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SUMÁRIO

Tópico 1 – Nutrição

1.1. Milho
• Adubação nitrogenada de milho segunda safra
• Adubação foliar para milho
• Novidades no uso de Azospirillum em milho

1.2. Soja
• Manejo do boro na cultura da soja
• Interação Manganês e Glifosato na soja
• FBN Fixação Biológica de Nitrogênio na Soja

Tópico 2 – Manejo Integrado de Pragas – MIP

• Manejo integrado de pragas: quanto evoluímos em 6 décadas?

Tópico 3 – Pragas e doenças em Milho

• Cigarrinha do milho: o vetor do enfezamentos e isca do milho


• 4 manchas foliares no milho
• 3 principais ferrugens do milho: Ferrugem polysora, ferrugem
tropical e ferrugem comum do milho
• Milho Ardido: 5 principais fungos, prejuízos e prevenção

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SUMÁRIO
Tópico 4 – Pragas e doenças em Soja

• Ocorrência de ácaro branco na soja


• Mancha alvo da soja (Corynespora cassiicola): potencial de
perdas e manejo da doença
• 4 Principais doenças do final do ciclo da soja
• Ferrugem asiática da soja (Phakospsora pachyrhizi)
• Vazio sanitário e calendário de semeadura: 2 medidas para o
controle da ferrugem asiática da soja
• Soja ardida, queimada, mofada, fermentada: entenda 10 avarias
que afetam a qualidade dos grãos

Tópico 5 – Nematoides

• 4 principais gêneros de nematoides no sistema soja e milho


• Controle biológico de nematoides no Brasil

Tópico 6 – Plantas daninhas e uso de


herbicidas

• Controle de capim amargoso na soja: 2 momentos importantes


para aplicação de herbicidas
• Importância de se manejar adequadamente a dessecação das
plantas de cobertura
• Herbicidas para milho: produtos que podem ser utilizados nas 3
épocas possíveis de aplicação

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MILHO
Adubação nitrogenada de milho
segunda safra
Autoria: Bianca de Almeida Machado
(Engenehira Agrônoma (ESALQ/USP)

O país das três safras milho. Em média, são necessários por volta de
23 kg de N para a produção de 1 tonelada
O Brasil é privilegiado pelo clima tropical, que (Tabela 1), sendo que deste total, cerca de 60%
permite, a cada ano agrícola, o cultivo é exportado com os grãos (Tabela 2), restando
consolidado de duas safras de milho nas apenas 40% nos restos culturais que ficam nas
principais regiões produtoras. Nos últimos anos, lavouras.
também tem se observado o cultivo de uma
terceira safra, que ocorre durante o período
entre maio e junho na região da Sealba
(Sergipe, Alagoas e nordeste da Bahia),
Pernambuco e Roraima.

Por muito tempo o cultivo de milho no Brasil foi


liderado pelo milho primeira safra, no entanto,
na última década este cenário se inverteu, A adubação nitrogenada do milho
sendo a maior área cultivada por milho de segunda safra
segunda safra, também conhecido como milho
safrinha (Figura 1) (CONAB, 2021).
A adubação nitrogenada é desafiadora em
todos os tipos de cultivo, isso porque
O manejo nutricional do milho primeira safra é
geralmente este é o nutriente mais exigido
bastante consolidado, mas no que se refere ao
pelas culturas, e também devido às perdas
milho safrinha, há ainda mais variáveis e
decorrentes da volatilização da amônia da
desafios que devem ser levados em
ureia, que é a fonte de N mais utilizada no Brasil.
consideração para se determinar o correto
manejo nutricional da lavoura, como a cultura
No milho segunda safra, a adubação
anterior, o teor de matéria orgânica do solo e o
nitrogenada é ainda mais desafiadora, pois
regime hídrico durante a safra, por exemplo.
nesta modalidade, a resposta é muito
dependente da cultura cultivada anteriormente,
De todos os nutrientes, o nitrogênio é aquele
da época de plantio, do balanço hídrico e até
exigido em maior quantidade pela cultura do
do local de cultivo, o qual influencia na taxa de
decomposição do material orgânico
remanescente sobre o solo.

A realidade brasileira aponta que a maior parte


do milho safrinha é cultivado após a colheita da
soja, geralmente entre os meses de janeiro e
fevereiro. A soja é uma leguminosa, fixadora de
N, que possui baixa relação C/N, ou seja,
rapidamente ela é decomposta pelos
microrganismos do solo, que liberam o
nitrogênio que antes estava em sua biomassa
para a utilização pelo milho subsequente.

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Estima-se disponibilização de 15 kg de N a Para calcular a quantidade de N a ser
cada tonelada de soja produzida, ou seja, aplicada no milho segunda safra, pode-se
em uma área onde a produção de soja foi de utilizar os boletins de recomendação para
3 t ha-1, considera-se disponibilização de 45 cada região do país, como exemplo temos
kg ha-1 de N, por exemplo. Além disso, na Tabela 2 as recomendações de N para
também se considera a disponibilização do milho segunda safra para o estado do
N proveniente da matéria orgânica (MO) do Paraná, que é um estado com expressiva
solo. produção desta cultura e que teve seu
boletim atualizado recentemente (no ano
De modo geral, cada ponto (%) de MO no 2017).
solo disponibiliza 20 kg ha-1 de N para a
cultura. Por exemplo, há a disponibilização
de 60 kg ha-1 de N por meio da mineralização
da matéria orgânica de um solo que possui
3% de MO. Estes fatores podem ser
considerados para diminuir a dose de N a ser
aplicada via adubação mineral.

Apesar da redução na quantidade total de N


a ser aplicada, recomenda-se que o seu
fornecimento continue sendo feito de modo Além dos boletins de recomendação, pode-
a disponibilizá-lo para a cultura logo no se utilizar o seguinte cálculo para determinar
início do seu desenvolvimento. Neste sentido, a quantidade de N a ser aplicada em
o N deve ser aplicado o mais próximo da cobertura (Stanford e Legg, 1984):
data de plantio possível (seja antes ou após
a semeadura).

Recomenda-se, portanto, que a primeira


aplicação seja feita no sulco (fornecendo de
20 a 50 kg ha-1), em pré-plantio (desde que Onde: Nf = quantidade de N requerida pela
com intervalo máximo de 7 dias entre a cultura (kg ha-1); Ny = quantidade de N que
aplicação e a semeadura), ou em cobertura pode ser acumulada na matéria seca da
(antecipando o máximo possível, entre V1- parte aérea da planta (palhada + grãos),
V2). para uma determinada produção de grãos
(valores variam de 1,0% de N na palhada a
Resultados com milho segunda safra 1,4% de N nos grãos); Ns = nitrogênio suprido
mostram a importância da aplicação pelo solo (20 kg de N para cada 1% de
antecipada de N, sendo que o atraso da matéria orgânica do solo); Ef = é o fator de
primeira aplicação para o estádio V5 pode eficiência ou aproveitamento do fertilizante
reduzir drasticamente a produtividade da pela planta (valores variam de 0,5 a 0,7).
cultura (Figura 2).
Este cálculo é bastante intuitivo e prático,
pois pode ser aplicado para qualquer
realidade, principalmente na falta de
boletins regionais de recomendação.
Basicamente, ele leva em consideração a
produtividade esperada para determinar a
quantidade de N necessária, com base na
extração e exportação de N pela lavoura,
subtraindo a necessidade da cultura pela
quantidade de N que já é disponibilizada
pelo sistema (MO e restos culturais).
Figura 2. Resposta do milho segunda safra 2B587Hx à
adubação nitrogenada de cobertura em área com e sem a
aplicação de N no sulco. Fonte: Vitti e Mira, 2020.

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Tabela 3. Exemplo da utilização da equação Considerações finais
de Stanford e Legg (1984) para estimativa da
adubação nitrogenada de cobertura no A adubação do milho segunda safra foi
milho segunda safra, visando produtividade bastante negligenciada quando esta
de 8 t ha-1. modalidade de cultivo se iniciou no Brasil,
por isso que no início a sua produtividade
era muito baixa, e também por isso que esta
safra era conhecida como “safrinha”. Mesmo
com todas as adversidades climáticas que
reduzem o seu potencial produtivo, como
chuvas irregulares, menores temperaturas e
baixa radiação solar, hoje é fato que o
principal tipo de cultivo de milho no Brasil é
decorrente do milho “safrinha”, tanto que
esta expressão cedeu seu espaço para o
“milho segunda safra”.

Expomos aqui algumas recomendações


Parcelar ou não parcelar? para basear a adubação nitrogenada, mas
como todos os campos da agricultura, a real
O parcelamento (considerando uma recomendação para cada lavoura
aplicação no sulco, em pré-plantio ou em especificamente é esta: “depende”. Depende
V1-V2 + pelo menos uma aplicação em de muitos fatores, principalmente, da época
cobertura), é essencial para obtenção de de plantio, do regime de chuvas da região e
produtividades satisfatórias. Via de regra, é da safra em questão, do híbrido a ser
interessante parcelar a aplicação do N o semeado, da cultura anterior e também se a
máximo possível, pois esta prática aumenta lavoura será cultivada irrigada ou em
a eficiência do uso do fertilizante, no entanto, sequeiro.
nem todos os cenários são responsivos a
esta prática e, também, nem sempre ela é Todos estes aspectos alteram a
economicamente viável. mineralização do N-orgânico do solo, o
metabolismo da planta, a produtividade
Para solos arenosos, recomenda-se que a esperada e, consequentemente, a dose e o
aplicação em cobertura seja feita em dois modo de aplicação de N na cultura.
momentos quando a dose de N necessária
ultrapassa 80 kg ha-1: uma em V2-V4 e outra Como via de regra, observamos que a
em V6-V7. Para solos argilosos, apenas uma primeira adubação nitrogenada deve ser
aplicação em cobertura é suficiente, feita antecipadamente, o mais próximo da
realizada entre V2 e V4. data de semeadura possível (em pré-
plantio, no sulco ou até no máximo de V1-V2).
Também vimos que o milho é uma cultura
bastante responsiva ao N. Segundo o
Professor Fred Below, da Universidade de
Illinois (EUA), a adubação nitrogenada é
responsável por 26% da produção do milho.

Por isso, e muito mais, aprendemos que a


aplicação de N não pode ser negligenciada
e que a nutrição adequada do milho é um
dos fatores que pode contribuir para que a
Figura 4. Resposta na produtividade de grãos (kg ha-1) à adubação
produtividade brasileira seja mais
nitrogenada (200 kg ha-1) dividida em uma (pré plantio – PP, V3 e competitiva, pois ainda há muito espaço
V6), duas (V3 + V6) ou três (PP + V3 + V6) aplicações. Barras com para melhoras.
letras diferentes se diferenciam estatisticamente entre si pelo teste
LSD (p < 0,1). Fonte: Altarugio et al., 2019.

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Adubação foliar para milho
Autoria: Bianca de Almeida Machado
(Engenehira Agrônoma (ESALQ/USP)

Adubação foliar no plantio de milho maiores que 80 nanômetros não são


absorvidas pelos estômatos.
As raízes compõem um sistema
especializado na absorção de água e
nutrientes, por isso a correção e a adubação
via solo são tão importantes para o
desenvolvimento satisfatório das culturas. No
entanto, são inúmeras as interações que
podem ocorrer no solo e indisponibilizar os
nutrientes para a absorção radicular.

A adubação via folha existe como alternativa


Figura 1. Anatomia de uma folha monocotiledônea e
que contorna os problemas decorrentes de vias de penetração de nutrientes.
interações com o solo, além de permitir que Fonte: Adaptado de Gomes et al. (2019)
o nutriente seja aplicado diretamente no e https://img.brainkart.com/extra2/6VwdBmt.jpg.
local e momento em que mais é requerido.
Neste texto, iremos abordar algumas Adubação foliar para milho com
práticas utilizadas na adubação foliar do micronutrientes
milho, que pode ser feita para fornecer
nutrientes de forma suplementar ou como A correção do solo é importante para ajustar
forma de desencadear estímulos fisiológicos o pH em valores que disponibilizem a
que podem potencializar a produção. maioria dos elementos requeridos pelas
plantas, mas esta prática geralmente reduz
Vias de penetração de nutrientes a disponibilidade dos micronutrientes
metálicos, ferro (Fe), cobre (Cu), manganês
nas folhas
(Mn) e zinco (Zn), na solução do solo (Figura
2).
Ao contrário das raízes, que fazem o
transporte da seiva bruta pelo xilema, os
nutrientes absorvidos via foliar são
transportados por meio do floema. É
importante conhecer os caminhos que os
nutrientes devem percorrer até atingirem o
floema, pois somente após atingirem este
vaso eles serão transportados aos órgãos
drenos e metabolizados.

Os nutrientes podem penetrar nas folhas por


meio da cutícula, rachaduras causadas por
danos, tricomas, estômatos e poros (Figura
1), em seguida, devem atravessar células do
parênquima e a bainha do feixe vascular
Figura 2. Disponibilidade de nutrientes na solução do
para atingirem o floema. solo em função do pH.
Fonte: Adaptado de Malavolta (1979).
Conhecer as vias de penetração é
importante para entender a diferença na A adubação foliar com micronutrientes é
eficácia dos fertilizantes disponíveis no uma alternativa interessante para contornar
mercado, uma vez que para atravessar a efeitos negativos do aumento do pH, pois
cutícula os nutrientes devem estar solúveis entrega os nutrientes diretamente na planta,
em água ou na forma de partículas menores e evita reações indesejadas no solo. É válido
que 5 nanômetros. Enquanto partículas lembrar que as folhas não são órgãos
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especializados em absorção, por isso são • O Zn é um dos micronutrientes mais
menos eficientes que as raízes nesta função. limitantes na produção de milho no Brasil.
Deste modo, pequenas quantidades de Teores baixos de Zn são encontrados
nutrientes devem ser fornecidas por principalmente em solos encharcados na
aplicação, ainda mais porque região do Cerrado ou em solos formados
concentrações elevadas também podem sobre rochas sedimentares com baixos
causar fitotoxidez. teores naturais de Zn. Apesar da
necessidade de aplicação deste
Considerando também que os elemento, em se tratando de adubação
micronutrientes não são remobilizados na foliar, não é recomendado o fornecimento
cultura do milho, é importante que as de mais de 120 g ha-1 de Zn por aplicação,
aplicações coincidam com momentos devido à possibilidade de ocorrência de
estratégicos, de maior requerimento pela fitotoxidez.
cultura.

Na tabela 1, tem-se a recomendação de Algumas estratégias com


complementação foliar de micronutrientes macronutrientes
no milho, considerando a aplicação prévia
de B (0,15 a 0,30%), Cu (0,15 a 0,20%) e Zn Macronutrientes não devem ser aplicados
(0,40 a 0,50%) junto ao fertilizante N-P-K, via exclusivamente via adubação foliar, isso
solo, no sulco de semeadura (FANCELLI, porque as folhas não conseguem absorver a
2020). quantidade total requerida, mas existem
algumas ocasiões em que a aplicação foliar
destes nutrientes pode auxiliar no
metabolismo da planta.

Por exemplo, a aplicação foliar de 1,5 kg ha-


1 de N + 150 g ha-1 de B em conjunto com

fungicidas no estádio de pré-pendoamento,


tem proporcionado ganhos no peso de
grãos, resultando em aumentos de 160 a 310
kg ha-1 (FANCELLI, 2020).

Na Tabela 2, temos a recomendação de Considerando efeitos positivos do Mg na


adubação com micronutrientes via foliar translocação de fotoassimilados e
segundo Vitti e Mira (2020). carboidratos nas plantas, a aplicação foliar
deste elemento em estádios reprodutivos
pode auxiliar no enchimento de grãos,
resultando em maior produtividade.

Segundo Altarugio et al. (2017), a aplicação


foliar de 888 g ha-1 de Mg elevou os teores
de Mg nas folhas e aumentou em
aproximadamente 10% (737 kg ha-1) a
produtividade do milho cultivado na região
de Uberlândia-MG.

Algumas recomendações adicionais quanto Por isso, Vitti e Mira (2020) recomendam a
ao fornecimento de micronutrientes são: aplicação de 450 g ha-1 de Mg no pré-
pendoamento + 450 g ha-1 de Mg no pós-
• Em áreas alagadas, onde o lençol freático pendoamento (Tabela 3).
é mais superficial e há excesso de água, o
Cu2+ é reduzido a Cu+, que fica indisponível A absorção de Mg também pode ser
para absorção radicular. Neste caso, comprometida em solos com alta saturação
recomenda-se a aplicações do nutrientes de K (o que pode ocorrer devido à aplicação
via folar, de forma parcelada, de acordo de vinhaça ou uso contínuo de fertilizantes
com a tabela 2. formulados com concentrações elevadas de
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K). Neste contexto, a adubação foliar de Mg De modo geral, fertilizantes na forma de sais
também é altamente recomendada. são muito reativos e a sua mistura com
defensivos pode ocasionar em precipitação,
Em condições de temperaturas altas, os entupimento de bicos e perda de eficiência
efeitos do estresse térmico são amenizados dos produtos envolvidos.
quando as plantas apresentam
concentrações adequadas de magnésio, o Fosfitos são fontes que podem diminuir o pH
que corrobora a aplicação foliar deste da calda de pulverização e por causa disso,
elemento e, também, o correto fornecimento em algumas situações, podem diminuir a
de Mg via solo, de modo a manter teores eficiência de fungicidas quando aplicados
adequados nas plantas ao longo de todo o em conjunto.
desenvolvimento.
Fontes com baixa solubilidade, como óxidos
Temperaturas elevadas também podem e carbonatos, podem não reagir
diminuir a atividade da enzima nitrato quimicamente com outros compostos da
redutase, que está diretamente ligada à calda, mas são dificilmente absorvidas
assimilação de N absorvido via nitrato. Neste pelas plantas e podem decantar no fundo
contexto a aplicação foliar de Mo em V4/V6 do tanque em alguns casos.
+ N na forma amoniacal (por exemplo,
sulfato de amônio) via solo em cobertura, As fontes mais recomendadas para misturas
pode amenizar os efeitos negativos do de tanque tem sido os quelatos, pelo fato de
estresse térmico sobre a assimilação de N. não reagirem com outros componentes em
misturas de tanque, não alterarem
Adicionalmente, o silício (Si, que é um drasticamente o pH da mistura e serem
elemento benéfico) pode amenizar efeitos facilmente absorvidos pelas folhas.
negativos de altas temperaturas. Segundo
Freitas et al. (2011), a aplicação de 217 g ha- De qualquer forma, é válido ressaltar que
1 de Si resultou em maiores concentrações estas recomendações são genéricas. Neste
deste elemento nas folhas do milho. caso, cada tanque preparado é um universo
particular que deve ser estudado de forma
única. Todas as fontes podem ser utilizadas,
desde que combinadas de maneira correta,
respeitando toda a química envolvida na
mistura.

Considerações finais

Cada vez mais a adubação foliar tem sido


Fontes para aplicação foliar adotada pelos produtores, sendo prática
essencial em áreas de alta performance.
A aplicação foliar impede que haja reações A adubação foliar na cana-de-açúcar, por
de indisponibilização no solo, que podem exemplo, vem sendo cada vez mais
atrapalhar a absorção de nutrientes pelas adotadas nos canaviais.
plantas.
Devido à necessidade de entrar na área
No entanto, do mesmo modo, reações para pulverização de defensivos, a
indesejadas podem ocorrer no tanque de aplicação conjunta de fertilizantes diminui o
pulverização em função da mistura de custo da operação, desde que a mistura
produtos, diminuindo também a seja feita de forma adequada.
disponibilidade dos nutrientes,
principalmente quando há a mistura de A resposta à adubação foliar depende de
fertilizantes com defensivos agrícolas, como muitos fatores. Quando feita para corrigir
herbicidas, fungicidas e inseticidas. sintomas visuais de deficiência pode-se
observar respostas positivas a olho nu, no
A vantagem é que, neste caso, a situação é entanto, muitas vezes os ganhos só são
mais fácil de controlar, pois basta fazer a perceptíveis na hora da colheita.
escolha certa das fontes a serem aplicadas.
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Aliás, estudos mostram que quanto mais a Como o Azospirillum ajuda no
planta está bem nutrida, mais facilmente crescimento das plantas?
ela absorve nutrientes via folha. Neste
sentido, a adubação foliar deve ser Fisiologicamente falando, enquanto a planta
adotada como prática para fornecer fornece nutrientes ao Azospirillum, as
nutrientes de forma complementar a uma bactérias agem de duas formas principais:
adubação que já foi bem-feita na base.
• Promovendo a síntese de fitohormônios -
O maior intuito desta prática deve ser como auxinas, citocininas e giberelinas –
fornecer o nutriente prontamente que aumentam a proliferação do sistema
metabolizável no momento e local em que radicular das plantas.
as plantas mais precisam, muitas vezes
como um estímulo fisiológico para facilitar • Promovendo alterações positivas em
este árduo trabalho que é produção de metabólitos secundários que ajudam a
alimentos em campo aberto. planta a tolerar estresses o hídrico e
promove resistência ao ataque de

Novidades no uso
patógenos.

de Azospirillum
em milho
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu

Azospirillum é uma das bactérias promotoras


do crescimento de plantas mais estudadas
no mundo desde sua descoberta por
Martinus Beijerinck na Holanda em 1925.

Figura 2. Efeito positivo do Azospirillum nas raízes das


plantas. IAA: ácido 3-indol-acético. ABA: ácido
abscísico. Fonte: Traduzido de Rodrigues et al., 2015.

Dentre os efeitos relatados como benefícios


da utilização das estirpes Ab-V5 e Ab-V6 de
Azospirillum brasilense – as utilizadas em
Figura 1. Imagens de microscopia eletrônica de raízes de produtos comerciais no Brasil, temos:
milho inoculadas (direita) e não inoculadas (esquerda)
com Azospirillum brasilense. Fonte: SANTOS et al., 2014. • Fixação biológica de Nitrogênio;
• Promoção do crescimento das raízes
(Figura 3);
Como resultado das pesquisas realizadas • Maior expansão foliar e biomassa de
por Johanna Döbereiner no Brasil na década plantas;
de 1970, duas principais características são • Melhor condutância estomática, tolerância
usadas para definir as bactérias do gênero a seca e salinidade;
Azospirillum: • Aumento no teor de clorofila e taxa
Fotossintética;
• a capacidade de fixar nitrogênio • Aumento da absorção de macro e
atmosférico (N2); micronutrientes;
• Aumento na resistência a patógenos
• a capacidade de produzir vários • Maior rendimento e índice de colheita.
fitohormônios que melhoram o
desenvolvimento do sistema adicular das
plantas

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Não é novidade, portanto que existem
benefícios na utilização desse bioproduto.
Contudo somente agora, mais de 10 anos
depois, é que foi possível compilar vários
resultados de pesquisas realizada ao longo
de todo esse tempo e compreender
claramente quais os benefícios do uso
desse inoculante

Uso de Azospirillum em milho

Uma meta-análise de 103 experimentos


realizados em 54 locais de 10 estados
brasileiros (Figura 5) mostrou que a
inoculação de sementes de milho com
Azospirillum promove:

Figura 3. Arquitetura radicular de plantas de milho com ↑ de 5,4% na produtividade de grãos,


ou sem indução de nitrato e com ou sem inoculação
com A. brasilense após 7 d de tratamento.
↑ de 4,3% no teor de N na folha,
Fonte: Pii et al., 2019. ↑ de 3,6% no teor de N nos grãos,
↑ de 12,1% no crescimento das raízes das
plantas.
Evolução no uso de Azospirillum
como inoculante no Brasil

A utilização de Azospirillum em milho e trigo


não é novidade e ocorre no Brasil desde
2009/2010, quando a Embrapa lançou
comercialmente o primeiro inoculante para
as culturas de milho e trigo.

Ao longo dos anos a adoção da prática de


inoculação em gramíneas vêm sendo cada
vez mais implementadas pelos agricultores
brasileiros, sendo que mais de 10 milhões de Mas em que condições existe
doses do inoculante contendo Azospirillum resposta? Nas mais diversas!
brasilense foram comercializadas no país
em 2019 (Figura 4).

Figura 6 - Efeito da inoculação das cepas de


Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 na produtividade
de grãos de milho em função do clima, faixa de
produtividade, textura do solo e teor de carbono
Figura 4. Doses de inoculantes contendo cepas de orgânico do solo (COS). Os valores são médias ±
Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 comercializadas intervalo de confiança. O efeito é significativo quando o
no Brasil desde o lançamento do primeiro inoculante IC não se sobreponha a zero. Os dados são de 30
comercial. Fonte: Santos et al., 2021. experimentos. Fonte: Traduzido de Hungria et al., 2022.

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Redução de 25% na dose de N em O produto comercial é vendido na
cobertura após inoculação com forma turfosa ou na forma líquida.
Azospirillum em milho Embora para o milho o produto possa ser
aplicado via foliar em estágios que vão do
As informações mais recentes publicadas V2 ao V6, o mais comum e o que traz os
pela Embrapa indicam para o produtor, que melhores resultados é a aplicação via
na prática, a inoculação de sementes de inoculação das sementes (Figura 10).
milho com a bactéria Azospirillum brasilense
(estirpes Ab-V5 e Ab-V6) permite a redução
de 25% da adubação nitrogenada de
cobertura - considerando a dose de 90 kg
por hectare de N-fertilizante - sem perdas de
produtividade (Figura 7).

Figura 8. Efeito da inoculação com Azospirillum


brasilense na produtividade de grãos de milho segundo
o método de inoculação e cepa de A. brasilense. Valores
Figura 7. Rendimento de grãos de milho não inoculado e são meios ±95% do intervalo de confiança (IC). Número
recebendo fertilizante 100% N (90 kg ha-1 de N) aplicado de comparações para cada milho atributo está entre
em cobertura aos 35 d após emergência, inoculadas parênteses. O efeito é significativo quando o IC não se
com as cepas de Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6 sobrepõe o zero. Fonte: Traduzido de Barbosa et al., 2022
e recebendo adubação 75% N. Fonte: Traduzido de
Hungria et al., 2022
Cuidados para aquisição e uso de
inoculantes contendo Azospirillum
Tal prática de manejo resulta em:
• É importante que o produto apresente o
• Ganho econômico gerado ao produtor número de registro no MAPA (Ministério da
devido a economia de fertilizantes Agricultura, Pecuária e Abastecimento);
nitrogenados; • Atente-se ao prazo de validade do
produto;
• Ganho ambiental com redução nas • Conserve o inoculante em local protegido
emissões dos gases do efeito estufa do sol e arejado até a utilização – as
(redução nas emissões de CO2 temperaturas NÃO devem ser superiores à
equivalente), que contribuem para a 32ºC;
sustentabilidade da agricultura brasileira. • Durante a semeadura, se o depósito de
sementes na máquina ficar 30 muito
aquecido (temperatura > 35°C), deve-se
Como o Azospirillim é utilizado a interromper a atividade e resfriar a caixa,
pois o calor pode matar as bactérias;
campo?

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• No caso de uso de inoculante turfoso Conclusão
utilizar solução açucarada a 10% para
permitir aderência do produto nas
sementes;
• Não inocular diretamente na caixa de
semeadura;
• A semeadura deve ser imediatamente ou
no máximo 24 horas após a inoculação;
• Lembrar que o inoculante contém
bactérias vivas, sensíveis ao calor,
deficiência hídrica (cuidado com solo
seco) e agrotóxicos. Nessas condições,
aumentar a dose do inoculante,
permitindo maior número de células de
Azospirillum por semente e semear o mais
breve possível.
• Não ultrapassar 1 dose na semente e 2
doses no sulco.

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SOJA
Manejo do boro na cultura da soja
O boro é o micronutriente cuja a aplicação via fertilizante tem mais
respondido em produtividade na cultura da soja.
Autoria: Eduardo Zavaschi
Engenheiro Agrônomo, Doutor em solos e nutrição de planta.

Importância do boro (B)


De acordo com Malavolta (2006) o boro (B) é
o micronutriente cuja a deficiência é a mais
comum em uma série de culturas no Brasil.

Nas condições brasileiras, em que os solos


são em sua maioria ácidos, o boro é
absorvido pelas plantas principalmente na
forma de ácido bórico B(OH)3, o qual é uma
molécula não iônica (sem carga), muito
móvel no solo e consequentemente Figura 1. Efeito do baixo e adequado suprimento de boro
altamente lixiviável. no sistema radicular de canola, soja e milho. Imagem:
Dr. Ismail Cakmak (Sabanci University)
Nas plantas o boro tem várias funções,
dentre as quais podem-se destacar a
A cultura da soja, para a produção de 1,0
participação na síntese e estrutura da
tonelada de grãos, extraí
parede celular; transporte de açúcares;
aproximadamente 75 g de boro, dos quais
lignificação; respiração; metabolismo de
30% são exportados nos grãos.
fenóis e ácido indol acético (AIA); frutificação
e crescimento de tubo polínico.
Como diagnosticar a necessidade
Em termos de exigência, as dicotiledôneas, de adubação de B na soja
como soja, necessitam uma concentração
de boro no tecido vegetal de 20-70 mg kg-1, Análise de solo
ou seja, maior do que as monocotiledôneas,
que exigem de 5 a 10 mg kg-1 . Para um adequado fornecimento de boro
para a soja deve-se considerar o teor do
Na maioria das plantas o boro possui baixa nutriente no solo na camada de 0-20 cm,
mobilidade, sendo que os sintomas de visando verificar a necessidade de aporte
deficiência deste nutriente manifestam-se via fertilizante através da análise de solo.
principalmente em tecido jovens, devido às
características do boro, entre os quais De acordo com vários trabalhos de pesquisa
podemos destacar: (Abreu et al., 2005; Vale, Araújo, Vitti, 2008)
mais de 80% dos solos brasileiros possuem
• Redução do crescimento e deformações teores de boro abaixo do nível crítico,
nas zonas de crescimento; fazendo-se necessária a adubação do
elemento via solo.
• Diminuição da superfície foliar, com folhas
pequenas, deformadas, espessas e Tabela 1. Interpretação dos teores de boro
quebradiças; no solo de acordo com Boletim Cerrado de
Correção e Adubação (Sousa e Lobato,
• Crescimento reduzido das raízes (figura 1). 2002) e o Boletim Técnico 100 (Raij et al.,
1996).
15
Para aplicação de fertilizantes via solo, na
Atualmente, visando a obtenção de altas forma sólida, recomenda-se
produtividades de soja, muitos preferencialmente o Tetraborato de Sódio
pesquisadores e consultores tem Pentahidratado – Bórax Penta –
recomendado que o nível crítico de B no solo (Na2B4O7.5H2O) e Ulexita (NaCaB5O2.8H2O).
seja de 0,8 a 1,0 mg dm-3. Ressalta-se que a melhor forma de
aplicação destas fontes é agregada aos
Análise de tecido foliar grânulos dos fertilizantes NPK, tecnologia que
permite maior uniformidade de distribuição e
Além do teor do elemento no solo é válido solubilidade dos micronutrientes devido as
verificar a concentração dos nutrientes nos propriedades do boro.
tecidos foliares para avaliar a capacidade de
suprimento do solo. Para soja recomenda-se Porém há produtores aplicando as fontes
coletar o terceiro ou quarto trifólio boratadas de maneira isolada com bons
completamente expandido, com pecíolo, resultados.
quando a cultura estiver no estádio
fenológico de R2. De acordo com a legislação as fontes do
boro, para aplicação sólida via solo, devem
Segundo a EMBRAPA (2008), o teor foliar de ter no mínimo 60% do teor total de B solúvel
boro adequado para a cultura da soja é em ácido cítrico para serem
de 20 a 55 mg dm-3. comercializadas. É importante que o
agricultor faça análises periódicas dos
Como fazer a adubação de B na soja fertilizantes para verificar estas exigências.
Existe também a possibilidade da aplicação
do boro via solo de forma fluida e em área
Via solo total na dessecação, simultaneamente com
o herbicida.
Por apresentar baixa mobilidade na planta e
ter grande importância para o crescimento A fonte tradicionalmente mais utilizada nessa
das raízes, o boro deve estar presente em modalidade é o ácido bórico (17% B), na dose
quantidade satisfatória no perfil do solo e, de 2,0 a 4,0 kg ha-1, fornecendo em média de
portanto, ser aplicado preferencialmente via 0,34 a 0,68 kg ha-1 de B.
solo.
Essa modalidade tem algumas restrições
Esta modalidade apresenta correção lenta, pelo fato do ácido bórico ser altamente
duradoura e preventiva e deve ser feita lixiviável no solo e dos problemas
quando os teores do solo estiveram abaixo operacionais relacionados com a dificuldade
do nível adequado, de acordo com a Tabela da dissolução do produto no tanque de
1. pulverização.

As doses de boro recomendadas para Via foliar


aplicações do boro na soja, objetivando
rendimentos elevados estão apresentadas O fornecimento de micronutrientes via
na tabela 2. foliar permite correção rápida, porém menos
duradoura. As fontes mais indicadas para
Tabela 2. Recomendação de boro via solo aplicação foliar devem ser solúveis em água
para a cultura da soja e estão descritas na tabela 3.

Tabela 3. Opções de fontes de boro para


aplicação na operação de dessecação
16
Interação
Manganês e
Glifosato na soja
Autoria: Bianca de Almeida Machado
(Engenehira Agrônoma (ESALQ/USP)
Devido a importância do boro na fertilização,
manutenção e integridade dos órgãos Uma história de fortes interações, mas
reprodutivos e no transporte de açúcares nem tanto assim.
sugere-se que pulverizações foliares do
nutriente sejam realizadas principalmente no Fertilizantes Foliares e Herbicidas
período reprodutivo da cultura.
A aplicação de fertilizantes foliares em
Além disso, em função ao boro ter conjunto herbicida sobre uma cultura
mobilidade muito baixa na planta de soja, agrícola é uma prática bastante comum em
recomenda-se que a aplicação deste lavouras de soja resistentes ao glifosato.
elemento via foliar seja parcelada ao longo
do ciclo da cultura, visando atingir a maior Conhecidas também como “RR” (Roundup
quantidade possível de tecidos da parte Ready), as cultivares resistentes ao glifosato
área. são comercializadas no Brasil desde 2003, e
representam hoje mais de 95% de toda a
A eficiência deste manejo foi comprovada área de soja plantada no país. O sucesso
em trabalho recente da Fundação MS desta tecnologia está no controle facilitado
(Tabela 4), que mostrou que o parcelamento de plantas daninhas, pois ela possibilitou
do fornecimento de boro proporcionou as que o glifosato, que é um herbicida pós
maiores respostas em produtividade de soja. emergente de amplo espectro, fosse
aplicado em área total e pós emergências,
Tabela 4. Efeito do parcelamento da sem comprometer o desenvolvimento da
aplicação de boro via foliar cultura.

A possibilidade de aplicar o glifosato sobre a


soja permitiu o aproveitamento desta
operação para fornecer em conjunto
micronutrientes via foliar para a cultura, o
que é uma prática interessante para reduzir
custos operacionais. No entanto, para atingir
este objetivo é preciso conhecer algumas
peculiaridades sobre este assunto.
Desta forma, visando o fornecimento de boro
via foliar, recomenda-se a aplicação
Dentre os micronutrientes, o manganês (Mn)
de 100 a 200 g ha-1 de B, parcelada nos
é o mais comum em misturas com glifosato,
estádios fenológicos de V4/V5; R1/ R2 e
e talvez o mais polêmico. A aplicação de Mn
R3/R4.
é pratica comum nos campos de soja RR,
isso porque há algumas hipóteses bastante
Considerações finais difundidas que sustentam interações
indesejadas com o glifosato, desde a
Para se obter o adequado fornecimento de mistura no tanque de pulverização,
boro à cultura da soja é fundamental a passando pelo meio intracelular, e
determinação de boro no solo, na camada chegando até à rizosfera das plantas que
de 0-20 cm, verificação periódica dos teores recebem a aplicação.
foliares e aplicação do nutriente via solo,
preferencialmente agregado ao fertilizante A seguir, iremos discutir melhor sobre estas
NPK, com complementação via foliar, de hipóteses e desmistificá-las com base em
forma parcelada. novos resultados de pesquisa sobre o
assunto.
17
O que há entre o Mn e o glifosato?

Tudo começou com a observação de um


amarelecimento temporário em folhas de
soja RR emergidas logo após a aplicação do
glifosato. Este sintoma se mostrou
temporário por se reverter entre 14 a 21 dias
após o aparecimento, e ficou popularmente
conhecido como yellow flashing, sendo
observado em lavouras nos Estados Unidos
e no Brasil. Por ser semelhante aos sintomas
de deficiência de Mn, levantou-se a hipótese
de que a aplicação de glifosato estivesse
indisponibilizando e/ou interferindo no
metabolismo do Mn pela planta.

Esta hipótese foi considerada porque o


glifosato, antes de se tornar o principal
herbicida da história, foi desenvolvido e
Figura 1. Análises feitas no Laboratório Nacional de Luz
patenteado, em 1964, como um agente
Síncrotron. (A) Plantas de soja foram tratadas via foliar
quelante, devido à sua capacidade de com MnSO4, Mn-EDTA e Mn-fosfito, misturados ou não
complexar cátions di e trivalentes. Sendo o com glifosato. (B) 2 horas após a aplicação, os pecíolos
Mn absorvido pelas plantas na forma das folhas tratadas foram analisados, com as plantas
ainda vivas. (C) Os resultados mostram que,
divalente (Mn2+), considerou-se a
independente da fonte e da mistura com o glifosato, os
possibilidade de o glifosato estar espectros medidos nos pecíolos coincidem com os
complexando-o no interior das células, espectros usados como padrão para cada fonte, que
indisponibilizando-o para cumprir suas são soluções destes fertilizantes. Como resultado,
observamos que o Mn-EDTA é absorvido via foliar e
funções no metabolismo da planta.
transportado até o pecíolo na sua forma quelatizada.
Para mais detalhes, veja o artigo de Machado et al.
Desmistificando a hipótese da (2019).
complexação intracelular
Não há evidências que comprovem a
De fato, o glifosato é capaz de complexar complexação intracelular do Mn pelo
átomos de Mn2+ em soluções aquosas, como glifosato, mas, embora não seja uma regra,
veremos com mais detalhes nos próximos o yellow flashing é um problema visto no
tópicos, no entanto, a complexação do Mn campo em algumas situações, como no
intracelular nunca foi comprovada, pelo caso de aplicações de altas doses de
contrário, trabalhos de pesquisa mostram glifosato, realizadas sob condições (calor e
evidências que refutam esta hipótese (BOTT umidade) que promovam o rápido
et al., 2008; MACHADO et al., 2019). desenvolvimento da soja.

O Laboratório de Instrumentação Nuclear, O que causa o yellow flashing?


coordenado pelo Prof. Hudson de Carvalho
no Centro de Energia Nuclear na Agricultura A maior parte do glifosato absorvido é
(CENA/USP), publicou resultados de um transportado para tecidos meristemáticos.
experimento analisado no Laboratório Algumas frações também podem ser
Nacional de Luz Sincrotron que, utilizando exsudadas pelas raízes ou metabolizadas
raios-x, mostrou que o Mn aplicado via foliar, pela planta, sendo o AMPA (ácido
em conjunto com o glifosato, não é aminometilfosfônico) o primeiro e principal
transportado de forma complexada, como metabólito formado a partir da sua
vimos na Figura 1 (MACHADO et al., 2019). degradação, conforme esquematizado na
figura 2.

Estudos mostraram que o aparecimento


do yellow flashing é na verdade uma
18
resposta das cultivares RR à toxicidade ao Embora não haja interações no meio
AMPA, que é uma substância que se mostrou intracelular, o glifosato continua sendo
capaz de reduzir o conteúdo de clorofila nas capaz de complexar o Mn2+ em soluções
folhas (DING et al., 2011; REDDY; RIMANDO; aquosas, sendo estas espécies altamente
DUKE, 2004), razão pela qual se dá o reativas em misturas de tanque. Neste
amarelecimento. O AMPA é posteriormente contexto, algumas estratégias devem ser
metabolizado pela planta e sua tomadas para driblar esta situação e evitar
concentração nas folhas é perdas.
significativamente reduzida, em média, 22
dias após a aplicação, o que coincide com o As fontes importam
momento em que os sintomas do yellow
flashing são atenuados. Um estudo conduzido pelo Laboratório de
Instrumentação Nuclear (CENA/USP) testou
4 fontes de Mn em misturas de tanque com
glifosato, bem como a eficiência destas
misturas no fornecimento de Mn para a soja
RR. As fontes utilizadas foram sulfato de Mn
(MnSO4), carbonato de Mn (MnCO3), fosfito
de Mn (MnHPO3) e Mn quelatizado com
ácido etilenodiaminotetracético (Mn-EDTA).

Os resultados mostraram que misturas de


MnSO4 + glifosato podem causar perdas de
até 30% do Mn e do glifosato no tanque de
Figura 2. Destinos do glifosato após absorção pela soja. pulverização, devido à formação de
complexos pouco solúveis que precipitam
com uma razão molar Mn:Glifosato de 2:1.
Por que aplicamos o Mn junto com o Essas perdas refletem em diminuição na
glifosato? eficiência do fornecimento do Mn para a
soja (Figura 3) e no controle de plantas
Como vimos, a complexação do Mn daninhas pelo glifosato, como constatado
intracelular pelo glifosato não é a causa por Bernards et al. (2005).
do yellow flashing, por isso, se a sua
aplicação é feita apenas com o objetivo de
compensar possíveis efeitos negativos do
glifosato sobre o seu aproveitamento pela
soja, então ela é feita pelo motivo errado.
No entanto, embora o glifosato não interfira
no metabolismo do Mn, este elemento é
essencial para o desenvolvimento da cultura,
sendo importante na mitigação de estresses
oxidativos e indispensável para atingir altas
produtividades, sendo o fornecimento do
nutriente via foliar uma boa opção.
Figura 3. Efeitos da mistura do glifosato com solução de
Neste sentido, a aplicação do Mn junto com o MnSO4, causando precipitação do Mn e diminuindo a
eficiência do MnSO4 no fornecimento deste
glifosato é uma alternativa interessante, não micronutriente para a soja.
como tentativa de compensar o mito da
complexação, mas sim para aproveitar
operações mecanizadas que já devem ser
feitas, buscando reduzir custos.

Misturas de tanque: reduzir custos,


mantendo a eficiência de aplicação

19
Mn, antes e após a mistura do glifosato.

Figura 6. Condutividade elétrica (A) e pH (B) de


fontes de Mn em função da mistura do glifosato ao
longo do tempo.

Observa-se algumas características destas


Figura 4. O MnCO3 não se mostrou eficiente no fontes, como a alta acidez do fosfito de Mn
fornecimento de Mn via foliar para a soja durante o (com pH abaixo de 2) e a grande influência
período avaliado (72 horas) independente da mistura
que a mistura do glifosato causa sobre a
do glifosato.O MnCO3 utilizado neste trabalho consistia
em um pó com partículas nanométricas (80 – 100 nm), solução de MnSO4. Fontes como o Mn-EDTA,
suspenso em água, sem estabilizantes. Neste caso, o Mn-fosfito e o MnCO3 não sofrem grandes
MnCO3 não reagiu quimicamente com o glifosato, mas influências devido à mistura, pois não
precipitou em sua totalidade por ser pouco solúvel,
reagem quimicamente com o glifosato.
mostrando-se como uma fonte pouco eficiente para o
fornecimento de Mn via foliar (Figura 4).
O Mn quelatizado não reage pois o EDTA tem
força de ligação maior que a molécula de
Provavelmente devido ao seu pH ácido (em
glifosato. No caso do MnCO3 não há
torno de 1,7), a solução de fosfito de Mn não
interação pois esta é uma fonte pouco
reagiu com o glifosato na mistura de tanque,
solúvel, que não disponibiliza íons Mn2+ livres
porém esta combinação reduziu a eficiência
para reagirem com o glifosato em solução.
no fornecimento de Mn para a soja. Das
fontes de manganês avaliadas, a única que
O caso do Mn-fosfito é interessante, pois é
não reagiu e não teve sua eficiência afetada
uma fonte solúvel de Mn2+, mas seu pH
pela mistura com o glifosato foi o Mn-EDTA
ácido não proporciona um meio favorável à
(Figura 5).
complexação do Mn com o glifosato. Em pH
ácido, a molécula desse herbicida está
protonada, ou seja, os sítios de adsorção
estão preenchidos com íons H+, não
restando locais para a adsorção do Mn2+.

Neste sentido, diminuir o pH da mistura é


uma alternativa para evitar complexação
até mesmo quando se usa uma fonte como
o MnSO4, mas também veremos que esta
Figura 5. A mistura do glifosato reduziu a eficiência do pode não ser a melhor opção.
fosfito de Mn no fornecimento de Mn via foliar para a
soja, enquanto a eficiência do Mn-EDTA não foi afetada.
Na imagem a seguir, observa-se as
espécies de glifosato em função do pH (A),
Influência do pH da mistura bem como a influência deste parâmetro na
formação de precipitados em misturas de
O controle do pH das misturas no tanque de MnSO4 + glifosato (B). Observa-se que em
pulverização é importante para garantir a pH 1 não há a formação de precipitados, ao
ação adequada do glifosato, e pode evitar contrário do que se observa em condições
reações indesejadas de complexação do Mn. de pH entre 3 e 5. No caso de se elevar o pH
Na imagem a seguir observa-se a para 7, a forma química do Mn é alterada.
condutividade elétrica e do pH das fontes de
20
de novela, com mentiras, verdades,
polêmicas e reviravoltas. O maior desafio é
desconstruir mitos, que podem ser usados
erroneamente como justificativas para
explicar fenômenos como o yellow flashing.

Diante dos fatos, vemos que não é


necessário aumentar doses de Mn para
compensar efeitos do glifosato, portanto,
produtor e produtora, fiquem atentos
quando receber alguma recomendação
Figura 7. Espécies de glifosato (A) e soluções de MnSO4 deste tipo.
+ Glifosato em função do pH do meio (B).
A aplicação do Mn ainda é importante para
No entanto, embora a redução do pH evite se atingir altos rendimentos, e é interessante
reações de complexação no tanque, a ser feita em conjunto com o glifosato,
aplicação de soluções ácidas sobre a folha pensando na redução de operações
da soja pode ser danosa para a cultura. Na mecanizadas. A Embrapa recomenda a
Figura 8, vemos alguns exemplos do efeito aplicação de 350 g ha-1 de Mn ao longo do
da aplicação de soluções ácidas sobre a desenvolvimento da cultura, e é interessante
epiderme da folha. parcelar esta aplicação em 3 vezes (em
torno dos estádios V3, V7 e R1). No campo,
A olho nu, é possível observar sintomas de observamos a utilização de doses menores,
fitotoxidez e, analisando os danos em dependendo da fonte, sem prejuízos de
microscópio eletrônico de varredura, vemos produtividade.
que as células são severamente danificadas,
tendo suas paredes e membranas Dentre as fontes, a mais eficiente para
colapsadas. Este efeito, ao mesmo tempo misturas é o Mn-EDTA, pois não reage no
que pode promover a absorção rápida da tanque de pulverização, não tem sua
solução aplicada, devido aos ferimentos eficiência diminuída e mantém o pH da
causados, pode também causar estresses solução em um nível aceitável (em torno de
oxidativos e servir como porta de entrada 5), sem causar maiores danos às células da
para patógenos. epiderme foliar.

Adquirir produtos de procedência e


qualidade também é imprescindível, pois é
importante que o Mn esteja completamente
quelatizado. Geralmente uma boa fonte de
Mn-EDTA possui em torno de 13% de Mn.

De qualquer forma, recomenda-se que seja


feito teste de qualidade/compatibilidade
antes de realizar as misturas de tanque,
analisando cada lote de fertilizante
adquirido.

Figura 8. Efeitos da aplicação de soluções ácidas sobre a


epiderme foliar.

Considerações finais e
recomendações

As histórias que cercam as interações entre


o Mn e o glifosato compõem um bom roteiro
21
FBN Fixação O Brasil se destaca hoje como maior
produtor mundial de soja devido a adoção
Biológica de de tecnologias que são ambientalmente
favoráveis, como a fixação biológica de

Nitrogênio na Soja nitrogênio, onde a inoculação das sementes


com bactérias do
gênero Bradyrhizobium dispensa totalmente
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu
a utilização de fertilizantes nitrogenados e
por isso diminui as emissões de gases de
Depois da fotossíntese – processo realizado efeito estufa e a contaminação de lençóis
pelas plantas para a produção de freáticos com nitrato.
energia, a Fixação Biológica do Nitrogênio
(FBN) é um dos processos mais importantes
para a sobrevivência das espécies.
As estimativas são de que a FBN contribui
com cerca de 65% de todo o N reativo
introduzido no ciclo do N no planeta, ou 96%
da fixação por processos naturais.

Bactérias diazotróficas transformam o N2,


gás que constitui 78% da
atmosfera terrestre em N assimilável pelas
plantas. Esse mesmo N irá depois ser
utilizado para produção de aminoácidos, Figura 1. Sistema radicular da soja e a presença de
proteínas e todos os demais compostos vários nódulos.
orgânicos essenciais à manutenção da vida.
Assim, pode-se afirmar que a FBN é uma Quais os benefícios da FBN?
verdadeira “fábrica biológica”, capaz de
suprir as necessidades de várias Os grãos de soja contêm cerca de 40% de
leguminosas como a soja. proteína e 15% dessa proteína é nitrogênio. A
Fixação biológica de nitrogênio é a capaz
O que é a fixação biológica do de suprir toda a demanda da cultura da
nitrogênio? soja, juntamente com o N oriundo da
matéria orgânica do solo, alcançando
A fixação biológica de nitrogênio é um elevados índices de produtividade.
processo de simbiose mutualística entre
uma planta e bactérias diazotróficas. As A técnica de inoculação da semente é uma
bactérias se fixam nas raízes do hospedeiro ferramenta de grande importância para
em troca de abrigo, nutrientes e compostos maximizar a fixação biológica de nitrogênio.
fotoassimilados, formando nódulos. Durante os anos houve uma grande
evolução das técnicas de inoculação, que
Em contrapartida, realizam a fixação buscam os seguintes objetivos:
atmosférica do nitrogênio (N2) em amônia
(NH3) que passam a ser utilizados pela • Garantir uma alta concentração de
planta em seu metabolismo. Dessa forma a bactérias sobre a semente;
fixação biológica de nitrogênio captura da
atmosfera milhares de tonelada de N2 por • Incorporar ao solo estirpes de alta
ano e transforma em formas assimiláveis de capacidade de fixar biologicamente mais
nitrogênio para a formação de proteínas e nitrogênio do ar;
tecidos.
• Manter altos níveis de sobrevivência
A reação que ocorre durante a fixação bacteriana para se obter maior
biológica de nitrogênio é a seguinte: quantidade de nódulos provenientes dos
inoculantes.
N2 + 8 e– + 8 H + 16MgATP —> 2NH3 + H2 + 16MgADP + 16 Pi

22
Ambientalmente falando a fixação biológica Tabela 1. Principais vantagens e
de nitrogênio reduz os impactos ambientais desvantagens da utilização de fertilizantes
devido à não utilização de fertilizantes nitrogenados e do processo de fixação
minerais. O aproveitamento dos fertilizantes biológica de N2 (FBN) em leguminosas
nitrogenados pelas plantas é baixo e
raramente ultrapassa 50%. Isso significa que
ao aplicar 100 kg de N, pelo menos 50 kg são
perdidos por diferentes processos que
ocorrem no solo, como volatilização e
lixiviação.

Pensando na fixação biológica de nitrogênio,


a contribuição de N não excede as
necessidades dos agro ecossistemas. Além
das perdas econômicas, o fertilizante perdido
simboliza uma grave fonte de poluição
ambiental, contaminando rios, lagos, lençóis
freáticos e a atmosfera com gases de efeito
estufa, incluindo o óxido nítrico e o óxido
nitroso, que são os de maior impacto à
camada de ozônio.

A fixação biológica de nitrogênio também


traz benefícios econômicos, devido a não Figura 1. Sistema radicular da soja e a presença de
utilização de fertilizantes nitrogenados nas vários nódulos.
lavouras de soja. Estima-se que o Brasil
economize anualmente cerca de US$ 8 Fonte: Hungria e Nogueira, 2022.
bilhões.

Vantagens e desvantagens da FBN O produtor deve utilizar fertilizante


comparado a fertilizantes minerais nitrogenado para um “arranque
inicial” da soja?
Se houver uma associação eficiente entre
esses microrganismos diazotróficos e as Muitos produtores são orientados a fazerem
plantas, o nitrogênio fixado pode suprir todas uma “aplicação de arranque” com N mineral
as necessidades de várias espécies com no plantio da soja. Essa prática é mesmo
importância econômica e ambiental, correta? Embora essa questão tenha sido
eliminando a necessidade de fertilizantes alvo de muitos debates a resposta mais
nitrogenados. sensata diante de evidências científicas é:
não!
No caso da simbiose com leguminosas, são A aplicação de fertilizantes nitrogenados na
observados aportes de grandes quantidades soja, além de aumentar os custos de
de nitrogênio por hectare por ciclo. produção, pode comprometer o processo
simbiótico e interferir na formação dos
Na Tabela 1, são apresentadas as principais nódulos que são as grandes fábricas de
vantagens e desvantagens da fixação nitrogênio e com isso diminuir a
biológica de nitrogênio (FBN) em simbiose produtividade da cultura.
em comparação com o uso de fertilizantes
nitrogenados. Apesar de poder melhorar o
desenvolvimento do sistema radicular no
O caso mais bem-sucedido de utilização da início do ciclo de crescimento, o
FBN na agricultura, reconhecido fornecimento de N via fertilizante atrapalha
internacionalmente, é a cultura da soja no o processo de formação dos nódulos e
Brasil, resultado de décadas de consequentemente diminui a capacidade
investimentos em pesquisa, transferência de das plantas em aproveitar o N
tecnologia e adoção pelos agricultores. atmosférico (fonte limpa e segura com um
custo 100 vezes menor que a adubação
23
nitrogenada – que por sua vez rendimento de grãos de 8,4%, enquanto a
comprometem a qualidade ambiental). coinoculação apresentou um aumento
ainda maior, de 16,1% (HUNGRIA & NOGUEIRA,
A importância da inoculação anual 2022).
da soja
A coinoculação também mostrou benefícios
adicionais, como maior massa de raízes,
A inoculação anual da soja tem se mostrado número e massa de nódulos, e teor de
uma prática importante e benéfica para o nitrogênio nos grãos.
cultivo dessa cultura.
Essa prática tem sido difundida por
Pesquisas realizadas pela Embrapa Soja programas de assistência técnica e
mostraram que mesmo em solos com extensão rural, alcançando milhares de
populações elevadas de rizóbios nodulantes, agricultores em diferentes municípios do
introduzidas por inoculações anteriores, a país. Estudos científicos têm respaldado os
reinoculação anual proporciona incrementos benefícios da coinoculação, consolidando-a
significativos no rendimento de grãos e no como uma estratégia eficiente para o cultivo
teor de nitrogênio dos grãos. Esses benefícios da soja.
são especialmente observados em regiões
mais sujeitas a estresses ambientais.
Conclusões
A inoculação anual contribui para uma
nodulação inicial eficiente na coroa da raiz A fixação biológica de nitrogênio
principal, resultando em maior atividade de desempenha um papel fundamental na
fixação biológica do nitrogênio (FBN) durante sobrevivência das espécies, incluindo a soja,
a fase inicial de crescimento das plantas. sendo uma verdadeira “fábrica biológica” de
nitrogênio assimilável pelas plantas.
Essa prática tem se mostrado mais eficiente
do que a aplicação de fertilizantes Ao adotar a inoculação anual com bactérias
nitrogenados, que podem inibir a nodulação fixadoras de N, os agricultores obtêm
sem proporcionar ganhos nos parâmetros de benefícios significativos, como maior
rendimento e teor de nitrogênio dos grãos. rendimento de grãos e teor de nitrogênio.

Devido aos benefícios comprovados, a Além disso, a coinoculação com Azospirillum


inoculação anual da soja é amplamente brasilense potencializa esses resultados,
adotada pelos agricultores, sendo praticada promovendo o crescimento das raízes e
em aproximadamente 79% da área cultivada melhorando a absorção de nutrientes.
no Brasil na safra 2019/2020 (HUNGRIA &
NOGUEIRA, 2022). Essas práticas sustentáveis reduzem a
dependência de fertilizantes nitrogenados,
diminuem as emissões de gases de efeito
Coinoculação na cultura da Soja estufa e preservam a qualidade ambiental.
A coinoculação da soja, que consiste na O Brasil, como maior produtor mundial de
aplicação conjunta de Bradyrhizobium spp. soja, tem se destacado no uso dessas
e Azospirillum brasilense, tem demonstrado estratégias, impulsionando a produtividade
resultados positivos e despertado o interesse da cultura de forma econômica e
dos agricultores. sustentável.
As estirpes de A. brasilense selecionadas no Ao adotar a fixação biológica de nitrogênio
Brasil são conhecidas por sua capacidade na soja, os agricultores estão investindo no
de produzir fitormônios, como o ácido futuro da agricultura, garantindo a saúde do
indolacético, promovendo o crescimento das solo, o aumento da produtividade e a
raízes e melhorando a absorção de água e preservação do meio ambiente.
nutrientes pelas plantas.

Estudos mostraram que a inoculação anual


da soja resultou em incrementos médios no
24
MANEJO INTEGRADO DE
PRAGAS – MIP
Manejo integrado de pragas: quanto
evoluímos em 6 décadas?
Entenda o que é e como funciona, quais seus princípios e como ocorreu a
evolução do MIP desde sua concepção na década de 1970 até os dias de hoje.
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu

incorreto afirmar que se deseja eliminar as


pragas da lavoura. O objetivo do MIP não é
O manejo integrado de pragas (MIP) visa
erradicar as pragas, mas manejá-
uma agricultura sustentável com redução
las, mantendo suas populações abaixo de
significativa do uso de defensivos agrícolas.
níveis economicamente prejudiciais.
Apesar dos esforços, desde sua concepção
Colocar em prática essa visão reduziria não
na década de 1970, o uso global de
apenas a exposição de agricultores,
defensivos agrícolas, também chamados
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero consumidores e do meio ambiente a
pesticidasAgrônoma,
Engenheira químicos,
pelapermanece robusto,
UNESP Botucatu compostos químicos tóxicos, mas também
trazendo impactos negativos para os cultivos
os problemas causados pela resistência de
e para a biodiversidade dos sistemas.
pragas a inseticidas.
Mas afinal, o que é o MIP e por que ele surgiu?
Quais princípios norteiam esse manejo? E Quais são os 8 princípios do MIP?
porque apesar de 6 décadas terem se
passado pouco se evoluiu nesta abordagem Quais são as ações necessárias para o
holística do manejo? Confira neste artigo. manejo integrado de pragas? De acordo
com Barzman et al. (2015), existem 8
O que é e como funciona o Manejo princípios do MIP, definidos em legislação e
adotados pela União Europeia:
integrado de Pragas (MIP)?
1. Prevenção e supressão
O manejo integrado de pragas (MIP) é 2. Monitoramento
definido como 3. Decisão baseada no monitoramento e
uma “abordagem” ou “estratégia” nos limites
holística para combater pragas e doenças 4. Utilização de métodos não químicos
de plantas usando todos os métodos 5. Seleção de defensivos químicos
disponíveis, minimizando as aplicações de 6. Redução do uso de defensivos químicos
defensivos químicos. 7. Estratégias anti-resistência
8. Avaliação
Ao contrário do controle tradicional de
pragas que envolve a aplicação rotineira de Tais princípios resultam de uma sequência
defensivos agrícolas, o MIP: lógica de eventos a serem cumpridos no
• Foca na prevenção de pragas; campo, conforme ilustrado na Figura 1.
• Utilização de defensivos agrícolas Os 3 pilares do manejo integrado de pragas
somente quando necessário. (mip)? são definidos pelos 3 primeiros
princípios, que devem ser realizados antes
Qual o objetivo do MIP? que haja a necessidade de intervenção no
controle de pragas na lavoura.
Sobre o manejo integrado de pragas (MIP) é
26
• O uso de material de plantio saudável;

• Detecção precoce de patógenos em


substratos e;

• o melhoramento genético de plantas para


resistência a pragas;

• Rotação de culturas;

• Aumento da diversidade de plantas no


campo.

A integração efetiva de várias táticas


agronômicas é essencial para diminuir a
dependência dos defensivos químicos no
controle de pragas.

Os princípios 2 (Monitoramento)
e 3 (Tomada de decisão), que entram em
ação uma vez implantado o sistema de
cultivo, baseiam-se na ideia de que as
medidas de controle na estação resultam de
Figura 7. Rendimento de grãos de milho não inoculado e um processo de tomada de decisão sólido
recebendo fertilizante 100% N (90 kg ha-1 de N) aplicado que leva em conta a incidência real ou
em cobertura aos 35 d após emergência, inoculadas prevista de pragas.
com as cepas de Azospirillum brasilense Ab-V5 e Ab-V6
e recebendo adubação 75% N. Fonte: Traduzido de
Hungria et al., 2022 O monitoramento envolve a coleta regular
de dados sobre a presença e a abundância
Figura 1. O raciocínio sequencial por trás dos oito das pragas, permitindo que os agricultores e
princípios do MIP (P1-P8). Fonte: Traduzido de
pesquisadores acompanhem as tendências
Barzman et al (2015).
e desenvolvam estratégias adequadas de
O princípio 1 (Prevenção e supressão) vem controle. O uso de feromônios e armadilhas é
em primeiro lugar porque engloba o muito importante nesta etapa.
desenho inicial e as ações realizadas no
nível do sistema de cultivo para reduzir a No caso de uma intervenção ser decidida,
severidade e a frequência de surtos de os Princípios 4 a 7 oferecem uma sequência
pragas. de opções de controle que podem ser
exploradas começando com as menos
A prevenção envolve a adoção de sistemas preocupantes primeiro:
de cultivo que sejam menos suscetíveis a
perdas causadas por pragas. Já a supressão • dar preferências para métodos não
consiste em reduzir a incidência e a químicos (princípio 4),
severidade do impacto das pragas, • seleção de defensivos agrícolas com
complementando a prevenção. menores impactos possíveis (princípio 5),
• diminuição da dose e frequência de
O objetivo não é erradicar totalmente as aplicação (princípio 6) e
pragas, mas evitar que elas se tornem • adotar estratégias para minimizar a
dominantes ou prejudiciais em um sistema evolução da resistência de pragas aos
de cultivo. defensivos agrícolas (princípio 7).

Algumas estratégias preventivas incluem O Princípio 8 (Avaliação) fecha o ciclo,


práticas importantes para fortalecer os garantindo que os usuários olhem para trás
sistemas de cultivo e reduzir a pressão das e avaliem suas ações com vistas a melhorar
pragas, como: todo o processo.
27
Como e quando o MIP surgiu? 1. Diversas definições do que é o MIP
geram uma confusão desnecessária.
O uso excessivo e indiscriminado de
defensivos agrícolas nas décadas de 1940 e 2. Há inconsistências entre os conceitos,
1950 levou a desastres ecológicos e à práticas e políticas do MIP.
impossibilidade de controle das populações
de pragas devido ao acúmulo de resistência 3. Há um envolvimento insuficiente dos
aos agrotóxicos. agricultores no desenvolvimento de
tecnologias de MIP e frequentemente
Na década de 1950, pesquisadores dos EUA, uma falta de compreensão básica de
propuseram o conceito de “Controle seus conceitos ecológicos subjacentes.
Integrado”, que enfatizava a necessidade de
combinar e integrar o controle biológico e 4. Desvios dos princípios fundamentais da
químico de pragas. MIP levaram a abordagens ineficazes e
resultados insatisfatórios.
Essa abordagem visava levar em conta as
preocupações ambientais decorrentes do 5. A pesquisa em MIP muitas vezes está
uso indiscriminado de agrotóxicos e buscar atrasada, equivocada e não dá a
soluções mais sustentáveis. devida atenção à ecologia e ao
funcionamento ecológico dos agro
Na década de 1960, o manejo de pragas ecossistemas.
preocupava-se com o manejo de
populações de pragas em uma lavoura. Os autores afirmam que desde a década de
1960, as diretrizes da MIP têm sido
Na década de 1970, especialmente na distorcidas, seus conceitos fundamentais
Europa continental, a FAO e a IOBC têm se degradado e sua implementação
(International Organization for Biological and séria (em nível de fazenda) não avançou.
Integrated Control of noxious animals and
plants) promoveram o MIP, como uma Para abordar esses problemas, os autores
estratégia para a proteção de cultivos, propõem a “Proteção Agroecológica de
integrando várias técnicas de controle de Cultivos” como um conceito que explora
pragas. como a agroecologia pode ser otimamente
empregada para a proteção de cultivos.
Evolução do MIP até os dias de hoje A Proteção Agroecológica de Cultivos é um
campo científico interdisciplinar que inclui
Analisando a situação atual do controle de uma estratégia ordenada (e priorização
pragas no Brasil e no mundo, pode-se clara) de práticas em nível de campo,
concluir que muitos dos princípios do MIP fazenda e paisagem agrícola, bem como
foram abandonados e que, em geral, os uma dimensão de ecologia social e
defensivos agrícolas são usados ao primeiro organizacional.
sinal do aparecimento dos insetos na
lavoura. A Proteção Agroecológica de Cultivos se
baseia em princípios de agroecologia e
Vários fatores contribuem para essa ecologia, visando à saúde dos
situação, principalmente a falta de uma agroecossistemas em vez de se concentrar
política governamental que incentive tal apenas no controle de pragas. Isso envolve
prática. uma abordagem interdisciplinar, estratégias
agronômicas organizadas e integração da
Embora os conhecimentos técnicos estejam ecologia social.
disponíveis e existam diversos programas de
MIP satisfatórios, os índices de sua adoção e Os autores destacam a necessidade de
utilização são, no momento, insatisfatórios, uma revolução intelectual e uma mudança
podendo comprometer a sustentabilidade radical nas práticas atuais, propondo a
agrícola. transição para uma abordagem mais
orientada para o cultivo ecológico.
28
Conclusões cientistas, agricultores, formuladores de
políticas e sociedade em geral para explorar
Ao longo de seis décadas, o Manejo e abraçar essa nova perspectiva, buscando
Integrado de Pragas (MIP) buscou promover equilibrar a eficácia no controle de pragas
uma agricultura sustentável, reduzindo o com a preservação da saúde dos
uso indiscriminado de defensivos agrícolas. ecossistemas agrícolas.

No entanto, apesar dos esforços, a utilização O futuro da proteção de cultivos reside, em


global de pesticidas químicos continua a grande parte, na nossa capacidade de
ser robusta, resultando em impactos superar desafios e transformar a maneira
negativos nos cultivos e na biodiversidade. como concebemos e praticamos a
agricultura.
O MIP foi concebido como uma abordagem
holística que envolve a combinação de
diversos métodos de controle de pragas,
com foco na prevenção e utilização
criteriosa de defensivos agrícolas apenas
quando necessário.

Os princípios do MIP, que incluem prevenção,


monitoramento, decisões baseadas em
limites, métodos não químicos, seleção
cuidadosa de defensivos, redução de seu
uso, estratégias contra a resistência e
avaliação, proporcionam um roteiro lógico
para o controle de pragas de maneira mais
sustentável.

No entanto, a implementação eficaz desses


princípios tem enfrentado desafios,
incluindo a falta de envolvimento dos
agricultores, a deterioração dos conceitos
fundamentais do MIP e a insuficiente
consideração da ecologia.

Diante dessas limitações, alguns


pesquisadores propõem uma nova
abordagem, chamada Proteção
Agroecológica de Cultivos, a fim de adotar
princípios de agroecologia e ecologia,
priorizando a saúde dos agroecossistemas
em vez do simples controle de pragas.

Será que conseguiremos efetivamente


implementar uma abordagem da Proteção
Agroecológica de Cultivos em detrimento ao
MIP? Diante dos desafios atuais e das
limitações enfrentadas na adoção plena dos
princípios do MIP, a proposição de uma
mudança radical em direção a uma
abordagem mais orientada para o cultivo
ecológico levanta questões sobre sua
viabilidade e aceitação.

Será necessário um esforço conjunto de


29
PRAGAS E DOENÇAS EM
MILHO
Cigarrinha do milho: o vetor do
enfezamentos e risca do milho
Autoria: Ísis Tikami
Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda
em Fitopatologia pela ESALQ/USP

A cigarrinha Dalbulus maidis (DeLong &


Wolcott) ou cigarrinha do milho é uma das
principais pragas da cultura do milho e,
embora não provoque danos diretos
expressivos durante sua alimentação, é vetor
de três importantes patógenos da cultura:
Maize bushy stunt phytoplasma (MBSP), que
causa o enfezamento vermelho; Spiroplasma Figura 1. Cigarrinha Dalbulus maidis em planta de
kunkelli, agente causal do enfezamento milho (A), estágios ninfais e adultos da cigarrinha
(B). Fontes: Sabato, 2018 (A) e Nault, 1980.
pálido; e o vírus da risca do milho Maize
rayado fino virus (MRFV) (NAULT, 1980; NAULT
et al., 1980). Enfezamentos do milho

A cigarrinha do milho Foi relatada maior ocorrência destas


doenças no milho safrinha que na safra de
O inseto cigarrinha do milho tem coloração verão em algumas regiões (OLIVEIRA et al.,
amarelo-palha (Figura 1), apresenta de 3,7 a 2002; SABATO et al., 2018). Assim, uma
4,3 mm de comprimento e pode ser atenção especial a estas doenças e ao seu
encontrado no cartucho de plantas de milho vetor deve ser dada pelos produtores que
(OLIVEIRA, 2003). Sua alimentação se dá pela estão iniciando a safrinha. O enfezamento
introdução de seu aparelho bucal do tipo vermelho e o enfezamento pálido do milho
sugador diretamente no floema da planta e são doenças similares causadas por
é durante a alimentação que a cigarrinha molicutes (bactérias sem parede celular)
adquire os patógenos que transmite que colonizam a planta de forma sistêmica.
(OLIVEIRA et al., 2003).
O milho é a principal espécie hospedeira do O molicute que provoca o enfezamento
vetor. Em sua ausência como cultura vermelho é um fitoplasma, sem forma
principal, o inseto sobrevive em plantas de definida (Figura 2A), e o que causa o
milho voluntárias (tiguera) e em cultivos de enfezamento pálido é um espiroplasma, que
milho de outras áreas que pode alcançar por apresenta formato espiralado (Figura 2B). A
migração (OLIVEIRA et al., 2013). É possível infecção por estes patógenos costuma
também que a cigarrinha sobreviva em ocorrer na fase inicial da cultura, com a
outras espécies de gramíneas, mas não há manifestação de sintomas na época de
evidências de que possa transmitir doenças enchimento dos grãos (OLIVEIRA et al., 2003;
para o milho após ter se alimentado destas SABATO, 2018). Os enfezamentos podem ser
espécies (OLIVEIRA, 2019; OLIVEIRA et al., confundidos, pois podem provocar sintomas
2020). No entanto, o fato de termos milho muito semelhantes (SABATO, 2018) e é
cultivado durante quase todo o ano favorece possível ainda que ocorram
a sobrevivência e multiplicação da simultaneamente na mesma planta
cigarrinha (SILVEIRA, 2019), bem como dos (OLIVEIRA, et al. 2002). Temperaturas
patógenos por ela transmitidos. predominantemente superiores a 17 °C à
noite e a 27 °C durante o dia, são favoráveis
31
à multiplicação dos molicutes na cigarrinha porte reduzido, proliferação de espigas,
e nas plantas doentes (SABATO, 2018). espigas pequenas e com falhas de
granação (OLIVEIRA et al., 2003; SABATO,
2018; SILVEIRA, 2019).

De acordo com a idade da planta quando


infectada e do nível de resistência do
cultivar, os sintomas apresentados podem
ser apenas de amarelecimento ou
avermelhamento nas margens e pontas das
folhas (OLIVEIRA et al., 2003; SABATO, 2018).
Figura 2. Eletromicrografias mostrando o fitoplasma do
enfezamento vermelho do milho (A) e a morfologia
helicoidal de Spiroplasma kunkelli (barra: 500 mm) no
floema de plantas infectadas. Fontes: Nault, 1980 (A);
Massola Jr. e Kitajima (B).

Enfezamento vermelho

O agente causal do enfezamento vermelho


Maize bushy stunt phytoplasma (MBSP) é
habitante do floema de plantas de milho
doentes. A cigarrinha adquire o patógeno
Figura 3. Planta de milho com sintomas de enfezamento
depois de se alimentar no floema de uma (A); plantas de milho com sintomas característicos de
planta de milho infectada. Passado um enfezamento vermelho (B) e de enfezamento pálido (C).
período em que o fitoplasma se multiplica no Fonte: Sabato, 2018.
interior da cigarrinha (período de latência),
esta passa a transmitir o patógeno ao se Apesar da impossibilidade de diferenciar de
alimentar de plantas de milho sadias (Figura forma segura, com base na observação dos
4) (OLIVEIRA et al., 2003). sintomas, qual o enfezamento que mais está
ocorrendo em uma lavoura (SABATO, 2018),
Os sintomas típicos do enfezamento conhecer de forma geral os sintomas dos
vermelho se iniciam com clorose foliar enfezamentos é importante e o suficiente
marginal, seguida do avermelhamento em para fins práticos em seu manejo.
folhas mais velhas (NAULT, 1980). As plantas
infectadas têm discreto encurtamento dos
internódios, podem adquirir coloração
vermelha intensa e apresentar formação
atípica de perfilhos e de espigas em várias
axilas da planta, além de espigas pequenas
e com falhas de granação (OLIVEIRA et al.,
2003). Os sintomas da doença, no entanto,
podem limitar-se ao avermelhamento nas
bordas e pontas das folhas, menor tamanho
das espigas e falhas na granação (SABATO,
2018).

Enfezamento pálido

Seu agente causal Spiroplasma kunkelli é


adquirido e transmitido por D. maidis da Figura 4. Ciclo simplificado dos enfezamentos na cultura
mesma maneira que o fitoplasma do do milho. Autoria: Ísis Tikami.
enfezamento vermelho (Figura 4) (OLIVEIRA
et al., 2003). Os sintomas característicos da
doença são manchas cloróticas na forma de
estrias que se iniciam pela base das folhas,
32
Risca do milho inseticidas (indicados para o vetor e para a
cultura) no tratamento de sementes e em
Maize rayado fino virus (MRFV) é o agente pulverizações nos estágios iniciais de
causal desta doença (NAULT et al., 1980), desenvolvimento do milho são importantes
seus sintomas se iniciam com pontos para reduzir a população de cigarrinhas e
cloróticos alinhados, que se fundem evitar a transmissão destas doenças
formando uma risca fina (Figura 5); a (SABATO, 2018; SILVEIRA, 2019).
redução do crescimento e aborto de gemas
florais também podem ocorrer em cultivares Os fungos entomopatogênicos Isaria
suscetíveis infectados (WAQUIL, 2004). D. fumosorosea e Beauveria bassiana também
maidis adquire o vírus após se alimentar no estão disponíveis comercialmente para o
floema de plantas de milho infectadas. controle do vetor (AGROFIT). Por fim, a
utilização de cultivares resistentes e
Neste caso, assim como ocorre com os diversificação das cultivares semeadas para
enfezamentos, o patógeno é capaz de se evitar quebra de resistência também são
multiplicar no inseto vetor, para depois ser recomendadas (SABATO, 2018).
transmitido durante a sua alimentação em
plantas sadias (RIVERA; GÁMEZ, 1986).
Embora esta doença seja de menor
importância econômica que os
enfezamentos, perdas de produção da
ordem de 30% foram associadas a ela
(OLIVEIRA et al., 2003).

Considerações finais

Devido às características destes


patossistemas, o manejo integrado das
doenças transmitidas pela cigarrinha-do-
milho não beneficia apenas os produtores
que as empregam, mas todos os produtores
de uma região. Infelizmente, o oposto
também ocorre e quando o manejo não é
realizado adequadamente e a incidência da
Figura 5. Folha de milho com sintomas da infecção por doença aumenta, as plantas infectadas de
Maize rayado fino virus (MRFV) (acima) e folha sadia
um cultivo passam a ser fonte de inóculo
(abaixo). Fonte: Sabato, 2018.
para outros. Assim, é importante que cada
produtor faça a sua parte, implementando
Manejo das doenças transmitidas
as medidas de manejo e ajudando a alertar
por Dalbulus maidis outros produtores sobre a sua importância.

As medidas de manejo indicadas incluem


eliminar plantas de milho voluntárias, evitar a
semeadura de milho nas proximidades de
lavouras adultas com sintomas destas
doenças, realizar a sucessão e rotação de
culturas e, quando possível, a sincronização
do período de semeadura de milho na região
para evitar que cultivos de milho estejam
continuamente disponíveis ao vetor em uma
região (SABATO, 2018). O emprego de
33
4 manchas benzimidazóis, triazóis e estrobilurinas
foliares no milho também podem ser utilizados para controlar
a doença em cultivares suscetíveis, se a sua
Autoria: Ísis Tikami aplicação for economicamente viável
Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda (Pereira et al., 2005).
em Fitopatologia pela ESALQ/USP

As condições ambientais da época do cultivo


do milho segunda safra podem ser menos
favoráveis às plantas, tornando-as
suscetíveis ao ataque de patógenos. Os
patógenos que causam as manchas foliares
na cultura do milho são responsáveis pela
redução da área fotossintética da planta e
isto resulta em menor acúmulo de
fotoassimilados e em perdas de
produtividade.

Este artigo aborda as principais manchas


foliares do milho segunda safra, seus Figura 1. Folhas de milho com sintomas de
sintomas e as estratégias de manejo para cercosporiose (A), lesões típicas de cercosporiose
garantir um melhor aproveitamento do delimitadas pelas nervuras em folha de milho. Fonte:
Cota, L. V., 2015.
potencial produtivo da cultura para a época
da segunda safra. Vale ressaltar que as Helmintosporiose no Milho
estratégias apresentadas também são
válidas para o controle destas doenças Causada pelo fungo Exserohilum turcicum,
quando o milho é cultivado na safra esta mancha foliar do milho provoca lesões
principal. necróticas elípticas de cor verde-
acinzentada a marrom, normalmente com
Cercosporiose no Milho 2,5 a 15 cm de comprimento (Cota et al.,
2013). Perdas de 44% da produtividade já
É uma mancha foliar do milho causada pelos foram atribuídas à doença (Bowen;
fungos Cercospora zeina e Cercospora zeae- Pedersen, 1988).
maydis (Crous et al., 2006), que sobrevivem
em restos culturais ou no próprio hospedeiro Diferentes estruturas do fungo (micélio,
e são disseminados pelo vento e pela água conídios e clamidósporos) podem
da chuva ou de irrigação (Pereira et al., sobreviver em restos culturais e iniciar o
2005). ciclo da doença (Pereira et al., 2005).
Conídios produzidos nas lesões são
A infecção é favorecida em condições de dispersos pelo vento e são responsáveis
elevada umidade relativa do ar, sem a pelas infecções secundárias na lavoura
presença de água livre sobre as folhas (Pereira et al., 2005).
(Pereira et al., 2005). Os sintomas são
manchas retangulares delimitadas pelas A principal medida no manejo é o uso de
nervuras, de cor marrom com halo cultivares resistentes, o uso de fungicidas
amarelado, que se tornam acinzentadas pode ser necessário quando são utilizados
com a esporulação do fungo (Casela, 2003). cultivares suscetíveis e há alta severidade
da doença (Cota et al., 2013). Benzimidazóis,
A medida de controle mais eficiente é o uso triazóis e estrobilurinas estão disponíveis
de cultivares resistentes (Pereira et al., 2005) para o controle da doença, na forma de 30
e a rotação de culturas ajuda a reduzir o produtos comerciais registrados (AGROFIT,
inóculo do patógeno nas áreas de cultivo 2021).
quando se faz a adoção de cultivares
suscetíveis. Fungicidas dos grupos dos
34
Figura 3. Plantas de milho com sintomas da infecção
por Bipolaris maydis (A) e lesões características da
mancha de Bipolaris maydis em folha de milho (B)
Fonte: Costa, R.V., 2015.

A mancha de Bipolaris, é uma mancha foliar


do milho que pode ser causada também
pelo fungo Bipolaris zeicola, de menor
importância que B. maydis.
Figura 2. Lesões de Exserohilum turcicum em folhas de
milho. Fonte: Cota, L.V., 2013 (A); 2015 (B). Os sintomas da infecção por B. zeicola são
manchas circulares a ovais de cor palha,
Mancha de Bipolaris no Milho com anéis concêntricos (raça 1, Figura 4A)
ou lesões estreitas e alongadas de cor
Causada principalmente pelo fungo Bipolaris castanha (raça 3, Figura 4B); seu manejo
maydis, esta mancha foliar do milho também é realizado pelo uso de cultivares
apresenta sintomas variáveis de acordo com resistentes e rotação de culturas (SILVA et al.,
o cultivar de milho e com a raça do fungo 2015).
que está causando a doença.

Em cultivares suscetíveis, a raça mais


comum (raça O) provoca lesões nas folhas,
inicialmente pequenas e ovaladas, que se
tornam alongadas quando maduras, com
cor palha e delimitadas pelas nervuras
(Costa et al., 2014). Figura 4. Folhas de milho com lesões de Bipolaris
zeicola raça 1 (A) e raça 3 (B). Fontes: Cota, L.V. 2015 (A);
Quando a doença é causada pela raça T, as Tsukiboshi, T. (B).
lesões foliares são maiores e podem ocorrer
lesões em outros órgãos aéreos, como em Mancha-branca no Milho
espigas (Pereira et al., 2005).
Causada pela bactéria Pantoea ananatis, foi
O fungo sobrevive na forma de micélio ou por muito tempo descrita como causada
conídios em restos culturais de milho. Após o pelo fungo Phaeospheria maydis, e por isso
estabelecimento da doença, novos conídios era chamada de mancha de Phaeosphaeria
são produzidos nas lesões e são (Paccola-Meirelles et al., 2001; Bomfeti et al.,
disseminados pelo vento ou respingos, 2008).
necessitando de água livre sobre a superfície
da planta para iniciarem novas infecções P. ananatis pode sobreviver em restos
(Costa et al., 2014). culturais de milho, no próprio hospedeiro ou
em hospedeiros alternativos (Sauer et al.,
O manejo é feito principalmente com o uso 2015).
de cultivares resistentes e rotação de
culturas (Silva et al., 2015). Os sintomas se iniciam nas folhas mais
baixas com manchas circulares de cor
verde-clara e aspecto aquoso, que se
35
tornam circulares a elípticas e com Deste modo, evita-se a seleção de isolados
coloração palha (Costa, 2011). Sendo uma do patógeno resistentes aos fungicidas,
doença de origem bacteriana, é garantindo-se a continuidade da eficácia de
disseminada pela água da chuva ou de controle das moléculas empregadas.
irrigação.
Por fim, a rotação, ou pelo menos a
O uso de cultivares resistentes é a principal sucessão de culturas, sempre devem ser
medida de manejo. Quando são adotadas empregadas para evitar que o inóculo de
cultivares suscetíveis, além da rotação de diferentes doenças aumente nas áreas de
culturas, pode-se fazer a aplicação de produção. O produtor bem informado e
fungicidas em casos de alta severidade da preparado para enfrentar estas doenças
doença (Costa, 2011). evita perdas de produtividade e minimiza os
custos de produção do milho segunda safra.
Um controle eficiente da mancha-branca foi
verificado utilizando fungicidas contendo
fluxapiroxade e um incremento no controle
foi obtido quando feita a adição de 3 principais
ferrugens do
mancozebe a misturas contendo triazois e
estrobilurinas (Madalosso et al., 2017).

milho: Ferrugem
polysora,
ferrugem tropical
e ferrugem
comum do milho
Autoria: Ísis Tikami
Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda
em Fitopatologia pela ESALQ/USP

Figura 5. Sintomas da mancha-branca do milho. Fonte:


Lanza, F., 2015. A ferrugem polysora no milho é causada
por Puccinia polysora e é uma das doenças
Considerações finais mais destrutivas da cultura do milho
(Dudienas et al., 2013).
O controle genético está disponível para o
manejo das principais manchas foliares do Assim como os agentes causais de outras
milho segunda safra e dispensa custos ferrugens, P. polysora é um fungo biotrófico,
adicionais com o controle químico, além de e por isso necessita dos tecidos vivos da
apresentar as vantagens de evitar possíveis planta hospedeira para se desenvolver e
danos ao meio ambiente e prejuízos a reproduzir, e é disseminado pelo vento.
microrganismos benéficos.
A disseminação deste patógeno a longas
Assim, o uso de cultivares resistentes deve distâncias pelo vento, e a existência de
ser a primeira opção no manejo destas milho cultivado durante quase todo o ano,
doenças. Quando são cultivadas cultivares mesmo que em áreas diferentes, facilita a
suscetíveis e a ocorrência da doença em alta permanência do fungo no campo por meio
severidade justifica o uso de fungicidas, da sobrevivência na própria planta
deve-se rotacionar produtos de hospedeira.
diferentes modos de ação quando se faz
mais de uma aplicação.
36
uredósporos de cor amarelo-dourado, que
conferem a cor às pústulas (Figura 1)
(Pereira et al., 2005; Dudienas et al., 2013).

Quando as pústulas ficam mais velhas,


embora seja raro, pode ocorre a produção
de outro tipo de esporo de cor mais escura,
o teliósporo, fazendo com que as lesões
adquiram cor marrom a preta (Dudienas et
al., 2013).

A ocorrência das pústulas se dá


principalmente na face superior das folhas
(podendo ocorrer na bainha), nas brácteas
das espigas e até no pendão quando sob
alta severidade (Pereira et al., 2005).

Nas condições climáticas brasileiras, os


uredósporos produzidos em plantas de
milho fora da área de cultivo (em cultivos
vizinhos, por exemplo) disseminados pelo
vento, constituem o inóculo primário da
doença, provocando uma primeira infecção
que estabelece a doença na área de cultivo.
Figura 1. Sintomas de Puccinia polysora em folhas de
milho. Fontes: Sisson, A., Iowa State University,
Bugwood.org (A); Henrickson, M. (B). Na planta infectada, o uredósporo origina
uma primeira lesão (pústula) onde são
Danos causados pela ferrugem produzidos novos uredósporos (inóculo
secundário) que serão disseminados e
polysora infectarão outras plantas dentro da mesma
área de cultivo (Figura 2).
Os danos causados pela ferrugem polysora
são redução da área fotossintética (Basso, Devido a variações das condições
2002), diminuição do vigor das plantas e do climáticas, e da necessidade de
peso dos grãos, antecipação da senescência determinadas condições para o
das plantas (maturação precoce) e desenvolvimento da doença, a ferrugem
acamamento (Costa et al., 2015). Os prejuízos polysora pode ocorrer em elevada
à fotossíntese (que se traduzem em menor severidade em uma área, em um
produtividade), não ocorrem apenas nas determinado ano, e passar despercebida
áreas das folhas que estão com as lesões da em anos seguintes, mesmo quando
doença, mas também em partes verdes das empregados cultivares de milho suscetíveis
folhas infectadas (Basso, 2002). à doença (Costa et al., 2015).
A redução de produtividade quantificada em Condições ambientais favoráveis à
um estudo de reação de cultivares ferrugem polysora incluem temperaturas
comerciais de milho à P. polysora superou elevadas (Godoy et al., 2003) e alta umidade
20% em alguns cultivares (Dudienas et al., relativa do ar (Ramirez-Cabral, et al., 2017),
2013), mas já foi relatada superior a 50% em embora períodos prolongados com
híbridos suscetíveis (Rezende et al., 1994). umidade relativa do ar superior a 90%
possam contribuir para uma menor
Sintomatologia e epidemiologia severidade da doença, possivelmente por
estarem associados à menor presença de
Os sintomas típicos da ferrugem polysora vento e prejuízo à disseminação do
são pústulas pequenas, com 0,2 a 2,0 mm de patógeno (Godoy et al., 2003).
comprimento e formato circular a elíptico,
onde são produzidos esporos denominados Sabe-se também que altitudes inferiores a
37
650 m, como em muitas áreas da região
central do país, também são favoráveis à
ocorrência de maiores severidades da
doença (Pereira et al., 2005).

Figura 3. Número de pústulas de Puccinia polysora em


folhas de plantas de milho submetidas à aplicação
prévia de diferentes tratamentos com fungicidas ou
sem fungicidas (testemunha), em condições de casa de
vegetação. Fonte: Costa et al., 2013.

Figura 2. Ciclo simplificado de Puccinia polysora no Outra medida importante no manejo da


milho. Autoria: Ísis Tikami.
ferrugem polysora é evitar a semeadura de
dezembro a janeiro em regiões propícias à
Manejo da ferrugem polysora ocorrência da doença (Pereira et al., 2005) e
sempre realizar a rotação ou ao menos a
O método de controle de menor custo e sucessão de culturas. Por fim, outro fator a
maior eficiência é o uso de cultivares ser considerado é a nutrição, já que plantas
resistentes (Pereira et al., 2005), no entanto, a em desequilíbrio nutricional podem ficar
elevada variabilidade genética de P. mais suscetíveis ao ataque de patógenos.
polysora pode dificultar seu controle apenas No caso da ferrugem polysora, é conhecido
por meio da resistência (Costa et al., 2013) e que a expressão da resistência à doença
o uso de fungicidas pode ser necessário. pela planta pode variar de acordo com o
teor de fósforo disponível (Colombo et al.,
Em um ensaio realizado sob condições 2014).
controladas para avaliar o efeito protetor de
diferentes fungicidas no controle da Ferrugem polysora, ferrugem
ferrugem polysora, os nove produtos tropical e ferrugem comum do
comerciais testados mostraram-se
milho
eficientes.

Estes produtos tinham como ingredientes Embora tenham nomes parecidos, Ferrugem
ativos tiofanato metílico, carbendazin, polysora, ferrugem comum do milho e
triazois, estrobilurinas ou estrobilurinas em ferrugem tropical são doenças com
conjunto com triazois (Figura 3) (Costa et al., diferentes agentes causais. A ferrugem
2013). Há 65 produtos registrados para o comum é causada por Puccinia sorghi e
controle da doença, que incluem, além dos provoca pústulas mais alongadas que a
ingredientes ativos e grupos já citados, o ferrugem polysora, com cor mais escura
grupo das carboxamidas, dos (marrom-canela) e ocorrência generalizada
ditiocarbamatos e das cloronitrilas tanto na face superior como na face inferior
(AGROFIT). das folhas (Figura 4B) (Pereira et al., 2005).

De acordo com a bula dos produtos, em Já a ferrugem tropical (também conhecida


geral, a primeira aplicação de fungicida deve como ferrugem branca) é causada pelo
ser realizada entre os estádios V6 e V8. fungo Physopella zeae e leva à formação de
pústulas arredondadas de cor amarelada a
castanha, dispostas em pequenos grupos
paralelos às nervuras em ambas as faces
das folhas (Figura 4C) (Pereira et al., 2005).
Assim, a ferrugem polysora é a única das
ferrugens com a ocorrência de pústulas
38
Milho Ardido: 5
predominantemente na face superior das
folhas.

principais fungos,
prejuízos e
prevenção
Autoria: Ísis Tikami
Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda
em Fitopatologia pela ESALQ/USP

Figura 4. Pústulas das ferrugens do milho. A: Ferrugem Os grãos de milho ardidos são resultantes
polysora (Puccinia polysora), B: Ferrugem comum
da incidência de fungos que causam as
(Puccinia sorghi) e C: Ferrugem tropical (Physopella
zeae). Fontes: Mississippi State University Extension (A), podridões da espiga. A presença de grãos
Henrickson, M. (B), Canteri, M.G. (C). de milho ardidos não apenas reduz o peso e
a qualidade dos grãos, mas também pode
Embora o controle químico esteja disponível representar riscos à saúde humana e
para o manejo das ferrugens comum e animal quando o milho é colonizado por
tropical, sua principal estratégia de controle fungos que produzem toxinas (micotoxinas).
também é emprego de cultivares resistentes.
A rotação ou sucessão de culturas são Milho ardido e suas causas
também fundamentais no manejo destas
doenças. Como a ferrugem comum é Grãos de milho ardidos são aqueles com
favorecida por temperaturas baixas, descoloração, em ao menos 25% de sua
cultivares suscetíveis à P. sorghi devem ser superfície, podendo ser de matiz que varia
evitados em regiões de temperaturas mais de marrom a roxo (Figura 1A) ou de
amenas (Pereira et al., 2005). A ferrugem vermelho claro a vermelho intenso (Figura
tropical, assim como a ferrugem polysora, é 1B) (Pinto, 2005). Estes grãos sofreram o
favorecida em regiões de temperaturas mais ataque de fungos e, além do aspecto
elevadas. depreciado e grande chance de conterem
micotoxinas, têm menor peso que os grãos
Quando a semeadura e escolha do cultivar sadios.
com base na duração do ciclo são
programadas para evitar épocas de
temperaturas mais favoráveis à doença,
também estamos colaborando com o seu
manejo.

Por fim, vale lembrar que quando o controle


químico é necessário, é fundamental
rotacionar produtos com diferentes modos Figura 1. Grãos de milho ardidos pelo ataque dos
fungos Diplodia maydis (a) e Fusarium verticillioides (b).
de ação entre as aplicações. Deste modo,
Fonte: Pinto, 2005.
garantimos que as moléculas que temos
disponíveis continuem a funcionar por mais
tempo. Existem cinco tipos principais de podridões
que ocorrem na espiga, todas elas podem
resultar em grãos de milho ardidos. Listamos
seus agentes causais e características de
cada uma delas:

39
Milho ardido causado Com o desenvolvimento da doença, o
por Diplodia spp. micélio cotonoso branco a rosado do fungo
cobre os grãos infectados, que podem estar
isolados ou em grupos (Figura 3B) (Pereira
A podridão de Diplodia (ou Stenocarpella), et al., 2005; Pinto, 2005). O patógeno produz
chamada de podridão branca,é favorecida toxinas chamadas vomitoxina e fumonisinas,
em regiões de altitude elevada e pela que são prejudiciais à saúde animal e
ocorrência de períodos chuvosos a partir de humana (Pinto, 2005). O fungo sobrevive em
R1 (CPN, 2016). Seus sintomas normalmente restos culturais de milho (Pinto, 2005).
se iniciam na base da espiga, o fungo se
desenvolve entre os grãos e o seu micélio
(estrutura vegetativa) pode ser observado
entre os grãos (Figura 2a), pode ocorrer
ainda a formação de pequenos pontos
pretos, que correspondem a uma estrutura
reprodutiva do fungo (picnídios), sobre o
micélio (Figura 2b) (Pereira et al., 2005).

A infecção no estádio de grãos leitosos pode


Figura 3. Sintomas típicos da infecção do milho por
levar ao apodrecimento completo da espiga, Fusarium verticillioides: estrias brancas na superfície de
enquanto infecções mais tardias resultam grãos de milho (A), grãos cobertos por micélio branco a
em podridões menores (Pereira et al., 2005). róseo (B). Fonte: Pestana, J., 2021.
O atraso na colheita sob condições de
elevada umidade permite o avanço da Fusarium graminearum
podridão, aumentando as perdas (CPN,
2016). O fungo sobrevive em restos culturais A podridão rosada da ponta da espiga é
de milho (Trento et al., 2002). causada pelo
fungo Fusarium graminearum (ou Gibberella
zeae). Os sintomas de apodrecimento da
espiga com o crescimento do fungo
começam na ponta da espiga (Figura 4a),
progredindo em direção à base (Figura 4b).
As estruturas do fungo, de cor rósea a
marrom-avermelhada podem ser
facilmente observadas. É comum que a
palha fique aderida à espiga devido ao
crescimento do fungo entre elas (Pereira et
Figura 2. Micélio branco característico de Diplodia sp. al., 2005).
crescendo entre grãos de milho (a), picnídios
de Diplodia sp. em corte transversal de espiga (b). Fonte:
Crop Protection Network, 2016. As toxinas produzidas por este patógeno são
zearalenona e vomitoxina, que constituem
Fusarium verticillioides um problema sério quando ingeridas
principalmente por suínos (CPN, 2016). Assim
A podridão rosada da espiga é causada como F. verticillioides, F.
por Fusarium verticillioides (antes graminearum sobrevive em restos culturais
chamado F. moniliforme, chamado em sua de milho (Trento et al., 2002).
fase sexuada de Gibberella fujikuroi). A
doença pode se iniciar em qualquer parte da
espiga, mas sempre está associada a
alguma injúria pré-existente (que é um
ferimento de qualquer origem, causado por
insetos ou pássaros, por exemplo). Grãos
infectados apresentam estrias brancas
típicas, que podem se tornar róseas se a
doença progredir (Figura 3A) (Pereira et al.,
2005).
40
Penicillium spp.

A doença é favorecida por períodos


chuvosos após o florescimento. O
crescimento do fungo é visível com a
formação de estruturas do fungo de cor
verde-azulada entre os grãos e na superfície
do sabugo; o fungo também pode causar o
sintoma conhecido como “olho-azul” e
estrias brancas superficiais nos grãos
(Woloshuk; Maier, 1994; Pereira et al., 2005).

Figura 4. Espigas de milho com sintomas de podridão


rosada da ponta da espiga no início da infecção (A) e
em estádio mais avançado da infecção (B) resultando
em milho ardido. Fonte: Dragich; Nelson, 2014.

Aspergillus spp.
Figura 6. Espiga de milho infectada por Penicillium spp.
As espécies de Aspergillus produzem toxinas (A) e sintoma de “olho-azul” em grãos de milho, que
chamadas aflatoxina e ocratoxina, perigosas pode ser decorrente da infecção por Penicillium spp.
quando ingeridas tanto por pessoas como ou Aspergillus spp. Fontes: Allen, T. (A); Woloshuk (B).
por animais. O fungo sobrevive no solo e em
restos culturais e tem a infecção favorecida
quando ocorrem altas temperaturas e seca Como evitar os grãos de milho
na época de pré-florescimento (Costa, 2018). ardidos
Plantas de milho com injúrias e submetidas a
estresses, como seca e desbalanço O manejo das doenças que provocam os
nutricional, são infectadas mais facilmente grãos de milho ardido deve levar em
(CPN, 2016). consideração que os patógenos que as
causam sobrevivem em restos culturais de
Grãos infectados podem apresentar um milho, deste modo, sempre que possível,
escurecimento na região do embrião, deve-se realizar a rotação de culturas.
chamado de “olho-azul do milho” (Figura 6B)
(Woloshuk; Maier, 1994). Grãos sem Quando não é possível a rotação (que
ferimentos ou sem estruturas do fungo alterna cultivos diferentes entre anos
visíveis ainda podem conter toxinas consecutivos), deve-se realizar no mínimo a
produzidas pelo patógeno. Os esporos do sucessão de culturas (que alterna culturas
fungo possuem cor verde-oliva (Figura 5) e diferentes, uma após o término do ciclo da
podem se dispersar facilmente. O atraso na outra). Um maior adensamento da lavoura
colheita pode agravar a deterioração de (menor espaçamento entre plantas)
grãos e levar a um aumento dos teores de também deve ser evitado, pois aumenta as
aflatoxina presentes (CPN, 2016). perdas decorrentes destas doenças (Trento
et al., 2002).

Para as podridões da espiga causadas


por Fusarium spp. e Diplodia spp., pode-se
optar por cultivares com grãos mais
resistentes a estas doenças (Pinto, 2005).
Híbridos com resistência a insetos também
Figura 5. Esporos de Aspergillus spp. em espigas de milho podem ser adotados para evitar os grãos de
na ponta da espiga (A), na base da espiga (B) e em milho ardidos, já que deste modo
diferentes partes da espiga (C). Fontes: Crop Protection diminuímos a ocorrência de ferimentos que
Network, 2016 (A e B); Schmale III; Munkvold (C).
antecede a infecção por alguns destes
41
fungos (CPN, 2016). É importante também
que se procure evitar o estresse das plantas,
que as torna mais suscetíveis ao ataque de
patógenos.

Embora nos cultivos de sequeiro seja mais


difícil evitar estresses decorrentes da seca, a
realização de calagem e gessagem de
forma correta, bem como uma adubação
equilibrada, permitirão um bom
desenvolvimento do sistema radicular das
plantas, atenuando o estresse em períodos
de seca.

Por fim, as perdas decorrentes de grãos de


milho ardidos podem ser reduzidas quando
o produtor se organiza e evita atrasos nas
colheitas sempre que possível, pois sob
condições ambientais favoráveis, tais
atrasos resultam no aumento da severidade
destas doenças e em perdas ainda maiores
de peso e qualidade dos grãos. Uma
estratégia que pode ser adotada para
minimizar as perdas consiste em colher
primeiro o milho das áreas infectadas,
mesmo que seja necessário o posterior uso
de secador (CPN, 2016).

A soja também sofre com inúmeras avarias


nos grãos, incluindo grãos ardidos.

42
PRAGAS E DOENÇAS
EM SOJA
Ocorrência de ácaro branco na soja
Ácaro branco: saiba como identificar sua ocorrência na lavoura e como
manejar essa praga.
Autoria: Raquel Maria Cury Rodrigues
Zootecnista pela UNESP
Na lavoura, o ataque de ácaro branco, é
habitualmente observado em reboleiras, ou
seja, uma sequência de plantas vizinhas
Na atual safra (2022/23) tem sido frequente atacadas, raramente ocorre ataque intenso
a ocorrência de brotos de soja com folhas em plantas isoladas na lavoura.
enrugadas, pecíolos e hastes retorcidos e de
coloração castanho-escura ou bronzeados. As reboleiras podem ser bastante
irregulares, compostas por poucas plantas
Esse sintoma pode ser ocasionado pelo ou abrangerem áreas amplas e costumam
ataque do ácaro branco ser mais extensas no sentido da linha de
(Polyphagotarsonemus latus). No caso de semeadura devido ao maior contato entre
ataque dessa praga, observa-se as plantas, o que favorece o deslocamento
bronzeamento apenas externamente na dos ácaros entre as plantas.
haste da planta de soja.

Ao se cortar a haste no sentido longitudinal


observa-se coloração interna normal, o que
diferencia o ataque de ácaro branco da
ocorrência de doenças causadas por vírus,
como a queima-do-broto e a necrose-da-
haste, as quais provocam escurecimento
interno da haste.

O ácaro branco prefere se alimentar de


tecidos tenros em crescimento (ponteiros da
planta de soja). Em consequência disso, as
folhas em desenvolvimento ficam pequenas,
enroladas sobre a face abaxial e podem se
apresentar levemente enrugadas. Tamanho dos ácaros (ácaro branco
e outros)
O ataque afeta a formação da haste
deixando-a retorcida e com menor distância São ácaros de pequeno tamanho, a fêmea
entre os nós, o que proporciona plantas com mede em média 0,17 mm de comprimento e
menor porte. o macho, 0,14 mm, portanto é uma praga
difícil de ser observada sem o auxílio de
Diferentemente de viroses que podem lupa.
causar sintomas similares, o enrugamento Sendo bem menor do que o ácaro rajado, o
das folhas de soja provocado pelo ataque de ácaro verde ou os ácaros vermelhos, que
ácaro branco ocorre de forma simétrica em ocorrem mais comumente em soja.
ambos os lados dos folíolos e com O ácaro branco completa seu ciclo de ovo
intensidade similar entre cada folíolo da até a fase adulta em 5 a 8 dias, variando
mesma folha e não são com a temperatura. Habitualmente sua
observadas manchas ou estrias de ocorrência é mais frequente em períodos
coloração diferente na folha. úmidos e quentes.
44
Por se tratar de uma praga secundária e Mancha alvo da
esporádica em soja, não está definido o
nível de ação para o ácaro-branco,
também não existem acaricidas registrados
soja (Corynespora
no Mapa para seu controle em soja.
cassiicola):
potencial de
Dependendo do nível de ataque podem
ocorrer perdas de produtividade, resultante
da injúria causada nos ponteiros da planta
afetando a formação de vagens e o
enchimento de grãos nessa região da
perdas e manejo
planta.
da doença
As folhas, pecíolos, hastes e vagens que já
tenham completado seu desenvolvimento A mancha alvo é uma das principais
não são afetados pelo ataque do ácaro doenças da cultura da soja e o
branco. aumento de sua incidência nas áreas
de cultivo tem preocupado os
Antes de realizar aplicação de acaricida na produtores brasileiros.
lavoura recomenda-se verificar se há
presença do ácaro branco nas plantas. Pois Autoria: Ísis Tikami
Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda
os sintomas do ataque de ácaro branco
em Fitopatologia pela ESALQ/USP
persistem, mesmo após a sua população ter
declinado ou a praga não estar mais Agente causal e sintomatologia da
presente nas plantas.
mancha alvo da soja
Como o ácaro branco ataca principalmente
os tecidos novos e tenros da planta, a partir A mancha alvo é causada pelo
do momento em que não houver brotação fungo Corynespora cassiicola. Nas folhas, as
nova essa praga perde relevância para a lesões se iniciam com pontuações de cor
soja. Como a sua distribuição inicial é em parda com halo amarelo, que se expandem
reboleiras, a aplicação de acaricidas pode formando lesões de até 2 cm de diâmetro,
ser realizada de forma localizada, apenas de formato arredondado a irregular e
nas áreas afetadas. coloração castanho-clara a castanho-
escura, lembrando um alvo devido à
É importante considerar que mesmo após variação de coloração que forma anéis
a aplicação de acaricida, não se consegue concêntricos com um ponto escuro no
reverter os sintomas de enrugamento das centro (Figura 1) (GODOY et al., 2016a).
folhas, haste e pecíolos bronzeados e
retorcidos, das partes atacadas. Em cultivares suscetíveis, as manchas
podem ser estreitas e se estenderem ao
Isso pode gerar a impressão de que o longo das nervuras na face superior das
controle não foi efetivo, assim é necessário folhas, hastes e vagens também são
vistoriar os ponteiros alguns dias após a afetadas e pode ocorrer a desfolha
aplicação para analisar a eficiência de prematura (GODOY, 2016b).
controle.
As manchas em vagens normalmente são
O manejo inadequado de pragas, com circulares, com 1 mm de diâmetro e centro
aplicações excessivas de acaricidas e deprimido, com coloração roxa ou preta no
usando sempre os mesmos produtos a cada centro e marrom nas margens, podendo
pulverização, pode gerar problemas de cobrir toda a vagem sob condições
populações de pragas resistentes. ambientais favoráveis (GODOY, 2016b).

Quando o fungo consegue penetrar a


vagem, lesões de cor castanho-escura
podem ocorrer em sementes. Manchas
45
marrom-avermelhadas podem ocorrer em Os autores verificaram que para a cultivar
raízes e hipocótilos. As lesões adquirem cor BMX Potência RR houve uma pequena perda
castanho-violeta escuro quando o fungo se de produtividade com o aumento da
reproduz com a formação de conidióforos e severidade da doença, enquanto que para a
conídios do fungo (estruturas reprodutivas) cultivar M9144 RR, as perdas foram bastante
em partes infectadas. (GODOY et al., 2016a; expressivas.
GODOY, 2016b).
O coeficiente geral de dano obtido neste
estudo foi de 0,48 e significa que quase duas
sacas por hectare (168 kg/ ha) de soja são
perdidas para cada incremento de 10% na
severidade da mancha alvo, considerando
uma produtividade de 3500 kg/ ha (58,3
sacas/ hectare) como referência.
Figura 1. Sintomas de mancha alvo em folhas de soja.
Fontes: Godoy, 2016b (A) e Godoy et al., 2020 (B) Para cultivares mais tolerantes, como a BMX
Severidade da mancha alvo e Potência RR, esta perda de produtividade é
de pouco mais de uma saca por hectare, já
perdas de produção
para cultivares mais suscetíveis, a perda
para cada aumento de 10% de severidade
Um estudo de Edwards Molina e da mancha alvo equivale a cerca de 5
colaboradores (2019a), conduzido utilizando sacas por hectare.
dados de ensaios com fungicidas realizados
de 2012 a 2016 em diferentes estados Estas diferenças implicam que nem sempre
produtores de soja, permitiu o a perda potencial devido à doença justifica
estabelecimento de uma relação entre a a aplicação de fungicidas, isto quer dizer
severidade da mancha alvo e as perdas de que o custo com o controle pode não
produtividade. compensar os ganhos de produtividade,
principalmente para cultivares tolerantes
Para uma severidade da doença de 50%, (Edwards Molina et al, 2019b).
determinada entre os estádios R5 (início do
enchimento de grãos) e R6 (grãos cheios),
foram verificadas perdas potenciais de 8 a Aspectos epidemiológicos
42%. Esta faixa de grande amplitude reflete a
diferença de tolerância à doença entre O fungo sobrevive em sementes infectadas,
cultivares. restos culturais de soja e em diversos tipos
de resíduos vegetais, pode desenvolver
atividade saprofítica também colonizando
cistos de Heterodera glycines (nematoide-
do-cisto da soja) (GODOY et al., 2016a;
GODOY, 2016b).

C. cassiicola também é capaz de sobreviver


em hospedeiros alternativos, pois infecta
muitas outras espécies de plantas, entre
elas o algodão, o feijão e a crotalária
(GODOY et al., 2020).

Caules e raízes da soja podem ser


infectados no início do seu desenvolvimento
Figura 2. Relações entre a severidade da mancha alvo e (GODOY, 2016b). Após o fungo formar
produtividade de soja para as cultivares BMX Potencia RR,
M9144 RR e TMG803 representadas em regressões lineares estruturas reprodutivas (conidióforos e
(linhas pretas), intervalo de confiança de 95% (área conídios), ocorre a dispersão dos conídios
sombreada cinza) e modelos específicos do estudo
observados (linhas cinza). Fontes: Gráficos de Edwards Molina
pelo ar.
et al., 2019a (adaptado); figuras de folhas de soja com
sintomas de mancha alvo em diferentes severidades: Soares et
al., 2009.
46
Os conídios depositados sobre folhas sadias
• fluxapiroxade, piraclostrobina e
poderão provocar a infecção na presença de
epoxiconazol (Edwards Molina et al, 2019b)
água livre sobre a folha e em condições de
umidade relativa do ar elevada (de pelo
menos 80%) (GODOY, 2016b), assim, períodos
chuvosos são favoráveis à doença. Embora o carbendazim esteja registrado
para o controle da mancha alvo (AGROFIT),
Além disso, temperaturas do solo de 15 a 18°C há relatos de sua baixa eficiência devido à
também favorecem o estabelecimento da existência de isolados resistentes (GODOY,
doença (GODOY, 2016b). 2016b; Edwards Molina et al, 2019b).
Em alguns estados produtores (MT, MS, GO,
BA, MG, PR, TO) já foi relatada também a
Manejo da mancha alvo no campo resistência completa de isolados de C.
cassiicola a estrobilurinas (GODOY et al.,
O uso de cultivares resistentes, o tratamento 2020; FRAC, 2020).
de sementes, a rotação e sucessão de
culturas com o milho ou outras gramíneas Para evitar que outras moléculas deixem de
são medidas recomendadas no manejo funcionar desta forma, a recomendação de
de C. cassiicola (GODOY, 2016b). rotação de fungicidas de diferentes modos
de ação deve ser seguida rigorosamente.
O uso de sementes sadias também é Por fim, quando há alta severidade da
fundamental, já que o fungo pode ser doença, mesmo que em cultivares
veiculado por sementes infectadas. A tolerantes, a sucessão ou rotação com milho
aplicação de fungicidas em parte aérea é ou outras gramíneas deve ser adotada para
indicada para o controle da mancha alvo em que o inóculo não aumente ainda mais na
condições de alta severidade em cultivares área.
não tolerantes e pode ser economicamente
inviável em cultivares tolerantes (Edwards Nestes casos, é importante também que no
Molina et al, 2019b), assim, é fundamental um próximo cultivo de soja na mesma área se
bom conhecimento da cultivar. dê preferência a cultivares resistentes ou
tolerantes. Deste modo, o produtor evitará
Quando se faz o controle químico, a rotação perdas devido à doença na safra futura.
de fungicidas de diferentes modos de ação é
imprescindível para evitar a seleção de 1 Comunicação pessoal com Josicléa
isolados do fungo resistentes. Hüffner Arruda, doutora em Fitopatologia e
Adicionalmente, o uso de fungicidas pesquisadora na Fundação Mato-Grosso.
multissítios (como mancozebe e oxicloreto
de cobre) associados a fungicidas sítio-
específicos, e, também, a rotação dos
ingredientes ativos do fungicida multissítio
4 Principais
entre aplicações, é uma estratégia indicada
no manejo anti-resistência1. O controle doenças do final
do ciclo da soja
eficiente da mancha alvo foi relatado com as
seguintes associações de fungicidas:

Saber reconhecer e manejar as


• fluxapiroxade e protioconazol (GODOY et doenças de final de ciclo na cultura
al., 2020); (DFC) da soja é fundamental para
• azoxistrobina, protioconazol e garantir uma boa produtividade.
mancozebe; (GODOY et al., 2020);
• bixafen, protioconazol e trifloxistrobina; Autoria: Ísis Tikami
(GODOY et al., 2020); Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda
em Fitopatologia pela ESALQ/USP
• fluindapir e protioconazol (GODOY et al.,
2020);
• fluxapiroxade e piraclostrobina (Edwards As principais DFC da soja são a antracnose,
Molina et al, 2019b) crestamento foliar, mancha-parda e
47
mancha olho-de-rã e estão agrupadas cultivares diferentes para verificar a reação
desta forma porque normalmente são que elas apresentarão à população do
constatadas no final do ciclo da cultura, que fungo que está presente em sua área, a fim
é quando a necessidade de controlá-las se de identificar e evitar cultivares mais
torna mais evidente. suscetíveis à doença, para a população do
patógeno que está presente em sua região.
Antracnose

Em algumas áreas de produção, tem se


tornado a principal doença da cultura. As
espécies Colletotrichum truncatum, C.
plurivorum e C. musicola já foram
encontradas associadas à doença no Brasil
(ROGÉRIO et al., 2017; BARBIERI et al., 2017;
DAMM et al.,2019; BOUFLEUR et al., 2020).
]A antracnose pode ocorrer durante todo o
ciclo da cultura, mas sua ocorrência é
Figura 1. Sintomas de antracnose em folha (A), em
tradicionalmente constatada em estádios hastes (B) e em vagens de soja (C). Fontes: Fotos da
reprodutivos. Seus sintomas são: autora (A, B); H.-C. Yang, Compendium of Soybean
Diseases and Pests, American Phytopathological
Society (C).
• o escurecimento de nervuras e pecíolos
(Figura 1a),
Crestamento foliar e mancha
• manchas alongadas de cor marrom em púrpura
hastes (Figura 1b),
Cercospora kikuchii é o fungo responsável
• manchas escuras em vagens (Figura 1c), pelo crestamento foliar e mancha púrpura na
soja. Também é um fungo que pode ser
• além de vagens retorcidas e que se disseminado em sementes infectadas, assim,
abrem prematuramente. o uso de sementes sadias é uma medida de
controle.
Seu enorme potencial destrutivo, de 90 kg/ha
para cada 1% de aumento em incidência da Os sintomas da doença em órgãos
doença tem preocupado produtores (DIAS et vegetativos normalmente são percebidos em
al., 2016). Ainda não há cultivares resistentes R5 e R6 (WARD-GAUTHIER et al., 2016) e se
à doença, mas uma medida indispensável iniciam com pontuações castanho-
em seu controle é o uso de sementes sadias, avermelhadas em folhas e hastes, que se
pois o patógeno pode chegar ao campo nas expandem formando manchas (Figura 2a).
próprias sementes infectadas.
A desfolha prematura pode ocorrer,
O tratamento de sementes com fungicidas prejudicando o enchimento de grãos.
também é indicado. Durante o cultivo o Manchas castanho-avermelhadas em
produtor deve estar atento à lavoura vagens e de cor púrpura em grãos (Figura
principalmente em épocas de alta 2b) também são características da doença,
precipitação, já que os respingos de chuva que é favorecida em condições de alta
possibilitam a disseminação do fungo. temperatura e precipitação.
Temperaturas elevadas também favorecem
o estabelecimento da doença. O uso de sementes sadias, tratamento de
sementes e a pulverização de fungicidas em
A pulverização da parte aérea com parte aérea no início do período reprodutivo
benzimidazois, triazois e estrobilurinas (R1-R2) e em R4 são indicados, sendo que os
também é recomendada. triazois têm apresentado uma melhor
eficácia que as estrobilurinas (WARD-
Em áreas onde a doença é um problema GAUTHIER et al., 2016)
muito sério, o produtor pode realizar um
pequeno ensaio semeando algumas
48
Figura 2. Sintomas de crestamento foliar (A) e de
mancha púrpura (B) em soja. Fonte: Daren Mueller, Iowa
State University, Bugwood.org.

Figura 3. Sintomas de mancha-parda (septoriose) em


folha de soja. Fonte: G.L. Hartman, Compendium of
Mancha-parda ou septoriose Soybean Diseases and Pests, American
Phytopathological Society.

A mancha-parda é causada pelo


fungo Septoria glycines e pode ocorrer no Mancha olho-de-rã
início do desenvolvimento da soja com
manchas marrom-escuras de formato Esta doença é causada pelo
irregular nas folhas unifolioladas. fungo Cercospora sojina e é favorecida em
condições de alta temperatura e
Em condições favoráveis, os primeiros precipitação. Seus sintomas normalmente
trifólios também podem ser atingidos. Um se iniciam na época de florescimento da
segundo surto da doença é comum na fase soja, a partir de R1 (BYAMUKAMA, 2020). Os
de enchimento de grãos e os sintomas nos sintomas começam com pontos de aspecto
trifólios começam com manchas de cor encharcado que evoluem para lesões de cor
parda e formato irregular, que se tornam castanho-clara com bordos castanho-
marrom-escuras com halo amarelado escuros bem definidos (Figura 4a).
(Figura 3).
No final do enchimento de grãos, também
Sob alta severidade, ocorre a desfolha e são comuns sintomas nas hastes e vagens.
maturação precoce, que comprometem o As lesões são alongadas de cor acinzentada
enchimento de grãos e a produtividade, com e bordos castanho-avermelhados nas
perdas que podem ultrapassar 30% (ALMEIDA hastes e circulares de cor castanho-escura
et al., 2005). nas vagens (Figura 4b) (WISE; NEWMAN,
2016).
O manejo inclui o uso de sementes sadias,
tratamento químico de sementes e O controle mais recomendado é o uso de
pulverizações com fungicidas em R5. Triazois, cultivares resistentes. Outras medidas
benzimidazois, estrobilurinas e incluem o uso de sementes sadias,
carboxamidas estão entre os produtos tratamento químico de sementes e a
indicados. A nutrição equilibrada, pulverização da parte aérea com fungicidas
principalmente em potássio, e a rotação de quando houver 5 a 10 manchas nas folhas
culturas quando viável, também ajudam no mais afetadas e 10 a 15 dias após a primeira
controle da doença (ALMEIDA et al., 2005). aplicação (ALMEIDA et al., 2005).
Benzimidazois, dimetilditiocarbamatos,
É importante que o produtor fique atento em carboxanilida e triazois são indicados para a
períodos chuvosos pois as chuvas atuam na doença.
disseminação do patógeno e podem
permitir que as folhas permaneçam
molhadas por um longo período, levando a
um aumento da incidência e da severidade
da doença (HARTMAN, 2016).
49
facilitaram o estabelecimento de seu agente
causal.

As perdas devido à doença podem


ultrapassar 80% da produção (GODOY et al.,
2016). Na safra 2018/2019, os custos com o
Figura 4. Sintomas da mancha olho-de-rã em
tecido foliar (A) e em vagens de soja (B). Fontes: controle da ferrugem no Brasil foram de 2,8
Clemson University – USDA Cooperative Extension bilhões de dólares (CONSÓRCIO
Slide Series, Bugwood.org (A); J. T. Yorinori, ANTIFERRUGEM).
Compendium of Soybean Diseases and Pests,
American Phytopathological Society (B).
Etiologia, sintomatologia e ciclo da
Considerações finais Ferrugem asiática da soja (Phakospsora
pachyrhizi)
Embora as DFC da soja ganhem evidência
A ferrugem asiática é causada pelo
nas fases reprodutivas, seu manejo começa
fungo Phakopsora pachyrhizi, que embora
na implantação da cultura, com a escolha
possa infectar outras espécies de
de cultivares resistentes, no caso da mancha
leguminosas, tem a soja como principal
olho-de-rã, e com o uso de sementes sadias
hospedeiro.
e tratamento de sementes para as demais
doenças.
Isso porque a ferrugem é um fungo
altamente específico e cada espécie de
Quando a produção de sementes é realizada
ferrugem ataca predominantemente uma
pelo próprio produtor, atenção especial deve
espécie vegetal. Por exemplo:
ser dada ao controle destas doenças, já que
todas elas são veiculadas por sementes.
• Phakospora pachyrhizi ataca a soja
(ferrugem asiática da soja)
Na aplicação de fungicidas em parte aérea,
para evitar que estes produtos deixem de
• Puccinia polysora ataca o milho
funcionar devido ao surgimento de
(ferrugem comum do milho)
patógenos resistentes, é importante que
diferentes ingredientes ativos sejam
• Puccinia melanocephala e Puccinia
rotacionados e/ou utilizados em misturas (já
kuehnii atacam a cana-de-açúcar
disponíveis comercialmente).
(ferrugens da cana)

Ferrugem asiática • Hemileia vastatrix ataca o café (ferrugem


do café).
da soja
A doença se inicia quando um esporo
(Phakospsora denominado urediniósporo infecta o tecido
foliar sadio. O esporo germina quano há

pachyrhizi) uma lâmina d´´agua na superfície da folha,


que pode ser causada por orvalho, chuva ou
irrigação. O esporo precisa de pelo menos 6
Entenda tudo sobre o ciclo e etiologia horas de molhamento para germinar
da ferrugem asiática da soja, a doença (GODOY et al., 2016).
mais temida pelos sojicultores do país.
A germinação dá origem a um tubo
Autoria: Ísis Tikami
Engenheira Agrônoma, mestre e doutoranda
germinativo e formação do apressório, que
em Fitopatologia pela ESALQ/USP tem função na fixação e entrada do
patógeno no tecido vegetal, para posterior
A ferrugem asiática da soja teve seu colonização. A planta pode ser afetada no
primeiro relato no país em 2001 e as período vegetativo e nos estádios
condições climáticas brasileiras, junto às reprodutivos.
grandes áreas de produção de soja,
50
Os sintomas da doença se iniciam com O período de latência deste fungo, que vai
pontuações um pouco mais escuras que o da deposição do urediniósporo que causa a
tecido sadio na face superior das folhas, com infecção até a reprodução do fungo, pode
a formação de uredínios correspondentes na chegar a 6 dias (ALVES; 2007). Em cada
face inferior (GODOY et al., 2016). pústula, podem ser produzidas centenas de
urediniósporos (RUPE; SCONYERS, 2008).
Uredínios são as estruturas onde o fungo irá
se reproduzir e também podem ocorrer na Estes esporos são disseminados pelo vento e
face superior das folhas, embora com menor embora sua maioria alcance áreas
frequência. Os uredínios compõem lesões próximas, uma pequena parte pode atingir
típicas de aspecto angular, delimitadas pelos longas distâncias. Os urediniósporos
feixes vasculares. depositados sobre plantas de soja poderão
germinar e dar origem a novas infecções.
A reprodução do fungo origina novos
urediniósporos, que são liberados pelo
rompimento dos uredínios, formando as
pústulas. A esporulação é mais abundante
quando um cultivar de soja é mais suscetível
ao isolado de P. pachyrhizi que está
causando a doença. Neste caso, as lesões
formadas são do tipo TAN, de coloração
castanha (Figura 1).

Em interações com maior resistência, ocorre


menor formação de uredínias e
urediniósporos e as lesões, denominadas RB,
adquirem cor marrom-avermelhada
(reddish-brown) (GODOY et al., 2016).

Figura 3. Ciclo de Phakopsora pachyrhizi (ferrugem


asiática) na cultura da soja. 1: Uredioniósporos
provenientes de outro campo de cultivo dispersos
pelo vento. 2: Urediniósporo depositado sobre tecido
vegetal sadio. 3: Urediniósporo germinado infectando
tecido de soja. 4: Tecido foliar colonizado pelo
patógeno contendo lesões angulares e pústulas, onde
Figura 1. Lesões de Phakopsora pachyrhizi em folhas de novos urediniósporos são produzidos. 5:
soja. A: Lesões do tipo TAN, B: Lesões do tipo RB. Fonte: Urediniósporos provenientes do próprio campo de
Carlos Eduardo de Araujo Batista. cultivo dispersos pelo vento. Autoria: Ísis Tikami.

Em condições de alta severidade da doença, Conhecendo um pouco o ciclo deste fungo,


ocorre a queda prematura de folhas. A perda podemos imaginar que se tivéssemos
de área fotossintética pela presença de tecido sadio de soja sempre disponível,
pústulas ou pela desfolha prejudica o haveria uma epidemia sem fim, onde
enchimento de grãos e reduz a urediniósporos causariam infecções,
produtividade. levando à formação de mais urediniósporos
e assim por diante, dificultando muito o
controle da ferrugem asiática.

Era assim no passado e foi visando


interromper este ciclo e dificultar a
sobrevivência do patógeno que foi
implementado o vazio sanitário.
Figura 2. Pústulas de Phakopsora pachyrhizi em folha de
soja. Fontes: A: Daren Mueller, Iowa State University; B:
P.pachyrhizi é um fungo biotrófico, o que
Florida Division of Plant Industry, Florida Department of
Agriculture and Consumer Services (Bugwood.org). significa que necessita da planta
hospedeira viva para se desenvolver e
51
reproduzir. Assim, o vazio sanitário permite Mas com janelas de semeadura apertadas
interromper o ciclo do fungo. após uma boa chuva e extensas áreas para
semear, por que aguardar o término do
Na ausência de seu principal hospedeiro nos vazio?
campos de produção, o patógeno terá
dificuldades para sobreviver e quando Pois bem, além de ter que arcar com as
termina o período do vazio e se inicia a penalidades estabelecidas para o
semeadura de uma nova safra, haverá descumprimento da legislação, quem
menos inóculo no campo. desrespeita o vazio sanitário está colocando
Desta forma, o início da epidemia será em risco sua própria soja e a de outros
atrasado, resultando em menor número de campos de produção, pois está
pulverizações e menores custos de disponibilizando tecido de soja para P.
produção. pachyrhizi (ferrugem asiática) infectar antes
O vazio sanitário é adotado em 13 estados que o inóculo na região tenha sido
brasileiros e no Distrito Federal (Figura 4), e satisfatoriamente reduzido.
sua implementação vem sendo discutida no
Rio Grande do Sul. E por que não produzir suas próprias
sementes no vazio?

O raciocínio que devemos seguir aqui é o


mesmo. Com soja no campo permitimos
que os ciclos do fungo continuem a ocorrer,
colocando em risco a soja safra seguinte.

Mais inóculo no campo: maiores


riscos para o futuro

Um agravante para o cenário em que o


vazio sanitário não é respeitado está no fato
de que sem o atraso das epidemias, que
seria decorrente da prática, o fungo tem a
oportunidade de desenvolver mais ciclos no
campo. E, quanto maior o número de ciclos,
Figura 4. Períodos de vazio sanitário da soja no Brasil e
maior a probabilidade de surgimento de
Paraguai. PA (1): Microrregiões de Conceição do isolados com resistência a fungicidas, ou
Araguaia, Redenção, Marabá, São Feliz do Xingu, que sejam capazes de driblar as resistências
Parauapebas, Itaituba (com exc. municípios de Rurópolis genéticas presentes em alguns cultivares.
e Trairão) , e Altamira (Distritos de Castelo dos Sonhos e
Cachoeira da Serra). PA (2): Microrregiões de
Paragominas, Bragantina, Guamá, Tomé-Açu, Salgado, Assim, a vida útil das tecnologias disponíveis
Tucuruí, Castanhal, Arari, Belém, Cametá, Furos de pode ser reduzida e uma solução eficaz para
Breves e de Portel. PA (3): Microrregiões de Santarém, a produção de soja poderá não estar
Almeirim, Óbidos, Itaituba (municípios de Rurópolis e
Trairão) e de Altamira (com exc. Distritos de Castelo de
prontamente disponível ou ainda, onerar
Sonhos e Cachoeira da Serra). MA (1): Microrregiões de muito os custos de produção.
Alto Mearim e Grajaú; Chapadas do Alto Itapecuru,
Chapadas das Mangabeiras; Gerais de Balsas, A ferrugem asiática da soja é uma doença
Imperatriz; Porto Franco. MA (2): Microrregiões de
Aglomeração Urbana de São Luís; Baixada Maranhense;
com alto potencial destrutivo e não
Baixo Parnaíba Maranhense; Caxias; Chapadinha; Codó; queremos, de forma figurativa nem literal,
Coelho Neto; Gurupi; Itapecuru Mirim; Lençóis pagar para ver como pode ficar a produção
Maranhenses; Litoral Ocidental Maranhense; Médio brasileira de soja com um manejo ineficiente
Mearim; Pindaré; Presidente Dutra; Rosário. Paraguai (1):
Región Oriental de 01/06 a 30/08 (Res. N. 071/11). Paraguai
da ferrugem.
(2): Región Occidental de 15/06 a 15/09 (Res. N. 633/17).
Fonte: EMBRAPA SOJA. Controle além do vazio sanitário

A escolha de cultivares com genes de


resistência e ou de ciclo precoce quando
52
possível, a aplicação de fungicidas O custo médio para controlar a doença no
recomendados de diferentes grupos Brasil em cada safra é estimado em US$ 2,8
químicos (disponíveis comercialmente em bilhões, de acordo com o Consórcio
misturas) de forma preventiva e na detecção Antiferrugem. E o setor não consegue abrir
do início dos sintomas são medidas que mão dessa conta, pois a ferrugem pode
devem ser adotadas em conjunto com o derrubar em até 90% a produtividade das
vazio sanitário para o controle da ferrugem lavouras.
asiática da soja.
A ferrugem asiática da soja é causada por
Considerações finais um fungo biotrófico (Pakospsora pachyrhizi)
que, portanto, precisa da planta hospedeira
O respeito ao vazio sanitário não é apenas o viva para sobreviver.
cumprimento de uma medida legislativa, é
zelar pela fitossanidade de sua lavoura e Por isso, com o intuito de diminuir a
pelo futuro da soja no país. É também zelar quantidade de inóculo presente no início da
pela segurança alimentar, pelo meio safra, o MAPA instituiu em maio de 2021,
ambiente e pela redução dos custos de através da Portaria nº 306, o Programa
produção. Só assim controlaremos com Nacional de Controle da Ferrugem-asiática
eficiência a temida ferrugem asiática da da soja – Pakospsora pachyrhizi (PNCFS),
soja. estabelecendo duas medidas principais:

Vazio sanitário e • O vazio sanitário como medida para


controle do fungo causador da ferrugem
asiática da soja; e
calendário de • O calendário de semeadura- contendo a
época de semeadura da soja, como

semeadura: 2 medida fitossanitária para racionalizar o


número de aplicações de fungicidas.

medidas para o Vejamos a seguir o que são tais medidas e


como elas ajudam na prevenção e controle
controle da desta preocupante doença nas lavouras de
soja.

ferrugem asiática O que é o vazio sanitário da soja?

da soja O vazio sanitário é o período definido e


contínuo, de no mínimo 90 dias, em que não
Entenda o vazio sanitário da soja e o deve haver plantas vivas de soja em
calendário de semeadura de 2023 que qualquer fase de desenvolvimento na
contém a época de plantio da soja e lavoura durante a entressafra.
como eles ajudam no controle da
Nesse período toda e qualquer planta de
ferrugem asiática da soja – a principal soja voluntária deve ser eliminada.
e mais temida doença da cultura que
podem resultar em até 90% de perdas O fungo P. pachyrhizi só sobrevive e se
na lavoura. multiplica em plantas vivas e essa
estratégia tem como objetivo reduzir o
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu
inóculo do fungo durante a entressafra em
razão da ausência do hospedeiro.
A ferrugem asiática da soja teve seu primeiro
relato no país em 2001. As condições Mas quem define as datas do vazio
climáticas brasileiras, aliadas às grandes sanitário e quando isso é feito?
áreas de produção da cultura, facilitaram o
estabelecimento de seu agente causal. As datas do vazio sanitário para cada
53
Ano agrícola são definidas anualmente pela Os estados do Pará, Rondônia, Maranhão e
Secretaria de Defesa Agropecuária (DAS). Piauí são divididos em municípios. Para
saber detalhadamente qual município se
Elas são definidas com base nas sugestões enquadra em que região, consultar a
dos Órgãos de Defesa Sanitária Vegetal Portaria do MAPA.
(ODFVs) enviadas à coordenação nacional
do Programa Nacional de Controle de Focos Veja na reportagem abaixo, a pesquisadora
de Infecção (PNCFS) até 31 de dezembro. da Embrapa Soja, Claudine Seixas,
explicando sobre o vazio sanitário da soja.
Para que serve o vazio sanitário da
soja? Como devemos realizar o vazio
sanitário da soja?
Como resultado da implantação do vazio
sanitário, espera-se que ocorra um atraso Para cumprir a legislação e realizar o vazio
nas primeiras ocorrências de ferrugem na sanitário é preciso:
safra, diminuindo a possibilidade de
ocorrência da doença no período vegetativo, • Não plantar e nem manter plantas de
e consequentemente, podendo reduzir o soja vivas no período estipulado;
número de aplicações de fungicidas • Eliminar por meio de controle químico ou
necessárias para o controle. mecânico as plantas de soja voluntárias
que tenham nascido na área no período
estipulado;
Qual a época do vazio sanitário da • Aguardar o período estipulado para sua
soja? região – sem plantas de soja na área.

Para o ano agrícola de 2023, o período de Qual as datas de plantio da soja?


vazio sanitário foi definido pela Portaria nº 781 Calendário de semeadura da soja
do MAPA e limita o plantio o calendário de 2023 para a safra 2023/2024
plantio em 100 dias para todos os estados
brasileiros. Nos principais estados produtores As datas de plantio de soja devem seguir a
de soja no País, esse período se concentra determinação do calendário de semeadura
entre os meses de junho-julho a setembro da soja do MAPA, a fim de racionalizar o
(Figura 1). número de aplicações de fungicidas.
Para a safra 2023/2024, o calendário de
semeadura da soja foi definido pela Portaria
nº 840 do MAPA para 21 unidades da
Federação (Tabela 2).

Tabela 2. Períodos de semeadura da soja no


Brasil para a safra 2023/2024

Figura 1. Período de vazio sanitário soja 2023. Fonte:


Portaria Nº 781, MAPA, 2023.

Nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná,


houve uma redução de 40 dias na janela de
semeadura em relação ao calendário de
2022, o que praticamente inviabilizou o
plantio de soja safrinha. Por esta razão os
produtores gaúchos pedem que o MAPA
revisem esse calendário para a região.
54
• Incluir todos os métodos de controle de
doenças dentro do programa de manejo
integrado;
• Utilizar sempre misturas comerciais
formadas por dois ou mais fungicidas
com modo de ação distintos;
• Aplicar doses e intervalos recomendados
pelo fabricante;
• Os fungicidas devem ser usados
preventivamente. Evitar aplicações em
alta pressão de doença e de forma
curativa.
Fonte: Portaria Nº 840, MAPA, 2023.
• Não utilizar mais que duas aplicações do
mesmo produto em sequência e utilizar
Fungicidas para o controle da no máximo dias aplicações de produtos
ferrugem da soja contendo SDHI por curativo;
• Não utilizar SDHI quando a doença estiver
Os fungicidas para o controle da ferrugem bem estabelecida.
possuem três mecanismos de ação (Tabela
3), atuando: Considerações
• Na biossíntese de ergoesterol, importante Embora o controle da ferrugem asiática
componente da membrana celular dos ainda seja um desafio constante para o
fungos, inibindo a Desmetilação do C-14 setor, a implementação do vazio sanitário e
(DMI) e do calendário de semeadura representa
• na respiração mitocondrial dos fungos, avanços significativos no combate a essa
no complexo II, como Inibidores da doença.
Succinato Desidrogenase (SDHI) ou
no complexo III, como Inibidores da Com a adoção correta dessas medidas, é
QWuinona Oxidase (Qol). possível reduzir as perdas na lavoura e
garantir a sustentabilidade da produção de
Tabela 3. Mecanismos de ação dos soja.
principais fungicidas utilizados para o
controle da ferrugem (Pakospsora É fundamental que produtores,
pachyrhizi). pesquisadores e órgãos de defesa
agropecuária continuem trabalhando juntos
para aprimorar as estratégias de controle
da ferrugem asiática e desenvolver novas
soluções.

Somente com um manejo adequado e uma


abordagem integrada, poderemos enfrentar
os desafios impostos por essa doença e
assegurar a saúde e a produtividade da
Fonte: Consórcio Antiferrugem
cultura da soja.

Estratégias antirresistência

De acordo com o Consórcio antiferrugem,


algumas estratégias podem ser utilizadas
para evitar o surgimento de resistência do
fungo aos fungicidas utilizados para o
controle da doença:

55
Soja ardida, Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, que determinam os defeitos,
queimada, as regras e os limites de enquadramento da
soja que será comercializada no país.

mofada, Por estas normativas, a soja é classificada

fermentada:
pela aptidão de uso e aplicados os
descontos para os itens que ultrapassarem
os limites estabelecidos no momento da
entenda 10 avarias comercialização.
que afetam a
Apesar dessas normativas serem um
referencial para classificação, nenhuma
instituição com fim comercial necessita
qualidade dos segui-la, desde que a classificação seja
explicada ao produtor e esteja em contrato

grãos assinado por ambas as partes.

A soja pode ser classificada em dois


Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu Grupos, de acordo com o uso proposto:
Grupo I: soja destinada ao consumo in
A colheita dos grãos é um dos momentos natura;
mais esperados pelo produtor. Nesta etapa Grupo II: soja destinada a outros usos.
é possível avaliar e mensurar se todos os
investimentos feitos na instalação e na Para cada um desses grupos os grãos
condução da lavoura deram podem ser classificados em Tipos, definidos
resultado. Evitar problemas como soja em função da sua qualidade, de acordo
ardida, soja queimada, soja fermentada, com os percentuais de tolerância. Para a ,
entre outras avarias é fundamental para estabelecidos nas Tabelas 1 e 2, mostradas a
agregar na lucratividade do produtor. seguir:

A maior parte das deteriorações dos Tabela 1 – Limites máximos de tolerância,


grãos ocorre principalmente no momento expressos em porcentagem, para a soja do
da colheita (embora também possam Grupo I:
ocorrer durante a produção e
armazenamento dos grãos) e podem
prejudicar a qualidade da matéria prima.
Essas avarias incluem: soja ardida,
fermentada, brotada, chocha, entre outros,
como veremos adiante.

Atender ao padrão de qualidade exigido 1) A soma de queimados, ardidos, mofados,


pela indústria e pelas tradings é fermentados, germinados, danificados,
fundamental, uma vez que o excesso de imaturos e chochos.
avarias dos grãos reduz os ganhos do
produtor. Tabela 2 – Limites máximos de tolerância,
expressos em porcentagem, para a soja do
Classificação dos grãos de soja no Grupo II:
Brasil

A classificação dos grãos de soja no Brasil é


regulamentada pela Instrução Normativas
N° 11, de 15 de maio de 2007 e pela Instrução
Normativa N° 37, de 30 de julho de 2007, do
56
(1) A soma de queimados, ardidos, mofados, Soja ardida
fermentados, germinados, danificados,
imaturos e chochos.

Quando não atender a um ou mais dos


aspectos listados nas Tabelas 1 e 2, a soja
será classificada como Fora de Tipo e não
poderá ser destinada diretamente à
alimentação humana, necessitando passar
por novo beneficiamento para ser Grãos ou pedaços de grãos que se
comercializada. apresentam visivelmente fermentados em
sua totalidade (externamente e
A umidade dos grãos representa o internamente) e com coloração marrom
percentual de água livre contida no grão escura acentuada, afetando o cotilédone.
e deve ser obrigatoriamente determinada,
mas não é considerada para efeito de Tal defeito ocorre por ação do calor e, ou,
enquadramento em tipos. O padrão umidade. É um dos principais defeitos na
exportação para soja é de até 14% de classificação de grãos de soja e estão
umidade. relacionados à contaminação por
micotoxinas, o que pode inviabilizar a sua
Soja Ardida: O que é essa avaria nos utilização, gerar perda de valor comercial e
grãos e quais outras existentes? causar prejuízos na lavoura.

Os grãos de soja com defeitos são


denominados de grãos avariados. Os Soja mofada
mesmos problemas podem ocorrer
nos grãos de milho. São enquadrados em
grãos avariados os grãos ou pedaços de
grãos que se apresentam defeitos graves
(queimados, ardidos, mofados) e defeitos
leves (fermentados, germinados,
danificados, imaturos e chochos).

Grãos com casca enrugada ou com Grãos ou pedaços de grãos que se


alteração na cor, com desenvolvimento apresentam com fungos (mofo ou bolor)
fisiológico completo, somente são visíveis a olho nu.
considerados avariados se sua polpa estiver
alterada.
Defeitos leves:
Vamos ver a seguir o que caracteriza cada
um desses defeitos: Soja Fermentada

Defeitos Graves:

Soja queimada

Grãos ou pedaços de grãos que, em razão


do processo de fermentação, tenham
sofrido alteração visível na cor do cotilédone
que não aquela definida para os ardidos.

Grãos ou pedaços de grãos carbonizados.


57
Soja Germinada ou Brotada

Grãos ou pedaços de grãos que apresentam Pedaços de grãos, inclusive cotilédones, que
visivelmente a emissão da radícula. ficam retidos na peneira circular de 3,0 mm
de diâmetro.
Soja Imatura
Soja esverdeada
Grãos de formato oblongo, que se
apresentam intensamente verdes, por não
terem atingido seu desenvolvimento
fisiológico completo e que podem se
apresentar enrugados.

Soja Chocha

Grãos ou pedaços de grãos com


desenvolvimento fisiológico completo que
apresentam coloração totalmente
esverdeada no cotilédone.

Origens dos defeitos nos grãos de


Grãos com formato irregular que se soja
apresentam enrugados, atrofiados e
desprovidos de massa interna. As avarias nos grãos de soja podem ter duas
origens principais:
Soja Danificada
Defeitos metabólicos: são aqueles que
ocorrem em razão do metabolismo do
próprio grão e/ou em conjunto com outros
organismos associados: queimados,
mofados, ardidos e fermentados – sendo
sua origem associada ao metabolismo
intenso dos grãos. Essa aceleração no
metabolismo pode ocorrer na própria
Grãos ou pedaços de grãos que se lavoura, ou na pós-colheita, como secagem
apresentam com manchas na polpa ou armazenamento inadequado. As
alterados e deformados, perfurados ou condições de altas temperaturas e teor de
atacados por doenças ou insetos, em umidade dos grãos favorecem o processo
qualquer de suas fases evolutivas. de respiração vegetal, acelerando a
degradação dos compostos (PARAGINSKI et
Soja partida e quebrada al., 2015).

Defeitos não-metabólicos: são queles que


ocorrem devido a processos de origem
abiótica, como os maquinários regulados de
58
forma inadequada que promove a quebra Como diminuir os problemas de
dos grãos, ou associado a um ataque de grãos avariados?
insetos-praga, que danificam os grãos
(grãos picados), por exemplo. O problema de grãos avariados pode ser
diminuído em diversas etapas da cadeia
Os grãos avariados prejudicam os produtiva:
processos industriais
Durante o ciclo de cultivo
Os grãos avariados afetam a qualidade da
matéria prima e afeta os processos • manter o controle fitossanitário de
industriais. Para a extração de óleo, por doenças (principalmente fungos) que
exemplo, quanto maior a presença de grãos ataquem a cultura na fase reprodutiva.
avariados menor é o rendimento industrial
de extração do óleo (Figura 1A) e maior será Na colheita
os custos de produção, uma vez que na
etapa de neutralização no refino de óleo os
ácidos graxos livres (acidez) são removidos • Regulagem da colheitadeira: manter o
na forma de borra (Ramos, 2019). maquinário com as regulagens e
manutenção em dias, ajuda a evitar as
O agravamento dos defeitos também reduz perdas de colheita.
a qualidade e funcionalidade das proteínas, • Planejamento da colheita: Apesar de ser
avaliado pela solubilidade proteica (Figura recomendável que a colheita ocorra
1B). quando o grãos estiver com teor de
umidade entre 13 e 15% para evitar
Ambos são parâmetros tecnológicos problemas de danos mecânicos e perdas
importantes para tanto para extração de na colheita, outros fatores devem ser
óleo, como para aplicação da proteína em considerados, principalmente no período
alimentos. Estes defeitos estão associados de chuvas, onde o retardo na colheita
à contaminação microbiológica e poderá impactar no percentual de grãos
contaminantes. ardidos na sua produção.

A manutenção dos grãos úmidos no campo


por muito tempo acelera a perda de
qualidade, aumenta o ataque dos
patógenos e o percentual de ardidos.

Recomenda-se a retirada dos grãos da


lavoura o quanto antes, os encaminhando
diretamente para a secagem.
Figura 1 – Rendimento de extração de proteínas (A) e
solubilidade proteica (B) em grãos de soja com Durante secagem e
diferentes defeitos. Fonte: Ramos, 2019.
armazenamento

• Condições adequadas de umidade e


Na alimentação animal, o consumo de
temperatura devem ser utilizadas nos
grãos de soja com defeitos (fermentado,
silos durante a secagem, para evitar a
ardido, queimado), compromete
deterioração dos grãos. É importante que
negativamente o valor nutricional,
as sementes sejam armazenadas em um
interferindo no metabolismo digestível,
local arejado, com temperaturas que não
principalmente na degradação de proteínas
ultrapassem os 25°C e umidade relativa
degradáveis no rúmen, bem como, no
abaixo de 70%.
aproveitamento de volumosos para
formação de proteína microbiana e na
A respiração dos grãos é aumentada
absorção de demais nutrientes presentes na
significativamente a partir de 25°C, de forma
luz intestinal (Wenneck et al., 2021).
crescente até 40°C, reduzindo-se
59
posteriormente. As reações químicas
catalíticas e não catalíticas nos grãos são
mais aceleradas à medida que a
temperatura aumenta, assim, a hidrólise do
amido e gorduras tendem a ser maiores.
Além disso, existe uma relação direta entre a
temperatura de grãos armazenados e a
ocorrência de infecção por fungos. Fungos de
armazenamento são favorecidos por
temperaturas na faixa de 28 a 32°C e
umidade mais alta dos grãos.

60
NEMATOIDES
4 principais gêneros de nematoides
no sistema soja e milho
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu

Os nematoides fitoparasitas se enquadram Além de causarem danos diretos


como um dos principais patógenos do para as plantas, os nematoides
sistema soja e milho e são responsáveis por
perdas significativas de produtividade.
também são responsáveis por uma
série de danos indiretos, como:
As perdas anuais estão estimadas em R$ 35
bilhões ao ano dentre todas as culturas, mas • Criação de portas de entrada para outros
somente na soja, por exemplo, as perdas são patógenos;
estimadas em R$ 16,2 bilhões ao ano. Por • Modificação da rizosfera;
este motivo, alternativas integradas de • Atuam como vetores de viroses, bactérias
controle se tornam a solução mais eficiente e fungos;
para controle. • Indução de alterações fisiológicas na
planta;
Em lavouras com presença de nematoides, • Indução de respostas sistêmicas nas
nota-se do início ao centro da reboleira um plantas hospedeiras, entre outros.
gradiente crescente de atrofiamento e
clorose das plantas. Podendo ocorrer até a Principais nematoides do sistema
morte de plantas, se a densidade soja e milho:
populacional de nematoides for elevada.
NEMATOIDE DE GALHAS
(Meloidogyne spp.)

O gênero Meloidogyne compreende um


grande número de espécies. Contudo, M.
incognita e M. javanica são as que mais
limitam a produção nas lavouras de soja e
posteriormente de milho.
Reboleira em decorrência de alta infestação de
nematoides em lavoura de soja. Foto: C. Grau. Galhas são alterações que ocorrem nas
células das raízes das plantas, decorrentes
Apesar da formação de reboleiras ser um do processo de alimentação dos
sintoma bastante típico do ataque de nematoides. No interior das galhas estão
nematoides, podem ser facilmente localizadas as fêmeas do nematoide, que
confundidas com manchas ocasionadas por depositam seus ovos na raiz.
depósitos de calcário na lavoura.
Após a eclosão, essas formas jovens e
Do mesmo modo, é comum que as cloroses móveis, passam a migrar no solo à procura
causadas pelos nematoides sejam de raízes de uma planta hospedeira
confundidas com deficiências provocadas favorável.
por algum outro elemento.

62
NEMATOIDE DAS LESÕES RADICULARES
(Pratylenchus brachyurus)

Nos últimos anos, os nematoides das lesões


radiculares têm causado danos elevados e
crescentes. Além da sintomatologia geral já
abordada acima, no caso dos nematóides
das lesões (Pratylenchus brachyurus), deve-
se observar nas raízes da soja a presença de
áreas necrosadas.

O ataque dessa espécie ocorre nas células


do parênquima cortical, onde injeta toxinas,
Danos causados nas raízes do milho. Foto: Agropós.
durante seu processo de alimentação. Sua
movimentação na raiz desorganiza e destrói
NEMATOIDE DE CISTO DA SOJA células. As raízes parasitadas são então
(Heterodera glycines) invadidas por fungos e bactérias, resultando
em lesões necróticas.
O gênero Heterodera se caracteriza pela
formação de cistos (que é o corpo da fêmea
adulta morta) de cor marrom, altamente
resistentes às condições adversas do
ambiente.

Os ovos protegidos pelo cisto podem


sobreviver no solo, na ausência de planta
hospedeira, por oito ou mais anos. O cisto Danos causados pelo Pratylenchus brachyurus na raiz
da soja. Foto: Revista Cultivar.
constitui a mais eficiente unidade de
dispersão do nematóide, permitindo que
NEMATOIDE RENIFORME
seja facilmente levado de uma área para
(Rotylenchulus reniformis)
outra, a curtas ou longas distâncias, por
qualquer meio que promova movimento de
O algodão é a cultura mais afetada pelo
solo.
nematóide reniforme (Rotylenchulus
reniformis). Entretanto, dependendo da
Dhingra et al. (2009) alertaram que as
cultivar e da população do nematóide
perdas de produtividade de grãos podem
reniforme no solo, também podem ocorrer
atingir 90 %, em combinação com o grau de
danos em culturas da soja. Nesse caso, não
infestação e raça do nematoide, fertilidade
há formação de galha e o sistema radicular
do solo e suscetibilidade da cultivar.
apresenta-se mais pobre.

Em alguns pontos da raiz, é possível


observar camadas de terra aderidas às
massas de ovos do nematóide, produzidas
externamente à raiz.

ESTRATÉGIAS DE CONTROLE

CONTROLE QUÍMICO

Heterodera glycines, o nematoide de cisto da soja (A)


O controle direto dos nematoides utilizando
fêmeas em raiz; (B) fêmeas maduras e cistos e (C) cisto nematicidas químicos é uma das opções,
rompido (com ovos e J 2 ) obtido de solo cultivado com podendo muitas vezes, utilizar esses
soja (Foto: H. D. Campos). produtos até mesmo no tratamento de
sementes.
63
Entretanto, se tratando de pragas de solo, a
dificuldade em atingir o alvo com eficácia é
um dos fatores limitantes do controle
químico eficiente dos nematoides, tornando
necessário aderir a outras práticas de
manejo complementares.

CONTROLE BIOLÓGICO

A aplicação de Bionematicidas ou
nematicidas microbiológicos é realizada
normalmente via solo. E a sua composição
(fungo ou bactéria) pode agir de diversas
maneiras sobre o ciclo biológico do
nematoide, podendo ocasionar morte direta,
interferir na reprodução ou agir no processo
Fonte: Revista Plantio Direto.
de penetração no hospedeiro.
Conclusões
• Paecilomyces lilacinus: fungo de solo e
parasita facultativo de ovos de
A melhor e mais eficiente estratégia de
nematoides. Cresce em grande variedade
controle é o manejo integrado de
de substratos, adapta-se a uma ampla
nematoides. Desde a correta identificação
faixa de pH do solo e é bastante
dos fitonematoides e união de métodos de
competitivo em campo;
controle visando minimizar as perdas e
retomar a produtividade.
• Pochonia chlamydosporia: é parasita de
nematoides de galha e tem sido descrito
como parasita de fungos patogênicos de
plantas, propriedades que o tornam um
potencial bioagente de controle tanto de
nematoides parasitas de plantas como de
fungos causadores de doenças de
plantas;

• Bacillus sp.: O potencial de exploração


comercial de isolados de B. subtilis para
formulação
de bionematicidas é elevado, em razão de
a bactéria produzir substâncias
nematóxicas
que alteram os exsudatos radiculares,
aliada à habilidade de sobreviver no solo;

CONTROLE COM PLANTAS DE


COBERTURA

Algumas plantas de cobertura apresentam


grande potencial de para controle de
fitonematoides, com destaque para
a Crotalaria spectabilis.

64
Controle biológico
de nematoides no
Brasil
Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu

A Embrapa estimou as perdas anuais com


nematoides no Brasil em 35 bilhões ao ano.
Apenas na cultura da soja, as perdas são
estimadas em R$ 16,2 bilhões ao ano.

Os maiores problemas com nematoides no


Brasil são devido a cinco principais gêneros:

• Nematoide das galhas: Meloidogyne spp.

• Nematoide das lesões radiculares:


Pratylenchus spp.

• Nematoide do cisto da soja: Heterodera


glycines

• Nematoide reniforme: Rotylenchulus


reniformis

• Nematoide espiralado: Helicotylenchus


dihystera
Fonte: Consultoria Kynetec

Bionematicidas disponíveis
no mercado brasileiro

O Brasil possui atualmente 62


bionematicidas comerciais registrados
(Tabela 1). Para efeito comparativo existem
33 produtos químicos registrados como
nematicidas no País.
Figura 1. Danos ao sistema radicular das plantas
causados por Meloidogyne incognita (A); Pratylenchus
brachiurus (B); Heterodera glycines (C); Rotylenchulus Tabela 1. Lista de nematicidas biológicos
reniformis (D) e Helicotylenchus dihystera (E). registrados para uso no Brasil, de acordo
com o Agrofit (2023).
O controle biológico de nematoides tem
chamado atenção pelo crescimento e vem
se mostrado uma solução viável e eficaz
para o combate desses parasitas, além de
representar uma alternativa mais segura e
sustentável para a agricultura brasileira

Evolução do mercado de
nematicidas no Brasil
65
Tabela 1. Continua

66
No total são 14 agentes de controle biológico Principais microrganismos usados
registrado: no controle biológico de nematoides
no Brasil

Bactérias do gênero Bacillus

Estão presentes em cerca de 70% dos


Modo de ação dos nematicidas bionematicidas comerciais.
biológicos
Dos 42 bionematicidas contendo Bacillus
O controle biológico utiliza bactérias e fungos spp., se destacam as espécies:
com intuito de reduzir a população de
nematoides, o que pode ocorrer de duas Bacillus amyloliquefaciens presente em 17
formas principais (Figura 1): bionematicidas

Parasitismo: o nematoide pode servir como • 12 como único ingrediente


fonte de alimento a esses microrganismos; • 5 em misturas com outras espécies,
como B. velezensis e B. thuringiensis;
Efeitos favoráveis à planta: esses
microrganismos produzem efeitos adversos Bacillus subtilis presente em 18
aos nematoides, como ativação do bionematicidas
mecanismo de defesa da planta ou
liberação de exsudados que dificultam o • 7 como único ingrediente ativo
desenvolvimento do nematoide na rizosfera • 11 em mistura com outras espécies como
das planta B. licheniformis e B. paralicheniformis.

Modo de ação

As bactérias go gênero Bacillus são


importantes promotoras de crescimento
vegetal. Elas colonizam a rizosfera e se
desenvolvem associadas às raízes,
estimuladas pelos exsudatos radiculares e
agem combatendo os nematoides de duas
formas principais:

• Formam uma barreira físico-química


composta por células bacterianas e
metabólitos que evita a penetração dos
nematoides nas raízes.
• Produzem metabólicos que são tóxicos
para os nematoides.
Figura 1. Principais modos de ação de diferentes agentes
de controle biológico em nematoides. Fonte: Traduzido
de Machado et al. (2022).
67
Os fitonematoides dependem do estímulo de Modo de ação
exsudatos emitidos pelas raízes das plantas
para eclosão dos ovos e orientação dos O Trichoderma sp. produz enzimas líticas
juvenis. No entanto, esse estímulo sofre que degradam a quitina, polímero que é o
interferência das bactérias, que promovem principal componente dos ovos dos
umaalteração na composição dos nematoides (SANTIN, 2008). Nesse tipo de
exsudados, interferindo no processo de controle há o parasitismo direto de ovos e
reconhecimento pelos nematoides (HU et al. juvenis.
2017).
Por outro lado, espécies de Trichoderma sp.
Bactéria da espécie Pasteuria podem induzir mecanismos de defesa da
nishizawae planta. Estudos mostraram que diferentes
concentrações de Trichoderma harzianum
Está presente em dois bionematicidas promoveram um decréscimo do nematoide
registrados no Brasil (AGROFIT, 2023). M. javanica. o que também impediu a
penetração de fungos oportunistas no
P. nishizawae é um parasita obrigatório e por sistema radicular (SANTIN, 2008).
isso é recomendada para o controle de
nematoides com alta especificidade como o Fungo da espécie Purpureocillium
nematoide dos cistos (Heterodera glycines). lilacinus

Modo de ação Está presente em 12 bionematicidas


registrados no Brasil (AGROFIT, 2023).
P. nishizawae mata o hospedeiro por
parasitismo: Endósporos da bactéria • 8 como único ingrediente ativo;
aderem à cutícula dos nematoides, • 4 em mistura com espécies de bactérias
germinam e penetram em seu corpo e isso do gênero Bacillus.
impede a Penetração do juvenil nas raízes
e/ou a reprodução da fêmea, Purpureocillium lilacinum anteriormente
comprometendo a reprodução da espécie conhecido como Paecilomyces lilacinus é
(MACHADO, 2022). um fungo saprofítico do solo e considerado
um dos agentes de biocontrole mais
promissores e um importante fungo
Fungos do gênero Trichoderma
patogênico de ovos de cisto e nematoide
das galhas (ISAAC et al., 2024).
Está presente em sete bionematicidas
registrados no Brasil (AGROFIT, 2023).
Modo de ação

É um fungo oportunista que parasita ovos,


juvenis e adultos de diferentes espécies de
nematoides, apresentando grande potencial
nematicida, devido as suas características
saprofíticas - utilizam os nematoides como
fonte de nutrientes (MACHADO, 2022).

Fungo da espécie Pochonia


chlamydosporia

Está presente em apenas 2 bionematicidas


registrados no Brasil (AGROFIT, 2023).
O Trichoderma é interessante para o
controle de Pratylenchus spp., embora Modo de ação
também seja registrado para controle de
outras espécies. O modo de ação do P. chlamydosporia é
bastante semelhante ao descrito para
68
P. lilacinum: este fungo também é uma Modo de ação
espécie saprófita na ausência de plantas e
hospedeiros nematoides, ou seja, ele mata O Trichoderma sp. produz enzimas líticas
por parasitismo. que degradam a quitina, polímero que é o
principal componente dos ovos dos
Seu comportamento endofítico em algumas nematoides (SANTIN, 2008). Nesse tipo de
espécies de plantas também pode resultar controle há o parasitismo direto de ovos e
na ativação de mecanismos de defesa da juvenis.
planta contra patógenos de solo, como
nematoides (MACHADO, 2012). Por outro lado, espécies de Trichoderma sp.
podem induzir mecanismos de defesa da
Conclusão planta. Estudos mostraram que diferentes
concentrações de Trichoderma harzianum
As expectativas para o aumento do mercado promoveram um decréscimo do nematoide
de bionematicidas são otimistas. Tal M. javanica. o que também impediu a
mercado deve crescer aproximadamente penetração de fungos oportunistas no
14% no Brasil nos próximos cinco anos, de sistema radicular (SANTIN, 2008).
acordo com o Prof. Dr. Fernando Godinho de
Araújo, nematologista e diretor-chefe do Fungo da espécie Purpureocillium
Centro de Inovação do Instituto Federal lilacinus
Goiano.
Está presente em 12 bionematicidas
Alguns desafios a serem enfrentados no registrados no Brasil (AGROFIT, 2023).
setor incluem: o uso correto e formulação de
organismos com diferentes modos de ação, • 8 como único ingrediente ativo;
dificuldades de cultivo em laboratório e a • 4 em mistura com espécies de bactérias
existência de bionematicidas não do gênero Bacillus.
regulamentados, que não garantem a
qualidade, a pureza e a eficiência no Purpureocillium lilacinum anteriormente
controle de nematoides em condições de conhecido como Paecilomyces lilacinus é
campo, levando ao descontrole e descrédito um fungo saprofítico do solo e considerado
desta ferramenta (Machado et al., 2022). um dos agentes de biocontrole mais
promissores e um importante fungo
Alguns desafios a serem enfrentados no patogênico de ovos de cisto e nematoide
setor incluem: o uso correto e formulação de das galhas (ISAAC et al., 2024).
organismos com diferentes modos de ação,
dificuldades de cultivo em laboratório e a Modo de ação
existência de bionematicidas não
regulamentados, que não garantem a É um fungo oportunista que parasita ovos,
qualidade, a pureza e a eficiência no juvenis e adultos de diferentes espécies de
controle de nematoides em condições de nematoides, apresentando grande potencial
campo, levando ao descontrole e descrédito nematicida, devido as suas características
desta ferramenta (Machado et al., 2022). saprofíticas - utilizam os nematoides como
fonte de nutrientes (MACHADO, 2022).

Fungo da espécie Pochonia


chlamydosporia

Está presente em apenas 2 bionematicidas


registrados no Brasil (AGROFIT, 2023).

Modo de ação

O modo de ação do P. chlamydosporia é


bastante semelhante ao descrito para
69
• Tópico 6 - Plantas daninhas e uso de
herbicidas

PLANTAS DANINHAS
E USO DE HERBICIDAS
Controle de capim amargoso na
soja: 2 momentos importantes para
aplicação de herbicidas
Autoria: Raphael Mereb Negrisoli
Engenheiro Agrônomo, pela UNESP Ilha Solteira
Mestre em Agronomy (University of Florida)
O manejo de plantas daninhas é uma das
Entenda como a competição entre a cultura técnicas necessárias para garantir altas
da soja e o capim amargoso pode afetar produtividades e a qualidade de colheita da
negativamente os produtores agrícolas. cultura, cujo a negligência no manejo
poderá ocasionar em perdas sensíveis na
Este artigo destaca a necessidade urgente produtividade.
de um controle eficaz e rápido dessa planta
daninha agressiva, que apresenta As plantas daninhas afetam diretamente as
resistência. Aprenda sobre as melhores culturas, competindo por luz, água, nutriente
práticas de manejo do capim-amargoso, e espaço. Esse manejo representa grande
incluindo a utilização de herbicidas pré- parte do custo de produção da soja,
emergentes e pós-emergentes no pré- enfatizando a necessidade de um bom e
plantio, dois momentos importantes para se efetivo controle, podendo reduzir custos na
realizar o controle. produção.

Saiba como garantir campos mais limpos e Atualmente, dentre as plantas daninhas
preservar a produtividade da cultura da soja mais problemáticas da cultura da soja,
para as próximas safras. destaca-se o capim-amargoso (Digitaria
insularis). Esta gramínea apresenta
Não perca este guia abrangente para o crescimento agressivo e é altamente
controle precoce do capim amargoso e o competitiva.
manejo adequado na agricultura de soja.
Um dos grandes entraves do controle de
Entendendo o problema capim-amargoso é o fato da resistência da
planta ao herbicida glyphosate.
A soja é uma das principais culturas Considerando que o uso do glyphosate na
agrícolas do Brasil e apresenta posição de cultura da soja é de extrema importância e
destaque no agronegócio brasileiro. O nosso de uso abundante, o controle do capim-
país é maior produtor de soja do mundo, amargoso se tornou um entrave para os
com produção de 135 milhões de toneladas, produtores.
seguido dos Estados Unidos, com produção
de 112 milhões de toneladas (CONAB, 2021). Competição do capim
amargoso com a soja
A produtividade brasileira tem sido
alavancada devido a melhores cultivares, O capim-amargoso é uma espécie perene
manejo mais aprimorado da cultura e que apresenta formação de touceiras e alta
aumento das tecnologias, apresentando produção de sementes (Figura 1), podendo
produtividade média aproximada de 3600 kg ser encontrada em todas as regiões
por hectare, porém com áreas superando produtoras de soja no Brasil.
4800 kg ha-1.
71
Além disso, as sementes são revestidas por geneticamente modificadas) e controlava
muitos pelos e são facilmente dispersadas eficientemente as principais plantas
pelo vento. O capim-amargoso é altamente daninhas da cultura.
adaptado as mais variadas regiões
brasileiras e em diferentes épocas do ano O capim-amargoso também é um
(ANDRADE, 2019). problema para outras culturas, como
o milho.
Devido as suas características, o capim-
amargoso é uma gramínea altamente Desse modo, os produtores começaram a
competitiva e de difícil controle: apenas seis ter problemas no controle do capim-
plantas/m2 poderá diminuir a produtividade amargoso com o aumento das
da soja em 44% (GAZZIERO et al., 2012). populações resistentes, havendo a
necessidade de alterações no manejo da
Atrelado ao rápido crescimento e dispersão cultura.
das sementes, o fato de o capim-amargoso
apresentar resistência ao herbicida Manejo do capim-amargoso na soja
glyphosate acrescentou ainda mais
dificuldades no controle para os produtores.
O primeiro relato de resistência do capim- O controle do capim-amargoso pode ser
amargoso foi em 2006, no Paraguai (HEAP, realizado com manejo cultural, mecânico ou
2017). químico.

Para a cultura da soja, o manejo mecânico e


cultural geralmente compreendem as
práticas de retirada de touceiras, a rotação
de culturas, época de plantio, espaçamento
de culturas e a cobertura do solo na
entressafra.

No entanto, na grande maioria, o controle do


capim-amargoso é realizado pelo manejo
químico, utilizando herbicidas pré e pós-
emergentes.

Manejo de capim amargoso com


herbicidas pré-emergentes

Mesmo com o crescimento agressivo, o


capim-amargoso, quando originário de
sementes, apresenta desenvolvimento mais
lento até os 45 dias, aumentando a eficácia
do produto. Após esse período, a planta irá
formar touceiras e criar mais massa,
dificultando a eficácias dos produtos.

Em alguns casos é necessário a aplicação


sequencial de herbicidas para alcançar o
controle necessário. Além disso, deve-se
Figura 1. Touceira de capim-amargoso (CONCENÇO, G.;
EMBRAPA, 2014).
buscar o controle antes da formação de
sementes, diminuindo o banco destas para
as próximas safras.
O manejo das plantas daninhas na soja, em
geral, era normalmente realizado pela O período mais interessante para o produtor
aplicação de glyphosate de forma isolada, realizar o controle é na entressafra da
visto que é um herbicida seletivo para a cultura, podendo utilizar um maior número
cultura (com o advento das culturas de herbicidas nesse período de ‘pré-plantio’.
72
de herbicidas nesse período de ‘pré-plantio’. Tabela 1. Controle residual de capim-
amargoso em função da aplicação de pré-
Além disso, se há a presença de capim- emergente (JUNIOR ANDRADE et al., 2018).
amargoso, já perenizado e em grande
densidade, recomenda-se aplicações
sequenciais ou até mesmo a roçagem da
área e aplicação após a rebrota das
plantas, aumentando significativamente a
eficiência das aplicações.

Pode-se utilizar no controle do capim-


amargoso, em pós emergência na
entressafra, graminicidas como o clethodim
e haloxyfop, com doses de 0,5-1,0 L ha-1 e 0,5
– 1,2 L ha-1, respectivamente.
O manejo das plantas daninhas na soja, em
Também é recomendado utilizar o geral, era normalmente realizado pela
glyphosate (dose de 3-5 L ha-1), mesmo aplicação de glyphosate de forma isolada,
tendo plantas resistentes ao herbicida, visto que é um herbicida seletivo para a
buscando o controle das demais plantas cultura (com o advento das culturas
daninhas presentes na área. geneticamente modificadas) e controlava
eficientemente as principais plantas
Além disso, pode-se utilizar o Glufosinato de daninhas da cultura.
amônio, com dose de 2,5 – 3,0 L ha-1. Já com
os herbicidas pré-emergentes, o produtor Desse modo, os produtores começaram a
tem a opção de utilizar os herbicidas ter problemas no controle do capim-
flumioxazin (70 -120 g ha-1), o s-metolachlor amargoso com o aumento das populações
(1,5 – 2,0 L ha-1), trifluralina (1,4 – 4,0 L ha-1), resistentes, havendo a necessidade de
clomazone (1,6 – 2,0 L ha-1) e diclosulam (30 alterações no manejo da cultura.
– 41 g ha-1).
Manejo de capim amargoso com
Há no mercado algumas misturas de pré- herbicidas pós-emergentes
emergentes, aumentando o espectro de
controle e até mesmo aumento do residual. Já no controle em pós-emergência do
capim-amargoso, após a emergência da
Analisando o efeito residual de alguns soja, recomenda-se sobretudo o uso
herbicidas aplicados em pré-emergência no de inibidores de ACCase, como os
controle do capim-amargoso na cultura da graminicidas clethodim e haloxyfop. Além
soja, Andrade Junior et al. (2018) testou os disso, pode-se usar associados ao herbicida
pré-emergentes flumioxazin, imazethapir, glyphosate nas culturas RR (Roundup Ready)
diclosulan, clomazone e s-metolaclor. ou o glufosinato nas culturas LL (LibertLink).

Todos os herbicidas foram aplicados em É recomendável o controle do capim-


mistura com o paraquat ou carfentrazone amargoso até o estádio de três perfilho, com
para o controle das plantas já emergentes aproximados 30 dias após emergência.
(Tabela 1).
Com o intuito de avaliar o controle do
O maior controle residual do capim- capim-amargoso em pleno florescimento,
amargoso foi observado nos tratamentos Zobiole et al. (2016) testaram o efeito dos
com imazetapyr + flumioxazin e no herbicidas haloxyfop, clethodim, quizalofop e
tratamento com s-metolachlor, fluazifop, todos associados ao glyphosate.
apresentando controle residual de mais de Devido a maturidade das plantas, todos os
90%. Os tratamentos imazethapir, diclosulam tratamentos apresentaram resultados
e clomazone apresentaram controle entre insatisfatórios no controle.
85 e 90%.
73
No entanto, os autores também avaliaram a Importância de se
aplicação sequencial desses herbicidas,
observando resultados satisfatórios (controle manejar
> 90%) quando os herbicidas foram
aplicados de forma sequencial com 35 dias adequadamente a
de distância, em associação ou não com
glyphosate. dessecação das
É sempre importante lembrar de seguir as plantas de
recomendações do fabricante de cada
produto. Outro ponto é seguir as cobertura
recomendações no manejo de resistência
das plantas daninhas, aprimorando as Autoria: Letusa Momesso
tecnologias de aplicação, observar as doses Engenheira Agrônoma, pela UNESP Ilha Solteira
corretas, momento de aplicação e a rotação
A dessecação das plantas de cobertura é
dos mecanismos de ação dos herbicidas.
uma prática feita para produzir resíduos
vegetais cobrindo o solo para a cultura
Ademais, observar e acompanhar os
sucedânea nos sistemas agrícolas em
resultados das aplicações de herbicidas,
plantio direto, bem como eliminar toda
procurando por escapes. Temos um artigo no
vegetação presente na área e controlar
nosso blog com muitas informações para o
pragas e doenças antes da semeadura da
manejo de resistência de plantas daninhas.
cultura em sucessão, como o milho e soja
(Calonego et al., 2005; Rosolem et al., 2005).
Considerações finais
O encerramento dessas coberturas usando
A competição entre a cultura da soja e do métodos certos e no momento correto é o
capim amargoso pode ser prejudicial para o ponto principal para garantir o plantio em
produtor, evidenciando a necessidade de tempo hábil e evitar que as culturas de
controle eficaz e rápido. cobertura compitam com as culturas
comerciais.
Além disso, considerando a agressividade
dessa planta daninha, atrelado ao fato da A palhada (cobertura morta) formada pelas
resistência, aumenta a importância no plantas de cobertura dessecadas é uma
manejo do capim-amargoso. tecnologia adotada no campo como prática
sustentável que protege o solo da erosão
Por isso, o produtor deve estar atento ao acarretada pelas chuvas, além de conferir
controle precoce dessa planta, buscando o melhores condições ao solo pela
bom manejo no pré-plantio, lançando mão manutenção da umidade e menor oscilação
da utilização de herbicidas pré-emergentes térmica, de forma a melhorar a qualidade
e pós-emergentes, visando manter os da germinação das sementes e o
campos mais limpos para as próximas safras estabelecimento inicial das plantas.
e não prejudicar a produtividade da cultura
da soja. Além disso, no período de cultivo das plantas
de cobertura durante a safra de inverno
e/ou entressafra, pode haver o aumento das
pragas e doenças e a dessecação das
plantas elimina o hospedeiro na lavoura e
acarreta quebra do ciclo dessas patologias
e dos insetos.

Assim, a maioria das espécies requer algum


tipo de manejo no cultivo para melhorar a
eficiência de sua utilização, o tempo de
terminação para formação de palhada e a
liberação de nutrientes pelos resíduos
vegetais.
74
Benefícios da dessecação produtividade da cultura de interesse
comercial é prejudicada (Constantin et al.,
Dentre os principais benefícios da 2005).
dessecação no momento correto das
plantas de cobertura, destacam-se: No caso do cultivo de milho, a semeadura
da cultura logo após a dessecação da aveia
• Facilitar o manejo das pragas e doenças pode acarretar germinação desuniforme e
antes e durante o ciclo da cultura desenvolvimento inicial inadequado
subsequente; (estiolamento) das plântulas de milho, e
• Reduzir os efeitos alelopáticos das recomendam um intervalo de pelo menos
coberturas ou plantas daninhas; duas a três semanas entre o manejo da
• Melhorar a semeadura (campo uniforme aveia e a semeadura do milho (Calegari et
e limpo), permitindo melhor corte da al., 1998).
palhada pela semeadora e distribuição
de sementes; Isso porque quando o intervalo entre a
• Promover melhor desenvolvimento inicial dessecação e a semeadura da cultura
de plantas, sem competição por luz, água comercial é um período curto e pode causar
e nutrientes; clorose nas folhas das culturas sucedâneas
• Aumentar a produtividade das culturas nos estádios iniciais de crescimento devido
em sucessão. ao efeito alelopático.

Compostos alelopáticos afetam


Liberação de nutrientes negativamente outras plantas inibindo a
germinação e o desenvolvimento, sendo
Ao dessecar as plantas de cobertura, há o esses efeitos acentuados quando há curto
aumento dos restos culturais na área. intervalo entre as operações.
Posteriormente, a decomposição desse Dentre eles, estudos indicam que intervalos
material disponibiliza nutrientes ao longo reduzidos na dessecação provocam quedas
dos outros cultivos. Inicialmente, o processo na produtividade de soja após o cultivo do
de decomposição da palhada é mais rápido sorgo (Peixoto e Souza, 2002), bem como o
na fase inicial com a liberação desenvolvimento vegetativo da soja
principalmente de potássio (K) e nitrogênio após Brachiaria decumbens (Melhorança e
(N) nos primeiros 30 dias após o manejo das Vieira, 1998).
plantas (Aita, 2001; Momesso et al., 2019;
2021). Uma forma de diminuir esse efeito é
aguardar um período maior para a
Como efeito de resíduos vegetais, a implantação das culturas sobre a cobertura
mobilidade de cátions no solo aumenta e os dessecada (Melhorança e Vieira, 1998).
microrganismos reduzem os ligantes
orgânicos no processo de decomposição da Outra vantagem da dessecação com um
palhada (Franchini et al., 2001; Miyazawa et longo intervalo de tempo entre as
al., 2002). operações, é garantir a completa
terminação das plantas de cobertura pois
Escolha do momento adequado dependendo das espécies, há tempo
necessário para que o agricultor não tenha
A prática de dessecação anterior à dificuldade de manejar essas plantas.
semeadura requer o planejamento da
época de semeadura da cultura a ser É importante ressaltar que esse período
implantada (Figura 1). Em geral, a deve ser menor àqueles que favorecem o
dessecação das plantas de cobertura deve surgimento de rebrotes de cobertura
ser realizada cerca de 20 a 30 dias antes da vegetal ou emergência de plantas daninhas.
semeadura (Embrapa, 2004).
Portanto, há a necessidade de que o
Se a dessecação for realizada muito agricultor avalie o melhor momento para
próxima ao dia da semeadura, a realizar a aplicação visto que o intervalo de
75
dessecação afeta a cultura sucedânea e Autoria: Beatriz Nastaro Boschiero
algumas espécies são de maior dificuldade Engenheira Agrônoma, pela UNESP Botucatu
de manejo, dependendo do estágio de
crescimento para o ideal controle.
Épocas de aplicação de herbicidas
na cultura do milho

O milho no Brasil pode ser cultivado tanto na


primeira quanto na segunda safra.
O manejo das plantas daninhas será
influenciado pela época de plantio.

Para o milho plantado na janela da safra


Figura 1. Sistema agrícola com dessecação das plantas principal o manejo de plantas daninhas é
de cobertura. mais simples. Isso porque o controle pode
ser realizado na entressafra, se atentando
Evitar perdas na produtividade principalmente com o efeito residual de
herbicidas na cultura.
A dessecação antes da semeadura evita
perdas causadas por potenciais pragas e Para o milho de segunda safra (plantado
plantas daninhas. logo após a colheita da soja na maioria dos
casos) é importante que no momento do
A competição entre a cultura e as plantas plantio não haja planta daninha na área,
invasoras podem inviabilizar o principalmente no que se refere à presença
desenvolvimento das culturas nos estádios de gramíneas, cujo controle é mais difícil.
iniciais por causa das plantas indesejáveis
terem características de O manejo integrado de plantas daninhas
agressividade/rusticidade que conferem (MIPD) inclui o controle das plantas
maior competição e sobrevivência no daninhas na entressafra (dessecação pré-
campo, uma vez que têm germinação plantio), e a utilização de herbicidas pré-
rápida, alta capacidade de absorção de emergentes e pós-emergentes.
água e nutrientes no solo e a grande
disseminação. A seguir iremos indicar quais herbicidas
podem ser utilizados em cada um dos
Algumas delas ainda têm efeito alopático e momentos possíveis de aplicação.
podem prejudicar o crescimento das plantas
na lavoura, provocando uma Aplicação de herbicidas na
desuniformidade e diminuindo a
produtividade na colheita. Essa operação
dessecação pré-plantio
quando adequadamente manejada gera
A aplicação pré-plantio consiste
ganhos em produtividade por manter a
na eliminação de plantas daninhas antes
cobertura vegetal no solo e liberar
da semeadura da cultura, utilizando-se
quantidades expressivas de nutrientes.
herbicidas de contato e/ou sistêmicos
(Tabela 1).
Herbicidas para
milho: produtos que
podem ser utilizados
nas 3 épocas
possíveis de
aplicação
76
A dessecação pré-plantio deve ser realizada Tabela 2. Herbicidas utilizados na pré-
aproximadamente de 15 a 20 dias antes da emergência para a cultura do milho
semeadura através do uso de um ou mais
herbicidas destinados à secagem de
plantas daninhas e restos da cultura
antecessora.

Tabela 1. Herbicidas utilizados na


dessecação pré-plantio na cultura do milho

Herbicidas inibidores do fotossistema II


(pertencente ao grupo químico das triazinas,
O glifosato é o produto mais utilizado no
como atrazina, simazina e terbutilazina) são
manejo pré-semeadura do milho, lembrando
comumente utilizados na cultura do milho,
que quando há presença de folhas largas,
principalmente para o controle de plantas
principalmente resistentes ao glifosato, é
daninhas eudicotiledôneas.
recomendado a mistura de produtos, como
com o 2,4-D, por exemplo. Neste caso,
Como os herbicidas pré-emergentes irão
respeitando, no mínimo, 5 a 15 dias de
atuar após a emergência da planta
antecedência da semeadura do milho.
daninhas é importante se atentar às
condições de solo no momento da
Além disso, nesse tipo de manejo, há opções
aplicação, como a umidade, por exemplo.
herbicidas associados que apresentam
Aplicar herbicidas em pré-emergência com
residuais e as escolhas irão depender das
o solo seco pode dificultar o controle das
espécies presentes na área, estádio, época
plantas daninhas.
de plantio do milho, disponibilidade do
produto e condições ambientais. Exemplos
A fim de aumentar o espectro de controle e
com mistura de glifosato e os herbicidas
diminuir problemas de resistência das
inibidores da PROTOX e glifosato +
plantas daninhas aos herbicidas é comum a
glufosinato de amônio.
mistura de produtos, como por exemplo
a mistura de herbicidas do grupo das
Aplicação de herbicidas em pré- triazinas com herbicidas como S-
emergência metalocloro, alacloro, entre outras.

Na aplicação em pré-emergência os A associação de misturas de glifosato com


herbicidas são aplicados antes da herbicidas inibidores da ACCase, por
emergência das plantas daninhas e seus exemplo, constitui uma das principais
efeitos são observados durante a ferramentas para o controle de capim-
germinação das sementes e/ou crescimento amargoso resistente ao glifosato (Takano et
inicial das plântulas. al., 2017).

Diversos grupos químicos podem ser Aplicação de herbicidas em pós-


utilizados para aplicação em pré- emergência
emergência (Tabela 2).

77
A aplicação de herbicida em pós- Resumo dos herbicidas que podem
emergência ocorre quando as plantas ser aplicados em diferentes épocas
daninhas e a cultura se encontram
emergidas. A relação dos principais
no cultivo do milho
herbicidas indicados para uso em pós-
emergência na cultura do milho pode ser A figura 1 apresenta resumidamente os
encontrada na Tabela 3. herbicidas que podem ser aplicados em
dessecação pré-plantio, em pré-
Tabela 3. Herbicidas utilizados em pós- emergência e em pós-emergência na
emergência para a cultura do milho cultura do milho.

Figura 1. Herbicidas que podem ser utilizados em


diferentes épocas de aplicação na cultura do milho.
Fonte: Biomatrix (2022).

Manejo de plantas daninhas para


evitar o desenvolvimento de
plantas daninhas resistentes.

Os herbicidas aplicados em pós-emergência É importante lembrar que o manejo


precisam ser adequadamente absorvidos racional de herbicidas é essencial para
pelas plantas daninhas para que o controle evitarmos o surgimento de espécies
seja eficiente. Assim, a eficiência dos de plantas daninhas resistentes a
herbicidas aplicados em pós-emergência herbicidas, o que infelizmente já acontece
está condicionada, sobretudo, às condições amplamente no mundo todo.
climáticas no momento da aplicação e ao
estádio de desenvolvimento das plantas Confira abaixo as principais
daninhas. recomendações para o manejo da
resistência de plantas daninhas
Uma estratégia interessante para controle disponíveis no site da HRAC (Comitê de
de plantas daninhas monocotiledôneas é o Ação à Resistência aos Herbicidas):
uso de variedade de milho tolerante a
glufosinate, ou seja, o milho LL que apresente
o gene pat. Para o milho LL o glufosinate
pode ser utilizado em associação com
herbicidas do FSII, carotenóides e até
nicosulfuron (Albrecht, 2022).

O 2,4-D também é uma alternativa


interessante para o controle de plantas
daninhas monocotiledôneas, porém é
preciso ter muito cuidado com dose, estádio
e híbrido utilizado, pois alguns híbridos são
sensíveis a esse herbicida (Albrecht, 2022).

78
Conclusões

Nesse artigo, buscou-se elencar alguns


princípios ativos de herbicidas que podem
ser utilizados no manejo de plantas
daninhas na cultura do milho. Existem outros
ingredientes ativos registrados no MAPA
para a cultura que também podem ser
utilizados.

Cada área de cultivo apresenta sua


peculiaridade e o manejo de plantas
daninhas deve ser específico para o local
onde se está trabalhando (considerando as
espécies de plantas daninhas, o histórico de
aplicações de herbicidas, as culturas a
serem cultivas e uma série de outras
informações).

Assim é importante que a recomendação de


produtos fitossanitários seja feita por um
agrônomo e que o produtor deve estar
também sempre atento a novas
informações para auxiliar em sua
recomendação.

O manejo das plantas daninhas sempre


deve ser feito pensando a longo prazo, visto
que muitas plantas daninhas precisam de
controle por anos para serem
satisfatoriamente controladas. Assim aliar
as aplicações de dessecação pré-plantio,
de pré-emergência e de pós-emergência é
crucial para o bom resultado na lavoura.

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