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TEMA DA SEÇÃO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

2021 Ano 20 - Nº 75

SERIA POSSÍVEL RETOMAR OS EVENTOS


PRESENCIAIS AINDA EM 2021?
ESSE É UM DOS GRANDES DESAFIOS QUE A SBCP REGIONAL SÃO PAULO ESTÁ ENFRENTANDO
NESTA PANDEMIA. ANO PASSADO, QUANDO TODOS FORAM SURPREENDIDOS PELO RÁPIDO
AVANÇO MUNDIAL DO CORONAVÍRUS, A SOCIEDADE PRECISOU SE AJUSTAR RAPIDAMENTE,
MIGRANDO SEUS TRADICIONAIS EVENTOS CIENTÍFICOS PARA PLATAFORMAS ONLINE. AGORA,
COM A OFERTA DE VACINAS E A EXPECTATIVA DE CONTROLE DA DOENÇA, EXISTE A POSSIBILIDADE
DO ENCONTRO VOLTAR A SER PRESENCIAL, MESMO QUE MAIS RESTRITO E COM MEDIDAS
SANITÁRIAS. PARA AVANÇAR NESSA POSSIBILIDADE, A REGIONAL SÃO PAULO MUDOU A DATA
DA JORNADA E TEM ESTUDADO MODELOS HÍBRIDOS, PARA QUE TODOS POSSAM PARTICIPAR.

PGS. 21 A 23

1
ÍNDICE REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

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matéria

EDITORIAL 04

MENSAGEM DA DIRETORIA 05

CIRURGIA ESTÉTICA 06 A 13

ENTREVISTA – DR. AL ALY 14 A 21

MATÉRIA DE CAPA 22 E 23

PASSATEMPO 24 A 30

PLÁSTICA NA MÍDIA 31

MEU OLHAR CLÍNICO 32 A 38

EXPEDIENTE

DIRETORIA DIRETORIA EXECUTIVA NACIONAL


Dr. Felipe Lehmann Coutinho Dr. Dênis Calazans Loma
Presidente Presidente
Dr. José Octavio Gonçalves de Freitas Dr. Pedro Bins Ely Dr. Leandro da Silva Pereira Dr. Antônio Carlos Vieira
Secretário 1º Vice-Presidente Secretário Geral Tesoureiro Geral
Dr. Flávio Henrique Mendes Dr. Pedro Pita Dra. Kátia Torres Batista Dr. Eduardo Montag
Tesoureiro 2º Vice-Presidente Secretária Adjunta Tesoureiro Adjunto

REVISTA PLÁSTICA PAULISTA Bruno Folli – MTB – 44.278/SP


Jornalista Responsável
O conteúdo dos
Dr. Fabio Xerfan Nahas Daniel Lopes
Editor Projeto Gráfico artigos aqui
publicados é de inteira
Dr. Rodolfo Lobato Dr. Rafael Denadai Traduções:
Coeditor Coeditor Interpretarte Tradução e Interpretação
responsabilidade
de seus autores,
A Revista Plástica Paulista é uma publicação da não expressando,
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA – REGIONAL SÃO PAULO.
necessariamente, o
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Higienópolis – São Paulo / SP Fax: (11) 3666-1635
CEP: 01239-040 www.sbcp-sp.org.br ou do corpo editorial.

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EDITORIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

O desafio
das incertezas
U
FOTOS: DIVULGAÇÃO

ma das maiores certezas da pan-


demia é que ela tem nos obriga-
do a conviver com incertezas. A
matéria de capa desta Plástica
Paulista mostra como as varia-
ções entre fases com mais flexibilização
e momentos mais restritivos da pande-
mia forçaram a Regional São Paulo a
reorganizar todo o calendário de even-
tos de 2021, prevendo diferentes ações
para diferentes cenários. Após a expe-
riência de 2020, com a JP na Web e a
JPr Pós-Bariátrica, a Regional São Paulo
adquiriu expertise para eventos online e
enxerga nos modelos híbridos a possibi-
lidade de retomar os eventos presenciais Auersvald e Luiz Augusto Auersvald. presentativas da especialidade e comenta
e garantir a mesma excelência de conte- Eles abordam um procedimento com- também sobre o exercício da profissão em
údo das edições anteriores, com ilustres plexo e desafiador, cujos resultados têm Berlim, numa época em que havia pou-
presenças internacionais. se mostrado cada vez mais eficientes e quíssimos especialistas na cidade, ainda
Leia também a entrevista com o Dr. satisfatórios para o rejuvenescimento dividida pela Guerra Fria.
Al Aly, concedida ao editor da Plástica do contorno do pescoço. Por fim, veja a participação da Regio-
Paulista Dr. Fabio Nahas. Neste bate Em Passatempo, conheça a história das nal São Paulo na imprensa, com entrevis-
papo entre amigos, o Dr. Al Aly con- trilhas que eram organizadas antes das tas concedidas à TV Cultura, TV Record e
ta as maiores influências da sua vida jornadas no Nordeste. Em uma excelente revista Marie Claire.
profissional, revela o que o motivou combinação de agendas científicas e so-
a retornar à residência médica para ciais, um grupo de cirurgiões plásticos or- Boa leitura!
se especializar em cirurgia plástica e ganizava passeios inesquecíveis pelos mais
explica também as oportunidades que belos e admirados cartões postais do Nor- DR. FABIO XERFAN NAHAS
surgiram de forma inesperada e aca- deste, nos dias que antecediam os eventos. Editor
baram por levá-lo a se tornar uma das Em Meu Olhar Clínico, leia a trajetória DR. RODOLFO LOBATO
maiores referenciais mundiais em pro- profissional e pessoal do Prof. Dr. Carlos Coeditor
cedimentos de contorno corporal após Oscar Uebel. Há mais de 40 anos como DR. RAFAEL DENADAI
grandes perdas ponderais. cirurgião plástico, o Dr. Uebel revela os de- Coeditor
Na coluna de cirurgia estética, veja safios que enfrentou para a sua formação
o artigo produzido pelos Drs. André profissional, a atuação em entidades re-

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MENSAGEM DA DIRETORIA REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Serenidade e resiliência
FOTOS: DIVULGAÇÃO

D
os mais jovens aos mais expe- como esses eventos poderão ser realiza- Queremos também conversar, dar risada,
rientes cirurgiões plásticos, esta- dos nas diferentes fases da quarentena? reencontrar amigos, fazer novos amigos.
mos todos enfrentando desafios Planejar em meio a tantas incertezas é A agenda social de nossas jornadas sem-
que nunca imaginamos em nos- mais do que criar alternativas para dife- pre foi animada e aguardada. Hoje, com
sas carreiras profissionais. Desde que a rentes situações. É um exercício de muita a quarentena que tanto restringe o nosso
Organização Mundial da Saúde (OMS) imaginação e discussões, para que pos- cotidiano social, talvez esses encontros
reconheceu que o novo Coronavírus samos criar algo atraente, que motive os sejam ainda mais esperados.
estava se espalhando globalmente, con- colegas a retomarem suas atualizações É cedo para garantir que a Jornada
figurando uma pandemia, mais de 12 na especialidade. Paulista ou a Jornada de Cosmiatria ve-
meses se passaram e tivemos que lidar A cirurgia plástica brasileira, há mui- nham a ser realizadas de uma ou outra
com diferentes situações. tas décadas, é mundialmente renomada. maneira. Mas tenham certeza de que es-
Clínicas e consultórios fechados, ci- Estamos entre os países que mais reali- ses eventos vão sim acontecer e terão a
rurgias eletivas suspensa, retomadas e zam procedimentos estéticos e reparado- mesma qualidade em seus conteúdos que
suspensas novamente, hospitais recon- res, e não nos destacamos apenas pela sempre tiveram. Esse é o compromisso
figurados para possíveis explosões de quantidade de cirurgias realizadas, mas que estamos assumindo e nos empenhan-
demanda por pacientes graves de CO- também pela qualidade de nossos avan- do diariamente em seu cumprimento.
VID, residentes com o treinamento re- ços científicos. Compartilhamos isso com
duzido e tecnologias de comunicação à o mundo, criando jornadas que são ver- DIRETORIA DA
distância incorporadas à rotina médica. dadeiros intercâmbios com especialistas REGIONAL SÃO PAULO
De todas as situações que já vivemos, norte-americanos, europeus e de outras Felipe Lehmann Coutinho,
em seus diferentes momentos de gravi- regiões. Mas hoje, com as fronteiras fe- Presidente
dade, uma coisa foi constante e muito chadas para a contenção de novas va- Dr. José Octavio Gonçalves
desgastante: a incerteza. riantes da COVID, nos desdobramos para de Freitas, Secretário
“Quando” e “como” têm sido ques- encontrar formas de criar uma agenda Dr. Flávio Henrique Mendes,
tionamentos frequentes para qualquer científica rica e instigante em suas dis- Tesoureiro
atividade. Quando poderemos voltar a cussões, como sempre fizemos.
ter eventos científicos presenciais? E E não queremos apenas estudar.

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CIRURGIA ESTÉTICA REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Contribuição da língua, do osso


hioide, da mandíbula e da coluna
cervical no contorno do pescoço
Dr. André Auersvald e Dr. Luiz Augusto Auersvald

A
FOTOS: REPRODUÇÃO

melhora do contorno cervical é


um dos principais objetivos de
pacientes que buscam rejuve-
nescimento cérvico-facial. (1) Há
cerca de 40 anos, Ellenbogen e
Karlin estabeleceram critérios que de-
finem um pescoço jovem: (1) margem
inferior da mandíbula distinguível, (2)
presença de depressão subhioidea, (3)
cartilagem tireoidea aparente, (4) mar-
gem anterior do músculo esternoclei-
domastoideo visível e (5) ângulo cérvi-
co-mentoniano entre 105 e 120 graus
(Fig. 1)(2). A combinação da perda des-
tes critérios visuais habitualmente defi-
ne o pescoço obtuso.
Anatomicamente, no entanto, a aná-
lise do envelhecimento cervical é mais
complexa e exige um entendimento
global das relações entre as principais
estruturas profundas do pescoço e o ar-
cabouço ósseo que as delimita. Do ponto
de vista prático, a visualização destas es-
truturas e a apreciação de seu papel na
volumetria cervical só é conseguida ade-
quadamente através de uma abordagem
submentoniana. De fato, pacientes com
o pescoço pesado têm uma avaliação vo-
lumétrica da região submentoniana limi-
tada por acessos exclusivamente laterais
no terço médio da face.

AVALIAÇÃO FOTOGRÁFICA
Figura 1. Critérios de Ellenbogen e Karlin de jovialidade do pescoço.
A avaliação pré-operatória do paciente de
cervicoplastia deve incluir as imagens de
frente, oblíquas e laterais - com pescoço (upward view with the flexed neck), posi- cirurgia na identificação das estruturas a
em posição neutra - e laterais com pesco- ção que reflete em grande parte a forma serem tratadas, uma vez que a posição de
ço fletido (posição de Connell). Na nossa com que os pacientes se veem hoje em Trendelenburg, na qual se realiza a cervi-
prática, também registramos a visão de dia, com o uso de smartphones (figura 2) coplastia, praticamente elimina a força da
baixo para cima com o pescoço fletido (1). Além disto, esta foto auxilia durante a gravidade no subplatisma.

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Figura 2. Fotografia do pescoço de


baixo para cima (upward view of the
flexed neck) facilita a identificação das
estruturas cervicais a serem tratadas

TÉCNICA CIRÚRGICA DA
CERVICOPLASTIA SUBPLATISMAL
1) INCISÃO. Conforme preconizado por
Connell, as incisões para tratamento do
pescoço obtuso são preferencialmente
colocadas em posição posterior ao sulco
submentoniano, cerca de 1,5 cm ante-
riormente ao osso hioide (3). Isto permite
acesso mais direto às principais estruturas
subplatismais, em especial aquelas que
compõem o trígono cervical: ventre ante-
rior do músculo digástrico, osso hioide e
glândula submandibular (1) (figura3).

2) REMOÇÃO DA GORDURA INTER-


PLATISMAL. Após descolamento sub-
cutâneo limitado à região central, realiza-
-se a identificação das margens mediais
dos músculos platismas. Em alguns casos,
isto é feito através da remoção da gordura
interplatismal. Prossegue-se com a eleva- Figura 3. Trígono cervical compreendendo o ventre anterior do músculo digástrico, o
ção do platisma de cada lado e a visuali- osso hioide e a glândula submandibular
zação do conteúdo subplatismal.

3) AVALIAÇÃO DA GORDURA projeta significativamente no campo cirúr- realizada com termocautério.


SUBPLATISMAL. A próxima camada gico sobre os ventres anteriores dos mús- Sabe-se que, ao contrário do que o
avaliada é a da gordura subplatismal. culos digástricos, e também lateralmente senso comum possa indicar, o volume
Nos casos em que este volume adiposo se a eles, uma remoção parcial é indicada e de gordura subcutânea cervical é cerca

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da metade do volume de tecido adiposo


subplatismal, limitando o papel da lipo-
aspiração e da lipectomia subcutâneas
no resultado de uma cervicoplastia (4-6).
O’Daniel registrou os volumes das dife-
rentes estruturas subplatismais removi-
das durante cervicoplastia em pacientes
com pescoços obtusos e observou que
a gordura subplatismal foi proporcio-
nalmente maior se comparada com os
músculos digástricos e milohioideos, as
glândulas submandibulares e a fáscia
perihioidea, também parcialmente re-
movidos (7). A contribuição final destas
estruturas e da gordura subplatismal na
volumetria do pescoço normalmente só
é de fato conhecida através de uma in-
vestigação transoperatória do conteúdo
profundo ao platisma.

4) AVALIAÇÃO DOS MÚSCULOS DI- Figura 4. Grupos musculares e sua ação sobre o osso hioide
GÁSTRICOS E DA POSIÇÃO DO HIOI-
DE. Uma vez que a gordura subplatismal
foi tratada, expõem-se os ventres anterio- grupos musculares (figura 4) (8). O pri- responsáveis por posicionar o hioide
res dos músculos digástricos e identifica-se meiro é composto pelos músculos milo superoposteriormente. O terceiro gru-
a posição do osso hioide pela visualização e genohioideos e pelos ventres ante- po é composto por músculos infrahioi-
dos tendões intermediários que passam riores dos músculos digástricos. Estes deos (esternohioideos e omohioideos),
junto aos seus cornos maiores e corpo. músculos são responsáveis por trazer que puxam o hioide inferiormente.
A posição do osso hioide é deter- o hioide em sentido superoanterior. O Além desta ação muscular, a posição
minante no ângulo cérvico-mentonia- segundo grupo é composto pelos mús- do hioide sofre a pressão no sentido
no. Segundo Guyuron, esta posição culos estilohioideos e pelos ventres inferior de volumes superiores a ele,
resulta do jogo de forças entre três posteriores dos músculos digástricos especialmente a língua (figura 5).

Figura 5. Relação entre o volume do conteúdo suprahioideo, notadamente a língua, e a posição do hioide. Volumes maiores
normalmente cursam com hioides mais baixos e, consequentemente, ângulos cérvico-mentonianos mais obtusos

Guyuron propôs a desinserção - junto à Na nossa rotina, não usamos a abor- digástricos na sua porção mais posterior,
face posterior da mandíbula - dos múscu- dagem descrita acima. Preferimos realizar junto ao tendão intermediário. Este ponto
los responsáveis pelo vetor anterior de po- a plicatura de aproximação dos digástri- alavanca a subida do osso hioide e permi-
sicionamento do hioide (ventres anteriores cos. Inicia-se com um ponto englobando te avaliar melhor o volume que os digás-
dos digástricos, milo e genohioideos). os dois ventres anteriores dos músculos tricos trazem para o submento (figura 6).

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Figura 6. Ilustração do efeito de reposicionamento do osso hioide a partir do ponto inicial de plicatura dos músculos digástricos

Neste momento, pode-se optar por uma anteriores em direção à sínfise mandibular. ocorre em grande parte devido à presença
miectomia parcial dos digástricos com ele- Esta plicatura favorece o reestabelecimento de adesões entre os ventres anteriores dos
trocautério. Em seguida, prossegue-se com do assoalho da boca com o deslocamen- digástricos e os músculos milohioideos, con-
a plicatura de aproximação dos ventres to superior do milohioideo (figura 7). Isto forme descrição de Labbé (figura 8)(9).

Figura 7. Efeitos da plicatura dos músculos digástricos no assoalho da boca e na elevação da base da língua

A plicatura dos digástricos, que são intermediário, a fáscia perihioidea e a


músculos suprahioideos, pode ser con- cápsula das glândulas. As porções ante-
tinuada em sentido infrahioideo com a roinferiores das glândulas ficam então
aproximação dos músculos esternohioi- mais visíveis no campo cirúrgico, tornan-
deos (10), frequentemente flácidos, re- do-as mais facilmente manipuláveis, es-
estruturando-se profundamente o terço pecialmente quando seu volume justifica
inferior do pescoço. remoção parcial. Esta ressecção é nor-
malmente realizada com termocautério.
5) AVALIAÇÃO DAS GLÂNDULAS SUB- Suturas hemostáticas das glândulas e de
MANDIBULARES. Com a plicatura dos aproximação do músculo platisma para
digástricos, as glândulas submandibulares selamento do espaço residual diminuem
Figura 8. Adesões dos músculos são deslocadas medialmente. Isto ocorre sensivelmente o risco de sangramento e
digástricos aos músculos milohioideos devido à íntima relação entre o tendão de coleções ou fístulas salivares (1).

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Figura 9. Rede hemostática fecha todos os espaços onde se realizou descolamento subcutâneo, prevenindo assim a ocorrência de
hematomas. Além disso, ela permite uma melhor acomodação da pele aos planos subjacentes.

6) CORSET DO PLATISMA. Os platismas evita a ocorrência de hematomas. Além conteúdo é essencialmente composto
são aproximados medialmente em corset disso, a rede auxilia na acomodação da de partes moles, especialmente a lín-
contínuo, que se estende desde o mento a pele, especialmente em casos com amplos gua. Portanto, o equilíbrio entre o es-
aproximadamente 3 cm acima da fúrcula descolamentos e grande flacidez cutânea paço interno da mandíbula (largura da
esternal. Não vemos especial vantagem (figura 9)(11). mandíbula) e as estruturas ali contidas
no enfraquecimento destes músculos - (língua) tem reflexo direto sobre a vo-
como por exemplo em platismotomias INFLUÊNCIA DA LÍNGUA E DA lumetria cervical superior, notadamente
transversas –pois este relaxamento pode MANDÍBULA NO RESULTADO DE a região submentoniana (figura 10) (7).
comprometer a sustentação do trabalho Este raciocínio segue analogamente os
subplatismal realizado. UMA CERVICOPLASTIA achados do estudo radiológico de Rana
Sabe-se que o limite superior do pes- e cols. em que se observou uma correla-
7) REDE HEMOSTÁTICA. A rede he- coço é a margem inferior do corpo da ção negativa entre o volume da língua
mostática trouxe maior segurança ao mandíbula. Apesar desta demarcação e o volume das vias aéreas da cavidade
pós-operatório das cervicoplastias, pois óssea, internamente à mandíbula o oral (12).

Figura 10. A relação entre a largura da mandíbula (continente) e as partes mole nela contidas, especialmente a língua (conteúdo)
são determinantes na acomodação volumétrica das estruturas submentonianas.

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Do ponto de vista prático, no entan- to. A partir deste exame, consideramos com imprime ainda mais peso sobre o andar su-
to, a classificação de Mallampati (13) (Fi- o paciente o alcance do resultado de sua perior do pescoço, obliterando as áreas que
gura 11), estabelecida para determinar a cirurgia. Pacientes com mandíbula estrei- deveriam ter contorno definido (figuras 12
dificuldade de intubação oro-traqueal, é ta e curta e língua desproporcionalmente e 13). Em nossa experiência, tais pacien-
forma rápida de interpretar-se o tama- grande não são bons candidatos para o re- tes pouco se beneficiam de um tratamento
nho da língua e sua relação com a arqui- estabelecimento adequado do ângulo cér- apenas através da plicatura dos platismas,
tetura mandibular. vico-mentoniano. Nesses pacientes, o des- pois estes são músculos frequentemente
Ao mesmo tempo que se pede para o locamento inferior das estruturas abaixo da muito finos e sem inserções fortes o sufi-
paciente por a língua para fora, analisa-se língua, entre elas o músculo milohioideo, o ciente para garantir sustentação duradoura
a posição do hioide durante este movimen- osso hioide e a glândula submandibular, (figura 14).

Figura 11. Classificação de Mallampati (13) da contribuição do volume da língua na intubação oro-traqueal.

Figura 12. Estruturas submentonianas e subplatismais


relevantes na cervicoplastia. 1. Ventre anterior do
músculo digástrico. 2. Glândula submandibular. 3. Músculo Figura 13. Volume da base da língua rechaçando a glândula
esternohioideo. 4. Músculo milohioideo. submandibular inferiormente (Cortesia Gerald T. O’Daniel).

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A B
Figura 14A. Paciente com pouco conteúdo cervical. Nessa categoria de pacientes, o contorno do pescoço é mais facilmente
atingido, seja por abordagem lateral ou por acesso submentoniano, com realização de plicatura platismal exclusiva.
Figura 14B. Paciente com grande volume subplatismal e osso hioide anteriorizado. Nesse tipo de paciente, a acomodação
volumétrica é mais desafiadora, normalmente requerendo exploração e tratamento das estruturas profundas ao platisma.

INFLUÊNCIA DA COLUNA
CERVICAL NO RESULTADO DE
UMA CERVICOPLASTIA
A coluna cervical desempenha um papel pou-
co valorizado no contorno cervical. Sua ampla
mobilidade, especialmente a flexão em vários
ângulos e sentidos, induz à percepção precoce
de alterações anatômicas menores (figura 15).
À medida que ocorre o envelhecimento, Figura 15. A flexão do pescoço é responsável pela percepção incipiente mesmo de
observa-se um encurtamento dos espaços in- alterações volumétricas menores
tervertebrais e uma propensão à acentuação
da lordose cervical. Estes mecanismos forçam
as estruturas profundas do pescoço a acomo-
darem-se anteriormente, ocupando espaços
que prejudicam a manutenção dos critérios
de jovialidade cervical (14) (Figura 16).

RESULTADOS
As figuras 17 e 18 ilustram dois casos
de pacientes submetidas à cervicoplas-
tia subplatismal.

COMPLICAÇÕES Figura 16. O pescoço jovem (esquerda) pode ser visto como um cilindro mais alto e
com diâmetro menor se comparado ao pescoço envelhecido (direita). Alterações da
Em nossa experiência dos últimos 10 coluna cervical com acentuação da lordose são responsáveis, ao menos em parte, por
anos, com 937 casos de cervicoplastia estas mudanças tridimensionais
subplatismal, a complicação mais comum
foi a paresia transitória dos músculos de-
pressores do lábio inferior (7,7%) (10). 48 horas, na vigência da Rede Hemostática. curva de aprendizado relativamente longa.
A seguir, encontram-se as cicatrizes de Apenas sete (0,7%) casos de hematomas A compreensão aprofundada da anatomia
submento que necessitaram de correção após as primeiras 48 horas foram registrados. e o domínio das táticas cirúrgicas envolvidas
cirúrgica (3,5%). Fístula salivar e sialoma são mandatórios. Engajamento da equipe
ficam atrás, com incidência bastante baixa CONCLUSÃO anestésico-cirúrgica facilita o processo.
(0,4% e 0,2%, respectivamente). Apesar de se colocar como um desafio
Nenhum caso de hematoma subplatis- Como todo procedimento de maior comple- para o cirurgião, a cervicoplastia subplatismal
mal foi observado. Nenhum caso de hemato- xidade que se pretende incorporar à prática, pode ser de grande recompensa por permitir
ma subcutâneo foi observado nas primeiras a cervicoplastia subplatismal requer uma resultados com maior qualidade e satisfação.

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CIRURGIA ESTÉTICA REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Figura 17. (A) Visão


lateral pré-operatória
e (B) três anos um
mês após a cirurgia de
paciente submetida
a cervicoplastia
subplatismal. Nota-se a
redefinição do ângulo
cervicomentoniano e
o rejuvenescimento
do músculo
esternocleidomastoideo

Figura 18. (A) Visão


lateral pré-operatória
e (B) dois anos e seis
meses após a cirurgia
de paciente submetida
à cervicoplastia
subplatismal. Observa-
se que, apesar de
a paciente contar
com bom ângulo
cervicomentoniano,
o seu volume
submentoniano
prejudicava a definição
do andar superior do
pescoço. Tratamento da
gordura subplatismal
e ressecção parcial
dos ventres anteriores
dos digástricos
auxiliaram no sentido
de equilibrar as
proporções cervicais

REFERÊNCIAS: 1. Auersvald A, Auersvald LA. Management of the Submandibular Gland in Neck Lifts: Indications, Techniques, Pearls, and Pitfalls. Clin Plast Surg. 2018 Out;45(4):507-
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thet Surg J. 2012 Ago;32(6):685-91. 5. Larson JD, Tierney WS, Ozturk CN, Zins JE. Defining the fat compartments in the neck: a cadaver study. Aesthet Surg J. 2014 Mai 1;34(4):499-
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13
MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

“A maneira
Congresso Nacional
da Sociedade Iraniana
de Cirurgia Plástica,
em Teerã, 2015

de enfrentar
problemas que
faz da cirurgia
plástica algo
único”
DR. AL ALY FALA SOBRE A SUA TRAJETÓRIA
PROFISSIONAL, DESDE O INÍCIO DA PAIXÃO
PELA ESPECIALIDADE ATÉ A OPORTUNIDADE
DE ATUAR NO CRESCENTE SEGMENTO DAS
CIRURGIAS DE CONTORNO CORPORAL

IMAGENS: ARQUIVO PESSOAL

E
m entrevista ao Dr. Fabio gias de contorno corporal. dades surgiram no decorrer de sua vida
Nahas, editor da Plástica Pau- Internacionalmente reconhecido profissional e o que ele pensou diante
lista, o cirurgião plástico Dr. Al pela atuação no segmento – e com pas- dessas situações, que acabaram por
Aly conta a sua trajetória na sagens em eventos brasileiros, inclusi- transformar a sua trajetória.
especialidade, desde a formação até o ve da Regional São Paulo – o Dr. Al Aly
inesperado aperfeiçoamento nas cirur- mostra em detalhes como as oportuni- Veja abaixo os principais trechos.

Fabio Nahas – Você poderia resu- em laser e, depois, completei a residência seu entendimento de cirurgia plástica. Ele
mir brevemente a sua trajetória em otorrinolaringologia. ensinava os princípios da especialidade.
profissional? Foi como residente que me interes- Depois disso, acabei seguindo para a
Al Aly - Eu cresci no sul da Califórnia, sei em rinoplastia e passei alguns anos Universidade de Iowa, onde fiquei por sete
em Los Angeles (EUA). Estudei na Uni- realizando esse tipo de procedimento, até anos, e então parti para o exercício da cirur-
versidade da Califórnia (UCLA) e depois que decidi me tornar cirurgião plástico. gia plástica em clínica privada, por cerca de
a Faculdade deMedicina, em George- Então, voltei para fazer outra residência, seis anos, com um colega daquela universi-
town, Washington DC. Quando terminei desta vez na Universidade de Miami dade. Em certo momento, acabei contatado
o curso, fiz dois anos de residência na (Flórida), que na época era liderada pela Universidade da Califórnia - Irvine e
UCLA, em cirurgia geral, e ingressei na pelo Dr. Ralph Millard. Ele foi uma das retornei para o Sul do estado, onde fiquei
Universidade de Vanderbilt, em Nashville principais razões de eu voltar à residência por mais quatro anos. Depois, foi recrutado
(Tennessee), onde fiz um ano de pesquisa médica, pois havia me interessado pelo pela Cleveland Clinic, em Abu Dabi, onde

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MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Dr. Osvaldo Saldanha e Dra. Lucie Lessard ao lado do Dr. Al Aly, em encontro científico da especialidade

formei o departamento de cirurgia plástica com um livro chamado “Principlization of Eu tive sorte o suficiente de retornar
e permaneci por seis anos. Plastic Surgery” (Millard, D. Ralph).Esse à residência médica e conseguir uma
Após esse período, retornamos aos livro mudou a minha vida. vaga no serviço do Dr. Millard. Foi uma
Estados Unidos. Meu filho estava prestes grande oportunidade, embora meu pai
a ingressar na universidade, por isso e meus amigos tenham dito que eu era
decidimos voltar. Nesse processo, acabei louco por fazer outra residência médica,
passando a atuar na Universidade do mas foi a melhor decisão que eu tomei.
Texas Southwestern, em Dallas, e aqui
estou agora, onde espero permanecer até FN – No final das contas, você esco-
o fim da minha carreira. lheu o Dr. Millard. Foi uma escolha
sua. Você leu o livro dele e ficou
FN – Esse foi uma forma indi- impressionado, e decidiu fazer a
reta de construir uma carreira, sua residência com ele. Você fez o
pois você partiu do laser e da que poucas pessoas são capazes de
rinoplastia para as cirurgias fazer.Escolheu um profissional, foi
de contorno corporal. É muito atrás dele e conseguiu a oportuni-
interessante saber que você dade que desejava.
imaginava se tornar um cirurgião AA – Tenho que dizer que um pouco
especializado em rinoplastia. Isso disso foi sorte, porque eu ingressei numa
mostra que as coisas nem sempre época em que era competitivo frente às
saem como planejado. Terminei de ler em apenas dois dias, em- pessoas que ele estava selecionando. Eu
AA – Gosto muito de rinoplastia e fiz bora seja um livro espesso. O que realmente fui o último residente escolhido pelo Dr.
um fellowship de cirurgia plástica facial. me apaixonou em cirurgia plástica e me fez Millard, pois todos os seguintes foram
Quando comecei a minha prática depois voltar à residência médica foram esses prin- selecionados pelo novo chefe do serviço.
disso, estava em Beverly Hills, mas eu cípios descritos no livro. É assim que a minha Eu tive sorte. Na época, cheguei a buscar
ainda era muito jovem, num lugar muito mente funciona. São com os princípios da outros serviços também, mas se ele me
competitivo. Dividia o consultório com cirurgia plástica que eu uso, você usa... O selecionasse, eu iria para lá. Isso porque,
um cirurgião plástico. Certo dia, estava lá autor foi muito bom em descrever esses mais uma vez, eu adorei a maneira como
sentado, sem muitos pacientes porque as princípios. A maneira de enfrentar problemas ele consolidou os princípios da cirurgia
pessoas não me conheciam, e me deparei que faz da cirurgia plástica algo único. plástica. E isso fez da cirurgia plástica a

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MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

única especialidade que eu atuaria.

FN – Ainda sobre esse livro, gostaria


de saber qual foi a sua influência
depois da residência em cirurgia
plástica, já como um cirurgião espe-
cializado em contorno corporal.
AA – Duas coisas acabaram por se unir.
Quando terminei o meu treinamento, fui
para a Universidade de Iowa. Até então,
não estava planejando me tornar um
especialista em contorno corporal, mas
aquela universidade estava se tornando
o berço da cirurgia bariátrica, criada
pelo Dr. Edward Mason. Então, eu fui lá Hall de entrada da
e comecei a lidar com esses pacientes, Cleveland Clinic,
em Abu Dhabi
que eram únicos para a área, diferentes
de qualquer paciente que eu tivesse
visto em meu treinamento. Nada que até
então eu tivesse aprendido. Para mim, tem sido a parte mais
Você se planeja e se prepara, mas é difícil para dominar e ensinar, e tem sido
preciso saber lidar com aquilo que surgir. desafiador também torná-la sistema-
Quando estiver lidando com algo que tizada o suficiente para que possa ser
não entende e não existem históricos, A literatura dá suporte à ideia ensinada aos outros. Por outro lado,
pois as situações são novas, a única coisa acredito que uma vez que isso tenha sido
que lhe resta são os princípios da espe- de que se você operar por alcançado, essa se torna uma das áreas
cialidade. Foi aí que eu usei os princípios mais de seis horas e parte mais compensadoras para tratar.
básicos que eu aprendi com o Dr. Millard
para lidar com esses novos problemas, da deste procedimento envolver FN – Aprofundando um pouco
forma como eles apareciam. mais nesse aspecto, quanto tem-
É assim que a cirurgia plástica funcio-
abdominoplastia, os riscos se po você acha que seja necessário
na. Se eu tivesse um problema, essas eram tornam mais elevados para realizar bem essas combi-
as regras que eu recorria. Talvez eu pudes- nações de procedimentos, sem
se ter feito o meu treinamento com outra colocar o paciente em risco?
pessoa e não ter dedicado tanto tempo AA – Eu diria que a área mais desafiadora AA – Entendo que existam pessoas que
aos princípios, mas assim eu poderia não para compreender bem seria a do tronco acreditam que seja possível realizar muitas
ter conseguido encontrar as respostas que superior, começando no pescoço até o sulco cirurgias juntas. Vou lhe dizer a minha filo-
encontrei, porque não teria esses princí- inframamário frontalmente e até o meio sofia, o que não significa que as pessoas
pios consolidados em minha mente. das costas posteriormente, por uma pers- devam segui-la. Para mim, acredito que
Mesmo hoje, quando me deparo com pectiva circunferencial. Isso porque é muito a literatura dá suporte à ideia de que se
um problema, eu retorno a esses princípios, difícil de sistematizar. Primeiro, porque exis- você operar por mais de seis horas e parte
que me dão uma estrutura para trabalhar, tem as diferenças entre homens e mulheres. deste procedimento envolver abdomino-
um caminho para enfrentar os problemas. Além disso, você irá combinar uma série de plastia, os riscos se tornam mais elevados.
Portanto, são dois fatos. Eu tive a sorte procedimentos ao mesmo tempo. Contudo, há mais do que apenas o
de estar num local em que a cirurgia ba- Você encontrará excesso dermogor- tempo. Para mim, uma das coisas que
riátrica estava sendo criada, e me deparei duroso (ou dobra) na parte superior e acho difícil de entender é que, mesmo se
com muitas demandas de contorno corpo- também no meio das costas. Essa é uma você for muito rápido, e mesmo tendo um
ral; e os princípios que eu havia aprendido. área que precisará ser abordada. Também time incrível, fazendo cirurgias associadas,
Tudo se juntou para que eu pudesse será preciso intervir no tórax ou nos será necessária a remoção de tecido. E
encontrar os caminhos que encontrei na seios, assim como no braço, em muitos sempre que você remove grandes quanti-
cirurgia plástica de contorno corporal. dos casos. Portanto, uma combinação de dades de tecido, isso contém sangue.
três procedimentos, e será preciso uni-los Vou dar um exemplo. Se eu fizer uma
FH – Indo adiante em nossa en- e transformar em um único procedimento abdominoplastia circunferência ou bodylift,
trevista, qual foi a cirurgia mais e usar os princípios da cirurgia plástica não há muita perda de sangue; usamos o
desafiadora que você já realizou? para chegar a uma resposta. cautério e a perda sanguínea é mínima, tal-

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MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

complicações quanto maior o IMC. Mas


especificamente no tronco inferior, quando
for realizar uma abdominoplastia, se houver
grande quantidade de gordura visceral e eu
não conseguir reduzir a projeção abdo-
minal, não considero razoável fazer uma
operação que vá colocar o paciente em
grande risco, com melhorias mínimas.
Se não consigo deixar o abdômen reto,
não devo fazer uma abdominoplastia ou um
bodylift. Porque, afinal, qual seria o propósi-
to? Para mim, uma das principais contrain-
dicações para uma cirurgia de contorno
corporal é excesso de gordura visceral.
Acredito que na área dos braços, por
exemplos, se o paciente está com o mem-
bro com muita lipodistrofia, não gosto
de usar a técnica que costumo utilizar. É
possível se livrar de um pouco do excesso
de gordura, mas não é o suficiente para
provocar uma mudança. É essencial que
Dr. Fausto Viterbo e Dr.
a mudança seja em direção ao normal.
Al Aly durante a Copa
do Mundo, no Brasil. Existe uma distinção entre mudar e ir em
direção ao normal. Se não estiver fazendo
algo que levará o paciente próximo ao
ideal de normalidade, não acho que a
vez 100 cc. Mas nas minhas mãos, a média A solução para isso é que você teria operação valha a pena. Isso para braços e
de queda de hematócrito é de aproximada- que sub ressecar um pouco para ter abdome, se essas áreas não diminuírem.
mente 6, chegando até 10 pontos no má- certeza que você vai conseguir fechar.
ximo de queda no hematócrito sem perder Será que vamos conseguir fechar? Mes- FN – Entendi. E quanto aos
sangue. Isso acontece porque o tecido que mo assim talvez não consiga controlar eventos trombóticos, como você
você está retirando contém sangue. Se eu a posição da cicatriz. As duas situações trabalha a prevenção? Ainda usa
tiver uma equipe trabalhando nos braços, são um desastre, não acho que seja do a anestesia peridural?
tórax ou coxas, cada pedaço de tecido que melhor interesse do paciente. AA – No melhor dos mundos, se puder
é retirado diminui o hematócrito. Por último, mas não menos importante, escolher e tiver completa cooperação do
Em que ponto é razoável para o eu não gosto de cirurgias que durem mais anestesista, para bodylift e lipectomia
cirurgião definir que um paciente receba de seis horas. Não importa o quanto eu abdominal, prefiro usar uma peridural
sangue na mesa de cirurgia? Deveríamos, ame a cirurgia, eu acho que (depois de na região inferior do tórax (não a usada
numa cirurgia eletiva, dar sangue ao tanto desgaste) talvez a minha mente não para mulheres em trabalho de parto). Eu
paciente? Eu acredito que isso não seja esteja mais tão aguçada. Portanto, seguran- solicito ao anestesista para começar tar-
razoável. Se você estiver salvando a vida ça, vetores opostos e fadiga são questões diamente, às vezes até no intraoperató-
de alguém, não há dúvidas. Mas para relevantes, que me impedem de planejar rio, assim ela pode durar por toda a noite
uma cirurgia eletiva, num paciente sau- cirurgias com duração superior a seis horas. após a cirurgia e, em algumas pessoas,
dável, não acho que seja algo razoável. por até dois dias. A literatura dá suporte
Outra razão pela qual eu não realizo FN – Concordo contigo em todos ao fato de que a anestesia peridural
múltiplos procedimentos ao mesmo os pontos. Agora, sobre defor- reduz o risco de TVP e embolia pulmonar.
tempo é que eu sigo a regra de que nunca midades, em quais casos você A literatura ainda não definiu por quanto
deve haver vetores opostos na mesma contraindicaria uma cirurgia de tempo devemos deixar a anestesia.
operação. Portanto, de forma geral, numa contorno corporal? Quando escrevi o meu primeiro paper
upperbodylift, você puxa o tecido para AA – Em primeiro lugar, se a pessoa ainda sobre perda maciça de peso em contorno
cima, e numa lipectomia abdominal ou tem alto grau de obesidade, não acho que corporal, estava atuando em bodylift e
bodylift, você puxa os tecidos para baixo. ela seja candidata à cirurgia. Mas isso deve lipectomias abdominais. Na época, era a
Dessa forma, como é possível controlar a valer para qualquer cirurgia plástica, porque maior casuística do mundo, com algo em
posição da cicatriz de cada uma delas, se você não irá obter um resultado muito bom. torno de 32-34 pacientes, e tivemos uma
você faz ambos os procedimentos juntos? Além disso, existe um risco aumentado de taxa de TVP de 9%. Não usávamos epidu-

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MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

lugar nenhum, em cirurgia plástica, a


menos que esteja fazendo reconstrução
mamária, com um expansor. Caso contrá-
rio, faço um esforço consciente de fechar
toda a área cirúrgica.

FN – Gostaria de fazer algumas


perguntas sobre conceitos e pen-
samentos futuros para jovens ci-
rurgiões plásticos. Como imagina
o futuro da cirurgia de contorno
corporal? Estamos próximos do
uso de dispositivos com a capa-
cidade de encolher a pele em pa-
Al Aly com o grande amigo Ricardo Baroudi
cientes que tiveram perda maciça
de peso, reduzindo a necessidade
de grandes cicatrizes?
rais na época. Desde que passei a usá-las, AA – Seria ignorância dizer que a
há mais de 20 anos, eu tive apenas dois tecnologia não terá um efeito no futuro.
casos. O número é infinitamente menor, Não sei o que o futuro nos trará, mas
considerando que neste momento atual te- acredito que o que temos disponível hoje
mos mais de 1.000 cirurgias realizadas e ti- Embora seja um talvez ainda não tenha atingido todo o
vemos apenas dois casos. A dificuldade com seu potencial. Mas tenho certeza de que
a epidural é que ela depende da presença cirurgião de contorno vão conseguir. Mesmo assim, acredito
do anestesista, nem sempre disponível nas corporal, eu ainda faço que há limitações. Se estivermos falando
clínicas onde o cirurgião plástico opera. de alguém que seja jovem, com uma pele
Temos anestesistas em hospitais, mas não muitas e difíceis rinoplastias. boa e bom contorno, mas talvez tenha
nas clínicas aqui nos EUA. É uma relação de um pouco de lipodistrofia, e você tenha
No momento atual, aqui na univer- a preocupação de que essa pele não irá
sidade Southwestern, estou atuando em amor e ódio se contrair, e que não seja o caso de um
centro ambulatorial e passarei a realizar paciente com perda de peso maciça, para
estes casos com anestesia geral. Neste esses eu acredito que a tecnologia esteja
caso, do ponto de vista médico-legal, uma forma um pouco mais agressiva, cada vez mais próxima do sucesso.
você precisa usar algum tipo de profi- como pontos de tensão progressiva. Mas se estiver falando de alguém
laxia química. A dificuldade em cirurgia A sutura de tensão progressiva, que tem um panículo “em avental” e
plástica é que não há padronização disso. distribui a tensão no retalho e com isso várias dobras e perguntar se a tecnologia
No local onde atuo hoje, oferecemos uma diminui a tensão no fechamento. Eu uso vai conseguir fazer a retração de toda
dose de 40mg doze horas após a cirurgia, essa técnica. aquela pele – nesse caso eu hesitaria
mas esses números são arbitrários. Para uma abdominoplastia clássica, em afirmar que isso vai acontecer, pelo
Outro grande problema que temos não uso drenos há 12 anos e tive apenas menos enquanto eu estiver vivo. Eu sou
com TVP e embolia pulmonar é que um caso de seroma numa área em que o responsável pela revisão de vários
tentamos categorizá-los como se fosse a eu não usei os pontos de fixação do artigos científicos como o editor da seção
mesma etiologia e tratamos ambos com retalho intencionalmente, porque estava de Body Contouring da ASJ (Aesthetics
profiláticos químicos da mesma maneira. preocupado com a circulação sanguínea. Surgery Journal). Vejo inúmeros trabalhos
Mas acredito que não saibamos o suficien- Mas para circunferenciais, eu comecei sobre contração da pele e até hoje não vi
te sobre esses problemas e tenho certeza fazendo o mesmo anteriormente, mas nada que vá mudar a minha prática.
de que ainda descobriremos muito mais. costumava colocar drenos na região A tecnologia disponível hoje não con-
dorsal. Agora não dá para chamá-las segue eliminar as cicatrizes. Talvez se for
FN –Você usa sutura de pontos de suturas de Quilting porque elas não um paciente jovem, com pouco excesso de
de fixação do retalho em abdo- seguem o sentido tradicional do retalho, gordura abdominal, que não tenha diásta-
minoplastias? onde você coloca para baixo e une à fás- se abdominal, talvez seja possível alguma
AA – Sim, com certeza eu as utilizo, há cia subjacente. Mas eu fecho todo esse dessas tecnologias para reduzir a flacidez
uns 12 anos. Em abdominoplastias clássi- espaço, seja na região dorsal, na dorsal da pele. Acho que pacientes com perda
cas, não uso dreno, uso pontos de fixação superior, no tórax, nos braços, nas coxas, maciça de peso terão que aguardar muitos
do retalho. Provavelmente as utilizo de em todo o lugar. Hoje não uso dreno em anos para se beneficiar e não acredito que

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MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Congresso da ISAPS em Miami, em 2018, ocasião em que foi decidido produzir a edição brasileira do Curso
“The Art of Body Contouring”, em Porto Alegre. Na foto: Al Aly, Dirk Richter, Fabio Nahas e Marcelo Maino

esses pacientes vão desaparecer da nossa No meu caso, não gosto de ficar apesar de ainda amar esse procedimento.
prática, eles estarão aí por muito tempo. na sala de operações por muito tempo, Se eu tivesse ido diretamente para a ci-
não é a minha personalidade. Portanto, rurgia plástica, talvez tivesse perdido essa
FN – Se você estivesse terminan- acredito que a pessoa deva estudar ela área de atuação, que é algo que adoro.
do um treinamento de residência mesma, para entender o que ela gosta Provavelmente, gostaria de mudar na
agora, quais especialidades em e não gosta. Então, você naturalmente minha própria personalidade é o fato de
cirurgia plástica você escolheria? entenderá o que funciona para você. levar as coisas de maneira muito pessoal.
AA – Essa é difícil para mim, porque eu Adoraria não levar para o lado pessoal.
sei que pessoas diferentes têm diferentes FN – O que você faria de diferente Quando enfrento complicações de
personalidades. E sei que a minha persona- em sua carreira? Mudaria algo? maneira recorrente, fico muito abalado
lidade basicamente definiu a direção que AA – Cada passo do caminho te leva com isso. Conheço excelentes cirurgi-
eu segui. Então, por exemplo, se você for a algum lugar. As pessoas argumentam ões que são capazes de não se afetar
uma pessoa que gosta de cirurgias eletivas, que eu fui residente por muito tempo. tanto assim. Também no aspecto geral
com certa complexidade, que levem uma Teria sido mais fácil para mim se eu da minha carreira, porque já estive em
ou duas horas, você pode se tornar um ci- soubesse mais cedo que gostaria de tantos lugares diferentes, gostaria de não
rurgião de mão. Mas se você é uma pessoa ser um cirurgião plástico? Talvez menos ter enfrentado tantas coisas de maneira
que gosta de casos longos e gosta de ter anos de residência. Não sei, duvido que negativa, deveria apenas deixar elas
a oportunidade de fazer reconstruções de tivesse chegado no lugar onde estou, que serem como foram, coisas como intera-
grande porte, o mundo atual de retalhos li- sinto ser o meu lugar, se eu não tivesse ções pessoais e coisas desse tipo. Isso
vres é muito emocionante. As pessoas estão percorrido esses passos. Embora seja um está no âmbito psicológico, não ligado
fazendo coisas incríveis.Se observarmos o cirurgião de contorno corporal, eu ainda à especialidade. Adoraria ter mudado a
mundo dos transplantes, também existem faço muitas e difíceis rinoplastias. É uma minha personalidade em certas situações,
trabalhos muito emocionantes. relação de amor e ódio com a rinoplastia, ter me preocupando menos. Acho que a

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MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

minha vida teria sido mais fácil. Al Aly em Porto Alegre no curso
Dr. Millard. Aquilo abriu os meus olhos.
The Art of Body Contouring, edição brasileira Era isso que gostaria de fazer da minha
FN – Acredito que cada um de nós, vida. Foi uma grande mudança para mim.
cirurgiões plásticos, reagimos de Há outros momentos enquanto estava
maneira diferente às complica- no centro cirúrgico, coisas que abriram os
ções. Também odeio complicações, meus olhos para procedimentos específicos.
mas elas fazem parte, acontecem. Vou compartilhar um deles: quando falo de
É diferente quando a complicação braquioplastia, sempre digo que é preciso
acontece quando somos jovens prestar atenção para não causar muito
cirurgiões ou quando já somos edema no braço. Caso contrário, não será
mais experientes, com milhares possível fechar o braço após o procedimen-
de pacientes tratados e com bons to, mesmo que a marcação seja perfeita.
resultados. Talvez seja mais fácil Até um pequeno edema pode comprometer
aceitá-las quando somos mais ex- o fechamento do braço. Eu aprendi isso de
perientes. O que pensa sobre isso? uma forma muito difícil.
AA – Eu concordo e acho que consigo Fiz uma braquioplastia no braço de
racionalizar a complicação. Se conseguir um paciente, depois fui para o outro
extrair algo de positivo da experiência. braço. Quando terminei o segundo lado,
Aceito melhor quando consigo aprender havia um residente comigo e ele disse
como evitar que a complicação aconteça que não havia pulsodistal. Você pode
novamente, caso contrário, ainda é muito imaginar como foi essa experiência,
difícil para mim. Mas volto a dizer que psicologicamente? É como ser acertado
gostaria de ser mais maduro e aceitar no peito com uma bola de 150 quilos.
essas complicações de uma forma menos Naquele momento, eu soltei os pontos
desgastante para mim. Infelizmente, isso o suficiente para que o pulso voltasse.
não é parte da minha personalidade. Ape- Tinha que tomar uma decisão. Havia feito
sar disso, é importante dizer que a maior um erro na marcação? Ou teria deixado
parte das complicações que enfrentamos aquele braço aberto por um período
podem ser tratadas, não são horríveis. A muito logo e o edema se formou?
vantagem de ser mais experiente é que Por sorte, escolhi a segunda opção.
você já viu essas complicações e sabe Então, coloquei alguns pontos, mas não
como tratá-las e também tratar suas amarrei uns aos outros, deixei assim em
sequelas. Quando somos mais jovens, há Aceito melhor quando uma extensão de 12-15 cm. Apenas dei
mais ansiedade e nem sempre há experi- um nó em cada ponto e enrolei o braço
ência suficiente para trata-las da melhor consigo aprender como sem apertá-lo. Internei o paciente no
maneira possível. Nesses momentos, é evitar que a complicação hospital, mantive seus braços para cima e
importante ter colegas mais experientes, depois de seis ou sete dias, eu o levei de
em que você possa confiar e perguntar. aconteça novamente, volta a uma sala de cirurgia de pequenos
Resumindo, acho que as pessoas lidam procedimentos e a ferida fechou facilmente,
melhor com isso conforme ganham mais
caso contrário, ainda é sem tensão, e o pulso estava perfeito. Assim
experiência, mas isso não se aplica para muito difícil para mim aprendi que mesmo um pequeno edema
mim, acho isso ainda muito difícil. Mas no braço pode causar um desastre. Essa foi
é a minha personalidade. Acho que a uma das coisas que me ensinou um pouco
maioria consegue ser mais maduro e foram os momentos mais impor- mais sobre braquioplastia, mas têm muitas
mais racional. Do ponto de vista racional, tantes de sua carreira? outras coisas que aprendi assim.
eu sei que fiz o melhor que pude, mas AA – Quando terminei a faculdade
ainda assim tive uma complicação. Eu de medicina, queria ser um cirurgião FN – Como você vê o futuro
deveria aceitar isso melhor, mas ainda vascular. Durante o meu primeiro ano de da nossa especialidade? Há os
me sinto muito mal. Também depende interno, passei pela cirurgia vascular e otimistas que acreditam que
do momento em sua vida em que essas descobri que nunca conseguiria seguir ganharemos muito com o avanço
complicações aconteceram. Se foram três, aquela especialidade. Minha mente não da medicina regenerativa e uso
uma após a outra, é muito pior que ter funciona daquela forma, portanto não de células-tronco, com melhor
uma complicação por ano. poderia ser um cirurgião vascular. cicatrização e tecnologias. Por
O segundo momento, como disse an- outro lado, há quem acredite que
FH –Você saberia apontar quais teriormente, foi quando li aquele livro do vamos perder espaço na medici-

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MATÉRIA ESPECIAL REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Tracy Aly à direita, esposa do Dr. Al Aly, no


Palace Hotel em Abu Dhabi, em 2014, onde
se vende ouro em caixas automáticos

na, porque outros especialistas uma TV de 1975, diríamos que é algo otorrinos em cirurgias de reconstrução de
passarão a realizar alguns de mágico. Muitas coisas irão surgir e não cabeça e pescoço, ou otorrinos fazendo
nossos procedimentos. O que conseguimos prever. rinoplastias, cirurgiões oncológicos que vão
você acha disso? Imagine quea ciência descubra um começar a fazer reconstrução de mama,
AA – Acho que não seria muito inteli- gene que possa indicar o quão grave mas de modo geral, não foram essas outras
gente dizer que a medicina regenerativa seria a sua cicatriz, ou que eliminasse especialidades que criaram esses saltos na
não será parte de nossa especialidade ou cicatriz. Isso seria uma mudança muito ciência criados pelos cirurgiões plásticos.
parte de toda a medicina. Mas acho que grande.Imagine acordar daqui a vinte Acredito, por exemplo, que a regeneração
a habilidade de manipular DNA - não anos e ter um medicamento que você de nervos vai causar uma revolução na
sei se podemos classificar como parte da pode oferecer ao paciente antes da ci- medicina, pensando em paraplégicos ou
medicina regenerativa - seja um grande rurgia que evite a formação de cicatrizes. tetraplégicos e a resposta para isso virá
futuro, com mudanças na genética das Isso seria incrível. Muitos saltos ainda da cirurgia plástica. Não sei se isso vai
pessoas, potencialmente alterando a vão acontecer, porque a ciência está acontecer enquanto estiver vivo, mas é a
maneira que curamos, como melhoramos expandindo rapidamente. mentalidade de jovens cirurgiões plásticos
a cicatrização. Quanto mais descobrirmos Sobre o outro ponto, se o cirurgião que trará avanços como esse no futuro.
sobre o nosso DNA e nossos genes e plástico deixará de existir, eu acredito que Sempre seremos relevantes e fico muito
como controlá-los, isso vai transformar as não. Acredito que somos únicos, porque empolgado com nossa especialidade. Tenho
coisas dramaticamente. nós valorizamos a inventividade como es- certeza que sempre seremos a vanguarda
Geralmente, a medicina tem grandes pecialidade. Estaremos sempre à frente da quando se trata de progresso em Medicina.
saltos, que são imprevisíveis. Não só inventividade. Embora outras especialidades
a medicina, mas tudo na vida. Se nós venham a tirar áreas de atuação da gente, Traduzido por Interpretarte
tivéssemos nascido em 1900 e víssemos como o atual uso de retalhos livres pelos Tradução e Interpretação.

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21
MATÉRIA DE CAPA REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

O navegador e
escritor Amyr
Klink, em
palestra na JP

Veja como a Regional São


Paulo está se organizando para
manter a atualização científica
na grade de evento de 2021

O DESAFIO DOS EVENTOS CIENTÍFICOS


EM MEIO À PANDEMIA
IMAGENS: DIVULGAÇÃO

E
mbora o início de 2021 tenha sido de eventos, discussões científicas e com- das empresas, nos estandes das jornadas,
marcado por amplo otimismo no partilhamento de experiências à distância. sempre teve relevância significativa para
combate à pandemia de COVID-19, Mesmo assim, sabemos da importância que as mais recentes inovações em produ-
com queda na curva de contágio e dos encontros presenciais, pois são nesses tos médicos pudessem ser apresentadas
flexibilização das restrições sanitárias, o momentos, combinando agendas de pales- em detalhes ao público presente.
cenário voltou rapidamente a se agravar tras e atividades sociais, que ampliamos e Além disso, os eventos sempre tiverem
em março. Enquanto a vacinação estava fortalecemos a excelência de nossa espe- convidados internacionais. Outra incerteza,
em torno de 5% da população nacional, cialidade”, afirma o Dr. Felipe Coutinho, diante das restrições para a circulação de
os hospitais públicos e privados passaram presidente da SBCP – Regional São Paulo. turistas entre países. “O mais importante
a enfrentar um salto expressivo de inter- As datas inicialmente previstas para é que estamos trabalhando para oferecer
nações, com ameaça ao fornecimento de os dois principais eventos da Regional soluções. Mesmo que parte do evento
oxigênio e medicamentos para intubação. São Paulo precisaram ser alteradas. A Jor- não seja presencial, existem ferramentas
Diante disso, restrições voltaram a ser nada Paulista de Cosmiatria – JPc passou hoje que permitem a gravação de aulas ou
adotadas, com medidas ainda mais seve- de abril para outubro, enquanto a Jornada transmissão ao vivo, de outros continentes,
ras para evitar um possível colapso nos Paulista de Cirurgia Plástica – JP, o maior com estabilidade de sinal, clareza de vídeo
sistemas de saúde e funerário. Em meio às evento da especialidade na América La- e áudio, e ampla interação com a plateia”,
incertezas do momento, mesmo com a va- tina, foi postergado de junho para julho, garante o Dr. Felipe.
cinação avançando rapidamente na classe entre os dias 07 e 10.
médica, todo o calendário de eventos cien- “Muitas empresas já tinham decidi- DESTAQUES CIENTÍFICOS
tíficos da SBCP-SP teve de ser revisto, com do que manteriam uma política restritiva
a criação de alternativas para diferentes para todo o primeiro semestre. Mas isso Como em todas as edições, a JP 2021
cenários. Era preciso lidar com incertezas. seria revisado no segundo semestre, de- apresenta uma programação científica di-
“Aprendemos em 2020 que existem pendendo dos desdobramentos da pan- versificada, com os assuntos mais atuais
muitas soluções efetivas para a realização demia”, explica o Dr. Felipe. A presença e demandados na especialidade. Um dos

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MATÉRIA DE CAPA REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

destaques é a lipoaspiração em alta de- e virando a mesa com o tesoureiro da demandas de COVID, o treinamento em
finição. Tema que já contou em edições SBCP-SP, Dr. Flavio Mendes. cirurgia plástica precisou passar por al-
anteriores da jornada com a presença do Além disso, a cirurgia plástica para gumas adaptações. A influência dessas
próprio Dr. Alfredo Hoyos, cirurgião plástico rejuvenescimento de pescoço é também mudanças será debatida em painel, bem
colombiano criador da Lipo HD, o assunto tema de destaque, com aula do Dr. Fran- como outras transformações no mercado
volta aos debates à luz dos mais recentes cisco Bravo, cirurgião plástico espanhol, geral de trabalho do especialista.
dados científicos. “A lipo HD tem se con- e participação do Dr. André Auersvald Em outro momento, o marketing di-
solidado como uma tendência na cirurgia (Curitiba-PR), que aborda a questão em gital ganha o centro das atenções. Com
plástica, com mais pesquisas e aperfeiço- artigo nesta mesma edição da Plástica cada vez mais influenciadores em saúde
amento da técnica. É um tema de muito Paulista. Entre os demais temas, estão nas redes sociais, e pacientes até deman-
interesse e demanda”, diz o Dr. Felipe. previstos debates sobre a região perior- dando a presença de seus médicos nos
A evolução da técnica, com a apre- bitária, tratamentos complementares à meios digitais, o tema se torna ainda mais
sentação de novos conceitos, será abor- cirurgia facial e rinoplastia, entre outros. relevante para delimitar os aspectos éti-
dada por especialistas de diferentes Adicionalmente às questões cientí- cos e jurídicos desse tipo de exposição,
regiões do País – São Paulo, Rio de Ja- ficas, a JP 2021 traz discussões sobre o além de outras implicações ao cotidiano
neiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. mercado de trabalho para o cirurgião da especialidade.
O refinamento da técnica fica por con- plástico, com especial atenção aos jovens
ta do Dr. Fabio Nahas, em painel com especialistas. Neste momento em que os Inscrições e programação completa aqui:
moderação do Prof. Dr. Rolf Gemperli, Serviços precisaram se adaptar para as https://www.sbcp-sp.org.br/jp2021/

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23
PASSATEMPO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

IMAGENS: DIVULGAÇÃO

De pé: Humberto Campos (BA), Fabio Nahas (SP), Rogério Bitencourt (PR), Luís Alberto (PE), Lacerda (PE), Antônio Viera (PE).
Sentados: Felipe Vieira (PE), Lydia Masako (SP), Raminho (banda the Phesys), Ronaldo Braga (PB) Clovis e Raimundo (PE)

Trilhas pelo Nordeste, uma


jornada que deixou saudade
Carlos Lacerda, Luiz Alberto Leite e Felipe Vieira

S
audoso é aquele tempo em que O evento nasceu da seguinte forma. a cultural e social. Era um ponto de encon-
vários amigos cirurgiões plásticos Nos finais de tarde das sextas-feiras, de- tro dos cirurgiões plásticos da cidade para
viajavam no período pré-Jorna- pois de um intenso dia de trabalho, acon- bons momentos, pautados por boa gastro-
da Norte/Nordeste, percorrendo tecia a reunião clínica e marcação cirúrgica nomia e diversão. Aqui, vale o registro de
trilhas pelas paradisíacas praias, sertões, do serviço de residência em cirurgia plásti- uma observação importante: os residentes
desertos e dunas. Muitas trilhas inesque- ca do Hospital Agamenon Magalhães, em não precisavam pagar nada. Pense num
cíveis foram percorridas em carros 4 x 4. Recife. Na época, em 2002, chefiada por pessoal pra comer e beber!
Normalmente, a gente saía em grupo, de Luiz Alberto e coordenada por Lacerda, ao Em meados dos anos 2000, Lacerda e
Recife, onde nos reuníamos e partíamos final da jornada, o grupo se reunia no res- Luiz Alberto chegaram mais cedo no tradi-
para os destinos planejados a bordo de taurante Rei da Carne de Sol (Carne de sol cional ponto de encontro e começaram a
carros adesivados, numerados e com a do Cunha), nas proximidades do hospital, planejar a viagem para a Jornada Norte/
banda de forró incluída no passeio. fazendo a transição da parte científica para Nordeste, que aconteceria em Fortaleza.

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PASSATEMPO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Formou-se um grupo de cirurgiões plás-


ticos e residentes que resolveram sair de
Recife rumo a Fortaleza, pela beira-mar.
Lacerda teve a ideia de levar a sanfona
e Luiz Alberto sugeriu levar a banda de
forró completa, a Banda The Phezys, com
zabumba e triângulo. Não deu outra. Pla-
nejamos a caravana de Recife para Forta-
leza, acompanhando a tábua das marés
(uma tabela que retrata a previsão de
como a maré irá variar ao longo de um
dado dia), para não correr o risco de ato- No ato da inscrição, o participante ganhava camisas, estadias nas pousadas e passeios
lar nas areias. E foi assim, então, que co-
meçou a primeira caravana.
Os organizadores formaram o grupo,
aprontaram os carros, adesivaram e par-
tiram exatamente às 4h44 da manhã em
uma Galloper 4X4, uma Pajero 4x4 e um
Buggy. E iniciaram o trajeto três dias antes
do início do evento. A curtição toda incluiu
dirigir por faixas de areias desérticas e du-
nas, a partir do litoral norte da Paraíba,
passando por rios, balsas e aldeias indí-
genas, no litoral do Rio Grande do Norte.
Mais ainda: a trupe passou por penhascos
em Pipa, dunas em Genipabu, praias com
faixas de areias largas em Touros e São
Miguel do Gostoso, onde pernoitou, tocou
forró autêntico, comeu a melhor peixada
capixaba com lagostas frescas, trazidas Ronaldo Braga (PB) e Felipe Vieira (PE) cuidavam das finanças do grupo

Trecho de
Jericoacoara
para Parnaíba

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PASSATEMPO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Passeio pelo Delta do Parnaíba, passando por


vários igarapés, dunas e ilhas, fazendo uma
parada para banho de Rio na Baia do Cajú

por barcos pesqueiros do local. e partiram para Canoa Quebrada pela tri- cotações de passagens, hospedagens e
Um restaurante na vila de pescadores lha de areia. Ali, deu para aproveitar o dia previsão de despesas com comidas, be-
também foi improvisado em uma barraca nas praias e pôr-do-sol nas dunas. bidas, combustível, músicos da banda e
à beira mar. E o grupo comprou pratica- À noite, o pessoal todo foi ao restau- qualquer despesa extra era dividida igual-
mente toda a produção de lagostas dos rante já pré-reservado para o grupo. Mais mente pelos componentes.
pescadores, que foram convidados para uma vez, a banda de forró começou a to- A importância dessa ação, que acon-
participar do encontro, preparando as car e fez um dos mais animados forrós do tecia geralmente em setembro, consistia
iguarias para serem servida em várias ma- restaurante, transformando o jantar em em estreitar os laços de amizade, convidar
neiras: água e sal, churrasco de lagosta, festa, o que acabou por atrair moradores colegas de outros estados para conhecer o
moqueca, alho e óleo ao natural e por aí e turistas. Imaginem o desfecho: a banda nosso litoral, confraternizar, relaxar, conver-
vai. Uma lagostança de se admirar! The Phezys e o grupo foram presenteados sar sobre assuntos aleatórios, cultura inútil,
Os pescadores e cozinheiros comeram com a cortesia de não pagar a conta. No contar piadas, tocar e cantar. E, mais ainda,
e cantaram com os caravaneiros. Naquele outro dia, de alma nova, depois do café viver aventuras inéditas para a maioria,
dia, a alegria foi tão contagiante que o da manhã, todos partiram direto para principalmente, do sul e sudeste do país,
grupo perdeu o melhor momento da tá- Fortaleza e iniciaram a parte científica da que só faziam trilhas nas grandes avenidas
bua de maré, não conseguindo chegar a Jornada Norte/Nordeste de Fortaleza. e corredores dos hospitais. A oportunidade
Canoa Quebrada. Os participantes segui- Os anfitriões e organizadores Carlos de estabelecer grandes amizades, aprender
ram por um pequeno trecho de asfalto e Lacerda e Luiz Alberto Leite, de Recife, a valorizar o convívio em grupo, inclusive
chegaram à tardinha, em Mossoró, e per- cuidavam de tudo, providenciavam os car- discutindo e conversando sobre ciência
noitaram no Hotel Termas, com piscinas ros, adesivos, camisetas, percurso, manti- e cirurgia, são os marcos dessa aventura
de águas quentes, um deleite contra o mentos, gelo, bebidas e a banda de forró toda que vivemos juntos e que uniu ciên-
cansaço. No dia seguinte, acordaram cedo The Phezys. O grupo organizador fazia as cia, aventura e muita diversão.

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PASSATEMPO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Uma das paradas para


conversar e entrar na água,
durante o passeio pelo Delta
do Parnaíba

OS ROTEIROS
Sete viagens chegaram a ser realizadas,
sempre com os colegas cirurgiões anima-
dos com o evento social e suas aventuras,
tanto quanto a grade científica, também
repleta de especialistas renomados e te-
mas da atualidade. Veja, a seguir, detalhes
de alguns dos roteiros.

• Recife para Maceió, via Paulo Afonso


com visita à hidroelétrica, Xingó com vi-
sita à hidroelétrica, trilha do cangaço em
Piranhas, navegação pelo Rio São Francis-
co e término em Maceió, para a Jornada
Norte/Nordeste.

• Recife para Salvador pela beira-mar, tri-


lhas 4 x 4 via Maragogi, em Alagoas, com
degustação de lagostas frescas; Maceió,
praia do Francês, Aracajú, Sergipe, delta
do São Francisco, litoral norte da Bahia
até chegar na Jornada de Salvador.

• Recife para Fortaleza via João Pessoa,


incluindo litoral norte da Paraíba, litoral
do Rio Grande do Norte via Pipa, Geni-
pabu, Touros, Mossoró, Canoa Quebra-
da, no Ceará, até chegar em Fortaleza
para a jornada.

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A ÚLTIMA TRILHA (2011)


Trilha Fortaleza-Belém do Pará
via Jericoacoara

Detalhes dessa trilha, que é muito especial,


e partia de Fortaleza para Belém do Pará
via Jericoacoara, Delta do Parnaíba e Len-
çóis Maranhenses. Uma viagem fantástica,
regada a aventura, gastronomia, música.

Como funcionava a caravana:

Inscrição
Dava direito a tudo, incluindo boné, cami-
sas, estadias nas pousadas e passeios.

Curiosidade
Os caravaneiros eram convidados a realizar
um depósito inicial em espécie, com valores
iguais aos de todos os participantes, para
que todos comessem e bebessem à von-
tade. O dinheiro ficava em um bisaco (sa-
cola de pano), que os tesoureiros, Ronaldo
Braga (PB) e Felipe Vieira (PE), utilizavam
para pagar toda e qualquer despesa. Se
não beber, paga; se não comer, também
paga. Se o bisaco secar, todos depositam
novamente e, assim, ninguém brigava nem
se preocupava com as contas.

1º Dia
Transfer off-road 4x4 pelas praias de For-
taleza a Jericoacoara. Saída do ponto de
encontro e início no horário planejado,
sempre precisos: 4h44, 5h55 ou 11h11.
Tínhamos uns supersticiosos no grupo!
Vale salientar uma particularidade, in-
clusive por motivos de segurança: os quatro
carros eram adesivados com números 07,
17, 27 e 37. Quando chegavam com carro
07 e 27, em restaurantes e postos de gaso-
lina, o atendimento era prioritário, pois era
comum as pessoas perguntarem pelos ou-
tros carros 01, 02, 03, 13, etc., e agilizavam
os serviços sempre dando a impressão de
que o grupo era muito grande e forte.

2º Dia
Transfer off-road em veículo 4x4 de Jerico-
acoara para Delta do Parnaíba, fazendo o
passeio na Lagoa Azul e do Paraíso, pas-
sando pela praia de Mangue Seco. Balsa de
Guriu, Tatajuba Velha, Tatajuba Nova, Duna
do Funil, onde é possível escorregar de es-
quibunda; lagoa da Torta com parada para

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PASSATEMPO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

banho e refeição, camboa do feijão bravo,


duna da Ilha do Amor, balsa de Camocim
no rio Coreaú, no outro dia às 5h55.

3º Dia
Transfer em lancha rápida com passeio Passeio coletivo off-road nos Grandes Lençóis: Lagoa Azul e do Peixe
pelo Delta do Parnaíba, com saída às
8h08, passando por vários igarapés, du-
nas e ilhas, fazendo uma parada para ba-
nho de rio na Baía do Caju.
Transfer off-road 4x4 até a cidade de
Paulino Neves, também conhecida por Rio
Novo dos Lençóis, começo dos Pequenos
Lençóis Maranhenses, onde se encontra o
“Oásis de Rio Novo”, uma maravilha para
ver e fotografar. Daí em diante, segue por
trilha off-road pelas dunas, campo e praia
até o Caburé, com várias pousadas e óti-
mos restaurantes. De um lado o mar; de
outro, o Rio Preguiça. Saída às 11h11.
Transfer com passeio pelo Rio Preguiças
em lancha voadeira, destino Barreirinhas,
com passeio panorâmico passando pelo Farol
de Mandacaru e Vassouras. Saída às 15h15.
Pernoite em Barreirinhas na Pousada
do Rio ou similar em apartamento com ar-
-condicionado, TV, frigobar, banho quente
e café da manhã.

4º Dia
Passeio coletivo off-road nos Grandes
Lençóis, Lagoa Azul e do Peixe (jardineira
4x4 Toyota). Saída as 09h09.
Transfer de carro privativo com ar-con-
dicionado, de Barreirinhas para São Luís,
com saída a combinar. Percurso: 3h33.
Avião de São Luís, Maranhão, para
Belém, Pará, devido à distância continen-
tal e Floresta Amazônica.
Chegada em Belém e início da parte cien-
tífica da jornada. A Dra. Lastênia, presidente
da SBCP local, nos recebeu em grande estilo.
E, continuando a parte profana, a banda The
Phezys tocou no jantar de encerramento.

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PASSATEMPO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Praias maravilhosas,
boa música e excelente
culinária local”
Dr. Fabio Nahas, um dos participantes das
trilhas organizadas pelos amigos cirurgiões
do Nordeste, relata essa experiência.

DEPOIMENTO DR. FABIO NAHAS


“A dupla Lula / Lacerda é a espinha
dorsal desta experiência maravilhosa,
conhecendo o coração do Brasil com
suas praias maravilhosas, boa música e
excelente culinária local. Uma passagem
muito curiosa se deu quando tivemos,
por limitação do local onde pernoitamos,
que dividir um quarto em três pessoas.
Isso nunca foi um problema para quem
já ficara várias noites de plantão em
pronto-socorro ou UTI e conseguia dor-
mir, mesmo que alguns minutos, no meio Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas, que, como eu, havia passado a noite
da confusão. O que eu não sabia, porém, em São Paulo, quando acampei em Águas em claro. Ele, o cara que era o mais
era que um dos companheiros de quarto Calientes, na Bolívia, quando caliente, na conhecido da turma por ter o ronco
era o maior roncador do grupo. realidade, era a barraca, ou ainda no salão mais ruidoso do Nordeste, não pregou
Esse cara, gentilmente, informou a de uma igreja, na Intermed. o olho durante toda a noite. Aliás, todos
mim e ao outro colega que tinha essa Tudo passava pela minha cabeça, até sabiam da fama dele e, por esta razão,
característica e que nos daria um plug que decidi entender de onde vinha aquele ninguém quis dividir o quarto com ele.
de orelha, daqueles que habitualmente som que transfixava o plug auricular. Le- Mas ninguém suspeitava que o terceiro
recebemos em avião, para que fôssemos vantei-me e fui dar uma olhada no colega elemento era o grande roncador.
poupados do trovão noturno. Bem, após que, horas antes, havia me presenteado Em resumo, nenhum de nós dormiu e
colocar o plug no ouvido fomos dormir. com o tapa ouvidos. Percebi que o ronco o causador do transtorno alegava, no dia
Noite tranquila e quente, típica do Nor- não vinha dele e sim do outro amigo. seguinte, que não fora ele quem roncara.
deste naquela época do ano, atenuada O gentil colega também não con- Foi a piada da semana, porque ocorreu no
pelo ar-condicionado do quarto. Adormeci seguia dormir por causa da ruidosa início da viagem. A grande integração en-
e logo acordei. A sensação era de que ha- respiração do terceiro componente do tre cirurgiões plásticos de todo o país, pro-
via uma serra elétrica no quarto. Pensei: quarto. Ele me disse que nunca havia porcionada pelo grupo do Nordeste, com-
já estive em ambientes bem mais adver- passado por uma experiência tão trau- posto por grandes amigos e acolhedores é
sos quando dormia em cima da maca do mática e, no dia seguinte, me revelou a grande importância desse evento.”

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30
PLÁSTICA NA MÍDIA REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

SBCP-SP NA IMPRENSA
IMAGENS: REPRODUÇÃO

A lipoaspiração em alta definição (lipo


HD ou lipo LAD) esteve em destaque na
imprensa nos primeiros meses de 2021.
O procedimento foi tema de três repor-
tagens, com participação do Dr. Felipe
Coutinho, presidente da SBCP Regional
São Paulo. A primeira foi publicada pelo
site da TV Cultura, em fevereiro, quando
o Dr. Felipe falou sobre a importância de
sempre buscar cirurgiões plásticos devi-
damente qualificados para a realização
de qualquer procedimento. A reportagem
mostrava pacientes que enfrentaram
complicações pós-cirúrgicas.
No mês seguinte, o tema voltou a ser
destaque no Câmera Record, da TV Record,
programa exibido aos domingos e com ele-
vada audiência. Além da lipo HD, a matéria
revelava que a procura por cirurgias plásti- explica as características e indicações cita também a entrevista do Dr. Alfredo
cas, em alguns segmentos, havia apresen- do procedimento. “É uma cirurgia refi- Hoyos, criador da técnica, concedida ao
tado alta em plena pandemia. nada, indicada para quem já está bem Dr. Fabio Nahas para a revista Plástica
Por fim, a revista Marie Claire trou- e busca eliminar gordura subcutânea Paulista, da Regional São Paulo.
xe ampla reportagem sobre lipo HD na para contornar melhor e destacar a Veja as entrevistas completas no site e
edição de março, em que o Dr. Felipe musculatura”, disse à revista. A matéria nas redes sociais da SBCP-SP.

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MEU OLHAR CLÍNICO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

IMAGENS: ARQUIVO PESSOAL

Meus dois grandes mestres: Professores Antonio Estima e Ivo Pitanguy

Conheça a trajetória profissional e de


vida do Prof. Dr. Carlos Oscar Uebel

“N
asci em São Leopoldo, ci- Seria minha primeira viagem inter- com este Alemão, porque ele não sabe
dade-berço da imigração nacional. Na sequência, a minha esposa nada em Português”.
alemã no Brasil, onde fiz Walderez, já enfermeira e professora Para mim foi uma satisfação poder
minha formação básica no da UFRGS, foi realizar seu mestrado contribuir com aquele estagiário, fazen-
Colégio Sinodal. Aos 18 anos, passei a na UFERJ. Juntos, então, fomos para do as devidas traduções. Mais tarde,
residir na cidade de Porto Alegre, no Rio o Rio de Janeiro, residindo durante os aquele colega viria se tornar um grande
Grande do Sul, onde iniciei o Curso de anos de 1976 e 1977. Nesta época fui amigo e associado, em Berlim, onde re-
Medicina na UFRGS e onde conheci a mi- aceito no serviço do Prof. Ivo Pitanguy e alizei cirurgias por mais de trinta e qua-
nha futura esposa, Walderez, que cursava também passei pelos serviços dos pro- tro anos consecutivos. Ao final de 1977,
enfermagem na mesma universidade. No fessores Ronaldo Pontes, Liacyr Ribeiro, concluída a nossa formação, recebi o
Departamento de Cirurgia, cumpri mi- Claudio Rebelo, William Bonhote e Ruy certificado de Membro Efetivo da Asso-
nha residência médica em Cirurgia Geral Vieira. Foi uma época maravilhosa, na ciação dos Ex-alunos do Prof. Pitanguy
e, logo a seguir, fui aceito no Serviço de qual conheci todo o glamour do Rio e (AEXPI), das mãos do Dr. Farid Hakme,
Cirurgia Plástica do prof. Antonio Estima, participei, ainda, de inúmeros cursos na época presidente da Associação. Re-
onde cursei a especialidade durante três e congressos. Durante a minha estada tornamos a Porto Alegre, onde inicia-
anos. Ao término, em 1975, prestei o exa- na clínica Ivo Pitanguy, conheci um co- mos nosso trabalho profissional e onde
me de titular da Sociedade Brasileira de lega da Alemanha, Dr. Peter Pohl, que tivemos nossos dois queridos filhos,
Cirurgia Plástica, tendo obtido o primei- veio fazer um estágio e que só falava Juliane e Paulo. Walderez, como profes-
ro lugar no concurso de residentes com alemão. O professor, sabendo que eu sora da Faculdade de Enfermagem da
o trabalho “Policizações nas amputações dominava o idioma, pediu para acom- UFRGS, e eu, como cirurgião plástico
traumáticas da mão” e, como prêmio, panhar este colega durante as cirurgias. dos Hospitais Moinhos de Vento e da
uma viagem ao Congresso Ibero Latino- E dizia:“Uebel kümmert dich auf dem Beneficência Portuguesa, onde atendia
-americano de Cirurgia Plástica, em Quito, Deutsche weil Er kann kein Portugies- os pacientes particulares e do SUS (na
no Equador. ches”. Traduzindo: “Uebel, preocupa-te época, INPS, cujo concurso nacional eu

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MEU OLHAR CLÍNICO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

havia realizado ainda no Rio de Janei-


ro e, com o segundo lugar conquista-
do, consegui a transferência para o Rio
Grande do Sul).
Na época do verão, nós íamos para
as praias de Tramandaí e Capão da Ca-
noa, onde trabalhávamos com o meu
irmão, Paulo, que era médico, diretor do
hospital local e dono do Pronto Socorro
Atlântico Sul. Foi um período excelente
porque nos dava um respaldo financeiro
muito bom e um convívio familiar com
os meus pais que, ali, veraneavam to-
dos os anos unindo o útil ao agradável.
Nosso primeiro trabalho com o meu irmão Paulo Antonio, no Hospital e Pronto
Hoje, no verão, a nossa família se divide Socorro em Tramandaí. Junto com meus pais Nilo e Lilly, Walderez e Rosa Maria
entre Punta Del Este, no Uruguai, e Xan-
gri-lá, no Rio Grande do Sul.

SBCP
Em Porto Alegre, eu já participava dos
eventos importantes da Regional de
Cirurgia Plástica. Comecei ali como se-
cretário e passei a ocupar o posto de
presidente da Regional do Rio Grande
do Sul, em 1984, quando organizamos
o XXII Congresso Brasileiro de Cirurgia
Plástica, em Gramado, juntamente com
os colegas Nelson Heller, Alexis Pache-
co, Jorge Ely, Pedro Martins e Roberto
Chem. Até então, foi o congresso que
Inauguração da nossa clínica, em 1986, pelo Prof. Ivo Pitanguy, na presença do Dr. Pedro Martins,
reuniu o maior número de associados, Presidente da SBCP; Nelson Heller, Presidente da Regional, e outros colegas de Porto Alegre
trazendo vários nomes internacionais
como Tom Rees (USA), Rudy Meier (Su-
íça) e Wolfgang Mühlbauer (Alemanha),
entre outros. Na época, o Dr. Melchiades
Cardoso de Oliveira era o presidente da
nacional. Com o superávit do congresso,
conseguimos adquirir a primeira sede da
Regional, que foi inaugurada pelo Prof.
Ivo Pitanguy, no final de 1985.
Mais tarde, eu ocuparia vários cargos
Grupo da Diretoria da Regional RS, que organizou o Gramado em 1985, durante o 22º Congresso Brasilei-
na SBCP, como o de Diretor Internacional na 22º Congresso Brasileiro da SBCP, em Gramado, em ro da SBCP. Pedro Martins, Rudy Meier, Nelson Heller,
gestão de Oswaldo Saldanha, Diretor Cientí- 1985. Jorge F. Ely, Pedro Martins, Roberto Chem, Ronil- Tom Rees, Luiz Degrazia, Ivo Pitanguy e Carlos Uebel
do Storck, Nelson Heller, Alexis Pacheco e Carlos Uebel
fico do DEC juntamente com Pedro Martins,
na gestão de Sergio Carreirão, que nos deu
a oportunidade de realizar os congressos de
Florianópolis e Belo Horizonte em duas sa-
las. Isto permitiu um maior aproveitamento
do programa científico, que, logo, foi sen-
do adaptado para os próximos eventos da
SBCP. Também fui vice-presidente na exce-
lente gestão de José Tariki e o apoiei logo a
seguir, para que ocupasse a presidência da
Inauguração da Sede da Regional RS, com a Visita do Prof. Pitanguy à Berlin, em 1988.
FILACP, Federação Ibero Latinoamericana de presença de Antonio Estima, Ivo Pitanguy e Portão de Brandeburg com Peter Pohl,
Cirurgia Plástica. outros colegas, em 1985 sua esposa Lydia e eu.

33
MEU OLHAR CLÍNICO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Em 1992, foi comemorado em Berlin os 200 anos do nascimento de


Dieffenbach, considerado Pai da Cirurgia Plástica Reparadora, quando três
brasileiros foram homenageados: Ricardo Baroudi, Jorge Ely e Ivo Pitanguy

Visita à Universidade Charrité, no lado Oriental, à convite do Prof. Wolfgang –


Diretor da Faculdade de Medicina, onde Dieffenbach, Joseph e Virshow trabalharam.

Visita ao túmulo de Dieffenbach: Benito Villar-Sancho, Manuseando o livro de Jacques Joseph na biblioteca do
Ralph Millard, Carlos Uebel, Peter Pohl, Jaime Planas e Ivo Pitanguy Prof. Gabka em Berlin, com Ronildo Storck.

Visita à Muralha da China, quando


estivemos em Xangai e Pequin

Simpósio da ISAPS em Biarritz, França, Jogando golfe com Javier de Benito e Tom Biggs,
organizado por Yan Levet no famoso Clube de Valderrama, Espanha

SIMPÓSIO INTERNACIONAL científico intenso, aliado a um programa e do Dr. Tom Biggs. Ocupei praticamente
No ano de 1999, Ewaldo Bolivar e eu cria- cirúrgico ao vivo, com transmissão direta todos os cargos diretivos, com destaque
mos o Simpósio Internacional, um dos maio- desde o centro cirúrgico dos Hospitais de na função de Traveling Professor, com a
res eventos de Cirurgia Plástica e Estética São Paulo e de centros cirúrgicos do exte- qual viajei para proferir conferências em
da América Latina. Por 21 anos ininterrup- rior. Neste ano de 2021, nós cancelamos o vários países e universidades. Em 2012,
tos, realizamos, em São Paulo, o Simpósio, Simpósio por causa da Covid-19, mas uma cheguei à presidência mundial, cargo que
sempre em um final de semana de março, nova edição agendada para março de 2022 recebi das mãos do presidente Jan Poëll,
trazendo os mais recentes avanços de nossa já está sendo preparada. na cidade de Genebra, na Suíça. Foram
especialidade, com professores convidados dois anos de intenso trabalho e congres-
nacionais e internacionais da maior ex- ISAPS sos, tendo viajado para mais de vinte pa-
pressão. Este evento, que agora conta com íses. O nosso Congresso Internacional foi
o estimado colega Antonio Graziosi, tem a Ingressei na ISAPS em 1985, como mem- realizado na cidade do Rio de Janeiro e
particularidade de realizar um programa bro ativo a convite do Dr. Ricardo Baroudi contou com mais de 2.200 participantes,

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MEU OLHAR CLÍNICO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Congresso em New Dehli, India. Manoel Athayde, Congresso em Napa Valey.


João Erfon e os casais Bins Ely, Arnaldo Miro e Carlos Uebel Recepção na residência de Mark Gorney

Simpósio da ISAPS em Düsseldorf: Müller, Gubisch, Uebel,


Fehler, Richter, Residente e Prof. Olivaris

Churrasco em nossa residência: Ricardo Baroudi, Prado Neto,


Ewaldo Bolívar, Carlos Uebel, Ivo Pitanguy, Jose Horácio,
Daniel Baker, Antonio de La Fuente e Oswaldo Saldanha

Prof. Pitanguy sempre gostou de uma boa carne e de um bom vinho. Opernball em Viena, Áustria, vestidos de frake Heller,
Ao fundo, a cabeça empalhada de um Marlin Azul, que eu havia Pitanguy e Uebel. Este evento abre os tradicionais Bailes
pescado no sul da Bahia, com 468 Kg Vienenses desde os tempos de Sissi, a Imperatriz

Recebendo o bastão da Presidência da ISAPS Em frente ao Circo Knie, onde se realizou a posse da Presidência.
das mãos de Jan Poell em Genebra, Suíça, em 2012 Luiz e Rosana Pedrini, Paulo e Mariana Uebel, Carlos e Walderez Uebel

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Board e Membros dos Capítulos, que me acompanharam


durante os dois anos da Presidência na ISAPS

Abertura oficial do 22º Congresso Mundial da ISAPS, em 2014,


no Rio de Janeiro, com 2260 participantes inscritos

Comissão dos eventos locais - Luiz e Cintia


Heredia; Carlos e Walderez Uebel; Ruy e Magali Vieira

Jorge Herrera (Arg) Diretor Científico do Congresso e Carlos Uebel

Confraternização na sede do Itanhangá Golf Club RJ,


com a entrega dos destaques do ano

Cúpula dos Ex-Presidentes da ISAPS – Sampaio Goes, Passagem da Presidência da ISAPS


Bryan Mendelson, Carlos Uebel, Tom Biggs, Ricardo para o casal Susumu Takaianaga, do Japão,
Baroudi, Susumu Takaianaga, Jean Poell no encerramento do Congresso

até então um recorde, e que foi suplanta- -me a realizar cirurgias em sua clínica. como Nelson Heller, Ronildo Storck, Pe-
do, mais adiante, pelo congresso de Mia- Isto foi em 1978 e a cidade contava dro Martins e Rinaldo Pinto. Foi ali que
mi, do colega Renato Saltz. Com o apoio com apenas cinco ou seis cirurgiões conheci a cultura alemã, seus museus,
recebido da SBCP, o congresso fez uma plásticos. Um paradoxo, uma vez que suas óperas, teatros, a filarmônica com
doação substancial à Fundação IDEA, pre- naquele centro foi onde Dieffenbach, seu maestro Herbert von Karajan e por-
sidida pelo Dr. Pedro Martins. Joseph e tantos outros se notabilizaram que não dizer seus restaurantes e a sua
por técnicas reconstrutivas da face e vida noturna. Uma cidade pujante e de
BERLIN do nariz. No início, viajávamos quatro onde eu trouxe a ideia, em 1987, para
vezes ao ano. Berlin era ainda dividida, o professor de fazermos nosso 1º En-
Berlin foi a minha segunda cidade, entre a ocidental e a oriental, por um contro Internacional dos ex-alunos, algo
onde exerci a minha especialidade. O muro. Outros colegas também partici- que foi logo apoiado e referendado pelo
Dr. Peter Pohl, que eu havia conhecido param ativamente daquele programa nosso querido colega Ewaldo Bolivar, na
no serviço do Prof. Pitanguy, convidou- cirúrgico, que era sempre muito intenso, época presidente da Associação dos Ex-

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Último Simpósio realizado em março de 2020, em São Paulo, com


Antonio Graziosi. Também presentes Elvio Garcia e Flavio Hojaij

Simpósio Internacional realizado


anualmente em São Paulo, com Ewaldo
Bolivar, Prof. Ivo Pitanguy e Carlos Uebel

Simpósio em São Paulo com o presidente da SBCP, Níveo Steffen,


e Norinha Steffen, Diretor do DEC Mauro Deos e Carlos e Walderez Uebel

Platinum Follicle Award


conquistado em 2000, durante o
congresso da ISHRS no Havai

Höller Nadel – Condecoração de Membro Honorário


Raymond Villar Award conquistado no da Sociedade Alemã de Cirurgia Plástica, em Berlim,
Congresso da ASAPS, em São Francisco (EUA) por seu Presidente Prof. Mario Feller

-alunos. Foram três dias de intensa pro- plásticos dos cinco continentes. Entre os
gramação científica e cultural. quais estiveram três brasileiros: Ivo Pi-
Logo a seguir, em 1988, acompa- tanguy, Jorge Ely e Ricardo Baroudi. Foi
nhei o Prof. Pitanguy à Universidade um acontecimento único e inesquecível
Charrité, localizada no lado oriental, da cirurgia plástica mundial.
onde a convite do Prof. Wolfgang Sch- Outra viagem interessante na qual
midt, foi realizada uma conferência ma- acompanhei o professor Pitanguy foi a
gistral. Depois, em 1992, outro evento Luxemburgo, onde, a convite da uni-
significativo aconteceu em Berlim: os versidade local, ele foi agraciado com
200 anos de nascimento do Prof. Die- a Comenda do Grão Ducado. Nelson
ffenbach, organizado pelos Prof. Gabka Heller e eu fomos também com o pro-
e Prof. Vaubel. Na ocasião, foram home- fessor para Viena, na Áustria, onde, a
nageados os mais expressivos cirurgiões convite do Grupo Moser, participamos

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MEU OLHAR CLÍNICO REVISTA PLÁSTICA PAULISTA

Curso de Face em cadáveres, ministrado por três anos consecutivos


em conjunto com o Dr. Dirck Richter, na divisão de Anatomia da Universidade
de Viena, sob a chefia dos profs. Traxler Hannes e Norbert Fock

Ministrando curso de Anatomia da Face em cadáveres na


Universidade de Viena, sob a chefia do Prof. Traxler Hannes e Norbert Fock

Residentes formados sob nossa chefia no Serviço de Cirurgia Plástica


da PUC-RS, oriundos de várias cidades do País e do exterior

Foto da nossa família com filhos e netos, quando


se reúnem para as festas de fim de ano

do Wiener Opernball, um dos eventos torado, em 2007, com a tese “Fatores de Alegre, formei também vários Assistentes
sociais mais importantes da Áustria, Crescimento Plasmáticos para estimulação que hoje ocupam posições acadêmicas
iniciado pela Imperatriz Sissi, no século das Células Tronco Capilares”, trabalho destacadas no país e exterior. Com um
passado, e que introduz as Debutantes que se tornou um grande avanço para o moderno centro cirúrgico e todos os re-
do Ano à Sociedade Vienense. Pitanguy crescimento das unidades foliculares nas quisitos de segurança exigidos pelas Se-
gostava disso tudo e a todos encantava cirurgias da calvície. Realizamos vários cretarias de Saúde, fundamos em 1986,
com a sua simpatia, sua cultura e sua cursos e jornadas naquela época, trazendo a nossa Clínica de Cirurgia Plástica, na
eloquência, uma vez que conseguia se importantes nomes da Europa, dos Estados capital do Rio Grande do Sul. Ela foi inau-
expressar em vários idiomas. Hoje, a Eu- Unidos e da América do Sul. Depois, em gurada pelo Prof. Pitanguy, com um gran-
ropa perdeu um pouco daquele glamour 2015, assumi a chefia do serviço, dando de número de colegas gaúchos. Nesta
que havia nas décadas de 70, 80 e 90, sequência aos objetivos implantados por clínica, recebemos mais de 460 cirurgiões
mas sempre que retorno a Berlin eu sin- Pedro Martins na formação de alunos e que aqui vieram observar as cirurgias do
to saudades daquele tempo. residentes. Estes, hoje, nos orgulham ao contorno corporal, do mini-abdômen, da
vê-los exercendo a especialidade em vários lipoaspiração e, principalmente, o micro-
PUC-RS pontos do país e do exterior. Hoje a chefia -implante capilar para a calvície. Trata-se
está com o Dr. Miltom Paulo Oliveira. de uma época cirúrgica e de ensino muito
Em 1991, fui convidado pelo Prof. Pedro produtiva. E seguimos assim, entregando
Martins a integrar o grupo de preceptores CLÍNICA UEBEL muita segurança aos nossos pacientes e
do Serviço de Cirurgia Plástica da PUC-RS. transmitindo aos nossos alunos e residen-
Naquela faculdade, realizei o meu dou- Como Diretor da Clínica Uebel, em Porto tes o nosso conhecimento.”

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