Você está na página 1de 59

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DO UÍGE

Criado pelo Decreto Presidencial nº 132/17 de 19 de junho 1ª série nº 98

FUNDAMENTOS DE TELECOMUNICAÇÕES - III

Eng.º Manuel Mbenza


manueldjuna@gmail.com

CAPÍTULO III. O CONCEITO DE CELULAR:


FUNDAMENTOS DE PROJECTO DO SISTEMA

LOGO
Uíge, 2022 - 2023
CONTEÚDO

1. Reutilização de Frequência

2. Estratégias de atribuição de canal e de transferência

3. Interferência e Capacidade do Sistema

4. Entroncamento e Qualidade de Serviço

5. Melhorando a Cobertura e a Capacidade nos Sistemas


Celulares
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Introdução
O objectivo do projecto dos primeiros sistemas de rádio
móvel era conseguir uma grande área de cobertura
usando um único transmissor de alta potência com uma
antena montada em uma torre alta. Embora essa técnica
conseguisse uma cobertura muito boa também significava
que era impossível reutilizar essas mesmas frequências
pelo sistema, pois quaisquer tentativas de reutilização de
frequência resultariam em interferência.

O conceito de celular foi um avanço importante na solução


do problema de congestionamento espectral e capacidade
de usuários.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Introdução
O conceito de celular é uma ideia em nível de sistema e que
exige a substituição de um único transmissor de alta potencia
(célula grande) por muitos transmissores de baixa potência
(células pequenas), cada um oferecendo cobertura para
somente uma pequena parte da área de serviço.
Cada estação-base recebe uma parte do número total de
canais disponíveis ao sistema inteiro, e estações-base
próximas recebem diferentes grupos de canais, de modo que
todos os canais disponíveis são atribuídos a um número
relativamente pequeno de estações-base vizinhas. os canais
disponíveis são distribuídos pela região geográfica e podem
ser reutilizados tantas vezes quantas forem necessárias,
desde que a interferência entre as estações de co-canal seja
mantida abaixo dos níveis aceitáveis.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Introdução
Quando a demanda por serviço aumenta (ou sejas
quando mais canais são necessários dentro de um
mercado em particular), o número de estações-base pode
ser aumentado (além da correspondente diminuição na
potencia do transmissor para evitar interferência
adicional), fornecendo assim uma capacidade maior de
rádio sem nenhum aumento no espectro deste.

Esse princípio fundamental é a base para todos os


sistemas de comunicação sem fio modernos, pois permite
que um número fixo de canais atenda a um número
arbitrariamente grande de assinantes, reutilizando os
canais pela região de cobertura.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Sistemas Móveis Celulares
Um sistema móvel celular é definido como uma rede de
comunicações por rádio que permite mobilidade contínua
por meio de muitas células.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Sistemas Móveis Celulares

Os sistemas de rádio difusão de áudio e vídeo são


geralmente projectados por forma a cobrirem uma área
tão ampla quanto possível. Estes sistemas operam com a
máxima potência permitida e com antenas o mais
elevadas possível.

Em consequência, a banda de frequências utilizada pelo


transmissor só pode ser reutilizada por outras estações
suficientemente afastadas para que não haja interferência
significativa entre elas.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Sistemas Móveis Celulares
Nos sistemas celulares aplica-se a estratégia oposta,
procurando concretizar uma utilização eficiente dos canais
espectrais disponíveis através da utilização de
transmissores de baixa potência que permitam a
reutilização de frequências a distâncias muito menores.
Características dos Sistemas Móveis
• Qualquer hora qualquer lugar
• Mobilidade e Roaming
• Alta capacidade
• Uso eficiente do espectro de rádio
• Baixo custo
• Flexibilidade
• Serviços inovadores
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

Os sistemas de radio-celular contam com uma


alocação e reutilização inteligente de canais em uma
região de cobertura. Cada estação-base de celular
recebe um grupo de canais de rádio a ser usados
dentro de uma pequena área geográfica, chamada
célula.
As estações-base em células adjacentes recebem
grupos de canais com canais completamente
diferentes das células vizinhas. As antenas da
estação-base são projetadas para alcançar a
cobertura desejada dentro da célula em particular.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

Limitando a área de cobertura dentro dos limites de


uma célula, o mesmo grupo de canais pode ser usado
para cobrir diferentes células, desde que estejam
separadas umas das outras por distâncias grandes o
suficiente para manter os níveis de interferência
dentro de limites toleráveis.

O processo do projecto de selecionar e alocar grupos


de canais para todas as estações-base de celular
dentro de um sistema é chamado reutilização de
frequência ou planeamento de frequência.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Ilustração do conceito de reutilização da frequência do celular.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Ilustração do conceito de reutilização da frequência do celular.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
A forma de célula hexagonal é conceitual, um
modelo simplificado da cobertura de rádio de cada
estação-base, mas trata-se de um modelo que tem
sido adoptado universalmente, pois o hexágono
permite a análise fácil e manejável de um sistema
celular.

A cobertura de rádio real de uma célula é conhecida


como pegada e é determinada pelas medições de
campo ou por modelos de previsão de propagação.
Embora a pegada real seja amorfa por natureza, uma
forma de célula regular é necessária para o projeto
sistemático do sistema e a adaptação para
crescimento futuro.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

Embora podendo parecer natural escolher um círculo


para representar a área de cobertura de uma
estação-base, os círculos adjacentes não podem ser
dispostos em um mapa sem deixar lacunas ou criar
regiões sobrepostas.

Assim, ao considerar formas geométricas que


cubram uma região inteira sem sobreposição e com
uma mesma área, existem três opções: um
quadrado, um triângulo equilátero e um hexágono.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
O hexágono tem a maior área dos três polígonos em
questão. Assim, usando a geometria do hexágono,
consegue-se cobrir uma região geográfica com o menor
número de células - além disso, o hexágono se aproxima
mais de um padrão de radiação circular que ocorreria em
uma antena de estação-base omnidirecional e propagação
livre no espaço.

Ao usar hexágonos para modelar áreas de cobertura, os


transmissores da estação-base são representados como
estando no centro da célula (células excitadas no centro)
ou em três dos seis vértices da célula (células excitadas na
borda). Normalmente antenas omnidirecionais são usadas
nas células excitadas no centro, e antenas direcionais
setorizadas são usadas em células excitadas no canto.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
O hexágono tem a maior área dos três polígonos em
questão. Assim, usando a geometria do hexágono,
consegue-se cobrir uma região geográfica com o menor
número de células - além disso, o hexágono se aproxima
mais de um padrão de radiação circular que ocorreria em
uma antena de estação-base omnidirecional e propagação
livre no espaço.

Ao usar hexágonos para modelar áreas de cobertura, os


transmissores da estação-base são representados como
estando no centro da célula (células excitadas no centro)
ou em três dos seis vértices da célula (células excitadas na
borda). Normalmente antenas omnidirecionais são usadas
nas células excitadas no centro, e antenas direcionais
setorizadas são usadas em células excitadas no canto.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
Antenas Omnidirecionais vs Antenas direcionais setorizadas
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

Para projectos do sistema, considera-se as seguintes


expressões para determinar o número de canais
disponíveis:

𝐿𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙


𝑁º 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑛𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑢𝑛í𝑣𝑒𝑖𝑠 =
𝐿𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝐵𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑎𝑛𝑎𝑙

𝑁º 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒𝑐𝑎𝑛𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑖𝑠𝑝𝑢𝑛í𝑣𝑒𝑖𝑠


𝑁º 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑛𝑎𝑖𝑠/𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎 =
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐é𝑙𝑢𝑙𝑎𝑠
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

A maioria dos projetos de sistema permite que uma


estação-base seja posicionada distante do local ideal em
até um quarto do raio da célula.
Para entender o conceito de reutilização de frequência,
considere um sistema celular que possui um total de S
canais duplex disponíveis para uso. Se cada célula recebe
um grupo de k canais (k < S), e se os S canais são
divididos entre N células em grupos de canais exclusivos e
disjuntos, sendo que cada grupo possui o mesmo número
de canais, o número total de canais de rádio disponíveis
pode ser expresso como:

𝑆 = 𝑘𝑁
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

As N células que utilizam coletivamente o conjunto


completo de frequências disponíveis é chamado cluster.
Se um cluster for replicado M vezes dentro do sistema,
o número total de canais duplex, C pode ser usado
como uma medida da capacidade e é dado por:

𝐶 = 𝑀𝑘𝑁

𝐶 = 𝑀𝑆

Como visto na Equação anterior, a capacidade de um


sistema celular é diretamente proporcional ao número de
vezes que um cluster é replicado em uma área de
serviço fixa.
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA
O factor de reutilização de frequência de um sistema
celular é dado por 1/N, pois cada célula dentro de um
cluster só recebe 1/N canais da totalidade de canais
disponíveis no sistema.
Devido ao facto de a geometria hexagonal da Figura 1 ter
exatamente seis vizinhos equidistantes e de as linhas que
unem os centros de qualquer célula e cada um de seus
vizinhos estarem separadas por múltiplos de 60º, existem
apenas certos tamanhos de cluster e layouts de célula
possíveis. Para fazer um mosaico sem lacunas – conectar
sem lacunas células adjacentes, a geometria dos
hexágonos é tal que o número de células por cluster, N só
pode ter valores que satisfaçam a Equação a seguir:
𝑁 = 𝑖 2 + 𝑖𝑗 + 𝑗 2
1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

Figura 2. Método de localização de células de co-canal em um sistema celular.


1. REUTILIZAÇÃO DE FREQUÊNCIA

Exemplo 1. Se um total de 33 MHz de largura de


banda for alocado para determinado sistema de
telefonia celular FDD que usa dois canais simplex de
25 kHz para fornecer canais de voz e controle duplex,
calcule o número de canais disponíveis por célula se
o sistema utilizar: a) reutilização de quatro células; b)
reutilização de sete células; c) reutilização de 12
células. Se 1 MHz do espectro alocado for dedicado a
canais de controle, determine uma distribuição justa
desses canais e de canais de voz em cada célula
para cada um dos três sistemas.
CONTEÚDO

1. Reutilização de Frequência

2. Estratégias de atribuição de canal e de transferência

3. Interferência e Capacidade do Sistema

4. Entroncamento e Qualidade de Serviço

5. Melhorando a Cobertura e a Capacidade nos Sistemas


Celulares
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de atribuição de canal
Para uma utilização eficiente do espectro de rádio, é
preciso que haja um esquema de reutilização de
frequências coerente com os objetivos de aumento da
capacidade e redução de interferência. Diversas
estratégias de atribuição de canais foram desenvolvidas a
fim de alcançar esses objetivos.
As estratégias de atribuição de canais podem ser
classificadas como fixas ou dinâmicas. A escolha da
estratégia de atribuição de canais tem impacto sobre o
desempenho do sistema principalmente sobre como as
chamadas são gerenciadas quando um usuário móvel é
transferido de uma célula para outra.
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de atribuição de canal
Em uma estratégia de atribuição fixa de canais, cada célula
recebe um conjunto predeterminado de canais de voz. Qualquer
tentativa de chamada dentro da célula só pode ser realizada
pelos canais não utilizados dessa célula em particular. Se todos
os canais dessa célula estiverem ocupados, a chamada é
bloqueada e o assinante não recebe o serviço.
Em uma técnica, chamada estratégia de empréstimo, uma
célula tem permissão para pedir canais emprestados de uma
célula vizinha se todos os seus canais já estiverem ocupados. A
Central de Comutação e Controle (Mobile Switching center
(MSC)) supervisiona esses procedimentos de empréstimo e
garante que o empréstimo de um canal não atrapalhe ou
interfira em qualquer uma das chamadas em andamento na
célula doadora.
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de atribuição de canal
Em uma estratégia de atribuição dinâmica de canais, os
canais de voz não são alocados às diversas células
permanentemente. Em vez disso, sempre que é feita uma
solicitação de chamada, a estação-base que está atendendo
solicita um canal ao MSC. A central, então, aloca um canal à
célula solicitante seguindo um algoritmo que leva em
consideração a probabilidade de bloqueio futuro dentro dessa
célula, bem como a frequência de uso do canal candidato, a
distância de reutilização do canal e outras funções de custo.
A atribuição dinâmica de canais reduz a probabilidade de
bloqueio aumentando a capacidade de entroncamento do
sistema, pois todos os canais disponíveis em um mercado são
acessíveis a todas as células.
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de transferência
Quando uma estação móvel se move para uma célula
diferente enquanto uma conversa está em andamento, a
MSC transfere automaticamente a chamada para um novo
canal pertencente а nova estação-base. Essa operação de
transferência não envolve apenas a identificação de uma
nova estação-base mas também requer que os sinais de
voz e controle sejam alocados a canais associados а nova
estação base.
As transferências devem ser realizadas com sucesso e com
a menor frequência possível, devendo ser imperceptíveis
aos usuários. Para cumprir esses requisitos, os projetistas
de sistema devem especificar um nível de sinal ideal no
qual uma transferência deve ser iniciada.
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de transferência
Quando um nível de sinal em particular é especificado como
o sinal mínimo utilizável para a qualidade de voz aceitável no
receptor da estação-base (normalmente entre –90 dBm e –
100 dBrn), um nível de sinal ligeiramente mais forte é usado
como patamar para que uma transferência seja realizada.
Essa margem, dada por ∆ = 𝑃𝑟 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑔𝑎 − 𝑃𝑟 𝑚í𝑛 𝑎𝑐𝑒𝑖𝑡á𝑣𝑒𝑙 , não
pode ser muito grande nem muito pequena. Se ∆ for muito
grandes pode haver transferências desnecessárias,
sobrecarregando a MSC; e se ∆ for muito pequeno, pode não
haver tempo suficiente para completar a transferência antes
que uma chamada se perca devido às condições de sinal.
Portanto, ∆ deve ser escolhido cuidadosamente para atender
estes requisitos em conflitos.
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de transferência
Ao decidir quando fazer a transferência, é importante
garantir que a queda no nível de sinal medido não se deve
a uma atenuação momentânea desse sinal, mas que a
estação móvel está realmente se afastando da estação-
base que a atende. Para garantir isso, a estação-base
monitora o nível de sinal por um certo período de tempo
antes que uma transferência seja iniciada.

Essa medição da potência do sinal deve ser otimizada de


modo que sejam evitadas transferências desnecessárias
enquanto garante que as transferências necessárias sejam
completadas antes que uma chamada seja terminada
devido a um nível de sinal fraco.
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de transferência
O tempo pelo qual uma chamada pode ser mantida dentro
de uma célula, sem transferência, é chamado tempo de
permanência. O tempo de permanência de determinado
usuário é controlado por diversos fatores, incluindo
propagação, interferência, distância entre o assinante e a
estação-base, e outros efeitos variáveis com o tempo.
Nos sistemas atuais de segunda geração as decisões de
transferência são assistidas pela estação móvel. Na
transferência assistida pela estação móvel (Mobile
Assisted Hand-off (MAHO)), cada estação móvel mede a
potência recebida das estações-base ao redor e informa
continuamente os resultados dessas medições para a
estação-base servidora.
2. ESTRATÉGIAS DE ATRIBUIÇÃO DE CANAL E
DE TRANSFERÊNCIA
Estratégias de transferência
Uma transferência é então iniciada quando a potência
recebida da estação-base de uma célula vizinha começa a
exceder a potência recebida da estação base atual por um
certo nível ou por um certo período de tempo.

O método MAHO permite que a chamada seja passada


entre as estações-base em uma velocidade muito mais
rápida do que nos sistemas analógicos de primeira
geração, pois as medições de transferência são feitas por
cada estação móvel, e a MSC não monitora mais
constantemente as potências de sinal. O método MAHO é
particularmente adequado a ambientes de microcélulas
onde as transferências são mais frequentes.
CONTEÚDO

1. Reutilização de Frequência

2. Estratégias de atribuição de canal e de transferência

3. Interferência e Capacidade do Sistema

4. Entroncamento e Qualidade de Serviço

5. Melhorando a Cobertura e a Capacidade nos Sistemas


Celulares
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

A interferência é o maior factor limitador do desempenho


dos sistemas de rádio-celulares. A interferência nos canais
de voz causa ligação cruzada, em que o assinante escuta
a interferência no fundo devido a uma transmissão
indesejada. Em canais de controle, a interferência
ocasiona chamadas perdidas e bloqueadas devido a erros
na sinalização digital.
A interferência é mais grave em áreas urbanas, devido ao
maior nível de ruído de RF (radiofrequência) de fundo e o
maior número de estações-base e estações móveis.
Os dois tipos principais de interferência de celular gerada
pelo próprio sistema são interferência de co-canal e
interferência de canal adjacente.
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

Interferência do co-canal
A reutilização de frequência implica que, em determinada
área de cobertura, existem várias células que utilizam o
mesmo conjunto de frequências. Essas células são
chamadas células de co-canal e a interferência entre os
sinais dessas células é chamada interferência de co-canal.
Diferentemente do ruído térmico que pode ser contornado
aumentando-se a relação sinal-ruído (Signal-to-Noise Ratio
– SNR), a interferência não pode ser combatida
simplesmente aumentando-se a potência da portadora de um
transmissor.
Para reduzir a interferência do co-canal, as células de co-canal
devem ser fisicamente separadas por uma distância mínima
para oferecer isolamento suficiente por conta da propagação.
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

Interferência do co-canal
Para uma geometria hexagonal, são válidas as seguintes
expressões para o controlo da interferência do co-canal:
𝐷
𝑄= ou 𝑄 = 3𝑁
𝑅
Q – razão de reutilização de co-canal;
D – distâncias entre os centros das células de co-canal
mais próximas;
R – raio da célula;
N – número de células ou tamanho do cluster.
Um valor pequeno de Q oferece maior capacidade pois o
tamanho de cluster N é pequeno, enquanto um valor grande
de Q melhora a qualidade da transmissão por conta do menor
nível de interferência de co-canal.
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

Interferência do co-canal
As medidas de propagação em um canal de rádio móvel mostram
que a potência média do sinal recebido em qualquer ponto cai
como uma grandeza de potência da distância de separação entre
transmissor e receptor. A potência média recebida 𝑃𝑟 a uma
distância 𝑑 da antena transmissora é aproximada por:
−𝑛
𝑑
𝑃𝑟 = 𝑃0 ou
𝑑0

𝑑
𝑃𝑟 𝑑𝐵𝑚 = 𝑃0 𝑑𝐵𝑚 − 10𝑛 log
𝑑0

𝑷𝒓 - potência média recebida; 𝑷𝟎 - potência recebida em um ponto de


referência próximo da região distante de uma antena; 𝑑 – distância entre
as antenas transmissora e receptora; 𝑑0 - potência a uma pequena
distância da antena transmissora; 𝑛 – expoente de perda do caminho.
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

Interferência do co-canal
Quando a potência de transmissão de cada estação base
é igual e o expoente de perda de caminho é o mesmo em
toda a área de cobertura, a razão sinal-interferência (S/I
ou Signal-to-Interference Ratio – SIR) para uma estação
móvel pode ser aproximado por:

𝑆 𝐷/𝑅 𝑛
=
𝐼 𝑖0

ou
𝑛
𝑆 3𝑁
=
𝐼 𝑖0
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

Interferência do co-canal

Exemplo 2. Se uma relação sinal-interferência de 15


dB for exigida para o desempenho satisfatório do
canal directo de um sistema celular, qual é o factor de
reutilização de frequência e tamanho do cluster que
deve ser usado para obter o máximo de capacidade
se o expoente de perda do caminho for a) n=4; b)
n=3? Suponha que existem seis células de co-canal
na primeira camada, e todas elas estejam à mesma
distância da estação móvel. Use aproximações
adequadas.
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

Interferência de canal adjacente


A interferência resultante de sinais adjacentes em
frequência ao sinal desejado é chamada interferência do
canal adjacente. Esta interferência resulta de filtros
receptores imperfeitos, que permitem que frequências
vizinhas vazem para a banda de passagem.
A interferência do canal adjacente pode ser minimizada
através de cuidadosas filtragens e atribuições de canal.
Como cada célula recebe apenas uma fracção dos canais
disponíveis, uma célula não precisa receber canais que
são todos adjacentes em frequência, mantendo a
separação de frequência em cada canal a maior possível
em determinada célula, a interferência do canal adjacente
pode ser reduzida de maneira considerável.
3. INTERFERÊNCIA E CAPACIDADE DO SISTEMA

Controle de potência para reduzir interferência


Nos sistemas práticos de rádio por celular e comunicação
pessoal, os níveis de potência transmitidos por cada
unidade de assinante estão sob constante controle das
estações-base que os estão atendendo.
Isto é feito para garantir que cada estação móvel transmita
com a menos potência necessária para manter um enlace
de boa qualidade no canal reverso.
O controle de potência não apenas ajuda a prolongar a
vida da bateria para a unidade do assinante, mas também
reduz bastante a relação S/I do canal reverso do sistema.
CONTEÚDO

1. Reutilização de Frequência

2. Estratégias de atribuição de canal e de transferência

3. Interferência e Capacidade do Sistema

4. Entroncamento e Qualidade de Serviço

5. Melhorando a Cobertura e a Capacidade nos Sistemas


Celulares
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Os sistemas de rádio-celular se baseiam em entroncamento


para acomodar um grande número de usuários em um
espectro de rádio limitado.
O conceito de entroncamento permite que um grande
número de usuários compartilhe um número relativamente
pequeno de canais em uma célula, fornecendo acesso, sob
demanda, a cada usuário a partir de um conjunto de canais
disponíveis.
Em um sistema de rádio entroncado, cada usuário é
alocado a um canal em um esquema por chamada, e no
término desta, o canal previamente ocupado é
imediatamente retornado ao conjunto de canais
disponíveis.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

O entroncamento explora o comportamento estatístico dos


usuários, de modo que um número fixo de canais ou
circuitos possa acomodar uma comunidade de usuários
grande e aleatória.
Em um sistema de rádio móvel entroncado, quando
determinado usuário solicita o serviço e todos os canais de
rádio já estão em uso, o usuário é bloqueado ou o acesso
ao sistema lhe é negado. Em alguns sistemas, uma fila
pode ser usada para manter os usuários solicitando o
serviço até que um canal esteja disponível.
Para projetar sistemas de rádio entroncados que possam
tratar de uma capacidade específica em uma qualidade de
serviço também específica, é essencial entender as teorias
de entroncamento e de enfileiramento.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Os fundamentos da teoria de entroncamento foram


desenvolvidos por Erlang, matemático dinamarquês que no
final do século XIX, embarcou no estudo de como uma
grande população poderia ser acomodada por um número
limitado de servidores. Hoje, a medida de intensidade de
tráfego recebe seu nome.

Um Erlang representa a quantidade de intensidade de


tráfego transportada por um canal completamente ocupado
(ou seja, uma chamada-hora por hora ou uma chamada-
minuto por minuto). Por exemplo, um canal de rádio que
está ocupado por 30 minutos durante uma hora transporta
um tráfego de 0,5 Erlang.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Engenharia de tráfego
O grau de serviço (Grade of Service (GOS)) é uma medida
da capacidade de um usuário acessar um sistema
entroncado durante a hora mais ocupada. A hora ocupada é
baseada na demanda do cliente na hora mais ocupada
durante uma semana, mês ou ano. As horas ocupadas para
os sistemas de rádio-celular normalmente ocorrem durante
as horas de rush, ou seja, entre 16 e 18 horas de uma tarde
de quinta ou sexta-feira.
O grau de serviço é urna medida usada para definir o
desempenho desejado de determinado sistema entroncado,
especificando a probabilidade desejada de um usuário obter
acesso ao canal dado um número específico de canais
disponíveis no sistema.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Engenharia de tráfego
É tarefa do projectista do sistema sem fio estimar a
capacidade máxima exigida e alocar o número apropriado
de canais a fim de atender ao GOS, que normalmente é
dado como a probabilidade de que uma chamada seja
bloqueada ou que experimente um atraso maior que um
certo tempo de enfileiramento.
A intensidade de tráfego oferecida por cada usuário é igual
à taxa de solicitação de chamada multiplicada pelo tempo
de permanência. Ou seja, cada usuário gera uma
intensidade de tráfego de 𝐴𝑢 , Erlangs, dada por:

𝐴𝑢 = 𝜆 𝐻
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Engenharia de tráfego

𝐴𝑢 = 𝜆 𝐻
Onde H é a duração média de uma chamada e 𝜆 é o número
médio de solicitações de chamada por unidade de tempo
para cada usuário.
Para um sistema contendo U usuários e um número não
especificado de canais, a intensidade total de tráfego
oferecida, A, é dada por:

𝐴 = 𝑈𝐴𝑢
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Engenharia de tráfego
Além disso, em um sistema de canal entroncado C, se o
tráfego for distribuído uniformemente entre os canais, então
a intensidade de tráfego por canal, 𝐴𝑐 , é dada como:

𝑈𝐴𝑢
𝐴𝑐 =
𝐶
ou

𝐴
𝐴𝑐 =
𝐶
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Engenharia de tráfego
Existem dois tipos de sistemas entroncados utilizados
normalmente.
O primeiro não oferece enfileiramento para solicitações
de chamada – ou seja, para cada usuário que solicita o
serviço, considera-se que não existe tempo de
configuração, e que o usuário recebe acesso imediato a um
canal, caso haja um disponível. Se não houver canal
disponível, o usuário solicitante é bloqueado sem acesso e
estará livre para tentar novamente mais tarde. Esse tipo de
entroncamento é denominado chamadas bloqueadas
liberadas e considera que as chamadas chegam conforme
determinado pela distribuição de Poisson.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Engenharia de tráfego
Este tipo de entroncamento é conhecido como fila M/M/m/m e
leva à derivação da fórmula de Erlang B (também conhecidas
como fórmula da chamadas bloqueadas liberadas.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Engenharia de tráfego
O segundo tipo de sistema entroncado é aquele em que
uma fila é fornecida para manter chamadas que estão
bloqueadas. Se um canal não estiver disponível
imediatamente, a solicitação de chamada pode ser adiada
até que haja um canal disponível. Esse tipo de
entroncamento é conhecido como chamadas bloqueadas
adiadas, e sua medida de GOS é definida como a
probabilidade que uma chamada seja bloqueada depois de
esperar por um período de tempo específico na fila. Para
achar o GOS primeiro é necessário encontrar a
probabilidade de que uma chamada tenha inicialmente o
acesso negado ao sistema.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Exemplo 3. Quantos usuários podem ser aceitos


para uma probabilidade de bloqueio de 0,5 % para o
seguinte número de canais entroncados em um
sistema com chamadas bloqueadas liberadas? a) 2;
b) 5; c) 20, d) 100. Suponha que cada usuário gera
0,1 Erlang de tráfego.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Exemplo 4. Uma área urbana tem uma população de


2 milhões de moradores. Três redes móveis
entroncadas (sistemas A, B e C) oferecem serviço de
celular nessa área. O sistema A tem 394 células com
20 canais cada; o sistema B tem 98 células com 70
canais cada; e o sistema C tem 49 células com 100
canais cada. Ache o número de usuários que podem
ser aceitos com 1 % de bloqueio se cada usuário faz,
em média, duas chamadas por hora com uma
duração média de três minutos. Supondo que todos
os três sistemas entroncados são operados em
capacidade máxima, calcule a penetração de
mercado percentual de cada provedor de celular.
4. ENTRONCAMENTO E QUALIDADE DE SERVIÇO

Exemplo 5. Uma certa cidade tem uma área de 1.300 milhas


quadradas e é coberta por um sistema de celular usando um
padrão de reutilização de sete células. Cada célula tem um
raio de quatro milhas e a cidade recebe 40 MHz de espectro
com uma largura de banda de canal full-duplex de 60 kHz.
Considere que um GOS de 2 % para um sistema Erlang B
seja especificado. Se o tráfego oferecido por usuário é 0,03
Erlang, calcule: a) o número de células na área de serviço; b)
o número de canais por célula; c) a intensidade de tráfego de
cada célula; d) o tráfego máximo transportado; e) o número
total de usuários que podem ser atendidos para 2 por cento
de GOS; f) o número de estações móveis por canal exclusivo
(onde se entende que os canais são reutilizados; e g) o
número teórico máximo de usuários que podem ser
atendidos de uma só vez pelo sistema.
CONTEÚDO

1. Reutilização de Frequência

2. Estratégias de atribuição de canal e de transferência

3. Interferência e Capacidade do Sistema

4. Entroncamento e Qualidade de Serviço

5. Melhorando a Cobertura e a Capacidade nos Sistemas


Celulares
5. MELHORANDO A COBERTURA E A CAPACIDADE
NOS SISTEMAS CELULARES

A medida que a demanda por serviço sem fio aumenta, o


número de canais atribuídos a uma célula eventualmente se
tornará insuficiente para admitir o número exigido de usuários.
Nesse ponto, técnicas de projeto de celular são necessárias
para fornecer mais canais por unidade de área de cobertura.

Técnicas como divisão de células, setorização e técnicas


de zona de cobertura são usadas na prática para expandir a
capacidade dos sistemas de celular. A divisão de células
permite um crescimento ordenado do sistema celular. A
sectorização usa antenas direcionais para controlar melhor a
interferência e a reutilização de frequência dos canais. O
conceito de microcélula de zona distribui a cobertura de uma
célula e estende o limite desta para locais difíceis de alcançar.
5. MELHORANDO A COBERTURA E A CAPACIDADE
NOS SISTEMAS CELULARES

Embora a divisão de células aumente o número de estações-


base afim de aumentar a capacidade, a sectorização e as
microcélulas de zona contam com posicionamentos de antena
de estação-base para melhorar a capacidade reduzindo a
interferência do co-canal. As técnicas de divisão de células e
microcélula de zona não sofrem as ineficiências de
entroncamento experimentadas pelas células sectorizadas, o
que permite que a estação-base supervisione todas as tarefas
de transferência relacionadas às microcélulas, reduzindo
assim a carga computacional na MSC.
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DO UÍGE
Criado pelo Decreto Presidencial nº 132/17 de 19 de junho 1ª série nº 98

FIM...

Grato pela atenção dispensada!

LOGO

Você também pode gostar