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RESENHA – BIANCA NOGUEIRA

SILVA DE LIMA – PRÁTICA DE


PREGAÇÃO
maio 9, 2022 | Resenhas

Nome: Bianca Nogueira Silva de Lima


Curso: Médio em Teologia
Data: 22/03/2022
Disciplina: Prática de Pregação I
Professor: Adalberto A. R. Taques.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CARVALHO, Saulo Pereira de. Aprendendo a Pregar – curso prático de pregação.
Goiânia: Editora Primícias, 2012, 152p.

APRESENTAÇÃO DO AUTOR.
O Reverendo Saulo Pereira de Carvalho, é professor e Diretor do Seminário
Presbiteriano Brasil Central (SPBC). É Bacharel em Teologia pelo SPBC e pela
Universidade Presbiteriana Mackenzie, Mestre em Educação Cristã pelo Centro
Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ) e Doutor em Ministérios pelo
CPAJ/Reformed Theological Seminary.

PERSPECTIVA TEÓRICA DA OBRA.


A presente obra consolida a simplicidade com um conteúdo robusto. O autor ensina aos
estudantes de forma clara a ter reverência pela Palavra de Deus e a pregá-la com
simplicidade, clareza e fidelidade. A obra é certamente voltada para formação de
pregadores e também educadores para os diversos departamentos da Igreja, e como tal é
feita numa linguagem acessível e autodidática.

BREVE SÍNTESE DA OBRA.


A obra toda é dividida em Dedicatória, Apresentação, Prefácio, Introdução e o conteúdo
da obra, na sequência, passa a ser exposto em três partes. Parte Um: Princípios de
Hermenêutica e de Exegese, composto pelos capítulos um e dois; Parte Dois:
Homilética, composta pelos capítulos três, quatro, cinco, seis, sete, oito e nove; Parte
Três: Princípios de Oratória Sacra, composta pelo capítulo dez. Por último, Conclusão.
A obra tem como objetivo preparar de forma técnica os pregadores, apresentando
teorias, técnicas e ilustrações para entendimento.

PRINCIPAIS TESES DESENVOLVIDAS NA OBRA.


A Introdução mostra logo a intenção do livro, especialmente a partir da frase do próprio
autor: “Sermão é uma exposição didática da Palavra de Deus”. O autor busca com esse
livro ensinar as melhores formas de se construir um sermão e de o expor. Ou seja,
ensina a importância de um bom planejamento didático. Isso visando sempre o bom
entendimento dos ouvintes e a fidelidade ao texto analisado. A Parte Um é composta
pelos capítulos um e dois. No Capítulo Um o autor trata da Hermenêutica e da
Exegese. Segundo ele, a pregação fiel da palavra de Deus está pautada na hermenêutica


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e exegese, que são ferramentas não somente úteis, mas essenciais para a correta
interpretação das Escrituras. O capítulo traz a definição de hermenêutica “como sendo a
ciência e a arte que estuda a interpretação da bíblia.” (pg.23). Esse instrumento é
importante para o cuidado de não deixar o texto livre a interpretação pessoal do leitor.
Assim, a hermenêutica bíblica é composta de alguns princípios, quais sejam: 1)
Princípio da autoridade interna, segundo o qual, tratando-se a bíblia da própria Palavra
de Deus, ela mesmo se confirma, a partir da análise dos seus versículos; 2) Princípio do
Contexto, que evidencia a essencialidade do contexto, que traduz o momento e o porquê
de o texto ter sido escrito; 3) Princípio do texto paralelo, pelo qual se algo é contado em
mais de um texto, esse outro texto também deve ser usado na interpretação, pois poderá
conter informações complementares; 4) Princípio da autoria do texto, segundo qual,
mesmo o texto sendo inspirado pelo Espírito Santo, a escrita é humana e possui o estilo
do autor, bem como seu contexto, localidade e momento, coisas que claramente afetam
a interpretação; e por último 5) Princípio da interpretação do texto, o qual afirma que
todas as circunstâncias devem ser consideradas ao interpretar o texto, inclusive se este
possui um sentido literal ou figurado. No Capítulo Dois, o autor traz os Princípios de
Exegese. Segundo ele, o pregador precisa definir bem o texto. Isto porque saber
encontrar a perícope ajuda a não deixar o sermão superficial ou bagunçado, com mais
de um tema diferente. Também, a prática de comparar as traduções auxilia no
entendimento de palavras complexas. Outro ponto é a análise do contexto do texto,
tanto o imediato quanto o remoto. É necessário ainda analisar a gramática e definir o
tipo de literatura do texto, ou seja, se é poética, profética, histórica, escatológica ou
mesmo se trata-se de uma carta. Seria no mínimo incoerente interpretar de forma literal
algo cuja a intenção do autor era falar no sentido figurado. O autor ainda expõe de
forma enfática a necessidade de se pesquisar o contexto histórico-geográfico. Onde,
quando, como e porque trazem o entendimento do contexto para a correta interpretação.
Identificar o tema principal, ou seja, a ideia dominante que está sendo transmitida pelo
autor do texto bíblico também possui grande importância. Além disso tudo, o autor
esclarece que o pregador pode observar comentários bíblicos prontos, os quais auxiliam
a encontrar informações que talvez o pregador não tenha visto. Mas esta prática deve ser
deixada para última instância, visto que a dependência de comentários pode gerar um
pregador preguiçoso. Os capítulos 3 ao 9 tratam de homilética, tema da Parte Dois. O
autor explica que a homilética busca fornecer os meios para que o sermão seja
claramente exposto pelo pregador e entendido pelo ouvinte. No Capítulo Três são
informados os tipos de sermões, quais sejam: temático, textual e expositivo. O sermão
temático é exatamente isso, o pregador escolhe o tema e busca nas Escrituras versículos
bíblicos que fundamentam o desenvolver do seu tema. Apesar de ser o tipo mais prático
de sermão, há o risco de o pregador impor suas intenções na escolha dos textos bíblicos.
Além disso, não haverá um estudo aprofundado dos versículos selecionados, por serem
variados. O sermão textual é aquele cujo tema e argumentações saem do texto bíblico
escolhido, o qual pode chegar a ser apenas um versículo. Este tipo é interessante devido
ao foco com o qual o versículo será abordado e ouvido. Há, no entanto, o risco de a
pregação ficar superficial, visto que outros textos que poderiam ser usados para
complementar as argumentações não serão observados. O sermão expositivo é a
interpretação de uma porção mais extensa da bíblia. Interessante a informação que o
autor traz, de que esse era o tipo de prática utilizada pelos apóstolos. Nesse sermão é
essencial a análise do contexto. Esse tipo, dentre várias outras vantagens, costuma trazer
uma interpretação mais fiel e imparcial, visto que não cabe ao pregador escolher um
tema ou versículo de sua preferência a ser abordado. No entanto, esse tipo de sermão é
mais complicado e cansativo de ser preparado, devido a profundidade de pesquisa que


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requer do pregador. No Capítulo Quatro o autor expõe a necessidade de estruturar bem
o sermão para que haja melhor entendimento por parte do ouvinte. A estrutura
apresentada é composta por: introdução, narração, tema (1ª argumentação, 2ª
argumentação e 3ª argumentação), conclusão e aplicação. De forma muito clara, o autor
trata cada uma das partes citadas em um capítulo. No Capítulo Cinco, o autor traz
explicações sobre o Tema do sermão. O tema, ou proposição, deve possuir uma única
ideia e ser breve. É interessante como este capítulo deixa claro a importância do tema, o
qual deve despertar interesse e ser atual, de forma a atingir os ouvintes com mais força.
As divisões e as argumentações do sermão são tratados no Capítulo Seis. De forma
didática, o autor traz o salmo 23 como exemplo para ensinar como se deve analisar de
forma mais prática. Práticas como pesquisar palavras que não conhece, retirar toda
informação possível do texto e de seu contexto, estruturar e formar o tema e, ainda,
dividir o conteúdo, ajudam muito na interpretação do texto selecionado. O autor deixa
vários avisos aos leitores sobre o sermão, como por exemplo, o cuidado que se deve ter
com o excesso de conteúdo, evitar repetições, manter uma sequência lógica de
pensamento. Após definir as Divisões, vem a parte da “Discussão”, que é o próprio
conteúdo bíblico que será inserido em cada uma das divisões. Como o próprio autor
expõe, “na discussão é que o pregador vai incluir todo o material de pesquisa para
esclarecer o texto bíblico” (p. 75). Após definir o tema e fazer a divisão do conteúdo do
sermão, o autor parte para a Introdução e Narração, sendo estes os objetos de
observação do Capítulo Sete. Como diz o próprio autor, a introdução é onde o ouvinte
deve ser “fisgado”, sua atenção deve ser capturada preparando-o para receber o
conteúdo. O pregador que deseja uma introdução eficiente deve cuidar para que esta
esteja sempre direcionada para o conteúdo do sermão, mas jamais sendo confundindo
com este. Em outras palavras, a introdução deve ser precisa, clara (assim como todas as
partes do sermão), breve e objetiva. A introdução deve apresentar o tema, mostrando ao
ouvinte que o assunto que será pregado possui relevância e é interessante, sendo
inclusive um bom momento para uma ilustração, caso o pregador vá fazer uso de
alguma. A introdução é importante especialmente para as mentes dispersas que chegam
no momento do culto distraídos com outros assuntos e preocupações. É importante
destacar a observação do Reverendo Saulo, segundo o qual a introdução deve ser
planejada. A introdução não é o momento para improvisos e assuntos que não possuem
relação com o sermão. O pregador que não prepara sua introdução da forma devida
corre o risco de se perder ou, ainda, perder a atenção dos ouvintes. Finalizada a
introdução, o pregador deve começar a narração, momento em que “o pregador vai
passar para o ouvinte todas as informações necessárias para a compreensão do texto” (p.
96). A narração deve conter informações importantes que irão clarear o entendimento
do texto e destacar pontos importantes e deve, assim como a introdução, deve ser clara,
objetiva e direcionar sempre para o tema do sermão. Além das várias dicas de o que
uma introdução e narração podem conter de forma a atingir seus objetivos, o autor
esclarece a importância de se dividir claramente o sermão. Segundo ele, deve-se sempre
começar com a saudação, seguindo para a leitura do texto bíblico, a oração, depois a
introdução, narração, apresentação do tema e, finalmente, para as divisões e
argumentos. Apesar de não visíveis, as divisões devem ser claras para não causar
confusão no entendimento dos ouvintes. Finalizadas todas essas etapas, chega o
momento de encerrar a pregação e isto não deve ser feito de qualquer forma ou
bruscamente. O Capítulo Oito da obra traz as partes da Conclusão e da Aplicação.
Como expõe o próprio autor, “ a conclusão é o fechamento do assunto do sermão,
enquanto que a aplicação é o momento em que o pregador fecha a Bíblia e diz: ‘Era isso
que tinha para falar para os irmãos. Agora, vou lhes dizer o que Deus quer que vocês


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façam ainda hoje sobre o que nós estudamos’.” (p. 107-108). É importante diferenciar
ambos os termos e não fazer confusão. A conclusão é o momento de encerrar a
exposição. Se possível, é interessante que o autor volte nos pontos de divisão do seu
sermão, mas de forma breve, para evitar, como diz o reverendo Saulo, um novo sermão.
Como quando contamos uma história, também o sermão deve ter um fim. Quanto a
aplicação, ela deve vir depois, de forma a exortar, ensinar, fazer um apelo ou mesmo
motivar seus ouvintes. De forma muito inteligente o reverendo esclarece que “a verdade
sem aplicação torna-se inútil”. O texto bíblico nos revela Deus e o que Ele espera de
nós, qual a mudança deve ocorrer em nossa vida após o conhecer, e a exposição deve
nos provocar e nos levar a refletir sobre isso. Depois de finalizar o sermão, o autor trata
especificamente das Ilustrações, no Capítulo Nove. Novamente pode-se notar a
facilidade que o reverendo Saulo tem de se fazer compreendido. Para explicar sobre
ilustrações ele próprio faz uso de uma, transferindo por meio desta a sua importância e
seu objetivo, qual seja facilitar o entendimento da mensagem do sermão. Não posso
deixar de pensar que nós usamos de ilustrações a todo tempo, especialmente quando
precisamos explicar algo a alguém e não sabemos como fazê-lo. Além de alertar o leitor
sobre os cuidados que se deve ter com as ilustrações, o autor também expõe que há
pregadores que afirmam não terem ilustrações para encaixar em seus sermões. A sua
resposta para tal problema é simples. O pregador deve viver e observar. O homem,
pregador ou não, não se resume a sua vida dentro da igreja. Há várias que acontecem ao
nosso redor que devem ser observadas e anotadas, dentro de nossos lares, no meio
social, conversas que ouvimos, livros que lemos, filmes que assistimos. Ouso dizer que
pessoas isoladas não terão histórias para contar. Encerrada a parte dois, inicia-se a Parte
Três, que trata dos Princípios de Oratória Sacra. O Capítulo Dez fala da exposição do
sermão preparado. Como se portar, como falar, o que não falar, dando dicas edificantes
àquele que vai se posicionar à frente da igreja. Por exemplo, a fisionomia do pregador
diz muito respeito ao que ele pensa sobre o que está falando. Como falar da bondade de
Deus e de Sua graça sem sorrir? Ou falar do sacrifício de Jesus sem se emocionar? As
pausas entre as frases são importantes para o fôlego daquele que escuta bem como para
que ele possa digerir, meditar naquilo que está sendo dito. Por isso também não se deve
falar correndo, ou devagar demais. As alternâncias na altura e tonalidade da voz ajudam
a dar destaque àquilo que for mais importante, como quando contamos uma história. Se
atuamos tanto ao contar uma história inventada a uma criança, porque não o fazemos ao
falar sobre Deus e seu agir às pessoas? O movimento e as expressões de quem fala
certamente atingem mais profundamente quem ouve, mas é claro, exageros devem ser
evitados, alerta dado pelo próprio autor. Em resumo, a exposição deve ser feita com
muito bom senso, sempre cuidando para ser não somente ouvido mas também
compreendido. Finalmente, na Conclusão o autor faz um resumo objetivo de como
preparar o sermão, desde a essencialidade da oração sobre o texto, pedindo a Deus sua
orientação, à redação final do sermão com as devidas correções necessárias de tudo que
foi feito. Como diz o autor, “você deve ter humildade ao reconhecer suas deficiências
em algumas áreas e tomar providências para se aperfeiçoar, a fim de melhor servir ao
Senhor de sua vida” (p. 144). O que mais sinto necessidade de destacar é que o
reverendo lembra ao leitor que o temor que se tem à tarefa de pregar a palavra de Deus
jamais deve desaparecer, apesar do nervosismo que isso certamente causa. A intimidade
do pregador com Deus deve transparecer em seu sermão e na exposição deste.

REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE OBRA E IMPLICAÇÕES PARA O


MINISTÉRIO.
Esta obra técnica foi escrita, segundo o próprio autor, para um público que não possui


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conhecimento das línguas originais que auxiliem na tradução e interpretação das
Escrituras Sagradas. Isso é importante pois percebe-se claramente que o Reverendo
Saulo Carvalho busca ser compreendido facilmente e apresenta técnicas que auxiliem os
pregadores a também serem compreendidos. De fato, muitos pregadores hoje deveriam
se voltar mais para a simplicidade e humildade no momento de pregar, tendo em vista a
grande variedade de ouvintes. O conhecimento não deve ser usado pelo homem para se
sobressair sobre os outros, mas sim para a transmissão e edificação. Afinal, além do agir
do Espírito Santo, que é o que traz verdadeiro convencimento, o pregador também deve
se esforçar para se qualificar a ser verdadeiro instrumento nas mãos do Senhor. As
técnicas apresentadas pelo Reverendo Saulo são importantíssimas tanto para o
aprendizado do pregador quanto para a edificação da igreja que ouvirá o sermão. O
Reverendo, além de se preocupar com o preparo do pregador, também se preocupa com
a eficiência daquilo que está sendo pregado. Quando há as devidas observações do
pregador, ele será capaz de ser ouvido até pelo ouvinte mais preguiçoso. Esta obra não é
somente útil para pregadores sem conhecimento das línguas originais, mas acredito que
a todo pregador sério das escrituras que deseje ser ouvido e que seu sermão seja
compreendido. Obras como esta podem, inclusive, ser muito úteis para aqueles que
buscam a prática da leitura diária das Escrituras e verdadeiramente apreender seu
conteúdo.

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