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Apostila -
ANATOMIA ANIMAIS
DOMÉSTICOS
Estudo dos Ossos dos Membros Pélvicos
BRASÍLIA-DF
1º Semestre de 2022
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA – UCB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Disciplina de Anatomia do Sistema Locomotor dos Animais Domésticos
REFLEXÃO
“Há pessoas que lutam um dia e são boas. Há outras que lutam um ano e são
melhores. Mas há as que lutam toda a vida e são imprescindíveis.” Bertold Brecht
“A humildade exprime, uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém
é superior a ninguém.” Paulo Freire
“Haverá um dia em que o homem conhecerá o íntimo do animal, neste dia, um crime
contra um animal será considerado um crime contra a humanidade.” Leonardo da
Vinci
E-mail: cristiano.moura@p.ucb.br
O cíngulo pélvico, popular quadril, é formado pelos dois ossos coxais. Cada osso coxal é formado pelos ossos ílio,
ísquio e púbis. Eles são unidos ventralmente pela sínfise pélvica e fixados dorsalmente em ambos os lados por uma
articulação sinovial plana com o osso sacro.
1.1.1 Acetábulo
1.1.1.1. É a cavidade que aloja e se articula com a cabeça do fêmur. Ele é formado por partes dos três ossos do coxal.
1.1.1.2. A superfície do acetábulo apresenta uma área rugosa, não-articular, a fossa do acetábulo (fig. 1), destinada à
inserção do ligamento da cabeça do fêmur.
1.1.1.3. A margem do acetábulo é descontinua devido à presença de duas incisuras; uma caudal, voltada para o forame
obturado, a incisura do acetábulo (fig. 1) e outra cranial, a incisura acetabular cranial. A incisura cranial (fig.
1) só está presente nos bovinos.
Fossa do acetábulo
Incisura do acetábulo
Incisura acetabular
cranial
Forame obturado
FIGURA 1 – Vista lateral do acetábulo direito de bovino.
_________________
1 – Texto baseado na obra: GODINHO, H.P.; CARDOSO, F.M.; NASCIMENTO, J.F. Anatomia dos ruminantes domésticos. Belo Horizonte. Universidade
Federal de Minas Gerais. 1983.
É o espaço circunscrito pelo pube e ísquio. O forame apresenta algumas características ligadas ao sexo. Na fêmea, ele é
mais largo e quase circular. No macho, é mais estreito e ovóide. A designação “obturado” é dado em razão da existência
de músculos (músculos obturadores externo e interno) e outras estruturas que ocluem seu lume. Ele é atravessado pelo
nervo, artéria e veia obturatórios. Estas estruturas podem ser lesadas em partos forçados levando a prejuízos
locomotores.
Corpo do ílio
Túber coxal
Linha glútea
Face auricular
Tuberosidade do ílio
Linha arqueada
Tubérculo do
músculo
psoas menor
Eminência iliopúbica
Corpo do ísquio
Tábula do ísquio
Ramo do ísquio
Túber isquiático
Arco
isquiático
1.1.5.1. O púbis é o menor dos três ossos e forma a porção cranial do assoalho da pelve. Tem a forma de um “L”.
1.1.5.2. O ramo cranial do púbis (fig. 6) delimita cranialmente o forame obturado. O ramo caudal do púbis (fig. 6)
forma junto ao ramo do ísquio a porção medial ao forame obturado.
1.1.5.3. O corpo do púbis (fig. 6) é a extremidade lateral do ramo cranial e contribui para a formação do acetábulo.
1.1.5.4. A face sinfisial do osso púbis está voltada para a sínfise pélvica.
1.1.5.5. O pécten do osso púbis (fig. 6) é a borda cranial do ramo cranial do púbis. Ela é medial à eminência iliopúbica
e dá origem ao músculo pectíneo.
1.1.5.6. O tubérculo púbico dorsal é uma elevação dorsal da sínfise púbica no macho, especialmente no eqüino. O
tubérculo púbico ventral é a elevação paramediana ventral dos púbis.
Corpo do púbis
Ramo cranial
do púbis
Pécten do púbis
Ramo caudal
do púbis
1.1.6.6. A cavidade pelvina tem um teto ou abóboda formada pelo sacro e pelas 3 primeiras vértebras cocígeas, e um
assoalho, representado pelo púbis e ísquio dos dois lados. O forame obturado interrompe a continuidade óssea
do assoalho pelvino. As paredes laterais são completadas por ligamentos e músculos.
1.1.6.7. A cavidade pélvica serve, entre outros, como canal do parto. Logo em função da aplicação prática em obstetrícia,
é necessário conhecer seus diâmetros.
1.1.6.8. Diâmetro conjugado verdadeiro (fig. 4) - é representado por uma linha vertical que une o promontório sacral ao
extremo cranial da sínfise pelvina, que oferece a medida da entrada pélvica.
1.1.6.9. Diâmetro vertical (fig. 5) – desde a extremidade cranial da sínfise pélvica até o teto da cavidade pélvica. Ele
indica a altura da cavidade pélvica.
1.1.6.10. O ângulo formado entre o diâmetro conjugado verdadeiro e o vertical indica a inclinação da pelve. Ela é
maior na fêmea do que no macho e na égua do que na vaca, o que favorece o parto dos eqüinos em relação aos
bovinos, já que o ângulo de deflexão entre o útero e a vagina é menor.
1.1.6.11. Diâmetros transversais (figs. 4 e 5) - existem cinco diâmetros transversais. Três deles são delineados
na abertura cranial da pelve e são traçados entre: a) as margens ventrais da articulação sacro-ilíaca, b) os
tubérculos do músculo psoas menor e, c) as eminências ílio-púbicas. Os outros dois são traçados entre os
pontos mais altos das espinhas isquiádicas e entre os túberes isquiádicos.
Fig. 6. Contorno da entrada da pelve da égua (A), garanhão (B) e da vaca (C). Observar as diferenças na forma da entrada pélvica.
Fonte: Dyce et al., 1996.
1.2.21. A tuberosidade supracondilar medial é uma área rugosa proximal ao côndilo medial do fêmur. Ela dá origem à
cabeça medial do M. gastrocnêmio.
Fig. 7. Vista lateral e caudomedial do fêmur bovino respectivamente, mostrando: 1. cabeça do fêmur, 1’. Fóvea da cabeça, 2. colo do
fêmur, 3. Trocânter maior do fêmur, 4. extremidade proximal do corpo do fêmur, 5. fossa supracondilar, 6. côndilo lateral do fêmur, 7.
côndilo medial do fêmur, 8. tróclea do fêmur, 9. tubérculo menor do fêmur, 10. fossa trocantérica, 11. Face áspera.
Fig. 8. Extremidade distal do fêmur direito de cavalo, mostrando o côndilo medial (1) e lateral do fêmur (2), a fossa intercondilar (3), a
tróclea (4), as cristas medial e lateral da tróclea (4’ e 4’’, respect.), os epicôndilos medial e lateral (5 e 6, respect.) e a fossa dos
extensores (7).
Fig. 9. Patela esquerda de bovino, vista caudolateral, mostrando a base da patela (1), o ápice da patela (2) a face cranial da patela (3)
e a face articular (5)
1.4. TÍBIA E FÍBULA (fig. 10)
1.4.1.A tíbia é o osso longo da perna. No esqueleto está colocada obliquamente e sua extremidade distal aproxima-se
do plano mediano.
1.4.2.A extremidade proximal da tíbia é larga e aproximadamente triangular. Apresenta os côndilos medial e lateral,
para articulação com os correspondentes côndilos do fêmur.
1.4.3.O ângulo cranial da extremidade proximal constitui a tuberosidade da tíbia, onde se inserem distalmente os
ligamentos patelares.
1.4.4.Entre os dois côndilos e, aproximadamente no centro da extremidade proximal, projeta-se a eminência
intercondilar.
1.4.5.As faces articulares dos côndilos são amplas e convexas. Estão separadas cranialmente pela área intercondilar
cranial (dá inserção aos ligamentos craniais dos meniscos) e caudalmente pela área intercondilar caudal (dá
inserção ao ligamento cruzado caudal). Entre estas há a área intercondilar central para fixação do Lig. cruzado
cranial.
1.4.6.A incisura poplítea separa caudalmente, os côndilos e é alojada pelo músculo homônimo.
1.4.7.A tuberosidade da tíbia está separada do côndilo lateral pelo sulco extensor, que aloja o tendão do M. extensor
longo dos dedos.
1.4.8.O corpo da tíbia é inicialmente largo, de contorno triangular e, nos bovinos, torna-se mais delgado e quadrangular
nos terços médio e distal. Seu eixo maior está encurvado lateralmente.
1.4.9.Apresenta três faces: medial, lateral e caudal, e três bordas: cranial, medial e lateral ou interóssea.
1.4.10. A face medial do corpo da tíbia é convexa e pode ser percebida através da pele.
1.4.11. A face caudal é plana e está atravessada obliquamente por linhas musculares mais ou menos paralelas,
sendo a mais proximal a linha do músculo poplíteo (dá insersão a este músculo). O forame nutrício abre-se
nesta face, próximo à borda lateral.
1.4.12. A borda lateral ou interóssea, na metade proximal do osso, é côncava e forma com a fíbula o espaço
interósseo da perna.
1.4.13. A extremidade distal da tíbia é bem menor que a extremidade proximal.
1.4.14. Apresenta a face articular para a articulação com os ossos do tarso e com o osso maleolar.
1.4.15. A superfície para articulação com o osso tálus do tarso é denominado cóclea da tíbia. Está formada por dois
sulcos, um lateral, largo e pouco profundo, e um medial, mais profundo e estreito. Estes sulcos estão separados
por uma crista.
1.4.16. O maléolo medial constitui a parede medial da cóclea.
1.4.17. A parede lateral da cóclea é completada pelo osso maleolar (exclusivo dos ruminantes), pertencente à fíbula.
1.4.18. A fíbula é outro osso da perna e situa-se lateralmente à tíbia. Seu esboço cartilaginoso na vida fetal é completo.
Na ossificação, porém, fica reduzido a duas extremidades, a proximal ou cabeça da fíbula e a distal ou osso
maleolar, e a uma corda fibrosa que as une.
1.4.19. A cabeça da fíbula está fundida ao côndilo lateral da tíbia, podendo também ocorrer articulada. Consta de
pequena massa óssea que se projeta alguns centímetros distalmente e termina em ponta livre. No carneiro está
constantemente fundida á tíbia e aparece com uma proeminência do côndilo lateral. No cabrito pode faltar
completamente.
1.4.20. O osso maleolar (Fig. 12, F) é constante em todos os ruminantes domésticos. Visto lateralmente, apresenta
contorno aproximadamente quadrangular. A extremidade proximal apresenta duas facetas articulares separadas
por um processo ponteagudo. A face medial se articula com o tálus. A face lateral é irregular. A face distal se
articula com o calcâneo.
1.5.6.A face plantar do sustentáculo talar forma com o corpo do calcâneo o sulco do calcâneo, por onde corre o tendão
do músculo flexor profundo dos dedos.
1.5.7.A face dorsal do calcâneo articula-se com o osso maleolar. Distalmente o calcâneo articula-se com o osso
centroquarto.
1.5.8.O osso centroquarto é o mais desenvolvido da fileira distal. É formado pela fusão do osso central do tarso, com o
társico IV. É um osso largo que se estende de um lado a outro e se articula com todos os ossos do tarso.
1.5.9.O osso társico II e III resulta da fusão do társico II e társicos III.
1.5.10. O osso társico I é pequeno e articula-se com o centroquarto e metatársico III e IV.
1.5.11. O canal do tarso é um canal para passagem dos vasos társicos perfuranttes em ungulados, entre os ossos
társicos III e IV e o metatársico III e IV.
1.6 Metatarso
1.6.1.No metatarso dos ruminantes, como no metacarpo, apenas um osso está completamente desenvolvido-o
metatársico III e IV. O metatársico III e IV resulta da fusão do metatársico III com metatársico IV, ainda na fase
fetal.
1.6.2.O sulco longitudinais dorsal e plantar, coincide com o septo ósseo que divide a cavidade medular. Os outros
ossos, o metatársico II e metatársico V estão, segunda o maioria dos autores, fundidos em forma de crista às
bordas plantomedial e plantolateral, respectivamente, do metatársico III e IV. O osso pequeno e discóide se
articula com a face plantar da base do metatársico III e IV é um sesamóide típico dos artiodáctilos e denomina-se
osso sesamóide do metatarso.
1.6.3.O metatársico III e IV é bastante semelhante ao metacárpico III e IV, sendo porém um pouco mais longo que este
e de contorno transversal mais triangular.
1.6.4.A base do osso metatársico III e IV é larga e articula-se com a fileira distal dos ossos do tarso. Nos bovinos, um
canal comunica o centro da base do osso com sua face plantar e da passagem de vasos.
1.6.5.A tuberosidade do osso metatársico III e IV ocupa posição dorsomedial na base do osso.
1.6.6.O corpo é de contorno aproximadamente quadrangular.
1.6.7.A face dorsal do corpo é percorrida longitudinalmente pelo sulco longitudinal dorsal, bastante profundo nos
bovinos.
1.6.8.A face plantar é percorrida pelo sulco longitudinal plantar.
1.6.9.O canal distal do metatarso é constante e bem desenvolvido. O canal proximal do metatarso falta
freqüentemente.
1.6.10. A cabeça extremidade distal é semelhante àquela do metacárpico III e IV, apresentado duas trócleas para
articulação com as falanges proximais dos dedos III e IV e uma incisura intertroclear separando-as.
Fig. 11. Tarso do bovino, vista dorsal, mostrando o tálus (3) e sua
tróclea proximal (8) e distal (13), o calcâneo (14), o túber do calcâneo
(15), o osso centroquarto (32), o osso társico 2 e 3 (31) e o canal do
tarso (33).
REFERENCIAL TEÓRICO
GODINHO, H.P.; CARDOSO, F.M.; NASCIMENTO, J.F. Anatomia dos ruminantes domésticos. Belo Horizonte.
Universidade Federal de Minas Gerais. 1983.
POPESKO, P. Atlas de Anatomia Topográfica dos Animais Domésticos. 3ed. São Paulo: Editora Manole, 1997.