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Cadernos do Cuidado

http://cadernosdocuidado.observatoriodocuidado.org
ISSN 2595-0886
Volume 3 - Número 2
http://dx.doi.org/10.29397/cc.v3n2.144

ARTIGOS DE REVISÃO

EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE


E A PROMOÇÃO DA INTEGRALIDADE DO
CUIDADO: UMA REVISÃO DE LITERATURA
INFORMAÇÕES SOBRE O ARTIGO: Recebimento –26-11-2018 Aceite – 20-10-2019

Augusto Fernando Santos de Lima1


Maria Bernadete de Cerqueira Antunes2
Emmanuelly Correia de Lemos3

RESUMO
A Educação Interprofissional (EIP) é evidenciada como ferramenta para promoção de mudanças nos panoramas
acadêmicos, trazendo eficiência ao trabalho colaborativo no enfrentamento dos problemas sociais e de saúde
no âmbito do Sistema de Saúde. O estudo objetivou sumarizar as evidências disponíveis na literatura referentes
à educação interprofissional em saúde e suas potencialidades na promoção do cuidado integral. Nesta revisão
de literatura são analisados os constructos teóricos da EIP, destacando sua distinção por referência à inter-
disciplinaridade, bem como os modelos existentes e as mudanças necessárias na formação dos profissionais
de saúde no Brasil. O estudo possibilitou análise inicial de 721 documentos, encontrados nas bases de dados
Medline, Lilacs e Scielo, além de documentos oficiais específicos como o do Centre for Advancement of Inter-
professional Education – CAIPE (Centro para o Avanço da Educação Interprofissional), entre outros, passando
por análise e resultando em 43 documentos para leitura reflexiva e sistematização. Os resultados permitiram
conhecer a educação interprofissional e seus desdobramentos ao longo das graduações em saúde. Apontaram

1
Enfermeiro pela Universidade Federal de Pernambuco, Especialista em Saúde Coletiva pela Residência Multiprofissional
em Saúde Coletiva da (FCM/UPE) e em Urgência e Emergência pela (IPEMIG/MG). Coordenador Estadual da Política de
Atenção Integral à Saúde do Servidor/Trabalhador da Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco. Contato:
nando_blima@hotmail.com
2
Médica pela Universidade Federal de Pernambuco, Mestre em Saúde Coletiva pelo PPGSC da Universidade Federal
de Pernambuco. Atua como professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade de Pernambuco,
Coordenadora do Módulo Interprofissional e da Residência Multiprofissional em Saúde Mental e vice-coordenadora da
Residência Multiprofissional Integrada em Saúde da Família da FCM/UPE. Membro do grupo de pesquisas Educação em
Saúde da FCM/UPE. Contato: mbcantunes@gmail.com
3
Educadora Física pela Universidade Federal de Pernambuco, Especialista em Atividade Física pela Universidade de
Pernambuco, Especialista e Mestre em Saúde Pública pelo IAM/Fiocruz, Doutora em Educação Física pela Universidade
de Pernambuco. Atua no âmbito das práticas de intervenção, gestão, formação e pesquisa, nas áreas de conhecimento
relacionada à Educação Física e Saúde Pública. Coordenadora Estadual de Educação Permanente na Escola de Governo
em Saúde Pública de Pernambuco da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco. Membro do Grupo de Pesquisa em
Estilos de Vida e Saúde (GPES/UPE). Contato: emmanuellylemos@gmail.com
que a socialização dos discentes de diferentes cursos, permite uma aproximação entre os mesmos, orientando a
prática interprofissional, convergindo na integralidade do cuidado e nas potencialidades em equipe. No entanto,
pôde-se perceber o déficit em estudos na área, como também de instituições de ensino executoras da prática
educacional em questão. Destarte, espera-se ampliar a discussão acerca da EIP, na academia e sociedade,
visando concretizar reais mudanças na formação acadêmica, com vistas na promoção da integralidade da aten-
ção e cuidado à saúde.

Palavras-chave: Educação. Pessoal de saúde. Relações interprofissionais. Educação Interprofissional. Prá-


ticas Interdisciplinares.

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Educação Interprofissional em Saúde e a promoção da integralidade do cuidado:
uma revisão de literatura
INTRODUÇÃO Há alguns anos, publicações internacionais
A educação e a prática interprofissisonal (EIP e produzidas sobretudo pelo Centre for the Advance-
PIP) constituem temas emergentes do campo da ment of Interprofessional Education (CAIPE) (BAAR
saúde no âmbito global, indicando a EIP – orientada et. al., 2005; 2013; 2015) buscam construir um
para o trabalho em equipe – como componente de referencial mais concreto sobre o assunto. Com
uma ampla reforma do modelo de formação pro- isso, cabe ampliar os estudos sobre EIP no Brasil,
fissional e de atenção à saúde. As mudanças de visto que o seu fortalecimento, bem como o da PIP,
perfil epidemiológico, com o aumento da expecta- requer o desenvolvimento de pesquisas aprofunda-
tiva de vida e das condições crônicas de saúde que das, dentre outros investimentos.
requerem acompanhamento prolongado, trazem a Nesse sentido, este texto objetivou sumarizar
necessidade de uma abordagem integral, que con- as evidências disponíveis na literatura referentes à
temple as múltiplas dimensões das necessidades educação interprofissional em saúde e suas poten-
de saúde de usuários e população (WHO, 2010; cialidades na promoção do cuidado integral, por
FRENCK et. al., 2010). meio das construções teóricas, tendo em vista a
O cenário supracitado torna a qualidade da crítica aos modelos existentes de formação de pro-
comunicação e a colaboração, entre os diferentes fissionais de saúde e o fornecimento de subsídios
profissionais envolvidos no cuidado, fundamental para futuras investigações.
para o aumento da resolutividade dos serviços e a
efetividade da atenção à saúde, sobretudo na Aten-
ção Primária onde o escopo de cuidado é exponen- METODOLOGIA
cialmente ampliado (ZWAREBSTEIN et. al., 2009). O estudo realizado se apresenta como uma pes-
A tendência de profissionais de cada área traba- quisa bibliográfica cujo escopo foi limitado aos estu-
lhar de forma isolada e independente das demais, dos voltadas à prática da educação interprofissional
expressa sua longa e intensa formação também em saúde. Foram consultadas as seguintes bases de
isolada e circunscrita à sua própria área de atuação. dados: Medline, SciELO e Lilacs (de 2000 a 2016). As
Contudo, autores defendem que oportunidades de palavras-chave utilizadas foram: educação interpro-
EIP contribuem para a formação de profissionais fissional em saúde, cruzados com os termos-chave:
de saúde melhor preparados para uma atuação relações interprofissionais; integralidade; educação
integrada em equipe, na qual a colaboração e o em saúde; e equipe de assistência ao paciente. Os
reconhecimento da interdependência das áreas idiomas foram limitados ao português e ao inglês.
predominam frente à competição e à fragmentação Na consulta às bases de dados, foram utilizados
(BAAR et. al., 2015). os critérios de elegibilidade: textos que corres-
Fica marcado que o debate sobre EIP e PIP merece pondessem à descrição conceitual, discussões
ocorrer sempre de forma integrada. Nos serviços e experiências com o uso da EIP e da PIP. Foram
de saúde, a PIP, reconhecida como componente da incluídos textos completos que descreviam a EIP
organização dos serviços, permite a problematiza- como ferramenta de formação superior. Os critérios
ção e, por consequência, um possível deslocamento de exclusão foram a não adequação aos critérios
da reconhecida fragmentação para a articulação e a supracitados, textos duplicados e documentos com
integração das ações de saúde (BAAR et. al., 2013). desenvolvimento diferente do escopo da busca.

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Educação Interprofissional em Saúde e a promoção da integralidade do cuidado:
uma revisão de literatura
Conteúdos de instituições internacionais Quadro 1 – Número de manuscritos encontrados na
específicas como o Centre For Advancement In busca on-line por base de dados e fases. Recife, 2017
Interprofessional Education – CAIPE, em Londres; Base de N° de Manuscritos
o Canadian Interprofessional Health Collaborative dados
1ª Fase 2ª Fase Final
– CIHC (Colaboração Canadense Interprofissional MEDLINE 274 86 13
em Saúde), no Canadá; e a Organização Mundial da
SCIELO 283 125 15
Saúde (OMS) foram também pesquisados, assim
LILACS 157 33 8
como capítulos de livros, dissertações e teses
CAIPE 4 4 4
disponibilizados na internet e obtidos através das
CIHC 2 2 2
buscas no Google e Google Acadêmico. Os sites
da Organização Mundial da Saúde, e demais insti- OMS 1 1 1
tuições supracitadas, foram visitados em busca de Total 721 251 43
relatórios científicos e artigos. Nos sites de busca Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.
Google e Google Acadêmico, pesquisou-se variando O arcabouço foi lido em busca de congruências
as palavras-chave e o idioma. As palavras-chave em seus conteúdos para sistematização. Porém,
foram as mesmas utilizadas nas bases bibliográfi- por se tratar de uma temática recente, não foram
cas anteriormente citadas. identificadas linhas categóricas definidas e defen-
Dado que a estratégia de busca poderia capturar didas pelos autores, tampouco emergiu alguma
estudos não relevantes, foram planejadas fases que apresentasse alto índice de congruência e
subsequentes no processo de revisão para iden- significância. Com esta realidade, foi trabalhada a
tificar e omitir estes estudos. A primeira seleção descrição linear, com base na coerência do tema,
se deu através da leitura de títulos e resumos. Os de acordo com o que fora abordado pelos autores
artigos completos só foram obtidos para os estu- em questão, descritos em quatro itens para melhor
dos que atendessem os requisitos estabelecidos compreensão.
(critérios de elegibilidade) e apresentassem boa
qualidade. Foram priorizados os artigos de periódi-
cos que passam por análise de revisores e aqueles RESULTADOS E DISCUSSÃO
provenientes de fontes reconhecidamente confiá-
veis (Quadro 1).
CONSTRUÇÃO TEÓRICA DA EDUCAÇÃO
Foram encontrados 721 documentos, inicial- INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE
mente triados (por título e resumo) resultando em
251 unidades. Após leitura (2° fase), permaneceram O conceito de educação interprofissional foi
43 documentos como resultado final, respeitando amadurecendo ao longo dos anos e ganha visibili-
os critérios determinados. dade com importantes acúmulos históricos e expe-
riências acrescidas. O debate sobre a EIP é recente
e grande parte da literatura adota a definição do
CAIPE (CAIPE, 2005), que em 1997 lançou: ocasi-
ões quando duas ou mais profissões descobre com,
de e sobre o outro para melhorar a colaboração e a

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Educação Interprofissional em Saúde e a promoção da integralidade do cuidado:
uma revisão de literatura
qualidade dos cuidados. Em seu texto, Baar (2005) compartilhado, com interatividade, entre discentes
também define educação interprofissional como ou profissionais de diferentes áreas. Entretanto,
ocasiões quando duas ou mais profissões apren- sua concretização pode trazer dificuldades, dúvidas
dem lado a lado. e tensões. Isso ocorre pela tendência à reiteração
Já o Interprofessional Education Consortium do que é usual e tradicional e pelas resistências às
– IPEC (Consórcio de Educação Interprofissional) mudanças, mas também porque é necessário que
(IPEC, 2002) define EIP como um processo de apren- se mantenha o ensino uniprofissional para o apren-
dizagem que utiliza a educação interdisciplinar e o dizado de conhecimentos e habilidades específicas
trabalho em colaboração com a comunidade, com de cada área profissional e seu respectivo conjunto
o escopo de assistir as necessidades de crianças, de disciplinas.
jovens e famílias, ofertando conhecimentos, habi- Furtado (2007) e Zenzano (2011) trazem a temá-
lidades e valores que as pessoas necessitam para tica com importância, uma vez que tais materiais
colaborar com os outros enquanto lidam com tais sobre trabalho em equipe e prática colaborativa
problemas. evidenciam que a articulação das ações e a cola-
boração dos profissionais de diferentes áreas
Segundo Zwarenstein, Goldman e Reeves necessitam da manutenção das especificidades de
(2009), pode ser interpretada como “uma cada área, assim como Reeves (2008) versa sobre
intervenção em que os membros de mais
de uma profissão da saúde ou assistência a condição da interdisciplinaridade requerer a dis-
social, ou ambos, aprendem em conjunto, ciplinaridade para um bom resultado colaborativo
de forma interativa, com o propósito explí- em prática.
cito de melhorar a colaboração interprofis-
sional ou a saúde/bem-estar de pacientes/ Pode-se dizer que formação uniprofissional
clientes, ou ambos”. é o processo em que as atividades educacionais
acontecem entre os estudantes de uma mesma
Há nove anos, a Organização Mundial de Saúde profissão, isolados dos demais. Já a educação pro-
– OMS publicou o relatório de nome “Framework for fissional diz respeito a um processo de socialização
Action on Interprofessional Education & Collabora- onde os discentes criam uma identidade com as
tive Practice” (Arcabouço para Ação em Educação profissões que escolheram, seus valores, cultura,
Interprofissional & Prática Colaborativa) (WHO, funções e conhecimentos específicos (BAAR, et. al.,
2010), pensando em fornecer maneiras e ideias 2015; REEVES, 2008).
para ajudar a EIP e a PIP como forma de influen- Acredita-se que o ensino nos padrões inter-
ciar positivamente o fortalecimento dos sistemas profissionais traga subsídios necessários para
de saúde e a qualidade da assistência prestada. No fortalecer o trabalho em equipe, tendo em vista a
documento, afirma que a EIP ocorre “quando duas transformação das práticas de saúde no sentido
ou mais profissões aprendem sobre os outros, com da integração e colaboração interprofissional, com
os outros e entre si para a efetiva colaboração e foco nas necessidades de saúde dos usuários e da
melhora dos resultados na saúde”. população.
Inicialmente, a divisa entre EIP, multi e uniprofis- Em seu estudo, Baar et. al. (2005) sistematizam
sionalidade, parece simples e clara. A EIP e a edu- a chamada essência da EIP em três itens sobrepos-
cação multiprofissional possibilitam o aprendizado tos: preparo individual para a colaboração; estímulo

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para a colaboração entre o grupo; e melhoria dos profissional, os papéis históricos de cada profissão
serviços e da qualidade do cuidado. Destarte, a tem um déficit na compreensão do dever social
EIP complementa à educação uniprofissional e/ou que cada profissão tem com os pacientes, limita
multiprofissional no desenvolvimento de atividades a adoção de práticas colaborativas efetivas, o que
curriculares planejadas, isto é, compondo o currí- prejudica o cuidado do paciente.
culo dos cursos de saúde. Porquanto, a educação Na academia, utilizam termos com os prefixos
uni e multi precisa ser revista partindo de uma pers- uni, multi, pluri, inter e trans, com sufixos discipli-
pectiva interprofissional para aperfeiçoar a prática nar ou profissional, sabendo-se que a formação
colaborativa no trabalho em equipe de saúde. em saúde está fundamentada majoritariamente no
modelo de ensino por disciplinas. Nas publicações
da OMS (WHO, 2010) e Zwarenstein et. al. (2009)
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
são evidenciadas as exigências internas de intera-
Nas últimas décadas, a formação dos profis- ção disciplinar das ciências e da pesquisa, sem a
sionais de saúde tem sido não só objeto de grande preocupação em descrever ou conceituar a inte-
debate, mas também de ampliação do embasa- ração das práticas profissionais, no cotidiano dos
mento teórico da questão (WHO, 2010). A literatura serviços, como os do setor saúde que são o cenário
traz uma variedade de termos que qualificam o tra- onde se desenvolve a prática e educação interpro-
balho em equipe, que têm em comum a referência a fissional, objeto da presente reflexão.
diferentes graus de interação, tanto direcionado aos Em relação ao conceito, Iribarry (2003) faz
profissionais, voltados para a prática nos serviços, uma relação do uso dos termos multi, pluri, inter
como para às disciplinas, com foco na articulação e transdisciplinar para a análise do trabalho em
no âmbito do ensino e pesquisa. equipe de saúde, definindo o arranjo das equipes
Esse diálogo surge em torno dos possíveis pro- de acordo com a interação disciplinar no trabalho,
gressos a serem alcançados com a interação entre considerando cada profissão como uma disciplina
as diferentes categorias profissionais, parte da diferente. Destaca-se que seu estudo versa sobre
qual compreende a prática interprofissional cola- transdisciplinaridade e trabalho em equipe sem
borativa (CARPENTER; DICKINSON, 2008). Barr fazer distinção entre os planos de integração das
et. al. (2015), apresentam informações acerca dos disciplinas e áreas de conhecimento científico e das
inúmeros esforços e propostas quem têm sido rea- práticas profissionais no trabalho cotidiano.
lizados, em diferentes países, para que a educação É importante observar que, segundo os autores
interprofissional, enquanto estratégia inovadora de que emergiram nesse diálogo (IRIBARRY, 2003; e
ensino, e a consecução de práticas colaborativas SUAPE; BUDÓ, 2006), a transdisciplinaridade diz
resultem numa assistência de qualidade. respeito à interação entre disciplinas, ou seja, ao
Para Silva (2014), a PIP versa sobre o traba- diálogo e à cooperação entre as diferentes áreas
lho em equipe realizado nos serviços de saúde, do conhecimento, a partir do reconhecimento de
enquanto a EIP refere-se à formação inicial nos posições distintas em relação a um mesmo objeto
cursos de graduação e na educação permanente complexo. Mesmo sendo possível encontrar espe-
dos profissionais no contexto do trabalho. cificidade na concepção de transdisciplinaridade,
Porém, Reeves (2013) afirma que, na formação que se refere à integração das áreas de conheci-

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Educação Interprofissional em Saúde e a promoção da integralidade do cuidado:
uma revisão de literatura
mento, Iribarry (2003) indica como necessidade o Segundo a WHO (2010), a PIP na atenção à
trabalhar em equipe, já que para uma formação saúde acontece quando profissionais de saúde de
transdisciplinar, é imprescindível a junção de diver- diferentes áreas prestam serviços com base na
sos profissionais em um trabalho em equipe. integralidade da saúde, envolvendo os pacientes
Saupe e Budó (2006), alegam que o trabalho e suas famílias, cuidadores e comunidades para
interdisciplinar em saúde também aponta que a atenção à saúde da mais alta qualidade em todos
habilidade para o trabalho em equipe consiste em os níveis da rede de serviços.
um ‘saber fazer’ necessário para o desenvolvimento Outros estudos (FRENK, et. al., 2010; CARPIN-
da competência para a atuação interdisciplinar TER, et. al., 2006; KHALILI, et. al., 2013; e SUTER,
em saúde. Com isso, percebe-se que é necessário et. al., 2009), ainda ressaltam a falta de entendi-
saber trabalhar em equipe para assegurar uma mento e o pouco conhecimento sobre o papel de
atuação interdisciplinar. Nesta reflexão teórica outros profissionais, somados ao território de
destaca-se a distinção entre interdisciplinaridade e competitividade e ao medo de perder a identidade
interprofissionalidade, que diz respeito à esfera da profissional como barreiras para uma prática cola-
prática profissional onde se desenvolve o trabalho borativa interprofissional eficiente, o que resulta na
em equipe de saúde, e a primeira a esfera das disci- fragmentação da assistência, insatisfação, tanto
plinas, ciências ou áreas de conhecimento. para os pacientes quanto para os profissionais, e na
É importante trazer à destaque a reflexão de Baar má qualidade dos serviços.
(2013), onde aponta que a formação dos profissio- Acerca deste isolamento profissional, Almeida
nais de saúde, mesmo que uniprofissional, sempre Filho (2010), diz que tem origem diretamente
será interdisciplinar (mesmo implicitamente) em relacionada ao histórico das profissões da saúde,
detrimento de que o processo saúde-doença envolve a exemplo da medicina e da enfermagem, onde
vários determinantes que extrapolam os limites ambas buscam garantir e proteger áreas espe-
anatomopatológicos e, portanto, conjuga um amplo cíficas do conhecimento, a fim de assegurar, efe-
leque de disciplinas em cada uma das áreas profis- tivamente, uma recompensa econômica e status
sionais. Portanto, a educação profissional em saúde social. Soma-se a educação uniprofissional, onde
pode ser interdisciplinar com base na interação e na alunos de um único curso aprendem sem contato
integração das diferentes disciplinas de cada área, com colegas de outros, não reconhecendo a impor-
não sendo, nestes moldes, interprofissional. tância da complementariedade dos saberes no
cuidado em saúde.
Tanto D’amour e Oandasan (2005) quanto
TRABALHO EM EQUIPE DE SAÚDE – COLABORAÇÃO
INTERPROFISSIONAL Hall (2005) defendem a importante socialização
interprofissional, que proporciona aos alunos de
Com o exposto, as transformações no sistema vários cursos aprenderem com, de e sobre o outro,
educacional e de saúde devem ocorrer de maneira e, para tanto, os membros de uma equipe devem
interdependente e articulada, proporcionando não estar familiarizados com a experiência e papéis dos
só uma reorganização do processo de trabalho em outros, o que vai evitar, assim, o desenvolvimento
saúde, mas também uma melhoria da assistência à de uma identidade restrita à própria profissão (uni-
saúde ofertada. profissionalidade).

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Alguns achados importantes (PINHEIRO, CEC- interprofissionalismo, cujo trabalho de equipe, o
CIM, 2005; GONZÁLEZ, ALMEIDA, 2010; CECCIM, diálogo acerca de papéis profissionais, o compro-
FEUERWERKER, 2004), convergem quanto a misso na solução de problemas e a negociação na
necessidade de considerar que a formação em tomada de decisão são características importantes.
saúde deve pautar-se na integralidade do cuidado, Apoiando, D’amour e Oandasan (2005) dizem que a
porquanto, para alcançar uma prática com tais EIP pode ser entendida como uma prática harmo-
características, deve existir uma efetiva troca de niosa entre profissionais de diferentes disciplinas,
saberes entre os atores envolvidos, dentre outros buscando uma resposta integrada e coesa para as
elementos necessários, como o reconhecimento da necessidades do paciente/família/comunidade.
determinação social do processo saúde-doença. Embora haja várias definições para conceituar
De acordo com o cenário descrito e buscando educação interprofissional na literatura, não existe,
mudanças na formação profissional, objetivando ainda, um consenso sobre quais seriam as compe-
melhor integração do ensino com os serviços e, tências essenciais e específicas no setor da saúde.
também, dada a necessidade de melhorar as rela- Caso houvesse tal definição, ocorreria um melhor
ções entre os profissionais de diferentes profissões entendimento das competências que poderiam ser
de saúde, Barr (2015) corrobora com Carpenter e partilhadas, o que facilitaria não só o ensino, mas
Dickinson (2008) e Peduzzi (2013) quando apontam também a implementação da educação interprofis-
a educação interprofissional como uma ferramenta sional.
capaz de promover mudanças nos cenários de Barr et. al. (2005) estabelecem três tipos de
ensino, buscando práticas eficientes para o enfren- competências no âmbito do trabalho em saúde:
tamento dos problemas sociais e de saúde. colaborativas; complementares; e comuns. As
Deste modo, a literatura indica que ambos EIP e colaborativas são primordiais no trabalho entre
PIP, com sua característica de intensa comunicação diferentes profissões da saúde, enquanto as com-
e interação entre profissionais e estudantes de dife- plementares são aquelas específicas de cada pro-
rentes áreas, contribuem para o aumento da reso- fissão, já as competências comuns dizem respeito
lubilidade dos serviços e da qualidade da atenção à aos conhecimentos, habilidades e atitudes que são
saúde, assim como estimula o cuidado integral, tão comuns e partilhadas entre as diferentes profis-
necessário à população. A popularização, divulgação sões da saúde.
e adoção dessas práticas pedagógicas se mostram Já o Canadian Interprofessional Health Collabo-
essenciais para o atual momento da educação rative (2010) define seis campos de competências
superior do país, visando adequação e ampliação do que são essênciais para a prática interprofissional
escopo do cuidado em saúde já existente. colaborativa: comunicação interprofissional; cui-
dado centrado no paciente, família e comunidade;
clarificação de papéis profissionais; dinâmica de
EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL – APRENDENDO
JUNTOS PARA TRABALHAR JUNTOS funcionamento da equipe; resolução de conflitos
interprofissionais; liderança colaborativa.
Segundo Batista (2012) a educação interprofis- Mantendo o diálogo acerca do desenvolvimento
sional se compromete com uma formação para o de uma prática interprofissional colaborativa,

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uma revisão de literatura
almejando alcançar uma assistência à saúde com a limitação de recursos, os estereótipos profissio-
segurança, qualidade e integral, o IPEC (2011) nais, a falta de programas com acreditação para a
afirma como campos de competências nucleares a EIP e de lideranças em prol do assunto.
serem inseridas no processo de formação profissio- Em seguimento, e partindo de tais dificuldades
nal: valores/ética para a prática interprofissional; enfrentadas, Sunguya (2014) apresenta algumas
papéis e responsabilidades profissionais; comuni- estratégias para mudança na formação profissional:
cação interprofissional; e trabalho em equipe. a utilização da aprendizagem baseada em proble-
Dentre os termos mais emergentes relacionados mas; a utilização da aprendizagem virtual; a parti-
às competências essenciais, levantados nesta revi- cipação dos discentes, professores e profissionais
são de literatura, segundo organizações e pesqui- dos serviços para avaliar e construir os currículos
sadores se destacaram: a resolução de problemas; dos cursos; a estrutura curricular flexível; o apoio
a tomada de decisão; o respeito; a comunicação; a financeiro para implementação e manutenção das
partilha de conhecimento e habilidades; a prática atividades propostas.
integral centrada no paciente. Com alguns anos de pesquisa sobre o tema,
Quanto às competências colaborativas propor- principalmente nos países europeus, Estados Uni-
cionadas aos discentes, pela EIP, pode-se citar: dos e Canadá, é observado um aumento de publica-
a descrição das funções e responsabilidades às ções nos últimos anos, sobretudo a partir dos anos
outras profissões; o reconhecimento e respeito às 2000, com inúmeros exemplos bem-sucedidos
limitações de papéis, responsabilidades e com- que indicam que a educação interprofissional pro-
petências de cada profissão; o reconhecimento e porciona a prática colaborativa nos serviços com
respeito aos papéis, responsabilidades e compe- melhores resultados na qualidade da assistência
tências de outras profissões quando relacionadas à ofertada aos pacientes.
sua; o trabalho com outras profissões para realizar Outro fato que emerge em alguns estudos
mudanças e resolver conflitos na prestação de (HIND, et. al., 2003; McNAIR, et. al., 2005; COOPER,
assistência e tratamento; o trabalho com outros et. al., 2005; GOELEN, et. al., 2006) diz respeito
para aferir, planejar, avaliar e prestar cuidados às experiências de educação interprofissional
para cada indivíduo; a tolerância das diferenças, enquanto método pedagógico, que aponta mudan-
mal-entendidos e falhas em outras profissões; a ças importantes no perfil dos profissionais de
facilitação de discussões interprofissionais; e a saúde graduados, já que os alunos aprendem com
entrada em relações de interdependências com e entre si, aumentando suas práticas colaborativas,
outras profissões (CIHC, 2010). aperfeiçoando a prestação do cuidado integral.
Como desafios para implantação efetiva de Nessa realidade, com o escopo de coletar mais
um modelo de educação interprofissional, Josiah informação acerca dessas experiências no mundo,
(2013) destaca: o espaço entre a prática profissio- o Grupo de Estudos da OMS (WHO, 2010) em EPI
nal e a formação; a organização da estrutura dos e PIP mapeou dados internacionalmente, em 42
currículos dos cursos que dificulta uma aprendiza- países no ano de 2008, com resultados apontando
gem comum; a incapacidade de avaliar se o futuro que a educação interprofissional acontece nos mais
profissional colocará em prática o aprendizado diversos locais de renda e assistência à saúde,
interprofissional. Ainda segundo Sunguya (2014), envolvendo discentes de variados cursos da área da

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Educação Interprofissional em Saúde e a promoção da integralidade do cuidado:
uma revisão de literatura
saúde. Afirmou ainda, que o preparo dos docentes saúde materno-infantil; e a Faculdade de Medi-
para promover tal modelo não é comum, e que as cina de Marília (FMM), onde os alunos de medi-
atividades realizadas acerca do tema são curtas e cina e enfermagem, nos dois semestres iniciais
não seguem um padrão sistemático. No entanto, dos cursos, têm aulas em conjunto objetivando
pontuou benefícios educacionais para as políticas desenvolver recursos nas áreas do cuidado indivi-
de saúde. dual, cuidado coletivo e de gestão dos serviços de
No Brasil, ainda são escassas as práticas da saúde, utilizando-se, para tanto, dos princípios da
EIP, como se reflete na literatura disponível a metodologia ativa de aprendizagem e da educação
respeito da temática na saúde. Porém, autores de interprofissional (TSUJI; SILVA, 2006).
estudos importantes [AGUILAR DA SILVA, SCAPIN, No estado de Pernambuco, com certo pionei-
BATISTA, (2011); ALMEIDA, et. al., (2012); CYRINO, rismo, a Universidade de Pernambuco (UPE, 2017)
et. al., (2012)] trazem que os profissionais forma- oferta aos cursos de graduação em saúde (ciências
dos com tal perspectiva estavam mais abertos para biológicas, educação física, enfermagem, medicina,
a aprendizagem compartilhada, com relações mais odontologia e saúde coletiva), do campus Santo
próximas entre os envolvidos, mais preparados Amaro, o Módulo Interprofissional, que tem como
para o trabalho em equipe potencializando assim o objetivo a formação integral dos discentes para o
alcance das competências profissionais, dentre as pleno trabalho em equipe e colaborativo em saúde,
quais, uma prática de abordagem mais integral da com reconhecimento e valorização dos saberes de
atenção à saúde. cada um, com seus respectivos campo e núcleo de
Almejando identificar as práticas da EIP no saberes.
Brasil, nos cursos da saúde, Santos (2013) realizou
uma revisão bibliográfica e trouxe que as publica-
ções datadas dos últimos 5 anos eram de univer- CONSIDERAÇÕES FINAIS
sidades públicas, da região sudeste, envolvendo A presente pesquisa permitiu sintetizar os con-
vários cursos da saúde. Observou, ainda, que a juntos teóricos acerca da educação interprofissional
Atenção Primária à Saúde servia como cenário de e seus desdobramentos ao longo das graduações
prática desde as séries iniciais dos cursos. em saúde, o que possibilitou seu entendimento
As instituições de ensino superior brasileiras como uma importante estratégia de contribuição
que podem ser destacadas quanto à prática da para mudanças na formação profissional dos aca-
educação interprofissional nos seus cenários de dêmicos da área da saúde.
prática são: a Universidade Federal de São Paulo Com base nos resultados obtidos, entende-se
(UNIFESP), campus Baixada Santista, com estru- que a socialização dos discentes de diferentes
tura curricular dos diferentes cursos à luz de uma cursos, desde as séries iniciais, permite uma apro-
formação integrada, com ênfase na integralidade e ximação entre eles, integrando-os. Assim, oportu-
nas necessidades singulares dos indivíduos (FEUE- niza-se ao aluno considerar o outro colega como
RWERKER; CAPOZZOLO, 2013). uma fonte de aprendizado, o que corrobora para o
A Universidade Federal do Ceará (UFC), com compartilhamento de saberes e uma aproximação
um programa de extensão, de nome Laboratório com a prática profissional futura. Permite, ainda,
de Educação e Colaboração, para a promoção da

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Educação Interprofissional em Saúde e a promoção da integralidade do cuidado:
uma revisão de literatura
uma melhor compreensão do outro, sendo o outro: sional como ferramenta capaz de trazer mudanças
o colega de curso diferente, profissionais de outras na formação profissional e na prática profissional
áreas e o próprio paciente. A integralidade do cui- futura durante as disciplinas; e, ainda, a ampliação
dado é proporcionada de maneira contextualizada, da interação com outros cursos. Sugere-se tam-
tornando-a inerente à prática profissional em bém outros estudos que se proponham a avaliar se
equipe. A aprendizagem baseada na EIP, causando o aluno, que teve a EIP como ferramenta de ensino
um bom desenvolvimento da prática profissional, durante a sua formação, pôs em prática o aprendi-
integrando esse cuidado e os profissionais de dife- zado interprofissional vivenciado.
rentes núcleos de saberes, insere a EIP no patamar Os ambientes para esses momentos de constru-
“ouro” da formação em saúde – para o cuidado inte- ção são as próprias instituições de ensino superior
gral, aproximando cada vez mais os discentes da (IES), tanto públicas como privadas – sobretudo as
sociedade e do reconhecimento da saúde enquanto públicas, que são responsáveis oficiais para essa
sua totalidade. discussão e vivência da prática. São elas – as IES
É importante a apropriação e a vivência pelos – as corresponsáveis, socialmente, pelo destino
alunos do trabalho inteprofissional e comparti- da educação no país, estando em sinergia com as
lhado como importante meio para a integralidade práticas em saúde, atribuindo mais importância ao
do cuidado e da assistência aos sujeitos, apesar dos contexto e conteúdo, sempre devendo respostas
estereótipos das profissões serem considerados à sociedade como valor, dever e responsabilidade
barreiras nas relações interpessoais e as compe- social.
tências específicas das profissões serem valoriza- Nesse sentido, faz-se necessário ampliar as dis-
das por alguns, reforçando o modelo tradicional de cussões e pesquisas envolvendo a temática. E, por
ensino. isso, iniciativas para estimular novas pesquisas que
Diante dos aspectos trazidos na revisão, enten- tenham como o foco a identificação das fortalezas
de-se que o país avançou pouco na proposta da e fragilidades que permeiam o uso da educação
educação interprofissional com o intuito de formar interprofissional como ferramenta de ensino, com
profissionais de saúde mais preparados para a prá- vistas a melhorias no cuidado à saúde, são neces-
tica colaborativa, portanto, muitos são os desafios sárias, pois acredita-se no potencial da educação
como a própria dinâmica do ensino universitário interprofissional como uma ferramenta pedagógica
– na qual existem disputas entre áreas do conhe- necessária para o alcance de um efetivo trabalho
cimento dentro de uma mesma categoria profis- colaborativo nas equipes de saúde, com o objetivo
sional, a formação uniprofissional, a organização da integralidade do cuidado.
da estrutura curricular dos cursos – que dificulta
uma aprendizagem comum, a interação superficial
entre os profissionais de saúde e os alunos durante
as vivências nos serviços e o modelo biomédico
norteando as práticas dos profissionais.
Refletindo sobre essas dificuldades, destaca-se
a necessidade da manutenção de espaços para
discussões sobre o uso da educação interprofis-

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