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nataly guzman
Universidade de Rosário, Bogotá DC, Colômbia
nataly.guzman@urosario.edu.co
Diana Triana
Pontifícia Universidade Javeriana, Bogotá DC, Colômbia
diana.triana@javeriana.edu.co
ARTIGO DE REFLEXÃO
DOI: https://doi.org/10.15446/cp.v14n28.79125
APA: Guzmán, N. e Triana, D. (2019). Julieta Paredes: feminismo comunitário giratório. Ciência Política,
14(28), 23-49.
MLA: Guzmán, N. e Triana, D. “Julieta Paredes: feminismo comunitário giratório”. Ciência Política, 14.28
(2019): 23-49.
Este artigo é publicado em acesso aberto sob os termos da licença Creative Commons Attribution-
NonCommercial-NoDerivs 2.5 Colombia.
| VOL. 14, nº 28 JUL-DEZ 2019 · ISSN IMPRESSO 1909-230X · ONLINE 2389-7481 /PP. 23-47 vinte e um
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Resumo
O feminismo da comunidade boliviana é uma perspectiva política e epistemológica
alternativa em comparação com as formas tradicionais de feminismo, que se origina e pratica
dentro do pensamento contemporâneo do sul. O objetivo deste artigo é refletir sobre a produção
teórica de Julieta Paredes a partir de três eixos de análise. A primeira mostra a ligação entre
capitalismo, colonialismo e patriarcado, a fim de propor uma rota de ação política a partir do
feminismo comunitário que unifique as estratégias de luta contra essa triangulação de
dominação. A segunda apresenta as discussões e críticas que as bolivianas fazem aos
feminismos euro-ocidentais, questionando seu vínculo com o sistema capitalista e a condição
de superioridade que assumem em relação aos feminismos do sul.
A terceira coloca o projeto emancipatório do feminismo comunitário como uma alternativa
epistêmica que retoma o conceito de comunidade. Isso permite à autora demonstrar a condição
de dominação sobre a natureza imposta pelo sistema de produção capitalista, sair da relação
hierárquica dicotômica entre homens e mulheres e propor a comunidade como corpo político
transformador .
Abstrato
O feminismo comunitário boliviano é uma perspectiva política e epistemológica alternativa
às formas tradicionais de feminismo que se originam e praticam no pensamento contemporâneo
sul-americano. O objetivo deste artigo é refletir sobre a obra teórica de Julieta Paredes a partir
de três eixos analíticos. O primeiro mostra a ligação entre capitalismo, colonialismo e patriarcado,
com a intenção de propor um caminho político de ação que parte de um feminismo comunitário
que reúne estratégias de luta contra esse triângulo de dominação. O segundo eixo apresenta as
discussões e críticas que a escritora boliviana tem contra os feminismos euro-ocidentais ao
questionar sua relação com o sistema capitalista e a condição de superioridade que assumem
em relação aos feminismos sul-americanos. Por fim, situa o projeto emancipatório do feminismo
comunitário como uma alternativa epistemológica que reivindica o conceito de comunidade. Isso
permite à autora evidenciar a condição de dominação sobre a natureza imposta pelo sistema
capitalista de produção de forma a sair da relação dicotômica hierarquizada entre homens e
mulheres para propor a comunidade como corpo político transformador.
Introdução
2 É importante esclarecer que as posições feministas do Sul são múltiplas e sua relação
com o sistema capitalista varia desde a incorporação das teorias que ligam o
aderir ao modelo capitalista considerando a terra como um ser autônomo; tal como
Aparece nas versões do feminismo comunitário das mulheres Xika, Mayan e Ayu.
uma adaptação da ideia de Buen vivir ou Bien vivir que se define como a busca
4 A relação entre raça e colonialidade tem sido amplamente investigada nas ciências sociais.
social, sobretudo a partir de leituras críticas e decoloniais (Curiel, 2007; Pérez,
2015; Safford, 1991; Viveiros e Lesmes, 2014; Wade, 1997). Nessas interpretações, o
O racismo é uma construção conceitual que permitiu promover desigualdades
e promover uma partição social que na América Latina foi fundada a partir da
ideia de civilidade, limpeza, ordem e pureza que caracterizava a população branca
e masculino em oposição à barbárie, sujeira, desordem e impureza que
encarnavam os indígenas, os negros, os pobres, os camponeses e as mulheres.
5 Um ponto importante desta cooptação da linguagem emancipatória das lutas
das mulheres pelo sistema neoliberal foi produzida pela mutação do conceito de
gênero, entendido como um conceito descritivo da diferença exploradora entre
homens e mulheres, ao da equidade de gênero na versão neoliberal. desta pessoa
pect, denúncias sobre gênero passaram a fazer parte de um projeto político
A junção patriarcal
A análise da dominação sobre as mulheres, como se viu, não pode
ser explicada na obra de Paredes sob a visão remota da dominação dos
homens sobre as mulheres, mas requer levar em conta diferentes
relações de dominação, particularmente com o sistema capitalista. O
processo de estruturação do patriarcado tem tido várias estratégias que
vão desde a redução dos gastos públicos, levando as mulheres a assumir
tarefas que correspondem à responsabilidade coletiva e/ou estatal, até o
estabelecimento de políticas de gênero e inclusão por meio de direitos
especiais, que neutralizam suas lutas pela emancipação.
Essa conexão patriarcal nada mais é do que assumir que a opressão de gênero não
só veio com os colonizadores espanhóis, mas também que "havia sua própria versão
de opressão de gênero nas culturas e sociedades pré-coloniais, e quando os espanhóis
chegaram trouxeram ambas as visões juntos para o infortúnio das mulheres [latino-
americanas]”
(Paredes, 2013, pp. 72-73). Entender que sobrevive uma dominação, tanto pré-colonial
quanto ocidental, do machismo supõe construir um corpo de análise mais amplo que
evidencie os pontos comuns que atendem aos interesses machistas, indígenas e
populares, assim como os da economia política neoliberal.
Bet implica também uma crítica aos feminismos que se centram na luta
isolada contra o patriarcado, assumindo que este é um subsistema de
poder e dominação dos homens sobre as mulheres (Paredes, 2015, p.
101). Essa mudança de órbita reflexiva em três dimensões funciona
como uma crítica frontal às ações políticas de luta derivadas da chamada
política identitária e, ao mesmo tempo, funciona como uma crítica à luta
de classes como um caminho preciso para a transformação das
opressões. , uma vez que assume que uma luta contra o sistema patriarcal
deve estar ligada também a uma luta contra o capitalismo e o colonialismo.
realista e social. No entanto, Paredes (2013) nega fazer parte desse grupo de ecofe
minimismos ao considerar que se baseiam numa ontologia do feminino.
de Fiação Fina (Paredes, 2010). É provável que o autor considere desnecessário fazer
que o sol volta a aquecer, Paredes (2006, pp. 69-72) faz uma reflexão mais rigorosa
conclusões
No quadro do pensamento feminista sulista, importa destacar o trabalho
de diferentes grupos que propõem percursos de reflexão sobre as nossas
realidades e que contribuem para a desmistificação do imaginário do
trabalho individualista dos intelectuais. A obra de Julieta Paredes,
enquadrada no coletivo Mujeres Creando e Comunidad Mujeres Creando,
constitui uma obra marcante na medida em que se distancia de outras
propostas decoloniais e feministas que partem de um caráter reativo e
acabam por produzir teorias contra propostas de interpretação.
romantizando experiências latino-americanas pré-coloniais. Ao contrário,
Paredes retoma e retrabalha categorias de diferentes campos de pesquisa
para propor uma análise orgânica da comunidade.
PARA
Agradecimentos
Este artigo faz parte do trabalho de discussões da linha de pensamento
Político sulista do grupo Teoria Política Contemporânea (Teopoco) da Uni
Versidade nacional da Colômbia, de onde um exercício de
reflexão e divulgação de propostas teóricas desvinculadas do pensamento hegemônico
europeu e norte-americano. Devemos um agradecimento especial a Sylvia Cristina
Prieto Dávila por seus valiosos comentários nas versões anteriores deste artigo.
PARA
PARA
Referências
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