O que é uma comunidade educante, se não aquela que acolhe todos
quantos vem a seu encontro de modo que a ajudá-los a chegar à plena maturidade da estatura de Cristo. Porém para dar é necessário possuir. Esta comunidade deve ser formada por irmãs que busquem viver o ideal da humanização primeiro entre si. E viver este ideal se concretiza no ” prendersi cura” do humano, que vai muito além de dar de comer, beber e vestir. É buscar a dignidade do ser, seus direitos, seu crescimento intelectual e emocional, basando-se em valores como respeito e um ambiente religioso, onde se busca a santidade, contudo quem a busca deve ser humana, Deus revelou seu plano de salvação aos seres humanos. E como seria buscar a plenitude da humanidade para avançar em direção ao Reino de Deus, onde seremos plenamente quem somos chamados a ser? Crescimento e amadurecimento na reciprocidade: Cada irmã participa no processo de amadurecimento das demais. Por isso devemos arrancar de nossos corações a tentação do individualismo, da rivalidade, da competição. É bem verdade que cada uma tem o seu caminho pessoal, mas também é verdade que nossos caminhos se encontram, o próprio texto nos diz que somos responsáveis por construir uma rede de relações interpessoais e de um estilo de vida de comunhão, o dom da comunhão vem certamente do Espirito Santo, mas se não abrirmos o coração à sua graça e colocarmos a nossa força de vontade que deve estar centrada no Senhor, nada acontecerá por si só. Ambiente sereno e positivo: A serenidade e positividade em nada tem a ver com a falta de conflitos. Imaginem ter um coração tão livre, que no momento em que uma irmã, na caridade, aponta um defeito meu, eu seja capaz de dizer para mim mesma, talvez a irmã esteja certa, será que devo melhorar neste aspecto? Viver em serenidade e positividade é sinal de que estamos livres de certos condicionamentos. Uma irmã que vê coisas negativas nas outra irmãs e na comunidade tem uma escolha a fazer, examinar seu coração e discernir se o que percebe é fruto do desejo de que a comunidade cresça, ou sente inveja e alegria, mesmo que falsa pelos erros dos outros, assim ela poderá corrigir sim, mas com o espirito de crescimento. E a irmã que receberá a critica, também passará por um processo de decisão, ver na correção um meio de maturação, percebendo que ainda precisa crescer em tantos aspectos, e acolher como sinal de caridade fraterna, ou achar que existem sinais de rivalidade e inveja. Na vida comunitária o quotidiano é feito de escolhas que refletem o nosso caminho espiritual e humano. Espaço criativo: vivemos em meio a uma grande mudança de perspectiva na vida religiosa, mudança que foi iniciada a mais de 50 anos com o Concilio, mas que precisa de uma grande coragem, não só das autoridades, mas também de cada irmã. Somos chamadas a viver a corresponsabilidade, somos todas responsáveis pela construção e desenvolvimento da comunidade, por gerar um ambiente sereno e alegre, por mediar conflitos. Este não é mais exclusivamente “trabalho” da animadora de comunidade, mas de todas. Temos uma regra de vida e um diretório, vivemos a partir de normas, o que é imprescindível, se não viveríamos em uma anarquia, todas fariam aquilo que achassem certo sem nenhuma base, porém devemos colocar em prática a criatividade, sinal do Espirito de Deus em nós. Elaborar a própria identidade: não adianta acolher as pessoas desejando ajudá-las, se nós mesmas não buscamos a nossa formação. O que seria de nós se o senhor não nos tivésse escolhido para nos consagrar a Ele, o que seriamos? Quem seriamos? Vivemos repletas de lacunas em nossas vida, as quais devemos nos conscientizar, mesmo que doa. A coragem de mudar deve ser forte. Elaborar a própria identidade, significar lutar para ser quem Deus em seu infinito amor deseja que eu seja, ser plenamente eu, executar plenamente minha missão. Requer escolhas, cortes, descobertas, mas é o caminho para a apropriação da liberdade que Deus já me concedeu.