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1.

Sistemas celulares
Com o avanço da tecnologia, a globalização e a necessidade cada vez maior de comunicação com
rapidez e mobilidade, foi necessária a criação de um sistema capaz de transmitir informações entre
usuários móveis. Diversos setores da sociedade necessitam desse artifício, desde o exército até as
próprias empresas.

As necessidades de cada setor instigam a evolução da tecnologia, cada qual na sua direção. O
resultado disso é que avanços em um sentido, estimulados pela necessidade de um setor específico,
acabam por auxiliar outros setores. Em outra abordagem, alguns serviços são adaptados para que
a implementação existente – inicialmente idealizada para outra finalidade - possa oferecê-los.
Para que um formato de tecnologia seja amplamente utilizado, é necessário que haja um padrão,
maleável o suficiente para que tecnologias mais baratas ou mais eficientes possam ser encaixadas
em sua estrutura.

Pode-se perceber, portanto, a importância de uma organização dessa tecnologia, no sentido de


oferecer o serviço de comunicação móvel à maior parcela possível da sociedade.

1.1 - Princípios básicos dos sistemas celulares


Os sistemas de comunicação sem fio são formados basicamente por dois usuários – transmissor e
receptor, dependendo do sentido em que viaja a informação, cada um com os seguintes
componentes:
 Microfone: converte o sinal de voz (de quem quer transmitir a informação) em sinais
elétricos;
 Alto-falante: converte o sinal elétrico (vindo de quem transmite a informação) em sinal de
voz (para o receptor ouvir a mensagem);
 Transmissor: envia os sinais gerados pelo microfone para o receptor;
 Receptor: recebe e entende os sinais enviados pelo transmissor e os envia ao alto-falante.
 Antena: Converte sinais elétricos em ondas de rádio, para enviar a informação pela
atmosfera, ou faz a operação contrária para receber essas informações. É a alma da
comunicação sem fio, por ser o aparelho capaz de se comunicar sem a necessidade de um
contato físico;
 Ondas de rádio são sinais eletromagnéticos capazes de levar dados de um ponto a outro
de forma confiável e rápida.

1.1.1 – Modulação
Para enviar um sinal de um ponto a outro é necessária a modulação do sinal. Modular o sinal
consiste em agregar um sinal conhecido (onda portadora) ao sinal da informação. O receptor pode,
então, analisar a onda recebida, e, como conhece a onda portadora, pode entender a informação
como a alteração do sinal recebido em relação à portadora. Esse processo chama-se demodulação.
Existem diversos tipos de modulação, pois pode-se alterar diversas características da portadora,
separadamente. Pode-se alterar a freqüência da portadora de acordo com o sinal, na modulação
FM; alterar a amplitude da portadora em relação ao sinal, na modulação AM; alterar a fase da
portadora, na modulação PM, entre outros diversos tipos de modulação. Cada tipo de modulação
possui suas vantagens e desvantagens, e por isso cada serviço pode ter peculiaridades que façam
esse ou aquele tipo de modulação ser mais interessante.

1.1.2 - Estações móveis (MS)


As estações móveis são os próprios aparelhos de telefonia celular. Possuem uma antena, capaz de
modular ou demodular o sinal. Precisa também de osciladores, que posam gerar os sinais nas
frequências determinadas.
1.1.3 - Estações Rádio Base (ERB ou BTS)
Para a implementação do serviço de telefonia celular, utiliza-se Estações Rádio Base, que
consistem em uma antena e um sistema capaz de atender as necessidades de comunicação de uma
certa região com o restante da rede de telefonia.
O termo “estação Rádio base” é mais usado em sistemas celulares analógicos. Para sistemas
digitais, usa-se o nome “Estação Transcetor Base”, em inglês, BTS.

1.1.4 – Enlaces
A comunicação entre MS e ERB acontece quando a onda portadora da informação, ou seja, a
informação modulada, é gerada em um ponto, viaja pela atmosfera e é recebida no outro. Cada
portadora tem uma frequência definida, em uma mesma região da atmosfera, cada frequência
corresponde a uma conhecida portadora. Sendo assim, o transmissor deve modular seu sinal
naquela frequência, e o receptor deve ajustar seu sensor para essa mesma frequência.

Porém, cada portadora não consegue levar toda a informação em exatamente um valor de
frequência. Na verdade, cada canal possui uma faixa de frequências, cuja frequência central é a da
portadora. A informação é incluída principalmente nessa frequência principal, mas pode estar em
frequências um pouco maiores ou um pouco menores. Para incluir essas variações da frequência,
o canal tem uma largura de frequências, ou seja, o transmissor emite naquela frequência e em
frequências um pouco maiores ou menores, e o receptor deve se preparar para “sentir” aquela
frequência, mas também um pouco mais e um pouco menos. O tamanho desse erro, ou seja, a
largura do canal, limita o número de canais na célula, pois eles devem “caber” na banda passante
da célula (faixa total de frequências que uma célula suporta).

Ao canal físico que interliga a Estação Rádio Base e a Estação Móvel se dá o nome de enlace.
Quando a informação viaja da ERB para a MS, chama-se enlace direto; quando a informação parte
da MS chama-se enlace reverso. Os modos de transmissão de informação para comunicações
móveis podem ser feitos de três maneiras:
 Simplex: opera com uma única frequência e apenas a ERB pode transmiti-la. Tem-se,
portanto, apenas enlaces diretos. Exemplos de aplicações desse modo de transmissão são
os serviços de rádio AM e FM, ou a televisão convencional.
 Semi Duplex: Opera em uma única frequência, mas suporta comunicação bidirecional,
sendo cada sentido de comunicação operado em um momento. Ou seja, o usuário pode
escutar ou falar, mas não os dois ao mesmo tempo. Como exemplos, os aparelhos de
walkie-talkie, e o sistema de comunicação da polícia.

 Duplex completo (ou full duplex): cada usuário tem um canal de recepção (enlace direto)
e outro canal de transmissão (enlace reverso). É possível, portanto, realizar comunicação
em dois sentidos ao mesmo tempo. E importante lembrar que cada canal opera em uma
frequência diferente, necessitando-se, portanto, de duas larguras de frequência (uma para
cada enlace). Esse modo é o utilizado pelos serviços de telefonia móvel.

1.1.5 – Célula
Cada Estação Rádio Base (ERB) atende a uma certa região, limitada de acordo com as capacidades
físicas da Estação. A essa região dá-se o nome de Célula. As células podem ser omnidirecionais
ou setorizadas.

No primeiro caso, a ERB é equipada de forma a irradiar suas ondas uniformemente em todas as
direções. São mais utilizadas em regiões onde há pouca necessidade de tráfego, como regiões
rurais. Em compensação, por ser distribuída uniformemente, abrange uma área de cobertura mais
extensa, o que significa ter menos ERBs para atender a certa região. Nas células setorizadas as
antenas da ERB são projetadas para irradiar em direções estabelecidas, chamadas setores. Cada
setor geralmente é formado por um ângulo de 120º, o que significa 3 setores por ERB, ou por
célula. Essa setorização permite um tráfego mais denso que as células omnidirecionais, apesar de
não conseguir cobrir uma região tão extensa.

O padrão de irradiação de uma célula se aproxima da forma circular, mas totalmente irregular. Isso
se dá pela formação de áreas de sobreposição (mais de uma célula atuando na região) e áreas de
sombra (áreas onde interferências destrutivas causam falta de sinal). Por causa disso, o padrão
escolhido para representar uma célula foi o de um hexágono regular. Essa escolha simplifica
cálculos essenciais, como a distância mínima entre canais, ou seja, distância mínima entre centros
de duas células adjacentes.

1.1.6 - Espectro de frequências


Os sistemas celulares utilizam o domínio da frequência para dividir seus canais de comunicação.
Cada canal de comunicação exige uma quantidade de valores de frequência para realizar a
comunicação, a largura de faixa: um canal com largura de faixa de 30 Hz pode ser implementado
da frequência 340 Hz até 370 Hz, por exemplo.

Cada ERB tem uma faixa de valores de frequência nos quais consegue se comunicar. A INCM
(Autoridade Reguladora das comunicações de Moçambique) regulamenta o uso das frequências, a
fim de evitar o mau uso do espectro de frequências. A largura da faixa de frequências de uma ERB
é chamada Largura de Banda, e é uma medida da capacidade de tráfego da ERB.

1.1.7 - Acesso múltiplo


Um dos sérios problemas enfrentados pela ERB ocorre quando mais de um usuário deseja acessá-
la, ou seja, requerer e chamado múltiplo acesso. Para resolver esse problema, existem basicamente
três tecnologias: FDMA (que divide a frequência), TDMA (que divide o tempo) e CDMA (que usa
um código para cada acesso).

A tecnologia FDMA libera uma faixa de frequência para cada acesso. Dessa forma, o usuário tem
uma largura de banda fixa, sempre disponível. A tecnologia TDMA libera uma faixa de frequência
para alguns usuários. Esses usuários só podem acessar de forma intercalada, ou seja, eles dividem
entre si o tempo. A tecnologia CDMA insere um código para cada usuário. Assim, eles podem
acessar a mesma frequência durante todo o tempo.

1.1.8 – Cluster
Um cluster é uma região que abrange algumas células, onde:
 Há todas as frequências disponíveis;
 Nenhuma frequência pode ser reusada.

Fora do cluster, é possível reusar as mesmas frequências. Assim, quanto mais células dentro de
um cluster, maior será a distância mínima entre portadoras de mesma frequência. Programar o
reuso de frequências faz aumentar o tráfego da rede.
Para calcular o número Nf de frequências por célula, basta dividir a largura de banda Bs do
sistema pela largura de banda Bc de cada célula.

1.1.9 - Fator de reúso e Razão de reúso


O fator de reúso é o número de células dentro do cluster: um fator de reúso 9 usa cluster com 9
células, o de 12 usa cluster com 12 células, etc. A razão de reúso é dada por d/r, onde d é a distância
entre os centros de duas células adjacentes e r é o raio da célula.
O fator de reúso N está relacionado com a razão de reúso d/r segundo a fórmula: (d/r)²=3N. Quanto
maior o fator, maior o reúso, quanto menor o reúso, menor o fator. Aumentando-se o fator de
reúso, dividem-se as frequências de um cluster em um número maior de células, diminuindo assim
o tráfego oferecido em cada célula. Por outro lado, aumentar o razão de reúso significa dificultar
a interferência entre duas células que irradiem a mesma frequência. Isso melhora a qualidade do
sinal.

Como o fator e a razão de reúso aumentam juntos ou diminuem juntos, ao projetar um sistema
celular deve-se escolher entre aumentar o tráfego em cada célula (diminuindo o número de
células por cluster) ou melhorar a qualidade do sinal (aumentando o número de células por
cluster). No sistema GSM usa-se fator de reúso 9 ou 12.

1.1.10 - Capacidade de sistemas celulares


A capacidade de tratamento de tráfego em sistemas celulares depende dos seguintes fatores:
 Número de canais físicos disponíveis na célula;
 Setorização das antenas transmissoras;
 Fator de reúso escolhido.

A capacidade de tratamento de tráfego é medida pelo número máximo de usuários que podem
acessar uma célula em um determinado instante (Umáx). Para realizar esse cálculo, considera-se
que todos os canais físicos – canal de usuário, necessário para efetuar uma chamada – serão
ocupados, e todos com a mesma potência. A relação usada para o cálculo é:

Umáx=(Bs.Uc)/(Sc.N.Fs), onde:

 Bs é a banda de RF alocada para o sistema;


 Sc é o espaçamento de frequência entre portadoras de RF – análogo à largura de frequência
usada pelo canal -, e essas duas variáveis mostram quantas portadoras de RF há por célula;
 Uc é o número de usuários na mesma portadora (depende do tipo de modulação), e, junto
às variáveis anteriores, calcula o número de canais físicos disponíveis na célula;
 N é o fator de reúso e;
 Fs o fator de setorização.

Para aumentar a capacidade do sistema GSM já implantado, pode-se alterar os seguintes fatores:
 Aumentar a banda passante do sistema, adquirindo mais espectro. E importante lembrar
que o espectro de frequências da interface aérea em Moçambique é regulamentado pela
INCM (Autoridade Reguladora das comunicações de Moçambique);
 Aumentar o número de usuários por cada portadora de RF, aumentando o número de
janelas de tempo em TDMA ou o número de códigos em CDMA, por exemplo;
 Diminuir o espaçamento entre portadoras, ou seja, estreitar a largura que um canal necessita
para comunicação. Essa alternativa é problemática, pois altera a estrutura da interface
aérea;
 Diminuir o fator de reúso, ou seja, considerar cluster com menos células.

1.2 – Evolução histórica


A evolução dos sistemas celulares é sempre puxada pela necessidade ou vontade de se agregar
novos serviços ao serviço de telefonia móvel – identificação de chamadas, envio e recebimento de
imagens, acesso à internet, entre outros. Para implementar esses novos serviços, cria-se novos
padrões, arquiteturas, ou simplesmente otimiza-se o que já existe. A história dos sistemas celulares
é separada em gerações. A primeira geração (1G) usava celulares analógicos, e a segunda geração
(2G) digitalizou a comunicação. Estamos na terceira geração de celulares (3G), que provê acesso
a internet banda larga pelo telefone celular. Essas são apenas algumas características importantes
de cada geração.

Cada geração é dividida em padrões e em “sub-gerações”, que nada mais são do que os padrões
existentes, mas melhorados, no sentido de alcançar a geração seguinte.
O padrão GSM pertence à segunda geração de celulares e, portanto, realiza comunicação digital.

1.2.1 Primeira geração 1G


Até então, toda a comunicação móvel era centralizada, tendo assim baixa capacidade de tráfego e
alto custo. Seu sucesso deveu-se à novidade que surgia: realizar chamadas telefônicas longe de
casa, em um aparelho sem fio, e em movimento.
Por ser um sistema novo, pouco se conhecia sobre seu potencial e sua aceitação no mercado.
Vale lembrar que, no momento de desenvolvimento dessa tecnologia, tudo que a humanidade
realizava era feito sem a utilização desse sistema, o que poderia levar muita gente a pensar que
isso talvez não fosse tão importante, ou que não valesse o custo de investimento.

Até por isso, na primeira geração foram feitos poucos esforços no sentido de padronizar o uso em
todos os países. De fato, vários padrões foram propostos e implementados, de forma isolada, em
apenas um país. Após a consolidação dessa geração, constatou-se que a Europa havia se dividido
em padrões:
 Padrão TACS : Reino Unido, Áustria, Espanha, Irlanda, Itália;
 NMT450 França.: Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamar;
 Radiocom2000 : ca

1.2.2 – Segunda geração (2G)


Como já foi comentada, uma nova geração cresce sempre no sentido de oferecer o que a primeira
geração deixava a desejar. Os EUA necessitavam de maior capacidade, enquanto o problema na
Europa era uniformizar os sistemas para o Mercado Comum Europeu (MCE). Uma característica
marcante da segunda geração é o uso da tecnologia digital, em vez da analógica. Isso permite a
integração com circuitos digitais, como computadores, em geral.
Para conseguir o aumento de capacidade de tráfego os americanos implementaram três padrões:
IS-54 (AMPS digital), IS-136 (TDMA digital) e IS-95 (CDMA digital). Na Europa, o esforço de
uniformização fez surgir o GSM (Global System for Mobile Communications).

Esse esforço em busca de um padrão tornou o GSM o principal representante da segunda geração.
Ao conseguir atingir uma larga parcela da sociedade, diversos investimentos voltaram-se para esse
sistema, ampliando a escala de produção, o que atrai mais investimentos, e assim por diante, ate
que o mundo todo pudesse ter acesso a essa tecnologia. A competição pelo mercado fez os preços
caírem, tornando-o ainda mais acessível.
O foco principal dos sistemas de segunda geração era oferecer telefonia digital móvel para os
usuários. Por isso, os protocolos de transmissão de dados se esforçam em adaptar o canal de voz
para a transferência de bits de dados. O resultado é que o tráfego máximo de bits obtido pelo GSM
foi inicialmente projetado para atender ao tráfego de bits gerado por conversações telefônicas. Para
fazer um celular acessar a internet, por exemplo, seria necessária uma taxa bem maior de tráfego,
e os projetistas do GSM inicialmente não se preparam para isso.

1.2.2.1 - Padrão IS-136


Bastaram cerca de dez anos para o padrão AMPS ser totalmente substituído por um sistema digital.
O no pais adotou o padrão IS-136, que usava a mesma largura de canal que o padrão já implantado
(30kHz), e aumentava a capacidade e desempenho do sistema. Esse padrão permite que até seis
unidades móveis possam ser suportadas em apenas uma portadora de RF. Utilizando a tecnologia
TDMA (Acesso múltiplo que divide o tempo em slots para acesso de vários usuários de forma
revezada), divide-se o quadro TDMA (duração de 40 ms) em seis slots de tempo, um para cada
usuário.
Um quadro TDMA carrega 1944 bits, logo, cada canal carrega 1944/6=324 bits. Canais podem ser
do tipo full-rate ou half-rate. Os canais full-rate (taxa máxima) reservam dois slots, um para o
enlace direto e outro para o enlace reverso. Sendo assim, em vez de 6 usuários por portadora,
apenas 3 podem ser suportados. Nos canais half-rate (taxa média), cada slot é ora enlace direto,
ora enlace reverso. Assim, cai pela metade a taxa de transmissão de bits, mas dobra o número de
usuários por portadora.

1.2.2.2 - Padrão IS-95


Esse padrão utiliza o acesso múltiplo por divisão de código (CDMA). Cada usuário é identificado
por um código, e podem usar a mesma frequência. Sua principal característica é a técnica de
espalhamento espectral, onde a frequência da portadora do sinal a ser transmitido é variada
aleatoriamente, espalhando-a dentro da largura de banda. Um código é usado para enviar uma
sequência a um sintetizador que gera as frequências da portadora.
O padrão opera na faixa dos 800 MHz. A largura de cada canal é de 1,25 MHZ, com uma largura
de banda de 25 MHz disponível. A distância entre os canais dos enlaces direto e seu respectivo
reverso é de 45 MHz. O número de usuários por canal é projetado segundo a relação Sinal/Ruído
adotada na rede. A modulação do sinal de voz é a QPSK, modulação digital que transmite 32 mil
símbolos por segundo, cada símbolo formado por 2 bits.

1.2.2.3 - Padrão GSM


Antes de 1980, o mercado celular europeu era constituído por vários padrões analógicos
incompatíveis entre si. Isso restringia os serviço muitas vezes a seu próprio país.
O padrão GSM foi criado no intuito de oferecer tecnologia digital de telefonia celular a toda a
Europa. Sua alta capacidade tornou-o rapidamente o padrão mais utilizado no mundo. Em
dezembro de 2004, 74,9% dos celulares eram do padrão GSM.
Em Moçambique, o sistema foi implantado em 1997.

A modulação usada é a 0,3GMSK, variante da FSK. Cada canal possui 200 KHz de largura de
faixa, e é possível a utilização de 8 usuários em cada canal, ampliando-se para 8 usuários no caso
da implementação da transmissão de voz em meia taxa. A faixa de operação depende do padrão
GSM implantado. Os padrões mais usados serão estudados abaixo.

1.2.2.3.1 – Variações

Padrão P-GSM
Também conhecido como GSM 900 Primário, é o sistema GSM original. Usa frequências na banda
de 900 MHz, de 890 a 960 MHz, com uma distância de 20 MHz entre os enlaces direto e reverso.
Isso dá uma largura de 25 MHz, o que sustenta 25MHz/200KHz = 125 canais de RF.

Padrão E-GSM
Também conhecido como GSM 900 Estendido, começa a usar o espectro de frequências em 880
MHz, portanto 10 Mhz antes do padrão P-GSM, mas termina em 960 MHz, tal como seu
antecessor. Além disso, a distância entre enlaces direto e reverso é de apenas 10 MHz, o que gera
20 MHZ de largura a mais que o padrão anterior. Dividindo-se essa largura a mais entre enlaces
direto e reverso, obtém-se um acréscimo de 10 MHz de largura de banda.
Isso implica em 50 canais extras de RF. Esse padrão suporta, portanto, 175 canais de RF.
É importante ressaltar que o padrão E-GSM inclui o P-GSM, pois a banda utilizada no P-GSM
também é disponível no E-GSM. A recíproca não é verdadeira.

Padrão R-GSM
Também conhecido como GSM 900 ampliado, foi desenvolvido para se ampliar a capacidade de
canais de RF. Começa a utilizar o espectro em 876 MHz, usando-o até 960 MHz, o que lhe
disponibiliza mais 4 MHz em relação ao E-GSM. Diminui também a distância entre os enlaces,
passando a 6 MHz. A banda passante tem 39 MHz de largura, portanto, e sustenta 195 canais de
RF.

Padrão GSM 1800


Adaptação do sistema GSM 900, ampliou suas bandas para 75 MHz de largura, e passou a utilizar
a faixa de 1,8 GHz. Trabalha de 1710 a 1880 MHz. Para a identificação dos padrões utilizados, os
canais desse padrão são identificados de 512 a 885 ( 375 canais de RF), enquanto o P-GSM numera
os seus de 1 a 124. Esse padrão foi criado a fim de se implementar Redes de Comunicações
pessoais (Personal Communication Networks – PCN).

Padrão PCS 1900


Desenvolvido para dar uma gama maior de serviços aos usuários, opera na faixa de 1,9 GHZ. De
1850 a 1990 MHz, com 20 MHz separando os seus enlaces. Isso gera 300 canais de RF.

1.2.2.3.2 – Serviços GSM


À medida em que cresce a demanda por novas aplicações, os serviços GSM vão sendo
desenvolvidos. A tecnologia GSM é dividia em 3 fases, onde os novos serviços acabam por criar
a próxima geração.

Fase 1
Fase inicial, oferecia :
- Telefonia (voz);
- Chamadas de emergência;
- SMS (mensagens curtas) ponto a ponto e ponto multiponto;
- Dados síncronos e assíncronos (0.3 a 9.6 kbps);
- Transmissão de pacotes assíncronos.
Fase 2
- Serviços de e-mail;
- Voz a meia taxa (half rate). Esse serviço permite ampliar o número de usuários, abrindo mão de
certa parcela da qualidade da voz;
- Melhoras no SMS;
- Serviços de dados, como informações sobre tempo, clima, desporto, entre outros;
- Transmissão síncrona e dedicada de pacotes;
- Serviços adicionais como identificador de chamadas, chamada restrita, teleconferência.

Fase 2+
Introduziu o serviço de dados por pacotes em altas taxas de transmissão (GPRS- General Packet
Radio Service) na rede GSM. Mais detalhes serão abordados à frente.

1.2.3 – Terceira geração (3G)


Com o advento e a estúpida evolução da Internet, essa demanda atingiu os telefones celulares.
Enquanto na década de 80 realizar chamadas em telefones portáteis era o que se sonhava, há pouco
tempo o que se espera é acessar a Internet através do celular. É interessante perceber a dificuldade
de se acessar a Internet em um lugar qualquer, sem um canal de Internet disponível. Mesmo com
um computador portátil, é necessário um ponto de acesso à rede. Com a criação do acesso banda
larga à Internet através do telefone celular, esse serviço pode ser adaptado para ser usado por um
computador.

A terceira geração evoluiu no sentido de oferecer tráfego em alta velocidade para que o acesso a
Internet com boa velocidade fosse alcançado. Com o sistema de alta velocidade viabilizado,
diversos outros serviços passam a ter alta qualidade, como envio de imagens, vídeo-conferência,
etc.

A segunda geração de celulares evoluiu para a chamada 2.5G, que incluía o serviço GPRS (para o
padrão GSM) e a revisão do sistema CDMA IS-95. Na evolução seguinte, para a chamada 2.75G,
o GPRS evoluiu para o sistema EDGE, que estudaremos mais a frente. Na terceira geração, o
CDMA IS-95, ainda da geração 2.5G, evoluiu para CDMA 2000, e depois para EVDO e EVDV
em seguida. O sistema EDGE evoluiu, num sentido para EDGE fase 2, e, em outro, para WCDMA.

2. Arquitetura da rede GSM


A rede GSM é formada por interfaces abertas e padronizadas, seguindo sua principal intenção,
montar uma arquitetura mais abrangente possível. Ela é estruturada para que seja possível a
integração entre componentes de diferentes fabricantes, o que aquece a concorrência e diminui o
preço para o usuário. Além do fato, é claro, de torná-la extremamente flexível, logo, mais viável.
Os componentes dessa arquitetura são divididos em 4 grupos O conjunto desses grupos é chamado
rede móvel pública terrestre (Public Land Mobile Network – PLMN), e é implementado por uma
operadora. Veja a figura abaixo.
Arquitetura da rede GSM.
- MS – Mobile Station – Estação móvel : formada pelo próprio aparelho celular, computador ou
qualquer outro sistema de comunicação de voz ou dados (Equipamento Móvel). Necessita de um
cartão SIM, que guarda seu registro na rede.
- BSS – Base Transceiver System – Sistema de estação base : é capaz de se comunicar com as
estações móveis e enviar informações para o sistema de comutação de rede, o NSS.
- NSS – Network Switching System – Sistema de comutação de rede : processa informações através
de interfaces e protocolos e gerencia o banco de dados. Assim, consegue interconectar a rede GSM
com a rede pública (RTPC).
- OMS – Operations and Maintenance System – Sistema de Operação e Manutenção : comanda os
grupos de componentes.

2.1 – Componentes
Componentes GSM.

2.1.1 – Estação móvel(MS)


A estação móvel é constituída de um equipamento móvel (Mobile Equipment- ME), e um módulo
de identidade do assinante, (Subscriber Identity Module - SIM), geralmente um chip.

2.1.1.1 - Equipamento Móvel - ME


Cada equipamento móvel tem um número de identificação chamado identidade internacional do
equipamento móvel (International Mobile Equipment Identity - IMEI). Esses números são
armazenados no registro de identidade e equipamento (Equipment Identity Register - EIR),
estudado mais a frente. É o próprio aparelho celular.
São três tipos:

- Veicular : geralmente uma antena na parte externa do veículo;


- Estação Móvel Portátil : Composto por uma maleta.
- Estação Móvel (handset) : Composto por um telefone de pequeno porte.

Esses três tipos possuem características diferentes que fazem a comunicação da MS com a BSS
depender do tipo de aparelho. A BSS, portanto, precisa saber qual é o tipo de aparelho para
implementar a comunicação. Para resolver esse problema, a MS envia uma mensagem inicial que
carrega as seguintes informações :

- Revisão : identifica a fase do padrão GSM adotada. As fases mais recentes conseguem realizar
todos os serviços das anteriores, mas o contrário não acontece. Logo, quando duas fases distintas
se comunicam, os serviços implantados são os da fase mais antiga;
- Algoritmo de Criptografia : diz qual é o algoritmo de criptografia usado na MS. Na fase 1 há
somente o algoritmo A5, enquanto na fase 2 existem os algoritmos A5/0 e A5/7;
- Capacitação de Frequências : dependendo do padrão GSM adotado pela MS, o aparelho
utiliza uma das faixas de frequência - 850 MHz, 900 MHz, 1.800 MHz ou 1.900 MHz - , como
citado no tópico “Padrão GSM”. A mensagem inicial deve, portanto, indicar em que faixa de
frequências será feita a comunicação. Existem celulares que operam nas 4 faixas, num modo
conhecido como modo quatro (quadri-mode);
- Capacitação do Serviço de Mensagens Curtas (Short Message Service – SMS) : informa se
a MS está preparada para receber ou enviar mensagens curtas;

2.1.1.2 - Módulo de Identidade do Assinante – SIM


Esse módulo consiste em um cartão inteligente (smart card) que carrega informações essenciais
para a identificação do assinante. Geralmente é um chip que se conecta ao telefone celular. O
processamento dos serviços e suas tarifações são realizados a partir das informações contidas nesse
chip, e não no aparelho celular. Sendo assim, o assinante pode retirar seu chip, encaixar em outro
aparelho e realizar uma chamada com seu próprio número, o que será tarifado em nome do dono
do chip.

O SIM carrega as seguintes informações, cuja utilização será estudada mais adiante :
- Identidade internacional do assinante (International Mobile Subscriber Identity – IMSI);
- Identidade temporária do assinante (Temporary Mobile Subscriber Identity – TMSI);
- Identidade da área de localização (Location Área Identity – LAI);
- Chave de autenticação do assinante (Subscriber Authentication Key – Ki);
- Número internacional ISDN (Integrated Service Digital Network) da estação móvel (Mobile
Station Integrated Servicer Digital Network – MSISDN).

2.1.2 – Sistema de estação base (BSS)


O sistema de estação base é responsável por conectar a MS com o sistema de comutação de rede
(NSS). A MS envia um sinal à BSS, que o capta e dele extrai as informações. Essas informações
são enviadas à rede. No outro sentido, a BSS recebe os dados vindos da rede, e constrói um sinal
cujas informações a MS é capaz de extrair.

A BSS é formado por três elementos. Um para captar sinais da MS e enviar outros para a mesma,
outro para comandar o primeiro e se comunicar com a rede. O terceiro auxilia o segundo na
comunicação com a MSC. Os três estão detalhados abaixo :

2.1.2.1 – Estação transceptora base (BTS)


A BTS (Base Transceiver Station) implementa conexões com as MSs através da interface aérea.
É formada por Hardware de radiofrequência e antenas, basicamente. Essas estações ficam sempre
ligadas ao BSC, e ambos controlam gerenciam os canais de tráfego.

2.1.2.2 – Controlador de estação base (BSC)


O BSC (Base Station Controller) é responsável por controlar um grupo de estações transceptoras
base (BTSs). Todas as operações de uma BTS são comandadas pelo respectivo BSC.
Através de uma matriz de comutação digital, as BSCs conectam os canais de RF com os circuitos
terrestres provenientes da central de comutação celular (MSC), um componente do sistema de
comutação de rede. Com essa técnica, o BSC é capaz de realizar handovers entre os canais de RF
independente da MSC, o que otimiza o tráfego na interface aérea e reduz o trabalho da MSC.

2.1.2.3 – Transcodificador (XCDR)


A MSC envia sinais de voz a uma taxa de 64 Kbits/s. Se os canais de voz PCM a essa taxa fossem
trasmitidos direto na interface aérea, sem modificação, iriam ocupar uma faixa muito extensa da
banda de RF, o que diminuiria o número de possíveis canais de voz na interface aérea.
O XCDR é responsável por converter esses sinais de voz de 64 Kbits/s em sinais de 16 Kbits/s que
podem ser enviados na interface aérea. A transmissão de dados não passa pelo processo de
transcodificação, é apenas adaptada de 9,6 kbits/s para 16 Kbits/s, com 3 Kbits/s de controle.

Para isso, utiliza algoritmos de codificação, padronizados no GSM :


 Algoritmo de taxa plena : codifica o canal de voz de 64 Kbits/s em 13 Kbits/s, adicionando
3 Kbits/s para dados de controle (chamado TRAU - Transcoder Rate Adaption Unit).
 Algoritmo de taxa plena melhorado : presente apenas na fase 2 do GSM, codifica 64 Kbits/s
em 12,2 Kbits/s, e usa 3,8 Kbits/s para controle.

2.1.3 – Sistema de comutação de rede (NSS)


O sistema de comutação de rede é reponsável por :
 Comutar os canais de comunicação entre duas BSSs;
 Controlar e gerenciar a mobilidade dos usuários;
 Armazenar e consultar a base de dados dos assinantes.
Os elementos desse sistema são estudados a seguir.

2.1.3.1 – Central de comutação celular (MSC)


A MSC (Mobile services Switching Center) é o “coração” do sistema de comutação de rede.
Possui as seguintes funções :
 Processar chamadas, ou seja, conectar e desconectar chamadas, promover handover entre
BSSs e MSCs;
 Supervisionar, manter e operar as bases de dados.
 Gerenciar as interfaces entre a rede GSM e outras redes, como a PSTN (rede pública) e a
Rede Digital de Serviços Integrados – RDSI;
 Tarifar os serviços.

Para realizar todas essas funções, a MSC precisa estar conectada aos bancos de dados de todas
essas informações. Dois componentes contém grande parte dessas informações: o HLR e o VLR.
2.1.3.2 – Registro de localização local (HLR)
O registro de localização local administra, altera e atualiza a base de dados dos assinantes locais.
Esses dados são acessados remotamente pelo MSC e pelo VLR. Os principais dados guardados
pelo HLR são:
 Identidade internacional do assinante (International Mobile Subscriber Identity - IMSI);
 Localização corrente do assinante no VLR;
 Serviços suplementares aos quais o assinante tem direito, bem como informações
adicionais sobre esses serviços;
 Estado do assinante (registrado ou não registrado);
 Chave de autenticação, que mencionaremos mais à frente.

2.1.3.3 – Registro de localização do visitante (VLR)


Pode acontecer de um assinante passar para outra PLMN que não a sua de origem, o que é óbvio
em se tratando de sistemas de comunicação móveis. Para se realizar a comunicação com esse
usuário “de fora”, ou seja, visitante, existe o VLR. Ele guarda uma cópia dos principais dados do
assinante, contidos no seu HLR de origem. Essas informações são:

 Estado da estação móvel (livre / ocupado/ não responde);


 Identidade de área de localização (Location Area Identity - LAI);
 Identidade temporária do assinante móvel (Temporary Mobile Subscriber Identity –
TMSI);
 Número da estação móvel visitante (Mobile Station Roaming Number – MSRN).

A cópia desses dados é mantida no VLR por um tempo determinado pelo operador de rede
(especificado em minutos ou horas).

A seguir discutiremos os papéis dessas identidades associadas ao assinante e à estação móvel.

2.1.3.4 – Identidades de um usuário em um sistema GSM


Para identificar um usuário em um sistema GSM usa-se algumas identidades, cujas estruturas e
funções serão apresentadas agora:
2.1.3.4.1 – Identidade internacional do assinante móvel
A identidade internacional do assinante móvel (International Mobile Subscriber Identity)
identifica a MS internamente à rede GSM. É transmitido apenas na fase inicial da chamada. Não
consiste no número que discamos para realizar uma chamada, e sim um número que identifica o
assinante dentro da rede GSM. Para que a implementação seja mais fácil, esse número é parecido
com o número que discamos (MSISDN, mencionado mais à frente).

O IMSI é formado por três campos:


 Código móvel do país (Mobile Country Code – MCC) : três dígitos (12 bits) que
identificam a operadora de telefonia móvel em um certo país.
 Código da rede móvel (Mobile Network Code – MNC) : dois (8 bits) dígitos que
identificam a rede PLMN local do assinante móvel;
 Número de identificação do assinante móvel (Mobile Subscriber Identification Number –
MSIN) : com até dez dígitos (40 bits), esse número identifica o assinante dentro de uma
PLMN (por exemplo, 98876550). Veja que pode haver o mesmo MSIN em outra PLMN,
associado a outro assinante.

2.1.3.4.2 – Identidade de área de localização (LAI)


A LAI (Location Area Identity) é o nome dado a um conjunto de células da PLMN. Tipicamente,
uma LAI contém 30 células. Quando o assinante passa de sua LAI para outra, o VLR identifica
sua presença e percebe que não há dados do perfil desse assinante. Utilizando a rede de sinalização,
solicita esses dados do HLR (1, na figura abaixo). O HLR então retorna esses dados para o VLR,
que os armazena em uma memória RAM/flash, por um período determinado pelo operador da rede.
Enquanto guarda essa cópia, o VLR não consulta o HLR (2, na figura abaixo).
2.1.3.4.3 – Identidade temporária do assinante móvel (TMSI)
A identidade temporária do assinante é usada para prover confidencialidade ao usuário. Quando o
assinante passa de uma LAI para outra, um número é alocado para ele, aleatoriamente. A VLR
então associa esse número a seu IMSI, mas como a alocação é aleatória, apenas a VLR sabe qual
é o TMSI.
O usuário pode ou não exigir esse serviço. Caso ele exija, a implementação é feita da seguinte
forma :

1) Após o VLR adquirir os dados do HLR, começa a troca de informações entre a BSS e a
MS. Caso a confidencialidade esteja prevista, o VLR aloca o TMSI, de quatro octetos;
2) Após alocar um TMSI, o VLR associa-o ao respectivo IMSI e guarda em uma tabela, em
memória RAM ou flash;
3) As informações transmitidas pela BSS passam a ser direcionadas a esse número TMSI em
vez do IMSI, o que evita o monitoramento pela interface aérea;
4) A MS passa a usar o TMSI também. O número TMSI com 32 bits iguais a 1 é usado como
inválido pelo cartão SIM. O número TMSI é registrado no cartão SIM da MS.

2.1.3.4.4 – Número Internacional ISDN da estação móvel (MSISDN)


O MSISDN (Mobile Station International Integrated Service Digital Network) é usado para
integrar a rede GSM à rede pública. Formado por três campos, é o número que os usuários mais
conhecem. Um campo informa o país de origem, outro a PLMN e outro o número do móvel. O
MSISDN +258845645123, por exemplo, é de Mocambique (código 258), da PLMN do Vodacom
(84), com o número 5645123. Em diferentes PLMNs pode-se usar o mesmo número. É por isso
que quando estamos viajando (ou seja, em outra PLMN) e discamos um número esquecendo de
fazer uma ligação DDD – na qual informamos o código da PLMN, a ligação cai em um número
existente, mas dentro da PLMN em que somos visitantes.

Enquanto a ligação DDD (Discagem Direta à Distância) exige que informemos o código da PLMN
(NDC – National Destination Code), a DDI (Discagem Direta Internacional) exige o NDC e o
código do país (CC – Country Code).

Quando um usuário da Vodacom chama um usuário móvel, disca seu MSISDN, dentro do formato
da ligação. A MSC converte o MSISDN para um IMSI, pois a rede GSM usa o IMSI internamente.
Para isso, usa uma tabela de encaminhamento. O móvel é acessado, então, pelo seu IMSI.

2.1.3.4.5 – Número da estação móvel do visitante (MSRN)


O número de estação móvel do visitante é usado para estabelecer o canal de voz entre o assinante
e a rede quando esse passa a outra PLMN, que não a sua de origem. Essa nova PLMN é comandada
por outra MSC. Quando o assinante entra em outra PLMN, o VLR da MSC dessa PLMN aloca um
número de uma lista feita para prover esse serviço, chamado roaming automático. O usuário não
precisa, portanto, avisar manualmente que mudou de PLMN.

Esse serviço necessita da troca de várias informações entre o MSC de origem e o novo MSC. Para
tanto foi criado um protocolo chamado Mobile Application Part (MAP).

Os passos a seguir mostram como o serviço é feito :


a) Ao chegar em outra PLMN, devido à sinalização da MS o MSC identifica um novo usuário
e verifica se há um registro para esse aparelho no VLR. O VLR, então, consulta sua base
de dados e não acha.
b) O VLR envia uma mensagem de sinalização para o MSC de origem. Ao perceber a nova
MS na sua PLMN, o MSC sabe qual é o MSC de origem através das informações contidas
no cartão SIM do aparelho.
c) A MSC de origem envia os dados, e atualiza seu próprio banco de dados informando a
localidade na qual o móvel se encontra.
d) Um assinante da PSTN (rede pública) origina uma chamada para o móvel. Quando a
chamada chega na MSC do local de origem, esse consulta seu HLR, que diz onde está o
móvel.
e) A MSC de origem solicita ao VLR do local visitado um número MSRN, para que a
chamada possa ser estabelecida.
f) O VLR do local visitado consulta a lista de MSRNs e aloca um disponível e envia para a
MSC de origem.
g) Com o MSRN, a MSC de origem estabelece uma conexão de voz com a MSC do local
visitado.

2.1.3.5 – Centro de Autenticação (AuC)


Normalmente instalado no mesmo hardware do HLR, o Authentication Center (AuC) tem as
funções de autenticar e criptografar as mensagens, para impedir ataques à rede, como MSs
clonadas, por exemplo. Esses processos são executados simultaneamente no AuC e na MS.
Ao tentar acessar o sistema, a MS é obrigada a apresentar uma chave de autenticação (Ki), que
fica registrada no cartão SIM e no AuC. Os processos de autenticação e de criptografia dependem
dessa chave, e estão descritos a seguir:
a) Ao receber informações sobre a MS, no início de uma chamada ou na atualização de um
registro, o AuC gera um número aleatório chamado RAND.
b) Através do algoritmo A3, de autenticação, e usando o número RAND e a chave secreta Ki,
o AuC gera a resposta cifrada SRES (Signed RESponse). Através do algoritmo A8, de
criptografia, gera a chave de criptografia Kc, usando RAND e Ki.
c) O AuC envia SRES, Kc e RAND para o HLR.
d) O HLR envia esses 3 dados para o VLR, que os guarda temporariamente.
e) O VLR envia RAND para a MS, através da MSS e da BSS.
f) A MS calcula o SRES, separadamente, usando o algoritmo A3 e a chave Ki, contidos no
cartão SIM.
g) A MS envia o SRES para o VLR.
h) A VLR compara os SRES enviados pela MS e pelo AuC. Se forem diferentes, o processo
termina com falha; se forem iguais, a autenticação é terminada com sucesso.
i) Se a criptografia estiver sendo executada, o VLR envia a sequência Kc para a BTS.
j) A MS calcula Kc e armazena no cartão SIM, usando A8, Ki e RAND. A partir de então,
todas as informações transmitidas pela MS serão criptografadas pela chave Kc.
k) Usando o algoritmo de criptografia A5 e o número do hiperquadro GSM, a BTS passa
também a só enviar mensagens criptografadas.J e K consistem nos passos de criptografia.

2.1.3.6 – Registro de identidade do equipamento (EIR)


O EIR (Equipment Identity Register) possui a base de dados centralizada dos números de
identidade internacional do equipamento móvel (IMEI), os quais são únicos por EIR.
O formato do IMEI está representado na figura abaixo.

A base de dados do EIR é organizada em listas de IMEIs, de acordo com os critérios abaixo :
 Lista Branca : todos os IMEIs de MSs habilitadas a usar a rede GSM;
 Lista negra : IMEIs de MSs não habilitadas, como MSs roubadas ou clonadas;
 Lista Cinza : IMEIs de MSs com algum problema temporário, como defeito do hardware
ou em manutenção na rede autorizada, mas que, enfim, não justificam a presença na lista
negra.

2.1.3.7 – Função de Interfuncionamento (IWF)


O IWF (Internet Working Function) é responsável por interfacear a rede GSM com outras redes
de dados, como a internet, por exemplo. É sua função adaptar a taxa de dados e converter os
protocolos quando necessário.

2.1.3.8 – Supressor de Eco (EC)


O EC (Echo Canceler) é responsável por eliminar o efeito de eco presente nas conexões entre a
MSC e a PSTN. Esse efeito acontece quando um sinal de voz chega em um tempo errado,
superposto a outro sinal no tempo certo. Atrasos de propagação na interface aérea, ou provocado
pelo processo de transcodificação podem gerar esse problema.

2.1.3.9 – Sistema de Operação e Manutenção (OMS)


O OMS (Operations and Maintence System) administra, opera, mantém e supervisiona os
elementos da rede GSM. Faz isso ora de forma centralizada, ora de forma remota.
É subdividido em dois subsistemas, como mostra a figura abaixo.

2.1.3.9.1 – Centro de gerenciamento de rede (NMC)


O NMC (Network Management Center) é o de mais alta hierarquia em uma rede GSM, pois é o de
mais alto nível no OMS, que controla a rede. Só existe um NMC por rede.

Suas principais funções são de monitoramento:


 Dos nós da rede;
 Dos dados estatísticos da rede GSM;
 Dos OMCs.

2.1.3.9.2 – Centro de Operação e Manutenção (OMC)


O OMC (Operation and Maintence Center) é o elemento que controla os outros elementos da
rede GSM (BTS, MSC, HLR, EIR, etc.)

Um OMC controla uma determinada região, e uma rede GSM é composta por vários OMCs.
Existem dois tipos de OMCs :
 OMC (R): controla o Subsistema de estação base (BSS);
 OMC (S) : controla o subsistema de comutação de rede (NSS).

A função do OMC é gerenciar as seguintes funções :


 Eventos e alarmes;
 Performance do sistema;
 Configuração do sistema.

Em suma, o OMC define os principais parâmetros, para atuar em protocolos já implementados.

2.2 – Interfaces
Como já foi comentado anteriormente, o principal foco do sistema GSM foi o de permitir que o
maior número possível de usuários pudessem ser integrados. As interfaces e protocolos dele devem
ser, portanto, padronizados e flexíveis, de forma a poder incorporar elementos de diferentes
fabricantes.

Uma interface precisa prover os aspectos físicos dos meios de transmissão, o interfuncionamento
e a implementação dos serviços e aplicações móveis entre os elementos da rede GSM. Abaixo
segue uma visão genérica das principais interfaces do GSM.
Interface aérea (Um) : Interliga a MS e a BTS. É responsável por disponibilizar os canais físicos
e lógicos aos assinantes móveis, para viabilizar o processamento de chamadas.

Interface Abis : Conecta a BTS ao BSC. Permite controlar os equipamentos e a alocação de


recursos na BTS.

Interface A : Conecta a BSC e a MSC. Transporta os seguintes dados:


 Gerenciamento do BSS;
 Tratamento de chamadas;
 Alocação de circuitos terrestres (canais de voz entre os elementos conectados);
 Gerenciamento de mobilidade.

Interface B : Conecta MSC e VLR. Gerencia a base de dados dos assinantes que estão usando a
área controlada pelo MSC associado ao VLR. É responsável pela localização dentro da área da
MSC, por atualizar o registro quando a MS visita outra área e por atualizar dados sobre os serviços
suplementares (como ativação ou desativação de chamada em espera, número escolhido para
transferência temporária de chamadas, etc.)

Interface C : Conecta MSC e HLR. É usado quando a MSC precisa de informações necessárias
ao roteamento de chamadas ou ao envio de mensagens curtas (SMS).

Interface D : Conecta HLR e VLR. É usada na troca de dados sobre a localização da MS. Provê
a capacidade de um assinante realizar chamadas dentro de uma determinada área de serviço.

Interface E : Interliga duas MSCs. Quando uma MS move-se da área de uma MSC para outra de
outra MSC, durante uma chamada, um processo chamado handover permite que chamada não seja
interrompida. A interface E executa esse procedimento.

Interface F : Conecta MSC e EIR. Verifica se a MS está ou não habilitada para usar os serviços
da rede GSM, através do estado do IMEI da MS (guardado no EIR).

Interface G : Interliga duas VLRs. É usado quando uma MS move-se de um VLR para outro,
recuperando o IMEI e os parâmetros de autenticação guardados no VLR de origem.

Interface R : Conecta a MS ao equipamento terminal de dados (Data Terminal Equipment – DTE),


usada para conectar o computador pessoal à MS, com o objetivo de transmitir dados por pacotes.
Assim pode-se integrar o sistema GSM a uma comunicação que use o protocolo TCP/IP, da
Internet, por exemplo.

2.2.1 – Interface Aérea (Um)


A interface aérea, também conhecida como interface Um, é responsável por conectar a estação
móvel (MS) e a estação transceptora base (BTS). Utiliza as ondas portadoras de radiofrequência
para levar informação.
Uma única portadora de radiofrequência possui 200 kHz de largura de banda e pode suportar até
8 estações móveis. Esse acesso de 8 estações ao mesmo tempo é implementado pela técnica de
acesso múltiplo por divisão de tempo (TDMA), na qual a portadora divide seu tempo em 8
intervalos, chamados Intervalo de Tempo de Canal (ITC), e disponibiliza um para cada móvel. Os
ITCs são identificados de 0 a 7, e cada conjunto de 8 ITCs corresponde a um quadro TDMA.

A informação levada pelo ITC é chamada rajada de dados (burst). O Burst representa o tipo de
informação que está sendo transportada. O sincronismo é um fator crítico para a comunicação.
Para isso, as informações devem ser transmitidas no momento exato. Esse momento exato é
implementado com um atraso no início do quadro TDMA.

A BTS atrasa em 3 ITCs o envio do seu quadro TDMA, de forma que o enlace direto e o reverso
tem 3 ITCs de diferença. Já a MS tem um problema maior a resolver. Como se desloca, o atraso
devido à distância varia. Dessa forma, o atraso que a MS deve empregar entre o enlace direto e o
reverso depende de sua distância. A rede GSM conhece a localização do móvel, e resolve o
problema informando constantemente à MS como ajustar seu atraso a fim de sincronizar a
comunicação.

2.2.1.1 – Canais de tráfego (Trafic CHannel– TCH)


Os canais de tráfego transportam voz e dados no modo de comutação de circuitos. São
implementados na interface aérea através de multiquadros, um conjunto de 26 quadros TDMA.
Cada quadro possui 8 ITCs, cada ITC possui 577 µs, em um multiquadro há 26 quadros. Pode-se
calcular a duração de um multiquadro de tráfego : 26 quadros x 8 ITCs x 577 µs por ITC = 120
ms.

A figura a seguir mostra os diferentes tipos de canais de tráfego.

Canais usados para o transporte de voz:


 Canal de voz com taxa plena (Full Rate Speech Chanel – TCH/FS) : taxa de 13 kbits/s;
 Canal de voz com taxa plena melhorada (Enhanced Full Rate Speech Channel – TCH/EFS)
: taxa de 12,2 kbits/s;
 Canal de voz com meia taxa (Half Rate Speech Channel – TCH/HS) : taxa de 5,6 kbits/s.

Canais usados para o transporte de dados no modo de comutação de circuitos :


 Canal de dados com taxa plena (Data Channel Full Rate – TCH/F9.6) : taxa de 9,6 kbits/s;
 Canal de dados com taxa plena (TCH-F4.8) : taxa de 4.8 kbits/s;
 Canal de dados com taxa plena (TCH/F2.4) : taxa de até 2,4 kbits/s;
 Canal de dados com meia taxa (Data Channel Half Rate – TCH/H4.8) : taxa de 4,8 kbits/s;
 Canal de dados com meia taxa (TCH/H2.4) : taxa de 2,4 kbits/s.

A arquitetura GPRS, implantada na geração 2.5G provê tráfego de dados por pacotes. Foram
disponibilizados, para tanto, canais de transporte de dados no modo de comutação de pacotes, que
serão estudados na sessão GPRS.

2.2.1.2 – Canais de controle (Control CHannel – CCH)


Os canais de controle transportam informações de sinalização e controle entre a MS e a BTS. Tal
como os canais de tráfego, são organizados em multiquadros, mas com 51 quadros TDMA. Da
mesma forma que para os canais de tráfego, pode-se calcular a duração de um multiquadro de
controle : 51 quadros x 8 ITCs x 577 µs por ITC = 235,4 ms.

Os canais de controle são divididos em três gupos : canal de controle dedicado, canal de controle
comum e canal de controle por difusão.

Grupo canal de controle dedicado (Dedicated Control CHannel – DCCH): Formado por canais
associados a uma única MS, é responsável por validar a MS e estabelecer as chamadas. Os canais
que o compõem são :
 Canal de controle dedicado independente (Stand-alone Dedicated Control CHannel –
SDCCH) : transfere dados de/para uma única MS durante o estabelecimento da chamada
e a validação do móvel;

 Canal de controle associado (Associated Control CHannel – ACCH) : É dividido em


dois canais, o Slow ACCH (SACCH) e o Fast ACCH (FACCH). O primeiro transporta
informações de medidas do enlace e controle de potência, enquanto o segundo é usado para
mensagens de eventos, como informações sobre handover e autenticação, por exemplo.
Esses canais “roubam” um intervalo do canal TCH e inserem suas informações. Trabalham
nos enlaces direto e reverso.

Grupo canal de controle comum (Common Control CHannel – CCCH) : Formado por canais
a que trabalham nos enlaces direto e reverso no estabelecimento de chamadas. Os canais que o
compõem são :
 Canal de busca (Paging CHannel – PCH): usado pela BTS para procurar uma
determinada MS.

 Canal de acesso aleatório (Random Acces CHannel – RACH) : usado pela MS para
acessar a rede, o que pode acontecer a qualquer instante, originando uma chamada ou
respondendo a um processo de busca;

 Canal de acesso permitido (Access Granted CHannel – AGCH) : Quando a MS envia


um pedido de acesso (pelo canal RACH), a BTS usa esse canal para associar os canais de
controle dedicado (SDCCH ou SACCH) necessários;

 Canal de notificação (Notification Channel – NCH) : Usado quando a BTS envia uma
mensagem de notificação para um grupo de MSs ou em chamadas de voz por difusão.

Grupo canal de controle por difusão (Broadcast Control CHannel – BCCH) : Formado por
canais que operam apenas no enlace direto, ou seja, servem para difundir mensagens sobre a rede
para as MSs. Os canais que o sompõem são :

 Canal de controle por difusão (Broadcast Control CHannel – BCCH) : leva


informações como identidade da célula, lista de células vizinhas, LAI, lista de frequências
usadas pela célula e indicador de controle de potência;
 Canal de difusão para as células (Cell Broadcast CHannel – CBCH) : Usa o serviço de
mensagens curtas (Short Message Services – SMS) para enviar a todas as MSs na área de
cobertura de uma BTS informações como resultados de jogos, condições do trânsito, etc;

 Canal de sincronismo (Synchronizing CHannel – SCH) : leva dados necessários ao


sincronismo da comunicação, como o número do quadro TDMA e o código da BTS;

 Canal de correção de frequência (Frequency Correction CHannel – FCCH) : Usado pela


MS para sintonizar-se na portadora de RF.

2.2.1.2.1 – Tipos de multiquadro de controle


Como já mencionado, multiquadros são conjuntos de quadros. A organização dos quadros em um
multiquadro implementa a ordem das mensagens de controle, sendo assim a espinha dorsal da
interface, em relação ao controle.

Existem dois tipos de multiquadros de controle : um para os canais de controle dedicado


(DCCH/8), e outro para canais de controle comum e por difusão (BCCH/CCCH).

Multiquadro BCCH/CCCH
Uma portadora de RF, como já visto, suporta 8 usuários, que se dividem nos 8 intervalos (slots)
de um quadro TDMA. No slot 0 de cada quadro, na verdade, é empregado o multiquadro
BCCH/CCCH.
Sua estrutura está descrita abaixo. O enlace direto é dividido em ciclos, enquanto o reverso é
exclusivamente destinado ao canal RACH, que provê o pedido de acesso da MS à BTS, em
qualquer instante.
Multiquadro DCCH/8
Esse multiquadro comporta 8 canais dedicados cada um a um usuário. Cada canal SDCCH (D0,
D1, ...) está associado a um SACCH (A0, A1, ...). A diferença entre os enlaces é feita para permitir
que a MS receba a mensagem e produza a resposta.
2.2.1.2 – Protocolos da interface aérea
Os protocolos da interface aérea são divididos em três camadas, obedecendo ao modelo de
referência OSI.
2.2.1.2.1 – Camada 3 (camada de rede)
A camada de protocolos nível 3 implementa as seguintes funções :
 Gerenciamento da radiofrequência;
 Gerenciamento da mobilidade;
 Gerenciamento das conexões;
 Comutação dos circuitos entre a rede GSM e as demais redes;
 Controle dos serviços suplementares;
 Controle dos serviços de localização.

Três subcamadas compõem essa camada : gerenciamento dos recursos de rádio ; gerenciamento
da mobilidade e gerenciamento de conexões.

Gerenciamento de recursos de rádio (Radio Resource Management – RR) :


 Aloca e libera o canal de RF;
 Habilita a criptografia;
 Controla potência;
 Realiza handover de uma célula para outra.
Gerenciamento de mobilidade (Mobility Management – MM) :
 Registra a MS;
 Verifica o usuário e a identidade do equipamento;
 Verifica quais serviços estão associados ao usuário;
 Autentica o usuário;
 Realoca a identidade temporária do assinante (TMSI).

Gerenciamento de conexões (Connection Management – CM) - formado por três entidades :


 Controle de chamadas (Call Center – CC) : Estabelece, mantém e desconecta a chamada,
além de controlar os serviços suplementares.
 Serviços suplementares (Supplementary Services – SS) : Provê os serviços suplementares,
como transferência de chamadas, chamada em espera, etc.
 Serviço de mensagens curtas (Short Message Service – SMS) : Controla o serviço de SMS.

2.2.1.2.1.1 – Estrutura das mensagens da camada 3


A estrutura das mensagens é definida pela Especificação GSM 04.08.
 Campo discriminador de protocolo (Protocol Discrminator – PD) : identifica o protocolo
que a mensagem da camada 3 está transportando.
 Campo identificador de transação (Transaction Identifier – TI) : usado para determinar
múltiplas conexões ou transações que ocorrem ao mesmo tempo. Define se a mensagem é
de gerenciamento de rádio (RR), ou de mobilidade, seja sem a tecnologia GPRS (MM) ou
para o serviço GPRS.
 Campo tipo de mensagem (Message Type) : identifica o tipo da mensagem, RR, MM ou
CM, como estudado anteriormente.
 Campo outros elementos de informação (other Information Elementes – IE) : pode indicar
o tipo de elemento de informação, o comprimento e um valor, se necessário. Abaixo estão
descritos os tipos de elemento de informação.
2.2.1.2.2 – Camada 2 (camada de enlace)
O protocolo da camada 2 da interface aérea usa procedimentos de acesso ao enlace do canal D
modificado (Link Access Procedures on Dm-channel – LAPDm) para prover sinalização entre
entidades da camada 3. Todos os canais de controle utilizam o LPDm, exceto o canal RACH.

Esse protocolo é totalmente baseado no protocolo LAPD, da Rede Digital de Serviços Integrados
(RDSI), incluído na interface Abis. O LAPDm tem como principais funções :
 Prover conexões de enlace no canal Dm. Essas conexões são identificadas pelo
identificador de conexão do enlace de dados (Data Link Connection Identifier – DLCI);
 Organizar as informações vindas da camada 3 nos quadros;
 Reconhecer e transmitir os quadros, controlando a seqüência;
 Detectar os erros operacionais no enlace de dados.

2.2.1.2.2.1 – Identificador de conexão do enlace de dados (DLCI)


O DLCI é formado pelo identificador do ponto de acesso ao serviço (Service Access Point
Identifier – SAPI) e pelo tipo de canal de controle. O SAPI é transportado no campo de endereço
de cada quadro, e é definido na camada 3. A camada 1 indica o tipo de canal em que a mensagem
foi recebida. Combinando essas duas informações, a camada 2 define a qual a camada de enlace
de dados deve ser entregue a mensagem. O SAPI pode assumir apenas dois valores : 0 ou 3.

SAPI=0
 Controle de chamada (CC);
 Gerenciamento de mobilidade (MM);
 Serviços suplementares (SS);
 Gerenciamento de recursos de rádio (RR).

SAPI=3
 Serviço de mensagens curtas (SMS)

2.2.1.2.3 – Camada 1 (camada física)


Representa o enlace físico entre MS e BTS, responsável por estabelecer, liberar e controlar as
conexões. As principais funções são :
 Controle de potência;
 Definição dos canais físicos dedicados, ou seja, exclusivos;
 Monitoramento da qualidade do sinal durante as chamadas;
 Sintonização das frequências;
 Sincronização dos quadros TDMA;
 Frequency hopping, processo no qual a frequência é reajustada para outro valor;
 Criptografia;
 Associação entre canais lógicos e físicos;
 Codificação para detecção e correção de erros;
 Modulação.

A figura abaixo mostra a representação esquemática em blocos da camada 1.


Note que durante a transmissão pela interface aérea é muito exposta. Perder bits no processo de
transmissão seria então algo muito comum, e isso inviabilizaria o sistema GSM. No entanto, alguns
processos foram criados de forma a detectar e corrigir essas perdas. Dois processos são os maiores
responsáveis pela robustez da interface aérea GSM : a codificação convolucional e o interleaving.

A codificação convolucional é um método que duplica o número de bits, a fim de se evitar a perda
de bits simples.

O interleaving é um processo semelhante à transposição de mensagens, em criptografia. Com uma


mensagem sem interleaving, ao se perder uma faixa de dados (processo chamado desvanecimento
ou fading), fica difícil remontar a mensagem, pois a faixa de bits seria consecutiva. Com
o interlaving a mensagem só é enviada após a transposição. Assim, se acontecer o desvanecimento,
quando o processo inverso à transposição for executado, os bits perdidos não serão consecutivos,
facilitando a correção da mensagem. A figura abaixo ilustra o interleaving.
Existe ainda outra técnica que aumenta a eficiência do interleaving e da codificação : o salto em
frequência (Frequency Hopping - FH). O FH consiste na mudança da frequência usada. A MS
transmite o ITC em um quadro TDMA, numa frequência fixa, e no próximo quadro, envia o ITC
em outra frequência. A variação da frequência segue um algoritmo. O salto em frequência ocorre,
então, no intervalo de tempo entre um ITC e outro.
2.2.1.2.1.3.1 – Modulação GMSK
A modulação GMSK, a mais usada no sistema GSM, é derivada da modulação MSK. A MSK
consiste basicamente em variar a fase do sinal de acordo com o próximo bit da sequência : se for
1, varia +90º, se for 0, varia -90º.
A figura abaixo mostra a sequência 111010000 transmitida na modulação MSK.
A GMSK suaviza o sinal MSK através de um filtro de pré-modulação gaussiano. Cada bit
implica na variação da frequência do sinal, em +67,708 kHz (bit=1) ou -67,708 kHz (bit=0). A
sequência 1110000 após a modulação GMSK está mostrada na figura abaixo, no diagrama I/Q.
2.2.2 – Interface Abis
A interface Abis é responsável por interconectar BTS e BSC. Deve possibilitar o uso de BTSs e
BSCs de diferentes fabricantes, lembrando que cada BSC controla várias BTSs. É definida como
um enlace digital terrestre de 2,048 Mbits/s, com as seguintes características padronizados :
 Parâmetros físicos e elétricos;
 Estruturas dos canais;
 Processos de transferência de sinalização, configuração e controle;
 Informações sobre operação e manutenção.

É importante saber que a TS é formada por dois componentes físicos, o TRX (Transceiver) e BCF
(Base Control Function, função de controle da BTS). O primeiro consiste em um quadro TDMA
de uma portadora de RF, enquanto o segundo controla funções internas da BTS como os saltos em
frequência, a alocação de canais físico e lógico, etc.

A interface Abis pode suportar três configurações internas das BTS distintas, conforme figura
abaixo :
 Um TRX;
 Um conjunto de TRX, todas servidas pela mesma conexão;
 Um conjunto de TRX, cada TRX com sua própria conexão física.

A interface Abis é formada por um canal de tráfego (8, 16 ou 64 kbits/s), para transportar voz ou
dados em um canal de RF, e um canal de sinalização (16, 32 ou 64 kbits/s), para transportar a
sinalização entre BSC-MS e BSC-BTS.

2.2.2.1 – Canais lógicos do enlace de sinalização


Os enlaces de sinalização transportam informação entre BTS e BSC, de/para os componentes TRX
e BCF (ver figura anterior). O endereçamento desses componentes é feito pelo identificador de
terminal (Terminal Endpoint Identifier – TEI), para separar informações entre TRX e BCF, como
mostrado na figura abaixo.
 Enlace de sinalização de RF (Radio Signaling Link – RSL) : suporta os procedimentos de
gerenciamento de tráfego, entre a MS e a rede. É único por TRX;
 Enlace de operação e manutenção (Operations and Maintence Link – OML) : suporta o
gerenciamento de rede, sendo único por TRX e BCF;
 Enlace de gerenciamento da camada 2 (Layer 2 Management Link – L2ML) : usado para o
gerenciamento da camada 2, também único por TRX e BCF.

2.2.2.2 – Modelo de sinalização


Formado por três camadas, referentes ao modelo OSI :
 Camada 3: gera as mensagens de sinalização;
 Camada 2 - LAPD: garante as informações transmitidas, detectando e corrigindo erros,
executando o alinhamento do enlace, etc;
 Camada 1: prove um meio de transmissão entre BSC e BTS.
A figura abaixo mostra o modelo de sinalização. Algumas mensagens passam da MS para a BSC
sem que a BTS realize algum tipo de processamento. Essas mensagens, como CM e MM, são ditas
transparentes. Um flag de transparência indica se a mensagem é ou não transparente (T-flag).

A figura abaixo mostra esquematicamente o modelo de sinalização da camada 3 da interface Abis.

2.2.2.3 – Camada 3 (camada de rede)


Os procedimentos da camada 3 geram as mensagens de sinalização entre BSC e BTS. São eles:
 Procedimentos de gerenciamento de tráfego : geram mensagens de sinalização sobre o
tráfego de dados ou voz. Essas mensagens podem ser transparentes (no caso da BTS não
alterar o campo da mensagem enviado pela MS) ou não transparente (campo formado entre
a BTS e a BSC, resultado de alguma operação na BTS de uma informação vinda da MS);
 Procedimentos de gerenciamento de rede: geram mensagens para gerenciar a rede;
 Procedimentos de gerenciamento da camada 2: geram mensagens para gerenciar a
camada de enlace de dados (LAPD);
 Distribuição do canal no enlace de sinalização: distribui as mensagens para o canal físico
correto, de acordo com o identificador de enlace.
2.2.2.3.1 – Formato da mensagem na camada 3
O quadro da interface Abis é formado pelos seguintes campos :
 Discriminador de mensagem : indica a transparência ou não da mensagem, bem como o
seu tipo. Define se a mensagem é de gerenciamento de recursos de rádio, de canais
dedicados, de canal comum ou de TRX.
 Tipo de mensagem : indica a função da mensagem enviada. A tabela abaixo mostra os
tipos de mensagem;
 Elementos de Informação (Information Elements – IE): informa outros parâmetros
quando necessário, sendo assim de comprimento variável. Um campo chamado
Identificador de Elemento de Informação (IEI), que vem no início do campo IE, indica que
tipo de elemento de informação está sendo passado.

2.2.2.4 – Camada 2 (LAPD)


A camada 2 da interface Abis deve garantir a integridade das informações de sinalização
transmitidas pelo canal D. Utiliza o protocolo LAPD, formado por procedimentos de camada de
enlace de dados, que se baseiam no protocolo de enlace de dados de alto nível (High level Data
Link Control – HDLC) padronizado pela norma ISO3309. Os procedimentos adotados pela
camada 2 são :
Sinalização, inclusive as relativas ao serviço SMS;
Operação e manutenção;

Gerenciamento da camada 2.
Suas principais funções são:
 Supervisionar enlaces ininterruptamente, mesmo sem tráfego de mensagens;
 Prover enlaces dedicados;
 Prover enlaces transparentes;
 Manter o enlace activo quando não há mensagens de sinalização, incluindo informações de
preenchimento;
 Controlar a sequência de mensagens;
 Controlar erros, inclusive os não recuperáveis por retransmissão da mensagem.

2.2.2.4.1 – Formato da mensagem da camada 2


A estrutura da mensagem da camada está representada abaixo.

Flag : sempre fixo em 01111110, é usado para delinear as mensagens;


 Campo de endereço (address field): indica o receptor de um quadro de comando, e o
transmissor da resposta;
 Campo de controle (control field): indica o tipo de quadro transmitido, podendo ser
quadro de informação, quadro de supervisão ou quadro não numerado. O primeiro
transmite informações de forma sequenciada, através de números de sequência em cada
mensagem; o segundo controla a transmissão do primeiro tipo, levando o número
desequencia dos quadros de resposta; o terceiro prove outras funções adicionais aos
enlaces, que não necessitem de uma sequência.
 Campo de informação (information): transporta a mensagem de sinalização gerada pela
camada 3.
 Sequência de verificação de quadro (Frame Check Sequence – FCS): verifica os
campos de endereço, de controle e de informação, a fim de detectar e corrigir erros.

2.2.2.5 – Camada 1
A camada 1 da interface Abis usa o enlace digital modulado por PCM (Pulse Code Modulation) à
2.048 kbits/s, com uma estrutura de quadros de 32 canais. O intervalo de tempo de cada canal
(ITC) é de 64 kbits/s, como mostra a figura.

2.2.3 – Interface A
A interface A conecta a BSC à MSC. Deve permitir a integração de BSCs e MSCs de diferentes
fabricantes, sendo uma MSC ligada a várias BSCs. É implementada em um enlace PCM de 2.048
kbits/s.

A camada 3 oferece procedimentos adicionais para controlar recursos de RF, que utilizam o nível
4 da Sinalização por Canal Comum Número 7 (SCC#7, ver tópico “Protocolos GSM”). É usado,
nesse nível, o subsistema de controle de conexão de sinalização (Signaling Connection Control
Part – SCCP) para transportar mensagens.

A camada 2 é baseada nos níveis 2 e 3 da SCC#7 (ver “protocolos GSM”), usando o subsistema
de transferência de mensagens (Message Transfer Part - MTP).

A camada 1 tem a mesma padronização do nível 1 do MTP.


As funções da interface A são:
 Gerenciar o circuitos;
 Gerenciar o BSS, alocando, liberando e controlando os canais de RF;
 Gerenciar a mobilidade, localizando o assinante, executando o handover, etc;
 Controlar as chamadas;
 Oferecer os serviços suplementares, como chamada em espera, transferência de chamadas,
etc.

O modelo de sinalização da interface A está representado abaixo.

O subsistema de aplicação do sistema de estação base (Base Station System Application Part –
BSSAP) é uma aplicação do SCCP usado para transferir mensagens da camada 3 relacionadas a
transação de dados. É dividido em duas aplicações, o subsistema de gerenciamento de aplicações
do BSS (BSS Management Application Part – BSSMAP) e subsistema de transferência direta de
aplicações (Direct Transfer Application Part - DTAP).

O BSSAP realiza os seguintes procedimentos :


 Mensagem inicial da MS;
 Atualização da classe de potência;
 Busca da MS;
 Desconexão;
 Controle de fluxo;
 Indicação de recursos;
 Indicação, alocação e execução do handover;
 Controle do modo de criptografia;
 Bloqueio de circuitos;
 Alocação de canais.

A aplicação DTAP transfere mensagens direto da MSC para a MS. A BSS, portanto, não interpreta
essas mensagens (são ditas transparentes). São mensagens de controle de chamadas (CC) e
gerenciamento de mobilidade (MM).

A aplicação BSSMAP transfere mensagens da MSC para a BSS que precisam de interpretação da
SS.

2.2.3.1 –Camada 3
O formato das mensagens depende da aplicação que processa a informação, como mostrado na
figura abaixo.

2.2.3.1.1 – Formato das mensagens BSSMAP


A figura abaixo mostra o formato dessa mensagem .
 Campo de discriminação (discrimination) : Um octeto de valor 0, indicando que as
mensagens não são transparentes;
 Campo indicador de comprimento (LI) : Indica o tamanho do campo elemento de
informação (IE), medido em octetos;
 Campo elemento de informação (Information Elements – IE) : formado por dois
campos, onde o primeiro indica o tipo de mensagem (Message Type), e o segundo é a
própria mensagem (Message Contents).

2.2.3.1.2 – Formato das mensagens DTAP


Os campos das mensagens DTAP são:
 Campo de discriminação (discrimination) : Um octeto de valor 1, indica que a mensagem
é transparente;
 Campo identificador de conexão do enlace de dados (Data Link Connection
Identifier – DLCI) : um octeto que indica o tipo de conexão de enlace de dados a ser usado
na interface de RF.
 Campo indicador de comprimento (Lenght Indicator – LI) : Um octeto que indica o
comprimento do campo elemento de informação (Information Element), medido em
octetos;
 L3 Message : mensagens de sinalização CM, MM ou SMS (ver “Protocolos da interface
aérea”)

2.2.3.1.3 – Formato das mensagens SCCP


O SCCP provê conexão à aplicação BSSAP, orientada ou não à conexão.
No serviço orientado à conexão, em um primeiro momento a conexão é alocada, entre origem e
destino (representado por “a” na figura), para que os dados possam ser transmitidos. Logo após a
transmissão terminar, é feita a desconexão (“b”).

No serviço não orientado à conexão, o pacote leva o endereço completo do destino.


O formato das mensagens SCCP está descrito abaixo :
 Endereço do roteamento do subsistema MTP (MTP routing label) : carrega informações
necessárias ao roteamento das mensagens pelo subsistema MTP. É formada pelos campos
SIO e SIF, que contém informações sobre o serviço e sobre os locais de origem e destino,
respectivamente;
 Parte fixa obrigatória (Mandatory fixed part) : é um campo obrigatório, relacionado a cada
tipo de mensagem particular. Constituído por vários parâmetros, cada parâmetro tem um
nome, representado por um octeto, e o conteúdo, de comprimento fixo;
 Parte variável obrigatória (Mandatory variable part) : análogo à parte fixa obrigatória,
com a diferença que o conteúdo tem comprimento variável;
 Parte opcional (Optional part) : indica parâmetros para certos tipos de mensagens. Essa
parte é opcional, pois nem todos os tipos de mensagem exigem-na. Consiste no nome do
parâmetro opcional, o comprimento dele e o próprio conteúdo do parâmetro;Campo código
do tipo de mensagem (Message type code) : um octeto que define a função e o formato
década origem.

2.2.3.2 – Camada 2
Formada pelas camadas 2 e 3 do subsistema MTP. A figura abaixo ilustra a interface A, destacando
a camada 2.
Camada 2 da interface A.
As funções do MTP são divididas em :
 MTP nível 1 : enlace de dados de sinalização;
 MTP nível 2 : enlace de sinalização;
 MTP nível 3 : rede de sinalização.

Através do nível 3 do MTP, a interface A:


Trata as mensagens de sinalização: para uma transferência de mensagens, endereçam a
mensagem ao enlace de sinalização;
Gerencia a rede de sinalização: tendo uma base de dados preestabelecidos e informações sobre
o estado da rede, controla o caminho das mensagens e a configuração da rede. Caso haja mudança
no estado da rede, também reconfigura o que for necessário.

Através do nível 2 do MTP, a interface A:


 Delimita as mensagens;
 Detecta e corrige erros;
 Executa o alinhamento inicial das mensagens;
 Supervisiona erros no enlace de sinalização;
 Controla o estado do enlace;
 Controla o fluxo de informação.

2.2.3.3 – Camada 1
É formada pelo nível 1 do MTP que define as características físicas e funcionais do enlace de
dados de sinalização e o meio pelo qual pode-se acessá-lo. A função do nível 1 do MTP é permitir
o acesso ao enlace de dados de sinalização. É composto por canais de transmissão, que carregam
informações, e blocos de comutação digital, que fazem a interface com o nível 2.

2.3 – Protocolos GSM


O sistema GSM utiliza a idéia de camadas de protocolos, no qual um processo é tratado por uma
sequência de protocolos, cada um em um nível hierárquico. A figura abaixo ilustra os protocolos
do modelo de sinalização da rede GSM.
2.3.1 – Sinalização por canal comum número 7 (SCC#7)
Com a evolução tecnológica dos sistemas de telefonia, as redes telefônicas passaram a
implementar processamento distribuído, usando as centrais controladas por programa armazenado
(CPA), e meios digitais de transmissão. Esse processamento exigiu sinalização de maior eficiência,
que pudesse ampliar a comunicação entre os nós e acrescentar novos serviços, como integrar às
outras redes, principalmente a Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI) e à rede telefônica
pública.

Surgiu a técnica, então, de se criar um novo canal exclusivo para a sinalização, para executar
processos de sinalização em um canal, e de transmissão de voz e dados por outro canal. Esse canal
de sinalização é chamado número 7, e é padronizado internacionalmente de forma que:
 Otimize operações em redes digitais, suportando aplicações com diversas outras redes
(RDSI, redes de bancos de dados, etc);
 Satisfaça as necessidades atuais e futuras de transferência de informação ligadas à
sinalização de vários processos;
 Seja robusto, protegido de distúrbios de transmissão e falhas na rede.

Com a criação desse canal, a rede foi dividida em duas redes:


 Rede de sinalização, para toda a movimentação de sinalização, necessária para
implementar as conexões;
 Rede de conexão de circuitos, para transportar dados e voz.

A figura abaixo esquematiza essas redes:


A fim de se obter um sistema flexível, o sistema de sinalização por canal foi dividido em dois
subsistemas : o subsistema de transferência de mensagem (Message Transfer Part – MTP) e o
subsistema de usuários (User Part – UP).

2.3.1.1 – MTP
O MTP tem a função de estabelecer um caminho de comunicação de sinalização que interligasse
os diversos subsistemas de usuários que necessitam de sinalizações uns dos outros. É, portanto,
comum a todos os subsistemas de usuários.

O MTP é dividida em três níveis :


Nível 1: Camada física, responsável pela padronização das características físicas e funcionais do
enlace de dados de sinalização, e o meio para acessá-lo. O meio de transmissão digital tem taxa de
transmissão de 64 kbits/s;

Nível 2: Camada de enlace, que garante a integridade do enlace usado na comunicação. Corrige e
detecta erros, delimita as mensagens, controla a sequência das mensagens enviadas, entre outros;

Nível 3: Camada de rede, que trata as mensagens de sinalização, encaminhando-as para o destino
certo, e gerência a rede, garantindo que os caminhos possam ser traçados da origem ao destino.

2.3.1.2 – UP (nível 4)
Define funções específicas para cada tipo de usuário, como telefonia, dados, RDSI, ou outros.
Cada tipo de usuário tem suas particularidades, tendo que ser tratado por protocolos diferentes ao
integrarem-se à rede.

Abaixo a figura ilustra os subsistemas de usuários.


 Subsistema de usuário para a rede digital de serviços (Integrated Service Digital Network
User Part – ISUP) : Integra a rede RDSI à rede GSM;
 Subsistema de aplicação do sistema de estação base (Base Station System Application
Part – BSSAP) : conecta a BSS à MSC;
 Subsistema de aplicação da capacitação de transações (Transaction Cpabilities Application
Part – TCAP) : oferece serviços não orientados à conexão;
 Subsistema de controle de conexão de sinalização (Signaling Connection Control Part –
SCCP) : fornece funções adicionais ao MTP para serviços orientados ou não à conexão
(veja o tópico “Camada 3 “ da interface A).

2.3.2 Protocolo de gerenciamento da estação transceptora base (Base Transceiver Station


Management – BTSM)
Responsável pelo tratamento de mensagens de recursos de rádio (Radio Resources – RR), que
podem ser transparentes à BTS.

2.3.3 Procedimentos de acesso a enlaces no canal D (LAPD)


O procedimento de acesso a enlaces no canal D (Link Access Procedures on the D-channel –
LAPD) é o protocolo usado na camada 2 para transportar mensagens Abis. É usado na rede RDSI.
Mais detalhes no tópico “Interface Abis”.

2.3.4 – Procedimentos de acesso a enlaces no canal D modificado (LAPDm)


O LAPDm (Link Access Procedures on the D-channel modified) é usado para transportar
mensagens da interface aérea. É uma variação do LAPD adaptada para transportar sinais de RF
pelos canais da interface aérea (Um).

3. Tecnologia GPRS
Com a evolução da internet, os usuários de telefones móveis não ficariam satisfeitos apenas com
a telefonia celular. Querem também passar e-mails, receber informações, e outros serviços
oferecidos pela internet. Querem, em suma, acessar a internet através do celular.
O problema é que a segunda geração de celulares preparou-se para oferecer telefonia digital, mas
não para acessar à internet. A internet transporta dados por pacotes, através do protocolo IP e para
que a rede móvel seja adaptada à internet, é preciso que os dados sejam organizados também em
pacotes.

Foi criada então a tecnologia GPRS (General Packet Radio Services), cuja essência é possibilitar
o tráfego de dados por pacotes para que a rede de telefonia celular possa ser integrada à internet.
O sistema GSM com o GPRS integrado recebeu o nome de geração 2.5G, que foi uma evolução
essencial nas telecomuniucações.

3.1 – Comutação de circuitos X comutação de pacotes


A comunicação através de comutação de circuitos é feita basicamente da seguinte forma : uma
conexão entre as duas entidades comunicantes é alocada, de forma a estar sempre disponível;
a comunicação é feita, então, de forma ininterrupta.

A comunicação por comutação de pacotes é diferente : a origem envia uma informação para a
rede dentro de um pacote, que leva o endereço de destino no seu cabeçalho. O pacote é então
transmitido pela rede, que é responsável por escolher o melhor caminho até o destino.
A internet é baseada na comutação de pacotes, enquanto o sistema GSM foi inicialmente
estruturado na forma de comutação de circuitos.

A rede GPRS tem o objetivo de se comunicar por comutação de pacotes com a rede GSM. Os
outros componentes da rede GSM, implementados na geração 2G, continuaram utilizando a
comutação de circuitos.
A figura abaixo representa a comutação de circuitos e de pacotes na rede GSM:

3.2 – Arquitetura GPRS


A arquitetura GPRS utiliza toda a estrutura já montada na rede GSM, incluindo-se novos
elementos de rede e interfaces, além de modificar alguns já existentes, como mostra a figura a
seguir.
As principais modificações foram :
 MS : as MSs da geração 2G não conseguem acessar o sistema de comutação por pacotes.
As novas MSs são totalmente compatíveis com o sistema de comutação de circuitos;
 BTS : Atualização de software nas BTSs existentes;
 BSC : Atualização de software e instalação de hardware novo, chamado PCU (Packet
Control Unit – unidade de controle de pacote), que direciona o tráfego de dados para a rede
GPRS;
 SGSN e GGSN : novos elementos de rede, chamados servidor do nó de suporte GPRS
(Serving GPRS Support Node – SGSN) e Gateway do nó de suporte GPRS (Gateway
GPRS Support Node - GGSN);
 VLR, HLR, AuC, EIR e demais bases de dados : atualização do software que forneça as
funções do GPRS.

3.2.1 – Novos elementos e serviços


3.2.1.1 – Unidade de controle de pacote (Packet Control Unit - PCU)
Todos os BSCs exigem a instalação de um PCU para se integrarem à rede GPRS. Os PCUs
organizam os dados vindos da BSC em pacotes e transportam-no até o servidor do nó de suporte
GPRS (SGSN). O tráfego de voz continua sendo tratado como na geração 2G, ou seja, do BSS até
a MSC.

3.2.1.2 – Servidor do nó de suporte GPRS (Serving GPRS Support Node – SGSN)


Tal como a MSC era o coração de uma rede GSM, o SGSN é o coração da rede GPRS. Em última
análise, o advento do GPRS dividiu o tráfego de voz e dados (que era junto, no sistema GSM) em
tráfego de voz, que continua sendo tratado como antes, e tráfego de dados, tratado pela nova
arquitetura GPRS.

As funções do SGSN são :


 Detecção de novos usuários GPRS na área de serviço;
 Registros de novos usuários;
 Criptografia, com os mesmo algoritmos da rede GSM 2G;
 Manutenção dos registros de localização dos usuários na área de serviço;
 Gerenciamento de mobilidade;
 Compressão dos dados de acordo com a RFC 1144, para comprimir o cabeçalho das
unidades de dados TCP/IP;
 Tarifação das transações na rede local;
 Comunicação com o HLR, para obter dados dos usuários GPRS (da mesma forma que a
MSC, na geração 2G).

3.2.1.3 – Gateway do nó de suporte GPRS (Gateway GPRS Support Node – GGSN)


Provê a conexão com as redes de pacotes externas. As principais funções são :
 Manter informações de roteamento para entregar as unidades de protocolo de dados
(Protocol Data Unit – PDU) ao SGSN que serve uma determinada MS;
 Associar endereços de rede aos assinantes, o que é feito através do protocolo DHCP
(Dynamic Host Configuration Protocol – protocolo de configuração dinâmica de host);
 Tarifar as transações feitas na rede externa.

Quando um usuário tenta acessar a rede, o servidor DHCP aloca um IP por um intervalo de tempo
determinado, o que é chamado atribuição dinâmica de endereço IP.
3.2.1.4 – Serviço “Nome do ponto de acesso” (Access Point Name - APN)
Basicamente, APNs são endereços IP associados a cada interface externa que conecta a rede ao
GGSN. São usados para definir quais serviço podem ser acessados por um certo usuário. Consiste
de:
 Identificador de rede APN (Network ID) : identifica o GGSN e o nó externo ou serviço ao
qual o usuário deseja se conectar;
 Identificador da operadora APN (Operator ID) : campo opcional que identifica em qual
rede backbone GPRS o GGSN está localizado. Inclui o código da rede móvel (Mobile
Network Code – MNC) e o código móvel do país (Mobile Country Code – MCC),
derivados do IMSI (ver tópico “Identidades de um usuário em um sistema GSM”).

3.2.2 – Interfaces
As interfaces do sistema GPRS estão esquematizadas na figura que mostra a arquitetura GPRS, e
descritas na tabela abaixo.

3.2.3 – Redes backbone GPRS


As redes backbone GPRS transportam dados por pacotes entre os elementos GPRS. Uma
rede backbone intra-PLMN transporta dados entre elementos de uma mesma PLMN, enquanto as
redes inter-PLMN transportam pacotes entre PLMNs distintas. Sua principal utilidade é eliminar
a necessidade de usar alguma PDN para realizar a comunicação entre elementos de uma PLMN
(intra PLMN) ou entre PLMNs distintas (inter PLMN).
3.2.4 – Protocolos
Abaixo serão descritos, de forma simplificada, os protocolos principais da rede GPRS. É
importante lembrar que, no nível de rede, a rede GPRS usa os protocolos da internet, TCP, UDP,
IP, PPP, entre outros de interface com o computador. Abaixo a figura ilustra as camadas de
protocolos na rede GPRS.
3.2.4.1 – Camada SNDCP
O protocolo de convergência dependente da sub-rede (SubNetwork Dependent Convergence
Protocol – SNDCP) é responsável por interfacear MS e SGSN, e visa o suporte aos protocolos de
dados por pacotes. Recebe o N-PDU vindo da camada de rede, e transforma em SN-PDU, para
passá-lo ao protocolo LLC.

Nas figuras abaixo estão descritos os formatos da unidade SN-PDU.


3.2.4.2 – Camada LLC
O protocolo de controle de enlace lógico (Logical Link Control – LLC) opera na interfaces aérea
e Gb, para prover o enlace entre MS e SGSN. Suas funções são :
 Encapsular dados da camada SNDCP em unidades tratadas pelo LLC;
Entregar os dados da camada RLC à SNDCP na ordem certa;
 Criptografar;
 Controlar o fluxo de dados e a seqüência de pacotes;
 Detectar e corrigir erros.

3.2.4.3 – Camadas RLC/MAC


A camada de protocolo de controle de rádio (Radio Link Control – RLC) segmenta os quadros
LLC em blocos RLC, associando um número de seqüência por bloco (Block Sequence Number –
BSN).

A camada de protocolo de acesso ao meio (Medium Access Control – MAC) trata os diferentes
canais lógicos a serem compartilhados por várias MSs. Sua principal função é definir como deve
ser feito o acesso ao meio, o que corresponde à função da camada de enlace do modelo OSI. Provê
também mecanismos que evitam colisões de dados por pacotes no enlace reverso, o que acontece
quando várias MSs enviam pacotes para uma mesma BTS.

3.2.5 – Canais lógicos


O canal físico dedicado ao serviço GPRS, portanto, destinado ao transporte de dados por pacotes,
é o canal de dados por pacotes (Packet Data CHannel – PDCH).

Os canais lógicos são divididos em três grupos :


 Canais de controle comum de pacote (Packet Common Control CHannel – PCCCH);
 Canais de tráfego de pacote (Packet Traffic CHannel –PTCH);
 Canais dedicados de controle de pacote (Packet Dedicated Control CHannels – PDCCH).

A figura abaixo ilustra os canais lógicos da arquitetura GPRS.

Grupo de canais de controle comum de pacote (Packet Common Control CHannel – PCCCH)
Formado por canais lógicos de sinalização, usados por todos os usuários, e não de forma dedicada.
Os canais são :
 Canal de acesso randômico de pacote (Packet Random Access CHannel – PRACH) : atua
no enlace reverso para que a MS sinalize o início do envio da informação;
 Canal de busca de pacote (Packet Paging CHannel – PPCH) : atua no enlace direto, para
buscar uma MS e pedir dela um pacote;
 Canal de permissão de acesso de pacote (Packet Access Grant CHannel – PAGCH) : atua
no enlace direto, para estabelecer a transferência de um pacote para a MS;
 Canal de notificação do pacote (Packet Notification CHannel – PNCH) : atua no enlace
direto, para enviar uma informação em multicast para um conjunto de MSs;
 Canal de controle broadcast de pacote (Packet Broadcast Control CHannel – PBCCH) :
atua no enlace direto, para enviar em broadcast informações específicas sobre o sistema.

Grupo de canais de tráfego de pacotes (Packet Traffic CHannel – PTCH) : formado por canais
de tráfego. O canal de tráfego é chamado canal de tráfego de dados por pacote (Packet Data Traffic
CHannel – PDTCH), que é dividido em dois canais unidirecionais, o PDTCH/U (Uplink), que
envia pacotes no enlace reverso, e o PDTCH/D (Downlink), que envia pacotes no enlace direto.

Grupo de canais dedicados de controle de pacotes (Packet Dedicated Control CHannels –


PDCCH) : formado por canais lógicos que transportam informação de sinalização para uma MS
específica. Os canais são :
 Canal associado de controle de pacote (Packet Associated Control CHannel – PACCH)
: leva informação de sinalização relacionada a uma determinada MS, como controle de
potência, por exemplo;
 Canal de controle de avanço de tempo de pacote do enlace reverso (Packet Timing
advance Control CHannel/Uplink – PTCCH/U) : canal do enlace reverso, usado para
estimar o avanço de tempo de uma MS específica, para transferência de pacotes. Esse
avanço varia com a variação da distância da MS à BTS;
 Canal de controle de avanço de tempo de pacote do enlace direto (Packet Timing
advance Control CHannel/Downlink – PTCCH/D) : leva informações sobre avanço de
tempo, da BTS para várias MSs. Cada PTCCHD/D está, portanto, relacionado a vários
PTCCH/Us.

Note que alguns canais lógicos GPRS possuem a mesma funções de outros canais da rede GSM,
mas adaptados para a transferência de dados por pacotes. A seguir, alguns canais GPRS e os GSM
correspondentes: PRACH e RACH, PPCH e PCH, PAGCH e AGCH, PNCH e NCH, PBCCH e
BCCH. Dependendo da configuração da rede, os canais de controle GPRS podem ser substituídos
pelo seu equivalente GSM.

3.2.5.1 – Mapeamento dos canais lógicos nos canais físicos


Os canais lógicos PDCH são implementados no canal físico através da estrutura de multiquadro,
de 52 quadros.

A estrutura de um multiquadro está representada abaixo, onde os blocos de rádio carregam o canal
lógico. A operadora pode especificar quais canais lógicos serão transportados em cada bloco.

4 – Tecnologia EDGE
A tecnologia EDGE (Enhanced Data Rates for GSM Evolution) caracteriza a geração 2.75G,
posterior à 2G ou à 2.5G. Sua principal função é aumentar a eficiência do sistema GPRS, motivo
pelo qual também é conhecida como GPRS Melhorado (Enhanced General Packet Radio
Services – EGPRS).
As principais diferenças em relação à rede GPRS são :
 Protocolos de acesso à interface Um com novas facilidades;
 Modulação 8-PSK (8-state Phase Shift Keying);
 Novos procedimentos de codificação de canal.

4.1 – Arquitetura EDGE


A rede EDGE é idêntica à GPRS, exceto pela interface aérea. Apenas a MS e a BTS sofrem
mudanças com o sistema EDGE, portanto. Essas mudanças visam suportar, principalmente, a
modulação 8-PSK e os novos tipos de codificação. A interface aérea EDGE suporta as interfaces
GSM e GPRS.

4.2 – Modulação 8-PSK


A tecnologia EDGE utiliza as modulações GMSK, parte da GSM, e 8-PSK. A última é um novo
esquema de modulação que usa 8 símbolos, definidos por 3 bits. A GMSK utiliza 1 bit, podendo
gerar 2 símbolos diferentes. A importância dessa modulação é transmitir dados três vezes mais
rápido que na GMSK, que transmitia a 270,833 kbits/s. A 8-PSK transmite, portanto, a 812,45
kbits/s.

4.3 – Codificação do canal


O sistema EDGE utiliza nove esquemas de codificação do canal de voz. Cinco deles usam a
modulação 8-PSK e os outros, a modulação GMSK. Os diferentes modos de se codificar os canais
são, a verdade, otimizações visando a diminuição de erros e o aumento da taxa de transmissão de
dados.

Com esses esquemas novos, a mesma tecnologia GPRS teve seu desempenho melhorada em larga
escala. A figura abaixo compara alguns parâmetros entre GPRS e EDGE.
4.4 – Principais diferenças entre as tecnologias GSM, GPRS e EDGE
As principais diferenças entre essas fases da segunda geração de celulares está no transporte de
dados e nas taxas de transmissão requeridas por cada um. A figura abaixo compara,
resumidamente, GSM, GPRS e EDGE.

5 – UMTS (Universal Mobile Telecommunication System)


Em 1989, a União Internacional de Telecomunicações (ITU, em inglês) divulgou através de um
documento a visão para os sistemas de celulares futuros, chamados de terceira geração, 3G. Essa
visão chamou-se IMT-2000 (International Mobile Telephony 2000) e, após ser divulgada, deu
início a uma corrida para que fosse projetado um sistema que atingisse às suas necessidades.
Um aspecto interessante do IMT-2000 é a divisão de ambientes para a operação do sistema, de
forma hierárquica. A figura abaixo mostra essa divisão.
O IMT-2000 exigiu uma nova alocação do espectro de frequências.
Diversas propostas foram então desenvolvidas para atender aos requisitos do IMT-2000. As
propostas UTRA (Universal Terrestrial Radio Access) e WCDMA (Wideband CDMA) foram as
selecionadas, junto com a CDMA2000. As propostas UTRA e WCDMA estão unificadas na
mesma especificação, chamada UMTS (Universal Mobile Telecommunications System).

O objetivo era migrar os sistemas de celulares de segunda geração para os de terceira geração. O
sistema GSM tem a evolução natural para UMTS, enquanto o sistema CDMA IS-95 evolui
naturalmente para o CDMA 2000. A figura abaixo mostra a evolução histórica resumida dos
sistemas de celulares.

5.1 – Arquitetura da rede UMTS


A Arquitetura UMTS é formada pelos seguintes elementos :
- Equipamento de usuário – (User Equipment – UE);
- Rede de suporte (Core Network – CN);
- Rede universal de acesso de RF terrestre (Universal Terrestrial Radio Access Network –
UTRAN).

A arquitetura UMTS utiliza a mesma rede de suporte dos sistemas GPRS e EDGE, o que consiste
numa estratégia de migração muito interessante, de fácil implementação.
A principal diferença entre esses sistemas está nos protocolos e interfaces da interface aérea.

5.2 – Arquitetura UTRAN


A arquitetura UTRAN é formada por subsistemas de rede de RF (Radio Network Subsystem –
RNS), conectados à rede de suporte (CN). Essa conexão é feita pela interface Iu.
Os subsistemas RNS integram os canais de RF UMTS à rede. Para implementar isso, existe a rede
de suporte (CN). O subsistema RNS é formado por dois elementos :
 Controlador da rede de RF (Radio Network Controller – RNC) : responsável por
gerenciar recursos de radiofrequência, controlar os nós B, localizar o equipamento de
usuário (EU) e gerenciar a mobilidade do usuário;
 Nó B (Node B) : Conecta a interface aérea com a infra-estrutura celular. É responsável por
controlar os sinais de RF, realizar o espalhamento espectral dos códigos WCDMA,
controlar os canais físicos e mapeá-los na portadora de RF.

O RNC se conecta com a rede de suporte (CN) através da interface Iu, com outro RNC através da
interface Iur e possivelmente com outras BSCs da rede GERAN pela interface Iur-g. A rede
GERAN (GSM EDGE Radio Access Network) é a rede até a geração 2.75, que inclui, portanto,
GSM, GPRS e EDGE.

5.2.1 Interface Iu
Conecta CN e UTRAN. Suas principais funções são :
 Interconectar o subsistema RNS com os pontos de acesso à rede CN dentro de uma PLMN,
independente do fabricantes desses componentes;
 Suportar todos os serviços UMTS;
 Permitir o interfuncionamento com o sistema GSM.

5.2.2 Interface Iur


Permite a troca de informação de sinalização entre RNCs dentro de uma mesma UTRAN. Seus
objetivos são :
 Suportar interconexões de RNCs de diferentes fabricantes;
 Separar as funcionalidades entre redes de RF e de transporte, para que novas tecnologias
possam implementar mudanças nos dois aspectos de forma específica;
 Realizar o interfuncionamento entre as redes UTRAN e GERAN.
Referências
- SVERZUT, J.R. - “Redes GSM, GPRS, EDGE e UMTS – Uma evolução a caminho da terceira
geração (3G)”, Ed Érica, 2005;
- M Rahnema - “Overview of the GSM system and protocol architecture” - Communications
Magazine, IEEE, 1993 - ieeexplore.ieee.org;
- G Brasche, B Walke – “Concepts, services, and protocols of the new GSM phase 2+
generalpacket radio service” - Communications Magazine, IEEE, 1997 - ieeexplore.ieee.org;
- J Cai, DJ Goodman - “General packet radio service in GSM” - Communications Magazine,
IEEE, 1997 - ieeexplore.ieee.org;
- T Ojanpera, R Prasad – “An overview of air interface multiple access for IMT-2000/UMTS” -
Communications Magazine, IEEE, 1998 - ieeexplore.ieee.org;
- http://images.google.com.br.

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