Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
John Wesley
'Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz
à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e
apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem'.(Mateus 7:13-14)
1. Nosso Senhor, tendo nos alertado quanto aos perigos que facilmente nos
atacam, em nosso primeiro ingresso na religião; aos obstáculos que naturalmente
surgem nela; às maldades de nossos próprios corações; agora prossegue, para nos
avisar dos obstáculos de fora; particularmente, o mau exemplo e o mau conselho.
Através de um ou outro desses, milhares, que uma vez seguiram bem, retornaram para
a perdição; — sim, muitos desses que não eram noviços na religião, e que fizeram
algum progresso na retidão. A precaução Dele, portanto, contra esses ele impõe sobre
nós, com toda a gravidade possível, e repete isto, várias vezes, nas mais variadas
expressões, a fim de que não permitamos, por quaisquer que sejam os meios, que ela
passe desapercebida. Assim, Ele nos protege eficazmente contra a primeira: 'Entrem',
Ele diz, 'pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que
conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e
apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem': Para nos
assegurar da última, 'Tomem cuidado', diz Ele, 'com os falsos profetas'. Nós iremos,
no momento, considerar apenas a primeira.
2. 'Entrem', diz nosso abençoado Senhor, 'pela porta estreita; porque larga é a
porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por
ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há
que a encontrem':
III. Em Terceiro lugar, uma exortação séria fundamentada nisso: 'Entrem pelo
portão estreito'.
Nós nos denominados cristãos; sim, e estes da mais pura espécie: Nós somos
protestantes; cristãos reformados! Mas, ai de mim! Quem poderá continuar a reforma
de nossas opiniões, em nossos corações e vidas? Não existe um motivo? Porque quão
inumeráveis são nossos pecados; — e estes dos mais abjetos! Será que as mais
grotescas abominações, de toda a espécie, não abundam entre nós, dia a dia? Os
pecados, de toda a sorte, não cobrem a terra, como as águas cobrem o mar? Quem
poderá contá-los? Melhor contar as gotas da chuva, ou as areias do ancoradouro.
Então, 'largo é o portão', assim 'amplo é o caminho que conduz à destruição!'.
5. 'E muitos existem que entram', por aquele portão; muitos que caminham
naquele caminho; — quase tantos quanto entram para o portão da morte; os que
mergulham nas câmaras das sepulturas. Porque não pode ser negado, (embora nem
nós podemos conhecer isto, a não ser com a vergonha e tristeza do coração), que,
mesmo nestas que são chamadas de regiões cristãs, a generalidade de todas as idades e
sexo, de toda profissão e empreendimento; de todo nível e grau; alto e baixo; rico e
pobre, estão caminhando no caminho da destruição. A maior parte dos habitantes
dessa cidade, até esse dia, vive no pecado; em alguma transgressão palpável,
costumeira e conhecida da lei que eles professam observar; sim, em alguma
transgressão exterior; alguma espécie de descrença e iniqüidade grosseira e visível;
alguma violação declarada de suas obrigações; para com Deus ou homem. Esses,
então, ninguém pode negar, estão todos no caminho que conduz à destruição.
Acrescente a esses, aqueles que têm um nome que, de fato, eles vivem, mas
que nunca estiveram vivos para Deus; aqueles que exteriormente parecem justos para
os homens, mas que interiormente estão cheios de imundície; cheios de orgulho e
vaidade; de ira ou desejo de vingança; de ambição ou cobiça; amantes de si mesmos;
amantes do mundo; amantes do prazer mais do que amantes de Deus. Esses, na
verdade, podem ser altamente estimados por homens; mas eles são uma abominação
para o Senhor; e quão grandemente irão esses 'santos do mundo' aumentar o número
dos filhos do inferno!
Sim, acrescente a todos, o que quer que eles sejam na consideração de outros;
o que quer que eles tenham, mais ou menos, da forma da santidade; quem 'sendo
ignorantes da retidão de Deus, buscam estabelecer sua própria retidão', como
alicerce da reconciliação deles com Deus, e a aceitação Nele, e, em conseqüência, não
têm 'submetido a si mesmos à retidão que é de Deus', pela fé. Agora, junte todas essas
coisas, em uma só, quão horrível verdade é aquela afirmação de nosso Senhor: 'Largo
é o portão, e amplo o caminho que conduz à destruição, e muitos são os que entram
por ele!'.
6. Nem isto diz respeito apenas ao rebanho vulgar, — à parte pobre, e simples,
da humanidade. Homens de eminência no mundo; homens que têm muitos campos e
juntas de bóias, não desejam ser excluídos desses. Pelo contrário, 'muitos homens
sábios, segundo a carne', de acordo com os métodos humanos de julgamento; 'muito
consideráveis', no poder, na coragem, na riqueza; muitos 'nobres', são chamados;
chamados para o caminho amplo, através do mundo, da carne e do diabo; e eles não
são desobedientes daquele chamado. Sim, quanto mais alto se erguem em suas
fortunas e poder, mais profundamente eles mergulham na iniqüidade. Quanto mais
bênçãos receberam de Deus, mais pecados cometem; usando suas honras ou riquezas;
seu aprendizado ou sabedoria, não como meio de operarem sua salvação, mas, antes,
de distinguirem-se no vício, e assim assegurarem sua própria destruição!
II
5. Mas, enquanto tão poucos são encontrados no caminho da vida, e tantos são
encontrados, no caminho da destruição, existe um grande perigo de que a torrente de
exemplos possa nos arrastar com eles. Mesmo um simples exemplo, se ele estiver
sempre à nossa frente, está apto a causar muita impressão sobre nós; especialmente,
quando ele tem a natureza do seu lado; quando ele incorre em nossas próprias
inclinações. Quão grande, então, deve ser a força de tão numerosos exemplos,
continuamente diante de nossos olhos; e todos conspirando juntos com nossos
próprios corações, para nos levar para baixo da correnteza da natureza! Quão difícil
deve ser represar a maré, e nos mantermos 'incólumes no mundo'.
6. O que aumenta a dificuldade ainda mais, é que eles não são a parte rude e
insensível da humanidade, pelo menos, não esses somente, que nos apresentam o
exemplo, que enchem o caminho declinante, mas o polido; o bem educado; o sábio; os
homens que entendem o mundo; os homens de conhecimento; de aprendizado
profundo e diverso; o racional; o eloqüente! Esses são todos, ou quase todos, contra
nós. E como nós devemos nos colocar contra eles? As línguas deles não gotejam
maná; e eles não aprenderam todas as artes da sutil persuasão? — E de raciocínio
também; porque esses são versados em todas as controvérsias, e discussão oral.
Portanto, trata-se de uma pequena coisa, para eles, provarem que o caminho está
correto, porque é amplo; que ele que segue a multidão não pode fazer mal, mas apenas
aquele que não a segue; que o caminho de vocês deve estar errado, porque é estreito, e
porque existem poucos que o encontram. Esses irão tornar claro para uma
demonstração, que o mal é bom, e o bom é mal; que o caminho da santidade é o
caminho da destruição, e o caminho do mundo, o único caminho para o céu.
10. Acrescentem a estes, aqueles que não são homens nobres e honrados: Se
eles fossem, vocês poderiam tolerar suas loucuras. Eles são homens de nenhum
interesse, nenhuma autoridade, nenhuma consideração no mundo. Eles são simples e
comuns; inferiores na vida; e tal como não têm poder, não têm desejo de causar dano
a vocês. Portanto, não existe nada, afinal, que deva ser temido deles; e não existe
coisa alguma, afinal, para se esperar: Uma vez que a grande parte deles pode dizer:
'Prata e ouro eu não tenho'; pelo menos, uma quantia moderada. Mais ainda, alguns
deles dificilmente têm alimento, ou vestuário para colocar. Por essa razão, tanto
quanto porque seus caminhos não são iguais àqueles dos outros homens, falam mal
deles, em qualquer lugar; são menosprezados; eles têm seus nomes banidos como
prejudiciais; são variavelmente perseguidos; e tratados como a imundície e refugo do
mundo. De modo que, tanto os seus temores, as suas esperanças, e todos os seus
desejos (exceto aqueles que você têm imediatamente de Deus), sim, todas as suas
paixões naturais, continuamente inclinam você a retornar para o caminho largo.
III
1. Assim sendo, é que nosso Senhor tão sinceramente exorta: 'Entrem pelo
portão estreito'. Ou (como a mesma exortação está expressa em outra parte):
'Esforcem-se para entrar', — 'lutem, como em agonia': 'Porque muitos', diz nosso
Senhor, 'o buscarão, esforçando-se indolentemente, 'e não serão capazes'.
2. É verdade, que Ele anuncia o que pode ser considerada uma outra razão para
o fato de não serem capazes de entrar, nas palavras que imediatamente se seguem a
essas. Porque, depois de ter dito: 'Em verdade, eu lhes digo, que muitos buscarão
entrar, e não serão capazes'; Ele anexa: 'Quando o pai de família se levantar, e cerrar
a porta, e vocês começarem, de fora', — permanecer do lado de fora parece ser
apenas uma expletiva elegante [partícula, palavra ou frase desnecessária ao enunciado
estrito, mas que confere ênfase ou colorido à linguagem] — 'a bater à porta, dizendo:
Senhor, Senhor, abre-nos; e, respondendo Ele, lhes disser: Não sei de onde vocês são;
apartem-se de mim, vocês todos que praticam a iniqüidade. Ali haverá choro e ranger
de dentes' (Lucas 12:24-28).
3. Pode parecer, numa visão superficial dessas palavras, que a demora para
buscar, afinal, preferivelmente, à maneira deles buscarem, era a razão porque eles não
eram capazes de entrar. Mas isto é, em efeito, a mesma coisa. Eles eram, portanto,
ordenados a partir, porque eles tinham sido 'trabalhadores da iniqüidade'; porque eles
tinham caminhado na estrada larga; em outras palavras, porque eles não tinham se
afligido 'para entrarem pelo portão estreito'. Provavelmente, eles buscaram, antes que
a porta fosse fechada; mas não foi o suficiente: E eles se esforçaram, depois que a
porta foi fechada; mas, então, era tarde demais.
4. Portanto, se esforcem, nesse seu dia, 'para entrar pelo portão estreito'. E
com esse objetivo, coloquem, em seus corações; e permitam que predomine, em seus
pensamentos, que vocês estão no caminho largo; que vocês estão o caminho que
conduz à destruição. Se muitos vão com vocês, tão certo quanto Deus existe, eles,
assim como vocês, estão indo para o inferno! Se vocês estão caminhando como a
generalidade dos homens caminha, vocês estão caminhando para o abismo sem fim!
Muitos dos sábios, ricos, poderosos ou nobres estão viajando com vocês nesse mesmo
caminho? Por esse sinal, sem ir mais longe, vocês sabem que ele não conduz à vida.
Aqui está uma regra resumida, clara e infalível, antes de vocês entrarem nos
particulares. Em qualquer profissão que vocês estejam engajados, vocês devem ser
singulares, ou serão condenados! O caminho para o inferno não tem nada singular
nele; mas o caminho para o céu é singularidade em seu todo. Se vocês moverem, a um
passo que seja, em direção a Deus, vocês não serão como os outros homens. Mas não
se esqueça disto. É muito melhor permanecerem sós, do que caírem em um abismo.
Corram, então, com perseverança, a corrida que se coloca diante de vocês, embora
suas companhias sejam poucas. Não será sempre assim. Mais algum tempo, e vocês
terão 'a inumerável companhia de anjos, para a assembléia geral da Igreja de seu
primogênito, e os espíritos dos homens justos que se tornaram perfeitos'.
[Editado por Diane Williams, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]