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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ | CAMPUS DE CAMPO MOURÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANDRÉ LUIZ FREITAS GARCIA


CAMILA DOS SANTOS ROCIER

NA TEORIA, A PRÁTICA É OUTRA: UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO TEÓRICO-


PRÁTICA EM CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Campo Mourão – 2022


ANDRÉ LUIZ FREITAS GARCIA
CAMILA DOS SANTOS ROCIER

NA TEORIA, A PRÁTICA É OUTRA: UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO TEÓRICO-


PRÁTICA EM CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Ciências Contábeis da Universidade Estadual do
Paraná – UNESPAR, campus de Campo Mourão, como
requisito parcial para aprovação no componente
curricular TCC: Artigos de Pesquisa em Contabilidade.

Orientador: Prof. Marcelo Marchine Ferreira.

Campo Mourão – 2022


Graduando do Curso de Ciências Contábeis. Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR campus
Campo Mourão.
2
Graduanda do Curso de Ciências Contábeis. Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
campus Campo Mourão
3
Professor Orientador. Docente do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR campus Campo Mourão.
NA TEORIA, A PRÁTICA É OUTRA: UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO TEÓRICO-
PRÁTICA EM CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS.

André Luiz Freitas Garcia1


Camila dos Santos Rocier2
Prof. Marcelo Marchine Ferreira (Orientador) 3

RESUMO.

Este trabalho tem por finalidade analisar e refletir como estão sendo formados os currículos
pedagógicos do curso de Ciências Contábeis, com o intuito de pensar a quantidade de horas existentes
para o estudo teórico-prático. A problemática será desenvolvida com base na falta de aulas práticas
dentro da formação do curso e para embasar essa pesquisa, foi elaborada uma pesquisa qualitativa.
Como apoio ao que iremos comprovar neste trabalho, usamos de algumas das ideias dos autores:
SLOMSKI, Vilma Geni; GOMES, Sônia M. Da Silva; GUIMARÁES, Isac Pimentel; GOMES, Sonia
Maria da Silva, et al. Com isso se chega na seguinte conclusão que os currículos acadêmicos das IES
(Instituições de Ensino Superior) Pública Paranaense apresentam uma carga horária destinada de
apenas 20% para a Formação Teórico-Prática e o restante totalizando 80% em Formação Teórica,
assim se observa matrizes curriculares conteudistas e teórico-técnico, ou seja, o ensino está voltado
para o “ensinar para ao aprender” ou está apenas no dilema de “ensinar por ensinar”, visto isso se há
uma falta de aulas práticas dentro da formação do curso. Portanto se espera com essa pesquisa
ultrapassar mais essa barreira envolvendo o curso de Ciências Contábeis, fazer assim surgir o
pensamento de readequar e reformular os currículos para atender um profissional com uma formação
mais consciente dando conhecimento intelectual e autônomo, para fazer que os novos profissionais se
capacitem para seus postos de trabalho futuros.

Palavras-chave: Formação teórico-prática; Formação prática em contabilidade; Formação profissional


em contabilidade.

1
2
3

Graduando do Curso de Ciências Contábeis. Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR campus


Campo Mourão.
2
Graduanda do Curso de Ciências Contábeis. Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR
campus Campo Mourão
3
Professor Orientador. Docente do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Estadual do Paraná
– UNESPAR campus Campo Mourão.
ABSTRACT

This work aims to analyze and reflect on how the pedagogical curricula of the Accounting Sciences
course are being formed, in order to think about the number of hours available for theoretical-practical
study. The problem will be developed based on the lack of practical classes within the training of the
course and to support this research, qualitative research was prepared. To support what we will prove
in this work, we use some of the authors' ideas: SLOMSKI, Vilma Geni; GOMES, Sonia M. Da Silva;
GUIMARAES, Isac Pimentel; GOMES, Sonia Maria da Silva, et al. This leads to the following
conclusion that the academic curricula of HEIs (Higher Education Institutions) Public Paraná have a
designated workload of only 20% for Theoretical-Practical Training and the remainder totaling 80% in
Theoretical Training, thus it is possible to observe matrices content and theoretical-technical
curriculums, that is, teaching is focused on “teaching for learning” or is just in the dilemma of
“teaching for the sake of teaching”, given that there is a lack of practical classes within the training of
the course. Therefore, it is expected with this research to overcome this barrier involving the
Accounting Sciences course, thus giving rise to the thought of readjusting and reformulating the
curricula to serve a professional with a more conscious training, providing intellectual and
autonomous knowledge, to make the new professionals qualify for their future jobs.

Keywords: Theoretical-practical training; Practical training in accounting; Professional training in


accounting.
ANDRÉ LUIZ FREITAS GARCIA
CAMILA DOS SANTOS ROCIER

NA TEORIA, A PRÁTICA É OUTRA: UM OLHAR PARA A FORMAÇÃO TEÓRICO-


PRÁTICA EM CURSOS DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


de Ciências Contábeis da Universidade Estadual do
Paraná – UNESPAR, campus de Campo Mourão, como
requisito parcial para aprovação no componente
curricular TCC: Artigos de Pesquisa em Contabilidade.

Orientador: Prof. Marcelo Marchine Ferreira.

APROVADA EM: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

NOME D* ORIENTADOR(A)

NOME D* ORIENTADOR(A)

NOME D* ORIENTADOR(A)
Sumário

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................5
2. REVISÃO DE LITERÁTURA.........................................................................................7
2.1.Evolução do Currículo....................................................................................................7
2.2.Construções dos Currículos...........................................................................................9
2.3.Impacto dos Currículos na Profissionalização...........................................................12
3. MÉTODOS DA PESQUISA...........................................................................................13
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................................................15
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................20
REFERÊNCIAS......................................................................................................................23
1. INTRODUÇÃO

Em decorrência da crescente demanda de profissionais competentes, capacitados e


qualificados, qualificação esta que advém de um dos pilares essências, sendo ele, o
aprendizado durante a graduação, que se configura dentro das matrizes curriculares, como
Faria e Queiroz (2008) comentam, que devido a globalização dos mercados de trabalho os
profissionais da área da contabilidade, sendo eles professores, pesquisadores e profissionais
que atuam dentro das entidades têm tido que se adaptar às mudanças no seu ambiente
profissional e complementam que a formação é fundamental para que se tenha profissionais
preparados e atentos para enfrentar os desafios a eles apresentados.
Desse modo, existe uma crescente necessidade de profissionais contábeis qualificados
e conforme apontamento de Hargreaves (2004) de que os profissionais que as universidades
formam, devem, não apenas estarem capacitados para seus novos postos de trabalho, mas
também para que exerçam com cidadania e consciência o seu senso crítico, ou seja, que
tenham inserção social e profissional surgiu a ideia desse artigo.
Conforme Soares et al.(2011) os Currículos de Ciências Contábeis são disciplinados
pelas diretrizes da Resolução CNE/CES nª 10/2004, porém as instituições de ensino possuem
autonomia e flexibilidade para formar os seus currículos de acordo com a realidade
profissional regional. Por conta dessa flexibilidade e autonomia é preciso entender como estão
construídos os currículos das universidades. Carneiro et. al(2017) traz que os currículos
acadêmicos atuais das IES (Instituições de Ensino Superior) que foram e são elaborados
partem da consideração dos componentes que são necessários para a formação do acadêmico,
conforme o PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) e no PPC (Proposta Pedagógica
Curricular), são compostos pelas disciplinas sendo elas obrigatórias, eletivas e optativas.
Essa pesquisa tem como objetivo geral analisar a estruturação da formação teórico-
prática dos Projetos Pedagógicos dos cursos de Ciências Contábeis das Universidades
Públicas Estaduais do Paraná. Se subdivide em dois objetivos específicos sendo, analisar
como está construído os currículos de Ciências Contábeis e compreender se existe uma
possível baixa carga-horária em formação teórico-prático. Por isso, tal aspecto, foi feito à
ánalise de que se realmente falta carga prática e há excessividade de conteúdos teóricos nas
grades curriculares das universidades públicas paranaense, bem como a ideia de profissionais
capacitados estar atrelada com a necessidade de maior prática em cursos de Ciências
Contábeis, serão os pontos centrais e objetivo deste trabalho.

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A presente pesquisa ainda se justifica na medida que desperta interesse em avaliar os
currículos dos cursos de Ciências Contábeis nas Universidades Paranaenses, quando se pensa
também na necessidade de profissionais desta área capacitados para atuar na prática das áreas
de gestão, na medida que, ao menos a princípio, pareçam estar excessivamente teóricas as
matrizes curriculares dos cursos como traz Ferreira et al.(2021). As ánalises coletadas nesse
trabalho mostram que a formação dos currículos dos cursos de Ciências Contábeis, são
composto apenas por 20% da carga horária da formação teórico-prático e os outros 80% por
teoria.
Essa Pesquisa obteve o resultado de 13 matrizes curriculares das 7 Universidades
Públicas Paranaenses, sendo elas UEM, UEL, UEPG, UNESPAR, UNICENTRO,
UNIOESTE, UENP, os resultados levantados apresenta que dessas universidades existe
diferentes cargas horárias dentro os PPC (Plano de Desenvolvimento Institucional) e que a
duração do curso se dive entre 4 a 5 anos. Se obtém também resultados expressos que se há
mais teoria do que prática dentro das universidades, assim se surgi dúvidas se a formação não
está muito tecnicista e conteudista, ou seja, se as IES estão no dilema de “ensinar por ensinar”
e não no “ensinar para o aprender”.
Deste modo as metodologias utilizadas para análisar a seguinte pesquisa foi a
qualitativa, na medida que traz uma complexidade e aprofundamento sobre o assunto; a
abordagem documental, visto que foram levantados dados e informações sobre as matrizes
curriculares do curso nas universidades paranaenses e a qualitativa crítica, já que
posteriormente, foram também analisadas tais documentos e informações de forma crítica. O
presente estudo busca contribuir nas analises e descrições, de que se realmente há uma
excessividade de teória e uma falta de prática dentro dos PPC (Proposta Pedagógica
Curricular), ou seja, com essa informação se tem uma compreensão do tipo de formação
profissional que está se realizando nas universidades.

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2. REVISÃO DE LITERÁTURA

2.1. Evolução do Currículo


Michael (2014) relata que os currículos são a forma de conhecimento
educacional especializada e que definem o tipo de educação que as pessoas vão
adquirir, inclusive diz que os currículos são um conhecimento especializado e
organizado para que seja transmitido de uma geração a outra. “O currículo foi
associado por tempo demais apenas as escolas. As Faculdades e universidades também
possuem currículos. Portanto a Teoria do currículo se aplica a toda instituição
educacional.” (YOUNG; MICHAEL, 2014). Portanto os currículos são uma
ferramenta muito importante na Educação e em seguimento para os futuros
profissionais.
Conforme o passar dos anos, os currículos do curso de Ciências Contábeis,
sofreram diversas modificações e alterações, desde a época que o curso de Ciências
Contábeis, não era denominado especificamente com a nomenclatura de Ciências
Contábeis. Segundo Peleias e Bacci (2004) e Peleias et al.(2007) o ensino da
contabilidade, vem com a chegada da Família Real portuguesa no Brasil, no ano de
1808. Conforme Peleias (2006), desde que se teve início a denominada “aulas de
Comércio no Brasil” que se iniciou no ano de 1809, esta já vem sofrendo inúmeras
alterações, dentro de leis, decretos, pareceres e resoluções.
No ano de 1939, conforme o Decreto-lei n. 1.535, se tem alteração da
nomenclatura, ou seja, o curso passa a se chamar Perito-Contador, muitas disciplinas
são excluídas, e inúmeras continuam em vigência desde os primeiros currículos, além
de outras que foram incluídas. Segundo Silva (2002) no ano de 1945, posto no
Decreto-lei n. 7.988, Ciências Contábeis passa a ser considerado curso superior no
Brasil, desse modo, passa a ter novamente alteração em sua grade curricular, e fica
dividida em 4 séries (4 anos). Os cursos de Ciências Contábeis e de Atuariais se
constituíam em um único curso e foram desmembrados pela Lei n. 1.401 em 1951 em
dois cursos independentes, considera, ainda, que a composição desse currículo foi
precursora dos currículos que são atualmente utilizados pelas instituições de ensino
superior.
“A Lei n. 4024, de 20 de dezembro de 1961, fixou as diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Essa lei criou o Conselho Federal de Educação e determinou a sua

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competência, ou seja, a duração mínima dos currículos para os cursos superiores”
(SILVA; MOURA, 2002). Carneiro et al.(2017) falam também que após a criação do
CFE (Conselho Federal de Contabilidade), se teve por meio da resolução de 1963 que
o curso de Ciências Contábeis ficasse dividido em dois segmentos, que eram eles o
Ciclo Básico composto da seguinte grade curricular - Matemática; Estatística; Direito
e Economia, e o Ciclo de Formação Profissional que tinha a seguinte grade curricular
– Contabilidade Geral; Contabilidade Comercial; Contabilidade de Custos; Auditoria e
Análise de Balanço; Técnica Comercial; Administração e Direito Tributário. Também
complementam que nessa mesma época as instituições poderiam aumentar como
reduzir a duração mínima do curso, desde que respeitasse a carga anual do curso que
eram de 772 horas e ao final do curso que contabilizava 2.700 horas.
No ano de 1985, o CFC realizou uma pesquisa com alunos, docentes,
profissionais e usuários de serviços de contabilidade, pois tinham o intuito de saber a
opinião da profissão do contador e com essa opinião formular um novo currículo ao
curso de Ciências Contábeis, após a realização da pesquisa, se teve a resposta de 2.549
análises, e assim chegou à seguinte conclusão, que havia uma deficiência, ou seja, os
cursos eram excessivamente teóricos, e muitos eram os casos que se distanciavam da
realidade da profissão, assim observaram uma grande insatisfação. Portanto no ano de
1992, teve-se o atendimento das mudanças do currículo de Ciências Contábeis, sobre a
Resolução nº 3/92. Já em seguida no ano de 1996, se tem a criação da Lei de
Diretrizes e Bases de Educação Nacional, desta formar tem-se o parecer 776/97 que
resumidamente diz “os currículos devem desenvolver a capacidade do estudante com a
criatividade e análise crítica mediante criação de programas como iniciação cientifica
e devem incluir atitudes e valores orientados para a cidadania.” (CANEIRO et al.
2017).
Assim Soares et al.(2011) comentam sobre a criação da Resolução CNE/CES
n. 10 de 2004, que estão configuradas as diretrizes curriculares nacionais para o Curso
de Ciências Contábeis atualmente utilizados. Porém essa Resolução deu uma abertura
sobre as IES, ou seja, permitiram que cada Instituição tenha autonomia e flexibilidade
dentro das normas das resoluções construídas e vigentes, para que formule os

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currículos de acordo com a realidade regional, mas especificamente com a demanda
do mercado regional.
Dessa forma os autores complementam que desde os anos 2000 se faz
atualizações constantes, para que os profissionais de contabilidade sejam adeptos com
a exigências do mercado de trabalho, visto isso em 2010 com a Lei nª 12.249/2010 se
torna obrigatório o exame de suficiência, para assim, receber profissionais
qualificados.
Soares, Richartz, Voss e Freitas (2011) complementam em seu trabalho que
conforme se passaram os anos, a Matriz Curricular foi-se reformulando, ou seja, houve
inúmeras alterações com o decorrer dos anos, por consequência houveram exclusões e
inclusões de várias disciplinas. Por conta disto pode-se notar também que o currículo
se reestruturou conforme a evolução da sociedade, no caso das matérias que existiam,
pouco a pouco, forão sendo substituídas por outras, como nos casos de caligrafia e
datilografia, pelas que agora estão ligadas e associadas a evolução tecnológica.

2.2. Construções dos Currículos


Para Slomski, Gomes e Guimarães (2010) os sistemas de educação são
orientados pela concepção de homem e de mundo, ou seja, os aspectos filosóficos que
dão à educação um sentido. Isso se compreende que:

O caráter pedagógico da prática educacional se realiza por meio da ação


consciente, intencional e planejada no processo de formação humana. São os
objetivos (fins) e os meios estabelecidos por critérios socialmente
determinados e que indicam o tipo de homem se quer formar, para qual
sociedade, com que propósitos? Vincula-se, pois, a opção social e políticas
referentes aos papéis da educação num determinado sistema de relações
sociais. E assim a Pedagogia pode dirigir e orientar a formulação de
objetivos e meios do processo educativo. (LIBÂNEO, 1994, p. 24).

Complementa em sua fala a ideia de que para se fazer um Projeto de Educação,


o pedagógico se orienta pelo político, isso significa em base de uma posição sobre a
forma de gestão da IES e de um conceito de educação superior, onde se tem o sistema
de formação para o mercado de trabalho, em que se encontrarão profissionais-cidadãos
e pesquisadores, e também o atendimento de exigências sociais e individuais.
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Complementam também que o ensino das novas gerações, buscam métodos mais
eficientes de conhecimentos, habilidades e hábitos para prover a sociedade, assim as
Propostas Pedagógicas não são do espontaneísmo, mas são fundamentadas em eixos
principais, ou seja, como também traz Libâneo (2001) as IES formão seu perfil através
da relação que estabelece com a sociedade, pois a pergunta que lhe fazem é “formar
para que? Para a Conservação ou para uma Transformação Social”. Assim cabe sobre
as IES a função de formação e qualificação profissional, por meio dos currículos dos
cursos, porém os mesmos dependem de uma visão da ciência e do conhecimento.
Segundo Moraes (1996) o modelo dos currículos ainda está centrado nos
professores e na transmissão de conteúdo, ou seja, veem os alunos como uma tábua
rasa, assim produz seres obedientes, subservientes e castrados em sua capacidade
criativa, simultaneamente se torna uma educação domesticada. “Assim a organização
curricular que separa pensamento e ação é sustentada pela teoria de aprendizagem
ambientalista/empirista que parte do pressuposto de que primeiro o sujeito deve
adquirir conhecimentos para depois poder aplicá-los na prática”. (Slomski; Gomes,
2010). Assim se tem a ideia de:

A melhor forma de aprender é pela audição e registro das verdades


cientificas reconhecidas que, para serem adquiridas, precisam de exercícios
de experimentação e memorização. E que a qualidade de um curso é medida
pela extensão da carga horária das disciplinas e, portanto, quanto mais
horas/aulas o aluno cumpre, melhor é sua formação. A prática é entendida
como comprovação da teoria, sendo que, seu sucesso depende do grau de
aproximação com o conhecimento já construído. (SLOMSKI, GOMES, 2010
p. 44).

Carneiro et at.(2017) apontam em seu livro que qualquer curso leva em


consideração para formar sua matriz curricular os conjuntos que vão contribuir para
formação dos estudantes, dentro desses conjuntos estão colocadas as matrizes
obrigatórias, eletivas e optativas, e assim os PPC (Proposta Pedagógica Curricular)
quando estão formulando os currículos, eles devem se atentar principalmente nos
estágios curriculares, nas monitorias em trabalhos de conclusão de curso e nas
atividades complementares. Colocam também “que a Matriz Curricular deve ser

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flexível em função das necessidades das atualizações e inovações, ou seja, deve ser
alterada sempre que necessário”. Inclusive assim que se pensar no processo de
construção dos currículos se deve fazer as seguintes questões “O que são necessários
para se ter a organização do curso?”; “Quais as diretrizes curriculares que são
exigidas?”; “Qual é o profissional que se espera formar?”; “Quais serão a parte prática
do curso?”; “como será posta o sistema de avaliação do curso?” deste modo se terá um
caminho para seguir e, portanto, se fazer o Projeto Político Pedagógico desejado.
Comentam também que após a criação da Resolução CNE/CES Nº 10/2004 e
das diretrizes curriculares, as Universidades, Centros Universitários e Faculdades são
orientadas para que atendam às necessidades do mundo do trabalho e busquem
possibilitar pesquisas cientificas, ou seja, o que devem ser colocados dentro das
diretrizes de ensino de cada IES são definidos pelo perfil que o curso pretende indicar,
os tópicos ou os campos de estudo e as diretrizes que buscam ser desenvolvidas.
Carneiro et at.(2017) trazem também que ter uma formação sólida é necessária para
que o futuro profissional, possa superar os desafios do exercício profissional e de
produção do conhecimento. Essa Resolução segundo os mesmos autores está divido
das seguintes formas - utilizar ajustamento da linguagem das Ciências Contábeis;
mostrar uma visão coerente com a atividade contábil; aplicar a legislação
adequadamente às funções contábeis e Exercer com Ética o que está previsto pela
legislação, ou seja, se adequar a diferentes modelos organizacionais.
Complementam Soares; Richartz, Voss e Freitas (2011) mostram que os
currículos de Ciências Contábeis se baseiam e se estruturam com os currículos de
Instituições brasileiras, ou seja, em contraposição ao currículo mundial que são
propostos pela ONU/UNCTDA/ISAR.
Carneiro et al.(2017) no mesmo entendimento que Soares et al.(2012) trazem a
informação de que os currículos de Bacharel em Ciências Contábeis têm que estar
dentro dos seguintes campos que são: “Conteúdos para a Formação Básica - estão
relacionados com outras áreas do conhecimento, ou seja, onde entram a
Administração, Economia, Direito, Métodos Quantitativos, matemática e Estatística
dentro dos currículos”. Já para “Conteúdos de Formação Profissional - são os

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conteúdos específicos, que estão as matérias de Teoria da Contabilidade, Atividades
Atuariais, Informações Financeiras, de auditoria, perícia, arbitragens, a controladoria e
as Aplicações ao Setor Público e Privado”. E por fim onde estão colocados
“Conteúdos de Formação Teórico-Prática, que estão as matérias práticas do curso, ou
seja, aquelas matérias que estão relacionadas a prática direta com a profissão do curso,
nela se encontra os Estágios Curricular Supervisionado, Atividades Complementares,
Estudos Independentes, Conteúdos Optativos, Práticas em Laboratórios de Informática
que utilizam os softwares para os programas de contabilidade”.
Continuando na Resolução CNE/CES nº 10/2004, no seu artigo 2º estabelece
uma organização curricular por meio de Projeto Pedagógico da seguinte forma; “Se
espera competências e habilidades sobre o perfil profissional para os formandos”;
“Componentes curriculares integrantes, ou seja, sistemas de avaliação durante o curso,
estágios supervisionado (próximo ao final do curso), atividades complementares/horas
complementares (aqui entram as palestras, cursos que não fazem parte da matriz
curricular das universidades, mas complementam e fazem parte da profissão contábil,
onde os acadêmicos fazem “por fora” e na área que os interessam),
Monografia/Projeto de Iniciação Científica ou Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC), no caso como diz o nome para se concluir o que se foi ensinado durante o
período de formação, fica a critério da universidade o tipo de projeto a ser aplicado
para se finalizar o curso”; e por fim o “Regime Acadêmico de Oferta”.
Portanto ao se criar os Currículos as IES devem também criar condições que
favoreçam o desenvolvimento do estudante não só no aspecto cognitivo, ou seja, não
somente ao conhecimento da profissão e da teoria, mas também no aspecto emocional,
já que as IES estão formando profissionais para serem capazes de lidarem com
pessoas, máquinas e objetos, mas além de tudo, para lidarem com a realidade onde
vivem. (CARNEIRO et al.2017).

2.3. Impacto dos Currículos na Profissionalização


Segundo Slomki, Gomes e Guimarães (2010) o papel das universidades nesse
século, não está somente associada ao sentido de capacitar os acadêmicos para os

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novos postos de trabalho, mas também capacitar para que eles exercem com
consciência, cidadania, autonomia, senso crítico e desenvolvimento intelectual, esses
são pontos chaves do processo de inserção social e profissional. Também
complementam que as universidades devem zelar pela qualidade do trabalho
acadêmico que realiza e pela competência dos profissionais que estão formando.
Slomki, Gomes e Guimarães (2010) trazem também que quando uma
universidade é questionada pela qualidade de ensino ministrado é porque se reflete ao
desempenho profissional que a mesma formou, ou seja, reflete ao papel do docente, e
sobre as práticas do ensino universitário, e como estão construídos o Projeto
Pedagógico que está concretizado os objetivos das Universidades. Durante o processo
de formação, mostra ser fundamental a importância do contato do aluno com a prática
profissional, pois é fazendo que ele se vê na profissão e se habilita para tal, por meio
da estrutura curricular disposta a ele.
Nem sempre está estruturada de forma que venha atender as necessidades do
mercado de trabalho atual, visto que, a carga horária supervisionada não seja
suficiente para com o tempo necessário da fixação de aprendizagem. Aprendizagem
essa, que deve ser satisfatória levando em conta que é baixa a carga horária prática do
curso de Ciências Contábeis para com as exigências da formação teórico prática na
profissionalização de Ciências Contábeis.
“Os currículos existentes e a organização curricular, demonstram que a
educação graduada, especificamente a educação contábil não garantem processos
formativos de qualidade e uma formação acadêmica capaz de dar conta da
complexidade e da modernidade.” (SLOMSKI, GOMES, 2010). Portanto Marion
(1996) aponta as dificuldade e limitações dos alunos perante à aprendizagem, por
conta da excessiva concentração de disciplinas de natureza técnica, assim torna a visão
profissional restrita somente à escrituração contábil.
Slomki, Gomes e Guimarães (2010) falam que os principais fatores da falta de
aprendizagem perante os alunos, se faz pela falta de um programa definido para a
prática contábil, assim Nossa (1999), complementa que para ter uma melhoria é
preciso não apenas ter disponibilidade de informações, mas sim uma implementação

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do currículo que forma o contador global, e que o conteúdo seja trabalhado de forma
interdisciplinar, ou seja, com ligação de uma matéria com a outra.
Outras questões que os autores Carneiro et al.(2017) comentam é que muitos
são os acadêmicos formados, que sentem dificuldade no exame de suficiência, o CFC,
ou seja, nas suas questões conceituais, isso mostra o reflexo sobre a matrizes
curriculares vigentes, pois sem uma preocupação com a qualidade dos currículos do
ensino superior, tem cada vez mais profissionais desqualificados para o exercício da
profissão, e visto a baixa aprovação nos exames do CFC, mostram-se que cada vez
mais se tem a ideia de profissionais desqualificados.
Por fim Soares et al.(2012) evidenciam que os conteúdos que estão dentro da
grade curricular, levanta questionamentos, no quesito de que os profissionais estão
recebendo informações durante o processo de formação, muito generalista, ou seja,
estão sabendo um pouco de tudo, porém sem muita profundidade para com o
profissionalismo que se espera desses profissionais, assim como Guimarães et al.
(2009) defendem que o currículo de ciências contábeis deve ter uma busca sobre a
formação de profissionais dinâmicos, isso consiste na ideia de serem capazes de
lidarem com a complexidade que o mundo atual está vivenciando, assim os currículos
estão estruturados com o nítido objetivo de formar profissionais que possam atuar
conhecendo a complexidade do mercado, porém não tendo uma bagagem especialista
durante sua graduação, assim deixam para um segundo momento essa formação, que
são os casos de pós-graduações e as especializações.

3. MÉTODOS DA PESQUISA

A metodologia da pesquisa se faz em natureza qualitativa, pois analisamos a


complexidade de determinado problema, ou seja, nesse caso, se tem as análises da
formação teórico-prático dos cursos de Ciências Contábeis, como aborda Richardson
(1999) e Beuren, e Raupp (2006), pesquisas qualitativas trazem a complexidade de

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determinado problema, e analisam variáveis, que podem contribuir ao um nível mais
profundo, assim se chega em análises com maior profundidade de determinado
fenômeno.
Foram investigadas as matrizes curriculares dos 13 cursos de Ciências
Contábeis das 7 Universidades estaduais do Paraná, sendo elas UEM (Universidade
Estadual de Maringá), UEL (Universidade Estadual de Londrina), UEPG
(Universidade Estadual de Ponta Grossa), UNICENTRO (Universidade Estadual do
Centro-Oeste – nos campus de (Guarapuava e Irati), UENP (Universidade Estadual do
Norte do Paraná - campus de (Cornélio Procópio), UNIOSTE (Universidade Estadual
do Oeste do Paraná - nos campus de (Cândido Rondon, Cascavel e Foz do Iguaçu) e
pôr fim a UNESPAR (Universidade Estadual do Paraná - nos campus de (Apucarana,
Campo Mourão, Paranaguá e Paranavaí), desse modo, se totaliza os 13 cursos de
Ciências Contábeis.
A coleta de dados para as análises se deu de forma documental, como Grigolo
(2002) comenta a pesquisa documental, é aquela que busca interpretar e selecionar
informações, para se extrair algum valor, deste modo, contribui para entendimentos de
informações brutas, assim acessamos de modo online os documentos por forma de
(download) nos sites das próprias universidades analisadas e por meio de
disponibilização de arquivos feitos pelo orientador desse artigo (Marcelo Marchine
Ferreira), que o mesmo fez solicitação para os coordenadores de curso no caso dos
currículos que não estavam disponíveis nos sites, assim se foi feita a divisão em
planilhas e gráficos, posteriormente organizados e analisados os dados.
Analisou-se em cada PPC, a divisão entre formação básica, formação
profissional e formação teórico-prática. Assim em cada PPC se foram feitas planilhas
em Excel dividindo-as em anos de curso e as matérias que o integram por ano, após
essa análise, se teve separações entre elas, sendo a de formação básica exemplo:
matérias como psicologia, sociologia, direito, matemática, dentre outras integraram
nesse grupo, de formação profissional que entraram as matérias de contabilidade,
custos, teoria da contabilidade, controladoria, dentre outras e por último a formação

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teórico-prática que são as matérias de Laboratório de Práticas em Contabilidade e
Finanças, TCC/Produção Cientifica, horas complementares e Estágio Supervisionado.
Após as análises de cada PPC de cada universidade estudada se teve o seguinte
resultado, com suporte de fórmulas do Excel se têm a seguinte carga horária total.
Conforme a tabela a tabela 1.

Tabela 1
Resultado alcançado com as análises dos PPC estudados das IES estaduais do Paraná.
TOTAIS
Conteúdos Porcentagen
Horas s
Formação Básica 1193 29%
Formação Profissional 1942 48%
Formação Teórico-Prática 9352 23%
Total de C.H. do curso 40712 100%

Fonte: dados da pesquisa (coletados pelos autores)

Após coletados os dados, feita a organização, foram descritas as análises


coletadas com referência a perspectiva crítica, como Pérez (2012) mostra que a
pesquisa qualitativa critica, estabelece relações causais variáveis, assim se justifica a
imparcialidade que terá resultados verdadeiro, ou seja, busca a compreensão
educacionais que determinam o contexto sócio-históricos. Se há uma exigência de
observação crítica quando se faz uma pesquisa como está na fala de Freire (2002), pois
assim se teve uma melhor compreensão das formações básicas, profissionais e teórico-
prático, pois passa-se a pensar criticamente sobre ação que é praticada, para que com
essa pesquisa se possa haver uma melhora na em uma prática futura.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O trabalho analisou as matrizes curriculares dos 13 campus de cursos de


Ciências Contábeis oferecidos pelas 7 universidades públicas estaduais do Paraná, as
análises foram coletadas pelos próprios PPCs das IES públicas do estado do Paraná,
sendo elas da UNESPAR e dos seus 4 câmpus localizados em Campo Mourão,
Paranavaí, Apucarana e Paranaguá que possuem o curso de Ciências Contábeis, UEM,
UEL, UEPG, UNICENTRO e seus 2 câmpus sendo eles em Guarapuava e Irati, UENP
e por fim UNIOESTE com seus 3 câmpus localizados na cidade de Marechal Cândido
Rondon, Cascavel e Foz do Iguaçu. Assim, foram construidas tabelas e apontamentos
com divisões de carga-horária entre disciplinas ao longo do curso, a divisão se fez
dentre a formação básica, formação profissional e formação teórico-prática.
Dado que o objetivo do estudo é compreender as grades curriculares,
especificamente sobre a formação teórico-prático dentro dos currículos acadêmicos foi
analisado que entre as universidades estudadas os currículos foram construídos dentro
da média de carga horária entre 3.000 à 3.502 horas como segue a Resolução
CNE/CES nº 10/2004, no seu artigo 2º que estabelece uma organização curricular por
meio de Projeto Pedagógico, assim as IES se dividem em 4 a 5 anos de curso, como
está demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2
Distribuição das Universidades Estaduais do Paraná com enfoque na carga horária e duração
do curso.

IES/CAMPUS Carga Horária Duração do Curso


Unespar – C. Mourão 3.000 horas 4 anos
Unespar – Paranavaí 3.000 horas 4 anos
Unespar – Apucarana 3.000 horas 4 anos
Unespar – Paranguá 3.000 horas 4 anos
UEM 3.003 horas 4 anos
UEL 3.000 horas 4 anos
UEPG 3.120 horas 4 anos
Unicentro – Guarapuava 3.050 horas 4 anos
Unicentro – Irati 3.033 horas 4 anos
UENP 3.000 horas 4 anos
Unioste – M.C. Rondon 3.502 horas 5 anos
Unioste – Cascavel 3.502 horas 5 anos
Unioste – F. Do Iguaçi 3.502 horas 5 anos

Fonte: dados da pesquisa (coletados pelos autores)


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Observa-se na Tabela 1 que se predomina a duração de 4 anos do curso, salvo
na UNIOESTE e dos seus 3 câmpus que oferecem o curso de contabilidade, ou seja,
sua duração se alonga por mais um ano e se totaliza em 5 anos. Também se vê
predominância na carga horária de 3.000 horas ao total do curso visto dentro da
UNESPAR e seus 4 câmpus, UENP e UEL.
Já a UEM tem a carga horária de 3.003 horas, mostra também que dentro da
mesma universidade é colocado duas diferentes cargas horárias como no caso da
UNICENTRO, pois seu câmpus em Irati apresenta 3.033 horas já em Guarapuava é de
3.050 horas, umas das IES que apresenta maior duração dentro dos 4 anos de curso é a
UEPG com 3.120 horas, com a exceção da UNIOESTE que sua duração é um ano a
mais e está dividida em 3.502 horas dentro dos seus 3 câmpus.
A divisão dos PPC, se construiu dentre a formação básica, formação
profissional e formação teórico-prática, assim se dividem em formações, ou seja, para
formação básica, estão presentes matérias como administração, psicologia, economia,
matemática, direito entre outras. Para formação profissional estão as matérias de
contabilidade, custos, relatórios contábeis, ética e legislação profissional em
contabilidade, teoria da contabilidade dentre outras. Já para a formação teórico-prática
estão laboratório de práticas em contabilidade e finanças, TCC/Produção científica,
estágio supervisionado e as horas complementares.

Tabela 3
Distribuição com enfoque das formações básicas, formação profissional e formação teórico-
prática das IES públicas do Paraná e suas respectivas porcentagens.

C.H. de
C.H, de C.H. de Formação
IES/CAMPUS Formação % Formação % Teórico- %
Básica Profissional Prática
Unespar – C.Mourão 840 28% 1260 42% 900 30%
Unespar – Paranavaí 840 28% 1260 42% 900 30%
Unespar - Apucarana 870 29% 1170 39% 960 32%
Unespa r– Paranguá 780 28% 1320 44% 900 30%
UEM 850 28% 1501 50% 651 22%
UEL 690 23% 1560 52% 750 25%

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UEPG 782 25% 1666 53% 672 22%
Unicentro - 906 30% 1643 54% 500 16%
Guarapuava
Unicentro – Irati 935 31% 1501 50% 596 20%
UENP 840 28% 1440 48% 720 24%
Unioste – M.C. Rondon 1156 33% 1632 47% 714 20%
Unioste – Cascavel 1221 35% 1700 49% 578 17%
Unioste – F. Do Iguaçu 1224 35% 1768 50% 510 15%

Fonte: dados da pesquisa (coletados pelos autores)


Como se está colocado na Tabela 3 as IES estão divididas entre formação
básica, formação profissional e formação teórico-prática. Assim se observa que se fica
predominante a formação profissional, ou seja, nela estão as 1.170 a 1768 horas do
curos, assim é variada dentro dos 54% a 39% dentro das matrizes curriculares, já a
formação básica aparece em segundo plano com 690 a 1.224 horas, portanto fica entre
os 23% a 35%, pôr fim a menor parcela se divide na formação teórico-prática que
apresentam apenas 510 horas a 960 horas, desse modo, sua porcentagem fica variada
dentro dos 15% a 32%.
Assim, se observa que os currículos de ciências contábeis conduzem formas
diferentes de fazer os acadêmicos a pensar, de ser, de agir e de se relacionar, ou seja,
com os resultados do estudo, se vê bastante dinâmica entre as disciplinas dentro das
matrizes de cada instituição, bem como se amplia e diversifica as áreas de atuação.
Visto que o mercado de trabalho está em expansão e cada dia que se passa, se busca
profissionais competentes e que tragam de suas universidades conhecimento e
competência necessários.
Assim no curso de ciências contábeis, existe uma grande exigência em
questões práticas, pois quem irá seguir o ramo profissionalizante dos escritórios de
contabilidade, tem que ter uma grande bagagem que trazem das universidades, mas
não só em escritórios que se tem que ter essa bagagem, ou seja, quem irá seguir outros
ramos como auditoria, perícia contábil, consultoria financeira dentre os outros, se
exige essa competência.
Conforme as análises coletadas observa-se mais teoria do que prática dentro
das universidades que oferecem o curso de ciências contábeis, ou seja, enquanto se

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tem uma base mais teórica do que prática sendo que a profissão contábil exige a
prática, assim se surgi a dúvida porque o curso de ciências contábeis dentro das IES
públicas do paraná abrange uma parcela menor em carga-horária teórico-prático.
Desse modo, se evidencia também a pesquisa de Ferreira et al.(2021) que se
entrelaçam com as análises feitas acima, portanto as matrizes curriculares se apresenta
numa formação mais tecnicista e conteudista. Visto a falta de prática dentro do curso,
se constrói um gráfico com a porcentagem das análises coletadas dos PPCs das
universidades conforme o gráfico 1.

Gráfico 1.
Distribuição da porcentagem entre Teoria e Prática dentro das Universidades Públicas
Estaduais do Paraná.

Fonte: dados da pesquisa (coletados pelos autores)

Observa-se no gráfico que na teoria se concentra as matérias tanto de


Formação Básica, em torno dos 30%, e Formação Profissional que está na média dos
50% dentro dos PPCs, assim se soma a quantia de 80%, já a prática se encontra nas

21
matérias dentro da Formação Teórico-prática, ou seja, ela está na média dos 20%,
porcentagens acima que estão coletadas dentro das próprias matrizes curriculares das
IES públicas do Paraná.
Portanto, existe a excessividade de teoria assim se leva aos seguintes
questionamentos, qual a formação pretendida com os currículos acadêmicos? Que
profissional estão sendo formandos? Os acadêmicos realmente saem preparados para o
mercado de trabalho após concluírem o curso?
Mesmo que exista a excessividade da teoria e uma falta de prática se observa
que a formação básica conforme Ferreira et al.(2021) são as que possibilitam analisar
com um olhar diferente e amplo os problemas da profissão, ou seja, busca-se uma
colaboração teórica e técnica em áreas que se associa a contabilidade, assim elas
ajudam a compreender melhor o funcionamento de uma organização, como no caso da
psicologia das organizações, sendo que essa matéria se encaixa na formação básica,
pois não é uma especifica para a profissão contábil, mas auxilia na profissão, mais
precisamente na percepção e ideias do que se fazer ou agir dentro das entidades.
Já a Formação Profissional são as matérias especificas do curso contábil, essa
formação é a chave principal para a formação do contador para o mercado de trabalho,
não especificamente ao profissional contador, mas sim ao contexto que engloba a
contabilidade, ou seja, ela quem apresenta a profissão e sua história, pois é com essa
formação que o estudante cria sua técnica e seu conhecimento teórico sobre o curso,
ou seja, a disciplina de contabilidade de custos é um exemplo eficiente, pois essa
disciplina é que ajuda os futuros contadores a ter uma percepção de controle de
despesas, ela gera informações para o processos decisórios do futuro gestor, pois com
os conhecimentos dessa disciplina se é possível tomar decisões diárias sem prejudicar
a situação financeira da empresa, outro exemplo é a disciplina de controladoria, pois
essa matéria mostra uma dimensão financeira da entidade, além disso ajuda a guiar as
pessoas, assim aprendem corretamente como engajar uma equipe, ser um
influenciador positivo dentre outros pontos positivos.
Com os dados levantados e o resultado encontrado, se tem um outro
questionamento às IES públicas estaduais do Paraná, ou seja, se suas matrizes

22
curriculares estão apenas conteudistas e teórico-técnico, assim ao invés de “ensinar
para o aprender”, estão seguindo o dilema de “ensinar por ensinar”. Portanto como
Ferreira et al.(2021) se chega na mesma proporção de ideias, sendo que as instituições
de ensino superior revejam e revisem suas matrizes curriculares, mas essa, que só será
possível com a colaboração e a criação de oportunidades, melhoramento e criação de
projetos dos órgãos públicos estaduais e federais, ou seja, com ajuda de verbas e
criação de leis e emendas que já são vigentes, para assim formarem profissionais para
o “saber fazer”, e desse modo, insira um melhor profissional no mercado de trabalho.

23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho teve como objetivo analisar os currículos acadêmicos das IES


públicas paranaenses, para que assim se entendesse como estão construídas e
estruturadas as matrizes curriculares, assim foi identificado que os PPCs das
universidades analisadas, se dividem em formação básica, formação profissional e
formação teórico-prática. Visto isso se viu predominância na formação Profissional,
logo em seguida na formação básica e por último ficou a formação teórico-prática.
É possível concluir que a problemática desenvolvida com base na falta de aulas
práticas dentro da formação do curso, baseada nos dados coletadas pelos próprios
PPCs das IES públicas do estado do Paraná, como também mostra Ferreira et al.
(2021) resultam em uma formação mais tecnicista e conteudista que pode afetar o
futuro profissional dos estudantes de Ciências Contábeis. Isso porque aquele que for
seguir o ramo de contador precisa ter adquirido durante os anos da faculdade, uma
grande experiência para saber lidar com as dificuldades cotidianas, ou seja, no
mercado de trabalho já se espera que esses estudantes tragam uma bagagem de suas
universidades para o mundo profissional, não apenas no ramo de contador, mas
também em outros ramos da área como já comentado.
Compreendendo que nos 4 anos em que ocorre o curso, salvo exceção da
UNIOESTE que possui 5 anos de duração do curso, em sua maioria, apenas 20% dele
é composto por aulas-práticas, assim se demonstra uma grande preocupação com a
futura carreira profissional desses estudantes, no sentido de haver uma falta de prática
durante os anos de curso.
É preciso considerar o antes, durante e o depois, aquilo que precisa ser a base,
o que precisa complementar e ir mais a fundo dos conceitos e teorias, mas também
precisa ser pensado a ação futura, aquilo que o estudante irá fazer e é reponsabilidade
da universidade, dar esse mapa a ser trilhado. Assim como limitações, tem o fato que
apenas foram analisadas as Universidades Públicas Estaduais do Paraná, ou seja, a
limitação é que pode ser que não seja a realidade em outras universidades de outros
estados, ou até mesmo do estado do Paraná sendo elas as federais e as privadas.
Portanto acredita-se que abrir essa perspectiva, as instituições, graduandos e já
profissionais poderão se atentar aos futuros currículos dos cursos e fazer com que a
experiencia seja mais praticada, com a ajuda dos órgãos públicos federais e

24
municipais, e que também com essa pesquisa, se possa vir o interesse de novas
pesquisas se aprofundando nas problemáticas, do cenário profissional dos contadores
formados. Mas por conta de a delimitação ser apenas no estado do Paraná se faz
interessante analisar matrizes curriculares de outras regiões do Brasil, assim se visa
identificar os interesses das instituições enquanto estruturam suas diretrizes
curriculares.

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