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IMIL – 2019 Tecnologia de Telecomunicações – 12ª Classe Aula 14

1. Multiplexação por Divisão de Frequências (FDM)


Para entender o conceito de Multiplexação por divisão de frequência é necessário conhecer alguns
conceitos importantes, como modulação AM, Canal Multiplex e banda base. Mais abaixo faremos
uma descrição de alguns desses pontos.

A multiplexação (ou multiplexagem) por divisão de frequência possibilita o envio simultâneo de


vários canais de informação através de um mesmo meio físico usando uma banda de frequência.

1.1. Canal Multiplex


Como a utilização primordial do multiplex é para comunicações telefônicas, o canal utilizado neste
sistema é chamado de canal multiplex telefônico ou canal de voz, e o circuito é chamado de circuito
multiplex telefônico ou circuito de voz.

1.1.1. Representaçã o Convencional


O canal de voz é indicado, segundo convenções internacionais, por um triângulo (fig. 1.1), em que a
base representa a faixa de frequências disponível para transmitir a informação e a altura à maior
frequência (ressalva para frequências transladadas).

É importante observar que, somente parte da faixa de frequências disponível num canal multiplex é
utilizada para transmissão da voz, sendo o restante da faixa empregada com outras finalidades.

f1 a f2 , faixa de frequências do
canal Multiplex, sendo f2 a maior
fequência

f1 f2

Fig.1.1 – Representação do canal Multiplex

1.1.2. Tipos de Canal Multiplex


O CCITT recomenda a utilização de três tipos de canal multiplex, visando o aproveitamento mais
racional possível do meio de transmissão:

a) Canal multiplex de 6kHz de faixa (Fig. 1.2)

Este tipo de canal tem emprego somente em sistemas de pequena capacidade, onde o baixo preço
do equipamento é mais importante que o aproveitamento do meio para transmissão de um maior
numero de canais.

0,3 a 3,9 kHz , faixa de


frequências disponível para a
transmissão de voz.
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0,3 kHz 3,9 kHz 6 kHz


Fig.1.2 – Canal Multiplex de 6 kHz

A qualidade da comunicação telefônica utilizando canais deste tipo é muito boa, pois a faixa
disponível para transmissão de voz é maior que aquela recomendada.

b) Canal multiplex de 4 kHz de faixa (Fig. 1.3)

Este é o tipo de canal mais empregado em sistemas multiplex, onde a faixa de frequências utilizada
para transmissão de voz é aquela recomendada.

Quando se fala em canal multiplex sem indicar a faixa passante, a referencia é sempre para o canal
de 4 kHz.

0,3 a 3,4 kHz , faixa de


frequências disponível para a
transmissão de voz.

0 0,3 kHz 3,4 kHz 4 kHz

Fig.1.3 – Canal Multiplex de 4 kHz

c) Canal multiplex de 3 kHz de faixa (Fig. 1.4)

Este tipo de canal tem emprego somente em sistemas em que se deseja o Maximo aproveitamento
do meio de transmissão, sem levar em conta o preço do equipamento e a menor qualidade, visto
que a faixa de frequências utilizada para transmissão de voz é somente de 2,85 kHz. É utilizado
principalmente em cabos submarinos.

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Fig.1.4 – Canal Multiplex de 3 kHz

1.2 - Translaçã o ou Conversã o de frequências


É uma transferência de sinais que ocupam uma determinada faixa no espectro de frequências, para
outra posição deste espectro, de tal maneira que seja mantida a posição relativa das frequências
dentro da faixa.

Por exemplo, se considerarmos uma faixa de 3 kHz de largura, ocupando no espectro de frequências
a posição de 1 a 4 kHz, se esta faixa for transladada para a posição de 7 a 10 kHz, as frequências de 2
e 3 kHz ocuparão a posição de 8 e 9 kHz, respectivamente, na faixa transladada (Fig. 1.5).

A translação é a operação básica de multiplexação, sendo realizada por processos de modulação


que, para o multiplex FDM, tanto pode ser a modulação em amplitude (AM) quanto a modulação
angular (fase ou frequência).

Esta ultima, no entanto, devido à sua natureza (ocupa uma faixa de freqüência grande), não é
aplicada em equipamentos multiplex comerciais.

Fig.1.5 – Translação de Frequências

1.3 - Princípio bá sico do multiplex por divisã o de frequência (FDM)


O FDM é um método de multiplexação no qual diversos canais de voz, todos com a mesma faixa de
frequências, mas em pares de condutores diferentes, são transladados para posições adjacentes e
predeterminadas do espectro de frequências de um meio de transmissão único, onde são agrupados

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e transmitidos, sem que haja interferência mutua. Na recepção o processo é o inverso,


reconstituindo-se cada canal de voz e o enviando separamente ao seu destino. Seja como exemplo,
3 canais de voz de 4 kHz que desejamos multiplexar para utilizar um meio de transmissão que possui
uma faixa de freqüência de 12 a 24 kHz.

A Fig. 1.6 apresenta todo o processo de multiplexação no lado de transmissão, bem como a
demultiplexação no terminal distante. No lado de transmissão, cada canal modula uma portadora,
obtendo-se em cada modulação duas bandas laterais com a portadora suprimida. A seguir, os filtros
passa-faixa selecionam as bandas requeridas para compor a faixa de frequências no meio de
transmissão (12 a 24 kHz), agrupando-as lado a lado, e entregando o sinal assim formado para o
meio de transmissão.

No lado de recepção o processo é o inverso para se reconstruir cada canal de voz, sendo necessário
que as portadoras usadas na demodulação sejam idênticas às utilizadas na modulação.

Fig.1.6 – Multiplexação e Demultiplexação de 3 canais de voz

Quando, num sistema multiplex, a frequência da portadora de uma das Estações Terminais se
encontra diferente da outra, diz-se que há falta de sincronismo. Este fenómeno torna irreconhecível
a voz do interlocutor que se encontra no outro extremo. Por exemplo, seja a multiplexação e
demultiplexação de um canal de 0 a 4 kHz, indicado na fig. 1.14:

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- Em A está indicada a informação a ser modulada, bem como a portadora de 12 khz a ser utilizada
na modulação SSBSC.

- Em B temos a informação já transladada, após a modulação.

- Em C apresentamos a informação reconstituída, após ser demodulada com uma portadora de 11


kHz, diferente da portadora da modulação. Como podemos verificar, a informação obtida difere da
original, isto é, todas as frequências estão deslocadas de 1 kHz, fazendo com que a voz do
interlocutor se torne mais aguda.

- Em D apresentamos a demodulação com uma portadora de 13 kHz, obtendo-se uma informação


reconstituída, também diferente da original, porem neste caso a voz do interlocutor se torna
ininteligível devido à superposição de faixas de frequências, conforme mostra a figura; este facto
ocorre devido à inversão da faixa de frequências na demudulação pois não existem frequências
negativas.

Fig.1.7 – Falta de sincronismo entre terminais Multiplex

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1.4 - Banda bá sica


Banda básica, no sentido multiplex, é a faixa de frequências necessárias para a transmissão do sinal
multiplex por um meio de transmissão qualquer. Geralmente é definida pelo numero máximo de
canais telefónicos que podem ser transmitidos, ou pela especificação das frequências externas da
banda básica do sinal multiplex.

Por exemplo, se um sistema rádio-microondas em visibilidade tem uma faixa de frequências


disponível de 60 a 1364 kHz, podemos utilizar este meio de transmissão para um sistema multiplex
de 300 canais telefónicos, com uma banda básica de 60 a 1300 kHz.

É importante observar dois aspectos relacionados com a faixa de frequências:

- Quando estamos falando em canal multiplex telefónico sem indicação do tipo, estamos sempre nos
referindo àquele de 4 kHz de faixa.

- A faixa de frequências disponível num meio de transmissão utilizado pelo multiplex é, geralmente,
maior que a banda básica do sinal multiplex. Esta faixa de frequências a mais é necessária para a
transmissão de informações do próprio meio de transmissão.

1.5 - Está gios de Translaçã o


Com a evolução do FDM, houve um rápido crescimento do número de canais transmitidos por um
único meio e os sistemas evoluíram em pouco tempo de 3 para 12 canais, de 12 para 60 canais,
alcançando actualmente 10800 canais.

A fim de que se obtivesse um crescimento ordenado e racional da canalização, visando


principalmente, fazer com que os sistemas de pequena capacidade pudessem compor os sistemas
de alta capacidade e que, na construção dos diferentes sistemas, se utilizassem as mesmas unidades
fundamentais, facilitando assim a fabricação dos equipamentos, o CCITT padronizou o processo de
translação para obter os sistemas de alta capacidade, dividindo-o em estágios de translação.

É importante observar que, quando nos referimos a estágio de translação, são referidas sempre as
duas operações: multiplexação e demultiplexação. Os estágios de translação foram agrupados pelo
CCITT em dois conjuntos, chamados “Procedimento 1” e “Procedimento 2”.

Translação de canal
Neste estágio os canais de voz são transladados para a faixa de 60 a 108 kHz, compondo um grupo
básico.

No item 1.2 vimos que o CCITT recomenda três tipos de canais de voz e, em consequência, teremos
três tipos de grupo básico:

- Grupo básico de 8 canais de voz de 6 kHz de faixa.

- Grupo básico de 12 canais de voz de 4 kHz de faixa.

- Grupo básico de 16 canais de voz de 3 kHz de faixa.

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A locação destes canais no espectro de frequências do grupo básico está apresentada na fig. 1.8.

Fig.1.8 – Locação de canais no grupo básico

Notas: 1 – Sempre que falamos de grupo, sem se fazer menção do tipo de canal, estaremos a nos
referir ao grupo de 12 canais.

2 – A representação simbólica de grupo é um triângulo com uma marca, que na faixa de 60 a


108 kHz (grupo básico) tem a posição invertida.

3 – A representação simbólica da portadora é uma seta tracejada.

1.6 - Aplicaçõ es da multiplexagem FDM


Aplicações:

 Telefonia analógica
 Telefonia digital
 FM Stereo
 WLAN
 ADSL
 TV a cabo

1.6 - Desvantagens da multiplexagem FDM

 Interferência cruzada entre os canais adjacentes


 Necessidade de filtros de frequência altamente selectivos
 Distorção de fase nas bordas dos filtros causam erros

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