Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
AGRONÔMICAS
Desenvolver e promover informações científicas sobre o N0 132 DEZEMBRO/2010
MISSÃO manejo responsável dos nutrientes de plantas para o
benefício da família humana
1 INTRODUÇÃO
Veja também neste número:
contínuo aperfeiçoamento de conceitos e de meto-
Abreviações: IAC = Instituto Agronômico de Campinas; CTC = capacidade de troca de cátions; M.O. = matéria orgânica; NC = necessidade de calagem;
NG = necessidade de gesso; SB = soma de bases; V = saturação por bases do solo.
1
Este trabalho foi submetido pelo autor seguindo as normas do Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas, dentre as quais estabelece que o premiado
deve escrever um artigo para o jornal Informações Agronômicas. Dr. Bernardo van Raij foi o escolhido para o Prêmio em 2010.
2
Pesquisador Voluntário do Centro de Solos e Recursos Ambientais, Instituto Agronômico, Campinas, SP; e-mail: bvanraij@iac.sp.gov.br
“reservatório” de cátions trocáveis do solo. A Figura 1 mostra a vidos do solo por troca iônica em solução salina, tal como na reação
ocupação da CTC por diversos cátions e sua relação com o pH. de troca iônica ilustrada anteriormente.
Em seguida, um pouco mais acima no gráfico, com o aumen-
to do pH, há predomínio do cátion trocável Al3+, um dos componen-
pHCaCl
2
pHH O
2 tes da acidez do solo. O Al3+ pode ser removido do solo por troca
iônica, o que se faz no laboratório para determinar os teores do
elemento, ou por neutralização, o que se faz no campo por meio da
calagem.
O elemento hidrogênio não é um cátion trocável, mas é muito
importante na troca de cátions do solo. Ocorre não dissociado em
diversos grupos ionogênicos do solo, bloqueando ou não as car-
gas negativas, dependendo do pH do meio. O hidrogênio não
dissociado pode ser removido do solo por neutralização em solu-
ção tamponada, o que se faz no laboratório para determinação de H
a um dado valor de pH, em geral 7,0, ou por reação com calcário, o
que se faz por meio da calagem. Dessa forma, a remoção do hidrogê-
nio na forma H+ é feita com uma substância que pode aceitar prótons,
liberando, assim, a carga bloqueada pelo H. Esta pode, então, parti-
cipar na troca de cátions, liberando carga negativa como tal.
Tabela 2. Capacidade de troca de cátions total (CTC) da matéria orgânica (M.O.) e específica de amostras superficiais de oito solos do Estado de São Paulo.
Legenda Profundidade Argila M.O. CTC do solo (mmolc kg-1) CTC da M.O.
do solo (cm) (g kg-1) (g kg-1) Total Fração mineral (%) Específica (mmolc kg-1)
PVls 0–6 50 7,8 32 22 69 2.800
Pml 0–15 60 6,0 33 21 64 3.500
Pln 0–14 120 25,2 100 82 82 3.300
Pc 0–16 190 24,0 74 60 81 2.500
PV 0–12 130 14,0 37 27 73 1.900
TE 0–15 640 45,1 244 150 61 3.300
LR 0–18 590 15,1 289 161 56 3.600
LEa 0–17 240 12,1 39 29 74 2.400
1
PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizado de Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília,
variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho-Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo;
LEa = Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.
Fonte: Raij (1969).
Legenda Profundidade Argila M.O. CTC do solo (mmolc kg-1) CTC da fração mineral
do solo (cm) (g kg-1) (g kg-1) Total Fração mineral (%) Específica (mmolc kg-1)
PVls 115–150 170 2,8 35 33 94 194
Pml 75–100 270 3,6 50 41 82 152
Pln 47–100 240 3,3 36 24 67 100
Pc 45–74 530 8,5 55 35 64 66
PV 59–110 560 5,2 40 31 67 55
TE 53–130 710 3,6 78 65 83 91
LR 58–82 580 15,2 148 59 60 154
LEa 74–114 310 5,9 32 13 41 42
1
PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizado de Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília,
variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho-Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo; LEa =
Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.
Fonte: Raij (1969).
Ressalte-se que as concentrações salinas testadas estão na 4.1 Disponibilidade de fósforo nos solos
ordem de grandeza de soluções de solos de climas úmidos, e que o O fósforo no solo encontra-se combinado, principalmente,
sal usado, sulfato de magnésio, é bastante parecido com o sulfato com ferro, alumínio e cálcio, formando compostos de baixa solubili-
de cálcio. Dessa forma, o exemplo é adequado para a discussão que dade. Está presente também na matéria orgânica, embora o P orgâ-
se faz em relação ao gesso. nico não seja considerado na maioria dos métodos de análise de
O importante a se notar é que os solos adsorvem, simulta- solo. O fósforo encontra-se na solução do solo em teores, em geral,
neamente, cátions e ânions, uma característica específica de solos muito baixos.
Tabela 7. Confronto entre doses recomendadas de gesso e quantidades associadas com produções máximas, para 11 experimentos de campo, e
resultados de análise química do subsolo.
Argila Ca m Gesso recomendado Gesso para produção máxima
Cultura
(g kg-1) (mmolc dm-3) (%) (t ha-1) (t ha-1)
Milho 500 7,0 62 3,0 8,0
Cana-de-açúcar 160 1,2 59 1,0 6,0
Cana-de-açúcar 160 1,2 76 1,0 2,0
Cana-de-açúcar 230 0,5 87 1,4 5,0
Cana-de-açúcar 760 9,1 40 4,6 6,0
Cana-de-açúcar 140 6,3 18 0,8 6,0
Cana-de-açúcar 190 0,5 79 1,1 4,8
Cana-de-açúcar 590 1,9 81 3,5 10,0
Soja 500 1,1 25 3,0 6,0
Soja 700 2,0 55 4,2 6,4
Algodão 700 5,0 17 3,0 6,0
Fonte: Raij (2008).
Tabela 8. Fósforo extraído por plantas de soja cultivada em vasos e de solos tratados e incubados com três diferentes fosfatos e hidróxido de
cálcio, por três extratores. Os valores representam as diferenças em relação à testemunha.
P absorvido pela soja (mg vaso-1) 4,3 100 2,2 53 1,1 27 1,7 40
P Mehlich 1 (mg dm-3) 27,9 100 24,6 88 42,8 153 15,0 54
P Bray 1 (mg dm-3) 37,9 100 39,6 104 7,9 21 39,4 104
P resina (mg dm-3) 12,7 100 7,9 62 1,7 11 4,9 39
Tabela 9. Efeito do pré-tratamento da resina em valores do pH da suspensão e no fósforo extraído de duas amostras de solo de experimentos com
algodão.
Figura 6. Relação entre fósforo absorvido pelo arroz inundado e fósforo extraído do solo pelo método Mehlich 1 e pelo método da resina trocadora de íons.
Fonte: Grande et al. (1986).
mular o crescimento das raízes em profundidades maiores. Por- 5.3 P resina, um método moldado para
tanto, deve-se, neste caso, amostrar os solos até meio metro, ou avaliar a biodisponibilidade
mais. Em diversas regiões foi constatado que, em determinadas
situações, raízes profundas retiram água e nitrogênio do solo, Por muito tempo, a determinação da disponibilidade de P em
beneficiando as plantas. solos tropicais foi considerada muito difícil. Além disso, os méto-
Mas, enquanto no passado a acidez era corrigida basica- dos utilizados nos países de clima temperado não eram muito pre-
mente com calcário, pesquisadores da África do Sul e da Embrapa cisos. A despeito da extensa literatura e do grande número de
Cerrados trouxeram para o palco da agricultura mais um persona- trabalhos científicos sobre o assunto, a aplicação prática dos re-
gem, o CaSO4, conhecido como gesso. sultados de pesquisa em laboratórios de rotina de análise do solo
é quase inexistente. E isso não se aplica só ao Brasil, mas a outros
O gesso não é desconhecido na agricultura. Ao contrário, países também.
tem larga utilização na agricultura mundial. Porém, é usado em solos
alcalinos ou sódicos para remoção do excesso de sódio. E isso, Curiosamente, há mais de meio século esse método vem se
por enquanto, pouco ocorre no Brasil. Tem enorme importância sobressaindo dos demais, sendo considerado superior aos outros
em regiões do mundo que apresentam climas áridos e semi-áridos. procedimentos de extração de P. No entanto, era tido como compli-
cado demais para uso em análise de rotina.
Mas o gesso aplicado em solos ácidos foi novidade. Impor-
tante é que contribui para o aumento da produtividade, graças ao Em busca de uma solução para a análise de solo, decidiu-se
manejo da fertilidade do subsolo. apostar na adoção do melhor método, amplamente comprovado
internacionalmente. O método da resina foi moldado por meio de
Diversas pesquisas indicaram que o gesso reduz a toxicidade experimentos de laboratório, casa de vegetação e campo. Também
de alumínio, favorecendo o crescimento de raízes até mesmo em foram construídos equipamentos para processar um grande núme-
soluções nutritivas. Ainda, o gesso é um sal solúvel em água que ro de amostras simultaneamente. Além disso, o método foi adapta-
penetra no solo com as águas de irrigação, o que não ocorre com o do para a determinação também de Ca, Mg e K.
calcário.
Assim, em que pesem os obstáculos para o uso da resina
Há, ainda, mais um fator preponderante, que é o solo. O na análise de P em solos, os quais, afinal, não eram tão complica-
gesso tem efeito, principalmente, nos chamados solos de cargas dos, a extração de P dos solos por meio desse método passou a
variáveis, com teores elevados de óxidos de ferro e alumínio, que ser realizada no laboratório de análise de solo do IAC, juntamente
conseguem reter cátions e ânions ao mesmo tempo. Com isso, re- com mais quatro laboratórios, em janeiro de 1983 (RAIJ e
duz a toxicidade de Al e as raízes se aprofundam. QUAGGIO, 1983). Desde então, o método vem sendo adotado por
O assunto é importante, os problemas estão definidos, mas outros laboratórios. Atualmente, o Ensaio de Proficiência IAC para
as soluções estão demorando a chegar. O gesso aplicado em solos Laboratórios de Análise de Solos, que emprega os métodos IAC
que não retém sais pode até prejudicar as produções se as aplica- de análise de solo, conta com 103 laboratórios distribuídos em
ções forem excessivas (RAIJ, 2008). 11 estados brasileiros e em dois outros países.
Abreviações: Al = alumínio; ATP = adenosina trifosfato; C = carbono orgânico; CO2 = dióxido de carbono; K = potássio; Mg = magnésio; N = nitrogênio;
P = fósforo; RuBP = ribulose-1,5-bifosfato.
1
Fonte: Better Crops, v. 94, n. 2, p. 23–25, 2010.
2
Faculty of Engineering and Natural Sciences at Sabanci University, Istanbul, Turquia; email: cakmak@sabanciuniv.edu
AGRADECIMENTO
Parte dos resultados apresentados neste trabalho foram ob-
tidos em colaboração com a K + S KALI GmbH (Kassel, Alemanha).
REFERÊNCIAS
CAKMAK, I.; HENGELER, C.; MARSCHNER, H. Partitioning of shoot and root dry
matter and carbohydrates in bean plants suffering from phosphorus, potassium and
magnesium deficiency. Journal of Experimental Botany, v. 45, p. 1245–1250, 1994a.
CAKMAK, I.; HENGELER, C.; MARSCHNER, H. Changes in phloem export of
sucrose in leaves in response to phosphorus, potassium and magnesium deficiency in
bean plants. Journal of Experimental Botany, v. 45, p. 1251–1257, 1994b.
CAKMAK, I.; KIRKBY, E. A. Role of magnesium in carbon partitioning and alleviating
photoxidative damage. Physiology Plantarum, v. 133, p. 692–704, 2008.
Figura 5. Concentração foliar de sacarose (A) e taxa de exportação de HERMANS, C.; VERBRUGGEN, N. Physiological characterisation of Mg deficiency in
Arabidopsis thaliana. Journal of Experimental Botany, v. 56, p. 2153–2161, 2005.
sacarose em plantas de feijoeiro cultivadas com suprimento ade-
quado (controle) ou deficiente de magnésio, por 12 dias. HERMANS, C.; JOHNSON, G. N.; STRASSER, R. J.; VERBRUGGEN, N.
Physiological characterization of magnesium deficiency in sugar beet: acclimation to low
Fonte: Cakmak et al. (1994b).
magnesium differentially affects photosystems I and II. Planta, v. 220, p. 344–355, 2004.
SILVA, I. R.; SMYTH, T. J.; ISRAEL, D. W.; RAPER, C. D.; RUFTY, T. W.
Magnesium is more efficient than calcium in alleviating aluminum rhizotoxicity in
PROBLEMA DA DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO NOS soybean and its ameliorative effect is not explained by the Gouy-Chapman-Stern model.
ESTÁDIOS INICIAS DE DESENVOLVIMENTO DA PLANTA Plant and Cell Physiology, v. 42, p. 538–545, 2001.
YANG, J. L.; YOU, J. F.; LI, Y. Y.; WU, P.; ZHENG, S. J. Magnesium enhances
A acumulação de carboidratos juntamente com a inibição da aluminum-induced citrate secretion in rice bean roots (Vigna umbellata) by restoring
exportação de sacarose das folhas deficientes em Mg mostra a im- plasma membrane H+-ATPase activity. Plant and Cell Physiology, v. 48, p. 66–74,
portância de se manter a nutrição adequada das plantas durante os 2007.
Abreviações: CH4 = metano; CO2 = dióxido de carbono; CO2e = equivalentes de dióxido de carbono; GEE = gases de efeito estufa; Gt = gigatoneladas;
MA = mundo alternativo; Mha = milhões de hectares; MR = mundo real; Mt = milhões de toneladas; N2O = óxido nitroso; ppb = partes por bilhão; ppm =
partes por milhão.
1
Fonte: Better Crops, Norcross, v. 94, n. 4, p. 16–17, 2010.
2
Os autores são membros do Nutrients and Environment Work Group (WG02) do International Plant Nutrition Institute (IPNI). Todos são
funcionários do IPNI, de várias regiões do mundo. Dr. Snyder é coordenador do grupo de trabalho; e-mail: csnyder@ipni.net
IMPLICAÇÕES IMPORTANTES
REFERENCES
Dois pontos importantes podem ser extraídos deste estudo.
Primeiro, os investimentos na melhoria da produtividade da cultura BRUULSEMA, T. W.; WITT, C.; GARCÍA, F.; LI, S.; RAO, T. N.; CHEN, F.; IVANOVA, S.
Better Crops, v. 92, n. 2, p. 13–15, 2008.
são uma forma economicamente viável de prevenir o aumento das
BURNEY, J. A.; DAVIS, S. J.; LOBELL, D. B. Proceedings of the National Academy of
emissões de GEE. Segundo, os esforços de mitigação devem garan- Sciences, v. 107, n. 26, p. 12052–12057, 2010.
tir que os impactos de todo o sistema de estratégias para reduzir as CASSMAN, K. G. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 96, p. 5952–5959, 1999.
emissões de GEE sejam contabilizados. Embora o aumento da efi- DAVIDSON, E.A. Nature Geoscience, v. 2, p. 659–662, 2009.
ciência do uso de insumos na produção de culturas seja uma estra- DOBERMANN, A. Nutrient use efficiency – measurement and management. In: Fertilizer best
management practices: general principles, strategy for their adoption and voluntary initiatives
tégia viável, as reduções de entradas podem limitar os aumentos de vs regulations. Proc. IFA International Workshop on Fertilizer Best Management Practices, 7–
produtividade. 9 March 2007, Brussels, p. 1–28.
Prover as necessidades de 9 bilhões de pessoas, além de ERISMAN, J. W.; SUTTON, M. A.; GALLOWAY, J.; KLIMONT, Z.; WINIWARTER, W. Nature
Geoscience, v. 1, p. 636–639, 2008.
proteger nosso planeta e a resiliência da paisagem, pode ser o maior
FLYNN, H. C.; SMITH, P. Greenhouse gas budgets of crop production – current and likely
desafio já enfrentado pela humanidade (FOLEY et al., 2005). Para future trends. Paris: International Fertilizer Industry Association, 2001. 67 p.
atender nossas necessidades de produção de alimentos e, ao mes- FOLEY, J. A. et al. Science, v. 309, p. 570–574, 2005.
mo tempo, sustentar o planeta e preservar partes significativas de IFA. INTERNATIONAL FERTILIZER INDUSTRY ASSOCIATION. The global “4R” nutrient
seus ecossistemas naturais, foram defendidos, pelos membros da stewardship framework. Developing fertilizer best management practices for delivering
economic, social and environmental benefits. Paris: International Fertilizer Industry
indústria de fertilizantes e da comunidade agrícola, os sistemas eco- Association, 2009. 10 p.
logicamente intensivos de produção (CASSMAN, 1999), a melhoria IPCC. INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE GUIDELINES FOR
na eficiência de uso de nutrientes (DOBERMANN, 2007) por meio NATIONAL GREENHOUSE GAS INVENTORIES. N2O emissions from managed soils, and
CO 2 emissions from lime and urea application. Disponível em: <http://www.ipcc-
de melhores práticas de manejo (BPUFs) e o melhor manejo de nggip.iges.or.jp/public/2006gl/pdf/4_Volume4/V4_11_Ch11_N2O&CO2.pdf> Acesso em 30
nutrientes para atingir objetivos econômicos, ambientais e sociais Jul. 2010.
(BRUULSEMA et al, 2008;. IFA, 2009; SNYDER et al, 2009). SNYDER, C. S.; BRUULSEMA, T. W.; JENSEN, T. L.; FIXEN, P. E. Agriculture, Ecosystems
and Environment, v. 133, p. 247–266, 2009.
Como sociedade global, estamos prontos para enfrentar os STEWART, W. M.; DIBB, D. W.; JOHNSTON, A. E.; SMYTH, T. J. Agronomy Journal, v. 97,
desafios? p. 1–6, 2005.
As palestras foram seguidas atentamente pelos participantes. Dr. Casarin e Eduardo Daher, da ANDEF.
KANEKO, F. H.; ARF. O.; GITTI, D. C.; ARF, M. V.; CHIODEROLI, LAURINDO, V. T.; SILVA, G. O.; PAVANI, L. C.; QUAGGIO, J. A.
C. A.; KAPPES, C. Bragantia, v. 69, n. 3, p. 677–686, 2010. Engenharia Agrícola, v. 30, n. 5, p. 909–921, 2010.
Práticas agronômicas que ajudam o agricultor a elevar a pro- Em solos tropicais, a distribuição dos nutrientes no solo em
dutividade e a diminuir os custos de produção devem ser estuda- função da fertirrigação realizada por meio de irrigação localizada
das para garantir a sustentabilidade da agricultura. Assim, desen- (gotejamento e/ou microaspersão), na cultura de citros, é pouco co-
volveu-se um experimento com o objetivo de estudar o efeito do nhecida. Este trabalho teve por objetivo avaliar os padrões de distri-
manejo do solo, do nitrogênio e do espaçamento entrelinhas na buição de potássio, cálcio, magnésio e fósforo em solo tropical, em
cultura do milho em dois anos agrícolas. O experimento foi instala- função da fertirrigação, aplicada por dois sistemas de irrigação localiza-
do em Latossolo Vermelho distrófico, em delineamento experimen- da (microaspersão e gotejamento), sendo que o sistema por gotejamento
tal de blocos casualizados em esquema fatorial 3 x 5 x 2, com quatro era composto por uma e duas linhas laterais por linha de plantas, e o de
repetições. Os tratamentos foram constituídos pela combinação de microaspersão por apenas uma linha, e com três dotações hídricas
três manejos do solo (grade aradora + grade niveladora, escarificador (100%, 75% e 50%) da evapotranspiração da cultura (ETc), em um
+ grade niveladora e plantio direto), cinco épocas de aplicação pomar de laranjeira. As fontes de fertilizantes utilizadas na fertirrigação
do nitrogênio [testemunha sem N, 120 kg ha-1 na semeadura (S), foram o nitrato de amônio, o cloreto de potássio e o ácido fosfórico.
120 kg ha-1 no estádio fenológico V6, 30 kg ha-1 (S) + 90 kg ha-1 em Observou-se que, sob o emissor, nos tratamentos com gotejamento,
V6, 30 kg ha-1 (S) + 45 kg ha-1 em V4 + 45 kg ha-1 em V8] e dois houve depleção nos teores de Ca2+ e Mg2+ desde a superfície do solo
espaçamentos entrelinhas (0,45 m e 0,90 m) com população fixa. até 60 cm de profundidade em relação aos teores anteriores às
Concluiu-se que o sistema plantio direto promoveu maior popula- fertirrigações, enquanto os teores de P aumentaram, principalmente na
ção final de plantas e maior produtividade de grãos; a aplicação camada de 0 a 20 cm. Na microaspersão, esses efeitos não foram obser-
precoce de todo o N proporcionou produtividade de grãos seme- vados, ocorrendo distribuição mais homogênea desses nutrientes tan-
lhante aos manejos com parcelamento, e o espaçamento de 0,90 m to na direção transversal à linha de plantas quanto em profundidade.
promoveu maior massa seca das plantas quando o preparo foi As lâminas de irrigação aplicadas por irrigação localizada não interfe-
feito com grade aradora + niveladora. rem na distribuição de K+ aplicado por fertirrigação e do Ca2+ e Mg2+ no
solo em profundidade, porém menores lâminas de irrigação promovem
maior concentração de P na camada mais superficial do solo, e lâminas
2. RESPOSTA DE SEIS VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR maiores carregam o P para camadas mais profundas.
A DOSES DE POTÁSSIO EM ECOSSISTEMA DE
CERRADO DE RORAIMA
4.ADUBAÇÃO FOSFATADA E FORMAS DE FÓSFORO NUM
UCHÔA, S. C. P.; ALVES JÚNIOR, H. O. A.; ALVES, J. M. A.; LATOSSOLO SOB SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA
MELO, V. F.; FERREIRA, G. B. Revista Ciência Agronômica, v. 40,
OLIBONE, D.; ROSOLEM, C. A. Scientia Agricola, v. 67, n. 4,
n. 4, p. 505–513, 2009.
p. 465–471, 2010.
O cerrado de Roraima apresenta duas estações climáticas Em semeadura direta, o P acumula-se na camada mais super-
bem definidas, uma chuvosa (abril-agosto) e outra seca (outubro- ficial do solo, mas os resíduos deixados na superfície liberam P e
março) que favorecem o cultivo da cana-de-açúcar. Objetivou-se ácidos orgânicos, que podem melhorar a disponibilidade e a eficiên-
com este trabalho estudar a resposta de seis variedades de cana- cia de fertilizantes como o superfosfato triplo e fosfatos naturais
de-açúcar a doses de potássio. O delineamento experimental foi o reativos. Neste estudo, a resposta da soja à adubação com P e as
de blocos casualizados, em esquema fatorial 6 x 5, sendo seis varie- formas de P até 40 cm de profundidade do solo foram avaliadas após
dades (RB72454, SP81-3250, SP79-1011, SP80-1816, RB867515 e a aplicação de fosfatos em um sistema conduzido em semeadura dire-
RB855536) e cinco doses de potássio (0; 80; 160; 240 e 320 kg ha-1 ta há cinco anos. Os tratamentos consistiram de 0 ou 80 kg ha-1 P2O5
de K2O), com quatro repetições. Avaliou-se: número de colmos total, aplicados na superfície do solo como fosfato natural reativo
por metro linear, altura dos colmos, diâmetro médio do colmo, mas- (FNR) ou superfosfato triplo (SFT). Nas subparcelas foram aplica-
sa média do colmo, teor de potássio na folha, produtividade de dos, no sulco de semeadura, 80 kg ha-1 de P2O5, em diferentes combi-
colmos, oBrix e índice de maturação (IM). As variedades respon- nações de FNR e SFT. Amostras de solo foram coletadas até 0,40 m,
deram de modo quadrático às doses de potássio para todas as antes e depois do cultivo da soja (Glycine max L.), para fracionamento
variáveis estudadas, excetuando-se o oBrix e o IM. Todas as vari- do P. As respostas ao FNR foram semelhantes às do SFT, com aumento
edades apresentaram um ciclo inferior a 11 meses com oBrix supe- das reservas de P em profundidade, mesmo em formas não-disponíveis
rior a 18%. As doses de potássio proporcionaram incrementos como P-ocluso. Após a colheita da soja, os teores de P-ocluso diminuí-
entre 55% e 186% na produtividade de colmos. A dose de máxima ram na camada mais superficial, mas foi observado um aumento nas
eficiência econômica variou de 94 a 165 kg ha-1 de K2O. As varie- formas solúvel, orgânica e P-total em toda a espessura de solo estu-
dades RB72454 e RB867515 foram as que se mostraram mais pro- dada. A melhor distribuição do P no solo, principalmente em formas
missoras nesta primeira avaliação, apresentando produtividade solúvel e orgânica, resultou em maior produtividade da soja, mesmo
de colmos de 50,39 and 56,86 t ha-1, respectivamente. quando o fertilizante foi aplicado na superfície do solo.
RECADASTRAMENTO DE ASSINANTES DO
JORNAL INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS
O IPNI Brasil está realizando o recadastramento completo dos assinantes do jornal Informações
Agronômicas.
Desta forma, solicitamos aos nossos prezados assinantes a gentileza de preencher a ficha que encontra-se
no site do IPNI (http://info.ipni.net/recadastramento) para que continuem a receber de forma regular a
referida publicação.
Informamos que a partir de junho de 2011 o jornal Informações Agronômicas só será enviado aos assinantes
recadastrados, mediante aprovação prévia da diretoria.
O
nomes merecedores do prêmio, porém, deve-se lembrar que é ne-
iniciados pelo IPNI Brasil. Entre eles, destacam-se: cessária a participação efetiva da comunidade agronômica no pro-
(1) divulgação de um novo balanço de nutrientes cesso de seleção, indicando-os para esta distinção oferecida pelo
na agricultura, (2) consolidação do Prêmio IPNI Brasil em Nutrição IPNI Brasil. As indicações podem ser realizadas em nosso site
de Plantas e (3) lançamento do livro Boas Práticas para Uso Eficien- (www.ipni.org.br/premio_brasil).
te de Fertilizantes (BPUFs). O lançamento do livro sobre BPUFs deu continuidade ao
O novo balanço aborda a situação do saldo entre adição e nosso programa sobre Boas Práticas relacionadas a Fertilizantes no
exportação de nutrientes por cultura, estado da federação e, em Brasil. A primeira parte do programa foi a realização do simpósio
contexto geral, no Brasil. Este trabalho, repetido ao longo do tem- ocorrido em 2009, a segunda, foi o lançamento do livro, e a terceira
po, fornecerá subsídios para a localização das áreas críticas, onde será a realização, ao longo dos próximos anos, de vários simpósios
deveremos atuar no sentido de melhorar a eficiência de utilização regionais tratando do tema por todo o país. O primeiro simpósio
dos fertilizantes. O trabalho deverá ser aprimorado e, para isso, regional será realizado em Sorriso, MT, em Abril próximo, e vários
contamos também com a colaboração de nossos leitores, por meio outros encontram-se em fase de programação.
do envio de críticas e sugestões. Estamos trabalhando para que 2011, e os anos a seguir, se-
O Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas foi estabelecido jam tão ou mais produtivos quanto o ano que findou. Afinal, o que
em 2009 com o propósito de reconhecer as personalidades expoen- desejamos mesmo é que os fertilizantes sejam utilizados de forma
tes desta área no Brasil. Em duas versões (Pesquisador Sênior e adequada em prol da agricultura brasileira e mundial. Isto é o melhor
Jovem Pesquisador) o prêmio começa a ganhar força e esperamos para o setor e o melhor para a família humana.
contar com muitos contemplados no futuro. Obviamente, não faltam Um feliz 2011 a todos!
MEMBROS DO IPNI