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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIAS E


CONTABILIDADE.
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

WICLIF BERNADINO PINHEIRO

ÉTICA EMPRESARIAL: CONHECIMENTO DE ÉTICA


PROFISSIONAL DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FORTALEZA – CEARÁ
2016
WICLIF BERNADINO PINHEIRO

ÉTICA EMPRESARIAL: CONHECIMENTO DE ÉTICA PROFISSIONAL


DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO CEARÁ

Monografia apresentada ao Curso de


Administração da Faculdade de Economia,
Administração, Atuárias e Contabilidade da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do Título de Bacharel
em Administração.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Manta Pinto de


Araújo, MS.

FORTALEZA – CEARÁ
2016
WICLIF BERNADINO PINHEIRO

ÉTICA EMPRESARIAL: CONHECIMENTO DE ÉTICA PROFISSIONAL


DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO CEARÁ

Monografia apresentada ao Curso de


Administração da Faculdade de Economia,
Administração, Atuárias e Contabilidade da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do Título de Bacharel
em Administração.

Aprovada em ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Manta Pinto de Araújo, MS. (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________
Prof. Ms. Laudemiro Rabelo de Souza e Morais
Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________
Prof. Dr. Diego de Queiroz Machado
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Aos meus pais, Antônio Cezar e Lucivania,
pelos meios.
Aos meus professores, pelo conhecimento.
À Laís Pinheiro, pela inspiração.
AGRADECIMENTOS

A todos os servidores da FEAAC, pelo ótimo trabalho realizado.


Ao professor Manta, pela sua dedicação e paciência, como orientador.
Ao professor Laudemiro, que despertou a minha paixão pela leitura.
Aos colegas Aderson, Gustavo, Isabel, Pedro, Rafael e Victor, que estiveram ao
meu lado nos momentos alegres e que me apoiaram nos momentos tristes.
Aos estudantes, que colaboraram com pesquisa respondendo aos questionários.
Aos meus pais, pelo apoio incondicional.
“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”.
(Simone de Beauvoir)
RESUMO

A ética tornou-se um componente fundamental nas relações das organizações e no


desenvolvimento das atividades profissionais. Por isso, o objetivo geral desse trabalho foi
descobrir quais seriam as atitudes dos discentes trabalhadores do curso de administração da
Universidade Federal do Ceará diante de alguns dilemas éticos. Dessa maneira, procurou-se
analisar a percepção dos estudantes acerca do comportamento ético e verificar o grau de
conhecimento dos discentes sobre o código de ética do profissional de administração. A
pesquisa caracterizou-se como exploratória e utilizou-se o meio de investigação quantitativo.
Como procedimentos técnicos foram usados: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e
levantamento de dados por meio de questionário. As informações coletadas evidenciaram que
os estudantes trabalhadores não concordam com as situações antiéticas propostas, porém,
apenas três por cento da amostra selecionada afirma conhecer o código de ética do
administrador. Portanto, conclui-se que, apesar da falta de conhecimento acerca do regimento
ético da profissão, os alunos trabalhadores possuem uma boa conduta quando confrontados
por situações antiéticas.

Palavras-chave: Ética, Ética profissional. Código de ética profissional do administrador.


Estudantes de administração.
ABSTRACT

Ethics has become a key component in the relations of the organizations and the development
of professional activities. Therefore, the aim of this study was to find out what are the
attitudes of the students workers of the course of administration of the Federal University of
Ceará on some ethical dilemmas. Thus, it sought to examine the perceptions of students about
ethical behavior and verify the level of knowledge of students on the code of ethics of
management professional. The study was regarded as exploratory and used the means of
quantitative investigation. As technical procedures were used: literature, documentary
research and data collection through a questionnaire. The information collected showed that
the student workers do not agree to unethical situations proposed, however, only three percent
of the selected sample claims to know the administrator's code of ethics. Therefore, it is
concluded that despite the lack of knowledge about the ethics of the profession regiment,
workers students have a good behavior when confronted with unethical situations.

Keywords: Ethics. The ethics of the profession. The code of ethics of management
professional. Students of management.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEPA Código de Ética Profissional do Administrador


CFA Conselho Federal de Administração
CRA Conselho Regional de Administração
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
MEC Ministério da Educação e Cultura
UFC Universidade Federal do Ceará

´
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 – Estrutura do Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) ......... 26


Tabela 1 – Ética profissional definida segundo os respondentes. ............................................ 32
Gráfico 1 – Porcentagem dos sexos da amostra. ...................................................................... 29
Gráfico 2 – Faixa etária. ........................................................................................................... 30
Gráfico 3 – Semestre do curso do perfil da amostra. ............................................................... 31
Gráfico 4 – Ocupação do perfil da amostra. ............................................................................. 31
Gráfico 5 – Área de atuação do perfil da amostra. ................................................................... 32
Gráfico 6 – Dilema 01. ............................................................................................................. 33
Gráfico 7 – Dilema 02. ............................................................................................................. 34
Gráfico 8 – Dilema 03. ............................................................................................................. 34
Gráfico 9 – Dilema 04. ............................................................................................................. 35
Gráfico 10 – Dilema 05. ........................................................................................................... 35
Gráfico 11 – Dilema 06. ........................................................................................................... 36
Gráfico 12 – Antiética no local de trabalho.............................................................................. 36
Gráfico 13 – Envolvidos na situação antiética. ........................................................................ 37
Gráfico 14 – Reação ao se deparar com situações de antiéticas. .............................................. 37
Gráfico 15 – Código de ética na empresa. ................................................................................ 38
Gráfico 16 – Código de ética na empresa. ................................................................................ 38
Gráfico 18 – O motivo de não conhecer o código de ética. ..................................................... 40
Gráfico 19 – Caso conhecesse o código de ética do administrador. ........................................ 41
Gráfico 20 – Meios de divulgação............................................................................................ 41
Gráfico 21 – Grau de conhecimento sobre código de ética. ..................................................... 42
Gráfico 22 – Profissionais que praticam o código de ética. .....................................................43
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2. CONSIDERAÇÕES SOBRE ÉTICA ............................................................................... 14
2.1 Concepções Gerais ......................................................................................................... 14
2.2 A influência da ética protestante sobre o capitalismo segundo Weber. ......................... 18
2.3. Código de Ética ............................................................................................................. 20
2.4. Código de Ética dos Profissionais da Administração (CEPA) ...................................... 24
3. METODOLOGIA............................................................................................................... 27
4. ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................... 29
4.1 Perfil da Amostra ............................................................................................................ 29
4.2 Dilemas éticos ................................................................................................................ 33
4.3 Conhecimento sobre o código de ética profissional do Administrador .......................... 39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 43
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 44
ANEXO A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ESTUDANTES DE
ADMINISTRAÇÃO UFC. ..................................................................................................... 47
ANEXO B – CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO
(CEPA)..................................................................................................................................... 53
11

1 INTRODUÇÃO

Com a globalização dos mercados, ampliou-se o contato entre as nações e seus


respectivos povos e culturas. Com isso o entendimento antropológico, como ciência da
conduta humana, ganhou força nas relações empresariais devido à diferença de padrões éticos
e morais dos países. Tal conhecimento, atualmente, é usado como uma força em negócios
bem-sucedidos. Segundo Whitaker (2006), a ética tem sido encarada pelos administradores
como diferencial competitivo, o que gera a procura pelo estabelecimento e adoção de padrões
éticos pelos mesmos.
Outros autores afirmam que Ética a ciência da conduta humana, segundo o bem e
o mal, com vistas à felicidade. É a ciência que estuda a vida do ser humano, sob o ponto de
vista da qualidade da sua conduta. Disto precisamente trata a ética, da boa e má conduta e da
correlação entre boa conduta e felicidade, na interioridade do ser humano. A ética não é uma
ciência teórica ou especulativa, mas uma ciência prática, no sentido de que se preocupa com a
ação, com o ato humano (ALONSO; LÓPEZ; CASTRUCCI, 2012).
Segundo o entendimento de Sá (2004), a ética encontra-se em todos os aspectos
da sociedade, principalmente no contexto profissional. Hoje toda organização exige de seus
funcionários atitudes condizentes com a ética, com os valores morais da sociedade, e se
comportem de acordo com as normas legais, com o Código de Ética da sua profissão, e
simultaneamente, com o Código de Ética proposto pela organização. O profissional ético
demonstra uma conduta repleta de responsabilidade, lealdade, cidadania, integridade,
transparência e respeito ao próximo.
A profissão de administrador possui o código de ética profissional do
administrador (CEPA), aprovado pela Resolução Normativa CFA nº 353, de 9 de abril de
2008. Além disso, os cursos brasileiros de ensino superior de administração acolheram a
proposta feita pelo ministério da educação (MEC) em 1992 de incluir a ética nas suas grades
curriculares.
Por outro lado, nem sempre os princípios éticos são observados, por exemplo, no
Brasil evidenciaram, nos últimos anos, escândalos de corrupção envolvendo as grandes
empresas públicas e privadas tendo como principal fator a falta de gestão ética dos
profissionais da administração.
12

Para Gitlow (1993), o fato motivador da atuação aética empresarial é a procura


por lucro. De acordo com o autor:

Essa busca é com uma lamentável frequência o motivo que leva muitos executivos-
chefes a fechar seus olhos ao comportamento aético, a tolerá-lo ou a incentivá-lo
vigorosamente. Na realidade, a busca por lucro pode ser sedutora, pode levar
pessoas normalmente honestas a práticas aéticas e fornecer racionalizações
convenientes para essas práticas. Afinal de contas, nos negócios, supostamente são
os resultados financeiros que contam. (GITLOW, 1993, p. 57)

Diante do contexto apresentado, existe a figura do aluno universitário de


administração que está inserido no mercado de trabalho. Este é um profissional com o
exercício administrativo que está imerso nos interesses e objetivos da empresa e tem
conhecimento das práticas e normas éticas. Dessa forma, emerge a questão que este trabalho
busca responder a respectiva problemática: Quais as opiniões dos alunos trabalhadores do
curso de administração da UFC acerca dos dilemas éticos que surgem durante o exercício da
profissão?
O objetivo geral do estudo foi investigar as opiniões dos discentes do curso de
administração da Universidade Federal do Ceará diante de alguns dilemas éticos. Estes
dilemas são factíveis de ocorrer na rotina de trabalho. Por sua vez os objetivos específicos
são:
 Analisar a percepção dos estudantes acerca do comportamento ético;
 Verificar o grau de conhecimento dos discentes sobre o código de ética do
profissional de administração;
Conforme Sá (2007) tem sido escassa a literatura na área da Ética Profissional,
embora seja este um campo imensamente abrangente, envolvendo a maioria das atividades.
A importância e a relevância do tema estão relacionadas com o preparo de
estudantes de administração na sua futura conduta profissional. Sabe-se que muitas vezes o
pragmatismo conduz a soluções que podem gerar conflitos de natureza ética. Segundo Faria
et. al (2014), o estudo referente à ética, tanto empresarial como profissional, são áreas de
investigação de grande valor, pois cada vez mais as discussões em torno dessas temáticas tem
sido destaque mundial.
Uma pesquisa realizada pela firma de contabilidade Touche Ross Internacional
em 1988 revelou que líderes empresariais, Reitores de universidades e Congressistas
consideram a questão ética importante. A partir disso, muitos estudos e definições foram
13

realizadas e podem ser aferidas nos códigos de ética das respectivas profissões.
A metodologia adotada nesta pesquisa, cujo detalhamento será feito mais adiante
consistiu em um levantamento bibliográfico, análise de documentos e a aplicação de
questionário a um grupo aleatoriamente selecionado de estudantes concludentes do curso de
administração que atuam no mercado de trabalho.
A pesquisa está subdividida em seções sendo a primeira a introdução na qual são
apresentadas a questão e os objetivos da pesquisa.
Na segunda seção, uma exposição sobre ética dividida em três partes sendo as
primeiras considerações gerais sobre ética, a segunda uma na visão Weberiana da origem da
ética profissional e a outra mais direcionada ao mercado atual de trabalho dos
administradores.
Na terceira seção, o detalhamento da metodologia e na quarta seção, a
apresentação dos resultados obtidos a partir da aplicação de questionário com perguntas de
múltipla escolha e perguntas utilizando a escala de Likert. Na quinta seção, as considerações
finais da pesquisa.
14

2 CONSIDERAÇÕES SOBRE ÉTICA

Este capítulo do presente trabalho abordará teorias com o objetivo de formar a


fundamentação e a análise acerca do tema. Por isso, serão apresentadas concepções sobre
ética, a ética de Max Weber, os códigos de éticas profissionais e, por último, o código de ética
para os administradores (CEPA).

2.1 Concepções Gerais

Ética é uma ramificação da filosofia que tem como objetivo a análise dos assuntos
morais. Para Sá (2007, p. 46), “em seu sentido de maior amplitude, a Ética tem sido entendida
como a ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes”. Ainda nas palavras do
respectivo autor:

Envolve, pois, os estudos de aprovação ou desaprovação da ação dos homens e a


consideração de valor como equivalente de uma medição do que é real e
voluntarioso no campo das ações virtuosas. Encara a virtude como prática do bem, e
esta como a promotora da felicidade dos seres, quer individualmente, quer
coletivamente, mas também avalia os desempenhos humanos em relação às normas
comportamentais pertinentes. Analisa a vontade e o desempenho virtuoso do ser em
face de suas intenções e atuações, quer relativos à própria pessoa, quer em face da
comunidade em que se insere (SÁ, 2007, p. 46).

A definição do termo Moral costuma ser usada como sinônimo do termo ética. As
duas palavras convergem etimologicamente: Moral origina-se do latim Moris, que significa
costume. E ética deriva do grego Ethos, que também denota costume. Entretanto, de acordo
com Alonso, López e Castrucci (2012, p. 3), “predomina a corrente de utilizar ética como
ciência ou filosofia da conduta humana e moral para se referir à qualidade da conduta
humana.

No entendimento de Aranha e Martins (2003, p. 261):

Em sentido bem amplo, a moral é o conjunto das regras de conduta admitidas em


determinada época ou por um grupo de homens. Nesse sentido, o homem moral é
15

aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgrede as regras do
grupo. A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a
respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão pode
seguir as mais diversas direções, dependendo da concepção de homem que se toma
como ponto de partida.

Existem diversas definições acerca do tema éticas que são fornecidas por diversos
estudiosos do assunto em épocas diferentes na história da humanidade. Tal circunstância, é
atribuído a grande variedade de costumes, culturas, princípios e valores que surgiram ao longo
do tempo junto o fator da mutabilidade ou volatilidade social que ocorre de geração em
geração. Logo, as concepções do que é ética ou sobre ser ético passaram por mudanças
sempre com o objetivo de manter o convívio humano mais justo e equilibrado. Para Machado
(2006, p. 15), “as doutrinas éticas fundamentais surgem em diferentes sociedades como
resposta aos problemas básicos apresentados nas relações entre os homens”.

O que ocorre, na realidade, é uma atualização dos princípios e valores éticos, de


acordo com a cultura, com a sociedade, para que esses possam continuar tendo
validade. [...] A ética, portanto, revela a maneira de pensar de um povo, a forma de
agir e de ver o mundo. Como este mundo e o próprio homem vivem em constante
mudança, se aperfeiçoando e se modificando, é necessário que tudo o que foi por ele
criado o acompanhe nesse processo de evolução. (ALMEIDA, 2006, p. 16).

Apesar das divergências, é consenso, entre os autores e especialistas da questão, que


há dois aspectos norteadores que são aceitos. Sá (2007, p. 2) afirma que:

1º Como ciência que estuda a conduta humana dos seres humanos, analisando os
meios que devem ser empregados para a referida conduta se reverta sempre em favor
do homem. Nesse aspecto o homem torna-se o centro da observação, em
consonância com o meio que lhe envolve. Cuida das formas ideais da ação humana e
busca essência do Ser, procurando conexões entre o material e o espiritual.

2º Como ciência que busca os modelos da conduta conveniente, objetiva, dos seres
humanos. A correlação, nesse aspecto, é objetiva entre o homem e seu ambiente. Os
modelos, como valores, passam a guiar a estrutura normativa. [...] Embora seja
possível identificar tais posicionamentos, no aprofundamento das obras tratadistas, a
realidade é que entrelaçamentos e mesclas diversas foram e ainda são operados.
16

Independente do estudioso, da definição ou do aspecto ético, sabe-se que há uma


característica que é comum: a análise e prática do bem, a boa conduta da vida humana para
um convívio pacífico e harmônico em sociedade. Historicamente, as concepções éticas
sucedem as concepções filosóficas e religiosas que afloraram no momento em que a
humanidade passa a conviver em sociedade ou grupos sociais.
No oriente, Kung-fu-tse, também denominado de Confúcio (551 – 479 a.C.), “o
precursor de uma doutrina de grande repercussão” conforme Sá (2007, p. 17), destacou-se
pelo seu ensejo em organizar a sociedade chinesa de forma pacífica e pelo seu conceito de
moralidade baseada no amor e respeito ao próximo. Já Zaratustra (século VII a.C.),
considerado um profeta e um poeta que viveu na Pérsia (Irã), pregava que o bem e o mal
coexistiam na alma humana e os indivíduos eram livres para realizar boas ou más ações e
eram julgados pela sua boa ou má conduta. Para Aranha e Martins (1993), apesar de serem
grandes referências históricas e possuírem fundamentos de relevância para o estudo humano,
tais pensadores apresentam “teorias que estão por demais vinculadas à religião para que se
possa falar propriamente em reflexão filosófica”. (ARANHA; MARTINS, 2003, p. 77).
Entretanto, no ocidente, de acordo com Sá (2007, p. 18), especificamente na
Grécia, considerada o berço da ética no mundo ocidental, é que “apresentou-se um enfoque
racional organizado sobre a conduta humana”. Notada pelo pioneirismo na democracia, pelas
inovações sociais, pela arte, pela literatura e pela intensa participação dos cidadãos na esfera
política e organizacional do estado, a nação grega foi palco de três grandes filósofos e,
consequentemente, estudiosos da ciência ética: Sócrates, Platão e Aristóteles.
O primeiro, Sócrates (470-399 a.C.), ateniense e filósofo do período clássico
grego, foi o precursor no estudo da arete (virtude). Ficou conhecido pela célebre frase “só sei
que nada sei” (GRIMALDI, 2006), que, como relata Almeida (2007), era a resposta dada pelo
filósofo as pessoas que ficavam enfurecidas pelos seus questionamentos sobre a vida, a ética,
o bem e a justiça.
De acordo com Vasquez (1997) o conceito de ética para Sócrates é pautada no
racionalismo das ações humanas levando em consideração o ideal do bem e do bom, a virtude
como um conhecimento que pode ser repassado e o vício como uma ignorância. Neste
sentido, o autor afirma:
Resumindo, para Sócrates, bondade, conhecimento e felicidade se entrelaçam
estreitamente. O homem age retamente quando conhece o bem e, conhecendo-o,
não pode deixar de praticá-lo; por outro lado, aspirando ao bem, sente-se dono de si
mesmo e, por conseguinte, é feliz. (VÁZQUEZ,1997, p.231)
17

Pinho (2012, p. 5) complementa sobre a ética socrática:

Para ele a questão central da ética era o bem supremo da vida, a felicidade. A
felicidade que consiste em proceder bem e te uma alma boa. Portanto, o Bem era
agir bem e a felicidade, ter uma vida correta; a felicidade e a boa conduta são a
mesma coisa. Há em Sócrates um entrelaçamento entre bondade, conhecimento e
felicidade. Conhecendo o bem, o homem agiria bem, com o que se sentiria feliz
porque seria o dono de seu destino e de si mesmo.

Platão (427-347 a.C.), foi matemático, filósofo, discípulo de Sócrates e


propagador das suas ideias, também discorreu sobre a ética. Com uma percepção semelhante a
de seu mentor, a ética para o pensador era o bem como um meio para se chegar a felicidade
baseada nos ideais da vida divina. Vasquez (1997, p. 231) afirma sobre o assunto:

A ética de Platão depende intimamente, como a sua política: a) da sua concepção


metafísica (dualismo do mundo sensível e do mundo das ideias permanentes,
eternas, perfeitas e imutáveis, que constituem a verdadeira realidade e têm
como cume a ideia do Bem, divindade, artífice ou demiurgo do mundo); b)
da sua doutrina da alma, princípio que anima ou move o homem e consta de
três partes: razão, vontade ou ânimo, e apetite; a razão que contempla e quer
racionalmente é a parte superior, e o apetite, relacionado com as necessidades
corporais, é a inferior.

Aristóteles (384-322 a.C.), estudioso em vários campos científicos como a


química, física e a ética, escritor do livro ética a Nicômaco, aluno de Platão e orientador do
antigo rei Alexandre Magno, aprofundou os estudos sobre ética dos outros dois gregos citados
com um foco para o campo das virtudes. Sá (2007) discorre sobre o tema da seguinte forma:

Quando Aristóteles [...] afirmou que ‘para o homem não existe maior felicidade que
a virtude e a razão ‘situou tal pensamento no sentido de que a prática do bem (que
deflui do exercício da virtude) é a felicidade e que ela deve ser praticada como ideal
e como ato consciente. (SÁ, 2007, p.18).

O filósofo classifica a virtude em dois tipos: intelectual, que pode ser ensinada,
transmitida por outros indivíduos; e a moral, que é obtida por meio do hábito, costume ou
rotina.
18

Com o término da antiguidade clássica no século V d.C., as sociedades europeias


são regidas pelos dogmas do cristianismo que foi amplamente difundido pela igreja católica e
os aspectos éticos difundidos pelos filósofos gregos deram lugar a outras formas, por
exemplo, a de São Tomás de Aquino. Este foi um frade italiano que defendia a ética como
sendo formada por virtudes cardinais, que eram inerentes aos humanos, e as virtudes
teológicas, que eram objetivas em Deus.
Como explica Vasquez (2008), as concepções sobre ética, moral, e valores neste
período estão ligadas à princípios religiosos baseados na lei de Deus. Sobre a ótica religiosa
mais adiante com a ruptura da igreja católica com a protestante surgem duas orientações
éticas. Ainda que ambas sejam Cristãs, as orientações são bem distintas nas concepções das
práticas humanas.
No século XVI a modernidade imprime uma nova forma de conduta que tem na
racionalidade a possibilidade de afirmação do verdadeiro conhecimento. Pensadores como
Descartes, Kant, Humes deram muito da sua contribuição para o aspecto ético da sociedade e
da conduta dos humanos.
Neste período, a ética incorporou-se também nas relações de trabalho e na conduta
dos profissionais. Max Weber disserta sobre a origem do que ele denomina de ethos
profissional. Esse assunto será explicado de forma mais detalhada no tópico a seguir.

2.2 A influência da ética protestante sobre o capitalismo segundo Weber.

Max Weber (1864 – 1920), economista, jurista e sociólogo (considera-se Weber


como fundador da sociologia moderna), escreveu o livro “A ética protestante e o espírito do
capitalismo. Nesta obra, Weber esclarece como as características das correntes religiosas
protestantes colaboraram para o surgimento do conceito de vocação profissional, da ética e da
moral trabalhista, que são as bases motivacionais do sistema capitalista moderno.
Além disso, o sociólogo deu a sua contribuição para a ciência administrativa.
Contemporâneo de outros autores clássicos da administração – Fayol (1841 – 1925), Taylor
(1856 – 1915), Mary Follett (1868 – 1933), Georges Mayo (1880 – 1949), Durkheim (1858 –
1917), McGregor (1906 – 1964) e Abraham Maslow (1908 – 1970) – seus estudos foram a
base do modelo burocrático.
19

No entendimento Weber (2016), durante a época de expansão do capitalismo, os


profissionais e empresários (burgueses) de confissões protestantes detinham uma maior
parcela do capital em relação aos indivíduos de origem católica. Ademais, nos países de
maioria populacional reformada, como os Estados Unidos e a Inglaterra, o capitalismo
evoluiu com maior efetividade. Tais estatísticas são atribuídas as distintas interpretações dos
dogmas difundidos pelas diferentes correntes doutrinarias: enquanto os cristãos tinham uma
formação mais tradicionalista, os protestantes eliminaram a dominação eclesiástica sobre a
vida e possuíam um caráter profissional mais técnico e racional do trabalho. O autor
denomina essa conduta dos protestantes como “espírito capitalista” Weber (2016).
Para Weber, não existe definição clara para o termo “espírito capitalista”, mas é
possível identificar em sua obra “A ética protestante e o espírito capitalista” trechos que o
caracterizam como uma concepção de vida regida de forma pragmática através de um ethos,
criando, consequentemente, um estilo de vida baseado na racionalidade. Lopez- Ruiz (2002,
p. 83) discorre sobre o assunto:

O estilo de vida que encarna o espírito do capitalismo tem de ser, por essa razão,
necessariamente um estilo de vida ético. Um estilo de vida ético não é outra coisa do
que um conjunto de ações, usos e práticas considerados por uma sociedade como
válidos. Em qualquer sociedade, portanto, as práticas que determinam o estilo de
vida prevalecente devem se corresponder com as maneiras estabelecidas e aceitas
em que as pessoas conduzem suas vidas – isto é, conforme uma ética, socialmente
aprovada, que julga os atos humanos em termos de sua bondade ou malícia e,
portanto, define o que é aceitável e o que é reprovável.

Entende-se o ethos que constitui o espírito capitalista como uma mentalidade


voltada para a valoração do trabalho, para o enriquecimento honesto através da atividade
empresarial ou de um exercício profissional específico. Para Lopez-Ruiz (2002), pode ser
conceituado como uma ética que, apoiada nas crenças e valores sociais, orienta a vida
econômica dos indivíduos.
De acordo com Weber (2016), esse estilo de vida ou conduta social origina-se das
novas interpretações aplicadas pelas correntes protestantes dos dogmas bíblicos. Para os
católicos o termo “vocação” significava um “chamado” para a vida sacerdotal e religiosa, já
para a confissão luterana1, a expressão significava uma convocação para o trabalho por meio
do aprendizado de uma atividade e o seu exercício profissional.

1
Movimento religioso que difundia as ideias de Martinho Lutero.
20

Outro exemplo, é a percepção dos calvinistas2 sobre a predestinação. Diferente do


que defendia o catolicismo, que Deus escolhe quem será salvo, na corrente de Calvino, o
sucesso profissional seguindo uma conduta ética e o acumulo de riqueza era uma confirmação
da salvação nos planos etéreos.
As concepções construídas neste período foram difundidas em todo o mundo e
estruturam as sociedades capitalistas modernas. As ideias de “profissão como dever” (Weber,
2016, p 47), o respeito a atividade profissional e a conduta ética do trabalhador tomaram conta
das organizações e das pessoas. Além disso, houve a valorização do trabalho como um status
adquirido perante a sociedade.
Afirma Weber (2016, p 161) que:

[...] Essa época religiosamente boa vivaz do século XVII legou à sua herdeira
utilitária foi sobretudo e precisamente uma consciência imensamente boa– digamos
sem rodeios: farisaicamente boa – no tocante ao ganho monetário, contanto que ele
se desse tão só na forma da lei. [...] Surgira um ethos profissional especificamente
burguês.

Em meados do século XX, as atividades técnicas se organizaram em categorias


de trabalho e passaram a adotar códigos de ética profissional e as organizações empregaram
códigos de ética empresarial baseados nos valores disseminados dentro das companhias. Este
tema será abordado no tópico a seguir.

2.3. Código de Ética

A sociedade humana, ao longo dos tempos, mudou conforme a forma de pensar e


a maneira de se comportar dos homens e das mulheres. Para cada área de suas vidas dentro de
seus respectivos coletivos, há comportamentos e atitudes que devem ser seguidos ou punidos
conforme seus costumes e suas moralidades. Estas, por sua vez, também serão modificadas ao
longo dos anos, por inúmeros fatores sociais, políticos, econômicos e culturais.

A filosofia denominou ética enquanto reflexão sobre as condutas de homens e


mulheres. De acordo com Faria et. al (2014), que se utiliza do pensamento de Rodrigues
Luño, ela serviria para pensar os atos enquanto sendo bons ou maus, estudando-os em sua
prática, criando-se assim as normas.
2
Movimento religioso que difundia as ideias de João Calvino.
21

As maneiras de se pensar sobre ética foram modificadas ao longo dos séculos por
filósofos conhecidos, como Sócrates e Platão, religiosos como São Agostinho e São Tomás de
Aquino, chegando ao momento das revoluções industriais, onde nasceriam as denominações
dos grupos burgueses e dos proletariados e, dessa forma, alcançando a construção das
empresas que conhecemos atualmente, sendo elas de pequeno, médio ou grande porte.
Percebe-se assim que o assunto não é algo imutável e acabado, mas que se
transforma e engloba os temas em voga da sociedade contemporânea. Atualmente, a ética
além de ser pensada sobre o âmbito humano também está presente dentro das organizações
empresariais, na forma de “ética empresarial” ou “ética organizacional”.
Questiona-se então a necessidade de uma ética dentro das empresas. Faria et. al
(2014) comentam que:
Tendo em vista que o atual cenário é caracterizado pela globalização e os processos
tornam-se cada vez mais dinâmicos, a questão ética passa a ser vista como estratégia
pelas empresas que desejam diferencial competitivo. É de suma importância a ética
no contexto organizacional, assim como a maneira que está inserida e exerce
influência no comportamento individual, nas relações trabalhistas e no
relacionamento com a sociedade. (FARIA et. al, 2014, p.16)

Assim, temos que a ética, em termos gerais, é um aspecto necessário para o


desenvolvimento e sucesso de um empreendimento. O “comportamento individual” e o
“relacionamento com a sociedade” fazem parte das “relações trabalhistas”, dessa forma, é
necessário que estas relações alimentem tanto o sucesso da empresa diante da concorrência
quanto o bem-estar dos seus comandantes e dos seus comandados.
No Brasil, de acordo com Humberg (2009), os costumes e as práticas de negócios
estiveram envoltos de “leis” de caráter duvidosos, pois estes comprometiam a concorrência de
forma negativa, em prol do interesse particular do empresário que, de forma desleal e até
criminosa, ambicionava seu crescimento. Ainda assim, o País consegue estruturar nas
empresas os códigos de ética e suas comissões.
Humberg (2009) afirma que a principal influência e estímulo para o Brasil foi o
desenvolvimento das disciplinas de ética nas universidades americanas após os crimes
financeiros e fiscais de empresas norte-americanas terem sido deflagrados pela justiça. Nos
anos de 1990, somente a Fundação Getúlio Vargas, possuía a disciplina “ética empresarial” na
graduação do curso de administração. Dessa forma, percebe-se que, gradualmente, a ética
enquanto pensamento e prática chegarão às empresas de forma retardada se comparada a
22

outros países do globo. Ainda assim, em poucas décadas, a disciplina encontra-se presente nas
grades dos cursos de administração de faculdades e universidades.
Acompanhado também do Código de Ética do Profissional, Mendes (2001) apud
Faria et. al (2014), afirmam que “a ética profissional estudaria e regularia o relacionamento
do profissional com sua clientela, visando dignidade humana e a construção do bem-estar no
contexto sociocultural onde exerce sua profissão, atingindo toda profissão”. A ética
empresarial vem a colaborar como um “conjunto de formas de proceder das empresas em
relação aos seus públicos” (HUMBERG, 2009, p.9).
Dessa forma, tanto a forma individual de atuação do empregado e do líder quanto
da empresa em si diante da concorrência e seu público são alvos de regras e de indicações
comportamentais que tem por objetivo melhorar as ações dentro dos seus negócios.
Em nosso país, a ética empresarial tem, por base, sua atuação nos códigos de ética
e nas implantações de suas comissões ou comitês de ética, ou seja:

Assim, nos últimos anos, Códigos de Ética ou de Conduta, formulados de forma


mais abrangente e divulgados interna e externamente, foram implantados por muitas
empresas no Brasil, e se incorporaram à Governança Corporativa, processo de
melhoria da gestão e transparência das empresas, iniciado pelas companhias de
capital aberto. Hoje há uma tendência geral das empresas, de outras organizações e
mesmo de áreas governamentais para melhorar o que existe de normas internas e
procedimentos externos, para preparar Códigos e divulgar esses documentos, por
várias motivações. (HUMBERG, 2009, p. 3)

Em parágrafos anteriores, afirmou-se sobre a existência de “leis” que


comprometiam de forma negativa as ações empresariais brasileiras, isso se explica em parte
por:

As bases do que se chama comportamento ético, ou simplesmente ética são valores


como a integridade pessoal, a boa-fé, o respeito pelos outros e pelo bem comum.
Enquanto a integridade e a boa-fé parecem ter deixado de ser valores para uma parte
significativa das lideranças e da população brasileira, o respeito pelos outros e pelo
bem comum é algo muito recente no país e ainda não consolidado. Basta lembrar
que saímos do regime escravagista há apenas 120 anos e muitas sequelas desse
tempo são ainda componentes da forma de agir das classes mais privilegiadas.
(HUMBERG, 2009, p. 5)

Assim, a construção de um código de ética se torna importante não somente para


trabalhar valores tradicionais de uma sociedade, mas de auxiliar a todos a conviver com
atitudes que expressem a vontade construtiva em suas corridas para o sucesso.
23

Para Farah (2011), cabem as comissões de ética a criação, implantação e


divulgação dos códigos de ética, além de esclarecer sobre possíveis dúvidas de seu conteúdo.
Nela deve conter o amparo aos deveres e direitos, respostas e atitudes coercitivas, como as
punições, as atitudes que forem consideradas erradas pela comissão.
Farah (2011, p. 1) esclarece sobre esses pontos quando estabelece três metas do
código:
a) princípios e regras de conduta a serem observados pelos membros da organização
em suas relações internas e externas; b) o que fazer em caso de dúvida sobre seus
preceitos; e c) providências que os funcionários deverão adotar no caso de tomarem
conhecimento de uma infração ética.

Deve-se então estar presentes para a construção do código pessoas que atuam nas
diversas áreas da filosofia, do jurídico, auditoria, profissionais de relações públicas e
comunicação organizacional. Embora na prática, o que se vê, é a ausência da participação de
pessoas que lidem com as relações e com a comunicação organizacional, de acordo com
Humberg (2009).
Dessa forma, segundo Farah (2011), compreende-se que a ética empresarial
desenvolvida na empresa, terá como consequência a criação de um modelo de gestão próprio
destacando-o diante de outras empresas de mesmo ramo, por exemplo.
Diante disso, compreende-se a flexibilidade das empresas em formular suas regras
de conduta de maneira particular e que as beneficiem. Contudo, é perceptível que “essas
formas de fazer” angariam acertos e erros, aspectos que ainda assim não configuram um
padrão igual às formações e administrações das empresas, sejam elas de ramos iguais ou
diferentes. (FARAH, 2011)
Portanto, faz-se necessário que os atuantes das comissões de ética estejam a par
das mudanças não somente econômicas, mas sociais e culturais próprios e de seus
empregados. Pensar em formas de o conhecimento sobre as regras e a importância de agir
conforme as prerrogativas da empresa chegar a todos são importantes. Além disso, o
empreendimento particular deve estar aberto as “diversas vozes” que compõe uma empresa,
para que os aspectos qualitativos dos serviços e produtos ofertados cheguem ao consumidor
final de forma que a índole empresarial seja lembrada de forma positiva.
24

2.4. Código de Ética dos Profissionais da Administração (CEPA)

Pela fundamental importância do código de ética e que acabou se tornando uma


ferramenta indispensável no mundo dos negócios, para Humberg (2009), a ética empresarial
ou organizacional evoluiu muito nas empresas o que torna também a maioria das faculdades
de Administração adotar disciplina de ética como requisito para preparação para o futuro
profissional da Administração.
Tal importância é destacada sob o ponto de vista de Amorim e Pedro (2007 apud
SILVA 2014), que a ética é indispensável ao profissional, pois diz respeito à competência e à
eficiência para exercer bem uma profissão, ou seja, também está relacionado ao desempenho
do profissional quanto à sua atividade com pensamento cooperativo na empresa.
Silva (2014) enfatiza que a ética dos profissionais da administração garante e é
essencial para um bom funcionamento das relações interpessoais, das atividades empresariais
e um bom funcionamento do ambiente de trabalho, isto é, de modo geral, é fundamental para
um bom funcionamento das organizações.
Contudo, antes do código de ética ser estabelecido, as organizações empresariais
se utilizavam de valores e crenças dos seus fundadores ou donos (cultura organizacional), o
que depois eram transformados em normas ou regras de como se referiam às relações com os
empregados ou funcionários e aos clientes pela busca em atender da melhor maneira a fim de
que se possa garantir fidelidade, até mesmo a melhor forma como se relacionar com outros
stakeholders. (HUMBERG, 2009).
A partir disso com a evolução da ética, os códigos de ética ou de conduta foram
implantados por muitas empresas no Brasil, e se incorporaram à Governança Corporativa, a
fim de que se tenha um processo de melhoria da gestão e traga uma transparência das
empresas. (HUMBERG, 2009).
Na perspectiva do ambiente dos negócios, Whitaker (2006) apud Faria et. al
(2014), afirmam que as empresas tem definido o código de ética com o intuito de poder
orientar as ações de seus colaboradores e explicar sua postura ante os diferentes públicos com
os quais interage.
Para Sá (2004) apud Silva (2014, p. 27), há características que demonstram um
profissional ético: “honestidade em qualquer situação, sinceridade, franqueza, generosidade,
transparência, coragem para assumir as decisões, flexibilidade, postura pró-ativa e de
cooperação - saber trabalhar em equipe -, tolerância, integridade e humildade”.
25

Portanto, a ética pertencente ao profissional e se torna diferencial indispensável no


mercado de trabalho, haja vista que as empresas buscam em que possam confiar possuindo
valores éticos e morais de acordo com código de ética. (SILVA, 2014).
Diante disso, Alonso, López e Castrucci (2006) apud Faria et. al (2014) destacam
como no Brasil as profissões são organizadas de acordo com os Conselhos Profissionais a fim
de que os profissionais sejam fiscalizados pelo seu exercício e pelos membros do conselho os
quais se destaca o Código de Ética Profissional e seus respectivos princípios éticos
específicos de cada profissão.
Isto é, pode se dizer que, para Faria et. al (2014), é essencial que cada profissional
conheça o código de ética por sua classe ou área específica profissional para poder exercer
com ética suas atividades. Daí, para o profissional da Administração possui o chamado
Código de Ética dos Profissionais de Administração (anexo B).
A profissão de administração se tornou importante em sua atividade nas
organizações. Cabe ao administrador avaliar e analisar de forma correta o rumo da
organização para evitar possíveis desvios prejudiciais, a partir do foco dado à gestão.
(REGINATTO, 2012). Logo, é parte do Administrador exercer papel influente no
desenvolvimento social e empresarial e que o código de ética é serve como um guia orientador e
estimulador de novos comportamentos (ALONSO; LÓPEZ; CASTRUCCI, 2010 apud REATTO
et. al, 2010).
Em se tratando deste código, conforme Alonso, Castrucci e López (2006, p. 215),
“é um código pioneiro, fruto de um grande esforço por parte dos pioneiros administradores
que souberam em pouco tempo organizar a classe e a profissão”. Ele foi publicado pela
através da Resolução Normativa CFA nº 04, de 07 de maio de 1979 (CFA, 2013). Contudo,
tal código foi reformulado e o novo CEPA foi aprovado por meio da Resolução Normativa
CFA nº 353, de 6 de dezembro de 2010, na 19ª Reunião Plenária do Conselho Federal de
Administração (CFA), realizada no dia 3 de dezembro de 2010.
De acordo com o Conselho Federal de Administração (CFA) (2010, p. 1), o
CEPA:

É o guia orientador e estimulador de novos comportamentos e está fundamentado


em um conceito de ética direcionado para o desenvolvimento, servindo
simultaneamente de estímulo e parâmetro para que o Administrador amplie sua
capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação mais eficaz diante da
sociedade.
26

O código de ética para o profissional da Administração CEPA, por se trará em uma


Resolução Normativa, estruturada em 14 artigos e para melhor compreensão foi abordada por
Reatto et. al (2014), da seguinte forma organizada no quadro 1:

Quadro 1 – Estrutura do Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA).

Fonte: Reatto et. al (2014).

Pode se observar que, o curso de Administração, de acordo com Mariuti (2009)


apud Faria et. al (2014), que prepara pessoas para exercerem cargos de gestão, supervisão e
direção, necessita também, sobretudo, enfatizar que tais condutas necessitam manter um
comportamento correto, idôneo, íntegro, atendendo as necessidades humanas e do mercado ao
qual enfrentará.
Conclui se que, para Faria et. al (2014), então que o Código de Ética dos
Profissionais de Administração (CEPA) como instrumento serve como facilitador da conduta
ética de orientação e de direcionamento para um bom exercício da profissão. Com relação ao
presente estudo sobre a ética profissional aplicado aos discentes do curso de Administração da
UFC, a próxima seção abordará sobre a metodologia para pesquisa do trabalho.
27

3 METODOLOGIA

O presente capítulo expõe os procedimentos utilizados com o intuito de responder


o problema e os objetivos propostos.
O tipo de pesquisa deste trabalho classifica-se como exploratório. Este tem como
objetivo “a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver
hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para
realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos”
(MARCONI e LAKATOS, 2003, p 188).
De acordo com Gil (2002, p. 41), as pesquisas exploratórias possuem um
planejamento versátil que, consequentemente, proporciona “a consideração dos mais variados
aspectos relativos ao fato estudado” e que, geralmente, estão relacionadas a levantamentos
bibliográficos, entrevistas com pessoas e análise de exemplos sobre o que está sendo
pesquisado.
Em relação aos procedimentos técnicos, neste trabalho são utilizados o
bibliográfico, documental e levantamento de campo. O primeiro é uma pesquisa que “abrange
toda a bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações
avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico
etc.” (MARCONI e LAKATOS, 2003, p 183). Além do procedimento técnico bibliográfico,
também se utiliza o documental, pois se manuseia um documento emitido pelo conselho
federal de administração (CFA) que é o código de ética profissional do administrador
(CEPA).
Apesar de serem procedimentos parecidos, existe divergência entre a técnica
bibliográfica e a documental. Gil (2002) discorre sobre o assunto:

A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes/Enquanto a pesquisa


bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores
sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não
recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de
acordo com os objetos da pesquisa. (Gil, 2002, p 45)

Para Gil (2002), o levantamento de campo caracteriza-se pela abordagem direta


através de interrogatório dos indivíduos fazem parte da população que se almeja estudar. A
28

ferramenta utilizada para a coleta de dados foi o questionário aplicado utilizando recurso
disponível no site da Google via internet.
O universo da pesquisa é a população de alunos do curso de administração da
Universidade Federal do Ceará que exercem alguma atividade profissional remunerada
(estágio e trabalho). Com isso, selecionou-se uma amostra de conveniência de quarenta alunos
do período noturno, devido a maior probabilidade de discentes em exercício profissional.
O questionário utilizado para coleta de dados está estruturado em três partes. A
primeira, Perfil do entrevistado, é formada por perguntas de múltipla escolha que buscam
saber as características pessoais e profissionais dos indivíduos selecionados. Além disso, há
uma pergunta aberta que visa captar o entendimento dos entrevistados sobre ética profissional.
Já a segunda parte, Dilemas éticos, que visa atingir o objetivo específico de analisar a
percepção dos estudantes acerca do comportamento ético, é formada por seis perguntas que
simulam acontecimentos relacionados a ética profissional que estão baseadas nos deveres,
proibições e direitos previstos nos artigos de código de ética profissional do administrador. As
respostas têm o formato da escala de Likert. Para Arruda, Leite e Nogueira (2011, p. 10):

A Escala de Likert é uma escala de resposta psicométrica usada em pesquisas de


opiniões, onde através de questionários aplicados, as respostas podem ser positivas
ou negativas. Podem ser usadas quatro questões onde a pessoa pesquisada tem que
dar uma resposta positiva ou negativa [...]

Por último, a terceira parte, conhecimento sobre o código de ética, converge com
o objetivo específico de verificar o grau de conhecimento dos discentes sobre o CEPA. Esta
sessão foi retirada e adaptada do trabalho de conclusão de curso dos alunos Faria et. al (2014).
Os resultados alcançados foram expostos no tópico a seguir.
29

4 ANÁLISE DE DADOS

As respostas foram obtidas mediante os questionários aplicados satisfazer. Este


estudo tem o intuído de verificar o grau de conhecimento dos discentes sobre o código de
ética do profissional de administração e analisar a percepção dos estudantes acerca do
comportamento ético.
A apresentação dos dados coletados segue a ordem das perguntas da entrevista,
que, como já foi exposto na metodologia, segmenta-se em três partes: Perfil dos entrevistados,
dilemas éticos, conhecimento sobre o código de ética do administrador.

4.1 Perfil da Amostra

A amostra selecionada de quarenta e dois alunos possui um homogeneidade na


distribuição em relação ao gênero. Como é possível verificar no gráfico 1, a quantidade de
entrevistados do sexo feminino é igual à quantidade de entrevistados do sexo masculino:

Gráfico 1 – Porcentagem dos sexos da amostra.

Fonte: Elaboração própria.


30

Em relação a idade dos entrevistados, percebe-se, de acordo com o gráfico 2,


que a maioria (59,5%) pertence a faixa etária correspondentes ao intervalo entre vinte e vinte
e anos, sucedido dos alunos de vinte e seis a trinta anos (21,4%), logo após os que têm acima
de trinta e seis anos (9,5%), em seguida os trinta e um a trinta e cinco anos (7,1%), e, por
último, os alunos com até dezenove anos (2,4%). As porcentagens obtidas podem ser
explicadas pelo fato que, segundo o Inep (2013) as pessoas geralmente ingressam no ensino
superior com a idade entre dezoito e vinte e um anos aliado ao dado de que o curso de
administração da UFC tem a duração de quatro anos:

Gráfico 2 – Faixa etária.

Fonte: Elaboração própria.

Apurou-se também o período letivo que os universitários se encontram e


constatou-se a maior parcela (quatorze alunos) responderam nono semestre e, em seguida, 11
alunos afirmaram estar no oitavo semestre. Apesar do curso de administração da UFC possuir
quatro anos, muitos alunos prologam a vida acadêmica devido a motivos trabalhistas. Por
isso, é possível verificar no gráfico 3 que na amostra obteve-se respostas de estudantes até do
décimo período:
31

Gráfico 3 – Semestre do curso do perfil da amostra.

Fonte: Elaboração própria.

As duas questões seguintes (quatro e cinco) visam saber algumas características


da atividade remunerada dos interrogados. Na quarta questão, pergunta-se qual a classificação
do trabalho realizado baseado nos níveis hierárquicos de uma empresa. Alcançou-se uma
resposta em que 35% atuam como estagiários nas organizações. Isto está ligado ao fato de que
os estudantes, em sua grande maioria, estão em início de carreira profissional. Já a segunda,
solicitou-se a área de atuação, onde 36.6% afirmaram trabalhar na área administrativa.
Tais informações estão descritas nos gráficos 4:

Gráfico 4 – Ocupação do perfil da amostra.

Fonte: Elaboração própria.


32

Gráfico 5 – Área de atuação do perfil da amostra.

Fonte: Elaboração própria.

Logo após, os entrevistados se depararam com uma pergunta aberta que tinha o
objetivo avaliar o conhecimento dos discentes sobre o conceito de ética profissional. No
resultado obtido, 36% dos respondentes conceituaram ética, como sendo uma boa conduta
profissional voltada para moral e bem estar no ambiente profissional. Em segundo lugar,
definiram ética (26% dos respondentes) como sendo o respeito às normas técnicas, leis, regras
e questões morais de uma sociedade. E em terceiro, com 17%, ética foi considerada como
agir de maneira limpa e transparente respeitando as leis e a moral no ambiente profissional.

Tabela 1 – Ética profissional definida segundo os respondentes.


ÉTICA PROFISSIONAL DEFINIDA SEGUNDO
OS RESPONDENTES (%)
Respeito as normas técnicas, leis,
regras e questões morais de uma 11 26%
sociedade
Agir de maneira limpa e transparente,
respeitando as leis e a moral que 7 17%
regem a sua profissão.
A boa conduta do profissional, tudo
que envolve a moral e o bem estar de 15 36%
todos no ambiente profissional.
Capacidade de realizar suas tarefas de
3 7%
forma honesta e correta.
Algo que deve ser primordial para si e
para relacionamento interpessoal,
6 14%
sem prejudicar ninguém, agindo com
respeito e responsabilidade
Total 42 100%
Fonte: Elaboração própria.
33

4.2 Dilemas éticos

Nesta seção, que tem como objetivo analisar o comportamento dos estudantes
acerca da ética profissional submeteu-se aos entrevistados simulações de situações que
ocorrem nas empresas e nas atividades profissionais. A resposta era através da escala likert de
cinco opções (variando entre discordo totalmente a concordo totalmente). Os dilemas foram
baseados no conteúdo do código de ética do profissional de administração que é emitido pelo
conselho federal de administração.
No dilema 01, trata do capítulo V do CEPA: Deveres especiais em relação aos
colegas. Obteve-se a porcentagem mostrada no gráfico abaixo:

Gráfico 6 – Dilema 01.

Fonte: Elaboração própria.

O dilema 2, aborda o tema da concorrência desleal que é apreciada no capítulo II,


relativo as proibições, especificamente o artigo 2 tópico XIV. Constatou-se que a maioria
discorda totalmente da situação proposta:
34

Gráfico 7 – Dilema 02.

Fonte: Elaboração própria.

Os dilemas 3, 4 e 5 referem-se a temas que podem resultar em crimes e,


consequentemente, em infrações disciplinares. O assunto tradado é abordado no capítulo VII
com o título de infrações disciplinares. As respostas obtidas estão expostas nos gráficos
abaixo:

Gráfico 8 – Dilema 03.

Fonte: Elaboração própria.


35

Gráfico 9 – Dilema 04.

Fonte: Elaboração própria.

Gráfico 10 – Dilema 05.

Fonte: Elaboração própria.

Por último, o dilema 6, trata da questão do sigilo profissional e documental que é


abordado nos capítulos I e II. Respectivamente, deveres e proibições. Conseguiu-se a seguinte
porcentagem:
36

Gráfico 11 – Dilema 06.

Fonte: Elaboração própria.

Ainda abordando a questão do comportamento dos estudantes, questionou-se a


vivência de uma situação antiética no ambiente de trabalho (gráfico 12). Em caso de resposta
positiva, perguntava-se através de uma caixa de seleção (podendo marcar mais de um item)
quais os indivíduos que participaram da ação (gráfico 13). Como resultado, obteve-se uma
resposta positiva de 64,3% dos entrevistados:

Gráfico 12 – Antiética no local de trabalho.

Fonte: Elaboração própria.


37

Gráfico 13 – Envolvidos na situação antiética.

Fonte: Elaboração própria.

Em seguida, desejou-se saber como os alunos reagem ao se depararem com situações


consideradas fora dos padrões éticos. A maioria de 57,1% afirmou que não participa desses
acontecimentos, pois divergem do que foi ensinado na faculdade. Esta estatística converge
com o que é exposto por Humberg (2009) que afirma que as universidades brasileiras passar a
lecionar ética desde anos noventa. O gráfico a 14 expõe os dados encontrados:

Gráfico 14 – Reação ao se deparar com situações de antiéticas.

Fonte: Elaboração própria.

Nas questões 15 e 16 aborda-se o tema da ética dentro das empresas, questionando


se as empresas onde alunos exercem atividade remunerada possuem um código de ética
próprio e se possui um meio para denúncia de situações antiéticas respectivamente. Ambas as
38

respostas foram de maioria positiva – 54,8% na primeira e 40,5% na segunda. Como explica
Faria (2014, p.16), devido à globalização “a questão ética passa a ser vista como estratégia
para as empresas que desejam diferencial competitivo, pois a ética exerce influência no
comportamento dos trabalhadores e no relacionamento das organizações com a sociedade”.
Visualiza-se nos gráficos 15 e 16

Gráfico 15 – Código de ética na empresa.

Fonte: Elaboração própria.

Gráfico 16 – Código de ética na empresa.

Fonte: Elaboração própria.


39

4.3 Conhecimento sobre o código de ética profissional do Administrador

Na última sessão do questionário, buscou-se avaliar o conhecimento dos


discentes em relação ao CEPA. Como mostra o gráfico 17, perguntou-se ao entrevistado se
ele conhecia o código de ética dos administradores. Para os discentes que responderam
negativamente, questionou-se as possíveis causas do desconhecimento (gráfico 18) e a
aplicabilidade do CEPA caso conhecessem (gráfico 19). Já para as repostas positivas,
inquiriu-se como conheceram (gráfico 20), qual o grau de conhecimento (gráfico 21) e
aplicação na profissão (gráfico 22).

Gráfico 17 – Conhecimento do código de ética.

Fonte: Elaboração própria.

No caso da resposta negativa, perguntou-se o motivo do desconhecimento do


CEPA e o que se descobriu é que 97,1% dos indivíduos que responderam negativamente, não
sabiam da sua existência:
40

Gráfico 18 – O motivo de não conhecer o código de ética.

Fonte: Elaboração própria.

O resultado obtido nessa questão diverge com as teorias abordadas neste trabalho.
Como já apresentado, a disciplina de ética passou a ser obrigatória nas grades curriculares dos
cursos de administração. Além disso, segundo o que está exposto no CEPA no artigo 1º inciso
X: “é dever dos “profissionais envolvidos no processo de formação dos Profissionais de
Administração, cumpre informar, orientar e esclarecer sobre os princípios e normas contidas
neste Código” e no artigo 14 do capítulo VII “é dever dos CRAs dar ampla divulgação ao
CEPA”.
Quando questionados se, caso conhecessem o CEPA, aplicariam o conteúdo na
sua atividade, obteve-se a seguinte resposta:
41

Gráfico 19 – Caso conhecesse o código de ética do administrador.

Fonte: Elaboração própria.

Para a amostra que respondeu positivamente, questionou-se quais os meios que


obtiveram conhecimento do CEPA. As informações encontradas estão evidenciadas no
gráfico 20:

Gráfico 20 – Meios de divulgação.

Fonte: Elaboração própria.

Aos que conheciam o CEPA, pediu-se que avaliassem o grau de conhecimento do


código em uma questão de múltipla escolha com as opções excelente, bom, razoável e ruim.
Desse modo, 50% dos entrevistados consideraram ter um conhecimento bom, 37,5% razoável
e 12,5% ruim:
42

Gráfico 21 – Grau de conhecimento sobre código de ética.

Fonte: Elaboração própria.

Por último questionou-se a aplicação dos princípios éticos do CEPA na atividade


profissional e conseguiu-se o resultado exposto abaixo:

Gráfico 22 – Profissionais que praticam o código de ética.

Fonte: Elaboração própria.


43

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo buscou-se responder a questão de como os alunos


trabalhadores da Universidade Federal do Ceará reagem aos dilemas éticos que surgem na
rotina do trabalho. Para isto, foram traçados e cumpridos os objetivos específicos de verificar
o grau de conhecimento dos discentes sobre o código de ética do profissional de
administração e analisar a percepção dos estudantes acerca da importância do comportamento
ético.
Primeiro, foi proposto aos entrevistados situações consideradas antiéticas e que
estão previstas no código de ética do profissional de administração. As respostas eram
fornecidas por meio da escala Likert onde a maioria das respostas em todas as questões foi de
“discordo totalmente com a situação”.
Logo após, perguntas múltipla escolha visavam verificar o conhecimento do
alunos sobre o CEPA. Como resultado, obteve-se uma estatística de que 81% dos
entrevistados não conheciam o conteúdo do CEPA. Destes, 97,1% afirmaram que não sabiam
da existência do código, pois nunca foi apresentado.
O fato encontrado diverge das resoluções que o conselho federal de administração
defende, pois, de acordo com o exposto no CEPA no capítulo I “é dever dos “profissionais
envolvidos no processo de formação dos Profissionais de Administração, cumpre informar,
orientar e esclarecer sobre os princípios e normas contidas neste Código”. Ademais, desde
1992 o MEC propôs que os cursos de administração inserissem a disciplina de ética na grade
curricular.
Apesar da grande porcentagem de alunos encontrada pela pesquisa que
desconhecem o CEPA, os entrevistados responderam de forma socialmente aceitável com a
boa conduta no trabalho quando confrontados com dilemas sugeridos no questionários. Como
salienta Weber (2016), nas sociedades capitalistas a profissão passou a ser um dever que deve
ser cumprido de acordo com a lei. Essa lei que tem caráter normativo se estende além-
fronteiras da empresa. A impressão que fica é que no espaço do senso comum a ética das
empresas se aproxima dos indivíduos, ou talvez, rege seus comportamentos adquiridos ao
longo da sua existência.
Sugere-se uma maior divulgação do código de ética profissional do administrador
para os estudantes da UFC devido a sua importância para as práticas trabalhistas. Além disso,
propõe-se que estudos mais aprofundados acerca do tema sejam realizados e que possam
analisar o ensino da ética na Universidade.
44

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paula Rodrigues. Análise da percepção da ética na profissão de Secretariado


Executivo: Um levantamento na cidade de Muriaé –MG.2007. 76 f. Monografia (Graduação
Secretariado Executivo Trilingüe) -Centro de Ciências Humanas Letras e Artes,
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007. Disponível em:
<http://www.upf.br/seer/index.php/ser/article/view/3038/2034>. Acesso em 14 jun. 2016.
ALONSO, F. R.; LÓPEZ, F. G.; CASTRUCCI, Plínio de Lauro. Curso de Ética em
Administração Empresarial e Pública. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2012.
ARRUDA, G.; LEITE, A. da S.; NOGUEIRA, M.A.F. de S.A relação entre a ética
profissional do contabilista e os princípios contábeis. Mato Grosso do Sul, 2011. Disponível
em:<http://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigoglaucemary.pdf>.Acesso em:
05 jun. 2016.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução
à filosofia. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2003
ALONSO, Félix Ruiz; CASTRUCCI, Plínio de Lauro; LÓPEZ, Francisco Granizo. Curso de
ética em administração. São Paulo: Atlas, 2006.

CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO – CFA. Resolução Normativa CFA nº


393/10: aprova o novo Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) e o
Regulamento do Processo Ético do Sistema CFA/CRAs, e dá outras providências. Brasília:
CFA, 2010. Disponível em: <http://www.cfa.org.br/administracao/etica-
profissinal/regulamento-do-codigo-de-etica>. Acesso em: 02 de junho de 2016.

FARAH, F. Modelos de Gestão da ética empresarial. 2011. Disponível em: <


http://www.eticaempresarial.com.br/imagens_arquivos/artigos/file/monografias/modelo_gesta
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FARIA, A. F., et. al. A percepção dos discentes do curso de Administração da


FACISABH sobre o código de ética dos profissionais da Administração (CEPA). 2014.
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso da graduação do curso de Administração) –
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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GITLOW, Abraham L. Ser chefe: a importância da liderança e do poder. Rio de Janeiro:


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GRIMALDI, Nicolas. Sócrates, o feiticeiro. Editora: Edições Loyola. 2006.
HUMBERG, M. E. Ética Organizacional e Relações Públicas. Ética Empresarial, 2009.
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45

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TEIXEIRA –INEP. Censo da educação superior: 2011 –resumo técnico. Brasília: INEP, 2013.
Disponível em: <http//portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior/resumos-tecnicos>.
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MACHADO, Maristela. Atitudes Éticas: contribuição das universidades de Santa Catarina
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Blumenau. Blumenau, 2006. Disponível em:
<http://www.bc.furb.br/docs/MO/2006/316988_1_1.PDF>. Acesso em: 2 set. 2015
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed.São
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PINHO, Raquelina C. Arruda (fac.). Ética nas relações interpessoais e profissionais. Ceará,
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profissional e conhecimento do código de ética do Administrador. Convibra, 2014.
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Administração) – Departamento de ciências Administrativas, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Disponível em:
<http://www.ufjf.br/virgilio_oliveira/files/2014/09/Reginatto-2012.pdf>. Acesso em 02 de
junho de 2016.
SÁ, Antônio Lopes de. Ética Profissional.7. ed. São Paulo: Atlas, 2007
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VÁZQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética. 8.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1985.
______. Ética.17 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989
______. Ética.17 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Ed. de Antonio Flávio
Pierucci. Tradução de José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Companhia das Letras,
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WHITAKER, Maria do Carmo. Por que as empresas estão implantando códigos de ética?
Portal do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. 2006. Disponível em:
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46

.LOPEZ-RUIZ, Osvaldo Javier. O ethos dos executivos das transnacionais e o espírito do


capitalismo. 2004.
47

ANEXO A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ESTUDANTES DE


ADMINISTRAÇÃO UFC.
Prezados estudantes de administração,

Estou realizando uma pesquisa em parceria com o professor Carlos Manta do


Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará (UFC), sobre como os
estudantes e trabalhadores contornam os problemas éticos que surgem durante o exercício da
profissão. Portanto, peço a sua colaboração respondendo o questionário abaixo. Suas
respostas serão restritas ao trabalho e não é necessário identificação.

A pesquisa será divulgada por meio do trabalho de conclusão de curso de bacharelado


em administração.

Desde já agradeço a sua ajuda e a sua atenção.

Wiclif Bernardino Pinheiro – Graduando em Administração

Perfil do entrevistado

1) Sexo:

( ) Feminino

( ) Masculino

2) Faixa Etária:

( ) Até 19 anos

( ) 20 – 25 anos

( ) 26 – 30 anos

( ) 31 – 35 anos

( ) Acima de 36 anos

3) Em qual período você está:

( ) 3º semestre

( ) 4º semestre

( ) 5º semestre

( ) 6º semestre
48

( ) 7º semestre

( ) 8º semestre

( ) 9º semestre

( ) Outro:_______

4) Qual a classificação da atividade que você exerce?

( ) Empresarial - Proprietário do empreendimento

( ) Gerencial - Líder de uma equipe, mas subordinado a alguém

( ) Operacional - Executa tarefas e não tem subordinados

( ) Estagiário

( ) Outro: _________

5) Área de atuação:

( ) Administrativa

( ) Financeira

( ) Logística

( ) Marketing

( ) Recursos Humanos

( ) Produção

6) O que você entende por ética profissional?

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

Dilemas éticos

Selecione o seu grau de concordância de acordo com a situação exposta abaixo. Os níveis de
escolha são:

(1) Discordo totalmente - (2) Discordo - (3) Não concordo nem discordo - (4) De acordo - (5)
Totalmente de acordo.
49

7) Dilema 1:

Ao Disputar o cargo de supervisor da empresa com um colega de trabalho, Carla investiga o


concorrente para descobrir segredos que possam ser usados como “arma” para garantir a vaga
almejada.

1__ 2__ 3__ 4__ 5__

8) Dilema 2:

Pedro obteve, através de espionagem, informações sobre o valor de venda do produto dos
concorrentes Ao saber o preço, passa a vender o seu produto com o valor muito próximo do custo de
produção com o objetivo de “quebrar” os concorrentes.

1__ 2__ 3__ 4__ 5__

9) Dilema 3:

Para aumentar a lucratividade do empreendimento e expandir o negócio, o proprietário da


Confecções de Jeans – ME, Marcelo, sonega impostos federais declarando apenas metade do
faturamento anual obtido.

1__ 2__ 3__ 4__ 5__

10) Dilema 4:

Para cumprir as metas e demonstrar ser um funcionário exemplar, Alberto também executa
suas obrigações profissionais em casa. Entretanto, para concretizar seu trabalho é necessário
que retire documentos sigilosos da empresa e os leve para a sua residência.

1__ 2__ 3__ 4__ 5__

11) Dilema 5:

Os sócios majoritários da companhia EFG S.A., pretendem maquiar os resultados semestrais


da empresa para não comprometer a relação com os demais investidores e descapitalizar o
empreendimento.

1__ 2__ 3__ 4__ 5__


50

12) Dilema 6

Para ganhar uma licitação pública de entrega de materiais de construção em um município do


interior do estado, os proprietários do depósito de construção ABCD Ltda., concordaram em
pagar dez por cento do valor da licitação para o prefeito da cidade.

1__ 2__ 3__ 4__ 5__

13) Você já se deparou com alguma situação antiética em seu local de trabalho?

( ) Sim

( ) Não

Se sim, essa ação estava relacionada:

( ) Você

( ) Ao(s) colega(s) do mesmo nível hierárquico ou abaixo

( ) Ao(s) lídere(s)

14) Qual a sua reação ao se deparar com essa(s) situação(ões) antiética(s) em seu local de
trabalho?

( ) Se a situação resultar em um benefício profissional, você participa sem hesitar.

( ) Participa da situação mesmo que não concorde, já que o seu papel é cumprir ordens, ou
perderá o seu emprego.

( ) Procura discutir a situação antes de se envolver.

( ) Não participa, pois a situação diverge dos princípios ensinados na faculdade.

15) A empresa na qual você trabalha/estagia possui código de ética empresarial?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei responder


51

16) A empresa na qual você trabalha/estagia possui um canal ético de denúncia?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei responder

Conhecimento sobre o código de ética

17) Você conhece o Código de Ética Profissional do Administrador?

( ) Sim

( ) Não

Responda apenas as questões 18 e 19 caso não conheça. Se a resposta foi positiva, pule as
questões 18 e 19.

18) O motivo de não conhecer o código de ética do profissional do administrador é:

( ) O código foi apresentado durante as atividades acadêmicas (disciplinas, palestras,


congressos, etc.), mas não recordo o conteúdo.

( ) O código foi apresentado durante o exercício da atividade profissional, mas não recorda o
conteúdo.

( ) Não sabia da existência, pois o código nunca foi apresentado para mim.

19) Caso conhecesse o código de ética profissional do administrador, você aplicaria o


conteúdo na sua atividade?

( ) Sim

( ) Não

20) Através de quais meios ficou sabendo?

( ) Interesse pessoal

( ) Durante as aulas
52

( ) Palestras

( ) Divulgação do CRA-CE

( ) Mídias sociais (internet, televisão, jornais, etc)

( ) Outros:_____________

21) Qual o seu grau de conhecimento sobre o Código de Ética Profissional?

( ) Excelente

( ) Bom

( ) Razoável

( ) Ruim

22) Em seu trabalho você pratica o que está exposto no Código de Ética do Profissional de
Administração?

( ) Sim

( ) Não
53

ANEXO B – CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO


(CEPA)
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO

(APROVADO PELA RESOLUÇÃO NORMATIVA CFA Nº 393, DE 6 DE


DEZEMBRO DE 2010)

PREÂMBULO

I - De forma ampla a Ética é definida como a explicitação teórica do fundamento último do


agir humano na busca do bem comum e da realização individual.

II - O exercício da atividade dos Profissionais de Administração implica em compromisso


moral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a sociedade, impondo
deveres e responsabilidades indelegáveis.

III - O Código de Ética dos Profissionais de Administração (CEPA) é o guia orientador e


estimulador de novos comportamentos e está fundamentado em um conceito de ética
direcionado para o desenvolvimento, servindo simultaneamente de estímulo e parâmetro para
que o Administrador amplie sua capacidade de pensar, visualize seu papel e torne sua ação
mais eficaz diante da sociedade.

CAPÍTULO I

DOS DEVERES

Art. 1º São deveres do Profissional de Administração: I - exercer a profissão com zelo,


diligência e honestidade, defendendo os direitos, bens e interesse de clientes, instituições e
sociedades sem abdicar de sua dignidade, prerrogativas e independência profissional, atuando
como empregado, funcionário público ou profissional liberal;

II - manter sigilo sobre tudo o que souber em função de sua atividade profissional;

III - conservar independência na orientação técnica de serviços e em órgãos que lhe forem
confiados;

IV - comunicar ao cliente, sempre com antecedência e por escrito, sobre as circunstâncias de


interesse para seus negócios, sugerindo, tanto quanto possível, as melhores soluções e
apontando alternativas;

V - informar e orientar o cliente a respeito da situação real da empresa a que serve; VI -


renunciar, demitir-se ou ser dispensado do posto, cargo ou emprego, se, por qualquer forma,
tomar conhecimento de que o cliente manifestou desconfiança para com o seu trabalho,
hipótese em que deverá solicitar substituto;

VI - renunciar, demitir-se ou ser dispensado do posto, cargo ou emprego, se, por qualquer
forma, tomar conhecimento de que o cliente manifestou desconfiança para com o seu
trabalho, hipótese em que deverá solicitar substituto;
54

VII - evitar declarações públicas sobre os motivos de seu desligamento, desde que do silêncio
não lhe resultem prejuízo, desprestígio ou interpretação errônea quanto à sua reputação;

VIII - esclarecer o cliente sobre a função social da organização e a necessidade de preservação


do meio ambiente;

IX - manifestar, em tempo hábil e por escrito, a existência de seu impedimento ou


incompatibilidade para o exercício da profissão, formulando, em caso de dúvida, consulta ao
CRA no qual esteja registrado;

X - aos profissionais envolvidos no processo de formação dos Profissionais de Administração,


cumpre informar, orientar e esclarecer sobre os princípios e normas contidas neste Código. XI
- cumprir fiel e integralmente as obrigações e compromissos assumidos, relativos ao exercício
profissional; XI - manter elevados o prestígio e a dignidade da profissão.

CAPÍTULO II

DAS PROIBIÇÕES

Art. 2º É vedado ao Profissional de Administração:

I - anunciar-se com excesso de qualificativos, admitida a indicação de títulos, cargos e


especializações;

II - sugerir, solicitar, provocar ou induzir divulgação de textos de publicidade que resultem


em propaganda pessoal de seu nome, méritos ou atividades, salvo se em exercício de qualquer
cargo ou missão, em nome da classe, da profissão ou de entidades ou órgãos públicos;

III - permitir a utilização de seu nome e de seu registro por qualquer instituição pública ou
privada onde não exerça pessoal ou efetivamente função inerente à profissão;

IV - facilitar, por qualquer modo, o exercício da profissão a terceiros, não habilitados ou


impedidos;

V - assinar trabalhos ou quaisquer documentos executados por terceiros ou elaborados por


leigos alheios à sua orientação, supervisão e fiscalização;

VI - organizar ou manter sociedade profissional sob forma desautorizada por lei;

VII - exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa do Sistema CFA/CRAs
transitada em julgado;

VIII - afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem razão


fundamentada e sem notificação prévia ao cliente ou empregador;

IX - contribuir para a realização de ato contrário à lei ou destinado a fraudá-la, ou praticar, no


exercício da profissão, ato legalmente definido como crime ou contravenção;

X - estabelecer negociação ou entendimento com a parte adversa de seu cliente, sem sua
autorização ou conhecimento;
55

XI - recusar-se à prestação de contas, bens, numerários, que lhes sejam confiados em razão do
cargo, emprego, função ou profissão, assim como sonegar, adulterar ou deturpar informações,
em proveito próprio, em prejuízo de clientes, de seu empregador ou da sociedade;

XII - revelar sigilo profissional, somente admitido quando resultar em prejuízo ao cliente ou à
coletividade, ou por determinação judicial;

XIII - deixar de cumprir, sem justificativa, as normas emanadas dos Conselhos Federal e
Regionais de Administração, bem como atender às suas requisições administrativas,
intimações ou notificações, no prazo determinado;

XIV - pleitear, para si ou para outrem, emprego, cargo ou função que esteja sendo ocupado
por colega, bem como praticar outros atos de concorrência desleal;

XV - obstar ou dificultar as ações fiscalizadoras do Conselho Regional de Administração;

XVI - usar de artifícios ou expedientes enganosos para obtenção de vantagens indevidas,


ganhos marginais ou conquista de contratos;

XVII - prejudicar, por meio de atos ou omissões, declarações, ações ou atitudes, colegas de
profissão, membros dirigentes ou associados das entidades representativas da categoria.

CAPÍTULO III

DOS DIREITOS

Art. 3º São direitos do Profissional de Administração:

I - exercer a profissão independentemente de questões religiosas, raça, sexo, nacionalidade,


cor, idade, condição social ou de qualquer natureza discriminatória;

II - apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições, quando as julgar indignas do
exercício profissional ou prejudiciais ao cliente, devendo, nesse caso, dirigir-se aos órgãos
competentes, em particular ao Tribunal Regional de Ética dos Profissionais de Administração
e ao Conselho Regional de Administração;

III - exigir justa remuneração por seu trabalho, a qual corresponderá às responsabilidades
assumidas a seu tempo de serviço dedicado, sendo-lhe livre firmar acordos sobre salários,
velando, no entanto, pelo seu justo valor;

IV - recusar-se a exercer a profissão em instituição pública ou privada onde as condições de


trabalho sejam degradantes à sua pessoa, à profissão e à classe;

V - participar de eventos promovidos pelas entidades de classe, sob suas expensas ou quando
subvencionados os custos referentes ao acontecimento;

VI - a competição honesta no mercado de trabalho, a proteção da propriedade intelectual


sobre sua criação, o exercício de atividades condizentes com sua capacidade, experiência e
especialização.
56

CAPÍTULO IV

DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS

Art. 4º Os honorários e salários do Profissional de Administração deverão ser fixados, por


escrito, antes do início do trabalho a ser realizado, levando-se em consideração, entre outros,
os seguintes elementos:

I - vulto, dificuldade, complexidade, pressão de tempo e relevância dos trabalhos a executar;

II - possibilidade de ficar impedido ou proibido de realizar outros trabalhos paralelos;

III - as vantagens de que, do trabalho, se beneficiará o cliente;

IV - a forma e as condições de reajuste;

V - o fato de se tratar de locomoção na própria cidade ou para outras cidades do Estado ou do


País;

VI - sua competência e renome profissional;

VII - a menor ou maior oferta de trabalho no mercado em que estiver competindo;

VIII - obediência às tabelas de honorários que, a qualquer tempo, venham a ser baixadas,
pelos respectivos Conselhos Regionais de Administração, como mínimos desejáveis de
remuneração.

Art. 5° É vedado ao Profissional de Administração:

I - receber remuneração vil ou extorsiva pela prestação de serviços;

II - deixar de se conduzir com moderação na fixação de seus honorários, devendo considerar


as limitações econômico-financeiras do cliente;

III - oferecer ou disputar serviços profissionais, mediante aviltamento de honorários ou em


concorrência desleal.

CAPÍTULO V

DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO AOS COLEGAS

Art. 6° O Profissional de Administração deverá ter para com seus colegas a consideração, o
apreço, o respeito mútuo e a solidariedade que fortaleçam a harmonia e o bom conceito da
classe.

Art. 7° Com relação aos colegas, o Profissional de Administração deverá:

I - evitar fazer referências prejudiciais ou de qualquer modo desabonadoras;

II - recusar cargo, emprego ou função, para substituir colega que dele tenha se afastado ou
desistido, visando a preservação da dignidade ou os interesses da profissão ou da classe;
57

III - evitar emitir pronunciamentos desabonadores sobre serviço profissional entregue a


colega;

IV - evitar desentendimentos com colegas, usando, sempre que necessário, o órgão de classe
para dirimir dúvidas e solucionar pendências;

V - tratar com urbanidade e respeito os colegas representantes dos órgãos de classe, quando
no exercício de suas funções, fornecendo informações e facilitando o seu desempenho;

VI - na condição de representante dos órgãos de classe, tratar com respeito e urbanidade os


colegas Profissionais de Administração, investidos ou não de cargos nas entidades
representativas da categoria, não se valendo dos cargos ou funções ocupados para prejudicar
ou denegrir a imagem dos colegas, não os levando à humilhação ou execração;

VII - auxiliar a fiscalização do exercício profissional e zelar pelo cumprimento do CEPA,


comunicando, com discrição e fundamentadamente aos órgãos competentes, as infrações de
que tiver ciência;

Art. 8° O Profissional de Administração poderá recorrer à arbitragem do Conselho Regional


de Administração nos casos de divergência de ordem profissional com colegas, quando for
impossível a conciliação de interesses.

CAPÍTULO VI

DOS DEVERES ESPECIAIS EM RELAÇÃO À CLASSE

Art. 9° Ao Profissional de Administração caberá observar as seguintes normas com relação à


classe:

I - prestigiar as entidades de classe, propugnando pela defesa da dignidade e dos direitos


profissionais, a harmonia e a coesão da categoria;

II - apoiar as iniciativas e os movimentos legítimos de defesa dos interesses da classe,


participando efetivamente de seus órgãos representativos, quando solicitado ou eleito;

III - aceitar e desempenhar, com zelo e eficiência, quaisquer cargos ou funções, nas entidades
de classe, justificando sua recusa quando, em caso extremo, achar-se impossibilitado de servi-
las;

IV - servir-se de posição, cargo ou função que desempenhe nos órgãos de classe, em benefício
exclusivo da classe;

V - difundir e aprimorar a Administração como ciência e como profissão;

VI - cumprir com suas obrigações junto às entidades de classe às quais se associou, inclusive
no que se refere ao pagamento de contribuições, taxas e emolumentos legalmente
estabelecidos;

VII - acatar e respeitar as deliberações dos Conselhos Federal e Regional de Administração.


58

CAPÍTULO VII

DAS INFRAÇÕES DISCIPLINARES

Art. 10. Constituem infrações disciplinares sujeitas às penalidades previstas no Regulamento


do Processo Ético do Sistema CFA/CRAs, aprovado por Resolução Normativa do Conselho
Federal de Administração, além das elencadas abaixo, todo ato cometido pelo profissional que
atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique condutas
expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem:

I - praticar atos vedados pelo CEPA;

II - exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou, por qualquer meio, facilitar o seu
exercício aos não registrados ou impedidos;

III - não cumprir, no prazo estabelecido, determinação de entidade dos Profissionais de


Administração ou autoridade dos Conselhos, em matéria destes, depois de regularmente
notificado;

V - fazer ou apresentar declaração, documento falso ou adulterado, perante as entidades dos


Profissionais de Administração;

VI - tratar outros profissionais ou profissões com desrespeito e descortesia, provocando


confrontos desnecessários ou comparações prejudiciais;

VII - prejudicar deliberadamente o trabalho, obra ou imagem de outro Profissional de


Administração, ressalvadas as comunicações de irregularidades aos órgãos competentes;

VIII - descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício; IX - usar de


privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para fins
discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais;

X - prestar, de má-fé, orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que
possa resultar em dano às pessoas, às organizações ou a seus bens patrimoniais.

CAPÍTULO VIII

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 11. Caberá ao Conselho Federal de Administração, ouvidos os Conselhos Regionais e a


categoria dos profissionais de Administração, promover a revisão e a atualização do CEPA,
sempre que se fizer necessário.

Art. 12. As regras processuais do processo ético serão disciplinadas em Regulamento próprio,
no qual estarão previstas as sanções em razão de infrações cometidas ao CEPA.
59

Art. 13. O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Administração manterão o


Tribunal Superior e os Tribunais Regionais, respectivamente, objetivando o resguardo e
aplicação do CEPA.

Art. 14. É dever dos CRAs dar ampla divulgação ao CEPA.

Aprovado na 19ª reunião plenária do CFA, realizada no dia 3 de dezembro de 2010.

Fonte: Conselho Federal de Administração (CRA) - Resolução

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