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Faculdade de Engenharia
Departamento de Engenharia Electrotécnica
FICHA 2
4º Ano – 2019
A oportunidade de negócio está longe de estar esgotada, pois basta imaginarmos que cada
cidadão, e não cada casa, pode ser um potencial assinante móvel, incluindo as camadas etárias
mais jovens. Não admira pois que o crescimento do mercado das comunicações móveis tende a
superar qualquer um dos outros mercados das telecomunicações. As comunicações móveis
introduziram diversos conceitos nas telecomunicações, por exemplo, um número de telefone
deixou de estar associado a um local, como acontece com a rede fixa, para estar associado a uma
pessoa, qualquer que seja o local onde esta se encontre.
Não sendo o único, o sistema GSM (sistema utilizado em Moçambique) é pois um exemplo de
sucesso, onde a explosão da oferta e da procura originaram taxas de penetração que não têm
equivalência na história das telecomunicações. Para isso contribuíram diversos factores, dos quais
não está alheio ao facto deste sistema ser resultado de uma concertação de esforços entre várias
entidades.
1.1. Evolução
A tecnologia das Telecomunicações Móveis não é de alguma forma recente, é um conceito com
cerca de 50 anos. Aparelhos montados em veículos já existem à 40 ou 50 anos, na altura sistema
extremamente dispendiosos e portanto em muito baixo número. Foi a partir dos anos 80 que as
telecomunicações móveis começaram a crescer, com a entrada em funcionamento de diversos
sistemas baseados em tecnologias analógicas. Nos anos 90 entraram em funcionamento as
tecnologias digitais, acontecendo então a explosão nesta área que todos conhecemos.
O motivo, é que sem critérios de estandardização surgiram muitos sistemas em que os países
tecnologicamente mais desenvolvidos tentaram fazer singrar os seus próprios sistemas como se
evidencia na tabela 1.1.
A multiplicidade de sistemas levou a que houvesse a tentativa de uniformização universal mas tal
não veio a ser conseguido pois Europa, EUA e Japão quiseram fazer prevalecer os seus
interesses económicos e proteccionistas acima dos interesses universais. A Europa adoptou o
sistema GSM (Sistema Global para Comunicações Móveis) que viria a ser aceite na maioria dos
países; os EUA adoptaram o AMPS (Advanced Mobile Phone System) e o Japão adoptou o
sistema PDC (Personal Digital Cellular).
Para que uma comunicação rádio possa ser feita em ambos os sentidos é necessário utilizar duas
frequências diferentes, uma para emissão, outra para recepção (Figura 1.2 c ). E note-se que
estas frequências têm que ser suficientemente afastadas entre si para que não façam
interferência uma na outra durante a emissão/recepção.
Um canal duplex obriga a dois conjuntos de frequências, um para emissão, outro para recepção.
O canal duplex é portanto formado por dois canais simplex.
Sempre que ligamos um telemóvel para receber ou para fazer uma chamada telefónica, ele
comunica com uma estação base próxima e é a partir dessa estação que o sinal será
reencaminhado para outros telemóveis ou para a rede fixa. Nunca se faz comunicação entre
telemóveis directamente.
O conceito de célula patenteado em 1972 pelos laboratórios Bell (EUA), foi a chave que veio
revolucionar as comunicações móveis. Em vez de utilizar um emissor de alta potência para
cobrir uma área, utilizam-se vários emissores de baixa potência para cobrir a mesma área de
modo a que não interfiram entre si.
Assim, o conceito de células aparece como sendo o de áreas separadas, servidas pelo mesmo
canal rádio. Surge da necessidade de:
Tendo essas limitações de alcance, que tecnicamente poder-se-ia exigir maior potência, no novo
conceito, ao em vez de aumentar a potência de transmissão os sistemas celulares são baseados no
conceito de reutilização: a mesma frequência pode ser reutilizada em diferentes locais, desde
que estes estejam a uma distância mínima entre si (as antenas não são instaladas tão altas).
A Figura 2.4 dá um exemplo da diferença entre o conceito tradicional e o conceito célula. A área
da figura pode ser coberta por uma só estação rádio de alta potência com por exemplo 100
canais.
Se utilizarmos estações de menor potência poderemos então atribuir 25 canais para cada uma
dessas antenas e repetir os canais atribuídos desde que a distância entre estações seja suficiente
para eles não interferirem.
Assim as estações [1 e 7], [2 e 4], [3 e 5] e [6], ao transmitirem 25 canais cada uma totalizarão
175 canais em vez de 100 canais da estação de antena de alta potência. Este conceito celular
permite portanto:
a reutilização de frequências; e
o aumento substancial de capacidade de tráfego dentro da mesma área.
Na sua essência cada uma destas células pode ter o formato que se quiser, mas o formato mais
intuitivo seria o formato circular, tal como indicado na Figura 2.5, porque a antena da célula, se
fosse uma antena do tipo isotrópico, transmitiria por igual em todas as direcções.
Contudo, ao longo de todos estes anos de projectos e ensaios de redes móveis, provou realmente
o formato hexagonal ser o que mais se aproxima da realidade no terreno e por isso é o formato
normalmente adoptado.
Deste modo, a distribuição de frequências pelas diversas células depende do tráfego, mas deve
ter sempre em conta a possível interferência doutra célula com a mesma frequência.
Como pode-se conluir, esta tecnologia poderá resolver os problemas encontrados na 1ª geração
mas em contrapartida será necessário instalar muito mais antenas e equipamentos, aumentando
assim o custo das infraestruturas.
2.1. Cluster
Chama-se cluster ao conjunto das células que utiliza todas as frequências disponíveis pelo
operador, sem que haja repetição de frequências. Assim as células são agrupadas em clusters
conforme a Figura 2.8.
Neste exemplo o tamanho do cluster é de 7 células por isso n=7, mas poderia ser de qualquer
outro valor. Os valores mais utilizados são 3, 4 e 7 (Figura 2.9).
As antenas transmitem para dentro da célula e nas células divididas em sectores, cobrem apenas
uma parte da célula não a célula inteira. Tudo depende da localização da antena em relação à
célula. Outros factores importantes que definem a extensão da área de cobertura de uma antena
na célula são:
O ponto representa a localização das antenas que cobrem as células. As antenas podem estar
localizadas no meio de 3 células (3 sectores), no meio de duas células (2 sectores) ou no centro
da célula.
As ondas se propagam em uma linha recta chamada de linha de visada, a partir da antena. Há
casos onde o usuário não possui visada directa com a antena, devido grandes obstáculos. Essas
áreas sem cobertura são chamadas de área de sombra.
O efeito de sombreamento causado por essas áreas sem coberturas é minimizado pelos prédios
em grandes cidades, devido à capacidade de refração e reflexão das ondas de rádio transmitidas, e
por uma grande quantidade de pequenas células nessas regiões.
Na Figura 2.11 b) mostra-se uma torre com antenas de 3-sectores muito comum nas instalações
que nos rodeiam.
Embora possamos imaginar cada célula como tendo as suas antenas no centro, e a apontarem
em todas as direcções, na prática a célula é o hexágono à tracejado na Figura 2.11 a) e portanto as
antenas estão nos cantos da célula e não no seu centro.
Ao efectuar uma chamada, o telemóvel comunica com a Estação de Base (BTS - Base Station
Transceiver) mais próxima ou com a que tenha sinal mais forte, depois de se efectuar muitos
questionamentos a cerca, como iremos ver futuramente.
FIM.