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Fernando Teixeira

Luciano Moraes Almeida

ES PECI ALI ZAÇÃO


Mídias na Educação

ASPECTOS
HISTÓRICOS,
SOCIOCULTURAIS
E TECNOLÓGICOS
DO RÁDIO E A
EDUCAÇÃO

2014
A447a Almeida, Luciano Moraes
Aspectos históricos, socioculturais e tecnológicos
do rádio e da educação / Luciano Moraes Almeida,
Fernando Teixeira. – 2. ed. rev. – Florianópolis : IFSC,
2014.
72 p. : il. ; 28 cm

Inclui Bibliografia.
ISBN: 978-85-64426-65-8

1. Rádio. 2. Radio na educação. 3. Ensino.


I. Título.

CDD: 371.333

Catalogado por: Laura da Rosa Bourscheid CRB14/983

2014, Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC.

2ª Edição adaptada ao novo projeto gráfico e instrucional do


Departamento de Educação a Distância - EaD - IFSC.

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Créditos do Livro

EDIÇÃO 2014
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Fernando Teixeira
Luciano Moraes Almeida

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Seja bem-vindo!
O Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), preocupado em
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ampliando o acesso de estudantes catarinenses, como de
outros estados brasileiros, à educação em todos os seus níveis,
possibilitando a disseminação do conhecimento por meio de seus
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Os materiais didáticos desenvolvidos para a EaD foram pensados


para que você, caro aluno, consiga acompanhar seu curso
contando com recursos de apoio a seus estudos, tais como
videoaulas, ambiente virtual de ensino aprendizagem e livro
didático. A intenção dos projetos gráfico e instrucional é manter
uma identidade única, inovadora, em consonância com os avanços
tecnológicos atuais, integrando os vários meios disponibilizados e
revelando a intencionalidade da instituição.

Bom estudo e sucesso!

Equipe de Produção dos Projetos Gráfico e Instrucional


Departamento EaD/IFSC
Aspectos Históricos,
Socioculturais e Tecnológicos
do Rádio e a Educação

Sumário
1. História do Rádio 07
2. A Radiofonia Educativa no Brasil 25
3. Características Gerais do Rádio 43
4. Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 53
Considerações Finais 69
Sobre os Autores 70
Referências 71
A unidade curricular dea requer
um talento especial de quem a pratica, uma sensibilidade especial,
Aspectos Históricos,
uma vocação muito marcada. É, portanto, uma arte. No entanto,
uma vez que podemos sistematizar os governos dos homens a partir
Socioculturais e Tecnológicos
de observações e inferências, também podemos enxergar neles
uma ciência. A Política – vista como um ramo de conhecimento
do Rádio
sistematizado, e aaumEducação
referente talento
determinado grupo de fenômenos,

Olá, caro(a) estudante!

Seja bem-vindo à unidade curricular: Aspectos históricos, socioculturais e


tecnológicos do rádio e a educação.

O fascinante mundo do rádio, um dos mais importantes veículos de


comunicação de massa, por ser de fácil acesso, sempre se destacou estando
presente na história do país, como meio abrangente e popular. É por essas
características que o veículo teve grande relevância no uso educativo do país.
Após algum tempo, o rádio retoma força como ferramenta educativa para
todo e qualquer projeto educacional, principalmente servindo de plataforma
para a Educação a Distância (EaD). Aqui você conhecerá como o veículo já
foi utilizado na educação. Verá também uma proposta de uso pedagógico em
escolas, nas diversas possibilidades existentes, para melhorar o diálogo entre
professores, alunos e comunidade escolar.

Aqui também serão apresentadas as principais características do veículo,


como equipamentos e profissionais, e as características da linguagem e dos
estímulos sonoros empregados para prender a atenção dos ouvintes.

Rádio, quem nunca escutou? Existem pessoas apaixonadas pelo veículo que,
por meio da audição, informa, instrui, educa e diverte. Quem sabe você, ao
estudá-lo em suas diferentes possibilidades sonoras, torne-se uma pessoa
apaixonada pelo fascinante mundo radiofônico?

Bom estudo sonoro!

Os Autores
ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIOCULTURAIS E TECNOLÓGICOS DO RÁDIO E A EDUCAÇÃO UNIDADE 1

Fernando Teixeira
Luciano Moraes Almeida

História
do Rádio
Com o estudo desta unidade, você conhecerá aspectos técnicos e
históricos da invenção do rádio como veículo de comunicação, bem como
sua implantação no Brasil. Vai compreender também quais os principais
usos ideológicos desse veículo por regimes totalitários. “O rádio é [...] a
informação dos que não sabem ler”. Sob estas palavras, Roquete Pinto,
considerado o “pai da radiodifusão no Brasil”, enxergou no rádio um
veículo que pudesse difundir cultura e educação. Bons estudos!
História do Rádio
A história do rádio começa na primeira metade do século XIX.
O pesquisador inglês Michel Faraday foi o primeiro a investigar e
elaborar teoria sobre ondas e campos magnéticos. Por volta de
1860, Henry Maxwell comprova, por meio de modelos matemáticos,
que a energia eletromagnética pode ser propagada na mesma
velocidade da luz.

Segundo Tavares (1999), Maxwel construiu um aparelho


experimental, que tinha duas varinhas metálicas de oito centímetros
de comprimento, colocadas no mesmo sentido e separadas por um
intervalo de dois centímetros. Unindo-se cada varinha aos polos de
um gerador de alta tensão, carregava-se um condensador, parte
integrante do equipamento, percebendo-se que ambas sofriam o
mesmo número de alterações.

Já em 1887, o cientista alemão Heinrich Rudolph Hertz, utilizando-


se dos inventos de Maxwel, traz à tona suas descobertas sobre a
História do Rádio 9

possibilidade de transmissão de sinais através do ar. Comprovou,


na prática, a existência das ondas eletromagnéticas, conhecidas
atualmente como “ondas de rádio” ou ondas hertezianas. Em sua
homenagem, usa-se, na radiodifusão, o “hertz” como unidade
de frequência.

[ Heinrich Hertz (à esquerda) e


Guglielmo Marconi (à direita), dois
visionários da história do rádio. ]

Você sabia que o nome mais conhecido como o inventor do rádio


é o do italiano Guglielmo Marconi? Segundo Gontijo (2002), em
1890, Marconi conseguiu transmitir sinais sonoros a uma distância
de nove metros. A ideia de Marconi em transmitir sinais a distância
surgiu quando ele assistiu a repetição das experiências de Hertz,
na cidade de Bolonha (Itália). A partir daí entregou-se ao estudo
das ondas hertezianas e descobriu, dois anos depois, o princípio
de funcionamento da antena, o que facilitou o envio de sinais
através do espaço.

As experiências prosseguiram. Em 1903, usando um microfone [ SAIBA MAIS ]


construído por Albrey Fetsenden, seu admirador, Marconi consegue Em 1896, Marconi enviou mensagens
enviar uma mensagem ao outro lado do oceano. Transmitiu a de Dover (Inglaterra) a Viemeux (França),
própria voz e músicas provenientes de discos de fonógrafo. A ação em código Morse, numa distância de
causou surpresa e espanto entre os cientistas da época. 32 milhas e a uma velocidade de 20
palavras por minuto. Nesse mesmo
Em 1907, iniciou-se o serviço telegráfico entre a Inglaterra e os ano, Marconi obteve, na Inglaterra, a
patente de um transmissor de sinais
Estados Unidos. O ano seguinte foi marcado por disputas entre os
sem fio, consolidando a radiotelegrafia.
cientistas, visando o aperfeiçoamento daquelas invenções. Para explorar comercialmente o invento,
criou a Companhia Marconi, que
A primeira notícia de interesse geral, e que se caracteriza como fabricava aparelhos voltados à telegrafia
o passo inicial para a utilização doméstica desse meio de (TAVARES, 1999).
comunicação, foi a respeito do afundamento do navio Titanic.
Nesse episódio, um engenheiro da Companhia Marconi Americana
instalou-se em uma estação de rádio de Nova York, decifrando
sinais e transmitindo mensagens recebidas do próprio local em que
aconteceu a tragédia.

[ O Titanic logo após sua


partida, em 1912, fotografado
por F.G.O. Stuart. ]

Para Gontijo (2001, p. 221) as experiências com um transmissor que


irradiava música em receptores amadores aumentou sensivelmente
o número de ouvintes e incrementou a demanda por aparelhos.
A autora afirma, ainda, que as possibilidades comerciais do invento
foram evidentes tanto para a RCA (Radio Corporation of America),
[ O transatlântico britânico Titanic
que nascera da fusão da General Electric com a Marconi Norte-
naufragou na sua viagem inaugural,
entre a Inglaterra e os Estados Americana, quanto para a Westinghouse, uma das mais importantes
Unidos, no dia 14 de abril de fábricas americanas de componentes elétricos.
1912, quatro dias depois de deixar
O impulso definitivo à comercialização do rádio doméstico foi dado
o porto de Southampton. Apesar
de ter sido anunciado como um pela Westinghouse Eletric and Manufacturingo Company, através
navio indestrutível, a embarcação de seu vice-presidente Harry Davis. Esse decidiu construir, em East
não resistiu ao impacto do choque Pittsburgh, um transmissor, com objetivo de estimular a venda de
contra um iceberg em alto mar. receptores domésticos de fabricação própria. Dessa forma, surge,
Mais de 1.500 pessoas morreram em 1920, a estação KDKA, instalada em Pittsburgh (Pensilvânia,
no acidente. Cem anos depois, a Estados Unidos).
tragédia ainda desperta curiosidade
e inspira produções artísticas e Para vender seus produtos, Davis divulgou anúncios informando que
jornalísticas, como a edição da iria realizar a irradiação dos resultados das eleições presidenciais
revista “Veja na História” dedicada americanas de 1920. O surgimento da KDKA fez crescer o número
ao acidente. Você pode pesquisar a de estações em Nova York e em outras cidades americanas. Entre
edição da revista na internet. ] 1921 e 1922, as estações recém criadas passaram a transmitir com
História do Rádio 11

regularidade músicas e vozes, aumentando, assim, o interesse


popular. O ano de 1922 consolidou a implantação do rádio nos EUA.

Ao terminar a década de 1920, os maiores problemas do


rádio como veículo de comunicação de massa estavam
resolvidos. Quase todos podiam adquirir um receptor
confiável, pagando em prestações. Os homens do ramo
recebiam lucros generosos ao vender seu tempo para
anunciantes; fabricantes vendiam seus produtos pelo ar e
talentos com grande fascínio captavam a atenção do público
à noite (GONTIJO, 2001, p. 223).

O rádio já estava em mais de 50 países ao final da década


de 1920, sendo necessária em muitos deles a criação
de redes de emissoras para que a programação pudesse
atingir o maior número possível de ouvintes.

Em boa parte dos países europeus a radiodifusão é de propriedade


estatal. A emissora BBC, de Londres (Inglaterra), é uma sociedade
independente de direito público, controlada pelo governo, que tem
por intermediário o Parlamento Inglês.

Na Inglaterra um concerto transmitido de Chensford, no dia 23


de fevereiro de 1920, inaugurou a radiodifusão na Grã-Bretanha,
mas somente em 1922 as transmissões passaram a ser feitas
regularmente.

Na França o ano de 1922 indicou o início da radiodifusão de


forma regular, sendo instalada na Torre Eiffel uma emissora
oficial. Em 1925, através de uma empresa privada, os poloneses
tiveram contato com a radiodifusão. Em 1926, no Japão, entrou
em operação a Sociedade Nippon Hosh Kyokay Broadcasting
Corporation of Japan. Na Itália, país de Marconi, notabilizado pelas
invenções nessa área, a radiodifusão teve início somente em 1924.

Veja, a seguir, uma cronologia com os principais fatos que marcaram


o rápido desenvolvimento do rádio no mundo:
Cronologia do desenvolvimento do rádio no mundo

Ano Fato

1919 Fundada a primeira estação na Holanda.

1920 Fundada a primeira estação no Canadá.

Inaugurada a primeira estação de rádio da Austrália,


1921 em Melbourne. Dois anos depois, o país ganha a
sua segunda emissora, em Sidney.

França e União Soviética inauguram, quase ao


mesmo tempo, suas primeiras instalações. Nesse
ano, a Inglaterra, que saíra na dianteira, fundava a
1922 BBC, uma instituição privada estatizada em 1925 e
detentora do monopólio das transmissões até 1954,
quando foi criada a Autoridade Independente de
Televisão (ITA).

Bélgica, Tchecoslováquia, Alemanha, Espanha e


1923
Brasil iniciam suas transmissões.

1924 Finlândia e Itália aderem ao rádio.

Noruega, Polônia, México e Japão estreiam suas


1925
primeiras estações.

Índia e a maior parte do mundo árabe adotam o


1926
rádio como meio de comunicação.

Fonte: Adaptado de Gontijo (2001, p. 223).

O inventor brasileiro do rádio


No Brasil o padre gaúcho Landell de Moura, o inventor do rádio,
construiu o primeiro transmissor sem fio para a transmissão de
mensagens, em 1892. Em 1894, realizou a primeira transmissão
por meio de ondas hertezianas. Entre 1903 e 1904, Landell de
Moura conseguiu, nos Estados Unidos, as patentes de três
inventos: o transmissor de ondas hertezianas, o telefone sem fio
e o telégrafo sem fio.

Os trabalhos de Landell de Moura foram notícia em 1902 no jornal


americano “The NewYork Herald”. Em matéria sobre as experiências
[ Padre Landell de Moura, sobre transmissão de sons de aparelhos com fios pelos cientistas
o inventor brasileiro do rádio. ] americanos, alemães e ingleses, entre outros, na transmissão de
História do Rádio 13

sons sem uso afirmava:

Por entre os cientistas, o brasileiro Padre Landell de Moura é


muito pouco conhecido. Poucos deles têm dado atenção aos
seus títulos para ser o pioneiro nesse ramo de investigações
elétricas. Mas antes de Brigton e Ruhmer, o Padre Landell,
após anos de experimentação, conseguiu obter uma patente
brasileira para sua invenção, que ele chamou de Gouradphone
(MEMORIAL LANDELL DE MOURA).

Ernani Fornari, um dos biógrafos de Landell, no livro “O incrível


padre Landell de Moura”, informa que as primeiras experiências
de transmissão e recepção sem fio, efetuadas pelo padre Landell,
ocorreram entre 1893 e 1894. Uma demonstração prática da
transmissão e recepção de sinais de voz foi realizada em 3 de junho
de 1900, com a presença da imprensa e autoridades, incluindo o
cônsul inglês em São Paulo.

A experiência aconteceu entre a Avenida Paulista (onde hoje estão


as antenas de transmissão de TV) e os altos do bairro de Santana.
Landell irradiou a própria voz, por meio de onda eletromagnética,
numa distância de oito quilômetros.

Em Campinas (SP), Landell de Moura viveu alguns anos, sendo


padre da Matriz de Santa Cruz (atual Basílica do Carmo). Sem
entender como um religioso podia ser cientista, ele foi considerado
maluco. Segundo o escritor Hamilton Almeida (1984),

muitas pessoas na época acreditavam que ele usava o


aparelho para falar com o demônio. [...] Os fiéis chegaram
a destruir os aparelhos dele, porque era uma coisa sem fio,
achavam que ele conversava com o diabo.

A implantação do rádio no Brasil


O ano de 1922 marca de forma oficial a primeira transmissão
radiofônica no Brasil. Zuculoto (2012b, p.13-36) observa que
sua pioneira transmissão, ainda precária, ocorreu durante as
comemorações do Centenário da Independência, no Rio de
Janeiro, então capital do país. Essa primeira transmissão foi uma
das espetaculares atrações para a exposição.

Um discurso do então presidente Epitácio Pessoa era transmitido


ao vivo, através de alto-falantes, de estações instaladas no alto
do Morro do Corcovado e na Praia Vermelha, pelas empresas
americanas Westinghouse e Western Eletric.
Segundo Moreira (2000, p. 21),

para a maioria dos visitantes presentes a exposição, o


discurso presidencial transmitido através dos alto- falantes
estrategicamente posicionados (e ignorados até o momento
da transmissão) foi uma surpresa. A mágica característica do
rádio começa, ali, a fazer parte da história nacional.

Para Zuculoto (2012b, p. 36), além disso, o governo precisava


transformar a Exposição do Centenário num sucesso memorável
que ajudasse a amenizar o clima de tensão política que atingia o
país. É que 1922 foi o ano da tumultuada eleição para a sucessão
de Epitácio Pessoa. Segundo Zuculoto (2012b, p. 37),

trazer o rádio para o Brasil foi um dos principais fatos novos,


mas apenas como uma grande novidade tecnológica, já que,
pelo menos naquele exato momento, o governo ainda não se
tinha dado conta das suas possibilidades comunicativas e de
uso político que poderia fazer delas.

Em 20 de abril de 1923, foi inaugurada a primeira emissora


de rádio no Brasil, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
A emissora pioneira foi fundada por Roquette-Pinto, um
dos poucos ouvintes da primeira emissão em 1922 que
vislumbrou imensas possibilidades no novo meio, conforme
Zuculoto (2012b, p.37).

Segundo Moreira (2000), no princípio, a rádio era dominada por


programas eruditos que transmitiam óperas, conferências e músicas
clássicas, sendo que aos poucos ganharam espaços programas
populares, que apresentavam cantores e compositores de sucesso
da época, além de programas que atendiam o público infantil.

A exemplo de outras novidades tecnológicas, em sua fase inicial,


os aparelhos de rádio só podiam ser adquiridos, no Brasil, por
pessoas de maior poder aquisitivo. Isso destoava da intenção de
Roquette-Pinto de transformá-lo em veículo de disseminação de
cultura e de aprofundamento do processo educacional brasileiro.
Posteriormente ao surgimento da Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, foram implantadas as rádios Clube do Brasil, Educadora e
Maryrink Veiga, no Rio de Janeiro; a Rádio Educadora Paulista, em
São Paulo, e a Rádio Clube de Pernambuco, em Recife. Em 1924,
em Fortaleza foi criada a Ceará Rádio Clube; o Maranhão ganhou
História do Rádio 15

a Rádio Sociedade Maranhense; enquanto na Bahia fundava-se a


Rádio Sociedade da Bahia. Neste mesmo ano, surgia em Pelotas
(RS) a Sociedade Rádio Pelotense e, em Curitiba (PR), a Rádio
Clube Paranaense. Segundo Tavares (1999), os primeiros prefixos [ Você terá mais informações sobre
implantados no Brasil denominavam-se Sociedades ou Clubes, a implantação dessa emissora na
financiados por seus associados, com o objetivo de difundir a unidade 2. ]
cultura e favorecer a integração nacional.

[ Roquette-Pinto (sentado, de
terno claro) em foto de 1936, ao
lado de outros brasileiros célebres
como Manuel Bandeira (em pé,
3o da esquerda para a direita),
Alceu Amoroso Lima (em pé, 5o da
esquerda para a direita) e Helder
Câmara (em pé, 7o da esquerda
para a direita). ]

Moreira (2000) afirma que o rádio, naquela que pode


se considerar sua primeira fase no Brasil, era um
meio de comunicação voltado principalmente para a
transmissão de educação e cultura. Em razão desse
consenso quanto à vocação do veículo, uma parte
das emissoras brasileiras evoluiu nessa direção após
a década de 1920, quando começa a crescer no
país a tendência para a rádio comercial. No entanto,
em 1936, a função educativa do rádio, que até esse
período fora uma condição imposta pelos fundadores
das primeiras emissoras implantadas no Brasil, acabou
tornando-se oficial.
Com a promessa de que a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro
continuaria a preservar os ideais que fundaram a emissora –
compromisso assumido pelo governo brasileiro através do ministro
Gustavo Capanema -, Roquette-Pinto doou-a ao Governo Federal.
Desse ato originou-se a Rádio Ministério da Educação e Saúde,
atual Rádio MEC.

A instalação de diversas rádios nesse período fez crescer o


interesse público por esse veículo de comunicação. Moreira (2005)
define esse momento como “radiomania” – espécie de epidemia
sinalizada por antenas montadas em bambus sobre os telhados,
em busca de melhor recepção para os aparelhos de rádio.

Os jornais da época, pressionados por seus leitores, começaram


a abordar em colunas e reportagens os assuntos veiculados pelo
rádio. Os astros e estrelas que desfilavam em seus programas
passaram a frequentar revistas especializadas, e o interesse dos
donos dos jornais na concessão de canais de rádio demonstrava
sua importância.

Dois decretos são assinados nesse período: em 1931, o que


regulamentava o funcionamento técnico das emissoras; em 1932, o
que liberava a veiculação de publicidade pelas ondas hertezianas,
instituindo dessa forma o rádio comercial. Inicia-se, a partir daí,
uma enorme expansão nos serviços de radiodifusão no país. Nas
décadas posteriores surgem no cenário nacional centenas de novas
emissoras, levando informação, cultura, educação e entretenimento
aos mais escondidos recantos do Brasil.

O rádio nos momentos


históricos do país
Vem de muito longe a presença e a utilização do rádio no cenário
político, econômico e cultural do país. Ele foi o veículo de comunicação
escolhido pelo presidente Epitácio Pessoa (1865-1942), para inaugurar
a exposição comemorativa ao Centenário da Independência, em 1922,
com a primeira transmissão radiofônica no Brasil.

Nos anos de 1930, o rádio se transformaria no principal veículo


propagandístico da Revolução Constitucionalista. Diante de toda
a movimentação daquele período, o rádio não ficaria imune. Um
[ Epitácio Pessoa, o 11° presidente decreto de Getúlio Vargas, assinado em 10 de março de 1932,
brasileiro, governou o país entre autorizava a utilização de propaganda através desse veículo,
1919 e 1922. ] transformando-o em meio de comunicação de massa.
História do Rádio 17

Consciente da força e do poder do veículo, Vargas soube usufruir [ SAIBA MAIS ]


de suas prerrogativas e, em 1936, criou a “Hora do Brasil” Ouça arquivos de áudio de vários
(MILANEZ, 2007). Fortemente marcado por um viés político, o momentos importantes da era de
programa levava ao ar, de maneira constante, discursos do então ouro do Rádio, entre eles o programa
presidente e de outras autoridades aliadas ao regime, intercalado “Hora do Brasil” e o anúncio do
fim da Segunda Guerra Mundial,
com apresentações de cantores populares as quais tinham como
acessando: <http://www.locutor.info/
função servir de atrativo e de motivação para a audiência. audioEradeOuro.html>.
De acordo com Moreira (2005), em 1954, o poder envolvente
do microfone seria mais uma vez comprovado, por ocasião
da campanha liderada por Carlos Lacerda contra o governo
constitucional de Getúlio Vargas. Pouco tempo depois, o povo,
perplexo e emocionado, ouviria nas ruas das grandes cidades
brasileiras as rádios transmitirem, ininterruptamente, a carta
testamento deixada por Vargas antes de seu suicídio.

A participação decisiva do rádio na história política do país, segundo


Moreira (2005), ocorreu quando da renúncia do presidente Jânio
Quadros, em 1961. O veto dos militares à posse do vice-presidente
eleito, João Goulart, esbarrou na resistência liderada pelo então
governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado de Jango. [ Em 1958 foi inaugurada a Rádio
Eldorado AM na capital paulista.
Requisitando a Rádio Guaíba de Porto Alegre (RS), Brizola ampliou Nesse ano, o Brasil sagrou-se, pela
o apoio popular à posse de João Goulart com as emissoras de primeira vez, campeão mundial de
outros estados, que se uniram à Rede Nacional da Legalidade, futebol. O país acompanhava atento
obrigando a junta militar a propor mudanças de regime, passando-o aquele feito na Suécia através dos
de presidencialista a parlamentarista, manobra aceita pelo vice- vários prefixos existentes na época. ]
presidente (MOREIRA, 2005).

Em 1960, ocorreu a inauguração de Brasília, a nova capital do


Brasil, e lá estava presente o rádio, trazendo ao povo brasileiro a voz
emocionada de Juscelino Kubitscheck de Oliveira, entregando à
nação um sonho que ela há muito acalentava.

Em 1962, o Brasil tornava-se bicampeão mundial de futebol no


Chile, e o povo ouvia, por meio de vozes famosas que fizeram a
história do rádio esportivo brasileiro, vibrantes narrações que
conseguiam transportar milhões de brasileiros ao campo de jogo
onde o espetáculo acontecia.

Ainda nos anos de 1960, o Rock and Roll, a Bossa Nova e a Jovem [ Posse do presidente Juscelino
Guarda disputavam espaços nos lares brasileiros, todos trazidos Kubitscheck de Oliveira
pelas ondas do rádio, que naquele momento começava a disputar (à esquerda). ]
lugar com a recém criada televisão brasileira.
Algumas décadas antes, no entanto, Linda Batista, Trio Melodia e
Luiz Gonzaga - o rei do baião - já faziam sucesso nos programas
musicais da Rádio Nacional do Rio de Janeiro e em tantas outras
emissoras existentes no país nos anos de 1940.

A década de 1950 é pródiga em fazer surgir, no cenário artístico


nacional, inúmeros autores e intérpretes da música brasileira, por cujo
sucesso o rádio foi o principal responsável. Marlene e Emilinha, Cauby
Peixoto, Dick Farney, Lucio Alves, Orlando Silva, Carlos Galhardo,
Moreira da Silva, Nelson Gonçalves, Vicente Celestino, Dolores Duran
e Ivon Curi, entre outros, apresentavam-se às multidões através de
programas radiofônicos, apresentados por vozes famosas como as
de Almirante, Haroldo Barbosa e Lourival Marques.

Segundo Moreira (2005), em 1956, a correspondência para a Rádio


Nacional chegava à média mensal de 110 mil cartas, das quais 84%
eram destinadas aos programas com concursos de música, 7%
para as cantoras, 3% para os cantores, enquanto os 6% restantes
eram encaminhados a todos os outros departamentos da emissora.

Em maio de 1966, o Brasil fez uma importante conquista no campo


da medicina, realizando, no Hospital das Clínicas de São Paulo, o
primeiro transplante de coração e de rins da América do Sul. E o
rádio esteve presente nesse acontecimento através da Tupi e da
Difusora de São Paulo (TAVARES, 1999).

Em 1970, no México, o Brasil tornou-se tricampeão mundial de


futebol e o rádio novamente estava lá, narrando em detalhes essa
conquista.

A conquista da lua pelo homem, em 1969, foi transmitida


para todo o planeta pela televisão, mas também por
inúmeras emissoras de rádio. Nesse mesmo ano o
mundo aguardava ansioso o milésimo gol de Pelé. O
momento mágico do futebol foi narrado efusivamente
por Waldir Amaral, num jogo histórico realizado no
estádio do Maracanã.
História do Rádio 19

Nos anos de 1980, o país ouvia notícias sobre a mobilização popular


por eleições diretas. E foi pelo rádio, agora dividindo espaço com
a supremacia da TV, que o povo soube estarrecido da morte do
presidente Tancredo Neves. Nesse período, o programa “A Voz
do Brasil” teve muita audiência ao transmitir os boletins de saúde
sobre o estado de saúde do presidente.

Assim é a história do rádio. Uma presença forte e marcante nos


acontecimentos que definem a história do país que traz, de maneira
instantânea, os fatos e acontecimentos. Esse poderoso veículo de
comunicação quebra o silêncio das grandes e pequenas cidades
em seu amanhecer e desperta o campo que acorda para um novo
dia. Trafega nas ruas e avenidas do país, trazendo as primeiras
manifestações do dia e os detalhes das notícias que também se
farão presentes em outros veículos da mídia.

A guerra dos mundos


A forte influência do rádio sobre a população foi comprovada nos
Estados Unidos. No final da década de 1930, conforme Meditsch
(1998, p. 29) “o que mais os americanos gostavam de fazer era
ouvir rádio, e é aí que o veículo entra em cena como protagonista
central da história”, a Guerra dos Mundos. Um programa radiofônico
provocou histeria em milhares de norte-americanos ao anunciar
que a Terra estava sendo invadida por marcianos. A rádio Columbia
Broadcasting System (CBS) transmitiu a adaptação feita pelo
roteirista Howard Koch da obra intitulada “A guerra dos mundos”,
do escritor inglês H.G. Wells. Segundo Meditsch (1998, p.28), “Koch
fez uma recriação do livro, aproximando a história – no tempo e no
espaço – do cotidiano dos ouvintes e introduzindo o próprio rádio
como protagonista dos acontecimentos narrados, sem desperdiçar
a força dramática”. O produtor Orson Welles, conforme Meditsch
(1998), foi sem dúvida o personagem principal da história que se
passou por trás dos microfones.

O programa transmitido em formato de notícia comprovou na prática


a grande influência do veículo sobre os ouvintes. O programa foi ao
ar na noite de 30 de outubro de 1938. Depois da previsão do tempo,
a rádio começou a tocar música orquestrada e, no meio de uma
execução, o locutor interrompe, de forma brusca, a transmissão
para anunciar: “a CBS interrompe seu programa para anunciar aos [ Orson Welles durante a transmissão
ouvintes que um meteoro de grandes dimensões caiu em Grovers de “A guerra dos mundos”, pela
Hill, no Estado de Nova Jersey, a algumas milhas de Nova York”. rádio CBS. ]
Então, um enviado especial entra na programação para anunciar
que desse meteoro saíam monstros gigantes disparando raios que
“mataram” inclusive o repórter. Depois seguiu-se a locução das
batalhas travadas entre policiais e militares contra os alienígenas.
Multidões aterrorizadas começaram a invadir quartéis, hospitais e até
redações de jornais depois que o locutor anunciou a morte de pessoas.

Na cidade mais próxima ao local da batalha, Newmark, 50 mil


pessoas fugiram de suas casas em busca de abrigos naturais.
Houve pessoas que se suicidaram por medo dos marcianos.

Ainda parte da simulação, foi ao ar uma declaração do secretário


de Estado do Interior dizendo que as pessoas deveriam sacrificar a
própria vida para que fizessem prevalecer a vida humana na Terra.
E o locutor anunciou que os monstros estavam próximos de Nova
York. Inclusive a rádio foi destruída.

Transmitida originalmente pela rede CBS de rádio nos Estados


Unidos, em 30 de outubro de 1938, a adaptação para o rádio do
romance de ficção científica publicado em 1898 por H.G. Wells
causou pânico nos Estados Unidos, pois milhares de ouvintes
acreditaram que a invasão alienígena narrada no rádio fosse real.
Considerado o programa de rádio mais famoso de todos os tempos,
ele catapultou a carreira do jovem ator e diretor teatral Orson Welles,
então com 23 anos, que em seguida seria levado para Hollywood
e produziria o filme clássico “Cidadão Kane”, considerado pelos
críticos o mais importante filme norte-americano do Século XX.

Segundo Meditsch (1998, p. 35) “a Guerra dos Mundos será sempre


lembrada como uma espécie de “pecado original” da mídia”. E
o roteiro de Koch, “produzido sob a orientação do diretor Orson
Welles será recomendado como uma autêntica obra-prima, que
revelou todo o poder da magia do rádio”.

O uso do rádio por regimes


totalitários
A popularização do rádio nas décadas de 1930 e 1940 foi instrumento
para “fazer a cabeça” das pessoas a favor de regimes totalitários e
suas ideologias. O maior exemplo da manipulação de pessoas em
massa aconteceu na Alemanha nazista. Por meio principalmente
História do Rádio 21

do rádio e do cinema, os nazistas, comandados pelo centralizado


Conselho Nacional de Cultura do ministro da propaganda Joseph
Goebbels, propagaram o racismo e a crença de uma raça pura e
superior a deles.

Getúlio Vargas, no período do Estado Novo, também se apropriou


da radiofonia para defender o regime de ditadura feita de forma
populista, inspirado em Hitler. Tanto na Alemanha quanto no Brasil, o
governo central adotou os mesmos métodos para dominar totalmente
a comunicação da época. Como afirma Hale, no seu texto “O Rádio
como arma política: os modelos de propaganda nas guerras” (2008, [ Joseph Goebbels (ao centro),
p.191-198): ministro da propaganda da
Alemanha nazista, em visita a
O rádio é o único meio de comunicação massiva que é exposição de rádios em 1938. ]
impossível deter. É o único meio que chega instantaneamente
a todo o planeta e pode transmitir uma mensagem de um
país para o outro. Combinadas estas características do rádio,
ele assegura um papel indispensável nas comunicações
internacionais e confere prioridade como arma mais
poderosa da propaganda internacional. [...] O difundido uso
da propaganda radiofônica durante a guerra definiu por igual
a força e as limitações do meio. [...] Enquanto a fria letra
impressa pode apelar à razão, a rádio pode apelar também
para as emoções. Deliberadamente, Hitler a utilizou como
um meio para provocar a histeria coletiva. [...] A propaganda
científica por rádio foi em sua parte uma invenção dos
nazistas, que enxergaram com maior nitidez do que seus
inimigos, as possibilidades do meio de comunicação e a
utilizaram com força inigualada. Nos anos de pós-guerra, as
lições que eles ensinaram fora aprendidas e adaptadas, ainda
que para fins diferentes, por propagandistas radiofônicos de
todo o mundo.

A concessão de emissoras, seus programas e conteúdos, tudo


passa pela análise do Estado. A programação está de acordo com
as ideias do regime; a oposição é silenciada, sem direito à crítica. O
culto ao líder, o elogio repetido da superioridade ariana, a repetição
de slogans e a sedução despertados pelos espetáculos voltados [ Presidente Getúlio Vargas aparece
ao entretenimento foram algumas das maneiras de usar o rádio ao lado de crianças em propaganda
para a dominação ideológica, não só no Brasil e na Alemanha, mas do Estado Novo, em 1938. ]
também em outros países, como Itália, Japão e na antiga União
Soviética. O objetivo era que a população ficasse a favor do líder
autoritário.
História do rádio em Santa Catarina
Ao contrário do que aconteceu no país, em Santa Catarina as
rádios se desenvolveram primeiro no interior, nos municípios de
Blumenau e Joinville, na década de 1930, depois foram instaladas
na capital, Florianópolis. Veja no quadro seguinte um breve perfil
das emissoras pioneiras.

Síntese da história do rádio em Santa Catarina


Blumenau
• A primeira rádio do Estado foi a Rádio Clube de
Blumenau, fundada em 1935 pelo gerente da Indústria
Garcia João Medeiros Júnior.
• Ele começou com um sistema de alto-falantes
espalhados pela cidade. Em 1931, conseguiu implantar
uma emissora com a aquisição de transmissor de 150
watts. Reunia um grupo de simpatizantes que dividiam
as despesas da rádio.
• Tinha programação predominantemente musical. Em um
programa, os ouvintes pagavam para execução de uma
música solicitada.
Joinville no ar
• Na maior cidade do Estado, a rádio foi implantada
por Wolfgang Brosig, em 1938. Tinha habilidade em
eletrônica e trabalhou no sistema de alto-falante da
cidade. Transmitiu discurso do presidente
Getúlio Vargas.
• Do sótão de casa transmitia em alemão seis horas de
programação, fazendo locução, operação de áudio e
escolhendo os discos com músicas que iam para o ar.
• Em 1940, conseguiu outorga federal e transferiu a
emissora para um estúdio na rua das Palmeiras.
Um ano depois surge, oficialmente, a Rádio Difusora
de Joinville. Atuavam nela Walter Brand, Eugenio Boehm
e João Pipper.
• A rádio foi levada para o edifício Colon, no centro da
cidade, e se destacou por uma grande campanha de
solidariedade a flagelados do Rio Grande do Sul e ao
Asilo Municipal de Órfãos Abdon Batista.
História do Rádio 23

Florianópolis
• Em 1942, surge a primeira emissora da capital, a rádio
Guarujá. Inicialmente foi implantada por Ivo Serrão,
primo do prefeito. O nome da emissora homenageia o
bairro santista do Guarujá, onde ficava a rádio Atlântida,
que era escutada em Florianópolis.
• Tinha como principais programas o oferecimento musical
dos ouvintes, hora literária e a hora da Ave Maria.
• Em 1943, o cadete Walter Lange monta um transmissor
de 80 watts que transmite para o Centro e bairros
próximos.
• Em 1946, é adquirida pelo governador Aderbal Ramos
da Silva e se transfere em 1949 para o Clube Martinelli,
com 300 poltronas no auditório para acompanhamento
ao vivo dos programas.
• No período democrático, de 1945 a 1964, é utilizada
como cabo eleitoral do PSD (que eram partidários do
populismo de Getúlio Vargas), em contraponto à UDN,
que representava o interesse político da oligarquia
Konder Bornhausen.
• A partir de 1945, as emissoras ganham força no interior
fazendo concessões à classe política. Surge em 1954 a
Rede Coligadas de Blumenau, que tinha seis emissoras
próprias (Clube de Gaspar, Clube de Indaial, Araguaia de
Brusque, Difusora de Blumenau e Clube de Itajaí), sob
comando da rádio Clube de Blumenau.
• Apesar da tendência da Coligada em apoiar o PSD,
o que prevaleceu na programação foi o o interesse
comercial na programação, com a venda de anúncios.
• Em 1954, o governador Irineu Bornhausen obtém
concessão da Rádio Diário da Manhã (udenista) e
supera a audiência da rádio Guarujá em jornalismo e
radioteatro. Irmãos Zigelli faziam o programa Vanguarda,
opinativo, mas inaugurando no Estado a linguagem
objetiva na década de 1960.
Fonte: Medeiros (1998).
Nesta primeira unidade de estudos você viu que a
descoberta da radiodifusão aconteceu pelo avanço das
descobertas tecnológicas na física. Viu que o italiano
Marconi é o nome mais lembrado como o inventor do
rádio, mas outros pesquisadores também tiveram suas
descobertas reconhecidas, como foi o caso do padre
gaúcho Landell de Moura.

Você também aprendeu que a primeira transmissão de


rádio no Brasil foi realizada por Roquette-Pinto, em 1922.
Ele pensou no veículo como “a escola dos sem escola”,
ou seja, no veículo com função principalmente educativa.

O veículo marcou vários momentos históricos do país


(Estado Novo, Campanha da Legalidade) e, ao contrário
do resto do país, em Santa Catarina o rádio surgiu primeiro
no interior e depois na Capital.

Na próxima unidade, você conhecerá, com um pouco


mais de detalhes, aspectos históricos relacionados ao uso
educativo do rádio no Brasil. Em frente!
ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIOCULTURAIS E TECNOLÓGICOS DO RÁDIO E A EDUCAÇÃO UNIDADE 2

Fernando Teixeira
Luciano Moraes Almeida

A Radiofonia
Educativa no
Brasil
Apesar de ter nascido com finalidade educativa, o veículo rádio atualmente
é mal aproveitado para a educação, mesmo sendo muito presente na vida
dos brasileiros. Nesta unidade você conhecerá mais sobre a programação
das rádios educativas brasileiras e os diversos projetos educacionais que
se apoiaram nesse democrático veículo de comunicação. Verá como a
radiodifusão educativa começou e alguns dos principais projetos realizados
e seus objetivos. Com o estudo desta unidade, você compreenderá como
aconteceu a implantação da radiodifusão educativa, seu período de ouro e
a legislação brasileira sobre o tema.
A Radiofonia Educativa
no Brasil
A rádio educativa no Brasil
Como você viu na unidade anterior, a primeira missão do rádio no
Brasil foi fundamentalmente educativa. O país da década de 1920
crescia urbanística e culturalmente. A cidade do Rio de Janeiro,
capital da república, via florescer casas de espetáculos teatrais, de
projeções cinematográficas e agitados cafés - todos funcionando
como locais de intensa efervescência cultural e social.

Nos meios acadêmicos, a necessidade de divulgar a ciência e


aproximá-la do público refletia-se nos espaços que esta ganhava em
jornais, revistas e em conferências abertas ao público. Porém, isso
não era suficiente na visão de intelectuais como Henrique Morize e
Roquette-Pinto. Para eles, era preciso difundir a ideia de que a ciência
é um fator de prosperidade nacional, principalmente num país de
dimensões continentais e com tantas diferenças como o Brasil.
A Radiofonia Educativa no Brasil 27

Martins (2005) resgata que Roquette-Pinto, para produzir seu


programa de “educação em massa”, “acordava cedo, lia os
principais jornais e fazia os famosos círculos em azul e vermelho
escolhendo as melhores notícias que logo falaria no rádio”.
Roquette-Pinto expressou assim seu entendimento sobre o papel
educativo do rádio:

o rádio é a escola dos que não têm escola. É o jornal de


quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola;
é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas
esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos sãos
– desde que o realizem com espírito altruísta e elevado
(MARTINS, 2005, p.1).

Surge em meio a esse ambiente agitado, a Rádio Sociedade do Rio


de Janeiro, que ocupava alguns espaços físicos da ABC (Academia
Brasileira de Ciências). Sem que possuísse qualquer ingerência
[ Broadcasting: radiodifusão, em
governamental, era mantida exclusivamente por doações de inglês. A palavra é formada pela
colaboradores e entusiastas. junção de dois vocábulos: o verbo
to cast significa “semear”. Broad,
Para Milanez (2007, p. 26),
por sua vez, significa “ao largo,
tudo foi muito bem pensado naqueles idos de 1923. Para ao longe”. Numa tradução literal,
cumprir com os objetivos determinados pelos fundadores broadcasting teria o sentido de
– ser um veículo de difusão científica – a rádio deveria “semear ao longe”. ]
manter em sua sede, uma biblioteca, sala para cursos
e conferências, laboratório de ensaios científicos e uma
estação de broadcasting, para irradiar conferências,
concertos, assuntos de interesse científico, literário e
artístico, além da hora legal e o boletim do tempo, serviços
de interesse da comunidade.

O rádio era o impulso que o intelectual Roquette-Pinto, entusiasta


da popularização do conhecimento, precisava para levar a
educação e a cultura aos confins de um Brasil carente que ele tão
bem conhecia. Por 13 anos ele esteve à frente da emissora que,
no princípio, era dominada por programas de música erudita.

Para Souza (2005), embora a grade de programação fosse


composta de música e literatura, muitos professores da Escola
Politécnica e outros acadêmicos ofereciam palestras e cursos
através dos microfones da PR1-A. Os programas educativos
variavam conforme os conhecimentos e especialidades dos mestres
locutores: português, latim, biologia, história, francês, geografia,
higiene, moral e até silvicultura.
Cientistas e personalidades que visitavam o Rio de Janeiro
enriqueciam a programação da emissora, participando de seus
programas. O mais célebre deles foi o físico Albert Einstein.

No entanto, mesmo que a intenção de Roquette-Pinto fosse produzir


uma programação educativa de cunho popular, de fácil acesso à
população, usando o rádio como veículo, esta se restringia às elites,
as quais dispunham de condições para adquirir os equipamentos,
que ainda eram caros naquele período.

A rádio-escola municipal do Distrito


Federal
[ SAIBA MAIS ]
Credita-se ao advogado e educador
baiano Anísio Teixeira (1900- 1971) Em 1933, auxiliado por Roquette-Pinto, o educador Anísio Teixeira
as principais mudanças na educação fundava a Rádio-Escola Municipal do Distrito Federal, inaugurando
pública brasileira a partir da década uma nova fase na radiodifusão educativa brasileira. Folhetos e
de 1920. Pesquise na internet o texto esquemas de lições ensinadas através do rádio eram enviadas pelo
“Educar para crescer” de Anísio Teixeira correio aos alunos inscritos do ensino secundário. Os estudantes
e veja as principais ações do educador
então remetiam aos estúdios da emissora, trabalhos relativos aos
baiano.
assuntos das aulas e tinham contato com ela através de cartas,
telefone e visitas pessoais.

De acordo com Moreira (2000), a resposta alcançada pela rádio


foi imediata: 10.800 trabalhos já haviam chegado à emissora em
pouco mais de um ano de sua existência, reforçando a ideia da
necessidade da manutenção do contato direto com os ouvintes
e o desenvolvimento de uma didática especial para o ensino
radiofônico.

Em 1936, diante das necessidades impostas por dificuldades


financeiras e pelas exigências do Decreto nº 20.047, de 31 de
maio de 1931, o qual era exigido aumento de potência de todas
as emissoras do país, Roquette-Pinto, para não ferir os estatutos
de fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, transfere-a
para o Governo Federal. Surgiu dessa doação a Rádio MEC. Para
tanto, uma condição foi imposta: a nova rádio deveria continuar
com atividades exclusivamente educativas. E assim foi feito.
A Radiofonia Educativa no Brasil 29

Na década de 1950, o som da Rádio MEC chegava a quase todos


os cantos do mundo. A programação havia adquirido um formato
mais popular, com espaços que divulgavam desde informações
agrícolas à música popular brasileira. A diversidade de programação
objetivava ampliar o espectro de seu público, indo do rural ao urbano.

Nos espaços reservados ao educativo prevaleciam as aulas


diárias, em horários flexíveis, para permitir ao aluno ouvinte
o seu acompanhamento. Embora essas aulas fossem apenas
de nível secundário, eram acompanhadas por boa parte
da população, considerando-se que esse era oferecido
em poucas escolas situadas nos grandes centros urbanos
(MILANEZ, 2007, p. 39).

A criação do Serviço de
Radiodifusão Educativa
na Era Vargas
A transferência da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro para o
governo resultou na criação do Serviço de Radiodifusão Educativa,
uma iniciativa do governo Getúlio Vargas que tinha por objetivo
a promoção e irradiação permanente de programas educativos.
Apesar de defender aspectos estritamente relacionados a esse
setor, o serviço sofreu intervenções diretas do DIP (Departamento
de Imprensa e Propaganda), órgão governamental criado à época
e cuja intenção era muito mais ver o rádio como mecanismo de
propaganda política do sistema do que a valorização e disseminação
de programação voltada à educação.

Alternativas semelhantes no campo da radiodifusão educativa


surgiram no país na década de 1940. Exemplo disso foi o programa
Universidade do Ar, lançado em 1941 pela Rádio Nacional do Rio
de Janeiro, emissora que mantinha estreitos laços com o governo
de Getúlio Vargas. Em São Paulo, criou-se um projeto do SESC/
SENAC, destinado a levar educação aos operários do interior
paulista. Neste último, os alunos reuniam-se em grupos e debatiam,
na presença de um professor, os assuntos tratados através do
rádio. Surgiram, a partir daí, os primeiros núcleos organizados de
recepção.

Em 1957, foi criado o Sistema de Rádio Educativo Nacional (SIRENA), [ SESC – Serviço Social do Comércio
através do Ministério da Educação. Em 1958, onze emissoras SENAC – Serviço Nacional de
compunham a rede que irradiava cursos básicos. Em 1961, o número Aprendizagem Comercial. ]
de emissoras já chegava a 47. Os trabalhos eram desenvolvidos
sob a coordenação do professor João Ribas da Costa, o qual fora
idealizador dessa proposta inovadora para a época. O sistema foi
extinto em 1963, devido, principalmente, a oscilações de natureza
política. Ainda em 1961, sob a coordenação da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil), a Igreja Católica também passa a
contribuir com experiências de radiodifusão educativa.

Foi criado, nesse período, o Movimento de Educação de Base,


que concentrava ações em regiões brasileiras consideradas
subdesenvolvidas. Além de tratar da alfabetização, a programação
cuidava da conscientização para a cidadania. Com o golpe militar
de 1964, essa experiência atravessaria um momento difícil em
função do seu caráter de conscientizar, tornando-se uma ameaça
à ordem política vigente.

A “Era de Ouro” da radiodifusão


educativa no Brasil
As décadas de 1970 e 1980, no que se refere à radiodifusão
educativa, são destacadas por alguns autores como a época de
ouro da radiofonia estatal/pública.
A Radiofonia Educativa no Brasil 31

Zuculoto (2012a) afirma que esse foi um período de apogeu, quando


se consolidou uma linha de programação voltada à educação tanto
formal quanto não formal.

Foi nesse período que surgiram o Projeto Minerva, o MOBRAL


(Movimento Brasileiro de Alfabetização), que se utilizava do rádio
como uma de suas formas de atuação, além dos projetos educativos
da Fundação Educacional Padre Landell de Moura e da Fundação
Padre Anchieta. Esta última incorporou a rádio e a TV Cultura de
São Paulo.

De acordo com Zuculoto (2012a), mesmo que nas ações do governo


militar estivessem implícitas motivações políticas e ideológicas que
justificassem fazer uso do rádio para ampliar os níveis de educação
no Brasil, o fato é que isso trouxe benefícios, como o aumento
no número de emissoras e o consequente crescimento de ações
voltadas ao setor.

Segundo Zuculoto (2012a, p. 135),

os interesses da ditadura militar em estimular a educação a


distância via radiodifusão aliados às próprias concepções
históricas de construção do rádio no Brasil, que desde
Roquette-Pinto vislumbraram no meio uma vocação
instrucional, incentivaram, neste período, o surgimento de
muitas emissoras e fundações de rádios e TVs educativas.

[ Décadas de 1970 e 1980 são


consideradas a época de ouro da
radiofonia pública no Brasil. ]

[ SAIBA MAIS ]
Para mais informações, consulte as
páginas na internet da Orgplam.org e
Fundação Padre Anchieta na TV Cultura.
Boa pesquisa!
Projeto Minerva
Foi no período da ditadura militar que foi implantado, em 1970, o
primeiro programa educacional obrigatório. Era o Projeto Minerva,
criado por decreto presidencial e portaria interministerial, destinando
à educação de adultos. A transmissão era obrigatória, às 20 horas,
de segunda a sexta-feira, para todas as emissoras, logo após a
Hora do Brasil, que, mais tarde, passou a ser o noticioso oficial do
Governo Federal “A voz do Brasil”. Com o nome em homenagem
à deusa grega da sabedoria, o Projeto Minerva marca o início da
chamada “Era de Ouro da radiodifusão educativa”.

O Projeto tinha por meta atingir os indivíduos, onde estivessem,


para desenvolver as potencialidades do ser humano e como
cidadãos participativos numa sociedade em permanente evolução.
O rádio mais uma vez acabou sendo o veículo escolhido. Duas
razões contribuíram para essa escolha: o custo de aquisição e
manutenção dos aparelhos receptores e sua familiaridade do
veículo com a clientela de alunos.

Veja, a seguir, as principais características do Projeto Minerva:

• contribuição para a renovação e o desenvolvimento do


sistema educacional e para a difusão cultural, conjugando
o rádio com outros meios;

• complementação ao trabalho desenvolvido pelo sistema


regular de ensino;

• possibilidade de promoção da educação continuada;

• divulgação de programação cultural de acordo com o


interesse da audiência;

• elaboração de textos didáticos de apoio aos programas


instrutivos;

• avaliação dos resultados da utilização dos horários da


Portaria 408/70 pela emissora de rádio.

Souza (2006) afirma que a recepção do conteúdo veiculado se dava


de três maneiras.

A primeira era a recepção organizada. Radiopostos montados


localmente reuniam de 30 a 50 alunos, liderados por um monitor,
para ouvir a transmissão das aulas. Esses radiopostos ficavam
instalados em escolas, quartéis, clubes, igrejas e outros locais.
A Radiofonia Educativa no Brasil 33

A segunda maneira era a recepção controlada. Os alunos


escutavam, individualmente, a transmissão dos cursos e depois
se reuniam semanalmente ou quinzenalmente, sob a orientação do
monitor, para tirar dúvidas acerca do conteúdo estudado.

E a terceira maneira de recepção dos conteúdos era a feita de forma


isolada. Os alunos recebiam sozinhos a transmissão educativa em
suas residências.

De outubro de 1970 a outubro de 1971, participaram do Minerva


mais de 174 mil estudantes. De outubro de 1971 a dezembro do
mesmo ano, o projeto contou um total de 96,9 mil estudantes
na soma das três formas de recepção (isolada – 2.130 alunos,
controlada – 1.033 alunos e organizada - 93.776 alunos, em 1.948
radiopostos).

Em análise posterior, ficaram demonstradas as principais


consequências negativas do projeto Minerva: a flutuação das
matrículas e a evasão durante o curso (FREITAG, 1986). Além disso,
a avaliação dos rendimentos dos alunos não foi realizada. Quem
estudava pelo projeto Minerva era orientado a prestar exames
supletivos (Madureza), que aconteciam duas vezes ao ano, sob o
comando do Departamento de Ensino Supletivo.

Zuculoto (2012a, p. 136) conclui:

A década de 70, portanto, foi de grande movimentação entre


as emissoras do chamado sistema educativo do rádio, que
cresceram em número e produção. Entretanto, em termos de
programação, buscaram traduzir e exercitar sua reivindicada
e autodeclarada missão de transmitir educação e cultura com
ênfase prioritária em projetos de ensino a distância pelas ondas
radiofônicas. As demais possibilidades do fazer radiofônico e
das próprias características e potencialidades comunicativas
do rádio, mesmo que com foco em programação educativa e
cultural, ficaram em segundo plano.

O avanço da radiodifusão educativa


nos anos 1980
Os anos de 1980 foram extremamente profícuos para o ensino
através do rádio. Tendo a Rádio MEC-Rio como âncora e a Cultura
AM, de São Paulo, operando plenamente como rádio não comercial.
Foram produzidos, de forma coletiva, vários programas educativos,
transmitidos por meio de uma ampla cadeia retransmissora, com
abrangência nacional.
Nesse período, já existiam no Brasil dezenas de rádios
educativas, todas se reunindo em torno do SINRED
(Sistema Nacional de Radiodifusão Educativa), visando
igualmente o fortalecimento de coproduções e de
transmissões de seus programas em cadeia nacional.

Essa aproximação entre as emissoras, através do SINRED,


propiciou, mesmo que de maneira informal, o surgimento de
novos trabalhos em sistema de parceria. Programas educativos,
informativos, musicais e culturais, abordando particularidades
das diferentes regiões brasileiras, foram produzidos em conjunto
e transmitidos em cadeia pelas rádios reunidas em torno deste
projeto.

De acordo com Zuculoto (2010), é por toda essa movimentação


ocorrida nas décadas de 1970 e 1980 que se pode caracterizar esse
período como a época de ouro do segmento do rádio educativo.
Para a autora,

[...] as programações se transformaram, apesar da


ditadura e de estarem muito ligadas a projetos e sistemas
governamentais como o SINRED. [...] as emissoras tentam
demonstrar, via suas grades de programação, que possuem
uma missão pública diferenciada das rádios comerciais.
Mesmo com rádios atreladas a governos e de forma mais
discreta, este segmento também participa da resistência,
recebendo influências do desenvolvimento da comunicação
alternativa, das rádios livres, dos movimentos pela democracia
na área e da constituição de 1988. Especialmente a partir de
1980, as grades começam a exibir programas, que se não
conseguem efetivamente, pelo menos nas linhas editoriais,
buscam estimular a prática da cidadania e tratar de temas
mais relacionados com a realidade social e seus públicos
(ZUCULOTO, 2010, p. 13).
A Radiofonia Educativa no Brasil 35

Mesmo que em outros momentos da história recente do Brasil


o rádio tenha sido utilizado para propalar interesses políticos e
ideológicos do regime, foi a ditadura militar, instaurada no país
em 1964, que mais soube fazer uso de suas potencialidades para
divulgar à opinião pública suas ideias e ações. E isso se deu através
da criação de um processo de educação a distância que fez uso
não só das emissoras públicas, como também do bem aparelhado
aparato radiofônico comercial brasileiro.

A seguir, você conhecerá algumas iniciativas de radiodifusão


educativa implementadas no Brasil. Siga atento!

Iniciativas de radiodifusão educativa


no novo milênio
Projetos educacionais não governamentais
Em paralelo às iniciativas oficiais de educação com apoio do rádio,
acontecem diversos projetos promovidos por organizações não
governamentais e conselhos comunitários. Um bom exemplo é o
Projeto Saúde e Alegria (PSA), que, desde 1987, atende perto de 30 mil
habitantes do interior do Estado do Amazonas, em regiões onde todo
atendimento e serviço público são pouco acessados pelos habitantes.

O projeto é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar formada


por médicos, enfermeiros, agrônomos, comunicadores, educadores,
assistentes sociais e outros profissionais que integram a Redeh
(Rede de Desenvolvimento Humano) e o Cemina (Comunicação
Educação e Informação em Gênero).

As equipes visitam as comunidades ribeirinhas dos principais rios da


região para atender a todos os grupos e faixas etárias. Como a televisão
e a internet são raros nessas comunidades ribeirinhas, os programas
radiofônicos são fundamentais para a realização do projeto.

São trabalhados temas como organização comunitária, produção


agroflorestal e meio ambiente, saúde, educação, cultural, gênero,
crianças, adolescentes, entre outros. O envolvimento de jovens
com produtores locais de conhecimento que, da aldeia, agora
atinge o mundo via internet, se dá porque esta faixa de idade é a
maior da região.
[ SAIBA MAIS ] Outra iniciativa do Projeto Saúde e Alegria na região amazônica é a
Para ter mais informações sobre o criação da Rede Mocoronga de Comunicação Popular. Mocoronga
projeto Mocoronga, acesse, na internet, é o nome dado aos caboclos que nascem em Santarém, no Pará.
a página oficial da Rede Mocoronga. Descendentes de indígenas de 150 comunidades ribeirinhas são
atendidos pelo projeto. No início eram apenas 32 vilarejos.

A comunicação é de suma importância para levar conhecimento


para os jovens participantes das comunidades mocorongas.
Segundo Souza (2006, p. 6), a Rede Mocoronga, com sede em
Santarém e sucursais no interior,

é administrada por jovens os quais são capacitados nas


funções de repórteres rurais e apresentadores, sendo as
emissoras de rádio espaço para a expressão da cultura local,
fortalecendo a identidade das comunidades e promovendo
o uso de conhecimentos tradicionais e o manejo sustentado
dos recursos florestais. Diariamente são irradiados
programas tratando de temas relacionados com higiene,
cuidados infantis, primeiros-socorros, alimentação, nutrição,
acontecimentos locais, pequenas histórias e entrevistas com
idosos, campanhas de vacinação e de prevenção contra
queimadas.

Os programas eram transmitidos por alto-falantes sem fio


espalhados pelos vilarejos e podiam ser escutados a dezenas de
quilômetros. Atualmente, uma unidade móvel de som passa pelas
comunidades e simula o funcionamento de uma rádio comunitária.

A central do projeto em Santarém organiza o intercâmbio dos materiais


e mantém um programa semanal na Rádio Rural do município,
difundindo campanhas educativas e as produções comunitárias.

Atualmente, a rede Mocoronga não abrange apenas a produção de


conhecimento em rádio, mas também em televisão e internet, com
diversos blogs e atualizações.
A Radiofonia Educativa no Brasil 37

ONG Escola Brasil


Outra experiência destaque na área da educação via rádio foi
a ONG Escola Brasil. A entidade foi criada em 2002 para dar
suporte a programas radiofônicos veiculados desde 1987, em
aproximadamente 500 emissoras de rádios. Até encerrar, por falta
de recursos financeiros, em 2003, a instituição produziu programas
educativos que chegaram, através de 200 rádios, a 500 mil ouvintes
de 1.138 municípios brasileiros.

Com o emprego dos diversos gêneros que compõem a


programação de qualquer rádio, os programas se destinavam à
melhoria do Ensino Fundamental, da Educação Infantil, da defesa
do meio ambiente e da promoção de saúde. Outra meta era a
qualificação dos profissionais que atuam nas emissoras das
cidades envolvidas.

A programação era bem variada: reportagens, notas de serviço,


quadros como “Boca no Trombone”, para denúncias, e “O Caipira”,
para contação de histórias, “Hora da poesia”, dramatizações para
despertar o gosto pela leitura, “Dever de Casa do Professor”, com
dicas para que os docentes pudessem enriquecer seus planos de
aulas.

Outros projetos radiofônicos voltados à


educação
No sertão do Ceará, no município de Nova Olinda, uma experiência
que vem ganhando força é o projeto Voz da Liberdade, veiculado [ SAIBA MAIS ]
através de uma rádio FM, criada pela Fundação Casa Grande. Visite o site da Fundação Casa
A rádio é dirigida por crianças e adolescentes que se reúnem no Grande na internet e conheça mais
espaço da Fundação. Por meio dessa rádio essas crianças e jovens sobre o projeto Voz da Liberdade.
do município divulgam informações, falam de música e de outros Vale a pena conferir!
assuntos que enriquecem o dia a dia das comunidades onde a
emissora tem alcance.
Em Itabuna, município do interior da Bahia, a radiodifusão
comunitária de caráter educativo foi implantada e utilizada com
apoio da prefeitura. As emissoras, quando criadas, são gerenciadas
por um colegiado escolar formado por professores, estudantes,
pais e dirigentes escolares. Exemplo disso é a Rádio Itabuna, na
qual são divulgadas músicas afro-brasileiras, hip-hop e sertaneja,
além de informações sobre saúde, educação, serviços e outras
manifestações culturais da periferia da cidade, local onde as rádios
encontram-se instaladas.

Regulamentação do rádio e da
radiodifusão educativa
Desde o início de sua história no Brasil, o controle sobre a
radiodifusão foi considerado interesse nacional tutelado pelo
Estado. Esse tomou para si a concessão e outorgas de canais a
partir do governo Getúlio Vargas, em 1931. Em decreto presidencial,
ficou determinada a competência legal do Governo Federal em
regulamentar telegrafia, radiotelegrafia e atividades de radiodifusão.
E assim continua até os tempos atuais.

Num contexto pós-revolução de 1930, que iria culminar no


Estado Novo, o Governo Federal ampliou sua atuação ao utilizar
o rádio. O objetivo central era levar informação, educação e
cultura à população.

Após o reconhecimento do direito autoral na radiodifusão e a


criação da Comissão Técnica de Rádio, em 1932 é implantado um
regulamento específico para os serviços de radiocomunicação. Até
1962 essa regulação foi a principal e a que implantou as principais
regras apontadas por Lopes (2011):

• prazo de concessão de 10 anos;

• renovações “a juízo do governo”;

• mínimo de dois terços de diretores brasileiros em


empresas obrigatoriamente nacionais;
A Radiofonia Educativa no Brasil 39

• tempo máximo de publicidade na programação de 10%,


com tempo máximo de 30 segundos para cada inserção;

• intransferibilidade, direta ou indireta, da concessão;

• proibição de estabelecimento de qualquer convênio,


acordo ou ajuste com outras companhias ou empresas de
comunicação sem prévia aprovação do governo.

Na elaboração da Constituição de 1934, o poder central da União


sobre o processo de controle e outorga de concessões recebeu
status constitucional. É o início da concessão para rádios comerciais
no país, desde que legalmente concedidas. Com a Constituição,

[...] firmava-se o entendimento da aplicabilidade do


trusteeship model, modelo segundo o qual existe
responsabilidade governamental em organizar de forma
racional o espectro radioelétrico, podendo o próprio
Estado operar os serviços de radiodifusão, ou transferir a
responsabilidade a um agente privado, por meio de uma
outorga pública. Também se consolidava um modelo de
gestão de espectro muito semelhante ao command-and-
control norte-americano, que condicionava a utilização de
ondas de rádio à emissão de uma licença, na qual estão
estabelecidos os termos nos quais se fará esse uso (LIMA;
RAMOS, 2006 apud LOPES, 2011).

Mantida a lei de forma semelhante nas constituições que se


seguiram (1937, 1946, 1967 e 1988), com o tempo, foram
publicados diversos decretos sobre a outorga, e as discussões
sobre uma legislação se arrastaram no Legislativo Federal, o
que dificultava aos interessados garantir uma concessão. Foram
necessários cinco anos de debate para que fosse criado, em 1963,
o Código Brasileiro de Telecomunicações, que tratava dos meios
de comunicação eletrônica, da telefonia e de outras tecnologias de
transmissão de dados.

Legislação específica para rádio


e TV educativas
Com o período do regime militar no país, a partir de 1964, o Código
Brasileiro de Telecomunicações foi bastante alterado em 1967.
As mudanças inseriam na legislação preceitos estratégicos de
segurança nacional. Para a radiofonia educativa no país, o período
de ditatura representa a criação oficial da modalidade.
Reforçava ainda o limite de propriedade e tornava difícil a
transferência da concessão para terceiros. Também em 1967, é
criado o Ministério das Comunicações. Segundo Lopes (2011, p.
6) foi o principal da reforma administrativa adotada pelos militares:

O Decreto-lei 200/1967 estabeleceu que o Conselho Nacional


de Telecomunicações, então responsável por diversas
atividades da área das telecomunicações e da radiodifusão
– entre elas as outorgas e renovações de outorgas – passava
a integrar como órgão normativo, de consulta, orientação
e elaboração da política nacional de telecomunicações a
estrutura do Ministério das Comunicações.

Reforço nas obrigações educativas das


emissoras
Na Constituição de 1988, os constituintes eleitos pelo voto direto
reforçaram as previsões relativas às obrigações educativas e
culturais do rádio e da televisão. Também retirou o centralismo do
Estado em regular o setor de comunicação. O Congresso Nacional
ficou incumbido de analisar os pedidos de outorgas de canais,
antes de realizada a concessão.

Na década de 1990 o monopólio estatal cede espaço à privatização


do setor. Em 1997, é criada a ANATEL – Agência Nacional de
Telecomunicações. Essa passou a controlar funções que eram do
Ministério, como a elaboração e gestão dos planos de canais e
fiscalizar a utilização do espaço radioelétrico.

Em 1995, o decreto muda alguns pontos da regulamentação do


serviço de radiodifusão do rádio e da TV. Foi implantada a exigência
do processo de licitação para concessão de outorgas de canais de
emissoras comerciais.

Legislação da radiodifusão educativa


Lopes (2011) explica que três documentos principais regem a
outorga de rádio e TV - Decreto-lei 236/1967, Decreto 2.108/1996 e
Portaria Interministerial 651/1999. Estes documentos estabelecem:

A radiodifusão educativa é o Serviço de Radiodifusão Sonora


(rádio) ou de Sons e Imagem (TV) destinado à transmissão
de programas educativo-culturais que, além de atuar em
conjunto com os sistemas de ensino de qualquer nível ou
modalidade, vise à educação básica e superior, à educação
permanente e à formação para o trabalho, além de abranger
as atividades de divulgação educacional, cultural, pedagógica
e de orientação profissional. [...] É admitida, na radiodifusão
A Radiofonia Educativa no Brasil 41

educativa, apenas a transmissão de programas educativos-


culturais. Os programas de caráter recreativo, informativo
ou de divulgação desportiva poderão ser considerados
educativos-culturais se neles estiverem presentes elementos
instrutivos ou enfoques educativos-culturais identificados na
sua apresentação (LOPES, 2011, p. 8).

As universidades têm preferência na outorga de canais educativos,


que podem ser concedidos a pessoas de direito público interno
como fundações públicas e até mesmo particulares. Ao contrário
do processo de concessão de rádios e TVs comerciais, não há
processo licitatório. A escolha é do Ministro das Comunicações.

Legislação sobre a radiodifusão comunitária

A radiodifusão comunitária foi instituída no país em 1998, pela Lei


9.612. Segundo Lopes (2011, p. 9),

são competentes para a prestação desse serviço as


fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos,
com sede na localidade de prestação de serviço. Tais
entidades devem ser legalmente instituídas e devidamente
registradas, com dirigentes brasileiros natos ou naturalizados
há mais de 10 anos, maiores de 21 anos ou emancipados
e signatários de documento no qual se comprometem ao
fiel cumprimento das normas estabelecidas para o serviço
de radiodifusão comunitária. Esses dirigentes não podem
ser integrantes de quadros de sócios e de administradores
de qualquer modalidade de serviço de radiodifusão ou de
televisão por assinatura.

A entrada de qualquer pessoa nas entidades que receberam


a concessão de emissora comunitária deve estar garantida no
estatuto das mesmas, desde que morem na comunidade. O estatuto
deve prever, assim, o comprometimento de prestar serviços de
radiodifusão comunitária. A entidade beneficiada também deve
contar com um Conselho Comunitário, formado por pelo menos
cinco representantes da comunidade, que deve acompanhar a
qualidade da programação oferecida.

A concessão é por dez anos, renováveis pelos mesmos períodos.


Para a outorga, a entidade interessada deve preencher formulário
e entregar documentação no Ministério das Comunicações. Esse
então publica aviso de habilitação, mostrando quais os canais
comunitários disponíveis nos municípios e localidades.
Nesta unidade, você viu os detalhes dos primeiros projetos
de rádio educativa no Brasil. Foi no governo Getúlio Vargas
que oficialmente surge a radiodifusão educativa no país e
os anos 1970 e 1980 são considerados os anos de ouro
da radiodifusão educativa. Você conheceu os principais
pontos da legislação sobre a radiodifusão educativa
e viu que o principal projeto educativo até hoje foi o
Projeto Minerva, criado no regime militar. A radiodifusão
educativa avançou nos anos 1980, com a criação de
canais educativos, sendo diversos os projetos educativos
realizados no país pelo poder público e organizações não
governamentais.

Na próxima unidade, você conhecerá alguns aspectos técnicos


relacionados à radiodifusão, bem como procedimentos
geralmente adotados na produção de programas
radiofônicos. Vamos seguindo nas ondas do rádio!
ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIOCULTURAIS E TECNOLÓGICOS DO RÁDIO E A EDUCAÇÃO UNIDADE 3

Fernando Teixeira
Luciano Moraes Almeida

Características
Gerais do
Rádio
Já descrevemos a importância do rádio para a educação. Agora
você conhecerá os conceitos básicos de radiodifusão, as principais
características do veículo, da parte técnica à produção de programas
radiofônicos. Existem diversos tipos de rádios, com características
diferentes de transmissão. Você vai notar que o rádio precisa ter uma
linguagem coloquial, mas que essa linguagem precisa estar embasada na
linguagem formal. Vamos mostrar as principais características do veículo
que podem ajudar o professor a elaborar programas radiofônicos com a
comunidade escolar.
Características Gerais
do Rádio
Introdução à radiodifusão
Desde o seu surgimento até os dias atuais, o rádio continua a ser o
veículo preferido da população em todos os segmentos sociais. Há
muito tempo a aquisição de um radinho de pilha, do mais simples,
está acessível à maior parte dos bolsos das pessoas. Difícil é
encontrar quem nunca escutou rádio.
Característcias Gerais do Rádio 45

Os mais simples têm preço bem baixo e as baterias garantem o [ IMPORTANTE ]


uso prolongado do equipamento. Também não consomem grande Como principais vantagens operacionais
quantidade de energia elétrica, quando alimentados por essa fonte. do rádio, é possível destacar a
E hoje o rádio está disponível também nas TVs a cabo e na internet, tecnológica e a forma de transmissão
além de cada vez mais acessível em novos equipamentos, como os de conteúdos.
tablets e telefones celulares.

Com o uso de equipamentos tecnológicos, a mensagem é


transmitida de forma imediata, em tempo real, pela emissão do
som a longas distâncias e chega a todos os lugares da área de
alcance de uma emissora, divertindo e informando.
Quanto à forma de conteúdos radiofônicos, que são direcionados
unicamente para o sentido da audição, sem utilizar recursos
visuais, Zucoloto (2012b) afirma que a programação radiofônica é
preparada para despertar e manter a atenção dos ouvintes ao que
está sendo apresentado.

A linguagem utilizada pelo rádio está baseada em quatro


elementos: a música, a palavra, a voz e os efeitos sonoros. Por
isso, o veículo combina a locução de informações com músicas e
efeitos especiais. Tudo para manter o ouvinte “ligado” ao que está
sendo transmitido.

Foi por meio da cobertura jornalística que boa parte da população


brasileira ficou sabendo do fim da 2ª Grande Guerra Mundial pelo
então Repórter Esso, programa que marcou época no jornalismo
radiofônico.

O rádio se transforma “na grande rede solidária” em situações de


calamidade pública porque garante orientações fundamentais à
população. Como exemplos mais próximos temos as coberturas
das enchentes em Santa Catarina e também o apagão de 55 horas
que deixou a parte insular de Florianópolis às escuras em outubro
de 2003.
Característcias Gerais do Rádio 47

Segundo Zuculoto (2012b, p. 22), o rádio vem evoluindo de forma a


funcionar com características próprias e específicas, as quais são
consideradas também como definidores da linguagem (ou texto)
e técnicas de produção que vêm adotando na construção de sua
trajetória.

Por divertir os ouvintes, o rádio atrai a atenção das pessoas


sem exigir delas que parem tudo o que estão fazendo para
escutar a programação. É companhia 24 horas dos motoristas
no congestionamento, das donas de casa, das empregadas
domésticas, dos cegos, dos jovens, dos adultos, dos idosos, dos
insones na madrugada, dos pacientes no hospital, no expediente
dos escritórios, na cabine do vigilante, nas prisões ou em salões de
beleza, para citar alguns exemplos práticos.

Beltrão (1968) afirma que por meio do rádio o homem ampliou a


visão de mundo para além do seu local de moradia, depois que a
capacidade auditiva foi amplificada. Segundo o autor,

entre os meios de comunicação de massa, a rádio é o mais


popular e o de maior alcance público, constituindo-se, muitas
vezes, no único a levar a informação para populações de
vastas regiões que ainda hoje não têm acesso a outros meios,
seja por motivos geográficos, econômicos ou culturais. Este
status foi alcançado por dois fatores congregados: o primeiro,
de natureza físico-psicológica - o fato de ter o homem a
capacidade de captar e reter a mensagem falada e sonora
simultaneamente com a execução de outra atividade que não
a especificamente receptiva; o outro, de natureza tecnológica
- a descoberta do transistor (BELTRÃO,1968, p.112-113).

Com a invenção de um novo componente eletrônico – o transistor


– na década de 1950, foi possível trocar a tecnologia das válvulas
nos aparelhos de rádio (o aparelho demorava para funcionar depois
de ligado) para tornar um sinal elétrico mais fraco em mais forte. É
o que se chama amplificação do som.

O baixo volume de um microfone é amplificado a ponto de poder


ser ouvido com clareza pelos ouvintes. Com aumento da potência
sonora temos o chamado ganho de sinal. Está presente não só no
rádio, mas também nos aparelhos de TV, no forno de micro-ondas
e nos computadores.
Conceitos básicos da
radiocomunicação
O Ministério das Comunicações adota a seguinte definição para
radiodifusão:

a radiodifusão é a transmissão de ondas de radiofrequência


que se propagam eletromagneticamente através do
espaço. [...] As radiofrequências usadas na radiodifusão
e nos demais serviços de telecomunicações são um bem
escasso e importante para os povos. Sua utilização permite
a comunicação entre pessoas e máquinas eletrônicas.
Especialistas apontam que seria inimaginável, no estágio atual
da civilização, a convivência envolvendo os seres humanos
sem a radiofrequência (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES,
2012, s/p).
Característcias Gerais do Rádio 49

As radiofrequências são limitadas para o uso dos países e, por


isso, recebem administração centralizada e rigorosa, tanto no Brasil
quanto no mundo.

No Brasil, a administração e coordenação nacional são


feitas, desde o final de 1997, pela Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), o órgão regulador das
telecomunicações do Brasil que substituiu o Ministério das
Comunicações nos fóruns internacionais e que também
organiza a exploração dos serviços de telecomunicações
no país. A Anatel elabora, administra e mantém os Planos
Básicos de Distribuição de Canais (radiofrequências),
conforme previsto na Lei Geral de Telecomunicações (LGT),
Lei 9.472, de 17 de julho de 1997. No âmbito internacional,
a administração e coordenação das radiofrequências são da
competência da União Internacional das Telecomunicações
(UIT), a mais antiga organização internacional governamental.
Foi criada em 1865 e é a maior organização mundial de
telecomunicações. Desde 1947, a UIT é uma agência
especializada da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os objetivos fundamentais da UIT são: a promoção das
relações pacíficas e da cooperação internacional entre
os povos, bem como o seu desenvolvimento econômico
e social, por meio do aperfeiçoamento e do emprego
racional das telecomunicações de todas as espécies; mais
especificamente:

• a regulamentação das telecomunicações em


âmbito mundial;

• a gestão do espectro e da órbita geoestacionária;

• o estabelecimento de normas de exploração de


equipamentos e sistemas;

• a coordenação dos dados necessários à


planificação e à exploração de serviços de
telecomunicações;

• no seio do sistema das Nações Unidas, o


desenvolvimento das telecomunicações e das
infra-estruturas conexas (MINISTÉRIO DAS
COMUNICAÇÕES, 2012, s/p).

O Ministério publica que, até 2007, a UIT era formada por 189
estados e mais de 600 entidades com interesses no setor das
telecomunicações, como associação de emissoras.
Como opera uma emissora de
rádio
O Brasil tem aproximadamente 7 mil emissoras oficiais, a maioria
comerciais, somando-se também as educativas e comunitárias. Para
operar são necessários microfones para captar sonoras (entrevistas),
mesa de som para rodar a programação preestabelecida, antena e
receptor.

Com o avanço da ciência, novas tecnologias foram agregadas às


emissoras, como o uso da telefonia fixa e móvel (aparelho celular),
da internet e de computadores.

[ SAIBA MAIS ] Na transmissão analógica que chega aos aparelhos, os itens


Para saber como funciona uma indispensáveis são: estúdio com isolamento acústico, microfone,
emissora de rádio, acesse o site da mesa de som, amplificador e antena.
revista Mundo Estranho. Boa pesquisa!
Característcias Gerais do Rádio 51

Tipos de rádios

Existem diversas categorias de rádios. As mais populares são


as comerciais, tanto no AM quanto no FM. Muita programação
musical, jornalismo, programas religiosos e regionalismos são os
principais segmentos explorados comercialmente.

A segmentação de público decorreu da perda de importância do


veículo nos anos 1970 e 1980 com a perda de publicidade para a
TV, que levou também os melhores programas e profissionais do
rádio. As rádios comerciais são concessões públicas exploradas
pela iniciativa privada, que visa lucro.

No módulo Rádio do portal Webeduc, do Ministério da Educação,


Romancini e Segawa (2012, s/p) propõem a seguinte categorização
dos tipos de rádio:

• Educativas: geralmente pertencem a universidades ou


órgãos governamentais e veiculam informações jornalísticas,
produções culturais e conhecimento científico.

• Restritas: só podem ser ouvidas em aparelhos ou caixas


receptoras especiais, não sendo captadas nos aparelhos de
rádio convencionais. Costumam ser utilizadas, por exemplo,
em projetos desenvolvidos em escolas.

• Públicas: são mantidas pelo poder público, a exemplo da


Radiobrás, que produz o programa “A Voz do Brasil”. A BBC
de Londres (Inglaterra) é outro exemplo de emissora pública.

• Livres: ocupam faixas destinadas às rádios comerciais,


mas sem autorização do governo.

• Comunitárias: têm o objetivo de servir à comunidade.


No Brasil, o funcionamento desse tipo de emissora foi
regulamentado em 1998 pelo Congresso Nacional.

• Virtuais ou web rádio: são as que podem ser ouvidas pela


internet. Essa modalidade tem crescido em função de seu
baixo custo.
Nesta unidade, você aprendeu que a radiodifusão se dá por meio
de ondas sonoras. Com o avanço da tecnologia, o veículo também
se propaga pela internet. Existem diversos tipos de rádios:
comerciais, educativas, comunitárias, restritas e web rádios. Para
as rádios comerciais existe a necessidade de concorrência pública
para concessão de canais. Para as rádios educativas e comunitárias
a concessão é prerrogativa do Ministério das Comunicações.

Na próxima unidade, serão abordados alguns aspectos relacionados


a projetos educativos que envolvem o uso dessa mídia. Vamos
seguindo as ondas do rádio!
ASPECTOS HISTÓRICOS, SOCIOCULTURAIS E TECNOLÓGICOS DO RÁDIO E A EDUCAÇÃO UNIDADE 3

Fernando Teixeira
Luciano Moraes Almeida

Projetos
Radiofônicos
na Educação
Presencial e
a Distância
Nesta unidade, você verá que o rádio tem grande potencial de uso para
a educação na escola. Em tempos de novas mídias eletrônicas, a velha
tecnologia de único apelo – o som – tem o poder de transformar o aluno
de mero espectador em protagonista na elaboração de programas e
criação de web rádios na internet. A radioeducação pode fortalecer e, até
mesmo, reconstruir o diálogo entre professores e alunos. A visão crítica
sobre a programação da mídia também pode ser estimulada, já que todos
são consumidores de programas de rádio, TV e sites da internet. Prepare-
se para novos conhecimentos!
Projetos Radiofônicos na
Educação Presencial e a
Distância
Importância do rádio para a
educação com as Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs)
Em plena época das tecnologias da informação, principalmente a
internet, temos que indagar: qual a importância de se usar o rádio
para projetos educacionais?
Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 55

Por vários motivos. Primeiro, é possível melhorar a qualidade da


comunicação entre os integrantes de uma comunidade. Os atores
de uma escola são os protagonistas na produção de programas
radiofônicos. Aprendem a trabalhar em equipe, o que é uma
exigência em se tratando de rádio. E outro motivo muito importante
é porque, para o material de rádio ser falado, ele se baseia no texto
escrito formal.

Para o professor, problemas de comunicação e ruídos podem


prejudicar diretamente a missão de ensinar e construir novos
conhecimentos pelo diálogo. Material do módulo Rádio do portal
Webeduc, do Ministério da Educação, expõe o problema envolvendo
a comunicação interpessoal:

A dificuldade de comunicação impede a socialização


do conhecimento. O verbo comunicar deriva do latim –
communicare – e significa fazer saber; tornar comum;
participar; estabelecer ligação; unir; ligar. A falta de diálogo
na escola é atribuída a uma série de fatores: falta de tempo
ou mesmo de espaço físico para o encontro. Mas há também
uma carência de abertura autêntica para o diálogo. Assim, o
principal objetivo de um projeto educomunicativo centrado
no rádio deve ser melhorar a relação entre os sujeitos que
atuam na escola e desta com a comunidade – promovendo a
troca, a união, a comunicação (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO,
2012, s/p).

É por isso que a tecnologia do rádio, está sendo retomada para


a educação. Apesar de Roquette-Pinto ter pensado a rafiodifusão
com espírito elevado, como “a escola dos sem escola”, a produção
de programação educativa pena no Brasil. A radiodifusão ganhou
novo fôlego com satélites e redes de internet, sendo uma ferramenta
poderosa na Educação a Distância.

Projetos bem realizados muitas vezes


acabam abandonados por falta de recursos
e pessoal para dar continuidade. O rádio tem
uma série de vantagens que favorecem o
ensino em todas as fases da vida e atingem
todos os públicos, gêneros e idades da
população.
Souza e Souza (2007) defendem a retomada do rádio como suporte
da educação e chamam a atenção para o uso na Educação a
Distância.

O papel do rádio no seio social e educacional, como difusor


de informação e conhecimento, já é devidamente conhecido.
Convém promover neste espaço uma reflexão teórica sobre
as contribuições desse veículo ao campo educacional,
chamando a atenção dos educadores para seu uso restrito
no Ensino a Distância. As experiências com o rádio no ensino,
pelo que se observa, ficaram para trás e talvez agora seja a
hora de reativá-las com a oferta de cursos a distância, em
todas as áreas. Muitos educadores desconhecem o potencial
e o poder do rádio para a educação, especialmente para o
ensino a distância, principalmente por suas características
democráticas (SOUZA; SOUZA, 2007, p. 2).

A tradição oral amplificada


Antes mesmo do surgimento da escrita, a tradição oral foi a principal
forma de transmissão e construção de conhecimentos utilizados
pela humanidade. O rádio se apropria da linguagem oral, falada, a
fim de transmitir o diálogo a longas distâncias e a custo baixo, pois
os aparelhos são acessíveis a todos os bolsos.

Quem recebe a mensagem sonora não precisa saber ler para


entender a mensagem fácil que chega com o emprego de técnicas
específicas do veículo, como emprego de palavras simples e frases
curtas.
Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 57

Ortriwano (1985 apud SOUZA; SOUZA, 2007) defende que são


justamente as características do rádio que o habilitam a conquistar
espaços na educação tradicional e, principalmente, na EaD. De
acordo com Souza e Souza (2007), o rádio tem condições de
ganhar campo rapidamente frente a outros veículos, em função
de suas características. Esses autores defendem que torna-se
fácil ao professor, que dispõe de conhecimentos sobre esse meio
de comunicação, transmitir parte do programa de uma disciplina
ou de uma aula, utilizando para isso os recursos do radioteatro,
de músicas, de leitura de livros, ou mesmo disponibilizando, no
ambiente virtual de aprendizagem, uma programação radiofônica
compatível com o que está sendo ensinado.

As diversas ações educativas, realizadas por meio do rádio,


têm como pilar de sustentação sua característica democrática.
A possibilidade de chegar a lugares remotos, o baixo custo
dos aparelhos de recepção, a linguagem acessível e de fácil
compreensão, sua versatilidade, instantaneidade, a simultaneidade
e a rapidez com que as informações são veiculadas o transformam
num poderoso e eficiente instrumento de comunicação de massas.

No Brasil, assim como em outras partes do mundo, desde que foi


implantado, o rádio tem passado por significativas e sucessivas
transformações, até chegar à sua atual condição empresarial, em
que a programação é conduzida quase sempre por interesses
comerciais. O rádio tem-se curvado diante dos números que indicam
audiência. Programas educativos deixaram de ser transmitidos,
dando lugar à diversão e ao entretenimento, questões essas
justificadas pelos interesses demonstrados por grande parcela de
ouvintes, através de pesquisas de opinião. Hits e a segmentação
musical predominam nas emissoras de rádio.
Souza e Souza (2007, p. 6) comparam a programação musical nas
rádios comerciais a um verdadeiro supermercado sonoro:

A transformação do rádio em empresa e a intervenção do


Estado em quase todos os lugares, segundo Sá (1984:07),
levou o meio a se transformar em “uma simples máquina de
lazer”, isto é, ‘um supermercado com entrega em domicílio
de entretenimento, diversão e preenchimento do ócio’.
Nesta fase (comercial, mantida pela publicidade), o rádio
deixa de ser “erudito”, “educativo” e “cultural”. A mudança
na programação é forçada por interesses comerciais e
industriais. O veículo, diz Erbolato (1980), curva-se diante dos
números da audiência e programas bons, educativos deixam
de ser transmitidos simplesmente porque nem todos gostam,
por exemplo, de ouvir uma orquestra sinfônica, aprender um
idioma.

Os autores, apesar da realidade atual do rádio, são otimistas


com a retomada dessa ferramenta educacional, sobretudo para a
Educação a Distância.

Algumas universidades, em conformidade com os novos


tempos de interação mediada (telefone) e quase mediada
(rádio, televisão, internet), sabem que a “revolução” já não
acontece mais na “presença”. As mudanças apontam que
tudo é possível a distância, inclusive aprender, participar de
um curso de graduação ou pós-graduação, a exemplo do
que faz a Unirede, consórcio de universidades brasileiras
envolvidas com a Educação a Distância. O uso do rádio
no ensino fundamental e de segundo grau [ensino médio]
também começa a se tornar prática comum (SOUZA; SOUZA,
2007, p. 6).

Resistências ao uso do rádio na


educação
Muitos educadores, no entanto, têm preferido apostar nos modelos
convencionais de educação ao invés de utilizar novas tecnologias
de informação e de comunicação em suas atividades didático-
pedagógicas. No que se refere ao uso do rádio, isso não é diferente.
Alguns desses educadores o fazem por não acreditarem na eficácia
da incorporação de novos métodos e práticas educacionais que
envolvam o uso dessas tecnologias.

Trabalho em grupo nunca foi fácil. Outros, por entenderem que a


condição empresarial que cerca os veículos midiáticos se configura
Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 59

como fator limitador e impedem que as notícias e os fatos informados [ Mesmo considerando que esta
possam estar desvinculados de interesses comerciais. E outros, possa ser entendida como uma
ainda, por estarem em fase de “alfabetização digital”, aprendendo opção pessoal de cada educador,
a manipular programas de edição e veiculação de programação apresentamos, a seguir, algumas
radiofônica educativas. questões que orientam para uma
nova forma de se lidar com o uso
No entanto, existem aqueles que preferem romper com velhos das tecnologias de informação
paradigmas há muito cristalizados no campo educacional. Assim, e comunicação em processos
optam pelo uso de novas possibilidades pedagógicas com a educativos formais. Em especial,
incorporação das tecnologias de informação e comunicação, em ressaltamos o rádio como elemento
especial o rádio, que possam fazer parte de práticas pedagógicas
propulsor e dinamizador dessa
nova possibilidade pedagógica,
antenadas com uma realidade que se aproxime daquela vivenciada
sem perder de vista, é claro, a
pelas novas gerações.
necessidade de um olhar acurado
sobre esse veículo, de forma que
seja possível a reflexão sobre seu
Importância do rádio como alcance, sem nos esquecermos dos
diversos interesses que o cercam. ]
ferramenta pedagógica
Assumpção (1999) e vários outros autores relacionam uma série
de fatores que apontam o rádio como importante ferramenta
pedagógica utilizada nos processos educacionais. Entre esses
fatores destacamos:

• Abertura do espaço escolar à realidade em que estão


inseridos os alunos: através da análise ou produção de
materiais radiojornalísticos, trabalhar aqueles ligados
diretamente à escola ou ao mundo de maneira geral.

• Exercício de cidadania: informação e discussão dos


acontecimentos do mundo, do país, da sua cidade. Discussão
da relevância de suas abordagens e a necessidade de
aprofundamento de alguns assuntos.

• Despertar da responsabilidade: ao produzirem programas


jornalísticos os alunos passam a ser corresponsáveis pelos
assuntos desenvolvidos. Isso gera motivação, mas também
requer seriedade.

• Trabalho em equipe: um programa radiofônico não é


produzido de forma solitária. É preciso ouvir sugestões e
analisar as opiniões dos colegas, além de compreender a
importância da divisão de tarefas.

• Melhoras na produção textual: necessidade de redigir


corretamente textos para que chegue ao ouvinte com
qualidade.

• Hierarquização das informações: discutir e compreender


quais informações são mais relevantes para serem
veiculadas.

• Expressão oral: necessidade de falar corretamente para


um grande público.

• Incentivo à pesquisa e gosto pela leitura: necessidade de


pesquisarem diferentes fontes, coletando informações que
serão divulgadas ao público.

• Visão crítica da realidade e da mídia: o jornalismo


pressupõe pluralidade de ideias e opiniões. Os alunos terão
necessidade de ouvir e analisar várias fontes e vários pontos
de vista para poder compor suas matérias.

• Possibilidade de expressão dos jovens: com a criação


de programas radiofônicos os alunos ganham um canal de
comunicação com a comunidade na qual estão inseridos.

• Integração dos alunos ao ambiente escolar: atividades


dessa natureza agem sobre o lado afetivo do aluno,
motivando-o. Servem como instrumento de valorização
individual e grupal.

• Transdisciplinaridade: conteúdos de diferentes disciplinas


podem ser trabalhados de maneira natural e espontânea.

• Desenvolvimento da criatividade: o rádio constitui um


veículo rico em possibilidades de produção de materiais.
Os alunos podem trabalhar com informações jornalísticas,
peças publicitárias, dramaturgia, música, entre outros.
Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 61

Assim, os fatores citados trazem a possibilidade da compreensão


e da utilização do meio rádio como um poderoso instrumento
pedagógico para a transmissão do saber. Um veículo facilitador do
movimento de ensinar e aprender.

O conceito de educomunicação
Em 2001, foi criado o Projeto Educom.radio, através de parceria
entre a Prefeitura de São Paulo e o NCE (Núcleo de Comunicação e
Educação) da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de
São Paulo (USP). Para evitar a violência envolvendo a comunidade
escolar da capital paulista, o projeto tem por objetivo a construção
de ambiente favorável à cultura de paz nas escolas públicas do
município. Destina-se a capacitar alunos e professores do ensino
fundamental para o uso de práticas educomunicativas por meio do
rádio. O conceito de educomunicação propõe:

[...] a construção de ecossistemas comunicativos abertos,


dialógicos e criativos, nos espaços educativos, quebrando
a hierarquia na distribuição do saber, justamente pelo
reconhecimento de que todos as pessoas envolvidas no fluxo
da informação são produtoras de cultura, independentemente
de sua função operacional no ambiente escolar. Em resumo,
a educomunicação tem como meta construir a cidadania, a
partir do pressuposto básico do exercício do direito de todos
à expressão e à comunicação (NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO
E EDUCAÇÃO, 2012, s/p).

Pelo menos 455 escolas e mais de 11 mil professores foram


capacitados em São Paulo, num universo de mais de 300 mil alunos
envolvidos com o projeto. Souza e Souza (2007) relatam que, nas
primeiras avaliações, o resultado foi considerado satisfatório.
Houve redução da violência escolar e da evasão escolar.

Com os bons resultados, em 2003, o Ministério da Educação, em


parceria com a USP, levou este projeto ao Centro-Oeste brasileiro.
O projeto atendia a necessidade de levar a estados com grandes
distâncias geográficas acesso à educação básica e a serviços
públicos não disponíveis.

O curso de extensão universitária capacitou 140 professores,


2.535 alunos de 70 escolas da rede pública de Goiás, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul. Incluiu também comunidades
indígenas e quilombolas. O projeto previa, após o curso de
capacitação, a montagem de laboratório radiofônico nas escolas
com equipamentos de rádio para o espaço escolar, obedecendo a
legislação federal de rádio educativa.

Salvatierra e Lourenço (s/d, p. 6) comentam em seu artigo, o


pensamento do professor Ismar de Oliveira Soares, Coordenador
do Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP, alguns
resultados práticos da chamada educomunicação. Entre eles,
podemos citar:

• a apropriação dos recursos midiáticos a partir do ponto de


vista, dos interesses e das necessidades de quem deles se
apodera;

• o desenvolvimento de habilidades e competências pré-


existentes, mas até então pouco estimuladas;

• a ampliação da capacidade de expressão dos indivíduos;

• a promoção do diálogo entre os vários agentes do processo


educativo;

• o uso da tecnologia para a mediação de conflitos e


promoção de valores humanos e solidários na escola;

• a discussão de temas transversais como sexo, direitos e


cidadania, violência e meio ambiente de forma natural, ou
seja, franca e aberta;

• a promoção da gestão participativa dos meios de


comunicação, da informação e do próprio espaço escolar;

• um comprometimento maior dos sujeitos com a


transformação social.

No entanto, a escola não pode ser a única oportunidade de acesso


ao saber. A produção do saber social é de várias gerações, sendo
assim, precisa possibilitar, através de ferramentas propiciadas pelas
tecnologias da comunicação, o direito à educação e à informação.
Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 63

Caminhos para realizar uma rádio-


escola
Muitas vezes os professores tratam com desconfiança assuntos
midiáticos trazidos pelos alnos à sala de aula. A visão de que
meios de comunicação têm uma influência ruim no contexto geral
da sociedade perde força e cede ao reconhecimento do poder de
escolha dos indivíduos. Esses sim estão com o controle remoto
dos meios na mão para zapear e trocar de canal ou até mesmo
desligar o aparelho.

Por meio do conceito de educomunicação, o aluno se transforma


em comunicador ativo do processo de fazer rádio. Mas, na prática,
como utilizar o veículo no meio estudantil?

No portal Webeduc, do Ministério da Comunicação, encontramos


uma proposta para implantação da rádio na escola. São apontados
os seguintes aspectos fundamentais para o início do trabalho: é
preciso saber com clareza o tipo de projeto que se deseja; definir
objetivos e plano viável; formar equipe de trabalho; escolher um
bom enfoque que motive e interesse aos envolvidos; definição de
uma metodologia de avaliação.

O projeto precisa estar contextualizando no ambiente de toda escola


e não só de uma turma ou grupo. Por isso é importante lembrar que
se trata de ação pedagógica que deve integrar o Projeto Político
Pedagógico da Escola.

No portal Webeduc estão as seguintes recomendações:

• Uma concepção clara do tipo de projeto que se quer. Ideia


definida sobre o alcance do projeto no tempo (semana, mês,
semestre, ano) e no âmbito (ciclo, série, disciplina, período)
do que se pretende realizar.

PERGUNTAS-CHAVE: O que se pretende construir? Uma


oficina prática com duração limitada? Uma atividade de
apoio para alguma disciplina específica? Um grupo de
trabalho permanente dentro da escola (a “equipe do rádio”).
Outra coisa? Se o que se pretende é montar efetivamente
uma estação de rádio restrita [...] é necessário ir adiante na
análise dos passos a serem seguidos.
• Um ou mais objetivos. Relacionados com as demandas a
que o projeto de rádio deverá atender. A primeira demanda
é a natureza mesma do processo, isto é, melhorar o
coeficiente comunicativo das ações educativas. Tanto esta
questão quanto a maioria das outras demandas de natureza
curricular não são supridas com a atuação isolada de alguns
professores e/ou alunos, ou de um único plano de ação.
Então, é melhor partir dos objetivos propostos no PPP e
recortar especificamente aqueles que dizem respeito à
melhoria do coeficiente comunicativo no ambiente escolar.

PERGUNTAS-CHAVE: Até onde se quer chegar com o


rádio na escola? A escola dispõe de equipe, bem como de
recursos materiais e de tempo suficientes?

• Uma (boa) justificativa. Embora tenhamos destacado a


pertinência e a importância da linguagem radiofônica no PPP
escolar em geral, um educador participativo provavelmente
se interessará pelas propostas que se identificam com os
anseios de sua comunidade escolar e pelas quais tem maior
afinidade. Explicitar seu interesse pessoal reforça sua linha
de argumentação para consolidar a rádio-escola.

PERGUNTA-CHAVE: Por que construir este projeto?

• Uma equipe de trabalho. Se a escola pretende implantar


um projeto que funcione efetivamente como uma forma de
Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 65

expressão de toda a comunidade, é necessário que a direção


e a coordenação pedagógica se associem a um grupo de
professores e à liderança juvenil (ao Grêmio, por exemplo,
ou aos representantes de classes) para formar um “grupo
de trabalho” em condições de pensar como a rádio será
implantada. O compromisso inicial de um grupo pequeno e
dedicado é sempre preferível ao apoio genérico de muitos.
Logo que conseguir os nomes dos colaboradores, procure
reuni-los para elaborar conjuntamente o planejamento,
dividir as tarefas e fechar prazos de execução. É importante
lembrar que o “grupo de trabalho” necessita de atenção
especial e de permanente formação e capacitação.

PERGUNTAS-CHAVE: Quem: professores, alunos e


membros da comunidade participarão do projeto? Como
serão divididas as responsabilidades?

• Um plano viável. Para se construir planos adequados e


possíveis de serem executados, o planejamento deve ser
construído coletivamente. Mas, acredite: o processo de se
construir coletivamente um projeto, desde sua proposta
inicial até a formatação final é, em geral, extremamente
trabalhoso e muito desgastante. No entanto, além de oferecer
“legitimidade pedagógica”, fazer tudo democraticamente
garante uma qualidade maior do plano, pois o risco de algum
aspecto importante passar despercebido é muito menor.

PERGUNTAS-CHAVE: Temos clareza de todas as nossas


metas? No plano que está sendo desenhado, quais são as
prioridades? Qual o público a ser atingido direta e indiretamente
pelo projeto? Quais os desafios a serem superados? Como
será o cronograma? Temos um “plano B”?

• Uma metodologia de avaliação. A avaliação é um dos temas


mais exaustivamente debatidos na educação. Ultimamente,
é comum se afirmar que ela deva ser permanente e
diagnóstica. É preciso acrescentar que ela também precisa
ser OBJETIVA.

Acompanhar, controlar e avaliar o projeto continuamente e por


todos os envolvidos irá possibilitar a compreensão no contexto
ensino/aprendizagem da rádio-escola.
Equipamentos necessários à rádio-escola
Estabelecidas as metas e formada a equipe, existem três caminhos
a seguir: a rádio restrita, rádio-pátio ou web rádio. Saiba mais sobre
cada um deles!

A rádio restrita, como vimos, é aquela transmitida para caixas de


som espalhadas pelo ambiente escolar, como salas e corredores
(também chamada de rádio poste). A transmissão é realizada com
cabos ou antenas.

Já na rádio-pátio, os alunos e professores transmitem programas


gravados em aparelhos de som portáteis dentro das salas de aula,
auditório e, claro, no pátio.

E a terceira via é a web rádio, a rádio digital, que é transmitida pela


internet. O portal Webeduc aponta as configurações mínimas para
as três opões de produção radiofônica na escola:
Projetos Radiofônicos na Educação Presencial e a Distância 67

Equipamentos necessários para montar uma rádio-escola

Tipo de Monitora- Veicula- Acessó-


Gravação Edição Comentários
rádio mento ção rios

Rádio Pátio Esta é a opção


02 com mais econômica e,
Gravadores
01 Tape deck 02 Fones de minisystem Cabos de consequentemente, a de
portáteis de
Rádio-pátio duplo (para ouvido tipo ou áudio, fitas menor desempenho.
mão padrão
cópia). “earphone”. amplificador K7, pilhas. Num caso extremo, os
K7 (externas
+ caixas fones de ouvido poderão
e internas).
acústicas. ser suprimidos.

06 gravadores
portáteis de Opção intermediária,
mão padrão 01 Duplo 02 Fones de testada com sucesso em
K7 (ext.) Tape deck Sistema Cabos de vários projetos. Também
ouvido tipo
03 microfones 01 Gravador de caixas áudio, CDs, pode ser executada em
Restrita “headphone”
(internas) de CD ou acústicas fitas K7, sistema de transmissão
de baixo
01 Mesa de MiniDisc com fio. pilhas. restrito (caixas sem fio)
som com (MD). desempenho. com o consequente
pelo menos acréscimo no custo final.
08 canais.

Configuração topo
de linha, ainda pouco
01 02 fones de Sistema de
acessível para a
computador ouvido tipo transmissor
maioria das escolas.
06 gravadores com placa de “headphone” + Cabos de
Mas a queda lenta e
portáteis som, software de alto caixa áudio, CDs,
Digital constante nos preços do
padrão digital de edição desempenho, acústica cabo de
equipamento digital,
MP3 (exts.) para áudio e caixas sem fio/ rede RJ 45.
aliada à disseminação de
gravador de acústicas Internet
computadores (inclusive
CD. multimídia. (web rádio).
nas escolas públicas)
pode mudar este quadro.

Fonte: Adaptado de Portal Webeduc.


Conforme Prata (2009, p. 33), podemos perceber que o rádio –
herteziano e web – transita de um modelo a outro. Vejamos: no
dispositivo um-todos, onde o rádio herteziano se encaixa, a relação
entre participantes no formato estrela, isto é, um emissor fala para
muitos receptores. A autora coloca que:

O advento da internet, porém, faz surgir uma nova forma de


radiofonia, onde o usuário não apenas ouve as mensagens
transmitidas, mas também as encontra em textos, vídeos,
fotografias, desenhos, hipertextos. Além do áudio, há toda
uma profusão de elementos textuais e imagéticos que
ressignificam o velho invento de Marconi. [...] A web, na
realidade, provocou uma gigantesca transformação nos
sistemas de troca de informações conhecidos até agora.
(PRATA, 2009, p. 43).

A chegada da internet, para Prata (2009), coloca em cheque


conceitos fundamentais para a vida e a história do homem. Neste
ambiente de novas tecnologias, o professor precisa estar ciente
de que, ao possibilitar aos alunos e à comunidade o uso do rádio
como ferramenta pedagógica, estará facilitando o acesso ao
conhecimento. Conforme o referido autor,

Uma novidade, certamente, chama a atenção: a presença à


distância. Até o século XIX apenas uma característica divina,
o homem do século XX começou a aprender a conviver
com essa possibilidade, primeiro por meio do telégrafo,
depois do rádio. Agora, no século XXI, cada pessoa possui
a possibilidade real de estar presente ao mesmo tempo em
vários lugares do planeta (PRATA, 2009, p. 41).

Hoje, é possível criar e colocar no ar uma emissora de rádio via web


com mais facilidade. São vários sites especializados que ensinam
todos os passos. Mas também podemos optar por projetos para
a escola como a rádio-pátio ou a restrita. Basta possibilitar aos
alunos e a comunidade o conhecimento do fascinante mundo do
rádio.

Nesta unidade você aprendeu que, com o surgimento de novas


tecnologias como a computação e a internet, o rádio ganha
importância em projetos educativos, sobretudo na Educação a
Distância. O estudante passa da condição de ouvinte passivo para
protagonista na elaboração de programas radiofônicos. Portanto,
o rádio amplificou a milenar tradição oral na transmissão de
informações e construção do conhecimento.

Você viu também que a visão preconceituosa contra a produção


midiática aos poucos perde força, à medida que o poder de escolha
do público é muito grande.
Considerações
Finais
Prezado (a) estudante,

Nesta unidade curricular, você conheceu o rádio como um suporte


educacional poderoso. Com linguagem simples e presente em
praticamente todos os domicílios brasileiros, o veículo permite
a fácil assimilação de informação e a construção de novos
conhecimentos.

No entanto, apesar dos diversos projetos realizados, há muito


campo a avançar, sobretudo na Educação a Distância, para
capacitar educadores a utilizarem essa ferramenta nas escolas.

Você viu que para isso existem diversos caminhos, como as


rádios restritas, as rádios educativas e as web rádios, transmitidas
de forma digital. O uso do veículo vem ganhando espaço em
projetos educacionais governamentais e tende a crescer nas
possibilidades de uso educativo.

O veículo tem o poder de melhorar a atenção, o trabalho em


equipe e a comunicação dos educadores com os alunos. Por
isso, dentro da variedade de possibilidade, os professores podem
se servir desse veículo para reforçar o conteúdo ministrado em
sala de aula e trabalhar assuntos que interessam a comunidade,
assim como aproveitar a utilização desse veículo como uma
possibilidade de redução da violência escolar.

Por isso, queremos que os conhecimentos aqui publicados


sejam um suporte fundamental para a implantação de projetos
educacionais radiofônicos. Então, ligue-se nessa ideia, reúna os
interessados e aposte no rádio como uma ferramenta disponível e
vantajosa para a educação.

Sucesso para você nas ondas do rádio e até uma próxima


oportunidade!

Os Autores
Sobre os Autores

[ Fernando Teixeira ]
É formado em Arquitetura e Urbanismo (1983) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mestre em
Geografia (1988) e doutor em Educação Científica e Tecnológica (2011) pela mesma instituição. Desde 1985 é
professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC).

[ Lígia Mousquer Zuculoto ]


É bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda (1987) pela Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul (PUC-RS) e mestre em Ciências da Linguagem (2005) pela UNISUL. Ministrou a disciplina
de rádio e projetos de TCCs, além de estar à frente da agência experimental de PP na Unisul de 2003 a 2010,
disciplinas de Linguagem Sonora, Direção de Vídeo, Produção Publicitária Audiovisual, Projeto Interdisciplinar,
Atendimento na UNIVALI em Itajaí e unidade Ilha/Florianópolis (2005 e 2010 a 2013). Ministrou, de 2003 a 2010,
as disciplinas de Atendimento, Produção de Rádio, TV e Cinema, coordenou o Estágio Curricular Obrigatório,
além dos estúdios de TV e rádio, além de estar a frente da Agência Experimental de PP e de orientações de TCCs,
do IELUSC (Joinville). Integra o GP de Rádio e Mídia Sonora da Intercom e o GT de História da Mídia Sonora
da Rede Alcar. Já trabalhou na Rede Pampa de Emissoras de Rádios (RS), Martins + Andrade Propaganda
(POA/RS), Escala Comunicação e Marketing (POA/RS), Propague Comunicação (Fpolis/SC), OneWG (Fpolis/SC),
Cristal Broadcast (Fpolis/SC) e Orbital Filmes (Fpolis/SC).
É autora do capítulo “Estágio obrigatório: o saber-fazer” no livro “Ensinar Comunicação: desafios pedagógicos
no ensino de Jornalismo e Publicidade”/ Jacques Mick, Samuel Lima (Orgs). Tem artigos publicados nos
e-books “História da Mídia Sonora – Experiências, memórias e afetos de Norte a Sul do Brasil” e “E o rádio?
Novos Horizontes Midiáticos”.

[ Luciano Moraes Almeida ]


É bacharel em Jornalismo (1989) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e
especialista em Estudos em Jornalismo (2002) pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Atua como
produtor da rádio CBN Diário 740 AM, com sede em Florianópolis. Já atuou profissionalmente nos jornais Correio
do Povo, Diário Catarinense, A Notícia e O Estado, bem como na rádio Guarujá AM. Lecionou História do rádio
e técnicas de radiojornalismo no IELUSC (Joinville).
Referências 71

Referências
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