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Vários autores.
Parte 1
Rituais, oráculos e objetos mágicos
Referências
Documentação
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Cambridge/London: Harvard University Press, 2004 (Loeb Classical
Library).
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Cambridge/London: Harvard University Press, 1928 (Loeb Classical
Library).
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Belles Lettres, 2004.
Bibliografia
FERNANDO PESSOA
Amuletos Mágicos Mesopotâmicos: entre
religião e arte
Katia Maria Paim Pozzer1
Introdução
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Amuletos Mágicos Mesopotâmicos
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Conclusão
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Amuletos Mágicos Mesopotâmicos
Referências
Documentação
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Íynx: o feitiço de amor e a religião de Afrodite
e Eros na iconografia dos vasos ápulos (séc. IV
AEC)1
Fábio Vergara Cerqueira2
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o pintor escolheu usar como atributo da deusa esta rodinha mágica que
simboliza seu poder de sedução.
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Figura 2a-b: Peliké ápula de figuras vermelhas. The Egnazia Group (RVAp
18/140). c. 340-330 BC. Dresden, Staatliche Kunstsammlungen, DR526.
CVA Dresden 1, pr. 4-5. ©Skulpturensammlung, Staatliche
Kunstsammlungen. Foto: Elke Estel/Hans-Peter Klut. Agradeço a
colaboração de Barbara Anderson.
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Assim, Nico era uma mulher, não uma maga, que recebeu a
íynx de presente de uma feiticeira. Ela sabia manuseá-lo para
satisfazer suas vontades sexuais, e, talvez quando o avanço da idade
impõe, ela a dedicou como oferenda a Afrodite. Então, tratava-se de
um objeto mágico usado por pessoas comuns, não exclusivamente por
magos ou magas. Possivelmente, Nico era uma cortesã, que fazia uso
da rodinha mágica para conquistar seus clientes sexuais, e assim, é
grata a Afrodite, a quem oferece o instrumento quando já não faz mais
uso dele.
Sobre a materialidade, o objeto se compunha de um pequeno
aro, perpassado por fios (Fig. 6), que, em sendo esticados, faziam-no
girar (Fig. 7) daí a relação com o movimento de torção da cabeça do
passarinho. Esticando e relaxando levemente os fios, girava para um
lado, e depois para outro (GOW, 1934, p. 3; PIRENNE-DELFORGE,
1993, p. 284). Esta roda giratória possuía uma finalidade mágica
diretamente ligada à natureza mítica do pássaro que lhe dá nome. No
mito narrado em Píndaro, Píticas 4.380, Afrodite presenteia esse
pássaro a Jasão, conferindo-lhe poderes mágicos para conquistar a
princesa Medeia. Esse poderoso encantamento de amor era do tipo
agoge, ou seja, que fazia a vítima do feitiço perder o controle, e ir ao
4 Tradução livre.
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em razão deste movimento de torsão que ele pode fazer ao redor de si,
atrelado a uma roda que é posta em rotação para segurar a pessoa
amada” (CHANTRAINE, 1968, p. 473).
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5 Tradução livre.
6 Tradução livre.
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1993, p. 2), usado tanto no pastoreio, para atrair o gado, como nos
mistérios. Recebia o mesmo nome um brinquedo de criança que era
uma espécie de pião (Antologia Palatina [Leônidas], VI.309), incluído
entre os brinquedos de Dioniso (LEVANIOUK, 2007). Bailly (2020)
considera que todo objeto de forma circular seria, genericamente, um
rhómbos. A palavra sugere o ato de girar, dar a volta em torno de si
(ῥόµβον - rhómbon), em Píndaro, Ístmicas, IV.81[48]). Dada esta
característica, em diferentes ocasiões é lembrado como um termo
alternativo a íynx para designar a rodinha mágica. A confusão acontece
já em Teócrito, que emprega íynx em Idílio, II.17, e rhómbos em II.30.
Tavenner (1933) entende que o poeta usa os dois termos para se referir
ao mesmo objeto. Penso que, com o segundo termo, Teócrito tem em
mente mais a roda em si, que identifica a forma circular, do que o
nome que identifique o objeto propriamente.
Mas é principalmente em autores gregos e latinos do período
imperial que o termo se torna mais comum como designação da
rodinha mágica, como em Ovídeo, Arte de Amar, I.8.7, que usa
rhómbo para se referir a um dispositivo mágico, que a anciã chamada
Dipsa – conhecedora da arte da magia, dos encantamentos da
Cólquida e das virtudes das plantas – sabia como usá-lo, enrolando-o
em um linho vermelho. Com o tempo, entre os latinos, consolida-se a
forma rhómbus. Em Luciano, Diálogo das Cortesãs, IV.5, ao falar das
hetairas Melitta e Bacchis, comenta como esta tirou do seu peito uma
roda mágica (ῥόµβου - rhómbou) e a fez girar, recitando um
encantamento composto por palavras bárbaras que fazem estremecer.
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Figuras 11 e 12: Figura 11 - Roda de argila, com três pássaros. Prov.: Beócia.
550-500 AEC Paris, Louvre, CA 1512. © 2009 Musée du Louvre. Foto:
Anne Chauvet. Disponível em: https://collections.louvre.fr/ark:/53355/
cl010259386#. Acesso em: 31 mai 2023
Figura 12: Roda de bronze, com cinco aves. Proveniência: santuário de
Atena em Tegea. Dugas, 1921, p. 367, fig. 20, n. 201.
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suspensão, para fazer girar (Fig. 13) cujos efeitos sonoros são
analisados por Charalampos B. Charisis (2017): uma íynx fazia parte
das sessões oraculares, suspensa e girando ao vento, produzindo assim
um som.
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Figura 14: Sino de vento, de bronze. Prov. Itália meridional, séc. VIII AEC
Charisis, 2017, fig. 2γ.
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Figura 15: Peliké ápula de figuras vermelhas. The Tarrytown Group (RVAp
p.542/354). c. 330-310 AEC Cremona, Museo Archeologico, D46. Castoldi;
Volonté, 2022, p. 261-262, n. 402, pr. XXVII-XXVIII.
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Figura 19a-b: Pyxis ática de figuras vermelhas. The Eretria Painter. Londres,
British Museum, E744 (1874,0512.1). CCBY-NC-SA 4.0 - © The Trustees of
the British Museum.
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7 Espelho de bronze etrusco, gravado por incisão. Segundo quartel do século IV AEC
Paris, Louvre, inv. 1723. Emmanuel-Rebuffat, 1988, 3a-d.
8 Eros na iconografia ápula com frequência funciona como uma ponte de ligação
entre Afrodite e Dioniso, e este papel cultual dele como articulador das esferas
destas duas divindades fica caracterizado pelos objetos que carrega, eventualmente
combinando atributos das duas divindades, ou enfatizando um ou outro
(HOFFMANN, 1966, p. 115-116; VERGARA CERQUEIRA, 2018, p. 291, 308).
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10A iconografia indica que a realização dos cultos a Eros e Afrodite podiam ocorrer
com frequência em santuários abertos, sem monumentalidade arquitetônica, na
natureza, em bosques, de uso não permanente (LIPPOLIS, 2001, p. 233-239;
SCHNEIDER-HERRMANN, 1971, p. 91; TODISCO, 2010, p. 267; VERGARA
CERQUEIRA, 2022, p. 170).
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12Doação feita como agradecimento, pois foi aí que ela e sua coleção se esconderam
da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
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13 Tradução livre pelo autor. “Ó îunks, arrasta tu aquele homem até minha casa!”, na
tradução de Giuliana Ragusa (2004, p. 22), muito próxima de “Ó íynx, arraste aquele
homem até a minha casa”, de Milton Torres (2002, p. 188-189).
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que ela ama, chamado Delphis. Cada refrão equivale a uma nova volta
da íynx, que completa assim dez voltas ao todo, enquanto o
encantamento é entoado (SEGAL, 1973, p. 33).
Os usos e representações da íynx indicam uma situação em que
as fronteiras entre magia e religião se dissolvem. Esse poder de
dissolver fronteiras é de resto algo que o amor tem a capacidade de
aplacar. E a natureza sonora da íynx guarda ainda um aspecto a ser
considerado quanto esta potência mágica. A sua genealogia, sendo
filha de Peitó e de Eco, a inscreve no domínio do som, aquele
articulado pela palavra que seduz e aquele que é todas as vozes
(DETIENNE, 1972, p. 162).
Como lembra Pierre Chantraine (1968, p. 473), quanto à
etimologia do termo, íynx é uma “formação expressiva, com em certos
nomes de pássaros ou de instrumentos musicais: πῶυνξ (pōynx),
στρίυξ (stríyx), σύρυνξ (sýrinx)”. De fato, o sufixo -ynx é recorrente
na denominação de instrumentos musicais: além da sýrinx (flauta de
Pã) apontada por Chantraine, podemos incluir a salpinx (trombeta) e a
phorminx (cítara de tradição homérica com base arredondada). Daí
que a natureza sonora é uma característica que é quase imanente à
íynx. É possível que o tipo de som produzido pelo movimento
giratório aplicado à íynx – som soprado, zumbido, flautado, sibilado,
como sugerem as qualidades sonoras associadas ao termo – tivesse
algum papel nos rituais ligados Afrodite e Eros, evocados pela
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Referências
Documentação
Imagens
Loutrophoros ápulo de figuras vermelhas.Pintor de Louvre MNB
1148. c. 330 AEC Malibu, J.Paul Getty Museu, 86.AE.680. Public
Domain. @ Paul Getty Museum - Open Content Program. Disponível
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Peliké ápula de figuras vermelhas. The Egnazia Group (RVAp
18/140). c. 340-330 BC. Dresden, Staatliche Kunstsammlungen,
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Kunstsammlungen. Foto: Elke Estel/Hans-Peter Klut. Agradeço a
colaboração de Barbara Anderson.
Pronochoe ápula de figuras vermelha. Proveniência: Ruvo, Apúlia.
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Chipe, Cyprus Museum. Karageorghis, 1989, p. 263-268, esp. p. 266,
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Roda de argila, com três pássaros. Prov.: Beócia. 550-500 AEC Paris,
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Disponível em: https://collections.louvre.fr/ark:/53355/cl010259386#.
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Roda de bronze com cinco aves. Proveniência: santuário de Atena em
Tegea. Dugas, 1921, p. 367, fig. 20, n. 201.
Roda de bronze. Museu Arqueológico de Joanina (Épiro), inv. 617.
Charisis, 2017, fig. 1. Foto: à esquerda, Π. Τσικούλης - Museu
Arqueológico de Joanina.
Sino de vento, de bronze. Prov. Itália meridional, séc. VIII AEC
Charisis, 2017, fig. 2γ.
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Textos
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Feitiçaria e Alquimia na China Antiga
André da Silva Bueno1
Introdução
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Origens históricas
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uma dos críticos mais ativos desse longo período, afirmava que
‘quando se fala de exorcismos e sacrifícios, ele são inúteis; quando se
fala de feiticeiros, eles não têm poder; tudo depende do ser humano e
de suas virtudes, e não de fantasmas e de sacrifícios’ [Lunheng 論衡,
feiticeiros teriam que lidar. Eles ainda enfrentariam uma nova ameaça
a sua já combalida autoridade: os ‘Fangshi’ ⽅⼠.
Da Feitiçaria à Alquimia
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Desdobramentos históricos
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Referências
Documentação2
Guoyu 國語. Disponível em: https://ctext.org/guo-yu. Acesso em: 21
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Shiji 史記. Disponível em: https://ctext.org/shiji. Acesso em: 21 jul.
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Lunheng 論衡. Disponível em: https://ctext.org/lunheng. Acesso em:
21 jul. 2022.
Liexian Zhuan 列仙傳. Disponível em: https://ctext.org/lie-xian-
zhuan. Acesso em: 21 jul. 2022.
Cantongqi 參同契. Disponível em: https://www.goldenelixir.com/
jindan/ctq_index.html. Acesso em: 21 jul. 2022.
Bibliografia
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André da Silva Bueno
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Escravidão e adivinhação no Império Romano:
uma aproximação a partir das Sortes
Astrampsychi
Filipe Noé da Silva1
Introdução
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Escravidão e adivinhação no Império Romano
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Escravidão e adivinhação no Império Romano
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Local: Ostia.
Aos deuses manes. A Caio Prastina Nereu, o melhor
cônjuge e patrono. Prastinia Quinta, com quem viveu
por dezoito anos, fez [este sepulcro]. (Tradução nossa).
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Escravidão e adivinhação no Império Romano
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Considerações finais
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Filipe Noé da Silva
Agradecimentos
Referências
Documentação
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Classical Livrary. Translated by: R.D. Hicks. Cambridge,
Massachusetts: Harvard University Press, 1959.
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Tradução de André Malta (Fábulas) e Adriane da Silva Duarte
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Lucas Dias. São Paulo: Editora 34, 2017.
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Cambridge: University Press, 1908.
130
Escravidão e adivinhação no Império Romano
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Magia como Fenômeno transcultural: Lição I –
como fazer um anel mágico (Libro de
Astromagia, séc. XIII)
Aline Dias da Silveira1
“Dizemos e mostramos sobre as obras
que fazem os espíritos de Mercúrio
por força de palavras e de orações.
E agora queremos aqui mostrar outra obra de Mercúrio,
que se faz com anéis e chamam anel de Mercúrio”2
(Alfonso X, Astromagia, p. 286).
Introdução
“Observa quando o Sol estiver em Leão e Mercúrio em
Virgem, e que não esteja em combustão3”.4 Este é o momento exato e
auspicioso para a preparação da pedra para o anel mágico de
Mercúrio. Sobre a gema deve ser desenhado um belo jovem com
chapéu, sentado em uma cadeira, e na mão direita uma pena para
escrever e na esquerda uma carta, o redor da figura deve-se escrever
estas letras:
133
Aline Dias da Silveira
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Magia como Fenômeno transcultural
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Aline Dias da Silveira
136
Magia como Fenômeno transcultural
137
Aline Dias da Silveira
13Tradução livre da autora a partir do trecho: “Em nombre de Dios, o tú, planeta
verdadeiro e razonable, tú eres notário del Sol”.
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Magia como Fenômeno transcultural
14 O Lapidario, obra sobre a qual também trataremos aqui, foi traduzida quando
Afonso era infante.
15 Afonso dizia escrever o prólogo das obras de seu scriptorium e revisar se estava
escrita no castelhano correto, ver: Afonso X, General Estoria, Primeira Parte, ed.
Solalinde, 1930, 477b.
16 Tradução da autora a partir do trecho: “Ad laudem et gloriam altissimi et
omnipotentis Dei cuius est revelare suis predestinatis secreta scienciarum, et ad
illustracionem eciam doctorum Latinorum qui bus est inopia librorum ab antiquis
philosophis editorum, Alfonsus, Dei gracia illustrissimus rex Hispanie tociusque
Andalucie, precepit hunc librum summo studio summaque diligencia de Arabico in
Hispanicum transferri cuius nomen est Picatrix.”.
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Aline Dias da Silveira
17 Tradução livre da autora a partir do trecho: “Et non tan ssolamientre por la ley
vieia nin por los dichos de los ssabios e de las prophetas, mas aun ssegunt natura de
los çielos e de las otras cosas spirituales, queremos prouar que la nuestra ssanta Ffe
es ley derecha e crençia verdadera, e non otra ninguna que ffuesse desde el
comienço del mundo nin sserá ffecha ffasta la ffin”.
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Magia como Fenômeno transcultural
18 Tradução livre da autora a partir do trecho da tradução alemã: “Wisse: Die Kunst
(natīğa) nun, die wir hier auseinandersetzen wollen, wäre nicht, wenn die
Philosophie nicht wäre. Mit Recht haben sie daher die Philosophen conclusio
(natīğa) genannt; denn die conclusio ist bei den Logikem das Ergebnis eines
Schlußverfahrens, und das ist die Quintessenz des in den Pramissen Enthaltenen.”
19 Tradução livre da autora a partir do trecho da tradução alemã: “Es kommt namlich
daher, daß er eine gotthche Kraft ist, wirkend aus vorausgehenden Ursachen, die die
Voraussetzung für sein Begreifen bilden. Er ist eine schwer zu verstehende
Wissenschaft. Es gibt aber auch einen praktischen Zauber; denn sein Gegenstand ist
die Wirkung von Geist auf Geist. (…), wahrend der Gegenstand der Talismankunst
die Wirkung von Geist auf Korper, und der der Alchemic die von Korper auf Korper
ist”.
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As temporalidades da magia
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Magia como Fenômeno transcultural
31A expressão “mais autênticas” refere-se, aqui, ao fato de que essas cosmovisões
fundamentavam a forma como as pessoas experimentavam o mundo ao seu redor.
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Temporalidade cósmica
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Magia como Fenômeno transcultural
32Tradução livre da autora a partir do trecho: “Para mientes quando el Sol fuere en
León e Mercurio en Virgo, que non sea conbusto. (...) Si lo pudieres conplir en una
hora, bien; si non, fazlo quanto durare Virgo en el ascendent e Mercurio en él.
Quando passare Virgo, déxalo tro a otro día a tal hora e labra fata que lo cumplas”
(Alfonso X, Astromagia, p. 286).
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Temporalidade cotidiana
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Magia como Fenômeno transcultural
34Tradução da autora do trecho: “La mi petición es que me des spírito de los tus
espíritos, que me guíe en todas las escuridades, y con que pueda saber todo lo que
quisiere” (ALFONSO X, Astromagia, p. 290).
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Conclusão
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Aline Dias da Silveira
Referências
Documentação
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Magia como Fenômeno transcultural
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Aline Dias da Silveira
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Pomadas, poções e unguentos: as reuniões
secretas diabólicas em manuscritos Alpinos do
século XV
Lívia Guimarães Torquetti dos Santos1
Paolo Grillando que viveu no ano de 1532, escreveu
sobre um pobre homem de Sabina, morando perto de
Roma, que foi persuadido pela sua esposa a untar-se
como ela, com alguns unguentos, para ser transportado
junto com alguns bruxos [...] ele se viu ser levado até o
Condado de Benevento, uma das terras mais bonitas do
Papa, para debaixo de uma grande nogueira, onde havia
inúmeros bruxos que bebiam e comiam, ao bel prazer.
Ele fez como eles, e pedindo o sal várias vezes, do que
os demônios têm horror, no final trouxeram-lhe, então
ele disse em italiano: ‘Louvado seja Deus que o sal
chegou’. Assim que o nome de Deus foi pronunciado,
toda a companhia de demônios e bruxos, e todas as
carnes, desapareceram repentinamente, e o pobre
homem foi deixado nu e voltou para sua região a cem
léguas de distância, mendigando seu próprio pão
(BODIN, 1580).
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Lívia Guimarães Torquetti dos Santos
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Pomadas, poções e unguentos
2 Mateus 4:1 ao 6. “Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado
pelo diabo. Por quarenta dias e quarenta noites esteve jejuando. Depois teve fome.
Então, aproximando-se tentador, disse-lhe: ‘Se és Filho de Deus, manda estas pedras
se transformarem em pães.’ Mas Jesus respondeu: ‘Está escrito: Não só de pão vive
o home, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.’ Então o diabo o levou à
Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Templo e disse-lhe: ‘Se és Filho de
Deus, atira-te para baixo (...).” Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002, p.
1708.
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Formicarius (1436-1438)
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Pomadas, poções e unguentos
uma senhora acreditava que durante a noite era transportada aos ares
com a deusa Diana e outras mulheres:
Quando o padre decidiu expulsar a perfídia com
palavras salutares, essa mulher teimosa disse que
acreditava mais em sua própria experiência. O padre
disse-lhe: “Então, deixe-me estar presente quando tu
fores partir da próxima vez.” Ela respondeu: “Me agrada
a ideia e se quiseres, tu me verás partir na presença de
testemunhas idôneas.” Assim, para que o defensor das
almas conseguisse convencer a delirante mulher, no dia
da partida previamente fixado pela velha, o padre estava
presente acompanhado por homens de confiança. A
mulher então sentou-se num recipiente, esses usados
normalmente para fazer pão, que estava em uma
banqueta. E depois de aplicar unguento e proferir
palavras maléficas, adormeceu com a cabeça inclinada
para trás. E imediatamente, pela obra do demônio, ela
sonhou intensamente com Vênus e outras coisas
supersticiosas. Sua alegria era tão intensa que ela gritava
em voz grave, batia palmas e os movimentos que fazia,
sacudiam tanto o recipiente em que estava sentada que,
de repente, tombou da banqueta e o recipiente caiu
pesadamente em sua cabeça. E então o padre questionou
a mulher, que agora estava acordada e deitada imóvel no
chão: “Com licença, onde tu estás? Por acaso, estiveste
com Diane, tu que nunca saíste da gamela, segundo o
depoimento dessas pessoas aqui presentes?” Assim, por
meio desse processo e dessas palavras salutares, ele a
levou a reconhecer seu erro (CHÈNE et al., 1999).
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conspiração parecia pairar nos seus comentários, mas ela não havia
adquirido ainda maiores contornos políticos.
Tholosan também se ocupou dos unguentos, suas funções e
seus ingredientes como, por exemplo, citando a urina do diabo, ovos e
também sangue menstrual. Entretanto, diferentemente daqueles que
lhe sucederiam, Tholosan não subscreveu a ideia do voo como
realidade; para o referido autor, o voo em bastões untados de gordura
de criança seria ilusão ou se daria pelo sonho, o qual em virtude de sua
semelhança com o real fazia com que essas pessoas acreditassem que,
de fato, estariam se deslocando fisicamente durante a noite
(OSTORERO, 1999). Tholosan, de modo muito similar aos autores
dos textos que lhe antecederam, afirmava que dentro dessas sinagogas
os adeptos participavam de orgias. Havia também o juramento de
fidelidade que era seguido pelos banquetes proporcionados pelo diabo
quando esse abria as casas de outras pessoas, conforme foi mostrado
nos relatos de Fründ.
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Lívia Guimarães Torquetti dos Santos
Referências
Documentação
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Exemplaria, New York, vol. 8, p. 419-39, 2013.
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Magia, truque e feitiço: as muitas faces do
encantamento na literatura oral de Ifá
Rogério Athayde1
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que saíram para passear e a história terminou mal (no Livro de Oshe
Okana Ifá), ou da Palmeira orgulhosa, que se achava bonita demais e
acabou sendo cortada para servir aos humanos (no Livro de Iroso
Oshe Ifá). Acho que o leitor paciente já entendeu o argumento.
Estas são histórias exemplares, na maior parte das vezes muito
bonitas e emocionantes. Elas bem podem ser percebidas como
alegorias estéticas, na medida em que se prestam ao prazer da boa
contação, capazes de nos transportar momentaneamente para o país
encantado da ficção e da fantasia. Mas, acima de tudo, estas histórias
devem ser compreendidas como alegorias existenciais, porque de uma
forma misteriosa, revelam nossas próprias histórias no momento de
uma consulta oracular a Ifá (ATHAYDE, 2022). Sim, porque a matéria
de que é composta a divinação em Ifá é basicamente esta: suas
histórias, seus mitos e fábulas, e a interpretação que delas se
depreende.
É provável que o leitor a esta altura já tenha entendido pelo
menos um ponto que desejo tratar aqui. Afinal, pode parecer
desnecessário explicar onde reside a magia em um conhecimento ou
prática oracular. Ora, diriam os apressados, a revelação, ela mesma, é
mágica. E isso é verdadeiro. A extraordinária capacidade de
desvelamento que se atribui aos oráculos já bastaria para classificá-los
entre as experiências que somente o pensamento mágico poderia
supor. Mas, lamento dizer, as coisas são um pouco mais complicadas.
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outra. Com èbó podemos restituir o equilíbrio necessário para que íló
se cumpra; ou, com èbó propiciamos as condições requeridas para que
íló possa se apresentar; ou ainda, com èbó corrigimos o que era
preciso para que possamos fazer uso de íló. Então a magia está neste
procedimento dialógico, modificando a realidade com recursos
extraordinários que ela parece supor e, de modo equivalente,
promovendo os efeitos demasiadamente humanos que a ética indica.
Antes de seguir em frente, quero que o leitor observe aqui a
existência na tradição de Ifá de uma significativa diferença entre
magia e feitiço. Por magia e feitiço podemos entender, ainda que de
maneira precária, a transformação extraordinária de alguma coisa, uma
desobediência, suspensão ou quebra, digamos assim, das leis naturais.
Dessa forma, a noção de èbó caberia como magia, e igualmente como
feitiço. Mas a noção de íló já não teria a mesma desinência, porque
ela obriga a uma mudança de comportamento, a um ajuste ético.
Então, por magia, também devemos incluir a mudança de uma má
conduta, ou de uma conduta inadequada, visando o aprimoramento
pessoal. O mesmo não se aplica ao feitiço, que produziria o efeito
mágico para a simples satisfação do desejo, não havendo qualquer
limite para a realização da vontade individual. Acredito que o leitor
entenda que existam inúmeros exemplos passíveis de serem oferecidos
neste sentido. Não pretendo fazer isso, sequer com o interesse de
tornar claro o argumento. Afinal, o que a tradição de Ifá requer, e
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Referências
Documentais
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Magia, truque e feitiço
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Raios e ventos: narrativas mágicas sobre Santa
Bárbara e Iansã
Debora Simões de Souza1
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Santa Bárbara
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uma nova sala de banho em sua torre, e, notando que só havia duas
janelas, imediatamente pediu que abrissem mais uma. Assim que o seu
pai voltou, desejou saber o motivo disso e ela explicou o que
representavam: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Para muitos, desse
episódio em diante teve início o martírio de Bárbara. Ela foi
denunciada ao imperador pelo próprio pai. Foi presa e torturada a fim
de que negasse a fé cristã, o que não sucedeu. Em consequência, ela
foi condenada à morte em praça pública. Com uma espada, seu
próprio pai arrancou seus seios e, em seguida, degolou-a. Neste
instante, um raio fulminante atingiu-o. E, em função disso, ocorre a
associação da santa com os raios.
Os parágrafos anteriores, os quais apresentaram episódios da
vida de Bárbara, não são importantes por sua veracidade ou não, mas
sim pelas interpretações que as devotas constroem a partir dessas
informações. Em outras palavras, estamos interessados na força
mágica que elas colocam nesses episódios extraordinários. A
excepcionalidade dos episódios da vida da figura sagrada desdobra-se,
para cada devota, num conjunto de possibilidades de interpretação e
de criação de novos sentidos.
A hagiografia é um gênero literário que, de forma geral,
promove o culto aos santos ao contar sua vida. São documentos
escritos que apontam para a exemplaridade da figura religiosa. Já a
biografia dos santos (canonizados ou não) é a ligação das ações, dos
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4 Icú Oyá traz a morte, Oyá Onirá está relacionada com Oxum, Oyá Jegbê é a mais
velha, Oyá Padá gera os Eguns, Oyá Jimudá é associada a Oxalá e Oyá Cará é o
fogo (COSSARD, 2008). Bastide (1971, p. 200) apresenta que “cada orixá é
múltiplo: há, por exemplo, doze Xangôs, dezesseis Oxun, dezessete Yansan, vinte e
um Exú”, são alguns exemplos. O autor estabelece um paralelo entre os números dos
orixás com as nações que vieram para o Brasil, na época do tráfico transatlântico de
escravizados. Todavia, a teoria dos algarismos não dá conta de explicar a
complexidade das divindades e também não é o cerne da interpretação do autor, que
está mais interessado nas relações do que nas classificações.
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Referências
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Mulheres encantadas e os lagos mágicos: as
estatuetas femininas das estearias do Maranhão
Alexandre Guida Navarro1
Os que devem comparecer ao festim reúnem-se todos no
dia designado. Já na véspera, à noite, começam a
preparar-se, vestindo seus mais belos adornos de penas
de variegadas côres e dançando em tôrno de suas casas,
com seus maracás nas mãos, cantando e pulando sem
cessar (D’ABBEVILLE, 2008 [1614], p. 238).
Introdução
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autora realizou até mesmo Raio X das peças que evidenciou uma
surpresa forma de falo do preenchimento interno de uma estatueta.
Cabe ressaltar, por último, as etnografias da produção de
estatuetas nas terras baixas da América do Sul (STAHL, 1986) e,
sobretudo, ao que diz respeito às bonecas Karajá como referência de
transmissão de saberes e não somente brinquedos (CAMPOS, 2002),
que, mesmo não estando na Amazônia, contribuem para o amplo
significado que esses artefatos tiveram.
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Resultados e discussão
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O uso da magia egípcia no ensino: os amuletos
em sala de aula
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Introdução
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Hórus perdeu seu olho esquerdo em uma luta com Set, para tê-lo
restaurado, de forma mágica, pela deusa Hátor, a simbolizar, assim, a
restauração e a cura. Hátor, apresentada como uma vaca, mas cujo
nome, Hether (BUDGE, 1920, p. 455), significa “casa de Hórus (ou do
Falcão)” apresenta diversos aspectos, em particular em torno da
fertilidade ou maternidade e do amor. A popularidade desse símbolo
também se deve à facilidade de sua compreensão, o olho, e de suas
muitas conotações, que vão da vigilância à atenção e ao cuidado.
Os amuletos egípcios com esses quatro símbolos mágicos
fornecem oportunidades para tratar, no ensino formal e informal, de
temas perenes, nem sempre associados à magia: vida, renascimento,
cuidado e proteção. A componente curricular História, neste aspecto,
fornece possibilidades várias, para atividades lúdico educativas. Pode
discutir-se, primeiro, como a magia pode servir à vida, em contraste
com a reiterada noção do senso comum que a identifica apenas com
maldições. Reserva-se toda a conotação positiva da mágica em grande
parte ao seu lado fraco e metafórico, como em “a mágica de um
parque de diversões”. Em segundo lugar, os amuletos egípcios
permitem tratar da relação entre a materialidade e a espiritualidade ou
subjetividade, se preferirmos outro termo. A Arqueologia adquire,
aqui, a sua relevância para a educação lúdica. Os amuletos egípcios
antigos servem para o jogo comparado com outros objetos símiles em
outras épocas e culturas, a começar do presente conhecido pelos
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Raquel dos Santos Funari
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O uso da magia egípcia no ensino
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O uso da magia egípcia no ensino
Agradecimentos
Referências
Documentais
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JÖRDENS, A.; Harrassowitz, O. (Eds.). Ägyptische Magie und ihre
Umwelt. Harrassowitz Verlag, 2015.
283
Raquel dos Santos Funari
284
O uso da magia egípcia no ensino
285
Parte 2
Magos, Feiticeiras e suas Práticas
FERNANDO PESSOA
O Corpo encantado. Do mito aos contos
maravilhosos
Flávia Regina Marquetti1
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Flávia Regina Marquetti
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O Corpo encantado
2 Embora os contos sejam escritos no século XVIII, estes mantêm enquanto valor a
ser alcançado os princípios aristocráticos, que eram os almejados pela nova classe
emergente e abastada, que possuía bens, mas não títulos de nobreza. Nos mitos,
apenas a elite e os deuses são personagens, o silenciamento sobre a população pobre,
escravos, trabalhadores diz muito sobre a ideologia do período Clássico. Portanto,
não vemos corpos feios e sujos, salvo exceções, quando são heróis ou deuses
disfarçados.
3 O trabalho foi desprezado pelos cristãos por ser consequência do pecado original,
torna-se valor da sociedade com o crescimento econômico das cidades no período
burguês, mesmo assim, os trabalhos braçais, mais desgastantes, eram tidos como
ignóbeis (LE GOFF, 2002, p. 160).
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Flávia Regina Marquetti
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O Corpo encantado
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O Corpo encantado
6Exceção, Palas Atena usa também da varinha mágica para transformar Odisseu em
velho (Homero, XIII, 129-138) e converter-lhe novamente jovem (HOMERO, XVI,
172-176). Mas é apenas nestas duas passagens da Odisséia que isso ocorre, no geral,
Atena não precisa de nenhum instrumento para as metamorfoses.
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11Fótis é a jovem serva de seu hospedeiro avarento, Milão, casado com Panfília,
descrita como uma bruxa velha e lasciva e com grandes poderes (L, III, XVIII), a
quem Lúcio é orientado a evitar se deitar, quer por respeito ao hospedeiro, quer pelos
perigos que correrá ao fazer isso.
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O Corpo encantado
12 Aparentemente porque ao que tudo indica, Fótis não quer que Lúcio, ao se
transformar em pássaro, voe para longe dela (APULEIO, L, III, XXII-XXIII),
indicando a malícia de Fótis, presente nas demais feiticeiras também.
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é obrigada a ceder seu lugar à mais jovem, que pode gerar filhos ao
homem.
Tanto em A Gata Borralheira como em Branca de Neve, a
figura da bruxa e da fada estão intimamente imbricadas. Na primeira,
a Fada Madrinha transforma elementos da natureza, abóboras, ratos,
lagartos, em bens dignos da sociedade, da ordem do cultural. Embora
esteja sob o cariz de boa, a fada madrinha é uma velha, mora na
floresta ou fora do núcleo social e manipula elementos selvagens, da
ordem do natural, com sua varinha. O fato de ela ser a madrinha da
jovem, papel que lhe outorga o lugar da mãe, na ausência desta, é
relevante, indicando ser Gata Borralheira uma sua igual, partilhando
de seus conhecimentos e costumes, pois cabe às mães a instrução dos
filhos.
Excluída do social/civilizado, Gata Borralheira vive na
cozinha, junto ao fogão, nas cinzas, portanto, suja. Seu quarto é um
canto do sótão e ela dorme sobre um monte de palha, enquanto suas
irmãs têm belos quartos atapetados, camas e guarda-roupas com
espelhos nos quais podem se mirar. O espelho é um símbolo da
sociedade, um paralelo do olhar do outro sobre nós mesmos. O espaço
ocupado por Gata Borralheira é um símile da floresta selvagem,
mesmo porque ela não possui um nome, uma desinência social que a
identifique junto ao grupo, seu nome, ou mais precisamente sua
alcunha, gata, remete a um animal entre o doméstico e o selvagem,
diferente do cão, considerado fiel e completamente domesticado, os
gatos transitam entre o espaço da casa e o da natureza, são caçadores,
associados às bruxas, e animais psicopompos, condutores dos mortos,
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O Corpo encantado
16 Utilizaremos as versões mais antigas dos contos em função de serem elas mais
próximas dos mitos e narrativas orais, menos abrandadas e atenuadas no que
concerne à indicação de possíveis ritos iniciáticos arcaicos. Sobre este tema,
conferir: Marquetti (2013, p. 309-366).
17 Ver a correlação da descrição do monstro com os semas sexuais masculinos em
Marquetti (2013, p. 309-366).
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18 Cf. retorno de Odisseu a Ítaca após sua viagem ao Hades (HOMERO, Odisseia).
321
Flávia Regina Marquetti
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O Corpo encantado
323
Flávia Regina Marquetti
Referências
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324
O Corpo encantado
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Petrópolis: Ed. Vozes, 2010, p. 131-216.
325
Flávia Regina Marquetti
326
Gênero e Magia em Roma: as feiticeiras
Canídia e Ságana na Sátira I, 8 de Horácio
Semíramis Corsi Silva1
Introdução
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Semíramis Corsi Silva
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Gênero e Magia em Roma
4Como, por exemplo, nos rituais das defixiones 6, 19, 20, 23 e 30 do Catálogo de
defixiones laciais elaborado por Carlos Eduardo da Costa Campos (2021).
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6Sobre os sentidos apotropaicos dos falos em Roma, ver Funari; Marquetti (2011) e
Garraffoni (2017).
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Gênero e Magia em Roma
lembrando que com a primeira lei romana escrita, a Lei das doze
Tábuas já temos a criminalização da magia10 – é comum que essa
prática seja vista como algo do universo feminino por poetas homens
em meio a uma sociedade misógina. Não se admitia, assim, ser o
homem antigo, guerreiro e conquistador, um praticante da nefasta arte
da magia. Se a magia era algo fora da normalidade e da ética, ela só
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Semíramis Corsi Silva
Considerações finais
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Gênero e Magia em Roma
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Semíramis Corsi Silva
Referências
Documentação
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db.edcs.eu/epigr/epikl.php?s_sprache=en. Acesso em: 03 mar. 2021,
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HORACE. Satires, Epistles, Ars Poetica. With an english translation
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Press/William Heinemann, 1942 (Loeb Classical Library).
356
Gênero e Magia em Roma
357
Semíramis Corsi Silva
358
Gênero e Magia em Roma
359
Semíramis Corsi Silva
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Maria, a mãe de Jesus, como uma maga:
gênero, poder e magia entre os primeiros
cristãos
Juliana Batista Cavalcanti1
361
Juliana Batista Cavalcanti
3 As duas lembranças feitas por Paulo na Carta aos Romanos (1:3; 9:5) sobre as
origens judaicas de Jesus reforçam ainda mais a nossa tese.
4 Dos capítulos do 1 ao 10 vemos uma grande explanação sobre as origens de Maria.
O texto apresenta os pais de Maria e possui um profundo diálogo com a Septuaginta.
Esses elementos deixam claro os interesses do autor em apresentar uma Maria que
atenda as intenções teológicas que virão a seguir: quem era Jesus.
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Maria, a mãe de Jesus, como uma maga
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Juliana Batista Cavalcanti
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Maria, a mãe de Jesus, como uma maga
7 Seguimos a leitura de autores como Klauck (2002) e Layton (2002) que inserem o
Evangelho de Filipe no corpus valentiniano, devido ao elevado número de menções
feitas a esse material por autores vinculados a esse tipo de cristianismo.
365
Juliana Batista Cavalcanti
8 Alguns autores como Antti Marjanen (1996, p. 63-64) tentaram por meio da forma
de escrita diferenciar as Marias. Porém, essa hipótese rapidamente se revelou
facilmente refutável por ausência de referências internas e de a mesma grafia se
apresentada em outros casos para ambas as Marias, a Madalena e a mãe de Jesus.
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Figura 1A: detalhe do afresco. Maria com os dois braços levantados, o pano
pendurado em um cinto em sua cintura.
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Maria, a mãe de Jesus, como uma maga
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Maria, a mãe de Jesus, como uma maga
Referências
375
As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio
(I AEC – I EC): um estudo de caso sobre as
inscrições e os lugares de depósito
Carlos Eduardo da Costa Campos1
Introdução
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As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
As defixiones laciais
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Carlos Eduardo da Costa Campos
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As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
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Carlos Eduardo da Costa Campos
3 Vale destacar que esse termo seria mais apropriado ao contexto britânico das
orações para justiça (OGDEN, 1999, p. 5-6).
380
As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
4 Foram traduzidas somente quarenta e seis lâminas, pois seis placas estão
impossibilitadas de compreensão do texto pelo desgaste do material, apenas havendo
a catalogação destas inscrições.
5 O processo de tradução e revisão foi o resultado de debates estabelecidos pelo Prof.
Dr. Anderson de Araujo Martins Esteves – UFRJ e o Prof. Dr. Arthur Rodrigues –
ATRIVM / UFRJ.
6 CDL, dfx: 01.
7 CDL, dfx: 02 a 04.
8 CDL. dfx: 05 a 06.
9 CDL dfx: 07 a 52.
381
Carlos Eduardo da Costa Campos
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As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
383
Carlos Eduardo da Costa Campos
384
As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
Texto estabelecido:
Titus Octavius sermone, Marcus Fidustius [---] mutus
sermone, Fidustius mutus, Irena Plautiae defigere:
extam, umeros, nisum, quaestum, caput, oculos describo
cilos [---] membra omnia: latus, lingua, flatus, coria,
talus, extase, ungues, viscera ex hoc [---] Ma.
Trebonius. Quaestum, vestigia, flatus, faciam, latus,
bona ira [---]
Tradução:
Que Tito Otávio perca a fala, que Marco Fidústio [---]
fique mudo, Fidústio mudo, Irene de Pláucia, que você
seja fixada: entranhas, ombros, esforço, rendimento,
cabeça, olhos, descrevo cilos [---] todos os membros: o
flanco, a língua, a respiração, a pele, o tornozelo, as
entranhas, as unhas, os órgãos deste [---] Marco (?)
Trebônio. O rendimento, as pegadas, a respiração, que
eu faça, o flanco, a boa ira [---]
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Carlos Eduardo da Costa Campos
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As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
Tradução:
Malquião, filho de Nico, eu fixo nestas tábuas: seus
olhos, mãos, dedos, braços, unhas, cabelo, cabeça, pés,
coxa, estômago, nádegas, umbigo, peito, mamilos,
pescoço, boca, bochechas, dentes, lábios, queixo, olhos,
testa, sobrancelhas, espáduas, ombro, nervos, boca,
medula (?), barriga, pênis, perna, rendimentos, lucro,
saúde. Rufa ordinária (?), eu fixo nestas tábuas: suas
mãos, dentes, olhos, braços, estômago, seio, mamilos,
boca, medula (?), estômago, [---], perna, boca, pés, testa,
unhas, dedos, estômago, umbigo, vagina, os
rendimentos de Rufa ordinária (?)
387
Carlos Eduardo da Costa Campos
388
As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
Tradução:
Tito Otávio, liberto de Tito, Públio Fidústio [?],
Postúmio, Gávia, se algum deles for um adversário ou
adversária.
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Carlos Eduardo da Costa Campos
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As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
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Carlos Eduardo da Costa Campos
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As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
393
Carlos Eduardo da Costa Campos
394
As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
Referências
Documentação
DIONISIO DE HALICARNASSO. Roman Antiquities. Trad.: Earniest
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DIONISIO DE HALICARNASSO. Roman Antiquities. Trad.: Earniest
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395
Carlos Eduardo da Costa Campos
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396
As tabellae defixionum de Nomento, no Lácio (IAEC – I EC)
397
Sem perdão: em busca de justiça (ou
vingança?) usando defixiones na antiga
Mogontiacum (Mainz)
Renata Cazarini de Freitas1
Introdução
398
Sem perdão
399
Renata Cazarini de Freitas
400
Sem perdão
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Renata Cazarini de Freitas
Mainz
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Renata Cazarini de Freitas
5 O amplo relato poético de Ovídio nos Fastos (IV, 179-372) merece a leitura.
404
Sem perdão
alguma forma, ela podia ser ou não idêntica a outras rochas pretas”
(ANDO, 2008, p. 103).
A arqueóloga que chefiou as escavações em Mainz, Marion
Witteyer, trata os documentos materiais inventariados como indícios
de que havia prática de magia para além do culto tradicional,
salientando os “depósitos de placas de chumbo”, muitas delas
incineradas nos locais de oferenda (WITTEYER, 2005, p. 105). O
epigrafista Jürgen Blänsdorf, encarregado das transcrições das placas
de execração, computou doze invocações a Mater Magna e quatro ao
seu consorte, Átis, formuladas como “analogias mágicas”
(BLÄNSDORF, 2005a, p. 11).
Num balanço da sua pesquisa, Blänsdorf descarta a atuação de
profissionais, isto é, sacerdotes e escribas, na concepção e inscrição da
grande maioria dos textos (BLÄNSDORF, 2005a, p. 12), apesar da
concentração de documentos num espaço religioso coletivo. Talvez o
mais instigante seja o que não foi encontrado ali: “Em Mainz, até
agora, não há caso evidente de uma invocação a Ísis, embora se
esperasse encontrar alguma no santuário compartilhado”
(BLÄNSDORF, 2005a, p. 17).
As placas de chumbo de Mainz estão especialmente conectadas
ao santuário, tal como acontece em Bath, na Inglaterra, antiga Aquae
Sulis. Essa vinculação, atestada tanto pelos vocativos às respectivas
divindades locais quanto pela concentração espacial dos achados, é
forte indício de uma prática ritualística aceita na comunidade
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Sem perdão
407
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Sem perdão
[face interna]
01. Grande Mãe, rogo-te,
Mater Magna, te rogo,
02. pelo que te é sagrado e numinoso,
p(e)r (t)ua sacra et numen tuum,
03. que a Gemela que meus broches
Gemella fib(u)las meas qualis
04. roubou, assim também ela...
sustulit, sic et illam REQVIs [rogo?]
05. separe pra não ter parte saudável.
adsecet ut nusquam sana si(t).
06. Tal como os galli se mutilaram,
Quomodo Galli se secarunt,
07. assim também ...ela se mutile pra
sic e[t ? uelis nec?] se secet sic, uti
08. que tenha seu lamento. Tal como
planctum ha[be]at. Quomodo
09. eles entregaram suas oferendas
et sacrorum deposierunt
10. no templo, assim também tua vida,
in sancto, sic et tuam uitam
11. tua saúde, Gemela, [entregues].
ualetudinem, Gemella.
12. Nem com sacrifícios, nem com
Neque hostiis neque au(- ouro,
ro neque argento redi(- 13. nem com prata, possas
<i>mere possis a matre 14. te redimires junto à mãe
deum, nisi ut exitum 15. dos deuses a não ser que
tuum populus spectet. 16. o povo veja a tua morte.
Verecundam et Pater(- 17. Verecunda e Paterna,
nam, sic illam tibi com(- 18. a ti a[s] confio,
mendo, Mater deum 19. Grande Mãe dos deuses,
Magna, rem illorum 20. a situação delas...
in AECRVMO DEO VIS qua(- 21. ...
le rogo co(n)summent(u)r 22. ...rogo que sejam destruídas
quomodo et res meas uire(- 23. como também as minhas coisas
sque fraudarunt, nec se 24. e recursos expropriaram, e que não
possint redimere 25. possam se redimir
nec hosteis lanatis 26. nem com oferendas de ovelhas,
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[face externa]
nec plum<i>bis 27. nem com placas de chumbo,
nec auro nec ar(- 28. nem com ouro, nem com
gento redimere 29. prata redimir-se
a numine tuo, 30. junto a teu nume,
nisi ut illas uorent 31. a não ser que as devorem
canes, 32. os cães,
uermes adque 33. vermes e
alia portenta, 34. outros flagelos,
exitum quarum 35. [a não ser] que sua morte
populus spectet. 36. o povo veja.
Tamquam quae <C> FORRO (MO L?) 37. Como...
auderes comme[ndo] 38. ...confio
duas 39. duas
TAMAQVANIVCAVERSSO 40. ...
scriptis istas 41. com escritos essas
AE RISS . ADRICIS . S . LON 42. ...
a . illas, si illas cistas 43. ...aquelas, se aqueles cestos
caecas, aureas, FECRA 44. secretos, dourados...
E[..] I [.]LO[..]AS 45. ...
OV[.]EIS . mancas A 46. ...
Comentário:
A placa, com inscrição de grandes dimensões, enrolada, traz 26
linhas na face interna e 20 na face externa. Blänsdorf assevera que se
trata de mãos diferentes em cada lado, mas a mensagem é continuada.
Na face interna, são cursivas maiúsculas de 5 mm de altura; na face
externa, letras de até 10 mm. O que se pode dizer, a partir do desenho
publicado, é que há uma melhor distribuição e regularidade da escrita
no início da inscrição, onde ocorre a invocação a Mater Magna, em
seguida, a expansão gradual das letras com traços menos precisos e
incisivos dificulta a leitura.
410
Sem perdão
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Renata Cazarini de Freitas
412
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Renata Cazarini de Freitas
Comentário:
A placa, na qual consta o maior texto entre as DTMs, inscrito
apenas em uma face, foi enrolada, depois dobrada e bastante
danificada pelo fogo, apresentando sinais de derretimento na parte
inferior. Cerca de um-terço das cinco primeiras linhas e da sequência
de 12 a 16 dessa escrita elegante em maiúscula cursiva é irrecuperável.
A dimensão dos danos torna parte da conjectura, exibida entre
parênteses, muito especulativa, como admite o epigrafista
(BLÄNSDORF, 2005a, p. 21).
A expressão latina “dolus malus de pecunia” (no acusativo:
dolum malum) ocorre três vezes (l. 1, 5 e 13) na inscrição de apenas 18
linhas e configura o malfeito denunciado na placa de execração. O
responsável pelo crime nefasto (l. 16: nefas) não é nomeado. A
punição é delineada em analogias persuasivas (quomodo /
quemadmodum... sic et...) e uma vez mais é evocada a imagem dos
galli, mas também de outras duas categorias de sacerdotes, os da
deusa romana da guerra Belona e, supostamente, uma versão
localizada em Mainz de discípulos de Magna Mater, os magali. A
ubiquidade da deusa (l. 3-4) é valorizada como eficaz para impor a
punição e a ela é associado Átis, segundo a leitura da expressão latina
“benedictus tuus” (l. 4, no acusativo) como epíteto de uma pessoa
falecida estimada (BLÄNSDORF, 2010, p. 182).
A metáfora da morte como paralisia dos atributos intelectuais
(l. 11) é construída a partir da fortíssima imagem do sangue derramado
pelos sacerdotes ao se castrarem, que chega frio ao chão (l. 10-11).
414
Sem perdão
DTM 3 inv. 1, 29
[frente]
Rogo te, domina Mater 01. Rogo-te, senhora, Grande
Magna, ut tu me uindices 02. Mãe, que me compenses
de bonis Flori coniugis mei. 03. pelos bens do meu marido, Floro.
Qui me fraudauit Ulattius 04. Quem me expropriou, Ulácio
Seuerus, quemadmod(um) 05. Severo, do mesmo modo que
hoc ego averse scribo, sic illi 06. eu escrevo isto às avessas, assim,
[verso]
omnia, quidquid agit, quidquid 07. tudo pra ele, faça o que fizer,
aginat, omnia illi auersa fiant, 08. tudo aconteça às avessas pra ele,
ut sal et aqua illi eueniat. 09. que seja pra ele como o sal na água.
Quidquid mi(hi) abstulit de bonis 10. O que ele me roubou dos bens
Flori coniugis mei, rogo te, 11. do Floro, meu marido, rogo-te,
domina Mater Ma(g)na, ut tu 12. senhora, Grande Mãe, que tu
de eo me uindices. 13. me compenses por isso.
Comentário:
Dentre as placas selecionadas, desta única não foi possível
obter um desenho para contrastar com a transcrição em latim, mas as
quatro publicações consultadas são convergentes quanto ao texto. Por
outro lado, seria de se esperar que pelo menos alguma parte da
execração refletisse a informação de que a escrita foi feita ao revés,
como sugerido na linha 6, configurando analogia persuasiva numa
correlação com a linha 8, no entanto, isso não se confirma
(FARAONE; KROPP, 2010, p. 390), ou seja, a escrita é regular, da
esquerda para a direita. Daí que a analogia não se realiza.
415
Renata Cazarini de Freitas
7O latim “egi, aginaui” (Sat. 61.9), na tradução de Sandra Bianchet (Petrônio, 2004,
p. 103): “eu fiz o possível e o impossível”.
416
Sem perdão
Comentário:
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Renata Cazarini de Freitas
418
Sem perdão
é ofertada a Átis uma vítima de quatro patas para que o ladrão seja
localizado (FREITAS, 2015, p. 79, GORDON, 2012, p. 5). Na placa
de Mainz, a rogativa é dirigida a Átis e a Mater Magna.
419
Renata Cazarini de Freitas
Comentário:
A dimensão desta placa é 10 x 11,5 cm, com margem de 1,2
cm de cada lado, inscrita em letras de 0,6 cm na escrita cursiva
romana antiga, muito legíveis. Foi elaborada num latim de fácil
compreensão, com sintaxe convencional. O motivo da rogativa a Átis
não é informado, mas a punição é determinada pelo rogante à
divindade, tratada prestigiosamente com quatro epítetos no caso
vocativo: bone, sancte, tyranne, domine. Além disso, é invocado a
comprovar sua majestade, como ocorre também na única defixio latina
dirigida a Ísis, que será apresentada mais adiante.
Para Blänsdorf (2005a, p. 16), o texto tem “a forma de uma
prece solene a Átis”, nome peculiarmente grafado com “h” medial
(Atthis), o que é atestado numa outra placa, localizada em Gross-
Gerau, próxima a Mainz, numa caligrafia semelhante. Mais ainda, a
solenidade dos epítetos na placa de execração de Mainz é corroborada
pela referência a Cástor e Pólux nas linhas 4 e 5, “elevando Átis ao
nível de Júpiter” (BLÄNSDORF, 2005a, p. 17), imagem reforçada
pela invocação a “deus max<s>ime Atthis” em Gross-Gerau.
O pesquisador alemão não aborda o henoteísmo, o culto de
uma só divindade embora reconhecendo a existência de outras, um
meio termo entre o monoteísmo e o politeísmo. H. S. Versnel (1990)
afirma que o henoteísmo é um dos mais importantes fenômenos
religiosos dos períodos helenístico e imperial. É o que se constata, por
exemplo, em relação ao culto de Ísis como é “romanceado” na obra
420
Sem perdão
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Renata Cazarini de Freitas
[face única]
01. Nesta tábula, entrego o Quinto, avesso
02. a si e às próprias razões, que se vai destruindo em vida.
03. Assim como os galli ou os bellonari se dilaceraram ou se cortaram
04. assim fiquem fé, fama, faculdade mental dele dilaceradas.
05. Nem eles são considerados humanos, nem ele o seja.
06. Tal como ele me expropriou, Grande Mãe sagrada, assim
07. retomes tudo dele. Bem como a árvore secará no templo, assim
08. também sequem fama, fé, fortuna, faculdade mental dele.
[Confio a ti, Átis, senhor,
09. que me vingues dele, que dentro de um ano... a morte
10. dele vil e ruim.
[lateral]
11. [Alguém] entrega o nome dele para as
12. esposas. Se for de alguma forma
13. útil, assim nos seja
14. útil seu corpo.
15. De seres amaldiçoado, terás horror.
Comentário:
Trata-se da mais sofisticada inscrição desta seleção, num latim
clássico em maiúscula cursiva, com elaboração retórica, contendo os
elementos esperados de uma execração, ausente, contudo, o verbo
“rogo”: identificação do alvo do pleito (l. 1), causa da execração (l. 6),
invocações a divindades (l. 6 e 8), morte ruim como punição (l. 9-10).
Ela dista, porém, de outros registros do repertório ao não cobrar a
morte em espaço público nem determinar a impossibilidade de
redimir-se.
As analogias persuasivas retomam, primeiro, a imagem da
automutilação dos sacerdotes de Cibele (Mater Magna) e Belona (vide
DTM 2), associando-a à perda de atributos muito valorizados na
cultura romana antiga como a confiança, o renome, a boa sorte e o
talento (l. 4 e 8: tricolon e tetracolon aliterativos), depois, introduzem
422
Sem perdão
Baelo Claudia
8Faraone e Kropp (2010, p. 386) fazem leitura parcialmente distinta, seguidos por
Gordon (2012, p. 10).
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424
Sem perdão
Comentário:
A inscrição de 14 linhas expõe o registro em latim popular do
pleiteante, com perda sistemática do /m/ final do acusativo singular, o
caso lexicogênico do português – vide as linhas 3, 8-10, 12-13. Outras
ocorrências de registros alternativos ao latim culto são “mi” pelo
dativo “mihi” (l.3), a sonorização do verbo “evito, evitare” em
“evide(s)”, presente do subjuntivo (l.6), “autulit” ao invés de
“abstulit”, pretérito perfeito do indicativo (l.7), bem como “reprindas”
por “repreendas”, presente do subjuntivo (l.13).
Ísis é invocada a fazer justiça: o “caso de polícia” é atribuído à
divindade, mas a sentença é decidida pelo pleiteante, e é a morte à
vista de toda gente (l.6: in medio = immedio). A divindade é instigada
a comprovar sua majestade não uma, mas duas vezes (l.4 e l.12). O
verbo que encerra a inscrição tem dupla acepção: tanto recuperar o
material do furto como condenar o autor do furto. Os quatro objetos
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Considerações finais
426
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Referências
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Celtas
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era convidada a participar. Não seria possível executar tais rituais sem
a presença do druida, sabedores das etapas que deveriam ser
rigorosamente efetuadas para asseverar a integralidade do ato sagrado.
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Conclusão
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Referências
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festa das bruxas
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A zona pirenaica
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Barrados no baile. A Península Ibérica e a festa das bruxas
Astúrias e Galícia
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As “bruxas” castelhanas
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mais sagrada e sublime espécie de filosofia”:
reflexões sobre as relações entre magia e
scientia nos renascimentos dos séculos XV-XVI
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força ao ser esgarçada para servir de base a toda reflexão acerca das
relações entre religião, magia e ciência. Um exemplo desse mau uso
está na obra de Keith Thomas que justifica um desencantamento do
mundo a partir de um recorte documental muito enviesado e de uma
base teórica weberiana que não se aplicaria ao recorte temporal por ele
estudado. Assim, seguimos a proposta de Tambiah de que a hipótese
weberiana não é universal, bem como de que as relações entre magia,
religião e ciência devem ser compreendidas a partir de cada contexto
sócio-histórico específico. Somente assim, fugiremos do teleologismo
que marca grande parte dos estudos sobre esses temas.
Seguindo a sugestão de Jaume Aurell (2016), tratemos o
passado como um continente distante, portanto, o mesmo somente se
torna acessível pelos vestígios que nos legou. Destarte, é hora de
apresentar os principais documentos que guiarão a presente reflexão.
O nosso recorte documental é composto pelas obras de Giambattista
dela Porta, Giordano Bruno, Isabella Cortese e Heinrich Cornelius
Agrippa von Netteshein, respectivamente Magia Naturalis (1558), De
Magia (1590-1591), I secreti de la Signora Isabella Cortese (1561) e
De Occulta Philosophia Libri Tres (1533). A partir de tais
documentos, construiremos uma reflexão sobre as relações entre
magia e ciência no Rinascimento, buscando contribuir para esse
debate.
O primeiro ponto de reflexão é justamente o que podemos
chamar de ciência durante os Renascimentos dos séculos XV e XVI.
Uma parte significante da historiografia, como o já citado Keith
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2 Uma crítica clássica a tese de Frances Yates pode ser vista em: Hanegraaff, Wouter
J. Beyond the Yates Paradigm: the Study of Western Esotericism Between
Counterculture and New Complexity. Aries, 2001, p. 5-37.
3 Uma síntese da mesma pode ser encontrada em Yates, Frances. Giordano Bruno e a
tradição Hermética. Ver capítulo II.
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4 Optou-se por essa tradução, pois Physica se refere nesse caso à filosofia natural e
uma tradução literal poderia induzir a interpretações anacrônicas.
5 Quicunq; igitur nuc in hac facultate studere affectat, si nõ fuerit eruditus in
Physica, in qua declarantur qualitates rerum, & in qua reperiuntur proprietates
occultae cuiuslibet entis, & si non fuerit opifex mathematicae, & in aspectibus, &
figuris stelarum, ex quibus cuiuslibet rei sublimis virtus & proprietas dependet: & si
non fuerit doctus in teologia, ubi manifestatur substantiae immateriales, quae
dispensant & administrant omnia, nõ poterit intelligere Magiae rationabilitatem:
nullum enim opus ab ipsa Magia perfectum extat, nec est aliquod opus vere
magicum, quod has tres facultates non complectatur.
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Francisco de Paula Souza de Mendonça Júnior
6 Iure quidem primùm qui tanta debet maiestate pollere, exactum, et consummatum
in Philosophia, rerumq´naturae disetissimum optarem, causas enim principia, et
rerum elementa rimatur, mirificas earum dotes depromit, mutuum elementorum
nexum, combinationem, unde mixtorum scaturigo et interitus.
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“Essa é a mais perfeita e principal ciência, a mais sagrada e sublime
espécie de filosofia”
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Francisco de Paula Souza de Mendonça Júnior
agenda secreta. Dito isso, para completar nosso panorama, não basta
definir o magus, é central conceituar igualmente a magia.
Giambattista della Porta (1562, p. 1) definiu a magia de forma
breve, ao afirmar que essa magia, dotada de uma considerável
potência, abunda em mistérios ocultos, e faz conhecer as coisas que
repousam no seio da natureza, com suas qualidades e suas
propriedades: é o ápice de toda a filosofia. Inclusive, na opinião dele,
a magia é escrava da Natureza, tal qual o magus é seu servo. Giordano
Bruno e Cornelius Agrippa são mais detalhistas ao definir a magia. Na
verdade, ambos construíram verdadeiras “taxonomias” mágicas.
Comecemos por Giordano Bruno.
A primeira categoria foi a magia dos prestígios, cujas ações
pareceriam obras de uma inteligência superior, causadora de
admiração em quem a presenciasse. A magia natural veio na
sequência, ou seja, a arte por meio da qual se agiriam as antipatias e
simpatias presentes em toda a Criação – ou o espírito das coisas, em
termos brunianos – para se atuar. A magia descrita por della Porta seria
um misto do primeiro tipo com esse último. A filosofia oculta ou
magia matemática se valeria de palavras, cantos, números, imagens,
selos, caracteres ou letras para atuar. Ela estaria, conforme Bruno, em
um estágio intermediário entre a magia natural e a teúrgica, sendo
muito tributária da cabala. Avançando nessa direção, a próxima
categoria mágica apresentada foi a própria teurgia. Ela utilizaria
fumigações, preces, consagrações, cerimônias, sacrifícios e ritos a fim
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espécie de filosofia”
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espécie de filosofia”
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8 Cuiscunque naturalis substantie (nam substantiam voco id, quod est ex utraque
compactum) compositioni matéria, formaque uti principia eueniunt: nec qualitatum
functiones eiicimus, qua ex primordiis in elementis latitabant.
9 Unde vis ea, quae rei dicitur proprietas, non à temperamento, seda b ipsa euenit
loco: à suprema igitur vertigine, proximè, huic ab intelligentis illis, denique ab ipso
Deo, sic quae formae eadem est, & proprietarum origo.
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espécie de filosofia”
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“Essa é a mais perfeita e principal ciência, a mais sagrada e sublime
espécie de filosofia”
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Francisco de Paula Souza de Mendonça Júnior
ideais entrelaçados: viver uma vida ativa e construir uma Virtù capaz
de domar a Fortuna. Na busca por esse esforço duplo, muitos deles
viram a magia como a scientia que une todas as scientiae, ou seja, a
ferramenta perfeita para tornar a filosofia natural um instrumento para
a aventura suprema de desbravar e atuar empiricamente em um mundo
repleto de maravilhas.
Referências
Documentação
GIAMBATTISTA DELLA PORTA. Magiae naturalis, sive de
miraculis rerum naturalium libri IIII. Antuerpiae: In aedibus Ioannis
Steelsii, 1562.
GIORDANO BRUNO. Tratado da magia. São Paulo: Martins Fontes:
2008.
HEINRICH CORNELIUS AGRIPPA VON NETTESHEIM. De
occulta philosphia, Libri III. Lugduni: apud Godefridum & Marcellu,
fratres, 1550.
ISABELLA CORTESE. I secreti de Isabella Cortese ne'quali si
contengono cose minerali, medicinali, arteficiose, & alchimiche, &
molte de l'arte profumatoria, appartenenti a ogni gran Signora. Con
altri bellissimi Secreti aggiunti. Venetia: Apresso Giovanni Bariletto,
1565.
JOHANNES TRITHEMIUS. Polygraphiae libri sex, Ioannis Trithemii
Abbatis Peapolitani, quondam Spanheimensis, ad Maximilianum
Caesarem. Oppenheim: Haselberg, 1518.
Bibliografia
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“Essa é a mais perfeita e principal ciência, a mais sagrada e sublime
espécie de filosofia”
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O Catimbó Nordestino
Sandro Guimarães de Salles1
Introdução
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Definindo o Catimbó
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2 A Missão foi criada por Mário de Andrade, em 1938, no período em que esteve
como diretor do Departamento de Cultura e Recreação da Prefeitura Municipal de
São Paulo. Na Paraíba, que foi o estado mais coberto pela equipe, foram registrados
três casos de Catimbó.
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Abre-te Jurema
No Rio do Jordão
A Barquinha de Noé
Com três Sino Salamão
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5 Cabala é a base do conhecimento esotérico dos rabinos, cuja fundação remonta aos
judeus da antiga Palestina e do Egito (CACCIATORE, 1977, p. 71).
6 MENDOÇA, H. F. D., MELLO, J. A. G. D., SILVA, L. D.; MENDOÇA, H. F. D.
Primeira visitação do Santo Ofício às partes do Brasil: denunciações e confissões de
Pernambuco, 1593 – 1595. Coleção Pernambucana, 2ª fase, vol. XIV. Recife, 1984.
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O Catimbó Nordestino
às crenças ancestrais”
Nas denúncias e confissões por ocasião da primeira visitação
do Santo Ofício, por exemplo, são registradas diversas acusações de
bruxaria. Uma delas é a denuncia contra Anna Jacome, considerada
feiticeira, que teria “embruxada” uma criança, usando a saliva,
causando-lhe a morte. Antes de lançar o feitiço, a própria teria feito a
seguinte advertência à mãe da criança:
[...] se quereis que não vos venham as bruxas a casa,
toma uma mesa e ponha com os pés virados para cima, e
uma trempe também virada com os pés para cima, e
com uma vassoura em cima tudo detrás da porta, e dessa
maneira não vos virão bruxas a casa.
(MENDONÇA et al., 1984, p.25)
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Sandro Guimarães de Salles
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O Catimbó Nordestino
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Sandro Guimarães de Salles
por chefe. Desse modo, escreveu: “Esses reinos por sua vez
compreendem um certo número de estados e cada Estado 12
comunidades. Cada comunidade tem três chefes, o que faz com que
um Estado tenha um total de 36 chefes” (BASTIDE, 1971, p. 249).
Dona Rita, da Mansão de Iemanjá, de Goiana, fala do reino da
Jurema como um lugar onde poucos podem ir e para onde vão os
juremeiros após a morte. Vejamos o que nos diz a juremeira:
É um lugar sagrado, bem bonito que só. A jurema é
entrançada uma na outra e embaixo é só forrado com
capim-veludo... é um terreno muito grande, muito
bonito, e com a jurema ali por cima entrançada que não
entra ninguém... nem os passos [pássaros] não passam
naquele reino, que chama Reino da Jurema Encantada.
Embaixo é capim-veludo e em cima é a Jurema. E os
caboclos, só tem aquela porta pros caboclo entrar, reinar
dentro, pra dormir, pra viver, pra viver ali em baixo. [...]
aí é o reino da Jurema. Reino encantado da Jurema. Aí,
nem todo mundo tem o direito de ir lá. Nós vamos lá em
sonho, né? Os mestres é quem vai, os caboclo, Tupã,
Tupi, aqueles caboclo forte, aí é quem vai e leva a gente
em sonho pra gente ver como é o Reino da Jurema...
mas quando a gente tá lá em trabalho, porque tem a
sessão de mesa, e tem trabalho de chão, aí é que manda
aqueles mestres ir no reino da Jurema pra saber aonde
é... Ele [um juremeiro após a morte] vai, tem o direito
de ir pra lá e de lá Jesus é quem sabe onde bota ele, né?
Primeiro tem que ir na Jurema... o espírito, né?
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O Catimbó Nordestino
Princesa me dê a chave
Que eu quero abrir os sete portões
Eu quero ver a ciência do nosso Rei Salomão
7 Vajucá pode ser uma corruptela de Ajucá, que significa amassar, sovar (TIBIRIÇÁ,
1984). O termo é usado para designar uma festa entre os Pankararu, cujos primeiros
registros foram feitos na década de 1930, por Carlos Estevão (1942) e Estevão Pinto
(1938). Ambos descrevem o momento do preparo do vinho da jurema, em que a raiz
da planta é raspada, depois macerada com uma pedra, até ser obtida a bebida.
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Considerações finais
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Referências
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“Evoé”: do delírio dionisíaco em Eurípides à
macumba antropofágica na obra Bacantes do
Teatro Oficina
Dolores Puga1
“Os amantes d santo d Dyonyzios no Brazil
Foram castigados, recuados, miserabilizados, quase castrados.
Mas a democracia social,
A revolução cultural,
A prosperidade no Brasil
São impensáveis se a paixão coletiva q o teatro desencadeia
Não for libertada
Num 2º nascimento como fato coletivo.
Artistas e povos
Vamos botar pra phoder”
(Festival Brazyleyro de Teatro - Bacantes, Teatro Oficina).
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“Evoé”
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2 Sobre a ideia da ordenação de Zeus no mito, Foucart aponta que teria sido
desenvolvida na Alexandria (FOUCART, 1904, p. 33).
3 Essa relação de Dioniso com a morte e o renascimento (perspectiva desenvolvida
em Creta e Delfos), foi mantida nas cerimônias das Antestérias em Atenas. O culto
poliade ligado à Dioniso possuía características comedidas e oficializadas pela
cidade-estado – bem divergentes da representação do culto trácio. Nessas cerimônias
atenienses, Dioniso já renascido e crescido, está pronto para desposar-se. Nas
Antestérias, têm-se o envolvimento de homens, mulheres e crianças; e a encenação
do casamento dionisíaco conta com a participação do arconte basileus
(CERQUEIRA, 2011, p. 153; 154-155). É digno de nota que o basileus é um cargo
religioso importante em Atenas, arconte esse que deveria pertencer à famílias que
descendessem de “heróis fundadores”; ou seja, de representantes da tradicional
aristocracia ateniense. Fica elucidado o domínio simbólico poliade imposto em
detrimento do culto estrangeiro dedicado à figura dionisíaca.
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“Evoé”
4 “[...] Sêmele, filha de Cadmo, se juntou a ele [Zeus] em amor e lhe deu um filho
esplêndido, Dionísio jubiloso, uma mulher mortal, um filho imortal. E agora ambos
são deuses” (HESÍODO, Theogonia, 940-942).
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5Yidy Páez Casadiegos aponta que evidências epigráficas conduziriam a pensar que
o contato da Ática com o mito de Dioniso teria sido justamente no século XV a.C.,
devido às relações com o oriente próximo (CASADIEGOS, 2008, p. 169), assim
como Lévêque ao apontar o contato grego com Creta.
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“Evoé”
6 O texto teatral Bacantes do Grupo Oficina teria sido retomado a partir de 1995 e
reconstruído para nova encenação em outro momento histórico, em 2011 (em várias
cidades do país) e em 2016-17.
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11É digno de nota que essa perspectiva da peça teatral foi ressaltada nas encenações
mais recentes: uma crítica contundente do Oficina aos movimentos sociais
conservadores que sustentaram o golpe de 2016 e balizaram cada vez mais as
práticas de genocídio indígena brasileiro, além da ascensão do pensamento fascista e
da extrema direita ao poder.
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“Evoé”
Referências
Documentação
A S S U N ÇÃ O , D enis e; CO RRÊA , J os é Cels o M artinez;
DRUMMOND, Marcelo; HIRSCH, Catherine. Bacantes. São Paulo,
1987. [Datilografado. Não publicado].
BACANTES. Teatro Oficina. 2020. Disponível em: https://
teatroficina.com/pecas/bacantes/. Acesso em: 03 fev. 2022.
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Dolores Puga
Bibliografia
BAKHTIN, Mikhail. A Cultura Popular na Idade Média e no
Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara
Frateschi Vieira. São Paulo/Brasília: Hucitec/Editora Universidade de
Brasília, 2008.
BARROS, Cristiane Amaral de. Iemanjá e Pomba-Gira: imagens do
feminino na Umbanda. Dissertação de Mestrado em Ciência da
Religião defendida na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF),
2006.
BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. Tradução de Leila Souza
Mendes. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2003.
CASADIEGOS, Yidy Páez. Las Razones del Simposiarca: uma
Aproximación a los Misterios Dionisíacos. Eidos, n. 9, p. 166-197,
2008.
CERQUEIRA, Fábio Vergara. As Antestérias, um ritual carnavalesco
de transgressão e afirmação da ordem social na antiga Atenas.
Patrimônio e Memória, UNESP – FCLAs – CEDAP, v.7, n.1, p.
151-171, jun. 2011.
CHARTIER, Roger. A História Cultural entre práticas e
representações. Tradução de Maria Manuela Galhardo. Lisboa:
Difusão Editora, 1988.
FERREIRA, Luciana. Entre Oswald e Oficina: as cinco faces do
Mangue. Palimpsesto, Rio de Janeiro, v. 20, n. 36, p. 140-157, mai-
ago. 2021.
FOLEY, Helene Peet. Modern Performance and Adaptation of Greek
Tragedy. Transactions of the American Philological Association,
Washington D. C., v. 129, p. 1-12, 1999.
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SOBRE O LIVRO
Catalogação
Paulo Pires Duprat CRB7 5091
Diagramação
Sammy Riether
Rodrigo dos Santos Oliveira
Capa
Semíramis Corsi Silva
Sammy Riether
Imagem da capa
Wichcraft Scene with DwarvesArtist, atribuído a: Pseudo Bocchi
(Itália, 1700-1749). Domínio público. Disponível em: https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Pseudo_Bocchi_-
_Witchcraft_Scene_with_Dwarve_-_1954.58.5_-_Yale_University_Art_Gallery.jpg.
Acesso em: 27 jul 2023.
Formato: 16x23
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