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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO


REGIONAL
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

MARIA EDUARDA DAL BON


Matrícula: 218081151

ATIVIDADE AVALIATIVA INDIVIDUAL DE PSICOSSOCIOLOGIA E


DESENVOLVIMENTO LOCAL

Campos dos Goytacazes


2022
Ao longo da matéria de Psicossociologia e desenvolvimento local, pudemos
pontuar, juntamente a orientação e participação do docente, discussões pertinentes dentro
de debates entre os colegas, à cerca das problemáticas que nos rodeiam de maneira
crescente no mundo contemporâneo. Tais temáticas foram tomadas por um olhar
atencioso a partir de bases teóricas trabalhadas pela escolha de cada grupo, que pode
trazer aos encontros, com referência de suas leituras, uma perspectiva sensível sobre as
singularidades entre os cenários, considerando ainda, a totalidade macropolítica dentre as
questões sociais abordadas. A partir da proposta adotada pela turma, foi de suma
importância contemplar e perceber o papel do psicólogo - ainda em ênfase, da psicologia
social – como uma das grandes potencias de prevenção e tratamento dos múltiplos
contextos que carregam consigo, diferentes problemáticas sociais.

Ainda que nos deparamos com várias temáticas pelas quais nos perpassa, tanto
como um futuro profissional na área de psicologia como também em um aspecto pessoal,
o debate sobre a história de vida de mulheres e saúde da família pode me trazer inúmeros
atravessamentos, que foram despertados a partir da leitura de dois artigos: “Historias de
vida de Mulheres e saúde da família: algumas reflexões sobre gênero” (2009) e “A
dicotomia do ser: de mulher a mãe – as possíveis mudanças a partir da maternidade”
(2020), que puderam ser pontuados em aula juntamente as reflexões propostas pelo
professor e colegas ali presentes. O tema abordado pelo grupo teve como objetivo, discutir
a construção sócio-histórica sobre gênero, trazendo reflexões a cerca das consequências
para a vida e saúde das mulheres que encaram essa realidade estrutural que não leva em
conta a subjetividade e pluralidade feminina.

Em um dos artigos, foi possível analisar a vivencia de duas mulheres que relataram
suas histórias a partir de uma entrevista brevemente roteirizada, ambas haviam nascido
antes do movimento feminista e faziam parte de um programa de caminhada do PSF de
Curitiba. Para a análise dos depoimentos, os autores utilizaram a hermenêutica dialética
proposta pelo Minayo (2004), que oferece a possibilidade de compreensão do sujeito a
partir do seu contexto sócio-histórico, como proposto inicialmente na pesquisa
qualitativa. Após a análise que pudemos fazer quanto grupo, sobre as entrevistas disposta
ao longo do artigo, foi possível perceber diversas situações que ainda nos percorrem até
hoje, prejudicando a saúde psíquica e física de todas nós, a partir de um lugar socialmente
ocupado, que ainda como uma mulher brasileira está presa na ambiguidade do discurso
progressista e dos modelos tradicionais, que advém de uma característica de passividade
apresentada pelas mulheres.

Em meio as entrevistas, as duas participantes puderam relatar um pouco sobre


como eram suas vidas antes do movimento feminista e também a progressão cotidiana
sobre essa luta, mesmo que de maneira coparticipativa como nos casos apresentados. É
passível de reflexão a ideia de que, partilhamos duas histórias onde cada uma apresenta
suas questões e particularidades, entretanto, ambas dividem o mesmo cenário de saúde
pública e contexto político como citado em meio ao artigo: “Ser mulher implica múltiplos
sentidos de gênero que ora se encontram em ambas as trajetórias pelo compartilhar de um
mesmo contexto sociopolítico”. Se aprofundando ainda mais na realidade social vivida
por essas e tantas outras mulheres, foi de suma importância propormos quanto grupo, um
questionamento sobre as mudanças de paradigmas que acorreram após a reforma
sanitária, com a ideia de reorientar e integrar todas essas realidades como propõe nos
princípios do SUS, onde até então, eram moldados por um sistema assistencial medico
hospitalocêntrico vigente na saúde. A partir dessa mudança, se abrem mais possibilidades
sobre como os profissionais da saúde, que se apresentam ali como um dos grandes
responsáveis potenciais de mudança, podem começar a pautar as questões de gênero e as
problemáticas enfrentadas como consequência histórica desse lugar de ocupação,
entendendo sobretudo, quais os significantes apresentados quando falamos, por exemplo,
de saúde da família.

É possível perceber, portanto, após as considerações pontuadas, o reducionismo


biomédico que existe dentro desses paradigmas curativistas hospitalares, que perpassam
por ideias centrais, já prontas, sobre como deve ser aliviado tais sintomas que ali se
apresentam, sem buscar uma reflexão sobre as causas desses sintomas e os tratamentos
adequados para banir essas questões. No caso da mulher, percebemos esse reducionismo
no âmbito da saúde, na maternidade, uma vez que, na maioria dos relatos, a mulher só é
passível de cuidado em virtude de uma gravidez ou então como sendo mãe, entendendo
o valor social dado para a vida de uma mulher.

Entendo a subjetividade do que significa ser mulher ainda hoje, percebemos que
tal fenômeno é tecido por diversas aquisições sociais, como por exemplo: tensões
culturais, políticas e religiosas, que puderam ser avaliadas de maneira distintas pelos
estudos aqui apresentados, onde foram vivenciadas e relatadas anteriormente e
posteriormente ao movimento feminista. Enxergar o avanço, ainda sem anular a
problemática, é necessário para que possamos denotar essas questões ainda com mais
deliberação frente os posicionamentos contrários. E para além disso, como futuros
profissionais, entender o papel da psicologia dentro desse contexto faz com que possamos
nos tornar um agente progressivo no cenário de saúde pública, buscando entender as
condições sócio-históricas enfrentadas, para que assim, possamos ser informantes de
outras mulheres usuárias sobre seus direitos e deveres dentro de cada trajetória. Buscando,
portanto, o que o artigo denomina de fato como “empoderamento”, no sentido de retomar
a consciência vivida ali por elas.

A experiência das mulheres contém sempre a experiência de


outras mulheres e essa experiência vem sendo transmitida oralmente,
por gestos, olhares e narrativas. As mulheres foram e são construídas
com palavras. (Meneghel et al., 2005, p. 113)

Nesse sentido, devemos retornar a ideia de que para alcançamos ainda maus
mudanças, precisamos tornar consciente as realidades contemporâneas de cada narrativa,
buscando derrubar barreiras por meio de determinação pessoal e esforço coletivo. Para
além disso, é necessário trazer um reflexo profissional de todos os atravessamentos
pautados na prática do ser psicólogo, se tornando voz a todas aqueles que não puderam
ter acesso aos seus deveres e sobretudo direitos dentro dos ambientes menos favorecidos
de pautas sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENITES, Ana P. O; BARBARINI, Neuzi. Histórias de vida de Mulheres e saúde da


família: algumas reflexões sobre gênero. Psicologia e Sociedade, 21(1). Abril 2009.
Faculdade Evangélica do Paraná, Curitiba, Brasil.

SILVA, Camilla F.M; OLIVEIRA César F. S; BARROS, Clarissa M. D. L. A


DICOTOMIA DO SER: DE MULHER A MÃE - AS POSSÍVEIS MUDANÇAS A
PARTIR DA MATERNIDADE. CFM SILVA. 2020. Faculdade Pernambucana de
Saúde

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