Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NOS SLIDES
Informações Básicas:
Prof. Tadeu Ferreira (tadeu ferreira@id.uff.br)
Terças e Quintas-feiras 20h-22h
1
Figura 1: Sistema de TV analógica em transmissão.
Canal Reverso
Operadora
2
Uplink
Operadora
Downlink Usuario
d d
d
3
A fim de evitar CCI, células adjacentes não podem ter o mesmo conjunto
de frequências. Pode-se então identificar um conjunto de células adjacentes,
e que portanto possuem frequências diferentes, mas que juntas utilizam toda
a faixa de frequências da operadora. Esse conjunto de células é denominado
cluster, como visto na Fig. 7.
B
G C
A
F D
E
E
D F
E B B
G C
C A G
F D
B E F
C B
G
4
utilizados, a chamada será bloqueada. Essa estratégia de atribuição é dita
fixa. Numa estratégia de atribuição fixa, pode haver empréstimo de canais.
Quando uma estratégia dinâmica é utilizada para a alocação de canais, um
equipamento controla a alocação de acordo com as solicitações de chamada.
É utilizado um algoritmo de alocação que mantenha restrições de reúso para
células adjacentes. Em comparação com a estratégia estática, a estratégia
dinâmica diminui a possibilidade de bloqueio de chamada.
1.3 Handoff
Como o sistema é celular, para cada instante o móvel está na área de
cobertura de uma célula de um dada operadora. A caracterı́stica móvel do
sistema torna necessário que haja um mecanismo que permita ao usuário
trocar de célula durante sua movimentação. Esse mecanismo é chamado de
handoff ou handover.
Para realizar um handoff, o sistema deve funcionar de uma maneira que
o procedimento não seja percebido pelo usuário. Deve-se evitar que haja
situações de ping-pong, onde o controle do usuário sai e volta para uma mesma
estação em um curto espaço de tempo. O parâmetro tempo de permanência
mede quanto tempo um usuário permanece numa célula.
Uma das grandes questões do projeto do procedimento de handoff envolve
quais parâmetros devem ser levados em conta para se fazer um handoff. A
técnica tradicional mede a potência do sinal do móvel que chega na antena
atual e na antena ”candidata”a recebê-lo. Quando a potência recebida na
antena da nova célula é maior, faz-se o handoff. A situação é exemplificada
na Fig. 9.
5
transmitido para cada estação. Se uma estação diferente da que atualmente
controla o móvel tiver sinal maior que a estação que o controla, ocorre o
handoff.
Considere Pm a potência mı́nima para manter a ligação. O valor da potên-
cia para realizar o handoff precisa ser maior que Pm para o sistema funcionar
e também não pode ser muito pequeno a ponto de qualquer sombreamento
gerar queda de chamada. Por outro lado, a potência para handoff não pode
ser muito grande pois pode haver o efeito ping-pong.
O valor utilizado para comparação com a potência para realizar o handoff,
pode ser a média numa janela de tempo das potência do sinal que chega na
estação. Essa é mais uma medida para diminuir a possibilidade de que rápidas
variações no sinal recebido provoquem handoff.
Um outro tipo de handoff é realizado quando o móvel mede a potência
recebida no downlink pela estação que atualmente o controla e uma esta-
ção candidata a handoff. As informações são então enviadas pelo canal de
controle para o sistema, que decide sobre o handoff. Esse tipo de handoff é
denominado MAHO (mobile-assisted handoff ).
Quando uma célula está na borda da área de um estado, o controle pode
passar para outra operadora, gerando um handoff entre operadoras, ou ainda
mantendo a mesma operadora, mas mudando a tarifação para roaming, caso
seja no Brasil. Outro caso onde pode ocorrer handoff entre operadoras, é
quando o celular entra numa célula sem cobertura de sua operadora, mas em
cobertura de outra operadora que possua acordo com a sua operadora.
Há ocasiões em que células vizinhas da mesma operadora não dão suporte
a gerações diferentes de sistemas de telefonia. Isso ocorre no caso na cober-
tura ainda incompleta do LTE-A (Long Term Evolution-Advanced ), sistema
4.5G no Brasil. Nesse caso, há handoff entre sistemas.
Se um usuário tentar fazer handoff para uma célula em que não há canais
disponı́veis pode haver queda de chamada. A experiência de ter uma queda
de chamada é considerada uma experiência pior do que o usuário não con-
seguir iniciar sua chamada. Então, são reservados alguns canais para serem
utilizados apenas para handoff, o que diminui um pouco a capacidade do
sistema.
Em alguns projetos de cobertura celular, há usuários em alta velocidade
trafegando numa dada célula, o que causaria a realização frequente de han-
doffs. Uma possivel solução seria utilizar células maiores em locais com gran-
des rodovias ou ferrovias, o que seria ruim para a cobertura de pedestres nas
bordas da célula. Uma solução adotada é a célula guarda-chuva, em que cé-
lulas grandes e pequenas coexistem no mesmo espaço, com sobreposição de
cobertura. Ao se detectar um movimento em alta velocidade de um celular,
o próximo handoff é feito para a célula maior. Uma representação de células
6
guarda-chuva é dada pela Fig. 11. Um problema deste tipo de célula é o
redimensionamento dos canais a fim de se evitar CCI nas fronteiras da célula
grande.
D F
E B B
G C
C A G
F D
B E F
C B
Imagine a situação em que não há obstáculo para um dado móvel e a esta-
ção transmite em alta potência. Aparentemente, a situação é vantajosa para
o usuário que está se comunicando. Imagine que esse usuário entre na célula
vizinha. Talvez não haja handoff pela grande potência da célula original, ou
seja, talvez ele entre na área de cobertura de outra célula ainda controlado
pela célula original. Essa situação é mostrada na Fig.11. É conhecida como
arrasto de célula (cell dragging). Ocorre um aumento da CCI na célula C
B
G C
A
F D
E
C
abaixo. Seria pior num planejamento onde duas células C fizessem fronteira
com a célula A, podendo inviabilizar algumas transmissões.
Nesta seção foram explicados alguns conceitos básicos de planejamento
celular tendo como foco sistemas FDMA ou hı́bridos FDMA-TDMA, como
o GSM. Para sistemas com base em CDMA, como IS-95 ou o UMTS, o
7
raciocı́nio deve ter como base os códigos, que seriam o recurso de sistema ao
invés de frequências.
8
V
f
Interferencia
de canal adjacente
9
A influência de cada célula na CCI depende de Di e do expoente n, defi-
nido na Eq. (2). Para espaço livre temos n ≈ 2, enquanto para situações de
obstáculos no meio temos n > 2, o que causa uma perda grande de potência
em relação à distância. Com isso, consideramos apenas as i1 células mais
próximas da célula em questão. Considerando que essas i1 células estejam a
uma distância D, então:
√ n
Ps (D/R)n ( 3N )
≈ ≈ . (4)
I i1 i1
Lembrando que C = MkN, isto é, N = C/(Mk), então o aumento da SIR
leva ao aumento no número de usuários simultâneos do sistema.
Uma aproximação feita por Lee e Jacobson, válida para N = 4 células
em um cluster e considerando apenas as 6 células mais próximas do móvel,
modifica a Eq. (4) para
Ps 1
≈ . (5)
I 2(D − R) + 2(D + R)−4 + 2D −4
−4
10
Figura 13: Efeito Near-far.
11
surgem dois tipos de encontramento. O primeiro caso é chamado de chamadas
bloqueadas liberadas, em que o usuário é desconectado quando não há canais
disponı́veis. O grau de serviço é dado pela fórmula Erlang B:
AC /C!
Pr[Bloqueio] = C
, (6)
P
Ak /k!
k=0
12
Considere uma célula hexagonal com distância R até os seus vértices.
É dito que a célula tem raio R. No caso de divisão celular, as novas célu-
las têm raio R/2. Com isso, pode-se diminuir a potência de transmissão,
mantendo-se a SIR. Numa célula com alguns obstáculos, reduz-se a potência
de transmissão em algo em torno de 10 dB, mantendo-se a SIR. As novas
células geradas recebem o nome de microcélulas.
Somente algumas células são divididas a cada vez. Com isso, há con-
vivência de cálulas com tamanhos diferentes e com potências diferentes de
transmissão. Isso gera reflexos na polı́tica de alocação de canais para se evi-
tar a CCI. Em algumas situações, há sobreposição de cobertura entre células
novas e antigas. Usa-se então a abordagem de células guarda-chuva, dando
cobertura dos móveis mais rápidos nas células maiores. Mudanças eventuais
na cobertura da célula podem ser feitas através de modificações no downtilt
da antena na estação.
B
G C
A1 A1
A2 A2
A3 A3
F D
E
13
Como já foi mencionado, na setorização são usadas antenas direcionais.
Imagine que no caso da Fig.15, as antenas estão localizadas no centro da
célula e a antena responsável por A2 seja direcionada para a direita, como
mostrado na Fig.16.
A2e A2d
14
Seletor de Zona Estacao−Base
2 Perda de Percurso
Os sistemas estudados neste curso possuem uma caracterı́stica comum:
apresentam um meio de propagação aéreo, sem fio.
Como não há um guia de onda, o meio aéreo apresenta atenuações num
nı́vel mais forte que no caso dos meios cabeados. Imagine um sistema em
que há duas antenas colocadas à beira de um penhasco, como mostrado na
Fig.19.
15
a antena de transmissão seja diretiva, há uma perda de potência durante a
propagação do sinal, devido à dispersão da potência transmitida. Esse tipo
de atenuação é modelado pelos modelos de perda de percurso (Path Loss).
Além desse tipo de atenuação, são também modeladas influências de vá-
rios fatores ambientais, como reflexão, difração e dispersão (scattering).
Há vários efeitos localizados no sinal que só perduram por uma distância
curta, ou um intervalo curto no tempo. Esses efeitos são chamados de des-
vanecimento de pequena escala (small-scale fading), cujos modelos analisam
efeitos da ordem de grandeza do comprimento de onda do sinal. Para efeitos
que perduram por uma extensão maior que o comprimento de onda temos o
desvanecimento de larga escala (large-scale fading). O estudo da perda de
percurso corresponde exatamente ao desvanecimento de larga escala e seus
modelos.
A Fig.18 representa uma situação de propagação conhecida como Modelo
de Espaço Livre. Nessa situação, a potência na antena R é função da distância
que separa T e R a partir da equação do espaço livre de Friis:
P t Gt Gr λ 2
Pr (d) = , (9)
(4π)2 d2 L
onde Pt é a potência transmitida em T, Gt é o ganho da antena transmis-
sora Gr é o ganho da antena receptora, λ é o comprimento de onda central
transmitido e L é o fator de perda do sistema, onde L ≥ 1.
O ganho de antena G está relacionado à abertura efetiva Ae da antena
por:
4πAe
G= , (10)
λ2
onde Ae é a abertura efetiva da antena. A abertura efetiva de uma antena
receptora representa uma área perpendicular à direção de propagação por
onde passa uma potência equivalente à recebida. De maneira dual, essa
definição é utilizada para a transmissora.
O parâmetro L reúne o efeito de variadas perdas, como perdas de linha,
no filtro e nos circuitos de aquisição. O valor L = 1 é um indicador quando
não há perdas no sistema.
Considere uma antena que irradia com ganho unitário independentemente
da direção. Essa antena ideal é referenciada como um irradiador isotrópico.
A potência EIRP (Effective Isotropic Radiated Power) representa a potência
de um transmissor na direção de ganho máximo, em comparação com um
irradiador isotrópico, com unidade dBi (ganho em dB em relação à antena
isotrópica).
Uma medida alternativa é a ERP (Effective Radiated Power), que repre-
senta a potência irradiada na direção de ganho máximo em comparação com
16
uma antena dipolo de meia-onda, com unidade dBd. Como um dipolo de
meia-onda tem ganho de 2,15 dB em relação à isotrópica, a ERP será 2,15
dB menor que a EIRP para uma dada antena.
A grandeza perda de percurso (PL) é definida como a razão entre a po-
tência transmitida e a recebida, que representa a atenuação do sinal no meio.
Gt Gr λ 2
Pt
PL(dB) = 10 log = −10 log . (11)
Pr (4π)2 d2
λ2
P Lalt = −10 log . (12)
(4π)2d2
Quanto maior for o valor de PL, maior será a atenuação do meio. Por-
tanto, para uma potência transmitida fixa, menor será a potência recebida
num dado meio.
O modelo utilizado aqui se baseia numa situação de campo distante, ou
região de Fraunhofer. Nessa região, passam a ser válidas uma série de su-
posições sobre o sinal transmitido, como a aproximação de frente de onda
plana. A distância mı́nima para a validade dessas suposições é denominada
distância de Fraunhofer dada por:
2D 2
df = , (13)
λ
onde D é a maior dimensão da antena e λ é o comprimento de onda central
utilizado. São impostas duas restrições sobre df :
df >> D, (14)
df >> λ. (15)
Como já foi visto, existe uma distância de referência d0 a partir da qual
são calculadas as potências. Pela teoria exposta aqui, temos que d0 > df .
Nessas condições, pode-se calcular:
2
d0
Pr (d) = Pr (d0 ) , d ≤ d0 ≤ df , (16)
d
17
Area
2.2.1 Reflexão
A onda eletromagnética propaga-se num meio de transmissão e atinge
fronteiras para outros meios. O novo meio de transmissão pode ser um obs-
táculo fı́sico no caso do meio aéreo. Ao atingir a fronteira, parte da onda é
18
transmitida, parte refletida e parte absorvida. A onda refletida pode vir a
interferir com a onda transmitida original, o que torna importante seu estudo.
Considere a situação em que uma onda eletromagnética com campo elé-
trico E no plano de incidência atinge um dielétrico, como mostrado na Fig.20.
Ei Er
Hi
Hr
Meio 1 ε1 µ σ
1 1
θi θr
θt
Meio 2 ε2 µ 2 σ
2
Et
Ht
19
Ei Er
Hi Hr
Meio 1 ε1 µ σ
1 1
θi θr
θt
Meio 2 ε2 µ 2 σ
2
Et
Ht
não há reflexão para o meio de origem. O ângulo θB recebe o nome de Ângulo
de Brewster.
Nesta subseção foi feita uma descrição resumida do fenômeno da reflexão
para ondas eletromagnéticas. A seguir, será descrita uma modelagem com
base na teoria de reflexão estudada.
20
m, então é razoável se pensar que só haverá uma reflexão no chão. Nessas
condições, é formulado um modelo de propagação com perda de percurso
em que há entre transmissor e receptor um raio principal em visada direta e
um raio secundário, que reflete no chão e interfere com o primeiro raio. É o
chamado Modelo de Dois Raios, representado na Fig. 22.
Transmissor
E LOS
Receptor
ht hr
Ei
Er = E g
θi θr
Uma hipótese importante nesse modelo de 2 raios é que o chão onde há a
reflexão é considerado plano (a curvatura da Terra e irregularidades não são
consideradas). Na Fig. 22, Ei é o campo elétrico emitido no raio secundário,
ELOS é o campo no raio em visada direta e Er é o campo após a reflexão.
O principal interesse é o cálculo de ET ot , o campo elétrico total gerado pela
interferência de Ei com Er .
Todos os valores de campo elétrico são medidos em relação a um campo
E0 , medido a uma distância d0 a partir do transmissor. Nessa situação, para
uma distância d > d0 , o campo E é dado por:
E0 d0 d
E(d, t) = cos(ωc t − ), d > d0 , (24)
d c
onde ωc = 2πfc é proporcional à frequência de transmissão e c é a velocidade
E0 d0
de propagação. Com isso, observa-se que E(d, t) = na distância de d
d
metros do trasmissor.
Pode ser provado que o campo elétrico devido à componente de visada
direta tem o valor:
d′
′ E0 d0
ELOS (d , t) = cos(ωc t − ). (25)
d′ c
O componente refletido Er é obtido por:
d′′
′′ E0 d0
Er (d , t) = Γ ′′ cos(ωc t − ). (26)
d c
21
Temos ainda: Er = ΓEi e ET ot = (1 + Γ)Ei . Pode ser provado que, para
valores pequenos de θi (ou seja, o raio secundário incide praticamente na
horizontal), a onda refletida tem a mesma magnitude e está 180o defasada
com a onda incidente. Com isso, o campo elétrico total para θi pequeno é
dado por:
d′ d′′
E0 d0 E0 d0
ET ot (d, t) ≈ cos(ωc t − ) − ′′ cos(ωc t − ). (27)
d′ c d c
d
ht− h r
ht
hr
ht + h r
d
hr
ht
Percebe-se que, na construção mostrada na Fig. 23, fica bem mais fácil
visualizar e estabelecer relações com d′′ , que é o comprimento do caminho
auxiliar. Considere ∆ como o caminho entre a visada direta e o caminho
secundário, então:
p p
∆ = d′′ − d′ = (ht + hr )2 + d2 − (ht − hr )2 − d2 , (28)
22
Como já foi visto, o valor da magnitude do campo elétrico em um dado
E0 d0
ponto é calculado por |E(d, t)| = . Quando d ≫ ht + hr , d′′ ≈ d′ ≈ d.
d
E0 d0 E0 d0
Com isso, |E(d, t)| ≈ | ′ | ≈ | ′′ |.
d d
Ao se utilizar a teoria de diagrama fasorial, então pode-se escrever que:
s 2 2
E0 d0 2
E0 d0 E0 d0 p
|ET ot (d)| = (cos θ∆ − 1) + (sin θ∆ )2 = 2 − 2 cos θ∆ ,
d d d
(29)
onde θ∆ representa a diferença de fase entre ELOS e Er . Essa fase θ∆ pode ser
2π∆ ωc ∆
escrita como θ∆ = = . Alternativamente, outra expressão utilizada
λ c
2E0 d0
para o cálculo de ET OT (d) é dada por ET OT (d) = sin(θ∆ /2).
d′
Quando se aumenta o valor de d, os valores de d e d′′ se tornam mais
próximos. Assim, θ∆ torna-se pequeno e sin(θ∆ /2) ≈ θ∆ /2, o que é válido
θ∆
caso < 0, 3 rad. Pode ser provado que essa condição é equivalente a
2
d > 20ht hr /λ. Com isso, o campo recebido ET OT pode ser obtido a par-
2E0 d0 2πht hr k
tir de ET OT (d) = ≈ 2 V/m, onde k incorpora o efeito de
d λd d
h2 h2
4πE0 d0 ht hr /λ. Com isso, a potência recebida é obtida por Pr = Pt Gt Gr t 4 r .
d
A perda de percurso em dB é calculada por P L[dB] = 40 log(d)−(10 log(Gt )+
10 log(Gr ) + 20 log(ht ) + 20 log(hr )).
2.2.3 Difração
Num ambiente sem fio de propagação, a frente de onda transmitida pode
atingir obstáculos. Esses obstáculos podem causar uma zona de sombra para
toda a região obstruı́da, como mostrado na Fig. 24.
Transmissor
Receptor
Zona de Sombra
Obstaculo
23
Ao contrário do que é intuitivo imaginar, é possı́vel que haja sinal na
região de sombra. Esse fenômeno é chamado de difração. A difração torna-se
mais perceptı́vel quando obstáculos têm dimensões na mesma ordem de gran-
deza do comprimento de onda transmitido. A teoria que explica a difração
é o princı́pio de Huygens, segundo o qual uma frente de onda se comporta
como se cada um dos seus elementos fosse uma fonte pontual.
Considere que o obstáculo da Fig. 24 tenha apenas uma pequena altura
acima da visada direta entre transmissor e receptor. Nessas condições, os
efeitos referentes à difração são mais pronunciados, gerando o chamado efeito
knife-edge, ou difração por knife-edge. A representação do sistema é mostrada
na Fig. 25.
Transmissor
h Receptor
Obstaculo
d d
1 2
∆ 2π h2 d1 + d2
φ = 2π = . (31)
λ λ 2 d1 d2
Percebe-se então que a extensão do percurso em excesso é função da altura
do anteparo acima da linha de visada e de suas distâncias para o transmissor
e receptor.
24
2.2.4 Difração e Zonas de Fresnel
A descrição de Zonas de Fresnel relaciona o comprimento de um percurso
secundário, que efetivamente liga transmissor e receptor, à diferença de fase
em relação ao percurso em visada direta. Considere um sistema com apenas
um transmissor e um receptor, com um plano transparente, como mostrado
na Fig.26.
d d
1 2
Transmissor Receptor
25
d d
1 2
Transmissor Receptor
h
Foco 1 Foco
das das
Elipses
Elipses 2
Fonte Secundaria
Transmissor Receptor
h
Foco Foco
das das
Elipses
Elipses
26
mais alto do obstáculo e de lá até R. Pode ser provado que
h2 d1 + d2
∆= . (32)
2 d1 d2
A diferença de fase para a visada direta é dada por:
2πh2 d1 + d2
φ= . (33)
2λ d1 d2
Normalizando-se φ, obtém-se:
s
2(d1 + d2 )
ν=h , (34)
λd1 d2
2.2.6 Espalhamento
Em geral, percebe-se que o sinal medido em um ambiente de propagação
de rádio é mais forte que o previsto nos modelos com reflexão e difração.
Quando uma onda de rádio se choca com uma superfı́cie dita áspera, sua
energia é espalhada, devido a uma reflexão difusa, sem direção especı́fica.
Aqui denominaremos este fenômeno como espalhamento.
Considere a situação da Fig. 29. Como pode ser visto, raios de uma
mesma frente de onda refletem em partes diferentes da superfı́cie. Pode ser
provado que a diferença de fase da nova “frente de onda” é dada por:
4π∆h sin θ
∆φ = . (35)
λ
sendo ∆h a diferença de altura entre a protuberância mı́nima e a máxima,
enquanto θi é o ângulo de incidência. Se ∆h << λ então a diferença de fase
∆φ será muito pequena, ou seja, os dois raios estão em fase, compondo uma
mesma frente de onda. Isso caracteriza uma reflexão direcional e não difusa.
27
Figura 29: Situação de superfı́cie áspera com reflexão difusa.
Um critério adotado é de que para ∆φ > π/2 tem-se uma reflexão difusa.
Nesse caso,
4π∆h sin θ π λ
∆φ = > → ∆h > (36)
λ 2 8 sin θ
Com isso, uma superfı́cie é considerada áspera, ou seja, os efeitos da
dispersão não podem ser desprezados para determinado ângulo θi se ∆h >
λ
.
8 sin θ
Para superfı́cies ásperas, o coeficiente de reflexão Γ deve ser multiplicado
pelo fator de perda de dispersão ρs . Essa variável pode ser modelada por:
28
2.3 Link Budget
No projeto de um sistema de comunicações sem fio, deve-se projetar
quanto um dado enlace entrega de potência ao receptor fazendo-se uma con-
tabilidade de ganhos e perdas de potência ao longo do percurso. Esse tipo
de projeto recebe o nome de Link Budget.
O projeto de link budget pressupõe a utilização de modelos de propagação
que têm por base expressôes analı́ticas consagradas, e utilizado sobre dados
experimentais.
Os modelos de perda de percurso fornecem uma modelagem de quanto
é a principal perda de potência no ambiente. Serão vistos a seguir alguns
modelos utilizados para calcular perda de percurso em link budget.
29
Na equação acima, os dois primeiros termos são valores determinı́sticos
não-nulos. O terceiro é uma distribuição gaussiana com média zero e desvio
padrão σ. Com isso, P L(d) torna-se uma variável com média não-nula e
desvio padrão σ.
1
Z
U(γ) = P (Pr (r) > γ)dA, (41)
πR2
onde Pr (r) denota a potência recebida no cı́rculo de raio r e P (Pr (r) > γ) é
a probabilidade da potência recebida no cı́rculo de raio r ser maior do que γ.
A expressão para P (Pr (r) > γ) é dada em função de Q, ou erro comple-
mentar erfc():
γ − P¯r (d)
P [Pr (d) > γ] = Q (42)
σ
¯
Pr (d) − γ
e P [Pr (d) < γ] = −P [Pr (d) > γ] = Q .
σ
A função Q() é dada por:
Z∞
1
Q(y) = erfc(y) = √ exp(−x2 /2)dx. (43)
2π
y
30
Quando um perfil do terreno está disponı́vel, os parâmetros do caminho
são especificados e a estimação é feita no chamado modo ponto-a-ponto. Caso
o perfil de caminho não está disponı́vel, Longley-Rice oferece algumas esti-
mativas no “Modo de área”. O modelo original foi modificado para modelar
propagação em áreas urbanas. O modelo sofre de alguma limitações quanto
à modelagem de múltiplas reflexões e de difração.
O método de Durkin é uma das implementações utilizadas para o modelo
de Longley-Rice, onde a propagação é modelada como tendo apenas a visada
direta e algumas difrações. Na variação encontrada no algoritmo de Edwards-
Durkin, a propagação é modelada como tendo a visada e mais duas arestas
de difração.
31
2.4.3 Modelo de Hata
O modelo de Hata contém algumas modificações na modelagem de Oku-
mura a fim de dar suporte a uma quantidade maior de situações. Sua fórmula
básica é:
L50 [dB] = 69, 55dB+26, 16 log(fc )−13, 82 log(hte )−a(hre )+(44, 9−6, 55 log(hte )) log(d),
(47)
onde fc é a frequência central utilizada na transmissão, enquanto d é a dis-
tância de separação, em km, entre transmissor e receptor.
O parâmetro a(hre ) representa um fator de correção para altura efetiva
da antena do móvel que é uma função da área de cobertura. Para cidades
grandes, temos:
(
8, 29(log(1, 54hre )2 ) − 11[dB], fc ≤ 300MHz,
a(hre ) = 2
(48)
3, 2(log(11, 75hre ) ) − 4, 97[dB], fc < 300MHz.
Para cidades menores, usa-se a(hre ) = (1, 1 log(fc )−0, 7)hre −1, 56 log(fc )+
0, 8[dB].
A equação básica do modelo de Hata modela regiões urbanas. Para mo-
delar regiões suburbanas, a equação de Hata é modificada para:
L50 [dB] = L50,urb − 4, 78(log(fc ))2 + 18, 33 log(fc ) − 40, 94. (50)
L50,urb [dB] = 46, 3+33, 9 log(fc )−13, 82 log(hte )−a(hre )+(44, 9−6, 55 log(hte ) log(d)+CM ,
(51)
onde CM = 0dB para cidades médias e CM = 3dB para cidades grandes.
Para este caso, fc fica entre 1,5 GHz e 2 GHz, hte entre 30 m e 200 m, hre
entre 1 m e 10 m e d entre 1 km e 20 km.
32
Figura 30: Ambiente urbano com prédios, tı́pico do modelo Walfisch-Bertoni.
33
onde fixou-se em 2 o valor do expoente de atenuação dentro do andar e α
designa uma atenuação multiplicativa na escala log em relação à distância.
Seus valores tı́picos ficam entre 0,2 e 0,7 dB/m.
A penetração do sinal de RF nos prédios é um problema a ser considerado.
Há várias situações em que as perdas são muito severas, da ordem de dezenas
de decibels. As perdas costumam ser maiores para frequências pequenas e
menores para altas frequências.
∆l
X θ ~ θ
=
34
Considerando que o carro trafegue entre X e Y, a diferença nas extensões
de caminho é ∆l = d cos θ = v∆t cos θ, onde ∆t é o tempo que o móvel
demorou entre X e Y, e os ângulos com a distância até S são aproximadamente
iguais, dada a grande distância até a fonte. A mudança de fase no sinal
recebido é dada por
2π∆l 2πv∆t
∆φ = = cos θ. (55)
λ λ
A frequência angular percebida no receptor é exatamente ω = ∆φ/∆t.
Considerando que f = ω/(2π), então o desvio Doppler fD :
1 ∆φ v
fD = = cos θ. (56)
2π ∆t λ
35
h(d, t), ou seja,
Z∞
y(d, t) = x(t) ∗ h(d, t) = x(τ )h(d, t − τ )dτ. (57)
−∞
Zt
y(vt, t) = x(τ )h(vt, t − τ )dτ = y(t), (58)
−∞
36
por:
N
X −1
hb (t, τ ) = ai (t, τ ) exp[j(2πfc τi (t) + φi (t, τ ))]δ(t − τi (t)). (60)
i=0
h (t,τ ) t
b
t2
τ (t 2)
t1
τ (t1 )
t0
τ (t 0)
τ0 τ τ τ3 τ4 τ
1 2 5
37
onde pT (t) é um trem de pulsos de banda base com largura de pulso Tbb muito
pequena e o perı́odo de repetição TREP >> τMAX , onde τMAX é o maior atraso
em excesso no canal. O trem de pulsos pT (t) é ilustrado na Fig. 34.
Trep
T
bb
O pulso pT (t) é estreito no tempo, o que causa uma banda muito larga na
saı́da. Com isso, a resposta do canal ao pulso pT (t) se aproximará de hb (t, τ ).
Além disso, para se normalizar a energia do pulso, considere que a amplitude
de pT (t) seja:
( p
2 τMAX /Tbb 0 ≤ t < Tbb ,
pT (t) = (63)
0 Tbb ≤ t < TREP .
onde ret[] é um pulso retangular com largura dada pelo seu argumento, tal
que: (
0, |t| > 1/2,
ret(t) = (66)
1, |t| ≤ 1/2.
38
Deseja-se obter a potência recebida em um determinado tempo t0 . É
então medida a potência |r(t0 )|2 , que é descoberta ao se somar as potências
de múltiplo percurso. Com isso,
τZ
MAX
1
|r(t0 )| 2
= r(t)r ∗ (t)dt =
τmax
0
τZ
MAX "N −1 N −1 #
1 1 XX
= Re ak (t0 )ai (t0 )p(t − τk )p(t − τi ) exp(j(θk − θi )) dt =
τmax 4 k=0 i=0
0
Z −1
N N −1
!
1 1 X
= a2m (t0 )p2 (t − τk )dt =
τmax 4 m=0
m=0
Z −1
N τZ
MAXr 2
1 τmax t − τi 1
= a2m (t0 ) ret − dt =
τmax Tbb Tbb 2
m=0 0
N
X −1
= a2m (t0 ), (67)
m=0
onde foi considerado que |τk − τ − i| > Tbb , ∀k 6= i e onde pode ser provado
que:
τZmaxr 2
τmax t − τi 1
ret − dt = τmax . (68)
Tbb Tbb 2
0
Com isso, percebe-se que a potência recebida total é dada pela soma das
potências dos componentes individuais de múltiplo percurso. Esse resultado
continua sendo verdadeiro mesmo se uma modelagem de processo aleatório
for utilizada para o sinal.
No caso de se transmitir um sinal modulado em onda contı́nua (CW),
pode ser provado que a potência média recebida obedece à equação:
N
X −1 N
X −1 X
N
Ea,θ [Pcw ] = ā2i +2 rij cos(θi − θj ), (69)
i=0 i=0 j6=i
onde Ea,θ denota a média estatı́stica em relação as variáveis [a, θ], enquanto
a barra sobrescrita denota a média amostral. Além disso, rij = E[ai aj ]
representa a correlação cruzada entre os componentes de múltiplo percurso.
Caso θ seja uma variável independente ou descorrelacionadas ou caso ai sejam
descorrelacionados entre si, recai-se no caso anterior de sondagem por pulso.
39
3.3 Técnicas para Sondagem
Como visto anteriormente, a medição da resposta do canal e do seu perfil
de atraso é denominada sondagem. Há 3 métodos principais para realização
de sondagem.
Gerador
de
Pulso
40
envoltória e depois armazenado em um osciloscópio com armazenamento de
dados.
Gerador
de
PN
41
aproximação da resposta em frequência do canal. A resposta ao impulso do
canal é obtida através da IDFT (inverse discrete Fourier transform) do S21 .
42
A ideia da banda de coerência Bc é medir em qual faixa de frequências
o canal é estatisticamente uniforme, num efeito próximo ao de uma resposta
plana em frequência. A banda de coerência representa uma faixa na qual a
amplitude de duas componentes de frequência possuem alta correlação.
Um critério adotado para a banda de coerência é um intervalo no qual a
amplitude das componentes de frequência estão 90% correlacionadas, então
1
Bc = 50σ t
, onde σt é o espalhamento de atraso RMS. Outro critério utilizado
é de 50% de correlação. Nesse caso, Bc = 5σ1 t . Alguns outros critérios
experimentais podem ser utilizados.
43
3.5 Tipos de Desvanecimento em Pequena Escala
Os efeitos do desvanecimento em pequena escala ocorrem basicamente
em dois domı́nios: tempo e frequência. Há dois efeitos básicos no desvaneci-
mento: a dispersão que tem como significado a ocupação de um espaço maior
que a do sinal original e a seletividade, que tem como significado a ocupadção
dum espaço menor que a do sinal original. Os dois efeitos ocorrem simulta-
neamente, cada um em um domı́nio. Os efeitos de cada combinação entre
efeito e domı́nio rendem diferentes situações. As tabelas 1 e 2 resumem os
efeitos.
44
do sinal, então temos a situação de canal seletivo em frequência. A resposta
ao impulso hb (t, τ ) não se concentra em um único instante de tempo e é
modelado por um filtro digital.
45
Tc >> Ts e o espalhamento Doppler é muito menor que a banda do sinal,
Bd << Bs .
As classificações do canal a respeito de atrasos no domı́nio do tempo e
de sua variabilidade são independentes. É possı́vel haver 8 tipos de canais
diferentes com base no que foi visto até aqui e mostrado na figura a seguir.
46
onde σ é o valor RMS do sinal antes da detecção de envoltória.
Pode ser provado que o valor médio do sinal é dado por 1,25σ, enquanto
sua mediana é calculada por 1,17σ. A distribuição de Rayleigh é vista a
seguir.
47
por:
N
X
Ez = E0 Ci cos(2πfc t + θi ), (73)
i=1
onde
N
X
Tc (t) = E0 Ci cos(2πfi t + φi ),
i=1
XN
Ts (t) = E0 Ci sen(2πfi t + φi ),
i=1
A[p(α)G(α) + p(−α)G(−α)]
S(f ) = q 2
, (75)
fm 1 − ( f f−f
m
c 2
)
48
α. Desta forma, a potência recebida Pr :
Z 2π
Pr = AG(α)p(α)dα. (76)
0
49
dado nı́vel de sinal R. É obtido por:
Z∞ √
Nr = r ′p(r, r ′ )dr ′ = 2πfm ρ exp(−ρ2 ), (78)
0
exp(ρ2 ) − 1
τ̄ = √ . (80)
ρfm 2π
Essa duração média de desvanecimento pode prever quantos bits serão
perdidos numa transmissão. Note que depende da velocidade do móvel, pois
é influenciado pelo Efeito Doppler.
50