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16,7 x 24cm 23mm 16,7 x 24cm

Perturbacão de Hiperatividade /

Perturbação de Hiperatividade / DéfIce de atenção


/ DéfIce de atencão Perturbacão
Diagnóstico, Intervenção e Desenvolvimento ao Longo da Vida
de Hiperatividade /
/ DéfIce de atencão
A Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA) é uma perturbação
neurobiológica de natureza multifatorial (e.g., genética, neurológica, neurocog-
nitiva), mas à qual não são alheias variáveis de natureza ambiental, que tanto
podem atuar como fatores de risco ou elementos facilitadores da trajetória desen-
volvimental. Os sintomas, persistentes, de desatenção, hiperatividade e/ou impul-
sividade, que ocorrem nos vários contextos de vida (e.g., casa, escola, trabalho),
definem o padrão comportamental mais comum. Dada a sua heterogeneidade
em termos patofisiológicos, fenotípicos e neurocognitivos, bem como a relação
comórbida com outras Perturbações do Neurodesenvolvimento e Psiquiátricas,
o impacto na qualidade do funcionamento social, académico ou ocupacional
C é individualmente variável.
M
Este livro reúne um conjunto articulado de capítulos que aborda a PHDA ao longo
Y
do desenvolvimento (infância, adolescência e idade adulta), com temas essenciais
CM
como o impacto dos sintomas comportamentais nos vários contextos, a epide-
MY miologia, a base neurobiológica, a avaliação clínica e a terapêutica farmacológica
CY e não farmacológica. Além destes tópicos, é ainda analisada a perspetiva histórica
CMY
e os futuros desenvolvimentos sobre esta Perturbação do Neurodesenvolvimento.
K Dada a especificidade, abrangência e profundidade das temáticas abordadas
sobre a PHDA, esta obra constitui-se como um recurso essencial para os diversos
profissionais da saúde e educação (bem como para os pais de crianças/adoles-
centes e adultos com PHDA), que direta ou indiretamente participam no processo
de sinalização, avaliação e/ou intervenção nesta perturbação.
Diagnóstico,
“Esta obra representa o documento mais completo e abrangente sobre a Perturbação de
Intervenção e
Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA) já organizado em Portugal. [...] Importa ressaltar que
o corpo de autores, formado por especialistas no assunto com larga experiência clínica nas
Desenvolvimento
áreas que abordam nos seus respetivos capítulos, dá o devido respaldo para a qualidade dos
dados apresentados. A obra, apesar da sua densidade, é de leitura fácil, mesmo para aqueles
Coordenação ao Longo da Vida
Marcelino Pereira

que estão a começar a «navegar» no assunto.”


Mário R. Simões
Octávio Moura

In “Prefácio” de Luis Augusto Rohde


Membro do grupo de trabalho do DSM-5 para a PHDA Coordenação
Ex-Presidente da World Federation of ADHD
Editor Associado do Journal of Attention Disorders Octávio Moura
Marcelino Pereira
Mário R. Simões
ISBN 978-989-693-091-2
www.pactor.pt

9 789896 930912
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PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação
Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000-247 LISBOA
Tel: +351 213 511 448
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Copyright © 2020, PACTOR – Edições de Ciências Sociais, Forenses e da Educação


® Marca registada da FCA – Editora de Informática, Lda.
ISBN edição impressa: 978-989-693-091-2
1.ª edição impressa: novembro de 2020

Paginação: Carlos Mendes


Impressão e acabamento: Tipografia Lousanense, Lda. – Lousã
Depósito Legal n.º 475672/20
Capa: José Manuel Reis
Imagem de capa: sobre imagem base de © Jolygon

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Índice

Os Autores.............................................................................................................. XV

Prefácio................................................................................................................... XXIII
Luis Augusto Rohde

Nota Prévia dos Coordenadores........................................................................... XXV

1 PHDA: Do passado ao presente...................................................................... 1


Maria Inês Freitas e Marcelino Pereira

Introdução............................................................................................................ 1
A PHDA no século XVIII........................................................................................ 2
A PHDA no século XIX.......................................................................................... 4
A PHDA no século XX.......................................................................................... 8
O período de 1900 a 1959.............................................................................. 8
As descrições de Still, Tredgold e Rodríguez-Lafora................................... 9
A Perturbação de Comportamento Pós-Encefalítico................................... 10
A Lesão Cerebral Mínima (“Minimal Cerebral Damage”).............................. 11
A Perturbação Hipercinética da Infância ou Perturbação Kramer­‑Pollnow.. 11
O início da terapia farmacológica na PHDA................................................ 12
Síndrome do Impulso Hipercinético............................................................ 13
Surgimento do metilfenidato....................................................................... 13
O período de 1960 a 1969.............................................................................. 14
O conceito de hiperatividade de Chess...................................................... 14
O declínio da Lesão Cerebral Mínima e a alteração para Disfunção
Cerebral Mínima (“Minimal Brain Dysfunction”)............................................ 14
A Reação Hipercinética da Infância............................................................ 15
O período de 1970 a 1979.............................................................................. 16
A teoria da Disfunção Cerebral Mínima de Wender..................................... 16
A teoria de Douglas.................................................................................... 17
© PACTOR

Os fatores ambientais como principal etiologia........................................... 18


Síndrome Hipercinética da Infância – CID-9................................................ 18
VI PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

O período de 1980 a 1989.............................................................................. 19


Perturbação de Défice de Atenção com ou sem Hiperatividade................. 19
Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção................................... 20
O período de 1990 a 1999.............................................................................. 21
Perturbações Hipercinéticas – CID-10........................................................ 21
Perturbação de Hiperatividade com Défice da Atenção.............................. 21
A PHDA no século XXI.......................................................................................... 22
Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção........................................... 22
Definição, características associadas e impacto no funcionamento................. 30
Prevalência, diferenças entre sexo e persistência da PHDA............................. 31
Etiologia da PHDA........................................................................................... 32
Comorbilidades............................................................................................... 34
A PHDA em Portugal............................................................................................ 34
Considerações finais............................................................................................ 35
Referências.......................................................................................................... 36

2 PHDA: Novos desenvolvimentos, problemas e desafios.............................. 43


Arthur Caye, David Coghill, Alessandro Zuddas, Tobias Banaschewski
e Luis Augusto Rohde

Introdução............................................................................................................ 43
Nosologia............................................................................................................. 44
Qual é a idade de início da PHDA?.................................................................. 44
Como melhorar a sensibilidade desenvolvimental dos critérios da infância
até à idade adulta?.......................................................................................... 44
Qual é o peso de cada sintoma para captar o constructo latente da PHDA?... 45
Qual é a evidência para endossar o Tempo Cognitivo Lento como uma
síndrome independente?................................................................................. 45
Como integrar as informações de múltiplos informantes?................................ 46
Quais são as melhores ferramentas de rastreio e diagnóstico para uso na
clínica?............................................................................................................ 47
Existe espaço para o uso de biomarcadores no diagnóstico de PHDA?.......... 47
Epidemiologia....................................................................................................... 48
Trajetórias desenvolvimentais da infância para a idade adulta............................... 49
Etiologia e patofisiologia....................................................................................... 50
Fatores ambientais na génese da PHDA.......................................................... 52
© PACTOR

Relação entre a PHDA e os jogos e a tecnologia.................................................. 52


Índice VII

Otimização dos resultados de tratamento e os modelos de prestação de


cuidados.............................................................................................................. 53
O papel das intervenções farmacológicas....................................................... 53
O papel das intervenções não farmacológicas................................................. 54
Focagem em resultados funcionais................................................................. 55
Especificidades do tratamento da PHDA em diferentes fases da vida................... 55
Prevenção e tratamento em crianças em idade pré-escolar............................ 55
Transição dos serviços de infância e adolescência para os serviços de
adultos............................................................................................................ 56
Medicina personalizada................................................................................... 56
Os big data na pesquisa e prática da PHDA......................................................... 57
Considerações finais............................................................................................ 58
Referências.......................................................................................................... 58

3 Prevalência da PHDA........................................................................................ 65
Octávio Moura, Marcelino Pereira e Mário R. Simões

Introdução............................................................................................................ 65
Prevalência da PHDA a nível mundial.................................................................... 66
Prevalência em Portugal.................................................................................. 68
Prevalência da PHDA em função do sexo............................................................. 69
Prevalência da PHDA em função da idade........................................................... 71
Prevalência da PHDA na família............................................................................ 73
Considerações finais............................................................................................ 75
Referências.......................................................................................................... 75

4 Neuroimagem na PHDA.................................................................................... 81
Daniela Jardim Pereira

Introdução............................................................................................................ 81
Considerações metodológicas............................................................................. 82
Ressonância magnética funcional.................................................................... 82
Imagem por tensor de difusão......................................................................... 83
Estudos morfométricos baseados em imagem ponderada em T1................... 84
Disfunção em rede na PHDA................................................................................ 86
Circuitos frontoestriados e frontoparietal.......................................................... 88
Rede de modo padrão (DMN)......................................................................... 91
© PACTOR

Emoção e sistema límbico............................................................................... 93


Desenvolvimento cerebral e efeito da idade.......................................................... 96
VIII PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

O impacto da terapêutica farmacológica.............................................................. 99


Neuroimagem como neuromarcador e classificador............................................. 104
Potencial terapêutico da neuroimagem................................................................. 107
Considerações finais............................................................................................ 109
Referências.......................................................................................................... 110

5 
Impacto a longo prazo dos Défices de Atenção, Hiperatividade e
Impulsividade..................................................................................................... 119
António Castro Fonseca

Introdução............................................................................................................ 119
A continuidade dos défices de atenção/hiperatividade......................................... 121
Realização vocacional e bem-estar geral.............................................................. 124
Impacto no comportamento antissocial e no crime............................................... 126
Impacto sobre o consumo de drogas................................................................... 129
Outros problemas no domínio da saúde............................................................... 132
Diferenças sexuais................................................................................................ 135
Considerações finais............................................................................................ 137
Referências.......................................................................................................... 140

6 
O papel das entrevistas e das escalas de avaliação de
comportamentos na PHDA............................................................................... 155
Ana Rodrigues e Mariana Neves

Introdução............................................................................................................ 155
Enquadramento.................................................................................................... 156
Entrevistas............................................................................................................ 157
Escalas, questionários e inventários no processo de avaliação da PHDA em
crianças e adolescentes....................................................................................... 163
Objetivos de utilização..................................................................................... 163
Características gerais das escalas................................................................... 164
Aspetos de utilização clínica............................................................................ 165
Os pais como fonte de informação............................................................. 165
Os professores como fonte de informação................................................. 167
O próprio como fonte de informação.......................................................... 168
Acordo/divergência entre fontes de informação.......................................... 168
Vantagens e inconvenientes....................................................................... 170
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Treino e formação...................................................................................... 171


Índice IX

Escalas de comportamento para a avaliação da PHDA na infância e na


adolescência........................................................................................................ 171
The Vanderbilt ADHD Diagnostic Rating Scale................................................. 172
Swanson, Nolan and Pelham Scale (SNAP-IV)................................................. 173
Strengths and Weaknesses of ADHD-Symptoms and Normal­‑Behaviors
Questionnaire (SWAN Rating Scale)................................................................. 174
Conners’ Behaviour Rating Scales (Conners’ 3rd edition)................................ 175
Escala de Avaliação para o Défice de Atenção com Hiperatividade (EDAH)..... 180
Strengths & Difficulties Questionnaires (SDQ).................................................. 182
Nota final......................................................................................................... 186
A avaliação da PHDA nos adultos........................................................................ 186
Entrevistas de avaliação para a PHDA no adulto............................................. 187
Escalas comportamentais para avaliar a PHDA no adulto................................ 189
Escalas de avaliação de sintomas de PHDA............................................... 189
Escalas de avaliação do impacto da PHDA no funcionamento diário.......... 192
Considerações finais............................................................................................ 193
Referências.......................................................................................................... 194

7 Avaliação neuropsicológica na PHDA............................................................. 203


Octávio Moura, Marcelino Pereira e Mário R. Simões

Introdução............................................................................................................ 203
Relação entre alterações neuroestruturais/neurofuncionais e as funções
neurocognitivas.................................................................................................... 204
Perfis intelectuais.................................................................................................. 206
Funcionamento intelectual............................................................................... 207
Perfis intelectuais (Bannatyne, FDI, ACID e SCAD)........................................... 208
General Ability Index........................................................................................ 211
Funções executivas.............................................................................................. 212
Inibição........................................................................................................... 214
Flexibilidade..................................................................................................... 217
Memória de trabalho....................................................................................... 219
Fluência verbal semântica e fonémica............................................................. 221
Planeamento................................................................................................... 224
Escalas de Avaliação do Funcionamento Executivo......................................... 225
Atenção................................................................................................................ 228
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Défices neurocognitivos múltiplos......................................................................... 233


Perfil neurocognitivo em função do tipo de apresentação..................................... 237
X PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

Influência dos estimulantes no desempenho neurocognitivo................................. 241


Testes de validade de desempenho...................................................................... 243
Limitações da avaliação neuropsicológica............................................................ 244
Considerações finais............................................................................................ 246
Referências.......................................................................................................... 247

8 
Défices no funcionamento executivo em crianças em idade pré-escolar
com PHDA.......................................................................................................... 263
Alessandra Gotuzo Seabra, Regina Luísa de Freitas Marino,
Adriana de Fátima Ribeiro e Luiz Renato Rodrigues Carreiro

Introdução............................................................................................................ 263
Funções executivas.............................................................................................. 267
Funções executivas e PHDA................................................................................ 269
Considerações finais............................................................................................ 276
Referências.......................................................................................................... 277

9 Terapêutica farmacológica na PHDA.............................................................. 281


José Boavida, Susana Nogueira e Inês Nunes Vicente

Introdução............................................................................................................ 281
Fármacos psicoestimulantes................................................................................ 282
Mecanismo de ação........................................................................................ 283
Indicações....................................................................................................... 283
Eficácia........................................................................................................... 285
Formulações e posologia................................................................................ 286
Segurança, efeitos secundários a curto e longo prazo e contraindicações...... 288
Fármacos não estimulantes.................................................................................. 292
Atomoxetina.................................................................................................... 292
Mecanismo de ação e metabolismo........................................................... 292
Indicações.................................................................................................. 293
Tratamento................................................................................................. 293
Efeitos secundários.................................................................................... 294
Contraindicações....................................................................................... 295
Alfa 2 agonistas............................................................................................... 295
Mecanismo de ação e metabolismo........................................................... 295
Indicações.................................................................................................. 296
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Efeitos secundários.................................................................................... 297


Contraindicações....................................................................................... 297
Índice XI

Outros fármacos............................................................................................. 297


Risperidona................................................................................................ 298
Antidepressivos tricíclicos........................................................................... 298
Bupropion.................................................................................................. 299
Considerações práticas e medicação em situações particulares........................... 299
Ajuste da medicação a cada indivíduo............................................................. 299
Como saber se uma dose é eficaz?................................................................ 300
A medicação é para toda a vida?.................................................................... 300
PHDA e comportamentos de oposição e agressivos....................................... 301
PHDA e Perturbação da Aprendizagem Específica.......................................... 301
PHDA e ansiedade.......................................................................................... 302
PHDA e depressão.......................................................................................... 303
PHDA e problemas de sono............................................................................ 303
PHDA: Utilização indevida de estimulantes e Perturbação de Abuso de
Substâncias.................................................................................................... 304
PHDA e autismo.............................................................................................. 305
PHDA e tiques................................................................................................. 305
Considerações finais............................................................................................ 306
Referências.......................................................................................................... 307

10 Aplicabilidade do Programa Anos Incríveis para Pais na PHDA em


idade pré-escolar............................................................................................. 313
Andreia Fernandes Azevedo, Maria João Seabra-Santos,
Maria Filomena Gaspar e Tatiana Carvalho Homem

Introdução............................................................................................................ 313
Programa AI Básico para Pais: Um exemplo de intervenção parental................... 315
Programa AI Básico para Pais em Portugal: Experiência de mais de uma
década............................................................................................................ 318
Aplicabilidade do Programa AI Básico para Pais à PHDA em idade pré-escolar... 319
Evidência empírica internacional do AI Básico para Pais na PHDA.................. 319
Os princípios teóricos e a metodologia do AI Básico para Pais aplicam-se
à PHDA?......................................................................................................... 321
Estudo com uma amostra de pais de crianças em idade pré-escolar em risco
de PHDA: Impacto do Programa AI...................................................................... 322
Objetivos......................................................................................................... 322
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Método........................................................................................................... 323
Participantes.............................................................................................. 323
XII PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

Instrumentos.............................................................................................. 323
Procedimentos........................................................................................... 325
Resultados e discussão................................................................................... 327
Eficácia dos AI a curto e a médio prazo nos comportamentos da criança
e das mães................................................................................................ 327
Eficácia do programa de acordo com o nível inicial de dificuldades............ 332
Significado clínico da mudança.................................................................. 333
Adesão ao Programa AI e níveis de satisfação........................................... 334
Conclusões: Contributos, limitações e desafios futuros................................... 335
Implicações para a prática clínica.................................................................... 337
Despistar, avaliar e intervir precocemente nas crianças em risco
de PHDA.................................................................................................... 337
Oferecer o Programa AI ao longo de 14 semanas e com duas sessões
de seguimento........................................................................................... 339
Promover a continuação do apoio.............................................................. 341
Garantir o acesso das famílias de crianças em idade pré-escolar com
sintomas de PHDA a programas de intervenção parental validados e
testados em Portugal................................................................................. 341
Considerações finais............................................................................................ 342
Referências.......................................................................................................... 343

11 Treino de competências parentais na PHDA.................................................. 349


Paulo José Costa e Luís Simões

Introdução............................................................................................................ 349
Pressupostos das intervenções psicológicas e do treino de competências
parentais na PHDA............................................................................................... 350
Considerações gerais sobre programas de treino de competências
parentais......................................................................................................... 352
Questões metodológicas relativas aos benefícios dos programas de treino
de competências parentais............................................................................. 357
Exemplos de programas de treino de competências parentais............................. 358
Programa “Juntos no Desafio”: Programa de promoção de competências
parentais para pais de crianças com PHDA e Perturbações de
Comportamento.............................................................................................. 361
Considerações finais............................................................................................ 364
© PACTOR

Referências.......................................................................................................... 366
Índice XIII

12 Intervenção na PHDA no adulto....................................................................... 373


Ana Machado, Diana Rafaela, Patrícia Regueira e Joaquim Cerejeira

Introdução............................................................................................................ 373
Intervenção psicofarmacológica específica........................................................... 374
Fármacos estimulantes do sistema nervoso central......................................... 376
Fármacos não estimulantes do sistema nervoso central.................................. 378
Polimedicação no tratamento dos sintomas nucleares da PHDA..................... 379
Intervenções não farmacológicas no tratamento da PHDA no adulto.................... 380
Psicoeducação............................................................................................... 381
Terapia cognitivo-comportamental................................................................... 382
Coaching......................................................................................................... 384
Neurofeedback................................................................................................ 385
Treino cognitivo............................................................................................... 386
Terapias baseadas em mindfulness................................................................. 387
Intervenções nutricionais................................................................................. 387
Exercício físico................................................................................................. 388
Abordagem terapêutica na presença de comorbilidades psiquiátricas.................. 389
Perturbações do Humor.................................................................................. 390
Perturbação Bipolar................................................................................... 390
Perturbações Depressivas.......................................................................... 392
Perturbações de Ansiedade....................................................................... 393
Perturbações de Neurodesenvolvimento.................................................... 394
Perturbações da Personalidade................................................................. 395
Perturbações por Uso de Substâncias....................................................... 396
Perturbações do Comportamento Alimentar.............................................. 397
Perturbações do Sono-vigília...................................................................... 398
Considerações finais............................................................................................ 399
Referências.......................................................................................................... 400

Índice Remissivo.................................................................................................... 405


© PACTOR
Os Autores

COORDENADORES E AUTORES

Octávio Moura
Psicólogo (Especialista Avançado em Neuropsicologia e Especialista Avançado em Ne-
cessidades Educativas Especiais, especialidades reconhecidas pelos Colégios de Espe-
cialidade da Ordem dos Psicólogos). Doutorado em Neuropsicologia pela Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC). Mestre
em Consulta Psicológica Familiar pela FPCE da Universidade do Porto. Investigador Dou-
torado Integrado do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-
-Comportamental (CINEICC) da FPCEUC no grupo de investigação Neuropsychological
Assessment and Ageing Processes. Membro do Laboratório de Avaliação Psicológica e
Psicometria da FPCEUC. Membro da rede de investigação European Literacy Network.
É autor/coautor e revisor de diversas publicações científicas em revistas nacionais e inter-
nacionais nas áreas da Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção, Dislexia, Per-
turbações do Neurodesenvolvimento, avaliação neuropsicológica, entre outras. A nível
clínico, trabalha em consulta de avaliação e intervenção psicológica de crianças e jovens.

Marcelino Pereira
Psicólogo e Professor Associado da FPCEUC. Doutorado em Psicologia da Reabilitação.
Integra a equipa do Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria da FPCEUC. Mem-
bro integrado do CINEICC da FPCEUC, no grupo de investigação Neuropsychological
Assessment and Ageing Processes. Os seus interesses de investigação e docência cen-
tram-se nas áreas da psicologia da reabilitação, educação inclusiva/especial, Perturba-
ções do Neurodesenvolvimento, avaliação psicológica e neuropsicológica. Os estudos
longitudinais, os perfis neuropsicológicos e os marcadores precoces do desenvolvi-
mento atípico são as temáticas que mais tem investigado.
© PACTOR
XVI PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

Mário R. Simões
Psicólogo. Doutorado em Avaliação Psicológica e Professor Catedrático da FPCEUC.
Coordenador do Programa de Doutoramento em Neuropsicologia da FPCEUC e do grupo
de investigação Neuropsychological Assessment and Ageing Processes do CINEICC da
FPCEUC. Diretor do Laboratório de Avaliação Psicológica e Psicometria da FPCEUC.
Investigador Responsável por projetos de investigação com financiamento externo (Fun-
dação para a Ciência e a Tecnologia – FCT, Fundação Calouste Gulbenkian – FCG, Bial)
envolvendo a adaptação, desenvolvimento e validação de testes (neuro)psicológicos para
a população portuguesa. É autor/coautor de publicações nacionais e internacionais nos
domínios da adaptação/validação de instrumentos de avaliação (neuro)psicológica e dos
relatórios psicológicos.

PREFACIADOR E AUTOR

Luis Augusto Rohde


Professor Titular de Psiquiatria – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Brasil. Professor da Pós-Graduação em Psiquiatria – Universidade de São Paulo (USP),
Brasil. Coordenador-geral do Programa de Transtorno do Défice de Atenção/Hiperati-
vidade (TDAH) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Brasil. Ex-Presidente da World
Federation of ADHD. Vice-Coordenador do Instituto Nacional de Psiquiatria do Desen-
volvimento para a Infância e Adolescência. Pesquisador nível 1A do Conselho Nacional
de Pesquisa (CNPq), Brasil. Editor Associado do Journal of Attention Disorders. Membro
do grupo de trabalho do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais
(DSM-5; American Psychiatric Association, 2013) para a Perturbação de Hiperatividade/
/Défice de Atenção (PHDA) e Perturbações Disruptivas do Comportamento.

AUTORES

Adriana de Fátima Ribeiro


Psicóloga. Doutorada e Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Distúrbios do De-
senvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). Formação em Transtorno
do Impulso pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina da USP. Certifi-
cada no Teste HumanGuide pelo Conselho Federal de Psicologia (CRP). Experiência em
Psicologia Clínica, especialmente na área de avaliação cognitiva com ênfase em proces-
© PACTOR

sos cognitivos e atencionais, atuando principalmente nas seguintes áreas: atenção e per-
ceção, aspetos cognitivos do desenvolvimento e suas alterações presentes na PHDA e
Os Autores XVII

noutras Perturbações do Neurodesenvolvimento. Tem experiência em avaliação e orien-


tação vocacional e profissional.

Alessandra Gotuzo Seabra


Psicóloga. Pós-doutorada, Doutorada e Mestre em Psicologia Experimental pela USP.
Professora e Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desen-
volvimento da UPM, São Paulo, Brasil. Bolsista de Produtividade 1B do CNPq. Editora
Associada da revista Psicologia: Teoria e Prática e Coordenadora do Grupo de Neurop-
sicologia Infantil. Vice-Presidente do Instituto Brasileiro de Neuropsicologia e Comporta-
mento (IBNeC) e membro do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro de Avaliação
Psicológica (IBAP). Membro da Rede Ciência para a Educação (CpE). Autora de diversos
artigos, livros e capítulos de livros sobre neuropsicologia, funções executivas, leitura, es-
crita e problemas de aprendizagem.

Alessandro Zuddas
Professor Titular de Neuropsiquiatria Infantil, Universidade de Cagliari, Itália. Diretor da
Clínica de Neuropsiquiatria da Criança e do Adolescente, Hospital Pediátrico Microcite-
mico, Itália.

Ana Machado
Assistente Hospitalar de Psiquiatria. Hospital Magalhães Lemos.

Ana Rodrigues
Professora Auxiliar na Faculdade de Motricidade Humana na Licenciatura e Mestrado
em Reabilitação Psicomotora. Doutorada em Educação, Mestre em Educação Especial
e Coordenadora da Pós-graduação Educação Especial – Domínio Cognitivo e Motor. Le-
ciona na unidade curricular de Áreas de Aplicação da Psicologia Educacional, do 4.º ano
do Mestrado Integrado em Psicologia (UL). Formadora no Curso de Especialização Avan-
çada Pós-Universitária em Psicoterapia Cognitivo-Comportamental na Infância e Adoles-
cência. Frequência do 5.º ano de Psicologia Clínica, na área cognitivo-comportamental.
Exerceu até 2020 atividade clínica em educação especial e reabilitação e intervenção
psicomotora no PIN – Progresso Infantil. Membro fundador da Sociedade Portuguesa de
Défice de Atenção. Coautora do livro: Mais forte do que eu! – Hiperactividade e défice de
atenção: Causas, consequências e soluções.

Andreia Fernandes Azevedo


Psicóloga. Doutorada em Psicologia, na área Clínica, pela FPCEUC. Investigadora no
CINEICC da FPCEUC, integra a Equipa de Investigação do Projeto Anos Incríveis da
© PACTOR

FPCEUC, tendo estado envolvida em vários projetos financiados (FCT, EEA Grants, Aca-
demias da Gulbenkian, Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das
XVIII PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

Criança e Jovens – CNPDPCJ), no âmbito da promoção da saúde mental infantil, da pa-


rentalidade positiva e do sucesso escolar. Mentora, Supervisora e Líder certificada no Pro-
grama Anos Incríveis para Pais. Psicóloga Clínica com crianças e famílias no Psikontacto
em Coimbra e Cofundadora da Associação de Solidariedade Social Pais como Nós. Os
seus atuais interesses de investigação, além dos programas baseados em evidências para
pais e educadores/professores de crianças em idade pré-escolar com e sem problemas
de comportamento, centram-se no estudo e intervenção na PHDA em idades precoces.

António Castro Fonseca


Professor Catedrático da FPCEUC. A sua formação académica inclui um Doutoramento
em Psicologia pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade de Londres (atualmente inte-
grado no King´s College) e uma Licenciatura também em Psicologia pela Universidade
de Genebra. Os seus trabalhos de investigação têm incidido sobre o desenvolvimento
normal e desviante de crianças e jovens.

Arthur Caye
Médico Psiquiatra pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Brasil. Doutorado em Psi-
quiatria pelo Programa Tripartite – Programas de Pós-Graduação da UFRGS, USP e Uni-
versidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Editor Associado do BMC Psychiatry.

Daniela Jardim Pereira


Médica Especialista em Neurorradiologia no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
(CHUC), tendo feito a sua diferenciação em técnicas avançadas de ressonância magné-
tica com particular ênfase à sua aplicação em neuro-oncologia e epilepsia. Doutoranda
da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), estando a investigar
a implementação do neurofeedback baseado em ressonância magnética funcional no
treino das funções executivas. Participa como coinvestigadora em vários projetos de
neuroimagem, particularmente nas áreas do neurodesenvolvimento, doenças do movi-
mento e neuroftalmologia.

David Coghill
Professor de Pediatria e Psiquiatria da Universidade de Melbourne, Austrália. Diretor Ho-
norário do Murdoch Children’s Research Institute, Austrália.

Diana Rafaela
Assistente Hospitalar de Psiquiatria. Centro Hospitalar do Baixo Vouga.

Inês Nunes Vicente


© PACTOR

Pediatra. Dedica-se à área da Pediatria do Neurodesenvolvimento, encontrando-se a


cumprir o Ciclo de Estudos Especiais em Pediatria do Neurodesenvolvimento. Exerce
Os Autores XIX

funções no Centro de Desenvolvimento da Criança do Hospital Pediátrico de Coimbra,


CHUC. Integra a equipa multidisciplinar da Consulta de PHDA deste centro. É ainda
responsável, no âmbito da Consulta de Risco Biológico, pelo seguimento do grande/ex-
tremo prematuro e das crianças com encefalopatia hipóxico-isquémica neonatal mode-
rada a grave. É membro da Direção da Sociedade de Pediatria do Neurodesenvolvimento
da Sociedade Portuguesa de Pediatria.

Joaquim Cerejeira
Professor Auxiliar de Psiquiatria, Assistente Hospitalar de Psiquiatria. FMUC. Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade da Beira Interior. CHUC. Coimbra Institute for Clini-
cal and Biomedical Research.

José Boavida
Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra. Pediatra do Neurodesenvolvi-
mento no Centro de Desenvolvimento da Criança (CDC) do Hospital Pediátrico, CHUC.
Formação no University Affiliated Cincinnati Center for Developmental Disabilities. Coor-
denador e responsável da Consulta de PHDA do CDC. Organizador do maior evento
nacional de PHDA, desde 2009 até 2017, Simpósio Nacional de PHDA e a partir de
2018, Congresso Nacional de PHDA. Fundador e Presidente da Direção da Sociedade
Portuguesa de Défice de Atenção (SPDA). Membro da World Federation of ADHD e da
Canadian Attention Deficit Resource Alliance (CADDRA). Fundador da Associação Nacio-
nal de Intervenção Precoce (ANIP), da qual foi Presidente. Membro da Eurlyaid e membro
fundador da European Association of Early Intervention. Comissário Nacional do Ministé-
rio da Saúde do Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI).

Luís Simões
Psicólogo dos Serviços de Psicologia e Orientação do Ministério da Educação, presente-
mente a exercer funções no Agrupamento de Escolas da Batalha. Especialista em Psico-
logia da Educação, com diplomas de Especialidade Avançada em Psicologia Vocacional
e do Desenvolvimento da Carreira e em Necessidades Educativas Especiais, atribuídos
pela Ordem dos Psicólogos. Mestre em Psicologia, na área de especialização em Mo-
tivação e Aprendizagem pela FPCEUP. Exerceu atividade docente no Ensino Superior
Privado e no Ensino Superior Politécnico. Coautor de artigos científicos publicados em
revistas nacionais nas áreas da motivação, aprendizagem, sobredotação e Perturbações
do Neurodesenvolvimento.

Luiz Renato Rodrigues Carreiro


Psicólogo pela Universidade Federal Fluminense. Doutorado e Mestre em Ciências (Fi-
© PACTOR

siologia Humana) pela USP, Brasil. Professor Adjunto I do Programa de Pós-graduação


stricto sensu em Distúrbios do Desenvolvimento da UPM, Brasil, onde foi coordenador.
XX PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 1D. Tem experiência na área de


Psicologia, especialmente na área da Neuropsicologia, com ênfase em processos cog-
nitivos e atencionais, atuando principalmente nos seguintes temas: atenção e perceção,
tempo de reação, aspetos cognitivos do desenvolvimento e suas alterações presentes na
PHDA, em outras Perturbações do Neurodesenvolvimento e síndromes genéticas.

Maria Filomena Gaspar


Professora Associada da FPCEUC. Doutorada em Psicologia da Educação pela FPCEUC,
em colaboração com o Departamento de Psicologia Experimental de Oxford, Mestre
em Psicologia da Educação e Licenciada em Psicologia pela FPCEUC. Investigadora
do Centro de Estudos Sociais (CES-UC) e do Laboratório Colaborativo “ProChild CoLab
Contra a Pobreza e a Exclusão Social”. Investigadora responsável pelo projeto da FCT
“Prevention/early intervention behavioral disorders: Effectiveness of parental and school
programs”. Investigadora no projeto “Anos Incríveis para a Promoção da Saúde Mental”
(EEA Grants PT06 – 51SM04). Peer coach e mentora do Programa Anos Incríveis Básico
para Pais, líder certificada e mentora em formação do Programa Anos Incríveis para Edu-
cadores e Professores (TCM). Coordenadora da metodologia de referência Anos Incríveis
para Educadores e Professores do Programa Academias do Conhecimento da FCG.

Maria Inês Freitas


Mestre em Psicologia da Educação, Desenvolvimento e Aconselhamento pela FPCEUC.
Os seus interesses centram-se na Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção,
crianças com características de sobredotação e talento, Perturbação da Aprendizagem
Específica e outras dificuldades de aprendizagem, Perturbações Disruptivas do Compor-
tamento, Perturbações do Neurodesenvolvimento e avaliação e intervenção neuropsico-
lógica.

Maria João Seabra-Santos


Psicóloga, Professora Associada da FPCEUC. Doutorada em Avaliação Psicológica pela
FPCEUC. Mentora certificada do Programa Anos Incríveis Básico para Pais. Integrou a
equipa de investigação de três projetos financiados pela FCT, incluindo as aferições e va-
lidações portuguesas das escalas de inteligência de Wechsler (WPPSI-R e WISC-III) e da
Bateria de Avaliação Neuropsicológica de Coimbra, e um estudo de eficácia de progra-
mas da série Anos Incríveis (Early prevention/intervention in disruptive behavior disorders:
Efficacy of parents and teachers programmes). Assegurou a coordenação científica do
projeto Anos Incríveis para a promoção da saúde mental, financiado por EEA Grants.
Membro integrado do CINEICC da FPCEUC e investigadora do Laboratório Colaborativo
© PACTOR

“ProChild CoLab Contra a Pobreza e a Exclusão Social”. Os seus atuais interesses de


investigação centram-se nas intervenções (familiares) em crianças em idade pré-escolar
Os Autores XXI

com ou sem problemas de comportamento e na adaptação e validação de instrumentos


de avaliação psicológica para crianças em idade pré-escolar.

Mariana Neves
Psicóloga Clínica. Mestrado Integrado em Psicologia Clínica e da Saúde (Intervenções
Cognitivo-Comportamentais em Perturbações Psicológicas e Saúde) pela FPCEUC. Es-
pecialista em Psicologia Clínica e da Saúde pelo Colégio de Especialidade de Psicolo-
gia Clínica e da Saúde da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Pertence à equipa do
PIN – em todas as fases da vida, integrando a Consulta do Adulto com Perturbação de
Hiperatividade e Défice de Atenção e o Núcleo do Défice de Atenção, Perturbações do
Comportamento e Humor. Autora e coautora de publicações científicas em revistas inter-
nacionais na área da avaliação neuropsicológica e comunicação em saúde.

Patrícia Regueira
Médica Interna de Psiquiatria. CHUC. Coimbra Institute for Clinical and Biomedical Re-
search.

Paulo José Costa


Assistente de Psicologia do Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria. Especia-
lista em Psicologia Clínica e da Saúde pelo Colégio de Especialidade de Psicologia Clínica
e da Saúde da Ordem dos Psicólogos. Pós-Graduado em Psicologia Clínica e da Saúde
e licenciado em Psicologia Educacional pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada
(ISPA). Frequentou o Mestrado e o Doutoramento em Psicologia – Área de Especialização
em Avaliação Psicológica na FPCEUC. Exerceu atividade docente no Ensino Superior
Privado e Politécnico. International Affiliate APA – Membership #9428-8426. Exerce Con-
sulta Psicológica com crianças e adolescentes em prática clínica privada. Autor, coautor
e organizador de diversas publicações no domínio da Psicologia (Atas de Congressos e
Artigos Científicos publicados em Portugal e no estrangeiro). Coautor do manual Juntos
no Desafio: Guia para a Promoção de Competências Parentais.

Regina Luísa de Freitas Marino


Psicóloga. Doutorada e Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do
Desenvolvimento da UPM, Brasil. Especialista em Neuropsicologia pelo Conselho Fe-
deral de Psicologia com atuação certificada pela Sociedade Brasileira de Neuropsico-
logia, na qualidade de Clínico Pesquisador Nível 2. Exerce prática clínica, com terapia
analítico-comportamental e com avaliação e reabilitação neuropsicológica de crianças
e adolescentes. Foi investigadora no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da
Pearson Clinical Assessment – Brasil, onde realizou a revisão técnica de testes psicológi-
© PACTOR

cos, sendo um deles o WISC-IV. Foi Gestora de Projetos direcionados para a Educação
no Instituto Ayrton Senna, participando em projetos direcionados para a avaliação e o
XXII PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

desenvolvimento de competências socioemocionais em crianças e professores. Tem ex-


periência em docência na Graduação e Pós-Graduação de Psicologia e Neuropsicologia,
respetivamente.

Susana Nogueira
Pediatra do Neurodesenvolvimento no Centro de Desenvolvimento da Criança (CDC)
do Hospital Pediátrico, CHUC. Licenciada em Medicina pela Universidade de Coim-
bra. Formação no Clinical Center for the Study of Development and Learning do Child
Development Research Institute, University of North Carolina. Coordenadora e responsá-
vel da Consulta de Trissomia 21 do CDC, integra ainda a Consulta de PHDA deste centro,
dado o interesse preferencial por este tema. Sócia fundadora da Sociedade Portuguesa
de Défice de Atenção (SPDA). Foi membro da Direção da Sociedade de Pediatria do Neu-
rodesenvolvimento da Sociedade Portuguesa de Pediatria. Membro da Equipa de Coor-
denação Distrital do Projeto Integrado de Intervenção Precoce (PIIP) em representação
dos Hospitais e representante da Saúde no Núcleo de Supervisão Técnica do Sistema
Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI). Representante do Comité Científico
da revista Saúde Infantil na área do neurodesenvolvimento. Tutora de Saúde Infantil do
6.º ano Médico. Vogal dos Corpos Fiscais e Presidente da Assembleia-geral da Associa-
ção Nacional de Intervenção Precoce (ANIP).

Tatiana Carvalho Homem


Psicóloga Clínica. Doutorada em Psicologia, na área Clínica, Mestre e Licenciada em
Psicologia Clínica Cognitivo-Comportamental pela FPCEUC. Investigadora no CINEICC
da FPCEUC. Faz parte da Equipa de Investigação do Projeto Anos Incríveis da FPCEUC,
tendo estado envolvida em vários projetos financiados, no âmbito da promoção da saúde
mental infantil, promoção da parentalidade positiva e promoção do sucesso escolar.
Mentora no programa de intervenção parental Anos Incríveis para Pais, supervisora e
dinamizadora do mesmo programa e líder do Programa Anos Incríveis para Educadores
e Professores. Exerce Psicologia Clínica com crianças, jovens e famílias no Psikontacto,
em Coimbra. Cofundadora da Associação de Solidariedade Social Pais como Nós, cujo
objetivo é promover e implementar programas de intervenção parental.

Tobias Banaschewski
Professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Faculdade de Medicina de
Mannheim, Universidade de Heidelberg, Alemanha. Diretor Médico do Departamento
de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Instituto Central de Saúde Mental de
Mannheim, Alemanha.
© PACTOR
1
PHDA: Do passado ao presente
Maria Inês Freitas e Marcelino Pereira

INTRODUÇÃO

Atualmente, a Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção


(PHDA) é caracterizada por alterações significativas ao nível da impul-
sividade, hiperatividade e/ou atenção, assim como por outras carac-
terísticas associadas (dificuldades nas funções executivas, atenção,
memória de trabalho, linguagem e controlo motor). Pode ser considerada
uma das Perturbações do Neurodesenvolvimento mais frequentes em
idade escolar e das mais investigadas. Mas será esta perturbação um
problema recente de neurodesenvolvimento? Ou apenas o resultado da
complexidade e sobre-estimulação que parece marcar o mundo atual?
Ou ainda, a consequência de uma educação desajustada, marcada pela
falta de disponibilidade ou de imposição de regras pelos cuidadores?
Serão as crianças de hoje mais preguiçosas, mais “cabeça na lua” ou
com mais “bicho-carpinteiro” do que as de gerações anteriores? Estas
são algumas das questões e dúvidas que se deseja esclarecer no pre-
sente capítulo. Para tal, iremos “embarcar numa viagem de mais de 200
anos”. Um trajeto marcado por importantes descobertas e alterações,
que contribuíram para a história da PHDA e para o seu reconhecimento
enquanto entidade clínica. Deste modo, serão inicialmente definidas, de
forma sucinta, as três características nucleares da PHDA (hiperatividade,
impulsividade e desatenção), enquanto nas secções subsequentes será
© PACTOR

realizada uma descrição histórica da perturbação e explorados diversos


conceitos e diversas características que lhe são inerentes.
2 PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

Embora se reconheça que, ao longo do tempo, as manifestações


representativas de cada característica nuclear da peturbação possam
não ser constantes, considera-se pertinente abordá-las, de um modo
geral, para uma melhor compreensão de toda a informação apresentada.
Assim, os comportamentos de hiperatividade incluem, por exemplo, uma
atividade motora, agitação (“estar ligado a um motor”) ou loquacidade
excessivas e inapropriadas para o contexto em que a criança se encon-
tra (e.g., sala de aula, restaurante, igreja), assim como dificuldades em
dedicar-se a atividades de forma calma (American Psychiatric Associa-
tion, 2014; Cordinhã & Boavida, 2008). Por impulsividade, refere-se, por
exemplo, uma execução de ações ou tomada de decisões sem ponde-
rar ou prever as suas consequências (e que podem chegar a prejudicar
e/ou a colocar em perigo a sua integridade física), um desejo de grati-
ficação imediata, dificuldades em esperar pela sua vez ou em respeitar
as regras (American Psychiatric Association, 2014). Por desatenção, re-
porta-se, nomeadamente, a dificuldade em manter a concentração, os
momentos em que parece não estar a escutar (“estar na lua”), a falta de
persistência, a relutância em se envolver em tarefas que exigem a manu-
tenção do esforço mental, os défices de organização e de planeamento,
as dificuldades em terminar trabalhos, o ritmo de trabalho inconstante
e/ou a distração fácil com estímulos irrelevantes (American Psychiatric
Association, 2014).

A PHDA NO SÉCULO XVIII

A nossa viagem inicia-se aproximadamente em 1775, com o médico alemão Melchior


Adam Weikard (1742-1803). Weikard publica um livro intitulado Der philosophische arzt
(“O médico filosófico”, 1775), no qual defende o papel de fatores médicos e fisiológicos
na origem das Perturbações Emocionais e Comportamentais, em detrimento de ideias
mais predominantes à época (como a astrologia e a bruxaria), uma posição considerada
revolucionária (Barkley & Peters, 2012; McGough, 2014). A relevância deste trabalho para
a história da PHDA prende-se, principalmente, com o capítulo referente à atenção in-
constante (“Mangel der Aufmerksamkeit, Attentio Volubilis”), no qual Weikard menciona a
existência de indivíduos “imprudentes, descuidados, volúveis”, mencionando que:

“[…] uma pessoa desatenta tem de se concentrar no seu tópico por um período
© PACTOR

de tempo maior e de modo mais insistente que outras […]. Cada mosca zumbindo,
cada sombra, cada som, a memória de histórias antigas desviam-na da sua tarefa
PHDA: Do passado ao presente 3

para outras imaginações. Até mesmo a sua imaginação, se e quando é abundante, a


entretém com mil assuntos menores […]. Estas pessoas só ouvem metade de tudo;
elas memorizam ou informam apenas metade ou fazem-no de maneira confusa”.
(Weikard, 1775, cit. por Barkley & Peters, 2012, p. 627)

As diferenças ao nível da atenção, observadas entre indivíduos, seriam, segundo


Weikard, resultado da educação e do impacto neurológico que esta teria (Barkley & Peters,
2012). Deste modo, uma desregulação das fibras nervosas, causada pelo excesso ou
pela insuficiência de estimulação, teria um impacto significativo nas crianças, a nível da
atenção e da sua estabilidade (McGough, 2014). Para Weikard, estas dificuldades de
atenção teriam uma prevalência superior entre os mais jovens e entre os indivíduos do
sexo feminino, sendo também observadas com maior frequência nos indivíduos da sua
geração, comparativamente com os das gerações anteriores (Barkley & Peters, 2012).
O médico alemão apresenta ainda um conjunto de indicações para o tratamento destes
problemas, entre os quais banhos frios, extratos de plantas, águas minerais, equitação,
frequência de ambientes sem distratores e, em casos mais graves, o completo isolamento
(Barkley & Peters, 2012). As descrições de Weikard são consideradas, atualmente, as
referências clínicas mais antigas da PHDA (Barkley & Peters, 2012). Antes do reconheci-
mento das observações de Weikard, as primeiras referências à PHDA tendiam a ser atri-
buídas a Sir Alexander Crichton (1763-1856), um médico escocês, devido às descrições
encontradas na sua extensa obra publicada em 1798 (Palmer & Finger, 2001). A obra
intitulada An inquiry into the nature and origin of mental derangement: Comprehending
a concise system of the physiology and pathology of the human mind and a history of
the passions and their effects, integra um capítulo sobre a atenção, competência que
Crichton (1798) define como:

“[…] quando qualquer objeto externo ou do pensamento, ocupa a mente de


tal modo que a pessoa não recebe uma clara perceção de qualquer outro […]. O
princípio que é ativado na mente pela perceção ou pensamento é, comummente,
chamado a capacidade da atenção”.
(Crichton, 1798, p. 254)

Neste capítulo, Crichton (1798) reporta a existência de uma perturbação caracteri-


zada por níveis incomuns de desatenção, distraibilidade e reatividade emocional, apon-
tando que:

“[…] nesta doença da atenção, se se pode chamar assim, qualquer impressão


parece agitar a pessoa e dar-lhe um grau anormal de inquietação mental. Pessoas
a andar para trás e para a frente numa sala, um leve ruído, o movimento de uma
© PACTOR

mesa, o fechar de uma porta de repente, […] um ligeiro excesso de calor ou frio,
muita luz ou pouca luz, tudo destrói a manutenção da atenção em tais pacientes, na
4 PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

medida em que são facilmente excitados por cada impressão. Quando as pessoas
são afetadas desta forma, o que o são muito frequentemente, têm um determinado
nome para o estado dos seus nervos, que é bem expressivo dos seus sentimentos.
Dizem que têm bichos-carpinteiros”.
(Crichton, 1798, p. 272)

As alterações atencionais, segundo Crichton (1798), não são necessariamente pato-


lógicas, dado que esta competência pode variar entre indivíduos e, inclusive, no próprio
indivíduo, tendo em conta a influência de diferentes variáveis (e.g., idade, motivação, edu-
cação e fadiga). No entanto, podem ser observadas alterações atencionais mórbidas,
como a incapacidade de sustentar a atenção a posicionar-se, de modo constante, fora do
intervalo considerado normativo (Palmer & Finger, 2001). De acordo com Crichton (1798,
p. 270), estas dificuldades patológicas poderiam ser de dois tipos, nomeadamente:

Uma diminuição mórbida do “poder ou energia” da atenção;


Uma “incapacidade de prestar atenção a qualquer objeto com um grau necessário
de constância”.

É reconhecida uma multiplicidade de causas para tal (e.g., lesões cerebrais, epilepsia,
dieta empobrecida), sendo, no entanto, enfatizada a sua origem neurobiológica, com
a ocorrência de modificações ao nível da “sensibilidade dos nervos” (Crichton, 1798,
p. 271). Deste modo, o médico refere que a sintomatologia observada pode ser inata
ou adquirida posteriormente, tendendo a diminuir com a idade. Quando surge em fases
precoces do desenvolvimento, poderá levar a efeitos nocivos, inclusive a um impacto no
desempenho escolar, o que, para Crichton, reforça a necessidade de uma intervenção
especial na educação (Lange, Reichl, Lange, Tucha, & Tucha, 2010; Palmer & Finger,
2001). O segundo tipo, apresentado por Crichton, com as referências à distraibilidade e
às dificuldades, ao nível do foco e da manutenção da atenção, parece ser consistente
com a sintomatologia característica da PHDA, em particular, com a desatenção (Barkley,
2008; Barkley, 2015; Lange et al., 2010; Palmer & Finger, 2001).
Tanto as descrições de Weikard (1775) como as de Crichton (1798) parecem refletir
mais os sintomas de desatenção que caracterizam a PHDA, não referindo, de modo ex-
presso, a hiperatividade e a impulsividade.

A PHDA NO SÉCULO XIX


© PACTOR

No século XIX, as descrições realizadas por médicos dos Estados Unidos da América
(EUA), da Alemanha, de França ou da Grã-Bretanha, como John Haslam, Benjamin Rush,
PHDA: Novos desenvolvimentos,
2
problemas e desafios
Arthur Caye, David Coghill, Alessandro Zuddas, Tobias Banaschewski
e Luis Augusto Rohde

INTRODUÇÃO

Apesar dos rápidos avanços científicos já alcançados em pesquisas


sobre a Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA), per-
sistem diversas áreas de incerteza que desafiam clínicos e investigadores.
Algumas dessas áreas incluem questões de diagnóstico e epidemiologia,
curso e prognóstico, fatores genéticos e neurobiológicos e modalidades
terapêuticas. Este capítulo procede a uma revisão de alguns pontos es-
senciais que permanecem por esclarecer, dados relativos às últimas pes-
quisas na área e possíveis sugestões para futuras investigações. Tendo
em vista a natureza desta problemática e os limites editoriais, esclarece-
mos que os autores não têm a intenção de cobrir todos os tópicos pos-
síveis ou explorar cada assunto exaustivamente, mas fornecer uma visão
ampla de novas frentes na pesquisa da PHDA no mundo, de acordo
com os conhecimentos dos autores. Assim, este trabalho representa as
opiniões e os vieses dos autores e não corresponde a uma revisão siste-
mática da literatura.
© PACTOR
44 PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

NOSOLOGIA

Qual é a idade de início da PHDA?

Tradicionalmente, a PHDA é descrita e diagnosticada como uma perturbação com


início obrigatório na infância. Desta forma, presume-se que todos os adultos com PHDA
desenvolveram necessariamente os sintomas muitos anos antes, sendo a PHDA o re-
sultado de uma persistência desses sintomas. De facto, os manuais de diagnóstico
requerem que o clínico verifique a presença de sintomas na infância para validar o diag-
nóstico na idade adulta. Porém, estudos recentes desafiam este consenso, sugerindo
que a PHDA se pode desenvolver mais tarde, ao mostrar que a maioria dos adultos com
diagnóstico de PHDA não possuía o diagnóstico na infância, quando avaliados pros-
petivamente (Agnew-Blais et al., 2016; Caye, Rocha, et al., 2016; Moffitt et al., 2015).
Estas descobertas foram replicadas em diversos estudos populacionais e longitudinais.
Contudo, estes estudos geraram críticas e hipóteses alternativas para explicar as desco-
bertas (Faraone & Biederman, 2016). Por exemplo, é possível que a discrepância entre
os diagnósticos seja causada pelo recurso a diferentes informantes nos dois pontos no
tempo (relato dos pais na infância e autorrelato na idade adulta) (Caye, Sibley, Swanson,
& Rohde, 2017). Outros estudos recentes levantam a possibilidade de que os casos de
início tardio não sejam neurotípicos na infância, apresentando outros tipos de psicopa-
tologia. Ainda assim, estas descobertas têm o potencial de transformar o entendimento
tradicional da PHDA, como uma Perturbação do Neurodesenvolvimento, com início na
infância, numa perturbação complexa determinada pela interação entre múltiplos genes
e fatores ambientais que mudam ao longo do tempo, alterando a expressão do fenótipo,
lembrando outras doenças crónicas, como a hipertensão ou a diabetes mellitus.

Como melhorar a sensibilidade desenvolvimental dos


critérios da infância até à idade adulta?

Até ao aparecimento do DSM-IV, as descrições de sintomas da síndrome da PHDA


eram focadas num contexto de infância, em especial, na idade escolar. Assim, uma das
transformações almejadas pelo DSM-5, foi adaptar os 18 sintomas, para abranger outras
faixas etárias. De facto, as adaptações de descrições de sintomas e pontos de corte
introduzidas no DSM-5 proporcionaram avanços, no sentido de ter em consideração
mudanças na apresentação da PHDA em diferentes idades. Contudo, estas adaptações
não foram baseadas em descobertas empíricas.
© PACTOR

Continua a não ser evidente qual é a melhor forma de definir os pontos de corte dos
sintomas e do prejuízo e como estes mudam ao longo do desenvolvimento. Faraone e
PHDA: Novos desenvolvimentos, problemas e desafios 45

colaboradores (2015) concluem que estudos futuros deverão calibrar os pontos de corte
para definir os algoritmos diagnósticos válidos para grupos de idade mais refinados (e.g.,
crianças em idade pré-escolar, escolar, adolescentes e adultos).

Qual é o peso de cada sintoma para captar o constructo


latente da PHDA?

Segundo os principais manuais de diagnóstico em psiquiatria, cada um dos 18 sin-


tomas de PHDA contribui com peso igual para formular o diagnóstico. Desta forma,
considerando as crianças e os adolescentes, para definir o diagnóstico, será suficiente
que estejam presentes quaisquer seis sintomas em cada domínio (desatenção e/ou hi-
peratividade-impulsividade), se os demais critérios forem preenchidos. Todavia, já existe
evidência de que, embora as escalas de sintomas de PHDA possuam boas propriedades
psicométricas e se agreguem conjuntamente num constructo, existem importantes dife-
renças do quanto cada sintoma fornece de informação sobre o traço latente da PHDA
(Arias, Nunez, Martinez-Molina, Ponce, & Arias, 2016).
Existe uma clara relevância clínica fundamental nestas descobertas. Os critérios diag-
nósticos de PHDA possuem uma ampla lista de sintomas e definir o ponto de corte ótimo
para o diagnóstico tem sido um dos desafios para os comités dos manuais de diagnós-
tico. Possivelmente, técnicas mais avançadas de psicometria informariam o clínico de
que, por vezes, o número de sintomas necessários para o diagnóstico poderá ser menor
ou maior, dependendo da relevância dos itens que são endossados pelos pacientes.
Estudos realizados nos Países Baixos, com abordagens estatísticas sofisticadas, en-
contraram evidência de que, na PHDA, a desatenção causa hiperatividade e impulsivi-
dade (Sokolova et al., 2016). Estas descobertas sugerem implicações relevantes, por
exemplo, de que as intervenções focadas na redução da desatenção têm o potencial de
reduzir os sintomas hiperativos e impulsivos, mas que o contrário não é necessariamente
verdadeiro. Entretanto, estas descobertas precisam ainda de ser confirmadas noutras
amostras, para afirmar a sua generalização.

Qual é a evidência para endossar o Tempo Cognitivo Lento


como uma síndrome independente?

O Tempo Cognitivo Lento (do inglês, Sluggish Cognitive Tempo), que envolve ca-
© PACTOR

racterísticas como a hipoatividade cognitiva e o estado de alerta inconsistente, foi du-


rante décadas considerado um subtipo distinto de PHDA desatento entre investigadores.
46 PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

Contudo, persiste no campo a discussão sobre a utilidade da categorização do Tempo


Cognitivo Lento como uma perturbação independente da PHDA. Evidências recentes,
oriundas de estudos longitudinais, demonstram que o funcionamento académico e so-
cial de crianças com Tempo Cognitivo Lento é distinto daquelas com PHDA (Becker,
Burns, Leopold, Olson, & Willcutt, 2018). Além disso, outros estudos demonstraram que
a presença de características de Tempo Cognitivo Lento estão associadas a piores re-
sultados escolares em jovens adultos, mesmo na ausência de um diagnóstico formal
de PHDA (Becker, Langberg, Luebbe, Dvorsky, & Flannery, 2014). Entretanto, esta área
do conhecimento ainda encontra dificuldades no consenso quanto à terminologia e ao
entendimento de um diagnóstico independente. Assim, uma tarefa essencial para os
investigadores da área é não sobrevalorizar o conhecimento disponível a respeito deste
grupo de indivíduos, mas também não deixar de lado o debate e a produção de evidência
acerca do assunto.

Como integrar as informações de múltiplos informantes?

Numa avaliação clínica de PHDA, o clínico depara-se frequentemente com mais do


que uma fonte de informação acerca dos sintomas e do prejuízo da criança, do ado-
lescente ou do adulto. Estas informações poderão ser concordantes ou discordantes
entre si. Há uma escassez de pesquisas para investigar o impacto destas discrepâncias
no diagnóstico de PHDA. Numa amostra populacional de jovens com e sem PHDA, os
investigadores encontraram uma fraca concordância, entre os pais e os professores, em
relação aos sintomas (Martel, Schimmack, Nikolas, & Nigg, 2015). As análises destes
autores sugeriram que é preferível um algoritmo de pontuação que inclua a média dos
informantes por item, ao algoritmo usual em que se procura pontuar a presença/ausência
de sintomas.
É possível que alguns informantes tenham uma maior capacidade para avaliar alguns
grupos de sintomas, enquanto outros captem melhor outros grupos. Integrar essas in-
formações é uma tarefa complexa. São necessárias mais pesquisas para confirmar as
descobertas acerca de diferentes populações, em especial acerca de pacientes adultos,
para os quais o autorrelato predomina na avaliação. Outro campo de estudo envolve o
valor do relato retrospetivo dos informantes sobre os sintomas na infância. Os investiga-
dores que estudaram uma amostra clínica brasileira concluíram que o relato dos pais é
importante para o diagnóstico de PHDA em crianças, mas não tem valor para a avaliação
de sintomas de PHDA na infância, em adultos com PHDA, quando avaliados num con-
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texto clínico (Breda et al., 2016).


Prevalência da PHDA
3
Octávio Moura, Marcelino Pereira e Mário R. Simões

INTRODUÇÃO

A Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA) é carac-


terizada por um padrão persistente de sintomas de desatenção, hiperati-
vidade e impulsividade, que ocorre em pelo menos dois contextos (e.g.,
casa, escola ou trabalho), surge antes dos 12 anos e interfere signifi-
cativamente no funcionamento social, académico e/ou ocupacional do
indivíduo. O número e a combinação destes comportamentos dão ori-
gem a três tipos de apresentação: apresentação predominantemente de
desatenção (PHDA-D), apresentação predominantemente de hiperativi-
dade-impulsividade (PHDA-HI) e apresentação combinada (PHDA-C). Os
comportamentos têm, frequentemente, início durante a infância e persis-
tem na idade adulta, não são simplesmente explicáveis por Perturbação
Psicótica, Perturbação do Humor, Perturbação de Ansiedade, Perturba-
ção Dissociativa, Perturbação da Personalidade, Intoxicação ou Absti-
nência de Substâncias, entre outras (American Psychiatric Association,
2013).
Trata-se de uma perturbação neurobiológica de natureza multifato-
rial, sendo concomitantemente a Perturbação do Neurodesenvolvimento
mais estudada e frequente em crianças de idade escolar. Nos últimos
anos, o estudo da PHDA na população adulta cresceu substancialmente,
sendo, igualmente, uma das Perturbações Psiquiátricas mais prevalente,
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com elevada comorbilidade com outras perturbações e provocando um


significativo impacto na qualidade de vida dos indivíduos (Kessler et al.,
66 PERTURBAÇÃO DE HIPERATIVIDADE/DÉFICE DE ATENÇÃO

2006; Roberts, Milich, & Barkley, 2015). Ao longo do presente capítulo,


iremos analisar um conjunto de estudos epidemiológicos sobre a PHDA
e a sua prevalência em função do sexo, da idade e na família.

PREVALÊNCIA DA PHDA A NÍVEL MUNDIAL

Os estudos epidemiológicos são particularmente relevantes, uma vez que analisam a


distribuição das doenças e perturbações em relação a um conjunto de variáveis, identi-
ficam os fatores subjacentes ao seu aparecimento, bem como as causas e os métodos
para o seu controlo (Nature Communications, 2018). Dada a sua importância para uma
compreensão mais abrangente da PHDA, diversos estudos epidemiológicos têm sido
publicados nas últimas décadas. Apesar de se observar um aumento da prevalência
e da incidência da PHDA nos últimos anos (Chung et al., 2019; Visser et al., 2014; Xu,
Strathearn, Liu, Yang, & Bao, 2018), os dados recolhidos a nível mundial têm reportado
resultados algo divergentes. Esta variabilidade, encontrada na literatura, parece estar
associada aos vários critérios metodológicos utilizados na identificação/no diagnóstico
de indivíduos com PHDA. Entre os diversos critérios metodológicos, referidos na litera-
tura, destacamos, entre outros (Chung et al., 2019; Polanczyk, Lima, Horta, Biederman,
& Rohde, 2007; Polanczyk, Willcutt, Salum, Kieling, & Rohde, 2014; Roberts et al., 2015;
Song, Dieckmann, & Nigg, 2019; Willcutt, 2012):

As características da amostra (e.g., clínica, escolar, da população em geral);


As fontes de informação (e.g., questionários aos pais e/ou professores, questioná-
rios de autorrelato, entrevistas clínicas);
O número de informantes (e.g., mãe, pai, professor);
Os critérios de diagnóstico (e.g., Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturba-
ções Mentais [DSM]: DSM-III, DSM-III-R, DSM-IV, DSM-IV-R, DSM-5; Classificação
Internacional de Doenças [CID]);
A presença/ausência de dificuldades na qualidade do funcionamento social, aca-
démico ou ocupacional;
A idade dos participantes (e.g., crianças, adolescente e adultos);
A região geográfica (e.g., Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia, África);
A raça/etnia.

Segundo o DSM-5, a prevalência estimada da PHDA nas várias culturas é de aproxi-


madamente 5% nas crianças e de 2.5% nos adultos (American Psychiatric Association,
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2013). Estudos meta-analíticos de dados epidemiológicos têm reportado alguma variabi-


lidade na prevalência da PHDA nas diferentes regiões do mundo. Por exemplo, Polanczyk
Prevalência da PHDA 67

e colaboradores (2007) encontraram uma prevalência estimada de 5.29% a nível mundial,


a partir de 102 estudos, publicados entre 1978 e 2005 (> 170 000 indivíduos incluídos).
Apesar das diferenças não serem estatisticamente significativas, a prevalência da PHDA
na América do Norte (≈ 6%; 32 estudos) foi superior à encontrada na Europa (≈ 4.5%,
32 estudos), na Ásia (≈ 4%; 15 estudos) e na Oceânia (≈ 4.5%; 6 estudos). A prevalência
mais elevada foi identificada em África (≈ 8%; 4 estudos) e na América do Sul (≈ 12%;
9 estudos), muito embora estes resultados tenham de ser interpretados com cuidado,
dada a elevada variabilidade encontrada entre os estudos nestas duas regiões. Resul-
tados similares foram reportados por Erskine e colaboradores (2013), com a região do
norte de África a obter a maior prevalência (4.8% nos homens e 1.6% nas mulheres) e o
sul da Ásia a menor (2.7% nos rapazes e 0.9% nas mulheres).
Numa outra meta-análise, de 86 estudos com crianças e adolescentes, Willcutt (2012)
identificou uma prevalência estimada entre 5.9% e 7.1%, consoante os informantes utili-
zados para o diagnóstico (5.9% através de avaliação clínica, 6.1% através de questioná-
rios aos pais e 7.1% através de questionários aos professores). A prevalência encontrada
varia em função do tipo de apresentação, com a PHDA-D (1.8% a 3.6%) e a PHDA-C
(2.2% a 3.4%) a serem mais frequentes que a PHDA-HI (0.8% a 1.3).
Por seu lado, Thomas, Sanders, Doust, Beller e Glasziou (2015) realizaram uma me-
ta-análise de 175 estudos, publicados entre 1977 e 2013, tendo identificado uma pre-
valência de 7.2%. Apesar das diferenças não serem estatisticamente significativas, a
percentagem de indivíduos com PHDA varia nas diferentes edições do DSM (5.6% no
DSM-III, 4.7% no DSM-III-R e 7.7% no DSM-IV). Uma vez mais, a prevalência na América
do Norte é 2% superior à observada na Europa e na Ásia, mas inferior em 1% à encon-
trada na América do Sul.
Particularmente interessante foi a meta-análise realizada por Polanczyk e colabora-
dores (2014), que investigaram a prevalência da PHDA durante três décadas. Através de
uma análise de 154 estudos, publicados entre 1985 e 2012, os autores não encontraram
evidências sobre um aumento da prevalência, na população geral, quando são utilizados
procedimentos estandardizados de diagnóstico. A prevalência média encontrada, entre
1985 e 2012, manteve-se constante e situou-se entre 6% e 7%. Não foram encontradas
diferenças significativas em função da região geográfica, mas foram observadas diferen-
ças em função do manual de diagnóstico. A prevalência identificada nos estudos com
o DSM-III-R e com a CID-10 são inferiores em 2.42% e 4.09% comparativamente com
a percentagem encontrada com o DSM-IV, respetivamente. A menor prevalência encon-
trada com a CID-10 (Polanczyk et al., 2007, 2014) poderá estar relacionada com os
critérios de diagnóstico mais exigentes que são requeridos para a confirmação da Pertur-
bação Hipercinética, uma vez que o indivíduo terá de manifestar sintomas cumulativos de
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desatenção, hiperatividade e impulsividade (no DSM apenas é necessária a presença de


sintomas de desatenção ou de hiperatividade-impulsividade) (cf. Capítulo 1).
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