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Telecomunicações I

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Telecomunicações I

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Telecomunicações I

TELECOMUNICAÇÕES I
( AULA 01)
1 – INTRODUÇÃO
O Rádio

O funcionamento do rádio é baseado nas ondas hertzianas, que são, particularmente,


radiações eletromagnéticas da mesma natureza dos raios da luz; estas ondas foram descobertas e
estudadas, sucessivamente, por dois grandes físicos, Maxwell e Hertz, ao passo que sua
utilização para as primeiras transmissões é devida a Guilherme Marconi.
A transmissão dos sons pelo rádio se efetua transformando os próprios sons em ondas
eletromagnéticas e enviando, depois, essas ondas pelo espaço; as ondas hertzianas possuem, de
fato, a importante propriedade de transmitir-se pela atmosfera, atingindo grandes distâncias,
mesmo através de obstáculos, tais como paredes, cidades, casas, montanhas. Mas, como se pode
transformar o som, as vozes, os ruídos em ondas eletromagnéticas?
Os programas que devem ser transmitidos, são executados nas estações transmissoras,
em locais adequados, chamados auditórios. Nos auditórios, estão sempre instalados um ou mais
microfones. O microfone é um aparelho que tranforma os sons, ou melhor, as variações de
intensidade sonora (ou seja, os diversos tons de voz, os sons de vários instrumentos etc) em
variações de corrente elétrica. Por isso, do microfone, sai um tipo especial de corrente, que não
é outra coisa senão a reprodução elétrica dos sons e que chamamos "corrente fonofreqüente" ou
"corrente sonora". Esta corrente, por meio de válvulas próprias, eletrônicas, é ampliada, tornada
mais poderosa.
A corrente assim ampliada deve ser transmitida à antena da estação de rádio, unida a um
especial corrente oscilante, chamada "corrente condutora". O conjunto destas duas correntes é
transmitido ao ar sob forma de ondas eletromagnéticas. A antena da estação de rádio, que,
geralmente, se encontra em campo aberto, distante quilômetros dos auditórios, funciona como
uma grande lâmpada, que emite seus raios luminosos por todas as direções.
As ondas eletromagnéticas, propagadas de tal forma pelo espaço, podem ser captadas
pelas antenas dos aparelhos receptores, isto é, dos aparelhos de rádio que temos em casa. As
ondas que eles recebem através da própria antena são formadas, como disse antes, pelas duas
correntes fonofreqüente e portante; elas porém, devem estar separadas. A separação chama-se
revelação, e a válvula que a efetua se chama reveladora. No aparelho de rádio, as válvulas têm
uma função importante, fundamental, porque efetuam todas as transformações necessárias para
a corrente elétrica. A descoberta das válvulas (que se chamam, exatamente, válvulas
termotônicas) foi, portanto, tão essencial para a radiofonia como a das ondas hertzianas; seus
nomes são iodo, triodo, pentodo etc., e cada uma delas desenvolve tarefas diferentes.
Na teoria, com uma antena, uma reveladora e um auto-falante, o aparelho de rádio já
poderia funcionar. Mas, na prática, as coisas não são tão simples, e uma única válvula não é
suficiente para fazer funcionar o aparelho de rádio. Antes de tudo, as correntes, tanto
oscilantes como fonofreqüentes, são revigorada e, portanto, são inseridas no circuito outras
válvulas, que tem a função de amplificadoras. As amplificadoras são colocadas antes e, a
reveladora depois: as primeiras são chamadas amplificadoras em alta freqüência e são
importantíssimas, porque delas depende a sensibilidade do aparelho, isto é, o número de
estações que é possível captar; as outras são chamadas amplificadoras de baixa freqüência,
mas possuem igual importância, porquanto delas depende a potência dos sons emitidos pelo
auto-falante. Mas isso não basta e o nosso rádio ainda não está completo, se não estiver
dotado de uma sintonia, que é o que nos permite mudar de estação: o botão da sintonia está

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ligado a um condensador variável, um instrumento que serve para mudar o comprimento da


onda que se recebe e, com isso, mudar de estação, porque cada estação transmite num
comprimento de onda diferente. E, ainda, para o funcionamento das válvulas, é necessária a
corrente elétrica. Finalmente, os controles de volume e de tonalidade, os filtros de onda, para
eliminar os distúrbios, os transformadores, são outras partes necessárias para que um
aparelho de rádio possa funcionar,mas antes vamos ver o que realmente é uma onda.

ONDA
Onda é a manifestação de um fenômeno físico no qual uma fonte perturbadora fornece
energia a um sistema e essa energia desloca-se através de pontos desse sistema.Imagine como
exemplo quando damos um impulsionamento numa corda,a propagação deste impulso vai por
toda corda.
Cabe ressaltar que não é a onda que se movimenta mas a energia fornecida pela
mão(fonte perturbadora). Cabe ressaltar também que dependendo do meio sob o qual a energia
se propaga temos uma velocidade de propagação correspondente.
O som também é uma onda que se propaga no espaço quando falamos ,por
exemplo,nossa voz é a fonte perturbadora ,essas vibrações da nossa voz se propaga no ar,ou
seja,o ar é o meio de transporte para nossa voz que se propaga em forma de ondas (ondas
sonoras) comprimindo e expandindo-se o ar,quando esta compressão e dilatação chega nos
nossos tímpanos os mesmos também se contraem e se dilatam reproduzindo novamente o som
original.
As ondas eletromagnéticas são oscilações de campos elétricos e magnéticos,juntos estas
oscilações se propagam pelo espaço.Conhecemos as ondas eletromagnéticas sob varias
formas,por exemplo: a luz é uma onda eletromagnética, os Raios X também são ondas
eletromagnéticas e as ondas de RADIO também são ondas eletromagnéticas.
A essência da onda eletromagnética é a interação entre os dois campos o elétrico e o
magnético em movimento um gerando o outro e assim um sustentando o outro enquanto viajam
pelo espaço.
Na figura abaixo teremos uma antena lançado o campo eletricoE1, o qual gera o
campo magnético M1 que por sua vez gera o campo elétrico E2 e assim por diante a
velocidade de propagação no vácuo é de 300.000Km por segundo!!!

Bem,para produzirmos ondas na água jogamos uma pedra, para produzirmos ondas numa
corda nós a impulsionamos, e para produzirmos ondas de RADIO como fazemos? Bem,nós
precisamos de um circuito eletrônico capaz de gerar ondas de RADIO, o nome deste circuito é
oscilador.

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AS ONDAS HERTZIANAS

As ondas hertzianas propagam-se por longas distancias, viajando pelo espaço a uma
velocidade igual a da luz, que é de 300 000Km/s.
As ondas sonoras não possuem características idênticas as das ondas de radio.As ondas sonoras
sofrem atenuações pelo ar e não chegam a propagar-se por mais de algumas dezenas de metros.
Uma das características das ondas hertzianas é que são inaudíveis e se propagam no meio com
grande facilidade.As ondas hertzianas após sofrerem processo de modulação podem transportar
sinais de áudio, como a voz de um locutor, musica ou sinais codificados.
A esta onda hertziana que transporta as informações, damos o nome de ONDA
PORTADORA.
Todavia, transmitir somente a onda portadora não teria sentido, pois a finalidade
principal é enviar informações; de nada adiantaria se, por exemplo, uma pessoa enviar uma
carta ao correio destinada a um amigo, residente numa cidade muito distante, sendo que
envelope contém apenas uma folha de papel em branco. O mesmo caso pode acontecer com
uma estação de radio, se esta transmitir somente a onda portadora; precisamos inserir nesta
onda uma informação que no nosso caso como exemplo vamos admitir ser uma onda de som,
neste caso a onda sonora inserida na portadora será chamada de ONDA MODULADORA que
usara as características da onda portadora em viajar a longas distancias para chegar ao seu
destino, ou seja, até o receptor de radio.Veja abaixo no diagrama em blocos como fica a
mistura das duas ondas.

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CIRCUITOS OSCILADORES

Os circuitos osciladores desempenham o papel principal nos circuitos de


rádios,televisores e transmissores.
O oscilador é um gerador de corrente alternada,geralmente de freqüências elevadas e
sinal de tamanho (amplitude) constante.
Em suma, os osciladores são responsáveis pela geração de radiofreqüências para os
transmissores e receptores.
O circuito oscilador básico é constituído de uma bobina e um capacitor como mostra a
figura abaixo.

Vejamos o principio de funcionamento deste circuito oscilador de acordo com a figura


abaixo:

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Quando fechamos a chave S1,o capacitor se carrega com a tensão da bateria (figura A) e
em seguida colocamos a chave na posição anterior e fechamos a chave S2(figura B). O capacitor
inicia a descarga dos elétrons passando pela bobina, gerando um campo magnético (figura C). A
energia do capacitor é convertida em energia em forma de campo magnético. Na medida em que
a carga do capacitor diminui, o campo magnético formado na bobina começa a retrair-
se,gerando uma tensão auto-induzida de polaridade contraria a do campo elétrico do capacitor
(figura D). A corrente da tensão induzida na bobina vai carregar o capacitor novamente. O
processo de vai e vem dos elétrons se processa no circuito INDUTOR-CAPACITOR gerando
uma corrente alternada de sinal de radio.
Porem, esta onda vai sofrer uma atenuação ate a extinção do seu sinal o que denominamos de
ONDA AMORTECIDA.
A freqüência de oscilação do circuito é determinado pelos seus componentes, ou seja,
Indutor e Capacitor. Podemos determinar a freqüência de ressonância do circuito LC através
da formula.

Vimos então que o circuito LC explicado anteriormente gera uma onda amortecida e se
desejássemos uma onda de amplitude constante, Seria necessário estarmos ligando e desligando
a chave S1 para repor a energia perdida, (resistência do circuito LC) isto na pratica torna-se
impossível realizar.
Vamos ver como podemos implementar um circuito o qual fará esta função,ou seja,ligar
e desligar o circuito LC.
Este circuito se chama oscilador a cristal,onde um cristal controla o chaveamento de
um transistor;mas antes vamos ver o que é um cristal.

CRISTAL DE QUARTZO

Cristal de quartzo é uma substancia cristalina que tem a propriedade de transformar a


energia mecânica em energia elétrica e vice versa. Este fenômeno é conhecido como efeito
Piezelétrico.
O aluno já deve ter visto um aparelho utilizado nas cozinhas para acender fogão muito
conhecido como Magiclic. Este aparelho é construído com substancias cristalinas que possuem
o efeito piezelétrico. Existem inúmeros componentes fabricados com cristais, que possuem estas
características, tais como: cristal utilizado no toca-disco,microfone, buzer, fone de ouvido e
outro.
Vejamos como funciona o cristal oscilador. O cristal oscilador é constituído por uma delgado
lâmina de cristal translúcido, colocada entre duas placas de metal condutor ligadas aos seus
terminais.

Na figura abaixo podemos ver um cristal; se o cristal é comprimido, aparece entre as


duas placa metálica uma tensão elétrica reciprocamente, se uma tensão elétrica for aplicada nos
terminais do cristal ele sofre um esforço mecânico.
A freqüência natural de oscilação do cristal depende da espessura do laminado e do
ângulo de como foi cortado. Quanto mais fino é o laminado, maior é a freqüência natural de
sua oscilação. A construção de cristais osciladores para as freqüências muito altas, se torna
muito difícil devido a sua espessura e na pratica a sua freqüência natural de oscilação
(freqüência fundamental) se limita em torno de 50Mhz.

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O OSCILADOR

O oscilador nada mais é do que um circuito eletrônico capaz de gerar ondas de radio,
que como já sabemos estas ondas como qualquer outra onda viaja por um meio que neste caso
seria o ar.
Estes circuitos não tem muita potencia pois sua função exclusiva é esta,ou seja,gerar
ondas de radio,mas existe outros circuitos capazes de aumentar a potencia destes osciladores são
os chamados circuitos amplificadores de RADIO; veremos cada um destes circuitos em
detalhes agora.

OSCILADOR CONTROLADO A CRISTAL:

O circuito abaixo, está mostrando um circuito transistorizado controlado a cristal.


Vejamos como funciona: quando o circuito é alimentado, aparece uma tensão de polarização de
base no transistor, e também sobre o cristal, que esta conectado em paralelo com o resistor R2.
Esta tensão produz um esforço mecânico, que por sua vez gera uma tensão, e esse fenômeno se
repete indefinidamente na freqüência natural do cristal. O sinal oscilante aplicado na base do
transistor é amplificado e recuperado pelo circuito LC (circuito tanque) sintonizado na
freqüência de oscilação do cristal.
Uma das grandes vantagens do uso do cristal nos circuitos osciladores é que apresentam
notável estabilidade com relação à freqüência.
Os osciladores controlados a cristal tem a sua freqüência determinada pelo cristal mas
como veremos mais adiante podemos sintonizar o circuito LC para gerarmos outras
freqüências que não sejam a freqüência central do cristal.

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OSCILADOR EM BASE COMUM

Ligado em base comum os efeitos da capacitância de um transistor diminuem e sua


operação pode chegar a freqüências muito altas. Este oscilador é, pois usado em freqüências
acima de 20 MHz chegando a 300 ou 400 MHz com facilidade.
Na figura acima temos um circuito típico de um oscilador em base-comum com um
transistor.
A freqüência de operação deste circuito é determinada pelo capacitor C4 e pela
bobina L1 no coletor do transistor, os quais podem ser ajustáveis para sua modificação.
A realimentação que mantém a oscilação vem através do capacitor C1 que está
entre coletor e emissor do transistor, que é um componente muito importante neste
oscilador.

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TRANSISTORES MAIS COMUNS USADOS EM RADIO FREQUENCIA

BF 494- este é um transistor de baixa potencia, mas dois em push pull podem
fornecer algumas dezenas de miliwatts, o que num transmissor de FM é
suficiente para alcançar mais de um quilometro.

2N2222- um pouco mais potente que o BF494 este transistor é ainda de


pequena potencia, mas numa etapa em push pull ou mesmo simples pode
fornecer uma saída suficiente para um alcance de mais de 1 quilometro na
faixa de FM ou VHF.

2N1711-este é um transistor de media potencia que opera até na faixa de VHF


e pode chegar a uma saída em torno de 1W num amplificador. Com isso temos
o alcance da ordem de alguns quilômetros com uma boa antena externa.

2N2218- como o 2N1711 este transistor tem uma potencia de 800 Mw de


dissipação com uma corrente de coletor de 1 A podendo funcionar ate a faixa
de VHF. Com uma etapa em push pull podemos ter mais de 1 watt de saída o
que resulta num transmissor de mais de 5 quilômetros de alcance.

2N3866- este é um transistor ideal para transmissores com até perto de 4 watts
de potencia para a faixa de FM, resultando em transmissores com mais de 10
quilômetros de alcance.

BD135- se bem que seja um transistor de áudio, a alta freqüência de transição


do transistor permite seu uso como amplificador com razoável rendimento em
transmissores até a faixa de FM. Teremos uma potencia de perto de 1 watt o
que resulta num excelente alcance. Dois deles podem ser ligados em push pull
para um transmissor com vários quilômetros de alcance.

Para freqüências mais baixas, na faixa de ondas curtas e medias, transistores


comuns de potencia com uma freqüência de corte relativamente alta podem ser
usados em muitos casos. Dentre estes transistores citamos os seguintes:

2N3055 – até 500kHz


TIP 31 – até 10MHz
TIP 41 – até 10MHz

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Para classificar as ondas eletromagnéticas temos as seguintes denominações:

faixa nome sie:nificado aplicacão


3K.Hza30K.Hz VLF Very Low Frequencies comunicação embarcação-costa, sonares.

30K.Hza300K.Hz LF Low Frequencies navegação marítima.

300K.Hza3Mhz MF Medium Frequencies navegação, radiodifusão AM-OM,


telegrafia, radioamadorismo.
3MHza30MHz HF High Frequencies radiodifusão AM-OC, radioamadorismo,
televisores, uso industrial e científico.
30MHza300MHz VHF Very High Frequencies radioamadorismo, TV, radiodifusão FM,
aviação.
300MHza3GHz UHF Ultra High Frequencies radioamadorismo, metereologia, TV,
telefonia, radar (aeroportos).
3GHza30GHz SHF Super High Frequencies radares, radialtímetros, satélites.

30GHza300GHz EHF Extremally High Frequencies satélites, uso experimental,


uso governamental.

Propagação das Ondas Eletromagnéticas:

Em função da faixa de freqüências a ser transmitida, podemos dividir os tipos de propagação das ondas em
três grandes grupos:

• Ondas terrestres: onde a superficie da Terra se comporta como um condutor para a onda eletromagnética; são
características das freqüências inferiores a3MHz(VLF, LF e MF).

• Ondas espaciais (ionosféricas): onde o princípio de propagação encontra-se na reflexão da onda nas camadas
ionosféricas; ocorre entre 2MHze30MHz, característico principalmente das comunicações em HF.

• Ondas de visada direta: onde a propagação se dá apenas em linha reta, sujeita aos fenômenos de reflexão,
difração e absorção em obstáculos; ocorre em freqüências acima de30MHz(VHF, UHF, SHF e EHF).

A Ionosfera:

A comunicação de rádio a longas distâncias é, em grande parte, viável graças a ionosfera (entre
aproximadamente 90Km e 320Km de altitude). A ionosfera não é uniforme, por isso é subdividida, para efeito de
análise, em camadas - algumas delas instáveis. A radiação ultravioleta proveniente do sol ioniza cada camada de
forma a atribuir-lhes características que possibilitam a reflexão e absorção das ondas de rádio.

· amada F2
amada F1
amada E
camada D

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Analisando separadamente cada camada, podemos compreender melhor a ionosfera e também a grande
variação de qualidade e alcance na recepção por ondas de rádio.

A camada "E":
Localizada a cerca de 100 Km acima da superficie da Terra, é considerada a camada útil mais baixa da
ionosfera. Nesta camada os íons recombinam-se rapidamente, dando origem a um grande número de partículas
neutras, que não refletem as ondas de rádio. Por esse motivo, a camada E só tem utilidade durante o dia, sendo mais
ativa ao meio dia, normalmente; após o pôr-do-sol, ela praticamente desaparece.

A comunicação pela camada E costuma ocorrer num único "salto" do sinal, cobrindo distâncias entre 650Km
e 2000Km.

A camada "F":

Localizada a 280 Km de altitude, é a principal responsável pelas comunicações a longas distâncias. Durante
o dia divide-se em duas áreas distintas, batizadas Fl e F2. Ficam a 225 Km e 320 Km de altura, respectivamente, nos
dias em que o nível de ionização está elevado; após o cair do sol voltam a se recombinar em uma só camada.

A máxima distância permitida pela camada F, num único "salto", é de 4000 Km, aproximadamente. A grande
altitude da região F faz com que a recombinação de íons e elétrons em partículas neutras ocorra muito lentamente. O
nível de ionização começa a diminuir no fim da tarde, tomando-se progressivamente mais fraco, até atingir seu nível
mais baixo pouco antes do nascer do sol.

A camada "D":
Fica logo abaixo da camada E e, ao invés de auxiliar as comunicações, acaba por "absorver" transmissões
com freqüências inferiores a aproximadamente 8 MHz. No entanto, a maior freqüência absorvível e o próprio nível de
absorção vão depender da ionização, que por sua vez é função da distância em relação ao sol. Essa camada costuma
ser bastante ativa em tomo do meio dia, no alto verão, sendo muito menos intensa no inverno.

Existem muitos fatores que influenciam a ionosfera e sua capacidade de refletir sinais de rádio. Os principais
são citados a seguir:

• Manchas solares

São fenômenos cíclicos que surgem na superficie solar, com períodos médios de 11 anos entre as quantidades
minima e máxima, embora o ciclo possa variar de 9 a 13 anos.

Durante a parte "fraca" do ciclo, a ionosfera resulta pouco ativa e a recepção em ondas curtas (de 2300 KHz
a 30 MHz) passa pela sua pior fase. Ao contrário, quando o sol exibe um bom número de manchas, a ionosfera está
bastante ativa e as comunicações são eficientes.

• Radiação solar

É um fenômeno que se divide em dois tipos principais: luz ultravioleta e partículas carregadas. A luz
percorre a distância até a Terra em aproximadamente 8 minutos e seus efeitos sobre a ionosfera são breves. As
partículas, ao contrário, deslocam-se a uma velocidade bem inferior, levando várias horas até ter algum efeito sobre as
comunicações - Tal como maior absorção pela camada D e a produção de auroras. Esses efeitos costumam ter uma
periodicidade de 27 dias, que é o tempo de rotação do sol.

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• Saltos múltiplos

É perfeitamente possível que um sinal dê mais de um "salto" antes de atingir o receptor. Apesar de as
reflexões terrestres e a absorção ionosférica atenuarem a intensidade do sinal, comunicações de até meia volta ao
mundo tornam-se possíveis pelos trajetos de "saltos" múltiplos. Por outro lado, os níveis de sinal costumam ser
menores e sofrem mais distorções e atenuação que os sinais de "salto" único.

• Ângulo de radiação

É o ângulo com que a onda eletromagnética é irradiada em relação ao solo. ângulos mais baixos exibem uma
distância de "salto" superior a da que deixa a antena com ângulos altos. Convém acrescentar, no entanto, que esse
efeito é determinado não só pelo ângulo com que o sinal atinge a ionosfera, mas também a sua freqüência.

Podemos concluir então que o sol é um dos principais fatores a determinar a possibilidade e a qualidade das
comunicações via rádio (principalmente em HF), fora das recessões locais. As condições de propagação, além disso,
variam de acordo com ciclos bastante evidentes, tais como a hora do dia e as estações do ano. Existem ainda
alterações menos óbvias, provocadas na ionosfera pela atividade solar, manchas solares e outras irradiações.

Esses e diversos outros fatores devem ser considerados ao selecionar uma freqüência que irá nos fornecer o
trajeto ideal de comunicação.

Faixas de radiodifusão em ondas curtas (OC) Faixas de radiodifusão em HF

freqüência (KHz) faixa (metros) freqüência (MHz) faixa (metros)


2300 - 2945 120 1,8 - 2 160
3200 - 3400 90 3,5 - 4 80
3900 - 4000 75 7 - 7,3 40
4750 - 5060 60 14 - 14,35 20
5950 - 6200 49 21 - 21,45 15
7100 - 7300 41 27 - 29,6 10
9500 - 9775 31
11700 - 11975 25
15100 - 15450 19
17700 - 17900 16
21450 - 21750 13
25600 - 26100 11

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AM (Amplitude Modulation)

Sempre que a radiação eletromagnética é utilizada como meio de transmissão (portadora), deve-se
imprimir a informação sobre ela, alterando um ou mais parâmetros da mesma (modulação). Se nos restringirmos
à modulação alanógica, existem dois tipos principais: modulação em amplitude (AM) e modulação angular. A
modulação em amplitude pode, ainda, ser subdivididos em vários tipos, a saber as principais:

• DSB (double side band);


• VSB (vestigial side band);
• DSB/SC (doble side band / supressed carrier);
• SSB (single side band).

Na modulação AM/DSB a informação é usada para variar a sinal modulador (informação)


amplitude da portadora de RF de tal forma que na ausência de
modulação, a portadora continua a ser irradiada em determinado
nível. Por outro lado, na modulação máxima a amplitude da portadora
chega a assumir um valor nulo.

Em AM-DSB percebemos que a envoltória da portadora


modulada corresponde a variação do sinal modulador, com um "lado"
idêntico ao sinal modulador (envelope positivo) e outro com uma
defasagem de 180º em relação a informação (envelope negativo).

Matematicamente, o sinal AM/DSB é expresso por:

informação: em(t) = Em.COSCOmt


portadora: eo(t) = Eo.COSCOot
Portadora modulada em amplitude
portadora modulada: e(t) = [ em(t)+Eo].coso:>ot

ou, sendo m = Em e(t) = (1 +m.coseunt).Eo.coseuit


Eo
onde: m = índice de modulação;
Eo = nível máximo da portadora sem modulação;
Em = nível máximo do sinal modulador (informação).

O índice de modulação (rn) representa o grau de modificação que o sinal modulador provoca na
portadora e pode variar entre zero (sem modulação) e 1 (modulação máxima), enquanto o parâmetro conhecido
como nível de modulação é representado em porcentagens (100% corresponde ao índice de modulação unitário).
Nos transmissores comerciais o nível de modulação gira em tomo de 30%.

Graficamente, o índice de modulação pode ser


determinado como mostra a figura ao lado, pela forma de onda e
pelo método trapezoidal: B
índice de modulação: rn = B - A
B+A

O método do trapézio consiste em injetar o sinal modulado no eixo vertical do


B osciloscópio e, desligando-se a varredura, injetar no eixo horizontal o sinal modulante
(informação), compondo os dois sinais e apresentando o "trapézio".

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Retomando e desenvolvendo a equação dada temos: e(t) = Eo.cosCOot+m.coseomt.EocosCOot

* recordemos a passagem matemática: cos(a).cos(b) _l_cos(a+b) + _l_cos(a-b)


2 2
de onde tiramos a expressão final da modulação AM/DSB:

e(t) = Eo.COSIDit + l_m.Eo.cos( rom+ID>)t + l_m.Eo.cos( ffim-ID>)t


2 2
onde temos:
Eo.COSCOot = portadora sem modulação

l_m. Eo.cos( COm+COo)t = banda lateral superior


2
l_m. Eo.cos(COm-COo)t = banda lateral inferior
2

Como podemos verificar pela expressão, a informação de baixa freqüência está presente nas duas
bandas laterais, simetricamente dispostas acima e abaixo da portadora.

sinal modulador
audio (informaçao)

e0 (t)
portadora sem
modulaçao
E

e(t)
portadora modulada
BLI BL
�_e_m_A_M_-D_S_B___������-------� f

½� ½mE 0 cos (wm-w0)t

Como a informação está presente nas duas bandas laterais, há um desperdício de espectro de
freqüências e de potência de irradiação, pois além de uma só banda ser necessária (contém toda informação),
grande parte da potência é irradiada pela portadora, que não contém informação.

A modulação AM/DSB é a mais antiga forma de transmissão e a de implementação mais fácil e barata,
tanto para modulação como demodulação. É pois, o tipo de modulação mais empregado até hoje.

iiITe(t)
• Modulador síncrono a diodo:

É um modulador apropriado para aplicações onde se deseje


linearidade, alto índice de modulação e baixo sinal de saída; é usado em
.q
moduladores de vídeo para microcomputadores, videogames e videocassetes.

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Introdução aos
sistemas celulares

Componentes básicos:

Central de Comutação e Controle


RTPC
CCC Estação Rádio Base


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Terminal Móvel
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