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IPIL – 2023 Tecnologia de Telecomunicações – 12ª Classe Aula 4

Alto-Falantes E Microfones

A linguagem oral é, desde muito tempo, uma das principais formas de comunicação utilizadas
pelo homem. Para transmitir a linguagem oral e os sons da voz à distância foram desenvolvidos
dois aparelhos: os alto-falantes e os microfones. Esses aparelhos estão presentes e são
essenciais ao funcionamento do rádio, da televisão e dos telefones.

Para entender a importância dos alto-falantes e dos microfones, vamos considerar o exemplo de
um telefone de brinquedo que não utiliza esses aparelhos. Tal brinquedo, ilustrado abaixo, é
constituído apenas por um fio esticado com as extremidades amarradas a dois copos plásticos.
Nesse brinquedo, o fio é capaz de transmitir as vibrações produzidas pelo ar que sai da boca do
falante até a orelha do ouvinte. Nesse brinquedo, as vibrações transmitidas através do fio são
amortecidas e absorvidas aos poucos ao longo do próprio barbante. Assim, o telefone de
brinquedo torna-se ineficiente do ponto de vista da comunicação à distância.

Figura 1- A figura mostra duas pessoas que utilizam um telefone de brinquedo para se comunicar.

DA DESCOBERTA DE OERESTED À INVENÇÃO DO ALTO-FALANTE

Durante muito tempo os fenômenos magnéticos foram estudados sem que se suspeitasse da
existência de qualquer ligação entre eles e os fenômenos eléctricos. Porém, em 1820, ao fazer
uma observação casual durante a preparação de uma aula na Universidade de Copenhague,
Hans Christian Oersted (1777-1851) descobriu uma relação “surpreendente” entre a
eletricidade e o magnetismo: um fio percorrido por corrente elétrica gerava, em torno de si, um
campo magnético. As figuras 7 (a) e (b) abaixo reproduzem a observação feita por Oersted.

Figura 2 a e b: fechando-se o circuito através da chave C, as cargas elétricas do fio condutor passam a se mover sob a ação da
tensão estabelecida no circuito pela bateria. Quase no mesmo instante, a agulha da bússola assume nova posição, perpendicular ao
fio condutor. O movimento da bússola acusa a presença de um campo magnético criado pela corrente elétrica.

A observação de Oerested deu início a toda uma série de estudos e investigações sobre as
relações entre a eletricidade e o magnetismo, bem como permitiu uma série de aplicações

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práticas para o campo magnético produzido por correntes elétricas. Uma dessas aplicações é a
bobina. A bobina é um elemento obtido a partir do enrolamento de um fio condutor. A
intensidade do campo magnético produzido ao redor do fio retilíneo utilizado na experiência de
Oerested é pequena. O fio enrolado na forma de bobina permite a intensificação desse campo
magnético.

A figura abaixo mostra esquematicamente a estrutura de um alto-falante. Esse aparelho


consiste, basicamente, em uma bobina presa a um diafragma. Além de estar presa ao
diafragma, a bobina é constantemente submetida ao campo magnético produzido por um ímã
permanente. Sem ser percorrida por uma corrente elétrica, a bobina de cobre não interage com
o imã permanente. Essa situação muda quando estabelecemos uma corrente elétrica no
interior da bobina. Nessas condições, a bobina irá comportar-se como um imã que poderá ser
atraído ou repelido pelo imã permanente que existe na estrutura do alto-falante.

Figura 3: Estrutura de um alto-falante constituído por um diafragma, uma bobina e um ímã permanente .

Produção do som no alto-falante


A série de seis ilustrações que se segue mostra como o alto-falante é capaz de gerar vibrações
no ar e como essas vibrações podem ser transmitidas até as nossas orelhas. Os nossos
tímpanos podem vibrar quando são atingidos sucessivamente por ar comprimido e ar rarefeito.
Dizemos, então, que as vibrações produzidas no ar pelo alto-falante geram ondas sonoras que
fazem vibrar nossos tímpanos. São as vibrações do tímpano que dão início ao processo de
produção da sensação auditiva.

Ainda não há corrente elétrica a circular na


bobina. Ela e o diafragma estão em repouso e
nenhuma perturbação está a ser produzida no
ar.

Uma corrente elétrica cresce rapidamente no


interior da bobina. Ela sofre uma repulsão
brusca pelo imã permanente. Produz-se ar
comprimido à frente do diagrama.
A corrente elétrica na bobina diminui até tornar-
se zero. A bobina volta à posição inicial.
Enquanto isso, o ar comprimido produzido pelo
primeiro movimento da bobina caminha em
direção a uma orelha.

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Uma corrente elétrica cresce rapidamente no


interior da bobina, mas no sentido oposto àquela
que percorreu a bobina no item b). A bobina é
atraída pelo ímã. Produz-se ar rarefeito à frente
do diafragma.
A corrente elétrica na bobina diminui até tornar-
se zero. Novamente, a bobina volta à posição
inicial. Por sua vez, o ar comprimido produzido
pelo primeiro movimento da bobina avança no
rumo da orelha.
Mais uma vez, a corrente elétrica cresce
rapidamente no interior da bobina repetindo o
que havia acontecido no item b). A bobina é
novamente repelida e o ciclo de vibração se
reinicia.

Figura 4 - Produção de pulsos de ar comprimido e rarefeito pelo diafragma de um alto-falante,


quando a bobina do alto-falante recebe um sinal eléctrico alternado.

Sabemos que para emitir sons um alto-falante precisa vibrar. O movimento de vibração ou
oscilação do diafragma do alto-falante é provocado pela bobina, ou melhor, pela corrente
elétrica que circula pela bobina. Quando essa corrente eléctrica muda de sentido rapidamente,
tanto a bobina quanto o diafragma oscilam rapidamente para frente e para trás.

 O alto-falante é um tipo de transdutor que recebe o sinal elétrico e o converte em


vibrações físicas, criando uma variação na pressão no ar à sua volta e
consequentemente dando origem às ondas sonoras.

 É composto por um ímã permanente e uma bobina móvel (que produzirá um campo
magnético à medida que for percorrida por corrente). Entre estes dois componentes
existe um espaço livre, denominado entreferro, com permeabilidade magnética
equivalente a do ar.

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Tipos de Alto-falantes
➢ Alto-falante dinâmico ou de bobina móvel: a bobina móvel é ligada mecanicamente a
um diafragma flexíeléctricos aplicados em materiais cerâmicos em vibrações que
move-se pela acção de forças magnéticas;

➢ Alto-falante electrostático: a membrana elástica é acionada por forças electrostáticas;

➢ Alto-falante piezoelectrico: funcionam através do principio da piezoelectricidade,


convertendo sinais eléctricos aplicados em materiais cerâmicos em vibrações.

Princípio de funcionamento de Alto-falantes

 A bobina móvel é imersa no campo magnético do ímã permanente e, à medida


que se aplica uma corrente alternada em seus terminais, é gerada também uma
densidade de fluxo magnético pela bobina.

 A interação entre estes dois campos magnéticos faz com que a bobina móvel se
desloque num determinado sentido. Se tratando da corrente alternada, o sentido
do campo magnético gerado pela bobina varia de acordo com a variação do
sentido da corrente, fazendo com que ora tenhamos uma força resultante para
fora e ora uma resultante para dentro.

 A grandeza física que estabelece esta resultante é a Força de Lorentz. A mudança


de direção da força gerada dá origem ao movimento da bobina móvel e,
consequentemente, da centragem e do cone, ocasionando também a
movimentação do ar na mesma frequência e gerando a onda sonora. Toda esta
análise pode ser esquematizada pela figura anterior.

Classificação dos Alto-falantes


Os alto-falantes são classificados de acordo com a faixa de frequência sonora que eles podem
reproduzir. Esta faixa de frequências é estabelecida de acordo com as propriedades de cada
alto-falante. Eles podem ser:

 Subwoofers: reproduz sons subgraves, numa faixa de freqüência entre 20 e 100Hz.


Indicados para instrumentos como contra-baixo, surdo de bateria, etc.

 Woofers: projetado para médias e baixas freqüências, em torno de 50 a 3500Hz. Pela


sua resposta de freqüência estendida, esta categoria é a que compõe a maioria dos
trios elétricos.

 Mid-Bass: envolve freqüências entre 100 e 500Hz e uma faixa mais restrita de baixas e
médias freqüências.

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 Mid-Range: reproduzem freqüências médias que variam de 500 a 5kHz. Possuem


maior fidelidade a faixa de freqüência da voz humana, por isso são os mais utilizados
nos falantes de voz.

 Tweeters: responsável pela reprodução de sons agudos, isto é, altas freqüências (2k a
20kHz). Estão sempre dispostas em forma de corneta.

 Triaxial: contém um woofer, um mid-range e um tweeter na mesma carcaça, por isso


podem atuar nestas três faixas de freqüência. Esta abrangente faixa de atuação
constitui sua principal importância.

Parâmetros dos Alto-falantes


 Potência;

 Resposta de frequência;

 Sensibilidade;

 Impedância;

 Frequência de ressonancia;

 etc.

Como funcionam os microfones?

Todos os sons diferentes que ouvimos são causados por diferenças de pressão mínimas no ar
que nos rodeia. O que impressiona é o fato de o ar transmitir essas mudanças de pressão tão
bem e com tanta precisão ao longo de distâncias relativamente grandes.

MICROFONE: é um transdutor que converte o som em sinais eléctricos que ocorrem por meio
de processos de indução electromagnético. Pode apresentar diversos tamanhos, tipos e
formatos.

Para uma abordagem técnica, podemos dizer que o microfone é um dispositivo


eletromecânico que transforma as vibrações mecânicas em corrente elétrica. Trata-se de um
transdutor eletroacústico.

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O primeiro microfone:
Era um diafragma de metal preso a uma agulha e esta agulha riscava um padrão sobre um
pedaço de folha metálica. As diferenças de pressão no ar, que ocorriam quando se falava,
moviam o diafragma que, por sua vez, deslocava a agulha, o que era registrado sobre a folha.
Quando mais tarde se passava a agulha novamente sobre a folha, as vibrações riscadas na
folha moviam o diafragma e recriavam o som original. O fato deste sistema puramente
mecânico funcionar mostra quanta energia pode existir nas vibrações do ar.

Todos os microfones modernos tentam atingir o mesmo objectivo do original, mas fazem isso
de forma eletrônica e não mecânica. Um microfone pega as ondas de pressão variável no ar e
converte-as em sinais eléctricos variáveis.

Há cinco tecnologias diferentes usadas comumente para obter esta conversão:

Microfones a carvão - o microfone mais antigo e mais simples usava pó de carvão. Esta era a
tecnologia usada nos primeiros telefones e ainda em alguns telefones de hoje. O pó de carvão
apresenta um fino diafragma metálico ou plástico em um lado. Conforme as ondas sonoras
atingem o diafragma, elas comprimem o pó de carvão, que muda sua resistência. Por meio da
passagem de uma corrente através do carvão, a mudança da resistência altera a quantidade de
corrente que flui.

A pressão do ar desloca o diafragma, que faz variar a densidade de partículas que varia a
resistência elétrica que faz variar a corrente.

Microfones dinâmicos

um microfone dinâmico se aproveita dos efeitos de um eletromagneto. Quando um magneto


passa próximo a um fio (ou a uma bobina), o magneto induz o fluxo de uma corrente no fio.
Em um microfone dinâmico, o diafragma move um magneto ou uma bobina quando as ondas
sonoras atingem o diafragma e o movimento cria uma pequena corrente. Bobina móvel- A
pressão do ar desloca o diafragma, que movimenta a bobina que faz variar o campo magnético
dentro dela.

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Microfones de fita

Em um microfone de fita, uma fita de pequena espessura é suspensa em um campo


magnético. As ondas sonoras movem a fita, o que altera a corrente que flui através dela.

A pressão do ar desloca a fita, que faz variar o campo magnético atravessando-a, que induz
uma tensão variável nas bordas da fita.

Microfones a condensador

Um microfone a condensador é, essencialmente, um condensador, em que uma placa se move


em resposta às ondas sonoras. O movimento altera a capacitância do condensador e estas
alterações são amplificadas para criar um sinal mensurável. Os microfones a condensador
geralmente precisam de uma pequena bateria para fornecer voltagem através do
condensador.

A pressão do ar desloca o diafragma, que modifica a espessura do dielétrico, que modifica a


capacitância que produz uma (fraca) corrente elétrica variável que é amplificada.

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Microfones a cristal - certos cristais alteram suas propriedades elétricas conforme mudam de
formato (veja Como funcionam os relógios de quartzo para um exemplo deste fenômeno).
Prendendo um diafragma a um cristal, este criará um sinal quando as ondas sonoras atingirem
o diafragma.

Como você pode ver, quase toda tecnologia imaginável já foi utilizada para converter as ondas
sonoras em sinais eléctricos. A única coisa que todas têm em comum é o diafragma, que coleta
as ondas sonoras e cria movimento em qualquer tecnologia utilizada para gerar o sinal.

Microfone De Bobina Móvel

Os microfones são dispositivos utilizados para transformar a energia do som em energia


elétrica

O microfone de bobina móvel é estruturalmente semelhante ao alto-falante, sendo constituído


pelos mesmos três elementos: bobina, diafragma e ímã permanente. Em segundo lugar,
porque o princípio de funcionamento do microfone de bobina móvel está relacionado ao
princípio de funcionamento dos emissores de rádio e televisão, pois também se baseia na
indução de eletricidade a partir do magnetismo.

Figura 3.1: Microfone “rústico” de bobina móvel (alto-falante funcionamento “ao contrário")

Na figura 3.1, mostra-se uma membrana que produz vibrações no ar. A membrana (linha
grossa e curva à esquerda) produz, no seu entorno, ora regiões de ar comprimido, ora regiões
de ar rarefeito.

Nesse instante, o ar ainda não produziu


movimento no diafragma. A bobina ainda
encontra-se em repouso em relação ao imã.
Não há variação no campo magnético que atua
sobre a bobina. Não há indução de corrente.
Nesse instante, o ar comprimido empurra o
diafragma. O movimento da bobina provoca um
aumento no campo magnético que incide sobre
ela. Há indução de corrente elétrica nos fios da
bobina.

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Após a passagem do ar comprimido, o ar no


diafragma volta a apresentar pressão
atmosférica normal. A bobina volta para a sua
posição inicial e a variação do campo magnético
torna-se cada vez mais lenta.
Ar rarefeito alcança o diafragma. Em relação à
fig-4b, inverte-se também o sentido da variação
do campo magnético que incide sobre a bobina.
Isso, por sua vez, modifica o sentido da corrente
induzida na bobina.
Após a passagem do ar rarefeito, o ar no
diafragma volta a apresentar pressão
atmosférica normal. A bobina volta para sua
posição inicial e a variação do campo magnético
torna-se cada vez mais lenta.
Novamente, ar comprimido empurra
bruscamente o diafragma. O movimento da
bobina provoca um aumento no campo
magnético que incide sobre ela. Tudo acontece
como já havia acontecido na fig 4-b.
Figura 4- Produção de sinais eléctricos na bobina de um microfone quando o diagrama recebe
pulsos de ar comprimido e rarefeito provenientes de uma onda sonora.

Princípio de funcionamento do Microfone

 O som (onda mecânica) ao se propagar e pela compressão e rarefação das moléculas


do meio provoca vibrações sonoras que ao chegarem a um microfone as ondas
chocam-se com membranas que estão fixadas a bobina e como as bobinas estão
próximas a um imã permanente ao receber as ondas sonoras o fluxo magnético será
variável o que irá gerar uma corrente eléctrica.

 O microfone tem duas funções fundamentais: captação do som e controle acústico. A


onda sonora pressiona o diafragma, superfície capaz de sofrer pequenos
deslocamentos para frente e para traz reproduzindo o movimento das partículas do ar,
causando uma variação correspondente em uma propriedade de um circuito elétrico.

Eles podem ser:

 De conversão eletrodinâmica/electromagnética: Dinâmicos (bobina móvel e fita);

 De conversão electroestática: Capacitivos (condensador);

 De conversão piezoelétrica: Microfones de cristal e microfones cerâmicos;

 De resistência de contacto variável: microfones de carvão (telefone).

Parâmetros do Microfone
 Direccionalidade

 •Resposta em frequência

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 •Efeito proximidade

 •Nível máximo de pressão sonora

 •Sensibilidade

 •Resposta a transitórios

 •Impedância

 •Nível de saída

 •Robustez mecânica

 •alimentação e polaridade da saída

 •etc.

Directividade Microfone
 Dependendo da resposta às diferentes direções de incidência do som, os microfones
podem ser:

 1) Omnidirecionais - captam igualmente sons de todas a direções.

 2) Unidirecionais - captam som somente de uma direção. Dividem-se em cardioide,


supercardioides, hiper-cardióide e shot-gun.

 3) Bidirecionais - captam som de duas direções opostas.

Efeito de proximidade e resposta de frequência

Os unidirecionais enfatizam os graves quando usados perto da fonte sonora. Ideal


para bateria, mas ruim para voz e outros.

Três fatores afectam a fidelidade de reprodução:

 Faixa de frequência: quanto mais extensa mais fiel;

 Resposta suave: não deve possuir picos ou vales abruptos em nenhuma frequência;

 Resposta plana: a resposta deve permanecer no mesmo nível durante toda a faixa de
frequência. A reposta será a mesma para qualquer frequência.

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