Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA


Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

Apostila -
ANATOMIA ANIMAIS
DOMÉSTICOS
Estudo dos Ossos dos Membros Pélvicos

BRASÍLIA-DF
1º Semestre de 2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

REFLEXÃO

“Há pessoas que lutam um dia e são boas. Há outras que lutam um ano e são
melhores. Mas há as que lutam toda a vida e são imprescindíveis.” Bertold Brecht

“A humildade exprime, uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém
é superior a ninguém.” Paulo Freire

“Haverá um dia em que o homem conhecerá o íntimo do animal, neste dia, um crime
contra um animal será considerado um crime contra a humanidade.” Leonardo da
Vinci

E-mail: cristiano.moura@p.ucb.br

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 2 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

AULA PRÁTICA – ESTUDO DOS OSSOS DO MEMBRO PÉLVICO1


O membro pélvico é constituído de quatro segmentos: cintura pelvina, coxa, perna e pé.

1.1 CINTURA PÉLVICA OU CÍNGULO DO MEMBRO PÉLVICO

O cíngulo pélvico, popular quadril, é formado pelos dois ossos coxais. Cada osso coxal é formado pelos ossos ílio,
ísquio e púbis. Eles são unidos ventralmente pela sínfise pélvica e fixados dorsalmente em ambos os lados por uma
articulação sinovial plana com o osso sacro.

1.1.1 Acetábulo

1.1.1.1. É a cavidade que aloja e se articula com a cabeça do fêmur. Ele é formado por partes dos três ossos do coxal.
1.1.1.2. A superfície do acetábulo apresenta uma área rugosa, não-articular, a fossa do acetábulo (fig. 1), destinada à
inserção do ligamento da cabeça do fêmur.
1.1.1.3. A margem do acetábulo é descontinua devido à presença de duas incisuras; uma caudal, voltada para o forame
obturado, a incisura do acetábulo (fig. 1) e outra cranial, a incisura acetabular cranial. A incisura cranial (fig.
1) só está presente nos bovinos.

Fossa do acetábulo

Incisura do acetábulo

Incisura acetabular
cranial

Forame obturado
FIGURA 1 – Vista lateral do acetábulo direito de bovino.

_________________
1 – Texto baseado na obra: GODINHO, H.P.; CARDOSO, F.M.; NASCIMENTO, J.F. Anatomia dos ruminantes domésticos. Belo Horizonte. Universidade
Federal de Minas Gerais. 1983.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 3 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

1.1.2 Forame obturado (fig 1)

É o espaço circunscrito pelo pube e ísquio. O forame apresenta algumas características ligadas ao sexo. Na fêmea, ele é
mais largo e quase circular. No macho, é mais estreito e ovóide. A designação “obturado” é dado em razão da existência
de músculos (músculos obturadores externo e interno) e outras estruturas que ocluem seu lume. Ele é atravessado pelo
nervo, artéria e veia obturatórios. Estas estruturas podem ser lesadas em partos forçados levando a prejuízos
locomotores.

1.1.3 Osso Ílio


1.1.3.1. É o maior e mais cranial dos três ossos do quadril. Ele é irregularmente triangular.
1.1.3.2. A porção mais larga do ílio é chamada asa do ílio (fig. 2). A face glútea (fig. 2) da asa do ílio é côncava e está
voltada dorsolateralmente, onde estão alojados os músculos glúteos. Ela apresenta uma rugosidade, disposta
longitudinalmente, denominada linha glútea (fig. 2). A face sacropelvina (fig. 3) é convexa e articula-se com o
sacro.
1.1.3.3. A face sacropelvina apresenta ainda uma face articular para articulação com o sacro denominada face auricular
(fig. 3) e a tuberosidade do ílio (fig. 3), que é uma área rugosa para inserção de ligamentos, localizada caudal à
face auricular.
1.1.3.4. O eixo maior da asa do ílio orienta-se transversalmente e termina em duas extremidades angulares,
denominadas túber sacral (fig. 2), situado medialmente, e túber coxal (fig. 2), lateralmente. Unindo os dois
túberes encontra-se a crista ilíaca (fig. 2).
1.1.3.5. O túber sacral continua-se caudalmente com a incisura isquiádica maior (fig. 2), que se estende até a espinha
isquiádica (fig. 2).
1.1.3.6. O corpo do ílio (fig. 2) é estreito e termina caudalmente fundindo-se ao púbis e ao ísquio.
1.1.3.7. A face medial do corpo do ílio apresenta uma elevação linear, chamada linha arqueada (fig. 3). Esta linha dirige-
se ventralmente em direção ao púbis e é interrompida no terço médio por uma elevação rugosa, o tubérculo do
músculo psoas menor (fig. 3), que dá inserção ao músculo de mesmo nome.
1.1.3.8. A linha arqueada termina na eminência iliopúbica (fig. 3), do púbis.

Crista ilíaca Tuber sacral Incisura isquiática menor

Incisura isquiática maior


Asa do ílio:
face glútea Espinha isquiática

Corpo do ílio
Túber coxal
Linha glútea

FIGURA 2 – Vista lateral do osso coxal direito do bovino.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 4 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

Asa do ílio: face


sacropélvica

Face auricular

Tuberosidade do ílio

Linha arqueada

Tubérculo do
músculo
psoas menor
Eminência iliopúbica

FIGURA 3 – Vista cranial do osso coxal direito do bovino.

1.1.4 Osso Ísquio


1.1.4.1. O ísquio constitui, juntamente com o do lado oposto, a porção caudal do assoalho da pelve.
1.1.4.2. A face sinfisial está voltada para a sínfise pélvica.
1.1.4.3. O ramo do ísquio (fig. 4) forma junto ao ramo caudal do púbis a porção medial ao forame obturado.
1.1.4.4. O corpo do ísquio (fig. 4) constitui a parede lateral do forame obturado e estende-se até o acetábulo.
1.1.4.5. A tábua ou tábula do ísquio (fig. 4) é a porção mais larga e caudal do ísquio.
1.1.4.6. O túber isquiádico (fig. 5) é a extremidade caudolateral do ísquio. Ele é facilmente palpável no animal vivo.
1.1.4.7. A incisura isquiádica menor (fig. 2) é a reentrância do ísquio que se estende da espinha isquiádica ao túber
isquiádico.
1.1.4.8. As bordas caudais das tábuas dos ísquios formam o arco isquiádico (fig. 5) entre os dois túberes isquiádicos.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 5 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

Corpo do ísquio

Tábula do ísquio
Ramo do ísquio

FIGURA 4 – Vista lateral do osso coxal direito de bovino.

Túber isquiático

Arco
isquiático

FIGURA 5 – Vistal dorsal da porção caudal do osso coxal de bovino

1.1.5 Osso Púbis


Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 6 de 14
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

1.1.5.1. O púbis é o menor dos três ossos e forma a porção cranial do assoalho da pelve. Tem a forma de um “L”.
1.1.5.2. O ramo cranial do púbis (fig. 6) delimita cranialmente o forame obturado. O ramo caudal do púbis (fig. 6)
forma junto ao ramo do ísquio a porção medial ao forame obturado.
1.1.5.3. O corpo do púbis (fig. 6) é a extremidade lateral do ramo cranial e contribui para a formação do acetábulo.
1.1.5.4. A face sinfisial do osso púbis está voltada para a sínfise pélvica.
1.1.5.5. O pécten do osso púbis (fig. 6) é a borda cranial do ramo cranial do púbis. Ela é medial à eminência iliopúbica
e dá origem ao músculo pectíneo.
1.1.5.6. O tubérculo púbico dorsal é uma elevação dorsal da sínfise púbica no macho, especialmente no eqüino. O
tubérculo púbico ventral é a elevação paramediana ventral dos púbis.

Corpo do púbis

Ramo cranial
do púbis
Pécten do púbis

Ramo caudal
do púbis

FIGURA 6 – Vista lateral do osso coxal direito de bovino.

1.1.6 Pelve óssea


1.1.6.1. A pelve é a parte do tronco situada caudalmente ao abdome. Seu esqueleto é constituído pelos ossos coxais,
sacro e as três primeiras vértebras coccígeas (Godinho et al., 1985).
1.1.6.2. Em bovinos é possível observar uma crista mediana na face ventral da sínfise pévica, a crista sinfisial (Fig. 2, n.
30).
1.1.6.3. A pelve é alongada e cilindróide, comprimida lateralmente (principalmente nos machos). Os ossos, com as
partes moles que os recobrem, formam uma cavidade, denominada cavidade pelvina.
1.1.6.4. Esta cavidade tem duas aberturas, uma cranial e outra caudal. A abertura cranial da pelve é mais ampla e
delimitada pelo promontório sacral, pelos ílios e púbis. Ela tem conformação variável com o sexo, indo de
ovóide a quase circular da fêmea, permanecendo ovóide nos machos.
1.1.6.5. A abertura caudal da pelve é menor que a cranial. Ela tem como contorno ventral o arco isquiádico, que é mais
aberto nas fêmeas. A porção laterodorsal desta abertura está formada predominantemente por estruturas moles,
destacando-se o ligamento sacrotuberal, e tendo as vértebras coccígeas como elemento esquelético.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 7 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

1.1.6.6. A cavidade pelvina tem um teto ou abóboda formada pelo sacro e pelas 3 primeiras vértebras cocígeas, e um
assoalho, representado pelo púbis e ísquio dos dois lados. O forame obturado interrompe a continuidade óssea
do assoalho pelvino. As paredes laterais são completadas por ligamentos e músculos.
1.1.6.7. A cavidade pélvica serve, entre outros, como canal do parto. Logo em função da aplicação prática em obstetrícia,
é necessário conhecer seus diâmetros.
1.1.6.8. Diâmetro conjugado verdadeiro (fig. 4) - é representado por uma linha vertical que une o promontório sacral ao
extremo cranial da sínfise pelvina, que oferece a medida da entrada pélvica.
1.1.6.9. Diâmetro vertical (fig. 5) – desde a extremidade cranial da sínfise pélvica até o teto da cavidade pélvica. Ele
indica a altura da cavidade pélvica.
1.1.6.10. O ângulo formado entre o diâmetro conjugado verdadeiro e o vertical indica a inclinação da pelve. Ela é
maior na fêmea do que no macho e na égua do que na vaca, o que favorece o parto dos eqüinos em relação aos
bovinos, já que o ângulo de deflexão entre o útero e a vagina é menor.
1.1.6.11. Diâmetros transversais (figs. 4 e 5) - existem cinco diâmetros transversais. Três deles são delineados
na abertura cranial da pelve e são traçados entre: a) as margens ventrais da articulação sacro-ilíaca, b) os
tubérculos do músculo psoas menor e, c) as eminências ílio-púbicas. Os outros dois são traçados entre os
pontos mais altos das espinhas isquiádicas e entre os túberes isquiádicos.

Fig. 4. Vista cranial da pelve bovina. Diâmetro


conjugado verdadeiro (Cv) e diâmetros transversais
da entrada da pelve

Fig. 5. Vista lateral da pelve bovina. Diâmetro


vertical (Pv) e diâmetros transversais tracçados
entre as espinhas isquiádicas e entre os túberes
esquiádicos.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 8 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

Fig. 6. Contorno da entrada da pelve da égua (A), garanhão (B) e da vaca (C). Observar as diferenças na forma da entrada pélvica.
Fonte: Dyce et al., 1996.

1.2. FÊMUR (figs. 7 e 8)


1.2.1.O fêmur é o osso da coxa.
1.2.2.A extremidade proximal do fêmur consiste de cabeça, colo e trocânteres maior e menor.
1.2.3.A cabeça do fêmur (Fig. 7, n.1) é uma proeminência arredondada dirigida medialmente. Articula-se com o
acetábulo. A cartilagem hialina cobre toda a face articular, exceto numa depressão central, a fóvea da cabeça do
fêmur (Fig. 7, n.1’), onde se insere o ligamento da cabeça do fêmur.
1.2.4.O colo do fêmur (Fig. 7, n.2) é o segmento ósseo que prende a cabeça ao corpo.
1.2.5.O trocânter maior do fêmur é a protuberância que se destaca da face lateral da extremidade proximal do osso e
se projeta proximalmente. Ele dá inserção aos Mm. glúteos médio e profundo.
1.2.6.A face medial do trocânter maior é côncava, perfurada por inúmeros forames e delimita a fossa trocantérica (Fig.
7, n.10), cavidade aberta caudalmente e que dá inserção aos pequenos músculos rotatores do quadril.
1.2.7.O trocânter menor do fêmur (Fig. 7, n.9) situa-se na face caudomedial da extremidade proximal. É uma saliência
rugosa, de aspecto arredondado nos pequenos ruminantes, que dá inserção ao músculo iliopsoas.
1.2.8.A crista intertrocantérica liga o trocânter maior ao trocânter menor.
1.2.9.O corpo do fêmur é cilíndrico e retilíneo nos bovinos.
1.2.10. Na porção distal da face lateral do corpo do fêmur encontra-se a fossa supracondilar (Fig. 7, n.5). Aí se origina
o músculo flexor superficial dos dedos.
1.2.11. A face caudal do corpo apresenta a face áspera (Fig. 7, n.11), rugosidade que dá inserção aos músculos
adutores. Geralmente, o forame nutrício do fêmur localiza-se na face caudal do corpo.
1.2.12. A extremidade distal do fêmur é formada pela tróclea e pelos côndilos.
1.2.13. A tróclea do fêmur (Fig. 7, n.8 e Fig. 8, n. 4) situa-se na porção cranial da extremidade distal e articula-se com a
patela. É constituída por duas cristas, separadas por um sulco. Nos bovinos, a crista medial da tróclea é
arredondada, mais desenvolvida que a lateral e sua extremidade proximal alarga-se consideravelmente. Nos
pequenos ruminantes, as cristas têm, aproximadamente, o mesmo tamanho.
1.2.14. Os dois côndilos, lateral e medial do fêmur (Fig. 8, n.1 e 2), situam-se caudalmente à tróclea. Eles se
articulam com os côndilos da tíbia por meio dos meniscos articulares.
1.2.15. A fossa intercondilar separa os dois côndilos.
1.2.16. A face medial do côndilo medial é rugosa e apresenta o epicôndilo medial (Fig. 8, n.5).
1.2.17. O epicôndilo lateral é uma saliência situada na face lateral do côndilo.
1.2.18. Distal e caudalmente ao epicôndilo lateral encontram-se duas pequenas fossas, das quais a mais distal é a
fossa do músculo poplíteo, que dá origem ao músculo homônimo (de mesmo nome).
1.2.19. Entre o côndilo lateral e a tróclea do fêmur, encontra-se a fossa dos extensores (Fig. 8, n.7), que dá origem ao
M. extensor longo dos dedos.
1.2.20. A tuberosidade supracondilar lateral é uma área rugosa lateral à fossa supracondilar. Ela dá origem à cabeça
lateral do M. gastrocnêmio.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 9 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

1.2.21. A tuberosidade supracondilar medial é uma área rugosa proximal ao côndilo medial do fêmur. Ela dá origem à
cabeça medial do M. gastrocnêmio.

Fig. 7. Vista lateral e caudomedial do fêmur bovino respectivamente, mostrando: 1. cabeça do fêmur, 1’. Fóvea da cabeça, 2. colo do
fêmur, 3. Trocânter maior do fêmur, 4. extremidade proximal do corpo do fêmur, 5. fossa supracondilar, 6. côndilo lateral do fêmur, 7.
côndilo medial do fêmur, 8. tróclea do fêmur, 9. tubérculo menor do fêmur, 10. fossa trocantérica, 11. Face áspera.

Fig. 8. Extremidade distal do fêmur direito de cavalo, mostrando o côndilo medial (1) e lateral do fêmur (2), a fossa intercondilar (3), a
tróclea (4), as cristas medial e lateral da tróclea (4’ e 4’’, respect.), os epicôndilos medial e lateral (5 e 6, respect.) e a fossa dos
extensores (7).

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 10 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

1.3. PATELA (fig. 9)


1.3.1.A patela é um sesamóide articulado à tróclea do fêmur. Tem forma aproximadamente triangular, com o ápice
voltado distalmente.
1.3.2.A base da patela está voltada proximalmente.
1.3.3.Sua face articular é caudal e articula com a tróclea do fêmur. A face oposta é a face cranial.
1.3.4. A patela dá inserção proximalmente ao músculo quadríceps. O poder de alavanca deste grupo muscular é
transmitido à tuberosidade da tíbia via ligamentos patelares que se inserem na extremidade distal da patela. Com
isso a patela permite que o tendão do quadríceps mude de direção e não sofra o atrito com a articulação do
joelho, além de aumentar o poder de alavanca para a extensão do joelho.

Fig. 9. Patela esquerda de bovino, vista caudolateral, mostrando a base da patela (1), o ápice da patela (2) a face cranial da patela (3)
e a face articular (5)
1.4. TÍBIA E FÍBULA (fig. 10)
1.4.1.A tíbia é o osso longo da perna. No esqueleto está colocada obliquamente e sua extremidade distal aproxima-se
do plano mediano.
1.4.2.A extremidade proximal da tíbia é larga e aproximadamente triangular. Apresenta os côndilos medial e lateral,
para articulação com os correspondentes côndilos do fêmur.
1.4.3.O ângulo cranial da extremidade proximal constitui a tuberosidade da tíbia, onde se inserem distalmente os
ligamentos patelares.
1.4.4.Entre os dois côndilos e, aproximadamente no centro da extremidade proximal, projeta-se a eminência
intercondilar.
1.4.5.As faces articulares dos côndilos são amplas e convexas. Estão separadas cranialmente pela área intercondilar
cranial (dá inserção aos ligamentos craniais dos meniscos) e caudalmente pela área intercondilar caudal (dá
inserção ao ligamento cruzado caudal). Entre estas há a área intercondilar central para fixação do Lig. cruzado
cranial.
1.4.6.A incisura poplítea separa caudalmente, os côndilos e é alojada pelo músculo homônimo.
1.4.7.A tuberosidade da tíbia está separada do côndilo lateral pelo sulco extensor, que aloja o tendão do M. extensor
longo dos dedos.
1.4.8.O corpo da tíbia é inicialmente largo, de contorno triangular e, nos bovinos, torna-se mais delgado e quadrangular
nos terços médio e distal. Seu eixo maior está encurvado lateralmente.
1.4.9.Apresenta três faces: medial, lateral e caudal, e três bordas: cranial, medial e lateral ou interóssea.
1.4.10. A face medial do corpo da tíbia é convexa e pode ser percebida através da pele.
1.4.11. A face caudal é plana e está atravessada obliquamente por linhas musculares mais ou menos paralelas,
sendo a mais proximal a linha do músculo poplíteo (dá insersão a este músculo). O forame nutrício abre-se
nesta face, próximo à borda lateral.
1.4.12. A borda lateral ou interóssea, na metade proximal do osso, é côncava e forma com a fíbula o espaço
interósseo da perna.
1.4.13. A extremidade distal da tíbia é bem menor que a extremidade proximal.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 11 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

1.4.14. Apresenta a face articular para a articulação com os ossos do tarso e com o osso maleolar.
1.4.15. A superfície para articulação com o osso tálus do tarso é denominado cóclea da tíbia. Está formada por dois
sulcos, um lateral, largo e pouco profundo, e um medial, mais profundo e estreito. Estes sulcos estão separados
por uma crista.
1.4.16. O maléolo medial constitui a parede medial da cóclea.
1.4.17. A parede lateral da cóclea é completada pelo osso maleolar (exclusivo dos ruminantes), pertencente à fíbula.

Fig. 10. Vista cranial(A) e caudal (B) da tíbia e fíbula de eqüino.

1.4.18. A fíbula é outro osso da perna e situa-se lateralmente à tíbia. Seu esboço cartilaginoso na vida fetal é completo.
Na ossificação, porém, fica reduzido a duas extremidades, a proximal ou cabeça da fíbula e a distal ou osso
maleolar, e a uma corda fibrosa que as une.
1.4.19. A cabeça da fíbula está fundida ao côndilo lateral da tíbia, podendo também ocorrer articulada. Consta de
pequena massa óssea que se projeta alguns centímetros distalmente e termina em ponta livre. No carneiro está
constantemente fundida á tíbia e aparece com uma proeminência do côndilo lateral. No cabrito pode faltar
completamente.
1.4.20. O osso maleolar (Fig. 12, F) é constante em todos os ruminantes domésticos. Visto lateralmente, apresenta
contorno aproximadamente quadrangular. A extremidade proximal apresenta duas facetas articulares separadas
por um processo ponteagudo. A face medial se articula com o tálus. A face lateral é irregular. A face distal se
articula com o calcâneo.

1.5 TARSO (figs 11 e 12)


1.5.1.O tarso dos ruminantes é constituído de cinco ossos, dispostos em duas fileiras. A fileira proximal compõem-se do
tálus e do calcâneo. A fileira distal é formada pelos ossos centroquarto, társico II e III (funiddos) e társico I.
1.5.2.O osso tálus articula-se com a cóclea da tíbia por meio da tróclea proximal (Fig. 11, n. 8). Sua face distal
apresenta a tróclea distal (Fig. 11, n. 13), que se articula com o osso centroquarto.
1.5.3.O osso calcâneo relaciona-se com a face lateroplantar do tálus, com o qual se articula.
1.5.4.O espaço limitado pela face lateral do tálus e a face medial do calcâneo é denominado seio do tarso.
1.5.5.Do corpo do calcâneo destaca-se o túber do calcâneo, que dá inserção ao tendão calcanear comum. O corpo do
calcâneo apresenta medialmente uma projeção óssea para articulação com o tálus, que é denominada
sustentáculo talar.
Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 12 de 14
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

1.5.6.A face plantar do sustentáculo talar forma com o corpo do calcâneo o sulco do calcâneo, por onde corre o tendão
do músculo flexor profundo dos dedos.
1.5.7.A face dorsal do calcâneo articula-se com o osso maleolar. Distalmente o calcâneo articula-se com o osso
centroquarto.
1.5.8.O osso centroquarto é o mais desenvolvido da fileira distal. É formado pela fusão do osso central do tarso, com o
társico IV. É um osso largo que se estende de um lado a outro e se articula com todos os ossos do tarso.
1.5.9.O osso társico II e III resulta da fusão do társico II e társicos III.
1.5.10. O osso társico I é pequeno e articula-se com o centroquarto e metatársico III e IV.
1.5.11. O canal do tarso é um canal para passagem dos vasos társicos perfuranttes em ungulados, entre os ossos
társicos III e IV e o metatársico III e IV.

1.6 Metatarso
1.6.1.No metatarso dos ruminantes, como no metacarpo, apenas um osso está completamente desenvolvido-o
metatársico III e IV. O metatársico III e IV resulta da fusão do metatársico III com metatársico IV, ainda na fase
fetal.
1.6.2.O sulco longitudinais dorsal e plantar, coincide com o septo ósseo que divide a cavidade medular. Os outros
ossos, o metatársico II e metatársico V estão, segunda o maioria dos autores, fundidos em forma de crista às
bordas plantomedial e plantolateral, respectivamente, do metatársico III e IV. O osso pequeno e discóide se
articula com a face plantar da base do metatársico III e IV é um sesamóide típico dos artiodáctilos e denomina-se
osso sesamóide do metatarso.
1.6.3.O metatársico III e IV é bastante semelhante ao metacárpico III e IV, sendo porém um pouco mais longo que este
e de contorno transversal mais triangular.
1.6.4.A base do osso metatársico III e IV é larga e articula-se com a fileira distal dos ossos do tarso. Nos bovinos, um
canal comunica o centro da base do osso com sua face plantar e da passagem de vasos.
1.6.5.A tuberosidade do osso metatársico III e IV ocupa posição dorsomedial na base do osso.
1.6.6.O corpo é de contorno aproximadamente quadrangular.
1.6.7.A face dorsal do corpo é percorrida longitudinalmente pelo sulco longitudinal dorsal, bastante profundo nos
bovinos.
1.6.8.A face plantar é percorrida pelo sulco longitudinal plantar.
1.6.9.O canal distal do metatarso é constante e bem desenvolvido. O canal proximal do metatarso falta
freqüentemente.
1.6.10. A cabeça extremidade distal é semelhante àquela do metacárpico III e IV, apresentado duas trócleas para
articulação com as falanges proximais dos dedos III e IV e uma incisura intertroclear separando-as.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 13 de 14


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos

Fig. 11. Tarso do bovino, vista dorsal, mostrando o tálus (3) e sua
tróclea proximal (8) e distal (13), o calcâneo (14), o túber do calcâneo
(15), o osso centroquarto (32), o osso társico 2 e 3 (31) e o canal do
tarso (33).

Fig. 12. Compare a formação padrão do tarso


esquerdo do suíno (su) com o do bovino (bo)
com suas fusões ósseas. Legenda: Tib.
(tíbia), F (fíbula no suíno e osso maleolar no
bovino), T (osso tálus), C (osso calcâneo), c
(osso central do tarso), c+4 (osso
centroquarto) e de 1 a 4 os respectivos osso
das fileira distal do tasrso.

1.7 FALANGES E OSSOS SESAMÓIDES


As falanges e osso sesamóides do membro pelvino são semelhantes ao do membro torácico. A nomenclatura é
adaptada ao do membro pelvino, quando necessário.

REFERENCIAL TEÓRICO
GODINHO, H.P.; CARDOSO, F.M.; NASCIMENTO, J.F. Anatomia dos ruminantes domésticos. Belo Horizonte.
Universidade Federal de Minas Gerais. 1983.
POPESKO, P. Atlas de Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos. 3ed. São Paulo: Editora Manole, 1997.

Prof. MSc. Cristiano Rosa de Moura Página 14 de 14

Você também pode gostar