ILMO SENHOR SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE DA PREFEITURA

MUNICIPAL DE PRADO/BA

(qualificação), vem através deste apresentar REQUERER:

A REVOGAÇÃO DO DECRETO XXXX/2022,

em que autoriza de forma irregular a utilização por parte do XXXXXXXXXXXX, de uma

área institucional em que ainda não é de propriedade da Prefeitura Municipal de
XXXXXX/XX, para executar obra de transbordo de lixo sem o devido estudo ambiental
pertinente, concedendo apenas por parte desta secretaria uma Autorização Ambiental,
ato comprovadamente irregular, uma vez que não houve estudos adequados para tal
autorização, podendo vir a acarretar diversos problemas à coletividade.

Conforme a Lei Nº 12932 DE 07/01/2014 em seu art. 10:

Art. 10. Observadas as normas estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento,

incumbe ao Estado da Bahia, através de ações articuladas da Secretaria de
Desenvolvimento Urbano - SEDUR e da Secretaria do Meio Ambiente - SEMA:

II - controlar e fiscalizar, por meio do órgão ambiental competente, as atividades

dos geradores de resíduos sólidos, sujeitas ao licenciamento ambiental;

Ainda nesse sentido, o Decreto Nº 14024 DE 06/06/2012 em seu art. 91 diz:

Art. 91. O licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades

suscetíveis de causar impacto ao meio ambiente deve ser fundamentado em
Avaliação de Impacto Ambiental - AIA.

A Lei nº 12.305/10, regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010 que institui a Política

Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) contém instrumentos importantes relacionados
a implantação e gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. Propõe que até 2014 os
lixões sejam erradicados no país. Prevê a prevenção e a redução na geração de
resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um
conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos
resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou
reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não
pode ser reciclado ou reutilizado). Cria uma meta importante que é de alcançar o índice
de reciclagem de resíduos de 20% em 2015.

Esta Prefeitura outrora autorizou a criação de uma área de Transbordo de Lixo no

XXXXXXXXXXXXXX, que se provou ineficiente no quesito de redução de impactos
ambientais e sociais. Acontece além ser uma região de bioma sensível, no Balneário,
as estruturas construídas são precárias em caráter de proteção ao meio ambiente, não
há o isolamento do solo para impedir a contaminação do solo, não há uma cobertura
adequada além de os fechamentos laterais serem de cerca simples, onde qualquer
ventania carrega material às áreas circunvizinhas. Também não há mão de obra
qualificada para se gerir esses resíduos, transformando o transbordo em área
equiparável a um lixão.

Entendemos a necessidade de se solucionar os problemas da gestão de resíduos

sólidos no nosso país, como também temos conhecimento das dificuldades. Mas o ato
praticado pela Prefeitura em se autorizar a criação de um Transbordo de Lixo no
Balneário Praia de Guaratiba além das implicações legais que demonstram o ato ilícito
na visão de danos ambientais, também é ilícito no seu procedimento administrativo,
conforme demonstrado na Resolução CONAMA 237/97, artigo 5º:

Art. 5º - Compete ao órgão ambiental estadual ou do Distrito Federal o

licenciamento ambiental dos empreendimentos e atividades:

I - localizados ou desenvolvidos em mais de um Município ou em unidades de

conservação de domínio estadual ou do Distrito Federal;
II - localizados ou desenvolvidos nas florestas e demais formas de vegetação
natural de preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº 4.771,
de 15 de setembro de 1965, e em todas as que assim forem consideradas por
normas federais, estaduais ou municipais;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais de um
ou mais Municípios;
IV - delegados pela União aos Estados ou ao Distrito Federal, por instrumento
legal ou convênio.

A localidade onde fora autorizado o ato ilícito está na divisa dos municípios de XXXX e
Alcobaça, também situa-se próximo a nascentes, brejos e ser uma área de lençol
freático raso. Além disso, a Prefeitura Municipal de Prado não tem autonomia para
decidir de forma monocromática sobre o depósito, transbordo e transporte de resíduos
sólidos.
O XXXXXXXX hoje se consolidou como um dos maiores empreendimentos imobiliários
e turísticos da Bahia, com diversos moradores fixos, vários turistas e diversas novas
obras de construção de casas e bangalôs em andamento. Infelizmente não há
fornecimento de água tratada no Balneário pela concessionária de água, sendo que
todas as casas utilizam-se de poços ou cisternas, que em sua maioria são rasas, uma
vez que o lençol freático principalmente em regiões costeiras é bem superficial.

O depósito, mesmo que temporário, ainda trás grandes riscos ao meio ambiente e à
saúde dos moradores e visitantes do Balneário, uma vez que aquela região onde foi
autorizada o depósito tem seu solo totalmente arenoso, material de alta drenagem. Isso
associado com a retirada da prefeitura apenas 2 (duas) vezes na semana, vai gerar
com toda certeza contaminação do solo e posteriormente contaminação do lençol
freático.

Além disso tudo, em 2008, a XXXXXXXXX foi multada pelo IBAMA e teve que pagar a
quantia de R$ 159.929,91 (cento e cinquenta e nove mil novecentos e vinte e nove reais
e noventa e um centavos) pelo depósito de resíduos sólidos urbanos feito pelo
Condomónio Village Costas das Baleias, com o posterior embargo da área Processo n:
0001033-87.2015.4.01.3313.
Sendo assim, a Requerente reitera o pedido para REVOGAÇÃO do presente
DECRETO 0XX/20XX, para que o XXXXXX cesse com as atividades de execução de
área de transbordo, ato que tratá diversos prejuízos aos meio ambiente e ao Balneário.
Caso não seja acatado este pedido, REQUER pelo menos que a Prefeitura Municipal
de XXXXX Suspenda os efeitos do DECRETO 0XX/20XX até que providencie a efetiva
transferência de propriedade do imóvel intitulado área Institucional XXXXXXXXXX, sob
pena de encaminhamento deste pedido junto com as demais provas que o acompanha
para os poderes responsáveis para fiscalizar e julgar.

Nestes termos
Pede deferimento

Teixeira de Freitas/BA, 02 de agosto de 2022