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Nº DA ÁREA: 3010200-6
VALIDADE INICIAL (Ano/Semestre): 2012/1 º
Nº DE CRÉDITOS: 12 Aulas Teóricas: 03
Aulas Práticas :
Seminários e Outros: 01
Horas de Estudo: 08
DURAÇÃO EM SEMANAS: 12
PROGRAMA
OBJETIVOS
Fornecer aos alunos da disciplina subsídios para a aplicação de teorias mais realistas para a
modelagem do comportamento de materiais considerando, particularmente, os regimes de
ruptura. Estudar de forma analítica e computacional as solicitações decorrentes do processo de
fratura, as condições para a formação e propagação de fissuras bem como a estabilidade do
sólido fissurado e a ruptura estrutural. Analisar componentes estruturais sob o enfoque da
segurança estrutural e da tolerância ao dano. Apoiar as atividades de pesquisa da Área de
Engenharia de Estruturas no campo da Mecânica dos Materiais e das Estruturas.
JUSTIFICATIVA
A utilização de teorias que permitem a modelagem mais realista do comportamento dos
materiais é de vital importância para o desenvolvimento de estruturas seguras e eficientes,
constituindo-se uma área de grande interesse e intensa atividade de pesquisa por parte da
comunidade científica. As atividades de pesquisa neste domínio tem levado ao
PRÓ-REITORIA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
CONTEÚDO(EMENTA)
1 Descrição de problemas de engenharia estrutural aos quais a mecânica da fratura é
aplicável.
2 Mecanismos físicos de deformação e ruptura com ênfase na danificação. Manifestações
do dano em diferentes escalas.
3 Características comuns ao comportamento mecânico de diferentes materiais: deformação
permanente, caráter unilateral da abertura de fissuras, anisotropia induzida por processos
dissipativos.
4 Funções complexas de tensão. Dedução dos campos de deslocamento e tensão na região
à frente da ponta da fissura.
5 Balanço energético devido ao processo de propagação da fissura. Modos de fratura e
taxas críticas de liberação de energia.
6 Fatores de intensidade de tensão e tenacidade a fratura. A zona de processos inelásticos e
as limitações de aplicabilidade da mecânica do fratura elástico linear.
7 Cálculo dos fatores de intensidade de tensão e taxas críticas de liberação de energia.
Integral J e método da correlação de deslocamento.
8 Processo de fratura em modo misto. Teorias de interação de modos e direção de
propagação.
9 Métodos computacionais na mecânica da fratura.
10 Mecânica da fratura não-linear: Fraturamento elastoplástico e coesivo.
11 Mecânica da fratura não-linear: Fraturamento considerando localização e amolecimento.
Estudo da fratura em concretos, cerâmicas e rochas.
12 Propagação de fissuras decorrente de efeitos de fadiga.
BIBLIOGRAFIA
Aliabadi, M.H. (2006) The Boundary Element Method : Applications in Solids and Structures,
Willey.
Allix, O., Hild, F. (2002) Continuum Damage Mechanics of Materials and Structures,Elsevier.
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS (1990) – E399-90- Standard
Test Method for Plane-Strain Fracture Toughness of Metallic Materials.
PRÓ-REITORIA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
Anderson, T.L. (1991) Fracture Mechanics: Fundamentals and applications, CRC Press,
Florida, USA.
Broek, D. (1986) – Elementary Engineering Fracture Mechanics, 4th Ed., Martinus Nijhoff,
The Netherlans.
Cruse, T.A. (1988) Boundary element analysis in computational fracture mechanics. Kluwer
academic publishers.
Karihaloo, B. L., Nalathambi, P. (1991) Notched Beam Test : Mode I Fracture Toughness,
RILEM Report 5, Fracture Mechanics Test Methods for Concrete, Chapmam & Hall.
Kundu, T. (2008) Fundamentals of Fracture Mechanics, CRC Press.
Lemaitre, J. (1992) A Course on Damage Mechanics, Springer Verlag, Berlin (Germany).
Lemaitre, J., Chaboche, J.-L. (1991) Mechanics of Solid Materials, Cambridge University
Press.
Lemaitre, J., Desmorat, R.. (2005) Engineering Damage Mechanics:Ductile, Creep, fatigue
and brittle failures, Springer Verlag NY.
Ouchterlony, F. (1990) – “Fracture toughness testing of rock with core based specimens”,
Engineering Fracture Mechanics, Vol. 35, n 1/2/3, pp. 351-366.
PRÓ-REITORIA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
Rolf, S., Barson, J. (1977) Fracture and Fatigue Control in Structures: Applications of
Fracture Mechanics, Prentice Hall Inc.
Sandford, R.J. (2003) Principles of fracture mechanics, Prentice Hall
Saxena, A. (1998) Nonlinear Fracture Mechanics for Engineers – CRC Press, Florida, USA.
Shah, S. P., Swartz, S. E., Ouyang, C. (1995) Fracture Mechanics of Concrete – Applicationsof
Fracture Mechanics to Concrete, Rock and Other Quasi-Brittle Materials, John Wiley & Sons,
Inc., U.S.A.
Suresh, S. (2003) Fatigue of Materials – Cambridge University Press, 2nd Ed., UK.
Unger, D. J. (1995) Analytical Fracture Mechanics, Dover Publications Inc, New York.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Trabalho de curso e listas de exercícios semanais.
1. – Introdução
1.1 – Apresentação
O texto que será apresentado faz parte do conjunto de notas de aula da disciplina
SET - 5926 cujo título é “Introdução à Mecânica da Fratura”. Esta disciplina é ofertada
no curso de pós-graduação do Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, SET/EESC/USP. Nessas notas
de aula serão apresentados conceitos fundamentais para a compreensão dos fenômenos
tratados e explicados pela teoria da mecânica da fratura. O autor pretende que essas
notas de aula sejam periodicamente revisadas, objetivando torná-las cada vez mais
completas e de fácil entendimento. Dessa forma, sugere-se que os conhecimentos
discutidos em sala de aula e apresentados nessas notas sejam complementados nas
referências fornecidas na ementa do curso e citadas ao longo do texto.
1.2 – Motivação
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 2
elevadores, caldeiras, entre outros, eram noticiados semanalmente (se não diariamente)
naquela época. A busca por explicações para as possíveis causas desses acidentes foi a
motivação inicial para o desenvolvimento da mecânica da fratura. Atualmente, os
conceitos propostos pela mecânica da fratura tornaram-se importantes e robustos para o
entendimento, a prevenção e a explicação de diversos tipos de falhas estruturais.
Portanto, a compreensão desta teoria e de suas ferramentas é de grande importância para
os engenheiros estruturais, os quais trabalham com a prevenção da falha estrutural todo
o tempo.
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 3
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 4
Figura 1.3 Falha devido ao crescimento de fissuras no navio Schenectady (Janeiro de 1943).
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 5
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 6
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 7
devido à ação de fissuras e mecânica da fratura para designar as teorias que governam o
fraturamento. A fratura pode ser enquadrada em seis tipos: Frágil (materiais frágeis),
Dúctil (materiais dúcteis), Quase-Frágil (materiais quase frágeis), Dinâmico, Assistido
pelo meio (devido à ação da corrosão ou agentes físico-químicos) e Transição dúctil-
frágil (associada, por exemplo, a mudanças de temperatura).
Fadiga: Carregamentos cíclicos atuantes em elementos estruturais induzem o
surgimento de campos de tensões que são também cíclicos. De acordo com a amplitude
da variação dessas tensões, o material que compõe o elemento estrutural pode sofrer os
efeitos relacionados ao fenômeno de fadiga. A oscilação das tensões faz com que a
resistência do material seja reduzida à medida que os ciclos de carregamento são
aplicados. Como o próprio nome do fenômeno indica, o material tende se “cansar”
nessas situações. A degradação do material causada pela ação de carregamentos cíclicos
é conhecida como fadiga. Apesar dessa simples definição, os fenômenos associados à
fadiga são consideravelmente complexos.
Quando fissuras estão presentes em estruturas submetidas à fadiga, o
crescimento desta ocorrerá ao longo do tempo. Além disso, esse crescimento ocorrerá
em níveis de tensão muito inferiores àqueles que causariam a fratura do corpo na
condição de carregamento direto. A compreensão deste fenômeno é de grande
importância, principalmente nas indústrias aeronáutica, automotiva e naval, onde as
estruturas estão submetidas a carregamentos oscilatórios durante toda sua vida útil.
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
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Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 9
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 10
surgimento de uma degradação mecânica discreta, a análise deve ser conduzida pela
mecânica da fratura. Porém, as zonas de fragilidade em micro e meso escalas podem ser
também simuladas via mecânica da fratura. Basta que estas descontinuidades atômicas e
dos cristais sejam analisadas de forma discreta. Assim, os efeitos em micro e meso
escalas podem ser mensurados e a união dos campos de fragilidade das ligações
atômicas e da ligação entre cristais podem ser mensuradas via análise de coalescência.
Devido à natureza complexa do fenômeno de fratura, o tratamento dos
problemas micro, meso e macro ainda não são efetuados assumindo-se hipóteses únicas.
Enquanto na abordagem em nível atômico o estudo da fratura ocorre usando-se os
conceitos da mecânica quântica, na modelagem dos problemas macro assumem-se as
hipóteses da mecânica dos sólidos e da termodinâmica clássica. Assim, o campo de
pesquisas no domínio da mecânica da fratura é ainda muito amplo, principalmente no
desenvolvimento de hipóteses únicas que abranjam todos os níveis de análise e
simulação.
Em resumo:
Micro Escala: É a escala utilizada para o estudo dos mecanismos de deformação
e dano.
Meso Escala: É a escala na qual as equações constitutivas da análise mecânica
são escritas.
Macro Escala: É a escala da engenharia de estruturas.
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 11
formava o casco do navio variável entre 390 e 440 MPa. Nestes testes nenhuma falha
estrutural foi observada. Porém, os pesquisadores concluíram que outros navios haviam
falhado com fatores de segurança iguais aos estudados no Woof. Então como explicar
tais falhas?
Depois de vários testes, os pesquisadores observaram que o processo de
fraturamento tinha início em locais onde estavam presentes entalhes geométricos e/ou
furos de ligações. Na verificação dos projetos, os pesquisadores descobriram que nas
regiões de furos, os projetistas assumiram a hipótese de uniformidade de tensão. Assim,
a tensão normal nessas regiões era calculada dividindo-se a força aplicada pela área da
seção transversal do elemento estrutural, descontando as áreas dos furos. Como
consequência, um importante fenômeno era desprezado, a “CONCENTRAÇÃO DE
TENSÃO”.
Em 1898, o engenheiro alemão KIRSCH resolveu, de forma analítica, o
problema de uma chapa tracionada com um furo circular e observou um considerável
aumento das tensões normais nas regiões das bordas do furo. Para essa situação, a
tensão máxima atuante é 3 vezes maior que a tensão aplicada! Até aquele momento,
portanto, os métodos de análise subestimavam essas concentrações de tensão. Mais
tarde, KOSOLOV-INGLIS, em 1913, resolveram o mesmo problema considerando um
furo elíptico. A concentração de tensão para esse caso é ainda mais severa, conforme
mostrado na Fig. (1.6). Anos depois, em 1921, GRIFFITH atribuiu a grande
discrepância entre as resistências teórica e experimental de vidros à concentração de
tensão existente nas micro fissuras presentes no material. Na sequência, ele também
formulou o problema da fratura em regime frágil com base em critérios energéticos.
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 12
/NOPR
/PMETH,OFF,0
KEYW,PR_SET,1
KEYW,PR_STRUC,1
KEYW,PR_THERM,0
KEYW,PR_FLUID,0
KEYW,PR_MULTI,0
/GO
!*
/COM,
/COM,Preferences for GUI filtering have been set to display:
/COM, Structural
!*
/PREP7
!*
ET,1,PLANE82
!*
!*
*ask,E,Modulo de Elasticidade,100
*ask,Ni,Coeficiente de Poisson,0.3
!*
!*
MPTEMP,,,,,,,,
MPTEMP,1,0
MPDATA,EX,1,,E
MPDATA,PRXY,1,,Ni
!*
!*
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 13
*ask,L,Largura da Chapa,4
*ask,H,Altura da Chapa,2
*ask,Dx,Diametro ao longo de X,0.5
*ask,Dy,Diametro ao longo de y,1.0
!*
!*
RECTNG,0,L,0,H,
CYL4,0,0,Dy/2
!*
!*
FLST,2,1,5,ORDE,1
FITEM,2,2
ARSCALE,P51X, , ,Dx/Dy,1,1, ,1,1
!*
!*
ASBA, 1, 2
!*
!*
ESIZE,(3.1415*Dy/45),
MSHKEY,0
CM,_Y,AREA
ASEL, , , , 3
CM,_Y1,AREA
CHKMSH,'AREA'
CMSEL,S,_Y
!*
AMESH,_Y1
!*
CMDELE,_Y
CMDELE,_Y1
CMDELE,_Y2
!*
/AUTO, 1
/REP
!*
FINISH
/SOL
FLST,2,1,4,ORDE,1
FITEM,2,10
!*
/GO
DL,P51X, ,UX,
FLST,2,1,4,ORDE,1
FITEM,2,9
!*
/GO
DL,P51X, ,UY,
FLST,2,1,4,ORDE,1
FITEM,2,2
/GO
!*
!*
*ask,P,Valor da Pressao Aplicada,10
!*
!*
SFL,P51X,PRES,-P,
/STATUS,SOLU
SOLVE
FINISH
/POST1
!*
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 14
!*
/EFACET,1
PLNSOL, S,X, 0,1.0
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 15
em que: bi são os valores das forças de corpo presentes atuantes na direção i e ij, j as
número de termos independentes do tensor constitutivo diminui para 36. Este número
pode ainda ser reduzido assumindo-se a validade do teorema de Maxwell, o qual
estabelece condições de conservação de energia. Assim, por meio deste teorema, o
trabalho de x sobre x causada por y é igual ao trabalho de y sobre y causado por
coeficiente de Poisson, .
A lei de Hooke generalizada, para materiais isotrópicos, pode ser escrita de
forma concisa, indicialmente, conforme apresenta a Eq. (1.5).
E
ij (1 2 ) ij kk ij (1.5)
1
sendo: ij a função delta de Kroenecker e ij as deformações do corpo.
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
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ij
1
2
ui, j u j ,i (1.7)
Figura 1.8 Estados deformado e indeformado para corpo em regime de pequenas deformações.
Determinação dos deslocamentos e das deformações em modelos 2D.
ij
1
2
ui, j u j ,i u j ,iui, j (1.8)
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
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Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 19
bidimensionais dá origem aos problemas ditos planos, os quais podem ser divididos em
planos de tensão e planos de deformação.
Um problema é dito ser plano de deformação quando os vetores de
deslocamento dos pontos pertencentes ao corpo em questão são paralelos entre si. Isso
resulta que todos os pontos originalmente pertencentes a um plano, antes de o corpo ser
deformado, permanecem nesse mesmo plano após a atuação das ações externas. Nessa
classe de problemas enquadram-se, normalmente, problemas cuja geometria do corpo
analisado apresenta uma de suas dimensões muito superior às demais como em
barragens, tubulações e estruturas de contenção. Nesses casos citados, o plano sob o
qual estarão contidos os pontos é um plano normal a maior dimensão do corpo.
Admitindo por simplicidade que o plano que contém os deslocamentos do corpo
seja o xy, tem-se que as deformações presentes nesses tipos de problema são:
x , y , xy . O estado de tensão é representado pelas seguintes componentes
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 20
para outro é simples, bastando, para tanto, o conhecimento dos ângulos de inclinação
entre os sistemas de referência anterior e atual.
Apesar de ser simples, o processo de transformação do estado de tensão de um
sistema de referência a outro é de grande interesse em engenharia, para a determinação
de planos onde as tensões experimentam valores máximos e mínimos. Em especial, a
obtenção do estado de tensão em direções particulares onde as tensões cisalhantes sejam
nulas é de grande interesse. Em um problema tridimensional existem três planos
perpendiculares entre si onde essa condição é atendida, ou seja, as tensões cisalhantes
são nulas observando-se somente a presença de tensões normais. Essas tensões são
chamadas de tensões principais e, os eixos que as contém, de eixos principais de
tensões.
Assim, o vetor de tensão P é dito principal se a seguinte relação é verificada:
^
P
(1.10)
^
onde é um escalar denominado valor principal e é o versor da normal particular
ij ij j 0
^ ^ ^
ij j j ij (1.13)
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
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Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 22
4 2 2 0 (1.23)
AIRY, G.B. (1863). On the strains in the interior of beams, Phil. Trans. Royal Society,
153, London pp. 49-79.
CHOU, P.C ; PAGANO, N.J. (1992). Elasticity: tensor, dyadic, and engineering
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GRIFFITH, A.A. (1921). The phenomena of rupture and flows in solids, Phil. Trans.
Royal Society, Series A, vol. 221, pp. 163-198.
INGLIS, C.E. (1913). Stress in a plate due to the presence of cracks and sharp corners,
Trans. Inst. Naval Architects, vol. 55, pp. 219-230.
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 23
IRWIN, G.R. (1957). Analysis of Stress and Strain near the end of a crack traversing a
plate, Journal of Applied Mechanics, Trans. ASME, V.24, 361-364.
KIRCH, G. (1898). Verein Deutscher Ingenieure.
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SANFORD, R.J. (2003). Principles of Fracture Mechanics, Prentice Hall, 404p.
Capítulo 1 – Introdução___________________________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 24
2.1 – Introdução
complexa Z como:
dita ser analítica sobre um dado domínio se, sobre este domínio, esta função possuir
Re Z Im Z
(2.16)
y x
Im Z Re Z
(2.17)
y x
As condições expressas pelas Eq. (2.16) e Eq. (2.17) são denominadas de
Condições de Cauchy-Riemann, as quais, segundo a teoria matemática de variáveis
complexas, provam ser condições necessárias e suficientes para que uma função
complexa qualquer seja também uma função analítica. Além disso, essas relações serão
convenientes para transformar operações diferenciais existentes na teoria da
elasticidade, descritas em variáveis reais, em sua parte complementar em termos da
variável complexa .
As funções complexas analíticas possuem outra propriedade que será de extrema
utilidade nos desenvolvimentos relacionados às funções de tensão de Airy para a análise
de tensões, deformações e deslocamentos em problemas elásticos. Essa propriedade é
mostrada diferenciando-se a Eq. (2.16) em relação à y e a Eq. (2.17) em relação à x. Em
seguida, subtraem-se as equações resultantes, obtendo a seguinte resposta:
2 2
2 Re Z 0 2 Re Z 0 (2.18)
x y 2
Deve-se enfatizar que esse resultado somente é possível pelo fato da função
complexa atender a propriedade de derivada única em relação às direções x e y.
Resultado semelhante é obtido se a ordem das diferenciações é invertida. Assim,
diferenciando a Eq. (2.16) em relação à x e a Eq. (2.17) em relação à y e adicionando os
termos resultantes obtém-se:
2 2
2 2
Im Z 0 2 Im Z 0 (2.19)
x y
Os resultados apresentados nas Eq. (2.18) e Eq. (2.19) conduzem a uma
importante conclusão. Se uma função complexa for analítica, então suas parcelas real e
imaginária são funções harmônicas. Consequentemente, funções harmônicas são
soluções particulares da equação bi-harmônica, a qual governa os problemas de
elasticidade plana. Portanto, funções complexas analíticas podem ser utilizadas para a
modelagem de problemas elásticos planos.
2.2.4 – Exemplo
y Im Z
__
2 Re Z 2
Re Z y Im Z ' (2.31)
x 2 x x x 2
2 y Re Z 2 Re Z
Re Z y (2.32)
y 2
y y 2
y
Como a função complexa é analítica, as condições de Cauchy-Riemann devem
ser atendidas. Dessa forma, utilizando a condição apresentada na Eq.(2.16) obtém-se:
Re Z Im Z Re Z
Im Z ' (2.33)
y x y
Assim, a Eq.(2.32) pode ser reescrita como:
2
Re Z y Im Z ' (2.34)
y 2
2
xx Re Z y Im Z '
y 2
2
yy Re Z y Im Z ' (2.36)
x2
2
xy y Re Z '
xy
Para a análise dos diversos problemas envolvendo fissuras, o analista deve
propor uma função Z que atenda às condições de contorno envolvidas no problema.
Consequentemente, para cada tipo de problema estudado, uma função de tensão deve
ser proposta. Essas funções são propostas, muitas vezes, por meio de tentativa e erro e
sua correta inferência depende de certa experiência do analista. Para os casos gerais
encontrados na engenharia de estruturas, a melhor opção para a análise de corpos
fissurados é através da utilização de algum método numérico.
b) y x
c) y x a
y (2.37)
sendo uma distância generalizada a partir da ponta da fissura. Assim, a Eq. (2.38)
pode ser reescrita como:
a a
Z Z (2.42)
a
2
a 2 2a
a a 2
Z e Z ' (2.44)
2a 2a
3 3
2 2
Portanto:
r cos ir sen (2.47)
Com base nos resultados apresentados pela última equação, pode-se agora
definir a expressão da tensão normal atuante ao longo do eixo y . Conforme mostrado
na Eq. (2.36), a tensão y é dada por:
y Re Z y Im Z ' (2.54)
Por meio dos valores mostrados na Eq. (2.53), a tensão y pode ser escrita
como:
a a 3
y cos rsen 3 sen (2.55)
2r 2 2r 2 2
Para a determinação da expressão final da tensão normal y , deve-se considerar
a 3
x cos 1 sen sen
2 r 2 2 2
a 3
y cos 1 sen sen (2.59)
2 r 2 2 2
a 3
xy sen cos cos
2 r 2 2 2
Portanto, para o problema fundamental de Griffith, o estado de tensão na região
próxima a extremidade da fissura é determinado utilizando-se a Eq. (2.59). Deve-se
enfatizar que as expressões apresentadas na Eq. (2.59) são válidas apenas na região
próxima à extremidade da fissura, já que a hipótese a foi assumida na
x y z
1 1
x x 1 2 x 1 y (2.60)
E E
Sabendo que a deformação normal ao longo da direção x é definida como
u
1
E
1 2 x 1 y dx (2.61)
y
1
E
y x z y
1
E
1 2 y 1 x (2.63)
v
1
E
1 2 y 1 x dy (2.64)
KI r
v 2 1 sen 2 2 cos 2 (2.67)
E 2 2 2
Considerando agora a análise em estado plano de tensão, o procedimento
apresentado anteriormente pode ser também aplicado. Nesse caso, a tensão z é nula.
Efetuando as manipulações matemáticas necessárias, mostra-se que o campo de
deslocamento é dado pelas seguintes relações:
KI r
u2 cos 1 sen 2 cos 2 (2.68)
E 2 2 2 2
KI r
v2 sen 1 sen 2 cos 2 (2.69)
E 2 2 2 2
x y y x
2
1,2 xy
2
(2.70)
2 2
Portanto, utilizando as equações apresentadas na Eq. (2.59), pode-se escrever as
tensões principais como:
KI KI
1 cos 1 sen 2 cos 1 sen (2.71)
2 r 2 2 2 r 2 2
Se o problema for analisando considerando estado plano de tensão, a terceira
tensão principal é nula, 3 0 . Por outro lado, se o problema é analisado assumindo-se
estado plano de deformação, a terceira tensão principal pode ser determinada por meio
das equações apresentadas no capítulo anterior, já que nessa situação z é nula. Assim,
se estado plano de deformação é considerado tem-se:
2 K I
3 cos (2.72)
2 r 2
maneira pela qual as faces da fissura deslocam-se sob a ação de um dado carregamento.
Na Fig. (2.3) estão apresentados os modos básicos de solicitação à fratura para corpos
tridimensionais. Na verdade, existem infinitos modos de solicitação à fratura possíveis.
No entanto, todos estes podem ser obtidos combinando-se os modos básicos mostrados
nessa figura. Deve-se enfatizar que para problemas planos, apenas os modos de
solicitação I e II estão presentes. Conforme indicado na Fig. (2.3) os modos básicos de
solicitação à fratura podem ser assim descritos:
Modo I, Modo de Abertura (opening): Nesse modo de fratura, as faces da fissura
separam-se simetricamente relativamente ao plano formado por elas antes da ocorrência
da deformação. Portanto, após a deformação as faces da fissura permanecem simétricas
com relação aos planos xy e xz.
Modo II, Modo de Deslizamento (sliding): Esse modo caracteriza-se pelo fato
das faces da fissura apresentarem anti-simetria com relação ao plano xz e simetria com
relação ao plano xy após a ocorrência da deformação. As faces da fissura separam-se
em direções opostas, porém sob o mesmo plano.
Modo III, Modo de Rasgamento (tearing): As faces da fissura nesse modo
separam-se de forma anti-simétrica com relação aos planos formados pelos eixos xy e
xz. A separação entre as faces da fissura ocorre de forma transversalmente oposta.
__
Re Z
y Im Z
2
y 2
y y
(2.79)
__
Re Z
2
Im Z y Im Z
y 2
y y
Como a função complexa é analítica, as condições de Cauchy-Riemann devem
ser atendidas. Dessa forma, utilizando as condições apresentadas nas Eq.(2.16) e
Eq.(2.17) obtém-se:
__ __ __
Re Z Im Z Re Z
Im Z (2.80)
y x y
Im Z Re Z Im Z
Re Z ' (2.81)
y x y
Assim, considerando os resultados apresentados nas duas últimas equações,
pode-se reescrever a Eq.(2.79) como:
2
2 Im Z y Re Z ' (2.82)
y 2
Re Z y Im Z '
y x
Com base nos resultados apresentados nas Eq.(2.78), Eq. (2.82) e Eq. (2.83) e
nas expressões que relacionam as tensões às derivadas da função de tensão, conforme
apresentado na Eq. (1.20), pode-se escrever o campo de tensões, de forma geral, para as
funções de tensão do tipo Westergaard da seguinte forma:
2
xx 2 Im Z y Re Z '
y 2
2
yy y Re Z ' (2.84)
x 2
2
xy Re Z y Im Z '
xy
Figura 2.4 Problema chapa infinita com fissura central solicitada em modo II.
b) x y 0 x 2 y 2
c) xy x 2 y 2
a r
u sen 2 2 cos 2
2 2 2
(2.88)
a r
v cos 1 2 sen 2
2 2 2
As duas expressões obtidas anteriormente são válidas se a condição de estado
plano de deformação for assumida. Caso contrário, se a condição de estado plano de
Capítulo 2 – Funções Complexas de Tensão ______________________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 45
K II 10 6cos 2
1 sen
2 r 4 2
(2.89)
K 10 6cos 2
2 II sen
2 r 4 2
Se o problema analisado for do tipo plano de tensão, a terceira tensão principal é
nula, 3 0 . Porém, se o problema é analisado assumindo-se estado plano de
deformação, a terceira tensão principal deve ser determinada utilizando as equações
apresentadas no capítulo anterior, já que nessa condição z 0 . Assim, se estado plano
de deformação é considerado tem-se:
2 K II
3 sen (2.90)
2 r 2
Deve-se ressaltar que as expressões obtidas em Eq. (2.86) e em Eq. (2.88) são
válidas apenas na vizinhança da extremidade da fissura. Assim como na análise do
problema de fratura em modo I, uma hipótese relacionada à distância em relação à
extremidade da fissura foi assumida para a função Z ao longo dos
desenvolvimentos.
Considerando análises estruturais envolvendo corpos fissurados solicitados à
fratura em modo III, o procedimento para o tratamento analítico é muito semelhante ao
utilizado para corpos solicitados em modo I (discutido em detalhes no item 2.4) e modo
II (apresentado anteriormente). De forma concisa, o procedimento envolve,
inicialmente, a definição de uma função de tensão complexa para o problema, a qual
deve ser também analítica. Em seguida, devem ser impostas as condições de Cauchy-
Riemann à função de tensão, além de utilizar as relações entre as derivadas da função de
tensão e o campo de tensão, dados pela teoria da elasticidade. Assim, é possível
exprimir a relação entre o campo de tensões e a função analítica de tensão. Para cada
problema particular envolvendo solicitação em modo III, deve-se propor uma função
Z que atenda às condições de contorno observadas no problema. Finalmente, com
xz e yz (2.92)
x y
Assim, impondo as condições de Cauchy-Riemann, a Eq. (2.92) pode ser
reescrita como:
xz Im Z '
(2.93)
yz Re Z '
Para cada problema envolvendo solicitação à fratura em modo III, deve-se
propor uma função Z que atenda às condições de contorno observadas. De forma a
b) xz 0 x 2 y 2
c) yz x 2 y 2
Z ' (2.94)
2 a2
Figura 2.5 Problema chapa infinita com fissura central solicitada em modo III.
a
xz sen
2 r 2
(2.95)
a
yz cos
2 r 2
Utilizando a lei de Hooke generalizada, pode-se determinar o campo de
deslocamentos da estrutura, o qual é composto apenas pelo deslocamento perpendicular
ao plano da estrutura. Efetuando este procedimento obtém-se:
2 a r
w sen (2.96)
2 2
Assim como nos problemas estudados de solicitação à fratura nos modos I e II,
as expressões obtidas para fratura em modo III são válidas apenas na região próxima à
extremidade da fissura. A hipótese de pequena distância em relação à ponta da fissura
foi assumida na determinação da Eq. (2.94). Essa hipótese permite simplificar
sendo fij , gij , hij , iij funções angulares da posição e os termos A, B, C, D parâmetros
K I y a
(2.100)
T x y
WILLIAMS, M.L. (1957). On the stress distribution at the base of a stationary crack,
Journal Applied Mechanics, vol. 24, pp. 109-114.
3.1 – Introdução
.
sob as quais estão aplicados os carregamentos térmicos. Y é a energia potencial interna.
. d .
Y d , é a densidade de energia interna por unidade de massa. O é a
dt
d 1 . . d
dA , é a energia necessária
. .
energia cinética. O uk uk d e Z
dt 2 dt
A
para a formação de novas superfícies (unitárias) da fissura.
Em muitos problemas de engenharia, dentre os quais enquadram-se aqueles
discutidos nesta disciplina, pode-se admitir que a propagação das fissuras ocorre de
.
forma quase estática. Nessa condição, os campos de velocidades de deslocamento, u k ,
.
desenvolvidos no corpo são pequenos e assim a variação da energia cinética, O , que é
proporcional ao quadrado dessa grandeza, pode ser desprezada (deve-se destacar que
essa parcela não pode ser omitida em problemas envolvendo campos dinâmicos).
.
Pode-se também desprezar a parcela de energia referente às ações térmicas, Q ,
assumindo que a propagação das fissuras ocorre em condições adiabáticas. Deve-se
enfatizar que a fratura provocada por ações térmicas não encontra-se entre os objetivos
desse curso. De acordo com as condições descritas anteriormente pode-se reescrever o
balanço de energia apresentado na Eq. (3.1) da seguinte forma:
. . .
W Y Z (3.2)
Nos problemas da mecânica da fratura onde a Eq. (3.2) é válida, as mudanças
nas parcelas de energia que ocorrem ao longo do tempo são causadas por variações no
comprimento das fissuras. Dessa forma, as condições que conduzem à situação de
mínima energia do corpo podem ser determinadas diferenciando os termos apresentados
na Eq.(3.2) em relação ao comprimento da fissura, a. Por meio desse procedimento
determinam-se as condições segundo as quais ocorrerá o crescimento das fissuras.
Portanto:
W Y Z
(3.3)
a a a
Realizando uma breve análise dos termos presentes na Eq. (3.3), constata-se que
W a representa a variação de energia, em relação ao comprimento da fissura,
da fissura. Assim, verifica-se que o balanço dos termos contidos no primeiro membro da
Eq. (3.3) representa a quantidade de energia disponível no sistema para a criação de
novas superfícies de fissura.
Já o segundo membro da Eq. (3.3) contém a parcela de energia de superfície
elástica da fissura, ou seja, a energia necessária para a formação de novas superfícies
para a fissura. Este termo pode ser também denominado resistência, R, já que a fissura
não cresce se a energia disponível no sistema não for suficiente para a criação de novas
superfícies de fissura. Consequentemente, a fissura não cresce se o balanço de energia
contido no primeiro membro da Eq. (3.3) for menor que a energia de superfície
apresentada no segundo membro. De forma semelhante, denominam-se os termos do
primeiro membro da Eq. (3.3) como taxa de liberação de energia, G, uma vez que o
balanço desses indica a quantidade de energia que é liberada para o crescimento das
fissuras. Assim:
Z
R (3.4)
a
G W Y (3.5)
a
A Eq. (3.3), e sua representação por meio das parcelas apresentadas nas Eq.(3.4)
e Eq.(3.5), representa um critério para a verificação da estabilidade ao crescimento das
fissuras. Portanto, a fissura não crescerá se a seguinte condição for atendida:
RG (3.6)
Assim, a propagação das fissuras será observada quando a taxa de liberação de
energia, G, atingir um valor crítico, igual a R, que é uma propriedade do material.
este refere-se à energia interna do corpo não fissurado. A parcela U a indica a energia
que deve ser retirada do corpo íntegro em decorrência da presença da fissura. Sabe-se
que a energia elástica pode ser obtida integrando o produto força e deslocamento, ou
seja, variação de trabalho, ao longo do trecho considerado. Portanto, a parcela U a pode
ser determinada se os deslocamentos dos pontos ao longo das faces da fissura forem
adequadamente descritos. Estes deslocamentos podem ser determinados utilizando os
procedimentos descritos no capítulo anterior.
P2 a 2
U a 1 2 (3.11)
E
Deve-se destacar que a parcela U a resulta um valor negativo de energia, pelo
fato desta variável refletir a introdução da fissura em um corpo íntegro ou sem fissura.
Assim, esse termo representa a inserção de uma descontinuidade, que decorre de um
processo de dissipação de energia.
O termo referente à energia de superfície, U , é dado pelo produto da energia de
sendo que o multiplicador 2, fora dos parêntesis, deve-se ao fato da fissura apresentar
duas faces. Assim, a Eq. (3.12) fornece a parcela de energia de superfície total.
Assumindo que a chapa analisada apresente dimensões infinitas, o trabalho
realizado pelas forças externas será constante, uma vez que o deslocamento observado
ao longo do contorno infinito será uniforme e constante. Portanto, F não dependerá do
comprimento da fissura.
P2 a 2
F U 4a e (3.13)
a E a
0
dependência é quadrática.
Capítulo 3 – Termodinâmica do Processo de Propagação da Fissura______________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 59
Com base na ilustração apresentada na Fig. (3.5), observa-se que, para um dado
carregamento, haverá um comprimento de fissura específico que tornará nula a energia
total do sistema. Nessa situação, constata-se que U a U , a qual é a condição limite
sempre superior, em módulo, a U . Esse resultado ilustra, inclusive, a razão pela qual
U a 1 P C P U a P 2 C u P
CP P 2 PC (3.21)
a 2t a a a a 2t a t a
Para os corpos submetidos a forças constantes em seu contorno, ao longo do
tempo, portanto independentes do comprimento da fissura, verifica-se que o último
termo do segundo membro da Eq.(3.21) anula-se. Dessa forma, para essa condição, a
parcela da variação de energia decorrente da inserção da fissura em relação ao seu
comprimento será dada por:
U a P 2 C
(3.22)
a 2t a
Por outro lado, se a ação externa aplicada se tratar de um deslocamento não nulo
prescrito independente do comprimento da fissura, A Eq.(3.21) toma a seguinte forma:
u 1
U a P 2 C u C U a P 2 C u 1 u
u C (3.23)
a 2t a t a a 2t a t a C a
Aplicando a regra da cadeia ao termo que contém a derivada do inverso da
flexibilidade obtém-se:
1
U a P 2 C u 2 C C U a P 2 C C 2 P 2 1 C
a 2t a t C a a 2t a t C a (3.24)
U a P C
2
a 2t a
Considerando os resultados apresentados nas Eq.(3.22) e Eq.(3.24), observa-se
que para os casos de força prescrita e deslocamento imposto, ambos de forma isolada, o
módulo da energia disponível para o crescimento das fissuras é o mesmo. Além disso,
essa variação possui caráter global, uma vez que envolve a variação da flexibilidade,
que é também uma variável global. Verifica-se também, por meio da Eq.(3.21), que
quando a variação do carregamento é negativa (no caso do deslocamento prescrito, por
U a
exemplo), a variação diminui. Isso indica que nessas situações a energia
a
disponível para o crescimento das fissuras diminui à medida que o alívio de
carregamento é observado. Portanto, pode-se observar a propagação estável das fissuras
nessa condição. Por outro lado, na condição de força prescrita, a energia disponível para
o crescimento das fissuras não diminui, indicando que sempre haverá energia disponível
para o crescimento das fissuras, conduzindo à condição de crescimento instável.
plástica.
Utilizando o resultado apresentado na Eq. (3.15), o qual descreve a condição de
instabilidade para o problema de Griffith, e a constatação da presença de deformações
plásticas nos corpos durante a falha por fratura, pode-se estender a condição de
instabilidade de forma a considerar a influência das deformações plásticas, ou seja,
reescrever a condição de instabilidade para a inclusão de materiais de comportamento
elastoplástico. Nesse caso, a energia de superfície passa a ser composta por uma parcela
elástica e outra plástica. Assim, assumindo-se a hipótese de estado plano de tensão
pode-se escrever que:
2E e p
P (3.25)
a
Se a condição de estado plano de deformação for verificada, a equação acima
pode ser reescrita como:
2E e p
P
1 a
2
(3.26)
que e . Portanto, para aplicações práticas, o termo e pode ser desprezado sem perda
significativa de representatividade.
A extensão da teoria de Griffith proposta por Orowan foi em seguida
generalizada por IRWIN (1957), o qual uniu todas as fontes de solicitação ao
crescimento da fissura em um único termo denominado de taxa de liberação de energia,
G. Segundo o formalismo proposto por Irwin, o critério de Griffith pode ser reescrito
como:
EG
P se Estado Plano de Tensão
a
(3.27)
EG
P se Estado Plano de Deformação
1 a
2
1 2 K III2
G K I K II
2
(3.32)
E 1
Por outro lado, se forem as condições de estado plano de deformação as que
governam o corpo, a equação acima toma a seguinte forma:
1 2 K III2
2
G K I K II
2
(3.33)
E 1
Deve-se enfatizar que além de ser um parâmetro local, o fator de intensidade de
tensão crítico, Kc, é também uma propriedade do material. Portanto, assim como a
variável G, a determinação de Kc pode ser efetuada por meio de análises experimentais,
considerando diversos tipos de materiais bem como diferentes geometrias.
KI r K r
v sin 1 2 cos 2 II cos 1 2 sin 2 (3.35)
2 2 2 2 2 2 2 2
Faces da
Fissura
Figura 3.6 Avaliação das equações de deslocamentos sobre as faces da fissura.
2
KI COD (3.36)
r 1
2
K II CSD (3.37)
r 1
sendo: COD “Crack Opening Displacement” a diferença entre os deslocamentos
perpendiculares ao plano da fissura e CSD “Crack Sliding Displacement” a diferença
entre os deslocamentos paralelos ao plano da fissura. A Fig. (3.7) ilustra mais
claramente os termos COD e CSD e seu cálculo em pontos localizados sobre as faces da
fissura.
Figura 3.7 Análise das diferenças entre os deslocamentos perpendiculares e paralelos ao plano da fissura.
a
1
GI lim
a 0 2a v r r dr
0
y (3.42)
a
1
GII lim
a 0 2a u r r dr
0
xy (3.43)
uma distância r, atrás da nova extremidade. Na forma original, os resultados são obtidos
por meio de duas análises: uma com o comprimento da fissura igual a a e outra com
comprimento igual a a a .
Se um método numérico for utilizado para a solução das Eq.(3.42) e Eq.(3.43),
os valores dos deslocamentos e das tensões são também determinados numericamente.
Em muitas aplicações, expressões particularizadas podem ser aplicadas aos elementos
que encontram-se na região da ponta da fissura. Tais expressões são mais fáceis de
serem calculadas em comparação com as expressões consistentes.
3.6.4 – Integral J
dU p
J G (3.44)
da
Para a determinação das parcelas que compõem a energia potencial, e
consequentemente o termo J, deve-se considerar um corpo plano, inicialmente
fissurado, o qual possui um contorno e área de superfície A . Nesse corpo atuam
forças de superfície ao longo de uma parte de seu contorno, 0 , sendo 0 , as quais
realizam uma quantidade de trabalho F . Os deslocamentos dos pontos localizados
sobre o contorno 0 são representados pelo vetor u .
da atuação das forças de superfície. Deve-se notar que U I tem significado semelhante a
Deve-se enfatizar que a Eq.(3.49) será sempre negativa, uma vez que dF
fornece tanto dU a quanto dU . Integrando a Eq.(3.49) obtém-se:
dU
P dU a dF
U P U a F constante (3.50)
ij
onde T é o vetor das forças de superfície, sendo dado por Ti ij j . Substituindo os
r rr
r
x
Extremidade da
Fissura
Figura 3.10 Sistema de coordenadas para a determinação das expressões de tensão na ponta da fissura.
K I sen p K II 3cos p 1 0 (3.70)
p 1 K I
2
KI
tan 8 (3.71)
2 4 K II K II
Por meio da resolução da Eq. (3.71) são obtidos dois ângulos, sendo que o
ângulo a ser considerado como o de propagação é aquele que maximiza o valor da
tensão circunferencial, Eq. (3.67).
Esta teoria também prevê a determinação do valor do fator de intensidade de
tensão considerando os diferentes modos de solicitação à fratura. Essa grandeza é
denominada na literatura de fator de intensidade de tensão efetivo ou equivalente e para
a sua determinação deve-se reescrever a Eq.(3.67) de forma mais conveniente. Assim:
3
2 r cos K I cos 2 K II sen (3.72)
2 2
2
Comparando o primeiro membro da Eq. (3.72) com a Eq. (3.28) é possível
verificar que esse membro é equivalente ao fator de intensidade de tensão. Dessa forma,
sendo: G I a taxa de liberação de energia para modo I puro e GII a taxa de liberação de
energia para modo II puro.
Da teoria da mecânica da fratura, a taxa de liberação de energia potencial está
relacionada aos fatores de intensidade de tensão por meio das seguintes relações:
1 2
GI KI (3.75)
8
1 2
GII K II (3.76)
8
sendo que o termo deve levar em consideração o coeficiente de Poisson equivalente
para os estados planos, ou seja, 3 4 se estado plano de deformação e
3 1 se estado plano de tensão.
No entanto, nem sempre a propagação das fissuras ocorre de forma colinear,
como no fraturamento em modo misto. Nessa situação, a propagação da fissura ocorre
em uma direção arbitrária. No trabalho de HUSSAIN, PU & UNDERWOOD (1974) foi
sugerido que o crescimento da fissura ocorre na direção que provoca a máxima taxa de
liberação de energia de fratura. Assim, esses autores estabeleceram uma equação,
utilizando uma função de mapeamento com variáveis complexas, onde define uma
direção radial com respeito à ponta da fissura corrente. Utilizando a técnica proposta,
HUSSAIN PU & UNDERWOOD (1974) obtiveram a seguinte expressão:
1 2
G K I K II2 (3.77)
8
Dessa forma, o ângulo de propagação é obtido a partir da maximização da
variável G na Eq. (3.757). Assim como a taxa de liberação de energia, nesta
1
Energia Deformação ij ij d (3.81)
2
A densidade de energia de deformação, portanto pode ser definida como:
d d 1 1
Energia Deformação ij ij d ij ij (3.82)
d d 2 2
Utilizando a lei de Hooke generalizada, mostrada no capítulo 1, juntamente com
as equações que relacionam os fatores de intensidade de tensão às tensões na
extremidade da fissura é possível obter a expressão para a determinação da densidade de
energia, como mostra a Eq. (3.83).
S E a11 K I2 2a12 K I K II a22 K II2 (3.83)
1
a12 2 cos 1
16
(3.85)
Por meio desse critério, define-se que a fissura irá propagar na direção em que a
densidade de energia de deformação for mínima. Além disso, a estabilidade para o
crescimento das fissuras é efetuada por meio da seguinte relação, a qual relaciona a
densidade de energia ao fator de intensidade de tensão:
1 2
S E p K Eq (3.87)
8
Por meio desse critério verifica-se que a fissura irá propagar quando a densidade
de energia de deformação atingir um valor crítico, o qual conduz a situação em que
K Eq K IC .
por meio da Fig. (3.11). De acordo com as teorias de interação, uma fissura irá propagar
quando os fatores de intensidade de tensão, para os modos I e II, atingirem valores que
ultrapassam as respectivas curvas de interação.
P 2 C
K c2 E se Estado Plano de Tensão
2t a
(3.88)
E P 2 C
K c2 se Estado Plano de Deformação
1 2 2t a
ERDOGAN, F.; SIH, G.C. (1963). On then crack extension in plates under plane
loading and transverse shear, J. Basic Engineering, V.85, 519-527.
EWALDS, H.L.; WANHILL, R.J.H. (1984). Fracture Mechanics, Victoria, Australia;
Delft, The Netherlands : Edward Arnold: Delftse Uitgevers.
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SIH,G.C. (1974). Strain energy density factor applied to mixed mode crack problems,
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4.1 – Introdução
em pequena escala for atendida, isto é, à medida que a zona de processo do material for
suficientemente pequena comparativamente às demais dimensões significativas da
estrutura fissurada ou à extensão da própria fissura.
a 3
yy cos 1 sen sen (4.1)
2 r 2 2 2
Assumindo a avaliação de yy seja efetuada para pontos localizados ao longo da
a
yy (4.2)
2 r
Assumindo que o material apresente comportamento elastoplástico perfeito, isto
é com encruamento nulo, governado por sua tensão de escoamento f y , então a extensão
Eq. (4.4) delimita uma zona plástica circular (primeira aproximação), obtém-se a
distribuição das tensões yy mostrada na Fig. (4.1). Por meio dessa figura, observa-se
que as forças originadas da integração das tensões elásticas sobre a zona plástica, área
hachurada, são desprezadas na primeira aproximação da zona plástica mostrada nas Eq.
(4.3) e Eq. (4.4). Na realidade, estas forças provocarão uma extensão maior da zona
plástica em relação aos resultados apresentados nessas equações. Portanto, as Eq. (4.1) e
Eq. (4.2) subestimam a extensão da zona plástica. Para a determinação da extensão da
zona plástica, quatro abordagens são normalmente utilizadas:
1) Determinação da zona plástica por meio da hipótese de forma pré-concebida.
Abordagem de Irwin.
2) Modelos coesivos, propostos por Barenblatt e Dugdale.
3) Utilização de critérios de resistência.
4) Análise do problema via métodos numéricos como método dos elementos finitos ou
método dos elementos de contorno.
fissura como:
a an
2
ry (4.6)
2 fy
A região delimitada por an surge em função da redistribuição das tensões
atuantes na região hachurada (A) ilustrada na Fig. (4.2). Assim, para o problema
analisado, pode ser efetuada uma compensação de forças, a qual é formulada
assumindo-se a condição de equilíbrio do corpo, podendo ser expresso como:
ry
a an
f y an dr f y ry (4.7)
0 2 r
Integrando a equação anterior obtém-se:
ry
a an
f y an ry
1
r 2
dr
0 2
(4.8)
2 a an
f y an ry ry
2
Manipulando algebricamente a última expressão tem-se:
2
a ry 2 a an ry
2
(4.9)
n f
y
Substituindo o resultado da Eq.(4.6) na Eq.(4.9) obtém-se:
a ry 4ry2 a ry 2ry
2
n n an ry (4.10)
localizado à frente da ponta da fissura real. Assim, como a extensão da zona plástica
está diretamente ligada ao valor do fator de intensidade de tensão, K, como indicado nas
Eq.(4.4) e Eq.(4.10), os conhecimentos da mecânica da fratura elástico linear podem ser
aplicados aos casos onde o comportamento mecânico elastoplástico é observado à frente
da ponta da fissura. Obviamente que quão menor for a extensão da zona plástica, melhor
será a aproximação fornecida pela teoria linear.
Para mensurar essa aproximação, pode-se considerar o critério de energia de
Griffith modificado por Irwin e apresentado na Eq. (3.27), o qual prescreve que a fissura
irá propagar se:
EGc
se Estado Plano de Tensão (4.11)
a
Pode-se reescrever a Eq.(4.11) considerando o comprimento da fissura fictícia,
ou seja, a an , que é igual a a ry . Assim:
2
Gc
E
a r
y (4.12)
tem-se:
2
2
1 KI
Gc a (4.13)
E 2 fy
Sabendo que o fator de intensidade de tensão para o problema estudado é dado
casos elástico e elastoplástico, assim como o erro (ou diferença) apresentado por ambas
as hipóteses. Para a consideração do caso elástico, basta assumir que a razão
tende a zero, ou seja, que a tensão de escoamento é muito maior se comparada à
fy
Para mensurar a abertura entre as faces da fissura, essa equação deve ser
multiplicada por 2. Assim:
4
COD a2 x2 (4.17)
E
Assumindo o caso elástico linear, o valor de COD é nulo para o ponto localizado
sobre a extremidade da fissura. Entretanto, para o caso elastoplástico, a fissura deve ser
analisada considerando seu comprimento fictício. Assim, para o caso elastoplástico, a
Eq.(4.17) pode ser reescrita como:
4
a r
2
COD y x2 (4.18)
E
Avaliando a equação anterior para a ponta da fissura fictícia, e desprezando o
termo de alta ordem de ry , tem-se:
4 4
COD a 2 2ary ry2 a 2 COD 2ary (4.19)
E E
Considerando a Eq.(4.4), a qual relaciona ry ao fato de intensidade de tensão,
atribuiu uma lei de variação para as tensões que representam a rigidez da zona plástica,
como o fez Dugdale.
A análise do problema via abordagem de Dugdale pode ser entendida aplicando
o princípio da superposição dos efeitos, como mostra a Fig. (4.5), para o problema
fundamental de Griffith. No modelo de Dugdale, o material é considerado como
elastoplástico perfeito, consequentemente as tensões atuantes no sentido de fechar as
faces da fissura fictícia são iguais à tensão de escoamento do material.
c
f y c 2 2
Z 2 d (4.23)
a 2 c 2 2 2
Integrando a Eq.(4.23) obtém-se:
2 fy a a 2 c2
Z arccos arccotg (4.24)
2 c2 c c2 a2
Aplicando o princípio da superposição dos efeitos, a função de tensão que
descreve o comportamento dos problemas b e c é obtida somando-se as Eq.(4.22) e
Eq.(4.24). Assim:
2 fy a 2 fy a 2 c2
Z arccos arccotg (4.25)
2
c2 2 c2 c c2 a2
No modelo de Dugdale, devido à presença da zona plástica, observa-se a
ausência de singularidade de tensões sobre o ponto localizado na extremidade da
fissura. Nesse ponto, a tensão atuante deve ser, no máximo, igual à tensão de
escoamento do material. Com base nessa condição de contorno imposta pelo modelo de
Dugdale, os dois primeiros termos da Eq. (4.25), que são singulares para a extremidade
da fissura fictícia, ou seja c , devem anular-se mutuamente. Assim:
2 fy a a
arccos 0 arccos (4.26)
2
c 2
c2
c
2 2 fy c
a a
cos (4.27)
c a 2 fy
Para prosseguir a análise, deve-se expandir o termo do cosseno em série. Para
isso, pode ser utilizada a série de McLaurin, a qual prevê que:
1 x 2 n
n
cos x (4.28)
n 0 2n !
2 fy a 2 c2
Z arccotg (4.34)
c2 a2
Com base na função de tensão apresentada na Eq. (4.34) podem ser obtidos os
valores dos campos de tensão e deslocamento para o problema analisado. Essa inclusive
é uma das vantagens da abordagem de Dugdale, ou seja, a determinação das grandezas
de interesse dentro e fora da zona plástica. Apenas para ilustrar esse fato, pode-se
determinar a tensão normal y atuante sobre a extremidade da fissura fictícia, ou seja, em
c . Nesse ponto, observa-se um valor nulo para o operador arccotg. Da análise
2 fy c2 2 a c2 2
Im Z arccotgh 2 a arccotgh (4.39)
c a2 c2 a2
Portanto, o deslocamento v é dado por:
4 fy c2 2 a c2 2
v arccotgh 2 a arccotgh (4.40)
E c a2 c2 a2
O valor de COD é obtido quando a expressão acima é multiplicada por 2, para
levar em conta o deslocamento relativo das duas faces da fissura, e avaliada no limite
quando a . Efetuando essas operações, que serão aqui omitidas por conveniência,
obtém-se:
8 f ya c
COD ln sec (4.41)
E a
Utilizando o resultado apresentado na Eq.(4.27), a última equação pode ser
reescrita como:
8 fya
COD ln sec (4.42)
E 2 f y
A equação anterior pode ser expandida em série assumindo ainda que a relação
seja muito menor que a unidade, como é o caso da mecânica da fratura onde
fy
8 f a 1
2 4
1
COD y ... (4.43)
E 2 2 f y 12 2 f y
Desprezando os termos de alta ordem da Eq.(4.43) obtém-se:
2 a K I2
COD
COD (4.44)
Ef y Ef y
O valor obtido acima pode ser comparado ao determinado através da abordagem
de Irwin. Assim:
2
4 KI
Irwin COD (4.45)
Ef y
K I2
Dugdale COD (4.46)
Ef y
1 2 2 3 3 1 2 f y2
2 2 2
(4.47)
Com base no estado de tensão atuante em um dado ponto, a Eq.(4.47) pode ser
utilizada para a verificação sobre a plastificação ou não do mesmo. Sabe-se que quando
o primeiro membro da Eq.(4.47) apresenta valor inferior ao do segundo membro, o
ponto analisado encontra-se em regime elástico. Quando existe uma igualdade entre os
valores dos dois membros da equação, o ponto analisado encontra-se sobre a superfície
de escoamento. O caso em que o primeiro membro retorna um valor superior ao do
segundo retrata um estado impossível de tensões. Conforme apresentado no item 2.5, as
expressões das tensões principais para o problema analisado são as seguintes:
1 sen
1 KI 2
cos
2 2 r 2
1 sen
2 (4.48)
0
3 2 K I
se EPT
cos se EPD
2 r 2
Substituindo as expressões apresentadas na Eq.(4.48) na equação do critério de
Von Mises, Eq.(4.47), obtém-se, após o uso de identidades trigonométricas, os seguintes
resultados:
K I2 3
1 2 sen cos 2 f y
2 2
se EPT (4.49)
2 ry
K I2 3
sen 2 1 2 1 cos 2 f y2
2
se EPD (4.50)
2 ry 2
Escrevendo as duas últimas equações em função da dimensão da zona plástica,
ry , obtém-se:
2
1 K 1 3 1
ry I sen cos
2
se EPT (4.51)
2 fy 2 4 2
3 1 2
2
KI 2
ry
1
2
sen
2
1 cos se EPD (4.52)
fy 4 2
As Eq.(4.51) e Eq.(4.52) podem ainda ser normalizadas pelo valor de ry
2
1 cos
Deve-se ressaltar que para o ângulo 0 , o problema analisado via estado
plano de tensão retorna um valor, para a dimensão da zona plástica, exatamente igual
àquele previsto pela Eq.(4.4). Além disso, a dimensão da zona plástica no problema em
estado plano de deformação é consideravelmente menor que no problema em estado
ry
plano de tensão. A variação da razão com relação ao ângulo é mostrada na Fig.
ry
(4.6). Esse resultado ilustra a maior tendência de falhas frágeis nos problemas em estado
plano de deformação, uma vez que sob a condição de confinamento, o material torna-se
pouco deformável plasticamente. Na Fig. (4.7) as equações apresentadas na Eq.(4.53)
são representadas em termos de curvas.
Figura 4.6 Configuração geométrica da zona plástica para estados planos de tensão e deformação
considerando 0,33 .
Figura 4.7 Variação adimensional da zona plástica em relação ao ângulo considerando 0,33 .
Análise semelhante pode ser efetuada para o problema de uma chapa infinita
com uma fissura central solicitada em modo II. Esse problema foi analisado
analiticamente no capítulo 2 e as expressões que descrevem a variação das tensões
principais na região próxima à ponta da fissura foram apresentadas na Eq.(2.89).
Substituindo as expressões apresentadas na Eq.(2.89) na equação do critério de Von
Mises, Eq.(4.47), obtém-se:
K II2 9
7 cos 2 sen 2 f y
2 2
se EPT (4.54)
2 ry
K II2
6 1 2 1 cos 2 sen 2 f y
2 9 2 2
se EPD (4.55)
2 ry
Escrevendo as Eq.(4.54) e Eq.(4.55) em função da dimensão da zona plástica,
ry , tem-se:
2
1 K II 7 1 9
ry cos sen
2
se EPT (4.56)
2 fy 2 2 4
2
K II 1
3 2 1 2 1 cos 4 sen se
1 9
ry
2
2
EPD (4.57)
2 fy
Finalmente, as duas equações anteriores podem ser normalizadas pelo valor do
raio plástico dado pela primeira abordagem. De forma semelhante à Eq.(4.4) para o
2
1 K II
modo II sabe-se que ry . Assim:
2 fy
7 1 9
cos sen 2
ry 2 2 4 se EPT
(4.58)
ry 3 1 1 2 2 1 cos 9 sen 2 se EPD
2 4
A geometria da zona plástica para esse problema, considerando as condições
plana de tensão e deformação, está apresentada na Fig. (4.8). Observa-se que a extensão
da zona plástica, assim como no problema de solicitação em modo I, é menor para o
caso plano de deformação. Isso é explicado pela presença do confinamento no problema
plano de deformação, o qual restringe a capacidade de deformação plástica do material.
Na Fig. (4.9), as Eq.(4.58) são representadas por meio de curvas.
Figura 4.8 Configuração geométrica da zona plástica para estados planos de tensão e deformação no
problema de solicitação à fratura em modo II considerando 0,33 .
4,5
4
3,5
3
rp()/ry
2,5
2
1,5
1
0,5
0
0 60 120 180 240 300 360
Ângulo
Figura 4.9 Variação adimensional da zona plástica em relação ao ângulo considerando 0,33 .
kN/m ( 0,833 f y ).
Figura 4.10 Deformação Plástica y. EPT 80 kN/m. Figura 4.11 Deformação Plástica y. EPD 80 kN/m.
Figura 4.12 Deformação Plástica y. EPT 100 kN/m. Figura 4.13 Deformação Plástica y. EPD 100 kN/m.
mostrado na Fig. (4.15), existe um valor para a espessura do corpo a partir do qual não
observa-se redução no valor da tenacidade à fratura. Nessa situação, as condições de
EPD prevalecerão, sendo que a tenacidade à fratura em EPD deve ser adotada como
resistência ao crescimento das fissuras para aplicações práticas.
5.1.1 – O Concreto
Figura 5.1 Diagrama tensão x deformação típico compressão uniaxial do concreto CHEN & HAN (1988).
limite considerado como elástico. Para tensões no intervalo de 60% a 75% de ft ' inicia-
Figura 5.2 Diagrama tensão x deformação típico a tração uniaxial do concreto CHEN & HAN (1988).
Observa-se, por meio dos diagramas das Fig. (5.1) e Fig. (5.2), que o intervalo
estável de propagação das fissuras é menor na tração. Esse fenômeno ocorre pelo fato
da energia necessária para a extensão das fissuras à tração ser consideravelmente menor
que à compressão. Isso pode ser utilizado para explicar o comportamento frágil
observado na ruptura à tração e também o certo grau de ductilidade constatado na
ruptura à compressão. Além disso, a menor energia necessária para extensão das
fissuras na tração é o principal motivo para a resistência do concreto à tração ser
significantemente menor quando comparada à resistência à compressão.
Figura 5.3 Diagrama tensão x deformação típico carregamento cíclico MEHTA & MONTEIRO (1994).
Figura 5.5 Representação do processo de coalescência das fissuras e conexão das micro descontinuidades.
Figura 5.6 Fenômenos que influenciam a direção de crescimento das fissuras em materiais quase-frágeis.
Figura 5.7 Representação das tensões residuais na zona de processo de materiais quase frágeis.
resistência residual da zona coesiva. O termo G pode ser determinado por meio da
COD
seguinte integral: G COD dCOD , a qual envolve a variação do trabalho das
0
tensões na zona de processo, , com relação à abertura normal das faces da fissura,
COD.
A partir da Eq. (5.1) pode-se descrever a propagação de fissuras em materiais
quase frágeis ou então realizar aproximações sobre o mecanismo de dissipação de
energia, de forma a se obter diferentes modelos para previsão da propagação de fissuras.
Com base nessas aproximações, os modelos da mecânica da fratura não linear de
materiais quase frágeis podem ser classificados como de fissura fictícia e fissura elástica
equivalente.
Considerando o modelo de fissura fictícia, assume-se que a energia necessária
para a criação de novas superfícies é pequena se comparada à energia necessária para
separá-las. Consequentemente, pode-se assumir que G Ic = 0. Nesse campo destacam-se
valor pequeno em comparação com GIc . Assim, nessas estruturas, o processo de fratura
tenderá a ser frágil e, portanto, critérios elásticos lineares poderão ser aplicados.
Sabe-se que a mecânica da fratura elástico linear tem sido uma valiosa
ferramenta para resolução de problemas de fratura quando a zona de processos
inelásticos à frente da extremidade da fissura apresenta dimensões desprezíveis se
comparada às dimensões da fissura ou mesmo a outras dimensões significativas do
corpo. No entanto, a dimensão da zona de processo presente em materiais dúcteis e
quase frágeis não segue a configuração apresentada nos materiais frágeis, sendo
consideravelmente maior. Isso faz com que sejam necessárias modificações na teoria
original de forma a esta conseguir representar esses fenômenos.
A proposição dessas modificações deu origem aos modelos de fissura fictícia, os
quais assumem que a fissura física ou real e sua zona de processo são representadas por
meio de uma fissura maior de comprimento fictício a. Nesse modelo, a rigidez residual
da zona de processo é representada por uma tensão (w) , denominada tensão coesiva,
cujo valor é igual à resistência à tração do material, ft , ao final da zona de processo. A
tensão coesiva tende a fechar as faces da fissura, sendo, normalmente, uma função do
deslocamento da abertura da fissura, w. Além disso, conforme o ponto analisado
aproxima-se da extremidade da fissura real, ou do início da zona de processo, as tensões
coesivas diminuem.
Conforme discutido no capítulo 4, os primeiros modelos coesivos foram
propostos por DUGDALE (1960) e BARENBLATT (1962), os quais aplicam-se,
principalmente, a materiais dúcteis. Segundo esse modelo, a fissura real é substituída
por uma fissura denominada efetiva cujo comprimento é maior que o da fissura real,
devido ao acréscimo em seu comprimento decorrente da presença da zona de processo.
A extensão no comprimento da fissura, da, estará sujeita a tensões coesivas atuando no
sentido de fechar as extremidades da fissura. O comprimento da é tal que as tensões
singulares na extremidade da fissura desaparecem e assim o fator de intensidade de
tensão torna-se igual a zero. As tensões coesivas dependem da abertura das faces da
fissura, w. Quando esta abertura atinge um valor considerado crítico, as tensões coesivas
cessam e a fissura real cresce.
A primeira teoria da mecânica da fratura não linear aplicada a materiais quase
frágeis foi proposta por HILLERBORG et. al (1976). Neste trabalho foi incluído o
amolecimento à tração na zona de processo por meio de uma fissura fictícia à frente da
fissura pré-existente, cujas faces estão sujeitas a tensões coesivas. O termo fictício é
empregado para ressaltar que essa parte da fissura não é descontínua, ou seja, com total
separação das faces como em uma fissura com força de superfície nula. A Fig. (5.8)
ilustra a atuação das tensões coesivas na fissura do modelo de HILLERBORG et. al.
(1976), devendo-se destacar, neste modelo, o fato da tensão coesiva não ser constante ao
longo da zona coesiva.
Figura 5.8 Distribuição de tensões coesivas no modelo de HILLERBORG et. al. (1976).
Figura 5.9 Diagrama tensão x abertura da fissura. Determinação da liberação de energia critica.
A área do diagrama acima pode ser obtida por meio das seguintes integrais:
0 wc
Gf w( )d (w)dw
f 't 0
(5.2)
tensão coesiva.
A intensidade das forças coesivas pode ser relacionada ao valor da abertura das
faces da fissura, U , por meio de leis constitutivas. Existem diversas leis para tal fim e
serão aqui destacadas as três relações mais utilizadas na modelagem numérica da fratura
de materiais quase frágeis. A primeira, e mais empregada, trata da lei linear apresentada
na Fig. (5.10). Nessa lei constitutiva as forças coesivas são associadas a U através de
uma relação linear.
ft
Ucr U
Essa relação é a ilustrada pela Eq. (5.3), a qual incorpora as situações onde U é
maior que a abertura crítica.
E se c
U
U ft 1 se 0 U U cr (5.3)
U cr
U 0 se U U cr
ft
f t''
Considerando essa lei, as tensões coesivas são obtidas como apresentado na Eq.
(5.4).
E se c
ft ft ''
U ft U se 0 U u ''
u
''
(5.4)
f '' U u ''
U '' t f t '' 1 '' se u '' U U cr
u U cr u U cr
U 0 se U U cr
ft
U
Pontos
Internos
Posições
Ponta da Radiais
Fissura
ial
enc
l r
dia fe
Ra un
ri c
C
1 2 xy
p ArcTan (5.9)
2 x y
Esse procedimento é empregado com sucesso no trabalho de SALEH (1997) e
LEONEL e VENTURINI (2010).
E ft 2
G f hc 1 (5.10)
ET 2 E
onde ET representa o módulo pós pico e ft a resistência à tração do material.
Figura 5.15 Relação tensão x deformação para o material contido dentro da banda de microfissuração.
de flexão em três pontos com crack mounth opening displacement, CMOD , controlado.
Para separar as respostas elástica e inelástica do CMOD , como apresentado na Fig.
(5.17), o corpo de prova deve ser carregado até sua capacidade máxima e, em seguida,
deve-se aplicar um ciclo de descarregamento-carregamento, levando a diferentes valores
de flexibilidade C, como indicado na Fig. (5.18).
Capítulo 5 – Mecânica da Fratura aplicada ao Concreto_______________________________
SET 5926 - Introdução à Mecânica da Fratura 124
g1
1,99 1 2,15 3,93 2, 7 2 (5.14)
1 2 1
3
2
0, 66
g 2 0, 76 2, 28 3,87 2 2, 04 3 (5.15)
1
2
1
g3 1 1, 081 1,149 2
2 2
(5.16)
3PS a x
sendo 2
, e .
2b t b a
compressão do concreto, f c :
K Ics 0, 06 f c
0,75
(5.17)
CTODce 0, 00602 f c
0,13
(5.18)
E 4785 f c
0,50
(5.19)
Para as porções materiais que não são mais elásticas, ou seja, para as porções
materiais que pertencem à zona de processos inelásticos, o comportamento mecânico
em termos de tensão x deformação segue o ilustrado na Fig. (5.15).
Na abordagem distribuída, tanto o modelo de fissura fixa (fixed crack model)
como o de fissura rotacional (rotating crack model) podem ser empregados. No modelo
de fissura fixa, quando a tensão principal de tração atinge a resistência à tração do
material, uma fissura se forma perpendicularmente à direção de atuação da tensão
principal de tração e ao mesmo tempo a lei tensão deformação isotrópica é substituída
por uma lei ortotrópica. A direção da fissura é fixa para todo o processo de
fraturamento. Por outro lado, no modelo de fissura rotacional, a direção da fissura pode
ser modificada durante o processo de fratura. Nesta abordagem, as direções da máxima
tensão principal e da normal à fissura são alinhadas desde o início da fissuração. A
variação contínua da direção do eixo de tensão principal induz à variação da direção da
fissura. Isso significa que as direções principais dos tensores de tensão e de deformação
coincidem durante todo o processo de fratura.
6.2 – A Fadiga
dos materiais não era tão bem controlado quanto hoje, o que permitia a construção de
manufaturas com descontinuidades internas iniciais de dimensões não desprezíveis.
Assim, essas descontinuidades (fissuras) cresciam ao longo do tempo, sob a ação de
carregamentos inferiores ao limite previsto em projeto, causando a falha da estrutura.
Outro fator de grande importância, que deve ser mencionado, no
desenvolvimento do campo da fadiga foi o surgimento e aplicação de soldas para a
concepção de estruturas formadas por diversos componentes como pontes e aviões.
Devido ao processo térmico necessário neste procedimento, existe a fragilização do
material próximo ao contorno da solda. Nessa região, a ação térmica induz a degradação
do material com o surgimento de fissuras, as quais crescem sob a ação dos
carregamentos gerando falha por fadiga. Diversas falhas no passado, principalmente em
estruturas offshore e pontes, são atribuídas à aplicação da solda.
As falhas decorrentes da fadiga são normalmente catastróficas. Isso se deve ao
fato das fissuras existentes no corpo crescerem sob a ação de carregamentos cíclicos
muito inferiores à capacidade portante da estrutura. Assim, não é observada a presença
de deformações permanentes ou mesmo de grandes deslocamentos nos elementos
estruturais, indicando uma possível falha. Em outras palavras, a estrutura não apresenta
um indício ou aviso claro de que está próxima à falha.
No domínio da fadiga, emprega-se o termo “vida útil” para referenciar o número
de ciclos de carregamento ao qual uma estrutura pode ser submetida antes da ocorrência
de sua falha ou ao número de ciclos para o qual a estrutura foi projetada à fadiga. Em
geral, a vida útil de uma estrutura pode ser divida de acordo com a evolução do
processo de degradação mecânica ao qual esta é sujeita, sob a ação dos carregamentos.
Existem diferentes níveis e intensidades de danos causados por fadiga em componentes
estruturais. Micro descontinuidades internas, inerentes à estrutura dos materiais, podem
crescer e nuclear uma fissura de maiores dimensões. Esta então propaga-se até a
ocorrência da falha. De uma maneira simples, a evolução da intensidade da degradação
mecânica sob o regime de fadiga pode ser classificada nos seguintes estágios.
1) Mudanças e rearranjos micro estruturais causados pelo carregamento geram
nucleações. Essas nucleações são o resultado da união das micro
descontinuidades internas.
2) Criação de fissuras microscópicas.
3) Crescimento e coalescência de microfissuras e formação de fissuras
dominantes que poderão, eventualmente, conduzir a falha.
ciclo, o processo de degradação mecânica devido aos carregamentos cíclicos pode ser
mensurado por meio da variação da amplitude das tensões aplicadas. Devido ao baixo
nível de tensão atuante para esta classe de fadiga, conclui-se que a zona plástica
existente na ponta da fissura será pequena. Consequentemente, os conceitos
apresentados pela mecânica da fratura elástico linear poderão ser aplicados. Assim, a
amplitude de variação das tensões pode ser traduzida pela amplitude de variação dos
fatores de intensidade de tensão. A fadiga de alto ciclo apresenta enorme aplicação no
campo da engenharia de estruturas e será, na sequência, discutida.
da
dN
Número de Ciclos, N
Figura 6.1 Variação do comprimento da fissura ao longo do número de ciclos
min
R (6.2)
max
sendo max a tensão máxima atuante durante um ciclo de carregamento e min a tensão
mínima observada durante um ciclo de carregamento. No caso dos problemas
envolvendo descontinuidades discretas, como aqueles tratados pela mecânica da fratura,
a taxa de propagação de fissura por fadiga é controlada pela variação do fator de
intensidade de tensão, a qual é definida como:
K K max K min (6.3)
K min
R (6.4)
K max
A propagação da fissura por fadiga pode ser caracterizada por meio de uma
curva, em geral de forma sigmoidal quando desenhada em escala logarítmica, que
relaciona a taxa de propagação da fissura e a variação do fator de intensidade de tensão
atuante na estrutura. Essa curva clássica é apresentada na Fig. (6.3), a qual pode ser
dividida em três regiões distintas: iniciação, propagação estável e propagação instável.
Em níveis baixos de variação dos fatores de intensidade de tensão, região I, a fissura
propaga rapidamente. Isso ocorre pelo fato das fissuras, nessa fase, apresentarem
pequeno comprimento e, além disso, estarem mergulhadas em uma região
C K
n
da
(6.7)
dN 1 R K Ic K
Nota-se que o critério de FORMAN et al. (1967) é uma modificação da “lei de
Paris” pela introdução do termo 1 R K c K no denominador. Verifica-se que quão
maior for a variação entre os fatores de intensidade de tensão no ciclo de carga, menor
será o denominador da Eq. (6.7) e assim maior será a taxa de crescimento da fissura.
Para o caso limite em que K max é igual a K c , tenacidade do material, o denominador é
igual a zero e observa-se um valor singular nessa equação. Nessa situação, a propagação
da fissura não ocorre devido à fadiga, mas sim pela violação do fator de intensidade de
tensão crítico do material em análise, ou seja, ocorre a fratura. Este critério é muito
popular sendo utilizado em diversos programas comerciais de análise de estruturas.
da C 1 K K th
m n
(6.9)
dN K c 1 K
onde C , n e m são parâmetros do material, da geometria e das condições de
K max K min
carregamento, respectivamente. é dado pela seguinte relação, .
K max K min
A propagação das fissuras em regime de fadiga é extremamente dependente das
condições de agressividade do ambiente no qual a estrutura está inserida. Assim,
fenômenos como corrosão, umidade, entre outros, devem ser considerados na avaliação
da vida útil da estrutura. Nessa situação, as leis apresentadas acima podem ser ainda
utilizadas. Porém, parâmetros efetivos, que levem em consideração o efeito do meio
ambiente, devem ser obtidos segundo a lei escolhida para a representação da fadiga.
Apenas, como exemplo, se a lei de Paris for escolhida, os parâmetros C e n devem
apresentar uma lei de variação no tempo para considerar a aceleração (ou desaceleração)
imposta pelas condições ambientais.
A partir dos anos 50, a ocorrência de vários acidentes, com causas associadas à
fadiga, revelou que um critério de projeto consistindo apenas de análises estáticas, sem
a consideração de efeitos dependentes do tempo, não era suficiente para garantir a
integridade mecânica de alguns tipos de estruturas. Assim, metodologias de projeto
af
Intervalo de Inspeção
aO
NO Nf
Número de Ciclos, N
Figura 6.4 Curva típica de propagação de fissuras em função do número de ciclos de carga atuante.
para um carregamento com R igual a zero, K eff é igual a 50% da amplitude total. Já
mais de fadiga. Além disso, deve-se verificar também se a taxa de crescimento das
fissuras por ciclo, da dN , é maior que 0,1 mm ciclo (esse valor é recomendado em
PIMENTA et. al. (2001)). Em caso afirmativo a análise também é interrompida, pois,
assim no caso anterior, o problema passa a ser de fratura e não mais de fadiga.
Por fim, ainda deve-se verificar a amplitude de variação do fator de intensidade
de tensão, K . Caso essa grandeza seja inferior a Kth deve-se considerar que o
carregamento aplicado não provoca o crescimento das fissuras.
POD a 1 e
q pod a
(6.13)
sendo o comprimento da fissura dado em mm. O parâmetro q pod assume valores maiores
que zero e caracteriza a qualidade do método de inspeção escolhido. Esta expressão pode
ser interpretada como a distribuição exponencial de probabilidades para o tamanho
Portanto, quanto maior o valor de q pod , menor o tamanho médio detectável da fissura, e
pod pod
pod 0,3 mm e pod 3, 0 ; pod 0, 085 mm e pod 3, 0 ;
pod
pod 0, 035 mm e pod 3, 0 ; considerando que os procedimentos de inspeção são
mais eficientes à medida que pod aumenta.
Para uma dada técnica de inspeção, descrita por sua curva POD, os dois possíveis
resultados de uma inspeção são: não detecção de um defeito, que pode existir; e detecção de
um defeito e medição do seu tamanho. Entretanto, as medições obtidas podem também
apresentar incertezas, fazendo com que o tamanho do defeito após medição seja descrito por
uma distribuição de probabilidades ao invés de se tratar de um valor determinístico.
isto é, pelo par de máximos e mínimos locais em uma função de tensão. Se um material
for deformado ciclicamente entre dois limites ocorrem alguns fenômenos que podem
variar de acordo com a natureza do material:
Endurecimento cíclico;
Amaciamento cíclico;
Permanecer estável;
Amolecimento;
Endurecimento.
Figura 6.8 Semelhança entre variação da tensão nos ciclos de carga e escoamento de água em telhado.
Figura 6.9 Perfil da variação da deformação ao longo dos ciclos de carga e descarga.
Figura 6.10 Variação das deformações e tensões ao longo do perfil de solicitação mostrado na Fig. (6.9).
dados de um exemplo para a soma do resíduo, e as Fig. (6.12), Fig. (6.13) e Fig. (6.14)
apresentam a série inicial, o resíduo e a soma do resíduo, respectivamente.
Tabela 6.1 Sequencia da aplicação