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O Simbolismo Iniciático e a importância dos seus Ensinamentos.

O Desbastar da
Pedra Bruta, Utilizando o Maço e o Cinzel

Grau de Aprendiz Maçom


Autor: Rayan Orlando Kinalski
Confederação Maçônica do Brasil – COMAB
Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC
Luz do Oriente nº27
27/08/2018

Ao longo da história, diversos Avatares e Sábios deixaram uma mensagem importante


para a humanidade: O ser humano já possui tudo que precisa. Jesus disse “O Reino dos Céus
está dentro de vós!”. Ao ler isso, podemos assimilar o importante conceito de que já somos
perfeitos, escondidos sob uma série de egos e defeitos que fazem com que não reconheçamos
nossa essência divina.

Também podemos afirmar que em vários locais e épocas existiram as Sociedades


Iniciáticas com o objetivo de acelerar o processo de evolução dos adeptos. O termo “Iniciado”
significa “nascido duas vezes”, a primeira de sua mãe, e a segunda do “interior de si mesmo”
através do rompimento da materialidade, e do desenvolvimento da espiritualidade. Estas
Sociedades passavam de Iniciado para Iniciado sua Sabedoria, através de bons exemplos,
introspecção, filosofia e também de Símbolos.

Temos em nosso cotidiano uma série de Ideogramas, mas poucos Símbolos. Os


Ideogramas são de natureza horizontal, e servem para que assimilemos conceitos materiais de
maneira rápida. Já os Símbolos são de natureza vertical, pois estes evocam ideias que estão em
outros planos, como o Mental e o Espiritual.

Um dos Símbolos mais importantes para a Maçonaria é a Pedra.

Durante a iniciação, na Câmara de Reflexões, vemos escrito a sigla V.I.T.R.I.O.L, Visita o


Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta. Esta frase indica a introspecção
que o homem deve fazer para encontrar sua Essência e gradativamente trazê-la para a
superfície.

Em nosso aprendizado na Ordem, visamos sair do estado de Pedra Bruta almejando


alcançar o estado de Pedra Cúbica. Os Alquimistas chamava isso de transformar Chumbo em
Ouro. Em outras palavras, sair da ignorância para a Sabedoria; cavar masmorras aos vícios e
levantar templos as virtudes. A Pedra Cúbica representa o Ser Humano Ideal, perfeito
moralmente e espiritualmente.

Um Irmão disse: “Em Maçonaria, você é o Pedreiro, você é a Pedra, e também o


Arquiteto que planeja antes de começar o desbaste”.
A pedra sofre de diversas formas, ao se separar da rocha-mãe, através dos ventos,
chuvas e toda sua existência conferem-na um aspecto único. Não somos diferentes. Em nossas
vidas, existe um dinamismo perfeito que nos molda de diversas maneiras, tornando-nos seres
singulares, com qualidades e defeitos, vícios e virtudes. Este é o ponto de partida para iniciar o
desbaste: saber onde estamos. Além disso, como toda escultura nasce no plano das ideias,
precisamos também saber o que queremos fazer com a Pedra. Logo, deve ser feita uma
visualização prévia do trabalho final. Os Hermetistas diziam que "a verdadeira transmutação é
uma arte mental", indicando que o processo ocorre internamente em cada pessoa.

Michelangelo disse: “Em cada bloco de mármore vejo uma estátua, vejo-a tão
claramente como se estivesse na minha frente, moldada e perfeita na pose e no efeito. Tenho
apenas de desbastar as paredes brutas que aprisionam a adorável aparição para revelá-la a
outros olhos como os meus já a vêem.”

Por que é nosso dever buscar este ideal?

Apenas uma minoria das pessoas busca autodesenvolvimento ou crescimento pessoal.


A humanidade precisa de bons exemplos, assim como um corpo precisa de células saudáveis.
Não basta apenas deixarmos de ser um câncer para a sociedade, mas sim, ativamente agirmos
como células que buscam o sucesso coletivo, para o bem estar geral deste grande corpo
chamado humanidade.

Para alcançar este ideal, a Maçonaria oferece ferramentas simbólicas, de forma que
possamos iniciar este processo de desbaste. Aqui, destaco o Malho e o Cinzel.

O Malho é o instrumento ativo que representa a força necessária para executar


qualquer trabalho. Força é energia, e sem energia o mundo não existiria. Sem energia nada
existe. Mas a força que precisamos para nossa auto-escultura é a Força de Vontade, é a
coragem para admitir que existem aspectos em nós que precisam ser mudados. Ver defeitos
nos outros é fácil, mas admiti-los em nós é bem mais difícil.

O Cinzel é o instrumento passivo, usado para remover, com o auxilio do Malho, as


lascas da Pedra. O trabalho do Cinzel depende da força aplicada pelo Malho. O Cinzel deve ser
para nós o discernimento de enxergar aquilo que precisamos mudar; deve ser a nossa auto-
observação, que apoiada pela Força de Vontade fará com que atinjamos a beleza necessária
em nossa Pedra Bruta.

Com ambos em punho, vamos aparando as asperezas de nosso caráter, nos


desfazendo de nossos “vícios queridos”, até encontrar nossa Essência Divina, perfeita e
intacta, escondida sob uma “personalidade” a qual somos apegados. A evolução ocorre como
resultado da remoção de obstáculos, e não da aquisição de algo novo.

Um sábio chamado Ramana Maharshi disse “A Essência Divina só não é reconhecida


como tal devido à ignorância; logo, a ignorância é o obstáculo. Livre-se dela e tudo estará
bem.”
Ressalta-se que o trabalhar na Pedra Bruta é um caminhar ininterrupto na busca do
ideal de moralização plena do individuo. Deve-se entender como um processo de aprendizado
contínuo porque, embora a Simbologia Maçônica estabeleça o trabalho na Pedra Bruta apenas
no grau de aprendiz, a Arte Real de desbaste ocorre por toda a existência do indivíduo.

O ser humano, por estar inserido na dualidade, possui sentimentos como a inveja, o
egoísmo, a luxúria, a cobiça e a intolerância, que dificultam a consecução de um estágio moral
supremo. Segundo Hawkins, essa busca é um compromisso muito importante e é, de fato, a
mais difícil das atividades humanas. Pode ser alternadamente árdua ou estimulante,
emocionante ou tediosa, exigente ou inspiradora. Há grandes avanços repentinos, além de
obstáculos exasperantes e aparentemente impossíveis.

O processo de desbaste desta Pedra é o maior presente que qualquer pessoa pode dar
ao mundo. Por si só, ele é capaz de trazer mais e mais felicidade para o Maçom e seu meio.
Então, o mundo muda como consequência daquilo que esta pessoa se tornou. Aqueles poucos
que atingem o estágio de Pedra Cúbica prestam elevados serviços à Humanidade.

Para nós aprendizes, enquanto trilhamos este caminho, a frase do Mestre deve ser
constantemente lembrada: “Orai e Vigiai” evitando cair nas diversas armadilhas dos apegos de
nossa personalidade. Desta forma, com Malho e Cinzel em mãos, estamos armados para fazer
de nossas Pedras, peças fundamentais para a edificação deste grande templo chamado
humanidade.

Referências Maçônicas

“Maçonaria – 100 Instruções de Aprendiz” D‟ELIA JUNIOR, Raymundo.

Arsenium - o Simbolismo - Maçônico, Kabbala, Gnose e Filosofia – Ali A’l Khan

O Simbolismo na Maçonaria – Colin Dyer

Conversando entre Colunas – Sérgio Cordaro

Referências Não-Maçônicas:

Poder vs Força: Uma Anatomia da Consciência – Os Determinantes ocultos do comportamento


humano – David R. Hawkins

O Caibalion – Os Três Iniciados

Os Ensinamentos Secretos de todas as Eras – Manly P. Hall

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