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16/11/2023, 19:51 Ferramentas tecnológicas de detecção de plantas daninhas e a transformação digital podem viabilizar a pulverização precisa em larga escala

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Ferramentas tecnológicas de detecção de plantas daninhas e a


transformação digital podem viabilizar a pulverização precisa em
larga escala

Autores: Luan P. Pott; Telmo J. C. Amado; Arthur K. Buhse; Marcieli Piccin; Ignacio A. Ciampitti
Publicado em: 31/12/2020

Agricultura de Precisão Plantas Daninhas Herbicidas Agricultura Digital

Planta daninha pode ser definida como toda e qualquer planta que se localiza em espaços indesejados que causam
interferência negativa à atividade, quando localizada em meio agrícolas as plantas daninhas podem ocasionar interferências
nos cultivos agrícolas de forma direta (competição de recursos naturais como luz, água e nutrientes) e indireta (dificuldade
de manejos) (MACIEL et al., 2017).

Nos sistemas agrícolas as plantas daninhas apresentam distribuição espacial de forma agregada formando reboleiras
(CHIBA et al., 2010) de diferentes tamanhos. Estudos da variabilidade espacial das plantas daninhas utilizando técnicas de
geoestatística possibilitam o reconhecimento do comportamento espacial e seu mapeamento (SCHAFFRATH et al., 2007;
POTT et al., 2019). Na figura 1, têm-se exemplos de ausência de plantas daninhas (Figura 1A), presença de plantas
individuais ou pequenas reboleiras (Figura 1B), e grande reboleira de plantas daninhas (Figura 1C).

Uma vez identificada a distribuição, o tamanho e a forma de dispersão, bem como outros fatores que afetam a variabilidade
da população e densidade das plantas daninhas, tais como banco de sementes no solo, fatores químicos do solo, textura,
condutividade elétrica do solo, torna-se possível a integração das informações de modo a viabilizar o manejo de plantas
daninhas em sítio-específico (SOUZA et al., 2008; POTT et al., 2016a).
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Diversos métodos convencionais de levantamento da variabilidade de densidade de plantas daninhas têm sido empregados
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tais como: método de levantamento em zigue-zague, pontos georreferenciados, grades amostrais, delimitação de contornos
(SHIRATSUCHI et al., 2003; POTT et al., 2016b). Porém, com dificuldades de utilização em médias e grandes áreas visto
que a técnica de levantamento das plantas daninhas pode ser trabalhosa, tornando-se uma prática onerosa e inviável
economicamente para os produtores de culturas anuais.

Por outro lado, os métodos tecnológicos de detecção de plantas daninhas vêm ganhado espaço no meio agrícola
principalmente com a evolução de técnicas de agricultura de precisão e com o avanço da digitalização na agricultura
tornando o setor primário mais eficiente, produtivo e sustentável.

Nesse sentido, abordagens de tecnologias para detecção de plantas daninhas vêm sendo amplamente estudas e utilizadas
principalmente em aplicações de pré-semeadura dos cultivos agrícolas. Entre elas, se destaca a tecnologia de detecção e
controle de plantas daninhas em tempo real, “on-the-go”, com sensores embarcados em sistemas pulverizadores, tais como
WEEDit e WeedSeeker. Outra abordagem é o imageamento dos campos de cultivos, com sensores embarcados
principalmente em sistema de aeronaves remotamente pilotadas (SARP), mas também com potencial de escalabilidade
para plataformas de satélites de alta resolução espacial, aliado à utilização de ferramentas como machine learning e deep
learning associadas a expansão da inteligência artificial aplicada à agricultura.

Em estudo utilizando o sensor optoeletrônico WEEDit acoplado à um quadriciclo juntamente com data-logger para registro
“on-the-go” das plantas daninhas numa área de cultivo localizado na Área Nova na Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, foi possível gerar a espacialização das plantas daninhas, visando a confecção de mapa temático com fins de
aplicação de herbicida diretamente no alvo (pulverização precisa) e finalmente possibilitando cálculos de economia de
herbicida.

Na figura 2A pode-se observar os pontos de registros dos bicos acionados pela detecção de plantas daninhas, e na figura
2B a confecção do mapa temático da infestação de plantas daninhas em função do registro da detecção do sensor WEEDit.
Observa-se a existência de relevante variabilidade na ocorrência de plantas daninhas na área de estudo, mesmo em uma
área relativamente pequena neste estudo.

Em cálculo de redução de aplicação de herbicida obteve-se uma economia na ordem de 81%.

É evidente que a economia de herbicidas deve ser considerada e avaliada juntamente com o custo, ou investimento pela
tecnologia, no entanto foi notória a eficácia da tecnologia. Mais informações sobre este estudo encontram-se detalhadas em
Buhse et al. (2019).

Sistemas imageadores para levantamento de informações geoespacializadas, com intuito de monitorar a ocorrência de
plantas daninhas também possui ampla viabilidade na digitalização da detecção de plantas daninhas e por consequência
viabilizando o manejo e controle de plantas daninhas de forma precisa.

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Sensores não-imageadores, mais comumente os sensores ópticos e os sensores imageadores (câmeras acopladas em
plataformas como SARP e satélite) com a possibilidade de extração de variáveis, “features”, que caracterizem plantas
daninhas diferindo de solo e palhada, ou de plantas de cultivo utilizando inteligência artificial com modelos de
aprendizagem de máquina, “machine learning” e “deep learning” são tecnologias muito promissoras na integração de
agricultura digital com controle e manejo de plantas daninhas.

Na figura 3A é demonstrado uma exemplificação de uma imagem de câmera acoplada em plataforma SARP com presença
de plantas daninhas (visível), já na figura 3B se tem uma imagem classificada de plantas daninhas (preto) e não alvos
(branco).

Diversos modelos estatísticos e de aprendizado de máquina podem ser empregados para detecção de plantas daninhas a
partir do imageamento das plantas daninhas, e sua diferenciação de outros alvos através de algoritmos desde os mais
simples aos mais complexos: como regressão logística, árvores de decisão, Random Forest, redes neurais e múltiplos
modelos (“ensemble learning”) poderão dar um impulso a pulverização precisa (FERREIRA et al., 2017; WESTWOOD et al.,
2018).

Em estudo de Pott et al.

(2020), utilizando sensor hiperespectral à nível de campo, obteve-se resultados promissores na detecção de plantas com os
melhores resultados reportados quando se utilizou as bandas espectrais do vermelho e do infravermelho próximo. Ainda,
constatou-se que a eficácia dos modelos de árvores de decisão e Random Forest foram aumentados quando os índices de
vegetação foram empregados na classificação.

Na figura 4, adaptada de Pott et al. (2020), é possível observar que a divisão simples da reflectância do infravermelho
próximo e vermelho, bem como o índice de vegetação OSAVI foram efetivas na classificação de plantas daninhas de outros
alvos presentes na área. Para tanto é necessário observar a resolução espacial das medições, que naquele trabalho foram
de aproximadamente 0,15 x 0,15 m, levando em consideração observações puras, sem interferência de outros alvos.

A problemática envolvida nas questões de levantamento de informações são a determinação da resolução espacial para
detecções, modelos utilizando não apenas “pixel” puros, e com diferentes densidades de plantas daninhas. Outra questão, é
a grande quantidade de dados extraídos devido à alta resolução espacial, necessitando grande capacidade computacional,
onde a computação em nuvem, “cloud computing”, para realização da detecção e disponibilização em ferramenta digital se
sobressai de outras soluções. Trevisan et al. (2018) reportaram a relação de diferentes resoluções espaciais para detecção
de plantas daninhas e economia de herbicidas, sendo dependente da densidade de plantas infestantes e da sua forma de
distribuição nos campos de cultivos.

A detecção e, consequentemente, os manejos inteligentes (precisos) das plantas daninhas vêm evoluindo muito
acompanhando a transformação digital, onde ferramentas tecnológicas que visam a detecção e controle com jato dirigido
diretamente ao alvo, levando em consideração princípios de agricultura de precisão e inteligência artificial estão se
difundindo rapidamente no meio agrícola favorecendo as práticas de controle preciso das plantas daninhas pelos
agricultores com reflexos substanciais na economia e sustentabilidade.

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Referências
BUHSE et al. (2019). Variabilidade espacial de plantas daninhas utilizando sensor comercial de pulverização localizada. In: 5º
Congresso Sul-Americano de Agricultura de Precisão e Máquinas Precisas. Não-Me-Toque – RS, 24 e 25 de setembro 2019, p.
303-311.

CHIBA, M. K.; FILHO, O. G.; VIEIRA, S. R. (2010). Variabilidade espacial e temporal de plantas daninhas em Latossolo Vermelho
argiloso sob semeadura direta. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 32, n. 4, p. 735-742.

FERREIRA, A.S., FREITAS, D. M., DA SILVA, G. G., PISTORI, H., FOLHES, M. T. (2017). Weed detection in soybean crops using
ConvNets. Computers and Electronics in Agriculture, 143, 314-324.

MACIEL, J.C. et al. (2017). Interferência de plantas daninhas no crescimento da cultura do trigo. Revista de Agricultura
Neotropical, v. 4, n. 3, p. 23-29.

POTT et al. (2019). Variabilidade espacial de plantas daninhas em grade amostral anterior ao cultivo do trigo. In: 5º Congresso
Sul-Americano de Agricultura de Precisão e Máquinas Precisas. Não-Me-Toque – RS, 24 e 25 de setembro 2019, p. 193-202.

POTT, L. P., AMADO, T. J., SCHWALBERT, R. A., SEBEM, E., JUGULAM, M., CIAMPITTI, I. A. (2020). Pre‐planting weed detection
based on ground field spectral data. Pest Management Science, 76(3), 1173-1182.

POTT, L. P., AMADO, T. J. C., KRUSE, N. D., SEBEM, E., PREUSS, D., SANTOS, M. (2016a). Novas perspectivas no controle de
plantas daninhas com base na agricultura de precisão. Revista Plantio Direto, v.152, p. 14-21.

POTT, L. P.; SEBEM, E.; AMADO, T. J. C. (2016b). Tecnologias para detecção e controle em sítio-específico de plantas daninhas. In:
Agricultura de precisão no Rio Grande do Sul.1ª Edição. Santa Maria: CESPOL, v.1, p. 159-187.

SCHAFFRATH, V. R. et al. (2007). Variabilidade espacial de plantas daninhas em dois sistemas de manejo de solo. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 11, n 1, p. 53-60.

SHIRATSUCHI, L. S.; CHRISTOFFOLETI, P. J.; FONTES, J. R. A. (2003). Mapeamento da variabilidade espacial das plantas
daninhas. 2003. In: EMBRAPA CERRADOS, (Documentos / Embrapa Cerrados). Planaltina-DF, 30pp.

SOUZA, G. S. et al. (2008). Variabilidade espacial de atributos químicos em um Argissolo sob pastagem. Acta Scientiarum.
Agronomy, v. 30, n. 4, p. 589-596.

TREVISAN, R. G., EITELWEIN, M. T., FERRAZ, M. N., NEVES, D. C., TAVARES, T. R., MOLIN, J. P. (2018). Optimum spatial resolution
for precision weed management. In Proceedings of the 14th International Conference on Precision Agriculture (unpaginated,
online). Monticello, IL: International Society of Precision Agriculture.

WESTWOOD, J.H. et al. (2018). Weed Management in 2050: Perspectives on the Future of Weed Science. Weed Science.

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