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YOOKI

IÚQUI
eand
a União
the Union
da Floresta
of the forest
IÚQUI
e a União da Floresta
A presente publicação foi produzida pelo Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia
(SGC) a título meramente informativo. Não implica a responsabilidade das instituições da
União Europeia nem dos Estados-Membros.

Para mais informações sobre o Conselho Europeu e o Conselho da União Europeia, contacte o
Serviço de Informação ao Público do SGC:
https://www.consilium.europa.eu/pt/contact/general-enquiries/

O Conselho da União Europeia e as pessoas que atuam em seu nome não se responsabilizam
pela utilização dada às informações contidas no presente documento.

Print ISBN 978-92-824-8926-0 doi:10.2860/31243 QC-09-22-497-PT-C


PDF ISBN 978-92-824-8911-6 doi:10.2860/534714 QC-09-22-497-PT-N

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de 12.10.2017, p. 1).

Luxemburgo: Serviço de Publicações da União Europeia, 2023

Com base numa ideia original de Magali Pingaut


© União Europeia, 2023

Para qualquer utilização ou reprodução de elementos que não sejam propriedade da União
Europeia, poderá ser necessário obter autorização diretamente junto dos respetivos titulares
dos direitos.

Serviços criativos do Secretariado-Geral do Conselho, 2022_600


Como utilizar este livro?

Este livro faz parte de um módulo educativo desenvolvido para explicar às


crianças entre os sete e os nove anos o que é e como começou a União
Europeia. Põe em destaque a principal razão que levou à criação da União
Europeia: assegurar uma paz duradoura entre os seus Estados-Membros.

O pacote de materiais também dá informações básicas sobre a União Europeia


e apresenta às crianças conceitos como guerra, paz e resolução de conflitos.
Explica ainda o papel do Conselho Europeu e do Conselho da União Europeia
enquanto «casa dos Estados-Membros».

O módulo é constituído por três partes:

1) Uma história ilustrada — «Iúqui e a União da Floresta» — apresentada neste


livro e que relata a criação da União Europeia através de imagens e metáforas;

2) Um livro de exercícios — «Aprender com o Iúqui» — que explica a história e os


factos/acontecimentos por detrás das metáforas usadas no conto. O livro propõe
jogos e atividades lúdicas para permitir que as crianças aprendam divertindo-se;

3) Um guia dos professores (apenas disponível em linha) — que os professores


podem utilizar na sala de aula. Este guia inclui sugestões de debates e
atividades a realizar com os alunos a fim de alcançar objetivos de aprendizagem
predefinidos.

Estas publicações podem ser descarregadas no sítio do Conselho:


https://www.consilium.europa.eu/learn-with-yooki/

As versões impressas da história ilustrada e do livro de exercícios também


podem ser encomendadas neste sítio Web, nas condições mencionadas e em
função do número de exemplares disponíveis.

Todos os comentários e perguntas podem ser enviados para:


yooki@consilium.europa.eu
Não é a primeira vez que há briga na floresta.
Iúqui, o pequeno chefe dos pirilampos, acorda em
sobressalto com uma gritaria.

«Sai da minha casa!», berra a minhoca Locas.

«Só quando me devolverem as minhas compotas.


Onde é que elas estão?», responde a salamandra
Sandra.

«Au! As minhas antenas!», geme o pirilampo.

As antenas do Iúqui são especiais. Sentem-se bem


quando captam sons melodiosos, mas torcem-se com
dores quando há gritaria.

De repente, ouve-se um estrondo:

«BUUUUUUMMMM!»

O Iúqui sai da cama num salto.

«É insuportável! Vou dizer-lhes dizer que isto não


pode continuar!»

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«SANDRA, DESTRUÍSTE A MINHA DESPENSA DOS
DOCES!», grita Locas, a chefe das minhocas.

«As minhas compotas desapareceram, ando à


procura por todo o lado. Lamento que o teu teto tenha
caído quando me pus a escavar a terra!», responde
Sandra, a chefe das salamandras.

Nisto, a Sandra tropeça numa bolacha gigante e


estatela-se em cima da minhoca.

«AU! Estás a sufocar-me!», diz a Locas, quase sem ar.


«Eu cá não tenho as tuas compotas. E agora desanda,
que esta terra é MINHA!»

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«Ei», diz Iúqui numa voz sumida, «querem fazer o
favor de se acalmar?»

Ainda tenta separá-las, mas é afastado por um golpe


de asa. A asa é do Nicolau, o chefe dos pica-paus.

«Como assim, TUA?!», protesta Nicolau. «Julgas que


és o quê, ó Locas? A rainha da floresta?»

O Iúqui está cheio de dores nas antenas.

«Não aguento mais as vossas discussões. Vou-me


embora!»

Com um peso no coração, o pirilampo voa dali para


fora, deixando os gritos para trás.

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O monte é o lugar mais sossegado da floresta, e é
também a casa de Árbor, o velho carvalho.

«O que é que se passa, pequeno Iúqui?», pergunta a


velha árvore, despertando da sua sesta.

«Oh! Desculpa se te acordei, Árbor. Estou só à


procura de um sítio tranquilo. Os chefes não param
de discutir. Doem-me as antenas, vim-me embora!»

«Tens de falar com eles, Iúqui. Não podes desistir


logo à primeira.»

«Mas ninguém me ouve! Sinto-me pequeno demais.


Os outros chefes não querem saber do que eu
penso.»

«Vou contar-te uma história», diz então a velha


árvore.

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«Há muito, muito tempo, os animais da floresta
andavam sempre à bulha...»

«Queres dizer que os avós da Locas, do Nicolau e da


Sandra também discutiam?», pergunta Iúqui.

«Era bem pior do que discutir. Começaram só


por implicar uns com os outros, mas, como não
conseguiam entender-se, a certa altura estalou
uma guerra. Acabaram por destruir grande parte da
floresta.»

O Iúqui fita o Árbor de olhos arregalados.

«Enquanto a guerra devastava a floresta», continua


o Árbor, «rebentou um grande temporal, e apareceu
uma enorme estrutura de vidro reluzente: a
Lanterna.»

«A Lanterna?!», exclama Iúqui, com um grande


sorriso a iluminar-lhe o rosto. «Ela existe de
verdade?»

«Claro que existe! Diz-se que, quando entraram


na Lanterna, os chefes arranjaram coragem
para conversar calmamente — e foi assim que
conseguiram trazer de volta a paz.»

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«Sabes, Iúqui, mesmo que não estejam de acordo,
vocês têm de aprender a ouvir-se uns aos outros.»

«Eu sei», replica o Iúqui, «mas é mais fácil falar do


que fazer.»

«Tens de tentar», insiste o Árbor. «Chegou o


momento de voltar a reunir os chefes — e fazer até
mais do que isso. Há muito que sonho com uma união
dos animais capaz de impedir a guerra para todo o
sempre e...»

O Árbor nem tem tempo de terminar a frase — já se


ouve ao longe a gritaria.

«Ai, as minhas antenas!», queixa-se o Iúqui irritado.


«Mesmo aqui consigo ouvir a briga! Vão ter de se
arranjar sem mim.»

«Volta para casa, pequeno», aconselha Árbor. «Fugir


não resolve nada.»

A noite começa a cair, mas o Iúqui não faz tenções de


voltar para casa.

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Depois de voar um bom bocado, sem rumo, o Iúqui
aninha-se num ramo de árvore que flutua no lago.
Está a tremer de frio.

A paisagem traz-lhe à memória os piqueniques com


a Sandra nas margens do lago e as acrobacias que
fazia com o Nicolau enquanto a Locas os aplaudia.

Escorre-lhe pela cara uma lágrima. A ideia de nunca


mais ver os amigos a brincar juntos entristece-o.

De súbito, avista o reflexo de um raio de luz no lago.

«Oh... será que é a Lanterna?», pergunta-se o


pirilampo.

Iúqui torna a ganhar coragem e deixa-se guiar pela


luz.

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«Uau! Nunca tinha visto nada tão lindo!», exclama
o Iúqui, maravilhado com a Lanterna que cintila no
escuro.

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Uma centopeia impede-lhe a passagem.

«Alto! Como posso ajudá-lo?», pergunta Eduardo, o


guarda da Lanterna.

«Hmmm, bem... Precisamos de reunir os chefes.


Eles têm mesmo de parar com as brigas, antes que
comece uma guerra.»

«Uma guerra?!», repete o Eduardo, a tremer. «Vou


convocar imediatamente um Conselho de chefes!»

Eduardo sopra a plenos pulmões numa corneta de


folhas: «TUUUUUUUUUUUUUUUUUUUT!».

O som é tão forte que ressoa em toda a floresta.

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A Sandra, o Nicolau e a Locas aparecem ao longe.

«Eduaaardo! Há quanto tempo! Da última vez que


ouvi esta trombeta, estava com a minha avó!»,
exclama a Sandra.

«O que é que estão todos aqui a fazer?!», pergunta o


Iúqui espantado.

«Que raio de pergunta! Temos de nos apresentar


imediatamente na Lanterna assim que ouvimos o
sinal do Eduardo — é essa a regra», responde a
Locas com altivez.

«Então vocês todos sabiam que nos podíamos reunir


aqui para conversar e ninguém pensou em fazer isso
antes?», protesta o Iúqui.

«Em minha defesa», responde a Locas, «devo dizer


que é muito difícil conversar com uma salamandra
sem cérebro que destruiu a minha despensa dos
doces.»

«Sem cérebro?! O problema és tu: achas que todos


os doces da floresta são teus!», riposta a Sandra.

«Pois é, minhoca — achas mesmo que és a rainha da


floresta!», refila o Nicolau.

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Iúqui sente as antenas a doer.

Mas as palavras do Árbor ecoam-lhe na cabeça:


«Mesmo que não estejam de acordo, vocês têm de
aprender a ouvir-se uns aos outros.»

O pirilampo enche-se de coragem e dirige-se aos


seus companheiros.

«Calma, amigos», diz Iúqui. «Todos temos razões


para estar zangados, para ter medo do inverno
— medo de ficar sem comida, medo pelas nossas
comunidades... Mas temos de continuar unidos.»

«A Lanterna é um lugar especial. Foi aqui que os


nossos avós fizeram as pazes. Quando estivermos lá
dentro, cada um de nós fala à vez e os outros ficam a
ouvir», acrescenta.

Espantados com a determinação do Iúqui, os chefes


não dizem nada.

O Eduardo abre então as portas da Lanterna.

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«Quem quer tomar a palavra?», pergunta o Iúqui.

«Eu! Eu!», responde a Sandra impaciente. «Pois


então: ontem de manhã, dei-me conta de que as
minhas compotas tinham desaparecido. Procurei por
todo o lado para ver se apanhava o rasto do ladrão.
Havia um cheiro a açúcar debaixo da terra, por isso
pus-me a escavar e acabei por cair na despensa
cheia de doces da Locas.»

«Eu não roubei as tuas velhas compotas!», protesta a


Locas. «Mas tu, em contrapartida, destruíste a minha
despensa! O que tens a dizer em tua defesa?»

A salamandra prepara-se para responder, mas Iúqui


interrompe-a.

«Só um instante, Sandra — agora é a vez de o Nicolau


falar.»

Todos os olhos se viram para o pica-pau, que ainda


não tinha dito uma única palavra.

«Bom... Como hei de dizer... Fui eu.»

«O quê?!», exclama a Sandra.

«Tirei algumas compotas do teu esconderijo sem


pedir licença», confessa o Nicolau.

«E porque é que fizeste isso?», pergunta o Iúqui.

«Para salvar as minhas crias», explica o Nicolau. «Já


não há comida que chegue na nossa terra. Os meus
filhotes não vão sobreviver ao inverno sem nada para
comer.»

Faz-se um longo silêncio na Lanterna.

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«Tenho uma ideia!», lança o Iúqui. «Locas, uma vez
contaste-me que os túneis escavados pelas minhocas
permitem que o ar circule melhor na terra. Isso faz
com que o solo seja bom, e assim as plantas crescem
mais facilmente — é isso?»

«Tal e qual! Chama-se a isso fertilizar o solo!»,


explica a Locas com orgulho. «Mas aonde é que
queres chegar?»

«Imaginem que as minhocas podiam escavar túneis


por toda a floresta. Haveria mais plantas e mais frutos
e, portanto, mais comida para os animais», continua o
Iúqui.

«Então as minhocas poderiam andar por onde lhes


apetecesse e nós não? É esse o teu superplano?»,
replica o Nicolau.

«Não só as minhocas», diz o Iúqui. «Todos os animais


seriam livres de ir aonde quisessem.»

«Isso quer dizer que eu poderia colher frutos fora da


minha terra?», indaga esperançada a Sandra.

«E que eu teria mais comida para os meus filhotes?»,


pergunta Nicolau, subitamente radiante.

A Locas não diz nada. Ela detesta partilhar. Mas


também sonha andar por túneis sem fim...

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«Por outras palavras, estás a sugerir que partilhemos
as nossas terras e recursos para podermos todos
colher os frutos?», pergunta a Locas.

«Exatamente, minhoca!», diz o Nicolau. «Temos de


nos unir!»

«E por que não criar uma verdadeira união entre


as nossas comunidades? Uma espécie de pacto.
Um pacto de entreajuda!», propõe a Sandra,
entusiasmada.

«Siiiiim! Que bela ideia! E também é o que o Árbor


quer. Podíamos chamar-lhe “União da Floresta”!»,
responde Iúqui.

Os chefes aplaudem em coro.

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A Lanterna enche-se de repente de cores brilhantes.
Uma folha de carvalho flutua até ao seu centro .

«Deixem a vossa pegada nesta folha para passarem a


fazer parte da União da Floresta», proclama a Locas.

«Esperem! E se um de nós deixar de respeitar o


pacto?», pergunta o Nicolau.

«E se começarmos outra vez a discutir?», acrescenta


a Sandra.

Um murmúrio de dúvida atravessa a Lanterna. As


luzes empalidecem.

«Se isso acontecer, reunimo-nos outra vez aqui para


encontrar uma solução», explica o Iúqui. «Temos
todos de respeitar as decisões que tomámos em
conjunto. Essa é a primeira regra.»

Os animais concordam. A Lanterna volta a cintilar.

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De repente, a folha de carvalho ilumina-se e voa até
às estrelas. Intrigados, os chefes saem da Lanterna e
descobrem que a floresta está toda a brilhar.

«Uau!», exclamam, abraçando-se.

«Juntos, somos brilhantes!», exclama o Iúqui,


sorrindo para os seus muito queridos amigos.

O Iúqui apercebe-se de que já não lhe doem as


antenas.

Nesse preciso momento, ouvem uma voz perguntar:

«E eu? E eu? Esqueceram-se de mim?!», resmunga


o guarda Eduardo. «As centopeias também querem
fazer parte da vossa União!»

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Autora
Magali Pingaut

Coautoras
Angélique Berhault
Nathalie Vandelle

Ilustrações
Thomas Leclercq

Conceção gráfica
Angélique Berhault
José Sánchez Martínez

Tradução
Serviço de Tradução
Secretariado-Geral do Conselho da União Europeia

Agradecimentos especiais
a todos os que contribuíram para este projeto, em particular:
Marta Ausín García
Liliana Bičanová
Kathleen Bulteel
Leszek Jarosz
Achilleas Karras
Steffen Ludwig
Inga Rosinska
Nadia Spirito
Nada corre bem entre os animais da floresta.

As discussões sobre a partilha de terras e comida


ameaçam uma vez mais a paz.

O pequeno pirilampo Iúqui está muito transtornado com estes


conflitos. As suas antenas são muito sensíveis à gritaria.

Acima de tudo, Iúqui tem medo das consequências desastrosas


de uma nova guerra entre os animais.

Mas como poderá o pequeno pirilampo fazer-se ouvir?

Como poderá o Iúqui convencer os seus companheiros a


resolver as disputas antes que seja tarde demais?

A magia da floresta vai ajudá-lo, pondo no seu caminho


um velho e sábio carvalho, que o guiará, e um lugar misterioso
onde os compromissos são mais fortes do que os conflitos:
a Lanterna.

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