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INFORMAÇÕES

AGRONÔMICAS
Desenvolver e promover informações científicas sobre o N0 132 DEZEMBRO/2010
MISSÃO manejo responsável dos nutrientes de plantas para o
benefício da família humana

– FERTILIDADE DO SOLO NO BRASIL –


CONTRIBUIÇÕES DO INSTITUTO AGRONÔMICO
DE CAMPINAS 1
Bernardo van Raij2

1 INTRODUÇÃO
Veja também neste número:
contínuo aperfeiçoamento de conceitos e de meto-

O dologias por meio da pesquisa é de fundamen-


tal importância para o desenvolvimento da análi-
se de solo – a análise química mais utilizada na agricultura para a
Magnésio – um elemento esquecido na
produção agrícola ................................................. 14
Intensificação global das culturas diminui a
avaliação da reação do solo e da disponibilidade de nutrientes produção de gases de efeito estufa ..................... 16
para as plantas, servindo de base para a prescrição de corretivos
IPNI em Destaque .................................................. 19
e fertilizantes.
A pesquisa em fertilidade do solo é muito ampla no Brasil e Divulgando a Pesquisa ......................................... 20
no exterior, o que é explicado pela multiplicidade de situações e alto Painel Agronômico ............................................... 21
valor envolvido, tanto em relação aos insumos usados – corretivos Publicações Recentes ....................................... 22-23
e fertilizantes – como às vantagens econômicas auferidas pela ade- Ponto de Vista ....................................................... 24
quação de soluções aos problemas existentes.
Há trabalhos que resultam em soluções para uso geral, RECADASTRAMENTO DE ASSINANTES
outros, para situações específicas. As pesquisas realizadas no Ins- Importante!!! Detalhes na página 23
tituto Agronômico de Campinas, IAC, geraram alguns resultados
importantes, de caráter geral, tais como: (1) determinação de quan-
tidades de calcário para neutralizar a acidez dos solos visando à O Brasil é líder mundial em conhecimento da fertilidade do
elevação da saturação por bases; (2) elucidação de aspectos impor- solo nas regiões tropicais, o que muito se deve às diversas institui-
tantes de solos de cargas variáveis como subsídio para a gessagem ções de pesquisa atuantes em todo o país. O IAC teve marcante
em solos ácidos; (3) extração do fósforo do solo por resina de troca atuação para o avanço da fertilidade do solo nos três temas citados.
iônica. Esses três temas serão abordados neste artigo, focando-se Este artigo não trata de uma revisão, mas, sim, da divulgação de
alguns aspectos teóricos mais importantes dos solos brasileiros ou algumas idéias e soluções propostas pelo autor e seus companhei-
das regiões tropicais. ros de trabalho ao longo do tempo.

Abreviações: IAC = Instituto Agronômico de Campinas; CTC = capacidade de troca de cátions; M.O. = matéria orgânica; NC = necessidade de calagem;
NG = necessidade de gesso; SB = soma de bases; V = saturação por bases do solo.

1
Este trabalho foi submetido pelo autor seguindo as normas do Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas, dentre as quais estabelece que o premiado
deve escrever um artigo para o jornal Informações Agronômicas. Dr. Bernardo van Raij foi o escolhido para o Prêmio em 2010.
2
Pesquisador Voluntário do Centro de Solos e Recursos Ambientais, Instituto Agronômico, Campinas, SP; e-mail: bvanraij@iac.sp.gov.br

NOVO LIVRO DO IPNI – BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES


Mais detalhes na página 22
Nota: As opiniões expressas nos artigos não refletem necessariamente as opiniões do IPNI ou dos editores deste jornal.

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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 1


2 TROCA DE CÁTIONS, ACIDEZ E FORMULAÇÃO Os cinco cátions trocáveis encontram-se, em geral, como
DA CALAGEM cátions trocáveis nos solos, atuando como contra-íons.
Os ânions indiferentes têm a mesma carga elétrica do troca-
A propriedade de troca de cátions, um dos mais importantes
dor de cátions, sendo repelidos pela superfície negativa do solo.
atributos dos solos, permite manter, em forma disponível para as
Nessa situação, são denominados co-íons. Os co-íons mantém a
plantas, diversos nutrientes.
eletro-neutralidade da solução do solo, juntamente com os cátions
Trocadores de íons são materiais insolúveis que contêm, em excesso aos adsorvidos na superfície das partículas.
adsorvidos em cargas elétricas superficiais, íons de carga oposta à
Dentre os íons retidos por troca de ligantes, destacam-se os
da superfície, que podem ser trocados por outros íons de mesma
ânions fosfato – que têm forte interação, por meio de ligações co-
carga. A existência de cargas elétricas negativas na superfície das
valentes, com a maioria dos compostos da fase sólida do solo, mas
partículas do solo é responsável pela propriedade de troca de cátions.
principalmente com Al e Fe em solos ácidos – e Ca, em solos de pH
A maneira como a capacidade de troca de cátions (CTC) é ocupada
mais elevado. O sulfato, em geral, se comporta como co-íon. Ape-
pelos cátions trocáveis define importantes propriedades do solo.
nas em solos com óxidos de ferro e alumínio na constituição
2.1 Componentes da CTC mineralógica, e assim mesmo em profundidade no perfil do solo,
pode ser adsorvido por troca aniônica ou troca de ligantes, sendo
Considerando a fase sólida de um trocador de íons, tem-se, difícil separar as duas situações.
para troca de cátions, o seguinte exemplo:
Os íons determinadores de potencial – H+ e OH- – são as
solo - Na+ + KCl solo - K+ + Na+ + Cl- fontes de cargas elétricas em solos, para metais como Al e Fe e
outras substâncias. O potencial é expresso em valores de pH.
Neste caso, o sódio trocável, Na+, é trocado pelo cátion K+.
O ânion Cl-, por ter carga negativa, é repelido pela superfície tam- Complementando a relação acima, tem-se também:
bém negativa e, assim, não participa da reação. • Bases trocáveis: Ca2+, Mg2+, K+, Na+
A magnitude da capacidade de troca de cátions do solo • Alumínio ou acidez trocável: Al3+
depende da composição mineralógica e química do solo, incluindo • Acidez não dissociada: H
a matéria orgânica. Na Figura 1, os cátions trocáveis de caráter básico, Ca2+,
A CTC pode ser representada graficamente como sendo um Mg , K+ e Na2+, ficam no fundo do reservatório, podendo ser remo-
2+

“reservatório” de cátions trocáveis do solo. A Figura 1 mostra a vidos do solo por troca iônica em solução salina, tal como na reação
ocupação da CTC por diversos cátions e sua relação com o pH. de troca iônica ilustrada anteriormente.
Em seguida, um pouco mais acima no gráfico, com o aumen-
to do pH, há predomínio do cátion trocável Al3+, um dos componen-
pHCaCl
2
pHH O
2 tes da acidez do solo. O Al3+ pode ser removido do solo por troca
iônica, o que se faz no laboratório para determinar os teores do
elemento, ou por neutralização, o que se faz no campo por meio da
calagem.
O elemento hidrogênio não é um cátion trocável, mas é muito
importante na troca de cátions do solo. Ocorre não dissociado em
diversos grupos ionogênicos do solo, bloqueando ou não as car-
gas negativas, dependendo do pH do meio. O hidrogênio não
dissociado pode ser removido do solo por neutralização em solu-
ção tamponada, o que se faz no laboratório para determinação de H
a um dado valor de pH, em geral 7,0, ou por reação com calcário, o
que se faz por meio da calagem. Dessa forma, a remoção do hidrogê-
nio na forma H+ é feita com uma substância que pode aceitar prótons,
liberando, assim, a carga bloqueada pelo H. Esta pode, então, parti-
cipar na troca de cátions, liberando carga negativa como tal.

2.2 Determinações analíticas


Figura 1. Representação esquemática da CTC do solo como um reservató- O pH do solo pode ser medido em suspensão aquosa ou em
rio cujos níveis de bases, alumínio e hidrogênio são indicados suspensão de solução de cloreto de cálcio 0,01 mol L-1. O pH em
pelo pH. cloreto de cálcio é, em média, 0,6 unidade menor do que o pH em
Fonte: Raij (1981). água, embora as diferenças individuais sejam bastante variáveis. O
pH auferido em cloreto de cálcio é um valor mais preciso do que o
auferido em água, pois este último é bastante afetado por pequenas
Os íons mais importantes que interagem com a superfície
quantidades de sais presentes no solo (SCHOFIELD, 1947).
das partículas do solo são:
Os métodos disponíveis para determinar os cátions trocáveis
• Cátions trocáveis: Al3+, Ca2+, Mg2+, K+, Na2+ básicos são muito simples, por se tratar de espécies químicas que
• Ânions indiferentes ou trocáveis: Cl-, NO3-, SO42- interagem com a superfície das partículas do solo somente por atra-
ção entre cargas elétricas de sinais contrários, não havendo ligações
• Ânions retidos por troca de ligantes: H2PO4-, HPO42-, SO42- estáveis entre cátions e solo. Assim, para o cálculo, tem sido usados
• Íons determinadores de potencial: H+, OH- métodos diversos, mas que apresentam os mesmos resultados.

2 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


A extração de alumínio pode ser feita com solução de KCl Para amostras superficiais de solos, nas quais a CTC se
1 mol L-1 seguida de titulação com hidróxido de sódio, ou com solu- deve predominantemente à matéria orgânica, podem ser estabe-
ção de NH4Cl, seguida de determinação colorimétrica. lecidas, para diferentes regiões, relações lineares entre pH e satura-
O H é determinado em conjunto com o Al3+, resultando em ção por bases. Um exemplo é dado para São Paulo, na Figura 3,
3+
H + Al , um valor denominado acidez total a pH 7,0. A extração de indicando a relação esquemática entre saturação por bases e pH
H + Al3+ do solo era feita, em São Paulo, com solução de acetato dos solos, determinado em água ou cloreto de cálcio.
de cálcio 1 mol L-1 a pH 7,0 e titulação com solução de hidróxido de
sódio. A necessidade de separar a solução de acetato de cálcio
para a titulação é uma dificuldade na análise de rotina. A busca
por métodos rápidos para determinar a necessidade de calagem,
sem prejuízo da qualidade dos resultados, concretizou-se em um
processo que consiste em associar a diminuição do pH de solu-
ções tamponadas, quando misturadas com solo, com a necessida-
de de calagem. Nos Estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina
é usada a solução tampão SMP (SHOEMAKER et al., 1961).
Quaggio et al. (1985) fizeram uma adaptação da solução SMP
para determinar diretamente os valores de H + Al3+. Para isso, foi
necessária uma calibração no tampão SMP por meio da correlação
entre valores de pH SMP de solos e acidez total do solo determina-
da pelo método do acetato de cálcio (Figura 2).

Figura 2. Relação entre valores de pHSMP de solos e valores de H + Al3+


determinados pelo método do acetato de cálcio.
Fonte: Quaggio et al. (1985). Figura 3. Correlações entre pH em água e saturação por bases (A) e pH
em CaCl2 0,01 mol L-1 (B) e saturação por bases.
Fonte: Quaggio et al. (1985).
Com os resultados analíticos das bases trocáveis e da aci-
dez total, tem-se os seguintes resultados e o cálculo da CTC:
Note-se o coeficiente de correlação um pouco mais baixo
• Soma de bases = SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ para o pH determinado em água em relação ao pH determinado em
• Acidez total a pH 7 = H + Al3+ cloreto de cálcio. Calculando-se o pH para 50% de saturação por
bases, por exemplo, obtém-se 5,5 para o pH em água e 5,0 para o pH
• Capacidade de troca de cátions total a pH 7,0 = CTC = SB +
em CaCl2.
H + Al3+
Essas relações representam a camada superficial dos solos,
A CTC e os componentes são expressos em mmolc dm-3 ou não podendo, portanto, ser utilizadas para amostras de subsolos.
mmolc kg-1, sendo que mmolc representa milimol de carga.
Outro conceito útil é o da saturação por alumínio, direta-
mente utilizado para diagnosticar a necessidade ou não da aplica-
2.3 Relação entre cátions trocáveis e pH ção de gesso no solo. O cálculo é feito por:
Como já foi visto, a CTC é ocupada por uma parte ácida, H + 100 Al3+
3+
Al , e uma parte básica, SB. A saturação por bases da CTC, a pH m = ––––––
CTCef.
7,0, é representada pela equação:
em que:
100 SB m = saturação por alumínio
V = ––––––
CTC CTCef. = CTC efetiva do solo = SB + Al3+.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 3


2.4 Determinação da necessidade de calagem V2 = meta de saturação por bases a ser atingida pela calagem. A
meta de calagem recomendada, V2, é variável entre as culturas,
Na década de 1960, foi adotado no Brasil o cálculo da necessi-
sendo mais elevada para culturas menos tolerantes à acidez.
dade de calagem com base na neutralização do alumínio trocável, com
a premissa que o hidrogênio não era tóxico para as plantas, mas sim o Uma vantagem no uso da fórmula para determinar a necessi-
alumínio. Posteriormente, foi requerido, para o cálculo da calagem, a dade de calagem é que o valor V2, a saturação por bases desejada,
elevação dos teores de Ca + Mg a um mínimo de 20 ou 30 mmolc dm-3 pode ser alterado de acordo com o grau de tolerância de cada planta
de solo. Em São Paulo, adotou-se esse método, com cálculos inde- à acidez.
pendentes para necessidade de calagem para neutralizar alumínio Um ponto importante a ressaltar é que com calagens mais
e/ou para aumentar os teores da Ca + Mg, optando-se pelo maior elevadas há considerável efeito do corretivo no estímulo ao desen-
dos dois resultados. volvimento de raízes no subsolo, o que favorece a absorção de
Ao mesmo tempo, persistia em São Paulo o cálculo da ne- água (QUAGGIO et al., 1991) e de nitrogênio na forma nítrica
cessidade de calagem para elevar o pH do solo com base na corre- (FURLANI et al., 1991) em profundidade. Deve-se lembrar, contu-
lação entre pH e saturação por bases (CATANI e GALLO, 1955). A do, que os experimentos citados na Tabela 1 foram conduzidos no
determinação era feita a partir de uma tabela que fornecia a quanti- sistema convencional, com arações e gradagens anuais.
dade de calcário a adicionar ao solo para corrigí-lo até 15 cm, com
base na acidez total, no pH do solo e na meta de pH de 6,5. 3 SOLOS DE CARGAS VARIÁVEIS E CORREÇÃO
DO SUBSOLO
Assim, havia dois procedimentos para determinar a necessi-
dade de calagem, os quais resultavam em valores muito diferentes. A ciência do solo universal ainda não concorda com certos
Diversos experimentos de campo conduzidos com o fim es- conceitos relacionados ao tema tratado a seguir. Retenção simultâ-
pecífico de avaliar os critérios de calagem ajudaram a elucidar o nea de cátions e ânions, inclusive ânions como Cl- e NO3-, em solos,
problema. Alguns desses resultados são apresentados na Tabela 1. parece conflitar com o conhecimento atual, inclusive com o que foi
discutido no item anterior. Afinal, solos retêm cátions em suas cargas
Tabela 1. Resultados de análise de solos e de produções de culturas em
negativas e repelem ânions como cloreto e nitrato. Da mesma forma,
resposta à calagem. a adsorção simultânea de cátions e ânions em solos não parece fenô-
meno normal. Além disso, a redução efetiva de alumínio trocável por
Ano Al SB V Produção um sal neutro, como CaSO4, não é algo aceito facilmente.
Solo 1 Cultura pH
agrícola mmolc dm-3 % kg ha-1 Para evitar equívocos, é conveniente separar o conceito so-
PV Milho 1974/75 4,4 10 11 14 4.325 bre acidez do solo, como foi tratado anteriormente, daquele sobre
cargas variáveis em solos. Isso porque, na maioria dos solos, as
4,8 5 25 33 5.416
amostras superficiais apresentam cargas negativas, adsorvendo
5,4 1 38 50 6.091
cátions e repelindo ânions. Além disso, no caso de solos de cargas
5,7 1 45 60 6.408 variáveis, o comportamento peculiar começa a se manifestar, em
LEa Soja 1975/76 4,7 10 8 15 479 geral, na parte mais profunda do solo.
5,4 3 21 40 1.163
3.1 Materiais trocadores de íons em solos
5,9 1 33 55 1.489
6,3 0 45 68 1.625 A troca de íons implica na existência de substâncias com
capacidade de adsorver íons na superfície das partículas de solos
LR Algodão 1976/77 4,9 6 20 23 664
e de trocá-los com outros da solução. Solos são sistemas comple-
5,1 4 26 33 1.213 xos e, como regra, diversos constituintes orgânicos e minerais
5,4 2 32 40 1.865 estão presentes nas frações finas. Portanto, a propriedade de troca
5,8 1 42 53 2.360 de íons, com ampla predominância da troca de cátions na camada
1
superficial, é resultante das propriedades individuais e das
PV = Podzólico Vermelho-Amarelo; LEa = Latossolo Vermelho-Escuro
interações dos componentes isolados.
álico; LR = Latossolo Roxo.
Fonte: Raij et al. (1983). Os principais materiais que possuem propriedade de troca
de íons em solos são os minerais de argila, a matéria orgânica e os
óxidos de ferro e alumínio.
Os resultados mostram que tanto a neutralização do alumí-
Os minerais de argila podem ser divididos nos tipos 2:1 e 1:1.
nio como a elevação das bases não são critérios adequados para a
Nos minerais de argila 2:1 predominam as cargas elétricas negativas
recomendação de calagem, por proporcionarem produções aquém
permanentes, que têm origem em substituições isomórficas nas es-
das possíveis.
truturas dos minerais. Substituições isomórficas consistem na subs-
Portanto, optou-se pelo cálculo da necessidade de calagem tituição de íons naturais da estrutura cristalina por outros com apro-
do solo por meio da fórmula (RAIJ, 1981): ximadamente o mesmo tamanho, mas que podem ter carga elétrica
(V2 – V1) CTC diferente. No caso dos minerais de argila, é comum a substituição
NC = –––––––––––– de silício tetravalente por alumínio trivalente na camada tetraédrica
1.000
e de alumínio trivalente por magnésio divalente na camada octaédrica,
em que: criando um excesso de carga negativa no mineral, contrabalançada
NC = necessidade de calagem, dada em t ha-1 de calcário em CaCO3 pelos cátions trocáveis. Os minerais de argila 2:1 que ocorrem em
equivalente, para uma camada de solo de 20 cm de profundidade; solos e têm importante carga permanente são ilita, montmorilonita e
CTC = capacidade de troca de cátions do solo, expressa em mmolc dm-3; vermiculita, com valores aproximados de CTC, respectivamente, de
V1 = saturação por bases do solo; 400 mmolc kg-1, 1.200 mmolc kg-1 e 1.500 mmolc kg-1. Os três minerais

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manifestam exclusivamente troca de cátions, têm estrutura frágil e
são facilmente intemperizados em climas úmidos e quentes, como
os do Brasil, onde são raros em solos bem drenados.
Nas regiões tropicais úmidas, o mais importante mineral de
argila é a caulinita, que é do tipo 1:1. Esse mineral possui CTC baixa,
da ordem de 50 a 100 mmolc kg-1. Na faixa de pH encontrada no solo,
é provável que a caulinita não desenvolva cargas positivas e, portan-
to, não deve apresentar adsorção de ânions de forma expressiva.
A CTC da matéria orgânica é de magnitude muito grande, em
comparação com a da fração mineral dos solos. A sede das cargas
elétricas negativas está em grupamentos funcionais existentes nas
grandes cadeias orgânicas de ácidos húmicos e ácidos fúlvicos. A
dissociação dos vários grupos funcionais existentes no solo de-
pende do pH da solução, do conteúdo eletrolítico do meio e, princi-
palmente, das características da força ácida ou básica de cada gru-
po ou radical. Algumas macromoléculas, como proteínas, podem
apresentar cargas elétricas líquidas negativas ou positivas, ou po-
dem ser isoelétricas. A matéria orgânica humificada do solo é cons- Figura 4. Representação esquemática do desenvolvimento de cargas elé-
tituída de estrutura orgânica de elevada massa molecular, apresen- tricas negativas e positivas em superfície hidratada de óxido de
tando grupamentos funcionais diversos. Contudo, mesmo haven- ferro, com retenção de sulfato de cálcio.
do grupos de caráter básico, a matéria orgânica do solo é predomi- Fonte: Parks e Bruyn (1962).
nantemente de natureza ácida, nunca se tornando isoelétrica, com
as propriedades acídicas sendo determinadas, principalmente, por 82%. Essa elevada contribuição deve-se não somente à alta CTC
grupos carboxílicos abaixo de pH 7,0 e por hidroxilas fenólicas e específica da matéria orgânica, mas também à baixa CTC específica
enólicas a valores mais elevados de pH. da fração mineral, lembrando, ainda, que os teores de argila são
Em solos dos trópicos úmidos, tem especial interesse os muito mais elevados do que os de matéria orgânica.
óxidos hidratados de ferro e alumínio. Esses materiais têm compor- Na Tabela 3 são dadas informações sobre o horizonte B dos
tamento anfótero, isto é, podem desenvolver tanto cargas elétricas oito solos. Neste caso, com os teores de matéria orgânica bem menores
negativas como positivas. Os óxidos desenvolvem cargas elétricas em camadas mais profundas do solo, a contribuição da fração mineral
superficiais em duas etapas. A primeira consiste na hidratação su- à CTC variou de 41% a 94%. Note-se como a CTC específica da fração
perficial, com a formação do “hidróxido” de superfície e dissociação- mineral é baixa, em média cerca de 4% dos valores da matéria orgânica.
associação de prótons (H+) dos grupos OH expostos (PARKS, 1967). A Tabela 4 apresenta a análise mineralógica qualitativa da
A segunda etapa é responsável pela formação de cargas superfi- fração argila das oito amostras de solo. Observa-se que há predo-
ciais de ferro (III) e alumínio, em mecanismo esquematizado por minância do mineral de argila caulinita, seguido de gibsita, com
Parks e Bruyn (1962), reproduzido na Figura 4. A Figura 4 mostra traços de vermiculita e mica. Essa combinação está coerente com os
que as cargas positivas têm origem na adsorção de H+, e as cargas resultados da CTC.
negativas, na dissociação de hidroxilas da superfície.
Os materiais coloidais dos solos dos trópicos úmidos, em
3.2 Capacidade de troca de cátions das frações geral, não apresentam cargas permanentes em quantidades impor-
tantes. Assim, a camada mais superficial do solo apresenta predo-
orgânica e mineral dos solos
mínio de cargas negativas, decorrente dos teores mais elevados de
Estudos realizados em oito amostras superficiais de solos matéria orgânica no solo. No horizonte B acontece o oposto, com
de São Paulo mostraram que a maior parte da CTC é devida à matéria predomínio da fração inorgânica na CTC, sendo a baixa CTC espe-
orgânica (Tabela 2) do solo, com proporções variando de 56% a cífica compensada pelos teores mais elevados de argila.

Tabela 2. Capacidade de troca de cátions total (CTC) da matéria orgânica (M.O.) e específica de amostras superficiais de oito solos do Estado de São Paulo.

Legenda Profundidade Argila M.O. CTC do solo (mmolc kg-1) CTC da M.O.
do solo (cm) (g kg-1) (g kg-1) Total Fração mineral (%) Específica (mmolc kg-1)
PVls 0–6 50 7,8 32 22 69 2.800
Pml 0–15 60 6,0 33 21 64 3.500
Pln 0–14 120 25,2 100 82 82 3.300
Pc 0–16 190 24,0 74 60 81 2.500
PV 0–12 130 14,0 37 27 73 1.900
TE 0–15 640 45,1 244 150 61 3.300
LR 0–18 590 15,1 289 161 56 3.600
LEa 0–17 240 12,1 39 29 74 2.400
1
PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizado de Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília,
variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho-Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo;
LEa = Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.
Fonte: Raij (1969).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 5


Tabela 3. Capacidade de troca de cátions total (CTC) e específica da fração mineral de oito amostras do horizonte B de oito solos do Estado de São
Paulo.

Legenda Profundidade Argila M.O. CTC do solo (mmolc kg-1) CTC da fração mineral
do solo (cm) (g kg-1) (g kg-1) Total Fração mineral (%) Específica (mmolc kg-1)
PVls 115–150 170 2,8 35 33 94 194
Pml 75–100 270 3,6 50 41 82 152
Pln 47–100 240 3,3 36 24 67 100
Pc 45–74 530 8,5 55 35 64 66
PV 59–110 560 5,2 40 31 67 55
TE 53–130 710 3,6 78 65 83 91
LR 58–82 580 15,2 148 59 60 154
LEa 74–114 310 5,9 32 13 41 42
1
PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizado de Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília,
variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho-Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo; LEa =
Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.
Fonte: Raij (1969).

O principal fator de variação de cargas elétricas em solos é o


Tabela 4. Análise mineralógica qualitativa da fração argila dos solos.
pH. Também têm efeito a concentração da solução de equilíbrio e a
Legenda Mineral revelado por difração de raios-X valência do contra-íon. As cargas elétricas negativas do solo au-
do solo1 Caulinita Gibsita Mica Vermiculita mentam com a elevação do pH. Já as cargas positivas, quando
existem condições para seu aparecimento, variam em sentido inver-
PVls ++++ + traço so, ou seja, aumentam com a diminuição do pH do solo.
Pml ++++ Para a determinação das cargas elétricas, o solo é colocado
Pln ++++ traço em equilíbrio com solução salina. Em seguida, o excesso de solução
Pc ++++ + traço é removido e o cátion e o ânion usados na saturação do solo são
PV ++++ + extraídos, representando, respectivamente, a magnitude das cargas
TE ++++ elétricas negativas e positivas, para as condições especificadas de
LR ++++ ++ concentração da solução, dos contra-íons utilizados e do pH de
LEa ++++ traço equilíbrio (RAIJ e PEECH, 1972).
1
PVls = Podzólico Vermelho Escuro variação Laras; Pml = Podzolizado Na Tabela 5, são apresentados números referentes à
de Lins e Marília, variação Marília; Pln = Podzolizado de Lins e Marília, adsorção do cátion Mg2+ (retido em carga negativa) e do ânion
variação Lins; Pc = Podzolizado com cascalho; PV = Podzólico Vermelho- SO42- (retido em carga positiva). Vários pontos podem ser observa-
Amarelo orto; TE = Terra Roxa Estruturada; LR = Latossolo Roxo; dos. São mostrados resultados de matéria orgânica, óxidos de ferro
LEa = Latossolo Vermelho Escuro fase arenosa.
Fonte: Raij (1969).
e alumínio (gibsita) e caulinita. O objetivo dessa tabela é mostrar a
importância da matéria orgânica na determinação da magnitude das
cargas negativas e positivas do solo, e como as cargas negativas
Devido às suas características, os solos dos trópicos úmi-
diminuem e as positivas aumentam ao se passar do horizonte A para
dos têm sido chamados de “solos de cargas elétricas variáveis”, ou
o horizonte B. Note-se, também, a retenção simultânea de cátions e
simplesmente solos de cargas variáveis. As cargas desses solos,
ânions, fato que só ocorre em solos com teores consideráveis de
principalmente superficiais, têm sido chamadas de “cargas depen-
óxidos hidratados de alumínio e ferro.
dentes de pH”. As cargas elétricas, notadamente as que estão em
camadas mais profundas do solo, são responsáveis por proprie-
dades únicas dos solos, que proporcionam interação peculiar com Tabela 5. Matéria orgânica, composição mineralógica e adsorção de Mg2+
o gesso, insumo com notáveis propriedades sobre o sistema e SO42- nos horizontes A e B de três solos com solução de
radicular das plantas, com efeito positivo na absorção de água e MgSO4.
nutrientes. Detalhes são dados, entre diversas fontes, em um livro
Minerais Adsorção de íons
que trata de gesso na agricultura de solos ácidos (RAIJ, 2008). M.O. (g kg-1 de solo) (mmolc kg solo-1)
Solo 1
(g kg-1)
3.3 Cargas elétricas em solos de carga variável F2O3 Gibsita Caulinita Mg2+ SO 4 2-
Até agora, tratou-se da carga negativa do solo, sob vários
LH-Ap 32,9 40 30 250 38,1 1,2
enfoques. Já foi mencionado que óxidos hidratados de ferro e alumí-
LH-B2 4,8 60 60 370 15,8 20,2
nio podem desenvolver cargas elétricas. A Figura 4 mostrou o desen-
volvimento de cargas positivas e negativas, o que deixa margem para LR-Ap 43,3 190 370 90 33,4 3,8
a retenção simultânea de cátions e ânions. Essa é uma situação im- LR-B2 11,4 180 330 110 3,6 30,1
portante, que se torna possível pela distribuição espacial dos pontos TE-Ap 40,3 160 80 330 94,3 2,9
ionogênicos, de forma que um não influencia o outro. A seguir serão TE-B2 16,6 170 100 430 55,3 15,5
discutidos os principais fatores que têm influência nas cargas elétri-
1
cas e que se aplicam em solos que contêm óxidos de ferro e alumínio, LH = Latossolo Vermelho Amarelo húmico; LR = Latossolo Roxo; TE =
já que o mesmo não ocorre na matéria orgânica e nos minerais de Terra Roxa Estruturada.
Fonte: Raij (1971) Raij e Peech (1972).
argila, que não desenvolvem cargas positivas.

6 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


Existe uma situação em que o número de cargas negativas e contendo óxidos de ferro e alumínio, aplicando-se, assim, a vastas
de positivas se igualam, caracterizando o chamado ponto de carga regiões brasileiras. Esse é um dos fundamentos da prática da
zero. Esse é um tema importante relacionado aos aspectos teóricos gessagem, ou seja, o fato de o solo poder reter sais por longos
que envolvem cargas elétricas em solos de cargas variáveis, mas períodos. Outro fundamento é o efeito do sulfato de cálcio na redu-
não será tratado na presente discussão. Detalhes podem ser en- ção da atividade química de alumínio, reduzindo sua toxicidade.
contrados em Raij e Peech (1972) e Raij (2008).
3.4 Necessidade de gesso
Mais alguns pontos serão discutidos, com dados referentes
ao horizonte B2 dos solos Terra Roxa Estruturada (TE) e Latossolo A determinação da necessidade de gesso em solos leva em
Roxo (LR) (Tabela 6), variando-se o pH e a concentração de MgSO4, conta a saturação por alumínio e o teor de cálcio no solo. Isso
um sal bastante semelhante ao CaSO4. Os resultados da Tabela 6 porque os dois fatores que prejudicam o desenvolvimento radicular
realçam o contraste dos dois solos, um eletronegativo e outro forte- são excesso de alumínio e deficiência de cálcio.
mente eletropositivo. Note-se, no solo TE, a carga positiva, ou seja, Em São Paulo, a referência é a análise de solo da amostra
a retenção de sulfato, que diminui bastante com o aumento do pH e coletada a 20-40 cm de profundidade. Se a saturação por alumínio
com a redução da concentração do sal. Note-se, também, que esse for maior do que 40% e/ou o teor de cálcio inferior a 4 mmolc dm-3,
solo, além de caulinita, contêm também óxidos de ferro e gibsita deve ser aplicado gesso, empregando-se a fórmula:
(Tabela 5). Já o solo TR, bem intemperizado, com elevados teores de NG = 6 x teor de argila
óxidos de ferro e gibsita e pouca caulinita, apresenta ampla predo-
A necessidade de gesso é dada em t ha-1 e o teor de argila em
minância de carga positiva. -1
g kg de solo.
Essa fórmula não leva em consideração a mineralogia, ou seja,
Tabela 6. Retenção de Mg2+ e SO42- em amostras do horizonte B de dois
a capacidade do solo em reter sulfato. Também não é definida a
solos em equilíbrio com soluções de MgSO4 a duas concentra-
ções e dois valores de pH. profundidade a ser atingida. Talvez isso explique os resultados de
11 experimentos de campo (Tabela 7) nos quais as doses de gesso
Concentração Adsorção de íons atualmente recomendadas estão aquém das que seriam necessárias
Solo pH de MgSO4 (mmolc kg solo-1) para a produção máxima.
(mol L-1) Mg2+ SO 4 2-
4 DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO EM SOLOS
TE-B2 5,0 0,01 67 27
0,001 50 17 O fósforo é o nutriente que tem recebido maior atenção da
6,0 0,01 87 16 pesquisa em análise de solo no âmbito internacional e o Brasil não
0,001 73 8 é exceção. Contudo, há apenas dois métodos amplamente utiliza-
dos nos laboratórios de análise de solo do país. Um deles, o mais
LR-B2 5,0 0,01 7 38
antigo, denominado Mehlich 1, teve origem nos Estados Unidos. O
0,001 6 30
outro, desenvolvido e utilizado em larga escala somente no Brasil, é
6,0 0,01 18 28
denominado de forma simplificada de “P resina”. O objetivo neste
0,001 13 21
item, é comparar a eficiência desses dois métodos na avaliação da
Fonte: Valores interpolados de Raij (1971), Raij e Peech (1972). biodisponibilidade de fósforo do solo.

Ressalte-se que as concentrações salinas testadas estão na 4.1 Disponibilidade de fósforo nos solos
ordem de grandeza de soluções de solos de climas úmidos, e que o O fósforo no solo encontra-se combinado, principalmente,
sal usado, sulfato de magnésio, é bastante parecido com o sulfato com ferro, alumínio e cálcio, formando compostos de baixa solubili-
de cálcio. Dessa forma, o exemplo é adequado para a discussão que dade. Está presente também na matéria orgânica, embora o P orgâ-
se faz em relação ao gesso. nico não seja considerado na maioria dos métodos de análise de
O importante a se notar é que os solos adsorvem, simulta- solo. O fósforo encontra-se na solução do solo em teores, em geral,
neamente, cátions e ânions, uma característica específica de solos muito baixos.

Tabela 7. Confronto entre doses recomendadas de gesso e quantidades associadas com produções máximas, para 11 experimentos de campo, e
resultados de análise química do subsolo.
Argila Ca m Gesso recomendado Gesso para produção máxima
Cultura
(g kg-1) (mmolc dm-3) (%) (t ha-1) (t ha-1)
Milho 500 7,0 62 3,0 8,0
Cana-de-açúcar 160 1,2 59 1,0 6,0
Cana-de-açúcar 160 1,2 76 1,0 2,0
Cana-de-açúcar 230 0,5 87 1,4 5,0
Cana-de-açúcar 760 9,1 40 4,6 6,0
Cana-de-açúcar 140 6,3 18 0,8 6,0
Cana-de-açúcar 190 0,5 79 1,1 4,8
Cana-de-açúcar 590 1,9 81 3,5 10,0
Soja 500 1,1 25 3,0 6,0
Soja 700 2,0 55 4,2 6,4
Algodão 700 5,0 17 3,0 6,0
Fonte: Raij (2008).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 7


As raízes das plantas obtêm o fósforo da solução do solo, O exemplo da Tabela 8 aponta para algumas deficiências de
onde a baixa concentração determina o mecanismos de absorção extratores químicos na dissolução de frações não-lábeis de P. O
pelas plantas. As raízes das plantas absorvem os nutrientes da experimento consistiu de uma testemunha e três tratamentos:
solução do solo e, à medida que ocorre a absorção pelas raízes, o superfosfato triplo, fosfato natural alvorada e fosfato de alumínio.
nutriente se move por difusão da região de concentração mais alta, Esses fosfatos foram incorporados ao solo 75 dias antes do plantio.
próximo da superfície das partículas sólidas do solo, para a zona de Para referência, também foi incluído tratamento com superfosfato
concentração mais baixa, em torno das raízes. triplo no plantio. Plantas de soja foram cultivadas nos vasos. De-
O modelo da Figura 5 servirá de diretriz para a discussão terminou-se P absorvido pela soja e extraído pelos métodos Mehlich
sobre o que deve ser mensurado na análise química do solo. São 1, Bray 1 e resina. Os dados, indicados como valor, consistiram nos
mostrados compartimentos e direções em que o fósforo no solo se resultados obtidos, menos a testemunha correspondente.
movimenta e como as partes se relacionam entre si. Para que a Os resultados da Tabela 8 permitem várias observações. Com-
planta possa ter um suprimento contínuo de fósforo, é necessário parando os resultados do superfosfato aplicado no plantio com os do
que haja transferência do Plábil para Psolução, bem como do Pfertilizante adubo aplicado com antecedência, percebe-se que a disponibilidade
para Psolução e daí para Plábil. de P decresceu com o tempo de incubação, sendo que o P absorvido
devido a superfosfato diminuiu de 4,3 para 2,2 mg por vaso. Isso se
deve à perda de eficiência do superfosfato com o tempo de incubação
com o solo, comportamento esse bastante conhecido. Essa tendência
foi detectada pela resina. Os resultados deixam claro que os extratores
Mehlich 1 e Bray 1 são específicos para formas químicas e não para
fósforo lábil. Além disso, esses métodos extraíram quantidades muito
Figura 5. Representação esquemática do fósforo com relação aos aspectos altas de P aplicado como superfosfato, pelo menos dentro do período
que afetam a nutrição vegetal. do experimento. Cabe lembrar que os extratores Mehlich 1 e Bray 1
utilizam os mesmos reagentes empregados nos métodos de determina-
Tem-se um sistema constituído de quatro compartimentos: ção de formas de P, ou seja, H2SO4 para P-Ca, no caso de Mehlich-1, e
Pfertilizante, Psolução, Plábil e Pnão-lábil. A planta retira o P apenas de Psolução, NH4F para P-Al, no caso de Bray 1, mostrando que esses extratores são
que, por sua vez, pode ser suprido pelo Plábil e pelo Pfertilizante. Na realmente seletivos para formas químicas de P no solo e não para o P
prática, esta última forma, quando solúvel, passa imediatamente lábil, como é o caso da resina.
para a forma lábil, por meio da solução do solo, e vai fazer parte do
sistema em equilíbrio dinâmico, passando, com o tempo, para a 4.3 Características dos métodos Mehlich 1 e resina
forma não-lábil. Para fins práticos, o Pfertilizante, caso não se dissolva, O método Mehlich 1, desenvolvido pelo autor de mesmo
pode ser considerado como Pnão-lábil. nome, nunca foi formalmente publicado, sendo descrito em um tra-
A planta, quando absorve o P da solução, provoca a disso- balho mimeografado (MEHLICH, 1953), segundo Thomas e Peaslee
lução do Plábil e a reposição de Psolução para manter o equilíbrio. As- (1973). A grande vantagem do método Mehlich 1 é a extrema simpli-
sim, na análise de solo, o importante é a extração de formas lábeis cidade de extração, que consiste basicamente em agitar o solo com
do nutriente. O P em solução é incluído, mas as quantidades são a solução extratora por alguns minutos, decantar durante a noite e
muito pequenas e, por essa razão, não despertam atenção. retirar uma alíquota para a determinação de P. Contudo, a simplici-
dade no laboratório é, provavelmente, a única vantagem do méto-
4.2 O que mensurar na análise de fósforo em solos do. Ressalte-se, contudo, que a vantagem é apenas para o laborató-
Um grande número de métodos de análise de P em solos já rio e para a determinação considerada de forma isolada. Na realida-
foram testados, desde o final do século 19, porém, apenas uma de, é uma economia pequena, que não compensa o prejuízo que o
parte deles está em uso atualmente. Na avaliação de métodos de método Mehlich 1 pode trazer aos usuários.
extração de nutrientes do solo, além dos aspectos químicos con- A resina de troca iônica para a extração de fósforo, ao con-
templados, é de importância decisiva verificar a eficiência com que trário do método Mehlich 1, desde o começo das pesquisas realiza-
é avaliada a disponibilidade do fósforo para as plantas. Isso não das no exterior, tem uma concepção teórica adequada, sendo con-
quer dizer que os resultados determinados pela análise química cebido como um procedimento para extrair o P lábil do solo. Bus-
representem os teores disponíveis em solos, mas, sim, que apresen- cou-se algo que imitasse a absorção de P pelas raízes, representada
tam com eles a melhor correlação possível. da seguinte forma:

Tabela 8. Fósforo extraído por plantas de soja cultivada em vasos e de solos tratados e incubados com três diferentes fosfatos e hidróxido de
cálcio, por três extratores. Os valores representam as diferenças em relação à testemunha.

Adubos aplicados 75 dias antes do plantio


Superfosfato triplo
Avaliação de P no solo Superfosfato triplo Fosfato natural Fosfato de alumínio
aplicado no plantio
alvorada calcinado
Valor Índice Valor Índice Valor Índice Valor Índice

P absorvido pela soja (mg vaso-1) 4,3 100 2,2 53 1,1 27 1,7 40
P Mehlich 1 (mg dm-3) 27,9 100 24,6 88 42,8 153 15,0 54
P Bray 1 (mg dm-3) 37,9 100 39,6 104 7,9 21 39,4 104
P resina (mg dm-3) 12,7 100 7,9 62 1,7 11 4,9 39

Fonte: Raij e Diest (1980).

8 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


(I) extração com resina, representado pela equação (III), o dreno é a
resina. Note-se que nenhum reagente químico é incluído no siste-
A raiz da planta, ao absorver o fósforo da solução, rompe o ma e a transferência de P do solo para a resina ocorre por meio da
equilíbrio existente entre o P da solução do solo e o P da fase sólida solução, inicialmente água destilada, em agitação por
do solo, promovendo o deslocamento do equilíbrio para a direita. 16 horas. No caso da absorção pela raiz, ocorre um processo de
Os íons fosfato, em solução, movem-se por difusão em direção à difusão, e há necessidade de tempo para que a transferência ocor-
raiz, atraídos por um gradiente negativo de concentração. Como a ra, durante o ciclo da cultura. No caso da extração com resina,
quantidade total de P existente na solução do solo, em um dado embora também haja difusão, o constante revolvimento da sus-
momento, é em geral muito baixa, a nutrição das plantas em fósforo pensão de solo, resina e água garante a transferência do elemento
depende da dissolução ou dessorção do fosfato da fase sólida do em menor tempo.
solo. Com o tempo, diversas melhorias foram introduzidas no mé-
É importante voltar a um conceito já discutido no item ante- todo de extração com resina, tanto na parte operacional como na de
rior, para ilustrar melhor a questão da análise de P em solos. Trata- extração. O problema operacional mais importante era a separação
se do conceito de P lábil, ilustrado na Figura 1, que pode ser apre- da resina do solo, inicialmente tornada possível pela pré-moagem
sentado da seguinte forma: do solo, uma operação problemática na análise de rotina, mas que
permitia a separação da resina por peneiragem. Uma das soluções
(II) para este problema foi dada por Raij et al. (1986) que, ao invés de
moerem o solo, promoveram a sua desagregação, agitando-o em
A equação indica a existência de uma parte do fósforo do
suspensão aquosa por 15 minutos em presença de uma bolinha de
solo como sendo lábil e que pode passar para a solução, com a qual
vidro. Isso permitiu a posterior separação da resina do solo através
está em equilíbrio, ou pode passar a uma forma de P não-lábil, de
de peneira, após a agitação por 16 horas, utilizando equipamentos
forma irreversível. Esse é um modelo – na prática as coisas não são
descritos por Quaggio e Raij (2001).
tão simples –, mas servirá para explicar como funciona a avaliação
da disponibilidade de fósforo no solo para as plantas. Um dos problemas mais importantes na extração de P com
A resina de troca de ânions usada para a extração de fósforo resina de troca aniônica, representado pela variabilidade de resulta-
do solo tem propriedades que permitem a avaliação apenas do P dos de P obtidos para diferentes relações solo-resina, foi caracteri-
lábil. Trata-se do mesmo material usado em deionizadores de água. zado por Sibbesen (1978). O autor verificou que a saturação da
A resina é um material sintético, orgânico, poroso, com estrutura resina de troca iônica com o íon HCO3- estabilizava o pH da suspen-
matricial tridimensional que contém grupos químicos com cargas são e também os teores de P, mesmo que variassem as relações
positivas. Essas cargas positivas adsorvem os ânions H2PO4- da solo-resina, o que foi explicado pelo tamponamento introduzido no
solução aquosa em contato com o solo, durante a agitação de solo, meio pelo ânion bicarbonato. Esse detalhe, adotado no método do
resina e água por 16 horas. IAC com a finalidade de estabilizar os resultados, revelou-se crítico
para o processo de extração de P, como será visto adiante.
Há uma outra informação pertinente à solubilidade de
fosfatos em solos e sua extração. Trata-se da influência do pH na Na Tabela 9 são mostrados resultados experimentais que
solubilidade do fósforo em solos. Os fosfatos de ferro e alumínio demonstram a importância de saturar a resina com bicarbonato
têm solubilidade menor em condições mais ácidas, ou de pH bai- de sódio a pH 8,5, utilizando-se amostras de solo de dois experi-
xo, enquanto os fosfatos de cálcio, ao contrário, têm solubilidade mentos de campo de algodão, um sem resposta à adubação
aumentada com a diminuição do pH e, portanto, aumento da aci- fosfatada e outro com uma pequena resposta. Nota-se que a resi-
dez. O resultado prático é o fato conhecido de que a solubilidade na, quando usada em suspensões com valores mais baixos de pH,
de P em solos e, portanto, sua disponibilidade, é máxima em torno é ineficiente para extrair P do solo, mesmo com 16 horas de agita-
de pH 6,0. ção. Já em valores mais elevados de pH e com a ação do íon
Para ilustrar a extração de P do solo com a resina de troca bicarbonato, a extração de P é mais elevada. Este é um detalhe dos
iônica, a equação apresentada pode ser escrita da seguinte forma, mais importantes do método de extração de P com resina atual-
substituindo-se raiz por resina: mente em uso no Brasil. Ele está relacionado com o aumento da
solubilidade de fosfatos de ferro e alumínio a valores mais eleva-
(III) dos de pH. Os resultados da Tabela 9 mostram a razão dos baixos
teores de P determinados em solos bem supridos de P pelos
Portanto, há similaridade entre absorção de P pela raiz da extratores ácidos, que têm valores de pH em torno de 2,0, portan-
planta e adsorção do elemento na resina trocadora de ânions. to, ainda mais baixos que os da suspensão de solo com resina
Enquanto na equação (I) o dreno de P era a raiz, no processo de que foram testados.

Tabela 9. Efeito do pré-tratamento da resina em valores do pH da suspensão e no fósforo extraído de duas amostras de solo de experimentos com
algodão.

Algodão (kg ha-1) Resina-HCl Resina-NaCl Resina-NaHCO3


Solo -3 -3
Sem P Com P pH P (mg dm ) pH P (mg dm ) pH P (mg dm-3)

1 3.678 3.673 3,37 3 5,58 5 6,78 36


2 2.058 2.244 3,34 2 5,29 1 6,79 12
Fonte: Raij et al. (1986).

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 9


Outro fator importante, que contribui para a extração de P são foi publicada, há 32 anos, a literatura já apontava para o método
pela resina, foi a mistura de resina aniônica com resina catiônica, de extração com resina de troca aniônica como a melhor alternativa
o que reduz a força iônica e a concentração de íons divalentes para a avaliação da disponibilidade de P em solos.
da solução, fatores que aumentam a atividade do P em solução e A revisão sobre métodos de extração de P de solos, atualiza-
favorecem sua transferência do solo para a resina (VAIDVA- da por Silva e Raij (1999), está sintetizada na Tabela 10. O número de
NATHAM e TALIBUDEEN, 1970). Embora na ocasião só se pen- trabalhos consultados, ampliado para 70, permitiu a confirmação de
sasse na otimização da extração de P do solo, a inclusão da resina que as correlações entre índices biológicos de disponibilidade de P
de troca catiônica acabou por viabilizar, também, a extração de cál- em solos apresentam-se amplamente favoráveis para a resina, como
cio (Ca), magnésio (Mg) e potássio (K). mostrado em diversas revisões sobre o assunto (RAIJ, 1978;
O método de extração de solos com resina desenvolvido SIBBESEN, 1983; FIXEN, 1990; SILVA e RAIJ, 1999). A separação
por Raij et al. (1986) incorpora os desenvolvimentos descritos, ou pela reação dos solos permitiu a confirmação de que os métodos
seja, a desagregação do solo com bolinha de vidro e a saturação Mehlich 1 e Bray 1 são um pouco melhores em solos ácidos, en-
da mistura de resina catiônica e aniônica com bicarbonato de sódio. quanto o método Olsen é melhor em solos alcalinos. A resina de
Foram também desenvolvidos aparelhos para a automação do mé- troca de íons não é afetada pela reação do solo, o que é uma grande
todo, os quais são mostrados em Quaggio e Raij (2001). O méto- vantagem em regiões que têm solos ácidos e alcalinos, como é o
do, utilizado não só para determinação de P mas também de Ca, caso da região semi-árida do Nordeste brasileiro.
Mg e K trocáveis, vem sendo adotado de forma crescente nos
laboratórios de análise de solo desde 1983.
Tabela 10. Eficiência dos extratores de P do solo, avaliada pela corre-
lação entre índices biológicos e teores de P no solo, por
4.4 Resina, Mehlich 1 e determinação da diferentes métodos, em 70 trabalhos da literatura mundial.
disponibilidade de fósforo em solos
Coeficiente de determinação para solos (%)
Quando há diversas alternativas na escolha do extrator de Método
Ácidos Alcalinos e neutros Não especificados
um elemento do solo, é necessário utilizar critérios científicos para
a seleção do melhor. O procedimento mais utilizado para a seleção Resina 84 83 69
de métodos de análise de P em solos são os experimentos em casa Olsen 47 52 58
de vegetação. Nestes, uma planta teste é cultivada em vasos con- Mehlich-1 56 39 41
tendo diversos solos de uma região, abrangendo a amplitude de Bray 1 53 25 48
valores daqueles fatores que afetam a disponibilidade de P nos Fonte: Adaptada de Silva e Raij (1999).
solos. São dadas condições adequadas de crescimento para a planta,
incluindo correção da acidez e adição de todos os nutrientes, exceto
P, assumido-se que os teores variáveis de P nos diferentes solos Os elevados valores de coeficiente de determinação apresen-
determinarão o crescimento e a absorção do elemento. Em geral, são tados pelo P resina são de magnitude não observada em métodos de
estabelecidas correlações lineares entre P absorvido – considerado o extração de nenhum outro nutriente e, além da superioridade sobre
índice de biodisponibilidade do nutriente nos solos – e P no solo, os outros métodos, pode ser adotado para qualquer tipo de solo.
para os diversos extratores. A qualidade do ajuste entre as variáveis Merece destaque o trabalho de Grande et al. (1986), no qual
é dada por: coeficiente de correlação (r), coeficiente de determina- são comparados os métodos Mehlich-1 e resina em solos de várzea
ção (r2) ou porcentagem de variação (100 r2). de Minas Gerais cultivados com arroz inundado em vasos (Figura 6).
Raij (1978), em revisão da literatura mundial sobre extratores O coeficiente de correlação entre P absorvido pelo arroz e P determi-
de P, constatou que o método da resina trocadora de íons era o que nado pela análise de solo foi de 0,42 (não significativo) para o método
apresentava os maiores valores referentes à porcentagem de varia- Mehlich-1 e de 0,98 para a resina. Deve ser lembrado que a diagnose
ção em pesquisas de seleção de métodos de P, além de ser o que da disponibilidade de P em solos cultivados com arroz inundado é
mais se adaptava aos diferentes tipos de solos, principalmente áci- reconhecidamente um problema difícil e o trabalho de Grande et al.
dos e alcalinos. Pode-se concluir que, na ocasião em que essa revi- (1986) parece apontar para uma solução, por meio do uso de resina.

Figura 6. Relação entre fósforo absorvido pelo arroz inundado e fósforo extraído do solo pelo método Mehlich 1 e pelo método da resina trocadora de íons.
Fonte: Grande et al. (1986).

10 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


Comparações de métodos também podem ser feitas a partir Raij e Quaggio (1990) fizeram nova comparação de extratores
dos resultados de experimentos de campo e, nesse caso, o índice de P, considerando, neste caso, o efeito da calagem na disponibili-
biológico para indicar a disponibilidade de P geralmente usado é a dade do elemento nos solos. Esperava-se, com base nessas obser-
produção relativa, que representa a porcentagem de produção ob- vações de campo, que a análise de P em solos refletisse as altera-
tida no tratamento sem P em relação ao tratamento com P. Quando ções na disponibilidade proporcionadas pelas mudanças de pH,
são usados experimentos de campo obtém-se curvas de calibração, efeito também bastante conhecido. Os resultados de quatro experi-
e a equação de regressão bastante usada é a variante da reta que mentos de calagem, publicados por Raij e Quaggio (1990), são mos-
considera a recíproca da variável independente (1/x). trados na Tabela 11, com informações sobre análise de solo.
No estado de São Paulo, a principal motivação para a busca
de um novo método para determinação de P, na década de 1970, foi 5 DISCUSSÃO
a obtenção, com grande frequência, de baixos valores de P com a Três assuntos de grande importância são discutidos neste
utilização do método de extração com H2SO4 0,025 mol L-1, quando trabalho. Acidez, calagem e fósforo são problemas amplamente abor-
aplicado nos melhores solos do estado e do Brasil, conhecidos dados. Já a acidez do subsolo e sua correção é um tema que ainda
como “terras roxas” (Latossolo Roxo e Terra Roxa Estruturada), suscita dúvidas, com potencial de afetar a produtividade de cultu-
mesmo quando esses solos estavam bem supridos do elemento e ras ainda não delimitado.
as culturas não respondiam à adubação fosfatada. Esse fato é ilus-
trado no trabalho de Raij et al. (1986), o qual apresenta curvas de 5.1 Os limites da correção da acidez do solo
calibração de 28 experimentos de campo com algodão, conduzidos,
a maior parte, em terras roxas, comparando os extratores H2SO4 A troca de cátions em solos, as relações entre índices e a
0,025 mol L-1 e resina (Figura 7). Nota-se que a extração de P com exatidão dos cálculos envolvidos são o ponto forte de como é tra-
ácido sulfúrico resultou na concentração dos valores em torno de tado o tema “acidez e calagem”.
5 mg dm-3 na faixa de produção relativa de 70% a 100%, indicando Troca de cátions, cátions trocáveis, bases trocáveis, satura-
que, nesse caso, a análise de solo foi pouco eficaz para indicar o ção por bases, hidrogênio, pH em cloreto de cálcio... trabalhamos
grau de disponibilidade de P nos solos. Por outro lado, com o uso com esses fatores para manter os solos corrigidos da maneira com
da resina, os pontos acumulados em 100% de produção relativa que cada um de nós acredita ser a melhor. Para frustração de muitos,
apresentaram teores de P cerca de 10 vezes mais altos, permitindo a solução buscada não tem precisão matemática. Mas o cálculo,
melhor discriminação das respostas da cultura à adubação fosfatada. sim, desde que sejam estabelecidas algumas premissas.
Por algum tempo, houve um debate sobre como recomendar
calcário: seria em função dos teores de Al trocável ou pelo método
SMP? Entramos na discussão e, com o auxílio de estudos e experi-
mentos, concluímos que a recomendação de calcário com base nos
teores de Al era insuficiente. Fomos em busca do método SMP e o
adaptamos para determinar a acidez total. O resultado foi excelente.
Resgatamos todos os conceitos ligados à troca de cátions, os quais
não podem ser utilizados com o uso direto do método SMP original
para recomendação de calagem.
Porém, os tempos mudam, a agricultura inova e novos de-
safios surgem. Nossas recomendações de calagem foram basea-
das em amostragem da camada de 0–20 cm do perfil do solo, e o
cálculo da calagem em kg ha-1 para 20 cm. Porém, como recomen-
dar no plantio direto? Surgem novas abordagens, tal como amostrar
a camada de 0–10 cm, ou mesmo 0–5 cm, e calcular o calcário para
essas camadas. Haverá economia, é claro, mas o sistema é susten-
tável? Pode ocorrer acidificação do subsolo?
Na realidade, não arriscamos, e mesmo para o plantio direto
recomendamos a amostragem e o cálculo de calagem para 20 cm.
Afinal, isso já era, e continua sendo, aplicado às plantas perenes.
A acidificação do subsolo, se ocorrer, é difícil de ser revertida.
Prótons – os importantes íons H+ – surgem dos adubos nitro-
genados, mas também do nitrogênio fixado biologicamente. Raízes
de soja são acidificantes. E as minhocas, que não gostam de aci-
dez, como ficarão nas situações em que o calcário é aplicado ape-
nas na superfície do solo? O plantio direto sem minhocas é um
sistema incompleto.

5.2 A fertilidade do subsolo


Figura 7. Relação entre valores de fósforo extraído do solo com H2SO4 Como comentado no item anterior, quando o objetivo é a
0,025 mol L-1 (A) e com resina trocadora de íons (B), e respostas correção da acidez da camada superficial dos solos, deve-se amostrar
do algodoeiro à adubação fosfatada. os solos a 0–20 cm de profundidade ou até menos, 0–5 ou 0–10 cm.
Fonte: Raij et al. (1986). No entanto, para correção da acidez em subsolo o objetivo é esti-

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 11


Tabela 11. Efeito do pH de quatro solos no teor de fósforo nas folhas e nos teores de fósforo determinados por diversos extratores.
P no solo (mg dm-3)
Cultura pH em CaCl2 P folha (g kg-1)
Mehlich 1 Bray 1 Olsen Resina

Feijão 3,8 d 2,44 b 17 a 20 a 41 a 33 b


Pariquera-Açu 4,2 c 3,21 a 18 a 21 a 33 b 36 ab
4,7 b 3,25 a 18 a 20 a 26 c 38 ab
5,1 a 3,26 a 19 a 18 a 19 d 43 a
5,2 a 3,25 a 20 a 19 a 21 d 43 a
Girassol 4,3 c 2,79 c 12 b 24 a 17 a 22 b
Mococa 4,6 c 3,27 b 12 b 22 a 17 a 26 ab
5,3 b 3,81 a 16 a 25 a 16 a 33 ab
5,5 ab 3,87 a 15 a 20 a 12 a 35 a
5,7 a 3,80 a 16 a 20 a 12 a 37 a
Soja 4,3 a 1,85 c 6a 15 a 10 a 13 c
Mococa 4,8 d 2,06 bc 7a 16 a 11 a 16 c
5,5 c 2,44 ab 5a 13 a 7a 17 bc
6,1 b 2,26 a 7a 17 a 8a 22 ab
6,4 a 2,55 a 7a 15 a 8a 27 a
Soja 4,5 d 2,35 b 9a 20 a 18 a 16 c
Ribeirão Preto 4,9 c 2,69 ab 8a 22 a 15 ab 19 bc
6,1 b 2,88 a 8a 20 a 13 ab 23 b
6,6 a 2,85 a 10 a 24 a 12 b 34 a
Fonte: Raij e Quaggio (1990).

mular o crescimento das raízes em profundidades maiores. Por- 5.3 P resina, um método moldado para
tanto, deve-se, neste caso, amostrar os solos até meio metro, ou avaliar a biodisponibilidade
mais. Em diversas regiões foi constatado que, em determinadas
situações, raízes profundas retiram água e nitrogênio do solo, Por muito tempo, a determinação da disponibilidade de P em
beneficiando as plantas. solos tropicais foi considerada muito difícil. Além disso, os méto-
Mas, enquanto no passado a acidez era corrigida basica- dos utilizados nos países de clima temperado não eram muito pre-
mente com calcário, pesquisadores da África do Sul e da Embrapa cisos. A despeito da extensa literatura e do grande número de
Cerrados trouxeram para o palco da agricultura mais um persona- trabalhos científicos sobre o assunto, a aplicação prática dos re-
gem, o CaSO4, conhecido como gesso. sultados de pesquisa em laboratórios de rotina de análise do solo
é quase inexistente. E isso não se aplica só ao Brasil, mas a outros
O gesso não é desconhecido na agricultura. Ao contrário, países também.
tem larga utilização na agricultura mundial. Porém, é usado em solos
alcalinos ou sódicos para remoção do excesso de sódio. E isso, Curiosamente, há mais de meio século esse método vem se
por enquanto, pouco ocorre no Brasil. Tem enorme importância sobressaindo dos demais, sendo considerado superior aos outros
em regiões do mundo que apresentam climas áridos e semi-áridos. procedimentos de extração de P. No entanto, era tido como compli-
cado demais para uso em análise de rotina.
Mas o gesso aplicado em solos ácidos foi novidade. Impor-
tante é que contribui para o aumento da produtividade, graças ao Em busca de uma solução para a análise de solo, decidiu-se
manejo da fertilidade do subsolo. apostar na adoção do melhor método, amplamente comprovado
internacionalmente. O método da resina foi moldado por meio de
Diversas pesquisas indicaram que o gesso reduz a toxicidade experimentos de laboratório, casa de vegetação e campo. Também
de alumínio, favorecendo o crescimento de raízes até mesmo em foram construídos equipamentos para processar um grande núme-
soluções nutritivas. Ainda, o gesso é um sal solúvel em água que ro de amostras simultaneamente. Além disso, o método foi adapta-
penetra no solo com as águas de irrigação, o que não ocorre com o do para a determinação também de Ca, Mg e K.
calcário.
Assim, em que pesem os obstáculos para o uso da resina
Há, ainda, mais um fator preponderante, que é o solo. O na análise de P em solos, os quais, afinal, não eram tão complica-
gesso tem efeito, principalmente, nos chamados solos de cargas dos, a extração de P dos solos por meio desse método passou a
variáveis, com teores elevados de óxidos de ferro e alumínio, que ser realizada no laboratório de análise de solo do IAC, juntamente
conseguem reter cátions e ânions ao mesmo tempo. Com isso, re- com mais quatro laboratórios, em janeiro de 1983 (RAIJ e
duz a toxicidade de Al e as raízes se aprofundam. QUAGGIO, 1983). Desde então, o método vem sendo adotado por
O assunto é importante, os problemas estão definidos, mas outros laboratórios. Atualmente, o Ensaio de Proficiência IAC para
as soluções estão demorando a chegar. O gesso aplicado em solos Laboratórios de Análise de Solos, que emprega os métodos IAC
que não retém sais pode até prejudicar as produções se as aplica- de análise de solo, conta com 103 laboratórios distribuídos em
ções forem excessivas (RAIJ, 2008). 11 estados brasileiros e em dois outros países.

12 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


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INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 13


– MAGNÉSIO –
UM ELEMENTO ESQUECIDO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA 1
Ismail Cakmak2
Atilla M. Yazici2

A nutrição com magnésio é freqüentemente negligenciada e sua falta afeta o


crescimento das plantas. Muitas funções essenciais das plantas requerem fontes adequadas de magnésio,
sendo o seu papel mais visível na formação de raízes, clorofila e na fotossíntese.
Muitas reações menos visíveis também são dependentes do suprimento adequado de magnésio.
Esta breve revisão resume algumas das funções essenciais do elemento nas plantas.

magnésio (Mg) tem várias funções-chave nas

O plantas. Os processos metabólicos e as reações


particulares influenciados pelo Mg incluem: 1) foto-
fosforilação (como a formação de ATP nos cloroplastos), 2) fixa-
Mg baixo Mg adequado

ção fotossintética do dióxido de carbono (CO2), 3) síntese protéica,


4) formação de clorofila, 5) carregamento do floema, 6) separação e
utilização de fotoassimilados, 7) geração de espécies reativas de
oxigênio e 8) fotooxidação nos tecidos foliares. Conseqüentemen-
te, muitos processos fisiológicos e bioquímicos críticos nas plan-
tas são adversamente afetados pela deficiência de Mg, levando a
prejuízos no crescimento e na produção. Na maioria dos casos, o
envolvimento do Mg nos processos metabólicos depende da ati-
vação de numerosas enzimas. Uma importante enzima Mg-ativada é
a ribulose-1,5-bifosfato (RuBP) carboxilase – enzima-chave no pro-
cesso da fotossíntese e a mais abundante no planeta.
Um dos sintomas típicos da deficiência de Mg (Figura 1) é o
amarelecimento das folhas velhas, na forma de clorose internerval.
Observou-se que até 35% do total de Mg nas plantas estão localiza- Figura 1. Sintomas de deficiência de magnésio em folhas de feijoeiro
dos nos cloroplastos (Figura 2). No entanto, a expressão dos sinto- comum (à esquerda).
mas de deficiência de Mg é altamente dependente da intensidade de
luz. Alta intensidade luminosa aumenta o desenvolvimento de
clorose, juntamente com algumas manchas avermelhadas no limbo
foliar (Figura 3). Portanto, as bem documentadas diferenças entre
espécies de plantas na expressão visual dos sintomas de deficiên-
cia de Mg e também nas concentrações críticas de deficiência de
Mg no tecido foliar podem estar relacionadas com a intensidade
luminosa no ambiente de crescimento.
O dano foliar que ocorre nas plantas deficientes em Mg
expostas à alta intensidade luminosa tem sido atribuído à maior
geração de espécies de oxigênio reativas altamente prejudiciais nos
cloroplastos em detrimento da inibição da fixação fotossintética de
CO2. Plantas que se desenvolvem sob condições de alta intensida-
de luminosa parecem ter maior exigência em Mg do que as plantas
cultivadas sob menor intensidade luminosa.

DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO É UM PROBLEMA CRESCENTE


A despeito do papel bem conhecido do Mg em várias fun-
ções críticas na planta, surpreendentemente, há pouca pesquisa
relacionada ao papel da nutrição com Mg na produção e qualidade Figura 2. Cloroplastos são organelas que contém os tilacóides – compar-
agrícola. Por isso, muitas vezes o Mg é considerado um “elemento timentos que contém Mg e onde a energia solar é convertida
esquecido”. No entanto, a deficiência de Mg torna-se cada vez em energia química por meio da fotossíntese.

Abreviações: Al = alumínio; ATP = adenosina trifosfato; C = carbono orgânico; CO2 = dióxido de carbono; K = potássio; Mg = magnésio; N = nitrogênio;
P = fósforo; RuBP = ribulose-1,5-bifosfato.

1
Fonte: Better Crops, v. 94, n. 2, p. 23–25, 2010.
2
Faculty of Engineering and Natural Sciences at Sabanci University, Istanbul, Turquia; email: cakmak@sabanciuniv.edu

14 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


nível de clorofila, ou fotossíntese, ou a síntese protéica. Existem
alguns poucos estudos publicados anteriormente por Cakmak et al.
(1994), com feijão comum, por Hermans et al. (2004), com beterraba
açucareira, e por Hermans e Verbruggen (2005), com Arabidopsis,
que fornecem uma clara e convincente resposta a esta pergunta,
como será discutido mais adiante nesta breve revisão.
Hermans et al. (2004) cultivaram beterraba com baixo e ele-
vado suprimento de Mg e analisaram: 1) crescimento das plantas,
2) fixação fotossintética de CO2, 3) concentração de clorofila,
4) transporte de elétrons e 5) concentração foliar de sacarose. Os
resultados foram claros: antes de qualquer mudança perceptível ou
significativa ocorrida nas primeiras quatro medições, houve um gran-
de acúmulo de sacarose nas folhas completamente expandidas das
plantas deficientes em Mg. Folhas deficientes em Mg acumulam até
Plantas Mg-deficientes parcialmente sombreadas 4 vezes mais sacarose, comparadas às folhas com teor adequado de
Mg, indicando uma inibição severa no transporte de sacarose para
fora das folhas deficientes em Mg.
Cakmak (1994a,b) estudou o papel do Mg na nutrição das
plantas em relação a: 1) crescimento aéreo e radicular, 2) concentra-
ção e distribuição de carboidratos entre o sistema radicular e os
órgãos e 3) exportação de sacarose pelo floema em feijoeiro. Os
resultados mostraram acentuada inibição do crescimento das raízes,
antes de qualquer mudança visível no crescimento da parte aérea e
na concentração de clorofila. Por conseguinte, a relação parte
aérea:raiz nas plantas de feijão e de trigo aumentou em plantas
deficientes em Mg (Figura 4). Este efeito negativo antecipado da
deficiência de Mg no crescimento da raiz antes do desenvolvimen-
to da clorose foliar visível é um problema crítico para os produtores
Folhas Mg-deficientes parcialmente sombreadas por causa da importância de um bom sistema radicular para a produ-
ção vegetal. Por isso, atenção especial deve ser dada ao estado
Figura 3. Sintomas de clorose foliar em plantas de feijoeiro deficientes em nutricional das plantas em relação ao Mg antes do desenvolvimen-
magnésio cultivadas sob condições de alta intensidade lumi- to de qualquer sintoma visível de deficiência.
nosa. A porção verde das folhas foi parcialmente sombreada
com papel de filtro. O acúmulo de carboidratos nas folhas completamente ex-
Fonte: Cakmak e Kirkby (2008). pandidas é um fenômeno comum em plantas deficientes em Mg. No
início da deficiência de Mg e sob severa deficiência de Mg, Cakmak
(1994 a,b) descobriu que as folhas mais velhas continham, respec-
mais um importante fator limitante nos sistemas intensivos de pro- tivamente, 3,5 a 9 vezes mais sacarose, comparadas às plantas com
dução, especialmente em solos adubados apenas com N, P e K. Em teores suficientes de Mg. As folhas deficientes em Mg também
particular, o esgotamento de Mg dos solos é uma crescente preocu- continham elevados teores de amido e reduzidos teores de açúca-
pação para a agricultura de alta produtividade. res. Em plantas de feijoeiro cultivadas com baixa oferta de Mg, por
Devido ao potencial de lixiviação do Mg em solos altamente 12 dias, apenas 1% dos carboidratos totais da planta foram encon-
intemperizados e à sua interação com alumínio (Al), a deficiência de trados nas raízes, enquanto nas plantas com teores suficientes de
Mg é uma preocupação crucial em solos ácidos. Um dos bem docu- Mg esse valor foi de 16%. Todos esses resultados indicam clara-
mentados mecanismos de adaptação das plantas a solos ácidos é a mente uma inibição severa na exportação de açúcares das folhas
liberação de ânions de ácidos orgânicos nas raízes. Ânions de ácidos deficientes em Mg para o floema.
orgânicos liberados nas raízes formam quelatos com os íons tóxicos
de Al formando complexos Al-ácido orgânico que não são fitotóxicos. Exsudatos do floema foram coletados de plantas de feijoeiro
Está bem documentado que o Mg é necessário para a liberação efeti- sob baixo e adequado suprimento de Mg para estudar o papel do
va de ânions de ácidos orgânicos nas raízes, modificando a rizosfera Mg no movimento da sacarose para fora da folha. A deficiência de
intoxicada com Al (YANG et al., 2007). Como o Mg, também o Ca é Mg resultou na inibição severa e precoce do transporte de sacarose
importante na diminuição da toxidez de Al em solos ácidos. No entan- no floema (Figura 5). Houve uma relação inversa entre a concentra-
to, o Mg pode ter ação protetora contra a toxicidade de alumínio ção de sacarose nos tecidos foliares e a taxa de exportação de
quando adicionado em níveis micromolares, enquanto o Ca exerce sacarose no floema durante os 12 dias de tratamento com deficiên-
seu papel protetor em concentrações milimolares (SILVA et al., 2001). cia de Mg. O efeito inibitório da deficiência de Mg sobre o transpor-
Esse resultado indica que o Mg tem benefícios muito específicos na te de sacarose via floema ocorreu antes do aparecimento de qual-
proteção da planta contra a toxicidade de Al. quer efeito adverso no crescimento da parte aérea. O refornecimento
de Mg para as plantas deficientes restabeleceu a exportação de
REAÇÃO INICIAL DA PLANTA À DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO sacarose no floema em 12 horas.
Considerando as diversas funções do Mg nas plantas, uma Esses resultados sugerem fortemente que o efeito do Mg no
questão que se coloca é: qual a função ou estrutura que é afetada carregamento de sacarose no floema é específico e não relacionado
em primeiro lugar na deficiência de Mg? A resposta mais comum é o a qualquer efeito secundário. O mecanismo pelo qual a deficiência

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 15


de Mg afeta o carregamento de sacarose do floema ainda não está períodos de intensivo transporte de carboidratos das folhas para
totalmente compreendido, mas parece estar relacionado à baixa as células em crescimento. Quantidades suficientes de Mg são
concentração do complexo Mg-ATP nos locais de carregamento do necessárias para maximizar o transporte de carboidratos para outros
floema. Acredita-se que o complexo Mg-ATP é necessário para o órgãos-drenos (tais como raízes e sementes), visando promover
bom funcionamento da H+-ATPase, uma enzima que fornece ener- elevada produtividade. A manutenção da adequada nutrição com
gia para o processo de carregamento no floema e mantém o trans- Mg nas fases de crescimento tardio também é essencial para
porte de sacarose nas células do floema. minimizar a geração de espécies reativas de oxigênio prejudiciais e
os danos fotooxidativos nos cloroplastos. A apli-
cação de Mg no final da estação por meio de pul-
verização ou adubação foliar pode ser útil em al-
gumas circunstâncias. O comprometimento do
crescimento das raízes devido à deficiência de Mg
pode provocar também graves impactos sobre a
absorção de nutrientes minerais e água, especial-
mente em condições de solos marginais.
A produção de biomassa de origem vege-
tal como fonte de energia renovável é uma alter-
nativa crescente e promissora aos combustíveis
Mg baixo
Mg baixo fósseis. Mas a produtividade desses sistemas de-
Mg adequado pende diretamente da: 1) capacidade das plantas
Mg adequado
para fixar o CO2 em carbono orgânico (C) por meio
da fotossíntese, 2) translocação do C assimilado
Figura 4. Crescimento de plantas de feijoeiro comum (à esquerda) e de trigo (à direita) com da fonte para os órgãos-drenos, e 3) utilização do
baixo e adequado suprimento de Mg. C assimilado nos órgãos-dreno para o crescimento.
Todas essas etapas são especificamente contro-
ladas pelo Mg. Assim, atenção deve ser direcionada para o estado
nutricional em Mg das plantas destinadas à produção de bio-
combustíveis, a fim de alcançar alta produção de biomassa e distri-
buição dos assimilados de C para os órgãos centrais desejados
(como grãos ou raízes).
O Mg tem sido conhecido por seu papel essencial na
formação da clorofila e na fotossíntese. No entanto, crescente
evidência mostra que os órgãos-drenos (tais como raízes em cresci-
mento e sementes em desenvolvimento) também são severamente
afetados pela deficiência de Mg. Por muito tempo o Mg tem sido um
elemento esquecido na produção vegetal, mas o seu papel vital é
cada vez mais reconhecido na nutrição das plantas.

AGRADECIMENTO
Parte dos resultados apresentados neste trabalho foram ob-
tidos em colaboração com a K + S KALI GmbH (Kassel, Alemanha).

REFERÊNCIAS
CAKMAK, I.; HENGELER, C.; MARSCHNER, H. Partitioning of shoot and root dry
matter and carbohydrates in bean plants suffering from phosphorus, potassium and
magnesium deficiency. Journal of Experimental Botany, v. 45, p. 1245–1250, 1994a.
CAKMAK, I.; HENGELER, C.; MARSCHNER, H. Changes in phloem export of
sucrose in leaves in response to phosphorus, potassium and magnesium deficiency in
bean plants. Journal of Experimental Botany, v. 45, p. 1251–1257, 1994b.
CAKMAK, I.; KIRKBY, E. A. Role of magnesium in carbon partitioning and alleviating
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Figura 5. Concentração foliar de sacarose (A) e taxa de exportação de HERMANS, C.; VERBRUGGEN, N. Physiological characterisation of Mg deficiency in
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quado (controle) ou deficiente de magnésio, por 12 dias. HERMANS, C.; JOHNSON, G. N.; STRASSER, R. J.; VERBRUGGEN, N.
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Fonte: Cakmak et al. (1994b).
magnesium differentially affects photosystems I and II. Planta, v. 220, p. 344–355, 2004.
SILVA, I. R.; SMYTH, T. J.; ISRAEL, D. W.; RAPER, C. D.; RUFTY, T. W.
Magnesium is more efficient than calcium in alleviating aluminum rhizotoxicity in
PROBLEMA DA DEFICIÊNCIA DE MAGNÉSIO NOS soybean and its ameliorative effect is not explained by the Gouy-Chapman-Stern model.
ESTÁDIOS INICIAS DE DESENVOLVIMENTO DA PLANTA Plant and Cell Physiology, v. 42, p. 538–545, 2001.
YANG, J. L.; YOU, J. F.; LI, Y. Y.; WU, P.; ZHENG, S. J. Magnesium enhances
A acumulação de carboidratos juntamente com a inibição da aluminum-induced citrate secretion in rice bean roots (Vigna umbellata) by restoring
exportação de sacarose das folhas deficientes em Mg mostra a im- plasma membrane H+-ATPase activity. Plant and Cell Physiology, v. 48, p. 66–74,
portância de se manter a nutrição adequada das plantas durante os 2007.

16 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


INTENSIFICAÇÃO GLOBAL DAS CULTURAS DIMINUI
A PRODUÇÃO DE GASES DE EFEITO ESTUFA 1
Cliff Snyder2 Tom Jensen2
Tom Bruulsema2 Robert Mikkelsen2
Valter Casarin2 Rob Norton2
Fang Chen2 T. Satyanarayana2
Raúl Jaramillo2 Shihua Tu2

o período de 1961 a 2005, a produção global das

N culturas aumentou por meio da expansão da área


cultivada (extensificação) e do aumento no rendi-
mento das terras já cultivadas (intensificação). A área agrícola cul-
tivada aumentou de 960 para 1.208 milhões hectares (Mha), um
incremento de 27%. Enquanto isso, a produtividade, medida pela
produção em todos os grupos de culturas, aumentou de 1,84 para
3,96 t ha-1 (incremento de 135%). As melhorias no rendimento foram
possíveis graças à adoção, pelo agricultor, de variedades e híbridos
melhorados, aumento no uso de fertilizantes, melhor manejo de pra-
gas, maior acesso à irrigação, uso de práticas de conservação do
solo e aumento da mecanização agrícola.
Estima-se que a produção agrícola foi responsável por 10%
a 12% do total das emissões globais de GEE em 2005. Essas emis-
sões são compostas principalmente de óxido nitroso (N2O) e metano
(CH4), e soma o equivalente a 5-6 gigatoneladas (GT) de equivalen- Investimentos na pesquisa agrícola ajudam a evitar as emissões
de gases de efeito estufa.
tes de dióxido de carbono (CO2e). Aproximadamente 60% das emis-
sões globais de N2O total e 50% das emissões globais de CH4 têm
sido atribuídas à agricultura (FLYNN e SMITH, 2010). A mudança A moderna produção agrícola depende do consumo de fer-
no uso da terra, resultante do desmatamento de florestas e da con- tilizantes. Visando ajudar a responder as perguntas sobre os impac-
versão de terras nativas para produção agrícola, responde por 6% a tos do GEE, cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados
17% do total mundial de emissões de GEE. Unidos, compararam as emissões globais de GEE de dois cenários
Nossa atmosfera apresentou um aumento na concentração mundiais alternativos (MA1 e MA2) com as do mundo real (MR) no
de N2O, passando de 270 partes por bilhão (ppb), no período pré- período de 1961 a 2005 (BURNEY et al., 2010). No cenário MA1, a
industrial, para 319 ppb em 2005 – um aumento de cerca de 0,26% ao área cultivada é expandida, os rendimentos são constantes, se-
ano (DAVIDSON, 2009). Houve também aumento na concentração guindo os níveis de 1961, mas o padrão de vida melhora, como no
de dióxido de carbono (CO2), passando de 318 partes por milhão cenário MR. O cenário MA2 também tem a área cultivada em expan-
(ppm), em 1961, para 380 ppm, em 2005, cerca de 0,44% ao ano. Esses são, mas o nível de vida é mantido no padrão do cenário de 1961.
aumentos na concentração de gases de efeito estufa podem agravar Alguns de seus pressupostos e as estimativas dos resultados glo-
o aquecimento global e resultar em problemas de mudança climática. bais de GEE são apresentados na Tabela 1.
O consumo mundial de fertilizantes nitrogenados em 2005 foi Assumindo-se como constantes as doses de fertilizantes e
de aproximadamente 93 milhões de toneladas (Mt). Utilizando-se o as produtividades das culturas nos níveis de 1961, nota-se que, no
fator de emissão de N2O de 1% (1 kg de N-N2O emitido por 100 kg cenário MA1, foi necessária a expansão da área cultivada e a inter-
de N aplicado) sugerido pelo Intergovernmental Panel on Climate ferência nas áreas naturais em proporções muito maiores (> 7 ve-
Change (IPCC, 2006), estima-se que o uso de N pode provocar a zes) para atender a demanda mundial de alimentos, em comparação
emissão de 1,46 Mt de N2O, ou cerca de 433 Mt de CO2e. Esses com o que realmente aconteceu no mundo real. O cenário MA2
dados em perspectiva mostram que o consumo global de fertilizan- apresentava hipóteses semelhantes, mas também manteve cons-
tes nitrogenados em 2005 pode ter sido responsável por 7,0% a tante a produção per capita de grãos (padrão de vida). No entanto,
8,6% das emissões globais de GEE (FLYNN e SMITH, 2010). o MA2 ainda exigiu grande expansão da área cultivada (4,5 vezes

Abreviações: CH4 = metano; CO2 = dióxido de carbono; CO2e = equivalentes de dióxido de carbono; GEE = gases de efeito estufa; Gt = gigatoneladas;
MA = mundo alternativo; Mha = milhões de hectares; MR = mundo real; Mt = milhões de toneladas; N2O = óxido nitroso; ppb = partes por bilhão; ppm =
partes por milhão.

Unidades: 1 gigatonelada (Gt) = 109 toneladas = 1012 kg = 1.000 Tg


CO2e = dióxido de carbono equivalente em força radioativa ou potencial de aquecimento global
CO2e = 296 para N2O e 23 para CH4 (IPCC, 2006)

1
Fonte: Better Crops, Norcross, v. 94, n. 4, p. 16–17, 2010.
2
Os autores são membros do Nutrients and Environment Work Group (WG02) do International Plant Nutrition Institute (IPNI). Todos são
funcionários do IPNI, de várias regiões do mundo. Dr. Snyder é coordenador do grupo de trabalho; e-mail: csnyder@ipni.net

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 17


Tabela 1. Comparação entre cenários do mundo real (MR) e do mundo alternativo (MA) para atender às demandas globais de alimentos no período
de 1961 a 2005, e suas emissões de gases de efeito estufa.
Mundo Real Mundo Alternativo Mundo Alternativo
(MR) (MA1) (MA2)
Item
Intensificação da produção Extensificação da produção
1961 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 2005 - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

Padrão de vida Melhorado Igual ao do MR Igual ao de 1961


Produtividade da cultura (t ha-1) 1,84 3,96 1,84 1,84
Produção vegetal (Mt) 1.776 4.784 4.784 3.811
Tratores agrícolas (M) 11,3 28,5 28,51 23,7
Área irrigada (Mha) 139 284 2841 298
Fertilizantes (N-P2O5-K2O), doses de aplicação (kg ha-1) 32 136 32 32
Fertilizantes consumidos totais (Mt) 31 165 88 67
Expansão da área colhida desde 1961 (Mha) - 248 1.761 1.111
Aumento nas emissões de GEE em relação ao MR (Gt CO2e) - - 590 317
1
No MA1, de forma conservadora, o uso de máquinas e a área de irrigação permaneceram igual aos do MR.
Fonte: Burney et al. (2010).

mais) para atender a demanda mundial de alimentos. Em ambos os


cenários, MA1 e MA2, as emissões globais de CO2 aumentaram
consideravelmente, em comparação com o resultado de GEE do
MR.
Embora as emissões de GEE por hectare na produção de cultu-
ras tenham aumentado, o efeito líquido da intensificação tem colabora-
do muito para a evasão de emissões (Tabela 1). Ao mesmo tempo, o
aumento na produção e no consumo de fertilizantes tem tornado
possíveis cerca de 40% a 60% da produção global atual de alimentos
(STEWART et al., 2005; ERISMAN et al., 2008).
Expressando os benefícios da produção agrícola intensiva
de outra maneira, 13,1 Gt das emissões de CO2e por ano têm sido
evitados, e cada dólar investido na produtividade das culturas agrí-
colas resultou em 249 kg a menos de emissões de CO2e em relação
às tecnologias empregadas em 1961 (BURNEY et al., 2010).
Aumentar a eficiência no uso de insumos é uma estratégia viável.

IMPLICAÇÕES IMPORTANTES
REFERENCES
Dois pontos importantes podem ser extraídos deste estudo.
Primeiro, os investimentos na melhoria da produtividade da cultura BRUULSEMA, T. W.; WITT, C.; GARCÍA, F.; LI, S.; RAO, T. N.; CHEN, F.; IVANOVA, S.
Better Crops, v. 92, n. 2, p. 13–15, 2008.
são uma forma economicamente viável de prevenir o aumento das
BURNEY, J. A.; DAVIS, S. J.; LOBELL, D. B. Proceedings of the National Academy of
emissões de GEE. Segundo, os esforços de mitigação devem garan- Sciences, v. 107, n. 26, p. 12052–12057, 2010.
tir que os impactos de todo o sistema de estratégias para reduzir as CASSMAN, K. G. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 96, p. 5952–5959, 1999.
emissões de GEE sejam contabilizados. Embora o aumento da efi- DAVIDSON, E.A. Nature Geoscience, v. 2, p. 659–662, 2009.
ciência do uso de insumos na produção de culturas seja uma estra- DOBERMANN, A. Nutrient use efficiency – measurement and management. In: Fertilizer best
management practices: general principles, strategy for their adoption and voluntary initiatives
tégia viável, as reduções de entradas podem limitar os aumentos de vs regulations. Proc. IFA International Workshop on Fertilizer Best Management Practices, 7–
produtividade. 9 March 2007, Brussels, p. 1–28.
Prover as necessidades de 9 bilhões de pessoas, além de ERISMAN, J. W.; SUTTON, M. A.; GALLOWAY, J.; KLIMONT, Z.; WINIWARTER, W. Nature
Geoscience, v. 1, p. 636–639, 2008.
proteger nosso planeta e a resiliência da paisagem, pode ser o maior
FLYNN, H. C.; SMITH, P. Greenhouse gas budgets of crop production – current and likely
desafio já enfrentado pela humanidade (FOLEY et al., 2005). Para future trends. Paris: International Fertilizer Industry Association, 2001. 67 p.
atender nossas necessidades de produção de alimentos e, ao mes- FOLEY, J. A. et al. Science, v. 309, p. 570–574, 2005.
mo tempo, sustentar o planeta e preservar partes significativas de IFA. INTERNATIONAL FERTILIZER INDUSTRY ASSOCIATION. The global “4R” nutrient
seus ecossistemas naturais, foram defendidos, pelos membros da stewardship framework. Developing fertilizer best management practices for delivering
economic, social and environmental benefits. Paris: International Fertilizer Industry
indústria de fertilizantes e da comunidade agrícola, os sistemas eco- Association, 2009. 10 p.
logicamente intensivos de produção (CASSMAN, 1999), a melhoria IPCC. INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE GUIDELINES FOR
na eficiência de uso de nutrientes (DOBERMANN, 2007) por meio NATIONAL GREENHOUSE GAS INVENTORIES. N2O emissions from managed soils, and
CO 2 emissions from lime and urea application. Disponível em: <http://www.ipcc-
de melhores práticas de manejo (BPUFs) e o melhor manejo de nggip.iges.or.jp/public/2006gl/pdf/4_Volume4/V4_11_Ch11_N2O&CO2.pdf> Acesso em 30
nutrientes para atingir objetivos econômicos, ambientais e sociais Jul. 2010.
(BRUULSEMA et al, 2008;. IFA, 2009; SNYDER et al, 2009). SNYDER, C. S.; BRUULSEMA, T. W.; JENSEN, T. L.; FIXEN, P. E. Agriculture, Ecosystems
and Environment, v. 133, p. 247–266, 2009.
Como sociedade global, estamos prontos para enfrentar os STEWART, W. M.; DIBB, D. W.; JOHNSTON, A. E.; SMYTH, T. J. Agronomy Journal, v. 97,
desafios? p. 1–6, 2005.

18 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


EM DESTAQUE
IPNI SCIENCE AWARD 2010 ENTREGUE AO IPNI NA REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE
Dr. ANDREW SHARPLEY DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS
O International Plant Nutrition Institute (IPNI) nomeou o Dr. Prochnow e Dr. Valter Casarin participaram da FertBio
Dr. Andrew N. Sharpley, do Departamento de Produção Vegetal, 2010, realizada em Guarapari, ES.
Solos e Ciências Ambientais da Universidade de Arkansas, Esta- Dr. Prochnow fez uma apresentação sobre o uso eficiente de
dos Unidos, como o vencedor do IPNI Science Award 2010. Ele rocha fosfática, ressaltando sua importância crucial para garantir o
recebeu uma placa especial e um prêmio em dinheiro de US$ 5.000,00. abastecimento futuro de fósforo (P). Estudos têm demonstrado que
“Estamos honrados em anunciar Dr. Andrew Sharpley como nem todas as fontes de fosfato totalmente acidulado necessitam de
o ganhador do IPNI Science Award 2010. Sua notável carreira tem alta solubilidade em água para serem eficientes como fonte de P
sido dedicada ao manejo de nutrientes com o objetivo de sustentar para a maioria das culturas. Portanto, uma melhor utilização desses
ecologicamente o cultivo intensivo, protegendo a qualidade da água. recursos pode ser fortemente antecipada pela adequada produção
Dr. Sharpley liderou o desenvolvimento e o aperfeiçoamento de um de fertilizantes fosfatados com variada solubilidade em água.
índice de fósforo (P) para identificar áreas agrícolas com maior risco "Fiquei contente em resumir o trabalho sobre este importan-
de perda de nutrientes e que necessitam de remediação. O impacto do te tema e espero que ele suscite o interesse por novos estudos, os
seu trabalho tem sido positivo e de grande alcance”, disse Dr. Terry quais são essenciais para determinar a forma mais adequada de
L. Roberts, presidente do IPNI. A pesquisa do Dr. Sharpley aumen- utilizar esse recurso-chave", disse Dr. Prochnow.
tou consideravelmente o entendimento básico do comportamento Por sua vez, Dr. Casarin apresentou os desafios para o uso
e destino do P e do nitrogênio nos sistemas agrícolas, e seus impac- eficiente de fertilizantes. "A minha palestra teve como tema central as
tos nos recursos hídricos. Ele demonstrou que por meio de estraté- boas práticas para uso eficiente de fertilizantes, enfatizando a impor-
gias eficazes de preparo e uso de fertilizantes e esterco pode-se tância dos nutrientes no sistema de produção", disse Dr. Casarin.
atingir metas de produção e proteger a qualidade da água.
Mais informações sobre o prêmio e as formas de nominação BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE
para o 2011 IPNI Science Award estão disponíveis no website: DE FERTILIZANTES
www.ipni.net/awards. Como parte dos esforços na promoção do conceito 4C de
Manejo de Nutrientes, Dr. Casarin fez uma apresentação sobre Boas
MERCADO E USO DE FERTILIZANTES Práticas para Uso Eficiente de Fertilizantes no Simpósio sobre Sis-
O IPNI colaborou no Workshop sobre Mercado de Fertili- tema Integrado de Manejo na Produção Agrícola Sustentável
zantes e o Futuro do Agronegócio Brasileiro, coordenado pelo (SIMPAS, versão 58), realizado em Cristalina, no Estado de Goiás.
professor Godofredo Vitti e sua equipe, da Escola Superior de Agri- O SIMPAS ocorre três vezes ao ano, com apoio financeiro
cultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, SP. do agronegócio, incluindo o setor de fertilizantes. Juntamente com
Dr. Luís Prochnow e Dr. Valter Casarin participaram das dis- a Associação Brasileira para Difusão de Adubos (ANDA), o IPNI
cussões, interagindo com os participantes e promovendo o novo Brasil vem apoiando o evento, na seção sobre nutrição de plantas,
livro sobre Boas Práticas para Uso Eficiente de Fertilizantes no Brasil. desde a sua inauguração. A palestra do Dr. Casarin sobre a busca
O evento suscitou questões importantes sobre oferta, de- de maior eficiência no manejo dos fertilizantes agrícolas foi assisti-
manda, estratégias, investimentos e perspectivas do mercado de da por 120 pessoas – a maioria engenheiros agrônomos da área de
fertilizantes no Brasil e no mundo. extensão.

As palestras foram seguidas atentamente pelos participantes. Dr. Casarin e Eduardo Daher, da ANDEF.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 19


DIVULGANDO A PESQUISA

1. MANEJO DO SOLO E DO NITROGÊNIO EM MILHO 3. PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE K +, Ca 2+, Mg 2+ E P


CULTIVADO EM ESPAÇAMENTOS REDUZIDO E NO SOLO DE UM POMAR DE CITROS EM FUNÇÃO DA
TRADICIONAL FERTIRRIGAÇÃO

KANEKO, F. H.; ARF. O.; GITTI, D. C.; ARF, M. V.; CHIODEROLI, LAURINDO, V. T.; SILVA, G. O.; PAVANI, L. C.; QUAGGIO, J. A.
C. A.; KAPPES, C. Bragantia, v. 69, n. 3, p. 677–686, 2010. Engenharia Agrícola, v. 30, n. 5, p. 909–921, 2010.
Práticas agronômicas que ajudam o agricultor a elevar a pro- Em solos tropicais, a distribuição dos nutrientes no solo em
dutividade e a diminuir os custos de produção devem ser estuda- função da fertirrigação realizada por meio de irrigação localizada
das para garantir a sustentabilidade da agricultura. Assim, desen- (gotejamento e/ou microaspersão), na cultura de citros, é pouco co-
volveu-se um experimento com o objetivo de estudar o efeito do nhecida. Este trabalho teve por objetivo avaliar os padrões de distri-
manejo do solo, do nitrogênio e do espaçamento entrelinhas na buição de potássio, cálcio, magnésio e fósforo em solo tropical, em
cultura do milho em dois anos agrícolas. O experimento foi instala- função da fertirrigação, aplicada por dois sistemas de irrigação localiza-
do em Latossolo Vermelho distrófico, em delineamento experimen- da (microaspersão e gotejamento), sendo que o sistema por gotejamento
tal de blocos casualizados em esquema fatorial 3 x 5 x 2, com quatro era composto por uma e duas linhas laterais por linha de plantas, e o de
repetições. Os tratamentos foram constituídos pela combinação de microaspersão por apenas uma linha, e com três dotações hídricas
três manejos do solo (grade aradora + grade niveladora, escarificador (100%, 75% e 50%) da evapotranspiração da cultura (ETc), em um
+ grade niveladora e plantio direto), cinco épocas de aplicação pomar de laranjeira. As fontes de fertilizantes utilizadas na fertirrigação
do nitrogênio [testemunha sem N, 120 kg ha-1 na semeadura (S), foram o nitrato de amônio, o cloreto de potássio e o ácido fosfórico.
120 kg ha-1 no estádio fenológico V6, 30 kg ha-1 (S) + 90 kg ha-1 em Observou-se que, sob o emissor, nos tratamentos com gotejamento,
V6, 30 kg ha-1 (S) + 45 kg ha-1 em V4 + 45 kg ha-1 em V8] e dois houve depleção nos teores de Ca2+ e Mg2+ desde a superfície do solo
espaçamentos entrelinhas (0,45 m e 0,90 m) com população fixa. até 60 cm de profundidade em relação aos teores anteriores às
Concluiu-se que o sistema plantio direto promoveu maior popula- fertirrigações, enquanto os teores de P aumentaram, principalmente na
ção final de plantas e maior produtividade de grãos; a aplicação camada de 0 a 20 cm. Na microaspersão, esses efeitos não foram obser-
precoce de todo o N proporcionou produtividade de grãos seme- vados, ocorrendo distribuição mais homogênea desses nutrientes tan-
lhante aos manejos com parcelamento, e o espaçamento de 0,90 m to na direção transversal à linha de plantas quanto em profundidade.
promoveu maior massa seca das plantas quando o preparo foi As lâminas de irrigação aplicadas por irrigação localizada não interfe-
feito com grade aradora + niveladora. rem na distribuição de K+ aplicado por fertirrigação e do Ca2+ e Mg2+ no
solo em profundidade, porém menores lâminas de irrigação promovem
maior concentração de P na camada mais superficial do solo, e lâminas
2. RESPOSTA DE SEIS VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR maiores carregam o P para camadas mais profundas.
A DOSES DE POTÁSSIO EM ECOSSISTEMA DE
CERRADO DE RORAIMA
4.ADUBAÇÃO FOSFATADA E FORMAS DE FÓSFORO NUM
UCHÔA, S. C. P.; ALVES JÚNIOR, H. O. A.; ALVES, J. M. A.; LATOSSOLO SOB SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA
MELO, V. F.; FERREIRA, G. B. Revista Ciência Agronômica, v. 40,
OLIBONE, D.; ROSOLEM, C. A. Scientia Agricola, v. 67, n. 4,
n. 4, p. 505–513, 2009.
p. 465–471, 2010.
O cerrado de Roraima apresenta duas estações climáticas Em semeadura direta, o P acumula-se na camada mais super-
bem definidas, uma chuvosa (abril-agosto) e outra seca (outubro- ficial do solo, mas os resíduos deixados na superfície liberam P e
março) que favorecem o cultivo da cana-de-açúcar. Objetivou-se ácidos orgânicos, que podem melhorar a disponibilidade e a eficiên-
com este trabalho estudar a resposta de seis variedades de cana- cia de fertilizantes como o superfosfato triplo e fosfatos naturais
de-açúcar a doses de potássio. O delineamento experimental foi o reativos. Neste estudo, a resposta da soja à adubação com P e as
de blocos casualizados, em esquema fatorial 6 x 5, sendo seis varie- formas de P até 40 cm de profundidade do solo foram avaliadas após
dades (RB72454, SP81-3250, SP79-1011, SP80-1816, RB867515 e a aplicação de fosfatos em um sistema conduzido em semeadura dire-
RB855536) e cinco doses de potássio (0; 80; 160; 240 e 320 kg ha-1 ta há cinco anos. Os tratamentos consistiram de 0 ou 80 kg ha-1 P2O5
de K2O), com quatro repetições. Avaliou-se: número de colmos total, aplicados na superfície do solo como fosfato natural reativo
por metro linear, altura dos colmos, diâmetro médio do colmo, mas- (FNR) ou superfosfato triplo (SFT). Nas subparcelas foram aplica-
sa média do colmo, teor de potássio na folha, produtividade de dos, no sulco de semeadura, 80 kg ha-1 de P2O5, em diferentes combi-
colmos, oBrix e índice de maturação (IM). As variedades respon- nações de FNR e SFT. Amostras de solo foram coletadas até 0,40 m,
deram de modo quadrático às doses de potássio para todas as antes e depois do cultivo da soja (Glycine max L.), para fracionamento
variáveis estudadas, excetuando-se o oBrix e o IM. Todas as vari- do P. As respostas ao FNR foram semelhantes às do SFT, com aumento
edades apresentaram um ciclo inferior a 11 meses com oBrix supe- das reservas de P em profundidade, mesmo em formas não-disponíveis
rior a 18%. As doses de potássio proporcionaram incrementos como P-ocluso. Após a colheita da soja, os teores de P-ocluso diminuí-
entre 55% e 186% na produtividade de colmos. A dose de máxima ram na camada mais superficial, mas foi observado um aumento nas
eficiência econômica variou de 94 a 165 kg ha-1 de K2O. As varie- formas solúvel, orgânica e P-total em toda a espessura de solo estu-
dades RB72454 e RB867515 foram as que se mostraram mais pro- dada. A melhor distribuição do P no solo, principalmente em formas
missoras nesta primeira avaliação, apresentando produtividade solúvel e orgânica, resultou em maior produtividade da soja, mesmo
de colmos de 50,39 and 56,86 t ha-1, respectivamente. quando o fertilizante foi aplicado na superfície do solo.

20 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


PAINEL AGRONÔMICO

NOVA FÁBRICA DE FERTILIZANTES NO MATO BIORREATOR OBTÉM VINHAÇA MAIS LIMPA


GROSSO SERÁ A MAIOR NO BRASIL PARA ADUBAÇÃO DO SOLO
O Presidente do Conselho Estadual de Controle Ambiental, Um biorreator aeróbio, desenvolvido nos laboratórios do
Carlos Alberto Menezes, deliberou a Licença Prévia para a ativida- Centro de Energia Nuclear da Agricultura (Cena), da Escola Supe-
de de fabricação de fertilizantes e Agroquímicos da Petrobras, em rior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) da USP, em Piracicaba,
Três Lagoas (MS). possibilitou a degradação da vinhaça em mais de 80%, tornando o
A nova fábrica, denominada UFN III (Unidade de Fertilizantes líquido apto a ser utilizado na adubação da cana-de-açúcar.
e Nitrogenados), será a maior do setor no Brasil e deve entrar em A vinhaça é
operação no segundo semestre de 2014. A fábrica irá produzir 2,2 mil um resíduo obtido
toneladas de amônia e 3,6 mil toneladas de ureia diariamente. Estes após o processo de
são um dos principais insumos para a melhoria da produtividade produção do etanol a
agrícola nacional e, de acordo com a Petrobras, a produção vai partir da fermentação
reduzir a dependência de compras externas. Atualmente o Brasil do mosto (o caldo
importa cerca de 80% do fertilizante nitrogenado consumido. proveniente da cana-
(CapitalNews). de-açúcar prensada)
e da destilação do vi-
PLANTAS SINALIZAM ATAQUE DE nho proveniente da Vinhaça in natura e vinhaça tratada com o
fungo Pleurotus sajor-caju
cana. “O tratamento
DOENÇAS E PRAGAS do líquido no equipamento é feito utilizando-se fungos da podridão
Plantas de tomate sob ataque do fungo Botrytis emitem uma branca. Alguns deles são classificados como comestíveis, como os
substância aromática que pode ser medida em estufas. Este é o pertencentes ao gênero Pleurotus”, explica o biólogo Luiz Fernando
resultado de uma pesquisa realizada por Roel Jansen, com a qual Romanholo Ferreira. De acordo com o pesquisador, o equipamento
obteve seu doutorado na Universidade de Wageningen, Holanda. traz duas vantagens em relação aos métodos tradicionais de trata-
Trabalhando em uma equipe de cientistas de Wageningen e da mento da vinhaça. Além de se obter um produto mais adequado para
Alemanha, Jansen abriu a porta para uma nova forma de prevenir e a adubação, os fungos poderão servir para a alimentação animal.
gerenciar problemas de doenças e pragas na horticultura de estufa. Romanholo explica que a vinhaça obtida no processo de pro-
O setor de estufa trabalha arduamente para minimizar o uso de dução do etanol é rica em potássio e, usada na fertirrigação, pode
pesticidas químicos, por exemplo, por meio da realização de percolar no solo e contaminar o lençol freático quando aplicada de
inspecções detalhadas de campo, de forma a reduzir as pulveriza- maneira inadequada. “Ao consumir a água contaminada, a pessoa pode-
ções. Esse tipo de trabalho de detecção é demorado e caro. Isso rá adquirir algumas doenças, como a hipercalemia, caracterizada pelo
aumenta a procura pela detecção automática de plantas infectadas, nível de potássio acima do normal na corrente sanguínea”, explica.
de preferência no estágio mais precoce da doença ou ataque de Os experimentos com o biorreator também possibilitaram a
praga. Uma possibilidade é medir os odores das plantas no ar. Cien- obtenção de um líquido com um odor mais agradável. Normalmente,
tistas de Wageningen já demonstraram que as plantas sob ataque a vinhaça sem tratamento possui cheiro forte e ácido e uma colora-
de insetos emitem substâncias aromáticas que atraem os predado- ção marrom escura. Como explica o biólogo, a melanoidina contida
res de insetos. Jansen espera uma demanda por sistemas de detecção na vinhaça é um dos principais responsáveis pela sua cor. “Os fun-
que indiquem substâncias sinalizadoras, como o salicilato de metila. gos atuam na descoloração e o produto obtido após a degradação no
(New AG International) biorreator apresenta uma cor clara, amarelada”, descreve Romanholo.
Ele explica que os fungos são capazes de produzir enzimas de interes-
PLANTIO DE MILHO Bt E CONVENCIONAL EM se biotecnológico, como a lacase e a manganês peroxidase, que pos-
LAVOURAS VIZINHAS GERA ECONOMIA suem a capacidade de degradar moléculas recalcitrantes, de difícil
degradação, presentes no resíduo. (Agência USP)
A edição de outubro da Revista Science traz um estudo iné-
dito, realizado por pesquisadores da Universidade de Minnesota,
Estados Unidos, que analisou economicamente as vantagens do IDENTIFICADO GENE QUE CONFERE ALTA
milho Bt (resistente a insetos) também para as lavouras convencio- RESISTÊNCIA À SECA
nais vizinhas.
De acordo com o trabalho, o plantio dessa variedade de Pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal do
milho transgênico diminuiu também a presença da broca europeia Rio de Janeiro identificaram um gene que confere alta tolerância à
em plantações vizinhas de milho convencional. A pesquisa avaliou seca, normalmente presente em plantas de café. Isso só foi possível
a situação das lavouras em cinco estados do meio-oeste dos Esta- graças ao pioneirismo do Brasil, que em 2004 conseguiu sequenciar
dos Unidos, de 1996 a 2009: Minnesota, Illinois, Iowa, Wisconsin e o genoma do café, o que resultou em um banco de dados com cerca
Nebraska. O resultado do levantamento mostrou uma diminuição de 200 mil seqüências de genes, dos quais mais de 30 mil genes já
de 20% a 70% na incidência de brocas nas plantações convencio- estão identificados. E foi desse sortido manancial genético que saiu
nais. Com isso, a economia dos agricultores foi de US$ 7 bilhões em o gene identificado e testado pelos pesquisadores. O próximo pas-
14 anos, mais da metade para os produtores de milho convencional. so é testar o seu desempenho em outras plantas de interesse agronô-
(Revista Science, 13/10/2010) mico, como soja, cana-de-açúcar e algodão. (EMBRAPA Notícias)

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 21


E NTO NOVO LIVRO DO IPNI
A NÇAM
L

BOAS PRÁTICAS PARA USO EFICIENTE DE FERTILIZANTES

Volume 1 - CONTEXTO MUNDIALE TÉCNICAS DE SUPORTE Volume 2 - NUTRIENTES


Capítulo 1. The four rights within a global fertilizer best Capítulo 1. Nitrogênio e enxofre – Heitor Cantarella, Zaqueu
management practices framework – Paul E. Fixen F. Montezano
Capítulo 2. Delivery of fertilizer best management practices: Capítulo 2. Fósforo – Djalma M. Gomes de Sousa, Thomaz A.
challenges and prospects – Hillel Magen Rein, Wenceslau J. Goedert, Edson Lobato, Rafael
de Souza Nunes
Capítulo 3. Effects of nitrogen and phosphorus fertilizers on Capítulo 3. Potássio, cálcio e magnésio – Vinicius de Melo
the environment – Cynthia Grant Benites, Maria da Conceição S.Carvalho, Álvaro
Capítulo 4. World fertilizer nutrient reserves – Paul E. Fixen Vilela Resende, José Carlos Polidoro, Alberto C. C.
Bernardi, Fábio Álvares de Oliveira
Capítulo 5. Fertilizer best management practices in Argentina
with emphasis on cropping systems – Fernando O. Capítulo 4. Micronutrientes – Milton Ferreira Moraes, Cassio
Garcia, Fernando Salvagiotti H. Abreu Junior, José Lavres Junior
Capítulo 5. Suprimento e extensão das reservas de nutrientes
Capítulo 6. Dinâmica de nutrientes no sistema solo–planta no Brasil – Alfredo Scheid Lopes, Eduardo Daher,
visando boas práticas para uso eficiente de Ana Rosa Ribeiro Bastos, Luiz Roberto G. Guilherme
fertilizantes – Godofredo Cesar Vitti, Cristina F.
Capítulo 6. Balanço de nutrientes na agricultura brasileira –
Domeniconi
José Francisco da Cunha, Valter Casarin, Luís
Capítulo 7. Precision farming as an instrument for fertilizer Ignácio Prochnow
best management practices – Harold F. Reetz Jr. Capítulo 7. Problemas estruturais do mercado de fertilizantes
Capítulo 8. Proactive support in identifying and promoting – Eduardo Daher
fertiliser best management practices – Hilton Volume 3 - CULTURAS
Furness
Capítulo 1. Soja – Adilson de Oliveira Júnior, Cesar de Castro,
Capítulo 9. Sistemas de produção e eficiência agronômica de Dirceu Klepker, Fábio Álvares de Oliveira
fertilizantes – Carlos A. Costa Crusciol, Rogério
Capítulo 2. Milho – Antonio Luiz Fancelli
Peres Soratto
Capítulo 3. Algodão – Ciro Antonio Rosolem
Capítulo 10. Manejo da acidez do solo – Eduardo Fávero Caires Capítulo 4. Trigo – Christian Bredemeier
Capítulo 11. Melhorando o ambiente radicular em subsuperfície Capítulo 5. Cana-de-açúcar – Raffaella Rossetto, Heitor
– Bernardo van Raij Cantarella, Fábio Luis F. Dias, André C. Vitti,
Capítulo 12. Gestão da matéria orgânica e da fertilidade do solo Silvio Tavares
visando sistemas sustentáveis de produção – Capítulo 6. Pastagens – Francisco A. Monteiro
João Carlos de Moraes Sá, Lucien Séguy, Marcia Capítulo 7. Integração lavoura-pecuária – Geraldo B. Martha
Freire Machado Sá, Ademir de O. Ferreira, Júnior, Lourival Vilela, Djalma M. G. de Sousa
CleverBriedis, Josiane B. dos Santos, Lutécia Capítulo 8. Eucalipto – José Leonardo de Moraes Gonçalves
Canalli Capítulo 9. Citros – José Antônio Quaggio, Dirceu de Mattos
Capítulo 13. Otimização na aplicação de corretivos agrícolas e Junior, Rodrigo Marcelli Boaretto
fertilizantes – Pedro Henrique de C. Luz, Rafael Capítulo 10. Cafeeiro – José Laércio Favarin, Tiago Tezotto,
Otto Ana Paula Neto, Adriene Woods Pedrosa

Número de páginas: Volume 1: 462 p. Pedidos: IPNI


Volume 2: 362 p. Telefone/fax: (19) 3433-3254
Volume 3: 467 p. Email: ipni@ipni.com.br
Preços: Website: www.ipni.org.br
Volumes individuais: R$ 95,00 Formas de pagamento:
Volumes conjugados: • Cheque nominal ao IPNI ou
• Dois volumes (volumes 1 e 2, ou volumes 2 e 3, ou • Depósito bancário
volumes 1 e 3): R$ 170,00 Bradesco S.A. - Agência 2209-8 Conta 022442-1
• Três volumes (volumes 1, 2 e 3): R$ 200,00 (favor enviar comprovante de depósito via fax)

22 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010


PUBLICAÇÕES RECENTES

1. UTILIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CORRETIVOS 3. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA


AGRÍCOLAS Autores: Henning, A. A.; Almeida, A. M. R.; Godoy, C. V.; Seixas,
Autores: Vitti, G. C.; Luz, P. H. C.; 2010. C. D. S.; Yorinori, J. T.; Costamilan, L. M.; Ferreira, L.
Conteúdo: Reação e pH do solo; componentes da acidez do solo; P.; Meyer, M. C.; Soares, R. M.; Dias, W. P.; 2009.
desenvolvimento da acidez do solo; reação do solo e as Conteúdo: Doenças causadas por fungos; doenças causadas
plantas; materiais corretivos e ação neutralizante; carac- por bactérias; doenças causadas por vírus; doenças
terísticas físicas e químicas dos corretivos; legislação causadas por nematoides; estádios de desenvolvi-
sobre corretivos de acidez; critérios para recomendação mento da soja.
de calagem; calagem em sistema de plantio direto; fato- Preço: R$ 20,00
res a serem considerados na prática da calagem; tecno- Número de páginas: 72
logia de aplicação; outros resultados experimentais; diag- Pedidos: Embrapa Soja
nóstico e potencial de utilização de calcário. Fone: (19) 3371-6119
Preço: R$ 30,00 Email: sac@cnpso.embrapa.br
Número de páginas: 120
Pedidos: FEALQ
Telefone: (19) 3417-6600
Email: livros@fealq.org.br
SOFTWARE GRATUITO
2. FÍSICA DO SOLO FertiSolve – Fabricação e utilização de fertilizantes
Editor: Quirijin de Jong van Lier; 2010. O programa foi desenvolvido pela Tec-fértil, em um projeto na incu-
Conteúdo: Caracterização física do solo; mecânica do solo; água badora Esalq Tec, em Piracicaba, SP. É uma ferramenta de fácil
utilização para o cálculo de adubação e fabricação de fertilizantes,
no solo; gases no solo; energia térmica do solo; trans-
que poderá ser feito com responsabilidade, qualidade, precisão e
porte de solutos no solo; indicadores de qualidade menores custos.
física do solo;disponibilidade de água às plantas. Uma versão GRATUITA do programa poderá ser baixada nos ende-
Preço: R$ 56,00 (sócios da SBCS) + despesas postais reços: www.agroprecisa.com.br e integrasoftware.com.br
R$ 70,00 (não-sócios da SBCS) + despesas postais Em breve, estará disponível um curso sobre fabricação de fertilizan-
Número de páginas: 298 tes e utilização do programa para explorar plenamente as suas
Pedidos: SBCS potencialidades. Mais informações podem ser solicitadas pelo e-mail:
fertisolve@agroprecisa.com.br
Telefone: (31) 3899-2471
Website: sbcs@ufv.br

RECADASTRAMENTO DE ASSINANTES DO
JORNAL INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS

O IPNI Brasil está realizando o recadastramento completo dos assinantes do jornal Informações
Agronômicas.
Desta forma, solicitamos aos nossos prezados assinantes a gentileza de preencher a ficha que encontra-se
no site do IPNI (http://info.ipni.net/recadastramento) para que continuem a receber de forma regular a
referida publicação.
Informamos que a partir de junho de 2011 o jornal Informações Agronômicas só será enviado aos assinantes
recadastrados, mediante aprovação prévia da diretoria.

Grato pela atenção.

INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010 23


Ponto de Vista

IPNI BRASIL: RETROSPECTIVA 2010...


PROJETANDO 2011
Luís Ignácio Prochnow

ano de 2010 trouxe êxito a vários trabalhos

O
nomes merecedores do prêmio, porém, deve-se lembrar que é ne-
iniciados pelo IPNI Brasil. Entre eles, destacam-se: cessária a participação efetiva da comunidade agronômica no pro-
(1) divulgação de um novo balanço de nutrientes cesso de seleção, indicando-os para esta distinção oferecida pelo
na agricultura, (2) consolidação do Prêmio IPNI Brasil em Nutrição IPNI Brasil. As indicações podem ser realizadas em nosso site
de Plantas e (3) lançamento do livro Boas Práticas para Uso Eficien- (www.ipni.org.br/premio_brasil).
te de Fertilizantes (BPUFs). O lançamento do livro sobre BPUFs deu continuidade ao
O novo balanço aborda a situação do saldo entre adição e nosso programa sobre Boas Práticas relacionadas a Fertilizantes no
exportação de nutrientes por cultura, estado da federação e, em Brasil. A primeira parte do programa foi a realização do simpósio
contexto geral, no Brasil. Este trabalho, repetido ao longo do tem- ocorrido em 2009, a segunda, foi o lançamento do livro, e a terceira
po, fornecerá subsídios para a localização das áreas críticas, onde será a realização, ao longo dos próximos anos, de vários simpósios
deveremos atuar no sentido de melhorar a eficiência de utilização regionais tratando do tema por todo o país. O primeiro simpósio
dos fertilizantes. O trabalho deverá ser aprimorado e, para isso, regional será realizado em Sorriso, MT, em Abril próximo, e vários
contamos também com a colaboração de nossos leitores, por meio outros encontram-se em fase de programação.
do envio de críticas e sugestões. Estamos trabalhando para que 2011, e os anos a seguir, se-
O Prêmio IPNI Brasil em Nutrição de Plantas foi estabelecido jam tão ou mais produtivos quanto o ano que findou. Afinal, o que
em 2009 com o propósito de reconhecer as personalidades expoen- desejamos mesmo é que os fertilizantes sejam utilizados de forma
tes desta área no Brasil. Em duas versões (Pesquisador Sênior e adequada em prol da agricultura brasileira e mundial. Isto é o melhor
Jovem Pesquisador) o prêmio começa a ganhar força e esperamos para o setor e o melhor para a família humana.
contar com muitos contemplados no futuro. Obviamente, não faltam Um feliz 2011 a todos!

INTERNATIONAL PLANT NUTRITION INSTITUTE


Rua Alfredo Guedes, 1949 - Edifício Rácz Center - sala 701 - Fone/Fax: (19) 3433-3254
Endereço Postal: Caixa Postal 400 - CEP 13400-970 - Piracicaba (SP) - Brasil

LUÍS IGNÁCIO PROCHNOW - Diretor, Engo Agro, Doutor em Agronomia


E-mail: lprochnow@ipni.net Website: www.ipni.org.br

VALTER CASARIN - Diretor-Adjunto, Engo Agro, Doutor em Agronomia


E-mail: vcasarin@ipni.net Website: www.ipni.org.br

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1 Mudou-se 2 Falecido no 9912246683/2009 - DR/SPI

3 Desconhecido 4 Ausente International Plant


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• Agrium Inc. • Incitec Pivot • PotashCorp


• Arab Fertilizer Association • International Fertilizer Industry Association • Simplot
• Arab Potash Company • International Potash Institute • Sinofert Holdings Limited
• Belarusian Potash Company • Intrepid Potash, Inc. • SQM
• Canadian Fertilizer Institute • K+S KALI GmbH • The Fertiliser Association of India
• CF Industries Holding, Inc. • Mosaic Company • The Fertilizer Institute
• Foundation for Agronomic Research • Office Chérifien des Phosphates Group • Uralkali

24 INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 132 – DEZEMBRO/2010

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