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1.4.

DEMANDA (CONSUMO) DIÁRIO DE ÁGUA NAS EDIFICAÇÕES

O cálculo do consumo diário de água numa edificação requer a coleta de informações,


nomeadamente a pressão e vazão nos pontos P.C; quantidade e frequência de utilização
dos aparelhos; população; condições socioeconômicas; clima, entre outros. Entretanto,
como referido por Creder (1991), em detrimento da falta destas informações, calcula-
se a demanda diário de uma edificação recorrendo-se a Tab. 1 e Tab.2.

Tab. 1. Taxa de ocupação, conforme a tipologia da edificação.

Portanto, a partir da taxa de ocupação de acordo com o tipo de uso do edifício (P) (ver
Tab. 1) e o consumo per capita (q) (ver Tab. 2), calcula-se a demanda média diária
(Dd) pela seguinte equação:

𝐷𝑑 = 𝑞𝑥𝑃 ......................................................................................................................(1)

em que q é expresso em litros/dia, e Dd, expresso em litros/dia.

1.5. CAPACIDADE VOLUMÉTRICA DOS RESERVATÓRIOS

A capacidade volumétrica de reservação (CR) refere-se a demanda diária das edifica-


ções (Dd). Para tanto, deve-se considerar a intermitência do abastecimento da
rede pública, e na falta de informações, é recomendável dimensionar reservatórios
com capacidade suficiente para dois dias de consumo. Deste modo, estabelece-se a
seguinte relação:

𝐶𝑅 = 2𝐷𝑑 ......................................................................................................................(2)

em que CR é expresso em litros e Dd, expresso em litros/dia. De forma empírica, é


comum adotar que, para o reservatório inferior (Cisterna) capacidade volumétrica de
reservação é igual a 0,60.CR. Para o reservatório superior (R.E.D), considera-se a
capacidade volumétrica de reservação é igual a 0,40.CR. A adoção de 60% de CR. para
a cisterna tem como fim, aliviar a carga da estrutura. Geralmente, a reserva de in-
cêndio é colocada no R.E.D, cuja capacidade deve ser aumentada para comportar o
volume referente a esta reserva.

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Tab. 2. Consumo per capita por tipologia/uso de edificações

Exemplifica-se duas situações:

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(i) Calcular a capacidade volumétrica dos reservatórios de um edifício residencial de
10 pavimentos, com 2 aptº/pavimento. Cada apartamento possui 2 quartos e uma de-
pendência. Adotar uma reserva de incêndio (R.I) de 5.000 litros, prevista para ser ar-
mazenada no R.E.D.

Solução:
• DEMANDA (CONSUMO) DIÁRIO DE ÁGUA

- Considera-se o termo P da equação (1), de tal modo que:


a) 2 quartos x 2 pessoas/quarto (Ver Tab. 1)...............................................4 pessoas
b) Pessoa/quarto (dependência).....................................................................1 pessoa
c) Pessoas/aptª...............................................................................................5 pessoas
d) O valor de P ............................5 pessoas/aptº x 10 pavimento x 2 aptº/pavimento
____________________________________________________________________________
P = 100 pessoas

- Considera-se a equação (1), de tal modo que:


a) O valor de P...........................................................................................100 pessoas
b) Demanda (consumo) per capita (Ver Tab. 2) - q...................................200 litros/dia
____________________________________________________________________________
Dd = 100 pessoas x 200 litros/dia = 20.000 litros/dia

• CAPACIDADE VOLUMÉTRICA DOS RESERVATÓRIOS

- Considera-se a equação (2), de tal modo que:


a) O valor de Dd...................................................................................20.000 litros/dia
____________________________________________________________________________
CR = 2 x 20.000 litros/dia = 40.000 litros
CR da Cisterna (Inferior) = 0,60 x 40.000 litros = 24.000 litros
CR do R.E.D (Superior) = 0,40 x 40.000 litros + 5.000 litros (R.I) = 21.000 litros

######################################################################

(ii) Calcular a capacidade volumétrica dos reservatórios de um edifício residencial de


20 pavimentos, com 4 aptº/pavimento. Cada apartamento possui 3 quartos. Adotar
uma reserva de incêndio de 10.000 litros, prevista para ser armazenada no R.E.D.
Adota-se que 4 pessoas na zeladoria.

Solução:
• DEMANDA (CONSUMO) DIÁRIO DE ÁGUA

- Considera-se o termo P da equação (1), de tal modo que:


a) 3 quartos x 2 pessoas/quarto (Ver Tab. 1)...............................................6 pessoas
b) Pessoa (zeladoria).....................................................................................4 pessoas
d) O valor de P ............................6 pessoas/aptº x 20 pavimento x 4 aptº/pavimento
____________________________________________________________________________
P = 480 pessoas + 4 pessoas (zeladoria) = 484 pessoas

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- Considera-se a equação (1), de tal modo que:
a) O valor de P...........................................................................................484 pessoas
b) Demanda (consumo) per capita (Ver Tab. 2) - q................................200 litros/dia
____________________________________________________________________________
Dd = 484 pessoas x 200 litros/dia = 96.800 litros/dia

• CAPACIDADE VOLUMÉTRICA DOS RESERVATÓRIOS

- Considera-se a equação (2), de tal modo que:


a) O valor de Dd....................................................................................96.800 litros/dia
____________________________________________________________________________
CR = 2 x 96.800 litros/dia = 193.600 litros
CR da Cisterna (Inferior) = 0,60 x 193.600 litros = 116.160 litros
CR do R.E.D (Superior) = 0,40 x 193.600 litros + 10.000 litros (R.I) = 87.440 litros

######################################################################

NOTA 1: De acordo com NBR 5626 (ABNT, 1998), a capacidade volumétrica dos reser-
vatórios deve ser estabelecida a partir da definição do padrão de consumo de água da
edificação e, onde for possível obter informações, a frequência e duração de interrup-
ções do abastecimento.

NOTA 2: O volume de água reservado para uso doméstico deve ser, no mínimo, o ne-
cessário para 24 horas de consumo normal no edifício, sem considerar o volume de água
para combate a incêndio.

NOTA 3: No caso de residência pequena, recomenda-se que a reserva mínima seja de


500 litros. Para o volume máximo, a NBR 5626 (ABNT, 1998) recomenda que sejam
atendidos dois critérios: garantia de potabilidade da água nos reservatórios no período
de detenção médio em utilização normal; atendimento à disposição legal ou ao regula-
mento que estabeleça volume máximo de reservação.

1.6. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO INFERIOR (CISTERNAS)

O reservatório inferior (ou Cisterna) se faz necessário em prédios com mais de três
pavimentos (acima de 9 m.c.a), uma vez que, superior a este limite, a pressão na rede
pública é insuficiente para abastecimento do R.E.D. A Cisterna deve ser instalada em
locais de fácil acesso, de forma isolada, e afastado de tubulações de esgoto, para evitar
eventuais vazamentos ou contaminações pelas paredes.

Quando localizados no subsolo, as tampas deverão ser elevadas pelo menos 10 cm em


relação ao piso acabado, e nunca “rentes” a ele, para evitar a contaminação pela infil-
tração de água. No projeto arquitetônico deve ser previsto um espaço físico para loca-
lização do sistema elevatório (“casa de bombas”), suficiente para instalar dois conjuntos
de bomba, ficando um de reserva, para atender a eventuais emergências. Ilustra-se a
geometria de uma Cisterna (Fig. 11).

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Considerando o exemplo (i), em que Dd = 20.000 litros/dia, CR = 40.000 litros e o CR da
Cisterna = 24.000 litros, calcula-se:

a) Área da base da Cisterna (Ab):


24.000 litros (24 m³) = Ab x ha
Por experiência técnica é que se têm utilizado ha próximo de 2,50 m, de tal modo
que o valor Ab, neste caso, seja igual a 9,60 m².

e Lc1 e

30 cm

H
hu
ha

20 cm

e c1 e
Fig. 11. Geometria de uma Cisterna (Planta/Corte)

b) Largura da Cisterna (c1):


9,60 m² = c1 x L

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e L e

Por experiência técnica é que se têm utilizado L próximo de 2,50 m. Entretanto,


qualquer outro valor a ser utilizado deve atentar para a condição da forma re-
tangular da cisterna, de modo que c1>L. Neste caso, c1 é igual a 3,85 m.
c) Altura total da cisterna (H):
H = ha + 0,30,L em que ha se refere à altura de água, expresso por:
hu = ha - 0,20, em que hu refere-se à altura útil
Por experiência técnica é que se têm utilizado uma altura de 0,20 m para evitar
a sucção de impurezas (sujeiras) do fundo da Cisterna.
Por experiência técnica é que se têm utilizado uma altura de 0,30 m para evitar
a sucção de impurezas (sujeiras) do fundo da Cisterna.
Por experiência
e técnica é que se têm utilizado 2,50 m para altura ha.
Neste caso, o valor de H é igual a 2,80 m. E, valor hu igual a 2,30 m.

0,30 m
2,80 m

2,30 m
2,50 m

0,20 m
e 3,85 m e
Fig. 12. Geometria da Cisterna (Planta/Corte) – dimensões calculadas do
exemplo (i)

Por experiência técnica é que se têm utilizado uma espessura (e) de 0,15 m até
0,30 m.

As Cisternas de concreto podem ser moldadas in loco, e devem ser executados de acordo
com a NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Alguns cuidados
com a impermeabilização também são importantes. Para tanto, deve ser consultada a
NBR 9574 e NBR 9575. Quanto à forma, as Cisternas também podem ser cilíndricas.
Atualmente, diversas são as marcas e modelos de Cisternas comercializados as quais
são constituídas de fibra de vidro e PVC.

A localização imprópria da Cisterna, a negligência do usuário em relação à sua conser-


vação, a falta de cobertura adequada e de limpezas periódicas são os principais fatores
que contribuem para alterar a qualidade da água. É muito importante a limpeza pe-
riódica da Cisterna, para garantir a potabilidade da água, a qual pode ser veículo direto
ou indireto para transmitir doenças.

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1.7. DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO ELEVADO DE DISTRIBUIÇÃO

Para alimentação dos pontos de consumo (P.C) de uma edificação, o dimensionamento


do Reservatório Elevado de Distribuição (R.E.D), tipicamente utilizado para sistemas
de distribuição indireto de água (com e sem bombeamento), necessita, incialmente do
valor estimado de CR (capacidade volumétrica de reservação). Como visualizou-se an-
teriormente, somado a reserva de incêndio (R.I) que é igual a 5% - 25% da CR, estima-
se o valor total CR (do R.E.D). (Fig. 13).
c1
L e c2
L e
e

Câmera 1 Câmera 2
L

hd Volume de Distribuição Volume de Distribuição 0,25 a 0,30 m


H
ha

hi Volume de Incêndio Volume de Incêndio

c1 c2
Fig. 13. Geometria de um R.E.D (Planta e Corte)

Considerando o exemplo (i), em que se calculou: CR do R.E.D (Superior) = 0,40 x 40.000


litros + 5.000 litros (R.I) = 21.000 litros. Este volume será compartimentado em duas
câmeras, de tal modo que o volume de cada uma das câmeras será de 10.500 litros.

a) Área da base do R.E.D(Ab) (para 1 câmera):


10.500 litros (10,5 m³) = Ab x ha

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Por experiência técnica é que se têm utilizado ha ente 2,0 m a 4,0 m (neste caso
adotou-se 2,0 m), de tal modo que o valor Ab, neste caso, seja igual a 5,25 m².
b) Dimensões
e (L e c1): L e L e
5,25 m² = c1 x L
e Por experiência técnica é que se têm utilizado c1 maior que 2,0 m. Adota-se o
valor de c1 igual a 2,10 m. Entretanto, qualquer outro valor a ser utilizado deve
atentar para a condição da forma retangular do R.E.D. Neste caso, L é aproxi-
madamente 2,50 m.
c) Altura de distribuição (hd):
8.000 litros (8 m³)* = hd x 5,25 m²
L Para a câmera 1, hd é igual a aproximadamente 1,6 m
*Obtém-se o valor de 8.000 litros (8 m³) para uma câmera, a partir do CR (exceto
R.I) que para o exemplo (i) é igual a 16.000 litros
d) Altura de incêndio (hi):
2.500 litros (2,5 m³)** = hi x 5,25 m²
Para a câmera 1, hi é igual a aproximadamente 0,4 m
**Obtém-se o valor de 2.500 litros (2,5 m³) para uma câmera, partir do R.I que
e
para o exemplo (i) é igual a 5.000 litros

0,25 a 0,30 m
1,60 m

Volume de Distribuição Volume de Distribuição


H

2,0 m
0,40 m

Volume de Incêndio Volume de Incêndio

2,10 m 2,10 m
Fig. 14. Geometria do R.E.D (Planta/Corte) – dimensões calculadas do exem-
plo (i)

Por experiência técnica é que se têm utilizado uma espessura (e) de 0,15 m até
0,30 m (adotou-se 0,30 m).

Os R.E.D de concreto podem ser moldadas in loco, e devem ser executados de acordo
com a NBR 6118 - Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Alguns cuidados
com a impermeabilização também são importantes. Para tanto, deve ser consultada a
NBR 9574 e NBR 9575.

Usados para pequenas e médias reservas (capacidade máxima em torno de 1.000 litros
a 2.000 litros), os R.E.D industrializados são basicamente constituídos de fibrocimento,
metal, polietileno ou fibra de vidro.

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As normas da ABNT para caixas d’água plásticas são: NBR 14799 – Reservatório poli-
olefínico para água potável - Requisitos; NBR 14800 – Reservatório poliolefínico para
água potável – Instalações em obra (Fig. 15).

Fig. 15. R.E.D (Industrializado e moldados in loco) e posicionamento (cor-


reto e incorreto).

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A “caixa d’água” deve ser instalada em local ventilado e de fácil acesso para inspeção e
limpeza. Recomenda-se um espaço mínimo em torno da “caixa” de 60 cm, podendo che-
gar a 45 cm para “caixas” de até 1.000 litros. O reservatório deve ser instalado sobre
uma base estável, capaz de resistir aos esforços sobre ele atuantes. A base, preferenci-
almente de concreto, deve ter a superfície plana, rígida e nivelada sem a presença de
pedriscos pontiagudos capazes de danificar a caixa; a furação também é importante:
além de ferramentas apropriadas, o instalador deve verificar os locais indicados pelo
fabricante antes de começar o procedimento.

1.8. DIMENSIONAMENTO: TUBULAÇÕES SUCÇÃO/RECALQUE E CONJUNTO


MOTOR-BOMBA

A vazão mínima de recalque é calculada a partir da seguinte expressão:

0,20.𝐷𝑑
𝑄𝑟 = ......................................................................................................................(3)
3.600

em que Dd é expresso em litros, e a vazão mínima Qr expressa em m³/s. Esta vazão é


a mínima necessária para elevar a água da Cisterna até o R.E.D, que por gravidade
alimenta dos barrilete verticais (B.V) e horizontais (B.H), em seguida as colunas de
água fria (A.F) até chegar aos pontos de consumo (P.C).

Deste modo, faz-se necessário dimensionar os diâmetros das tubulações de sucção e


recalque. A expressão (4) calcula do diâmetro de recalque.

4
∅𝑟 = 1,3. √𝑄𝑟 . √𝑋 ...........................................................................................................(4)

em que X refere-se a relação entre número de horas de funcionamento do sistema por


1 dia (24 horas). O diâmetro da tubulação de sucção (∅𝑠 ) é o diâmetro comercial imedi-
atamente superior a ∅𝑟 .

Considerando o exemplo (i), calcula-se a vazão mínima de recalque e dimensiona-se os


diâmetros de recalque e sucção.

0,20.𝐷𝑑 0,20𝑥20.000
𝑄𝑟 = = = 1,111 L/s (1,111 x 10-3 m³/s)
3.600 3.600

Considera-se que o funcionamento do sistema é cerca de 6 horas.

4 4 6
∅𝑟 = 1,3. √𝑄𝑟 . √𝑋 = 1,3. √1,111 x 10−3 . √24 = 0,0306𝑚 = 32,0 𝑚𝑚 (1”)

Assim, o valor de ∅𝑠 é igual a 40,0 mm (1 1/4”). A partir destes resultados, parte-se


para o dimensionamento do conjunto motor-bomba (CMB). Para tanto, calcula-se à al-
tura manométrica de sucção (Hs) e de recalque (Hr). Em seguida, afere-se as perdas de
carga localizada e ao longo das tubulações (atrito). Após estes procedimentos, calcula-
se a altura manométrica (HM) e estima-se a potência e as características do CMB. Para
tanto, considera os termos do exemplo (i), para o seguinte caso ilustrado pela Fig. 16.

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e

4m e
hfr
0,50 m

0,25 a 0,30 m
0,25 m

3,20 m
H
Volume de Distribuição Volume de Distribuição
2,30 m

4,0 m
0,80 m
Volume de Incêndio Volume de Incêndio

0,25 m
2,50 m 2,50 m

5,0 m

0,25 m
Hr

hR

0,25 m
2,15 m 2,9 m
4,65 m 0,25 m
Bombas
Casa de

3,0 m

hS 0,15 m
0,30 m
Hs

2,80 m

2,30 m
2,50 m

0,20 m

hfS
e 3,85 m e

Fig. 16. Exemplificação para o dimensionamento do CMB (dimensões sem escala)

• Definições:
- Cálculo da altura manométrica (HM):

HM = hs + hr + hfs + hfr ..................................................................................................(5)

em que hfs refere-se a perdas de carga na sucção; e, hfr refere-se a perdas de carga no
recalque.

hfs = hfL(s) + hfa(s) ............................................................................................................(6)

hfr = hfL(r) + hfa(r) ............................................................................................................(7)

onde hfL(s) é a perda de carga localização na sucção; e, hfa(s) é a perda de carga por
atrito na sucção. E, hfL(r) é a perda de carga localização no recalque; e, hfa(r) é a perda
de carga por atrito no recalque. Os termos Hs e Hr são alturas manométricas de sucção
e recalque, respectivamente, em que:

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hR

Hs = hs + hfs ....................................................................................................................(8)

Hr = hr + hfr ....................................................................................................................(9)

em hs e hr referem-se à altura geométrica de sucção e recalque, respectivamente.

• NA SUCÇÃO: Aplicação - considerando os termos do exemplo (i)


Inicialmente obtém-se à altura hs = 2,30 + 0,30 + 0,15 + 0,30 + 0,15 = 3,20 m.c.a

2,15 m
4,65 m

Bombas
Casa de
e

hS 0,15 m
0,30 m
Hs

2,80 m

2,30 m
2,50 m

0,20 m

hfS
e 3,85 m e

(dimensões sem escala)


Em seguida calcula-se as perdas de cargas na sucção (hfs) considerando duas questões:

(I) A perda de carga localizada na sucção (hfL(s)), considerando:


a) Comprimentos equivalentes ou virtuais das conexões hidráulicas (Leq): Consi-
derando ∅𝑠 igual a 40,0 mm (1 1/4”), têm-se os comprimentos equivalentes (Con-
sultar Tab. 3) das seguintes conexões:
(i) Válvula de pé-com-crivo............................................15,5 m
(ii) Curva de 90º (R.C)....................................................0,70 m
(iii) Registro de Gaveta Aberto......................................0,40 m
___________________________________________________________________________
Leq = 16,6 m

b) Perda de carga unitária (Js): Considerando Qr = 1,111 L/s e ∅𝑠 = 40,0 mm (1”)


pode-se recorrer a expressão de Fair-Whipple-Hsiao tubos lisos (plástico, cobre
ou liga de cobre), recomendada pela NBR 5626 (ABNT, 1998)

Js = 8,69.106.(Q1,75).(∅-4,75)..............................................................................................(8)

Em que Q é a vazão estimada na seção considerada, em litros por segundo (L/s). O


diâmetro interno do tubo (∅) é expresso em milímetros (mm). A perda de carga J é
expresso em quilopascals (KPa). A saber que 1 KPa = 0,10197442889221 m.c.a.

Então:
Js = 8,69.106.(1,1111,75).(40,0-4,75) = 0,2566 KPa/m = 0,026165 m.c.a/m

Portanto:
hfL(s) = Leq x Js = 16,6 m x 0,026165 m.c.a/m = 0,4343 m.c.a.

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Tab. 3. Comprimentos equivalentes (Leq) de conexões hidráulicas (PVC rígido)

(II) A perda de carga por atrito na sucção (hfa(s)), considerando:


a) Comprimento das tubulações de sucção (Ls): Igual à soma do comprimento ho-
rizontal (LH), que se refere à distância até o CMB, e do comprimento vertical
(LV), que igual à altura geométrica de sucção (hs). Portanto, considerando o
exemplo (i), têm-se que LV = hs = 3,20 m e LH = 4,65 m, de tal modo que se obtém
Ls = 7,85 m.

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Hr
hR

Cisterna (em planta)


e 3,85 m e

2,50 m
LH= 6,80 m

2,15 m
4,65 m

Bombas
Casa de
LV=3,20 m

hS 0,15 m
0,30 m
Hs

2,80 m

2,30 m
2,50 m

0,20 m

hfS 3,85 m e
e

Cisterna (em corte)


(dimensões sem escala)

b) Perda de carga unitária (Js): Considerando Qr = 1,111 L/s e ∅𝑠 = 40,0 mm (1 1/4”)


pode-se recorrer a expressão de Fair-Whipple-Hsiao tubos lisos (plástico, cobre ou liga
de cobre), recomendada pela NBR 5626 (ABNT, 1998), de tal modo que o valor obtido
é igual a 0,026165 m.c.a/m. Refere-se que, pode-se calcular a perda de carga pela
equação universal da perda de carga, desde que seja conhecimento a rugosidade rela-
tiva (Ø/ε) ou uniforme (ε) do material que constituem a tubulação e, sobretudo, o coe-
ficiente de perda de carga (f), expressa por:

𝐿. 𝑉 2
𝐽=𝑓
2𝑔. ∅
Portanto:
hfa(s) = Ls x Js = 7,85 m x 0,026165 m.c.a/m = 0,2054 m.c.a.

Para o exemplo (i), obtido hfL(s) = 0,4343 m.c.a e hfa(s) = 0,2054 m.c.a, aplicando a equa-
ção (6), têm-se o valor de hfs = 0,6397 m.c.a. Portanto, aplicando a equação (8), e de
posse de hs = 3,20 m.c.a; obtém Hs = 3,8397 m.c.a.

• NO RECALQUE: Aplicação - considerando os termos do exemplo (i)


Em seguida, considerando os termos do referido exemplo (i), bem como as dimensões
da estrutura predial da Fig.16; determina-se à altura de recalque (hr ):

hr = (3,0 – 0,15) + (13 x 0,25) + (10 x 2,90) + 5,0 + 2,30 + 0,50 = 42,90 m.c.a

Em seguida calcula-se as perdas de cargas no recalque (hfr) considerando:

(I) A perda de carga localizada no recalque (hfL(r)), considerando:


a) Comprimentos equivalentes das conexões hidráulicas (Leq): Considerando ∅𝑟
igual a 32,0 mm (1”), têm-se Leq (Consultar Tab. 3) das seguintes conexões:

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(i) Curva de 90º (R.C).....................................................0,60 x 4 unidades
(ii) Registro de Gaveta Aberto.......................................0,30 x 1 unidade
(iii) Válvula de retenção................................................ 5,80 x 1 unidade
(iv) Saída da canalização...............................................1,30
___________________________________________________________________________
Leq = 9,8 m
b) Perda de carga unitária (Jr): Considerando Qr = 1,111 L/s e ∅𝑟 = 32,0 mm (1”)
recorre-se a expressão de Fair-Whipple-Hsiao tubos lisos (plástico, cobre ou liga
de cobre), recomendada pela NBR 5626 (ABNT, 1998)

Jr = 8,69.106.(Q1,75).(∅-4,75)..............................................................................................(8)

Então:
Jr = 8,69.106.(1,1111,75).(32,0-4,75) = 0,74055 KPa/m = 0,075518 m.c.a/m
Portanto:
hfL(r) = Leq x Jr = 9,8 m x 0,075518 m.c.a/m = 0,74008 m.c.a.

(II) A perda de carga por atrito no recalque (hfa(r)), considerando:


a) Comprimento das tubulações de recalque (Lr): Igual à soma do comprimento ho-
rizontal das tubulações (LH) (2,15 m + 4,0 m), e do comprimento vertical (LV),
que igual à altura geométrica de recalque (hr). Portanto, considerando o exemplo
(i), têm-se que LV = hr = 42,90 m e LH = 6,15 m, de tal modo que se obtém Lr =
49,05 m.

1ª Parte: Água Fria Sistemas Prediais Hidrossanitários


Prof. Erico Gaspar Lisboa Atualizada em: 25/09/2023. 27
e

4m e
hfr
0,50 m

0,25 a 0,30 m
0,25 m

3,20 m
H
Volume de Distribuição Volume de Distribuição
2,30 m

4,0 m
0,80 m
Volume de Incêndio Volume de Incêndio

0,25 m
2,50 m 2,50 m

5,0 m

0,25 m
43,40 m.c.a
Hr

0,25 m
2,15 m
2,9 m
4,65 m 0,25 m
Bombas
Casa de

3,0 m

(dimensões sem escala)


hS 0,15 m
0,30 m
Hs

2,80 m

2,30 m

b) Perda de carga unitária (Jr): Considerando Qr = 1,111 L/s e ∅𝑟 = 32,0 mm (1”)


2,50 m

pode-se recorrer a expressão de Fair-Whipple-Hsiao tubos lisos (plástico, cobre


0,20 m

hfS
ou liga de cobre), recomendada pela NBR 5626 (ABNT, 1998), de tal modo que o
e 3,85 m e

valor obtido é igual a 0,07518 m.c.a/m.

Portanto:
hfa(r) = Lr x Jr = 49,05 m x 0,075518 m.c.a/m = 3,7042 m.c.a.

Para o exemplo (i), obtido hfL(r) = 0,74008 m.c.a e hfa(r) = 3,7042 m.c.a, aplicando a
equação (7), têm-se o valor de hfr = 4,445 m.c.a. Portanto, aplicando a equação (9), e de
posse de hr = 42,90 m.c.a; obtém Hr = 47,345 m.c.a.

Finalmente, considerando a soma das alturas manométricas de sucção (Hs) e recalque


(Hr), obtém a altura manométrica propriamente dita (HM) que, no referido exemplo (i),
é igual a HM = Hs + Hr = 3,8397 m.c.a + 47,345 m.c.a = 51,1847 m.c.a. Obtido esta
altura manométrica, pode-se escolher as características de um CMB.

Deste modo, considera-se que a potência hidráulica, numa instalação de recalque, é o


trabalho realizado sobre o líquido ao passar pela bomba em um segundo, expressa pela
equação:

1ª Parte: Água Fria Sistemas Prediais Hidrossanitários


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PH = γ.Q.HM.....................................................................................................................(9)

em que γ é o peso específico da água em N/m³; Q, a vazão bombeada (m³/s); HM, altura
manométrica (m.c.a); e, PH, potência hidráulica em watt (W).

Na escolha de bombas hidráulicas, embora seja Watt a unidade de potência no S.I (Sis-
tema Internacional), igualmente ao padrão brasileiro, costuma-se utilizar a unidade
de cavalo-vapor (CV) (ou hourse-power – HP). Por esta razão, a equação (9), pode ser
expressa por:

PH = γ.Q.HM/ 75.............................................................................................................(10)

onde γ é o peso específico da água (1000 kgf/m³); e, PH é a potência hidráulica em CV.

Nestes termos, para que o líquido receba a potência requerida, PH, a bomba deve ne-
cessitar de uma potência superior a potência PH, uma vez que, em geral, há perdas no
seu interior. Assim sendo, o rendimento (ou eficiência) da bomba (ηB) é a relação entre
a potência PH e a potência absorvida pela bomba (PB), de modo que:

PB = γ.Q.HM/ 75. ηB.......................................................................................................(11)

Os rendimentos das bombas hidráulicas variam bastante em função de Q, H M e o tipo


de bomba, de tal maneira que pode varia entre 30% até 90%.

Além da necessidade de conhecer o ηB da bomba, para efeito de avaliação da potência


do conjunto elevatório (CMB) é necessária conhecer o rendimento do motor (ηM). Este
rendimento ηM é a relação entre a potência que o motor transmite e a que ele recebe
da fonte de energia, de modo que ηM = PB/ P. Assim, pode-se calcular a potência do
CMB:

PCMB = γ.Q.HM/ 75. ηCMB...............................................................................................(12)

Em que PCMB é a potência absorvida pelo CMB em CV (ou HP); e, ηCMB, é o rendimento
do CMB, dado por ηCMB = ηB x ηM.

Considerando os termos do exemplo (i), calcula-se a potência PCMB para HM = 51,1847


m.c.a; Qr = 1,111 L/s (0,001111 m³/s); γ = 1.000 kgf/m³; e, ηCMB = 65%.

PCMB = γ.Q.HM/ 75. ηCMB = 1.000 x 0,001111 x 51,1847 / 75 x 0,65 = 1,1654 HP.

A depender do tipo e do fabricante, o CMB pode apresentar uma potência “comercial”


próximo de 2,0 HP. Entretanto, para o correto dimensionamento do CMB deve-se con-
siderar o acréscimo de potência apresentada na Tab. 4.

1ª Parte: Água Fria Sistemas Prediais Hidrossanitários


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Tab. 4. Acréscimo da potência calculada.

Neste caso, a potência PCMB = 2,0 CV, com acréscimo de 50%, passa para 3,0 CV.

1.9. DIMENSIONAMENTO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA FRIA

1.9.1. Rede de Distribuição


A rede de distribuição de água fria é constituída pelo conjunto de canalizações que
interligam os pontos de consumo (P.C) ao reservatório da edificação (R.E.D). Para tra-
çar uma rede de distribuição, é sempre aconselhável fazer uma divisão dos P.C.

Dessa forma, os P.C do banheiro devem ser alimentados por uma canalização, e os P.C
da cozinha e da área de serviço por outra. Estas questões justificam-se pelo fato de que:
canalização mais econômica e uso não simultâneo. Assim, quanto menor for o número
de P.C de uma canalização, tanto menor será seu diâmetro e, consequentemente, os
custos demandados para instalação.

1.9.2. Barrilete
Barrilete é o conjunto de tubulações que se origina no reservatório e do qual se derivam
as colunas de distribuição. O barrilete pode ser: concentrado ou ramificado.

O tipo concentrado tem a vantagem de abrigar os registros de operação em uma área


restrita, facilitando a segurança e o controle do sistema, possibilitando a criação de um
local fechado, embora de maiores dimensões (Fig. 17A).

O tipo ramificado é mais econômico, possibilita uma quantidade menor de tubulações


junto ao reservatório, os registros são mais espaçados e colocados antes do início das
colunas de distribuição (Fig. 17B).

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Fig. 17. (A) Barrilete concentrado; (B) Barrilete ramificado.

1.9.3. Colunas de Água Fria (A.F), Ramais e Sub-ramais


As colunas de distribuição de água fria derivam do barrilete, descem na posição vertical
e alimentam os ramais nos pavimentos que, por sua vez, alimentam os sub-ramais das
peças de utilização.

A norma NBR 5626 (ABNT, 1998) recomenda que nos casos de instalações que conte-
nham válvulas de descarga, a coluna de distribuição deverá ser ventilada. Porém, é
recomendável a ventilação da coluna independentemente de haver válvula de descarga
na rede. A ventilação é importante para evitar a possibilidade de contaminação da ins-
talação devido ao fenômeno chamado retrossifonagem.

Outra razão para ventilar a coluna de distribuição é que nas tubulações sempre ocor-
rem bolhas de ar, que normalmente acompanham o fluxo de água, causando a dimi-
nuição das vazões das tubulações. Com a ventilação da coluna essas bolhas serão ex-
pelidas, melhorando o funcionamento das peças de utilização. Também no caso de es-
vaziamento da rede por falta de água e, quando volta a mesma a encher, o ar fica
“preso”, dificultando a passagem da água. Neste caso, a ventilação permitirá a expul-
são do ar acumulado.

Os aparelhos possíveis de provocar retrossifonagem devem ser instalados em coluna,


barrilete e reservatório independentes ou podem ser instalados em coluna, barrilete e
reservatório comuns a outros aparelhos ou peças, desde que seu sub-ramal esteja pro-
tegido por dispositivo quebrado de vácuo ou ainda, podem ser instalados em coluna,
barrilete e reservatório comuns desde que a coluna seja dotada de coluna de ventilação,
conforme mostra a Fig. 18.

Para os sistemas de distribuição direta ou indireta hidropneumática em redes que pos-


suam aparelhos que provocam retrossifonagem deve-se instalar um quebrador de vá-
cuo no sub-ramal que estão interligados a tais aparelhos.

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Prof. Erico Gaspar Lisboa Atualizada em: 25/09/2023. 31
Fig. 18. (A) Barrilete concentrado; (B) Barrilete ramificado.

A retrossifonagem pode ocorrer em aparelhos que apresentam a entrada de água potá-


vel abaixo do plano de transbordamento dos mesmos. Desta forma, devido a um entu-
pimento na saída destes aparelhos e ao aparecimento de sub pressões nos ramais ou
sub-ramais a eles interligados, as águas servidas podem ser introduzidas nas canali-
zações que conduzem água potável, contaminando-a.

1.9.4. Materiais utilizados em tubulações de água fria


Para a escolha dos materiais, também é importante a observância da NBR 5626, que
fixa as condições exigíveis, a maneira e os critérios pelos quais devem ser projetadas
as instalações prediais de água fria, para atender às exigências técnicas de higiene,
segurança, economia e conforto dos usuários.

Normalmente, as tubulações destinadas ao transporte de água potável são executadas


com tubos de plástico (PVC), imunes à corrosão. Existem vários fabricantes de tubos e
conexões de PVC. Para uso em instalações prediais de água fria, utilizam-se dois tipos:
o PVC rígido soldável marrom, com diâmetros externos que variam de 20 mm a 110
mm, e o PVC rígido rosqueável branco, com diâmetros que vão de ½” a 4”.

As principais vantagens dos tubos e conexões de PVC em relação aos outros materiais
são: leveza e facilidade de transporte e manuseio; durabilidade ilimitada; resistência à

1ª Parte: Água Fria Sistemas Prediais Hidrossanitários


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corrosão; facilidade de instalação; baixo custo e menor perda de carga. As principais
desvantagens são: baixa resistência ao calor e degradação por exposição prolongada ao
sol.

1.9.5. Desenhos em Planta e em Perspectiva (Isométrico)


Os desenhos das instalações baseiam-se no projeto arquitetônico; portanto, um projeto
bem resolvido, com as peças sanitárias e os equipamentos corretamente definidos e
localizados, pontos de água devidamente cotados com a utilização do sistema de eixos
longitudinais e transversais, ao longo das paredes e/ou pilares, é condição básica para
que se consiga um layout adequado para a futura elaboração do projeto de instalações.

Fig. 19. Exemplos de planta baixa e instalações hidrossanitárias de banhei-


ros.

1ª Parte: Água Fria Sistemas Prediais Hidrossanitários


Prof. Erico Gaspar Lisboa Atualizada em: 25/09/2023. 33
Fig. 20. Exemplos de perspectivas e detalhes isométricos de banheiros e co-
zinhas.

Fig. 21. Detalhe isométrico de B.V, B.H e A.F.

O posicionamento dos pontos de entrada de água e a posição de registros e outros ele-


mentos pode variar em função de determinados modelos de aparelhos. Lista-se abaixo,
as alturas mais utilizadas para alguns tipos de aparelhos.

Bacia sanitária com válvula..............................................................h = 0,33 m


Bacia sanitária com caixa acoplada..................................................h = 0,20 m
Ducha higiênica..................................................................................h = 0,50 m
Banheira de hidromassagem..............................................................h = 0,30m
Chuveiro ou ducha...............................................................................h = 2,20 m
Lavatório...............................................................................................h = 0,60 m
Mictório..................................................................................................h = 1,05m
Máquina de lavar roupa.......................................................................h = 0,90m
Máquina de lavar louça.........................................................................h = 0,60m

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Pia...........................................................................................................h = 1,10m
Tanque....................................................................................................h = 1,15m
Torneira de limpeza……..................................................................….h = 0,60m
Torneira de jardim…….................................................................……h = 0,60m
Registro de pressão..............................................................................h = 1,10m
Registro de gaveta...............................................................................h = 1,80m
Válvula de descarga............................................................................h = 1,10m

1.9.6. Dimensionamento das tubulações de água fria

A NBR 5626 (ABNT, 1998) fixa exigências e critérios para o dimensionamento das tu-
bulações de água fria. Deste modo, cada peça de utilização requer uma dada vazão para
um perfeito funcionamento. Estas vazões estão relacionadas, empiricamente, com um
número convencionado de peso das peças (ver Tab. 5).

Tab. 5. Aparelhos, Vazões de projeto e pesos relativos.

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Os cálculos necessários devem ser feitos através de uma planilha apresentada pela
Tab. 6. Os dados e operações devem ser considerados na execução da planilha:
a) Trecho: identificação do trecho de tubulação a ser dimensionado, apresentando à
esquerda o número ou letra correspondente à sua entrada e à direita o número ou
letra correspondente à sua saída (coluna 1);

b) Soma dos pesos: valor referente à somatória dos pesos relativos de todas as peças
de utilização alimentadas pelo trecho considerado (coluna 2);

c) Vazão estimada, em litros por segundo: valor da vazão total demandada


simultaneamente, obtida pela equação 𝑄 = 0,3. √∑ 𝑃;

d) Diâmetro, em milímetros: valor do diâmetro interno da tubulação (coluna 4),


considerando os termos do ábaco.

e) Velocidade, em metros por segundo: valor da velocidade da água no interior da


tubulação (coluna 5);

f) Perda de carga unitária, em quilopascal por metro: valor da perda de carga por
unidade de comprimento da tubulação, obtida pelas equações: J (KPa)= 20,2 10-3.
Q1,88 (m³/s). D-4,88 (m), para tubos de aço-carbono, galvanizado e J = 8,69 10-3. Q1,75 . D-
4,75 para tubos de plástico e cobre;

g) Diferença de cota (desce + ou sobe -), em metros: valor da distância vertical entre a
cota de entrada e a cota de saída do trecho considerado, sendo positiva se a diferença
ocorrer no sentido da descida e negativa no sentido da subida (coluna 7);

h) Pressão disponível, em quilopascais: pressão disponível na saída do trecho


considerado, depois de considerada a diferença de cota positiva ou negativa (coluna
8);

i) Comprimento real da tubulação, em metros: valor relativo ao comprimento efetivo


do trecho considerado (coluna 9);

j) Comprimento equivalente da tubulação, em metros: valor relativo ao comprimento


real mais os comprimentos equivalentes das conexões (coluna 10);

k) Perda de carga na tubulação, em quilopascais: valor calculado para perda de carga


na tubulação no trecho considerado (coluna 11);

l) Perda de carga nos registros e outros componentes, em quilopascais: valor da perda


de carga provocada por registros, válvulas e outras singularidades ocorrentes no trecho
considerado, obtida de acordo com as fórmulas (J = 8 x 106 .K . Q² .π-2 Φ-4 ) para
registros e pela fórmula J = (36 . Q)2 . (Qmax)-2 para hidrômetros;

m) Perda de carga total, em quilopascais: soma das perdas de carga verificadas na


tubulação e nos registros e outros (coluna 13)

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n) Pressão disponível residual, em quilopascais: pressão residual, disponível na saída
do trecho considerado, depois de descontadas as perdas de carga verificadas no
mesmo trecho (coluna 14);
o) Pressão requerida no ponto de utilização: valor da pressão mínima necessária para
alimentação da peça de utilização prevista para ser instalada na saída do trecho
considerado, quando for o caso (coluna 15);

Portanto, pelo método do Método do Consumo Máximo Provável, a partir do Método da


Soma dos Pesos, recomendado pela NBR 5626 (ABNT, 1998), considera-se: (i)
funcionamento simultâneo dos aparelhos hidrossanitários; (ii) quanto maior o número
de peças, menor será a probabilidade de uso simultâneo; (iii) pesos para os diversos
aparelhos, fornecido por tabelas congecionadas para este fim. Esta metodologia é
normalmente utilizada em construções verticais (edifícios residienciais e comerciais,
hoteis, hospitais, etc).

Para aplicar o referido método, preconizado pela NBR 5626 (ABNT, 1998), considera-
se os termos do exemplo (i). Em planta, nota-se que, a partir das dimensões do R.E.D,
descem dois barriletes verticais (de comprimento igual a 5,0m, cada um). Por estes
barriletes, se abastece barrilete horizontais que abastecem, num quadrante, quatro
colunas de água fria (AF1, AF2, AF3, AF4) e, noutro quadrante, quatro colunas de água
fria (AF5, AF6, AF7, AF8)

7m 7m

AF1 AF5

3m 3m
e 2,10 m e 2,10 m e

e
AF2 AF6

Câmera 1 Câmera 2
2,40 m

AF3 AF7
e

3,2m 3,2m

AF4 AF8
7,2m 7,2m

Em esquema isométrico, determina-se os pesos (e o somatório dos pesos – ΣP) de cada


coluna de água fria (AF). Em seguida, calcula-se a vazão pela equação 𝑄 = 0,3. √∑ 𝑃.
Pelo valor do peso, recorre-se ao Normograma (pesos, vazões e diâmetros) e define-se o
diâmetro das tubulações (ramais), trecho a trecho (Fig. 21).

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AF8 h'
d'
AF5

b' f'
AF6 AF7
R.E.D
B
c' a' e' g'
R.E.D
2,0m
x'

5,0m
2,5m

2,0m
c a A e g

3,0m 3,2m
7,0m
AF2
b f
7,2m
d

AF1
AF4 h

3,0m 3,5m 2,8m 3,0m

AF1 = AF4 = AF5 = AF8 Peso – P


Chuveiro..............................................................0,4
Vaso sanitário com caixa de descarga...............0,3
Lavatório............................................................0,3
Ducha.................................................................0,4
_______________________________________________
BANHEIRO ΣP = 1,4
-----------------------------------------------------------------------
AF2 = AF6 Peso – P
Vaso sanitário com caixa de descarga...............0,3
Lavatório............................................................0,3
Ducha.................................................................0,4
_______________________________________________
BANHEIRO SOCIAL ΣP = 1,0
-----------------------------------------------------------------------
AF3 = AF7 Peso – P
Pia da cozinha....................................................0,7
Tanque de lavar roupa......................................0,7
Máquina de lavar roupa....................................1,0
Bebedoro.............................................................0,1
_______________________________________________
COZINHA ΣP = 2,5
-----------------------------------------------------------------------

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Pavi-
ΣP 𝑸 = 𝟎, 𝟑. √∑ 𝑷 (L/s) Φ (mm)
mento
Térreo - - -
1º 1,4 0,3550 25,0
2º 2,8 0,5020 25,0
3º 4,2 0,6148 32,0
4º 5,6 0,7099 32,0
5º 7 0,7937 32,0
6º 8,4 0,8695 32,0
7º 9,8 0,9391 32,0
8º 11,2 1,0040 32,0
9º 12,6 1,0649 32,0
10° 14 1,1225 40,0
Tab. 6. Dimensionamento das colunas AF1 = AF4 = AF5 = AF8 em cada trecho.

Pavi-
ΣP 𝑸 = 𝟎, 𝟑. √∑ 𝑷 (L/s) Φ (mm)
mento
Térreo - - -
1º 1 0,3000 20,0
2º 2 0,4243 25,0
3º 3 0,5196 25,0
4º 4 0,6000 25,0
5º 5 0,6708 32,0
6º 6 0,7348 32,0
7º 7 0,7937 32,0
8º 8 0,8485 32,0
9º 9 0,9000 32,0
10° 10 0,9487 32,0
Tab. 7. Di-
mensionamento das colunas AF2 = AF6 em cada trecho.

Pavi-
ΣP 𝑸 = 𝟎, 𝟑. √∑ 𝑷 (L/s) Φ (mm)
mento
Térreo - - -
1º 2,5 0,4743 25,0
2º 5 0,6708 32,0
3º 7,5 0,8216 32,0
4º 10 0,9487 32,0
5º 12,5 1,0607 32,0
6º 15 1,1619 32,0
7º 17,5 1,2550 40,0
8º 20 1,3416 40,0
9º 22,5 1,4230 40,0
10° 25 1,5000 40,0
Tab. 8. Di-
mensionamento das colunas AF3 = AF7 em cada trecho.

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Fig. 21. Normograma de pesos, vazões e diâmetros.

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Peso Comprimento J (m.c.a)
Q Φ Pressão Disponível Pressão Mínima do
Trecho V (m/s) LTotal
ΣP (L/s) (mm) LReal (m) Leq (m) Unit. Total (m.c.a) aparelho (m.c.a)
(m)
R.E.D-X' 110 3,15 50 5 9 14 0,06 0,80 4,20
X’-A 55 2,22 50 4,5 9,5 14 0,031 0,44 3,76
A-a 24 1,47 40 3,5 4,6 8,1 0,044 0,35 3,41
a-b 10 0,95 40 3 0,7 3,7 0,020 0,08 3,33
a-c 14 1,12 40 3 1,4 4,4 0,027 0,12 3,21
c-d 14 1,12 40 7 1,4 8,4 0,027 0,23 2,98
A-e 31 1,67 40 2,8 4,6 7,4 0,055 0,40 2,81
e-f 17 1,24 40 3,2 0,7 3,9 0,032 0,13 2,68
e-g 14 1,12 40 3 1,4 4,4 0,027 0,12 2,56
g-h 14 1,12 40 7,2 1,4 8,6 0,027 0,23 2,33
O trecho R.E.D ̶ X’ alimenta as colunas AF1, AF2, AF3, AF4, AF5, AF6, AF7 e AF8 (quando o compartimento 2 estiver sendo lavado, este trecho é o mais desfavorável para
abastecer a coluna mais distante). O trecho X’-A alimenta as colunas AF1, AF2, AF3 e AF4. O trecho A-a alimenta as colunas AF1 e AF2. O trecho a-b alimenta a coluna
AF2. O trecho a-c alimenta a coluna AF1. O trecho c-d alimenta a coluna AF1. O trecho A-e alimenta as colunas AF3 e AF4. O trecho e-f alimenta a coluna AF3. O trecho e-
g alimenta a coluna AF4. O trecho c-d alimenta a coluna AF4.

Considera-se que no trecho R.E.D-X’, o comprimento equivalente (Leq) é função:


- Entrada normal: 1,0m;
- Registro de gaveta aberto: 0,7m (Ver Tab.3);
- Tê de saída bilateral: 7,3m,
de tal modo que Leq = 1 + 0,7 + 7,3 = 9 m

Considera-se que no trecho X’-A, o comprimento equivalente (Leq) é função:


- Tê de passagem direta: 2,2m (Ver Tab.3);
- Tê de saída bilateral: 7,3m,
de tal modo que Leq = 2,2 + 7,3 = 9,5 m

Considera-se que no trecho A-a, o comprimento equivalente (Leq) é função:


- Tê de saída bilateral: 4,6m (Ver Tab.3);
de tal modo que Leq = 4,6 m

Considera-se que no trecho a-b, o comprimento equivalente (Leq) é função:


- Curva de 90: 0,7m (Ver Tab.3);
de tal modo que Leq = 0,7 m

Considera-se que no trecho a-c-d, o comprimento equivalente (Leq) é função:


- Curva de 90: 0,7m (2 unidades) (Ver Tab.3);
de tal modo que Leq = 2 x 0,7 = 1,4 m

1ª Parte: Água Fria Sistemas Prediais Hidrossanitários


Prof. Erico Gaspar Lisboa 41

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