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REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE 45

Internet Financial Fabio Rodrigues Magalhães

Reporting no setor
Bacharel em Ciências Contábeis pela Univer-
sidade Estadual de Feira de Santana (UEFS),
Especialista em Contabilidade Pública e
Responsabilidade Fiscal pela Faculdade Inter-

público: um contributo
nacional de Curitiba (Facinter) e doutorando
em Contabilidade pelo Programa Doutoral
conjunto das Universidades do Minho e
Aveiro, Portugal. Professor de Contabilidade

ao desenvolvimento
Pública, Contabilidade de Custos e Contabi-
lidade Gerencial da Faculdade de Ciências
Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape) e

de um quadro teórico
Auditor/Perito Contábil do Ministério Público
do Estado de Pernambuco (MPPE).

Augusta da Conceição Santos Ferreira, PhD

abrangente Licenciada em Auditoria Contabilística


pelo Instituto Superior de Contabilidade e
Administração da Universidade de Aveiro,
Portugal, Mestra em Gestão de Empresas
com especialização em Finanças Empresa-
riais pela Universidade do Minho, Portugal,

O
Doutora em Contabilidade pela Universidade
presente estudo tem o objetivo de desenvolver um quadro de Aveiro, Portugal. Professora Adjunta da
teórico que contribua para fornecer maior poder explicativo Universidade de Aveiro, Portugal.
sobre as práticas de divulgação financeira através da internet
pelas entidades do setor público. Tendo como base o estudo realizado
Carlos Alberto Lourenço dos Santos, PhD
por An et al. (2011), foram analisadas as principais teorias que Bacharel em Engenharia Electromecânica
potencialmente explicam as práticas de divulgação eletrônica no setor pelo Instituto Tecnológico de Nova Lisboa,
público, nomeadamente teoria da agência, teoria da legitimidade, teoria Angola, licenciado em Engenharia Electro-
da sinalização, teoria dos stakeholders, teoria institucional e teoria da técnica pela Universidade de Coimbra, Por-
tugal, Mestre em Ciências da Electrotecnia
difusão da inovação. Este estudo justifica-se pela tentativa de aperfeiçoar
com especialização em Informática pela
o quadro teórico apresentado por An et al. (2011), que poderá ser Universidade de Coimbra, Portugal e Doutor
utilizado em estudos empíricos na área de divulgação eletrônica. em Engenharia Informática e Computadores
Os resultados do estudo indicam que, embora essas teorias possam pelo Instituto Superior Técnico da Universi-
“competir” para explicar a motivação da gestão para a divulgação dade Técnica de Lisboa, Portugal. Professor
Adjunto do Instituto Superior de Contabili-
voluntária de informação financeira através da internet, o quadro
dade e Administração, da Universidade de
teórico apresentado tem o potencial de contribuir para a interpretação Aveiro, Portugal.
do fenômeno conhecido como Internet Financial Reporting.
João Carlos Hipólito Bernardes Reis
Bacharel em Ciências Contábeis pela Fa-
culdade de Ciências Aplicadas e Sociais de
Petrolina (Facape), Especialista em Gestão
Estratégica de Negócios pela Escola de
Engenharia Eletromecânica da Bahia (EE-
EMBA), Especialista em Gestão de Recursos
Humanos pela Universidade de Pernambuco
(UPE), Mestre em Ciências Contábeis pelo
Instituto Capixaba de Pesquisa em Conta-
bilidade, Economia e Finanças (Fucape) e
Doutorando em Contabilidade pelo Progra-
ma Doutoral conjunto das Universidades do
Minho e Aveiro, Portugal. Professor Auxiliar
de Ciências Contábeis da Universidade Fede-
ral do Piauí (UFPI), Campus Amílcar Ferreira
Sobral, Floriano-PI.

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Internet Financial Reporting no setor público:
46 um contributo ao desenvolvimento de um
quadro teórico abrangente

1. Introdução sites na internet pelas entidades Embora alguns estudos sobre


para disseminar informação sobre as práticas de IFR aplicam algumas
Tendo em vista o avanço da o seu desempenho financeiro. De teorias para compreender seus
internet como um dispositivo de forma idêntica, Lymer et al. (1999, resultados [como, por exemplo,
comunicação pouco dispendioso, p.2) argumentam que a prática teoria da agência (LASWAD et al.,
mas com grandes potencialidades de IFR pode ser definida como a 2005), teoria da sinalização (ALY
como meio de comunicação, a di- “divulgação pública de informa- et al., 2010), teoria da legitimida-
vulgação eletrônica de informação ção financeira pelas entidades via de (VICTORIA et al., 2009), teoria
financeira tem vindo a ser objeto de internet ou através de meios de institucional (XIAO et al., 2004),
muitos debates e análises (BOZCUK comunicação relacionados com a teoria da difusão da inovação (VIC-
et al. 2009), bem como de estudo internet”. As práticas de IFR são TORIA et al., 2009)], a utilização
no âmbito da investigação acadê- baseadas em três premissas: re- isolada de determinadas teorias
mica (ALI KHAN; ISMAIL, 2011), duzir a assimetria de informação não é suficiente para proporcionar
designadamente, como salientam (LASWAD et al., 2005), demons- uma estrutura teórica adequada
Oyelere et al. (2003), no que diz trar transparência, eficiência, efi- para explicar os resultados da in-
respeito à divulgação voluntária. cácia e accountability (BOLÍVAR et vestigação (AN et al., 2011).
Além da prestação de serviços al., 2007) e sinalizar legitimidade Diante da carência de um qua-
e do atendimento ao público, uma e excelência para os stakeholders dro teórico na literatura sobre IFR,
percentagem crescente das enti- (XIAO et al., 2004). o presente estudo tem o objetivo
dades públicas está colocando in- Diversos estudos empíricos de investigar as teorias ligadas às
formações financeiras nos seus si- sobre as práticas de IFR no setor práticas de IFR, tendo como base
tes com o objetivo de conferir mais público têm sido realizados nos o estudo realizado por An et al.
transparência à gestão, de se legi- últimos anos, com o objetivo de (2011), de forma a contribuir, por
timarem perante a sociedade e de mensurar o nível de divulgação ou meio da revisão da literatura, para
construir a confiança dos cidadãos identificar os fatores que deter- o desenvolvimento de um amplo
no governo (KLOBY, 2009). minam essa divulgação (ver, por quadro teórico que possibilite a in-
A divulgação de informação fi- exemplo, BOLÍVAR et al., 2007; terpretação dos resultados empíri-
nanceira através da internet é um GALLEGO-ÁLVAREZ et al., 2009; cos de estudos sobre as práticas de
fenômeno amplamente conhe- GANDÍA; ARCHIDONA, 2008; IFR no setor público.
cido na literatura como Internet GARCÍA; GARCÍA-GARCÍA, 2010; Este estudo justifica-se pela
Financial Reporting (IFR) (ver, por LASWAD et al., 2005; SERRANO- tentativa de aperfeiçoar o qua-
exemplo, ALI KHAN; ISMAIL, 2011; -CINCA et al., 2009). No entanto, dro teórico apresentado por An
BOZCUK et al., 2009; DEBRECENY é possível observar, por meio da et al. (2011), pela inserção de ou-
et al., 2002; LASWAD et al., 2005; revisão da literatura, que a maioria tras perspectivas teóricas ligadas
PENDLEY; RAI, 2009; VICTORIA et desses estudos deixa de fornecer às práticas de IFR. Esse quadro
al., 2009). Poon et al. (2003) ex- uma base teórica para interpretar poderá ser utilizado em estudos
plicam que IFR refere-se ao uso de suas descobertas. empíricos na área de divulgação

“ Diante da carência de um quadro teórico na literatura sobre


IFR, o presente estudo tem o objetivo de investigar as teorias
ligadas às práticas de IFR, tendo como base o estudo realizado
por An et al. (2011), de forma a contribuir, por meio da revisão
da literatura, para o desenvolvimento de um amplo quadro
teórico que possibilite a interpretação dos resultados empíricos
de estudos sobre as práticas de IFR no setor público.

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eletrônica e, potencialmente, em na literatura sobre divulgação vo- e dos stakeholders. Já o segundo


outros estudos ligados à divulga- luntária podem ser estendidos ao conjunto de teorias está relacio-
ção voluntária no setor público novo ambiente de divulgação de nado com as teorias da mudança
(social e ambiental, de capital informação por meio da internet institucional, que se referem ao
intelectual, de desempenho fi- (ASHBAUGH et al., 1999; DEBRE- isomorfismo coercitivo, mimético e
nanceiro, entre outras formas de CENY et al., 2002). normativo. Por fim, o terceiro gru-
divulgação voluntária). Uma variedade de argumentos po engloba outra teoria que tem o
O restante deste estudo está teóricos é empregada pelos pes- potencial de explicar as motivações
organizado em três seções. A se- quisadores ao examinar as práticas da divulgação eletrônica de infor-
ção 2 apresenta as teorias que irão de divulgação eletrônica de infor- mação financeira no setor público:
compor o quadro teórico, relacio- mação financeira, que incluem a teoria da difusão da inovação.
nando-as com as práticas de IFR custos de agência, sinalização de Nas próximas seções, essas te-
no setor público. Essa seção subdi- legitimidade e excelência e assi- orias serão analisadas de forma a
vide-se em três subseções, as quais metria de informação (AN et al., relacioná-las com as práticas de di-
abordam as teorias baseadas na 2011; LASWAD et al., 2001). Dessa vulgação voluntária de informação
economia política (teoria da agên- forma, as teorias que têm sido uti- financeira através da internet pelas
cia, da legitimidade, da sinalização lizadas com maior frequência por entidades do setor público.
e dos stakeholders), a teoria da estudos ligados às práticas de IFR
mudança institucional e a teoria são apresentadas na Figura 1. 2.1. Teorias baseadas na
da difusão da inovação. Na seção Como pode ser observado na economia política
3 o quadro teórico é construído, Figura 1, três conjuntos de teorias Segundo Liu e Anbumozhi
integrando os conceitos-chave de têm influenciado as motivações (2008), as teorias baseadas na
cada teoria. A última seção apre- para a divulgação voluntária de perspectiva da economia política
senta um resumo e traz algumas informação financeira. O primeiro têm sido utilizadas em diversos
considerações finais. conjunto de teorias tem ligação estudos para explicar a divulgação
estrita com as teorias econômicas, voluntária de informação. De acor-
nomeadamente as teorias da agên- do com Deegan (2002), a análise
2. Teorias ligadas às práticas cia, da legitimidade, da sinalização econômica deve considerar a inse-
de IFR no setor público

As práticas de IFR no setor pú-


blico podem ser vistas como um Figura 1 – Teorias que explicam as motivações
componente das práticas de divul- para as práticas de IFR
gação voluntária (SERRANO-CINCA
et al., 2009). Apesar de alguns pa-  
íses (como o Brasil, por exemplo)
exigirem, por meio de normas
legais, que as entidades do setor
público divulguem informação
financeira pela internet, tais leis
geralmente não especificam a for-
ma como essa divulgação deve
ser feita, negligenciando questões
importantes como a usabilidade e
a acessibilidade dessa informação
(STYLES; TENNYSON, 2007). Tais
lacunas permitem que os gestores
divulguem, voluntariamente, in-
formação financeira em níveis dis-
crepantes (LASWAD et al., 2005).
Por ter o IFR caráter voluntário,
alguns autores argumentam que
as teorias e modelos implícitos Fonte: Adaptado de Aly (2008).

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Internet Financial Reporting no setor público:
48 um contributo ao desenvolvimento de um
quadro teórico abrangente

parabilidade das relações sociais, de agência, na setor públi-


políticas e econômicas, tendo em qual o eleitor é o co sugere que as relações
vista que a economia política ad- principal e o gestor de agência motivam os gestores a
mite a relevância do conflito de político é o agente (BANKER; PAT- fornecer informações que permi-
poder existente na sociedade. Es- TON, 1987; ROSS, 1973). tam a monitoração de suas ações
sas teorias serão analisadas nas Segundo Deegan e Samkin (LASWAD et al., 2001). Cerrillo-i-
seções a seguir. (2010), a teoria da agência baseia- -Martínez (2011) acrescenta que
-se no pressuposto de que as ações a divulgação assimétrica de infor-
2.1.1. Teoria da agência individuais são impulsionadas por mação do setor público entre os
A teoria da agência está pre- interesses pessoais e os indivíduos cidadãos, paradoxalmente, força
ocupada principalmente com tendem a agir de forma oportu- as administrações públicas a ado-
o problema “principal-agente” nista para aumentar a sua riqueza. tarem mecanismos para lidar com
(também referido na literatura Assim, existem dois pressupostos essas assimetrias e estimular a di-
como relação de agência), advindo derivados dessa premissa central: vulgação e o intercâmbio de infor-
da separação entre propriedade e a) tanto o principal quanto o agen- mação para a sociedade.
gestão de uma organização (JEN- te são maximizadores de utilidade, No entanto, os políticos tendem
SEN; MECKLING, 1976; MORRIS, os quais tendem a maximizar os a agir em função do autointeresse,
1987; ROSS, 1973). Os autores resultados por diversos meios; b) com o objetivo de maximizar a sua
explicam que, se o principal e o os interesses de ambas as partes riqueza pessoal, a qual se dá por
agente agem de forma a satisfazer podem não ser alinhados (BERLE; meio da reeleição, bem como do
ao seu autointeresse, essa separa- MEANS, 1932; JENSEN; MECKLING, aumento do seu rendimento atual
ção produz conflitos (os chamados 1976; ROSS, 1973). e futuro, tanto pecuniário quan-
problemas de agência) (AN et al., A assimetria de informação é to não pecuniário (ZIMMERMAN,
2011; ROSS, 1973). outro conceito-chave da teoria da 1977). Ainda sob a perspectiva da
Jensen e Meckling (1976) expli- agência. Ela surge quando uma teoria da agência, o agente político
cam que a relação de agência pode das partes (agente) tem uma van- pode consumir gratificações, a fim
ser definida como um contrato pelo tagem de informação em detri- de aumentar a sua riqueza.
qual uma ou mais pessoas (princi- mento da outra parte (principal). Analogamente aos agentes
pal) delegam a outra pessoa (agen- Isso se dá porque o agente tende políticos, os eleitores também ten-
te) a execução de algum serviço em a estar mais diretamente ligado dem a assumir o autointeresse,
seu nome. No setor privado, as rela- às operações diárias da organiza- procurando aumentar sua própria
ções entre gestores, proprietários e ção do que o principal (AN et al., riqueza. Zimmerman (1977) expli-
credores das entidades são conside- 2011). Os autores explicam que a ca que a riqueza dos eleitores está
radas relações de agência. De forma assimetria de informação tende a relacionada com as ações de agen-
semelhante, a relação entre o gestor agravar o problema de agência. tes políticos, pelo poder de cobrar
político (setor público) e o eleitor A literatura que examina o tributos ou de determinar o con-
pode ser descrita como uma relação comportamento dos gestores no junto e a qualidade dos serviços

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públicos oferecidos aos eleitores, A discussão acima indica que, dentro de algum sistema social-
como cidadãos. Além disso, Zim- segundo a teoria da agência, as rela- mente construído de normas, va-
merman (1977) argumenta que, ções entre o principal e o agente no lores, crenças e definições” (SUCH-
embora a partilha dos benefícios setor público oferecem incentivos MAN, 1995, p.574).
oriundos dos serviços públicos seja para que os gestores públicos di- A teoria da legitimidade su-
heterogênea, cada eleitor tem in- vulguem voluntariamente informa- gere que há um “contrato social”
centivos para monitorar o compor- ção que permita a monitoração das entre as organizações e a socie-
tamento dos políticos. suas ações (LASWAD et al., 2005; dade em que atuam, de modo a
Os eleitores tendem a agrupa- SERRANO-CINCA et al., 2009). Por- que a legitimidade organizacional
rem-se de forma a ganharem for- tanto, uma forma de reduzir os cus- seja um pressuposto fundamental
ça política. Com a formação dos tos de agência é aumentar a quan- (DEEGAN, 2002; PATTEN, 1991).
grupos de interesse, as eleições tidade de informação contida nos Nesse sentido, a organização deve
podem ser afetadas pelo poder relatórios contabilísticos (AN et al., realizar as suas operações dentro
de voto coletivo. Uma vez que 2011; MARSTON, 1996). das expectativas e normas da so-
os grupos de interesse têm o po- ciedade em geral, tendo em vista
der de influenciar o resultado das 2.1.2. Teoria da legitimidade que somente as entidades com
eleições, eles têm um incentivo Outra teoria que tem sido pro- status de “legítima” recebem a
para recolher informações sobre posta nos últimos anos, como al- permissão social para continuar
o comportamento e as ações dos ternativa para explicar e predizer suas operações (AN et al., 2011).
políticos (BABER, 1983). Em con- as práticas de divulgação voluntá- Esse status está relacionado com
trapartida, os políticos, imbuídos ria, é a teoria da legitimidade (DE- a sua capacidade de distribuir al-
pelo desejo de serem reeleitos, EGAN et al., 2002; VAN DER LAN, gum benefício econômico, social
tendem a defender políticas que 2009). Os autores argumentam ou político aos grupos dos quais
beneficiam tais grupos, bem como que isso decorre da percepção de emana o seu poder (SHOCKER; SE-
a divulgar informações sobre a que as organizações precisam ga- THI, 1973).
sua gestão, como uma forma de nhar, manter ou recuperar legiti- Por ser a Contabilidade um dos
se legitimarem perante o seu elei- midade no ambiente em que ope- instrumentos que as organizações
torado (LASWAD et al., 2001). Os ram para garantir o cumprimento costumam utilizar para dar visibi-
autores sugerem que as ações dos dos seus objetivos. lidade às suas atividades, as polí-
políticos em busca da maximiza- Essa teoria propõe que as orga- ticas de divulgação de informação
ção da sua riqueza própria dão aos nizações devem procurar, continua- financeira seriam estrategicamen-
eleitores, como verdadeiros finan- mente, adequar as suas operações te estabelecidas para influenciar os
ciadores das entidades do serviço aos limites e às normas da sociedade relacionamentos da entidade com
público, um incentivo para a mo- em que operam, de modo a serem seus stakeholders (KRAVITZ,
nitoração do comportamento dos percebidas como “legítimas” por 2009).
agentes políticos. vários grupos interessados na orga-
Assim, surge uma nova relação nização (DEEGAN, 2002;
de agência, sendo que os grupos GUTHRIE et al., 2006). O
de interesse desempenham o pa- status de legitimidade
pel do principal e os políticos, de é considerado crucial
agentes. De um lado, os grupos para a sobrevivência e
de interesse controlam o com- continuidade das or-
portamento dos políticos, e do ganizações (AN et al.,
outro, os políticos fornecem in- 2011).
formações para mostrar que são Nesse sentido,
dignos do voto, por honrarem as legitimidade é de-
promessas da campanha eleitoral. finida como “uma
Baber (1983) argumenta que os percepção genera-
incentivos dos políticos em forne- lizada ou suposição
cer informações para fins de legi- de que as ações de
timação perante o seu eleitorado qualquer entidade
aumentam com o incremento da são desejáveis, pró-
competição política. prias ou apropriadas

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50 um contributo ao desenvolvimento de um
quadro teórico abrangente

Assim, considera-se que as Deegan (2002) acres- al. (2002), essa teoria tam-
organizações devem, constan- centa que, para que as bém tem o potencial de
temente, submeter-se a um estratégias corretivas da le- explicar as práticas de di-
teste de legitimidade e rele- gitimidade possam surtir os vulgação voluntária de in-
vância para verificar se a socie- efeitos esperados sobre os formação financeira.
dade procura os seus serviços stakeholders, elas devem Essa teoria está preo-
e se as suas atividades contam sempre ser acompanhadas cupada com a forma de
com a aprovação social. Para da divulgação de informa- abordar os problemas de-
Deegan e Rankin (1996), se ção, tendo em vista que as correntes da assimetria de
uma organização não puder políticas de divulgação re- informação no ambiente
justificar a sua continuidade presentam um importante social. Essa teoria sugere
perante a sociedade, grada- meio pelo qual a adminis- que a assimetria deve ser
tivamente os seus membros tração pode influenciar as reduzida se a parte
se encarregarão de revogar o percepções externas sobre que possui mais
“contrato social”. Essa revo- a sua organização. Dessa informação en-
gação normalmente acontece forma, a divulgação volun- viar sinais sobre
em virtude da chamada “la- tária de informação financeira interesses rela-
cuna de legitimidade”, que através da internet pode ser conside- cionados com as partes com
ocorre quando o desempenho rada como um forte sinal da legitimi- menos informação (AN et
de uma organização não coin- dade das organizações públicas. al., 2011). Embora essa te-
cide com as expectativas dos À medida que mais informa- oria tenha sido desenvolvida
públicos relevantes (VAN DER ções são divulgadas nos sites go- no ambiente das relações do
LAAN, 2009). vernamentais, a confiança nos mercado de trabalho, Morris
Dowling e Pfe- líderes do governo tende a au- (1987, p.48) explica que “a
ffer (1975) con- mentar (TOLBERT; MOSSBERGER, sinalização é um fenômeno
sideram que as 2006). Dessa forma, o governo geral, aplicável a qualquer
organizações ten- tende a divulgar informação fi- mercado com assimetria de
dem a adotar várias estratégias cor- nanceira através da internet como informação”.
retivas que possam contribuir para um meio de aumentar a interação Um sinal
que as suas atividades sejam perce- com os cidadãos e de se legitimar pode ser emi-
bidas como legítimas. Dessa forma, perante a sociedade. Hopwood e tido por meio
a organização tentará estabelecer Miller (1994), por exemplo, consi- de uma ação
uma congruência entre a sua atua- deram que, em muitas situações, ou uma estrutura observável, que
ção e o conjunto de crenças e valo- os mecanismos contabilísticos são é usada para indicar características
res que permeiam o sistema social usados principalmente para legiti- ocultas (ou de qualidade) do sina-
de que faz parte. O processo de mar decisões dos gestores e con- lizador. Assim, pressupõe-se que o
recuperação ou manutenção dessa ferir um caráter de racionalidade à sinal emitido pelo sinalizador vai-lhe
congruência leva ao que se deno- própria organização. ser útil, tendo em vista que, geral-
mina de legitimação organizacional Para Pendley e Rai (2009), as mente, tal sinal indica característi-
(DOWLING; PFEFFER, 1975). práticas de IFR têm como objetivo cas de maior qualidade em relação
Uma das formas utilizadas pe- não só dotar os interessados de aos seus pares (AN et al., 2011).
las organizações para recuperar ou informação financeira desejada, O modelo clássico de sinali-
criar legitimidade é a divulgação como também fortalecer a imagem zação ocorre em um ambiente
de informação financeira (BRO- da organização, reforçando os pre- de mercado entre o vendedor e o
WN; DEEGAN, 1998; WOODWARD ceitos da teoria da legitimidade. comprador. Nesse caso, é eviden-
et al., 1996). Lindblom (1994) te que o vendedor possui mais in-
afirma que se uma organização 2.1.3. Teoria da sinalização formação sobre o produto que o
perceber que a sua legitimidade A teoria da sinalização foi comprador, incorrendo na assime-
está ameaçada, geralmente tenta desenvolvida pelo pesquisador tria de informação. O vendedor de
recuperá-la ou mantê-la por meio Spense (1973), com o objetivo produtos de alta qualidade tem um
de algumas estratégias, entre as de explicar o comportamento das incentivo para comunicar a quali-
quais se inclui a divulgação volun- relações no mercado de trabalho. dade de seus produtos para o com-
tária de informação financeira. No entanto, segundo Watson et prador, a fim de justificar um preço

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“O isomorfismo coercitivo é compreendido a partir de


pressões formais e informais de organizações externas pela
força ou pela persuasão, como, por exemplo, um mandato
governamental. Já o isomorfismo mimético implica a
modelação de organizações em relação a outras organizações
semelhantes ou como resposta à incerteza em torno da
tecnologia ou de objetivos organizacionais ambíguos, ou com
o objetivo de aumentar a legitimidade organizacional.

mais elevado. Essa comunicação se No setor privado, argumenta- ções sobre as atividades de deter-
dá por meio da sinalização: a publi- -se que os gestores das entidades minada organização, destacando
cação de um dispositivo (a garantia aumentam o nível de divulgação que a organização tem uma res-
de um produto, por exemplo) que para sinalizar aos investidores que ponsabilidade maior para com os
atua como uma previsão de quali- a entidade é rentável (OYELERE et stakeholders do que simplesmente
dade superior (MORRIS, 1987). al., 2003). De forma semelhante, obter um bom desempenho eco-
Baseados na teoria da sinaliza- as entidades do setor público po- nômico ou financeiro.
ção, diversos estudos apontam a dem aumentar o nível de divulga- No que diz respeito à divulga-
divulgação voluntária de informa- ção financeira com o objetivo de ção de informação financeira atra-
ção financeira como uma forma de sinalizar para a sociedade uma vés da internet, essa teoria indica
sinalizar uma qualidade superior gestão eficiente, eficaz e transpa- que as organizações optam por
da gestão de uma organização (AN rente (LASWAD et al., 2005). divulgar voluntariamente tal infor-
et al., 2011; WATSON et al., 2002; mação, excedendo os requisitos
XIAO et al., 2004). Dessa forma, 2.1.4. Teoria dos stakeholders obrigatórios, a fim de atender às
as organizações tendem a adotar A teoria dos stakeholders está expectativas das partes interes-
o mesmo nível de divulgação de preocupada com as relações de sadas (GOWTHORPE, 2004). Isso
informação financeira que outras uma organização com uma varie- decorre do reconhecimento, por
organizações, porque se elas assim dade de atores em um ambiente parte da teoria dos stakeholders,
não agirem, isso pode ser percebi- social (AN et al., 2011). Para Van de que as relações complexas e
do pelas partes interessadas como der Lan (2009), essa teoria su- dinâmicas entre as organizações
uma forma de esconder más notí- gere que, do ponto de vista dos e as partes interessadas envolvem
cias (CRAVEN; MARSTON, 1999). stakeholders, uma organização responsabilidade e accountability
Portanto, as organizações pú- deve tentar atingir determinadas (GRAY et al., 1996).
blicas podem utilizar a divulgação metas com o objetivo de satisfazer A literatura revela que essa
eletrônica de informação financei- às necessidades de um vasto leque teoria divide-se em dois ramos:
ra como um meio de sinalizarem de intervenientes. um ético e outro positivo (ver,
para os stakeholders, o mesmo Guthrie et al. (2006) explicam por exemplo, AN et al., 2011;
nível de qualidade de gestão dos que, na perspectiva da teoria dos DEEGAN, 2002; GUTHRIE et al.,
seus pares. Craven e Marston stakeholders, espera-se que a ges- 2006). O ramo ético argumenta
(1999) afirmam que o próprio uso tão de uma organização realize que todas as partes interessadas
da internet pode ser visto como atividades consideradas importan- têm o direito de serem tratadas
um sinal de alta qualidade de ges- tes pelas partes interessadas e di- de forma justa, salientando que
tão. Isso implica que a organização vulgue informações sobre as suas a organização deve ser gerida
é moderna e atualizada com as úl- atividades. Os autores argumen- para o benefício de todas as par-
timas tecnologias, em detrimento tam que, de acordo com essa te- tes interessadas. Deegan (2002)
de ser considerada antiquada e oria, todas as partes interessadas explica que o ramo ético da teo-
conservadora (ALY et al., 2010). têm o direito de receber informa- ria dos stakeholders fornece re-

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Internet Financial Reporting no setor público:
52 um contributo ao desenvolvimento de um
quadro teórico abrangente

ceitas em termos de como as or- 2.2. Teorias da mudança e Powell (1983) ocorrem. Em pri-
ganizações devem tratar as suas institucional meiro lugar, há a chamada “sele-
partes interessadas. Segundo Xiao et al. ção forçada”, em que
Já o ramo positivo argumenta (2004), a teoria insti- uma organização
que a organização tende a foca- tucional tem o po- é pressionada
lizar o grupo de interessados que tencial de explicar por poderosas
detém maior poder e influência as práticas de IFR organizações
sobre a continuidade e o sucesso pelas organiza- externas, como
da entidade (WATTS; ZIMMER- ções. Para os au- agências go-
MAN, 1986). Assim, esse ramo tores, essa teoria vernamentais ou
prevê que é mais provável que pode enriquecer fornecedores de
a gestão focalize as expectativas a análise dos capital, para ado-
dos stakeholders mais poderosos motivos pelos tar uma inovação,
(em decorrência da sua capacida- quais as organi- independentemen-
de de controlar os recursos que zações decidem te de seu benefício
são necessários para as opera- adotar certas para a entidade. Em
ções da organização), em detri- inovações, como, por segundo lugar, há a
mento dos menos influentes (DE- exemplo, a utilização da internet perspectiva da moda que
EGAN, 2002). como um meio para divulgação se relaciona com organizações que
Nessa perspectiva, Deegan financeira, como uma forma de imitam entidades que estabele-
(2002) afirma que os gestores isomorfismo institucional. cem tendências, tais como empre-
têm um incentivo para divulgar DiMaggio e Powell (1983) sas de consultoria e escolas de ne-
informações sobre seus diversos identificam três mecanismos por gócios, que, apesar de não terem
programas e iniciativas para de- meio dos quais a mudança insti- poder coercitivo, são altamente
terminados grupos interessados tucional isomórfica ocorre. O iso- capazes de estimular as organiza-
(poderosos) para indicar a sua morfismo coercitivo é compreen- ções a adotarem uma inovação.
conformidade com as expectati- dido a partir de pressões formais Finalmente, a perspectiva da
vas dos stakeholders. Gray et al. e informais de organizações exter- novidade diz respeito às entida-
(1996) acrescentam que a infor- nas pela força ou pela persuasão, des que adotaram uma inovação
mação é um elemento importante como, por exemplo, um mandato em decorrência da adoção an-
que pode ser utilizado pela orga- governamental. Já o isomorfismo terior feita por organizações do
nização para gerir ou manipular a mimético implica a modelação mesmo setor, como resultado
opinião dos stakeholders, a fim de de organizações em relação a de uma menor incerteza sobre a
obter o seu apoio e a sua aprova- outras organizações semelhantes utilidade dessa inovação ou para
ção, ou ainda para distrair a oposi- ou como resposta à incerteza em parecerem legítimas conforme as
ção e a desaprovação. torno da tecnologia ou de objeti- outras organizações.
Essa teoria tem o potencial vos organizacionais ambíguos, ou Dessa forma, é possível perce-
de explicar, por exemplo, se as com o objetivo de aumentar ber que a adoção das práticas de
organizações do setor a legitimidade organizacio- divulgação eletrônica de informa-
público teriam em con- nal. Por último, o isomor- ção financeira pelas organizações
sideração as expectati- fismo normativo é visto do setor público parece decorrer
vas dos stakeholders, como um processo em dos mecanismos de isomorfismo
divulgando volunta- que as normas estabe- de DiMaggio e Powell (1983). Uma
riamente informação lecidas pelas profissões organização pública pode adotar
financeira através da ou por outras institui- a internet como um meio de divul-
internet. Ou ainda, se a ções normativas criam gação financeira por imposição le-
divulgação eletrônica vo- práticas organizacio- gal (isomorfismo coercitivo), para
luntária poderia diminuir nais homogêneas. se parecer com as demais organi-
a assimetria de informa- Abrahamson zações públicas do mesmo setor
ção entre a organização e (1991) distingue três (isomorfismo mimético), ou ainda
os stakeholders e, como con- possibilidades pelas quais como consequência da influência
sequência, melhorar as relações o isomorfismo coercitivo e o iso- que os órgãos ligados à profissão
entre eles. morfismo mimético de DiMaggio contabilística assim estabelecem.

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REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE 53

2.3. Teoria da difusão da inovação


e ganha aceitação pelos membros potenciais julgam uma inovação,
Além das teorias já referidas, a de certa coletividade, um número tendo como base suas próprias
literatura emprega também outro de fatores interage para influenciar percepções em relação a alguns
argumento teórico para explicar a na difusão de uma inovação. Os aspetos da inovação. A teoria con-
divulgação voluntária de informa- quatro fatores que mais influenciam sidera que uma inovação irá expe-
ção financeira através da internet: no processo de difusão de uma ino- rimentar um aumento na taxa de
a teoria da difusão da inovação vação, segundo Rogers (1995), são: difusão se os adotantes potenciais
(ALY, 2008). Xiao et al. (2004) ex- 1) a inovação em si; 2) os canais de avaliarem e perceberem favora-
plicam que a literatura sobre di- comunicação adotados; 3) o tempo velmente a inovação, segundo os
fusão da inovação tem proposto envolvido na difusão; e 4) a nature- cinco atributos anteriormente re-
uma variedade de perspectivas so- za do sistema social no qual a inova- feridos (ROGERS, 1995).
bre como as inovações começam a ção está a ser inserida. Baseado nas ideias de Rogers
ser adotadas e se espalham, o que Na perspectiva da adoção da (1995), a taxa de adoção das prá-
permite o enriquecimento da aná- inovação, Rogers (1995) identifi- ticas de divulgação eletrônica de
lise dos fatores que incidem sobre cou cinco atributos críticos que informação financeira pelas orga-
as práticas de IFR. influenciam a taxa de adoção da nizações públicas dependerá de
A teoria da difusão da inovação inovação pelas organizações, que como essas organizações perce-
propõe explicar e descrever o me- incluem: 1) vantagem relativa: se bem a sua vantagem relativa e a
canismo de adoção de uma nova uma inovação proporciona maior sua compatibilidade.
invenção, nesse caso o uso da in- vantagem relativa, ela será apro-
ternet para divulgação financeira, vada mais rapidamente; 2) com-
com o objetivo de prever se ela virá patibilidade: se uma inovação é 3. Formação de um quadro
a ser bem-sucedida (CLARKE, 1999). percebida como consistente com teórico integrado
Mahajan e Peterson (1985) definem os valores existentes e experiên-
inovação como uma prática que é cias passadas, será mais facilmen- Para que um quadro teóri-
percebida como nova por membros te adotada; 3) complexidade: as co possa ser elaborado, torna-se
de uma sociedade. Os autores defi- ideias mais simples são adotadas necessário integrar os conceitos
nem, ainda, a difusão da inovação mais rapidamente do que aque- entre as teorias que sejam coeren-
como o processo pelo qual a inova- las que exigem novas competên- tes para explicar o fenômeno em
ção é comunicada através de certos cias do utilizador; 4) capacidade estudo (AN et al., 2011). Assim,
canais ao longo do tempo entre os de julgamento: as inovações que nesta seção procuramos alargar
membros dessa sociedade. representam menos incertezas ge- o modelo de An et al. (2011), in-
Rogers (1995) diferenciou o ralmente são mais aceitas e utili- troduzindo na análise a teoria
processo de adoção do processo de zadas; 5) observabilidade: se os institucional e a teoria da difusão
difusão, destacando que o processo resultados de uma inovação são da inovação. Procuramos eviden-
de difusão ocorre de forma grupal observados com facilidade, tal ciar a relação entre as seis teorias
dentro da sociedade, enquanto o inovação será aprovada e adota- mencionadas como base para ex-
processo de adoção ocorre indivi- da mais rapidamente e por uma plicar a divulgação voluntária de
dualmente (indivíduo ou organiza- gama maior de organizações. informação financeira através da
ção). Por ser a difusão o processo A teoria da difusão da inova- internet pelas entidades do setor
pelo qual uma inovação é adotada ção estabelece que os adotantes público. A Figura 2, adaptada de

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Internet Financial Reporting no setor público:
54 um contributo ao desenvolvimento de um
quadro teórico abrangente

An et al. (2011), ilustra a relação de entre alguns argumentos teóri- numa base voluntária a fim de in-
entre as seis teorias, evidencian- cos utilizados nas referidas teorias, dicar que cumprem com as expec-
do os conceitos-chave intrínsecos que possibilita o aumento do poder tativas sociais e de sinalizar a sua
a cada uma delas, de acordo com explicativo do fenômeno IFR. excelência e legitimidade.
as três premissas das práticas de An et al. (2011) explicam que as De forma semelhante, Morris
IFR: reduzir a assimetria de infor- teorias da agência, da legitimida- (1987) investigou a relação entre
mação, demonstrar transparência, de, da sinalização e dos stakehol- as teorias da agência e da sinali-
eficiência, eficácia e accountability ders são, todas elas, consistentes zação, procurando identificar se
e sinalizar legitimidade e excelên- entre si. Os autores argumentam elas são teorias consistentes, equi-
cia para os stakeholders. que, como a teoria da sinalização valentes ou concorrentes. Os re-
Pela da análise da Figura 2, é se preocupa com a forma de abor- sultados da sua pesquisa indicam
possível observar que há uma inter- dar os problemas decorrentes da que há uma sobreposição entre
-relação entre as teorias abordadas, assimetria de informação, ela está essas teorias, tendo em vista que
as quais, tomadas em conjunto, intimamente ligada à teoria da as condições suficientes da teoria
têm o potencial de contribuir para agência. Da mesma forma, a teoria da agência são consistentes com
explicar os motivos pelos quais os da sinalização tem ligação estreita as da teoria da sinalização.
gestores divulgam informação fi- com a teoria da legitimidade, ten- Para Van der Laan (2009), a
nanceira por meio da internet. Essa do em vista que as organizações teoria dos stakeholders e a teoria
inter-relação decorre da similarida- divulgam informação financeira da legitimidade são teorias inter-

Figura 2 – Quadro teórico integrado

Fonte: Adaptado de An et al. (2011)

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-relacionadas, em virtude de de divulgação de informação fi-


ambas incorporarem os pres- nanceira através da internet, foi
supostos que são re- possível construir um quadro
conhecidos por uma teórico abrangente po-
perspectiva de econo- tencialmente capaz de
mia política. Para os au- contribuir para explicar
tores, essas duas teorias têm as práticas desse tipo
comumente oferecido uma ex- inicial- de divulgação.
plicação para a motivação da ges- mente tal inova- Deegan (2000) destaca que a
tão para a divulgação voluntária: a ção. A adoção de uma inovação procura por explicações para as
legitimidade organizacional. por parte de uma organização motivações da divulgação volun-
An et al. (2011) acrescentam também pode ser considerada tária é um estudo do comporta-
que a teoria dos stakeholders ex- uma forma de sinalizar uma ex- mento humano e nenhuma teoria
pande a teoria da agência, que se celência para o público, o que pode eterna e completamente ex-
concentra principalmente na rela- confere uma relação íntima en- plicar de forma definitiva os pro-
ção principal-agente. No entanto, a tre a teoria da difusão da ino- cessos de decisão, tendo em vista
teoria dos stakeholders não utiliza vação e a teoria da sinalização. que as teorias são meras abstra-
o conceito de assimetria de infor- Portanto, a partir da percep- ções da realidade, sendo que elas
mação, o que cria a necessidade de ção desses relacionamentos, podem não descrever precisamen-
integração dessas teorias para a ex- é possível notar que as te um comportamento particular.
plicação do fenômeno do IFR. seis teorias abordadas Dessa forma, embora essas te-
No que tange à relação entre a neste estudo, con- orias possam “competir” para ex-
teoria institucional e as teorias ba- juntamente, podem plicar a motivação da gestão para
seadas na economia política, Xiao contribuir para futuras a divulgação voluntária de informa-
et al. (2004) argumentam que os pesquisas acadêmicas. ção financeira através da internet, o
focos diferentes dessas teorias su- Futuros estudos podem quadro teórico apresentado neste
gerem que todas elas podem com- aplicar o quadro proposto como estudo tem o potencial de contribuir
plementar umas às outras para uma perspectiva teórica para expli- para fornecer maior poder explicati-
produzir uma melhor compreen- car e prever as práticas de divulgação vo a respeito do fenômeno do IFR.
são das práticas de divulgação ele- voluntária através da internet. Essa No entanto, esse quadro possui
trônica de informação financeira. aplicação poderá se estender à inves- certas limitações. Primeiro, porque
A teoria institucional também tigação sobre a divulgação financei- ele ignora outras perspectivas te-
está em congruência com a teoria ra, social e ambiental, de capital in- óricas que porventura possam ser
da difusão da inovação para a ex- telectual, de desempenho financeiro, úteis na interpretação do fenôme-
plicação dos motivos para as prá- entre outros tipos de divulgação de no IFR. Além disso, o quadro não
ticas de IFR (XIAO et al., 2004). Os informação contabilística. é justificado por nenhuma evidên-
autores explicam que essas teorias cia empírica capaz de destacar se
se complementam e, em conjunto, realmente esse quadro abstrato é
permitem alargar as explicações 4. Considerações finais aplicável, ou não, à prática real.
para as práticas de divulgação ele- Apesar das limitações apresen-
trônica de informação financeira. O quadro teórico apresentado tadas, espera-se que o presente
A perspectiva do isomorfismo no presente estudo é composto por estudo possa contribuir para um
mimético na difusão da inovação uma série de tradições teóricas que aprofundamento teórico do fe-
sugere que, em condições de incer- são comumente utilizadas em estu- nômeno IFR no setor público. Fu-
teza, as organizações tendem a imi- dos sobre a divulgação eletrônica turas pesquisas podem inserir ou
tar os adotantes anteriores dentro numa base voluntária, como teoria abstrair algumas teorias, de modo
do mesmo grupo (ABRAHAMSON, da agência, teoria da legitimidade, a aperfeiçoar o quadro apresen-
1991). Percebe-se, portanto, que a teoria da sinalização, teoria dos tado. Além disso, estudos futuros
divulgação eletrônica de informação stakeholders, teoria institucional e podem testar empiricamente a es-
financeira por parte de determina- teoria da difusão da inovação. trutura teórica a fim de verificar o
da organização pode resultar do Uma vez que essas teorias estão seu potencial para explicar as prá-
isomorfismo mimético em relação inter-relacionadas e apoiam umas ticas de IFR ou de outros tipos de
àquelas organizações que adotaram às outras para explicar as práticas divulgação eletrônica voluntária.

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Internet Financial Reporting no setor público:
56 um contributo ao desenvolvimento de um
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