Você está na página 1de 191

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/325631528

Efeito das mudanças climáticas no sistema de defesa das plantas

Chapter · December 2016

CITATIONS READS

0 715

3 authors, including:

Mateus Freitas Marciel J. Stadnik


Federal University of Santa Catarina Federal University of Santa Catarina
17 PUBLICATIONS   276 CITATIONS    94 PUBLICATIONS   1,310 CITATIONS   

SEE PROFILE SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Management of summer rots of apples in Brazil View project

Defense mechanisms involved in resistance Phaseolus vulgaris to Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli View project

All content following this page was uploaded by Marciel J. Stadnik on 31 December 2020.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


RAPP - Volume 24, 2016
I

RAPP
RAPP
RREVISÃO A NUAL DE
RAPP
EVISÃO ANUAL DE
PPATOLOGIA D E PLANTAS
ATOLOGIA DE PLANTAS
REVISÃO A23,NUAL
Volume 24,
Volume 2016
2015
DE
PATOLOGIA DE PLANTAS
Volume 23, 2015

Valorize sua formação profissional,


seu futuro e sua consciência.

Valorize sua formação profissional,


RAPP - Volume 23, 2015 seu futuro e sua consciência.

RAPP - Volume 23, 2015

II RAPP - Volume 24, 2016


REVISÃO ANUAL DE PATOLOGIA DE PLANTAS
COPYRIGHT© REVISÃO ANUAL DE PATOLOGIA DE PLANTAS
2016

RAPP
REVISÃO ANUAL DE PATOLOGIA DE PLANTAS

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem prévia


autorização, por escrito, do editor.

RAPP - REVISÃO ANUAL DE PATOLOGIA DE PLANTAS


SGAS 902 Bloco B Salas 102 e 103
Edifício Athenas Asa Sul
Brasília DF Brasil
CEP 70390-020
Site SBF: www.sbfito.com.br
Site RAPP: rappsbf.weebly.com

Publicado no Brasil

Diagramação:
Gráfica Diagrama

RAPP - Volume 24, 2016 III


RAPP

VOLUME 24, 2016

COMISSÃO EDITORIAL

Edson L. Furtado
Fernando Cezar Juliatti
Francisco Murilo Zerbini
Mario Lúcio V. Resende
Marcos A. Machado
Sérgio F. Pascholati

RONALDO J. D. DALIO

Editor chefe
RAPP

Uma publicação da REVISÃO ANUAL DE PATOLOGIA DE PLANTAS

Brasília DF
ISSN 0104 - 0383

IV RAPP - Volume 24, 2016


EDITORIAL

Renovar para avançar

T oda a comunidade da fitopatologia brasileira concordará que a Revisão Anual de Patologia de


Plantas se incorporou definitivamente como obra de referência para todos os profissionais e
estudantes que atuam nessa área. Com seus capítulos atualizados e abrangendo não só assuntos
específicos do Brasil, mas de toda a ciência da fitopatologia ela, juntamente com a Tropical Plant Pa-
thology e a Summa Phytopathologica, consolidam e difundem informações científicas e tecnológicas
essenciais para o avanço ainda maior da agricultura brasileira.
Ao ser definitivamente incorporada à Sociedade Brasileira de Fitopatologia a RAPP tornou-
-se institucional e passa a ter abrangência maior, sendo uma publicação que continuará consolidando
assuntos atuais e importantes. Ao ser disponibilizada eletronicamente ela segue a tendência irre-
versível de publicações científicas. Quando se tornar completamente aberta seu índice de citação
aumentará expressivamente.
Seu novo formato editorial demonstra leveza e alinha-se com outras publicações de revi-
sões. Melhoria contínua no conteúdo e formato sinalizará que ela está no caminho de ser compara-
da, em futuro próximo, às melhores publicações do gênero. É evidente que a comunidade científica
que mantém dinâmica e competitiva a Fitopatologia Brasileira está mais que habilitada a enriquecer
e elevar o nível das revisões publicadas pela RAPP.
Como toda área da ciência, a Fitopatologia defronta-se com desafios crescentes, principal-
mente face às questões relacionadas a sustentabilidade de produção agrícola, aumento e agrava-
mento de problemas fitossanitários e a problemas ambientais, principalmente aqueles associados
a mudanças climáticas, cada vez mais determinantes na agricultura. A resposta a isso deverá vir na
forma de novas tecnologias de manejo, novos cultivares e novas tecnologia de produção. O caminho
para todos esses desafios passa necessariamente pela ciência da Fitopatologia. Avanços somente
podem alcançados se o caminho da ciência for mantido e fortalecido. Fora disso não há milagres. A
RAPP a medida que seguir o caminho da qualidade de suas revisões deverá contribuir em muito para
que os avanços se concretizem.
A RAPP passa também a adotar o sistema de trabalho com revisão submetidas ao invés
de revisões convidadas. Com isso espera-se que maior número de revisões serão submetidas para
avaliação e eventual publicação, ampliando sobremaneira o número de colaboradores. Revisões con-
vidadas podem sugerir que sejam revisões aceitas, o que nunca foi o caso. Somente mantendo sua
qualidade editorial é que ela se fortalecerá como veículo importante na Fitopatologia Brasileira. To-
das as frentes de avanço do conhecimento e da tecnologia devem ser priorizados. A diversidade e a
amplitude da Fitopatologia permitem isso.
Toda a comunidade da Fitopatologia Brasileira está convidada a fazer com que a RAPP ali-
nhe-se cada vez maisàs mais prestigiadas publicações brasileiras.

Dr. Marcos A. Machado


Membro do corpo editorial da RAPP e
Diretor do Centro de Citricultura Sylvio Moreira – IA- SP

RAPP - Volume 24, 2016 V


CONTEÚDO

VÍRUS TRANSMITIDOS POR MOSCAS-BRANCAS Alice Kazuko Inoue-Nagata 8-9


NO BRASIL: VETORES, PRINCIPAIS Claudine Márcia Carvalho
DOENÇAS E MANEJO Francisco Murilo Zerbini
Jorge Alberto Marques Rezende
Renate Krause Sakate
Tatsuya Nagata

MANCHA DE MICOSFERELA: O GRANDE Martha Maria Passador 30-41


OBSTÁCULO PARA O CULTIVO DE EUCALYPTUS Edson Luiz Furtado
GLOBULUS NO BRASIL

MANEJO DO MÍLDIO DA CEBOLA: AVANÇOS E Edivânio R. Araújo 42-54


BARREIRAS DA PESQUISA CIENTÍFICA Daniel P. Alves

FUNGOS “DARK SEPTATE” E SUA RELAÇÃO Peter Soares Medeiros 55-69


COM AS PLANTAS E Carlos Vergara Torres Júnior
FITOPATÓGENOS Claudia Maria Xavier Faria
Kerly Martínez Andrade
Jerri Édson Zilli
Carlos Antonio Inácio

NEMATOIDES QUARENTENÁRIOS PARA O BRASIL - Paulo Sergio Torres Brioso 70-103


DIAGNOSE, CONTROLE E PERSPECTIVAS Ricardo Moreira de Souza

RISCOS POTENCIAIS DE PATÓGENOS FLORESTAIS Celso Garcia Auer 104-114


EXÓTICOS PARA O SETOR FLORESTAL BRASILEIRO Álvaro Figueredo dos Santos

BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS: PASSADO, PRESENTE E Bruna Canabarro Pozzebon 115-129


PERSPECTIVAS VISANDO UM FUTURO SUSTENTÁVEL Juliano dos Santos

EFEITO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO Mathias Ferrari Rockenbach 130-144


SISTEMA DE DEFESA DAS PLANTAS Mateus Brusco de Freitas
Marciel João Stadnik

RESISTÊNCIA DE MONILINIA SPP. AOS FUNGICIDAS Paulo dos Santos Faria Lichtemberg 145-173
DOS GRUPOS DOS INIBIDORES DA DESMETILAÇÃO Isabela Vescove Primiano
(IDM), DOS INIBIDORES DA QUINONA Juliana Muehlmann Fischer
EXTERNA (IQE) E DOS METILO BENZIMIDAZOL Chirley Glienke
CARBAMATOS (MBC)
Lilian Amorim
Louise Larissa May De Mio

SCLEROTINIA SCLEROTIORUM: MOLECULAR Wei Wei 174-189


ASPECTS IN PLANT-PATHOGENIC INTERACTIONS Steven J. Clough

VI RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

VÍRUS TRANSMITIDOS POR


MOSCAS-BRANCAS NO BRASIL: VETORES,
PRINCIPAIS DOENÇAS E MANEJO
Alice Kazuko Inoue-Nagata1; Claudine Márcia Carvalho2;
Francisco Murilo Zerbini2; Jorge Alberto Marques Rezende3;
Renate Krause Sakate4; Tatsuya Nagata5

RESUMO
A mosca-branca Bemisia tabaci tem sido considerada a praga do sécu-
lo. Ainda não conseguimos conviver com essa praga cosmopolita, que além de
produzir prejuízos diretos para a agricultura tem nos efeitos indiretos a principal
fonte de preocupação dos produtores. A sua capacidade de atuar como vetor
de diferentes espécies de vírus e a extrema dificuldade de seu controle resulta-
ram na emergência de doenças sérias para a agricultura brasileira. Esta revisão
aborda as principais viroses associadas a B. tabaci no Brasil com descrições dos
vírus, das doenças e dos prejuízos que estas vêm causando à cadeia de produção
agrícola. Ainda há muito o que aprender para viabilizar um manejo adequado
dessas viroses e esta revisão tem como propósito apresentar as informações
atualizadas sobre os vírus e incentivar os interessados a trabalharem com esse
tema que é complexo e ao mesmo tempo atrativo e desafiador.

1. Introdução mais sérias da agricultura mundial. Junto com ela,


No Brasil, até o final da década de 1980, os emergiram viroses devastadoras para a agricultura,
insetos vetores de vírus mais relevantes eram os afí- destacando-se o mosaico dourado do tomateiro, o
deos (pulgões) e os tripes. Algumas espécies de ví- amarelão do meloeiro e amarelão do tomateiro. Fo-
rus dos gêneros Potyvirus, Polerovirus, Closterovirus, mos testemunhas da rápida e extensiva invasão do
Cucumovirus e Tospovirus representavam os vírus complexo mosca-branca-vírus. Atualmente, as viro-
de maior ocorrência em várias culturas. A única ex- ses associadas às moscas-brancas despontam em
ceção era o mosaico dourado do feijoeiro, causado todo o Brasil pela alta incidência e pelas perdas que
por um begomovírus transmitido pela mosca-branca elas causam. O seu manejo é dificultado pela com-
Bemisia tabaci. Esse cenário se modificou radical- plexidade do sistema agrícola brasileiro, onde áreas
mente a partir da década de 1990, quando ocorreu de produção contêm bons hospedeiros da mosca-
a introdução de um novo biótipo de Bemisia tabaci. -branca, presentes ao longo de todo o ano. Sendo
O biótipo B (atualmente considerado uma espécie um inseto polífago, a mosca-branca coloniza e mul-
críptica, B. tabaci Middle East-Asia Minor 1, MEAM1) tiplica-se em inúmeras plantas cultivadas, silvestres
rapidamente se dispersou em todo o território na- e invasoras, sendo, porém, as plantas cultivadas as
cional e hoje é considerado como uma das pragas mais prejudicadas. Dentre as grandes culturas mais
1
Embrapa Hortaliças, Brasília, DF, 70351-970 - E-mail: alice.nagata@embrapa.br; 2Dep. de Fitopatologia/BIOAGRO, Universidade Fe-
deral de Viçosa, Viçosa, MG, 36570-900 - E-mail: claudine.carvalho@ufv.br e zerbini@ufv.br; 3Dep. de Fitopatologia e Nematologia,
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP, 13418-900 - E-mail: jrezende@usp.br;
4
Dep. de Defesa Fitossanitária, FCA/UNESP, Botucatu, SP, 18610-370 - E-mail: renatekrause@fca.unesp.br; 5Dep. de Biologia Celular,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 70910-000 - E-mail: tatsuya@unb.br

RAPP - Volume 24, 2016 7


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

afetadas destacam-se a soja, o algodoeiro e o feijo- medidas extremas como o estabelecimento de


eiro, e dentre as hortaliças, o tomateiro, a batateira, vazios fitossanitários foram regulamentadas na
as brássicas e as cucurbitáceas. Verdadeiras nuvens tentativa de conter o mosaico dourado do feijo-
de moscas-brancas são regularmente observadas eiro e do tomateiro, respectivamente. O período
nas lavouras e não raro nas cidades nas épocas de de vazio fitossanitário, nestes casos, serve para
pico populacional, particularmente na época de se- reduzir a fonte de inóculo e não a população do
nescência da soja. vetor.
O controle da mosca-branca é muitas vezes Esta revisão tem a finalidade de reunir de
negligenciado, principalmente em culturas onde forma concisa as informações disponíveis sobre
as viroses associadas a esse vetor não causam as viroses associadas à mosca-branca e as princi-
prejuízos relevantes, como é o caso da soja e do pais características de B. tabaci, seguidas de um
algodoeiro. Considerando-se as graves perdas detalhamento sobre os principais vírus transmiti-
registradas em cultivos de feijoeiro e tomateiro, dos por esse vetor no Brasil (listados na Tabela 1).

Tabela 1. Vírus transmitidos por mosca-branca relatados no Brasil em plantas cultivadas.


Nome (acrônimo) Genoma Vetor(es) Hospedeiros naturais Nome comum da Importância
doença (se existir) econômica
Gênero Begomovirus
Bean golden mosaic virus ssDNA, dois B. tabaci, feijoeiro, soja, mosaico dourado alta
(BGMV) componentes persistente Macroptilium spp. do feijoeiro
Macroptilium yellow spot virus ssDNA, dois B. tabaci, feijoeiro, P. lunatus, mosaico dourado baixa
(MaYSV) componentes persistente Macroptilium spp. do feijoeiro (predominante
em AL)
Cotton chlorotic spot virus ssDNA, dois B. tabaci, algodoeiro -- baixa
(CCSV) componentes persistente
Okra mottle virus ssDNA, dois B. tabaci, quiabeiro -- baixa
(OMoV) componentes persistente
Sweet potato leaf curl virus ssDNA, um B. tabaci, batata-doce enrolamento das baixa (?)
(SPLCV) componente persistente folhas
Sweet potato leaf curl São ssDNA, um B. tabaci, batata-doce enrolamento das baixa (?)
Paulo virus (SPLCSPV) componente persistente folhas
Tomato chlorotic mottle virus ssDNA, dois B. tabaci, tomateiro mosaico dourado baixa
(ToCMoV) componentes persistente
Tomato common mosaic virus ssDNA, dois B. tabaci, tomateiro mosaico dourado baixa
(ToCmMV) componentes persistente (predominante
no ES)
Tomato golden vein virus ssDNA, dois B. tabaci, tomateiro mosaico dourado baixa
(TGVV) componentes persistente
Tomato mottle leaf curl virus ssDNA, um B. tabaci, tomateiro mosaico dourado alta (NE)
(ToMoLCV) componente persistente
Tomato rugose mosaic virus ssDNA, dois B. tabaci, tomateiro mosaico dourado/ baixa
(ToRMV) componentes persistente rugoso
Tomato severe rugose virus ssDNA, dois B. tabaci, batateira, tomateiro, mosaico dourado/ alta (SE, CO)
(ToSRV) componentes persistente pimentão, Nicandra rugoso
physaloides
Tomato yellow vein streak ssDNA, dois B. tabaci, batateira, tomateiro mosaico dourado baixa
virus (ToYVSV) componentes persistente
Tomato yellow spot virus ssDNA, dois B. tabaci, tomateiro, feijoeiro, mosaico dourado baixa
(ToYSV) componentes persistente soja, Leonurus
sibiricus
Gênero Crinivirus
Tomato chlorosis virus (+)ssRNA, dois B. tabaci e T. tomateiro, pimentão amarelão do intermediária
(ToCV) componentes vaporariorum, tomateiro
semi-persistente
Gênero Carlavirus
Cowpea mild mottle virus (+)ssRNA, um B. tabaci, não- soja, feijoeiro necrose da haste intermediária
(CPMMV) componente persistente
Melon yellowing-associated (+)ssRNA, um B. tabaci, não- meloeiro amarelão do intermediária
virus (MYaV) componente persistente meloeiro

8 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

2. A mosca-branca Bemisia tabaci compreendido por seis estádios: ovo, ninfa de pri-
Bemisia tabaci (Gennadius) (Hemiptera: meiro, segundo, terceiro e quarto instares (esta
Aleyrodidae), comumente denominada mosca- última referida como pupa) e adulto (Lourenção,
-branca, passou a ter destaque como praga global 2015). B. tabaci é um inseto multivoltino, que não
a partir da década de 1980, quando principalmen- apresenta diapausa ou estádio quiescente, de forma
te pelo comércio de plantas ornamentais este inse- que as populações são mantidas por meio dos recur-
to foi disseminado a partir de seu centro de origem sos vegetais existentes. No Brasil as principais cultu-
(Oriente Médio e Ásia Menor – “Middle East-Asia ras infestadas e prejudicadas por este inseto incluem
Minor”) para ao menos 54 países. Nas Américas sua o tomateiro, feijoeiro, meloeiro e a batateira, em
introdução se deu inicialmente nos Estados Unidos, que a transmissão de vírus é expressiva, além de cul-
associada a infestações em poinsétia (Euphorbia pul- turas como algodoeiro, soja, aboboreira, melancia,
cherrima) e mais tarde ao sintoma do prateamento videira, hortaliças diversas e ornamentais em que o
das folhas da aboboreira (Maynard e Cantliffe, 1989 ataque do inseto tem se manifestado de forma cada
citados por Morales, 2006a, b). Rapidamente a praga vez mais intensa. Diversas plantas da vegetação es-
se dispersou aos demais países, chegando ao Brasil pontânea também são hospedeiras do inseto, bem
na década de 1990 (Lourenção, 1994). Seguiram-se como de alguns vírus (Lourenção, 2015).
relatos de vírus transmitidos pela mosca-branca, As populações de B. tabaci, apesar de mor-
principalmente para solanáceas (Ribeiro et al., 1998; fologicamente idênticas, exibem variabilidade bio-
Zerbini et al., 2002). lógica quanto aos hospedeiros preferencialmente
B. tabaci causa danos diretos à planta como o colonizados, polimorfismo genético, diferenças na
aparecimento de desordens fisiológicas, perda de vi- fecundidade e na capacidade de causar fitotoxi-
gor e liberação de secreção açucarada (“honeydew”) cidade. Há também diferenças na composição de
que favorece o desenvolvimento de fungos, dentre procariotas endossimbiontes e na capacidade de
outros (Brown et al., 1995). Além disso, é excelente transmissão de vírus, tendo sido tradicionalmente
vetora de vírus, sendo capaz de transmitir mais de classificadas em biótipos (Brown et al., 1995). Re-
200 espécies de vírus pertencentes aos gêneros Be- centemente, baseado na análise molecular do gene
gomovirus, Carlavirus, Crinivirus, Ipomovirus e Torra- mitocondrial citocromo oxidase I (mtCOI), passou-
dovirus (Gilbertson et al., 2015; Navas-Castillo et al., -se a considerar B. tabaci como um complexo de 37
2011; ipomovírus e torradovírus não foram relatados espécies crípticas (De Barro e Ahmed, 2011; Dins-
no Brasil até o presente, e não serão abordados nes- dale et al., 2010; Firdaus et al., 2013; Alemandri et
ta revisão). Os begomovírus e os crinivírus causam al., 2012; Chowda-Reddy et al., 2012; Esterhuizen,
impacto econômico relevante em várias culturas, 2013; Hu et al., 2011; Parrella et al., 2014), das quais
sendo reconhecidos como os mais importantes vírus as espécies MEAM1 (correspondente ao biótipo B)
de plantas emergentes em regiões tropicais e sub- e Mediterranean (MED - correspondente ao biótipo
tropicais (Navas-Castillo et al., 2011a). Por ser um in- Q), são consideradas mundialmente as mais invasi-
seto altamente polífago alimentando-se de plantas vas e danosas (Dinsdale et al., 2010).
de mais de 500 espécies de plantas de 74 famílias No Brasil já foram relatadas quatro espécies
botânicas (Brown et al., 1995), apresentar alta taxa crípticas de B. tabaci, das quais New World 1 (NW1)
de fecundidade e excelente habilidade de dispersão, e New World 2 (NW2), correspondentes ao biótipo
B. tabaci é considerada uma “super-vetora” de vírus A, são consideradas nativas das Américas e foram
(Gilbertson et al., 2015), facilitando a transferência quase extintas após a disseminação de MEAM1 (Ma-
de vírus nativos de plantas não-cultivadas para plan- rubayashi, 2013; Barbosa et al., 2014). Mais recen-
tas cultivadas (Bedford et al., 1994; Navas-Castillo et temente a espécie MED foi relatada, inicialmente no
al., 2011a; Rocha et al., 2013). Rio Grande do Sul (Barbosa et al., 2015) e em segui-
A reprodução em B. tabaci é sexuada ou por da no estado de São Paulo (dados não publicados).
partenogênese arrenótoca, na qual ovos não fertili- B. tabaci MED tem sua origem na Bacia do Mediter-
zados originam machos e ovos fertilizados originam râneo e sua presença nas Américas é mais restrita,
fêmeas. A taxa de oviposição pode atingir até 394 com relatos nos Estados Unidos (Dalton, 2006), Mé-
ovos por fêmea (Byrne, 1991). Seu ciclo de vida é xico (Martinez-Carrillo, 2007), Guatemala (Bethke et

RAPP - Volume 24, 2016 9


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

al., 2008), Costa Rica (Guevara-Coto, 2011), Argen- mente a partir de meados da década de 1990, com
tina, Uruguai (Grille, 2011) e Brasil (Barbosa et al., a popularização de técnicas moleculares de diagno-
2016). Como importantes características desta es- se e clonagem, a detecção e identificação rápida e
pécie ressaltam-se a alta resistência aos inseticidas precisa do agente causal tornou-se possível. Assim,
neonicotinoides; a adaptação a ambientes fechados, a compreensão da situação dos begomovírus expe-
como estufas e casas-de-vegetação (Horowitz et rimentou um progresso rápido não só no Brasil, mas
al., 2005); a adaptação a culturas como o pimen- em todo o mundo.
tão (Muniz, 2001), atualmente pouco afetadas por Os begomovírus possuem genoma de DNA
begomovírus no Brasil; e a excelente habilidade em circular de fita simples, com um ou dois componen-
transmitir o begomovírus Tomato yellow leaf curl vi- tes. A absoluta maioria dos begomovírus encontra-
rus (TYLCV) (Li, 2010), ainda não relatado no Brasil e dos nas Américas possuem genoma com dois com-
um dos patógenos mais devastadores do tomateiro ponentes (bissegmentado), denominados DNA-A e
(Moriones e Navas-Castillo, 2000). Nas Américas, o DNA-B. Cada componente possui aproximadamente
TYLCV já foi relatado no Caribe, México, Sudeste dos 2600 nucleotídeos (nt) e uma “região comum” de
EUA e Venezuela (Navas-Castillo et al., 2011a). aproximadamente 200 nt na qual está localizada a
  origem de replicação. O DNA-A possui cinco genes
3. Begomovírus que codificam proteínas associadas à replicação do
Historicamente, a primeira descrição de uma genoma viral, supressão de respostas de defesa do
doença de planta causada por um begomovírus é hospedeiro e formação das partículas. O DNA-B pos-
encontrada em um poema escrito pela imperatriz sui dois genes envolvidos no movimento célula-a-
Koken, no Japão. Ela descreve as folhas amarela- -célula do vírus na planta (Brown et al., 2012).
das (cloróticas) da planta conhecida como Eupa-
torium makinoi. Alguns trabalhos sucederam essa 3.1. Begomovírus em fabáceas
descrição, porém somente após mais de 1200 anos O Brasil é um centro de diversidade genéti-
foi confirmada a associação do begomovírus Eupa- ca de begomovírus, com relatos de sua detecção em
torium yellow vein virus, suposto causador da viro- plantas não-cultivadas desde a década de 1950 (Cos-
se naquela época (Saunders et al., 2003)2003. Da ta e Bennett, 1950; Flores et al., 1960; Costa, 1955).
mesma forma, no Brasil há relatos de begomovírus A partir da década de 1970, o grande aumento da
em diversas plantas desde a década de 1930 (Costa, área plantada com soja favoreceu a emergência de
1937; Costa, 1955; Costa e Bennett, 1950). A etio- begomovírus na cultura do feijoeiro (Costa, 1975). A
logia viral foi comprovada com a transmissão para soja é um excelente hospedeiro de B. tabaci e sofre
plantas sadias pelas moscas-brancas, reprodução de poucos danos com a presença da praga e, por isso, o
sintomas e também pela presença de partículas vi- seu controle é frequentemente negligenciado pelos
rais geminadas (Costa, 1955; Costa e Bennett, 1950; produtores. Essa falha permite que as populações
Matyis et al., 1975; Orlando, 1945; Orlando, 1946). de insetos atinjam níveis altíssimos, com a posterior
Muitas doenças com sintomatologia semelhante, migração para outras plantas no período de senes-
como o mosaico do algodoeiro e a clorose variegada cência das plantas de soja. Esse contexto levou à
das malváceas, não tiveram a etiologia confirmada disseminação do begomovírus Bean golden mosaic
na época (Costa, 1955, Flores et al., 1960; Orlando, virus (BGMV), agente causal do mosaico dourado do
1945; Orlando, 1946). Apesar da falta de identifica- feijoeiro, nos plantios de feijoeiro próximos a áreas
ção definitiva do patógeno, esses relatos constituem de cultivo de soja (Menten e Roston, 1980; Vicente
registros preciosos sobre as doenças e refletem as et al., 1985). O mosaico dourado tornou-se um fator
contribuições altamente relevantes de grandes pes- limitante à cultura do feijoeiro ao longo das décadas
quisadores como A. A. Bitancourt, A. S. Costa, A. Or- de 1970 e 1980, essencialmente impedindo o cultivo
lando e K. Silberschmidt. em regiões de clima quente e seco. O problema foi
Estudos com begomovírus progrediram len- agravado com a dispersão de B. tabaci MEAM1, que
tamente no século XX, principalmente por eles não coloniza bem o feijoeiro.
serem transmitidos por extrato vegetal tamponado e O mosaico dourado apresenta como caracte-
serem detectados com dificuldade por sorologia. So- rística o aparecimento nas folhas de clorose intensa,

10 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

mosaico, bolhas, rugosidade, deformação, diminui- dos os elos da cadeia de produção, foi decidida a im-
ção da área foliar e nanismo da planta (Figura 1A). plementação de um vazio fitossanitário em GO, DF
Em muitos casos, a forte clorose produz uma cor e MG (IN 15, SDA, MAPA, 16/06/2014). As regiões
amarelo-ouro nas folhas, o que originou o nome produtoras foram divididas em duas sub-regiões. A
comum da doença. Frequentemente o vírus cau- primeira sub-região abrange os municípios ao sul de
sa redução da produção de vagens, resultando em GO, onde o vazio fitossanitário do feijoeiro ocorre
drástica diminuição de produtividade. Os prejuízos entre 5 de setembro e 5 de outubro. Na sub-região
são altos e essa doença tornou-se uma das princi- 2, compreendendo MG, DF e o norte de GO, o pe-
pais preocupações dos produtores de feijão do país ríodo foi instituído entre os dias 20 de setembro e
na atualidade. A frequente ocorrência de epidemias 20 de outubro. A incidência da virose foi reduzida
em feijoeiro evidencia que o controle do mosaico (Canal Rural, 2015), porém a medida ainda é ques-
dourado permanece como um grande desafio para a tionada por alguns produtores. O vazio fitossanitário
cadeia produtiva. Não há cultivares de feijoeiro com tem como objetivo principal a redução do inóculo do
bom nível de resistência ao mosaico dourado. O con- vírus no início da estação de cultivo, pelo fato de os
trole químico do vetor com inseticidas nem sempre begomovírus não apresentarem transmissão transo-
é satisfatório, devido à alta eficiência de transmissão variana e infectarem uma gama reduzida de hospe-
e à presença de hospedeiros da mosca-branca nas deiros. Entretanto, durante o período há a presen-
regiões agrícolas ao longo de todo o ano. ça de outras plantas hospedeiras da mosca-branca,
Em vista das frequentes epidemias que ocor- como o tomateiro e a soja, que multiplicam eficien-
reram nos últimos anos, destacando-se aquelas do temente o vetor. Apesar da controvérsia, acredita-se
ano agrícola 2012/2013 (Figura 1A), houve uma que a medida tem contribuído efetivamente para a
pressão forte da cadeia produtiva para que medi- diminuição dos prejuízos.
das enérgicas fossem tomadas pelos órgãos públicos Até o momento, não se conseguiu por me-
para conter a doença. Após intenso debate entre to- lhoramento genético clássico o desenvolvimento de

A B C

D E F
Figura 1. Plantas expressando sintomas de infecção por vírus transmitidos por B. tabaci. A. Lavoura de feijoeiro em que
100% das plantas apresentam sintomas de clorose, bolhas e mosaico, causados por infecção pelo begomovírus Bean
golden mosaic virus (BGMV). B. Tomateiro de crescimento determinado infectado pelo begomovírus Tomato severe ru-
gose virus (ToSRV), apresentando sintomas de clorose internerval, enrolamento foliar e nanismo. C. Planta de pimentão
infectado pelo ToSRV com sintoma de manchas cloróticas, bolhosidade e deformação foliar. D. Planta de soja infectada
pelo carlavírus Cowpea mild mottle virus, com necrose severa do ponteiro. E. Tomateiro de crescimento indeterminado
infectado pelo crinivírus Tomato chlorosis virus, apresentando mosaico e clorose internerval. F. Meloeiro com infecção
pelo carlavírus Melon yellowing-associated virus apresentando sintomas de clorose foliar intensa.

RAPP - Volume 24, 2016 11


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

uma cultivar de feijoeiro com resistência ao mosaico wpea mild mottle virus, descrito mais à frente). Mais
dourado. Devido a essa dificuldade, um programa recentemente, houve um relato da ocorrência de
de produção de uma planta geneticamente modi- Sida micrantha mosaic virus (SiMMV), um begomo-
ficada (GM) com resistência foi iniciado com base vírus que infecta naturalmente malváceas, infectan-
na estratégia do silenciamento gênico. A planta GM do o feijoeiro no estado de Goiás (Fernandes-Acioli,
expressa uma fita dupla de RNA correspondente à 2011). A importância e a distribuição desta espécie
parte do genoma viral e desencadeia uma resposta em feijoeiro ainda não são conhecidas.
de defesa da planta com a destruição do RNA espe- Em termos de variabilidade genética, existem
cífico do vírus, o que leva a uma redução expressiva diferenças significativas entre o BGMV e o MaYSV.
de proteínas essenciais para o ciclo replicativo do Populações de BGMV obtidas de feijoeiro comum (P.
patógeno. No caso do BGMV, as plantas transgêni- vulgaris) apresentam baixa variabilidade, enquanto
cas expressam parte do gene Rep e são altamente populações obtidas de feijão-fava (P. lunatus) são re-
resistentes à infecção viral (Aragao et al., 2013)2013. combinantes e mais variáveis (Faria e Maxwell, 1999;
Após anos de testes em ambiente confinado e no Ramos-Sobrinho et al., 2014). Já o MaYSV apresenta
campo, e todas as avaliações de biossegurança, o um elevado grau de variabilidade genética, indepen-
feijoeiro transgênico foi liberado para cultivo co- dentemente do hospedeiro (P. vulgaris, P. lunatus ou
mercial em 2011 (http://ctnbio.mcti.gov.br/publica- M. lathyroides), em parte devido a vários eventos de
coes/-/document_library_display/ cwksGAQxt1lp/ recombinação (Silva et al., 2012; Ramos-Sobrinho et
view/678011). Essa é uma ferramenta a mais que al., 2014; Lima et al., 2013). Além disso, a popula-
deverá fazer parte de um programa de manejo in- ção de BGMV analisada por Ramos-Sobrinho et al.
tegrado de pragas (Gilbertson et al., 2011) para um (2014) estava estruturada com base em hospedeiro/
manejo efetivo do mosaico dourado do feijoeiro. região geográfica, o que não foi observado para a
No Brasil, a diversidade de espécies de bego- população de MaYSV.
movírus que infectam fabáceas é baixa. O BGMV foi Apesar da ocorrência frequente de BGMV
a única espécie encontrada em amostras de feijoeiro em feijoeiro, infecções de begomovírus em soja não
comum (Phaseolus vulgaris) e de Macroptilium la- são comuns no Brasil. Ocorrências esporádicas, sem
thyroides coletadas em 2011 e 2012 nas regiões Su- impacto econômico, têm sido relatadas desde 1980,
deste e Centro-Oeste (Ramos-Sobrinho et al., 2014). com a detecção de BGMV, SiMMV, Okra mottle virus
Na região Nordeste, além do BGMV, foi detectada (OMoV), Tomato yellow spot virus (ToYSV) e Soybean
também a presença do Macroptilium yellow spot vi- chlorotic spot virus (SoCSV) (Coco et al., 2013; Fer-
rus (MaYSV) (Ramos-Sobrinho et al., 2014; Silva et nandes et al., 2009; Rodríguez-Pardina et al., 2011).
al., 2012). O BGMV foi o begomovírus predominante Este cenário está em contraste com a Argentina,
em amostras de fabáceas cultivadas e não-cultivadas onde a infecção de soja pelos begomovírus Soybean
coletadas em 2003-2005 em três estados do Nordes- blistering mosaic virus (SbBMV) e ToYSV é frequen-
te (AL, BA e PE) (Wyant et al., 2012; Ramos-Sobrinho te na região Noroeste, causando perdas moderadas
et al., 2014). Entretanto, em amostras coletadas em a severas na produção (Rodríguez-Pardina et al.,
2011 em Alagoas, o MaYSV foi o vírus predominante 2011). Como os sintomas causados pelos begomo-
(Ramos-Sobrinho et al., 2014). O MaYSV foi relatado vírus, caracterizados como mosqueado e manchas
pela primeira vez em amostras de M. lathyroides co- cloróticas, são suaves, é possível que sua ocorrên-
letadas em 2010 (Silva et al., 2012). Os resultados de cia não esteja sendo percebida pelos técnicos e pro-
Ramos-Sobrinho et al. (2014) sugerem que o MaYSV dutores brasileiros. Considerando-se a presença de
pode estar substituindo o BGMV como o begomo- vírus capazes de infectar as plantas de soja e a alta
vírus predominante em fabáceas em AL. Caso essa preferência de B. tabaci MEAM1 por essas plantas,
tendência se confirme e o MaYSV se torne comum acredita-se que em um futuro próximo os begomo-
em cultivos de feijoeiro em outras regiões, o sucesso vírus possam emergir como um problema sério para
do plantio do feijoeiro GM com resistência ao BGMV a sojicultura nacional. Considerando que a soja é
poderá ser comprometido (além disso, esse feijoeiro excelente multiplicador da mosca-branca, o manejo
transgênico poderá ser alvo de infecção com outro eficiente do inseto nessa cultura é essencial para a
vírus transmitido por mosca-branca, o carlavírus Co- agricultura brasileira.

12 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

3.2. Begomovírus em solanáceas infecção é frequentemente observada, particular-


Uma situação oposta a que ocorre em fabá- mente em tomateiro de crescimento determinado,
ceas é observada para begomovírus que infectam quando perdas de 100% podem ser observadas (Ber-
solanáceas, a exemplo do tomateiro, onde um gran- gamin Filho et al., 2016). O controle químico do vetor
de número de espécies tem sido descritas e a varia- é uma das estratégias mais empregadas na tentativa
bilidade genética entre os isolados de uma determi- de redução da incidência da doença, porém apresen-
nada espécie é normalmente muito alta (Rocha et ta baixa eficiência em períodos de alta população de
al., 2013; Zerbini et al., 2005). moscas-brancas. Evidências crescentes apontam que
Os primeiros relatos de begomovírus em to- o controle deverá ser voltado para conter a disper-
mateiro no Brasil datam da década de 1960 (Costa são primária da doença, isto é, as moscas-brancas
et al., 1975; Flores et al., 1960). Plantas de toma- virulíferas que vêm de fora da lavoura de tomateiro
teiro apresentando sintomas de deformação foliar, (Bergamin Filho et al., 2016).
encrespamento e clorose internerval difusa foram O uso de plantas com resistência genética a
relatadas. O vírus foi caracterizado e denominado begomovírus representa uma realidade para a cul-
Tomato golden mosaic virus (TGMV). Além do TGMV, tura do tomateiro. Há no mercado um considerável
cinco outros vírus transmitidos por mosca-branca leque de ofertas de híbridos F1 com resistência mo-
foram identificados, porém sem causar danos de derada ou tolerância. Esses híbridos possuem um
importância econômica (Matyis et al., 1975). Isso ou mais dos principais genes de resistência conhe-
provavelmente ocorria porque as moscas-brancas cidos, como Ty-1, Ty-2, Ty-3, Ty-4, Ty-5, ty-5, tcm-1e
nativas do grupo NW, únicas que ocorriam no País tgr-1. Esses genes foram identificados em programas
naquela época, colonizam o tomateiro com baixa efi- de melhoramento visando resistência ao TYLCV, um
ciência (Bedford et al., 1994). No entanto, no início begomovírus monossegmentado que não ocorre no
da década de 1990 um complexo de begomovírus Brasil. A resistência conferida por esses genes aos
surgiu em tomateiro no Brasil, coincidindo com a in- begomovírus bissegmentados existentes no Bra-
trodução e disseminação de B. tabaci MEAM1 (Am- sil não é completa. As cultivares são menos susce-
brozevicius et al., 2002; Ribeiro et al., 2003). Desde tíveis à infecção, e quando infectadas, os sintomas
então, dezesseis espécies de begomovírus já foram são mais brandos, com expressão de leves manchas
descritas, incluindo o Tomato chlorotic mottle virus cloróticas. Em situações de alta pressão de inóculo,
(ToCMoV), Tomato rugose mosaic virus (ToRMV), os sintomas podem ser severos (Boiteux et al., 2007;
Tomato severe rugose virus (ToSRV), Tomato yellow Gonzales-Aguilera et al., 2011). O uso de cultivares
spot virus (ToYSV), Tomato golden vein virus (TGVV) com resistência é mandatório em certas regiões de
e Tomato yellow vein streak virus (ToYVSV) (Calega- alta incidência, como GO, DF, MG, CE e SP.
rio et al., 2007; Fernandes et al., 2006; Ribeiro et al., Levantamentos realizados ao longo dos últi-
2007; Firmino et al., 2009). A introdução de B. tabaci mos 20 anos para acessar a distribuição relativa de
MEAM1 causou um grande impacto para a tomati- begomovírus em tomateiro indicam que determina-
cultura brasileira, e não se sabe se a recente intro- das espécies tornaram-se prevalentes em diferentes
dução de B. tabaci MED pode resultar em impactos regiões do país (Rocha et al., 2013; Fernandes et al.,
semelhantes ou ainda maiores. 2008; Albuquerque et al., 2012b). O sequenciamen-
Os begomovírus causam uma grande diver- to direto de fragmentos de PCR de amostras de to-
sidade de sintomas em tomateiro, incluindo clare- mateiro coletadas nos quatro estados da região Su-
amento de nervuras, manchas cloróticas, clorose deste entre os anos de 1998 e 2004 indicou o ToYVSV
internerval, mosaico de diferentes intensidades, de- e o ToSRV como as espécies predominantes em SP, o
formação foliar, diminuição do limbo foliar, enrola- ToCMoV e o ToSRV como as espécies predominan-
mento foliar e nanismo (Figura 1B) (Inoue-Nagata et tes em MG e ES, e o ToCMoV e o ToYVSV como as
al., 2006) . Em infecções precoces, os sintomas são espécies predominantes no RJ (Cotrim et al., 2007;
severos com uma dramática redução de produtivida- Ambrozevicius et al., 2002). A mesma estratégia foi
de (Giordano et al., 2005). De forma análoga ao que utilizada para identificar begomovírus em amostras
é observado para begomovírus em outras culturas de tomateiro coletadas entre 2002 e 2004 no DF e
(feijoeiro, algodoeiro, mandioca), uma alta taxa de nos estados de SP, MG, GO, BA e PE. O ToSRV foi o

RAPP - Volume 24, 2016 13


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

vírus predominante no Sudeste e Centro-Oeste, en- é o estabelecimento do vazio fitossanitário (Salati et


quanto o Tomato mottle leaf curl virus (ToMoLCV) foi al., 2002).
predominante no Nordeste (Fernandes et al., 2008). Devido aos sérios prejuízos causados pe-
A prevalência do ToMoLCV no Nordeste foi confir- los begomovírus em tomateiros, foi implemen-
mada por Albuquerque et al. (2012b) [interessante- tado em 2003 um período de vazio fitossanitário
mente, resultados recentes sugerem que esse bego- (IN 024, SDA, MAPA, 15/03/2003). Essa normativa
movírus pode ter o genoma monossegmentado (Vu tem o objetivo de reduzir a população de toma-
et al., 2015)]. Nos anos de 2005 e 2007, foi realizado teiro, considerado a principal fonte de vírus, e não
um estudo sobre a diversidade de begomovírus em de moscas-brancas. Uma Instrução Normativa da
duas importantes regiões produtoras de tomate na Agrodefesa instituiu o vazio fitossanitário em Goiás
região Sudeste, Paty do Alferes (RJ) e Coimbra (Zona a partir de 2007 (Agrodefesa, IN 05/2007) e foi re-
da Mata de MG). A análise de sequências de nucle- editada em 2011 (Agrodefesa, IN 06/2011). Desde
otídeos do DNA-A completo revelou que em Paty do então, não é permitido o plantio de tomateiro para
Alferes o ToYVSV era o begomovírus predominante, processamento nos meses de dezembro e janeiro,
encontrado em 56,4% das amostras analisadas, se- isto é, o transplantio somente pode ser realizado
guido pelo Tomato common mosaic virus (ToCmMV). entre os meses de fevereiro a junho. Entretanto,
Já em Coimbra o ToCmMV foi o único begomovírus a normativa é restrita a tomateiro de crescimento
encontrado infectando tomateiro. Dados mais re- determinado e não restringe o cultivo de tomateiro
centes confirmaram a prevalência do ToSRV e ToC- de crescimento indeterminado. Essa situação leva
MoV na Zona Metalúrgica de MG (municípios de Ca- em conta a dificuldade de fiscalização de pequenos
randaí e Florestal) e do ToSRV e ToCmMV na Zona da produtores, porém contribui para a redução da efici-
Mata de MG e na Região Serrana do Espírito Santo ência da medida. Considerando-se a importância da
(González-Aguilera et al., 2012; Rocha et al., 2013; tomaticultura para processamento industrial em cer-
Barbosa et al., 2016). tas regiões, a Instrução Normativa de 2011 estendeu
Rocha et al. (2013) observaram que as popu- o vazio fitossanitário para o tomateiro estaqueado
lações de begomovírus que infectam o tomateiro no em alguns municípios. A realização de medidas de
Brasil são altamente recombinantes, possuem uma manejo integrado de pragas também é preconizada
rápida taxa de evolução molecular e são estruturadas pela Instrução Normativa. Outros estados como SP e
com base em localização geográfica. A hipótese mais MG também seguem este período de vazio fitossa-
aceita para explicar a emergência dos begomovírus nitário, apesar de não regulamentado oficialmente.
que infectam tomateiro no Brasil é a transferência O controle químico do vetor é baseado na
horizontal de vírus nativos que infectam plantas não- aplicação sistemática e frequente de inseticidas na
-cultivadas por B. tabaci MEAM1, inseto que possui lavoura, o que resulta na baixa eficiência do controle.
uma gama de hospedeiros muito maior do que B. O controle do vetor precisa ser realizado em escala
tabaci NW. Uma vez presentes no novo hospedeiro, regional, abrangendo as culturas vizinhas e conside-
esses vírus evoluem rapidamente, dando origem às rando a flora nativa e plantas invasoras. A complexi-
espécies detectadas em plantas cultivadas (Zerbi- dade do sistema agrícola brasileiro, que consiste de
ni et al., 2010; Rocha et al., 2013). A predominância cultivos contínuos de hospedeiros de moscas-bran-
de algumas espécies pode ser devido a diferenças na cas e de vírus, dificulta esse controle. Assim como
adaptação ao tomateiro (Alves-Junior et al., 2009) em fabáceas, o manejo de begomovírus em toma-
ou diferenças na eficiência de transmissão pelo ve- teiro requer um programa de manejo integrado de
tor (Macedo et al., 2015). Uma vez que os vírus este- pragas (Gilbertson et al., 2011).
jam estabelecidos no tomateiro, as plantas não-cul- Em pimenteiras (Capsicum annuum, C. fru-
tivadas passam a servir como reservatório natural e tescens, C. chinense e C. baccatum), a ocorrência
fonte de inóculo primário (Barreto et al., 2013; Silva de begomovírus parece ser menos expressiva, pro-
et al., 2010), mas são dispensáveis epidemiologica- vavelmente pela baixa atratividade dessas plantas
mente caso o tomateiro esteja presente no campo às populações de B. tabaci presentes no Brasil (em
durante todo o ano. Assim, uma das medidas mais contraste com outros países como Índia e México).
eficientes de controle de begomovírus em tomateiro Os begomovírus causam em pimenteiras sintomas

14 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

de manchas cloróticas e deformação foliar (Figu- leaf curl Sao Paulo virus (SPLCSPV) (Albuquerque et
ra 1C). Em 2001, Lima e colaboradores relataram a al., 2012a; Albuquerque et al., 2011; Paprotka et al.,
ocorrência de begomovírus em C. annuum (Lima, 2010a; Brown et al., 2015). Ambos possuem genoma
2001), seguido do relato de ToSRV em C. baccatum monossegmentado, em contraste com os begomoví-
(Bezerra-Agasie et al., 2006) e Tomato golden vein rus relatados em outras culturas cujos genomas são
virus (TGVV) e ToYVSV em pimentão (Nozaki, 2010). bissegmentados. Apesar de estarem amplamente
Em batateira, houve nos anos recentes um disseminados no país, não há conhecimento sobre
destacado aumento da infestação de moscas-bran- danos causados por begomovírus nesta cultura.
cas. Junto com a alta população de moscas-brancas,
cresceu a incidência da virose conhecida como “mo- 3.4. Begomovírus em malváceas
saico deformante da batateira”. O primeiro relato de Uma paisagem comum pode ser frequen-
begomovírus em batateira data da década de 1980, temente observada em áreas rurais, principal-
mais tarde confirmado como uma infecção causada mente em pastagens: pontos amarelos em meio
por ToYVSV (Ribeiro, 2006). Atualmente são relata- à vegetação verde. Ao se aproximar, verifica-se
das a ocorrência de ToYVSV e ToSRV nas principais que são malváceas cujas folhas apresentam forte
regiões produtoras de batata do Brasil (Albuquerque sintoma de clorose e mosaico. Trata-se da “cloro-
et al., 2010, Souza-Dias et al., 2008). Assim, verifica- se variegada das malváceas”. Essas plantas cha-
-se que os mesmos begomovírus infectam tomatei- maram a atenção de inúmeros pesquisadores no
ros, pimenteiras e batateiras. Brasil e foram alvo de relatos pioneiros nas déca-
Os begomovírus constituem o grupo mais das de 1930-1960. Foi possível verificar naquela
numeroso de geminivírus, e certamente são os mais época que o agente causal da clorose variegada
importantes economicamente no Brasil. No entanto, das malváceas tinha como vetor a mosca-branca
há relatos da ocorrência de vírus causando encres- e que o agente etiológico [que se acreditava ser
pamento apical em fumo e tomateiro no Brasil, e o Abutilon mosaic virus, descrito no início do sé-
que seriam transmitidos por cigarrinhas (Agallia al- culo XX na Alemanha (Baur, 1906)] causava mo-
bidul) (Bennett, 1949). Embora a identidade desses saico em diversas malváceas, incluindo Sida spp.
vírus não tenha sido confirmada por métodos mole- e algodoeiro (Costa, 1937; Costa, 1955; Orlando,
culares, os sintomas e a transmissão por cigarrinha 1946; Costa, 1960; Costa, 1954 ). Entretanto, a
sugerem que seriam curtovírus (um outro gênero da caracterização de begomovírus em malváceas, re-
família Geminiviridae). Não há relatos recentes des- alizada utilizando ferramentas moleculares, não
ses vírus no Brasil e, portanto, essa questão perma- confirmou a presença de Abutilon mosaic virus no
nece indefinida. Brasil. Todos os begomovírus relatados em mal-
váceas no país até o presente são de ocorrência
3.3. Begomovírus em batateira-doce exclusiva no Brasil: Cotton chlorotic spot virus
A batata-doce, devido a sua característica de (CCSV), Melochia mosaic virus (MelMV), Melo-
propagação vegetativa, enfrenta uma série de pro- chia yellow mosaic virus (MelYMV), Okra mottle
blemas fitossanitários, principalmente pela ausência virus (OMoV), Pavonia mosaic virus (PavMV), Pa-
de um programa de produção de material propaga- vonia yellow mosaic virus (PavYMV), Sida com-
tivo livre de vírus. Justamente devido à falta de pro- mon mosaic virus (SiCmMV), Sida mottle Alagoas
págulos comprovadamente sadios, a avaliação da virus (SiMoAV), Sida mottle virus (SiMoV), SiMMV,
importância dos vírus que infectam a batata-doce é Sida yellow blotch virus (SiYBV), Sida yellow leaf curl
dificultada. Os begomovírus causam sintomas como virus (SiYLCV), Sida yellow mosaic Alagoas virus (SiY-
enrolamento foliar, mosqueado e clareamento de MAV), Sida yellow mosaic virus (SiYMV), Sida yellow
nervuras, porém a diagnose é complexa pela possí- net virus (SiYNV) (Almeida et al., 2013, Barreto et al.,
vel ocorrência de infecção mista com outros vírus. Os 2013, Castillo-Urquiza et al., 2008, Fiallo-Olivé et al.,
begomovírus têm sido observados em batata-doce 2015, Jovel et al., 2004, Pinto et al., 2015, Tavares et
em todo o mundo, inclusive no Brasil. Até o momen- al., 2012). Uma ou mais dessas espécies podem ter
to, dois begomovírus foram relatados na cultura: sido responsáveis pela clorose variegada das malvá-
Sweet potato leaf curl virus (SPLCV) e Sweet potato ceas estudada nas décadas de 1930-1960.

RAPP - Volume 24, 2016 15


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

3.5. A alta diversidade dos begomovírus no Brasil eventos de recombinação e pseudo-recombinação,


Um grande número de begomovírus infec- é aquele envolvendo o Tomato rugose mosaic virus
tando plantas não-cultivadas tem sido caracterizado (ToRMV) e o ToSRV. A identidade das sequências
no Brasil (Arnaud et al., 2007; Castillo-Urquiza et al., de nucleotídeos do DNA-A dos dois vírus é de 86%,
2008; Silva et al., 2012; Silva et al., 2011; Tavares et porém para o DNA-B é de 98%, indicando que na
al., 2012; Fernandes et al., 2011; Pinto et al., 2015; verdade esses dois vírus constituem pseudo-recom-
Fiallo-Olivé et al., 2015; Blawid et al., 2013; Papro- binantes naturais, no qual dois DNA-A distintos com-
tka et al., 2010b; Paprotka et al., 2010a). A análise partilham o mesmo DNA-B. Todas as combinações
comparativa de populações de begomovírus encon- possíveis entre o DNA-A e o DNA-B de isolados dos
tradas em plantas cultivadas e não-cultivadas indi- dois vírus apresentam o mesmo grau de infectividade
cou que aquelas infectando plantas não-cultivadas e induzem os mesmos sintomas em tomateiro (Silva
apresentam um grau de variabilidade genética mais et al., 2014). Além disso, o DNA-A do ToRMV inclui
elevado em comparação àquelas presentes em plan- um fragmento recombinante doado pelo ToSRV, com
tas cultivadas (Lima et al., 2013; Rocha et al., 2013). cerca de 1400 nt, incluindo a maior parte do gene
Um estudo comparando populações dos begomoví- Rep (Ribeiro et al., 2007; Silva et al., 2014). Assim, a
rus MaYSV (proveniente de Macroptilium lathyroi- origem do ToRMV envolve eventos de recombinação
des) e ToSRV (proveniente de tomateiro) sugeriu que e pseudo-recombinação com o ToSRV. É interessan-
a recombinação, e não a seleção adaptativa, explica te ressaltar que o ToSRV é muito mais comumente
a maior variabilidade de begomovírus em hospedei- encontrado no campo do que o ToRMV. Entretanto,
ros não-cultivados (Lima et al., 2013). Os resultados em infecções mistas envolvendo componentes ge-
desses trabalhos dão suporte à hipótese de que os nômicos dos dois vírus, os componentes do ToRMV
begomovírus encontrados em tomateiro no Brasil são replicados preferencialmente em relação aos do
são originados de vírus nativos presentes em plan- ToSRV (Silva et al., 2014). Os autores propõem que
tas não-cultivadas, e que após a transferência para a prevalência do ToSRV no campo pode ser devida à
o tomateiro as populações virais evoluíram rapida- transmissão preferencial pelo inseto vetor, somado à
mente, originando novas espécies mais adaptadas ocorrência de infecções simples apenas pelo ToSRV.
ao novo hospedeiro.
A presença de diversas espécies no campo, 3.6. Características da transmissão de bego-
todas transmitidas pelo mesmo inseto vetor, torna movírus por B. tabaci
comum a ocorrência de infecções mistas, com dois O gênero Begomovirus contém o maior nú-
ou mais vírus presentes simultaneamente na mesma mero de vírus transmitidos por B. tabaci (Navas-
planta, aumentando a probabilidade da ocorrência -Castillo et al., 2011a; Gilbertson et al., 2015) e o
de eventos de recombinação e pseudo-recombina- vírus-modelo para estudos de transmissão é o TYL-
ção, o que pode levar ao surgimento de espécies me- CV. Vários estudos demonstram que a eficiência de
lhor adaptadas ao hospedeiro (Andrade et al., 2006; transmissão de begomovírus varia de acordo com as
Inoue-Nagata et al., 2006; Ribeiro et al., 2007). Evi- diferentes espécies crípticas de B. tabaci, e mesmo
dências de recombinação e pseudo-recombinação entre populações da mesma espécie. As diferenças
já foram encontradas em associação ao complexo na habilidade de transmissão podem ser atribuídas
de begomovírus infectando o tomateiro no Brasil. a hábitos alimentares, aos hospedeiros preferencial-
Galvão et al. (2003)2003 e Ribeiro et al. (2007) su- mente colonizados, à constituição de endossimbion-
geriram que os isolados MG-Bt1 e BA-Se1 do ToC- tes secundários na mosca branca, e principalmente
MoV possuem origem recombinante. A formação de à constituição genética (Ghanim, 2014; revisado por
pseudo-recombinantes viáveis entre clones infec- Rosen et al., 2015).
ciosos do TGMV (DNA-A) e ToYSV (DNA-B), e entre Ghanim et al. (1998) verificaram que um iso-
o ToYSV (DNA-A) e o Tomato crinkle leaf yellow virus lado de TYLCV proveniente de Israel foi transmitido
(ToCrLYV), já foi demonstrada (Andrade et al., 2006). de forma transovariana de fêmeas virulíferas para
Um exemplo do grau de promiscuidade entre sua progênie, bem como entre copulações entre fê-
os begomovírus que infectam o tomateiro no Brasil, meas e machos (Ghanim e Czosnek, 2000). Bosco et
com infecções mistas que facilitam a ocorrência de al. (2004) detectaram o DNA do Tomato yellow leaf

16 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

curl Sardinia virus (TYLCSV) em ovos, ninfas e rara- dominante na China (Liu et al., 2013), e sugerem que
mente em adultos da primeira geração da progênie, a espécie MED pode se tornar prevalente também
indicando transmissão do DNA de forma transova- no Brasil.
riana, porém este DNA não foi infectivo, sendo por- No caso de begomovírus brasileiros, os pri-
tanto sem relevância epidemiológica. meiros estudos apontaram que os vírus podem ser
A relação vírus-vetor é do tipo persistente adquiridos pelos insetos durante períodos muito
circulativa. O início da transmissão ocorre após um curtos (~10 min) de alimentação, e que a taxa de
período de latência, que corresponde ao tempo ne- transmissão aumenta com o aumento do tempo de
cessário para que as partículas virais atravessem to- alimentação na fonte de vírus, até 24 horas, e com o
das as barreiras do inseto e alcancem as glândulas período de inoculação na planta sadia (Costa, 1998).
salivares (Ghanim, 2014). O período de latência para Trabalhos realizados com o ToSRV confirmaram que
o TYLCV foi inicialmente definido como sendo de 21 a aquisição do vírus pode ocorrer com um minuto de
horas (Cohen e Nitzany, 1966; citados por Ghanim, alimentação na planta (dados não publicados), po-
2014) e mais recentemente de 8 horas (Ghanim et rém a eficiência de transmissão aumenta à medida
al., 2001). O estilete de B. tabaci penetra a epiderme que o inseto tem maior período de acesso à aquisi-
da planta e move intracelularmente pelo parênqui- ção do vírus (Freitas, 2012). O período de retenção
ma até alcançar o floema, local onde os begomoví- do ToSRV na mosca-branca pode chegar a 25 dias
rus são adquiridos e transmitidos. O período mínimo (Freitas et al., 2012). Com relação ao ToYVSV, verifi-
de acesso à aquisição (PAA) do TYLCV (isolados do cou-se que o período mínimo de acesso de aquisição
Oriente Médio) varia de 15 a 60 minutos e o período é de 30 minutos e o período de acesso de inoculação
mínimo de inoculação (PAI) de 15 a 30 minutos. No é de 10 minutos (Firmino et al., 2009). Estudos rea-
inseto, os vírus se movem pelo canal alimentar até lizados com o ToRMV constataram que os períodos
alcançar o intestino médio (“midgut”), atravessam mínimos de acesso de aquisição e inoculação do ví-
as células epiteliais do intestino para cair na hemo- rus foram de 15 minutos e de 30 minutos, respec-
linfa e serem levados às glândulas salivares, de onde tivamente. O período de latência foi superior a 16
serão liberados no interior da planta pela salivação horas. A capacidade do inseto em transmitir o vírus
do inseto durante o processo de alimentação (Gha- aumentou com o aumento do período de aquisição
nim, 2014). (Santos et al., 2003).
A presença do endossimbionte secundário A população predominante do vetor e a capa-
de B. tabaci, Hamiltonella defensa, é essencial para cidade de transmissão de cada espécie de begomo-
a transmissão do TYLCV pela mosca-branca. Este en- vírus pode influenciar de forma decisiva a prevalên-
dossimbionte produz uma proteína de 63kDa, ho- cia de espécies virais no campo e, por conseguinte,
móloga à proteína GroEL de E. coli, com a provável impactar a incidência, a severidade e a distribuição
função de proteger as partículas virais da proteólise das viroses, e a resistência das plantas. Acredita-se
incitada pelo sistema imune do inseto (Morin et al., que B. tabaci NW era a única espécie presente no
1999; Morin et al., 2000). Bemisia tabaci pode trans- Brasil até a década de 1990, quando os begomoví-
mitir o TYLCV por várias semanas e muitas vezes du- rus ocorriam em feijoeiro, malváceas e euforbiáceas.
rante todo o seu período de vida, porém a eficiência Após a introdução de B. tabaci MEAM1, verificou-se
de transmissão reduz com a idade do inseto (Ru- a rápida emergência de begomovírus em tomateiro,
binstein e Czosnek, 1997). Insetos da espécie MED o amarelão em meloeiro e o amarelão em tomatei-
passam mais tempo se alimentando e salivando em ro, além do mosaico dourado do feijoeiro. O caráter
comparação com a espécie MEAM1 (Liu et al., 2012; polífago de B. tabaci MEAM1 certamente contribuiu
Liu et al., 2013), e consequentemente adquirem e para a transferência dos begomovírus nativos no
transmitem o TYLCV com maior eficiência (Ning et país, presentes em espécies silvestres e daninhas,
al., 2015). Além disso, a alimentação em plantas in- para plantas cultivadas. Isso também influenciou de
fectadas pelo TYLCV tem um efeito negativo sobre forma decisiva a elevação da taxa de infecção mista
MEAM1 e positivo sobre MED. Estas diferenças de de vírus na mesma planta, desencadeando a ocor-
comportamento das duas espécies podem explicar rência de processos de recombinação e pseudo-re-
a substituição de MEAM1 por MED como a espécie combinação entre os vírus, descritos anteriormente.

RAPP - Volume 24, 2016 17


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

Um exemplo do efeito da relevância desta inter- tados de MG, RJ, ES, GO e BA (Barbosa et al., 2011).
-relação entre vírus-vetor é o relato da maior taxa É possível que o ToCV ocorra em outras regiões do
de transmissão de um isolado de ToSRV quando em país, visto infectar espécies de solanáceas que ocor-
infecção mista com o TGVV (Macedo et al., 2015). rem em todo território nacional e ser transmitido
Isso sugere que a prevalência atual de ToSRV em to- por um vetor cosmopolita.
mateiro é relacionada com a ampla dispersão de B. No Brasil, além do tomateiro e do pimentão,
tabaci MEAM1 e eficiente transmissão de ToSRV por o ToCV já foi encontrado infectando naturalmente
esse vetor. Um outro estudo foi realizado com Eu- outras espécies cultivadas de solanáceas como a ba-
phorbia yellow mosaic virus (EuYMV) em Euphorbia tateira (Freitas et al., 2012), a berinjela e o jiloeiro
heterophylla. A espécie nativa B. tabaci NW2 é uma (Fonseca et al., 2015). A incidência do ToCV, tanto
excelente vetora do EuYMV comparada a MEAM1, no Brasil como em outros países, principalmente em
sugerindo que NW2 pode ter um papel crucial na tomateiro e pimenteira é bastante variável, poden-
dispersão desse vírus no Brasil (Marchi, 2014). Con- do em alguns casos chegar a 100% (Barbosa et al.,
forme mencionado anteriormente, a recente intro- 2008; Dovas et al., 2002; Fortes et al., 2012; Macedo
dução de B. tabaci MED pode ocasionar mudanças et al., 2014; Navas-Castillo et al., 2000; Orfanidou et
significativas na ocorrência de viroses no Brasil, seja al., 2014; Velasco, 2008). O efeito do ToCV na produ-
em culturas onde as viroses associadas a moscas- ção ainda não foi avaliado de maneira quantitativa
-brancas já são importantes ou em culturas em que para a maioria das solanáceas cultivadas, com exce-
essas viroses não são relatadas ou ocorrem em baixa ção do pimentão (Fortes et al., 2012) e do tomatei-
incidência. ro (Mansilla, 2015). Para o pimentão, em avaliações
experimentais em casa de vegetação, encontraram-
4. Crinivírus em tomateiro e pimentão -se reduções na produção da ordem de 45-75%, em
Tomato chlorosis virus (ToCV) e Tomato in- função da variedade. Em ensaios de avaliação de
fectious chlorosis virus (TICV) são as duas únicas es- resistência/tolerância de diferentes genótipos de to-
pécies do gênero Crinivirus (família Closteroviridae) mateiro ao amarelão causado pelo ToCV, a redução
associadas com doenças de importância econômica, do peso dos frutos colhidos das plantas infectadas
principalmente na cultura do tomateiro, em diferen- quando jovens variou de 21 a 52 %, dependendo do
tes países. O TICV já foi relatado em 12 países, loca- genótipo.
lizados principalmente na América do Norte, Europa Os sintomas induzidos pelo ToCV em toma-
e Ásia, mas até o presente não foi encontrado no teiros aparecem normalmente após três a quatro
Brasil (Navas-Castillo et al., 2011). O ToCV já foi rela- semanas da inoculação e caracterizam-se principal-
tado em 23 países, entre os quais o Brasil (Barbosa et mente por áreas cloróticas internervais nas folhas
al., 2008). baixeiras (Figura 1E). Esse sintoma pode vir acompa-
O ToCV foi identificado pela primeira vez in- nhado por bronzeamentos ou manchas avermelha-
fectando tomateiros na Florida, EUA, causando a das, enrolamento das margens das folhas para cima
doença denominada “yellow dwarf disorder”, ini- e engrossamento do limbo foliar que se torna que-
cialmente atribuída a fatores nutricionais (Simone bradiço. Não há sintomas em flores e frutos (Wisler
et al., 1996; Wisler et al., 1998). A partir de então et al., 1998). Os mesmos sintomas já foram observa-
esta espécie de crinivírus foi encontrada infectando dos em plantas de pimentão e batateira. Apesar de
tomateiro e pimentão em mais de 20 países (Navas- não ocorrerem sintomas óbvios nas frutas, a produ-
-Castillo et al., 2011b). No Brasil, o ToCV foi primei- ção é frequentemente afetada pela redução do ta-
ramente constatado em tomateiros no município de manho e do número de frutos.
Sumaré, São Paulo (Barbosa et al., 2008), causando a O ToCV apresenta partículas alongadas e
doença denominada “amarelão”. Um relato de infec- flexuosas, com comprimentos que variam de 800 -
ção dessa solanácea por um closterovírus, não com- 850 nm (Liu et al., 2000). O genoma é composto por
pletamente caracterizado, na região de Campinas, duas moléculas de RNA de fita simples, senso posi-
SP, em 1998, cuja descrição dos sintomas é seme- tivo. Os RNA1 e RNA2 do isolado brasileiro possuem
lhante à descrita para o ToCV, foi feito por Pavan et 8594 e 8242 nt, respectivamente (Albuquerque et
al. (1999). Mais tarde o ToCV foi encontrado nos es- al., 2013), e apresentam as características típicas de

18 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

outros isolados do ToCV cujos genomas completos (Wintermantel e Wisler, 2006). A aquisição e a trans-
estão depositados em bancos de dados públicos: missão do vírus pelos vetores ocorrem após curtos
o RNA1 apresenta quatro genes, dos quais os dois períodos de alimentação, embora a transmissão seja
maiores codificam proteínas associadas à replicação, mais eficiente após algumas horas. No Brasil não há
e o RNA2 possui nove genes que codificam proteínas relato da presença de T. abutilonea, porém sabe-
associadas com a proteção do genoma, movimento, -se que T. vaporariorum também transmite o ToCV
transmissão pelo vetor e outras funções ainda não (Freitas et al., 2012). O ToCV não é transmitido por
identificadas (Albuquerque et al., 2013, Winterman- extrato vegetal (Dovas et al., 2002). Também não há
tel e Wisler, 2006). Ambos componentes genômicos evidência de transmissão por sementes. Ressalte-se
codificam proteínas com atividade de supressão do que o TICV é transmitido de maneira semi-persisten-
silenciamento de RNA (Canizares et al., 2008). te somente por T. vaporariorum (Navas-Castillo et
Análises filogenéticas realizadas com base al., 2011).
nas sequências de nucleotídeos dos genes que codi- A detecção do ToCV em plantas sintomáticas,
ficam a proteína HSP70h (homóloga da “heat shock bem como a sua diferenciação do TICV, pode ser fei-
protein”) e do genoma completo de isolados do ToCV ta por RT-PCR (Dovas et al., 2002; Wintermantel e
indicaram alto nível de conservação dos isolados bra- Hladky, 2010) e hibridização com sonda de ácido nu-
sileiros, com identidades de sequência superiores a cléico (Fortes et al., 2012; García-Cano et al., 2010).
99% (Albuquerque et al., 2013; Barbosa et al., 2013). Adicionalmente, o ToCV e o TICV podem ser diferen-
Em ambos os trabalhos, as maiores identidades nas ciados e identificados por meio da transmissão pelo
sequências de nucleotídeos ocorreram entre isola- vetor, visto que o TICV é transmitido somente por T.
dos de ToCV de países do Mediterrâneo, sugerindo vaporariorum (Navas-Castillo et al., 2011).
que os isolados brasileiros devem ter origem a par- O manejo do amarelão em tomateiro, bem
tir de uma única introdução. Wintermantel e Wisler como em outras solanáceas cultivadas, baseia-se
(2006) também constataram um alto grau de iden- principalmente no manejo do vetor, por meio de pul-
tidade genética quando compararam as sequências verizações com inseticidas e práticas culturais. Em-
de nucleotídeos do gene que codifica a proteína cap- bora os inseticidas possam reduzir a população do
sidial de isolados do ToCV dos EUA (incluindo Porto vetor, eles não são eficientes no controle da doença,
Rico) com as sequências correspondentes de isola- pois geralmente não impedem que insetos virulífe-
dos de outros países. Tendo em conta que o ToCV ros inoculem o vírus antes de serem mortos. Elimina-
não é transmitido verticalmente e a relação com o ção de plantações velhas de solanáceas e de hospe-
vetor é semi-persistente, o mais provável é que a in- deiros alternativos do vírus, para redução de fontes
trodução desse vírus no Brasil tenha acontecido por de inóculo, deve ser implementada antes do início
meio de material vegetativo infectado (Barbosa et da nova plantação (Tzanetakis et al., 2013). Não há
al., 2013). variedades ou híbridos de tomateiros comerciais
Dados recentes apontam que a gama de hos- resistentes ao ToCV. O mesmo é verdadeiro para as
pedeiros do ToCV envolve 52 espécies de plantas outras espécies de solanáceas cultivadas. Solanum
pertencentes a 18 famílias (Kil et al., 2015) e este peruvianum é fonte de resistência ao ToCV que pode
quadro não parece definitivo, pois mais recentemen- ser usada em programas de melhoramento para de-
te foram incluídas as espécies Raphanus sativus, R. senvolvimento de híbridos de tomateiro resistentes
raphanistrum e Eruca sativa (Boiteux et al., 2015). a esse crinivírus (García-Cano et al., 2010).
O ToCV é um vírus limitado ao floema e trans-
mitido de forma semi-persistente por várias espécies 5. Carlavírus em soja e feijoeiro
de mosca-branca: B. tabaci NW1, MEAM1 e MED, Na safra de 2000/01, os produtores de soja
Trialeurodes abutilonea e T. vaporariorum (Navas- do estado de Goiás observaram plantas com sin-
-Castillo et al., 2011b; Wintermantel e Wisler, 2006). tomas de nanismo, queima do broto e necrose da
B. tabaci MEAM1 e T. abutilonea são os vetores mais haste (Figura 1D), denominando a nova doença de
eficientes do vírus. Este persiste por até cinco dias “necrose da haste”. Acreditava-se que a doença se-
em T. abutilonea, três dias em B. tabaci MEAM1, e ria de origem fúngica, porém estudos com enxertia
apenas um dia em B. tabaci NW1 e T. vaporariorum comprovaram que a doença tem etiologia viral e a

RAPP - Volume 24, 2016 19


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

caracterização molecular, sorológica, com ensaios de ae e Solanaceae (Marubayashi et al., 2010; Zanardo
transmissão e microscopia eletrônica revelaram que et al., 2014a). Os sintomas variam de acordo com o
o vírus causador pertence à espécie Cowpea mild hospedeiro e a época do ano. Em caupi, o CPMMV
mottle virus (CPMMV), um carlavírus (Almeida et al., causa manchas cloróticas nas folhas primárias e dis-
2005). Nos anos seguintes, ocorrências severas fo- torção foliar (Brunt e Kenten, 1973). Em feijoeiro, o
ram relatadas nos estados do MT, BA, MA, PR e MG, CPMMV causa clorose das nervuras, clorose inter-
limitando a produção de soja (Almeida et al., 2005; nerval, faixa verde das nervuras e mosaico em for-
Zanardo et al., 2014b). ma de manchas angulares amarelas limitadas pelas
O CPMMV foi descrito pela primeira vez in- nervuras (mosaico angular) (Costa et al., 1983). Em
fectando caupi (Vigna unguiculata) em Gana, onde plantas de soja, causa clorose e mosaico nas folhas,
foram observados sintomas como mosqueado, man- necrose apical, distorção e nanismo (Figura 1D). Os
chas cloróticas e deformação foliar (Brunt e Kenten, sintomas em soja tornam-se mais aparentes na épo-
1973; Menzel et al., 2010; Naidu et al., 1998; Tavas- ca de surgimento das vagens: queima do broto e ne-
soli et al., 2008). Desde então sua ocorrência tem crose das hastes, que pode levar à morte das plantas
sido relatada em diversos hospedeiros da família Fa- (Almeida et al., 2005; Zanardo et al., 2014a).
baceae em diferentes regiões geográficas (Menzel et As caracterizações biológica, molecular e
al., 2010; Naidu et al., 1998; Tavassoli et al., 2008). de diversidade genética do CPMMV mostraram que
O primeiro relato de CPMMV no Brasil ocorreu em os seis isolados brasileiros cujos genomas comple-
1979, causando uma virose do feijoeiro denominada tos foram sequenciados constituem uma estirpe do
mosaico angular (Costa et al., 1983). O vírus causa- CPMMV, denominada CPMMV-BR, enquanto o isola-
dor do mosaico angular, na época denominado Bean do relatado em Gana corresponderia a uma estirpe
angular mosaic virus (BAMV), foi observado também distinta (Zanardo et al., 2014b)2014b. Dentre os seis
no Paraná infectando outras fabáceas, incluindo a isolados brasileiros, cinco são altamente relaciona-
soja (Costa et al., 1983). Mais tarde, estudos soroló- dos, e um isolado (BR:GO:01:1) possui um relaciona-
gicos realizados por Gaspar e Costa (1993) compro- mento um pouco mais distante devido a um evento
varam que o BAMV era idêntico ao CPMMV descrito de recombinação englobando as ORFs 2 a 6 (Zanardo
em Gana (Brunt e Kenten, 1973). et al., 2014b)2014b.
O CPMMV pertence ao gênero Carlavirus, fa- A emergência da necrose da haste em soja
mília Betaflexiviridae, que inclui vírus de partículas preocupou os sojicultores inicialmente, porém o uso
flexuosas com dimensões de aproximadamente 610- de cultivares com tolerância à doença (Arias et al.,
700 nm de comprimento e 12-15 nm de diâmetro 2015) amenizou o problema. Não há informações
(Adams et al., 2012). Seu genoma é composto de na literatura sobre danos causados pelo CPMMV em
RNA fita simples, sentido positivo, com comprimen- outras culturas no Brasil.
to entre 6500 e 8600 nt. Sequências completas de
nove isolados de CPMMV estão disponíveis em ban- 6. Carlavírus em meloeiro
cos de dados públicos. A doença conhecida como “amarelão do me-
A transmissão natural de CPMMV ocorre de loeiro” foi observada em plantios comerciais do mu-
forma não-persistente pelo vetor B. tabaci MEAM1 nicípio de Baraúnas, RN, em 1997. O sintoma princi-
(Marubayashi et al., 2010). O CPMMV, juntamen- pal é a clorose generalizada nas folhas mais velhas
te com o Melon yellowing-associated virus (MYaV), (Figura 1F), de coloração amarelo intensa. O sintoma
são os únicos carlavírus transmitidos por mosca- de amarelecimento foliar aparece inicialmente nas
branca, sendo os demais comumente transmitidos folhas velhas e depois atinge as folhas mais novas
por afídeos (Nagata et al., 2003). Também há relatos (Nagata et al., 2003). Nas folhas medianas, sintomas
da ocorrência de transmissão de alguns isolados do de mosaico são normalmente observados. Nas plan-
CPMMV via extrato vegetal e semente (Horn et al., tas doentes não se observa alteração no tamanho e
1991; Thouvenel et al., 1982). peso dos frutos, porém há diminuição do conteúdo
Hospedeiros naturais do CPMMV pertencem de sólidos solúveis (grau Brix), o que restringe a ex-
à família Fabaceae, e a gama de hospedeiros expe- portação dos frutos. A causa da doença ficou por
rimentais inclui plantas das famílias Chenopodiace- muitos anos desconhecida, com a hipótese de algu-

20 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

ma desordem nutricional sendo a mais favorecida. mas mais preocupantes da agricultura mundial. No
Testes de transmissão por enxertia demonstraram o Brasil, contrastando com a ocorrência de viroses as-
caráter patogênico da doença (Nagata et al., 2003). sociadas a B. tabaci anteriormente restrita a fabá-
Verificou-se também que o vírus é transmitido por ceas e malváceas, a lista atual de culturas afetadas
mosca-branca (Santos, 2004; Nagata et al., 2003). pelo inseto é extensa. Acredita-se que dois fatores
Mais tarde, verificou-se em tecido de meloeiro do- estejam particularmente envolvidos com a explosão
ente a presença de inclusões citoplasmáticas seme- da mosca-branca no Brasil, notadamente a partir
lhantes àqueles produzidos por carlavírus. Foi detec- da década de 1990: a expansão da cultura da soja
tada, em seguida, a presença de um vírus de RNA e a introdução de B. tabaci MEAM1. Levando-se em
com organização genômica semelhante a um carla- conta também o aumento da área irrigada na região
vírus e a sequência parcial do seu genoma demons- do cerrado, o sistema agrícola brasileiro propicia a
trou ser um vírus desconhecido, nomeado como Me- constante e abundante presença de alimento para B.
lon yellowing-associated virus (MYaV) (Nagata et al., tabaci. A característica de alta polifagia de B. tabaci
2005, Nagata et al., 2003). Esse vírus é distinto de MEAM1, em comparação a B. tabaci NW, também
outros carlavírus, que são em geral transmitidos por foi essencial para dispersão e estabelecimento deste
afídeos (exceção também do CPMMV). inseto por todo território brasileiro. A presença de
O MYaV apresenta partículas alongadas e fle- grande diversidade de vírus eficientemente transmi-
xuosas, com comprimentos que variam de 600 - 700 tidos por este inseto em plantas nativas e invasoras
nm (Nagata et al., 2003). O genoma é formado por desencadeou a emergência de diversas doenças de
uma molécula de RNA de fita simples. Apenas parte importância econômica. Hoje, viroses importantes
da sequência genômica foi determinada, incluindo são relatadas em fabáceas, solanáceas e cucurbi-
os 1612 nt da extremidade 3’ (Nagata et al., 2005). táceas, causando prejuízos altíssimos para a cadeia
Esta região contém duas ORFs em sobreposição, a produtiva. É possível que os danos causados pelos ví-
que codifica a proteína capsidial e a possível prote- rus associados a B. tabaci aumentem, face os relatos
ína que se liga a ácidos nucleicos, seguida da região recentes de ocorrência de begomovírus em culturas
3’ não-traduzida (3’UTR) e uma cauda poliadenilada. como soja, algodoeiro e maracujazeiro; ou com a in-
Essa organização genômica é típica dos carlavírus. A trodução de novas espécies, como os begomovírus
proteína capdisial apresenta a maior identidade com em cucurbitáceas e brássicas, crinivírus em cucurbi-
a sequência do carlavírus Garlic latent virus, um car- táceas e torradovírus em tomateiro. Fica claro que a
lavírus relatado somente no Brasil. introdução de B. tabaci MEAM1 no Brasil, seguido da
O MYaV é um vírus restrito ao floema, que se sua rápida dispersão em todas as áreas agrícolas, foi
encontra em baixa concentração na planta infectada decisiva para os problemas atuais. Entretanto, ainda
e não é transmissível via extrato vegetal. Testes soro- não se sabe o que acontecerá com a dispersão de
lógicos demonstraram a associação entre plantas de B. tabaci MED, recentemente encontrada no Brasil.
meloeiro com sintomas e a presença do MYaV (Ávila Necessita-se de mais grupos atuando na pesquisa
et al., 2008, Lima et al., 2009). Esforços para o de- com esses vírus e insetos. Há também necessidade
senvolvimento de cultivares resistentes estão sendo de viabilizar a realização de um conjunto de práti-
realizados, porém ainda não há oferta de meloeiros cas visando o manejo integrado de pragas em nível
com resistência ao vírus. Atualmente, a doença é regional, considerando toda a paisagem agrícola e
controlada com o uso de um túnel de TNT (tecido- natural.
-não-tecido) sobre as plantas desde a fase inicial de
desenvolvimento até a floração, após o qual a trans- 8. Referências
missão do vírus ocorre e afeta o meloeiro no final de Adams MJ, Candresse T, Hammond J, Kreuze JF, Mar-
cultivo. A doença é particularmente importante no telli GP, Namba S, Pearson MN, Ryu KH, Saldarelli
Nordeste em cultivos de meloeiro, tanto para expor- P, Yoshikawa N (2012) Betaflexiviridae. In: King
tação como para o consumo interno dos frutos. AMQ, Adams MJ, Carstens EB, Lefkowitz EJ (Eds.)
Virus Taxonomy - Ninth Report of the Internation-
7. Considerações finais al Committee on Taxonomy of Viruses. San Diego,
A mosca-branca representa um dos proble- EUA, Elsevier Academic Press. pp. 920-941.

RAPP - Volume 24, 2016 21


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

Albuquerque LC, Inoue-Nagata AK, Pinheiro B, Re- in Southeastern Brazil. Fitopatologia Brasileira
sende RO, Moriones E, Navas-Castillo J (2012a) 27:372-377.
Genetic diversity and recombination analysis Andrade EC, Manhani GG, Alfenas PF, Calegario RF,
of sweepoviruses from Brazil. Virology Journal Fontes EPB, Zerbini FM (2006) Tomato yellow spot
9:241. virus, a tomato-infecting begomovirus from Brazil
Albuquerque LC, Inoue-Nagata AK, Pinheiro B, Ribei- with a closer relationship to viruses from Sida sp.,
ro SG, Resende RO, Moriones E, Navas-Castillo J forms pseudorecombinants with begomoviruses
(2011) A novel monopartite begomovirus infec- from tomato but not from Sida. Journal of Gen-
ting sweet potato in Brazil. Archives of Virology eral Virology 87:3687-3696.
156:1291-1294. Aragao FJ, Nogueira EO, Tinoco ML, Faria JC (2013)
Albuquerque LC, Martin DP, Avila AC, Inoue-Nagata Molecular characterization of the first commercial
AK (2010) Characterization of tomato yellow vein transgenic common bean immune to Bean golden
streak virus, a begomovirus from Brazil. Virus mosaic virus. Journal of Biotechnology 166:42-50.
Genes 40:140-147. Arias CAA, Almeida AMR, Mituti T, Kitajima EW
Albuquerque LC, Varsani A, Fernandes FR, Pinheiro (2015) Inheritance of tolerance to cowpea mild
B, Martin DP, Ferreira PTO, Lemos TO, Inoue-Na- mottle virus in soybean. Crop Breeding and Ap-
gata AK (2012b) Further characterization of toma- plied Biotechnology 15:132-138.
to-infecting begomoviruses in Brazil. Archives of Arnaud LSEP, Santos CDG, Lima JAA, Feitosa FAA
Virology 157:747-752. (2007) Predominance of begomoviruses in to-
Albuquerque LC, Villanueva F, Resende RO, Navas- matoes in the region of Serra de Ibiapaba, Ceará
Castillo J, Barbosa JC, Inoue-Nagata AK (2013) Mo- state, and their detection in weeds. Fitopatologia
lecular characterization reveals Brazilian Tomato Brasileira 32:241-246.
chlorosis virus to be closely related to a Greek iso- Ávila AC, Inoue-Nagata AK, F.M. N, Matos LG, Dias
late. Tropical Plant Pathology 38:332-336. RCS, Rangel M, Nagata T (2008) Production of
Alemandri V, De Barro P, Bejerman N, Arguello-Caro antiserum and detection of melon yellowing-
EB, Dumon AD, Mattio MF, Rodriguez SM, Truol G associated virus by DAS-Elisa on melon. Tropical
(2012) Species within the Bemisia tabaci (Hemip- Plant Pathology 33:245-247.
tera: Aleyrodidae) complex in soybean and bean Barbosa JC, Costa H, Gioria R, Rezende JAM (2011)
crops in Argentina. Journal of Economic Entomol- Occurrence of Tomato chlorosis virus in tomato
ogy 105:48-53. crops in five Brazilian states. Tropical Plant Pathol-
Almeida AMR, Piuga FF, Marin SRR, Kitajima EW, Gas- ogy 36:256-258.
par JO, Oliveira TGO, Moraes TG (2005) Detection Barbosa JC, Rezende JAM, Bergamin-Filho A (2013)
and partial characterization of a carlavirus caus- Low genetic diversity suggests a single introduc-
ing stem necrosis of soybean in Brazil. Fitopatolo- tion and recent spread of Tomato chlorosis virus
gia Brasileira 30:191-194. in Brazil. Journal of Phytopathology 161:884-886.
Almeida MM, Jain S, Barroso PA, Hoffmann LV, Lu- Barbosa JC, Teixeira APM, Moreira AG, Camargo
cena MG, Resende RO, Inoue-Nagata AK (2013) LEA, Bergamin-Filho A, Kitajima EW, Rezende JAM
Complete sequence of a new bipartite begomovi- (2008) First report of Tomato chlorosis virus infect-
rus infecting cotton plants in Brazil. Genome An- ing tomato crops in Brazil. Plant Disease 92:1709.
nouncements 1:e00661-13. Barbosa LF, Marubayashi JM, De Marchi BR, Yuki VA,
Alves-Junior M, Alfenas-Zerbini P, Andrade EC, Es- Pavan MA, Moriones E, Navas-Castillo J, Krause-
posito DA, Silva FN, Cruz ACF, Ventrella MC, Otoni Sakate R (2014) Indigenous American species of
WC, Zerbini FM (2009) Synergism and negative the Bemisia tabaci complex are still widespread
interference during co-infection of tomato and in the Americas. Pest Management Science
Nicotiana benthamiana with two bipartite bego- 70:1440-1445.
moviruses. Virology 387:257-266. Barbosa LF, Yuki VA, Marubayashi JM, De Marchi BR,
Ambrozevicius LP, Calegario RF, Fontes EPB, Carvalho Perini FL, Pavan MA, Barros DR, Ghanim M, Mo-
MG, Zerbini FM (2002) Genetic diversity of bego- riones E, Navas-Castillo J, Krause-Sakate R (2015)
moviruses infecting tomato and associated weeds First report of Bemisia tabaci Mediterranean (Q

22 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

biotype) species in Brazil. Pest Management Sci- Brown JK, Frohlich DR, Rosell RC (1995) The sweet-
ence 71:501-504. potato or silverleaf whiteflies - biotypes of Bemis-
Barreto SS, Hallwass M, Aquino OM, Inoue-Nagata ia tabaci or a species complex. Annual Review of
AK (2013) A study of weeds as potential inoculum Entomology 40:511-534.
sources for a tomato-infecting begomovirus in Brown JK, Fauquet CM, Briddon RW, Zerbini FM,
central Brazil. Phytopathology 103:436-444. Moriones E, Navas-Castillo J (2012) Family Gemi-
Baur E (1906) Uber die infektiose Chlorose der Mal- niviridae. In: King AMQ, Adams MJ, Carstens EB,
vaceas. S. B. Preuss Akad. Wiss. 1:11-29. Lefkowitz EJ (Eds.) Virus Taxonomy. Ninth Report
Bedford ID, Briddon RW, Brown JK, Rosell RC, of the International Committee on Taxonomy of
Markham PG (1994) Geminivirus transmission Viruses. Londres, Elsevier Academic Press. pp.
and biological characterization of Bemisia tabaci 351-373.
(Gennadius) biotypes from different geographical Brown JK, Zerbini FM, Navas-Castillo J, Moriones E,
regions. Annals of Applied Biology 125:311-325. Ramos-Sobrinho R, Silva JCF, Fiallo-Olivé E, Brid-
Bennett CW, Costa AS (1949) The Brazilian curly top don RW, Hernández-Zepeda C, Idris A, Malathi
of tomato and tobacco resembling North Ameri- VG, Martin DP, Rivera-Bustamante R, Ueda S,
can and Argentine curly top of sugar beet. Journal Varsani A (2015) Revision of Begomovirus taxon-
of Agricultural Research 78:675-693. omy based on pairwise sequence comparisons.
Bergamin-Filho A, Inoue-Nagata AK, Bassanezi RB, Archives of Virology 160:1593-1619.
Belasque J, Amorim L, Macedo MA, Barbosa JC, Brunt AA, Kenten RH (1973) Cowpea mild mottle vi-
Willocquet L, Savary S (2016) The importance of rus, a newly recognized virus infecting cowpeas
primary inoculum and area-wide disease man- (Vigna unguiculata) in Ghana. Annals of Applied
agement to crop health and food security. Food Biology 74:67-74.
Security 8:221-238. Byrne DN, Bellows TS (1991) Whitefly biology. An-
Bethke JA, Byrne FJ, Hodges GS, McKenzie CL, Shat- nual Review of Entomology 36:431-457.
ters Jr. RG (2008) First record of the Q biotype of Calegario RF, Ferreira SS, Andrade EC, Zerbini FM
the sweetpotato whitefly, Bemisia tabaci, in Gua- (2007) Characterization of Tomato yellow spot vi-
temala. Phytoparasitica 37:61-64. rus, (ToYSV), a novel tomato-infecting begomovi-
Bezerra-Agasie IC, Ferreira GB, Ávila AC, Inoue-Na- rus from Brazil. Pesquisa Agropecuária Brasileira
gata AK (2006) First report of Tomato severe ru- 42:1335-1343.
gose virus in chili pepper in Brazil. Plant Disease Canal Rural (2015) Produtores de feijão do DF des-
90:114. respeitam vazio sanitário atrás de maior lucrati-
Blawid R, Fontenele RS, Lacorte C, Ribeiro SG (2013) vidade. Disponível em: http://www.canalrural.
Molecular and biological characterization of cor- com.br/noticias/feijao/ produtores-feijao-desres-
chorus mottle virus, a new begomovirus from peitam-vazio-sanitario-atras-maior-lucrativida-
Brazil. Archives of Virology 158:2603-2609. de-58978. Acesso em 23 Setembro 2015.
Boiteux LS, Fonseca MEN, Reis A, Costa AF, Fontes Canizares MC, Navas-Castillo J, Moriones E (2008)
MG, González-Arcos M (2015) Wild radish (Rapha- Multiple suppressors of RNA silencing encoded
nus spp.) and garden rocket (Eruca sativa) as new by both genomic RNAs of the crinivirus, Tomato
Brassicaceae hosts of Tomato chlorosis virus in chlorosis virus. Virology 379:168-174.
South America. Plant Disease 100:1027. Castillo-Urquiza GP, Beserra Jr. JEA, Bruckner FP,
Boiteux LS, Oliveira VR, Silva CH, Makishima N, Inoue- Lima ATM, Varsani A, Alfenas-Zerbini P, Zerbini FM
Nagata AK, Fonseca MED, Giordano LD (2007) Re- (2008) Six novel begomoviruses infecting tomato
action of tomato hybrids carrying the Ty-1 locus and associated weeds in Southeastern Brazil. Ar-
to Brazilian bipartite begomovirus species. Horti- chives of Virology 153:1985-1989.
cultura Brasileira 25:20-23. Chowda-Reddy R, Kirankumar M, Seal SE, Muniyap-
Bosco D, Mason G, Accotto GP (2004) TYLCSV DNA, pa V, Valand GB, Govindappa M, Colvin J (2012)
but not infectivity, can be transovarially inherit- Bemisia tabaci phylogenetic groups in India and
ed by the progeny of the whitefly vector Bemisia the relative transmission efficacy of tomato leaf
tabaci (Gennadius). Virology 323:276-283. curl Bangalore virus by an indigenous and an ex-

RAPP - Volume 24, 2016 23


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

otic population. Journal of Integrative Agriculture 1 to identify species level genetic boundaries.
11:235-248. Annals of the Entomological Society of America
Coco D, Calil IP, Brustolini OJ, Santos AA, Inoue-Na- 103:196-208.
gata AK, Fontes EP (2013) Soybean chlorotic spot Dovas CI, Katis NI, Avgelis AD (2002) Multiplex de-
virus, a novel begomovirus infecting soybean in tection of criniviruses associated with epidemics
Brazil. Archives of Virology 158:457-462. of a yellowing disease of tomato in Greece. Plant
Costa AS (1937) Nota sobre o mosaico do algodoei- Disease 86:1345-1349.
ro. Revista Agrícola 12:453-470. Esterhuizen LL, Mabasa KG, Van Heerden SW, Czos-
Costa AS (1954) Identidade entre o mosaico comum nek H, Brown JK, Van Heerden H, Rey MEC (2013)
do algodoeiro e a clorose infecciosa das malváce- Genetic identification of members of the Bemisia
as. Bragantia 13:23-27. tabaci cryptic species complex from South Africa
Costa AS (1955) Studies on Abutilon mosaic in Brazil. reveals native and introduced haplotypes. Journal
Phytopathologische Zeitschrift 24:97-112. of Applied Entomology 137:122-135.
Costa AS (1975) Increase in the populational density Faria JC, Maxwell DP (1999) Variability in geminivirus
of Bemisia tabaci, a threat to widespread virus in- isolates associated with Phaseolus spp. in Brazil.
fection of legume crops in Brazil. In: Bird J, Mar- Phytopathology 89:262-268.
amorosch K (Eds.) Tropical Diseases of Legumes. Fernandes-Acioli NA, Carvalho RCP, Fontenele RS,
New York, Academic Press. pp. 27-49. Lacorte C, Ribeiro SG, Fonseca MEN, Boiteux LS
Costa AS, Bennett CW (1950) Whitefly transmitted (2011) First report of Sida micrantha mosaic vi-
mosaic of Euphorbia prunifolia. Phytopathology rus in Phaseolus vulgaris in Brazil. Plant Disease
40:266-283. 95:1196.
Costa AS, Gaspar JO, Vega J (1983) Mosaico angular Fernandes FR, Albuquerque LC, Giordano LB, Boit-
do feijoeiro jalo causado por um carla vírus trans- eux LS, Ávila AC, Inoue-Nagata AK (2008) Diver-
mitido pela mosca branca Bemisia tabaci. Fitopa- sity and prevalence of Brazilian bipartite begomo-
tologia Brasileira 8:325-337. virus species associated to tomatoes. Virus Genes
Costa AS, Oliveira AR, Silva DM (1975) Transmissão 36:251-258.
mecânica do mosaico dourado do tomateiro. Fernandes FR, Albuquerque LC, Oliveira CL, Cruz
Revista da Sociedade Brasileira de Fitopatologia ARR, Rocha WB, Pereira TG, Naito FYB, Dias ND,
6:147. Nagata T, Faria JC, Zerbini FM, Aragão FJL, Inoue-
Costa AS, Carvalho AMB (1960) Comparative studies Nagata AK (2011) Molecular and biological char-
between Abutilon and Euphorbia mosaic viruses. acterization of a new Brazilian begomovirus, eu-
Phytopathologische Zeitschrift 38:129-152. phorbia yellow mosaic virus (EuYMV), infecting
Costa CL (1998) Vetores de vírus de plantas. 1. Inse- Euphorbia heterophylla plants. Archives of Virol-
tos. Revisão Anual de Patologia de Plantas 6:103- ogy 156:2063-2069.
167. Fernandes FR, Cruz AR, Faria JC, Zerbini FM, Aragao
Cotrim MA, Krause-Sakate R, Narita N, Zerbini FM, FJ (2009) Three distinct begomoviruses associ-
Pavan MA (2007) Genetic diversity ot tomato-in- ated with soybean in central Brazil. Archives of
fecting begomoviruses in Central São Paulo state. Virology 154:1567-1570.
Summa Phytopathologica 33:300-303. Fernandes JJ, Carvalho MG, Andrade EC, Brom-
Dalton R (2006) Whitefly infestations: the Christmas monschenkel SH, Fontes EPB, Zerbini FM (2006)
Invasion. Nature 443:898-900. Biological and molecular properties of Tomato
De Barro P, Ahmed MZ (2011) Genetic networking rugose mosaic virus (ToRMV), a new tomato-in-
of the Bemisia tabaci cryptic species complex fecting begomovirus from Brazil. Plant Pathology
reveals pattern of biological invasions. PLoS One 55:513-522.
6:e25579. Fiallo-Olivé E, Zerbini FM, Navas-Castillo J (2015)
Dinsdale A, Cook L, Riginos C, Buckley YM, De Barro Complete nucleotide sequences of two new
PD (2010) Refined global analysis of Bemisia taba- begomoviruses infecting the wild malvaceous
ci (Hemiptera: Sternorrhyncha: Aleyrodoidea: plant Melochia sp. in Brazil. Archives of Virology
Aleyrodidae) mitochondrial cytochrome oxidase 160:3161-3164.

24 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

Firdaus S, Vosman B, Hidayati N, Jaya Supena ED, viridae; Begomovirus) by its whitefly vector. Virus
Visser RG, van Heusden AW (2013) The Bemisia Research 186:47-54.
tabaci species complex: additions from different Ghanim M, Czosnek H (2000) Tomato yellow leaf
parts of the world. Insect Science 20:723-733. curl geminivirus (TYLCV-Is) is transmitted among
Firmino AC, Yuki VA, Moreira AG, Rezende JAM (2009) whiteflies (Bemisia tabaci) in a sex-related man-
Tomato yellow vein streak virus: relationship with ner. Journal of Virology 74:4738-4745.
Bemisia tabaci biotype B and host range. Scientia Ghanim M, Morin S, Czosnek H (2001) Rate of to-
Agricola 66:793-799. mato yellow leaf curl virus translocation in the
Flores E, Silberschmidt K, Kramer M (1960) Obser- circulative transmission pathway of its vector, the
vações de “clorose infecciosa” das malváceas em whitefly Bemisia tabaci. Phytopathology 91:188-
tomateiros do campo. O Biológico 26:65-69. 196.
Fonseca MEN, Boiteux LS, Lima MF, Mendonça JL, Gilbertson RL, Batuman O, Webster CG, Adkins S
Costa AF, Fontes MG, Costa H, González-Arcos M (2015) Role of the insect supervectors Bemisia
(2015) First report of Tomato chlorosis virus infec- tabaci and Frankliniella occidentalis in the emer-
ting eggplant and scarlet eggplant in Brazil. Plant gence and global spread of plant viruses. Annual
Disease 100:867. Review of Virology 2:67-93.
Fortes IM, Moriones E, Navas-Castillo J (2012) Toma- Gilbertson RL, Rojas M, Natwick E (2011) Develop-
to chlorosis virus in pepper: prevalence in com- ment of integrated pest management (IPM) strat-
mercial crops in southeastern Spain and symp- egies for whitefly (Bemisia tabaci)-transmissible
tomatology under experimental conditions. Plant geminiviruses. In: Thompson WMO (Ed.) The
Pathology 61:994-1001. whitefly, Bemisia tabaci (Homoptera: Aleyrodi-
Freitas DMS (2012) Tomato severe rugose virus dae) interaction with geminivirus-infected host
(ToSRV) e Tomato chlorosis virus (ToCV): relações plants. Amsterdam, Springer Netherlands. pp.
com Bemisia tabaci biótipo B e eficiência de um 323-356.
inseticida no controle da transmissão do ToSRV. Giordano LB, Fonseca MEN, Silva JBC, Inoue-Nagata
Tese D.Sc. (Fitopatologia). Piracicaba, USP-Esalq. AK, Boiteux LS (2005) Efeito da infecção precoce
Freitas DMS, Nardin I, Shimoyama N, Souza-Dias por begomovírus com genoma bipartido em ca-
JAC, Rezende JAM (2012) First report of Tomato racterísticas de frutos de tomate industrial. Horti-
chlorosis virus in potato in Brazil. Plant Disease cultura Brasileira 23:815-818.
96:593. González-Aguilera J, Hurtado FD, Xavier CAD, Laurin-
Galvão RM, Mariano AC, Luz DF, Alfenas PF, Andrade do BS, Nick C, Gil MA, da Silva DJH, Zerbini FM
EC, Zerbini FM, Almeida MR, Fontes EPB (2003) A (2011) Identification of the begomovirus resistan-
naturally occurring recombinant DNA-A of a typi- ce genes Ty-2 and Ty-3 in tomato genotypes. Pes-
cal bipartite begomovirus does not require the quisa Agropecuária Brasileira 46:772-775.
cognate DNA-B to infect Nicotiana benthamiana González-Aguilera J, Tavares SS, Sobrinho RR, Xavier
systemically. Journal of General Virology 84:715- CAD, Dueñas-Hurtado F, Lara-Rodrigues RM, Sil-
726. va DJH, Zerbini FM (2012) Genetic structure of a
García-Cano E, Navas-Castillo J, Moriones E, Fernán- Brazilian population of the begomovirus Tomato
dez-Muñoz R (2010) Resistance to Tomato chloro- severe rugose virus (ToSRV). Tropical Plant Pathol-
sis virus in wild tomato species that impair virus ogy 37:346-353.
accumulation and disease symptom expression. Grille GN, Buenahora J, Basso C, Bonato O (2011)
Phytopathology 100:582-592. First report of the Q biotype of Bemisia tabaci in
Gaspar JO, Costa AS (1993) Vírus do mosaico angular Argentina and Uruguay. Phytoparasitica 39:235-
do feijoeiro: purificação e ultraestrutura dos te- 238.
cidos infectados. Fitopatologia Brasileira 18:534- Guevara-Coto JB, Hernandez-Jimenez E, Hammond
540. R, Ramirez-Fonseca P (2011) Bemisia tabaci Bio-
Ghanim M (2014) A review of the mechanisms and type Q is present in Costa Rica. European Journal
components that determine the transmission ef- of Plant Pathology 131:167-170.
ficiency of Tomato yellow leaf curl virus (Gemini- Horn NM, Saleh N, Baliadi Y (1991) Cowpea mild

RAPP - Volume 24, 2016 25


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

mottle virus could not be detected by ELISA in 26:81-85.


soybean and groundnut seeds in Indonesia. Euro- Liu BM, Yan FM, Chu D, Pan HP, Jiao XG, Xie W, Wu
pean Journal of Plant Pathology 97:125-127. QJ, Wang SL, Xu BY, Zhou XG, Zhang YJ (2012)
Horowitz AR, Kontsedalov S, Khasdan V, Ishaaya I Difference in feeding behaviors of two invasive
(2005) Biotypes B and Q of Bemisia tabaci and whiteflies on host plants with different suitability:
their relevance to neonicotinoid and pyriproxyfen implication for competitive displacement. Inter-
resistance. Archives of Insect Biochemistry and national Journal of Biological Sciences 8:697-706.
Physiology 58:216-225. Liu BM, Preisser EL, Chu D, Pan HP, Xie W, Wang SL,
Hu J, De Barro P, Zhao H, Wang J, Nardi F, Liu SS Wu QJ, Zhou XG, Zhang YJ (2013) Multiple forms
(2011) An extensive field survey combined with of vector manipulation by a plant-infecting virus:
a phylogenetic analysis reveals rapid and wide- Bemisia tabaci and Tomato yellow leaf curl virus.
spread invasion of two alien whiteflies in China. Journal of Virology 87:4929-4937.
PLoS One 6:e16061. Liu HY, Wisler GC, Duffus JE (2000) Particle lengths
Inoue-Nagata AK, Martin DP, Boiteux LS, Giordano of whitefly-transmitted criniviruses. Plant Disease
LD, Bezerra IC, Avila AC (2006) New species emer- 84:803-805.
gence via recombination among isolates of the Lourenção AL, Krause-Sakate R, Valle GE (2015) Mos-
Brazilian tomato-infecting begomovirus complex. ca-branca, Bemisia tabaci (Gennadius) biótipo B.
Pesquisa Agropecuária Brasileira 41:1329-1332. In: Vilela EF, Zucchi RA (Eds.) Pragas Introduzidas
Jovel J, Reski G, Rothenstein D, Ringel M, Frischmuth no Brasil: Insetos e Ácaros. Piracicaba, FEALQ. pp.
T, Jeske H (2004) Sida micrantha mosaic is associ- 682-707.
ated with a complex infection of begomoviruses Lourenção AL, Nagai H (1994) Surtos populacionais
different from Abutilon mosaic virus. Archives of de Bemisia tabaci no estado de São Paulo. Bra-
Virology 149:829-841. gantia 53:53-59.
Kil E-J, Lee Y-J, Cho S, Auh C-K, Kim D, Lee K-Y, Kim Macedo MA, Barreto SS, Hallwass M, Inoue-Nagata
M-K, Choi H-S, Kim C-S, Lee S (2015) Identification AK (2014) High incidence of Tomato chlorosis vi-
of natural weed hosts of Tomato chlorosis virus in rus alone and in mixed infection with begomovi-
Korea by RT-PCR with root tissues. European Jour- ruses in two tomato fields in the Federal District
nal of Plant Pathology 142:419-426. and Goiás state, Brazil. Tropical Plant Pathology
Li MH, Xu F-C, Liu S-S (2010) Transmission of tomato 39:449-452.
yellow leaf curl virus by two invasive biotypes and Macedo MA, Michereff M, Navas-Castillo J, Inoue-
a Chinese indigenous biotype of the whitefly Be- Nagata AK (2015) Host range and whitefly trans-
misia tabaci. International Journal of Pest Man- mission efficiency of Tomato severe rugose virus
agement 56:275-280. and Tomato golden vein virus in tomato plants.
Lima ATM, Sobrinho RR, Gonzalez-Aguilera J, Rocha Tropical Plant Pathology 40:405-409.
CS, Silva SJC, Xavier CAD, Silva FN, Duffy S, Zerbini Mansilla PJ (2015) Resistência de genótipos de to-
FM (2013) Synonymous site variation due to re- mateiro à infecção com o Tomato chlorosis virus
combination explains higher genetic variability in e tolerância à doença. Tese D.Sc. (Fitopatologia).
begomovirus populations infecting non-cultivat- Piracicaba, USP-Esalq.
ed hosts. Journal of General Virology 94:418-431. Marchi BR (2014) Associação de begomovírus e cri-
Lima MF, Nagata T, Neves FM, Inoue-Nagata AK, Moi- nivírus com Bemisia tabaci espécie New World 2
ta AW, Sousa C, Della Vecchia M, Rangel MG, Dias e Trialeurodes vaporariorum. Dissertação M.Sc.
RCS, Dutra LS, Ávila AC (2009) Detecção por soro- (Proteção de Plantas). Botucatu, FCA/Unesp.
logia do Melon yellowing associated virus (MYaV) Mariano-Muñiz GN (2001) Differential variation in
em áreas produtoras de melão no Nordeste brasi- development of the B-and Q-biotypes of Bemisia
leiro. Horticultura Brasileira 27:478-483. tabaci (Homoptera: Aleyrodidae) on sweet pep-
Lima MFB, Bezerra IC, Ribeiro SG, Ávila AC (2001) per at constant temperatures. Environmental En-
Distribuição de geminivírus nas culturas do toma- tomology 30:720-727.
te e pimentão em doze municípios do Submédio Martinez-Carrillo JB (2007) First report of the Q bio-
do Vale São Francisco. Fitopatologia Brasileira type of Bemisia tabaci in southern Sonora, Mexi-

26 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

co. Phytoparasitica 35:282-284. of a novel carlavirus from melon in Brazil. Plant


Marubayashi JM, Yuki VA, Wutke EB (2010) Transmis- Pathology 52:797.
são do Cowpea mild mottle virus pela mosca bran- Naidu RA, Gowda S, Satyanarayana T, Boyko V, Reddy
ca Bemisia tabaci biótipo B para plantas de feijão AS, Dawson WO, Reddy DV (1998) Evidence that
e soja Summa Phytopathologica 36:158-160. whitefly-transmitted cowpea mild mottle virus
Marubayashi JM, Yuki VA, Rocha KCG, Mituti T, belongs to the genus Carlavirus. Archives of Virol-
Pelegrinotti FM, Ferreira FZ, Moura MF, Navas- ogy 143:769-780.
Castillo J, Moriones E, Pavan MA (2013) At least Navas-Castillo J, Camero R, Bueno M, Moriones E
two indigenous species of the Bemisia tabaci (2000) Severe yellowing outbreaks in tomato in
complex are present in Brazil. Journal of Applied Spain associated with infections of Tomato chlo-
Entomology 137:113-121. rosis virus. Plant Disease 84:835-837.
Matyis JC, Silva DM, Oliveira AR, Costa AS (1975) Pu- Navas-Castillo J, Fiallo-Olivé E, Sánchez-Campos S
rificação e morfologia do vírus do mosaico dou- (2011) Emerging virus diseases transmitted by
rado do tomateiro. Summa Phytopathologica whiteflies. Annual Review of Phytopathology
1:267-275. 49:219-248.
Menten JO, Roston AJ (1980) Mosaico dourado e a Ning WX, Shi XB, Liu BM, Pan HP, Wei WT, Zeng Y,
necessidade da regionalização da cultura do fei- Sun XP, Xie W, Wang SL, Wu QJ, Cheng JX, Peng
joeiro no Estado de São Paulo. Revista da Agricul- ZK, Zhang YJ (2015) Transmission of Tomato yel-
tura 55:287-300. low leaf curl virus by Bemisia tabaci as affected by
Menzel W, Winter S, Vetten HJ (2010) Complete nu- whitefly sex and biotype. Scientific Reports 5:8.
cleotide sequence of the type isolate of Cowpea Nozaki DN, Krause-Sakate R, Pavan MA (2010) Be-
mild mottle virus from Ghana. Archives of Virol- gomovírus infectando a cultura de pimentão no
ogy 155:2069-2073. Estado de São Paulo. Summa Phytopathologica
Morales FJ (2006a) History and current distribution 36:244-247.
of begomoviruses in Latin America. Advances in Orfanidou CG, Dimitriou C, Papayiannis LC, Maliogka
Virus Research 67:127-162. VI, Katis NI (2014) Epidemiology and genetic di-
Morales FJ (2006b) Tropical whitefly IPM project. Ad- versity of criniviruses associated with tomato yel-
vances in Virus Research 69:249-311. lows disease in Greece. Virus Research 186:120-
Morin S, Ghanim M, Sobol I, Czosnek H (2000) The 129.
GroEL protein of the whitefly Bemisia tabaci in- Orlando A, Silberschmidt K (1945) O vetor da “clo-
teracts with the coat protein of transmissible and rose infecciosa” das malváceas. Biológico 11:138-
nontransmissible begomoviruses in the yeast 139.
two-hybrid system. Virology 276:404-416. Orlando A, Silberschmidt K (1946) Estudos sobre a
Morin S, Ghanim M, Zeidan M, Czosnek H, Verbeek disseminação natural do vírus da “clorose infec-
M, van den Heuvel JF (1999) A GroEL homologue ciosa” das malváceas (Abutilon virus 1. Baur) e
from endosymbiotic bacteria of the whitefly Be- sua relação com o inseto-vetor Bemisia tabaci
misia tabaci is implicated in the circulative trans- (Genn.). Archivos do Instituto Biológico 17:1-36.
mission of tomato yellow leaf curl virus. Virology Paprotka T, Metzler V, Jeske H (2010a) The complete
256:75-84. nucleotide sequence of a new bipartite begomo-
Moriones E, Navas-Castillo J (2000) Tomato yellow virus from Brazil infecting Abutilon. Archives of
leaf curl virus, an emerging virus complex caus- Virology 155:813-816.
ing epidemics worldwide. Virus Research 71:123- Paprotka T, Metzler V, Jeske H (2010b) The first DNA
134. 1-like alphasatellites in association with New
Nagata T, Alves DM, Inoue-Nagata AK, Tian TY, Kitaji- World begomoviruses in natural infections. Virol-
ma EW, Cardoso JE, Avila AC (2005) A novel melon ogy 404:148-157.
flexivirus transmitted by whitefly. Archives of Vi- Parrella G, Nappo AG, Manco E, Greco B, Giorgini M
rology 150:379-387. (2014) Invasion of the Q2 mitochondrial variant
Nagata T, Kitajima EW, Alves DM, Cardoso JE, Inoue- of Mediterranean Bemisia tabaci in southern Ita-
Nagata AK, Oliveira MRV, Ávila AC (2003) Isolation ly: possible role of bacterial endosymbionts. Pest

RAPP - Volume 24, 2016 27


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

Management Science 70:1514-1523. Farich BA, Santana-Magal N, Elimelech M, Kont-


Pavan MA, Mello PCT, Sitolin IM (1999) Caracteriza- sedalov S, Lebedev G, Cilia M, Ghanim M (2015)
ção parcial de um closterovirus infectando toma- Persistent, circulative transmission of begomovi-
teiro na região de Campinas, SP. Summa Phytopa- ruses by whitefly vectors. Current Opinion in Vi-
tologica 25:36-37. rology 15:1-8.
Pinto VB, Silva JP, Fiallo-Olivé E, Navas-Castillo J, Zer- Rubinstein G, Czosnek H (1997) Long-term asso-
bini FM (2016) Novel begomoviruses recovered ciation of tomato yellow leaf curl virus with its
from Pavonia sp. in Brazil. Archives of Virology whitefly vector Bemisia tabaci: effect on the in-
161:735-739. sect transmission capacity, longevity and fecun-
Ramos-Sobrinho R, Xavier CAD, Pereira HMB, Lima dity. Journal of General Virology 78:2683-2689.
GSA, Assunção IP, Mizubuti ESG, Duffy S, Zerbini Salati R, Nahkla MK, Rojas MR, Guzman P, Jaquez J,
FM (2014) Contrasting genetic structure between Maxwell DP, Gilbertson RL (2002) Tomato yellow
two begomoviruses infecting the same legumi- leaf curl virus in the Dominican Republic: charac-
nous hosts. Journal of General Virology 95:2540- terization of an infectious clone, virus monitoring
2552. in whiteflies, and identification of reservoir hosts.
Ribeiro SG, Ambrozevicius LP, Ávila AC, Bezerra IC, Phytopathology 92:487-496.
Calegario RF, Fernandes JJ, Lima MF, Mello RN, Santos AA, Cardoso, JE, Oliveira JN, Vidal JC, Cardoso
Rocha H, Zerbini FM (2003) Distribution and ge- JW (2004) Transmissão do amarelão-do-meloeiro
netic diversity of tomato-infecting begomoviruses pela mosca-branca. Comunicado Técnico 93. For-
in Brazil. Archives of Virology 148:281-295. taleza, Embrapa Agroindústria Tropical.
Ribeiro SG, Avila AC, Bezerra IC, Fernandes JJ, Faria Santos CDG, Ávila AC, Resende RO (2003) Estudo da
JC, Lima MF, Gilbertson RL, Maciel-Zambolim E, interação de um begomovírus isolado de tomatei-
Zerbini FM (1998) Widespread occurrence of to- ro com a mosca branca. Fitopatologia Brasileira
mato geminiviruses in Brazil, associated with the 28:664-673.
new biotype of the whitefly vector. Plant Disease Saunders K, Bedford ID, Yahara T, Stanley J (2003)
82:830. The earliest recorded plant virus disease. Nature
Ribeiro SG, Martin DP, Lacorte C, Simões IC, Orlan- 422:831.
dini DRS, Inoue-Nagata AK (2007) Molecular and Silva AKF, Santos CDG, Nascimento AKQ (2010) Be-
biological characterization of Tomato chlorotic gomovirus transmission from weeds to tomato by
mottle virus suggests that recombination under- the whitefly. Planta Daninha 28:507-514.
lies the evolution and diversity of Brazilian toma- Silva FN, Lima ATM, Rocha CS, Castillo-Urquiza GP,
to begomoviruses. Phytopathology 97:702-711. Alves M, Zerbini FM (2014) Recombination and
Ribeiro SG, Inoue-Nagata AK, Daniels J, Ávila AC pseudorecombination driving the evolution of
(2006) Potato deforming mosaic disease is caused the begomoviruses Tomato severe rugose virus
by an isolate of Tomato yellow vein streak virus. (ToSRV) and Tomato rugose mosaic virus (ToRMV):
Plant Pathology 55:569. two recombinant DNA-A components sharing the
Rocha CS, Castillo-Urquiza GP, Lima ATM, Silva FN, same DNA-B. Virology Journal 11:66.
Xavier CAD, Hora-Junior BT, Beserra-Junior JEA, Silva SJC, Castillo-Urquiza GP, Hora-Junior BT, Assun-
Malta AWO, Martin DP, Varsani A, Alfenas-Zerbini ção IP, Lima GSA, Pio-Ribeiro G, Mizubuti ESG,
P, Mizubuti ESG, Zerbini FM (2013) Brazilian bego- Zerbini FM (2012) Species diversity, phylogeny
movirus populations are highly recombinant, rap- and genetic variability of begomovirus popula-
idly evolving, and segregated based on geograph- tions infecting leguminous weeds in northeastern
ical location. Journal of Virology 87:5784-5799. Brazil. Plant Pathology 61:457-467.
Rodríguez-Pardina PE, Hanada K, Laguna IG, Zerbini Silva SJC, Castillo-Urquiza GP, Hora-Júnior BT, As-
FM, Ducasse DA (2011) Molecular characterisa- sunção IP, Lima GSA, Pio-Ribeiro G, Mizubuti
tion and relative incidence of bean- and soybean- ESG, Zerbini FM (2011) High genetic variabil-
infecting begomoviruses in northwestern Argen- ity and recombination in a begomovirus popu-
tina. Annals of Applied Biology 158:69-78. lation infecting the ubiquitous weed Cleome af-
Rosen R, Kanakala S, Kliot A, Cathrin Pakkianathan B, finis in northeastern Brazil. Archives of Virology

28 RAPP - Volume 24, 2016


Alice Kazuko Inoue-Nagata, et al. (8-29)

156:2205-2213. Wintermantel WM, Hladky LL (2010) Methods for


Simone GW, Hochmuth RC, Wisler GC, Duffus JE, Liu detection and differentiation of existing and new
HY, Li RH (1996) A new whitefly-vectored clostero- crinivirus species through multiplex and degener-
virus of tomato in Florida. Proceedings of the ate primer RT-PCR. Journal of Virological Methods
Florida Tomato Institute:71-74. 170:106-114.
Souza-Dias JAC, Sawazaki HE, Pernambuco-Filho Wintermantel WM, Wisler GC (2006) Vector speci-
PCA, Elias LM, Maluf H (2008) Tomato severe ficity, host range, and genetic diversity of Tomato
rugose virus: another begomovirus causing leaf chlorosis virus. Plant Disease 90:814-819.
deformation and mosaic symptoms on potato in Wisler GC, Li RH, Liu HY, Lowry DS, Duffus JE (1998)
Brazil. Plant Disease 92:487-487. Tomato chlorosis virus: a new whitefly-transmit-
Tavares SS, Ramos-Sobrinho R, Gonzalez-Aguilera J, ted, phloem-limited, bipartite closterovirus of to-
Lima GSA, Assunção IP, Zerbini FM (2012) Further mato. Phytopathology 88:402-409.
molecular characterization of weed-associated Wyant PS, Strohmeier S, Schafer B, Krenz B, Assun-
begomoviruses in Brazil with an emphasis on Sida cao IP, Lima GSD, Jeske H (2012) Circular DNA ge-
spp. Planta Daninha 30:305-315. nomics (circomics) exemplified for geminiviruses
Tavassoli M, Shahraeen N, Ghorbani S (2008) Detec- in bean crops and weeds of northeastern Brazil.
tion and some properties of cowpea mild mottle Virology 427:151-157.
virus isolated from soybean in Iran. Pakistani Jour- Zanardo LG, Silva FN, Bicalho AAC, Castillo-Urquiza
nal of Biological Sciences 11:2624-2628. GP, Lima ATM, Almeida AMR, Zerbini FM, Carv-
Thouvenel JC, Monsarrat A, Fauquet C (1982) Isola- alho CM (2014a) Molecular and biological char-
tion of Cowpea mild mottle virus from diseased acterization of cowpea mild mottle virus isolates
soybeans in Ivory Coast. Plant Disease 66:336- infecting soybean in Brazil and evidence of re-
337. combination. Plant Pathology 63:456-465.
Tzanetakis IE, Martin RR, Wintermantel WM (2013) Zanardo LG, Silva FN, Lima AT, Milanesi DF, Castilho-
Epidemiology of criniviruses: an emerging prob- Urquiza GP, Almeida AM, Zerbini FM, Carvalho
lem in world agriculture. Frontiers in Microbiol- CM (2014b) Molecular variability of cowpea mild
ogy 4:119. mottle virus infecting soybean in Brazil. Archives
Velasco L, Simón B, Janssen D, Cenis JL (2008) Inci- of Virology 159:727-737.
dences and progression of tomato chlorosis virus Zerbini FM, Andrade EC, Barros DR, Ferreira SS, Lima
disease and tomato yellow leaf curl virus dis- ATM, Alfenas PF, Mello RN (2005) Traditional and
ease in tomato under different greenhouse cov- novel strategies for geminivirus management in
ers in southeast Spain. Annals of Applied Biology Brazil. Australasian Plant Pathology 34:475-480.
153:335-344. Zerbini FM, Inoue-Nagata AK, Ribeiro SG, Resende
Vicente M, Kudamatsu M, Fazio G, Alexandre MAV, RO (2010) From ‘wild’ to ‘domesticated’ and back
Chagas CM (1985) Incidência do mosaico doura- to ‘wild’: genetic diversity and evolution of Brazil-
do do feijoeiro em três municípios do estado de ian begomoviruses. 6th International Geminivirus
São Paulo zoneados para o plantio do “feijão-da- Symposium (Program and Abstracts in CD-ROM).
-seca”. O Biológico 51:147-155. Guanajuato, Mexico.
Vu S, Melgarejo T, Chen L-F, Souza J, Macedo M, Zerbini FM, Ribeiro SG, Andrade EC, Lopes EF, Fer-
Inoue-Nagata AK, Gilbertson RL (2015) Evidence nandes JJ, Fontes EPB (2002) Identificação e ta-
that Tomato mottle leaf curl virus from Northeast- xonomia de novas espécies de vírus transmitidos
ern Brazil is an indigenous New World monopar- por mosca-branca no Brasil. O Biológico 64:151-
tite begomovirus. Phytopathology 105:S4.143. 152.

RAPP - Volume 24, 2016 29


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

MANCHA DE MICOSFERELA: O
GRANDE OBSTÁCULO PARA O CULTIVO
DE EUCALYPTUS GLOBULUS NO BRASIL
Martha Maria Passador1 e Edson Luiz Furtado2

RESUMO
O Eucalyptus globulus  é uma espécie que apresenta boa capacidade de
produção e adapta-se bem em diversos tipos de solos, e em regiões de clima
temperado. O avanço das áreas reflorestadas, o plantio de espécies mais sus-
cetíveis a determinadas pragas e patógenos e a utilização repetitiva de uma
mesma área para plantio, criaram condições favoráveis à ocorrência de muitos
problemas fitossanitários. Algumas doenças foram constatadas concomitantes
ao crescimento do cultivo de eucalipto no Brasil, como a doença causada por
espécies de Myscosphaerella e Teratosphaeria. No Brasil, surtos epidêmicos de
manchas foliares, devido á esses agentes causais eram pouco comuns, porém
a partir do ano de 2007 essa doença proporcionou grandes perdas em plan-
tios dessa espécie no Sul do Brasil. Nos anos seguintes, já foi possível constatar
a mancha de micosferela em plantios comerciais localizados no estado de São
Paulo.

SUMMARY
Eucalyptus globulus is a species that has good production capacity and
can easily adapt in different types of soils and temperate regions. The advance
of reforested areas, the planting of species more susceptible to certain pests
and pathogens and the repetitive use of the same area for planting created
favorable conditions to the occurrence of many plant health problems. Some
diseases were found concomitant with the growth of eucalyptus plantations in
Brazil, among them, the disease caused by species of Myscosphaerella and Ter-
atosphaeria. In Brazil, outbreaks of leaf spots, due to these causative agents
were unusual, but from 2007 this disease brought great losses in crops of this
species in southern Brazil. In the following years, it has been possible to verify
Mycosphaerella leaf disease in commercial plantations in São Paulo state.

Introdução pertencem aos gêneros Mycosphaerella e Teratos-


Muitos patógenos, principalmente fungos, phaeria. Os fungos T. nubilosa e T. cryptica são con-
ocorrem em várias espécies de eucalipto, desde a siderados os mais importantes em nível mundial e
fase de viveiro até os plantios adultos. Dentre as do- são responsáveis pela doença foliar mais significati-
enças fúngicas, destaca-se a mancha de micosferela, va para espécies de eucalipto, especialmente para o
causada por um complexo de espécies de fungos que Eucalyptus globulus (Labill) (Carnegie e Ades, 2002;

1
Centro de Fitossanidade- Quarentenário IAC, CEP-13020-902, Campinas-SP. 2Departamento Ciências Florestais, Faculdade de
Ciências Agronômicas – UNESP, CEP-18.610-307, Botucatu-SP.

30 RAPP - Volume 24, 2016


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

Hunter et al., 2009). um fator importante é a especificidade, porém, mui-


Outras espécies de Mycosphaerella e Tera- tas espécies podem também infectar outros hospe-
tosphaeria demonstram patogenicidade aparen- deiros. Portanto, a taxonomia de Mycosphaerella
temente fraca ou podem atuar como saprófitas no spp. e Teratosphaeria spp. é baseada em uma série
tecido necrótico, seguidas pela infecção de outras de dados e características, incluindo sintomas no
espécies patogênicas, insetos ou senescência natu- hospedeiro, padrões de germinação dos esporos,
ral da folha. Devido a alguns rearranjos taxonômi- morfologia do fungo em meio de cultivo, e filogenia.
cos, principalmente relacionados a análises filogené- A metodologia mais efetiva de controle para essa do-
ticas, algumas espécies que pertenciam ao gênero ença pode estar relacionada com o desenvolvimento
Mycosphaerella, foram transferidas para o gênero de variedades resistentes, ou a substituição de plan-
Teratosphaeria (Crous, 2009). tas suscetíveis por espécies mais resistentes.
Os sintomas associados a essa doença são As fontes de inóculo podem ser provenien-
variáveis, e diferem entre si, dependendo da espécie tes de qualquer país com o qual o Brasil realize im-
do hospedeiro e do patógeno. Nas folhas os sinto- portações de materiais. É provável que esses fungos
mas são caracterizados por manchas necróticas lo- tenham sido introduzidos no país por meio de ascós-
calizadas, que reduzem a capacidade fotossintética poros dispersos pelo vento ou por insetos, ou tam-
das folhas ocasionando desfolha precoce em plantas bém pelo movimento de sementes e mudas entre
juvenis. Brasil, Uruguai e Argentina, devido à detecção de al-
Em muitos casos, as manchas crescem e coa- gumas espécies que também foram constatadas nos
lescem formando lesões muito grandes que podem referidos países.
ocupar toda a superfície da área foliar resultando na
degradação da folha. As manchas podem ser arre- O hospedeiro: Eucalyptus globulus
dondadas ou irregulares, de coloração variando de A qualidade da madeira e o seu rápido de-
amarelo-pardo a marrom-escuro, onde se formam senvolvimento fazem com que o eucalipto seja a ár-
pontuações escuras, que correspondem aos corpos vore mais plantada, impulsionando o crescimento de
de frutificação do patógeno (pseudotécios). Devido cultivos comerciais em muitas regiões onde foi intro-
a fatores relacionados à estrutura e constituição ce- duzido (Alfenas et al., 2009; Medrado et al., 2005).
lular do parênquima, a intensidade dos sintomas é Atualmente, espécies de eucalipto são cultivadas
maior em folhas jovens quando comparadas ás fo- para os mais diversos fins, tais como papel, celulose,
lhas adultas (Smith et al., 2007). lenha, carvão, serraria, óleos para indústrias farma-
Os danos causados por esses patógenos tam- cêuticas, mel, ornamentação e quebra-vento, dentre
bém incluem cancros e morte prematura dos ramos, outros. No Brasil, os plantios de eucalipto ocupam
e em alguns casos, atrofia e morte da árvore do topo 5,56 milhões de hectares da área de árvores planta-
para a base. As alterações no metabolismo das ár- das no País, localizados principalmente nos Estados
vores resultam em redução do crescimento, além de Minas Gerais (25,2%), São Paulo (17,6%) e Mato
disso, essa doença pode contribuir para infecções Grosso do Sul (14,5%) (IBÁ, 2015).
provocadas por patógenos secundários e promover O E. globulus foi a primeira espécie de eu-
consideráveis prejuízos econômicos. calipto introduzida no Brasil, no início do século XX
Quando há condições de umidade favoráveis, (Braga, 1971; Vitti e Brito, 2003). Originária do su-
os esporos (ascósporos) do fungo são liberados dos deste da Austrália, incluindo a Ilha da Tasmânia, o sul
pseudotécios e infectam o hospedeiro por meio da de Vitória e as ilhas de Bass Strait (Lavrabre, 2001;
abertura dos estômatos. Em condições de campo os Vitti e Brito, 2003; Barrela, 2011). Apresenta boa ca-
ascósporos são dispersos pelo vento, água de chuva pacidade de produção podendo chegar a até dois ci-
e insetos. Em condições de viveiro a doença também clos de produção vegetativa após a primeira explora-
é disseminada por água de irrigação, circulação de ção integral (Vitti e Brito, 2003). É capaz de suportar
pessoas, ferramentas, maquinário entre outras ma- invernos chuvosos e temperaturas mais baixas, e por
neiras que permitam que os esporos alcancem os este motivo foi introduzida no Rio Grande do Sul de-
hospedeiros suscetíveis. vido às condições de clima favoráveis (Xavier et al.,
Para identificação de muitos fitopatógenos, 2007).

RAPP - Volume 24, 2016 31


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

Apresenta heterofilia muito aparente. As fo- al., 2009), e segundo Park e Keane (1982b) e Hun-
lhas juvenis são sésseis, ovaladas e recobertas por ter et al. (2009), são as primeiras espécies a infec-
uma camada cerosa de cor azulada, surgindo opos- tar tecidos jovens e suculentos, adquirindo nutrien-
tas em caules de secção quadrangular. As folhas das tes por meio de uma relação hemibiotrófica com o
árvores adultas são estreitas, alongadas, falciformes hospedeiro. Essas duas espécies de Teratosphaeria
com uma camada cerosa verde acinzentada (particu- são relevantes para as espécies de eucalipto E. glo-
larmente na face abaxial), surgindo alternadamente bulus (Labill) e E. nitens (Deane and Maid.) Maid.,
ao longo de caules arredondados. das quais muitos plantios concentram-se em regiões
Devido à sua rápida taxa de crescimento, da temperadas (Hunter et al., 2004).
polpa de madeira maciça e da excelente qualidade Os gêneros de fungos Mycosphaerella e Te-
para produção de papel e celulose, é uma das es- ratosphaeria (Capnodiales, Dothideomycetes, As-
pécies de maior demanda no mercado internacional comycota), se caracterizam pela formação dos
(Yang e Fife, 2000). Apresenta madeira clara de co- ascos no interior de lóculos e estroma unilocular
loração amarelo-pálido, compacta, rija, muito forte peritecióide, denominado pseudotécio (Alexo-
e de grande durabilidade (30 a 50 anos), muito utili- poulos et al., 1996, Putzke e Putzke, 1998). Os
zada em construção naval, pilares de pontes e quais- pseudotécios são produzidos em um aglomerado
quer obras hidráulicas, marcenaria, lenha e carvão de hifas entrelaçadas junto ao substrato próprio
(Correa, 1931). bem desenvolvido composto por hifas de colora-
Existem quatro subespécies de E. globulus: ção marrom a marrom acinzentada (Alexopoulos
E. globulus subesp. bicostata, E. globulus subesp. et al., 1996), características da ordem Capnodia-
maideni, E. globulus subesp. globulus, E .globulus les (Crous, 1998). Atualmente são conhecidas
subesp. pseudoglobulus (Boland et al., 1991, citado mais de 150 espécies de fungos dentro dos gê-
por Vitti e Brito, 2003). Seus principais sinônimos po- neros Mycosphaerella e Teratosphaeria, e vários
pulares no Brasil são: árvore-de-febre, gomeiro-azul, gêneros anamorfos (alguns ainda não identifica-
eucalipto-limão (Lorenzi e Matos, 2002). dos) associados ao eucalipto, causando manchas
O avanço das áreas reflorestadas para regi- foliares e cancros na haste. (Jackson et al., 2004;
ões mais quentes e úmidas, o plantio de espécies Crous et al., 2007b; Hunter et al., 2011). Segundo
mais suscetíveis e a utilização repetitiva de uma Crous (1998) e Crous et al. (2006), outras espécies de
mesma área para plantio criaram condições favorá- Mycosphaerella e Teratosphaeria demonstram pato-
veis à ocorrência de doenças (Furtado et al., 2008). genicidade aparente fraca ou podem atuar como sa-
Algumas doenças foram constatadas concomitantes prófitas no tecido necrótico, seguidas pela infecção
ao crescimento do cultivo de eucalipto no Brasil, de outras espécies patogênicas, insetos ou senes-
como as manchas causadas por espécies de Myscos- cência natural da folha.
phaerella e Teratosphaeria, responsáveis por gran- Além de E. globulus, existem relatos na Aus-
des perdas econômicas em plantios de E. globulus. trália de T. cryptica associada com E. marginata e E.
patens (Carnegie e Keane, 1998). Espécies de agen-
A mancha de Micosferela tes causais de mancha de micosferela também fo-
ram isoladas de E. dunnii, E. benthamii, E. grandis,
A doença e seus agentes causais: Mycosphaerella E. moluccana, E.nitens, E. saligna, E. urophylla, E.
spp. e Teratoaphaeria spp. tereticornis, E. platyphylla, E. deanei, E. grandis,
Dentre as doenças foliares mais significati- E. aglomerata, E. camaldulensis, E. botryoides, E.
vas para o eucalipto, está a mancha de Micosferela quadrangulata, E. smithii, E. viminalis, E. maide-
(Mycosphaerella leaf disease - MLD) também cha- nii, E. grandiflora, Corymbia henryii, C. variegata e
mada de mancha de Teratosferia (Teratosphaeria seus híbridos (Ganapathi, 1979; Carnegie e Keane,
leaf disease- TLD), causada por um complexo de es- 1994,1998; Crous, 1998; Crous et al., 2000; Carne-
pécies de Mycosphaerella e Teratosphaeria (Crous et gie e Ades, 2002; Maxwell et al., 2003; Alfenas et al.,
al., 2009; Hunter et al., 2011). Os fungos T. nubilosa 2009; Hunter et al., 2004; Crous et al., 2007a, 2007b;
e T. cryptica são considerados os mais importantes Smith et al., 2007; Crous et al., 2009; Perez et al.,
em nível mundial (Carnegie e Ades, 2002; Hunter et 2009a; Perez et al. 2009b, 2009c; Teodoro et al.,

32 RAPP - Volume 24, 2016


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

2012; Passador et al.,, 2013; Garrett, 2015;Cândido


et al., 2014; Perez et al., 2014; Soria et al., 2014).

Sintomas nos hospedeiros e ciclo vital do patógeno
Os sintomas podem variar de acordo com a
espécie do hospedeiro e do patógeno, bem como o
estádio foliar. Primeiramente, são observadas man-
chas necróticas localizadas que reduzem a capaci-
dade fotossintética das folhas, ocasionando desfo-
lha precoce em plantas juvenis (Ganapathi, 1979),
segundo Carnegie (2007), o fungo T. nubilosa pode
causar 95% de desfolha das árvores.
Quando não há metodologias eficientes para
o controle, a desfolha pode se repetir ao longo do
ciclo da cultura ocasionando perdas de produtivida-
de, bem como perdas econômicas (Wingfield et al., Figura 1. Sintomas de MLD em diferentes estádios folia-
res de E. gobulus. Juvenil («). Transição - juvenil para adul-
2013). No verão, que corresponde ao período de ta (T). Adulta (*). Foto: Martha Maria Passador.
maior conversão de energia solar em crescimento,
a desfolha diminui a eficiência dessa conversão. No
inverno além da redução de temperatura e pluvio-
sidade que afeta naturalmente o desenvolvimento
vegetal, a desfolha leva a planta a redirecionar ener-
gia destinada ao crescimento secundário para a re-
composição de sua área foliar, o que prejudica o de-
senvolvimento da planta (Freitas e Berti Filho, 1994;
Garrett, 2015).
As manchas ocasionadas podem ser arre-
dondadas ou irregulares com coloração amarelo-
-pardo a marrom-escuro, e para algumas espécies,
com bordas de cor marrom escuro (Park e Keane,
1982b; Crous, 1998) (Figura 1). Frequentemente, as
lesões crescem e coalescem formando lesões mui-
to grandes que podem ocupar toda a superfície da
área foliar e devido a isso, pode ocorrer a degra-
dação e queda da folha. Os patógenos podem ser
encontrados de maneira unitária ou associados na
mesma folha, bem como na mesma mancha, com
possível contato de micélios de diferentes espécies
de Mycosphaerella e Teratosphaeria levando à anas-
tomose e à troca de material genético (Hunter et al.,
Figura 2. Árvores de E. globulus em plantio comercial. Ár-
2009). Dependendo da espécie do fungo e hospedei- vores com desfolha causada pela mancha de micosferela
ro, é possível observar os pseudotécios do patógeno (esq.); árvore tolerante (dir.). Foto: Martha Maria Passa-
na região das manchas, na face abaxial ou em ambas dor.
as faces da folha. Também é possível a formação de
cancros nas hastes, como por exemplo, T. cryptica (Figura 2). As árvores frequentemente têm o seu
em E. delegatensis. metabolismo alterado e isto ocasiona redução do
As plantas altamente suscetíveis podem ter o crescimento. O estresse resultante da doença faz
seu rendimento comprometido pela doença, o que com que a árvore esteja pré-disposta a outros pató-
pode levar à morte da árvore (Smith et al., 2007) genos e insetos, bem como a fatores abióticos des-

RAPP - Volume 24, 2016 33


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

favoráveis (Carnegie e Keane, 1994; Hunter et al., sos e pretos com paredes espessas, alguns podem
2004). estar proeminentes, e possuem ostíolos centrais fre-
Os ascósporos consistem na primeira fonte quentemente revestidos por perífises (Crous, 2009).
de inóculo, para a maioria das espécies de Mycos- Os pseudotécios de Teratosphaeria não se encon-
phaerella e Teratosphaeria (Crous, 2007b; Park e tram totalmente imersos no tecido do hospedeiro,
Keane, 1987). Para ocorrência da doença e necessá- sendo parcialmente superficiais, e possuem partes
rio que haja condições favoráveis, umidade a partir de hamatécios (Crous, 1998; Crous, 2009).
de 90% e temperaturas entre 15ºC e 25ºC (Alfenas, Nos pseudotécios se formarão as ascas,
2009; Crous, 2009). Quando há condições de umida- com oito ascósporos bicelulares ou tricelulares
de favoráveis os ascósporos são liberados dos pseu- dependo da espécie (Park et al., 2000), que após
dotécios, dispersos pelo vento e infectam o hospe- 24 horas germinam formando tubos germinativos
deiro por meio da abertura dos estômatos (Figura 3) que se desenvolvem a partir das duas extremi-
(Park, 1988; Alfenas, 2009). dades dos esporos. Os ascósporos são altamente
Após a infecção, os primeiros sintomas da adaptados para sobreviverem à desidratação na
doença podem aparecer em um período de três a superfície das folhas, por um período de até oito
quatro semanas em materiais genéticos mais susce- semanas, com baixa perda da infectividade. Estes
tíveis, e seis semanas em materiais mais tolerantes esporos em geral podem apresentar forma elip-
(Park et al., 2000). Os pseudotécios formam-se após soidal, fusiforme ou com extremidades arredon-
oito semanas (Park e Keane, 1987), individualmente dadas, e possuem um ou mais septos. Em Mycos-
abaixo dos estômatos no tecido necrótico, que por phaerella são hialinos, lisos, possuem um septo, e
sua vez, fornecem lugar para a formação dos pseu- não apresentam apêndices e camadas, e formam-
dotécios, e assim a distribuição dos estômatos pode -se em ascas bitunicadas e fasciculadas (Crous,
refletir a quantidade dos pseudotécios. Em Mycos- 2009). Os ascósporos de Teratosphaeria diferem
phaerella são submersos, pequenos, simples, globo- de Mycosphaerella por possuírem ascósporos com

Figura 3. Ciclo vital de Teratosphaeria nubilosa. Fotos: Martha M. Passador.

34 RAPP - Volume 24, 2016


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

camadas que geralmente se tornam marrons quan- Zelândia (Mohamed et al., 2003). Segundo Lindquist
do ainda estão nos seus ascos (Crous, 2009). e Purnell (1987), surtos epidêmicos em plantações
Muitos estudos sobre esses patógenos apre- de E. nitens, promoveram um comprometimento de
sentam algumas dificuldades relacionadas à espo- até 32% de área foliar por manchas causadas por es-
rulação para realização de inoculações artificiais, ses patógenos, causando desfolha de 35 a 50% em
sendo de grande importância a formação do estado plantas de até três anos de idade, e tendo como con-
anamorfo. Os estádios conidiais de anamorfos de es- sequência uma redução de até 17% no incremento
pécies de Mycosphaerella e Teratosphaeria são va- de madeira.
riados, algumas espécies produzem conídios em pic- A ocorrência de mancha de micosferela, cau-
nídios, outras em acérvulos, outras em conidióforos sada pelo complexo Mycospharella e Teratosphae-
(Alexopoulos et al., 1997). ria, principalmente por T. nubilosa em plantios de
Algumas espécies infectam primeiramente eucalipto, apresentam distribuição mundial (Fi-
por conídios, porém certos estados anamorfos ainda gura 4). Além da Austrália (Park e Keane, 1982a;
são desconhecidos, incluindo o estado anamorfo de Carnegie e Keane, 1994, Maxwell et al., 2003) e
T. nubilosa (Jackson et al., 2008, Alfenas et al., 2009). Nova Zelândia (Hunter, 2004), há relatos na Áfri-
Embora este fungo tenha sido relacionado à Uwe- ca do Sul (Lundquist & Purnell, 1987), Etiópia
braunia juvenis, essa relação foi considerada duvi- (Gezahgne et al., 2006), Zimbabwe (Jimu et al.,
dosa devido à rara ocorrência de conídios desse em 2015) e China (Hunter et al., 2009). Os agentes
meio de cultura (Crous et al., 2006). causais também foram relatados em alguns pa-
íses da América do Sul, como Uruguai (Perez et
Distribuição mundial da doença al., 2009a, 2009b; Soria et al., 2014), Argentina
A introdução de espécies de eucalipto em (Crouset al., 2006; Ramos e Perez, 2014), Chile
muitos países do Hemisfério Sul no século XX con- (Ahumada et al., 2003) e Brasil (Perez et al., 2009c,
tribuiu consideravelmente para a distribuição geo- Passador et al., 2012; Teodoro et al., 2012; Passador
gráfica de T. nubilosa (Hunter et al., 2009). A pri- et al., 2013; Cândido, 2014).
meira constatação desse fungo, fora da Austrália, A primeira constatação de T. nubilosa no Qu-
foi no ano de 1950 na África do Sul. Porém, Lund- ênia, Tanzânia e Zâmbia foi em 1995 como Mycos-
quist e Purnell (1987) acreditam que o fungo já po- phaerella juvenis (Crous, 1998), e na Etiópia em 2000
deria estar presente no país desde 1930. Posterior- (Hunter et al., 2009). É provável que esse fungo te-
mente, foi relatado em outros países e, em 1982, nha chegado à Europa por volta do ano 2001, pos-
já se encontrava amplamente distribuído na Nova teriormente constatado em E. globulus na Espanha

Figura 4. Distribuição mundial dos agentes causais de mancha de micosferela em eucalipto.

RAPP - Volume 24, 2016 35


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

(Crous et al, 2004) e em Portugal (Silva et al., 2008; globulus, E. benthamii, E. grandis, E. moluccana,
Hunter et al., 2009; Silva et al., 2009). E.nitens, E. saligna, E. urophylla e seus híbridos, ocor-
No Brasil, surtos epidêmicos de manchas fo- rendo em áreas de temperaturas entre 15 e 25 ºC e
liares, devido a esses agentes causais eram pouco presença de água nas folhas (Alfenas et al., 2009; Pe-
comuns. Até o ano de 2004, foram relatadas apenas rez et al, 2009c; Cândido et al., 2014). Além de T. nu-
quatro espécies, sem muita importância epidemio- bilosa, outras espécies também foram constatadas
lógica, sendo elas M. heimii, M. parkii, M. suttoniae e no país: T. pseudafricana, T. ohnowa, T. pseudoeu-
T. suberosa, em E. globulus e E. nitens (Alfenas et al., calypti, T. flexuosa, T. perpendicularis, Mycosphae-
2009) e também M. scytalidii em E. globulus (Crous rella heimii,, M. marksii, M. lateralis, M. gregaria, M.
et al., 2006). A preocupação com relação à doença communis, M. crystallina, M. scytalidii, Dissoconium
teve seu início em 2007, com a primeira constata- dekkeri (=M. lateralis) (Perez et al, 2009c; Passador
ção de T. nubilosa (Figura 5) no Rio Grande do Sul, o et al, 2012; Teodoro et al., 2012; Passador et al.,
que resultou em muitos danos em plantações de E. 2013; Cândido et al., 2014).
globulus (Perez et al., 2009a). Estudos realizados em A detecção de espécies de agentes causais de
plantios nesta região constataram que 50 a 90% das mancha de micosferela no Brasil sugere que foram
árvores de E. globulus apresentavam sintomas cla- introduzidas por meio de mudas e sementes, e as-
ros desta doença, bem como a morte de 2,5 a 18,4% sim também promoveu a introdução em diferentes
das árvores em plantios de 16 meses, também foi as- locais no país. Também é possível que a introdução
sociada á referida doença (Ramiro et al., 2007). Nos e disseminação tenham ocorrido por meio da dis-
anos seguintes, já foi possível constatar esse patóge- persão natural de ascósporos pelo vento, sendo esse
no em plantios comerciais localizados no estado de um grande fator responsável pela distribuição des-
São Paulo (Passador et al., 2012). ses fungos (Park e Keane, 1982b; Park, 1988; Hunter
Existem relatos no Brasil em E. dunnii, E. et al., 2009).

Figura 5. A-D: Folhas de Eucalyptus globulus com manchas causadas por T. nubilosa. A: manchas em folha jovem. B:
face abaxial de folha jovem. C: manchas em folha adulta. D: face abaxial de folha adulta. E: pseudotécio contendo ascas
e ascósporos. F: ascósporos germinados em meio de extrato de malte (MEA). F: cultura de T. nubilosa em meio MEA.
Barras: 5 mm (B, D) e 20 µm (E, F). Fonte: Passador et al., 2012.

36 RAPP - Volume 24, 2016


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

É provável também que a introdução dos phaeria, como: T. molleriana, T. nubilosa, T.cryptica,
patógenos tenha ocorrido pelo movimento de se- T. ohnowa, T. parva, T. africana. Porém, muitas con-
mentes e mudas entre Brasil, Uruguai e Argentina. tinuam em Mycosphaerella, como: M. crystalina, M.
Algumas das espécies Mycosphaerella e Teratospha- lateralis, M. marksii, M. gregaria, M. parkii. Apesar
eria isoladas no Brasil, também foram constatadas das mudanças nos nomes das espécies dos agentes
no Uruguai como M. lateralis, M. marksii, T. nubilosa causais, o nome comum para a doença não foi al-
e T. ohnowa, T. nubilosa (Pérez et al., 2009a, 2009b). terado (Crous, et al., 2007a, 2007b; Hunter et al.,
Além do Uruguai, as fontes de inóculo podem ser 2009). Recentemente os termos mancha de Micos-
provenientes de qualquer país com o qual o Brasil ferela (Mycosphaerella leaf disease - MLD) e man-
realize importações de materiais. cha de Teratosphaeria (Teratosphaeria leaf disease
- MLD) foram propostos para as doenças causadas
Os agentes causais e suas distâncias taxonômicas por Mycosphaerella spp. e Teratosphaeria spp, res-
Algumas espécies podem ser diferenciadas pectivamente (Hunter et al., 2011).
umas das outras por meio dos padrões de germina-
ção dos ascósporos (Ganapathi, 1979; Park e Keane, Metodologias para controle
1982a; Crous, 1998), e quando cultivadas em meio Técnicas de melhoramento genético são bas-
de cultura podem apresentar micélio cotonoso ou tante importantes para o controle de mancha de
não, e colorações distintas (Crous, 1998; Maxwell, micosferela, principalmente em plantios de E. glo-
2003). Por exemplo: germinação bipolar em linha bulus, nos quais acarreta grandes prejuízos. A forma
reta e com tubo germinativo sem ramificações como mais efetiva de controle para essa doença pode estar
o fungo T. nubilosa; em apenas em um dos pólos do relacionada com o desenvolvimento de variedades
esporo como em M. gregaria; ou germinação bipo- resistentes, ou a substituição de plantas suscetíveis
lar com ramificações perpendiculares como em M. por espécies consideradas mais resistentes, como foi
lateralis. aplicado em alguns locais como África do Sul (Lund-
Na maioria das espécies, não ocorre forma- quist e Purnell, 1987) e noroeste da Austrália (Mo-
ção do pseudotécio em meio de cultura, mesmo hammed et al., 2003). Esta estratégia também foi
que sejam axênicas, e são encontradas somente nas utilizada em plantações jovens com E. delegatensis
manchas em folhas (Park e Keane, 1982a; 1982b). e E. regnans, na Nova Zelândia, que foram toma-
Em meio de cultura (extrato de malte – MEA), o cres- das pela doença, o que conduziu ao uso de espécies
cimento micelial e a coloração podem variar entre como o E. nitens (Crous, 2009).
tons de cinza, marrom e verde escuro, porém com Em viveiros, o controle com produtos quími-
velocidades de crescimento semelhantes, crescen- cos torna-se mais fácil, porém, não é a melhor solu-
do cerca de dois centímetros em quatro semanas ção quando se trata de condições de campo. Fatores
(Crous, 1998, Maxwell, 2003). como a penetração exclusivamente por aberturas es-
A taxonomia relacionada à Mycosphaerella tomáticas podem ser levados em consideração para
e Teratosphaeria e a identificação de espécies que o desenvolvimento de plantas por meio de melhora-
pertencem a estes gêneros torna-se difícil algumas mento genético. Por exemplo, o atraso na abertura
vezes, principalmente em função dos hospedeiros, dos estômatos pode contribuir para resistência, pois
o que já foi considerado como fator primário para os ascósporos germinados na superfície do hospe-
identificação. Atualmente, características morfoló- deiro durante o período noturno não encontrariam
gicas, conexões com teleomorfos, bem como os pa- os estômatos abertos e dessecariam, evitando a en-
drões de germinação dos ascósporos, têm sido ca- trada do patógeno e, consequentemente, a infecção
racterísticas taxonômicas úteis para a classificação do hospedeiro.
desses patógenos (Crous, 1998, Hunter et al., 2011). A utilização de híbridos entre espécies resis-
Devido a alguns rearranjos taxonômicos, tentes e suscetíveis também é uma alternativa viá-
principalmente relacionados a análises filogenéticas vel, por exemplo, híbridos de E. globulus (suscetível
(Crous 2001, Crous, 2006, 2007b; Perez 2009c), al- a T. nubilosa) e E. grandis (resistente a T. nubilosa)
gumas espécies que pertenciam ao gênero Mycos- (Carnegie e Ades, 2002; Carnegie e Keane., 1998;
phaerella, foram transferidas para o gênero Teratos- Milgate et al. 2005). Híbridos interespecíficos que

RAPP - Volume 24, 2016 37


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

apresentem transição mais rápida de folhas jovens globulus.


para adultas também podem ser utilizados como for- A hibridação interespecífica é outro caminho
ma de controle (Hamilton et al., 2010). que está sendo seguido visando à incorporação do
A busca de material genético resistente, tam- caráter da qualidade da madeira presente em E. glo-
bém pode envolver estudos relacionados aos meca- bulus em outras espécies como: E. grandis; E. uro-
nismos de defesa estruturais pré-formados do hos- phylla e E. saligna. Estes materiais mais resistentes
pedeiro, como pilosidade, espessamento da cutícula, selecionados apresentam atualmente grande valor
número e distribuição dos estômatos, lignificação pra obtenção de híbridos.
das paredes celulares, número e espaçamento das
células do parênquima, xilema e fibras esclerenqui- Referências
máticas presentes nas nervuras das folhas. Segundo Ahumada R (2003) Pathogens in commercial Euca-
Silva et al. (2005), tecidos parenquimáticos também lyptus plantations in Chile, with special reference
podem exibir resistência aos patógenos, através da to Mycosphaerella and Botryosphaeria species.
organização e características das células. Smith et al. Dissertação de Mestrado. University of Pretoria,
(2007) verificaram que E. nitens, uma espécie consi- Pretoria, South Africa. Disponível em: http://hdl.
derada resistente aos agentes causais de mancha de handle.net/2263/25928. Acessado em: 13 de fe-
micosferela, possui uma maior proporção de parên- vereiro de 2011.
quima paliçádico e uma menor quantidade de espa- Alexopoulos CJ, Mims CW, Blackwell M (1996) Intro-
ços intercelulares em suas folhas. ductory mycology. 4th Ed. New York, United States.
Outro fator que pode contribuir fortemente Wiley & Sons.
é o gerenciamento de ações quarentenárias, pois é o Alfenas AC, Zauza EAV, Mafia RG, Assis TF (2009)
primeiro passo para o controle de doenças. Tais me- Clonagem e doenças do eucalipto. 2ed.Viçosa,
didas devem ser aplicadas e atualizadas para reduzir Brasil. Editora UFV.
o risco da dispersão de fungos fitopatogênicos (Auer Auer CG, Santos ÁFDos (2009) Reconhecimento e
e Santos, 2009), assim como para T. nubilosa, que Identificação dos Principais Patógenos de Impor-
está cada vez mais presente em novos ambientes tância Quarentenária Associados a Materiais de
(Hunter et al., 2009; Garret, 2015). Portanto, é im- Propagação ou Madeira. Colombo, Brasil. EM-
portante que as espécies de Mycosphaerella e Tera- BRAPA Florestas.
tosphaeria, relatadas no Brasil e em países vizinhos Barrela RJMBM (2011) Identificação E Sequenciação
sejam incorporadas em normas quarentenárias e lis- De Genes Da Via Da Lenhificação Em Bibliotecas
tas de discussão para controlar o avanço da doença BAC De Eucalyptus Globulus. Tese de doutorado,
no Brasil. Instituto Superior de Agronomia, Universidade
De maneira geral, para o desenvolvimento Técnica De Lisboa, Lisboa.
de metodologias de controle torna-se necessário o Braga HC (1971) Os óleos essenciais no Brasil – es-
conhecimento dos patógenos, seu habitat e exigên- tudo econômico. Rio de Janeiro, Brasil, Departa-
cias fisiológicas para sua sobrevivência, não somente mento de Pesquisa Agropecuária.
para espécies de Mycosphaerella e Teratosphaeria, Cândido TS, Silva AC, Guimarães LMS, Ferraz HGM,
como também para agentes causais de muitas doen- Júnior NB, Alfenas AC (2014) Teratosphaeria
ças. Desta maneira, poderão ser desenvolvidas solu- pseudoeucalypti on eucalyptus in Brazil. Tropical
ções eficazes e menos agressivas ao meio ambiente. Plant Pathology 39(5):407-412.
Dentre as medidas adotadas atualmente por Carnegie AJ (2007) Forest health condition in New
empresas localizadas na região Sul do país, assim South Wales, Australia, 1996–2005. Fungal dam-
como no Uruguai, a seleção de plantas resistentes, age recorded in eucalypt plantations during forest
principalmente aquelas remanescentes dos campos health surveys and their management. Austral-
atacados e sem sintomas é uma metodologia viável. asian Plant Pathology 36(3): 225-239.
A partir destas plantas é possível obter clones e fa- Carnegie AJ, Ades P (2002) Added phosphorus is as-
zer cruzamentos para futuros testes de progênies, e sociated with reduced severity of Mycosphaerella
inoculações em ambientes controlados para a sele- cryptica in Eucalyptus globulus. Australian Forest-
ção de materiais ainda mais resistentes dentro de E. ry 64(4): 203-208.

38 RAPP - Volume 24, 2016


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

Carnegie AJ, Keane PJ (1994) Further Mycosphaer- Brasília, Brasil. Embrapa Informação Tecnológi-
ella species associated with leaf diseases of Euca- ca, p.273-286.  
lyptus. Mycological Research 98(4): 413-418. Ganapathi A (1979) Studies of the etiology of the leaf
Carnegie AJ, Keane PJ (1998) Mycosphaerella ves- bloch disease of Eucalyptus spp. caused by Myco-
pa from diseased Eucalyptus leaves in Australia. sphaerella nubilosa (Cke) Hansf. Tese de doutora-
Mycological Research 102(10): 1274-1276. do. Univesity of Auckland, New Zeland.
Correa MP (1931) Dicionário das plantas úteis do Garrett ATA (2015) Influência da mancha foliar de
Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, Mycosphaerella no desenvolvimento de Eucalyp-
Brasil. Imprensa Nacional. tus dunnii na região serrana de Santa Catarina.
Crous PW (1998) Mycosphaerella spp. and their Dissertação de Mestado. Universidade Estadual
anamorphs associated with leaf spot diseases of do Centro-Oeste, Paraná, Brasil.
Eucalyptus. Mycologia Memoirs. St. Paul,United Gezahgne A, Roux J, Hunter GC, Wingfield MJ (2006)
States. APS Press. Mycosphaerella species associated with leaf dis-
Crous PW (2009) Taxonomy and phylogeny of the ease of Eucalyptus globulus in Ethiopia. Forestry
genus Mycosphaerella and its anamorphs. Fungal Pathology 36: 253–263.
Diversity 38: 1-24. Hamilton M, Williams D, Wardlaw T,   Potts BM
Crous PW, Kang JC, Braun U (2001) A phylogenetic (2010) Early phase change may protect against
redefinition of anamorph genera in Mycosphae- Mycosphaerella leaf disease. Disponível em:
rella based on ITS rDNA sequence and morphol- http://www.crcforestry.com.au/view/index.
ogy. Mycologia 93(6): 1081-1101. aspx?id=66157. Acessado em 1 de janeiro de
Crous PW, Aptroot A, Kang JC, Braun U, Wingfield 2010.
MJ (2000) The genus Mycosphaerella and its ana- Hunter GC, Crous PW, Carnegie AJ, Burgess TI,
morphs. Studies in Mycology 45: 107-121. Wingfield MJ (2011) Mycosphaerella and Terato-
Crous PW, Groenewald JZ, Mansilla JP, Hunter GC, sphaeria diseases of Eucalyptus; easily confused
Wingfield MJ (2004) Phylogenetic reassessment and with serious consequences. Fungal Diversity
of Mycosphaerella spp. and their anamorphs oc- 50:145-166.
curring on Eucalyptus. Studies in Mycology 50: Hunter GC, Roux J, Wingfield BD, Crous PW, Wing-
195–214. field MJ (2004) Mycosphaerella species causing
Crous PW, Wingfield MJ, Mansilla JP, Alfenas AC, leaf disease in South African Eucalyptus planta-
Groenewald JZ (2006) Phylogenetic reassessment tions. Mycological Research 108: 672–681.
of Mycosphaerella spp. and their anamorphs oc- Hunter GC, Crous PW, Carnegie AJ, Wingfield MJ
curring on Eucalyptus II. Studies in Mycology 55: (2009) Teratosphaeria nubilosa, a serious leaf dis-
99–131. ease pathogen of Eucalyptus spp. in native and
Crous PW, Braun U, Groenewald JZ (2007a) Myco- introduced areas. Molecular Plant Pathology 10:
sphaerella is polyphyletic. Studies in Mycology 1–14.
58: 1–32. IBÁ (Indústria Brasileira de Ávores) (2015) Relatório
Crous PW, Summerell BA, Carnegie AJ, Mohammed IBÁ 2015. Disponível em: http://iba.org/images/
C, Himaman W, Groenewald JZ (2007b) Foliico- shared/iba_2015.pdf. Acessado três de março de
lous Mycosphaerella spp. and their anamorphs 2016.
on Corymbia and Eucalyptus. Fungal Diversity Jackson SL, Maxwell A, Burgess TI, Hardy GE, Dell B
26(3): 143-185. (2008) Incidence and new records of Mycospha-
Freitas S de, Berti Filho E (1994) Efeito do desfolha- erella species within a Eucalyptus globulus plan-
mento no crescimento de Eucalyptus grandis Hill tation in western Australia. Forest Ecology and
ex Maiden (Myrtaceae). IPEF 47: 36-43. Management 255: 3931-3937.
Furtado EL, Santos CAG, Masson MV (2008) Impacto Jackson SL, Maxwell A, Neumeister-Kemp HG, Dell B,
potencial das mudanças climáticas sobre a fer- Hardy GEStJ (2004)   Infection, hyperparasitism
rugem do eucalipto no Estado de São Paulo. In: and conidiogenesis of  Mycosphaerella latera-
Ghini R, Hamada E (Eds.)  Mudanças climáticas: lis on Eucalyptus globulus in Western Australia.
impactos sobre doenças de plantas no Brasil. Australasian Plant Pathology 33(1): 49-53.

RAPP - Volume 24, 2016 39


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

Jimu L, Wingfield MJ, Mwenje E, Roux J (2015) Dis- of eucalypts. Melbourne, Australia. CSIRO Pu-
eases on Eucalyptus species in Zimbabwean plan- blishing.
tations and woodlots. Southern Forests77(3): Passador MM, Lima PR, Pieri CDe, Harakava R, Fur-
221-230. tado EL (2012) Teratosphaeria nubilosa em plan-
Lorenzi H, Matos FJA (2002) Plantas medicinais do tações comerciais de Eucalyptus globulus nas
Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa, Brasil, In- regiões Sul e Sudeste do Brasil. Summa Phyto-
stituto Plantarum, 2002. 512 p. pathologica 38(1): 11-16.
Lundquist JE, Purnell RC (1987) Effects of Myco- Passador MM, Lima PR, Pieri CDe, Sierra-Hayer JF,
sphaerella leaf spot on growth of Eucalyptus ni- Harakava R,  Furtado EL (2013) Diversity of My-
tens. Plant Disease 71(3): 1025–1029. cosphaerella spp. and Teratosphaeria spp. in Eu-
Maxwell A, Dell B, Neumeister-Keip HG, Hardy GESJ calyptus globulus plantations in Brazil. European
(2003) Mycosphaerella species associated with Journal of Plant Pathology 135: 1-13.
Eucalyptus in south-western Australia: new spe- Pérez CA, Wingfield MJ, Altier NA, Blanchett RA
cies, new records and a key. Mycological research (2009a) Mycosphaerellaceae and Teratosphaeria-
107: 53-63. ceae associated with Eucalyptus leaf diseases and
Medrado MJS, Hoeflich VA, Castro AWV (2005)Em- stem cankers in Uruguay. Forest Pathology39(5):
brapa: evolução do setor florestal no século XXI. 349-360.
Disponível em: http://www.celuloseonline.com. Pérez G, Hunter GC, Slippers B, Pérez C, Wingfield,
br/Colunista/c olunista.asp?IDAssuntoMateria= BD, Wingfield MJ (2009b) Teratosphaeria (My-
271&iditem. Acessado 26 de janeiro de 2007. cosphaerella) nubilosa, the causal agent of My-
Milgate AW, Potts BM, Joyce K, Mohammed CL, cosphaerella leaf disease (MLD), recently intro-
Vaillancourt RE (2005) Genetic variation in Eu- duced into Uruguay. European Journal of Plant
calyptus globulus for susceptibility to Mycospha- Pathology 125: 109–118.
erella nubilosa and its association with tree gro- Perez G, Slippers B, Wingfield BD, Finkenauer E,
wth. Australasian Plant Pathology 34(1): 11–18. Wingfield MJ (2009c) Mycosphaerella leaf dis-
Mohammed C, Wardlaw T, Smith A, Pinkard E, ease (MLD) outbreak on Eucalyptus globulus in
Battaglia M, Glen M, Tommerup I, Potts BM, Brazil caused by Teratosphaeria (Mycosphaerella)
Vaillancourt R. Mycosphaerella leaf diseases of nubilosaPhytopathologia Mediterranea 48(2):
temperate eucalypts around the southern pa- 302-306.
cific rim. New Zealand Journal of Forest Scien- Pérez G, Burgess TI, Slippers B, Carnegie AJ, Wing-
ce33: 362-372. field, BD, Wingfield MJ (2014) Teratosphaeria
Park R F (1988) Epidemiology of Mycosphaerella pseudonubilosa sp. nov., a serious Eucalyptus leaf
nubilosa and M. cryptica on Eucalyptus spp. in pathogen in the Teratosphaeria nubilosa species
south-western Australia. Transactions of the complex. Australasian Plant Pathology 43: 67–77.
British Mycological Society 91(2): 261-266. Putzke J, Putzke MTL (1998) Os reinos dos fungos.
Park RF, Keane PJ (1982a)Three Mycosphaerella spe- Santa Cruz do Sul, Brasil. 1st. Ed. EDUNISC.
cies from leaf diseases of Eucalyptus. Transactions Ramos SO, Perez CA (2014). First report of Terato-
of the British Mycological Society79(1): 95-100. sphaeria pseudoeucalypti on Eucalyptus hybrids
Park RF, Keane PJ (1982b)Leaf diseases of Eucalyptus in Argentina. Plant Disease 99:554-554.
associated with Mycosphaerella species. Transac- Ramiro GA, Finkenauer E, Furtado EL, Rosa DD, Ohto
tions of the British Mycological Society, London CT, Basseto MA, Souza HG. PROTEF 2007. Ocor-
79(1): 101-115. rência e epidemiologia de Mycosphaerella no sul
Park RF, Keane PJ (1987)Spore productions by My- do Brasil: estudo de caso. Disponível em: http://
cosphaerella species causing leaf diseases of Eu- www.ipef.br/eventos/2007/rtprotef11/pales-
calyptus. Transactions of the British Mycological tra06.pdf. Acessado 15 de agosto de 2009.
Society 89(4): 461-470. SILVA LM, ALQUINI Y, CAVALLET V J (2005) Inter-rela-
Park RF, Keane P.J, Crous PW, Wingfield MJ (2000) ções entre a anatomia vegetal e a produção vege-
Fungal diseases of Eucalypt foliage. In: Keane PJ, tal. Acta Botanica Brasilica 19(1): 183-194.
Kile GA, Podger FD (Eds.) Diseases and pathogens Silva M, Valente C, Neves L, Machado H (2008) Eva-

40 RAPP - Volume 24, 2016


Martha Maria Passador e Edson Luiz Furtado (30-41)

luation of Mycosphaerella impact on eucalypts cies associated with leaf diseases onEucalyptus
plantations in Portugal. Revista de Ciências Agrá- globulus in southern Brazil. Phytopathologia
rias, Lisboa 31(2): 112-118. Mediterranea 51:355-36.
Silva M, Machado H, Phillips AJL (2009) Mycosphae- Vitti AMS, Brito J (2003) O. Óleo essencial de euca-
rella species occurring on Eucalyptus globulus lipto. Documentos florestais17:1-26.
in Portugal. European Journal of Plant Pathol- Wingfield JW, Roux J, Slippers B, Hurley BP, Garnas
ogy125, 425–433. J, Myburg A, Wingfield, BD (2013) Established
Smith AH, Pinkard EA, Hunter GC, Wingfield MJ, and new technologies reduce increasing pest
Mohammed CL (2007) Anatomical and histo- and pathogen threats to Eucalypt plantations.
chemical defence responses induced in juvenile Forest Ecology and Management 301: 35–42.
leaves of Eucalyptus globulus and Eucalyptus Xavier A, Otoni WC, Penchel RM (2007) Micropro-
nitens by Mycosphaerella infection. Forestry pagação e enxertia in vitro de espécies florestais.
Pathology 37(6): 361-373. In: Borém A (Ed.) Biotecnologia florestal. Viçosa,
Soria S, Alonso R, Bettucci L, Lupo S (2014) First Brasil. Suprema Gráfica e Editora.
report of Teratosphaeria pseudoeucalypti in Yang JL, Fife D (2000) Wood Properties Of Three Prov-
Uruguay. Australasian Plant Dis. Notes 9:146. enances Of Plantation-Grown  Eucalyptus globu-
Teodoro MG, Ferreira MA, Guimarães LMS, Ma- lus Labill. Growth Strain. In: International Union
fia RG, Groenewald JZ, Crous PW, Alfenas AC Of Forest Research Organizations, Abstracts… Vi-
(2012) Mycosphaerella and Teratosphaeria spe- enna, Austria. p. 301-309.

RAPP - Volume 24, 2016 41


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

MANEJO DO MÍLDIO DA CEBOLA:


AVANÇOS E BARREIRAS DA PESQUISA
CIENTÍFICA
Edivânio R. Araújo1 e Daniel P. Alves1

RESUMO
A cebola é uma hortaliça de grande importância econômica e social no
Brasil e no mundo. Contudo, estudos mais recentes sobre agentes etiológicos
que causam danos à cultura são relativamente escassos. Entre esses agentes, o
causador do míldio, Peronospora destructor, é um dos mais destrutivos, uma vez
que não existem cultivares resistentes disponíveis no Brasil, o que leva ao uso
intensivo de defensivos. Pretende-se, nesta revisão, abordar a ocorrência global
do patógeno, bem como relatar os principais grupos de pesquisa que trabalham
com o patossistema. Questões relacionadas ao manejo da doença serão trata-
das, destacando-se os sistemas de alerta já documentados ou ainda em fase de
validação. Os principais avanços e obstáculos na busca de resistência também
serão discutidos, abordando tópicos sobre: descoberta de genes de resistência;
dificuldade de introgressão de genes de resistência em materiais comerciais; e
utilização de marcadores moleculares citoplasmáticos e nucleares, que auxilia-
rão no desenvolvimento de híbridos. Espera-se, a partir dessas abordagens, es-
clarecer aspectos biológicos, epidemiológicos e de manejo do míldio da cebola,
contribuindo para o debate e avanço das fronteiras do conhecimento sobre esse
patossistema.

SUMMARY
Onion is a vegetable of great economic and social importance in Brazil
and worldwide. However, there are few recent studies on etiological agents that
cause crop damages. Among these agents, the causal agent of onion downy mil-
dew, Peronospora destructor, is one of the most destructive, since there are no
resistant cultivars available in Brazil, leading to the intensive use of fungicides.
In this review, we intend to address the overall occurrence of the pathogen as
well as report the main research groups working with the pathosystem. Issues
related to disease management will be addressed, especially the forecasting sys-
tems already documented or still in the validation step. The main progress and
obstacles in resistance search will also be discussed, addressing topics: finding
resistance genes; difficulty of the resistance gene introgression into commercial
materials; and use of cytoplasmic and nuclear molecular markers that will assist
in the development of hybrids. We hope, from these approaches, to clarify to-
pics about biological, epidemiological and management of onion downy mildew,
contributing to the debate and advance the knowledge frontiers about this pa-
thosystem.

1
Epagri/Estação Experimental de Ituporanga, Estrada Geral Lageado Águas Negras, 453, Ituporanga – SC, 88400-000

42 RAPP - Volume 24, 2016


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

Introdução cação foram apresentadas até o início do século XX,


A cebola (Allium cepa L.) é a terceira hortaliça citando B. parasitica, P. schleideniana e P. alliorum
em importância econômica no âmbito nacional. Em (Yarwood, 1943). Porém, o nome P. destructor, pro-
2015, a área estimada de plantio foi de aproximada- posto após revisão realizada por Berkeley, em 1860,
mente 58 mil hectares, enquanto a produção brasi- é o utilizado atualmente nos trabalhos e manuscritos
leira esteve próxima a 1,6 milhões de toneladas. A produzidos. Assim sendo, o agente causal do míldio
produção estimada da cultura se distribui da seguin- da cebola, Peronospora destructor (Berkeley) Caspa-
te maneira: região Nordeste (18,3%), Sudeste (22%), ry ex Berkeley pertence à família Peronosporaceae,
Sul (53,1%) e Centro-Oeste (6,6%). Não há registros ordem Peronosporales, classe Oomicetos e subdivi-
significativos de produção de cebola na região Norte são Mastigomicotina.
do país (IBGE, 2015). Apesar da relevância da cultu- O míldio da cebola tem ocorrência global,
ra, estudos que abordam aspectos fitopatológicos sendo relatado nos principais países produtores
ainda são relativamente escassos quando compara- da hortaliça. Estimativas de perdas mais atuais não
dos com os já existentes para outras hortaliças, ci- estão relatadas, mas segundo Develash & Sugha
tando o tomate e a batata. (1997), em condições favoráveis, a doença pode cau-
As doenças que acometem a cebola têm inci- sar uma redução na produtividade de até 75%.
dência e/ou severidade dependente de diversos fa- Os sintomas da doença podem ser observa-
tores, tais como tolerância/resistência dos cultivares dos em qualquer estádio de desenvolvimento da
utilizados, sistema de produção (mudas em canteiros cultura, tanto em folhas como em hastes florais. Ini-
ou semeadura direta); época de semeadura; popula- cialmente observam-se manchas ovaladas de tonali-
ção de plantas; condições climáticas locais; presen- dade verde-claro no sentido longitudinal das folhas
ça ou ausência de outras plantas da mesma família; (Figura 1A). Um mofo violeta-acinzentado, corres-
práticas de manejo do solo e equilíbrio nutricional; pondente às estruturas do patógeno, pode ser ob-
diversidade da população do fitopatógeno; entre ou- servado em condições de alta umidade (Figura 1B),
tros. Dessa forma, é possível observar diferenças de nas primeiras horas da manhã (Wordell Filho & Boff,
relevância das doenças entre regiões. Nota-se que, 2006). É comum, após a infecção por P. destructor e
enquanto em regiões com clima tropical, a mancha a formação de eventuais lesões necróticas, que estas
púrpura (Alternaria porri) é uma doença muito preo- sejam colonizadas por fungos saprófitas, em especial
cupante (Reis & Henz, 2009); na região Sul, o míldio por espécies de Stemphylium, o que pode causar al-
está entre os principais fatores bióticos limitantes da guma incerteza quanto à diagnose. Por se tratar de
produção (Wordell Filho & Boff, 2006). um organismo biotrófico, dificilmente o patógeno
A seguir, serão abordados tópicos relaciona- causará a morte da planta, sendo o subdesenvol-
dos ao histórico, epidemiologia, manejo e resistên- vimento (Figura 1C), com consequente redução de
cia genética ao míldio da cebola, relatando os prin- produtividade, os principais danos causados pelo
cipais avanços e barreiras nas tentativas de redução oomiceto.
de prejuízos causados pela doença. A vasta distribuição do patógeno (Figura 2)
pode ser explicada pela ampla faixa térmica na qual
Etiologia e histórico do míldio da cebola P. destructor consegue sobreviver e reproduzir. Por
O primeiro relato documentado de míldio em se tratar de um parasita obrigatório, restos culturais
cebola ocorreu em 1841, na Inglaterra. Berkeley, ao e plantas invasoras podem ser fontes de inóculo,
descrever as características morfológicas do patóge- como demonstrado parcialmente no ciclo de vida
no que causava a doença, o classificou em um primei- esquematizado do patógeno (Figura 3), contudo,
ro momento como Botrytis destructor. A ausência ainda não existem estudos aprofundados que com-
de visualização ou descrição ilustrativa de oósporos provem a importância epidemiológica dessas fon-
(esporos sexuais) causaram controvérsias na aloca- tes, em especial, das plantas invasoras. Apesar da
ção do patógeno dentro do gênero Peronospora nos adaptabilidade térmica, P. destructor possui tempe-
anos seguintes. Em 1847, Unger propõe o nome P. raturas ótimas de desenvolvimento e esporulação.
schleideni, aceito entre taxonomistas da área por Segundo Hildebrand & Sutton (1982), a esporulação
vários anos. Algumas outras propostas de classifi- do patógeno ocorrerá apenas em temperaturas in-

RAPP - Volume 24, 2016 43


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

Figura 1. Sintomatologia do míldio em folhas da cebola, causado por Peronospora destructor. A – manchas ovaladas
de tonalidade verde-claro em sentido longitudinal da folha; B – sinais do patógeno sobre a folha, dando um aspecto de
mofo acinzentado; C – plantas sob infecção da doença, apresentando subdesenvolvimento. A seta e o círculo indicam
sintoma da doença e sinais do patógeno, respectivamente.

feriores a 24°C, associado a umidade relativa do ar (Thakur & Mathur, 2002) e o Brasil (Wordell Filho &
≥ 95%. Bashi & Aylor (1983) relataram que a tempe- Boff, 2006) classificam a doença como de alta rele-
ratura de 10°C foi a ideal para esporulação do pató- vância em virtude do seu potencial destrutivo e do
geno, sendo a esporulação reduzida em função do valor comercial da cultura. Em países onde a área de
aumento da temperatura e de horas de exposição à cultivo da cebola não é tão extensa ou o monocul-
luz solar. Por sua vez, Bulovienė & Survilienė (2006) tivo não é tão evidente, a doença pode não causar
constataram que uma alternância na temperatura perdas elevadas, mesmo sendo endêmica. Além dis-
(15°C por oito dias, seguido de cinco dias a 22°C), so, as diferentes épocas de cultivo adotadas nos di-
sob elevada umidade, favoreceram a esporulação de versos países também influenciam no surgimento de
P. destructor. O que se tem como consenso é que a epidemias. Nota-se que os grupos atuais de pesquisa
doença é favorecida por condições de alta umidade (publicações de fácil acesso entre 2005-2016) estão
associada a temperaturas amenas. Isso explica, em localizados na Europa, Ásia e América do Sul (Figura
parte, a razão de o míldio da cebola não ser uma 2). Centros de pesquisa com relevância em estudos
doença tão preocupante na região central do Brasil, sobre cebola, como a “Washington State University”,
que é caracterizada por umidade relativa mais baixa nos Estados Unidos, e o “Agriculture and Agri-Food
e temperatura mais elevada quando comparada às Canada”, no Canadá, vem se dedicando nos últimos
regiões Sudeste e Sul. anos a estudos com bacterioses pós-colheita (com-
plexo de gêneros e espécies) e queima das pontas da
Principais grupos e linhas de pesquisa sobre míldio cebola (Botrytis squamosa), respectivamente. Sendo
da cebola no mundo assim, não listam entre os centros de pesquisa que
Embora a doença tenha sido relatada em têm publicado trabalhos sobre míldio da cebola re-
mais de 40 países (Farr & Rossman, 2016), o número centemente.
de grupos de pesquisa que trabalham com o patos- Outros fatores que podem estar associados a
sistema é bem mais reduzido. Países como a Índia uma limitada produção científica sobre o míldio da

44 RAPP - Volume 24, 2016


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

Figura 2. Países com relatos registrados de ocorrência do míldio da cebola (Peronospora destructor) e centros de pes-
quisa com artigos técnico-científicos sobre o patossistema, publicados em periódicos especializados no período de
2005-2016. Países com registro de ocorrência de míldio – América: Argentina, Bolívia, Brasil, Canadá, Costa Rica, Cuba,
El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, México, Panamá, Uruguai e Venezuela. África: África do Sul, Ilhas Maurício,
Líbia, Quênia, Tanzânia e Zimbábue. Europa: Alemanha, Áustria, Bulgária, Ilhas Canárias, Escócia, Espanha, Finlândia,
Inglaterra, Irlanda, Itália, Grécia, Holanda, Lituânia, Polônia, Portugal, República Checa e Rússia. Ásia: China, Coréia,
Índia, Japão, Paquistão, Tailândia e Taiwan. Oceania: Austrália e Nova Zelândia (Farr e Rossman, 2016; Yarwood, 1943;
Moreno e Hernández, 1992; Develash e Sugha, 1997).

cebola são: i) o patógeno é um organismo biotrófi- anteriormente, a utilização de moléculas com ação
co, o que faz necessária a manutenção do inóculo sistêmica, em especial o metalaxyl, tem sido a for-
in planta; ii) a eficiência das moléculas de controle, ma mais eficiente de controlar a doença até o pre-
em especial o metalaxyl, que até o presente tem sente momento (Develash & Sugha, 1997; Wordell
controlado de forma satisfatória a doença; iii) e a Filho et al., 2007). Moléculas alternativas, tais como
dificuldade de obtenção de cultivares com elevado fosfito de potássio, acibenzolar-s-metil e extrato de
nível de resistência. Na figura 2 é apresentado um alga mostraram baixa eficiência de controle (Wordell
mapeamento com a ocorrência relatada do míldio Filho et al., 2007). Sendo assim, o metalaxyl, asso-
da cebola no mundo, além dos principais grupos que ciado a algumas moléculas de efeito protetor, tais
realizam pesquisas sobre a doença, com respectivas como clorotalonil e mancozeb, vem sendo utilizadas
áreas de estudo. O mapeamento foi realizado com no Brasil há pelo menos 20 anos. É intrigante notar,
base nas produções técnico-científicas publicadas que apesar do monocultivo da cebola nas princi-
em periódicos especializados no período de 2005- pais regiões produtoras do sul do país e da aplica-
2016. ção frequente da mesma molécula, ainda não foram
constatadas populações insensíveis do patógeno aos
Manejo e racionalização no uso de defensivos quí- produtos aplicados, em especial o metalaxyl. Uma hi-
micos pótese para a explicação desse fato seria a perda de
O manejo do míldio da cebola baseia-se, prin- “fitness” ou competitividade já relatada para outros
cipalmente, no controle químico. Como mencionado oomicetos. Essa alteração na competitividade pode

RAPP - Volume 24, 2016 45


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

Figura 3. Esquema simplificado do ciclo de vida de Peronospora destructor, agente causal do míldio da cebola. Adaptado
de Bayer CropScience (http://wwwbayercropscience.com.mx).

ser distinta conforme o patossistema. Em estudo re- micos utilizados no controle do míldio. A redução
alizado com Plasmopara viticola, causador do míldio ou o uso de forma mais racional de agrotóxicos vai
da videira, no município de Holambra, Brasil, Gisi ao encontro de demandas da sociedade e políticas
& Sierotzki (2008) relatam que isolados resistentes públicas, que exigem ambiente e alimentos menos
à azoxistrobina tendem a desaparecer quando não contaminados pelo homem.
submetidos à aplicação do produto. Essa prevalência No final da década de 1950, na Holanda, fo-
de isolados sensíveis à azoxistrobina na ausência do ram realizados os primeiros trabalhos que visavam
fungicida indica uma perda de competitividade da- estabelecer um sistema de previsão para o míldio da
queles que já adquiriram resistência. Por outro lado, cebola (Figura 4), baseados em parâmetros climá-
isolados de espécies de Phytophthora resistentes ticos (Palti, 1989). Contudo, o primeiro sistema de
à mefenoxam já foram caracterizados como sendo previsão a ser nomeado foi desenvolvido por Jesper-
igualmente ou até mais agressivos que isolados sen- son & Sutton (1987) e foi chamado de “DOWNCAST”
síveis (Café-Filho & Ristaino, 2008; Chapara et al., (acrônimo de “downy mildew forecaster”). O siste-
2011). Ainda não existem dados publicados nessa ma foi desenvolvido no Canadá e baseia-se em tem-
linha de pesquisa para o míldio da cebola. peratura, umidade relativa do ar e precipitação para
Outras estratégias vêm sendo desenvolvidas prever esporulação e infecção do patógeno. Os au-
no intuito de racionalizar o uso dos defensivos quí- tores testaram fungicidas com ação sistêmica e pro-

46 RAPP - Volume 24, 2016


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

tetora dentro do sistema. Concluiu-se que, apesar período já passado, ou seja, é possível que o proces-
do “DOWNCAST” ter uma boa precisão na previsão so infeccioso tenha iniciado. Esse fato é ressaltado
da doença, a aplicação prática do sistema ainda não pelos autores do modelo “ZWIPERO”, os quais afir-
poderia ser efetuada pela dificuldade de previsão do mam que este se trata de um verdadeiro sistema de
primeiro ciclo de infecção, o qual seria decisivo para previsão. Friedrich et al., (2003), ao desenvolverem
uma maior ou menor intensidade da doença. Apro- o “ZWIPERO” (acrônimo de “Zwiebel–Peronospora
ximadamente 10 anos mais tarde, Visser (1998) re- forecast”), modelo alemão baseado em variáveis cli-
latou um aprimoramento do modelo “DOWNCAST”, máticas (temperatura, umidade, molhamento foliar
utilizando mais parâmetros, como a quantificação do e precipitação), afirmavam que o modelo matemáti-
molhamento foliar. Mesmo com esse avanço, o autor co “ZWIPERO”, por considerar dados previstos, e não
recomenda mais esforços para que o sistema funcio- apenas dados já coletados, possuia a capacidade de
ne plenamente e possa ser aplicado na prática. predizer os riscos de esporulação e infecção de P.
Entre o primeiro modelo nomeado e seu apri- destructor, e consequentemente, realizar o manejo
moramento, Battilani et al., (1996), na Itália, propôs com fungicidas protetores, e não apenas com sistê-
um modelo também baseado em parâmetros climá- micos, como ocorrido nos modelos anteriores.
ticos (temperatura, umidade relativa e molhamento Outro sistema, elaborado no Reino Unido,
foliar), o qual foi nomeado como ONIMIL (acrônimo e que considera temperatura e umidade relativa
de “onion downy mildew”). Segundo os autores, o para previsão do míldio da cebola, foi desenvolvi-
modelo, que utiliza regras empíricas e matemáticas, do por Gilles et al., (2004). Já dispondo dos dados
seria capaz de determinar, diariamente, a probabili- anteriores, os autores compararam o sistema que
dade de ocorrência do primeiro ciclo infeccioso, que elaboraram, denominado “MILIONCAST” (acrônimo
seria o momento mais adequado para o início das de “mildew on onion forecast”), com aqueles rela-
pulverizações com fungicidas. Nesse caso também tados na literatura. Segundo os autores, sob condi-
foi sugerido maiores ajustes para que ocorra aplica- ção controlada, esporângios foram produzidos mais
ção prática a nível de campo. rapidamente entre 8 a 12° C, após cinco horas de
Os modelos supracitados são melhor clas- alta umidade, durante períodos escuros. O modelo
sificados como “sistemas de aviso” ou “sistemas “MILIONCAST” teve predições de esporulação mais
de alerta”. O termo “sistema de previsão” induz a precisas que os sistemas “DOWNCAST” e “ONIMIL”
pensar que as medidas de controle serão tomadas nos diferentes ensaios avaliados.
antes mesmo do processo de infecção e/ou esporu- Nota-se que apesar do desenvolvimento de
lação do patógeno. No entanto, para tais modelos, modelos matemáticos e/ou empíricos cada vez mais
os dados climáticos utilizados correspondem a um precisos com relação à previsão dos processos de

Figura 4. Histórico em ordem cronológica dos sistemas de aviso/previsão para o míldio da cebola (Peronospora destruc-
tor), com respectivos avanços e aprimoramentos.

RAPP - Volume 24, 2016 47


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

esporulação e infecção de P. destructor, poucos são para impedir a invasão dos patógenos e o processo
os dados sobre a aplicação prática desses modelos. de doença (Dalio et al., 2014). Essa é a mesma ação
O objetivo primordial dos sistemas de aviso ou sis- observada quando uma planta de cebola é submeti-
temas de previsão é racionalizar a aplicação de de- da ao ataque de P. destructor. Entender esta intera-
fensivos químicos, preferencialmente por meio de ção é indispensável para que se tenha um eficiente
um racionamento do produto. Contudo, regiões com sistema de manejo.
condições ambientais altamente favoráveis à ocor- Atualmente, o número de cultivares de cebo-
rência da doença, associado a alta concentração de la com genes de resistência ao míldio disponível no
inóculo podem dificultar esse racionamento. Logo, mercado é limitado, logo a pressão de seleção sobre
um sistema de previsão de doença deve ser validado populações de P. destructor é baixa. Essa é uma das
para determinada região, antes da adoção do mes- possíveis explicações para a inexistência de classifi-
mo naquele local. Mais recentemente, Araújo et al., cação subespecífica, em nível de raça, para o pató-
(2015) avaliaram a campo, na região Sul do Brasil, geno. Outra possível razão para esse fato seria uma
um sistema de aviso do míldio da cebola, baseado reduzida diversidade genética inerente à espécie.
em uma modificação da tabela de Wallin, proposta Contudo, estudos mais aprofundados nessas áreas
para requeima da batata, a qual considera diferentes ainda precisam ser realizados.
combinações de temperatura e umidade relativa do A resistência de plantas a patógenos é consi-
ar. Nesse ensaio inicial foi possível reduzir considera- derada o método de controle mais eficaz e economi-
velmente o número de aplicações de metalaxyl-m/ camente viável para o controle de doenças de plan-
clorotalonil, sem afetar significativamente a produ- tas, uma vez que a tecnologia já está disponível na
tividade. Repetições do ensaio serão realizadas para semente, não onerando o custo de produção. Adi-
validação do sistema. A correlação entre a quantida- cionalmente, o uso de resistência genética é o mé-
de de esporângios de P. destructor no ar e a seve- todo de controle que menos agride ao ecossistema,
ridade do míldio, realizada por Marcuzzo & Duffeck pois dispensa ou reduz significativamente a necessi-
(2015) na região Sul do Brasil, poderá ser mais uma dade de utilização de defensivos químicos.
ferramenta e/ou indicador a compor o sistema de No Brasil, se faz necessário um grande núme-
aviso em desenvolvimento. ro de pesquisas com o patossistema, principalmente
É importante salientar que os sistemas de avi- para grupos alocados no sul do país. A região sul do
so ou previsão não são imutáveis. Ao contrário dis- Brasil concentra mais de 50% da produção nacional,
so, eles precisam sempre sofrer atualizações, tanto sendo o míldio um dos principais fatores bióticos res-
no que diz respeito ao uso de produtos com elevada ponsável pela queda de produção. Além das perdas
eficiência de controle, como a fatores relacionados diretas, existe também um elevado custo despendi-
a histórico da área e da cultura nas regiões onde se do para controle da doença, uma vez que não é raro
pretende adotá-los. Nos tópicos seguintes serão tra- encontrar produtores que utilizam o controle quími-
tados aspectos relacionados a uma das principais, co uma a duas vezes por semana. A doença também
se não a principal forma de manejo de doenças de causa considerável dano durante a fase de produção
plantas: resistência genética. de sementes, com relatos de perdas entre 30 a 70%
no Brasil (Verona et al., 1996).
Genes de resistência e a dificuldade de introgressão Os primeiros registros de busca por resistên-
A interação entre plantas e patógenos é com- cia ao míldio da cebola datam do início da década
plexa e envolve constantes mudanças, em âmbito de 1950 (Figura 5), com trabalhos que visavam iden-
genético, para que os organismos envolvidos consi- tificar e estudar a herança da resistência. Em 1952,
gam atingir o objetivo frente ao processo de infec- Warid & Tims (citados por Cramer & Havey, 1999)
ção. A essas constantes mudanças adaptativas que propuseram que a resistência ao míldio encontrada
ocorrem decorrentes da interação planta-patógeno no cultivar “Calread” era determinada por dois locus
dá-se o nome de coevolução. Enquanto os patóge- denominados s1 e s2. A resistência ao patógeno foi
nos buscam superar as barreiras de defesa das plan- determinada como sendo recessiva, expressando-se
tas e iniciar a colonização nos tecidos, as plantas por em maior magnitude quando ambos os genes esti-
sua vez apresentam um complexo sistema de defesa vessem em homozigose, s1s1s2s2. No entanto, segun-

48 RAPP - Volume 24, 2016


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

Figura 5. Esquema resumindo e ordenando de forma cronológica dos principais trabalhos envolvendo identificação e
estudo do gene de resistência ao míldio da cebola.

do Scholten et al., (2007), essa resistência era res- de hipersensibilidade, devido ao acumulo de subs-
trita às hastes florais, não havendo resistência nas tâncias de defesa, como fitoalexinas.
folhas. Wordell Filho & Boff (2006) citam uma fonte Posteriormente, de Vries et al., (1992b), anali-
de resistência ao míldio em germoplasma brasileiro, sando a geração filial da autofecundação de um híbri-
o cultivar “Conquista”, que teria apresentado boa to- do interespecífico de A. roylei x A. cepa observaram
lerância ao míldio no escapo floral durante a produ- uma taxa de segregação diferente da esperada (3 re-
ção de semente. sistente: 1 suscetível), sugerindo a existência de um
Em 1990, van der Meer & de Vries relataram segundo gene, Pd2, envolvido na resistência. Segun-
uma resistência completa ao míldio encontrada em do os autores esse segundo gene estaria fracamente
Allium roylei, e mostraram que essa espécie poderia ligado ao locus Pd (r=0,32). Contudo, trabalhos pos-
ser cruzada com A. cepa gerando híbridos parcial- teriores com marcadores moleculares demonstra-
mente férteis. Allium roylei é uma espécie silvestre ram que a resistência ao míldio derivada de A. roylei
originada do subcontinente Indiano. A espécie tam- era realmente devido a um único gene (Scholten et
bém pode ser fonte de resistência à queima das pon- al., 2007). Shiguo & Kik (2008) relatam que são co-
tas, causada por Botrytis squamosa, e à antracnose muns os casos de distorção na segregação em popu-
causada por Colletotrichum gloeosporioides (Galvan lações originárias de cruzamentos interespecíficos.
et al., 1997; Scholten et al., 2007; Kohli & Gohil, Scholten et al. (2007) consideram também que a
2009). porcentagem do genoma de A. roylei nos indivíduos
Kofoet et al., (1990) realizaram o retrocruza- F2 poderia causar a distorção nas segregações espe-
mento do híbrido interespecífico (A. roylei x A. cepa) radas. Van Heusden et al., (2000b) mostraram que
com cebola (A. cepa) e obtiveram uma proporção em populações F2, a média de alelos provenientes
de plantas resistentes e suscetíveis que suportou a de A. roylei eram de 56%, contudo, entre indivíduos
hipótese de que a resistência originária de A. roylei isolados essa porcentagem poderia variar de 32% a
era devida a um gene dominante, denominado Pd. 85%. Todas essas situações contribuíram para a con-
Segundo Thakur & Mathur (2002), quando plantas fusão inicial quanto ao número de genes envolvidos
de cebola portadoras de gene de resistência são con- na resistência ao míldio. Entretanto, essa questão se
frontadas com P. destructor ocorre uma típica reação elucidou por completo com o trabalho de Scholten

RAPP - Volume 24, 2016 49


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

et al., (2007), o qual demonstrou a presença de um


gene recessivo letal proximamente ligado ao gene de
resistência introgredido de A. roylei. A presença des-
se gene letal é o principal fator daquela distorção na
segregação, observada nas populações F2.
A partir da década de 1990, diversos traba-
lhos com marcadores moleculares foram conduzidos
no intuito de mapear o gene de resistência. De Vries
et al., (1992a) encontraram marcadores RAPD (Ran- Figura 6. Produtos da amplificação de uma reação de PCR
utilizando o marcador DMR1, ligado ao gene de resis-
dom Amplified Polymorphism DNA) a 2,6 cM do gene tência (Pd) ao míldio da cebola. Sendo 1: linha de duplo
de resistência. Posteriormente foram desenvolvidos haploide; 2: linha avançada de melhoramento; 3: cultivar
marcadores SCAR (Sequence Characterized Amplified Santero F1, resistente ao míldio; 4: acesso de Allium roy-
Region) para amplificar uma região de 20 pb proxi- lei. Fonte: Retirado de Kim et al., 2015.
mamente ligada ao locus Pd. No entanto, à medida
que prosseguiam os retrocruzamentos, esses mar- dos por marcadores de diversas naturezas possibili-
cadores começavam a perder o poder de identificar tou localizar o gene de resistência ao míldio. O locus
plantas com o gene de resistência (Brewster, 2008; Pd estaria localizado na extremidade do cromosso-
van Heusden et al., 2000b; Kik et al., 1997). Tentan- mo 2 em A. roylei (Brewster, 2008). O posterior ma-
do aumentar a eficiência da seleção de indivíduos peamento de híbridos interespecíficos de A. roylei
resistentes por meio de marcadores moleculares, x A. cepa mostrou que este gene está localizado na
Scholten et al., (2007) desenvolveram quatro mar- parte distal do cromossomo 3 em cebola (Scholten
cadores AFLP (Amplified Fragment Length Polymor- et al., 2007; Van Heusden et al., 2000ab).
phism) para selecionar a introgressão proveniente Sabe-se que o processo de melhoramento é
de A. roylei. demorado, sendo necessário muitos anos até a ob-
Recentemente, Kim et al., (2015) desenvolve- tenção de um cultivar comercial. O melhoramento
ram um marcador para o gene de A. roylei que con- de cebola ainda apresenta uma peculiaridade pois
fere resistência ao míldio da cebola. Esses autores são necessários dois anos para completar o ciclo
buscavam por marcadores capazes de discriminar reprodutivo na cultura. No caso do melhoramento
plantas resistentes e suscetíveis em retrocruzamen- visando resistência ao míldio, o processo foi ainda
tos com cebola, facilitando o desenvolvimento de mais moroso que o normal, sendo necessários cerca
linhas resistentes ao míldio. Baseado em PCR (Poly- de 20 anos desde a identificação da resistência em
merase Chain Reaction), eles obtiveram o DMR1 A. roylei até o lançamento de um cultivar comercial
(Tabela 1), um marcador codominante, confiável e com resistência (Scholten et al., 2007). Diversos fato-
de fácil utilização, que ancora o gene de resistência. res contribuíram para esse extenso período de tem-
Com esse marcador os autores conseguiram identifi- po, dentre esses fatores pode-se destacar a existên-
car exatamente as plantas com o gene de resistência cia de um gene recessivo letal próximo ao locus Pd.
proveniente de A. roylei (Figura 6). Os autores afir-
mam ainda que esse marcador é útil para diferen- Gene letal e a resistência ao míldio da cebola
tes germoplasmas de cebola, tendo sido testado em Desde a descoberta do gene de resistência ao
mais de 120 acessos oriundos de diversos países, e míldio em A. roylei e a obtenção de cultivares híbri-
sendo eficaz na discriminação de plantas resistentes dos com o gene, muitos anos se passaram, haja visto
e suscetíveis em todos os casos. que essas primeiras descobertas foram anteriores à
A construção de mapas moleculares satura- década de 1990.

Tabela 1. Sequência do primer DMR1 ligado ao gene de resistência ao míldio.


Marcador Nome do Primer Sequência do primer (5’-3’)
DMR1-F1 TGAGGCTCAAGTTGACATGC
DMR1
DMR1-R1 TTCGTAGCAGCATCAAGGTG
Fonte: Retirado de Kim et al., (2015).

50 RAPP - Volume 24, 2016


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

Tabela 2. Possíveis genótipos e cruzamentos envolvendo o sistema de macho esterilidade genético citoplasmático S
(CMS-S).
Macho-estéril Macho-fértil* Genótipo da progênie F1 Plantas férteis na progênie F1 (%)
Linha A
Smsms NMsMs 100% SMsms 100
Smsms NMsms 50% SMsms e 50% Smsms 50
Smsms Nmsms (Linha B)** 100% Smsms 0
Smsms SMsMs 100% SMsms 100
Smsms SMsms 50% SMsms e 50% Smsms 50
*Linhas macho férteis são utilizadas para a polinização das linhas A. Todos os genótipos das linhas macho férteis podem
ser uma linha C. **As plantas que são da linha B, mantenedoras da macho esterilidade, devem obrigatoriamente ter
esse genótipo, para que 100% da progênie seja macho estéril.

Anos após a descoberta do gene de resistên- que a planta apresente citoplasma estéril (‘S’) e gene
cia, Scholten et al. (2007) demonstraram a existência nuclear em homozigose recessiva, ou seja, genótipo
de uma região no genoma de A. roylei que quando ‘Smsms’ (Tabela 2).
em homozigose é letal em A. cepa, sendo esta região Para a produção de híbridos de cebola são
proximamente ligada ao locus Pd. No entanto, foi necessários: i) genitores femininos macho estéreis,
obtido um indivíduo contendo um evento de cros- denominados linhas A; ii) genitores masculinos man-
sing over entre o gene de resistência ao míldio e o tenedores de macho esterilidade, denominados li-
gene recessivo letal. Logo, a planta possuía o gene nhas B e iii) linhas C (linhas endogâmicas), genitoras
de resistência, mas não tinha o gene letal comple- masculinas doadoras de pólen (Tabela 2). As linhas
to (Scholten et al., 2007). Dessa forma, tornou-se B são essenciais para a manutenção do programa e
possível a obtenção de indivíduos homozigotos seu genoma precisa ser específico de tal forma que
para o gene de resistência ao míldio, permitin- após fertilizar a linha A a geração filial seja toda ma-
do que 100% da progênie dessas plantas fossem cho estéril.
resistentes, independendo do genoma do outro Em geral programas de melhoramento que
genitor, questão essa fundamental no desenvol- visam a obtenção de cultivares de cebola de polini-
vimento de híbridos F1. A obtenção dessas linhas zação livre demoram de 10 a 12 anos. Um programa
homozigotas possibilitou o recente lançamento, na de melhoramento de híbridos não pode ser planeja-
Europa, de cultivares de cebola resistentes ao míldio do para menos de 15 a 18 anos, pois demanda um
(Kim et al., 2015). tempo considerável até a identificação das linhas A
e B, além das etapas posteriores de testes de com-
Desenvolvimento de híbridos assistido por marca- binações híbridas e o lançamento do cultivar. A se-
dores moleculares leção de linhas A e B assistida por marcadores pode
Híbridos são obtidos após o cruzamento de acelerar esse processo, que normalmente duraria de
duas ou mais progênies endogâmicas. A produção quatro a oito anos (Havey, 2013), possibilitando a se-
de sementes híbridas pode ocorrer por meio de cru- leção das linhas no segundo ano.
zamentos manuais para muitas culturas hortícolas, Diversos marcadores têm sido disponibiliza-
entretanto, essa estratégia para a cultura da cebola é dos para a seleção assistida de linhas A e B. Enquanto
economicamente inviável. Dessa forma, a produção os marcadores de citoplasma disponíveis são bastan-
de híbridos comerciais de cebola somente se tornou te confiáveis, os marcadores ligados ao locus Ms/ms
possível após a descoberta do sistema de macho es- não têm se mostrado totalmente seguros, podendo
terilidade na cultura (Jones & Emsweller, 1936; Jones haver erro na identificação (Kim, 2014; Yang et al.,
& Emsweller, 1933). A macho esterilidade na cebola 2013; Bang et al., 2011). Todavia, recentemente Huo
é do tipo genética-citoplasmática (CMS), ou seja, en- et al., (2015) desenvolveram um marcador, denomi-
volve interação entre genes do núcleo (Ms) e fatores nado AcSKP1, que está em completo desequilíbrio
citoplasmáticos (S) (Jones & Clark, 1943). Para que de ligação com o locus Ms apresentando alta acu-
a macho-esterilidade ocorra, portanto, é necessário rácia na predição genótipos portadores de alelo res-

RAPP - Volume 24, 2016 51


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

taurador da macho-fertilidade. Breton MC, Pichi S, Pascholati SF, Machado MA


Considerações finais (2014) Efetores nas interações planta patógeno.
Apesar de ser uma cultura milenar e de gran- Revisão Anual de Patologia de Plantas 22:1-44.
de importância econômica e social, os avanços no de Vries JN, Jongerius R, Sandbrink H, Lindhout P
âmbito molecular de estudos com cebola têm sido (1992a) RAPD markers assist in resistance breed-
bastante recentes e em pequeno número quando ing. Prophyta 2:50–51.
comparado com outras culturas tradicionais. Mc- de Vries JN, Wietsma WA, Jongerius MC (1992b)
Callum (2007) atribui esse cenário a algumas pecu- Linkage of downy mildew resistance genes Pd1
liaridades da cultura, tais como: ciclo de vida bienal; and Pd2 from Allium roylei Stearn in progeny of
ser alógama com alta depressão em cruzamentos its interspecific hybrid with onion (A. cepa L.).
consanguíneos; comunidade cientifica que estuda a Euphytica 64:131–137.
cultura relativamente pequena; e ao grande tama- Develash RK, Sugha SK (1997) Incidence of onion
nho do genoma. downy mildew and its impact on yield. Indian
Phytopathology 50:127-129.
Referências Farr DF, Rossman AY (2016) Fungal Databases, Sys-
Araújo ER, Alves DP, Knoth JR (2015) Manejo do míl- tematic Mycology and Microbiology Labora-
dio da cebola em função da temperatura e umi- tory. ARS, USDA. Disponível em: http://nt.ars-
dade relativa do ar. Biológico, São Paulo 77:98. -grin.gov/fungaldatabases/. Acessado em
Bang H, Cho DY, Yoo K, Yoon M, Patil BS, Kim S 26/02/2016.
(2011) Development of simple PCR-based mark- Friedrich S, Leinhos GME, Löpmeier F-J (2003)
ers linked to the Ms locus, a restorer-of-fertility Development of ZWIPERO, a model forecast-
gene in onion (Allium cepa L.). Euphytica 179: ing sporulation and infection periods of onion
439-449. downy mildew based on meteorological data.
Bashi E, Aylor DE (1983) Survival of detached spo- European Journal of Plant Pathology 109:35-45.
rangia of Peronospora destructor and Peronos- Galvan GA, Wietsma WA, Putrasemedja S, Per-
pora tabacina. Phytopathology 73:1135-1139. madi AH, Kik C (1997) Screening for resistance
Battilani P, Rossi V, Racca P, Giosuè S (1996) ONIMIL, to anthracnose (Colletotrichum gloeosporioides
a forecaster for primary infection of downy mil- Penz.) in Allium cepa and its relatives. Euphytica
dew of onion. Bulletin OEPP/EPPO 26: 567–576. 95:173–178.
Brewster JL (2008) Onions and other vegetable Al- Gilles T, Phelps K, Clarkson JP, Kennedy R (2004) De-
liums. CAB International, 2ª edição, Wallingford, velopment of MILIONCAST, an improved model
431 p. for predicting downy mildew sporulation on on-
Bulovienė V, Survilienė E (2006) Effect of environ- ions. Plant Disease 88:695-702.
mental conditions and inoculum concentra- Gisi U, Sierotzki H (2008) Fungicide modes of ac-
tion on sporulation of Peronospora destructor. tion and resistance in downy mildews. European
Agronomy Research 4:147-150. Journal of Plant Pathology 122:157-167.
Café-Filho AC, Ristaino JB (2008) Fitness of isolates Havey MJ (2013) Single nucleotide polymorphisms
of Phytophthora capsici resistant to mefenoxam in linkage disequilibrium with the male-fertility
from squash and pepper fields in North Carolina. restoration (Ms) locus in open-pollinated and in-
Plant Disease 92:1439-1443. bred populations of onion. Journal of the Ameri-
Chapara V, Taylor RJ, Pasche JS, Gudmestad NC can Society for Horticultural Science 138:306–
(2011) Competitive parasitic fitness of mefenox- 309.
am-sensitive and -resistant isolates of Phytoph- Hildebrand PD, Sutton JC (1982) Weather variables
thora erythroseptica under fungicide selection in relation to an epidemic of onion downy mil-
pressure. Plant Disease 95:691-696. dew. Phytopathology 72:219-224.
Cramer CS, Havey MJ (1999) Morphological, bio- Huo YM, Liu BJ, Yang YY, Miao J, Gao LM, Kong SP,
chemical, and molecular markers in onion. Wang ZB, Kitano H, Wu X (2015) AcSKP1, a mul-
HortScience 34:589-593. tiplex PCR-based co-dominant marker in com-
Dalio RJD, Magalhães DM, Atílio LB, Rodrigues CM, plete linkage disequilibrium with the male-fertil-

52 RAPP - Volume 24, 2016


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

ity restoration (Ms) locus, and its application in L.) in Irapuato, Gto. Revista Mexicana de Fitopa-
open-pollinated populations of onion. Euphytica tologia 10:29-34.
204:711-722. Palti J (1989) Epidemiology, prediction and control of
IBGE (2015) Levantamento Sistemático da Produ- onion downy mildew caused by Peronospora de-
ção Agrícola. Rio de Janeiro, novembro, 29:1-85. structor. Phytoparasitica 17:31-48.
Jesperson GD, Sutton JC (1987) Evaluation of a fore- Reis A, Henz GP (2009) Mancha-púrpura do alho e
caster for downy mildew of onion (Allium cepa da cebola: doença difícil de controlar. Comunica-
L.). Crop Protection 6:95-103. do Técnico 71, Embrapa Hortaliças 6 pp.
Jones HA, Clarke, A (1943) Inheritance of male ste- Scholten OE, van Heusden AW, Khrustaleva LI, Burg-
rility in the onion and the production of hybrid er-Meijer K, Mank RA, Antonise RGC, Harrewijn
seed. Proceedings of the American Society for JL, Van Haecke W, Oost EH, Peters RJ, Kik C (2007)
Horticultural Science 43:189-194. The long and winding road leading to the success-
Jones HA, Emsweller SL (1933). Methods of breed- ful introgression of downy mildew resistance into
ing onions. Hilgaria 7: 625-642. onion. Euphytica 156:345–353.
Jones HA, Emsweller SL (1936) A male sterile onion. Shigyo M, Kik C (2008) Onion. In: Prohens J, Nuez F.
Proceedings of the American Society for Horti- (eds). Vegetables II: A handbook of plant breed-
cultural Science 34: 582- 585. ing. Springer p. 121-159.
Kik C, Buiteveld J, Verbeek WHJ (1997) Biotechno- Thakur RP, Mathur K (2002) Downy mildews of India.
logical aspects of Allium breeding. Acta Horticul- Crop Protection 21:333-345.
turae 433:291–297. van der Meer QP, de Vries JN (1990) An interspecific
Kim S, Kim CW, Choi MS, Kim S (2015) Development cross between Allium roylei Stearn and Allium
of a simple PCR marker tagging the Allium roylei cepa L., and its backcross to A. cepa. Euphytica
fragment harboring resistance to downy mildew 47:29–31.
(Peronospora destructor) in onion (Allium cepa van Heusden AW, Shigyo M, Tashiro Y, Vrielink-van-
L.). Euphytica 208:561-569. Ginkel R, Kik C (2000a) AFLP linkage group assign-
Kim S. (2014) A codominant molecular marker in ment to the chromosomes of Allium cepa L. via
linkage disequilibrium with a restorer-of-fertility monosomic addition lines. Theoretical and Ap-
gene (Ms) and its application in reevaluation of plied Genetics 100:480–486.
inheritance of fertility restoration in onions. Mo- van Heusden AW, Van Ooijen JW, Vrielink-van-Ginkel
lecular Breeding 34:769–778. R, Verbeek WHJ, Wietsma WA, Kik C (2000b) A ge-
Kofoet A, Kik C, Wietsma WA, de Vries JN (1990) netic map of an interspecific cross in Allium based
Inheritance of resistance to downy mildew (Pero- on amplified fragment length polymorphism
nospora destructor [Berk.] Casp.) from Allium ro- (AFLPTM) markers. Theoretical and Applied Ge-
ylei Stearn in the backcross Allium cepa L. x (A. netics 100:118–126.
roylei x A. cepa). Plant Breeding 105:144–149. Verona LAF, Pacheco AC, Zanini Neto JA, Gandin CL,
Kohli B, Gohil RN (2009) Need to conserve Allium Thomazelli LF (1996) Qualidade e produtividade
roylei Stearn: a potential gene reservoir. Genetic de sementes de cebola na região Oeste Catari-
Resources and Crop Evolution 56:891–893. nense – safra 1994/95. Agropecuária Catarinense
Marcuzzo LL, Duffeck MR (2015) Flutuação popula- 9:29–32.
cional de esporângios de Peronospora destructor Visser CLM (1998) Development of a downy mildew
no ar e sua relação com severidade do míldio da advisory model based on downcast. European
cebola. Summa Phytopathologica. 41:68-70. Journal of Plant Pathology 104:933-943.
McCallum J (2007) Onion. In: C. Kole (ed.), Genome Wordell Filho JA, Boff P (2006) Doenças de origem
Mapping and Molecular Breeding in Plants 5: parasitária. In: Wordell Filho JA, Rowe E, Gon-
331—342. çalves PAS, Debarba JF, Boff P, Thomazelli LF (Eds.)
Moreno LP, Hernández LFC (1992) Genotype and Manejo Fitossanitário na Cultura da Cebola. Flo-
fungicide evaluation for control of purple spot rianópolis: Epagri. pp. 19-162.
(Alternaria porri) and downy mildew (Peronospo- Wordell Filho JA, Martins DA, Stadnik MJ (2007) Apli-
ra destructor (Berk) Caps) of onion (Allium cepa cação foliar de tratamentos para o controle do

RAPP - Volume 24, 2016 53


Edivânio R. Araújo e Daniel P. Alves (42-54)

míldio e da podridão-de-escamas de bulbos de Identification of two SCAR markers co-segregated


cebola. Horticultura Brasileira 25:544-549. with the dominant Ms and recessive ms alleles in
Yang YY, Huo YM, Miao J, Liu BJ, Kong SP, Gao LM, onion (Allium cepa L.). Euphytica 190:267–277.
Liu C, Wang ZB, Tahara Y, Kitano H, Wu X (2013) Yarwood CE (1943) Onion downy mildew. Hilgardia
14:595-691.

54 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

FUNGOS “DARK SEPTATE” E SUA RELAÇÃO


COM AS PLANTAS E FITOPATÓGENOS
Peter Soares Medeiros1, Carlos Vergara Torres Júnior1,
Claudia Maria Xavier Faria2, Kerly Martínez Andrade2,
Jerri Édson Zilli3, Carlos Antonio Inácio2.

RESUMO
Os fungos “dark septate” (DSE - dark septate endophytes) são microrga-
nismos endofíticos de ampla distribuição englobando dezenas de ordens e pou-
co investigados nos trópicos. Possuem potencial de aplicabilidade na agricultura,
seja como promotores de crescimento vegetal ou no biocontrole. Estudos têm
demonstrado que os DSE podem contribuir para o crescimento vegetal através
da acumulação de nutrientes como o nitrogênio (N) e o fósforo (P), incrementar
a biomassa vegetal, a capacidade fotossintética das plantas e, promover o per-
filhamento de plantas de arroz. Adicionalmente, os DSE também têm sido estu-
dados visando o biocontrole de fitopatógenos. No caso de fungos, os DSE pare-
cem atuar de forma direta, colonizando abundantemente a superfície das raízes,
ocupando o sítio de infecção e por competição impedindo o crescimento do pa-
tógeno e, ainda produzindo sideróforos capazes de complexar íons de ferro (Fe),
restringindo sua disponibilidade ao patógeno. De forma indireta os DSE induzem
a resistência sistêmica na planta auxiliando-a na manutenção do equilíbrio entre
as formas reativas de oxigênio e os antioxidantes e/ou produzindo metabólitos
secundários que possuem ação antifúngica. O presente capítulo visa apresentar
as pesquisas que vêm sendo conduzidas com este grupo de microrganismos que
possui potencial de aplicabilidade na agricultura com ênfase em fitopatologia.

Introdução táceos (EC) e não clavicipitáceos (ENC) (Rodriguez et


Plantas são hospedeiros potenciais de bacté- al., 2009; Andrades-Linares & Franken, 2013). Os ECs
rias e fungos que colonizam sua superfície associa- pertencem à família Clavicipitaceae (Hypocreales,
dos epifiticamente ou no interior dos seus tecidos Ascomycota) (Kirk et al., 2008; Hibbet et al., 2007;
como endofíticos, podendo desenvolver relações Sung et al., 2007), conhecidos como simbiontes mu-
mutualísticas (Andrades-Linares & Franken, 2013). tualísticos que crescem nos espaços intercelulares
Acredita-se que a relação entre plantas e microrga- da parte aérea e raiz de um grupo restrito de vege-
nismos endofíticos tenha surgido à cerca de 400 mi- tais em ambientes tanto de clima frio quanto quen-
lhões de anos, através de membros da divisão Glo- te e são transmitidos via sementes (Clay & Schardl,
meromycota, que formam associações micorrízicas 2002; Schardl et al., 2004; Kuldau & Bacon, 2008).
com a maioria das plantas (Mohanta & Bae, 2015). Distintamente, os ENC são filogeneticamente diver-
Os fungos endofíticos (FE) têm sido agrupa- sos e a maioria deles pertence ao filo Ascomycota;
dos em dois grandes grupos: os endofíticos clavicipi- muitos deles são capazes de crescer em meio de cul-
1
Departamento de Solos, Instituto de Agronomia. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, BR 465, Km 07, Seropédica, RJ, CEP
23890-000. Rio de Janeiro. 2Departamento de Entomologia e Fitopatologia, DENF/ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Rodovia BR-465, Km 7, CEP 23.897-000, Seropédica, Rio de Janeiro. 3Embrapa Agrobiologia. Rodovia BR-465, Km 7, CEP 23891-
000, Seropédica, Rio de Janeiro.

RAPP - Volume 24, 2016 55


Peter Soares Medeiros, et al. (55-69)

tura, devido sua versatilidade metabólica (Andrades- man, 2011; Sharma & Jha, 2012). Muitas espécies
-Linares & Franken, 2013). Os ENC se subdividem em são capazes de colonizar inter e intracelularmente
diferentes grupos funcionais de acordo com a faixa a epiderme e córtex radicular de plantas saudáveis,
de hospedeiros associados, a sua biodiversidade, o especialmente em raízes finas, sem causar efeitos
seu padrão de colonização e os tecidos que coloni- negativos ou desorganização dos tecidos vegetais
zam na planta (Rodriguez et al., 2009). Um destes (Jumpponen & Trappe, 1998; Barrow & Aaltonen,
grupos dos ENC é representado principalmente pe- 2001; Yu et al., 2001; Addy et al., 2005; Mandyam &
los fungos dark septate (DSE, do inglês dark septate Jumponnen, 2008; Peterson et al., 2008; Vohník et
endophytes), distribuídos em diferentes grupos de al., 2015).
Ascomycota (Jumpponen & Trappe, 1998; Weiss et O objetivo deste trabalho é reunir as princi-
al., 2004) e membros da ordem Sebacinales (Agari- pais pesquisas com “dark-septate”, citando suas ca-
comycetes, Basidiomycota), que apenas colonizam racterísticas morfo-fisiológicas, demonstrando sua
o sistema radicular (Andrades-Linares & Franken, relação com os hospedeiros e os possíveis mecanis-
2013). Nota: Cabe lembrar que, o termo “dark sep- mos de promoção de crescimento vegetal e biocon-
tate endophytes” foi eventualmente introduzido por trole de fitopatógenos.
Stoyke & Currah (1991).
Os DSE começaram a ser estudados no início Ecologia
do século passado, quando Melin (1922) observou Embora haja um crescente interesse sobre
um fungo de pigmentação escura associado às raízes os DSE, o conhecimento a respeito da diversidade,
de plantas terrestres enquanto estudava e isolava ecologia e funções destes fungos continua limitado
fungos ectomicorrízicos, o qual denominou Myce- quando comparado a outros, exemplo os micorrí-
lium radicis-atrovirens (MRA), pois colonizava as zicos. Sua abundância em diferentes habitats e sua
raízes de coníferas inter e intracelularmente, distin- ocorrência em diferentes plantas hospedeiras é ain-
guindo-se das ectomicorrizas que apenas colonizam da em grande parte desconhecida. Além de ampla-
os espaços entre as células (Melin, 1922, 1923; Ri- mente distribuídos na natureza colonizando raízes
chard & Fortin, 1973). Este fungo foi encontrado co- de plantas, também são isolados frequentemente
existindo com fungos micorrízicos e declarado como a partir de ambientes com forte estresse abiótico e
“pseudomicorrízico” por Melin (1922). Em curto sua presença em vários nichos ecológicos sugere não
espaço de tempo foram relatadas 135 espécies de só a presença ubíqua e falta de especificidade em
angiospermas associadas com fungos de pigmento relação aos hospedeiros, como também um papel de
negro nos tecidos das raízes (Peyronel, 1924). importância em ecossistemas naturais (Jumpponen
Ao longo do século passado, o estudo com es- & Trappe, 1998).
tes fungos foi reduzido e apenas mais recentemen-
te foi mostrada a capacidade dos DSE colonizarem
as raízes de uma ampla variedade de hospedeiros,
biomas e ecossistemas (Jumpponen & Trappe, 1998;
Kovacs & Szigetvari, 2002; Knapp et al., 2015; Man-
dyam & Jumpponen, 2005; Kageyama et al., 2008;
Pereira et al., 2011).
De forma geral, os DSE podem ser definidos
como ascomicetos conidiais (anamórficos) ou esté-
reis (mycelia sterilia) caracterizados pela formação
de micélio de hifas septadas (apocíticas) e microes-
clerócios (microescleródios) melanizados (Figura 1,
2). Estes fungos, geralmente vivem de forma sapro-
fítica e habitam frequentemente solos oligotróficos Figura 1. Microescleródios no interior da raiz de arroz sil-
em todas as regiões climáticas (Kovács & Szigetvári, vestre (Oryza glumaepatula S.). (M) – Microescleródios
2002; Mandyam & Jumponnen, 2005; Rodriguez et (Barra = 0,5 mm). Adaptado de Perreira et al., (2011).
Com autorização da revista Pesquisa Agropecuária Brasi-
al., 2009; Khidir et al. 2010; Porras-Alfaro & Bay- leira e dos autores.

56 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

A B C
Figura 2. Fungo DSE cultivado em meio BDA (A). Detalhe da placa mostrando a coloração escura da colônia (B). Detalhes
das hifas escuras e septadas (C) (Barra = 20 mm).

A associação fungo DSE/raiz tem sido repor- do à sua função como um tampão redox extracelular
tada como uma interação benéfica, evidenciando que pode neutralizar oxidantes formando complexos
uma alta taxa de colonização, o que possivelmente com radicais de oxigênio gerados por tais ambientes
favorece uma melhor resistência a doenças, indi- (Redman et al., 2002; Diene et al., 2014). Estudos de-
cando um papel ecológico importante (Jumpponen, monstram que a melanina pode estar envolvida no
2001; Linares et al., 2011; Ribeiro et al., 2011). aumento da tolerância aos metais pesados presen-
Fungos DSE já foram observados em mais de tes no solo. Por exemplo, a espécie DSE Exophiala
600 espécies vegetais representando cerca de 320 pisciphila McGinnis & Ajello (anamorfo de Capronia
gêneros e ultrapassando 100 famílias. Estas famílias Sacc., Chaeothyriales, Chaetothyriomycetidae) (Kirk
incluem plantas com estratégias de vida bem dife- et al., 2008; Index Fungorum, 2016) aumentou a sín-
rentes denotando pouca ou nenhuma especificida- tese de melanina na presença de Cádmio - Cd (II) em
de em relação ao hospedeiro. Relatos mostram que condições de laboratório (Zhan et al., 2011). Por ou-
fungos DSE colonizam raízes de plantas em pratica- tro lado, as espécies Veronaeopsis simplex (Papen-
mente todos os ecossistemas naturais e apresentam dorf) Arzanlou & Crous (Venturiaceae, Pleosporales,
a capacidade de colonizar simultaneamente plantas Pleosporomycetidae) e Pseudosigmoidea ibarakien-
com diferentes preferências micorrízicas, tais como: sis O. Diene & K. Narisawa (Pezizomycotina, Pezi-
arbusculares, ericóides, orquídóides, ectomicorrízi- zales, Pezizomycetidae) diminuíram o acúmulo de
cas, e não micorrízicas (Jumpponen & Trappe, 1998). césio (Cs) em plantas de tomate possivelmente em
Além disso, são encontrados em habitats árticos, resposta a um maior acúmulo de melanina em suas
antárticos, subalpinos, alpinos, temperados e tropi- hifas (Diene et al., 2014). Neste caso, a melanina
cais (Read & Haselwandter, 1981; Jumpponen & Tra- funcionaria como uma barreira impedindo a entra-
ppe, 1998; Grünig et al., 2008). No Brasil, estudos da dos elementos tóxicos nas células vegetais, pro-
mostraram que a colonização de raízes pelos DSE porcionando um melhor desenvolvimento à planta
em plantas de arroz silvestre Oryza glumaepatula hospedeira e favorecendo a sobrevivência do fungo
Steud., é significativa e independente da condição (Redman et al., 2002; Zhan et al., 2011; Diene et al.,
de desenvolvimento da planta em áreas alagadas ou 2014).
não, porém a tendência é a ocorrência de uma maior Phialocephala fortinii C.J.K. Wang & H.E. Wil-
colonização em plantas mais velhas (Pereira et al., cox (Vibrisseaceae, Helotiales, Leotiomycetidae) é
2011; Ribeiro et al., 2011). um dos DSE mais conhecidos e parece dominar a mi-
A sobrevivência dos fungos DSE em ambien- cobiota endofítica em raízes de coníferas, membros
tes inóspitos como ártico e alpino, por exemplo, tem da família Ericaceae, florestas e ecossistemas alpinos
sido relacionada à presença de melanina nas célu- (Wang & Wincox, 1985; Stoyke et al., 1992; O’ Dell
las da parede, uma das principais características de et al., 1993). Ecologicamente e filogeneticamente
identificação desse grupo de fungos. A produção de próxima a esta espécie, temos Acephala aplanata
melanina pelo DSE provavelmente torna-os mais re- Grünig & T.N. Sieber (Vibrisseaceae, Helotiales, Leo-
sistentes a condições extremas, principalmente devi- tiomycetidae), que é outra espécie de DSE presente

RAPP - Volume 24, 2016 57


Peter Soares Medeiros, et al. (55-69)

em raízes de coníferas. Este grupo de fungos dema- da raiz formando um manto fúngico, o qual também
tiáceos é designado de P. fortinii – A. aplanata spe- penetra entre as células da epiderme (Figura 3). Da
cies complex (PAC) (Grünig et al., 2005; 2008). Além mesma forma, Su et al. (2013) observaram que a
de sua presença no solo associado a raízes saudáveis colonização de Oryza sativa por Harpophora oryzae
de espécies hospedeiras que pertencem a diferentes Z.L. Yan, Chu L. Zhang & F.C. Lin se inicia na superfície
famílias de plantas, membros do PAC também foram das raízes pelo fungo, o qual invade o seu interior
encontrados em raízes deterioradas, caules, cascas e é aumentada com a maturidade das raízes. Neste
de troncos de árvores e madeiras velhas (O’ Dell et caso a maior colonização é observada em raízes mais
al., 1993; Menkis et al., 2004; Hou & Guo, 2008; Grü- velhas e menor nas raízes mais jovens e meristemas
nig et al., 2008). (coifa), sugerindo que a colonização fúngica tem um
De modo geral, o habitat preferido dos fun- aumento gradual de acordo com a maturidade radi-
gos DSE na planta é o córtex de raízes finas e a peri- cular (Figura 2A, Figura 4A-F).
derme de raízes lignificadas (Grünig et al., 2008). Os Por outro lado, alguns DSE têm sido documen-
mecanismos que regulam os processos de infecção tados como formadores de estruturas intra-radicula-
pelos fungos DSE ainda não foram elucidados. Entre- res que lembram aquelas formadas em micorrizas e
tanto, níveis de atividade de enzimas pécticas como que poderiam ser a interface de transferência de nu-
poligalacturonase e pectinesterase facilitam a pene- trientes dos fungos às plantas. Por exemplo, Acepha-
tração nas paredes das células da planta hospedeira la macrosclerotiorum Münzenb. & Bubner (2009),
e são consideradas como o fator primário no pro- foi observada formando estruturas ectomicorrízicas
cesso de infecção (Haselwandter, 1983; Mandyam & em pinheiro (Pinus sp.) e abeto (Picea sp.) (Lukešová
Jumpponen, 2005). et al., 2015), Heteroconium chaetospira Munzenb. &
O padrão de colonização de raízes por DSE Bubne (Vibrisseaceae) forma um laço de hifa intrace-
tem se mostrado diferente dependendo do hospe- lular solta em Rhododendron obtusum (Lindl.) Plan-
deiro, do DSE e do sistema/ambiente de cultivo. O ch., morfologicamente lembrando micorriza ericóide
padrão mais comumente observado é representado (Usuki & Narisawa, 2005). Contudo, o papel destas
pela colonização das raízes das plantas por Phialo- hifas intra-radiculares permanece ainda em nível de
cephala fortinii (Currah & Van Dyk, 1986), que tem hipótese e a maioria dos DSE aparentemente não
início com a formação de uma rede de hifas soltas formam estruturas especializadas no interior das raí-
sobre a superfície da raiz e, estas hifas penetram iso- zes ou ainda não foram definidos uma categorização
ladamente as raízes colonizando paralelamente ao dos padrões de colonização.
seu eixo principal, ou entre as células da epiderme e
do córtex (O’Dell et al., 1993; Peterson et al., 2008).
A colonização também pode ser intracelular sem
causar nenhuma distorção às raízes formando aglo-
merados de células de paredes espessas dentro das
células corticais denominados como “massa espessa
pseudoparenquimatosa”, escleródios, microescleró-
dios ou corpos escleróticos (Wang & Wilcox, 1985;
Jumpponen & Trappe, 1998; Peterson et al., 2008).
Além disso, alguns DSE formam uma rede tipo Har-
tig e/ou tecido labiríntico, e às vezes, a colonização
da camada cortical da raiz resulta na formação de
células arredondadas dentro das células corticais se-
melhante a clamidósporos (O’Dell et al., 1993). Em
estudo conduzido por Diene et al. (2010) foi verifi-
cado através de técnicas de microscopia de luz com Figura 3. Interações entre raízes de sorgo-sacarino e Hel-
seções finas da raiz e coloração das hifas, que um minthosporium velutinum. Hifa do fungo pode ser vista na
superfície da raiz (setas), e entre as células da epiderme
isolado do fungo Helminthosporium velutinum Link (EP). Adaptado de Diene et al. 2010 com permissão dos
(1809), cresce abundantemente sobre a superfície autores e da revista Microbes Environment.

58 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

Figura 4. Padrão de colonização de Harpophora oryzae em raízes de arroz. (a)- Em secções transversais da raiz, hifas
marcadas com eGFP (Proteína Fluorescente Verde Melhorada) estendo-se gradualmente da epiderme para o cortex
sem penetrar os feixes vasculares (Barra = 200 mm); (c)- Incremento gradual de colonização fúngica associada com a
maturação da raiz; (d)- Colonização fúngica mostrando uma forte colonização na zona de diferenciação; (e)- Leve colo-
nização na zona de elongação, e não colonização na zona meristemática (Barras = 500 mm); (b, f)- Representações es-
quemáticas da colonização da raiz por H. oryzae. (b)- Padrão de colonização como visto em seção transversal; (f)- Seção
longitudinal mostrando a associação da colonização fúngica com a maturação da raiz (obs. Azul e verde indicam células
vivas e mortas respectivamente; Linhas e pontos vermelhos: hifas; pontos negros: clamidósporos; manchas púrpuras:
microescleródios). Adaptado de Su et al. (2013). Com autorização dos autores e da revista PLoS ONE.

RAPP - Volume 24, 2016 59


Peter Soares Medeiros, et al. (55-69)

O mais provável é que a transmissão dos DSE deiros, 2015). Entretanto, o cultivo dos DSE desde o
ocorra horizontalmente, visto sua presença no solo e isolamento até a identificação taxonômica de dife-
nas raízes das plantas, mas nas condições laborato- rentes isolados ainda são muito incipientes, sobre-
riais os meios de transmissão parecem ser fragmen- tudo no Brasil. E, resultados negativos na tentativa
tação micelial e dispersão de conídios (Jumpponen de indução à esporulação são comuns, dificultando
& Trappe, 1998). Embora as conexões entre ana- desta forma uma melhor caracterização morfológica
morfo e teleomorfo não tenham sido identificadas, e elucidação dos diferentes táxons (Medeiros, 2015;
a possibilidade de reprodução sexual não deve ser Knapp et al., 2015).
descartada. As estruturas assexuadas de reprodução
e a morfologia das raízes colonizadas por DSE foram Taxonomia
descritas como semelhantes aos das ectomicorrizas Em termos taxonômicos os DSE constituem
e endomicorrizas (Wang & Wilcox, 1985). um grupo polifilético (Yuan et al., 2011) classifica-
do dentro dos fungos endofíticos, e avanços recen-
Característica de dse in vitro tes, sobretudo com base em técnicas moleculares,
Pesquisas com fungos DSE mostram que a es- têm permitido um melhor entendimento da sua
porulação de muitas estirpes é extremamente difícil, taxonomia. Atualmente os fungos endofíticos são
como ocorre para muitos isolados de ascomicetos de agrupados pelas distintas histórias evolutivas, taxo-
uma forma geral (Knapp et al., 2015). Não existem nomia, plantas hospedeiras e funções ecológicas.
ainda descrições morfológicas de sua fase sexuada, e Os endofíticos clavicipitáceos (EC), que colonizam
até mesmo a conidiogênese é incomum para muitas algumas gramíneas, e os endofíticos não clavicipi-
espécies. A fase assexuada de estirpes conhecidas táceos (ENC), que podem ser isolados de tecidos
somente foi alcançada através da indução do proces- assintomáticos de briófitas, pteridófitas, gimnos-
so conidiogênico em condições específicas de labo- permas e angiospermas (Rodriguez et al., 2009). Os
ratório, utilizando-se diferentes meios de cultura e EC, denominados classe 1, são representados pelos
em diferentes condições ambientes como tempera- integrantes da família Clavicipitaceae (Hypocreales;
tura, umidade e luz (Wang & Wilcox, 1985; Jumppo- Ascomycota) que inclui representantes de vida li-
nen & Trappe, 1998; Grünig et al., 2008). vre e simbiontes associados à insetos e fungos (por
A indução da esporulação de isolados DSE exemplo, Cordyceps spp.) ou gramíneas, juncos e ci-
teve um grande avanço com estudos de Wang & Wil- peráceas (por exemplo, Balansia spp., Epichloë spp.
cox (1985) ao utilizar o meio de cultura Ágar Melin e Claviceps spp.) (Bacon & White, 2000). Esta família
Norkrans Modificado (MMN). Segundo os autores é derivada de Hipocreales, com fungos patógenos de
a esporulação pode ocorrer em longos períodos de plantas, saprofíticos e endofíticos, sendo que alguns
incubação podendo levar de seis meses a um ano. produzem compostos bioativos.
Su et al. (2013) estudando duas linhagens de Har- Os ENC têm sido tratados como um único
pophora oryzae Z.L. Yuan, Chu L. Zhang & F.C. Lin grupo funcional, mas há evidências que estes fun-
(2010), R5-6-1 e RC-3-1, isoladas de raízes de arroz gos podem ser classificados em pelo menos três gru-
selvagem, obtiveram resultados positivos ao cultivar pos – classe 2, classe 3 e classe 4 – devido às suas
em meio Ágar Completo (CM) a 25oC no escuro. Die- diferenças na biologia, nas interações ecológicas e
ne et al., (2010) conseguiram induzir a esporulação em critérios simbióticos, tais como: tipo de tecido
do isolado Helminthosporium velutinum, após um vegetal colonizado e a abundância na colonização
período de incubação de um mês a temperatura de (Rodriguez et al., 2009). Os ENC classe 2 são compre-
23 °C utilizando o meio Aveia Ágar. endidos por uma diversidade de espécies incluídas
Estudos realizados no Brasil demonstram que em Ascomycota (Pezizomycotina) na sua maioria e,
estirpes de DSE isoladas a partir de arroz silvestre com alguns representantes de Basidiomycota (Aga-
crescem com extrema facilidade em temperaturas ricomycotina e Pucciniomycotina). Da mesma forma,
de 28 a 30 °C e umidade de 45% quando inocula- a maioria dos endófitos da Classe 3 é Ascomycota,
das em meios de cultura como: Batata Dextrose mas também Basidiomycota, sendo representados
Ágar, Ágar Malte, Extrato de Arroz moído, Extrato de por Pezizomycotina. Contudo, são relatados endó-
Aveia, Extrato de Mandioca (Ribeiro et al., 2011; Me- fitos em Saccaromycotina (Higgins et al., 2007). Os

60 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

endofíticos Classe 3 ocorrem em todos os principais de uma abordagem multilocos com regiões alvo ITS,
clados não liquenizados, sendo comuns em Pezi- β-tubulina, TEF1, actina, calmodulina, entre outras,
zomycetes, Leotiomycetes e Eurotiomycetes e mais proporcionaram uma melhor resolução e distinção
abundantes em Sordariomycetes e Dothideomycetes entre táxons relacionados (Schubert et al., 2007;
(Arnold et al., 2007; Higgins et al., 2007; Arnold et Crous et al., 2007; Bensch et al., 2012; Maharachchi-
al., 2009). Os ENC classe 4 (DSE) distinguem-se como kumbura et al., 2014).
um grupo funcional pela presença de septos mela- O principal critério atual para classificar um
nizados e por sua restrição à colonização nas raízes fungo como DSE é ele ser endófito de raízes de plan-
das plantas. A diversidade de espécies de DSE e suas tas, septado e melanizado (Figura 2). Entretanto,
plantas hospedeiras permanecem não definidas até fungos endofíticos de outras classes com pigmento
que seja realizado um estudo abrangente desta inte- escuro têm sido erroneamente identificados como
ração em todas as partes do mundo. DSE. Como exemplo, a Curvularia protuberata R.R.
De forma geral, os DSE distribuem-se em deze- Nelson & Hodges (1965), endofítico Classe 2 que
nas de famílias e centenas de gêneros de Ascomyco- simbioticamente confere tolerância à temperatura
ta dentro das ordens Capnodiales, Chaetothyriales, para a planta Dicanthelium lanuginosum (Ell.) Gould,
Eurotiales, Helotiales, Hypocreales, Microascales, é um fungo com pigmento escuro, assexual e septa-
Pleosporales, Sordariales e Xylariales (Jumpponen do que coloniza raízes de planta. Entretanto, não é
& Trappe, 1998; Addy et al., 2005; Newsham, 2011; um verdadeiro DSE, pois é capaz de colonizar todas
Knapp et al., 2012, 2015; Andrade-Linares & Franken, as partes da planta (raízes, coroa, caule, folhas e cas-
2013). Entretanto, o estudo filogenético taxonômico ca da semente). Para evitar classificações errôneas
de DSE ainda é muito limitado, sobretudo pelas difi- é necessário analisar todas as partes das plantas e,
culdades de muitos isolados esporularem em meio usar corante específico para avaliação dos septos
de cultivo, o que restringe o uso de muitas chaves ta- (Ormsby et al., 2007).
xonômicas (Medeiros, 2015). Estudos recentes têm
revelado que a ordem Pleosporales abrange muitos Promoção do crescimento de plantas
dos DSE (Zhang et al., 2009), sendo considerada a DSE são abundantes no ambiente e hábeis
ordem mais representativa deste grupo de fungos para viverem em nichos e habitats variados, o que
para regiões semiáridas (Porras–Alfaro et al., 2008). tem atraído atenção pela possibilidade de serem
Cabe mencionar que baseado em análise multilocos explorados como promotores de crescimento de
e dados morfológicos, três novos gêneros represen- plantas (Newshan, 2011; Mandyam & Jumpponen,
tantes dos DSE provenientes de região semiárida fo- 2005). O fato de não serem biotróficos obrigatórios
ram recentemente propostos na ordem Pleosporales é uma característica que chama atenção, pois faci-
denominados: Aquilomyces pertencendo a família litaria o desenvolvimento de bioprocessos para a
Morosphaeriaceae, Flavomyces representando um produção de inoculantes, o que tem sido uma gran-
grupo incertae sedis de Massarinaceae e Darksidea de limitação, para a maioria dos fungos micorrízicos
com seis novas espécies da família Lentitheciaceae (Jumpponen & Trappe, 1998; Pereira et al., 2011).
(Knapp et al., 2015). Entretanto, generalizações são complicadas, pois es-
A análise molecular baseada na amplificação tes fungos são muito diversos e, se conhece muito
e sequenciamento de regiões alvos específicas no pouco sobre a filogenia, a fisiologia e o comporta-
DNA é uma ferramenta útil para diferenciar grupos mento dos mesmos quando inoculados em plantas
estreitamente relacionados e espécies morfologica- domesticadas de uso comercial (Mayerhofer et al.,
mente semelhantes. Entretanto, dados fornecidos a 2013; Mandyam & Jumpponen, 2015; Knapp et al.,
partir de marcadores moleculares como ITS muitas 2015).
vezes não são suficientes para discriminar espécies, Ao longo dos últimos anos, diversas pesqui-
gêneros ou mesmo famílias, ou seja, a resolução é sas têm demostrado que os efeitos da inoculação
geralmente muito pobre, resultando em árvores filo- dos DSE no crescimento de plantas variam desde
genéticas com estruturas politômicas (Bensch et al., negativas, neutras à positivas e os mecanismos que
2012). Muitas pesquisas buscando solucionar a ta- levam a esta variabilidade parecem ser contexto-
xonomia de vários táxons têm mostrado que a partir -dependentes, a exemplo do que ocorre com as sim-

RAPP - Volume 24, 2016 61


Peter Soares Medeiros, et al. (55-69)

biontes micorrizas arbusculares e ecto-micorrízicas pira (Grove) Crous & Arzanlou (2007)], na qual o fun-
(Mandyam & Jumpponen, 2005; Grünig et al., 2008; go facilita a absorção de N para a planta e a mesma
Alberton et al., 2010; Newsham, 2011; Mayerhofer fornece carbono ao fungo, incrementando significa-
et al., 2013; Torres-Júnior et al., 2014). Neste con- tivamente a biomassa da planta (Usuki & Narisawa,
texto, uma meta-análise realizada por Newsham 2007), quanto indireta, tais como: a mitigação de
(2011) sobre a resposta de plantas à colonização estresses ambientais como seca, salinidade, defici-
por fungos dark septate, baseado em dados publi- ência nutricional, alta concentração de metais pesa-
cados oriundos de 18 artigos científicos nos últimos dos, redução de compostos tóxicos às plantas, como
40 anos, revelou que esses fungos em sua maioria os super-peróxidos, competição direta com patóge-
promoveram o crescimento da parte aérea e raízes nos e pela produção de reguladores de crescimen-
vegetais, podendo os ganhos de biomassa chega- to e/ou substâncias análogas (Schulz & Boyle, 2005;
rem a 100%, quando comparado à testemunha não Usuki & Narisawa, 2007; Newsham, 2011; Mandyam
inoculada. Além disso, o estudo mostrou que os DSE & Jumpponen, 2015; Wei et al., 2016).
contribuem de forma significativa para o aumento As melhores respostas de promoção de cres-
do conteúdo de fósforo e nitrogênio nos tecidos ve- cimento de plantas por DSE foram inicialmente ob-
getais, indicando melhoria na eficiência do uso des- servadas quando eram utilizadas fontes orgânicas
tes nutrientes. Portanto, em uma outra meta-análise de N (Usuki & Narisawa, 2007; Upson et al., 2009;
(Mayerhofer et al., 2013) a qual incluiu o estudo de Newsham, 2011; Mahmoud & Narisawa, 2013).
fungos endofíticos (não clavicipitáceos), entre eles Contudo, devido à ocorrência generalizada dos DSE
os dark septate, baseada em 34 artigos científicos nos mais diversos ambientes (Sharma & Jha, 2012;
foi mostrado que os efeitos da inoculação de fungos Gardes & Dahlberg, 1996), é provável que ocorram
vão de negativos a neutros quanto ao acúmulo de fungos DSE também capazes de auxiliar o vegetal na
biomassa e nitrogênio da planta, sendo as respos- absorção de nutrientes de fontes inorgânicas (Usuki
tas variáveis de acordo com os vegetais e as espécies & Narisawa, 2007). Ao se avaliar a capacidade do
dos fungos. Disso, deduz-se que existem diferentes DSE Heteroconium chaetospira utilizar diferentes
respostas quando da inoculação por dark septate e aminoácidos e fontes inorgânicas de N observou-se
que as mesmas precisam ser melhor estudadas. também, um aumento significativo na massa seca
No Brasil, estudos recentes mostraram ocor- do fungo nos meios modificados com fontes orgâni-
rência de fungos dark septate em raízes saudáveis cas de N, comparativamente ao meio suplementado
de Oryza glumaepatula em ambiente natural, sen- com nitrato de amônio ou sem N (Usuki & Narisa-
do que os isolados obtidos demonstraram capaci- wa, 2007). Os mesmos autores, ao inocularem este
dade para colonizar também raízes de Oryza sativa fungo em plantas de repolho chinês suplementadas
L. sem causar sintomas de doenças e contribuindo com as mesmas fontes de N, observaram que a ino-
para desenvolvimento do sistema radicular (Pereira culação promoveu a utilização de todos os aminoáci-
et al., 2011; Ribeiro et al., 2011; Ribeiro, 2011). De dos e, também nitrato de sódio (NaNO3), com efeitos
forma semelhante, na China foi identificada uma es- significativos no crescimento da planta (Diene et al.,
pécie de DSE (Harpophora oryzae) em raízes saudá- 2013; Mamoud & Narisawa, 2013). Além disso, em
veis de Oryza granulata Nees & Arn. Ex. Hook. F, que plantas de arroz e tomate inoculadas com DSE, cul-
também se mostrou capaz de aumentar a biomassa tivadas em condições controladas e suplementadas
de O. sativa sem desencadear sintomas de doenças com nitrato de amônio foram observados incremen-
(Yuan et al., 2010). tos significativos na matéria seca da planta, N-ami-
A forma como os DSE estabelecem associa- no, açúcares solúveis, número de perfilhos (plantas
ção com seu hospedeiro ainda não foi compreendida de arroz) e alteração dos parâmetros cinéticos (KM e
com profundidade, mas estudos indicam que a pro- Vmáx) da absorção de NO3- (Torres-Júnior, 2014). Os
moção do crescimento pode se dar tanto de forma autores deduziram que os acúmulos de açúcares so-
direta pela facilitação de absorção de nutrientes - lúveis relatados podem estar relacionados com au-
em Brassica campestris L., foi constatado uma asso- mento do conteúdo de clorofila e eficiência quântica
ciação mutualística com Heteroconium chaetospira do fotossistema II em plantas inoculadas com DSE,
(Grove) M.B. Ellis 1976 [=Cladophialophora chaetos- indicando que estes fungos podem também melho-

62 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

rar a eficiência da atividade fotossintética do seu raízes (Narisawa et al., 2004). Tais resultados mos-
hospedeiro (Zhang et al., 2012). tram claramente que embora os DSE desempenhem
papel benéfico no controle de outros fungos, porém
Biocontrole as interações que ocorrem entre eles carecem de in-
Fungos endofíticos são um grande grupo de vestigações contundentes no sentido de evitar riscos
microrganismos pouco investigados que represen- de patogenicidade. De fato, até onde se conhece re-
tam uma fonte potencial para exploração por sua sultados negativos envolvendo interação entre espé-
ampla variedade de aplicações na agricultura. Estu- cies de P. fortinni e raízes de plantas hospedeiras são
dos vêm demonstrando que a associação simbiótica extremamente raros e considerados pouco expressi-
de DSE com as raízes das plantas hospedeiras vão vos (Wang & Wilcox, 1985).
além da aquisição de nutrientes e estímulo ao acú- Testes de inoculação de DSE têm demonstra-
mulo de biomassa, podendo atuar no biocontrole de do que os mecanismos de controle biológico podem
doenças (Diene et al., 2014). atuar em vários alvos sobre um agente patogênico e
Um exemplo recente de sucesso foi obtido que respostas de defesa da planta envolvem, como
com uma estirpe de Veronaeopsis simplex, um mem- mencionado anteriormente, interações diretas e in-
bro DSE, a qual reduziu em 71% a doença da murcha diretas no interior ou superfície das raízes, podendo
causada pelo patógeno Fusarium oxysporum Schl- estar associadas com modificações da parede celular
tdl. (1824) quando inoculado em mudas de repo- das células da epiderme e do córtex.
lho, Brassica campestris L. (Khastini et al., 2012). Em Um mecanismo primário direto de biocon-
outro estudo com o mesmo hospedeiro vegetal em trole contra possíveis fitopatógenos parece ser a
condições de campo, um táxon DSE não identificado habilidade dos DSE formarem uma barreira criada
denominado LtVB3 reduziu em mais de 80% os sin- por uma densa rede de hifas na superfície das raízes
tomas da Murcha-de-verticílio amarelo causada por colonizadas por DSE que impediriam fisicamente a
Verticillium longisporum (C. Stark) Karapapa, Bainbr. entrada de outro patógeno (Narisawa et al., 2004).
& Heale (1997), enquanto a espécie Heteroconium Esta intensa colonização foi recentemente observa-
chaetospira reduziu cerca de 50% esta infecção, da em estudo realizado no Brasil (Figura 5) (Torres
mostrando diferentes níveis de biocontrole de doen- Júnior, 2014).
ças entre os DSE (Narisawa et al., 2004). Ainda, neste Outro fator envolvido diretamente no contro-
estudo, entretanto, duas estirpes de Phialocephala le biológico de doenças de planta é a produção de
fortinii - um dos principais representantes do grupo sideróforos por microrganismos presentes no solo,
de fungos DSE - inoculadas na mesma planta hospe- os quais normalmente competem por nutrientes de
deira e nas mesmas condições de campo causaram baixa disponibilidade. Devido ao seu baixo peso mo-
danos severos nas mudas, sugerindo haver um siner- lecular, sideróforos são substâncias capazes de com-
gismo entre P. fortinni e o patógeno ao parasitar as plexar Fe3+ com grande especificidade e afinidade

A B C
Figura 5. Detalhes da interação do arroz (Oryza sativa) e fungo DSE. (A) Raízes de arroz do tratamento controle sem ino-
culação de DSE (Barra = 20 mm). (B) Raízes de plantas de arroz com a presença de abundante massa fúngica. (C) Raízes
de arroz colonizadas por DSE em experimento de inoculação (Barra = 100 mm).. Fotos: Torres Jr., C.V.

RAPP - Volume 24, 2016 63


Peter Soares Medeiros, et al. (55-69)

tornando-o indisponível para potenciais microrga- ção de antioxidantes leva a redução de ROS evitando
nismos patogênicos, limitando assim seu crescimen- danos às células íntegras (Zhao et al., 2015). Neste
to. A espécie P. fortinii é capaz de biosintetizar como sentido, acredita-se que a colonização por DSE au-
principal agente quelante a ferricrocina, seguindo a xilie o vegetal na regulação e equilíbrio dos sinais e
ferrirubina e ferricromo C em baixo pH e concentra- defesas contra os patógenos, possibilitando o desen-
ção de ferro (Barthold et al., 2001). Da mesma for- volvimento de resistência sistêmica do vegetal.
ma, a estirpe Y34 Veronaeopsis simplex (Papendorf) Estudos avaliando a capacidade biocontro-
Arzanlou & Crous (2007) inibiu o crescimento do ladora do fungo DSE Harpophora oryzae contra o
patógeno F. oxysporum indisponibilizando ferro por patógeno Pyricularia oryzae Cavara (=Magnaporthe
uma ação antagônica em meio de cultura (Khastini oryzae B.C. Couch.) agente patológico da brusone,
et al., 2012). Os efeitos da produção de sideróforos considerada uma das mais severas doenças da cul-
por DSE sobre agentes fitopatogênicos, entretanto, tura do arroz, mostraram que a colonização por H.
ainda são desconhecidos em condições de cultivo oryzae foi capaz de controlar a infecção pelo pa-
vegetal fora de laboratórios. tógeno (Figura 6). Este controle ocorreu seguido
Mecanismos indiretos de interação da plan- do aumento dos níveis e da atividade enzimática
ta com o microrganismo surgem quando as plantas de antioxidantes como superóxido desmutase,
são inoculadas com DSE. Um desses mecanismos catalase, peroxidase, dehidroascorbato redutase,
observados é o espessamento nos tecidos radicula- glutationa redutase e glutationa, além de elevar
res colonizados e uma coloração marrom escuro nas os níveis de ácido ascórbico. Tais antioxidantes
células quando da presença do fungo, indicando que são uma importante linha de defesa da planta,
as células vegetais recebem sinais, provavelmente os capazes de neutralizar radicais livres produzidos
quais a induzem à proteger-se através da produção durante o processo de infecção por um patóge-
de substâncias antifúngicas (Narisawa et al., 2004). no. Uma acumulação abundante de peróxido de
A produção de metabólitos fenólicos desencadeada hidrogênio (H2O2) (Figura 6) observada nas célu-
na planta quando inoculada com DSE pode ser uma las externas da epiderme e corticais parece ser
resposta contra o patógeno e, neste caso, estes com- proporcional ao tempo de infecção e do volume de
postos antimicrobianos promoveriam uma resistên- hifas fúngica. O acumulo de H2O2 é um processo de
cia induzida, que inibiria o crescimento do patógeno defesa da planta na tentativa de matar o patógeno
e protegeria indiretamente os tecidos epidermais e ou restringi-lo apenas nas células já infectadas (Su
corticais subjacentes às áreas invadidas, agindo et al., 2013).
como uma barreira capaz de restringir a entrada
do patógeno (Schulz et al., 1999; Benhamou &
Garand, 2001).
Além disso, não somente o aumento da
concentração de metabólitos de defesa, mas ou-
tros padrões de resposta incluindo a produção de
antioxidantes e espécies reativas de oxigênio (ROS)
e a manutenção do equilíbrio destes compostos são
respostas expressas pelo vegetal quando na presen-
ça de DSE. De fato, a produção de ROS e, consequen-
temente, antioxidantes representam uma resposta
geral que ocorre no vegetal quando do ataque de
patógenos e, também, em situações de estresses
abióticos. ROS agem de forma crucial sobre a morte
programada de células, sinalização celular e defesas
da planta e, adicionalmente, acredita-se que possam Figura 6. Redução dos sintomas devastadores da brusone
nas folhas de arroz mediante a proteção sistêmica pro-
exercer papel importante nas interações simbióticas, movida pela inoculação de Harpophora oryzae. Adptado
especialmente na sinalização (Su et al., 2013; Wang de Su et al. (2013) (esta figura não tem escala no trabalho
et al., 2016). Por outro lado, o aumento da produ- original). Com autorização dos autores e da revista PLoS
ONE.

64 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

Figura 7. Acúmulo de Peróxido de Hidrogênio (H2O2) por Harpophora. oryzae. Microscopia de luz e fluorescência de
raízes de arroz da testemunha e infectadas com H. oryzae em diferentes períodos após a inoculação. Os pontos marrons
indicam o acúmulo de H2O2 (Barras na extremidade direita = 100 µm e outras 30 µm). Adaptado de Su et al. (2013). Com
autorização dos autores e da revista PLoS ONE.

Considerações para futuras pesquisas que englobariam diferentes famílias contendo gê-
Como discutido anteriormente, as pesquisas neros e espécies de fungos DSE, uma que chama a
com fungos dark septate têm sido globalmente de- atenção no Brasil é a Pleosporales que predominou
senvolvidas, porém no Brasil ainda são restritas. Pelo em estudos realizados com arroz silvestre realizado
fato dos DSE, em sua grande maioria não serem bio- na Amazônia (Ribeiro, 2011). Portanto, a partir do
tróficos obrigatórios, um caminho importante para a tópico aqui abordado, verifica-se que existe um vas-
produção de inoculante existe, pois possibilita o cul- to campo de pesquisa e potencialmente significativo
tivo em laboratório. A partir desta característica, es- a ser explorado na agricultura, particularmente den-
tudos têm mostrado que muitos destes fungos esta- tro da fitopatologia, o que abrange desde a pesquisa
belecem uma associação benéfica ao vegetal, porém básica até testes com as culturas em condições de
a simbiose mutualista foi provada em poucos casos. campo.
De forma geral, pode-se dizer que nos casos
onde os DSE mostraram benefícios, os mesmos con- Referências
tribuíram para o crescimento vegetal através do acú- Addy HD, Piercey MM, Currah RS (2005) Microfungal
mulo de nutrientes como o N e o P, incrementaram a endophytes in roots. Canadian Journal of Botany
produção de biomassa vegetal e a capacidade fotos- 83:1-13.
sintética das plantas e, aumentaram o perfilhamento Alberton O, Kuyper TW, Summerbell MC (2010) Dark
de plantas de arroz. Adicionalmente, os DSE também septate root endophytic fungi increase growth of
têm sido estudados quanto à capacidade de atua- Scots pine seedlings under elevated CO2 throu-
rem como biocontrole de patógenos, especialmente gh enhanced nitrogen use efficiency. Plant Soil
fungos. Neste caso, os DSE parecem estabelecer bio- 328:459–470.
controle de forma direta por colonizarem abundan- Andrades-Linares DR, Franken P (2013) Fungal endo-
temente a superfície das raízes, ocupando o sítio de phytes in plant Roots: taxonomy, colonization pat-
infecção e impedindo o crescimento do patógeno e, terns and functions. In: Aroca R. (ed). Simbiotic
ainda produzindo sideróforos capazes de complexar Endophytes. Noida: Springer, pp. 348.
íons de Fe, diminuindo a disponibilidade ao patóge- Arnold AE, Miadlikowska J, Higgins KL, Sarvate SD,
no. De forma indireta, os DSE induzem a resistência Gugger P, Way A, Hofstetter V, Kauff F, Lutzoni F
sistêmica na planta especialmente por auxiliariam a (2009) Hyperdiverse fungal endophytes and en-
planta a manter o equilíbrio entre formas reativas de dolichenic fungi elucidate the evolution of major
oxigênio e antioxidantes e/ou produzir metabólitos ecological modes in the Ascomycota. Systematic
secundários, que possuem ação antifúngica. Biology 58: 283-297.
Acima de tudo, é importante destacar que Arnold AE, Henk DA, Eells RA, Lutzoni F, Vilgalys R
muito pouco se conhece sobre os dark septate, seja (2007) Diversity and phylogenetic affinities of
em relação a taxonomia e filogenia, seja sobre a for- foliar fungal endophytes in loblolly pine inferred
ma como os estes fungos colonizam o tecido vegetal, by culturing and environmental pcr. Mycologia
como transferem nutrientes para a planta, ou como 99:185–206.
estimulam o seu crescimento. O pouco conhecimen- Bacon CW, White JFJ (2000) Physiological adaptations
to que se possui decorre principalmente de pesqui- in the evolution of endophytism in the Clavicipita-
sas com o gênero Phialocephala que parece ser mais ceae. In: Bacon CW, White JFJ, eds. Microbial en-
abundante em coníferas. Dentre as diversas ordens dophytes. New York, NY, USA: Marcel Dekker Inc.,

RAPP - Volume 24, 2016 65


Peter Soares Medeiros, et al. (55-69)

237–263. tion biology, and ecology. Botany 86:1355–1369.


Barrow JR, Aaltonen RE (2001) A method of evalu- Grünig CR, Sieber TN (2005) Molecular and pheno-
ating internal colonization of Atriplex canescens typic description of the widespread root symbi-
(Pursh) Nutt. Roots by dark septate fungi and how ont Acephala applanata gen. et sp. nov., formerly
they are influenced by host physiological activity. known as dark-septate endophyte Type 1. Myco-
Mycorrhiza 11:199-205. logia 97(3):628–640.
Bartholdy BA, Berreck M, Haselwandter K (2001) Haselwandter K (1983) Pectic Enzymes Produced by
Hydroxamate siderophore synthesis by Phialoce- Fungal Root Associates of Alpine Plants. Phyton
phala fortinii, a typical dark septate fungal root 23(1):55-64.
endophyte. BioMetals 14:33–42. Hibbet et al. (2007) A higher-level phylogenetic
Benhamou N, Garand C (2001) Cytological analysis classification of the Fungi. Mycological Research
of defense-related mechanisms induced in pea 111:509-547.
root tissues in response to colonization by nonpa- Higgins KL, Arnold AE, Miadlikowska J, Sarvate SD,
thogenic Fusarium oxysporum fo47. Phytopatolo- Lutzoni F. (2007) Phylogenetic relationships, host
gy 91(8):730-740. affinity, and geographic structure of boreal and
Bensch K, Braun U, Groenewald JZ, Crous PW (2012) arctic endophytes from three major plant lin-
The genus Cladosporium. Studies in Mycology eages. Molecular Phylogenetics and Evolution
72(1):1-401. 42:543–555.
Clay K, Schardl CL (2002) Evolutionary origins and Huo XQ, Guo SX (2008) Interaction between a dark
ecological consequences of endophyte symbiosis septate endophytic isolate from Dendrobium sp.
with grasses. American Naturalist 160:S99–S127. and roots of D. nobile seedlings. Journal of Inte-
Crous PW, Braun U, Schubert K, Groenewald JZ (2007) grative Plant Biology. 51(4):374-81.
Delimiting Cladosporium from morphologically si- Index Fungorum (2016) http://www.indexfungorum.
milar genera. Studies in Mycology 58:33-56. org/names/Names.asp (Acessado em: 15 Maio
Currah RS, Van Dyk M (1986) A survey of some pe- 2016).
rennial vascular plant species native to Alberta for Jumpponen A (2001) Dark septate endophytes – are
occurrence of myccorhizal fungi. Canadian Field- they mycorrhizal? Mycorrhiza 11:207–211.
-Naturalist 100:330–342. Jumpponen A, Trappe JM (1998) Dark septate en-
Diene O, Sakagami N, Narisawa K (2014) The role of dophytes: a review of facultative biotrophic root-
dark septate endophytic fungal isolates in the ac- colonizing fungi. New Phytologist 140:295-310.
cumulation of cesium by chinese cabbage and to- Kageyama SA, Posavatz NR, Waterstrip KE, Jones SJ,
mato plants under contaminated environments. Bottomley PJ, Cromack Jr K, Myrold DD (2008)
PLoS ONE 9(10):e109233. Fungal and bacterial communities across mead-
Diene O, Takahashi T, Yonekura A, Nitta Y, Narisawa K ow–forest ecotones in the western Cascades
(2010) A New Fungal Endophyte, Helminthospo- of Oregon. Canadian Journal of Forest Research
rium velutinum, Promoting Growth of a Bioalco- 38(5):1053-1060.
hol Plant, Sweet Sorghum. Microbes Environment Khastini RO, Ohta H, Narisawa K (2012) The role of
25(3):216–219. a dark septate endophytic fungus, Veronaeopsis
Diene O, Wang W, Narisawa K (2013) Pseudosig- simplex Y34, in Fusarium disease suppression in
moidea ibarakiensis sp. nov., a dark septate en- Chinese cabbage. The Journal of Microbiology
dophytic fungus from a Cedar Forest in Ibaraki, 50(4):618–624.
Japan. Microbes and Environments 28:381–387. Khidir HH, Eudy DM, Porras-Alfaro A (2010) A gener-
Gardes M, Dahlberg A (1996) Mycorrhizal diversity in al suite of fungal endophytes dominate the roots
Arctic and Alpine tundra: an open question. New of two dominant grasses in a semiarid grassland.
Phytologist 133:147–157. Journal of Arid Environments 74:35–42.
Grünig CR, Queloz V, Sieber TN, Holdenrieder O Kirk PM, Cannon, PF, Stalpers A (2008). Dictionary of
(2008) Dark septate endophytes (DSE) of the Phi- the Fungi,10th ed. Wallingford, UK. CABI, pp. 368.
alocephala fortinii s.l. – Acephala applanata spe- Knapp DG, Kovács GM, Zajta E, Groenewald JZ, Crous
cies complex in tree roots: classification, popula- PW (2015) Dark septate endophytic pleosporale

66 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

an genera from semiarid areas. Persoonia 35:87– “dark septate” provenientes de Roraima, RR. Dis-
100. sertação, Universidade Federal Rural do Estado
Knapp DG, Pintye A, Kovács GM (2012) The dark side do Rio de Janeiro. Seropédica, RJ.
is not fastidious – Dark septate endophytic fungi Melin E (1922) On the mycorrhizas of Pinus sylvestris
of native and invasive plants of semiarid sandy ar- L. and Picea abies Karst. A preliminary note. Jour-
eas. PLoS ONE 7(2):e32570. nal of Ecology 9:254–257.
Kovács GM, Szigetvári C (2002) Mycorrhizae and oth- Melin E (1923) Experimentelle Untersuchungen über
er root-associated fungal structures of the plants die Konstitution und Ökologie der Mykorrhizen
of a sandy grassland on the Great Hungarian Plain. von Pinus sylvestris L. und Picea abies (L.) Karst.
Phyton 42:211–223. In: Falck R. ed. Mykologische Untersuchungen
Kuldau G, Bacon C (2008) Clavicipitaceous endo- und Berichte 2. Kassel: Druck und Verlag G. Got-
phytes: their ability to enhance resistance of theilt. pp. 73–334.
grasses to multiple stresses. Biological Control, 46 Menkis A, Allmer J, Vasiliauskas R, Lygis V, Stenlid
(1):57-71. J, Finlay R (2004) Ecology and molecular charac-
Linares DRA, Grosch R, Restrepo S, Krumbein A, terization of dark septate fungi from roots, living
Franken P (2011) Effects of dark septate endo- stems, coarse and fine woody debris. Mycological
phytes on tomato plant performance. Mycorrhiza Research 108(8):965–973.
21:413–422. Mohanta TK, Bae H (2015) The diversity of fungal ge-
Lukešová T, Kohout P, Větrovský T, Vohník M (2015) nome. Biological Procedures Online 17:8.
The potential of dark septate endophytes to form Narisawa K, Usuki F, Hashiba T (2004) Control of Ver-
root symbioses with ectomycorrhizal and ericoid ticillium Yellows in Chinese Cabbage by the Dark
mycorrhizal middle european forest plants. PLoS Septate Endophytic Fungus LtVB3. Phytopathol-
ONE 10(4):e0124752. ogy 94:412-418.
Maharachchikumbura SSN, Hyde KD, Groenewald Newsham KK (2011) A meta-analysis of plant re-
JZ, Xu J, Crous PW (2014) Pestalotiopsis revisited. sponses to dark septate root endophytes. New
Studies in Mycology 79:121-86. Phytologist 190:783-793.
Mahmoud RS, Narisawa K (2013) A new fungal endo- O’Dell TE, Massicotte HB, Trappe JM (1993) Root col-
phyte, Scolecobasidium humicola, promotes to- onization of Lupinus latifolius Agardh. and Pinus
mato growth under organic nitrogen conditions. contorta Dougl. by Phialocephala fortinii Wang &
PLoS ONE 8(11):e78746. Wilcox. New Phytologist 124:93-100.
Mandyam KG, Jumpponen A (2005) Abundance and Ormsby A, Hodson E, Li Y, Basinger J, Kaminskyj S
possible functions of the root-colonizing dark (2007) Arbuscular mycorrhizae associated with
septate endophytic fungi. Studies in Mycology Asteraceae in the Canadian high arctic: the value
53:173-190. of herbarium archives. Canadian Journal of Bo-
Mandyam KG, Jumpponen A (2008) Seasonal and tany 85:599–606.
temporal dynamics of arbuscular mycorrhizal and Pereira GMD, Ribeiro KG, Fernandes Junior PI, Vital
dark septate endophytic fungi in a tallgrass prairie MJS, Kasuya MCM, Zilli JE (2011) Ocorrência de
ecosystem are minimally affected by nitrogen en- fungos endofíticos “dark septate” em raízes de
richment. Mycorrhiza 18:145–155. Oryza glumaepatula na Amazônia. Pesquisa Agro-
Mandyam KG, Jumpponen A (2015) Mutualism– pecuária Brasileira 46(3):331-334.
parasitism paradigm synthesized from results of Peterson RL, Wagg C, Pautler M (2008) Associations
root-endophyte models. Frontiers in Microbiol- between microfungal endophytes and roots:
ogy 5(776):1-13. do structural features indicate function? Botany
Mayerhofer MS, Kernaghan G, Harper KA (2013) 86:445–456.
The effects of fungal root endophytes on plant Peyronel B (1924) Prime ricerche sulla micorizae en-
growth: a meta-analysis. Mycorrhiza 23:119–128. dotrofiche e sulla microflora radicola normalle
Medeiros PS (2015) Caracterização de fungos asso- della fanerograme. Revista Biologia 6:17–53.
ciados à vegetação de Mata Atlântica do Estado Porras-Alfaro A, Herrera J, Sinsabaugh RL, Odenback
do Rio de Janeiro e alguns fungos endofíticos KJ, Lowrey T, Natvig DO (2008) Novel root fungal

RAPP - Volume 24, 2016 67


Peter Soares Medeiros, et al. (55-69)

consortium associated with a dominant desert ology and Biotechnology Research 2:212- 222.
grass. Applied and Environmental Microbiology Stoyke G, Egger KN, Currah RS (1992) Characteriza-
74(9):2805–2813. tion of sterile endophytic fungi from the mycor-
Porras-Alfaro A, Bayman P (2011) Hidden fungi, rhizae of subalpine plants. Canadian Journal of
emergent properties: Endophytes and microbi- Botany 70:2009-2016.
omes. Annual Review of Phytopathology 49:291– Stoyke  G,  Currah  RS(1991)  Endophytic  fun-
315. gi  from  the  mycorrhizae  of  alpine  ericoid  plant.
Read DJ, Haselwandter K (1981) Observations on the Canadian  Journal  of  Botany-Revue  Cana-
mycorrhizal status of some alpine plant communi- dienne De Botanique 69(2):347‐352.
ties. New Phytologist 88:341-352. Su ZZ, Mao LJ, Li N, Feng XX, Yuan ZL, Wang LW, Lin
Redman RS, Sheeran KB, Stout RG, Rodriguez RJ, FC, Zhang CL (2013) Evidence for biotrophic life-
Henson JM (2002) Thermotolerance generated by style and biocontrol potential of dark septate en-
plant/fungal symbiosis. Science 298(5598):1581. dophyte Harpophora oryzae to rice blast disease.
Ribeiro KG (2011) Fungos endofíticos dark septates PLoS ONE 8(4):e61332.
em arroz silvestre Oryza glumaepatula Steund. Sung, GH, Sung JM, Hywel-Jones, NL, Spatafora, JW
Dissertação, Universidade Federal de Roraima. (2007) A multi-gene phylogeny of Clavicipitaceae
Boa Vista, RR. (Ascomycota, Fungi): Identification of localized
Ribeiro KG, Pereira GMD, Mosqueira CA, Baraúna AC, incongruence using a combinational bootstrap
Vital MJS, Silva K, Zilli JE (2011) Isolamento, arma- approach. Molecular Phylogenetics and Evolution
zenamento e determinação da colonização por 44:1204–1223.
fungos “dark septate” a partir de plantas de arroz. Torres-Júnior CV (2014) Influência dos fungos dark
Revista Agro@mbiente On-line 5(2):97-105. septate sobre absorção de nutrientes e cresci-
Richard C, Fortin JA (1973) The Identification of mento de plantas de arroz e tomate. Dissertação,
Mycelium Radicis Atrovirens (Phialocephala Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Se-
Dimorphospora). Canadian Journal of Botany ropédica, RJ.
51(11):2247-48. Upson R, Read D, Newsham K (2009) Nitrogen form
Rodriguez RJ, White JR, Arnold A, Redman R (2009) influences the response of Deschampsia antarc-
Fungal endophytes: diversity and functional roles. tica to dark septate root endophytes. Mycorrhiza
New Phytologist 182:314–330. 20:1-11.
Schardl CL, Leuchtmann A, Spiering MJ (2004) Sym- Usuki F, Narisawa K (2005) Formation of structures
bioses of grasses with seed borne fungal endo- resembling ericoid mycorrhizas by the root endo-
phytes. Annual Review of Plant Biology 55:315– phytic fungus Heteroconium chaetospira within
340. roots of Rhododendron obtusum var. kaempferi.
Schulz B, Boyle C (2005) The endophytic continuum. Mycorrhiza 15:61–64.
Mycological Research 109:661–686. Usuki F, Narisawa K (2007) A mutualistic symbiosis
Schulz B, Römmert AK, Dammann U, Aust HJ, between a dark septate endophytic fungus, Het-
Strack D (1999) The endophyte-host interaction eroconium Chaetospira, and a nonmycorrhizal
: a balanced antagonism? Mycological Research plant, Chinese cabbage. Mycologia 99:175–184.
103(10):1275-1283. Vohník M, Borovec O, Zupan I, Vondrasek D, Petrtyl
Schubert K, Groenewald JZ, Braun U, Dijksterhuis M, Sudová R (2015) Anatomically and morpholog-
J, Starink M, Hill CF, Zalar P, de Hoog GS, Crous ically unique dark septate endophytic association
PW (2007) Biodiversity in the Cladosporium her- in the roots of the Mediterranean endemic sea-
barum complex (Davidiellaceae, Capnodiales), grass Posidonia oceanica. Mycorrhiza 25(8):663-
with standardisation of methods for Cladospori- 672.
um taxonomy and diagnostics. Studies in Mycol- Wang CJK, Wilcox HE (1985) New species of ecten-
ogy 58:105–156. domycorrhizal and pseudomicorrhyzal fungi: Phi-
Sharma BB, Jha DK (2012) Arbuscular mycorrhiza and alophora finlandia, Chloridium paucisporum and
dark septate fungal associations in medicinal and Phialocephala fortinii. Mycologia 76(3):951-958.
aromatic plants of Guwahati. Journal of Microbi- Wang JL, Li T, Liu GY, Smith JM, Zhao ZW (2016) Un-

68 RAPP - Volume 24, 2016


Peter Soares Medeiros, et. al (55-69)

raveling the role of dark septate endophyte (DSE) species of Harpophora (Magnaporthaceae) re-
colonizing maize (Zea mays) under cadmium covered from healthy wild rice (Oryza granulata)
stress: physiological, cytological and genic as- roots, representing a novel member of a benefi-
pects. Scientific Reports 6:22028. cial dark septate endophyte. Federation of Euro-
Wei YF, Li T, Li LF, Wang JL, Cao GH, Zhao ZW (2016) pean Microbiological Societies. Microbiological
Functional and transcript analysis of a novel met- Letters 307:94–101.
al transporter gene EpNramp from a dark sep- Zhan F, He Y, Zu Y, Li T, Zhao Z (2011) Characterization
tate endophyte (Exophiala pisciphila). Ecotoxi- of melanin isolated from a dark septate endo-
cology and Environmental Safety 124:363–368. phyte (DSE), Exophiala pisciphila. World Journal
Weiss M, Selosse MA, Rexer KH, Urban A, Oberwin- of Microbiology and Biotechnology 27:2483–
kler F (2004) Sebacinales: a hitherto overlooked 2489.
cosm of heterobasidiomycetes with a broad Zhang Y, Schoch CL, Fournier J, Crous PW, de Gruyter
mycorrhizal potential. Mycological Research J, Woudenberg JH, Hirayama K, Tanaka K, Point-
108:1003-1010. ing SB, Spatafora JW, Hyde KD (2009) Multi-locus
Yu T, Nassuth A, Peterson RL (2001) Characteriza- phylogeny of Pleosporales: a taxonomic, ecologi-
tion of the interaction between the dark septate cal and evolutionary re-evaluation. Studies in
fungus Phialocephala fortinii and Asparagus of- Mycology 64:85–102.
ficinalis  roots.  Canadian Journal of Microbiol- Zhang HH, Tang M, Chen H, Ya-Jun W (2012) Effects
ogy 47:741–753. of a Dark-Septate Endophytic Isolate LBF- 2 on
Yuan Z L, Su ZZ, Mao LJ, PengYQ, Yan GGM, Lin FC, the Medicinal Plant Lycium barbarum L. Journal
Zhang CL (2011) Distinctive endophytic fungal of Microbiology 50:91–96.
assemblage in stems of wild rice (Oryza granu- Zhao D, Li T, Shen M, Wang J, Zhao Z (2015) Diverse
lata) in China with special reference to two spe- strategies conferring extreme cadmium (Cd) tol-
cies of Muscodor (Xylariaceae). The Journal of erance in the dark septate endophyte (DSE), Ex-
Microbiology 49(1):15- 23. ophiala pisciphila: Evidence from RNA-seq data.
Yuan ZL, Llin FC, Zhang CL, Kubicek CP (2010) A new Microbiological Research 170:27–35.

RAPP - Volume 24, 2016 69


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

NEMATOIDES QUARENTENÁRIOS PARA


O BRASIL - DIAGNOSE, CONTROLE E
PERSPECTIVAS
Paulo Sergio Torres Brioso1 e Ricardo Moreira de Souza2

RESUMO
Esta revisão aborda tópicos relacionados ao risco de introdução de ne-
matoides quarentenários no Brasil, apresentando informações de cada uma das
espécies de nematoides constantes na Lista de Pragas Quarentenárias Ausentes
do Brasil; relaciona aspectos relativos à diagnose e controle; e discorre sobre as
tendências futuras quanto ao risco de introdução dessas pragas.

SUMMARY
This review deals with topics related with the risk of introducing exotic
nematodes in the country; presents information on all species of nematodes on
the List of Quarantine Species Absent to Brazil; discuss aspects concerning diag-
nosis and control; and the trends regarding the risk of introducing these pests
into Brazil.

Introdução https://www.ippc.int/index.php?id=draft_ispms
A Norma Internacional de Medidas Fitos- &no_cache=1&L=0). A atualização dessas listas
sanitárias nº 19: Diretriz sobre listas de pragas re- é necessária quando a categoria das pragas lista-
gulamentadas descreve os procedimentos para se das é alterada, ou quando as informações para as
preparar, manter e disponibilizar as Listas de Pragas pragas listadas são modificadas, por mudança da
Regulamentadas pelas Organizações Nacionais de taxonomia, por exemplo, devendo ser feita a atua-
Proteção Fitossanitária (ONPF). A ONPF brasileira lização assim que a necessidade de modificação for
é representada pelo Departamento de Sanidade identificada através de levantamentos, notificações
Vegetal (DSV) – Ministério da Agricultura, Pecuária de ocorrência e realização de Análises de Risco de
e Abastecimento (MAPA), que é responsável pelos Pragas.
procedimentos para estabelecer a lista de pragas As diversas Instruções Normativas (IN) e Por-
regulamentadas, bem como pela sua manutenção, tarias publicadas pelo MAPA e citadas nesse texto
atualização, registro apropriado e pelo fornecimen- podem ser visualizadas, na íntegra, no Sistema de
to dessas listas às partes contratantes, se requisita- Consulta à Legislação do MAPA, no endereço eletrô-
das. Tais listas auxiliam na prevenção da introdução nico http://www.agricultura.gov.br/legislacao.
e/ou disseminação de pragas e também facilitam o A Lista de Pragas Quarentenárias Ausentes
comércio seguro, garantindo a transparência. (A1) e a Lista de Pragas Quarentenárias Presentes
A Lista de Pragas Regulamentadas de um (A2) do Brasil, revisadas e atualizadas, constam dos
país não é fixa ou permanente (disponível no site Anexos I e II, respectivamente, da Instrução Norma-

1
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Laboratório Oficial de Diagnóstico Fitossa-
nitário, Caixa Postal 74585, 23897-970 - Seropédica, RJ, brioso@bighost.com.br; 2Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro, CCTA/ Laboratório de Entomologia e Fitopatologia, 28015-620 - Campos dos Goytacazes, RJ, ricmsouza@censanet.com.br

70 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

tiva (IN) 41/2008 e retificação [publicada no Diário tra praga exótica deverá ser notificada ao MAPA,
Oficial da União (D.O.U.) nº 125, de 02/07/2008, Se- de acordo com a legislação vigente, bem como de
ção  1,  p.8-10 e a retificação no D.O.U. nº131, uma Praga Quarentenária Presente fora da área de
de 10/07/2008, Seção 1, p.4],da IN 59/2013 e retifica- controle oficial. Em função da distribuição da pra-
ção [publicada no D.O.U. nº 249, de 24/12/2013, Se- ga no território nacional, a ONPF adotará as provi-
ção 1, p.4-5, e no D.O.U. nº 252, de 30/12/2013, Se- dências necessárias para notificação à Convenção
ção 1, p.81] e da IN 21/2015 (publicada no D.O.U. nº Internacional de Proteção dos Vegetais (CPIV), para
126, de 06/07/2015, Seção 1, p.4). a alteração da Lista de Pragas Quarentenárias e a
Como já ocorreram alterações taxonômicas autorização da divulgação da informação (Portaria
após revisões publicadas sobre vírus, viróides e fi- Interministerial 290/1996). As normas para noti-
toplasmas quarentenários (Brioso & Pozzer, 2013; ficação de ocorrência de pragas exóticas no país
2014), o mesmo poderá ocorrer em relação aos ne- estão estabelecidas na IN 02/2002. Havendo inte-
matoides quarentenários. Esta revisão, que trata dos resse em realizar pesquisa com praga quarentená-
nematoides considerados como Pragas Quarentená- ria, é necessária a autorização prévia do MAPA. Se
rias Ausentes (A1) para o Brasil até o momento, será a pesquisa for com Pragas Quarentenárias Ausen-
mantida e atualizada pelos autores dessa revisão nos tes, o pedido de autorização deverá ser protocola-
endereços eletrônicos http://www.fito2009.com/fi- do contendo o plano de trabalho, a justificativa da
top/fitoplablistanemat.htm e http://www.fito2009. necessidade de realização da pesquisa e o termo de
com/fitop/fitoplabnematquar.html. responsabilidade da instituição à qual pertence o
A seguir, serão repassadas algumas informa- pesquisador; se a pesquisa for com Praga Quaren-
ções básicas sobre cada uma dessas pragas. Des- tenária Presente, a solicitação deverá ser realizada
taca-se que as informações, principalmente quanto conforme legislação específica relacionada à essa
à distribuição geográfica, são muito dinâmicas em praga.
função de novos registros, retificação de relatos e No caso específico de nematoides, diversos
até de erradicação da praga na área geográfica em sites nacionais e internacionais trazem informações
consideração. dos mesmos, seja como fitoparasita ou como vetor
de vírus e doenças correlacionadas, por exemplo
Divulgação e pesquisa de pragas quarentenárias nos endereços eletrônicos: http://www.apsnet.org/
Em 1996 foi publicada a Portaria Interministe- edcenter/intropp/PathogenGroups/Pages/IntroNe-
rial nº 290, assinada pelo MAPA, Ministério da Educa- matodes.aspx, http://nematologia.com.br/about-
ção (MEC) e Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) -sbn/revisoes-rapp/.
(D.O.U. nº 75, de  18/04/1996,  Seção  1,  p.6575). A
mesma considera que a divulgação da ocorrência de Nematoides fitoparasitas como vetores de vírus
qualquer praga, supostamente inexistente no ter- Revisão sobre nematoides vetores de espé-
ritório nacional, de forma precipitada e sem o em- cies virais dos gêneros Cheravirus, Nepovirus, To-
basamento científico adequado, poderá ocasionar bravirus (http://www.fito2009.com/fitop/fitoplab-
restrições às exportações brasileiras, com sérios virtaxon.html) foram publicados por Costa (1999),
prejuízos à economia nacional. Em função disso, a Brown et al. (2004) e Almeida & Drecaemer (2005).
lei determina que a detecção ou a caracterização Essas revisões, disponíveis no endereço eletrônico
de qualquer praga inexistente no território nacio- http://nematologia.com.br/about-sbn/revisoes-
nal deve imediatamente ser notificada ao MAPA, -rapp/, abordam aspectos relevantes inerentes
antes de qualquer divulgação. Uma vez notificada a aos nematoides dos gêneros Longidorus, Paralon-
ocorrência da nova praga, caberá ao MAPA efetuar gidorus (Subfamília Longidorinae, Família Longido-
levantamento de sua distribuição geográfica no ter- ridae), Xiphinema (Subfamília Xiphinematinae, Fa-
ritório nacional e de suas possibilidades de controle mília Longidoridae); Trichodorus, Paratrichodorus
e erradicação. (Subfamília Trichodorinae, Família Trichodoridae)
A IN 52/2007 (D.O.U. nº 223, de  21/11/ e suas espécies correlatas. Nesses gêneros temos
2007,  Seção  1,  p.31-34) reitera que a detecção como espécies vetoras de vírus e quarentenárias
de qualquer Praga Quarentenária Ausente ou ou- para o Brasil Xiphinema diversicaudatum e X. rivesi.

RAPP - Volume 24, 2016 71


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Sintomas ciamento de nucleotídeos) devido à rapidez, sensibi-


A ação dos nematoides quarentenários nas lidade e especificidade.
diversas hospedeiras, dependendo da espécie de ne- Atualmente, os países têm padronizado a ní-
matoide e de sua hospedeira, pode ou não gerar sin- vel internacional a metodologia de detecção e de
tomas como amarelecimento, murcha, lesões necró- diagnose destes nematoides quarentenários, bem
ticas, podridão, tombamento, senescência precoce, como de outros fitopatógenos e pragas. O objetivo
deformações foliares, galhas, nanismo, redução da é que todos os países adotem o mesmo protocolo de
lâmina foliar, inflorescências deformadas, sementes detecção com o intuito de evitar resultados contradi-
manchadas, queda da produção e do número de flo- tórios, em função da metodologia utilizada.
res, bem como do peso de tubérculos, vagens, grãos Essas adequações são referendadas e publi-
e sementes. E, em certos casos, pode levar a planta cadas no endereço eletrônico (https://www.ippc.
à morte. int/es/core-activities/standards-setting/ispms) sen-
Sintomas específicos e associados aos nema- do, posteriormente, divulgadas através das INs do
toides quarentenários podem ser visualizados con- MAPA para aplicação nos ensaios de detecção e de
sultando-se as referências citadas no texto e associa- diagnose de pragas da Rede Nacional de Laborató-
da à espécie de nematoide quarentenário. rios Agropecuários do Sistema Unificado de Atenção
à Sanidade Agropecuária (SUASA/ MAPA) (http://
Deteccão de nematoides quarentenários para o www.fito2009.com/fitop/labmapa.html).
brasil No que se refere à nematoides, até 2016, fo-
Na detecção de nematoides, podem ser uti- ram editados os protocolos padrões para detecção
lizadas análises baseadas nas características morfo- de Ditylenchus dipsaci e D. destructor (IPPC, 2015),
lógicas e morfométricas, sorológicas, físico-químicas Bursaphelenchus xylophilus (IPPC, 2016a) e Xiphine-
e moleculares, por meio de Testes Biológicos – ob- ma americanum sensu lato (IPPC, 2016b), estando
servação direta de sintomas, iscas biológicas; Testes em fase de edição pela IPPC o referente à Anguina
Físico-químicos - teste de trituração, peneiramento e spp..
flutuação; eletroforese em gel (agarose ou poliacrila-
mida) para isoenzima, microscopia ótica, microsco- Taxonomia
pia eletrônica de varredura; Testes Sorológicos - ELI- A identificação taxonômica de nematoides se
SA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay), Western dá por via morfológica e morfométrica, associada ou
Blot; Testes Moleculares - Polymerase Chain Reaction não à informação molecular.
(PCR) com primers específicos ou degenerados, AFLP Chaves taxonômicas baseadas em caracteres
(Amplified Fragment Length Polymorphism)-PCR, morfológicos e morfométricos, para os principais
LAMP (Loop-mediated Isothermal Amplification) gêneros e espécies existentes no Brasil, podem ser
PCR, Multiplex PCR, PCR-RFLP (Polymerase Chain Re- encontradas em Charchar (1997), Cares & Huang
action - Restriction Fragment Length Polymorphism), (2000), Cares & Huang (2001), Cares & Andrade
RAPD (Random Amplification of Polymorphic DNA)- (2006), Cares & Tenente (2007) e Cares et al. (2008).
-PCR, Real Time PCR, SCAR (Sequence Characterized Nestas chaves, os nematoides estão inseridos dentro
Amplified Region)-PCR, sequenciamento de nucleo- do Reino Animalia, Subreino Metazoa, Filo Nemato-
tídeos (Charchar, 1997; Perry et al., 2009; Oliveira et da que se subdivide em Classes, Subclasses, Ordens,
al., 2011; Subbotin et al., 2013; Brioso &Dias, 2015). Subordens, Superfamília, Família, Subfamília, Gêne-
No entanto, em termos de rotina de labora- ros e espécies, conforme exemplificado no endereço
tório para a detecção e diagnose de nematoides, em eletrônico http://plpnemweb.ucdavis.edu/nema-
especial os quarentenários para o Brasil, se utiliza plex/Taxadata/Nemata.htm.
principalmente a observação de sintomas associa- Quanto às categorias mais elevadas da clas-
dos às características morfológicas e morfométricas sificação, que sofreram alterações nos últimos anos
do nematoide via microscopia (ótica e/ou eletrôni- a partir da análise da menor subunidade do compo-
ca) e/ou associado aos testes moleculares (PCR com nente 16S do DNA ribossomal (SSU 16SrDNA) passou
primers específicos, LAMP PCR, multiplex PCR, PCR- a inserir os nematoides dentro do Domínio Eukarya,
-RAPD, PCR-RFLP, Real Time PCR, SCAR-PCR, Sequen- Superreino Opisthokonta, Reino Animalia, Subreino

72 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Metazoa, Ramo Bilateralia, Subramo Protostomia, media/files/publication/en/2016/02/2013-0033A_


Superfilo Ecdysozoa,Filo Nematoda que se subdi- Draft_Annex_to_ISPM_27__Anguina_spp._4.doc.
vide em Classes, Subclasses, Ordens, Subordens, Distribuição geográfica: África do Sul, Alema-
Superfamília, Família, Subfamília, Gêneros e diver- nha, Austrália, Canadá, China, Eslováquia, Estônia,
sas espécies, conforme exemplificado no endereço Estados Unidos, Finlândia, Geórgia, Holanda, Norue-
eletrônico http://plpnemweb.ucdavis.edu/nema- ga, Nova Zelândia, Polônia, Quirguistão, Reino Uni-
plex/Taxadata/Classes.htm#Molecular_Phylogeny_ do, República Tcheca, Rússia, Suécia, Ucrânia.
Menu. Informações relativas às sequências genõ- Hospedeiros: Agrostis canina, A. capillaris, A.
micas ou de genes mitocondriais de nematoides castellana, A. exarata, A. gigantea, A. polymorpha,
quarentenários para o Brasil estão disponíveis no Q- A. stolonifera, A. sylvatica, A. tenuis, Apera sp., Arc-
-bank Nematodes database (http://www.q-bank.eu/ tagrostis latifolia, Bromus erecta, Buchloe dactyloi-
Nematodes/) e NCBI - National Center for Biotech- des, Calamagrostis canadensis, Dactylis sp., Eragros-
nology Information (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/). tis sp., Festuca sp., Hordeum sp., Koeleria glauca, K.
gracilis, K. macrantha, K. talievi, Leymus chinensis,
Nematoides quarentenários para o Brasil Lolium multiflorum, Lolium rigidum, Phalaris arundi-
Na Tabela 1 está indicada a posição taxonômi- nacea, Phleum sp., Poa sp. Puccinellia sp., Sporobo-
ca dos gêneros de nematoides quarentenários para o lus brockmanii, Trisetum sp..
Brasil, de acordo com o sistema de classificação que Detecção: Teste de trituração, peneiramento
adota dados morfológicos, morfométricos e molecu- e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
lares (http://plpnemweb.ucdavis.edu/nemaplex/Ta- quenciamento (Subbotin et al., 2004); Teste de PCR-
xadata/Classes.htm#Molecular_Phylogeny_Menu). -RFLP (Powers et al., 2001); Teste de Real Time PCR
Os nematoides quarentenários para o Brasil (Ma et al., 2011; Li et al., 2015). Conforme o DOC
podem ser transmitidos por sementes ou grãos, ele- SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
mentos de propagação vegetativa (bulbos, estacas, tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
mudas, tubérculos, rizomas), plantas, solo, substra- legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005,
to, fardos e embalagens de madeira, inseto-vetor, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 27/2011, IN 59/2013, é
dependendo do gênero, conforme descrito nas infor- obrigatória a análise para A. agrostis em importação
mações de cada um dos nematoides quarentenários. de grãos ou sementes de Lolium multiflorum.

Segue, abaixo, informações das espécies de Anguina pacificae Vera & Maggenti, 1984
nematoides quarentenários para o Brasil relaciona- Aspectos Gerais e Identificação Taxonômi-
dos aos gêneros citados na Tabela 1. ca: Trata-se de um ectoparasita migratório, sen-
do o J2 a fase infectante. Informações gerais estão
Anguina agrostis (Steinbuch, 1799) Filipjev, 1936 disponíveis nas publicações de Vera & Maggenti
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: (1984), Cares et al. (2008) e no endereço eletrôni-
Trata-se de um ectoparasita migratório tendo como co https://www.ippc.int/static/media/files/publi-
fase infectante o segundo estádio juvenil (J2). Infor- cation/en/2016/02/2013-0033A_Draft_Annex_to_
mações gerais estão disponíveis nas publicações de ISPM_27__Anguina_spp._4.doc e http://nematode.
Krall (1991), Brzeski (1998), Cares et al. (2008) e nos unl.edu/anguipac.htm.
endereços eletrônicos https://www.ippc.int/static/ Chave para a identificação de espécies de
media/files/publication/en/2016/02/2013-0033A_ Anguina associadas às informações morfológicas e
Draft_Annex_to_ISPM_27__Anguina_spp._4.doc, morfométricas que permitem a identificação de An-
http://nematode.unl.edu/aagrost.htm. guina pacificae: Disponíveis na publicação de Vera &
Chave para a identificação de espécies de Maggenti (1984), Cares et al. (2008) e no endereço
Anguina associadas às informações morfológicas eletrônico https://www.ippc.int/static/media/files/
e morfométricas que permitem a identificação de publication/en/2016/02/2013-0033A_Draft_Annex_
Anguina agrostis: Disponíveis nas publicações de to_ISPM_27__Anguina_spp._4.doc.
Krall (1991), Brzeski (1998), Cares et al. (2008) e no Distribuição geográfica: Estados Unidos, Ir-
endereço eletrônico https://www.ippc.int/static/ landa.

RAPP - Volume 24, 2016 73


74
Tabela 1. Posição taxonômica dos gêneros de nematoides quarentenários para o Brasil, de acordo com o sistema de classificação que adota dados morfológicos, mor-
fométricos e moleculares a partir do Filo Nematoda*.
Filo Classe Sub classe Ordem Sub ordem Super familia Familia Sub familia Gênero
Chromadorea Chromadoria Tylenchina Aphelenchoidea Aphelenchoididae Bursaphelenchinae Bursaphelenchus
Tylenchina Sphaerularioidea Anguinidae Anguininae Anguina
Tylenchina Sphaerularioidea Anguinidae Anguininae Ditylenchus
Tylenchina Sphaerularioidea Anguinidae Anguininae Subanguina 
Tylenchina Criconematoidea Criconematidae Criconematinae Criconema
Tylenchoidea Belonolaimidae Belonolaiminae Belonolaimus
Rhabditida Tylenchoidea Heteroderidae Heteroderinae Globodera 
Nematoda
Tylenchoidea Heteroderidae Heteroderinae Heterodera
Tylenchoidea Heteroderidae Meloidogyninae Meloidogyne
Tylenchoidea Pratylenchidae Nacobbinae Nacobbus
Tylenchoidea Pratylenchidae Pratylenchinae Pratylenchus
Tylenchoidea Heteroderidae Punctoderinae Punctodera
Tylenchoidea Pratylenchidae Pratylenchinae Radopholus

RAPP - Volume 24, 2016


Tylenchoidea Hoplolaimidae Rotylenchulinae Rotylenchulus
Enoplea Dorylaimia Dorylaimida Dorylaimina  Dorylaimoidea  Longidoridae Xiphinematinae Xiphinema
*Adaptado de http://plpnemweb.ucdavis.edu/nemaplex/Taxadata/Classes.htm#Molecular_Phylogeny_Menu
Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)
Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Hospedeiros: Agrostis canina, Paspalum va- -RFLP (Powers et al., 2001); Teste de Real Time PCR
ginatum, Poa annua. (Ma et al., 2011; Li et al., 2015). Conforme o DOC
Detecção: Teste de trituração, peneiramento SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
quenciamento (Subbotin et al., 2004); Teste de PCR- legal que demanda o ensaio relativo às IN 12/2000,
-RFLP (Powers et al., 2001); Teste de Real Time PCR IN 04/2001, IN 42/2003, IN 6/2005, IN 44/2005, IN
(Ma et al., 2011; Li et al., 2015). Conforme o DOC 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a
SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi- análise para A. tritici em importação de grãos ou se-
tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato mentes de Avena sativa, Triticum aestivum, Triticum
legal que demanda o ensaio relativo às IN 04/2007, spp..
IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a
análise para A. pacificae em importação de mudas Belonolaimus longicaudatus Rau, 1958
de Paspalum vaginatum. Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J2 a
Anguina tritici (Steinbuch, 1799) Chitwood, 1935 fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômi- na publicação de Rau (1958) e no endereço eletrôni-
ca: Trata-se de um ectoparasita migratório, sen- co http://entnemdept.ufl.edu/creatures/nematode/
do o J2 a fase infectante. Informações gerais estão sting_nematode.htm.
disponíveis nas publicações de Krall (1991), Brzeski Chave para a identificação de espécies de
(1998), Cares et al. (2008) e no endereço eletrôni- Belonolaimus associadas às informações morfoló-
co https://www.ippc.int/static/media/files/publi- gicas e morfométricas que permitem a identifica-
cation/en/2016/02/2013-0033A_Draft_Annex_to_ ção de Belonolaimus longicaudatus: Disponível na
ISPM_27__Anguina_spp._4.doc e http://nematode. publicação de Vera & Subbotin (2012).
unl.edu/angutrit.htm. Distribuição geográfica: Arábia Saudita, Cos-
Chave para a identificação de espécies de ta Rica, Estados Unidos, México, Paquistão, Porto
Anguina associadas às informações morfológicas Rico, Turquia.
e morfométricas que permitem a identificação de Hospedeiros: Acer rubrum, Aeschynome-
Anguina tritici: Disponíveis nas publicações de Krall ne americana, Alysicarpus ovalifolius, A. vaginalis,
(1991), Brzeski (1998), Cares et al. (2008) e no ende- Apium graveolens, Arachis hypogaea, Brassica olera-
reço eletrônico https://www.ippc.int/static/media/ cea var. capitata, Brassica rapa, Capsicum annuum,
files/publication/en/2016/02/2013-0033A_Draft_ Capsicum frutescens, Chrysanthemum morifolium,
Annex_to_ISPM_27__Anguina_spp._4.doc. Chrysanthemum spp.,Citrus spp., Cornus florida,
Distribuição geográfica: Afeganistão, Ale- Cucumis melo, Cucurbita maxima, Cucurbita pepo,
manha, Arábia Saudita, Austrália, Áustria, Azerbai- Cynodon dactylon, Cyperus rotundus, Desmodium
jão, Bulgária, China, Croácia, Chipre, Coréia, Egito, tortuosum, Eremochloa ophiuroides, Festuca elatior,
Espanha, Estados Unidos, Etiópia, França, Grécia, Fragaria spp., Gerbera spp.,Glycine hispida, G. max,
Holanda, Hungria, India, Inglaterra, Irã, Iraque, Irlan- Gossypium hirsutum, Ipomoea pes-caprae, Lactuca
da, Israel, Itália, Iugoslávia, Nova Zelândia, Paquis- sativa, Liquidambar styraciflua, Lolium multiflorum,
tão, Polônia, Romênia, Rússia, Síria, Suécia, Suíça, L. perenne, Magnolia virginiana, Mentha spicata,
Taiwan, Turquia, Ucrânia. Embora haja um relato de Ocimum basilicum, Panicum ramosum, Paspalum
1959 desse nematoide no Brasil, considera-se que o vaginatum, Pennisetum glaucum, P. purpureum,
mesmo não ocorre no país (Tenente et al., 2007). Phaseolus vulgaris, Pinus cubensis, Pisum sativum,
Hospedeiros: Avena sativa, Avena sp., Hor- Pittosporum tobira, Platanus occidentalis, Prunus
deum vulgare, Phalaris minor, Secale cereale Triti- persica, Raphanus sativus, Ricinus communis, Sac-
cum aestivum, T. dicoccum, T. durum, T. monococ- charum sp., Sambucus canadensis, Secale cereale,
cum, T. spelta, T. ventricosum, T. vulgare. Solanum lycopersicum, S. melongena, S. tuberosum,
Detecção: Teste de trituração, peneiramento Sorghum bicolor, S. bicolor x S. sudanense, S. vulgare,
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- Stenotaphrum secundatum, Tagetes patula, Uniola
quenciamento (Subbotin et al., 2004); Teste de PCR- paniculata, Vaccinium corymbosum, Vaccinium spp.,

RAPP - Volume 24, 2016 75


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Vicia villosa, Vigna unguiculata, Vitis sp., Zea mays, forme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de
Zoysia matrella. Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e
Detecção: Teste de trituração, peneiramento baseado no ato legal que demanda o ensaio relativo
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- às IN 05/2005, IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008,
quenciamento (Vera & Subbotin, 2012; Kutsuwa et IN 59/2013, é obrigatória a análise para B. mucro-
al., 2015; Kanan et al., 2015); Teste de Real Time PCR natus em importação de embalagens de madeira de
(Kanan et al., 2015). Conforme o DOC SAC/CGAL nº todas as espécies vegetais que produzem madeira.
06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitossanitário -
Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato legal que de- Bursaphelenchus xylophilus (Steiner and Buhrer,
manda o ensaio relativo às IN 25/2001, IN 14/2002, 1934) Nickle, 1970
IN 06/2005, IN 04/2007, IN 52/2007, IN 41/2008, IN Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
59/2013, é obrigatória a análise para B. longicauda- Trata-se de um endoparasita migratório transmitido
tus em importação de mudas de Chrysanthemum pelo inseto vetor Monochamus spp., sendo o J4 a fase
spp., Cynodon dactylon, Fragaria ananassa, Gerbe- infectante. Informações gerais estão disponíveis nas
ra jamesonii, Gerbera spp., Paspalum vaginatum, publicações de Nickle (1970), Auer & Santos (2012),
Vaccinium corymbosum, Vaccinium spp.; plantas de IPPC (2016a) e no endereço eletrônico http://nema-
Gerbera jamesonii, Gerbera spp., Vaccinium corym- tode.unl.edu/bxyloph.htm.
bosum, Vaccinium spp.; sementes de Capsicum an- Chave para a identificação de espécies de
nuum, Capsicum frutescens. Bursaphelenchus associadas ás informações morfo-
lógicas e morfométricas que permitem a identifica-
Bursaphelenchus mucronatus Mamya & Endo, 1979 ção de Bursaphelenchus xylophilus: Disponível nas
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: publicações de Yinet al. (1988), Pereira et al. (2013),
Trata-se de um endoparasita migratório transmitido Braasch & Schönfeld (2015) e IPPC (2016a).
pelo inseto vetor Monochamus spp., sendo o J4 a fase Distribuição geográfica: África do Sul, Cana-
infectante. Informações gerais estão disponíveis na dá, China, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos,
publicação de Mamya & Endo (1979) e no endereço Hong Kong, Japão, México, Portugal, Taiwan.
eletrônico http://nematode.unl.edu/pest2.htm. Hospedeiros: As espécies mais suscetíveis es-
Chave para a identificação de espécies de tão no gênero Pinus, incluindo P. densiflora, P. echina-
Bursaphelenchus associadas ás informações mor- ta, P. elliottii, P. estevesii, P. halepensis, P.koraiensis,
fológicas e morfométricas que permitem a identi- P. leiophylla, P. luchuensis, P. luchuensis, P. massonia-
ficação de Bursaphelenchus mucronatus: Disponí- na, P. mugo, P. muricata, P. nigra, P. pinaster, P. pínea,
vel nas publicações de Yinet al. (1988), Pereira et al. P. radiata, P. resinosa, P. silvestres, P. strobus, P. syl-
(2013), Braasch & Schönfeld (2015) e IPPC (2016a). vestris, P. thunbergiana, P. thunbergii. Também têm
Distribuição geográfica: Alemanha, Armênia, sido relatadas espécies dos gêneros Abies, Chama-
Áustria, Azerbaijão, Belarus, Canadá, China, Coréia, ecyparis, Cedrus, Larix, Picea e Pseudotsuga como
Cazaquistão, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, hospedeiros.
França, Geórgia, Grécia, Itália, Japão, Letônia, Lituâ- Detecção: Teste de trituração, peneiramen-
nia, Moldova, Noruega, Polônia, Portugal, Rússia, Su- to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e
écia, Suíça, Ucrânia, Taiwan, Tailândia, Turquia. Sequenciamento (Matsunaga and Togashi, 2004;
Hospedeiros: Larix olgen, L. sibirica, Picea Pereira et al., 2013; IPPC, 2016a); PCR-RFLP (Bur-
spp., Pinus densiflora, P. halepensis, P. nigra, P. pi- germeister et al., 2005; Burgermeister et al., 2009;
naster, P. silvestris, P. thunbergiana, Quercus robur. IPPC, 2016a); Teste de Real Time PCR (François et al.,
Detecção: Teste de trituração, peneiramento 2007; IPPC, 2016a); LAMP-PCR (Kikuchi et al., 2009;
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- Aikawa et al., 2012; IPPC, 2016a). Conforme o DOC
quenciamento (Matsunaga & Togashi, 2004; Pereira SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
et al., 2013; IPPC, 2016a); PCR-RFLP (Burgermeister tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
et al., 2005; Burgermeister et al., 2009; IPPC, 2016a); legal que demanda o ensaio relativo às IN 05/2005,
Teste de Real Time PCR (Ye& Giblin-Davis, 2013; Fili- IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é
piak & Hasiów-Jaroszewska, 2016; IPPC, 2016a). Con- obrigatória a análise para B. xylophilus em importa-

76 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

ção de embalagens de madeira de todas as espécies 63/2004, é obrigatória a análise para C. mutabile em
vegetais que produzem madeira; de estacas e plan- importação de alporques de Litchi chinensis.
tas de Pinus spp..
Ditylenchus africanus Wendt, Swart, Vrain & Webs-
Criconema mutabile (Taylor) Raski & Luc, 1985 ter, 1995
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
Trata-se de um ectoparasita sedentário, sendo o J2 a Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J3 a
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
nas publicações de Raski (1952), Edward & Misra nas publicações de Wendt et al. (1995), IPPC (2015),
(1964), Raski & Luc (1987) e no endereço eletrônico Steenkamp et al. (2016) e no endereço eletrônico
http://keys.lucidcentral.org/keys/nematodes/html/ http://nematode.unl.edu/pest3.htm.
Criconema%20note.htm. Chave para a identificação de espécies de Di-
Chave para a identificação de espécies de tylenchus associadas ás informações morfológicas
Criconema associadas às informações morfológicas e morfométricas que permitem a identificação de
e morfométricas que permitem a identificação de D. africanus: Disponíveis nas publicações de Wendt
Criconema mutabile: Disponíveis nas publicações de et al. (1995) e IPPC (2015).
Yeates et al. (1997) e Hunt et al. (2005). Distribuição geográfica: África do Sul, Mo-
Distribuição Geográfica: África do Sul, Aus- çambique.
trália, Costa Rica, Estados Unidos, Peru. No Brasil, Hospedeiros: Arachis hypogaea, Chenopo-
segundo Sharma & Loof (1977) e Ferraz (1980), tal dium album, Datura stramonium, Eleusine indica,
espécie ocorre no país. No entanto, tal informação Glycine max, Gossypium hirsutum, Helianthus an-
merece posterior confirmação visando à confirma- nuus, Lupinus albus, Medicago sativa, Nicotiana ta-
ção da presença desta espécie no país, uma vez que bacum, Phaseolus vulgaris, Pisum sativum, Solanum
em 1987 houve a publicação de Raski & Luc. tuberosum, Sorghum bicolor, Tagetes minuta, Triti-
Hospedeiros: Acanthus sp., Acer sp., Aralia cum aestivum, Vigna unguiculata, Xanthium struma-
sp., Arctium lappa, Arrhenatherum sp., Avena sati- rium, Zea mays.
va, Axonopus sp., Baccharis sp., Bambusa sp., Beta Detecção: Teste de trituração, peneiramento
vulgaris, B. vulgaris cicla, Billbergia sp., Bougainvil- e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
lea sp., Camellia sp., Citrus sp., Cynodon dactylon, quenciamento (Wendt et al., 1995; IPPC, 2015); Tes-
Dahlia sp., Dichondra sp., Dioscorea sp., Echinochloa te de PCR-RFLP (Wendt et al., 1995; IPPC, 2015); Tes-
sp., Fragaria chiloensis, Gossypium hirsutum, Hor- te de RAPD-PCR (Qiao et al., 2016). Conforme o DOC
deum vulgare, Ilex sp., Ipomoea batatas, Juglans hin- SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
dsii, Litchi chinensis, Ligustrum sp., Liquidambar sp., tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
Malus sylvestris, Medicago sativa, Morus sp., Musa legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005,
sp., Nicotiana sp., Persea americana, Philodendron IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a
sp., Pinus sp., Prunus domestica, P. dulcis, P. persica, análise para D. africanus em importação de semen-
Pyracantha sp., Pyrus communis, Rhododendron sp., tes de Arachis hypogaea.
Rosa sp., Solanum lycopersicum, Sorghum bicolor,
Syringa sp., Tagetes sp., Trifolium repens, Typha sp., Ditylenchus angustus (Butler, 1913) Filipjev, 1936
Vigna unguiculata var. sesquipedalis, Vitis vinifera, Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
Yucca sp., Zea mays, Zingiber sp., Zoysia sp. Também Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J3 a
inclui algumas espécies de Bromeliaceae, Cactaceae fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
e de Palmaceae. nas publicações de Wendt et al. (1995), Das & Bajaj
Detecção: Teste de trituração, peneiramen- (2008), Oliveira et al. (2013) e IPPC (2015).
to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Chave para a identificação de espécies de Di-
Sequenciamento (Cordero et al., 2012). Conforme tylenchus associadas ás informações morfológicas
o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diag- e morfométricas que permitem a identificação de
nóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e base- D. angustus: Disponíveis nas publicações de Wendt
ado no ato legal que demanda o ensaio relativo à IN et al. (1995), Das & Bajaj (2008) e IPPC (2015).

RAPP - Volume 24, 2016 77


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Distribuição geográfica: Bangladesh, Filipi- mala, Humulus lupulus, Ipomoea batatas, Iris sp.,
nas, India, Indonésia, Malásia, Myanmar, Tailândia, Liatris spicata callilepis, Lilium spp., Linaria vulga-
Vietnã. ris, Lupinus albus, Medicago sativa, Mentha arven-
Hospedeiros: Echinochloa colona, Leersia he- sis, Nicotiana tabacum, Panax ginseng, Pastinaca
xandra, Medicago sativa, Oryza sativa, Sacciolepsis sativa, Phaseolus vulgaris, Pinus ponderosa, Pisum
interrupta. sativum, Plantago major, Raphanus sativus, Rumex
Detecção: Teste de trituração, peneiramento obtusifolius, Sisyrinchium angustifolium, Solanum
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- tuberosum, Solidago graminifolia, Sonchus arvensis,
quenciamento (Ibrahim et al., 1994; Wendt et al., S. asper, Sorghum bicolor, Stachys palustris, Syringa
1995; IPPC, 2015); Teste de PCR-RFLP (Ibrahim et vulgaris, Tagetes minuta, Taraxacum officinale, Tigri-
al., 1994; Wendt et al., 1995; IPPC, 2015); Teste de dia pavonia, Tigridia sp., Trifolium hybridum, T. pra-
RAPD-PCR (Qiao et al., 2016). Conforme o DOC SAC/ tense, Tropaeolum polyphyllum, Tulipa australis, T.
CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitos- fosterana, T. gesneriana,T. hageri, T. linifolia, T. pra-
sanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato estans, T. pulchella, T. saxatilis, T. tarda, T. violacea,
legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005, Tussilago farfara, Vicia sativa, Vigna unguiculata,
IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a Xanthium spp., Zantedeschia spp., Zea mays.
análise para D. angustus em importação de grãos e Detecção: Teste de trituração, peneiramento
sementes de Oryza sativa. e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
quenciamento (Wendt et al., 1995; IPPC, 2015); Tes-
Ditylenchus destructor Thorne, 1945 te de PCR-RFLP (Wendt et al., 1995; IPPC, 2015); Tes-
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: te de RAPD-PCR (Qiao et al., 2016). Conforme o DOC
Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J3 a SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
nas publicações de Wendt et al. (1995) e IPPC (2015). legal que demanda o ensaio relativo às IN 04/2001,
Chave para a identificação de espécies de Di- IN 20/2003, IN 06/2005, IN 06/2006, IN 03/2007,
tylenchus associadas ás informações morfológicas IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória
e morfométricas que permitem a identificação de a análise para D. destructor em importação de bul-
D. destructor: Disponíveis nas publicações de Wendt bos de Allium sativum, Dahlia spp., Gladiolus spp.,
et al. (1995) e IPPC (2015). Hyacinthus spp., Lilium spp., Tigridia pavonia, Tuli-
Distribuição geográfica: Albânia, Alemanha, pa fosterana, Tulipa gesneriana, Tulipa spp., Zan-
Arábia Saudita, Áustria, Azerbaijão, Bélgica, Bulgária, tedeschia aethiopica, Zantedeschia spp.; mudas de
Canadá, China, Coréia, Eslováquia, Estados Unidos, Begonia elatior, B. semperflorens, B. tuberhybrida,
Estônia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irã, Japão, Begonia x hiemalis, Chrysanthemum spp., Dahlia
Letônia, Luxemburgo, México, Moldova, Noruega, spp., Fragaria ananassa, Hydrangea acuminata, H.
Paquistão, Polônia, Quirguistão, Reino Unido, Re- altissima, H. anomala, estacas com raiz de Begonia
pública Tcheca, Romênia, Suécia, Suíça, Tajiquistão, elatior, B. semperflorens, B. tuberhybrida, Begonia x
Turquia, Ucrânia, Uzbequistão. hiemalis, Chrysanthemum spp., Dahlia spp.; semen-
Hospedeiros: Allium sativum, Arachis hypo- tes de Allium sativum, Arachis hypogaea, tubérculos
gaea, Allium cepa, Apium graveolens, Babiana nana, de Solanum tuberosum; plantas de Begonia elatior,
Begonia elatior, B. semperflorens, B. tuberhybrida, B. semperflorens, B. tuberhybrida, Begonia x hiema-
Begonia x hiemalis, Bellis perennis, Beta vulgaris, lis; rizoma de Calathea spp..
Calathea spp., Canna indica, Chenopodium album,
Chloris virgata, Chrysanthemum spp., Cimicifuga Ditylenchus dipsaci (Kühn, 1857) Filipjev, 1936
racemosa, Colchicum giganteum, C. speciosum, Cro- Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
cus sp., Cyperus rotundus, Dahlia spp., Datura stra- Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J3 a
monium, Daucus carota, Eleusine indica, Gladiolus fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
hybridus, G. colvillei, Gladiolus spp., Glycine max, nas publicações de Wendt et al. (1995) e IPPC (2015).
Gossypium hirsutum, Helianthus annuus, Hyacinthus Chave para a identificação de espécies de Di-
spp., Hydrangea acuminata, H. altíssima, H. ano- tylenchus associadas ás informações morfológicas e

78 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

morfométricas que permitem a identificação de D. Ceratochloa sp.,Chaetochloa sp.,Cheiranthus cheiri,


dipsaci: Disponíveis nas publicações de Wendt et al. C. mutabilis, Chelone glabra, Chenopodium album,
(1995) e IPPC (2015). C. polyspermum, Chionodoxa luciliae, C. sardensis,
Distribuição geográfica: Albânia, Alemanha, Chrysanthemum spp., Cicer arietinum, Cichorium in-
Argélia, Argentina, Armênia, Austrália, Áustria, Azer- tybus, Cirsium spp., Colchicum spp., Coleus blumei,
baijão, Belarus, Bélgica, Bósnia-Herzegovina, Bolívia, Collomia coccinea, C. grandiflora, Consolida orien-
Bulgária, Canadá, Cazaquistão, Chile, China, Chipre, talis, Convallaria majalis, Convolvulus arvensis, Co-
Colômbia, Coréia, Croácia, Costa Rica, Dinamarca, ronopus squamatus, Crepis spp., Cucumis sativus,
Equador, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Cyclamen persicum,Cynara cardunculus, Cynosurus
Unidos, Estônia, Finlândia, França, Geórgia, Grécia, cristatus, Dactylis glomerata, Daucus carota, Del-
Haiti, Holanda, Hungria, Irã, Iraque, Israel, Itália, Ja- phinium trolliifolium, Dianthus spp.,Digitalis spp.,
pão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Macedônia, Malta, Digitaria sanguinalis, Dipsacus spp., Disa uniflora,
Marrocos, México, Moldova, Noruega, Nova Zelân- Duchesnea indica, Echinochloa crus-galli, Endymion
dia, Oman, Paquistão, Paraguai, Peru, Polônia, Por- hispanicus, E. non-scriptus, Equisetum arvense, Ere-
tugal, Quênia, Quirguistão, Reino Unido, República chtites praealta, Eremurus stenophyllus X E. olgae,
Domenicana, República Tcheca, Rússia, Sérvia & Erigeron annuus, E. canadensis, Erodium cicutarium,
Montenegro, Síria, Suécia, Suíça, Tunísia, Turquia, Erysimum allionii, Eucharis sp., Fagopyrum escu-
Ucrânia, Uruguai, Uzbequistão, Venezuela, Yemen. lentum, Festuca spp., Ficus elastica, Fragaria spp.,
No Brasil ocorre somente a raça do alho, que even- Fumaria officinalis, Galanthus hybridus, G. nivalis,
tualmente parasita a cebola (Tenente et al., 2000). Galinsoga parviflora, Galium aparine, G. tricorne,
Hospedeiros: o número de plantas hospe- Galtonia candicans, Geranium dissectum, G. molle,
deiras ultrapassa a 450 espécies, incluindo Aethusa Gilia achilleifolia, G. minima, Gladiolus spp., Gerbera
cynapium, Agropyron repens, Agrostemma githa- spp., Glycine hispida, G. max, Gossypium sp., Gyp-
go, Allium spp., Alopecurus geniculatu, Alstroeme- sophila spp., Helenium sp., Helianthus annuus, H.
ria spp., Aster spp., Amaryllis sp., Ambrosia elatior, tuberosus, Helichrysum orientale, Helleborus orien-
Ammi majus, Amsinckia intermédia, Anagallis ar- talis, Hepatica americana, Heuchera spp., Hibiscus
vensis, Anemone coronaria, A. hupehensis, Stearn spp., Hieracium pilosella, Holcus lanatus, H. mollis,
japonica, Angelica archangelica, Anthoxanthum Hordeum vulgare, Hyacinthus spp, Hydrangea ma-
odoratum, Anthriscus sylvestris, Anthyllis vulneraria, crophylla, Hymenocallis calathin, Hyoscyamus niger,
Apera spica-venti, Apium graveolens, Arabidopsis Hypochaeris radicata, Ipomoea batatas, Ipomopsis
thaliana, Arabis alpina, A. aubrietioides, Arenaria rubra, Iris sp., Isatis tinctoria, Juncus bufonius, Kick-
serpyllifolia, Armoracia rusticana, Arnoseris minima, xia spuria, Knautia arvensis, Kniphofia sp., Koeleria
Arrhenatherum elatius, Asparagus setaceus, Aspho- pyramidata, Lactuca canadensis, Lamium spp., La-
deline lutea, Aster squamatus, Atriplex sp., Aubrieta thyrus odoratus, L. sativus,Lavandula angustifolia,
deltoidea, Aucuba japonica, Avena spp., Baccharis Leontodon spp., Lepidium sativum, L. virginicum,
subpingraea, Begonia spp., Beta vulgaris, Bouvar- Leucojum sp., Liatris spicata, Lilium spp., Linaria ca-
dia humboldtii, Brachypodium pinnatum, Brassica nadensis, L. vulgaris, Linum usitatissimum, Lolium
campestris var. pekinensis, Brassica napus, B. nigra, multiflorum, L. perenne, Lupinus angustifolius, L.
Brassica oleracea var. acephala, Brassica oleracea luteus, Lotus corniculatus,Lycopsis arvensis, Lycoris
var. botrytis, B. oleracea var. bullata, Brassica olera- radiata, Lysimachia sp., Manihot esculenta, Medi-
cea var. capitata, Brassica oleracea var. gemmifera, cago spp., Melampyrum arvense, Melilotus Alba,
Brassica oleracea var. gongylodes, Brassica oleracea Mentha arvensis, Mercurialis annua, Mollugo ver-
var. italica, Brassica rapa, Bromus inermis, Calathe- ticillata, Monarda spp., Muscari botryoides, M. ne-
alindbergii, Calceolaria spp.,Callistephus chinensis, glectum, Myosotis spp., Myriophyllum verticillatum,
Camelina sativa, Campanula medium, C. persicifo- Narcissus spp., Nicotiana tabacum,Odontites verna,
lia, Cannabis sativa, Capsella bursa-pastoris, Cap- Oenothera spp., Onobrychis viciifolia, Ornithogalum
sicum annuum, Cardamine pratensis, Cardaria dra- spp., Oxalis sp., Paeonia officinalis, Panicum milia-
ba, Carduus acanthoide, Carex sp., Carlina vulgaris, ceum, Papaver rhoeas, P. somniferum, Pastinaca
Centaurea spp., Cerastium arvense, C. vulgatum, sativa, Penstemon barbatus, Penstemon spp., Pe-

RAPP - Volume 24, 2016 79


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

troselinum crispum, Phacelia heterophylla, P. tana- macrophylla, Philodendron spp., Rhododendron sim-
cetifolia, Phaseolus spp., Philodendron spp., Phleum sii; estacas de Begonia elatior, B. semperflorens, B.
pratense, Phlox spp., Physalis pubescens, Pisum sa- tuberhybrida, Begonia x hiemalis, Chrysanthemum
tivum, Plantago spp., Poa spp., Polianthes tuberosa, spp., Coleus blumei, Fardos de Medicago sativa;
Polygonum spp., Potamogeton mucronatus, Poten- plantas de Alstroemeria spp., Begonia semperflo-
tilla anserina, Primula spp., Prunus sp., Puschkinia rens, Chrysanthemum spp., Coleus blumei, Cyclamen
scilloides, Ranunculus spp., Raphanus raphanistrum, persicum, Fragaria ananassa, Gerbera jamesonii,
Raphanus sativus, Rheum rhaponticum, Rhododen- Gerbera spp.; sementes de Allium cepa, Allium sa-
dron simsii, Rosa sp., Rumex sp., Saccharum offici- tivum, Aster spp., Begonia elatior, B. semperflorens,
narum, Saponaria officinalis, Saxifraga cotyledon, B. tuberhybrida, Begonia x hiemalis, Brassica cam-
Schizanthus retusus, S. wisetonensis, Scilla bifolia, S. pestris var. pekinensis, Brassica napus, Brassica ole-
siberica, Scleranthus annuus, Scorzonera tau-saghyz, racea var. acephala, Brassica oleracea var. botrytis,
Secale cereale, Senecio vulgaris, Sherardia arvensis, Brassica oleracea var. capitata, Brassica oleracea var.
Silene noctiflora, S. schafta, Simethis planifolia, Si- gemmifera, Brassica oleracea var. gongylodes, Bras-
napis alba, Solanum spp., Sorghum spp., Spergula sica oleracea var. italica, Calceolaria spp., Campanu-
arvensis, Spinacia oleracea, Sprekelia formosissima, la medium, Capsicum annuum, Cheiranthus cheiri,
Stachys arvensis, S. palustris, Stellaria media, Stern- Gypsophila spp., Helianthus annuus, Heuchera spp.,
bergia lutea, Tagetes patula, Taraxacum spp., Thlas- Lolium multiflorum, Lotus corniculatus, Lysimachia
pi arvense, Tigridia pavonia, Tragopogon porrifolius, congestiflora, Medicago sativa, Monarda spp., Nico-
Trifolium spp., Tripleurospermum maritimum, Triti- tiana tabacum, Ornithogalum spp., Penstemon spp.,
cum aestivum, Tuberaria guttata, Tulipa spp., Urti- Phaseolus vulgaris, Pisum sativum, Primula spp., Ra-
ca urens, Valerianella spp., Veronica spp., Vicia spp., phanus sativus, Sorghum spp., Trifolium alexandri-
Viola spp., Vitis vinifera, Yucca flaccida, Zantedes- num, Trifolium spp., Vicia spp., Zea mays; tubérculos
chia spp., Zea mays. de Solanum tuberosum.
Detecção: Teste de trituração, peneiramen-
to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Globodera pallida (Stone, 1973) Behrens, 1975
Sequenciamento (Wendt et al., 1995; IPPC, 2015); Aspectos Gerais e Identificação Taxonômi-
Teste de PCR-RFLP (Wendt et al., 1995; IPPC, 2015); ca: Trata-se de um endoparasita sedentário, sen-
Teste de RAPD-PCR (Qiao et al., 2016). Conforme do o J2 a fase infectante. Informações gerais estão
oDOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diag- disponíveis nas publicações de Stone et al. (1973),
nóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e base- Behrens (1975), Cotton et al. (2014)e, nos endere-
ado no ato legal que demanda o ensaio relativo às ços eletrônicos http://nematode.unl.edu/pest5.htm
Port. 129/1997, IN 04/2001, IN 62/2004, IN 6/2005, e http://plpnemweb.ucdavis.edu/nemaplex/Taxada-
IN 06/2006, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 74/2009 ta/G053S1.HTM.
(Mercosul), IN 11/2010, IN 13/2010, IN 05/2011, Chave para a identificação de espécies de
IN 27/2011, IN 05/2013, IN 59/2013, IN 23/2015, é Globodera associadas ás informações morfológicas
obrigatória a análise para D. dipsaci (no caso de to- e morfométricas que permitem a identificação cor-
das as raças, exceto as do alho) em importação de reta de G. pallida: Disponíveis nas publicações de
bulbos de Allium sativum, Gladiolus spp., Hyacin- Stone et al. (1973), Behrens (1975), Subbotin et al.
thus spp, Lilium spp., Narcissus spp., Ornithogalum (2010) e Subbotin et al. (2011).
spp., Tulipa fosterana, T. gesneriana, Tulipa spp., Distribuição geográfica: Alemanha, Argélia,
Zantedeschia aethiopica, Zantedeschia spp.; mudas Argentina, Áustria, Bélgica, Bolívia, Bulgária, Bósnia-
de Alstroemeria spp., Begonia elatior, B. semperflo- -Herzegovina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica,
rens, B. tuberhybrida, Begonia x hiemalis, Calceola- Croácia, Chipre, Dinamarca, Equador, Eslovênia, Es-
ria integrifólia, Chrysanthemum spp., Coleus blumei, tados Unidos, Espanha, Finlândia, França, Grécia,
Cyclamen persicum, Dianthus barbatus, Dianthus Holanda, Hungria, Índia, Irã, Itália, Luxemburgo,
caryophyllus, Dianthus chinensis, Dianthus purpu- Malta, Nova Zelândia, Noruega, Panamá, Paquistão,
rea, Fragaria ananassa, Gerbera jamesonii, Gerbe- Peru, Polônia, Portugal, Reino Unido, Romênia, Sué-
ra spp., Gypsophila spp., Hibiscus spp., Hydrangea cia, Suíça, Tunísia, Turquia, Venezuela.

80 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Hospedeiros: Datura spp., Solanum acaule, S. nezuela.


americanum, S. aviculare, S. cardiophyllum, S. dulca- Hospedeiros: Atropa belladonna, Chenopo-
mara, S. ehrenbergii, S. gilo, S. indicum, S. lycopersi- dium spp., Cyphomandra betacea, Datura ferox, D.
cum, S. marginatum, S. mauritianum, S. melongena, stramonium, Hyoscyamus niger, Nicotiana acumi-
S. multidissectum, S. muricatum, S. nigrum, S. oplo- nata, Oxalis tuberosa, Physalis philadelphica, Phy-
cense, S. quitoense, S. sarrachoides, S. scabrum, S. sochlaina orientalis, Salpiglossis sinuata, Solanum
spegazzinii, S. triflorum, S. tuberosum, S. vernei. andigenum, S. anomalocalyx, S. antipoviczii, S. ar-
Detecção: Teste de trituração, peneiramento matum, S. ascasabii, S. asperum, S. polyacanthos, S.
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- polyadenium, S. pyriforme, S. racemigerum, S. tube-
quenciamento (Skantaret al., 2007; Hockland et al., rosum, Ullucus tuberosus.
2012; Tirchet al., 2016); Teste de PCR-RFLP (Sirca et Detecção: Teste de trituração, peneiramento
al., 2010; Tirchet al., 2016); Teste de Multiplex Real e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
Time PCR (Nakhla et al., 2010). Conforme o DOC SAC/ quenciamento (Skantaret al., 2007; Hockland et al.,
CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitossa- 2012; Tirchet al., 2016); Teste de PCR-RFLP (Tirchet
nitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato legal al., 2016); Teste de Multiplex Real Time PCR (Nakhla
que demanda o ensaio relativo às Port. 129/1997, et al., 2010). Conforme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Es-
IN 20/2003, IN 27/2004, IN 06/2005, IN 52/2007, IN copo da área de Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02
41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a análise para G. - 10.12.2015, e baseado no ato legal que demanda
pallida em importação de mudas de Rosa spp.; plan- o ensaio relativo às Port. 129/1997, IN 20/2003, IN
tas de Fragaria spp., Rosa spp.; tubérculos de Sola- 27/2004, IN 06/2005, IN 06/2006, IN 52/2007, IN
num tuberosum. 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a análise para
G. rostochiensis em importação de bulbos de Lilium
Globodera rostochiensis (Wollenweber, 1923), spp.; mudas de Rosa spp.; plantas de Fragaria spp.,
Skarbilovich, 1959 Prunus cerasus, Rhododendron indicum, Rosa spp.,
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: Salvia spp.; tubérculos de Solanum tuberosum.
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2
a fase infectante. Informações gerais estão disponí- Heterodera avenae Wollenweber, 1924
veis na publicação de Salinas-Castro et al. (2016) e, Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
nos endereços eletrônicos http://download.ceris. Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a
purdue.edu/file/2334 e http://nematode.unl.edu/ fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
pest6.htm. na publicação de Handoo (2002) e nos endereços
Chave para a identificação de espécies de eletrônicos http://nematode.unl.edu/hetaven.htm
Globodera associadas ás informações morfológi- e https://gd.eppo.int/taxon/HETDMA.
cas e morfométricas que permitem a identificação Chave para a identificação de espécies de
de G. rostochiensis: Disponíveis nas publicações de Heterodera associadas ás informações morfológi-
Subbotin et al. (2010) e Subbotin et al. (2011). cas e morfométricas que permitem a identificação
Distribuição geográfica: África do Sul, Albâ- de H. avenae: Disponíveis nas publicações de Shar-
nia, Alemanha, Argélia, Armênia, Áustria, Austrália, ma (1998), de Subbotin et al. (2010) e no endereço
Belarus, Bélgica, Bolívia, Bósnia-Herzegovina, Bul- eletrônicohttp://nematode.unl.edu/heteds.htm.
gária, Canadá, Chile, Colômbia, Croácia, Chipre, Di- Distribuição geográfica: África do Sul, Ale-
namarca, Equador, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, manha, Arábia Saudita, Argélia, Austrália, Bélgica,
Estados Unidos, Estônia, Filipinas, Finlândia, França, Bulgária, Canadá, China, Dinamarca, Eslováquia, Es-
Grécia, Holanda, Hungria, India, Indonésia, Irã, Itá- panha, Estados Unidos, Estônia, França, Grécia, Ho-
lia, Japão, Letônia, Líbano, Líbia, Liechtenstein, Li- landa, Índia, Irã, Israel, Itália, Iugoslávia, Japão, Letô-
tuânia, Luxemburgo, Malta, México, Noruega, Nova nia, Líbia, Malta, Marrocos, Nova Zelândia, Noruega,
Zelândia, Oman, Panamá, Paquistão, Peru, Polônia, Paquistão, Peru, Polônia, Portugal, Reino Unido, Re-
Portugal, Quênia, Reino Unido, República Tcheca, pública Tcheca, Rússia, Síria, Suécia, Suíça, Tunísia,
Romênia, Rússia, Serra Leoa, Sérvia, Sri Lanka, Sué- Turquia, Ucrânia.
cia, Suíça, Tajiquistão, Tunísia, Turquia, Ucrânia, Ve- Hospedeiros: Agropyron repens, Agrostis

RAPP - Volume 24, 2016 81


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

spp., Alopecurus pratensis., Anisantha spp., Apera sanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
spica-venti, Arrhenatherum elatius, Avena spp., Bra- legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005,
chypodium ponticum, B. sylvaticum, Bromus spp., IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a
Dactylis glomerata, Digitaria sanguinalis, Elymus análise para H. cajani em importação de sementes
caninus, Festuca spp., Hordeum spp., Triticum aes- de Phaseolus vulgaris, Pisum sativum com partículas
tivum, Koeleria spp., Lolium spp., Phalaris spp., Ph- de solo.
leum pratense, Poa spp., Polypogon monspeliensis,
Secale cereale, Setaria viridis, Sorghum vulgare, Sti- Heterodera ciceri Volvas, Greco & Di Vito, 1985
pa lagascae, Trisetum flavescens, Triticum spp., Vul- Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
pia ciliata, V. muralis,V. myuro, Zea mays. Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a
Detecção: Teste de trituração, peneiramento fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- na publicação de Vovlas et al. (1985) e nos endere-
quenciamento (Yan et al., 2013); Teste de PCR-RFLP ços eletrônicos https://www.google.com.br/url?sa=
(Subbotin et al., 1999). Conforme o DOC SAC/CGAL t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&u
nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitossanitário act=8&ved=0ahUKEwjx2v6O8uPNAhUIH5AKHWFQ
- Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato legal que de- AN4QFgg2MAI&url=http%3A%2F%2Fdownload.ce-
manda o ensaio relativo às IN 06/2005, IN 44/2005, ris.purdue.edu%2Ffile%2F2456&usg=AFQjCNEmzG_
IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a 4KnCtVcNT_bXtsaTNk1Xxhw e https://gd.eppo.int/
análise para H. avenae em importação de grãos de taxon/HETDCI e
Triticum aestivum, Triticum spp.; sementes de Triti- Chave para a identificação de espécies de
cum spp. Heterodera associadas ás informações morfológi-
cas e morfométricas que permitem a identificação
Heterodera cajani Koshi, 1967  de H. ciceri: Disponíveis nas publicações de Sharma
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: (1998), de Subbotin et al. (2010) e no endereço ele-
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 trônico http://nematode.unl.edu/heteds.htm.
a fase infectante. Informações gerais estão disponí- Distribuição geográfica: Espanha, Itália, Jor-
veis na publicação de Rao et al. (2011) e nos endere- dânia, Líbano, Síria, Turquia.
ços eletrônicos http://download.ceris.purdue.edu/ Hospedeiros: Cicer spp., Dianthus caryo-
file/2455 e https://gd.eppo.int/taxon/HETDCJ. phillus, Lathyrus sativus, Lens culinaris, Lupinus al-
Chave para a identificação de espécies de bus, Medicago rigidula, M. sativa, Phaseolus vulga-
Heterodera associadas ás informações morfológi- ris, Pisum sativum, Trifolium incarnatum, T. pratense,
cas e morfométricas que permitem a identificação Vicia faba, V. sativa, Vigna unguiculata.
de H. cajani: Disponíveis nas publicações de Sharma Detecção: Teste de Trituração, peneiramento
(1998), de Subbotin et al. (2010) e no endereço ele- e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
trônicohttp://nematode.unl.edu/heteds.htm. quenciamento (Mandani et al., 2004); Teste de PCR-
Distribuição geográfica: Egito, India, Myan- -RFLP (Mandani et al., 2004). Conforme o DOC SAC/
mar, Paquistão. CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitos-
Hospedeiros: Cajanus cajan, C. platycarpus, sanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
Cicer arietinum, Crotalaria juncea, Cyamopsis tetra- legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005,
gonolobus, Dolichos spp., Glycine max, Lablab pur- IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a
pureus, Phaseolus vulgaris, Phyllanthus maderaspa- análise para H. ciceri em importação de mudas ou
tensis, Pisum sativum, Sesamum indicum, Sesbania plantas de Dianthus caryophyllus.
spp., Vicia narbonensis, V. sativa, Vigna aconitifolia,
Vigna mungo, V. radiata, V. unguiculata. Heterodera goettingiana Liebscher, 1892
Detecção: Teste de trituração, peneiramento Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a
quenciamento (Rao et al., 2011); Teste de Real Time fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
PCR (Katsuta et al., 2016). Conforme o DOC SAC/ na publicação de Mulvey et al. (1979) e nos endere-
CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitos- ços eletrônicos http://nematode.unl.edu/hgoettin.

82 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

htm e https://gd.eppo.int/taxon/HETDGO. -RFLP (Mandani et al., 2004). Conforme o DOC SAC/


Chave para a identificação de espécies de CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitos-
Heterodera associadas ás informações morfológi- sanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
cas e morfométricas que permitem a identificação legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005,
de H. goettingiana: Disponíveis nas publicações de IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a
Sharma (1998), de Subbotin et al. (2010) e no en- análise para H. mediterranea em importação de es-
dereço eletrônico http://nematode.unl.edu/heteds. tacas com raiz, mudas ou plantas de Olea europaea.
htm.
Distribuição geográfica: Alemanha, Argélia, Heterodera oryzae Luc & Berdon-Brizuela, 1961
Bélgica, Bulgária, China, Espanha, Estados Unidos, Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
França, Holanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Mal- Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2
ta, Polônia, Portugal, Reino Unido, Rússia, Turquia, a fase infectante. Informações gerais estão disponí-
Ucrânia. veis nas publicações de Luc & Brizuela (1961), Nobbs
Hospedeiros: Asperula arvensis, Cicer arie- et al. (1992), Rathore & Tiwari (2015) e nos endere-
tinum, Glycine hispida, G. max, Lathyrus spp., Lens ços eletrônicos https://gd.eppo.int/taxon/HETDOR e
culinaris, Lupinus spp., Medicago sativa, Pisum spp., http://nematode.unl.edu/pest13.htm.
Vicia spp.. Chave para a identificação de espécies de
Detecção: Teste de trituração, peneiramento Heterodera associadas ás informações morfológi-
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- cas e morfométricas que permitem a identificação
quenciamento (Mandani et al., 2004); Teste de PCR- de H. oryzae: Disponíveis nas publicações de Sharma
-RFLP (Szalanski et al., 1997; Mandani et al., 2004). (1998), Subbotin et al. (2010) e no endereço eletrô-
Conforme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área nico http://nematode.unl.edu/heteds.htm.
de Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, Distribuição geográfica: Bangladesh, Costa
e baseado no ato legal que demanda o ensaio re- do Marfim, Ghana, Índia, Irã, Libéria, Paquistão, Se-
lativo às IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN negal.
59/2013, é obrigatória a análise para H. goettingiana Hospedeiros: Cyperus umbellatus, Musa acu-
em importação de sementes de Glycine max e Pisum minata, Oryza sativa, Pennisetum purpureum, Zea
sativum com partículas de solo. mays.
Detecção: Teste de trituração, peneiramento
Heterodera mediterranea Vovlas, Inserra, Stone, e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR-RFLP
19810 (Subbotin et al., 2000). Conforme o DOC SAC/CGAL
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitossanitário
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato legal que de-
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis manda o ensaio relativo às IN 06/2005, IN 52/2007,
na publicação de Vovlas et al. (1981) e no endereço IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a análise para
eletrônico https://gd.eppo.int/taxon/HETDMD. H. oryzae em importação de sementes com partícu-
Chave para a identificação de espécies de las de solo de Oryza sativa.
Heterodera associadas ás informações morfológi-
cas e morfométricas que permitem a identificação Heterodera oryzicola Rao & Jayaprakash, 1978
de H. mediterranea: Disponíveis nas publicações de Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
Sharma (1998), de Subbotin et al. (2010) e no en- Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2
dereço eletrônico http://nematode.unl.edu/heteds. a fase infectante. Informações gerais estão disponí-
htm. veis nas publicações de Rao  &  Jayaprakash (1978),
Distribuição geográfica: Espanha, Itália. Nobbs et al. (1992) e no endereço eletrônico https://
Hospedeiros: Olea europaea, Pistacia lentis- gd.eppo.int/taxon/HETDOC.
cus, P. vera. Chave para a identificação de espécies de
Detecção: Teste de trituração, peneiramento Heterodera associadas ás informações morfológi-
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- cas e morfométricas que permitem a identificação
quenciamento (Mandani et al., 2004); Teste de PCR- de H. oryzicola: Disponíveis nas publicações de Shar-

RAPP - Volume 24, 2016 83


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

ma (1998), Subbotin et al. (2010) e no endereço ele- tum, Saccharum officinarum.


trônico http://nematode.unl.edu/heteds.htm.
Distribuição geográfica: Índia. Heterodera schachtii Schmidt, 1871
Gama de Hospedeiros: Brachiaria decum- Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
bens, Cynodon dactylon, Musa paradisiaca, Oryza Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a
sativa. fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
Detecção: Teste de trituração, peneiramen- nas publicações de Fosu-Nyarko et al. (2016) nos en-
to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e dereços eletrônicos http://nematode.unl.edu/hets-
Sequenciamento (Subbotin et al., 2001). Conforme chach.htm e https://gd.eppo.int/taxon/HETDSC.
o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diag- Chave para a identificação de espécies de
nóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e base- Heterodera associadas ás informações morfológi-
ado no ato legal que demanda o ensaio relativo às cas e morfométricas que permitem a identificação
IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é de H. schachtii: Disponíveis nas publicações de Shar-
obrigatória a análise para H. oryzicola em importa- ma (1998), Subbotin et al. (2010) e no endereço ele-
ção de sementes de Oryza sativa com partículas de trônico http://nematode.unl.edu/heteds.htm.
solo. Distribuição geográfica: África do Sul, Albâ-
nia, Alemanha, Argélia, Austrália, Áustria, Azerbai-
Heterodera sacchari Luc & Merni, 1963 jão, Bélgica, Bulgária, Canadá, Cazaquistão, Cabo
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: Verde, Chile, China, Croácia, Dinamarca, Eslováquia,
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a Espanha, Estados Unidos, Estônia, Finlândia, França,
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis Gâmbia, Grécia, Holanda, Hungria, Irã, Iraque, Israel,
nas publicações de Audebert et al. (2000) nos ende- Itália, Iuguslávia, Jordânia, Letônia, Líbia, Marrocos,
reços eletrônicos https://gd.eppo.int/taxon/HETDSA México, Moldova, Paquistão, Peru, Polônia, Portugal,
e http://nematode.unl.edu/pest14.htm. Quirquistão, Reino Unido, República Tcheca, Romê-
Chave para a identificação de espécies de nia, Rússia, Senegal, Sérvia, Síria, Suíça, Tunísia, Tur-
Heterodera associadas ás informações morfológi- quia, Ucrânia, Uruguai, Nova Zelândia.
cas e morfométricas que permitem a identificação Hospedeiros: Agrostemma githago, Alliaria
de H. sacchari: Disponíveis nas publicações de Shar- petiolata, Allium sativum, Alyssum argenteum, A.
ma (1998), Subbotin et al. (2010) e no endereço ele- borzaeanum, A. maritimum, A. spinosum, Amaran-
trônico http://nematode.unl.edu/heteds.htm. thus spp., Ammophila arenaria, Ananas comosus,
Distribuição geográfica: Benin, Burkina Faso, Anchusa officinalis, Anethum graveolens, Apium
Chade, Congo, Costa do Marfim, Gâmbia, Ghana, In- graveolen, Arabidopsis thaliana, Arabis alpina, A.
dia, Jamaica, Libéria, Nigéria, Paquistão, Tailândia, arenosa, A. bellidifolia, A. caucasica, A. hirsuta, A.
Senegal. muralis, A. perfoliata, A. turrita, A. verna, Arachis
Hospedeiros: Oryza sativa e Saccharum offi- hypogea, Armoracia rusticana, Atriplex confertifolia,
cinarum são os hospedeiros principais, outros hos- A. hastata, A. hortensis, A. littoralis, A. patula, A. ro-
pedeiros incluem Axonopus compressus, Brachiaria sea, Aubrieta columnae, Aurinia saxatilis, Barbarea
brizantha, Cynodon dactylon, Echinochloa colona, longirostris, B. verna, B. vulgaris, Berteroa incana,
Eleusine indica, Paspalum conjugatum, Saccharum Beta spp., Beta vulgaris var. conditiva, Biscutella au-
sp., Urochloa brizantha. riculata, B. laevigata, Brassica acephala,B. cernua,
Detecção: Teste de trituração, peneiramento B.juncea, B. napus, B. nigra, B. oleracea, B. oleracea
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- var. botrytis, B. oleracea var. capitata, B. oleracea var.
quenciamento (Maafi et al., 2007). Conforme o DOC gemmifera, B. oleracea var. gongyloides, B. oleracea
SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi- var. acephala, B. oleracea var. italica, B. oleracea var.
tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato sabauda, B. rapa, B. sinapis, Bunias orientalis, Calepi-
legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005, na corvini, Camelina sativa, Capsella bursa-pastoris,
IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a Cardamine impatiens, C. pratensis, Cardaria draba,
análise para H. sacchari em importação de mudas de Chaenorrhinum minus, Cheiranthus spp., Chenopo-
Cynodon dactylon, Oryza sativa, Paspalum conjuga- dium spp., Chorispora tenella, Cicer arietinum, Ci-

84 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

chorium intybus, Cochlearia glastifolia, C. officinalis, Heterodera trifolii Goffart, 1932


Consolida orientalis, Crambe abyssinica, Descurainia Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
sophia, Dianthus spp., Diplotaxis erucoides, D. tenui- Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a
folia, Erodium cicutarium, Erysimum spp., Euphor- fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
bia peplus, Galeopsis spp., Galium aparine, Glycine nas publicações de Wouts & Sturhan (1978), Inserra
hispida, Gypsophila acutifolia, G. elegans, Hablitzia et al. (1993) e nos endereços eletrônicos http://plp-
tamnoides, Halimione portulacoides, Helianthus nemweb.ucdavis.edu/nemaplex/Taxadata/G060S8.
annuus, H. tuberosus, Holosteum umbellatum, Hor- HTM e https://gd.eppo.int/taxon/HETDTR.
deum vulgare, Iberis spp., Isatis tinctoria, Lactuca Chave para a identificação de espécies de
sativa, Lamium spp., Lathyrus spp., Lens culinaris, Heterodera associadas ás informações morfológi-
Lepidium sativum, Linaria vulgaris, Lobularia marí- cas e morfométricas que permitem a identificação
tima, Lopezia coronata, Lunaria annua, L. redeviva, de H. trifolii: Disponíveis nas publicações de Sharma
Lupinus mutabilis, Lupinus nanus, Lycopsis arvensis, (1998), de Subbotin et al. (2010) e no endereço ele-
Malcolmia marítima, Matricaria sp., Medicago lu- trônicohttp://nematode.unl.edu/heteds.htm.
pulina, M. sativa, Mentha arvensis, Moricandia son- Distribuição geográfica: Austrália, Canadá,
chifolia, Myagrum perfoliatum, Myosotis sylvatica, Costa do Marfim, Cuba, Espanha, Estados Unidos,
Myosurus minimus, Nasturtium microphyllum, N. França, Havaí, India, Israel, Itália, Nova Zelândia, Por-
officinale, Neslia paniculata, Papaver rhoeas, Pasti- to Rico, República Dominicana, Guiana.
naca sativa, Peltaria alliacea, Petroselinum crispum, Hospedeiros: Ataca 86 espécies em nove fa-
Phaseolus spp., Phleum pratense, Phytolacca acino- mílias botânicas, incluindo Agrostemma githago,
sa, Pisum sativum, Plantago lanceolata, Polygonum Beta corolliflora, B. lomatogona, B. macrocarpa, B.
spp., Portulaca grandiflora, P. oleracea, Raphanus marítima, B. pátula, B. vulgaris, B. vulgaris x procum-
spp., Rapistrum perenne, R. rugosum, Reseda lútea, bens, B. juncea, B. napus, B. oleracea var. sabauda, B.
R. odorata, Rheum rhabarbarum, R. rhaponticum, oleracea var. gongyloides, B. oleracea var. capitata,
Rhynchosinapis erucastrum, Rorippa amphibia, R. B. oleracea var. gemmifera, B. oleracea var. botrytis,
islandica, Rumex spp., Saccharum officinarum, Sa- B. rapa, Cerastium arvense, C. perfoliatum, Chenopo-
ponaria ocymoide, S. officinalis, Senecio vernalis, dium glaucum, Cicer arietinum, C. songaricum, Cucu-
S. vulgaris, Sesbania exaltata, S. macrocarpa,Silene mis sativus, Cucurbita maxima, C. pepo, Desmodium
spp., Sinapis spp., Sisymbrium spp., Solanum lyco- canum, D. uncinatum, Dianthus spp., Galeopsis spp.,
persicum, S. nigrum, S. peruvianum, S. pimpinellifo- Glycine hispida, Gypsophila acutifolia, G. elegans,
lium, S. sarrachoides, S. tuberosum, Sonchus asper, Hebe X andersonii, Isatis tinctoria, Lamium molle,
S. oleraceus, Spinacia glabra, S. oleracea, Stellaria Lathyrus spp., Lens spp., Lespedeza stipulacea, L.
media, Taraxacum officinale, Teesdalia nudicaulis, striata, Lilium spp., Lotus corniculatus, Lupinus spp.,
Tetragonia tetragonioides, Thlaspi arvense, Trifolium Lychnis chalcedonica, L. coronária, L. floscuculi, Me-
spp., Tropaeolum majus, T. peregrinum, U. dioica, U. dicago sativa, M. truncatula, Melandrium rubrum,
uren, Vaccaria pyramidata, Veronica officina, Vicia Melilotus alba, M. officinalis, Phaseolus vulgaris,
benghalensis, V. faba, V. hirsuta, Vigna angularis, V. Pisum sativum, Polygonum persicaria, Raphanus sa-
unguiculata, Viola tricolor, Vitis sp. Zea mays. tivus, Rheum rhabarbarum, R. rhaponticum, Rumex
Detecção: Teste de trituração, peneiramento spp., Saponaria spp., Scleranthus annuus, Sesbania
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- grandiflora, S. macrocarpa, Silene spp., Sinapis alba,
quenciamento (Mandani et al., 2004); Teste de PCR- Sinningia speciosa, Solanum lycopersicum, S. peru-
-RFLP (Szalanski et al., 1997; Mandani et al., 2004). vianum, S. pimpinellifolium, S. tuberosum, Spergula
Conforme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área arvensis, Spinacia oleracea, Stellaria media, Trifo-
de Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e lium spp., Vaccaria pyramidata, Veronica persica,
baseado no ato legal que demanda o ensaio relativo Vicia spp..
às IN 20/2007, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, Detecção: Teste de trituração, peneiramen-
é obrigatória a análise para H. schachtiiem importa- to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e
ção de sementes de Beta vulgaris var. conditiva. Sequenciamento (Amiri et al., 2002); Teste de PCR-
-RFLP (Szalanski et al., 1997; Amiri et al., 2002). Con-

RAPP - Volume 24, 2016 85


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

forme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Oryza sativa, Triticum aestivum, Triticum spp., Zea
Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e mays.
baseado no ato legal que demanda o ensaio relativo
às IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, Meloidogyne chitwoodi Golden, O’Bannon, Santo
é obrigatória a análise para H. trifolii em importação & Finley, 1980
de bulbos de Lilium spp.; mudas com raiz ou plantas Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
de Dianthus spp. Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2
a fase infectante. Informações gerais estão disponí-
Heterodera zeae Koshy, Swarup, and Sethi, 1970  veis nas publicações de Golden et al. (1980), Perry
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: et al. (2009) e nos endereços eletrônicos http://plp-
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a nemweb.ucdavis.edu/nemaplex/Taxadata/G076S8.
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis htm e http://www.inspection.gc.ca/plants/plant-
nas publicações de Koshyet al. (1970)e, nos ende- -pests-invasive-species/nematodes-other/columbia-
reços eletrônicos http://nematode.unl.edu/pest15. -root-knot-nematode/fact-sheet/eng/13273369998
htm, http://plpnemweb.ucdavis.edu/nemaplex/Ta- 15/1327337651479.
xadata/G060S57.HTM e https://gd.eppo.int/taxon/ Chave para a identificação de espécies de
HETDZE. Meloidogyne associadas ás informações morfoló-
Chave para a identificação de espécies de gicas e morfométricas que permitem a identifica-
Heterodera associadas ás informações morfológi- ção de M. chitwoodi: Disponíveis nas publicações
cas e morfométricas que permitem a identificação de Perry et al. (2009), Humphreys-Pereira& Elling
de H. zeae: Disponíveis nas publicações de Sharma (2014) e no endereço eletrônico http://nematode.
(1998), de Subbotin et al. (2010) e no endereço ele- unl.edu/melchit.htm.
trônicohttp://nematode.unl.edu/hzeae.htm. Distribuição geográfica: África do Sul, Ale-
Distribuição geográfica: Afeganistão, Egito, manha, Argentina, Bélgica, Estados Unidos, França,
Estados Unidos, Grécia, India, Paquistão, Portugal, Holanda, Itália, México, Moçambique, Portugal, Tur-
Tailândia. quia.
Gama de Hospedeiros: Agropyron smithii, Hospedeiros: Acer spp., Adiantum sp., Aegi-
Alopecurus pratensis, Avena sativa, Bambusa sp., lops squarrosa, Agropyron spp., Allium cepa, A. moly,
Bouteloua curtipendula, Brachiaria platyphylla, Ca- Apium graveolens, Arrhenatherum elatius, Astraga-
lamagrostis epigeios, Capsicum annuum, Citrus sp., lus spp., Avena sativa, Beta vulgaris, Betula spp.,
Coix lachryma-jobi, Corchorus capsularis, Echino- Borago officinalis, Brassica campestris, B. napus, B.
chloa spp., Festuca elatior, F. rubra, Hordeum vulga- oleracea var. botritys, B. oleracea var. italica, Bromus
re, Leptochloa dubia, Lolium perenne, Muhlenbergia spp., Canavalia ensiformis, Capsella bursa-pastoris,
montana, Oryza sativa, Panicum capillare, Pennise- Capsicum annuum, Cichorium endivia, Cichorium
tum setaceum, Phalaris arundinacea, Phleum pra- intybus, Cirsium arvense, C. vulgare, Clematis sp.,
tense, Phragmites australis, Poa spp., Prunus dulcis, Coronilla varia, Cotoneaster dielsianus, Dactylis glo-
Pyrus communis, Raphanus sativus, Saccharum spp., merata, Dahlia sp., Delphinium sp., Dicentra spp.,
Setaria indica, S. italica, Sorghum bicolor, Solanum Erica cinerea, Fagopyrum spp., Festuca spp., Fra-
lycopersicon, Stipa viridula, Tripsacum dactyloides, garia ananassa, Galinsoga parviflora, Gladiolus sp.,
Triticum aestivum, Zea mays, Zea mexicana. Helianthus annuus, Hordeum spp., Iris sp., Laburnum
Detecção: Teste de trituração, peneiramento anagyroides, Leymus cinereus, Lilium sp., Lonicera
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR-RFLP spp., Lotus corniculatus, Lupinus albus, Medicago
(Szalanski et al., 1997; Skantar et al., 2012). Con- spp., Melilotus officinalis, Mucuna deeringiana, Nar-
forme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de cissus sp., Oenothera speciosa, Panicum capillare,
Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e Pascopyrum smithii, Paspalum vaginatum, Petroseli-
baseado no ato legal que demanda o ensaio relativo num crispum, Phaseolus vulgaris, Pisum sativum, Po-
às IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, tentilla fruticosa, Psathyrostachys spp., Pseudoroeg-
é obrigatória a análise para H. zeae em importação neria spp., Raphanus sativus, Scilla siberica, Secale
de sementes com partículas de solo de Avena sativa, cereale, Senecio vulgaris, Sinapis alba, Solanum spp.,

86 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Sonchus asper, Sorghum bicolor, S. vulgare, Tagetes erythrosepala, O. speciosa, Petroselinum crispum,
spp., Thinopyrum bessarabicum, Triticum spp., Tuli- Phacelia tanacetifolia, Phaseolus vulgaris, Potentilla
pa spp., Valeriana officinalis, Vitis spp., Zea mays. fruticosa, Prunus avium, Raphanus sativus, Scilla si-
Detecção: Teste de trituração, peneiramento berica, Scorzonera hispanica, Secale cereale, Sinapis
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- alba, Solanum spp., Solanum tuberosum, Tagetes
quenciamento (Petersen &Vrain, 1996; Wishart et spp., Triticum spp., Tulipa sp., Zea mays.
al., 2002; Adam et al., 2007); Teste de Multiplex Real Detecção: Teste de trituração, peneiramento
Time PCR (Zijlstra & Van Hoof, 2006); Teste de SCAR- e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
-PCR (Adam et al., 2007). Conforme o DOC SAC/CGAL quenciamento (Petersen &Vrain, 1996; Wishart et
nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitossanitário al., 2002; Adam et al., 2007); Teste de Multiplex Real
- Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato legal que de- Time PCR (Zijlstra & Van Hoof, 2006); Teste de SCAR-
manda o ensaio relativo às IN 18/2004, IN 06/2005, -PCR (Adam et al., 2007). Conforme o DOC SAC/CGAL
IN 06/2006, IN 04/2007, IN 52/2007, IN 41/2008, IN nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitossanitário
59/2013, é obrigatória a análise para M. chitwoodi - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato legal que de-
em importação de estacas com raiz de Vitis vinifera; manda o ensaio relativo às IN 06/2005, IN 52/2007,
mudas de Dahlia spp., Paspalum vaginatum, Vitis vi- IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a análise para
nifera; tubérculos de Solanum tuberosum. M. fallax em importação de mudas ou plantas de Fra-
garia ananassa; de substrato e meio de crescimento
Meloidogyne fallax Karssen, 1996 que acompanham plantas; de tubérculos de Sola-
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: num tuberosum.
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2
a fase infectante. Informações gerais estão disponí- Nacobbus aberrans (Thorne, 1935) Thorne & Allen,
veis nas publicações de Karssen (1996), de Perry et 1944
al. (2009), nos endereços eletrônicos http://nema- Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
tode.unl.edu/pest39.htm e http://download.ceris. Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a
purdue.edu/file/2284. fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
Chave para a identificação de espécies de nas publicações de Stone & Burrows (1985), Souza
Meloidogyne (endoparasita sedentário) associadas (2001), Harveson (2014) e nos endereços eletrônicos
ás informações morfológicas e morfométricas que http://nematode.unl.edu/naberrans.htm e https://
permitem a identificação de M. fallax: Disponíveis gd.eppo.int/taxon/NACOBA.
na publicação de Perry et al. (2009) e no endereço Chave para a identificação de espécies de
eletrônico http://nematode.unl.edu/melfallax.htm Nacobbus associadas ás informações morfológicas
Distribuição geográfica: Alemanha, Austrália, e morfométricas que permitem a identificação de
Bélgica, França, Holanda, Nova Zelândia, Reino Uni- N. aberrans: Disponíveis nas publicações de Man-
do, Suíça. zanilla-Lópezet al. (2002), de Laxet al. (2006) e no
Hospedeiros: Acer palmatum, Aconitum na- endereço eletrônico http://nematode.unl.edu/na-
pellus, Adiantum sp., Allium moly, Apium graveolens, cobbsp.htm.
Asparagus officinalis, Astilbe sp., Avena ludoviciana, Distribuição geográfica: Argentina, Bolívia,
Beta vulgaris, Betula pendula, Borago officinalis, Chile, Equador, Estados Unidos, México, Peru, Reino
Capsicum annuum, Caragana arborescens, Chiono- Unido, Rússia.
doxa luciliae, Cichorium endivia, Cichorium intybus, Hospedeiros: Atriplex confertifolia, Beta vul-
Clematis sp., Convallaria majalis, Cornus sanguinea, garis, Brassica napus, B. nigra, B. oleracea acephala,
Crocus sp., Dahlia sp., Daucus carota, Delphinium B. oleracea var. gemmifera, B. oleracea var. botrytis,
sp., Dicentra spp., Fagopyrum sp., Foeniculum vulga- B. oleracea var. capitata, B. oleracea var. gongyloides,
re, Fragaria ananassa, Galanthus nivalis, Gladiolus B. rapa, Capsicum, Chenopodium album, Coryphan-
sp., Hemerocallis sp., Hordeum vulgare, Hyacinthus tha vivípara, Cucumis sativus, Cucurbita pepo, Dau-
sp., Iris sp., Laburnum anagyroides, Lilium sp., Lo- cus carota, Gaillardia pulchella, Kochia scoparia,
lium multiflorum, Lonicera xylosteum, Medicago sa- Lactuca sativa, Matthiola sp., Opuntia fragilis, O.
tiva, Muscari armeniacum, Narcissus sp., Oenothera macorrhiza, Pisum sativum, Raphanus sativus, Sal-

RAPP - Volume 24, 2016 87


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

sola kali, Spinacia oleracea, Solanum esculentum, Pratylenchus crenatus Loof, 1960
S. melongena, S. peruvianum, S. pimpinellifolium, S. Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
sparsipilum, S. tuberosum, Stellaria media, Tragopo- Trata-se de um endoparasita migratório, sendo o J2 a
gon porrifolius, Tribulus terrestres. fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
Detecção: Teste de trituração, peneiramento nas publicações de Castillo & Vovlas (2007), Kuma-
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- ri (2015), Chałańska et al. (2016) e, nos endereços
quenciamento (Anthoine & Mugniéry, 2005; Atkin- eletrônicos http://plant-clinic.bpp.oregonstate.edu/
set al., 2005; Vovlaset al., 2007; Lax et al., 2014); nematodes-pratylenchus e http://nematode.unl.
Teste de PCR-RFLP (Vovlaset al., 2007). Conforme o edu/pcrenat.htm.
DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnós- Chave para a identificação de espécies de
tico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado Pratylenchus associadas ás informações morfológi-
no ato legal que demanda o ensaio relativo às Port. cas e morfométricas que permitem a identificação
129/1997, IN 74/2003, IN 18/2004, IN 27/2004, IN de P. crenatus: Disponíveis nas publicações de Cas-
06/2005, IN 06/2006, IN 52/2007, IN 41/2008, IN tillo & Vovlas (2007) e Kumari (2015).
59/2013, é obrigatória a análise para N. aberrans em Distribuição geográfica: Alemanha, Argenti-
importação de raiz de Beta vulgaris; sementes de na, Austrália, Bélgica, Canadá, Chile, Chipre, Eslovê-
Cucurbita pepo; tubérculos de Solanum tuberosum. nia, Estados Unidos, Estônia, Holanda, Itália, Japão,
Noruega, Polônia, República Tcheca, Suécia, Ucrânia.
Nacobbus dorsalis Thorne & Allen, 1944 Hospedeiros: Abies sp., Acer sp., Aira caryo-
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: phyllea, Alnus sp., Anthurium andreanum, Anthu-
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 rium scherzerianum, Anthurium spp., Asparagus
a fase infectante. Informações gerais estão disponí- officinalis, Aster sp., Astilbe spp., Avena sativa, Be-
véis na publicação de Thorne & Allen (1944) e nos gonia elatior, Begonia semperflorens, Begonia tu-
endereços eletrônicos http://plpnemweb.ucdavis. berhybrida, Begonia x hiemalis, Begonia sp., Beta
edu/nemaplex/Taxamnus/G085mnu.htm e https:// vulgaris, Betula sp., Chrysanthemum coccineum, C.
gd.eppo.int/taxon/NACODO/documents. leucanthemum, C. maximum, Cichorium endívia, C.
Chave para a identificação de espécies de intybus, Cimicifuga sp., Convallaria majalis, Corylus
Nacobbus (endoparasita sedentário) associadas sp., Crataegus sp., Cucumis melo, Cynara scolymus,
ás informações morfológicas e morfométricas que Dahlia spp., Daucus carota, Fragaria chiloensis, Fra-
permitem a identificação de N. dorsalis: Disponíveis garia spp., Fuchsia spp., Helleborus niger, Hordeum
na publicação de Manzanilla-Lópezet al. (2002) e no distichum, H. vulgare, Humulus lupulus, Hydrangea
endereço eletrônico http://nematode.unl.edu/na- spp., Iris sp., Jasminum sp., Laburnum anagyroi-
cobbsp.htm. des, Lactuca sativa, Lilium spp., Lotus corniculatus,
Distribuição geográfica: Estados Unidos. Malus sylvestris, Miscanthus giganteus, Musa sp.,
Hospedeiros: Amsinckia sp., Citrullus lanatus, Narcissus sp., Nolana sp., Olea europaea, Panicum
Erodium cicutarium, Hordeum vulgare, Olea europa- virga, Papaver somniferum, Pernettya sp., Petunia
ea, Prunus spp., Salsola kali, Salvia sp., Solanum tu- spp., Phlox sp., Picea sp., Pinus spp., Pisum sativum,
berosum, Zea mays. Poa annua, Polypodiaceae sp., Populus sp., Prunus
Detecção: Teste de trituração, peneiramento armeniaca, P. avium, P. dulcis, P. persica, Pseudotsu-
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- ga menziesii, P. communis,Prunus spp., Pyrus com-
quenciamento (Atkinset al., 2005). Conforme o DOC munis, Raphanus raphanistrum, Rhododendron sp.,
SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi- Rosa spp., Rubus sp., Scabiosa caucasica, Scorzonera
tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato hispanica, Secale cereale, Sequoia sp., Solanum lyco-
legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005, persicum, S. tuberosum, Sorbus aucuparia, Spergula
IN 06/2006, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é arvensis, Stellaria media, Trifolium pratense, T. re-
obrigatória a análise para N. dorsalis em importação pen, Vaccinium sp., Vicia sp., Vitis vinifera, Wisteria
de mudas de Olea europaea; tubérculos de Solanum sp., Zea mays.
tuberosum. Detecção: Teste de trituração, peneiramento
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-

88 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

quenciamento (Kumari, 2015); Teste de Multiplex Trifolium sp.,Triticum aestivum, Zea mays.
PCR (Mekete et al., 2011). Conforme o DOC SAC/ Detecção: Teste de trituração, peneiramen-
CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitos- to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e
sanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato Sequenciamento (Handoo et al., 2001). Conforme
legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005, o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diag-
IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a nóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015 e base-
análise para P. crenatus em importação de estacas ado no ato legal que demanda o ensaio relativo às
com raiz de Fragaria spp., Fuchsia spp., Hydrangea IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é
spp., Olea europaea, Petunia spp., Pinus spp., Pru- obrigatória a análise para P. fallax em importação de
nus spp., Pyrus communis, Rhododendron spp., Rosa estacas com raiz, mudas ou plantas de Chrysanthe-
spp.; mudas de Anthurium andreanum, Anthurium mum spp., Malus domestica, Rosa spp.
scherzerianum, Anthurium spp., Aster spp., Astilbe
spp., Begonia elatior, Begonia semperflorens, Be- Pratylenchus goodeyi Sher & Allen, 1953
gonia tuberhybrida, Begonia x hiemalis, Chrysanthe- Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
mum coccineum, Chrysanthemum leucanthemum, Trata-se de um endoparasita migratório, sendo o J2 a
Chrysanthemum maximum, Dahlia spp., Fragaria fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
spp., Fuchsia spp., Hydrangea spp., Olea europaea, nas publicações de Castillo & Vovlas (2007), Zhang et
Petunia spp., Pinus spp., Prunus spp., Pyrus com- al. (2015) e nos endereços eletrônicos http://www.
munis, Rhododendron spp., Rosa spp.; plantas de promusa.org/Pratylenchus+goodeyi e http://plpne-
Anthurium andreanum, Anthurium scherzerianum, mweb.ucdavis.edu/nemaplex/Taxadata/G105s11.
Anthurium spp., Aster spp., Astilbe spp., Begonia HTM.
elatior, Begonia semperflorens, Begonia tuberhybri- Chave para a identificação de espécies de
da, Begonia x hiemalis, Chrysanthemum coccineum, Pratylenchus associadas ás informações morfológi-
Chrysanthemum leucanthemum, Chrysanthemum cas e morfométricas que permitem a identificação
maximum, Fragaria spp., Fuchsia spp., Hydrangea de P. goodeyi: Disponíveis nas publicações de Cas-
spp., Olea europaea, Petunia spp., Pinus spp., Pru- tillo & Vovlas (2007), Handoo et al. (2008) e Zhang
nus spp., Pyrus communis, Rhododendron spp., Rosa et al. (2015).
spp.; rizomas de Anthurium andreanum, Anthurium Distribuição geográfica: Austrália, Burundi,
scherzerianum, Anthurium spp.; tubérculos de Sola- Camarões, China, Egito, Etiópia, Espanha, Grécia,
num tuberosum. Portugal, Quênia, Ruanda, Tanzânia, Uganda.
Hospedeiros: Ananas comosus, Ensete ven-
Pratylenchus fallax Seinhorst 1968 tricosum, Heliconia sp., Huechera sp., Musa acumi-
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: nata, Musa ornata, Musa x paradisíaca, Phaseolus
Trata-se de um endoparasita migratório, sendo o J2 vulgaris, Strelitzia sp..
a fase infectante. Informações gerais estão disponí- Detecção: Teste de trituração, peneiramento
veis na publicação de Castillo & Vovlas (2007) e nos e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
endereços eletrônicos http://nematode.unl.edu/ quenciamento (Zhang et al., 2015). Conforme o DOC
pest65.htm e http://nematode.unl.edu/pfallax.htm. SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
Chave para a identificação de espécies de tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
Pratylenchus associadas ás informações morfológi- legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005,
cas e morfométricas que permitem a identificação IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória
de P. fallax: Disponíveis nas publicações de Handoo a análise para P. goodeyi em importação de mudas
et al. (2001) e Castillo & Vovlas (2007). com raiz ou rizomas de Heliconia spp., Musa spp..
Distribuição geográfica: Bélgica, Canadá, Rei-
no Unido, França, Holanda, Itália, Japão. Pratylenchus scribneri Steiner, 1943
Hospedeiros: Avena sativa, Beta vulgaris, Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
Brassica napus var. oleifera, Chrysanthemum sp., Trata-se de um endoparasita migratório, sendo o J2 a
Convallaria majalis, Hordeum vulgare, Malus do- fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
mestica, Medicago sativa, Poa pratensis, Rosa sp., nas publicações de Castillo  & Vovlas (2007), Yan et

RAPP - Volume 24, 2016 89


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

al. (2016) e no endereço eletrônico http://nemato- a fase infectante. Informações gerais estão dispo-
de.unl.edu/pscrib.htm. níveis nas publicações de Castillo  & Vovlas (2007),
Chave para a identificação de espécies de Chałańskaet al. (2016) e no endereço eletrônico
Pratylenchus associadas ás informações morfológi- https://grdc.com.au/Research-and-Development/
cas e morfométricas que permitem a identificação GRDC-Update-Papers/2016/02/how-long-does-it-
de P. scribneri: Disponíveis nas publicações de Cas- -take-to-reduce-Pratylenchus-thornei-populations-
tillo & Vovlas (2007) e Yan et al. (2016). -in-the-soil.
Distribuição geográfica: África do Sul, Ale- Chave para a identificação de espécies de
manha, Argentina, Bulgária, Canadá, Chile, Croácia, Pratylenchus associadas ás informações morfológi-
Egito, Eslovênia, Estados Unidos, Holanda, Índia, Irã, cas e morfométricas que permitem a identificação
Israel, Itália, Japão, Jordânia, Oman, México, Suíça, de P. thornei: Disponíveis nas publicações de Cas-
Turquia. tillo & Vovlas (2007) e Troccoli et al. (2008).
Hospedeiros: Allium cepa, Amaranthus sp., Distribuição geográfica: África do Sul, Ale-
Amaryllis sp., Anthurium sp., Beta vulgaris, Brassi- manha, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Austrá-
ca oleracea var. botrytis, Brassica oleracea var. ca- lia, Bélgica, Bulgária, Canadá, Chile, Coréia, Croácia,
pitata, Capsicum frutescens, Carpinus caroliniana, Chipre, Dinamarca, Egito, Eslováquia, Eslovênia, Es-
Celtis laevigata, Chenopodium sp., Chrysanthemum panha, Estados Unidos, Grécia, Holanda, India, In-
morifolium, Cymbidium sp., Cypripedium sp., Dahlia glaterra, Irã, Israel, Itàlia, Japão, Jordânia, Líbia, Mar-
sp., Daucus carota, Digitaria sanguinalis, Fragaria rocos, México, Paquistão, Polônia, Portugal, Quênia,
chiloensis, F. ananassa, Glycine max, Hordeum vul- Romênia, Síria, Sudão, Tajiquistão, Turquia, Tunísia,
gare, Malus spp., Medicago sativa, Mentha spicata, Uruguai, Venezuela.
Miscanthus giganteus, Musa sp., Nicotiana taba- Hospedeiros: Aegilops spp., Agropyron spp.,
cum, Ocimum basilicum, Panicum virgatum, Phase- Agrostis sp., Allium cepa, A. sativum, Amaranthus
olus limensis, P. lunatus, P. vulgaris, Prunus persica, palmeri, A. retroflexus, Ammi visnaga, Anethum
Raphanus sativus, Rosa sp., Saccharum officinarum, graveolens, Apium graveolens, Araucaria sp., Ara-
Solanum lycopersicum, Sorghum bicolor, S. vulgare, chis hypogaea, Asparagus officinalis, Avena fatua,
Tribulus terrestris, Trifolium pratense, Triticum aesti- A. sativa, Bassia scoparia, Beta vulgaris, Brassica
vum, Uniola sp., Vitis sp., Zea mays, Zoysia matrella. campestris, B. juncea, B. napus, B. oleracea, Bromus
Detecção: Teste de trituração, peneiramento spp., Camelina sativa, Capsicum frutescens, Cartha-
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- mus tinctorius, Carya illinoinensis, Casuarina sp., Ce-
quenciamento (Yan et al., 2016). Conforme a DOC drus deodara, Cedrus sp., Chenopodium album, Cicer
SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico arietinum, Cichorium intybus, Citrus sinensis, Conyza
Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no canadensis, Coriandrum sativum, Crotalaria juncea,
ato legal que demanda o ensaio relativo às Port. Cucumis melo,Cupressus sp., Cynara scolymus, Cy-
129/1997, IN 06/2005, IN 06/2006, IN 52/2007, IN nodon dactylon, Dahlia sp., Daucus carota, Dichon-
41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a análise para P. dra sp., Digitaria sanguinalis, Dystaenia ibukiensis,
scribneri em importação de bulbos de Amaryllis spp., Elymus spp., Elytrigia spp., Eucalyptus sp., Euphor-
Dahlia spp.; estacas com raiz de Chrysanthemum bia humistrata, Festuca sp., Ficus carica, Foenicu-
spp., Dahlia spp., Fragaria ananassa, Malus spp., lum vulgare, Fragaria ananassa, Fragaria chiloensis,
Prunus persica, Rosa spp., Vitis vinifera; mudas ou Fraxinus sp., Gleditsia sp., Glycine max, Gossypium
plantas de Anthurium andreanum, Anthurium scher- hirsutum, Helianthus annuus, Helichrysum bracte-
zerianum, Anthurium spp., Chrysanthemum spp., atum, Hordeum murinum, H. vulgare, Hydrangea
Dahlia spp., Fragaria ananassa, Malus spp., Prunus sp., Hyoscyamus spp., H. niger, Hypericum sp., Iberis
persica, Rosa spp., Vitis vinifera, rizomas de Anthu- sp., Iris sp., Juglans sp., Juncus sp., Lactuca sativa,
rium spp.; tubérculos de Solanum tuberosum. Lens culinaris, Ligustrum sp., Lilium sp., Linum sp.,
Lippia sp., Lotus purshianus, Lupinus sp., Magnolia
Pratylenchus thornei Sher & Allen, 1953 sp., Malus domestica, M. sylvestris, Malva rotundi-
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: folia, M. sylvestris, Matricaria chamomilla, Medica-
Trata-se de um endoparasita migratório, sendo o J2 go spp., Mentha piperita, Mesembryanthemum sp.,

90 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Musa ornata, Olea europaea, Oryza sativa, Panicum cas e morfométricas que permitem a identificação
virgatum, Pascopyrum smithii, Paspalum dilatatum, de P. chalcoensis: Disponíveis nas publicações de
Pennisetum clandestinum, Peperomia sp., Persea Stone et al. (1976), Mulvey & Golden (1983) e Sub-
americana, Phaseolus spp., Philodendron spp., Pinus botin et al. (2010).
radiata, Pisum sativum, Plantago ovata, Platanus sp., Distribuição geográfica: México
Poa annua, P. secunda, Prunus armeniaca, P. avium, Gama de Hospedeiros: Zea mays, Zea mexi-
P. cerasifera, P. cerasus, P. domestica, P. dulcis, P. per- cana.
sica, Prunus spp., Pyrus communis, Pseudoroegneria Detecção: Teste de trituração, peneiramento
spicata, Quercus sp., Raphanus sativus, Rosa spp., e flutuação (OEPP/EPPO, 2013), Teste de PCR e Se-
Rubus sp., Rumex sp., Salix sp., Salsola tragus, Scin- quenciamento (Sabo et al., 2002; Gibson et al., 2011;
dapsus sp., Secale cereale, Solanum tuberosum, Sor- De Luca et al., 2013; Doboszet al., 2013). Conforme
ghum bicolor, S. halepense, S. drummondii, Spinacia o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diag-
oleracea, Sequoiadendron giganteum, Setaria viri- nóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e base-
dis, Sinapis alba, Sisymbrium altissimum, Solanum ado no ato legal que demanda o ensaio relativo às
lycopersicum, S. tuberosum, Taraxacum officinale, IN 06/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, IN
Thuja sp., Trachyspermum ammi, Trifolium repens, 23/2015, é obrigatória a análise para P. chalcoensis
T. resupinatum, T. subterraneum, Trigonella foenum- em importação de sementes com partículas de solo
-graecum, Tripsacum dactyloides, Triticosecale sp., de Zea mays.
Triticum aestivum, T. durum,T. turgidum, T. vulgare,
Typha sp., Ulmus sp., Vicia benghalensis, V. faba, V. Punctodera punctata (Thorne, 1928) Mulvey & Sto-
sativa, V. villosa, Vigna unguiculata, Vitis vinifera, ne, 1976 (syn. Heterodera punctata Thorne, 1928)
Vulpia myuros, Zea mays, Zingiber sp.. Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
Detecção: Teste de trituração, peneiramento Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- fase infectante. Informações gerais estão disponíveis
quenciamento (Mokriniet al., 2016); Teste de Real nas publicações de Sharma (1998), Mulvey & Stone
Time PCR (Yan et al., 2012). Conforme o DOC SAC/ (1976) e nos endereços eletrônicos https://gd.eppo.
CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitos- int/taxon/HETDPU e http://plpnemweb.ucdavis.
sanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato edu/nemaplex/Taxadata/G109s1.HTM.
legal que demanda o ensaio relativo às IN 72/2004, Chave para a identificação de espécies de
IN 06/2005, IN 27/2006, IN 03/2007, IN 52/2007, Punctodera associadas ás informações morfológi-
IN 41/2008, IN 59/2013, IN 23/2015, é obrigatória cas e morfométricas que permitem a identificação
a análise para P. thornei em importação de estacas de Punctodera punctata: Disponíveis nas publica-
com raiz de Rosa spp. Vitis vinifera; mudas ou plan- ções de Sharma (1998), Sabo et al. (2002), Subbotin
tas de Helichrysum bracteatum, Hydrangea spp., et al. (2010) e no endereço eletrônico http://nema-
Olea europaea, Philodendron spp., Prunus spp., Rosa tode.unl.edu/heteds.htm.
spp., Vitis vinifera, Fragaria ananassa; sementes de Distribuição geográfica: Alemanha, Canadá,
Arachis hypogaea; tubérculos de Solanum tubero- Estados Unidos, Holanda, Hungria, Inglaterra, Méxi-
sum. co, Polônia, Rússia.
Hospedeiros: Agrostis capillaris, A. stolonife-
Punctodera chalcoensis Stone, Sosa Moss & ra, A. stolonifera var. palustris, Avena sativa, Festuca
Mulvey, 1976  rubra, Hordeum vulgare, Lolium perenne, Poa an-
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: nua, P. pratensis, Triticum sp., Zea mays.
Trata-se de um endoparasita sedentário, sendo o J2 a Detecção: Teste de trituração, peneiramento
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
na publicação de Stone et al. (1976) e nos endereços quenciamento (Sabo et al., 2002). Conforme o DOC
eletrônicos http://nematode.unl.edu/puncds.htm e SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
http://nematode.unl.edu/pest29.htm. tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
Chave para a identificação de espécies de legal que demanda o ensaio relativo às IN 06/2005,
Punctodera associadas ás informações morfológi- IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a

RAPP - Volume 24, 2016 91


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

análise para H. punctata em importação de semen- A. scherzerianum, Anthurium spp., Musa spp., Stre-
tes com partículas de solo de Zea mays. litzia spp..

Radopholus citrophilus Huettel, Dickson and Ka- Rotylenchulus parvus Sher, 1961
plan, 1984 (anteriormente denominado como Ra- Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
dopholus similis raça citri) Trata-se de um semi-endoparasita sedentário, sen-
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: do o J2 a fase infectante. Informações gerais estão
Trata-se de um endoparasita migratório, sendo o J2 a disponíveis nas publicações de Robson et al. (1997),
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis Van Den Berg et al. (2016) e no endereço eletrônico
nas publicações de Huettel et al. (1984), Huettel & http://www.plantwise.org/KnowledgeBank/Data-
Yaegashi (1988) e no endereço eletrônico http://ne- sheet.aspx?dsid=47891.
matode.unl.edu/rcitrop.htm. Chave para a identificação de espécies de
Chave para a identificação de espécies de Rotylenchulus associadas ás informações morfoló-
Radopholusassociadas ás informações morfológi- gicas e morfométricas que permitem a identifica-
cas e morfométricas que permitem a identificação ção de R. parvus: Disponível na publicação de Rob-
de R. citrophilus: Disponiveis nas publicações de Ca- son et al. (1997).
res & Andrade (2006), Huettel et al. (1984) e Huettel Distribuição Geográfica: África do Sul, Austrá-
& Yaegashi (1988). lia, Chipre, Costa do Marfim, Egito, Estados Unidos,
Distribuição geográfica: Costa do Marfim, Ilhas Virgens, Ilhas Maurício, Índia, Irã, Malawi, Mo-
Cuba, Estados Unidos, Porto Rico, República Domi- çambique, Paquistão, Quênia, República Dominica-
nicana, Guiana. na, Somália, Tanzânia, Uganda, Zâmbia, Zimbabwe.
Hospedeiros: Anthurium spp., Calathea spp., Hospedeiros: Arachis hypogaea, Carica pa-
Citrofortunella microcarpa, Citrus limon, Citrus para- paya, Crotalaria juncea, Cynodon dactylon, Gos-
disi, Citrus sinensis x Poncirus trifoliata, Daucus ca- sypium hirsutum, Hordeum vulgare, Nicotiana
rota, Rotylenchulus parvus, Bougainvillea sp., Carica tabacum, Olea europaea, Pennisetum glaucum, Sac-
papaya, Carissa sp., Crotalaria juncea, Cupressus charum officinarum, Vigna unguiculata, Zea mays.
sp., Cynodon dactylon, Cyperus sp., Fortunella spp., Detecção: Teste de trituração, peneiramen-
Glycine max, Gossypium hirsutum, Hordeum vulga- to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e
re, Lactuca sativa, Macadamia sp., Medicago sati- Sequenciamento (Van Den Berg et al., 2016). Con-
va, Musa spp., Nicotiana tabacum, Olea europaea, forme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de
Pennisetum americanum,Persea americana, Phase- Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e
olus vulgaris, Philodendron spp., Pittosporum sp., baseado no ato legal que demanda o ensaio relativo
Poncirus trifoliata, Saccharum officinalis, Saccharum às IN 6/2005, IN 03/2007, IN 52/2007, IN 41/2008,
officinarum, Solanum lycopersicum, S. tuberosum, IN 59/2013, é obrigatória a análise para R. parvus em
Sorghum bicolor, Strelitzia spp., Thymus sp., Vigna importação de estacas com raiz ou mudas de Olea
unguiculata, Zea mays. europaea; sementes de Arachis hypogaea.
Detecção: Teste de trituração, peneiramento
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR -RFLP Subanguina radicicola (Greeff, 1872) Para-
(Fallas et al., 1996; Elbadri et al., 2002); Teste de monov, 1968
SCAR-PCR (Kaplan et al., 1996). Conforme o DOC Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi- Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J2
tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato a fase infectante. Informações gerais estão disponí-
legal que demanda o ensaio relativo às IN 6/2005, veis nas publicações de Mitkowski (2007), Singh et
IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é obrigatória a al. (2013) e nos endereços eletrônicos http://plp-
análise para R. citrophilus em importação de estacas nemweb.ucdavis.edu/Nemaplex/Taxadata/G124S1.
com raiz de Philodendron spp.; mudas ou plantas de HTM e http://nematode.unl.edu/tylench/anguin/
Anthurium andreanum, Anthurium scherzerianum, subangui/subads.htm.
Anthurium spp., Calathea spp., Musa spp., Philoden- Chave para a identificação de espécies de Su-
dron spp., Strelitzia spp.; rizomas de A. andreanum, banguina associadas ás informações morfológicas

92 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

e morfométricas que permitem a identificação de ca, P. persica, Pyrus communis, Ribes nigrum, Rosa
S. radicicola: Disponíveis nas publicações de Brzeski canina, R. chinensis, R. multiflora, Rubus idaeus, Sac-
(1981), Siddiqi (2000) e Hons (2008). charum officinarum, Sambucus nigra, Solanum lyco-
Distribuição geográfica: Alemanha, Arábia persicum, Triticum spelta, Vitis sp..
Saudita, Argentina, Bulgária, Canadá, China, Equa- Detecção: Teste de trituração, peneiramen-
dor, Estados Unidos, Estônia, Holanda, Inglaterra, to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e
India, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Romênia, Sequenciamento (Wang et al., 2002; Mokrini et al.,
Sérvia, Ucrânia. 2014); Teste de Real Time PCR (Van Ghelder et al.,
Hospedeiros: Poa annua, P. pratensis, P. tri- 2015). Conforme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Esco-
vialis, Triticum spp.. po da área de Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 -
Detecção: Teste de trituração, peneiramento 10.12.2015, e baseado no ato legal que demanda o
e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se- ensaio relativo às IN 6/2005, IN 52/2007, IN 41/2008,
quenciamento (Mitkowski, 2007; Hons, 2008). Con- IN 59/2013, IN 8/2015, IN 23/2015, é obrigatória a
forme o DOC SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de análise para X. diversicaudatum em importação de
Diagnóstico Fitossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e bulbos de Lilium spp.; mudas de Chrysanthemum
baseado no ato legal que demanda o ensaio relativo spp., Fragaria ananassa, Pyrus communis, Rosa spp.,
às IN 6/2005, IN 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, é Vitis vinifera; mudas de raiz nua de Vitis vinifera;
obrigatória a análise para S. radicicola em importa- plantas de Chrysanthemum spp., Fragaria ananassa,
ção de mudas de grama. Pyrus communis, Rosa spp., Vitis vinifera.

Xiphinema diversicaudatum (Micoletzky, 1927) Xiphinema italiae Meyl, 1953


Thorne, 1939 Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica:
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J2
Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J2 a a fase infectante. Informações gerais estão disponí-
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis veis nas publicações de Mitkowski (2007), Singh et
nas publicações de Brown & Topham (1985), Perry & al. (2013) e nos endereços eletrônicos http://plp-
Moens (2013) e no endereço eletrônico http://ent- nemweb.ucdavis.edu/Nemaplex/Taxadata/G124S1.
nemdept.ufl.edu/creatures/nematode/dagger_ne- HTM e http://nematode.unl.edu/pest34.htm.
matode.htm. Chave para a identificação de espécies de Xi-
Chave para a identificação de espécies de phinema (ectoparasita migratório) associadas ás in-
Xiphinema associadas ás informações morfológicas formações morfológicas e morfométricas que per-
e morfométricas que permitem a identificação de mitem a identificação de X. italiae: Disponíveis nas
X. diversicaudatum: Disponíveis nas publicações de publicações de Coomans et al. (2001) e Hons (2008).
Coomans et al. (2001), Siddiqi (2000) e Hons (2008). Distribuição geográfica: África do Sul, Argé-
Distribuição geográfica: África do Sul, Ale- lia, Bulgária, Camarões, Chipre, Egito, Espanha, Fran-
manha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamar- ça, Grécia, Israel, Itália, Líbia, Nigéria, Portugal, Ro-
ca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, mênia, Tunísia, Turquia.
França, Holanda, India, Itália, Iuguslávia, Marrocos, Hospedeiros: Cicer arietinum, Citrus auran-
Moldávia, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Portu- tium, Cocos nucifera, Eucaliptus sp., Euphorbia sp.,
gal, Reino Unido, República Tcheca, Rússia, Suécia, Ficus carica, Morus sp., Olea europaea, Opuntia fi-
Suíça, Turquia, Ucrânia. cus-indica, Prunus spp., Vitis sp..
Hospedeiro: Abelmoschus esculentus, Apium Detecção: Teste de trituração, peneiramento
graveolens, Arabidopsis thaliana, Arachis hypogaea, e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e Se-
Chamaecyparis lawsoniana, Chrysanthemum spp., quenciamento (Kumari & Lisková, 2009); Real Time
Citrus sp., Cucumis sativus, Dianthus caryophyllus, PCR (Van Ghelder et al., 2015). Conforme o DOC
Ficus sp., Rosa sp., Fragaria sp., Glycine hispida, Gly- SAC/CGAL nº 06 – Escopo da área de Diagnóstico Fi-
cine max, Impatiens balsamina, Juniperus commu- tossanitário - Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato
nis, Lilium spp., Lolium perenne, Mercurialis perenni, legal que demanda o ensaio relativo às IN 6/2005, IN
Persea americana, Petunia hybrida, Prunus armenia- 52/2007, IN 41/2008, IN 59/2013, IN 8/2015, é obri-

RAPP - Volume 24, 2016 93


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

gatória a análise para X. italiae em importação de biológico das pragas. Esses três tipos de incertezas
estacas com raiz, mudas ou plantas de Prunus spp., continuarão a existir independentemente de desen-
Vitis vinifera; mudas de raiz nua de V. vinifera. volvimentos futuros e sempre devem ser considera-
dos quando se objetiva reduzir a incerteza o máximo
Xiphinema rivesi Dalmasso, 1969 possível em cada um desses grupos para que haja
Aspectos Gerais e Identificação Taxonômica: trocas comerciais seguras, a serem estabelecidas em
Trata-se de um ectoparasita migratório, sendo o J2 a marcos regulatórios, mantendo-se dessa forma a sa-
fase infectante. Informações gerais estão disponíveis nidade vegetal e, com isso, ganhando mercados para
nas publicações de Ebsaryet al. (1984), Handooet al. a exportação, além de reduzir os custos econômicos
(2015), IPPC (2016b) e no endereço eletrônico ht- e sociais da produção nacional.
tps://gd.eppo.int/taxon/XIPHRI. Inerente a todos os problemas e dificuldades
Chave para a identificação de espécies de existentes, é responsabilidade de toda a sociedade
Xiphinema associadas ás informações morfológicas brasileira preservar a sanidade vegetal, seja através
e morfométricas que permitem a identificação de da importação de material vegetal de forma legal,
X.rivesi: Disponíveis nas publicações de Coomans com os devidos trâmites, que garantam que o pro-
et al. (2001), Archidona-Yuste et al. (2016) e IPPC duto esteja livre de pragas e fitopatógenos, do in-
(2016b). centivo e desenvolvimento à pesquisa de técnicas
Distribuição geográfica: Alemanha, Argenti- de diagnose mais rápidas, práticas e sensíveis das
na, Australia, Canadá, Chile, Egito, Eslovênia, Espa- pragas e fitopatógenos, das garantias legais para que
nha, Estados Unidos, França, Irã, Itália, Paquistão, seja exercida a fiscalização de forma eficiente e du-
Portugal, Peru, Samoa, Tonga. radoura no país.
Hospedeiros: Acer negundo, Allium sativum,
Celtis spp., Citrus sp., Cucumis sativus, Eucalyptus Referências
sp., Fragaria ananassa, Juglans regia, Juniperus sp., Adam MAM, Phillips MS, Blok VC (2007) Molecular
Malus spp., Mangifera indica, Medicago sativa, Po- diagnostic key for identification of single juveniles
pulus sp., Prunus spp., Quercus spp., Rubus idaeus, of seven common and economically important
Rubus spp., Solanum tuberosum, Sorghum bicolor, species of root-knot nematode (Meloidogyne
Vaccinium spp., Vitis vinifera, Zea mays. spp.). Plant Pathology 56(1):190-197.
Detecção: Teste de trituração, peneiramen- Aikawa T, Kikuchi T, Kanzaki N (2012) DNA extrac-
to e flutuação (OEPP/EPPO, 2013); Teste de PCR e tion method for Bursaphelenchus xylophilus from
Sequenciamento (Akinbadeet al., 2014; Archidona- wood chips, lamp primer set for Bursaphelen-
-Yuste et al., 2016). Conforme o DOC SAC/CGAL nº chus xylophilus, and detection method for Bursa-
06 – Escopo da área de Diagnóstico Fitossanitário phelenchus xylophilus from wood chips. U.S. Pat-
- Rev. 02 - 10.12.2015, e baseado no ato legal que ent n. 8.318.435.
demanda o ensaio relativo às IN 6/2005, IN 52/2007, Akinbade SA, Mojtahedi H, Guerra L, Eastwell K, Vil-
IN 41/2008, IN 70/2009, IN 05/2011, IN 59/2013, IN lamor DEV, Handoo ZA, Skantar AM (2014) First
8/2015, IN 23/2015, é obrigatória a análise para X. report of Xiphinema rivesi (Nematoda, Longidori-
rivesi em importação de estacas com raiz de Vacci- dae) in Washington State. Plant Disease 98:1018.
nium corymbosum, Vaccinium spp.; mudas de raiz Almeida MTSCM, Decraemer W (2005) Trichodori-
nua de Vitis vinifera; mudas ou plantas de Fragaria dae, família de nematoides vetores de vírus. Re-
ananassa, Vaccinium spp.. visão Anual de Patologia de Plantas 13:115-190.
Amiri S, Subbotin SA, Moens M (2002) Identification
Perspectivas futuras of the beet cyst nematode Heterodera schachtii
Segundo Brioso & Pozzer (2013), apesar de by PCR.European Journal of Plant Pathology
contarmos com técnicas, ferramentas e processos 108:497–506.
para identificação de pragas quarentenárias nas tro- Anthoine G, Mugniery D (2005) Variability of the ITS
cas comerciais, estamos sempre lidando com a in- rDNA and identification of Nacobbus aberrans
certeza. Ela pode ser caracterizada pela metodologia (Thorne, 1935) Thorne and Allen, 1944 (Nemato-
do processo, falha humana e o desconhecimento da: Pratylenchidae) by rDNA amplification. Nema-

94 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

tology 7:503-516.   22:69-115.


Archidona-Yuste A, Navas-Cortés JA, Cantalapie- Brown DJF, MacFarlane SA, Furlanetto C, Oliveira
dra-Navarrete, C, Palomares-Rius JE, Castillo P CMG, Ferraz LCCB (2004) Transmissão de vírus
(2016) Cryptic diversity and species delimitation por nematoides parasitos de plantas. Revisão
in the  Xiphinema americanum-group complex Anual de Patologia de Plantas 12:201-242.
(Nematoda: Longidoridae) as inferred from mor- Brown DJF, Topham PB (1985) Morphometric vari-
phometrics and molecular markers. Zoological ability between populations of Xiphinema diver-
Journal of the Linnean Society 176:231–265. sicaudaturn (Nematoda: Dorylaimoidea). Revue
Atkins, SD, Manzanilla-López, RH, Franco J, Peteira B, Nématologie 8:15-26.
Kerry, BR (2005) A molecular diagnostic method Brzeski MW (1981) The genera of Anguinidae (Ne-
for detecting Nacobbus in soil and in potato tu- matoda, Tylenchida). Revue Nématologie 4:23-
bers. Nematology 7:193–202. 34.
Audebert A, Coyne DL, Dingkuhn M, Plowright RA Brzeski MW (1998) Nematodes of Tylenchina in Po-
(2000) The influence of cyst nematodes (Het- land and temperate Europe. Muzeum i Instytut
erodera sacchari) and drought on water relations Zoologii Polska Akademia Nauk, Warsaw, Poland.
and growth of upland rice in Côte d’Ivoire. Plant 397 pp.
and Soil 220:235-242. Burgermeister W, Braasch H, Metge K, Gu J, Schröder
Auer CG, Santos AF (2012) Patógenos florestais de T, Woldt E (2009) ITS-RFLP analysis, an efficient
importância quarentenária para o Brasil. Brasília, tool for identification of Bursaphelenchus species.
DF. Embrapa. Nematology 11:649–668.
Auger J, Leal G, Magunacelaya JC, Esterio M (2009) Burgermeister W, Metge K, Braasch H, Bu-
Xiphinema rivesi from Chile transmits Tomato chbach E (2005) ITS-RFLP patterns for
ringspot virus to Cucumber. Plant Disease 93:971- differentiation of 26 Bursaphelenchus spe-
971. cies (Nematoda: Parasitaphelenchidae) and
Behrens E (1975) Globodera Skarbilovich, 1959 an in- observations on their distribution. Russian Jour-
dependent genus in the subfamily Heteroderinae nal of Nematology 13:29-42.
Skarbilovich, 1949 (Nematoda: Heteroderidae). CABI (2011) Datasheet. Belonolaimus longicaudatus
Vortragstagungzu Aktuellen Problemen der Phy- (sting nematode). Available  at: http://www.cabi.
tonematologie 1:12-26. org/isc/datasheet/8892. Accessed on may 30,
Bekker S (2008) Assessment of the identity, distri- 2016.
bution and control options for seed and leaf-gall CABI (2014) Datasheet for Anguina agrostis. CABI
nematodes in grass in South Africa. Thesis (M.Sc. Crop Protection Compendium. Wallingford, UK.
Zoology)-North-West University. 84p. CABI (2015) Datasheet. Ditylenchus africanus (pe-
Braasch H,  Schönfeld U (2015)  Improved morpho- anut pod nematode). Available  at: http://www.
logical key to the species of the Xylophilus group cabi.org/isc/datasheet/19284. Accessed on may
of the genus Bursaphelenchus Fuchs, 1937. OEPP/ 30, 2016.
EPPO Bulletin 45:73–80. CABI/EPPO (1999) Nacobbus aberrans. Distribution
Brioso PST, Dias JACS (2015) Detecção e diagnose de maps of plant diseases n° 779. Wallingford, UK.
fitopatógenos quarentenários (A1 e A2). In: Veiga CAB International.
RFA, Queiróz MA (Org.). Recursos Fitogenéticos: a CABI/EPPO (2000) Pratylenchus goodeyi. Distribu-
base da agricultura sustentável no Brasil. Brasília, tion maps of plant diseases nº 806. Wallingford,
DF. pp. 228-240. UK. CAB International.
Brioso PST, Pozzer L (2013) Vírus e viróides quaren- CABI/EPPO (2001) Ditylenchus africanus. Distribu-
tenários para o Brasil - revisão, diagnose e pers- tion maps of plant diseases nº 836. Wallingford,
pectivas futuras. Revisão Anual de Patologia de UK. CAB International.
Plantas 21:226-286. CABI/EPPO (2001) Heterodera avenae. Distribution
Brioso PST, Pozzer L (2014) Fitoplasmas quarentená- maps of plant diseases nº 823. Wallingford, UK.
rios para o Brasil - revisão, diagnose e perspecti- CAB International.
vas futuras. Revisâo Anual de Patologia de Plantas CABI/EPPO (2002) Anguina tritici. Distribution maps

RAPP - Volume 24, 2016 95


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

of plant diseases nº 848. Wallingford, UK. CAB In- são Anual de Patologia de Plantas 15:69-98.
ternational. Castillo P, Vovlas N (2007) Pratylenchus (Nematoda:
CABI/EPPO (2003) Heterodera ciceri. Distribution Pratylenchidae): Diagnosis, biology, pathogenicity
maps of plant diseases nº 895. Wallingford, UK. and management. Nematology Monographs and
CAB International. Perspectives Series 6. Brill.
CABI/EPPO (2003). Belonolaimus longicaudatus. Dis- Chałańska A, Łabanowski G, Sas D (2016) Root-lesion
tribution maps of plant diseases n° 879. Walling- nematodes (Pratylenchus spp.) in ornamental
ford, UK. CAB International. plant nurseries – influence of soil texture, acidity,
CABI/EPPO (2004) Anguina agrostis. Distribution salinity and organic matter content. Communica-
maps of plant diseases nº 923. Wallingford, UK. tions in Biometry and Crop Science 11:98-104.
CAB International. Charchar JM (1997) Novos enfoques na sistemática
CABI/EPPO (2004) Xiphinema rivesi Distribution de nematoides. Revisão Anual de Patologia de
maps of plant diseases n° 940.Wallingford, UK. Plantas 5:133-155.
CAB International. Charles JSK, Venkitesan TS (1995) Biology of banana
CABI/EPPO (2008) Heterodera oryzae. Distribution population of Heterodera oryzicola (Nemata: Ty-
maps of plant diseases n° 1021.Wallingford, UK. lenchina). Fundamental and Applied Nematol-
CAB International. ogy18:493-496.
CABI/EPPO (2009) Bursaphelenchus mucronatus. Chaves EJ, Mondino EA (2013) Description of some
Distribution maps of plant diseases nº 1059.Wall- Xiphinema species populations (nematoda) from
ingford, UK. CAB International. Argentina. Nematropica 43:68-77.
CABI/EPPO (2012) Pratylenchus thornei. Distribution Coomans A, Huys R, Heyns J, Luc M (2001) Charac-
maps of plant diseases nº 1124. Wallingford, UK. ter analysis, phylogeny and biogeography of the
CAB International. genus Xiphinema Cobb, 1913 (Nematoda: Lon-
CABI/EPPO (2013) Subanguina radicicola. Distribu- gidoridae). Tervuren, Belgium, Musée Royal de
tion maps of plant diseases nº 1143. Wallingford, L’Afrique Centrale. Annales Sciences Zoologiques
UK. CAB International. 287:1–239.
CABI/EPPO (2015) Bursaphelenchus xylophilus. Dis- Cordero MA, Robbins RT, Szalanskial AL (2012) Taxo-
tribution maps of plant diseases n° 789.Wallin- nomic and molecular identification of Bakerne-
gford, UK. CAB International. ma, Criconema, Hemicriconemoides, Ogma and
Cares JE, Andrade EP (2006) Taxonomia do gênero Xenocriconemella species (Nematoda: Cricone-
Radopholus. Revisão Anual de Patologia de Plan- matidae). Journal of Nematology 44:427–446.
tas 14:113-149. Costa CL (1999) Vetores de vírus de plantas: II. Fun-
Cares JE, Baldwin JG (1995). Nematoides formadores gos, nematoides e ácaros. Revisão Anual de Pato-
de cistos do gênero Heterodera. Revisão Anual de logia de Plantas 7:213-258.
Patologia de Plantas 3:29-84. Cotton JA, Lilley CJ, Jones LM, Kikuchi T, Reid AJ,
Cares JE, Huang SP (2000) Taxonomia de fitonema- Thorpe P, Tsai IJ, Beasley H, Blok V, Cock PJA, Eves-
toides: chave sistemática simplificada para gêne- -van den Akker S, Holroyd N, Hunt M, Mantelin
ros - Parte I. Revisão Anual de Patologia de Plan- S, Naghra H, Pain A, Palomares-Rius JE, Zarowie-
tas 8:185-223. cki M, Berriman M, Jones JT, Urwin PE (2014) The
Cares JE, Huang SP (2001) Taxonomia de fitonema- genome and life-stage specific transcriptomes of
toides: chave sistemática simplificada para gêne- Globodera pallida elucidate key aspects of plant
ros - Parte II. Revisão Anual de Patologia de Plan- parasitism by a cyst nematode. Genome Biology
tas 9:177-235. 15:R43.
Cares JE, Santos JRP, Tenente RCV (2008) Taxonomia Dahnasso A (1969) Etude anatomique et taxono-
de nematoides de sementes, bulbos e caules: Par- mique tiés genres: Xiphinema. Longidorus et
te II. Revisão Anual de Patologia de Plantas 16:39- l’aralongidorus (Nemata: Dorylaimida). Memoi-
84. res Du Museum d’Histoire Naturelle Nonv. Serie
Cares JE, Tenente RCV (2007) Taxonomia de nema- A. Zoologie 61:33-82.
toides de sementes, bulbos e caules: Parte I. Revi- Das D, Bajaj HK (2008) Redescription of Ditylenchus

96 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

angustus (Butler, 1913) Filipjev, 1936. Annals of Patologia de Plantas 7:157-195.


Plant Protection Sciences 16:195-197. Ferraz S (1980) Reconhecimento das espécies de fi-
De Luca F, Vovlas N, Lucarelli G, Troccoli A, Radicci V, tonematoides presentes nos solos do estado de
Fanelli E, Cantalapiedra-Navarrete, C, Palomares- Minas Gerais. Experientiae 26:255-328.
Rius JE, Castillo P (2013) Heterodera elachista Filipiak A, Hasiów-Jaroszewska B (2016) The use of
the Japanese cyst nematode parasitizing corn in real-time polymerase chain reaction with high
Northern Italy: Integrative diagnosis and bionom- resolution melting (real-time PCR-HRM) analysis
ics. European Journal of Plant Pathology 136:857- for the detection and discrimination of nema-
872. todes Bursaphelenchus xylophilus and Bursa-
Debanand DAS, Bajaj HK (2008) Redescription of phelenchus mucronatus. Molecular and Cellular
Ditylenchus angustus (Butler, 1913) Filipjev, 1936. Probes 30:113-117.
Annals of Plant Protection Sciences 16:195-197. Fleming TR, Maule, AG, Martin T, Hainon-McDowell
Dobosz R, Winiszewska G, Malewski T, Rybarczyk- M, Entwistle K, McClure MA, Fleming CC (2015) A
Mydłowska K, Tereba A, Kowalewska K, Gawlak first report of Anguina pacificae in Ireland. Jour-
M, Bogdanowicz W (2013) Morphological and nal of Nematolology 47: 97-104.
molecular features of  Punctoderastonei  Brzeski, Fosu-Nyarko J, Nicol P, Naz F, Gill R, Jones MGK
1998 (Nematoda:Heteroderidae) - species asso- (2016) Analysis of the transcriptome of the infec-
ciated with roots of grasses. Annales Zoologici tive stage of the beet cyst nematode, H. schachtii.
63:157-162. PLoS ONE 11: http://dx.doi.org/10.1371/journal.
Ebsary BA, Potter JW, Allen WR (1984) Redescription pone.0147511.
and distribution of Xiphinema rivesi  Dalmasso, François C, Castagnone C, Boonham N, Tom-
1969 and Xiphinema americanum Cobb, 1913 in linson J, Lawson R, Hockland S, QuillJ, Viei-
Canada with a description of  Xiphinema occidu- ra P, Mota M, Castagnone-Sereno P (2007)
um  n.sp. (Nematoda: Longidoridae). Canadian Satellite DNA as a target for TaqMan
Journal of Zoology 62:1696-1702. real-time PCR detection of the pinewood nema-
Edward JC, Misra SL (1964)  Criconemoides magno- tode, Bursaphelenchus xylophilus. Molecular
liae n.sp. and C. juniperi n. sp. (Nematoda: Crico- Plant Pathology 8:803-809.
nematidae) from Kumaon region, Uttar Pradesh, Gibson T, Farrugia D, Barrett J, Chitwood DJ, Rowe J,
India. Nematologica 10:95–100. Subbotin S, Dowton M (2011) The mitochondrial
Elbadri GAA,  De Ley P,  Wayenberge L,  Vierstraete genome of the soybean cyst nematode, Hetero-
A,  Moens M,  Vanfleteren J  (2002).  Intraspecific dera glycines. Genome 54:565-574.
variation in  Radopholus similis isolates assessed Golden AM, O’Bannon JH, Santo GS, Finley AM
with restriction fragment length polymorphism (1980) Description and SEM observations of Me-
and DNA sequencing of the internal transcribed loidogyne chitwoodi n. sp. (Meloidogynidae), a
spacer region of the ribosomal RNA cistron. Inter- root knot nematode on potato in the Pacific Nor-
national Journal for Parasitology 32:199–205. thwest. Journal of Nematology 12:319-327.
EPPO (2013) Bursaphelenchus xylophilus. Bulletin Handoo ZA (2002) A key and compendium to species
43:105–118. of the Heterodera avenae group (Nematoda: He-
EPPO (2013) Nematode extraction. EPPO Bulletin teroderidae). Journal of Nematology 34:250-262.
43:471–495. Handoo ZA, Carta LK, Skantar A (2008) Taxonomy,
EPPO (2014) PQR - EPPO database on quarantine morphology and Pphylogenetics of coffee-asso-
pests. Available at: https://www.eppo.int/DATA- ciated root-lesion nematodes, Pratylenchus spp.
BASES/pqr/pqr.htm. Accessed on may 30, 2016. In: Souza RM (Ed.). Plant Parasitic Nematodes of
Fallas GA,  Hahn ML,  Fargette M,  Burrows PR,  Sarah JL (1996) Mo- Coffee. Dordrecht: Springer Netherlands. pp 29-
lecular and biochemical diversity among isolates 50.
of  Radopholus spp. from different areas of the Handoo ZA, Carta LK, Skantar AM (2001) Morpholo-
world. Journal of Nematology 28:422-430. gical and molecular characterisation of Pratylen-
Ferraz LCCB (1999) Gênero Pratylenchus: os nema- chus arlingtoni n. sp., P. convallariae and P. fallax
toides das lesões radiculares. Revisão Anual de (Nematoda: Pratylenchidae). Nematology 3:607-

RAPP - Volume 24, 2016 97


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

618. Aphelenchoides and of Ditylenchus angustus


Handoo ZA, Ibrahim IKA, Chitwood DJ, Mokbel AA using a fragment of ribosomal DNA. Journal of
(2015) First report of Xiphinema rivesi Dalmasso, Nematology 26:412-421.
1969 on citrus in northern Egypt. Pakistan Journal Inserra RN, Vovlas N, Walker S, Dunn RA (1993) The
of Nematology 33:161-165. clover cyst nematode, Heterodera trifolii, a po-
Harveson RM (2014) The false root-knot nematode: tential pest of clover and vegetable crops in Flori-
A unique plant pathogen native to the Western da. Nematology Circular 204. 4pp
Hemisphere. APS Features. IPPC (2015) ISPM 27 - Diagnostic protocols for regu-
Hockland S, Niere B, Grenier E, Blok V, Phillips M, den lated pests. DP 8: Ditylenchus dipsaci and Ditylen-
Nijs L, Anthoine G, Pickup J, Viaene V (2012) An chus destructor. 34p.
evaluation of the implications of virulence in non- IPPC (2016a) ISPM 27 - Diagnostic protocols for re-
-European populations of Globodera pallida and gulated pests. DP 10: Bursaphelenchus xylophilus.
G. rostochiensis for potato cultivation in Europe. 40p.
Nematology 14:1–13. IPPC (2016b) ISPM 27 - Diagnostic protocols for regu-
Hons SB (2008) Assessment of the identity, dis- lated pests. DP 11: Xiphinema americanum sensu
tribution and control options for seedand lato. 26p.
leaf-gall nematodes in grass in South Afri- KananK, Dickson DW, Brito JA, Jeyaprakash A, Drew A
ca. Dissertation. Potchefstroom Campus of (2015) Belonolaimus longicaudatus: an emerging
the North-West University. 99pp. pathogen of peanut in Florida. Journal of Nema-
Huettel RN, Yaegashi T (1988) Mor- tology 47:87-96.
phological differences between Kaplan DT, Vanderspool MC, Garrett C, Chang S, Op-
Radopholus citrophilus and R. similis. Journal of perman CH (1996) Molecular polymorphisms as-
Nematology 20:150-157. sociated with host range in the highly conserved
Huettel, RN, Dickson DW, Kaplan DT (1983) Chromo- genomes of burrowing nematodes, Radopholus
some number of populations of Radopholus simi- spp. Molecular Plant Microbe Interactions 9:32-
lis from North, Central and South America, Hawaii 38.
and Indonesia. Revue de Nématologie 7:113-116. Katsuta A,Toyota K, Min YY, Maung TT (2016) Devel-
Huettel, RN, Dickson DW, Kaplan DT (1984) Radopho- opment of real-time PCR primers for the quanti-
lus citrophilus sp. n. (Nematoda), a sibling species fication of Meloidogyne graminicola, Hirschman-
of Radopholus similis. Proceedings of the Helmin- niella oryzae and Heterodera cajani, pests of the
thological Society of Washington 51:32–35. major crops in Myanmar.Nematology 18:257-263.
Huettel, RN, Dickson DW, Kaplan, DT. (1983) Bioche- Kikuchi T, Aikawa T, Oeda Y, Karim N, Kanzaki N (2009)
mical identification of the two races of Radopho- A rapid and precise diagnostic method for detect-
lus similis by polyacrylamide gel electrophoresis. ing the pinewood nematode Bursaphelenchus xy-
Journal of Nematology 15:345-348. lophilus by loop-mediated isothermal amplifica-
Humphreys-Pereira DA, Elling AA (2014) Mitochon- tion. Phytopathology 99:1365–1369.
drial genomes of Meloidogyne chitwoodi and Krall EL (1991) Wheat and grass nematodes: An-
M. incognita (Nematoda: Tylenchina): compara- guina, Subanguina, and related genera. In: Nickle
tive analysis, gene order and phylogenetic rela- W (Ed.). Manual of Agricultural Nematology. CRC
tionships with other nematodes. Molecular Bio- Press. New York, NY. 721-760 pp.
chemical Parasitology 194:20-32. Lax P, Doucet ME, Braga R, Gioria R (2006) Response
Hunt DJ, Luc M, Manzanilla-López RH (2005) Identifi- of different pepper varieties to the attack by two
cation, morphology and biology of plant parasitic populations of  Nacobbus aberrans. Nematololo-
nematodes. In: Luc M, Sikora RA, Bridge J (Eds.) gia Brasileira 30:259-265.
Plant parasitic nematodes in subtropical and tro- Lax P, Dueñas JCR, Gardenal CN, Doucet ME (2014)
pical agriculture. Wallingford, UK. CAB Internatio- Phylogenetic relationships among populations of
nal. pp. 11-52. the  Nacobbus aberrans (Nematoda, Pratylenchi-
Ibrahim SK, Perry RN, Burrows PR, Hooper DJ (1994) dae) complex reveal the existence of cryptic spe-
Differentiation of species and populations of cies. Zoologica Scripta 43:184–192.

98 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

Perry RN, Moens M, Starr JL (2009) Root-knot nema- Marais M, Swart A, Knoetze R, Pofu K (2015) Plant
todes. Wallingford. CABI. 520 pp. umari S (2015) nematodes in South Africa. 13. A checklist of
Characterization of Pratylenchus crenatus and P. nematodes associated with potatoes. Avail-
neglectus (Nematoda: Pratylenchidae) associated able at: https://www.researchgate.net/publica-
with wheat crop. Helminthologia 52:280-286. tion/297574121. Accessed on may 30, 2016.
Koshy PK, Swarup G, Sethi CL (1970) Heterodera Matsunaga K, Togashi K (2004) A simple method for
zeae n. sp. (Nematoda:  Heteroderidae). A cyst discriminating Bursaphelenchus xylophilus and B.
forming  nematode on  Zea mays. Nematologica mucronatus by species-specific polymerase chain
16:511-516. reaction primer pairs. Nematology 6:273–277.
Kumari S, Lišková M (2009) Molecular confirmation McKenry MV, Vineros M, Teviotdale B (1990) Crico-
of  Xiphinema italiae  Meyl, 1953 (Nematoda: nema mutabile associated with bacterial canker
Longidoridae) from the Slovak Republic. Hel- and nemaguard rootstock. Plant Disease 74:394.
minthologia 46:131-134. Mekete T, Reynolds K, Lopez-Nicora HD, Gray ME, Ni-
Kutsuwa K, Dickson DW, Brito JA, Jeyaprakash A, black TL (2011) Distribution and diversity of root-
Drew A (2015) Belonolaimus longicaudatus: an lession nematode (Pratylenchus spp.) associated
emerging pathogen of peanut in Florida. Journal with Miscanthus × giganteus and Panicum virga-
of Nematology 47:87–96. tum used for biofuels, and species identification
Li W, Yan Z, Nakhla MK, Skantar AM (2015) Real-time in a multiplex polymerase chain reaction. Nema-
PCR for detection and identification of Anguina tology 13:673-686.
funesta, A. agrostis, A. tritici, and A. pacificae. Mitkowski NA  (2007) First report of  Subanguina
Plant Disease 99:1584-1589. radicicola, the root-gall nematode infecting  Poa
Luc M, Aubert V (1985) On the distribution of Xiphi- annua putting greens in Washington State. Plant
nema itallae Mek, 1953 and X. saviwzcola Luc & Disease 91:905.
Southey, 1980 (Nematoda: Longidoridae). Revue Mojtahedi SA, Guerra H, Eastwell L, Villamor K, Han-
Nematologie 8:85-92. doo DEV, Skantar ZA, Skantar AM (2015) First Re-
Luc M, Berdon-Brizuela R (1961) Heterodera oryzae port of Xiphinema rivesi (Nematoda, Longidori-
n. sp. (Nematoda-Tylenchoidea) parasite du riz en dae) in Washington State. Plant Disease 99:1188.
Cote d’Ivoire. Nematologica 6:272-279. Mokrini F, Waeyenberge L, Viaene N, Andaloussi FA,
Ma Y, Xie H, Wang J, Liu C(2011). Detection of sec- Moens M (2016) Diversity of root-lesion nema-
ond-stage juveniles of Anguina agrostis using todes (Pratylenchus spp.) associated with wheat
TaqMan Real-time PCR. Russian Journal of Nema- (Triticum aestivum and T. durum) in Morocco.
tology 19:151–158. Nematology 18:1-21.
Madani M, Vovlas N, Castillo P, Subbotin SA, Moens Mokrini  F,  Andaloussi A,  Waeyenberge  L, Viaene
M (2004) Molecular characterization of cyst nem- N,   Moens M (2014) First report of the dagger
atode species (Heterodera spp.) from the medi- nematode Xiphinema diversicaudatum  in citrus
terranean basin using RFLPs and sequences of orchards in Morocco. Plant Disease 98:575.
ITS-rDNA Journal Phytopathology 152, 229–234. Moura RM (1996) O gênero Meloidogyne e a Meloi-
Mamiya Y, Enda N (1979) Bursaphelenchus mucro- doginose: Parte 1. Revisão Anual de Patologia de
natus n.sp. (Nematoda: Aphelenchoididae) from Plantas 4:209-244.
pine wood and its biology and pathogenicity to Moura RM (1997). O gênero Meloidogyne e a Meloi-
pine trees. Nematologica 25:353-361. doginose: Parte 2. Revisão Anual de Patologia de
Manso EC, Tenente RCV (1994) Extração e identifica- Plantas 5:281-315.
ção de fitonematoides. Revisão Anual de Patolo- Mulvey RH (1979) Heterodera canadensis n. sp.
gia de Plantas 2:265-291. (Nematoda: Heteroderidae) from spike-rush (El-
Manzanilla-López R, Costilla MA, Douc M, Franco eocharis acicularis (L.) R. & S.) in Quebec, Canada.
J, Inserra JRN, Lehman PS, Prado ICD, Souza R, Journal of Nematology 11:363-371.
Evans K. 2002. Nacobbus species: Systematic, dis- Mulvey RH, Golden AM (1983) Illustrated key to the
tribution, biology and management. Nematropica cyst-forming genera and species of Heteroderidae
32:149-227. in the western hemisphere with species morpho-

RAPP - Volume 24, 2016 99


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

metrics and distribution. Journal of Nematology chus xylophilus and Bursaphelenchus mucrona-
15:1-59. tus. PLoS ONE 8: http://dx.doi.org/10.1371/jour-
Mulvey RH, Stone AR (1976). Description of Punc- nal.pone.0056288.
todera matadorensis n. gen., n. sp. (Nematoda: Perry RN, Moens M (2013) Plant Nematology. 2nd Ed.
Heteroderidae) from Saskatchewan with lists Wallingford, UK. CAB International. 536 pp.
of species and generic diagnoses of Globodera Peterson DJ, Vrain TC (1996) Rapid identification of
(n.rank), Heterodera, and Sarisodera. Canadian Meloidogyne chitwoodi, M. hapla and M. fallax
Journal of Zoology 54:772-785. using PCR primers to amplify their ribosomal in-
Nakhla MK, Owens KJ, Li W, Wei G (2010) Multiplex tergenic spacer. Fundamental and applied Nema-
real-time PCR assays for the identification of the tology 19, 601-605.
potato cyst and tobacco cyst nematodes. Plant Powers TO, Szalansky AL, Mullin PG, Harris TS, Ber-
Disease 94: 959–965. tozzi T, Griesberg JA (2001) Identification of seed
Nickle WR (1970) A taxonomic review of the gen- gall nematodes of agronomic and regulatory con-
era of the Aphelenchoidae (Fuchs, 1937) Thorne, cern with PCR-RFLP of ITS1. Journal of Nematol-
1949 (Nematoda: Tylenchida). Journal of Nema- ogy 33:191–194.
tology 2: 375–392. Qiao Y, Yu Q, Badiss A, Zaidi MA, Ponomareva E, Hu
Nobbs JM, Ibrahim SK, Rowe J. (1992) A morpho- Y, Ye W (2016) Paraphyletic genus Ditylenchus Fil-
logical and biochemical comparison of the four ipjev (Nematoda, Tylenchida), corresponding to
cyst nematode species, Heterodera elachista, H. the D. triformis-group and the D. dipsaci-group
oryzicola, H. oryzae and H. sacchari (Nematoda: scheme. ZooKeys 568:1–12.
Heteroderidae) known to attack rice (Oryza sati- Rao U, Rao S, Rathi A, Gothalwal R, Atkinson H (2011)
va) Fundamental and Applid Nematology 15:551- A comparison of the variation in Indian popula-
562. tions of pigeon pea cyst nematode,  Heterodera
OEPP/EPPO (2013) PM 7/119 (1) Nematode extrac- cajani revealed by morphometric and AFLP analy-
tion. EPPO Bulletin 43: 471–495. sis. ZooKeys 135:1-19.
Oliveira CMG, Inomoto MM, Bessi R, D’O Tomazini Rao YS, Jayaprakash A (1978) Heterodera oryzicola
M, Block VC (2011) Técnicas moleculares e taxo- n.sp. (Nematoda: Heteroderidae) a cyst nema-
nomia clássica na diagnose de nematoides para- tode on rice (Oryza sativa L.) from Kerala State,
sitos de plantas. Revisão Anual de Patologia de India. Nematologica 24:341–346.
Plantas 19:309-336. Raski D (1952) On the morphology of  Criconemoi-
Oliveira RDL, Santin AM, Seni DJ, Dietrich A, Salazar des Taylor, 1936, with descriptions of six new spe-
LA, Subbotin AS, Mundo-Ocampo M, Goldenberg cies. Proceedings of the Helminthological Society
R, Barreto RW (2013) Ditylenchus gallaeformans 19:85–99.
sp. n. (Tylenchida: Anguinidae) – a neotropical ne- Raski D, Luc M (1987) A reappraisal of tylenchina
matode with biocontrol potential against weedy (Nemata) 10. The superfamily Criconematoidea
Melastomataceae. Nematology 15:179-196. Taylor, 1936. Revue de Nématologie 10:409–444.
Parkinson N (2015) Rapid Pest Risk Analysis (PRA) Rathore YS, Tiwari SN (2015) Relationship of differ-
for Pratylenchus scribneri. Available at: https:// ent species of Heterodera with taxonomic group-
secure.fera.defra.gov.uk/phiw/riskRegister/plant- ing of host plants. International Journal of Science
health/documents/pra-pratylenchus-scribne- and Research 7: 2269-2276.
ri-2016.pdf. Accessed on may 30, 2016.. Rau GJ (1958) A new species of sting nematode. Pro-
Peraza–Padilla W, Powers T, Hernández AE (2015) Re- ceedings of the Helminthological 25:95-98.
cords of fifteen ring nematodes (Nematoda: Cri- Robinson AF, Inserra RN, Caswell-Chen EP, Vovlas N,
conematidae) reported for the first time in Costa Troccoli A (1997) Review: Rotylenchulus species:
Rica. 47th ONTA. p.75. identification, distribution, host ranges, and crop
Pereira F, Moreira C, Fonseca L, van Asch B, Mota M, plant resistance. Nematropica 27:127-180.
Abrantes I, Amorim A (2013) New insights into Sabo A, Reis LGL, Krall E, Mundo-Ocampo, M, Fer-
the phylogeny and worldwide dispersion of two ris VR (2002) Phylogenetic relationships of a
closely related nematode species, Bursaphelen- distinct species of Globodera from Portugal and

100 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

two Punctodera species. Journal of Nematology Stone AR,  Burrows PR  (1985)  Nacobbus aberrans.
34:263-266. CIH Descriptions of Plant Parasitic Nematodes n°
Salinas-Castro A, Nava-Díaz C, Luna-Rodríguez M, 119. Wallingford, UK. CAB International.
San Martín-Romero E, Rivera-Fernández A (2016) Stynes BA, Bird AF (1980) Anguina agrostis, the vec-
Antagonistic bactéria affecting the golden cyst tor of annual rye grass toxicity in Australia. Nema-
potato nematode (Globodera rostochiensis Woll.) tologica 26:475-490.
in the region of Perote, Veracruz, México. Trigos Subbotin SA, Krall EL, Riley IT, Chizhov VN, Stael-
A2 Global Advanced Research Journal of Microbi- ens A, De Loose M, Moens M (2004) Evolution
ology 5:16-22. of the gall-forming plant parasitic nematodes
Sharma RD, Loof, PAA (1977) Nematodes associated (Tylenchida:Anguinidae) and their relationships
with different plants at Passo Fundo, Brazil. In: 4º with hosts as inferred from Internal Transcribed
Congresso Brasileiro de Entomologia, Resumos… Spacer sequences of nuclear ribosomal DNA. Mo-
Goiânia, GO. Sociedade Entomológica do Brasil. p. lecular Phylogenetics and Evolution 30:226–235.
68-69. Subbotin SA, Mundo-Ocampo M, Baldwin JG (2010)
Sharma SB (1998). The cyst nematodes. Kluwer Aca- Systematics of cyst nematodes (Nematoda: Het-
demic Publishers, The Netherlands. 452p eroderinae). Nematology Monograps and Per-
Siddiqi MR (2000) Tylenchida parasites of plants and spectives 8A. Brill, Leiden-Boston. 351 pp.
insects. 2nd Ed. Wallingford, UK. CAB Internation- Subbotin SA, Vera ICDPV, Mundo-Ocampo M, Bald-
al. 833 pp. win JG (2011) Identification, phylogeny and phy-
Singh SK, Hodda M, Ash GJ (2013) Plant-parasitic logeography of circumfenestrate cyst nematodes
nematodes of potential phytosanitary impor- (Nematoda: Heteroderidae) as inferred from
tance, their main hosts and reported yield losses. analysis of ITS-rDNA. Nematology 13:805-824.
EPPO Bulletin 43:334–374. Subbotin SA, Vierstraete A, De Ley P, Rowe J, Waey-
Sirca S, Geric Stare B, Strajnar P, Urek G (2010) PCR- enberge L, Moens M, Vanfleteren JR (2001) Phy-
RFLP diagnostic method for identifying Globodera logenetic relationships within the cyst-forming
species in Slovenia. Phytopathologia Mediterra- nematodes (Nematoda, Heteroderidae) based on
nea 49:361-369. analysis of sequences from the ITS regions of ri-
Skantar AM, Handoo ZA, Caria LK, Cuttwood DJ bosomal DNA. Molecular Phylogenetic and Evolu-
(2007) Morphological and molecular identifica- tion 21:1-16.
tion of Globodera pallida associated with potato Subbotin SA, Waeyenberge L, Moens M (2000) Iden-
in Idaho. Journal of Nematology 39:133-144. tification of cyst forming nematodes of the genus
Skantar AM, Handoo ZA, Zanakis, GN, Tzortzakakis Heterodera (Nematoda: Heteroderidae) based on
EA (2012) Molecular and Morphological Charac- the ribosomal DNA-RFLP. Nematology 2:153–164.
terization of the Corn Cyst Nematode, Heterodera Subbotin SA, Waeyenberge L, Moens M (2013) Mo-
zeae, from Greece. Journal of Nematology 44:58– lecular Systematics. In: Perry RN, Moens M (Eds).
66. Plant Nematology. UK. CABI. pp. 41-72.
Souza RM (2001) O falso nematoide-das-galhas. Re- Subbotin SA, Waeyenberge L, Molokanova IA,
visão Anual de Patologia de Plantas 9:237-266. Moens M (1999) Identification of Heterodera av-
Steenkamps S, De Waele D, McDonald A (2016). enae group species by morphometrics and rDNA-
Reproduction and damage potential of five geo- RFLPs. Nematology 1:195-207.
graphical Ditylenchus africanus populations on Sullivan M, Mackesy D (2012). CPHST PestDatasheet
peanut. Journal of Nematology 48:72–78. for Punctodera chalcoensis. USDA-APHIS-PPQ-
Stone AR (1973) Heterodera pallida n. sp. (Nemato- CPHST.
da: Heteroderidae), a second species of potato Sullivan M, Mackesy D, Molet T (2014) CPHST Pest-
cyst nematode. Nematologica 18:591-606. Datasheet for Heterodera sacchari. USDA-APHIS-
Stone AR, Sosa Moss C, Mulvey RH (1976) Punctode- PPQ-CPHST.
ra chalcoensis n.sp. (Nematoda: Heteroderidae) Szalanski AL, Sui DD, Harris S, Powers TO (1997) Iden-
a cyst nematode from Mexico parasitising Zea tification of cyst nematodes ofa and regulatory
mays. Nematologica 22:381-389. concern with PCR-RFLP of ITS1. Journal of Nema-

RAPP - Volume 24, 2016 101


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

tology 29:255-267. numbers. Plant Pathology 64:489–500.


Tanha Maafi Z, Sturhan D, Handoo Z, Mor M, Moens Vera ICDP, Maggenti AR (1984) A new gall-form-
M, Subbotin SA (2007) Morphological and mo- ing species of Anguina Scopoli, 1777 (Nemata:
lecular studies on Heterodera sacchari, H. golden Anguinidae) on bluegrass, Poa annua L., from
and H. leuceilyma (Nematoda: Heteroderidae). the Coast of California. Journal of Nematology
Nematology 9:483-497. 16:386-392.
Tenente RCV, Abrantes IMO, Tenente GSMV (2002) Vera ICDP, Subbotin SA (2012) Belonolaimus malu-
Nematoide: o gênero Xiphinema. Revisão Anual ceroi sp. n. (Tylenchida: Belonolaimidae) from a
de Patologia de Plantas 10:111-153. tropical forest in Mexico and key to the species of
Tenente RCV, Oliveira MRV, Melo, LAMP (2007) Belonolaimus. Nematropica 42:201-210.
Subsídios ao processo de elaboração de plano Vovlas N, Greco N, Di Vito M (1985) Heterodera ciceri
de contigência de Anguina tritici (Steinbuch, n. sp. (Nematoda: Heteroderidae) on Cicer arieti-
1799) Chitwood, 1935. Embrapa. Documento num L. from Northern Syria. Nematologia Medi-
219. 36 p. terranea 13:239-252.
Tenente RCV, Vianello RP, Pinheiro FP (2000) Re- Vovlas N, Inserra RN, Stone AR (1981)  Heterodera
produção de Ditylenchus dipsaci (Kuhn, 1857) mediterraneasp. n. (Nematoda: Heteroderidae)
Filipjev, 1936 em diferentes plantas hospedeiras on Pistacia lentiscus in Southern Italy. Nemato-
no Brasil. Nematologia Brasileira 24:87-90. logica 27:129-138.
Tirchi N, Troccoli A, Fanelli E, Mokabli A, Mouhouche Wang X, Bosselut N, Reynal B, Castagnone C, Voisin
F, De Luca F (2016) Morphological and molecu- R, Abad  P, Esmenjaud D (2002) Morphometric
lar identification of potato and cereal cyst nem- variability between populations of Xiphinema
atode isolates from Algeria and their phyloge- diversicaudaturn (Nematoda: Dorylaimoidea).
netic relationships with other populations from Nematology 4:627.
distant their geographical areas. European Jour- Wendt KR, Swart A, Vrain TC, Webster JM (1995)
nal of Plant Pathology. Available at: http://dx.doi. Ditylenchus africanus sp. n. from South Africa; a
org/10.1007/s10658-016-0965-z. Accessed on morphological and molecular characterization.
may 30, 2016. Fundamental and Applied Nematology 18:241-
Troccoli A, De Luca F, Handoo ZA, Di Vito M (2008) 250.
Morphological and molecular characterization of  Wishart J, Phillips MS, Blok VC (2002) Ribosomal
Pratylenchus lentis n. sp. (Nematoda: Pratylenchi- intergenic spacer: a polymerase chain reaction
dae) from Sicily.  Journal of Nematology 40:190- diagnostic for Meloidogyne chitwoodi, M. fallax
196. and M. hapla. Phytopathology 92:884–892.
Van Den Berg E, Palomares-Rius JE, Vovlas N, Tiedt Wouts WM, Sturhan D (1978) The identify of Het-
LR, Castillo P, Subbotin SA (2016) Morphological erodera trifolii GofTart, 1932 and the description
and molecular characterisation of one new and of H. daverti n. sp. Nematologica 24:121-128.
several known species of the reniform nematode, Yan GP, Plaisance A, Huang D, Gudmestad NC (2016)
Rotylenchulus Linford & Oliveira, 1940 (Hoplo- First report of the root-lesion nematode Prat-
laimidae: Rotylenchulinae), and a phylogeny of ylenchus scribneri infecting potato in North Da-
the genus. Nematology 18:67-107. kota. Plant Disease 100:1023.
Van Ghelder C, Reid A, Kenyon DM, Esmenjaud D Yan GP, Smiley RW, Okubara PA (2012) Detection
(2015) Detection of nepovirus vector and nonvec- and quantification of Pratylenchus thornei in DNA
tor Xiphinema species in grapevine. In: Plant Pa- extracted from soil using real time PCR. Phytopa-
thology: Techniques and Protocols. Springer. New thology 102:14-22.
York. pp.149-159. Yan, GP, Smiley RW, Okubara PA, Skantar AM (2013)
Van Ghelder C., Reid A, Kenyon D, Esmenjaud D Species-specific PCR assays for differentiating
(2015) Development of a real-time PCR method Heterodera filipjevi and H. avenae. Plant Disease
for the detection of the dagger nematodes Xiphi- 97:1611-1619.
nema index, X. diversicaudatum, X. vuittenezi and Ye W, Giblin-Davis RM (2013) Molecular character-
X. italiae, and for the quantification of X.  index ization and development of real-time PCR assay

102 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo Sergio Torres Brioso e Ricardo Moreira de Souza (70-103)

for pinewood nematode Bursaphelenchus xyloph- Aphelenchoididae) found in pine wood in Hunan
ilus (Nematoda: Parasitaphelenchidae). PLoS ONE Province, China. Proceedings of the Helmintho-
8:11. logical Society of Washington 55:1-11.
Yeates GW, Loof PAA, Wouts WM (1997) Cricone- Zhang F, Yan S, Zhou Y, Guo G, Guo S, Jin Z, Zeng H,
matidae (Nematoda: Tylenchida) from the New Peng D, Ruan L, Sun M (2015) First Report of Pra-
Zealand region: analysis of and key to Criconema tylenchus goodeyi on banana in Hainan Province,
(Nothocriconemella) species. New Zealand Jour- China. Plant Disease 99:731.
nal of Zoology 24:153-162. Zijlstra C, van Hoof RA (2006) A multiplex real-time
Yin K, Fang Y, Tarjan AC (1988) A key to species in Polymerase Chain Reaction (Taqman) assay for the
the Bursaphelenchus with a description of Bur- simultaneous detection of Meloidogyne chitwoodi
saphelenchum hunanensis sp. n. (Nematoda: and M. fallax. Phytopathology 96:1255–1262.

RAPP - Volume 24, 2016 103


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

RISCOS POTENCIAIS DE PATÓGENOS


FLORESTAIS EXÓTICOS PARA O SETOR
FLORESTAL BRASILEIRO
Celso Garcia Auer1 e Álvaro Figueredo dos Santos1

RESUMO
Listas de pragas exóticas são elaboradas visando proteger as culturas
agrícolas e florestais dos países e blocos continentais. Essas pragas são avalia-
das por sistemas de vigilância sanitária vegetal, a partir de análises de risco e
aquelas de maior impacto e potencial de entrada e de estabelecimento podem
ser classificadas como pragas quarentenárias. No caso dos patógenos florestais
existem fungos, bactérias, nematoides e vírus que podem representar riscos po-
tenciais. Além dos patógenos quarentenários colocados na lista A1 de pragas
quarentenárias para o Brasil, outros patógenos exóticos não quarentenários po-
dem também representar riscos aos cultivos florestais. Essa revisão aborda as
principais espécies florestais plantadas no Brasil: eucalipto, pínus, acácia-negra,
teca e álamo, seus patógenos presentes mais importantes, os patógenos con-
siderados quarentenários e patógenos exóticos não quarentenários. Ênfase foi
dada às possíveis formas de introdução de patógenos, a necessidade de cons-
tante atualização das listas de pragas quarentenárias e capacitação de técnicos
em relação ao tema patógenos quarentenários e exóticos.

SUMMARY
Lists of exotic pests are designed to protect agricultural and forest cul-
tures of countries and continental blocks. These pests are evaluated by plant
health surveillance systems, from risk analysis and those of greater impact and
potential entry and establishment may be classified as quarantine pests. In the
case of forest pathogens are fungi, bacteria, nematodes, and viruses that can
pose potential risks. In addition to the quarantine pathogens placed in the A1 list
of quarantine pests for Brazil, other non-quarantine exotic pathogens can also
pose risks to forest crops. This review addresses the main tree species plant-
ed in Brazil: eucalyptus, pine, black wattle, teak and poplar, its most important
pathogens present, pathogens considered quarantine and non-quarantine ex-
otic pathogens. Emphasis was given to possible ways of introducing pathogens,
the need for constant updating of the lists of quarantine pests and training of
technicians on topics of quarantine and exotic pathogens.

Introdução pido crescimento, tais como eucalipto (Eucalyptus


O Setor Florestal Brasileiro é constituído, em spp.) e pínus (Pinus spp.) que fornecem matéria-
sua maioria, por espécies florestais exóticas de rá- -prima para vários setores industriais (IBÁ, 2015). A

1
Laboratório de Patologia Florestal, Embrapa Florestas, Estrada da Ribeira, Km 111, 83411-000, Colombo, PR. celso.auer@embra-
pa.br, alvaro.santos@embrapa.br.

104 RAPP - Volume 24, 2016


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

madeira produzida se constitui em fonte de fibras nários constantes nas listas A1 e A2 do MAPA, para
celulósicas destinada à produção de papel e chapas, cada uma das espécies florestais – eucalipto, pínus,
bem como produtos mais nobres destacando-se a acácia negra, teca e álamo - e a inclusão de pató-
produção de laminados e madeira serrada, para os genos exóticos, ainda não normatizados pelo MAPA,
mais diversos usos. Na geração de energia, a biomas- mas que poderão representar riscos potenciais para
sa pode ser utilizada in natura na forma de cavacos, a área florestal. A análise dos patógenos quarente-
lenha, carvão e até como substrato para produção nários foi baseada na lista A1 publicada na Instrução
de álcool de segunda geração. A madeira também Normativa n. 41 de 2008 (BRASIL, 2008) e que foi
serve para outros usos como mobiliário, construção não alterada pela Instrução Normativa n. 59 de 2013
civil e uso residencial. Em 2014, as áreas com flores- (BRASIL, 2013).
tas plantadas representaram 7,74 milhões de hecta-
res, correspondendo a 0,9 % do território brasileiro Eucalipto
(IBÁ, 2015). Desse total, o eucalipto respondeu pela Patógenos existentes no Brasil
maior área plantada com 5,56 milhões de hectares, O eucalipto é plantado em quase todo o terri-
seguido pelo pínus com 1,59 milhão, acácia negra tório nacional, especialmente nos estados de Minas
e acácia mangium com 160 mil, teca com 87 mil, e Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul (IBÁ, 2015)
outras espécies florestais para a indústria fosforeira com a maioria dos plantios constituída por clones de
como é o caso do álamo com 4 mil (IBÁ, 2015). Neste Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla denomi-
ano, o setor florestal brasileiro gerou 610.000 em- nado de urograndis (Alfenas et al. 2009). O eucalipto
pregos diretos e indiretos, em várias regiões brasilei- possui vários patógenos registrados no Brasil (Tabela
ras, com uma participação no produto interno bruto 1). Os principais patógenos são Puccinia psidii (fer-
(PIB) de 1,1 % (IBÁ, 2015). rugem), Ceratocystis fimbriata e Ralstonia solana-
A importância socioeconômica da área flo- cearum (murcha vascular), Chrysoporthe cubensis e
restal brasileira e o risco de entrada de patógenos Botryosphaeria spp. (cancros), Cylindrocladium spp.
exóticos tem sido uma preocupação constante do Mycosphaerella/Teratosphaeria, Xanthomonas axo-
setor florestal. Os impactos potenciais podem ser es- nopodis e Erwinia psidii (cancro e murcha) em plan-
perados na redução da produtividade das florestas, tios comerciais.
da qualidade da matéria-prima (madeira) produzida
e, em casos mais graves, o impedimento do uso de Patógenos oficialmente listados como qua-
determinadas espécies ou de materiais genéticos al- rentenários
tamente suscetíveis aos patógenos exóticos. Várias A atual lista A1 de pragas quarentenárias
introduções foram constatadas nos últimos 20 anos: para o Brasil apresenta oito patógenos fúngicos, des-
Teratosphaeria nubilosa e Teratosphaeria pseudoeu- tacando-se como patógenos radiculares Armillaria
calypti em eucaliptos (Perez et al., 2009; Candido et luteobubalina (importante em eucaliptos na Austrá-
al., 2014) e Olivea neotectonae (Olivea tectonae) em lia), Armillaria tabescens e Heterobasidion annosum
teca (Cabral et al., 2010; Bonaldo et al., 2011, Pieri (polífagos) e para patógenos de tronco, somente foi
et al., 2011). relacionado Chondrostereum purpureum (Tabela 2).
No Ministério de Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento (MAPA), o tema pragas quarentenárias (o Patógenos exóticos não quarentenários
conceito de forma abrangente inclui doenças, inse- Os patógenos que podem ser destacados
tos e plantas daninhas) é tratado no Departamen- como importantes para a cultura do eucalipto e que
to de Sanidade Vegetal (DSV). Nas listas elaboradas ainda não foram normatizados como pragas quaren-
pelo MAPA há uma diferenciação entre patógenos tenárias são patógenos foliares como Teratosphaeria
quarentenários ainda não encontrados no território spp., e Quambalaria pitereka (Tabela 2). Esses fun-
brasileiro, chamados de pragas A1, e aqueles que gos causam desfolha, declínio e morte das árvores,
foram introduzidos, mas se encontram localizados, com impactos significativos na produtividade das
chamados de pragas A2. florestas de eucalipto na Austrália (Carnegie, 2007).
Neste trabalho, a sistemática adotada para De acordo com este autor, Teratosphaeria eucalyp-
o tema será a abordagem de patógenos quarente- ti causou severa desfolha (> 95 %) em Eucalyptus

RAPP - Volume 24, 2016 105


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

Tabela 1. Lista de patógenos registrados para a cultura do eucalipto no Brasil.


Patógeno Doença Danos ou Sintomas
Alternaria tenuissima Mancha foliar de Lesão foliar em mudas.
Alternaria
Aulographina eucalypti Mancha de Lesões necróticas sobre nervuras, pecíolo, galhos e
Aulographina ramos mais finos.
Botryosphaeria ribis (= Neofusicoccum ribis) Cancro de Lesões em casca, em várias partes do caule, com
Botryosphaeria dothidea (= Fusicoccum aesculi) Botryosphaeria quebra no ponto de infecção, exsudação de goma,
Botryosphaeria rhodina (= Lasiodiplodia theobromae) estrangulamento de árvores jovens.
Botrytis cinerea (= Botryotinia fuckeliana) Mofo cinzento; Queima e seca de ponteiros de mudas e árvores
Podridão de Botrytis jovens; morte de miniestacas.
Ceratocystis fimbriata Murcha de Declínio, cancro, escurecimento radial do lenho;
Ceratocystis murcha e morte de minicepas, miniestacas e árvores
jovens.
Cercospora eucalypti Mancha de Cercospora Manchas foliares que podem tomar todo o limbo.
Colletotrichum gloesporioides Antracnose Mancha foliar, desfolha e secamento descendente da
haste de mudas.
Cryptosporiopsis eucalypti Mancha de Manchas foliares com ou sem desfolha.
Cryptosporiopsis
Crysoporthe cubensis (= Cryphonectria cubensis) Cancro Lesões na casca de árvores jovens e adultas;
estrangulamento e morte de árvores.
Coniothyrium sp. Cancro de Lesões necróticas pequenas ou longas, deprimidas no
Coniothyrium caule, gomose, declínio e redução no crescimento da
árvore.
Cylindrocladium spp. Mancha foliar de Manchas e secamento de folhas e ramos em mudas
Cylindrocladium candelabrum (= Calonectria scoparia) Cylindrocladium; e árvores jovens; secamento da haste de mudas;
Cylindrocladium clavatum Canela preta; Tombamento de plântulas; Morte de estacas e
Cylindrocladium ovatum Tombamento de miniestacas.
Cylindrocladium parasiticum (= Calonectria ilicilola) mudas;
Cylindrocladium pteridis Morte de miniestacas
Cylindrocladium scoparium (= Calonectria morganii)
Cylindrocladium ilicicola (= Calonectria pyrochroa)
Cylindrocladium floridanum
Cylindrocladium quinqueseptatum (= Calonectria quinqueseptata)
Cytospora eucalypticola (= Valsa certosperma) Cancro de Cytospora Lesões na casca e cancro em tronco.
Erwinia psidii Cancro e murcha Seca de ramos e ponteiros, murcha.
Erythricium salmonicolor (= Corticium salmonicolor) Enfermidade rosada Lesões na casca e anelamento de hastes e galhos de
ou rubelose árvores jovens, formação de cancros, quebra do caule.
Inocutis jamaicensis Cancro e podridão de Lesão em tronco, trincamento da casca, cancro e
Inocutis apodrecimento de lenho e quebra de caule.
Hainesia lythri Mancha de Hainesia Lesão foliar em mudas; anelamento da haste e morte
apical de mudas.
Harknessia sp. Mancha de Harknessia Manchas foliares
Mycosphaerella/Teratosphaeria Mancha foliar de Manchas foliares de vários tipos, com ou sem desfolha.
Mycospharella parkii (= Stenella parkii) Mycosphaerella /
Mycosphaerella marksii Teratosphaeria
Teratosphaeria suberosa
Teratosphaeria suttonii (= Kirramyces epicoccoides)
Teratosphaeria molleriana (= Colletogloeopsis molleriana)
Teratosphaeria nubilosa
Oidium eucalypti; Erysiphe cichoracearum; Sphaerotheca pannosa Oídio Queima, seca e queda de folhas em mudas e árvores
jovens.
Pestalotiopsis spp. Mancha foliar e Lesões necróticas em folhas e hastes de estacas e
anelamento da haste miniestacas.
Phytophthora sp. Podridão de raiz Tombamento e morte de plântulas em viveiro.
Pilidiella eucalyptorum (= Coniella fragariae) Mancha foliar de Manchas foliares extensas com ou sem desfolha em
Pilidiella árvores.
Puccinia psidii Ferrugem Queima de folhas e brotações de mudas e árvores
jovens.
Quambalaria eucalypti (= Sporothrix eucalypti) Mancha foliar e Estrangulamento da haste de mudas; lesão foliar
anelamento da haste de mudas, minicepas, miniestacas e árvores jovens;
anelamento de hastes e ramos, lesões na casca e
cancros no caule de árvores jovens.
Ralstonia solanacearum biovar I Murcha bacteriana Necrose foliar, murcha e morte de minicepas; murcha
vascular e morte de árvores jovens.
Rhizoctonia solani (AG1-1B); espécies binucleadas de Rhizoctonia; Mela e mancha de Crescimento epifítico sobre folhas, miniestacas, mudas
Thanatephorus cucumeris Rhizoctonia e árvores jovens, causando secamento e morte.
Trimmatostroma excentricum Mancha de Manchas foliares pequenas.
Trimmatostroma
Xanthomonas axonopodis Mancha foliar Manchas foliares necróticas em mudas e árvores
bacteriana jovens.
Fonte: Ferreira (1989), Alfenas et al. (2009), Krugner & Auer (2005a).

106 RAPP - Volume 24, 2016


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

Tabela 2. Listagem de patógenos exóticos quarentenários ou não considerados importantes para a cultura do eucalipto.
Patógeno Doença Danos Status Referências
quarentenário*
Armillaria luteobubalina Podridão de Apodrecimento de raízes e morte PQ BRASIL (2008)
Armillaria tabescens raízes de árvores.
Chondrostereum purpureum Podridão do Infecção em árvores vivas, declínio PQ BRASIL (2008)
tronco e apodrecimento da madeira Farr & Rossman (2016)**
Hetereobasidion annosum (= Podridão de Apodrecimento de raízes e morte PQ BRASIL (2008)
Spiniger meineckellus) raízes de árvores. Farr & Rossman (2016)**
Teratosphaeria destructans (= Mancha foliar Manchas foliares e desfolha. - Andjic et al. (2011)
Kirramyces destructans)
Kirramyces eucalypti Mancha foliar Manchas foliares e desfolha. - Alfenas et al. (2009)
Pilidiella destruens Seca de Declínio de árvores. - Alfenas et al. (2009)
ponteiros
Quambalaria pitereka Mancha foliar Manchas foliares e deformação de - Roux et al. (2006)
órgãos.
*PQ – praga quarentenária, de acordo com lista A1 de pragas quarentenárias para o Brasil. **Base de dados utilizada
para busca de espécies de eucalipto hospedeiras aos patógenos florestais listados como quarentenários.

nitens provocando a morte de ponteiros e árvores Patógenos oficialmente listados como qua-
enquanto que Quambalaria pitereka levou a danos rentenários
significativos na copa (25 % de severidade) e queima A lista A1 apresenta 10 fungos e 2 nematói-
de ponteiros, principalmente em plantios jovens de des quarentenários que podem representar riscos
Corymbia spp. para a cultura de pínus (Tabela 4). Destacam-se os
patógenos radiculares dos gêneros Armillaria e He-
Pinus terobasidion, os nematóides vasculares do gênero
Patógenos existentes no Brasil Bursaphelenchus, as ferrugens dos gêneros Cronar-
O pínus é plantado principalmente nos esta- tium e Endocronartium, de cancro de Gibberella
dos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul circinata e de acículas e copa dos gêneros Mycos-
(IBÁ, 2015) e as principais espécies plantadas são Pi- phaerella. Todos são patógenos importantes e com
nus taeda e Pinus elliottii var. elliottii (subtropicais) e grandes danos e prejuízos relatados em várias partes
Pinus caribaea var. hondurensis (tropical) (Shimizu & do mundo.
Sebben, 2008).
Os principais patógenos que ocorrem no pí- Patógenos exóticos não quarentenários
nus são os fungos Armillaria sp. (podridão de raízes) O patógeno que pode ser destacado para
e Diplodia pinea (seca de ponteiros) (Tabela 3). Até o a cultura do pínus ainda não registrado no Brasil é
momento, desconhece-se qual a espécie de Armilla- Phytophthora pinifolia, restrito ao Chile (Santos et
ria que ataca o pínus no Brasil. al., 2013). Os impactos desse oomiceto são rele-

Tabela 3. Lista de patógenos registrados para a cultura do pínus no Brasil.


Patógeno Doença Danos
Armillaria sp. Podridão de raízes Apodrecimento de raízes e morte de árvores.
Cylindrocladium clavatum Podridão de raízes Podridão de raízes de mudas e árvores, morte de plantas.
Cylindrocladium pteridis Queima de acículas Lesões em acículas com estrangulamento e morte;
desfolha em mudas e árvores jovens.
Diplodia pinea (= Sphaeropsis sapinea) Seca de ponteiros Queima de brotos de mudas, seca de ponteiros de árvores
jovens, cancros em caule, manchamento da madeira.
Dothistroma septospora (= Queima de acículas Lesões em acículas com estrangulamento e morte;
Mycosphaerella pini) desfolha em mudas e árvores jovens.
Fusarium sp. Podridão de raízes Podridão de raízes de mudas.
Lophodermium sp. Mancha de Lophodermium Lesões em acículas com estrangulamento e morte;
desfolha em mudas e árvores jovens.
Rhizoctonia solani (= Thanathephorus Podridão de raízes Apodrecimento de raízes e da base de estacas e
cucumeris) miniestacas de mudas.
Fonte: Ferreira (1989), Krugner & Auer (2005b).

RAPP - Volume 24, 2016 107


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

Tabela 4. Listagem de patógenos exóticos considerados importantes para a cultura do pínus no exterior.
Patógeno Doença Danos Status quarentenário* Referências
Armillaria luteobubalina Podridão de raízes Apodrecimento de raízes e PQ BRASIL (2008)
Armillaria ostoyae morte de árvores.
Armillaria tabescens
Bursaphelenchus xylophilus Murcha vascular Colonização dos traqueídeos PQ BRASIL (2008)
Bursaphelenchus mucronatus da árvore; murcha da copa e
morte de árvores
Cronartium fusiforme Ferrugem Formação de galhas, PQ BRASIL (2008)
Cronartium quercuum deformação do tronco, morte
da planta.
Endocronartium harknessii Ferrugem Formação de galhas, PQ BRASIL (2008)
deformação do tronco, morte
da planta.
Gibberella circinata Cancro resinoso do Tombamento de mudas; PQ BRASIL (2008)
(= Fusarium circinatum) pínus Infecções sistêmicas em ramos
e tronco, cancro, declínio e
morte.
Hetereobasidion annosum Podridão de raízes Apodrecimento de raízes e PQ BRASIL (2008)
morte de árvores.
Mycosphaerella dearnessii Queima de acículas Lesões em acículas, desfolha e PQ BRASIL (2008)
(= Lecanosticta acicola) morte de árvores jovens.
Mycosphaerella gibsonii
(= Pseudocercospora
pini-densiflorae)
Phytophthora pinifolia Dano foliar do pínus Lesões em acículas e - Santos et al.
secamento, lesões necróticas (2013)
no caule e morte de plantas
*PQ – praga quarentenária, de acordo com lista A1 de pragas quarentenárias para o Brasil.

vantes atacando acículas e a copa das árvores e de obubalina que pode ser danoso para a acacicultura
acordo com Ahumada et al. (2013) cerca de 54 mil (Tabela 6).
hectares foram atacados em surto ocorrido durante
2004 a 2006. Patógenos exóticos não quarentenários
Para a acácia negra podem ser destacados
Acácia-negra Uromycladium notabile e Uromycladium bisporum
Patógenos existentes no Brasil (Tabela 6), que causam ferrugem e desfolha em plan-
A acácia-negra é plantada no estado do Rio tios comerciais no exterior.
Grande do Sul em mais de 100.000 hectares (ABRAF,
2013). A acácia negra possui algumas doenças regis- Teca
tradas no Brasil (Tabela 5) e os principais patógenos Patógenos existentes no Brasil
são Phytophthora nicotianae e Phytophthora boeh- A teca é plantada principalmente nos esta-
meriae, causando a gomose em plantios comerciais. dos de Mato Grosso, Pará e Roraima (ABRAF, 2013) e
possui algumas doenças registradas no Brasil (Tabela
Patógenos oficialmente listados como qua- 7). O principal patógeno é Olivea neotectonae (= Oli-
rentenários vea tectonae) causador da ferrugem em plantios co-
A lista A1 apresenta somente Armillaria lute- merciais, reduzindo a produtividade (Caldeira et al.,

Tabela 5. Lista de patógenos registrados para a cultura da acácia-negra no Brasil.


Patógeno Doença Danos
Ceratocystis fimbriata Murcha de Ceratocystis Declínio, cancro, escurecimento radial do lenho; murcha de
ponteiro em árvores jovens.
Phytophthora boehmeriae Gomose de tronco Lesões na casca, exsudação de goma, redução na produção de
casca
Phytophthora nicotianae Gomose basal Lesões na casca, exsudação de goma, redução na produção de
casca
Uromycladium alpinum Ferrugem Amarelecimento e queda de folíolos.
Fonte: Santos et al. (2007).

108 RAPP - Volume 24, 2016


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

Tabela 6. Lista de patógenos exóticos considerados importantes para a cultura da acácia-negra no exterior.
Patógeno Doença Danos Status quarentenário* Referências
Armillaria Podridão de Apodrecimento de raízes e PQ BRASIL (2008)
luteobubalina raízes morte de árvores
Ceratocystis albifundus Murcha de Declínio, cancro, - Roux et al. (2005)
Ceratocystis escurecimento radial do
lenho; murcha de ponteiro em
árvores jovens
Uromycladium notabile Ferrugem Amarelecimento e - Santos et al. (2007)
queda de folíolos
Uromycladium Ferrugem Amarelecimento e - Santos et al. (2007)
bisporum queda de folíolos
*PQ – praga quarentenária, de acordo com lista A1 de pragas quarentenárias para o Brasil.

Tabela 7. Lista de patógenos registrados para a cultura da teca no Brasil.


Patógeno Doença Danos
Agrobacterium tumefaciens Galha-da-coroa Deformação basal e presença de galhas.
Alternaria sp. Mancha de Alternaria Lesões necróticas em folhas.
Ceratocystis fimbriata Murcha de Ceratocystis Declínio, cancro, escurecimento radial do lenho; murcha de
ponteiro em árvores jovens.
Colletotrichum gloesporioides Antracnose Manchas foliares e desfolha.
Cylindrocladium parasiticum Mancha de Cylindrocladium Manchas foliares e desfolha.
Lasiodiplodia theobromae Cancro no tronco Lesões no tronco, manchamento e podridão do cerne e
morte de árvores.
Olivea tectonae Ferrugem Desfolha prematura em mudas e árvores jovens e adultas.
Meloidogyne javanica Galhas das raízes Formação de galhas em raízes.
Rhizoctonia solani Queima de folhas Lesões foliares e crescimento epifítico.
Fonte: Caldeira et al. (2014), Borges et al. (2015).

2014). Destaca-se, também, a murcha de Ceratocys- (Tabela 9). Os principais patógenos são Melampso-
tis afetando a produtividade decorrente da morte de ra medusae (ferrugem) e Septoria musiva (manchas
árvores e a qualidade da madeira pela colonização e foliares e cancros) em plantios comerciais (May-de
manchamento interno. Mio & Amorim, 2005).

Patógenos oficialmente listados como qua- Patógenos oficialmente listados como qua-
rentenários rentenários
A lista A1 não apresenta patógenos quarente- Para o álamo, a lista A1 apresenta 10 fungos
nários para Tectona grandis. e um vírus (Tabela 10). A lista relaciona os patógenos
Patógenos exóticos não quarentenários radiculares Armillaria ostoyae e Heterobasidion an-
Os patógenos Phellinus noxius (podridão de nosum, patógenos de tronco como Chondrostereum
raiz), Phomopsis tectonae e Pseudoepicoccum tecto- purpureum, Neonectria ditíssima e Valsa nivea e os
nae (manchas foliares) e Dothiorella sp e Nectria spp. patógenos foliares do gênero Drepanopeziza, Taphri-
(cancros) podem ser destacados como importantes na populina, Venturia populina e vírus do mosaico
(Tabela 8). Além destes, os patógenos Erythricium do Populus.
salmonicolor (rubelose) e Ralstonia solanacearum
(murcha vascular) que causam doenças em eucalipto Patógenos exóticos não quarentenários
no Brasil (Alfenas et al., 2009). A princípio, os patógenos que podem ser des-
tacados como importantes para a cultura do álamo
Álamo foram listadas como quarentenários (Tabela 10).
Patógenos existentes no Brasil
A cultura do álamo está concentrada nos esta- Doenças causadas por patógenos quarente-
dos do Paraná e de Santa Catarina (ABRAF, 2013). O nários
álamo possui algumas doenças registradas no Brasil Com relação às doenças causadas pelos pa-

RAPP - Volume 24, 2016 109


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

Tabela 8. Lista de patógenos exóticos considerados importantes para a cultura da teca no exterior.
Patógeno Doença Danos Status Referências
quarentenário*
Erythricium salmonicolor Enfermidade Lesões na casca e anelamento - Caldeira et al. (2014)
(= Corticium salmonicolor) rosada ou rubelose de hastes e galhos de árvores
jovens, formação de cancros,
quebra do caule
Dothiorella sp. Cancro de Cancros em caule - Caldeira et al. (2014)
Dothiorella
Nectria spp. Cancro de Nectria Cancros em caule - Caldeira et al. (2014)
Phellinus noxius Podridão de raiz Apodrecimento de raízes e CROP (2016b)
caule
Phomopsis tectonae Mancha de Manchas foliares, desfolha e - Caldeira et al. (2014)
Phomopsis morte de plântulas
Pseudoepicoccum tectonae Mancha de Manchas foliares, desfolha. - Caldeira et al. (2014)
Pseudoepicoccum
Ralstonia solanacearum Murcha bacteriana Murcha vascular e morte de - Caldeira et al. (2014)
árvores jovens
*PQ – praga quarentenária, de acordo com lista A1 de pragas quarentenárias para o Brasil.

Tabela 9. Lista de patógenos registrados para a cultura do álamo no Brasil.


Patógeno Doença Danos
Melampsora medusae Ferrugem Desfolha prematura em mudas e árvores jovens e adultas.
Rosellinia bunodes Podridão de raízes Apodrecimento de raízes e morte de árvores.
Septoria musiva Mancha foliar e cancro de Septoria Lesões necróticas em folhas; Cancros em tronco.
Fonte: Santos et al. (2010), Santos et al. (2015), May-de-Mio & Amorim (2005).

Tabela 10. Lista de patógenos exóticos considerados importantes para a cultura do álamo no exterior.
Patógeno Doença Danos Status Referências
quarentenário*
Armillaria ostoyae Podridão de raízes Apodrecimento de raízes e PQ BRASIL (2008)
morte de árvores.
Chondrostereum purpureum Podridão do tronco Infecção em árvores vivas, PQ BRASIL (2008)
declínio e apodrecimento da
madeira
Drepanopeziza populi-albae Mancha foliar Lesões foliares, queima de PQ BRASIL (2008)
(= Marssonina castagnei) ponteiros, desfolha prematura
Drepanopeziza populorum da copa.
(= Marssonina populi)
Drepanopeziza punctiformis
(= Marssonina brunnea )
Hetereobasidion annosum Podridão de raízes Apodrecimento de raízes e PQ BRASIL (2008)
morte de árvores.
Neonectria ditissima Cancro Formação de cancros em PQ BRASIL (2008)
(= Neonectria galligena) ramos e troncos, secamento de
ponteiros.
Taphrina populina Galhas foliares Enrolamento do limbo foliar e PQ BRASIL (2008)
formação de galhas.
Valsa nivea Cancros Formação de cancros em PQ BRASIL (2008)
ramos e troncos, secamento de
ponteiros.
Venturia populina Mancha foliar Manchas foliares e queima de PQ BRASIL (2008)
ponteiros em árvores.
Poplar mosaic vírus - Popmv Mancha foliar Manchas foliares PQ BRASIL (2008)
*PQ – praga quarentenária, de acordo com lista A1 de pragas quarentenárias para o Brasil.

tógenos quarentenários, os impactos podem ser vasculares, patógenos de caule e patógenos de parte
agrupados em função do tipo de parasitismo nas aérea (Auer & Santos, 2012).
espécies florestais: patógenos de raízes, patógenos Os patógenos de raízes pertencem aos gêne-

110 RAPP - Volume 24, 2016


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

ros Armillaria (Armillaria tabescens, Armillaria os- Considerações finais


toyae e Armillaria luteobubalina) e Heterobasidion Os impactos da ação de patógenos exóticos
(Heterobasidion annosum). O principal sítio de florestais, quarentenários ou não, são relatados nos
ataque são as raízes e o colo da árvore, colonizan- plantios nativos ou comerciais estabelecidos nos
do a casca, o câmbio e o lenho. As plantas doentes países de origem das espécies florestais exóticas ou
apresentam declínio e morte por falta de água e em outros países onde tenham sido introduzidos. A
nutrientes, em consequência da destruição das ra- preocupação constante do setor florestal é a possi-
ízes. A incidência de árvores mortas varia em fun- bilidade que ocorram com a mesma magnitude de
ção do potencial de inóculo presente no solo do danos ou maior em plantios brasileiros. Os impactos
talhão e leva à redução do estande, e consequente potenciais podem ser esperados na redução da pro-
queda na produtividade de madeira por área. dutividade das florestas, da qualidade da matéria-
Os patógenos vasculares pertencem aos gê- -prima (madeira) produzida e, em casos mais graves,
neros Bursaphelenchus (Bursaphelenchus mucro- o impedimento do uso de determinadas espécies ou
natus e Bursaphelenchus xylophilus). O principal de materiais genéticos altamente produtivos, devido
sítio de ataque é o sistema vascular da planta, que a sua suscetibilidade aos patógenos exóticos. Outro
é colonizado pelo patógeno impedindo a passa- tipo de impacto negativo é o caso de patógenos exó-
gem de água e de nutrientes entre as raízes (água ticos parasitarem espécies florestais nativas promo-
e nutrientes) e a copa (fotossintetizados). Como vendo a mortalidade e redução de florestas e biomas
resultado, também ocorre o declínio das plantas e (Garbelotto & Pautasso, 2012). Em qualquer um dos
sua morte em casos de intensa colonização dos va- tipos de impactos apontados, esperam-se impactos
sos condutores. A paralisação no desenvolvimento sociais negativos tanto pela redução de postos de
das plantas e sua morte concorrem para a redução empregos como pela falta de produtos madeireiros
na produtividade de madeira por área. ou não oriundos das florestas nativas.
Os patógenos de tronco pertencem aos gê- Os patógenos florestais exóticos podem ter
neros fúngicos Giberella (Fusarium circinatum), sido introduzidos no Brasil, pela forma tradicional
Cronartium (Cronartium fusiforme) e Endocronar- mais conhecida, que é através de material genético
tium (Endocronartium harknessii). Estes fungos (sementes, mudas e estacas) durante as introduções
afetam a casca da árvore, podendo causar sua de espécies florestais, em diferentes períodos de ex-
morte, tendo como consequência principal a que- pansão do setor florestal. Como exemplo, podemos
bra do tronco e a redução da qualidade da madei- mencionar os fungos Diplodia pinea e Mycosphae-
ra de árvores doentes. rella pini, em Pinus (Ferreira, 1989; Krugner & Auer,
Os patógenos da parte aérea pertencem 2005a e b), que provavelmente foram introduzidos
aos gêneros fúngicos Drepanopeziza (Drepano- nas décadas de 1940 e 1960. Outra forma é a disse-
peziza populi-albae, Drepanopeziza populorum minação de propágulos de patógenos por meio de
e Drepanopeziza punctiformis), Mycosphaerella eventos meteorológicos que podem levar esporos
(Mycosphaerella dearnessii e Mycosphaerella de fungos e de bactérias a longas distâncias, como
gibsonii), Neonectria (Neonectria galligena), Ta- foram os casos de ferrugens e manchas foliares em
phrina (Taphrina populina) e Venturia (Venturia culturas agrícolas (Brown & HovmØller, 2002).
populina), além do Poplar Mosaic Virus (vírus). Os Nos últimos 20 anos, com o forte intercâm-
principais sítios de ataque são: as folhas e a copa bio comercial, especialmente de produtos agrícolas
das árvores, impedindo a fotossíntese e o desen- e florestais entre os países e regiões, aumentam os
volvimento total da planta e, em casos mais seve- riscos (Wingfield et al. 2002; Cushman & Meente-
ros, a queima e queda das folhas. Como resultado, meyer, 2008; Andjic et al. 2011) e vias alternativas de
também há ocorrência do declínio das plantas e introdução podem estar ocorrendo. Uma dessas for-
sua morte em casos de intensa colonização. A pa- mas seria a presença de esporos e estruturas vege-
ralisação no crescimento das plantas e sua morte tativas e de resistência em manufaturados de origem
concorrem para a redução na produtividade de ma- florestal, como artesanatos em madeira, que passam
deira por área. por vias que não passam pelo crivo da fiscalização de
portos e aeroportos. Outra possibilidade é a aquisi-

RAPP - Volume 24, 2016 111


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

ção de sementes e produtos naturais do exterior e nacional é o eucalipto presente em todo o território
que são despachados pelo correio, sem fiscalização nacional em profusão de espécies e clones (deriva-
sanitária. Também, pode ser comentada a presen- dos ou não de híbridos artificialmente produzidos),
ça de patógenos em material utilizados nas deco- em variados biomas. Tal situação deve favorecer o
rações de festas (arranjos de plantas ornamentais) estabelecimento de ciclo de vida de diferentes tipos
em navios transatlânticos de turismo que percorrem de patógenos exóticos. Tais aspectos criam preocu-
o mundo e que são descartados comumente nas pação quanto à possibilidade de patógenos exóticos
praias ou nos portos. O uso de embalagens e madei- se desenvolverem muito melhor do que no país de
ra de suporte nos transportes aéreos, normalmente origem pela presença de ambientes favoráveis no
de origem desconhecida, podem abrigar patógenos Brasil, de hospedeiros suscetíveis e a ausência de ini-
e sua introdução é facilitada principalmente pela migos naturais (controle biológico natural), a exem-
dificuldade de constatação da presença durante os plo do que ocorre com novos insetos introduzidos
trabalhos de fiscalização sanitária. No entanto, estas (Alfenas et al., 2009).
formas de introdução não têm sido documentadas. A atualização da lista A1 pela inclusão de al-
Um aspecto a ser salientado é a dificuldade guns patógenos exóticos como por exemplo Phyto-
de levantamento bibliográfico de patógenos existen- phthora pinifolia (em pínus) e Teratosphaeria spp.
tes devido às constantes mudanças na classificação (em eucalipto), impactantes ao cultivo de seus
taxonômica. Tal reordenamento do nome científico hospedeiros no exterior, seria plenamente justifica-
dificulta, às vezes, pela falta de especialistas, a busca da pelo risco que podem representar à silvicultura
de informações sobre patógenos considerados exó- nacional. Uma maior discussão sobre estes e outros
ticos. patógenos poderia ser estabelecida com o envolvi-
A atual listagem A1 de pragas quarentenárias mento das universidades, institutos de pesquisa e o
para o Brasil (BRASIL, 2008) não especifica a qual setor privado .
cultura um dado patógeno está associado. Desse A identificação e diagnose das doenças de
modo, um dado patógeno considerado quarentená- patógenos de plantas requer treinamento específico
rio poderá ser importante tanto para culturas agrí- quanto às características dos patógenos, dos sinto-
colas como culturas florestais ou somente para uma mas e sinais produzidos nas plantas hospedeiras. A
dessas. Outro aspecto a ser levantado é a presença diagnose rápida feita a olho nu ou com o auxílio de
de patógenos que não atacam as espécies florestais uma lupa, não garante a sua qualidade, tornando-se
plantadas no Brasil. Um exemplo é o caso de Brenne- necessário o uso de ferramentas laboratoriais, além
ria salicis (= Erwinia salicis). Segundo CROP (2016a), dos métodos moleculares. No entanto, faltam proto-
esta bactéria está presente somente em salicáceas colos específicos rotineiros e, ainda, é alta a relação
do gênero Salix, o qual não é plantado comercial- custo-benefício.
mente no Brasil e assim pode ser questionada sua A capacitação dos futuros técnicos nos cur-
colocação na lista A1. Esta bactéria poderá causar ris- sos de graduação e pós-graduação sobre os patóge-
cos ambientais se for patogênica às espécies nativas nos exóticos quarentenários deveria ser estimulada
de salicáceas como Salix humboldtiana. Dois exem- (Auer & Santos, 2013), além dos cursos de capacita-
plos de riscos ambientais em espécies florestais na- ção técnica em Sanidade Florestal para os profissio-
tivas são a introdução de Phytophthora cinnamomi nais do sistema de defesa vegetal sobre taxonomia,
na Austrália (Shearer at al. 2004) e o surgimento de morfologia, hospedeiros, biologia e ecologia, meios
Phytophthora ramorum nos Estados Unidos e Grã- de dispersão, impactos, sintomas, métodos de de-
-Bretanha (Grünwald et al., 2012), ambos afetando tecção e inspeção e medidas de controle.
a ecologia das florestas nativas e causando danos
irreversíveis nas populações de espécies suscetíveis. Referências
A lista de patógenos quarentenários para flo- ABRAF (2013) Anuário Estatístico ABRAF 2013 Ano
restas poderia ser maior, caso houvesse um estudo Base 2012. Brasília, ABRAF. 148p.
específico para patógenos em espécies florestais, Andjic V, Dell B, Barber P, Hardy G, Wingfield M, Bur-
como foi apontado para cada um dos gêneros flores- gess T (2011) Plants for planting; indirect evidence
tais estudados. Uma das culturas de maior expressão of movement of a serious pathogen, Teratosphae-

112 RAPP - Volume 24, 2016


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

ria destructans, in Asia. European Journal Of Plant teak leaf rust disease caused by Olivea tectonae
Pathology 131:49-58. in Brazil. Australasian Plant Disease Notes 5:113-
Ahumada R, Rotella A, Slippers B, Wingfield MJ 114.
(2013) Pathogenicity and sporulation of Phytoph- Caldeira SF, Santos AF, Auer CG (2014) Doenças de
thora pinifolia on Pinus radiata in Chile. Australa- teca. In: Gasparotto L, Bentes JLS, Pereira JCR
sian Plant Pathology 42:413-420. (Ed.). Doenças de espécies florestais arbóreas na-
Alfenas AC, Zauza EAV, Mafia RG, Assis TF (2009) Clo- tivas e exóticas na Amazônia. Brasília, DF: Embra-
nagem e doenças em eucalipto. 2th Ed. Viçosa, pa. pp. 171-194.
UFV. 500p. Cândido TS, Silva AC, Guimarães LMS, Ferraz HGM,
Auer CG, Santos AF (2012) Impactos causados por Borges Júnior N, Alfenas AC (2014). Teratosphae-
patógenos introduzidos em espécies florestais no ria pseudoeucalypti on eucalyptus in Brazil. Tropi-
Brasil e riscos de introdução de novas espécies. cal Plant Pathology, 39:407-412.
In: Seminário Internacional sobre Pragas Quaren- Carnegie AJ (2007) Forest health condition in New
tenárias Florestais, 2012, Curitiba. Documentos. South Wales, Australia, 1996–2005. II. Fungal
Colombo: Embrapa Florestas, 2012. v. 244. p. 1-3. damage recorded in eucalypt plantations dur-
Auer CG, Santos AF (2013) Doenças fúngicas qua- ing forest health surveys and their management.
rentenárias de arbóreas para o Brasil e medidas Australasian Plant Pathology 36:225–239
preventivas. In: NEFIT – Núcleo de Estudos em CROP PROTECTION COMPENDIUM (2016a) Datash-
Fitopatologia (Ed.) Patologia Florestal: desafios et: Brenneria salicis. Wallingford UK. CAB Inter-
e perspectivas. São Carlos, SP. Suprema Gráfica e national. Available at: http://www.cabi.org/cpc/
Editora. pp. 335-350. datasheet/21936. Accessed on April 12, 2016.
Borges, RCF, Santos, MDM, Macedo, MA, Martins, I, CROP PROTECTION COMPENDIUM (2016b) Datash-
Nascimento, AG, Cafe-Filho, AC, Boiteux, LS, Fon- et: Phellinus noxius. Wallingford UK. CAB Inter-
seca, MEN, Inacio, CA, Mello, SCM (2015). A trunk national. Available at: http://www.cabi.org/cpc/
canker disease of Tectona grandis induced by datasheet/40154. Accessed on April 22, 2016.
Lasiodiplodia theobromae in Brazil. New Disease Cushman JH, Meentemeyer RK (2008) Multi-scale
Reports 31: 26. patterns of human activity and the incidence
Bonaldo SM, Barceli AC, Trento RA, Gasparotto F, Ta- of an exotic forest pathogen. Journal of Ecology
ffarel C (2011) Relato oficial da ocorrência de Oli- 96:766-776.
vea tectonae em teca (Tectona grandis) no Brasil. Farr DF, Rossman AY (2016) Fungal Databases, Sys-
Summa Phytopathologica 38:153. tematic Mycology and Microbiology Laboratory,
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- ARS, USDA. Available at: http://nt.ars-grin.gov/
cimento (2008) Anexo 1 - Lista de Pragas Quaren- fungaldatabases/.Accessed on April 12, 2016.
tenárias Ausentes (A1). In: Instrução normativa Ferreira FA (1989) Patologia florestal. Viçosa, SIF.
nº 41, de 1º de julho de 2008. Diário Oficial da 570p.
União: Seção 1, Brasília, DF, ano 145, n. 125, p. Garbelotto M, Pautasso M (2012) Impacts of exotic
8-10, 02 jul. 2008. forest pathogens on Mediterranean ecosystems.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas- European Journal of Plant Pathology 133:101-
tecimento (2013) Anexo II - Lista de Pragas Qua- 116.
rentenárias Presentes. In: Instrução normativa nº Grünwald NJ, Garbelotto M, Goss EM, Heungens K,
59, de 18 de dezembro de 2013. Diário Oficial da Prospero S (2012) Emergence of the sudden oak
União: Seção 1, Brasília, DF, ano 150, n. 246, p. death pathogen Phytophthora ramorum. Trends
91-92, 19 dez. 2013. im Microbiology 20:131-138.
Brown JKM, HovmØller MS (2002) Aerial Dispersal of Krugner TL. Auer CG (2005a) Doenças dos eucaliptos.
Pathogens on the Global and Continental Scales In: Kimati H, Amorim L, Rezende JAM, Bergamin
and Its Impact on Plant Disease. Science 297:537- Filho A, Camargo LEA (Eds.) Manual de Fitopato-
541. logia. São Paulo, SP. Ceres. Vol. 2. pp. 319-332.
Cabral PGC, Capucho AS, Pereira OL, Maciel-Zambo- Krugner TL. Auer CG (2005b) Doenças dos pinheiros.
lim E, Freitas RL, Zambolim L (2010) First report of In: Kimati H, Amorim L, Rezende JAM, Bergamin

RAPP - Volume 24, 2016 113


Celso Garcia Auer e Álvaro Figueredo dos Santos (104-114)

Filho A, Camargo LEA (Eds.) Manual de Fitopato- desafios e perspectivas. São Carlos, SP. Suprema
logia. São Paulo, SP. Ceres. Vol. 2. pp. 517-522. Gráfica e Editora. pp. 157-167.
IBÁ. Relatório Ibá 2015 (2015). Brasília, Indústria Santos AF, Luz EDMN, Bezerra J L (2007) Etiologia e
Brasileira de Árvores. 77p. manejo das principais doenças da acácia-negra
May-de Mio LL, Amorim L (2005) Doenças do ála- que ocorrem no Brasil. In: LUZ WC (Ed.). Revisão
mo. In: Kimati H, Amorim L, Rezende JAM, Ber- anual de patologia de plantas. Passo Fundo: RAPP.
gamin Filho A, Camargo LEA (Eds.) Manual de v. 15. p. 335-359.
Fitopatologia. São Paulo, SP. Ceres. Vol. 2. pp. Santos AF, Machado EB, Tessmann DJ, Thomazi H
19-23. (2015) Patogenicidade de Rosellinia bunodes ao
Perez G, Slippers B, Wingfield BD, Finkenauer E, álamo. In: Summa Phytopathologica 41, Suple-
Wingfield MJ (2009) Mycosphaerella Leaf Dise- mento. Resumo 042.
ase (MLD) outbreak on Eucalyptus globulus in Santos AF, Machado EB, Stanosz, GR, Smith, DR
Brazil caused by Teratosphaeria (Mycosphae- (2010) Primeiro relato da ocorrência de Septoria
rella) nubilosa. Phytopathologia Mediterranea musiva em álamo no Brasil. Tropical Plant Patho-
48:302–306. logy 35:52-53.
Pieri C, Passador MM, Furtado, EL, Carvalho Junior Schneider PR, Fortes FO, Souza LHS, Lucio AD, Finger
AA (2011). Ferrugem da teca (Olivea neotec- CAG, Schneider PSP (2005) Análise da mortalida-
tonae): novas ocorrências no Brasil e revisão de de Acacia mearnsii De Wild. Ciência Florestal
do nome específico. Summa Phytopathologica 15:137-143.
37:199-201. Shearer BL, Crane CE, Cochrane A (2004) Quantifica-
Roux J, Mthalane ZL, de Beer ZW, Eisenberg B, tion of the susceptibility of the native flora of the
Wingfield MJ (2006) Quambalaria leaf and South-West Botanical Province, Western Austra-
shoot blight on Eucalyptus nitens in South Af- lia, to Phytophthora cinnamomi. Australian Jour-
rica. Australasian Plant Parthology 35:427-433. nal of Botany 52:435-443.
Roux J., Meke G, Kanyi B, Mwangi L, Mbaga A, Shimizu JY, Sebben, AM (2008) Espécies de Pinus na
Hunter GC, Nakabonge G, Heath RN, Wingfield Silvicultura Brasileira. In: Shimizu JY (Ed.). Colom-
MJ (2005) Diseases of plantation forestry trees bo, Embrapa Florestas.pp. 49-74.
in eastern and southern Africa. South African Wingfield MJ, Coutinho TA, Roux J, Wingfield BD
Journal of Science 101: 409-413. (2002) The future of exotic plantation forestry in
Santos AF, Luz EDMN, Auer CG (2013) Phytophthora the tropics and Southern Hemisphere: lessons
em espécies florestais. In: NEFIT – Núcleo de Es- from pitc canker. Southern African Forestry Jour-
tudos em Fitopatologia (Ed.) Patologia Florestal: nal 195:79-82

114 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS: PASSADO,


PRESENTE E PERSPECTIVAS VISANDO UM
FUTURO SUSTENTÁVEL
Bruna Canabarro Pozzebon1 e Juliano dos Santos2

RESUMO
Bactérias endofíticas são conhecidas por colonizar os tecidos internos
das plantas sem desencadear sintomas de doenças. Estudos moleculares re-
centes sobre a diversidade de bactérias endofíticas revelaram que existe uma
grande riqueza de espécies, e que estas podem advir de sementes, da rizosfera,
do filoplano de material propagativo, e penetrar na planta via estômatos, feri-
mentos e microferimentos causados pela emergência das raízes laterais. Muitos
estudos têm demonstrado que esses micro-organismos podem ser uma alterna-
tiva aos métodos de controle de pragas e doenças praticados atualmente, pois
são capazes de prevenir ou reduzir efeitos deletérios causados por patógenos a
partir da multiplicação e ação de mecanismos de biocontrole, desempenhados
pela síntese de sideróforos, voláteis, substâncias antimicrobianas, competição
por espaço e nutrientes e resistência sistêmica. Bactérias endofíticas também
podem promover o crescimento de plantas, através da solubilização de nutrien-
tes, síntese de fitohormônios e fornecimento de vitaminas, bem como promo-
ver efeitos benéficos adicionais à planta, conduzindo para a resistência contra o
estresse abiótico, ataque de insetos e fitorremediação. Desta forma, explorar o
uso de bactérias endofíticas pode colaborar para a agricultura sustentável, por
reduzir os custos de produção com agrotóxicos e insumos químicos, além de
reduzir os riscos ao meio ambiente e à saúde humana.

Introdução do mecanismos de adaptação ao meio ambiente e


A teoria de que bactérias não patogênicas muitos deles são possíveis devido às interações en-
habitam os tecidos internos de plantas iniciou com tre os micro-organismos e a planta (Peixoto Neto et
Perrotti em 1926, porém somente a partir de 1940, al., 2004). As bactérias são habitantes comuns dos
começaram a ser divulgadas pesquisas relatando tecidos internos e externos de plantas, e são consi-
a presença de bactérias endofíticas em órgãos dis- deradas endofíticas quando colonizam internamen-
tintos da planta, como flores, frutos, folhas, caules, te os tecidos vegetais sem mostrar qualquer sinal
raízes, e sementes (Hallmann et al., 1997; Sturz et externo de infecção ou efeito negativo no hospe-
al., 2000; Thomas et al., 2007; Melnick et al,. 2008; deiro (Holliday, 1989; Schulz e Boyle, 2006). Esses
Barretti et al., 2009; Piccolo et al., 2010; Qin et al., micro-organismos se estabelecem nos espaços in-
2011). ter- e intracelulares, dentre os quais destacam-se
Evolutivamente, as plantas têm desenvolvi- o parênquima, epiderme, bainha do feixe vascular,

1
Departamento de Fitopatologia, Universidade Federal de Lavras. Av. Doutor Sylvio Menicucci, 1001 - Kennedy, Lavras - MG, 37200-
000. 2Departamento de Biologia, Universidade Federal do Maranhão. Av. dos Portugueses, 1966 - Bacanga, São Luis - MA, 65080-805.

RAPP - Volume 24, 2016 115


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

xilema e floema (Elbeltagy et al., 2001; Yonezawa as bactérias endofíticas podem trazer benefícios por
et al., 2004; Franke-Whittle et al., 2005; Almeida et fornecer vitaminas essenciais à planta, aumentar a
al., 2009; Esposito-Polesi, 2010; Piccolo et al., 2010). captação e solubilização de minerais, regular o ajus-
Além disso, podem mover-se do solo para as plan- te osmótico e a abertura e fechamento dos estôma-
tas, principalmente através de fissuras que surgem tos, além de modificar a morfologia radicular (Ryan
devido à emergência de raízes laterais, ou penetrar et al., 2008). No tocante ao biocontrole, esses mi-
no hospedeiro pelas folhas, flores e frutos através do cro-organismos são capazes de prevenir ou reduzir
sistema vascular do hospedeiro, tirando proveito de efeitos deletérios causados por patógenos a partir
uma grande disponibilidade de nutrientes (Hardoim de múltiplos mecanismos de ação, desempenha-
et al., 2008; Compant et al., 2011). dos pela síntese de sideróforos, compostos voláteis,
Os micro-organismos endofíticos podem ser substâncias antimicrobianas, competição por espa-
classificados em obrigatórios, quando são estrita- ço e nutrientes, resistência sistêmica (Rosenblueth e
mente dependentes da planta hospedeira, ou facul- Martínez-Romero, 2006; Compant et al., 2010).
tativos, quando possuem uma fase do ciclo de vida O uso de bactérias endofíticas na agricultu-
dentro da planta hospedeira e outra fase do ciclo de ra se apresenta como uma alternativa de manejo
vida livre (Hardoim et al., 2008). As associações dos ao controle de doenças e promoção de crescimen-
endofíticos com seus hospedeiros geralmente são to de plantas, devido à relação custo/benefício que
simbióticas e/ou mutualísticas (Guo et al., 2008; Me- apresentam para o produtor. Com a utilização de
lnick et al., 2008). Outro fator importante é a relação produtos de base biológica, é possível reduzir o uso
da planta hospedeira com a comunidade endofítica, excessivo de agrotóxicos e insumos químicos, o que
que envolve um processo co-evolutivo que conduz consequentemente colabora para a redução dos cus-
a mudanças nas relações em nível celular e molecu- tos de produção. Contudo, esses micro-organismos
lar, contribuindo de diferentes formas na sanidade ainda precisam ser estudados minuciosamente, para
e desenvolvimento da planta (Aravind et al., 2010). que se possa conhecer e elucidar os mecanismos
Notadamente, esses micro-organismos apresentam que estão envolvidos nos processos de controle bio-
vantagem adicional em comparação a outros, pois lógico e/ou promoção de crescimento. Assim, a pre-
são protegidos contra flutuações bruscas de tempe- sente revisão aborda o uso de bactérias endofíticas
ratura, dessecação, radiações solares e competição na agricultura, englobando o passado, presente e as
microbiana, por habitarem o interior do hospedeiro perspectivas do uso desses micro-organismos visan-
(Francis et al., 2010). do um futuro sustentável para a produção agrícola, e
A maioria das pesquisas sobre bactérias asso- principalmente para o produtor.
ciadas a plantas se concentram principalmente em
trabalhos científicos que utilizam rizobactérias no Bactérias endofíticas – um breve histórico
biocontrole de patógenos (Malfanova et al., 2011). O termo endofítico ou endófito (do grego en-
Entretanto, pesquisas sobre a diversidade, interação don = dentro e phyton = planta) foi atribuído por De
e o papel das bactérias endofíticas, tem se tornado Bary, em meados de 1866, ao estudar a colonização
objeto de estudo em todo o mundo, visando eluci- de tecidos internos de plantas por micro-organismos
dar os mecanismos de proteção e crescimento por (Baldani et al., 2002; Saikkonen et al., 2004). Entre-
elas promovidos (Rosemblueth e Martínez-Romero, tanto, existem autores que atribuem a Perotti, em
2006; Ryan et al., 2008). Fundamentado nisso, vários 1926, a descrição dessa relação natural de bacté-
trabalhos têm sido desenvolvidos com essas duas te- rias endofíticas e seus hospedeiros (Hallmann et al.,
máticas, haja vista que a demanda pelo consumo dos 1997). Os primeiros relatos consideraram as bac-
produtos orgânicos está em ascensão, principalmen- térias endofíticas como contaminantes resultantes
te devido à busca por alimentos saudáveis e a pre- da desinfestação superficial incompleta dos tecidos
ocupação com a saúde (Alves e Cunha, 2012), bem vegetais, ou como patógenos fracamente virulentos
como a preservação do meio ambiente e a constante (Hollis, 1951). Por mais de meio século, esses micro-
busca dos produtores rurais por menores custos de -organismos permaneceram ignorados e conside-
produção no manejo da lavoura. rados de pouca importância no meio cientifico, e
Como promotoras de crescimento de plantas, só então, depois de muitos anos, o papel biológico

116 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

exercido por esses agentes microbiológicos come- ção da diversidade de bactérias endofíticas que po-
çou a ser estudado. dem levar à descoberta de novos agentes potenciais
Evolutivamente, os micro-organismos endofí- de biocontrole e/ou promotores de crescimento e
ticos foram mencionados pela primeira vez no início estudos de fitorremediação.
do século XIX, mas foi apenas no final dos anos 70 do
século XX que eles passaram a ter maior ênfase em
trabalhos científicos (Santos e Varavallo, 2011). Um
dos primeiros estudos com bactérias endofíticas foi
realizado por Colombo (1978), que sugeriu a ocor-
rência de um equilíbrio fisiológico entre bactérias
e algas, pois em seu estudo relatou a ocorrência de
bactérias endofíticas entre sifões e dentro dos fila-
mentos cenocíticos das algas. Entretanto, a partir dos
anos 80, os trabalhos com agentes endofíticos pas-
saram a ser mais frequentes, principalmente aque-
les relacionados com a ocorrência e diversidade de
bactérias endofíticas em plantas. Jacobs et al. (1985)
enumeraram, localizaram e caracterizaram bactérias
endofíticas nas raízes de beterraba açucareira (Beta
vulgaris altissima) utilizando técnicas imunológicas e
microscopia eletrônica de varredura. Nesse estudo,
os autores verificaram que a maior ocorrência das
bactérias endofíticas foi nas regiões centrais e peri-
féricas da raiz, ocorrendo principalmente as espécies
Bacillus subtilis, Pseudomonas aeruginosa, Coryne- Figura 1. Etapas do isolamento de bactérias endofíticas
de diferentes tecidos vegetais de arroz. (A) Isolamento de
bacterium sp, e Erwinia herbicola. Já nos anos 90, bactérias endofíticas de colmos de plantas sadias de ar-
surgiram estudos que demonstraram que esses mi- roz. (B) Isolamento de bactérias endofíticas de raízes de
cro-organismos possuem funções importantes para plantas sadias de arroz. (C) Maceração dos tecidos para
seus hospedeiros, como a proteção de plantas ao liberação das bactérias do interior para o exterior do teci-
do vegetal. (D) Plaqueamento da suspensão previamente
ataque de insetos, proteção contra a infestação de macerada. (E-F) Colônias de bactérias endofíticas após 24
doenças causadas por fitopatógenos e proteção do h em câmara de crescimento tipo BOD. Foto: Pozzebon,
ataque de mamíferos herbívoros por meio da produ- 2013.
ção de toxinas (Azevedo, 1998; Azevedo, 1999; Aze-
vedo et al., 2000; Peixoto Neto et al., 2002). Bactérias endofíticas e o controle biológico
Atualmente, a interação de bactérias endofí- À medida que a agricultura aumenta, cresce
ticas e seus hospedeiros tem sido objeto de estudo também o uso desordenado de produtos químicos
em todo mundo (Sun et al., 2008). Bactérias endofí- para assegurar a produtividade das culturas, porém
ticas têm sido isoladas de diferentes culturas, como, causando efeitos negativos para o meio ambiente
batata-doce (Ipomoea batatas) (Khan e Doty, 2009), e consequentemente aos alimentos e à microbiota
algodão (Populus deltoides) (Xin et al., 2009), videi- benéfica e natural das plantas. Nesse contexto, o
ra (Vitis vinifera) (West et al., 2010), soja (Glycine controle biológico por bactérias endofíticas tem sido
max) (Hung et al., 2007), tomateiro (Solanum lyco- amplamente estudado e surge como uma forma al-
persicum) (Marquez-Santacruz et al., 2010), batata ternativa de controle para uma agricultura mais sus-
(Solanum tuberosum) (Andreote et al., 2009; Manter tentável.
et al., 2010), arroz (Oryza sativa) (Rangjaroen et al., Resumidamente, os princípios de controle
2015) (Figura 1). Esses estudos tem sido importan- biológico se baseiam principalmente na relação an-
tes para a compreensão das interações ecológicas e tagônica entre micro-organismos, como a antibiose
para o desenvolvimento de aplicações biotecnológi- (Figura 2), competição, parasitismo, hipovirulência,
cas (Ryan et al., 2008), bem como para a identifica- predação e indução de defesas do hospedeiro (Fi-

RAPP - Volume 24, 2016 117


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

gura 3) (Bettiol e Ghini, 1995). Desta forma, poderia


se utilizar no controle de uma determinada doença,
um micro-organismo não patogênico que apresenta
necessidades nutricionais semelhantes as do pató-
geno, visando promover a competição por espaço e
nutrientes, que consequentemente reduziria a dis-
seminação da doença, ou ainda usufruir da capaci-
dade que determinados micro-organismos possuem
de produzir substâncias com ação antibiótica ou an- Figura 2. Antibiose desencadeada em teste in vitro contra
tifúngica (Santos e Varavallo, 2011). o fungo Bipolaris oryzae. Setas pretas indicam a presença
Com relação ao biocontrole de doenças, há da bactéria endofítica e a formação de halo de antibiose
inúmeros trabalhos tanto in vitro quanto in vivo re- no meio de cultura. Foto: Pozzebon, 2014.
portando o sucesso do uso de bactérias endofíticas
contra diversos patógenos, principalmente porque et al., 2009; Lin et al., 2013; Purnawati et al., 2014)
essas bactérias possuem capacidade de reduzir ou (Tabela 1).
prevenir os efeitos deletérios de patógenos (Barretti Silva et al. (2008), mostraram que o isolado

Tabela 1. Bactérias endofíticas com atividade fúngica, bactericida, nematicida e inseticida sobre diferentes patógenos
e pragas.
Endófito Patógeno Atividade Referência
Bacillus subtilis Macrophomina phaseolina Fungicida Singh et al. (2008)
Botrytis cinerea Fungicida Trotel-Aziz et al. (2008)
B. amyloliquefaciens Lasiodiplodia crassispora Fungicida Yuan et al. (2012)
L. rubropurpurea Fungicida Yuan et al. (2012)
L. theobromae Fungicida Yuan et al. (2012)
Ralstonia solanacearum Bactericida Nawangsih et al. (2011)
B. vallismortis Fusarium graminearum, Fungicida Zhao et al. (2010)
Alternaria alternata, Fungicida Zhao et al. (2010)
Rhizoctonia solani, Fungicida Zhao et al. (2010)
Cryphonectria parasitica, Fungicida Zhao et al. (2010)
Phytophthora capsici Fungicida Zhao et al. (2010)
Melnick et al. (2008)
B. thuringiensis Acromyrmex sp. Inseticida Pinto et al. (2003)
Nasutitermes ehrhardti Inseticida Castilhos-Fortes et al. (2002)
Meloidogyne javanica Nematicida Khan et al. (2010)
M. incognita Nematicida Mohammed et al. (2008)
Brevibacillus choshinensis Hemileia vastatrix Fungicida Silva et al. (2008)
Pseudomonas fluorescens Botrytis cinerea Fungicida Trotel-Aziz et al. (2008)
Pseudomonas sp. Pectobacterium atrosepticum Bactericida Ardanovet al. (2011)
Streptomyces spp. R. solanacearum Bactericida Tanet al. (2006)
Acinetobacter lwoffii Botrytis cinerea Fungicida Trotel-Aziz et al. (2008)
Pantoea agglomerans Botrytis cinerea Fungicida Trotel-Aziz et al. (2008)
Ochrobactrum sp. F. semitectum Fungicida Assumpção et al. (2009)

F. oxysporum Fungicida Assumpção et al. (2009)


Cercospora kikuchii Fungicida Assumpção et al. (2009)
Cedecea davisae Hemileia vastatrix Fungicida Silva et al. (2008)
Staphylococcus epidermidis Ralstonia solanacearum Bactericida Nawangsih et al. (2011)

118 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

endofítico 119G reduziu significativamente a severi- cas pode ser feito através do uso direto de bacté-
dade da ferrugem do cafeeiro em níveis de controle rias que apresentam atividade entomopatogênica
acima de 60% em mudas previamente tratadas com natural, ou através do uso desses micro-organismos
essa bactéria. Da mesma forma, Nawangsih et al. como hospedeiros para expressarem genes oriundos
(2011), estudaram dois isolados de bactérias endo- de outros micro-organismos do solo, ou mesmo ge-
fíticas para o biocontrole da murcha bacteriana do nes sintéticos (Pleban et al., 1995). Um dos princi-
tomateiro, em que os isolados BC4 e BL10 reduziram pais e mais estudados agentes de controle biológico
significativamente a intensidade da doença em 33% é a bactéria Bacillus thuringiensis, que é responsável
e 43%, respectivamente. Assumpção et al. (2009), por 95% do mercado mundial de biopesticidas, prin-
avaliaram o potencial biotecnológico da comunidade cipalmente devido à produção de corpos de inclusão
bacteriana endofítica de sementes de soja e detecta- cristalinos, que são ingeridos por lagartas e resultam
ram que 18% dos isolados controlaram o crescimen- na morte das mesmas (Polli et al., 2012).
to de fungos fitopatogênicos, 100% produziram áci- B. thuringiensis pode ser encontrado em
do indol acético (AIA), e 39% solubilizaram fosfato. diferentes substratos, principalmente no solo, e se
Kuss et al. (2006) avaliaram a fixação de nitrogênio e caracteriza por produzir inclusões proteicas com
produção de AIA in vitro por bactérias diazotróficas propriedades inseticidas, acaricidas e nematicidas
endofíticas associadas a raízes de arroz (Oryza sati- (Crickmore, 2005). Sua especificidade é em razão da
va) e obtiveram resultados promissores. presença de genes cry que codificam as proteínas
Além de atuarem no controle biológico de tóxicas ou proteínas Cry (delta-endotoxinas) (Höfte
doenças de plantas, as bactérias endofíticas tam- e Whiteley 1989; Crickmore et al. 1998; Pinto e Fiu-
bém são capazes de proteger as plantas contra o za 2002), as quais apresentam atividade inseticida
ataque de insetos praga. Inseticidas microbiológicos, em diferentes ordens de insetos, como Lepidopte-
especialmente à base de bactérias, tem sido desen- ra, Coleoptera, Diptera, Hymenoptera, Hemiptera,
volvidos desde a década de 70 como alternativa de Isoptera, Orthopera, Siphonaptera e Thisanoptera
controle biológico, e atualmente, muitos produtos (Feitelson et al., 1992; Aranda et al., 1996; Cavados
estão disponíveis no mercado para controlar uma et al., 2001; Castilhos-Fortes et al., 2002; De Maagd
ampla gama de pragas (Federici et al., 2010), sendo et al., 2003; Pinto et al., 2003), além de apresentar
considerados uma das mais importantes táticas de efeito nematicida (Khyami-Horani e Al-Banna 2006;
controle, devido à crescente preocupação com a re- Mohammed et al., 2008; Khan et al., 2010).
dução do uso de produtos químicos e principalmen- Outro tipo de proteína produzida por B. thu-
te, para o desenvolvimento de uma agricultura mais ringiensis são as proteínas Cyt, que apresentam ativi-
sustentável e produtiva (Moreira e Siqueira, 2006). dade tóxica moderada para dípteros e para algumas
O controle de pragas por bactérias endofíti- espécies de coleópteros, ocorrendo tipicamente em
subespécies de B. thuringiensis com atividade mos-
quitocida (Federici et al., 2010). Trabalhos com o
uso dessa bactéria endofítica visando o controle de
insetos praga vem sendo desenvolvidos em todo o
mundo. Por exemplo, no estudo publicado por Via-
na et al. (2009), os autores constataram que dos 58
isolados de B. thuringiensis testados em lagartas de
Plutella xylostella, 12 causaram 100% de mortalida-
de num intervalo de tempo entre 24-48 h. Em outro
estudo, conduzido por Macedo et al. (2012), os au-
tores selecionaram e caracterizaram estirpes nativas
de B. thuringiensis, entre as quais observaram que
três isolados causaram mais de 75% de mortalidade
Figura 3. Indução de resistência sistêmica (ISR) em plan- de Diatraea saccharalis (Lepidoptera: Crambidae).
tas de arroz com 21 dias após a inoculação de B. oryzae. Zhang et al. (2010), isolaram bactérias endo-
(A) Tratamento Controle (Água). (B) Tratamento com o fíticas de raízes, caules, folhas e sementes de menta
isolado endofítico 76. Foto: Pozzebon, 2014.

RAPP - Volume 24, 2016 119


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

do Turquistão (Achnatherum inebrians), em que o


isolado Streptomyces rochei aumentou 85% a taxa
de mortalidade do pulgão do algodoeiro (Aphis gos-
sypii). Rampelotti-Ferreira et al. (2010) avaliaram a
colonização de bactérias endofíticas em plântulas
e em larvas de Spodoptera frugiperda. Nesse estu-
do, o isolado Methylobacterium mesophilicum cepa
SR1.6/6 foi marcado com gfp (proteína verde fluores-
cente), que foi encontrado nas larvas que se alimen-
Figura 4. Promoção de crescimento de plantas de arroz
taram das plântulas inoculadas com essa bactéria, com cinco dias de idade, em meio de cultura pobre. (A)
por meio de análises de microscopia fluorescente. Tratamento controle (Água) apresentando redução no
Desta forma, pode-se afirmar que as bac- crescimento de plântulas de arroz. (B) Tratamento com o
térias endofíticas atuam como agentes de controle isolado endofítico 209, demonstrando o potencial da bac-
téria em promover o crescimento de plântulas de arroz.
biológico, e são capazes de proteger o hospedeiro Foto: Pozzebon, 2014.
pela síntese de moléculas antimicrobianas, produ-
ção de sideróforos para captação de ferro, compe-
tição de nutrientes com patógenos e produzindo mos químicos utilizados em grande escala em lavou-
outras moléculas que são capazes de induzir resis- ras agrícolas.
tência sistêmica induzida (ISR) na planta colonizada Micro-organismos capazes de solubilizar fos-
(Compant et al., 2010). Além disso, podem agir atra- fato podem ser uma alternativa economicamente vi-
vés da produção de toxinas que atuam no controle ável para o produtor, pois reduzem os custos com in-
de insetos, podendo se tornar uma ótima alternativa sumos na lavoura. O principal mecanismo envolvido
para os produtores, no manejo de diversas culturas, na solubilização de fósforo é a produção e liberação
corroborando a redução do uso de agroquímicos e de ácidos pelas bactérias, como o ácido láctico, ita-
consequentemente, redução da contaminação am- cônico, isovalérico, isobutírico e acético (Vazquez et
biental, humana e animal por esses produtos. al., 2000; Dias et al., 2009). Gêneros como Bacillus,
Pseudomonas, Enterobacter, Erwinia e Ochrobac-
Bactérias endofíticas e a promoção de crescimento trum, podem solubilizar complexos de fosfato pela
de plantas secreção de ácidos orgânicos. Uma vez na forma
Estudos sugerem que além de exercer me- solúvel, esses fosfatos podem ser absorvidos pela
canismos de biocontrole, as bactérias endofíticas bactéria ou pela planta (Costa, 2012) e atuar na
também são capazes de promover o crescimento de promoção do crescimento vegetal (Babalola, 2010).
plantas (Figura 4) (Bandara et al., 2006; Ting et al., Bacillus pumilus e Acinetobacter calcoaceticus são
2008; Silva et al., 2012; Hidayati et al., 2014; Ran- bactérias endofíticas capazes de solubilizar fosfato
gjaroen et al., 2015), que em grande parte se dá e promover o crescimento de plantas (Kang et al.,
pela produção de fitohormônios como o ácido indol 2009; Pérez-García et al., 2011). Estudos in vitro com
acético (Piromyou et al., 2011; Arun et al., 2012.), plantas de ervilha (Pisum sativum L.), realizados por
ácido abscísico, ácido giberélico, citocininas (Feng Tariq et al. (2014) demonstraram o potencial de bac-
et al., 2006), fixação de nitrogênio, solubilização de térias endofíticas em promover o crescimento de
fosfato, produção de íons de amônio (Nigris et al., plantas, onde seis isolados foram capazes de produ-
2013), mineralização de fosfato orgânico (Jha e Ku- zir ácido indol acético, dois foram capazes de fixar
mar, 2007), fornecimento de vitaminas essenciais, nitrogênio e nove solubilizaram fósforo inorgânico.
aumento da captação e solubilização de minerais, Gêneros Acinetobacter, Azospirillum, Azo-
ajuste osmótico, regulação dos estômatos e modifi- tobacter, Pseudomonas e Bacillus, produzem fito-
cação da morfologia radicular, indução da produção hormônios como o ácido indol acético, ácido indol
de ácido acético e produção de sideróforos (Ryan et butírico, giberelinas, citocininas, octadecanóides, e
al., 2008), o que torna esses agentes agronomica- compostos que mimetizam a ação dos jasmonatos
mente relevantes para fins de desenvolvimento de (Forchetti et al., 2007; Kang et al., 2009; Pérez-García
biofertilizantes, sendo eles uma alternativa aos insu- et al., 2011). Ji et al. (2014) estudaram a promoção

120 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

de crescimento vegetal induzido por bactérias en- ções (Esposito-Polesi, 2011), sendo que o uso de
dofíticas e observaram que alguns de seus isolados plantas para a recuperação de ambientes poluídos,
foram capazes de produzir auxina, sideróforos e so- processo chamado de fitorremediação, pode ser um
lubilizar fosfato. Além disso, esses autores demons- modo eficiente e de baixo custo, além de não causar
traram que bactérias endofíticas diazotróficas autóc- danos adicionais ao ambiente (Gerhardt et al., 2009;
tones de arroz, proporcionaram maior crescimento Marques et al., 2011; Phillips et al., 2012).
das plantas e acréscimo no peso seco, bem como Embora as plantas disponíveis para a fitorre-
promoveram efeitos antagônicos contra fungos pa- mediação tenham se adaptado a locais poluídos, a
togênicos. Quecine et al. (2012) também verificaram presença de poluentes orgânicos no solo geralmen-
acumulação de biomassa em plantas de cana-de- te reduzem o desenvolvimento normal da planta e,
-açúcar tratadas com a endofítica Pantoea agglome- eventualmente, a eficácia da fitorremediação. A in-
rans, tanto da parte aérea quanto da raiz. teração das plantas com bactérias endofíticas pode
Bactérias promotoras de crescimento vege- superar essas limitações quando estas bactérias fo-
tal, como as dos gêneros Pseudomonas, Bacillus, Ar- rem capazes de degradar os poluentes, promover o
throbacter, Enterobacter e Agrobacterium (Yuan et crescimento da planta, ou ambos (Peng et al., 2013;
al., 2010), produzem compostos indólicos, como áci- Glick, 2010; Khan et al., 2013). Assim, uma das for-
do indol acético, que quando sintetizado e secretado mas estudadas para as plantas superarem as condi-
pela bactéria, age como hormônio de crescimento ções adversas do solo são as associações simbióticas
vegetal e induz o aumento das raízes e folhas das com micro-organismos, sendo um método menos
plantas (Babalola, 2010; Hayat et al., 2010). Burkhol- oneroso e ecologicamente correto (Newman e Rey-
deria vietnamiensis foi uma das primeiras espécies nolds, 2005; Postma et al., 2007; Zhang et al., 2011).
desse gênero, relatada como fixadora de nitrogênio. Sob o ponto de vista da fitorremediação, nos últimos
Entretanto, outras espécies, como Burkholderia bal- anos, tem havido grande interesse em comunidades
dani e Burkholderia unamae também são capazes endofíticas, principalmente na interação de micro-
de desempenhar a função de promotoras de cres- -organismos da parte aérea com as raízes e com o
cimento de plantas através da fixação de nitrogênio solo (Mengoni et al., 2009; Li et al., 2011).
(Govindarajan et al., 2006). Gluconacetobacter, Ace- Genes que codificam enzimas envolvidas na
tobacter, Azoarcus, Herbaspirillum e Methylobac- degradação de hidrocarbonetos têm sido descritos
terium são conhecidas como bactérias endofíticas em uma ampla gama de bactérias endofíticas per-
capazes de fixar biologicamente o nitrogênio em tencentes aos gêneros Arthrobacter, Bacillus, Ente-
plantas (Donato et al., 2005; Balachandar et al., robacter, Pantoea e Pseudomonas. Além disso, tem
2006). sido observado que plantas que crescem em solos
contaminados por petróleo podem recrutar bacté-
Bactérias endofíticas e a fitorremediação rias endofíticas que possuem genes capazes de de-
Compostos orgânicos, liberados no ambiente gradar hidrocarbonetos (Andria et al., 2009; Khan et
por diversas atividades humanas, podem causar sé- al., 2013).
rios danos ao meio ambiente devido a sua toxicida- A importância do sinergismo planta-endófito
de, natureza hidrofóbica e persistência por um longo na remoção dos poluentes orgânicos do solo e da
período de tempo. A presença de compostos orgâ- água ainda é subestimada. Como muitas bactérias
nicos, tais como hidrocarbonetos poliaromáticos, endofíticas tem se mostrado eficazes na degradação
fenóis, clorofenóis, benzeno, herbicidas e pesticidas, de poluentes, em atividades de promoção de cres-
inibem o crescimento e as atividades metabólicas cimento ou em ambos, um melhor conhecimento
de micro-organismos no solo, mesmo em pequenas dos mecanismos que regulam estas atividades deve
concentrações (Kukla et al., 2014). ser explorado a fim de melhorar a fitorremediação
Métodos físicos e químicos tradicionais para de poluentes orgânicos presentes no solo e na água
a recuperação do solo e água contaminados por (Afzal et al., 2014).
poluentes orgânicos são geralmente caros e destru- Por outro lado, o papel das bactérias endofí-
tivos ao ambiente. Neste sentido, existem muitos ticas para melhorar a fitorremediação de metais pe-
agentes biológicos que remediam tais contamina- sados em solos contaminados tem sido revisado em

RAPP - Volume 24, 2016 121


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

vários artigos. A contaminação de metais pesados Bactérias endofíticas, portanto, tem se cons-
em solos é um dos maiores problemas ambientais tituído em uma fonte mais confiável de biocenose
devido à ação antropogênica, sendo que excessivas natural do que rizobactérias na degradação de me-
concentrações de cobre (Cu) possuem significante tais pesados, devido à sua íntima associação com as
risco a saúde pública e ao ecossistema (Rajkumar et plantas. A exploração das interações bactéria-plan-
al., 2009a; Ma et al., 2011a; Sessitsch et al., 2013). ta-metal pode resultar na promoção do estabeleci-
As associações entre plantas e micro-orga- mento, crescimento e desenvolvimento da planta
nismos metal tolerantes aumentam a absorção de e além disso, desempenham um papel significativo
metais e o crescimento das plantas, além do uso si- nas aplicações sustentáveis de baixo custo ​​de fitor-
nérgico de plantas e micro-organismos ser favorável remediação de metais em solos contaminados. No
para a descontaminação de solos metálicos (Jing et entanto, uma compreensão dos mecanismos que
al., 2007; Glick, 2010; Ma, 2011b). Estes micro-orga- permitem que bactérias endofíticas interajam com
nismos contribuem para a redução da fitotoxicidade as plantas hospedeiras em solos contaminados com
através de mecanismos de biossorção e bioacumu- metais pesados são essenciais para otimizar as apli-
lação, haja vista que as células bacterianas apresen- cações biotecnológicas das eficientes relações plan-
tam elevada superfície de contato e desta forma, são ta-bactéria (Ma et al., 2016).
capazes de absorver maior quantidade de metais pe-
sados do que os componentes inorgânicos do solo Bactérias endofíticas – perspectivas para o futuro
(Ma et al., 2011b). Evidencia-se que o uso de bactérias endofíti-
Estudos realizados por Zaidi et al. (2006), cas na agricultura e em outras atividades econômi-
Madhayian et al. (2007) e Kumar et al. (2009), re- cas pode ser melhorado pela compreensão desses
portaram que mecanismos de biossorção e/ou bio- micro-organismos com seus hospedeiros. É fato que
acumulação bacterianos, associados aos fatores re- as possibilidades de aplicações de agentes endofíti-
lacionados à promoção de crescimento de plantas cos tem crescido cada vez mais, pois estudos com
(incluindo a atividade de ACC deaminase e fitohor- essa temática tem se intensificado nos últimos anos.
mônios) foram responsáveis por um melhor cresci- Inicialmente o grande interesse com relação ao po-
mento das plantas em solos contaminados por me- tencial de bactérias endofíticas no controle biológico
tais, comprovando essa teoria. Dessa forma, o uso e/ou promoção de crescimento de plantas alavancou
de micro-organismos associados às espécies vege- os estudos, pois desde o princípio vislumbrava-se al-
tais, ajudam a promover a utilização mais eficiente ternativas ecologicamente corretas, principalmente
das plantas nas práticas de fitorremediação, através com potencial para a redução da demanda contínua
do aproveitamento da sua flora bacteriana natural de insumos químicos e agrotóxicos necessários atu-
(Mengoni et al., 2009). almente para manter a produtividade das lavouras,
Diversos estudos revelam que as plantas hi- reduzindo assim, os custos de produção para o pro-
peracumuladoras de metais são colonizadas simul- dutor rural.
taneamente por um elevado número de diferentes Este aumento na gama de possibilidades de
bactérias endofíticas, dentre as quais pode-se citar utilização das bactérias endofíticas se deve muito ao
as do gênero Methylobacterium, que são tolerantes desenvolvimento de técnicas modernas de estudo,
aos metais Níquel (Ni), Cádmio (Cd), Cobalto (Co), principalmente as técnicas de detecção e identifica-
Zinco (Zn) e Cromo (Cr) (Idris et al., 2006; Mengo- ção de micro-organismos independentes de cultivo,
ni et al., 2009), e as dos gêneros Bacillus, Acineto- com base no conteúdo genético contido no DNA
bacter e Pantoea tolerantes a Cu (Sun et al., 2010; ou RNA dos mesmos. Como muitos procariotos de
Zhang et al., 2011). Além disso, gêneros como Ba- amostras ambientais são recalcitrantes, ou seja, não
cillus, Brevibacillus, Burkholderia, Curtobacterium, podem ser isolados ou cultivados em condições de
Herbaspirillum, Klebsiella, Leifsonia, Methylobacte- laboratório, os métodos moleculares independen-
rium, Microbacterium, Micrococcus, Paenibacillus, tes de cultivo têm sido amplamente utilizados para
Pseudomonas, Serratia e Staphylococcus também caracterizar comunidades microbianas in situ. Para
apresentaram genes responsáveis pela resistência a a identificação de bactérias, geralmente se tem utili-
metais pesados (Rajkumar et al., 2009a; 2009b). zado a sequência do gene que codifica a porção 16S

122 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

do rRNA; porém para estudos de caracterização de lução genômica juntamente com o desenvolvimento
comunidades microbianas com capacidades fisioló- constante de técnicas analíticas certamente vai ace-
gicas especializadas, se tem utilizado a comparação lerar a descoberta destes metabólitos e possibilitar
de sequências de uma série de genes que codificam a detecção destes em circunstâncias específicas sob
proteínas específicas (Ikeda, 2010; Reinhold-Hurek, condições naturais (Brader et al., 2014). Além disso,
2011). estudos sobre os mecanismos pelos quais as bacté-
Além do controle biológico e promoção de rias endofíticas se estabelecem em tecidos vegetais
crescimento de plantas, outras possibilidades de em número elevado, e como eles contornam as res-
utilização das bactérias endofíticas tem ganhado im- postas de defesa do hospedeiro também estão pro-
portância nos últimos anos. Muitas delas possuem gredindo. Combinações de estudos sobre a comuni-
metabolismo capaz de degradar as mais variadas dade bacteriana, análises mutacionais de bactérias
substâncias, sendo que seu uso na remediação de e de plantas hospedeiras, análises comparativas do
ambientes contaminados merece uma atenção es- genoma e metagenoma facilitarão a evolução neste
pecial, devido à importância para a recuperação de fascinante campo de pesquisa.
solos degradados, como foi enfatizado anteriormen-
te nesta revisão. Em um planeta saturado onde sus- Referências
tentabilidade é a palavra-chave para um desenvol- Afzal M, Khan QM, Sessitsch A (2014) Endophytic
vimento que não comprometa os recursos naturais, bacteria: Prospects and applications for the phy-
principalmente água e solo, as bactérias endofíticas toremediation of organic pollutants. Chemo-
surgem, portanto, como interessante alternativa. sphere 117:232–242.
No campo da biotecnologia, podemos sa- Almeida CV, Andreote FD, Yara R, Tanaka FAO, Azeve-
lientar que as bactérias, juntamente com os fungos, do JL, Almeida M (2009) Bacteriosomes in axenic
têm sido bastante utilizadas como produtoras de plants: endophytes as stable endosymbionts.
diferentes substâncias de interesse econômico, tais World Journal of Microbiology and Biotechnology
como enzimas, antibióticos, vitaminas, aminoácidos 25:1757-1764.
e esteroides (Santos e Varavallo, 2011), que podem Alves EM, Cunha WL (2012) A importância da agri-
ser explorados na agricultura, na medicina e na in- cultura orgânica na visão social e ecológica. Re-
dústria (Tejesvi et al., 2007). Um exemplo disto é o vista F@pciência 9:01-07.
trabalho desenvolvido por Carrim et al. (2006), que Andreote FD, Arau WLD, Azevedo JLD, Elsas JDV, Ro-
selecionaram enzimas de interesse biotecnológico a cha UND, Overbeek LSV (2009) Endophytic colo-
partir de bactérias endofíticas isoladas de Jacaran- nization of potato (Solanum tuberosum L.) by a
da decurrens Cham. Dez espécies de bactérias foram novel competent bacterial endophyte, Pseudo-
isoladas e identificadas; todas apresentaram ativida- monas putida Strain P9, and its effect on associ-
de enzimática, com maior predominância de ativida- ated bacterial communities. Applied and Environ-
de proteolítica e amilolítica, seguidas das atividades mental Microbiology 75:3396-3406.
lipolítica e esterásica. Essas enzimas, produzidas por Andria V, Reichenauer TG, Sessitsch A (2009) Expres-
diversos microrganismos, apresentam potencial de sion of alkane monooxygenase (alkB) genes by
aplicabilidade em diversos campos, como no pro- plant-associated bacteria in the rhizosphere and
cessamento de alimentos, na fabricação de deter- endosphere of Italian ryegrass (Lolium multiflo-
gentes, tecidos, produtos farmacêuticos, na terapia rum L.) grown in diesel contaminated soil. Envi-
médica e na biologia molecular (Carrim et al., 2006). ronmental Pollution 157:3347–3350.
Portanto, esta é apenas a ponta do grande Aranda E, Peferoen M, Guureca L, Bravo A (1996)
“iceberg”, que representa os estudos a respeito das Interactions of Bacillus thuringiensis crystal pro-
bactérias endofíticas. Evidências sugerem que bacté- teins with the midgut epithelial cell of Spodop-
rias endofíticas tem um elevado potencial na produ- tera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). Journal
ção de uma vasta gama de metabólitos, muitos deles of Invertebrate Pathology 68:203-212.
ainda não descritos. No entanto, a concentração e as Aravind R, Eapen SJ, Kumar A, Dinu A, Ramana KV
circunstâncias em que estes metabólitos são produ- (2010) Screening of endophytic bacteria and eval-
zidos ainda não são bem compreendidas, mas a revo- uation of selected isolates for suppression of bur-

RAPP - Volume 24, 2016 123


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

rowing nematode (Radopholus similis Thorne) us- de promoção de crescimento. Ciência e Agrotec-
ing three varieties of black pepper (Piper nigrum nologia 33:2038-2044.
L.). Crop Protection 29:318-324. Bettiol W, Ghini R (1995) Controle biológico. In: Ber-
Ardanov P, Ovcharenko L, Zaets I, Kozyrovska N, Pirt- gamin Filho A, Kimati H, Amorin L (Eds.) Manual
tilä AM (2011) Endophytic bacteria enhancing de Fitopatologia. Volume 1: Princípios e concei-
growth and disease resistance of potato (Sola- tos. São Paulo, SP. pp. 717-728.
num tuberosum L.). Biological Control 56:43-49. Brader, G, Compant, S, Mitter, B, Trognitz, F, & Ses-
Arun B, Gopinath B, Sharma S (2012) Plant growth sitsch, A (2014) Metabolic potential of endo-
promoting potential of bacteria isolated on N free phytic bacteria. Current Opinion in Biotechnology
media from rhizosphere of Cassia occidentalis. 27:30–37.
World Journal of Microbiology and Biotechnology Carrim AJI, Barbosa EC, Vieira JDG (2006) Enzymatic
28:2849–2857. activity of endophytic bacterial isolates of Jaca-
Assumpção LC, Laçava PT, Dias ACF, Azevedo JL, Men- randa decurrens Cham. (Carobinha-do-campo).
ten JOM (2009) Diversidade e potencial biotecno- Brazilian Archives of Biology and Technology
lógico da comunidade bacteriana endofítica de 49:353-359.
sementes de soja. Pesquisa Agropecuária Brasi- Castilhos-Fortes R, Matsumura ATS, Diehl E, Fiuza LM
leira 44:503-510. (2002) Susceptibility of Nasutitermes ehrhardti
Azevedo JL (1998) Microrganismos endofíticos. In: (Isoptera: Termitidae) to Bacillus thuringiensis
Melo IS, Azevedo JL (Ed.) Ecologia microbiana. Ja- subspecies. Brazilian Journal of Microbiology
guariúna. EMBRAPA. p. 117-137. 33:219-222.
Azevedo JL (1999) Botânica: uma ciência básica ou Cavados CFG, Fonseca RN, Chaves JQ, Abinovitch L,
aplicada? Revista brasileira de Botânica 22:225- Araújo-Coutinho CJPC (2001) Identification of en-
229. tomopathogenic Bacillus isolated from Simulium
Azevedo JL, Maccheroni Junior W, Pereira JO, Araújo (Diptera, Simuliidae) larvae and adults. Memórias
WL (2000) Endophytic microorganisms: a review do Instituto Oswaldo Cruz 96:1017-1021.
on insect control and recent advances on tropical Colombo PM (1978) Occurrence of endophytic bac-
plants. Electronic Journal of Biotechnology 3:40- teria in Siphonous algae. Phycologia 17:148-151.
65. Compant S, Clément C, Sessitsch A (2010) Plant
Babalola OO (2010) Beneficial bacteria of agricultural growth-promoting bacteria in the rhizo and endo-
importance. Biotechnology letters 32:1559-1570. sphere of plants: their role, colonization, mecha-
Balachandar D, Sandhiya GS, Sugitha TCK, Kumar K nisms involved and prospects for utilization. Soil
(2006) Flavonoids and growth hormones influ- Biology and Biochemistry 42:669-678.
ence endophytic colonization and in planta nitro- Compant S, Mitter B, Colli-Mull JG, Gangl H, Sess-
gen fixation by a diazotrophic Serratia sp. in rice. itsch A (2011) Endophytes of grapevine flowers,
World Journal of Microbiology and Biotechnology berries, and seeds: identification of cultivable
22:707-712. bacteria, comparison with other plant parts, and
Baldani JI, Salles JF, Olivares FL (2002) Bactérias visualization of niches of colonization. Microbial
endofíticas como vetores de genes de resis- Ecology 62:188–197.
tência a insetos. In: Melo S, Valadaresinglis M, Costa PB (2012) Isolamento e caracterização de bac-
Nass L, Valois A (Eds.) Recursos genéticos e térias promotoras de crescimento vegetal em
melhoramento:microrganismos. Jaguariúna, SP. lavouras experimentais de arroz sob diferentes
EMBRAPA Meio Ambiente. pp. 590-601. níveis de fertilização. Dissertação de mestrado,
Bandara WMMS, Seneviratne G, Kulasooriya SA Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
(2006) Interactions among endophytic bacteria UFRGS. Porto Alegre, RS, Brasil.
and fungi: effects and potentials. Journal of Bios- Crickmore N (2005) Using worms to better under-
ciences 31:645-650. stand how Bacillus thuringiensis kills insects.
Barretti PB, Romeiro RS, Mizubuti ESG, Souza JT Trends in Microbiology 13:347-350.
(2009) Seleção de bactérias endofíticas de toma- Crickmore N, Zeigler DR, Feitelson J, Schnepf E, Van
teiro como potenciais agentes de biocontrole e Rie J, Lereclus D, Baum J, Dean DH (1998) Revision

124 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

of the nomenclature for the Bacillus thuringiensis Francis I, Holsters M, Vereecke D (2010) The Gram-
pesticidal crystal protein. Microbiology Molecular -positive side of plant–microbe interactions. Envi-
Biology Review 62:807-813. ronmental Microbiology 12:1–12.
De Maagd RA, Bravo A, Berry C, Crickmore N, Franke-Whittle IH, O’shea MG, Leonard GJ, Webb R,
Schnepf HE (2003) Structure, diversity and evolu- Sly LI (2005) Investigation into the ability of Glu-
tion of protein toxins from spore-forming ento- conacetobacter sacchari to live as an endophyte
mopathogenic bacteria. Annual Review of Genet- in sugarcane. Plant and Soil 271:285-295.
ics 37:409-433. Gerhardt KE, Huang XD, Glick BR, Greenberg BM
Dias ACF, Costa FEC, Andreote FD, Lacava PT, Teixeira (2009) Phytoremediation and rhizoremediation
MA, Assumpção LC, Araújo WL, Azevedo JL, Melo of organic soil contaminants: potential and chal-
IS (2009) Isolation of micropropagated strawberry lenges. Plant Science 176:20–30.
endophytic bacteria and assessment of their po- Glick BR (2010) Using soil bacteria to facilitate phyto-
tential for plant growth promotion. World Journal remediation. Biotechnology Advances 28:367–
of Microbiology and Biotechnology 25:189-195. 374.
Donato VMTS, Andrade AG, Takaki GMC, Mariano Govindarajan M, Balandreau J, Muthukumarasamy
RLR, Maciel GA (2005) Plantas de cana-de-açú- R, Revathi G, Lakshminarasimhan C (2006) Impro-
car cultivadas in vitro com antibióticos. Ciência e ved yield of micropropagated sugarcane following
Agrotecnologia 29:134-141. inoculation by endophytic Burkholderia vietna-
Elbeltagy A, Nishioka K, Sato T, Suzuki H, Ye B, Hama- miensis. Plant Soil 280:239-252.
da T, Isawa T, Mitsui H, Minamisawa K (2001) En- Guo B, Wang Y, Sun X, Tang K (2008) Bioactive natural
dophytic colonization and in planta nitrogen fixa- products from endophytes: a review. Applied Bio-
tion by a Herbaspirillum sp. isolated from wild rice chemistry and Microbiology 44:136-142.
species. Applied and Environmental Microbiology Hallmann J, Quadt-Hallmann A, Mahaffee WF, Klo-
67:5285-5293. epper JW (1997) Bacterial endophytes in agri-
Esposito-Polesi NP (2010) Investigação da microbio- cultural crops. Canadian Journal of Microbiology
ta endofítica onipresente em microplantas “axê- 43:895-914.
nicas”. Dissertação de mestrado, Universidade de Hardoim PR, Van Overbeek LS, Elsas JD (2008) Pro-
São Paulo - ESALQ-USP, Piracicaba, SP, Brasil. perties of bacterial endophytes and their propo-
Esposito-Polesi NP (2011) Microrganismos endofíti- sed role in plant growth. Trends in Microbiology
cos e a cultura de tecidos vegetais: quebrando pa- 16:463–471.
radigmas. Revista Brasileira de Biociências 9:533- Hayat R, Ali S, Amara U, Khalid R, Ahmed I (2010)
541. Soil beneficial bacteria and their role in plant gro-
Federici BA, Park HW, Bideshi DK (2010) Overview wth promotion: a review. Annals of Microbiology
of the basic biology of Bacillus thuringiensis with 60:579-598.
emphasis on genetic engineering of bacterial lar- Hidayati U, Chaniago IA, Munif A, Siswanto, Santosa
vicides for mosquito control. The Open Toxinolo- DA (2014) Potency of plant growth promoting en-
gy Journal 3:83-100. dophytic bacteria from rubber plants (Hevea bra-
Feitelson JS, Payne J, Kim L (1992) Bacillus thuringien- siliensis Mull. Arg.). Journal of Agronomy 13:147-
sis: insects and beyond. Biotecnology 10:271-275. 152.
Feng Y, Shen D, Song W (2006) Rice endophyte Panto- Höfte H, Whitheley HR (1989) Inseticidal crystal pro-
ea agglomerans YS19 promotes host plant growth teins of Bacillus thuringiensis. Microbiology Re-
and affects allocations of host photosynthates. view 53:242-255.
Journal of Applied Microbiology 100:938–945. Holliday P (1989) A dictionary of plant pathology.
Forchetti G, Masciarelli O, Alemano S, Alvarez D, Ab- Cambridge, University Press, Cambridge.
dala G (2007) Endophytic bacteria in sunflower Hollis JP (1951) Bacteria in healthy potato tissue.
(Helianthus annuus L.): isolation, characteriza- Phytopathology 41:350-367.
tion, and production of jasmonates and abscisic Hung PQ, Kumar SM, Govindsamy V, Annapurna K
acid in culture medium. Applied Microbiology (2007) Isolation and characterization of endo-
and Biotechnology 76:1145- 1152. phytic bacteria from wild and cultivated soybean

RAPP - Volume 24, 2016 125


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

varieties. Biology and Fertility of Soils 44:155-162. javanica infecting tomato. Phytopathologia Medi-
Idris R, Kuffner M, Bodrossy L, Puschenreiter M, terranea 45:153-157.
Monchy S, Wenzel WW, Sessitsch, A (2006) Cha- Kukla M, Płociniczak T, Piotrowska-Seget Z (2014)
racterization of Ni-tolerant methylobacteria asso- Diversity of endophytic bacteria in Lolium pe-
ciated with the hyperaccumulating plant Thlaspi renne and their potential to degrade petroleum
goesingense and description of Methylobacte- hydrocarbons and promote plant growth. Chemo-
rium goesingense sp. nov. Systematic and Applied sphere 117:40–46.
Microbiology 29:634-644. Kumar KV, Srivastava S, Singh N, Behl HM (2009)
Ikeda S, Okubo T, Anda M, Nakashita H, Yasuda M, Role of metal resistant plant growth promoting
Sato S, Kaneko T, Tabata S, Eda S, Momiyama A bacteria in ameliorating fly ash to the growth of
(2010) Community and genome-based views of Brassica juncea. Journal of Hazardous Materials
plant-associated bacteria: plant–bacterial interac- 170:51-57.
tions in soybean and rice. Plant and Cell Physiolo- Kuss AV (2006) Fixação de nitrogênio por bactérias
gy 51:1398-1410. diazotróficas em cultivares de arroz irrigado. Tese
Jacobs MJ, Bugbee WM, Gabrielson DA (1985) Enu- de doutorado, Universidade Federal de Santa Ma-
meration, location, and characterization of endo- ria – UFSM. Santa Maria, RS, Brasil.
phytic bacteria within sugar beet roots. Canadian Li T, Liu MJ, Zhang XT, Zhang HB, Sha T, Zhao ZW
Journal of Botany 63:1262-1265. (2011) Improved tolerance of maize (Zea mays L.)
Jha PN, Kumar A (2007) Endophytic colonization of to heavy metals by colonization of a dark septate
Typha australis by a plant growth-promoting bac- endophyte (DSE) Exophiala pisciphila. Science of
terium Klebsiella oxytoca strain GR-3. Journal of the Total Environment 409:1069-1074.
Applied Microbiology 103:1311–1320. Lin T, Zhao L, Yang Y, Guan Q, Gong M (2013) Poten-
Ji SH, Gururani MA, Chun SC (2014) Isolation and tial of endophytic bacteria from Sophora alope-
characterization of plant growth promoting en- curoides nodule in biological control against Ver-
dophytic diazotrophic bacteria from Korean rice ticillium wilt disease. Australian Journal of Crop
cultivars. Microbiological Research 169:83– 98. Science 7:139-146.
Jing Y, He Z, Yang X (2007) Role of soil rhizobacte- Ma Y, Prasad MNV, Rajkumar M, Freitas H (2011a)
ria in phytoremediation of heavy metal contami- Plant growth promoting rhizobacteria and endo-
nated soils. Journal of Zhejiang University Science phytes accelerate phytoremediation of metallifer-
8:192–207. ous soils. Biotechnology Advances 29:248-258.
Kang SM, Joo GJ, Hamayun M, Na CI, Shin DH, Kim HY, Ma Y, Rajkumar M, Luo Y, Freitas H (2011b) Inocula-
Hong JK, Lee IJ (2009) Gibberellin production and tion of endophytic bacteria on host and non-host
phosphate solubilization by newly isolated strain plants: effects on plant growth and Ni uptake.
of Acinetobacter calcoaceticus and its effect on Journal of Hazardous Materials 195:230-237.
plant growth. Biotechnology Letters 31:277- 281. Ma Y, Rajkumar M, Zhang C, Freitas H (2016) Benefi-
Khan MQ, Waseem MA, Zaki MJ, Khan SA (2010) cial role of bacterial endophytes in heavy metal
Evaluation of Bacillus thuringiensis isolates phytoremediation. Journal of Environmental
against rootknot nematodes following seed appli- Management 174:14-25.
cation in okra and mungbean. Pakistan Journal of Macedo CL, Martins ES, Macedo LLP, Santos AC,
Botany 42:2903-2910. Praça LB, Góis LAB, Monnerat RG (2012) Selec-
Khan S, Afzal M, Iqbal S, Khan QM (2013) Plant– tion and characterization of Bacillus thuringien-
bacteria partnerships for the remediation of hy- sis strains effective against Diatraea saccharalis
drocarbon contaminated soils. Chemosphere (Lepidoptera: Crambidae). Pesquisa Agropecuária
90:1317–1332. Brasileira 47:1759-1765.
Khan Z, Doty SL (2009) Characterization of bacterial Madhayian M, Poonguzhali S, Sa T (2007) Metal tol-
endophytes of sweet potato. Plant Soil 322:197- erating methylotrophic bacteria reduces nickel
207. and cadmium toxicity and promotes plant growth
Khyami-Horani H, Al-Banna L (2006) Efficacy of Bacil- of tomato (Lycopersicon esculentum L.). Chemo-
lus thuringiensis jordanica against Meloidogyne sphere 69:220-228.

126 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

Malfanova N, Kamilova F, Validov S, Shcherbakov A, trol? In: Schneider C, Leifert C, Feldmann F (Eds.)
Chebotar V, Tikhonovich I, Lugtenberg B (2011) Endophytes for plant protection: the state of the
Characterization of Bacillus subtilis HC8, a novel art. Deutsche Phytomedizinische Gesellschaft,
plant‐beneficial endophytic strain from giant hog- Braunschweig. pp. 12-16.
weed. Microbial Biotechnology 4:523–532. Peixoto Neto PAS, Azevedo JL, Araújo WL (2002) Mi-
Manter DK, Delgado JA, Holm DG, Stong RA (2010) crorganismos endofíticos. Biotecnologia Ciência
Pyrosequencing reveals a highly diverse and culti- & Desenvolvimento 29:62-77.
var specific bacterial community in potato roots. Peixoto Neto PAS, Azevedo JL, Caetano LC (2004) Mi-
Microbial Ecology 60:157-166. crorganismos endofíticos em plantas: status atual
Marques APGC, Rangel AOSS, Castro PML (2011) Re- e perspectivas. Boletin Latinoamericano y del Ca-
mediation of heavy metal contaminated soils: an ribe de Plantas Medicinales y Aromáticas 3:69-72.
overview of site remediation techniques. Critical Peng A, Liu J, Gao Y, Chen Z (2013) Distribution of
Reviews in Environmental Science and Technol- endophytic bacteria in Alopecurus aequalis Sobol
ogy 41:879–914. and Oxalis corniculata L. from soils contaminated
Marquez-Santacruz HA, Hernandez-Leon R, Orozco- by polycyclic aromatic hydrocarbons. PLoS ONE
Mosqueda MC, Velazquez-Sepulveda I, Santoyo G 8:e83054.
(2010) Diversity of bacterial endophytes in roots Pérez-García A, Romero D, Vicente A (2011) Plant
of Mexican husk tomato plants (Physalis ixocarpa) protection and growth stimulation by microor-
and their detection in the rhizosphere. Genetics ganisms: biotechnological applications of Bacilli
and Molecular Research 9:2372-2380. in agriculture. Current Opinion in Biotechnology
Melnick RL, Zidack NK, Bailey BA, Maximova SN, 22:187-193.
Guiltinan M, Backman PA (2008) Bacterial endo- Phillips LA, Greer CW, Farrell RE, Germida JJ (2012)
phytes: Bacillus spp. from annual crops as poten- Plant root exudates impact the hydrocarbon deg-
tial biological control agents of black pod rot of radation potential of a weathered-hydrocarbon
cacao. Biological Control 46: 46-56. contaminated soil. Applied Soil Ecology 52:56–64.
Mengoni A, Pini F, Huang LN, Shu WS, Bazzicalupo M Piccolo SL, Ferraro V, Alfonzo A, Settanni L, Ercolini
(2009) Plant-by-plant variations of bacterial com- D, Burruano S, Moschetti G (2010). Presence of
munities associated with leaves of the nickel hy- endophytic bacteria in Vitis vinifera leaves as de-
peraccumulator Alyssum bertolonii. Desv. Micro- tected by fluorescence in situ hybridization. An-
bial Ecology 58:660-667. nual Microbiology 60:161-167.
Mohammed SH, Anwer M, Saedy E, Mohamed R, Pinto LMN, Azambuja AO, Dihel E, Fiuza LM (2003)
Enan N, Ibrahim E, Ghareeb A, Salah AM (2008) Pathogenicity of Bacillus thuringiensis isolates
Biocontrol efficiency of Bacillus thuringiensis tox- from two species of Acromirmex (Hymenoptera:
ins against root-knot nematode, Meloidogyne Formicidae). Brazilian Journal of Biology 63:301-
incognita. Journal of Cell and Molecular Biology 306.
7:57-66. Pinto LMN, Fiuza LM (2002) Genes Cry de Bacillus
Moreira FMS, Siqueira JO (2006) Microbiology and thuringiensis: uma alternativa biotecnológica
Biochemistry of soil. 2. ed. Lavras, UFLA. aplicada ao manejo de insetos. Acta Biológica
Nawangsih AA, Damayanti I, Wiyono S, Kartika JG Leopoldense 10:3-13.
(2011) Selection and characterization of endo- Piromyou P, Buranabanyat B, Tantasawat P, Titta-
phytic bacteria as biocontrol agents of tomato butr P, Boonkerd N, Teaumroong N (2011) Effect
bacterial wilt disease. HAYATI Journal of Biosci- of plant growth promoting rhizobacteria (PGPR)
ences 18:66-70. inoculation on microbial community structure in
Newman L, Reynolds C (2005) Bacteria and phyto- rhizosphere of forage corn cultivated in Thailand.
remediation: new uses for endophytic bacteria in European Journal of Soil Biology 47:44–54.
plants. Trends in Biotechnology 23:6-8. Pleban S, Ingel F, Chat I (1995) Control of Rhizoctonia
Nigris S, Baldan E, Zottini M, Squartini A, Baldan Bet solani and Sclerotium rolfsii in the greenhouse us-
(2013) Is the bacterial endophyte community, liv- ing endophytic Bacillus spp. European Journal of
ing in Glera (Vitis vinifera) plants, active in biocon- Plant Pathology 101:665-672.

RAPP - Volume 24, 2016 127


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

Polli A, Neves AF, Galo FR, Gazarini J, Rhoden AS, Molecular Plant-Microbe Interactions 19:827-
Pamphile JA (2012) Aspectos da interação dos 837.
microrganismos endofíticos com plantas hospe- Ryan RP, Germaine K, Franks A, Ryan DJ, Dowling
deiras e sua aplicação no controle biológico de DN (2008) Bacterial endophytes: recent develop-
pragas na agricultura. SaBios-Revista de Saúde e ments and applications. FEMS microbiology let-
Biologia 7:82-89. ters 278:1-9.
Postma JWM, Olsson PA, Falkengren-Grerup U Saikkonen K, Wäli P, Helander M, Faeth SH (2004)
(2007) Root colonization by arbuscular mycorrhi- Evolution of endophyte-plant symbioses. Trends
zal, fine endophytic and dark septate fungi across in Plant Science 9:275–280.
a pH gradient in acid beech forests. Soil Biology & Santos TT, Varavallo MA (2011) Aplicação de micror-
Biochemistry 39:400-408. ganismos endofíticos na agricultura e na produ-
Purnawati A, Sastrahidayat IR, Abadi AL, Hadiastono ção de substâncias de interesse econômico. Se-
T (2014) Endophytic bacteria as biocontrol agents mina: Ciências Biológicas e da Saúde 32:199-212.
of tomato bacterial wilt disease. The Journal of Schulz B, Boyle C (2006) What are endophytes? In:
Tropical Life Science 4:33-36 , January. Schulz BJE, Boyle CJC & Sieber TN (Eds.) Microbial
Qin S, Xing K, Jiang JH, Xu LH, Li WJ (2011) Biodiver- root endophytes. Springer-Verlag, Berlin. pp.1–13
sity, bioactive natural products and biotechno- Sessitsch A, Kuffner M, Kidd P, Vangronsveld J, Wen-
logical potential of plant-associated endophytic zel W, Fallmann K, Puschenreiter M (2013) The
actinobacteria. Applied Microbiology Biotechnol- role of plant-associated bacteria in the mobili-
ogy 89:457-473. zation and phytoextraction of trace elements in
Quecine MC, Araújo WL, Rossetto PB, Ferreira A, Tsui contaminated soils. Soil Biology & Biochemistry
S, Lacava PT, Mondin M, Azevedo JL, Pizzirani- 60:182–194.
Kleinera AA (2012) Sugarcane growth promotion Silva HSA, Terrasan CRF, Tozzi JPL, Melo IS, Bettiol W
by the endophytic bacterium Pantoea agglomer- (2008) Bactérias endofíticas do cafeeiro e a indu-
ans 33.1. Applied and Environmental Microbiol- ção de enzimas relacionadas com o controle da
ogy 78:7511–7518. ferrugem (Hemileia vastatrix). Tropical Plant Pa-
Rajkumar M, Freitas H (2009a) Endophytic bacteria thology 33:049-054.
and their potential to enhance heavy metal phy- Silva HSA, Tozzi JPL, Terrasan CRF, Bettiol W (2012)
toextraction. Chemosphere 77:153-160. Endophytic microorganisms from coffee tissues
Rajkumar M, Prasad MNV, Freitas H, Ae N (2009b) as plant growth promoters and biocontrol agents
Biotechnological applications of serpentine bac- of coffee leaf rust. Biological Control 63:62–67.
teria for phytoremediation of heavy metals. Criti- Singh N, Pandey P, Dubey RC, Maheshwari DK (2008)
cal Reviews in Biotechnology 29:120-130. Biological control of root rot fungus Macrophom-
Rampelotti-Ferreira FT, Ferreira A, Vendramim JD, ina phaseolina and growth enhancement of Pinus
Lacava PT, Azevedo JL, Araújo WL (2010) Coloniza- roxburghii (Sarg.) by rhizosphere competent Ba-
tion of rice and Spodoptera frugiperda J.E. Smith cillus subtilis BN1. World Journal of Microbiology
(Lepidoptera: Noctuidae) larvae by genetically and Biotechnology 24:1669-1679.
modified endophytic Methylobacterium meso- Sturz AV, Christie HR, Nowak J (2000) Bacterial en-
philicum. Neotropical Entomology 39:308- 310. dophytes: Potential role in developing sustainable
Rangjaroen C, Rerkasem B, Teaumroong N, Noisan- systems of crop production. Critical Reviews in
giam R, Lumyong S (2015) Promoting plant growth Plant Sciences 19:1-30.
in a commercial rice cultivar by endophytic diazo- Sun L, Qiu F, Zhang X, Dai X, Dong X, Song W (2008)
trophic bacteria isolated from rice landraces. An- Endophytic bacterial diversity in rice (Oryza sativa
nals of Microbiology 65:253–266. L.) roots estimated by 16S rDNA sequence analy-
Reinhold-Hurek B, Hurek T (2011) Living inside sis. Microbial Ecology 55:415-24.
plants: bacterial endophytes. Current Opinion in Sun LN, Zhang YF, He LY, Chen ZJ, Wang QY, Qian M,
Plant Biology 14:435–443. Sheng XF (2010) Genetic diversity and characte-
Rosemblueth M, Martínez-Romero E (2006) Bacte- rization of heavy metal-resistant-endophytic bac-
rial endophytes and their interactions with hosts. teria from two copper-tolerant plant species on

128 RAPP - Volume 24, 2016


Bruna Canabarro Pozzebon e Juliano dos Santos (115-129)

copper mine wasteland. Bioresource Technology characterization and diversity of bacterial endo-
101:501- 509. phytes of grapevine. Canadian Journal of Micro-
Tan HM, Cao LX, He ZF, Su GJ, Lin B, Zhou SN (2006) biology 56:209-216.
Isolation of endophytic actinomycetes from diffe- Xin G, Zhang G, Kang JW, Staley JT, Doty SL (2009) A
rent cultivars of tomato and their activities against diazotropic, indole 3-acetic acid-producing endo-
Ralstonia solanacearum in vitro. World Journal of phyte from cottonwood. Biology and Fertility of
Microbiology and Biotechnology 22:1275-1280. Soils 45:669-674.
Tariq M, Hameed S, Yasmeen T, Zahid M, Zafar M Yonezawa M, Usuki F, Narisawa K, Takahashi J, Hashi-
(2014) Molecular characterization and identifica- ba T (2004) Anatomical study on the interaction
tion of plant growth promoting endophytic bacte- between the root endophytic fungus Heteroco-
ria isolated from the root nodules of pea (Pisum nium chaetospira and Chinese cabbage. Mycos-
sativum L.). World Journal of Microbiology and cience 45:367-371.
Biotechnology 30:719–725. Yuan CL, Mou CX, Wu WL, Guo YB (2010) Effect of
Tejesvi MV, Nalini MS, Mahesh B, Prakash HS, Kini different fertilization treatments on indole-3-ace-
KR, Shetty HS, Subbiah V (2007) New hopes from tic acid producing bacteria in soil. Journal of Soils
endophytic fungal secondary metabolites. Boletín and Sediments 11:322-329.
de la Sociedad Química de México 1:19-26. Yuan B, Wang Z, Qin S, Zhao GH, Feng YJ, Wei LH,
Thomas P, Kumari S, Swarna GK, Prakash DP, Dinesh Jiang JH (2012) Study of the anti-sapstain fun-
MR (2007) Ubiquitous presence of fastidious en- gus activity of Bacillus amyloliquefaciens CGMCC
dophytic bacteria in field shoots and index-negati- 5569 associated with Ginkgo biloba and identifi-
ve apparently clean shoot-tip cultures of papaya. cation of its active components. Bioresource Te-
Plant Cell Reports 26:1491-1499. chnology 114:536–541.
Ting ASY, Meon S, Kadir J, Radu S, Singh G (2008) Zaidi S, Usmani S, Singh BR, Musarrat J (2006) Signi-
Endophytic microorganisms as potential growth ficance of Bacillus subtilis strain SJ-101 as a bioi-
promoters of banana. BioControl 53:541-553. noculant for concurrent plant growth promotion
Trotel-Aziz P, Couderchet M, Biagianti S, Aziz A and nickel accumulation in Brassica juncea. Che-
(2008) Characterization of new bacterial biocon- mosphere 64:991-997.
trol agents Acinetobacter, Bacillus, Pantoea and Zhang L, He D, Chen J, Liu Y (2010) Biodegradation
Pseudomonas spp. mediating grapevine resistan- of 2-chloroaniline, 3-chloroaniline, and 4-chloro-
ce against Botrytis cinerea. Environmental and Ex- aniline by a novel strain Delftia tsuruhatensis H1.
perimental Botany 64:21-32. Journal of Hazardous Materials 179:875-882.
Vazquez P, Holguin G, Puente M, Lopez E, Cortes A, Zhang YF, He LY, Chen ZJ, Wang QY, Qian M, Sheng XF
Bashan Y (2000) Phosphate solubilizing microor- (2011) Characterization of ACC deaminase-pro-
ganisms associated with the rhizosphere of man- ducing endophytic bacteria isolated from copper-
groves in a semiarid coastal lagoon. Biology and -tolerant plants and their potential in promoting
Fertility of Soils 30:460-468. the growth and copper accumulation of Brassica
Viana CLTP, Bortolo AS, Thuler RT, Goulart RM, Le- napus. Chemosphere 83:57-62.
mos MVF, Ferraudo AS (2009) Effect of new iso- Zhao Z, Wang Q, Wang K, Brian K, Liu C, Gu Y (2010)
lates of Bacillus thuringiensis Berliner on Plutella Study of the antifungal activity of Bacillus vallis-
xylostella (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Plutelli- mortis ZZ185 in vitro and identification of its an-
dae). Científica 37:22-31. tifungal components. Bioresource Technology
West ER, Cother EJ, Steel CC, Ash GJ (2010) The 101:292-297.

RAPP - Volume 24, 2016 129


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

EFEITO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO


SISTEMA DE DEFESA DAS PLANTAS
Mathias Ferrari Rockenbach1; Mateus Brusco de Freitas1
e Marciel João Stadnik1

RESUMO
As mudanças climáticas previstas para este século, relacionadas direta-
mente com o aquecimento atmosférico global, consistem em um dos maiores
desafios na história da agricultura. Nesse contexto, incrementos nos níveis de
gases de efeito estufa tais como o dióxido de carbono (CO2) e ozônio (O3), são
capazes de provocar aumentos significativos na temperatura global e na radia-
ção solar, que podem afetar os sistemas de defesa das plantas tornando-as mais
suscetíveis ao ataque por patógenos. Neste capítulo, abordam-se os principais
sistemas de defesa das plantas e como eles são afetados pela exposição a níveis
elevados de CO2, O3 e radiação ultravioleta, assim como por altas temperaturas.
Por fim, discute-se também o efeito direto que as mudanças climáticas podem
ter sobre os patógenos e as perspectivas futuras dentro dos cenários ambientais
previstos para as próximas décadas.

Introdução condições ambientais. Um advento inesperado na


Durante a sua evolução, as plantas vêm se evolução das espécies é aquele relacionado à inter-
adaptando gradativamente a novos ambientes e ferência do homem no meio ambiente. Neste con-
foram desenvolvendo sistemas de defesa contra di- texto, o clima vem sofrendo mudanças significativas
ferentes tipos de estresses bióticos e abióticos. Isso desde os tempos pré-industriais, devido principal-
tem permitido a sua sobrevivência aos constantes mente às atividades antrópicas que geram aumen-
desafios impostos por patógenos das mais variadas tos dos chamados gases de efeito estufa (dióxido de
naturezas, bem como a oscilações dos fatores am- carbono – CO2 – e ozônio – O3). Estas mudanças vêm
bientais ao longo dos últimos 450 - 500 milhões de contribuindo diretamente para o aumento da tem-
anos (Raven & Edwards, 2001; Bennici, 2008; Rubins- peratura global, causando diversos impactos climáti-
tein et al., 2010). Neste cenário, as plantas terrestres cos sobre os oceanos e continentes. De fato, as pre-
tiveram que desenvolver diversas adaptações mor- dições para o futuro não são alentadoras na medida
fológicas/estruturais, assim como mecanismos fisio- em que todos os modelos preveem para os próximos
lógicos, que as têm possibilitado enfrentar constan- cem anos, aumentos nos níveis dos gases de efeito
temente a espécies patogênicas (Thaler et al., 2012). estufa e da temperatura global (Araujo et al., 2005;
Em conjunto, estas estratégias conformam sistemas Pachauri & Reisinger, 2007). Assim, caso não sejam
de defesa bem especializados capazes de atuar fren- tomadas as medidas necessárias, estas mudanças
te ao ataque por patógenos. poderão trazer futuramente consequências drásti-
Os sistemas de defesa das plantas podem, cas para a produção agrícola mundial (Howden et al.,
contudo, ser afetados por alterações drásticas nas 2007).
1
Laboratório de Fitopatologia, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina, Rodovia Admar Gonzaga 1346,
CEP 88034-001, Itacorubi, Florianópolis, Brasil.

130 RAPP - Volume 24, 2016


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

Este capítulo descreve os principais siste- immunity) (Ingle et al., 2006). O segundo sistema de
mas de defesa das plantas e como os incrementos defesa é definido como sistema de defesa “gene a
na concentração ambiental dos principais gases de gene” ou mediado por genes de resistência (R), e é
efeito estufa, CO2 e O3, podem afetar as respostas ativado pelo reconhecimento específico entre efeto-
dos hospedeiros ao ataque por patógenos. Também res de avirulência liberados pelos patógenos e pro-
serão expostos os principais resultados associados teínas do hospedeiro conhecidas como proteínas R
às interferências que a temperatura e radiação UV (codificadas pelos genes R). As respostas mediadas
podem exercer sobre tais sistemas de defesa. pelas interações entre efetores de avirulência e as
proteínas R induzem no hospedeiro um estado de
Sistema de defesa das plantas resistência conhecido como “imunidade disparada
A ativação dos sistemas de defesa nas plan- por efetores” (ETI – Effector-triggered immunity) (In-
tas em resposta ao ataque patogênico é determina- gle et al.,2006; Jones & Dangl, 2006) (Figura 1).
da pela especificidade da interação patógeno-hos- Vários mecanismos e componentes molecu-
pedeiro. De forma geral, existem classificados dois lares envolvidos no disparo da PTI e ETI têm sido es-
tipos de sistema de defesa em plantas. O primeiro, clarecidos nos últimos anos. Os receptores proteicos
denominado sistema de defesa basal ou inato, é de reconhecimento de PAMPs/MAMPs são classifi-
ativado pela interação entre proteínas receptoras cados como proteínas transmembrana do tipo qui-
(PRRs) expressadas pelo hospedeiro, e padrões mo- nase (RLKs- receptors-like kinases). Estas proteínas
leculares associados aos patógenos ou micróbios estão constituídas por um domínio extracelular de
(PAMPs ou MAMPs, respectivamente) (Jones & Dan- reconhecimento aos PAMPs/MAMPs, um domínio
gl, 2006). As interações PAMPs/MAMPs – PRRs in- transmembrana, e um domínio quinase intracelular
duzem uma série de reações a nível molecular nas (Greef et al., 2012). Um exemplo bem estudado des-
células do hospedeiro que levam rapidamente a um te tipo de receptores é o receptor de flagelina (flg22)
estado de resistência basal, conhecida como “imuni- FLS2 (Flagellin sensing2) (Ali & Reddy, 2008). FLS2 é
dade disparada por PAMPs” (PTI – PAMPS-triggered capaz de interagir com várias proteínas quinases da

Figura 1. Sistemas de defesa disparados pelo ataque de patógenos em plantas. A interação PAMPs/MAMPs-proteínas
RLKs promove a expressão de genes e proteínas relacionadas à patogenicidade (PRs), induzindo um estado de resis-
tência basal denominada imunidade disparada por PAMPs (PTI) (1). Efetores liberados pelos patógenos durante a PTI
podem atuar sobre alvos específicos do hospedeiro, induzindo um estado de suscetibilidade disparada por efetores
(ETS) (2). O reconhecimento específico dos efetores patogênicos por parte das proteínas R, expressas no hospedeiro,
é capaz de reverter a ETS e induzir resistência sistêmica denominada imunidade disparada por efetores (ETI) (3). A ETI
está geralmente associada à reação de hipersensibilidade (RH), morte celular programada (MCP) e resistência sistêmica
adquirida (SAR).

RAPP - Volume 24, 2016 131


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

família SERK (Somatic embriogenesis receptor kina- 2006). O AS, um composto fenólico, atua na expres-
se) tais como SERK1, SERK2, SERK5, BKK e SERK3/ são de várias proteínas relacionadas à patogenici-
BAK1 (BR1-associated kinase 1) (Ali & Reddy, 2008). dade (proteínas PR), tais como enzimas detoxifican-
O complexo FLS2-BAK1 é capaz de fosforilar várias tes e antioxidantes como a glutationa-S-transferase
proteínas quinases, tais como BIK1, BIR1 e KAPP, in- (GST) e a glicosil-transferases (GTs) (Nawrath & Me-
duzindo uma cascata de fosforilações intracelulares traux, 1999; Edwards et al., 2000; Wang et al., 2002).
que promovem a expressão de genes e proteínas A RH e o estabelecimento de estados de resistência
associados à PTI (Lu et al., 2010; Roux et al., 2011). a nível sistêmico também envolvem acúmulos de AS,
Outros exemplos são os receptores EFR (EF-Tu re- tanto a nível local quanto a nível distal ao sítio de
ceptor), PEPR1 (Pep1 receptor 1), CERK1 (Chitin eli- infecção (Heath, 2000). O AS também possui funções
citor receptor kinase 1, proteína receptora da família regulatórias relacionadas com a indução ou inibição
LysM), e Xa21 (Wan et al., 2008; Lee et al., 2009; Pos- da síntese de outros compostos, como por exemplo,
tel et al., 2010; Roux et al., 2011). Entretanto, vários promovendo a síntese de ET e inibindo a síntese do
componentes moleculares das vias de sinalização AJ (Vlot et al., 2009).
aparentam atuar em vias comuns a diferentes Várias das sinalizações moleculares associa-
receptores de reconhecimento de PAMPs/MAMPs das à PTI parecem ser comuns à ETI, o que demons-
(Greef et al., 2012). Estas interações entre diferentes tra a existência de uma regulação mutua entre o
vias de sinalizações determinam, em última instân- sistema de defesa inato e o mediado por genes R.
cia, a especificidade das respostas a patógenos bio- Mesmo assim, a ETI é disparada posteriormente à
tróficos ou necrotóficos (Roux et al., 2011). PTI devido a um reconhecimento específico entre as
Os eventos iniciais da PTI estão associados a proteínas R e efetores patogênicos específicos, sen-
várias respostas celulares e moleculares no hospe- do estes liberados pelos patógenos durante a colo-
deiro. Estas respostas incluem variações na permea- nização do hospedeiro (Howden & Huitema, 2012).
bilidade iônica da membrana plasmática, a produção Existem identificados e classificados vários tipos de
de espécies reativas de oxigênio (EROs), a produção efetores patogênicos, sendo um dos mais conheci-
de óxido nítrico (ON), a síntese de etileno (ET), áci- dos o sistema de secreção do tipo III (TTSS). Os efe-
do salicílico (AS) e/ou ácido jasmônico (AJ), e a ex- tores patogênicos são capazes de atuar sobre alvos
pressão de genes e proteínas R (Ingle et al., 2006). (proteínas) específicos do hospedeiro de forma dire-
Incrementos na permeabilidade da membrana plas- ta ou indireta, interferindo em vias de sinalizações
mática e dos níveis intracelulares do íon Ca2+ têm (p. ex. MAPKs) e induzindo modificações sobre esses
sido associados à ativação das vias de sinalizações alvos que promovem um estado de suscetibilidade
mediadas pelas MAPKs (Mitogen-activated protein disparada por efetores (ETS) (Figura 1). No caso em
kinases), à produção de EROs dependentes de Ca2+ que certos efetores sejam especificamente reco-
e às reorganizações do citoesqueleto durante o nhecidos por proteínas R, estas induzem a nível no
disparo da Morte Celular Programada (MCP), (Ku- hospedeiro um estado de imunidade disparado por
rusuet al., 2005, 2011; Higaki et al., 2011). A pro- efetores (ETI) (Howden & Huitema, 2012).
dução apoplástica de EROs (superóxido e peróxido Os principais fatores moleculares envolvidos
de hidrogênio) produzido pelas NADPH-oxidases da no disparo da ETI, tais como os genes e as proteínas
membrana plasmática (NOX1) e peroxidases do tipo R, vêm sendo amplamente estudados nas plantas. Os
III da parede celular (PRX33 e PRX34), assim como genes R são classificados segundo as características
o EROs produzido por outras organelas (mitocôn- estruturais das proteínas R para os quais codificam
drias, cloroplastos e peroxissomos) são essenciais (Richter & Ronald, 2000; Lehman, 2002). Em geral,
para o disparo da reação de hipersensibilidade (RH) as proteínas R atuam a nível citoplasmático e são
e da resistência sistêmica adquirida (SAR) (Nanda et constituídas basicamente por um domínio N-termi-
al., 2010; Torres, 2010; O´Brien et al., 2012). PAMPs nal NBS (Nucleotide binding site) de união a trifos-
constituídos por lipopolissacarídeos (LPS) são capa- fato de adenosina (ATP) ou trifosfato de guanosina
zes de induzir a produção e acúmulo de ON, o qual (GTP) e, um domínio C-terminal LRR (Leucine rich re-
também têm sido associado ao disparo da RH e ex- peats) rico em leucinas. Sua classificação é baseada
pressão de genes R (Zeidler et al., 2004; Ingle et al., pela homologia estrutural do domínio NBS com pro-

132 RAPP - Volume 24, 2016


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

teínas do sistema imune de vertebrado, tais como específicas ou até mesmo tóxicas aos patógenos
proteínas do tipo Toll e Interleucina-1. Desta forma, (Bowles, 1990). Enzimas quitinases e glucanases, são
o domínio NBS pode ser classificado como do tipo proteínas PR expressas especificamente pelas plan-
TIR (pelo domínio tipo Toll e IL-1), ou CC (Coiled coil tas após o ataque por patógenos. As quitinases são
ou “espiral enrolada”) (Tameling & Takken, 2008) (Fi- enzimas hidrolíticas capazes de degradar ligações gli-
gura 1). O domínio N-terminal das proteínas R possui cosídicas da molécula de quitina, o principal compo-
funções de reconhecimento de efetores patogênicos nente da parede celular fúngica. As glucanases são
ou proteínas do hospedeiro sujeitas ao ataque por enzimas hidrolíticas de polímeros de glicose unidos
tais efetores. Em outros casos este domínio possui por ligações alfa ou beta (e. ex. celulose), as quais
motivos de união ao DNA, atuando como regulado- são degradadas pelas enzimas alfa e beta-glucana-
res da transcrição gênica. ses, respectivamente. Os produtos hidrolisados por
Durante a ETI é frequente observar o estabe- ambas as enzimas podem atuar como elicitores da
lecimento de um estado de resistência a nível sistê- PTI e RH (Agrios, 2005). Alguns compostos relacio-
mico no hospedeiro conhecido como SAR. Este tipo nados à resistência podem ser sintetizados constitu-
de resistência opera mais tardiamente em relação à tivamente pelas plantas (p. ex. compostos fenólicos,
PTI, podendo estar associada à RH e MCP (Coll et al., alcaloides, lectinas e inibidores protéicos) ou ainda
2011; Higaki et al., 2011). Estas respostas envolvem a terem sua produção elevada após o ataque por pató-
morte celular no sítio de infecção poucas horas após genos (p. ex. ET, AS e AJ) (Collinge et al., 1993; Knud-
o contato com o patógeno (durante a PTI), poden- sen et al., 1993; Pichersky et al., 2002; Chehab et al.,
do ocorrer desde uma única célula a extensas áreas 2008; Taiz & Sieger, 2009).
necróticas que limitam a colonização dos patógenos
(Holub et al., 1994; Lam et al., 2001). Este fato faz Efeito do CO2 na defesa das plantas
com que este tipo de defesa seja efetivo principal- A elevação na concentração atmosférica de
mente contra patógenos biotróficos ou hemibiotró- CO2 pode induzir alterações metabólicas nas plantas
ficos, mas não tanto para os necrotróficos (Belkhadir capazes de interferir nas respostas ao ataque por pa-
et al., 2004; Glazebrook, 2005; Jones & Dangl, 2006). tógenos (Ainsworth et al., 2002; Chakraborty & Dat-
A resistência sistêmica também pode ser induzida ta, 2003; Kobayashi et al., 2006, Yáñez-López et al.,
por indutores químicos ou até mesmo por espécies 2012). Em geral, os incrementos na concentração de
simbiontes, sendo conhecida nestes casos como re- CO2 aumentam a resistência de vários hospedeiros
sistência sistêmica induzida (ISR). vegetais a diversos patógenos, reduzindo a incidên-
Em consequência da ativação das complexas cia ou severidade de certas doenças (Hibberd et al.,
vias de sinalização dos sistemas de defesa das plan- 1996; Chakraborty et al., 2000; Jwa & Walling, 2001;
tas, são disparados vários mecanismos que, quando Karnosky et al., 2002; Chakraborty & Datta, 2003;
eficientes, conferem à planta resistência completa Runion, 2003; Pangga et al., 2004; McElrone et al.,
a determinados patógenos. Apesar de estarem inti- 2005; Kobayashi et al., 2006; Strengborn & Reich,
mamente relacionados, os mecanismos de defesa de 2006; McElrone et al., 2010; Runion et al., 2010; Shin
plantas podem ser classificados para fins didáticos & Yun, 2010; Ghini et al., 2014; Li et al., 2015) (Tabela
como estruturais ou bioquímicos (Agrios, 2005). Os 1).
mecanismos de defesa estruturais podem ser obser- Por exemplo, plantas de bordo vermelho
vados a nível histológico ou celular e envolvem es- (Acer rubrum) expostas a uma concentração de 200
truturas que podem estar presentes nas plantas até ppm maior que as concentrações atmosféricas atu-
mesmo antes do ataque por patógenos (p. ex. pêlos, ais de CO2 (340-350 ppm), apresentaram menor inci-
tricomas, espinhos e cutícula), ou serem induzidas dência e severidade de mancha foliar causadas por
por ocasião do ataque (p. ex. papilas, caloses, tilo- Phyllosticta minima. Nessas condições, a incidência e
ses, halos, lignificações, camadas de cortiça e cama- severidade da mancha foliar foram reduzidas aproxi-
das de abscisão) (Agrios, 2005; Taiz & Sieger, 2009). madamente em 15% e 27%, respectivamente. Além
Por outro lado, os mecanismos de defesa bioquími- disso, ocorreu uma redução na condutância estoma-
cos envolvem proteínas e moléculas do metabolis- tal na ordem de 21% a 36%. Desta forma, a redução
mo primário e secundário com atividades biológicas da doença poderia estar associada com a redução

RAPP - Volume 24, 2016 133


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

na condutância estomatal e alterações na compo- nartium quercum e Fusarium circinatum aumentou


sição química das folhas provocadas pelo aumento em mudas de carvalho expostas a 700 ppm de CO2
na concentração ambiental de CO2. É destacável que (Runion et al., 2010).
essas plantas também tiveram um aumento de 15% Vários trabalhos vêm fornecendo evidências
nos compostos fenólicos totais, 14% nos níveis de ta- de variações bioquímicas que podem ocorrer em
ninos e 20% da proporção C:N (carbono:nitrogênio) plantas expostas a concentrações de CO2 superiores
(McElrone et al., 2005). Curiosamente, a redução da às ambientais (McElrone et al., 2005; Plessl et al.,
abertura e condutância estomatal também foram 2005; Matros et al., 2006; Li et al., 2008). Em folhas
observadas em plantas de tomate (Solanum lycoper- e raízes de plantas de fumo expostas a 1000 ppm de
sicum) cultivadas em ambiente com 800 ppm de CO2. CO2 foram observados acúmulos de fenilpropanói-
Nessas condições, essas plantas mostraram-se mais des e incrementos na atividade da enzima fenilala-
resistentes à infecção por Pseudomonas syringae pv. nina amônia-liase (FAL) (Matros et al., 2006). No en-
tomato (Li et al., 2015). Plantas de Solidago rigida tanto, não foram detectadas diferenças nos níveis de
expostas a concentrações de aproximadamente 900 AS e proteínas PR nessas mesmas condições. Estas
ppm de CO2 tiveram reduções de até 57% na incidên- plantas apresentaram maior resistência ao virus Y da
cia de manchas foliares provocadas por espécies de batata, que foi relacionado com o incremento nos
Cercospora e Septoria (Strengborn & Reich, 2006). níveis de fenilpropanóides induzido por essas con-
Plantas de pinheiro (Pinus taeda) e carvalho (Quercus dições ambientais (Matros et al., 2006). Por outro
robur) expostas a 700 ppm de CO2, inoculadas com lado, plantas de cevada cultivadas em 700 ppm de
Fusarium circinatum e Cronartium quercum, apre- CO2 mostraram incrementos na proporção C:N e nos
sentaram reduções na incidência de cancro e ferru- teores de amido, assim como maior resistência ao
gem, respectivamente (Runion et al., 2010). Plantas patógeno Drechslera teres (Sacc.) Shoemaker (Pless-
de eucalipto cultivadas em concentrações elevadas let al., 2005).
de CO2 (508 a 700 ppm) e inoculadas com Puccinia Experimentos realizados em OTC (Open-top
psidii, apresentaram reduções no número de pústu- chamber) e FACE (Free-air CO2 enrichment) combi-
las de ferrugem por folha, uredósporos por pústula nando concentrações de CO2 e O3 têm permitido es-
e área abaixo da curva de progresso da doença (AA- tudar os efeitos simultâneos destes dois principais
CPD) (Ghini et al., 2014). Além disso, o crescimento gases de efeito estufa. Por exemplo, plantas de trigo
destas plantas foi 23% maior em comparação ao das crescidas a 550 ppm de CO2 e 80 ppb de O3 sinteti-
plantas em concentrações de CO2 atuais. zaram mais flavonas e compostos fenólicos totais na
Incrementos nas concentrações de CO2 tam- sua maturação. Por outro lado, durante estágios fe-
bém podem afetar a fisiologia, germinação dos es- nológicos iniciais essas plantas apresentaram níveis
poros ou a esporulação dos patógenos, reduzindo a menores de flavonas em relação às plantas cultiva-
incidência de doença em determinados hospedei- das sob concentração ambiental de CO2 e O3 (Li et
ros. Por exemplo, em plantas de cevada submetidas al., 2008). Em outro experimento, observou-se que
a 350 e 700 ppm de CO2 não foram observadas dife- plantas de soja submetidas a 550 ppm de CO2 e 66
renças na germinação de conídios de Blumeria gra- ppb de O3 apresentaram reduções entre 33% e 66%
minis. Contudo, o número de conídios que progrediu na severidade de doença provocada por míldio. Con-
a formar colônias foi menor a 700 ppm do que 350 tudo, essas plantas tiveram um aumento na severi-
ppm de CO2 (Hibberd et al., 1996). A exposição de dade de septoriose (Septoria glycines) quando foram
plantas de Stylosanthes scabra a 700 ppm de CO2 re- sometidas às mesmas concentrações de CO2 e O3
duziu a severidade de antracnose causada por Colle- (Eastburn et al., 2010). Plantas de batata (Solanum
totrichum gloeosporioides. Tal redução parece estar tuberosum) expostas a 700 ppm de CO2 e duas vezes
associada à inibição da germinação conidial, assim a concentração ambiental de O3 exibiram maior re-
como o aumento do período de incubação e redu- sistência à requeima (Phytophtora infestans). Nessas
ção da agressividade do patógeno (Chakraborty et plantas as atividades de enzimas β-1,3 glucanases e
al., 2000). Em outro trabalho, o período de latência o conteúdo de açúcares solúveis foram significativa-
(tempo de esporulação) dos patógenos fúngicos Cro- mente maiores (Plessl et al., 2007) (Tabela 1).

134 RAPP - Volume 24, 2016


Tabela 1. Resumo dos efeitos metabólicos em diferentes patossistemas e hospedeiros vegetais em resposta ao aumento da temperatura ambiental, dos principais gases
de efeito estufa (CO2 e O3) e da radiação ultravioleta.

Estresse Patossistema ou Hospedeiro Efeitos no hospedeiro Referência


Acer rubrum / Hphyllosticta minima Redução da abertura dos estômatos, aumentos nos níveis de compostos MacElrone et al., 2005.
fenólicos, taninos e fitoalexinas. Aumento da resistência.
Solidago rigida / Cercospora sp. Redução nos níveis de nitrogênio nos tecidos. Aumento da resistência. Strengborn & Reich, 2006.
Nicotiana tabacum / Vírus Y da batata (PVY) Aumento nos níveis de fenilpropanóides. Aumento da resistência. Matros et al., 2005.
Hordeum vulgare / Drechslera teres Aumento dos teores de amido e diminuição dos níveis de proteínas. Plessl et al., 2005.
↑ CO2 Aumento da resistência.
Solanum tuberosum / Phytophtora infestans Aumento na atividade de β -1,3-glucanase e dos níveis foliares de Plessel et al., 2007.
açúcares solúveis. Aumento da resistência.
Eucalyptus sp. / Puccinia psidii Redução no número de pústulas por folha, esporos por pústula e Ghini et al., 2014.
AACPD. Aumento da resistência.
Solanum lycopersicum / Pseudomonas syringae pv. tomato Redução da abertura e condutância estomatal. Aumento da resistência. Li et al., 2015.
Solanum lycopersicum / Botrytis cinerea Inibição da expressão de genes PR e de genes relacionados com a Tzortzakis et a., 2011.
transdução de sinais. Aumento da resistência.
Triticum aestivum / Puccinia recondita Aumento de injúrias provocadas por O3. Aumento da resistência. von Tiedeman & Firsching, 2000.
Triticum aestivum / Erysiphae graminis
Senescência foliar prematura, diminuição dos níveis de clorofila e
Triticum aestivum / Septoria nodarum von Tiedeman et al., 1991.
carotenoides. Aumento da suscetibilidade.
Triticum aestivum/ Bipolaris sorokiniana
↑ O3 Picea abies / Rhizosphaera kalkhoffi Indução da expressão de enzimas envolvidas na síntese da lignina. Galliano et al., 1993.
Indução da expressão de enzimas β -1,3-glucanses e quitinase. Ernst et al., 1992.
Nicotiana tabacum Indução da expressão de enzimas envolvidas na síntese de composto Pasqualini et al., 2003.
fenólicos. Deposição de calose.

RAPP - Volume 24, 2016


Indução da expressão de genes R. Eckey-Kaltenbach et al., 1997.
Petroselinum crispum
Aumento nos níveis de compostos fenólicos. Eckey-Kaltenbach et al., 1994.
Lens culinaris Indução da expressão de enzimas lipoxigenase. Maccarone et al., 1997.
Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

Hordeum vulgare / Blumeria graminis Aumento da resistência. Mikkelsen et al., 2015.


Hordeum vulgare / Bipolaris sorokiniana Aumento da suscetibilidade. Mikkelsen et al., 2015.
Redução da resistência mediada por genes R Wang et al., 2009.
Arabidopsis thaliana / Pseudomonas syringae
↑ Temperatura Aumento da resistência em plantas mutantes no gene SNC1 Zhu et al., 2010.
Solanum lycopersicum / Cladosporium fulvum Inibição da expressão de genes associados à reação de de Jong et al., 2002.
hipersensibilidade.
Nicotiana tabacum / TMV Inibição da expressão de genes R e do acúmulo de ácido salicílico. Zhu et al., 2010
Brassica oleracea Indução da expressão de genes PR e síntese de fitoalexinas, Mewis et al., 2012.
flavonóides e terpenóides.
↑ Radiação UV Arabidopsis thaliana / Hyaloperonospora parasitica Aumento da resistência. Kunz et al., 2008.
Arabidopsis thaliana / Botrytis cinerea Aumento da resistência. Demkura & Ballaré, 2012.

135
Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

Efeito do O3 maior atividade da enzima estilbeno-sintase (Rose-


Plantas podem responder de modo dife- mann et al.,1991). Neste caso, enzimas que catali-
rente ao ataque por patógenos quando são expos- zam mesmos substratos que a estilbeno-sintase, tais
tas a concentrações elevadas de O3 de forma isola- como a FAL (envolvida na biossíntese de compostos
da, ou em conjunto com CO2. Vários trabalhos têm fenólicos) e chalcona-sintase (CHS - envolvida na bio-
demonstrado que a exposição a níveis de O3 superio- síntesse de flavonoides), apresentaram incrementos
res aos atuais (oscilantes entre 20 – 60 ppb) pode afe- de até duas vezes em suas atividades enzimáticas
tar a fisiologia e os mecanismos de defesa ativados (Rosemann et al.,1991). Plantas de fumo sensíveis a
pelas plantas em resposta ao ataque por patógenos O3 (Nicotina tabacum L. cv. Bel W3) expostas a 150
(Rosemann et al., 1991; Ernst et al., 1992; Eckey-Kal- ppb desse gás durante 5 horas, apresentaram um
tenbach et al., 1994; Ernst et al., 1996; Sanderman, pico nos níveis de compostos fenólicos às 10 horas
1996; Eckey-Kaltenbach et al., 1997; Pell et al., 1997; após o tratamento, bem como maior expressão dos
Sharma et al., 1997; Sanderman, 1998; Zinser et al., genes codificantes para as enzimas FAL-a e FAL-b,
1998; Tiedemann & Firsching, 2000; Mikkelsen et al., associado a maior atividadede FAL (Pasqualini et al.,
2015). 2003). Estas plantas desencadearam uma explosão
Por exemplo, plantas de trigo (Triticum aesti- oxidativa com uma acumulação máxima de peróxido
vum L cv. Turbo) expostas a concentrações entre 61- de hidrogênio (H2O2) às 12 horas e desenvolveram
62 ppb de O3 durante uma hora diária por 4 meses injúrias visíveis semelhantes àquelas desenvolvidas
e logo inoculadas com Puccinia recondita f.sp. tritici, durante a RH, entre 48 e 72 horas após o tratamento
apresentaram uma forte inibição da ferrugem foliar com 150 ppb de O3 (Pasqualini et al., 2003).
provocada por esse patógeno (Tiedemann & Firs- Em plantas de salsa (Petroselinum crispum
ching, 2000). Essas plantas apresentaram, contudo, L.) expostas a uma concentração de 200 ppb de O3
lesões necróticas de maneira antecipada (entre 2 a durante 10 horas, foram encontrados maiores níveis
4 semanas) em relação a plantas expostas a O3, mas de glucosídeos flavona e furanocumarinas após 12
não inoculadas. A formação de biomassa, número e 24 horas após a exposição ao O3, respectivamente
de grãos por plantas e a produção de grãos também (Eckey-Kaltenbach et al., 1994). O acúmulo máximo
foram reduzidos nas plantas tratadas com O3 e inocu- dos transcritos codificantes para as enzimas FAL, CH,
ladas com P. recondita (Von Tiedemann & Firsching, e XMT (S-adenosil-metionina:xantotoxol-O-metil-
2000). Por outro lado, o cultivo de plantas de ceva- transferase – envolvida na biossíntese de furanocu-
da (Hordeum vulgare) em concentrações elevadas marinas) ocorreu 3 horas após a exposição a O3, en-
de O3 (60-90 ppb) reduziu em 50% a infecção pelo quanto que os picos na atividade enzimática destas
oídio (Blumeria graminis) porém, incrementou em enzimas foram detectados após 12 horas de exposi-
130% os sintomas da mancha marrom causados por ção ao gás. Em casos como este, onde são induzidas
Bipolaris sorokiniana (Mikkelsenen et al., 2015). Em duas vias independentes relacionadas à defesa, o O3
frutos de tomate (S. lycopersicum) expostos durante tem sido denominado como um “indutor cruzado”
6 dias a 50 ppb de O3 e posteriormente inoculados (Eckey-Kaltenbach et al., 1994). Em plantas de es-
com Botrytis cinerea, houve redução no desenvolvi- pruce-da-Noruega (Picea abies L.) tratadas com 600
mento de lesões provocadas por esse patógeno. Os ppb durante 8 horas, foram detectados incrementos
mesmos frutos apresentaram inibição da expressão de até 3 vezes nos níveis de transcritos codificantes
de genes PR codificantes para defensinas, enzimas para a enzima cinamil-álcool desidrogenase (CAD -
quitinases e β-glucanases, associados à resistência envolvida na biossíntese da lignina), em relação a
(Tzortzakis et al., 2011). plantas expostas a concentrações ambientais de O3
Várias moléculas de fitoalexinas têm sido de- (Galliano et al., 1993). Neste caso, os níveis máximos
tectada em hospedeiros vegetais após a exposição a de transcritos e atividade enzimática para a enzima
elevadas concentrações ambientais de O3. Por exem- CAD foram atingidos aos 17 dias após o tratamento
plo, plantas de pinheiro (Pinus sylvestris L.) submeti- com O3 (Galliano et al., 1993).
das a 200 ppb de O3 durante 4 horas apresentaram Outra resposta típica observada em plantas
uma maior síntese de estilbenos (pinosilvina- PS e expostas a elevadas concentrações de O3 é a o au-
pinosilvina 3-metil éter – PSM) e concomitante, mento da síntese de proteínas PR. Plantas de fumo

136 RAPP - Volume 24, 2016


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

sensíveis (Nicotiana tabacum cv. Bel W3) e tolerantes envolvidas em várias vias de sinalizações relaciona-
(Nicotiana tabacum cv. Bel B) ao O3, têm sido utiliza- das com o disparo de estados de resistência a nível
das como biomonitores para o estudo das respostas sistêmico, como por exemplo, AS, AJ e ET (Yalpani
associadas ao estresse com O3 (Schraudner et al., et al., 1994; Sharma et al., 1996; Pell et al., 1997).
1992; Sandermann, 1996). Por exemplo, em plantas Tem sido proposto que ET e AS poderiam atuar como
de fumo cv. Bel W3 e cv. Bel B expostas 150 ppb de mensageiros secundários ou terciários na ativação
O3 durante 5 horas, foram detectados incrementos das respostas do tipo SAR induzidas por O3 (San-
nos níveis dos transcritos codificantes para as enzi- derman et al., 1998). Por exemplo, tecido foliar de
mas quitinase e β-1,3–glucanase (Schraudner et al., plantas de fumo (Nicotiana tabacum L. cv. Xanthi-nc)
1992). Neste caso, plantas da cv. Bel W3 apresenta- expostas a 200 ppb de O3 durante 6 horas, por 4 dias,
ram incrementos entre 40 e 75 vezes na atividade mostraram indução da expressão das proteínas PR1-
β-1,3–glucanase e de 4 vezes na atividade quitinase, -a e PR1-b ao quinto dias após o tratamento com O3
entre as 5 e 10 horas após a exposição com O3. Estas (Yalpani et al., 1994). A indução da expressão dessas
plantas também desenvolveram injúrias necróticas proteínas foi acompanhada pelo aumento nos níveis
com deposição de caloses em células adjacentes às de AS, a partir do primeiro dia após o tratamento
áreas necróticas (Schraudner et al., 1992). Resulta- com O3, o que parece ser a causa do disparo de res-
dos semelhantes foram obtidos em outro trabalho, postas tipo RH e SAR em plantas submetidas a con-
onde plantas de fumo cv. Bel W3 e cv. Bel B expostas centrações elevadas de O3 (Yalpani et al., 1994). Em
a 150 ppb de O3 durante dois dias exibiram maio- plantas de Arabidopsis thaliana expostas a 300 ppb
res níveis de transcritos codificantes para as enzimas de O3 durante 6 horas, foram detectados incremen-
β-1,3–glucanase, quitinase básica, quitinase ácida, e tos nos níveis de transcritos codificantes para PR-1
PR-1b (Ernst et al., 1992). Por outro lado, em folhas às 12 horas após a exposição com O3. Estes incre-
de fumo cv. Bel W3 expostas a 150 ppb durante 5 mentos foram acompanhados por maiores níveis de
horas foi detectado um pico nos níveis de transcritos AS os quais atingiram um pico às 6 horas após a ex-
codificantes para PR-1a (proteína marcadora da RH) posição a elevadas concentrações de O3 (Sharma et
24 horas após a exposição ao O3 (Pasqualini et al., al.,1996). Aparentemente, a indução de AS poderia
2003). Além disso, observaram-se também maiores ser induzida pela produção de EROs e proteínas PR
níveis de compostos fenólicos, peróxido de hidrogê- e, a expressão conjunta destas vias seria necessária
nio e de deposição de caloses após 24 horas do tra- para o disparo da RH e SAR, induzidas pelo estresse
tamento com O3. Estas respostas consideradas em a O3. Plantas de lentilha (Lens culinaris) tratadas com
conjunto, indicam que os mecanismos envolvidos um fluxo de 5 ml/min de O3, tiveram uma maior ex-
durante a RH disparada pelo estresse a O3, são se- pressão dos genes e atividade das enzimas LOX1 e
melhantes àqueles disparados durante a RH e MCP LOX2 3 horas após o tratamento com O3 (Maccarro-
induzidos pelo ataque por patógenos (Pasqualini et ne et al.,1997).
al., 2003). Plantas jovens de espruce-da-Noruega (Pi- A ativação de sistemas antioxidantes em
cea abies L.) expostas a 150 ppb durante 7 horas por plantas induzidos após o tratamento com O3, tem
dia, até 8 dias, apresentaram maior expressão endo- sido demonstrado através da detecção de EROs
-quitinase e β-1,3–glucanase a partir do segundo produzidas pela exposição de plantas ao O3 (San-
dia (Karenlampi et al.,1994). Ambas estas proteínas derman, 1996; Pell et al., 1997; Sharma et al., 1997;
são sintetizadas geralmente em resposta ao ataque Langerbartels et al., 2002; Mahalingam et al., 2006).
por patógenos fúngicos, sendo que neste caso o O3 O O3 é capaz de induzir a produção de EROs, uma vez
estaria atuando de maneira análoga a os elicitore que ingressa nas plantas via estômatos e se translo-
fúngicos patogênicos. Plantas de salsa (P. crispum L.) ca através do apoplasto, reagindo e produzindo pe-
expostas primeiro a 200 ppb de O3durante 10 horas róxido de hidrogênio, íon superóxido, óxido nítrico,
e depois por 8 horas ao ar livre, exibiram maior ex- etc. (Langebartels et al., 2002; Sharma et al., 1997).
pressão dos genes codificantes das proteínas PR1-3 Esses EROs estão associados às vias metabólicas que
e PR1-4 (Eckey-Katlenbach et al., 1997). induzem RH e SAR, o que demonstra a capacidade
Em geral, a indução da expressão de proteí- do O3 em atuar como um interlocutor entre vias me-
nas PR ocorre junto à produção de outras moléculas tabólicas disparadas tanto em resposta ao estresse

RAPP - Volume 24, 2016 137


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

por O3 como pelo ataque por patógenos. Por exem- entanto, é interessante destacar que respostas autoi-
plo, plantas de Arabidopsis thaliana expostas a 300 munes mediadas pelos genes R em plantas híbridas
ppb de O3 durante 6 horas, por 14 dias, mostraram de Arabidopsis podem ser atenuadas mediante um
incrementos nos níveis de transcritos codificantes incremento moderado na temperatura (Bomblies et
para as enzimas FAL, SOD (superóxido dismutase), al., 2007), indicando que até mesmo alterações me-
POX (Peroxidase) e GST (Glutationa-S-transferase), nores na temperatura global podem afetar os siste-
após 6 horas de exposição diária de O3 (Sharma et mas de defesa das plantas.
al.,1994). Por outro lado, tem-se observado que o O3 Em plantas de Arabidopsis e fumo (Nicotiana
também é capaz de induzir reações de defesa que benthamiana), a resistência basal e a resistência me-
são normalmente induzidas por outros estresses diada pelos genes R frente a Pseudomonas syringae
sem ser o ataque por patógenos, como por exemplo, são inibidas pelo aumento da temperatura (Wang
estresses relacionados à superexposição à radiação et al., 2009). Além disso, foi constatado que em am-
UV (Langebartels et al., 2002; Yalpani et al., 1994). bos os hospedeiros as respostas de defesa sensíveis
à temperatura não dependem do AS nem AJ, nem
Efeito da temperatura tampouco dos fatores EDS1 e PAD4. Isto tem levado
A temperatura é um dos principais fatores a pensar que certas respostas de defesa devem estar
ambientais que regula o desenvolvimento e o cresci- mediadas por outros componentes sinalizadores, ou
mento das plantas. O aumento na temperatura glo- mesmo, por uma combinação de múltiplos fatores
bal no decorrer das próximas décadas poderá afetar ainda desconhecidos (Wang et al., 2009). Trabalhos
diretamente a duração dos invernos, a distribuição com Arabidopsis permitiram isolar um mutante re-
geográfica dos hospedeiros e patógenos e, as taxas sistente a doenças em condições de elevadas tempe-
de crescimento e reprodução dos mesmos. Desta raturas (Zhu et al., 2010). Este mutante possui uma
forma, as variações na temperatura em escala global mutação no gene snc1, o qual é codificante para
também podem afetar a dispersão de doenças infec- uma proteína R portadora de um domínio NBS-LRR,
ciosas e a sobrevivência dos patógenos entre as es- com funções de reconhecimento a elicitores pato-
tações (Yáñez-López et al., 2012). Além disso, a tem- gênicos. Temperaturas elevadas parecem modular a
peratura é capaz de afetar o desenvolvimento dos conformação destes receptores a ponto de torná-los
patógenos devido a alterações na acumulação de funcionalmente ativos na conferência de resistência
fitoalexinas, e/ou pigmentos protetores nos tecidos a doença nessas condições de estresse (Zhu et al.,
hospedeiros (Newman et al., 2003; Newman, 2004; 2010). Mutações similares no gene N em plantas
Memmot et al., 2007; Ladanyi & Horvath, 2010). de fumo também foram capazes de conferir resis-
Plantas submetidas a temperaturas elevadas tência à doença sob temperaturas elevadas (Zhu et
têm demonstrado geralmente maior suscetibilidade al., 2010). Em plantas de tabaco foi constatado que
ao ataque por patógenos e pré-disposição ao desen- ocorre inibição da expressão dos genes R e do acú-
volvimento de doenças. O aumento da temperatura mulo de AS sob elevadas temperaturas. Contudo, a
pode afetar tanto as respostas de defesa associadas aplicação exógena de AS é capaz de reverter essa ini-
à PTI, quanto à ETI. Neste sentido, vários genes re- bição da expressão dos genes R, mas não de impedir
lacionados com a defesa contra patógenos são re- a ocorrência de RH (Malamy et al., 1992) (Tabela 1).
primidos em certos hospedeiros expostos a altas O efeito de incrementos na temperatura am-
temperaturas (Xiao et al., 2003, 2005; de Jong et al., biental nas respostas de defesa de plantas contra pa-
2002). Por exemplo, a RH disparada pelo gene RPW8 tógenos pode variar de acordo com o genótipo do
em Arabidopsis, que confere resistência ao oídio, é hospedeiro, ou conforme os modos de colonização
reprimido em plantas submetidas a temperaturas do patógeno. Assim, por exemplo, plantas de A. tha-
acima de 30°C (Xiao et al., 2003). A resistência e RH liana ecotipo Col-0 possuem resistência a P. syringae
disparada pelos genes Cf4 e Cf9 em tomate (codifi- via ETI, sob condições de temperatura alta (30ºC)
cantes para duas proteínas do tipo RLKs), frente ao (Menna et al., 2015). Por outro lado, os ecotipos
fungo patogênico Cladosporium fulvum, também CIBC-5, Tsu-1 e Wei-0, resistentes a P. syringae em
podem ser suprimidas em plantas expostas a tempe- temperaturas de até 24°C, têm sua resistência via
raturas superiores a 33°C (de Jong et al., 2002). No ETI suprimida, tornando-se suscetíveis ao patógeno

138 RAPP - Volume 24, 2016


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

a 30°C (Menna et al., 2015). Em plantas de cevada de resistência a UV (uvr8, UV Resistance locus 8) o
(H. vulgare), o incremento da temperatura ambiente receptor primário da radiação UV-B em plantas. Este
em 5°C é suficiente para reduzir a infecção por oídio receptor controla a expressão de vários genes rela-
(B. graminis) em aproximadamente 75% (Mikkelsen cionados com a aclimatação e proteção de plantas
et al., 2015). Porém, esta elevação na temperatura contra a radiação UV-B (Demkura & Ballaré, 2012).
favorece a infecção por B. sorokiniana resultando As plantas estão adaptadas e, possivelmen-
em um aumento de cerca de 150% nos sintomas da te, utilizam os níveis atuais de radiação UV-B para
mancha marrom (Mikkelsen et al., 2015). o estabelecimento de certos graus de resistência a
patógenos. Desta forma, quando a quantidade de ra-
Efeito da radiação ultravioleta diação UV-B incidente é reduzida, a suscetibilidade
Além da radiação fotossinteticamente ati- vegetal ao ataque de patógenos pode ser aumenta-
va (PAR, Photosynthetically Active Radiation, 400 da. Neste sentido, a redução na incidência de radia-
-700 nm), as plantas estão expostas à radiação ul- ção UV-B em cerca de 80% aumenta a severidade de
travioleta (UV). Esta radiação é composta pelas fai- Exobasidium vexans em plantas de chá (Camellia si-
xas UV-C (abaixo de 280 nm), UV-B (280 – 320 nm) nensis) (Gunasekera et al., 1997).
e UV-A (320 – 390 nm). Vários trabalhos mostram
que o aumento na incidência de radiação UV devido Perspectivas futuras
a níveis reduzidos de O3 estratosférico, afeta o perfil O incremento na concentração dos principais
metabólico de plantas, especialmente os metabóli- gases de efeito estufa, da temperatura ambiental,
tos secundários (Gunasekera et al., 1997; Kunz et al., bem como da radiação ultravioleta é um problema
2008; Mewis et al., 2012; Nawkar et al., 2013; Balla- potencial que poderá afetar diretamente os siste-
ré, 2014; Bornman et al., 2015). mas de defesa das plantas nas próximas décadas.
Por exemplo, a pré-exposição de plantas de Mesmo considerando os cenários com menor po-
Arabidopsis thaliana a radiação UV (254 nm, 0,2 kj/ tencial de riscos preditos pelos modelos para os
m2) reduz o número de conidióforos de Hyalopero- próximos cinquenta e cem anos, as concentrações
nospora parasytica por folha em cerca de 80% (Kunz que se atingiriam seriam suficientes para afetar os
et al., 2008). Estes efeitos persistem por até 7 dias sistemas de defesa em várias espécies de importân-
após a exposição à radiação UV. Aparentemente, o cia econômica (Pachauri & Reisinger, 2007). Como
disparo de respostas de defesa após a exposição à demonstram os trabalhos citados nesta revisão, vá-
radiação UV é relacionado com os danos causados rios hospedeiros respondem mediante os mesmos
por ela ao DNA vegetal. Além disso, trabalhos recen- mecanismos fisiológicos que ocorrem durante as
tes mostram que mitocôndrias e cloroplastos podem respostas ao ataque por patógenos, o que sugere que
produzir EROs em resposta à radiação UV que por os receptores envolvidos no reconhecimento aos
sua vez, podem, eventualmente, iniciar uma casca- incrementos de CO2 e O3 são os mesmos envolvidos
ta de eventos que culminará na MCP (Nawkar et al., no reconhecimento dos patógenos, ou existe uma
2013). grande sobreposição das rotas fisiológicas entre
Além de poder disparar a MCP, a exposição ambas as respostas.
à radiação UV altera profundamente o metabolismo A aplicação de engenharia genética com fins
vegetal. Assim, por exemplo, a irradiação de plantas de produzir plantas mutantes poderia ser uma fer-
de brócolis (Brassica oleracea) com radiação UV-B ramenta no futuro para o desenvolvimento de cul-
(0,6 kj/m²) aumenta a expressão de genes relacio- tivares resistentes aos incrementos na temperatura
nados com a defesa vegetal incluindo a síntese de e nível dos gases de efeito estufa. A resistência a
fitoalexinas, flavonóides, terpenóides e proteínas PR doenças observada em plantas modelos tais como
(PR-1, PR-2 e PR-4). A exposição de plantas de Ara- Arabidopsis e fumo, poderia ser aproveitada para o
bidopsis thaliana a 5,5 kj/m² de radiação UV-B reduz desenvolvimento de cultivares resistentes (Zhu et
em cerca de 50% a severidade de Botrytis cinerea al., 2010). De qualquer maneira, os trabalhos reali-
(Demkura & Ballaré, 2012). Além disso, a ativação zados em laboratório são parciais e o êxito a campo
de respostas de defesa e, consequentemente, o con- ainda deverá de ser constatado, mesmo porque os
trole do patógeno, parece estar associado ao locus cenários ambientais propostos para o futuro deri-

RAPP - Volume 24, 2016 139


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

vam apenas de modelos matemáticos e critérios a plants. Annual Reviews of Biochemistry 59:873-
priori mais ou menos rigorosos. Não é possível afir- 907.
mar que as plantas responderão em nível de campo Chakraborty S, Pangga IB, Lupton J, Hart L, Room PM,
da mesma forma que o fazem no laboratório, já que Yates D (2000) Production and dispersal of Colle-
não se consideram outros fatores e suas inúmeras totrichum gloeosporioides spores on Stylosanthes
interações, que podem ser alterados pelas mudan- scabra under elevated CO2. Environmental Pollu-
ças climáticas e possíveis adaptações evolutivas por tion 108:381-387. 2000.
parte dos patógenos e hospedeiros. Portanto, mais Chakraborty S, Datta S (2003) How will plant patho-
estudos são extremamente necessários para enten- gens adapt to host plant resistance at elevated
der melhor e tentar predizer quais serão os efeitos CO2 under a changing climate? New Phytologist
das mudanças climáticas no sistema de defesa das 159(3):733-742.
plantas. Chehab EW, Raspi R, Savcenko T, Rowe H, Negre-
-Zakharov F, Kliebenstein D, Dehesh K (2008) Dis-
Referências tinct roles of jasmonates and aldehydes in plant-
Agrios GN (2005) Plant Pathology. 5th Ed. Amster- defense responses. PloS ONE 4:e1904.
dam, The Netherlands. Elsevier Academic Press. Coll NS, Epple P, Dangl JL (2011) Programmed cell de-
Ainsworth E, Davey P, Bernacchi C, Dermody O, He- ath in the plant immune system. Cell Death and
aton EA, Moore DJ, Morgan PB, Naidu SL, Ra Y, Differentiation 18:1247-1256.
Zhu X, Curtis P, Long SP (2002) A meta-analysis of Collinge DB, Kragh KM, Mikkelsen JD, Nielsen KK,
elevated [CO2] effects on soybean (Glycine max) Rasmussen U, Vad K (1993) Plant chitinases. The
physiology, growth and yield. Global Change Bio- Plant Journal 3(1):31-40.
logy 8(8):695–709. de Jong CF, Takken FL, Cai X, De Wit PJ, Josten MH
Ali GS, Reddy ASN (2008) PAMP-triggered immunity. (2002) Attenuation of Cf-mediated defense res-
Early events in the activation of Flagellin Sensiti- ponse at elevated temperatures correlates with a
ve2. Plant Signalling & Behavior 3(6):423-426. decrease in elicitor-binding site. Molecular Plant
Araujo MB, Pearson RG, Thuiller W, Erhard M (2005) Microbe Interactions 15:1040-1049.
Validation of species-climate impact models Demkura PV, Ballaré CL (2012) UVR8 mediates UV-B-
under climate change. Global Change Biology -induced Arabidopsis defense responses against
11:1504–1513. Botrytis cinerea by controlling sinapate accumu-
Ballaré CL (2014) Light regulation of plant defense. lation. Molecular Plant 5(3):642-652.
Annual Reviews of Plant Biology 65:335-363. Eastburn DM, Degennaro MM, Delucia EH, Dermody
Belkhadir Y, Subramaniam R, Dangl JL (2004) Plant O, Mcelrone AJ (2010) Elevated atmospheric car-
disease resistance protein signaling, NBS-LRR pro- bon dioxide and ozone alter soybean diseases at
teins and their partners. Current Opinion in Plant SoyFACE. Global Change Biology 16:320-330.
Biology 7:391-399. Eckey-Kaltenbach H, Ernst D, Heller W, Sandermann
Bennici A (2008) Origin and early evolution of land H (1994) Biochemical plant responses to ozone
plants. Communicative & Integrative Biology (IV. Cross-induction of defensive pathways in par-
1(2):212-218. sley (Petroselinum crispumL.) plants). Plant Phy-
Bomblies K, Lempe J, Epple P, Warthmann N, Lanz siology 104:67-74.
C, Dangl JL, Weigel D (2007) Autoimmune respon- Eckey-Kaltenbach H, Kiefer E, Grosskopf E, Ernst D,
se as a mechanism for Dobzhansky-Muller-type Sandermann H (1997) Differential transcript in-
incompatibility syndrome in plants. PloS Biology duction of parsley pathogenesis-related proteins
5:e236. and of a small heat shock protein by ozone and
Bornmann JF, Barnes PW, Robinson SA, Ballaré CL, heat shock. Plant Molecular Biology 33(2):343-
Flint SD, Caldwell MM (2015) Solar ultraviolet ra- 350.
diation and ozone depletion-driven climate chan- Edwards R, Dixon DP, Walbot V (2000) Plant gluta-
ge: effects on terrestrial ecosystems. Photoche- thione S-transferase: enzymes with multiple func-
mical & Photobiological Sciences 14:88-107. tions in sickness and in health. Trends in Plant
Bowles DJ (1990) Defense-related proteins in higher Science 5(5):193-198.

140 RAPP - Volume 24, 2016


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

Ernst D, Schraudner M, Langebartels C, Sandermann Howden SM, Soussana JF, Tublello FN, Chhetrl N,
H (1992) Ozone-induced changes of mRNA levels Dunlop M, Melnke H (2007) Adapting agricultu-
of b-1,3-glucanase, chitinase and ‘pathogenesis- re to climate change. Proceedings of the National
-related’ protein 1b in tobacco plants. Plant Mo- Academy Science 104(50):19691-19696.
lecular Biology 20:673-682. Howden AJM, Huitema E (2012) Effector-triggered
Ernst D, Bodemann A, Schmelzer E, Langebartels C, post-translational modifications and their role in
Sandermann Jr H (1996) β-1,3-glucanase mRNA is suppression of plant immunity. Plant Proteomics
locally, but not systemically induced in Nicotiana 3:1-6.
tabacum L. cv. Bel W3 after ozone fumigation. Ingle RA, Carstens M, Denby KJ (2006) PAMP recog-
Journal of Plant Physiology 148:215-221. nition and the plant-pathogen arms race. Bioes-
Galliano H, Cabane M, Eckerskorn C, Lottspeich F, says 28(9):880-889.
Sandermann H, Ernst D (1993) Molecular cloning, Jones JDG, Dangl JL (2006) The plant immune sys-
sequence analysis and elicitor- / ozone-induced tem. Nature 444:323-329.
accumulation of cinnamyl alcohol dehydrogenase Jwa NS, Walling LL (2001) Influence of elevated CO2
from Norway spruce (Picea abis L.). Plant Molecu- concentration on disease development in toma-
lar Biology 23(1):145-156. to. New Phytologist 149:509-518.
Ghini R, Mac Leod REO, Torres Neto A, Cardoso DC, Karenlampi SO, Airaksinen K, Miettinen ATE, Kokko
Bettiol W, de Morais LAS, Vique B (2014) Increased HI, Holopainen JK, Karenlampi LV, Karjalainen RO
atmospheric carbon dioxide concentration: ef- (1994) Pathogenesis-related proteins in ozone-
fects on eucalypt rust (Puccinia psidii), C:N ratio -exposed Norway spruce [Picea abis L. (Karst)].
and essential oils in eucalypt clonal plantlets. For- New Phytologist 126:81-89.
est Pathology 44:409-416. Karnosky DF, Percy KE, Xiang BX (2002) Interacting
Glazebrook J (2005) Contrasting mechanisms of de- elevated CO2 and tropospheric O3 predisposes
fense against biotrophic and necrotrophic patho- aspen (Populus tremuloides Michx.) to infection
gens. Annual Review of Phytopathology 43:205– by rust (Melampsora medusae f. sp tremuloidae).
227. Global Change Biology 8:329-338.
Greef C, Roux M, Mundy J, Petersen M (2012) Re- Knudsen JT, Tollsten L, Bergstrom G (1993) Floral
ceptor-like kinase complexes in plant innate im- scents a checklist of volatile compounds isola-
munity. Plant Proteomics 3:1-7. ted by head-space techniques. Phytochemistry
Gunasekera TS, Paul ND, Ayres PG (1997) The effect 33:253-280.
of ultraviolet-B (UV-B: 290-320nm) radiation on Kobayashi T, Ishiguro K, Nakajima T, Kim HY, Okada M,
blister blight disease of tea (Camellia sinensis). Kobayashi K (2006) Effects of elevated atmosphe-
Plant Pathology 46:179-185. ric CO2 concentration on the infection of rice blast
Heath MC (2000) Hypersensitive response-related and sheath blight. Phytopathology 96(4):425-431.
death. Plant Molecular Biology 44:321-334. Kunz BA, Dando PK, Grice DM, Mohr PG, Schenl PM,
Hibberd JM, Whitbread R, Farrar JF (1996) Effect of Cahill DM (2008) UV-induced DNA damage pro-
elevated concentrations of CO2 on infection of motes resistance to the biotrophic pathogen Hya-
barley by Erysiphe graminis. Physiological and loperonospora parasitica in Arabidopsis. Plant
Molecular Plant Pathology 48:37-53. Physiology 148:1021-1031.
Higaki T, Kurusu T, Hasezawa S, Kuchitsu K (2011) Kurusu T, Yagala T, Miyao A, Hirochika H, Kuchitsu K
Dynamic intracellular reorganization of cytoskel- (2005) Identification of a putative voltage-gated
etons and the vacuole in defense responses and Ca2+ channel as a key regulator of elicitor-induced
hypersensitive cell death in plants. Journal of hypersensitive cell death and mithogen-activated
Plant Research 124:315-324. protein kinase activation in rice. Plant Journal
Holub EB, Beynon JL, Crute IR (1994) Phenotypic 42:798-809.
and genotypic characterization of interactions be- Kurusu T, Hamada H, Sugiyama Y, Yagala T, Kadota
tween isolates of Peronospora parasitica and ac- Y, Furuichi T, Hayashi T, Umemura K, Komatsu S,
cessions of Arabidopsis thaliana. Molecular Plant- Miyao A, Hirochika H, Kuchitsu K (2011) Negative
Microbe Interactions 7(2):223- 239. feedback regulation of microbe-associated mole-

RAPP - Volume 24, 2016 141


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

cular pattern-induced cytosolic Ca2+ transients by CO2 concentrations leads to modified profiles of
protein phosphorilation. Journal of Plant Resear- secondary metabolites in tobacco cv. Samsun and
ch 124(3):415-424. to increased resistance against infection with po-
Ladanyi M, Horvat L (2010) A review of the potential tato virus Y. Plant Cell & Environment 29:126-137.
climate change impact on insect populations – Mcelrone AJ, Hamilton JG, Krafnick AJ, Aldea M, Kne-
general and agricultural aspects. Applied Ecology pp RG, De Lucia EH (2010) Combined effects of
and Environmental Research 8(2):143-152. elevated CO2 and natural climatic variation on leaf
Lam E, Kato N, Lawton M (2001) Programmed cell spot diseases of red bud and sweetgun trees. En-
death, mitochondria and the plant hypersensitive vironmental Pollution 158:108-114.
response. Nature 411:848-853. Mcelrone AJ, Reid CD, Hoye KA, Hart E, Jackson RB
Langebartels C, Wohlgemuth H, Kschieschan S, Grun (2005) Elevated CO2 reduces disease incidence
S, Sandermann H (2002) Oxidative burst and cell and severity of a red maple fungal pathogen via
death in ozone-exposed plants. Plant Physiology changes in host physiology and leaf chemistry.
and Biochemistry 40(6-8):567-575. Global Change Biology 11:1828-1836.
Lee SW, Han, SW, Sririyanum M, Park CJ, Seo YS, Ro- Memmott J, Craze PG, Waser NM, Price MV (2007)
nald PC (2009) A type I-secreted, sulftated pep- Global warming and the disruption of plant-polli-
tide triggers Xa21-mediated innate immunity. nator interactions. Ecology Letters 10:710-717.
Science 326:850-853. Menna A, Nguyen D, Guttman DS, Desveaux D (2015)
Lehmann P (2002) Structure and evolution of plant Elevated temperature differentially influences
disease resistance genes. Journal of Applied Ge- effector-triggered immunity outputs in Arabidop-
netics 43(4):403-414. sis. Frontiers in Plant Science 6:995.
Li GM, Shi Y, Chen X (2008) Effects of elevated car- Mewis I, Schreiner M, Nguyen CN, Krumbein A, Ul-
bon dioxide and ozone on the growth and se- richs C, Lohse M, Zrenner R (2012) UV-B irradia-
condary metabolism of spring wheat. Ying Yong tion changes specifically the secondary metabo-
Sheng Tai Xue Bao 19(6):1283-1288. lite profile in broccoli sprouts: induced signaling
Li X, Sun Z, Shao S, Zhang S, Ahammed GJ, Zhang G, overlaps with defense responses to biotic stres-
Jiang Y, Zhou J, Xia X, Zhou Y, Yu J, Shi K (2015) To- sors. Plant and Cell Physiology 52(9):1546-1560.
mato-Pseudomonas syringae interactions under Mikkelsen BL, Jorgensen RB, Lingkjaer MF (2015)
elevated CO2 concentration: the role of stomata. Complex interplay of future climate levels of
Journal of Experimental Botany 66(1):307-316. CO2, ozone and temperature on susceptibili-
Lu D, Wu S, Gao X, Zhang Y, Shan L, He P (2010) A ty to fungal diseases in barley. Plant Pathology
receptor-like cytoplasmic kinase, BIK1, associa- 64(2):319-327.
tes with a flagellin receptor complex to initiate Nanda AK, Andrio E, Marino D, Pauly N, Dunand C
plant innate immunity. Proceedings of the Natio- (2010) Reactive oxygen species during plant-mi-
nal Academy of Science 107:496-501. croorganism early interactions. Journal of Inte-
Maccarrone M, Veldnik GA,Vliegenthart JFG, Agro grative Plant Biology 52(2):195-204.
AF (1997) Ozone stress modulates amine oxidase Nawkar GN, Maibam P, Park JH, Sahi VP, Lee SY,
and lipoxygenase expression in lentil (Lens culi- Kang CH (2013) UV-induced cell death in plants.
naris) seedlings. FEBS Letters 408(2):241-244. International Journal of Molecular Sciences
Mahalingam R, Jmbunathan N, Gunjan SK, Faustin 14(1):1608-1628.
E, Weng H, Ayoubi P (2006) Analysis of oxidative Nawrath C, Metraux JP (1999) Salicylic acid induc-
signalling induced by ozone in Arabidopsis thalia- tion-deficient mutants of Arabidopsis express
na. Plant Cell & Environment 29:1357-1371. PR-2 and PR-5 and accumulate high levels of
Malamy J, Hennig J, Klessig DF (1992) Temperature- camalexin after pathogen inoculation. Plant Cell
-dependent induction of salicylic acid and its con- 11:1393-1404.
jugates during the resistance response to tobacco Newman JA, Gibson DJ, Parsons AJ, Thornley JHM
mosaic virus infection. The Plant Cell 4:359-366. (2003) How predictable are aphid populations
Matros A, Amme S, Kettig B, Buck-Sorlin GH, Son- responses to elevated CO2? Journal of Animal
newald U, Mock HP (2006) Growth at elevated Ecology 72:556-566.

142 RAPP - Volume 24, 2016


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

Newman J (2004) Climate change and cereal aphi- Experimental Botany 52:381-401.
ds: the relative effects of increasing CO2 and tem- Richter T, Ronald P (2000) The evolution of dise-
perature on aphid population dynamics. Global ase resistance genes. Plant Molecular Biology.
Change Biology 10:5-15. 42:195-204.
O´Brien JA, Daudi A, Finch P, Butt VS, Whitelegge P, Rosemann D, Heller W, Sandermann H (1991) Bio-
Souda P, Ausubel FM, Bolwell GP (2012) A pero- chemical plant responses to ozone: induction of
xidase-dependent apoplastic oxidative burst in stilbene biosynthesis in Scot pine (Pinus sylves-
cultured Arabidopsis cells functions in MAMP-eli- trisL.) seedlings. Plant Physiology 97:1280-1286.
cited defense. Plant Physiology 158:2013-2027. Roux M, Schwessinger B, Albrecht C, Chinchilla D, Jo-
Pachauri RK, Reisinger A, (Eds.) (2007) Climate chan- nes A, Holton M, Malinovsky FG, Tor M, De Vries
ge 2007: Synthesis report. Contribution of working S, Zipfel C (2011) The Arabidopsis leucine-reach
group I, II and III to the fourth assessment report repeat receptor-like kinase BAK1/SERK3 and
of the Intergovernmental Panel of Climate Chan- BKK1/SERK4 are required for innate immunity to
ge. IPCC, Geneva, Switzerland. hemibiotrophic and biotrophic pathogens. Plant
Pangga IB, Chakraborty S, Yates D (2004) Canopy size Cell 23:2440-2455.
and induced resistance in Stylosanthes scabra de- Rubinstein CV, Gerrienne P, De La Puente GS, Asti-
termine anthracnose severity at high CO2. Phyto- ni RA, Steemans P (2010) Early middle ordovician
pathology 94:221-227. evidence for land plants in Argentina (eastern
Pasqualini S, Piccioni C, Reale L, Ederli L, Della Torre Gondwana). New Phytologist 188(2):365-369.
G, Ferranti F (2003) Ozone-induced cell death in Runion GB (2003) Climate change and plant pa-
tobacco cultivar Bel W3 plants. The role of pro- thosystems: future disease prevention starts
grammed cell death in lesion formation. Plant here. New Phytologist 159(3):531-533.
Physiology 133:1122-1134. Runion GB, Prior SA, Rogers HH, Mitchell RJ (2010)
Pell EJ, Achlagnhaufer CD, Arteca RN (1997) Ozone- Effects of elevated atmospheric CO2 on two south-
-induced oxidative stress: mechanism of action ern forest diseases. New Forests 39:275-285.
and reaction. Physiologia Plantarum 100:264-273. 2010.
Pichersky E, Gershenzon J (2002) The formation and Sandermann H (1996) Ozone and plant health. An-
function of plants volatiles: perfumes for polli- nual Review of Phytopathology 34:347-366.
nator attraction and defense. Current Opinion in Sandermann H, Ernst D, Heller W, Langebartels C
Plant Biology 5:237-243. (1998) Ozone: an abiotic elicitor of plant defence
Plessl M, Heller W, Payer HD, Elstner EF, Habermeyer reactions. Trends Plant Science 3(2):47-50.
J, Heiser I (2005) Growth parameters and resis- Schraudner M, Ernst D, Langebartels C, Sandermann
tance against Drechslera teres of spring barley H (1992) Biochemical plant responses to ozono:
(Hordeum vulgare L. cv. Scarlett) grown at ele- activation of the defense-related proteins β-1,3-
vated ozone and carbon dioxide concentrations. glucanase and chitinase in tobacco. Plant Physiol-
Plant Biology 7(6):694-705. ogy 99:1321-1328.
Plessl M, Elstner EF, Rennenberg H, Habermeyer J, Sharma YK, Davis KR (1997) The effects of ozone and
Heiser I (2007) Influence of elevated CO2 and ozo- antioxidant responses in plants. Free Radical Biol-
ne concentrations on late blight resistance and ogy and Medicine 23:480-488.
growth of potato plants. Environmental and Ex- Shin JW, Yun SC (2010) CO2 and temperature effects
perimental Botany 60(3):447-457. on the incidence of four major chili pepper dis-
Postel S, Kufner I, Beuter C, Mazzotta S, Schwedt A, eases. Plant Pathology Journal 26(2):178-184.
Borlotti A, Halter T, Kemmerling B, Nurnberger T Strengborn J, Reich PB (2006) Elevated [CO2] and in-
(2010) The multifunctional leucine-reach repeat creased N supply reduce leaf disease and related
receptor kinase BAK1 is implicated in Arabidop- photosynthetic impacts on Solidago rigida. Ecolo-
sis development and immunity. European Journal gia 149:519-525.
Cell Biology 89:169-174. Taiz L, Seiger E (2009) Fisiologia Vegetal. 4a Ed. Porto
Raven JA, Edwards D (2001) Roots: evolutionary ori- Alegre, Brasil. Artmed.
gins and biogeochemical significance. Journal of Tameling WIL, Takken FLW (2008) Resistance pro-

RAPP - Volume 24, 2016 143


Mathias Ferrari Rockenbach, et al. 130-144)

teins: scouts of the plant innate immune system. Wang K, Li H, Ecker JR (2002) Ethylene biosynthesis
European Journal of Plant Pathology, 121:243- and signaling networks. Plant Cell S131-S151.
255. Wang Y, Bao Z, Zhu Y, Hua J (2009) Analysis of tem-
Thaler JS, Humphrey PT, Whiteman NK (2012) Evolu- perature modulation of plant defense against
tion of jasmonate and salicylate signal crosstalk. biotrophic microbes. Molecular Plant-Microbe
Trends in plant Science 17(5):260-270. Interactions 22(5):498-506.
Tiedemann A,Weigel HJ, Jager HJ (1991) Effects of Xiao S, Charoenwattana P, Holcombe L, Turner
open-top chamber fumigations with ozone on JG (2003) The Arabidopsis genes RPW8.1 and
three fungal leaf diseases of wheat and the my- RPW8.2 confer induced resistance to powdery
coflora of the phyllosphere. Environmental Pollu- mildew diseases in tobacco. Molecular Plant-
tion 72(3):205-224. Microbe Interactions 16:289-294.
Tiedemann A, Firsching KH (2000) Interactive effects Xiao S, Calis O, Patrick E, Zhang G, Charoenwattana
of elevated ozone and carbon dioxide on growth P, Muskett P, Parker JE, Turner JG (2005) The atyp-
and yield of leaf rust-infected versus non-infect- ical resistance gene, RPW8, recruits components
ed wheat. Environmental Pollution 108:357-363. of basal defence for powdery mildew resistance
Torres MA (2010) ROS in biotic interactions. Physio- in Arabidopsis. Plant Journal 42(1):95-110.
logia Plantarum 138:414-429. Yalpani N, Enyedi AJ, Leon J, Raskin I (1994) Ultra-
Tzortzakis N, Taybi T, Roberts R, Singleton I, Borland violet light and ozone stimulate accumulation of
A, Barnes J (2011) Low level atmospheric ozone salicylic acid, pathogens-related proteins and vi-
exposure induces protection against Botrytis ci- rus resistance in tobacco. Planta 193(3):372-376.
nerea with down-regulation of ethylene-jasmo- Yañez-Lopez R, Torres-Pacheco I, Guevara-Gonzalez
nate and pathogenesis-related genes in tomato RG, Hernandez-Zul MI, Quijano-Carranza JA, Ri-
fruit. Postharvest Biology and Technology 61(2- co-Garcia E (2012) The effect of climate change
3):152-159. on plants diseases. African Journal of Biotech-
Vlot AC, Dempsey DA, Klessig DF (2009) Salicylic nology 11(10):2417-2428.
acid, a multifaceted hormone to combat disease. Zhu Y, Qian W, Hua J (2010) Temperature modu-
Annual Reviews of Phytopathology 47:177-206. lates plant defense responses through NB-LRR
Wan J, Zhang XC, Neece D, Ramonell KM, Clough poteins. PloS Pathogens 6(4):e1000844.
S, Kim SY, Stacey MG, Stacey G (2008) A LysM Zinser C, Ernst D, Sandermann H (1998) Induction
receptor-like kinase plays a critical role in chitin of stilbene synthase and cinnamyl alcohol dehy-
signaling and fungal resistance in Arabidopsis. drogenase mRNAs in Scots pine (Pinus sylvestris
Plant Cell 20:471-481. L.) seedlings. Planta 204:169-176.

144 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

RESISTÊNCIA DE MONILINIA SPP.


AOS FUNGICIDAS DOS GRUPOS DOS
INIBIDORES DA DESMETILAÇÃO (IDM),
DOS INIBIDORES DA QUINONA EXTERNA
(IQE) E DOS METILO BENZIMIDAZOL
CARBAMATOS (MBC)
Paulo dos Santos Faria Lichtemberg1, Isabela Vescove Primiano2,
Juliana Muehlmann Fischer3, Chirley Glienke3, Lilian Amorim2
e Louise Larissa May De Mio1*

RESUMO
Esta revisão aborda o desenvolvimento de resistência de espécies de
Monilinia causadoras de podridão parda em frutíferas de caroço a fungicidas em
todo o mundo, discutindo o modo de ação, mecanismos da resistência, métodos
para detecção e fatores que afetam a seleção para resistência aos fungicidas dos
grupos dos inibidores da desmetilação (IDM), dos inibidores da quinona externa
(IQe) e dos Metilo benzimidazol carbamatos (MBC). Além disso, foi discutida
a adaptabilidade dos isolados com resistência ou mudança de sensibilidade e
sua relação com as estratégias antirresistência, especialmente nas condições de
cultivo em áreas subtropicais brasileiras. No Brasil, foram realizados monitora-
mentos da sensibilidade das populações de isolados de Monilinia fructicola, co-
letados entre os anos 2002 e 2014, aos três grupos relacionados. Os isolados da
coleção são representantes de toda região produtora do Brasil.

1. Introdução ferramenta no controle dos fungos fitopatogênicos


A podridão parda, causada por espécies de em diversas culturas (Linhares & Ghini, 2001; Brent
Monilinia, tem seu controle baseado na aplicação de & Hollomon, 2007; Oliver & Hewitt, 2014). Entre
fungicidas desde a floração até a colheita. Dentre os as cinco classes de fungicidas IBEs, destacam-se os
fungicidas que vem sendo utilizados para o controle inibidores da desmetilação – IDM (do inglês deme-
desta doença, os fungicidas sistêmicos, os IDMs, os thylation inhibitors - DMI), com ampla utilização no
IQes e os MBCs podem ter sua eficiência reduzida controle dos principais ascomicetos e basidiomice-
pela alteração na sensibilidade ou até perda de efici- tos causadores de doenças em plantas (Reis et al.,
ência devido à ocorrência de resistência. 2010; Oliver & Hewitt, 2014). Tais características fa-
Características como o amplo espectro de zem dos IDMs líderes de venda de fungicidas com
ação, diversidade química e a possibilidade do uso 29,2% de participação no mercado mundial (Oliver
protetor, curativo e erradicante fazem dos fungicidas & Hewitt, 2014).
inibidores da biossíntese do esterol – IBE (do inglês Na cultura do pessegueiro, dentre os fungi-
sterol biosynthesis inhibitors – SBI) uma importante cidas IBEs os azóis (triazóis e imidazóis) desempe-

1
Universidade Federal do Paraná, Depto de Fitotecnia e Fitossanitarismo. Curitiba, Brasil; 2 Universidade Estadual de São Paulo,
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, Brasil; 3 Universidade Federal do Paraná, Depto de Genética. Curitiba,
Brasil. * Autor para correspondência: maydemio@ufpr.br

RAPP - Volume 24, 2016 145


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

nham um papel importante no controle da podridão ingredientes ativos azoxistrobina e piraclostrobina


parda (Monilinia spp.), ferrugem (Tranzschelia dis- (pertencentes à classe dos IQe) para o controle da
color), furo-de-bala (Wilsonomyces carpophilus) e ferrugem (Tranzschelia discolor) e na prevenção da
sarna (Cladosporium carpophilum) (Bleicher, 1997; podridão parda (Monilinia fructicola). Apesar de di-
Ma et al., 2001; May De Mio et al., 2004; Adaska- versos ingredientes ativos estarem registrados para
veg et al., 2015). Os fungicidas azóis representam o o controle da podridão parda do pessegueiro, os
grupo quimicamente mais diverso entre os fungici- únicos fungicidas sistêmicos registrados no Ministé-
das IDM, tendo seu modo de ação dado pela inibi- rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)
ção da remoção do grupo C14-metilo do eburicol, o para o seu controle pertencem ao grupo dos triazóis
qual impede o processo de formação do ergosterol (AGROFIT, 2016). No entanto, o ingrediente ativo
em fungos filamentosos. A ausência ou diminuição azoxistrobina está na lista de agrotóxicos permitidos
de ergosterol e o acúmulo de esteróis tóxicos levam na Produção Integrada de Pêssego (INMETRO, 2003).
ao rompimento da membrana e extravasamento do Com o aumento do uso da azoxistrobina pe-
conteúdo celular, causando a morte do organismo los produtores de pêssego e da maior pressão de
(Joseph‐Horne & Hollomon, 1997; Sanglard et al., seleção que eles representam sobre a população
1998b; Oliver & Hewitt, 2014). Casos de resistência patogênica, isolados resistentes poderão vir a ser se-
a este grupo são mais raros; entretanto, reduções de lecionados com maior frequência. No Estado de São
sensibilidade em isolados de diversas regiões produ- Paulo, inclusive, já foi observada uma mudança nos
toras, já foram relatados. valores de CE50 (concentração efetiva capaz de inibir
Os inibidores da quinona externa –IQe (do 50 % do crescimento ou germinação da população
inglês quinone outside inhibitors - QoI) têm gran- patogênica) de M. fructicola à azoxistrobina, aumen-
de importância no manejo integrado de doenças de tando de 0,05 μg.ml-1 em 2002 para 0,44 μg.ml-1 em
plantas por serem derivados de produtos naturais, 2008 (May De Mio et al., 2011).
apresentar amplo espectro de ação, alta fungitoxici- Além dos IDMs e dos IQes, espécies de Moni-
dade inerente, longo período residual, além de baixa linia foram por muito tempo controladas pelos fun-
toxicidade ambiental (Sauter et al., 1999; Sierotzki, gicidas metilo benzimidazol carbamatos – MBCs (em
2015). Esse grupo de fungicidas, logo após seu lan- inglês como Methyl Benzimidazole Carbamates). Os
çamento, foi amplamente empregado no controle MBCs são fungicidas orgânicos, sistêmicos e de alta
de doenças de cucurbitáceas no Japão (Ishii et al., seletividade em que o mecanismo de ação baseia-se
2001) e de macieiras na Europa (Zheng et al., 2000). no comprometimento da integridade das tubulinas.
No entanto foram relatados casos de resistência dois Neste grupo, estão incluídos os fungicidas tiofana-
anos após sua introdução (Zheng et al., 2000; Ghini tos (tiofanato e tiofanato-metílico) e benzimidazóis
& Kimati, 2000; Ishii et al., 2001; Sierotzki, 2015). (benomil, carbendazim, fuberidazol e tiabendazol)
Desde então, há relatos de resistência de campo em (FRAC, 2016). Os tiofanatos têm como base a tiureia,
mais de 42 patógenos em diversas culturas e países, derivado do ácido tialofânico, e ao contrário dos
como em Pyricularia grisea, Botrytis cinerea e Cer- benzimidazóis, não apresentam um anel heterocícli-
cospora sojina nos Estados Unidos (Kim et al., 2003; co (Picinini, 1994; Chauhan & Bhattacharya, 2012).
FRAC, 2012a; Amiri et al., 2014; Zeng et al., 2015), Uma vez que são convertidos em carbendazim, os
Venturia inaequalis na Suíça (Farber et al., 2002) e tiofanatos são classificados por muitos autores como
Plasmopara viticola na França e na Itália (Genet et benzimidazóis (Picinini, 1994; Young, 2015). Além da
al., 2006). aplicação na agricultura, como ferramenta de con-
Além das características atrativas destes pro- trole de diversos fitopatógenos das mais variadas
dutos, mencionadas anteriormente, outro fator que culturas, alguns derivados do grupo dos benzimida-
contribuiu para a grande adesão dos produtores ao zóis têm sido utilizados como antiparasitários huma-
uso de IQes é a disponibilidade dos produtos no mer- nos e veterinários e também em terapia anticâncer
cado. Esse fungicida está amplamente distribuído em (Navarrete-Vázquez et al., 2001; Andrzejewska et al.,
revendas e agropecuárias, representando, em 2012, 2002).
28% do mercado de fungicidas (Sierotzki, 2015). No A característica de fungitoxicidade dos tiofa-
Brasil, os produtores de pêssego vêm utilizando os natos é correlacionada com a produção de Metilo

146 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

Benzimidazol Carbamato (Fuchs et al., 1972; Chau- cada classe de fungicidas distingue-se quanto aos sí-
han & Bhattacharya, 2012). Os produtos de conver- tios específicos de ação (Linhares & Ghini, 2001; Oli-
são de tiofanatos em solução aquosa são semelhan- ver & Hewitt, 2014). Particularmente, os inibidores
tes aos benzimidazóis, em que o tiofanato-metílico da desmetilação listados no grupo G, classe IBE 1 do
é convertido em metilo benzimidazol carbamato e Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas (FRAC),
o tiofanato no análogo etil benzimidazol carbamato tem como sítio específico de ação a enzima C14α
(EBC) (Chauhan & Bhattacharya, 2012). O benomil é desmetilase (enzima Cyp51) do citocromo P450, que
rapidamente convertido em MBC por hidrólise, en- catalisa processos oxidativos necessários na forma-
quanto o tiofanato-metílico necessita de uma série ção do ergosterol (Lupetti et al., 2002; Shapiro et al.,
de reações intermediárias. Logo, esta transformação 2011; Oliver & Hewitt, 2014; FRAC, 2016). A redução
mais lenta, faz com que possuam ação antifúngica do ergosterol e acúmulo de seus precursores foram
menor que o benomil (Picinini, 1994). observados em M. fructigena tratada com IBEs (Kato
A popularidade destes grupos de fungicidas e et al., 1974, 1975). Em M. fructicola, C14α desmeti-
seu uso contínuo no controle da podridão parda em lase é codificada pelo gene Cyp51 (Schnabel & Dai,
rosáceas (Penrose & Senn, 1995; May De Mio et al., 2004; Luo & Schnabel, 2008a) e desencadeia três
2004; Schnabel & Dai, 2004; Silva et al., 2011; Chen oxidações sucessivas a partir da remoção do grupo
et al., 2012) resultou na seleção de isolados resisten- metila (CH3) da molécula C14 do lanosterol (Köller,
tes de M. fructicola nas principais áreas produtoras 1988; Sanglard et al., 1998b; Linhares & Ghini, 2001;
de pêssego do mundo (Schnabel et al., 2004; May Reis et al., 2010) (Figura 1). Os fungicidas azóis ini-
De Mio et al., 2011; Villani & Cox, 2011; Chen et al., bidores da C14α desmetilase, agem através de um
2012). O desenvolvimento de resistência aos fungi- átomo livre de nitrogênio localizado no anel hete-
cidas é um dos maiores problemas no controle de rocíclico N-2 (imidazol) ou N-3 (triazol) que se liga
doenças de plantas, causando perdas econômicas ao átomo de ferro-hêmico da enzima do citocromo
aos produtores e colocando-os em difícil situação P450 inibindo o acesso aos substratos necessários
(Dekker, 1987). O conhecimento sobre os fatores para sua função (Sanglard et al., 1998a; Linhares &
genéticos e a dinâmica da evolução de populações Ghini, 2001; Mansfield et al., 2010; Shapiro et al.,
resistentes, representam um importante passo para 2011; Kelly & Kelly, 2013; Oliver & Hewitt, 2014). A
prolongar a eficácia dos fungicidas. partir desta inibição, ocorre um acúmulo de esteróis
Nesta revisão serão abordados estudos his- tóxicos do grupo 14α-metilo (lanosterol e 14α-metil-
tóricos e recentes sobre os mecanismos e evolução 3-6-diol), produzidos pela Δ-5,6-desaturase, interfe-
da resistência aos IDMs, IQes e MBCs em espécies rindo com as funções do ergosterol como compo-
de Monilinia, bem como estratégias antirresistência nente predominante da membrana celular (Gadher
para o manejo da podridão parda. et al., 1983; Lupetti et al., 2002) (Figura 2). Sendo
assim, o estresse causado na membrana da célula
2. Modo de ação e alvo dos fungicidas IDMs, IQes resulta no aumento de sua permeabilidade, causan-
e MBCs do o extravasamento de conteúdos intracelulares e,
2.1 Fungicidas IDMs: Apesar de todos IBEs consequentemente, limitando o crescimento fúngi-
utilizados na agricultura terem como modo de ação co (Gadher et al., 1983; Buchenauer, 1987; Lupetti et
a inibição da rota sintética de esteróis em fungos, al., 2002; Reis et al., 2010).

Figura 1. Esquema da sequência normal da desmetilação do C14 do lanosterol mediada pelo citocromo P450. Adaptado
de Köller (1988).

RAPP - Volume 24, 2016 147


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

Figura 2. Mecanismo de ação de compostos antifúngicos afetando a rota Biosintética do ergosterol. Enzimas alvo à di-
reita das setas com genes codificadores entre parênteses. Compostos antifúngicos à esquerda das setas. Setas indicam
passos para a biossíntese do ergosterol. Adaptado de Lupetti et al., 2002.

2.2. Fungicidas IQes: A classe dos inibido- Hollomon, 2007). Nesta época, características como
res da quinona externa (IQe) engloba os seguintes a ocorrência de pouca fitotoxicidade, amplo espec-
grupos químicos: estrobilurinas, famoxadona, fena- tro de ação, eficiência em baixas concentrações, fa-
midona e pyribencarb (Leadbeater, 2012). O modo cilidade de absorção e translocação pelas plantas e
de ação desses produtos é a interferência na produ- ação pós-infecção, tornaram sua utilização bastante
ção de energia (ATP) em um passo do metabolismo comum, apresentando vantagens em relação aos
primário comum às células fúngicas. Por interferir outros produtos utilizados, como os derivados cúpri-
no metabolismo primário, essa classe de fungici- cos, captan e ditiocarbamatos. Em 1979, a mistura
das apresenta amplo espectro de ação sobre dife- Benomil-Dicloran era o tratamento padrão para o
rentes filos do reino Fungi, como Basidiomycota e controle da podridão-parda e da podridão causada
Ascomycota (Sierotzki, 2015). Dentro do grupo das por Rhizopus em pessegueiros no Brasil (Feliciano &
estrobilurinas há diferentes princípios ativos pro- Assis, 1979). Em 1992, o benomil foi retirado do mer-
duzidos por diferentes fabricantes: azoxistrobina, cado no Brasil, sendo assim, os produtores passaram
piraclostrobina, trifloxistrobina e cresoxim-metílico. a utilizar o tiofanato-metílico como MBC alternativo
Essas moléculas atuam em um processo específico para o controle da podridão parda em frutos de ca-
da respiração fúngica, pois ligam-se ao sítio da qui- roço (May De Mio et al., 2011).
nona oxidase externa do citocromo b (complexo III) Poucos anos após o início da utilização de
e inibem o transporte de elétrons na mitocôndria, MBCs, em populações de diversos fungos foram
impedindo a formação de ATP (Fernández-Ortuño et descritos isolados resistentes a estes fungicidas. Em
al., 2010; Leadbeater, 2012). 1969, relata-se resistência em Sphaerotheca fuligi-
2.3. Fungicidas MBCs: Os benzimidazóis co- nea, (Schroeder & Provvidenti, 1969). Posteriormen-
meçaram a ser utilizados entre as décadas de 1960 te, a resistência de M. fructicola a estes fungicidas é
e 1970, no tratamento foliar, de sementes e no con- relatada em diversos países. Em 1975, observou-se
trole pós-colheita, em aplicações na forma de pul- resistência na Austrália, em Victoria (Whan, 1976) e
verização e em tratamentos por imersão (Brent & em 1976 em New South Wales após o uso extensivo

148 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

de benomil por um período superior a quatro anos o citoesqueleto, uma espécie de arcabouço intrace-
(Koffman & Penrose, 1976). A partir de 1976, ocor- lular responsável pela manutenção da forma e orga-
rem relatos nos Estados Unidos, em Michigan (Jones nização celular, das células eucarióticas. Os micro-
& Ehret, 1976), na Carolina do Sul, na Califórnia túbulos estão diretamente envolvidos na formação
(Ogawa et al., 1980; Sonoda et al., 1983; Michailides do fuso mitótico e consequentemente na segrega-
et al., 1987; Ma et al., 2003) e Nova Iorque (Szkolnik ção de cromossomos durante a divisão celular em
& Gilpatrick, 1977). Lim et al. (2006), observaram re- eucariontes. Além das tubulinas α e β, atualmente
sistência na Coréia. No sul do Brasil, em 1985, Fortes são conhecidas também outras famílias, como γ, δ,
& Ferreira (1985), relatam isolados obtidos em diver- ε, ζ e η, com funções associadas ao centríolo e pro-
sos pomares resistentes ao benomil. May De Mio et vavelmente a outros aspectos basais (McKean et al.,
al. (2011) e Fischer (2015) observaram diferentes pa- 2001).
drões de resistência a tiofanato-metílico em isolados Para a formação dos microtúbulos ocorre a li-
de M. fructicola, em frutos provenientes de pomares gação entre GTP (guanosina trifosfato) e os dímeros
da região Sul e estado de São Paulo, coletados no pe- de tubulina, estabilizando assim a forma polimérica.
ríodo de 2000 a 2010. Em outras espécies do gêne- Os microtúbulos estão em constante reorganização,
ro, como em M. laxa, há também relato de resistên- crescendo em uma extremidade devido à polimeri-
cia em países europeus, como na Grécia e também zação dos dímeros de tubulina e diminuindo na ou-
nos Estados Unidos, na Califórnia (Ma et al., 2005; tra extremidade em decorrência da despolimeriza-
Thomidis et al., 2009; Malandrakis et al., 2012). ção (Junqueira & Carneiro, 1997). O carbendazim é
No geral a resistência é transmitida geneti- capaz de inibir a polimerização das tubulinas, afetan-
camente e resulta de uma ou mais mutações, que do também a ligação de GTP (guanosina trifosfato)
podem provocar alteração no sítio alvo bioquímico, (Winder et al., 2001).
fazendo com que a ligação ao fungicida não acon-
teça (FRAC, 2012b). Devido à ação específica, existe 3. Mecanismos de resistência aos fungicidas IDMs,
maior propensão à resistência para estes compostos IQes e MBCs
químicos, ao contrário do que ocorre em fungicidas 3.1. Fungicidas IDMs: A resistência de fungos
que atuam em vários pontos do metabolismo. Além fitopatogênicos aos fungicidas azóis é de natureza
deste aspecto, outros fatores estão associados à re- quantitativa, apresentando uma distribuição unimo-
sistência, como o uso intensivo destes produtos e a dal da sensibilidade que eventualmente muda devi-
existência de estirpes resistentes na população ori- do ao aumento da frequência de fenótipos/genóti-
ginal (Delp, 1980). Em fungicidas sítio-específicos, pos resistentes na população (Dekker, 1987; Köller
como benzimidazóis e tiofanatos, uma única muta- & Scheinpflug, 1987; Linhares & Ghini, 2001; Brent
ção pode levar a incapacidade do fungicida em se & Hollomon, 2007; Reis et al., 2010). Sua natureza
ligar ao ponto de ação nos fungos (McGrath, 2004). é poligênica, resultante de uma interação positiva
Mutações no gene da beta-tubulina, que resultam de vários genes, contribuindo para diferentes níveis
em sequências alteradas de aminoácidos nos sítios de resistência (Sanglard et al., 1998b; Lupetti et al.,
de ligação ao MBC, vêm sendo associadas à resistên- 2002). Tipicamente, o aumento da dose do fungicida
cia aos MBCs em diversos microrganismos, dentre ou sua substituição por produtos de maior ativida-
eles, fungos do gênero Monilinia (Ma et al., 2003; de intrínseca são muitas vezes suficientes para obter
Ma et al., 2005; Zhu et al., 2010; Malandrakis et al., novamente o controle em situações de sensibilidade
2012; Chen et al., 2014). reduzida (Brannen & Schnabel, 2006; Holb & Schna-
Os fungicidas MBCs atuam como inibidores bel, 2007; Chen et al., 2012; Oliver & Hewitt, 2014).
específicos ligando-se às moléculas de tubulina, in- Em M. fructicola, o mecanismo mais conheci-
terrompendo a divisão da célula (FRAC, 2012b). As do de resistência aos triazóis é a superexpressão do
tubulinas são proteínas globulares que compõem os gene MfCyp51 que codifica a enzima C14α desme-
microtúbulos, um heterodímero, que é constituído tilase, alvo deste fungicida. Estudos demonstraram
principalmente por duas cadeias polipeptídicas de que a presença de uma inserção de 65-pb (elemento
estruturas semelhantes, a alfa (α) e a beta-tubulina Mona) na região montante deste mesmo gene, pro-
(β). Os microtúbulos são filamentos que compõem move o aumento do número de cópias da enzima

RAPP - Volume 24, 2016 149


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

alvo para triazóis (Luo et al., 2008; Luo & Schnabel, através das membranas, enquanto as proteínas ABC
2008a). O elemento Mona foi encontrado em vários incluem ambos os mecanismos de bombeamento,
isolados de M. fructicola em importantes regiões influxo e efluxo (Theodoulou, 2000; de Waard et al.,
produtoras de pêssegos nos Estados Unidos, sendo 2006; Shapiro et al., 2011). A resistência a algumas
importante monitorá-lo na genotipagem de isolados drogas podem ser associada com a regulação ascen-
resistentes para estas populações (Burnett et al., dente de genes codificando o efluxo de substâncias
2010; Villani & Cox, 2011; Chen et al., 2013b). Villani da célula (Lupetti et al., 2002). Este mecanismo foi
& Cox (2011) acreditam que o elemento Mona con- estudado nas leveduras Candida albicans, C. glabra-
tribua apenas com uma parte da resistência quanti- ta, e Saccharomyces cerevisiae, e fungos Aspergillus
tativa em resposta ao uso de triazóis. Os mesmos au- nidulants, Magnaphorte grisea, e Mycosphaerella
tores demonstraram que nem sempre a presença de graminicola, servindo de referência para estudos em
Mona é associada à baixa sensibilidade observada in M. fructicola (Theodoulou, 2000; Lupetti et al., 2002;
vitro. No Brasil, o elemento Mona não está relacio- Schnabel et al., 2003; de Waard et al., 2006; Shapiro
nado aos fenótipos resistentes de M. fructicola ao et al., 2011).
fungicida tebuconazol (Morales et al., 2013). Apesar Com a clonagem do gene MfABC1 (4380-pb)
disso, estudos mais recentes detectaram o aumento em M. fructicola, (Schnabel et al., 2003) demons-
da expressão do MfCyp51 em populações do Brasil, traram que fenótipos com sensibilidade reduzida
após indução subletal de tebuconazol em micélio aos triazóis miclobutanil e propiconazol apresentam
de M. fructicola (Lichtemberg et al., 2016b). Porém maiores números de cópias deste gene do que isola-
as alterações do gene (inserções) que regulam esta dos sensíveis, ambos tratados com doses crescentes
expressão, assim como mutações ainda estão sendo dos fungicidas. Além disso, esse estudo revelou que
estudadas. o transporte de drogas em M. fructicola é mediado
A alteração do alvo de ação ou superexpres- pela proteína ABC do gene MfABC1, a partir da identi-
são genética por mutação é um poderoso mecanis- ficação de sequências de aminoácidos e sua similari-
mo de resistência aos fungicidas (Oliver & Hewitt, dade com sequências codificadas por gene similares
2014), mas nem sempre resultam em corresponden- em outros patógenos (Schnabel et al., 2003). Sendo
te troca de aminoácidos ligados aos fenótipos resis- assim, além do gene MfCyp51, o gene MfABC1 pas-
tentes (Parker et al., 2006; Cox et al., 2007). Kelly & sou a ser considerado como um dos mecanismos de
Kelly (2013) em revisão sobre o citocromo P450, re- resistência para M. fructicola (Schnabel et al., 2003;
latam que as mutações do gene Cyp em diferentes Luo & Schnabel, 2008a). Em alguns isolados brasilei-
organismos, podem estar relacionadas à perda da ros resistentes, o gene MfABC1 apresentou aumen-
afinidade e expressão deste gene, promovidas por to do número de cópias, após a indução de 0,5 e 1
uma ou mais modificações genéticas. Na China, iso- µg/ml de tebuconazol, porém com uma frequência
lados de M. fructicola com fenótipos resistentes ao inferior à expressão obtida pelo gene MfCyp51, de-
fungicida IDM SYP-Z048 (derivado do oxazol) foram monstrando ter menor importância na resistência de
relacionados aos genótipos contendo a mutação M. fructicola ao fungicida triazol (Lichtemberg et al.,
Y136F da MfCyp51, causando a substituição do ami- 2016b).
noácido tirosina pela fenilalanina (Chen et al., 2012). Em isolados com resistência múltipla a tria-
No mesmo estudo, outras duas substituições foram zóis e benzimidazóis, o sequenciamento do gene
observadas pela presença de serina nas posições MfCyp51 e o estudo da expressão do gene MfABC1
161 e 490 de isolados de fenótipo resistente e sensí- não evidenciaram nenhuma relação ao fenótipo en-
vel respectivamente. contrado, sugerindo a existência de outros meca-
As proteínas do ABC (do inglês ATP-binding nismos afetando a sensibilidade de isolados de M.
cassete transporter) e maiores facilitadores (do in- fructicola aos fungicidas triazóis (Chen et al., 2013a).
glês major facilitator - MF) representam as duas clas- Para isolados chineses de M. fructicola, Chen et al.
ses mais importantes de transportadores de drogas (2012) investigaram as mutações pontuais nos genes
envolvidos na resistência de fungos aos azóis. Ape- Erg2 e Erg24, codificando as enzimas Δ8à Δ7 este-
sar de essas classes utilizarem a energia do ATP para rol isomerase e C14 esterol redutase (EBI classe II), e
sua ativação, o MF age pelo efluxo de substâncias Erg27, codificando enzima 3-keto redutase (EBI clas-

150 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

se III), como possíveis mecanismos alternativos para dez-Ortuño et al., 2008). No Brasil. isolados de M.
os triazóis, porém nenhuma alteração foi observada. fructicola apresentaram o íntron do tipo I após o có-
O certo é que diferentes eventos moleculares acon- don 143 (Primiano, 2015). Essa característica parece
tecem em diferentes partes do mundo moldando o ser frequente na espécie M. fructicola, pois também
tipo de mecanismo presente. Dessa forma, novos es- foi descrita em isolados dos Estados Unidos, China,
tudos deverão surgir para esclarecer os mecanismos Austrália e Nova Zelândia (Luo et al., 2010; Miess-
determinantes na resistência de espécies de Monili- ner & Stammler, 2010; Hily et al., 2011). Outros
nia aos triazóis. Enquanto isso métodos convencio- fungos também apresentaram esse mesmo íntron,
nais se mantêm indispensáveis no monitoramento como diferentes espécies de Puccinia (Grasso et al.,
da resistência. 2006a), Phakopsora pachyrhizi (Grasso et al., 2006b)
3.2. Fungicidas IQes: O principal mecanismo e Phyllosticta spp. (Stammler et al., 2013; Hincapie
relacionado com resistência de fungos a fungicidas et al., 2014). Há raros casos em que a estrutura ín-
de sítio-específico, como as estrobilurinas, é a alte- tron-exon do cyt b do patógeno é polimórfica, ou
ração (mutação) no sítio de ação. A maior parte dos seja a população pode conter indivíduos que podem
relatos de isolados resistentes a estrobilurinas indica ou não apresentar esse íntron, como por exemplo
que a mutação é monogênica (Sierotzki et al., 2000; em Botrytis cinerea (Banno et al., 2009). Os isolados
Gisi et al., 2002; Bolton et al., 2013). As mutações em com a introdução íntron perdem a capacidade de
um único ponto no gene do citocromo b (cyt b) são desenvolver resistência à azoxistrobina baseada na
os mecanismos mais associados com a resistência mutação do G143A (Yin et al., 2012).
às estrobilurinas. A mutação que resulta em maior 3.2. Fungicidas MBCs: No grupo dos fungi-
fator de resistência (completa ou qualitativa), asso- cidas MBCs as mutações que ocorrem no gene da
ciada à total falta de controle da doença no campo, beta-tubulina levam a alterações nas sequências de
corresponde à mudança de glicina para alanina no aminoácidos modificando os sítios de ligação das
códon 143 (G143A). Essa mutação não produz efei- proteínas. Essas mutações reduzem ou impedem a
to negativo na atividade enzimática e, consequen- ligação dos fungicidas benzimidazóis e tiofanatos a
temente, na adaptabilidade dos isolados (Gisi et al., beta-tubulina.
2002; Leadbeater, 2012). Outras substituições, como Mutações nos códons 50, 167, 198, 200 e
a fenilalanina para leucina no códon 129 (F129L) e 240 do gene da beta-tubulina já foram relatadas em
de glicina para arginina no códon 137 (G137R), são diversos fitopatógenos como Sclerotinia sclerotio-
relatadas no cyt b, mas expressam moderada (par- rum (Lehner et al., 2015), Botrytis cinerea (Malan-
cial) resistência, de tal forma que os patógenos com drakis et al., 2011), Neurospora crassa (Orbach et
este tipo de mutação são controlados com as do- al., 1986), Cladobotryum dendroides (McKay et al.,
ses recomendadas de estrobilurina (Sierotzki et al., 1998), Penicillium digitatum (Schmidt et al., 2006),
2007; Fernández-Ortuño et al., 2008). P. expansum (Baraldi et al., 2003), Venturia inaequa-
Além das mutações há outros mecanismos lis, V. pirina (Koenraadt et al., 1992; Quello et al.,
associados à redução na sensibilidade dos patóge- 2010), Tapesia acuformis, T. yallundae (Albertini et
nos às estrobilurinas (resistência quantitativa), os al., 1999). Em Monilinia, mutações no gene beta-
quais podem não conferir a condição de resistência -tubulina estão correlacionadas à resistência aos
prática (Köller et al., 2004), como a via alternativa de MBCs. Substituições de nucleotídeos nos códons 6
respiração (via AOX) e o efluxo do fungicida, entre e 198 foram associadas com diferentes padrões de
outros (Dowling, 2015). Esses mecanismos necessi- resistência em M. fructicola (Ma et al., 2003). No có-
tam de mais estudos, principalmente em patógenos don 6, a substituição de uma de citosina por timi-
que possuem o íntron tipo I, imediatamente após o na (CAT → TAT) codifica o aminoácido tirosina (TAT)
códon 143 no cyt b. Nesses patógenos, a substitui- no lugar de histidina (CAT), conferindo o fenótipo
ção do nucleotídeo no códon 143 impede que ocorra de baixa resistência (Low resistance - LR). No códon
o splicing para a formação do RNA mensageiro (Si- 198, a troca de adenina por citosina (GAA → GCA)
erotzki, 2015). Como consequência, ocorre deficiên- resulta em alanina (GCA) ao invés de ácido glutâmi-
cia no processo de síntese de proteína, a qual é letal co (GAA), caracterizando o padrão de alta resistência
ao fungo e a resistência não se desenvolve (Fernán- (High resistance – HR). A partir destas observações,

RAPP - Volume 24, 2016 151


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

foi desenvolvida uma PCR específica para diferenciar nhecida por concentração mínima inibitória – CMI)
os dois padrões de resistência. Fenótipos sensíveis que inibe 100 % do desenvolvimento dos isolados
apresentam os nucleotídeos CAT e GAA nos códons 6 sensíveis, discriminando-os dos isolados resistentes
e 198, respectivamente. Em LR, observa-se no códon que apresentam crescimento (Angelini et al., 2015).
6 a sequência TAT enquanto que em HR, no códon Com as curvas de dose-resposta, é possível estimar
198 existe a sequência GCA. Na população brasileira a concentração efetiva capaz de inibir 50 % (CE50) do
foram identificados indivíduos com padrões de resis- diâmetro micelial ou da germinação dos esporos do
tência e mutações já descritas nos códon nos códons fungo e, com os valores de CE50 de diferentes isola-
6 e 198, com maior frequência de isolados com baixa dos e de diferentes anos, comparar se está ocorren-
resistência (2,5% em HR e 35,9% LR) (May De Mio et do uma mudança na sensibilidade do patógeno ao
al., 2011). fungicida, como observado em isolados de M. fructi-
A mutação E198A no gene da beta-tubulina cola (Russell, 2004; May De Mio et al., 2011). Tanto
em M. fructicola foi descrita em isolados da Carolina o CE50 como o CMI podem ser obtidos por avaliações
do Sul nos Estados Unidos (Zhu et al., 2010). A mes- de diâmetro micelial ou de germinação de esporos.
ma mutação foi igualmente observada em isolados A definição de qual variável (crescimento micelial ou
da China (Chen et al., 2014) e da Europa (Weger et germinação) utilizar depende do modo de ação do
al., 2011). Ma et al. (2005) em estudo com isolados fungicida (Olaya, 2011).
da Califórnia, relataram que uma mutação no códon 4.1.1. IDMs: Métodos convencionais são
240, em M. laxa, leva a substituição de uma leucina amplamente utilizados no monitoramento da sen-
por fenilalanina, conferindo baixa resistência a be- sibilidade de espécies de Monilinia para diversos
nomil. Em M. laxa de pomares das regiões central e fungicidas do grupo IDM nos Estados Unidos (Wil-
norte da Grécia, mutação no códon 198, foi relacio- cox & Burr, 1994; Penrose & Senn, 1995; Zehr et al.,
nada a alta resistência (Malandrakis et al., 2011). 1999; Schnabel et al., 2004), Brasil (May De Mio et
al., 2011; Lichtemberg et al., 2016a), China (Chen et
4. Métodos de detecção de isolados resistentes ou al., 2012; Yuan et al., 2013) e Nova Zelândia (Elmer
com baixa sensibilidade aos fungicidas et al., 1992). Em M. fructicola a CE50 do crescimento
O monitoramento da resistência é funda- micelial é utilizada para monitorar níveis de resis-
mental para o acompanhamento da eficiência dos tência a diversos fungicidas pertencentes aos IDMs
fungicidas, revelando mudanças na sensibilidade de (Braithwaite et al., 1995; Zehr et al., 1999; Schnabel
patógenos antes que a falha de controle no campo et al., 2004; Yoshimura et al., 2004; May De Mio et
apareça (Brent & Hollomon, 2007; Yuan et al., 2013). al., 2011; Lichtemberg et al., 2016a).
Uma vez detectada a mudança de sensibilidade em O método da dose discriminatória é muito
populações de patógeno, novas recomendações e utilizado pela sua praticidade, reduz significante-
estratégias para o uso de fungicidas devem ser su- mente a quantidade de unidades experimentais, tor-
geridas. A sensibilidade inicial de uma população de nando as avaliações mais rápidas em comparação ao
patógenos, anterior ao uso de um determinado fun- método anterior (para um mesmo número de isola-
gicida, é chamada de linha-base (do inglês baseline), dos testados). Este método inclui o uso de uma única
sendo esta importante para o estabelecimento de dose que pode declarar se um isolado é resistente ou
um programa de monitoramento da resistência ao sensível a um determinado produto (Russell, 2004).
longo do tempo (Russell, 2004). O método consiste na transferência de discos de mi-
célio para duas placas, uma contendo o fungicida na
4.1. Métodos convencionais dose discriminatória e a outra sem fungicida (contro-
A redução na sensibilidade a um fungicida le). Após o período de incubação, deve-se calcular o
pode ser monitorada in vitro antes mesmo de ocorrer valor de crescimento relativo (CR), dado pela razão
falha no controle da doença (Ghini & Kimati, 2000). entre o diâmetro da colônia na dose discriminatória
Para esse monitoramento, os níveis de resistência e o diâmetro da colônia na ausência do fungicida,
podem ser quantificados por curvas de dose-res- multiplicando este valor por 100. Com o valor do CR
posta com diferentes concentrações do fungicida ou é possível determinar o fenótipo dos isolados testa-
por uma concentração discriminatória (também co- dos. Porém, pequenas modificações deste método

152 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

são comumente observadas em diferentes estudos espiral (do inglês spiral grade dilution, descrito 4.1.2
com M. fructicola. Russell (2004) recomenda que CR IQes) foi utilizado por Janisiewicz et al. (2013) para
maiores de 50% sirvam para determinar fenótipos avaliar a sensibilidade de isolados de M. fructicola ao
resistentes, sendo esta referência utilizada por Cox fungicida fenbuconazol, comprovando a efetividade
et al. (2007), Amiri et al. (2009), Zhu et al. (2012) e deste processo estabelecido há mais de uma década.
Lichtemberg et al. (2016a). Cox et al. (2009) e Villani 4.1.2. IQes: Para os IQes, a etapa de germi-
& Cox (2011) determinaram que valores de CR res- nação dos esporos (Figura 3) é o estágio de desen-
pectivamente maiores a 75% e 30% seriam utilizados volvimento do fungo com maior sensibilidade, pois é
para determinar fenótipos resistentes, enquanto va- a fase altamente dependente de energia (produzida
lores respectivamente abaixo de 25% e 10% deter- na respiração) para o desenvolvimento do patóge-
minariam fenótipos sensíveis. Os mesmos autores no (Oliver & Hewitt, 2014; Sierotzki, 2015). Apesar
ainda classificaram isolados com CR entre os inter- disso, há diversos trabalhos que utilizam o cresci-
valos de fenótipos resistentes e sensíveis como re- mento micelial como variável de avaliação dos IQes,
sistência alterada ou intermediaria. Existem diferen- como para Botrytis cinerea (Banno et al., 2009; Kim
tes razões pelas quais os limites de classificação dos & Xiao, 2011; Fernández-Ortuño et al., 2014), Colle-
fenótipos variam. Chen et al. (2013a) justificam que totrichum siamense, Sclerotinia sclerotiorum (Liang
a utilização de CR>30% para fenótipos resistentes et al., 2015) e M. fructicola (Schnabel et al., 2003).
foi determinado para compensar a instabilidade da Os experimentos de dose-resposta por ava-
sensibilidade causada pelo armazenamento e trans- liação de diâmetro micelial ou germinação dos es-
ferências sucessivas dos isolados. De acordo com Li- poros são geralmente realizados em diferentes pla-
chtemberg et al. (2016a) o uso do método da dose cas de Petri contendo diferentes concentrações de
discriminatórias auxilia no processo de seleção fenó- fungicidas difusos no meio de cultura. Há variações
tipos resistentes, mas devido à natureza qualitativa das técnicas, como a diluição em gradiente espiral
de resistência dos IDMs este método pode ocasio- (Figura 4A), na qual M. fructicola foi um dos patóge-
nar pequenos erros de classificação. Outros fatores nos utilizados para validar o método com diferentes
que devem ser considerados na utilização da dose fungicidas: diclorana, fludioxonil, fenehexamida e
discriminatória são: a atividade intrínseca de cada tebuconazol (Förster et al., 2004). Para esse méto-
produto (Holb & Schnabel, 2007; Yuan et al., 2013) do, diferentes concentrações de fungicidas são dis-
e a especificidade da dose discriminatória para a po- tribuídas em espiral numa mesma placa formando
pulação na qual está sendo estudada. um gradiente de concentrações, no qual no centro
Métodos alternativos foram propostos para há as maiores concentrações e nos bordos as meno-
avaliação da sensibilidade de isolados de M. fructi- res (Figura 4B). Esporos do patógeno são incubados
cola (Förster et al., 2004; Amiri et al., 2008; Cox et em tiras de celofane ou em meio de cultura e, quan-
al., 2009). Entre estes, destacam-se os métodos do do apresentarem crescimento micelial uniforme, es-
‘tubo de batom’ (lipbalm tube), ‘cotonete’ (swab) e sas tiras são transferidas para as placas com e sem
‘tubo’ (tube), que foram desenvolvidos por Amiri et fungicida, de forma que o fungo esteja em contato
al. (2008) para aplicação em campo, evitando assim com todas as diferentes concentrações. Comparan-
a excessiva demanda de tempo e material dos méto- do com o crescimento do fungo a partir da tira no
dos convencionais. Destes métodos citados, apenas meio sem fungicida, com esta técnica é possível de-
o método do ‘tubo de batom’ mostrou resultados terminar a concentração efetiva capaz de inibir 50 %
similares aos tradicionais no estudo da resistência do diâmetro micelial (Figura 4C) de uma forma mais
de M. fructicola para propiconazol, sendo posterior- rápida, econômica e precisa (Förster et al., 2004;
mente validado em campo (Amiri et al., 2009). O Amiri et al., 2014). Outro método para quantificar
teste da resazurina utiliza um corante azul indicador a sensibilidade dos fungos aos fungicidas de forma
de óxido-redução em ensaios de viabilidade celular. rápida é o da microtitulação com presença ou ausên-
Este método foi utilizado por (Cox et al., 2009) re- cia do indicador de respiração resazurina (já descri-
sultando em alto e significante valor de correlação to no item anterior), no qual a avaliação é realizada
com o método da dose discriminatória para o triazol em espectrofotômetro (Cox et al., 2009; Vega et al.,
fenbuconazol. O método do diluição em gradiente 2012). Em todos os métodos, o meio de cultura, a

RAPP - Volume 24, 2016 153


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

Figura 3. Avaliação da porcentagem de germinação de isolados Monilinia fructicola com alta (A e B) e baixa (C e D)
sensibilidade à azoxistrobina. Placas de poliestireno contendo meio de cultura sem (A e C) e com (B e D) 0,8 μg.mL-1 de
azoxistrobina e 100 μg.mL-1 de ácido salicilhidroxâmico (SHAM).

densidade de esporos, o período de incubação e o ção, ele não interfere diretamente na germinação
dia de avaliação devem ser otimizados para obter o de esporos ou crescimento micelial de M. fructicola
resultado mais coerente. Uma vez padronizado, esse (Schnabel et al., 2003).
protocolo deverá ser mantido (Förster et al., 2004; Além dos experimentos in vitro, a confirma-
Cox et al., 2009). ção da resistência prática, ou seja, quando ocorre a
Como os IQes atuam em um processo espe- falha no controle da doença em condições de campo
cífico da respiração, para os experimentos in vitro (Ghini & Kimati, 2000), pode ser realizada em plan-
recomenda-se adicionar o ácido salicilhidroxâmico tas ou em frutos tratados com a concentração reco-
(SHAM), a fim de suprimir o uso da via alternativa mendada para o produtor (Figura 5). Por exemplo,
de respiração (via AOX). A importância da via AOX frutos com ferimento e tratados com azoxistrobina
in vivo é desconhecida, mas há a hipótese de que inoculados com isolados resistentes de M. fructicola
os compostos antioxidantes das plantas liberados a esse fungicida apresentaram sintomas de podri-
durante o processo de infecção silenciam os genes dão parda, enquanto que aqueles inoculados com
responsáveis por essa via (Ma & Michailides, 2005; isolados sensíveis não apresentaram frutos doentes
Fernández-Ortuño et al., 2008). Para trabalhos rea- (Amiri et al., 2010; Chen et al., 2014).
lizados com M. fructicola, recomenda-se dissolver 4.1.3. MBCs: A avaliação da sensibilidade a
o SHAM em metanol e ajustar a concentração para MBCs é tradicionalmente realizada por meio da ava-
100 µg. mL-1 de meio de cultura. Nesta concentra- liação de crescimento micelial em placas de Petri

154 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

Figura 4. Técnica da diluição em gradiente espiral: equipamento – spiral plater, em inglês (A), placa com meio de cultu-
ra e corante para observar a distribuição do produto em espiral (B) e placa com meio de cultura com fungicida e com
quatro tiras de meio de cultura contendo o patógeno. Para cada isolado, foram depositadas tiras opostas na placa (C).
Foto de J. S. Baggio.

brasileira ao tiofanato-metílico. Isolados com EC50 <1


μg/mL, de 1 a 30 μg/mL e ≥ 30 μg/mL, foram consi-
derados S, LR e HR respectivamente.

4.2. Métodos moleculares


4.2.1 IDMs: Quando relação entre fenótipo e
genótipo é conhecida, os métodos moleculares po-
dem trazer resultados rápidos e precisos para ava-
A liar os riscos associados ao uso de um determinado
fungicida. Porém, a utilização desta tecnologia de-
pende da identificação prévia dos mecanismos que
conferem resistência ao patógeno estudado (Russell,
2004).
Nos Estados Unidos, a inserção genética
Mona, presente em isolados de M. fructicola com
fenótipos resistentes a triazóis, permitiu o desenvol-
vimento de um método de PCR e de digestão por en-
B zimas de restrição para detectar sua presença (Luo
Figura 5. Resistência prática de isolados Monilinia fructi- et al., 2008). Para o método de PCR, a amplificação
cola com alta (A) e baixa (B) sensibilidade à azoxistrobi- da região montante do gene MfCyp51, utilizando os
na. Frutos foram inoculados com suspensão de esporos primers INS65-F e INS65-R descritos por Luo et al.
e sem ferimento. Frutos do lado esquerdo foram imersos
somente em água e frutos do lado direito foram imersos (2008), devem gerar bandas de 376-pb em isolados
na concentração recomendada no Programa de Produção contendo Mona (triazol-resistente) ou 311-pb em
Integrado de Pêssego (10 g do ingrediente ativo por 100 isolados sem o Mona (sensíveis). Devido à curta dis-
L de água). tância entre o tamanho das bandas (65-pb) geradas
em isolados resistentes e sensíveis, sua diferencia-
com meio de cultura acrescido do ingrediente ativo ção em gel de agarose pode ser comprometida. Para
a ser testado. Ma et al. (2003) utilizaram doses de 1 e melhor visualização, pode-se utilizar a enzima de
500 μg/mL de benomil, para diferenciar isolados de restrição BsrBI, que resulta em dois fragmentos que
Monilinia pouco resistentes, do termo inglês – Low permitem melhor distinção entre isolados.
Resistant (LR) e altamente resistentes, do termo em A mutação Y136F do gene MfCyp51 em M.
inglês High Resistant (HR). May De Mio et al. (2011) fructicola conferindo genótipos resistentes em iso-
utilizaram doses de 1μg/mL para diferenciar isolados lados chineses, corresponde a um polimorfismo de
sensíveis e resistentes de M. fructicola na população nucleotídeo único (do inglês single nucleotide poly-

RAPP - Volume 24, 2016 155


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

morphism – SNP) que permite o desenvolvimento de AACTCAACAATATCACCTCCAATTCAT – 3´) para am-


técnicas de PCR de alelo-específico (do inglês allele- plificar os códons 137 e 143 e o íntron de 1166-pb
-specific AS-PCR) para sua rápida diagnose. Entre as (Hily et al., 2011; Primiano, 2015). A identificação da
aplicações da AS-PCR destaca-se a diferenciação de mutação G143A em um determinado isolado é, de
um segundo nucleotídeo (em inglês mismatch) que modo geral, altamente correlacionada com o fenó-
aumenta a especificidade entre primer e genótipo de tipo resistente, no qual a resistência é considerada
interesse (Latorra et al., 2003). Avenot et al. (2008) qualitativa (Sierotzki, 2015). Para o caso de M. fructi-
utilizaram esta técnica para desenvolver uma meto- cola, outras mutações nos códons 129 e 137 não fo-
dologia simples de identificação da mutação H277Y ram observadas nos isolados resistentes (número de
do gene AaSdhB em isolados de Alternaria alterna- acesso KM610207) (Primiano, 2015). Essas análises
ta resistentes aos fungicidas inibidores da succinato moleculares complementam os resultados obtidos
desidrogenase (SDHI). Na ausência de técnicas rápi- por métodos convencionais.
das para identificar mutações pontuais, o sequencia- A digestão enzimática, no qual a enzima de
mento destas regiões contendo a mutação pode ser restrição reconhece o ponto de mutação relaciona-
realizado e comparado a sequencias cadastradas em do com a resistência, é recomendada como um novo
bancos de dados. método, mais rápido e específico para monitorar a
Adicionalmente, o PCR de tempo real permite resistência aos IQes (Leroux et al., 2010; Patel et al.,
quantificar a expressão gênica a partir do isolamento 2011). Entretanto, deve-se sempre comparar os re-
de mRNA e síntese de cDNA para isolados onde os sultados com outros métodos, pois os isolados po-
promotores dessa superexpressão não foram des- dem apresentar heteroplasmia (por exemplo Colle-
cobertos. Para quantificar a expressão gênica, deve- totrichum gloeosporioides) ou polimorfismo do cyt
-se aplicar o método da curva padrão, assim como b (por exemplo Botrytis cinerea) e tanto os produtos
utilizado por Ma et al. (2006) em Blumeriella jaapii, digeridos quanto os não digeridos aparecerão no gel
ou o método do Ct comparativo, estabelecido por de agarose (Ishii, 2015). Nesse caso, é possível sepa-
Schmittgen & Livak (2008) e aplicado em M. fructi- rar os isolados baseando-se no número de pares de
cola por Luo & Schnabel (2008a) e Lichtemberg et al. base observado em gel de agarose, mas há necessi-
(2016b). O método da superexpressão gênica pode dade de conhecimento prévio para a interpretação
ser comparado entre amostras com e sem indução dos resultados. Isolados que apresentam o íntron
de doses subletais de fungicidas, ou comparando (no caso de Botrytis cinerea são 1205-pb) possuem
fenótipos sensíveis contra resistentes, assim como banda de 1765-pb e isolados que não possuem o ín-
sugerido por Livak & Schmittgen (2001). tron podem não ter a mutação no códon 143 (apre-
4.2.2. IQes: Com o avanço das técnicas mo- sentam banda de 560-pb) ou apresentar a mutação
leculares, a identificação e/ou quantificação da mu- (a digestão enzimática resulta em duas bandas: uma
tação responsável pela resistência é cada vez mais de 318-pb e outra de 242-pb (Leroux et al., 2010).
comum (Karaoglanidis et al., 2011; Michalecka et al., Apesar dessa tendência e de diferentes téc-
2011; Finger et al., 2014). Para identificar a mutação nicas moleculares, para alguns fitopatógenos, como
no cyt b envolvida na resistência aos IQes, há dife- para M. fructicola, não é possível o uso dessa téc-
rentes métodos moleculares, como PCR, PCR quan- nica, pois até o momento não há conhecimento de
titativo, sequenciamento e digestão por enzimas de diferenças moleculares entre os isolados resistentes
restrição (Leroux et al., 2010; Karaoglanidis et al., e sensíveis (Luo et al., 2001; Hily et al., 2011; Primi-
2011; Hincapie et al., 2014; Sierotzki, 2015). O par ano, 2015). Uma redução na sensibilidade de forma
de primers utilizado pode não amplificar todos os có- quantitativa e com uma mudança gradual é relacio-
dons alvos de estudo, por exemplo para amplificar a nada com resistência poligênica, devido a “minor
região do cytb de M. fructicola que contém o códon genes” e esses são difíceis de serem detectados (An-
129 utiliza-se o par de primers cola0-fwd (5´- AGAG- gelini et al., 2015). Assim, métodos convencionais
CACCTAGAACATTAGTT- 3´) com o primer cola1-rev de avaliação, apesar de trabalhosos e demorados
(5´- AACCAAAGCTTGAACCCGCT – 3´), enquanto que quando comparados com os moleculares, são mais
o primer cola2-fwd (5´ - CGCGACAGGCTGGGTCACT- recomendados para monitorar a sensibilidade des-
GA - 3´) é utilizado em par com colaexon4-rev (5´- ses patógenos ao fungicida.

156 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

4.2.3. MBCs: Diversas metodologias conven- têm possibilitado correlacionar as mutações existen-
cionais vêm sendo substituídas por metodologias tes nos padrões de resistência em espécies de Moni-
moleculares para estudos de resistência em espécies linia (Ma et al., 2003; Malandrakis et al., 2012; Chen
de Monilinia. Estas estão cada vez mais eficientes, et al., 2013a; Chen et al., 2014). Com esta técnica é
sensíveis, simplificadas e acessíveis, podendo ser possível também verificar quais os aminoácidos se-
inseridas na rotina laboratorial, otimizando tempo rão codificados por cada códon, observando-se as-
e recursos para diagnósticos e monitoramentos na sim as diferenças existentes entre isolados sensíveis
área da fitopatologia. Uma vez que para MBCs subs- e resistentes. Em M. fructicola, isolados sensíveis
tituições de nucleotídeos estão associadas à resis- possuem as sequências CAT e GAA nos códons 6 e
tência, as metodologias baseiam-se principalmente códon 198, respectivamente. Substituições nestes
na observação dos polimorfismos que diferenciam códons são responsáveis por fenótipos diferentes,
os fenótipos de sensibilidade e resistência. chamados de LR e HR. Em LR, observa-se no códon
A PCR convencional tem sido eficaz para a 6 a sequência TAT enquanto que em HR, no códon
identificação de resistência a MBC em espécies de 198 existe a sequência GCA. Estas substituições re-
Monilinia em diversos trabalhos. Baseia-se na utili- sultam em aminoácidos diferentes daqueles obser-
zação de pares de primers específicos que permitem vados nos isolados sensíveis (Ma et al., 2003). Em M.
a amplificação das regiões de mutações no gene da laxa, a análise da sequência do gene beta-tubulina
beta-tubulina que conferem resistência aos isolados, mostrou que a substituição de um par de base está
destacando-se as regiões do códon 6 e códon 198. relacionada a baixa resistência. A substituição resul-
Ma et al. (2003) desenvolveu PCR específica para ta em uma mudança no códon 240 de CTC (leucina)
diferenciar fenótipos de baixa resistência (low resis- em isolados sensíveis, para TTC (fenilalanina) em iso-
tance-LR) e de alta resistência (high resistance-HR). lados com baixa resistência (Ma et al., 2005).
May De Mio et al. (2011) utilizaram protocolo pro- Outra técnica, a PCR-RFLP (do inglês Restric-
posto por Ma et al. (2003) associado ao crescimento tion Fragment Length Polymorphism) também foi
micelial para identificação do padrão de resistência utilizada na identificação de resistência. (Malan-
em isolados do Brasil. drakis et al., 2012) baseado no polimorfismo entre
Variações das técnicas de PCR, como PCR em genótipos, verificou que o sítio de reconhecimento
tempo real, utilizando-se sondas TaqMan e SYBRGre- da endonuclease Eco31I (BsaI) inclui o códon 198,
en vêm sendo utilizadas para a detecção de resistên- e utilizou assim esta técnica para a identificação da
cia aos MBC. Fan et al. (2014) desenvolveram reação mutação E198A em M. laxa obtidas em pomares
multiplex da PCR em tempo real utilizando sondas das regiões norte e central da Grécia. O produto
MGB TaqMan marcadas com fluoróforos HEX e FAM da amplificação do gene da beta-tubulina por PCR
para identificação simultânea das mutações E198A convencional de tamanho de 356-pb foi submetido
e H6Y. Luo et al. (2007) utilizaram SYBRGreen para a digestão utilizando-se a enzima Eco31I (BsaI). Em
identificar isolados com mutação E198A, em popula- isolados sensíveis, a digestão gerou dois fragmen-
ções de M. fructicola obtidas de frutos mumificados tos, de 243- e 113-pb. Já nos resistentes não houve
de pêssegos, ameixas e nectarinas obtidos em dife- reconhecimento do sítio da enzima, e o fragmento
rentes pomares na Califórnia. Segundo os autores, não foi separado. Os autores destacam que com esta
a utilização desta metodologia de PCR é eficaz em metodologia em algumas horas é possível verificar
substituir os métodos convencionais para quantifica- a existência da resistência, enquanto que pelas me-
ção da resistência a benzimidazóis nas populações todologias de fungitoxicidade tradicionais são ne-
do patógeno. cessários dias para obtenção do resultado. Ma et al.
O sequenciamento do gene da beta-tubulina (2005) utilizaram a mesma metodologia, entretanto
tem sido uma ferramenta citada em diversos estu- estabeleceram protocolo com a enzima BSmAI. Esta
dos envolvendo resistência aos MBCs em espécies endonuclease foi capaz de reconhecer a sequência
de Monilinia. A obtenção das sequências de nucleo- GTCTCC no produto de PCR dos isolados sensíveis,
tídeos do gene da beta-tubulina, em associação com mas não reconhece a sequência GTTTCC no produto
experimentos in vitro, como crescimento micelial de PCR dos isolados LR. A digestão do produto de
em placa de Petri com doses conhecidas de fungicida PCR em 2 fragmentos, com tamanho de 111- e 265-

RAPP - Volume 24, 2016 157


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

pb, identificou desta forma isolados sensíveis, sem Outros estudos sobre o controle de M. fructicola in-
mutação no códon 240, relacionada a isolados LR em dicam maior atividade fungitóxica do ingrediente
M. laxa. ativo tebuconazol em comparação com outros tria-
zóis incluindo o propiconazol (Schnabel & Dai, 2004;
5. Fatores afetando a seleção de isolados resisten- Holb & Schnabel, 2007). Portanto, essa afinidade
tes pode ser determinante para perda da sensibilidade
5.1. Intensidade de pressão de fungicida de patógenos aos fungicidas. Enquanto a resistência
A pressão de seleção exercida pelo fungicida aos triazóis se tornou comum em algumas localida-
é um dos principais fatores para a elaboração de es- des, em outras áreas diferentes populações de Mo-
tratégias antirresistência, compreendendo fatores nilinia se mantiveram predominantemente sensíveis
genéticos, biológicos e operacionais. É diretamente (Yoshimura et al., 2004; Stevic & Vuksa, 2006; Mar-
proporcional às doses e frequência de aplicações, ao tini et al., 2012). Outras características como a adap-
grau de cobertura obtido e à persistência na cultura tabilidade da população do patógenos em diferentes
ou no solo (Ghini & Kimati, 2000). ambientes, devem ser consideradas.
Os IDMs são considerados de médio ris- O risco de seleção de populações resistentes
co para o desenvolvimento de resistência, a qual está relacionado com características do fungicida,
é quantitativa (Georgopoulos, 1985; FRAC, 2016). como, por exemplo, modo de ação específico e alta
Mesmo quando isolados mutantes foram induzidos persistência da atividade, e características do pató-
em laboratório não foi observada a resistência qua- geno, como alta variabilidade genética, esporulação
litativa (Köller & Scheinpflug, 1987). A população abundante, tempo de geração curto e alta adapta-
do patógeno apresenta variações na sensibilidade, bilidade dos isolados resistentes (Leadbeater, 2012).
as quais são inerentes à espécie em questão. A re- Além desses fatores, características da situação de
sistência quantitativa é difícil de ser confirmada em produção e do manejo das doenças, como pulveriza-
campo e mesmo em laboratório, devido à mudança ções do mesmo ingrediente ativo ou grupo químico
gradual que pode ocorrer na sensibilidade de isola- de forma frequente para o controle de patógenos
dos a um determinado fungicida. Assim, para detec- também aumentam esse risco. A elevada frequência
tar a mudança do comportamento da população é do uso de IQes pode proporcionar uma mudança na
necessário monitorar um grande número de isola- distribuição da sensibilidade do fungo ao fungicida,
dos em anos consecutivos de uma dada região. No selecionando os resistentes, e pode gerar menor di-
caso de M. fructicola, nos Estados Unidos, isolados versidade genética na população (Grünwald et al.,
com sensibilidade reduzida ao propiconazol foram 2006). Em populações de Plasmopara viticola expos-
observados após três anos de uso do fungicida, mas tas a frequente aplicação de metade da dose de azo-
a dificuldade no controle foi relatada apenas 5 anos xistrobina foi observada uma redução na diversidade
mais tarde (Zehr et al., 1999; Schnabel et al., 2004; genética (Matasci et al., 2008).
Brannen & Schnabel, 2006; Villani & Cox, 2011). No Experimentos para verificar a influência de
estado da Califórnia, Estados Unidos, mesmo após intensas pulverizações de um mesmo fungicida na
cinco anos de uso de tebuconazol, a distribuição da população patogênica devem ser realizados em mais
sensibilidade de isolados de M. fructicola não foi al- de uma safra e em diversas localidades para abran-
terada (Yoshimura et al., 2004). No Brasil, observou- ger a ocorrência dos processos evolutivos, como a
-se ampla distribuição da sensibilidade de isolados mutação nos códons associados à resistência. Um
de M. fructicola para o tebuconazol, e esta foi direta- exemplo disso são isolados de Venturia inaequalis
mente proporcional ao número de aplicações deste resistentes à trifloxistrobina e ao cresoxim-metílico,
fungicida (May De Mio et al., 2011). no qual foi observado que a resistência qualitativa
Estas diferenças observadas entre os triazóis (governada por mutações no códon 143) foi precedi-
(tebuconazol e propiconazol) podem ser explicadas da pela quantitativa (Köller et al., 2004).
pelas variações na afinidade entre o ingrediente ati- Os produtores, além dos setores públicos e
vo e o sítio de ação no patógeno. Esta afinidade de- privados, devem seguir estratégias antirresistência
termina a intensidade da atividade fungitóxica entre (ver item 6 para mais detalhes) para evitar que a ele-
os fungicida e seus alvo de ação (Gadher et al., 1983). vada frequência e a ampla área tratada com os IQes

158 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

proporcione uma alta e contínua pressão de seleção ainda não é bem conhecido na ausência da pressão
na população do fitopatógeno, levando à seleção de seleção. Já foi demonstrado que isolados de M.
de isolados resistentes (Sierotzki, 2015). O monito- fructicola com dupla-resistência (IDM-propiconazol
ramento de M. fructicola em relação ao fungicida e SDHI-boscalida) não tiveram custo adaptativo nem
azoxistrobina deve ser contínuo e estratégias antir- redução de sensibilidade ao IDM mesmo após cinco
resistência devem ser intensificadas, pois a redução transferências sucessivas na ausência dos fungicidas
na sensibilidade vem sido observada e os isolados (Chen et al., 2013b). Por outro lado estudos com
com sensibilidade reduzida apresentaram a mesma comparação de variáveis de crescimento vegetativo
adaptabilidade e habilidade competitiva que isola- e reprodutivo entre isolados de M. fructicola sensí-
dos altamente sensíveis (May De Mio et al., 2011; veis e resistentes a triazóis evidenciaram vantagens
Primiano, 2015). adaptativas pelo primeiro grupo (Nuninger-Ney et
al., 1989; Elmer et al., 1992; Cox et al., 2007).
5.2 Adaptabilidade de isolados resistentes Além da desvantagem demonstrada por iso-
O risco de aumento de uma população de lados IDM-resistentes, quanto sua capacidade de
fungos resistentes a fungicidas é frequentemente as- crescimento micelial e esporulação, populações
sociado a sua capacidade de adaptação na ausência mistas inoculadas em pêssegos após cinco gera-
da pressão de seleção (Shaw, 1989; Reis et al., 2010). ções, evidenciaram também baixa competitividade
A persistência de populações resistentes no campo dos isolados resistentes (Nuninger-Ney et al., 1989;
e sua implicação no controle de doença, estão rela- Lichtemberg, 2015). Como consequência, a popu-
cionadas à preservação e estabilidade da resistên- lação mantida na ausência da pressão de fungicida
cia, à adaptabilidade in vitro e in vivo e à habilidade tende a retomar a sensibilidade original, favorecen-
competitiva dos isolados na ausência do fungicida. do o uso de estratégias antirresistência (Cox et al.,
O conhecimento destas características é essencial 2007). No Brasil, também se observou que isolados
para estabelecer estratégias antirresistência, pois, de M. fructicola com baixa sensibilidade a tebuco-
o mecanismo de resistência do fungo pode ou não nazol apresentaram desvantagens frente a isolados
ocasionar um custo adaptativo para o patógeno. A sensíveis quanto a sua capacidade de esporulação,
adaptabilidade, referida como fitness em inglês, de tamanho de lesão e período de incubação (Lichtem-
um isolado resistente é sempre comparativa à de berg, 2015). Fato relevante é que esses dados foram
isolados selvagens e consiste na capacidade do pa- obtidos em condições controladas em laboratório,
tógeno se desenvolver, reproduzir e sobreviver no assim estudos em campo devem ser realizados para
ambiente, na ausência do fungicida (Ghini & Kimati, comprovar ou confirmar a relevância prática destes
2000). Caso os isolados resistentes possuam uma estudos.
menor adaptabilidade que os sensíveis, a estabilida- 5.2.2. IQes: Isolados de M. fructicola com
de da resistência e sua seleção em uma população sensibilidade reduzida à azoxistrobina apresentaram
serão reduzidas, facilitando o manejo da doença com resistência estável durante dez ciclos consecutivos,
estratégias antirresistência (Cox et al., 2007; Lead- na ausência do fungicida (Primiano, 2015), assim
beater, 2012). Por outro lado, se isolados resistentes como isolados resistentes de Magnaporthe grisea e
apresentarem alta adaptabilidade em relação aos de Didymella bryoniae à azoxistrobina também apre-
sensíveis, o uso do fungicida é ameaçado e diferen- sentaram resistência estável durante quatro ciclos
tes estratégias antirresistência devem ser adotadas. consecutivos da doença, na ausência do fungicida
5.2.1. IDMs: A caracterização da adaptabilida- (Avila-Adame & Köller, 2003; Finger et al., 2013).
de de isolados resistentes de M. fructicola aos tria- Quando a resistência às estrobilurinas é go-
zóis é importante para determinar o comportamen- vernada por mutações no cyt b, principalmente a
to dessa população frente a estratégias de manejo. G143A, não é esperada uma desvantagem adaptativa
A seleção de isolados de M. fructicola resistentes a nos isolados resistentes (Sierotzki, 2015). Na maioria
triazóis em pomares de fruta de caroço é favorecida dos casos, o rearranjo no genoma mitocondrial de
pela sua exposição prolongada a fungicidas perten- fungos resistentes às estrobilurinas, por causa da
centes a esse grupo. Porém, o comportamento de mutação, não afeta outros processos metabólicos
isolados com redução de sensibilidade ou resistentes (Gisi et al., 2002). O comportamento da estabilida-

RAPP - Volume 24, 2016 159


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

de da resistência à azoxistrobina em isolados sem a casos, os isolados resistentes a um determinado fun-


mutação no cyt b foi pouco explorado na literatura e gicida são incapazes de competir com isolados sen-
o mecanismo responsável pela resistência a essa es- síveis se houver redução ou ausência da pressão de
trobilurina pode ou não ser influenciado pelas con- seleção (Oliver & Hewitt, 2014). A menor habilida-
secutivas transferências. de competitiva do fungo resistente, na ausência do
A adaptabilidade de isolados resistentes em fungicida, já foi verificada em misturas de isolados
relação a sensíveis pode ser avaliada por meio de resistentes com sensíveis de Erysiphe graminis f. sp.
métodos aplicados in vitro ou in vivo em cada isola- tritici a triadimefon (Almughrabi & Gray, 1995) e em
do separadamente. Um conjunto de diferentes vari- diferentes misturas entre um isolado resistente e um
áveis pode ser utilizado para medir a adaptabilidade, isolado sensível de M. fructicola à dicarboximida, su-
como, por exemplo, a taxa do crescimento micelial, gerindo uma desvantagem associada com a resistên-
a esporulação, a germinação, a sensibilidade osmó- cia (Almughrabi & Gray, 1995; Taeheon et al., 2001).
tica, o período de latência, a incidência da doença e Os estudos de habilidade competitiva entre
o diâmetro da lesão (Baraldi et al., 2003; Luo & Sch- isolados resistentes e sensíveis ao longo do tempo,
nabel, 2008b; Karaoglanidis et al., 2011). Os estudos em diferentes gerações do patógeno, devem ser re-
in vivo são importantes, pois há casos em que os alizados em condições com a maior homogeneidade
isolados resistentes e sensíveis apresentam a mes- possível, por exemplo, ambiente com temperatura e
ma adaptabilidade in vitro, mas exibem diferenças umidade controladas, idade do inóculo semelhante
in vivo, como isolados resistentes de Penicillium ex- e uso do mesmo cultivar. A mudança do cultivar en-
pansum a tiabendazol que apresentaram maior se- tre uma geração e outra pode influenciar o resultado
veridade de infecção nos frutos do que os sensíveis, da competição entre os isolados (Zhan & McDonald,
apesar de possuírem o mesmo crescimento in vitro 2013). Ao utilizar o mesmo cultivar, o estado fisio-
(Baraldi et al., 2003). Essa diferença entre os estudos lógico da planta ou do fruto também pode influen-
in vivo e in vitro não foi observada nos isolados de M. ciar no resultado, assim, uma alternativa para testes
fructicola (Primiano, 2015) e de Alternaria alternata em pós-colheita é a substituição de frutos in natura
(Karaoglanidis et al., 2011), no qual os isolados com por frutos processados, por exemplo pêssego enla-
baixa sensibilidade à azoxistrobina apresentaram a tado (Lim et al., 2001; Cox et al., 2007; Pariaud et
mesma adaptabilidade que os sensíveis al., 2009). Do ponto de vista prático, o uso de fru-
Outra forma de avaliar a adaptabilidade de tos processados é vantajoso, pois permite que expe-
isolados com níveis diferentes de sensibilidade a rimentos sejam conduzidos em qualquer época do
um determinado fungicida é confrontá-los por uma ano, uma vez que a maioria das culturas frutíferas
ou mais gerações na ausência da pressão de sele- tem sua safra limitada a apenas alguns meses.
ção. Nesse caso, mede-se a habilidade competitiva Apesar dos experimentos de habilidade com-
dos isolados. Experimentalmente, promove-se uma petitiva fornecerem informações que auxiliarão em
competição entre isolados resistentes e sensíveis, estratégias antirresistência, os métodos de avalia-
misturando-os em proporções conhecidas e avalian- ção são limitados a um curto período de tempo e,
do o comportamento resultante ao longo do tempo de modo geral, obtidos em ambiente controlado.
(Pringle & Taylor, 2002; Ma & Uddin, 2009; Karao- A competição em condições de campo, apesar de
glanidis et al., 2011). Os testes de habilidade compe- relevante, é pouco utilizada. Há poucos estudos de
titiva entre isolados resistentes e sensíveis fornecem análise espaço-temporal e de persistência na safra e
outras informações sobre adaptabilidade, pois os na entressafra dos isolados resistentes e há necessi-
fungos fitopatogênicos podem apresentar estabili- dade de se desenvolverem avaliações mais precisas
dade da resistência na ausência do fungicida quando (Elmer et al., 1998; Zhan & McDonald, 2013).
estudados isoladamente, por exemplo apresentam 5.2.3. MBCs: A resistência aos MBCs é con-
maior taxa de crescimento ou maior reprodução, siderada do tipo qualitativa, uma vez que está asso-
mas não serem competitivos quando misturados ciada a um único gene. Neste caso, a adaptabilidade
com isolados sensíveis, como visto em isolados de de isolados resistentes tem sido semelhante a de
Botrytis cinerea resistentes à piraclostrobina (Kim isolados sensíveis, Características como crescimento
& Xiao, 2011; Zhan & McDonald, 2013). Em muitos micelial, esporulação, sensibilidade a altas tempera-

160 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

turas e severidade são variáveis avaliadas para quan- início da década de oitenta e mais recentemente,
tificar ou estudar a adaptabilidade em fungos. Gilpatrick (1981) e Villani & Cox (2011) mostraram
Em M. fructicola, Ma et al. (2003) verificaram similar frequência entre a sensibilidade de M. fruc-
que isolados LR e HR apresentaram diferentes fenó- ticola para fenbuconazol e propiconazol, indicando
tipos de acordo com a temperatura de incubação em possível correlação entre os fungicidas estudados.
meio de cultura com benomil. Em meio de cultura No estado da Carolina do Sul (Estados Unidos), Sch-
com 500 μg do i.a./mL, isolados HR (Ec50 > 50 μg/ nabel & Dai (2004) demonstraram que isolados de
mL) não cresceram quando incubados a 31°C, mas M. fructicola com sensibilidade reduzida para miclo-
crescem a 10, 15 e 24°C. Isolados LR (Ec50= 0,61 a butanil, apresentaram significante correlação com a
0.96 μg /mL para benomil e Ec50= 2.34 a 6.42 μg / sensibilidade para os fungicidas tebuconazol, pro-
mL para tiofanato metílico) não apresentaram cres- piconazol e fenbuconazol. Na China, também ficou
cimento quanto incubados a 10 e 15°C em meio de demonstrada significante resistência cruzada entre o
cultura acrescido de 1 μg do i.a./mL. Entretanto, es- fungicida IDM SYP-Z048 e propiconazol testados em
ses mesmos isolados cresceram a 24 e 31°C. Os au- populações de M. fructicola (Chen et al., 2012). Na
tores concluíram que isolados LR não apresentaram Nova Zelândia, a resistência cruzada entre diversos
resistência em baixas temperaturas (em torno de fungicidas IDMs foi observada em ensaios in vitro
15°C). Desta forma, como a temperatura na região para isolados de M. fructicola (Nuninger-Ney et al.,
do Vale Central na Califórnia é de 6 a 15°C durante 1989; Braithwaite et al., 1995).
a floração, o uso de MBCs poderia ser eficaz para o Quando a resistência cruzada foi estudada
controle de M. fructicola. entre duas diferentes classes de fungicidas inibido-
Egüen et al. (2015) observaram isolados de res da biossíntese do esterol (IBEs), observou-se que
M. fructicola com diferentes fenótipos de resistência todos isolados resistentes para IDM foram sensíveis
múltipla aos fungicidas tiofanato-metílico, iprodione para morfolinas (Nuninger-Ney et al., 1989), corro-
e ciproconazol. De acordo com resultados de testes borando as informações descritas pelo (FRAC, 2016)
de competitividade, observou-se que indivíduos com para fungicidas deste mesmo modo de ação. Estudos
alguma resistência foram tão competitivos quanto avaliando a sensibilidade de M. fructicola a diversos
aqueles sensíveis aos três fungicidas. No geral, iso- grupos químicos, incluindo fungicidas com diferen-
lados com resistência ao tiofanato-metílico eram tes modos de ação foram realizados em todo mundo
mais competitivos. O isolado resistente ao iprodione (Penrose & Senn, 1995; Yoshimura et al., 2004; Ste-
e sensível aos demais e isolado triplamente sensível vic & Vuksa, 2006; May De Mio et al., 2011; Martini
foram os menos competitivos. et al., 2012). Porém, apenas recentemente foram
realizados estudos de resistência múltipla, incluindo
5.3. Resistência cruzada e múltipla fungicidas de diferentes modos de ação utilizados
Um patógeno pode ser resistente a mais de no controle da podridão parda em frutas de caroço
uma molécula do mesmo ou de diferentes grupos (Chen et al., 2012; Chen et al., 2013b; Chen et al.,
químicos. O primeiro caso é denominado resistência 2013a).
cruzada e o segundo, de resistência múltipla (Ghini Enquanto na China nenhuma resistência múl-
& Kimati, 2000). tipla foi encontrada entre IDMs e os fungicidas pro-
5.3.1. IDMs: A resistência cruzada é comu- cimidona, azoxystrobina, carbendazim e pirimetanil,
mente observada nos fungicidas IDMs (Buchenauer, para isolados de M. fructicola (Chen et al., 2012),
1987; Köller & Scheinpflug, 1987; FRAC, 2016), es- nos Estados Unidos novos fenótipos de M. fructicola
tendendo-se para todos componentes deste grupo apresentando resistência múltipla foram observados
químico (Gisi et al., 2005). Devido à emergente resis- em testes conduzidos com IDMs, metil benzimida-
tência de M. fructicola aos IDMs e sua popularidade zol carbamato (MBC) e inibidores do succinato de-
entre os produtores de frutas de caroço, é de grande sidrogenase (SDHI) (Chen et al., 2013b; Chen et al.,
importância o conhecimento do grau de resistência 2013a). No estudo da dupla resistência entre IDM
cruzada de uma população para o estabelecimen- e MBC, Chen et al. (2013a) observaram que o ele-
to de estratégias antirresistência (Penrose & Senn, mento Mona estava presente em todos isolados co-
1995; Schnabel et al., 2004; Silva et al., 2011). No letados na Carolina do Sul, mas ausente em isolados

RAPP - Volume 24, 2016 161


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

coletados em outros estados americanos, com a hi- uso concomitante de MBCs e outros fungicidas, bem
pótese de que um segundo mecanismo esteja tam- como a alta frequência de aplicações para o controle
bém relacionado a este novo fenótipo. Segundo Oli- de podridão parda ou mesmo de outras doenças po-
ver & Hewitt (2014) os casos de resistência múltipla dem contribuir para a ocorrência de resistência múl-
são principalmente ligados a alterações no bombea- tipla. Alguns microrganismos têm apresentado esta
mento de efluxo, capazes de restringir a absorção de característica, sendo um desafio para o manejo de
fungicidas de diferentes modos de ação. variadas doenças. Em testes realizados com M. laxa,
No Brasil, ainda não foram realizados estudos não foi observada resistência múltipla entre MBCs
avaliando o grau de resistência cruzada dentro do e outros fungicidas (Malandrakis et al., 2012). Em
grupo dos IDMs ou mesmo a possibilidade da exis- M. fructicola, Egüen et al. (2015) encontraram em
tência de fenótipos com resistência múltipla. Reco- isolados coletados de 2006 a 2010, com diferentes
menda-se que futuros estudos em populações de M fenótipos de resistência a tiofanato-metílico, ipro-
fructicola do Brasil, além dos IDMs, sejam estudados dione e ciproconazol, incluindo múltipla resistência
outros fungicidas e também outras moléculas com aos três fungicidas. Chen et al. (2013a) observaram
potencial de futuro registro pelo Ministério da Agri- a existência de isolados de M. fructicola resistentes
cultura. a MBC e DMI em pomares comerciais de pêssego na
5.3.2 IQes: Como todas as moléculas do gru- costa leste dos Estados Unidos.
po dos IQes atuam no mesmo ponto da respiração
a resistência cruzada a mais de uma molécula deste 6. Recomendação de Manejo e estratégia antirre-
grupo pode ocorrer. Por exemplo, isolados de Cer- sistência para Monilinia fructicola em frutíferas
cospora kikuchii resistentes à azoxistrobina também Primeiramente a manutenção de boa fertili-
mostraram resistência a piraclostrobina e a trifloxis- dade do solo, a poda de limpeza de inverno, a re-
trobina (Price et al., 2015). Pyricularia grisea (Olivei- moção de frutos mumificados do solo e das árvores
ra et al., 2015) e Alternaria alternata (Vega & Dewd- figuram entre as práticas culturais mais importantes
ney, 2014) resistentes à azoxistrobina também foram na redução do inóculo de M. fructicola dentro dos
resistentes a piraclostrobina. pomares de frutas de caroço entre os diversos ciclos
Apesar da mistura e da rotação de grupos de cultivo (Harvey et al., 1972; Ogawa et al., 1995).
químicos de fungicidas serem estratégias antirresis- Porém, é necessário garantir que as partes removi-
tência, o número de pulverizações deve ser limita- das da planta sejam devidamente destruídas, quei-
do, pois isolados com resistência múltipla podem ser madas ou enterradas (Harvey et al., 1972; May De
selecionados, dificultando cada vez mais o uso de Mio et al., 2004), evitando-se assim, o desenvolvi-
fungicidas dentro do manejo (Fernández-Ortuño et mento da fase perfeita do patógeno (formação de
al., 2015). Isolados de B. cinerea apresentaram resis- apotécios) em frutos caídos no solo (Zehr, 1982) ou
tência múltipla a boscalida e a piraclostrobina (Kim & ainda, a reativação das múmias nas árvores como
Xiao, 2011) ou ao tiofanato-metílico e a piraclostro- fontes de inóculo primário para infecções florais.
bina ou a mais de dois fungicidas (Fernández-Ortu- Entretanto, estes procedimentos, isoladamente, não
ño et al., 2014). Estudos envolvendo esse patógeno são suficientes para controlar a doença; por isso, re-
foram ampliados e detectou-se resistência múltipla comenda-se, além das práticas culturais, a realização
em um mesmo isolado a sete grupos químicos dife- de tratamento de inverno de natureza erradicante
rentes: anilopirimidina, dicarboximida, benzimida- com produtos à base de enxofre ou cobre, os quais
zol, fenilpirrol, estrobilurina, hidroxianilida e inibidor têm ação multisítio (Fortes & Martins, 1998). Duran-
da succinato – desidrogenase (Fernández-Ortuño et te o ciclo vegetativo da cultura são recomendadas
al., 2015). pulverizações no período da floração e no período
5.3.3 MBCs: A partir do momento que ocorre da pré-colheita dos frutos, alternando ingredien-
a resistência genética para qualquer um dos produ- tes ativos de diferentes grupos químicos e utilizan-
tos MBCs o uso dos demais também fica comprome- do produtos multisítio no manejo, conforme reco-
tido, devido a resistência cruzada, o que já foi ob- mendações do Ministério da Agricultura, Pecuária e
servado para espécies de Monilinia (Jones & Ehret, Abastecimento e/ou legislações específicas como as
1976; Ma et al., 2005; Malandrakis et al., 2012). O do estado do Paraná. O número de pulverizações em

162 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

cada fase dependerá do inóculo do ano anterior e do tiva que a mistura quando houver um custo adapta-
clima; variando também entre as diferentes regiões tivo do isolado resistente a uma das moléculas, pois
produtoras do Brasil. a população desses isolados será mais facilmente
Práticas de manejo de fungicida devem con- reduzida (Köller & Scheinpflug, 1987; Mikaberidze &
siderar a pressão de seleção dos fungicidas sobre McDonald, 2015). No entanto, o uso preferencial de
a população dos patógenos (Elmer & Gaunt, 1986; misturas contendo IDMs é sugerido por Price et al.
Köller & Scheinpflug, 1987; May De Mio et al., 2004). (2015) no controle de M. fructicola, corroborando
O intenso uso de alguns fungicidas direcionados ao observações realizadas por Holb & Schnabel (2008)
controle da podridão parda, e também ao controle que relatam problemas relacionados ao uso alterna-
das demais doenças no pessegueiro, nos diferentes do de fungicida no controle da podridão parda em
estados do Brasil, associado à rápida reprodução e locais onde isolados resistentes de M. fructicola exis-
quantidade de propágulos que M. fructicola produz, tiam. Misturas de propiconazol com os fungicidas
eleva o risco para redução da sensibilidade ou mes- benomil, captan, clorotalonil, ciprodinil e vinclozolin
mo resistência deste patógeno aos fungicidas. Por- resultaram em baixo sinergismo entre os produtos
tanto, o manejo desta doença deve considerar es- testados em dois isolados de M. fructicola (Emery
tratégias antirresistência para que a frequência dos et al., 2002). O uso preventivo de misturas conten-
isolados resistentes não aumente no campo. do propiconazol e fungicida de enxofre resultou em
O Comitê de Ações contra Resistência a Fun- grande efeito sinergético, aliando excelente controle
gicidas (FRAC - Fungicide Resistance Action Com- e custo reduzido, sendo uma opção para o uso em
mittee) é composto por diferentes empresas priva- áreas mais difíceis de controlar a podridão parda
das de fungicidas e tem como objetivo fornecer as com IDM (Holb & Schnabel, 2008).
diretrizes para o manejo da resistência a fungicidas Para garantir a melhor controle de doenças
(http://www.frac.info/working-group/qol-fungici- ainda deve ser considerado que ambos ingredientes
des/general-use-recommendations). Fungicidas dos na mistura utilizem doses que promovam eficiência
grupos IQes e MBCs são considerados de alto risco, similar (Oliver & Hewitt, 2014). Ainda assim, muita
enquanto as IDMs são considerados de risco médio contradição é encontrada quanto as vantagens de
para a seleção de resistência. No entanto, para todos utilizar misturas ou aplicações alternadas de fungici-
eles já houve relato de resistência cruzada entre as das. Ambas estratégias devem atrasar mas não evi-
suas moléculas para diferentes patógenos. tar o desenvolvimento da resistência (Brent & Hollo-
No geral algumas diretrizes devem ser segui- mon, 2007). Apesar das distintas opiniões, diversos
das para evitar a seleção de isolados resistentes: uti- autores concordam que o uso de misturas comer-
lizar misturas de fungicidas (por exemplo, misturar cializadas pela indústria química, garante que pro-
produtos de ação sistêmica com produtos residuais); dutores de fruta de caroço estejam implementando
utilizar fungicidas mais específicos no início da epi- estratégias que evitem o aumento da população re-
demia (com o objetivo de reduzir a população do sistente (Staub & Sozzi, 1984; Köller & Scheinpflug,
patógeno) e fungicidas multisítio no final do ciclo da 1987; Brent & Hollomon, 2007).
cultura; utilizar a dose, a época e o intervalo de apli- Ao contrário dos Estados Unidos, produtos
cação recomendados no rótulo; utilizar diferentes registrados para o controle de M. fructicola na cul-
métodos de controle de doenças (por exemplo, re- tura do pessegueiro no Brasil não incluem formula-
sistência genética, controle cultural, biológico, entre ções mistas (Tabela 1) podendo este fato resultar em
outros) quando disponíveis e apropriados; evitar uso maiores dificuldades na implementação de estraté-
como erradicante e aumentar a diversidade de in- gias antirresistência. Entretanto, Lichtemberg et al.
gredientes ativos, como a rotação de fungicidas com (2016a) relataram o aumento da sensibilidade de
mecanismo de ação distintos (Bartlett et al., 2002). isolados de M. fructicola ao fungicida tebuconazol
O uso de fungicidas específicos em mistura ou nas principais áreas produtoras de pêssego do Brasil
em alternância com outros fungicidas sistêmicos de comparando populações mais antigas com as atuais.
diferentes modos de ação é indicado como estraté- Os mesmos autores sugerem que estes resultados
gia antirresistência (Leadbeater, 2012). A alternância estão relacionadas às modificações que ocorreram
de diferentes ingredientes ativos pode ser mais efe- nos programas de controle da podridão parda que

RAPP - Volume 24, 2016 163


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

Tabela 1. Lista de fungicidas inibidores da biossíntese do ergosterol (IBE) registrados para o controle de Monilinia fruc-
ticola na cultura do pessegueiroa.
Nome do Grupo Grupo Químico Nome Comum Agrofitb SEAB-PRc California USAd
piperazina Triforina Sonet    
Ciproconazol     Inspire Super (l)e
Difenoconazol Score   Score (l), Quadris Top (l)e
Fenbuconazol     Indar (l)
Fungicidas
inibidores da Fluquinconazol Palisade Palisade (nl)  
desmetilação Flutriafol     Rhyme (rp)
(IDM) triazol
(SBI: Classe I) Metconazol     Quash (l)
Miclobutanil     Rally
Propiconazol     Bumper (l), Tilt (l), Quilt Xcel (l)e
Tebuconazol Constant , Elite, Constant (nl), Elite (nl), Orius (l), Tebuzol (l), Elite (nl), Luna
Folicur, Triade Folicur (l), Triade (nl) Experience (rp)e
(SBI: Classe III) Hidroxianilidas Fenehexamida     Elevate (l)
a
Classificação do Comitê de Ação à Resistência de Fungicidas (FRAC, 2016). Liberado (l), registro pendente (rp), não
liberado (nl). bFungicidas registrados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários (Agrofit) do Ministério da Agricultura do
Brasil (AGROFIT, 2016). cFungicidas registrados na Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB, 2016).
d
Fungicidas registrados no estado da California, US (Adaskaveg et al., 2015). eFungicidas formulados em misturas: Ins-
pire Super (+AP), Luna Experience (+SDHI), Quadris-Top e Quilt Xcel (+IQes). Informação acessada em Março de 2016.

resultaram na diminuição do uso de triazóis. no manejo de grupos e/ou ingredientes ativos pos-
No caso dos MBCs, vários estudos indicam sam ser realizadas em tempo, preservando o produ-
que isolados resistentes persistem nos pomares, to de forma eficiente no mercado como alternativa
mesmo após a interrupção da utilização destes fun- segura para o produtor.
gicidas por vários anos. Em pomares comerciais de
pêssegos no estado da Carolina do Sul, Zehr et al. 7. Referências
(1991) observaram isolados resistentes que persis- Adaskaveg JE, Gubler WD, Michailides TJ. Fungici-
tiram por pelo menos dois anos após a desconti- des, bactericides, and biologicals for deciduous
nuidade da utilização de benomil. Período maior é tree fruit, nut, strawberry, and vine crops 2015.
relatado por Malandrakis et al. (2012) que encontra- Available at: www.ipm.ucdavis.edu. Accessed on
ram isolados de M. laxa altamente resistentes aos 1 de Março, 2016.
MBCs em pomares que permaneceram por oito anos AGROFIT. Sistema de agrotóxico fitossanitário. Avai-
sem utilização de fungicidas. No Brasil, May De Mio lable at: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_
et al. (2011) constataram aumento na porcentagem cons/principal_agrofit_cons. Accessed on 17 de
de isolados sensíveis ao tiofanato-metílico de 2000 Março, 2016.
a 2005, considerando isolados de diferentes regiões Albertini C, Gredt M, Leroux P (1999) Mutations of
produtoras. Apesar de em muitos países a utilização the β-tubulin gene associated with different phe-
de MBCs para controle da podridão parda já ser bem notypes of benzimidazole resistance in the cereal
reduzida, na China, segundo Chen et al. (2014) a re- eyespot fungi Tapesia yallundae and Tapesia acu-
sistência a MBC é emergente e deve ser considerada formis. Pesticide Biochemistry and Physiology 64:
na elaboração das estratégias de controle. 17-31.
Diante dos estudos apresentados para os Almughrabi K, Gray A (1995) Competition between
principais grupos de fungicidas de ação sistêmica triadimefon-sensitive and triadimefon-resistant
para controle de podridão parda, se pode concluir isolates of Erysiphe graminis f.sp. tritici. Plant di-
que o monitoramento nos pomares das diferentes sease 79: 709-712.
regiões produtoras do Brasil é muito importante. O Amiri A, Brannen PM, Schnabel G (2009) Validation
acompanhamento da sensibilidade e adaptabilidade of the lipbalm tube assay for evaluation of fungi-
das populações de patógenos ao longo do tempo, cide sensitivity in field isolates of Monilinia fruc-
também é primordial para garantir que as alterações ticola. Plant Health Progress doi: 10.1094/PHP-

164 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

2009-1118-01-RS. Bleicher J (1997) Doenças de rosáceas de caroço. In:


Amiri A, Brannen P, Schnabel G (2010) Reduced sen- Kimati H, Amorim L, Bergamin Filho A, Camargo L,
sitivity in Monilinia fructicola field isolates from Rezende J, (Eds.) Manual de fitopatologia: Doen-
South Carolina and Georgia to respiration inhibi- ças das plantas cultivadas. São Paulo, Brazil. Ce-
tor fungicides. Plant disease 94: 737-743. res. pp. 621-627.
Amiri A, Heath SM, Peres NA (2014) Resistance to Bolton MD, Rivera V, Secor G (2013) Identification of
fluopyram, fluxapyroxad, and penthiopyrad in Bo- the G143A mutation associated with QoI resistan-
trytis cinerea from strawberry. Plant disease 98: ce in Cercospora beticola field isolates from Mi-
532-539. chigan, United States. Pest management science
Amiri A, Scherm H, Brannen P, Schnabel G (2008) 69: 35-39.
Laboratory evaluation of three rapid, agar-based Braithwaite M, Elmer PAG, Saville DJ, Boyd-Wilson
assays to assess fungicide sensitivity in Monilinia KSH, Whelan HG (1995) Reduced sensitivity to
fructicola. Plant disease 92: 415-420. DMI fungicides in Monilinia fructicola and the effi-
Andrzejewska M, Yépez-Mulia L, Cedillo-Rivera R, cacy of DMI fungicides for blossom blight control.
Tapia A, Vilpo L, Vilpo J, Kazimierczuk Z (2002) In: Proceedings New Zealand Plant Protection
Synthesis, antiprotozoal and anticancer activity of Conference, 48th, Resumos. New Zealand 17-21.
substituted 2-trifluoromethyl-and 2-pentafluoro- Brannen PM, Schnabel G (2006) Survey of Monilinia
ethylbenzimidazoles. European journal of medici- fructicola populations with reduced sensitivity to
nal chemistry 37: 973-978. DMIs in Georgia and implications for brown rot
Angelini R, Pollastro S, Faretra F (2015) Genetics of control recommendations. In: 2006 APS Annual
Fungicide Resistance. In: Ishii H, Hollomon DW, Meeting, Resumos. Quebec, Canada S16.
(Eds.) Fungicide resistance in plant pathogens: Brent KJ, Hollomon DW (2007) Fungicide resistance
Principles and a guide to practical management. in crop pathogens: How can it be managed? Se-
Japan. Springer. pp. 13-34. cond Ed. Brussel, Belgium. Fungicide Resistance
Avenot H, Sellam A, Karaoglanidis G, Michailides T Action Committee.
(2008) Characterization of mutations in the iron- Buchenauer H (1987) Mechanism of action of tria-
-sulphur subunit of succinate dehydrogenase cor- zolyl fungicides and related compounds. In: Lyr
relating with boscalid resistance in Alternaria al- H, (Ed.) Modern selective fungicides. Propeties,
ternata from California pistachio. Phytopathology applications and mechanism of action. New York,
98: 736-742. US. Longman Scientific & Tecnical pp. 205-231.
Avila-Adame C, Köller W (2003) Characterization of Burnett A, Lalancette N, McFarland K (2010) First
spontaneous mutants of Magnaporthe grisea report of the peach brown rot fungus Monilinia
expressing stable resistance to the Qo-inhibiting fructicola resistant to demethylation inhibitor
fungicide azoxystrobin. Current genetics 42: 332- fungicides in New Jersey. Plant disease 94: 126.
338. Chauhan J, Bhattacharya G (2012) X-ray crystallogra-
Banno S, Yamashita K, Fukumori F, Okada K, Ueku- phic and ir studies of systemic fungicide thiopha-
sa H, Takagaki M, Kimura M, Fujimura M (2009) nate methyl. International Journal of Pharma and
Characterization of QoI resistance in Botrytis cine- Bio Sciences 3: 900-909.
rea and identification of two types of mitochon- Chen F, Liu X, Schnabel G (2013a) Field Strains of
drial cytochrome b gene. Plant Pathology 58: 120- Monilinia fructicola Resistant to Both MBC and
129. DMI Fungicides Isolated from Stone Fruit Orchar-
Baraldi E, Mari M, Chierici E, Pondrelli M, Bertolini ds in the Eastern United States. Plant disease 97:
P, Pratella G (2003) Studies on thiabendazole re- 1063-1068.
sistance of Penicillium expansum of pears: patho- Chen F, Liu X, Chen S, Schnabel E, Schnabel G
genic fitness and genetic characterization. Plant (2013b) Characterization of Monilinia fructicola
Pathology 52: 362-370. strains resistant to both propiconazole and bos-
Bartlett DW, Clough JM, Godwin JR, Hall AA, Hamer calid. Plant disease 97: 645-651.
M, Parr‐Dobrzanski B (2002) The strobilurin fungi- Chen F, Fan J, Zhou T, Liu X, Liu J, Schnabel G (2012)
cides. Pest management science 58: 649-662. Baseline sensitivity of Monilinia fructicola from

RAPP - Volume 24, 2016 165


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

China to the DMI fungicide SYP-Z048 and analysis sensitivity in Monilinia fructicola. In: Proceedings
of DMI-resistant mutants. Plant disease 96: 416- of the 39th New Zealand weed and pest control
422. conference., Resumos. New Zealand 166-169.
Chen S, Shang Y, Wang Y, Schnabel G, Lin Y, Yin Emery K, Scherm H, Savelle A (2002) Assessment of
L, Luo C (2014) Sensitivity of Monilinia fructicola interactions between components of fungicide
from Peach Farms in China to Four Fungicides and mixtures against Monilinia fructicola. Crop pro-
Characterization of Isolates Resistant to Carben- tection 21: 41-47.
dazim and Azoxystrobin. Plant disease 98: 1555- Fan J, Luo Y, Michailides TJ, Guo L (2014) Simulta-
1560. neous quantification of alleles E198A and H6Y
Cox K, Bryson P, Schnabel G (2007) Instability of in the β-tubulin gene conferring benzimidazole
propiconazole resistance and fitness in Monilinia resistance in Monilinia fructicola using a duplex
fructicola. Phytopathology 97: 448-453. real-time (TaqMan) PCR. Pest management scien-
Cox KD, Quello K, Deford RJ, Beckerman JL (2009) ce 70: 245-251.
A rapid method to quantify fungicide sensitivity Farber R, Chin K, Leadbitter N (2002) Sensitivity of
in the brown rot pathogen Monilinia fructicola. Venturia inaequalis to trifloxystrobin. Pest mana-
Plant disease 93: 328-331. gement science 58: 261-267.
de Waard MA, Andrade AC, Hayashi K, Schoonbeek Feliciano A, Assis M (1979) Eficiência de diferentes
Hj, Stergiopoulos I, Zwiers LH (2006) Impact of fungicidas aplicados pré-colheita no controle da
fungal drug transporters on fungicide sensitivity, podridão parda e podridão de Rhizopus em pes-
multidrug resistance and virulence. Pest manage- segueiros. Fitopatologia brasileira: 106.
ment science 62: 195-207. Fernández-Ortuño D, Torés JA, De Vicente A, Pérez-
Dekker J (1987) Development of resistance to mo- -García A (2008) Mechanisms of resistance to QoI
dern fungicides and strategies for its avoidance. fungicides in phytopathogenic fungi. Internatio-
In: Lyr H, (Ed.) Modern selective fungicides. Pro- nal Microbiology 11: 1-9.
peties, applications and mechanism of action. Fernández-Ortuño D, Torés J, De Vicente A, Pérez-
New York, US. Longman Scientific & Tecnical pp. -García A (2010) The QoI fungicides, the rise and
39-52. fall of a successful class of agricultural fungicides.
Delp CJ (1980) Coping with resistance to plant disea- In: Carisse O, (Ed.) Fungicides. Rijeka, Croatia. In-
se. Plant disease 64: 652-657. Tech publisher. pp. 203-220.
Dowling ME (2015) Influence of Repeated Field Ap- Fernández-Ortuño D, Grabke A, Li X, Schnabel G
plications of Azoxystrobin on Population Diversity (2015) Independent Emergence of Resistance to
of Monilinia fructicola. Clemson University. Clem- Seven Chemical Classes of Fungicides in Botrytis
son, SC, US. cinerea. Phytopathology 105: 424-432.
Egüen B, Melgarejo P, De Cal A (2015) Sensitivity of Fernández-Ortuño D, Grabke A, Bryson PK, Amiri
Monilinia fructicola from Spanish peach orchards A, Peres NA, Schnabel G (2014) Fungicide Resis-
to thiophanate-methyl, iprodione, and cyproco- tance Profiles in Botrytis cinerea from Strawberry
nazole: fitness analysis and competitiveness. Eu- Fields of Seven Southern US States. Plant disease
ropean journal of plant pathology 141: 789-801. 98: 825-833.
Elmer P, Braithwaite M, Saville D (1992) Changes in Finger MJ, Stevenson KL, Ji P (2013) Stability of
triforine sensitivity in populations of Monilinia azoxystrobin resistance and fitness of fungicide-
fructicola from Hawkes Bay orchards. In: Procee- -sensitive and-resistant field isolates of Didymella
dings of the New Zealand plant protection confe- bryoniae. In: 2013 APS Annual Meeting, Resumos.
rence, Resumos. 138-140. Austin, Texas, US S2.43-S42.44.
Elmer P, Gaunt R, Frampton C (1998) Spatial and Finger MJ, Parkunan V, Ji P, Stevenson KL (2014)
temporal characteristics of dicarboximide-resis- Allele-Specific PCR for the Detection of Azoxystro-
tant strains of Monilinia fructicola and brown rot bin Resistance in Didymella bryoniae. Plant disea-
incidence in stone fruit. Plant Pathology 47: 530- se 98: 1681-1684.
536. Fischer JMM (2015) Caracterização de populações
Elmer PAG, Gaunt RE (1986) A survey of fungicide in- de Monilinia fructicola e resistência ao fungicida

166 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

tiofanato metílico. Universidade Federal do Para- plant pathology 87: 240.


ná. Curitiba, PR, Brasil. Gisi U, Sierotzki H, Cook A, McCaffery A (2002) Me-
Förster H, Kanetis L, Adaskaveg JE (2004) Spiral gra- chanisms influencing the evolution of resistan-
dient dilution, a rapid method for determining ce to Qo inhibitor fungicides. Pest management
growth responses and 50% effective concen- science 58: 859-867.
tration values in fungus-fungicide interactions. Gisi U, Pavic L, Stanger C, Hugelshofer U, Sierotzki
Phytopathology 94: 163-170. H, Dehne HW, Kuck KH, Russell PE, Lyr H (2005)
Fortes J, Ferreira E (1985) Resistência de Monilinia Dynamics of Mycosphaerella graminicola popula-
fructicola (Wint.) ao Benomil. Fitopatologia bra- tions in response to selection by different fungi-
sileira 10: 282. cides. In: Modern fungicides and antifungal com-
Fortes J, Martins O (1998) Sintomatologia e contro- pounds IV: 14th International Reinhardsbrunn
le das principais doenças. In: Medeiros C, Raseira Symposium, Resumos. Friedrichroda, Thuringia,
M, (Eds.) A cultura do pessegueiro. Pelotas, Brazil. Germany 89-101.
Embrapa. pp. 243-264. Grasso V, Sierotzki H, Garibaldi A, Gisi U (2006a)
FRAC. List of pathogens with field resistance to- Characterization of the cytochrome b gene frag-
wards QoI fungicides. Available at: http://www. ment of Puccinia species responsible for the bin-
frac.info/work/Species%20with%20QoI-resistan- ding site of QoI fungicides. Pesticide Biochemistry
ce%20(Status%20Dec.%202012)l.pdf. Accessed and Physiology 84: 72-82.
on 4 de Fevereiro 2015. Grasso V, Palermo S, Sierotzki H, Garibaldi A, Gisi U
FRAC. Resistência a fungicidas: definições e concei- (2006b) Cytochrome b gene structure and conse-
tos. Available at: http://frac-brasil.org.br/frac/ quences for resistance to Qo inhibitor fungicides
secao.asp?i=10&c=52. Accessed on 1 de Março, in plant pathogens. Pest management science 62:
2016. 465-472.
FRAC. Frac code list 2016: Fungicides sorted by Grünwald NJ, Sturbaum AK, Montes GR, Serrano
mode of action (including Frac code numbering). EG, Lozoya-Saldaña H, Fry WE (2006) Selection
Available at: http://www.frac.info/. Accessed on for fungicide resistance within a growing season
17 de Março, 2016. in field populations of Phytophthora infestans at
Fuchs A, Van den Berg G, Davidse L (1972) A compa- the center of origin. Phytopathology 96: 1397-
rison of benomyl and thiophanates with respect 1403.
to some chemical and systemic fungitoxic charac- Harvey JM, Smith WL, Kaufman J (1972) Market di-
teristics. Pesticide Biochemistry and Physiology 2: seases of stone fruits: cherries, peaches, nectari-
191-205. nes, apricots, and plums. Washington, US. United
Gadher P, Mercer E, Baldwin B, Wiggins T (1983) States Department of Agriculture.
A comparison of the potency of some fungicides Hily JM, Singer SD, Villani SM, Cox KD (2011) Charac-
as inhibitors of sterol 14-demethylation. Pesticide terization of the cytochrome b (cyt b) gene from
Biochemistry and Physiology 19: 1-10. Monilinia species causing brown rot of stone and
Genet J, Jaworska G, Deparis F (2006) Effect of dose pome fruit and its significance in the develop-
rate and mixtures of fungicides on selection for ment of QoI resistance. Pest management science
Qol resistance in populations of Plasmopara viti- 67: 385-396.
cola. Pest management science 62: 188-194. Hincapie M, Wang N, Peres N, Dewdney M (2014)
Georgopoulos S (1985) The genetic basis of classifi- Baseline sensitivity of Guignardia citricarpa isola-
cation of fungicides according to resistance risk1. tes from Florida to azoxystrobin and pyraclostro-
EPPO Bulletin 15: 513-517. bin. Plant disease 98: 780-789.
Ghini R, Kimati H (2000) Resistência de fungos a fun- Holb IJ, Schnabel G (2007) Differential effect of tria-
gicidas. Jaguariuna, Brasil. Embrapa Meio Am- zoles on mycelial growth and disease measure-
biente. ments of Monilinia fructicola isolates with redu-
Gilpatrick J (1981) Resistance to ergosterol biosyn- ced sensitivity to DMI fungicides. Crop protection
thesis-inhibiting fungicides in laboratory strains 26: 753-759.
of Monilinia fructicola. Netherlands journal of Holb IJ, Schnabel G (2008) The benefits of combining

RAPP - Volume 24, 2016 167


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

elemental sulfur with a DMI fungicide to control Kim Y-S, Dixon EW, Vincelli P, Farman ML (2003)
Monilinia fructicola isolates resistant to propico- Field resistance to strobilurin (QoI) fungicides in
nazole. Pest management science 64: 156-164. Pyricularia grisea caused by mutations in the mi-
INMETRO. Produção Integrada de Pêssego (PIP). tochondrial cytochrome b gene. Phytopathology
Grade de agroquímicos. Available at: http://www. 93: 891-900.
inmetro.gov.br/credenciamento/organismos/ Kim Y, Xiao C (2011) Stability and fitness of pyraclos-
pessego/gradeAgroquimicos.pdf. Accessed on 8 trobin-and boscalid-resistant phenotypes in field
de Agosto, 2003. isolates of Botrytis cinerea from apple. Phytopa-
Ishii H (2015) Stability of Resistance. In: Ishii H, Hollo- thology 101: 1385-1391.
mon DW, (Eds.) Fungicide resistance in plant pa- Koenraadt H, Somerville SC, Jones A (1992) Charac-
thogens: Principles and a guide to practical mana- terization of mutations in the beta-tubulin gene
gement. Japan. Springer. pp. 35-48. of benomyl-resistant field strains of Venturia ina-
Ishii H, Fraaije B, Sugiyama T, Noguchi K, Nishimura equalis and other plant pathogenic fungi. Phyto-
K, Takeda T, Amano T, Hollomon D (2001) Occur- pathology 82: 1348-1354.
rence and molecular characterization of strobilu- Koffman W, Penrose L (1976) Sclerotinia fructicola
rin resistance in cucumber powdery mildew and tolerant to benomyl detected in New South Wa-
downy mildew. Phytopathology 91: 1166-1171. les. Australasian Plant Pathology 5: 34-34.
Janisiewicz WJ, Biggs AR, Jurick WM, Vico I, Conway Köller W (1988) Sterol demethylation inhibitors: Me-
WS (2013) Biological characteristics of Monilinia chanisms of action and resistance. In: Delp CJ,
fructicola isolates from stone fruits in eastern (Ed.) Fungicide resistance in North America. St.
West Virginia. Canadian Journal of Plant Patholo- Paul, US. APS Press. pp. 79-88.
gy 35: 315-327. Köller W, Scheinpflug H (1987) Fungal Resistance to
Jones A, Ehret G (1976) Isolation and characteriza- Sterol Biosynthesis Inhibitors: A New challenge.
tion of benomyl-tolerant strains of Monilinia fruc- Plant disease 71: 1066-1074.
ticola. Plant Disease Report 60: 765-769. Köller W, Parker D, Turechek W, Avila-Adame C,
Joseph‐Horne T, Hollomon DW (1997) Molecular Cronshaw K (2004) A two-phase resistance res-
mechanisms of azole resistance in fungi. FEMS ponse of Venturia inaequalis populations to the
microbiology letters 149: 141-149. QoI fungicides kresoxim-methyl and trifloxystro-
Junqueira LCU, Carneiro J (1997) Biología celular e bin. Plant disease 88: 537-544.
molecular. 6o Ed. Rio de Janeiro, Brasil. Guanabara Latorra D, Campbell K, Wolter A, Hurley JM (2003)
Koogan. Enhanced allele‐specific PCR discrimination in
Karaoglanidis G, Luo Y, Michailides TJ (2011) Com- SNP genotyping using 3′ locked nucleic acid (LNA)
petitive ability and fitness of Alternaria alternata primers. Human mutation 22: 79-85.
isolates resistant to QoI fungicides. Plant disease Leadbeater A (2012) Resistance risk to QoI fungici-
95: 178-182. des and anti-resistance strategies. In: Thind TS,
Kato T, Tanaka S, Ueda M, Kawase Y (1974) Effects (Ed.) Fungicide resistance in crop protection: risk
of the Fungicide, S-1358, on General Metabolism and management. Oxfordshire. CAB Internatio-
and Lipid Biosynthesis in Monilina fructigena. nal. pp. 141-154.
Agricultural and Biological Chemistry 38: 2377- Lehner M, Paula Júnior T, Silva R, Vieira R, Car-
2384. neiro J, Schnabel G, Mizubuti E (2015) Fungicide
Kato T, Tanaka S, Ueda M, Kawase Y (1975) Inhibi- sensitivity of Sclerotinia sclerotiorum: A thorough
tion of sterol biosynthesis in Monilinia fructigena assessment asing discriminatory dose, EC50, high-
by the fungicide, S-1358. Agricultural and Biologi- -resolution melting analysis, and description of
cal Chemistry 39: 169-174. new point mutation associated with thiophanate-
Kelly S, Kelly D (2013) Microbial cytochromes P450: -methyl resistance. Plant disease 99: 1537-1543.
biodiversity and biotechnology. Where do cyto- Leroux P, Gredt M, Leroch M, Walker A-S (2010) Ex-
chromes P450 come from, what do they do and ploring Mechanisms of Resistance to Respiratory
what can they do for us. Philosophical transac- Inhibitors in Field Strains of Botrytis cinerea, the
tions of the royal society B 368: 20120476. Causal Agent of Gray Mold. Applied and environ-

168 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

mental microbiology 76: 6615-6630. -associated genetic element ‘Mona’ in Monilinia


Liang H-J, Di Y-L, Li J-L, You H, Zhu F-X (2015) Ba- fructicola. Plant disease 92: 1099-1103.
seline Sensitivity of Pyraclostrobin and Toxicity of Luo CX, Hu MJ, Jin X, Yin LF, Bryson PK, Schnabel
SHAM to Sclerotinia sclerotiorum. Plant disease G (2010) An intron in the cytochrome b gene of
99: 267-273. Monilinia fructicola mitigates the risk of resistan-
Lichtemberg PSF (2015) Dynamics and stability of ce development to QoI fungicides. Pest manage-
resistance to tebuconazole in Monilinia fructicola ment science 66: 1308-1315.
populations from brazilian peach orchards. PhD Luo Y, Morgan D, Michailides TJ (2001) Risk analysis
Thesis, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, of brown rot blossom blight of prune caused by
PR, Brasil. Monilinia fructicola. Phytopathology 91: 759-768.
Lichtemberg PSF, Zeviani WM, Michailides TJ, May Luo Y, Ma Z, Michailides TJ (2007) Quantification of
De Mio LL (2016a) Comparison of the sensitivity allele E198A in beta‐tubulin conferring benzimi-
of Monilinia fructicola isolates to tebuconazole in dazole resistance in Monilinia fructicola using real
Brazil using three methods. Canadian Journal of time PCR. Pest management science 63: 1178-
Plant Pathology 38: 55-63. 1184.
Lichtemberg PSF, Luo Y, Michailides TJ, May De Mio Lupetti A, Danesi R, Campa M, Tacca MD, Kelly S
LL (2016b) Induced overexpression of the gene (2002) Molecular basis of resistance to azole an-
MfCYP51 may reveal molecular mechanisms as- tifungals. Trends in molecular medicine 8: 76-81.
sociated to tebuconazole resistance of Monilinia Ma B, Uddin W (2009) Fitness and competitive abi-
fructicola in Brazil. In: 2016 APS annual meeting, lity of an azoxystrobin-resistant g143a mutant of
Resumos. Tampa, FL, US No Prelo 2016. Magnaporthe oryzae from perennial ryegrass.
Lim T, Yi J, Chang T, Byeongjin C (2001) Fitness of Plant disease 93: 1044-1049.
dicarboximide-resistant and sensitive Monili- Ma Z, Michailides TJ (2005) Advances in understan-
nia  fructicola  isolated from peach in Korea. The ding molecular mechanisms of fungicide resis-
Plant Pathology Journal 17: 205-209. tance and molecular detection of resistant geno-
Lim TH, Johnson I, Cha B (2006) Characterization types in phytopathogenic fungi. Crop protection
and Genetic Diversity of Benzimidazole-resistant 24: 853-863.
and-sensitive Monilinia fructicola Isolates in Ko- Ma Z, Yoshimura MA, Michailides TJ (2003) Identi-
rea. Plant Pathology Journal 22: 369. fication and characterization of benzimidazole
Linhares AI, Ghini R (2001) Resistência de fungos fi- resistance in Monilinia fructicola from stone fruit
topatogênicos a fungicidas inibidores da demeti- orchards in California. Applied and environmental
lação (DMI): uma revisão. 1o Ed. Jaguariúna, Bra- microbiology 69: 7145-7152.
zil. Embrapa Meio Ambiente. Ma Z, Boehm EW, Luo Y, Michailides TJ (2001) Popu-
Livak KJ, Schmittgen TD (2001) Analysis of Relative lation structure of Botryosphaeria dothidea from
Gene Expression Data Using Real-Time Quantita- pistachio and other hosts in California. Phytopa-
tive PCR and the 2− ΔΔCT Method. methods 25: 402- thology 91: 665-672.
408. Ma Z, Yoshimura MA, Holtz BA, Michailides TJ
Luo C-X, Schnabel G (2008a) The cytochrome P450 (2005) Characterization and PCR‐based detection
lanosterol 14α-demethylase gene is a demethyla- of benzimidazole‐resistant isolates of Monilinia
tion inhibitor fungicide resistance determinant in laxa in California. Pest management science 61:
Monilinia fructicola field isolates from Georgia. 449-457.
Applied and environmental microbiology 74: 359- Ma Z, Proffer TJ, Jacobs JL, Sundin GW (2006) Ove-
366. rexpression of the 14α-demethylase target gene
Luo C-X, Schnabel G (2008b) Adaptation to fungici- (CYP51) mediates fungicide resistance in Blume-
des in Monilinia fructicola isolates with different riella jaapii. Applied and environmental microbio-
fungicide resistance phenotypes. Phytopathology logy 72: 2581-2585.
98: 230-238. Malandrakis AA, Markoglou AN, Ziogas BN (2011)
Luo C-X, Cox KD, Amiri A, Schnabel G (2008) Oc- Molecular characterization of benzimidazole-
currence and detection of the DMI resistance- -resistant B. cinerea field isolates with reduced or

RAPP - Volume 24, 2016 169


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

enhanced sensitivity to zoxamide and diethofen- SNP‐specific Primers for the Detection of a G143A
carb. Pesticide Biochemistry and Physiology 99: Mutation Level in Venturia inaequalis Field Popu-
118-124. lations. Journal of Phytopathology 159: 569-578.
Malandrakis AA, Markoglou AN, Ziogas BN (2012) Miessner S, Stammler G (2010) Monilinia laxa, M.
PCR-RFLP detection of the E198A mutation con- fructigena and M. fructicola: Risk estimation of
ferring resistance to benzimidazoles in field iso- resistance to QoI fungicides and identification of
lates of Monilinia laxa from Greece. Crop protec- species with cytochrome b gene sequences. Jour-
tion 39: 11-17. nal of Plant Diseases and Protection 117: 162-167.
Mansfield BE, Oltean HN, Oliver BG, Hoot SJ, Leyde Mikaberidze A, McDonald BA (2015) Fitness cost of
SE, Hedstrom L, White TC (2010) Azole drugs are resistance: impact on management. In: Ishii H,
imported by facilitated diffusion in Candida albi- Hollomon DW, (Eds.) Fungicide resistance in plant
cans and other pathogenic fungi. PLoS pathogens pathogens: Principles and a guide to practical ma-
6: e1001126. nagement. Japan. Springer. pp. 77-89.
Martini C, Guidarelli M, Mari M (2012) Study of re- Morales R, May de Mio LL, Fiesher JM, Lichtemberg
sistance to tebuconazole and tiophanate methyl PSF (2013) Ocurrence of DMI resistance is not
on italian strains of Monilinia fructicola and M. associated to genetic element Mona in Brazilian
laxa. Journal of Plant Pathology 94: S4.57-S54.84. isolate of Monilinia fructicola. In: 46o Congresso
Matasci CL, Gobbin D, Schärer H-J, Tamm L, Gessler Brasileiro de Fitopatologia, Resumos. Ouro Preto,
C (2008) Selection for fungicide resistance throu- MG, Brasil 489-481.
ghout a growing season in populations of Plasmo- Navarrete-Vázquez G, Cedillo R, Hernández-Campos
para viticola. European journal of plant pathology A, Yépez L, Hernández-Luis F, Valdez J, Morales
120: 79-83. R, Cortés R, Hernández M, Castillo R (2001) Syn-
May De Mio LL, Garrido L, Ueno B (2004) Doenças thesis and antiparasitic activity of 2-(trifluorome-
de fruteiras de caroço. In: Monteiro LB, May De thyl) benzimidazole derivatives. Bioorganic and
Mio LL, Serrat BM, Motta AC, Cuquel FL, (Eds.) Medicinal Chemistry Letters 11: 187-190.
Fruteiras de caroço: Uma visão ecológica. Curiti- Nuninger-Ney C, Schwinn F-J, Staub T (1989) In vitro
ba, Brasil. UFPR. pp. 169-222. selection of sterol-biosynthesis-inhibitor (SBI)-
May De Mio LL, Luo Y, Michailides TJ (2011) Sensi- -resistant mutants in Monilinia fructicola (Wint.)
tivity of Monilinia fructicola from Brazil to tebu- Honey. Netherlands journal of plant pathology
conazole, azoxystrobin, and thiophanate-methyl 95: 137-150.
and implications for disease management. Plant Ogawa JM, Manji BT, Rough D, Sonoda RM (1980)
disease 95: 821-827. Monitoring and control of benomyl-resistant Mo-
McGrath MT. What are fungicides? The plant health nilinia fructicola. In: 1980 APS annual meeting,
instructor. Available at: http://www.apsnet.org/ Resumos. Minneapolis, MN, US 246.
edcenter/intropp/topics/Pages/fungicides.aspx. Ogawa JM, Zehr EI, Bird GW, Ritchie DF, Uriu K,
Accessed on 1 de Março, 2016. Uyemoto JK (1995) Compendium of stone fruit di-
McKay GJ, Egan D, Morris E, Brown AE (1998) Iden- seases. St. Paul, US. APS Press.
tification of benzimidazole resistance in Clado- Olaya G (2011) Laboratory methods for evaluating
botryum dendroides using a PCR-based method. resistance in vitro. In: 2011 APS-IPPC Joint Mee-
Mycological Research 102: 671-676. ting, Resumos. Honolulu, HI, US S2.28.
McKean PG, Vaughan S, Gull K (2001) The extended Oliveira SC, Castroagudín VL, Maciel JLN, Pereira
tubulin superfamily. Journal of Cell Science 114: DAS, Ceresini PC (2015) Cross-resistance to QoI
2723-2733. fungicides azoxystrobin and pyraclostrobin in the
Michailides T, Ogawa J, Opgenorth D (1987) Shift of wheat blast pathogen Pyricularia oryzae in Brazil.
Monilinia spp. and distribution of isolates sensi- Summa Phytopathologica 41: 298-304.
tive and resistant to benomyl in California prune Oliver RP, Hewitt HG (2014) Fungicides in crop pro-
and apricot orchards. Plant disease 71: 893-896. tection. Second Ed. Oxfordshire, UK. CAB Interna-
Michalecka M, Malinowski T, Broniarek‐Niemiec tional.
A, Bielenin A (2011) Real‐time PCR Assay with Orbach MJ, Porro EB, Yanofsky C (1986) Cloning and

170 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

characterization of the gene for beta-tubulin from 253.


a benomyl-resistant mutant of Neurospora crassa Sanglard D, Ischer F, Calabrese D, Micheli Md, Bille J
and its use as a dominant selectable marker. Mo- (1998b) Multiple resistance mechanisms to azole
lecular and Cellular Biology 6: 2452-2461. antifungals in yeast clinical isolates. Drug Resis-
Pariaud B, Ravigne V, Halkett F, Goyeau H, Carlier tance Updates 1: 255-265.
J, Lannou C (2009) Aggressiveness and its role in Sauter H, Steglich W, Anke T (1999) Strobilurins:
the adaptation of plant pathogens. Plant Patholo- evolution of a new class of active substances. An-
gy 58: 409-424. gewandte Chemie International Edition 38: 1328-
Parker DM, Zhang N, D SC, Köller WD (2006) Poly- 1349.
morphism of 14 alpha-demethylase gene (CYP51) Schmidt LS, Ghosoph JM, Margosan DA, Smilanick JL
in brown rot pathogen Monilinia fructicola from a (2006) Mutation at β-tubulin codon 200 indicated
resistant orchard in New York State. In: 2006 APS thiabendazole resistance in Penicillium digitatum
Annual Meeting, Resumos. Quebec, Canada S90. collected from California citrus packinghouses.
Patel JS, Meinhardt SW, Sierotzki H, Stammler G, Plant disease 90: 765-770.
Gudmestad NC, Adhikari TB (2011) A two-step Schmittgen TD, Livak KJ (2008) Analyzing real-time
molecular detection method for Pyrenophora tri- PCR data by the comparative CT method. Nature
tici-repentis isolates insensitive to QoI fungicides. protocols 3: 1101-1108.
Plant disease 95: 1558-1564. Schnabel G, Dai Q (2004) Heterologous expression of
Penrose L, Senn A (1995) Baseline sensitivities of the P450 sterol 14α-demethylase gene from Mo-
preserved isolates of Sclerotinia fructicola from nilinia fructicola reduces sensitivity to some but
various host species to propiconazole and ipro- not all DMI fungicides. Pesticide Biochemistry and
dione. Australasian Plant Pathology 24: 9-14. Physiology 78: 31-38.
Picinini E (1994) Fungicidas benzimidazoles. Revisão Schnabel G, Dai Q, Paradkar M (2003) Cloning and
anual de patologia de plantas 2: 357-409. expression analysis of the ATP-binding cassette
Price PP, Purvis MA, Cai GH, Padgett GB, Robertson transporter gene MfABC1 and the alternative oxi-
CL, Schneider RW, Albu S (2015) Fungicide Resis- dase gene MfAOX1 from Monilinia fructicola. Pest
tance in Cercospora kikuchii, a Soybean Pathogen. management science 59: 1143-1151.
Plant disease 99: 1596-1603. Schnabel G, Bryson PK, Bridges WC, Brannen PM
Primiano I (2015) Fitness of Monilinia fructicola with (2004) Reduced sensitivity in Monilinia fructicola
different levels of sensitivity to azoxystrobin. Uni- to propiconazole in Georgia and implications for
versidade de São Paulo. Piracicaba, SP, Brasil. disease management. Plant disease 88: 1000-
Pringle A, Taylor JW (2002) The fitness of filamen- 1004.
tous fungi. Trends in microbiology 10: 474-481. Schroeder W, Provvidenti R (1969) Resistance to be-
Quello KL, Chapman KS, Beckerman JL (2010) In situ nomyl in powdery mildew of cucurbits. Plant Di-
detection of benzimidazole resistance in field iso- sease Report 53: 271-275.
lates of Venturia inaequalis in Indiana. Plant dise- SEAB. Produção agropecuária. Available at: http://
ase 94: 744-750. www.agricultura.pr.gov.br/. Accessed on 23 de
Reis EM, Reis AC, Carmona MA (2010) Manual de Março, 2016.
fungicidas: guia para controle químico de doen- Shapiro RS, Robbins N, Cowen LE (2011) Regulatory
ças de plantas. 6o Ed. Passo Fundo, Brasil. UPF. circuitry governing fungal development, drug re-
Russell PE (2004) Sensitivity baselines in fungicide sistance, and disease. Microbiology and Molecu-
resistance research and management. Cambrid- lar Biology Reviews 75: 213-267.
ge, UK. Crop Life International. Shaw M (1989) A model of the evolution of polygeni-
Sanglard D, Ischer F, Koymans L, Bille J (1998a) Ami- cally controlled fungicide resistance. Plant Patho-
no acid substitutions in the cytochrome P-450 logy 38: 44-55.
lanosterol 14α-demethylase (CYP51A1) from azo- Sierotzki H (2015) Respiration Inhibitors: Complex III.
le-resistant Candida albicans clinical isolates con- In: Ishii H, Hollomon DW, (Eds.) Fungicide resis-
tribute to resistance to azole antifungal agents. tance in plant pathogens: Principles and a guide
Antimicrobial Agents and Chemotherapy 42: 241- to practical management. Japan. Springer. pp.

RAPP - Volume 24, 2016 171


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

119-143. components of Alternaria alternata from citrus.


Sierotzki H, Wullschleger J, Gisi U (2000) Point mu- Plant disease 98: 1371-1378.
tation in cytochrome b gene conferring resistan- Vega B, Liberti D, Harmon PF, Dewdney MM (2012)
ce to strobilurin fungicides in Erysiphe graminis f. A rapid resazurin-based microtiter assay to evalu-
sp tritici field isolates. Pesticide Biochemistry and ate QoI sensitivity for Alternaria alternata isolates
Physiology 68: 107-112. and their molecular characterization. Plant disea-
Sierotzki H, Frey R, Wullschleger J, Palermo S, Kar- se 96: 1262-1270.
lin S, Godwin J, Gisi U (2007) Cytochrome b gene Villani SM, Cox KD (2011) Characterizing Fenbuco-
sequence and structure of Pyrenophora teres and nazole and Propiconazole Sensitivity and Pre-
P. tritici-repentis and implications for QoI resistan- valence of ‘Mona’in Isolates of Monilinia fructi-
ce. Pest management science 63: 225-233. cola from New York. Plant disease 95: 828-834.
Silva S, Kohls V, Manica-Berto R, Rigatto P, Rom- Weger J, Schanze M, Hilber-Bodmer M, Smits TH,
baldi C (2011) Apropriação tecnológica da pro- Patocchi A (2011) First report of the β-tubulin
dução integrada de pêssego na região de Pelotas E198A mutation conferring resistance to methyl
no estado do Rio Grande do Sul. Ciência Rural 41: benzimidazole carbamates in European isolates
1667-1673. of Monilinia fructicola. Plant disease 95: 497-497.
Sonoda R, Ogawa J, Manji B, Shabi E, Rough D (1983) Whan J (1976) Tolerance of Sclerotinia fructicola
Factors affecting control of blosson blight in a pe- to benomyl. Plant Disease Report 60: 200-201.
ach orchard with low level benomyl-resistant Mo- Wilcox WF, Burr JA (1994) Baseline sensitivity of
nilinia fructicola. Plant disease 67: 681-684. Monilinia fructicola to six DMI fungicides. In:
Stammler G, Schutte G, Speakman J, Miessner S, 1994 APS Annual Meeting, Resumos. Albu-
Crous P (2013) Phyllosticta species on citrus: Risk querque, NM, US 1078.
estimation of resistance to QoI fungicides and Winder B, Strandgaard C, Miller M (2001) The
identification of species with cytochrome b gene role of GTP binding and microtubule-associa-
sequences. Crop protection 48: 6-12. ted proteins in the inhibition of microtubule
Staub T, Sozzi D (1984) Fungicide resistance. Plant di- assembly by carbendazim. Toxicological scien-
sease 68: 1026-1031. ces 59: 138-146.
Stevic M, Vuksa P (2006) Sensitivity of Monilinia laxa Yin L-F, Hu M-J, Wang F, Kuang H, Zhang Y, Schna-
(ader. & ruhl.) to fungicides having different mo- bel G, Li G-Q, Luo C-X (2012) Frequent gain and
des of action. Pesticides and Phytomedicine 21: loss of introns in fungal cytochrome b genes. PloS
297-304. one 7: e49096.
Szkolnik M, Gilpatrick J (1977) Tolerance of Monilinia Yoshimura M, Luo Y, Ma Z, Michailides T (2004) Sen-
fructicola to benomyl in western New York State sitivity of Monilinia fructicola from stone fruit to
orchards. Plant Disease Report 61: 654-657. thiophanate-methyl, iprodione, and tebuconazo-
Taeheon L, Jaechoon Y, Taehyun C, Byeongjin C le. Plant disease 88: 373-378.
(2001) Fitness of dicarboximide-resistant and Young DH (2015) Anti-tubulin Agents. In: Ishii H,
sensitive Monilinia fructicola isolated from peach Hollomon DW, (Eds.) Fungicide resistance in plant
in Korea. Plant Pathology Journal 17: 205–209. pathogens: Principles and a guide to practical ma-
Theodoulou FL (2000) Plant ABC transporters. Bio- nagement. Japan. Springer. pp. 93-103.
chimica et Biophysica Acta (BBA)-Biomembranes Yuan N-N, Chen S-N, Zhai L-X, Schnabel G, Yin L-F,
1465: 79-103. Luo C-X (2013) Baseline sensitivity of Monilia yun-
Thomidis T, Michailides T, Exadaktylou E (2009) Con- nanensis to the DMI fungicides tebuconazole and
tribution of pathogens to peach fruit rot in nor- triadimefon. European journal of plant pathology
thern greece and their sensitivity to iprodione, 136: 651-655.
carbendazim, thiophanate‐methyl and tebucona- Zehr EI (1982) Control of brown rot in peach orchar-
zole fungicides. Journal of Phytopathology 157: ds. Plant disease 66: 1101-1105.
194-200. Zehr EI, Toler JE, Luszcz LA (1991) Spread and persis-
Vega B, Dewdney MM (2014) QoI-resistance stability tence of benomyl-resistant Monilinia fructicola in
in relation to pathogenic and saprophytic fitness South Carolina peach orchards. Plant disease 75:

172 RAPP - Volume 24, 2016


Paulo dos Santos Faria Lichtemberg, et al. (145-173)

590-593. nual Review of Phytopathology 51: 131-153.


Zehr EI, Luszcz LA, Olien WC, Newall W, Toler JE Zheng D, Olaya G, Köller W (2000) Characterization
(1999) Reduced sensitivity in Monilinia fructicola of laboratory mutants of Venturia inaequalis re-
to propiconazole following prolonged exposure in sistant to the strobilurin-related fungicide kreso-
peach orchards. Plant disease 83: 913-916. xim-methyl. Current genetics 38: 148-155.
Zeng F, Arnao E, Zhang G, Olaya G, Wullschleger J, Zhu F, Bryson PK, Schnabel G (2012) Influence of
Sierotzki H, Ming R, Bluhm B, Bond J, Fakhoury A storage approaches on instability of propiconazo-
(2015) Characterization of quinone outside inhibi- le resistance in Monilinia fructicola. Pest manage-
tor fungicide resistance in Cercospora sojina and ment science 68: 1003-1009.
development of diagnostic tools for its identifica- Zhu F, Bryson P, Amiri A, Schnabel G (2010) First
tion. Plant disease 99: 544-550. report of the β-tubulin E198A allele for fungicide
Zhan J, McDonald B (2013) Experimental measures resistance in Monilinia fructicola from South Ca-
of pathogen competition and relative fitness. An- rolina. Plant disease 94: 1511-1511.

RAPP - Volume 24, 2016 173


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

SCLEROTINIA SCLEROTIORUM:
MOLECULAR ASPECTS IN PLANT-
PATHOGENIC INTERACTIONS
Wei Wei1 and Steven J. Clough2

SUMMARY
This year, 2016, marks the 130th anniversary of Anton de Bary’s detai-
led reports summarizing his observations and thoughts on the plant pathogenic
fungus Sclerotinia sclerotiorum. As the most famous pioneer of plant pathology
across the globe, de Bary made many intelligent observations that still hold true
today, such as the secretion of enzymes and oxalic acid. As scientists advanced
the story of S. sclerotiorum pathology through the following decades, they con-
firmed the identity of numerous plant cell-wall-degrading enzymes and oxalic
acid, and they clearly demonstrated the importance of these virulence factors
in establishing disease, plus they added more details. This review summarizes
some of these findings that have occurred in the last 130 years on the molecular
aspects of S. sclerotiorum-host interactions.

1. Introduction macerate plant host tissue. Thus started the studies


Anton de Bary, the father of plant pathology, on the molecular interactions of S. sclerotiorum and
was an amazingly observant individual. His extraor- its hosts--over 130 years ago. Questions asked then,
dinary curiosity and attention to detail led to many are still being asked today. Why do the fungal hyphae
discoveries and understandings of multiple plant pa- release OA, and what is in the fungal ‘ferment’ that
thogen life cycles and behaviors. He studied many could dissolve plant host cell walls? And similarly,
plant pathogens and wrote extensively on several, how is the plant responding to this aggressive, unin-
such as Sclerotinia sclerotiorum, much of which he vited visitor and these toxic substances to which it i
summarized in a series of weekly submissions to exposed? What other molecules are involved? How,
a journal he co-edited with L. Just, the Botanische and what, are the genes used by the pathogen and
Zeitung, in 1886 (de Bary, 1886; available for free host to create and control these molecular interac-
download at http://www.biodiversitylibrary.org/ tions?
item/ 105850# page/36/mode/1up) and in his com- Anton de Bary was far ahead of his contem-
prehensive treatise summarizing his many observa- poraries, and it would be several decades after his
tions of plant pathogens (de Bary, 1887). Although death in 1888 before scientists would make any fur-
he was light years away from the molecular revolu- ther substantial progress on the questions he expo-
tion that would blossom nearly 100 years after his sed. One of these reports of progress was a very nice
death, de Bary successfully identified the two main microscopic study by Boyle in 1921 (Boyle) where he
molecular factors affecting the ability of S. sclero- noted that the growing hyphae of S. libertiana (a sy-
tiorum to be a successful pathogen: the release of nonym of S. sclerotiorum) were coated with a thick
oxalic acid (OA) and ferments (enzymes) that could mucilaginous/gelatinous sheath which he described

1
University of Illinois Department of Crop Sciences, 238 National Soybean Research Center, 1101 West Peabody Drive, Urbana, IL
61801, USA. 2USDA-ARS, National Soybean Research Center, 1101 West Peabody Drive, Urbana, IL 61801, USA.

174 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

as a substance released by the fungus that aided in assumption that S. sclerotiorum produced the toxin
the attachment of the mycelia to the host surface. OA. In de Bary’s work, the fact that the liquid sur-
He also observed, in disagreement with de Bary, that rounding hyphae, or droplets released by sclerotia,
the fungal hyphae appeared to mechanically force was acidic and would precipitate with calcium, it
their way past the plant cuticle. He further obser- was assumed that this liquid had to be OA (de Bary,
ved that once “the cuticle is broken the walls of the 1886). In 1952, when Overell (Overell, 1952) found
host cells near the point of penetration show signs that spent culture filtrates of S. sclerotiorum could
of being chemically altered”. Interestingly, Boyle also macerate carrot slices, he wanted to determine the
noted that the cells adjacent to an infected cell could cause. He noticed that the maceration ability was pH
be negatively affected by the invading fungus as well, dependent and the macerating factor(s) was stable
presumably by fungal- or plant-released enzymes or after autoclaving. Through the use of paper chroma-
toxins: tography and similar calcium precipitation assays, he
“Death of the cells extends some dis- identified OA as being present, at concentrations in
tance beyond the limits of the invading hypha, the 10’s of mM in cultures that had grown up to 35
due either to enzymes secreted by the fungus days. Overell also found that similar maceration sho-
or to the products of disorganized cells. The le- wed up when carrot slices were soaked in pure OA in
thal substance or substances appear to diffuse a pH-dependent manner, with the best maceration
more rapidly along the palisade cells of the me- activities occurring at pH levels between 2.6 – 4.0 for
sophyll than into the spongy parenchyma, as his studies. Therefore, he hypothesized that OA was
the chloroplasts of the palisade cells for some the cause of the deterioration, and that the different
distance on either side of the point of infection ion forms of oxalate (Figure 1) were affecting the ma-
are swollen or disorganized, while those of the ceration, as OA would be mostly fully deprotonated
spongy parenchyma immediately underneath as the pH levels rose past 4, and it would be mostly
are still unaffected. This is evidently due to the in the mono-basic ion form at pH 2.6 to 4.0 (oxalic
fact that the palisade cells are in closer contact acid pKa1 ≈ 1.2, and pKa2 ≈ 4.2).
and hence allow a more rapid diffusion of the Interestingly, the levels of OA found by Ove-
lethal substance or substances than the cells of rell were fairly similar to the levels found in cultures
the spongy parenchyma, which are in contact of the close relative of S. sclerotiorum, Sclerotinia
at comparatively few points.” rolfsii, by Higgins 25 years earlier (Higgins, 1927). Hi-
ggins identified large amounts of OA released from
Although both de Bary and Boyle stated that S. rolfsii, reporting 0.3 – 3x more grams of OA as gra-
their studies suggested the release of plant-cell-wall ms of mycelial dry when growing S. rolfsii in various
degrading ‘ferments’ or enzymes, the actual identi- liquid media for 31 days, and estimated the oxalate
fication of these molecular weapons would not start concentrations at 5-70 mM. Higgins, like Overell, also
until the late 1950’s and 1960’s. In the meantime, used precipitation with known amounts of calcium
plant pathologists successfully confirmed de Bary’s as a means to calculate the approximate amount

Figure 1. The molecular form of oxalic acid at different pH levels. The pH of the apoplast of plant cells is estimated to be
about 5.6, so during initial S. sclerotiorum infection, most of the oxalic acid entering the plant tissue into the apoplost
would be fully depronated. After continued fungal growth and acid release, the acidity could build up to levels that
would overpower any buffering capacity of the apolplastic fluids, and the pH would lower. The pH of S. sclerotiorum
infected tissue is often measured to be somewhere between 2 and 4, meaning that the oxalic acid would be mostly in
the mono-basic (mono-protonated) form.

RAPP - Volume 24, 2016 175


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

of OA in solution, as oxalate at pH levels above 1.2 ducer of OA than glucose). Researchers found that
readily binds calcium ions and precipitates from so- the activity of purified polygalacturonase was non-
lution (i.e., adding known amounts of calcium and functioning if the substrate was calcium pectate, the
weighing the dried precipitate to estimate oxalate form that is commonly found in plant cell walls, but
molarity). if OA was added to the assay, the pectate was degra-
ded, presumably due to the removal of calcium from
2. Investigations on S. sclerotiorum plant cell-wall- the calcium pectate by OA’s proven ability to chelate
-degrading enzymes (PCWDEs) calcium. In addition, OA lowers the pH (estimated as
As mentioned previously, since at least the 2.8 in their cultures), and they found that the optimal
1800’s, scientists have known that some cell-free ex- pH for the polygalacturonase activity was between 3
tracts, termed ‘ferments’ and later ‘enzymes’, could and 4, a pH optimum similar to what Echandi and
stimulate chemical reactions to occur, but the link Walker (1957) noted (see the previous paragraph).
between enzymatic activities and actual protein mo- They also noted that pH values below 4 could kill
lecules was not made until the 1920’s and 1930’s, plant tissue, without the presence of PCWDEs, and
with the 1946 Noble Prize in Chemistry awarded to that fluids from diseased lesions was near 4.0. They
scientists who helped make this connection. There- therefore concluded that OA was most likely having
fore, in the 1950’s enzymology was a popular resear- its negative effect on plant hosts due to both 1. bin-
ch focus for scientists, and many biologists, including ding and removal of calcium out of calcium pectate
plant pathologists, were looking for enzymes. By to allow the polygalacturonases to function at maxi-
the 1960’s, the plant pathologists studying S. sclero- mal efficiency; and 2. to the general toxic effects of a
tiorum had clearly identified the release of peptidio- lowered pH.
lytic enzymes in cultures and in planta. The search for extracellular enzymes that
In 1957, Echandi and Walker (Echandi and could factor into molecular plant-pathogen interac-
Walker, 1957) were the first to report the identifi- tions, and their detailed characterizations, continued
cation of such PCWDEs from S. sclerotiorum. These to be popular in the 1960’s and for decades beyond.
scientists identified both pectin methylesterase and Evidence for cellulose degrading enzymes was found
polygalacturonase activities from S. sclerotiorum using paper, cotton or carboxymethyl cellulose as
grown on wheat bran. These enzymatic activities growth substrates in the media (Hancock, 1967).
were destroyed by heating at 55°C for 10 minutes. Marciano et al. (1983) detailed the roles of three
The activity of these pectolytic enzymes was highest types of PCWDEs, polygalacturonase, cellulose, and
at pH levels between 3 and 5, and the most optimal xylanase in virulence, together with the enhanced
at pH 4. Enzyme activities were reduced to 44% and effect of OA and its low pH. A survey of the ability
20% at pH 6 and pH 7, respectively. This work was of extracellular fluids of a S. sclerotiorum culture to
supported in planta, by analyzing S. sclerotiorum in- degrade cell-wall polysaccharides was conducted by
fected tissues (Hancock, 1966). Hancock documen- Riou et al. (1992) in which enzymatic activity was de-
ted pectin methylesterase and polygalacturonase tected for the degradation of cellulolytic, hemicellu-
activities in infected stem tissue, together with an lolytic, and pectinolytic polysaccharides. Gel analysis
increase in stem acidity, with the pH dropping from confirmed the presence of at least one pectinase,
about 6.2 to 4.5 during his infection studies. beta-xylosidase, and cellobiosidase. Subsequent stu-
A very interesting study came out in 1965 dies focused on characterizing the most effective
by Bateman and Beer (Bateman and Beer, 1965). class of plant-cell-macerating enzyme released by S.
Working on S. rolfsii, they noted the benefits of a pa- sclerotiorum: the endo-polygalacturonases (Fraissi-
thogen releasing both pectolytic enzymes and OA, net-Tachet, et al., 1995; Cotton, et al., 2002; Cotton
as they found that the effects of the enzyme func- et al., 2003). The work of Favaron et al. (2004) su-
tion and acid were synergistically enhanced in the ggested that there are at least two different endo-
presence of each other. They estimated that S. rolf- -polygalacturonases in S. sclerotiorum, each with a
sii culture filtrates contained up to 30 mM OA (80 different pH optimum for activity, with endo-PGa
mg/30 ml) after 6 days growth on carboxymethyl being more active at lower pH values (from 3.6-5.0),
cellulose (which they found to be a much better in- and endo-PGb more active at pH 4.5-5.0. In addition

176 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

to the endo-polygalacturonases, researchers also of PCWDEs, but also emphasized the importance of
conducted further detailed characterization of exo- the ability of OA to strongly chelate biologically im-
-polygalacturonases (Li et al., 2004). Other enzymes portant cations such as calcium, iron, manganese,
found to be released by S. sclerotiorum include at le- magnesium, nickel, aluminum, and copper, affecting
ast two endo-beta-1,4-glucanases (Waksman, 1991; their solubility and thus availability; also of impor-
Chahed et al., 2014), at least two beta-glucosidases tance is the effect of OA on destabilizing cytoplas-
(Issam et al., 2003) and at least one beta-galactosi- mic and chloroplastic membranes, which would aid
dase (Waksman, 1989; Riou, et al., 1992a). The se- in tissue maceration. For additional perspectives on
arch for cutinases had been elusive, and there were the molecular interactions between plants and S.
conflicting reports from microscopic studies as to sclerotiorum, readers should also refer to the very
whether or not the cuticle was being enzymatically recent mini review by Mbengue et al. (2016).
degraded. Although the microscopy work of Boyle
(1921) did not show any evidence for cuticle degra- 3.1. Phenotypes of various OA-deficient mu-
dation, de Bary reported that he had seen evidence tants
of cuticle degradation, and in 2012, a cutinase was Looking at the pathogen side of this host-
finally identified (Bashi et al., 2012). PCWDEs have -pathogen relationship, the reader can find several
complex roles and regulation, and Hegedus and Rim- very good papers on the effects of S. sclerotiorum-
mer (2005) wrote an excellent mini-review propo- produced OA on the fungus itself. As discussed be-
sing how activation and repression of PCWDEs, as low, S. sclerotiorum produces and metabolizes OA,
well as sclerotia development, might be controlled which affects various aspects of fungal vegetative
by a tri-phasic model for infection involving glucose, growth, sclerotia development and pathogenesis.
cAMP, and pH levels that change during infection. To investigate the critical role of OA throughout the
life cycle of S. sclerotiorum, mutagenesis was used.
3. Mechanisms of OA and plant-Sclerotinia interac- Mutants induced by ultraviolet light (UV) were scre-
tion ened for reduced OA production and these mutants
This present review focuses on the effects of were found to be non-pathogenic on common bean
S. sclerotiorum-released molecules, such as OA and (Godoy et al., 1990). These mutants also did not pro-
secreted enzymes (and their related genes), on the duce sclerotia, and had low expression of pectinases
plant host. Other reviews on S. sclerotiorum are also and cellulases, showing that sclerotia formation and
available to the reader. Two excellent reviews were some PCWDEs, all required OA. In addition, the OA
published in 1979 as part of an APS Symposium of deficient mutants provided some clues to the bio-
Sclerotinia. Purdy (1979) described the various, so- synthetic pathway for OA production, as the addition
mewhat confusing, nomenclatures used to name of succinate to culture media led to the production
S. sclerotiorum, and gave a superb summary of ‘big of some OA, showing the pathway could include suc-
picture’ aspects of this disease such as histology, di- cinate (i.e., the mutation might have occurred in an
sease development and host range; Lumsden (1979) enzyme of the biosynthetic pathway upstream of
summarized details on the physiological and histo- succinate production).
logical changes that occur during S. sclerotiorum pa- An enzyme known to be involved in the syn-
thogenesis. Lumsden put an emphasis on the role thesis of OA is oxaloacetate acetylhydrolase (OAH,
of OA chelating important cations and producing a EC 3.7.1.1), which is the enzyme of S. sclerotiorum
gradient of lowering pH values, in conjunction with that converts oxaloacetate to OA and carbon dioxi-
the plant PCWDEs, and how these factors would de. OAH was knocked out by targeted gene replace-
make the cells at the infection front more permea- ment via homologous recombination, leading to a
ble, and how that would lead to greater leakage of genetically defined mutant that accumulated no OA,
nutrients for the fungus, thus weakening the host. even under highly inductive conditions (Liang et al.,
Another very good, comprehensive review (Dutton 2015). The radial growth rates of vegetative hyphae
and Evans, 1996) on the role of large quantities of of these mutants were observed to be almost equal
OA in plant diseases caused by numerous fungi, not to wild type (WT) on potato dextrose medium bu-
only explained how OA could enhance the efficiency ffered to pH 3.6, whereas growth was severely re-

RAPP - Volume 24, 2016 177


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

duced when the medium was buffered pH 6.9. On if the plants were wounded first. It is not clear why
all media tested, the oah mutant, similar to the UV- these differences occurred, and how much of the-
induced OA-minus mutants of Godoy et al. (1990), se differences are strain specific, but it does suggest
could not form sclerotia, but mycelia were noted that there could be some unknown complexity in OA
to form some loose and unmelanized aggregates metabolism and perhaps in OA-regulated genes, and
as if some sort of futile effort was being made to that the various OA-minus mutants affect these fac-
produce sclerotia. Moreover, the oah mutant was tors in different manners.
also defective in compound appressorium forma- Another enzyme involved in OA metabolism
tion on artificial surfaces. Complementation using in S. sclerotiorum was also recently characterized--
the WT OAH gene on a plasmid was able to fully the OA degrading enzyme oxalate decarboxylase
restore the radial growth rate and partially resto- (ODC) (Liang et al., 2015). Deletion of one of the
re sclerotia development at a low frequency, but two putative ODC genes led to hyper-accumulation
failed to regain the compound appressorium phe- of OA and less efficient differentiation of compound
notype. The authors suggested that this failure appressoria, implying that fine control of OA levels
could possibly have resulted from inconsistences regulates appressorium formation. No differences
in the regulation of expression of the transgene in vegetative growth or sclerotia development were
OAH expressed from the plasmid, versus the WT reported for this odc mutant, probably because the
native expression, or perhaps it was due to the expression of the gene for this enzyme was detec-
non-reversing of an unknown epigenetic pro- ted only at mid to late stages of compound appres-
cess that occurred in the oah mutants that did sorium formation. Although the physiological func-
not allow for complementation. In another study tion of ODC in S. sclerotiorum still requires further
where oah mutants were generated either throu- investigation, it is highly possible that this enzyme
gh targeted gene replacement or T-DNA insertion, is responsible for OA regulation at multiple develo-
involving a different strain (WMA1), again almost pmental stages.
no OA production was detected (Xu et al., 2015). The various OA mutants allowed for more
Interestingly, for these OA-mutants, the authors detailed studies of the role of OA in disease deve-
observed some phenotypic behavior that differed lopment. Since the deletion of the oah gene caused
from those described by Godoy or Liang that were defective compound appressorium formation, which
generated using Sclerotiorum strain 1980. One diffe- makes it difficult for the pathogen to penetrate the
rence was observed when the authors ran high-per- cuticle layer, Liang et al. (2015) performed wound
formance liquid chromatography and found that the inoculations on a variety of hosts (including toma-
OA-minus mutants accumulated fumaric acid at high toes, soybeans and arabidopsis) to evaluate the role
levels compared to the WT. The production of fuma- of OA in pathogenesis. The results showed that the
ric acid was not tested in the other reports on OA- oah mutant produced very limited leisions that were
-mutants; however, one could assume that, if they “brown, green” in color and restricted by a “thin,
did produce fumaric acid, it would be at low levels dark” border, while the WT produced “light brown,
since the pH of the media for these mutants did not spreading” lesions. Moreover, GFP labeling, along
go below pH 6 after 2 days growth, whereas the mu- with 3,3’-Diaminobenzidine (DAB) and aniline blue
tants of Xu et al. reduced the pH of the media to just staining, was conducted to characterize the interac-
above, or just below, pH 4 by 48 hours. Additionally, tion occurring in these different types of lesions. It
the two mutants in the Xu et al. study were able to was observed that compared to WT hyphae, the GFP
produce sclerotia, (with some noted differences in fluorescence of mutant hyphae faded at 5 dpi and
color and texture), whereas the Godoy and Liang the mutants elicited much more H2O2 accumulation
mutants could not. A third major difference betwe- and callose deposition, indicative of stronger host
en this study on the WMA1-derived mutants and the defense responses. These phenotypes indicated that
1980-derived mutants was that the WMA1-derived OA was a determinant virulence factor dampening
mutants were quite effective in inducing necrosis host defenses, and the critical role it played in patho-
on multiple hosts, whereas the OA-minus mutants genesis was further confirmed by the observation
of 1980 could not, or did so very poorly, and only that immersing the leaf petiole in OA (pH 5.8) par-

178 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

tially restored the virulence. However, in the study glyceollin were induced by two of the four polyga-
of Xu et al. (2015), the oah mutant they generated lacturonases tested, as well as by millimolar levels
caused disease in a host-dependent manner, with of OA, with 5 mM being the most effective; 10 mM
the virulence almost the same as the WT on faba OA actually gave a 20% reduction in the induction le-
bean, yet only weakly pathogenic on soybean. They vels as compared to 5 mM. In an actual infection, OA
concluded that these differential disease develop- concentration ranges from very low to high (80 mM
ments were related to differences in the buffering to be the highest reported), thus a dynamic picture
capacity within the host plants. When inoculation of of how OA molecules impact the host cells across a
oah mutants was conducted on green beans infiltrat- given region of tissue, seems probable.
ed with citriate-phosphate buffer at pH 4.2 , or with An essential role proposed for OA is to mo-
non-buffered potassium oxalate (10 mM, pH 4.2), dulate the rapid host reactive oxidative burst (ROS),
virulence was recovered under the former treatment one of the earliest and most universal hallmarks of
but not the latter. The authors also identified a posi- plant defense (Cessna et al., 2000). Inoculation of an
tive correlation between lesion size and decreased OA-deficient strain on tobacco leaves led to conside-
pH in the infected tissues, and a negative correla- rable ROS as measured by oxidation of nitroblue te-
tion between lesion size and host leaf tissue buffer- trazolium, while there was no obvious ROS increase
ing capacity. Based on these evidences, the authors caused by the WT strain. The result suggested that
proposed that the major contribution of OA was due OA has a role in suppressing ROS in the plant host.
to its strong acidity rather than the oxalate. Howev- Further experiments were performed to explore
er, considering the chemical similarty between cit- the mechanism of this inhibition, revealing that the
ric acid (used as a buffer and for lowering the pH in acidity and chelation of cations, two highly popular
controls) and OA: both are small organic acids that hypothetical roles for OA in S. sclerotiorum pathoge-
strongly bind divalent cations at physiological pHs; nesis, did not appear to be largely accountable for
citric acid pKa1 ≈ 3.1, pKa2 ≈ 4.8 and pKa3 ≈ 6.4, other inhibition of ROS. Several additional observations in-
functions of OA besides its acidity, such as the chela- dicated a potential target site of OA was downstream
tion of cations, cannot be dismissed. Also, the fact of the defense-associated Ca2+ influx, but upstream
that the OA mutants produced excess fumaric acid of the oxidase complex that produces H2O2 and ROS.
clouds the interpretations. However, the exact molecular targets of inhibition
remains unclear. Another study proposed a potential
3.2. Molecular and physiological studies on explanation for this inhibition using a plant-based
the functions of OA secreted into hosts redox sensing GFP system (Williams et al., 2011). It
Although the fungal-released proteins, in the was determined that S. sclerotiorum, by secreting
form of enzymes, effectors and necrosis-inducing OA, creates a transient reducing environment rapi-
proteins/peptides, have a real influence on disease dly in plant cells after infection, which compromises
development, many view that the most beneficial the host ROS burst and other host basal defense
virulence factor of S. sclerotiorum to be OA, and the- responses such as callose deposition. By contrast,
refore numerous studies have focused on the role of an OA-deficient mutant produced hypersensitive-
OA in the physiology of molecular plant-pathogen in- -like lesions characterized by restricted growth and
teractions. For example, it was shown that OA incre- cell death. Consistent with the first study, this redox
ased stomatal opening in Arabidopsis, presumably alteration of the host cells was also shown to be in-
benefitting the pathogen by facilitating the entran- dependent of acidity. The underlying mechanism of
ce of OA into the host apoplast (Stotz and Guimara, manipulation of host redox status was proposed by
2004). As introduced above, the acidity of OA and the authors as involving key redox molecules such as
its chelation properties can produce visual effects on thioredoxins, leading to the inability to form normal
the plant host, but what is it doing at the molecular conformational changes of many redox-sensitive sig-
level? A study in 1988 (Favaron et al., 1988) detailed naling components in the activation of plant defen-
a defense activation in soybean in response to puri- ses.
fied polygalacturonase and OA. Within 20 minutes of The defining characteristic of a necrotro-
treatment, measurable amounts of the phytoalexin phic fungus like S. sclerotiorum is to kill plant cells

RAPP - Volume 24, 2016 179


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

and then obtain nutrients from the dead host for its iron from the electron transfer components of the
own use. In this sense, plant programmed cell death mitochondria and chloroplasts, could lead to high
(PCD), which is a strategy that plants use to achieve accumulation of ROS, such as when light stimulates
complete resistance to some biotrophic pathogens, chloroplast photosystem centers under low electron
may be beneficial to the pathogenesis of S. sclerotio- flux (Zhu, et al. 2105; Zhu, et al., 2015). In spite of
rum. OA was suggested to induce apoptotic-like PCD all the circumstantial evidence, precise mechanisms
in hosts, thus facilitating the disease development connecting OA and the observed inductions of ROS
(Kim, et al. 2008). DNA fragmentation, which is a fea- and PCD is still lacking.
ture of apoptotic-like cells in mammals, was possibly If OA can both suppress the oxidative burst
observed in DNA extracted from tobacco leaf discs and elicit PCD through stimulating the generation
36h after treatment with S. sclerotiorum WT culture of ROS, the question becomes ‘How does OA work
filtrate, and from infiltration with different formula- to coordinate these two functions which seem to
tions of oxalate, while it was not obvious in water contradict each other?’ One possibility suggested
and other acids such as citric acid, HCl and succinic by Kim et al. (2008) was that the induction of PCD
acid. The previous study involving soybean suspen- was time and dose dependent, supported by the ob-
sion cells showed that OA inhibited ROS (Cessna servation that no significant difference of cell viabil-
et al. 2000); however, in contrast, for this study on ity of tobacco leaf disks was detected between the
tobacco discs, oxalate induced ROS generation and treatment of 20 mM potassium oxalate and water
triggered PCD. The tobacco disc assay showed that until 48 h post-treatment, with the time point be-
OA could elicit PCD and ROS production only in a re- ing delayed at a lower concentration of potassium
latively higher pH (5 to 6) milieu, while at lower pH oxalate of 10 mM. With retrospect to the Cessna et
values (3 to 4), neither DNA laddering nor ROS pro- al. study (2000) on the effect of OA on the oxidative
duction was significantly detected. The mechanisms burst, 4 mM was found to be the median inhibitory
of PCD were further explored (Kabbage et al., 2013) concentration, and the inhibition was detected with-
and was found that plant cell death in response to in 10h of treatment, a time much earlier than 48h.
S. sclerotiorum may be triggered by either apotosis Thus, it is tempting to speculate that in the early in-
or autophagy, and the OA affects this outcome. OA fection stage, when OA is at a lower concentration,
by itself seems to induce apoptosic PCD (Kim et al., OA is more responsible for reducing host oxidant
2008), but in an OA minus mutant, PCD seemed to production, but in the later infection stage and at a
result from autophagy, and the presence of OA su- higher concentration, it is more responsible for in-
ppressed this autophagic cell death (Kabbage et al., ducing PCD. Another possibility is related to the pH
2013). Autophagy is being associated with plant host dependency exhibited by OA manipulating ROS pro-
responses to other necrotrophic fungi as well (Lai et duction. It was suggested that the extracellular pH
al., 2011). pertubations had a fast and strong effect on vacuolar
A comparative transcriptomic study of soybe- pH while the cytoplasmic pH remained relatively un-
an leaves infiltrated with 5 mM OA versus HCl-aci- disturbed (Horn et al., 1992). Moreover, histological
dified water revealed that one of most significantly investigation of S. sclerotiorum infection process re-
up-regulated genes at 2 hours post infiltration inde- vealed that OA could be metabolized or transferred
pendent of acidity, was ferritin, which forms comple- to host vacuoles in early infection stage (Heller and
xes to safely store toxic iron ions within cells (Calla, Witt-Geiges, 2013). Combining this information, it is
et al., 2014a). The fact that ferritin was so strongly not unreasonable to postulate that dual functionali-
induced could have indicated an increase in free iron, ty of OA could be executed associated with different
presumably released from iron-binding components cellular compartmentalization of OA during different
in cells by OA, a strong chelator of iron. The authors stages of infection, in addition to varying concen-
proposed that the loss of iron from enzymes contai- trations in and near the infection zone. In the early
ning cytochrome co-factors, such as the cytochro- infection stage, OA would presumably exist mainly
me P450s involved in secondary metabolism, would in the apoplast or host vacuoles where the pH de-
greatly weaken the ability of the host to produce an creases rapidly, and the oxidative burst is inhibited.
active defense. They also suggested that the loss of When the concentration of OA increases, OA gra-

180 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

dually accumulates in the cytoplasm where the pH line carrying the wheat germin transgene (gf-2.8)
is higher than apoplast and the vacuole, but within coding for OxO, conferred resistance to S. sclero-
the optimal range for PCD induction. This speculati- tiorum (Donaldson et al., 2001). When attached
ve model would also explain, to some degree, why flowers were inoculated, an OxO line was able to
the PCD was elicited at a relatively later time during reduce OA levels and greatly inhibit ingress of the
infection. fungus, and the disease symptoms largely remai-
ned at the flowers; whereas in the non-transgenic
3.3. A proposed “hemibiotrophic” lifestyle parent (WT), the disease progressed rapidly, spre-
for S. sclerotiorum ading to the main stem and beyond (Davidson et
The secretion of OA from S. sclerotiorum ini- al., 2016). The authors concluded that the barriers
tially suppresses host immune response and later to fungal invasion in the OxO transgenic tissue
enhances cell death, which suggests that for a his- appeared to be living green tissues, (i.e. the pe-
torically defined necrotrophic fungus, its strategy duncle, petiole, stem and leaf tissue) where OA
of infection may be much more intricate than just was required to condition the tissue for coloni-
brutally imposing toxins and PCWDEs. Recently it zation. They also measured OA levels during the
has been proposed that S. sclerotiorum is actually a infection period, and found that fully infected WT
polyphagous plant pathogen that transitions from flowers contained about 3 mM OA. Davidson et al.
biotrophy to necrotrophy during pathogenesis (2016) also used infected, detached flowers, fully
(Kabbage et al., 2015). It was observed that the covered with visible mycelia, to inoculate leaves in
primary hyphae of S. sclerotiorum killed tobacco a manner that mimics how soybean plants might
cells during the initial 12 hours of infection, but be infected in the field (i.e. ascospores infect flo-
soon thereafter the pathogen employed clever wers, and an infected flower that has landed onto
strategies to avoid host recognition and host resis- a leaf leads to infection of that leaf). Interestingly,
tance during this early infection period, similar to when detached flowers were inoculated (such as
the behavior of biotrophic rust pathogens. Follo- those to be used in the leaf inoculation studies), both
wing this stealth period, after about 12 hours post OxO and the WT were equally fully infected with vi-
infection, S. sclerotiorum entered a necrotrophic sible mycelia covering the flowers within 3 days, and
phase by triggering rapid cell death (and possibly yet when the inoculation was on a flower that was
PCD) of plant cells, while at the same time, the attached, it took about 6 days for this stage to be
leading invasive hyphae still maintained a biotro- reached for the WT. This heavy mycelial growth was
phic state. By contrast, microscopy of the infection almost never seen for the attached flowers of the
of a model necrotrophic fungus, Botrytis cinerea, OxO inoculated plants, showing that, although the
revealed that the hyphae were always associated attached living flower was able to be infected, this
with dead cells. Moreover, the OA-deficient mu- tissue was more resistant than when this same floral
tant was not able to suppress host defense ef- tissue was detached and presumably dying. It was
fectively and instead induced host cell death rap- also shown that the reduced levels of OA in the OxO
idly, thus also leading to the restriction of hyphal infected detached flowers was not effective in pre-
growth only in the dead cell area. It was concluded venting the fungus from taking over the flower, whe-
by the author that the initial biotrophic-like stage reas the reduced OA levels in the attached OxO flo-
was critical to establishment of S. sclerotiorum pa- wers was effective, showing that the plants do have
thogenesis (Kabbage et al., 2015). the ability to defend against this pathogen in healthy
living tissue if the OA levels are reduced. Inoculated
3.4. Evaluation of S. sclerotiorum-resistant detached leaves behaved similarly to inoculated at-
transgenic lines tached flowers in that the OxO transgenics showed
Another approach to study the effects of strong resistance, whereas the WT did not. Howe-
OA is to look at transgenic plants that degrade OA, ver, that resistance did not become apparent until
such as the use of the addition of oxalate oxidase the second day post inoculation as hyphae emana-
(OxO), an enzyme that catalyzes the degradation ting from infected flowers spread in large networks
of OA. For example, an OxO soybean transgenic above and below the leaf cuticle and infiltrated the

RAPP - Volume 24, 2016 181


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

cortical tissue of both hosts. Following the initial 24 effector is unclear, the authors postulated that the
hours, the OA levels remained fairly constant, remai- interaction between the endo-PG and IPG-1 could
ning at the day 1 level for the OxO transgenic, and interfere with the successful binding of IPG-1 and
the lesion did not spread much beyond 1-3 cm du- Ca2+, thus promoting PCD. Two recent studies repor-
ring the 6 day study. However, in the leaves of the ted a secretory protein with a putative Ca2+-binding
non-transformed parent, the OA levels increased EF-hand motif, Ss-caf1, and a cysteine-rich small se-
and the leaves were completely overtaken with fun- cretory protein, SsSSVP1, to be possible effectors of
gal growth by 4-6 days post inoculation. The authors S. sclerotiorum (Xiao et al., 2014; Lyu et al., 2016).
concluded that their results showed that fungal host Both of these proteins were closely associated with
interaction is a two-phase process. Phase I occurred virulence, and their transient expression in tobacco
on both hosts but Phase II proceeded only on the leaves led to cell death. The Ss-caf1 gene was iden-
WT parent, indicating that host colonization requires tified by T-DNA mutagenesis isolate Sunf-M, and the
high levels of OA in order to proceed, and converse- resulting mutant called Sunf-MT6. The mutation cau-
ly, Phase I may require a lower level of OA or possibly sed Sunf-MT6 to loose the ability to form compound
OA may not be involved and that factors other than appressoria, and the ability to induce lesions without
OA have a role during primary lesion formation. first wounding. Sunf-MT6 produced fewer but larger
sclerotia, and produced more OA than Sunf-M. Com-
4. Secretory proteins from S. sclerotiorum plementation studies supported that loss of Ss-caf1
As discussed above, S. sclerotiorum has been was responsible for the changes in phenotype.
shown to release large amounts (up to tens of mM) of Some of the secretory proteins may play im-
toxic OA, as well as numerous PCWDEs, to aid in the portant roles in modulating host defense responses
colonization of its host. Although this seems like an during different phases of infection or transition of
abundance of weapons, apparently it is only a frac- lifestyles for S. sclerotiorum, similar to OA as discus-
tion of the possible arsenal released from this patho- sed above. Zhu et al. (2013) found that SSITL, an
gen. In addition to the handful of well-characterized integrin-like protein, could be a potential effector
PCWDEs, it has been reported that S. sclerotiorum protein that suppressed host resistance during initial
releases many other proteins that can influence di- biotrophy-like stages of infection. The expression of
sease progression. Several potential effectors were this gene was characterized as being highly induced
identified to facilitate necrotrophic colonization by at 3 days when S. sclerotiorum was grown on PDA
causing host necrosis or plant cell death (PCD). Zup- medium, and at 1.5 to 3.0 hours post inoculation
pini et al. (2005) discovered that an endo-polygalac- (hpi) on Arabidopsis, suggesting that it could be in-
turonase (endo-PG) could modulate host cytosolic volved both in sclerotial development and pathoge-
Ca2+ signaling, in aequorin expressing soybean cells nesis. Immunogold labeling suggested its secretion
leading to PCD characterized by chromatin conden- into both fungal cell walls and host extracellular
sation, apoptotic nuclei and activation of the cyto- matrix, while immunofluorescence showed its re-
chrome c/caspase 9 pathway. However, this study lease through the hyphal tips, supporting its role
did not provide evidence to show that the effects of as an effector for early infection. SSITL silenced
endo-PG on host cells were independent of cell-wall transformants of S. sclerotiorum by RNAi tech-
-degrading abilities. Subsequently, a protein (IPG-1) nology exhibited a range of abnormal vegetative
containing a C2 domain (a Ca2+-regulatory domain) in growth and significant reduction of virulence on
canola was proposed to be a potential target in host Brassica napus. More interesting, further investi-
cells for sspg1d, one of the endo-PGs of S. sclerotio- gation of the mechanism showed that this poten-
rum, since these two factors were observed to inte- tial effector could delay the induced expressions
ract with each other both in vivo and in vitro during of PDR1.2 and PR1, constituents of jasmonic acid
early infection (Wang et al., 2009). Moreover, this (JA) and salicylic acid (SA) signaling pathways, res-
protein presented a dynamic subcellular localiza- pectively. Since the interference with host defen-
tion from the plasma membrane to the cytosol, both se responses is critical for establishment of infec-
before and after Ca2+ ionophore treatment. Althou- tion (Kabbage et al., 2015), it is probable that S.
gh the mechanism of function of endo-PG to be an sclerotiorum possesses other effectors. This emer-

182 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

ging topic is worthy of further investigation. plants, the study of S. sclerotiorum-plant interactions
Bioinformatic approaches can facilitate was extended to other hosts. In 2009 a soybean-S.
identification of putative effector candidates. A sclerotiorum study, profiled the transcriptomes of
broad analysis of the S. sclerotiorum genome se- stem tissues from a partially resistant and a suscep-
quence data suggested over 600 secreted pro- tible soybean genotype at 8 and 14 hpi using soybe-
teins, based on the N-terminal leader peptides an cDNA microarrays (Calla et al., 2009). The results
predicted by SignalP and elimination of genes co- from this soybean study showed much overlap with
ding for carbohydrate-active enzymes and pepti- the results from the B. napus study, suggesting a re-
dases (Amselem et al., 2011). Using the same da- latively conserved behavior of plants in response to
taset, another study initially identified more than S. sclerotiorum. Among the 1,270 genes that were
700 proteins in the predicted secretome, but then significantly differentially expressed between time
narrowed the candidate list down to 486 proteins, points, 30 genes were related to cell wall modifica-
based on their expressions in planta, by referring tion and 42 genes were related to direct defense pro-
to the published EST and microarray data (Guyon cesses including several apoptosis-related, putative
et al., 2014). Moreover, looking for proteins that R genes with LRR domains and pathogenesis-related
possessed conserved fungal effector domains, genes. Notably, about 120 genes were identified as
exhibited signatures of positive selection, had re- early signal transduction pathway components, with
cent gene duplications, and were S. sclerotiorum a significant number of them participating in G-pro-
specific yet showed analogies to known protein tein mediated signaling, inositol signaling and the wi-
fold in predicted 3D structure, reduced this candi- dely reported ethylene (ET) signaling pathways. Ho-
date list to just 78 effector candidates. The authors wever, it was pointed out that the inositol signaling
highlighted a predicted subtilisin inhibitor and three genes were reduced in abundance between 8 and 14
S. sclerotiorum-specific toxin-analogous proteins for hpi leading to suggestion that inositol signaling may
further functional investigation. Considering the re- be activated during the earliest stages of infection.
lease of all these proteins with numerous functions, Thirty-two genes coding for enzymes on the phenyl-
in addition to the release of the multi-functional OA, propanoid pathway showed significant up/down-
the host plant faces numerous challenges! -regulation across the time points, suggesting this
to be a major pathway for secondary metabolism in
5. High-throughput gene expression studies on defense to S. sclerotiorum in soybean. An interesting
Sclerotinia-host interactions pattern was found for genes involved in isoflavonoid
In attempts to obtain a more comprehensive and anthocyanin biosynthesis, as two of the three
view on Sclerotinia-host interactions, several studies sub-pathways of the phenylpropanoid pathway were
on high-throughput transcriptome expression were induced, while all the differentially expressed genes
conducted as these analyses shed light on possible in lignin biosynthesis showed reduced expression le-
molecular and biological processes involved in both vels. The authors proposed that reducing the lignin
pathogenesis and plant defense. As early as 2007, biosynthesis could divert substrates to the other two
two studies were published using an Arabidopsis sub-pathways, thus contributing to defense. In addi-
thaliana microarray platform consisting of 26,000 tion to the responses similarly displayed in both ge-
Arabidopsis genes to characterize the transcriptomes notypes, 105 genes were significantly differentially
of Brassica napus L. in response to S. sclerotiorum expressed between genotypes. The genes in this list
(Zhao et al., 2007; Yang et al., 2007). Although the suggested that partial resistance during early infec-
genome sequence was not fully covered with these tion could be associated with cell wall reinforcement
early microarrays, both studies identified more than such as papilla formation and secondary metabolite
1,000 differentially expressed genes after infection. including anthocyanins and anthocyanidins.
These results suggested the majority of genes signifi- The OxO transgenic soybean material descri-
cantly up- or down-regulated were involved in plant bed above (Donaldson et al. 2001; Davidson et al.
signal transduction, pathogenesis-related proteins, 2016) was used in two high-throughput gene ex-
ROS metabolism and cell wall integrity. With the pression studies to investigate the physiological ba-
development of microarray slide libraries for many sis of soybean defense to S. sclerotiorum. The first

RAPP - Volume 24, 2016 183


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

study (Calla et al., 2014b) used soybean leaves of genotypes were infiltrated with 5 mM OA at pH 2.4,
this transgenic genotype (OxO) and its susceptible water at pH 2.4 (pH adjusted with HCl, an acid that
non-transgenic parent genotype (AC) sampled at 12, does not have any chelating properties), and water
24 and 36 hpi using fully colonized detached flowers at pH 5.5; the transcriptome was characterized at 2
as inoculum. Although OA secretion was reduced hpi. In agreement with other studies on the impor-
in the transgenic line, the comparative transcrip- tance of the low pH property of OA for successful
tomic data showed that many of the same sets of S. sclerotiorum infection (Xu et al., 2015; Favaron et
genes had changed similarly in the same direction al., 2004), most genes (>1000) showed statistically
across genotypes, such as genes related to the cell significant expression changes in response to OA
wall, ethylene and jasmonic acid signaling pathways, at pH 2.4 versus water at pH 5.5. Many genes indu-
phenylpropanoid pathway components, and WRKY ced by OA at pH 2.4 were closely related to basal
transcription factors indicating that a basal defense defense and overlap with those identified in the S.
was activated similarly in both genotypes, but was sclerotiorum-infection study described above (Calla
somewhat more robust in the resistant OxO transge- et al. 2014b). For example, the phenylpropanoid pa-
nic. This quantitative nature of difference between thway, cytochrome P450 and glutathione S-transfe-
compatible and incompatible interactions was also rases, peroxidases and PR proteins were all induced.
documented for plant responses to Pseudomonas When looking into the effects of OA independent of
syringae (Tao et al., 2003; Zou et al., 2005). Des- low pH (by comparing expression changes in leaves
pite large similarities, the OxO genotype showed a in response to OA at pH 2.4 versus water at pH 2.4)
higher level of up-regulation for many genes from there were 78 genes considered significant, suppor-
12 hpi to 24 hpi compared to AC genotype, but then ting that OA is affecting the host through its chemical
dampened off at 36 hpi. The genes that exhibited hi- nature, not just low pH. Notably, eight of the genes
gher induction in OxO included several PR proteins, that changed independent of pH coded for ferritin
secondary metabolism-related genes and matrix or ferritin subunits. The induction of ferritins was
metalloproteinases. Among genes with significantly confirmed by an additional non-replicated RNA-Seq
reduced expression over time, the number of genes experiment conducted to verify the microarray data.
in the AC genotype was about five times as many as As RNA-Seq advanced the coverage of transcripto-
that in OxO. Evidence supporting this pattern came me, other iron-related genes were also identified as
from photosynthesis-related genes, with 75% genes being induced by OA, such as a cytochrome b561
more reduced in AC than in OxO. Eight of the ten and ferric reductases/oxidases. Based on the obser-
genes showing the highest difference in the direc- vations of both datasets, and as mentioned above,
tion of expression change across the two genotypes the authors proposed that OA released by S. sclero-
were associated with photosynthesis or the redox tiorum might be chelating iron out of ferritin, as well
state of the cell; this suggested that OA had the ca- as out of other iron-containing cellular components
pacity to modulate the plant cell redox environment in the host, weakening defense, and enhancing
(perhaps involving chloroplasts) for successful disea- cell death. Interestingly, the author noted that no
se establishment, as also proposed by Williams et al. ferritin genes were significantly induced by infection
,(2011). This study also investigated the differential of the pathogen (Calla et al., 2009; Calla et al., 2014),
expressions of critical enzymes in the lignin biosyn- suggesting that the OA is releasing iron; however,
thesis pathway and found gene expression was in- when the fungus is present, the fungus is taking up
duced for lignin-related enzymes, a result conflicting the iron before it accumulates to the threshold levels
with the stem-inoculation study (Calla et al., 2009). needed to trigger ferritin gene expression. These ex-
The opposing results could be due to different tis- pression studies again show the complexities of the
sues (stem versus leaf) or different time points, but S. sclerotiorum – host interactions.
this requires further investigation. A higher-resolution and more comprehen-
Another study using AC and OxO soybean sive transcriptomic analysis using RNA-Seq was
germplasm characterized the role of pure OA (no conducted a transcriptome analysis to compare
fungus) in the S. sclerotiorum-soybean interaction a resistant (R) and a susceptible (S) line of Bras-
(Calla et al., 2014a). Soybean leaves from the two sica napus (Wu et al., 2016). They identified more

184 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

than 9,000 genes showing significant differences genes involved in starch biosynthesis were down-
between the two genotypes, consisting of about -regulated, suggesting B. napus switched from the
6,000 genes up-regulated and 3,000 genes down- anabolic to the catabolic state to provide energy
-regulated in the R line compared to the S line. or substrates for defense. Taking advantage of the
Gene ontology enrichment analysis indicated the high coverage of RNA-Seq, this study also systema-
potentially important roles of genes responding tically and thoroughly characterized the regulation
to chitin, cadmium ion and hydrogen peroxide in of a variety of biological pathways by searching
the defense response. In the R line, genes involved the B. napus genome for homologs of genes iden-
in glycolysis were significantly up-regulated while tified for these pathways in Arabidopsis. Through

Figure 2. Postulated dynamic molecular events occurring in early and late host-S. sclerotiorum interaction stages. Most
pathways shown here were also mentioned in the text, with some literature to support their assumption. Red: fungal
molecules; blue: host molecules or components; brown arrows: fungal activities or negative impacts on host cells; blue
arrows: host defense response that should benefit host defenses; dashed arrow: unknown pathways could be invol-
ved. PCWDE: plant cell-wall-degrading-enzymes; OA: oxalic acid; PG: polygalacturonase; DAMPs: damage-associated
molecular pattern; MAMP: microbe-associated molecular pattern; PRR: pattern recognition receptors; ETC: electron
transport chain; ROS: reactive oxygen species; PCD: programmed cell death. PCWDEs (A) PCWDEs are enhanced by OA
in several ways. Endo-PGs, as one example, generates DAMPs by degrading cell walls and also interferes with IPG-1 and
calcium signaling, contributing to PCD. In early events, under low OA conditions, the host initiates defense responses
including MAMPs triggered defense signaling pathways (D), transcriptions of host defense-related genes and calcium
influx (F) into cytoplast that induces host oxidative burst and possible autophagy. However even at low concentrations
of OA, many of the diverse defense responses become more and more suppressed by OA (B) leading to reduced calcium
signaling, inhibited callose deposition, modulated redox that suppresses the oxidative burst, and the chelation of va-
rious cations that are needed by numerous host enzymes for healthy metabolism. In later events, as OA concentrations
continue to increase, not only is the host defense further weakened, but also host PCD is elicited by accumulated high
concentrations of OA (G) perhaps stimulating ROS by chelating iron out of the ETC. Other secretory proteins (C) function
by either suppressing host defense in early events or inducing cell death in later events.

RAPP - Volume 24, 2016 185


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

this method, the networks of many genes were -contributing factors have been characterized. On
depicted and a more detailed comparison betwe- the host side, extensive defense responses at the
en two genotypes was presented, involving RLK- gene level have been investigated to enhance our
-mediated pathogen recognition, MAPK signaling understanding of quantitative plant resistance to
cascades, WRKY transcription regulation, glucana- S. sclerotiorum and to provide options for better so-
ses and chitinases, hormone signaling pathways lutions in disease control. However, this review has
and glucosinolate synthesis. The authors noted also shown that many aspects of the S. sclerotiorum-
a pattern where the R line induced a more dra- host molecular interactions still remain unresolved
matic basal defense response, in agreement with and debated. Therefore, the research continues at a
the conclusions of the soybean microarray study rapid pace to further understand these dynamic and
(Calla et al., 2014b). Interestingly, in addition to complex host-pathogen systems. Figure 2 diagra-
the large induction of JA and ET that were widely ms a proposed summary of some of the events that
reported for plant defense to S. sclerotiorum, the might be occurring during S. sclerotiorum infection,
SA, auxin, abscisic acid (ABA) and gibberellic acid much of which was discussed in this review and is at
(GA) pathways exhibited noticeable inhibition in least partially supported by the literature.
both genotypes. However, the cross-talk between
different hormone-related pathways may be more Literature
complex. Stotz (2007) and Zhu et al., (2013) eva- Amselem J, Cuomo C a, van Kan J a L, Viaud M, Beni-
luated the expression of PR1 (an SA-responsive to EP, Couloux A, et al. (2011) Genomic analysis
gene) in Arabidopsis after inoculation and both of the necrotrophic fungal pathogens Sclerotinia
studies noted a negligible induction. Moreover, sclerotiorum and Botrytis cinerea. PLoS genetics
the Arabidopsis npr1 mutant (defective in SA sig- 7:e1002230.
naling) was found to be hypersusceptible. Several de Bary A. (1887) Comparative morphology and bi-
auxin-related genes were identified as significan- ology of the fungi and bacteria, the authorized
tly induced in response to OA infiltration or S. English translation by Henry E.F. Garnsey, M.A.
sclerotiorum infection (Calla et al., 2014a; Calla et Oxford: Clarendon Press.
al., 2014b). Thus there is a possibility that the plant de Bary A. (1886) Uber einige Sclerotinien und
defense to S. sclerotiorum may also involve the SA Sclerotienkrankheitene. Botanische Zeitung
and auxin pathways, but the detailed mechanisms 44:377–474.
await further investigation. Bashi ZD, Roger SR, Khachatourians GG, Hegedus DD.
(2012) Factors governing the regulation ofSclero-
6. Conclusions tinia sclerotiorumcutinase A and polygalacturo-
From de Bary’s keen observation of the se- nase 1 during different stages of infection. Cana-
cretion of PCWDEs and OA, studies on S. sclero- dian Journal of Microbiology 58:605–616.
tiorum continued to focus mainly on these traits Bateman DF, Beer S V. (1965) Simulataneous produc-
for more than 100 years. This review presents the tion and synergistic action of oxalic acid and poly-
story of how scientists have succeeded to delve galacturonase during pathogenesis by Sclerotium
deeper towards understanding these two factors, rolfsii. Phytopathology 55:204–211.
with additional new revelations and details. The Boyle C. (1921) Studies in the physiology of parasi-
review also shows how pathologists working on tism: Infection by Sclerotinia Libertiana. Annals of
S. sclerotiorum-host interaction kept up with the Botany 35:337–347.
revolutions in science and utilized the new tech- Calla B, Blahut-Beatty L, Koziol L, Simmonds DH,
nologies as they emerged, including new metho- Clough SJ. (2014a) Transcriptome analyses sug-
ds from basic physiology, biochemistry, molecu- gest a disturbance of iron homeostasis in soybean
lar biology and bioinformatics. Through these leaves during white mould disease establishment.
diligent efforts, a variety of PCWDEs have been Molecular Plant Pathology 15:576–88.
identified, multiple functions of OA have been Calla B, Blahut-Beatty L, Koziol L, Zhang Y, Neece DJ,
explored, a potential life phase transition for the Carbajulca D, et al. (2014b) Genomic evaluation
pathogen has been proposed, and other disease- of oxalate-degrading transgenic soybean in res-

186 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

ponse to Sclerotinia sclerotiorum infection. Mole- and Molecular Plant Pathology 33:385–395.
cular Plant Pathology 15:563–75. Favaron F, Sella L, D’Ovidio R. (2004) Relationships
Calla B, Vuong T, Radwan O, Hartman GL, Clough SJ. Among Endo-Polygalacturonase , Oxalate , pH ,
(2009) Gene expression profiling soybean stem and Plant Polygalacturonase-Inhibiting Protein (
tissue early response to Sclerotinia sclerotiorum PGIP ) in the Interaction Between Sclerotinia scle-
and In silico mapping in relation to resistance Ma- rotiorum and Soybean. Molecular Plant-Microbe
rkers. The Plant Genome Journal 2:149. Interactions 17:1402–1409.
Cessna SG, Sears VE, Dickman MB, Low PS. (2000) Fraissinet-Tachet L, Reymond-Cotton P, Fevre M.
Oxalic acid, a pathogenicity factor for Sclerotinia (1995) Characterization of a multigene family en-
sclerotiorum, suppresses the oxidative burst of coding an endopolygalacturonase in Sclerotinia
the host plant. The Plant Cell 12:2191–2200. sclerotiorum. Current Genetics 29:96–99.
Chahed H, Ezzine A, Mlouka A Ben, Hardouin J, Jou- Godoy G, Steadman JR, Dickman MB, Dam R. (1990)
enne T, Marzouki MN. (2014) Biochemical cha- Use of mutants to demonstrate the role of oxalic
racterization, molecular cloning, and structural acid in pathogenicity of Sclerotinia sclerotiorum
modeling of an interesting B-1,4-glucanase from on Phaseolus vulgaris. Physiological and Molecu-
Sclerotinia sclerotiorum. Molecular Biotechnolo- lar Plant Pathology 37:179–191.
gy 56:340–350. Guyon K, Balagué C, Roby D, Raffaele S. (2014) Secre-
Cotton P, Kasza Z, Bruel C, Rascle C, Fèvre M. (2003) tome analysis reveals effector candidates associa-
Ambient pH controls the expression of endopoly- ted with broad host range necrotrophy in the fun-
galacturonase genes in the necrotrophic fungus gal plant pathogen Sclerotinia sclerotiorum. BMC
Sclerotinia sclerotiorum. FEMS Microbiology Let- Genomics 15:336.
ters 227:163–169. Hancock JG. (1966) Degradation of pectic substances
Cotton P, Rascle C, Fevre M. (2002) Characterization associated with pathogenesis by Sclerotinia scle-
of PG2, an early endoPG produced by Sclerotinia rotiorum in sunflower and tomato stems. Phyto-
sclerotiorum, expressed in yeast. FEMS Microbio- pathology 56:976–979.
logy Letters 213:239–244. Hancock JG. (1967) Hemicellulose degradation in
Davidson AL, Blahu-Beatty L, Itaya A, Zhang Y, Zheng sunflower hypocotyls infected with Sclerotinia
S, Simmonds D. (2016) Histopathology of Scleroti- sclerotiorum. Phytopathology 57:203–206.
nia sclerotiorum infection and oxalic acid function Hegedus DD, Rimmer SR. (2005) Sclerotinia sclero-
in susceptible and resistant soybean. Plant Patho- tiorum: when “to be or not to be” a pathogen?
logy. DOI: 10.1111/ppa.12514 FEMS microbiology letters 251:177–84.
Donaldson P a., Anderson T, Lane BG, Davidson AL, Heller A, Witt-Geiges T. (2013) Oxalic acid has an
Simmonds DH. (2001) Soybean plants expressing additional, detoxifying function in Sclerotinia
an active oligomeric oxalate oxidase from the sclerotiorum pathogenesis. PloS one 8:e72292.
wheat gf-2.8 (germin) gene are resistant to the Higgins BB. (1927) Physiology and parasitism of Scle-
oxalate-secreting pathogen Sclerotina sclerotio- rotium rolfsii sacc. Phytopathology 17:417–448.
rum. Physiological and Molecular Plant Pathology Horn MA, Meadows RP, Apostol I, Jones CR, Gorens-
59:297–307. tein DG, Heinstein PF, et al. (1992) Effect of elicita-
Dutton M V., Evans CS. (1996) Oxalate production by tion and changes in extracellular pH on the cyto-
fungi: its role in pathogenicity and ecology in the plasmic and vacuolar pH of suspension-cultured
soil environment. Canadian Journal of Microbio- soybean cells. Plant Physiology 98:680–686.
logy 42:881–895. Issam S, Mohamed G, Farid L, Sami F, Thierry M, Do-
Echandi E, Walker JC. (1957) Pectolytic enzymes pro- minique L, et al. (2003) Production, purification,
duced by Sclerotinia sclerotiorum. Phytopatholo- and biochemical characterization of two beta-glu-
gy 47:303–306. cosidases from Sclerotinia sclerotiorum. Applied
Favaron F, Alghisi P, Marciano P, Magro P. (1988) Biochemistry And Biotechnology 111:29–39.
Polygalacturonase isoenzymes and oxalic acid Kabbage M, Yarden O, Dickman MB. (2015) Patho-
produced by Sclerotinia sclerotiorum in soybean genic attributes of Sclerotinia sclerotiorum: Swi-
hypocotyls as elicitors of glyceollin. Physiological tching from a biotrophic to necrotrophic lifestyle.

RAPP - Volume 24, 2016 187


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

Plant Science 233:53–60. Overell BT. (1952) A toxin in culture filtrates of Scle-
Kabbage M, Williams B, Dickman MB. (2013) Cell De- rotinia sclerotiorum. The Australian Journal of
ath Control: The Interplay of Apoptosis and Auto- Science 14:197–198.
phagy in the Pathogenicity of Sclerotinia sclero- Purdy LH. (1979) Sclerotinia sclerotiorum: History,
tiorum. PLoS Pathogens 9(4):e1003287. diseases and symptomatology, host range, geo-
Kim KS, Min J-Y, Dickman MB. (2008) Oxalic Acid Is an graphic distribution, and impact. Phytopathology
Elicitor of Plant Programmed Cell Death during. 69:875.
Molecular Plant-Microbe Interactions 21:605– Riou C, Freyssinet G, Fevre M. (1992a) Purification
612. and characterization of a B-galactosidase from
Lai Z, Wang F, Zheng Z, Fan B, Chen Z. (2011) A critical Sclerotinia sclerotiorum. FEMS Microbiology Let-
role of autophagy in plant resistance to necrotro- ters 95:37-42.
phic fungal pathogens. Plant Journal 66:953–968. Riou C, Freyssinet G, Fevre M. (1992b) Purification
Li R, Rimmer R, Buchwaldt L, Sharpe AG, Séguin- and Characterization of Extracellular Pectinolytic
-Swartz G, Hegedus DD. (2004) Interaction of Enzymes Produced by Sclerotinia sclerotiorum.
Sclerotinia sclerotiorum with Brassica napus: Clo- Applied and Environmental Microbiology 58:578–
ning and characterization of endo- and exo-poly- 583.
galacturonases expressed during saprophytic and
parasitic modes. Fungal Genetics and Biology
41:754–765. Guimara RL, Stotz HU (2004) Oxalate production by
Liang X, Liberti D, Li M, Kim Y-T, Hutchens A, Wil- Sclerotinia sclerotiorum deregulates guard cells
son R, et al. (2015) Oxaloacetate acetylhydrolase during infection Plant Physiology. 136:3703–3711.
gene mutants of Sclerotinia sclerotiorum do not
accumulate oxalic acid, but do produce limited le-
sions on host plants. Molecular Plant Pathology Stotz XG and HU. (2007) Defense Against Slerotinia
16:559-571. sclerotiorum in Arabidopsis is dependent on jas-
Liang X, Moomaw EW, Rollins J a. (2015) Fungal oxa- monic acid, salicylic acid, and ethylene signaling.
late decarboxylase activity contributes to Scleroti- Molecular Plant-Microbe Interactions 20:1384–
nia sclerotiorum early infection by affecting both 1395.
compound appressoria development and func- Tao Y, Xie Z, Chen W, Glazebrook J, Chang H, Han B,
tion. Molecular Plant Pathology 16:825-836. et al. (2003) Quantitative nature of Arabidopsis
Lumsden R. (1979) Histology and physiology of pa- responses during compatible and incompatible
thogenesis in plant diseases caused by Sclerotinia interactions with the bacterial Pathogen Pseudo-
species. Phytopathology 69:890–896. monas syringae. Plant Cell 15:317–330.
Lyu X, Shen C, Fu Y, Xie J, Jiang D, Li G, et al. (2016) Waksman G. (1989) Molecular cloning of a beta-glu-
A Small Secreted Virulence-Related Protein Is Es- cosidase-encoding gene from Sclerotinia sclero-
sential for the Necrotrophic Interactions of Scle- tiorum by expression in Escherichia coli. Current
rotinia sclerotiorum with Its Host Plants. PLOS Pa- Genetics:295–297.
thogens 12:e1005435. Waksman G. (1991) Purification and characteriza-
Marciano P, Lenna P, Magro P. (1983) Oxalic acid , cell tion of two endo-beta-1,4-D-glucanases from
wall-degrading enzymes and pH in pathogenesis Sclerotinia sclerotiorum. Biochim Biophys Acta
and their significance in the virulence of two Scle- 1073:49–55.
rotinia sclerotiorum isolates on sunflower. Physio- Wang X, Li Q, Niu X, Chen H, Xu L, Qi C. (2009) Char-
logical Plant Pathology 22:339–345. acterization of a canola C2 domain gene that in-
Mbengue M, Navaud O, Peyraud R, Barascud M, teracts with PG, an effector of the necrotrophic
Badet T, Vincent R, et al. (2016) Emerging tren- fungus Sclerotinia sclerotiorum. Journal of Experi-
ds in molecular interactions between plants and mental Botany 60:2613–2620.
the broad host range fungal pathogens Botrytis Williams B, Kabbage M, Kim H-J, Britt R, Dickman MB.
cinerea and Sclerotinia sclerotiorum. Frontiers in (2011) Tipping the balance: Sclerotinia sclerotio-
Plant Science 7:1–9. rum secreted oxalic acid suppresses host defens-

188 RAPP - Volume 24, 2016


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

es by manipulating the host redox environment. inhibition. J Plant Biochem Physiol 3: 157.
PLoS pathogens 7:e1002107. Zhu J, Neece DJ, Calla B, Clough SJ (2015) If Pho-
Xiao X, Xie J, Cheng J, Li G, Yi X, Jiang D, et al. (2014) toinhibition of soybean photosystem II enhan-
Novel Secretory Protein Ss-Caf1 of the Plant- ces the hypersensitive response, it is Not Solely
Pathogenic Fungus Sclerotinia sclerotiorum Is Re- due to blockage of electron transfer flow at D1.
quired for Host Penetration and Normal Sclerotial J Plant Biochem Physiol 3: 156.
Development. Molecular Plant-Microbe Interac- Zhu W, Wei W, Fu Y, Cheng J, Xie J, Li G, et al. (2013)
tions 27:40–55. A secretory protein of necrotrophic fungus
Xu L, Xiang M, White D, Chen W. (2015) pH depen- Sclerotinia sclerotiorum that suppresses host
dency of sclerotial development and pathoge- resistance. PLoS ONE 8 (1): e53901.
nicity revealed by using genetically defined oxa- Zou J, Rodriguez-Zas S, Aldea M, Li M, Zhu J, Gon-
late-minus mutants of Sclerotinia sclerotiorum. zalez DO, et al. (2005) Expression profiling
Environmental Microbiology 17:2896–2909. soybean response to Pseudomonas syringae
Yang B, Srivastava S, Deyholos MK, Kav NNV. (2007) reveals new defense-related genes and rapid
Transcriptional profiling of canola (Brassica napus HR-specific downregulation of photosynthesis.
L.) responses to the fungal pathogen Sclerotinia Molecular Plant-Microbe Interactions : MPMI
sclerotiorum. Plant Science 173:156–171. 18:1161–74.
Zhao J, Wang J, An L, Doerge RW, Chen ZJ, Grau CR, Zuppini A, Navazio L, Sella L, Castiglioni C, Favaron
et al. (2007) Analysis of gene expression profiles F, Mariani P. (2005) An endopolygalacturonase
in response to Sclerotinia sclerotiorum in Brassica from Sclerotinia sclerotiorum induces calcium-
napus. Planta 227:13–24. mediated signaling and programmed cell death in
Zhu J, Li M, Clough SJ (2015) Similarities and di- soybean cells. Molecular Plant-Microbe Interac-
fferences in global gene expression profiles tions 18:849–855.
between herbicide and pathogen-induced PSII

RAPP - Volume 24, 2016 189


Wei Wei and Steven J. Clough (174-189)

190 RAPP - Volume 24, 2016


View publication stats

Você também pode gostar