacional SIRENE. O SEF é responsável pela inserção directa dos dados relativos a
estrangeiros inadmissíveis (ainda que estes sejam sujeitos a validação pelo SIRENE),
a documentos em branco e documentos emitidos furtados, desviados ou
extraviados. Os dados relativos a veículos são inseridos pela PSP na sua base
nacional e transpostos automaticamente para o SIS.
A consulta ao SIS é obrigatória e sistemática para todas as entidades com acesso.

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Desde 13/06/05, embora ainda sem ligação efectiva, à data da elaboração do presente anexo.
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No terreno, as entidades policiais que se deparam com uma indicação SIS têm, pois,
que desenvolver as acções aí identificadas para essa descoberta.

(3). SIRENE (Supplementary Information Required at The National Entries)

Para gestão de toda a informação constante no SIS e troca de informação adicional


necessária à execução das indicações, seja entre as entidades utilizadoras nacionais,
seja entre os Estados Schengen, foi criado, em cada um destes Estados, o respectivo
Gabinete SIRENE.

Em Portugal, a entidade responsável pelo funcionamento da parte nacional do SIS


(NSIS) é o SEF. O Gabinete Nacional SIRENE foi criado pelo Decreto-Lei nº 292/94,
de 16 de Novembro, na dependência do Ministro da Administração Interna, e
integrado no Gabinete Coordenador de Segurança, em resultado das disposições da
Lei nº 53/2008 de 29AGO.

O Gabinete Nacional SIRENE, disponível 24 horas por dia, segue processos e regras
de funcionamento comuns aos Gabinetes SIRENE dos restantes Estados Schengen. É
ponto único de contacto entre os Estados Schengen, estando vedado às entidades
utilizadoras dos vários Estados contactarem-se directamente entre si. O SIRENE é
ainda responsável por:
F
 Manter e controlar a autenticidade, a legalidade e a actualidade da informação
inserida; e
SE
 Fornecer aos serviços competentes que estão no terreno, bem como às
entidades judiciárias, todos os elementos necessários à prossecução das
tarefas necessárias à execução das indicações.

Fora do âmbito SIS, e já no quadro da cooperação policial Schengen, o Gabinete


Nacional SIRENE é o órgão central nacional8 para três das quatro modalidades
previstas na CAAS – troca de informação entre serviços de polícia, para efeitos de
prevenção e investigação criminal (art.º 39º), troca de informação para prevenção
de ameaças à ordem e segurança públicas (art.º 46º) e perseguição transfronteiriça
(art.º 41º).

8
Este papel de órgão central nacional é-lhe atribuído, no ordenamento jurídico interno, pelo Decreto-Lei nº 292/94, de
16 de Novembro (nº 1, alínea d), do seu artº 9º) e pelo Despacho nº 70/2001, do MAI, de 9 de Dezembro,
respectivamente, para efeitos do previsto nos artºs 39º e 46 º e do previsto no artº 41º.
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Apêndice 1 – Modelo INFOCEST

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ANEXO E – PROGRAMAS NACIONAIS DE SEGURANÇA ESPECIAIS

Constituem apêndices ao Anexo E do presente plano, não sendo no entanto fisicamente


anexados a este Documento, por razões de segurança.

Apêndice 1 - Programa Nacional de Segurança da Aviação Civil – INAC

Este Programa foi aprovado em devido tempo pelas instâncias e constitui apêndice ao
presente Anexo.

Apêndice 2 - Programa Nacional de Segurança Marítima – DGAM

Este documento encontra-se em fase de elaboração, sendo que, uma vez aprovado, será
apenso ao presente Anexo.

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