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SEBENTA DE MATEMÁTICA I

SANDRA MARIA SANTOS VINAGRE

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

UNIVERSIDADE DE ÉVORA
i

Prefácio

Estes apontamentos, intitulados Sebenta de Matemática I, que se destinam aos alu-

nos que estudam a unidade curricular de Matemática I, das licenciaturas em Bioquı́mica,

Biotecnologia, Geologia e Quı́mica da Universidade de Évora, abordam alguns dos temas

tradicionais da Análise Matemática a uma variável, nomeadamente, diferenciabilidade,

integração, séries numéricas e séries de potênicas, e têm por base as notas para a lecci-

onação da unidade curricular, assim como as referências que constituem a Bibliografia, em

particular, [JR], [MF 96], [ELL 95], [JCF 90] e [JCB 91].

A sebenta é constituı́da por nove capı́tulos: Noções topológicas em R, Cálculo di-

ferencial em R, Primitivação, Cálculo integral em R, Aplicações dos integrais, Integrais

impróprios, Séries numéricas, Séries de potências e Lista de matemáticos. Cada um dos

capı́tulos (excepto o último) termina com uma lista de exercı́cios resolvidos e uma lista de

exercı́cios propostos e respectivas soluções.

No Capı́tulo 1, Noções topológicas em R, introduzimos as noções topológicas em R.

Terminamos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos e res-

pectivas soluções.

O Capı́tulo 2, Cálculo diferencial em R, é dedicado ao estudo das derivadas e da dife-

renciabilidade de funções reais de variável real. As duas primeiras secções são preliminares,

onde se apresentam algumas funções elementares, nomeadamente, funções polinomiais e


ii

racionais, funções exponencias e logarı́tmicas, funções trigonométricas directas e inver-

sas e funções hiperbólicas directas e inversas, e onde se recordam, muito brevemente, os

conceitos de limite e de função contı́nua. Nas duas secções seguintes apresentamos os

conceitos básicos do cálculo diferencial em R e nas Secções 2.5 e 2.6 algumas proprieda-

des das funções diferenciáveis. Na Secção 2.7, apresentamos os teoremas fundamentais

do cálculo diferencial, Teoremas de Darboux, Rolle, Lagrange e Cauchy, e duas regras,

regras de L’Hospital e Cauchy, que permitem calcular limites quando temos situações de

indeterminação. Na oitava secção apresentamos um estudo breve do Teorema de Taylor,

também chamado Fórmula de Taylor, e algumas das suas aplicações, nomeadamente, no

estudo dos extremos e dos pontos de inflexão de uma função e no levantamento de in-

determinações. De seguida, nas Secções 2.9 e 2.10, introduzimos a noção de assı́mptota,

com o objectivo de estudar o comportamento assimptótico de uma função, e apresentamos

detalhadamente a representação gráfica de algumas funções reais de variável real. Final-

mente, e à semelhança do que foi feito para o capı́tulo anterior, terminamos o capı́tulo

com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos e respectivas soluções.

No Capı́tulo 3, Primitivação, estudamos as diferentes técnicas de primitivação: a pri-

mitivação imediata, a primitivação por decomposição, por partes e por substituição e a

primitivação de algumas funções racionais. Finalmente, utilizando convenientes mudanças

de variável, mostramos como é possı́vel racionalizar certas classes de funções de modo a

poderem ser primitivadas. Terminamos o capı́tulo com uma secção de exercı́cios resolvidos,

uma lista de exercı́cios propostos e respectivas soluções.

No Capı́tulo 4, Cálculo integral em R, começamos por introduzir a teoria do integral

de Riemann para funções limitadas definidas em intervalos limitados, fechados e não de-

generados de R. Na Secção 4.2, introduzimos os conceitos de somas inferior e superior de


iii

Darboux, de integral inferior e superior e estudamos algumas das suas propriedades. Na

Secção 4.3, enunciamos e demonstramos algumas propriedades do integral de Riemann e

na secção seguinte estudamos duas classes de funções muito importantes que são Riemann-

-integráveis: as contı́nuas e as monótonas. Na Secção 4.5, mostramos como a integração é

a operação inversa da derivação e apresentamos os teoremas mais importantes do cálculo

integral. Finalmente, e à semelhança do que foi feito para os capı́tulos anteriores, termi-

namos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos e respectivas

soluções.

No Capı́tulo 5, Aplicações dos integrais, estudamos algumas aplicações geométricas

dos integrais, nomedamente ao cálculo de áreas de figuras planas, de comprimentos de

linha, de volumes de sólidos de revolução e ainda de áreas laterais de sólidos de revolução.

Terminamos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos e res-

pectivas soluções.

No Capı́tulo 6, Integrais impróprios, estuda-se integrais com intervalo de integração

ilimitado ou função integranda ilimitada nesse intervalo, chamados integrais impróprios.

Para distinguir as diversas modalidades de integrais impróprios – intervalo de integração

ilimitado com função integranda limitada nos intervalos limitados contidos no intervalo de

integração, intervalo de integração limitado e função integranda ilimitada no intervalo de

integração e, finalmente, intervalo de integração ilimitado e função integranda ilimitada

no intervalo de integração – são usadas as expressões: integrais impróprios de 1.a espécie,

integrais impróprios de 2.a espécie e integrais impróprios de 3.a espécie ou mistos. Final-

mente, terminamos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos

e respectivas soluções.

O Capı́tulo 7, Séries numéricas, tem como objectivo principal estabelecer os resultados


iv

mais importantes da teoria das séries. Começa-se por introduzir a definição de série e por

estudar alguns tipos de séries particulares, nomeadamente, as séries geométricas e as séries

de Mengoli. Posteriormente, apresentam-se as propriedades gerais mais importantes e

estudadam-se as séries de termos não-negativos, sendo para tal introduzidos vários critérios

de convergência. A seguir são estudadas as séries de termos sem sinal determinado e são

introduzidos os conceitos de convergência simples e absoluta. Na parte final deste capı́tulo

é introduzido o conceito de resto de uma série, estuda-se a associação e reordenação dos

termos de uma série e ainda o produto de Cauchy de séries. Terminamos o capı́tulo com

exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos e respectivas soluções.

No Capı́tulo 8, Séries de potências, estudamos um caso particular das séries de funções,

chamadas séries de potências, cujos termos gerais são sucessões de funções. Nas duas

primeiras secções apresentamos os conceitos e resultados fundamentais das séries de potên-

cias e na Secção 8.3 estudamos as séries de Taylor e Maclaurin. Mais uma vez, terminamos

este capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos e soluções.

No Capı́tulo 9, Lista de matemáticos, apresentamos a lista dos matemáticos referidos

no texto.

Évora, 17 de Janeiro de 2014

Sandra Maria Santos Vinagre

Este texto resulta da evolução dos apontamentos escritos pela primeira vez no ano lec-

tivo 2012/13. Nos anos lectivos posteriores foram introduzidos alguns resultados teóricos,

as secções de exercı́cios resolvidos e foram feitas diversas correcções com vista ao seu

aperfeiçoamento. Na última versão foi introduzido o capı́tulo intitulado “Listra de ma-

temáticos”.
v

Quero agradecer aos leitores todas as sugestões e crı́ticas que ao longo dos anos me

fizeram chegar.

Évora, 15 de Julho de 2020

Sandra Maria Santos Vinagre


vi
Conteúdo

1 Noções topológicas em R 1

1.1 Noções topológicas em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1.3 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

1.4 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2 Cálculo diferencial em R 27

2.1 Funções elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.1.1 Funções polinomiais e funções racionais . . . . . . . . . . . . . . . . 29

2.1.2 Funções exponencias e logarı́tmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.1.3 Funções trigonométricas directas e inversas . . . . . . . . . . . . . . 36

2.1.4 Funções hiperbólicas directas e inversas . . . . . . . . . . . . . . . . 43

2.2 Limite e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

2.3 Derivada de uma função num ponto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

2.4 Derivadas laterais e derivadas infinitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

2.5 Propriedades da derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

2.6 Derivação de funções monótonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . 93

2.8.1 Aplicações da Fórmula de Taylor: extremos relativos, pontos de

inflexão e inderterminações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101


vii
viii

2.9 Assı́mptotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

2.10 Representação gráfica de funções reais de uma variável real . . . . . . . . . 111

2.11 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

2.12 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193

2.13 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207

3 Primitivação 215

3.1 Definições e generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

3.2 Técnicas de primitivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217

3.2.1 Primitivas imediatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217

3.2.2 Métodos gerais de primitivação: primitivação por decomposição, por

partes e por substituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220

3.2.3 Primitivação de funções polinomiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 224

3.2.4 Primitivação de funções racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226

3.3 Racionalização de algumas funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237

3.3.1 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (ex ) . . . . . . . . . . . 238


  p2   pn !
ax + b q2 ax + b qn
3.3.2 Racionalização de f (x) = R x, ,..., . . 239
cx + d cx + d
√ 
3.3.3 Racionalização de funções do tipo f (x) = R ax + b . . . . . . . . 240
 √ 
3.3.4 Racionalização de funções do tipo f (x) = R x, ax2 + bx + c ,

com a 6= 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240

3.3.5 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (sen x, cos x) . . . . . . 241

3.3.6 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (sen x) cos x . . . . . . . 242

3.3.7 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (cos x) sen x . . . . . . . 242

3.4 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246

3.5 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298

3.6 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304


ix

4 Cálculo integral em R 311

4.1 Integral de Riemann: motivação geométrica e definições . . . . . . . . . . . 312

4.2 Somas de Darboux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 317

4.3 Propriedades do integral de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323

4.4 Caracterização das funções integráveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333

4.5 Teoremas fundamentais do cálculo integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338

4.6 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349

4.7 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379

4.8 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 386

5 Aplicações dos integrais 389

5.1 Áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389

5.2 Comprimentos de linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 400

5.3 Volumes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 404

5.4 Áreas laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 410

5.5 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 413

5.6 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 440

5.7 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 443

6 Integrais impróprios 445

6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 446

6.2 Integrais impróprios de 2.a espécie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 461

6.3 Integrais impróprios de 3.a espécie ou mistos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 468

6.4 Algumas aplicações dos integrais impróprios . . . . . . . . . . . . . . . . . . 470

6.5 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 477

6.6 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 503

6.7 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 506


x

7 Séries de números reais 507

7.1 Definições e generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 510

7.2 Série geométrica, séries de Mengoli e série harmónica . . . . . . . . . . . . . 512

7.3 Propriedades gerais das séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 516

7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet . . . . . . . . . . . . . . 519

7.5 Séries de termos sem sinal determinado. Convergência simples e absoluta . 535

7.6 Resto de uma série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542

7.7 Associação e reordenação dos termos de uma série . . . . . . . . . . . . . . 545

7.8 Produto de séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 549

7.9 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 553

7.10 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 590

7.11 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 597

8 Séries de potências 599

8.1 Definições e generalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 599

8.2 Integração e derivação de séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . 604

8.3 Séries de Taylor e Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 606

8.4 Exercı́cios resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 617

8.5 Exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 631

8.6 Soluções dos exercı́cios propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 634

9 Lista de matemáticos 637

Bibliografia 659
Lista de Figuras

1.1 Vizinhança de centro a e raio δ, Vδ (a) = (a − δ, a + δ) . . . . . . . . . . . . 3

1
2.1 Gráfico da função f (x) = √ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
9 − x2
2.2 Exemplos de funções quadráticas, com a2 > 0 e a2 < 0. . . . . . . . . . . . . 30

2.3 Gráfico de f (x) = xn , com n ∈ N, a) n par e b) n > 1 ı́mpar. . . . . . . . . 31

2.4 Gráfico de h (x) = x−n , com n ∈ N, a) n par e b) n ı́mpar. . . . . . . . . . . 32



2.5 Gráfico de g (x) = n x, com n ∈ N, a) n par para x ∈ [0, +∞) e b) n > 1

ı́mpar para x ∈ R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

2.6 Gráfico de f (x) = ax a) a = 1, b) a > 1 e c) 0 < a < 1. . . . . . . . . . . . 34

2.7 Gráfico de f (x) = loga x a) a > 1 e b) 0 < a < 1. . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.8 Gráfico de a) f (x) = ex e b) f (x) = ln x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2.9 Gráfico de h (x) = sen x em R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37


h π πi
2.10 Gráfico de a) f (x) = sen x em − , e b) f −1 (x) = arcsen x em [−1, 1] . 37
2 2
2.11 Gráfico de h (x) = cos x em R. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

2.12 Gráfico de a) f (x) = cos x em [0, π] e b) f −1 (x) = arccos x em [−1, 1] . . . . 39


nπ o
2.13 Gráfico de h (x) = tg x em R\ + kπ : k ∈ Z . . . . . . . . . . . . . . . . 40
 2π π 
2.14 Gráfico de a) f (x) = tg x em − , e b) f −1 (x) = arctg x em R. . . . . 40
2 2
2.15 Gráfico de h (x) = cotg x em R\ {kπ : k ∈ Z} . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

2.16 Gráfico de a) f (x) = cotg x em (0, π) e b) f −1 (x) = arccotg x em R. . . . . 42

2.17 Gráfico de a) f (x) = senh x em R e b) f (x) = cosh x em R. . . . . . . . . . 44

2.18 Gráfico de a) f −1 (x) = argsenh x em R e b) f −1 (x) = argcosh x em [0, +∞) . 44


xi
xii

2.19 Representação gráfica do limite de uma função num ponto. . . . . . . . . . 46

2.20 Representação geométrica da derivada de uma função num ponto. . . . . . . 52

2.21 Representação geométrica das derivadas laterais. . . . . . . . . . . . . . . . 55

2.22 Representação geométrica das derivadas infinitas a) f ′ (a) = +∞ e

b) f ′ (a) = −∞. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

2.23 Representação geométrica das derivadas infinitas laterais a) fe′ (a) = −∞,

fd′ (a) = +∞ e b) fe′ (a) = +∞, fd′ (a) = −∞. . . . . . . . . . . . . . . . . . 57


1
2.24 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 sen se x = 6 0 e
x
f (x) = 0 se x = 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

2.25 Gráfico da função a) f : R −→ R definida por f (x) = x3 e b) f −1 : R −→ R



definida por f −1 (x) = 3 x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
1 x
2.26 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 sen + se x 6= 0 e
x 2
f (x) = 0 se x = 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

2.27 Interpretação geométrica do Teorema de Rolle. . . . . . . . . . . . . . . . . 77

2.28 Interpretação geométrica do Teorema de Lagrange. . . . . . . . . . . . . . . 80

2.29 Gráfico de uma função e algumas rectas tangentes para ilustrar o sentido

da concavidade da função num ponto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104


ex − 1
2.30 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = se x 6= 0 e
x
f (0) = 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3x3
2.31 Gráfico da função f : R\ {−2, 2} −→ R definida por f (x) = 2 .. . . . . 115
x −4
ln x
2.32 Gráfico da função f : R+ −→ R definida por f (x) = . . . . . . . . . . . 119
x
2.33 Rectângulo de lados x e y. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

2.34 Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = x4 e da recta tangente

ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124

2.35 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = −x2 + 7 se x < 2 e

f (x) = x + 1 se x ≥ 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

2.36 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 se x < 1 e f (x) =


xiii

2x − 1 se x ≥ 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125

2.37 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = |x − 2| . . . . . . . . . . 126



2.38 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = 3
x. . . . . . . . . . . . 127

2.39 Gráficos da função f e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, 2) . . . 134

2.40 Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.11.28 e 2.11.29. . . . . . . . . . . . . . 159

2.41 Gráficos das funções no Exercı́cio 2.11.30. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170


x2 − 4
2.42 Gráfico da função f : R\ {0} −→ R definida por f (x) = . . . . . . . . 173
x
x3
2.43 Gráfico da função f : R\ {−1, 1} −→ R definida por f (x) = 2 . . . . . . 177
x −1
2.44 Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = xex . . . . . . . . . . . . 181
r
1
2.45 Gráfico da função definida por f (x) = x (x − 6). . . . . . . . . . . . . . 185
3
2.46 Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 + 1 se x ≥ 0 e

f (x) = ex se x < 0 e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) . . 187

2.47 Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = ex−1 se x < 1 e

f (x) = 1 + ln x se x ≥ 1 e da recta tangente ao gráfico de f no ponto

(1, f (1)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189


2x
2.48 Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = se x ≤ 0 e
1 + x2
f (x) = 1 − e3x se x > 0 e da recta tangente ao gráfico de f no ponto

(−1, f (−1)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191

2.49 Representação gráfica de um rectângulo inscrito na parábola y = 9 − x2 ,

com y ≥ 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191

2.50 Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 a) e b). . . . . . . . . . . . . . . 211

2.51 Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 c) e d). . . . . . . . . . . . . . . 211

2.52 Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 e) e f). . . . . . . . . . . . . . . 211

2.53 Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 g) e h). . . . . . . . . . . . . . . 211

2.54 Gráfico da função no Exercı́cio 2.12.56 i). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212

2.55 Gráfico da função no Exercı́cio 2.12.64 e). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213


xiv

4.1 Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f. . . . . . . . . . . . . . . 312

4.2 Representação geométrica dos rectângulos de base [xi−1 , xi ] e altura f (ξ i ) ,

na figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos

xx e pelo gráfico de f. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313

4.3 Representação geométrica dos rectângulos de base [xi−1 , xi ] e altura f (ξ i ) ,

na figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos

xx e pelo gráfico de f. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 314

4.4 Representação geométrica dos rectângulos de base [xi−1 , xi ] e altura f (ξ i ) ,

na figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos

xx e pelo gráfico de f. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 314

4.5 Representação geométrica de uma partição P do intervalo [a, b] . . . . . . . 315

4.6 Representação geométrica da soma inferior de Darboux. . . . . . . . . . . . 318

4.7 Representação geométrica da soma superior de Darboux. . . . . . . . . . . . 318

4.8 Gráfico da função de Thomae. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331


1
4.9 Gráfico da funçãof (x) = sen se x = 6 0 e f (0) = 0. . . . . . . . . . . . . . 336
x
4.10 Gráfico da função escada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337

4.11 Representação geométrica do Corolário 4.5.2. . . . . . . . . . . . . . . . . . 340

4.12 Gráfico das funções a) f e b) F da Observação 4.5.4. . . . . . . . . . . . . . 341

4.13 Gráfico da função no Exercı́cio 4.7.15. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 387

5.1 Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f. . . . . . . . . . . . . . . 390

5.2 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais


π
x = 0 e x = , pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no
2
Exemplo 5.1.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 390

5.3 Representação geométrica das figuras planas limitadas pelas rectas verticais

x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelos gráficos de f e −f. . . . . . . . . . . 391


xv

5.4 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais


π
x = − e x = 0, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x,
2
no Exemplo 5.1.2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 392

5.5 Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f. . . . . . . . . . . . . . . 393

5.6 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = 2π, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no

Exemplo 5.1.3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393

5.7 Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelos gráficos de f em [a, c] e g em [c, b] . . 394

5.8 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x = y 3 ,

x + y = 2 e y = 0, no Exemplo 5.1.4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 395

5.9 Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b e pelos gráficos de f e g. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 395

5.10 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = 1 e pelos gráficos das funções f (x) = x e g (x) = x2 , no

Exemplo 5.1.5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 396

5.11 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

pelas curvas x = 1 e x = e e pelos gráficos das funções f (x) = ln x e

g (x) = ex , no Exemplo 5.1.6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 397

5.12 Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b e pelos gráficos de f e g. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 397

5.13 Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b e pelos gráficos de f, g e h. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 398

5.14 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais



x = 0 e x = 4 e pelos gráficos das funções f (x) = x, g (x) = x2 e
x 4
h (x) = − + , no Exemplo 5.1.7. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 399
3 3
xvi

5.15 Representação geométrica do gráfico de f entre as rectas verticais x = a e

x = b. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 400

5.16 Representação geométrica da linha poligonal inscrita no gráfico de f entre

as rectas verticais x = a e x = b. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 401

5.17 Representação geométrica do gráfico da função f (x) = 3x entre as rectas

verticais x = 0 e x = 2, no Exemplo 5.2.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 402

5.18 Representação geométrica a) da hipociclóide no Exemplo 5.2.3 e b) da parte

da hipociclóide que se encontra no primeiro quadrante. . . . . . . . . . . . . 403

5.19 Representação geométrica do cardióide no Exemplo 5.2.5. . . . . . . . . . . 404

5.20 Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos xx da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e

x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 405

5.21 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verti-

cais x = −R e x = R, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) =



R2 − x2 , no Exemplo 5.3.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 406

5.22 Representação geométrica da esfera de raio 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . 406

5.23 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = π, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no

Exemplo 5.3.2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407

5.24 Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = π, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no

Exemplo 5.3.2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 407

5.25 Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos xx da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e

x = b e pelos gráficos de f e g. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 408


xvii

5.26 Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo de equação y = K da figura plana limitada pelas rectas

verticais x = a e x = b, pelo gráfico de f e pela recta y = K. . . . . . . . . . 409

5.27 Representação geométrica sólido de revolução gerado pela rotação em torno

do eixo dos yy da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 0 e

x = π, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no Exemplo

5.3.3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 410

5.28 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 1 e x = 4, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y 2 = 2x (com

y > 0), no Exemplo 5.4.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411

5.29 Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 1 e x = 4, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y 2 = 2x (com

y > 0), no Exemplo 5.4.1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 412

5.30 Representação geométrica das regiões do plano no Exercı́cio 5.5.1. . . . . . 418

5.31 Representação geométrica da região do plano no Exercı́cio 5.5.2. . . . . . . 419

5.32 Representação geométrica dos arcos das curvas no Exercı́cio 5.5.3. . . . . . 421

5.33 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = 2, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y = x2 e o

correspondente sólido de revolução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 422

5.34 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = 1, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de y = ex e o correspondente

sólido de revolução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423

5.35 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais



x = 0 e x = 2, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y = 2x e o

correspondente sólido de revolução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423


xviii

5.36 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = 2, pelo gráfico da recta y = x e pelo gráfico da parábola



y = 2x e os correspondentes sólidos de revolução. . . . . . . . . . . . . . . 424

5.37 Representação geométrica da região do plano limitada pelas pelas curvas

y = x3 , y = 0 e y = 8 e o correspondente sólido de revolução (em torno do

eixo das ordenadas). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 425

5.38 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = x3 ,

y = 0 e x = 2 e o correspondente sólido de revolução (em torno do eixo das

abcissas). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 426

5.39 Representação geométrica da região do plano limitada pelo gráfico da parábola

y = x2 e pelo gráfico da recta y = x + 2 e os correspondentes sólidos de

revolução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429

5.40 Representação geométrica da região do plano limitada pelo gráfico da parábola

y = (x − 1)2 e pelo gráfico da recta y = x + 1 e os correspondentes sólidos

de revolução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 431

5.41 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas x = 0,

x = 3, y = x e o eixo dos xx e o correspondente sólido de revolução. . . . . 432

5.42 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = |x|

e y = x2 e os correspondentes sólidos de revolução. . . . . . . . . . . . . . . 434

5.43 Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 1 e x = 2, pelo eixo dos xx e pela curva y = ex e o correspondente

sólido de revolução (em torno do eixo das abcissas). . . . . . . . . . . . . . 435

5.44 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = ex ,

y = x − 1, x = 1 e x = 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 436

5.45 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = x2 ,


x2
y= e y = 2x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 437
2
xix

5.46 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x2 +y 2 =

8 e y 2 = 2x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 438

5.47 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y =


1 x2
e y = . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 439
1 + x2 2

6.1 Representação geométrica da região do plano limitada pelo gráfico da função


1
f (x) = e pelo eixo dos xx. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 471
1 + x2
6.2 Representação geométrica da região do primeiro quadrante limitada pelo
1
gráfico da função f (x) = , pela recta vertical x = 1 e pelo eixo dos xx. . . 472
x
6.3 Representação geométrica da região do primeiro quadrante limitada pelo
1
gráfico da função f (x) = √ , pela recta vertical x = 1 e pelo eixo dos xx. . 472
x
6.4 Representação geométrica da região do primeiro quadrante limitada pelo
1
gráfico da função f (x) = √ , pelas rectas verticais x = 0 e x = 1 e pelo
x
eixo dos xx. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 473

6.5 Representação geométrica do sólido de revolução no Exemplo 6.4.5. . . . . . 475

6.6 Representação geométrica do sólido de revolução no Exemplo 6.4.6. . . . . . 475

6.7 Representação geométrica do sólido de revolução no Exemplo 6.4.7. . . . . . 476

6.8 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x = 1,


1
y = 0 e y = 2 e o correspondente sólido de revolução. . . . . . . . . . . . . 494
x
6.9 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x = 1,
1
x = 2, y = 0 e y = e o correspondente sólido de revolução. . . . . . . 496
x−1
1
6.10 Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = 2 ,
x
y = 0 e y = x. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 499

6.11 Representação geométrica das regiões no Exercı́cios 6.5.12. a) e b). . . . . . 501

7.1 Aquiles e a tartaruga. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 508

7.2 “Escada infinita” no Exercı́cio 7.10.23. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 596


xx

9.1 Niels Abel

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Abel/, 12 de Julho de

2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 637

9.2 Jean d’Alembert

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/DAlembert/, 12 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 638

9.3 Arquimedes

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Archimedes/, 8 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 639

9.4 Isaac Barrow

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Barrow/, 10 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 639

9.5 Jacob Bernoulli

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Bernoulli Jacob/, 10 de

Julho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 640

9.6 Bernard Bolzano

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Bolzano/, 4 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 640

9.7 Georg Cantor

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Cantor/, 11 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 641

9.8 Augustin Cauchy

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Cauchy/, 4 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 642

9.9 Bonaventura Cavalieri

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Cavalieri/, 9 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 642
xxi

9.10 Gaston Darboux

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Darboux/, 4 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 643

9.11 Lejeune Dirichlet

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Dirichlet/, 11 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 644

9.12 Pierre de Fermat

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Fermat/, 4 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 644

9.13 James Gregory

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Gregory/, 10 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 645

9.14 Paul Guldin

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Guldin/, 10 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 645

9.15 Guillaume de L’Hospital

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/De LHopital/, 4 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 646

9.16 Johannes Kepler

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Kepler/, 9 de Julho de

2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 646

9.17 Joseph-Louis Lagrange

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Lagrange/, 4 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 647

9.18 Henri Lebesgue

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Lebesgue/, 11 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 648


xxii

9.19 Gottfried Leibniz

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Leibniz/, 4 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 648

9.20 Rudolf Lipschitz

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Lipschitz/, 12 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 649

9.21 Colin Maclaurin

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Maclaurin/, 5 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 649

9.22 Pietro Mengoli

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Mengoli/, 12 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 650

9.23 Franz Mertens

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Mertens/, 12 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 651

9.24 Isaac Newton

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Newton/, 4 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 651

9.25 Joseph Raabe

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Raabe/, 12 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 652

9.26 Bernhard Riemann

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Riemann/, 10 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 652

9.27 Gregorius Saint-Vincent

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Saint-Vincent/, 9 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 653


xxiii

9.28 Hermann Schwarz

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Schwarz/, 11 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 654

9.29 Brook Taylor

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Taylor/, 4 de Julho de

2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 654

9.30 Carl Johannes Thomae

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Thomae/, 11 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 655

9.31 Vincenzo Viviani

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Viviani/, 9 de Julho

de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 655

9.32 Karl Weierstrass

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Weierstrass/, 4 de Ju-

lho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 656

9.33 Zenão de Eleia

(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Zeno of Elea/, 12 de

Julho de 2020). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 657


xxiv
Lista de Tabelas

3.1 Algumas substituições aconselhadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244

xxv
xxvi
Capı́tulo 1

Noções topológicas em R

Neste capı́tulo introduzimos a noção de vizinhança e a partir desta outras noções

topológicas em R importantes. Terminamos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma

lista de exercı́cios propostos e respectivas soluções.

1.1 Noções topológicas em R

Começamos por introduzir a noção de módulo ou valor absoluto ou norma de um

número real seguida da noção de distância ou métrica.

Definição 1.1.1 Seja x ∈ R. Chama-se módulo de x, e representa-se por |x| , a


(
x se x > 0,
|x| =
−x se x ≤ 0.

Algumas das propriedades no teorema seguinte serão usadas muitas vezes na sequência.

Teorema 1.1.2 (Propriedades do módulo) Sejam x, y, z, a, b ∈ R. Então,

i) |x| = max {x, −x} ;

ii) |x| ≥ 0, com |x| = 0 sse x = 0;

iii) |−x| = |x| ;

iv) − |x| ≤ x ≤ |x| ;


1
2 Noções topológicas em R

v) |x| ≤ a sse −a ≤ x ≤ a;

vi) |x − b| ≤ a sse b − a ≤ x ≤ b + a;

vii) |x + y| ≤ |x| + |y| ;

viii) |xy| = |x| |y| ;

ix) |x| − |y| ≤ ||x| − |y|| ≤ |x − y| ;

x) |x − y| ≤ |x − z| + |z − y| ;
x |x|
xi) se y 6= 0, = ;
y |y|
xii) se n ∈ N, |xn | = |x|n .

Demonstração: Ver, por exemplo, [CS 97] ou [JCF 90]. 

Definição 1.1.3 Diz-se que num conjunto X está definida uma distância ou métrica

quando a cada par x, y ∈ X está associado um número real d (x, y) com as propriedades

seguintes:

i) d (x, y) ≥ 0, com d (x, y) = 0 sse x = y;

ii) d (x, y) = d (y, x) (simetria);

iii) d (x, y) ≤ d (x, z) + d (z, y) (desigualdade triangular).

Ao conjunto X munido da distância chama-se espaço métrico.

Definição 1.1.4 Sejam x, y ∈ R. Definimos distância de x a y por

d (x, y) = |x − y| .

Observação 1.1.5 Resulta imediatamente do Teorema 1.1.2 que a distância anterior ve-

rifica as propriedades na Definição 1.1.3.

Apresentamos de seguida algumas noções de grande importância para o estudo de

funções reais de variável real, nomeadamente, para o estabelecimento de propriedades que


1.1 Noções topológicas em R 3

envolvem o conceito de limite. Começamos pela noção de vizinhança.

Definição 1.1.6 Sejam a ∈ R e δ > 0. Chama-se vizinhança aberta de centro a e raio δ,

e representa-se por Vδ (a) ou Iδ (a) ou V (a, δ) , ao conjunto de todos os números reais x

cuja distância a a é menor do que δ,

Vδ (a) = {x ∈ R : d (x, a) < δ} = {x ∈ R : |x − a| < δ} ,

isto é, o intervalo aberto (a − δ, a + δ) , ver Figura 1.1.

a −δ a a +δ

Figura 1.1: Vizinhança de centro a e raio δ, Vδ (a) = (a − δ, a + δ) .

Exemplo 1.1.7 i) A vizinhança de centro 4 e raio 10 é o conjunto V10 (4) = (−6, 14) ;

ii) A vizinhança de centro −1 e raio 1 é o conjunto V1 (−1) = (−2, 0) ;

iii) A vizinhança de centro 0 e raio δ é o conjunto Vδ (0) = (−δ, δ) , para qualquer

δ > 0.

Vamos definir agora, a partir da noção de vizinhança, outras noções topológicas im-

portantes.

Definição 1.1.8 Sejam a ∈ R e A ⊆ R.

i) Diz-se que a é interior a A sse existir uma vizinhança de a contida em A, isto é,

sse existir δ > 0 tal que Vδ (a) ⊆ A.

Ao conjunto dos pontos interiores a A chama-se interior de A e representa-se por

int (A) .
4 Noções topológicas em R

ii) Diz-se que a é exterior a A sse é interior ao seu complementar, isto é, sse existir

uma vizinhança de a que não intersecta A, isto é, sse existir δ > 0 tal que Vδ (a) ∩ A = ∅,

isto é, Vδ (a) ⊆ R\A.

Ao conjunto dos pontos exteriores a A chama-se exterior de A e representa-se por

ext (A) .

iii) Diz-se que a é fronteiro a A sse qualquer vizinhança de a intersecta A e o seu

complementar, isto é, sse qualquer que seja δ > 0 se tem Vδ (a)∩A 6= ∅ e Vδ (a)∩(R\A) 6= ∅.

Ao conjunto dos pontos fronteiros a A chama-se fronteira de A e representa-se por

f r (A) .

iv) Diz-se que a é aderente a A sse qualquer vizinhança de a intersecta A, isto é, sse

qualquer que seja δ > 0 se tem Vδ (a) ∩ A 6= ∅.

Ao conjunto dos pontos aderentes a A chama-se fecho de A ou aderência de A e

representa-se por A ou ad (A) .

Observação 1.1.9 Sejam a ∈ R e A ⊆ R. As afirmações seguintes são consequências das

definições anteriores:

i) a é exterior a A sse a é interior a R\A;

ii) a é fronteiro a A sse a é fronteiro a R\A;

iii) a é fronteiro a A sse a não é interior a A e a não é exterior a A;

iv) um ponto interior a A pertence a A e um ponto exterior a A pertence a R\A;

v) se a ∈ A, então a é aderente a A.

Observação 1.1.10 Seja A ⊆ R. As afirmações seguintes são consequências das de-

finições e observações anteriores:

i) ext (A) = int (R\A) e int (A) = ext (R\A) ;


1.1 Noções topológicas em R 5

ii) f r (A) = f r (R\A) ;

iii) int (A)∪ext (A)∪f r (A) = R, sendo os conjuntos int (A) , ext (A) e f r (A) disjuntos

dois a dois, isto é, int (A) ∩ ext (A) = ∅, int (A) ∩ f r (A) = ∅ e ext (A) ∩ f r (A) = ∅;

iv) int (A) ⊆ A, ext (A) ⊆ R\A e A ⊆ A;

v) A = int (A) ∪ f r (A) = A ∪ f r (A) .

Exemplo 1.1.11 Seja A = {0, 1, 2} .

Então, int (A) = ∅, ext (A) = R\A, f r (A) = A e A = A.

Exemplo 1.1.12 Seja A = [0, 1] um intervalo de R.

Então, int (A) = (0, 1) , ext (A) = (−∞, 0) ∪ (1, +∞) , f r (A) = {0, 1} e A = [0, 1] .

Exemplo 1.1.13 Sejam A = [a, b] , B = (a, b) , C = [a, b) e D = (a, b] intervalos de R,

com a < b.

Então, int (A) = int (B) = int (C) = int (D) = (a, b) , ext (A) = ext (B) = ext (C) =

= ext (D) = (−∞, a) ∪ (b, +∞) , f r (A) = f r (B) = f r (C) = f r (D) = {a, b} e A = B =

= C = D = [a, b] .

 
1
Exemplo 1.1.14 Seja A = :n∈N .
n
Então, int (A) = ∅, ext (A) = R\ (A ∪ {0}) , f r (A) = A ∪ {0} e A = A ∪ {0} .

Definição 1.1.15 Seja A ⊆ R.

i) Diz-se que um conjunto A é aberto sse A = int (A) .

ii) Diz-se que um conjunto A é fechado sse A = A.

Observação 1.1.16 Como int (A) ⊆ A e A ⊆ A, resulta que A é aberto sse A ⊆ int (A)

e que A é fechado sse A ⊆ A.


6 Noções topológicas em R

Exemplo 1.1.17 i) O conjunto A = {0, 1, 2} é fechado.

ii) O conjunto A = [0, 1] é fechado.

iii) O conjunto A = [a, b] , com a < b, é fechado.

iv) O conjunto B = (a, b) , com a < b, é aberto.

v) Os conjuntos C = [a, b) e D = (a, b] , com a < b, não são abertos nem fechados.

vi) O conjunto {0} é fechado.

vii) O conjunto (0, 1) ∪ {5, 6} não é aberto nem fechado.

viii) O conjunto (0, 1) ∪ (2, 3) é aberto.

ix) Os conjuntos ∅ e R são abertos e fechados.

Observação 1.1.18 Pelo exemplo anterior, podemos afirmar que existem conjuntos aber-

tos, conjuntos fechados, conjuntos que não são abertos nem fechados e conjuntos que são

abertos e fechados.

Observação 1.1.19 Seja A ⊆ R. As afirmações seguintes são consequências das de-

finições e observações anteriores:

i) A é fechado sse f r (A) ⊆ A;

ii) A é aberto sse f r (A) ∩ A = ∅;

iii) A é aberto sse R\A é fechado;

iv) A é fechado sse R\A é aberto.

Demonstração: i) Se A é fechado, então A = A = A ∪ f r (A) , pelo que f r (A) ⊆ A.

Reciprocamente, se f r (A) ⊆ A, então A = A ∪ f r (A) = A.

ii) Se A é aberto, então f r (A) ∩ A = f r (A) ∩ int (A) e, pela Observação 1.1.10,

f r (A)∩int (A) = ∅. Reciprocamente, provemos que se f r (A)∩A = ∅, então A = int (A) ,

isto é, que A ⊆ int (A) e que int (A) ⊆ A. Ora, se x ∈ int (A) , então x ∈ A. Por outro
1.1 Noções topológicas em R 7

lado, se x ∈ A, então x ∈ int (A) ou x ∈ f r (A) . Mas, como f r (A) ∩ A = ∅, tem-se que

x ∈ int (A) .

iii) O conjunto A é aberto sse A = int (A), pelo que A é aberto sse f r (A) ⊆ R\A.

Como f r (A) = f r (R\A) , resulta que A é aberto sse f r (R\A) ⊆ R\A. Ora, pela alı́nea

i), tem-se que f r (R\A) ⊆ R\A sse R\A é fechado, o que prova o resultado.

iv) Pela alı́nea anterior, R\A é aberto sse R\ (R\A) = A é fechado. 

Teorema 1.1.20 A intersecção de um número finito de conjuntos abertos é um conjunto

aberto.
m
\
Demonstração: Sejam A1 , A2 , . . . , Am conjuntos abertos e A = Ai .
i=1
Se A = ∅, então A é aberto.

Se A 6= ∅, então existe pelo menos um elemento a em A, pelo que a ∈ Ai , com

i = 1, 2, . . . , m. Como todos os Ai são abertos, tem-se que, para cada i, existe δ i > 0 tal

que Vδi (a) ⊆ Ai .

Se δ = min {δ 1 , δ 2 , . . . , δ m } , então Vδ (a) ⊆ Ai , com i = 1, 2, . . . , m, pelo que


m
\
Vδ (a) ⊆ Ai = A.
i=1
Concluı́mos assim que para todo o a ∈ A existe δ > 0 tal que Vδ (a) ⊆ A, isto é, que A

é aberto. 

Observação 1.1.21 A intersecção de um número infinito de conjuntos abertos pode não

ser um conjunto aberto.


 
1 1
Com efeito, consideremos, para cada n ∈ N, o conjunto aberto An = − , . Então,
n n
+∞
\
A= An = {0} , que não é um conjunto aberto.
n=1

Corolário 1.1.22 A união de um número finito de conjuntos fechados é um conjunto

fechado.
8 Noções topológicas em R

m
[
Demonstração: Sejam F1 , F2 , . . . , Fm conjuntos fechados e F = Fi .
i=1
O conjunto F ser fechado é uma consequência da Observação 1.1.19 e do Teorema
m m
!
[ \
1.1.20, pois R\ Fi = (R\Fi ) é um conjunto aberto. 
i=1 i=1

Observação 1.1.23 A união de um número infinito de conjuntos fechados pode não ser

um conjunto fechado.
 
1
Com efeito, consideremos, para cada n ∈ N, o conjunto fechado Fn = , n . Então,
n
+∞
[
F = Fn = (0, +∞) , que não é um conjunto fechado.
n=1  
1 1
Consideremos agora, para cada n ∈ N, o conjunto fechado Fn = ,3 − . Então,
n n
+∞
[
F = Fn = (0, 3) , que também não é um conjunto fechado.
n=1

Teorema 1.1.24 A união de conjuntos abertos é um conjunto aberto.

Demonstração: Sejam (Ai )i∈I uma colecção, finita ou infinita, de conjuntos abertos e
[
A= Ai .
i∈I
Se a ∈ A, então existe j ∈ I tal que a ∈ Aj . Como todos os Ai são abertos, também

Aj é aberto, pelo que existe δ > 0 tal que Vδ (a) ⊆ Aj .

Concluı́mos assim que para todo o a ∈ A existe δ > 0 tal que Vδ (a) ⊆ A, isto é, que A

é aberto. 

Corolário 1.1.25 A intersecção de conjuntos fechados é um conjunto fechado.

Demonstração: Sejam (Fi )i∈I uma colecção, finita ou infinita, de conjuntos fechados e
\
F = Fi .
i∈I
O conjunto F ser fechado é uma consequência da Observação 1.1.19 e do Teorema
!
\ [
1.1.24, pois R\ Fi = (R\Fi ) é um conjunto aberto. 
i∈I i∈I
1.1 Noções topológicas em R 9

Definição 1.1.26 Seja A ⊆ R.

i) Diz-se que a ∈ R é ponto de acumulação ou ponto limite de A sse qualquer vi-

zinhança de a contém pelo menos um ponto de A distinto de a, isto é, sse qualquer que

seja δ > 0 se tem Vδ (a) ∩ (A\ {a}) 6= ∅.

Ao conjunto dos pontos de acumulação de A chama-se derivado de A e representa-se

por A′ .

ii) Diz-se que a ∈ A é ponto isolado de A sse existir uma vizinhança de a cuja

intersecção com A é o próprio ponto a, isto é, sse existir δ > 0 tal que Vδ (a) ∩ A = {a} .

O conjunto dos pontos isolados de A representa-se por isol (A) .

Observação 1.1.27 Da definição anterior resulta que um ponto ou é ponto isolado ou é

ponto de acumulação e ainda que um ponto isolado de A pertence a A e que um ponto de

acumulação de A pode não pertencer a A.

Exemplo 1.1.28 Seja A = (0, 1) ∪ {5, 6} .

Então, A′ = [0, 1] e isol (A) = {5, 6} .


 
1
Exemplo 1.1.29 Seja A = :n∈N .
n
Então, A′ = {0} e isol (A) = A.

(−1)n
 
Exemplo 1.1.30 Seja A = :n∈N .
n
Então, A′ = {0} e isol (A) = A.
 
1
Exemplo 1.1.31 Seja A = : n ∈ N .
2n
Então, A′ = {0} e isol (A) = A.

Exemplo 1.1.32 Seja A = {2n : n ∈ N} .

Então, A′ = ∅ e isol (A) = A.


10 Noções topológicas em R

Exemplo 1.1.33 Seja A = (0, 1) ∩ Q.

Então, A′ = [0, 1] e isol (A) = ∅.

Proposição 1.1.34 Sejam a ∈ R e A ⊆ R. O ponto a é ponto de acumulação de A sse

qualquer vizinhança de a contém infinitos pontos de A.

Demonstração: Se qualquer vizinhança de a contém infinitos pontos de A, então a é

ponto de acumulação de A, é imediata.

Para provar a recı́proca, provemos que se existir uma vizinhança de a com um número

finito de pontos de A, então a não é ponto de acumulação.

Seja Vδ (a) a vizinhança de a com um número finito de pontos de A, isto é, a vizinhan-

ça que verifica Vδ (a) ∩ (A\ {a}) = {x1 , x2 , . . . , xn } . Então, fazendo ε = min{|a − x1 | ,

|a − x2 | , . . . , |a − xn |}, resulta que ε > 0 e que a vizinhança Vε (a) ⊆ Vδ (a) não contém

qualquer ponto de A distinto de a. Portanto, a não é ponto de acumulação. 

Observação 1.1.35 Da proposição anterior resulta que qualquer conjunto finito não tem

pontos de acumulação.

Já sabemos que qualquer conjunto finito não tem pontos de acumulação, acontecendo

o mesmo com alguns conjuntos infinitos, por exemplo, com N e Z. O teorema seguinte dá

uma condição suficiente, mas não necessária, para que um conjunto infinito tenha pelo

menos um ponto de acumulação.

Definição 1.1.36 Um conjunto A ⊆ R diz-se limitado sse ∃L > 0 ∀x ∈ A : |x| ≤ L.

Teorema 1.1.37 (Teorema de Bolzano-Weierstrass) Qualquer subconjunto de R,

limitado e infinito, tem pelo menos um ponto de acumulação.


1.1 Noções topológicas em R 11

Demonstração: Ver, por exemplo, [CS 97] ou [JCF 90]. 

Definição 1.1.38 Diz-se que um conjunto é compacto sse é limitado e fechado.


12 Noções topológicas em R

1.2 Exercı́cios resolvidos

1.2.1. Considere o conjunto

n √ o
A= x∈Q:0≤x≤ 5 .

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:
 √ 
Começamos por notar que A = 0, 5 ∩ Q.
√   √   √ 
Assim, int(A) = ∅, ext(A) = (−∞, 0) ∪ 5, +∞ , fr(A) = 0, 5 , A = 0, 5 ,
 √ 
A′ = 0, 5 , isol(A) = ∅.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado,

pois basta tomar, por exemplo, L = 3 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.2. Considere o conjunto

(−1)n
 
A= :n∈N .
n

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

int(A) = ∅, ext(A) = R\ (A ∪ {0}) , fr(A) = A ∪ {0} , A = A ∪ {0} , A′ = {0} ,

isol(A) = A.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado,

pois basta tomar, por exemplo, L = 2 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.
1.2 Exercı́cios resolvidos 13

1.2.3. Considere o conjunto


 
5
A= :n∈N .
n

Indique o interior, o exterior, a fronteira e o fecho de A. Diga ainda, justificando, se A

é aberto ou fechado.

Resolução:

int(A) = ∅, ext(A) = R\ (A ∪ {0}) , fr(A) = A ∪ {0} , A = A ∪ {0} .

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , e não é fechado, pois A 6= A.

1.2.4. Considere o conjunto

n √ o
A = x ∈ R\Q : 0 ≤ x ≤ 5 .

Indique o interior, o exterior, a fronteira e o fecho de A. Diga ainda, justificando, se A

é aberto ou fechado.

Resolução:
 √ 
Começamos por notar que A = 0, 5 ∩ (R\Q) .
√   √   √ 
Assim, int(A) = ∅, ext(A) = (−∞, 0) ∪ 5, +∞ , fr(A) = 0, 5 , A = 0, 5 .

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , e não é fechado, pois A 6= A.

1.2.5. Considere o conjunto

A = {x ∈ R : |x + 3| ≤ 4 ∧ x + 5 > 0} ∩ Q.

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.


14 Noções topológicas em R

Resolução:

Comecemos por notar que

A = {x ∈ R : |x + 3| ≤ 4 ∧ x + 5 > 0} ∩ Q =

= {x ∈ R : −4 ≤ x + 3 ≤ 4 ∧ x > −5} ∩ Q =

= {x ∈ R : −7 ≤ x ≤ 1 ∧ x > −5} ∩ Q = (−5, 1] ∩ Q.

Assim, int(A) = ∅, ext(A) = (−∞, −5) ∪ (1, +∞) , fr(A) = [−5, 1] , A = [−5, 1] ,

A′ = [−5, 1] , isol(A) = ∅.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado,

pois basta tomar, por exemplo, L = 6 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.6. Considere o conjunto

A = x ∈ Q : x3 > x .


Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

Comecemos por notar que

x ∈ Q : x3 > x = x ∈ Q : x3 − x > 0 =
 
A =

x ∈ Q : x x2 − 1 > 0 = {x ∈ Q : x (x − 1) (x + 1) > 0} =
 
=

= ((−1, 0) ∪ (1, +∞)) ∩ Q.

Assim, int(A) = ∅, ext(A) = (−∞, −1) ∪ (0, 1) , fr(A) = [−1, 0] ∪ [1, +∞) , A =

= [−1, 0] ∪ [1, +∞) , A′ = [−1, 0] ∪ [1, +∞) , isol(A) = ∅.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e não é

limitado, pois não exite L > 0 tal que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.
1.2 Exercı́cios resolvidos 15

1.2.7. Considere o conjunto

A = x ∈ R : x3 > x .


Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

Comecemos por notar que

x ∈ R : x3 > x = x ∈ R : x3 − x > 0 =
 
A =

x ∈ R : x x2 − 1 > 0 = {x ∈ R : x (x − 1) (x + 1) > 0} =
 
=

= (−1, 0) ∪ (1, +∞) .

Assim, int(A) = (−1, 0) ∪ (1, +∞) , ext(A) = (−∞, −1) ∪ (0, 1) , fr(A) = {−1, 0, 1} ,

A = [−1, 0] ∪ [1, +∞) , A′ = [−1, 0] ∪ [1, +∞) , isol(A) = ∅.

O conjunto A é aberto, pois A =int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e não é limitado,

pois não exite L > 0 tal que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.8. Considere o conjunto


 n 
1
A= − :n∈N .
5

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

int(A) = ∅, ext(A) = R\ (A ∪ {0}) , fr(A) = A ∪ {0} , A = A ∪ {0} , A′ = {0} ,

isol(A) = A.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado,

pois basta tomar, por exemplo, L = 1 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.
16 Noções topológicas em R

1.2.9. Considere o conjunto


  
1
A= , π \Q ∪ ([1, 3] ∩ Q) .
2

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:
  
1
Comecemos por notar que A = , 1 ∩ (R\Q) ∪ [1, 3] ∪ ([3, π] ∩ Q) .
2   
1 1
Assim, int(A) = (1, 3) , ext(A) = −∞, ∪ (π, +∞) , fr(A) = , 1 ∪ [3, π] , A =
    2 2
1 1
= , π , A′ = , π , isol(A) = ∅.
2 2
O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado,

pois basta tomar, por exemplo, L = 4 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.10. Considere o conjunto

A = {x ∈ R : 3 < |x| < 4} .

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

Comecemos por notar que

A = {x ∈ R : 3 < |x| < 4} = {x ∈ R : |x| > 3 ∧ |x| < 4} =

= {x ∈ R : (x < −3 ∨ x > 3) ∧ (−4 < x < 4)} = (−4, −3) ∪ (3, 4) .

Assim, int(A) = (−4, −3) ∪ (3, 4) , ext(A) = (−∞, −4) ∪ (−3, 3) ∪ (4, +∞) , fr(A) =

= {−4, −3, 3, 4} , A = [−4, −3] ∪ [3, 4] , A′ = [−4, −3] ∪ [3, 4] , isol(A) = ∅.

O conjunto A é aberto, pois A =int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado, pois

basta tomar, por exemplo, L = 5 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.
1.2 Exercı́cios resolvidos 17

1.2.11. Considere o conjunto

A = x ∈ R : x2 − 2x − 3 ≥ 0 .


Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

Comecemos por notar que

x ∈ R : x2 − 2x − 3 ≥ 0 = {x ∈ R : (x + 1) (x − 3) ≥ 0} =

A =

= (−∞, −1] ∪ [3, +∞) .

Assim, int(A) = (−∞, −1) ∪ (3, +∞) , ext(A) = (−1, 3) , fr(A) = {−1, 3} , A =

= (−∞, −1] ∪ [3, +∞) , A′ = (−∞, −1] ∪ [3, +∞) , isol(A) = ∅.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , é fechado, pois A = A, e não é limitado,

pois não exite L > 0 tal que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.12. Considere o conjunto


 
3n
A= :n∈N .
n+2

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

Comecemos por notar que


   
3n 6
A= :n∈N = 3− :n∈N .
n+2 n+2

Assim, int(A) = ∅, ext(A) = R\ (A ∪ {3}) , fr(A) = A ∪ {3} , A = A ∪ {3} , A′ = {3} ,

isol(A) = A.
18 Noções topológicas em R

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado,

pois basta tomar, por exemplo, L = 3 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.13. Considere o conjunto

A = n2 + 1 : n ∈ N .


Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

int(A) = ∅, ext(A) = R\A, fr(A) = A, A = A, A′ = ∅, isol(A) = A.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , é fechado, pois A = A, e não é limitado,

pois não exite L > 0 tal que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.14. Considere o conjunto

3n2
 
A= :n∈N .
n+2

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

int(A) = ∅, ext(A) = R\A, fr(A) = A, A = A, A′ = ∅, isol(A) = A.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , é fechado, pois A = A, e não é limitado,

pois não exite L > 0 tal que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.15. Considere o conjunto

(−5)n
 
A= :n∈N .
n
1.2 Exercı́cios resolvidos 19

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

int(A) = ∅, ext(A) = R\A, fr(A) = A, A = A, A′ = ∅, isol(A) = A.

O conjunto A não é aberto, pois A 6=int(A) , é fechado, pois A = A, e não é limitado,

pois não exite L > 0 tal que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.16. Considere o conjunto

A = {x ∈ R : ln (|x|) < 0} .

Indique o interior, o exterior, a fronteira, o fecho, o derivado e o conjunto dos pontos

isolados de A. Diga ainda, justificando, se A é aberto, fechado ou limitado.

Resolução:

Comecemos por notar que

A = {x ∈ R : ln (|x|) < 0} = {x ∈ R : |x| < 1 ∧ |x| 6= 0} = (−1, 0) ∪ (0, 1) .

Assim, int(A) = (−1, 0) ∪ (0, 1) , ext(A) = (−∞, −1) ∪ (1, +∞) , fr(A) = {−1, 0, 1} ,

A = [−1, 1] , A′ = [−1, 1] , isol(A) = ∅.

O conjunto A é aberto, pois A =int(A) , não é fechado, pois A 6= A, e é limitado, pois

basta tomar, por exemplo, L = 1 para que se tenha que |x| ≤ L, para todo o x ∈ A.

1.2.17. Sempre que possı́vel, dê exemplo de um subconjunto A de R tal que:

a) A tenha interior vazio e derivado A′ = [0, 1] .

b) A seja ilimitado, com interior vazio e derivado A′ = [0, 1] ∪ {π} .

c) A seja infinito e tenha derivado A′ = ∅.


20 Noções topológicas em R

d) A seja não vazio e tenha fronteira igual ao derivado.

Resolução:

a) A = Q ∩ [0, 1] .
 
1
b) A = (Q ∩ [0, 1]) ∪ π + : n ∈ N ∪ N.
n
c) A = N.

d) A = Q ∩ [0, 1] .

1.2.18. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:

a) Sejam A e B dois subconjuntos de R. Se A ⊆ B, então fr (A) ⊆ fr (B) .

b) Seja A um conjunto não vazio. Se A ⊆ Q, então A ⊆ Q.

c) Se A é um conjunto fechado de R, então A = A′ .

d) Se A um conjunto não vazio e limitado, então A′ 6= ∅.

Resolução:

a) Falsa, basta tomar A = (0, 1) e B = (0, +∞) .

b) Falsa, basta tomar A = (0, 1) ∩ Q.

c) Falsa, basta tomar A = {0, 1} .

d) Falsa, basta tomar A = {0, 1} .


1.3 Exercı́cios propostos 21

1.3 Exercı́cios propostos

1.3.1. Exprima, como reunião de intervalos, os seguintes subconjuntos de R:


b) x ∈ R : x2 − 2 ≤ 1 ;

a) {x ∈ R : |2x + 1| ≤ 1} ;

x ∈ R : 3 − 2x + x2 < 5 ;

c) {x ∈ R : |x + 2| ≤ 3 ∧ x + 1 > 0} ; d)

e) {x ∈ R : 2 < |x| < 3} ; f ) {x ∈ R : |x| ≤ |x − 2|} .

1.3.2. Para cada um dos conjuntos no exercı́cio anterior, determine o conjunto dos

pontos interiores, exteriores, fronteiros, aderentes, de acumulção e isolados, indicando os

que são abertos ou fechados.

1.3.3. Determine o conjunto dos pontos interiores, exteriores, fronteiros, aderentes,

de acumulção e isolados dos seguintes subconjuntos de R, indicando os que são abertos ou

fechados:
 
1
a) [1, 2) ∪ {3} ; b) :n∈N ;
n
   
1 1 1
c) m + : m, n ∈ N ; d) + : m, n ∈ N ;
n m n

x ∈ R : x2 < 9 ;

e) {sen 1, sen 2, 1} ; f)

x ∈ R : x3 > x ;

g) (R\ (−1, +∞)) ∩ Q; h)
 
n m
o x−1 x
i) n(−1) : m, n ∈ N ; j) x ∈ R : > ;
x+3 x+2

k) {x ∈ R : 0 < |x − 3| ≤ 5} ; l) [0, 1] ∪ (2, 3] ∪ {6, 10} ;

m) N; n) Z;

o) Q; p) R\Q;

q) R; r) ∅.
22 Noções topológicas em R

1.3.4. Sempre que possı́vel, dê exemplo de um subconjunto de R que:

a) seja finito não vazio e aberto;

b) seja fechado mas não limitado;

c) seja igual ao seu derivado;

d) seja igual à sua fronteira;

e) tenha por exterior um intervalo limitado.

1.3.5. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:

a) Qualquer conjunto aberto só pode ser escrito como uma reunião de intervalos aber-

tos.

b) Um conjunto A ⊆ R é aberto sse R\A é fechado.

c) Um conjunto F ⊆ R é fechado sse R\F é aberto.

d) Seja A ⊆ R um subconjunto não vazio e A′ o seu derivado. Então, A = A ∩ A′ .

e) Seja A ⊆ R um subconjunto não vazio e A′ o seu derivado. Então, A = A ∪ A′ .

f ) Se A é um conjunto fechado, então int (A) = A.



g) Se A é um conjunto aberto, então int A = A.
1.4 Soluções dos exercı́cios propostos 23

1.4 Soluções dos exercı́cios propostos


 √   √ 
1.3.1. a) [−1, 0] ; b) − 3, −1 ∪ 1, 3 ; c) (−1, 1] ;
√ √ 
d) 1 − 3, 1 + 3 ; e) (−3, −2) ∪ (2, 3) ; f ) (−∞, 1] .

1.3.2. a) int (A) = (−1, 0) , ext (A) = (−∞, −1) ∪ (0, +∞) ,
fr (A) = {−1, 0} , A = [−1, 0] ,
A′ = [−1, 0] , isol (A) = ∅,
não aberto e fechado;
√  √  √  √ 
b) int (B) = − 3, −1 ∪ 1, 3 , ext (B) = −∞, − 3 ∪ (−1, 1) ∪ 3, +∞ ,
 √ √  √   √ 
fr (B) = − 3, −1, 1, 3 , B = − 3, −1 ∪ 1, 3 ,
 √   √ 
B ′ = − 3, −1 ∪ 1, 3 , isol (B) = ∅,
não aberto e fechado;

c) int (C) = (−1, 1) , ext (C) = (−∞, −1) ∪ (1, +∞) ,


fr (C) = {−1, 1} , C = [−1, 1] ,

C = [−1, 1] , isol (C) = ∅,
não aberto e não fechado;
√ √  √  √ 
d) int (D) = 1 − 3, 1 + 3 , ext (D) = −∞, 1 − 3 ∪ 1 + 3, +∞ ,
 √ √  √ √ 
fr (D) = 1 − 3, 1 + 3 , D = 1 − 3, 1 + 3 ,
 √ √ 
D′ = 1 − 3, 1 + 3 , isol (D) = ∅,
aberto e não fechado;

e) int (E) = (−3, −2) ∪ (2, 3) , ext (E) = (−∞, −3) ∪ (−2, 2) ∪ (3, +∞) ,
fr (E) = {−3, −2, 2, 3} , E = [−3, −2] ∪ [2, 3] ,
E ′ = [−3, −2] ∪ [2, 3] , isol (E) = ∅,
aberto e não fechado;

f) int (F ) = (−∞, 1) , ext (F ) = (1, +∞) ,


fr (F ) = {1} , F = (−∞, 1] ,

F = (−∞, 1] , isol (F ) = ∅,
não aberto e fechado.
24 Noções topológicas em R

1.3.3. a) int (A) = (1, 2) , ext (A) = (−∞, 1) ∪ (2, 3) ∪ (3, +∞) ,
fr (A) = {1, 2, 3} , A = [1, 2] ∪ {3} ,
A′ = [1, 2] , isol (A) = {3} ,
não aberto e não fechado;

b) int (B) = ∅, ext (B) = R\ (B ∪ {0}) ,


fr (B) = B ∪ {0} , B = B ∪ {0} ,

B = {0} , isol (B) = B,
não aberto e não fechado;

c) int (C) = ∅, ext (C) = R\ (C ∪ N) ,


fr (C) = C ∪ N, C = C ∪ N,
C ′ = N, isol (C) = C\N,
não aberto e não fechado;
  
1
d) int (D) = ∅, ext (D) = R\ D ∪ {0} ∪ :n∈N ,
n

  
1 1
fr (D) = D ∪ {0} ∪ :n∈N , D = D ∪ {0} ∪ :n∈N ,
n n
   
′ 1 1
D = {0} ∪ :n∈N , isol (D) = D\ :n∈N ,
n n
não aberto e não fechado;

e) int (E) = ∅, ext (E) = R\E,


fr (E) = E, E = E,
E ′ = ∅, isol (E) = E,
não aberto e fechado;

f) int (F ) = (−3, 3) , ext (F ) = (−∞, −3) ∪ (3, +∞) ,


fr (F ) = {−3, 3} , F = [−3, 3] ,

F = [−3, 3] , isol (F ) = ∅,
aberto e não fechado;

g) int (G) = ∅, ext (G) = (−1, +∞) ,


fr (G) = (−∞, −1] , G = (−∞, −1] ,
G′ = (−∞, −1] , isol (G) = ∅,
não aberto e não fechado;
1.4 Soluções dos exercı́cios propostos 25

1.3.3. h) int (H) = (−1, 0) ∪ (1, +∞) , ext (H) = (−∞, −1) ∪ (0, 1) ,
fr (H) = {−1, 0, 1} , H = [−1, 0] ∪ [1, +∞) ,
H ′ = [−1, 0] ∪ [1, +∞) , isol (H) = ∅,
aberto e não fechado;

i) int (I) = ∅, ext (I) = R\ (I ∪ {0}) ,


fr (I) = I ∪ {0} , I = I ∪ {0} ,

I = {0} , isol (I) = I,
não aberto e não fechado;

j) int (J) = (−∞, −3) ∪ (−2, −1) , ext (J) = (−3, −2) ∪ (−1, +∞) ,
fr (J) = {−3, −2, −1} , J = (−∞, −3] ∪ [−2, −1] ,
J ′ = (−∞, −3] ∪ [−2, −1] , isol (J) = ∅,
aberto e não fechado;

k) int (K) = (−2, 3) ∪ (3, 8) , ext (K) = (−∞, −2) ∪ (8, +∞) ,
fr (K) = {−2, 3, 8} , K = [−2, 8] ,

K = [−2, 8] , isol (K) = ∅,
não aberto e não fechado;

l) int (L) = (0, 1) ∪ (2, 3) , ext (L) = (−∞, 0) ∪ (1, 2) ∪ (3, 6) ∪ (6, 10) ∪ (10, +∞) ,
fr (L) = {0, 1, 2, 3, 6, 10} , L = [0, 1] ∪ [2, 3] ∪ {6, 10} ,
L′ = [0, 1] ∪ [2, 3] , isol (L) = {6, 10} ,
não aberto e não fechado;

m) int (M ) = ∅, ext (M ) = R\M,


fr (M ) = M, M = M,

M = ∅, isol (M ) = M,
não aberto e fechado;

n) int (N ) = ∅, ext (N ) = R\N,


fr (N ) = N, N = N,
N ′ = ∅, isol (N ) = N,
não aberto e fechado;
26 Noções topológicas em R

1.3.3. o) int (O) = ∅, ext (O) = ∅,


fr (O) = R, O = R,
O′ = R, isol (O) = ∅,
não aberto e não fechado;

p) int (P ) = ∅, ext (P ) = ∅,
fr (P ) = R, P = R,

P = R, isol (P ) = ∅,
não aberto e não fechado;

q) int (Q) = Q, ext (Q) = ∅,


fr (Q) = ∅, Q = Q,
Q′ = Q, isol (Q) = ∅,
aberto e fechado;

r) int (R) = R, ext (R) = R,


fr (R) = ∅, R = ∅,

R = ∅, isol (R) = ∅,
aberto e fechado.

1.3.4. a) impossı́vel; b) R; c) [0, 1] ; d) {0} ; e) (−∞, 0] ∪ (3, +∞) .

1.3.5. a) F. b) V. c) V. d) F. e) V. f ) F. g) F.
Capı́tulo 2

Cálculo diferencial em R

Foi com Pierre de Fermat que parece ter surgido pela primeira vez, no século XVII,

a noção de derivada de uma função num ponto. Fermat observou que a existência de

rectas tangentes horizontais a uma curva está relacionada com a existência de máximos e

mı́nimos. Mais tarde, Isaac Newton e Gottfried Leibniz descobriram a relação entre recta

tangente e velocidade de um corpo e introduziram a noção de derivada com o objectivo

de definir rigorosamente a noção de velocidade.

Este capı́tulo é dedicado ao estudo das derivadas e da diferenciabilidade de funções reais

de variável real. As duas primeiras secções são preliminares, onde se apresentam algumas

funções elementares, nomeadamente, funções polinomiais e racionais, funções exponencias

e logarı́tmicas, funções trigonométricas directas e inversas e funções hiperbólicas direc-

tas e inversas, e onde se recordam, muito brevemente, os conceitos de limite e de função

contı́nua. Nas duas secções seguintes apresentamos os conceitos básicos do cálculo dife-

rencial em R e nas Secções 2.5 e 2.6 algumas propriedades das funções diferenciáveis. Na

Secção 2.7 apresentamos os teoremas fundamentais do cálculo diferencial, Teoremas de

Darboux, Rolle, Lagrange e Cauchy, e duas regras, regras de L’Hospital e Cauchy, que

permitem calcular limites quando temos situações de indeterminação. Na oitava secção

apresentamos um estudo breve do Teorema de Taylor, também chamado Fórmula de Tay-


27
28 Cálculo diferencial em R

lor, e algumas das suas aplicações, nomeadamente, no estudo dos extremos e pontos de

inflexão de uma função e no levantamento de indeterminações. De seguida, nas Secções 2.9

e 2.10, introduzimos a noção de assı́mptota, com o objectivo de estudar o comportamento

assimptótico de uma função, e apresentamos detalhadamente a representação gráfica de

algumas funções reais de variável real. Finalmente, e à semelhança do que foi feito para o

capı́tulo anterior, terminamos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios

propostos e respectivas soluções.

2.1 Funções elementares

Antes de apresentarmos as funções elementares, começamos por recordar alguns con-

ceitos, nomeadamente, de função, domı́nio, contradomı́nio, entre outros.

Definição 2.1.1 Sejam A e B dois conjuntos. Chama-se função definida em A com

valores em B a toda a correspondência entre A e B que a cada elemento x ∈ A faz

corresponder um único elemento y ∈ B e representa-se por y = f (x) , onde x é a variável

independente e y é a variável dependente.

Ao conjunto A chama-se domı́nio de f ou conjunto onde a função f está definida e

representa-se por D ou D (f ) ou Df .

Ao conjunto onde a função toma valores, isto é, ao conjunto dos valores que são

imagem pela função f dos elementos de A chama-se contradomı́nio de f e representa-se

por CD ou CD (f ) ou CDf .

A notação

f : A −→ B

indica que f é uma função definida em A com valores em B.


2.1 Funções elementares 29

O gráfico de uma função f : A −→ B é o subconjunto G (f ) do produto cartesiano

A × B formado pelos pares ordenados (x, y) , onde x ∈ A e y = f (x) ∈ B, isto é,

G (f ) = {(x, y) : x ∈ A ∧ y = f (x) ∈ B} .

Diz-se que f : A −→ B é uma função real de variável real sse A ⊆ R e B ⊆ R.

1
Exemplo 2.1.2 A função f : D −→ R definida por f (x) = √ tem por domı́nio o
9 − x2
conjunto

D = x ∈ R : 9 − x2 > 0 = (−3, 3)


 
1
e por contradomı́nio o conjunto , +∞ , sendo o seu gráfico apresentado na Figura 2.1.
3

-3 3

-1

1
Figura 2.1: Gráfico da função f (x) = √ .
9 − x2

Como referimos no inı́cio deste capı́tulo vamos agora estudar algumas funções elemen-

tares.

2.1.1 Funções polinomiais e funções racionais

As funções polinomiais são funções da forma

p (x) = an xn + an−1 xn−1 + an−2 xn−2 + · · · + a1 x + a0 ,


30 Cálculo diferencial em R

onde n ∈ N0 é o grau do polinómio e a0 , a1 , . . . , an ∈ R são os coeficientes.

Em particular, se n = 0, p (x) = a0 é uma função constante e o seu gráfico é uma recta

paralela ao eixo das abcissas, coincidindo com o eixo se a0 = 0. Se n = 1, p (x) = a1 x + a0

é uma função afim e o seu gráfico é uma recta não vertical com declive a1 e intersecção

com o eixo das ordenadas em a0 . Se n = 2, p (x) = a2 x2 + a1 x + a0 , com a2 6= 0, é uma

função quadrática e o seu gráfico é uma parábola com concavidade voltada para cima se

a2 > 0 ou voltada para baixo se a2 < 0, ver Figura 2.2.

a2 < 0

a2 >0

Figura 2.2: Exemplos de funções quadráticas, com a2 > 0 e a2 < 0.

Definição 2.1.3 i) Diz-se que uma função f é par sse f (x) = f (−x) .

ii) Diz-se que uma função f é ı́mpar sse f (x) = −f (−x) .

Observação 2.1.4 O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo das or-

denadas e o gráfico de uma função ı́mpar é simétrico em relação à origem.

Outros casos particulares de funções polinomiais são as determinadas por potências

inteiras e positivas de x, isto é, as funções da forma

f (x) = xn , com n ∈ N.
2.1 Funções elementares 31

Neste caso, se n for par temos que f é uma função par e se n for ı́mpar temos que f é

uma função ı́mpar, ver Figura 2.3.


aL bL

Figura 2.3: Gráfico de f (x) = xn , com n ∈ N, a) n par e b) n > 1 ı́mpar.

As funções polinomiais são casos particulares das funções racionais. As funções racio-

nais são funções da forma


P (x)
h (x) = ,
Q (x)

onde P (x) e Q (x) são polinómios na variável x. Casos particulares destas funções, que

não são funções polinomiais, são, por exemplo, as funções da forma

h (x) = x−n , com n ∈ N.

Também neste caso h é par se n é par e é ı́mpar se n é ı́mpar, ver Figura 2.4.

Antes de introduzirmos outros exemplos importantes de funções reais de variável real,

recordemos as noções de função injectiva, sobrejectiva, bijectiva, restrição e prolonga-

mento.

Definição 2.1.5 i) Diz-se que uma função f : A −→ B é injectiva sse para quaisquer

x, y ∈ A a condição f (x) = f (y) implica x = y. Por outras palavras, f é injectiva sse

para quaisquer x, y ∈ A a condição x 6= y implica f (x) 6= f (y) . Se f é injectiva, diz-se

que f é uma injecção.


32 Cálculo diferencial em R

aL bL

Figura 2.4: Gráfico de h (x) = x−n , com n ∈ N, a) n par e b) n ı́mpar.

ii) Diz-se que uma função f : A −→ B é sobrejectiva sse o seu contradomı́nio f (A) é

igual a B, isto é, sse f (A) = B. Por outras palavras, f é sobrejectiva sse para cada y ∈ B

existe pelo menos um x ∈ A tal que y = f (x) .

iii) Diz-se que uma função f : A −→ B é bijectiva sse é injectiva e sobrejectiva. Se f

é bijectiva, diz-se que f é uma bijecção.

iv) Sejam f e g duas funções tais que f : A ⊆ R −→ R e g : B ⊆ R −→ R. Diz-se

que g é um prolongamento de f sse A ⊆ B e g (x) = f (x) para todo o x ∈ A. Neste caso,

diz-se que f é uma restrição de g.

Como é sabido, uma função é invertı́vel se for injectiva. Das funções nos exemplos

anteriores, são injectivas as funções da forma f (x) = xn e h (x) = x−n , com n ∈ N

e n ı́mpar. Em ambos os casos, quando n é par as funções não são injectivas, mas se

considerarmos as suas restrições, por exemplo, a R+ já são invertı́veis.

Definição 2.1.6 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função injectiva. Diz-se que a função

g : f (D) ⊆ R −→ R tal que g (f (x)) = x, para cada x ∈ D, é a inversa de f e represen-

ta-se por f −1 .
2.1 Funções elementares 33

Consideremos de novo as funções nos exemplos anteriores, mais especificamente, consi-

deremos f : R −→ R definida por f (x) = xn , com n ∈ N. Quando n é ı́mpar, como se trata



de uma função injectiva, admite função inversa em R a qual é definida por g (x) = n
x

para qualquer x ∈ R. Quando n é par, consideremos a restrição a [0, +∞) para que seja

uma função injectiva, sendo a inversa definida por g (x) = n
x para qualquer x ∈ [0, +∞),

ver Figura 2.5.

aL bL


Figura 2.5: Gráfico de g (x) = n
x, com n ∈ N, a) n par para x ∈ [0, +∞) e b) n > 1
ı́mpar para x ∈ R.

2.1.2 Funções exponencias e logarı́tmicas

Comecemos por recordar as propriedades da potência, para a, b ∈ R+ e x, y ∈ R :

i) ax ay = ax+y ;

ii) ax bx = (ab)x ;
ax
iii) = ax−y ;
ay
a x  a x
iv) x = ;
b b
v) (ax )y = axy .

Chama-se função exponencial de base a à função real de variável real f : R −→ R

definida por f (x) = ax , com a > 0, cujos gráficos são apresentados na Figura 2.6.
34 Cálculo diferencial em R

aL

bL cL

1 1

Figura 2.6: Gráfico de f (x) = ax a) a = 1, b) a > 1 e c) 0 < a < 1.

A função exponencial de base a, com a 6= 1, é uma função injectiva, pelo que admite

função inversa. À inversa da função exponencial de base a, com a 6= 1, chama-se função

logarı́tmica de base a, a qual tem por domı́nio R+ , contradomı́nio R e a cada x faz cor-

responder o logaritmo de x na base a, que se representa por loga x, podendo dizer-se que

loga x é o número a que se deve elevar a base a para se obter x. Assim,

f : R −→ R+ , f −1 : R+ −→ R,

x 7−→ ax , x 7−→ loga x,


onde a ∈ R+ \{1}.

Na Figura 2.7 apresentamos os gráficos da função logarı́tmica de base a nos casos a > 1

e 0 < a < 1.

Observação 2.1.7 Nas condições anteriores tem-se

y = loga x ⇔ ay = x.
2.1 Funções elementares 35

aL bL

1 1

Figura 2.7: Gráfico de f (x) = loga x a) a > 1 e b) 0 < a < 1.

Recordemos agora as propriedades dos logaritmos, para a, b ∈ R+ \{1}, x, y ∈ R+ e

p∈R:

i) loga (xy) = loga x + loga y;


 
x
ii) loga = loga x − loga y;
y
iii) loga xp = p loga x;

iv) logb x = loga x logb a.

Um caso especial das funções exponenciais é a função exponecial de base e, isto é, a

função f : R −→ R+ definida por f (x) = ex , cuja função inversa é a função f −1 : R+ −→ R

definida por f (x) = loge x, ver Figura 2.8. Note-se que loge x pode ser representado por

ln x ou log x e designa-se por logaritmo neperiano de x.

aL bL
e-

1 1
È
1 1 e

Figura 2.8: Gráfico de a) f (x) = ex e b) f (x) = ln x.


36 Cálculo diferencial em R

Observação 2.1.8 Terminamos o estudo destas funções, exponenciais e logarı́tmicas,

com uma nota sobre como passar de uma base a para a base e.

Com efeito, como


x)
ax = eln(a = ex ln a ,

tem-se

ax = ex ln a .

Por outro lado, sejam y = loga x e z = logb x. Então, x = ay e x = bz , pelo que

a y = bz

que é equivalente a

y = z loga b

que é equivalente a

loga x = logb x loga b,

para todo o x > 0 e para todos os a, b > 0.

Assim,

loge x = loga x loge a,

ou ainda,

ln x = loga x ln a,

para todo o x > 0 e para todo o a > 0.

2.1.3 Funções trigonométricas directas e inversas

Seno e arco seno

Consideremos a função h : R −→ [−1, 1] definida por h (x) = sen x, cujo gráfico é

apresentado na Figura 2.9.


2.1 Funções elementares 37

5 Π -2 Π 3 Π -Π - €€€€
Π Π 3Π 5Π
-3 Π- €€€€€€€€ - €€€€€€€€ 2
€€€€
2
Π €€€€€€€€ 2 Π €€€€€€€€ 3 Π
2 2 2 2

-1

Figura 2.9: Gráfico de h (x) = sen x em R.

Esta função não é injectiva, pelo que não admite inversa (a correpondência inversa

de h não é função). No entanto, existem infinitas restrições de h que são invertı́veis.


h π πi
Seja f a restrição de h ao intervalo − , . Neste intervalo f é injectiva e, portanto,
2 2
a correspondência inversa, f −1 , é uma função. Então, f −1 tem por domı́nio [−1, 1] ,
h π πi
contradomı́nio − , e a cada x faz corresponder o arco ou o ângulo cujo seno é x, que
2 2
se representa por arcsen x. Na Figura 2.10 apresentamos os gráficos das funções f e f −1 ,

isto é, das funções

h π πi h π πi
f: − , −→ [−1, 1] , f −1 : [−1, 1] −→ − , ,
2 2 2 2
x 7−→ sen x, x 7−→ arcsen x.

aL 1 bL
Π
€€€€
2

Π Π -1 1
- €€€€ €€€€
2 2

Π
-1 - €€€€
2

h π πi
Figura 2.10: Gráfico de a) f (x) = sen x em − , e b) f −1 (x) = arcsen x em [−1, 1] .
2 2
38 Cálculo diferencial em R

Observação 2.1.9 i) Nas condições anteriores tem-se

y = arcsen x ⇔ sen y = x.

ii) Outra restrição de h invertı́vel seria, por exemplo, a restrição de h ao inter-


 
π 3π
valo , . No entanto, para cada função trigonométrica há uma restrição chamada
2 2
h π πi
restrição principal, que no caso da função seno é a restrição ao intervalo − , .
2 2
Mais, a função h (x) = sen x é invertı́vel quando restringida a qualquer dos intervalos
h π πi
kπ − , kπ + , com k ∈ Z.
2 2

Coseno e arco coseno

Consideremos a função h : R −→ [−1, 1] definida por h (x) = cos x, cujo gráfico é

apresentado na Figura 2.11.

5 Π -2 Π 3 Π -Π - €€€€
Π Π 3Π 5Π
-3 Π- €€€€€€€€ - €€€€€€€€ 2
€€€€
2
Π €€€€€€€€ 2 Π €€€€€€€€ 3 Π
2 2 2 2

-1

Figura 2.11: Gráfico de h (x) = cos x em R.

Analogamente ao que se fez para a função seno, consideremos a restrição de h ao

intervalo [0, π, ] , a que se chama restrição principal, no qual h é injectiva, e designemo-la

por f. A função inversa de f, f −1 , tem por domı́nio [−1, 1] , contradomı́nio [0, π] e a cada

x faz corresponder o arco ou o ângulo cujo coseno é x, que se representa por arccos x. Na

Figura 2.12 apresentamos os gráficos das funções f e f −1 , isto é, das funções
2.1 Funções elementares 39

f : [0, π] −→ [−1, 1] , f −1 : [−1, 1] −→ [0, π] ,

x 7−→ cos x, x 7−→ arccos x.

aL 1
bL Π

Π
Π €€€€
€€€€ Π 2
2

-1
-1 1

Figura 2.12: Gráfico de a) f (x) = cos x em [0, π] e b) f −1 (x) = arccos x em [−1, 1] .

Observação 2.1.10 i) Nas condições anteriores tem-se

y = arccos x ⇔ cos y = x.

ii) Note-se que h (x) = cos x é invertı́vel quando restringida a qualquer dos intervalos

[kπ, π + kπ] , com k ∈ Z.

Tangente e arco tangente

Consideremos a função h : D ⊆ R −→ R definida por h (x) = tg x, onde


nπ o
D = R\ + kπ : k ∈ Z , cujo gráfico é apresentado na Figura 2.13.
2
Como esta função não é injectiva no seu domı́nio, consideremos a restrição de h ao
 π π
intervalo − , , a que se chama restrição principal, no qual h é injectiva, e designe-
2 2
 π π
mo-la por f. A função inversa de f, f −1 , tem por domı́nio R, contradomı́nio − , e
2 2
a cada x faz corresponder o arco ou o ângulo cuja tangente é x, que se representa por

arctg x. Na Figura 2.14 apresentamos os gráficos das funções f e f −1 , isto é, das funções
40 Cálculo diferencial em R

5 Π -2 Π 3 Π -Π - €€€€
Π Π 3Π 5Π
-3 Π- €€€€€€€€ - €€€€€€€€ 2
€€€€
2
Π €€€€€€€€ 2 Π €€€€€€€€ 3 Π
2 2 2 2

nπ o
Figura 2.13: Gráfico de h (x) = tg x em R\ + kπ : k ∈ Z .
2

 π π  π π
f: − , −→ R, f −1 : R −→ − , ,
2 2 2 2
x 7−→ tg x, x 7−→ arctg x.

aL Π
bL €€€€
2

Π Π
- €€€€ €€€€
2 2

Π
- €€€€
2

 π π
Figura 2.14: Gráfico de a) f (x) = tg x em − , e b) f −1 (x) = arctg x em R.
2 2

Observação 2.1.11 i) Nas condições anteriores tem-se

y = arctg x ⇔ tg y = x.

ii) Note-se que h (x) = tg x é invertı́vel quando restringida a qualquer dos intervalos
 π π
kπ − , kπ + , com k ∈ Z.
2 2
2.1 Funções elementares 41

Cotangente e arco cotangente

Consideremos a função h : D ⊆ R −→ R definida por h (x) = cotg x, onde

D = R\ {kπ : k ∈ Z} , cujo gráfico é apresentado na Figura 2.15.

5 Π -2 Π 3 Π -Π - €€€€
Π Π 3Π 5Π
-3 Π- €€€€€€€€ - €€€€€€€€ 2
€€€€
2
Π €€€€€€€€ 2 Π €€€€€€€€ 3 Π
2 2 2 2

Figura 2.15: Gráfico de h (x) = cotg x em R\ {kπ : k ∈ Z} .

Como esta função não é injectiva no seu domı́nio, consideremos a restrição de h ao

intervalo (0, π) , a que se chama restrição principal, no qual h é injectiva, e designemo-la

por f. A função inversa de f, f −1 , tem por domı́nio R, contradomı́nio (0, π) e a cada x

faz corresponder o arco ou o ângulo cuja cotangente é x, que se representa por arccotg x.

Na Figura 2.16 apresentamos os gráficos das funções f e f −1 , isto é, das funções

f : (0, π) −→ R, f −1 : R −→ (0, π) ,

x 7−→ cotg x, x 7−→ arccotg x.

Observação 2.1.12 i) Nas condições anteriores tem-se

y = arccotg x ⇔ cotg y = x.

ii) Note-se que h (x) = cotg x é invertı́vel quando restringida a qualquer dos intervalos

(kπ, π + kπ) , com k ∈ Z.


42 Cálculo diferencial em R

aL
bL Π

Π
Π €€€€
€€€€ Π 2
2

Figura 2.16: Gráfico de a) f (x) = cotg x em (0, π) e b) f −1 (x) = arccotg x em R.

Recordemos agora algumas fórmulas trigonométricas muito usadas na prática, nomea-

damente, a fórmula fundamental da trigonometria

sen2 x + cos2 x = 1,

as fórmulas da soma e diferença de ângulos

sen (x ± y) = sen x cos y ± cos x sen y,

cos (x ± y) = cos x cos y ∓ sen x sen y,

tg x ± tg y
tg (x ± y) = ,
1 ∓ tg x tg y
cotg x cotg y ∓ 1
cotg (x ± y) = ,
cotg x ± cotg y

as fórmulas de duplicação

2 tg x
sen (2x) = 2 sen x cos x = ,
1 + tg2 x

1 − tg2 x
cos (2x) = cos2 x − sen2 x = 1 − 2 sen2 x = ,
1 + tg2 x
2 tg x
tg (2x) = ,
1 − tg2 x

cotg2 x − 1
cotg (2x) = ,
2 cotg x
2.1 Funções elementares 43

as fórmulas de bissecção r
x 1 − cos x
sen = ± ,
2 2
r
x 1 + cos x
cos = ± ,
2 2
r
x 1 − cos x
tg = ± ,
2 1 + cos x
r
x 1 + cos x
cotg = ± ,
2 1 − cos x
e, por fim, as fórmulas de transformação
x+y x−y
sen x + sen y = 2 sen cos ,
2 2
x−y x+y
sen x − sen y = 2 sen cos ,
2 2
x+y x−y
cos x + cos y = 2 cos cos ,
2 2
x+y x−y
cos x − cos y = −2 sen sen .
2 2

2.1.4 Funções hiperbólicas directas e inversas

Chama-se seno hiperbólico à função definida por

ex − e−x
senh x = ,
2

de domı́nio e contrdomı́nio R. Chama-se coseno hiperbólico à função definida por

ex + e−x
cosh x = ,
2

de domı́nio R e contrdomı́nio [1, +∞) . Os gráficos destas funções são apresentados na

Figura 2.17.

Como se pode verificar facilmente, a primeira função é ı́mpar, a segunda é par e

cosh2 x − senh2 x = 1.
44 Cálculo diferencial em R

aL bL
2 2

1 1

-2 -1 1 2 -2 -1 1 2
-1 -1

-2 -2

Figura 2.17: Gráfico de a) f (x) = senh x em R e b) f (x) = cosh x em R.

A função seno hiperbólico tem inversa em R, que se designa por argumento seno hi-

perbólico e se representa por argsenh x. A função coseno hiperbólico só tem inversa se for

restringida, por exemplo, a [0, +∞) , que se designa por argumento coseno hiperbólico e se

representa por argcosh x. Os gráficos destas funções são apresentados na Figura 2.18.

aL bL
2 2

1 1

-2 -1 1 2 -2 -1 1 2
-1 -1

-2 -2

Figura 2.18: Gráfico de a) f −1 (x) = argsenh x em R e b) f −1 (x) = argcosh x em [0, +∞) .

Por analogia com as funções trigonométricas, podem ser definidas as funções tangente

hiperbólica e cotangente hiperbólica por

senh x cosh x
tgh x = e cotgh x = ,
cosh x senh x

respectivamente, e, tal como para as funções trigonométricas, existem relações entre as


2.2 Limite e continuidade 45

funções hiperbólicas, nomeadamente,


senh (x ± y) = senh x cosh y ± cosh x senh y,

cosh (x ± y) = cosh x cosh y ± senh x senh y,

tgh x ± tgh y
tgh (x ± y) = ,
1 ± tgh x tgh y

senh (2x) = 2 senh x cosh x,

cosh (2x) = cosh2 x − senh2 x,

2 tgh x
tgh (2x) = .
1 + tgh2 x

2.2 Limite e continuidade

Começamos por recordar a noção de limite de uma função real de variável real.

Definição 2.2.1 Sejam f : D ⊆ R −→ R, a um ponto de acumulação de D e b ∈ R.

Diz-se que b é o limite de f (x) , quando x tende para a, e escreve-se lim f (x) = b ou
x→a

f (x) → b quando x → a, sse para qualquer δ > 0, existe um número ε > 0 tal que para

todo o x ∈ D\ {a} com |x − a| < ε se tem |f (x) − b| < δ, isto é, sse

∀δ > 0 ∃ε > 0 ∀x ∈ D\ {a} : |x − a| < ε =⇒ |f (x) − b| < δ,

ou ainda, sse

∀δ > 0 ∃ε > 0 ∀x ∈ D : 0 < |x − a| < ε =⇒ |f (x) − b| < δ,

ver Figura 2.19.

Observação 2.2.2 i) Intuitivamente, o facto de b ser o limite de f (x) quando x tende

para a, significa que as imagens dos pontos do domı́nio, diferentes de a, estão tão próximas

quanto quisermos de b, desde que nos aproximemos suficientemente de a.


46 Cálculo diferencial em R

f
b +δ
b
b−δ

a+ε a a −ε x

Figura 2.19: Representação gráfica do limite de uma função num ponto.

ii) O facto de a ser ponto de acumulação de D permite aproximar-nos de a por pontos

do domı́nio diferentes dele próprio.

Note-se, portanto, que faz sentido falar de limite de f num ponto que não pertence

ao domı́nio de f , desde que seja ponto de acumulação do domı́nio. Por exemplo, para
sen x
a função f : R\ {0} −→ R definida por f (x) = , embora o zero não pertença ao
x
sen x
domı́nio da função, sabemos que lim f (x) = lim = 1. Neste caso, zero é ponto de
x→0 x→0 x

acumulação do domı́nio.

Por outro lado, não faz sentido falar de limite de uma função em pontos do domı́nio

que não sejam pontos de acumulação. Por exemplo, para uma função definida no conjunto

D = (0, 2] ∪ {5} , não faz sentido falar de limite no ponto 5. Neste caso, 5 não é ponto de

acumulação do domı́nio.

A seguir apresentamos as noções de continuidade de uma função num ponto e conti-

nuidade de uma função num conjunto.

Definição 2.2.3 Sejam f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D. Diz-se que f é contı́nua em a sse para


2.2 Limite e continuidade 47

qualquer δ > 0, existe um número ε > 0 tal que para todo o x ∈ D com |x − a| < ε se tem

|f (x) − f (a)| < δ, isto é, sse

∀δ > 0 ∃ε > 0 ∀x ∈ D : |x − a| < ε =⇒ |f (x) − f (a)| < δ.

Diz-se que f é descontı́nua em a caso não seja contı́nua em a e a diz-se uma descon-

tinuidade ou um ponto de descontinuidade.

Diz-se que f é contı́nua em A ⊆ D sse f é contı́nua em todos os pontos de A.

Exemplo 2.2.4 Provemos que a função f : R → R definida por f (x) = sen x é contı́nua

em R.

Comecemos por observar que

x−y x+y
|sen x| ≤ |x| , |cos x| ≤ 1 e sen x − sen y = 2 sen cos .
2 2

Seja δ > 0 arbitrário e procuremos ε > 0 tal que, para x ∈ D,

|x − a| < ε =⇒ |f (x) − f (a)| < δ.

Como

x−a x+a 1
|f (x) − f (a)| = |sen x − sen a| = 2 sen cos ≤ 2 |x − a| = |x − a| < ε,
2 2 2

escolhendo 0 < ε < δ tem-se que

|x − a| < ε =⇒ |f (x) − f (a)| < δ,

o que mostra que f é contı́nua em a.

Como a ∈ R é arbitrário, tem-se que a função seno é contı́nua em R.

Observação 2.2.5 i) Intuitivamente, f é contı́nua em a quando os pontos x que estão

próximos de a têm imagens f (x) próximas de f (a) .


48 Cálculo diferencial em R

ii) Se a é um ponto de acumulação de D, então comparando a definição de limite de

uma função num ponto (Definição 2.2.1) com a definição de função contı́nua num ponto

(Definição 2.2.3), tem-se que f é contı́nua em a sse

lim f (x) = f (a) . (2.1)


x→a

Portanto, se a é um ponto de acumulação de D, para que se tenha (2.1) é necessário

que se verifiquem três condições: 1) a função f esteja definida em a (para que f (a) faça

sentido), 2) o limite de f em a tem de existir em R (para que lim f (x) faça sentido) e
x→a

3) os valores de f (a) e lim f (x) sejam iguais.


x→a

Do ponto de vista da prática, esta caracterização é mais usada, para provar que uma

dada função é contı́nua num ponto, do que a própria definição de função contı́nua num

ponto.

iii) Nesta definição, ao contrário da definição de limite de uma função num ponto a, o

ponto em questão pode ser um ponto isolado do domı́nio. Neste caso, a função é contı́nua

no ponto a. Com efeito, dado δ > 0, tome-se ε > 0 tal que Vε (a) ∩ D = {a} (que existe

por a ser ponto isolado), então |x − a| < ε com x ∈ D é equivalente a x ∈ Vε (a) ∩ D e,

consequentemente, x = a, pelo que |f (x) − f (a)| = 0 < δ.

Portanto, se f está definida em D e a é um ponto isolado de D, então f é contı́nua

em a.

Por exemplo, se f : (0, 2] ∪ {5} → R, então f é contı́nua em 5, pois 5 é ponto isolado.

Note-se também que como 0 ∈


/ D, ao contrário da definição de limite, não faz sentido

falar de continuidade no ponto zero.

iv) Como a continuidade é automática para os pontos isolados, basta provar a continui-

dade nos pontos de acumulação e a condição (2.1) pode ser vista como uma caracterização

para a continuidade no ponto a.


2.3 Derivada de uma função num ponto 49

Assim podemos enunciar o teorema seguinte.

Teorema 2.2.6 Sejam f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D. A função f é contı́nua em a sse a for

ponto isolado ou, sendo ponto de acumulação, lim f (x) = f (a) .


x→a

2.3 Derivada de uma função num ponto

Definição 2.3.1 Sejam f : D ⊆ R −→ R uma função real de variável real e a um ponto

de acumulação de D e pertencente a D, isto é, a ∈ D′ ∩ D.

i) Diz-se que f é diferenciável ou derivável em a sse existe e é finito o limite

f (x) − f (a)
lim .
x→a x−a

A este limite, quando existe, chama-se a derivada de f em a e representa-se por f ′ (a) ou


df
(a) ou Df (a) . Assim,
dx
f (x) − f (a)
f ′ (a) = lim
x→a x−a

ou, fazendo a mudança de variável x = a + h,

f (a + h) − f (a)
f ′ (a) = lim .
h→0 h

ii) Diz-se que f é diferenciável ou derivável em D sse for diferenciável em todos

os pontos de D. Chama-se derivada de f à função que a cada x ∈ D associa f ′ (x) e


df
representa-se por f ′ (x) ou (x) ou Df (x) .
dx

Exemplo 2.3.2 Seja f : [0, 3] −→ R definida por f (x) = x−1. Esta função é diferenciável

no ponto 2 sendo a derivada dada por

f (x) − f (2) x−1−1


f ′ (2) = lim = lim = 1.
x→2 x−2 x→2 x−2
50 Cálculo diferencial em R

Exemplo 2.3.3 Seja f : R −→ R definida por f (x) = x2 . Esta função é diferenciável em

qualquer ponto a ∈ R sendo a derivada dada por

f (x) − f (a) x2 − a (x − a) (x + a)
f ′ (a) = lim = lim = lim = lim (x + a) = 2a.
x→a x−a x→a x − a x→a x−a x→a

Exemplo 2.3.4 Seja f : R −→ R definida por f (x) = C, com C ∈ R. Esta função é

diferenciável em R sendo a derivada dada por

f (x + h) − f (x) C −C 0
f ′ (x) = lim = lim = lim = 0.
h→0 h h→0 h h→0 h

Exemplo 2.3.5 Seja f : R −→ R definida por f (x) = ex . Esta função é diferenciável em

R sendo a derivada dada por

f (x + h) − f (x) ex+h − ex eh − 1
f ′ (x) = lim = lim = ex lim = ex .
h→0 h h→0 h h→0 h

Exemplo 2.3.6 Seja f : (0, +∞) −→ R definida por f (x) = ln x. Esta função é diferen-

ciável em (0, +∞) sendo a derivada dada por


 
h
ln 1 +
′ f (x + h) − f (x) ln (x + h) − ln x x
f (x) = lim = lim = lim =
 h  h h
h→0 h→0 h→0
h
ln 1 +
1 x 1
= lim = .
x h→0 h x
x

Exemplo 2.3.7 Seja f : R −→ R definida por f (x) = sen x. Esta função é diferenciável

em R sendo a derivada dada por

f (x + h) − f (x) sen (x + h) − sen x


f ′ (x) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
sen x cos h + cos x sen h − sen x
= lim =
h→0 h
cos h − 1 sen h
= sen x lim + cos x lim = cos x.
h→0 h h→0 h
2.3 Derivada de uma função num ponto 51

Exemplo 2.3.8 Seja f : R −→ R definida por f (x) = cos x. Esta função é diferenciável

em R sendo a derivada dada por

f (x + h) − f (x) cos (x + h) − cos x


f ′ (x) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
cos x cos h − sen x sen h − cos x
= lim =
h→0 h
cos h − 1 sen h
= cos x lim − sen x lim = − sen x.
h→0 h h→0 h


Exemplo 2.3.9 Seja f : [0, +∞) −→ R definida por f (x) = x. Provemos que esta

função é diferenciável em (0, +∞) . Com efeito, para a ∈ (0, +∞) tem-se
√ √
′ f (a + h) − f (a) a+h− a
f (a) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
√ √  √ √ 
a+h− a a+h+ a
= lim √ √  =
h→0 h a+h+ a
h 1 1
= lim √ √  = lim √ √ = √
h→0 h a+h+ a h→0 a+h+ a 2 a

e para a = 0 tem-se

′ f (0 + h) − f (0) h 1
f (0) = lim = lim = lim √
h→0 h h→0 h h→0 h

e este limite não existe.


1
Então, se a ∈ (0, +∞) tem-se que f ′ (a) = √ e se a = 0 a função não tem derivada.
2 a

Interpretação geométrica

Consideremos sobre o gráfico de f os pontos A = (a, f (a)) e P = (x, f (x)) e consi-

deremos ainda a recta secante que passa nos pontos A = (a, f (a)) e P = (x, f (x)) . O
f (x) − f (a)
declive desta recta é dado pela razão , ver Figura 2.20.
x−a
A recta tangente ao gráfico de f no ponto (a, f (a)) , Ta f, é então a recta que tem

como declive o limite dos declives das rectas secantes que passam pelos pontos (a, f (a)) e
52 Cálculo diferencial em R

(x, f (x)) quando x → a, pelo que a recta tangente ao gráfico de f no ponto (a, f (a)) está

definida sse f é diferenciável em a e tem equação dada por

y = f (a) + f ′ (a) (x − a) .

f ( x) f
Ta f

f (a )

a x x

Figura 2.20: Representação geométrica da derivada de uma função num ponto.

Interpretação fı́sica

A derivada de uma função num ponto pode ser interpretada, por exemplo, como uma

velocidade instantânea. Com efeito, consideremos um ponto que se move sobre a recta real

tal que s (t) é a posição em cada instante t. Então, a velocidade média entre os instantes

t0 e t é dada por
s (t) − s (t0 )
.
t − t0

O limite
s (t) − s (t0 )
lim ,
t→t0 t − t0

quando existe, dá-nos a velocidade instantânea no ponto t0 , isto é, a velocidade instantânea

é o limite da velocidade média entre os instantes t0 e t. Portanto, supondo que existe o


2.4 Derivadas laterais e derivadas infinitas 53

limite anterior, tem-se que

s (t) − s (t0 )
v (t0 ) = lim = s′ (t0 ) ,
t→t0 t − t0

ou seja, a derivada de uma função num ponto pode ser interpretada como uma velocidade

instantânea.

2.4 Derivadas laterais e derivadas infinitas

Definição 2.4.1 i) Sejam f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D um ponto de acumulação do conjunto

(−∞, a)∩D. Diz-se que f é diferenciável ou derivável à esquerda em a sse existe e é finito

o limite
f (x) − f (a)
lim .
x→a− x−a

A este limite, quando existe, chama-se a derivada lateral esquerda de f em a e represen-

ta-se por fe′ (a) ou f ′ (a− ) . Assim,

f (x) − f (a)
fe′ (a) = lim
x→a− x−a

ou, fazendo a mudança de variável x = a + h,

f (a + h) − f (a)
fe′ (a) = lim .
h→0− h

ii) Sejam f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D um ponto de acumulação do conjunto (a, +∞) ∩ D.

Diz-se que f é diferenciável ou derivável à direita em a sse existe e é finito o limite

f (x) − f (a)
lim .
x→a+ x−a

A este limite, quando existe, chama-se a derivada lateral direita de f em a e representa-se

por fd′ (a) ou f ′ (a+ ) . Assim,

f (x) − f (a)
fd′ (a) = lim
x→a+ x−a
54 Cálculo diferencial em R

ou, fazendo a mudança de variável x = a + h,

f (a + h) − f (a)
fd′ (a) = lim .
h→0+ h

Observação 2.4.2 Resulta das definições anteriores que f é diferenciável em a sse f é

diferenciável à esquerda e à direita em a e fe′ (a) = fd′ (a) .

Exemplo 2.4.3 Seja f : R −→ R definida por f (x) = |x| . Esta função não é diferenciável

no ponto a = 0. Com efeito, as derivadas laterais são dadas por

f (x) − f (0) −x
fe′ (0) = lim = lim = −1
x→0− x−0 x→0− x

e
f (x) − f (0) x
fd′ (0) = lim = lim = 1,
x→0+ x−0 x→0 x
+

pelo que, sendo diferentes, a função não é diferenciável em zero.

Exemplo 2.4.4 Seja f : R −→ R definida por

x2
(
se x < 2,
f (x) =
x + 2 se x ≥ 2.

Calculemos, caso exista, f ′ (2) .

Como as derivadas laterais

f (x) − f (2) x2 − 4
fe′ (2) = lim = lim = lim (x + 2) = 4
x→2− x−2 x→2− x − 2 x→2−

e
f (x) − f (2) x+2−4
fd′ (2) = lim = lim =1
x→2+ x−2 x→2+ x−2

são diferentes, tem-se que f não é diferenciável em 2.


2.4 Derivadas laterais e derivadas infinitas 55

Interpretação geométrica

A função ser diferenciável à esquerda em a implica a existência de recta tangente à

esquerda ao gráfico de f no ponto (a, f (a)) , Te , e a função ser diferenciável à direita em

a implica a existência de recta tangente à direita ao gráfico de f no ponto (a, f (a)) , Td ,

ver Figura 2.21.

Como vimos no exemplo anterior, é possı́vel que uma função tenha derivadas laterais

num ponto sem que seja diferenciável nesse ponto. Em termos geométricos, este facto

significa que podem existir rectas tangentes à esquerda e à direita ao gráfico de f no ponto

(a, f (a)) sem que exista recta tangente ao gráfico de f nesse ponto.

f (a )

Te Td

a x

Figura 2.21: Representação geométrica das derivadas laterais.

Definição 2.4.5 Sejam f : D ⊆ R −→ R uma função real de variável real e a um ponto

de acumulação de D e pertencente a D, isto é, a ∈ D′ ∩ D.

i) Diz-se que a derivada de f em a é +∞ sse

f (x) − f (a)
lim = +∞.
x→a x−a
56 Cálculo diferencial em R

ii) Diz-se que a derivada de f em a é −∞ sse

f (x) − f (a)
lim = −∞.
x→a x−a

Observação 2.4.6 De modo análogo se definem derivadas à esquerda e à direita infinitas.

Interpretação geométrica

A função ter derivada infinita em a implica a existência de recta tangente ao gráfico

de f, no ponto (a, f (a)) , paralela ao eixo dos yy, ver Figura 2.22. A derivada em a é

+∞ quando a recta tangente, paralela ao eixo dos yy, é aproximada por secantes com

declive positivo e a derivada em a é −∞ quando a recta tangente, paralela ao eixo dos yy,

é aproximada por secantes com declive negativo.

Tal como atrás, é possı́vel que uma função tenha derivadas laterais infinitas distin-

tas num ponto. Na Figura 2.23 a), está representado um caso em que fe′ (a) = −∞ e

fd′ (a) = +∞. Note-se que, geometricamente, as duas tangentes sobrepõem-se.

aL bL

f 'HaL=+¥ f 'HaL=-¥

Figura 2.22: Representação geométrica das derivadas infinitas a) f ′ (a) = +∞ e


b) f ′ (a) = −∞.
2.5 Propriedades da derivada 57

aL bL

f 'e HaL=-¥ f 'd HaL=+¥


f 'e HaL=+¥ f 'd HaL=-¥

Figura 2.23: Representação geométrica das derivadas infinitas laterais a) fe′ (a) = −∞,
fd′ (a) = +∞ e b) fe′ (a) = +∞, fd′ (a) = −∞.

2.5 Propriedades da derivada

Vamos nesta secção enunciar algumas das propriedades da derivada de uma função

num ponto.

Teorema 2.5.1 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função diferenciável em a ∈ D′ ∩ D. Então,

f é contı́nua em a.

Demonstração: Comecemos por observar que, para x ∈ D\{a}, se tem

f (x) − f (a)
f (x) − f (a) = (x − a) .
x−a

Então,

 
f (x) − f (a)
lim [f (x) − f (a)] = lim (x − a) =
x→a x→a x−a
f (x) − f (a)
= lim lim (x − a) = f ′ (a) × 0 = 0,
x→a x−a x→a

o que mostra a continuidade de f em a. 


58 Cálculo diferencial em R

Observação 2.5.2 i) Se existe apenas uma das derivadas laterais de f em a, então a

função f poderá não ser contı́nua em a.

Considere-se, por exemplo, a função f : R −→ R definida por


(
1 se x ≥ 0,
f (x) =
−1 se x < 0,

que não é contı́nua em zero e para a qual se tem

f (x) − f (0) −2
lim = lim = +∞
x→0− x−0 x→0− x

e
f (x) − f (0) 0
lim = lim = 0,
x→0+ x−0 x→0 + x

pelo que fe′ (0) não existe em R e fd′ (0) = 0.

ii) O mesmo argumento do teorema anterior mostra que se existe derivada lateral es-

querda de f em a, fe′ (a) , então f é contı́nua à esquerda no ponto a, isto é,

lim f (x) = f (a) . Analogamente, se existe derivada lateral direita de f em a, fd′ (a) ,
x→a−

então f é contı́nua à direita no ponto a, isto é, lim f (x) = f (a) . Portanto, para que f
x→a+

seja contı́nua no ponto a, basta que existam as duas derivadas laterais, sem que tenham

de ser iguais.

iii) A recı́proca do teorema anterior não é verdadeira. Com efeito, basta considerar

f : R −→ R definida por f (x) = |x| , ver Exemplo 2.4.3.

Teorema 2.5.3 Sejam f, g : D ⊆ R −→ R duas funções diferenciáveis em a ∈ D′ ∩ D e

k ∈ R. Então,

i) f + g e kf são diferenciáveis em a e tem-se

(f + g)′ (a) = f ′ (a) + g ′ (a) e (kf )′ (a) = kf ′ (a);


2.5 Propriedades da derivada 59

ii) f g é diferenciável em a e tem-se

(f g)′ (a) = f ′ (a)g (a) + f (a)g ′ (a);

f
iii) se g (a) 6= 0, é diferenciável em a e tem-se
g
 ′
f f ′ (a)g (a) − f (a)g ′ (a)
(a) = .
g g 2 (a)

Demonstração: i) Como

(f + g) (x) − (f + g) (a) f (x) + g (x) − f (a) − g (a)


= =
x−a x−a
f (x) − f (a) g (x) − g (a)
= + , (2.2)
x−a x−a

tem-se, passando (2.2) ao limite, quando x → a, o resultado.

Por outro lado, como

(kf ) (x) − (kf ) (a) kf (x) − kf (a) f (x) − f (a)


= =k , (2.3)
x−a x−a x−a

tem-se, passando (2.3) ao limite, quando x → a, o resultado.

ii) Comecemos por observar que

f (x) g (x) − f (a) g (a) = f (x) g (x) − f (a) g (x) + f (a) g (x) − f (a) g (a) =

= g (x) [f (x) − f (a)] + f (a) [g (x) − g (a)] ,

donde

(f g) (x) − (f g) (a) f (x) g (x) − f (a) g (a)


= =
x−a x−a
   
f (x) − f (a) g (x) − g (a)
= g (x) + f (a) . (2.4)
x−a x−a

Como g é diferenciável em a, tem-se que g é contı́nua em a e, portanto, passando (2.4)

ao limite, quando x → a, tem-se o resultado.


60 Cálculo diferencial em R

iii) Como
   
f f f (x) f (a)
(x) − (a) −
g g g (x) g (a) f (x) g (a) − f (a) g (x)
= = =
x−a x−a g (x) g (a) (x − a)
f (x) g (a) − f (a) g (a) + f (a) g (a) − f (a) g (x)
= =
g (x) g (a) (x − a)
 
1 f (x) − f (a) g (x) − g (a)
= g (a) − f (a) (2.5)
g (x) g (a) x−a x−a

e como g é contı́nua em a, por ser diferenciável em a, tem-se, passando (2.5) ao limite,

quando x → a, o resultado. 

Corolário 2.5.4 Sejam f1 , f2 , . . . fn , f : D ⊆ R −→ R funções diferenciáveis em

a ∈ D′ ∩ D e n ∈ N. Então,

i) f1 + f2 + · · · + fn é diferenciável em a e tem-se

(f1 + f2 + · · · + fn )′ (a) = f1′ (a) + f2′ (a) + · · · + fn′ (a);

ii) f1 f2 · · · fn é diferenciável em a e tem-se

(f1 f2 · · · fn )′ (a) = f1′ (a)f2 (a) · · · fn (a) + f1 (a)f2′ (a) · · · fn (a) + · · · + f1 (a)f2 (a) · · · fn′ (a).

Em particular, f n é diferenciável em a e tem-se

(f n )′ (a) = nf n−1 (a) f ′ (a) .

O próximo resultado é uma consequência imediata do teorema anterior, aplicado a

qualquer ponto de D. Contudo, como é um resultado muito importante, enunciamo-lo

formalmente.
2.5 Propriedades da derivada 61

Teorema 2.5.5 Sejam f, g : D ⊆ R −→ R duas funções diferenciáveis em D e k ∈ R.

Então,

i) f + g e kf são diferenciáveis em D e tem-se

(f + g)′ = f ′ + g ′ e (kf )′ = kf ′ ;

ii) f g é diferenciável em D e tem-se

(f g)′ = f ′ g + f g ′ ;

f
iii) se g 6= 0 para todo o x ∈ D, é diferenciável em D e tem-se
g
 ′
f f ′g − f g′
= .
g g2

Exemplo 2.5.6 Seja f : R −→ R definida por

 x2 sen 1

se x 6= 0,
f (x) = x
 0 se x = 0,

ver Figura 2.24. Determinemos a derivada de f para todos os pontos do domı́nio.


1 1
Se x 6= 0 tem-se que f ′ (x) = 2x sen − cos .
x x
Se x = 0 tem-se que
1
f (x) − f (0) x2 sen − 0 
1


f (0) = lim = lim x = lim x sen = 0,
x→0 x−0 x→0 x−0 x→0 x

pelo que a função derivada f ′ : R −→ R é definida por

 2x sen 1 − cos 1 se x 6= 0,

′ x x
f (x) =
0 se x = 0.

62 Cálculo diferencial em R

1 1 1 1 1 1
- €€€€€€€€ - €€€€€€€€
- €€€€€€€€ €€€€€€€€ €€€€€€€€ €€€€€€€€
2Π 3Π 4Π 4Π 3Π 2Π

1
Figura 2.24: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 sen se x 6= 0 e
x
f (x) = 0 se x = 0.

Vejamos agora o que acontece com a derivada da função composta. Antes de enun-

ciarmos o teorema começamos por recodar a definição de função composta.

Definição 2.5.7 Se f : D ⊆ R −→ R, g : E ⊆ R −→ R e f (D) ⊆ E, a função composta

g ◦ f : D ⊆ R −→ R é definida por

(g ◦ f ) (x) = g (f (x)) , para todo o x ∈ D.

x+2
Exemplo 2.5.8 Consideremos f : R\ {0} −→ R e g : R −→ R definidas por f (x) =
x
e g (x) = 2x − 1, respectivamente. Então, g ◦ f : R\ {0} −→ R é dada por (g ◦ f ) (x) =
 
x+2 x+4
=2 −1= .
x x

Observação 2.5.9 Note-se que as funções são aplicadas começando pela direita: g ◦ f

consiste em aplicar primeiro f e depois g e que f ◦ g consiste em aplicar primeiro g e

depois f, pelo que g ◦ f poderá ser bastante diferente de f ◦ g, isto é, a composição de

funções não é comutativa.

Consideremos, por exemplo, f : R −→ R e g : R −→ R definidas por f (x) = 2x + 7 e

g (x) = 3x + 2, respectivamente. Então, g ◦ f : R −→ R é dada por (g ◦ f ) (x) = 6x + 23 e


2.5 Propriedades da derivada 63

f ◦ g : R −→ R é dada por (f ◦ g) (x) = 6x + 11.

Vamos agora ver que se f : D ⊆ R −→ R é uma função diferenciável num ponto a e se

g : E ⊆ R −→ R é uma função diferenciável em b = f (a) , então a função composta g ◦ f

é diferenciável em a. Para assegurarmos que a função g ◦ f está definida em todo o ponto

de D, é necessário também que f (D) ⊆ E.

Teorema 2.5.10 (Derivação da função composta) Sejam f : D ⊆ R −→ R e

g : E ⊆ R −→ R duas funções tais que f (D) ⊆ E. Se f é diferenciável em a ∈ D ∩ D′ e

g é diferenciável em b = f (a) ∈ E ∩ E ′ , então a função composta g ◦ f : D ⊆ R −→ R é

diferenciável em a e tem-se

(g ◦ f )′ (a) = g ′ (b) f ′ (a) = g ′ (f (a)) f ′ (a) . (2.6)

À igualdade em (2.6) chama-se regra da cadeia.

Demonstração: Ver, por exemplo, [MF 96]. 

Teorema 2.5.11 Sejam f : D ⊆ R −→ R e g : E ⊆ R −→ R duas funções tais que

f (D) ⊆ E. Se f é diferenciável em D e g é diferenciável em E, então a função composta

g ◦ f : D ⊆ R −→ R é diferenciável em D e tem-se

(g ◦ f )′ = g ′ ◦ f f ′ .

(2.7)

Demonstração: Consequência imediata do teorema anterior, pois f e g são diferenciáveis

em qualquer ponto de D e E, respectivamente. 

Do ponto de vista da prática, os dois teoremas anteriores são muito úteis para es-

tabelecer que certas funções são diferenciáveis e calcular as suas derivadas. Podem ser
64 Cálculo diferencial em R

usados em muitas situações em que seria difı́cil aplicar directamente a definição de função

diferenciável.

Exemplo 2.5.12 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função diferenciável. Provemos que a

função ef : D ⊆ R −→ R é diferenciável em D, isto é, a função e ◦ f = ef é diferenciável

em D.

Com efeito, no Exemplo 2.3.5 vimos que a função exponencial é diferenciável em R e

que tem como derivada a própria função, pelo que, pelo teorema anterior, tem-se que

 ′
(e ◦ f )′ (x) = ef (x) = ef (x) f ′ (x) ,

para todo o x ∈ D.

Exemplo 2.5.13 Sejam f : D ⊆ R −→ R uma função diferenciável e g : R −→ R

definida por g(y) = y n , com n ∈ N. Como g ′ (y) = ny n−1 , tem-se, pela regra da cadeia,

que

(f n )′ (x) = n (f (x))n−1 f ′ (x) ,

para todo o x ∈ D.

Exemplo 2.5.14 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função diferenciável. Provemos que a

função sen f : D ⊆ R −→ R é diferenciável em D, isto é, a função sen ◦f = sen f é

diferenciável em D.

Com efeito, no Exemplo 2.3.7 vimos que a função seno é diferenciável em R e que tem

como derivada a função coseno, pelo que, pelo teorema anterior, tem-se que

(sen ◦f )′ (x) = (sen f )′ (x) = cos f (x) f ′ (x) = f ′ (x) cos f (x) ,

para todo o x ∈ D.
2.5 Propriedades da derivada 65

Exemplo 2.5.15 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função diferenciável. Provemos que a

função cos f : D ⊆ R −→ R é diferenciável em D, isto é, a função cos ◦f = cos f é

diferenciável em D.

Com efeito, no Exemplo 2.3.8 vimos que a função coseno é diferenciável em R e que

tem como derivada o simétrico da função seno, pelo que, pelo teorema anterior, tem-se

que

(cos ◦f )′ (x) = (cos f )′ (x) = − sen f (x) f ′ (x) = −f ′ (x) sen f (x) ,

para todo o x ∈ D.

Teorema 2.5.16 (Derivação da função inversa) Sejam I ⊆ R um intervalo de R,

f : I ⊆ R −→ R uma função estritamente monótona e contı́nua em I, J = f (I) e

g : J ⊆ R −→ R a função inversa de f. Se f é diferenciável em a ∈ I e f ′ (a) 6= 0, então

g é diferenciável em b = f (a) e tem-se

1 1
g ′ (b) = = . (2.8)
f ′ (a) f ′ (g (b))

Demonstração: Ver, por exemplo, [MF 96]. 

Observação 2.5.17 i) O teorema anterior pode ser enunciado para funções definidas em

domı́nios gerais, não necessariamente intervalos (ver, por exemplo, [ELL 95]).

ii) A condição f ′ (a) 6= 0 no teorema anterior é essencial, pois se esta condição não

se verificar o resultado poderá não ser verdadeiro. Considere-se, por exemplo, a função

bijectiva f : R −→ R definida por f (x) = x3 para a qual f ′ (0) = 0 e cuja função inversa

f −1 (x) = 3
x não é diferenciável na origem, ver Figura 2.25.
66 Cálculo diferencial em R

aL x3 bL !!
3 !
x

Figura 2.25: Gráfico da função a) f : R −→ R definida por f (x) = x3 e b) f −1 : R −→ R



definida por f −1 (x) = 3 x.

Teorema 2.5.18 Sejam I ⊆ R um intervalo de R, f : I ⊆ R −→ R uma função estrita-

mente monótona e contı́nua em I, J = f (I) e g : J ⊆ R −→ R a função inversa de f.

Se f é diferenciável em I e f ′ (x) 6= 0 para todo o x ∈ I, então g é diferenciável em J e

tem-se
1
g′ = . (2.9)
f′ ◦g

Demonstração: Consequência imediata do teorema anterior. 

Exemplo 2.5.19 Seja g : (0, +∞) −→ R definida por g (x) = ln x. Determinemos a sua

derivada.

Fazendo y = ln x, tem-se que x = ey , pelo que a função f : R −→ (0, +∞) definida

por f (y) = ey é uma bijecção diferenciável em qualquer ponto y ∈ R e f ′ (y) = ey para

qualquer y ∈ R.

Assim, pelo teorema anterior, g = f −1 é diferenciável em f (y) e tem-se

1 1 1 1
g ′ (x) = = = ln x = ,
f ′ (y) e y e x
2.5 Propriedades da derivada 67

isto é,
1
g ′ (x) = .
x
 π π
Exemplo 2.5.20 Seja g : R −→ − , definida por g (x) = arctg x. Determinemos a
2 2
sua derivada.
 π π
Fazendo y = arctg x, tem-se que x = tg y, pelo que a função f : − , −→ R
2 2
 π π
definida por f (y) = tg y é uma bijecção diferenciável em qualquer ponto y ∈ − , e
2 2
1  π π 
f ′ (y) = 2
para qualquer y ∈ − , .
cos y 2 2
Assim, pelo teorema anterior, g = f −1 é diferenciável em f (y) e tem-se

1 1 1 1
g ′ (x) = = = = ,
f ′ (y) 1 2
1 + tg y 1 + x2
cos2 y
isto é,
1
.g ′ (x) =
1 + x2
h π πi
Exemplo 2.5.21 Seja g : [−1, 1] −→ − , definida por g (x) = arcsen x. Determine-
2 2
mos a sua derivada.
h π πi
Fazendo y = arcsen x, tem-se que x = sen y, pelo que a função f : − , −→ [−1, 1]
2 2
h π πi
definida por f (y) = sen y é uma bijecção diferenciável em qualquer ponto y ∈ − , e
2 2
h π πi
f ′ (y) = cos y para qualquer y ∈ − , .
2 2
 π π
Como cos y 6= 0 para qualquer y ∈ − , , tem-se, pelo teorema anterior, que
2 2
g = f −1 é diferenciável em f (y) e

1 1 1
g ′ (x) = = =√ ,
f ′ (y) cos y 1 − x2

isto é,
1
g ′ (x) = √ ,
1 − x2
para todo o x ∈ (−1, 1) . A derivada desta função não existe nos pontos −1 e 1.
68 Cálculo diferencial em R

Terminamos esta secção com um formulário com algumas regras de derivação.

Sejam u, v : I ⊆ R −→ R duas funções diferenciáveis com contradomı́nios adequados e

de acordo com a regra em estudo e k, α e a constantes.

1. (ku)′ = ku′ ; 2. (u + v)′ = u′ + v ′ ;


 u ′ u′ v − uv ′
3. (uv)′ = u′ v + uv ′ ; 4. = ;
v v2
√ ′ u′
5. (uα )′ = αu′ uα−1 ; 6. ( u) = √ ;
2 u

√ ′ u′
7. ( n u) = √
n
; 8. (eu )′ = u′ eu ;
n un−1

9. (au )′ = u′ au ln a; 10. (uv )′ = vu′ uv−1 + v ′ uv ln u;

u′ u′
11. (ln u)′ = ; 12. (loga u)′ = ;
u u ln a
13. (sen u)′ = u′ cos u; 14. (cos u)′ = −u′ sen u;

u′ u′
15. (tg u)′ = ; 16. (cotg u)′ = − ;
cos2 u sen 2 u
u′ u′
17. (arcsen u)′ = √ ; 18. (arccos u)′ = − √ ;
1 − u2 1 − u2
u′ u′
19. (arctg u)′ = ; 20. (arccotg u)′ = − ;
1 + u2 1 + u2

21. (senh u)′ = u′ cosh u; 22. (cosh u)′ = u′ senh u;

u′ u′
23. (tgh u)′ = ; 24. (cotgh u)′ = ;
cosh 2 u senh 2 u
u′ u′
25. (argsenh u)′ = √ ; 26. (argcosh u)′ = √ ;
u2 + 1 u2 − 1
u′ u′
27. (argtgh u)′ = ; 28. (argcotgh u)′ = ;
1 − u2 1 − u2

29. (sec u)′ = u′ sec u tg u; 30. (cosec u)′ = −u′ cosec u cotg u;

u′ u′
31. (arcsec u)′ = √ ; 32. (arccosec u)′ = − √ .
u u2 − 1 u u2 − 1
2.6 Derivação de funções monótonas 69

2.6 Derivação de funções monótonas

Vamos de seguida ver algumas propriedades das funções monótonas. Comecemos por

recordar a definição de função monótona.

Definição 2.6.1 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função real de variável real.

i) Diz-se que f é crescente em D sse para quaisquer x, y ∈ D, com x ≤ y, então

f (x) ≤ f (y) .

ii) Diz-se que f é estritamente crescente em D sse para quaisquer x, y ∈ D, com x < y,

então f (x) < f (y) .

iii) Diz-se que f é decrescente em D sse para quaisquer x, y ∈ D, com x ≤ y, então

f (x) ≥ f (y) .

iv) Diz-se que f é estritamente decrescente em D sse para quaisquer x, y ∈ D, com

x < y, então f (x) > f (y) .

v) Diz-se que f é monótona em D sse f é cresente ou decrescente em D.

vi) Diz-se que f é estritamente monótona em D sse f é estritamente cresente ou

estritamente decrescente em D.

Note-se que se f : D ⊆ R −→ R é uma função crescente em D, então g = −f é

decrescente em D. Analogamente, se ϕ : D ⊆ R −→ R é uma função decrescente em D,

então ψ = −ϕ é crescente em D.

Note-se ainda que as funções monótonas não são necessariamente funções contı́nuas.

Por exemplo, a função f : [0, 2] −→ R definida por


(
0 se x ∈ [0, 1] ,
f (x) =
1 se x ∈ (1, 2]

é uma função crescente, mas não é contı́nua em x = 1.


70 Cálculo diferencial em R

Seja f : D ⊆ R −→ R uma função crescente em D, isto é, para quaisquer x, y ∈ D,

com x ≤ y, tem-se f (x) ≤ f (y) . Então, existindo derivada de f em a ∈ D, tem-


f (x) − f (a)
se f ′ (a) ≥ 0. Com efeito, para todo o x 6= a, tem-se ≥ 0, pelo que
x−a
f (x) − f (a)
f ′ (a) = lim ≥ 0.
x→a x−a
Do mesmo modo se conclui que se f : D ⊆ R −→ R uma função decrescente em D,

isto é, para quaisquer x, y ∈ D, com x ≤ y, tem-se f (x) ≥ f (y) , então, existindo derivada

de f em a ∈ D, tem-se f ′ (a) ≤ 0.

Note-se, no entanto, que a função ser estritamente crescente não é suficiente para

garantir que f ′ (a) > 0. Considere-se, por exemplo, a função f : R −→ R definida por

f (x) = x3 .

Teorema 2.6.2 Seja f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D um ponto de acumulação do conjunto

(−∞, a) ∩ D.

i) Se fe′ (a) < 0, então existe ε > 0 tal que f (x) > f (a) para todo o x ∈ (a − ε, a) ∩ D.

ii) Se fe′ (a) > 0, então existe ε > 0 tal que f (x) < f (a) para todo o x ∈ (a − ε, a) ∩ D.

Demonstração: Ver, por exemplo, [ELL 95] ou [MF 96]. 

Teorema 2.6.3 Seja f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D um ponto de acumulação do conjunto

(a, +∞) ∩ D.

i) Se fd′ (a) < 0, então existe ε > 0 tal que f (x) < f (a) para todo o x ∈ (a, a + ε) ∩ D.

ii) Se fd′ (a) > 0, então existe ε > 0 tal que f (x) > f (a) para todo o x ∈ (a, a + ε) ∩ D.

Demonstração: Ver, por exemplo, [ELL 95] ou [MF 96]. 

Corolário 2.6.4 Seja f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D um ponto de acumulação dos conjuntos

(−∞, a) ∩ D e (a, +∞) ∩ D.


2.6 Derivação de funções monótonas 71

i) Se f é diferenciável em a com f ′ (a) < 0, então existe ε > 0 tal que x, y ∈ D e

a − ε < x < a < y < a + ε implicam f (x) > f (a) > f (y) .

ii) Se f é diferenciável em a com f ′ (a) > 0, então existe ε > 0 tal que x, y ∈ D e

a − ε < x < a < y < a + ε implicam f (x) < f (a) < f (y) .

Observação 2.6.5 Note-se que a alı́nea ii) do Teorema 2.6.3 não implica que exista uma

vizinhança à direita de a na qual a função f é crescente (pode tirar-se conclusões seme-

lhantes para os restantes resultados nos Teoremas 2.6.2 e 2.6.3 e no Corolário 2.6.4). Com

efeito, considere-se a função f : R −→ R definida por


 x2 sen 1 + x se x 6= 0,

f (x) = x 2
0 se x = 0,

ver Figura 2.26. Determinemos a derivada de f para todos os pontos do domı́nio.


1 1 1
Se x 6= 0 tem-se que f ′ (x) = 2x sen − cos + .
x x 2
Se x = 0 tem-se que
1 x
f (x) − f (0) x2 sen + − 0 
1 1

1

f (0) = lim = lim x 2 = lim x sen + = ,
x→0 x−0 x→0 x−0 x→0 x 2 2

pelo que a função derivada f ′ : R −→ R é definida por


 1 1 1
 2x sen − cos +
 se x 6= 0,
′ x x 2
f (x) =
 1

se x = 0.
2
Trata-se, portanto, de uma função contı́nua, com derivada em todos os pontos do
1
seu domı́nio e com fd′ (0) = > 0. Pelo Teorema 2.6.3, alı́nea ii), existe ε > 0 tal
2
que f (x) > f (0) = 0 para todo o x ∈ (0, ε) . Note-se, no entanto, que a função f não é
1 1 1
crescente em qualquer vizinhança à direita de zero, pois sendo f ′ (x) = 2x sen −cos +
x x 2
existem pontos arbitariamente próximos de zero tais que f ′ (x) > 0 e f ′ (x) < 0 e, portanto,

pelo que se disse atrás (ver antes do Teorema 2.6.2) a função f não é crescente nem

decrescente em qualquer intervalo (0, ε) .


72 Cálculo diferencial em R

0.1

0.05

-0.2 -0.1 0.1 0.2

-0.05

-0.1

1 x
Figura 2.26: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 sen + se x 6= 0 e
x 2
f (x) = 0 se x = 0.

2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial

Nesta secção apresentamos os teoremas fundamentais do cálculo diferencial, Teoremas

de Darboux, Rolle, Lagrange e Cauchy, e duas regras, regras de L’Hospital e Cauchy, que

permitem calcular limites quando temos situações de indeterminação.

Começamos por introduzir as noções de máximo e mı́nimo de uma função.

Definição 2.7.1 Sejam f : D ⊆ R −→ R e a ∈ D.

i) Diz-se que f tem um mı́nimo local ou relativo em a sse existe ε > 0 tal que

f (a) ≤ f (x) , para todo o x ∈ D ∩ Vε (a) , isto é, sse

∃ε > 0∀x ∈ D ∩ Vε (a) : f (a) ≤ f (x) .

ii) Diz-se que f tem um mı́nimo global ou absoluto em a sse f (a) ≤ f (x) , para todo

o x ∈ D, isto é, sse

∀x ∈ D : f (a) ≤ f (x) .

iii) Diz-se que f tem um máximo local ou relativo em a sse existe ε > 0 tal que
2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 73

f (a) ≥ f (x) , para todo o x ∈ D ∩ Vε (a) , isto é, sse

∃ε > 0∀x ∈ D ∩ Vε (a) : f (a) ≥ f (x) .

iv) Diz-se que f tem um máximo global ou absoluto em a sse f (a) ≥ f (x) , para todo

o x ∈ D, isto é, sse

∀x ∈ D : f (a) ≥ f (x) .

v) Diz-se que f tem um extremo local ou relativo em a sse f tem um máximo local ou

um mı́nimo local em a.

vi) Diz-se que f tem um extremo global ou absoluto em a sse f tem um máximo global

ou um mı́nimo global em a.

Teorema 2.7.2 Sejam f : D ⊆ R −→ R uma função com derivada em a ∈ D e a um

ponto de acumulação dos conjuntos (−∞, a) ∩ D e (a, +∞) ∩ D. Se f tem um extremo

local em a, então

f ′ (a) = 0,

isto é, a é um ponto crı́tico de f ou um ponto de estacionaridade de f.

Demonstração: Fazemos, por absurdo, a demonstração para o caso de f ter um máximo

local em a. A demontração para o caso de f ter um mı́nimo local em a faz-se de modo

análogo.
f (x) − f (a)
Suponhamos que f ′ (a) > 0, isto é, suponhamos que lim > 0. Então,
x→a x−a
existe uma vizinhança Vε (a) de a tal que

f (x) − f (a)
> 0,
x−a

para todo o x ∈ D ∩ Vε (a) e x 6= a.


74 Cálculo diferencial em R

Se x ∈ D ∩ Vε (a) e x > a, então

f (x) − f (a)
f (x) − f (a) = (x − a) > 0,
x−a

o que contradiz a hipótese de f ter um máximo local em a. Portanto, não se pode ter

f ′ (a) > 0. Do mesmo modo se conclui que não se pode ter f ′ (a) < 0. Então, f ′ (a) = 0. 

Observação 2.7.3 i) A recı́proca do teorema anterior não é verdadeira. Com efeito,

basta considerar a função f : R −→ R definida por f (x) = x3 para a qual f ′ (0) = 0 e que

é crescente em R, pelo que não tem máximo nem mı́nimo.

ii) Note-se que existem funções com pontos de máximo ou mı́nimo locais sem que sejam

diferenciáveis nesses pontos. Por exemplo, a função f : R −→ R definida por f (x) = |x|

tem um mı́nimo em x = 0 e não é diferenciável neste ponto.

iii) A condição de a ser ponto de acumulação dos conjuntos (−∞, a)∩D e (a, +∞)∩D

é essencial, pois se apenas uma das derivadas laterais estiver definida, pode acontecer que

o ponto a seja ponto de extremo local sem que seja ponto crı́tico. Por exemplo, a função

f : [0, +∞) −→ R definida por f (x) = x + 2 tem um mı́nimo em x = 0 e f ′ (0) = 1.

x5 x3
Exemplo 2.7.4 Seja f : R −→ R definida por f (x) = − − 1. Determinemos os
5 3
pontos crı́ticos de f.

Os pontos crı́ticos de f são, caso existam, os zeros da função derivada. Como a função

derivada de f é dada por

f ′ (x) = x4 − x2 ,

tem-se que

f ′ (x) = 0 ⇔ x4 − x2 = 0 ⇔ x2 x2 − 1 = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = −1 ∨ x = 1,


pelo que os pontos crı́ticos são os pontos −1, 0 e 1.


2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 75

Vamos agora ver algumas propriedades de funções diferenciáveis definidas em inter-

valos. Antes de anvançarmos, começamos por introduzir a definição de função de classe

C 1.

Definição 2.7.5 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função diferenciável em D. Diz-se que a

função f é de classe C 1 em D, e representa-se por f ∈ C 1 (D) , sse a função derivada f ′

é contı́nua em D.

Exemplo 2.7.6 Seja f : R −→ R definida por

 x2 sen 1

se x 6= 0,
f (x) = x
0 se x = 0.

A função f tem derivada finita em todo o domı́nio dada por

 2x sen 1 − cos 1


se x 6= 0,
f (x) = x x
0 se x = 0,

 
1 1
mas não é contı́nua em x = 0, pois lim 2x sen − cos não existe. Portanto, f não
x→0 x x
é de classe C 1 .

Quando uma função f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b, é de classe C 1 no intervalo

[a, b] de R, se f ′ (a) < d < f ′ (b) , então, pelo Teorema do valor intermédio de Cauchy (ver

[SV 12a]) aplicado à função derivada f ′ , existe c ∈ (a, b) tal que f ′ (c) = d.

O teorema seguinte, Teorema de Darboux ou Teorema do valor intermédio para a

derivada, diz que, mesmo quando a função derivada f ′ é descontı́nua, a condição do va-

lor intermédio continua verdadeira, isto é, não é necessário que a função derivada seja

contı́nua.
76 Cálculo diferencial em R

Teorema 2.7.7 (Teorema de Darboux) Seja f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b,

uma função diferenciável em [a, b] . Se f ′ (a) < d < f ′ (b) , então existe c ∈ (a, b) tal que

f ′ (c) = d.

Demonstração: Consideremos em primeiro lugar d = 0, isto é, f ′ (a) < 0 < f ′ (b) .

Como f é diferenciável em [a, b] , tem-se que f é contı́nua em [a, b] e, portanto, pelo

Teorema de Weierstrass (ver [SV 12a]), f tem um mı́nimo em [a, b] .


f (x) − f (a) f (x) − f (a)
Como f ′ (a) = lim < 0, existe ε1 > 0 tal que < 0 para todo
x→a x−a x−a
o x ∈ (a, a + ε1 ) , pelo que f (x) < f (a) para todo o x ∈ (a, a + ε1 ) .
f (x) − f (b) f (x) − f (b)
Por outro lado, como f ′ (b) = lim < 0, existe ε2 > 0 tal que <0
x→b x−b x−b
para todo o x ∈ (b − ε2 , b) , pelo que f (x) < f (b) para todo o x ∈ (b − ε2 , b) .

Portanto, nem a nem b são mı́nimos de f em [a, b] , pelo que existe c ∈ (a, b) onde f

atinge o seu mı́nimo e, pelo teorema anterior, f ′ (c) = 0.

O caso geral reduz-se a este caso se considerarmos a função g (x) = f (x) − dx que é

diferenciável em [a, b] e g ′ (a) = f ′ (a) − d < 0 < f ′ (b) − d. 

Teorema 2.7.8 (Teorema de Rolle) Seja f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b, uma

função contı́nua em [a, b] e diferenciável em (a, b) . Se f (a) = f (b) , então existe c ∈ (a, b)

tal que f ′ (c) = 0.

Demonstração: Como f é contı́nua em [a, b] , então, pelo Teorema de Weierstrass, f tem

máximo e mı́nimo neste intervalo.

Se o máximo e o mı́nimo são atingidos nos extremos do intervalo, como f (a) = f (b) ,

então f é constante e, portanto, f ′ (c) = 0 para todo o c ∈ (a, b) . Se o máximo e o mı́nimo

não forem iguais, como f (a) = f (b) , então o máximo ou o mı́nimo é atingido num ponto

c ∈ (a, b) e, pelo Teorema 2.7.2, f ′ (c) = 0. 


2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 77

Interpretação geométrica do Teorema de Rolle

Geometricamente, o Teorema de Rolle afirma que existe pelo menos um ponto onde a

tangente ao gráfico de f é paralela ao eixo dos xx, ver Figura 2.27.

f HaL= f HbL

a b

Figura 2.27: Interpretação geométrica do Teorema de Rolle.

Interpretação fı́sica do Teorema de Rolle

Se as condições do Teorema de Rolle forem satisfeitas com a e b dois instantes distintos

e f (t) a posição em cada instante t de um corpo que se move no eixo real e se o corpo

ocupa a mesma posição nos instantes a e b, isto é, f (a) = f (b) , então o Teorema de Rolle

afirma que existe pelo menos um instante onde há uma paragem, isto é, existe pelo menos

um instante onde a velocidade é nula.

Corolário 2.7.9 Entre dois zeros de uma função diferenciável num intervalo há, pelo

menos, um zero da sua derivada.

Corolário 2.7.10 Entre dois zeros consecutivos da derivada de uma função diferenciável

num intervalo existe, no máximo, um zero da função.

Demonstração: Se c1 e c2 fossem dois zeros consecutivos da derivada e existissem α e

β tais que c1 < α < β < c2 com f (α) = f (β) = 0, então pelo Teorema de Rolle existia
78 Cálculo diferencial em R

c ∈ (α, β) tal que f ′ (c) = 0, o que contraria a hipótese de c1 e c2 serem zeros consecutivos

da derivada. 

Corolário 2.7.11 Não existe mais do que um zero da função maior (menor) do que todos

os zeros da função derivada.

Demonstração: Se c1 fosse o maior zero da função derivada e existissem α e β tais que

c1 < α < β com f (α) = f (β) = 0, então pelo Teorema de Rolle existia c ∈ (α, β) tal que

f ′ (c) = 0, o que contraria a hipótese de c1 ser o maior zero da derivada. 

Exemplo 2.7.12 Seja f : [0, 1] −→ R definida por


(
x se x ∈ [0, 1) ,
f (x) =
0 se x = 1.

Embora f (0) = f (1) e f seja diferenciável em (0, 1) , com f ′ (x) = 1 para todo o

x ∈ (0, 1) , não se pode aplicar o Teorema de Rolle, pois f não é contı́nua em [0, 1] .

Note-se que não existe c ∈ (0, 1) tal que f ′ (c) = 0.

Exemplo 2.7.13 Seja f : [−1, 1] −→ R definida por f (x) = |x| .

Embora f (−1) = f (1) e f seja contı́nua em [−1, 1] , não se pode aplicar o Teorema de

Rolle, pois f não é diferenciável em (−1, 1) , por não ser diferenciável em zero. Note-se

que não existe c ∈ (−1, 1) tal que f ′ (c) = 0.


Exemplo 2.7.14 Seja f : [−1, 1] −→ R definida por f (x) = 1 − x2 .

Como f (−1) = f (1) , f é contı́nua em [−1, 1] e f é diferenciável em (−1, 1) , podemos

aplicar o Teorema de Rolle a f no intervalo [−1, 1] . Portanto, existe c ∈ (−1, 1) tal que

f ′ (c) = 0.
2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 79

Exemplo 2.7.15 Seja f : [−1, 1] −→ R definida por


 1 − x2 sen 1
 
se x 6= −1, 1,
f (x) = 1 − x2
0 se x = −1, 1.

Como f (−1) = f (1) , f é contı́nua em [−1, 1] e f é diferenciável em (−1, 1) , podemos

aplicar o Teorema de Rolle a f no intervalo [−1, 1] . Portanto, existe c ∈ (−1, 1) tal que

f ′ (c) = 0.

Teorema 2.7.16 (Teorema de Lagrange) Seja f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b,

uma função contı́nua em [a, b] e diferenciável em (a, b) . Então, existe c ∈ (a, b) tal que
f (b) − f (a)
f ′ (c) = .
b−a

Demonstração: A função

f (b) − f (a)
ϕ (x) = f (x) − x
b−a

é contı́nua em [a, b] , diferenciável em (a, b) e ϕ (a) = ϕ (b) . Pelo Teorema de Rolle existe
f (b) − f (a) f (b) − f (a)
c ∈ (a, b) tal que ϕ′ (c) = 0, isto é, f ′ (c)− = 0, ou ainda, f ′ (c) = .
b−a b−a


Interpretação geométrica do Teorema de Lagrange

Geometricamente, o Teorema de Lagrange afirma que existe pelo menos um ponto onde

a tangente ao gráfico de f é paralela à recta que passa pelos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)) ,

ver Figura 2.28.

Interpretação fı́sica do Teorema de Lagrange

Se as condições do Teorema de Lagrange forem satisfeitas com a e b dois instantes

distintos e f (t) a posição em cada instante t de um corpo que se move no eixo real, então

o Teorema de Lagrange afirma que existe pelo menos um instante, c, onde a velocidade
f (b) − f (a)
instantânea, f ′ (c) , é igual à velocidade média entre os instantes a e b, .
b−a
80 Cálculo diferencial em R

f HbL

f HaL

a c b

Figura 2.28: Interpretação geométrica do Teorema de Lagrange.

Observação 2.7.17 O Teorema de Rolle é um caso particular do Teorema de Lagrange,

quando f (a) = f (b) .

Corolário 2.7.18 Seja f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b, uma função contı́nua em

[a, b] e diferenciável em (a, b) . Se f tem derivada nula em (a, b) , então f é constante.

Demonstração: Provemos que f (x) = f (a) para todo o x ∈ [a, b] . Com efeito, se

x ∈ (a, b] , aplicando o Teorema de Lagrange a f no intervalo [a, x] , obtemos um ponto

c ∈ (a, x) tal que f (x)−f (a) = f ′ (c) (x − a) . Como f ′ (c) = 0, temos que f (x)−f (a) = 0.

Portanto, f (x) = f (a) para qualquer x ∈ [a, b] . 

Corolário 2.7.19 Sejam f, g : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b, duas funções contı́nuas

em [a, b] e diferenciáveis em (a, b) . Se f ′ (x) = g ′ (x) para todo o x ∈ (a, b) , então existe

K ∈ R tal que g (x) = f (x) + K para todo o x ∈ [a, b] , isto é, as duas funções diferem de

uma constante.

Demonstração: Aplique-se o corolário anterior à função g − f. 

Corolário 2.7.20 Sejam I ⊆ R um intervalo de R e f : I ⊆ R −→ R uma função


2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 81

diferenciável em I. Então, f ′ (x) ≥ 0 (respectivamente, f ′ (x) ≤ 0) para todo o x ∈ I sse

f é crescente (respectivamente, decrescente).

Demonstração: Provemos apenas que f ′ (x) ≥ 0 para todo o x ∈ I sse f é crescente. A

demonstração no caso f ′ (x) ≤ 0 é análoga.

Como vimos atrás (ver antes do Teorema 2.6.2), se f é crescente e diferenciável, então

f ′ (x) ≥ 0.

Reciprocamente, suponhamos que f ′ (x) ≥ 0 para todo o x ∈ I. Se x1 , x2 ∈ I, com

x1 < x2 , tem-se, pelo Teorema de Lagrange, que existe c ∈ (x1 , x2 ) tal que f (x2 )−f (x1 ) =

= f ′ (c) (x2 − x1 ) . Como f ′ (c) ≥ 0 e x2 −x1 > 0, tem-se que f (x2 ) ≥ f (x1 ) , o que mostra

o resultado. 

Corolário 2.7.21 Sejam I ⊆ R um intervalo de R e f : I ⊆ R −→ R uma função

diferenciável em I. Se f ′ (x) > 0 (respectivamente, f ′ (x) < 0) para todo o x ∈ I, então f

é estritamente crescente (respectivamente, estritamente decrescente).

Demonstração: Provemos apenas que f ′ (x) > 0 para todo o x ∈ I implica que f é

estritamente crescente. A demosntração no caso f ′ (x) < 0 é análoga.

Suponhamos que f ′ (x) > 0 para todo o x ∈ I. Se x1 , x2 ∈ I, com x1 < x2 , tem-se, pelo

Teorema de Lagrange, que existe c ∈ (x1 , x2 ) tal que f (x2 ) − f (x1 ) = f ′ (c) (x2 − x1 ) .

Como f ′ (c) > 0 e x2 − x1 > 0, tem-se que f (x2 ) > f (x1 ) , o que mostra o resultado. 

Corolário 2.7.22 Sejam f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b, uma função contı́nua e

c ∈ (a, b) . Suponhamos que f é diferenciável em (a, c) e (c, b) .

i) Se existe uma vizinhança (c − ε, c + ε) ⊆ [a, b] tal que f ′ (x) ≥ 0 para c − ε < x < c

e f ′ (x) ≤ 0 para c < x < c + ε, então f tem um máximo local em c.


82 Cálculo diferencial em R

ii) Se existe uma vizinhança (c − ε, c + ε) ⊆ [a, b] tal que f ′ (x) ≤ 0 para c − ε < x < c

e f ′ (x) ≥ 0 para c < x < c + ε, então f tem um mı́nimo local em c.

Demonstração: Ver, por exemplo, [RBDS 92]. 

Observação 2.7.23 i) Ao corolário anterior dá-se o nome de Teste da primeira derivada

para extremos.

ii) A recı́proca do corolário anterior não é verdadeira. Com efeito, basta tomar a

função f : R −→ R definida por

 2x4 + x4 sen 1

se x 6= 0,
f (x) = x
0 se x = 0,

que tem um mı́nimo absoluto em x = 0, mas cuja função derivada f ′ toma valores positivos

e negativos em qualquer vizinhaça de x = 0.

Corolário 2.7.24 Sejam I ⊆ R um intervalo de R e f : I ⊆ R −→ R uma função

diferenciável em I. Se existe K > 0 tal que |f ′ (x)| ≤ K, para todo o x ∈ I, então

|f (x) − f (y)| ≤ K |x − y| ,

para todos os x, y ∈ I, isto é, f é lipschitziana.

Demonstração: Ver, por exemplo, [ELL 95].

Corolário 2.7.25 Seja f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b, uma função contı́nua em

[a, b] e diferenciável em (a, b) . Se existe lim f ′ (x) = L, então também existe fd′ (a) e
x→a+

tem-se fd′ (a) = L.

Demonstração: Ver, por exemplo, [ELL 95]. 


2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 83

Corolário 2.7.26 Seja f : [a, b] −→ R, com a, b ∈ R e a < b, uma função contı́nua em

[a, b] e diferenciável em (a, b) . Se existe lim f ′ (x) = L, então também existe fe′ (b) e
x→b−

tem-se fe′ (b) = L.

Demonstração: Ver, por exemplo, [ELL 95]. 

Dos dois corolários anteriores resulta imediatamente o resultado seguinte.

Corolário 2.7.27 Seja f : (a, b) −→ R, com a, b ∈ R e a < b, uma função diferenciável

em (a, b) , excepto possivelmente em c ∈ (a, b) , onde f é contı́nua. Se existe lim f ′ (x) = L,


x→c

então também existe f ′ (c) e tem-se f ′ (c) = L.

Vamos de seguida ver outras aplicações do Teorema de Lagrange.

x
Exemplo 2.7.28 Mostremos que < ln (1 + x) < x, para x > 0.
1+x
Consideremos a função f (t) = ln (1 + t) definida em [0, x] , com x > 0, e apliquemos

o Teorema de Lagrange a f no intervalo [0, x] , com x > 0.

Comecemos por notar que f satisfaz as condições do Teorema de Lagrange, isto é, f é

contı́nua em [0, x] e diferenciável em (0, x) . Então, existe c ∈ (0, x) tal que

f (x) − f (0)
f ′ (c) =
x−0

ou
ln (1 + x)
f ′ (c) = .
x
1
Mas, como f ′ (t) = tem-se
1+t
1 ln (1 + x)
= .
1+c x

Por outro lado, como 0 < c < x resulta que

1 1
< < 1,
1+x 1+c
84 Cálculo diferencial em R

donde
1 ln (1 + x)
< <1
1+x x

e, portanto,
x
< ln (1 + x) < x, para x > 0.
1+x

Exemplo 2.7.29 Mostremos que −x ≤ sen x ≤ x, para x ≥ 0.

Consideremos a função f (t) = sen t definida em [0, x] , com x > 0, e apliquemos o

Teorema de Lagrange a f no intervalo [0, x] , com x > 0.

Comecemos por notar que f satisfaz as condições do Teorema de Lagrange, isto é, f é

contı́nua em [0, x] e diferenciável em (0, x) . Então, existe c ∈ (0, x) tal que

f (x) − f (0)
f ′ (c) =
x−0

ou
sen x
f ′ (c) = .
x

Mas, como f ′ (t) = cos t tem-se

sen x
cos c = .
x

Por outro lado, como −1 ≤ cos c ≤ 1 resulta que

sen x
−1 ≤ ≤ 1,
x

e, portanto,

−x ≤ sen x ≤ x, para x > 0.

Como a igualdade também se verifica para x = 0, tem-se o resultado.

Exemplo 2.7.30 Apliquemos agora o Teorema de Lagrange para determinarmos um valor



aproximado de 105.
2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 85


Consideremos a função f (x) = x definida em [100, 105] e apliquemos o Teorema de

Lagrange a f no intervalo [100, 105] .

Comecemos por notar que f satisfaz as condições do Teorema de Lagrange, isto é, f é

contı́nua em [100, 105] e diferenciável em (100, 105) .

Então, existe c ∈ (100, 105) tal que

f (105) − f (100)
f ′ (c) =
105 − 100

ou
√ √
′ 105 − 100
f (c) = .
5
1
Mas, como f ′ (x) = √ tem-se
2 x
√ √
1 105 − 100
√ =
2 c 5

ou
5 √ √
√ = 105 − 100.
2 c

Por outro lado, como 100 < c < 105 resulta que

√ √ √
10 < c< 105 < 121 = 11,

donde
5 √ 5
< 105 − 10 <
2 × 11 2 × 10

e, portanto,
5 √ 1
10 + < 105 < 10 + .
22 4

Teorema 2.7.31 (Teorema do valor médio de Cauchy) Sejam f, g : [a, b] −→ R,

com a, b ∈ R e a < b, funções contı́nuas em [a, b] , diferenciáveis em (a, b) e g ′ (x) 6= 0


f ′ (c) f (b) − f (a)
para todo o x ∈ (a, b) . Então, existe c ∈ (a, b) tal que ′
= .
g (c) g (b) − g (a)
86 Cálculo diferencial em R

Demonstração: A função

f (b) − f (a)
ϕ (x) = f (x) − g (x)
g (b) − g (a)

é contı́nua em [a, b] , diferenciável em (a, b) e ϕ (a) = ϕ (b) . Pelo Teorema de Rolle existe
f ′ (c) f (b) − f (a)
c ∈ (a, b) tal que ϕ′ (c) = 0, isto é, ′
= . 
g (c) g (b) − g (a)

Interpretação fı́sica do Teorema do valor médio de Cauchy

Se as condições do Teorema do valor médio de Cauchy forem satisfeitas com a e b dois

instantes distintos e f (t) e g (t) dois movimentos independentes na recta real, então o

Teorema do valor médio de Cauchy afirma que existe pelo menos um instante, c, onde o
f ′ (c)
quociente das velocidades instantâneas, ′ , é igual ao quociente das velocidades médias
 g (c)
 
f (b) − f (a) g (b) − g (a)
entre os instantes a e b, / .
b−a b−a

Observação 2.7.32 O Teorema de Lagrange é um caso particular do Teorema do valor

médio de Cauchy, quando g (x) = x.

Vamos agora enunciar uma regra importante para o estudo de limites, a regra de
0
L’Hospital, que é aplicável apenas no levantamento de indeterminações do tipo .
0

Teorema 2.7.33 (Regra de L’Hospital) Sejam I ⊆ R um intervalo de R, f, g : I −→ R

duas funções diferenciáveis em a ∈ I e g (x) 6= 0 para todo o x ∈ I\ {a} . Se f (a) = g (a) = 0

e g ′ (a) 6= 0, então o limite


f (x)
lim
x→a g (x)

existe e
f (x) f ′ (a)
lim = ′ .
x→a g (x) g (a)
2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 87

Demonstração: Para cada x ∈ I\ {a} , tem-se

f (x) − f (a)
f (x) f (x) − f (a) x−a
= =
g (x) g (x) − g (a) g (x) − g (a)
x−a

e, passando ao limite quando x → a, obtém-se o resultado. 

Observação 2.7.34 i) A hipótese f (a) = g (a) = 0 no teorema anterior é fundamental.

Com efeito, se considerarmos, por exemplo, f (x) = x + 17 e g (x) = 2x + 3, para qualquer


f (x) 17 f ′ (0) 1
x ∈ R, tem-se que lim = enquanto que ′ = .
x→0 g (x) 3 g (0) 2
ii) A regra de L’Hospital ainda é válida se g ′ (a) = 0 e f ′ (a) 6= 0, e, neste caso, o

limite é infinito.

iii) A regra também é válida se uma das derivadas f ′ (a) ou g ′ (a) (mas não ambas) é

infinita, no primeiro caso o limite é infinito e no segundo zero.

sen x
Exemplo 2.7.35 Determinemos lim .
x→0 x
Fazendo no teorema anterior I = R, f (x) = sen x e g (x) = x, tem-se que

f (0) = g (0) = 0, f ′ (x) = cos x e g ′ (x) = 1 6= 0, pelo que

sen x cos 0
lim = = 1.
x→0 x 1

x2 + 2x − 3
Exemplo 2.7.36 Determinemos lim .
x→1 x−1
Fazendo no teorema anterior I = R, f (x) = x2 + 2x − 3 e g (x) = x − 1, tem-se que

f (1) = g (1) = 0, f ′ (x) = 2x + 2 e g ′ (x) = 1 6= 0, pelo que

x2 + 2x − 3 4
lim = = 4.
x→1 x−1 1

e4x − 1
Exemplo 2.7.37 Determinemos lim .
x→0 3x
88 Cálculo diferencial em R

Fazendo no teorema anterior I = R, f (x) = e4x − 1 e g (x) = 3x, tem-se que

f (0) = g (0) = 0, f ′ (x) = 4e4x e g ′ (x) = 3 6= 0, pelo que

e4x − 1 4
lim = .
x→0 3x 3

A partir do Teorema do valor médio de Cauchy pode demonstrar-se a regra que apre-

sentamos a seguir, a regra de Cauchy, e que é muito usada no cálculo do limite de um


f (x) 0 ∞
quociente do tipo quando assume a forma ou .
g (x) 0 ∞

Teorema 2.7.38 (Regra de Cauchy) Sejam f e g duas funções diferenciáveis num

intervalo aberto I e seja a uma das extremidades de I. Suponhamos que g ′ (x) 6= 0 para

todo o x ∈ I. Se f (x) e g (x) tendem ambas para zero ou g (x) tende para −∞ ou +∞,

quando x → a, e existe o limite da razão das derivadas

f ′ (x)
lim ,
x→a g ′ (x)

então existe também


f (x)
lim
x→a g (x)

e
f (x) f ′ (x)
lim = lim ′ .
x→a g (x) x→a g (x)

Corolário 2.7.39 Sejam f e g duas funções diferenciáveis num intervalo aberto I privado

de um ponto a. Se g ′ (x) 6= 0 para todo o x ∈ I\ {a} e se f (x) e g (x) tendem ambas para

zero ou g (x) tende para −∞ ou +∞, quando x → a, e x 6= a, então

f (x) f ′ (x)
lim = lim ′
x→a g (x) x→a g (x)
x6=a x6=a

desde que exista o limite do segundo membro.


2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 89

Observação 2.7.40 i) No teorema anterior, o intervalo I pode ser não limitado, isto é,

pode ter-se a = −∞ ou a = +∞.

ii) No teorema anterior, no caso em que g (x) tende para −∞ ou +∞ não se exige que

f (x) tenda também para −∞ ou +∞.

iii) A regra de L’Hospital não é um caso particular da regra de Cauchy, pois as

hipóteses são diferentes.

sen x
Exemplo 2.7.41 Determinemos lim .
x→0 x

Fazendo no teorema anterior I = (0, +∞) , f (x) = sen x e g (x) = x, tem-se que

g ′ (x) = 1 6= 0 em (0, +∞) e lim f (x) = lim g (x) = 0, pelo que


x→0 x→0

f ′ (x) cos x
lim = lim =1
x→0 g ′ (x) x→0 1

e, portanto,

sen x
lim = 1.
x→0 x

ln x
Exemplo 2.7.42 Determinemos lim .
x→+∞ 2x + 1

Fazendo no teorema anterior I = (0, +∞) , f (x) = ln x e g (x) = 2x + 1, tem-se que

g ′ (x) = 2 6= 0 em (0, +∞) e lim f (x) = lim g (x) = +∞, pelo que
x→+∞ x→+∞

1
f ′ (x) 1
lim = lim x = lim =0
x→+∞ g ′ (x) x→+∞ 2 x→+∞ 2x

e, portanto,

ln x
lim = 0.
x→+∞ 2x + 1

ln x
Exemplo 2.7.43 Determinemos lim , com α > 0.
x→+∞ xα
90 Cálculo diferencial em R

Fazendo no teorema anterior I = (0, +∞) , f (x) = ln x e g (x) = xα , tem-se que

g ′ (x) = αxα−1 6= 0 em (0, +∞) e lim f (x) = lim g (x) = +∞, pelo que
x→+∞ x→+∞
1
f ′ (x) x = lim 1
lim ′ = lim α−1
=0
x→+∞ g (x) x→+∞ αx x→+∞ αxα

e, portanto,
ln x
lim = 0.
x→+∞ xα
f ′ (x) f (x)
Observação 2.7.44 Poderá acontecer que não exista lim ′
e exista lim . Com
x→a g (x) x→a g (x)
1
x2 sen
efeito, a aplicação da regra de Cauchy ao cálculo do limite lim x leva-nos a calcular
x→0 sen x
1 1
2x sen − cos
o limite do quociente das derivadas lim x x que não existe devido à não
x→0 cos x
1
1 x2 sen
existência de lim cos . No entanto, existe lim x , pois
x→0 x x→0 sen x
1
x2 sen x

1

lim x = lim × lim x sen = 1 × 0 = 0.
x→0 sen x x→0 sen x x→0 x
f ′ (x)
Portanto, quando, depois de aplicarmos a regra de Cauchy, não existe lim nada
x→a g ′ (x)
f (x)
se pode concluir sobre lim .
x→a g (x)

f (x)
Observação 2.7.45 Aplicada a regra de Cauchy ao quociente , se lim f ′ (x) =
g (x) x→a
f ′ (x)
= lim g ′ (x) = 0 ou lim g ′ (x) = ±∞ e se está nas condições de aplicação da regra
x→a x→a g ′ (x)
de Cauchy, então
f (x) f ′ (x) f ′′ (x)
lim = lim ′ = lim ′′ .
x→a g (x) x→a g (x) x→a g (x)

ex − x − 1
Exemplo 2.7.46 Determinemos lim .
x→0 xex − x

Fazendo no teorema anterior I = (0, +∞) , f (x) = ex − x − 1 e g (x) = xex − x, tem-se

que g ′ (x) 6= 0 em (0, +∞) e lim f (x) = lim g (x) = 0, pelo que
x→0 x→0

f ′ (x) ex − 1
lim = lim .
x→0 g ′ (x) x→0 ex + xex − 1
2.7 Teoremas fundamentais do cálculo diferencial 91

Aplicando de novo o teorema anterior a I = (0, +∞) , f (x) = ex −1 e g (x) = ex +xex −1,

tem-se que g ′ (x) 6= 0 em (0, +∞) e lim f (x) = lim g (x) = 0, pelo que
x→0 x→0

f ′′ (x) ex 1
lim ′′
= lim x x x
=
x→0 g (x) x→0 e + e + xe 2

e, portanto,
ex − x − 1 1
lim x
= .
x→0 xe − x 2

ln (1 + 2x)
Exemplo 2.7.47 Determinemos lim .
x→+∞ ln (1 + 5x)

Pela observação anterior e pela regra de Cauchy, tem-se que

2
ln (1 + 2x) 2 1 + 5x 2 5
lim = lim 1 + 2x = lim = lim = 1.
x→+∞ ln (1 + 5x) x→+∞ 5 5 x→+∞ 1 + 2x 5 x→+∞ 2
1 + 5x

Observação 2.7.48 As indeterminações do tipo 0 × ∞ ou +∞ − ∞ reduzem-se a inde-


0 ∞
terminações do tipo ou , utilizando as igualdades
0 ∞
 
f (x) g (x) 1 1
f (x) g (x) = = ou f (x) − g (x) = f (x) g (x) − .
1 1 g (x) f (x)
g (x) f (x)

Exemplo 2.7.49 Determinemos lim (x ln x) .


x→0+

Pela observação anterior, transforma-se uma indeterminação do tipo 0 × ∞ numa


∞ ∞
indeterminação do tipo , e pela regra de Cauchy, aplicada à indeterminação do tipo ,
∞ ∞
tem-se que
1
ln x
lim (x ln x) = lim = lim x = lim (−x) = 0.
x→0+ x→0+ 1 x→0+ 1 x→0+
− 2
x x
 
1 1
Exemplo 2.7.50 Determinemos lim − .
x→0 x sen x
Pela observação anterior, transforma-se uma indeterminação do tipo ∞ − ∞ numa
0
indeterminação do tipo , e pela regra de Cauchy, aplicada duas vezes a indeterminações
0
92 Cálculo diferencial em R

0
do tipo , tem-se que
0
 
1 1 sen x − x cos x − 1 − sen x
lim − = lim = lim = lim = 0.
x→0 x sen x x→0 x sen x x→0 sen x + x cos x x→0 cos x + cos x − x sen x

Observação 2.7.51 As indeterminações do tipo 1∞ , 00 e ∞0 reduzem-se a indeter-

minações do tipo 0 × ∞, utilizando as igualdades

g(x)
f (x)g(x) = eln(f (x)) = eg(x) ln(f (x)) .

Note-se que, pela continuidade de função exponencial, se tem

lim [g(x) ln(f (x))]


lim f (x)g(x) = e x→a .
x→a

Exemplo 2.7.52 Determinemos lim xx .


x→0+

Pela observação anterior, transforma-se uma indeterminação do tipo 00 numa inde-

terminação do tipo 0 × ∞, e pelo Exemplo 2.7.49, tem-se que

x lim (x ln x)
lim xx = lim eln x = lim ex ln x = e x→0+ = e0 = 1.
x→0+ x→0+ x→0+

1 x
 
Exemplo 2.7.53 Determinemos lim 1+ .
x→+∞ x
Pela observação anterior, transforma-se uma indeterminação do tipo 1∞ numa inde-

terminação do tipo ∞ × 0, tem-se que

1 x
 
1 x lim [x ln(1+ x1 )]
lim 1+ = lim eln(1+ x ) = e x→+∞ .
x→+∞ x x→+∞

Calculemos separadamente
  
1
lim x ln 1 + .
x→+∞ x
0
Pela Observação 2.7.48 e pela regra de Cauchy, aplicada à indeterminação do tipo ,
0
tem-se que
 
1
   ln 1 +
1 x 1
lim x ln 1 + = lim = lim = 1,
x→+∞ x x→+∞ 1 x→+∞ 1
1+
x x
2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 93

pelo que
1 x
 
lim 1+ = e.
x→+∞ x

1
Exemplo 2.7.54 Determinemos limπ (tg x) ln cos x .
x→ 2

Pela observação anterior, transforma-se uma indeterminação do tipo ∞0 numa inde-



terminação do tipo , tem-se que

1
1 1 lim [ ln cos x
ln(tg x)]
ln(tg x) ln cos x x→ π
lim (tg x) ln cos x = limπ e =e 2 .
x→ π2 x→ 2

Calculemos separadamente
 
1
lim ln (tg x) .
x→ π2 ln cos x

Pela Observação 2.7.48 e pela regra de Cauchy, aplicada à indeterminação do tipo ,

tem-se que

 
1 ln (tg x) 1
limπ ln (tg x) = limπ = − limπ = −1,
x→ 2 ln cos x x→ 2 ln cos x x→ 2 sen2 x

pelo que
1 1
limπ (tg x) ln cos x = .
x→ 2 e

2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor

O resultado principal que vamos introduzir nesta secção, chamado Fórmula de Taylor,

permite aproximar uma função, verificando certas condições, por um polinómio. Veremos

algumas aplicações da Fórmula de Taylor, nomeadamente, no estudo dos extremos e pontos

de inflexão de uma função e no levantamento de indeterminações. Começamos, no entanto,

por definir derivadas de ordem superior à primeira.


94 Cálculo diferencial em R

Definição 2.8.1 Sejam f : D ⊆ R −→ R uma função real de variável real diferenciável

em D e a ∈ D.

i) Diz-se que f é duas vezes diferenciável ou duas vezes derivável em a sse existe e é

finito o limite

f ′ (x) − f ′ (a)
lim .
x→a x−a

A este limite, quando existe, chama-se a segunda derivada de f em a ou a derivada de


d2 f
segunda ordem de f em a e representa-se por f ′′ (a) ou (a) ou D2 f (a) . Assim,
dx2

f ′ (x) − f ′ (a)
f ′′ (a) = lim
x→a x−a

ou, fazendo a mudança de variável x = a + h,

f ′ (a + h) − f ′ (a)
f ′′ (a) = lim .
h→0 h

ii) Diz-se que f é duas vezes diferenciável ou duas vezes derivável em D sse for duas

vezes diferenciável em todos os pontos de D. Chama-se segunda derivada de f ou derivada

de segunda ordem de f à função que a cada x ∈ D associa f ′′ (x) e representa-se por f ′′ (x)
d2 f
ou (x) ou D2 f (x) .
dx2

Observação 2.8.2 Agora, a partir da segunda derivada, pode definir-se terceira derivada

ou derivada de terceira ordem e assim sucessivamente.

Exemplo 2.8.3 Seja f : R −→ R a função definida por f (x) = sen x. Determinemos a

derivada de ordem n de f.
2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 95

Com efeito,

f (x) = sen x
π 
f ′ (x) = cos x = sen +x
2
f ′′ (x) = − sen x = sen (π + x)
 
′′′ 3π
f (x) = − cos x = sen +x
2
f (iv) (x) = sen x = sen (2π + x)
..
.
 nπ 
f (n) (x) = sen +x
2

Exemplo 2.8.4 Seja f : (−1, +∞) −→ R a função definida por f (x) = ln (1 + x) .

Determinemos a derivada de ordem n de f.

Com efeito,

f (x) = ln (1 + x)
1
f ′ (x) =
1+x
1
f ′′ (x) = −
(1 + x)2
2
f ′′′ (x) =
(1 + x)3
2×3
f (iv) (x) = −
(1 + x)4
2×3×4
f (v) (x) =
(1 + x)5
..
.
(n − 1)!
f (n) (x) = (−1)n−1
(1 + x)n

Exemplo 2.8.5 Sejam f, g : D ⊆ R −→ R duas funções n vezes diferenciáveis em x ∈ D.


96 Cálculo diferencial em R

Então, f + g é n vezes diferenciável e tem-se

(f + g)(n) (x) = f (n) (x) + g (n) (x) .

Exemplo 2.8.6 Sejam f, g : D ⊆ R −→ R duas funções n vezes diferenciáveis em x ∈ D.

Então, f · g é n vezes diferenciável e tem-se

n  
(n)
X n
(f · g) (x) = f (p) (x) g (n−p) (x) .
p
p=0

A esta igualdade chama-se Fórmula de Leibniz e a demonstração desta fórmula pode

ser feita por indução matemática em n.

Definição 2.8.7 Seja f : D ⊆ R −→ R.

i) Diz-se que f é de classe C 0 em D sse f é contı́nua em D e representa-se por

f ∈ C 0 (D) ou f ∈ C 0 .

ii) Diz-se que f é de classe C 1 em D sse f é diferenciável em D e f ′ é contı́nua em

D e representa-se por f ∈ C 1 (D) ou f ∈ C 1 .

iii) Diz-se que f é de classe C n em D sse f é n vezes diferenciável em D e f (n) é

contı́nua em D e representa-se por f ∈ C n (D) ou f ∈ C n .

iv) Diz-se que f é de classe C ∞ em D sse f ∈ C n (D) , para todo o n ∈ N, e representa-

se por f ∈ C ∞ (D) ou f ∈ C ∞ .

Exemplo 2.8.8 A função f : R −→ R definida por f (x) = ex é de classe C ∞ em R e a

sua derivada de ordem n é dada por f (n) = ex , para todo o n ∈ N.


2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 97

Exemplo 2.8.9 A função f : R −→ R definida por f (x) = xn é de classe C ∞ em R e a

sua derivada de ordem k é dada por

n (n − 1) (n − 2) · · · (n − k + 1) xn−k


 se k < n,

f (k) (x) = k! se k = n,


0 se k > n.

Exemplo 2.8.10 A função f : R −→ R definida por

 x2 sen 1 se x 6= 0,

f (x) = x
0 se x = 0

é diferenciável em R, mas a função derivada f ′ : R −→ R dada por

 2x sen 1 − cos 1 se x 6= 0,

f (x) = x x
0 se x = 0

não é contı́nua em R, pelo que f não é de classe C 1 em R.

Ainda antes de introduzirmos a Fórmula de Taylor vamos introduzir o polinómio de

Taylor.

Definição 2.8.11 Seja f uma função n vezes diferenciável no ponto x0 . Chama-se poli-

nómio de Taylor de grau n de f no ponto x0 ao polinómio

f ′′ (x0 ) f (n) (x0 )


Txn0 (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) + (x − x0 )2 + · · · + (x − x0 )n .
2! n!

Note-se que este polinómio de grau n é construı́do de modo que Txn0 (x0 ) = f (x0 ) e
(k)
Txn0 (x0 ) = f (k) (x0 ) , para k = 1, 2, . . . , n. É natural esperar que este polinómio dê

uma aproximação razoável de f na vizinhança de x0 , mas para medir a qualidade da apro-

ximação é necessário ter informação sobre o erro ou resto que se comete,

Rn (x) = f (x) − Txn0 (x) . O próximo teorema dá essa informação.


98 Cálculo diferencial em R

Teorema 2.8.12 (Teorema de Taylor ou Fórmula de Taylor) Sejam n ∈ N,

I = [a, b] um intervalo de R, f : I −→ R uma função com derivadas f ′ , f ′′ , . . . , f (n)

contı́nuas em I e com f (n+1) definida em (a, b) . Se x0 ∈ I, então para todo o x ∈ I, existe

c ∈ (x0 , x) tal que

f ′′ (x0 ) f (n) (x0 )


f (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) + (x − x0 )2 + · · · + (x − x0 )n + Rn (x) ,
2! n!
(2.10)

onde
f (n+1) (c)
Rn (x) = (x − x0 )n+1 . (2.11)
(n + 1)!

À igualdade (2.10) chama-se Fómula de Taylor de ordem ou grau n de f no ponto x0

com resto de Lagrange e a (2.11) resto de Lagrange.

Demonstração: Seja J = [x0 , x] . Consideremos a função F em J definida por

f ′′ (t) f (n) (t)


F (t) = f (x) − f (t) − f ′ (t) (x − t) − (x − t)2 + · · · − (x − t)n ,
2! n!

f (n+1) (t)
para t ∈ J. Então, F ′ (t) = − (x − t)n .
n!
Se considerarmos agora a função G em J definida por

 n+1
x−t
G (t) = F (t) − F (x0 ) ,
x − x0

para t ∈ J, então G (x) = G (x0 ) = 0. Portanto, pelo Teorema de Rolle, existe c ∈ (x0 , x)

tal que

G′ (c) = 0,

isto é,
(x − c)n
F ′ (c) + (n + 1) F (x0 ) = 0,
(x − x0 )n+1
2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 99

pelo que

1 (x − x0 )n+1 ′ 1 (x − x0 )n+1 f (n+1) (c)


F (x0 ) = − n F (c) = n (x − c)n =
n + 1 (x − c) n + 1 (x − c) n!
f (n+1) (c)
= (x − x0 )n+1 ,
(n + 1)!

o que estabelece o resultado. 

Observação 2.8.13 i) Nas condições do teorema anterior tem-se que

Rn (x)
lim = 0.
x→x0 (x − x0 )n

ii) No caso x0 = 0, a Fórmula de Taylor é conhecida por Fórmula de Maclaurin e é

dada por
f ′′ (0) 2 f (n) (0) n
f (x) = f (0) + f ′ (0) x + x + ··· + x + Rn (x) , (2.12)
2! n!

onde
f (n+1) (c) n+1
Rn (x) = x .
(n + 1)!

Exemplo 2.8.14 Consideremos f : R −→ R definida por f (x) = ex . Como esta função é

de classe C ∞ em R, isto é, tem derivadas contı́nuas de todas as ordens, podemos escrever a

sua Fórmula de Taylor centrada em qualquer ponto a ∈ R e até à ordem que desejarmos.

Por exemplo, a sua aproximação por um polinómio de grau 4 na vizinhança do ponto

a = 2, isto é, a sua aproximação por um polinómio nas potências de x − 2, é dada por

f ′′ (2) f ′′′ (2) f (iv) (2)


f (x) = f (2)+f ′ (2) (x − 2)+ (x − 2)2 + (x − 2)3 + (x − 2)4 +R5 (x) ,
2! 3! 4!

ou seja,

e2 e2 e2
f (x) = e2 + e2 (x − 2) + (x − 2)2 + (x − 2)3 + (x − 2)4 + R5 (x) ,
2! 3! 4!
100 Cálculo diferencial em R

ou ainda,
" #
2 (x − 2)2 (x − 2)3 (x − 2)4
f (x) = e 1 + (x − 2) + + + + R5 (x) ,
2! 3! 4!

onde
ec
R5 (x) = (x − 2)5 .
5!

Exemplo 2.8.15 Seja f : R −→ R definida por f (x) = ex . A Fórmula de Maclaurin

desta função é dada por

x2 x3 xn
f (x) = 1 + x + + + ··· + + Rn (x) ,
2! 3! n!

onde
ec
Rn (x) = xn+1 ,
(n + 1)!

com 0 < c < x.

Exemplo 2.8.16 Seja f : (−1, +∞) −→ R definida por f (x) = ln (1 + x) . A Fórmula

de Maclaurin desta função é dada por

x2 x3 xn
f (x) = x − + + · · · + (−1)n−1 + Rn (x) ,
2 3 n

onde
(−1)n
Rn (x) = xn+1 ,
(n + 1) (1 + c)n+1
com 0 < c < x.

Observação 2.8.17 Como já referimos, o último termo é usualmente chamado de resto

de Lagrange. Existem outras formas de resto que têm vantagens em algumas situações,

mas a forma de Lagrange é provavelmente a mais simples. Note-se que f (n+1) no Resto

de Lagrange é calculada em c e não em x0 e ainda que o ponto c pode ser escrito na forma

(1 − θ) x0 + θx, com 0 < θ < 1.


2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 101

2.8.1 Aplicações da Fórmula de Taylor: extremos relativos, pontos de


inflexão e inderterminações

Estabelecemos no Teorema 2.7.2 que para uma função diferenciável num ponto x0

ter um extremo local em x0 é necessário que f ′ (x0 ) = 0. Já vimos que uma forma de

determinar se f tem um extremo local em x0 é usando o Corolário 2.7.22 (Teste da

primeira derivada para extremos). Vamos ver de seguida como é que as derivadas de

ordem superior, se existirem, e a Fórmula de Taylor nos permitem determinar os extremos

de uma função.

Teorema 2.8.18 Sejam I um intervalo de R, x0 um ponto interior a I e n ≥ 2. Suponha-

mos que as derivadas f ′ , f ′′ , . . . , f (n) existem e são contı́nuas numa vizinhança de x0 e que

f ′ (x0 ) = f ′′ (x0 ) = · · · = f (n−1) (x0 ) = 0 e f (n) (x0 ) 6= 0.

i) Se n é par e f (n) (x0 ) > 0, então f tem um mı́nimo relativo em x0 .

ii) Se n é par e f (n) (x0 ) < 0, então f tem um máximo relativo em x0 .

iii) Se n é ı́mpar, então f não tem extremo relativo em x0 .

Demonstração: Aplicando o Teorema de Taylor em x0 , tem-se que, para x ∈ I,

f (n) (c)
f (x) = f (x0 ) + (x − x0 )n ,
n!

onde x0 < c < x.

Como f (n) é contı́nua, se f (n) (x0 ) 6= 0, então existe uma vizinhaça V de x0 tal que

f (n) (x) tem o sinal de f (n) (x0 ) para x ∈ V. Se x ∈ V, então também o ponto c pertence

a V e consequentemente f (n) (c) e f (n) (x0 ) têm o mesmo sinal.

i) Se n é par e f (n) (x0 ) > 0, então para x ∈ V tem-se f (n) (c) > 0 e (x − x0 )n ≥ 0,

pelo que f (x) ≥ f (x0 ) para x ∈ V e, portanto, f tem um mı́nimo relativo em x0 .


102 Cálculo diferencial em R

ii) Se n é par e f (n) (x0 ) < 0, então f (x) ≤ f (x0 ) para x ∈ V e, portanto, f tem um

máximo relativo em x0 .

iii) Se n é ı́mpar, então (x − x0 )n é positivo se x > x0 e negativo se x < x0 . Conse-

quentemente, se x ∈ V, então f (x) − f (x0 ) tem sinais opostos à esquerda e à direita de

x0 . Portanto, f não tem extremo relativo. 

Corolário 2.8.19 Sejam f : I ⊆ R −→ R uma função de classe C 2 em I, com I um

intervalo de R, x0 um ponto interior a I e ponto crı́tico de f.

i) Se f ′′ (x0 ) > 0, então f tem um mı́nimo relativo em x0 .

ii) Se f ′′ (x0 ) < 0, então f tem um máximo relativo em x0 .

Observação 2.8.20 Ao corolário anterior dá-se o nome de Teste da segunda derivada

para extremos.

Exemplo 2.8.21 Seja f : R −→ R definida por f (x) = x3 − 6x2 . Determinemos os

máximos e os mı́nimos da função f.

Comecemos por determinar os zeros da função derivada. Com efeito,

f ′ (x) = 0 ⇔ 3x2 − 12x = 0 ⇔ 3x (x − 4) = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = 4.

Como f ′′ (x) = 6x − 12, tem-se que f ′′ (0) = −12 < 0 e f ′′ (4) = 12 > 0, pelo que, pelo

Corolário 2.8.19, f tem um máximo relativo em zero e um mı́nimo relativo em 4.

x4
Exemplo 2.8.22 Seja f : R −→ R definida por f (x) = . Determinemos os
(x + 1)2
máximos e os mı́nimos da função f.

Comecemos por determinar os zeros da função derivada. Como a função derivada de

f é dada por

4x3 (x + 1)2 − 2x4 (x + 1) 4x3 (x + 1) − 2x4 2x4 + 4x3


f ′ (x) = = = ,
(x + 1)4 (x + 1)3 (x + 1)3
2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 103

tem-se que

2x4 + 4x3
f ′ (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x 6= −1 ⇔ 2x3 (x + 2) = 0 ∧ x 6= −1 ⇔ x = −2 ∨ x = 0.
(x + 1)3

2x2 6 + 4x + x2

Por outro lado, como f ′′ (x) = , tem-se que f ′′ (−2) = 16 > 0 e
(x + 1)4
f ′′ (0) = 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19, f tem um mı́nimo relativo em −2.

Como f ′′ (0) = 0, temos de determinar a terceira derivada e ver qual o valor de f ′′′ (0) .
24x
Com efeito, f ′′′ (x) = ′′′
5 , pelo que f (0) = 0.
(x + 1)
Como f ′′′ (0) = 0, temos de determinar a quarta derivada e ver qual o valor de f (iv) (0) .
24 − 96x
Com efeito, f (iv) (x) = , pelo que f (iv) (0) = 24 > 0 e, pelo Teorema 2.8.18,
(x + 1)6
conclui-se que f tem um mı́nimo relativo em zero.

O próximo objectivo é definir, para funções diferenciáveis, o sentido da concavidade

num ponto.

Definição 2.8.23 Sejam f, g : I ⊆ R −→ R duas funções definidas em I, com I um

intervalo de R, e x0 ∈ I.

i) Diz-se que o gráfico de f fica acima do gráfico de g no ponto x0 sse f (x0 ) > g (x0 ) .

ii) Diz-se que o gráfico de f fica abaixo do gráfico de g no ponto x0 sse f (x0 ) < g (x0 ) .

Definição 2.8.24 Sejam I e J dois intervalos de R, com J ⊆ I, e f, g : I ⊆ R −→ R

duas funções definidas em I.

i) Diz-se que o gráfico de f fica acima do gráfico de g em J sse f (x) > g (x) , para

todo o x ∈ J.

ii) Diz-se que o gráfico de f fica abaixo do gráfico de g em J sse f (x) < g (x) , para

todo o x ∈ J.
104 Cálculo diferencial em R

Consideremos f : I ⊆ R −→ R uma função diferenciável num ponto x0 ∈ I, com I um

intervalo de R. A equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (x0 , f (x0 )) é dada

por

y = f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) .

Para determinarmos o sentido da concavidade de f no ponto x0 , vamos estudar a

posição do gráfico de f em relação à recta tangente, isto é, vamos estudar a diferença

r (x) = f (x) − f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) ,


 

ver Figura 2.29.


20

15

10

-2 -1 1 2 3 4 5

-5

Figura 2.29: Gráfico de uma função e algumas rectas tangentes para ilustrar o sentido da
concavidade da função num ponto.

Definição 2.8.25 Sejam f : I ⊆ R −→ R uma função diferenciável num ponto x0 ∈ I,

com I um intervalo de R, e r (x) = f (x) − [f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 )] .

i) Diz-se que f tem a concavidade voltada para cima em x0 ou f é côncava em x0 sse

existe ε > 0 tal que r (x) > 0, para todo o x ∈ Vε (x0 ) \ {x0 } .
2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 105

ii) Diz-se que f tem a concavidade voltada para baixo em x0 ou f é convexa em x0

sse existe ε > 0 tal que r (x) < 0, para todo o x ∈ Vε (x0 ) \ {x0 } .

iii) Diz-se que f tem um ponto de inflexão em x0 ∈ int (I) sse existe ε > 0 tal que

num dos intervalos (x0 − ε, x0 ) e (x0 , x0 + ε) se tem r (x) < 0 e no outro se tem r (x) > 0.

Teorema 2.8.26 Sejam f : I ⊆ R −→ R uma função de classe C 2 em I, com I um

intervalo de R, e x0 um ponto interior a I.

i) Se f ′′ (x0 ) < 0, então f tem a concavidade voltada para baixo em x0 .

ii) Se f ′′ (x0 ) > 0, então f tem a concavidade voltada para cima em x0 .

Demonstração: Aplicando o Teorema de Taylor em x0 , tem-se que, para x ∈ I,

f ′′ (c)
f (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) + (x − x0 )2 ,
2!

onde x0 < c < x, ou ainda,


f ′′ (c)
r (x) = (x − x0 )2 ,
2!

onde x0 < c < x.

Como f ′′ é contı́nua, se f ′′ (x0 ) 6= 0, então existe uma vizinhaça V de x0 tal que f ′′ (x)

tem o sinal de f ′′ (x0 ) para x ∈ V. Se x ∈ V, então também o ponto c pertence a V e

consequentemente f ′′ (c) e f ′′ (x0 ) têm o mesmo sinal.

Portanto, como o sinal de r (x) é igual ao sinal de f ′′ (c) , tem-se o resultado. 

Corolário 2.8.27 Sejam f : I ⊆ R −→ R uma função de classe C 2 em I, com I um

intervalo de R, e x0 um ponto interior a I. Se x0 é ponto de inflexão, então f ′′ (x0 ) = 0.

Observação 2.8.28 A recı́proca deste corolário não é verdadeira. Com efeito, basta con-

siderar, por exemplo, f : R −→ R definida por f (x) = x4 , para a qual se tem f ′′ (0) = 0 e

zero não é um ponto de inflexão.


106 Cálculo diferencial em R

Tal como a análise das derivadas de ordem superior foi determinante para encontrar

os extremos locais, entre os pontos crı́ticos, também agora as derivadas de ordem superior

e a Fórmula de Taylor permitem determinar os pontos de inflexão, entre os pontos que

anulam a segunda derivada.

Teorema 2.8.29 Sejam I um intervalo de R, x0 um ponto interior a I e n ≥ 3. Suponha-

mos que as derivadas f ′ , f ′′ , . . . , f (n) existem e são contı́nuas numa vizinhança de x0 e que

f ′′ (x0 ) = f ′′′ (x0 ) = · · · = f (n−1) (x0 ) = 0 e f (n) (x0 ) 6= 0.

i) Se n é par e f (n) (x0 ) > 0, então f tem a concavidade voltada para cima em x0 .

ii) Se n é par e f (n) (x0 ) < 0, então f tem a concavidade voltada para baixo em x0 .

iii) Se n é ı́mpar, então x0 é ponto de inflexão.

Demonstração: Aplicando o Teorema de Taylor em x0 , tem-se que, para x ∈ I,

f (n) (c)
f (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) + (x − x0 )n ,
n!

onde x0 < c < x, ou ainda,


f (n) (c)
r (x) = (x − x0 )n ,
n!

onde x0 < c < x.

Como f (n) é contı́nua, se f (n) (x0 ) 6= 0, então existe uma vizinhaça V de x0 tal que

f (n) (x) tem o sinal de f (n) (x0 ) para x ∈ V. Se x ∈ V, então também o ponto c pertence

a V e consequentemente f (n) (c) e f (n) (x0 ) têm o mesmo sinal.

i) Se n é par e f (n) (x0 ) > 0, então para x ∈ V tem-se f (n) (c) > 0 e (x − x0 )n ≥ 0,

pelo que r (x) > 0 para x ∈ V \ {x0 } e, portanto, f tem a concavidade voltada para cima

em x0 .

ii) Se n é par e f (n) (x0 ) < 0, então r (x) < 0 para x ∈ V \ {x0 } e, portanto, f tem a

concavidade voltada para baixo em x0 .


2.8 Derivadas de ordem superior. Fórmula de Taylor 107

iii) Se n é ı́mpar, então (x − x0 )n é positivo se x > x0 e negativo se x < x0 . Consequen-

temente, se x ∈ V, então r (x) tem sinais opostos à esquerda e à direita de x0 . Portanto,

x0 é ponto de inflexão. 

Exemplo 2.8.30 Seja f : R −→ R definida por f (x) = x5 − 10x2 + 3x. Determinemos

os pontos de inflexão da função f.

Comecemos por determinar os zeros da segunda derivada. Com efeito,

f ′′ (x) = 0 ⇔ 20x3 − 20 = 0 ⇔ x = 1.

Como f ′′′ (x) = 60x, tem-se que f ′′′ (1) = 60 6= 0, pelo que, pelo Teorema 2.8.29, f tem

um ponto de inflexão em 1.

Vejamos agora mais uma aplicação da Fórmula de Taylor, nomeadamente, no levanta-

mento de indeterminações.

sen x − x
Exemplo 2.8.31 Determinemos lim .
x→0 x − tg x
Comecemos por escrever a Fómula de Taylor de ordem 3 das funções f (x) = sen x e

g (x) = tg x no ponto zero. Com efeito,

x3 x3
f (x) = x − + R3 (x) e g (x) = x + + R3 (x) ,
3! 3

onde
R3 (x) R3 (x)
lim 3
= 0 e lim = 0.
x→0 x x→0 x3

Portanto,
x3 1 R3 (x)
sen x − x + R3 (x) − x
x− − +
lim = lim 3! = lim 6 x3 = 1 .
x→0 x − tg x x→0 x3 x→0 1 R3 (x) 2
x−x− − R3 (x) − − 3
3 3 x
108 Cálculo diferencial em R

2.9 Assı́mptotas

O objectivo desta secção é determinar o comportamento assimptótico de uma função.

Vejamos então como determinar as assı́mptotas do gráfico de uma função.

Definição 2.9.1 Sejam f : D ⊆ R −→ R e a um ponto de acumulação de D. Diz-se que

a recta de equação x = a é assı́mptota vertical ao gráfico de f quando se verifica pelo

menos uma das quatro igualdades seguintes

lim f (x) = −∞, lim f (x) = +∞, lim f (x) = −∞ ou lim f (x) = +∞.
x→a− x→a− x→a+ x→a+

Definição 2.9.2 Sejam D uma parte não majorada de R e f : D ⊆ R −→ R. Diz-se que

a recta de equação y = mx + b é assı́mptota não vertical ao gráfico de f quando x → +∞

sse existir o limite

lim [f (x) − (mx + b)]


x→+∞

e for igual a zero.

Definição 2.9.3 Sejam D uma parte não minorada de R e f : D ⊆ R −→ R. Diz-se que

a recta de equação y = mx + b é assı́mptota não vertical ao gráfico de f quando x → −∞

sse existir o limite

lim [f (x) − (mx + b)]


x→−∞

e for igual a zero.

Teorema 2.9.4 i) Sejam D uma parte não majorada de R e f : D ⊆ R −→ R. A recta

y = mx + b é assı́mptota para a direita ao gráfico de f sse

f (x)
m = lim e b = lim [f (x) − mx] .
x→+∞ x x→+∞
2.9 Assı́mptotas 109

ii) Sejam D uma parte não minorada de R e f : D ⊆ R −→ R. A recta y = mx + b é

assı́mptota para a esquerda ao gráfico de f sse

f (x)
m = lim e b = lim [f (x) − mx] .
x→−∞ x x→−∞

x3
Exemplo 2.9.5 Seja f : R\ {−1, 1} −→ R uma função definida por f (x) = .
x2 − 1
Determinemos as assı́mptotas desta função.

Comecemos por determinar as assı́mptotas verticais. Como

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞


x→−1− x→−1+

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞,


x→1− x→1+

tem-se que as rectas de equações x = −1 e x = 1 são assı́mptotas verticais. Procuremos

agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

f (x) x3
m = lim = lim 3 =1
x→+∞ x x→+∞ x − x

e
x3
 
x
b = lim [f (x) − mx] = lim −x = lim = 0,
x→+∞ x→+∞ x2 − 1 x→+∞ x2 −1

tem-se que a recta de equação y = x é uma assı́mptota não vertical para a direita ao

gráfico de f. Por outro lado, como

f (x) x3
m = lim = lim 3 =1
x→−∞ x x→−∞ x − x

e
x3
 
x
b = lim [f (x) − mx] = lim −x = lim = 0,
x→−∞ x→−∞ x2 − 1 x→−∞ x2 −1

tem-se que a recta de equação y = x é uma assı́mptota não vertical para a esquerda ao

gráfico de f.
110 Cálculo diferencial em R

ex − 1
Exemplo 2.9.6 Seja f : R −→ R uma função definida por f (x) = se x 6= 0 e
x
f (0) = 1. Determinemos as assı́mptotas desta função.

Note-se que neste caso não existem assı́mptotas verticais, pois

ex − 1
lim f (x) = lim = 1.
x→0 x→0 x

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

f (x) ex − 1
m = lim = lim = +∞
x→+∞ x x→+∞ x2

tem-se que não existe qualquer assı́mptota não vertical para a direita ao gráfico de f. Por

outro lado, como


f (x) ex − 1
m = lim = lim =0
x→−∞ x x→−∞ x2

e
ex − 1
b = lim [f (x) − mx] = lim = 0,
x→−∞ x→−∞ x

tem-se que a recta de equação y = 0 é uma assı́mptota não vertical para a esquerda ao

gráfico de f, ver Figura 2.30.

-2 -1 1 2

ex − 1
Figura 2.30: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = se x 6= 0 e
x
f (0) = 1.
2.10 Representação gráfica de funções reais de uma variável real 111

2.10 Representação gráfica de funções reais de uma variável


real

A representação gráfica de uma função permite a leitura rápida de todas as suas carac-

terı́sticas, nomeadamente, domı́nio, contradomı́nio, zeros, continuidade, comportamento

assimptótico, intervalos de monotonia, máximos, mı́nimos, pontos de inflexão, concavida-

des, entre outros.

Compreende-se assim a importância da elaboração correcta e o mais rigorosa possı́vel

da representação gráfica de funções. Para construir um gráfico é conveniente determinar:

i) o domı́nio da função;

ii) os pontos de intersecção com os eixos;

iii) as simetrias do gráfico, em relação ao eixo dos yy e em relação à origem;

iv) os intervalos de monotonia, os máximos e os mı́nimos;

v) as concavidades e os pontos de inflexão;

vi) as assı́mptotas do gráfico;

vii) as coordenadas de alguns pontos do gráfico, se necessário.

3x3
Exemplo 2.10.1 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função definida por f (x) = .
x2 − 4
Façamos o estudo desta função, seguindo os pontos enunciados no inı́cio desta secção,

e representemos o seu gráfico.

i) O domı́nio da função.

O domı́nio D desta função é dado por

D = x ∈ R : x2 − 4 6= 0 = R\ {−2, 2} .


ii) Os pontos de intersecção com os eixos.


112 Cálculo diferencial em R

Os pontos de intersecção com o eixo dos xx são dados por

3x3
f (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x2 − 4 6= 0
x2 − 4
⇔ 3x3 = 0 ∧ x 6= ±2

⇔ x = 0,

pelo que se obtém o ponto (0, 0) . Por outro lado, os pontos de intersecção com o eixo dos

yy são dados por

f (0) = 0,

pelo que também se obtém a origem.

iii) As simetrias do gráfico, em relação ao eixo dos yy e em relação à origem.

Comecemos pela simetria em relação ao eixo dos yy, isto é, verifiquemos se a função

é par, isto é, se verifica f (−x) = f (x) . Com efeito,

3x3
f (−x) = − 6= f (x) ,
x2 − 4

pelo que f não é par. Verifiquemos agora a simetria em relação à origem, isto é, verifi-

quemos se a função é ı́mpar, isto é, se verifica f (−x) = −f (x) . Com efeito,

3x3
f (−x) = − = −f (x) ,
x2 − 4

pelo que f é ı́mpar, ou seja, o gráfico de f é simétrico em relação à origem.

iv) Os intervalos de monotonia, os máximos e os mı́nimos.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da função derivada. Como a função

derivada de f é dada por

9x2 x2 − 4 − 6x4 3x2 x2 − 12


 
′ 3x4 − 36x2
f (x) = = =
(x2 − 4)2 (x2 − 4)2 (x2 − 4)2
2.10 Representação gráfica de funções reais de uma variável real 113

tem-se que

3x2 x2 − 12


f (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x 6= ±2
(x2 − 4)2
⇔ 3x2 x2 − 12 = 0 ∧ x 6= ±2


√ √
⇔ x = − 12 ∨ x = 0 ∨ x = 12.

24x x2 + 12

′′ ′′
√  9 3 √ 
Como f (x) = 3 , tem-se que f − 12 = − < 0, f ′′ 12 =
2
(x − 4) 4

9 3
= > 0 e f ′′ (0) = 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19, f tem um máximo relativo em
4
√ √
− 12 e um mı́nimo relativo em 12.

Como f ′′ (0) = 0, temos de determinar a terceira derivada e ver qual o valor de f ′′′ (0) .
4 + 24x2 + 16

−72 x 9
Com efeito, f ′′′ (x) = 4 , pelo que f ′′′ (0) = − 6= 0. Assim, pelo
2
(x − 4) 2
Teorema 2.8.18, conclui-se que f não tem um extremo em zero.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.

√ √
x − 12 −2 0 2 12

3x2 + + + + + 0 + + + + +

x2 − 12 + 0 − − − − − − − 0 +
2
x2 − 4 + + + 0 + + + 0 + + +

f ′ (x) + 0 − ss − 0 − ss − 0 +

f (x) ր máximo ց ss ց 0 ց ss ց mı́nimo ր

v) As concavidades e os pontos de inflexão.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da segunda derivada. Como a

segunda derivada de f é dada por

24x x2 + 12

′′
f (x) =
(x2 − 4)3
114 Cálculo diferencial em R

tem-se que

24x x2 + 12

′′
f (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x 6= ±2
(x2 − 4)3
⇔ 24x x2 + 12 = 0 ∧ x 6= ±2


⇔ x = 0.

−72 x4 + 24x2 + 16

′′′ 9
Como f (x) = 4 , tem-se que f ′′′ (0) = − 6= 0, pelo que, pelo
2
(x − 4) 2
Teorema 2.8.29, f tem um ponto de inflexão em zero.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à exis-

tência de pontos de inflexão para esta função.

x −2 0 2

24x − − − 0 + + +

x2 + 12 + + + + + + +
3
x2 − 4 + 0 − − − 0 +

f ′′ (x) − ss + 0 − ss +

f (x) ∩ ss ∪ ponto de inflexão ∩ ss ∪

vi) As assı́mptotas do gráfico.

Como

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞


x→−2− x→−2+

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞,


x→2− x→2+

tem-se que as rectas x = −2 e x = 2 são assı́mptotas verticais.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

f (x) 3x3
m = lim = lim 3 =3
x→±∞ x x→±∞ x − 4x
2.10 Representação gráfica de funções reais de uma variável real 115

3x3
 
12x
b = lim [f (x) − mx] = lim − 3x = lim = 0,
x→±∞ x→±∞ x2 − 4 x→±∞ x2 −4

tem-se que a recta de equação y = 3x é uma assı́mptota não vertical para direita e para

esquerda ao gráfico de f.

Terminamos apresentando o gráfico da função f na Figura 2.31.

20

10

-4 -2 2 4
-10

-20

3x3
Figura 2.31: Gráfico da função f : R\ {−2, 2} −→ R definida por f (x) = .
x2 − 4

ln x
Exemplo 2.10.2 Seja f : D ⊆ R −→ R uma função definida por f (x) = . Façamos o
x
estudo desta função, seguindo os pontos enunciados no inı́cio desta secção, e representemos

o seu gráfico.

i) O domı́nio da função.

O domı́nio D desta função é dado por

D = {x ∈ R : x > 0} = R+ .

ii) Os pontos de intersecção com os eixos.


116 Cálculo diferencial em R

Os pontos de intersecção com o eixo dos xx são dados por

f (x) = 0 ⇔ ln x = 0 ∧ x 6= 0

⇔ x = 1,

pelo que se obtém o ponto (1, 0) . Por outro lado, não existem pontos de intersecção com

o eixo dos yy, pois o domı́nio da função é R+ .

iii) As simetrias do gráfico, em relação ao eixo dos yy e em relação à origem.

Não faz sentido determinar as simetrias da função, pois o domı́nio da função é R+ .

iv) Os intervalos de monotonia, os máximos e os mı́nimos.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da função derivada. Como a função

derivada de f é dada por

1 − ln x
f ′ (x) =
x2

tem-se que

f ′ (x) = 0 ⇔ 1 − ln x = 0 ∧ x 6= 0

⇔ ln x = 1 ∧ x 6= 0

⇔ x = e.

−3 + 2 ln x 1
Como f ′′ (x) = 3
, tem-se que f ′′ (e) = − 3 < 0, pelo que, pelo Corolário
x e
2.8.19, f tem um máximo relativo em 1.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função. Note-se que só se tem em conta valores de x

positivos.
2.10 Representação gráfica de funções reais de uma variável real 117

x e

1 − ln x − 0 +

x2 + + +

f ′ (x) − 0 +

f (x) ց máximo ր

v) As concavidades e os pontos de inflexão.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da segunda derivada. Como a

segunda derivada de f é dada por

−3 + 2 ln x
f ′′ (x) =
x3

tem-se que

−3 + 2 ln x
f ′′ (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x 6= 0
x3
⇔ −3 + 2 ln x = 0 ∧ x 6= 0
3
⇔ x = e2 .

11 − 6 ln x  
′′′ e 32 2
Como f ′′′ (x) = 4
, tem-se que f = 6 6= 0, pelo que, pelo Teorema
x e
3
2.8.29, f tem um ponto de inflexão em e 2 .

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à exis-

tência de pontos de inflexão para esta função. Note-se que só se tem em conta valores de

x positivos.
118 Cálculo diferencial em R

3
x e2

−3 + 2 ln x − 0 +

x3 + + +

f ′′ (x) − 0 +

f (x) ∩ ponto de inflexão ∪

vi) As assı́mptotas do gráfico.

Como

lim f (x) = −∞,


x→0+

tem-se que a recta x = 0 é uma assı́mptota vertical.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

1
f (x) ln x 1
m = lim = lim = lim x = lim =0
x→+∞ x x→+∞ x2 x→+∞ 2x x→+∞ 2x2

e
1
ln x x 1
b = lim [f (x) − mx] = lim = lim = lim = 0,
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ 1 x→+∞ x

tem-se que a recta de equação y = 0 é uma assı́mptota não vertical para a direita ao gráfico

de f.

Terminamos apresentando o gráfico da função f na Figura 2.32.

As aplicações do cálculo diferencial à determinação de máximos e mı́nimos de funções

constituem a versão elementar de uma área da Matemática especialmente importante

designada por Cálculo das Variações. Vejamos dois exemplos simples tirados da geometria

elementar.
2.10 Representação gráfica de funções reais de uma variável real 119

0.5

-1 1 2 3 4 5
-0.5

-1

-1.5

ln x
Figura 2.32: Gráfico da função f : R+ −→ R definida por f (x) = .
x

Exemplo 2.10.3 Entre todos os rectângulos com uma área dada é o quadrado que tem

perı́metro mı́nimo.

Consideremos um rectângulo de lados x e y, ver Figura 2.33. Seja A a área dada e

determinemos o perı́metro P mı́nimo.


2A
Como A = xy e P = 2x + 2y, resulta que P (x) = 2x + . Comecemos por determinar
x
os zeros da função derivada. Com efeito,

2A 2x2 − 2A
P ′ (x) = 2 − = = 0 ⇔ 2x2 − 2A = 0 ∧ x 6= 0
x2 x2
√ √
⇔ x = A ∨ x = − A.

4A √  4
Como P ′′ (x) = , tem-se que P ′′ A = √ > 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19,
x3 A

P tem um mı́nimo relativo em A.

Exemplo 2.10.4 Entre todos os rectângulos com um perı́metro dado é o quadrado que

tem área máxima.

Consideremos um rectângulo de lados x e y, ver Figura 2.33. Seja P o perı́metro dado

e determinemos a área A máxima.


120 Cálculo diferencial em R

Figura 2.33: Rectângulo de lados x e y.

 
P
Como P = 2x + 2y e A = xy, resulta que A (x) = x − x . Comecemos por
2
determinar os zeros da função derivada. Com efeito,

P P
A′ (x) =
− 2x = 0 ⇔ x = .
2 4
 
′′ ′′ P
Como A (x) = −2, tem-se que A = −2 < 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19,
4
P
A tem um máximo relativo em .
4
2.11 Exercı́cios resolvidos 121

2.11 Exercı́cios resolvidos

2.11.1. Seja f : R −→ R definida por f (x) = x + 5. Determine, usando a definição,

f ′ (1) .

Resolução:

A derivada de f no ponto 1 é dada por

f (x) − f (1) x+5−6


f ′ (1) = lim = lim = 1.
x→1 x−1 x→1 x−1

1
2.11.2. Seja f : R −→ R definida por f (x) = . Determine, usando a definição,
x2 +1
f ′ (3) .

Resolução:

A derivada de f no ponto 3 é dada por


1 1
2 −
f (3 + h) − f (3) (3 + h) + 1 10
f ′ (3) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
10 − 9 − 6h − h2 − 1 −6h − h2
= lim = lim =
h→0 10h (9 + 6h + h2 + 1) h→0 10h (9 + 6h + h2 + 1)
−6 − h 6 3
= lim 2
=− =− .
h→0 10 (10 + 6h + h ) 100 50

2.11.3. Seja f : R −→ R definida por f (x) = ax2 + bx + c, com a, b, c ∈ R. Prove,

usando a definição, que f ′ (3) = 6a + b.

Resolução:

A derivada de f no ponto 3 é dada por

f (3 + h) − f (3) a (3 + h)2 + b (3 + h) + c − (9a + 3b + c)


f ′ (3) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
9a + 6ah + ah2 + 3b + bh + c − 9a − 3b − c 6ah + ah2 + bh
= lim = lim =
h→0 h h→0 h
= lim (6a + ah + b) = 6a + b.
h→0
122 Cálculo diferencial em R

2.11.4. Seja f : R −→ R definida por f (x) = x2 . Determine, usando a definição,

f ′ (x) .

Resolução:

Esta função é diferenciável em R sendo a derivada dada por

f (x + h) − f (x) (x + h)2 − x2 x2 + 2xh + h2 − x2


f ′ (x) = lim = lim = lim =
h→0 h h→0 h h→0 h
2xh + h2
= lim = lim (2x + h) = 2x.
h→0 h h→0

2.11.5. Seja f : (0, +∞) −→ R definida por f (x) = ln x. Determine, usando a

definição, f ′ (x) .

Resolução:

Esta função é diferenciável em (0, +∞) sendo a derivada dada por


 
h
ln 1 +
′ f (x + h) − f (x) ln (x + h) − ln x x
f (x) = lim = lim = lim =
 h  h h
h→0 h→0 h→0
h
ln 1 +
1 x 1
= lim = .
x h→0 h x
x


2.11.6. Seja f : [0, +∞) −→ R definida por f (x) = 2x. Estude a função f quanto à

diferenciabilidade.

Resolução:

Provemos, usando a definição, que esta função é diferenciável em (0, +∞) . Com efeito,

para a ∈ (0, +∞) tem-se


p √
′ f (a + h) − f (a) 2 (a + h) − 2a
f (a) = lim = lim =
h→0 h h→0 h
√ √  √ √ 
2a + 2h − 2a 2a + 2h + 2a
= lim √ √  =
h→0 h 2a + 2h + 2a
2h 2 2 1
= lim √ √  = lim √ √ = √ =√
h→0 h 2a + 2h + 2a h→0 2a + 2h + 2a 2 2a 2a
2.11 Exercı́cios resolvidos 123

e para a = 0 tem-se
√ √
′ f (0 + h) − f (0) 2h 2
f (0) = lim = lim = lim √
h→0 h h→0 h h→0 h

e este limite não existe.


1
Então, se a ∈ (0, +∞) tem-se que f ′ (a) = √ e se a = 0 a função não tem derivada.
2a

2.11.7. Seja f : R −→ R definida por f (x) = x4 . Determine a equação da recta

tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

Resolução:

Comecemos por determinar, usando a definição, a derivada de f no ponto 1. Com

efeito, tem-se

x2 − 1 x2 + 1
 
′ f (x) − f (1) x4 − 1
f (1) = lim = lim = lim =
x→1 x−1 x→1 x − 1 x→1 x−1
(x + 1) (x − 1) x2 + 1

= lim (x + 1) x2 + 1 = 4.
 
= lim
x→1 x−1 x→1

Assim, a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) é dada por

y = f (1) + f ′ (1) (x − 1) , ou seja, y = 1 + 4 (x − 1) , ou ainda, y = 4x − 3.

Nota: Apesar de não ser pedido, na Figura 2.34 encontra-se os gráficos da função f e

da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

2.11.8. Seja f : R −→ R definida por

−x2 + 7 se x < 2,
(
f (x) =
x+1 se x ≥ 2.

Verifique se f é diferenciável no ponto x = 2.


124 Cálculo diferencial em R

15
12.5
10
7.5
5
2.5

-1 -0.5 0.5 1 1.5 2


-2.5

Figura 2.34: Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = x4 e da recta tangente


ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

Resolução:

Como as derivadas laterais

− x2 − 4

f (x) − f (2) −x2 + 7 − 3
fe′ (2) = lim = lim = lim =
x→2− x−2 x→2− x−2 x→2− x−2
− (x − 2) (x + 2)
= lim = lim (−x − 2) = −4
x→2− x−2 x→2−

e
f (x) − f (2) x+1−3 x−2
fd′ (2) = lim = lim = lim =1
x→2+ x−2 x→2 + x−2 x→2 x − 2
+

são diferentes, tem-se que f não é diferenciável em 2.

Na Figura 2.35 encontra-se o gráfico da função f.

2.11.9. Seja f : R −→ R definida por


( 2
x se x < 1,
f (x) =
2x − 1 se x ≥ 1.

Verifique se f é diferenciável no ponto x = 1.

Resolução:

Como as derivadas laterais

f (x) − f (1) x2 − 1 (x − 1) (x + 1)
fe′ (1) = lim = lim = lim = lim (x + 1) = 2
x→1− x−1 x→1− x − 1 x→1− x−1 x→1−
2.11 Exercı́cios resolvidos 125

-4 -3 -2 -1 1 2 3 4

Figura 2.35: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = −x2 + 7 se x < 2 e


f (x) = x + 1 se x ≥ 2.

e
f (x) − f (1) 2x − 1 − 1 2 (x − 1)
fd′ (1) = lim = lim = lim =2
x→1+ x−1 x→1 + x − 1 x→1 + x−1

existem e são iguais, tem-se que f é diferenciável em 1 e f ′ (1) = 2.

Na Figura 2.36 encontra-se o gráfico da função f.

-1 -0.5 0.5 1 1.5 2

-1

Figura 2.36: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 se x < 1 e f (x) = 2x−1
se x ≥ 1.

2.11.10. Seja f : R −→ R definida por f (x) = |x − 2| . Mostre que f não é diferen-

ciável no ponto x = 2.
126 Cálculo diferencial em R

Resolução:

Como as derivadas laterais

f (x) − f (2) −x + 2
fe′ (2) = lim = lim = −1
x→2− x−2 x→2− x − 2

e
f (x) − f (2) x−2
fd′ (2) = lim = lim =1
x→2+ x−2 x→2 x − 2
+

são diferentes, tem-se que f não é diferenciável em 2.

Na Figura 2.37 encontra-se o gráfico da função f.

-1 1 2 3 4

-1

Figura 2.37: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = |x − 2| .


2.11.11. Seja f : R −→ R definida por f (x) = 3
x. Estude a diferenciabilidade de f

no ponto x = 0.

Resolução:

Como as derivadas laterais


f (x) − f (0) 3
x 1
fe′ (0) = lim = lim = lim √
3
= +∞
x→0− x−0 x→0− x x→0− x2

e

f (x) − f (0) 3
x 1
fd′ (0) = lim = lim = lim √
3
= +∞,
x→0+ x−0 x→0+ x x→0+ x2
2.11 Exercı́cios resolvidos 127

tem-se que a derivada de f em zero é +∞.

Na Figura 2.38 encontra-se o gráfico da função f.

0.5

-2 -1 1 2

-0.5

-1


Figura 2.38: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = 3
x.

2.11.12. Determine as derivadas das funções seguintes:

a) f (x) = 2x5 ; b) f (x) = x + x3 − 7x7 ; c) f (x) = (3 − 2x) + 7;


1  1

d) f (x) = x−1 + 3x 3 ; e) f (x) = (x + 2) (x − 5) ; f ) f (x) = 2x2 − 1 1 − x 2 ;

1 3x − 1 √
g) f (x) = ; h) f (x) = ; i) f (x) = x + 7;
x+5 x2 + 6x

j) f (x) = sen (3x + 1) ; k) f (x) = sen 5 x; l) f (x) = sen 5 x2 ;




cos x2 − 1

1
x2

m) f (x) = ; n) f (x) = cos −1 ; o) f (x) = ;
sen 3 x sen (2x + 5)
x+1
r) f (x) = x sen x2 + x cos2 x;

p) f (x) = ; q) f (x) = sen x cos x;
sen (2x)

1
s) f (x) = tg (3x + 2) ; t) f (x) = tg ; u) f (x) = tg (sen x) + cotg (cos x) ;
x+5

1 √
 
2 2 2 + x ; x) f (x) = cotg 2 x2 + sen2 x2 ;
  
v) f (x) = tg x + 1 ; w) f (x) = cotg
x
 
2 1
y) f (x) = arcsen (3x) ; z) f (x) = arcsen .
x
128 Cálculo diferencial em R

Resolução:

a) f ′ (x) = 10x4 ;

b) f ′ (x) = 1 + 3x2 − 49x6 ;

c) f ′ (x) = −2;

1 2 2 1 1
d) f ′ (x) = −x−2 + 3 × x− 3 = −x−2 + x− 3 = − 2 + √
3
;
3 x x2

e) f ′ (x) = (x + 2)′ (x − 5) + (x + 2) (x − 5)′ = x − 5 + x + 2 = 2x − 3;

 
′  1
  1 ′
  1
 1 −1
f ′ (x) 2x2 2 2

f) = − 1 1 − x + 2x − 1 1 − x
2 2 = 4x 1 − x + 2x − 1 − x
2 2 =
2
3 3 1 1 3 1 1 √ 1
= 4x − 4x 2 − x 2 + x− 2 = 4x − 5x 2 + x− 2 = 4x − 5 x3 + √ ;
2 2 2 x

− (x + 5)′ 1
g) f ′ (x) = 2 =− ;
(x + 5) (x + 5)2
′
(3x − 1)′ x2 + 6x − (3x − 1) x2 + 6x 3 x2 + 6x − (3x − 1)(2x + 6)
 
h) f ′ (x) = = =
(x2 + 6x)2 (x2 + 6x)2
−3x2 + 2x + 6
= ;
(x2 + 6x)2

(x + 7)′ 1
i) f ′ (x) = √ = √ ;
2 x+7 2 x+7

j) f ′ (x) = (3x + 1)′ cos (3x + 1) = 3 cos (3x + 1) ;

k) f ′ (x) = 5 (sen x)′ sen 4 x = 5 cos x sen 4 x;

′ ′
l) f ′ (x) = 5 sen x2 sen 4 x2 = 5 x2 cos x2 sen 4 x2 = 10x cos x2 sen 4 x2 ;
     

′
− sen 3 x 3 cos x sen 2 x 3 cos x
m) f ′ (x) = =− =− ;
(sen 3 x)2 6
sen x sen 4 x
′
n) f ′ (x) = − x2 − 1 sen x2 − 1 = −2x sen x2 − 1 ;
 
2.11 Exercı́cios resolvidos 129

′
cos x2 − 1 sen (2x + 5) − cos x2 − 1 [sen (2x + 5)]′
 
o) f ′ (x) = =
sen2 (2x + 5)
−2x sen x2 − 1 sen (2x + 5) − 2 cos x2 − 1 cos (2x + 5)
 
= ;
sen2 (2x + 5)

(x + 1)′ sen (2x) − (x + 1) [sen (2x)]′ sen (2x) − 2 (x + 1) cos (2x)


p) f ′ (x) = 2
= ;
sen (2x) sen2 (2x)

q) f ′ (x) = (sen x)′ cos x + sen x (cos x)′ = cos2 x − sen2 x;

′ ′
r) f ′ (x) = (x)′ sen x2 + x sen x2 + (x)′ cos2 x + x cos2 x =
 

= sen x2 + 2x2 cos x2 + cos2 x − 2x sen x cos x;


 

(3x + 2)′ 3
s) f ′ (x) = 2
= 2
;
cos (3x + 2) cos (3x + 2)
′
−1

1
x+5 (x + 5)2 1
t) f ′ (x) =  =   =−  ;
2
1 2
1 2 2
1
cos cos (x + 5) cos
x+5 x+5 x+5

(sen x)′ (cos x)′ cos x sen x


u) f ′ (x) = − = + ;
cos2 (sen x) sen2 (cos x) cos2 (sen x) sen2 (cos x)
′
x2 + 1 4x tg x2 + 1

′
f ′ (x) x2 + 1 tg x2 + 1 = 2 tg x2 + 1
 
v) = 2 tg = ;
cos2 (x2 + 1) cos2 (x2 + 1)

1 √ ′
 
′ + x
1 √ 1 √ 1 √
    
′ x
w) f (x) = 2 cotg + x cotg + x = −2 cotg + x =
1 √

x x x 2
sen + x
 x
1 √
    
1 1 1 1
 − 2+ √ −2 − 2 + √ cotg + x
1 √

x 2 x x 2 x x
= −2 cotg + x = ;
1 √ 1 √
  
x 2 2
sen + x sen + x
x x
′ ′
x) f ′ (x) = 2 cotg x2 cotg x2 + 2 sen x2 sen x2
 
=
4x cotg x2

2x
x2 2 2 +4x sen x2 cos x2 ;
    
= −2 cotg 2 2
+4x sen x cos x = − 2 2
sen (x ) sen (x )

(3x)′ 3
y) f ′ (x) = q =√ ;
1 − (3x)2 1 − 9x2
130 Cálculo diferencial em R

 ′  
1 1 1
    − 2 arcsen
1 x 1 x2 x
z) f ′ (x) = 2 arcsen s  2 = 2 arcsen x s  2 = − s  2 .
x 1 1 1
1− 1− x2 1 −
x x x

2.11.13. Determine as derivadas das funções seguintes:

arccos x
a) f (x) = (arccos x)2 ; b) f (x) = ; c) f (x) = arctg (4x + 1) ;
x
√ 
d) f (x) = 7 + arctg2 x; e) f (x) = arctg x2 + 1 ; f ) f (x) = x + arccotg (2x) ;
 
1−x
g) f (x) = arccotg ; h) f (x) = e3x+1 ; i) f (x) = sen (ex ) ;
1+x
1
j) f (x) = x2 ecos x ; k) f (x) = earccos x ; l) f (x) = ex sen x + e x ;

x2 −1 2 +4x
m) f (x) = e x ; n) f (x) = 3x ; o) f (x) = 2tg x ;

1 − 32x
p) f (x) = ; q) f (x) = ln (x + 7) ; r) f (x) = (ln x)3 ;
sen x
ln (2x) 1
s) f (x) = ln e2x ;

t) f (x) = ; u) f (x) = x (log10 x) 5 ;
cos x
v) f (x) = ln e5x + x3 ; w) f (x) = cos [ln (arctg x)] ; x) f (x) = arctg [sen (7x )] ;


y) f (x) = (arctg x)sen x ; z) f (x) = (3x)ln x .

Resolução:
 
′ −1 2 arccos x
a) f ′ (x) = 2 arccos x (arccos x) = 2 arccos x √ =− √ ;
1 − x2 1 − x2
 
−1
√ x − arccos x
(arccos x)′ x − arccos x (x)′ 1 − x2
b) f ′ (x) = = =
x2 x2
1 arccos x
=− √ − ;
x 1−x 2 x2

(4x + 1)′ 4
c) f ′ (x) = 2 = ;
1 + (4x + 1) 1 + (4x + 1)2

 
′ 1 2 arctg x
d) f ′ (x) = 2 arctg x (arctg x) = 2 arctg x = ;
1 + x2 1 + x2
2.11 Exercı́cios resolvidos 131

′
√ ′ x2 + 1 2x
x2 + 1 √ √
2 x2 + 1 2 x2 + 1 x
e) f ′ (x) = √ 2 = 2
= 2
= √ ;
x +2 x +2 (x + 2) x2 + 1
2
1+ x2 + 1

(2x)′ 1 + 4x2 − 2 4x2 − 1


f ) f ′ (x) = 1 − = = ;
1 + (2x)2 1 + 4x2 1 + 4x2

1−x ′ (1 − x)′ (1 + x) − (1 − x) (1 + x)′


 

1+x (1 + x)2
g) f ′ (x) = − 2 = − =
(1 + x)2 + (1 − x)2

1−x
1+
1+x (1 + x)2
− (1 + x) − (1 − x) 2 1
=− 2 2 = 2 + 2x2 = 1 + x2 ;
(1 + x) + (1 − x)

h) f ′ (x) = (3x + 1)′ e3x+1 = 3e3x+1 ;

i) f ′ (x) = (ex )′ cos (ex ) = ex cos (ex ) ;

′
j) f ′ (x) = x2 ecos x +x2 (ecos x )′ = 2xecos x +x2 (cos x)′ ecos x = 2xecos x −x2 sen xecos x ;

−1 earccos x
k) f ′ (x) = (arccos x)′ earccos x = √ earccos x = − √ ;
1 − x2 1 − x2
 ′
′ x ′ x ′ 1 1 1 1
l) f (x) = (e ) sen x + e (sen x) + e x = ex sen x + ex cos x − 2 e x ;
x x

2 − 1 ′ x2 −1 2 − 1 ′ x − x2 − 1 (x′ ) 2 2 − x2 − 1
  
x 2x
 
x x −1 x2 −1
m) f ′ (x) = e x = e x = e x =
x x2 x2
x2 + 1 x2 −1
= e x ;
x2
′ 2 2
n) f ′ (x) = ln 3 x2 + 4x 3x +4x = ln 3 (2x + 4) 3x +4x ;

(x)′ tg x ln 2 tg x
o) f ′ (x) = ln 2 (tg x)′ 2tg x = ln 2
2
2 = 2 ;
cos x cos2 x
′
1 − 32x sen x − 1 − 32x (sen x)′ − ln 3 (2x)′ 32x sen x − 1 − 32x cos x
 

p) f (x) = = =
sen2 x sen2 x
2x 2x

−2 (ln 3) 3 sen x − 1 − 3 cos x
= ;
sen2 x

(x + 7)′ 1
q) f ′ (x) = = ;
x+7 x+7
132 Cálculo diferencial em R

(x)′ 3 (ln x)2


r) f ′ (x) = 3 (ln x)′ (ln x)2 = 3 (ln x)2 = ;
x x
′
e2x (2x)′ e2x
s) f ′ (x) = 2x = = 2;
e e2x

(2x)′

[ln (2x)] cos x − ln (2x) (cos x) ′ cos x − ln (2x) (− sen x)
t) f ′ (x) = = 2x =
cos2 x cos2 x
cos x + x ln (2x) sen x
= ;
x cos2 x
 
′ ′ 1
h 1 ′
i 1 1 ′ − 4
u) f (x) = (x) (log10 x) 5 + x (log10 x) 5 = (log10 x) 5 + x (log10 x) (log10 x) 5 =
5
x (x)′
 
1 4 1 1 4
= (log10 x) 5 + (log10 x)− 5 = (log10 x) 5 + (log10 x)− 5 ;
5 x ln 10 5 ln 10

5x + x3 ′

e 5e5x + 3x2
v) f ′ (x) = 5x = ;
e + x3 e5x + x3

(arctg x)′
w) f ′ (x) = − [ln (arctg x)]′ sen [ln (arctg x)] = − sen [ln (arctg x)]
arctg x
sen [ln (arctg x)]
=− ;
(1 + x2 ) arctg x

[sen (7x )]′ (7x )′ cos (7x ) (ln 7) 7x cos (7x )


x) f ′ (x) = 2 = = ;
1 + [sen (7x )] 1 + sen2 (7x ) 1 + sen2 (7x )

y) f ′ (x) = sen x (arctg x)′ (arctg x)sen x−1 + (sen x)′ ln (arctg x) (arctg x)sen x =
 
1
= sen x (arctg x)sen x−1 + cos x ln (arctg x) (arctg x)sen x =
1 + x2
sen x (arctg x)sen x−1
= + cos x ln (arctg x) (arctg x)sen x ;
1 + x2

ln (3x) (3x)ln x
z) f ′ (x) = ln x (3x)′ (3x)ln x−1 +(ln x)′ ln (3x) (3x)ln x = 3 ln x (3x)ln x−1 + .
x

2.11.14. Seja f : [0, 1] −→ R uma função diferenciável e defina-se

g (x) = f sen 2 x + f cos2 x .


 

Determine a derivada de g em função de f.


2.11 Exercı́cios resolvidos 133

Resolução:

Pelo Teorema da derivação da função composta, tem-se que

′ ′
g ′ (x) = f ′ sen 2 x sen 2 x + f ′ cos2 x cos2 x =
 

= f ′ sen 2 x (2 cos x sen x) + f ′ cos2 x (−2 sen x cos x) =


 

= (2 cos x sen x) f ′ sen 2 x − f ′ cos2 x .


  

x2 e4x
2.11.15. Considere a função real de variável real definida por f (x) = .
4
a) Calcule a sua derivada.

b) Verifique que o declive da recta tangente à curva de equação y = f (x) no ponto


  
1 1 3
,f é igual a e.
4 4 16   
1 1
c) Escreva a equação da recta tangente à curva de equação y = f (x) no ponto ,f .
4 4
Resolução:
1 h 2 ′ 4x ′ i 1 1 4x
a) f ′ (x) = x e + x2 e4x 2xe4x + 4x2 e4x = xe + x2 e4x .

=
  4  2 4 2
1 1 1 4× 1 1 4× 1 1 1 3
b) f ′ = e 4+ e 4 = e + e = e.
4 24 4 8 16 16  

1 1
c) A equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto é dada por
,f
       4 4
1 1 1 e 3 1 3e e
y=f + f′ x− , ou seja, y = + e x− , ou ainda, y = x − .
4 4 4 64 16 4 16 32

2.11.16. Determine os valores das constantes a e b para os quais a tangente ao gráfico

da parábola f (x) = x2 + ax + b tenha no ponto (1, 2) declive igual a 4.

Resolução:

Como a recta tangente tem de ter declive igual a 4, tem-se que f ′ (1) = 4, e como

f ′ (x) = 2x + a, tem-se que f ′ (1) = 2 + a. Logo, 2 + a = 4, ou seja, a = 2.

Por outro lado, como se pretende determinar a recta tangente no ponto (1, 2) , tem-se

que f (1) = 2, ou seja, 1 + a + b = 2. Como a = 2, resulta que b = −1.


134 Cálculo diferencial em R

Assim, a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, 2) é dada por

y = f (1) + f ′ (1) (x − 1) , ou seja, y = 2 + 4 (x − 1) , ou ainda, y = 4x − 2.

Nota: Apesar de não ser pedido, na Figura 2.39 encontra-se os gráficos da função f e

da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, 2) .

-3 -2 -1 1 2 3
-2

-4

Figura 2.39: Gráficos da função f e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, 2) .

2.11.17. Determine a função derivada das funções f : R −→ R seguintes:


(
x + 1 se x ≤ 0,
a) f (x) = |x − 2| ; b) f (x) =
ex se x > 0;

 x2 sen 1

x2 + 2 se x < 2,
(
se x 6= 0,
c) f (x) = d) f (x) = x
x se x ≥ 2; 
0 se x = 0.
Resolução:

a) Note-se que a função f pode ser escrita na forma


(
−x + 2 se x < 2,
f (x) =
x−2 se x ≥ 2.
Assim, se x < 2, tem-se f ′ (x) = −1. Se x > 2, tem-se f ′ (x) = 1. Se x = 2, tem-se

f (x) − f (2) −x + 2
fe′ (2) = lim = lim = −1
x→2− x−2 x→2− x − 2

e
f (x) − f (2) x−2
fd′ (2) = lim = lim = 1,
x→2+ x−2 x→2+ x − 2
2.11 Exercı́cios resolvidos 135

pelo que f é diferenciável em R\{2} e a função derivada f ′ : R\{2} −→ R é definida por


(

−1 se x < 2,
f (x) =
1 se x > 2.

b) Se x < 0, tem-se f ′ (x) = 1. Se x > 0, tem-se f ′ (x) = ex . Se x = 0, tem-se

f (x) − f (0) x+1−1


fe′ (0) = lim = lim = lim 1 = 1
x→0− x−0 x→0 − x x→0−

e
f (x) − f (0) ex − 1
fd′ (0) = lim = lim = 1.
x→0+ x−0 x→0+ x

Assim, f é diferenciável em R e a função derivada f ′ : R −→ R é definida por


(
1 se x ≤ 0,
f ′ (x) =
ex se x > 0.

c) Se x < 2, tem-se f ′ (x) = 2x. Se x > 2, tem-se f ′ (x) = 1. Se x = 2, tem-se

f (x) − f (2) x2 + 2 − 2 x2
fe′ (2) = lim = lim = lim = −∞
x→2− x−2 x→2− x−2 x→2− x − 2

e
f (x) − f (2) x−2
fd′ (2) = lim = lim = 1.
x→2+ x−2 x→2+ x − 2

Assim, f é diferenciável em R\{2} e a função derivada f ′ : R\{2} −→ R é definida por


(

2x se x < 2,
f (x) =
1 se x > 2.

1 ′
 
′ 1 1 1 1
d) Se x 6= 0 tem-se f ′ (x) = x2 sen 2
+ x sen = 2x sen − x2 2 cos =
x x x x x
1 1
= 2x sen − cos . Se x = 0 tem-se
x x
1
f (x) − f (0) x2 sen − 0 
1


f (0) = lim = lim x = lim x sen = 0,
x→0 x−0 x→0 x−0 x→0 x
136 Cálculo diferencial em R

pelo que f é diferenciável em R e a função derivada f ′ : R −→ R é definida por

 2x sen 1 − cos 1 se x 6= 0,

′ x x
f (x) =
0 se x = 0.

2.11.18. Verifique a validade das condições do Teorema de Rolle e, quando possı́vel,

calcule o valor c tal que f ′ (c) = 0, para cada uma das funções seguintes:

a) f (x) = 2x2 − 4x no intervalo [−1, 3] ;

b) f (x) = sen x − cos x no intervalo [0, 2π] ;


√3
c) f (x) = x2 no intervalo [−1, 1] ;
(
5x se x < 1,
d) f ′ (x) = no intervalo [0, 2] .
2 − x se x ≥ 1,

Resolução:

a) Como f é uma função polinomial, tem-se que f é contı́nua e diferenciável em R,

em particular f é contı́nua em [−1, 3] e diferenciável em (−1, 3) . Tem-se também que

f (−1) = f (3) = 6.

Portanto, pelo Teorema de Rolle, existe c ∈ (−1, 3) tal que f ′ (c) = 0. Com efeito,

como f ′ (x) = 4x − 4, resulta que

f ′ (c) = 0 ⇔ 4c − 4 = 0 ⇔ c = 1.

b) Como f é uma função contı́nua e diferenciável em R, por ser a diferença de duas

funções contı́nuas e diferenciáveis em R, em particular f é contı́nua em [0, 2π] e dife-

renciável em (0, 2π) . Tem-se também que f (0) = f (2π) = −1.

Portanto, pelo Teorema de Rolle, existe c ∈ (0, 2π) tal que f ′ (c) = 0. Com efeito, como

f ′ (x) = cos x + sen x, resulta que

3 7
f ′ (c) = 0 ⇔ cos c + sen c = 0 ⇔ sen c = − cos c ⇔ tg c = −1 ⇔ c = π ∨ c = π.
4 4
2.11 Exercı́cios resolvidos 137

c) Neste caso não é possı́vel aplicar o Teorema de Rolle, pois f não é diferenciável em

x = 0. Com efeito, tem-se



3
f (x) − f (0) x2 1
fe′ (0) = lim = lim = lim √ = −∞
x→0 − x−0 x→0 − x x→0 − 3
x

e

3
f (x) − f (0) x2 1
fd′ (0) = lim = lim = lim √ = +∞.
x→0 + x − 0 x→0 + x x→0 + 3
x

d) Neste caso não é possı́vel aplicar o Teorema de Rolle, pois f não é contı́nua em

x = 1. Com efeito,

lim f (x) = 5 6= 1 lim f (x) .


x→1− x→1+

2.11.19. Mostre que a equação ex−1 + x3 − 2 = 0 tem a raiz x = 1. Mostre ainda que

esta equação não pode ter outra raiz real.

Resolução:

Como

e1−1 + 13 − 2 = 0 ⇔ 0 = 0,

tem-se que x = 1 é raiz da equação dada.

Para provarmos que não existe outra raiz, consideremos a função f : R −→ R de-

finida por f (x) = ex−1 + x3 − 2, que é contı́nua e diferenciável em R e cuja derivada

f ′ (x) = ex−1 + 3x2 não tem zeros.

Portanto, a função não tem outra raiz, pois se tivesse outra raiz, pelo Torema de Rolle,

a derivada teria um zero, o que não acontece.

2.11.20. Prove que a equação 8x3 − 24x2 + 11 = 0 tem 3 raı́zes distintas. Determine

intervalos de R de forma que, em cada um deles, exista uma e uma só raiz real da equação.
138 Cálculo diferencial em R

Resolução:

Consideremos a função f : R −→ R definida por f (x) = 8x3 −24x2 +11, que é contı́nua

e diferenciável em R e cuja derivada é dada por f ′ (x) = 24x2 − 48x.

Como

f ′ (x) = 0 ⇔ 24x2 − 48x = 0 ⇔ 24x (x − 2) = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = 2,

tem-se, pelos Corolários 2.7.10 e 2.7.11 do Teorema de Rolle que f tem no máximo três

zeros, c1 < 0, 0 < c2 < 2 e c3 > 2.

Provemos agora a existências dos três zeros.


  
24 11
8x3 24x2 x3

Como lim f (x) = lim − + 11 = lim 8− + 3 = −∞
x→−∞ x→−∞ x→−∞ x x
e f (0) = 11 > 0, o Teorema do valor intermédio (ou Teorema de Bolzano) garante a

existência de c1 .

Como f (0) = 11 > 0 e f (2) = −21 < 0, o Teorema do valor intermédio (ou Teorema

de Bolzano) garante a existência de c2 .


  
24 11
8x3 24x2 x3

Como lim f (x) = lim − + 11 = lim 8− + 3 = +∞ e
x→+∞ x→+∞ x→+∞ x x
f (2) = −21 < 0, o Teorema do valor intermédio (ou Teorema de Bolzano) garante a

existência de c3 .

2.11.21. Verifique a validade das condições do Teorema de Lagrange e, quando

possı́vel, calcule o valor intermédio correspondente, para cada uma das funções seguin-

tes:

a) f (x) = x2 − 4x no intervalo [0, 3] ;


4
b) f (x) = x 3 no intervalo [−1, 1] ;
2
c) f (x) = x 3 no intervalo [−1, 1] .

Resolução:
2.11 Exercı́cios resolvidos 139

a) Como f é uma função polinomial, tem-se que f é contı́nua e diferenciável em R, em

particular f é contı́nua em [0, 3] e diferenciável em (0, 3) .


f (3) − f (0)
Portanto, pelo Teorema de Lagrange, existe c ∈ (0, 3) tal que f ′ (c) = .
3−0
Com efeito, como f ′ (x) = 2x − 4, resulta que

f (3) − f (0) −3 3
f ′ (c) = ⇔ 2c − 4 = ⇔c= .
3−0 3 2

b) Como f é uma função contı́nua e diferenciável em R, em particular f é contı́nua em

[−1, 1] e diferenciável em (−1, 1) .


f (1) − f (−1)
Portanto, pelo Teorema de Lagrange, existe c ∈ (−1, 1) tal que f ′ (c) = .
1 − (−1)
4 1
Com efeito, como f ′ (x) = x 3 , resulta que
3
f (1) − f (−1) 4 1
f ′ (c) = ⇔ c 3 = 0 ⇔ c = 0.
1 − (−1) 3

c) Neste caso não é possı́vel aplicar o Teorema de Lagrange, pois f não é diferenciável

em x = 0, ver Exercı́cio 2.11.18 c).

1
2.11.22. Mostremos que 1 + x < ex < , para x ∈ (0, 1) .
1−x
Resolução:

Consideremos a função f (t) = et definida em [0, x] , com 0 < x < 1, e apliquemos o

Teorema de Lagrange a f neste intervalo.

Comecemos por notar que f satisfaz as condições do Teorema de Lagrange, isto é, f é

contı́nua em [0, x] e diferenciável em (0, x) . Então, existe c ∈ (0, x) tal que

f (x) − f (0)
f ′ (c) =
x−0

ou
ex − 1
f ′ (c) = .
x
140 Cálculo diferencial em R

Mas, como f ′ (t) = et tem-se


ex − 1
ec = .
x

Por outro lado, como 0 < c < x resulta que

1 < ec < ex ,

donde
ex − 1
1< < ex
x

x < ex − 1 ∧ ex − 1 < xex

x < ex − 1 ∧ ex − xex < 1

x < ex − 1 ∧ ex (1 − x) < 1

1
1 + x < ex ∧ ex <
1−x

e, portanto,
1
1 + x < ex < , para x ∈ (0, 1) .
1−x

2.11.23. Mostremos que 1 + ln x < ln (4x) < 1 + ln (2x) , para x > 0.

Resolução:

Consideremos a função f (t) = 1 + t ln t definida em [x, 2x] , com x > 0, e apliquemos

o Teorema de Lagrange a f neste intervalo.

Comecemos por notar que f satisfaz as condições do Teorema de Lagrange, isto é, f é

contı́nua em [x, 2x] e diferenciável em (x, 2x) . Então, existe c ∈ (x, 2x) tal que

f (2x) − f (x)
f ′ (c) =
2x − x
2.11 Exercı́cios resolvidos 141

ou

1 + 2x ln (2x) − 1 − x ln x
f ′ (c) = = 2 ln (2x) − ln x =
x
= ln (2x)2 − ln x = ln 4x2 − ln x = ln (4x) .


Mas, como f ′ (t) = 1 + ln t tem-se

1 + ln c = ln (4x) .

Por outro lado, como x < c < 2x resulta que

1 + ln x < 1 + ln c < 1 + ln (2x) ,

e, portanto,

1 + ln x < ln (4x) < 1 + ln (2x) , para x > 0.

2.11.24. Mostremos que arcsen x > x, para x ∈ (0, 1) .

Resolução:

Consideremos a função f (t) = arcsen t definida em [0, x] , com 0 < x < 1, e apliquemos

o Teorema de Lagrange a f neste intervalo.

Comecemos por notar que f satisfaz as condições do Teorema de Lagrange, isto é, f é

contı́nua em [0, x] e diferenciável em (0, x) . Então, existe c ∈ (0, x) tal que

f (x) − f (0)
f ′ (c) =
x−0

ou
arcsen x
f ′ (c) = .
x
1
Mas, como f ′ (t) = √ tem-se
1 − t2
1 arcsen x
√ = .
1 − c2 x
142 Cálculo diferencial em R

Por outro lado, como 0 < c < x resulta que

0 < c 2 < x2

−x2 < −c2 < 0

1 − x2 < 1 − c 2 < 1

p p
1 − x2 < 1 − c 2 < 1

1 1
1< √ <√
1−c 2 1 − x2

donde
arcsen x 1
1< <√
x 1 − x2

x
x < arcsen x < √
1 − x2

e, portanto,

arcsen x > x, para x ∈ (0, 1) .

2.11.25. Verifique a validade das condições do Teorema do valor médio de Cauchy e,

quando possı́vel, calcule o ponto c nele referido, para as funções seguintes:

a) f (x) = x2 + 1 e g (x) = x3 − 3x2 no intervalo [3, 4] ;


x+1 x2 + 1
b) f (x) = e g (x) = no intervalo [1, 2] ;
x2 x2
hπ π i
c) f (x) = tg x e g (x) = cotg x no intervalo , .
6 3
Resolução:

a) Como f e g são funções polinomiais, tem-se que f e g são contı́nuas e diferenciáveis

em R, em particular f e g são contı́nuas em [3, 4] e diferenciáveis em (3, 4) .


2.11 Exercı́cios resolvidos 143

Portanto, pelo Teorema do valor médio de Cauchy, existe c ∈ (3, 4) tal que
f ′ (c) f (4) − f (3)

= . Com efeito, como f ′ (x) = 2x e g ′ (x) = 3x2 − 6x, resulta que
g (c) g (4) − g (3)
f ′ (c) f (4) − f (3) 2c 17 − 10 2c 7
= ⇔ = ⇔ 2 =
g ′ (c) g (4) − g (3) 3c2 − 6c 16 − 0 3c − 6c 16
⇔ 32c = 21c2 − 42c ∧ c 6= 0 ∧ c 6= 2,

donde
74
c= .
21

b) Como f e g são funções contı́nuas e diferenciáveis nos seus domı́nios, em particular

f e g são contı́nuas em [1, 2] e diferenciáveis em (1, 2) .

Portanto, pelo Teorema do valor médio de Cauchy, existe c ∈ (1, 2) tal que
f ′ (c) f (2) − f (1) 2
′ (x) = x − (x + 1) 2x = −x − 2 = − x + 2 e
= . Com efeito, como f
g ′ (c) g (2) − g (1)  x4 x3 x3
2 2
2xx − x + 1 2x 2
g ′ (x) = 4
= − 3 , resulta que
x x
3 5
f ′ (c) f (2) − f (1) c+2 −2 c + 2 − c+2 5 4
= ⇔ = 4 ⇔ = 4 ⇔ = ⇔c= .

g (c) g (2) − g (1) 2 5 2 3 2 3 3
−2 −
4 4

c) Como f e g são funções contı́nuas e diferenciáveis nos seus domı́nios, em particular


hπ π i π π 
f e g são contı́nuas em , e diferenciáveis em , .
6 3 6 3
π π 
Portanto, pelo Teorema do valor médio de Cauchy, existe c ∈ , tal que
π  π  6 3
f ′ (c) f −f 1 1
= 3  π6  . Com efeito, como f ′ (x) = e g ′ (x) = − , resulta

g (c)
 π 2
cos x sen2 x
g −g
3 6
que

π  π  1 √ 3
f ′ (c) f −f 2c
3−
= π  3 6
π  ⇔ cos = √ 3 ⇔ − tg2 c = −1 ⇔ tg2 c = 1,
g ′ (c) 1 3 √
g −g − − 3
3 6 sen2 c 3
donde
π
c= .
4
144 Cálculo diferencial em R

2.11.26. Determine, sempre que existam, os limites seguintes:

2x2 + 3x − 5 x3 − 7x + 6 sen2 x
a) lim ; b) lim ; c) lim ;
x→1 3x2 + 4x − 7 x→1 x3 − 2x2 − x + 2 x→0 x
sen (3x) esen x − ecos x x
d) limπ ; e) limπ ; f ) lim ;
x→ 3 1 − 2 cos x x→ 4 sen x − cos x x→0 arctg x


1
ln 1 +
x5 ln x x
g) lim ; h) lim ; i) lim ;
x→+∞ ex x→+∞ 2x + 1 x→+∞ 1
x
 2
ln x x − sen x ln (sen x)
j) lim ; k) lim ; l) lim ;
x→+∞ x x→0 ex − esen x x→0+ ln (tg x)
x sen x  2

m) lim ; n) lim xe−x ; o) lim [(1 − cos x) cotg x] ;
x→0 cos x − 1 x→+∞ x→0
   
2 12 1 x+1
p) lim (x ln x) ; q) lim − 2 ; r) lim − ;
x→0+ x→3 x−3 x −9 x→0 ln (x + 1) x
 
1 1
s) lim − ; t) lim xx ; u) lim [ln (x + 2)]x+1 ;
x→0 x sen x x→0+ x→−1

1 2
v) lim (x + 1) x2 ; w) lim (tg x)cos x ; x) lim (cos x)cotg x;
x→+∞ x→ π2 − x→0

1 4
y) lim (ex + 3x) 2x ; z) lim [1 + tg (2x)] x .
x→0 x→0

Resolução:

Nota importante: As resoluções que se apresentam de seguida são resoluções breves,

onde apenas se refere o tipo de indeterminação e a regra aplicada, para mais detalhes ver

exemplos resolvidos na Secção 2.7.


0
a) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

2x2 + 3x − 5 4x + 3 7
lim = lim = ;
x→1 3x2 + 4x − 7 x→1 6x + 4 10
2.11 Exercı́cios resolvidos 145

0
b) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

x3 − 7x + 6 3x2 − 7 −4
lim 3 2
= lim 2
= = 2;
x→1 x − 2x − x + 2 x→1 3x − 4x − 1 −2

0
c) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

sen2 x 2 sen x cos x


lim = lim = 0;
x→0 x x→0 1

0
d) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

sen (3x) 3 cos (3x) −3 √


limπ = limπ = √ = − 3;
x→ 3 1 − 2 cos x x→ 3 2 sen x 3
2
2

0
e) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que
√ √ √
2 √2 2 2
esen x − ecos x cos xesen x + sen xecos x e +
2 e2
limπ = limπ = 2 √ √2 =
x→ 4 sen x − cos x x→ 4 cos x + sen x 2 2
+
√ 2 2
2 √2
2 e2 √

= 2√ 2
=e 2 ;
2
2
2

0
f ) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

x 1
= lim 1 + x2 = 1;

lim = lim
x→0 arctg x x→0 1 x→0
1 + x2
146 Cálculo diferencial em R


g) Trata-se de uma indeterminação do tipo .

Pela regra de Cauchy, aplicada cinco vezes, tem-se que

x5 5x4 20x3 60x2 120x 120


lim x
= lim x
= lim x
= lim x
= lim x
= lim = 0;
x→+∞ e x→+∞ e x→+∞ e x→+∞ e x→+∞ e x→+∞ ex


h) Trata-se de uma indeterminação do tipo .

Pela regra de Cauchy, tem-se que
1
ln x 1
lim = lim x = lim = 0;
x→+∞ 2x + 1 x→+∞ 2 x→+∞ 2x

0
i) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que
1
− 2
  x
1 1
ln 1 + 1+
x x = lim 1
lim = lim = 1;
x→+∞ 1 x→+∞ 1 x→+∞ 1
− 2 1+
x x x


j) Trata-se de uma indeterminação do tipo .

Pela regra de Cauchy, aplicada duas vezes, tem-se que
1

ln x
2
ln2 x 2 ln x ln x
lim = lim = lim x = lim =
x→+∞ x x→+∞ x2 x→+∞ 2x x→+∞ x2
1
1
= lim x = lim = 0;
x→+∞ 2x x→+∞ 2x2

0
k) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, aplicada três vezes, tem-se que

x − sen x 1 − cos x sen x


lim = lim = lim x =
x→0 ex − esen x x→0 ex
− cos xe sen x x→0 e + sen xe sen x − cos2 xesen x

sen x
= lim x =
x→0 e + (sen x − cos2 x) esen x
cos x
= lim x = 1;
x→0 e + (cos x + 2 sen x cos x) esen x + (sen x − cos2 x) cos xesen x
2.11 Exercı́cios resolvidos 147


l) Trata-se de uma indeterminação do tipo .

Pela regra de Cauchy, tem-se que
cos x cos x
ln (sen x) sen x sen x cos3 x tg x
lim = lim = lim = lim =
x→0+ ln (tg x) x→0+ 1 x→0+ 1 x→0+ sen x
cos2 x cos2 x tg x
tg x
= lim cos2 x = 1;
x→0+

0
m) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, aplicada duas vezes, tem-se que

x sen x sen x + x cos x cos x + cos x − x sen x


lim = lim = lim = −2;
x→0 cos x − 1 x→0 − sen x x→0 − cos x

n) Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞ × 0, que podemos transformar numa



indeterminação do tipo .

Pela regra de Cauchy, tem-se que
 2
 x 1
lim xe−x = lim 2 = lim = 0;
x→+∞ x→+∞ e x x→+∞ 2xex2

o) Trata-se de uma indeterminação do tipo 0 × ∞, que podemos transformar numa


0
indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

cos x − cos2 x − sen x + 2 sen x cos x


lim [(1 − cos x) cotg x] = lim = lim = 0;
x→0 x→0 sen x x→0 cos x

p) Trata-se de uma indeterminação do tipo 0 × ∞, que podemos transformar numa



indeterminação do tipo .

Pela regra de Cauchy, tem-se que
1
ln x x
lim (x ln x) = lim = lim = lim (−x) = 0;
x→0+ x→0+ 1 x→0+ 1 x→0+
− 2
x x
148 Cálculo diferencial em R

q) Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞ − ∞, que podemos transformar numa


0
indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

   
2 12 2 (x + 3) 12 2x − 6 2 1
lim − 2 = lim 2
− 2 = lim 2 = lim = ;
x→3 x−3 x −9 x→3 x −9 x −9 x→3 x − 9 x→3 2x 3

r) Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞ − ∞, que podemos transformar numa


0
indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

x+1

1 x+1

x − (x + 1) ln (x + 1) 1 − ln (x + 1) −
lim − = lim = lim x+1 =
x→0 ln (x + 1) x x→0 x ln (x + 1) x→0 x
ln (x + 1) +
x+1
1
− ln (x + 1) −
= lim = lim x+1 =
x→0 ln (x + 1) + x x→0 1 x+1−x
x+1 +
x+1 (x + 1)2
1
− −1 1
= lim x+1 = lim =− ;
x→0 1 1 x→0 1 2
+ 1+
x + 1 (x + 1)2 x+1

s) Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞ − ∞, que podemos transformar numa


0
indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, aplicada duas vezes, tem-se que

 
1 1 sen x − x cos x − 1
lim − = lim = lim =
x→0 x sen x x→0 x sen x x→0 sen x + x cos x
− sen x
= lim = 0.
x→0 cos x + cos x − x sen x

t) Trata-se de uma indeterminação do tipo 00 , que podemos transformar numa inde-



terminação do tipo 0 × ∞ e depois numa indeterminação do tipo .

2.11 Exercı́cios resolvidos 149

Como
ln x
x lim ln xx lim (x ln x) lim 1
lim xx = lim eln x = e x→0+ = e x→0+ = e x→0+ x
x→0+ x→0+

e como, pela regra de Cauchy,


1
ln x
lim = lim x = lim (−x) = 0,
x→0+ 1 x→0+ 1 x→0+
− 2
x x
tem-se que

lim xx = e0 = 1;
x→0+

u) Trata-se de uma indeterminação do tipo 00 , que podemos transformar numa inde-



terminação do tipo 0 × ∞ e depois numa indeterminação do tipo .

Como

x+1 lim ln[ln(x+2)]x+1


lim [ln (x + 2)]x+1 = lim eln[ln(x+2)] = e x→−1 =
x→−1 x→−1
ln[ln(x+2)]
lim ((x+1) ln[ln(x+2)]) lim 1
= e x→−1 = e x→−1 x+1

e como, pela regra de Cauchy, aplicada duas vezes (primeiro a uma indeterminação do
∞ 0
tipo e depois a uma indeterminação do tipo ),
∞ 0
1
x+2
ln [ln (x + 2)] ln (x + 2) − (x + 1)2
lim = lim = lim =
x→−1 1 x→−1 1 x→−1 (x + 2) ln (x + 2)

x+1 (x + 1)2
−2 (x + 1)
= lim = 0,
x→−1 x+2
ln (x + 2) +
x+2
tem-se que

lim [ln (x + 2)]x+1 = e0 = 1;


x→−1

v) Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞0 , que podemos transformar numa inde-



terminação do tipo 0 × ∞ e depois numa indeterminação do tipo .

150 Cálculo diferencial em R

Como
1 h i
1 1 ln(x+1)
1
ln(x+1) x2 lim ln(x+1) x2 lim ln(x+1) lim
x2 x2
lim (x + 1) x2 = lim e =e x→+∞
=e x→+∞
= e x→+∞
x→+∞ x→+∞

e como, pela regra de Cauchy,


1
ln (x + 1) x + 1 = lim 1
lim 2
= lim = 0,
x→+∞ x x→+∞ 2x x→+∞ 2x (x + 1)

tem-se que
1
lim (x + 1) x2 = e0 = 1;
x→+∞

w) Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞0 , que podemos transformar numa in-



determinação do tipo 0 × ∞ e depois numa indeterminação do tipo .

Como
ln(tg x)
lim ln(tg x)cos x lim [cos x ln(tg x)] lim 1
cos x ln(tg x)cos x x→ π − x→ π − x→ π − cos x
lim (tg x) = lim e =e 2 =e 2 =e 2
x→ π2 − x→ π2 −

e como, pela regra de Cauchy,


1
cos2 x 1
ln (tg x) tg x 2
cos x tg x 1 cos x
lim = lim sen x = lim sen x = lim = lim = 0,
x→ π2 − 1 x→ π2 − π−
x→ 2 π − sen x tg x
x→ 2 π − sen2 x
x→ 2
cos x cos2 x cos2 x
tem-se que

lim (tg x)cos x = e0 = 1;


x→ π2 −

x) Trata-se de uma indeterminação do tipo 1∞ , que podemos transformar numa inde-


0
terminação do tipo ∞ × 0 e depois numa indeterminação do tipo .
0
Como

2x
2 cotg2 x lim ln(cos x)cotg
lim (cos x)cotg x
= lim eln(cos x) = e x→0 =
x→0 x→0
ln(cos x)
lim [cotg2 x ln(cos x)] lim
= e x→0 = e x→0 tg2 x
2.11 Exercı́cios resolvidos 151

e como, pela regra de Cauchy,


− sen x
ln(cos x) 2 2
lim = lim cos x = lim − tg x cos x = lim − cos x = − 1 ,
x→0 tg2 x x→0 2 tg x x→0 2 tg x x→0 2 2
2
cos x
tem-se que

cotg2 x − 12 1 e
lim (cos x) =e = √ = ;
x→0 e e

y) Trata-se de uma indeterminação do tipo 1∞ , que podemos transformar numa inde-


0
terminação do tipo ∞ × 0 e depois numa indeterminação do tipo .
0
Como
1 ln(ex +3x)
x 1
ln(ex +3x) 2x
1
lim ln(ex +3x) 2x lim 1
[ ln(ex +3x)] lim
lim (e + 3x) 2x = lim e =e x→0 =e x→0 2x =e x→0 2x
x→0 x→0

e como, pela regra de Cauchy,


ex + 3
ln (ex + 3x) x ex + 3
lim = lim e + 3x = lim = 2,
x→0 2x x→0 2 x→0 2 (ex + 3x)

tem-se que
1
lim (ex + 3x) 2x = e2 ;
x→0

z) Trata-se de uma indeterminação do tipo 1∞ , que podemos transformar numa inde-


0
terminação do tipo ∞ × 0 e depois numa indeterminação do tipo .
0
Como
4
4 4
lim ln[1+tg(2x)] x lim [ 4 ln[1+tg(2x)]]
lim [1 + tg (2x)] x = lim eln[1+tg(2x)] x = e x→0 = e x→0 x =
x→0 x→0
4 ln[1+tg(2x)]
lim x
= e x→0

e como, pela regra de Cauchy,


2
cos2 (2x)
4
4 ln [1 + tg (2x)] 1 + tg (2x) 8
lim = lim = lim 2
= 8,
x→0 x x→0 1 x→0 cos (2x) [1 + tg (2x)]
152 Cálculo diferencial em R

tem-se que
4
lim [1 + tg (2x)] x = e8 .
x→0

2.11.27. Determine, sempre que existam, os limites seguintes:

1 − e3x 1
a) lim ; b) lim x x .
x →0 sen (2x) x→+∞

Resolução:
0
a) Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, tem-se que

1 − e3x −3e3x 3
lim = lim =− ;
x →0 sen (2x) x →0 2 cos (2x) 2

b) Trata-se de uma indeterminação do tipo ∞0 , que podemos transformar numa inde-


0
terminação do tipo 0 × ∞ e depois numa indeterminação do tipo .
0
Como

1
1
1
x ln x x lim ln x x lim ( 1 ln x) lim ln x
lim x = lim e =e x→+∞
= e x→+∞ x = e x→+∞ x
x→+∞ x→+∞

e como, pela regra de Cauchy,

1
ln x x 1
lim = lim = lim = 0,
x→+∞ x x→+∞ 1 x→+∞ x

tem-se que
1
lim x x = e0 = 1.
x→+∞
2.11 Exercı́cios resolvidos 153

2.11.28. Determine os máximos, os mı́nimos e os intervalos de monotonia das funções

seguintes:

1 1 1
a) y = x5 − x3 ; b) y = x3 − 3x2 ; c) y = ;
5 3 x+2

ex x2
d) y = ; e) y = x ln x; f) y = .
x x2 + 3

Resolução:

a) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R e determinemos,

caso existam, os zeros da função derivada. Como a função derivada de f é dada por

f ′ (x) = x4 − x2 ,

tem-se que

f ′ (x) = 0 ⇔ x4 − x2 = 0 ⇔ x2 x2 − 1 = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = −1 ∨ x = 1.


Como

f ′′ (x) = 4x3 − 2x,

tem-se que f ′′ (−1) = −2 < 0, f ′′ (1) = 2 > 0 e f ′′ (0) = 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19,

f tem um máximo relativo em −1 e um mı́nimo relativo em 1.

Como f ′′ (0) = 0, temos de determinar a terceira derivada e ver qual o valor de f ′′′ (0) .

Com efeito,

f ′′′ (x) = 12x2 − 2,

pelo que f ′′′ (0) = −2 6= 0. Assim, pelo Teorema 2.8.18, conclui-se que f não tem um

extremo em zero.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.


154 Cálculo diferencial em R

x −1 0 1

x2 + + + 0 + + +

x2 − 1 + 0 − − − 0 +

f ′ (x) + 0 − 0 − 0 +

f (x) ր máximo ց 0 ց mı́nimo ր

Em suma, f tem um máximo relativo em −1, tem um mı́nimo relativo em 1, é monótona

crescente em (−∞, −1] e em [1, +∞) e é monótona decrescente em [−1, 1] (ver Figura 2.40

a)).

b) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R e determinemos, caso

existam, os zeros da função derivada. Como a função derivada de f é dada por

f ′ (x) = 3x2 − 6x,

tem-se que

f ′ (x) = 0 ⇔ 3x2 − 6x = 0 ⇔ 3x (x − 2) = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = 2.

Como

f ′′ (x) = 6x − 6,

tem-se que f ′′ (0) = −6 < 0 e f ′′ (2) = 6 > 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19, f tem um

máximo relativo em 0 e um mı́nimo relativo em 2.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.


2.11 Exercı́cios resolvidos 155

x 0 2

3x − 0 + + +

x−2 − − − 0 +

f ′ (x) + 0 − 0 +

f (x) ր máximo ց mı́nimo ր

Em suma, f tem um máximo relativo em 0, tem um mı́nimo relativo em 2, é monótona

crescente em (−∞, 0] e em [2, +∞) e é monótona decrescente em [0, 2] (ver Figura 2.40

b)).

c) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {−2} e determinemos,

caso existam, os zeros da função derivada. Como a função derivada de f é dada por

1
f ′ (x) = − ,
(x + 2)2

tem-se que a função derivada não tem zeros e f ′ (x) < 0 em todo o domı́nio, ou seja, a

função f é decrescente em todo o domı́nio (ver Figura 2.40 c)).

d) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {0} e determinemos,

caso existam, os zeros da função derivada. Como a função derivada de f é dada por

ex x − ex (x − 1) ex
f ′ (x) = = ,
x2 x2

tem-se que

(x − 1) ex
f ′ (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x2 6= 0
x2
⇔ (x − 1) ex = 0 ∧ x 6= 0

⇔ x = 1.
156 Cálculo diferencial em R

Como

[(x − 1) ex ]′ x2 − (x − 1) ex 2x
f ′′ (x) = =
x4
x2 − 2x + 2 ex

[ex + (x − 1) ex ] x − (x − 1) ex 2
= = ,
x3 x3

tem-se que f ′′ (1) = e > 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19, f tem um mı́nimo relativo em

1.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.

x 0 1

x−1 − − − 0 +

ex + + + + +

x2 + 0 + + +

f ′ (x) − ss − 0 +

f (x) ց ss ց mı́nimo ր

Em suma, f tem um mı́nimo relativo em 1, é monótona crescente em [1, +∞) e é

monótona decrescente em (−∞, 0) ∪ (0, 1] (ver Figura 2.40 d)).

e) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R+ e determinemos,

caso existam, os zeros da função derivada. Como a função derivada de f é dada por

f ′ (x) = ln x + 1 = 1 + ln x,

tem-se que

1
f ′ (x) = 0 ⇔ 1 + ln x = 0 ⇔ ln x = −1 ⇔ x = e−1 ⇔ x = .
e
2.11 Exercı́cios resolvidos 157

Como
1
f ′′ (x) = ,
x
 
1
tem-se que f ′′ = e > 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19, f tem um mı́nimo relativo
e
1
em .
e
O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.

1
x
e
1 + ln x − 0 +

f ′ (x) − 0 +

f (x) ց mı́nimo ր

 
1 1
Em suma, f tem um mı́nimo relativo em , é monótona crescente em , +∞ e é
  e e
1
monótona decrescente em 0, (ver Figura 2.40 e)).
e

f ) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R e determinemos,

caso existam, os zeros da função derivada. Como a função derivada de f é dada por
′ ′
x2 x2 + 3 − x2 x2 + 3 2x x2 + 3 − x2 2x
 
′ 6x
f (x) = 2 = 2 = ,
(x2 + 3) (x2 + 3) (x2 + 3)2

tem-se que

6x 2
f ′ (x) = 0 ⇔ 2 = 0 ∧ x2 + 3 6= 0
(x2 + 3)
⇔ x = 0.

Como 2 h 2 i′
(6x)′ x2 + 3 − 6x x2 + 3 18 x2 − 1

′′
f (x) = =− ,
(x2 + 3)4 (x2 + 3)3
158 Cálculo diferencial em R

2
tem-se que f ′′ (0) = > 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19, f tem um mı́nimo relativo em
3
0.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.

x 0

6x − 0 +
2
x2 + 3 + + +

f ′ (x) − 0 +

f (x) ց mı́nimo ր

Em suma, f tem um mı́nimo relativo em 0, é monótona crescente em [0, +∞) e é

monótona decrescente em (−∞, 0] (ver Figura 2.40 f)).

2.11.29. Determine os pontos de inflexão e os intervalos onde as funções seguintes são

convexas e côncavas:
1 1 1
a) y = x5 − x3 ; b) y = x3 − 3x2 ; c) y = ;
5 3 x+2

ex x2
d) y = ; e) y = x ln x; f) y = .
x x2 + 3

Resolução:

a) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R e que, tal como

vimos no Exercı́cio 2.11.28 a), a função f ′′ é dada por

f ′′ (x) = 4x3 − 2x

e a função f ′′′ é dada por

f ′′′ (x) = 12x2 − 2.


2.11 Exercı́cios resolvidos 159

2 2
aL bL
1.5 1
1
-2 -1 1 2 3 4
0.5
-1
-2 -1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5 2 -2
-0.5
-1 -3

-1.5 -4
-2 -5

10
cL 4 dL
7.5
5
2
2.5

-6 -4 -2 2 4 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-2.5
-2
-5

-4 -7.5
-10

5 2
eL fL
4 1.5

3 1

2 0.5

1
-6 -4 -2 2 4 6
-0.5
-1 1 2 3 4
-1 -1

Figura 2.40: Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.11.28 e 2.11.29.


160 Cálculo diferencial em R

Determinemos, caso existam, os zeros da função f ′′ , isto é,

f ′′ (x) = 0 ⇔ 4x3 − 2x = 0 ⇔ 2x 2x2 − 1 = 0



√ √
2 2
⇔ x=0∨x=− ∨x= .
2 2
√ ! √ !
′′′ ′′′ 2 ′′′ 2
Como f (0) = −2 6= 0, f − = 4 6= 0 e f = 4 6= 0, pelo que, pelo
2 2
√ √
2 2
Teorema 2.8.29, f tem pontos de inflexão em 0, − e .
2 2
O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à

existência de pontos de inflexão para esta função.


√ √
2 2
x − 0
2 2
2x − − − 0 + + +

x2 − 2 + 0 − − − 0 +

f ′′ (x) − 0 + 0 − 0 +

f (x) ∩ ponto de inflexão ∪ ponto de inflexão ∩ ponto de inflexão ∪

√ √
2 2
Em suma, f tem pontos de inflexão em 0, − e , tem concavidade voltada para
√ ! √ ! 2 2 √ !
2 2 2
cima em − ,0 ∪ , +∞ e tem concavidade voltada para baixo em −∞, ∪
2 2 2
√ !
2
∪ 0, (ver Figura 2.40 a)).
2

b) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R e que, tal como vimos

no Exercı́cio 2.11.28 b), a função f ′′ é dada por

f ′′ (x) = 6x − 6.

Determinemos, caso existam, os zeros da função f ′′ , isto é,

f ′′ (x) = 0 ⇔ 6x − 6 = 0 ⇔ x = 1.
2.11 Exercı́cios resolvidos 161

Como

f ′′′ (x) = 6,

tem-se que f ′′′ (1) = 6 6= 0, pelo que, pelo Teorema 2.8.29, f tem um ponto de inflexão

em 1.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à

existência de pontos de inflexão para esta função.

x 1

6x − 6 − 0 +

f ′′ (x) − 0 +

f (x) ∩ ponto de inflexão ∪

Em suma, f tem um ponto de inflexão em 1, tem concavidade voltada para cima em

(1, +∞) e tem concavidade voltada para baixo em (−∞, 1) (ver Figura 2.40 b)).

c) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {−2} e que a função

f ′′ é dada por
2
f ′′ (x) = ,
(x + 2)3

pelo que a segunda derivada não tem zeros no domı́nio. Como f ′′ (x) < 0 se x < −2

e f ′′ (x) > 0 se x > −2, tem-se que a função f tem concavidade voltada para baixo se

x < −2 e tem concavidade voltada para cima se x > −2 (ver Figura 2.40 c)).

d) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {0} e que, tal como

vimos no Exercı́cio 2.11.28 d), a função f ′′ é dada por

x2 − 2x + 2 ex

′′
f (x) = .
x3
162 Cálculo diferencial em R

Determinemos, caso existam, os zeros da função f ′′ , isto é,

x2 − 2x + 2 ex

′′
f (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x3 6= 0
x3
x2 − 2x + 2 ex = 0 ∧ x 6= 0,


ou seja, a segunda derivada não tem zeros no domı́nio. Como f ′′ (x) < 0 se x < 0 e

f ′′ (x) > 0 se x > 0, tem-se que a função f tem concavidade voltada para baixo se x < 0

e tem concavidade voltada para cima se x > 0 (ver Figura 2.40 d)).

e) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R+ e que, tal como

vimos no Exercı́cio 2.11.28 e), a função f ′′ é dada por

1
f ′′ (x) = ,
x

pelo que a segunda derivada não tem zeros no domı́nio. Como f ′′ (x) > 0 em todo o

domı́nio tem-se que a função f tem concavidade voltada para cima em todo o domı́nio

(ver Figura 2.40 e)).

f ) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R e que, tal como

vimos no Exercı́cio 2.11.28 f ), a função f ′′ é dada por

18 x2 − 1

′′
f (x) = − .
(x2 + 3)3

Determinemos, caso existam, os zeros da função f ′′ , isto é,

18 x2 − 1

′′
3
f (x) = 0 ⇔ − 3 ∧ x2 + 3 6= 0
(x2 + 3)
⇔ −18 x2 − 1 = 0 ⇔ x = −1 ∨ x = 1.


Como
72x x2 − 3

′′′
f (x) = ,
(x2 + 3)4
2.11 Exercı́cios resolvidos 163

9 9
tem-se que f ′′′ (−1) = 6= 0 e f ′′′ (1) = − 6= 0, pelo que, pelo Teorema 2.8.29, f tem
16 16
pontos de inflexão em −1 e 1.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à

existência de pontos de inflexão para esta função.

x −1 1

−18 x2 − 1

− 0 + 0 −
3
x2 + 3 + + + + +

f ′′ (x) − 0 + 0 −

f (x) ∩ ponto de inflexão ∪ ponto de inflexão ∩

Em suma, f tem pontos de inflexão em −1 e 1, tem concavidade voltada para cima

em (−1, 1) e tem concavidade voltada para baixo em (−∞, −1) ∪ (1, +∞) (ver Figura 2.40

f)).

2.11.30. Determine as assı́mptotas dos gráficos das funções seguintes:

x 3x2 x+2
a) f (x) = ; b) f (x) = ; c) f (x) = ;
x−3 x+2 3x2
√ 2x − 1 1
d) f (x) = x2 + x; e) f (x) = ; f ) f (x) = xe x+3 ;
2x + 1
ln x ln x
g) f (x) = ; h) f (x) = x − ; i) f (x) = x2 + 1.
x x

Resolução:

a) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {3} . Como

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞,


x→3− x→3+

tem-se que a recta x = 3 é assı́mptota vertical.


164 Cálculo diferencial em R

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


x
f (x) x − 3 = lim x
m = lim = lim 2
=0
x→±∞ x x→±∞ x x→±∞ x − 3x

e
 
x
b = lim [f (x) − mx] = lim = 1,
x→±∞ x→±∞ x−3

tem-se que a recta de equação y = 1 é uma assı́mptota não vertical para direita e para

esquerda ao gráfico de f.

Em suma, as rectas x = 3 e y = 1 são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 a)).

b) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {−2} . Como

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞,


x→−2− x→−2+

tem-se que a recta x = −2 é assı́mptota vertical.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


3x2
f (x) 3x2
m = lim = lim x + 2 = lim 2 =3
x→±∞ x x→±∞ x x→±∞ x + 2x

e
3x2
 
−6x
b = lim [f (x) − mx] = lim − 3x = lim = −6,
x→±∞ x→±∞ x+2 x→±∞ x + 2

tem-se que a recta de equação y = 3x − 6 é uma assı́mptota não vertical para direita e

para esquerda ao gráfico de f.

Em suma, as rectas x = −2 e y = 3x − 6 são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 b)).

c) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {0} . Como

lim f (x) = +∞ e lim f (x) = +∞,


x→0− x→0+

tem-se que a recta x = 0 é assı́mptota vertical.


2.11 Exercı́cios resolvidos 165

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


x+2
f (x) 2 x+2
m = lim = lim 3x = lim =0
x→±∞ x x→±∞ x x→±∞ 3x3

e
 
x+2
b = lim [f (x) − mx] = lim = 0,
x→±∞ x→±∞ 3x2

tem-se que a recta de equação y = 0 é uma assı́mptota não vertical para direita e para

esquerda ao gráfico de f.

Em suma, as rectas x = 0 e y = 0 são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 c)).

d) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto

D = x ∈ R : x2 + x ≥ 0 = (−∞, −1] ∪ [0, +∞) .




Não existem assı́mptotas verticais.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


s  
2
1
√ x 1+
f (x) x2 + x x
m = lim = lim = lim =
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ x
r r
1 1
|x| 1 + x 1+ r
x x 1
= lim = lim = lim 1+ =1
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ x

e
 √ √ 
p x2 + x − x
 x2 + x + x
b = lim [f (x) − mx] = lim x2 + x − x = lim
√ =
x→+∞ x→+∞ x→+∞ x2 + x + x
x x 1 1
= lim √ = lim r = lim r = ,
x→+∞ 2
x +x+x x→+∞ 1 x→+∞ 1 2
x 1+ +x 1+ +1
x x
1
tem-se que a recta de equação y = x + é uma assı́mptota não vertical para a direita ao
2
gráfico de f.
166 Cálculo diferencial em R

Por outro lado, como


s  
1
√ x2 1+
f (x) x2 + x x
m = lim = lim = lim =
x→−∞ x x→−∞ x x→−∞ x
r r
1 1
|x| 1 + −x 1 + r !
x x 1
= lim = lim = lim − 1+ = −1
x→−∞ x x→−∞ x x→−∞ x

e
 √ √ 
p x2 + x + x
 x2 + x − x
b = lim [f (x) − mx] = lim x2 + x + x = lim√ =
x→−∞ x→−∞ x→−∞ x2 + x − x
x x 1 1
= lim √ = lim r = lim r =− ,
x→−∞ 2
x +x−x x→−∞ 1 x→−∞ 1 2
−x 1 + − x − 1+ −1
x x
1
tem-se que a recta de equação y = −x − é uma assı́mptota não vertical para a esquerda
2
ao gráfico de f.
1 1
Em suma, as rectas y = x + e y = −x − são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 d)).
2 2

e) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R.

Não existem assı́mptotas verticais.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


2x − 1
f (x) x 2x − 1
m = lim = lim 2 + 1 = lim =
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ x (2x + 1)
   
1 1
2x 1 − x 1− x
2 2
= lim   = lim   =0
x→+∞
x
1 x→+∞ 1
x2 1 + x x 1+ x
2 2
e
 
1 1
1− x 2x 1−
2x − 1 2 2x = 1,
b = lim [f (x) − mx] = lim x = lim  = lim
1

x→+∞ x→+∞ 2 + 1 x→+∞ 1 x→+∞
2x 1 + x 1+
2 2x
tem-se que a recta de equação y = 1 é uma assı́mptota não vertical para a direita ao

gráfico de f.
2.11 Exercı́cios resolvidos 167

Por outro lado, como

2x − 1
f (x) x 2x − 1
m = lim = lim 2 + 1 = lim =0
x→−∞ x x→−∞ x x→−∞ x (2x + 1)

e
2x − 1
b = lim [f (x) − mx] = lim = −1,
x→−∞ x→−∞ 2x + 1

tem-se que a recta de equação y = −1 é uma assı́mptota não vertical para a esquerda ao

gráfico de f.

Em suma, as rectas y = 1 e y = −1 são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 e)).

f ) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R\ {−3} . Como

lim f (x) = 0 e lim f (x) = −∞,


x→−3− x→−3+

tem-se que a recta x = 3 é assı́mptota vertical.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


1
f (x) xe x+3 1
m = lim = lim = lim e x+3 = 1
x→±∞ x x→±∞ x x→±∞

1
  h  1 i
b = lim [f (x) − mx] = lim xe x+3 − x = lim x e x+3 − 1 =
x→±∞ x→±∞ x→±∞
1 1
1 − 2e
x+3
x2
 
e x+3 −1 (x + 3) 1
= lim = lim = lim e x+3 = 1,
x→±∞ 1 x→±∞ 1 x→±∞ x2 + 6x + 9
− 2
x x
tem-se que a recta de equação y = x + 1 é uma assı́mptota não vertical para direita e

para esquerda ao gráfico de f. Note-se que, no cálculo de b, a indeterminação ∞ − ∞ foi


0
transformada numa indeterminação do tipo e depois foi aplicada a regra de Cauchy.
0
Em suma, as rectas x = −3 e y = x + 1 são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 f)).
168 Cálculo diferencial em R

g) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = (0, +∞) . Como

lim f (x) = −∞,


x→0+

tem-se que a recta x = 0 é uma assı́mptota vertical.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


1
f (x) ln x 1
m = lim = lim 2
= lim x = lim =0
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ 2x x→+∞ 2x2

e
1
ln x 1
b = lim [f (x) − mx] = lim = lim x = lim = 0,
x→+∞ x→+∞ x x→+∞ 1 x→+∞ x

tem-se que a recta de equação y = 0 é uma assı́mptota não vertical para a direita ao gráfico

de f. Note-se que, no cálculo de m e b, foi aplicada a regra de Cauchy às indeterminações



do tipo .

Em suma, as rectas x = 0 e y = 0 são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 g)).

h) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = (0, +∞) . Como

lim f (x) = +∞,


x→0+

tem-se que a recta x = 0 é uma assı́mptota vertical.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como


ln x
f (x) x− 
ln x

m = lim = lim x = lim 1− 2 =
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ x
1
ln x 1
= 1 − lim 2
= 1 − lim x = 1 − lim =1
x→+∞ x x→+∞ 2x x→+∞ 2x2

e
 
ln x
b = lim [f (x) − mx] = lim
x− −x =
x→+∞ x→+∞ x
1
ln x 1
= − lim = − lim x = − lim = 0,
x→+∞ x x→+∞ 1 x→+∞ x
2.11 Exercı́cios resolvidos 169

tem-se que a recta de equação y = x é uma assı́mptota não vertical para a direita ao gráfico

de f. Note-se que, no cálculo de m e b, foi aplicada a regra de Cauchy às indeterminações



do tipo .

Em suma, as rectas x = 0 e y = x são assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 h)).

i) Comecemos por notar que o domı́nio de f é o conjunto D = R.

Não existem assı́mptotas verticais.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

f (x) x2 + 1
m = lim = lim = +∞,
x→+∞ x x→+∞ x

não existe assı́mptota não vertical para a direita ao gráfico de f. Por outro lado, como

f (x) x2 + 1
m = lim = lim = −∞,
x→−∞ x x→−∞ x

também não existe assı́mptota não vertical para a esquerda ao gráfico de f.

Em suma, não existem assı́mptotas de f (ver Figura 2.41 i)).

2.11.31. Faça o estudo e represente graficamente a função f : D ⊆ R −→ R definida


x2 − 4
por f (x) = .
x
Resolução:

Na resolução deste exercı́cio vamos seguir os pontos enunciados no inı́cio da Secção

2.10.

i) O domı́nio da função.

O domı́nio D desta função é dado por

D = {x ∈ R : x 6= 0} = R\ {0} .

ii) Os pontos de intersecção com os eixos.


170 Cálculo diferencial em R

20 20
aL bL
15
10
10
5 -6 -4 -2 2 4 6
-10
-1 1 2 3 4 5 6
-5
-20
-10
-30
-15
-20 -40
10 4
cL dL
8 3
6
2
4
1
2

-3 -2 -1 1 2 3 -4 -3 -2 -1 1 2 3
-2 -1
-4
-2
2 10
eL fL
1.5 7.5
1 5
0.5 2.5

-8 -6 -4 -2 2 4 6 8 -8 -6 -4 -2 2 4 6 8
-0.5 -2.5
-1 -5
-1.5 -7.5
-2 -10
1 10
gL hL
0.5 8

-2 2 4 6 8 6
-0.5
4
-1
2
-1.5

-2 -2 2 4 6 8
6
iL
5
4
3
2
1

-2 -1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5 2


-1

Figura 2.41: Gráficos das funções no Exercı́cio 2.11.30.


2.11 Exercı́cios resolvidos 171

Os pontos de intersecção com o eixo dos xx são dados por

x2 − 4
f (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x 6= 0
x
⇔ x2 − 4 = 0 ∧ x 6= 0

⇔ x = −2 ∨ x = 2,

pelo que se obtém os pontos (−2, 0) e (2, 0) . Por outro lado, os pontos de intersecção com

o eixo dos yy não existem, pois a função não está definida em x = 0.

iii) As simetrias do gráfico, em relação ao eixo dos yy e em relação à origem.

Comecemos pela simetria em relação ao eixo dos yy, isto é, verifiquemos se a função é

par, isto é, se verifica f (−x) = f (x) . Com efeito,

(−x)2 − 4 x2 − 4
f (−x) = =− 6= f (x) ,
−x x

pelo que f não é par. Verifiquemos agora a simetria em relação à origem, isto é, verifique-

mos se a função é ı́mpar, isto é, se verifica f (−x) = −f (x) . Com efeito,

(−x)2 − 4 x2 − 4
f (−x) = =− = −f (x) ,
−x x

pelo que f é ı́mpar, ou seja, o gráfico de f é simétrico em relação à origem.

iv) Os intervalos de monotonia, os máximos e os mı́nimos.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da função derivada. Como a função

derivada de f é dada por


′
x2 − 4 x − x2 − 4 (x)′

′ 2x2 − x2 + 4 x2 + 4
f (x) = = = > 0, se x 6= 0,
x2 x2 x2

tem-se que que a função derivada não tem zeros e que a função f é crescente em todo o

domı́nio.

v) As concavidades e os pontos de inflexão.


172 Cálculo diferencial em R

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da segunda derivada. Como a

segunda derivada de f é dada por

′ ′
x2 + 4 x2 − x2 + 4 x2 2x x2 − x2 + 4 2x
  
′′ 8
f (x) = 4
= 4
= − 3,
x x x

tem-se que f ′′ (x) > 0 se x < 0 e f ′′ (x) < 0 se x > 0, ou seja, a função f tem concavidade

voltada para cima se x < 0, concavidade voltada para baixo se x > 0 e não tem pontos de

inflexão.

vi) As assı́mptotas do gráfico.

Como

lim f (x) = +∞ e lim f (x) = −∞,


x→0− x→0+

tem-se que a recta x = 0 é assı́mptota vertical.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

f (x) x2 − 4
m = lim = lim =1
x→±∞ x x→±∞ x2

x2 − 4
 
−4
b = lim [f (x) − mx] = lim −x = lim = 0,
x→±∞ x→±∞ x x→±∞ x

tem-se que a recta de equação y = x é uma assı́mptota não vertical para direita e para

esquerda ao gráfico de f.

Terminamos apresentando o gráfico da função f na Figura 2.42.


2.11 Exercı́cios resolvidos 173

7.5
5
2.5

-7.5 -5 -2.5 2.5 5 7.5


-2.5
-5
-7.5

x2 − 4
Figura 2.42: Gráfico da função f : R\ {0} −→ R definida por f (x) = .
x

2.11.32. Faça o estudo e represente graficamente a função f : D ⊆ R −→ R definida


x3
por f (x) = .
x2 − 1
Resolução:

Na resolução deste exercı́cio vamos seguir os pontos enunciados no inı́cio da Secção

2.10.

i) O domı́nio da função.

O domı́nio D desta função é dado por

D = x ∈ R : x2 − 1 6= 0 = R\ {−1, 1} .


ii) Os pontos de intersecção com os eixos.

Os pontos de intersecção com o eixo dos xx são dados por

x3
f (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x2 − 1 6= 0
x2 − 1
⇔ x3 = 0 ∧ x 6= ±1

⇔ x = 0,

pelo que se obtém o ponto (0, 0) . Por outro lado, os pontos de intersecção com o eixo dos
174 Cálculo diferencial em R

yy são dados por

f (0) = 0,

pelo que também se obtém a origem.

iii) As simetrias do gráfico, em relação ao eixo dos yy e em relação à origem.

Comecemos pela simetria em relação ao eixo dos yy, isto é, verifiquemos se a função é

par, isto é, se verifica f (−x) = f (x) . Com efeito,

x3
f (−x) = − 6= f (x) ,
x2 − 1

pelo que f não é par. Verifiquemos agora a simetria em relação à origem, isto é, verifique-

mos se a função é ı́mpar, isto é, se verifica f (−x) = −f (x) . Com efeito,

x3
f (−x) = − = −f (x) ,
x2 − 1

pelo que f é ı́mpar, ou seja, o gráfico de f é simétrico em relação à origem.

iv) Os intervalos de monotonia, os máximos e os mı́nimos.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da função derivada. Como a função

derivada de f é dada por

′ ′
x3 x2 − 1 − x3 x2 − 1 3x2 x2 − 1 − x3 2x x2 x2 − 3
  
′ x4 − 3x2
f (x) = = = = ,
(x2 − 1)2 (x2 − 1)2 (x2 − 1)2 (x2 − 1)2

tem-se que

x2 x2 − 3


f (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ x2 − 1 6= 0
(x2 − 1)2
⇔ x2 x2 − 3 = 0 ∧ x 6= ±1


√ √
⇔ x = 0 ∨ x = − 3 ∨ x = 3.
2.11 Exercı́cios resolvidos 175

Como
′ 2 h 2 2 i′
x4 − 3x2 x2 − 1 − x4 − 3x2 x −1
f ′′ (x) = =
(x2 − 1)4
2
4x3 − 6x x2 − 1 − x4 − 3x2 4x x2 − 1
  
= =
(x2 − 1)4
4x3 − 6x x2 − 1 − x4 − 3x2 4x 2x x2 + 3
   
2x3 + 6x
= = = ,
(x2 − 1)3 (x2 − 1)3 (x2 − 1)3
√ √
√  3 3 √  3 3
tem-se que f ′′
− 3 = − < 0, f ′′ 3 = > 0 e f ′′ (0) = 0, pelo que, pelo
2 2
√ √
Corolário 2.8.19, f tem um máximo relativo em − 3 e um mı́nimo relativo em 3.

Como f ′′ (0) = 0, temos de determinar a terceira derivada e ver qual o valor de f ′′′ (0) .

Com efeito,
′ 3 h 2 3 i′
2x3 + 6x x2 − 1 − 2x3 + 6x x −1
f ′′′ (x) = =
(x2 − 1)6
3 2
6x2 + 6 x2 − 1 − 2x3 + 6x 6x x2 − 1
 
= =
(x2 − 1)6
6x2 + 6 x2 − 1 − 2x3 + 6x 6x 6 x4 + 6x2 + 1
   
= =− ,
(x2 − 1)4 (x2 − 1)4

pelo que f ′′′ (0) = −6 6= 0. Assim, pelo Teorema 2.8.18, conclui-se que f não tem um

extremo em zero.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.

√ √
x − 3 −1 0 1 3

x2 + + + + + 0 + + + + +

x2 − 3 + 0 − − − − − − − 0 +
2
x2 − 1 + + + 0 + + + 0 + + +

f ′ (x) + 0 − ss − 0 − ss − 0 +

f (x) ր máximo ց ss ց 0 ց ss ց mı́nimo ր


176 Cálculo diferencial em R

v) As concavidades e os pontos de inflexão.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da segunda derivada. Como a

segunda derivada de f é dada por

2x x2 + 3

′′
f (x) =
(x2 − 1)3

tem-se que

2x x2 + 3

′′
f (x) = 0 ⇔ 3 = 0 ∧ x2 − 1 6= 0
(x2 − 1)
⇔ 2x x2 + 3 = 0 ∧ x 6= ±1


⇔ x = 0.

6 x4 + 6x2 + 1

Como f ′′′ (x) = − , tem-se que f ′′′ (0) = −6 6= 0, pelo que, pelo
(x2 − 1)4
Teorema 2.8.29, f tem um ponto de inflexão em zero.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à

existência de pontos de inflexão para esta função.

x −1 0 1

2x − − − 0 + + +

x2 + 3 + + + + + + +
3
x2 − 1 + 0 − − − 0 +

f ′′ (x) − ss + 0 − ss +

f (x) ∩ ss ∪ ponto de inflexão ∩ ss ∪

vi) As assı́mptotas do gráfico.

Como

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞


x→−1− x→−1+
2.11 Exercı́cios resolvidos 177

lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞,


x→1− x→1+

tem-se que as rectas x = −1 e x = 1 são assı́mptotas verticais.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

f (x) x3
m = lim = lim 3 =1
x→±∞ x x→±∞ x − x

x3
 
x
b = lim [f (x) − mx] = lim 2
−x = lim = 0,
x→±∞ x→±∞ x −1 x→±∞ x2 − 1

tem-se que a recta de equação y = x é uma assı́mptota não vertical para direita e para

esquerda ao gráfico de f.

Terminamos apresentando o gráfico da função f na Figura 2.43.

10

-3 -2 -1 1 2 3

-5

-10

x3
Figura 2.43: Gráfico da função f : R\ {−1, 1} −→ R definida por f (x) = .
x2 −1

2.11.33. Faça o estudo e represente graficamente a função f : D ⊆ R −→ R definida

por f (x) = xex .


178 Cálculo diferencial em R

Resolução:

Na resolução deste exercı́cio vamos seguir os pontos enunciados no inı́cio da Secção

2.10.

i) O domı́nio da função.

O domı́nio D desta função é R.

ii) Os pontos de intersecção com os eixos.

Os pontos de intersecção com o eixo dos xx são dados por

f (x) = 0 ⇔ xex = 0 ⇔ x = 0,

pelo que se obtém o ponto (0, 0) . Por outro lado, os pontos de intersecção com o eixo dos

yy são dados por

f (0) = 0,

pelo que também se obtém a origem.

iii) As simetrias do gráfico, em relação ao eixo dos yy e em relação à origem.

Comecemos pela simetria em relação ao eixo dos yy, isto é, verifiquemos se a função é

par, isto é, se verifica f (−x) = f (x) . Com efeito,

f (−x) = −xe−x 6= f (x) ,

pelo que f não é par. Verifiquemos agora a simetria em relação à origem, isto é, verifique-

mos se a função é ı́mpar, isto é, se verifica f (−x) = −f (x) . Com efeito,

f (−x) = −xe−x 6= −xex = −f (x) ,

pelo que f não é ı́mpar, ou seja, o gráfico de f não é simétrico em relação à origem.

iv) Os intervalos de monotonia, os máximos e os mı́nimos.


2.11 Exercı́cios resolvidos 179

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da função derivada. Como a função

derivada de f é dada por

f ′ (x) = (x)′ ex + x (ex )′ = ex + xex = (1 + x) ex ,

tem-se que

f ′ (x) = 0 ⇔ (1 + x) ex = 0 ⇔ x = −1.

Como

f ′′ (x) = (1 + x)′ ex + (1 + x) (ex )′ = ex + (1 + x) ex = (2 + x) ex ,

1
tem-se que f ′′ (−1) = > 0, pelo que, pelo Corolário 2.8.19, f tem um mı́nimo relativo
e
em −1.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.

x −1

1+x − 0 +

ex + + +

f ′ (x) − 0 +

f (x) ց mı́nimo ր

v) As concavidades e os pontos de inflexão.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da segunda derivada. Como a

segunda derivada de f é dada por

f ′′ (x) = (2 + x) ex
180 Cálculo diferencial em R

tem-se que

f ′′ (x) = 0 ⇔ (2 + x) ex = 0 ⇔ x = −2.

Como

f ′′′ (x) = (2 + x)′ ex + (2 + x) (ex )′ = ex + (2 + x) ex = (3 + x) ex ,

1
tem-se que f ′′′ (−2) = 6= 0, pelo que, pelo Teorema 2.8.29, f tem um ponto de inflexão
e2
em zero.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à

existência de pontos de inflexão para esta função.

x −2

2+x − 0 +

ex + + +

f ′′ (x) − 0 +

f (x) ∩ ponto de inflexão ∪

vi) As assı́mptotas do gráfico.

Não exitem assı́mptotas verticais.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

f (x) xex
m = lim = lim = lim ex = +∞,
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞

não existe assı́mptota não vertical para direita ao gráfico de f. Por outro lado, como

f (x) xex
m = lim = lim = lim ex = 0
x→−∞ x x→−∞ x x→−∞

e
x 1
b = lim [f (x) − mx] = lim (xex ) = lim = lim = 0,
x→−∞ x→−∞ x→−∞ e−x x→−∞ −e−x
2.11 Exercı́cios resolvidos 181

tem-se que a recta de equação y = 0 é uma assı́mptota não vertical para a esquerda ao

gráfico de f.

Terminamos apresentando o gráfico da função f na Figura 2.44.

-2 -1 1
-1

Figura 2.44: Gráfico da função f : R −→ R definida por f (x) = xex .

2.11.34. Faça o estudo e represente graficamente a função f : D ⊆ R −→ R definida


r
1
por f (x) = x (x − 6).
3
Resolução:

Na resolução deste exercı́cio vamos seguir os pontos enunciados no inı́cio da Secção

2.10.

i) O domı́nio da função.

O domı́nio D desta função é dado por

 
1
D = x ∈ R : x (x − 6) ≥ 0 = (−∞, 0] ∪ [6, +∞) .
3

ii) Os pontos de intersecção com os eixos.

Os pontos de intersecção com o eixo dos xx são dados por


r
1
f (x) = 0 ⇔ x (x − 6) = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = 6,
3
182 Cálculo diferencial em R

pelo que se obtém os pontos (0, 0) e (6, 0) . Por outro lado, os pontos de intersecção com

o eixo dos yy são dados por

f (0) = 0,

pelo que também se obtém a origem.

iii) As simetrias do gráfico, em relação ao eixo dos yy e em relação à origem.

Comecemos pela simetria em relação ao eixo dos yy, isto é, verifiquemos se a função é

par, isto é, se verifica f (−x) = f (x) . Com efeito,


r
1
f (−x) = (−x) (−x − 6) 6= f (x) ,
3

pelo que f não é par. Verifiquemos agora a simetria em relação à origem, isto é, verifique-

mos se a função é ı́mpar, isto é, se verifica f (−x) = −f (x) . Com efeito,
r r
1 1
f (−x) = (−x) (−x − 6) 6= − x (x − 6) = −f (x) ,
3 3

pelo que f é não ı́mpar, ou seja, o gráfico de f é não simétrico em relação à origem.

iv) Os intervalos de monotonia, os máximos e os mı́nimos.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da função derivada. Como a função

derivada de f é dada por


 ′
1 2
x (x − 6) x−2
3 x−3 x−3

f (x) = r = r3 = r =p ,
1 1 1 3x (x − 6)
2 x (x − 6) 2 x (x − 6) 3 x (x − 6)
3 3 3
tem-se que

x−3
f ′ (x) = 0 ⇔ p = 0 ∧ 3x (x − 6) 6= 0
3x (x − 6)
⇔ x − 3 = 0 ∧ x 6= 0 ∧ x 6= 6,

ou seja, a função derivada não tem zeros no domı́nio, f ′ (x) < 0 se x < 0 e f ′ (x) > 0 se

x > 6.
2.11 Exercı́cios resolvidos 183

Portanto, f é decrescente em (−∞, 0] , crescente em [6, +∞) e tem mı́nimos em

(0, f (0)) = (0, 0) e (6, f (6)) = (6, 0) .

v) As concavidades e os pontos de inflexão.

Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da segunda derivada. Como a

segunda derivada de f é dada por

hp i′
(x − 3)′
p
3x (x − 6) − (x − 3) 3x (x − 6)
f ′′ (x) = =
3x (x − 6)
p [3x (x − 6)]′
3x (x − 6) − (x − 3) p
2 3x (x − 6)
= =
3x (x − 6)
6x (x − 6) − (x − 3) (6x − 18)
= p =
6x (x − 6) 3x (x − 6)
−54 27
= 3 = − 3 ,
2 [3x (x − 6)] 2 [3x (x − 6)] 2

tem-se que f ′′ (x) < 0 em todo o domı́nio, ou seja, a função f tem concavidade voltada

para baixo em todo o domı́nio.

vi) As assı́mptotas do gráfico.

Não exitem assı́mptotas verticais.

Procuremos agora as assı́mptotas não verticais. Com efeito, como

r
1 √ √
x (x − 6)
f (x) 3 3 x2 − 6x
m = lim = lim = lim =
x→+∞ x x→+∞ x 3 x→+∞ x
s   s  
2
6 6
√ x 1− √ |x| 1−
3 x 3 x
= lim = lim =
3 x→+∞ x 3 x→+∞ x
s 
6
√ x 1− √ s  √
3 x 3 6 3
= lim = lim 1− =
3 x→+∞ x 3 x→+∞ x 3
184 Cálculo diferencial em R

r √ ! √ √ !
1 3 3p 2 3
b = lim [f (x) − mx] = lim x (x − 6) − x = lim x − 6x − x =
x→+∞ x→+∞ 3 3 x→+∞ 3 3
√  √
√ √

x 2 − 6x − x x 2 − 6x + x
3  p  3
= lim x2 − 6x − x = lim √  =
3 x→+∞ 3 x→+∞ x2 − 6x + x
√ √
3 −6x 3 −6x
= lim √ = lim s =
3 x→+∞ x2 − 6x + x 3 x→+∞ 6

x 1− +x
x

3 −6 √
= lim s = − 3,
3 x→+∞ 6

1− +1
x


3 √
tem-se que a recta de equação y = x − 3 é uma assı́mptota não vertical para a direita
3
ao gráfico de f.

Por outro lado, como

r
1 √ √
x (x − 6)
f (x) 3 3 x2 − 6x
m = lim = lim = lim =
x→−∞ x x→−∞ x 3 x→−∞ x
s   s  
2
6 6
√ x 1− √ |x| 1−
3 x 3 x
= lim = lim =
3 x→−∞ x 3 x→−∞ x
s 
6
√ −x 1− √ s √
x

3 3 6 3
= lim =− lim 1− =−
3 x→−∞ x 3 x→−∞ x 3
2.11 Exercı́cios resolvidos 185

r √ ! √ √ !
1 3 3p 2 3
b = lim [f (x) − mx] = lim x (x − 6) + x = lim x − 6x + x =
x→−∞ x→−∞ 3 3 x→−∞ 3 3
√  √
√ √

x 2 − 6x + x x 2 − 6x − x
3  p  3
= lim x2 − 6x + x = lim √  =
3 x→−∞ 3 x→−∞ x2 − 6x − x
√ √
3 −6x 3 −6x
= lim √ = lim s =
3 x→−∞ x2 − 6x − x 3 x→−∞ 6

−x 1− −x
x

3 6 √
= lim s = 3,
3 x→−∞ 6

1− +1
x


3 √
tem-se que a recta de equação y = − x + 3 é uma assı́mptota não vertical para a
3
esquerda ao gráfico de f.

Terminamos apresentando o gráfico da função f : (−∞, 0] ∪ [6, +∞) −→ R definida


r
1
por f (x) = x (x − 6) na Figura 2.45.
3

-4 -2 2 4 6 8 10

-2

-4
r
1
Figura 2.45: Gráfico da função definida por f (x) = x (x − 6).
3
186 Cálculo diferencial em R

2.11.35. Seja f : R −→ R definida por

x2 + 1 se x ≥ 0,
(
f (x) =
ex se x < 0.

a) Estude a função f quanto à diferenciabilidade.

b) Determine os extremos e a monotonia de f.

c) Determine os pontos de inflexão e as concavidades de f.

d) Determine a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

e) Pode aplicar-se o Teorema de Rolle à função f no intervalo [−1, 1]?

Resolução:

a) Se x > 0, tem-se f ′ (x) = 2x. Se x < 0, tem-se f ′ (x) = ex . Se x = 0, tem-se

f (x) − f (0) x2 + 1 − 1
fd′ (0) = lim = lim = lim x = 0
x→0+ x−0 x→0+ x x→0+

e
f (x) − f (0) ex − 1
fe′ (0) = lim = lim = 1.
x→0− x−0 x→0− x

Como fe′ (0) 6= fd′ (0) , tem-se que f não é diferenciável em x = 0. Portanto, f é

diferenciável em R\ {0} e
(

2x se x > 0,
f (x) =
ex se x < 0.

b) Se x > 0, tem-se f ′ (x) = 2x > 0, pelo que f é estritamente crescente no intervalo

(0, +∞) . Se x < 0, tem-se f ′ (x) = ex > 0, pelo que f é estritamente crescente no intervalo

(−∞, 0) .

Como f é contı́nua em x = 0, pois lim f (x) = lim f (x) = f (0) = 1, conclui-se que
x→0+ x→0−

f é estritamente crescente em R e não tem extremos.

c) Se x > 0, tem-se f ′′ (x) = 2 > 0, pelo que f tem concavidade voltada para cima
2.11 Exercı́cios resolvidos 187

para todo o x > 0. Se x < 0, tem-se f ′′ (x) = ex > 0, pelo que f é tem concavidade voltada

para cima para todo o x < 0. A função f não tem pontos de inflexão.

d) Como f ′ (x) = 2x para todo o x > 0, tem-se que f ′ (1) = 2. Assim, a equação da

recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) é dada por y = f (1) + f ′ (1) (x − 1) , ou

seja, y = 2x.

e) Não, pois, pela alı́nea a), a função f não é diferenciável em x = 0.

Nota: Apesar de não ter sido pedido, na Figura 2.46 encontra-se os gráficos da função

f e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

-2 -1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5 2

-1

Figura 2.46: Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = x2 + 1 se x ≥ 0 e


f (x) = ex se x < 0 e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

2.11.36. Seja f : R −→ R definida por


( x−1
e se x < 1,
f (x) =
1 + ln x se x ≥ 1.

a) Estude a função f quanto à diferenciabilidade.

b) Determine os extremos e a monotonia de f.

c) Determine os pontos de inflexão e as concavidades de f.

d) Esboce o gráfico de f.
188 Cálculo diferencial em R

e) Determine a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

Resolução:
1
a) Se x < 1, tem-se f ′ (x) = ex−1 . Se x > 1, tem-se f ′ (x) = . Se x = 1, tem-se
x

f (x) − f (1) ex−1 − 1


fe′ (1) = lim = lim =1
x→1− x−1 x→1− x − 1

e, pela regra de Cauchy,

1
f (x) − f (1) 1 + ln x − 1 ln x x
fd′ (1) = lim = lim = lim = lim = 1.
x→1+ x−1 x→1+ x−1 x→1+ x − 1 x→1+ 1

Como fe′ (1) = fd′ (1) , tem-se que f é diferenciável em x = 1. Portanto, f é diferenciável

em R e  x−1
 e se x < 1,

f (x) =
 1 se x ≥ 1.
x

b) Se x < 1, tem-se f ′ (x) = ex−1 > 0, pelo que f é estritamente crescente no intervalo
1
(−∞, 1) . Se x > 1, tem-se f ′ (x) = > 0, pelo que f é estritamente crescente no intervalo
x
(1, +∞) .

Como f é contı́nua em x = 1, pois lim f (x) = lim f (x) = f (1) = 1, conclui-se que
x→1− x→1+

f é estritamente crescente em R e não tem extremos.

c) Se x < 1, tem-se f ′′ (x) = ex−1 > 0, pelo que f tem concavidade voltada para cima
1
para todo o x < 1. Se x > 1, tem-se f ′′ (x) = − < 0, pelo que f é tem concavidade
x2
voltada para baixo para todo o x > 1. Como a função f é diferenciável em x = 1, tem-se

que este ponto é um ponto de inflexão.

d) Na Figura 2.47 encontra-se os gráficos da função f e da recta tangente tangente ao

gráfico de f no ponto (1, f (1)) , determinada na alı́nea e).


2.11 Exercı́cios resolvidos 189

1.5

0.5

-1 -0.5 0.5 1 1.5 2


-0.5

-1

Figura 2.47: Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = ex−1 se x < 1 e


f (x) = 1 + ln x se x ≥ 1 e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (1, f (1)) .

e) Na alı́nea a) vimos que f ′ (1) = 1, pelo que a equação da recta tangente ao gráfico

de f no ponto (1, f (1)) é dada por y = f (1) + f ′ (1) (x − 1) , ou seja, y = x.

2.11.37. Seja f : R −→ R definida por

 2x

se x ≤ 0,
f (x) = 1 + x2
1 − e3x se x > 0.

a) Estude a função f quanto à diferenciabilidade.

b) Determine os extremos e a monotonia de f.

c) Determine a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (−1, f (−1)) .

d) Pode aplicar-se o Teorema de Lagrange à função f no intervalo [−1, 1]?

Resolução:
2 1 + x2 − 2x2x

2 − 2x2
a)Se x < 0, tem-se f ′ (x) = = . Se x > 0, tem-se f ′ (x) = −3e3x .
(1 + x2 )2 (1 + x2 )2
Se x = 0, tem-se
2x
f (x) − f (0) 2
−0 2
fe′ (0) = lim = lim 1 + x = lim =2
x→0− x−0 x→0− x x→0− 1 + x2

e, pela regra de Cauchy,

f (x) − f (0) 1 − e3x − 0 −3e3x


fd′ (0) = lim = lim = lim = −3.
x→0+ x−0 x→0+ x x→0+ 1
190 Cálculo diferencial em R

Como fe′ (0) 6= fd′ (0) , tem-se que f não é diferenciável em x = 0. Portanto, f é

diferenciável em R\ {0} e

2

 2 − 2x

se x < 0,
f ′ (x) = (1 + x2 )2

−3e3x se x > 0.

b) Se x < 0, tem-se

2 − 2x2 2
f ′ (x) = = 0 ⇔ 2 − 2x2 = 0 ∧ 1 + x2 6= 0 ⇔ x = −1 ∨ x = 1,
(1 + x2 ) 2

f ′ (x) < 0 em (−∞, −1) e f ′ (x) > 0 em (−1, 0) , pelo que f é estritamente decrescente no

intervalo (−∞, −1) , estritamente crescente no intervalo (−1, 0) e tem um mı́nimo relativo

no ponto (−1, f (−1)) = (−1, −1) .

Se x > 0, tem-se f ′ (x) = −3e3x < 0, pelo que f é estritamente decrescente no intervalo

(0, +∞) .

Como f é contı́nua em x = 0, pois lim f (x) = lim f (x) = f (0) = 0, conclui-se


x→0+ x→0−

que f é decrescente no intervalo (−∞, −1] e no intervalo [0, +∞) , crescente no intervalo

[−1, 0] , tem um mı́nimo relativo no ponto (−1, f (−1)) = (−1, −1) e um máximo relativo

no ponto (0, f (0)) = (0, 0) .

2 − 2x2
c) Como f ′ (x) = para todo o x < 0, tem-se que f ′ (−1) = 0. Assim, a
(1 + x2 )2
equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto (−1, f (−1)) = (−1, −1) é dada por

y = f (−1) + f ′ (−1) (x + 1) , ou seja, y = −1.

d) Não, pois, pela alı́nea a), a função f não é diferenciável em x = 0.

Nota: Apesar de não ter sido pedido, na Figura 2.48 encontra-se os gráficos da função

f e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (−1, f (−1)) .


2.11 Exercı́cios resolvidos 191

0.5

-5 -4 -3 -2 -1 1
-0.5

-1

-1.5

-2

-2.5

2x
Figura 2.48: Gráficos da função f : R −→ R definida por f (x) = se x ≤ 0 e
1 + x2
f (x) = 1 − e3x se x > 0 e da recta tangente ao gráfico de f no ponto (−1, f (−1)) .

2.11.38. Determine a área do maior rectângulo inscrito na parábola de equação

y = 9 − x2 , com y ≥ 0.

Nota: Dois dos vértices do rectângulo deverão pertencer à parábola.

Resolução:

Um rectângulo inscrito na parábola y = 9 − x2 , com y ≥ 0, tem a forma do rectângulo

na Figura 2.49.

9
y=9-x2

-3 x 3

Figura 2.49: Representação gráfica de um rectângulo inscrito na parábola y = 9 − x2 , com


y ≥ 0.

Considerando que o vértice do rectângulo no eixo das abcissas tem coordenadas (x, 0) ,

então o rectângulo tem altura igual a 9−x2 e base igual a 2x. Portanto, a área do rectângulo
192 Cálculo diferencial em R

é dada por

A (x) = 2x 9 − x2 .


Para determinarmos os extremos da função, comecemos por determinar os zeros da

função derivada. Com efeito,

√ √
A′ (x) = 18 − 6x2 = 0 ⇔ x = 3 ∨ x = − 3.

√  √
Como 0 < x < 3 e A′′ (x) = −12x, tem-se que A′′ 3 = −12 3 < 0, pelo que A tem

um máximo relativo em 3.

Assim, o maior maior rectângulo inscrito na parábola tem área

√  √ √ 3 √
A 3 = 18 3 − 2 3 = 12 3.
2.12 Exercı́cios propostos 193

2.12 Exercı́cios propostos

2.12.1. Determine, usando a definição, a derivada das funções seguintes:

a) f (x) = ex ; b) f (x) = cos x; c) f (x) = sen x;

d) f (x) = ax ; e) f (x) = ln x; f ) f (x) = cos2 x;


sen x
g) f (x) = e2x−3 ; h) f (x) = ln (3x) ; i) f (x) = .
x

2.12.2. Determine a equação da tangente à curva y = x2 − 4

a) nos pontos em que intersecta o eixo dos xx;

b) nos pontos em que intersecta o eixo dos yy.

2.12.3. Determine os valores das constantes a, b e c para os quais os gráficos dos dois

polinómios f (x) = x2 + ax + b e g (x) = x3 − c se intersectam no ponto (1, 2) e admitem

a mesma tangente naquele ponto.

2.12.4. Seja f (x) = x2 + ax + b. Determine os valores de a e b tais que a recta y = 2x

seja tangente à curva de f no ponto (2, 4) .

2.12.5. Determine o ângulo segundo o qual se intersectam as curvas y = x2 (2 − x) e

2y = x2 .


3
2.12.6. Escreva as equações das rectas tangente e normal à curva y = x − 1 no

ponto (1, 0) .

x2 e4x
2.12.7. Considere a função real de variável real definida por f (x) = .
4
a) Calcule a sua derivada.

b) Verifique que o declive da recta tangente à curva de equação y = f (x) no ponto


194 Cálculo diferencial em R

  
1 1 3
,f é igual a e.
4 4 16   
1 1
c) Escreva a equação da recta tangente à curva de equação y = f (x) no ponto ,f .
4 4

2.12.8. Determine as derivadas das funções seguintes:


1 1
a) f (x) = 2x 3 ; b) f (x) = 3x − 2x3 ; c) f (x) = 25x−1 + 12x 2 ;

1 2x + 1  2 
d) f (x) = ; e) f (x) = ; f ) f (x) = 2x2 − 1 x− 3 + x2 ;
sen 2 x x+5

x2 + 2x − 1
g) f (x) = x2 esen x ; h) f (x) = sen 3 x; i) f (x) = ;
(x + 1) (x − 1)

x+1 ln (2x) sen (2x + 5)


j) f (x) = ; k) f (x) = ; l) f (x) = ;
cos (2x) sen x cos (x2 − 1)
5
1 x− 4
m) f (x) = ln ex ; n) f (x) = x (log10 x) ; 3 o) f (x) = 2 ;
x +x+1

p) f (x) = tg ex ; q) f (x) = ln (x + 1) ; r) f (x) = (ln x)5 ;

x2 −1
s) f (x) = ex+1 ; t) f (x) = e x3 .

2.12.9. Estude a diferenciabilidade de cada uma das funções seguintes, nos pontos

indicados:

3
a) f (x) = x − 1, no ponto x = 1;

 h πi
 sen x se x ∈ 0, ,
2

 π
b) f (x) =  2 no ponto x = ;
2x  π 
2
se x ∈ ,π ,



π 2

 sen 1

se x 6= 0,
c) f (x) = x no ponto x = 0;
0 se x = 0,

 x2 sen 1

se x 6= 0,
d) f (x) = x no ponto x = 0;
0 se x = 0,

2.12 Exercı́cios propostos 195

e−x
(
se x > 0,
e) f (x) = no ponto x = 0;
x + 1 se x ≤ 0,
 x
 1 se x 6= 0,
f ) f (x) = 1 + ex no ponto x = 0;
0 se x = 0,

1
xe− x2
(
se x 6= 0,
g) f (x) = no ponto x = 0.
0 se x = 0,

2.12.10. Determine a função derivada das funções seguintes:


( 2
x se x < 2,
a) f (x) = |x| ; b) f (x) =
x + 2 se x ≥ 2.

2.12.11. Seja f : R −→ R definida por

 x2 sen 1

se x 6= 0,
f (x) = x
0 se x = 0.

Deternine a função derivada de f em cada x ∈ R e mostre que é descontı́nua na origem.

2.12.12. Mostre que as funções seguintes têm um máximo ou um mı́nimo local nos

pontos indicados não sendo todavia diferenciáveis nesses pontos:


(
3x se x > 0,
a) f : R −→ R definida por f (x) = no ponto x = 0;
−x se x ≤ 0,
q
b) f : R −→ R definida por f (x) = 3 (x − 3)2 , no ponto x = 3.

2.12.13. Seja f uma função real definida em R tal que

i) f (a + b) = f (a) f (b) , ∀a, b ∈ R;

ii) f (0) = 1;

iii) f é diferenciável em x = 0.

Prove que f é diferenciável para todo o x ∈ R e tem-se

f ′ (x) = f ′ (0) · f (x) .


196 Cálculo diferencial em R

2.12.14. Seja f : R −→ R uma função diferenciável com derivada f ′ . Determine a

derivada de
b) f (ex ) ; c) f ln x2 + 1 ;

a) f (−x) ; d) f [f (x)] .

2.12.15. Seja f : [0, 1] −→ R uma função diferenciável e defina-se

g (x) = f sen 2 x + f cos2 x .


 

Determine a derivada de g em função de f.


2.12.16. Prove que f : (0, +∞) −→ R definida por f (x) = n
x, onde n ∈ N, é
1
diferenciável, tendo-se f ′ (x) = √
n
.
n xn−1

2.12.17. Como se sabe da trigonometria elementar, a restrição da função f (x) = tg x


 π π
ao intervalo − , é uma bijecção diferenciável deste intervalo sobre R. Utilizando o
2 2
Teorema da derivação da função inversa, mostre que a função arctg x é diferenciável em
1
R e que se tem (arctg x)′ = .
1 + x2

2.12.18. O mesmo do exercı́cio anterior para as restantes funções trigonométricas.

2.12.19. Que condição devem satisfazer a, b, c, d para que a função definida por f (x) =

ax3 + bx2 + cx + d seja injectiva?

2.12.20. Verifique a validade das condições do Teorema de Rolle e, quando possı́vel,

calcule o valor c tal que f ′ (c) = 0, para cada uma das funções seguintes:

a) f (x) = 2 − |x − 2| no intervalo [1, 3] ;


 π h πi
b) f (x) = sen x + no intervalo 0, ;
4 2
√3
c) f (x) = x2 no intervalo [−1, 1] .
2.12 Exercı́cios propostos 197

2.12.21. Seja f : R −→ R definida por


 1
 se x 6= 3,
3−x

f (x) =
 1

se x = 3.
2
a) Verifique que f (1) = f (3) .

b) Mostre que para todos os pontos em que está definida a função derivada se tem

f ′ (x) > 0.

c) Os resultados anteriores não contradizem o Teorema de Rolle? Justifique.

2.12.22. Seja f : R −→ R definida por


( x−1
e se x ≤ 1,
f (x) =
1 + ln x se x > 1.

Mostre que:

a) f é contı́nua em R;

b) f é tem derivada finita em R;

c) em nenhum intervalo de R é aplicável o Teorema de Rolle.

2.12.23. Mostre que a função f (x) = 1 − x2 satisfaz as condições do Teorema de

Rolle no intervalo [−1, 1] . Determine um ponto c onde f ′ (c) = 0.

2.12.24. Seja f : R −→ R definida por f (x) = 2x3 + 4x − 1. Mostre que f tem um

único zero em R.

(Sugestão: Prove, utilizando o Teorema do valor intermédio de Cauchy, que f tem

pelo menos um zero em R, e em seguida prove, utilizando o Teorema de Rolle, que f não

pode ter mais de um zero em R.)

2.12.25. A equação ex − x − 1 = 0 tem a raiz x = 0. Mostre ainda que esta equação

não pode ter outra raiz real.


198 Cálculo diferencial em R

2.12.26. Prove que a equação 4x3 − 6x2 + 1 = 0 tem 3 raı́zes distintas. Determine

intervalos de R de forma que, em cada um deles, exista uma e uma só raiz real da equação.

2.12.27. Seja f : [a, b] −→ R três vezes diferenciável com f (a) = f ′ (a) = f (b) =

f ′ (b) = 0. Prove que, f ′′′ (c) = 0, para algum c ∈ (a, b) .

2.12.28. Seja f : [a, b] −→ R contı́nua, diferenciável em (a, b) e tal que f (a) = f (b) =

0. Prove que, dado arbitrariamente k ∈ R, existe c ∈ (a, b) tal que f ′ (c) = kf (c) .

(Sugestão: Aplique o Teorema de Rolle a g (x) = f (x) e−kx .)

2.12.29. Verifique a validade das condições do Teorema de Lagrange e, quando

possı́vel, calcule o valor intermédio, para cada uma das funções seguintes:

a) f (x) = 3x − x3 no intervalo [−2, 2] ;

b) f (x) = sen2 x no intervalo [0, π] ;



c) f (x) = x3 no intervalo [0, 1] .

2.12.30. a) Mostre que o Teorema de Lagrange é aplicável à função g (x) = ln (1 + x)

no intervalo [0, e − 1] .

b) Determine o ponto do gráfico de função g em que a tangente é paralela ao segmento

de extremos A (0, g (0)) e B (e − 1, g (e − 1)) .

2.12.31. Pode aplicar-se o Teorema de Lagrange à função

 x2 sen 1

se x 6= 0,
f (x) = x
0 se x = 0

no intervalo [0, a]?


2.12 Exercı́cios propostos 199

2.12.32. Mostre que:


x
a) < ln (1 + x) < x para x > 0;
1+x
1
b) 1 + x < ex < , para x ∈ (0, 1) ;
1−x
c) 0 < x − ln (1 + x) < x2 para x > 0;
x
d) ≤ arctg x ≤ x para x ∈ [0, +∞) ;
1 + x2
e) arcsen x > x, para x ∈ (0, 1) ;

f ) |sen b − sen a| ≤ |b − a| para quaisquer a, b ∈ R.

2.12.33. Seja f uma função contı́nua e positiva no intervalo [a, b] ⊂ R e diferenciável

em (a, b) . Mostre que existe um ponto c ∈ (a, b) tal que

f (b) f ′ (c)
(b−a) f (c)
=e .
f (a)

2.12.34. Sejam f e g duas funções diferenciáveis em R, verificando as condições:

i) f (0) = g (0) ;

ii) f ′ (x) > g ′ (x) .

Prove que para todo o x ∈ R\ {0} se tem

x (f (x) − g (x)) > 0.

2.12.35. Seja f uma função diferenciável no intervalo [1, +∞) . Prove que se f ′ (x) é
f (x)
limitada no mesmo intervalo, então também o é.
x
(Sugestão: Aplique o Teorema de Lagrange no intervalo [1, x] .)

2.12.36. Sejam f : I −→ R duas vezes diferenciável no intervalo aberto I, a, b ∈ I,

f (a) = f (b) = 0, f (c) > 0, com a < c < b. Prove que, existe t ∈ (a, b) tal que f ′′ (t) < 0.
200 Cálculo diferencial em R

2.12.37. Sejam f e g funções reais de variável real, definidas por

f (x) = sen x e g (x) = cos x.

hπ π i
Aplique o Teorema do valor médio de Cauchy às funções f e g no intervalo , e
6 3
determine o ponto c nele referido.

2.12.38. Sejam f e g funções diferenciáveis em R tais que f ′ (x) > g ′ (x) > 0, para

todo o x ∈ R e f (a) = g (a) . Utilizando o Teorema do valor médio de Cauchy, prove que:

a) f (x) > g (x) , ∀x > a;

b) f (x) < g (x) , ∀x < a.

2.12.39. Determine, sempre que existam, os limites seguintes:


x
3x2 + 4x − 7

ln cos x 2
a) lim ; b) lim ; c) lim arctg x ;
x→1 2x2 + 3x − 5 x→0 ln cos (3x) x→+∞ π

ln cos (ax) x − sen x x10 − 10x + 9


d) lim ; e) lim ; f ) lim ;
x→0 x2 x→0 tg x − x x→1 (x − 1)2
 
1 1 1 cos x − sen x
g) lim − ; h) lim (cos x) x2 ; i) limπ ;
x→0 sen x x x→0 x→ 4
cos (2x)

arctg x arcsen (3x) senh (2x) − 2 senh x


j) lim ; k) lim ; l) lim ;
x→0 x x→0 arcsen (2x) x→0 x3

arcsen (3x) 1 etg x − cosh x


m) lim ; n) lim x ln senh x ; o) lim .
x→0 x x→0+ x→0 sen x

2.12.40. Determine, sempre que existam, os limites seguintes:

sen (αx) x cos x − sen x x3 − 2x2 − x + 2


a) lim , α ∈ R; b) lim ; c) lim ;
x→0 x x →0 x3 x →1 x3 − 7x + 6
1−x tg x − sen x
d) lim ; e) lim (cotg x)sen x ; f ) lim ;
x→1 1 − sen πx x →0+ x →0 x − sen x
2
2.12 Exercı́cios propostos 201

ex ln x
g) lim ; h) lim √ ; i) lim [(1 − cos x) cotg x] ;
x→+∞ x5 x →+∞ 3 x x →0

1 − tg x h πx i
j) lim xsen x ; k) limπ ; l) lim (1 − cos x) tg ;
x→0+ x→4 cos 2x x →1 2
 
1 1 1 5
m) lim x ; x n) lim 1 + x2 x
; o) lim − 2 ;
x→+∞ x →0 x→3 x−3 x −x−6
 tg x  
1 x 1
p) lim ; q) lim xx ; r) lim − .
x→0+ x x →0+ x→1 x − 1 ln x

2.12.41. Mostre que, usando a regra de L’Hospital, não é possı́vel determinar


1
x3 sen
lim x . Determine o limite.
x→0 sen2 x

2.12.42. Seja p : R −→ R um polinómio de grau ı́mpar. Então, existe c ∈ R tal que

p′′ (c) = 0.

2.12.43. Construa f : R −→ R, diferenciável com f ′ (0) > 0, mas tal que para todo o

h > 0, f não é crescente em (−h, h) .

2.12.44. Sejam L > 0 e f : [0, +∞) −→ R diferenciável. Prove que se f ′ (x) → L,


f (x)
quando x → +∞, então → L, quando x → +∞.
x

2.12.45. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:


f (a) − f (a − h)
a) Se f ′ (a) existe, então f ′ (a) = lim .
h→0 h
f (a + 2t) − f (a + t)
b) Se f ′ (a) existe, então f ′ (a) = lim .
t→0 2t
(
sen x se x < 0,
c) A função f : R −→ R definida por f (x) = é diferenciável no
ax + b se x ≥ 0
ponto 0, seja qual for o valor de a ∈ R, desde que b tenha o valor 0.

d) Se f : R −→ R é uma função diferenciável, então |f | é uma função diferenciável.

e) Seja f : R −→ R definida por f (x) = sen (ln (1 + ex )). Então, f ′ (x) = cos (ln (1 + ex )) ,
202 Cálculo diferencial em R

para todo o x ∈ R. 

 cos (π − x) se x < 1,

f ) Seja f : R −→ R definida por f (x) = ex−1 se 1 ≤ x ≤ 2,


e (x − 1) se x ≥ 2.


Então, existe c ∈ (1, 2) tal que f (c) = e − 1.

2.12.46. Determine a derivada de ordem n das funções seguintes:


1+x
a) f (x) = ln (1 + x) ; b) f (x) = sen x; c) f (x) = ;
1−x

d) f (x) = ex + cos x; e) f (x) = x; f ) f (x) = xe−x ;

g) f (x) = ln (a + bx) , a, b ∈ R.

2.12.47. Seja f : R −→ R definida por f (x) = x6 − 1. Determine o seu polinómio de

Taylor de ordem 5 no ponto 0 e no ponto 1.

1
2.12.48. Determine o polinómio de Taylor de ordem 3 da função f (x) = x + no
x
ponto −1.

2.12.49. Seja f : R −→ R uma função três vezes diferenciável tal que f (0) = −1,

f ′ (0) = 1 e f ′′ (x) + xf ′ (x) + x2 = 1. Determine o polinómio de Taylor de ordem 3 de f

em 0.

2.12.50. Determine o polinómio de Taylor de ordem n (polinómio de Maclaurin de

ordem n) no ponto x = 0 das funções seguintes:


1
a) x3 − 1; b) ex ; c) ; d) e5x−1 ;
1+x
x  1
e) sen (2x + 3) ; f ) cos +2 ; g) ln (x + 1) ; h) ;
2 (x + 1) (x − 2)
1 1
i) √ ; j) .
1−x 2−x
2.12 Exercı́cios propostos 203

2.12.51. Determine o polinómio de Taylor de ordem n nos pontos indicados das

funções seguintes:
1 √ 2x − 1
a) em x = 2 ; b) x em x = 1; c) em x = 2.
x x−1

2.12.52. Determine, usando a Fórmula de Taylor, os limites seguintes:


π 
sen x − x cos cos x 
1 1

a) lim ; b) lim 2 ; c) lim − 2 ;
x→0 x − tg x x→0 sen2 x x→0 x sen x x

ln (1 + x) − x
d) lim .
x→0 x2

2.12.53. Determine os máximos e os mı́nimos das funções seguintes:


1
a) y = x3 − 4x2 ; b) y = x2 e x ; c) y = x (x − 3)2 (x + 1)3 ;

1 x4
d) y = x4 − 8x2 + 12; e) y = ; f) y = .
2
x −x (x + 1)2

2.12.54. Determine os pontos de inflexão e os intervalos onde as funções seguintes são

convexas e côncavas:

a) y = 3 x + 3; b) y = x5 − 10x2 + 3x; c) y = 2x4 − 3x2 + x − 1; d) y = (ex − 1)2 .

2.12.55. Determine as assı́mptotas dos gráficos das funções seguintes:


ex − 1 2e2x
a) f (x) = ; b) f (x) = ; c) f (x) = x2 e−x ;
x e2x − 1

2x − 1 x2
 
1
d) f (x) = ; e) f (x) = ; f ) f (x) = x ln e + .
2x + 1 x+1 x

2.12.56. Estude e represente graficamente cada uma das funções seguintes:


ln x x3
a) f (x) = x4 − 2x2 − 3; b)f (x) = ; c)f (x) = ;
x x2 − 1

x2 + 2 √
d) f (x) = ; e) f (x) = xex ; f ) f (x) = x2 − 3x + 2;
x−3
ln |x| x − |x|
g) f (x) = sen x cos x; h) f (x) = ; i) f (x) = .
x 2
204 Cálculo diferencial em R

2.12.57. Mostre que entre todos os rectângulos com um dado perı́metro é o quadrado

que tem área máxima e que entre todos os rectângulos com área dada é o quadrado que

tem o perı́metro mı́nimo.

2.12.58. Sendo x1 , . . . , xn números reais fixos, não necessariamente distintos, prove


n
(x − xi )2 tem um minimizante absoluto, o qual é a média
P
que a função R ∋ x 7−→
i=1
aritmética de x1 , . . . , xn .

2.12.59. Um depósito aberto, de folha de lata com fundo quadrado, deve ter capaci-

dade para V litros. Prove que, para que na sua fabricação se gaste a menor quantidade

possı́vel de lata, o lado da base deve ser duas vezes a altura.

2.12.60. Calcule as dimensões de uma caixa aberta, feita de um quadrado de cartão

de lado L, ao qual se recortaram quadrados dos cantos, de forma que o seu volume seja

máximo (o volume é o produto dos comprimentos dos lados da caixa).

2.12.61. Considere a função f : R\ {0} −→ R definida por

ex − 1
f (x) = .
x

a) Estude a função f no que respeita à continuidade.

b) Indique a função prolongamento, por continuidade, ao ponto 0.

c) Estude a função prolongamento no que respeita à diferenciabilidade.

2.12.62. Seja f : R −→ R definida por

xex
(
se x ≤ 0,
f (x) = 4
x ln x se x > 0.

a) Estude a função f quanto à continuidade.


2.12 Exercı́cios propostos 205

b) Estude a função f quanto à diferenciabilidade.

c) Determine os extremos e a monotonia de f.

d) Determine os pontos de inflexão e as concavidades de f.

e) Determine o contradomı́nio de f.

2.12.63. Seja f : (−1, +∞) −→ R definida por

( √
ln 1 − x2 se x ∈ (−1, 0] ,
f (x) = 2
x2 e1−x se x ∈ (0, +∞) .

a) Estude a função f quanto à continuidade.

b) Calcule lim f (x) e lim f (x) .


x→−1+ x→+∞

c) Defina a função f ′ .

d) Determine os intervalos de monotonia de f e os pontos em que f tem um extremo

local.

2.12.64. Seja f : R −→ R definida por


  
1+x
 arctg se x 6= 0,


f (x) = x
 π

 se x = 0.
2

a) Estude f quanto à continuidade e à existência de limites quando x → +∞ e quando

x → −∞.

b) Estude a função f quanto à monotonia e extremos.

c) Indique, justificando, o contradomı́nio da restrição de f ao intervalo [0, +∞) .

d) Determine o sentido da concavidade e os pontos de inflexão do gráfico de f .

e) Esboce o gráfico de f .
206 Cálculo diferencial em R

2.12.65. Seja f : R −→ R definida por



 x ln x se x > 0,
f (x) = x
 e −1 se x ≤ 0.
e
a) Estude a função f quanto à continuidade.

b) Estude a diferenciabilidade de f . Calcule f ′ (x) nos pontos x em que f seja diferen-

ciável e, em cada ponto que o não seja, calcule (se existirem) as derivadas laterais.

c) Determine os intervalos de monotonia de f e os seus extremos locais.

d) Calcule lim f (x) e lim f (x) .


x→+∞ x→−∞

e) Determine o contradomı́nio de f. Justifique.

2.12.66. Seja f : R −→ R definida por



 a + bx se x ≤ 0,
f (x) =
 arctg 1 se x > 0,
x
com a, b ∈ R fixos.

a) Mostre que f é diferenciável no ponto 1 e escreva a equação da tangente ao gráfico

de f no ponto de abcissa 1.

b) Sabendo que f é diferenciável no ponto 0, determine os valores de a e b.

c) Defina a função f ′ e diga se a função é de classe C 1 (R) .


2.13 Soluções dos exercı́cios propostos 207

2.13 Soluções dos exercı́cios propostos

2.12.1. a) f ′ (x) = ex ; b) f ′ (x) = − sen x; c) f ′ (x) = cos x;

1
d) f ′ (x) = ax ln a; e) f ′ (x) = ; f ) f ′ (x) = −2 sen x cos x;
x
1 x cos x − sen x
g) f ′ (x) = 2e2x−3 ; h) f ′ (x) = ; i) f ′ (x) = .
x x2

2.12.2. a) y = −4x − 8 e y = 4x − 8; b) y = −4.

 
3 3
2.12.3. a = 1, b = 0, c = −1. 2.12.4. a = −2, b = 4. 2.12.5. 0 e arctg − arctg − .
2 4

1 4x e
2.12.6. x=1 e y = 0. 2.12.7. a) f ′ (x) = xe + x2 e4x ; c) y = (6x − 1) .
2 32

2 −2
2.12.8. a) f ′ (x) = x 3; b) f ′ (x) = 3 − 6x2 ;
3
25 6 2 cos x
c) f ′ (x) = − 2
+√ ; d) f ′ (x) = − ;
x x sen3 x

9 8√ 2
e) f ′ (x) = 2; f ) f ′ (x) = 8x3 − 2x + 3
x+ √ ;
(x + 5) 3 3
3 x5

g) f ′ (x) = 2x esen x + x2 cos x esen x ; h) f ′ (x) = 3 sen2 x cos x;

2x2 + 2 cos (2x) + (2x + 2) sen (2x)


i) f ′ (x) = − 2; j) f ′ (x) = ;
(x2 − 1) cos2 (2x)

sen x − x ln (2x) cos x


k) f ′ (x) = ;
x sen2 x

2 cos (2x + 5) cos x2 − 1 + 2x sen x2 − 1 sen (2x + 5)


 
l) f ′ (x) = ;
cos2 (x2 − 1)

1 1 −2
m) f ′ (x) = 1; n) f ′ (x) = (log10 x) 3 + (log10 x) 3 ;
3 ln 10
1 5 9
13x− 4 + 9x− 4 + 5x− 4 ex 1
o) f ′ (x) = − 2 ; p) f ′ (x) = ; q) f ′ (x) = ;
4 (x2 + x + 1) cos2 ex x+1

4
5 (ln x) −x2 + 3 x2 −1
r) f ′ (x) = ; s) f ′ (x) = ex+1 ; t) f ′ (x) = e x3 .
x x4
208 Cálculo diferencial em R

π
2.12.9. a) f ′ (1) = +∞; b) não é diferenciável no ponto x = ;
2

c) não é diferenciável no ponto x = 0; d) f ′ (0) = 0;

e) não é diferenciável no ponto x = 0; f ) não é diferenciável no ponto x = 0;

g) f ′ (0) = 0.

( (
−1 se x < 0, 2x se x < 2,
′ ′
2.12.10. a) f (x) = b) f (x) =
1 se x > 0; 1 se x > 2.

 2x sen 1 − cos 1

se x 6= 0,
2.12.11. f ′ (x) = x x
0 se x = 0.

2x
f ′ ln x2 + 1 ;

2.12.14. a) −f ′ (−x) ; b) ex f ′ (ex ) ; c) d) f ′ (f (x)) f ′ (x) .
x2 + 1

g ′ (x) = 2 sen x cos x f ′ sen 2 x − f ′ cos2 x .


  
2.12.15.

′ 1 ′ 1 ′ 1
2.12.18. (arccotg x) = − ; (arcsen x) = √ e (arccos x) = − √ .
1 + x2 1 − x2 1 − x2

2.12.19. b2 ≤ 3ac e a, b, c não nulos simultaneamente.

2.12.20. a) f não é diferenciável em x = 2;


π
b) c = ;
4

c) f não é diferenciável em x = 0.

√ √
2 3 2 3 π 4
2.12.23. c = 0. 2.12.29. a) c = − ou c = ; b) c = ; c) c = .
3 3 2 9

π
2.12.30. b) (e − 2, ln (e − 1)) . 2.12.37. c = .
4

10 1 2 a2 1
2.12.39. a) ; b) ; c) e− π ; d) − ; e) ;
7 9 2 2

1 2
f ) 45; g) 0; h) √ ; i) ; j) 1;
e 2

3
k) ; l) 1; m) 3; n) e; o) 1.
2
2.13 Soluções dos exercı́cios propostos 209

1 1
2.12.40. a) α; b) − ; c) ; d) sem limite; e) 1; f ) 3;
3 2

g) + ∞; h) 0; i) 0; j) 1; k) 1; l) sem limite;

1 1
m) 1; n) 1; o) ; p) 1; q) 1; r) .
5 2

2.12.41. 0. 2.12.45. a) V; b) F; c) F; d) F; e) F; f ) F.

n
(−1) (n − 1)!  π
2.12.46. a) f (n) (x) = n ; b) f (n) (x) = sen x + n ;
(1 + x) 2

2n!  π
c) f (n) (x) = n+1 ; d) f (n) (x) = ex + cos x + n ;
(1 − x) 2

n+1

(−1) 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 3) − 2n−1
x 2 se n > 1,



(n)
e) f (x) = 2n
 1 x− 21

se n = 1;

2
n−1
n (−1) (n − 1)!bn
f ) f (n) (x) = (−1) (x − n) e−x ; g) f (n) (x) = n .
(a + bx)

2 3 4 5
2.12.47. T05 (x) = −1 e T15 (x) = 6 (x − 1) + 15 (x − 1) + 20 (x − 1) + 15 (x − 1) + 6 (x − 1) .

3 2 3
2.12.48. T−1 (x) = −2 − (x + 1) − (x + 1) .

x2 x3
2.12.49. T03 (x) = −1 + x + − .
2 6

2.12.50. a) T0n (x) = −1 + x3 ;

x2 xn
b) T0n (x) = 1 + x + + ··· + ;
2! n!
n
c) T0n (x) = 1 − x + x2 + · · · + (−1) xn ;

1 5 52 2 5n n
d) T0n (x) = + x+ x + ··· + x ;
e e 2!e n!e
 π 
n

 2
2 sen (π + 3) 2 2 sen n + 3
e) T0n (x) = sen 3 + 2 sen +3 x+ x + ··· + 2 xn ;
2 2! n!
π   π 
cos +2 cos (π + 2) cos n + 2
f ) T0n (x) = cos 2 + 2 x+ x2 + · · · + 2 xn ;
2 2!22 n!2n
210 Cálculo diferencial em R

n+1
x2 x3 (−1)
2.12.50. g) T0n (x) = x − + + ··· + xn ;
2 3 n

x2 xn
  
n 1 2 n n 1 x
h) T0 (x) = − 1 − x + x + · · · + (−1) x + + + 3 + · · · + n+1 ;
3 2 22 2 2

1 1×3 2 1×3×5 3 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1) n


i) T0n (x) = 1 + x + 2
x + 3
x + ··· + x ;
2 2!2 3!2 n!2n

1 x x2 xn
j) T0n (x) = + 2 + 3 + · · · + n+1 .
2 2 2 2

n
1 1 1 2 (−1) n
2.12.51. a) T2n (x) = − (x − 2) + (x − 2) + · · · + n+1 (x − 2) ;
2 4 8 2
n
1 1 2 (−1) 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 3) n
b) T1n (x) = 1 + (x − 1) − (x − 1) + · · · + (x − 1) ;
2 8 2n n!
2 n n
c) T2n (x) = 3 − (x − 2) + (x − 2) + · · · + (−1) (x − 2) .

1 π 1 1
2.12.52. a) ; b) ; c) ; d) − .
2 4 6 2

8 1
2.12.53. a) x = 0 e x= ; b) x = ;
3 2
√ √
3− 17 3+ 17
c) x = ,x= e x = 3; d) x = −2, x = 0 e x = 2;
4 4
1
e) x = ; f ) x = −2 e x = 0.
2

1 1
2.12.54. a) x = −3; b) x = 1; c) x = − e x= ; d) x = − ln 2.
2 2

2.12.55. a) y = 0; b) x = 0, y = 0 e y = 2;

c) y = 0; d) y = −1 e y = 1;

1 1
e) x = −1 e y = x − 1; f) x = − e y =x+ .
e e

2.12.56. Ver Figuras 2.50 a 2.54.

L
2.12.60. O lado do quadrado que se recorta deve ser igual a .
6
2.13 Soluções dos exercı́cios propostos 211

aL 2
4 bL
1
2
-1 1 2 3 4 5 6 7
-3 -2 -1 1 2 3
-1
-2
-2
-4
-3

Figura 2.50: Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 a) e b).

cL dL 25
4 20
15
2
10
5
-3 -2 -1 1 2 3
-4 -2 2 4 6 8 10
-2
-5

-4 -10
-15

Figura 2.51: Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 c) e d).


6 4
eL
5 fL
3
4
3 2
2
1 1

-4 -3 -2 -1 1 2
-2 -1 1 2 3 4 5
-1

Figura 2.52: Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 e) e f).


2

gL 0.4 hL 1.5
1
0.2
0.5

-4 -3 -2 -1 1 2 3 4 -6 -4 -2 2 4 6
-0.5
-0.2
-1
-0.4 -1.5
-2

Figura 2.53: Gráficos das funções nos Exercı́cios 2.12.56 g) e h).


212 Cálculo diferencial em R

4
iL
3
2
1

-4 -3 -2 -1 1 2 3 4
-1
-2
-3
-4

Figura 2.54: Gráfico da função no Exercı́cio 2.12.56 i).

2.12.61. a) contı́nua no domı́nio.


 x
 e −1 se x 6= 0,
b) F : R −→ R definida por F (x) = x
1 se x = 0.

(x − 1) ex + 1

se x 6= 0,


x2

c) F ′ : R −→ R definida por F ′ (x) =
 1

 se x = 0.
2

2.12.62. a) contı́nua no domı́nio.


b) diferenciável em R\ {0} com f ′ : R\ {0} −→ R definida por
(1 + x) ex
(
se x < 0,

f (x) = 3
ln x (4 + ln x) se x > 0.

c) mı́nimo em (−1, f (−1)) , máximo em e−4 , f e−4 e mı́nimo em (1, f (1)) .

d) pontos de inflexão: (−2, f (−2)) e e−3 , f e−3 .
 
1
e) CDf = − , +∞ .
e

2.12.63. a) contı́nua no domı́nio.

b) lim f (x) = −∞ e lim f (x) = 0.


x→−1+ x→+∞

 x
 se x ∈ (−1, 0) ,
 x2 − 1


c) f ′ : R −→ R definida por f ′ (x) = 0 se x = 0,


2

−2x x2 − 1 e1−x

se x > 0.

d) máximo em (1, f (1)) .


2.13 Soluções dos exercı́cios propostos 213

π π
2.12.64. a) contı́nua em R\ {0} , lim f (x) = e lim f (x) = .
x→−∞ 4 x→+∞ 4

b) máximo em (0, f (0)) .


π πi
c) CDf = , .
4 2
  
1 1
d) pontos de inflexão: − ,f − .
2 2

e) Ver Figura 2.55.

.
2

-3 -2 -1 1 2 3

-1
o
-2

Figura 2.55: Gráfico da função no Exercı́cio 2.12.64 e).

2.12.65. a) contı́nua no domı́nio.

b) diferenciável em R\ {0} com f ′ : R\ {0} −→ R definida por


( x−1
e se x < 0, 1

f (x) = e f ′ (0− ) = e f ′ (0+ ) = −∞.
1 + ln x se x > 0 e
  
1 1
c) máximo em (0, f (0)) e mı́nimo em ,f .
e e

1
d) lim f (x) = − e lim f (x) = +∞.
x→−∞ e x→+∞

 
1
e) CDf = − , +∞ .
e

1
2.12.66. a) y = (2 + π − 2x) .
4
π
b) a = e b = −1.
2

 −1 se x ≤ 0,

c) f ′ : R −→ R definida por f ′ (x) = 1 e f ∈ C 1 (R) .


 − se x > 0
1 + x2
214 Cálculo diferencial em R
Capı́tulo 3

Primitivação

Neste capı́tulo estudamos as diferentes técnicas de primitivação: a primtivação ime-

diata, a primitivação por decomposição, por partes e por substituição e a primitivação

de algumas funções racionais. Finalmente, utilizando convenientes mudanças de variável,

mostramos como é possı́vel racionalizar certas classes de funções de modo a poderem ser

primitivadas.

3.1 Definições e generalidades

Definição 3.1.1 Seja f : D ⊆ R −→ R. Chama-se primitiva de f à função F : D ⊆ R −→ R

diferenciável e tal que F ′ (x) = f (x) , para todo o x ∈ D, e representa-se por P f (x) ou
Z
Px f (x) ou f (x) dx.

A função f diz-se primitivável sse admite pelo menos uma primitiva.

Observação 3.1.2 i) Se f, g : D ⊆ R −→ R são funções primitiváveis e λ ∈ R, então

resulta da definição anterior que

P (f + g) = P f + P g e P (λf ) = λP f.

ii) Se uma função f : D ⊆ R −→ R admite uma primitiva F, então admite infinitas

primitivas. Com efeito, basta considerar as primitivas da forma F + C, com C ∈ R.


215
216 Primitivação

Proposição 3.1.3 Seja f : I ⊆ R −→ R uma função primitivável num intervalo I ⊆ R.

Então, a diferença de duas quaisquer primitivas de f é constante, isto é, se F é uma

primitiva de f, qualquer primitiva de f é da forma F + C, com C ∈ R.

Demonstração: Sejam F e G duas primitivas de f em I. Provemos que a sua diferença

é uma constante. Com efeito, de F ′ = G′ = f resulta que (F − G)′ = F ′ − G′ = f − f = 0

em I, pelo que a função F − G tem derivada nula no intervalo I. Então, pelo Teorema de

Lagrange (ver Secção 2.7), tem-se que F − G = C. 

Observação 3.1.4 Em geral não se pode afirmar que a diferença entre duas primitivas

de f é uma constante. Todavia, como vimos na proposição anterior, isto é verdade se o

domı́nio da função for um intervalo de R.

Por exemplo, a função f : [−1, 0) ∪ [1, 2] −→ R definida por


(
−1 se x ∈ [−1, 0) ,
f (x) =
1 se x ∈ [1, 2]
admite como primitivas as funções F e G definidas em [−1, 0) ∪ [1, 2] por

F (x) = |x|

e
(
−x se x ∈ [−1, 0) ,
G (x) =
x + 7 se x ∈ [1, 2]
e não se tem F = G + C para algum C ∈ R.

Note-se, no entanto, que se f : [a, b] ∪ [c, d] −→ R é primitivável em [a, b] ∪ [c, d] ,

tais que [a, b] ∩ [c, d] = ∅, e se F é uma primitiva particular de f, então a representação

genérica das primitivas de f é dada por


(
F (x) + C1 se x ∈ [a, b] ,
F (x) + C2 se x ∈ [c, d] ,
com C1 , C2 ∈ R.
3.2 Técnicas de primitivação 217

3.2 Técnicas de primitivação

O que nos vai ocupar de seguida é precisamente a exposição de algumas técnicas

capazes de primitivar uma vasta classe de funções, no quadro das funções elementares.

Chama-se função elementar a toda a função que se obtém pela soma, produto, divisão ou

composição de um número finito de funções que fazem parte das quatro famı́lias seguintes:

as funções trigonométricas, as funções racionais, as funções exponencial e sua inversa e as

funções da forma x 7−→ xα , com α ∈ R.

A exposição que se segue será apresentada em três partes: numa primeira parte apre-

sentamos funções cuja primitiva se determina de modo imediato, bem como as técnicas

de primitivação por decomposição, por partes e por substituição. De seguida é exibida a

primitivação de algumas funções racionais e, finalmente, utilizando convenientes mudanças

de variável, mostramos como é possı́vel racionalizar certas classes de funções de modo a

poderem ser primitivadas.

3.2.1 Primitivas imediatas

Vamos agora apresentar um formulário com algumas regras de derivação, à esquerda, e

algumas regras de primitivação, à direita. A aplicação directa destas regras de primitivação

permite primitivar um número limitado de funções.

Seja u : I ⊆ R −→ R uma função diferenciável com contradomı́nio adequado e de

acordo com a regra em estudo e α, β e a constantes.

′ uα+1
1. uβ = βu′ uβ−1 , P u′ uα = , com α 6= −1;
α+1
au
2. (au )′ = u′ au ln a, P u′ a u = ;
ln a
3. (eu )′ = u′ eu , P u ′ eu = eu ;
218 Primitivação

u′ u′
4. (ln u)′ = , P = ln |u| ;
u u
5. (sen u)′ = u′ cos u, P u′ cos u = sen u;

6. (cos u)′ = −u′ sen u, P u′ sen u = − cos u;

u′ u′
7. (tg u)′ = , P = tg u;
cos2 u cos2 u
u′ −u′
8. (cotg u)′ = − , P = cotg u;
sen 2 u sen2 u
u′ u′
9. (arcsen u)′ = √ , P√ = arcsen u;
1 − u2 1 − u2
u′ −u′
10. (arccos u)′ = − √ , P√ = arccos u;
1 − u2 1 − u2
u′ u′
11. (arctg u)′ = , P = arctg u;
1 + u2 1 + u2
u′ −u′
12. (arccotg u)′ = − , P = arccotg u;
1 + u2 1 + u2

13. (senh u)′ = u′ cosh u, P u′ cosh u = senh u;

14. (cosh u)′ = u′ senh u, P u′ senh u = cosh u;

u′ u′
15. (tgh u)′ = , P = tgh u;
cosh 2 u cosh 2 u
u′ u′
16. (cotgh u)′ = , P = cotgh u;
senh 2 u senh2 u
u′ u′
17. (argsenh u)′ = √ , P√ = argsenh u;
u2 + 1 u2 + 1
u′ u′
18. (argcosh u)′ = √ , P√ = argcosh u;
u2 − 1 u2 − 1
u′ u′
19. (argtgh u)′ = , P = argtgh u;
1 − u2 1 − u2
u′ u′
20. (argcotgh u)′ = , P = argcotgh u.
1 − u2 1 − u2

A seguir são apresentados alguns exemplos de aplicação destas regras.


3.2 Técnicas de primitivação 219

 2 1  2
 1 2
Exemplo 3.2.1 P xex = P 2xex = ex + C, com C ∈ R.
2 2

 1  1
Exemplo 3.2.2 P e3x sen e3x = P 3e3x sen e3x = − cos e3x + C, com C ∈ R.
  
3 3
 
sen x − sen x
Exemplo 3.2.3 P tg x = P = −P = − ln |cos x| + C, com C ∈ R.
cos x cos x

senh x
Exemplo 3.2.4 P tgh x = P = ln |cosh x| + C, com C ∈ R.
cosh x

x 1 2x 1 2 + 1 + C, com C ∈ R.

Exemplo 3.2.5 P = P = ln x
1 + x2 2 1 + x2 2

x 1 2x 1
= arctg x2 + C, com C ∈ R.

Exemplo 3.2.6 P 4
= P 2
1+x 2 1 + (x2 ) 2

− 1 +1
x2 x2 1 h 2 3
− 1 i 1 1 + x3 4
Exemplo 3.2.7 P √ = P 1 = P 3x 1 + x 4 = +
4
1 + x3 (1 + x3 ) 4 3 3 1
− +1
3 4
3
1 1+x 4
4
q
+C = + C = 4 (1 + x3 )3 + C, com C ∈ R.
3 3 9
4
1 1 1 x
Exemplo 3.2.8 P =P x x =P x x = ln tg + C, com C ∈ R.
sen x 2 sen cos 2 tg cos2 2
2 2 2 2
Teorema 3.2.9 Seja f uma função primitivável num intervalo I ⊆ R. Então, para cada

x0 ∈ I e para cada y0 ∈ R, existe uma e uma só primitiva F de f tal que F (x0 ) = y0 .

Demonstração: Ver, por exemplo, [MF 96]. 

Exemplo 3.2.10 Determinemos uma função f : R −→ R que verifique

f ′ (x) = 3x2 + cos x,

com f (0) = 1.

Para tal, comecemos por determinar todas as primitivas da função dada, isto é,

P 3x2 + cos x = x3 + sen x + C, com C ∈ R.



220 Primitivação

Como f (0) = 1, obtemos C = 1, pelo que

f (x) = x3 + sen x + 1.

3.2.2 Métodos gerais de primitivação: primitivação por decomposição,


por partes e por substituição

Em geral, são poucas as funções que se podem primitivar pela aplicação das regras de

primitivação apresentadas na secção anterior. Em certos casos são aplicáveis os métodos

gerais de primitivação, que permitem reduzir o problema à aplicação dessas regras: pri-

mitivação por decomposição, por partes e por substituição. Estes três métodos resultam

da regra da derivação da soma, da regra da derivação do produto e da regra da derivação

da função composta, respectivamente.

Teorema 3.2.11 (Primitivação por decomposição) Se u, v : I ⊆ R −→ R são funções

primitiváveis em I, então u + v também é primitivável e tem-se

P (u + v) = P u + P v. (3.1)

Demonstração: Como (P u + P v)′ = (P u)′ + (P v)′ = u + v, então P u + P v é uma

primitiva de u + v. 

Exemplo 3.2.12 Seja f (x) = x2 + cos x. Determinemos todas as primitivas de f e um

conjunto onde são válidas essas primitivas.

Com efeito,

 x3
P x2 + cos x = + sen x + C, com C ∈ R, em R.
3

x x2 + 1 . Determinemos todas as primitivas de f e

Exemplo 3.2.13 Seja f (x) =

um conjunto onde são válidas essas primitivas.


3.2 Técnicas de primitivação 221

Com efeito,

7 3
√ 2
 5 1 x2 x2
P x x +1 = Px2 + Px2 = + +C =
7 3
2 2
2√ 7 2√ 3
= x + x + C, com C ∈ R, em [0, +∞) .
7 3

Exemplo 3.2.14 Seja f (x) = sen x + x (x + 1)2 . Determinemos todas as primitivas de

f e um conjunto onde são válidas essas primitivas.

Com efeito,

  h i
P sen x + x (x + 1)2 = P sen x + P x (x + 1)2 =

= P sen x + P x3 + P 2x2 + P x =
x4 2x3 x2
= − cos x + + + + C, com C ∈ R, em R.
4 3 2

Teorema 3.2.15 (Primitivação por partes) Sejam u, v : I ⊆ R −→ R duas funções

diferenciáveis no intervalo I e suponha-se que uv ′ é primitivável. Então, u′ v também é

primitivável e tem-se

P u′ v = uv − P uv ′ .
 
(3.2)

Demonstração: Como (uv − P (uv ′ ))′ = (uv)′ − (P (uv ′ ))′ = u′ v + uv ′ − uv ′ = u′ v, então

uv − P (uv ′ ) é uma primitiva de u′ v. 

Exemplo 3.2.16 Seja f (x) = x sen x. Determinemos todas as primitivas de f e um

conjunto onde são válidas essas primitivas.

Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = sen x e v (x) = x, pelo que

u (x) = − cos x e v ′ (x) = 1, tem-se

P (x sen x) = −x cos x + P cos x = −x cos x + sen x + C, com C ∈ R, em R.


222 Primitivação

Exemplo 3.2.17 Seja f (x) = ln x. Determinemos todas as primitivas de f e um conjunto

onde são válidas essas primitivas.

Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = ln x, pelo que u (x) = x
1
e v ′ (x) = , tem-se
x

P ln x = x ln x − P 1 = x ln x − x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) .

Exemplo 3.2.18 Seja f (x) = cos2 x. Determinemos todas as primitivas de f e um con-

junto onde são válidas essas primitivas.

Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = cos x e v (x) = cos x, pelo que

u (x) = sen x e v ′ (x) = − sen x, tem-se

P cos2 x = sen x cos x + P sen2 x = sen x cos x + P 1 − cos2 x =




= sen x cos x + x − P cos2 x ,




isto é,

P cos2 x = sen x cos x + x − P cos2 x,

donde

2P cos2 x = sen x cos x + x,

ou ainda,
sen x cos x + x
P cos2 x = + C, com C ∈ R, em R.
2

Exemplo 3.2.19 Seja f (x) = sen 2 x. Determinemos todas as primitivas de f e um con-

junto onde são válidas essas primitivas.

Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = sen x e v (x) = sen x, pelo que
3.2 Técnicas de primitivação 223

u (x) = − cos x e v ′ (x) = cos x, tem-se

P sen2 x = − cos x sen x + P cos2 x = − cos x sen x + P 1 − sen2 x =




= − cos x sen x + x − P sen2 x,

isto é,

P sen2 x = − cos x sen x + x − P sen2 x,

donde

2P sen2 x = − cos x sen x + x,

ou ainda,
− cos x sen x + x
P sen2 x = + C, com C ∈ R, em R.
2

Teorema 3.2.20 (Primitivação por substituição) Sejam I e J dois intervalos de R,


ϕ
f : I ⊆ R −→ R e t ∋ J 7→ x ∈ I uma função bijectiva, diferenciável e de inversa

diferenciável. Suponha-se que f ◦ ϕ × é primitivável. Então, f também é primitivável
dt
e tem-se
  

Px f = Pt f ◦ ϕ × ◦ ϕ−1 , (3.3)
dt

ou ainda,

P f (x) = P f (ϕ (t)) × ϕ′ (t) ◦ ϕ−1 (x) .



(3.4)

Demonstração: Como

dϕ−1
     
d dϕ d dϕ
Pt f ◦ ϕ × ◦ ϕ−1 = Pt f ◦ ϕ × ◦ ϕ−1 × =
dx dt dt dt dx
dϕ−1
 

= f ◦ϕ× ◦ ϕ−1 × =
dt dx
dϕ dϕ−1
= f ◦ ϕ ◦ ϕ−1 × ◦ ϕ−1 × =
dt dx
1 dϕ−1
= f = f,
dϕ−1 dx
dx
224 Primitivação

  

tem-se que Pt f ◦ ϕ × ◦ ϕ−1 é uma primitiva de f. 
dt

sen x
Exemplo 3.2.21 Seja f (x) = √ . Determinemos todas as primitivas de f e um
x
conjunto onde são válidas essas primitivas.

Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida por

ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se

 
sen t
P × 2t = 2P sen t = −2 cos t,
t

e, portanto,

sen x √
P √ = −2 cos x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) .
x


Exemplo 3.2.22 Seja f (x) = a2 − x2 com a > 0. Determinemos todas as primitivas

de f e um conjunto onde são válidas essas primitivas.


h π πi
Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : − , −→ [−a, a] definida por
2 2
x
ϕ (t) = a sen t, pelo que ϕ′ (t) = a cos t e ϕ−1 (x) = arcsen , e o Exemplo 3.2.18, tem-se
a
 
p  sen t cos t + t
P a2 − a2 sen2 t × a cos t = a2 P cos2 t = a2
2

e, portanto,

p a2  x x x
P a2 − x2 = sen arcsen cos arcsen + arcsen +C =
2 a a a
a2 1 p 2
 
2 + arcsen
x
= x a − x + C, com C ∈ R, em [−a, a] .
2 a2 a

3.2.3 Primitivação de funções polinomiais

Sejam

P (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0


3.2 Técnicas de primitivação 225

Q (x) = bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0 ,

onde n, m ∈ N e an , bm 6= 0, dois polinómios com coeficientes aj , bj ∈ R e com graus n e

m, respectivamente.

Dois polinómios P e Q dizem-se iguais e escreve-se P = Q sse

P (x) = Q (x) , ∀x ∈ R.

Portanto, sendo

P (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0

Q (x) = bm xm + bm−1 xm−1 + · · · + b1 x + b0

tem-se

P (x) = Q (x) , ∀x ∈ R sse n = m e an = bn , an−1 = bn−1 , . . . , a1 = b1 , a0 = b0

(método dos coeficientes indeterminados).

Por decomposição, a primitivação de um polinómio ou função polinomial reduz-se à

primitivação de monómios, que é imediata. Com efeito,

  xk+1
P axk = a .
k+1

x8 x5 x4 x2
Exemplo 3.2.23 P 5x7 + x4 + 3x3 + 7x + 4 = 5 +

+ 3 + 7 + 4x + C, com
8 5 4 2
C ∈ R, em R.
226 Primitivação

3.2.4 Primitivação de funções racionais

P (x)
Uma função racional é uma função do tipo , em que P (x) e Q (x) são polinómios
Q (x)
na variável x.

Diz-se que uma função racional é própria sse o grau de P (x) é inferior ao grau de

Q (x) e que é imprópria no caso contrário.

Se a função for imprópria é possı́vel, por divisão de polinómios, escrevê-la na forma


P2 (x)
P1 (x) + , em que o grau de P2 (x) é inferior ao grau de Q (x). Assim, por decom-
Q (x)
posição, o problema fica reduzido à primitivação de funções racionais próprias, pelo que
P (x)
daqui para a frente consideramos uma função racional própria.
Q (x)

1
Exemplo 3.2.24 P = ln |x + 1| + C, com C ∈ R, em R\ {−1} .
x+1

x3 x3 x2
 
1
Exemplo 3.2.25 P = P x2 − x + 1 − = − + x − ln |x + 1| + C,
x+1 x+1 3 2
com C ∈ R, em R\ {−1} . Neste caso foi feita uma divisão de polinómios para se obter
x3 1
= x2 − x + 1 − .
x+1 x+1

P (x)
De seguida vamos decompor em funções racionais próprias de tipos particulares.
Q (x)
Para o efeito, começa-se por calcular as raı́zes de Q (x) , reais e complexas, e respectivas

multiplicidades. Os teoremas seguintes, que não demontraremos, permitem-nos decompor


P (x)
uma função racional própria na soma de funções racionais mais fáceis de primitivar.
Q (x)
Comecemos pelo caso em que o polinómio Q (x) admite apenas raı́zes reais.

P (x)
Teorema 3.2.26 Seja uma função racional própria e sejam α1 , α2 , . . . , αr as raı́zes
Q (x)
distintas de Q (x) , com multiplicidades n1 , n2 , . . . , nr , respectivamente, isto é,

Q (x) = a (x − α1 )n1 (x − α2 )n2 · · · (x − αr )nr ,


3.2 Técnicas de primitivação 227

onde a é o coeficiente do monómio caracterı́stico de Q (x) .


P (x)
Então, a função racional é dada pela soma de funções racionais simples em
Q (x)
número n1 + n2 + · · · + nr da forma

P (x) A1,1 A1,2 A1,n1


= + + ··· + +
Q (x) (x − α1 ) (x − α1 ) 2 (x − α1 )n1
A2,1 A2,2 A2,n2
+ + + ··· + +
(x − α2 ) (x − α2 )2 (x − α2 )n2
Ar,1 Ar,2 Ar,nr
+··· + + + ··· + .
(x − αr ) (x − αr ) 2 (x − αr )nr

Observação 3.2.27 i) A raiz α1 gera n1 funções racionais simples de tipos particulares,

A1,1 A1,2 A1,n1


, ,..., .
(x − α1 ) (x − α1 ) 2 (x − α1 )n1

A raiz α2 gera n2 funções racionais simples de tipos particulares,

A2,1 A2,2 A2,n2


, ,..., ,
(x − α2 ) (x − α2 ) 2 (x − α2 )n2

e, assim sucessivamente, para as restantes raı́zes reais.

ii) Nas condições do teorema anterior, qualquer das funções racionais simples em que
P (x)
se decompõe a função racional tem primitiva imediata. Com efeito,
Q (x)

A
P = A ln |x − α|
x−α

e
A (x − α)−k+1 A 1
P = AP (x − α)−k = A = , se k > 1.
(x − α)k −k + 1 1 − k (x − α)k−1

Vejamos agora alguns exemplos de aplicação deste teorema. Começamos por considerar

um exemplo onde as raı́zes reais têm todas multiplicidade igual a um e depois um exemplo

onde as raı́zes têm multipilicidade superior ou igual a um.


228 Primitivação

P (x) 3x + 1
Exemplo 3.2.28 Consideremos a função racional própria f (x) = = 3 e
Q (x) x −x
determinemos as suas primitivas.

Como o número de raı́zes de um polinómio não ultrapassa o seu grau e como as raı́zes

de Q (x) = x3 − x são x = −1, x = 0 e x = 1, podemos concluir que a multiplicidade

destas raı́zes é igual a 1. Portanto,

3x + 1 3x + 1 3x + 1 A B C
= = = + + =
x3 − x 2
x (x − 1) x (x − 1) (x + 1) x x−1 x+1
A x2 − 1 + Bx (x + 1) + Cx (x − 1)

= =
x3 − x
(A + B + C) x2 + (B − C) x − A
=
x3 − x

e, pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


 

 A + B + C = 0 
 A = −1
 
B−C =3 ⇔ B=2

 

−A = 1 C = −1
 

donde
 
3x + 1 1 2 1
P 3 = P − + − =
x −x x x−1 x+1
= − ln |x| + 2 ln |x − 1| − ln |x + 1| + C, com C ∈ R, em R\ {−1, 0, 1} .

P (x) 2x
Exemplo 3.2.29 Consideremos a função racional própria f (x) = =
Q (x) (x + 1) (x + 2)2
e determinemos as suas primitivas.

Como Q (x) = (x + 1) (x + 2)2 admite as raı́zes x = −1 e x = −2 e (x + 2) apa-

rece duas vezes na factorização do polinómio, podemos concluir que a primeira raiz tem

multiplicidade 1 e a segunda tem multiplicidade 2. Portanto,

2x A B C
= + + =
(x + 1) (x + 2)2 x + 1 x + 2 (x + 2)2
A (x + 2)2 + B (x + 1) (x + 2) + C (x + 1)
= =
(x + 1) (x + 2)2
(A + B) x2 + (4A + 3B + C) x + 4A + 2B + C
=
(x + 1) (x + 2)2
3.2 Técnicas de primitivação 229

e, pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


 

 A+B =0 
 A = −2
 
4A + 3B + C = 2 ⇔ B=2

 

4A + 2B + C = 0 C=4
 

donde
 
2x 2 2 4
P = P − + + =
(x + 1) (x + 2)2 x + 1 x + 2 (x + 2)2
4
= −2 ln |x + 1| + 2 ln |x + 2| − =
x+2
x+2 4
= 2 ln − + C, com C ∈ R, em R\ {−2, −1} .
x+1 x+2

P (x) x4
Exemplo 3.2.30 Consideremos a função racional f (x) = = e
Q (x) (x + 2) (x2 − 1)
determinemos as suas primitivas.

Como se trata de uma função racional imprópria começa-se por fazer um divisão de

polinómios de modo a obter-se uma função racional própria, isto é,

P (x) x4 5x2 − 4
f (x) = = = (x − 2) + .
Q (x) (x + 2) (x2 − 1) (x + 2) (x2 − 1)
P2 (x) 5x2 − 4
Primitivemos agora a função racional própria = . Como
Q (x) (x + 2) (x2 − 1)
Q (x) = (x + 2) x2 − 1 admite as raı́zes x = −2, x = −1 e x = 1, podemos concluir


que a multiplicidade de todas as raı́zes é 1. Portanto,

5x2 − 4 5x2 − 4 A B C
= = + + =
(x + 2) (x2 − 1) (x + 2) (x − 1) (x + 1) x+2 x−1 x+1
A x2 − 1 + B (x + 2) (x + 1) + C (x + 2) (x − 1)

= =
(x + 2) (x2 − 1)
(A + B + C) x2 + (3B + C) x − A + 2B − 2C
=
(x + 2) (x2 − 1)

e, pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


16


 A=
A+B+C =5 3




1

3B + C = 0 ⇔ B=

 6
−A + 2B − 2C = −4 1



 C=−

2
230 Primitivação

donde
16 1 1
 
x4
P = P x − 2 + 3 + 6 − 2  =
 
(x + 2) (x2 − 1) x+2 x−1 x+1

x2 16 1 1
= − 2x + ln |x + 2| + ln |x − 1| − ln |x + 1| + C, C ∈ R,
2 3 6 2

em R\ {−2, −1, 1} .

Consideremos agora o caso em que o polinómio Q (x) admite apenas raı́zes complexas.

P (x)
Teorema 3.2.31 Seja uma função racional própria e sejam β 1 ± iγ 1 , β 2 ± iγ 2 , . . . ,
Q (x)
β s ± iγ s as raı́zes complexas distintas de Q (x) , com multiplicidades p1 , p2 , . . . , ps , respec-

tivamente, isto é,

h ip1 h ip2 h ips


Q (x) = a (x − β 1 )2 + γ 21 (x − β 2 )2 + γ 22 · · · (x − β s )2 + γ 2s ,

onde a é o coeficiente do monómio caracterı́stico de Q (x) .


P (x)
Então, a função racional é dada pela soma de funções racionais simples em
Q (x)
número p1 + p2 + · · · + ps da forma

P (x) B1,1 x + C1,1 B1,2 x + C1,2 B1,p1 x + C1,p1


= 2 +h i2 + · · · + h ip1 +
Q (x) (x − β 1 ) + γ 21 2 2
(x − β 1 ) + γ 1 (x − β 1 ) 2
+ γ 2
1

B2,1 x + C2,1 B2,2 x + C2,2 B2,p2 x + C2,p2


+ 2 +h i2 + · · · + h ip2 +
(x − β 2 ) + γ 22 (x − β 2 )2 + γ 22 (x − β 2 )2 + γ 22
Bs,1 x + Cs,1 Bs,2 x + Cs,2 Bs,ps x + Cs,ps
+··· + 2 +h 2 + ··· + h ips .
(x − β s ) + γ 2s (x − β s )2 + γ 2s
i
(x − β s )2 + γ 2s

Observação 3.2.32 i) Como os coeficientes de Q (x) são reais, as raı́zes complexas de

Q (x) agrupam-se em pares conjugados, isto é, Q (z) = 0 sse Q (z) = 0.

ii) O par de raı́zes complexas β 1 ± iγ 1 gera p1 funções racionais simples, de outros


3.2 Técnicas de primitivação 231

tipos particulares, nomeadamente,

B1,1 x + C1,1 B1,2 x + C1,2 B1,p1 x + C1,p1


2 ,h i2 , . . . , h ip1 .
(x − β 1 ) + γ 21 (x − β 1 )2 + γ 21 (x − β 1 )2 + γ 21

O par de raı́zes complexas β 2 ± iγ 2 gera p2 funções racionais simples, de outros tipos

particulares, nomeadamente,

B2,1 x + C2,1 B2,2 x + C2,2 B2,p2 x + C2,p2


2 ,h i2 , . . . , h ip2 ,
(x − β 2 ) + γ 22 (x − β 2 )2 + γ 22 (x − β 2 )2 + γ 22

e, assim sucessivamente, para os restantes pares de raı́zes complexas.

ii) Nas condições do teorema anterior, o problema fica reduzido a saber primitivar

funções racionais do tipo

Bx + C
h im , com m ∈ N.
(x − β)2 + γ 2

Esta primitiva resolve-se por substituição e decomposição. Fazendo a mudança de

variável x = ϕ (t) = γt + β, somos conduzidos à primitivação de

B′t + C ′ ′ t ′ 1
m =B m +C ,
2
(t + 1) 2
(t + 1) (t + 1)m
2

Bγ 2 (β + C) γ
onde B ′ = 2m
e C′ = .
γ γ 2m
Assim, agora o problema fica reduzido a sabermos primitivar as funções racionais

t 1
m e , com m ∈ N,
(t2 + 1) (t + 1)m
2

cujas primitivas são dadas por

t 1 2t 1
= ln t2 + 1 ,

P = P 2
t2
+1 2 t +1 2
t 2
−m 1 1
P 2 m = Pt t + 1 = , se m > 1,
(t + 1) 2 (m − 1) (t2 + 1)m−1
1
P 2 = arctg t,
t +1
 
1 1 t 1 1
P 2 m = m−1 + 1− P , se m > 1.
(t + 1) 2 (m − 1) (t + 1)
2 2 (m − 1) (t + 1)m−1
2
232 Primitivação

A última primitiva é obtida por decomposição e por partes. Com efeito,

1 t2 + 1 − t2 t2 + 1 t2
P = P = P − P =
(t + 1)m
2 (t2 + 1)m (t2 + 1)m (t2 + 1)m
1 t2 1 1 −m
= P m−1 − P 2 m =P 2 m−1 − P 2t t2 + 1 t=
2
(t + 1) (t + 1) (t + 1) 2
 
1 1 1 t 1 1
= P − −P =
(t2 + 1)m−1 2 1 − m (t2 + 1)m−1 1 − m (t2 + 1)m−1
1 1 t 1 1
= P m−1 + 2 (m − 1) 2 m−1 − 2 (m − 1) P 2 =
2
(t + 1) (t + 1) (t + 1)m−1
 
1 t 1 1
= m−1 + 1− P , se m > 1.
2 (m − 1) (t2 + 1) 2 (m − 1) (t2 + 1)m−1

Obtém-se assim uma fórmula de recorrência que pemite determinar a primitiva pretendida
1
descendo até P , já calculada atrás.
t2 + 1

Vejamos agora alguns exemplos de aplicação deste teorema. Começamos por considerar

um exemplo onde as raı́zes complexas têm todas multiplicidade igual a um e depois um

exemplo onde as raı́zes complexas têm multipilicidade superior ou igual a um.

Exemplo 3.2.33 Consideremos a função racional própria

P (x) 2x + 1
f (x) = = 2
Q (x) (x + 1) (x2 + x + 1)

e determinemos as suas primitivas.

Como


2
 2  1 3
Q (x) = x + 1 x + x + 1 = 0 ⇔ x = ±i ∨ x = − ± i,
2 2

podemos concluir que se tratam de pares de raı́zes complexas conjugadas com multiplicidade
3.2 Técnicas de primitivação 233

igual a 1. Portanto,

2x + 1 Ax + B Cx + D
= 2 + =
(x2 + 1) (x2 + x + 1) 1 2 3

(x − 0) + 1
x+ +
2 4
(Ax + B) x + x + 1 + (Cx + D) x2 + 1
2
 
= =
(x2 + 1) (x2 + x + 1)
(A + C) x3 + (A + B + D) x2 + (A + B + C) x + B + D
=
(x2 + 1) (x2 + x + 1)

e, pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


 

 A+C =0 
 A = −1

 

 A+B+D =0
  B=2




 A+B+C =2 

 C=1

 

B+D =1 D = −1
 

donde
 

2x + 1  −x + 2 x−1 
P = P 2 + =
 
2
(x + 1) (x2 + x + 1)
2 x +1 1 3
x+ +
2 4
 
 
−x + 2  x−1 
= P + P 
 
2
x2 + 1

 1 3
x+ +
2 4

e determinemos cada uma das primitivas separadamente. Para a primeira, como se trata

da soma de duas funções racionais cujas primitivas são imediatas não faremos qualquer

substituição, obtemos

 
−x + 2 x 1 1 2x 1
P = −P + 2P 2 =− P 2 + 2P 2 =
x2 + 1 x2
+1 x +1 2 x +1 x +1
1
= − ln x2 + 1 + 2 arctg x.

2

Quanto à segunda primitiva, fazendo a mudança de variável indicada atrás, isto é,
√ √  
3 1 ′ 3 −1 2 1 2 1
x = ϕ (t) = t − , pelo que ϕ (t) = e ϕ (x) = √ x+ = √ x+ √ ,
2 2 2 3 2 3 3
234 Primitivação

tem-se
   
√ √
3 1 √  3 3 √ 
t− −1 t−
 

 
2 2 3 
2 2 3
P f (ϕ (t)) × ϕ (t) = P = P =
   
√ !2
2
  √ !2
2
 3 1 1 3   3 3 
t− + + t +
   
2 2 2 4 2 4
t √ 1 1 2t √ 1
= P 2 − 3P 2 = P 2 − 3P 2 =
t +1 t +1 2 t +1 t +1
1  √
= ln t2 + 1 − 3 arctg t
2

e, portanto,
 
" 2 #

 
 x−1  1 2 1 2 1
P   = ln √ x+ √ +1 − 3 arctg √ x+ √ .
 
2
 1 3 2 3 3 3 3
x+ +
2 4
Finalmente,
" #
1 2

2x + 1 1 2
 1 2
P 2 = − ln x + 1 + 2 arctg x + ln √ x+ √ +1 +
(x + 1) (x2 + x + 1) 2 2 3 3

 
2 1
− 3 arctg √ x + √ + C, com C ∈ R, em R.
3 3

Exemplo 3.2.34 Consideremos a função racional própria

P (x) 1
f (x) = =
Q (x) (x2 + 2) (x2 + 4)2

e determinemos as suas primitivas.

Como
2 √
Q (x) = x2 + 2 x2 + 4 = 0 ⇔ x = ± 2i ∨ x = ±2i,


podemos concluir que se tratam de pares de raı́zes complexas conjugadas em que o primeiro

par tem multiplicidade 1 e o segundo multiplicidade 2. Portanto,

1 Ax + B Cx + D Ex + F
2 = + 2 + =
(x2 + 2) (x2 + 4) 2
x +2 x +4 (x2 + 4)2
2
(Ax + B) x2 + 4 + (Cx + D) x2 + 2 x2 + 4 + (Ex + F ) x2 + 2
  
=
(x2 + 2) (x2 + 4)2
3.2 Técnicas de primitivação 235

e, pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se



  A=0

A + C = 0

 B=1
 


 
 
B+D =0 4

 


 

 
 C=0
 
 8A + 6C + E = 0
 
⇔ 1
 8B + 6D + F = 0  D = −4

 


 

 16A + 8C + 2E = 0
 

  E=0



 

16B + 8D + 2F = 1 1
 


 F =−

2
donde
1 1 1
 
1
P = P  24 − 24 − 2 =
 
(x2 + 2) (x2 + 4)2 x + 2 x + 4 (x + 4)
2 2

1 1 1 1 1 1
= P 2 − P 2 − P
4 x + 2 4 x + 4 2 (x2 + 4)2

e determinemos cada uma das primitivas separadamente. Para a primeira primitiva obte-

mos
√ 1 √

1 1 2 2 2 x
P 2 =P  2 = P 2 = arctg √ ,
x +2 x 2 x 2 2
2 +1 √ +1
2 2
e para a segunda primitiva obtemos
1
1 1 2 1 x
P 2 =P  2  = P  22 = arctg .
x +4 x 4 x 2 2
4 +1 +1
4 2
Finalmente, a terceira primitiva é obtida por decomposição e por partes. Com efeito,

1 x2 + 4 − x2 x2 + 4 x2
P = P =P −P =
(x2 + 4)2 (x2 + 4)2 (x2 + 4)2 (x2 + 4)2
1 1 −2
= P 2 − P 2x x2 + 4 x
x +4 2
 
1 x 1 x 1
= arctg − − 2 +P 2 =
2 2 2 x +4 x +4
1 x 1 x 1 1 x
= arctg + 2
− × arctg =
2 2 2x +4 2 2 2
1 x x
= arctg +
4 2 2 (x2 + 4)
236 Primitivação

e, portanto,

√ !    
1 1 2 x 1 1 x 1 1 x x
P = arctg √ − arctg − arctg + =
(x2 + 2) (x2 + 4)2 4 2 2 4 2 2 2 4 2 2 (x2 + 4)

2 x 1 x x
= arctg √ − arctg − 2
+ C, com C ∈ R, em R.
8 2 4 2 4 (x + 4)

Consideremos agora o caso em que o polinómio Q (x) admite raı́zes reais e raı́zes

complexas.

P (x)
Teorema 3.2.35 Seja uma função racional própria. Sejam α1 , . . . , αr as raı́zes
Q (x)
reais distintas, com multiplicidades n1 , . . . , nr , respectivamente, e sejam β 1 ± iγ 1 , . . . ,

β s ± iγ s as raı́zes complexas distintas, com multiplicidades p1 , . . . , ps , respectivamente,

do polinómio Q (x) , isto é,

h ip1 h ips
Q (x) = a (x − α1 )n1 · · · (x − αr )nr (x − β 1 )2 + γ 21 · · · (x − β s )2 + γ 2s ,

onde a é o coeficiente do monómio caracterı́stico de Q (x) .


P (x)
Então, a função racional é dada pela soma de funções racionais simples em
Q (x)
número n1 + · · · + nr + p1 + · · · + ps da forma

r nj l s p
P (x) X X Aj,k B x + Cl,m
h l,m
XX
= k
+ im . (3.5)
Q (x) 2
j=1 k=1 (x − αj )
2
l=1 m=1 (x − β l ) + γ l

Observação 3.2.36 Note-se que pondo, no membro da direita de (3.5), todos os denomi-

nadores iguais a Q (x) , adicionando todas as fracções no membro da direita de (3.5) e

igualando os numeradores dos dois membros de (3.5), obtêm-se n1 +· · ·+nr +2p1 +· · ·+2ps

equações do primeiro grau a n1 +· · ·+nr +2p1 +· · ·+2ps incógnitas. Prova-se, em Álgebra,

que tal sistema é possı́vel e determinado permitindo obter os A′ s, os B ′ s e os C ′ s.


3.3 Racionalização de algumas funções 237

Como vimos atrás, este problema fica reduzido a primitivar funções racionais simples

dos tipos
A Bx + C
k
e h im , com k e m naturais.
(x − α) (x − β)2 + γ 2

P (x) 7
Exemplo 3.2.37 Consideremos a função racional própria f (x) = = 3 e
Q (x) x +x
determinemos as suas primitivas.

Como

Q (x) = x3 + x = x x2 + 1 = 0 ⇔ x = 0 ∨ x = ±i,


podemos concluir que quer a raiz real quer o par raı́zes complexas conjugadas têm multi-

plicidade igual a 1. Portanto,

A x2 + 1 + (Bx + C) x

7 A Bx + C (A + B) x2 + Cx + A
= + = =
x3 + x x x2 + 1 x3 + x x3 + x

e, pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


 

 A+B =0 
 A=7
 
C=0 ⇔ B = −7

 

A=7 C=0
 

donde
 
7 7 7x 1 7 2x
P 3 = P − 2 = 7P − P 2 =
x +x x x +1 x 2 x +1
7
= 7 ln |x| − ln x2 + 1 + C,

C ∈ R, em R\ {0} .
2

3.3 Racionalização de algumas funções

Para terminarmos o estudo de problemas de primitivação, vamos ver agora alguns tipos

de funções cuja primitivação pode reduzir-se à de funções racionais, mediante substituições

adequadas.
238 Primitivação

Começamos por introduzir as noções de polinómio e de função racional em várias

variáveis.

Definição 3.3.1 Chama-se polinómio em duas variáveis, x e y, com coeficientes reais, à

aplicação P : R × R −→ R definida por

P (x, y) = amn xm y n + · · · + a11 xy + a10 x + a01 y + a00 ,

onde m, n ∈ N e aij ∈ R e chama-se grau de P ao maior inteiro i + j tal que aij 6= 0.

Mais geralmente, chama-se polinómio em p variáveis, u1 , . . . , up , com coeficientes reais,

à aplicação P : R × · · · × R = Rp −→ R definida por

i
X
P (u1 , . . . , up ) = ai1 ...ip ui11 . . . upp ,
i1 ,...,ip

X
onde i1 , . . . , ip ∈ N0 , ai1 ...ip ∈ R e representa uma soma finita em i1 , . . . , ip .
i1 ,...,ip
Se P (u1 , . . . , up ) e Q (u1 , . . . , up ) são dois polinómios em p variáveis, chama-se função

racional em p variáveis, u1 , . . . , up , à aplicação R definida em Rp por

P (u1 , . . . , up )
R (u1 , . . . , up ) = ,
Q (u1 , . . . , up )

com Q (u1 , . . . , up ) 6= 0.

3.3.1 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (ex )

Neste caso, R é uma função racional em uma única variável e para primitivar f faz-se

a mudança de variável x = ϕ (t) = ln t que conduz a uma função racional de t, pois

1
f (ϕ (t)) ϕ′ (t) = R (t) .
t
3.3 Racionalização de algumas funções 239

e2x
Exemplo 3.3.2 Seja f (x) = . Determinemos as primitivas de f.
1 + ex
Aplicando a primitivação por substituição com a substituição indicada, isto é, com
1
e ϕ−1 (x) = ex , tem-se
ϕ : (0, +∞) −→ R definida por ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) =
t
t2
 
′ t 1
P f (ϕ (t)) ϕ (t) = P =P =P 1− = t − ln |1 + t|
(1 + t) t 1+t 1+t

e, portanto,
e2x
P = ex − ln (1 + ex ) + C, com C ∈ R.
1 + ex

  pq2   pqn !
ax + b 2 ax + b n
3.3.2 Racionalização de f (x) = R x, ,...,
cx + d cx + d

Vamos agora estudar a racionalização de funções do tipo


  p2   pn !
ax + b q2 ax + b qn
f (x) = R x, ,..., .
cx + d cx + d

Neste caso, R é uma função racional em n variáveis e para primitivar f faz-se a substituição
ax + b dtq − b
= tq , onde q é o mı́nimo múltiplo comum de q2 , . . . , qn . Então, x = ϕ (t) =
cx + d a − ctq
ad − bc
e ϕ′ (t) = são funções racionais de t, pelo que
(cx + d)2
p q p q p q
 
f (ϕ (t)) ϕ′ (t) = R ϕ (t) , t 2 q2 , t 3 q3 , . . . , t n qn ϕ′ (t)

é uma função racional de t.

1
Exemplo 3.3.3 Seja f (x) = √ √ √ . Determinemos as primitivas de f.
x ( x + 4 x)
3

Aplicando a primitivação por substituição com a substituição indicada, isto é, com

ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida por ϕ (t) = t12 , pelo que ϕ′ (t) = 12t11 e ϕ−1 (x) = 12
x,

tem-se

t11 t2
P f (ϕ (t)) ϕ′ (t) = 12P = 12P =
t6 (t4 + t3 ) t+1
 
1
= 12P t − 1 + = 6t2 − 12t + 12 ln |t + 1|
t+1
240 Primitivação

e, portanto,

1 √ √ √ 
P√ √ √ = 6 6 x − 12 12 x + ln 12
x + 1 + C, com C ∈ R.
x ( x + x)
3 4

√ 
3.3.3 Racionalização de funções do tipo f (x) = R ax + b

Neste caso, R é uma função racional em uma única variável e para primitivar f faz-se
t2
a mudança de variável x = ϕ (t) = − b que conduz a uma função racional de t, pois
a

2t
f (ϕ (t)) ϕ′ (t) = R (t) .
a

√ 
3.3.4 Racionalização de funções do tipo f (x) = R x, ax2 + bx + c , com
a 6= 0

Neste caso, R é uma função racional em 2 variáveis e para primitivar f faz-se uma das

três substituições definidas pelas fórmulas seguintes

p √
ax2 + bx + c = ax + t, quando a > 0,
p √
ax2 + bx + c = c + tx, quando c > 0,
p
ax2 + bx + c = (x − α) t, quando α é uma raiz real do trinómio ax2 + bx + c.

1
Exemplo 3.3.4 Seja f (x) = √ . Determinemos as primitivas de f.
x2 + 3x − 4
Aplicando a primitivação por substituição com a terceira das substituições indicadas,
√ p 1 + 4t2
isto é, com x2 + 3x − 4 = (x + 4) (x − 1) = (x + 4) t, tem-se x = ϕ (t) = , pelo
r 1 − t2
10t x−1
que ϕ′ (t) = 2 e t = ϕ−1 (x) = . Assim,
(1 − t2 ) x+4
" #
1 − t2
  
′ 10t 2 1 1 1+t
P f (ϕ (t)) ϕ (t) = P 2 =P 2
=P + = ln
5t (1 − t2 ) 1−t 1+t 1−t 1−t
3.3 Racionalização de algumas funções 241

e, portanto,
r
x−1 √ √
1+
1 x+4 x+4+ x−1
P√ = ln r = ln √ √ + C, com C ∈ R.
x2 + 3x − 4 x−1 x+4− x−1
1−
x+4

3.3.5 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (sen x, cos x)

Neste caso, R é uma função racional em 2 variáveis e para primitivar f faz-se a mudança
2 x
de variável x = ϕ (t) = 2 arctg t, pelo que ϕ′ (t) = 2
e t = ϕ−1 (x) = tg .
1+t 2
Note-se que considerando esta substituição tem-se
x
x x x 2 tg
2 x 2 = 2t
sen x = 2 sen cos = 2 tg cos = x
2 2 2 2 1 + tg 2 1 + t2
2
e
x
x  1 − tg2 2
2 x 2 x 2 x 2 = 1−t .

2
cos x = cos − sen = cos 1 − tg = x
2 2 2 2 1 + tg2 1 + t2
2
Assim, sendo f (x) = R (sen x, cos x) , obtém-se a função racional de t

2t 1 − t2
 
′ 2
f (ϕ (t)) ϕ (t) = R , .
1 + t2 1 + t2 1 + t2
1
Exemplo 3.3.5 Seja f (x) = . Determinemos as primitivas de f.
1 + cos x
Aplicando a primitivação por substituição com a substituição indicada, isto é, com
2 x
ϕ : R −→ (−π, π) definida por ϕ (t) = 2 arctg t, pelo que ϕ′ (t) = 2
e ϕ−1 (x) = tg ,
1+t 2
tem-se
 
1 2  =P 1 2
P f (ϕ (t)) ϕ′ (t) = P 

= P1 = t
 2
1−t 1+t 2  2 1 + t2
1+ 1 + t2
1 + t2
e, portanto,
1 x
P = tg + C, com C ∈ R.
1 + cos x 2
242 Primitivação

3.3.6 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (sen x) cos x

Neste caso, R é uma função racional em uma variável e para primitivar f faz-se a
1
mudança de variável x = ϕ (t) = arcsen t, pelo que ϕ′ (t) = √ e t = ϕ−1 (x) = sen x.
1 − t2
Note-se que considerando esta substituição tem-se

p p
cos x = 1 − sen2 x = 1 − t2

e, portanto,

f (ϕ (t)) ϕ′ (t) = R (t)

é uma função racional de t.

3.3.7 Racionalização de funções do tipo f (x) = R (cos x) sen x

Neste caso, R é uma função racional em uma variável e para primitivar f faz-se a
1
mudança de variável x = ϕ (t) = arccos t, pelo que ϕ′ (t) = − √ e t = ϕ−1 (x) =
1−t 2

cos x.

Note-se que considerando esta substituição tem-se

p p
sen x = 1 − cos2 x = 1 − t2

e, portanto,

f (ϕ (t)) ϕ′ (t) = −R (t)

é uma função racional de t.

sen (2x)
Exemplo 3.3.6 Seja f (x) = . Determinemos as primitivas de f.
1 − sen x
sen (2x) 2 sen x
Comecemos por notar que f (x) = = cos x. Aplicando a primi-
1 − sen x 1 − sen x
 π π
tivação por substituição com a substituição indicada, isto é, com ϕ : (−1, 1) −→ − ,
2 2
3.3 Racionalização de algumas funções 243

1
definida por ϕ (t) = arcsen t, pelo que ϕ′ (t) = √ e ϕ−1 (x) = sen x, tem-se
1−t 2

   
′ 2t p 2
1 1
P f (ϕ (t)) ϕ (t) = P 1−t √ = −2P 1 − = −2 (t + ln |1 − t|)
1−t 1 − t2 1−t

e, portanto,

sen (2x)
P = −2 (sen x + ln |1 − sen x|) + C, com C ∈ R.
1 − sen x

Uma das principais dificuldades na primitivação por substituição reside na escolha

da mudança de variável. Em numerosas situações encontram-se estudadas substituições

aconselhadas. Terminamos esta secção com a referência a outras substituições não referidas

ou exemplificadas até aqui. Note-se que não se tratam de funções cujas primitivas se

reduzem necessariamente a primitivas de funções racionais. Na Tabela 3.1 encontram-se

algumas substituições aconselhadas nestas situações.

ln4 x
Exemplo 3.3.7 Seja f (x) =  . Determinemos as primitivas de f.
x ln2 x + 1
Aplicando a primitivação por substituição com a substituição indicada na segunda linha

da Tabela 3.1, isto é, com ϕ : R −→ (0, +∞) definida por ϕ (t) = et , pelo que ϕ′ (t) = et e

ϕ−1 (x) = ln x, tem-se

t4 t4 t3
   
′ 1
P f (ϕ (t)) ϕ (t) = P et =P 2 =P 2
t −1+ 2 = − t + arctg t
et (t2 + 1) t +1 t +1 3

e, portanto,

ln4 x ln3 x
P = − ln x + arctg (ln x) + C, com C ∈ R.
x ln2 x + 1

3
244 Primitivação

Função com x = ϕ (t ) ϕ ' (t ) t = ϕ −1 ( x ) Observações

1
ex ln t ex
t
1
ln x e a multiplicar et et ln x
x
2t
senx =
2 x 1+ t2
senx e cos x 2arctg t tg
1+ t 2 2 1− t2
cos x =
1+ t2
1
senx e cos x a multiplicar arcsen t senx
1− t2
1
cos x e senx a multiplicar arccos t − cos x
1− t2
1
tg x arctg t tg x
1+ t2
1
cotg x arccotg t − cotg x
1+ t2
x
a2 − x2 a sen t a cos t arcsen
a
a x
a2 + x2 a tg t a sec 2 t = arctg
cos 2 t a

a x a
x2 − a2 a sec t = a sec t tg t arc sec = arccos
cos t a x

x t2 2t x

x = t m onde m é o mínimo
mt m −1
p q r m
múltiplo comum de {p, q, r}
x, x e x t

ax + b
1 1

 ax + b  r2  ax + b  rn = t r onde r é o mínimo
x,  ,  , cx + d
 cx + d   cx + d 
múltiplo comum de {r2 ,, rn }

ax 2 + bx + c = a x + t se a > 0

ax 2 + bx + c = c + tx se c > 0

x e ax 2 + bx + c ax 2 + bx + c = ( x − α ) t ou

ax 2 + bx + c = ( x − β ) t se α e
β são zeros reais distintos de
ax 2 + bx + c

Tabela 3.1: Algumas substituições aconselhadas.


3.3 Racionalização de algumas funções 245

Observação 3.3.8 Tal como referimos no inı́cio da Secção 3.2, as técnicas de primi-

tivação apresentadas permitem-nos determinar primtivas de uma vasta classe de funções,

no quadro das funções elementares. No entanto, nem todas as funções são primitiváveis

no quadro das funções elementares. É o caso, por exemplo, das funções

2 √ 1
f (x) = ex , g (x) = a0 + a1 x + · · · + an xn e h (x) = √ ,
a0 + a1 x + · · · + an xn

com n > 2.
246 Primitivação

3.4 Exercı́cios resolvidos

3.4.1. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):


√ √
a) 3x + x5 + x9 ; b) (x + 1)2 ; c) x + 4; d) 5
2 − 3x;

2 2 3 x2
e) ; f) ; g) ; h) ;
x x3 4x + 5 3 + x3

k) x2 sen 4x3 ;
 
i) sen (2x) ; j) cos 3x ; l) tg x;

cos x 1
m) ; n) ; o) e2x ; p) esen x cos x;
1 + sen x x ln x
 3 7 7x 7x
q) x2 + 1 ex +3x ; r) ; s) ; t) ;
x2 + 1 x4 + 1 x2 + 1
1 arctg x 1 x
u) ; v) ; w) √ ; x) √ ;
(1 + x2 ) arctg x 1 + x2 1 − x2 1 − x4

y) 7x ; z) sen3 x.

Resolução:
3x2 x6 x10
a) P 3x + x5 + x9 = 3P x + P x5 + P x9 =

+ + + C, com C ∈ R, em R;
2 6 10
 x3
b) P (x + 1)2 = P x2 + 2x + 1 = + x2 + x + C, com C ∈ R, em R;
3

√ 2 1
q
c) P x + 4 = P (x + 4) = 2 (x + 4)3 + C, com C ∈ R, em [−4, +∞) ;
3


5
1 1 h 1
i 5 6
d) P 2 − 3x = P (2 − 3x) 5 = − P −3 (2 − 3x) 5 = − (2 − 3x) 5 + C, com C ∈ R,
3 18
em R;

2 1
e) P = 2P = 2 ln |x| + C, com C ∈ R, em R\ {0} ;
x x

2 1 1
f) P = 2P 3 = 2P x−3 = − 2 + C, com C ∈ R, em R\ {0} ;
x3 x x
 
3 1 3 4 3 5
g) P = 3P = P = ln |4x + 5| + C, com C ∈ R, em R\ − ;
4x + 5 4x + 5 4 4x + 5 4 4
3.4 Exercı́cios resolvidos 247

x2 1 3x2 1  √
h) P 3
= P 3
= ln 3 + x3 + C, com C ∈ R, em R\ − 3 3 ;
3+x 3 3+x 3

1 1
i) P sen (2x) = P [2 sen (2x)] = − cos (2x) + C, com C ∈ R, em R;
2 2
√  1 √ √  1 √ 
j) P cos 3x = √ P 3 cos 3x = √ sen 3x + C, com C ∈ R, em R;
3 3

1  1
k) P x2 sen 4x3 = P 12x2 sen 4x3 = − cos 4x3 + C, com C ∈ R, em R;
   
12 12
 
sen x − sen x nπ o
l) P tg x = P = −P = − ln |cos x|+C, com C ∈ R, em R\ + kπ, k ∈ Z ;
cos x cos x 2
 
cos x 3π
m) P = ln |1 + sen x| + C, com C ∈ R, em R\ + 2kπ, k ∈ Z ;
1 + sen x 2

1
1
n) P = P x = ln |ln x| + C, com C ∈ R, em (0, 1) ∪ (1, +∞) ;
x ln x ln x

1   1
o) P e2x = P 2e2x = e2x + C, com C ∈ R, em R;
2 2

p) P (esen x cos x) = P (cos xesen x ) = esen x + C, com C ∈ R, em R;

h  3 i 1 h  3 i 1 3
q) P x2 + 1 ex +3x = P 3x2 + 3 ex +3x = ex +3x + C, com C ∈ R, em R;
3 3

7 1
r) P = 7P 2 = 7 arctg x + C, com C ∈ R, em R;
x2 +1 x +1

7x x 7 2x 7 2 + C, com C ∈ R, em R;

s) P = 7P 2 = P 2 = arctg x
x4 + 1 (x2 ) + 1 2 (x2 ) + 1 2

7x x 7 2x 7
= ln x2 + 1 + C, com C ∈ R, em R;

t) P = 7P 2 = P 2
x2 +1 x +1 2 x +1 2
1
1 1 + x2 = ln |arctg x| + C, com C ∈ R, em R\ {0} ;
u) P =P
(1 + x2 ) arctg x arctg x

arctg2 x
 
arctg x 1
v) P =P arctg x = + C, com C ∈ R, em R;
1 + x2 1 + x2 2

1
w) P √ = arcsen x + C, com C ∈ R, em (−1, 1) ;
1 − x2
248 Primitivação

x x 1 2x 1
= arcsen x2 + C, com C ∈ R, em

x) P √ =Pq = Pq
1 − x4 2 2
1 − (x2 )2 1 − (x2 )2
(−1, 1) ;

7x
y) P 7x = + C, com C ∈ R, em R;
ln 7

z) P sen3 x = P sen x sen2 x = P sen x 1 − cos2 x = P sen x − sen x cos2 x =


   

cos3 x
= − cos x + + C, com C ∈ R, em R.
3

3.4.2. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):

√ √
r
x
a) x2 + 1; b) e2x+3 ; c) 3x + ; d) x 5 2 − 3x2 ;
3

1 x x2
e) √ ; f) ; g) ; h) tg (3x) ;
5
1 − 2x 1 + x2 1 + x6

(ln x)3 (arctg x)3


i) 32x+7 ; j) ; k) ; l) ex cos ex ;
x 1 + x2
x
1 arctg x ex
m) ; n) 3; o) cos √ ; p) ;
9 + x2 9 + x2 3 ex − 1
√ √
2x3 − x + 7 sen (5x) 3
1 + ln x sen x − cos x
q) ; r) ; s) ; t) ;
x2 2 + cos (5x) x cos x + sen x

sen x 2 x3 3
u) √ ; v) x3x ; w) √ ; x) ;
x 1 − x8 1+x
x
arccos
y) √ 2; z) 3x ex .
4 − x2

Resolução:
x3
a) P x2 + 1 = P x2 + P 1 =

+ x + C, com C ∈ R, em R;
3

1  1
b) P e2x+3 = P 2e2x+3 = e2x+3 + C, com C ∈ R, em R;
2 2
3.4 Exercı́cios resolvidos 249

! √ ! √
√ √ √
 r  r
x 1 1 1 3 1 8 3 3
c) P 3x + =P 3x +
2 x2 = 3+ Px2 = x 2 + C, com
3 3 3 9
C ∈ R, em [0, +∞) ;

 √  h 1 i 1 h 1 i 5 6
d)P x 5 2 − 3x2 = P x 2 − 3x2 5 = − P −6x 2 − 3x2 5 = − 2 − 3x2 5+C,
6 36
com C ∈ R, em R;

1 1 1 h 1
i 5 4
e) P √
5
= P (1 − 2x)− 5 = − P −2 (1 − 2x)− 5 = − (1 − 2x) 5 + C, com
1 −2x  2 8
1
C ∈ R, em R\ ;
2

x 1 2x 1
= ln 1 + x2 + C, com C ∈ R, em R;

f) P 2
= P 2
1+x 2 1+x 2

x2 1 3x2 1
= arctg x3 + C, com C ∈ R, em R;

g) P 6
= P 2
1+x 3 1 + (x )
3 3
 
sen (3x) 1 −3 sen (3x) 1
h) P tg (3x) = P =− P = − ln |cos (3x)| + C, com C ∈ R,
 cos(3x) 3 cos (3x) 3
π kπ
em R\ + ,k ∈ Z ;
6 3

1  32x+7
i) P 32x+7 = P 2 × 32x+7 = + C, com C ∈ R, em R;
2 2 ln 3

(ln x)3 (ln x)4


 
1
j) P =P (ln x)3 = + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
x x 4

(arctg x)3 (arctg x)4


 
1 3
k) P = P (arctg x) = + C, com C ∈ R, em R;
1 + x2 1 + x2 4

l) P (ex cos ex ) = sen ex + C, com C ∈ R, em R;

1
1 1 1 1 3 1 x
m) P 2
= P 2 = P  x 2 = arctg + C, com C ∈ R, em R;
9+x 9 x 3 3 3
1+ 1+
9 3
 
x 1
 
arctg 
1 x

1  1 x 1  x
n) P 3 =P arctg = P arctg  = P 3
2 2 2  x 2 arctg  =
9+x 9+x 3 9  x 3  3 3
1+ 1+
9 3
1 x 2
= arctg + C, com C ∈ R, em R;
6 3
250 Primitivação

√ √
 
x 1 x x
o) P cos √ = 3P √ cos √ = 3 sen √ + C, com C ∈ R, em R;
3 3 3 3

ex
p) P = ln |ex − 1| + C, com C ∈ R, em R\ {0} ;
ex − 1

2x3 − x + 7
 
− 23 7 2 7
q) P 2
= P 2x − x + 2 = x2 + √ − + C, com C ∈ R, em
x x x x
(0, +∞) ;

 
sen (5x) 1 −5 sen (5x) 1
r) P =− P = − ln |2 + cos (5x)| + C, com C ∈ R, em
2 + cos (5x) 5 2 + cos (5x) 5
R;


3
 
1 + ln x 1 1 3 4
s) P =P (1 + ln x) 3 = (1 + ln x) 3 + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
x x 4
 
sen x − cos x − sen x + cos x
t) P = −P = − ln |cos x + sen x| + C, com C ∈ R, em
 cos x + sen x cos x + sen x
3
R\ π + kπ, k ∈ Z ;
4

√ √
 
sen x 1
u) P √ = 2P √ sen x = −2 cos x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
x 2 x
2
 2
 1  2
 3x
v) P x3x = P 2x3x = + C, com C ∈ R, em R;
2 2 ln 3

x3 x3 1 4x3 1
= arcsen x4 + C, com C ∈ R, em

w) P √ =Pq = Pq
1 − x8 4 4
1 − (x4 )2 1 − (x4 )2
(−1, 1) ;

3
x) P = 3 ln |1 + x| + C, com C ∈ R, em R\ {−1} ;
1+x
   
x 1
arccos
y) P √ 2 = 1P  r 1 x 1 
arccos  = P
x
r 2  arccos  =
4−x 2 4   x 2
 2  2  x 2 2
1− 1−
2 2
1  x 2
= − arccos + C, com C ∈ R, em (−2, 2) ;
2 2

(3e)x
z) P (3x ex ) = P (3e)x = + C, com C ∈ R, em R.
ln (3e)
3.4 Exercı́cios resolvidos 251

3.4.3. Determine, utilizando o método de primitivação por partes, uma ou mais pri-

mitivas de cada uma das funções seguintes, indicando um conjunto onde seja(m) válida(s)

essa(s) primitiva(s):

a) 2xex+2 ; b) x2 + 4 ex ; d) x2 cos (3x) ;



c) x sen (2x − 3) ;

e) x2−x ; f ) cos2 x; g) ex cos x; h) ln (3x + 2) ;

i) arccotg x; j) cos ln x; k) arcsen x; l) arcsen 2 x;

ln x
m) x arctg x; n) x arctg2 x; o) x2 ln x; p) √ ;
x

ln x 2 x3  √ 
q) ; r) x3 e−x ; s) √ ; t) ln x + 1 + x2 ;
x3 1 − x2

x2
u) ; v) cos3 x; w) cos4 x; x) sen x ln cotg x;
(1 + x2 )2
x cos x x
y) ; z) .
sen2 x sen2 x

Resolução:

a) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = ex+2 e v (x) = 2x, pelo que

u (x) = ex+2 e v ′ (x) = 2, tem-se

P 2xex+2 = 2xex+2 − P 2ex+2 = 2xex+2 − 2ex+2 + C,


 

com C ∈ R, em R;

b) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = ex e v (x) = x2 + 4, pelo que

u (x) = ex e v ′ (x) = 2x, tem-se

x2 + 4 ex = x2 + 4 ex − P (2xex ) .
   
P

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = ex e v (x) = 2x, pelo que
252 Primitivação

u (x) = ex e v ′ (x) = 2, tem-se

x 2 + 4 ex = x2 + 4 ex − P (2xex ) = x2 + 4 ex − [2xex − P (2ex )] =


    
P

x2 + 4 ex − 2xex + 2ex + C = x2 − 2x + 6 ex + C,
 
=

com C ∈ R, em R;

c) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = sen (2x − 3) e v (x) = x, pelo que
cos (2x − 3)
u (x) = − e v ′ (x) = 1, tem-se
2

x cos (2x − 3) cos (2x − 3)


P [x sen (2x − 3)] = − +P =
2 2
x cos (2x − 3) sen (2x − 3)
= − + + C,
2 4

com C ∈ R, em R;

d) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = cos (3x) e v (x) = x2 , pelo que
sen (3x)
u (x) = e v ′ (x) = 2x, tem-se
3

 x2 sen (3x) 2x sen (3x)


P x2 cos (3x) =

−P .
3 3

sen (3x)
Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = e v (x) = 2x, pelo
3
cos (3x)
que u (x) = − e v ′ (x) = 2, tem-se
9

x2 sen (3x) 2x sen (3x)


P x2 cos (3x) =
 
−P =
3 3
x2 sen (3x)
 
2x cos (3x) 2 cos (3x)
= − − +P =
3 9 9
x2 sen (3x) 2x cos (3x) 2 sen (3x)
= + − + C,
3 9 27

com C ∈ R, em R;
3.4 Exercı́cios resolvidos 253

e) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 2−x e v (x) = x, pelo que
2−x
u (x) = − e v ′ (x) = 1, tem-se
ln 2

x2−x 2−x x2−x 2−x


P x2−x

= − +P =− − 2 +C =
ln 2 ln 2 ln 2 ln 2
 
x 1
= − + 2−x + C,
ln 2 ln2 2

com C ∈ R, em R;

f ) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = cos x e v (x) = cos x, pelo que

u (x) = sen x e v ′ (x) = − sen x, tem-se

P cos2 x = sen x cos x + P sen2 x = sen x cos x + P 1 − cos2 x =




= sen x cos x + x − P cos2 x,

isto é,

P cos2 x = sen x cos x + x − P cos2 x,

donde

2P cos2 x = sen x cos x + x,

ou ainda,
sen x cos x + x
P cos2 x = + C,
2

com C ∈ R, em R;

g) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = ex e v (x) = cos x, pelo que

u (x) = ex e v ′ (x) = − sen x, tem-se

P (ex cos x) = ex cos x + P (ex sen x) .


254 Primitivação

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = ex e v (x) = sen x, pelo que

u (x) = ex e v ′ (x) = cos x, tem-se

P (ex cos x) = ex cos x + P (ex sen x) = ex cos x + [ex sen x − P (ex cos x)] =

= ex cos x + ex sen x − P (ex cos x) ,

isto é,

P (ex cos x) = ex cos x + ex sen x − P (ex cos x) ,

donde

2P (ex cos x) = ex cos x + ex sen x,

ou ainda,
ex cos x + ex sen x
P (ex cos x) = + C,
2

com C ∈ R, em R;

h) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = ln (3x + 2) , pelo que
3
u (x) = x e v ′ (x) = , tem-se
3x + 2
3x 3x + 2 − 2
P ln (3x + 2) = x ln (3x + 2) − P = x ln (3x + 2) − P =
3x + 2 3x + 2
 
2 2
= x ln (3x + 2) − P 1 − = x ln (3x + 2) − P 1 + P =
3x + 2 3x + 2
2 3 2
= x ln (3x + 2) − x + P = x ln (3x + 2) − x + ln (3x + 2) + C,
3 3x + 2 3
 
2
com C ∈ R, em − , +∞ ;
3

i) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = arccotg x, pelo que
1
u (x) = x e v ′ (x) = − , tem-se
1 + x2
x 1 2x
P arccotg x = x arccotg x + P 2
= x arccotg x + P =
1+x 2 1 + x2
1
= x arccotg x + ln 1 + x2 + C,

2
3.4 Exercı́cios resolvidos 255

com C ∈ R, em R;

j) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = cos ln x, pelo que
1
u (x) = x e v ′ (x) = − sen ln x, tem-se
x

P cos ln x = x cos ln x + P sen ln x.

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = sen ln x, pelo
1
que u (x) = x e v ′ (x) = cos ln x, tem-se
x

P cos ln x = x cos ln x + P sen ln x = x cos ln x + (x sen ln x − P cos ln x) =

= x cos ln x + x sen ln x − P cos ln x,

isto é,

P cos ln x = x cos ln x + x sen ln x − P cos ln x,

donde

2P cos ln x = x cos ln x + x sen ln x,

ou ainda,
x cos ln x + x sen ln x
P cos ln x = + C,
2

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

k) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = arcsen x, pelo que
1
u (x) = x e v ′ (x) = √ , tem-se
1 − x2
x h − 1 i
P arcsen x = x arcsen x − P √ = x arcsen x − P x 1 − x2 2 =
1 − x2
1 h − 1 i p
= x arcsen x + P −2x 1 − x2 2 = x arcsen x + 1 − x2 + C,
2

com C ∈ R, em [−1, 1] ;
256 Primitivação

l) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = arcsen2 x, pelo que
2 arcsen x
u (x) = x e v ′ (x) = √ , tem-se
1 − x2
2x arcsen x
P arcsen2 x = x arcsen2 x − P √ .
1 − x2
2x
Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = √ e v (x) = arcsen x,
1 − x2
√ 1
pelo que u (x) = −2 1 − x2 e v ′ (x) = √ , tem-se
1 − x2
2x arcsen x
P arcsen2 x = x arcsen2 x − P √ =
1 − x2
" √ !#
p −2 1 − x2
= x arcsen2 x − −2 1 − x2 arcsen x − P √ =
1 − x2
p
= x arcsen2 x + 2 1 − x2 arcsen x − 2x + C,

com C ∈ R, em [−1, 1] ;

m) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = x e v (x) = arctg x, pelo que
x2 1
u (x) = e v ′ (x) = , tem-se
2 1 + x2
x2 1 x2 x2 1 x2 + 1 − 1
P (x arctg x) = arctg x − P = arctg x − P =
2 2 1 + x2 2 2 1 + x2
x2 x2
 
1 1 1
= arctg x − P 1 − 2
= arctg x − (x − arctg x) + C =
2 2 1+x 2 2
1 2 
= x arctg x − x + arctg x + C,
2

com C ∈ R, em R;

n) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = x e v (x) = arctg2 x, pelo que
x2 2 arctg x
u (x) = e v ′ (x) = , tem-se
2 1 + x2
 x2 x2 arctg x
P x arctg2 x = arctg x − P .
2 1 + x2
x2 1
Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = 2
= 1− e
1+x 1 + x2
1
v (x) = arctg x, pelo que u (x) = x − arctg x e v ′ (x) = , tem-se
1 + x2
3.4 Exercı́cios resolvidos 257

x2 x2 arctg x
P x arctg2 x arctg2 x − P

= =
2 1 + x2
x2
 
2 x − arctg x
= arctg x − (x − arctg x) arctg x − P =
2 1 + x2
x2
 
2 2 x 1
= arctg x − x arctg x + arctg x + P −P arctg x =
2 1 + x2 1 + x2
x2
 
2 2 1 2x 1
= arctg x − x arctg x + arctg x + P −P arctg x =
2 2 1 + x2 1 + x2
x2 1  arctg2 x
= arctg2 x − x arctg x + arctg2 x + ln 1 + x2 − +C =
2 2 2
x2 1 1
arctg2 x − x arctg x + arctg2 x + ln 1 + x2 + C,

=
2 2 2

com C ∈ R, em R;

o) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = x2 e v (x) = ln x, pelo que


x3 1
u (x) = e v ′ (x) = , tem-se
3 x
 x3 x2 x3 x3
P x2 ln x = ln x − P = ln x − + C,
3 3 3 9

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

1
p) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = √ e v (x) = ln x, pelo que
x
√ 1
u (x) = 2 x e v ′ (x) = , tem-se
x

ln x √ 2 x √ 2 √ √
P √ = 2 x ln x − P = 2 x ln x − P √ = 2 x ln x − 4 x + C,
x x x

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

1
q) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = e v (x) = ln x, pelo que
x3
1 1
u (x) = − 2
e v ′ (x) = , tem-se
2x x

ln x ln x 1 ln x 1
P 3
= − 2 + P 3 = − 2 − 2 + C,
x 2x 2x 2x 4x

com C ∈ R, em (0, +∞) ;


258 Primitivação

2
r) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = xe−x e v (x) = x2 , pelo que
2
e−x
u (x) = − e v ′ (x) = 2x, tem-se
2
2 2 2 2
 2
 x2 e−x  2
 x2 e−x e−x e−x
P x3 e−x = − + P xe−x = − x2 + 1 + C,

− +C =−
2 2 2 2

com C ∈ R, em R;

x
s) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = √ e v (x) = x2 , pelo que
1 − x2

u (x) = − 1 − x2 e v ′ (x) = 2x, tem-se

x3 2
p  p  p q
P√ 2 2 2 2 2
= −x 1 − x + P 2x 1 − x = −x 1 − x − (1 − x2 )3 + C,
1−x 2 3

com C ∈ R, em (−1, 1) ;

 √ 
t) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = ln x + 1+ x2 ,
1
pelo que u (x) = x e v ′ (x) = √ , tem-se
1 + x2
 p   p  x
P ln x + 1 + x2 = x ln x + 1 + x2 − P √ =
1 + x2
 p  h − 1 i
= x ln x + 1 + x2 − P x 1 + x2 2 =
 p  1 h − 1 i
= x ln x + 1 + x2 − P 2x 1 + x2 2 =
2
 p  p
= x ln x + 1 + x2 − 1 + x2 + C,

com C ∈ R, em R;

x
u) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = e v (x) = x, pelo que
(1 + x2 )2
1
u (x) = − e v ′ (x) = 1, tem-se
2 (1 + x2 )

x2 x 1 x 1
P =− +P =− + arctg x + C,
(1 + x2 )2 2
2 (1 + x ) 2
2 (1 + x ) 2
2 (1 + x ) 2

com C ∈ R, em R;
3.4 Exercı́cios resolvidos 259

v) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = cos x e v (x) = cos2 x, pelo que

u (x) = sen x e v ′ (x) = −2 sen x cos x, tem-se

P cos3 x = P cos x cos2 x = sen x cos2 x + P 2 cos x sen2 x =


 

2
= sen x cos2 x + sen3 x + C =
3
 2
= sen x 1 − sen 2 x + sen3 x + C =
3
1
= sen x − sen3 x + C,
3

com C ∈ R, em R;

w) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = cos x e v (x) = cos3 x, pelo que

u (x) = sen x e v ′ (x) = −3 sen x cos2 x, tem-se (pela alı́nea f ))

P cos4 x = P cos x cos3 x = sen x cos3 x + P 3 sen2 x cos2 x =


 

= sen x cos3 x + P 3 1 − cos2 x cos2 x =


  

= sen x cos3 x + P 3 cos2 x − 3 cos4 x =




= sen x cos3 x + 3P cos2 x − 3P cos4 x =


3 (sen x cos x + x)
= sen x cos3 x + − 3P cos4 x,
2

isto é,
3 (sen x cos x + x)
P cos4 x = sen x cos3 x + − 3P cos4 x,
2

donde
3
4P cos4 x = sen x cos3 x + (sen x cos x + x) ,
2

ou ainda,
sen x cos3 x 3 (sen x cos x + x)
P cos4 x = + + C,
4 8

com C ∈ R, em R;
260 Primitivação

x) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = sen x e v (x) = ln cotg x, pelo que
1
u (x) = − cos x e v ′ (x) = − , tem-se
sen x cos x

1
P (sen x ln cotg x) = − cos x ln cotg x − P =
sen x
1
= − cos x ln cotg x − P x x =
2 sen cos
2 2
1
= − cos x ln cotg x − P x x =
2 tg cos2
2 2
x
= − cos x ln cotg x − ln tg + C,
2
 π
com C ∈ R, em 0, ;
2

cos x
y) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = e v (x) = x, pelo que
sen2 x
1
u (x) = − e v ′ (x) = 1, tem-se
sen x

x cos x x 1 x 1
P = − +P =− +P x x =
sen2 x sen x sen x sen x 2 sen cos
2 2
x 1 x x
= − +P x x =− + ln tg + C,
sen x 2 tg cos2 sen x 2
2 2

com C ∈ R, em R\ {kπ, k ∈ Z} ;

1
z) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = e v (x) = x, pelo que
sen2 x
u (x) = − cotg x e v ′ (x) = 1, tem-se

x cos x
P = −x cotg x + P cotg x = −x cotg x + P =
sen2 x sen x
= −x cotg x + ln |sen x| + C,

com C ∈ R, em R\ {kπ, k ∈ Z} .
3.4 Exercı́cios resolvidos 261

3.4.4. Determine, utilizando o método de primitivação por substituição, uma ou

mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indicando um conjunto onde seja(m)

válida(s) essa(s) primitiva(s):


√ √
1 1+ x e x √
x;
a) √ ; b) √ ; c) √ ; d) e
x+ x x x

cos x √ x ex
e) √ ; f ) cos x; g) √ ; h) ;
x 1−x 1 + ex

ex ex 1 sen ln x
i) √ ; j) √ ; k) ; l) ;
1 − e2x 5
2 + 3ex x (1 + ln x) x

1 + tg2 x 1
m) sen ln x; n) sen3 x; o) ; p) √ ;
tg x 1− x2 arccos x

ecotg x + tg x 1 √ 1
q) ; r) ; s) 1 − x2 ; t) √ .
sen2 x sen x 25 − x2

Resolução:

a) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida

por ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se
 
1 1
P 2
× 2t = 2P = 2 ln |t + 1| ,
t +t t+1

e, portanto,
1 √
P √ = 2 ln x + 1 + C,
x+ x

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

b) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida

por ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se

t2
   
1+t
P × 2t = 2P (1 + t) = 2 t + = 2t + t2 ,
t 2

e, portanto,

1+ x √
P √ = 2 x + x + C,
x
262 Primitivação

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

c) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida

por ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se

et
 
P × 2t = 2P et = 2et ,
t

e, portanto,

e x √
P √ = 2e x + C,
x

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

d) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida

por ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se

P et × 2t = 2P tet .
 

Aplicando agora a primitivação por partes com u′ (t) = et e v (t) = t, pelo que u (t) = et

e v ′ (t) = 1, tem-se

P et × 2t = 2P tet = 2 tet − P et = 2 tet − et = 2et (t − 1) ,


   

e, portanto,

x

x √ 
Pe = 2e x − 1 + C,

com C ∈ R, em [0, +∞) ;

e) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida

por ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se

 
cos t
P × 2t = 2P cos t = 2 sen t,
t
3.4 Exercı́cios resolvidos 263

e, portanto,

cos x √
P √ = 2 sen x + C,
x

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

f ) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida

por ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se

P (cos t × 2t) = 2P (t cos t) .

Aplicando agora a primitivação por partes com u′ (t) = cos t e v (t) = t, pelo que

u (t) = sen t e v ′ (t) = 1, tem-se

P (cos t × 2t) = 2P (t cos t) = 2 (t sen t − P sen t) = 2t sen t + 2 cos t,

e, portanto,
√ √ √ √
P cos x = 2 x sen x + 2 cos x + C,

com C ∈ R, em [0, +∞) ;

g) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (−∞, 1) definida



por ϕ (t) = 1 − t2 , pelo que ϕ′ (t) = −2t e ϕ−1 (x) = 1 − x, tem-se

1 − t2 t3
   
2

P × (−2t) = −2P 1 − t = −2 t − ,
t 3

e, portanto,
√ 3 !
x √ 1−x
P√ = −2 1−x− + C,
1−x 3

com C ∈ R, em (−∞, 1) ;

h) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ R definida por


1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , tem-se
t
t 1
P =P = ln |1 + t| ,
(1 + t) t 1+t
264 Primitivação

e, portanto,
ex
P = ln (1 + ex ) + C,
1 + ex

com C ∈ R, em R;

i) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, 1) −→ (−∞, 0) definida por


1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , tem-se
t
t 1
P√ =P√ = arcsen t,
1 − t2 t 1 − t2

e, portanto,
ex
P√ = arcsen ex + C,
1−e 2x

com C ∈ R, em (−∞, 0) ;

j) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ R definida por


1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , tem-se
t
 
t 1 1 1 1 h 1
i 5 4
P √
5
=P√
5
= P (2 + 3t)− 5 = P 3 (2 + 3t)− 5 = (2 + 3t) 5 ,
2 + 3t t 2 + 3t 3 12

e, portanto,
ex 5
q
(2 + 3ex )4 + C,
5
P√ =
5
2 + 3ex 12

com C ∈ R, em R;

k) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (0, +∞) definida por

ϕ (t) = et , pelo que ϕ′ (t) = et e ϕ−1 (x) = ln x, tem-se


 
1 1
P t
et =P = ln |1 + t| ,
e (1 + t) 1+t

e, portanto,
1
P = ln |1 + ln x| + C,
x (1 + ln x)
3.4 Exercı́cios resolvidos 265

   
1 1
com C ∈ R, em 0, ∪ , +∞ ;
e e

l) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (0, +∞) definida por

ϕ (t) = et , pelo que ϕ′ (t) = et e ϕ−1 (x) = ln x, tem-se

 
sen t t
P e = P sen t = − cos t,
et

e, portanto,
sen ln x
P = − cos ln x + C,
x

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

m) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (0, +∞) definida por

ϕ (t) = et , pelo que ϕ′ (t) = et e ϕ−1 (x) = ln x, tem-se

P sen tet = P et sen t .


 

Aplicando agora a primitivação por partes com u′ (t) = et e v (t) = sen t, pelo que

u (t) = et e v ′ (t) = cos t, tem-se

P et sen t = et sen t − P et cos t .


 

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (t) = et e v (t) = cos t, pelo que

u (t) = et e v ′ (t) = − sen t, tem-se

P et sen t = et sen t − P et cos t = et sen t − et cos t + P et sen t =


   

= et sen t − et cos t − P et sen t ,




isto é,

P et sen t = et sen t − et cos t − P et sen t ,


 
266 Primitivação

donde

2P et sen t = et sen t − et cos t,




ou ainda,
 et sen t − et cos t
P et sen t = ,
2

e, portanto,
x sen ln x − x cos ln x
P sen ln x = + C,
2

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

h π πi
n) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [−1, 1] −→ − , definida
2 2
1
por ϕ (t) = arcsen t, pelo que ϕ′ (t) = √ e ϕ−1 (x) = sen x, tem-se
1 − t2
t3
   
3 1
P t ×√ =P √ .
1 − t2 1 − t2
t
Aplicando a primitivação por partes com u′ (t) = √ e v (t) = t2 , pelo que
1 − t2

u (t) = − 1 − t2 e v ′ (x) = 2t, tem-se

t3 2
p  p  p q
P√ = −t2 1 − t2 + P 2t 1 − t2 = −t2 1 − t2 − (1 − t2 )3 ,
1−t 2 3

e, portanto,

2
p q
3 2 2
P sen x = − sen x 1 − sen x − (1 − sen2 x)3 + C =
3
2
q
2
(cos2 x)3 + C =

= − 1 − cos x cos x −
3
cos3 x
= − cos x + + C,
3

com C ∈ R, em R;

 π π
o) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ − , definida por
2 2
1
ϕ (t) = arctg t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = tg x, tem-se
1 + t2
1 + t2
 
1 1
P × 2
= P = ln |t| ,
t 1+t t
3.4 Exercı́cios resolvidos 267

e, portanto,
1 + tg2 x
P = ln |tg x| + C,
tg x
 

com C ∈ R, em R\ ,k ∈ Z ;
2

p) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [0, π] −→ [−1, 1] definida por

ϕ (t) = cos t, pelo que ϕ′ (t) = − sen t e ϕ−1 (x) = arccos x, tem-se
 
   
1 1 1
P   √  × (− sen t) = P
 × (− sen t) = P − = − ln |t| ,
1 − cos2 t t (sen t) t t

e, portanto,
1
P√ = − ln |arccos x| + C,
1− x2 arccos x

com C ∈ R, em (−1, 1) ;

q) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [0, π] −→ [−1, 1] definida por


1
ϕ (t) = arccotg t, pelo que ϕ′ (t) = − e ϕ−1 (x) = cotg x, tem-se
1 + t2
1 
 
t
e +   
t 1 t 1 t

P × − = −P e + = − e + ln |t| ,
 
1 1 + t2

t
1 + t2
e, portanto,
ecotg x + tg x
P = −ecotg x − ln |cotg x| + C,
sen2 x
 

com C ∈ R, em R\ ,k ∈ Z ;
2

r) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (−π, π) definida por


2 x
ϕ (t) = 2 arctg t, pelo que ϕ′ (t) = 2
e ϕ−1 (x) = tg , e sabendo que
1+t 2
x
2 tg
sen x = 2 = 2t ,
x 1 + t2
1 + tg2
2
268 Primitivação

tem-se  
1 2  1
P ×  = P = ln |t| ,

2t 1+t 2 t
1 + t2
e, portanto,
1 x
P = ln tg + C,
sen x 2

com C ∈ R, em R\ {kπ, k ∈ Z} ;

h π πi
s) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : − , −→ [−1, 1] definida por
2 2
ϕ (t) = sen t, pelo que ϕ′ (t) = cos t e ϕ−1 (x) = arcsen x, tem-se (pelo Exercı́cio 3.4.3 f ))

hp  i sen t cos t + t


P 1 − sen 2 t cos t = P cos2 t = ,
2

e, portanto,

p x cos arcsen x + arcsen x


P 1 − x2 = +C =
√ 2
x 1 − x2 + arcsen x
= + C,
2

com C ∈ R, em [−1, 1] ;

h π πi
t) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : − , −→ [−5, 5] definida por
2 2
x
ϕ (t) = 5 sen t, pelo que ϕ′ (t) = 5 cos t e ϕ−1 (x) = arcsen , tem-se
5
 
1
P √ (5 cos t) = P 1 = t,
25 − 25 sen 2 t

e, portanto,
1 x
P√ = arcsen + C,
25 − x 2 5

com C ∈ R, em (−5, 5) .
3.4 Exercı́cios resolvidos 269

3.4.5. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções racionais seguintes,

indicando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):

1 1 5 x
a) ; b) ; c) ; d) ;
1+x 1−x 2x + 4 1 + x2

1 x2 x3 x3
e) ; f) ; g) ; h) ;
1 + x2 1 + x2 1 + x2 x+1
1 1 x x+2
i) ; j) ; k) ; l) ;
x2 −4 x2 + 3x + 2 x2 + 3x + 2 x3 − x
1 1 x 1
m) ; n) ; o) ; p) ;
x (x + 2)2 x (x + 2)3 (x − 1) (x2 − 1) x4 + 5x2 + 4

x3 + 1 1 1 1
q) ; r) ; s) ; t) ;
x3 + x x4 −1 (x + 1) (x2 + 1) x4 + 8x2 + 16

1 1 x3 x+1
u) 3
; v) 2; w) ; x) ;
x −1 (x + 1) (x2 + 1) x2 − 3x + 2 x3 − 6x2 + 9x

1 x5
y) 3 2
; z) .
x +x −x−1 x2 − 4x + 4

Resolução:
1
a) P = ln |1 + x| + C, com C ∈ R, em R\ {−1} ;
1+x
 
1 −1
b) P = −P = − ln |1 − x| + C, com C ∈ R, em R\ {1} ;
1−x 1−x

5 5 2 5
c) P = P = ln |2x + 4| + C, com C ∈ R, em R\ {−2} ;
2x + 4 2 2x + 4 2

x 1 2x 1
d) P 2
= P 2
= ln 1 + x2 + C, com C ∈ R, em R;
1+x 2 1+x 2

1
e) P = arctg x + C, com C ∈ R, em R;
1 + x2

f ) Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios
x2 1
e obtém-se 2
=1− , pelo que
1+x 1 + x2
x2
 
1 1
P 2
=P 1− 2
= P1 − P = x − arctg x + C,
1+x 1+x 1 + x2
270 Primitivação

com C ∈ R, em R;

g) Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios
x3 x
e obtém-se 2
=x− , pelo que
1+x 1 + x2
x3
 
x x
P 2
= P x− 2
= Px − P =
1+x 1+x 1 + x2
x2 1 2x x2 1
= − P = − ln 1 + x2 + C,
2 2 1 + x2 2 2

com C ∈ R, em R;

h) Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios
x3 1
e obtém-se = x2 − x + 1 − , pelo que
1+x 1+x
x3 x3 x2
 
1
P = P x2 − x + 1 − = − + x − ln |1 + x| + C,
1+x 1+x 3 2

com C ∈ R, em R\ {−1} ;

i) Como

1 1 A B (A + B) x + 2A − 2B
= = + = ,
x2 − 4 (x − 2) (x + 2) x−2 x+2 x2 − 4

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


  1
(
A+B =0
(
A = −B A = −B  A=

4

⇔ ⇔ 1 ⇔
2A − 2B = 1 −2B − 2B = 1  B=− 1
B=−

4

4
donde
 
1 1 1 1 1
P 2 = P − = (ln |x − 2| − ln |x + 2|) + C,
x −4 4 x−2 x+2 4

com C ∈ R, em R\ {−2, 2} ;

j) Como

1 1 A B (A + B) x + 2A + B
= = + = ,
x2 + 3x + 2 (x + 1) (x + 2) x+1 x+2 x2 + 3x + 2
3.4 Exercı́cios resolvidos 271

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


( ( ( (
A+B =0 A = −B A = −B A=1
⇔ ⇔ ⇔
2A + B = 1 −2B + B = 1 B = −1 B = −1

donde
 
1 1 1
P 2 =P − = ln |x + 1| − ln |x + 2| + C,
x + 3x + 2 x+1 x+2

com C ∈ R, em R\ {−2, −1} ;

k) Como

x x A B (A + B) x + 2A + B
= = + = ,
x2 + 3x + 2 (x + 1) (x + 2) x+1 x+2 x2 + 3x + 2

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


( ( ( (
A+B =1 A=1−B A=1−B A = −1
⇔ ⇔ ⇔
2A + B = 0 2 − 2B + B = 0 B=2 B=2

donde
 
x −1 2
P 2 =P + = − ln |x + 1| + 2 ln |x + 2| + C,
x + 3x + 2 x+1 x+2

com C ∈ R, em R\ {−2, −1} ;

l) Como

x+2 x+2 x+2 A B C


= = = + + =
x3 − x 2
x (x − 1) x (x − 1) (x + 1) x x−1 x+1
(A + B + C) x2 + (B − C) x − A
= ,
x3 − x

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

A = −2
 

 −A = 2

 A = −2 
 A = −2 



 
 
 
 3
B−C =1 ⇔ B =1+C ⇔ B =1+C ⇔ B=
2
1
   
1
   
A+B+C =0 −2 + 1 + C + C = 0 C=
   
  C=

2 2
272 Primitivação

donde
3 1
 
x+2  −2 3 1
P 3 =P + 2 + 2  = −2 ln |x| + ln |x − 1| + ln |x + 1| + C,

x −x x x−1 x+1 2 2

com C ∈ R, em R\ {−1, 0, 1} ;

m) Como

1 A B C (A + B) x2 + (4A + 2B + C) x + 4A
= + + = ,
x (x + 2)2 x x + 2 (x + 2)2 x (x + 2)2

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


1

 
B = −A

 A=
A+B =0 4
 


 
 

1
  
4A + 2B + C = 0 ⇔ 4A − 2A + C = 0 ⇔ B=−
4
 A= 1

 
 

4A = 1 1
  

4

 C=−

2
donde
1 1 1
 
1 4 4 2  1 1 1
P 2 = P x − x+2 − 2  = 4 ln |x| − 4 ln |x + 2| + 2 (x + 2) + C,
x (x + 2) (x + 2)

com C ∈ R, em R\ {−2, 0} ;

n) Como

1 A B C D
= + + + =
x (x + 2)3 x x + 2 (x + 2) 2
(x + 2)3
(A + B) x3 + (6A + 4B + C) x2 + (12A + 4B + 2C + D) x + 8A
= ,
x (x + 2)3

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


1


 A=

 A+B =0



 8

 
 1
 B=−
 
6A + 4B + C = 0
 
8


12A + 4B + 2C + D = 0 1
 C=−

 



 
 4
8A = 1
 

 D = −1



2
3.4 Exercı́cios resolvidos 273

donde
1 1 1 1
 
1
P = P 8 − 8 − 4 − 2 =
 
x (x + 2)3 x x + 2 (x + 2)2 (x + 2)3

1 1 1 1
= ln |x| − ln |x + 2| + + + C,
8 8 4 (x + 2) 4 (x + 2)2

com C ∈ R, em R\ {−2, 0} ;

o) Como

x x A B C
= 2 = + 2 + x+1 =
(x − 1) (x2 − 1) (x − 1) (x + 1) x − 1 (x − 1)
2
(A + C) x + (B − 2C) x − A + B + C
= ,
(x − 1) (x2 − 1)

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

1

  
 A=
A+C =0 A = −C 4



 
 

1
  
B − 2C = 1 ⇔ B = 1 + 2C ⇔ B=

 
 
 2
−A + B + C = 0 C + 1 + 2C + C = 0 1
  


 C=−

4
donde
1 1 1
 
x
P = P 4 + 2 − 4 =
 
(x − 1) (x2 − 1) x − 1 (x − 1)2 x + 1

1 1 1
= ln |x − 1| − − ln |x + 1| + C,
4 2 (x − 1) 4

com C ∈ R, em R\ {−1, 1} ;

p) Como

1 1 Ax + B Cx + D
= = 2 + 2 =
x4 + 5x2 + 4 (x2 2
+ 1) (x + 4) x +1 x +4
(A + C) x3 + (B + D) x2 + (4A + C) x + 4B + D
= ,
x4 + 5x2 + 4
274 Primitivação

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

A=0

 
A+C =0 A = −C


  

 
 
 1
 B=
  
 B+D =0
  B = −D
 
3
⇔ ⇔


 4A + C = 0 

 −4C + C = 0 

 C=0
  
 D = −1
  
4B + D = 1 −4D + D = 1
  

3
donde
1 1
 
1  1 1 1 1
P = P  23 − 23  = P 2 − P 2 =

x4 + 5x2 + 4 x +1 x +4 3 x +1 3 x +4

1
1 1 1 1 x
= arctg x − P  22 = arctg x − arctg + C,
3 6 x 3 6 2
+1
2
com C ∈ R, em R;

q) Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios
x3 + 1 x−1
e obtém-se 3
=1− 3 , pelo que
x +x x +x
x3 + 1
 
x−1 x−1
P 3 =P 1− 3 =x−P 3 .
x +x x +x x +x
x−1
Determinemos agora P . Como
x3 + x
x−1 x−1 A Bx + C (A + B) x2 + Cx + A
= = + = ,
x3 + x x (x2 + 1) x x2 + 1 x3 + x

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


 

 A+B =0 
 A = −1
 
C=1 ⇔ B=1

 

A = −1 C=1
 

donde
 
x−1 1 x+1 1 x 1
P = P − + 2 = −P + P 2 +P 2 =
x3 + x x x +1 x x +1 x +1
1 2x 1
+ arctg x = − ln |x| + ln x2 + 1 + arctg x.

= − ln |x| + P 2
2 x +1 2
3.4 Exercı́cios resolvidos 275

Portanto,
x3 + 1 1
= x + ln |x| − ln x2 + 1 − arctg x + C,

P 3
x +x 2
com C ∈ R, em R\ {0} ;

r) Como

1 1 1
= = =
x4 −1 (x2 2
− 1) (x + 1) (x − 1) (x + 1) (x2 + 1)
A B Cx + D
= + + 2 =
x−1 x+1 x +1
(A + B + C) x3 + (A − B + D) x2 + (A + B − C) x + A − B − D
= ,
x4 − 1

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


1

 
 A=
A+B+C =0 4



 

 B = −1

 

 A−B+D =0
 
⇔ 4
 A+B−C =0

  C=0



 

A−B−D =1 1
 


 D=−

2
donde
1 1 1
 
1
P 4 = P  4 − 4 − 22  =
 
x −1 x−1 x+1 x +1

1 1 1
= ln |x − 1| − ln |x + 1| − arctg x + C,
4 4 2

com C ∈ R, em R\ {−1, 1} ;

s) Como

1 A Bx + C (A + B) x2 + (B + C) x + A + C
2
= + 2 = ,
(x + 1) (x + 1) x+1 x +1 (x + 1) (x2 + 1)

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


 A= 1

  
A+B =0 A = −B 2



 
 

1
  
B+C =0 ⇔ C = −B ⇔ B=−

 
 
 2
A+C =1 −B − B = 1 1
  


 C=

2
276 Primitivação

donde
1 1 1
 
1 x−
P = P  2 − 22 2=
 
(x + 1) (x2 + 1) x+1 x +1

1 1 1 x 1 1
= P − P 2 + P 2 =
2 x+1 2 x +1 2 x +1
1 1 2x 1
= ln |x + 1| − P 2 + arctg x =
2 4 x +1 2
1 1  1
= ln |x + 1| − ln x2 + 1 + arctg x + C,
2 4 2

com C ∈ R, em R\ {−1} ;

t) Como

1 x2 + 4 − x2
   
1 1 1 4
= = = =
x + 8x2 + 16
4
(x2 + 4)2 4 (x2 + 4)2 4 (x2 + 4)2
 2
x2 x2
  
1 x +4 1 1
= − = − ,
4 (x2 + 4)2 (x2 + 4)2 4 x2 + 4 (x2 + 4)2

tem-se que

x2 x2
 
1 1 1 1 1 1
P 4 = P − = P 2 − P .
2
x + 8x + 16 4 x2 + 4 (x2 + 4)2 4 x + 4 4 (x2 + 4)2
1 x2
Determinemos agora P e P . Com efeito, para a primeira primitiva
x2 + 4 (x2 + 4)2
tem-se
1
1 1 1 1 1 x
P 2 = P  2 = P  22 = arctg
x +4 4 x 2 x 2 2
+1 +1
2 2
x
e, para a segunda primitiva, aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = e
(x2 + 4)2
1
v (x) = x, pelo que u (x) = − e v ′ (x) = 1, tem-se
2 (x2 + 4)
x2 x 1 x 1 x
P 2 =− +P =− + arctg .
(x2 + 4) 2 (x2+ 4) 2
2 (x + 4) 2
2 (x + 4) 4 2

Portanto,

1 1 x x 1 x
P = arctg + − arctg + C =
x4 + 8x2 + 16 8 2
2 8 (x + 4) 16 2
1 x x
= arctg + + C,
16 2 8 (x2 + 4)
3.4 Exercı́cios resolvidos 277

com C ∈ R, em R;

u) Como

1 1 A Bx + C
= = + 2 =
x3 −1 2
(x − 1) (x + x + 1) x−1 x +x+1
(A + B) x2 + (A − B + C) x + A − C
= ,
x3 − 1

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

1

   
 A=
A+B =0 B = −A B = −A 3



 
 
 

1
   
A−B+C =0 ⇔ A−B+C =0 ⇔ A+A−1+A=0 ⇔ B=−

 
 
 
 3
A−C =1 C = −1 + A C = −1 + A 2
   


 C=−

3
donde
1 1 2
 
1 x+
P = P  3 − 23 3 
=

x3 −1 x−1 x +x+1

1 1 1 x 2 1
= P − P 2 − P 2 =
3 x−1 3 x +x+1 3 x +x+1
1 1 2x 2 1
= ln |x − 1| − P 2 − P 2 =
3 6 x +x+1 3 x +x+1
1 1 2x + 1 − 1 2 1
= ln |x − 1| − P 2 − P 2 =
3 6 x +x+1 3 x +x+1
1 1 2x + 1 3 1
= ln |x − 1| − P 2 − P 2 =
3 6 x +x+1 6 x +x+1
1 1  1 1
= ln |x − 1| − ln x2 + x + 1 − P 2 .
3 6 2 x +x+1

1
Determinemos agora P . Como
x2 +x+1

1 1 1 4 1
P = P = P =
x2 +x+1 3 4 1
2
3 2

1 2

4 3 x+ 2 +1 √ x+ +1
3 2
√ 2
√   
4 3 3 2 2 1
= × P = √ arctg √ x+ ,
3 2 1 2 3 3 2
 
2
√ x+ +1
3 2
278 Primitivação

resulta que
  
1 1 1 2
 1 2 1
P = ln |x − 1| − ln x + x + 1 − √ arctg √ x + + C,
x3 − 1 3 6 3 3 2

com C ∈ R, em R\ {1} ;

v) Como

1 A Bx + C Dx + E
2 + 2
= + =
(x + 1) (x2 + 1) x+1 x +1 (x2 + 1)2
(A + B) x4 + (B + C) x3 + (2A + B + C + D) x2 + (B + C + D + E) x + A + C + E
= ,
(x + 1) (x2 + 1)2

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


1

 A=
4


 
A+B =0

1
 

 

 
 B=−
B+C =0 4

 


 

1
 
2A + B + C + D = 0 ⇔ C=

 
 4
B+C +D+E =0 1

 

 

 
 D=−
2
 
A+C +E =1
 


1


 E=

2
donde
1 1 1 1 1
 
1 x− x−
P = P  4 − 42 4 − 2 2 =

(x + 1) (x2 + 1)2 x+1 x +1 (x + 1)2
2

1 1 1 x 1 1 1 x 1 1
= P − P 2 + P 2 − P 2 + P =
4 x + 1 4 x + 1 4 x + 1 2 (x2 + 1) 2 (x2 + 1)2
1 1 2x 1 1 2x 1 1
= ln |x + 1| − P 2 + arctg x − P 2 + P =
4 8 x +1 4 4 (x + 1)
2 2 (x + 1)2
2

1 1  1 1 1 1
= ln |x + 1| − ln x2 + 1 + arctg x + + P .
4 8 4 4 (x + 1) 2 (x2 + 1)2
2

1
Determinemos agora P . Como
(x2 + 1)2

1 x2 + 1 − x2 x2 + 1 x2 1 x2
= = − = − ,
(x2 + 1)2 (x2 + 1)2 (x2 + 1)2 (x2 + 1)2 x2 + 1 (x2 + 1)2
3.4 Exercı́cios resolvidos 279

tem-se que

x2 x2
 
1 1 1
P =P − =P − P ,
(x2 + 1)2 x2 + 1 (x2 + 1)2 x2 + 1 (x2 + 1)2
1 x2
pelo que temos de determinar P e P . Com efeito, para a primeira primitiva
x2 + 1 (x2 + 1)2
tem-se
1
P = arctg x
x2 + 1
x
e, para a segunda primitiva, aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = e
(x2 + 1)2
1
v (x) = x, pelo que u (x) = − e v ′ (x) = 1, tem-se
2 (x2 + 1)
x2 x 1 x 1
P 2 =− +P =− + arctg x,
(x2 + 1) 2 (x2 + 1) 2
2 (x + 1) 2
2 (x + 1) 2

donde
 
1 x 1
P = arctg x − − + arctg x =
(x2 + 1)2 2
2 (x + 1) 2
1 x
= arctg x + 2
.
2 2 (x + 1)

Portanto,

1 1 1 1 1 1 1
ln x2 + 1 +

P 2 = ln |x + 1| − arctg x + + P =
(x + 1) (x2 + 1) 4 8 4 4 (x2 + 1) 2 (x2 + 1)2
1 1 1 1 x
ln x2 + 1 +

= ln |x + 1| − arctg x + 2
+ 2
+ C,
4 8 2 4 (x + 1) 4 (x + 1)

com C ∈ R, em R\ {−1} ;

w) Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios
x3 7x − 6
e obtém-se =x+3+ 2 , pelo que
x2
− 3x + 2 x − 3x + 2
x3 x2
 
7x − 6 7x − 6
P 2 =P x+3+ 2 = + 3x + P 2 .
x − 3x + 2 x − 3x + 2 2 x − 3x + 2
7x − 6
Determinemos agora P . Como
x2 − 3x + 2
7x − 6 7x − 6 A B (A + B) x − 2A − B
= = + = ,
x2 − 3x + 2 (x − 1) (x − 2) x−1 x−2 x2 − 3x + 2
280 Primitivação

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


( (
A+B =7 A = −1

−2A − B = −6 B=8

donde
 
7x − 6 −1 8
P 2 =P + = − ln |x − 1| + 8 ln |x − 2| .
x − 3x + 2 x−1 x−2

Portanto,

x3 x2
P = + 3x − ln |x − 1| + 8 ln |x − 2| + C,
x2 − 3x + 2 2

com C ∈ R, em R\ {1, 2} ;

x) Como

x+1 x+1 x+1


= = =
x3 − 6x2 + 9x x (x2− 6x + 9) x (x − 3)2
A B C
= + + =
x x − 3 (x − 3)2
(A + B) x2 + (−6A − 3B + C) x + 9A
= ,
x3 − 6x2 + 9x

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


1

 
B = −A

 A=
A+B =0 9
 


 
 

1
  
−6A − 3B + C = 1 ⇔ −6A + 3A + C = 1 ⇔ B=−
9
 A= 1

 
 

9A = 1 4
  

9

 C=

3
donde
1 1 4
 
x+1
P = P 9 − 9 + 3 =
 
x3 − 6x2 + 9x x x − 3 (x − 3)2

1 1 4
= ln |x| − ln |x − 3| − + C,
9 9 3 (x − 3)

com C ∈ R, em R\ {0, 3} ;
3.4 Exercı́cios resolvidos 281

y) Como

1 1 1
= = =
x3 + x2 −x−1 (x −1) (x2
+ 2x + 1) (x − 1) (x + 1)2
A B C
= + + =
x − 1 x + 1 (x + 1)2
(A + B) x2 + (2A + C) x + A − B − C
= ,
x3 + x2 − x − 1

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


1

  
 A=
A+B =0 B = −A 4



 
 

1
  
2A + C = 0 ⇔ C = −2A ⇔ B=−

 
 
 4
A−B−C =1 A + A + 2A = 1 1
  


 C=−

2
donde
1 1 1
 
1
P = P 4 − 4 − 2 =
 
x3 + x2−x−1 x − 1 x + 1 (x + 1) 2

1 1 1
= ln |x − 1| − ln |x + 1| + + C,
4 4 2 (x + 1)

com C ∈ R, em R\ {−1, 1} ;

z) Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios
x5 80x − 128
e obtém-se = x3 + 4x2 + 12x + 32 + 2 , pelo que
x2 − 4x + 4 x − 4x + 4
x5
 
80x − 128
P 2 = P x3 + 4x2 + 12x + 32 + 2 =
x − 4x + 4 x − 4x + 4
x4 4x3 x 1
= + + 6x2 + 32x + 80P 2 − 128P 2 =
4 3 x − 4x + 4 x − 4x + 4
x4 4x3 80 2x 1
= + + 6x2 + 32x + P 2 − 128P 2 =
4 3 2 x − 4x + 4 x − 4x + 4
x4 4x3 2x − 4 + 4 1
= + + 6x2 + 32x + 40P 2 − 128P 2 =
4 3 x − 4x + 4 x − 4x + 4
x4 4x3 2x − 4 1
= + + 6x2 + 32x + 40P 2 + 32P 2 =
4 3 x − 4x + 4 x − 4x + 4
x4 4x3 1
= + + 6x2 + 32x + 40 ln x2 − 4x + 4 + 32P =
4 3 (x − 2)2
x4 4x3 32
= + + 6x2 + 32x + 40 ln x2 − 4x + 4 − + C,
4 3 x−2
282 Primitivação

com C ∈ R, em R\ {2} .

3.4.6. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):

ex sen ln x 1 1
a) ; b) ; c) ; d) ;
1 + e2x x x2 + 2x + 5 x (x2 + x + 3)

x arctg 2x2

arccos x 1
e) √ ; f) ; g) x2 e2x ; h) ;
1 − x2 sen2 x cos2 x 1 + 4x4

x3 + 1 1 x−8
i) ; j) ; k) ln (xex ) ; l) ;
x−2 9 − x2 x3 − 4x2 + 4x

4
x sen ln (3x) 5
m) √ ; n) ; o) ; p) x2 cos (2x) ;
x+4 x 2x x3 − x2 + 4x − 4

1 ln4 x x
s) ex+e ; t) x ln 2 − 3x2 ;

q) √ ; r) ;
1+ x x

(arctg x)5 1 cos x 1 + tg2 x


u) ; v) ; w) ; x) ;
1 + x2 2 tg x + tg3 x
p
x 1 − ln2 x 1 + sen x

x ex
y) √ √ ; z) .
x− 4x 2 + 3e2x

Resolução:

a) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ R definida por


1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , tem-se
t

t 1
P 2
=P = arctg t,
(1 + t ) t 1 + t2

e, portanto,
ex
P = arctg ex + C,
1 + e2x

com C ∈ R, em R;

 
sen ln x 1
b) P =P sen ln x = − cos ln x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
x x
3.4 Exercı́cios resolvidos 283

1 1 1 1 1 1
c) P =P 2 = P 2 = P =
x2 + 2x + 5 4 4 x+1 2

(x + 1) + 4 (x + 1)
+1 +1
4 2
1  
1 2 1 x+1
= P = arctg + C, com C ∈ R, em R;
2 x+1 2 2 2

+1
2

d) Como

1 A Bx + C
= + 2 =
x (x2 + x + 3) x x +x+3
(A + B) x2 + (A + C) x + 3A
= ,
x (x2 + x + 3)

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

1

 
B = −A

 A=
A + B = 0 3
 


 
 

1
  
A+C =0 ⇔ C = −A ⇔ B=−
3
 A= 1

 
 

3A = 1 1
  

3

 C=−

3

donde

1 1 1
 
1 x+
P = P  3 − 23 3 
=

x (x2 + x + 3) x x +x+3

1 1 1 x 1 1
= P − P 2 − P 2 =
3 x 3 x +x+3 3 x +x+3
1 1 2x 1 1
= ln |x| − P 2 − P 2 =
3 6 x +x+3 3 x +x+3
1 1 2x + 1 − 1 1 1
= ln |x1| − P 2 − P =
3 6 x + x + 3 3 x2 + x + 3
1 1 2x + 1 1 1
= ln |x| − P 2 − P =
3 6 x + x + 3 6 x2 + x + 3
1 1  1 1
= ln |x| − ln x2 + x + 3 − P 2 .
3 6 6 x +x+3
284 Primitivação

1
Determinemos agora P . Como
x2 + x + 3
1 1 1 1
P = P = P =
x2 + x + 3 1
2
11 11 4

1 2

x+ + 4 11 x + 2 +1
2 4
√ 2

4 1 4 11 11
= P 2 = × P =
11 11 2 1 2
  
2 1 2
√ x+ +1 √ x+ +1
11 2 11 2
  
2 2 1
= √ arctg √ x+ ,
11 11 2

resulta que
  
1 1 1 2
 1 2 1
P = ln |x| − ln x + x + 3 − √ arctg √ x+ + C,
x (x2 + x + 3) 3 6 3 11 11 2

com C ∈ R, em R\ {0} ;

arccos2 x
 
arccos x −1
e) P √ = −P √ arccos x =− + C, com C ∈ R, em (−1, 1) ;
1 − x2 1 − x2 2

sen2 x + cos2 x sen2 x cos2 x


 
1
f) P =P =P + =
sen2 x cos2 x 2 2
sen x cos x
2 2 2
 sen x cos x sen x cos x
2
 
1 1 kπ
=P + = tg x−cotg x+C, com C ∈ R, em R\ ,k ∈ Z ;
cos2 x sen2 x 2

e2x
g) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = e2x e v(x) = x2 , pelo que u (x) =
2
e v ′ (x) = 2x, tem-se
e2x
P x2 e2x = x2 − P xe2x .
 
2

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = e2x e v (x) = x, pelo que
e2x
u (x) = e v ′ (x) = 1, tem-se
2
2x e2x 2x
 2x 

2 2x 2e 2x 2e e
 
P x e = x − P xe =x − x −P =
2 2 2 2
e2x e2x e2x e2x
 
1
= x2 −x + +C = x2 − x + + C,
2 2 4 2 2

com C ∈ R, em R;
3.4 Exercı́cios resolvidos 285

x arctg 2x2
    
x 2
 1 4x 2

h) P = P arctg 2x = P arctg 2x =
1 + 4x4 1 + (2x2)2 4 1 + (2x2 )2
arctg2 2x2
= + C, com C ∈ R, em R;
8

i) Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios
x3 + 1 9
e obtém-se = x2 + 2x + 4 + , pelo que
x−2 x−2

x3 + 1 x3
 
9
P =P x2 + 2x + 4 + = + x2 + 4x + 9 ln |x − 2| + C,
x−2 x−2 3

com C ∈ R, em R\ {2} ;

j) Como

1 1 1 A B (A + B) x + 3A − 3B
2
=− 2 =− = + = ,
9−x x −9 (x − 3) (x + 3) x−3 x+3 x2 − 9

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

  1
(
A+B =0
(
A = −B A = −B  A=−

6

⇔ ⇔ 1 ⇔
3A − 3B = −1 −3B − 3B = −1  B=  B=
 1
6 6

donde
1 1
 
1 − 1 1
P = P  6 + 6  = − ln |x − 3| + ln |x + 3| + C,
 
9−x 2 x−3 x+3 6 6

com C ∈ R, em R\ {−3, 3} ;

k) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = ln (xex ) , pelo que
ex + xex 1+x
u (x) = x e v ′ (x) = x
= , tem-se
xe x

x2
P ln (xex ) = x ln (xex ) − P (1 + x) = x ln (xex ) − x − + C,
2

com C ∈ R, em (0, +∞) ;


286 Primitivação

l) Como

x−8 x−8 x−8


= = =
x3 − 4x2 + 4x x (x2− 4x + 4) x (x − 2)2
A B C
= + + =
x x − 2 (x − 2)2
(A + B) x2 + (−4A − 2B + C) x + 4A
= ,
x3 − 4x2 + 4x

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


  

 A+B =0 
 B = −A 
 A = −2
  
−4A − 2B + C = 1 ⇔ −4A − 2B + C = 1 ⇔ B=2

 
 

4A = −8 A = −2 C = −3
  

donde
 
x−8 −2 2 3
P 3 = P + − =
x − 4x2 + 4x x x − 2 (x − 2)2
3
= −2 ln |x| + 2 ln |x − 2| + + C,
x−2

com C ∈ R, em R\ {0, 2} ;

m) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida

por ϕ (t) = t4 , pelo que ϕ′ (t) = 4t3 e ϕ−1 (x) = 4
x, tem-se

t4 t2
 
t
P × 4t3 = 4P = 4P .
t4 + 4t2 t4 + 4t2 t2 + 4

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
t2 4
obtém-se =1− 2 , pelo que
t2 + 4 t +4
t2
 
4 1
4P 2 = 4P 1 − 2 = 4t − 16P 2 =
t +4 t +4 t +4
1 1
= 4t − 16P  2  = 4t − 4P 2 =
t t
4 +1 +1
4 4
1
t
= 4t − 8P  22 = 4t − 8 arctg ,
t 2
+1
2
3.4 Exercı́cios resolvidos 287

e, portanto,
√ √
x
4 √ 4
x
P √ = 4 4 x − 8 arctg + C,
x+4 x 2

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

   
sen ln (3x) 1 1 1 3 1
n) P = P sen ln (3x) = P sen ln (3x) = − cos ln (3x) + C, com
2x 2 x 2 3x 2
C ∈ R, em (0, +∞) ;

o) Como

5 1 A Bx + C
= = + 2 =
x3 − x2 + 4x − 4 (x − 1) (x2 + 4) x−1 x +4
(A + B) x2 + (−B + C) x + 4A − C
= ,
x3 − x2 + 4x − 4

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


  

 A+B =0 
 A = −B 
 A=1
  
−B + C = 0 ⇔ C=B ⇔ B = −1

 
 

4A − C = 5 −4B − B = 5 C = −1
  

donde

 
5 1 x+1 x+1
P 3 = P − = ln |x − 1| − P 2 =
x − x2 + 4x − 4 x − 1 x2 + 4 x +4
x 1
= ln |x − 1| − P 2 −P 2 =
x +4 x +4
1 2x 1
= ln |x − 1| − P 2 −P  2 =
2 x +4 x
4 +1
4
1
1 1
ln |x − 1| − ln x2 + 4 − P  22

= =
2 2 x
+1
2
1 2
 1 x
= ln |x − 1| − ln x + 4 − arctg + C,
2 2 2

com C ∈ R, em R\ {1} ;
288 Primitivação

p) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = cos (2x) e v (x) = x2 , pelo que
sen (2x)
u (x) = e v ′ (x) = 2x, tem-se
2
 x2 sen (2x)
P x2 cos (2x) =

− P [x sen (2x)] .
2

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = sen (2x) e v (x) = x, pelo
cos (2x)
que u (x) = − e v ′ (x) = 1, tem-se
2
x2 sen (2x)
P x2 cos (2x) =
 
− P [x sen (2x)] =
2
x2 sen (2x)
 
x cos (2x) cos (2x)
= − − +P =
2 2 2
x2 sen (2x) x cos (2x) sen (2x)
= + − + C,
2 2 4

com C ∈ R, em R;

q) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida

por ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se
 
1 t
P × 2t = 2P .
1+t t+1

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
t 1
obtém-se =1− , pelo que
t+1 t+1
 
t 1 1
2P = 2P 1 − = 2t − 2P = 2t − 2 ln |t + 1| ,
t+1 t+1 t+1

e, portanto,
1 √ √
P √ = 2 x − 2 ln x + 1 + C,
1+ x

com C ∈ R, em [0, +∞) ;

ln4 x ln5 x
 
1 4
r) P =P ln x = + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
x x 5

x x x
s) P ex+e = P ex ee = ee + C, com C ∈ R, em R;

3.4 Exercı́cios resolvidos 289

t) Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = x e v (x) = ln 2 − 3x2 , pelo que


x2 6x
u (x) = e v ′ (x) = − , tem-se
2 2 − 3x2
 x2 3x3
P x ln 2 − 3x2 = ln 2 − 3x2 + P
 
.
2 2 − 3x2

Como a função a primitivar se trata de uma função racional imprópria faz-se uma
3x3 2x
divisão de polinómios e obtém-se = −x + , pelo que
2 − 3x2 2 − 3x2
x2 3x3
P x ln 2 − 3x2 ln 2 − 3x2 + P
  
= =
2 2 − 3x2
x2
 
2x
ln 2 − 3x2 + P −x +

= =
2 2 − 3x2
x2 2x
ln 2 − 3x2 − P x + P

= =
2 2 − 3x2
x2  x2 1
 
2 −6x
= ln 2 − 3x − − P =
2 2 3 2 − 3x2
x2  x2 1
ln 2 − 3x2 − − ln 2 − 3x2 + C,

=
2 2 3
r r !
2 2
com C ∈ R, em − , ;
3 3

(arctg x)5 arctg6 x


 
1
u) P =P arctg5 x = + C, com C ∈ R, em R;
1 + x2 1 + x2 6
1  
1 x 1
v) P p =Pp = arcsen ln x + C, com C ∈ R, em ,e ;
x 1 − ln2 x 1 − ln2 x e
 
cos x 3
w) P = ln |1 + sen x| + C, com C ∈ R, em R\ π + 2kπ, k ∈ Z ;
1 + sen x 2
 π π
x) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ − , definida por
2 2
1
ϕ (t) = arctg t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = tg x, tem-se
1 + t2
1 + t2
 
1 1
P 3
× 2
=P .
2t + t 1+t 2t + t3

Como
1 1 A Bt + C (A + B) t2 + Ct + 2A
= = + = ,
2t + t3 t (t2 + 2) t t2 + 2 2t + t3
290 Primitivação

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

  1

A + B = 0 A = −B  A=
2
 
 


 
 

C=0 ⇔ C = 0 ⇔ 1
B = −


 A= 1

 
 2
2A = 1
  

2

C=0

donde
1 1
 
1 t
 1 1
P = P  2 − 2 2  = ln |t| − ln t2 + 2 ,

2t + t 3 t t +2 2 4

e, portanto,
1 + tg2 x 1 1
P = ln |tg x| − ln tg2 x + 2 + C,
2 tg x + tg3 x 2 4
n π o 
com C ∈ R, em R\ + kπ, k ∈ Z ∪ {kπ, k ∈ Z} ;
2

y) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida

por ϕ (t) = t4 , pelo que ϕ′ (t) = 4t3 e ϕ−1 (x) = 4
x, tem-se

t2 t5 t4
 
P × 4t3 = 4P = 4P .
t2 − t t2 − t t−1

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
t4 1
obtém-se = t3 + t2 + t + 1 + , pelo que
t−1 t−1

t4
 4
t3 t2
  
3 2 1 t
4P = 4P t + t + t + 1 + =4 + + + t + ln |t − 1| ,
t−1 t−1 4 3 2

e, portanto,

√ √
4 √ !
x x x3 x √ √
P√ √ = 4 + + + 4 x + ln 4 x − 1 + C =
x− 4x 4 3 2

4
4 x3 √ √ √
= x+ + 2 x + 4 4 x + 4 ln 4 x − 1 + C,
3

com C ∈ R, em (0, 1) ∪ (1, +∞) ;


3.4 Exercı́cios resolvidos 291

z) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ R definida por


1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , tem-se
t

t 1 1 1 1
P = P =P  2
= P !2 =
(2 + 3t2 ) t 2 + 3t 2 3t 2 r
3
2 1+ 1+ t
2 2
r
r 3 √ r !
1 2 2 6 3
= P !2 = arctg t ,
2 3 r
3 6 2
1+ t
2

e, portanto,
√ r !
ex 6 3 x
P = arctg e + C,
2 + 3e2x 6 2

com C ∈ R, em R.

3.4.7. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):



3
x+2 1 1
a) √ ; b) √ ; c) ;
1− 3x+2 x x2 + 3x − 4 1 + sen x
cos x x 1
d) ; e) √ ; f) ;
sen3 x − 6 sen2 x + 8 sen x 4 − x2 cos x
√3
sen x ex x2
g) ; h) ; i) √ √ ;
1 + sen x + cos x e2x − 6ex + 9 x + x5
6

ln3 x
j) .
x 1 + ln2 x

Resolução:

a) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ R definida por



ϕ (t) = t3 − 2, pelo que ϕ′ (t) = 3t2 e ϕ−1 (x) = 3
x + 2, tem-se

t3
 
t
P × 3t2 = −3P .
1−t t−1
292 Primitivação

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
t3 1
obtém-se = t2 + t + 1 + , pelo que
t−1 t−1
t3
 3
t2
  
2 1 t
−3P = −3P t + t + 1 + = −3 + + t + ln |t − 1| ,
t−1 t−1 3 2

e, portanto,


 q 
3
x+2 x+2
3
(x + 2)2 √
3

3
P √
3
= −3  + + x + 2 + ln x + 2 − 1  + C,
1− x+2 3 2

com C ∈ R, em R\ {−1} ;

b) Aplicando a primitivação por substituição com a terceira substituição indicada na


√ p
Secção 3.3.4, isto é, com x2 + 3x − 4 = (x + 4) (x − 1) = (x + 4) t, tem-se
2
r
1 + 4t ′ 10t −1 x−1
x = ϕ (t) = 2
, pelo que ϕ (t) = 2 e t = ϕ (x) = ,e
1−t (1 − t2 ) x+4
 
 1 10t  2 2
P
 1 + 4t2 5t (1 − t2 )2  = P 1 + 4t2 = P 1 + (2t)2 = arctg (2t) ,

1 − t2 1 − t2
e, portanto,
r !
1 x−1
P √ = arctg 2 + C,
x x2 + 3x − 4 x+4

com C ∈ R, em (−∞, −4) ∪ (1, +∞) ;

c) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (−π, π) definida por


2 x
ϕ (t) = 2 arctg t, pelo que ϕ′ (t) = 2
e ϕ−1 (x) = tg , e sabendo que
1+t 2
x
2 tg
sen x = 2 = 2t ,
2 x 1 + t2
1 + tg
2
tem-se  
1 2  2 2 2
P × =P 2 =P =− ,

2t 1+t 2 t + 2t + 1 (t + 1) 2 t+1
1+
1 + t2
3.4 Exercı́cios resolvidos 293

e, portanto,
1 2
P =− x + C,
1 + sen x tg + 1
2
 

com C ∈ R, em R\ + 2kπ, k ∈ Z ;
2
h π πi
d) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [−1, 1] −→ − , definida por
2 2
1
ϕ (t) = arcsen t, pelo que ϕ′ (t) = √ e ϕ−1 (x) = sen x, tem-se
1 − t2
√ !
1 − t2 1 1
P 3 2
×√ =P 3 .
t − 6t + 8t 1−t 2 t − 6t2 + 8t

Como

1 1 A B C
= = + + =
t3 − 6t2 + 8t t (t − 2) (t − 4) t t−2 t−4
(A + B + C) t2 + (−6A − 4B − 2C) t + 8A
= ,
t3 − 6t2 + 8t

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se

1

 
 A=
A + B + C = 0 8



 

1
 
−6A − 4B − 2C = 0 ⇔ B=−

 
 4
8A = 1 1
 


 C=

8

donde
1 1 1
 
1  1 1 1
P 3 = P  8 − 4 + 8  = ln |t| − ln |t − 2| + ln |t − 4| ,

2
t − 6t + 8t t t−2 t−4 8 4 8

e, portanto,

cos x 1 1 1
P = ln |sen x| − ln |sen x − 2| + ln |sen x − 4| + C,
sen3 x 2
− 6 sen x + 8 sen x 8 4 8

com C ∈ R, em R\ {kπ, k ∈ Z} ;
294 Primitivação

h π πi
e) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : − , −→ [−2, 2] definida por
2 2
x
ϕ (t) = 2 sen t, pelo que ϕ′ (t) = 2 cos t e ϕ−1 (x) = arcsen , tem-se
2
 
2 sen t
P √ (2 cos t) = P (2 sen t) = −2 cos t,
4 − 4 sen 2 t

e, portanto,
x x p
P√ = −2 cos arcsen + C = − 4 − x2 + C,
4 − x2 2

com C ∈ R, em (−2, 2) ;

f ) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (−π, π) definida por


2 x
ϕ (t) = 2 arctg t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = tg , e sabendo que
1 + t2 2
x
1 − tg2 2
cos x = 2 = 1−t ,
x 1 + t2
1 + tg2
2
tem-se  
 1 2 
P ×  = P 2 = −2P 1 .
 1 − t2 1 + t2  1 − t2 t2 − 1
1+t 2

Como

1 1 A B (A + B) t + A − B
= = + = ,
t2 −1 (t − 1) (t + 1) t−1 t+1 t2 − 1

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


  1
(
A+B =0 A = −B  A=

2

⇔ ⇔
A−B =1  B = −1  B = −1

2 2
donde
1 1
 
1
−2P 2 = −2P  2 − 2  = − ln |t − 1| + ln |t + 1| ,
 
t −1 t−1 t+1

e, portanto,
1 x x
P = − ln tg − 1 + ln tg + 1 + C,
cos x 2 2
3.4 Exercı́cios resolvidos 295

nπ o
com C ∈ R, em R\ + kπ, k ∈ Z ;
2

g) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (−π, π) definida por


2 x
ϕ (t) = 2 arctg t, pelo que ϕ′ (t) = 2
e ϕ−1 (x) = tg , e sabendo que
1+t 2
x x
2 tg 2t 1 − tg2 2
sen x = 2 = e cos x = 2 = 1−t ,
x 1 + t2 x 1 + t2
1 + tg2 1 + tg2
2 2
tem-se
   
2t 2t
 1 + t2 2   1 + t2 2 
P 2 × 2
 = P
2 2 × =
 2t 1−t 1+t   1 + t + 2t + 1 − t 1 + t2 
1+ +
1 + t2 1 + t2 1 + t2
 2t 
2 2  2t
= P 1+t × =P .

2t + 2 1+t 2 (t + 1) (1 + t2 )
1 + t2
Como

2t A Bt + C (A + B) t2 + (B + C) t + A + C
= + = ,
(t + 1) (1 + t2 ) t+1 1 + t2 (t + 1) (1 + t2 )

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


   

 A+B =0 
 B = −A 
 B = −A 
 A = −1
   
B+C =2 ⇔ B+C =2 ⇔ −A − A = 2 ⇔ B=1

 
 
 

A+C =0 C = −A C = −A C=1
   

donde
 
2t 1 t+1
P = P − + =
(t + 1) (1 + t2 ) t + 1 1 + t2
1 1 2t 1
= −P + P 2
+P =
t+1 2 1+t 1 + t2
1
= − ln |t + 1| + ln 1 + t2 + arctg t,
2

e, portanto,

sen x x 1 x x
P = − ln tg + 1 + ln 1 + tg2 + arctg tg + C =
1 + sen x + cos x 2 2 2 2
x 1 x x
= − ln tg + 1 + ln 1 + tg2 + + C,
2 2 2 2
296 Primitivação

  

com C ∈ R, em R\ {π + kπ, k ∈ Z} ∪ + kπ, k ∈ Z ;
2

h) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ R definida por


1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , tem-se
t

t 1 1 1
P =P 2 =P 2 =− ,
(t2 − 6t + 9) t t − 6t + 9 (t − 3) t−3

e, portanto,
ex 1
P 2x x
=− x + C,
e − 6e + 9 e −3

com C ∈ R, em R\ {ln 3} ;

i) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida

por ϕ (t) = t6 , pelo que ϕ′ (t) = 6t5 e ϕ−1 (x) = 6
x, tem-se

t4 t9 t6
 
P × 6t5 = 6P = 6P .
t3 + t5 t3 + t5 1 + t2

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
t6 1
obtém-se 2
= t4 − t2 + 1 − 2 , pelo que
1+t t +1

t6
 5
t3
  
4 2 1 t
6P 2 = 6P t − t + 1 − 2 =6 − + t − arctg t ,
t +1 t +1 5 3

e, portanto,

3

6

6
!
x2 x5 x3 √ √
P√ √
6
=6 − + 6 x − arctg 6 x + C,
x + x5 5 3

com C ∈ R, em (0, +∞) ;

j) Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ (0, +∞) definida por

ϕ (t) = et , pelo que ϕ′ (t) = et e ϕ−1 (x) = ln x, tem-se

t3 t3
 
P et =P .
et (1 + t2 ) 1 + t2
3.4 Exercı́cios resolvidos 297

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
t3 t
obtém-se 2
=t− 2 , pelo que
1+t t +1
t3 t2
 
t t
P 2
= P t − 2
= −P 2 =
1+t t +1 2 t +1
t2 1 2t t2 1
− ln t2 + 1 ,

= − P 2 =
2 2 t +1 2 2

e, portanto,
ln3 x ln2 x 1
− ln ln2 x + 1 + C,

P 2
 =
x 1 + ln x 2 2

com C ∈ R, em (0, +∞) .


298 Primitivação

3.5 Exercı́cios propostos

3.5.1. Uma função F (x) , definida num intervalo I de R, é primitiva de f (x) também

definida em I se

F ′ (x) = f (x) .

Mostre que:

a) Se F (x) é uma primitiva de f (x) em I e C é uma constante, então F (x) + C é

uma primitiva de f (x) em I.

b) Se F1 (x) e F2 (x) são duas primitivas de f (x) em I, então diferem de uma constante.

c) Se f (x) tem primitiva em I, então Cf (x) tem primitiva em I, para qualquer C ∈ R.

3.5.2. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):


√ √
r
2
3 x+3 x
a) x + 1 ; b) e ; c) 2x + ; d) x 3 2 − 3x2 ;
2

1 x x3
e) √ ; f) ; g) ; h) cotg x;
5
1 − 2x 1 + x2 1 + x8

(ln x)2 2x2 − 6x + 7


i) 23x+1 ; j) ; k) √ ; l) ex sen ex ;
x x

3 sen x 1 + cos2 x (arctg x)2 x


m) ; n) ; o) ; p) √ ;
(1 + cos x)2 1 + cos (2x) 1 + x2 1 − 2x4
x
ex
1
arctg 1
q) 2 ; r) e sen 2 x sen (2x) ; s) 2; t) ;
x 4 + x2 ex + e−x
√ √ 2
( x − 2 3 x) √ 1
q p
u) ; v) 3x 52x ; w) x x x; x) ;
x 7 + x2

4 + x2
y) √ ; z) cotg2 x.
16 − x4
3.5 Exercı́cios propostos 299

3.5.3. Determine, utilizando o método de primitivação por partes, uma ou mais pri-

mitivas de cada uma das funções seguintes, indicando um conjunto onde seja(m) válida(s)

essa(s) primitiva(s):
a) xex ; b) x2 ex ; c) x sen x;

d) x cos x; e) x2x ; f ) sen 2 x;

x5
g) ex sen x; h) arctg x; i) √ ;
4 + x3

j) x ln x; k) x cos x sen x; l) sen4 x;

m) ln x; n) ln2 x; o) sen ln x;

q) x2 + 1 ex+3 ; r) arccos2 x;

p) x cos (5x − 2) ;
 √  x2 x
s) ln x + 4 + x2 ; t) ; u) ;
(1 + x2 )2 cos2 x

v) sen x ln tg x.

3.5.4. Determine, utilizando o método de primitivação por substituição, uma ou

mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indicando um conjunto onde seja(m)

válida(s) essa(s) primitiva(s):


√ p √
1 arctg x 1+ x
a) x ; b) √ ; c) √ ; d) cos3 x;
e + e−x x x

e2x √
x√1 ex sen x
e) 2x ; f) e ; g) √ ; h) √ ;
e +1 x 4 − e2x x

x ln x 1 cos ln x
i) √ ; j) √ ; k) √ ; l) ;
1+x x 1 + ln x 1− x2 arcsen x x

etg x + cotg x ln (2x)


m) ; n) .
cos2 x x ln (4x)
300 Primitivação

3.5.5. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções racionais seguintes,

indicando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):


x2 2x x3
a) ; b) ; c) ;
1 + x2 (x + 2) (x − 3) x−1

x2 1 x+2
d) ; e) ; f) ;
x2 − 1 x2 − 4x + 3 x2 − 4x + 4
x x x
g) ; h) ; i) ;
(x + 1) (x + 2)2 x2 + 2x + 3 (x + 1) (x2 − 1)

x2 + 1 1 x4
j) ; k) ; l) ;
x2 + x 2
x (x + 1) (x + 2) (x2 − 1)
5x − 3 x−8 1
m) 2; n) ; o) ;
(x2 + 5) x3 − 4x2 + 4x (x − 2) (x + 3)3
2

1 x4 2x3 + x2 + 5x + 1
p) ; q) ; r) ;
x + 2x2 + 1
4 1 − x4 (x2 + 3) (x2 − x + 1)

x5 − 2x2 + 3 1 x4 − x3 + 6x2 − 4x + 7
s) ; t) ; u) .
x2 − 4x + 4 3 2
x −x +x−1 (x − 1) (x2 + 2)2

3.5.6. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):


1 sen x sen x + sen3 x
a) ; b) ; c) ;
3 cos x + sen x + 5 sen x + cos x cos (2x)
cos x − sen x sen x 1
d) ; e) ; f) .
cos x + sen x 1 + cos x 7 cos x − 4 sen x + 8

3.5.7. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):



x 8 x2 + 3
a) √ ; b) √ ; c) √ ;
1+ x x2 − 9 9 − x2

x−1 √ 1
d) √
3
; e) a2 + x2 , com a > 0; f) √ √ .
x−1−1 x+ 4x
3.5 Exercı́cios propostos 301

3.5.8. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):


sen arctg x
a) x5 ; b) sen 3 x; c) tg (3x) ; d) ;
1 + x2

x3
r
cos (arcsen x) 1 x−1
e) √ ; f) ; g) ; h) ;
1 − x2 sen 2 x x4 + 1 x+2
ecotg x

7 1 4x + 3 x
i) ; j) x ; k) 2 ; l) √ √ ;
2x + 3 e −1 x − 5x + 6 x− 4x
5x + 2 x arccos x 3
m) ; n) √ ; o) .
x2 + 2x + 8 1 − x2 (x − 5)5

3.5.9. Determine uma ou mais primitivas de cada uma das funções seguintes, indi-

cando um conjunto onde seja(m) válida(s) essa(s) primitiva(s):


√ √ 1
a) (ln x)3 ; b) x sen x; c) ;
3 + 2 cos x

e2x + 2ex x+2 1 + tg2 x


d) ; e) ; f) ;
e3x + 2e2x + 5ex x − x2 − x − 2
3 2 tg x + tg3 x

2x + 5x 1 (ln x)3
g) ; h) ; i) ;
10x cos x + 2 sen x + 3 x
1 x+3
j) √ ; k) √ ; l) x arctg x;
x −x2 + 4x − 3 x2 + 2x + 2
1 1
m) x2 − 2x + 3 ln (x + 1) ;

n) √ ; o) ;
ex + ex x4 −1

√ e3x 1
p) arctg x; q) ; r) √ .
e2x +1 3x +
3
x2

3.5.10. Determine um intervalo I de R e uma função f : I −→ R que verifique:


1
a) f ′ (x) = 3x2 + , com f (1) = 2;
x
1
b) f ′′ (x) = 3x2 + , com f ′ (e) = 1 e f (1) = 2.
x
302 Primitivação

3.5.11. Determine uma primitiva da função f (x) = x2 sen x, cujo gráfico passa pelo
π 
ponto ,π .
2

8
3.5.12. Determine uma função f tal que f ′′ (x) = , f ′ (1) = −1 e
(x + 1)3
lim f (x) = 1.
x→+∞

3.5.13. Determine uma função F contı́nua em R, cuja derivada é definida em R\ {0}

por
 x2x

se x < 0,
F ′ (x) = cos x
 se x > 0.
1 + sen2 x

2e−x
3.5.14. Obtenha uma primitiva φ da função ϕ (x) = , definida no intervalo
1 − e2x
]0, +∞[ e tal que lim φ (x) = 1. É possı́vel obter uma primitiva Ψ de ϕ definida em
x→+∞

]−∞, 0[ e com limite finito quando x → −∞? Justifique a resposta.

3.5.15. Estabeleça a fórmula de recorrência seguinte:

1
P tgn x = tgn−1 x − P tgn−2 x, com n ≥ 2.
n−1

3.5.16. Determine a função-posição de uma partı́cula que se move com a velocidade

v (t) = cos (πt) ao longo do eixo dos xx, sabendo que em t = 0 a partı́cula tem coordenada

x = 4.

3.5.17. Um ponto percorre o eixo dos xx com aceleração 12 − 8t (m/s2 ) em cada

instante t. Sabendo que ocupava a posição x = 0 no instante t = 0 e tinha velocidade 0

nesse instante, calcule:

a) a sua velocidade no instante t = 2 segundos;

b) a sua posição no instante t = 3 segundos;


3.5 Exercı́cios propostos 303

c) a sua velocidade positiva máxima durante todo o movimento e o instante em que

essa velocidade foi atingida;

d) excluindo o instante inicial t = 0, o ponto esteve parado em mais algum instante?


304 Primitivação

3.6 Soluções dos exercı́cios propostos


x7 3x5
3.5.2. a) + + x3 + x + C, com C ∈ R, em R;
7 5

b) ex+3 + C, com C ∈ R, em R;

c) 2x3 + C, com C ∈ R, em [0, +∞) ;

1
q
3 4
d) − (2 − 3x2 ) + C, com C ∈ R, em R;
8
 
5 1
q
5 4
e) − (1 − 2x) + C, com C ∈ R, em R\ ;
8 2

1
ln 1 + x2 + C, com C ∈ R, em R;

f)
2
1
arctg x4 + C, com C ∈ R, em R;

g)
4

h) ln |sen x| + C, com C ∈ R, em R\ {kπ, k ∈ Z} ;

1 3x+1
i) 2 + C, com C ∈ R, em R;
3 ln 2
3
(ln x)
j) + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
3
4√ 5 √ √
k) x − 4 x3 + 14 x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
5

l) − cos ex + C, com C ∈ R, em R;

3
m) + C, com C ∈ R, em R\ {π + 2kπ, k ∈ Z} ;
1 + cos x
1 nπ o
n) (tg x + x) + C, com C ∈ R, em R\ + kπ, k ∈ Z ;
2 2
3
(arctg x)
o) + C, com C ∈ R, em R;
3

 
1 1 1
p) √ arcsen 2x2 + C, com C ∈ R, em

−√
4
,√
4
;
2 2 2 2
1
q) −e x + C, com C ∈ R, em R\ {0} ;
2
r) esen x
+ C, com C ∈ R, em R;

1 x 2
s) arctg + C, com C ∈ R, em R;
4 2

t) arctg (ex ) + C, com C ∈ R, em R;


3.6 Soluções dos exercı́cios propostos 305

24 √
6

3
3.5.2. u) x − x5 + 6 x2 + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
5
75x
v) + C, com C ∈ R, em R;
ln 75
8 √8
w) x15 + C, com C ∈ R, em [0, +∞) ;
15

7 x
x) arctg √ + C, com C ∈ R, em R;
7 7
x
y) arcsen + C, com C ∈ R, em (−2, 2) ;
2

z) − cotg x − x + C, com C ∈ R, em R\ {kπ, k ∈ Z} .

3.5.3. a) (x − 1) ex + C, com C ∈ R, em R;

b) x2 − 2x + 2 ex + C, com C ∈ R, em R;


c) −x cos x + sen x + C, com C ∈ R, em R;

d) x sen x + cos x + C, com C ∈ R, em R;

2x
 
1
e) x− + C, com C ∈ R, em R;
ln 2 ln 2

− sen x cos x + x
f) + C, com C ∈ R, em R;
2
ex sen x − ex cos x
g) + C, com C ∈ R, em R;
2
1
ln x2 + 1 + C, com C ∈ R, em R;

h) x arctg x −
2
2 √ 4 √
q
3
i) x3 4 + x3 −

(4 + x3 ) + C, com C ∈ R, em − 3 4, +∞ ;
3 9

x2 x2
j) ln x − + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
2 4
x cos 2x sen 2x
k) − + + C, com C ∈ R, em R;
4 8
1 3 3
l) − cos x sen3 x − sen x cos x + x + C, com C ∈ R, em R;
4 8 8

m) x ln x − x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;

n) x ln2 x − 2x ln x + 2x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;

x sen ln x − x cos ln x
o) + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
2
306 Primitivação

1 1
3.5.3. p) x sen (5x − 2) + cos (5x − 2) + C, com C ∈ R, em R;
5 25

q) ex+3 x2 − 2x + 3 + C, com C ∈ R, em R;



r) x arccos2 x − 2 1 − x2 arccos x − 2x + C, com C ∈ R, em [−1, 1] ;
√  √
s) x ln x + 4 + x2 − 4 + x2 + C, com C ∈ R, em R;

x 1
t) − 2
+ arctg x + C, com C ∈ R, em R;
2 (1 + x ) 2
nπ o
u) x tg x + ln |cos x| + C, com C ∈ R, em R\ + kπ, k ∈ Z ;
2
 π
v) − cos x ln tg x − ln |cosec x + cotg x| + C, com C ∈ R, em 0, .
2

3.5.4. a) arctg (ex ) + C, com C ∈ R, em R;


√ √
b) 2 x arctg x − ln (1 + x) + C, com C ∈ R, em [0, +∞) ;

4 √ 3
q
c) (1 + x) + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
3
1
d) sen x − sen3 x + C, com C ∈ R, em R;
3
1
ln e2x + 1 + C, com C ∈ R, em R;

e)
2

x
f) 2 e + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;

ex
g) arcsen + C, com C ∈ R, em (−∞, ln 2) ;
2

h) −2 cos x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;

2
q
3 √
i) (1 + x) − 2 1 + x + C, com C ∈ R, em (−1, +∞) ;
3

 
2 1
q
3
j) (1 + ln x) − 2 1 + ln x + C, com C ∈ R, em , +∞ ;
3 e

k) ln |arcsen x| + C, com C ∈ R, em (−1, 0) ∪ (0, 1) ;

l) sen ln x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;


 

m) etg x + ln |tg x| + C, com C ∈ R, em R\ ,k ∈ Z ;
2

n) ln (2x) − ln 2 ln |ln (4x)| + C, com C ∈ R, em (0, +∞) .


3.6 Soluções dos exercı́cios propostos 307

3.5.5. a) x − arctg x + C, com C ∈ R, em R;

4 6
b) ln |x + 2| + ln |x − 3| + C, com C ∈ R, em R\ {−2, 3} ;
5 5

x3 x2
c) + + x + ln |x − 1| + C, com C ∈ R, em R\ {1} ;
3 2
1 x−1
d) x + ln + C, com C ∈ R, em R\ {−1, 1} ;
2 x+1

1 x−3
e) ln + C, com C ∈ R, em R\ {1, 3} ;
2 x−1

4
f ) ln |x − 2| − + C, com C ∈ R, em R\ {2} ;
x−2

x+2 2
g) ln − + C, com C ∈ R, em R\ {−2, −1} ;
x+1 x+2
√  
1 2
 2 x+1
h) ln x + 2x + 3 − arctg √ + C, com C ∈ R, em R;
2 2 2

1 x−1 1
i) ln − + C, com C ∈ R, em R\ {−1, 1} ;
4 x+1 2 (x + 1)

j) x + ln |x| − 2 ln |x + 1| + C, com C ∈ R, em R\ {−1, 0} ;

1
ln x2 + 1 + C, com C ∈ R, em R\ {0} ;

k) ln |x| −
2

x2 16 1 1
l) − 2x + ln |x + 2| − ln |x + 1| + ln |x − 1| + C, com C ∈ R, em R\ {−2, −1, 1} ;
2 3 2 6

5 3x 3 5 x
m) − − − arctg √ + C, com C ∈ R, em R;
2 (x2 + 5) 10 (x2 + 5) 50 5

x−2 3
n) 2 ln + + C, com C ∈ R, em R\ {0, 2} ;
x x−2

3 x+3 1 2 1
o) ln − − − + C, com C ∈ R, em R\ {−3, 2} ;
625 x−2 125 (x − 2) 125 (x + 3) 50 (x + 3)2

1 x
p) arctg x + + C, com C ∈ R, em R;
2 2 (1 + x2 )

1 1 1+x
q) −x + arctg x + ln + C, com C ∈ R, em R\ {−1, 1} ;
2 4 1−x
√ √  
3 x 2
 2 3 2x − 1
r) arctg √ + ln x − x + 1 + arctg √ + C, com C ∈ R, em R;
3 3 3 3

x4 4 27
s) + x3 + 6x2 + 30x + 72 ln |x − 2| − + C, com C ∈ R, em R\ {2} ;
4 3 x−2
308 Primitivação

1 1  1
3.5.5. t) ln |x − 1| − ln x2 + 1 − arctg x + C, com C ∈ R, em R\ {1} ;
2 4 2

5 2 x x+2
u) ln |x − 1| − arctg √ − + C, com C ∈ R, em R\ {1} .
8 2 4 (x2 + 2)

  
2 2 x 1
3.5.6. a) √ arctg √ tg + + C, com C ∈ R, em R\ {π + 2kπ, k ∈ Z} ;
15 15 2 2
 
1 3
b) (x − ln |sen x + cos x|) + C, com C ∈ R, em R\ π + kπ, k ∈ Z ;
2 4
√  
1 3 2 cos x − 1 π kπ
c) cos x − √ ln √ + C, com C ∈ R, em R\ + ,k ∈ Z ;
2 4 2 2 cos x + 1 4 2
 
3
d) ln |sen x + cos x| + C, com C ∈ R, em R\ π + kπ, k ∈ Z ;
4

e) − ln |1 + cos x| + C, com C ∈ R, em R\ {π + 2kπ, k ∈ Z} ;


x
tg − 5
f ) ln 2 + C, com C ∈ R, em R\ {2 arctg 3, 2 arctg 5} .
x
tg − 3
2

√ √
3.5.7. a) x − 2 x + 2 ln |1 + x| + C, com C ∈ R, em [0, +∞) ;

3 3
b) 8 ln tg arccos + sec arccos + C, com C ∈ R, em (−∞, −3) ∪ (3, +∞) ;
x x

15 x x√
c) arcsen − 9 − x2 + C, com C ∈ R, em (−3, 3) ;
2 3 2

66
q
7 66
q
5
q
6 3 √ 6
x−1−1
d) (x − 1) + (x − 1) + 2 (x − 1) + 6 6 x − 1 + 3 ln √ + C,
7 5 6
x−1+1
C ∈ R, em (1, +∞) \ {2} ;

1 √ 2 √
x a + x2 + a2 ln x + a2 + x2 + C, com C ∈ R, em R;

e)
2

4 √ √
f ) 2 x2 − 4 4 x + ln | 4 x + 1| + C, com C ∈ R, em (0, +∞) .

x6
3.5.8. a) + C, com C ∈ R, em R;
6

cos3 x
b) − cos x + + C, com C ∈ R, em R;
3
 
1 π kπ
c) − ln |cos 3x| + C, com C ∈ R, em R\ + ,k ∈ Z ;
3 6 3

d) − cos (arctg x) + C, com C ∈ R, em R;


3.6 Soluções dos exercı́cios propostos 309

3.5.8. e) x + C, com C ∈ R, em (−1, 1) ;

f ) −ecotg x + C, com C ∈ R, em R\ {kπ, k ∈ Z} ;

1
ln x4 + 1 + C, com C ∈ R, em R;

g)
4
r
x−1
 
1−
3 x+2 1 1 
h)  ln r + r − r  + C, com C ∈ R,
2  x−1 x−1 x−1
1+ 1− 1+
x+2 x+2 x+2
em (−∞, −2) ∪ [1, +∞) ;
 
7 3
i) ln |2x + 3| + C, com C ∈ R, em R\ − ;
2 2

ex − 1
j) ln + C, com C ∈ R, em R\ {0} ;
ex

k) 15 ln |x − 3| − 11 ln |x − 2| + C, com C ∈ R, em R\ {2, 3} ;

4√4

4 √ √
l) x + x3 + 2 x2 + 4 4 x + 4 ln | 4 x − 1| + C, com C ∈ R, em (0, 1) ∪ (1, +∞) ;
3
√  
5 2
 3 7 x+1
m) ln x + 2x + 8 − arctg √ + C, com C ∈ R, em R;
2 7 7

n) − 1 − x2 arccos x − x + C, com C ∈ R, em (−1, 1) ;

3
o) − 4 + C, com C ∈ R, em R\ {5} .
4 (x − 5)

3.5.9. a) x ln3 x − 3x ln2 x + 6x ln x − 6x + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;


√ √ √ √
b) −2x cos x + 4 x sen x + 4 cos x + C, com C ∈ R, em [0, +∞) ;
√  
2 5 1 x
c) arctg √ tg + C, com C ∈ R, em R\ {π + 2kπ, k ∈ Z} ;
5 5 2

ex + 1
 
2 1 3
x − ln e2x + 2ex + 5 +

d) arctg + C, com C ∈ R, em R;
5 5 10 2
√  
4 2  2 3 2x + 1
e) ln |x − 2| − ln x2 + x + 1 − arctg √ + C, com C ∈ R, em R\ {2} ;
7 7 7 3
 
1 1 kπ
ln |tg x| − ln tg 2 x + 2 + C, com C ∈ R, em R\

f) ,k ∈ Z ;
2 4 2

5−x 2−x
g) − − + C, com C ∈ R, em R;
ln 5 ln 2
 x 
h) arctg tg + 1 + C, com C ∈ R, em R\ {π + 2kπ, k ∈ Z} ;
2
310 Primitivação

ln4 x
3.5.9. i) + C, com C ∈ R, em (0, +∞) ;
4
√ !
2 √ −x2 + 4x − 3
j) − √ arctg 3 + C, com C ∈ R, em (1, 3) ;
3 x−3

√ √
 
1 1
k) x2 + 2x + 2 − x − 4 ln x2 + 2x + 2 − x − 1 + √ + C,
2 2
x + 2x + 2 − x − 1
com C ∈ R, em R;

x2 1 x
l) arctg x + arctg x − + C, com C ∈ R, em R;
2 2 2
 3
1 x3
  
x
m) − x2 + 3x ln (x + 1) − − 2x2 + 13x − 13 ln |x + 1| + C,
3 3 3
com C ∈ R, em (−1, +∞) ;

√ 2
n) −x + 2 ln ex + 1 − √ x + C, com C ∈ R, em R;
e

1 1 x−1
o) − arctg x + ln + C, com C ∈ R, em R\ {−1, 1} ;
2 4 x+1
√ √ √
p) x arctg x− x + arctg x + C, com C ∈ R, em [0, +∞) ;

q) ex − arctg (ex ) + C, com C ∈ R, em R;


 
1
r) ln |3 3 x + 1| + C, com C ∈ R, em R\ − , 0 .
27

3.5.10. a) f (x) = x3 + ln x + 1, em (0, +∞) ;

x4 11
b) f (x) = + x ln x − x − e3 x + e3 + , em (0, +∞) .
4 4

4
3.5.11. F (x) = −x2 cos x + 2x sen x + 2 cos x. 3.5.12. f (x) = + 1.
x+1
 x  
2 1
 ln 2 x − ln 2 + C1 se x ≤ 0,



3.5.13. F (x) =
 1
 arctg sen x − 2 + C1 se x > 0.


(ln 2)

2 1 + ex 1
3.5.14. φ (x) = − + ln + 1. 3.5.16. x (t) = sen (πt) + 4.
ex 1 − ex π

3
3.5.17. a) 8 m/s; b) 18; c) 9 m/s e t= ; d) t = 3.
2
Capı́tulo 4

Cálculo integral em R

O cálculo integral é, na realidade, mais antigo do que o cálculo diferencial, o cálculo de

áreas e volumes ocupou, desde a antiguidade, grandes matemáticos: Arquimédes, Kepler,

Cavalieri, Viviani, Fermat, Gregorius Saint-Vincent, Guldin, Gregory, Barrow. O ponto

de viragem deu-se quando Newton, Leibniz e Bernoulli descobriram, independentemente,

que a integração é a operação inversa da derivação. O sı́mbolo de integral deve-se a Leibniz

(1686) e o termo “integral” a Bernoulli (1690). Contudo a apresentação sistemática da

teoria do integral só viria a ser feita com todo o rigor, com Riemann, no século XIX.

Neste capı́tulo começamos por introduzir a teoria do integral de Riemann para funções

limitadas definidas em intervalos limitados, fechados e não degenerados de R. Na Secção

4.2, introduzimos os conceitos de somas inferior e superior de Darboux, de integral inferior

e superior e estudamos algumas das suas propriedades.

Na Secção 4.3, enunciamos e demonstramos algumas propriedades do integral de Rie-

mann e na secção seguinte estudamos duas classes de funções muito importantes que são

Riemann-integráveis: as contı́nuas e as monótonas. Na Secção 4.5, mostramos como a in-

tegração é a operação inversa da derivação e apresentamos os teoremas mais importantes

do cálculo integral. Finalmente, e à semelhança do que foi feito para os capı́tulos anterio-

res, terminamos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de exercı́cios propostos e
311
312 Cálculo integral em R

respectivas soluções.

4.1 Integral de Riemann: motivação geométrica e definições

O integral de uma função f não negativa num intervalo [a, b] de R, com a < b, pode

interpretar-se intuitivamente como sendo a área da figura plana limitada pelas rectas

verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f, isto é, a área da região do

plano definida por

(x, y) ∈ R2 : a ≤ x ≤ b ∧ 0 ≤ y ≤ f (x) ,


ver Figura 4.1.

a b x

Figura 4.1: Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a
e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f.

Para determinarmos a área desta região, começamos por decompor o intervalo [a, b] em

n subintervalos [xi−1 , xi ] , com i = 1, . . . , n, determinados pelos pontos

a = x0 < x1 < . . . < xn = b e em cada um dos subintervalos escolhemos ξ i ∈ [xi−1 , xi ] .

Agora consideramos a soma das áreas dos rectângulos de base [xi−1 , xi ] e altura f (ξ i ) ,
4.1 Integral de Riemann: motivação geométrica e definições 313

dada por
n
X
S= f (ξ i ) (xi − xi−1 ) ,
i=1

ver Figura 4.2.

a b x

Figura 4.2: Representação geométrica dos rectângulos de base [xi−1 , xi ] e altura f (ξ i ) , na


figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico
de f.

O valor de S representa uma aproximação da área pretendida (por defeito ou por

excesso). No entanto, se considerarmos subintervalos [xi−1 , xi ] com amplitudes cada vez

menores, vemos que S se vai aproximando da área procurada, ver Figuras 4.3 e 4.4. Esta

é a ideia subjacente à noção de integral de f, a qual permitirá definir rigorosamente a

área da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo

gráfico de f.

Definição 4.1.1 Seja [a, b] um intervalo limitado e fechado de R, com a < b. Chama-

-se partição ou decomposição de [a, b] ao conjunto P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} , onde

a = x0 < x1 < . . . < xn = b, ver Figura 4.5. Aos elementos x0 , x1 , . . . , xn chama-se

vértices da partição, aos intervalos [xi−1 , xi ] chama-se intervalos da partição e à maior


314 Cálculo integral em R

a b x

Figura 4.3: Representação geométrica dos rectângulos de base [xi−1 , xi ] e altura f (ξ i ) , na


figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico
de f.

a b x

Figura 4.4: Representação geométrica dos rectângulos de base [xi−1 , xi ] e altura f (ξ i ) , na


figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico
de f.
4.1 Integral de Riemann: motivação geométrica e definições 315

das amplitudes destes intervalos chama-se o diâmetro da partição e representa-se por

|P | = max |xi − xi−1 | .


i=1,...,n

Dada uma partição P, chama-se escolha subordinada à partição P a um conjunto

E = {ξ 1 , . . . , ξ n } , onde ξ i ∈ [xi−1 , xi ] , com i = 1, . . . , n, e representa-se a subordinação

de E a P por E ≺ P.

a= x0 x1 x2 ... xi-1 xi ... xn-2 xn-1 b= xn

Figura 4.5: Representação geométrica de uma partição P do intervalo [a, b] .

Exemplo 4.1.2 Os conjuntos P1 = {0, 0.2, 0.5, 0.7, 0.9, 1} e P2 = {0, 0.3, 0.5, 1} são duas

partições do intervalo [0, 1] .

Definição 4.1.3 Seja f : [a, b] −→ R uma função definida no intervalo limitado e fechado

[a, b] , com a < b. Considere-se uma partição P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} de [a, b] e

escolha-se arbitrariamente um elemento ξ i ∈ [xi−1 , xi ] em cada um dos intervalos da

partição. Chama-se soma de Riemann relativa à função f no intervalo [a, b] e associada à

partição P e à escolha subordinada E = {ξ 1 , . . . , ξ n } à soma

n
X
S (f, P, E) = f (ξ i ) (xi − xi−1 ) . (4.1)
i=1

Observação 4.1.4 Tal como foi referido atrás, à medida que o diâmetro da partição P,

|P | , se aproxima de zero, a soma S (f, P, E) aproxima-se da área da região na Figura 4.1.

Definição 4.1.5 Seja f : [a, b] −→ R uma função definida no intervalo limitado e fechado

[a, b] , com a < b. Diz-se que f é Riemann-integrável ou R-integrável ou integrável à

Riemann sse existe um número real I satisfazendo a condição

para todo o δ > 0, existe ε > 0 tal que |S (f, P, E) − I| < δ para toda a partição
316 Cálculo integral em R

P de [a, b] tal que |P | < ε e qualquer que seja a escolha dos pontos ξ i ∈ [xi−1 , xi ] .

Simbolicamente, f diz-se Riemann-integrável sse

∃I ∈ R ∀δ > 0 ∃ε > 0 ∀P ∀E ≺ P : |P | < ε =⇒ |S (f, P, E) − I| < δ. (4.2)

Observação 4.1.6 Diz-se que I é o limite das somas de Riemann quando o diâmetro da

partição tende para zero, isto é,

I = lim S (f, P, E) .
|P |→0

Proposição 4.1.7 Seja f : [a, b] −→ R uma função Riemann-integrável em [a, b] , com

a < b. Então, o número I em (4.2) é único.

Demonstração: Ver, por exemplo, [JR]. 

Definição 4.1.8 Seja f : [a, b] −→ R uma função Riemann-integrável em [a, b] , com

a < b. Ao número I em (4.2) chama-se integral de Riemann ou integral definido de f


Z b
entre a e b e representa-se por f (x) dx.
a

A a e b chama-se extremos do integral, a [a, b] chama-se intervalo de integração, a f

chama-se função integranda e a x chama-se variável de integração.

O conjunto da funções Riemann-integráveis f : [a, b] −→ R representa-se por R ([a, b]) .

Definição 4.1.9 Seja f : [a, b] −→ R uma função Riemann-integrável em [a, b] , com

a < b, tal que f (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] . Define-se a área da figura plana limitada

pelas rectas verticais de equações x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f como

o número
Z b
A= f (x) dx.
a
4.2 Somas de Darboux 317

Terminamos esta secção com um resultado muito importante, que nos permite desen-

volver a teoria do integral de Riemann apenas para as funções limitadas. Comecemos

por notar que o conjunto das funções f : [a, b] −→ R limitadas em [a, b] , com a < b, é

representado por B ([a, b]) .

Teorema 4.1.10 Se f : [a, b] −→ R é uma função Riemann-integrável, então f é limi-

tada, isto é, R ([a, b]) ⊆ B ([a, b]) .

Demonstração: Ver, por exemplo, [MF 96] ou [JR]. 

Observação 4.1.11 Se toda a função Riemann-integrável é limitada, então podemos con-

siderar funções limitadas e utilizar este facto para definir novas somas: soma inferior de

Darboux e soma superior de Darboux.

4.2 Somas de Darboux

Definição 4.2.1 Seja f : [a, b] −→ R uma função limitada no intervalo limitado e fechado

[a, b] , com a < b, e considere-se uma qualquer partição P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} , com

a = x0 < x1 < . . . < xn = b. Chama-se soma inferior de Darboux relativa à função f no

intervalo [a, b] associada à partição P à soma


n
X
S (f, P ) = mi (xi − xi−1 ) ,
i=1

onde mi = inf f (x) , com i = 1, . . . , n, ver Figura 4.6.


x∈[xi−1 ,xi ]

Analogamente, chama-se soma superior de Darboux relativa à função f no intervalo

[a, b] associada à partição P à soma


n
X
S (f, P ) = Mi (xi − xi−1 ) ,
i=1

onde Mi = sup f (x) , com i = 1, . . . , n, ver Figura 4.7.


x∈[xi−1 ,xi ]
318 Cálculo integral em R

a b x

Figura 4.6: Representação geométrica da soma inferior de Darboux.

a b x

Figura 4.7: Representação geométrica da soma superior de Darboux.

Definição 4.2.2 O conjunto de todas as somas inferiores de Darboux

{S (f, P ) : P é partição de [a, b]}

representa-se por S e o conjunto de todas as somas superiores de Darboux


S (f, P ) : P é partição de [a, b]

representa-se por S.
4.2 Somas de Darboux 319

Observação 4.2.3 É imediato que S (f, P ) ≤ S (f, P ) para toda a partição P de [a, b] .

Com efeito, como mi = inf f ≤ sup f = Mi , tem-se


[xi−1 ,xi ] [xi−1 ,xi ]

n
X n
X
S (f, P ) = mi (xi − xi−1 ) ≤ Mi (xi − xi−1 ) = S (f, P ) .
i=1 i=1

Definição 4.2.4 Sejam P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} e P ′ = {a = y0 , y1 , . . . , yn = b}

duas partições de [a, b] . Diz-se que P ′ é mais fina do que P ou que P ′ é um refinamento

de P sse todo o vértice de P é um vértice de P ′ .

Observação 4.2.5 Dadas duas partições P e P ′ de [a, b] , existe sempre uma partição

mais fina do que P e P ′ . Com efeito, basta considerar Q = P ∪ P ′ formada pelos vértices

de P e de P ′ .

Por exemplo, considerando o intervalo [0, 1] e as duas partições P = {0, 0.2, 0.3, 0.5, 1}

e P = {0, 0.25, 0.5, 1} , tem-se que Q = P ∪ P ′ = {0, 0.2, 0.25, 0.3, 0.5, 1} é mais fina do

que P e P ′ .

Proposição 4.2.6 Seja f : [a, b] −→ R uma função limitada no intervalo limitado e

fechado [a, b] , com a < b. Se P e P ′ são duas partições do intervalo [a, b] tais que P ′ é

mais fina do que P, então

S f, P ′ ≥ S (f, P ) e S f, P ′ ≤ S (f, P ) .
 

Demonstração: A passagem de P a P ′ pode fazer-se por sucessivas adjunções de um

ponto. Portanto, basta demonstrar no caso em que P ′ tem mais um ponto do que P, isto

é, P ′ = P ∪ {x′ } . Consideremos a introdução do ponto x′ no intervalo [xi−1 , xi ] , com

xi−1 < xi .

Então, sendo assim, a parcela

mi (xi − xi−1 )
320 Cálculo integral em R

na soma inferior é substituı́da pela soma

m′i x′ − xi−1 + m′′i xi − x′ ,


 

onde

m′i = inf f (x) e m′′i = inf f (x) .


x∈[xi−1 ,x′ ] x∈[x′ ,xi ]

Ora,

m′i x′ − xi−1 + m′′i xi − x′ ≥ mi x′ − xi−1 + mi xi − x′ = mi (xi − xi−1 ) ,


   

pelo que

S f, P ′ ≥ S (f, P ) .


Analogamente para a outra desigualdade. 

Proposição 4.2.7 Seja f : [a, b] −→ R uma função limitada no intervalo limitado e

fechado [a, b] , com a < b. Se P1 e P2 são duas partições quaisquer do intervalo [a, b] ,

então

S (f, P1 ) ≤ S (f, P2 ) .

Demonstração: A demonstração desta proposição resulta facilmente da proposição an-

terior se observarmos que a partição P1 ∪ P2 é mais fina do que P1 e P2 e, portanto,

S (f, P1 ) ≤ S (f, P1 ∪ P2 ) ≤ S (f, P1 ∪ P2 ) ≤ S (f, P2 ) .

Observação 4.2.8 A proposição anterior significa, em particular, que o conjuntos das

somas inferiores de Darboux, S, é majorado e que o conjunto das somas superiores de

Darboux, S, é minorado, pelo que estes conjuntos têm supremo e ı́nfimo, respectivamente.
4.2 Somas de Darboux 321

Definição 4.2.9 Seja f : [a, b] −→ R uma função limitada no intervalo limitado e fechado

[a, b] de R, com a < b. Chama-se integral inferior de f em [a, b] , e representa-se por


Z b Z b
f (x) dx ou f, ao supremo, tomado relativamente a todas as partições P de [a, b] ,
a a
das somas inferiores, isto é,
Z b
f (x) dx = sup S = sup S (f, P ) .
a P
Z b
Analogamente, chama-se integral superior de f em [a, b] , e representa-se por f (x) dx
a
Z b
ou f, ao ı́nfimo, tomado relativamente a todas as partições P de [a, b] , das somas su-
a
periores, isto é,
Z b
f (x) dx = inf S = inf S (f, P ) .
a P

Teorema 4.2.10 Se f : [a, b] −→ R é uma função limitada no intervalo [a, b] , com a < b,

então
Z b Z b
f≤ f.
a a

Demonstração: Consequência da definição anterior e da proposição anterior. 

Exemplo 4.2.11 Seja f : [a, b] −→ R uma função definida por


(
1 se x ∈ [a, b] ∩ Q,
f (x) =
0 se x ∈ [a, b] ∩ (R\Q) .

Tomando uma partição qualquer P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} de [a, b] , tem-se que

mi = inf f (x) = 0 e Mi = sup f (x) = 1,


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]

pelo que
n
X n
X
S (f, P ) = mi (xi − xi−1 ) = 0 e S (f, P ) = Mi (xi − xi−1 ) = b − a
i=1 i=1

e, portanto,
Z b Z b
f (x) dx = 0 e f (x) dx = b − a.
a a
322 Cálculo integral em R

Exemplo 4.2.12 Seja f : [a, b] −→ R uma função definida por f (x) = C.

Tomando uma partição qualquer P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} de [a, b] , tem-se que

mi = inf f (x) = sup f (x) = Mi = C,


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]

pelo que

n
X n
X
S (f, P ) = mi (xi − xi−1 ) = Mi (xi − xi−1 ) = S (f, P ) = C (b − a)
i=1 i=1

e, portanto,
Z b Z b
f (x) dx = f (x) dx = C (b − a) .
a a

Para definirmos os integrais inferior e superior de f em [a, b] é suficiente que f seja


Z b Z b
limitada no intervalo [a, b] e em tal caso sabemos que f≤ f.
a a

Um resultado muito importante, cuja demonstração pode ser encontrada em [ELL 95],

[MF 96] ou [JR], que relaciona a noção de integral de Riemann com as de integral inferior

e superior de Darboux, é apresentado de seguida.

Teorema 4.2.13 Seja f : [a, b] −→ R uma função limitada em [a, b] , com a < b. Então,

as condições seguintes são equivalentes:


Z b Z b
i) f= f;
a a

ii) ∀δ > 0 ∃ε > 0 ∀P : |P | < ε =⇒ S (f, P ) − S (f, P ) < δ;

iii) ∀δ > 0 ∃P : S (f, P ) − S (f, P ) < δ;

iv) f é Riemann-integrável em [a, b] e tem-se

Z b Z b Z b
f= f= f.
a a a
4.3 Propriedades do integral de Riemann 323

Z b Z b
Observação 4.2.14 Resulta do teorema anterior que f= f sse f é Riemann-inte-
a a
grável em [a, b] e, neste caso, tem-se

Z b Z b Z b
f= f= f.
a a a

Teorema 4.2.15 (Critério de Riemann para a integrabilidade) Seja f : [a, b] −→ R

uma função limitada em [a, b] , com a < b. A função f é Riemann-integrável em [a, b] sse

para qualquer δ > 0, existe uma partição P de [a, b] tal que

S (f, P ) − S (f, P ) < δ.

Demonstração: Consequência imediata do teorema anterior. 

4.3 Propriedades do integral de Riemann

Vamos agora enunciar e demonstrar algumas propriedades do integral de Riemann.

Teorema 4.3.1 i) Se f e g são Riemann-integráveis em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b,

então f + g é Riemann-integrável em [a, b] e tem-se

Z b Z b Z b
(f + g) = f+ g.
a a a

ii) Se f é Riemann-integrável em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, e λ ∈ R, então λf é

Riemann-integrável em [a, b] e tem-se

Z b Z b
λf = λ f.
a a

Demonstração: Provemos a alı́nea i). Como, para cada i,

inf f (x) + inf g (x) ≤ inf [f (x) + g (x)]


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]
324 Cálculo integral em R

sup [f (x) + g (x)] ≤ sup f (x) + sup g (x)


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]

resulta que

S (f, P ) + S (g, P ) ≤ S (f + g, P ) ≤ S (f + g, P ) ≤ S (f, P ) + S (g, P )

para qualquer partição do intervalo [a, b] .

Seja δ > 0 arbitrário. Como f e g são Riemann-integráveis em [a, b] , então, pelo

Teorema 4.2.15, existem partições P1 e P2 de [a, b] tais que

δ δ
S (f, P1 ) − S (f, P1 ) < e S (g, P2 ) − S (g, P2 ) < .
2 2

Se considerarmos uma partição P mais fina do que P1 e P2 , tem-se

S (f + g, P ) ≤ S (f, P ) + S (g, P ) < S (f, P ) + S (g, P ) + δ ≤ S (f + g, P ) + δ, (4.3)

o que mostra que f + g é Riemann-integrável em [a, b] .

Para completarmos a demonstração de i), notemos que resulta de (4.3) que


Z b Z b
(f + g) ≤ S (f, P ) + S (g, P ) ≤ S (f + g, P ) + δ ≤ (f + g) + δ.
a a

Como δ > 0 é arbitrário, obtemos a igualdade em i).

Provemos agora a alı́nea ii). Se λ = 0, o resultado é trivial. Provemos o caso λ < 0,

deixando o caso λ > 0 como exercı́cio.

Seja P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} uma partição de [a, b] . Como λ < 0, tem-se

inf λf (x) = λ sup f (x) ,


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]

para i = 1, . . . , n. Multiplicando cada um dos termos da igualdade anterior por (xi − xi−1 )

e somando, obtemos

S (λf, P ) = λ S (f, P ) .
4.3 Propriedades do integral de Riemann 325

Portanto, como λ < 0, tem-se

Z b Z b
λf = sup S (λf, P ) = λ inf S (f, P ) = λ f.
P P a
a

Analogamente se mostra que

S (λf, P ) = λ S (f, P )

e, consequentemente, que

Z b Z b
λf = inf S (λf, P ) = λ sup S (f, P ) = λ f.
a P P a

Z b Z b
Como f é Riemann-integrável em [a, b] , então f= f, pelo que
a a

Z b Z b Z b Z b
λf = λ f =λ f= λf.
a a a a

Portanto, λf é Riemann-integrável em [a, b] e

Z b Z b
λf = λ f.
a a

Teorema 4.3.2 Se f e g são Riemann-integráveis em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, e

f (x) ≤ g (x) em [a, b] , então


Z b Z b
f≤ g.
a a

Em particular, se f é Riemann-integrável em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, e f (x) ≥ 0

em [a, b] , então
Z b
f ≥ 0.
a
326 Cálculo integral em R

Demonstração: Como f e g são Riemann-integráveis em [a, b] , tem-se


Z b Z b n
X
!
f = f = inf S (f, P ) = inf sup f (xi − xi−1 ) ≤
a a P P [xi−1 ,xi ]
i=1
n b
!
X Z Z b
≤ inf sup g (xi − xi−1 ) = g= g
P [xi−1 ,xi ] a a
i=1

Teorema 4.3.3 Se f é Riemann-integrável em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, e c ∈ (a, b) ,

então f é Riemann-integrável em [a, c] e em [c, b] e tem-se


Z b Z c Z b
f= f+ f.
a a c

Reciprocamente, se as restrições de f a [a, c] e [c, b] são Riemann-integráveis, então f

é Riemann-integrável em [a, b] e tem-se


Z b Z c Z b
f= f+ f.
a a c

Demonstração: Suponhamos que f é Riemann-integrável em [a, b] . Então, pelo Teorema

4.2.15, dado δ > 0, existe uma partição P de [a, b] tal que

S (f, P ) − S (f, P ) < δ.

Se P ′ = P ∪ {c} , então P ′ é um refinamento de P e, pela Proposição 4.2.6, tem-se que

S f, P ′ − S f, P ′ ≤ S (f, P ) − S (f, P ) < δ.


 
(4.4)

Tomando P1′ = P ′ ∩ [a, c] e P2′ = P ′ ∩ [c, b] , tem-se que

S f, P ′ = S f, P1′ + S f, P2′ e S f, P ′ = S f, P1′ + S f, P2′ .


     
(4.5)

Portanto, de (4.4) e (4.5), obtém-se

S f, P1′ − S f, P1′ + S f, P2′ − S f, P2′ < δ


     
(4.6)
4.3 Propriedades do integral de Riemann 327

e, como ambas as parcelas são não negativas, resulta que

S f, P1′ − S f, P1′ < δ e S f, P2′ − S f, P2′ < δ.


   
(4.7)

Como δ > 0 é arbitrário, tem-se, pelo Critério de Riemann para a integrabilidade, que

f é Riemann-integrável em [a, c] e em [c, b] .

Suponhamos agora que f é Riemann-integrável em [a, c] e em [c, b] . Então, dado δ > 0,

existem, pelo Critério de Riemann para a integrabilidade, partições P1 de [a, c] e P2 de

[c, b] tais que


δ δ
S (f, P1 ) − S (f, P1 ) < e S (f, P2 ) − S (f, P2 ) < .
2 2

Tomando P = P1 ∪ P2 , tem-se que

S f, P1′ + S f, P2′ − S f, P1′ + S f, P2′ =


     
S (f, P ) − S (f, P ) =

S f, P1′ − S f, P1′ + S f, P2′ − S f, P2′ <


     
=

< δ.

Como δ > 0 é arbitrário, tem-se, pelo Critério de Riemann para a integrabilidade, que

f é Riemann-integrável em [a, b] .

Provámos que f é Riemann-integrável em [a, b] sse f é Riemann-integrável em [a, c] e

em [c, b] . Para completarmos a demonstração só falta estabelecer a igualdade.

De (4.7) tem-se que


Z b
≤ S f, P ′ = S f, P1′ + S f, P2′ <
  
f
a
Z c Z b
′ ′
 
< S f, P1 + S f, P2 + 2δ ≤ f+ f + 2δ
a c

e também
Z c Z b
≤ S f, P1′ + S f, P2′ < S f, P1′ + S f, P2′ + 2δ =
   
f+ f
a c
Z b
= S f, P ′ + 2δ ≤

f + 2δ.
a
328 Cálculo integral em R

Como δ > 0 é arbitrário, obtém-se a igualdade. 

Teorema 4.3.4 Sejam f : [a, b] ⊆ R −→ R uma função Riemann-integrável em [a, b] ,

com a, b ∈ R e a < b, ϕ : [a′ , b′ ] ⊆ R −→ R uma função contı́nua em [a′ , b′ ] , com a′ , b′ ∈ R

e a′ < b′ , e f ([a, b]) ⊆ [a′ , b′ ] . Então, a função ϕ ◦ f : [a, b] −→ R é Riemann-integrável

em [a, b] .

Demonstração: Ver, por exemplo, [WR 76]. 

Teorema 4.3.5 Se f e g são Riemann-integráveis em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, então

f g é Riemann-integrável em [a, b] .

Demonstração: Considerando, no teorema anterior, ϕ (t) = t2 , tem-se que se f é

Riemann-integrável em [a, b] o mesmo acontece com f 2 , pois f 2 = ϕ ◦ f, pelo que (f + g)2

e g 2 também são Riemann-integráveis em [a, b] . Como

1h i
fg = (f + g)2 − f 2 − g 2 ,
2

aplicando o Teorema 4.3.1, tem-se que f g é Riemann-integrável em [a, b] . 

Teorema 4.3.6 Se f e g são Riemann-integráveis em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b,

f (x) ≥ 0 em [a, b] , Mg = supg e mg = inf g, então


[a,b] [a,b]

Z b Z b Z b
mg f≤ f g ≤ Mg f.
a a a

Demonstração: Comecemos por observar que

mg f ≤ f g ≤ Mg f

e, pelo teorema anterior, que f g é Riemann-integrável em [a, b] . O resultado obtém-se pela

aplicação dos Teoremas 4.3.1 e 4.3.2. 


4.3 Propriedades do integral de Riemann 329

Teorema 4.3.7 Se f e g são Riemann-integráveis em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, então

tem-se
Z b Z b  21 Z b  12
2 2
fg ≤ f g ,
a a a

chamada desigualdade de Cauchy-Schwarz.

Demonstração: Comecemos por observar que f 2 e g 2 são Riemann-integráveis em [a, b] .

Sendo λ ∈ R, tem-se
Z b Z b Z b Z b
2 2 2
(λf + g) = λ f + 2λ fg + g2,
a a a a

ou ainda,
Z b Z b Z b
λ2 f 2 + 2λ fg + g 2 ≥ 0, ∀λ ∈ R. (4.8)
a a a
Z b Z b
2
Se f = 0, então (4.8) implica f g = 0 e tem-se o resultado.
Za b a

Se f 2 > 0, então (4.8) implica que


a
Z b 2 Z b Z b
2
4 fg −4 f g 2 ≤ 0,
a a a

ou ainda,
Z b Z b  12 Z b  12
fg ≤ f2 g2 .
a a a

Teorema 4.3.8 Se f é Riemann-integrável em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, então |f | é

Riemann-integrável em [a, b] e tem-se


Z b Z b
f ≤ |f | .
a a

Em particular, se f é Riemann-integrável em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, e |f (x)| ≤ M

em [a, b] , então
Z b
f ≤ M (b − a) .
a
330 Cálculo integral em R

Demonstração: Considerando, no Teorema 4.3.4, ϕ (t) = |t| , tem-se que se f é Riemann-

-integrável em [a, b] o mesmo acontece com |f | , pois |f | = ϕ ◦ f. Por outro lado, como

− |f | ≤ f ≤ |f | ,

pela aplicação dos Teoremas 4.3.1 e 4.3.2, tem-se

Z b Z b Z b
− |f | ≤ f≤ |f | ,
a a a

ou seja,
Z b Z b
f ≤ |f | .
a a

Observação 4.3.9 i) As propriedades do Teorema 4.3.1, em conjunto, exprimem uma

propriedade do integral designada por linearidade.

ii) Mais geralmente, se f é Riemann-integrável em [a, b] , com a, b ∈ R e a < b, e

c1 , c2 , . . . , ck ∈ (a, b) tais que c1 < c2 < · · · < ck , então

Z b Z c1 Z c2 Z b
f= f+ f + ··· + f.
a a c1 ck

iii) A propriedade do Teorema 4.3.4 garante a existência de integral para uma vasta

classe de funções. O exemplo seguinte mostra que a hipótese de ϕ ser contı́nua é essencial,

isto é, a composição de funções integráveis não é necessariamente integrável.

Com efeito, consideremos a função f : [0, 1] −→ R, chamada função de Thomae,

definida por


 1 se x = 0,


f (x) = 0 se x ∈ [0, 1] ∩ (R\Q) ,
 1 m


se x = com m, n ∈ N e primos entre si,

n n
4.3 Propriedades do integral de Riemann 331

(ver Figura 4.8) que é integrável (ver [ELL 95]) e a função g : [0, 1] −→ R definida por
(
0 se x = 0,
g (x) =
1 se x ∈ (0, 1] ,

que é contı́nua em qualquer ponto do domı́nio excepto em zero e que é integrável em [0, 1]

(ver Teorema 4.4.4, Secção 4.4).

1
€€€€
2

1
€€€€
3

1
€€€€
7

1 1 1 2 6 1
€€€€ €€€€ €€€€ €€€€ €€€€
7 3 2 3 7

Figura 4.8: Gráfico da função de Thomae.

A função composta é dada por


(
1 se x ∈ [0, 1] ∩ Q,
(g ◦ f ) (x) =
0 se x ∈ [0, 1] ∩ (R\Q) ,

isto é, (g ◦ f ) (x) é a função de Dirichlet, que já vimos no Exemplo 4.2.11, que não é

integrável.

iv) A recı́proca do Teorema 4.3.8 não é verdadeira, isto é, existem funções f tais que

|f | é Riemann-integrável e f não é Riemann-integrável.

Com efeito, a função f : R −→ R definida por


(
−1 se x ∈ R\Q,
f (x) =
1 se x ∈ Q
332 Cálculo integral em R

Z 1 Z 1
não é Riemann-integrável em [0, 1] , pois f (x) dx = −1 e f (x) dx = 1, e, no entanto,
0 0
|f (x)| = 1, para qualquer x ∈ R, pelo que
Z 1 Z 1
|f (x)| dx = 1dx = 1.
0 0

A igualdade no Teorema 4.3.3 é válida se a < b < c e f é Riemann-integrável em

[a, b] . Para podermos estender esta igualdade tornando-a válida para quaisquer a, b, c ∈ R,

convencionamos
Z a Z b Z a
f =0e f =− f.
a a b

Teorema 4.3.10 Se a, b, c ∈ R e f é Riemann-integrável num intervalo que contenha os

pontos a, b e c, então
Z b Z c Z b
f= f+ f.
a a c

Demonstração: Se a < c < b, trata-se do Teorema 4.3.3.

Se a < b < c, então, pelo Teorema 4.3.3, tem-se


Z c Z b Z c Z b Z b
f= f+ f= f− f,
a a b a c

pelo que
Z b Z c Z b
f= f+ f.
a a c

Analogamente para os restantes casos. 

Observação 4.3.11 A extensão de notação feita neste teorema obriga a certas precauções

na interpretação dos enunciados de alguns teoremas. Por exemplo, nas condições do


Z a Z a
Teorema 4.3.2, se considerássemos os integrais da forma f e g a relação correcta
b b
seria
Z a Z a
g≤ f.
b b
4.4 Caracterização das funções integráveis 333

Z b Z b
Também a desigualdade no Teorema 4.3.8, f ≤ |f | se a < b, deixa de ser
a a
verdadeira se b < a, tendo-se, no entanto,
Z b Z b
f ≤ |f | .
a a

Com efeito,
Z b Z a Z a Z a Z b
f = − f = f ≤ |f | = |f | .
a b b b a

4.4 Caracterização das funções integráveis

Vamos agora demonstrar que duas classes de funções muito importantes são Riemann-

-integráveis: as contı́nuas e as monótonas.

Teorema 4.4.1 Se f é contı́nua em [a, b] , com a < b, então f é Riemann-integrável.

Demonstração: Pelo Teorema de Cantor (ver [SV 12a]), uma função contı́nua num in-

tervalo limitado e fechado é uniformemente contı́nua.

Portanto,

δ
∀δ > 0 ∃ε > 0 ∀x, y ∈ [a, b] : |x − y| < ε =⇒ |f (x) − f (y)| < .
b−a

Considerando uma partição P de [a, b] de diâmetro inferior a ε, isto é, xi − xi−1 < ε,
δ
para i = 1, . . . , n, tem-se Mi − mi < para i = 1, . . . , n, e, portanto,
b−a
n
X
S (f, P ) − S (f, P ) = (Mi − mi ) (xi − xi−1 ) <
i=1
n
δ X δ
< (xi − xi−1 ) = (b − a) = δ,
b−a b−a
i=1

onde mi = inf f (x) e Mi = sup f (x) . 


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]

Teorema 4.4.2 Se f é monótona em [a, b] , com a < b, então f é Riemann-integrável.


334 Cálculo integral em R

Demonstração: Suponhamos que f é monótona crescente. Se for monótona decrescente,

a demonstração é análoga.

Seja P uma partição qualquer de [a, b] . Como mi = inf f (x) = f (xi−1 ) e


x∈[xi−1 ,xi ]

Mi = sup f (x) = f (xi ) , tem-se


x∈[xi−1 ,xi ]

n
X
S (f, P ) − S (f, P ) = (Mi − mi ) (xi − xi−1 ) =
i=1
Xn
= [f (xi ) − f (xi−1 )] (xi − xi−1 ) ≤
i=1
Xn
≤ [f (xi ) − f (xi−1 )] |P | = [f (b) − f (a)] |P | ,
i=1

e para termos

S (f, P ) − S (f, P ) < δ

δ
basta que |P | < ε, com ε = . 
f (b) − f (a)

Exemplo 4.4.3 Seja f : [a, b] −→ R uma função definida por f (x) = x. Determinemos,
Z b Z b
usando a definição, f (x) dx, isto é, xdx.
a a

Como a função f (x) = x é contı́nua em [a, b] , então f é Riemann-integrável neste

intervalo.

Determinemos as somas de Riemann tendo em conta que a partição, ou sucessão de

partições, do intervalo [a, b] , se decomposto em n partes iguais, é dada por


 
b−a 2 (b − a) 3 (b − a) n (b − a)
a, a + ,a + ,a + ,...,a + e escolhendo ξ i ∈ [xi−1 , xi ]
n n n n
o extremo direito deste intervalo. Note-se ainda que o diâmetro da partição, ou da sucessão
b−a
de partições, é dado por |Pn | = e converge para zero, quando n → +∞.
n
4.4 Caracterização das funções integráveis 335

As somas de Riemann tomam então a forma


n
X n
X
S (f, Pn , En ) = f (ξ i ) (xi − xi−1 ) = f (xi ) (xi − xi−1 ) =
i=1 i=1
n    n   
X i (b − a) b−a X i (b − a) b−a
= f a+ = a+ =
n n n n
i=1 i=1
n n 2
b−aX (b − a) X (b − a) (b − a)2
= a+ i = na + (1 + 2 + · · · + n) =
n n2 n n2
i=1 i=1
2
(b − a) (1 + n) (b − a)2 (1 + n)
= (b − a) a + n = (b − a) a + .
n2 2 2n

Passando ao limite, quando n → +∞, obtém-se


b
(b − a)2 1 2
Z
b − a2 .

xdx = (b − a) a + =
a 2 2

Teorema 4.4.4 Seja f : [a, b] −→ R uma função limitada em [a, b] , com a < b, e contı́nua

em todos os pontos de [a, b] excepto num número finito de pontos. Então, f é Riemann-

-integrável em [a, b] .

Demonstração: Suponhamos em primeiro lugar o caso de f ser descontı́nua apenas no

ponto a.

Sejam δ > 0 qualquer, m = inf f (x) , M = sup f (x) e seja c um ponto de (a, b) tal
x∈[a,b] x∈[a,b]
δ
que c − a < (M > m por f ser descontı́nua em a).
2 (M − m)
Como f é Riemann-integrável em [c, b] , então, pelo Teorema 4.2.15, existe uma partição

P1 de [c, b] tal que


δ
S (f, P1 ) − S (f, P1 ) < .
2

Pondo P = {a} ∪ P1 , tem-se que P é uma partição de [a, b] , e considerando

m1 = inf f (x) e M1 = sup f (x) , tem-se


x∈[a,c] x∈[a,c]
 
S (f, P ) − S (f, P ) = (M1 − m1 ) (c − a) + S (f, P1 ) − S (f, P1 ) <
δ
< (M1 − m1 ) (c − a) + < δ,
2
336 Cálculo integral em R

o que prova que f é Riemann-integrável em [a, b] .

A integrabilidade de f em [a, b] no caso de f ser descontı́nua apenas no ponto b prova-se

de modo análogo.

Finalmente, se f tiver um número finito de pontos de descontinuidade em [a, b] , de-

compõe-se o intervalo [a, b] num número finito de subintervalos de modo que, em cada um

deles, a função f tenha apenas um ponto de descontinuidade num dos extremos. Portanto,

a função é Riemann-integrável em cada um dos subintervalos e, pelo Teorema 4.3.3, no

intervalo [a, b] . 

Exemplo 4.4.5 A função f : [−1, 1] −→ R definida por

 sen 1 se x 6= 0,

f (x) = x
0 se x = 0

é integrável em [−1, 1] , ver Figura 4.9.

Com efeito, a função f é limitada e descontı́nua apenas no ponto zero.

-1 1

-1

1
Figura 4.9: Gráfico da funçãof (x) = sen se x 6= 0 e f (0) = 0.
x

Observação 4.4.6 É possı́vel provar (é uma consequência do Teorema de Lesbegue) que

toda a função f : [a, b] −→ R limitada e com um número númerável de descontinuidades

é Riemann-integrável em [a, b] (ver, por exemplo, [ELL 95]).


4.4 Caracterização das funções integráveis 337

Por exemplo, a função f : [0, 1] −→ R definida por

 1 se x = 1 , com n ∈ N,

f (x) = n
0 nos restantes pontos de [0, 1]

é integrável.

Exemplo 4.4.7 Seja P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} , com a = x0 < x1 < · · · < xn = b,

uma partição do intervalo [a, b] . A função f : [a, b] −→ R, chamada função escada, definida

por
(
Ki se x ∈ (xi−1 , xi ) , i = 1, . . . , n,
f (x) =
Ci se x = xi , i = 0, . . . , n

é integrável, ver Figura 4.10.

Com efeito, a função f é limitada e tem um número finito de descontinuidades.

3 .
2
.
1
.
. .
1 2 3 4 5

Figura 4.10: Gráfico da função escada.

Observação 4.4.8 Sejam f, g : [a, b] −→ R são duas funções limitadas em [a, b] , com

a < b, que diferem apenas num subconjunto finito de [a, b] . Então, f é Riemann-integrável

em [a, b] sse g é Riemann-integrável em [a, b] , e tem-se

Z b Z b
f (x) dx = g (x) dx.
a a
338 Cálculo integral em R

Com efeito, a função f − g é uma função escada, pelo que f − g é Riemann-integrável


Z a
em [a, b] e (f − g) = 0. Como f = (f − g) + g, tem-se f é integrável sse g o for, com
b
Z b Z b Z b
f (x) dx = [f (x) − g (x)] dx + g (x) dx,
a a a

ou seja,
Z b Z b
f (x) dx = g (x) dx.
a a

4.5 Teoremas fundamentais do cálculo integral

Nesta secção vamos enunciar e demonstrar alguns resultados muito importantes da teo-

ria do integral de Riemann. Vamos ver em que sentido podemos afirmar que as operações

de derivação e integração são inversas uma da outra.

Teorema 4.5.1 (Teorema da média do cálculo integral) Sejam a, b ∈ R, com a < b,

f : [a, b] −→ R uma função contı́nua e g : [a, b] −→ R uma função Riemann-integrável. Se

g não muda de sinal em [a, b] , então existe c ∈ [a, b] tal que


Z b Z b
f (x) g (x) dx = f (c) g (x) dx. (4.9)
a a

Demonstração: Se f é contı́nua em [a, b] , então, pelo Teorema 4.4.1, f é Riemann-inte-

grável em [a, b] e, pelo Teorema 4.3.5, f g é Riemann-integrável em [a, b] . Como f tem

mı́nimo e máximo em [a, b] , sejam m = min f (x) e M = max f (x) e suponhamos que
x∈[a,b] x∈[a,b]

g (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] . Então,

mg (x) ≤ f (x) g (x) ≤ M g (x) , ∀x ∈ [a, b] .

Portanto, pelo Teorema 4.3.2, tem-se


Z a Z a Z a
m g (x) dx ≤ f (x) g (x) dx ≤ M g (x) dx.
b b b
4.5 Teoremas fundamentais do cálculo integral 339

Z a Z a
Se g (x) dx = 0, escolhemos um c arbirário. Se g (x) dx > 0, tem-se
b b
Z a
f (x) g (x) dx
b
m≤ Z a ≤ M.
g (x) dx
b

Então, como f é contı́nua, pelo Teorema do valor intermédio de Cauchy (ver [SV 12a]),

existe c ∈ [a, b] tal que


Z a
f (x) g (x) dx
b
f (c) = Z a .
g (x) dx
b

Corolário 4.5.2 Sejam a, b ∈ R, com a < b, e f : [a, b] −→ R uma função contı́nua.

Então, existe c ∈ [a, b] tal que

Z b
f (x) dx = f (c) (b − a) ,
a

ver Figura 4.11.

Demonstração: Considere-se g (x) = 1 em (4.9). 

Definição 4.5.3 Sejam I um intervalo de R, a um ponto de I e f uma função definida em

I e Riemann-integrável em qualquer intervalo limitado e fechado contido em I. Chama-se

integral indefinido de f com origem em a à função F definida em I por

Z x
F (x) = f (t) dt.
a

Observação 4.5.4 Sendo f : I −→ R uma função limitada em I, então o integral inde-

finido F é uma função lipschitziana.


340 Cálculo integral em R

f f

f HcL

a b a c b

Figura 4.11: Representação geométrica do Corolário 4.5.2.

Com efeito, como f é limitada em I, existe M > 0 tal que |f (t)| ≤ M, para todo o

t ∈ I, e tem-se

Z x Z y Z y
|F (x) − F (y)| = f (t) dt − f (t) dt = f (t) dt ≤
a a x
Z y
≤ |f (t)| dt ≤ M |x − y| , ∀x, y ∈ R.
x

Por exemplo, seja f : [0, 2] −→ R definida por


(
0 se t ∈ [0, 1) ,
f (t) =
1 se t ∈ [1, 2] .

Esta função é descontı́nua em x = 1, mas como é limitada o seu integral indefinido


Z x
F : [0, 2] −→ R, F (x) = f (t) dt, que é dado por
0
(
0 se x ∈ [0, 1) ,
F (x) =
x − 1 se x ∈ [1, 2]

é uma função lipschitziana, ver Figura 4.12.


4.5 Teoremas fundamentais do cálculo integral 341

aL
1 . . f
bL
1 . F

. o
1 2
. 1 2

Figura 4.12: Gráfico das funções a) f e b) F da Observação 4.5.4.

Acabámos de ver que se f é uma função limitada, então F é uma função lipschitziana.

No teorema seguinte vamos ver que se f é contı́nua, então F é diferenciável. Podemos

então dizer que a passagem de f para F melhora as qualidades da função.

Teorema 4.5.5 (Teorema fundamental do cálculo) Sejam I um intervalo de R e

f : I −→ R uma função Riemann-integrável. Se f é contı́nua no ponto c ∈ I, então a


Z x
função integral indefinido F : I −→ R, definida por F (x) = f (t) dt, é diferenciável no
a
ponto c e tem-se F ′ (c) = f (c) .

Demonstração: Sendo f contı́nua em c ∈ I, para todo o δ > 0, existe ε > 0 tal que

t ∈ I ∧ |t − c| < ε =⇒ |f (t) − f (c)| < δ.

Então, tomando h tal que 0 < |h| < ε e c + h ∈ I 1 , tem-se

c+h c
F (c + h) − F (c) 1
Z Z
− f (c) = f (t) dt − f (t) dt − hf (c) =
h |h| a a
c+h c+h
1 1
Z Z
= f (t) dt − hf (c) = [f (t) − f (c)] dt ≤
|h| c |h| c
c+h
1 1
Z
≤ |f (t) − f (c)| dt < δ |h| = δ,
|h| c |h|

o que mostra que F ′ (c) = f (c) . 


1 +


Note-se que se podia
 tomar 0 < h < ε para provar que F c = f (c) e posteriormente ε < h < 0
para provar que F ′ c− = f (c) .
342 Cálculo integral em R

Corolário 4.5.6 Seja f : I −→ R uma função contı́nua num intervalo I de R. Então,

existe F : I −→ R tal que F ′ = f.

Demonstração: Se f : I −→ R é contı́nua, então é Riemann-integrável e, fixando a ∈ I,


Z x
o teorema anterior garante que F (x) = f (t) dt é diferenciável em todo o x ∈ I e
a
F ′ (x) = f (x) . 

Observação 4.5.7 i) Um dos aspectos muito importantes do teorema anterior é a possi-

bilidade de derivar rapidamente funções do tipo

Z x
F (x) = f (t) dt,
a

onde f é contı́nua, pondo

F ′ (x) = f (x) .

Por exemplo, a derivada da função F : R −→ R definida por

x 3
t +1
Z
F (x) = dt
0 t2 + 1

obtém-se rapidamente e é dada por

x3 + 1
F ′ (x) = ,
x2 + 1

não sendo necessário calcular o integral.

Também a derivada da função F : R −→ R definida por

Z 1
F (x) = sen t2 dt
x

se obtém rapidamente. Com efeito, como

Z 1 Z x
F (x) = sen t2 dt = − sen t2 dt,
x 1
4.5 Teoremas fundamentais do cálculo integral 343

obtemos

F ′ (x) = − sen x2 .

ii) Um outro aspecto muito importante do Teorema fundamental do cálculo é que se

f : I −→ R é uma função contı́nua num intervalo I de R, então f é primitivável neste

intervalo e uma sua primitiva é dada por

Z x
F (x) = f (t) dt, com a ∈ I,
a

uma vez que

F ′ (x) = f (x) , para qualquer x ∈ I.

iii) Note-se, no entanto, que nem toda a função Riemann-integrável é primitivável.

Com efeito, basta considerar a função f : [0, 2] −→ R definida por


(
0 se x ∈ [0, 1) ,
f (x) =
1 se x ∈ [1, 2] ,

que é Riemann-integrável, mas não é primitivável, pois se existisse F tal que F ′ (x) = f (x)

para x ∈ [0, 2] , então, pelo Teorema de Darboux, a funão F ′ = f deveria tomar todos os

valores entre F ′ (0) = f (0) = 0 e F ′ (2) = f (2) = 1.

iv) Note-se também que nem toda a função primitivável é Riemann-integrável. Com

efeito, basta considerar a função F : [0, 1] −→ R definida por

 x2 sen π se x ∈ (0, 1] ,

F (x) = x2
0 se x = 0,

cuja derivada f : [0, 1] −→ R é dada por

 2x sen π − 2π cos π

se x ∈ (0, 1] ,
f (x) = x2 x x2
0 se x = 0.

Esta função f é primitivável, mas não é Riemann-integrável.


344 Cálculo integral em R

Vamos agora enunciar e demonstrar a Fórmula de Barrow, primeiro quando a função

integranda é contı́nua e depois quando é apenas Riemann-integrável.

Já vimos que se f : [a, b] −→ R possui uma primitiva, então possui uma infinidade

delas e que duas primitivas de f em [a, b] diferem de uma constante, pois têm a mesma

derivada f.

Portanto, se F : [a, b] −→ R é uma função de classe C 1 em [a, b] , então


Z b
F ′ (t) dt = F (b) − F (a) ,
a

a que se chama Fórmula de Barrow.

Com efeito, sendo F ′ contı́nua, pelo Teorema fundamental do cálculo, a função


Z x
ϕ (x) = F ′ (t) dt
a

e a função F são ambas primitivas de F ′ em [a, b] , pelo que ϕ (x) − F (x) =constante.

Como ϕ (a) = 0, tem-se que

ϕ (x) − F (x) = ϕ (a) − F (a) = −F (a) ,

ou ainda,

ϕ (x) = F (x) − F (a) ,

ou ainda,
Z x
F ′ (t) dt = F (x) − F (a) ,
a

para todo o x ∈ [a, b] . Tomando x = b, obtemos o resultado desejado.

No entanto, como veremos a seguir não é necessário que F ′ seja contı́nua.

Teorema 4.5.8 (Fórmula da Barrow) Seja f : [a, b] −→ R uma função Riemann-

-integrável e primitivável em [a, b] , com a < b. Sendo F uma primitiva de f, tem-se


Z b
f (x) dx = F (b) − F (a) . (4.10)
a
4.5 Teoremas fundamentais do cálculo integral 345

Demonstração: Seja P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} , com a = x0 < x1 < · · · < xn = b,

uma partição do intervalo [a, b] . Pelo Torema do valor médio de Lagrange, tem-se

n
X n
X
F (b) − F (a) = [F (xi ) − F (xi−1 )] = F ′ (ξ i ) (xi − xi−1 ) ,
i=1 i=1

onde xi−1 < ξ i < xi , para i = 1, . . . , n. Tomando

m′i = inf F ′ (x) e Mi′ = sup F ′ (x) ,


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]

tem-se

m′i ≤ F ′ (ξ i ) ≤ Mi′ ,

pelo que

S F ′ , P ≤ F (b) − F (a) ≤ S F ′ , P
 

e, pelo Teorema 4.2.13, tem-se

Z b Z b

F (b) − F (a) = F (x) dx = f (x) dx.
a a

Observação 4.5.9 i) Se f é Riemann-integrável em [a, b] e F é uma primitiva de f,

então tem-se (4.10).

ii) Uma função Riemann-integrável pode não ter primitiva e uma função primitivável

pode não ser Riemann-integrável (ver exemplos nas Observações 4.5.7 iii) e iv)).

iii) A integrabilidade de f garante a existência de integral indefinido. Mais, se f é

contı́nua num intervalo I, então o seu integral indefinido é uma primitiva de f em I.

Portanto, uma função contı́nua é primitivável.

iv) Se f é Riemann-integrável, mas não é contı́nua, então o integral indefinido pode

não ser uma primitiva de f (considerar, por exemplo, a função na Observação 4.5.7 iii)).
346 Cálculo integral em R

Observação 4.5.10 A Fórmula de Barrow


Z b
f (x) dx = F (b) − F (a)
a

é ainda válida para b ≤ a. Com efeito, basta observar que


Z b Z a
f (x) dx = − f (x) dx = − [F (a) − F (b)] = F (b) − F (a) .
a b

Observação 4.5.11 A Fórmula de Barrow é particularmente importante do ponto de

vista prático já que permite calcular o integral de uma função f : [a, b] −→ R de que se

conheça uma sua primitiva.


Z 2
Exemplo 4.5.12 Determinemos xdx.
1
x2
Como P x = , tem-se, pela Fórmula de Barrow, que
2
Z 2  2 2
x 4 1 3
xdx = = − = .
1 2 1 2 2 2
Z b
Exemplo 4.5.13 Determinemos sen xdx.
a
Como P sen x = − cos x, tem-se, pela Fórmula de Barrow, que
Z b
sen xdx = [− cos x]ba = − cos b + cos a = cos a − cos b.
a

Teorema 4.5.14 (Integração por decomposição) Sejam a, b ∈ R, com a < b, e

u, v : [a, b] −→ R funções contı́nuas em [a, b] . Então, resulta, de (3.1) e da Fórmula de

Barrow, que
Z b Z b Z b
(u + v) = u+ v,
a a a

chamada fórmula de integração por decomposição.

π π π π
x2
Z Z Z 
Exemplo 4.5.15 (x + cos x) dx = xdx + cos xdx = + [sen x]π0 =
0 0 0 2 0
 2
π2

π
= − 0 + (sen π − sen 0) = .
2 2
4.5 Teoremas fundamentais do cálculo integral 347

1 1 1 1 1
x4 x2
 
3
Z Z Z
x x2 + 1 dx = x3 dx +

Exemplo 4.5.16 xdx = + = .
0 0 0 4 0 2 0 4

Teorema 4.5.17 (Integração por partes) Sejam a, b ∈ R, com a < b, e u, v : [a, b] −→ R

funções de classe C 1 em [a, b] . Então, resulta, de (3.2) e da Fórmula de Barrow, que

Z b Z b Z b

[uv]ba ′
uv ′ ,
  
uv = − uv = u (b) v (b) − u (a) v (a) −
a a a

chamada fórmula de integração por partes.

Z 1
Exemplo 4.5.18 Determinemos xex dx.
0

Aplicando a integração por partes com u′ (x) = ex e v (x) = x, pelo que u (x) = ex e

v ′ (x) = 1, obtemos

Z 1 Z 1
x
xe dx = [xex ]10 − ex dx = (e − 0) − [ex ]10 = e − (e − 1) = 1.
0 0

Teorema 4.5.19 (Integração por substituição) Sejam a, b ∈ R, com a < b, e

f : [a, b] −→ R uma função contı́nua e a substituição x = ϕ (t) , além das condições no



Teorema 3.2.20, tem derivada contı́nua. Então, se a função f ◦ ϕ × é primitivável
dt
tem-se, por (3.4) e pela Fórmula de Barrow, que

b ϕ−1 (b) ϕ−1 (b)  



Z Z Z


f (x) dx = f (ϕ (t)) × ϕ (t) dt = f (ϕ (t)) × dt,
a ϕ−1 (a) ϕ−1 (a) dt

chamada fórmula de integração por substituição.

Z π2 √
Exemplo 4.5.20 Determinemos sen xdx.
0

Aplicando a integração por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida por

ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t, ϕ−1 (x) = x, ϕ−1 (0) = 0 e ϕ−1 π 2 = π, tem-se


Z π2 √
Z π
sen xdx = sen t × 2tdt.
0 0
348 Cálculo integral em R

Aplicando agora a integração por partes com u′ (t) = sen t e v (t) = 2t, pelo que

u (t) = − cos t e v ′ (t) = 2, obtemos


Z π Z π
sen t × 2tdt = [−2t cos t]π0 + 2 cos tdt = (2π + 0) + [2 sen t]π0 = 2π + (0 − 0) = 2π,
0 0

e, portanto,
Z π2 √
sen xdx = 2π.
0
4.6 Exercı́cios resolvidos 349

4.6 Exercı́cios resolvidos

4.6.1. Seja f (x) = x em [0, 1] e P = {0; 0, 2; 0, 4; 0, 7; 1} uma partição de [0, 1] .

Calcule S (f, P ) e S (f, P ) .

Resolução:

Sabendo que mi = inf f (x) , a soma inferior de Darboux relativa à função f no


x∈[xi−1 ,xi ]

intervalo [0, 1] associada à partição P é dada por

4
X
S (f, P ) = mi (xi − xi−1 ) = m1 (x1 − x0 ) + m2 (x2 − x1 ) + m3 (x3 − x2 ) + m4 (x4 − x3 ) =
i=1
= f (x0 ) (x1 − x0 ) + f (x1 ) (x2 − x1 ) + f (x2 ) (x3 − x2 ) + f (x3 ) (x4 − x3 ) =

= 0 (0, 2 − 0) + 0, 2 (0, 4 − 0, 2) + 0, 4 (0, 7 − 0, 4) + 0, 7 (1 − 0, 7) =

= 0 + 0, 04 + 0, 12 + 0, 21 = 0, 37.

Por outro lado, sabendo que Mi = sup f (x) , a soma superior de Darboux relativa
x∈[xi−1 ,xi ]
à função f no intervalo [0, 1] associada à partição P é dada por

4
X
S (f, P ) = Mi (xi − xi−1 ) = M1 (x1 − x0 ) + M2 (x2 − x1 ) + M3 (x3 − x2 ) + M4 (x4 − x3 ) =
i=1
= f (x1 ) (x1 − x0 ) + f (x2 ) (x2 − x1 ) + f (x3 ) (x3 − x2 ) + f (x4 ) (x4 − x3 ) =

= 0, 2 (0, 2 − 0) + 0, 4 (0, 4 − 0, 2) + 0, 7 (0, 7 − 0, 4) + 1 (1 − 0, 7) =

= 0, 04 + 0, 08 + 0, 21 + 0, 3 = 0, 63.

4.6.2. Seja f : [a, b] −→ R uma função definida por


(
2 se x ∈ [a, b] ∩ Q,
f (x) =
−3 se x ∈ [a, b] ∩ (R\Q) .

Mostre que f não é integrável em [a, b] .


350 Cálculo integral em R

Resolução:

Tomando uma qualquer partição P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} de [a, b] , tem-se que

mi = inf f (x) = −3 e Mi = sup f (x) = 2,


x∈[xi−1 ,xi ] x∈[xi−1 ,xi ]

pelo que
n
X n
X
S (f, P ) = mi (xi − xi−1 ) = −3 (b − a) e S (f, P ) = Mi (xi − xi−1 ) = 2 (b − a)
i=1 i=1

e, portanto,
Z b Z b
f (x) dx = −3 (b − a) e f (x) dx = 2 (b − a) .
a a
Z b Z b
Como f (x) dx 6= f (x) dx, tem-se que a função f não é integrável em [a, b] .
a a

4.6.3. Seja f : R −→ R uma função definida por


(
0 se x ∈ Q,
f (x) =
1 se x ∈ R\Q.

1
Mostre que g (x) = f (x) − é integrável em [0, 1] , mas o mesmo não acontece com
2
1
h (x) = f (x) − .
2
Resolução:
1
Comecemos por notar que g (x) = e
2
 1
 −
 se x ∈ Q,
2
h (x) =
1
se x ∈ R\Q.


2
Tomando uma qualquer partição P = {0 = x0 , x1 , . . . , xn = 1} de [0, 1] , tem-se que

1 1
mi = inf g (x) = e Mi = sup g (x) =
x∈[xi−1 ,xi ] 2 x∈[xi−1 ,xi ] 2

e
1 1
mi = inf h (x) = − e Mi = sup h (x) = ,
x∈[xi−1 ,xi ] 2 x∈[xi−1 ,xi ] 2
4.6 Exercı́cios resolvidos 351

pelo que
n n
X 1 X 1
S (g, P ) = mi (xi − xi−1 ) = e S (g, P ) = Mi (xi − xi−1 ) =
2 2
i=1 i=1

e
n n
X 1 X 1
S (h, P ) = mi (xi − xi−1 ) = − e S (h, P ) = Mi (xi − xi−1 ) =
2 2
i=1 i=1

e, portanto,
1 1
1 1
Z Z
g (x) dx = e g (x) dx =
0
2 0 2

e
1 1
1 1
Z Z
h (x) dx = − e h (x) dx = .
0
2 0 2
Z 1 Z 1
Como g (x) dx = g (x) dx, tem-se que a função g é integrável em [0, 1] e
0 0

1 1 1
1
Z Z Z
g (x) dx = g (x) dx = g (x) dx = ,
0 0 0 2
Z 1 Z 1
e como h (x) dx 6= h (x) dx, tem-se que a função h não é integrável em [0, 1] .
0 0

4.6.4. Seja f : [a, b] −→ R uma função definida por f (x) = x2 . Determine, usando a
Z b Z b
definição, f (x) dx, isto é, x2 dx, decompondo o intervalo de integração em n partes
a a
iguais.

Resolução: Como a função f (x) = x2 é contı́nua em [a, b] , então f é Riemann-inte-

grável neste intervalo.

Determinemos as somas de Riemann tendo em conta que a partição, ou sucessão de

partições, do intervalo [a, b] , se decomposto em n partes iguais, é dada por


 
b−a 2 (b − a) 3 (b − a) n (b − a)
a, a + ,a + ,a + ,...,a + e escolhendo ξ i ∈ [xi−1 , xi ]
n n n n
o extremo direito deste intervalo. Note-se ainda que o diâmetro da partição, ou da sucessão
b−a
de partições, |Pn | = converge para zero quando n → +∞.
n
352 Cálculo integral em R

As somas de Riemann tomam então a forma

n
X n
X
S (f, Pn , En ) = f (ξ i ) (xi − xi−1 ) = f (xi ) (xi − xi−1 ) =
i=1 i=1
n n 
i (b − a) 2 b − a
   X   
Xi (b − a) b−a
= f a+ = a+ =
n n n n
i=1 i=1
n
" ! #
X
2 2a (b − a) i [i (b − a)]2 b−a
= a + + =
n n2 n
i=1
n n n
(b − a) a2 X 2a (b − a)2 X (b − a)3 X 2
= 1+ i + i =
n n2 n3
i=1 i=1 i=1
(b − a) a2 2a (b − a)2 (b − a)3
1 + 22 + · · · + n2 =

= n+ 2
(1 + 2 + · · · + n) + 3
n n n
2 3
2a (b − a) (1 + n) (b − a) n (n + 1) (2n + 1)
= (b − a) a2 + n+ =
n2 2 n3 6
2 2 (1 + n) (b − a)3 n (n + 1) (2n + 1)
= (b − a) a + a (b − a) + .
n 3 2n3

Passando ao limite, quando n → +∞, obtém-se

b
(b − a)3 1 3
Z
x2 dx = (b − a) a2 + a (b − a)2 + b − a3 .

=
a 3 3

4.6.5. Seja f : [a, b] −→ R uma função definida por f (x) = x. Determinemos, usando
Z b Z b
a definição, f (x) dx, isto é, xdx, com b > a > 0, decompondo o intervalo de
a a
integração em n + 1 partes em progressão geométrica: x0 = a, x1 = ar, x2 = ar2 , . . . ,

xn = arn , xn+1 = b.

Resolução: Como a função f (x) = x é contı́nua em [a, b] , então f é Riemann-inte-

grável neste intervalo.

Determinemos as somas de Riemann tendo em conta que a partição, ou sucessão de

partições, do intervalo [a, b] , se decomposto em n + 1 partes em progressão geométrica, é


r
2 3 n n+1 n+1 b

dada por a, ar, ar , ar , . . . , ar + ar , onde r = > 0, e escolhendo ξ i ∈ [xi−1 , xi ]
a
o extremo direito deste intervalo. Note-se ainda que o diâmetro da partição, ou da sucessão
4.6 Exercı́cios resolvidos 353

de partições,
  n "  1 #
b n+1 b n+1
|Pn | = arn+1 − arn = arn (r − 1) = a −1 =
a a
  n+1  − 1 "  1 #  a 1 
b n+1 b n+1 b n+1 n+1
= a −1 =b 1−
a a a b

converge para zero quando n → +∞.

As somas de Riemann tomam então a forma


n+1
X n+1
X
S (f, Pn , En ) = f (ξ i ) (xi − xi−1 ) = f (xi ) (xi − xi−1 ) =
i=1 i=1
n+1
X  n+1
X
f ari ari − ari−1 = ari ri−1 (ar − a) =

=
i=1 i=1
n+1 n+1
X riX
= a2 (r − 1) ri ri−1 = a2 (r − 1) = ri
r
i=1 i=1
n+1 2 n+1

2 (r − 1) 2 i 2 (r − 1) 2 1 − r
X 
= a r =a r =
r r 1 − r2
i=1
n+1 2
2 1 − r2 2 rn+1 − 1
= a (r − 1) r = a (r − 1) r =
1 − r2 r2 − 1
h 2 i (r − 1) r h i (r − 1) r
n+1 2
a2 rn+1 − 1 2

= = ar − a =
r2 − 1 (r − 1) (r + 1)
 r
= b2 − a 2 .
r+1

Passando ao limite, quando n → +∞, isto é, quando r → 1, obtém-se


Z b
1 2
b − a2 .

xdx =
a 2

4.6.6. Seja f : [a, b] −→ R uma função definida por f (x) = x. Determinemos, usando
Z b Z b
a definição, f (x) dx, isto é, x2 dx, com b > a > 0, decompondo o intervalo de
a a
integração em n + 1 partes em progressão geométrica: x0 = a, x1 = ar, x2 = ar2 , . . . ,

xn = arn , xn+1 = b.

Resolução: Como a função f (x) = x2 é contı́nua em [a, b] , então f é Riemann-inte-

grável neste intervalo.


354 Cálculo integral em R

Determinemos as somas de Riemann tendo em conta que a partição, ou sucessão de

partições, do intervalo [a, b] , se decomposto em n + 1 partes em progressão geométrica, é


r
2 3 n n+1 n+1 b

dada por a, ar, ar , ar , . . . , ar + ar , onde r = > 0, e escolhendo ξ i ∈ [xi−1 , xi ]
a
o extremo direito deste intervalo. Note-se ainda que o diâmetro da partição, ou da sucessão

de partições,

  n "  1 #
b n+1 b n+1
|Pn | = arn+1 − arn = arn (r − 1) = a −1 =
a a
  n+1  − 1 "  1 #  a 1 
b n+1 b n+1 b n+1 n+1
= a −1 =b 1−
a a a b

converge para zero quando n → +∞.

As somas de Riemann tomam então a forma

n+1
X n+1
X
S (f, Pn , En ) = f (ξ i ) (xi − xi−1 ) = f (xi ) (xi − xi−1 ) =
i=1 i=1
n+1
X  n+1
X 2
f ari ari − ari−1 = ari ri−1 (ar − a) =

=
i=1 i=1
n+1 n+1
X 2 X 2 r i
= a2 r i ri−1 a (r − 1) = a3 (r − 1) ri =
r
i=1 i=1
n+1 n+1
3 (r − 1) X − 1) 3 1 − r3
3 i
 3 (r
= a r =a r =
r r 1 − r3
i=1
3 n+1 n+1 3 − 1
 
3 21 − r 2 2 r
= a (r − 1) r = a (r − 1) r =
1 − r3 r3 − 1
h 3 i (r − 1) r2 h i (r − 1) r2
n+1 3
a3 rn+1 − 1 3

= = ar − a =
r3 − 1 (r − 1) (r2 + r + 1)
r2
b3 − a 3 2

= .
r +r+1

Passando ao limite, quando n → +∞, isto é, quando r → 1, obtém-se

b
1 3
Z
x2 dx = b − a3 .

a 3
4.6 Exercı́cios resolvidos 355

4.6.7. Sem calcular o integral, mostre que



√ Z 3p √
3≤ 1 + x2 dx ≤ 2 3.
0

Resolução:
√  √ 
Como a função f (x) = 1 + x2 é crescente no intervalo 0, 3 , tem-se que
r √ 2
p
1 ≤ 1 + x2 ≤ 1+ 3 = 2,

 √ 
para todo o x ∈ 0, 3 .

Por outro lado, como as funções nas desigualdades anteriores são contı́nuas (e por isso

integráveis), tem-se
√ √ √
Z 3 Z 3p Z 3
1dx ≤ 1 + x2 dx ≤ 2dx,
0 0 0

ou ainda,

√ Z 3p √
3≤ 1 + x2 dx ≤ 2 3.
0

4.6.8. Considere a função f : R −→ R definida por


Z x
4 − sen2 t dt.

f (x) =
0

Mostre que f é estritamente crescente.

Resolução:

A função integranda é contı́nua em R, então, pelo Teorema fundamental do cálculo, f

é diferenciável nesse conjunto e

f ′ (x) = 4 − sen2 x.

Como f ′ (x) = 4 − sen2 x > 0 para todo o x ∈ R, tem-se que f é estritamente crescente

nesse conjunto.
356 Cálculo integral em R

4.6.9. Considere a função F : (0, π) −→ R definida por

cos x
1
Z
F (x) = p dt.
0 (1 − t ) (4 − t2 )
2

a) Determine F ′ (x) .

b) A função F é monótona? Justifique.

Resolução:

a) A função integranda é contı́nua em (0, π) , então, pelo Teorema fundamental do

cálculo e pelo Teorema da derivação da função composta, F é diferenciável nesse conjunto

e
sen x
F ′ (x) = − p .
(1 − cos x) (4 − cos2 x)
2

sen x
b) Como F ′ (x) = − p < 0 para todo o x ∈ (0, π) , tem-se que
(1 − cos2 x) (4 − cos2 x)
F é decrescente nesse conjunto.

4.6.10. Considere a função

x
et
Z
F (x) = dt.
0 t+1

a) Determine o domı́nio de F.

b) Justifique que F é diferenciável e determine F ′ (x) .

c) Determine os pontos de inflexão e as concavidades da função F.

Resolução:

a) Como o domı́nio da função integranda é R\ {−1} e o intervalo de integração não

pode conter o ponto −1, tem-se que o domı́nio de F é o conjunto (−1, +∞) .

b) A função integranda é contı́nua em (−1, +∞) , então, pelo Teorema fundamental do

cálculo, F é diferenciável nesse conjunto e

ex
F ′ (x) = .
x+1
4.6 Exercı́cios resolvidos 357

c) Como a segunda derivada é dada por

ex (x + 1) − ex xex
F ′′ (x) = = ,
(x + 1)2 (x + 1)2

os zeros desta função, caso existam, são dados por

xex
F ′′ (x) = 0 ⇔ = 0 ∧ (x + 1)2 6= 0
(x + 1)2
⇔ xex = 0 ∧ x 6= −1

⇔ x = 0.

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita às concavidades e à

existência de pontos de inflexão para esta função.

x −1 0

x —— —— − 0 +
ex
—— —— + + +
(x + 1)2
f ′′ (x) —— —— − 0 +

f (x) —— —— ∩ ponto de inflexão ∪

Em suma, f tem um ponto de inflexão em 0, tem concavidade voltada para cima em

(0, +∞) e tem concavidade voltada para baixo em (−1, 0) .

4.6.11. Considere a função

ex−1 arctg 2t2 − 1


Z 
F (x) = dt.
1 t+1

a) Determine o domı́nio de F.

b) Determine a recta tangente ao gráfico de F no ponto (1, F (1)) .

c) Determine os extremos locais da função F.


358 Cálculo integral em R

Resolução:

a) Como o domı́nio da função integranda é R\ {−1} e ex−1 > 0, para todo o x ∈ R,

tem-se que o intervalo de integração está sempre contido no domı́nio da função integranda.

Portanto, o domı́nio de F é o conjunto R.

b) Comecemos por determinar, usando Teorema fundamental do cálculo e o Teorema

da derivação da função composta, a derivada de F. Com efeito, tem-se


h 2 i
arctg 2 ex−1 − 1 ex−1 arctg 2e2x−2 − 1

′ x−1
F (x) = e = .
ex−1 + 1 ex−1 + 1

π
Logo, F ′ (1) =e a equação da recta tangente ao gráfico de F no ponto (1, F (1)) é
8
π π π
dada por y = F (1) + F ′ (1) (x − 1) , ou seja, y = 0 + (x − 1) , ou ainda, y = x − .
8 8 8
c) Comecemos por determinar, caso existam, os zeros da função derivada, isto é,

ex−1 arctg 2e2x−2 − 1




F (x) = 0 ⇔ =0
ex−1 + 1
⇔ arctg 2e2x−2 − 1 = 0 ⇔ 2e2x−2 − 1 = 0


1 1
⇔ e2x−2 = ⇔ 2x − 2 = ln ⇔ 2x − 2 = − ln 2
2 2
ln 2
⇔ x=1− .
2

O quadro seguinte resume toda a informação no que respeita à monotonia e à existência

de máximos e mı́nimos para esta função.

ln 2
x 1−
2
ex−1
+ + +
ex−1 + 1
arctg 2e2x−2 − 1

− 0 +

f ′ (x) − 0 +

f (x) ց 0 ր
4.6 Exercı́cios resolvidos 359

 
ln 2 ln 2
Em suma, f tem um mı́nimo relativo em 1− , é monótona crescente em 1 − , +∞
  2 2
ln 2
e é monótona decrescente em −∞, 1 − .
2

4.6.12. Sejam g : R −→ R uma função de classe C 2 e G : R −→ R uma função

definida por
Z x
G(x) = (x + t)2 g(t) dt.
0

a) Calcule G′ (x), G′′ (x) e G′′′ (x).

b) Justifique que se g (0) 6= 0, então G tem um ponto de inflexão em x = 0.

Resolução:

a) Comecemos por notar que


Z x Z x Z x Z x
2 2
G(x) = (x + t) g(t) dt = x g(t) dt + 2x t g(t) dt + t2 g(t) dt.
0 0 0 0

Pelo Teorema fundamental do cálculo, tem-se


Z x Z x
′ 2
G (x) = 2x g(t) dt + x g(x) + 2 t g(t) dt + 2x2 g (x) + x2 g(x) =
0
Z x Z x 0

= 2x g(t) dt + 2 t g(t) dt + 4x2 g (x) ,


0 0

Z x
′′
G (x) = 2 g(t) dt + 2xg (x) + 2xg (x) + 8xg (x) + 4x2 g ′ (x) =
Z0 x
= 2 g(t) dt + 12xg (x) + 4x2 g ′ (x)
0

G′′′ (x) = 2g (x) + 12g (x) + 12xg ′ (x) + 8xg ′ (x) + 4x2 g ′′ (x) =

= 14g (x) + 20xg ′ (x) + 4x2 g ′′ (x) .

b) Em x = 0, tem-se G′ (0) = 0 (pois g (0) é finito), G′′ (0) = 0 e G′′′ (0) = 14g (0) 6= 0.

Portanto, G tem um ponto de inflexão em x = 0.


360 Cálculo integral em R

4.6.13. Calcule os limites seguintes:


Z x Z x
sen tdt x2 e−t dt
1 xp 2
Z
0 0
a) lim ; b) lim 3t + 5dt; c) lim ;
x→0 x2 x→0 x 0 x→0 ex3 − 1
Z x2 Z x Z x
sen tdt sen (t − 1) dt sen t2 dt
0 1 0
d) lim Z x ; e) lim ; f ) lim .
x→0 2
x sen t dt
x→1 (x − 1)2 x→0 x3
0

Resolução: Z x
sen tdt
0
a) Determinemos lim .
x→0 x2
0
Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy e pelo Teorema fundamental do cálculo, tem-se que
Z x
sen tdt
sen x 1
lim 0 2 = lim = ;
x→0 x x→0 2x 2
xp
1
Z
b) Determinemos lim 3t2 + 5dt.
x→0 x 0
0
Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy e pelo Teorema fundamental do cálculo, tem-se que
Z xp
3t2 + 5dt √
1 xp 2 3x2 + 5 √
Z
0
lim 3t + 5dt = lim = lim = 5;
x→0 x 0 x→0 x x→0 1
Z x
x2 e−t dt
0
c) Determinemos lim .
x→0 e 3
x −1
0
Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, aplicada duas vezes, e pelo Teorema fundamental do cálculo,

tem-se que
Z x Z x Z x
−t −t 2 −x
x2 e dt 2x e dt + x e 2 e−t dt + xe−x
0 0 0
lim = lim = lim =
x→0 ex3 −1 3x2 ex3
x→0 x→0 3xex3
−x −x
2e + e − xe −x
= lim = 1;
x→0 3ex3 + 9x3 ex3
4.6 Exercı́cios resolvidos 361

Z x2
sen tdt
0
d) Determinemos lim Z x .
x→0
x sen t2 dt
0
0
Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy, aplicada três vezes, pelo Teorema fundamental do cálculo e pelo

Teorema da derivação da função composta, tem-se que


Z x2 Z x2
sen tdt sen tdt
0 2x sen x2
lim Z x = lim Z0 x = lim Z x =
x→0 x→0 x→0
x sen t2 dt x sen t2 dt sen t2 dt + x sen x2
0 0 0
2 sen x2 + 4x2 cos x2 sen x2 + 2x2 cos x2
= lim = lim =
x→0 sen x2 + sen x2 + 2x2 cos x2 x→0 sen x2 + x2 cos x2
2x cos x2 + 4x cos x2 − 4x3 sen x2
= lim =
x→0 2x cos x2 + 2x cos x2 − 2x3 sen x2
6x cos x2 − 4x3 sen x2
= lim =
x→0 4x cos x2 − 2x3 sen x2
3 cos x2 − 2x2 sen x2 3
= lim = ;
x→0 2 cos x2 − x2 sen x2 2

Z x
sen (t − 1) dt
1
e) Determinemos lim .
x→1 (x − 1)2
0
Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy e pelo Teorema fundamental do cálculo, tem-se que
Z x
sen (t − 1) dt
sen (x − 1) 1
lim 1 2 = lim = ;
x→1 (x − 1) x→1 2 (x − 1) 2

Z x
sen t2 dt
0
f ) Determinemos lim .
x→0 x3
0
Trata-se de uma indeterminação do tipo .
0
Pela regra de Cauchy e pelo Teorema fundamental do cálculo, tem-se que
Z x
sen t2 dt
sen x2 1
lim 0 3
= lim 2
= .
x→0 x x→0 3x 3
362 Cálculo integral em R

4.6.14. Calcule os integrais seguintes:

3π π
4
1
Z Z Z
2 4
a) cos x dx; b) tg x dx; c) dx;
0 − π4 0 x+1

e e2 e2
1 ln x
Z Z Z
d) x ln x dx; e) dx; f) dx;
1 e x ln x e x
1
π 1
x
Z Z Z
2
3
g) cos x dx; h) 2
dx; i) arcsen x dx;
0 0 x +4 0
π
1 1
ex
Z Z Z
2
2
x3 + x2 + x + 1 ex dx;

j) dx; k) cos x dx; l)
0 1 + e2x − π2 0

π2
2 √ π
1
Z Z Z
4
m) 3
dx; n) cos x dx; o) x sen x dx;
1 x +x 0 0

1 2 1
√ x4 1
Z Z Z
p) x 1 − x dx; q) dx; r) dx;
0 0 x+1 −1 x2 −4
2 √ π
e

1+ x cos x 1 − ln x
Z Z Z
2
s) dx; t) dx; u) dx.
1 x3 0 2 + sen x 1 x

Resolução:
Z 3π
2
a) Determinemos cos x dx.
0

Como

P cos x = sen x,

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que



Z 3π
2
cos x dx = [sen x]02 = sen − sen 0 = −1;
0 2

Z π
4
b) Determinemos tg x dx.
− π4

Como
 
sen x − sen x
P tg x = P = −P = − ln |cos x| ,
cos x cos x
4.6 Exercı́cios resolvidos 363

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que


π
π  π
Z π
4
tg x dx = [− ln |cos x|]−4 π = − ln cos + ln cos − =
− π4 4 4 4
√ √
2 2
= − ln + ln = 0;
2 2
4
1
Z
c) Determinemos dx.
0 x+1
Como
1
P = ln |x + 1| ,
x+1

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

4
1
Z
dx = [ln |x + 1|]40 = ln 5 − ln 1 = ln 5;
0 x+1

Z e
d) Determinemos x ln x dx.
1
x2
Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = x e v (x) = ln x, pelo que u (x) =
2
1
e v ′ (x) = , tem-se
x
x2 x x2 x2
P (x ln x) = ln x − P = ln x − .
2 2 2 4

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

e e
x2 x2 e2 e2 e2 1

1
Z
x ln x dx = ln x − = − −0+ = + ;
1 2 4 1 2 4 4 4 4

e2
1
Z
e) Determinemos dx.
e x ln x
Como
1
1 x
P =P = ln |ln x| ,
x ln x ln x

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

e2
1
Z
2
dx = [ln |ln x|]ee = ln 2 − ln 1 = ln 2;
e x ln x
364 Cálculo integral em R

e2
ln x
Z
f ) Determinemos dx.
e x
Como
ln2 x
 
ln x 1
P =P ln x = ,
x x 2

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

e2  2  e2
ln x ln x 1 3
Z
dx = =2− = ;
e x 2 e 2 2

Z π
g) Determinemos cos3 x dx.
0

Como

P cos3 x = P cos x cos2 x = P cos x 1 − sen 2 x =


  

sen3 x
= P cos x − P cos x sen 2 x = sen x −

,
3

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

π π
sen3 x
Z 
cos3 x dx = sen x − = 0;
0 3 0

1
x
Z
h) Determinemos dx.
0 x2 +4
Como
x 1 2x 1
= ln x2 + 4 ,

P = P 2
x2 +4 2 x +4 2

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

1  1 1
 
x 1 1 1 5
Z
2
dx = ln x + 4 = ln 5 − ln 4 = ln ;
0 x2 + 4 2 0 2 2 2 4
4.6 Exercı́cios resolvidos 365

Z 1
2
i) Determinemos arcsen x dx.
0
Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = arcsen x, pelo que
1
u (x) = x e v ′ (x) = √ , tem-se
1 − x2
x h − 1 i
P arcsen x = x arcsen x − P √ = x arcsen x − P x 1 − x2 2 =
1 − x2
1 h − 1 i p
= x arcsen x + P −2x 1 − x2 2 = x arcsen x + 1 − x2 .
2

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que


Z 1 i1
2
h p 2
arcsen x dx = x arcsen x + 1 − x2 =
0 0
s  2 √
1 1 1 π 3
= arcsen + 1− −0−1= + − 1;
2 2 2 12 2
1
ex
Z
j) Determinemos dx.
0 1 + e2x
Como
ex ex x
P = P 2 = arctg e ,
1 + e2x x
1 + (e )

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

1
ex π
Z
2x
dx = [arctg ex ]10 = arctg e − arctg 1 = arctg e − ;
0 1+e 4

Z π
2
k) Determinemos cos2 x dx.
− π2
Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = cos x e v (x) = cos x, pelo que

u (x) = sen x e v ′ (x) = − sen x, tem-se

P cos2 x = sen x cos x + P sen2 x = sen x cos x + P 1 − cos2 x =




= sen x cos x + x − P cos2 x,

isto é,

P cos2 x = sen x cos x + x − P cos2 x,


366 Cálculo integral em R

donde

2P cos2 x = sen x cos x + x,

ou ainda,

sen x cos x + x
P cos2 x = .
2

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

π  π
sen x cos x + x π π π
Z 2
2
2
cos x dx = = + = ;
− π2 2 − π2 4 4 2

Z 1
x3 + x2 + x + 1 ex dx.

l) Determinemos
0

Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = ex e v (x) = x3 + x2 + x + 1, pelo

que u (x) = ex e v ′ (x) = 3x2 + 2x + 1, tem-se

x3 + x2 + x + 1 ex = x3 + x2 + x + 1 ex − P 3x2 + 2x + 1 ex .
      
P

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = ex e v (x) = 3x2 + 2x + 1,

pelo que u (x) = ex e v ′ (x) = 6x + 2, tem-se

x 3 + x 2 + x + 1 ex = x3 + x2 + x + 1 ex − P 3x2 + 2x + 1 ex =
      
P

x3 + x2 + x + 1 ex − 3x2 + 2x + 1 ex − P [(6x + 2) ex ] =
   
=

x3 + x2 + x + 1 ex − 3x2 + 2x + 1 ex + P [(6x + 2) ex ] =
 
=

x3 − 2x2 − x ex + P [(6x + 2) ex ] .

=

Aplicando de novo a primitivação por partes com u′ (x) = ex e v (x) = 6x + 2, pelo


4.6 Exercı́cios resolvidos 367

que u (x) = ex e v ′ (x) = 6, tem-se

x 3 + x 2 + x + 1 ex = x3 − 2x2 − x ex + P [(6x + 2) ex ] =
   
P

x3 − 2x2 − x ex + (6x + 2) ex − P (6ex ) =



=

x3 − 2x2 − x ex + (6x + 2) ex − 6ex =



=

x3 − 2x2 + 5x − 4 ex .

=

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

Z 1  1
x3 + x2 + x + 1 ex dx = x3 − 2x2 + 5x − 4 ex 0 = 0 + 4 = 4;
 
0

2
1
Z
m) Determinemos dx.
1 x3 + x
Como

1 1 A Bx + C (A + B) x2 + Cx + A
= = + = ,
x3 + x x (x2 + 1) x x2 + 1 x3 + x

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


 

 A+B =0 
 A=1
 
C=0 ⇔ B = −1

 

A=1 C=0
 

donde
 
1 1 x 1 x
P 3 = P − 2 =P −P 2 =
x +x x x +1 x x +1
1 2x 1
= ln |x| − ln x2 + 1 .

= ln |x| − P 2
2 x +1 2

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

2  2
 
1 1 1 1
Z
2
3
dx = ln |x| − ln x + 1 = ln 2 − ln 5 − 0 + ln 2 =
1 x +x 2 1 2 2
3 1 1 8
= ln 2 − ln 5 = ln ;
2 2 2 5
368 Cálculo integral em R

π2

Z
4
n) Determinemos cos x dx.
0

Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida por

ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, tem-se

P (cos t × 2t) = P (2t cos t) .

Aplicando agora a primitivação por partes com u′ (t) = cos t e v (t) = 2t, pelo que

u (t) = sen t e v ′ (t) = 2, tem-se

P (2t cos t) = 2t sen t − P 2 sen t = 2t sen t + 2 cos t,

e, portanto,
√ √ √ √
P cos x = 2 x sen x + 2 cos x.

Assim, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

π2
√  √ √ √  π2
Z
4
cos x dx = 2 x sen x + 2 cos x 04 = π + 0 − 0 − 2 = π − 2;
0

Z π
o) Determinemos x sen x dx.
0

Aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = sen x e v (x) = x, pelo que

u (x) = − cos x e v ′ (x) = 1, tem-se

P (x sen x) = −x cos x + P cos x = −x cos x + sen x.

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

Z π
x sen x dx = [−x cos x + sen x]π0 = π + 0 + 0 − 0 = π;
0
4.6 Exercı́cios resolvidos 369

Z 1 √
p) Determinemos x 1 − x dx.
0
Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ (−∞, 1] definida por

ϕ (t) = 1 − t2 , pelo que ϕ′ (t) = −2t e ϕ−1 (x) = 1 − x, tem-se

t3 t5
 
2 2 4
   
P 1−t t × (−2t) = −2P t − t = −2 − ,
3 5

e, portanto,
√ 3 √ 5 !
√  1−x 1−x
P x 1 − x = −2 − .
3 5

Assim, pela Fórmula de Barrow, tem-se que


Z 1 " √ 3 √ 5 !#1
√ 1−x 1−x
 
1 1 4
x 1 − x dx = −2 − = −2 − + = ;
0 3 5 3 5 15
0

2
x4
Z
q) Determinemos dx.
0 x+1
Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
x4 1
obtém-se = x3 − x2 + x − 1 + , pelo que
1+x 1+x
x4 x4 x3 x2
 
3 2 1
P =P x −x +x−1+ = − + − x + ln |1 + x| .
1+x 1+x 4 3 2

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

2 2
x4
 4
x x3 x2 8 4
Z
dx = − + − x + ln |1 + x| = 4 − + 2 − 2 + ln 3 − 0 = + ln 3;
0 x+1 4 3 2 0 3 3

1
1
Z
r) Determinemos dx.
−1 x2 − 4
Como

1 1 A B (A + B) x + 2A − 2B
= = + = ,
x2 −4 (x − 2) (x + 2) x−2 x+2 x2 − 4

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


  1
(
A+B =0
(
A = −B A = −B  A=

4

⇔ ⇔ 1 ⇔
2A − 2B = 1 −2B − 2B = 1  B=−  B = −1
4 4
370 Cálculo integral em R

donde

 
1 1 1 1 1 1 x−2
P 2 = P − = (ln |x − 2| − ln |x + 2|) = ln .
x −4 4 x−2 x+2 4 4 x+2

Portanto, pela Fórmula de Barrow, tem-se que

1
x−2 1
   
1 1 1 1 ln 3
Z
dx = ln = ln − ln 3 =− ;
−1 x2 − 4 4 x + 2 −1 4 3 2

2 √
1+ x
Z
s) Determinemos dx.
1 x3
Como

√  √ 
1+ x 1 x 
−3 − 25
 1 2
P 3
= P 3
+ 3
= P x + x =− 2 − √ ,
x x x 2x 3 x3

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

2 √  2 √
1+ x 1 2 1 2 1 2 25 2
Z
3
dx = − 2 − √ =− − √ + + = − ;
1 x 2x 3
3 x 1 8 3 8 2 3 24 6

π
cos x
Z
2
t) Determinemos dx.
0 2 + sen x
Como
cos x
P = ln |2 + sen x| ,
2 + sen x

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

π
cos x 3
Z π
2
dx = [ln |2 + sen x|]02 = ln 3 − ln 2 = ln ;
0 2 + sen x 2

e

1 − ln x
Z
u) Determinemos dx.
1 x
Como
√    
1 − ln x 1 1 2
q
1 1
P =P (1 − ln x) 2 = −P − (1 − ln x) 2 = − (1 − ln x)3 ,
x x x 3
4.6 Exercı́cios resolvidos 371

tem-se, pela Fórmula de Barrow, que

e
√  q e
1 − ln x 2 2 2
Z
3
dx = − (1 − ln x) =0+ = .
1 x 3 1 3 3

4.6.15. Calcule, usando a integração por partes ou a integração por substituição, os

integrais seguintes:

π
1 ln 2 √
ex
Z Z Z
2
2
a) dx; b) cos x dx; c) ex − 1 dx;
0 1 + e2x − π2 0

π 1
Z e Z
4 √
Z
2
d) x ln x dx; e) cos x dx; f) arcsen x dx;
1 0 0

1 2 √ 9
√ 1+ x 1
Z Z Z
g) x 1 − x dx; h) dx; i) √ dx;
0 1 x3 0 1+ x
4 π 1
1
Z Z Z
x3 + x2 + x + 1 ex dx;

j) √dx; k) x sen x dx; l)
2 x x−1 0 0

π2 √ π
4

sen x cos x x+2 x−1
Z Z Z
4 2
m) √ dx; n) dx; o) √ dx.
π2 x 0 2 + sen x 2 1+ x−1
9

Resolução:
1
ex
Z
a) Determinemos dx.
0 1 + e2x
Aplicando a integração por substituição, com ϕ : (0, +∞) −→ R definida por
1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , ϕ−1 (0) = 1 e ϕ−1 (1) = e, e a Fórmula de
t
Barrow, obtemos

1 e e
ex t 1 1
Z Z Z
dx = dt = dt = [arctg t]e1 =
0 1 + e2x 1 1 + t2 t
1 1+t
2

π
= arctg e − arctg 1 = arctg e − .
4
372 Cálculo integral em R

Z π
2
b) Determinemos cos2 x dx.
− π2
Aplicando a integração por partes, com u′ (x) = cos x e v (x) = cos x, pelo que

u (x) = sen x e v ′ (x) = − sen x, e a Fórmula de Barrow, obtemos

Z π Z π Z π
2 π 2 2
cos2 x dx = [sen x cos x]−2 π + sen2 x dx = 1 − cos2 x dx =

− π2 2 − π2 − π2
Z π Z π
π 2 2
= [x]−2 π − cos2 x dx = π − cos2 x dx,
2 − π2 − π2

isto é,
Z π Z π
2 2
2
cos x dx = π − cos2 x dx,
− π2 − π2

donde
Z π
2
2 cos2 x dx = π,
− π2

ou ainda,
π
π
Z
2
cos2 x dx = ;
− π2 2

Z ln 2 √
c) Determinemos ex − 1 dx.
0
Aplicando a integração por substituição, com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida por
2t √
ϕ (t) = ln t2 + 1 , pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex − 1, ϕ−1 (0) = 0 e ϕ−1 (ln 2) = 1,

t2 +1
obtemos
ln 2 √ 1 1
2t 2t2
Z Z Z
ex − 1 dx = t dt = dt.
0 0 1 + t2 0 1 + t2

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
2t2 2
obtém-se =2− , pelo que, pela Fórmula de Barrow, se tem
1 + t2 1 + t2
Z ln 2 Z 1 Z 1
√ 2t2

2 π
x
e − 1 dx = 2
dt = 2− 2
dt = [2t − 2 arctg t]10 = 2 − ;
0 0 1+t 0 1+t 2
4.6 Exercı́cios resolvidos 373

Z e
d) Determinemos x ln x dx.
1
x2
Aplicando a integração por partes, com u′ (x) = x e v (x) = ln x, pelo que u (x) =
2
1
e v ′ (x) = , e a Fórmula de Barrow, obtemos
x
Z e  2 e Z e  2 e
x x e2 x e2 e2 1 e2 1
x ln x dx = ln x − dx = − = − + = + ;
1 2 1 1 2 2 4 1 2 4 4 4 4

π2

Z
4
e) Determinemos cos x dx.
0
Aplicando a integração por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida por
√  2 π
ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, ϕ−1 (0) = 0 e ϕ−1 π4 = , tem-se
2
π2 π π

Z Z Z
4 2 2
cos x dx = cos t × 2t dt = 2t cos t dt.
0 0 0

Aplicando agora a integração por partes, com u′ (t) = cos t e v (t) = 2t, pelo que

u (t) = sen t e v ′ (t) = 2, e a Fórmula de Barrow, tem-se


Z π Z π
2 π 2 π
2
2t cos t dt = [2t sen t]0 − 2 sen t dt = π + [2 cos t]02 = π − 2,
0 0

e, portanto,
π2

Z
4
cos x dx = π − 2;
0

Z 1
2
f ) Determinemos arcsen x dx.
0
Aplicando a integração por partes, com u′ (x) = 1 e v (x) = arcsen x, pelo que u (x) = x
1
e v ′ (x) = √ , e a Fórmula de Barrow, tem-se
1 − x2
1 Z 1 Z 1
x π
Z 1
2 2 2 − 1
arcsen x dx = [x arcsen x]0 −2
√ dx = − x 1 − x2 2 dx =
0 0 1 − x2 12 0
Z 1 i1
π 1 2 − 1 π h p 2
= + −2x 1 − x2 2 dx = + 1 − x2 =
12 2 0 12 0
s  2 √
π 1 π 3
= + 1− −1= + − 1;
12 2 12 2
374 Cálculo integral em R

Z 1 √
g) Determinemos x 1 − x dx.
0
Aplicando a integração por substituição, com ϕ : [0, +∞) −→ (−∞, 1] definida por

ϕ (t) = 1 − t2 , pelo que ϕ′ (t) = −2t e ϕ−1 (x) = 1 − x, ϕ−1 (0) = 1 e ϕ−1 (1) = 0, e a

Fórmula de Barrow, tem-se


Z 1 √
Z 0 Z 1
2
t2 − t4 dt =
 
x 1 − x dx = 1−t t × (−2t) dt = 2
0 1 0
1
t3 t5
  
1 1 4
= 2 − =2 − = ;
3 5 0 3 5 15
2 √
1+ x
Z
h) Determinemos dx.
1 x3
Aplicando a integração por substituição, com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida por
√ √
ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, ϕ−1 (1) = 1 e ϕ−1 (2) = 2, e a Fórmula

de Barrow, tem-se

2 √ Z √2 Z √2 Z √2  
1+ x 1+t 1+t 1 1
Z
dx = × 2t dt = 2 dt = 2 + dt =
1 x3 1 t6 1 t5 1 t5 t4
 √
 2 √
1 1 1 2 1 2 25 2
= 2 − 4− 3 =− − √ + + = − ;
4t 3t 1 8 3 8 2 3 24 6
9
1
Z
i) Determinemos √ dx.
0 1+ x
Aplicando a integração por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida por

ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, ϕ−1 (0) = 0 e ϕ−1 (9) = 3, obtemos

9 3 3
1 1 2t
Z Z Z
√ dx = × 2t dt = dt.
0 1+ x 0 1+t 0 1+t

Como se trata de uma função racional imprópria faz-se uma divisão de polinómios e
2t 2
obtém-se =2− , pelo que, pela Fórmula de Barrow, se tem
1+t 1+t
9 Z 3 Z 3
1 2t 2
Z
√ dx = dt = 2− dt = [2t − 2 ln |1 + t|]30 = 6 − 2 ln 4;
0 1+ x 0 1 + t 0 1 + t
4.6 Exercı́cios resolvidos 375

4
1
Z
j) Determinemos √ dx.
2 x x−1
Aplicando a integração por substituição, com ϕ : (0, +∞) −→ (1, +∞) definida por
√ √
ϕ (t) = t2 + 1, pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x − 1, ϕ−1 (2) = 1 e ϕ−1 (4) = 3, e a

Fórmula de Barrow, tem-se


√ √
4 3 3 √
1 1 2 2π π π
Z Z Z
3
√ dx = 2t dt = dt = [2 arctg t] 1 = − = ;
2 x x−1 1 (t2 + 1) t 1 t2 + 1 3 2 6

Z π
k) Determinemos x sen x dx.
0
Aplicando a integração por partes, com u′ (x) = sen x e v (x) = x, pelo que

u (x) = − cos x e v ′ (x) = 1, e a Fórmula de Barrow, tem-se


Z π Z π
x sen x dx = [−x cos x]π0 + cos x dx = π + [sen x]π0 = π;
0 0

Z 1
x3 + x2 + x + 1 ex dx.

l) Determinemos
0
Aplicando a integração por partes com u′ (x) = ex e v (x) = x3 + x2 + x + 1, pelo que

u (x) = ex e v ′ (x) = 3x2 + 2x + 1, tem-se


Z 1  1
Z 1
x3 + x2 + x + 1 ex dx =
 3
x + x 2 + x + 1 ex 0 − 3x2 + 2x + 1 ex dx =
 
0 0
Z 1
3x2 + 2x + 1 ex dx.

= 4e − 1 −
0

Aplicando de novo a integração por partes com u′ (x) = ex e v (x) = 3x2 + 2x + 1, pelo

que u (x) = ex e v ′ (x) = 6x + 2, tem-se


Z 1 Z 1
3 2 x
3x2 + 2x + 1 ex dx =
 
x + x + x + 1 e dx = 4e − 1 −
0 0
Z 1
2
 x 1
(6x + 2) ex dx =

= 4e − 1 − 3x + 2x + 1 e 0 +
0
Z 1
= 4e − 1 − 6e + 1 + (6x + 2) ex dx =
0
Z 1
= −2e + (6x + 2) ex dx.
0
376 Cálculo integral em R

Aplicando de novo a integração por partes, com u′ (x) = ex e v (x) = 6x + 2, pelo que

u (x) = ex e v ′ (x) = 6, e a Fórmula de Barrow, tem-se

Z 1 Z 1
x3 + x2 + x + 1 ex dx = −2e + (6x + 2) ex dx =

0 0
Z 1
x 1
= −2e + [(6x + 2) e ]0 − 6ex dx =
0

= −2e + 8e − 2 − [6ex ]10 =

= 6e − 2 − 6e + 6 = 4;

π2 √
sen x
Z
4
m) Determinemos √ dx.
π2 x
9

Aplicando a integração por substituição, com ϕ : (0, +∞) −→ (0, +∞) definida por
√  2 π  2 π
ϕ (t) = t2 , pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x, ϕ−1 π9 = e ϕ−1 π4 = , e a
3 2
Fórmula de Barrow, tem-se

π2 √ Z π Z π
sen x 2 sen t
Z π
4 2
√ dx = × 2t dt = 2 sen t dt = [−2 cos t] π2 = 1;
π2 x π t π 3
9 3 3

π
cos x
Z
2
n) Determinemos dx.
0 2 + sen x
h π πi
Aplicando a primitivação por substituição, com ϕ : [−1, 1] −→ − , definida por
2 2
1 π 
ϕ (t) = arcsen t, pelo que ϕ′ (t) = √ e ϕ−1 (x) = sen x, ϕ−1 (0) = 0 e ϕ−1 = 1,
1 − t2 2
e a Fórmula de Barrow, tem-se

π
1
√ 1
cos x 1 − t2 1 1
Z Z Z
2
dx = ×√ dt = dt =
0 2 + sen x 0 2+t 1 − t2 0 2+t
3
= [ln |2 + t|]10 = ln 3 − ln 2 = ln ;
2
4

x+2 x−1
Z
o) Determinemos √ dx.
2 1+ x−1
Aplicando a integração por substituição, com ϕ : (0, +∞) −→ (1, +∞) definida por
√ √
ϕ (t) = t2 + 1, pelo que ϕ′ (t) = 2t e ϕ−1 (x) = x − 1, ϕ−1 (2) = 1 e ϕ−1 (4) = 3, e a
4.6 Exercı́cios resolvidos 377

Fórmula de Barrow, tem-se


√ Z √3 2 Z √3
4
x+2 x−1 t + 1 + 2t (t + 1)2
Z
√ dx = × 2t dt = × 2t dt =
2 1+ x−1 1 1+t 1 1+t
Z 3√ Z 3√

2t2 + 2t dt =

= (t + 1) × 2t dt =
1 1
 √3
t3 √ √

2 4
= 2 + t2 =2 3+3− −1=2 3+ .
3 1 3 3

4.6.16. Seja f uma função definida por

Z x3
f (x) = h (t) dt.
x

Prove que se h uma função ı́mpar, então f é uma função par.

Resolução:

Verifiquemos que f é uma função par, isto é, que f (x) = f (−x) . Com efeito, como

Z −x3
f (−x) = h (t) dt,
−x

aplicando a primitivação por substituição com ϕ : R −→ R definida por ϕ (y) = −y, pelo

que ϕ′ (y) = −1 e ϕ−1 (t) = −t, ϕ−1 (−x) = x e ϕ−1 −x3 = x3 , tem-se


Z −x3 Z x3 Z x3
f (−x) = h (t) dt = h (−y) (−1) dy = h (y) dy = f (x) .
−x x x

4.6.17. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:


Z x2 √ 
sen t dt
a) lim 0 3
= 0.
Z x x
x→0 √

arctg 2t − t2 dt

π
b) lim 1 √ = .
x→1 x−1 4 Z x
c) Seja f uma função diferenciável em R tal que f (t) dt = xf (x) , para todo o
0
x ∈ R. Então, f é constante.
378 Cálculo integral em R

t2 +1
x  
e 1
Z
t
d) Seja F (x) = dt, com x > 0. Então, F (x) = −F .
1 t x
Resolução:
0
a) Falsa. Trata-se de uma indeterminação do tipo . Pela regra de Cauchy e pelo
0
Teorema fundamental do cálculo, tem-se que
Z x2 √ 
sen t dt
0 2x sen x 2 sen x 2
lim = lim = lim = .
x→0 x3 x→0 3x2 x→0 3x 3
0
b) Verdadeira. Trata-se de uma indeterminação do tipo . Pela regra de Cauchy e pelo
0
Teorema fundamental do cálculo, tem-se que

x √ 1
Z
arctg 2t − t2 dt

arctg (2 x − x) √
1 2 x √  π
lim √ = lim = lim arctg 2 x − x = .
x→1 x−1 x→1 1 x→1 4

2 x

c) Verdadeira. Com efeito, derivando ambos os membros da igualdade, pelo Teorema

fundamental do cálculo, obtemos

f (x) = f (x) + xf ′ (x) ⇔ xf ′ (x) = 0 ⇔ x = 0 ∨ f ′ (x) = 0.

Portanto, f ′ (x) = 0, pelo que f é constante.

d) Verdadeira. Com efeito, aplicando a primitivação por substituição com t = ϕ (s) =


1 1 1 1
, pelo que ϕ′ (y) = − 2 e s = ϕ−1 (t) = , ϕ−1 (1) = 1 e ϕ−1 (x) = , tem-se
s s t x
 
t2 +1 1 1
+1 s Z 1 1+s2
x s2
   
e e 1 x e s 1
Z Z
t x
F (x) = dt = − 2 ds = − ds = −F .
1 t 1
1 s 1 s x
s
4.7 Exercı́cios propostos 379

4.7 Exercı́cios propostos

4.7.1. Seja f (x) = x2 em [0, 1] e P = {0; 0, 4; 0, 5; 0, 7; 1} uma partição de [0, 1] .

Calcule S (f, P ) e S (f, P ) .

4.7.2. Seja f (x) definida em [−1, 2] por




 −x + 2 se −1 ≤ x < 0,

f (x) = x2 + 1 se 0 ≤ x < 1,


3 se 1 ≤ x ≤ 2

 
1 1 3
eP = −1, − , 0, , , 2 uma partição de [−1, 2] . Calcule S (f, P ) .
2 2 2

4.7.3. Seja f (x) = (x − 4)2 em [0, 4] e P = {0, 1, 2, 3, 4} uma partição de [0, 4] .

a) Represente graficamente f (x).

b) Calcule S (f, P ) e S (f, P ) .

4.7.4. Sejam a, b ∈ R, a < b, f : [a, b] −→ R uma função limitada, isto é, existem m

e M tais que m ≤ f (x) ≤ M, para todo o x ∈ [a, b] . Prove que para qualquer partição P

de [a, b] se tem

m (b − a) ≤ S (f, P ) ≤ S (f, P ) ≤ M (b − a) .

4.7.5. Verifique que a função real de variável real definida por


(
1 se x ∈ Q,
f (x) =
0 se x ∈ R\Q

não é integrável no intervalo [0, 1] .

4.7.6. Calcule, usando a definição, os integrais seguintes:


Z 1
a) x dx, decompondo o intervalo de integração em n partes iguais;
0
380 Cálculo integral em R

Z 1
b) x2 dx, decompondo o intervalo de integração em n partes iguais;
0
Z 2
c) xdx, decompondo o intervalo de integração em n + 1 partes em progressão geo-
1
métrica: x0 = 1, x1 = r, x2 = r2 , . . . , xn = rn , xn+1 = 2;
Z 2
1
d) 2
dx, decompondo o intervalo de integração em n + 1 partes em progressão
1 x
geométrica: x0 = 1, x1 = r, x2 = r2 , . . . , xn = rn , xn+1 = 2;
Z b
e) xα dx, b > a > 0, α > 0, decompondo o intervalo de integração em n + 1 partes
a
em progressão geométrica: x0 = a, x1 = ar, x2 = ar2 , . . . , xn = arn , xn+1 = b.

4.7.7. Prove que:


  
1 1 1 1
a) lim n 2 + 2 + ··· + 2 = ;
n (n + 1) (n + 2) (2n) 2
 
1 1 1
b) lim + + ··· + = ln 2;
n n+1 n+2 2n
  
1 1 1 π
c) lim n + + ··· + 2 = .
n n2 + 1 n2 + 4 2n 4

4.7.8. Diga, justificando, sem calcular, qual dos integrais seguintes é maior:
Z 1p Z 1
a) 2
1 + x dx ou x dx;
0 0
Z 1 Z 1
2 2
b) x sen x dx ou x sen2 x dx;
0 0
Z π Z π
2 2
c) cos x dx ou sen x dx.
0 0

4.7.9. Seja f uma função contı́nua em [0, 1] tal que 0 ≤ f (x) ≤ 1. Prove que

1
f (x) π
Z
2
dx ≤ .
0 1+x 4

Z x √ √
x

4.7.10. Seja f uma função contı́nua em [1, +∞) e f (t) dt = e x−1 .
1
a) Determine, justificando, f (x) .
Z 9
b) Sem calcular o integral, mostre que f (t) dt = 2e3 − e2 .
4
4.7 Exercı́cios propostos 381

4.7.11. Determine as derivadas das funções seguintes:


Z x t Z 3x2 ex
e + ln t
Z
a) F (x) = dt; b) G (x) = ln tdt; c) H (x) = cos t2 dt;
1 t2 1 1
x
Z x 3 Z x2
t +1 2
d) I (x) = 2+1
dt; e) J (x) = e−t dt.
0 t 2

4.7.12. Calcule os limites seguintes:


Z x Z x
3
sen t dt sen t5 dt
a) lim 0 ; b) lim Z0 x .
x→0 x4 x→0
sen t2 dt
0

4.7.13. Sendo f (x) uma função contı́nua no intervalo real I e sendo a um ponto
 Z x 
x
interior de I, calcule lim f (t)dt , com x ∈ I.
x→a x − a a

4.7.14. Determine o domı́nio, os intervalos de monotonia e os extremos locais das

funções seguintes:
Z x Z 0p
a) F (x) = ln tdt; b) G (x) = 1 + t4 dt;
1 x
ex x2
1
Z Z
2
c) H (x) = dt; d) I (x) = e−t dt.
2 ln t 0

Z x
t2 + 3 dt. Estude F e esboce o seu gráfico.

4.7.15. Seja F (x) =
−1

4.7.16. Estude, quanto aos intervalos de monotonia e aos extremos, a função


Z x
t2 − 6t + 8 dt.

Φ(x) =
1

4.7.17. Seja f uma função contı́nua em R e g : R\ {0} −→ R uma função definida por

x
1
Z
g (x) = f (t) dt.
x 0

a) Calcule lim g (x) .


x→0

b) Prove que g é uma função constante em R\ {0} sse f também o for em R.


382 Cálculo integral em R

4.7.18. Seja ϕ uma função contı́nua em R e Φ tal que, para cada x ∈ R,


Z x
Φ(x) = (x − t) ϕ(t) dt.
0

Calcule Φ′ (x) e Φ′′ (x). Justifique todos os passos dos cálculos efectuados.

4.7.19. Seja f uma função duas vezes diferenciável e tal que f ′ (x) e f ′′ (x) são

positivas em todo o ponto x ∈ R e seja g a função definida por


Z x
f t2 dt,

g (x) = ∀x ∈ R.
0

Justifique que g é três vezes diferenciável, calcule g ′′ (x) e g ′′′ (x) para x ∈ R e aproveite

o resultado para estudar, quanto à concavidade e inflexões, o gráfico de g.

4.7.20. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:


1 x
Z
a) Seja f a função definida em R por f (x) = (x − t)2 g (t) dt. Então, f ′′ (x) = g (x) .
Z e 2 0
2 2
b) e ≤ ex ln xdx ≤ ee .
1
c) Existe uma função de classe C 2 que satisfaz as seguintes condições
Z x
g ′′ (t) dt = x3 + x e g ′ (0) = g (0) = 1.
0
Z ln x
2
d) Seja f a função definida por f (x) = xet dt. Então, f ′′ (1) = 0.
Z x 0
2
x e−t dt
0
e) lim 2 = 1.
x→0 1 − e−x
Z π
3 π
f) sen x dx ≤ .
π 6
6

Z x
4.7.21. Seja ϕ uma função integrável em [0, 1] e φ (x) = ϕ(t)dt com a ∈ [0, 1] .
a
Justifique que φ é integrável em [0, 1] e mostre que existe b ∈ [0, 1] tal que
Z 1 Z b
φ (t) dt = ϕ(t)dt.
0 a
4.7 Exercı́cios propostos 383

1
x4 + 1
Z
4.7.22. Sendo f ′ (x) = , para todo o x ∈ R, e f (0) = 1, calcule f (x) dx.
x2 + 1 0

4.7.23. Calcule os integrais seguintes:



1 1
arctg x
Z Z Z
2
a) sen x dx; b) x arctg x dx; c) dx;
0 0 0 x2 + 1
e π 3
1
Z Z Z
3
d) ln x dx; e) sen x dx; f) dx;
1 1 2 x3 + x
1
4 1
1 x3 1
Z Z Z
2
g) 2
dx; h) dx; i) dx;
0 x −1 0 x+1 0 x−3
π 1 1 √
x
Z Z Z
j) sen 2 x dx; k) dx; l) 3
x dx;
−π 0 (x2 + 4) (x + 2)2 −1

π
1 4 √
√ √ 1+ x
Z Z Z
4
m) sen x dx; n) x 1 + xdx; o) dx;
0 0 1 x2
3 2
x 1
Z Z
p) 2
dx; q) √ dx.
2 x − 25 1 x 1+x

4.7.24. Calcule, usando a integração por partes ou a integração por substituição, os

integrais seguintes:
π
2 π
1
Z Z Z
2
2 x 2
a) x ln x dx; b) e cos x dx; c) dx;
1 0 π 3 + cos x
3

1 π e
1
Z Z Z
d) arccos x dx; e) x sen xdx; f) √ dx;
0 0 1 x 1 + ln x
Z 9 √
Z 1 Z 1 √
g) x 3 1 − xdx; h) x (2 − x)12 dx; i) arcsen xdx.
1 0 0

4.7.25. Calcule os integrais seguintes:

1 −π/3 e

4 − ln x
Z Z Z
2 −3/2

a) 2−x dx; b) cotg xdx; c) dx;
0 −π/4 1 x

1 0 π/2
1 cos x
Z Z Z
x x
d) e arctg (e ) dx; e) dx; f) dx;
0 −1 e + e−2x
2x
0 1 + sen x
384 Cálculo integral em R

1 π/2 4
2 + 2x + x2
Z Z Z
x x
g) x2 dx; h) 3 sen xdx; i) dx;
0 0 2 (x − 1) (4 + x2 )
π/4 π/2 2
tg x 1
Z Z Z
j) dx; k) dx; l) |x − 1| dx.
0 4 sen x + 3 cos x 0 8 − 4 sen x + 7 cos x 0

4.7.26. Seja f uma função de classe C 1 no intervalo [0, 1] tal que

Z 1
f (0) = f (1) = 0 e f 2 (x)dx = 1.
0

Mostre que
1
1
Z
xf (x)f ′ (x)dx = − .
0 2

π/2
n−1
Z
4.7.27. Seja In = senn xdx. Mostre que In = In−2 , para n ≥ 2.
0 n

4.7.28. Seja f : [0, 1] −→ R uma função contı́nua. Mostre que

Z π Z π
2 2
f (sen x)dx = f (cos x)dx.
0 0

4.7.29. Mostre que


x ex
et 1
Z Z
dt = ds,
1 t e ln s

para qualquer x > 0.

4.7.30. Seja f uma função contı́nua em [−a, a] . Prove que:


Z a Z a
a) Se f for uma função par, então f (x) dx = 2 f (x) dx.
−a
Z a 0

b) Se f for uma função ı́mpar, então f (x) dx = 0.


−a

4.7.31. Seja f uma função contı́nua em R e φ o seu integral indefinido com origem

no ponto 0.

a) Se φ tem máximo em a, qual é o valor de f (a)? Justifique cuidadosamente a resposta.


4.7 Exercı́cios propostos 385

b) Prove que se φ (c) = 0, sendo c 6= 0, f tem pelo menos uma raiz real, com o mesmo

sinal de c.

4.7.32. Seja f uma função contı́nua em R e a ∈ R, designa-se por Ia f o integral

indefinido de f com origem no ponto a.

a) Utilizando o método de integração por partes, mostre que Ia (Ia f ) (que designaremos

por Ia2 f ) é dado pela expressão


Z x
Ia2 f

(x) = (x − t) f (t) dt.
a

b) Sendo D o operador de derivação, mostre que

D2 Ia2 f = f.

D (Ia f ) = f e

4.7.33. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:


Z c−a Z b
a) Seja f uma função contı́nua em R. Então, f (c − x)dx = f (x)dx, com
c−b a
a, b, c ∈ R.
b
Z
c
Z b
b) Seja f uma função contı́nua em R. Então, c f (cx)dx = f (x)dx, com a, b, c ∈ R
a
c
a
e c 6= 0.
2
1 2
 
1 3
Z
c) 2
dx = − =− .
−1 x x −1 2
Z b
d) É possı́vel definir uma função f : [a, b] −→ R tal que não existe f (x)dx mas
Z b a

existe f 2 (x)dx.
a Z 1
e) Existe uma função f : [0, 1] −→ R, Riemann-integrável com f (x)dx = 1 e tal
0
que f (x) 6= 1, para todo x ∈ [0, 1].
Z x Z 1
1 1
f) 2
dt = dt, para qualquer x > 0.
1 1 + t2
1 1+t x
386 Cálculo integral em R

4.8 Soluções dos exercı́cios propostos

4.7.1. S (f, P ) = 0, 213 e S (f, P ) = 0, 487. 4.7.2. S (f, P ) = 5.

4.7.3. b) S (f, P ) = 14 e S (f, P ) = 30.

1 1 3 1 bα+1 − aα+1
4.7.6. a) ; b) ; c) ; d) ; e) .
2 3 2 2 α+1

Z 1 p Z 1 Z 1 Z 1
2 2
4.7.8. a) 1+ x2 dx ≥ x dx; b) x sen x dx ≤ x sen2 x dx;
0 0 0 0

Z π Z π
2 2
c) cos x dx = sen x dx.
0 0


x
e
4.7.10. a) f (x) = .
2

ex + ln x 1 1
b) G′ (x) = 6x ln 3x2 ; c) H ′ (x) = ex cos e2x +

4.7.11. a) F ′ (x) = ; cos 2 ;
x2 x 2 x

x3 + 1 4
d) I ′ (x) = ; e) J ′ (x) = 2x e−x .
x2 + 1

1
4.7.12. a) ; b) 0. 4.7.13. a f (a) .
4

4.7.14. a) DF = (0, +∞) , monótona decrescente em (0, 1] e crescente em [1, +∞) , mı́nimo local

(1, 0) ;

b) DG = R, monótona decrescente em R, não tem extremos locais;

c) DH = (0, +∞) , monótona crescente em (0, +∞) , não tem extremos locais;

d) DI = R, monótona decrescente em (−∞, 0] , monótona crescente em [0, +∞) , mı́nimo

local (0, 0) .
 
10
4.7.15. DF = R, monótona crescente em R, não tem extremos locais, ponto de inflexão 0, .
3
O gráfico da função F está na Figura 4.13.

4.7.16. DΦ = R, monótona decrescente em [2, 4] , monótona crescente em (−∞, 2] e [4, +∞) ,


 
4
máximo local 2, e mı́nimo local (4, 0) .
3
4.8 Soluções dos exercı́cios propostos 387

60

40

20

-4 -2 2 4

-20

-40

Figura 4.13: Gráfico da função no Exercı́cio 4.7.15.

4.7.17. a) f (0) .

Z x
4.7.18. Φ′ (x) = ϕ(t) dt e Φ′′ (x) = ϕ(x).
0

g ′′ (x) = 2xf ′ x2 , g ′′′ (x) = 2f ′ x2 + 4x2 f ′′ x2 e em x = 0 há um ponto de inflexão.


  
4.7.19.

4.7.20. a) F. b) V. c) V. d) F. e) V. f ) V.

7 + 6π
4.7.22. − ln 2.
12

1 π π2
4.7.23. a) 1; b) − + ; c) ;
2 4 32

2 cos3 1 3 ln 2
d) 1; e) + cos 1 − ; f ) ln 3 − ;
3 3 2
ln 3 52 2
g) − ; h) − ln 5; i) ln ;
2 3 3
1 1 1
j) π; k) arctg − ; l) 0;
8 2 24
√ √
√ π π 4 √  7
m) − π cos + 2 sen ; n) 1+ 2 ; o) ;
2 2 15 4
√ √
ln 21 3−1 2−1
p) ln 4 − ; q) ln √ − ln √ .
2 3+1 2+1
388 Cálculo integral em R

√ √ √ !
7 8 ln 2 3 2 2 6
4.7.24. a) − + ; b) (eπ − 1) ; c) arctg − arctg ;
9 3 5 2 2 6
√ 
d) 1; e) π; f) 2 2−1 ;

468 16369 π
g) − ; h) ; i) .
7 182 4
r
1 3
4.7.25. a) ; b) ln ;
2 2

√  1 + e2
 
2 π 1
c) 8−3 3 ; d) e arctg e − − ln ;
3 4 2 2

π 1
e) − arctg e−2 ; f ) ln 2;
8 2
π
2 2 3 2 ln 3 + 1
g) − ; h) ;
ln 2 (ln 2)2 1 + ln2 3
π π
π 1 1 + tg 3 3 − tg
i) ln 3 + arctg 2 − ; j) ln 8 + ln 8 − 3 ln 3;
4 4 π 20 π 20
1 − tg 1 + 3 tg
8 8
6
k) ln ; l) 1.
5

4.7.31. a) f (a) = 0.

4.7.33. a) V; b) V; c) F; d) V; e) V; f ) V.
Capı́tulo 5

Aplicações dos integrais

Neste capı́tulo vamos estudar algumas aplicações geométricas dos integrais, nomeda-

mente ao cálculo de áreas de figuras planas, de comprimentos de linha, de volumes de

sólidos de revolução e ainda de áreas laterais de sólidos de revolução.

Recorde-se que a área de uma figura plana, o comprimento de uma linha, o volume de

um sólido de revolução ou ainda a área lateral de um sólido de revolução são números não

negativos.

5.1 Áreas

1.o CASO: Seja f uma função Riemann-integrável em [a, b] , com a < b, tal que f (x) ≥ 0,

para todo o x ∈ [a, b] . Então, como vimos na Secção 4.1, a área da figura plana limitada

pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f é dada por

Z b
A= f (x) dx,
a

ver Figura 5.1.

Exemplo 5.1.1 Determinemos a área da região do plano limitada pelas rectas verticais
π
x=0ex= , pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x (ver Figura 5.2).
2
389
390 Aplicações dos integrais

a x
b

Figura 5.1: Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a
e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f.

Com efeito, a área é dada por

π
π
Z π π
2
 
A= sen xdx = [− cos x]02 = − [cos x]02 = − cos − cos 0 = 1.
0 2

f HxL = senx
1

0.5

Π Π
€€€€ €€€€
4 2

Figura 5.2: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
π
x = 0 e x = , pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no Exemplo 5.1.1.
2
5.1 Áreas 391

2.o CASO: Seja f uma função Riemann-integrável em [a, b] , com a < b, tal que f (x) ≤ 0,

para todo o x ∈ [a, b] . Então, a área da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a

e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f é dada por


Z b
A=− f (x) dx,
a

ver Figura 5.3.


y y

-f

a b

x a x
b

Figura 5.3: Representação geométrica das figuras planas limitadas pelas rectas verticais
x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelos gráficos de f e −f.

Com efeito, considerando a simetria em relação ao eixo dos xx, obtém-se uma figura

com a mesma área e que é limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx

e pelo gráfico de −f. Como −f (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] , podemos aplicar o 1.o caso
Z b Z b
e, portanto, a área da figura em causa é dada por A = [−f (x)] dx = − f (x) dx.
a a

Exemplo 5.1.2 Determinemos a área da região do plano limitada pelas rectas verticais
π
x=− e x = 0, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x (ver Figura 5.4).
2
Com efeito, a área é dada por
Z 0  π
A=− sen xdx = [cos x]0− π = cos 0 − cos − = 1 − 0 = 1.
− π2 2 2
392 Aplicações dos integrais

0.5

Π Π
- €€€€ - €€€€
2 4

-0.5

-1
f HxL = senx

Figura 5.4: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
π
x = − e x = 0, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no Exemplo
2
5.1.2.

3.o CASO: Sejam a, b, c ∈ R, com a < c < b, e seja f uma função Riemann-integrável em

[a, b] tal que f (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, c] , e f (x) ≤ 0, para todo o x ∈ [c, b] . Então, a

área da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelo

gráfico de f é dada por


Z c Z b
A= f (x) dx − f (x) dx,
a c

ver Figura 5.5.

Com efeito, como no subintervalo [a, c] a função f é não negativa, podemos aplicar o

1.o caso, e como no subintervalo [c, b] a função f é não positiva, podemos aplicar o 2.o
Z c Z b
caso, pelo que a área da figura em causa é dada por A = f (x) dx − f (x) dx.
a c

Exemplo 5.1.3 Determinemos a área da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = 2π, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x (ver Figura 5.6).

Com efeito, a área é dada por

Z π Z 2π
A = sen xdx − sen xdx = [− cos x]π0 − [− cos x]2π
π =
0 π

= (− cos π + cos 0) − (− cos (2π) + cos π) = 4.


5.1 Áreas 393

a c b x

Figura 5.5: Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a
e x = b, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de f.

1
f HxL = senx

0.5

Π Π 3Π 2Π
€€€€ €€€€€€€€
2 2
-0.5

-1

Figura 5.6: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
x = 0 e x = 2π, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no Exemplo 5.1.3.
394 Aplicações dos integrais

4.o CASO: Sejam a, b, c ∈ R, com a < c < b, e sejam f uma função Riemann-integrável

em [a, c] tal que f (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, c] , e g uma função Riemann-integrável em

[c, b] tal que g (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [c, b] . Então, a área da figura plana limitada pelas

rectas verticais x = a e x = b, pelo eixo dos xx e pelos gráficos de f em [a, c] e g em [c, b]

é dada por
Z c Z b
A= f (x) dx + g (x) dx,
a c

ver Figura 5.7.

a c b x

Figura 5.7: Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a
e x = b, pelo eixo dos xx e pelos gráficos de f em [a, c] e g em [c, b] .

Exemplo 5.1.4 Determinemos a área da região do plano limitada pelas curvas x = y 3 ,

x + y = 2 e y = 0 (ver Figura 5.8).

Com efeito, a área é dada por

1 2  √ 1  2 2
√ 33 4 x 5
Z Z
3
xdx + (−x + 2) dx = x + − + 2x = .
0 1 4 0 2 1 4
5.1 Áreas 395

!!!
3
y= x
1
y=-x+2

-1 1 2

-1

Figura 5.8: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x = y 3 ,


x + y = 2 e y = 0, no Exemplo 5.1.4.

5.o CASO: Sejam f e g duas funções Riemann-integráveis em [a, b] , com a < b, tais que

f (x) ≥ g (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] . Então, pelos casos anteriores, a área da figura

plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b e pelos gráficos de f e g é dada por

Z b Z b Z b
A= f (x) dx − g (x) dx = [f (x) − g (x)] dx,
a a a

ver Figura 5.9.

a b x

Figura 5.9: Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a
e x = b e pelos gráficos de f e g.
396 Aplicações dos integrais

Exemplo 5.1.5 Determinemos a área da região do plano limitada pelas rectas verticais

x = 0 e x = 1 e pelos gráficos das funções f (x) = x e g (x) = x2 (ver Figura 5.10).

Com efeito, a área é dada por

1 1
x2 x3

1 1 1
Z
2

A= x−x dx = − = − = .
0 2 3 0 2 3 6

1
f HxL = x
0.5
g HxL = x2
0.5 1

Figura 5.10: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
x = 0 e x = 1 e pelos gráficos das funções f (x) = x e g (x) = x2 , no Exemplo 5.1.5.

Exemplo 5.1.6 Determinemos a área da região do plano limitada pelas curvas x = 1,

x = e, y = ln x e y = ex (ver Figura 5.11).

Com efeito, tendo em conta o Exemplo 3.2.17, a área é dada por

Z e
A= (ex − ln x) dx = [ex − x ln x + x]e1 = ee − e − 1.
1
5.1 Áreas 397

gHxL=ex
15

10

5
f HxL=lnx
1 2 3

Figura 5.11: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
pelas curvas x = 1 e x = e e pelos gráficos das funções f (x) = ln x e g (x) = ex , no
Exemplo 5.1.6.

6.o CASO: Sejam f e g duas funções Riemann-integráveis em [a, b] , com a < b, tais que

f (x) ≥ g (x) , para todo o x ∈ [a, b] . Então, tal como no caso anterior, a área da figura

plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b e pelos gráficos de f e g é dada por

Z b Z b Z b
A= f (x) dx − g (x) dx = [f (x) − g (x)] dx,
a a a

ver Figura 5.12.

a b x

Figura 5.12: Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais
x = a e x = b e pelos gráficos de f e g.
398 Aplicações dos integrais

Com efeito, seja K ∈ R tal que g (x)+K ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] . Então, f (x)+K ≥

≥ g (x) + K ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] , e pelo caso anterior a área da figura plana limitada

pelas rectas verticais x = a e x = b e pelos gráficos de f + K e g + K, que é igual à area

da figura em causa, é dada por


Z b Z b Z b
A= [f (x) + K] dx − [g (x) + K] dx = [f (x) − g (x)] dx.
a a a

7.o CASO: Sejam a, b, c ∈ R, com a < c < b, e sejam f, g e h três funções Riemann-

-integráveis em [a, b] tais que f (x) ≥ g (x) , para todo o x ∈ [a, c] , e h (x) ≥ g (x) , para

todo o x ∈ [c, b] . Então, pelos casos anteriores, a área da figura plana limitada pelas rectas

verticais x = a e x = b e pelos gráficos de f, g e h é dada por


Z c Z b
A= [f (x) − g (x)] dx + [h (x) − g (x)] dx,
a c

ver Figura 5.13.

a c b x

Figura 5.13: Representação geométrica da figura plana limitada pelas rectas verticais
x = a e x = b e pelos gráficos de f, g e h.
5.1 Áreas 399

Exemplo 5.1.7 Determinemos a área da região do plano limitada pelas rectas verticais
√ x 4
x = 0 e x = 4 e pelos gráficos das funções f (x) = x, g (x) = x2 e h (x) = − + (ver
3 3
Figura 5.14).

Com efeito, a área é dada por

1 √
 4 √
x 4
Z Z
2

A = x − x dx + x+ − dx =
0 1 3 3
" √ #1 " √ #4
2 x3 x3 2 x3 x2 4 7
= − + + − x = .
3 3 3 6 3 2
0 1

!!!
2 f HxL = x

1
x 4
h HxL = - €€€€€ + €€€€€
2
g HxL = x 3 3

1 2 3 4

Figura 5.14: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
√ x 4
x = 0 e x = 4 e pelos gráficos das funções f (x) = x, g (x) = x2 e h (x) = − + , no
3 3
Exemplo 5.1.7.
400 Aplicações dos integrais

5.2 Comprimentos de linha

Vamos ver agora como o comprimento de uma linha pode ser determinado a partir de

um integral.

Seja f uma função de classe C 1 em [a, b] , com a < b, isto é, uma função tal que f e a

sua derivada f ′ são funções contı́nuas em [a, b] . Qual será o comprimento do gráfico de f

entre as rectas verticais x = a e x = b, isto é, qual será o comprimento do arco AB entre

as rectas verticais x = a e x = b? Ver Figura 5.15.


y
f

a b x

Figura 5.15: Representação geométrica do gráfico de f entre as rectas verticais x = a e


x = b.

Comecemos por considerar sobre o arco AB os pontos A = (a, f (a)) = (x0 , f (x0 )) ,

M1 = (x1 , f (x1 )) , M2 = (x2 , f (x2 )) , . . . , Mn−1 = (xn−1 , f (xn−1 )) , B = (b, f (b)) =

= (xn , f (xn )) , cujas abcissas constituem uma partição P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} do

intervalo [a, b] . Consideremos agora a linha poligonal inscrita no arco AB definida por estes

pontos, isto é, a linha poligonal AM1 M2 . . . Mn−1 B, ver Figura 5.16. O comprimento desta

linha poligonal é dado por


n q
(xi − xi−1 )2 + (f (xi ) − f (xi−1 ))2 .
X
Ln (f, P ) = (5.1)
i=1

Intuitivamente, é natural aceitar que o comprimento do arco AB é um número não

inferior a qualquer dos comprimentos das linhas poligonais inscritas no arco AB, mas
5.2 Comprimentos de linha 401

susceptı́vel de ser aproximado, com a aproximação que se desejar, por algum desses com-

primentos.
y
M2 Mn-2
Mn-1
M1

a x1 x2 ... xn-2 xn-1 b x

Figura 5.16: Representação geométrica da linha poligonal inscrita no gráfico de f entre as


rectas verticais x = a e x = b.

Escreva-se (5.1) na forma


s
n  2
X f (xi ) − f (xi−1 )
Ln (f, P ) = 1+ (xi − xi−1 ) . (5.2)
xi − xi−1
i=1

Aplicando o Teorema de Lagrange (ver Capı́tulo 2) a f no intervalo [xi−1 , xi ] , tem-se

que existe ξ i ∈ (xi−1 , xi ) tal que

f (xi ) − f (xi−1 )
f ′ (ξ i ) = ,
xi − xi−1

pelo que (5.2) se pode escrever na forma


n q
1 + (f ′ (ξ i ))2 (xi − xi−1 ) .
X
Ln (f, P ) = (5.3)
i=1
q
Note-se que a soma em (5.3) é a soma de Riemann relativa à função 1 + (f ′ )2

associada à partição P = {a = x0 , x1 , . . . , xn = b} e a uma certa escolha subordinada


q
E = {ξ 1 , , . . . , ξ n }. Como f é de classe C , então a função 1 + (f ′ )2 é contı́nua e, pelo
1

Teorema 4.4.1, é integrável e, portanto, existe limite da soma em (5.3), no sentido da

Secção 4.1, e pela definição de integral tem-se que este limite é igual a
Z bq
1 + [f ′ (x)]2 dx.
a
402 Aplicações dos integrais

Assim, se f uma função de classe C 1 em [a, b] , com a < b, chama-se comprimento do

gráfico de f ou da curva f entre as rectas verticais x = a e x = b a


Z bq
L= 1 + [f ′ (x)]2 dx.
a

Exemplo 5.2.1 Determinemos o comprimento do gráfico da função f (x) = 3x entre as

rectas verticais x = 0 e x = 2 (ver Figura 5.17).

Com efeito, o comprimento é dado por


Z 2p h√ i2 √
L= 1 + 32 dx = 10x = 2 10.
0 0

4 y= 3x

0.5 1 1.5 2

Figura 5.17: Representação geométrica do gráfico da função f (x) = 3x entre as rectas


verticais x = 0 e x = 2, no Exemplo 5.2.1.

Observação 5.2.2 O comprimento de um arco de curva quando a curva é parametrizada

pelas equações paramétricas x = ϕ (t) e y = ψ (t) , para α ≤ t ≤ β, onde ϕ e ψ são funções

de classe C 1 e ϕ′ (t) 6= 0, para todo o t ∈ [α, β] , é dado por


Z β q 2
[ϕ′ (t)]2 + ψ ′ (t) dt.

L=
α

Para mais detalhes ver, por exemplo, [NP 97].

Exemplo 5.2.3 Determinemos o comprimento da hipociclóide dada por x = ϕ (t) = cos3 t

e y = ψ (t) = sen3 t.
5.2 Comprimentos de linha 403

Na Figura 5.18 está representada a hipociclóide e a parte da hipociclóide que se encon-

tra no primeiro quadrante.

Como a curva é simétrica em relação ao eixo dos xx e ao eixo dos yy, fazendo variar
π
o parâmetro t entre 0 e determinamos o comprimento da parte da hipociclóide que se
2
encontra no primeiro quadrante. Portanto, o comprimento total da hipociclóide é dado

por
Z π q Z π
2 2 2 p
′ 2  ′
L = 4 [ϕ (x)] + ψ (x) dx = 4 9 cos4 t sen2 t + 9 sen4 t cos2 tdt =
0 0
π
√ π  π2
sen2 t
Z Z 
2 2
= 12 cos2 t sen2 tdt = 12 cos t sen tdt = 12 = 6.
0 0 2 0

1 1

aL bL

0.5 0.5

-1 -0.5 0.5 1 -1 -0.5 0.5 1

-0.5 -0.5

-1 -1

Figura 5.18: Representação geométrica a) da hipociclóide no Exemplo 5.2.3 e b) da parte


da hipociclóide que se encontra no primeiro quadrante.

Observação 5.2.4 O comprimento de um arco de curva quando a curva é definida em

coordenadas polares pela equação ρ = f (θ) , onde ρ é o raio polar e θ o ângulo polar, entre

θ1 e θ2 é dado por
Z θ2 q
L= [f (θ)]2 + [f ′ (θ)]2 dθ.
θ1

Para mais detalhes ver, por exemplo, [NP 97].


404 Aplicações dos integrais

Exemplo 5.2.5 Determinemos o comprimento do cardióide dado, em coordenadas pola-

res, por ρ = 1 + cos θ.

Na Figura 5.19 está representado o cardióide.

Fazendo variar o ângulo θ entre 0 e π determinamos metade do comprimento procu-

rado, pelo que o comprimento total do cardióide é dado por


Z πq Z πp
2 ′ 2
L = 2 [f (θ)] + [f (θ)] dθ = 2 (1 + cos θ)2 + sen2 θdθ =
0 0
θ π
Z π Z π

 
θ
= 2 2 + 2 cos θdθ = 4 cos dθ = 8 sen = 8.
0 0 2 2 0

0.5

0.5 1 1.5 2

-0.5

-1

Figura 5.19: Representação geométrica do cardióide no Exemplo 5.2.5.

5.3 Volumes

1.o CASO: Seja f uma função Riemann-integrável em [a, b] , com a < b, tal que f (x) ≥ 0,

para todo o x ∈ [a, b] . Então, o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos xx da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo

eixo dos xx e pelo gráfico de f é dado por


Z b
V =π f 2 (x) dx,
a
5.3 Volumes 405

ver Figura 5.20. Para mais detalhes ver, por exemplo, [JR] ou [NP 97].

a b x

Figura 5.20: Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em


torno do eixo dos xx da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo
eixo dos xx e pelo gráfico de f.

Exemplo 5.3.1 Determinemos o volume de uma esfera de raio R (ver Figuras 5.21 e

5.22).

Com efeito, o volume é dado por

R R R
x3

4
Z p 2 Z
2 2 2
= πR3 .

V =π 2
R −x 2 dx = π R −x dx = π R x −
−R −R 3 −R 3

Exemplo 5.3.2 Determinemos o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 0 e x = π, pelo

eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x (ver Figuras 5.23 e 5.24).

Com efeito, tendo em conta o Exemplo 3.2.19, o volume é dado por

π π
π2

− cos x sen x + x
Z
2
V =π sen xdx = π = .
0 2 0 2
406 Aplicações dos integrais

"#################
f HxL = R2 - x2

-R R

Figura 5.21: Representação geométrica da região do plano limitada


√ pelas rectas verticais
x = −R e x = R, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = R2 − x2 , no Exemplo
5.3.1.

1
0.5
0
-0.5
-1
1

0.5

-0.5

-1
-1
-0.5
0
0.5
1

Figura 5.22: Representação geométrica da esfera de raio 1.


5.3 Volumes 407

1 f HxL = senx

0.5

Π Π
€€€€
2
-0.5

Figura 5.23: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
x = 0 e x = π, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no Exemplo 5.3.2.

0.5

-0.5

-1 1
0 0.5
1 0
2 -0.5
3 -1

Figura 5.24: Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em


torno do eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 0 e x = π, pelo
eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no Exemplo 5.3.2.
408 Aplicações dos integrais

2.o CASO: Sejam f e g duas funções Riemann-integráveis em [a, b] , com a < b, tais que

f (x) ≥ g (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] . Então, o volume do sólido de revolução gerado

pela rotação em torno do eixo dos xx da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a

e x = b e pelos gráficos de f e g é dado por

Z b
f 2 (x) − g 2 (x) dx,

V =π
a

ver Figura 5.25.

a b x

Figura 5.25: Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em


torno do eixo dos xx da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b e pelos
gráficos de f e g.

3.o CASO: Seja f uma função Riemann-integrável em [a, b] , com a < b, tal que f (x) ≥

≥ K ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] . Então, o volume do sólido de revolução gerado pela

rotação em torno do eixo de equação y = K da figura plana limitada pelas rectas verticais

x = a e x = b, pelo gráfico de f e pela recta y = K é dado por

Z b
V =π [f (x) − K]2 dx,
a

ver Figura 5.26.


5.3 Volumes 409

K
a b

Figura 5.26: Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em


torno do eixo de equação y = K da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e
x = b, pelo gráfico de f e pela recta y = K.

4.o CASO: Seja f uma função Riemann-integrável em [a, b] , com a < b, tal que f (x) ≥ 0,

para todo o x ∈ [a, b] . Então, o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos yy da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo

eixo dos xx e pelo gráfico de f é dado por


Z b
V = 2π xf (x) dx.
a

5.o CASO: Sejam f e g duas funções Riemann-integráveis em [a, b] , com a < b, tais que

f (x) ≥ g (x) ≥ 0, para todo o x ∈ [a, b] . Então, o volume do sólido de revolução gerado

pela rotação em torno do eixo dos yy da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a

e x = b e pelos gráficos de f e g é dado por


Z b
V = 2π x [f (x) − g (x)] dx.
a
410 Aplicações dos integrais

Exemplo 5.3.3 Determinemos o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em

torno do eixo dos yy da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 0 e x = π, pelo

eixo dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x (ver Figuras 5.23 e 5.27).

Com efeito, tendo em conta o Exemplo 3.2.16, o volume é dado por


Z π
V = 2π x sen xdx = 2π [−x cos x + sen x]π0 = 2π 2 .
0

1 2
0.5
0
0
-2

0
-2
2

Figura 5.27: Representação geométrica sólido de revolução gerado pela rotação em torno
do eixo dos yy da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 0 e x = π, pelo eixo
dos xx e pelo gráfico da função f (x) = sen x, no Exemplo 5.3.3.

5.4 Áreas laterais

Seja f uma função de classe C 1 em [a, b] , com a < b, tal que f (x) ≥ 0, para todo o

x ∈ [a, b] . Então, a área da superfı́cie lateral do sólido de revolução gerado pela rotação

em torno do eixo dos xx da figura plana limitada pelas rectas verticais x = a e x = b, pelo

eixo dos xx e pelo gráfico de f é dada por


Z b q
A = 2π f (x) 1 + [f ′ (x)]2 dx.
a
5.4 Áreas laterais 411

Para mais detalhes ver, por exemplo, [JR] ou [NP 97].

Exemplo 5.4.1 Determinemos a área lateral do sólido de revolução gerado pela rotação

em torno do eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 1 e x = 4,

pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y 2 = 2x (com y > 0) (ver Figuras 5.28 e 5.29).

Com efeito, a área lateral é dada por

4√ Z 4√ r
r Z 4
1 2x + 1 √
Z
A = 2π 2x 1 + dx = 2π 2x dx = 2π 2x + 1dx =
1 2x 1 2x 1
4
√ 

1 3

= 2π (2x + 1) 2 = 2π 9 − 3 .
3 1

!!!!!!!!
y= 2 x
2

1 2 3 4

Figura 5.28: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
x = 1 e x = 4, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y 2 = 2x (com y > 0), no
Exemplo 5.4.1.
412 Aplicações dos integrais

2
0

-2

-2

0
1
2
3
4

Figura 5.29: Representação geométrica do sólido de revolução gerado pela rotação em


torno do eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 1 e x = 4, pelo
eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y 2 = 2x (com y > 0), no Exemplo 5.4.1.
5.5 Exercı́cios resolvidos 413

5.5 Exercı́cios resolvidos

5.5.1. Determine a área de cada uma das regiões seguintes:

a) região limitada pela parábola y = −x2 + 1 e pela recta y = x − 1;

b) região limitada pela parábola x2 − y = 4 e o eixo dos xx;


π
c) região limitada pelas curvas y = sen x, y = cos x e as rectas x = 0 e x = ;
4
d) região limitada pelas curvas y = sen x, y = cos x e as rectas x = 0 e x = π;

e) região limitada pelas rectas y = x, y = 3x e y = 4 − x;

f ) região limitada pelas curvas y = x3 − 6x2 + 8x e y = x2 − 4x;

g) região limitada pelos gráficos das funções f (x) = ex , g (x) = e−x e a recta y = 2;
1
h) região do 1.o quadrante limitada pelos gráficos das funções f (x) = , g (x) = x2
x2
e as rectas y = 4 e x = 0.

Resolução:

a) Como os pontos de intersecção de y = −x2 + 1 e y = x − 1 são dados por

y = −x2 + 1 y = −x2 + 1 y = −x2 + 1 y = −x2 + 1


( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y =x−1 −x2 + 1 = x − 1 x2 + x − 2 = 0 x = −2 ∨ x = 1

isto é, os pontos de intersecção de y = −x2 + 1 e y = x − 1 são os pontos (−2, −3) e (1, 0) ,

tem-se que a área da região do plano limitada pela parábola y = −x2 + 1 e pela recta

y = x − 1 é dada por

1  3 1
x x2 9
Z
−x2 + 1 − (x − 1) dx = − −
  
A= + 2x = ,
−2 3 2 −2 2

ver Figura 5.30 a);

b) Como os pontos de intersecção de x2 − y = 4 e o eixo dos xx são dados por

x2 − y = 4 y = x2 − 4 y = x2 − 4 y = x2 − 4
( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y=0 y=0 x2 − 4 = 0 x = −2 ∨ x = 2
414 Aplicações dos integrais

isto é, os pontos de intersecção de x2 − y = 4 e o eixo dos xx são os pontos (−2, 0) e (2, 0) ,

tem-se que a área da região do plano limitada pela parábola x2 − y = 4 e o eixo dos xx é

dada por
2  3 2
x 32
Z
2

A= −x + 4 dx = − + 4x = ,
−2 3 −2 3

ver Figura 5.30 b);

c) A área da região do plano limitada pelas curvas y = sen x, y = cos x e as rectas


π
x=0ex= é dada por
4
Z π π √
4
A= (cos x − sen x) dx = [sen x + cos x]04 = 2 − 1,
0

ver Figura 5.30 c);

d) Como os pontos de intersecção de y = sen x e y = cos x são dados por



 y = sen x
( ( (
y = sen x y = sen x y = sen x
⇔ ⇔ ⇔
y = cos x sen x = cos x tg x = 1  x = π + kπ, k ∈ Z
4
tem-se que o ponto de intersecção de y = sen x e y = cos x na região em causa é o ponto
√ !
π 2
, , pelo que a área da região do plano limitada pelas curvas y = sen x, y = cos x
4 2
e as rectas x = 0 e x = π é dada por
π
Z
4
Z π
A = (cos x − sen x) dx + (sen x − cos x) dx =
π
0 4
π √
= [sen x + cos x]04 + [− cos x − sen x+]ππ = 2 2,
4

ver Figura 5.30 d);

e) Como os pontos de intersecção de y = x e y = 3x são dados por


( ( (
y=x y=x y=x
⇔ ⇔
y = 3x x = 3x x=0
tem-se que o ponto de intersecção de y = x e y = 3x é o ponto (0, 0) , os pontos de

intersecção de y = 4 − x e y = 3x são dados por


( ( (
y =4−x y =4−x y =4−x
⇔ ⇔
y = 3x 4 − x = 3x x=1
5.5 Exercı́cios resolvidos 415

tem-se que o ponto de intersecção de y = 4 − x e y = 3x é o ponto (1, 3) , os pontos de

intersecção de y = x e y = 4 − x são dados por


( ( (
y=x y=x y=x
⇔ ⇔
y =4−x x=4−x x=2

tem-se que o ponto de intersecção de y = x e y = 4 − x é o ponto (2, 2) , pelo que a área

da região do plano limitada pelas rectas y = x, y = 3x e y = 4 − x é dada por

Z 1 Z 2  1  2
A= (3x − x) dx + (4 − x − x) dx = x2 0 + 4x − x2 1 = 2,
0 1

ver Figura 5.30 e);

f ) Como os pontos de intersecção de y = x3 − 6x2 + 8x e y = x2 − 4x são dados por

y = x3 − 6x2 + 8x y = x3 − 6x2 + 8x y = x3 − 6x2 + 8x


( ( (
⇔ ⇔
y = x2 − 4x x3 − 6x2 + 8x = x2 − 4x x3 − 7x2 + 12x = 0
y = x3 − 6x2 + 8x y = x3 − 6x2 + 8x
( (
⇔ ⇔
x (x − 3) (x − 4) = 0 x=0∨x=3∨x=4

isto é, os pontos de intersecção de y = x3 − 6x2 + 8x e y = x2 − 4x são os pontos (0, 0) ,

(3, −3) e (4, 0) , tem-se que a área da região do plano limitada pelas curvas y = x3 −6x2 +8x

e y = x2 − 4x é dada por

Z 3 4 Z
3 2 2
x2 − 4x − x3 − 6x2 + 8x dx =
   
A = x − 6x + 8x − x − 4x dx +
0 3
Z 3 Z 4
x3 − 7x2 + 12x dx + −x3 + 7x2 − 12x dx =
 
=
0 3
3 4
x4 7x3 7x3 x4
 
2 71
= − + 6x + − + − 6x2 = ,
4 3 0 4 3 3 6

ver Figura 5.30 f );

g) Como os pontos de intersecção de y = ex e y = e−x são dados por

y = ex y = ex y = ex y = ex
( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y = e−x ex = e−x e2x = 1 x=0
416 Aplicações dos integrais

tem-se que o ponto de intersecção de y = ex e y = e−x é o ponto (0, 1) , os pontos de

intersecção de y = ex e y = 2 são dados por

y = ex y = ex y = ex
( ( (
⇔ ⇔
y=2 ex = 2 x = ln 2

tem-se que o ponto de intersecção de y = ex e y = 2 é o ponto (ln 2, 2) , os pontos de

intersecção de y = e−x e y = 2 são dados por

y = e−x y = e−x y = e−x


( ( (
⇔ ⇔
y=2 e−x = 2 x = − ln 2

tem-se que o ponto de intersecção de y = e−x e y = 2 é o ponto (− ln 2, 2) , pelo que a área

da região do plano limitada pelos gráficos das funções f (x) = ex , g (x) = e−x e a recta

y = 2 é dada por

Z 0 Z ln 2 0
−x
(2 − ex ) dx = 2x + e−x − ln 2 + [2x − ex ]ln 2
 
A= 2−e dx + 0 = −2 + ln 16,
− ln 2 0

ver Figura 5.30 g);


1
h) Como os pontos de intersecção de y = e y = x2 são dados por
x2

1
 1
 y= 1  y= 1
  
 y=  y= 2

x2 ⇔ x x 2 x2
⇔ ⇔
2  1 4
y=x = x2 x =1 x = −1 ∨ x = 1
   
x2
1
tem-se que o ponto de intersecção de y = e y = x2 no 1.o quadrante é o ponto (1, 1) ,
x2
1
os pontos de intersecção de y = e y = 4 são dados por
x2

1
 1  1  1
 y=  y= 2  y =  y= 2

x x2 x
 
x2 ⇔ ⇔ ⇔
1  x2 = 1  x = −1 ∨ x = 1
y=4 = 4
 
  
x 2 4 2 2
 
1 1
tem-se que o ponto de intersecção de y = e y = 4 no 1.o quadrante é o ponto
,4 ,
x2 2
1
pelo que a área da região do 1.o quadrante limitada pelos gráficos das funções f (x) = 2 ,
x
5.5 Exercı́cios resolvidos 417

g (x) = x2 e a recta y = 4 é dada por


1
1 1  1
x3 2 1 x3
 
1 8
Z Z
2
2 2

A= 4−x dx + − x dx = 4x − + − − = ,
0 1 x2 3 0 x 3 1 3
2 2

ver Figura 5.30 h).

5.5.2. Seja R a região do plano limitada pela parábola y = x2 e pela recta y = x.

Determine k de modo que a recta x = k decomponha R em duas regiões de área igual.

Resolução:

Como os pontos de intersecção de y = x2 e y = x são dados por

y = x2 y = x2 y = x2 y = x2 y = x2
( ( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔ ⇔
y=x x2 = x x2 − x = 0 x (x − 1) = 0 x=0∨x=1

isto é, os pontos de intersecção de y = x2 e y = x são os pontos (0, 0) e (1, 1) , tem-se que

a área da região do plano limitada pela parábola y = x2 e pela recta y = x é dada por

1  2 1
x x3 1
Z
x − x2 dx =

A= − = .
0 2 3 0 6

Queremos determinar k tal que

k
1
Z
x − x2 dx = .

0 12

Com efeito,

k k
x2 x3 k2 k3

1 1 1
Z
2

x−x dx = ⇔ − = ⇔ − = ⇔
0 12 2 3 0 12 2 3 12
⇔ 4k 3 − 6k 2 + 1 = 0 ⇔
  √ ! √ !
1 1+ 3 1− 3
⇔ 4 k− k− k− =0⇔
2 2 2
√ √
1 1+ 3 1− 3
⇔ k = ∨k = ∨k = ,
2 2 2
1
pelo que a recta tem equação x = . Ver Figura 5.31.
2
418 Aplicações dos integrais

aL bL
1 y=x-1 1

-2 -1 1 2
-2 -1 1
-1
-1 y=-x2 +1
-2 y=x2 -4
-2
-3
-3 -4

cL dL
1 y=senx 1 y=senx

0.5 0.5

3Π Π Π Π Π 3Π 3Π Π Π Π Π 3Π Π
- €€€€€€€€ - €€€€
2
- €€€€
4
€€€€
4
€€€€
2 €€€€€€€€ - €€€€€€€€ - €€€€
2
- €€€€
4
€€€€
4
€€€€
2 €€€€€€€€
4 -0.5 4 4 -0.5 4

-1 y=cosx -1 y=cosx

eL fL
y=3x 3
3 2 y=x3 -6x2 +8x
y=x
1
2
1 2 3 4
y=4-x -1
1
-2
-3
1 2 3
-4
y=x2 -4x

gL hL 5
2.5
y=2 4
y=4
2

y=e-x 1.5 y=ex 3 1


y= €€€€€2€€€
1 2 x
0.5
1

-1.5 -1 -0.5 0.5 1 1.5 y=x2


1 2

Figura 5.30: Representação geométrica das regiões do plano no Exercı́cio 5.5.1.


5.5 Exercı́cios resolvidos 419

1
y= €€€€€ y=x
1 2

0.5 y=x2

0.5 1

Figura 5.31: Representação geométrica da região do plano no Exercı́cio 5.5.2.

5.5.3. Determine o comprimento do arco das curvas seguintes:



a) y = 2x x entre x = 0 e x = 2;
2
q
b) y = (x + 2)3 entre x = −2 e x = 1;
3
ex + e−x
c) y = entre x = 0 e x = ln 4;
2 x 
e +1
d) y = ln x entre x = 1 e x = 2.
e −1
Resolução:
√ √
a) Sendo f (x) = 2x x, tem-se que f ′ (x) = 3 x, pelo que o comprimento do gráfico

de f (x) = 2x x entre x = 0 e x = 2 é dado por

2
2√ 2 √ 2  √
q
1 2
Z Z 
3
L= 1 + 9xdx = 9 1 + 9xdx = (1 + 9x) = 19 19 − 1 ,
0 9 0 27 0 27

ver Figura 5.32 a);


2
q √
b) Sendo f (x) = (x + 2)3 , tem-se que f ′ (x) = x + 2, pelo que o comprimento do
3
2
q
gráfico de f (x) = (x + 2)3 entre x = −2 e x = 1 é dado por
3
1 1 1
√ √
q
2 14
Z Z
3
L= 1 + x + 2dx = 3 + xdx = (3 + x) = ,
−2 −2 3 −2 3

ver Figura 5.32 b);


ex + e−x ex − e−x
c) Sendo f (x) = , tem-se que f ′ (x) = , pelo que o comprimento do
2 2
420 Aplicações dos integrais

ex + e−x
gráfico de f (x) = entre x = 0 e x = ln 4 é dado por
2
s 2 s 2
Z ln 4  x Z ln 4
e − e−x
 x
e − e−x
L = 1+ dx = 1+ dx =
0 2 0 2
s 2
Z ln 4 r 2x −2x Z ln 4  x
e +2+e e + e−x
= dx = dx =
0 4 0 2
Z ln 4 x ln 4
e + e−x
 x
e − e−x 15
= dx = = ,
0 2 2 0 8

ver Figura 5.32 c);


ex + 1 2ex

d) Sendo f (x) = ln x , tem-se que f ′ (x) = − 2x , pelo que o comprimento
e x− 1  e −1
e +1
do gráfico de f (x) = ln x entre x = 1 e x = 2 é dado por
e −1
s
2 2 Z 2 s 4x
2ex e − 2e2x + 1 + 4e2x
Z 
L = 1 + − 2x dx = =
1 e −1 1 (e2x − 1)2
v
Z 2 s 4x 2 u e2x + 1 2
u  Z 2 2x
e + 2e2x + 1 e +1
Z
= 2 dx = t
2 dx = 2x
dx.
1 2x
(e − 1) 1 2x
(e − 1) 1 e −1

Aplicando a integração por substituição com ϕ : (0, +∞) −→ R definida por


1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , ϕ−1 (1) = 2 e ϕ−1 (2) = e2 , obtemos
t
2 e2 2 e2
e2x + 1 t +11 t2 + 1
Z Z Z
dx = dt = dt.
1 e2x − 1 e
2
t −1t e t (t2 − 1)

Como

t2 + 1 t2 + 1 B C
= =t+ + =
t (t2 − 1) t (t − 1) (t + 1) t−1 t+1
(A + B + C) t2 + (B − C) t − A
= ,
t (t2 − 1)

pelo método dos coeficientes indeterminados, tem-se


  

 −A = 1 
 A = −1 
 A = −1
  
B−C =0 ⇔ B=C ⇔ B=1

 
 

A+B+C =1 −1 + C + C = 1 C=1
  
5.5 Exercı́cios resolvidos 421

donde

t2 + 1
 
−1 1 1
P =P + + = − ln |t| + ln |t − 1| + ln |t + 1| ,
t (t2 − 1) t t−1 t+1

pelo que

e2
t2 + 1
Z
e2 2

L= dt = [− ln |t| + ln |t − 1| + ln |t + 1|] e = ln e + 1 − 1,
e t (t2 − 1)

ver Figura 5.32 d).

aL 6 bL
5 3
4
2 "################
3
2 y= €€€€€ Hx + 2L3
!!! 3
y=2x x
2 1
1

1 2 -2 -1.5 -1 -0.5 0.5 1

cL dL
2
ex + 1
y=ln €€€€€€€€
€€€€€€€€€€
0.5 ex + 1
1 ex + e-x
y= €€€€€€€€€€€€€€€€€€€€€€€€
2

0.5 1 1.5 0.5 1 1.5 2

Figura 5.32: Representação geométrica dos arcos das curvas no Exercı́cio 5.5.3.

5.5.4. Calcule o volume dos sólidos de revolução gerados pela rotação de 2π em torno

do eixo dos xx das regiões planas seguintes:

a) A = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 2 ∧ 0 ≤ y ≤ x2 ;


b) B = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ ex ;



c) C = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 2 ∧ 0 ≤ y ≤ 2x ;



d) D = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 2 ∧ x ≤ y ≤ 2x .

422 Aplicações dos integrais

Resolução:

a) Sendo f (x) = x2 , tem-se que f 2 (x) = x4 , pelo que o volume do sólido de revolução

gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região do plano A é dado por

2 2
x5

32
Z
4
V =π x dx = π = π,
0 5 0 5

ver Figura 5.33;


4
2
0
-2
4
4

3
2

2
y = x2 0

1 -2

-4
0
1 2 1
2

Figura 5.33: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
x = 0 e x = 2, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y = x2 e o correspondente
sólido de revolução.

b) Sendo f (x) = ex , tem-se que f 2 (x) = e2x , pelo que o volume do sólido de revolução

gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região do plano B é dado por

1 1
e2x e2 1
Z   
2x
V =π e dx = π =π − ,
0 2 0 2 2

ver Figura 5.34;



c) Sendo f (x) = 2x, tem-se que f 2 (x) = 2x, pelo que o volume do sólido de revolução

gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região do plano C é dado por
Z 2  2
V =π 2xdx = π x2 0 = 4π,
0

ver Figura 5.35;


5.5 Exercı́cios resolvidos 423

3 -2

2
2 y = ex

0
1

-2

0.5 1 0
1

Figura 5.34: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
x = 0 e x = 1, pelo eixo dos xx e pelo gráfico de y = ex e o correspondente sólido de
revolução.

2
1
0
-1
2 !!!!!!!! 2-2
y= 2 x

1 0

-1

-2
0
1 2 1
2

Figura 5.35: Representação geométrica da região do plano limitada


√ pelas rectas verticais
x = 0 e x = 2, pelo eixo dos xx e pelo gráfico da parábola y = 2x e o correspondente
sólido de revolução.
424 Aplicações dos integrais


d) Sendo f (x) = 2x e g (x) = x, tem-se que f 2 (x) = 2x e g 2 (x) = x2 , pelo que o

volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região do

plano D é dado por

2 2
x3

4
Z
2 2

V =π 2x − x dx = π x − = π,
0 3 0 3

ver Figura 5.36.

2 !!!!!!!!
y= 2 x

1 y= x

1 2

2 2
1 1
0 0
-1 -1

2-2 2-2

1 1

0 0

-1 -1

-2 -2
0 0
1 1
2 2

Figura 5.36: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas√verticais


x = 0 e x = 2, pelo gráfico da recta y = x e pelo gráfico da parábola y = 2x e os
correspondentes sólidos de revolução.
5.5 Exercı́cios resolvidos 425

5.5.5. Calcule o volume do sólido de revolução que se obtém rodando a figura limitada

pelas curvas y = x3 , y = 0 e y = 8 em torno do eixo das ordenadas.

Resolução:

Como os pontos de intersecção de y = x3 e y = 8 são dados por

y = x3 y = x3 y = x3
( ( (
⇔ ⇔
y=8 x3 = 8 x=2

isto é, o ponto de intersecção de y = x3 e y = 8 é o ponto (2, 8), tem-se que o volume do

sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos yy da região plana é dado

por
2 2 2
x5

64
Z Z
4
V = 2π xf (x) dx = 2π x dx = 2π = π,
0 0 5 0 5

ver Figura 5.37.

1 -1 0
0 1
8 -1
8

6
6

4 4

y = x3 2
2

1 2

Figura 5.37: Representação geométrica da região do plano limitada pelas pelas curvas
y = x3 , y = 0 e y = 8 e o correspondente sólido de revolução (em torno do eixo das
ordenadas).
426 Aplicações dos integrais

5.5.6. Calcule o volume do sólido de revolução que se obtém rodando a figura limitada

pelas curvas y = x3 , y = 0 e x = 2 em torno do eixo das abcissas.

Resolução:

O volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região

plana é dado por

2 2 2
x7

128
Z Z
2 6
V =π f (x) dx = π x dx = π = π,
0 0 7 0 7

ver Figura 5.38.


6
3
0
-3
8 -6

6 6

3
4
0
3
2 y= x -3

-6

0 1
1 2 2

Figura 5.38: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = x3 ,


y = 0 e x = 2 e o correspondente sólido de revolução (em torno do eixo das abcissas).

5.5.7. Considere o subconjunto de R2

A = (x, y) ∈ R2 : x2 ≤ y ≤ x + 2 .


a) Calcule a área de A.

b) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de 2π em torno do eixo

dos xx de A.

c) Calcule o comprimento da linha (formada por um segmento de recta e um arco de

parábola) que limita A.


5.5 Exercı́cios resolvidos 427

Resolução:

a) Como os pontos de intersecção de y = x2 e y = x + 2 são dados por

y = x2 y = x2 y = x2 y = x2
( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y =x+2 x2 = x + 2 x2 − x − 2 = 0 x = −1 ∨ x = 2

isto é, os pontos de intersecção de y = x2 e y = x + 2 são os pontos (−1, 1) e (2, 4) , tem-se

que a área da região do plano limitada pela parábola y = x2 e pela recta y = x + 2 é dada

por
2 2
x2 x3

9
Z
2
 
A= (x + 2) − x dx = + 2x − = ,
−1 2 3 −1 2

ver Figura 5.39.

b) Sendo f (x) = x + 2 e g (x) = x2 , tem-se que f 2 (x) = (x + 2)2 e g 2 (x) = x4 , pelo

que o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região

do plano D é dado por


" #2
2
(x + 2)3 x5 72
Z h i
2
V =π (x + 2) − x4 dx = π − = π,
−1 3 5 5
−1

ver Figura 5.39.

c) Sendo f (x) = x + 2, tem-se que f ′ (x) = 1, pelo que o comprimento do gráfico de

f (x) = x + 2 entre x = −1 e x = 2 é dado por

Z 2 √ √ √
L1 = 1 + 1dx = 2 [x]2−1 = 3 2,
−1

ver Figura 5.39.

Sendo g (x) = x2 , tem-se que g ′ (x) = 2x, pelo que o comprimento do gráfico de

g (x) = x2 entre x = −1 e x = 2 é dado por

Z 2 p
L2 = 1 + 4x2 dx.
−1
428 Aplicações dos integrais

 π π
Aplicando a primitivação por substituição com ϕ : − , −→ R definida por
2 2
tg t 1
ϕ (t) = , pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = arctg (2x) , tem-se
2 2 cos2 t
p 
1 1 1 1
1 + tg2 t = P sec3 t = P sec t sec2 t .

P =P
2 cos2 t 2 cos3 t 2 2

Aplicando agora a primitivação por partes com u′ (t) = sec2 t e v (t) = sec t, pelo que

u (t) = tg t e v ′ (t) = sec t tg t, tem-se

P sec3 t = P sec t sec2 t = sec t tg t − P sec t tg2 t = sec t tg t − P sec t sec2 t − 1 =


   

= sec t tg t − P sec3 t − sec t = sec t tg t + P sec t − P sec3 t,




donde

P sec3 t = sec t tg t + P sec t − P sec3 t,

ou ainda,
 
1 1 sec t + tg t
P sec3 t = (sec t tg t + P sec t) = sec t tg t + P sec t =
2 2 sec t + tg t
1
= (sec t tg t + ln |sec t + tg t|) .
2

Portanto,

p 1
P 1 + 4x2 = (sec arctg (2x) tg arctg (2x) + ln |sec arctg (2x) + tg arctg (2x)|) =
4
1 p p 
= 2x 1 + 4x2 + ln 1 + 4x2 + 2x
4

e, pela Fórmula de Barrow, tem-se que


Z 2
p   p
1 p  2
L2 = 2
1 + 4x dx = 2
2x 1 + 4x + ln 2
1 + 4x + 2x =
−1 4 −1
1h √ √  √ √ i
= 4 17 + ln 17 + 4 + 2 5 − ln 5−2 .
4

Portanto, o comprimento de linha é dado por

√ 1h √ √  √ √ i
L = L1 + L2 = 3 2 + 4 17 + ln 17 + 4 + 2 5 − ln 5−2 ,
4
5.5 Exercı́cios resolvidos 429

4
y= x+2

1
y = x2

-2 -1 1 2

3 3
2 2
1 1
0 0
-1 -1
-2 -2
-3 -3

3 3
2 2
1 1
0 0
-1 -1
-2 -2
-3 -3

-1 -1
0 0
1 1
2 2

Figura 5.39: Representação geométrica da região do plano limitada pelo gráfico da


parábola y = x2 e pelo gráfico da recta y = x + 2 e os correspondentes sólidos de re-
volução.
430 Aplicações dos integrais

ver Figura 5.39.

5.5.8. Considere o subconjunto de R2

n o
A = (x, y) ∈ R2 : (x − 1)2 ≤ y ≤ x + 1 .

a) Calcule a área de A.

b) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de 2π em torno do eixo

dos xx de A.

Resolução:

a) Como os pontos de intersecção de y = (x − 1)2 e y = x + 1 são dados por

y = (x − 1)2 y = (x − 1)2 y = (x − 1)2 y = (x − 1)2


( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y =x+1 (x − 1)2 = x + 1 x2 − 3x = 0 x=0∨x=3

isto é, os pontos de intersecção de y = (x − 1)2 e y = x + 1 são os pontos (0, 1) e (3, 4) ,

tem-se que a área da região do plano limitada pela parábola y = (x − 1)2 e pela recta

y = x + 1 é dada por

3h 3 3
3x2 x3

9
Z i Z
2 2

A= (x + 1) − (x − 1) dx = 3x − x dx = − = ,
0 0 2 3 0 2

ver Figura 5.40.

b) Sendo f (x) = x + 1 e g (x) = (x − 1)2 , tem-se que f 2 (x) = (x + 1)2 e g 2 (x) =

(x − 1)4 , pelo que o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo

dos xx da região do plano D é dado por


" #3
3h
(x + 1)3 (x − 1)5 72
Z i
2 4
V =π (x + 1) − (x − 1) dx = π − = π,
0 3 5 5
0

ver Figura 5.40.


5.5 Exercı́cios resolvidos 431

4
y= x+1
3

1
y = Hx - 1L2

-2 -1 1 2 3

3 3
2 2
1 1
0 0
-1 -1
-2 -2
-3 -3

3 3
2 2
1 1
0 0
-1 -1
-2 -2
-3 -3

0 0
1 1
2 2
3 3

Figura 5.40: Representação geométrica da região do plano limitada pelo gráfico da


parábola y = (x − 1)2 e pelo gráfico da recta y = x + 1 e os correspondentes sólidos
de revolução.
432 Aplicações dos integrais

5.5.9. Calcule a área lateral do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do

eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 0 e x = 3, pelo eixo dos

xx e pela recta y = x (ver Figura 5.41).

Resolução:

Sendo f (x) = x, tem-se que f ′ (x) = 1, pelo que a área lateral é dada por

3
3 √ x2 √ √
Z 
A = 2π x 1 + 1dx = 2 2π = 9 2π.
0 2 0

2
1
0
-1
-2
3

2
2 1
y= x
0

1 -1
-2

0
1 2 3
1
2
3

Figura 5.41: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas x = 0,


x = 3, y = x e o eixo dos xx e o correspondente sólido de revolução.

5.5.10. Considere a região A limitada pelas curvas y = |x| e y = x2 .

a) Calcule a área de A.

b) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de 2π em torno do eixo

dos xx de A.

Resolução:

a) Como os pontos de intersecção de y = x e y = x2 são dados por

y = x2 y = x2 y = x2 y = x2
( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y=x x2 = x x2 − x = 0 x=0∨x=1
5.5 Exercı́cios resolvidos 433

isto é, os pontos de intersecção de y = x e y = x2 são os pontos (0, 0) e (1, 1) , os pontos

de intersecção de y = −x e y = x2 são dados por

y = x2 y = x2 y = x2 y = x2
( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y = −x x2 = −x x2 + x = 0 x = 0 ∨ x = −1

isto é, os pontos de intersecção de y = −x e y = x2 são os pontos (0, 0) e (−1, 1) , tem-se

que a área da região do plano limitada pelas curvas y = |x| e y = x2 é dada por
0 1 0 1
x2 x3 x2 x3
 
1 1 1
Z Z
2 2
 
A= −x − x dx + x−x dx = − − + − = + = ,
−1 0 2 3 −1 2 3 0 6 6 3

ver Figura 5.42.

b) Sendo f (x) = x e g (x) = x2 , tem-se que f 2 (x) = x2 e g 2 (x) = x4 , pelo que o

volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região do

plano A é dado por


1 1
x3 x5

4
Z
2 4

V = 2π x −x dx = 2π − = π,
0 3 5 0 15

ver Figura 5.42.

5.5.11. Calcule a área lateral do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do

eixo dos xx da região do plano limitada pelas rectas verticais x = 1 e x = 2, pelo eixo dos

xx e pela curva y = ex .

Resolução:

Sendo f (x) = ex , tem-se que f ′ (x) = ex , pelo que a área lateral é dada por
Z 2 p
A = 2π ex 1 + e2x dx.
1

Aplicando a integração por substituição com ϕ : [0, +∞) −→ [0, +∞) definida por
1
ϕ (t) = ln t, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (x) = ex , ϕ−1 (1) = e e ϕ−1 (2) = e2 , obtemos
t
Z 2 p Z e2 p Z e2 p
1
A = 2π ex 1 + e2x dx = 2π t 1 + t2 dt = 2π 1 + t2 dt.
1 e t e
434 Aplicações dos integrais

1
y=-x y=x

0.5
2
y=x y=x2

-1 -0.5 0.5 1

1 1

0 0

-1
1 -1
1

0 0

-1 -1
-1 -1

0 0

1 1

Figura 5.42: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = |x| e
y = x2 e os correspondentes sólidos de revolução.
5.5 Exercı́cios resolvidos 435

 π π
Aplicando agora a primitivação por substituição com ϕ : − , −→ R definida por
2 2
1
ϕ (y) = tg y, pelo que ϕ′ (t) = e ϕ−1 (t) = arctg t, tem-se (ver Exercı́cio 5.5.7 c))
cos2 y
p 
1 1 1
P 1 + tg2 y =P = P sec3 y = (sec y tg y + ln |sec y + tg y|) ,
cos2 y 3
cos y 2

pelo que
p 1 p p 
P 1 + t2 = t 1 + t2 + ln 1 + t2 + t
2

e, pela Fórmula de Barrow, tem-se que


Z 2 p Z e2 p
x
A = 2π e 1+ e2x dx = 2π 1 + t2 dt =
1 e
 p
1 p  e2
= 2π 2
t 1 + t + ln 2
1+t +t =
2 e
h p p p p i
= π e2 1 + e4 + ln 1 + e4 + e2 − e 1 + e2 − ln 1 + e2 + e ,

ver Figura 5.43.


6
3
0
-3
7 -6

y=ex 6
5
3
3
0

1 -3

1 2 -6
-1
1 2

Figura 5.43: Representação geométrica da região do plano limitada pelas rectas verticais
x = 1 e x = 2, pelo eixo dos xx e pela curva y = ex e o correspondente sólido de revolução
(em torno do eixo das abcissas).
436 Aplicações dos integrais

5.5.12. Considere a região do plano A representada na Figura 5.44.

a) Calcule a área de A.

b) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de 2π em torno do eixo

dos xx de A.

y=ex
5

1
y=x-1
1 2
-1

Figura 5.44: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = ex ,


y = x − 1, x = 1 e x = 2.

Resolução:

a) A área da região do plano A é dada por


" #2
2
(x − 1)2 1
Z
A= [ex − (x − 1)] dx = ex − = e2 − − e.
1 2 2
1

b) Sendo f (x) = ex e g (x) = x − 1, tem-se que f 2 (x) = e2x e g 2 (x) = (x − 1)2 , pelo

que o volume do sólido de revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região

do plano A é dado por


" #2
2h
e2x (x − 1)3 e4 1 e2
Z i  
2x 2
V =π e − (x − 1) dx = π − =π − − .
1 2 3 2 3 2
1
5.5 Exercı́cios resolvidos 437

5.5.13. Considere a região do plano A representada na Figura 5.45. Calcule a área

de A.

y=2x
y=x2
x2
y= €€€€€€€€
2

Figura 5.45: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = x2 ,


x2
y= e y = 2x.
2

Resolução:

Como os pontos de intersecção de y = 2x e y = x2 são dados por

y = x2 y = x2 y = x2 y = x2
( ( ( (
⇔ ⇔ ⇔
y = 2x x2 = 2x x2 − 2x = 0 x=0∨x=2

isto é, os pontos de intersecção de y = 2x e y = x2 são os pontos (0, 0) e (2, 4) , os pontos


x2
de intersecção de y = 2x e y = são dados por
2
x2

2 2 2
 y=x  y=x  y=x
  
 y=


2 ⇔ 2 2 2
2
⇔ ⇔
  x  2 
y = 2x 
 = 2x x − 4x = 0 x=0∨x=4
2
x2
isto é, os pontos de intersecção de y = 2x e y = são os pontos (0, 0) e (4, 8) , tem-se
2
x2
que a área da região do plano limitada pelas curvas y = x2 , y = e y = 2x é dada por
2
Z 2 Z 4  3 2  4
x2 x2 x3
 
2 x 2
A = x − dx + 2x − dx = + x − =
0 2 2 2 6 0 6 2
8 64 8
= + 16 − − 4 + = 4.
6 6 6
438 Aplicações dos integrais

5.5.14. Considere a região do plano A representada na Figura 5.46. Calcule a área

de A.

!!!!!!!
y= 2 x
!!!!!!!!!!!!!
y= 8 - x2

!!!!!!!!!!!!!
y=- 8 - x2
!!!!!!!
y=- 2 x

Figura 5.46: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x2 +y 2 = 8


e y 2 = 2x.

Resolução:
√ √
Como o ponto de intersecção de y = 2x e y = 8 − x2 é o ponto (2, 4) , tem-se que

a área da região A é dada por



Z 2√ Z 8p
A=2 2xdx + 2 8 − x2 dx.
0 2

Para a primeira função integranda tem-se


√ √ 1 2 2√ 3
P 2x = 2P x =
2 x
3

e para a segunda função integranda, aplicando a primitivação por substituição com


h π πi  √ √  √ √
ϕ : − , −→ − 8, 8 definida por ϕ (t) = 8 sen t, pelo que ϕ′ (t) = 8 cos t e
2 2
−1 x
ϕ (x) = arcsen √ , tem-se (pelo Exercı́cio 3.4.3 f ))
8
hp √ i
P 8 − 8 sen 2 t 8 cos t = 8P cos2 t = 4 (sen t cos t + t) ,
5.5 Exercı́cios resolvidos 439

e, portanto,
 
p x x x 1 p x
P 8− x2 =4 √ cos arcsen √ + arcsen √ = x 8 − x2 + 4 arcsen √ .
8 8 8 2 8

Assim,

Z 2√ Z 8p
A = 2 2xdx + 2 8 − x2 dx =
0 2
√  √8
4 2 h√ 3 i2
 p
1 x
= x + 2 x 8 − x2 + 4 arcsen √ =
3 0 2 8 2
16 4
= + 2 (2π − 2 − π) = + 2π.
3 3

5.5.15. Considere a região do plano A representada na Figura 5.47. Calcule a área

de A.

1
y= €€€€€€€€€€€€€€€€2€€
1+x

x2
y= €€€€€€€€
2

Figura 5.47: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y =


1 x2
e y = .
1 + x2 2

Resolução:
x2
 
1 1
Como os pontos de intersecção de y = e y = são os pontos −1, e
  1 + x2 2 2
1
1, , tem-se que a área da região A é dada por
2
1 1
x2 x3
  
1 π 1 π 1 π 1
Z
A= − dx = arctag x − = − + − = − .
−1 1 + x2 2 6 −1 4 6 4 6 2 3
440 Aplicações dos integrais

5.6 Exercı́cios propostos

5.6.1. Calcule a área dos subconjuntos de R2 seguintes:

a) A = (x, y) ∈ R2 : y ≤ 5 ∧ y ≥ −5x + 5 ∧ y ≥ ln x ;


b) B = (x, y) ∈ R2 : x ≤ y ≤ −x2 + 2 ;



 
2 2
1
c) C = (x, y) ∈ R : − 1 − x ≤ y ≤ x − 1 ;
 2 
2 2 2 2 |y| 1
d) D = (x, y) ∈ R : y ≤ 2 − x ∧ y ≥ −x ∧ x ≤ + ;
2 2
e) E = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ y ≥ 0 ∧ y ≤ arctg x ;


f ) F = (x, y) ∈ R2 : y ≤ −x2 + 9 ∧ y ≥ |x| ∧ x ≥ 1 ;




g) G = (x, y) ∈ R2 : y ≤ −x + 2 ∧ y ≥ x2 ∧ y ≤ 2 ;


h) H = (x, y) ∈ R2 : y ≤ −x2 ∧ y ≥ 2x .


5.6.2. Calcule a área da região do plano limitada pelas linhas seguintes:


x
a) x = 0, x = 2, y = x(x − 2), y = ;
2
x3
b) x = −1, x = 2, y = x, y = ;
4
c) x = −2, x = 2, y = 4 − x2 , y = 0;
ln x
d) x = e, y = 0, y = √ ;
x
3 x 1
e) x = |y| , y = 2 ,y= − .
x +2 2 2

5.6.3. Determine a altura de um rectângulo com base b e área numericamente igual à

do domı́nio limitado pelas linhas y = 0, y = x3 , x = 0 e x = b, com b > 0.

n xo
5.6.4. Calcule o comprimento do arco de catenária (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ b ∧ y = a cosh ,
a
onde a 6= 0.


 
2 1
5.6.5. Calcule o comprimento de (x, y) ∈ R : ≤ x ≤ 1 ∧ y = 2 x .
2
5.6 Exercı́cios propostos 441

5.6.6. Calcule o comprimento do arco das curvas seguintes:


x2
a) y = entre x = 0 e x = 1;
2

b) y = x3 entre x = 0 e x = 1;
q
c) y = (x + 3)3 entre x = 0 e x = 2;

d) y = x entre x = 1 e x = 2;
π
e) y = ln cos x entre x = 0 e x = .
4

5.6.7. Calcule o volume dos sólidos de revolução gerados pela rotação de 2π em torno

do eixo dos xx das regiões planas seguintes:

a) A = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ ex − 1 ;


b) B = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ y ≤ x (2 − x) ;

 
2
q
2 3
c) C = (x, y) ∈ R : −2 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ (x + 2) .
3

ex
5.6.8. Calcule o volume do sólido de revolução associado à função f (x) = √
1 + ex
definida no intervalo [0, 1].

5.6.9. Considere a região R = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 2 ∧ 0 ≤ y ≤ x2 . Calcule o vo-




lume do sólido de revolução gerado pela rotação da região R em torno do eixo dos xx e

em torno do eixo dos yy.

(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ ex . Calcule o

5.6.10. Considere a região X =

volume do sólido de revolução gerado pela rotação da região X em torno do eixo dos xx.

5.6.11. Calcule o volume do sólido de revolução que se obtém rodando a região do

plano limitada pelas curvas y = 3x , y = 1 − x2 , x = 1 e x = 0 em torno do eixo dos yy.


442 Aplicações dos integrais

n π o
5.6.12. Considere a região A = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ ∧ 0 ≤ y ≤ sen x cos x . Cal-
2
cule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de A em torno do eixo dos

xx.

5.6.13. Considere a região do plano limitada pelas curvas 2x−y 2 +1 = 0 e x−y−1 = 0.


16
a) Verifique que a área daquela região é .
3
b) Calcule o volume do sólido gerado pela rotação 2π em torno do eixo dos yy da parte

da região do plano em que x ≥ 0.

(x, y) ∈ R2 : x ≤ a ∧ 0 ≤ y ≤ ln x , onde a é um

5.6.14. Considere a região A =

número real maior do que 1.

a) Cacule a área de A.

b) Calcule o comprimento da linha (formada por um arco de curva e dois segmentos

de recta) que limita o conjunto A.

5.6.15. Determine a área da superfı́cie lateral do sólido de revolução gerado pela

rotação de 2π em torno do eixo dos xx das regiões planas seguintes:

a) A = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ y = x3 ;


b) B = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ y = 7x ;


n √ o
c) C = (x, y) ∈ R2 : −1 ≤ x ≤ 1 ∧ y = 4 − x2 ;

d) D = (x, y) ∈ R2 : 2 ≤ x ≤ 3 ∧ y = 2x .


5.6.16. Considere a região A = (x, y) ∈ R2 : 0 ≤ x ≤ π ∧ y = sen x . Determine a




área da superfı́cie lateral do sólido de revolução gerado pela rotação da região A em torno

do eixo dos xx.


5.7 Soluções dos exercı́cios propostos 443

5.7 Soluções dos exercı́cios propostos


7 9 2 1 4
5.6.1. a) e5 − ; b) ; c) − + arcsen ;
2 2 5 2 5

11 π 1 π 1 51 37 37
d) + − 2 arcsen √ ; e) − ln 2; f) − + ;
30 2 5 2 4 2 4 12

7+8 2 4
g) ; h) .
6 3

7 23 32 √ 5 3 √ √ 
5.6.2. a) ; b) ; c) ; d) 4 − 2 e; e) + √ arctg 2 − arccotg 2 .
3 16 3 12 2

√ ! √ !!
b3 b 1 √ √ 3−1 2−1
5.6.3. . 5.6.4. a senh . 5.6.5. 2 2 − 3 + ln √ − ln √ .
4 a 2 3+1 2+1

1 √ √  1 √ 
5.6.6. a) 2 + ln 1 + 2 ; b) 13 13 − 8 ;
2 27
" √ ! √ !#
1  3
 1 √ √ 3 2−4 5−2
c) 343 − 31 2 ; d) 12 2 − 4 5 − ln √ + ln √ ;
27 8 3 2+4 5+2
√ 
e) ln 2+1 .

e2
 
5 16
5.6.7. a) π − 2e + ; b) π; c) 9π.
2 2 15

32 π 2 
5.6.8. π (e − ln (e + 1) − 1 + ln 2) . 5.6.9. π e 8π. 5.6.10. e −1 .
5 2

π2
 
3 2 1 196
5.6.11. 2π − − . 5.6.12. . 5.6.13. b) π.
ln 3 ln2 3 4 16 15

√ √ !
√ 1 1 + a 2−1 √ 1 2 − 1
5.6.14. a) a ln a − a + 1. b) 1 + a2 + ln √ − 2 − ln √ + ln a + (a − 1) .
2 1 + a2 + 1 2 2+1

1 √  √ 2 √ √ 
5.6.15. a) 10 10 − 1 π; b) 35 2π; c) 8π; d) 7 7 − 5 5 π.
27 3

√ !!
√ 2+1
5.6.16. π 2 2 + ln √ .
2−1
444 Aplicações dos integrais
Capı́tulo 6

Integrais impróprios

Z
Até aqui considerámos integrais da forma f, onde I é um intervalo limitado e fechado
I
de R e a função f é limitada no intervalo I.

Em qualquer das definições (tanto a que introduzimos com recurso às somas de Dar-

boux, como a que faz intervir as somas de Riemann) a necessidade de supor I limitado é

evidente: em ambos os casos o intervalo de integração é decomposto num número finito

de intervalos parciais e, se os comprimentos destes intervalos não forem todos finitos, a

própria definição das somas de Darboux ou de Riemann fica comprometida.

Quanto ao facto de considerarmos exclusivamente funções limitadas no intervlo de

integração trata-se de uma restrição indispensável para a definição das somas de Darboux,

mas não para definir as somas de Riemann. No entanto, sendo as duas definições de integral

equivalentes, mesmo que se adopte a definição que faz intervir as somas de Riemann não
Z
poderá existir f se f não for limitada no intervalo I.
I

Apesar de tudo isto, em diversas situações torna-se indispensável considerar “inte-

grais” com intervalo de integração ilimitado ou função integranda ilimitada no intervalo

de integração. Somos por isso conduzidos a um alargamento do conceito de integral, no

qual passam a incluir-se, além dos integrais referidos atrás, integrais de novo tipo, habi-

tualmente designados por integrais impróprios (reservando-se o termo próprios para os


445
446 Integrais impróprios

integrais atrás considerados).

Observamos finalmente que para distinguir as diversas modalidades de integrais im-

próprios (I ilimitado com f limitada nos intervalos limitados contidos em I, I limitado e f

ilimitada em I e, finalmente, I ilimitado e f ilimitada em I) são usadas as expressões: in-

tegrais impróprios de 1.a espécie, integrais impróprios de 2.a espécie e integrais impróprios

de 3.a espécie ou mistos.

6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie

Definição 6.1.1 Sejam a ∈ R e f : [a, +∞) −→ R uma função Riemann-integrável

quando restringida a [a, b] , para todo o b ∈ (a, +∞) .

Se o limite
Z b
lim f (x) dx
b→+∞ a

existe em R, diz-se que o integral impróprio de 1.a espécie

Z +∞
f (x) dx
a

converge e que o seu valor é aquele limite.


Z +∞
Caso contrário, diz-se que o integral impróprio de 1.a espécie f (x) dx é diver-
a
gente ou que não existe.

Z +∞
Exemplo 6.1.2 O integral e−x dx é um integral impróprio de 1.a espécie conver-
0
gente.

Com efeito,

Z b b  
e−x dx = lim −e−x −e−b + 1 = 1,

lim 0
= lim
b→+∞ 0 b→+∞ b→+∞
6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie 447

pelo que o integral é convergente e


Z +∞
e−x dx = 1.
0
Z +∞
Exemplo 6.1.3 O integral (−1) dx é um integral impróprio de 1.a espécie diver-
8
gente.

Com efeito,
Z b
lim (−1) dx = lim [−x]b8 = lim (−b + 8) = −∞,
b→+∞ 8 b→+∞ b→+∞

pelo que o integral é divergente.

Z +∞
Exemplo 6.1.4 O integral cos xdx não existe.
0
Com efeito,
Z b
lim cos xdx = lim [sen x]b0 = lim sen b
b→+∞ 0 b→+∞ b→+∞

não existe, pelo que o integral também não existe.

+∞
1
Z
Exemplo 6.1.5 O integral dx é um integral impróprio de 1.a espécie convergente
1 xα
se α > 1 e divergente se α ≤ 1.

Com efeito se α 6= 1, tem-se

b b b
x−α+1

1
Z Z
lim dx = lim x−α dx = lim =
b→+∞ 1 xα b→+∞ 1 b→+∞ −α + 1 1
1

1 −α+1
 se α > 1,
α−1

= lim b −1 =
−α + 1 b→+∞
+∞ se α < 1.

Se α = 1,
b
1
Z
lim dx = lim [ln |x|]b1 = lim ln b = +∞.
b→+∞ 1 x b→+∞ b→+∞

Estes integrais serão muitas vezes usados para estudarmos a natureza de outros inte-

grais por comparação com estes.


448 Integrais impróprios

Z +∞
Exemplo 6.1.6 O integral C x dx é um integral impróprio de 1.a espécie convergente
0
se C ∈ (0, 1) e divergente se C ≥ 1.

Com efeito se C > 0 e C 6= 1, tem-se

b  x b
C 1
Z  
lim C x dx = lim = lim C b − 1 =
b→+∞ 0 b→+∞ ln C 0 ln C b→+∞
 − 1

se 0 < C < 1,
= ln C
+∞ se C > 1.

Se C = 1,
Z b
lim 1dx = lim [x]b0 = lim b = +∞.
b→+∞ 0 b→+∞ b→+∞

Z +∞
Exemplo 6.1.7 O integral ln xdx é um integral impróprio de 1.a espécie divergente.
1
Com efeito, integrando por partes, com u′ (x) = 1 e v (x) = ln x, pelo que u (x) = x e
1
v ′ (x) = , obtemos
x
Z b  Z b 
lim ln xdx = lim [x ln |x|]b1 − 1dx =
b→+∞ 1 b→+∞ 1

= lim (b ln b − ln 1) − lim [x]b1 =


b→+∞ b→+∞

= lim (b ln b − b) + 1 =
b→+∞

= lim b (ln b − 1) + 1 = +∞,


b→+∞

pelo que o integral é divergente.

Z +∞
Observação 6.1.8 Se o integral f (x) dx é convergente, então o limite de f (x)
a
quando x → +∞, se existe, é igual a zero.
Z x
Com efeito, se lim f (x) = k 6= 0, então lim f (t) dt = +∞ se k > 0 e
x→+∞ x→+∞ a
Z x
lim f (t) dt = −∞ se k < 0.
x→+∞ a

Enunciamos a seguir duas propriedades destes integrais.


6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie 449

Teorema 6.1.9 (Linearidade) Sejam a ∈ R, f e g duas funções Riemann-integráveis

quando restringidas a [a, b] , para todo o b ∈ (a, +∞) , e α, β ∈ R. Se os integrais


Z +∞ Z +∞ Z +∞
f (x) dx e g (x) dx são convergentes, então o integral [αf (x) + βg (x)] dx
a a a
é convergente e tem-se

Z +∞ Z +∞ Z +∞
[αf (x) + βg (x)] dx = α f (x) dx + β g (x) dx.
a a a

Teorema 6.1.10 (Associatividade) Sejam a ∈ R, f uma função Riemann-integrável


Z +∞
quando restringida a [a, b] , para todo o b ∈ (a, +∞) , e c > a. Se o integral f (x) dx
Z +∞ a

é convergente, então o integral f (x) dx é convergente e tem-se


c
Z +∞ Z c Z +∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c

Nem sempre nos interessa saber o valor do integral impróprio e outras vezes não é

possı́vel calculá-lo, porque a função não é elementarmente primitivável, ver Observação

3.3.8. Precisamos então de critérios que nos permitam saber se determinado integral

impróprio é ou não convergente. Estes critérios chamam-se critérios de convergência.


Z +∞
Vamos considerar agora o caso particular em que, no integral impróprio f (x) dx,
a
a função integranda é não negativa no intervalo de integração ou em algum intervalo

ilimitado contido no intervalo de integração.

Note-se que se a função f tem integral indefinido em I = [a, +∞) e se f (x) ≥ 0 para
Z x
cada x ≥ a (ou para cada x ≥ x0 , com x0 > a), então o integral ϕ (x) = f (t) dt é uma
a
função crescente em I (ou em [x0 , +∞)), pelo que tem limite, quando x → +∞, finito ou

infinito e, portanto, o integral impróprio é convergente ou divergente, consoante a função

ϕ for ou não majorada. Daqui se deduzem facilmente os resultados seguintes.


450 Integrais impróprios

Teorema 6.1.11 (Critério geral da comparação para integrais impróprios de


Z +∞ Z +∞
a
1. espécie) Sejam f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios de 1.a espécie
a a
tais que f, g : [a, +∞) −→ R são funções Riemann-integráveis quando restringidas a [a, b] ,

para todo o b ∈ (a, +∞) , e 0 ≤ f (x) ≤ g (x) , para cada x ∈ [a, +∞) . Então,
Z +∞ Z +∞
i) se g (x) dx converge, o mesmo acontece com f (x) dx;
Za +∞ Z a+∞
ii) se f (x) dx diverge, o mesmo acontece com g (x) dx.
a a
Z b Z b
Demonstração: Como as funções F (b) = f (x) dx e G (b) = g (x) dx, definidas
a a
sobre [a, +∞) , são crescentes e F (b) ≤ G (b) , para todo o b ∈ [a, +∞) , então existem,

em R∪ {+∞} , os limites lim F (b) e lim G (b) , sendo o primeiro inferior ou igual ao
b→+∞ b→+∞
Z +∞
segundo. Portanto, se o segundo existe em R, isto é, se o integral g (x) dx converge,
a
isto é, se G for uma função limitada, também F será limitada, pelo que também o integral
Z +∞
f (x) dx será convergente.
a
ii) É o contra-recı́proco de i). 

Z +∞ Z +∞
Corolário 6.1.12 Sejam f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios de 1.a
a a
espécie tais que f, g : [a, +∞) −→ R são funções Riemann-integráveis quando restringidas

a [a, b] , para todo o b ∈ (a, +∞) , e 0 ≤ f (x) ≤ dg (x) , para algum d > 0 e qualquer

x ∈ [a, +∞) . Então,


Z +∞ Z +∞
i) se g (x) dx converge, o mesmo acontece com f (x) dx;
Za +∞ Z a+∞
ii) se f (x) dx diverge, o mesmo acontece com g (x) dx.
a a
Z b Z b
Demonstração: Consideremos as funções F (b) = f (x) dx e G (b) = g (x) dx,
a a
definidas sobre [a, +∞) . Se f (x) ≤ dg (x) , então também F (b) ≤ dG (b) . Portanto, se

convergir o integral de g no intervalo [a, +∞) , isto é, se G for uma função limitada,

também F será limitada e convergirá também o integral de f.


6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie 451

ii) É o contra-recı́proco de i). 

Z +∞ Z +∞
Corolário 6.1.13 Sejam f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios de 1.a
a a
espécie tais que f, g : [a, +∞) −→ R são funções Riemann-integráveis quando restringidas

a [a, b] , para todo o b ∈ (a, +∞) , e 0 ≤ f (x) e 0 < g (x) , para cada x ∈ [a, +∞) . Se
f (x)
existirem reais positivos c e d tais que, para cada x ∈ [a, +∞) , se tenha c ≤ ≤ d,
Z +∞ Z +∞ g (x)
então os integrais f (x) dx e g (x) dx são da mesma natureza, isto é, são ambos
a a
convergentes ou ambos divergentes.

f (x)
Demonstração: Note-se que a hipótese de se verificarem as relações c ≤ ≤ d, com
g (x)
c e d reais positivos, é equivalente à da verificação conjunta de

1
f (x) ≤ dg (x) e g (x) ≤ f (x) .
c

Portanto, pelo corolário anterior, tem-se o resultado. 

Corolário 6.1.14 (Corolário do critério geral da comparação para integrais im-


Z +∞ Z +∞
a
próprios de 1. espécie) Sejam f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios
a a
de 1.a espécie tais que f, g : [a, +∞) −→ R são funções Riemann-integráveis quando res-

tringidas a [a, b] , para todo o b ∈ (a, +∞) , f (x) ≥ 0 e g (x) > 0, para cada x ∈ [a, +∞) ,
f (x)
e L = lim , com L ∈ R+
0 ou L = +∞.
x→+∞ g (x)
Z +∞ Z +∞
i) Se L é finito e diferente de zero, então os integrais f (x) dx e g (x) dx
a a
são da mesma natureza, isto é, são ambos convergentes ou ambos divergentes.
Z +∞
ii) Se L = 0, então a convergência de g (x) dx implica a convergência de
Z +∞ Z +∞ a Z +∞
f (x) dx e a divergência de f (x) dx implica a divergência de g (x) dx;
a a Z +∞ a

iii) Se L = +∞, então a convergência de f (x) dx implica a convergência de


Z +∞ Z +∞ a Z +∞
g (x) dx e a divergência de g (x) dx implica a divergência de f (x) dx.
a a a
452 Integrais impróprios

f (x)
Demonstração: i) Suponhamos que lim = L ∈ R+ . Aplicando a definição de
x→+∞ g (x)
f (x)
limite à função ,
g (x)
f (x)
∀δ > 0 ∃M > 0 ∀x ∈ [a, +∞) : x > M =⇒ − L < δ,
g (x)

tem-se que para qualquer δ > 0, existe M > 0 tal que

f (x)
L−δ < < L + δ, para x > M.
g (x)

Em particular, escolhendo δ > 0 tal que 0 < δ < L, tem-se L − δ, L + δ > 0 e, por

g (x) > 0, tem-se

(L − δ) g (x) < f (x) < (L + δ) g (x) , para x > M.

Portanto, aplicando agora os resultados anteriores a (L − δ) g (x) < f (x) , para x > M,
Z +∞ Z +∞
resulta que se o integral f (x) dx é convergente também o integral (L − δ) g (x) dx,
a Z +∞ a

com L − δ 6= 0, é convergente e, consequentemente, g (x) dx é convergente. Resulta


Z +∞ a Z +∞
também que se o integral g (x) dx é divergente também o integral (L − δ) g (x) dx,
a Z +∞ a

com L − δ 6= 0, é divergente e, consequentemente, f (x) dx é divergente.


a
Analogamente, aplicando os resultados anteriores a f (x) < (L + δ) g (x) , para x > M,
Z +∞ Z +∞
resulta que se o integral f (x) dx é divergente também o integral (L + δ) g (x) dx,
a Z +∞ a

com L + δ 6= 0, é divergente e, consequentemente, g (x) dx é divergente. Resulta


Z +∞ a Z +∞
também que se o integral g (x) dx é convergente também o integral (L + δ) g (x) dx,
a Z +∞ a

com L + δ 6= 0, é convergente e, consequentemente, f (x) dx é convergente.


a
Em suma, os integrais são da mesma natureza.

ii) Se L = 0, ii) é consequência imediata do Critério geral da comparação, pois por

definição de limite tem-se que f (x) ≤ dg (x) , com d > 0, para valores suficientemente

grandes de x.
6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie 453

iii) Se L = +∞, iii) é consequência imediata do Critério geral da comparação, pois

por definição de limite tem-se que g (x) ≤ df (x) , com d > 0, para valores suficientemente

grandes de x. 

+∞
1
Z
Exemplo 6.1.15 O integral impróprio de 1.a espécie dx é divergente.
0 1+x
Com efeito,

b
1
Z
lim dx = lim [ln |1 + x|]b0 = lim [ln (1 + b) − ln 1] = +∞.
b→+∞ 0 1+x b→+∞ b→+∞

+∞
1
Z
Exemplo 6.1.16 O integral impróprio de 1.a espécie √ dx é divergente.
0 1 + x2
Com efeito, a função integranda é positiva no intervalo [0, +∞) e (1 + x)2 ≥ 1 + x2 em
1 1
[0, +∞) , pelo que 0 ≤ ≤ √ em [0, +∞) e, portanto, pelo Critério geral da
1+x 1 + x2 Z +∞
1
comparação e pelo exemplo anterior, tem-se que o integral √ dx é divergente.
0 1 + x2
Z +∞
1
Exemplo 6.1.17 O integral impróprio de 1. espécie
a √ dx é convergente.
0 1 + Zx3
+∞
1
Comecemos por observar que o integral impróprio de 1.a espécie √ dx é conver-
Z 1 1 x3
1
gente, ver Exemplo 6.1.5, e que o integral próprio √ dx é também convergente,
0 1 + x3
pois a função integranda é contı́nua no intervalo de integração.
Z +∞
1
Estudemos agora a natureza do integral √ dx. A função integranda é po-
1 1 + x3
1 1
sitiva no intervalo [1, +∞) e 1 + x3 ≥ x3 em [1, +∞) , pelo que 0 ≤ √ ≤ √ em
1+x 3 x3
[1, +∞) e, portanto, pelo Critério geral da comparação, tem-se que o integral
Z +∞
1
√ dx é convergente.
1 1 + x3 Z +∞
1
Assim, também o integral √ dx é convergente e
0 1 + x3
Z +∞ Z 1 Z +∞
1 1 1
√ dx = √ dx + √ dx.
0 1 + x3 0 1 + x3 1 1 + x3
Z +∞
x
Exemplo 6.1.18 O integral impróprio de 1.a espécie dx é convergente.
1 1 + x3
454 Integrais impróprios

+∞
x 1 1
Z
Com efeito, como > 0, 2 > 0, em [1, +∞) , o integral dx é conver-
1 + x3 x 1 x2
gente, ver Exemplo 6.1.5, e
x
3 x3
lim 1 + x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 x→+∞ 1 + x3
x2
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, alı́nea i), que o integral converge.
Z +∞
Exemplo 6.1.19 O integral impróprio de 1.a espécie xβ e−x dx é convergente, para
1
qualquer valor real β.
+∞
1 1
Z
Com efeito, como xβ e−x > 0, > 0, em [1, +∞) , o integral dx é conver-
x2 1 x2
gente, ver Exemplo 6.1.5, e

xβ e−x
lim = lim x2 xβ e−x = 0,
x→+∞ 1 x→+∞
x2
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, alı́nea ii), que o integral converge.

+∞
1
Z
Exemplo 6.1.20 O integral impróprio de 1.a espécie dx é divergente, para
e (ln x)β
qualquer valor real β.
Z +∞
1 1 1
Com efeito, como β
> 0, > 0, em [e, +∞) , o integral dx é divergente,
(ln x) x 1 x
Z +∞
1
ver Exemplo 6.1.5, pelo que também o integral dx é divergente, e
e x
1
(ln x)β x
lim = lim = +∞,
x→+∞ 1 x→+∞ (ln x)β
x
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, alı́nea iii), que o integral diverge.

Corolário 6.1.21 Seja f : [a, +∞) −→ R uma função Riemann-integrável quando res-

tringida a [a, b] , para todo o b ∈ (a, +∞) , e não negativa em [a, +∞) . Então, se existe e
Z +∞
α
é finito e diferente de zero o limite lim [x f (x)] , o integral f (x) dx converge se
x→+∞ a
α > 1 e diverge se α ≤ 1.
6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie 455

1
Demonstração: Basta comparar f (x) com nos termos do corolário anterior. 

+∞
1 + x + x2
Z
Exemplo 6.1.22 O integral impróprio de 1.a espécie dx é diver-
0 1 + x + x2 + x3
gente.
1 + x + x2
Com efeito, como > 0 em [0, +∞) e se α = 1
1 + x + x2 + x3

1 + x + x2 x + x2 + x3
 
α
lim x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 + x + x2 + x3 x→+∞ 1 + x + x2 + x3

tem-se, pelo corolário anterior, que o integral dado é divergente (α = 1).

+∞
1+x
Z
Exemplo 6.1.23 O integral impróprio de 1.a espécie dx é divergente.
0 1 + x + x2
1+x
Com efeito, como > 0 em [0, +∞) se α = 1
1 + x + x2

x + x2
 
α 1+x
lim x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 + x + x2 x→+∞ 1 + x + x2

tem-se, pelo corolário anterior, que o integral dado é divergente (α = 1).

+∞
1
Z
Exemplo 6.1.24 O integral impróprio de 1.a espécie dx é convergente.
0 1 + x + x2
1
Com efeito, como > 0 em [0, +∞) e se α = 2
1 + x + x2

x2
 
α 1
lim x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 + x + x2 x→+∞ 1 + x + x2

tem-se, pelo corolário anterior, que o integral dado é convergente (α = 2 > 1).

Também podemos chegar à mesma conclusão pela aplicação directa do Critério geral da

comparação. Com efeito, comecemos por observar que o integral impróprio de 1.a espécie
Z +∞ Z 1
1 1
2
dx é convergente, ver Exemplo 6.1.5, e que o integral próprio dx é
1 x 0 1 + x + x2
também convergente, pois a função integranda é contı́nua no intervalo de integração.
Z +∞
1
Estudemos agora a natureza do integral dx. A função integranda é
1 1 + x + x2
1
positiva no intervalo [1, +∞) e 1 + x + x2 ≥ x2 em [1, +∞) , pelo que 0 ≤ ≤
1 + x + x2
456 Integrais impróprios

1
≤ 2 em [1, +∞) e, portanto, pelo Critério geral da comparação, tem-se que o integral
x
Z +∞
1
dx é convergente.
1 1 + x + x2 Z +∞
1
Assim, também o integral dx é convergente e
0 1 + x + x2
Z +∞ Z 1 Z +∞
1 1 1
2
dx = 2
dx + dx.
0 1+x+x 0 1+x+x 1 1 + x + x2

Z +∞
Para determinarmos a natureza de integrais do tipo f (x) dx, na hipótese da
a
função integranda assumir valores positivos e também valores negativos no intervalo de

integração, pode, em certos casos, recorrer-se ao estudo do integral da função |f | .

Z +∞
Definição 6.1.25 Diz-se que o integral f (x) dx converge absolutamente sse o in-
Z +∞ a

tegral |f (x)| dx converge.


a Z +∞ Z +∞
Diz-se que o integral f (x) dx converge simplesmente sse o integral f (x) dx
Z +∞a a

converge e o integral |f (x)| dx diverge.


a

Teorema 6.1.26 A convergência absoluta de um integral impróprio de 1.a espécie implica


Z +∞
a sua convergência, isto é, se o integral |f (x)| dx converge, então o mesmo acontece
Z +∞ a

com o integral f (x) dx. Além disto, tem-se


a
Z +∞ Z +∞
f (x) dx ≤ |f (x)| dx.
a a

Demonstração: Comecemos por observar que

0 ≤ |f (x)| − f (x) ≤ 2 |f (x)| , ∀x ∈ [a, +∞) .


Z +∞
Seja g (x) = |f (x)| − f (x) . Como, por hipótese, o integral |f (x)| dx é convergente,
Z +∞ a

também o integral 2 |f (x)| dx é convergente e, pelo Critério geral da comparação,


a Z +∞ Z +∞
também converge o integral g (x) dx = (|f (x)| − f (x)) dx. Finalmente, como
a a
6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie 457

Z +∞
f (x) = |f (x)| − g (x) , resulta que o integral f (x) dx é convergente, ver Teorema
a
6.1.9.

Da desigualdade

− |f (x)| ≤ f (x) ≤ |f (x)| , ∀x ∈ [a, +∞) ,

deduzimos
Z +∞ Z +∞ Z +∞
− |f (x)| dx ≤ f (x) dx ≤ |f (x)| dx,
a a a

ou ainda,

Z +∞ Z +∞
f (x) dx ≤ |f (x)| dx.
a a

+∞
sen (πx)
Z
Exemplo 6.1.27 O integral dx é absolutamente convergente se α > 1.
1 xα
Com efeito,
sen (πx) 1
0≤ α
≤ α em [1, +∞)
x x
+∞
sen (πx)
Z
e, portanto, pelo Critério geral da comparação, tem-se que o integral dx
1 xα
Z +∞
sen (πx)
é convergente se α > 1, pelo que o integral dx é absolutamente convergente
1 xα
se α > 1.

+∞
sen x
Z
Exemplo 6.1.28 O integral dx é convergente, mas não absolutamente.
1 x
1
Com efeito, da integração por partes, com u′ (x) = sen x e v (x) = , pelo que u (x) =
x
1
− cos x e v ′ (x) = − 2 , resulta que
x
Z b h Z b 
sen x cos x ib cos x
lim dx = lim − − dx =
b→+∞ 1 x b→+∞ x 1 1 x2
  Z b
1 cos x
= lim − cos b + cos 1 − lim dx =
b→+∞ b b→+∞ 1 x2
Z b
cos x
= cos 1 − lim dx.
b→+∞ 1 x2
458 Integrais impróprios

+∞
1 cos x 1
Z
Como 2
dx é convergente e 0 ≤ 2
≤ 2 em [1, +∞) , tem-se que
Z +∞ 1 x Z +∞ x x
cos x cos x
2
dx é convergente, pelo que dx também é convergente. Portanto,
1 xZ 1 x2
+∞
sen x
o integral dx é convergente.
1 x
Para a demonstração de que não é absolutamente convergente, ver exemplo no Capı́tulo

7 (Secção 7.4).

Definição 6.1.29 Sejam b ∈ R, f : (−∞, b] −→ R uma função Riemann-integrável

quando restringida a [a, b] , para todo o a ∈ (−∞, b) .

Se o limite
Z b
lim f (x) dx
a→−∞ a

existe em R, diz-se que o integral impróprio de 1.a espécie

Z b
f (x) dx
−∞

converge e que o seu valor é aquele limite.


Z b
Caso contrário, diz-se que o integral impróprio de 1.a espécie f (x) dx é divergente
−∞
ou que não existe.

Observação 6.1.30 O estudo destes integrais impróprios, isto é, dos integrais impróprios

com intervalo de integração da forma (−∞, b] , é análogo ao estudo dos integrais impróprios

de 1.a espécie sobre intervalos de integração da forma [a, +∞) . Note-se que qualquer in-
Z b Z +∞
tegral da forma f (x) dx se pode reduzir a um integral da forma f (−x) dx,
−∞ a
bastando para tal efectuar a substituição x = −t, onde a = −b.

Terminamos o estudo dos integrais impróprios com intervalo de integração ilimitado

(mas com função integranda limitada em qualquer intervalo limitado e fechado contido no
6.1 Integrais impróprios de 1.a espécie 459

intervalo de integração) com uma referência breve aos integrais sobre a recta real, R, para

os quais são usadas notações do tipo


Z +∞ Z Z
f (x) dx ou f (x) dx ou f.
−∞ R R

Supondo que f : R −→ R é uma função integrável em qualquer intervalo limitado,

diz-se que o integral de f sobre R é convergente sse forem convergentes ambos os integrais
Z a Z +∞
f (x) dx e f (x) dx,
−∞ a

para algum a ∈ R.
Z c Z +∞
Neste caso, também convergem os integrais f (x) dx e f (x) dx, qualquer que
−∞ c
seja o número real c, e tem-se
Z c Z +∞ Z a Z c  Z a Z +∞ 
f+ f = f+ f + f+ f =
−∞ c −∞ a c a
Z a Z +∞
= f+ f.
−∞ a

Assim, em caso de convergência, o integral é definido pela fórmula


Z +∞ Z a Z +∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx, (6.1)
−∞ −∞ a

onde a é um número real arbitrário. A este integral também se chama integral impróprio

de 1.a espécie.

Se algum dos integrais no segundo membro da igualdade (6.1) for divergente, então o
Z +∞
a
integral impróprio de 1. espécie f (x) dx é divergente.
−∞

+∞
1
Z
Exemplo 6.1.31 O integral impróprio de 1.a espécie dx é convergente.
−∞ 1 + x2
Com efeito,

0
1 π
Z
lim 2
dx = lim [arctg x]0a = lim (arctg 0 − arctg a) =
a→−∞ a 1+x a→−∞ a→−∞ 2
460 Integrais impróprios

e
b
1 π
Z
lim dx = lim [arctg x]b0 = lim (arctg b − arctg 0) = ,
b→+∞ 0 1 + x2 b→+∞ b→+∞ 2

pelo que o integral converge e

+∞ 0 +∞
1 1 1 π π
Z Z Z
dx = dx + dx = + = π.
−∞ 1 + x2 −∞ 1 + x2 0 1 + x2 2 2

Z +∞
Exemplo 6.1.32 O integral impróprio de 1.a espécie e−|x| dx é convergente.
−∞

Com efeito,

Z 0
ex dx = lim [ex ]0a = lim e0 − ea = 1

lim
a→−∞ a a→−∞ a→−∞

e
Z b b  
e−x dx = lim −e−x −e−b + e0 = 1,

lim 0
= lim
b→+∞ 0 b→+∞ b→+∞

pelo que o integral converge e

Z +∞ Z 0 Z +∞
−|x| −|x|
e dx = e dx + e−|x| dx =
−∞ −∞ 0
Z 0 Z +∞
x
= e dx + e−x dx = 1 + 1 = 2.
−∞ 0

+∞
1+x
Z
Exemplo 6.1.33 O integral impróprio de 1.a espécie dx é divergente.
−∞ 1 + x + x2
Com efeito, estudemos a natureza dos integrais

+∞ 0
1+x 1+x
Z Z
dx e dx.
0 1 + x + x2 −∞ 1 + x + x2

+∞
1+x
Z
No Exemplo 6.1.23 vimos que o integral dx é divergente, pelo que também
0 1 + x + x2
o integral dado é divergente.
6.2 Integrais impróprios de 2.a espécie 461

6.2 Integrais impróprios de 2.a espécie

Definição 6.2.1 Sejam a, b ∈ R e f : [a, b] −→ R uma função ilimitada em [a, b] e

Riemann-integrável em [a + δ, b] , para todo o δ ∈ (0, b − a) .

Se o limite
Z b
lim f (x) dx
ε→a+ ε

existe em R, diz-se que o integral impróprio de 2.a espécie

Z b
f (x) dx
a

converge e que o seu valor é aquele limite.


Z b
Caso contrário, diz-se que o integral impróprio de 2.a espécie f (x) dx é divergente
a
ou que não existe.
Z b Z b
Diz-se que o integral f (x) dx converge absolutamente sse o integral |f (x)| dx
a a
converge.
Z b Z b
Diz-se que o integral f (x) dx converge simplesmente sse o integral f (x) dx con-
Z b a a

verge e o integral |f (x)| dx diverge.


a

2
1
Z
Exemplo 6.2.2 O integral √ dx é um integral impróprio de 2.a espécie conver-
1 x−1
gente.

Com efeito,

2  √ √
1
Z
2 
lim √ dx = lim 2 x − 1 ε = lim 2 − 2 ε − 1 = 2,
ε→1+ ε x−1 ε→1 + ε→1 +

pelo que o integral é convergente e

2
1
Z
√ dx = 2.
1 x−1
462 Integrais impróprios

2
1
Z
Exemplo 6.2.3 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie divergente.
1 x−1
Com efeito,

2
1
Z
lim dx = lim [ln |x − 1|]2ε = lim (ln 1 − ln |ε − 1|) = +∞,
ε→1+ ε x−1 ε→1+ ε→1+

pelo que o integral é divergente.

Z 1
Exemplo 6.2.4 O integral ln xdx é um integral impróprio de 2.a espécie convergente.
0

Com efeito, da integração por partes, com u′ (x) = 1 e v (x) = ln x, pelo que u (x) = x
1
e v (x) = , resulta que
x
Z 1  Z 1 
1
lim ln xdx = lim [x ln |x|]ε − 1dx =
ε→0+ ε ε→0+ ε

= lim (ln 1 − ε ln ε) − lim [x]1ε = −1,


ε→0+ ε→0+

pelo que o integral é convergente e

Z 1
ln xdx = −1.
0

Note-se que o limite lim (ε ln ε) é uma indeterminação do tipo 0 × ∞ que se pode


ε→0+

transformar numa indetrminação do tipo e, pela aplicação da regra de Cauchy, obtém-

se lim (ε ln ε) = 0 (ver Capı́tulo 2).
ε→0+

1
1
Z
Exemplo 6.2.5 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie convergente
0 xα
se α < 1 e divergente se α ≥ 1.

Com efeito se α 6= 1, tem-se

1 1 1
x−α+1

1
Z Z
lim dx = lim x−α dx = lim=
ε→0+ ε xα ε→0+ ε ε→0+ −α + 1 ε
1

1 −α+1
 se α < 1,
−α + 1

= lim 1 − ε =
−α + 1 ε→0+
+∞ se α > 1.

6.2 Integrais impróprios de 2.a espécie 463

Se α = 1,

1
1
Z
lim dx = lim [ln |x|]1ε = lim (ln 1 − ln ε) = +∞.
ε→0+ ε x ε→0+ ε→0+

Também estes integrais serão muitas vezes usados para estudarmos a natureza de ou-

tros integrais por comparação com estes.

Todos os resultados que enunciámos para integrais impróprios de 1.a espécie também

podem ser enunciados para os integrais impróprios de 2.a espécie, cujas demonstrações

podem ser efectuadas de modo análogo.

Teorema 6.2.6 (Critério geral da comparação para integrais impróprios de 2.a


Z b Z b
espécie) Sejam f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios de 2.a espécie tais que
a a
f, g : [a, b] −→ R são funções ilimitadas em [a, b] , Riemann-integráveis em [a + δ, b] , para

todo o δ ∈ (0, b − a) , e 0 ≤ f (x) ≤ g (x) , para cada x ∈ (a, b] . Então,


Z b Z b
i) se g (x) dx converge, o mesmo acontece com f (x) dx;
Za b Z ab
ii) se f (x) dx diverge, o mesmo acontece com g (x) dx.
a a

Z b Z b
Corolário 6.2.7 Sejam f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios de 2.a espécie
a a
tais que f, g : [a, b] −→ R são funções ilimitadas em [a, b] , Riemann-integráveis em

[a + δ, b] , para todo o δ ∈ (0, b − a) , e 0 ≤ f (x) ≤ dg (x) , para algum d > 0 e qual-

quer x ∈ (a, b] . Então,


Z b Z b
i) se g (x) dx converge, o mesmo acontece com f (x) dx;
Za b Z ab
ii) se f (x) dx diverge, o mesmo acontece com g (x) dx.
a a

Z b Z b
Corolário 6.2.8 Sejam f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios de 2.a espécie
a a
tais que f, g : [a, b] −→ R são funções ilimitadas em [a, b] , Riemann-integráveis em
464 Integrais impróprios

[a + δ, b] , para todo o δ ∈ (0, b − a) , e 0 ≤ f (x) e 0 < g (x) , para cada x ∈ (a, b] . Se


f (x)
existirem reais positivos c e d tais que, para cada x ∈ (a, b] , se tenha c ≤ ≤ d,
g (x)
Z b Z b
então os integrais f (x) dx e g (x) dx são da mesma natureza, isto é, são ambos
a a
convergentes ou ambos divergentes.

Corolário 6.2.9 (Corolário do critério geral da comparação para integrais im-


Z b Z b
próprios de 2. espécie) Sejam
a f (x) dx e g (x) dx dois integrais impróprios de
a a
2.a espécie tais que f, g : [a, b] −→ R são funções ilimitadas em [a, b] , Riemann-integráveis

em [a + δ, b] , para todo o δ ∈ (0, b − a) , f (x) ≥ 0 e g (x) > 0, para cada x ∈ (a, b] , e


f (x)
L = lim , com L ∈ R+
0 ou L = +∞.
x→a+ g (x)
Z b Z b
i) Se L é finito e diferente de zero, então os integrais f (x) dx e g (x) dx são da
a a
mesma natureza, isto é, são ambos convergentes ou ambos divergentes.
Z b Z b
ii) Se L = 0, então a convergência de g (x) dx implica a convergência de f (x) dx
Z b a Z b a

e a divergência de f (x) dx implica a divergência de g (x) dx.


a Z b a

iii) Se L = +∞, então a convergência de f (x) dx implica a convergência de


Z b Z b a Z b
g (x) dx e a divergência de g (x) dx implica a divergência de f (x) dx.
a a a

Corolário 6.2.10 Sejam a, b ∈ R e f : [a, b] −→ R uma função ilimitada em [a, b] ,

Riemann-integrável em [a + δ, b] , para todo o δ ∈ (0, b − a) , e não negativa em (a, b] .

Então, se existe e é finito e diferente de zero o limite lim (x − a)α f (x) , o integral
x→a+
Z b
f (x) dx converge se α < 1 e diverge se α ≥ 1.
a

Estudámos os integrais impróprios de 2.a espécie em que a função integranda não é

limitada no extremo inferior do intervalo de integração. O estudo dos integrais impróprios

de 2.a espécie em que a função integranda não é limitada no extremo superior do intervalo
6.2 Integrais impróprios de 2.a espécie 465

de integração ou num ponto interior ao intervalo de integração é análogo ao estudo dos

primeiros, sendo válidos resultados análogos aos enunciados nesta secção.

Definição 6.2.11 Sejam a, b ∈ R e f : [a, b] −→ R uma função ilimitada em [a, b] e

Riemann-integrável em [a, b − δ] , para todo o δ ∈ (0, b − a) .

Se o limite
Z ε
lim f (x) dx
ε→b− a

existe em R, diz-se que o integral impróprio de 2.a espécie


Z b
f (x) dx
a

converge e que o seu valor é aquele limite.


Z b
Caso contrário, diz-se que o integral impróprio de 2.a espécie f (x) dx é divergente
a
ou que não existe.

Definição 6.2.12 Sejam a, b, c ∈ R tais que a < c < b, f : [a, b] −→ R uma função

ilimitada em [a, b] e Riemann-integrável em [a, c − δ] , para todo o δ ∈ (0, c − a) , e em

c + δ ′ , b , para todo o δ ′ ∈ (0, b − c) . Diz-se que o integral impróprio de 2.a espécie


 

Z b
f (x) dx
a

converge sse os integrais


Z c Z b
f (x) dx e f (x) dx
a c

são convergentes e, neste caso,


Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx. (6.2)
a a c

Se algum dos integrais no segundo membro da igualdade (6.2) for divergente, então o
Z b
integral impróprio de 2.a espécie f (x) dx é divergente.
a
466 Integrais impróprios

1
x
Z
Exemplo 6.2.13 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie diver-
0 1 − x2
gente.

Com efeito,

ε  ε  
x 1 1 1
Z
2 2
lim dx = lim − ln 1 − x = lim − ln 1 − ε + ln 1 = +∞,
ε→1− 0 1 − x2 ε→1− 2 0 ε→1− 2 2

pelo que o integral é divergente.

0
x
Z
Exemplo 6.2.14 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie diver-
−1 1 − x2
gente.

Com efeito,

0  0  
x 1 1 1
Z
2 2
lim dx = lim − ln 1 − x = lim − ln 1 + ln 1 − ε = −∞,
ε→−1+ ε 1 − x2 ε→−1+ 2 ε ε→−1+ 2 2

pelo que o integral é divergente.

2
x
Z
Exemplo 6.2.15 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie diver-
0 1 − x2
gente.

Para estudarmos a natureza deste integral temos de estudar a natureza dos integrais
1 Z 2
x x
Z
2
dx e 2
dx.
0 1−x 1 1−x

Como já vimos, no Exemplo 6.2.13, que o primeiro integral é divergente, podemos

concluir que o integral dado também é divergente.

1
x
Z
Exemplo 6.2.16 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie diver-
−1 1 − x2
gente.

Para estudarmos a natureza deste integral temos de estudar a natureza dos integrais
0 Z 1
x x
Z
2
dx e 2
dx.
−1 1 − x 0 1−x
6.2 Integrais impróprios de 2.a espécie 467

Como já vimos, nos Exemplos 6.2.13 e 6.2.14, que estes integrais são divergentes,

podemos concluir que o integral dado também é divergente (note-se que basta que um dos

integrais seja divergente para podermos concluir que o integral dado é divergente).

4
1
Z
Exemplo 6.2.17 O integral √ dx é um integral impróprio de 2.a espécie conver-
0 x
gente.

Com efeito,

4  √ 4 √ 
1
Z
lim √ dx = lim 2 x ε = lim 4 − 2 ε = 4,
ε→0+ ε x ε→0 + ε→0+

pelo que o integral é convergente e

4
1
Z
√ dx = 4.
0 x

Também podemos chegar à mesma conclusão pela aplicação do Corolário 6.2.10. Com
1 1
efeito, como √ > 0 em (0, 4] e se α =
x 2
  √
α 1 x
lim (x − 0) √ = lim √ = 1 6= 0, +∞,
x→0+ x x→0+ x
1
tem-se, pelo corolário referido, que o integral dado é convergente (α = < 1).
2
π/2
1
Z
Exemplo 6.2.18 O integral 2/3
dx é um integral impróprio de 2.a espécie
0 (sen x)
convergente.
1  πi 2
Com efeito, como 2/3
> 0 em 0, e se α =
(sen x) 2 3
" #
α 1 x2/3
lim (x − 0) = lim = 1 6= 0, +∞,
x→0+ (sen x)2/3 x→0+ (sen x)2/3

2
tem-se, pelo Corolário 6.2.10, que o integral dado é convergente (α = < 1).
3
2
3
Z
Exemplo 6.2.19 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie diver-
1 x2 −x
gente.
468 Integrais impróprios

3 3
Com efeito, como = > 0 em (1, 2] se α = 1
x2 − x x (x − 1)
 
α 3 3
lim (x − 1) 2 = lim = 3 6= 0, +∞,
x→1+ x −x x→1+ x

tem-se, pelo Corolário 6.2.10, que o integral dado é divergente (α = 1).

2
3
Z
Exemplo 6.2.20 O integral dx é um integral impróprio de 2.a espécie
1 x3 − 2x2 + x
convergente.
3 3
Com efeito, como = > 0 em (1, 2] e se α = 2
x3 2
− 2x + x x (x − 1)2
 
3 3
lim (x − 1)α 2 = x→1
lim = 3 6= 0, +∞,
+ x
x→1+ x (x − 1)

tem-se, pelo Corolário 6.2.10, que o integral dado é divergente (α = 2 > 1).

6.3 Integrais impróprios de 3.a espécie ou mistos

Como referimos no inı́cio desta secção, podemos ainda considerar integrais impróprios

de 3.a espécie ou mistos. É o caso dos integrais em que algum extremo de integração é

infinito e em que a função integranda é ilimitada no intervalo de integração. O estudo

da natureza destes integrais é feito decompondo o intervalo de integração de modo a

obtermos integrais impróprios de 1.a ou 2.a espécies. Diz-se que um integral impróprio

misto é convergente sse os integrais correspondentes aos subintervalos em que é decomposto

o intervalo de integração são todos convergentes e o seu valor é igual à soma dos valores

daqueles integrais. Caso contrário, diz-se que o integral impróprio misto é divergente.

+∞
1
Z
Exemplo 6.3.1 O integral dx é um integral impróprio misto divergente.
0 x
Para estudarmos a natureza deste integral, começamos por estudar a natureza dos
Z 1 Z +∞
1 1
integrais dx e dx. Note-se que o primeiro é um integral impróprio de 2.a
0 x 1 x
espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie.
6.3 Integrais impróprios de 3.a espécie ou mistos 469

Como já vimos, nos Exemplos 6.2.5 e 6.1.5, que estes integrais são divergentes, po-

demos concluir que o integral dado também é divergente (note-se, mais uma vez, que

basta que um dos integrais seja divergente para podermos concluir que o integral dado é

divergente).

+∞
1
Z
Exemplo 6.3.2 O integral dx é um integral impróprio misto divergente.
1 x2 −4
Para estudarmos a natureza deste integral, começamos por estudar a natureza dos
Z 2 Z 3 Z +∞
1 1 1
integrais 2
dx, 2
dx e 2
dx, mais concretamente vamos estudar
1 x −4 2 x −4 3 x −4
o segundo integral. Note-se que os dois primeiros são integrais impróprios de 2.a espécie

e o terceiro é um integral impróprio de 1.a espécie.


1
Como > 0 em (2, 3] e se α = 1
x2 −4
 
α 1 x−2 1
lim (x − 2) 2 = lim = 6= 0, +∞,
x→2+ x −4 x→2+ (x − 2) (x + 2) 4
3
1
Z
tem-se, pelo Corolário 6.2.10, que o integral dx é divergente (α = 1), pelo que
2 x2 −4
podemos concluir que o integral dado também é divergente.

Z +∞
Exemplo 6.3.3 O integral ln xdx é um integral impróprio misto divergente.
0
Para estudarmos a natureza deste integral, começamos por estudar a natureza dos
Z 1 Z +∞
integrais ln xdx e ln xdx. Note-se que o primeiro é um integral impróprio de 2.a
0 1
espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie. No Exemplo 6.2.4 vimos que
Z 1 Z +∞
o integral ln xdx é convergente e no Exemplo 6.1.7 vimos que o integral ln xdx é
0 1
divergente, pelo que podemos concluir que o integral dado também é divergente.

+∞
1
Z
Exemplo 6.3.4 O integral dx é um integral impróprio misto divergente.
−∞ x2 − 2x
Para estudarmos a natureza deste integral, começamos por estudar a natureza dos
Z −1 Z 0 Z 1 Z 2 Z 3
1 1 1 1 1
integrais 2
dx, 2
dx, 2
dx, 2
dx, 2
dx e
−∞ x − 2x −1 x − 2x 0 x − 2x 1 x − 2x 2 x − 2x
470 Integrais impróprios

+∞
1
Z
dx, mais concretamente vamos estudar o penúltimo integral. Note-se que o
3 x2 − 2x
primeiro e o último são integrais impróprios de 1.a espécie e os restantes são integrais

impróprios de 2.a espécie.


1
Como > 0 em (2, 3] e se α = 1
x2 − 2x
 
α 1 x−2 1
lim (x − 2) 2 = lim = 6= 0, +∞,
x→2 + x − 2x x→2 x (x − 2)
+ 2
3
1
Z
tem-se, pelo Corolário 6.2.10, que o integral dx é divergente (α = 1), pelo que
2 x2 − 2x
podemos concluir que o integral dado também é divergente.

6.4 Algumas aplicações dos integrais impróprios

Vejamos agora alguns exemplos de aplicação dos integrais impróprios, nomeadamente,

ao cálculo de áreas de regiões planas ilimitadas e ao cálculo de volumes de sólidos de

revolução gerados pela rotação de áreas de regiões planas ilimitadas.

Exemplo 6.4.1 Determinemos a área da região plana limitada pelo gráfico da função
1
f (x) = e pelo eixo dos xx, ver Figura 6.1.
x2 +1
A área desta região ilimitada é dada por

+∞
1
Z
A= dx
−∞ x2 + 1

e, pelo Exemplo 6.1.31, tem-se

+∞ 0 +∞
1 1 1 π π
Z Z Z
A= dx = dx + dx = + = π.
−∞ 1 + x2 −∞ 1 + x2 0 1+x 2 2 2
6.4 Algumas aplicações dos integrais impróprios 471

1
1
f HxL = €€€€€€€€€€€€€€€€€2€€€
0.5 1+ x

-3 -1 1 3

Figura 6.1: Representação geométrica da região do plano limitada pelo gráfico da função
1
f (x) = e pelo eixo dos xx.
1 + x2

Exemplo 6.4.2 Determinemos a área da região do primeiro quadrante limitada pelo


1
gráfico da função f (x) = , pela recta vertical x = 1 e pelo eixo dos xx, ver Figura
x
6.2.

A área desta região ilimitada é dada por

+∞
1
Z
A= dx
1 x

e, pelo Exemplo 6.1.5, tem-se

+∞
1
Z
A= dx = +∞.
1 x

Exemplo 6.4.3 Determinemos a área da região do primeiro quadrante limitada pelo


1
gráfico da função f (x) = √ , pela recta vertical x = 1 e pelo eixo dos xx, ver Figura 6.3.
x
A área desta região ilimitada é dada por

+∞
1
Z
A= √ dx
1 x

e, pelo Exemplo 6.1.5, tem-se

+∞
1
Z
A= √ dx = +∞.
1 x
472 Integrais impróprios

1
f HxL = €€€€€
1 x

-3 -1 1 3

-1

-3

Figura 6.2: Representação geométrica da região do primeiro quadrante limitada pelo


1
gráfico da função f (x) = , pela recta vertical x = 1 e pelo eixo dos xx.
x

2
1
1 f HxL = €€€€€€€€
!!!€€€€!€
x

-1 1 2 3

Figura 6.3: Representação geométrica da região do primeiro quadrante limitada pelo


1
gráfico da função f (x) = √ , pela recta vertical x = 1 e pelo eixo dos xx.
x
6.4 Algumas aplicações dos integrais impróprios 473

Exemplo 6.4.4 Determinemos a área da região do primeiro quadrante limitada pelo


1
gráfico da função f (x) = √ , pelas rectas verticais x = 0 e x = 1 e pelo eixo dos
x
xx, ver Figura 6.4.

A área desta região ilimitada é dada por

1
1
Z
A= √ dx
0 x

e, pelo Exemplo 6.2.5, tem-se

1
1
Z
A= √ dx = 2.
0 x

1
2 f HxL = €€€€€€€€
!!!€€€€
x
1

1 2 3

Figura 6.4: Representação geométrica da região do primeiro quadrante limitada pelo


1
gráfico da função f (x) = √ , pelas rectas verticais x = 0 e x = 1 e pelo eixo dos
x
xx.

Exemplo 6.4.5 Determinemos o volume do sólido de revolução que se obtém rodando a

figura considerada no Exemplo 6.4.1 em torno do eixo dos xx, ver Figura 6.5.

O volume deste sólido é dado por

+∞
1
Z
V =π dx.
−∞ (x2 + 1)2
474 Integrais impróprios

Como

1 x2 + 1 − x2 x2 + 1 x2
P = P =P −P =
(x2 + 1)2 (x2 + 1)2 (x2 + 1)2 (x2 + 1)2
1 1 −2
= P 2 − P 2x x2 + 1 x
x +1 2
 
1 x 1
= arctg x − − 2 +P 2 =
2 x +1 x +1
1 x 1
= arctg x + − arctg x =
2 x2 + 1 2
1 x
= arctg x + 2
,
2 2 (x + 1)

tem-se que
0  0
1 1 x
Z
lim 2 dx = lim arctg x + =
a→−∞ a (x2 + 1) a→−∞ 2 2 (x2 + 1) a
 
1 a π
= lim − arctg a − 2
=
a→−∞ 2 2 (a + 1) 4

e
b  b
1 1 x
Z
lim dx = lim arctg x + =
b→+∞ 0 (x2 + 1)2 b→+∞ 2 2 (x2 + 1) 0
 
1 b π
= lim arctg b + 2
= ,
b→+∞ 2 2 (b + 1) 4

pelo que
+∞ 0 +∞
1 1 1 π π π
Z Z Z
2 dx = 2 dx + 2 dx =
4
+ =
4 2
−∞ (x2 + 1) −∞ (x2 + 1) 0 (x2 + 1)

e
+∞
1 π2
Z
V =π 2 dx = .
−∞ (x2 + 1) 2

Exemplo 6.4.6 Determinemos o volume do sólido de revolução que se obtém rodando a

figura considerada no Exemplo 6.4.2 em torno do eixo dos xx, ver Figura 6.6.

O volume deste sólido é dado por


+∞
1
Z
V =π dx
1 x2
6.4 Algumas aplicações dos integrais impróprios 475

-3 0
-2
-1
1
0
1 0
2
3

Figura 6.5: Representação geométrica do sólido de revolução no Exemplo 6.4.5.

e, pelo Exemplo 6.1.5, tem-se

+∞
1
Z
V =π dx = π.
1 x2

1
0
1
0
2

Figura 6.6: Representação geométrica do sólido de revolução no Exemplo 6.4.6.

Exemplo 6.4.7 Determinemos o volume do sólido de revolução que se obtém rodando a

figura considerada no Exemplo 6.4.3 em torno do eixo dos xx, ver Figura 6.7.
476 Integrais impróprios

O volume deste sólido é dado por

+∞
1
Z
V =π dx
1 x

e, pelo Exemplo 6.1.5, tem-se

+∞
1
Z
V =π dx = +∞.
1 x

1
0
1
0
2

Figura 6.7: Representação geométrica do sólido de revolução no Exemplo 6.4.7.


6.5 Exercı́cios resolvidos 477

6.5 Exercı́cios resolvidos

6.5.1. Estude quanto à convergência os integrais seguintes, indicando o valor caso

sejam convergentes:

+∞ +∞ +∞ 2
x 1
Z Z Z Z
x
a) e dx; b) dx; c) dx; d) sen xdx.
0 1 1 + x4 1 ex −∞

Resolução:

a) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.

Como
Z b  
lim ex dx = lim [ex ]b0 = lim eb − 1 = +∞,
b→+∞ 0 b→+∞ b→+∞
Z +∞
tem-se que o integral ex dx é divergente.
0

b) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.

Como

b b
x 1 b 2x x
Z Z Z
lim dx = lim dx = lim dx =
b→+∞ 1 1 + x4 b→+∞ 1 1 + (x2 )2 b→+∞ 2 1 1 + (x2 )2

 b
   
1 2 1 2
 1
= lim arctg x = lim arctg b − arctg 1 =
b→+∞ 2 1 b→+∞ 2 2
π π π
= − = ,
4 8 8
+∞
x
Z
tem-se que o integral dx é convergente e
1 1 + x4
+∞
x π
Z
4
dx = .
1 1+x 8

c) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.

Como

b b  
1 1 1
Z Z
−x
b
lim −e−x 1 −b

lim dx = lim e dx = = lim −e + = ,
b→+∞ 1 ex b→+∞ 1 b→+∞ b→+∞ e e
478 Integrais impróprios

+∞
1
Z
tem-se que o integral dx é convergente e
1 ex
+∞
1 1
Z
dx = .
1 ex e

d) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.

Como
Z 2
lim sen xdx = lim [− cos x]2a = lim (− cos 2 + cos a)
a→−∞ a a→−∞ a→−∞
Z 2
não existe, tem-se que o integral sen xdx é divergente.
−∞

6.5.2. Estude quanto à convergência os integrais seguintes, indicando o valor caso

sejam convergentes:

1 3 1 1
1 1 x
Z Z Z Z
a) ln xdx; b) dx; c) √
3
dx; d) √
3
dx.
0 2 x−3 0 x2 −1 1 − x2

Resolução:

a) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.

Como

Z 1
lim ln xdx = lim [x ln x − x]1ε = lim (−1 − ε ln ε + ε) = −1,
ε→0+ ε ε→0+ ε→0+

Z 1
tem-se que o integral ln xdx é convergente e
0

Z 1
ln xdx = −1.
0

Note-se que aplicando a primitivação por partes com u′ (x) = 1 e v (x) = ln x, pelo que
1
u (x) = x e v ′ (x) = , tem-se
x

P ln x = x ln x − P 1 = x ln x − x.
6.5 Exercı́cios resolvidos 479

Note-se também que lim (ε ln ε) se trata de uma indeterminação do tipo 0 × ∞, que


ε→0+

podemos transformar numa indeterminação do tipo . Aplicando a regra de Cauchy,

tem-se que
1
ln ε ε = lim (−ε) = 0.
lim (ε ln ε) = lim = lim
ε→0+ ε→0+ 1 x→0+ 1 ε→0+
− 2
ε ε
b) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.

Como

ε
1
Z
lim dx = lim [ln |x − 3|]ε2 = lim (ln |ε − 3| − ln 1) = −∞,
ε→3−
2 x − 3 ε→3− ε→3−
Z 3
1
tem-se que o integral dx é divergente.
2 x−3

c) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.

Como

1 Z 1
 √ 1 √ 
1
Z
2
lim √
3
dx = lim x− 3 dx = lim 3 3 x ε = lim 3 − 3 3 ε = 3,
ε→0 +
ε x 2 ε→0 +
ε ε→0+ ε→0 +

Z 1
1
tem-se que o integral √
3
dx é convergente e
0 x2
Z 1
1

3
dx = 3.
0 x2

d) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


Z 0 Z 1
x x
Temos de estudar os dois integrais √
3
dx e √
3
dx.
1−x 2 1 − x2
−1 0
Como

0 0
x
Z Z
− 1
lim √
3
dx = lim x 1 − x2 3 dx =
ε→−1+ ε 1 − x2 ε→−1+ ε
 Z 0
1 − 1
= lim − (−2x) 1 − x2 3 dx =
ε→−1+ 2 ε
  q 0
1 33
= lim − (1 − x2 )2 =
ε→−1+ 2 2
 ε
3 33 3
q
= lim − + (1 − ε2 )2 = −
ε→−1+ 4 4 4
480 Integrais impróprios

e
ε ε
x
Z Z
− 1
lim √
3
dx = x 1 − x2 3 dx =
lim
ε→1− 0 1 − x2 ε→1− 0
 Z ε
1 − 1
= lim − (−2x) 1 − x2 3 dx =
ε→1− 2
  0 q ε
1 33 2 2
= lim − (1 − x ) =
ε→1− 2 2 0
 
33 3 3
q
= lim − (1 − ε2 )2 + = ,
ε→1− 4 4 4
1
x
Z
tem-se que o integral √
3
dx é convergente e
−1 1 − x2
1 Z 0 Z 1
x x x
Z

3
dx = √
3
dx + √
3
dx = 0.
−1 1 − x2 −1 1 − x2 0 1 − x2

6.5.3. Estude quanto à convergência os integrais seguintes:


Z +∞ Z +∞ Z +∞
x sen2 x cos x sen x
a) 3
dx; b) 2
dx; c) dx;
1 x +5 1 x 1 x2
Z +∞ Z +∞ Z +∞
√ 1 1 1 x−1
d) x sen dx; e) √ sen dx; f) 3
√ dx;
1 x 1 x x 1 (x + 1) x
Z +∞ Z +∞ √ Z +∞ √
x x 1− x
g) dx; h) dx; i) dx;
1 1 + x3 1 1 + x + x2 1 1 + x + x2
Z +∞ Z +∞ Z +∞
1 1 x+4
j) dx; k) √ dx; l) dx;
1 1+x 0 1+x 3
1 1 + x3 + 2x4
Z +∞ Z +∞ 3 Z +∞
x x 1
m) x
dx; n) x
dx; o) dx;
1 e 1 e 1 1 + x sen2 x
Z +∞ √ Z +∞ √ Z +∞
1+ x 1+ x x
p) 2
dx; q) dx; r) √ dx;
1 1+x+x 1 1+x 0 x3 + 1
Z 1 Z 4 Z 2
1 1 1
s) √ 3
dx; t) √ dx; u) 2
dx;
x+x 0 x − 4x + 4
2
0 2 x x −4

e 1 1
1 1 x+1
Z Z Z
v) p dx; w) √ √ dx; x) √ dx;
1 x 1 − ln2 x 0
3
x x5 + 1 0 (x3 + 1) x5
1 1
x2 1
Z Z
y) dx; z) dx.
−1 x3 + 1 −1 x3
6.5 Exercı́cios resolvidos 481

Resolução:

a) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


+∞
x sen2 x x 1 1
Z
Como 0 ≤ 3 ≤ 3 ≤ 2 , para todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral dx
x +5 x +5 x 1 x2
é convergente (α = 2 > 1), tem-se, pelo Critério geral da comparação, que o integral
Z +∞
x sen2 x
dx é convergente.
1 x3 + 5

b) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.

Comecemos por estudar a convergência absoluta do integral, isto é, comecemos por
Z +∞
cos x
estudar o integral dx.
1 x2
Z +∞
cos x 1 1
Como 0 ≤ ≤ , para todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral dx é convergente
x2 x2 1 x 2
Z +∞
cos x
(α = 2 > 1), tem-se, pelo Critério geral da comparação, que o integral dx é
1 x2
convergente.
+∞
cos x
Z
Portanto, o integral dx é absolutamente convergente.
1 x2

c) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.

Comecemos por estudar a convergência absoluta do integral, isto é, comecemos por
Z +∞
sen x
estudar o integral dx.
1 x2
Z +∞
sen x 1 1
Como 0 ≤ 2
≤ 2 , para todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral dx é
x x 1 x2
convergente (α = 2 > 1), tem-se, pelo Critério geral da comparação, que o integral
Z +∞
sen x
dx é convergente.
1 x2
Z +∞
sen x
Portanto, o integral dx é absolutamente convergente.
1 x2

d) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


1 h πi 1 √ 1
Como ∈ (0, 1] ⊆ 0, , para todo o x ∈ [1, +∞) , tem-se 0 ≤ sen e 0 ≤ x sen
x 2 x x
482 Integrais impróprios

+∞
1 1
Z
para todo o x ∈ [1, +∞) . Também o integral √ dx é divergente (α = < 1) e
1 x 2
√ 1 1
x sen sen
lim x = lim x = 1 6= 0, +∞.
x→+∞ 1 x→+∞ 1

x x
Portanto, pelo Corolário do critério geral da comparação, os integrais são da mesma

natureza, isto é, são ambos divergentes.


Z +∞
√ 1
Assim, o integral x sen dx é divergente.
1 x

e) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


1 h πi 1 1 1
Como ∈ (0, 1] ⊆ 0, , para todo o x ∈ [1, +∞) , tem-se 0 ≤ sen e 0 ≤ √ sen
x 2 Z +∞ x x x
1 3
para todo o x ∈ [1, +∞) . Também o integral √ dx é convergente (α = > 1) e
1 x3 2
1 1 1
√ sen sen
x x x = 1 6= 0, +∞.
lim = lim
x→+∞ 1 x→+∞ 1

x3 x
Portanto, pelo Corolário do critério geral da comparação, os integrais são da mesma

natureza, isto é, são ambos convergentes.


Z +∞
1 1
Assim, o integral √ sen dx é convergente.
1 x x

f ) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


+∞
x−1 1 1
Z
Como 3 √ ≥ 0 e √ > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o integral √ dx
(x + 1) x x5 1 x5
5
é convergente (α = > 1) e
2
x−1
√ 7 5
(x3 + 1) x x2 − x2
lim = lim 1 = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 7
x→+∞ x 2 + x 2

x5
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que os integrais são da mesma

natureza, isto é, são ambos convergentes.


Z +∞
x−1
Portanto, o integral 3
√ dx é convergente.
1 (x + 1) x
6.5 Exercı́cios resolvidos 483

g) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


+∞
x 1 1
Z
Como 3
> 0 e 2 > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o integral dx é
1+x x 1 x2
convergente (α = 2 > 1) e
x
3 x3
lim 1 + x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 x→+∞ 1 + x3
x2
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que os integrais são da mesma

natureza, isto é, são ambos convergentes.


Z +∞
x
Portanto, o integral dx é convergente.
1 1 + x3

h) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


√ Z +∞
x 1 1
Como 2
> 0 e √ > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o integral √ dx é
1+x+x x 3 1 x3
3
convergente (α = > 1) e
2

x
2 x2
lim 1 + x + x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 x→+∞ 1 + x + x2

x3
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que os integrais são da mesma

natureza, isto é, são ambos convergentes.


Z +∞ √
x
Portanto, o integral dx é convergente.
1 1 + x + x2

i) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


Z +∞ √ Z +∞ √
1− x x−1
Comecemos por notar que 2
dx = − dx.
√ 1 1+x+x 1 1 + x + x2 Z
+∞
x−1 1 1
Como 2
≥ 0 e √ > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o integral √ dx é
1+x+x x3 1 x3
3
convergente (α = > 1) e
2

x−1 √
1 + x + x 2 x2 − x3
lim = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 x→+∞ 1 + x + x2

x3
484 Integrais impróprios

Z +∞ √
x−1
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que os integrais 2
dx
Z +∞ 1 1 + x + x
1
e √ dx são da mesma natureza, isto é, são ambos convergentes.
1 x3 Z +∞ √ Z +∞ √
1− x x−1
Portanto, o integral 2
dx = − dx também é convergente.
1 1+x+x 1 1 + x + x2

j) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.

Como

b
1
Z
lim dx = lim [ln |1 + x|]b1 = lim [ln (1 + b) − ln 2] = +∞,
b→+∞ 1 1+x b→+∞ b→+∞
Z +∞
1
tem-se que o integral dx é divergente.
1 1+x

k) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


Z 1 Z +∞
1 1
Comecemos por considerar os integrais √ dx e √ dx, onde o pri-
0 1 + x3 1 1 + x3
meiro integral é um integral próprio e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie, e

estudemos a natureza do integral impróprio de 1.a espécie.


Z +∞
1 1 1
Como 0 < √ < √ , para todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral √ dx
1+x 3 x 3 x3
1
3
é convergente (α = > 1), tem-se, pelo Critério geral da comparação, que o integral
Z +∞ 2
1
√ dx é convergente.
1 1 + x3 Z +∞
1
Portanto, o integral √ dx é convergente e
0 1 + x3
Z +∞ Z 1 Z +∞
1 1 1
√ dx = √ dx + √ dx.
1+x 3 1+x 3 1 + x3
0 0 1

l) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


x+4
Como > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , e se α = 3 > 1
1 + x3 + 2x4
x4 + 4x3
 
α x+4 1
lim x = lim = 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 + x3 + 2x4 x→+∞ 1 + x3 + 2x4 2
Z +∞
x+4
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral dx
1 1 + x3 + 2x4
é convergente (α = 3 > 1).
6.5 Exercı́cios resolvidos 485

m) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


+∞
x 1 1
Z
Como x > 0 e 2 > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o integral dx é convergente
e x 1 x2
(α = 2 > 1) e
x
x x3
lim e = lim x = 0,
x→+∞ 1 x→+∞ e
x2
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que a convergência do integral
Z +∞ Z +∞
1 x
2
dx implica a convergência do integral dx.
1 x 1 ex

n) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


+∞
x3 1 1
Z
Como x > 0 e 2 > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o integral dx é convergente
e x 1 x2
(α = 2 > 1) e
x3
x x5
lim e = lim x = 0,
x→+∞ 1 x→+∞ e
x 2

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que a convergência do integral


Z +∞ Z +∞ 3
1 x
2
dx implica a convergência do integral dx.
1 x 1 ex

o) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


+∞
1 1 1
Z
Como 0 < ≤ , para todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral dx
1+x 1 + x sen2 x 1 1+x
é divergente (ver alı́nea j)), tem-se, pelo Critério geral da comparação, que o integral
Z +∞
1
dx é divergente.
1 1 + x sen2 x

p) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.



1+ x 3
Como 2
> 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , e se α = > 1
1+x+x 2
√  3
x 2 + x2

α 1+ x
lim x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1 + x + x2 x→+∞ 1 + x + x2

+∞ √
1+ x
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral dx
1 1 + x + x2
3
é convergente (α = > 1).
2
486 Integrais impróprios

q) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.



1+ x 1
Como > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , e se α = < 1
1+x 2
 √  1
α1 + x x2 + x
lim x = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 1+x x→+∞ 1 + x

+∞ √
1+ x
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral dx é
1 1+x
1
divergente (α = < 1).
2

r) Trata-se de um integral impróprio de 1.a espécie.


Z 1 Z +∞
x x
Comecemos por considerar os integrais √ dx e √ dx, onde o pri-
3
x +1 3
x +1
0 1
meiro integral é um integral próprio e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie, e

estudemos a natureza do integral impróprio de 1.a espécie.


x 1
Como √ > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , e se α = < 1
x3
+1 2
3 √
x3
 
x x 2
lim xα √ = lim √ = lim √ = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ x3 + 1 x→+∞ x3 + 1 x→+∞ x3 + 1
Z +∞
x
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ dx é
3
x +1
1
1
divergente (α = < 1).
2 Z +∞
x
Portanto, o integral √ dx também é divergente.
0 x3 + 1

s) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


1 1
Como √ 3
> 0, para todo o x ∈ (0, 1] , e se α = < 1
x+x 2
  √
α 1 x 1
lim (x − 0) √ = lim √ = lim = 1 6= 0, +∞,
x→0+ x + x3 x→0+ x + x3 x→0+ 1 + x 25
1
1
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ dx é
0 x + x3
1
convergente (α = < 1).
2
6.5 Exercı́cios resolvidos 487

t) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


1 1
Como √ > 0, para todo o x ∈ (2, 4] , e se α = < 1
2
x x −4 2
  √
1 x−2 1 1
lim (x − 2)α √ = lim p lim √ = 6= 0, +∞,
x→2+ 2
x x −4 x→2+
x (x − 2) (x + 2) x→2 + x x + 2 4
4
1
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ dx é
2 x x2 − 4
1
convergente (α = < 1).
2

u) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


Z 2 Z 2
1 1
Comecemos por notar que 2 − 4x + 4
dx = 2 dx.
0 x 0 (x − 2)
Como

ε  ε  
1 1 1 1
Z
lim dx = lim − = lim − − = +∞,
ε→2− 0 (x − 2)2 ε→2− x − 2 0 ε→2− ε−2 2
Z 2
1
tem-se que o integral 2
dx é divergente.
0 x − 4x + 4

v) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.

Como
1
ε ε
1
Z Z
lim p dx = lim p x dx = lim [arcsen ln x]ε1 =
ε→e− 1 x 1 − ln2 x ε→e− 1 2
1 − ln x ε→e−
π
= lim (arcsen ln e − 0) = ,
ε→e − 2
Z e
1
tem-se que o integral p dx é convergente e
1 x 1 − ln2 x
Z e
1 π
p dx = .
1 x 1 − ln x 2 2

w) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


1 1
Como √ √ > 0, para todo o x ∈ (0, 1] , e se α = < 1
3
x x5 + 1 3
 
α 1 1
lim (x − 0) √ √ = lim √ = 1 6= 0, +∞,
x→0 + 3 5
x x +1 x→0 + 5
x +1
488 Integrais impróprios

1
1
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ √ dx
0
3
x x5 + 1
1
é convergente (α = < 1).
3

x) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


x+1 5
Como √ > 0, para todo o x ∈ (0, 1] , e se α = > 1
(x3 + 1) x 5 2
" #
α x+1 x+1
lim (x − 0) √ = lim = 1 6= 0, +∞,
x→0 + 3
(x + 1) x 5 x→0 (x3 + 1)
+

1
x+1
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ dx
0 (x3 + 1) x5
5
é divergente (α = > 1).
2

y) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


Z 1 Z 1
x2 x2
Comecemos por notar que 3
dx = 2
dx.
−1 x + 1 −1 (x + 1) (x − x + 1)
x2
Como 3 > 0, para todo o x ∈ (−1, 1] , e se α = 1
x +1
x2 x2
 
α 1
lim (x + 1) 2
= lim 2
= 6= 0, +∞,
x→−1 + (x + 1) (x − x + 1) x→−1 x − x + 1
+ 3
1
x2
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral dx é
−1 x3 + 1
divergente (α = 1).

z) Trata-se de um integral impróprio de 2.a espécie.


Z 0 Z 1
1 1
Temos de estudar os integrais 3
dx e 3
dx.
Z 1 −1 x 0 x Z 1
1 1
Como o integral 3
dx é divergente (α = 3 > 1), também o integral 3
dx é
0 x −1 x
divergente.
6.5 Exercı́cios resolvidos 489

6.5.4. Estude quanto à convergência os integrais seguintes:

+∞ +∞ +∞
1 1 1
Z Z Z
a) √ √ dx; b) 2
√ dx; c) dx;
0
3
x x5 + 1 1 x x−1 1 ln x
+∞ +∞ +∞
x−1 x 1
Z Z Z
d) √ dx; e) ; f) dx;
0
3
(x + 1) x 3 (x − 3) (2 + x2 ) −∞ x3
+∞ +∞ +∞
x 1 x+1
Z Z Z
g) √ dx; h) √ dx; i) √ dx.
−∞
3
x +1 0 x + 2x3 0 x3

Resolução:

a) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z 1 Z +∞
1 1
Temos de estudar os integrais √ √ dx e √ √ dx, o primeiro é
3 5
x x +1 3
x x5 + 1
0 1
um integral impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie.

O integral impróprio de 2.a espécie foi estudado na alı́nea w) do exercı́cio anterior e

concluı́mos que é convergente.

Estudemos agora o segundo integral que é um integral impróprio de 1.a espécie. Como
1 1 5
√ √ > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , e se α = + > 1
3 5
x x +1 3 2
√ √ √
x x5 x5
 
1 3
lim xα √ √ = lim √ √ = lim √ =
x→+∞ 3
x x5 + 1 x→+∞ 3 x x5 + 1 x→+∞ x5 + 1
s
x5
= lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ x5 + 1

+∞
1
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ √ dx
1
3
x x5 + 1
1 5
é convergente (α = + > 1).
3 2
+∞
1
Z
Portanto, o integral impróprio misto √ √ dx também é convergente.
0
3
x x5 + 1

b) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z 2 Z +∞
1 1
Temos de estudar os integrais 2
√ dx e 2
√ dx, o primeiro é um
1 x x−1 2 x x−1
integral impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie.
490 Integrais impróprios

1
Comecemos por estudar o integral impróprio de 2.a espécie. Como √ > 0,
x2 x − 1
1
para todo o x ∈ (1, 2] , e se α =
<1
2
  √
α 1 x−1 1
lim (x − 1) 2 √ = lim 2 √ = lim 2 = 1 6= 0, +∞,
x→1+ x x−1 x→1+ x x − 1 x→1+ x
2
1
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ dx é
1 x2 x − 1
1
convergente (α = < 1).
2
1
Estudemos agora o integral impróprio de 1.a espécie. Como √ > 0, para todo
x2 x−1
5
o x ∈ [2, +∞) , e se α = >1
2
√ s
x5 x5
 
1
lim xα √ = lim √ = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ 2
x x−1 x→+∞ x5 − x4 x→+∞ x5 − x4
+∞
1
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral √ dx
2 x2 x − 1
5
é convergente (α = > 1).
2
+∞
1
Z
Portanto, o integral impróprio misto √ dx também é convergente.
1 x2 x − 1

c) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z 2 Z +∞
1 1
Temos de estudar os integrais dx e dx, o primeiro é um integral
1 ln x 2 ln x
impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie.
1 1
Comecemos por estudar o integral impróprio de 1.a espécie. Como 0 < < , para
Z +∞ x ln x
1
todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral dx é divergente (α = 1), tem-se, pelo Critério
1Z x
+∞
1
geral da comparação, que o integral dx é divergente.
2 Z ln x
+∞
1
Portanto, o integral impróprio misto dx também é divergente.
1 ln x

d) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z 1 Z +∞
x−1 x−1
Temos de estudar os integrais 3
√ dx e 3
√ dx, o primeiro é
0 (x + 1) x 1 (x + 1) x
um integral impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie.
6.5 Exercı́cios resolvidos 491

O integral impróprio de 1.a espécie foi estudado na alı́nea f ) do exercı́cio anterior e

concluı́mos que é convergente.

Estudemos agora o primeiro integral que é um integral impróprio de 2.a espécie. Como
x−1 1
− √ ≥ 0, para todo o x ∈ (0, 1] , e se α = < 1
(x3 + 1) x 2
    
α x−1 x−1
lim (x − 0) − 3 √ = lim − 3 = 1 6= 0, +∞,
x→0+ (x + 1) x x→0+ (x + 1)
Z 1 
x−1
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral − 3 √ dx
0 (x + 1) x
Z 1
1 x−1
é convergente (α = < 1), pelo que o integral 3
√ dx é convergente.
2 Z +∞ 0 (x + 1) x
x−1
Portanto, o integral impróprio misto 3
√ dx também é convergente.
0 (x + 1) x

e) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z 4 Z +∞
x x
Temos de estudar os integrais 2)
dx e dx, o pri-
3 (x − 3) (2 + x 4 (x − 3) (2 + x2 )
meiro é um integral impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a

espécie.
x
Comecemos por estudar o integral impróprio de 2.a espécie. Como > 0,
(x − 3) (2 + x2 )
para todo o x ∈ (3, 4] , e se α = 1
 
α x x 3
lim (x − 3) 2
= lim 2
= 6= 0, +∞,
x→3+ (x − 3) (2 + x ) x→3+ 2 + x 11
4
x
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral dx
3 (x − 3) (2 + x2 )
é divergente (α = 1).
+∞
x
Z
Portanto, o integral impróprio misto dx também é divergente.
3 (x − 3) (2 + x2 )
Note-se que se se tivesse estudado primeiro o integral impróprio de 1.a espécie chegar-

se-ia à conclusão de que é convergente e depois seria necessário estudar o integral impróprio

de 2.a espécie para se concluir que é divergente.


492 Integrais impróprios

f ) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z −1 Z 0 Z 1 Z +∞
1 1 1 1
Temos de estudar os integrais 3
dx, 3
dx, 3
dx e dx, o primeiro
−∞ x −1 x 0 x 1 x3
e o quarto são integrais impróprios de 1.a espécie e o segundo e terceiro são integrais

impróprios de 2.a espécie.

O segundo integral impróprio de 2.a espécie foi estudado na alı́nea z) do exercı́cio

anterior e concluı́mos que é divergente.


+∞
1
Z
Portanto, o integral impróprio misto dx também é divergente.
−∞ x3

g) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z −2 Z −1 Z 0
x x x
Temos de estudar os integrais impróprios √ dx, √ dx, √ dx
3
x +1 3
x +1 3
x +1
Z +∞ −∞ −2 −1
x
e √ dx.
3
x +1
0
O primeiro e o quarto são integrais impróprios de 1.a espécie e o segundo e terceiro

são integrais impróprios de 2.a espécie.

O último integral foi estudado na alı́nea r) do exercı́cio anterior e concluı́mos que é

divergente.
+∞
x
Z
Portanto, o integral impróprio misto √ dx também é divergente.
−∞ x3+1

h) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z 1 Z +∞
1 1
Temos de estudar os integrais √ 3
dx e √ dx, o primeiro é um
0 x + 2x 1 x + 2x3
integral impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie.
1 1
Comecemos por estudar o integral impróprio de 2.a espécie. Como 0 < √ 3
<√ ,
x + 2x x
Z 1
1 1
para todo o x ∈ (0, 1] , e o integral √ dx é convergente (α = < 1), tem-se, pelo
0 x 2
Z 1
1
Critério geral da comparação, que o integral √ dx é convergente.
0 x + 2x3
1 1 1
Estudemos agora o integral impróprio de 1.a espécie. Como 0 < √ 3
< 3 < 3,
Z +∞ x + 2x 2x x
1
para todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral dx é convergente (α = 3 > 1), tem-se, pelo
1 x3
6.5 Exercı́cios resolvidos 493

Z +∞
1
Critério geral da comparação, que o integral √ 3
dx é convergente.
Z +∞ 1 x + 2x
1
Portanto, o integral impróprio misto √ dx também é convergente.
0 x + 2x3

i) Trata-se de um integral impróprio misto.


Z 1 Z +∞
x+1 x+1
Temos de estudar os integrais √ dx e √ dx, o primeiro é um integral
0 x 3 1 x3
impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de 1.a espécie.
1 x+1
Comecemos por estudar o integral impróprio de 1.a espécie. Como 0 < √ < √ ,
Z +∞ x x3
1 1
para todo o x ∈ [1, +∞) , e o integral √ dx é dinvergente (α = < 1), tem-se,
1 xZ 2
+∞
x+1
pelo Critério geral da comparação, que o integral √ dx é divergente.
Z +∞ 1 x3
x+1
Portanto, o integral impróprio misto √ dx também é divergente.
0 x3

6.5.5. Considere o subconjunto de R2


 
2 1
A = (x, y) ∈ R : x ≥ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ 2 .
x

a) Calcule a área de A.

b) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de 2π em torno do eixo

dos xx de A.

Resolução:

a) A área da região do plano A é dada por


+∞
1
Z
A= dx,
1 x2

que é um integral impróprio de 1.a espécie. Como


b
1 b
   
1 1
Z
lim dx = lim − = lim − + 1 = 1,
b→+∞ 1 x2 b→+∞ x 1 b→+∞ b
+∞
1
Z
tem-se que o integral dx é convergente e
1 x2
Z +∞
1
A= dx = 1,
1 x2
494 Integrais impróprios

ver Figura 6.8.


1 1
b) Sendo f (x) = 2
, tem-se que f 2 (x) = 4 , pelo que o volume do sólido de revolução
x x
gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região do plano A é dado por

+∞
1
Z
V =π dx,
1 x4

que é um integral impróprio de 1.a espécie. Como

b
1 b
   
1 1 1 1
Z
lim 4
dx = lim − 3 = lim − 3 + = ,
b→+∞ 1 x b→+∞ 3x 1 b→+∞ 3b 3 3
+∞
1
Z
tem-se que o integral dx é convergente e
1 x4
Z +∞
1 π
V =π 4
dx = ,
1 x 3

ver Figura 6.8.


1

-1
1

1
1 0
y = €€€€€€€
x2
-1
0
1
1 2 3
2

Figura 6.8: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x = 1,


1
y = 0 e y = 2 e o correspondente sólido de revolução.
x

6.5.6. Considere o subconjunto de R2


 
1
A = (x, y) ∈ R2 : 1 < x ≤ 2 ∧ 0 ≤ y ≤ .
x−1

a) Calcule a área de A.
6.5 Exercı́cios resolvidos 495

b) Calcule o volume do sólido de revolução gerado pela rotação de 2π em torno do eixo

dos xx de A.

Resolução:

a) A área da região do plano A é dada por

2
1
Z
A= dx,
1 x−1

que é um integral impróprio de 2.a espécie. Como

2
1
Z
lim dx = lim [ln |x − 1|]2ε = lim (ln 2 − ln |ε − 1|) = +∞,
ε→1+ ε x−1 ε→1+ ε→1+

2
1
Z
tem-se que o integral dx é divergente e
1 x−1
2
1
Z
A= dx = +∞,
1 x−1

ver Figura 6.9.


1 1
b) Sendo f (x) = , tem-se que f 2 (x) = , pelo que o volume do sólido de
x−1 (x − 1)2
revolução gerado pela rotação em torno do eixo dos xx da região do plano A é dado por

2
1
Z
V =π dx,
1 (x − 1)2

que é um integral impróprio de 2.a espécie. Como

2  2  
1 1 1
Z
lim dx = lim − = lim −1 + = +∞,
ε→1+ ε (x − 1)2 ε→1+ x − 1 ε ε→1+ ε−1

2
1
Z
tem-se que o integral dx é divergente e
1 (x − 1)2

2
1
Z
V =π dx = +∞,
1 (x − 1)2

ver Figura 6.9.


496 Integrais impróprios

9
6
3
0
-3
9 -6
-9
9

6 6

0
3 1
y = €€€€€€€€€€€€€€€€€ -3
x- 1
-6
-9
1 2 3 1 2

Figura 6.9: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas x = 1,


1
x = 2, y = 0 e y = e o correspondente sólido de revolução.
x−1

6.5.7. Seja f : R −→ R uma função contı́nua tal que f (x) > 0, para todo o x ∈ R,
Z +∞ Z +∞
1 1
lim f (x) = +∞ e dx é convergente. Mostre que dx é con-
x→+∞ 1 1 + 2f (x) 1 f (x)
vergente.

Resolução:
+∞
1 1 1
Z
Como , > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o integral dx é
1 + 2f (x) f (x) 1 1 + 2f (x)
convergente e
1
1 + 2f (x) f (x) 1 1
lim = lim = lim = = 6 0, +∞,
x→+∞ 1 x→+∞ 1 + 2f (x) x→+∞ 1 2
+2
f (x) f (x)
Z +∞
1
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que os integrais dx
Z +∞ 1 1 + 2f (x)
1
e dx são da mesma natureza, isto é, são ambos convergentes.
1 f (x)
6.5 Exercı́cios resolvidos 497

b
1
Z
6.5.8. Mostre que o integral impróprio de 2.a espécie dx converge se α < 1
a (x − a)α
e diverge se α ≥ 1.

Resolução:

Com efeito, se α 6= 1, tem-se


#b
"
b
1 b
(x − a)−α+1
Z Z
−α
lim dx = lim (x − a) dx = lim =
ε→a+ ε (x − a)α ε→a+ ε ε→a+ −α + 1
ε
1 h i
= lim (b − a)−α+1 − (ε − a)−α+1 =
−α + 1 ε→a+
−α+1

 (b − a)

se α < 1,
= −α + 1

+∞ se α > 1.

Se α = 1, tem-se

b
1
Z
lim dx = lim [ln |x − a|]bε = lim (ln |b − a| − ln |ε − a|) = +∞.
ε→a+ ε x−a ε→a+ ε→a+

b
1
Z
6.5.9. Mostre que o integral impróprio de 2.a espécie dx converge se α < 1
a (x − b)α
e diverge se α ≥ 1.

Resolução:

Com efeito, se α 6= 1, tem-se

−α+1 ε
"
#
ε ε
1 (x − b)
Z Z
lim dx = lim (x − b)−α dx = lim =
ε→b− a (x − b)α ε→b− a ε→b− −α + 1
a
1 h
−α+1 −α+1
i
= lim (ε − b) − (a − b) =
−α + 1 ε→b−
−α+1

 (a − b)

se α < 1,
= α−1

+∞ se α > 1.

Se α = 1, tem-se

ε
1
Z
lim dx = lim [ln |x − b|]εa = lim (ln |ε − b| − ln |a − b|) = −∞.
ε→b− a x−b ε→b− ε→b−
498 Integrais impróprios

+∞
1
Z
6.5.10. Mostre que o integral impróprio misto dx converge se
1 (x − 1) (x + 1)2α
α
1
< α < 1.
3
Resolução:

Trata-se de um integral misto.


2 +∞
1 1
Z Z
Temos de estudar os integrais dx e dx, o
1 (x − 1) (x + 1)2α
α
2 (x − 1) (x + 1)2α
α

primeiro é um integral impróprio de 2.a espécie e o segundo é um integral impróprio de

1.a espécie.
1
Comecemos por estudar o integral impróprio de 2.a espécie. Como >
(x − 1) (x + 1)2α
α
Z 2
1
0, para todo o x ∈ (1, 2] , α dx converge se α < 1 (ver Exercı́cio 6.5.8) e
1 (x − 1)

1
(x − 1) (x + 1)2α
α
1 1
lim = lim = 2α 6= 0, +∞,
x→1+ 1 x→1+ (x + 1) 2α 2
(x − 1)α

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral impróprio de 2.a
Z 2
1
espécie α 2α dx converge se α < 1.
1 (x − 1) (x + 1)
1
Estudemos agora o integral impróprio de 1.a espécie. Como α 2α > 0,
Z +∞ (x − 1) (x + 1)
1 1
para todo o x ∈ [2, +∞) , 3α
dx converge se α > e
2 x 3

1
(x − 1) (x + 1)2α
α
x3α
lim = lim =
x→+∞ 1 x→+∞ (x − 1)α (x + 1)2α
x3α " α  2α #
x x
= lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ x−1 x+1

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que o integral impróprio de 1.a
Z +∞
1 1
espécie α 2α dx converge α > 3 .
2 (x − 1) (x + 1)
Z +∞
1 1
Portanto, o integral impróprio misto α 2α dx converge se 3 < α < 1.
1 (x − 1) (x + 1)
6.5 Exercı́cios resolvidos 499

6.5.11. Considere a região do plano A representada a sombreado na Figura 6.10.

Calcule a área de A.

1
y= €€€€€2€€€ y=x
x

1
Figura 6.10: Representação geométrica da região do plano limitada pelas curvas y = 2 ,
x
y = 0 e y = x.

Resolução:
1
Como o ponto de intersecção de y = e y = x é o ponto (1, 1) , tem-se que a área da
x2
região A é dada por
1 +∞
1
Z Z
A= xdx + dx.
0 1 x2

Como
1 1
x2

1
Z
xdx = =
0 2 0 2

e
b
1 b
   
1 1
Z
lim dx = lim − = lim − + 1 = 1,
b→+∞ 1 x2 b→+∞ x 1 b→+∞ b

tem-se que
1 +∞
1 1 3
Z Z
A= xdx + 2
dx = + 1 = .
0 1 x 2 2
500 Integrais impróprios

6.5.12.

a) Calcule a área da região do primero quadrante limitada pelo eixo dos yy e pelas
1
curvas y = 4, y = e y = x2 .
x2
b) Calcule a área da região do primero quadrante limitada pelo eixo dos xx, pelo eixo
1
dos yy e pelas curvas y = 4 e y = .
x2
Resolução:

a) A região está representada na Figura 6.11 a sombreado. Como os pontos de inter-


1
secção de y = 4 e y = são dados por
x2
   
 y=4  y=4  y=4  y=4
⇔ ⇔ ⇔
 y= 1  1 =4  x2 = 1  x = −1 ∨ x = 1
x 2 x 2 4 2 2
   
1 1 1
isto é, os pontos de intersecção de y = 4 e y = 2 são os pontos − , 4 e ,4 , e
x 2 2
1
como os pontos de intersecção de y = x2 e y = 2 são dados por
x

 y = x2  y = x2
 
y = x2 y = x2
( (
⇔ ⇔ ⇔
 y= 1  1 = x2 x4 = 1 x = −1 ∨ x = 1
x 2 x2
1
isto é, os pontos de intersecção de y = x2 e y = são os pontos (−1, 1) e (1, 1) , tem-se
x2
que a área desta região é dada por

1
1  21 1
x3 1 x3
  
1 8
Z Z
2
2
− x2

A= 4−x dx + dx = 4x − + − − = .
0 1 x2 3 0 x 3 1 3
2 2

b) A região está representada na Figura 6.11 a sombreado. A área desta região é dada

por

1
+∞ Z b
1 1
Z Z 1
2
2
A = 4 dx + 2
dx = [4x]0 + lim dx =
0 1 x b→+∞ 1 x2
2 2

1 b
   b
1
= 2 + lim − = 2 + lim − + 2 = 4.
b→+∞ x 1 b→+∞ b 1
2 2
6.5 Exercı́cios resolvidos 501

y= 4 y= 4
4 4

3 3
1 1
2
y = €€€€€€€ 2
y = €€€€€€€
x2 x2

1 1
2
y= x
0.5 1 1.5 2 0.5 1 1.5 2

Figura 6.11: Representação geométrica das regiões no Exercı́cios 6.5.12. a) e b).

6.5.13. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:

a) Sejam f, g : [a, +∞) −→ R duas funções contı́nuas tais que f (x) ≤ g (x) , para todo
Z +∞ Z +∞
o x ∈ [a, +∞) . Se g (x) dx é convergente, então f (x) dx é convergente.
a a
b) Seja f : R −→ R uma função contı́nua tal que f (x) > 0, para todo o x ∈ R,
Z +∞ Z +∞
x x+1
lim f (x) = +∞ e dx é convergente. Então, dx é convergente.
x→+∞ 1 1 + f (x) 1 f (x)
Z π
4 cos (2x)
c) O integral impróprio dx é divergente.
0
1
− sen x cos x
Z +∞2
3x
d) O integral impróprio 4
dx é divergente.
Z 1e 9 + x
1
e) O integral impróprio dx é divergente.
1 x ln x

Resolução:
1 1
a) Falso. Basta tomar f (x) = − e g (x) = 2 .
x x

x x+1
b) Verdadeira. Com efeito, como , > 0, para todo o x ∈ [1, +∞) , o
Z +∞ 1 + f (x) f (x)
x
integral dx é convergente e
1 1 + f (x)
x
 
1 + f (x) f (x) x
lim = lim = 1 6= 0, +∞,
x→+∞ x+1 x→+∞ 1 + f (x) x + 1
f (x)
+∞
x
Z
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que os integrais dx
1 1 + f (x)
502 Integrais impróprios

+∞
x+1
Z
e dx são da mesma natureza, isto é, são ambos convergentes.
1 f (x)

c) Verdadeira. Com efeito, como

ε ε ε
cos (2x) cos (2x) 2 cos (2x)
Z Z Z
lim dx = lim dx = lim dx =
ε→ π4 − 0
1 π−
ε→ 4 0
1 1 ε→ π4 − 0 1 − sen (2x)
− sen x cos x − sen (2x)
2 2 2
= lim [− ln |1 − sen (2x)|]ε0 =
ε→ π4 −

= lim [− ln |1 − sen (2ε)|] = +∞,


ε→ π4 −

π
cos (2x)
Z
4
tem-se que o integral dx é divergente.
0
1
− sen x cos x
2
d) Falsa. Com efeito, como
2
Z b
3x x 3
Z b
1 b
Z x
lim dx = lim 3
 2 2 dx = lim  2 2 dx =
b→+∞ 1 9 + x4 1 x b→+∞ 9 b→+∞ 2 1 x
1+ 1+
3 3
  2 b   2 
1 x 1 b 1 1
= lim arctg = lim arctg − arctg =
b→+∞ 2 3 1 b→+∞ 2 3 2 3
π 1 1
= − arctg ,
4 2 3
Z +∞
3x
tem-se que o integral dx é convergente e
1 9 + x4
Z +∞
3x π 1 1
4
dx = − arctg .
1 9+x 4 2 3

e) Verdadeira. Com efeito, como

e Z e 1
1
Z
lim dx = lim x dx = lim [ln |ln x|]e = lim (ln ln e − ln ln ε) = +∞,
ε
ε→1+ ε x ln x ε→1+ ε ln x ε→1+ ε→1+
Z e
1
tem-se que o integral dx é divergente.
1 x ln x
6.6 Exercı́cios propostos 503

6.6 Exercı́cios propostos

6.6.1. Calcule:
Z +∞ −1 +∞
arctg x 1 1
Z Z
a) dx; b) dx; c) dx.
0 1 + x2 −∞ x3 e x (ln x)2

6.6.2. Estude quanto à convergência os integrais seguintes:


Z 1 Z +∞
1 1
a) α
dx, onde α ∈ R; b) dx, onde α ∈ R.
0 x 1 xα

6.6.3. Estude quanto à convergência os integrais seguintes:


Z b Z b
1 1
a) α dx, onde α ∈ R; b) α dx, onde α ∈ R.
a (b − x) a (x − a)

6.6.4. Estude a natureza dos integrais seguintes:


Z +∞ Z +∞ +∞
1
Z
2
a) x e−x dx; b) e−x dx; c) √ dx;
0 1 0 x3 + 1
+∞ +∞ +∞
1 x2 + 1 cos x
Z Z Z
d) 3
dx; e) dx; f) dx;
0 x +1 1 3x4 − x + 2 0 x2 + 1
+∞ +∞ +∞
1 1 2x ln x
Z Z Z
g) dx; h) dx; i) dx;
−∞ 9 + x2 2 ln x 1 (1 + x2 )2
+∞ 1
2 + sen x x2 + x1/2
Z Z
j) dx; k) dx.
−∞ x2 + 5 0 x10/3 + 1

+∞
xk
Z
6.6.5. Determine k de modo que o integral dx seja convergente.
1 1 + x3

6.6.6. Estude quanto à convergência os integrais seguintes, indicando o seu valor caso

seja convergente:
Z +∞ π
+∞
1 1
Z Z
2
a) dx; b) 2
dx; c) sen (2x) dx.
e x ln x 5 x − 6x + 8 −∞
504 Integrais impróprios

6.6.7. Calcule, se possı́vel, o valor dos integrais seguintes:


Z 1 Z 1 Z 3
1 1
a) 2/3
dx; b) ln xdx; c) √ dx;
−1 x 0 0 9 − x2
π
1
sen t x
Z Z
2
d) dt; e) √ dx.
0 cos2 t 0 1 − x4

6.6.8. Estude quanto à convergência os integrais seguintes:


Z +∞ Z +∞ Z +∞
1 1 1
a) dx; b) 3+1
dx; c) √ dx;
0 x − 1 −2 x 1 x x−1
+∞ +∞ +∞ 2
1 ln (1 + x) e−x
Z Z Z
d) dx; e) dx; f) √ dx;
−1 x2 1 x 1 1 + x3
+∞ 1 +∞
x arctg x 1 x2
Z Z Z
g) √ dx; h) dx; i) dx;
0 1 + x3 0 x − tg x 1 x3 + x2 + x + 1
Z +∞   +∞ +∞
1 1
Z Z
j) 1 − cos dx; k) dx; l) xα e−x dx.
1 x e (ln x)α 1

6.6.9. Estude quanto à convergência os integrais seguintes, indicando o seu valor caso

seja convergente:
Z +∞ 0 +∞
1 e2x 1
Z Z
a) dx; b) √ dx; c) dx;
5 (x − 4)2 −1 1 − e2x 1 (1 + x2 ) arctg x
1 +∞ 1
1 1 x4
Z Z Z
d) ln dx; e) 2
dx; f) dx;
0 x 2 x −1 −1 x4 − 1
+∞ 1
x5 2x + 3 − x2
Z Z
g) dx; h) dx.
2 16 − x4 0 (1 − x)2 (x2 − 2x + 5)

6.6.10. Mostre que:


Z +∞ +∞
sen x sen x
Z
a) dx é convergente; b) dx é absolutamente convergente;
1 x 1 x2
Z +∞ +∞
|sen x| cos x
Z
c) dx é divergente; d) dx é convergente;
1 x 1 x2
Z +∞ 1
1 cos (πx)
Z
e) dx é convergente; f) √ dx é convergente.
1 (sen x)2/3 0 1 − x2
6.6 Exercı́cios propostos 505

6.6.11. Justifique porque é que não se pode escrever

+∞   +∞ +∞
1 x 1 x
Z Z Z
− dx = dx − dx.
1 x x2 + 1 1 x 1 x2 + 1

+∞
sen (πx)
Z
6.6.12. Estude a natureza do integral dx.
1 xα

1
6.6.13. Determine área da região limitada pela curva y = e o eixo dos xx.
1 + x2

1
6.6.14. Determine área da região limitada pelas curvas y = p , x = −3 e x = 2.
|x|
506 Integrais impróprios

6.7 Soluções dos exercı́cios propostos

π2 1
6.6.1. a) ; b) − ; c)1.
8 2

6.6.2. a) converge se α < 1 e diverge α ≥ 1; b) converge se α > 1 e diverge α ≤ 1.

6.6.3. a) converge se α < 1 e diverge α ≥ 1; b) converge se α < 1 e diverge α ≥ 1.

6.6.4. a) convergente; b) convergente; c) convergente; d) convergente; e) convergente;

f ) convergente; g) convergente; h) divergente; i) convergente; j) convergente;

k) convergente.

ln 3
6.6.5. k < 2. 6.6.6. a) divergente; b) ; c) divergente.
2

π π
6.6.7. a) 6; b) −1; c) ; d) divergente; e) .
2 4

6.6.8. a) divergente; b) divergente; c) convergente; d) divergente;

e) divergente; f ) convergente; g) divergente; h) divergente;

i) divergente; j) convergente; k) divergente; l) convergente.

√ ln 3
6.6.9. a) 1; b) 1 − e−2 ; c) ln 2; d) 1; e) ;
2

f ) divergente; g) divergente; h) divergente.

6.6.12. absolutamente convergente se α > 1,

simplesmente convergente se 0 < α ≤ 1,

divergente se α ≤ 0.

√ √ 
6.6.13. π. 6.6.14. 2 2+ 3 .
Capı́tulo 7

Séries de números reais

O paradoxo de Zenão de Eleia (495-435 A.C.)

Zenão, um filósofo da Grécia antiga, propôs aos seus contemporâneos o paradoxo se-

guinte:

Aquiles, colocado a dada distância de uma tartaruga, tenta alcançá-la, correndo. Ora,

dizia Zenão, apesar de Aquiles ser um atleta olı́mpico, nunca poderá alcançar a tartaruga,

porque, antes de percorrer toda a distância que o separa dela, terá de percorrer metade e

depois de percorrer esta metade, terá de vencer um quarto da distância e assim sucessivas

e infinitas vezes.

Hoje, mais de 2400 anos depois de Zenão ter colocado este problema, podemos afirmar

que ele estava simultaneamente certo e errado. De facto imaginemos, para simplificar, que

a tartaruga está imóvel e que Aquiles corre com uma velocidade constante, ver Figura

7.1. Suponhamos que Aquiles necessita de T minutos para percorrer a primeira metade

da distância que o separa da tartaruga. Sendo a sua velocidade constante, ele gastará
T T
minutos para percorrer um quarto da distância, minutos para percorrer uma oitava
2 4
parte e assim sucessivamente. O tempo total necessário, isto é, a “soma” de todos estes
507
508 Séries de números reais

intervalos de tempo será então dado por

T T T
T+ + + ··· + n + ··· . (7.1)
2 4 2

0 T T T
2 4

Figura 7.1: Aquiles e a tartaruga.

A experiência diz-nos que o corredor que corre com velocidade constante alcançará a

tartaruga ao fim do dobro do tempo necessário para alcançar o ponto médio, isto é, deverá

gastar 2T minutos para alcançar a tartaruga, pelo que a “soma” em (7.1) deverá ser igual

a 2T. Assim, como atribuir significado a uma igualdade do tipo

T T T
T+ + + · · · + n + · · · = 2T ? (7.2)
2 4 2

Note-se que o primeiro membro desta igualdade é uma “soma” com um número infinito

de parcelas. Para calcularmos, caso exista, esta soma, começamos por calcular a soma dos

termos até à ordem n,


 n+1
1
1− "  n+1 #
T T T T 2 1
sn = T + + + + · · · + n = T = 2T 1 − ,
2 4 8 2 1 2
1−
2
calculando depois o limite desta sucessão,

lim sn = 2T,
n

para finalmente escrevermos

T T T
T+ + + · · · + n + · · · = 2T,
2 4 2
509

isto é, o que o primeiro membro de (7.2) exprime é o limite


 
T T T
lim T + + + · · · + n .
n 2 4 2

Portanto, definiremos somas com um número infinito de parcelas através de limites

e, como tal, é de esperar que nem todas as somas se possam efectuar, uma vez que nem

todas as sucessões são convergentes. A estas “somas com um número infinito de parcelas”

chamaremos séries ou séries infinitas, pelo que dizemos que com a noção de série preten-

de-se estender a noção de soma a um número infinito de parcelas.

Vamos agora apresentar um argumento que proporciona um considerável apoio ao

ponto de vista de Zenão. Suponhamos agora que a velocidade de Aquiles em vez de

constante é tal que para percorrer a primeira metade do caminho precisa de T minutos,
T
para percorrer um quarto do caminho precisa de minutos, para um oitavo do caminho
2
T
precisa de minutos e assim sucesssivamente. Neste caso o tempo total necessário para
3
que Aquiles alcance a tartaruga é dado por

T T T
T+ + + ··· + + ··· . (7.3)
2 3 n

Como veremos na Secção 7.2, esta série é divergente e, portanto, se Aquiles seguisse

esta lei de velocidade jamais alcançaria a tartaruga.

O objectivo principal deste capı́tulo é estabelecer os resultados mais importantes da

teoria das séries. Na primeira secção introduzimos a definição de série e na Secção 7.2

estudamos alguns tipos de séries particulares, nomeadamente, as séries geométricas e as

séries de Mengoli. Na Secção 7.3 apresentamos as propriedades gerais das séries mais

importantes e, na secção seguinte, são estudadas as séries de termos não-negativos, sendo

para tal introduzidos vários critérios de convergência. Na Secção 7.5, são estudadas as
510 Séries de números reais

séries de termos sem sinal determinado e são introduzidos os conceitos de convergência

simples e absoluta. Na Secção 7.6, é introduzido o conceito de resto de uma série e são

ainda demonstradas algumas das suas propriedades. Na Secção 7.7 estuda-se a associação

e reordenação dos termos de uma série e na Secção 7.8 estuda-se o produto de Cauchy

de séries. Finalmente, terminamos o capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista de

exercı́cios propostos e respectivas soluções.

7.1 Definições e generalidades

Definição 7.1.1 Uma série de termos reais é um par ordenado de sucessões de termos

reais ((xn )n , (sn )n ) em que a segunda, chamada sucessão das somas parciais, se obtém a

partir da primeira do modo seguinte:

sn = x1 + x2 + · · · + xn .

Caso a sucessão das somas parciais convirja em R, o seu limite representa-se por s
+∞
X
ou por xn e chama-se soma da série, a qual se diz convergente. Caso a sucessão das
n=1
somas parciais divirja, a série diz-se divergente.

A xn chama-se termo geral da série e a x1 , x2 , . . . , xn , . . . os termos da série.

Observação 7.1.2 i) Em relação ao exemplo apresentado no inı́cio deste capı́tulo temos,


  "  n+1 #! !
T 1
rigorosamente, que a série é o par ((xn )n , (sn )n ) = n−1
, 2T 1 −
2 n 2
n
+∞
X T
que é convergente, pois (sn )n converge em R para 2T, pelo que = 2T.
2n−1
n=1
+∞
X
ii) É usual usar-se a expressão xn para representar-se a própria série e não apenas
n=1
a sua soma, mesmo quando a série é divergente. Para abreviar a escrita, também se usam
X X X
as notações xn ou xn ou xn .
n≥1 n
7.1 Definições e generalidades 511

+∞
X +∞
X
iii) Definimos xn mas há situações em que é conveniente considerarmos xn ou
n=1 n=0
+∞
X
xn , com p > 1 fixo. É claro que as restantes definições são análogas. Tem-se, por
n=p
exemplo, para a sucessão das somas parciais

sn = x0 + x1 + x2 + · · · + xn ,

sn = xp + xp+1 + xp+2 + · · · + xn ,

respectivamente, onde a primeira é a soma de n+1 termos e a segunda a soma de n−p+1

termos.

Exemplo 7.1.3 Consideremos a série dada por

2 + 4 + 8 + · · · + 2n + · · · .

Neste caso, a sucessão das somas parciais é dada por

1 − 2n
s n = 2 + 4 + 8 + · · · + 2n = 2 = −2 + 2n+1 ,
1−2

pelo que

lim sn = +∞
n

e, portanto, a série é divergente, não fazendo sentido falarmos de soma da série, embora,

por vezes, se diga que a soma é +∞.

Exemplo 7.1.4 Consideremos agora a série dada por

1 + (−1) + 1 + (−1) + · · · + (−1)n+1 + · · · .

A sucessão das somas parciais é dada por


(
0 se n par,
sn =
1 se n ı́mpar,

pelo que a sucessão (sn )n é divergente e a série correspondente também é divergente.


512 Séries de números reais

7.2 Série geométrica, séries de Mengoli e série harmónica

Vamos de seguida estudar dois tipos de séries muito importantes: as séries geométricas

e as séries de Mengoli.

Chama-se série geométrica de razão x a uma série do tipo

+∞
X
xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · · ,
n=0

onde x é um número real.

Estas séries têm uma propriedade incomum: é possı́vel obter uma expressão explı́cita

simples para (sn )n . Com efeito,

sn = 1 + x + x2 + · · · + xn−1 + xn ,

xsn = x + x2 + x3 + · · · + xn + xn+1 ,

sn − xsn = 1 − xn+1 ,

donde 
n+1
 1−x

se x 6= 1,
sn = 1−x (7.4)

 n+1 se x = 1.

Teorema 7.2.1 A série geométrica converge sse a razão x verifica |x| < 1. Em caso de
1
convergência, a soma s é igual a .
1−x

Demonstração: Consequência imediata de (7.4), considerando os casos |x| < 1, |x| > 1

e |x| = 1. 

+∞
X 1
Exemplo 7.2.2 Mostremos que a série é convergente e calculemos a sua soma.
10n
n=0
Comecemos por observar que

+∞
X 1 1 1 1
n
=1+ + 2 + ··· + n + ··· .
10 10 10 10
n=0
7.2 Série geométrica, séries de Mengoli e série harmónica 513

1
Trata-se de uma série geométrica de razão |x| = < 1, pelo que é convergente, com
10
1 10
soma s = = .
1 9
1−
10

Outro tipo de séries em que podemos estudar a sucessão das somas parciais e, caso seja

convergente, determinar a sua soma é o das séries de Mengoli ou redutı́veis ou telescópicas.

Vejamos em primeiro lugar uma situação particular e posteriormente o caso geral.

Caso particular
+∞
X
Consideremos a série xn em que o termo geral se pode escrever sob a forma
n=1
xn = an − an+1 , para uma certa sucessão (an )n .

Então,

sn = x1 + x2 + · · · + xn−1 + xn =

= (a1 − a2 ) + (a2 − a3 ) + · · · + (an−1 − an ) + (an − an+1 ) = a1 − an+1 ,

pelo que (sn )n converge sse (an )n converge e, neste caso,

+∞
X
xn = lim sn = a1 − lim an .
n n
n=1

+∞
X 1
Exemplo 7.2.3 Consideremos a série e determinemos a sucessão das so-
n (n + 1)
n=1
mas parciais associada.

Como
1 1 1
= − ,
n (n + 1) n n+1

podemos escrever
       
1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1 − + − + ··· + − + − =1− ,
2 2 3 n−1 n n n+1 n+1

pelo que lim sn = 1.


n
514 Séries de números reais

Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é 1, isto é,

+∞
X 1
= 1.
n (n + 1)
n=1

+∞
X 1
Exemplo 7.2.4 Consideremos a série e determinemos a sucessão das so-
(n − 1) n
n=2
mas parciais associada.

Como
1 1 1
= − ,
(n − 1) n n−1 n

podemos escrever
       
1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1 − + − + ··· + − + − =1− ,
2 2 3 n−2 n−1 n−1 n n

pelo que lim sn = 1.


n

Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é 1, isto é,

+∞
X 1
= 1.
(n − 1) n
n=2

+∞
X √ √ 
Exemplo 7.2.5 Provemos agora que a série n− n + 1 é divergente.
n=1

Com efeito, como lim an = lim n = +∞, conclui-se que é uma série de Mengoli
n n

divergente.

Caso geral
+∞
X
Mais geralmente, seja xn uma série em que o termo geral se pode escrever sob a
n=1
forma xn = an − an+k , para uma certa sucessão (an )n e onde k é um número natural.

Entao,

n
X n
X n
X
sn = x1 + x2 + · · · + xn = (ai − ai+k ) = ai − ai+k =
i=1 i=1 i=1
= a1 + · · · + ak − (an+1 + · · · + an+k ) .
7.2 Série geométrica, séries de Mengoli e série harmónica 515

Portanto, sendo bn = an+1 + · · · + an+k , (sn )n converge sse (bn )n converge e, neste

caso,

lim sn = a1 + · · · + ak − lim bn .
n n

Em particular, se lim an = a, com a ∈ R, tem-se que (bn )n é convergente e


n

+∞
X
xn = a1 + · · · + ak − ka.
n=1

+∞  
X n
Exemplo 7.2.6 Consideremos a série ln e estudemos a sua natureza.
n+1
n=1
Comecemos por observar que

+∞   +∞
X n X
ln = [ln n − ln (n + 1)] .
n+1
n=1 n=1

Assim, a sucessão das somas parciais é dada por

sn = (ln 1 − ln 2) + (ln 2 − ln 3) + · · · + (ln (n − 1) − ln n) + (ln n − ln (n + 1)) =

= ln 1 − ln (n + 1) = − ln (n + 1) ,

pelo que lim sn = −∞ e, consequentemente, a série é divergente.


n

+∞ +∞
X 1 X 1
Exemplo 7.2.7 Consideremos a série 2
= e estudemos a sua
n + 2n n (n + 2)
n=1 n=1
natureza.

Comecemos por observar que o termo geral pode escrever-se sob a forma xn = an −an+k ,

para uma certa sucessão (an )n e onde k é um número natural. Com efeito,

1 A A 2A
= − =
n (n + 2) n n+2 n (n + 2)
1
e, portanto, A = . Assim,
2
+∞ +∞  
X 1 X 1 1
= − ,
n (n + 2) 2n 2 (n + 2)
n=1 n=1
516 Séries de números reais

1
onde an = e k = 2. Então,
2n

1 1 3
lim sn = a1 + a2 − 2 lim an = + −2×0= ,
n n 2 4 4

isto é,
+∞
X 1 3
= .
n2 + 2n 4
n=1

+∞
X 1
Outro exemplo muito importante é o da série harmónica: .
n
n=1
Esta série é divergente. Com efeito, a sucessão das somas parciais,

1 1 1
sn = 1 + + + ··· + ,
2 3 n

não é uma sucessão de Cauchy, pelo que não é convergente (ver [SV 12a]).

7.3 Propriedades gerais das séries

Vamos agora enunciar e demonstrar algumas propriedades gerais das séries, que na

maior parte são adaptações imediatas de resultados sobre limites de sucessões.

+∞
X +∞
X
Teorema 7.3.1 A série xn converge sse existe p ∈ N tal que a série xn converge.
n=1 n=p

Demonstração: Consideremos as sucessões das somas parciais das duas séries

sn = x1 + x2 + · · · + xn e s′n = xp + xp+1 + · · · + xn ,

para n ≥ p, respectivamente. Então,

sn = x1 + · · · + xp−1 + s′n ,
7.3 Propriedades gerais das séries 517

o que demonstra o teorema, pois (sn )n converge sse (s′n )n converge e, sendo convergentes,

tem-se
+∞
X +∞
X
xn = x1 + · · · + xp−1 + xn .
n=1 n=p

Observação 7.3.2 O teorema anterior permite afirmar que a convergência ou divergência

de uma série não é alterada se acrescentarmos ou se suprimirmos ou mesmo se alterarmos

um número finito de termos, mas a soma é, em geral, alterada. Portanto, duas séries

que coincidam excepto num número finito de termos têm a mesma natureza, mas não
+∞  n +∞  n
X 1 X 1
necessariamente a mesma soma. Por exemplo, =1e = 2.
2 2
n=1 n=0

+∞
X +∞
X
Teorema 7.3.3 i) Se xn é uma série convergente e k ∈ R, então a série (kxn ) é
n=1 n=1
+∞
X +∞
X
convergente e tem-se (kxn ) = k xn .
n=1 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X
ii) Se xn e yn são duas séries convergentes, então a série (xn + yn ) é con-
n=1 n=1 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X
vergente e tem-se (xn + yn ) = xn + yn .
n=1 n=1 n=1

+∞ n n n +∞
!
X X X X X
Demonstração: i) (kxn ) = lim (kxi ) = lim k xi = k lim xi = k xn .
n n n
n=1 i=1 i=1 i=1 n=1
+∞
X +∞
X
Portanto, a série (kxn ) converge para k xn .
n=1 n=1
+∞ n n n n n
!
X X X X X X
ii) (xn + yn ) = lim (xi + yi ) = lim xi + yi = lim xi + lim yi =
n n n n
n=1 i=1 i=1 i=1 i=1 i=1
+∞
X +∞
X
= xn + yn .
n=1 n=1
+∞
X +∞
X +∞
X
Portanto, a série (xn + yn ) converge para xn + yn . 
n=1 n=1 n=1
518 Séries de números reais

+∞
X 7
Exemplo 7.3.4 Mostremos que a série é convergente e calculemos a sua soma.
10n
n=1
Comecemos por observar que
+∞  
X 7 7 7 7 7 7 1 1 1
= + + + ··· + n + ··· = 1+ + + ··· + n + ··· .
10n 10 102 103 10 10 10 102 10
n=1

1
Trata-se de uma série geométrica de razão |x| = < 1, pelo que é convergente, com
10
7 1 7
soma s = = .
10 1 9
1−
10
+∞
X
Teorema 7.3.5 Se xn é uma série convergente, então (xn )n é um infinitésimo.
n=1

Demonstração: Consideremos a sucessão das somas parciais

sn = x1 + x2 + · · · + xn .

Então, para n > 1,

sn−1 = x1 + x2 + · · · + xn−1 .

Donde, para n > 1,

xn = sn − sn−1 ,

isto é, (xn )n é a diferença de duas sucessões convergentes com o mesmo limite, isto é,

(xn )n é um infinitésimo. 

Observação 7.3.6 i) A recı́proca deste teorema não é verdadeira, como mostra a série

harmónica.

ii) Como consequência imediata deste teorema poderá garantir-se a divergência de


+∞
X
xn sempre que não se verifique a condição lim xn = 0.
n
n=1

+∞ 2 +∞
X n +2 X
Exemplo 7.3.7 As séries e cos (nπ) são ambas divergentes.
n2 + n
n=1 n=1
Com efeito, o termo geral da primeira converge para 1 e o da segunda não tem limite.
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 519

Teorema 7.3.8 (Critério de convergência de Cauchy-Bolzano ou de Anastácio


+∞
X
da Cunha) A série xn converge sse para cada δ > 0, existe p ∈ N tal que
n=1

|xn+1 + xn+2 + · · · + xn+k | < δ,

para qualquer n > p e qualquer k ∈ N.

Simbolicamente

∀δ > 0 ∃p ∈ N ∀n ∈ N ∀k ∈ N : n > p =⇒ |xn+1 + xn+2 + · · · + xn+k | < δ.

+∞
X
Demonstração: A série xn é convergente sse (sn )n é convergente sse (sn )n é uma
n=1
sucessão de Cauchy sse

∀δ > 0 ∃p ∈ N ∀n ∈ N ∀k ∈ N : n > p =⇒ |sn+k − sn | < δ.

Observação 7.3.9 Este critério afirma que uma série é convergente sse a correspondente

sucessão das somas parciais é uma sucessão de Cauchy.

7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet

Nesta secção vamos enunciar e demonstrar alguns resultados que permitem estudar a

natureza de séries de termos não negativos, isto é, séries de termos superiores ou iguais

a zero. Como a natureza de uma série não é alterada modificando um número finito

de termos, estes resultdos também nos permitem tirar conclusões no caso das séries que

tenham apenas um número finito de termos negativos. Também no caso em que todos

os termos da série, ou todos excepto um número finito de termos, são inferiores ou iguais
X
a zero, se podem usar estes resultados estudando a série (−xn ) que é uma série de
n
520 Séries de números reais

X
termos não negativos e tem a mesma natureza da série xn , pois uma resulta da outra
n
pela multiplicação pelo escalar −1 6= 0.

X X
Teorema 7.4.1 Seja xn uma série de termos não negativos. A série xn é conver-
n n
gente sse a sucessão da somas parciais é limitada.

X
Demonstração: Sendo xn uma série de termos não negativos, a correspondente
n
sucessão das somas parciais é crescente. Com efeito, tem-se para qualquer n ∈ N,

sn+1 − sn = xn+1 ≥ 0.

Finalmente, uma sucessão crescente é convergente sse for majorada (caso contrário, a

sucessão das somas parciais tenderá para +∞). 

X
Observação 7.4.2 É claro que se a série xn tiver um número finito de termos nega-
n
tivos, então existe uma ordem p ∈ N a partir da qual se tem xn ≥ 0 e, portanto, (sn )n é

crescente para n > p. Como a convergência de uma sucessão não depende de um número

finito de termos, também neste caso se pode aplicar o teorema anterior.

Teorema 7.4.3 (Critério geral da comparação) Sejam xn , yn ≥ 0 e xn ≤ yn a partir

de certa ordem n > p. Então,


X X
i) se yn converge, o mesmo acontece com xn ;
n
X Xn
ii) se xn diverge, o mesmo acontece com yn .
n n

Demonstração: i) Como a natureza de uma série não é alterada se alterarmos um número

finito de termos, basta provarmos o resultado na situação em que xn ≤ yn , para todo o

n ∈ N.

Suponhamos então, sem perda de generalidade, que xn ≤ yn , para todo o n ∈ N.


X X
Então, sendo (sn )n e (s′n )n as sucessões das somas parciais das séries xn e yn ,
n n
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 521

X
respectivamente, tem-se que sn ≤ s′n , para todo o n ∈ N. Por outro lado, sendo yn
n
convergente, então, pelo Teorema 7.4.1, (s′n )n é limitada e, portanto, também (sn )n é

limitada.
X
Assim, xn é uma série de termos não negativos cuja sucessão das somas parciais é
n X
limitada, pelo que xn é convergente.
n
ii) É o contra-recı́proco de i). 


X 1
Exemplo 7.4.4 Consideremos a série e estudemos a sua natureza.
n2
n=1
∞ ∞
X 1 X 1
Comecemos por recordar que as séries de Mengoli e são
n (n + 1) (n − 1) n
n=1 n=2
convergentes (ver Exemplos 7.2.3 e 7.2.4).

Se fizermos a comparação 0 ≤ n2 ≤ n (n + 1) , para todo o n ∈ N, e, portanto,


1 1
0 ≤ ≤ 2 , para todo o n ∈ N, nada podemos concluir pelo Critério geral da
n (n + 1) n

X 1
comparação, pois a série é convergente.
n (n + 1)
n=1
Mas, se fizermos a comparação 0 ≤ (n − 1) n ≤ n2 , para n ≥ 2, e, portanto,
1 1
0 ≤ 2
≤ , para n ≥ 2, já podemos concluir pelo Critério geral da compara-
n (n − 1) n
∞ ∞
X 1 X 1
ção que a série é convergente, uma vez que a série é convergente.
n2 (n − 1) n
n=1 n=2


X 1
Exemplo 7.4.5 A série , com α ≤ 1, é divergente.

n=1

X 1
Com efeito, comparando com a série harmónica , que é divergente, e por
n
n=1
1 1
0 ≤ ≤ α , para todo o n ∈ N, tem-se o resultado.
n n

X 1
Exemplo 7.4.6 A série , com α ≥ 2, é convergente.

n=1

X 1
Com efeito, comparando com a série , que é convergente (ver Exemplo 7.4.4), e
n2
n=1
1 1
por 0 ≤ α ≤ 2 , para todo o n ∈ N, tem-se o resultado.
n n
522 Séries de números reais


X 1
Observação 7.4.7 Mais tarde estudaremos o caso que falta, , com α ∈ (1, 2) , e

n=1
provaremos que converge para estes valores de α.

X 1
As séries da forma , com α ∈ R, chamam-se séries de Dirichlet. Estas séries vão

n=1
ser extremamente úteis do ponto de vista prático, pois aplicando os critérios que estamos

a estudar podemos, a partir da natureza destas séries, tirar conclusões sobre a natureza

de outras séries.

+∞
sen x
Z
Exemplo 7.4.8 O integral dx é convergente, mas não absolutamente conver-
1 x
gente.
+∞
sen x
Z
No Exemplo 6.1.28 mostrámos que o integral dx é convergente. Provemos
1 x Z
+∞
sen x
agora que a convergência não é absoluta, isto é, que o integral dx é divergente.
1Z x
+∞
sen x
A divergência deste integral decorre da divergência do integral dx.
π x
Com efeito,
+∞ ∞ (n+1)π
sen x sen x
Z X Z
dx = dx
π x x
n=1 nπ

e esta série é divergente, pois


(n+1)π (n+1)π (n+1)π
sen x |sen x| 1
Z Z Z
dx ≥ dx = |sen x| dx =
nπ x nπ (n + 1) π (n + 1) π nπ
Z π
1 2
= sen xdx =
(n + 1) π 0 (n + 1) π
∞ ∞
X 2 X 1
e a série é uma série divergente, por comparação com a série .
(n + 1) π n
n=1 Z +∞ n=1
sen x
Portanto, o integral dx não é absolutamente convergente.
1 x

Vamos agora enunciar um resultado muito útil do ponto de vista prático.

X X
Corolário 7.4.9 (Corolário do critério geral da comparação) Sejam xn e yn
n n
xn +
duas séries tais que xn ≥ 0 e yn > 0, para todo o n ∈ N, e L = lim com L ∈ R0 ou
n yn
L = +∞.
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 523

X X
i) Se L ∈ R+ , então as séries xn e yn são da mesma natureza, isto é, são ambas
n n
convergentes ou ambas divergentes.
X X
ii) Se L = 0, então a convergência de yn implica a convergência de xn e a
X n X n
divergência de xn implica a divergência de yn .
n Xn X
iii) Se L = +∞, então a convergência de xn implica a convergência de yn e a
X n
X n
divergência de yn implica a divergência de xn .
n n
xn
Demonstração: i) Suponhamos que lim = L ∈ R+ . Aplicando a definição de limite
  n yn
xn
à sucessão ,
yn n

xn
∀δ > 0 ∃p ∈ N ∀n ∈ N : n > p =⇒ − L < δ,
yn

tem-se que para qualquer δ > 0, existe p ∈ N tal que

xn
L−δ < < L + δ, para n > p.
yn

Em particular, escolhendo δ > 0 tal que 0 < δ < L, tem-se L − δ, L + δ > 0 e por

yn > 0, tem-se

(L − δ) yn < xn < (L + δ) yn , para n > p.

Portanto, aplicando agora o critério anterior a (L − δ) yn < xn , para n > p, resulta que
X X
se a série xn é convergente também a série (L − δ) yn , com L − δ 6= 0, é convergente
n X n X
e, consequentemente, yn é convergente. Resulta também que se a série yn é diver-
Xn n
gente também a série (L − δ) yn , com L − δ 6= 0, é divergente e, consequentemente,
X n
xn é divergente.
n
Analogamente, aplicando o critério anterior a xn < (L + δ) yn , para n > p, resulta que
X X
se a série xn é divergente também a série (L + δ) yn , com L + δ 6= 0, é divergente e,
n X n X
consequentemente, yn é divergente. Resulta também que se a série yn é convergente
n n
524 Séries de números reais

X X
também a série (L + δ) yn , com L + δ 6= 0, é convergente e, consequentemente, xn
n n
é convergente.

Em suma, as séries são da mesma natureza.


xn
ii) Se L = 0, então existe uma ordem p ∈ N, a partir da qual ≤ 1, pelo que xn ≤ yn
yn
para n > p.

Portanto, o resultado obtém-se por comparação.


xn
iii) Se L = +∞, então existe uma ordem p ∈ N, a partir da qual ≥ 1, pelo que
yn
xn ≥ yn para n > p.

Portanto, o resultado obtém-se por comparação. 


X 1
Exemplo 7.4.10 Consideremos de novo a série .
n2
n=1

X 1
Recorde-se que quando estudámos, no Exemplo 7.4.4, a natureza da série nada
n2
n=1

X 1 1
pudemos concluir quando a comparámos com a série , pois 0 ≤ ≤
n (n + 1) n (n + 1)
n=1

1 X 1
≤ 2 , para todo o n ∈ N. No entanto, ao compararmos com a série , para
n (n − 1) n
n=2
n ≥ 2, já pudemos concluir, pela aplicação do Critério geral da comparação, que é conver-

1 1 X 1
gente, pois 0 ≤ 2 ≤ , para n ≥ 2, e a série é convergente.
n (n − 1) n (n − 1) n
n=2
1 1
Neste momento, sabendo que 2 > 0, > 0, para todo n ∈ N, aplicando o
n n (n + 1)

X 1
Corolário do critério geral da comparação, podemos comparar a série com a série
n2
n=1
1

X 1 n2 n (n + 1)
. Como L = lim = lim = 1 6= 0, +∞, então as séries são
n (n + 1) n 1 n n2
n=1
n (n + 1)
da mesma natureza, isto é, são ambas convergentes.


X 1
Exemplo 7.4.11 Consideremos a série sen .
n
n=1
1 h πi 1
Comecemos por obervar que ∈ (0, 1] ⊆ 0, , pelo que sen ≥ 0, para todo o
n 2 n
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 525

1
1 sen ∞
1
n = 1 6= 0, +∞ e a série
X
n ∈ N. Como > 0, para todo o n ∈ N, L = lim é
n n 1 n
n=1
n
divergente, tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, alı́nea i), que a série

é divergente.

∞ ∞
X X 1
Exemplo 7.4.12 Consideremos a série e−n = .
en
n=1 n=1

X 1 1 1
Comecemos por comparar com a série . Como n , > 0, para todo o n ∈ N,
n e n
n=1
1

e n n X 1
L = lim = lim n = 0 e a série é divergente, nada podemos concluir, pela
n 1 n e n
n=1
n
aplicação do Corolário do critério geral da comparação.

X 1 1 1
Comparemos agora com a série . Como n , 2 > 0, para todo o n ∈ N,
n2 e n
n=1
1

e n n2 X 1
L = lim = lim n = 0 e a série é convergente, podemos concluir que a série
n 1 n e n2
n=1
n2
dada é convergente, pela aplicação do Corolário do critério geral da comparação, alı́nea

ii).


X 1
Exemplo 7.4.13 Consideremos a série .
n3 + n
n=1
1 1
Trata-se de uma série convergente. Com efeito, como 0 ≤ ≤ 3 , para todo o
n3 +n n

X 1
n ∈ N, e a série é uma série de Dirichlet (α = 3), tem-se, pelo Critério geral da
n3
n=1
comparação, que a série é convergente.

X X
Teorema 7.4.14 (Critério da comparação de razões) Sejam xn e yn duas
n n
xn+1 yn+1
séries tais que xn > 0 e yn > 0, para todo n ∈ N, e ≤ a partir de certa ordem
xn yn
n > p. Então,
X X
i) se yn converge, o mesmo acontece com xn ;
n
X Xn
ii) se xn diverge, o mesmo acontece com yn .
n n
526 Séries de números reais

xn+1 yn+1 xn+1


Demonstração: A desigualdade ≤ , para n > p, é equivalente a ≤
xn yn   yn+1
xn xn
≤ , para n > p, o que mostra que a sucessão é decrescente a partir de certa
yn yn n
ordem n > p.
xn xp+1 xp+1
Assim, ≤ para n > p, ou seja, xn ≤ yn , para n > p, e o resultado
yn yp+1 yp+1
sai agora da aplicação do Critério geral da comparação e das propriedades algébricas das

séries (ver Teorema 7.3.3). 

X
Corolário 7.4.15 (Critério da razão) Seja xn uma série de termos positivos, isto
n
é, xn > 0, para todo o n ∈ N.
xn+1 X
i) Se existirem k < 1 e p ∈ N tais que ≤ k, para n > p, então a série xn é
xn n
convergente.
xn+1 X
ii) Se existir p ∈ N tal que ≥ 1, para qualquer n > p, então a série xn é
xn n
divergente.

Demonstração: Aplicar o teorema anterior com yn = k n e yn = 1, respectivamente. 

X
Corolário 7.4.16 (Critério de D’Alembert) Se xn é uma série de termos positivos
n
xn+1
e tem limite L finito ou +∞, então
xn
X
i) se L < 1, a série xn é convergente;
n
X
ii) se L > 1, a série xn é divergente.
n
xn+1
Demonstração: i) Suponhamos que L = lim < 1. Por definição de sucessão con-
n xn
vergente, para qualquer δ > 0, existe p ∈ N tal que

xn+1
− L < δ, para n > p,
xn

ou ainda,
xn+1
< L + δ, para n > p.
xn
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 527

Como L < 1, podemos escolher δ > 0 de modo que L + δ < 1 e aplicar o Critério da
X
razão com k = L + δ para concluirmos que a série xn é convergente, pois neste caso
n
xn+1
0< < k < 1.
xn
xn+1
ii) Analogamente, suponhamos que L = lim > 1. Por definição de sucessão
n xn
convergente, para qualquer δ > 0, existe p ∈ N tal que

xn+1
− L < δ, para n > p,
xn

ou ainda,
xn+1
> L − δ, para n > p.
xn
xn+1
Como L > 1, podemos escolher δ > 0 de modo que L − δ > 1. Assim, > 1, para
xn
X
n > p, e, pelo Critério da razão, a série xn é divergente.
n
xn+1
Se L = +∞, tem-se também > 1, para n > p. 
xn

Observação 7.4.17 i) O Critério de D’Alembert não é conclusivo no caso L = 1. Com

efeito,
1

1
L = lim n + 1 = 1 e a série
X
é divergente
n 1 n
n=1
n
e
1

(n + 1)2 X 1
L = lim = 1 e a série é convergente.
n 1 n2
n=1
n2
xn+1
ii) Decorre imediatamente do Critério da razão que, no caso de se ter L = lim =
n xn
X
1, pode ainda concluir-se que a série xn é divergente se a partir de certa ordem todos
n
os termos da sucessão forem maiores ou iguais ao seu limite ou, como também se diz, se
xn+1
converge para 1 por valores não inferiores a 1.
xn

X 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
Exemplo 7.4.18 Consideremos a série .
2 × 4 × 6 × · · · × (2n)
n=1
528 Séries de números reais

Comecemos por observar que se trata de uma série de termos positivos. Como
1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1) × (2n + 1)
xn+1 2 × 4 × 6 × · · · × (2n) × (2n + 2) 2n + 1 1
= = =1− ,
xn 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1) 2n + 2 2n + 2
2 × 4 × 6 × · · · × (2n)
nem o Critério da razão nem o Critério de D’Alembert permitem tirar conclusões. Mas,

aplicando o Critério da comparação de razões e comparando com a série harmónica tem-se

que
1
xn+1 2n + 1 2n n n + 1
= > = =
xn 2n + 2 2n + 2 n+1 1
n
∞ ∞
X 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1) X 1
e, portanto, a série diverge, pois a série harmónica é
2 × 4 × 6 × · · · × (2n) n
n=1 n=1
divergente.


X 2 × 4 × 6 × · · · × (2n)
Exemplo 7.4.19 Consideremos agora a série .
1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
n=1
Comecemos por observar que se trata de uma série de termos positivos. Como
2 × 4 × 6 × · · · × (2n) × (2n + 2)
xn+1 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1) × (2n + 1) 2n + 2 1
= = =1+ −→ 1+ ,
xn 2 × 4 × 6 × · · · × (2n) 2n + 1 2n + 1 n→+∞
1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
tem-se, pelo Critério da razão, que a série dada é divergente.


X 1
Exemplo 7.4.20 Consideremos a série .
n!
n=1
Trata-se de uma série de termos positivos e
1
xn+1 (n + 1)! n! 1
L = lim = lim = lim = lim = 0 < 1.
n xn n 1 n (n + 1)! n n+1
n!

X 1
Portanto, pelo Critério de D’Alembert, a série é convergente.
n!
n=1
Também se pode concluir o mesmo se aplicarmos o Critério geral da comparação, pois

1 1 X 1
0≤ ≤ , para n ≥ 2, e a série é convergente (ver Exemplo 7.2.4).
n! n (n − 1) n (n − 1)
n=2
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 529

X
Teorema 7.4.21 (Critério da raiz) Seja xn uma série de termos não negativos.
n
√ X
i) Se existirem k < 1 e p ∈ N tais que n xn ≤ k, para n > p, então a série xn é
n
convergente.
√ X
ii) Se n xn ≥ 1, para infinitos valores de n, então a série xn é divergente.
n
X
Demonstração: i) Como xn ≤ k n , para n > p, e k n é convergente, pois 0 < k < 1,
n X
tem-se, pelo Critério geral da comparação e pelo Teorema 7.2.1, que xn é convergente.
n
ii) Como xn ≥ 1 para infinitos valores de n, não se pode ter lim xn = 0 e, portanto, a
n
X
série xn é divergente. 
n
X
Corolário 7.4.22 (Critério da raiz de Cauchy) Se xn uma série de termos não
n

negativos e nxn tem limite L finito ou +∞, então
X
i) se L < 1, a série xn é convergente;
n
X
ii) se L > 1, a série xn é divergente.
n

Demonstração: i) Suponhamos que L = lim n xn < 1. Por definição de sucessão conver-
n

gente, para qualquer δ > 0, existe p ∈ N tal que


| n xn − L| < δ, para n > p,

ou ainda,

n
xn < L + δ, para n > p.

Como L < 1, podemos escolher δ > 0 de modo que L + δ < 1 e aplicar o Critério da
X
raiz com k = L + δ para concluirmos que a série xn é convergente, pois neste caso
n

0≤ n xn < k < 1.

ii) Analogamente, suponhamos que L = lim n xn > 1. Por definição de sucessão con-
n

vergente, para qualquer δ > 0, existe p ∈ N tal que


| n xn − L| < δ, para n > p,
530 Séries de números reais

ou ainda,

n
xn > L − δ, para n > p.


Como L > 1, podemos escolher δ > 0 de modo que L − δ > 1. Assim, n xn > 1, para
X
n > p, e, pelo Critério da raiz, a série xn é divergente.
n

Se L = +∞, tem-se também n xn > 1, para n > p. 

Observação 7.4.23 i) Tal como o Critério de D’Alembert, o Critério da raiz de Cauchy

não é conclusivo no caso L = 1. Com efeito,

r ∞
n 1 X 1
L = lim = 1 e a série é divergente
n n n
n=1

e
r ∞
n 1 X 1
L = lim 2
= 1 e a série é convergente.
n n n2
n=1

ii) Mais uma vez, tal como para o Critério de D’Alembert, decorre imediatamente do

Critério da raiz que, no caso de se ter L = lim n xn = 1, pode ainda concluir-se que a série
n
X
xn é divergente se a partir de certa ordem todos os termos da sucessão forem maiores
n

ou iguais ao seu limite ou, como também se diz, se n xn converge para 1 por valores não

inferiores a 1.


X 1
Exemplo 7.4.24 Consideremos a série √ .
n=1
nn
Trata-se de uma série de termos positivos e
s
√ 1 1
L = lim n
xn = lim n
√ = lim √ = 0 < 1.
n n nn n n


X 1
Portanto, pelo Critério da raiz de Cauchy, a série √ é converente.
n=1
nn
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 531

Também se pode concluir o mesmo se aplicarmos o Critério de D’Alembert, pois


1

q
(n + 1)n+1
s n
xn+1 nn n 1
L = lim = lim = lim q = lim =
n xn n 1 n n+1 n n+1 n+1
√ (n + 1)
nn
r
1
= × 0 = 0 < 1.
e

Mais, também se pode concluir o mesmo se aplicarmos o Critério geral da comparação,



1 1 X 1
pois 0 ≤ √ n ≤ 2 , para n ≥ 4, e a série é convergente (α = 2).
n n n2
n=1

X 1
Exemplo 7.4.25 Consideremos a série .
[3 + (−1)n ]2n
n=1
Note-se que não podemos aplicar o Critério da raiz de Cauchy, pois, apesar da série ser

uma série de termos não negativos, a sucessão ( n xn )n não tem limite, visto a subsucessão
1
dos termos de ordem par convergir para e a subsucessão dos termos de ordem ı́mpar
16
1
convergir para .
4
No entanto, pelo Critério da raiz, como
s
√ 1 1 1
n
xn = n n 2n
= n 2
≤ = k < 1,
[3 + (−1) ] [3 + (−1) ] 4

conclui-se que a série converge.

A convergência desta série também pode ser justificada com a aplicação do Critério
 n
1 1
geral da comparação, pois 0 ≤ n 2n
≤ , para todo o n ∈ N, e a série
[3 + (−1) ] 4
∞  n
X 1 1
é convergente, por ser uma série geométrica de razão igual a .
4 4
n=1

De seguida enunciamos um teorema, devido a Cauchy, que nos permitirá em particular



X 1
esclarecer a natureza das séries de Dirichlet no caso que ainda nos falta, isto é,

n=1
quando α ∈ (1, 2) .

Este teorema dá-nos uma condição necessária e suficiente de convergência para séries

cujo termo geral é uma sucessão de termos não negativos e decrescente.


532 Séries de números reais

Teorema 7.4.26 (Critério da condensação de Cauchy) Seja (xn )n uma sucessão

de termos não negativos e decrescente em sentido lato, isto é, uma sucessão tal que

X ∞
X
x1 ≥ x2 ≥ · · · ≥ 0. A série xn converge sse a série 2n x2n = 2x2 + 4x4 + 8x8 + · · ·
n=1 n=1
converge.

X
Demonstração: Se a série xn é convergente, também a série
n=1

2x2 + 2 (x3 + x4 ) + 2 (x5 + · · · + x8 ) + · · · + 2 (x2n−1 +1 + · · · + x2n ) + · · · (7.5)


X
é convergente (pois é o produto por 2 da série que se obtém de xn quando suprimimos
n=1
o primeiro termo, com os termos associados da maneira indicada pelos parentesis, ver

Teorema 7.7.1). Como (xn )n é uma sucessão de termos não negativos e decrescente, os

termos da série em (7.5) são maiores ou iguais aos termos correspondentes da série

2x2 + 22 x4 + 23 x8 + · · · + 2n x2n + · · ·


X
e, portanto, pode deduzir-se a convergência de 2n x2n .
n=1

X ∞
X
Reciprocamente, se a série 2n x 2n é convergente tem-se que a série xn também
n=1 n=1

X
é convergente, pois a sucessão das somas parciais (sn )n de xn é majorada. Com efeito,
n=1
como (sn )n é crescente basta verificar que a subsucessão (s2n −1 )n é majorada, o que resulta

de

s2n −1 = x1 + (x2 + x3 ) + (x4 + · · · + x7 ) + (x2n−1 + · · · + x2n −1 ) ≤

≤ x1 + 2x2 + 22 x4 + 23 x8 + · · · + 2n−1 x2n−1 = x1 + s′n−1 ,


X ∞
X
onde (s′n )n é a sucessão das somas parciais da série 2n x2n e que é limitada por 2n x2n
n=1 n=1
ser convergente. 
7.4 Séries de termos não negativos. Séries de Dirichlet 533

Vamos então usar este critério para concluirmos o estudo das séries de Dirichlet.

Note-se que o critério pode ser usado para qualquer α ≥ 0, pois neste caso a sucessão
 
1
é decrescente (em sentido lato se α = 0), e que para α < 0 não pode ser usado,
nα n  
1
pois neste caso não é um infinitésimo.
nα n

X 1
Portanto, aplicando o Critério da condensação de Cauchy, tem-se que é con-

n=1

2n x2n é convergente.
P
vergente sse a série
n=1
1
Com efeito, sendo xn = tem-se

∞ ∞ ∞ ∞ ∞  n
X
n
X
n 1 X
n −nα
X
n(1−α)
X 1
2 x2n = 2 = 2 2 = 2 = ,
(2n )α 2α−1
n=1 n=1 n=1 n=1 n=1

1
e esta última série, que é uma série geométrica de razão , é convergente se α > 1.
2α−1

X 1
Assim, em suma, as séries de Dirichlet convergem se α > 1 e divergem se α ≤ 1.

n=1

Teorema 7.4.27 (Critério do integral) Seja f : [1, +∞) −→ R uma função contı́nua,

positiva e decrescente em [1, +∞) e, para cada n ∈ N, seja xn = f (n) . Então, a série
X∞ Z +∞
xn e o integral f (x) dx são da mesma natureza, isto é, são ambos convergentes
n=1 1
ou ambos divergentes.

Demonstração: Observemos em primeiro lugar que f é Riemann-integrável em qualquer

intervalo limitado contido em [1, +∞), por aı́ ser monótona e limitada.

Como f é decrescente, tem-se, para x ∈ [k, k + 1] , com k ∈ N,

f (k + 1) = xk+1 ≤ f (x) ≤ xk = f (k)

e, portanto, integrando em ordem a x entre k e k + 1, obtém-se

Z k+1 Z k+1 Z k+1


xk+1 dx ≤ f (x) dx ≤ xk dx
k k k
534 Séries de números reais

que é equivalente a
Z k+1
xk+1 ≤ f (x) dx ≤ xk ,
k

donde
n−1
X n−1
X Z k+1 n−1
X
xk+1 ≤ f (x) dx ≤ xk ,
k=1 k=1 k k=1

ou
Z n
sn − x1 ≤ f (x) dx ≤ sn−1 . (7.6)
1
Z n
Das desigualdades em (7.6) resulta imediatamente que lim sn e lim f (x) dx serão
n n 1
ambos finitos ou ambos iguais a +∞ e, portanto, que o integral e a série são da mesma

natureza. 

Observação 7.4.28 O extremo inferior de integração pode ser um número a 6= 1, dado

que, nas restantes condições da hipótese, a convergência ou divergência do integral impróprio

não depende desse extremo de integração.

Vejamos agora, pela aplicação do Critério do integral, a natureza das séries de Dirichlet

X 1
no caso α > 0.

n=1
1
Se α > 0 a função f (x) = é contı́nua, positiva e decrescente em [1, +∞) e tem-se


1 X 1
xn = α . Então, o teorema anterior permite concluir que a série de Dirichlet e
n nα
Z +∞ n=1
1
o integral dx são da mesma natureza. Como vimos na Secção 6.1 do Capı́tulo 6,
1 xα
o integral converge sse α > 1, pelo que a série de Dirichlet também converge sse α > 1, o

que confirma o resultado já obtido atrás.

Recorde-se que se α ≤ 1, a série é divergente, pois o limite do termo geral é diferente

de zero.
7.5 Séries de termos sem sinal determinado. Convergência simples e absoluta 535

7.5 Séries de termos sem sinal determinado. Convergência


simples e absoluta

Passamos agora ao estudo de séries de termos de sinal variável. O que fazer se a série

tiver infinitos termos positivos e infinitos termos negativos?

X
Definição 7.5.1 Diz-se que uma série xn é absolutamente convergente sse a série
X n
|xn | é convergente.
n
X
Teorema 7.5.2 Toda a série xn absolutamente convergente é convergente. Além dis-
n
to, tem-se
+∞
X +∞
X
xn ≤ |xn | .
n=1 n=1

Demonstração: Comecemos por observar que

0 ≤ xn + |xn | ≤ 2 |xn | , ∀n ∈ N.

X X
Como a série |xn | é convergente também a série 2 |xn | é convergente e, pelo
n X n
Critério geral da comparação, também a série (xn + |xn |) é convergente.
n
Portanto, o resultado é imediato, pois

X X X
xn = (xn + |xn |) − |xn | .
n n n
X
Finalmente, tendo-se a convergência da série xn , para obter-se a desigualdade
n

+∞
X +∞
X
xn ≤ |xn | ,
n=1 n=1

basta passar ao limite ambos os membros da desigualdade

|x1 + x2 + · · · + xn | ≤ |x1 | + |x2 | + · · · + |xn | .


536 Séries de números reais

X
Demonstração (outra demonstração): Seja xn uma série absolutamente conver-
n
gente. Para cada n ∈ N, definimos
(
xn se xn ≥ 0,
x+
n =
0 se xn < 0
e
(
0 se xn ≥ 0,
x−
n =
−xn se xn < 0.
X X
É claro que x+ − + −
n + xn = |xn | , xn − xn = xn e que as séries x+
n e x−
n são séries de
n n
termos não negativos tais que 0 ≤ x+
n ≤ |xn | , para todo o n ∈ N, e 0 ≤ x−
n ≤ |xn | , para

todo o n ∈ N.
XX
Então, pelo Critério geral da comparação, também as séries x+n e x−n são conver-
n X n X
gentes e, pelas propriedades algébricas das séries, também a série xn = (x+ −
n − xn )
X X n n
é convergente e a sua soma é igual a x+n − x −.
n
n nX
Finalmente, tendo-se a convergência da série xn , para obter-se a desigualdade
n
+∞
X +∞
X
xn ≤ |xn | ,
n=1 n=1

basta passar ao limite ambos os membros da desigualdade

|x1 + x2 + · · · + xn | ≤ |x1 | + |x2 | + · · · + |xn | .

X
Observação 7.5.3 Como a série |xn | é uma série de termos não negativos podemos
n
aplicar todos os critérios enunciados na Secção 7.4 e, pelo teorema anterior, provada a
X X
convergência da série |xn | tem-se a convergência da série xn .
n n

Observação 7.5.4 Veremos mais à frente que existem séries que não são absolutamente

convergentes, mas que são convergentes, isto é, uma série pode ser convergente sem ser

absolutamente convergente.
7.5 Séries de termos sem sinal determinado. Convergência simples e absoluta 537

X
Definição 7.5.5 Diz-se que uma série xn é simplesmente convergente sse a série
X X n
xn é convergente e a série |xn | não é convergente.
n n


X sen n
Exemplo 7.5.6 Consideremos a série .
2n
n=1
Como não se trata de uma série de termos não negativos, não podemos aplicar os

sen n 1 X 1
resultados enunciados atrás. Mas, 0 ≤ n
≤ n
, para todo o n ∈ N, e a série
2 2 2n
n=1
é uma série geométrica convergente, pelo que, aplicando o Critério geral da comparação,
∞ ∞
X sen n X sen n
a série de termos não negativos n
é convergente e, portanto, a série é
2 2n
n=1 n=1
absolutamente convergente e, consequentemente, convergente.

∞ 
X cos n 3
Exemplo 7.5.7 A série é absolutamente convergente.
n
n=1
 cos n 3 ∞
1 X 1
Com efeito, 0 ≤ ≤ , para todo o n ∈ N, e a série é uma série
n n3 n3
n=1
de Dirichlet convergente, pelo que, aplicando o Critério geral da comparação, a série
∞  ∞ 
X cos n 3 X cos n 3
é convergente, isto é, a série é absolutamente convergente.
n n
n=1 n=1


1
(−1)n
X
Problema: A série não é absolutamente convergente. Será convergente?
n
n=1

Vamos de seguida enunciar alguns resultados que nos permitem estudar a natureza

desta série e de outras similares.

+∞
X
Teorema 7.5.8 (Teorema de Dirichlet) Se xn é uma série (não necessariamente
n=1
convergente) com a sucessão das somas parciais sn = x1 + x2 + · · · + xn limitada e (yn )n
+∞
X
é uma sucessão decrescente com limite zero, então (xn yn ) é convergente.
n=1

Demonstração: Como (sn )n é limitada, existe L > 0 tal que

|sn | ≤ L, ∀n ∈ N,
538 Séries de números reais

donde

|xn+1 + xn+2 + · · · + xn+k | = |sn+k − sn | ≤ |sn+k | + |sn | ≤ 2L, ∀n, k ∈ N.


+∞
X
Por outro lado, sendo (s′n )n a sucessão das somas parciais de (xn yn ) , tem-se
n=1

s′n+k − s′n = xn+1 yn+1 + xn+2 yn+2 + · · · + xn+k yn+k

e, por indução, prova-se que

xn+1 yn+1 + xn+2 yn+2 + · · · + xn+k yn+k = xn+1 (yn+1 − yn+2 ) +

+ (xn+1 + xn+2 ) (yn+2 − yn+3 ) + (xn+1 + xn+2 + xn+3 ) (yn+3 − yn+4 ) + · · · +

+ (xn+1 + xn+2 + xn+3 · · · + xn+k−1 ) (yn+k−1 − yn+k ) +

+ (xn+1 + xn+2 + xn+3 · · · + xn+k−1 + xn+k ) yn+k .

Em cada uma das parcelas do segundo membro na igualdade anterior o primeiro factor

tem módulo inferior a 2L e o segundo factor é positivo, pelo que

s′n+k − s′n = |xn+1 yn+1 + xn+2 yn+2 + · · · + xn+k yn+k | ≤

≤ 2L (yn+1 − yn+2 ) + 2L (yn+2 − yn+3 ) + · · · + 2Lyn+k = 2Lyn+1 .

Finalmente, como (yn )n é um infinitésimo, para qualquer δ > 0, existe p ∈ N tal que

δ
yn+1 < se n > p
2L

e, portanto,

s′n+k − s′n < δ,

para qualquer n > p e qualquer k ∈ N, o que mostra o resultado, pelo Teorema 7.3.8. 

+∞
X
No Teorema de Dirichlet, fortalecendo um pouco a hipótese sobre a série xn e
n=1
enfraquecendo um pouco a hipótese sobre a sucessão (yn )n obtemos o Teorema de Abel.
7.5 Séries de termos sem sinal determinado. Convergência simples e absoluta 539

+∞
X
Teorema 7.5.9 (Teorema de Abel) Se xn é uma série convergente e (yn )n é uma
n=1
sucessão decrescente de termos não negativos (não necessariamente com limite zero), então
+∞
X
(xn yn ) é convergente.
n=1

Demonstração: Como (yn )n é uma sucessão monótona e limitda, tem-se que (yn )n é

convergente. Seja y o seu limite. Então, (yn − y)n é uma sucessão decrescente com limite

zero.
+∞
X
Por outro lado, como a série xn é convergente, a sua sucessão das somas parciais,
n=1
(sn )n , é limitada.
+∞
X
Agora, aplicando o Teorema de Dirichlet, tem-se que a série [xn (yn − y)] é conver-
n=1
+∞
X
gente. Como a série (yxn ) é convergente, a igualdade xn yn = xn (yn − y) + yxn permite
n=1
+∞
X
concluir que a série xn yn é convergente. 
n=1


1
(−1)n
X
Exemplo 7.5.10 Consideremos a série .
n
n=1

(−1)n é uma série com sucessão das somas
X
Trata-se de uma série convergente, pois
  n=1
1
parciais limitada e a sucessão é decrescente com limite zero e aplicando o Teorema
n n
de Dirichlet tem-se o resultado.
∞ ∞ ∞
n 1 n 1 1
X X X
Assim, (−1) é uma série simplesmente convergente, pois (−1) =
n n n
n=1 n=1 n=1
é divergente.

Este é um exemplo tı́pico de uma situação em que se enquadram outras séries e que

vamos estudar de seguida.

+∞
(−1)n xn , com
X
Definição 7.5.11 Chamamos série alternada a uma série da forma
n=0
xn ≥ 0, para todo o n ∈ N0 .
540 Séries de números reais

Teorema 7.5.12 (Critério de Leibniz) Seja (xn )n uma sucessão decrescente com limi-
+∞
(−1)n xn é convergente. Além disto, a sua soma está em [x0 − x1 , x0 ] .
X
te zero. Então,
n=0

Demonstração: Sendo (sn )n a sucessão das somas parciais, temos que (s2n+1 )n e (s2n )n

são ambas monótonas (a primeira é crescente e a segunda é decrescente) e ambas limitadas.

Para estudarmos a monotonia e tendo em conta a hipótese de (xn )n ser uma sucessão

decrescente, basta considerar as relações

s2n+3 = s2n+1 + x2n+2 − x2n+3 ≥ s2n+1 ,

s2n+2 = s2n − x2n+1 + x2n+2 = s2n − (x2n+1 − +x2n+2 ) ≤ s2n .

Logo,

s2n+3 ≥ s2n+1 , ∀n ∈ N, e s2n+2 ≥ s2n , ∀n ∈ N,

pelo que (s2n+1 )n é crescente e (s2n )n é decrescente.

Para provarmos que (s2n+1 )n e (s2n )n são ambas limitadas mostraremos que qualquer

dos termos da sucessão crescente (s2n+1 )n é menor ou igual a qualquer dos termos da

sucessão decrescente (s2n )n , isto é, que se p, q ∈ N, se tem necessariamente s2p+1 ≥ s2q .

Com efeito, para qualquer n ∈ N,

s2n+1 = sn − x2n+1 ≤ s2n

e, portanto, se for p ≥ q tem-se

s2p+1 ≤ s2p ≤ s2q ,

pois (s2n )n é decrescente, e se p < q tem-se

s2p+1 ≤ s2q+1 ≤ s2q ,

pois (s2n+1 )n é crescente.


7.5 Séries de termos sem sinal determinado. Convergência simples e absoluta 541

Assim, as sucessões (s2n+1 )n e (s2n )n são ambas convergentes, por serem ambas mo-

nótonas e limitadas. Designando por s′ e s′′ os respectivos limites e passando ao limite

em ambos os membros da igualdade

s2n+1 = sn − x2n+1 ,

obtemos imediatamente s′ = s′′ , pois (xn )n é um infinitésimo. A iguadade entre os limites


+∞
(−1)n xn ,
X
de (s2n+1 )n e (s2n )n garante a convergência de (sn )n e, portanto, a da série
n=0
e este limite comum está em [s1 , s0 ] = [x0 − x1 , x0 ] . 

1
(−1)n √ .
X
Exemplo 7.5.13 Consideremos a série
n=1
n
Trata-se de uma série convergente. Com efeito, como a sucessão de termo geral
1
xn = √ tem limite zero e é decrescente, pois
n
√ √
1 1 n− n+1
xn+1 − xn = √ −√ = √ √ < 0, ∀n ∈ N,
n+1 n n n+1

aplicando o Critério de Leibniz tem-se o resultado.


∞ ∞
n 1 1
(−1)n √ =
X X
Então, (−1) √ é uma série simplesmente convergente, pois
n=1
n n=1
n

X 1 1
= √ é uma série de Dirichlet divergente (α = ).
n 2
n=1


1
(−1)n
X
Exemplo 7.5.14 Consideremos a série .
n2
n=1
Trata-se de uma série convergente. Com efeito, como a sucessão de termo geral
1
xn = tem limite zero e é decrescente, pois
n2
1 1 2n + 1
xn+1 − xn = 2 − n2 = − 2 < 0, ∀n ∈ N,
(n + 1) n (n + 1)2

aplicando o Critério de Leibniz tem-se o resultado.


∞ ∞
n 1 1
(−1)n 2
X X
Mas, a série (−1) 2 é absolutamente convergente, pois =
n n
n=1 n=1

X 1
= é uma série de Dirichlet convergente (α = 2).
n2
n=1
542 Séries de números reais


n
(−1)n
X
Exemplo 7.5.15 Consideremos a série .
n+1
n=1
Note-se que embora se trate de uma série alternada não verifica as condições do

Critério de Leibniz. No entanto, como o limite do termo geral não é um infinitésimo,

podemos concluir que a série é divergente.

7.6 Resto de uma série


+∞
X
Definição 7.6.1 Seja xn uma série convergente. Chamamos resto de ordem p, com
n=1
p ∈ N, à soma da série que resulta de suprimir os termos de ordem inferior ou igual a p,

isto é,
+∞
X
Rp = xn = xp+1 + xp+2 + xp+3 + · · · .
n=p+1

Observação 7.6.2 Quando aproximamos a soma de uma série convergente pela soma

parcial de ordem p cometemos um erro igual a Rp . Como, em geral, não é possı́vel calcular

o valor exacto do resto (tal como não é possı́vel calcular a soma de uma série), procura-se

majorações dos erros cometidos nas aproximações.

Vamos estudar três casos clássicos em que se pode facilmente estimar o resto Rp .

Começamos com um resultado para a majoração do resto no caso das séries de termos

positivos.

+∞
X
Teorema 7.6.3 Seja xn uma série de termos positivos para a qual existe uma ordem
n=1
xn+1 xp+1
p e existe um número kp < 1 tais que ≤ kp , para n > p. Então, Rp ≤ .
xn 1 − kp
7.6 Resto de uma série 543

Demonstração: Comecemos por observar que, pelo Critério da razão, a série é conver-

gente.

Por outro lado,


 
xp+2 xp+3 xp+4
Rp = xp+1 + xp+2 + xp+3 + xp+4 + · · · = xp+1 1 + + + + ··· .
xp+1 xp+1 xp+1
xp+2 xp+3 xp+3 xp+2 xp+4 xp+4 xp+3 xp+2
Como, por hipótese, ≤ kp , = ≤ kp2 , = ≤ kp3
xp+1 xp+1 xp+2 xp+1 xp+1 xp+3 xp+2 xp+1
e assim sucessivamente, podemos escrever

xp+1
Rp ≤ xp+1 1 + kp + kp2 + kp3 + · · · =

,
1 − kp

pois 1 + kp + kp2 + kp3 + · · · é a soma de uma série geométrica de razão kp . 

xn+1 xp+2
Observação 7.6.4 Na prática, se for decrescente, podemos tomar kp = , desde
xn xp+1
xn+1 xn+1
que este número seja inferior a 1. Se for crescente, podemos tomar kp = lim ,
xn n xn
desde que este número seja inferior a 1.

Vejamos agora um resultado para séries de termos não negativos.

+∞
X
Teorema 7.6.5 Seja xn uma série de termos não negativos para a qual existe uma
n=1
√ kpp+1
ordem p e existe um número kp < 1 tais que n xn ≤ kp , para n > p. Então, Rp ≤ .
1 − kp

Demonstração: Comecemos por observar que, pelo Critério da raiz, a série é convergente.

Por outro lado,

Rp = xp+1 + xp+2 + xp+3 + xp+4 + · · · ≤ kpp+1 + kpp+2 + kpp+3 + kpp+4 + · · · =


kpp+1
= kpp+1 1 + kp + kp2 + kp3 + · · · =

,
1 − kp

pois, por hipótese, xp+1 ≤ kpp+1 , xp+2 ≤ kpp+2 , xp+3 ≤ kpp+3 , xp+4 ≤ kpp+4 , e assim

sucessivamente, e 1 + kp + kp2 + kp3 + · · · é a soma de uma série geométrica de razão kp . 


544 Séries de números reais

√ √
Observação 7.6.6 Na prática, se n xn for decrescente, podemos tomar kp = p+1 xp+1 ,

desde que este número seja inferior a 1. Se n xn for crescente, podemos tomar

kp = lim n xn , desde que este número seja inferior a 1.
n

Finalmente, um resultado para séries alternadas.

Teorema 7.6.7 Seja (xn )n uma sucessão decrescente com limite zero e seja Rp o resto
+∞
(−1)n xn . Então, |Rp | ≤ xp+1 , isto é, o erro, em valor absoluto, é
X
de ordem p da série
n=0
inferior ou igual ao primeiro termo que se despreza.

Demonstração: Comecemos por observar que, pelo Critério de Leibniz, a série é conver-

gente.

Como

Rp = (−1)p+1 xp+1 + (−1)p+2 xp+2 + (−1)p+3 xp+3 + (−1)p+4 xp+4 + · · · ,

tem-se

(−1)p+1 Rp = xp+1 − xp+2 + xp+3 − xp+4 + · · · ,

pelo que

|Rp | = |xp+1 − xp+2 + xp+3 − xp+4 + · · · | .

Pelo Critério de Leibniz, a série alternada xp+1 −xp+2 +xp+3 −xp+4 +· · · é convergente

e tem soma inferior ou igual ao primeiro termo, isto é, a xp+1 . 


1
(−1)n
X
Exemplo 7.6.8 Consideremos a série .
n
n=1
1 1 1 1
Se para a soma da série tomarmos o número −1 + − + − , cometemos um erro
2 3 4 5
1
R5 que verifica |R5 | ≤ .
6
7.7 Associação e reordenação dos termos de uma série 545

7.7 Associação e reordenação dos termos de uma série

Quando trabalhamos com somas finitas em R é possı́vel associar e comutar a ordem

das parcelas, pelo que podemos ser levados a pensar que o mesmo sucede para somas com

um número infinito de parcelas, isto é, para séries. Mas, como vamos ver a seguir, tal não

é verdade.

X
Teorema 7.7.1 Se uma série xn converge, então qualquer série que se obtenha desta
n
por associação dos seus termos também converge e tem a mesma soma.

Demonstração: É consequência da sucessão das somas parciais da nova série ser uma

subsucessão da sucessão das somas parciais da série original. 

Observação 7.7.2 i) Pelo teorema anterior, podemos afirmar que a introdução de pa-

rêntesis numa série convergente conduz a uma nova série que é convergente e que tem a

mesma soma da série original.

ii) A recı́proca deste teorema é falsa, isto é, retirando os parêntesis a uma série con-

vergente podemos obter séries que não são convergentes.


+∞
X
Por exemplo, seja xn uma série convergente e escreva-se a série na forma
n=0
+∞
X
(xn + 1 − 1) = (x0 + 1 − 1) + (x1 + 1 − 1) + (x2 + 1 − 1) + · · · .
n=0

Eliminando os parentesis, obtemos a série

x0 + 1 − 1 + x1 + 1 − 1 + x2 + 1 − 1 + · · ·

que é divergente, pois o seu termo geral não é um infinitésimo.

Exemplo 7.7.3 Consideremos a série

1 1 1 1 1 1 1 1
√ −√ +√ −√ +√ −√ +· · ·+ √ −√ +· · ·
2−1 2+1 3−1 3+1 4−1 4+1 n+1−1 n+1+1
546 Séries de números reais

e estudemos a sua natureza.

Como, associando dois a dois os termos da série, obtemos a série

2 2 2 2
+ + + ··· + + ···
1 2 3 n

que é divergente, podemos concluir que a série dada também é divergente, pois, caso

contrário, pelo Teorema 7.7.1, esta última série seria convergente.

Abordamos agora o problema da comutatividade. Sem rigor, uma reoordenação de

uma série é uma série que se obtém da série dada usando todos os termos uma única vez,

mas trocando a ordem pela qual os termos são tomados. Por exemplo, a série harmónica

1 1 1 1 1
+ + + + ··· + + ···
1 2 3 4 n

tem as reoordenações

1 1 1 1 1 1
+ + + + ··· + + + ··· ,
2 1 4 3 2n 2n − 1
1 1 1 1 1 1
+ + + + + + ··· .
1 2 4 3 5 7

A primeira reoordenação é obtida pela troca do primeiro e segundo termos, do terceiro

e quarto termos e assim sucessivamente. A segunda reoordenação é obtida da série

harmónica tomando um “termo ı́mpar”, dois “termos pares”, três “termos ı́mpares” e assim

sucessivamente. É claro que existem infinitas reordenações possı́veis da série harmónica.


+∞
X
Sendo xn uma série convergente, coloca-se agora a questão de saber se uma qualquer
n=1
+∞
X
reordenação da série xn é ainda convergente e em caso afirmativo saber o valor da sua
n=1
soma.

Por exemplo, a série (harmónica alternada)

1 1 1 1 1
− + − + − ···
1 2 3 4 5
7.7 Associação e reordenação dos termos de uma série 547

1
é convergente. Seja s a sua soma. Multiplicando esta série por , obtemos uma série
2

1 1 1 1 1
− + − + − ···
2 4 6 8 10

s
que também é convergente e que tem soma igual a . Então, podemos escrever
2

1 1 1 1 1 1 1 1
s = − + − + − + − + ···
1 2 3 4 5 6 7 8
s 1 1 1 1
= 0 + + 0 − + 0 + + 0 − + ··· .
2 2 4 6 8

Somando estas duas séries convergentes termo a termo, obtemos

3s 1 1 1 1 1 1 1 1 1
= + − + + − + + − + ··· .
2 1 3 2 5 7 4 9 11 6

3s
Os termos desta série, cuja soma é , são os mesmos da série inicial, cuja soma é s.
2
Portanto, uma reordenação na ordem dos termos de uma série convergente pode alterar

o valor da sua soma. No entanto, se a convergência da série inicial fosse absoluta esta

situação não aconteceria.

X X
Definição 7.7.4 Diz-se que uma série yn é uma reordenação de uma série xn sse
n n
existe uma bijecção ϕ : N −→ N tal que yn = xϕ(n) .
X
Diz-se que uma série xn é comutativamente convergente sse toda a reordenação de
X n
xn é convergente e tem a mesma soma.
n

X
Teorema 7.7.5 Seja xn uma série absolutamente convergente. Então, qualquer reor-
X n
denação de xn é convergente e tem a mesma soma, isto é, é comutativamente conver-
n
gente.

X X
Demonstração: Sejam xn uma série convergente com soma s e yn uma reor-
X n X n
denação de xn . Provemos que yn converge para s.
n n
548 Séries de números reais

Seja δ > 0 arbitrário e seja p ∈ N tal que se q, n > p e sn = x1 + x2 + · · · + xn , então

q
X
|xk | = |xp+1 | + |xp+2 | + · · · + |xq | < δ e |sn − s| < δ.
k=p+1

Agora, seja r ∈ N tal que todos os termos x1 , . . . , xp estão contidos como parcelas em

tr = y1 + · · · + yr . Portanto, se m ≥ r, então tm − sn é uma soma finita de termos xk com

k > p. Assim, para algum q > p, tem-se

q
X
|tm − sn | ≤ |xk | < δ.
k=p+1

Portanto, se m ≥ r, tem-se

|tm − s| ≤ |tm − sn | + |sn − s| < δ + δ = 2δ.

X
Como δ > 0 é arbitrário, resulta que yn = s. 
n

Observação 7.7.6 i) Pode mesmo provar-se que qualquer série que se obtém de uma série

absolutamente convergente, por reordenação dos seus termos, é uma série absolutamente

convergente e tem a mesma soma.


X
ii) Existe um resultado, devido a Riemann, que afirma que se xn é uma série
n
simplesmente convergente e se c é um número real qualquer, então existe uma reordenação
X
de xn que converge para c ou existem reordenações divergentes (ver, por exemplo,
n
[ELL 95] ou [JCF 90]).

Portanto, reordenando uma série simplesmente convergente, podemos obter séries con-

vergentes ou divergentes, mas reordenando uma série absolutamente convergente obtém-se

sempre uma série absolutamente convergente e com a mesma soma.


7.8 Produto de séries 549

7.8 Produto de séries


X X
Já sabemos que se yn são séries convergentes com somas s e s′ , respecti-
xn e
n nX X
vamente, então também as séries (xn + yn ) e (kxn ) , com k ∈ R, são convergentes
n n
com somas s + s′ e ks, respectivamente.
X
Queremos agora saber o que se passa com a série (xn yn ) . Em geral, esta série pode
n
ser convergente ou divergente independentemente do que se passa com uma ou com as

duas séries.
+∞
1
(−1)n √ é convergente, mas
X
Por exemplo, a série
n=1
n

+∞   X+∞
1 1 1
(−1)n √ (−1)n √
X
=
n n n
n=1 n=1

+∞
1
(−1)n
X
é divergente. Outro exemplo, a série é convergente e a série
n
n=1

+∞   X+∞
n 1 n 1 1
X
(−1) (−1) =
n n n2
n=1 n=1

também é convergente.
X X
Em geral, pensando nas somas das séries, mesmo que xn e yn sejam ambas
! n ! n
X X X
convergentes, não há relação entre (xn yn ) e xn yn .
n n n

+∞
X +∞
X
Definição 7.8.1 Sejam xn e yn duas séries. Chamamos série produto no sentido
n=0 n=0
+∞
X
de Cauchy à série zn , onde zn = x0 yn + x1 yn−1 + · · · + xn−1 y1 + xn y0 .
n=0

Observação 7.8.2 i) Na definição anterior, tem-se z0 = x0 y0 , z1 = x0 y1 + x1 y0 ,

z2 = x0 y2 + x1 y1 + x2 y0 , . . . , zn = x0 yn + x1 yn−1 + · · · + xn−1 y1 + xn y0 .
550 Séries de números reais

+∞
X +∞
X
ii) Se considerarmos as séries xn e yn , então a série produto de Cauchy é a
n=1 n=1
+∞
X
série zn , onde zn = x1 yn + x2 yn−1 + · · · + xn−1 y2 + xn y1 .
n=1
+∞
X +∞
X
iii) Pode acontecer que xn e yn sejam ambas convergentes e a série produto de
n=1 n=1
+∞
X
Cauchy zn seja divergente.
n=1
1
Com efeito, tomando, por exemplo, xn = yn = (−1)n √ , pelo Critério de Leibniz,
n
+∞
X +∞
X
tem-se que as séries xn e yn são ambas convergentes, e
n=1 n=1

 
n+1 1 1 1 1 1 1 1 1
zn = (−1) √ √ +√ √ +√ √ + ··· + √ √ ,
n 1 n−1 2 n−2 3 1 n

donde

1 1 1 1 1 1 n
|zn | ≥ √ √ + √ √ + · · · + √ √ = = 1,
n n n n n n n

+∞
X
pelo que (zn )n não converge para zero e a série zn é divergente.
n=1
Isto não aconteceria se a série de que partimos fosse absolutamente convergente em

vez de simplesmente convergente.

Teorema 7.8.3 O produto de Cauchy de duas séries absolutamente convergentes é uma

série absolutamente convergente e a sua soma é o produto das somas das séries factores.

+∞
X +∞
X
Demonstração: Sejam xn e yn duas séries absolutamente convergentes e seja
n=0 n=0
+∞
X
zn o seu produto de Cauchy. Representemos por (Xn )n , (Yn )n e (Zn )n as sucessões
n=0
+∞
X +∞
X +∞
X
das somas parciais das séries xn , yn e zn , respectivamente, e por (X n )n , (Y n )n
n=0 n=0 n=0
e (Z n )n as sucessões das somas parciais das correspondentes séries dos módulos.
7.8 Produto de séries 551

Tem-se

Z n = |x0 y0 | + |x0 y1 + x1 y0 | + · · · + |x0 yn + x1 yn−1 + · · · + xn−1 y1 + xn y0 | ≤

≤ |x0 ||y0 | + |x0 ||y1 | + |x1 ||y0 | + · · · + |x0 ||yn | + |x1 ||yn−1 | + · · · + |xn−1 ||y1 | + |xn ||y0 | =

= X nY n.

+∞
X +∞
X
Como xn e yn são séries absolutamente convergentes, as sucessões (X n )n e
n=0 n=0
+∞
X
(Y n )n são limitadas e consequentemente (Z n )n também é limitada, pelo que a série |zn |
n=0
+∞
X
é convergente (ver Teorema 7.4.1). Logo, a série zn é absolutamente convergente.
n=0
Resta agora provar que a soma é o produto da somas factores.

Como já sabemos que a série produto é absolutamente convergente, tem-se que reor-

denando os seus termos a série é ainda absolutamente convergente e tem a mesma soma.

Então, a soma da série produto é dada por

(x0 y0 ) + (x0 y1 + x1 y0 ) + (x0 y2 + x1 y1 + x2 y0 ) + · · ·

e, reordenada,

(x0 y0 ) + (x0 y1 + x1 y1 + x1 y0 ) + (x0 y2 + x1 y2 + x2 y2 + x2 y1 + x2 y0 ) + · · · ,

onde o n−ésimo termo da sucessão das somas parciais desta série é dado por

(x0 + x1 + · · · + xn ) (y0 + y1 + · · · + yn )

lim [(x0 + x1 + · · · + xn ) (y0 + y1 + · · · + yn )] = XY.


n


552 Séries de números reais

Observação 7.8.4 Note-se que basta que uma das séries seja absolutamente convergente

e que a outra seja convergente para garantir que a série produto converge para o produto

das somas das séries factores (Teorema de Mertens, ver, por exemplo, [CS 97], [JCF 90]

ou [MF 96]).
7.9 Exercı́cios resolvidos 553

7.9 Exercı́cios resolvidos

7.9.1. Determine o termo geral e a soma das séries seguintes:


5 5 5 5
a) + + + + ··· ;
3 9 27 81
       
1 1 1 1 1 1 1 1
b) + + − + + + − + ··· ;
2 5 8 25 32 125 128 625

1 1 1 1
c) + + + + ··· ;
3 8 15 24
1 1 1 1
d) + + + + ··· ;
1 × 5 5 × 9 9 × 13 13 × 17
1 1 1 1
e) + + + ··· .
2×3×4 3×4×5 4×5×6 5×6×7

Resolução:
5 5 5 5 5
a) O termo geral da série + + + + · · · é a sucessão xn = n , pelo que
3 9 27 81 3
+∞
X 5 5 5 5 5
n
= + + + + ··· .
3 3 9 27 81
n=1

1 5
Trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual a .
3 3
5
1 5
Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s = 3 = .
3 1 2
1−
3
       
1 1 1 1 1 1 1 1
b) O termo geral da série + + − + + + − +···
2 5 8 25 32 125 128 625
1 1
é a sucessão xn = n−1
+ (−1)n+1 n , pelo que
2×4 5
+∞          
X 1 n+1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ (−1) = + + − + + + − +· · · .
2 × 4n−1 5n 2 5 8 25 32 125 128 625
n=1
+∞ +∞
1 1
(−1)n+1 n .
X X
Estudemos as séries e
2 × 4n−1 5
n=1 n=1
1
A primeira trata-se de uma série geométrica de razão x =
e com primeiro termo igual
4
1
1 1 2 2
a . Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s1 = = .
2 4 1 3
1−
4
554 Séries de números reais

1
A segunda trata-se de uma série geométrica de razão x = − e com primeiro termo
5
1 1 1
igual a . Como |x| = − = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma
5 5 5
1
1
s2 = 5 = .
1 6
1+
5
+∞  
X 1 n+1 1
Portanto, a série + (−1) também é convergente e tem soma igual
2 × 4n−1 5n
n=1
2 1 5
a s = s1 + s2 = + = .
3 6 6

1 1 1 1 1
c) O termo geral da série + + + + · · · é a sucessão xn = 2 , para n ≥ 2,
3 8 15 24 n −1
pelo que
+∞
X 1 1 1 1 1
= + + + + ··· .
n2 −1 3 8 15 24
n=2

1 1
Trata-se de uma série de Mengoli, onde = .
n2 − 1 (n − 1) (n + 1)
Como
1 A B (A + B) n + A − B
= + = ,
(n − 1) (n + 1) n−1 n+1 (n − 1) (n + 1)

tem-se
  1
(
A+B =0
(
A = −B A = −B  A=

2

⇔ ⇔ 1 ⇔
A−B =1 −B − B = 1  B=−  B = −1
2 2
ou seja,
 
1 1 1 1
= − .
(n − 1) (n + 1) 2 n−1 n+1

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por

         
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + − + ··· + − + − =
2 3 2 4 3 5 n−2 n n−1 n+1
 
1 1 1 1
= 1+ − − ,
2 2 n n+1

3
pelo que lim sn = .
n 4
7.9 Exercı́cios resolvidos 555

3
Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é , isto é,
4
+∞
X 1 3
= .
n2 −1 4
n=2
1 1 1 1
d) O termo geral da série + + +· · · é a sucessão xn = ,
1 × 5 5 × 9 9 × 13 (4n − 3) (4n + 1)
pelo que
+∞
X 1 1 1 1
= + + + ··· .
(4n − 3) (4n + 1) 1 × 5 5 × 9 9 × 13
n=1

Trata-se de uma série de Mengoli. Como

1 A B (4A + 4B) n + A − 3B
= + = ,
(4n − 3) (4n + 1) 4n − 3 4n + 1 (4n − 3) (4n + 1)

tem-se
  1
(
4A + 4B = 0
(
A = −B A = −B  A=

4

⇔ ⇔ ⇔
A − 3B = 1 −B − 3B = 1  B = −1  B = −1

4 4
ou seja,
 
1 1 1 1
= − .
(4n − 3) (4n + 1) 4 4n − 3 4n + 1

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por


       
1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + ··· + − + − =
4 5 5 9 4n − 7 4n − 3 4n − 3 4n + 1
 
1 1
= 1− ,
4 4n + 1
1
pelo que lim sn = .
n 4
1
Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é , isto é,
4
+∞
X 1 1
= .
(4n − 3) (4n + 1) 4
n=1
1 1 1 1
e) O termo geral da série + + + + · · · é a
2×3×4 3×4×5 4×5×6 5×6×7
1
sucessão xn = , pelo que
(n + 1) (n + 2) (n + 3)
+∞
X 1 1 1 1
= + + + ··· .
(n + 1) (n + 2) (n + 3) 2×3×4 3×4×5 4×5×6
n=1
556 Séries de números reais

Trata-se de uma série de Mengoli. Como

1 A B (A + B) n + 3A + B
= + = ,
(n + 1) (n + 2) (n + 3) (n + 1) (n + 2) (n + 2) (n + 3) (n + 1) (n + 2) (n + 3)

tem-se
  1
(
A+B =0
(
A = −B A = −B  A=

2

⇔ ⇔ 1 ⇔
3A + B = 1 −3B + B = 1  B=−  B = −1
2 2
ou seja,
 
1 1 1 1
= − .
(n + 1) (n + 2) (n + 3) 2 (n + 1) (n + 2) (n + 2) (n + 3)

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por


     
1 1 1 1 1 1 1
sn = − + − + ··· + − =
2 2×3 3×4 3×4 4×5 (n + 1) (n + 2) (n + 2) (n + 3)
 
1 1 1
= − ,
2 6 (n + 2) (n + 3)
1
pelo que lim sn = .
n 12
1
Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é , isto é,
12
+∞
X 1 1
= .
(n + 1) (n + 2) (n + 3) 12
n=1

7.9.2. Estude quanto à convergência as séries seguintes, indicando a soma das que são

convergentes:
∞ ∞ ∞
X X 1 X 3n − 2n
a) 3−n ; b) ; c) ;
n (n + 3) 6n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞   ∞ √ √
X 1 X n X n+1− n
d) 2
; e) ln ; f) √ ;
n + 2n n+1 n2 + n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
2n + n2 + n
 
X 2 1 X X
5−n 3n+2 ;

g) ln 1 + + 2 ; h) i) .
n n 2n+1 n (n + 1)
n=1 n=1 n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 557

Resolução:
∞ ∞
X X 1
a) Comecemos por notar que 3−n = .
3n
n=1 n=1
1 1
Trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual a .
3 3
1
1 1
Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s = 3 = .
3 1 2
1−
3

X 1
b) Comecemos por notar que é uma série de Mengoli. Como
n (n + 3)
n=1

1 A B (A + B) n + 3A
= + = ,
n (n + 3) n n+3 n (n + 3)

tem-se  1
 A=
( (
A+B =0 A = −B

3
⇔ ⇔
3A = 1 3A = 1  B = −1

3
ou seja,
 
1 1 1 1
= − .
n (n + 3) 3 n n+3

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por


         
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + − + − + ··· + − =
3 4 2 5 3 6 4 7 n n+3
 
1 1 1 1 1 1
= 1+ + − − − ,
3 2 3 n+1 n+2 n+3

11
pelo que lim sn = .
n 18
11
Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é , isto é,
18

X 1 11
= .
n (n + 3) 18
n=1

∞ ∞  n ∞ 
3n − 2n 2n
 
X X 3 X 1 1
c) Comecemos por notar que = − = − .
6n 6n 6n 2n 3n
n=1 n=1 n=1
∞ ∞
X 1 X 1
Estudemos as séries e .
2n 3n
n=1 n=1
558 Séries de números reais

1
A primeira trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo
2
1
1 1
igual a . Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s1 = 2 = 1.
2 2 1
1−
2
1
A segunda trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual
3
1
1 1 1
a . Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s2 = 3 = .
3 3 1 2
1−
3

X 3n − 2n
Portanto, a série também é convergente e tem soma igual a s = s1 + s2 =
6n
n=1
1 1
=1− = .
2 2
∞ ∞
X 1 X 1
d) Comecemos por notar que 2
= é uma série de Mengoli.
n + 2n n (n + 2)
n=1 n=1
Como
1 A B (A + B) n + 2A
= + = ,
n (n + 2) n n+2 n (n + 2)

tem-se  1
 A=
( (
A+B =0 A = −B

2
⇔ ⇔
2A = 1 2A = 1  B = −1

2
ou seja,
 
1 1 1 1
= − .
n (n + 2) 2 n n+2

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por

       
1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + − + ··· + − =
2 3 2 4 3 5 n n+2
 
1 1 1 1
= 1+ − − ,
2 2 n+1 n+2

3
pelo que lim sn = .
n 4
3
Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é , isto é,
4

X 1 3
= .
n (n + 2) 4
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 559

∞   ∞
X n X
e) Comecemos por notar que ln = [ln n − ln (n + 1)] é uma série de
n+1
n=1 n=1
Mengoli.

A sucessão das somas parciais é dada por

sn = (ln 1 − ln 2) + (ln 2 − ln 3) + · · · + (ln (n − 1) − ln n) + (ln n − ln (n + 1)) =

= ln 1 − ln (n + 1) = − ln (n + 1) ,

pelo que lim sn = −∞ e a série é divergente.


n

f ) Comecemos por notar que

∞ √ √ ∞  √ √  X ∞  
X n+1− n X n+1 n 1 1
√ = √ −√ = √ −√
n=1
n2 + n n=1
n2 + n n2 + n n=1
n n+1

é uma série de Mengoli.

A sucessão das somas parciais é dada por


       
1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− √ + √ − √ + ··· + √ − √ + √ − √ =
2 2 3 n−1 n n n+1
1
= 1− √ ,
n+1

pelo que lim sn = 1.


n

Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é 1, isto é,

∞ √ √
X n+1− n
√ = 1.
n=1
n2 + n

g) Comecemos por notar que

∞ ∞ ∞
!
(n + 1)2
   2  X
X 2 1 X n + 2n + 1
ln 1 + + 2 = ln = ln =
n n n2 n2
n=1 n=1 n=1
∞ h ∞ h
i i
ln (n + 1)2 − ln n2 ln n2 − ln (n + 1)2
X X 
= =−
n=1 n=1

é uma série de Mengoli.


560 Séries de números reais

A sucessão das somas parciais é dada por

h    i
sn = − (ln 1 − ln 4) + (ln 4 − ln 9) + · · · + ln (n − 1)2 − ln n2 + ln n2 − ln (n + 1)2 =


= − ln 1 + ln (n + 1)2 = ln (n + 1)2 ,

pelo que lim sn = +∞ e a série é divergente.


n

∞ ∞
X  X 3n+2
h) Comecemos por notar que 5−n 3n+2 = .
5n
n=1 n=1
3 27
Trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual a .
5 5
27
3 27
Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s = 5 = .
5 3 2
1−
5
i) Comecemos por notar que

∞ ∞  ∞ 
2n + n2 + n 2n n2 + n
 X 
X X 1 1 1
= + = + .
2n+1 n (n + 1) 2n+1 n (n + 1) 2n+1 n (n + 1) 2 n (n + 1) 2n+1
n=1 n=1 n=1

∞ ∞
X 1 X 1
Estudemos as séries e n+1
.
n (n + 1) 2
n=1 n=1
A primeira trata-se de uma série de Mengoli. Como

1 A B (A + B) n + A
= + = ,
n (n + 1) n n+1 n (n + 1)

tem-se
( ( (
A+B =0 A = −B A=1
⇔ ⇔
A=1 A=1 B = −1

ou seja,
1 1 1
= − .
n (n + 1) n n+1

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por


       
1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + − + ··· + − =
2 2 3 3 4 n n+1
1
= 1− ,
n+1
7.9 Exercı́cios resolvidos 561

pelo que lim sn = 1.


n

X 1
Logo, a série é convergente e o valor da sua soma, s1 , é 1, isto é, = 1.
n (n + 1)
n=1
1
A segunda trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual
2
1
1 1 1
a . Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s2 = 4 = .
4 2 1 2
1−
2

X 2n + n2 + n 1
Portanto, a série n+1
também é convergente e tem soma s = s1 + s2 =
2 n (n + 1) 2
n=1
1 1
= × 1 + = 1.
2 2

7.9.3. Conclua, analisando o termo geral, a natureza das séries seguintes:


∞  ∞ ∞ √
n+1 n n3 + 2n

X X X n+7
a) ; b) ; c) √ ;
n n2 + 3 n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞  ∞
4n + 3 n

nπ n
(−1)n
X X X
d) sen ; e) ; f) .
2 3n + 2 n+4
n=1 n=1 n=1

Resolução:

a) Como
n+1 n 1 n
   
lim= lim 1 + = e 6= 0,
n n n n
∞ 
n+1 n
X 
tem-se que a série é divergente.
n
n=1

b) Como
n3 2n 2
n3
+ 2n 3
+ 3 1+ 2
lim 2 = lim n 2 n = lim n = +∞ =
6 0,
n n +3 n n 3 n 1 3
+ +
n3 n3 n n3

X n3 + 2n
tem-se que a série é divergente.
n2 + 3
n=1

c) Como
√  
n+7 7
lim √ = lim 1 + √ = 1 6= 0,
n n n n
562 Séries de números reais

∞ √
X n+7
tem-se que a série √ é divergente.
n=1
n

d) Comecemos por notar que



 1
 se n = 4k − 3,
nπ 
sen = 0 se n = 2k,
2 

−1 se n = 4k − 1,


nπ X nπ
com k ∈ N. Portanto, lim sen 6= 0 e a série sen é divergente.
n 2 2
n=1

e) Como

3 n
  
 n
   n + 4  
 
3
4 n +
 n  4 n
4n + 3 4   n  
lim = lim    = lim     =
2

3n + 2 2 n  3
  
n n  
3 n+ n+
  
3
 
3
n
3 n
  
3 n
 
1 + 4  
  

 4 n 1 + 4 
    
 n n 

n    4 
= lim  = lim  =
 
   n 
n  3 2  n  3 2
   
 
3 3
    
1+ 1 +  
 
n n
3
e4
= +∞ × 2 = +∞ =
6 0,
e3
∞ 
4n + 3 n
X 
tem-se que a série é divergente.
3n + 2
n=1

f ) Como
n 
 se n é par,
n n + 4

(−1)n = n
n+4  − se n é ı́mpar,
n+4
tem-se que
(
n n
1 se n é par,
lim (−1) =
n n+4 −1 se n é ı́mpar,

n n
ou seja, lim (−1)n (−1)n
X
6= 0, pelo que a série é divergente.
n n+4 n+4
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 563

7.9.4. Estude quanto à convergência, usando os critérios para séries de termos não

negativos, as séries seguintes:


∞ ∞ ∞ √
X 1 X 1 X n+ n
a) ; b) ; c) ;
n3 + n n2 + n
p
n (n 2 + 1)
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X n2 + 1 X 1 X n
d) ; e) ; f) √ ;
n4 + 1 n3n 1
n=1 n=1 n=1 n3 −
2
∞ ∞ ∞
sen2 n
 
X X 1 X 1
g) ; h) ; i) sen2 ;
n4 + n n + 3n n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞ 1
n− 2
 
X 1 X n X
j) tg ; k) ; l) ;
n2 4n3 + sen n + 5 2 + cos2 n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X 3 + |sen n| X n3 X 1
m) ; n) ; o) ;
n2 n! (3n)!
n=1 n=1 n=1

∞ ∞   2 ∞ 
5n n+1 n 1 n
X X X 
p) ; q) ; r) sen ;
n+4 n n
n=1 n=1 n=1

∞   ∞ ∞
X n n X n X ln n
s) ; t) ; u) ;
7 en en
n=1 n=1 n=1

∞ ∞  n 3 ∞
X nn X n2 X 3 × 5 × · · · × (2n + 1)
v) ; w) ; x) .
(2n)! n2 + 1 1 × 4 × 7 · · · × (3n − 2)
n=1 n=1 n=1

Resolução:

1 1 X 1
a) Como 0 ≤ 3 ≤ 3 , para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser
n +n n n3
n=1
uma série de Dirichlet com α = 3 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que a

X 1
série é convergente.
n3 + n
n=1


1 1 X 1
b) Como 0 ≤ p ≤ √ , para todo o n ∈ N, e a série √ é convergente,
n (n2 + 1) n3 n=1 n3
3
por ser uma série de Dirichlet com α = > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação,
2

X 1
que a série p é convergente.
n=1 n (n2 + 1)
564 Séries de números reais

√ ∞
n+ n 1 X 1
c) Como 0 ≤ e 0 < , para todo o n ∈ N, a série é divergente, por ser
n2 + n n n
n=1
uma série de Dirichlet com α = 1, e

n+ n √ 1
2 3 1+ √
2 n + n n
lim n + n = lim = lim = 1 6= 0, +∞,
n 1 n 2
n +n n 1
1+
n n
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas divergentes.


∞ √
X n+ n
Portanto, a série é divergente.
n2 + n
n=1


n2 + 1 1 X 1
d) Como 0 ≤ 4
e 0 < 2
, para todo o n ∈ N, a série é convergente, por
n +1 n n2
n=1
ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, e

n2 + 1 1
4 n4 + n2 1+
lim n + 1 = lim 4 = lim n2 = 1 6= 0, +∞,
n 1 n n +1 n 1
2
1+
n n4
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas convergentes.



X n2 + 1
Portanto, a série é convergente.
n4 + 1
n=1


1 1 X 1
e) Como 0 ≤ n
≤ n , para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser
n3 3 3n
n=1
1 1
uma série geométrica de razão x = que verifica |x| = < 1, tem-se, pelo Critério geral
3 3

X 1
da comparação, que a série é convergente.
n3n
n=1


1 n n X 1
f ) Como 0 ≤ √ = √ ≤ √ , para todo o n ∈ N, e a série √ é
n n 3 1 n
n3 − n=1
2
1
divergente, por ser uma série de Dirichlet com α = < 1, tem-se, pelo Critério geral da
2

X n
comparação, que a série √ é divergente.
1
n=1 n3 −
2
7.9 Exercı́cios resolvidos 565


sen2 n 1 1 X 1
g) Como 0 ≤ 4
≤ 4 ≤ 4 , para todo o n ∈ N, e a série é convergente,
n +n n +n n n4
n=1
por ser uma série de Dirichlet com α = 4 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação,

X sen2 n
que a série é convergente.
n4 + n
n=1


1 1 X 1
h) Como 0 ≤ ≤ , para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser
n + 3n 3n 3n
n=1
1 1
uma série geométrica de razão x = que verifica |x| = < 1, tem-se, pelo Critério geral
3 3

X 1
da comparação, que a série é convergente.
n + 3n
n=1

  ∞
1 1 X 1
i) Como 0 ≤ sen2 e 0 < 2 , para todo o n ∈ N, a série é convergente, por
n n n2
n=1
ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, e
 
1 
1 1

sen2 sen sen
n n n
lim = lim   = 1 6= 0, +∞,

n 1 n 1 1
n2 n n

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas convergentes.


∞  
X
2 1
Portanto, a série sen é convergente.
n
n=1

 
1 h πi 1
j) Como ∈ (0, 1] ⊆ 0, , tem-se 0 ≤ tg , para todo o n ∈ N. Também
n2 2 n2

1 X 1
0 < 2 , para todo o n ∈ N, a série é convergente, por ser uma série de Dirichlet
n n2
n=1
com α = 2 > 1, e
   
1 1
 
tg  sen
n2 n2 1 
lim = lim   = 1 6= 0, +∞.

1 1

n n  1
cos
n2 n2 n2

Portanto, pelo Corolário do critério geral da comparação, as séries são da mesma na-
∞  
X 1
tureza, isto é, são ambas convergentes. Assim, a série tg também é convergente.
n2
n=1
566 Séries de números reais


n n 1 X 1
k) Como 0 ≤ ≤ ≤ , para todo o n ∈ N, e a série é
4n3 + sen n + 5 4n3 n2 n2
n=1
convergente, por ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da

X n
comparação, que a série 3
é convergente.
4n + sen n + 5
n=1

1 1 ∞
1 n− 2 n− 2 1X 1
l) Como 0 ≤ √ = ≤ , para todo o n ∈ N, e a série √ é
3 n 2+1 2 + cos2 n 3 n
n=1

X 1 1
divergente, por √ ser uma série de Dirichlet com α = < 1, tem-se, pelo Critério
n 2
n=1
∞ − 1
X n 2
geral da comparação, que a série é divergente.
2 + cos2 n
n=1


3 + |sen n| 4 X 1
m) Como 0 ≤ ≤ 2 , para todo o n ∈ N, e a série 4 é convergente,
n2 n n2
n=1

X 1
por ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da
n2
n=1

X 3 + |sen n|
comparação, que a série é convergente.
n2
n=1

n3
n) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
n!
(n + 1)3
xn+1 (n + 1)! (n + 1)3 n! (n + 1)2
L = lim = lim = lim = lim = 0 < 1,
n xn n n3 n n3 (n + 1)! n n3
n!

X n3
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é convergente.
n!
n=1

1
o) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
(3n)!
1
xn+1 [3 (n + 1)]! (3n)!
L = lim = lim = lim =
n xn n 1 n (3n + 3) (3n + 2) (3n + 1) (3n)!
(3n)!
1
= lim = 0 < 1,
n (3n + 3) (3n + 2) (3n + 1)


X 1
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é convergente.
(3n)!
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 567

5n
p) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
n+4
5n+1
xn+1 5 × 5n (n + 4) 5 (n + 4)
L = lim = lim n + 1n + 4 = lim = lim = 5 > 1,
n xn n 5 n (n + 5) 5n n n+5
n+4

X 5n
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é divergente.
n+4
n=1

 n2
n+1
q) Como 0 ≤ , para todo o n ∈ N, e
n
s
 n2  n  n
√ n n+1 n+1 1
L = lim n
xn = lim = lim = lim 1 + = e > 1,
n n n n n n n
∞   2
X n+1 n
tem-se, pelo Critério da raiz de Cauchy, que a série é divergente.
n
n=1
 n
1 h πi 1
r) Como ∈ (0, 1] ⊆ 0, , tem-se 0 ≤ sen , para todo o n ∈ N. Como também
n 2 n
s
1 n

√ 1
L = lim n xn = lim n sen = lim sen = 0 < 1,
n n n n n
∞ 
1 n
X 
tem-se, pelo Critério da raiz de Cauchy, que a série sen é convergente.
n
n=1
 n n
s) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
7
r 
√ n n n n
L = lim n
xn = lim = lim = +∞ > 1,
n n 7 n 7
∞  
X n n
tem-se, pelo Critério da raiz de Cauchy, que a série é divergente.
7
n=1

n
t) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
en
n+1
xn+1 n+1 (n + 1) en n+1 1
L = lim = lim e n = lim = lim = < 1,
n xn n n e × en n n en e
en

X n
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é convergente.
en
n=1
568 Séries de números reais


ln n n X n
u) Como 0 ≤ ≤ , para todo o n ∈ N, e a série é convergente, pela alı́nea
en en en
n=1

X ln n
anterior, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que a série é convergente.
en
n=1

nn
v) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
(2n)!

(n + 1)n+1
xn+1 [2 (n + 1)]! (n + 1) (n + 1)n (2n)!
L = lim = lim n = lim =
n xn n n n (2n + 2) (2n + 1) (2n)!nn
(2n)!
n
n+1 n
   
(n + 1) 1
= lim = lim =
n 2 (2n + 1) nn n 2 (2n + 1) n
1 n
   
1
= lim 1+ = 0 × e = 0 < 1,
n 2 (2n + 1) n

X nn
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é convergente.
(2n)!
n=1

n3
n2

w) Como 0 ≤ , para todo o n ∈ N, e
n2 + 1
n 2
n2

s
n3 n2
n2 n2
 
√ n  n2 
L = lim n
xn = lim = lim = lim   =
n n n2 + 1 n n2 + 1 n  n2 + 1 

n2
 n2
1 1 1
= lim  = lim  n2 = e < 1,
 
n 1  n 1
1+ 2 1+ 2
n n
∞  n 3
X n2
tem-se, pelo Critério da raiz de Cauchy, que a série é convergente.
n2 + 1
n=1

3 × 5 × · · · × (2n + 1)
x) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
1 × 4 × 7 · · · × (3n − 2)
3 × 5 × · · · × (2n + 1) × (2n + 3)
xn+1 1 × 4 × 7 · · · × (3n − 2) × (3n + 1) 2n + 3 2
L = lim = lim = lim = < 1,
n xn n 3 × 5 × · · · × (2n + 1) n 3n + 1 3
1 × 4 × 7 · · · × (3n − 2)

X 3 × 5 × · · · × (2n + 1)
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é convergente.
1 × 4 × 7 · · · × (3n − 2)
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 569

7.9.5. Estude quanto à convergência simples e absoluta as séries seguintes:


∞ ∞ ∞
1 2n3 (−1)n
(−1)n (−1)n
X X X
a) ; b) ; c) ;
n+2 n3 + 4 5n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
n 1 n+2
(−1)n (−1)n (−1)n √
X X X
d) 2
; e) ; f) ;
n +2 n! n+1
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
sen n 1 1
(−1)n sen (−1)n sen .
X X X
g) ; h) ; i)
n2 n2 n
n=1 n=1 n=1

Resolução:

a) Trata-se de uma série alternada.

Comecemos por estudar a convergência absoluta desta série, isto é, comecemos por
∞ ∞
X n 1 X 1
estudar a série (−1) = .
n+2 n+2
n=1 n=1

1 1 X 1
Como 0 ≤ e 0 < , para todo o n ∈ N, a série é divergente, por ser uma
n+2 n n
n=1
série de Dirichlet com α = 1, e

1
n
lim n + 2 = lim = 1 6= 0, +∞,
n 1 n n+2
n
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas divergentes.



1
(−1)n
X
Portanto, a série não é absolutamente convergente.
n+2
n=1
Será simplesmente convergente?
1
Como a sucessão xn = tem limite zero e é decrescente, pois
n+2

1 1 n+2−n−3 1
xn+1 − xn = − = =− < 0, ∀n ∈ N,
n+3 n+2 (n + 3) (n + 2) (n + 3) (n + 2)

tem-se pelo critério de Leibniz que a série é convergente.



1
(−1)n
X
Portanto, a série é simplesmente convergente.
n+2
n=1
570 Séries de números reais

b) Como
2n3

 se n é par,
2n3

n3 + 4

(−1)n 3 =
n +4  3
 − 2n

se n é ı́mpar,
n3 + 4
tem-se que
(
2n3 2 se n é par,
lim (−1)n 3 =
n n +4 −2 se n é ı́mpar,

2n3 n 2n
3
ou seja, lim (−1)n
X
=
6 0, pelo que a série (−1) é divergente.
n n3 + 4 n3 + 4
n=1

c) Trata-se de uma série alternada.

Comecemos por estudar a convergência absoluta desta série, isto é, comecemos por
∞ ∞
X (−1)n X 1
estudar a série n
= .
5 5n
n=1 n=1
1
Como esta série é uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual a
5
1
1 1 1
, que verifica |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s = 5 = .
5 5 1 4
1−
5

X (−1)n
Portanto, a série é absolutamente convergente.
5n
n=1

d) Trata-se de uma série alternada.

Comecemos por estudar a convergência absoluta desta série, isto é, comecemos por
∞ ∞
X n n X n
estudar a série (−1) 2 = .
n +2 n2 + 2
n=1 n=1

n 1 X 1
Como 0 ≤ 2 e 0 < , para todo o n ∈ N, a série é divergente, por ser uma
n +2 n n
n=1
série de Dirichlet com α = 1, e
n
2
lim n2 + 2 = lim n = 1 6= 0, +∞,
n 1 n n2 + 2
n
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas divergentes.



n
(−1)n 2
X
Portanto, a série não é absolutamente convergente.
n +2
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 571

Será simplesmente convergente?


n
Como a sucessão xn = tem limite zero e é decrescente, pois
+2n2

(n + 1) n2 + 2 − n n2 + 2n + 3
 
n+1 n
xn+1 − xn = − = =
(n + 1)2 + 2 n2 + 2 (n2 + 2n + 3) (n2 + 2)
n2 + n − 2
= − 2 < 0, para n > 1,
(n + 2n + 3) (n2 + 2)

tem-se pelo critério de Leibniz que a série é convergente.



n
(−1)n 2
X
Portanto, a série é simplesmente convergente.
n +2
n=1

e) Trata-se de uma série alternada.

Comecemos por estudar a convergência absoluta desta série, isto é, comecemos por
∞ ∞
1 1
(−1)n
X X
estudar a série = .
n! n!
n=1 n=1
1
Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
n!
1
xn+1 (n + 1)! n! 1
L = lim = lim = lim = lim = 0 < 1,
n xn n 1 n (n + 1) n! n n+1
n!

X 1
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é convergente.
n!
n=1

1
(−1)n
X
Portanto, a série é absolutamente convergente.
n!
n=1

f ) Como
n+2

 √ se n é par,
n+1

n+2 
(−1)n √ =
n+1  n+2
 −√
 se n é ı́mpar,
n+1
tem-se que
(
n+2 +∞ se n é par,
lim (−1)n √ =
n n+1 −∞ se n é ı́mpar,

n+2 n+2
ou seja, lim (−1)n √ (−1)n √
X
6= 0, pelo que a série é divergente.
n n+1 n=1
n+1
572 Séries de números reais

g) Comecemos por estudar a convergência absoluta da série, isto é, comecemos por

X sen n
estudar a série .
n2
n=1

sen n 1 X 1
Como 0 ≤ 2
≤ 2
, para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser
n n n2
n=1
uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que a

X sen n
série é convergente.
n2
n=1

X sen n
Portanto, a série é absolutamente convergente.
n2
n=1

h) Comecemos por estudar a convergência absoluta da série, isto é, comecemos por
∞ ∞
X n 1 X 1
estudar a série (−1) sen 2 = sen 2 .
n n
n=1 n=1
1 h πi 1 1
Como 2 ∈ (0, 1] ⊆ 0, , tem-se 0 ≤ sen 2 , para todo o n ∈ N. Também 0 < 2 ,
n 2 n n

X 1
para todo o n ∈ N, a série é convergente, por ser uma série de Dirichlet com
n2
n=1
α = 2 > 1, e  
1
sen
n2
lim = 1 6= 0, +∞.
n 1
n2
∞ ∞
X 1 X 1
Portanto, pelo Corolário do critério geral da comparação, as séries sen 2 e
n n2
n=1 n=1
são da mesma natureza, isto é, são ambas convergentes.

1
(−1)n sen 2 é absolutamente convergente.
X
Assim, a série
n
n=1

i) Comecemos por estudar a convergência absoluta da série, isto é, comecemos por
∞ ∞
X n 1 X 1
estudar a série (−1) sen = sen .
n n
n=1 n=1
1 h πi 1 1
Como ∈ (0, 1] ⊆ 0, , tem-se 0 ≤ sen , para todo o n ∈ N. Também 0 < , para
n 2 n n

X 1
todo o n ∈ N, a série é divergente, por ser uma série de Dirichlet com α = 1, e
n
n=1
 
1
sen
n
lim = 1 6= 0, +∞.
n 1
n
7.9 Exercı́cios resolvidos 573

∞ ∞
X 1 X1
Portanto, pelo Corolário do critério geral da comparação, as séries sen e
n n
n=1 n=1
são da mesma natureza, isto é, são ambas divergentes.

1
(−1)n sen não é absolutamente convergente.
X
Assim, a série
n
n=1
Será simplesmente convergente?
1
Como a sucessão xn = sen tem limite zero e é decrescente, pois
n
1 1
xn+1 − xn = sen − sen < 0, ∀n ∈ N,
n+1 n

tem-se pelo critério de Leibniz que a série é convergente.



1
(−1)n sen é simplesmente convergente.
X
Portanto, a série
n
n=1
1
Note-se que a função f : [1, +∞) −→ R definida por f (x) = sen tem função derivada
x
1 1
f ′ (x) = − 2
cos < 0 em [1, +∞) , pelo que a função f é decrescente em [1, +∞) .
x x
574 Séries de números reais

7.9.6. Estude quanto à convergência as séries seguintes:


∞ ∞  ∞ 
(−1)n − 7 3n n
 
X X X π π
a) ; b) ; c) cos − cos ;
5n n+5 2n 2n + 2
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
ln n n+5 1
(−1)n sen √
X X X
d) ; e) ; f) ;
n3 n5 3
n n2
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞ 
2n √
r
X X 3n + 1 X 
g) 2
; h) ; i) n4 + 1 − n2 ;
n 7n + 7
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞   2
X 2 X cos n X n+2 n
j) √ ; k) ; l) ;
5
n2 + 4 n3 n+1
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
1 n2 1
(−1)n (−1)n
X X X
m) 2
; n) ; o) ;
n +1 2n2 + 1 2n2 +1
n=1 n=1 n=1

∞  ∞  ∞
2n + 5 n
2n
3n

X X 3n X
p) ; q) ; r) ;
2n + 1 2n + 5 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
n=1 n=1 n=1

1
∞   ∞ ∞ n sen
X 1 X 1 X
n
s) n sen ; t) ; u) √
3
;
n n (n − 2) n 2+1
n=1 n=3 n=1

∞ √ ∞ ∞  n+1
n3 + 1

5 1
(−1)n e−n ;
X X X
v) ; w) x) + ;
n + n2 8n+2 n (n + 1)
n=1 n=1 n=1

∞  n ∞
X 6 X n!
y) ; z) .
5 e2n
n=1 n=1

Resolução:
∞ ∞ 
(−1)n − 7 1 n
 
X X 7
a) Comecemos por notar que = − − n .
5n 5 5
n=1 n=1
∞  ∞
1 n X 7
X 
Estudemos as séries − e .
5 5n
n=1 n=1
1
A primeira trata-se de uma série geométrica de razão x = −
e com primeiro termo
5
1
1 1 −
igual a − . Como |x| = < 1, tem-se que a série converge e tem soma s1 = 5 = −1.
5 5 1 6
1+
5
1
A segunda trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo
5
7.9 Exercı́cios resolvidos 575

7
7 1 7 5
igual a . Como |x| = < 1, tem-se que a série converge e tem soma s2 = = .
5 5 1 4
1−
5

X (−1)n − 7 1 7 23
Portanto, a série n
converge e tem soma s = s1 − s2 = − − = − .
5 6 4 12
n=1
 n
3n
b) Como 0 ≤ , para todo o n ∈ N, e
n+5
s n
√ n 3n 3n
L = lim n
xn = lim = lim = 3 > 1,
n n n+5 n n+5
∞ 
3n n
X 
tem-se, pelo Critério da raiz de Cauchy, que a série é divergente.
n+5
n=1

∞   X∞  
X π π π π
c) Comecemos por notar que cos − cos = cos − cos
2n 2n + 2 2n 2 (n + 1)
n=1 n=1
é uma série de Mengoli.

A sucessão das somas parciais é dada por


 
 π π  π π π π
sn = cos − cos + cos − cos + · · · + cos − cos =
2 4 4 6 2n 2 (n + 1)
π π π
= cos − cos = − cos ,
2 2 (n + 1) 2 (n + 1)

pelo que lim sn = −1, a série é convergente e o valor da sua soma é −1, isto é,
n
∞  
X π π
cos − cos = −1.
2n 2n + 2
n=1

ln n n 1 X 1
d) Como 0 ≤ 3
≤ 3
= 2
, para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por
n n n n2
n=1
ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que

X ln n
a série é convergente.
n3
n=1


n+5 1 X 1
e) Como 0 ≤ 5
e 0 < 4 , para todo o n ∈ N, a série é convergente, por ser
n n n4
n=1
uma série de Dirichlet com α = 4 > 1, e
n+5
n5 + 5n4
 
n 5 5
lim = lim = lim 1 + = 1 6= 0, +∞,
n 1 n n5 n n
n4
576 Séries de números reais

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas convergentes.



X n+5
Portanto, a série é convergente.
n5
n=1

f ) Comecemos por estudar a convergência absoluta da série, isto é, comecemos por
∞ ∞ ∞
1 1 1
(−1)n sen √
X X X
estudar a série 3
= sen √3
= sen √
3
.
n n 2 n n 2 n5
n=1 n=1 n=1
1 h πi 1
Como √ 3
∈ (0, 1] ⊆ 0, , tem-se 0 ≤ sen √ 3
, para todo o n ∈ N. Também
n 5 2 n5

1 X 1
0 < √ 3
, para todo o n ∈ N, a série √3
é convergente, por ser uma série de
n5 n=1 n5
5
Dirichlet com α = > 1, e
3
 
1
sen √ 3
lim n5 = 1 6= 0, +∞.
n 1

3
n5


X 1
Portanto, pelo Corolário do critério geral da comparação, as séries sen √
3
e
n=1 n5

X 1
√3
são da mesma natureza, isto é, são ambas convergentes.
n=1 n5

1
(−1)n sen √
X
Assim, a série 3
é absolutamente convergente.
n=1 n n2

2n
g) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
n2

2n+1
xn+1 (n + 1)2 2 × 2n n2 2n2
L = lim = lim n = lim 2 = lim = 2 > 1,
n xn n 2 n 2n (n + 1) n (n + 1)2
n2


X 2n
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é divergente.
n2
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 577

h) Como
v v
u 3n + 1 u 1
r u u3 + r
3n + 1 u
n
u
n = 3 6= 0,
lim = lim u = lim u
n 7n + 7 n t 7n + 7 n t 7 7
7+
n n
∞ r
X 3n + 1
tem-se que a série é divergente.
7n + 7
n=1

i) Comecemos por notar que


√  √ 
X∞ p  X ∞ n4 + 1 − n2 n4 + 1 + n2 X∞
1
n4 + 1 − n2 = √ = √ .
n 4 + 1 + n 2 n 4 + 1 + n 2
n=1 n=1 n=1


1 1 X 1
Como 0 ≤ √ e 0 < 2 , para todo o n ∈ N, a série 2
é convergente,
4
n +1+n 2 n n
n=1
por ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, e
1

n4 + 1 + n2 n2 1 1
lim = lim √ = lim r = 6= 0, +∞,
n 1 n 4
n +1+n 2 n 1 2
n 2 1 + + 1
n2
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas convergentes.


∞ 
X √ 
Portanto, a série n4 + 1 − n2 é convergente.
n=1


2 1 X 1
j) Como 0 ≤ √
5
e0< √ 5
, para todo o n ∈ N, a série √
5
é divergente,
2
n +4 n 2 n 2
n=1
2
por ser uma série de Dirichlet com α = < 1, e
5
2  

 s  v
5 2
n  1 
n2 + 4 5
u
lim = lim 2 = lim 2 u = 2 6= 0, +∞,

n 1 n 2
n +4 n
t5
4 
√ 1 +
5
n2 n2
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas divergentes.



X 2
Portanto, a série √
5
é divergente.
n=1
n2 + 4
578 Séries de números reais

k) Comecemos por estudar a convergência absoluta da série, isto é, comecemos por

X cos n
estudar a série .
n3
n=1

cos n 1 X 1
Como 0 ≤ 3
≤ 3
, para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser
n n n3
n=1
uma série de Dirichlet com α = 3 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que a

X cos n
série é convergente.
n3
n=1

X cos n
Portanto, a série é absolutamente convergente.
n3
n=1

 n2
n+2
l) Como 0 ≤ , para todo o n ∈ N, e
n+1

n+2 n
s  
 n2  n
√ n+2 n+2
= lim  n  =
n
L = lim n
xn = lim = lim
 
n n n+1 n n+1 n n+1
n
2 n
 
1+
n e2
= lim  n = = e > 1,
n 1 e
1+
n
∞   2
X n+2 n
tem-se, pelo Critério da raiz de Cauchy, que a série é divergente.
n+1
n=1


1 1 X 1
m) Como 0 ≤ 2
≤ 2
, para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser
n +1 n n2
n=1
uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que a

X 1
série 2
é convergente.
n +1
n=1

n) Como
n2

 se n é par,
n2

2n2 + 1

(−1)n 2 =
2n + 1  2
 − n

se n é ı́mpar,
2n2 + 1
tem-se que  1
se n é par,
n2

2

n
lim (−1) =
n 2n2 + 1  −1 se n é ı́mpar,
2
7.9 Exercı́cios resolvidos 579


n2 n2
ou seja, lim (−1)n (−1)n 2
X
2
=
6 0, pelo que a série é divergente.
n 2n + 1 2n + 1
n=1

o) Trata-se de uma série alternada.

Comecemos por estudar a convergência absoluta desta série, isto é, comecemos por
∞ ∞
1 1
(−1)n 2
X X
estudar a série = 2
.
2n + 1 2n + 1
n=1 n=1

1 1 X 1
Como 0 ≤ 2
≤ 2
, para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser
2n + 1 n n2
n=1
uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que a

X 1
série 2
é convergente.
2n + 1
n=1

1
(−1)n 2
X
Portanto, a série é absolutamente convergente.
2n + 1
n=1

p) Como
5 n
 
5 n
1 + 2 
  
n
2n + 5

1 + 2  5 n
2n + 5 n
 
 2n  n e2
 = 1 = e2 6= 0,
 
lim = lim  = lim  = lim 
1 n
 
n 2n + 1 n 2n + 1  n
 1 n e2
2n 1+ 2 2
1 + 
 
n n

∞ 
2n + 5 n
X 
tem-se que a série é divergente.
2n + 1
n=1
 2n
3n
q) Como 0 ≤ , para todo o n ∈ N, e
2n + 5
s 2n 2 
√ n 3n 3n 9
L = lim xn = limn
= lim = > 1,
n n 2n + 5
n 2n + 5 4
∞  2n
X 3n
tem-se, pelo Critério da raiz de Cauchy, que a série é divergente.
2n + 5
n=1

3n
r) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
3n+1
xn+1 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1) (2n + 1) 3
L = lim = lim = lim = 0 < 1,
n xn n 3n n 2n + 1
1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
580 Séries de números reais


X 3n
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é convergente.
1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
n=1

s) Como
1

1
 sen
lim n sen = lim n = 1 6= 0,
n n n 1
n
∞  
X 1
tem-se que a série n sen é divergente.
n
n=1

∞ ∞
X 1 X 1
t) Comecemos por notar que = é uma série de Mengoli.
n (n − 2) (n − 2) n
n=3 n=3
Como
1 A B (A + B) n − 2B
= + = ,
(n − 2) n n−2 n (n − 2) n

tem-se  1
 A=
( (
A+B =0 A = −B

2
⇔ ⇔
−2B = 1 −2B = 1  B = −1

2
ou seja,
 
1 1 1 1
= − .
(n − 2) n 2 n−2 n

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por


       
1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + − + ··· + − =
2 3 2 4 3 5 n−2 n
 
1 1 1 1
= 1+ − − ,
2 2 n−1 n
3
pelo que lim sn = .
n 4
3
Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é , isto é,
4

X 1 3
= .
n (n − 2) 4
n=3

1
1 h πi 1 n sen
u) Como ∈ (0, 1] ⊆ 0, , tem-se 0 ≤ sen e 0 ≤ √ n para todo o n ∈ N.
3
n 2 n n2 + 1

1 X 1
Também 0 < √3
, para todo o n ∈ N, a série √
3
é divergente, por ser uma série de
n2 n=1 n2
7.9 Exercı́cios resolvidos 581

2
Dirichlet com α = < 1, e
3
1
n sen
n 1 1
s   
√ sen v sen
3
n2 + 1  3 n2 n uu 1 n
lim = lim  = lim  = 1 6= 0, +∞.
n 1 n 2
n +1 1 
n
 3
t 1 1
√ 1 +
3
n2 n n2 n

Portanto, pelo Corolário do critério geral da comparação, as séries são da mesma


1
∞ n sen
n é divergente.
X
natureza, isto é, são ambas divergentes. Assim, a série √
3
n 2+1
n=1

√ ∞
n3 + 1 1 X 1
v) Como 0 ≤ 2
e 0 < √ , para todo o n ∈ N, a série √ é divergente, por
n+n n n
n=1
1
ser uma série de Dirichlet com α = < 1, e
2

n3 + 1 1
2 n 2 + √n 1+ √
lim n + n = lim = lim n3 = 1 6= 0, +∞,
n 1 n n+n 2 n 1
√ +1
n n

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas divergentes.


∞ √ 3
X n +1
Portanto, a série é divergente.
n + n2
n=1

∞ ∞ 
1 n

(−1)n e−n
X X
w) Comecemos por notar que = − .
e
n=1 n=1
1 1
Trata-se de uma série geométrica de razão x = − e com primeiro termo igual a − .
e e
1
1 −
Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s = e =− 1 .
e 1 e+1
1+
e
∞ ∞
X 5n+1 X 1
x) Estudemos as séries e .
8n+2 n (n + 1)
n=1 n=1
5
e com primeiro termo igual
A primeira trata-se de uma série geométrica de razão x =
8
25
25 5 512 25
a . Como |x| = < 1, tem-se que a série é convergente e tem soma s1 = = .
512 8 5 192
1−
8
582 Séries de números reais

A segunda trata-se de uma série de Mengoli. Como

1 A B (A + B) n + A
= + = ,
n (n + 1) n n+1 n (n + 1)

tem-se
( ( (
A+B =0 A = −B A=1
⇔ ⇔
A=1 A=1 B = −1
ou seja,
1 1 1
= − .
n (n + 1) n n+1

Portanto, a sucessão das somas parciais é dada por


       
1 1 1 1 1 1 1 1
sn = 1− + − + − + ··· + − =1− ,
2 2 3 3 4 n n+1 n+1

pelo que lim sn = 1.


n

Logo, a série é convergente e o valor da sua soma é 1, isto é,



X 1
= 1.
n (n + 1)
n=1
∞ 
5n+1

X 1
Portanto, a série n+2
+ também é convergente e tem soma igual a
8 n (n + 1)
n=1
25 217
s = s1 + s2 = +1= .
192 192
6 6
y) Trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual a .
5 5
6
Como |x| = > 1, tem-se que a série é divergente.
5
n!
z) Como 0 < , para todo o n ∈ N, e
e2n
(n + 1)!
xn+1 2(n+1) (n + 1) n!e2n n+1
L = lim = lim e = lim 2 = lim 2 = +∞ > 1,
n xn n n! n 2n
e × e n! n e
e2n

X n!
tem-se, pelo Critério de D’Alembert, que a série é divergente.
e2n
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 583


X 8n
7.9.7. Indique os valores de a para os quais a série 3n converge.
n=0
(a + 1)
Resolução:
∞ ∞  n
8n
X X 8
Comecemos por notar que 3n = 3 , onde a 6= −1.
n=0
(a + 1) n=0
(a + 1)
8
Trata-se de uma série geométrica de razão x = e com primeiro termo igual a
(a + 1)3
8
1, pelo que é convergente quando < 1.
(a + 1)3
Como

8
< 1 ⇔ (a + 1)3 > 8 ⇔ |a + 1| > 2 ⇔ a < −3 ∨ a > 1
(a + 1)3

tem-se que a série converge quando a < −3 ∨ a > 1 e, neste caso, tem soma igual a
1 (a + 1)3
s= = .
8 (a + 1)3 − 8
1−
(a + 1)3


X
7.9.8. Seja an uma série de termos positivos e convergente. Prove que a série
n=1

X n+1
an é convergente.
n
n=1

Resolução:
n+1
Como an > 0, para todo o n ∈ N, tem-se que an > 0, para todo o n ∈ N. Como
n

X
por hipótese a série an é convergente e
n=1

n+1
an n+1
lim n = lim = 1 6= 0, +∞,
n an n n

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas convergentes.



X n+1
Portanto, a série an é convergente.
n
n=1
584 Séries de números reais

∞ ∞
X X a3 + 5n
7.9.9. Seja an uma série convergente. Prove que a série √n é divergente.
n 2+1
n=1 n=1

Resolução:

X
Sendo an uma série convergente, tem-se que lim an = 0. Como
n
n=1

a3 + 5n a3
 
5n
lim √n = lim √ n +√ = 0 + 5 = 5 6= 0,
n n2 + 1 n 2
n +1 n2 + 1


X a3 + 5n
tem-se que a série √n é divergente.
n 2+1
n=1


X
7.9.10. Seja an uma série de termos positivos e convergente. Prove que a série
n=1

X an
é convergente.
1 + an
n=1

Resolução:

X
Sendo an uma série convergente, tem-se que lim an = 0. Como an > 0, para todo
n
n=1

an X
o n ∈ N, tem-se que > 0, para todo o n ∈ N. Como por hipótese a série an é
1 + an
n=1
convergente e

an
1 + an an 1
lim = lim = lim = 1 6= 0, +∞,
n an n an (1 + an ) n 1 + an

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas convergentes.



X an
Portanto, a série é convergente.
1 + an
n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 585


X
7.9.11. Seja an uma série de termos positivos e convergente. Prove que a série
n=1

X
a2n é convergente.
n=1

Resolução:

X
Sendo an uma série convergente, tem-se que lim an = 0. Como an > 0 e a2n > 0,
n
n=1

X
para todo o n ∈ N, a série an é convergente e
n=1

a2n
lim = lim an = 0,
n an n


X
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que a convergência da série an
n=1

X
implica a convergência da série a2n .
n=1

X
Portanto, a série a2n é convergente.
n=1


P
7.9.12. Sejam (an )n uma sucessão de termos positivos e (nan ) uma série conver-
n=1

P
gente. Prove que as séries an é convergente.
n=1

Resolução:

X
Como an > 0 e nan > 0, para todo o n ∈ N, a série (nan ) é convergente e
n=1

an 1
lim = lim = 0,
n nan n n


X
tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que a convergência da série (nan )
n=1

X
implica a convergência da série an .
n=1

X
Portanto, a série an é convergente.
n=1
586 Séries de números reais


P
7.9.13. Sejam (an )n uma sucessão de termos positivos e (nan ) uma série conver-
 2 n=1


P n +1
gente. Prove que a série an é convergente.
n=1 n

Resolução:
n2 + 1
Como an > 0, para todo o n ∈ N, tem-se que an > 0, para todo o n ∈ N. Como
n

X
por hipótese a série (nan ) é convergente e
n=1

n2 + 1
an n2 + 1
lim n = lim = 1 6= 0, +∞,
n nan n n2

tem-se, pelo Corolário do critério geral da comparação, que as séries são da mesma natu-

reza, isto é, são ambas convergentes.


∞  2 
X n +1
Portanto, a série an é convergente.
n
n=1

7.9.14. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:


∞ ∞
(an )2 é convergente.
X X
a) Se an é convergente, então
n=1 n=1
∞ ∞
(an )2 é convergente, então
X X
b) Se an é convergente.
n=1 n=1
∞ ∞
X X √
c) Se an é uma série de termos posivos e convergente, então an é convergente.
n=1 n=1
X∞ ∞
X ∞
X
d) Se an e bn são séries divergentes, então (an bn ) é divergente.
n=1 n=1 n=1
X∞ X∞ X∞
e) Se an e bn são séries divergentes, então (an − bn ) é divergente.
n=1 n=1 n=1
X∞ ∞
X ∞
X ∞
X
f ) Se an e bn são séries tais que (an + bn ) é convergente, então (an − bn )
n=1 n=1 n=1 n=1
é convergente.
X
g) Se an → 0 quando n → +∞, então a série an é convergente.
X n∈N
h) Existem séries an com an → 0, quando n → +∞, que não convergem.
n∈N

P ∞
P ∞
P
i) Se (an bn ) é convergente, então an e bn são séries convergentes.
n=1 n=1 n=1
7.9 Exercı́cios resolvidos 587

j) Se (an )n e (bn )n são sucessões de números reais tais que an ≤ bn , para todo o n ∈ N,

P ∞
P
e bn é convergente, então an é convergente.
n=1 n=1

P ∞
P ∞
P
k) Se (an bn ) é divergente, então an e bn são séries divergentes.
n=1 n=1 n=1

l) Sejam (an )n e (bn )n sucessões de números reais quaisquer tais que an ≤ bn , para

P
todo o n ∈ N, e an é divergente. Então, lim bn 6= 0.
n=1 n

Resolução:
1
a) Falso, basta tomar an = (−1)n √ .
n

1
b) Falso, basta tomar an = .
n

1
c) Falso, basta tomar an = .
n2

1
d) Falso, basta tomar an = bn = .
n

1 1
e) Falso, basta tomar an = e bn = .
2n − 1 2n

1 1
f ) Falso, basta tomar an = e bn = − .
2n − 1 2n

1
g) Falso, basta tomar an = .
n

1
h) Verdade, basta tomar an = .
n

1
i) Falso, basta tomar an = bn = .
n

1 1
j) Falso, basta tomar an = − e bn = 2 .
n n

1
k) Falso, basta tomar an = bn = (−1)n √ .
n

1 1
l) Falso, basta tomar an = − e bn = 2 .
n n
588 Séries de números reais

7.9.15. Estude quanto à convergência, usando o Critério do integral, as séries seguin-

tes:
∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X 1
a) 2
; b) ; c) .
(1 + n ) arctg n n ln n n ln n ln ln n
n=1 n=2 n=3

Resolução:
1
a) Seja f (x) = . A função f é contı́nua, positiva e decrescente em
(1 + x2 ) arctg x
1 + 2x arctg x
[1, +∞) (com efeito, f ′ (x) = − < 0 em [1, +∞)).
(1 + x2 )2 arctg2 x

X 1
Portanto, pelo Critério do integral, a série e o integral
(1 + n2 ) arctg n
n=1
+∞
1
Z
dx são da mesma natureza.
1 (1 + x2 ) arctg x
Como
1
b b
1
Z Z
lim dx = lim 1 + x2 dx = lim [ln |arctg x|]b =
2 1
b→+∞ 1 (1 + x ) arctg x b→+∞ 1 arctg x b→+∞
π π
= lim (ln arctg b − ln arctg 1) = ln − ln = ln 2,
b→+∞ 2 4

tem-se que o integral é convergente, e, consequentemente, a série também é convergente.

1
b) Seja f (x) = . A função f é contı́nua, positiva e decrescente em [2, +∞) (com
x ln x
1 + ln x
efeito, f ′ (x) = − 2 2 < 0 em [2, +∞)).
x ln x
∞ Z +∞
X 1 1
Portanto, pelo Critério do integral, a série e o integral dx são da
n ln n 2 x ln x
n=2
mesma natureza.

Como
1
b b
1
Z Z
lim dx = lim x dx = lim [ln |ln x|]b =
2
b→+∞ 2 x ln x b→+∞ 2 ln x b→+∞

= lim (ln ln b − ln ln 2) = +∞,


b→+∞

tem-se que o integral é divergente, e, consequentemente, a série também é divergente.


7.9 Exercı́cios resolvidos 589

1
c) Seja f (x) = . A função f é contı́nua, positiva e decrescente em [3, +∞)
x ln x ln ln x
1 + ln ln x + ln x ln ln x
(com efeito, f ′ (x) = − < 0 em [3, +∞)).
x2 ln2 x (ln ln x)2
∞ Z +∞
X 1 1
Portanto, pelo Critério do integral, a série e o integral dx
n ln n ln ln n 3 x ln x ln ln x
n=3
são da mesma natureza.

Como
1
b b
1
Z Z
lim dx = lim x ln x dx = lim [ln |ln ln x|]b =
3
b→+∞ 3 x ln x ln ln x b→+∞ 3 ln ln x b→+∞

= lim (ln ln ln b − ln ln ln 3) = +∞,


b→+∞

tem-se que o integral é divergente, e, consequentemente, a série também é divergente.


590 Séries de números reais

7.10 Exercı́cios propostos

7.10.1. Determine o termo geral e a soma das séries seguintes:


2 2 2
a) + + + ··· ;
5 25 125
1 1 1
b) 1 − + − + ··· ;
3 9 27
     
1 1 1 1 1 1
c) + + + + + + ··· ;
3 5 32 52 33 53
       
1 3 1 3 1 3 1
d) 3 + + − + + + − + ··· ;
2 2 6 4 18 8 54
     
1 2 5 1 2 5 1 2 5
e) + + + + + + + + + ··· ;
10 102 103 102 103 104 103 104 105

1 1 1
f) + + + ··· ;
3×4 4×5 5×6
1 1 1
g) + + + ··· ;
1 × 7 4 × 10 7 × 13
1 1 1
h) + + + ··· .
1×2×3 2×3×4 3×4×5

7.10.2. Determine as somas parciais das séries seguintes e a soma das que são con-

vergentes:
∞ ∞ ∞
1
(−1)n+1 ;
X X X
a) 2−n ; b) ; c)
n2 − 1
n=1 n=2 n=1

∞ ∞   ∞
X 1 X 1 X
d) ; e) ln 1 − 2 ; f) 2−(3n+1) ;
(n − 1) n (n + 1) n
n=2 n=2 n=1

∞ ∞ ∞ √
n − n2 − 1
 
X 1 X 2 X
g) ; h) ln 1 − ; i) .
16n2 − 8n − 3
p
n (n + 1) n (n + 1)
n=1 n=2 n=1
7.10 Exercı́cios propostos 591

7.10.3. Conclua, analisando o termo geral, a natureza das séries seguintes:


∞ ∞  n2 ∞ r
X n n+1
X 2n2 − 3 X 3n + 4
a) (−1) ; b) ; c) ;
n+3 2n2 + 1 5n + 1
n=1 n=1 n=1

∞  n 3 ∞ ∞
X 3n3 − 2 X √ X
d) ; e) n
0, 02; f) sen (nα) , α 6= πm, m ∈ Z.
3n3 + 4
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X 1
7.10.4. Sabendo que as séries , e são convergentes, prove que as
n2 n3 n4
n=1 n=1 n=1
séries seguintes também são convergentes:
∞ ∞ ∞
X n+1 X 2n2 − 3 X n+5
a) ; b) ; c) .
n3 2n4 n4
n=1 n=1 n=1


X 1
7.10.5. Considere as séries , com α ∈ R, chamadas séries de Dirichlet. Prove que:

n=1

X 1
a) se α ≤ 1, a série diverge;

n=1

X 1
b) se α > 1, a série converge.

n=1

X∞
7.10.6. (Critério de Raabe) Seja an uma série de termos positivos. Se existir
   n=1
an
lim n −1 = L, prove que:
n an+1

X
a) se L < 1, a série an é divergente;
n=1

X
b) se L > 1, a série an é convergente.
n=1

7.10.7. Estude quanto à convergência, usando o Critério geral da comparação ou o

Corolário do critério geral da comparação, as séries seguintes:


∞ ∞ ∞
X 2 X 1 X n2 + 3n − 1
a) ; b) ; c) ;
n n2 + 1 2n4 + n2 + 2
n=1 n=1 n=1

1
∞ ∞ ∞ n sen
X 2 X 1 X
n .
d) √
3
; e) √ ; f) √
n=1
n2 + 4 n=2
n−1 n=1
n 3+1
592 Séries de números reais

7.10.8. Estude quanto à convergência, usando o Critério de D’Alembert, as séries

seguintes:
∞ √ ∞ ∞
X 3n n X 1 X n+4
a) ; b) ; c) ;
n2 + 2 n! 3n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X (3n)! X 2n+2 X 2n
d) 2; e) ; f) .
(n!) n! 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1)
n=1 n=1 n=1

7.10.9. Estude quanto à convergência, usando o Critério da raiz de Cauchy, as séries

seguintes:
∞ ∞   3 ∞
X 1 X 1 n X 1
a) ; b) 1+ 2 ; c) ;
(n + 2)n n 2n
n=1 n=1 n=1

∞  2n ∞  n ∞
X 2n X n+1 X 1
d) ; e) ; f) √ .
3n + 5 2n − 1 nn
n=1 n=1 n=1

7.10.10. Estude quanto à convergência, usando o Critério do integral, as séries se-

guintes:
∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X n
a) √ ; b) , com α ∈ R; c) ;
2n − 1 nα (4n − 3) (4n − 1)
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X 1 X 1 X 1
d) ; e) , com α ∈ R; f) , com α ∈ R.
4n2 n (ln n)α n (ln n) (ln ln n)α
n=1 n=2 n=3

7.10.11. Estude quanto à convergência simples e absoluta as séries de termos gerais:


5n 1 n
a) (−1)n ; b) (−1)n √ ; c) (−1)n ;
n! n n+7

2n − 1 ln n 1
d) (−1)n−1 ; e) (−1)n ; f ) (−1)n ;
n (n + 1) n n
3 √ √ 
g) (−1)n ; h) (−1)n n+1− n .
n!
7.10 Exercı́cios propostos 593

7.10.12. Estude quanto à convergência as séries seguintes:


∞ ∞ ∞
n2 (−1)n
r
X n
X X 3n + 4
a) (−1) ; b) √ ; c) ;
1 + n2 n
n 5n + 1
n=1 n=1 n=1
n2 1
∞  ∞  2n ∞ sen
X n X 2n X
n;
d) ; e) ; f)
n+5 3n + 5 n+1
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ n ∞
(−1)n

X X 3n + 2 X 1
g) √ √ ; h) n5 ; i) sen ;
n + 1 + n 4n + 3 n3
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
√ √  2n2 + 3n + 4 2
(−1)n
X X X
j) n+1− n ; k) ; l) √ ;
2n2 + 1 3
n2 + 4
n=1 n=1 n=1

∞ ∞  ∞
(−1)n−1 1 4n n2 + 3n − 1
X X  X
m) ; n) 1+ ; o) ;
n3 n 2n4 + n2 + 2
n=1 n=1 n=1

∞ r ∞ ∞
X 4 3n2 + 1 X 1 × 3 × 5 × · · · × (2n − 1) X 1
p) ; q) ; r) ;
7n2 + 7 2 × 4 × 6 × · · · × (2n) n3 + 1
n=1 n=1 n=1

∞ ∞   2 ∞
3n n n + 2 n 5 + 3 (−1)n
 
X 1 X X
s) √ √ ; t) ; u) ;
n+1+ n n+5 n+1 2n+3
n=1 n=1 n=1

∞  ∞ ∞
X √  X n+2 X 3n n!
v) n2 +1−n ; w) √ ; x) ;
3 3
n + 2n + 4 nn
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ √
X 1 n
X 1+ n
y) (−1) √ ; z) .
n+ n n2 − n
n=1 n=2

∞√ √ 
X n− n−1 n
7.10.13. Considere a série (−1) p √ √  . Determine os valores de p
n=1
n n+ n−1
para os quais a série é:

a) absolutamente convergente;

b) simplesmente convergente;

c) divergente.
594 Séries de números reais

7.10.14. Determine para que valores de α são absolutamente convergentes, simples-

mente convergentes ou divergentes as séries de termos gerais seguintes:


n2
a) (1 + sen α)n ; b) (−1)n .
1 + nα


X
7.10.15. Mostre que se an > 0, para todo o n ∈ N, an convergente e (bn )n é uma
n=1

X
sucessão limitada, então (an bn ) é convergente.
n=1


X an
7.10.16. Seja an uma série de termos positivos tais que an+1 < , para todo o
2
n=1
n ∈ N.

a) Prove que a1 + · · · + an < 2a1 .



X
b) Conclua que an é convergente.
n=1

7.10.17. Seja (an )n uma sucessão de números reais positivos tal que a sucessão
  ∞
an X
n − 1 é crescente e convergente para 1. Mostre que a série an é divergente.
an+1
n=1


X ∞
X
7.10.18. Sendo an e bn séries convergentes de termos positivos, indique, justi-
n=1 n=1
ficando, quais das séries

∞   ∞   ∞
X 1 1 X 1 1 X
a) + , b) − , c) (an bn ) ,
a n bn a n bn
n=1 n=1 n=1

são necessariamente convergentes ou necessariamente divergentes, e quais podem ser di-



X ∞
X
vergentes ou convergentes consoante as séries an e bn consideradas.
n=1 n=1


X (−1)n
7.10.19. Verifique que o produto de Cauchy da série √ por si própria diverge
n=0
n+1
(o produto de Cauchy de duas séries não absolutamente convergentes pode conduzir a uma

série divergente).
7.10 Exercı́cios propostos 595


X (−1)n ∞
P 1
7.10.20. Considere as séries e √ .
n! n=0 (n + 1) n+1
n=0
a) Calcule a soma de ordem 3 do produto de Cauchy das duas séries.

b) Estude quanto à convergência a série produto.

7.10.21. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:


∞ ∞
(an )2 é convergente.
X X
a) Se an > 0, para todo o n ∈ N, e an convergente, então
n=1 n=1

X ∞
X ∞
X
b) Se an e bn são séries convergentes, então (an bn ) é convergente.
n=1 n=1 n=1
X∞ ∞
X ∞
X
c) Se (an bn ) é convergente, então an e bn são séries convergentes.
n=1 n=1 n=1
X∞ ∞
X ∞
X
d) Se (an bn ) é divergente, então an e bn são séries divergentes.
n=1 n=1 n=1
∞ ∞ ∞
X X X √
e) Se an e bn são séries convergentes de termos positivos, então an bn é
n=1 n=1 n=1
convergente.

f ) Se (an )n e (bn )n são sucessões de números reais quaisquer, tais que an ≤ bn , para
X∞ X∞
todo o n ∈ N, e bn é convergente, então an é convergente.
n=1 n=1
∞ ∞
X X a2n
g) Se an é absolutamente convergente, então é convergente.
1 + a2n
n=1 n=1
∞ ∞
|an |
(an )2 converge, então também
X X
h) Se converge.
n
n=1 n=1

X √
n+1
√ 
i) A série n+1− n
n converge.
n=1

X
j) Seja (sn )n a sucessão das somas parciais da série |an | . Se existir K ∈ R+ tal que
n=1
sn < K, para todo o n ∈ N, então existe e é finito lim sn .
n

7.10.22. Uma bola é atirada de uma altura de 10 metros. Em cada instante bate
3
no chão e salta verticalmente uma altura igual a da altura precedente. Determine a
4
distância total que a bola percorrerá, admitindo que a bola salta infinitas vezes.
596 Séries de números reais

7.10.23. Na Figura 7.2 apresenta-se uma “escada infinita” construı́da sobre cubos.

Determine o volume total da escada, sabendo que o comprimento do lado do cubo maior

é igual a 1 e que o comprimento do lado de cada cubo é sucessivamente metade do com-

primento do lado do cubo precedente.

...
Figura 7.2: “Escada infinita” no Exercı́cio 7.10.23.

1 1 1 1
7.10.24. Mostre que a série − + − · · · + (−1)n+1 + · · · é convergente e
2 3 4 n+1
calcule um valor aproximado da sua soma com erro inferior a uma décima.


X (−1)n
7.10.25. Mostre que a série é convergente e calcule um valor aproximado
n=1
(n + 1)2
da sua soma com erro inferior a 0, 0025.


X 1
7.10.26. Calcule o resto de ordem 100 da série .
n (n + 1)
n=1


X 2n
7.10.27. Considere a série . Que erro se comete ao considerar para a
(n + 1) 3n
n=1
soma da série a soma dos 4 primeiros termos?

∞  n
X −1
7.10.28. Estude quanto à convergência a série . Quantos termos de-
3n + 1
n=1
vemos somar para que o erro cometido seja, em módulo, inferior a 0, 0002?
7.11 Soluções dos exercı́cios propostos 597

7.11 Soluções dos exercı́cios propostos

 n−1
2 1 1 3
7.10.1. a) an = n , S= ; b) an = − , S= ;
5 2 3 4
n−1
1 1 3 3 (−1) 51
c) an = + n, S= ; d) an = + , S= ;
3n 5 4 2n−1 2 × 3n−1 8
1 2 5 5 1 1
e) an = + n+1 + n+2 , S= ; f ) an = , S= ;
10n 10 10 36 (n + 2) (n + 3) 3

1 5 1 1
g) an = , S= ; h) an = , S= .
(3n − 2) (3n + 4) 24 n (n + 1) (n + 2) 4

 n  
1 1 3 1 1 3
7.10.2. a) Sn = 1 − , S = 1; b) Sn = − − , S= ;
2 2 2 n n+1 4
(
0 se n é par,
 
1 1 1 1
c) Sn = d) Sn = − , S= ;
1 se n é ı́mpar; 2 2 n (n + 1) 4
    n 
1 n 1 1 1 1
e) Sn = ln − ln , S = ln ; f ) Sn = 1− , S= ;
2 n+1 2 14 8 14
   
1 1 1 1 n 1
g) Sn = 1− , S= ; h) Sn = ln − ln , S = ln ;
4 4n + 1 4 3 n+2 3

n
r
i) Sn = , S = 1.
n+1

7.10.3. a) divergente; b) divergente; c) divergente; d) divergente; e) divergente;


f ) divergente.

7.10.7. a) divergente; b) convergente; c) convergente; d) divergente; e) divergente;


f ) convergente.

7.10.8. a) divergente; b) convergente; c) convergente; d) divergente; e) convergente;


f ) convergente.

7.10.9. a) convergente; b) divergente; c) convergente; d) convergente; e) convergente;


f ) convergente.

7.10.10. a) divergente; b) convergente se α > 1; c) divergente;


d) convergente; e) convergente se α > 1; f ) convergente se α > 1.
598 Séries de números reais

7.10.11. a) absolutamente convergente; b) simplesmente convergente;


c) divergente; d) simplesmente convergente;
e) simplesmente convergente; f ) simplesmente convergente;
g) absolutamente convergente; h) simplesmente convergente.

7.10.12. a) divergente; b) divergente; c) divergente; d) convergente; e) convergente;


f ) convergente; g) convergente; h) convergente; i) convergente; j) divergente;
k) divergente; l) divergente; m) convergente; n) divergente; o) convergente;
p) divergente; q) divergente; r) convergente; s) divergente; t) divergente;
u) convergente; v) divergente; w) divergente; x) divergente; y) convergente;
z) convergente.

7.10.13. a) p > 0; b) p ∈ (−1, 0] ; c) p ≤ −1.

7.10.14. a) α ∈ ((2k − 1) π, 2kπ) , com k ∈ Z, a série é absolutamente convergente;


b) α ≤ 2 a série é divergente, α ∈ (2, 3] a série é simplesmente convergente,
α > 3 a série é absolutamente convergente.

7.10.18. a) divergente; b) divergente ou convergente; c) convergente.


11 2
7.10.20. a) + . b) absolutamente convergente.
24 8

7.10.21. a) V. b) F. c) F. d) F. e) V. f ) F. g) V. h) V. i) V. j) V.

8
7.10.22. 70 m. 7.10.23. . 7.10.24. p > 8. 7.10.25. p > 18.
7

1 16
7.10.26. . 7.10.27. inferior ou igual a . 7.10.28. p > 2.
101 243
Capı́tulo 8

Séries de potências

No capı́tulo anterior estudámos séries numéricas, isto é, séries cujos termos gerais são

sucessões de números reais. Neste capı́tulo vamos estudar um caso particular das séries

de funções, chamadas séries de potências, cujos termos gerais são sucessões de funções em

vez de números reais. Nas duas primeiras secções apresentamos os conceitos e resultados

fundamentais das séries de potências e na Secção 8.3 estudamos as séries de Taylor e

Maclaurin. Mais uma vez, terminamos este capı́tulo com exercı́cios resolvidos, uma lista

de exercı́cios propostos e soluções.

8.1 Definições e generalidades

Definição 8.1.1 Seja x0 ∈ R. Chama-se série de potências de (x − x0 ) a uma série de

funções da forma
+∞
an (x − x0 )n ,
X

n=0

com an ∈ R, para todo o n ∈ N.

Observação 8.1.2 Fazendo a mudança de variável y = x − x0 , as séries de potências


+∞
X
podem reduzir-se a séries da forma an y n . De seguida faremos o estudo para séries da
n=0
599
600 Séries de potências

forma
+∞
X
an xn = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn + · · · ,
n=0

transferindo depois os resultados para o caso geral.

+∞
X
Problema: Para que valores de x a série de potências an xn converge, isto é, qual o
n=0
+∞
X
domı́nio de convergência da série an xn ?
n=0
Note-se que para x = 0, obtemos sempre uma série convergente, com soma a0 , pelo

que zero pertence sempre ao domı́nio de convergência da série.

Por exemplo, a série de potências de x


+∞
X
xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · · ,
n=0
1
que estudámos na Secção 7.2 do Capı́tulo 7, converge para se x ∈ (−1, 1) e diverge
1−x
fora deste intervalo. Portanto, o domı́nio de convergência desta série é o intervalo (−1, 1) .

O teorema seguinte permite resolver, quase completamente, a questão de determinar

o domı́nio de convergência de uma série de potências. Permite também saber que tipo de

conjuntos podem ser domı́nios de convergência de séries de potências de x.


+∞
1 X
Teorema 8.1.3 Seja R = p
n
. Se R > 0, então a série de potências an xn
lim sup |an | n=0
converge absolutamente em cada x ∈ (−R, R) e diverge em cada x ∈ (−∞, −R)∪(R, +∞) .
+∞
X
Se R = 0, então a série de potências an xn converge se x = 0 e diverge se x 6= 0. Se
n=0
+∞
X
R = +∞, então a série de potências an xn converge absolutamente para todo o x ∈ R.
n=0
+∞
X
Demonstração: Consideremos a série de termos não negativos |an xn | . Aplicando o
n=0
Critério da raiz de Cauchy a esta série, conclui-se que se
p p
lim sup n
|an xn | = |x| lim sup n
|an | < 1,
8.1 Definições e generalidades 601

+∞
X +∞
X
isto é, se |x| < R, então a série |an xn | é convergente, ou seja, a série an xn é
n=0 n=0
absolutamente convergente. Se

p p
lim sup n
|an xn | = |x| lim sup n |an | > 1,

+∞
X
isto é, se |x| > R, então a série an xn é divergente, pois neste caso também
n=0

lim sup |an xn | > 1

e, portanto, a sucessão (an xn )n não converge para zero. 

+∞
X
Definição 8.1.4 Chama-se raio de convergência da série de potências an xn a
n=0
1
R= p
n
. Se o limite for +∞, tem-se que R = 0 e se o limite for zero, tem-se
lim sup |an |
que R = +∞.

Quando R > 0, o intervalo (−R, R) chama-se intervalo de convergência da série


+∞
X
an xn .
n=0

an+1 p
Observação 8.1.5 Como lim = lim n |an |, se existir o primeiro limite, então,
n an n

neste caso, tem-se que


an
R = lim
n an+1

(ver Capı́tulo ??).

+∞
X 1 n
Exemplo 8.1.6 A série de potências x converge absolutamente para todo o
nn
n=0
x ∈ R.

Com efeito,

1 1 1
R= = = = +∞.
1
p r
lim sup n |an | n 1 lim sup
lim sup n
nn
602 Séries de potências

+∞
X
Exemplo 8.1.7 A série de potências nn xn converge apenas em x = 0.
n=0
Com efeito,

an nn 1
R = lim = lim = lim  = 0.
n (n + 1)n+1 1 n

n an+1 n
1+ (n + 1)
n

+∞
X 1 n
Exemplo 8.1.8 A série de potências x converge absolutamente para todo o x ∈ R.
n!
n=0
Com efeito,

1
an n!
R = lim = lim = lim (n + 1) = +∞.
n an+1 n 1 n
(n + 1)!

+∞
X
Exemplo 8.1.9 A série de potências n!xn converge apenas em x = 0.
n=0
Com efeito,
an n! 1
R = lim = lim = lim = 0.
n an+1 n (n + 1)! n n+1

Observação 8.1.10 O teorema anterior nada afirma sobre a natureza da série de potên-
+∞
X
cias an xn nos extremos, −R e R, do intervalo de convergência (−R, R) , com R > 0.
n=0
Pode acontecer que a série seja divergente, simplesmente convergente ou absolutamente

convergente nestes pontos, pelo que a natureza da série tem de ser sempre estudada

para cada um desses valores. Portanto, o domı́nio de convergência de uma série de

potências é sempre um intervalo centrado em zero (ou de centro x0 se tivermos a série


+∞
an (x − x0 )n ). O intervalo de convergência é o maior intervalo aberto onde a série é
X

n=0
convergente. Assim, o domı́nio de convergência e o intervalo de convergência serão coin-

cidentes caso a série de potências seja divergente em ambos os extremos do intervalo de

convergência e serão diferentes caso a série de potências seja convergente em pelo menos

um dos extremos do intervalo.


8.1 Definições e generalidades 603

+∞
(2 + (−1)n )n xn .
X
Exemplo 8.1.11 Consideremos a série de potências
n=0
Como

1 1 1 1
R= p = p n n
= n = ,
n
lim sup |an | n
lim sup |(2 + (−1) ) | lim sup |2 + (−1) | 3
   
1 1 1
tem-se que a série é absolutamente convergente em − , e divergente em −∞, − ∪
  3 3 3
1
∪ , +∞ .
3
+∞
1 1 1 X (2 + (−1)n )n
Resta estudar nos pontos x = − e x = . Para x = − obtém-se a série
3 3 3 (−3)n
n=0
+∞
1 X (2 + (−1)n )n
e para x = obtém-se a série . Como os termos gerais destas séries não
3 3n
n=0
convergem para zero, são ambas divergentes. Portanto, neste caso o intervalo de con-

vergência e o domı́nio de convergência são coincidentes.

+∞ +∞ +∞
X X (−1)n−1
X (−1)n 2n+1
Exemplo 8.1.12 Consideremos as séries xn , xn e
x .
n 2n + 1
n=1 n=1 n=1 p
Nos três casos tem-se R = 1. Com efeito, para a primeira série lim n |an | = 1, para
n
p 1
todo o n ∈ N, para a segunda série lim n |an | = lim √ = 1 e, finalmente, para a terceira
n n nn

série tem-se que 


 0
 se n par,
an = (n−1)/2
 (−1)
 se n ı́mpar,
n
p p
pelo que lim n |an | não existe, mas lim sup n |an | = 1.
n

Quanto à convergência em x = −R e x = R, isto é, em x = −1 e x = 1, tem-se que a


+∞ +∞
X X (−1)n−1 n
série xn diverge em ambos os extremos do intervalo (−1, 1) , a série x di-
n
n=1 n=1
+∞
X (−1)n 2n+1
verge no extremo x = −1 e converge no extremo x = 1 e, finalmente, a série x
2n + 1
n=1
converge em ambos os extremos do intervalo (−1, 1) .

Com estes exemplos acabámos de ver que uma série pode convergir ou divergir em

ambos os extremos do intervalo de convergência e pode divergir num deles e convergir no

outro.
604 Séries de potências

+∞
X (x − 2)n
Exemplo 8.1.13 Consideremos a série de potências .
n
n=1
Comecemos por fazer a mudança de variável y = x − 2 e façamos o estudo da série
+∞
X 1 n 1
y . Neste caso, tem-se que an = .
n n
n=1
Como
1
an n n+1
R = lim = lim = lim = 1,
n an+1 n 1 n n
n+1
tem-se que a série é absolutamente convergente quando y ∈ (−1, 1) e divergente quando

y ∈ (−∞, −1) ∪ (1, +∞) , isto é, a série dada é convergente quando x ∈ (1, 3) e divergente

quando x ∈ (−∞, 1) ∪ (3, +∞) .


+∞
X (−1)n
Resta estudar nos pontos x = 1 e x = 3. Para x = 1 obtém-se a série que
n
n=1
+∞
X 1
é simplesmente convergente (ver Exemplo 7.5.10) e para x = 3 obtém-se a série
n
n=1
que é divergente (série harmónica). Portanto, neste caso, o domı́nio de convergência é o

intervalo [1, 3) , mas o domı́nio de convergência absoluta é o intervalo (1, 3) .

8.2 Integração e derivação de séries de potências


+∞
X
Teorema 8.2.1 Seja an xn uma série de potências com raio de convergência R. Então,
n=0
a série de potências é integrável termo a termo em qualquer intervalo fechado [a, b] contido

no seu intervalo de convergência, isto é,

+∞
Z bX +∞
X bn+1 − an+1
an xn dx = an .
a n=0 n+1
n=0

Demonstração: Ver, por exemplo, [SV 12b] ou [RBDS 92]. 

+∞ n +∞
1X
x xn
X Z
Exemplo 8.2.2 Consideremos a série de potências e determinemos dx.
n! 0 n=1 n!
n=1
8.2 Integração e derivação de séries de potências 605

Esta série tem raio de convergência

1
an n!
R = lim = lim = lim (n + 1) = +∞,
n an+1 n 1 n
(n + 1)!

pelo que é absolutamente convergente em R. Portanto, a série é integrável termo a termo

em [0, 1] e

+∞
1X +∞ Z 1 +∞  1 X +∞
xn xn xn+1 1
Z X X
dx = dx = = .
0 n=0 n! n! (n + 1)! 0 (n + 1)!
n=0 0 n=0 n=0

+∞
X
Teorema 8.2.3 Qualquer série de potências an xn é indefinidamente diferenciável no
n=0
intervalo (−R, R) , sendo R o raio de convergência da série, e as suas derivadas po-
+∞
X
dem obter-se derivando a série termo a termo, isto é, pondo f (x) = an xn tem-se
n=0
+∞
X +∞
X
f ′ (x) = nan xn−1 , f ′′ (x) = n (n − 1) an xn−2 , e assim sucessivamente em todos os
n=1 n=2
pontos do intervalo (−R, R) .

Demonstração: Ver, por exemplo, [SV 12b] ou [RBDS 92]. 

+∞
X
Observação 8.2.4 Se a série de potências an xn tem raio de convergência R, então a
n=0
série das derivadas e a série das primitivas têm o mesmo raio de convergência R.

+∞
X (−1)n+1 (x − 2)n
Exemplo 8.2.5 Consideremos a série de potências .
n2n
n=1
Comecemos por fazer a mudança de variável y = x − 2 e façamos o estudo da série
+∞
X (−1)n+1 (−1)n+1
y n . Neste caso, tem-se que an = .
n2n n2n
n=1
Como
(−1)n+1
an n2n (n + 1) 2n+1
R = lim = lim = lim = 2,
n an+1 n (−1)n+2 n n2n
(n + 1) 2n+1
606 Séries de potências

tem-se que a série é absolutamente convergente quando y ∈ (−2, 2) e divergente quando

y ∈ (−∞, −2) ∪ (2, +∞) , isto é, a série é absolutamente convergente quando x ∈ (0, 4) e

divergente quando x ∈ (−∞, 0) ∪ (4, +∞) .


+∞
X (−1)
Resta estudar nos pontos x = 0 e x = 4. Para x = 0 obtém-se a série que é
n
n=1
+∞
X (−1)n+1
divergente e para x = 4 obtém-se a série que é simplesmente convergente (ver
n
n=1
Exemplo 7.5.10). Portanto, neste caso, o domı́nio de convergência é o intervalo (0, 4] ,

mas o domı́nio de convergência absoluta é o intervalo (0, 4) .

A série das derivadas é a série

+∞
!′ +∞ +∞
X (−1)n+1 (x − 2)n X (−1)n+1 n (x − 2)n−1 X (−1)n+1 (x − 2)n−1
= = ,
n2n n2n 2n
n=1 n=1 n=1

cujo raio de convergência é igual a 2.

Observação 8.2.6 Os teoremas anteriores mostram como a séries de potências são séries

de funções particularmente bem comportadas, no sentido em que, no interior do intervalo

de convergência, as séries de potências são primitiváveis e diferenciáveis termo a termo.

Estas propriedades são especialmente importantes na prática quando temos de desenvolver

em série de potências uma classe de funções importante, as funções analı́ticas (são as

funções que admitem desenvolvimento em série de potências).

8.3 Séries de Taylor e Maclaurin

Sejam f : I ⊆ R −→ R uma função indefinidamente diferenciável num intervalo I ⊆ R

e seja x0 ∈ I. Chama-se série de Taylor de f em x0 à série de potências

+∞ (n)
f (x0 ) f (n) (x0 )
(x − x0 )n = f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) + · · · + (x − x0 )n + · · · .
X
n! n!
n=0
8.3 Séries de Taylor e Maclaurin 607

Se x0 = 0 ∈ I, a série de Taylor designa-se por série de Maclaurin e escreve-se


+∞ (n)
X f (0) f ′′ (0) 2 f (n) (0) n
xn = f (0) + f ′ (0) x + x + ··· + x + ··· .
n! 2! n!
n=0

Exemplo 8.3.1 A função f (x) = ex satisfaz

f (n) (x) = ex , ∀n ∈ N, ∀x ∈ R,

pelo que a série de Maclaurin é dada por


+∞
x2 xn X xn
1+x+ + ··· + + ··· = ,
2! n! n!
n=0

e tem raio de convergência


1
an n!
R = lim = lim = lim (n + 1) = +∞,
n an+1 n 1 n
(n + 1)!
pelo que é absolutamente convergente em R.

Exemplo 8.3.2 A função f (x) = ln (1 + x) , com x > −1, é indefinidamente diferen-


1 1 2
ciável e tem-se f ′ (x) = , f ′′ (x) = − 2 , f ′′′ (x) = 3, ..., f
(n) (x) =
1+x (1 + x) (1 + x)
(n − 1)!
= (−1)n−1 .
(1 + x)n
Então, f (n) (0) = (−1)n−1 (n − 1)!, para n ≥ 1, e f (0) = 0, pelo que a série de

Maclaurin é dada por


+∞
x2 x3 xn xn+1
+ · · · + (−1)n−1 (−1)n
X
x− + + ··· = ,
2 3 n n+1
n=0

e tem raio de convergência


1
an (−1)n
R = lim = lim n + 1 = 1,
n an+1 n n+1 1
(−1)
n+2
pelo que é absolutamente convergente em (−1, 1) e diverge em (−∞, −1) ∪ (1, +∞) . Nos

extremos, a série diverge em x = −1 e converge simplesmente em x = 1.


608 Séries de potências

Exemplo 8.3.3 A função f (x) = sen x é indefinidamente diferenciável e satisfaz

 nπ 
f (n) (x) = sen x + , ∀n ∈ N, ∀x ∈ R.
2

Então, f (2n) (0) = 0 e f (2n+1) (0) = (−1)n , para n ≥ 0, pelo que a série de Maclaurin

é dada por

+∞
x3 x5 x2n+1 x2n+1
+ · · · + (−1)n (−1)n
X
x− + + ··· = ,
3! 5! (2n + 1)! (2n + 1)!
n=0

e tem raio de convergência


an
R = lim = +∞,
n an+1

pelo que é absolutamente convergente em R.

Problema: Existe uma vizinhança V de x0 tal que

f ′′ (x0 ) f (n) (x0 )


f (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 ) (x − x0 ) + (x − x0 )2 + · · · + (x − x0 )n + · · ·
2! n!

para todo o x ∈ V, isto é, a série de Taylor de f em x0 é convergente para todo o x ∈ V e

a sua soma é igual a f (x)?

Na realidade, a existência das derivadas de f (n) (x0 ) para todo o n ∈ N, embora permita

escrever a série de Taylor de f no ponto x0 , não garante que, em alguma vizinhança de

x0 , seja verificada a igualdade

+∞ (n)
f (x0 )
(x − x0 )n .
X
f (x) = (8.1)
n!
n=0

Exemplo 8.3.4 A função f : R −→ R definida por


( 2
e−1/x se x 6= 0,
f (x) =
0 se x=0
8.3 Séries de Taylor e Maclaurin 609

é uma função indefinidamente diferenciável tal que f (n) (0) = 0, para todo o n ∈ N, pelo

que a série de Maclaurin de f é a série de potências de x com todos os coeficientes nulos,

isto é, a série

0 + 0x + 0x2 + · · · + 0xn + · · · ,

que converge para a função nula em R. Portanto, f é a soma da série apenas em zero,

pois f (x) 6= 0 se x 6= 0.

Vejamos agora alguns resultados que garantem que se tem a igualdade (8.1) numa

vizinhança de x0 para uma função idefinidamente diferenciável f. Seja sn (x) a soma dos

termos até à ordem n da série de Taylor de f em x0 ∈ I, isto é, a sucessão das somas

parciais. Tendo presente a Fórmula de Taylor, tem-se

Rn (x) = f (x) − sn (x) ,

onde Rn (x) representa o resto de ordem n. Então, tem-se o resultado seguinte:

Teorema 8.3.5 É condição necessária e suficiente para que a função indefinidamente

diferenciável, f : I ⊆ R −→ R, seja soma da sua série de Taylor numa vizinhaça V de

x0 ∈ I que

lim Rn (x) = 0, ∀x0 ∈ V.


n

Na prática utilizam-se condições suficientes:

Teorema 8.3.6 Seja f : I ⊆ R −→ R uma função indefinidamente diferenciável e

suponha-se que existem constantes M, k ≥ 0 tais que, numa vizinhaça V de x0 , se tem

f (n) (x) ≤ M k n , ∀x ∈ V, ∀n ∈ N.

Então, f é soma da sua série de Taylor em V.


610 Séries de potências

Demonstração: Considerando o resto de Lagrange

(x − x0 )n+1 (n+1)
Rn (x) = f (x0 + θn (x − x0 )) , 0 < θn < 1,
(n + 1)!

tem-se
(k |x − x0 |)n+1
|Rn (x)| ≤ M , x ∈ V.
(n + 1)!

(k |x − x0 |)n+1
Como a série de termo geral é convergente, então
(n + 1)!

(k |x − x0 |)n+1
lim = 0,
n (n + 1)!

pelo que o resultado é uma consequência do teorema anterior. 

Corolário 8.3.7 Se existe M ≥ 0 tal que, numa vizinhaça V de x0 , se tem

f (n) (x) ≤ M, ∀x ∈ V, ∀n ∈ N,

então f é soma da sua série de Taylor em V.

Exemplo 8.3.8 Como já vimos a função f (x) = ex satisfaz

f (n) (x) = ex , ∀n ∈ N, ∀x ∈ R.

Portanto, dado um C > 0 qualquer tem-se que

f (n) (x) ≤ eC = M, ∀x ∈ [−C, C] , ∀n ∈ N,

e o corolário anterior garante que ex é a soma da sua soma de Maclaurin em [−C, C] .

Sendo C qualquer tem-se então

+∞
x2 xn X xn
ex = 1 + x + + ··· + + ··· = , ∀x ∈ R.
2! n! n!
n=0
8.3 Séries de Taylor e Maclaurin 611

Exemplo 8.3.9 A função f (x) = sen x é indefinidamente diferenciável e satisfaz

 nπ 
f (n) (x) = sen x + , ∀n ∈ N, ∀x ∈ R.
2

Então, f (2n) (0) = 0 e f (2n+1) (0) = (−1)n , para n ≥ 0. Como

 nπ 
f (n) (x) = sen x + ≤ 1,
2

para todo o x ∈ R, tem-se que sen x é a soma da sua soma de Maclaurin em R, isto é,

+∞
x3 x5 x2n+1 x2n+1
+ · · · + (−1)n (−1)n
X
sen x = x − + + ··· = , ∀x ∈ R.
3! 5! (2n + 1)! (2n + 1)!
n=0

Exemplo 8.3.10 A função f (x) = cos x é indefinidamente diferenciável e satisfaz

 nπ 
f (n) (x) = cos x + , ∀n ∈ N, ∀x ∈ R.
2

Então, f (2n) (0) = (−1)n e f (2n+1) (0) = 0, para n ≥ 0. Como

 nπ 
f (n) (x) = cos x + ≤ 1,
2

para todo o x ∈ R, tem-se que cos x é a soma da sua soma de Maclaurin em R, isto é,

+∞
x2 x4 x2n x2n
+ · · · + (−1)n (−1)n
X
cos x = 1 − + + ··· = , ∀x ∈ R.
2! 4! (2n)! (2n)!
n=0

Definição 8.3.11 Seja f : I ⊆ R −→ R uma função definida num intervalo I ⊆ R. Diz-se


+∞
an (x − x0 )n ,
X
que f é uma função analı́tica em x0 ∈ I sse existe uma série de potências,
n=0
tal que numa vizinhaça V de x0 se tem

+∞
an (x − x0 )n , ∀x ∈ V.
X
f (x) =
n=0

Observação 8.3.12 Uma função analı́tica em x0 é indefinidamente diferenciável numa

vizinhança de x0 , uma vez que as séries de potências são diferenciáveis termo a termo no

intervalo de convergência.
612 Séries de potências

Teorema 8.3.13 (Unicidade do desenvolvimento em série) Se f é soma de uma


+∞
an (x − x0 )n numa vizinhança V de x0 , então esta série é a série
X
série de potências
n=0
de Taylor de f em x0 .

Demonstração: Por hipótese,

+∞
an (x − x0 )n , ∀x ∈ V,
X
f (x) = (8.2)
n=0

o que implica que f (x0 ) = a0 . Derivando (8.2) obtém-se

+∞
nan (x − x0 )n−1 , ∀x ∈ V,
X
f ′ (x) = (8.3)
n=1

pelo que f ′ (x0 ) = a1 . Continuando este raciocı́nio, obtém-se

f (n) (x) = n!an + (n + 1) · · · 2an+1 (x − x0 ) + (n + 2) (n + 1) · · · 3an+2 (x − x0 )2 + · · · ,

pelo que f (n) (x0 ) = n!an , para todo o n ∈ N, isto é,

f (n) (x0 )
an = , ∀n ∈ N,
n!

o que termina a demonstração. 

Observação 8.3.14 Na prática, para se determinar o desenvolvimento de uma série

pode recorrer-se directamente às fórmulas dadas no inı́cio desta secção, mas muitas vezes

recorre-se a certos desenvolvimentos em série já conhecidos para se determinar o desen-

volvimento de uma função dada, tendo em conta que o desenvolvimento em série é único.

Exemplo 8.3.15 Determinemos o desenvolvimento em série de potências de x (Mac-


1
-Laurin) da função f (x) = , sabendo que
1 − x2
+∞
1 X
= xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) .
1−x
n=0
8.3 Séries de Taylor e Maclaurin 613

Então,
+∞ +∞
1 X
2 n
X
x2n

= x =
1 − x2
n=0 n=0

se |x| < 1.

Exemplo 8.3.16 Determinemos o desenvolvimento em série de potências de x (Mac-


1
-Laurin) da função f (x) = , sabendo que
1 + x2
+∞
1 X
= xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) .
1−x
n=0

Comecemos por observar que

1 1
f (x) = = .
1 + x2 1 − (−x2 )

Então,
+∞ +∞
1 2 n
(−1)n x2n
X  X
= −x =
1 − (−x2 )
n=0 n=0

se |x| < 1.

Exemplo 8.3.17 Determinemos o desenvolvimento em série de potências de x (Mac-


1
-Laurin) da função f (x) = , sabendo que
7 + 2x
+∞
1 X
= xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) .
1−x
n=0

Comecemos por observar que

1 1 1 1 1
f (x) = = = .
2

7 + 2x 7 7 2
1+ x 1− − x
7 7
Então,
+∞  +∞
2 n X 2n

1 1 1X
 = − x = (−1)n n+1 xn
7 2 7 7 7
1− − x n=0 n=0
7
2 7
se − x < 1, isto é, se |x| < .
7 2
614 Séries de potências

Exemplo 8.3.18 Determinemos o desenvolvimento em série de potências de x (Mac-

-Laurin) da função f (x) = ln (1 + x) , com x > −1, sabendo que

+∞
1
(−1)n xn = 1 − x + x2 + · · · + (−1)n xn + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) .
X
=
1+x
n=0

1
Comecemos por observar que f ′ (x) = . Como podemos integrar termo a termo
1+x
em cada intervalo compacto contido em (−1, 1) , obtemos

x
1
Z
ln (1 + x) = ln (1 + x) − ln (1 + 0) = dt =
0 1+t
x2 x3 xn
= x− + + · · · + (−1)n−1 + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) .
2 3 n

Finalmente, note-se ainda que a série de potências obtida é ainda convergente em

x = 1.

Exemplo 8.3.19 Determinemos o desenvolvimento em série de Taylor da função


1
f (x) = no ponto x = 1, isto é, o desenvolvimento em série potências de (x − 1) .
x2
1 1 1
Comcemos por observar que a primitiva de 2 é − = − , cujo desenvol-
x x 1 + (x − 1)
vimento em potências de (x − 1) é dado por

+∞
1 1
(−1)n (x − 1)n =
X
− = − =−
x 1 + (x − 1)
n=0
h i
= − 1 − (x − 1) + (x − 1)2 + · · · + (−1)n (x − 1)n + · · · ,

válido para |x − 1| < 1, isto é, para x ∈ (0, 2) .

Como no intervalo de convergência podemos derivar termo a termo, obtemos

1
= 1 − 2 (x − 1) + 3 (x − 1)2 + · · · + (−1)n n (x − 1)n−1 + · · ·
x2

para x ∈ (0, 2) .
8.3 Séries de Taylor e Maclaurin 615

Exemplo 8.3.20 Já sabemos que, para todo o x ∈ R,

x
1
Z
arctg x = dt.
0 1 + t2

Como
1
= 1 − t2 + t4 + · · · + (−1)n t2n + · · ·
1 + t2

e podemos integrar termo a termo em cada intervalo compacto contido em (−1, 1) , tem-se,

sempre que |x| < 1,

x
1 x3 x5 n x
2n+1
Z
arctg x = dt = x − + + · · · + (−1) + ··· ,
0 1 + t2 3 5 2n + 1

o que nos dá o desenvolvimento em série de Maclaurin de arctg x no intervalo (−1, 1) .


+∞
x2n+1
(−1)n
X
Mas, a série converge para x = −1 e x = 1, pelo que o desenvolvimento
2n + 1
n=0
é válido em todo o intervalo fechado [−1, 1] .

Observação 8.3.21 Apresentamos a seguir a representação, em série de potências de x,

de algumas funções especiais, algumas das quais já vistas atrás:


+∞ n
X x x2 xn
ex = =1+x+ + ··· + + · · · , ∀x ∈ R;
n! 2! n!
n=0

+∞
x2n+1 x3 x5 x2n+1
(−1)n + · · · + (−1)n
X
sen x = =x− + + · · · , ∀x ∈ R;
(2n + 1)! 3! 5! (2n + 1)!
n=0

+∞
x2n x2 x4 x2n
(−1)n + · · · + (−1)n
X
cos x = =1− + + · · · , ∀x ∈ R;
(2n)! 2! 4! (2n)!
n=0

+∞
1 X
= xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) ;
1−x
n=0

+∞
1
(−1)n xn = 1 − x + x2 + · · · + (−1)n xn + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) ;
X
=
1+x
n=0
616 Séries de potências

+∞
xn+1 x2 x3 xn
(−1)n + · · · + (−1)n−1
X
ln (1 + x) = =x− + + · · · , ∀x ∈ (−1, 1] ;
n+1 2 3 n
n=0

 
α α (α − 1) 2 α
(1 + x) = 1 + αx + x + ··· + xn + · · · , ∀x ∈ (−1, 1) e α ∈ R,
2! n

+∞    
X α n α α (α − 1) · · · (α − n + 1)
=1+ x , onde = .
n n n!
n=0
8.4 Exercı́cios resolvidos 617

8.4 Exercı́cios resolvidos

8.4.1. Estude quanto à convergência as séries seguintes:


∞ ∞
X n  x n X (−1)n xn P∞ xn
a) ; b) √ ; c) ;
n+1 3 n n=1 n
n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X xn X 1 n X (x − 2)n
d) ; e) x ; f) ;
n2n 3n n5n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
X (x − 1)n X (−1)n xn X (3 + 2x)n
g) ; h) ; i) ;
n2 4n n (n + 2) n (n + 2) 2n
n=1 n=1 n=1

∞ ∞
3n
(1 − 2x)n .
X X
j) n!xn ; k)
5n+1
n=1 n=1

Resolução:
∞ ∞
X n  x n X n
a) Comecemos por notar que = xn é uma série de
n+1 3 (n + 1) 3n
n=1 n=1
n
potências de x, com an = .
(n + 1) 3n
Como
n
an (n + 1) 3n n (n + 2) × 3 × 3n 3n2 + 6n
R = lim = lim = lim = lim = 3,
n an+1 n n+1 n (n + 1) (n + 1) 3n n n2 + 2n + 1
(n + 2) 3n+1
tem-se que a série é absolutamente convergente em (−3, 3) e divergente em (−∞, −3) ∪

∪ (3, +∞) .

Resta estudar nos pontos x = −3 e x = 3. Para x = −3 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
X n n X n
(−1) e para x = 3 obtém-se a série numérica .
n+1 n+1
n=1 n=1
Para a primeira série, como
n 
 se n é par,
n n + 1

(−1)n = n
n+1  − se n é ı́mpar,
n+1
tem-se que
(
n n 1 se n é par,
lim (−1) =
n n+1 −1 se n é ı́mpar,
618 Séries de potências


n n
ou seja, lim (−1)n (−1)n
X
6= 0, pelo que a série é divergente.
n n+1 n+1
n=1
Para a segunda série, como

n
lim = 1 6= 0,
n n+1

X n
tem-se que a série é divergente.
n+1
n=1

X n  x n
Portanto, a série é absolutamente convergente em (−3, 3) e divergente
n+1 3
n=1
em (−∞, −3] ∪ [3, +∞) .


X (−1)n xn
b) Comecemos por notar que √ é uma série de potências de x, com
n=1
n
(−1)n
an = √ .
n
Como
(−1)n
√ r
an n n+1
R = lim = lim n+1 = lim = 1,
n an+1 n (−1) n n

n+1

tem-se que a série é absolutamente convergente em (−1, 1) e divergente em (−∞, −1) ∪

∪ (1, +∞) .

Resta estudar nos pontos x = −1 e x = 1. Para x = −1 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
X 1 X (−1)n
√ e para x = 1 obtém-se a série numérica √ .
n=1
n n=1
n
1
A primeira série é divergente, por ser uma série de Dirichlet com α = < 1.
2
A segunda série é uma série alternada. Comecemos por estudar a convergência absoluta
∞ ∞
X (−1)n X 1
desta série, isto é, comecemos por estudar a série √ = √ . É uma série
n=1
n n=1
n
1
divergente, por ser uma série de Dirichlet com α = < 1.
2
∞ n
X (−1)
Portanto, a série √ não é absolutamente convergente.
n=1
n
Será simplesmente convergente?
8.4 Exercı́cios resolvidos 619

1
Como a sucessão xn = √ tem limite zero e é decrescente, pois
n
√ √
1 1 n− n+1
xn+1 − xn = √ −√ = √ √ < 0, ∀n ∈ N,
n+1 n n n+1

tem-se pelo critério de Leibnitz que a série é convergente.



X (−1)n
Portanto, a série √ é simplesmente convergente.
n=1
n

X (−1)n xn
Assim, a série √ é absolutamente convergente em (−1, 1) , divergente em
n=1
n
(−∞, −1] ∪ (1, +∞) e simplesmente convergente em x = 1.


X xn 1
c) Comecemos por notar que é uma série de potências de x, com an = .
n n
n=1
Como
1
an n n+1
R = lim = lim = lim = 1,
n an+1 n 1 n n
n+1
tem-se que a série é absolutamente convergente em (−1, 1) e divergente em (−∞, −1) ∪

∪ (1, +∞) .

Resta estudar nos pontos x = −1 e x = 1. Para x = −1 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
X (−1)n X 1
e para x = 1 obtém-se a série numérica .
n n
n=1 n=1
A primeira série é uma série alternada. Comecemos por estudar a convergência abso-
∞ ∞
X (−1)n X 1
luta desta série, isto é, comecemos por estudar a série = . É uma série
n n
n=1 n=1
divergente, pois é a série harmónica.

X (−1)n
Portanto, a série não é absolutamente convergente.
n
n=1
Será simplesmente convergente?
1
Como a sucessão xn = tem limite zero e é decrescente, pois
n

1 1 1
xn+1 − xn = − =− < 0, ∀n ∈ N,
n+1 n n (n + 1)

tem-se pelo critério de Leibnitz que a série é convergente.


620 Séries de potências


X (−1)n
Portanto, a série é simplesmente convergente.
n
n=1
A segunda série é divergente, pois é a série harmónica.

X xn
Assim, a série é absolutamente convergente em (−1, 1) , divergente em
n
n=1
(−∞, −1) ∪ [1, +∞) e simplesmente convergente em x = −1.

X xn 1
d) Comecemos por notar que n
é uma série de potências de x, com an = n .
n2 n2
n=1
Como
1
an n2n (n + 1) × 2 × 2n 2n + 2
R = lim = lim = lim = lim = 2,
n an+1 n 1 n n2 n n n
(n + 1) 2n+1
tem-se que a série é absolutamente convergente em (−2, 2) e divergente em (−∞, −2) ∪

∪ (2, +∞) .

Resta estudar nos pontos x = −2 e x = 2. Para x = −2 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
X (−1)n X 1
e para x = 2 obtém-se a série numérica .
n n
n=1 n=1
A primeira série é uma série alternada. Comecemos por estudar a convergência abso-
∞ ∞
X (−1)n X 1
luta desta série, isto é, comecemos por estudar a série = . É uma série
n n
n=1 n=1
divergente, pois é a série harmónica.

X (−1)n
Portanto, a série não é absolutamente convergente.
n
n=1
Será simplesmente convergente?
1
Como a sucessão xn = tem limite zero e é decrescente, pois
n
1 1 1
xn+1 − xn = − =− < 0, ∀n ∈ N,
n+1 n n (n + 1)

tem-se pelo critério de Leibnitz que a série é convergente.



X (−1)n
Portanto, a série é simplesmente convergente.
n
n=1
A segunda série é divergente, pois é a série harmónica.

X xn
Assim, a série é absolutamente convergente em (−2, 2) , divergente em
n2n
n=1
(−∞, −2) ∪ [2, +∞) e simplesmente convergente em x = −2.
8.4 Exercı́cios resolvidos 621


X 1 n 1
e) Comecemos por notar que x é uma série de potências de x, com an = n .
3n 3
n=1
Como
1
an n
R = lim = lim 3n = lim 3 × 3 = lim 3 = 3,
n an+1 n 1 n 3n n
3n+1

tem-se que a série é absolutamente convergente em (−3, 3) e divergente em (−∞, −3) ∪

∪ (3, +∞) .

Resta estudar nos pontos x = −3 e x = 3. Para x = −3 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
(−1)n e para x = 3 obtém-se a série numérica
X X
1.
n=1 n=1
Para a primeira série, como
(
1 se n é par,
(−1)n =
−1 se n é ı́mpar,

tem-se que
(
n
1 se n é par,
lim (−1) =
n −1 se n é ı́mpar,

ou seja, lim (−1)n 6= 0, pelo que a série (−1)n é divergente.
X
n
n=1
Para a segunda série, como

lim 1 = 1 6= 0,
n

X
tem-se que a série 1 é divergente.
n=1

X 1 n
Portanto, a série x é absolutamente convergente em (−3, 3) e divergente em
3n
n=1
(−∞, −3] ∪ [3, +∞) .


X (x − 2)n
f ) Comecemos por notar que é uma série de potências de (x − 2) , com
n5n
n=1
1
an = . Fazendo a mudança de variável y = x − 2 obtemos uma séries de potências de
n5n
+∞
X 1 n 1
y dada por n
y , com an = n .
n5 n5
n=1
622 Séries de potências

Como
1
an n5n (n + 1) × 5 × 5n 5n + 5
R = lim = lim = lim = lim = 5,
n an+1 n 1 n n5 n n n
(n + 1) 5n+1
tem-se que a série é absolutamente convergente quando y ∈ (−5, 5) e divergente quando

y ∈ (−∞, −5) ∪ (5, +∞) , isto é, a série dada é absolutamente convergente quando

x ∈ (−3, 7) e divergente quando x ∈ (−∞, −3) ∪ (7, +∞) .

Resta estudar nos pontos x = −3 e x = 7. Para x = −3 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
X (−1)n X 1
e para x = 7 obtém-se a série numérica .
n n
n=1 n=1
A primeira série é uma série alternada. Comecemos por estudar a convergência abso-
∞ ∞
X (−1)n X 1
luta desta série, isto é, comecemos por estudar a série = . É uma série
n n
n=1 n=1
divergente, pois é a série harmónica.

X (−1)n
Portanto, a série não é absolutamente convergente.
n
n=1
Será simplesmente convergente?
1
Como a sucessão xn = tem limite zero e é decrescente, pois
n
1 1 1
xn+1 − xn = − =− < 0, ∀n ∈ N,
n+1 n n (n + 1)

tem-se pelo critério de Leibnitz que a série é convergente.



X (−1)n
Portanto, a série é simplesmente convergente.
n
n=1
A segunda série é divergente, pois é a série harmónica.

X (x − 2)n
Assim, a série é absolutamente convergente em (−3, 7) , divergente em
n5n
n=1
(−∞, −3) ∪ [7, +∞) e simplesmente convergente em x = −3.

X (x − 1)n
g) Comecemos por notar que é uma série de potências de (x − 1) , com
n2 4n
n=1
1
an = . Fazendo a mudança de variável y = x − 1 obtemos uma séries de potências de
n2 4n
+∞
X 1 1
y dada por y n , com an = .
n2 4n n2 4n
n=1
8.4 Exercı́cios resolvidos 623

Como

1
an n2 4n (n + 1)2 × 4 × 4n 4 (n + 1)2
R = lim = lim = lim = lim = 4,
n an+1 n 1 n n2 4n n n2
(n + 1)2 4n+1

tem-se que a série é absolutamente convergente quando y ∈ (−4, 4) e divergente quando

y ∈ (−∞, −4) ∪ (4, +∞) , isto é, a série dada é absolutamente convergente quando

x ∈ (−3, 5) e divergente quando x ∈ (−∞, −3) ∪ (5, +∞) .

Resta estudar nos pontos x = −3 e x = 5. Para x = −3 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
X (−1)n X 1
e para x = 5 obtém-se a série numérica .
n2 n2
n=1 n=1
A primeira série é uma série alternada. Comecemos por estudar a convergência abso-
∞ ∞
X (−1)n X 1
luta desta série, isto é, comecemos por estudar a série = . É uma série
n2 n2
n=1 n=1
convergente, por ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1.

X (−1)n
Portanto, a série é absolutamente convergente.
n2
n=1
A segunda série é convergente, por ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1.

X (x − 1)n
Assim, a série é absolutamente convergente em [−3, 5] e divergente em
n2 4n
n=1
(−∞, −3) ∪ (5, +∞) .


X (−1)n xn
h) Comecemos por notar que é uma série de potências de x, com
n (n + 2)
n=1
(−1)n
an = .
n (n + 2)
Como

(−1)n
an n (n + 2) (n + 1) (n + 3)
R = lim = lim n+1 = lim = 1,
n an+1 n (−1) n n (n + 2)
(n + 1) (n + 3)

tem-se que a série é absolutamente convergente em (−1, 1) e divergente em (−∞, −1) ∪

∪ (1, +∞) .
624 Séries de potências

Resta estudar nos pontos x = −1 e x = 1. Para x = −1 obtém-se a série numérica


+∞ +∞
X 1 X (−1)n
e para x = 1 obtém-se a série numérica .
n (n + 2) n (n + 2)
n=1 n=1

1 1 X 1
Para a primeira série, como 0 ≤ ≤ 2 , para todo o n ∈ N, e a série é
n (n + 2) n n2
n=1
convergente, por ser uma série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da

X 1
comparação, que a série é convergente.
n (n + 2)
n=1

A segunda série é uma série alternada. Comecemos por estudar a convergência absoluta
∞ ∞
X (−1)n X 1
desta série, isto é, comecemos por estudar a série = . Como
n (n + 2) n (n + 2)
n=1 n=1
acabámos de ver é uma série convergente.

X (−1)n
Portanto, a série é absolutamente convergente.
n (n + 2)
n=1

X (−1)n xn
Assim, a série é absolutamente convergente em [−1, 1] e divergente em
n (n + 2)
n=1
(−∞, −1) ∪ (1, +∞) .


X (3 + 2x)n
i) Comecemos por notar que é uma série de potências de (3 + 2x) ,
n (n + 2) 2n
n=1
1
com an = . Fazendo a mudança de variável y = 3 + 2x obtemos uma séries de
n (n + 2) 2n
+∞
X 1 1
potências de y dada por y n , com an = .
n (n + 2) 2n n (n + 2) 2n
n=1
Como
1
an n (n + 2) 2n 2 (n + 1) (n + 3)
R = lim = lim = lim = 2,
n an+1 n 1 n n (n + 2)
(n + 1) (n + 3) 2n+1

tem-se que a série é absolutamente convergente quando y ∈ (−2, 2) e divergente quando

y ∈ (−∞, −2) ∪ (2, +∞) , isto é, a série dada é absolutamente convergente quando
     
5 1 5 1
x ∈ − ,− e divergente quando x ∈ −∞, − ∪ − , +∞ .
2 2 2 2
5 1 5
Resta estudar nos pontos x = − e x = − . Para x = − obtém-se a série numérica
2 2 2
+∞ +∞
X (−1)n 1 X 1
e para x = − obtém-se a série numérica .
n (n + 2) 2 n (n + 2)
n=1 n=1
8.4 Exercı́cios resolvidos 625

A primeira série é uma série alternada. Comecemos por estudar a convergência abso-
∞ ∞
X (−1)n X 1
luta desta série, isto é, comecemos por estudar a série = .
n (n + 2) n (n + 2)
n=1 n=1

1 1 X 1
Como 0 ≤ ≤ 2 , para todo o n ∈ N, e a série é convergente, por ser uma
n (n + 2) n n2
n=1
série de Dirichlet com α = 2 > 1, tem-se, pelo Critério geral da comparação, que a série

X 1
é convergente.
n (n + 2)
n=1

X (−1)n
Portanto, a série é absolutamente convergente.
n (n + 2)
n=1
A segunda série, como acabámos de ver, é uma série convergente.

(3 + 2x)n
 
X 5 1
Assim, a série é absolutamente convergente em − , − e divergente
n (n + 2) 2n 2 2
   n=1 
5 1
em −∞, − ∪ − , +∞ .
2 2

X
j) Comecemos por notar que n!xn é uma série de potências de x, com an = n!.
n=1
Como
an n! 1
R = lim = lim = lim = 0,
n an+1 n (n + 1)! n n+1

X
tem-se que a série n!xn é absolutamente convergente em x = 0 e divergente em R\ {0} .
n=1

3n
(1 − 2x)n é uma série de potências de (1 − 2x) ,
X
k) Comecemos por notar que
5n+1
n=1
3n
com an = n+1 . Fazendo a mudança de variável y = 1 − 2x obtemos uma séries de
5
+∞
X 3n n 3n
potências de y dada por y , com a n = .
5n+1 5n+1
n=1
Como
3n
an n+1 5 × 5n+1 3n 5
R = lim = lim 5n+1 = lim n n+1
= ,
n an+1 n 3 n 3 × 3 5 3
5 n+2
 
5 5
tem-se que a série é absolutamente convergente quando y ∈ − , e divergente quando
    3 3
5 5
y ∈ −∞, − ∪ , +∞ , isto é, a série dada é absolutamente convergente quando
 3 3    
1 4 1 4
x∈ − , e divergente quando x ∈ −∞, − ∪ , +∞ .
3 3 3 3
626 Séries de potências

1 4 1
Resta estudar nos pontos x = − e x = . Para x = − obtém-se a série numérica
3 3 3
+∞ +∞ n
X 1 4 X (−1)
e para x = obtém-se a série numérica .
5 3 5
n=1 n=1
Para a primeira série, como
1 1
lim = 6= 0,
n 5 5

X 1
tem-se que a série é divergente.
5
n=1
Para a segunda série, como
 1
n  se n é par,
(−1) 
5
=
5  −1

se n é ı́mpar,
5
tem-se que  1
se n é par,
(−1)n  5

lim =
n 5  − 1 se n é ı́mpar,

5
n ∞
X (−1)n
(−1)
ou seja, lim 6= 0, pelo que a série é divergente.
n 5 5
n=1

3n
 
X n 1 4
Assim, a série (1 − 2x) é absolutamente convergente em − , e diver-
5n+1 3 3
 n=1
  
1 4
gente em −∞, − ∪ , +∞ .
3 3

8.4.2. Desenvolva a função f (x) = ln (1 + x)2 em série de potências de (x + 2),

indicando o maior intervalo aberto em que a série representa a função.

Resolução:

Comecemos por notar que



2 (1 + x) 2 2 1
(x + 2)n ,
X
f ′ (x) = = = = −2 = −2
(1 + x)2 1+x −1 + x + 2 1 − (x + 2)
n=0

se |x + 2| < 1, ou seja, para todo o x ∈ (−3, −1) .

Portanto,
∞ ∞
" #
2
X n
X (x + 2)n+1
f (x) = ln (1 + x) = P −2 (x + 2) = −2 + C,
n+1
n=0 n=0
8.4 Exercı́cios resolvidos 627

para todo o x ∈ (−3, −1) .

Para x = −2, tem-se ln (1 − 2)2 = 0 + C ⇔ C = 0.



X (−2) (x + 2)n+1
Assim, f (x) = , para todo o x ∈ (−3, −1) .
n+1
n=0

8.4.3. Indique, justificando, para que valores reais de x é absolutamente convergente,



X n (x + 1)n
simplesmente convergente e divergente a série .
3n
n=1
Resolução:

X n (x + 1)n
Comecemos por notar que é uma série de potências de (x + 1) , com
3n
n=1
n
an = . Fazendo a mudança de variável y = x + 1 obtemos uma séries de potências de y
3n
+∞
X n n n
dada por n
y , com an = n .
3 3
n=1
Como
n
an n n × 3 × 3n 3n
R = lim = lim 3 = lim = lim = 3,
n an+1 n n+1 n (n + 1) 3n n n+1
3n+1

tem-se que a série é absolutamente convergente quando y ∈ (−3, 3) e divergente quando

y ∈ (−∞, −3) ∪ (3, +∞) , isto é, a série dada é absolutamente convergente quando

x ∈ (−4, 2) e divergente quando x ∈ (−∞, −4) ∪ (2, +∞) .

Resta estudar a natureza da série nos pontos x = −4 e x = 2. Para x = −4 obtém-se


+∞
(−1)n n, que é divergente, pois lim (−1)n n 6= 0. Para x = 2 obtém-se
X
a série numérica
n
n=1
+∞
X
a série numérica n, que também é divergente, pois lim n 6= 0.
n
n=1
∞ n
X n (x + 1)
Portanto, a série é absolutamente convergente em (−4, 2) e divergente
3n
n=1
em (−∞, −4] ∪ [2, +∞) .

x
8.4.4. a) Desenvolva em série de potências de x a função f (x) = . Indique,
(1 − x)2
justificando, para que valores de x o desenvolvimento é válido.
628 Séries de potências


X n
b) Usando a alı́nea a), calcule a soma da série .
3n
n=1
Resolução:
1
a) Comecemos por determinar o desenvolvimento de , notando que uma sua
(1 − x)2
1
primitiva é dada por .
1−x
1 ∞
xn em (−1, 1) e como uma série de potências se pode derivar termo
P
Como =
1−x n=0
a termo no seu intervalo de convergência, então

 ′ ∞
!′ ∞
1 1 X
n
X
= = x = nxn−1
(1 − x)2 1−x
n=0 n=1

em (−1, 1) .

Portanto,

x X
f (x) = = nxn
(1 − x)2 n=1

em (−1, 1) .
1
∞ ∞  n  
X n X 1 1 3 3
b) n
= n =f = 2 = .
3 3 3 1 4
n=1 n=1 1−
3

8.4.5. Considere a função f : R −→ R definida por f (x) = x ex .

a) Desenvolva f em série de Maclaurin e indique para que valores de x o desenvolvi-

mento é válido.

b) Recorrendo à série das derivadas do resultado da alı́nea a), calcule a soma da série

X n+1
.
n!
n=0

Resolução:
∞ ∞
X xn X xn+1
a) Sabendo que ex = , para todo o x ∈ R, tem-se que f (x) = x ex = ,
n! n!
n=0 n=0
para todo o x ∈ R.

b) A série obtida na alı́nea a) é uma série de potências, pelo que é derivável termo a
8.4 Exercı́cios resolvidos 629

termo no seu intervalo de convergência, isto é,



′ x
X (n + 1) xn
f (x) = (x + 1) e = ,
n!
n=0

para todo o x ∈ R.

Portanto,

X n+1
= f ′ (1) = 2e.
n!
n=0

2
8.4.6. Considere a função f : R −→ R definida por f (x) = x ex .

a) Desenvolva f em série de Maclaurin e indique para que valores de x o desenvolvi-

mento é válido.

b) Utilizando o resultado da alı́nea a) e por integração termo a termo, calcule a soma



X 1
da série .
(n + 1)!
n=0

Resolução:
∞ ∞
X xn 2
X x2n+1
a) Sabendo que ex = , para todo o x ∈ R, tem-se que f (x) = x ex = ,
n! n!
n=0 n=0
para todo o x ∈ R.

b) A série obtida na alı́nea a) é uma série de potências, pelo que é primitivável termo

a termo no seu intervalo de convergência, isto é,


2 Z xX+∞ 2n+1 +∞ Z x 2n+1
 exx2 1
 t X t
F (x) = P x e = − = dt = dt =
2 2 0 n=0 n! n!
n=0 0
+∞  x X+∞ ∞
X t2n+2 x2n+2 1 X x2n+2
= = = ,
(2n + 2) n! 0 (2n + 2) n! 2 (n + 1)!
n=0 n=0 n=0

para todo o x ∈ R.

Portanto,
∞  
X 1 e 1
= 2F (1) = 2 − = e − 1.
(n + 1)! 2 2
n=0
2
 2
 ex 1
Note-se que F (x) = P x ex = + C, com C ∈ R, e F (0) = 0, pelo que C = − .
2 2
630 Séries de potências

8.4.7. Diga, justificando, se as afirmações seguintes são verdadeiras ou falsas:



an (x − 3)n pode convergir no ponto x = 0 e divergir no
X
a) Uma série de potências
n=0
ponto x = 1.
∞ ∞
an 5n converge, então a série an (−2)n também converge.
P P
b) Se a série
n=1 n=1

an (x − 1)n é simples-
P
c) Seja (an )n uma sucessão de termos positivos tal que a série
n=1
mente convergente no ponto x = −1. Então, o raio de convergência da série de potências

an (x − 1)n é igual a 2.
P
n=1
Resolução:

a) Falso. Com efeito, se uma série de potências de (x − 3) tiver raio de convergência

R > 0, então a série converge absolutamente num intervalo da forma (3 − R, 3 + R) , sendo

este o maior intervalo aberto onde a série é convergente, podendo ainda ser convergente

nos extremos do intervalo.

Se a série é convergente em x = 0, então 0 ∈ [3 − R, 3 + R] , o que implica que R ≥ 3

e que 1 ∈ [3 − R, 3 + R] , isto é, a série não pode divergir no ponto x = 1.

Se o raio de convergência da série for +∞, então a série converge absolutamente em

todos os pontos de R, não havendo pontos onde seja divergente.



an 5n converge, então o raio de con-
P
b) Verdadeira. Com efeito, como a série
n=1
vergência verifica R ≥ 5. Por outro lado, como −2 ∈ (−5, 5) ⊆ (−R, R) , tem-se que

an (−2)n é absolutamente convergente.
P
a série
n=1

c) Verdadeira. Com efeito, existe R ≥ 0 tal que a série converge absolutamente em

(1 − R, 1 + R) e diverge em (−∞, 1 − R) ∪ (1 + R, +∞) .

Como a série é simplesmente convergente em x = −1, resulta que 1 − R = −1, isto é

R = 2, pois os pontos onde a série poderá ser simplesmente convergente são os extremos

do intervalo de convergência, isto é, x = 1 − R e x = 1 + R, e este último é positivo.


8.5 Exercı́cios propostos 631

8.5 Exercı́cios propostos

8.5.1. Determine os intervalos de convergência e convergência absoluta das séries

seguintes:
∞ ∞ ∞  n
X 1 X 1 X 1 2x
a) ; b) ; c) √ .
xn n (x + 2)n n x2 + 1
n=1 n=1 n=1

8.5.2. Estude quanto à convergência as séries seguintes:


∞ ∞ ∞
x2n (−1)n (n + 1)!xn 1
(x − 2)n ;
X X X
a) ; b) ; c)
2n + 1 2 × 4 × 6 × · · · × (2n) n
n=0 n=1 n=1

∞ ∞ ∞ n
(−1)n x2n+1 n (x + 1)2n

X X X n! 1
d) ; e) ; f) ;
2n + 1 3n nn x + 2
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
xn 3n n!
(nx)n ; (1 − 3x)2n ;
X X X
g) ; h) i)
n (n + 1) nn
n=1 n=1 n=1

∞ ∞ ∞
xn x2n 1
(x − 3)n ;
X X X
j) ; k) ; l) √
n2n n2n n+1
n=1 n=1 n=1

∞ ∞
X n  x n X (x − 1)n
m) ; n) .
n+1 3 (2n + 1) 4n
n=1 n=1


X 1 x n
8.5.3. Determine o intervalo de convergência da série a− , com a ∈ R.
n 2
n=1
Prove que existe um único valor de a para o qual a série é simplesmente convergente no

ponto x = 0.


X (−1)n xn+1
8.5.4. a) Sabendo que ln (1 + x) = obtenha, usando o Teorema da
n+1
n=0
1
derivação, um desenvolvimento em série de potências de x para a função f (x) = .
1+x

X (−1)n
b) Determine a soma da série .
(n + 1) 2n+1
n=0
632 Séries de potências

8.5.5. Quando possı́vel, desenvolva em série de Maclaurin ou em série de potências

de x as funções seguintes e indique o intervalo onde o desenvolvimento é válido (quando

não for possı́vel justifique a razão desse facto):


1
a) ex ; b) sen x; c) cos x; d) ;
1−x

e) ln (x + 3) ; f) x − 1; g) arctg x; h) sen (3x) + x cos (3x) ;

1 2x 1 x
i) ; j) ; k) ; l) .
(1 − x)2 1 − x2 3−x 9 + x2

8.5.6. Sabendo que

ex − e−x ex + e−x
senh x = , cosh x = , ∀x ∈ R,
2 2

escreva as respectivas séries de potências de x.

8.5.7. Obtenha por dois processos diferentes a série de Maclaurin da função

f (x) = (1 + x)−2 .

Qual é o raio de convergência da série?

2
8.5.8. Considere a função f (x) = .
2−x
a) Obtenha uma série de potências de x cuja função soma seja f (x) e indique o conjunto

onde esse desenvolvimento é válido.



b) Utilize a alı́nea anterior para obter uma série numérica cuja soma seja 2.

8.5.9. Obtenha, a partir do desenvolvimento em série de potências de x da função


x x3 + 3x
f (x) = , o desenvolvimento da função g (x) = e indique o intervalo onde
1 − x2 (1 − x2 )3
esse desenvolvimento é válido.

8.5.10. Escreva a série de Taylor de f (x) = ex no ponto 1.


8.5 Exercı́cios propostos 633

2
8.5.11. Desenvolva em série de potências de (x + 3) a função f (x) = e deter-
4x + 5
mine o raio de convergência da série obtida.

1
8.5.12. Desenvolva em série de potências de (x − 3) a função f (x) = e
x2 − 6x + 5
determine o raio de convergência da série obtida.

8.5.13. Desenvolva em série de potências de (x − 1) as funções f (x) = ln (3 − x) e


1
g (x) = . Em cada caso indique o maior intervalo aberto em que o desenvolvimento
x2
representa a função considerada.


X xn
8.5.14. Considere a série ex = , para todo o x ∈ R. Prove que:
n!
n=0
ex − 1
a) 0 < ln < x se x > 0;
x
ex − 1
b) x < ln < 0 se x < 0.
x
634 Séries de potências

8.6 Soluções dos exercı́cios propostos

8.5.1. a) absolutamente convergente: (−∞, −1) ∪ (1, +∞) ;

b) absolutamente convergente: (−∞, −3) ∪ (−1, +∞) ,


simplesmente convergente: {−3} ;

c) absolutamente convergente: (−∞, −1) ∪ (−1, 1) ∪ (1, +∞) ,


simplesmente convergente: {−1} .

8.5.2. a) R = 1,
absolutamente convergente: (−1, 1) ,
divergente: (−∞, −1] ∪ [1, +∞) ;

b) R = 2,
absolutamente convergente: (−2, 2) ,
divergente: (−∞, −2] ∪ [2, +∞) ;

c) R = 1,
absolutamente convergente: (1, 3) ,
simplesmente convergente: {1} ,
divergente: (−∞, 1) ∪ [3, +∞) ;

d) R = 1,
absolutamente convergente: (−1, 1) ,
simplesmente convergente: {−1, 1} ,
divergente: (−∞, −1) ∪ (1, +∞) ;

e) R = 3,
√ √ 
absolutamente convergente: − 3 − 1, 3 − 1 ,
√  √ 
divergente: −∞, − 3 − 1 ∪ 3 − 1, +∞ ;

f) R = e,
   
1 1
absolutamente convergente: −∞, − − 2 ∪ − 2, +∞ ,
e e
 
1 1
divergente: − − 2, − 2 ;
e e

g) R = 1,
absolutamente convergente: [−1, 1] ,
divergente: (−∞, −1) ∪ (1, +∞) ;
8.6 Soluções dos exercı́cios propostos 635

8.5.2. h) R = 0,
absolutamente convergente: {0} ,
divergente: (−∞, 0) ∪ (0, +∞) ;
e
i) R= ,
3
√  √ 
e 1 e 1
− √ +
absolutamente convergente: , √ + ,
3 3 3 3 3 3
 √  √ 
e 1 e 1
divergente: −∞, − √ + ∪ √ + , +∞ ;
3 3 3 3 3 3

j) R = 2,
absolutamente convergente: (−2, 2) ,
simplesmente convergente: {−2} ,
divergente: (−∞, −2) ∪ [2, +∞) ;

k) R = +∞,
absolutamente convergente: R;

l) R = 1,
absolutamente convergente: (2, 4) ,
simplesmente convergente: {2} ,
divergente: (−∞, 2) ∪ [4, +∞) ;

m) R = 3,
absolutamente convergente: (−3, 3) ,
divergente: (−∞, −3] ∪ [3, +∞) ;

n) R = 4,
absolutamente convergente: (−3, 5) ,
simplesmente convergente: {−3} ,
divergente: (−∞, −3) ∪ [5, +∞) .

8.5.3. R = 2,
absolutamente convergente: (−2 + 2a, 2 + 2a) ,
simplesmente convergente: {2 + 2a} ,
divergente: (−∞, −2 + 2a] ∪ (2 + 2a, +∞) ,
a = −1.


n 3
(−1) xn .
P
8.5.4. a) b) ln .
n=1 2
636 Séries de potências

P∞ xn ∞
P n x2n+1
8.5.5. a) em R; b) (−1) em R;
n=0 n! n=0 (2n + 1)!


n x2n ∞
xn em (−1, 1) ;
P P
c) (−1) em R; d)
n=0 (2n)! n=0


P n+1 xn
e) ln 3 + (−1) em (−3, 3] ; f ) impossı́vel;
n=1 n3n


P n−1 x2n−1 ∞
P n (n + 2) 32n x2n+1
g) (−1) em [−1, 1] ; h) 2 (−1) em R;
n=1 2n − 1 n=0 (2n + 1)!
∞ ∞
(n + 1) xn em (−1, 1) ; 2xn+1 em (−1, 1) ;
P P
i) j)
n=0 n=0

P∞ xn ∞
P n x2n+1
k) n+1
em (−3, 3) ; l) (−1) em (−3, 3) .
n=0 3 n=0 9n+1


P x2n+1 P∞ x2n
8.5.6. senh x = em R e cosh x = em R.
n=0 (2n + 1)! n=0 (2n)!


n
(−1) (n + 1) xn e R = 1.
P
8.5.7.
n=0

√ !n
P∞ xn ∞
P 2− 2
8.5.8. a) n
em (−2, 2) . b) .
n=0 2 n=0 2

n
∞ ∞ (x − 1)
(n + 2) (2n + 5) x2n+3 em (−1, 1) .
P P
8.5.9. 8.5.10. e em R.
n=0 n=0 n!

∞ 22n+1 7 ∞ (−1)n+1 − 1
P n P n
8.5.11. − n+1
(x + 3) e R = . 8.5.12. n+3
(x − 3) e R = 2.
n=0 7 4 n=0 2

∞ (x − 1)n+1 ∞
P P n n
8.5.13. f (x) = ln 2 − n+1
em (−1, 3) e g (x) = (−1) (n + 1) (x − 1) em (0, 2) .
n=0 (n + 1) 2 n=0
Capı́tulo 9

Lista de matemáticos

Neste capı́tulo apresentamos a lista dos matemáticos referidos no texto. A biogra-

fia destes matemáticos pode ser consultada, por exemplo, em https://mathshistory.st-

andrews.ac.uk/.

Niels Henrik Abel (ver Figura 9.1) nasceu em Frindöe, Noruega, a 5 de Agosto de

1802 e faleceu em Froland, Noruega, a 6 de Abril de 1829.

Niels Abel foi um matemático norueguês, que provou a impossibilidade de resolver

algebricamente a equação geral do quinto grau.

Figura 9.1: Niels Abel


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Abel/, 12 de Julho de 2020).
637
638 Lista de matemáticos

Jean Le Rond d’Alembert (ver Figura 9.2) nasceu em Paris, França, a 17 de

Novembro de 1717 e faleceu em Paris, França, a 29 de Outubro de 1783.

Jean d’Alembert foi um filósofo, matemático e fı́sico francês, que foi um pioneiro no

estudo de equações diferenciais.

Figura 9.2: Jean d’Alembert


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/DAlembert/, 12 de Julho de 2020).

Arquimedes (ver Figura 9.3) nasceu em Siracusa, na Sicı́lia, em 287 a.C. e faleceu

em Siracusa, na Sicı́lia, em 212 a.C..

Arquimedes foi um matemático, fı́sico, engenheiro, inventor e astrónomo grego e é

considerado um dos principais cientistas da Antiguidade Clássica.

Isaac Barrow (ver Figura 9.4) nasceu em Londres, Inglaterra, em Outubro de 1630

e faleceu em Londres, Inglaterra, a 4 de Maio de 1677.

Isaac Barrow foi um teólogo e matemático inglês.

Jacob (Jacques) Bernoulli (ver Figura 9.5) nasceu em Basileia, Suiça, a 6 de Janeiro

de 1655 e faleceu em Basileia, Suiça, a 16 de Agosto de 1705.

Jacob Bernoulli foi um matemático suiço, tendo sido o primeiro a usar o termo “inte-

gral”.
639

Figura 9.3: Arquimedes


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Archimedes/, 8 de Julho de 2020).

Figura 9.4: Isaac Barrow


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Barrow/, 10 de Julho de 2020).
640 Lista de matemáticos

Figura 9.5: Jacob Bernoulli


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Bernoulli Jacob/, 10 de Julho de
2020).

Bernard Placidus Johann Nepomuk Bolzano (ver Figura 9.6) nasceu em Praga,

Boémia, actual República Checa, a 5 de outubro de 1781 e faleceu em Praga, Boémia,

actual República Checa, a 18 de dezembro de 1848.

Bernard Bolzano estudou teologia, matemática e filosofia na Universidade de Praga,

tendo sido ordenado sacerdote da Igreja Católica em 1805.

Figura 9.6: Bernard Bolzano


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Bolzano/, 4 de Julho de 2020).
641

Georg Ferdinand Ludwig Philipp Cantor (ver Figura 9.7) nasceu em São Peters-

burgo, Rússia, a 3 de Março de 1845 e faleceu em Halle, Alemanha, a 6 de Janeiro de

1918.

Georg Cantor foi um matemático alemão nascido no Império Russo e é considerado

um dos fundadores da teoria de conjuntos.

Figura 9.7: Georg Cantor


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Cantor/, 11 de Julho de 2020).

Augustin Louis Cauchy (ver Figura 9.8) nasceu em Paris, França, a 21 de Agosto

de 1789 e faleceu em Sceaux (próximo de Paris), França, a 23 de Maio de 1857.

Augustin Cauchy é considerado um dos maiores matemáticos de todos os tempos,

foi pioneiro no estudo da análise, real e complexa, e da teoria de pemutação de grupos.

Dedicou-se também ao estudo da convergência e divergência de sucessões e séries, equações

diferenciais, determinantes, probabilidades e fı́sica matemática.

Bonaventura Francesco Cavalieri (ver Figura 9.9) nasceu em Milão, Itália, em1598

e faleceu em Bolonha, Itália, a 30 de Novembro de 1647.

Bonaventura Cavalieri foi um sacerdote matemático italiano, discı́pulo de Galileu e é

considerado um dos precursores do cálculo integral.


642 Lista de matemáticos

Figura 9.8: Augustin Cauchy


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Cauchy/, 4 de Julho de 2020).

Figura 9.9: Bonaventura Cavalieri


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Cavalieri/, 9 de Julho de 2020).
643

José Anastácio da Cunha nasceu em Lisboa, Portugal, em 1744 e faleceu em Lisboa,

Portugal, a 1 de Janeiro de 1787.

José Anastácio da Cunha foi um militar, matemático e poeta português.

Jean Gaston Darboux (ver Figura 9.10) nasceu em Nimes, França, a 14 de agosto

de 1842 e faleceu em Paris, França, a 23 de fevereiro de 1917.

Gaston Darboux foi um matemático francês, tendo o seu nome ficado ligado aos con-

ceitos de somas e integrais de Darboux.

Figura 9.10: Gaston Darboux


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Darboux/, 4 de Julho de 2020).

Johann Peter Gustav Lejeune Dirichlet (ver Figura 9.11) nasceu em Düren,

Alemanha, a 13 de Fevereiro de 1805 e faleceu em Göttingen, Alemanha, a 5 de Maio de

1859.

Lejeune Dirichlet foi um matemático alemão, a quem se atribui a definição moderna

de função.

Pierre de Fermat (ver Figura 9.12) nasceu em Beaumont-de-Lomange, França, a 17

agosto de 1601 e faleceu em Castres, França, a 12 de Janeiro de 1665.

Pierre de Fermat foi um magistrado, matemático e cientista e é considerado o pai da


644 Lista de matemáticos

Figura 9.11: Lejeune Dirichlet


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Dirichlet/, 11 de Julho de 2020).

Geometria Analı́tica.

Figura 9.12: Pierre de Fermat


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Fermat/, 4 de Julho de 2020).

James Gregory (ver Figura 9.13) nasceu em Drumoak, Escócia, em Novembro de

1638 e faleceu em Edimburgo, Escócia, em Outubro 1675.

James Gregory foi um matemático e astrónomo escocês.


645

Figura 9.13: James Gregory


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Gregory/, 10 de Julho de 2020).

Paul Guldin (ver Figura 9.14) nasceu em St Gall, actual Sankt Gallen, Suiça, a 12

de Junho de 1577 e faleceu em Graz, Áustria, a 3 de Novembro de 1643.

Paul Guldin foi um matemático e astrónomo jesuı́ta suı́ço.

Figura 9.14: Paul Guldin


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Guldin/, 10 de Julho de 2020).

Guillaume François Antoine Marquis de L’Hôpital (ver Figura 9.15) nasceu em

Paris, França, em 1661 e faleceu em Paris, França, a 2 de Fevereiro de 1704. Existem

várias grafias do nome L’Hôpital, entre as quais L’Hospital.

Guillaume de L’Hospital foi um matemático francês, que escreveu o primeiro livro


646 Lista de matemáticos

sobre cálculo infinitesimal.

Figura 9.15: Guillaume de L’Hospital


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/De LHopital/, 4 de Julho de 2020).

Johannes Kepler (ver Figura 9.16) nasceu em Weil der Stadt, Alemanha, a 27 de

Dezembro de 1571 e faleceu em Regensburg, Alemanha, a 15 de Novembro de 1630.

Kepler foi um matemático e atrónomo alemão, que descobriu que a Terra e os planetas

andam em volta do Sol em órbitas elı́pticas e enunciou as três leis relativas ao movimento

dos planetas em torno do Sol – Leis de Kepler.

Figura 9.16: Johannes Kepler


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Kepler/, 9 de Julho de 2020).
647

Joseph-Louis Lagrange (ver Figura 9.17) nasceu em Turim, Itália, a 25 de Janeiro

de 1736 e faleceu em Paris, França, a 10 de Abril de 1813.

Joseph-Louis Lagrange foi um matemático e astrónomo italiano naturalizado francês,

com contributos em todos os ramos da análise, teoria dos números e mecânica clássica e

celeste.

Figura 9.17: Joseph-Louis Lagrange


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Lagrange/, 4 de Julho de 2020).

Henri Léon Lebesgue (ver Figura 9.18) nasceu em Beauvais, França, a 28 de Junho

de 1875 e faleceu em Paris, França, a 26 de Julho de 1941.

Henri Lebesgue foi um matemático francês, que formulou a teoria da medida e apre-

sentou definição de integral de Lebesgue que generaliza a noção de integral de Riemann.

Gottfried Wilhelm von Leibniz (ver Figura 9.19) nasceu em Leipzig, Alemanha, a

1 de Julho de 1646 e faleceu em Hanover, Alemanha, a 14 de Novembro de 1716.

Gottfried Leibniz foi um prestigiado matemático, cientista, filósofo, diplomata e bibli-

otecário alemão.

Rudolf Otto Sigismund Lipschitz (ver Figura 9.20) nasceu em Königsberg, Rússia,

a 14 de Maio de 1832 e faleceu em Bonn, Alemanha, a 7 de Outubro de 1903.

Rudolf Lipschitz foi um matemático alemão, tendo o seu nome ficado ligado à condição
648 Lista de matemáticos

Figura 9.18: Henri Lebesgue


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Lebesgue/, 11 de Julho de 2020).

Figura 9.19: Gottfried Leibniz


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Leibniz/, 4 de Julho de 2020).
649

de Lipschitz.

Figura 9.20: Rudolf Lipschitz


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Lipschitz/, 12 de Julho de 2020).

Colin Maclaurin (ver Figura 9.21) nasceu em Kilmodan, Escócia, em Fevereiro de

1698 e faleceu em Edimburgo, Escócia, a 14 de Junho de 1746.

Colin Maclaurin foi um matemático escocês, com contributos importantes na Geome-

tria e Álgebra.

Figura 9.21: Colin Maclaurin


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Maclaurin/, 5 de Julho de 2020).
650 Lista de matemáticos

Pietro Mengoli (ver Figura 9.22) nasceu em Bolonha, Itália, em 1626 e faleceu em

Bolonha, Itália, em 1686.

Pietro Mengoli foi um matemático e clérigo italiano, que trabalhou em séries e limites

de figuras geométricas.

Figura 9.22: Pietro Mengoli


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Mengoli/, 12 de Julho de 2020).

Franz Carl Joseph Mertens (ver Figura 9.23) nasceu em Schroda, Reino da Prússia,

actual Polónia, a 20 de Março de 1840 e faleceu em Viena, Áustria, a 5 de Março de 1927.

Franz Mertens foi um matemático polaco, com contributos em várias áreas.

Isaac Newton (ver Figura 9.24) nasceu em Woolsthorpe, Inglaterra, a 4 de janeiro

de 1643 e faleceu em Londres, Inglaterra, a 31 de março de 1727.

Isaac Newton foi um astrónomo, filósofo, teólogo e cientista inglês, mais reconhecido

como fı́sico e matemático.

Joseph Ludwig Raabe (ver Figura 9.25) nasceu em Brody, Galı́cia, actual Ucrânia,

a 15 de Maio de 1801 e faleceu em Zurique, Suiça, a 22 de Janeiro de 1859.

Joseph Raabe foi um matemático suiço, lembrado principalmente pelo Critério de

Raabe para convergência de séries.


651

Figura 9.23: Franz Mertens


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Mertens/, 12 de Julho de 2020).

Figura 9.24: Isaac Newton


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Newton/, 4 de Julho de 2020).
652 Lista de matemáticos

Figura 9.25: Joseph Raabe


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Raabe/, 12 de Julho de 2020).

Georg Friedrich Bernhard Riemann (ver Figura 9.26) nasceu em Breselenz, Ale-

manha, a 17 de Setembro de 1826 e faleceu em Selasca, Itália, a 20 de Julho de 1866.

Bernhard Riemann foi um matemático alemão, com contributos fundamentais para a

análise e a geometria.

Figura 9.26: Bernhard Riemann


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Riemann/, 10 de Julho de 2020).

Michel Rolle nasceu em Ambert, França, a 21 de Abril de 1652 e faleceu em Paris,

França, a 8 de Novembro de 1719.

Michel Rolle foi um matemático francês, tendo o seu nome ficado ligado ao Teorema
653

de Rolle.

Gregorius Saint-Vincent (ver Figura 9.27) nasceu em Bruges, Bélgica, a 8 de Se-

tembro de 1584 e faleceu em Ghent, Bélgica, a 27 de Janeiro de 1667.

Gregorius Saint-Vincent foi um matemático jesuı́ta flamengo.

Figura 9.27: Gregorius Saint-Vincent


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Saint-Vincent/, 9 de Julho de 2020).

Hermann Amandus Schwarz (ver Figura 9.28) nasceu em Hermsdorf, Silésia, actual

Polónia, a 25 de Janeiro de 1843 e faleceu em Berlim, Alemanha, a 30 de Novembro de

1921.

Hermann Schwarz foi um matemático alemão, que é conhecido pelo seu trabalho em

análise complexa.

Brook Taylor (ver Figura 9.29) nasceu em Edmonton, Inglaterra, a 18 de Agosto de

1685 e faleceu em Somerset House, Londres, Inglaterra, a 29 de Dezembro de 1731.

Brook Taylor foi um matemático inglês conhecido pelo Teorema de Taylor e pelas séries

de Taylor.
654 Lista de matemáticos

Figura 9.28: Hermann Schwarz


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Schwarz/, 11 de Julho de 2020).

Figura 9.29: Brook Taylor


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Taylor/, 4 de Julho de 2020).
655

Carl Johannes Thomae (ver Figura 9.30) nasceu em Laucha, Alemanha, a 11 de

Dezembro de 1840 e faleceu em Jena, Alemanha, a 1 de Abril de 1921.

Carl Johannes Thomae foi um matemático alemão, que trabalhou em teoria de funções.

Figura 9.30: Carl Johannes Thomae


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Thomae/, 11 de Julho de 2020).

Vincenzo Viviani (ver Figura 9.31) nasceu em Florença, Itália, a 5 de Abril de 1622

e faleceu em Florença, Itália, a 22 de Setembro de 1703.

Vincenzo Viviani foi um matemático e fı́sico italiano.

Figura 9.31: Vincenzo Viviani


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Viviani/, 9 de Julho de 2020).
656 Lista de matemáticos

Karl Theodor Wilhelm Weierstrass (ver Figura 9.32) nasceu em Ostenfelde, Ale-

manha, a 31 de outubro de 1815 e faleceu em Berlim, Alemanha, a 19 de fevereiro de

1897.

Karl Weierstrass foi professor na Universidade de Berlim e é considerado o pai da

análise moderna.

Figura 9.32: Karl Weierstrass


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Weierstrass/, 4 de Julho de 2020).

Zenão de Eleia (ver Figura 9.33) nasceu em Eleia, Itália, cerca de 490 a.C. e faleceu

em Eleia, Itália, cerca de 425 a.C..

Zenão de Eleia foi um filósofo da Grécia antiga, que ficou famoso por apresentar para-

doxos que desafiaram matemáticos durante muitos séculos.


657

Figura 9.33: Zenão de Eleia


(https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Zeno of Elea/, 12 de Julho de 2020).
658 Lista de matemáticos
Bibliografia

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[JCB 91] J. C. Burkill, A First Course in Mathematical Analysis, Cambridge Univer-

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[JCF 90] J. Campos Ferreira, Introdução à Análise Matemática, Fundação Calouste

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[MacTutor] MacTutor History of Mathematics Archive, https://mathshistory.st-

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2019.

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[JR] J. Ribeiro, Lições de Análise Matemática, Universidade de Évora.

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[SV 12a] S. Vinagre, Sebenta de Análise Matemática I, Universidade de Évora, 2012.

[SV 12b] S. Vinagre, Sebenta de Análise Matemática II, Universidade de Évora, 2012.

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