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ESCOLA SUPERIOR DE CRICIÚMA – ESUCRI

CURSO DE PSICOLOGIA

Reflexões sobre Gênero na Vida e Atuação Profissional em Psicologia

Resumo

Este ensaio reflexivo aborda questões de gênero, explorando sua definição, relevância no

campo da psicologia, impacto em minha vida pessoal e influências em minha futura prática

profissional. A análise é baseada em teorias de gênero, trechos da entrevista realizada com a

profissional Laura Vomero, e reflexões sobre minha própria trajetória e futuro na profissão. O

texto se propõe a aprofundar essas discussões com leituras realizadas na disciplina, evoluindo

uma compreensão do tema.

Introdução

O estudo das questões de gênero é fundamental para a compreensão da diversidade

humana e das dinâmicas sociais. Neste ensaio, pretendo explorar o significado de gênero,

destacando sua importância no campo da psicologia. Além disso, reflito sobre como essas

questões afetam minha vida pessoal e como podem influenciar minha atuação como futuro

profissional da psicologia.

O que é gênero?

O conceito de gênero vai além da dicotomia tradicional de masculino e feminino. De

acordo com Nogueira (2017), a criação do conceito de gênero que distinguia o sexo biológico
inscrito pelo corpo, do gênero, cujos atributos ou características tinham origem social e cultural.

De acordo com Butler (1990), o gênero é uma construção social e performática, moldada por

normas culturais e expectativas sociais. Essa perspectiva destaca a fluidez e a variabilidade das

identidades de gênero, desafiando noções binárias pré-estabelecidas.

Por que estudar gênero?

A compreensão das questões de gênero é fundamental para a prática psicológica, pois

influencia diretamente a maneira como as pessoas percebem a si mesmas e aos outros. Uma

abordagem de gênero permite desafiar estereótipos, entender as dinâmicas de poder e promover a

inclusão. Ao integrar esses conceitos, os psicólogos podem contribuir para um ambiente mais

igualitário e saudável.

Como questões de gênero atravessam minha vida?

Minha própria jornada é marcada por experiências que me fizeram questionar e

reconstruir concepções de gênero. Através de uma entrevista com a psicóloga Laura Vomero,

pude aprofundar minha compreensão sobre como as narrativas de gênero se entrelaçam com a

construção da identidade e moldam as experiências individuais.

[Trecho da entrevista com a profissional Laura Vomero: " É intrigante como as

violências estão tão enraizadas que mesmo pessoas que têm uma perspectiva crítica sobre a

misoginia ou o machismo frequentemente se deparam com situações atuais em suas vidas nas

quais estão sofrendo ou reproduzindo padrões prejudiciais associados à condição de mulher.

Na minha prática clínica, trabalho com um público progressista, incluindo feministas e

militantes, e é comum que surja um sentimento de culpa pela reprodução de estereótipos, como
o papel de cuidadora, uma função socialmente atribuída às mulheres, principalmente em

relação a seus namorados/maridos/filhas/os. Com base na minha experiência, outro estereótipo

que que gera muito sentimento de culpa está relacionado à imagem corporal e ao ideal de

beleza que elas são constantemente confrontadas. Seja em relação ao peso, pelos corporais, ou

cabelo, há uma luta interna entre o desejo de se sentir bem consigo mesma e a pressão externa

que invade e coloniza as subjetividades, ditando padrões estéticos inatingíveis. Ao mencionar

essa culpa, não estou julgando nem responsabilizando as mulheres por se sentirem assim, nem

sugerindo que estão equivocadas em suas emoções. Como pesquisadora e profissional que

trabalha com as relações, considero utópico esperar que as mulheres se sintam totalmente bem

consigo mesmas, mesmo aquelas que têm uma visão crítica. Elas estão constantemente em

relação, e muitas vezes, de maneira inconsciente, essas interações reforçam a ideia de que não

estão sendo boas o suficiente, não estão bonitas o suficiente, não estão cuidando

adequadamente de sua alimentação, precisam se exercitar mais, não estão se comportando da

maneira adequada, deveriam estudar mais. Desconheço uma mulher com quem tenha

trabalhado que não tenha trazido sofrimentos decorrentes de uma cultura misógina e

machista.”]

Como questões de gênero podem atravessar minha atuação como psicóloga?

Minha trajetória pessoal influenciará minha prática profissional. Ao considerar minha

própria jornada, posso desenvolver empatia e sensibilidade para as experiências de outros. Minha

abordagem clínica será informada por uma compreensão aprofundada das questões de gênero,

envolvendo uma prática inclusiva e sensível às diversidades. No contexto profissional, as

questões de gênero têm o potencial de impactar diretamente a dinâmica terapêutica. É


fundamental considerar a diversidade de experiências e desafios que os pacientes podem

enfrentar com base em seu gênero. Além disso, o diálogo aberto sobre questões de gênero pode

enriquecer as abordagens terapêuticas, promovendo um ambiente mais inclusivo. Embora

algumas pessoas possam considerar a neutralidade em suas práticas, acredito que tal neutralidade

é ilusória ou, na verdade, contribui para a preservação da ordem atual.

Conclusão

Este ensaio proporcionou uma reflexão profunda sobre as questões de gênero, conectando

teoria, experiências pessoais e insights da entrevista com a profissional Laura Vomero. Concluo

que a integração dessas reflexões em minha prática futura é crucial para uma atuação ética e

responsiva. A psicologia do gênero não é apenas uma disciplina, mas uma lente poderosa para

compreender e auxiliar na jornada única de cada indivíduo.

Referências

Nogueira, C. (2017) Interseccionalidade e Psicologia Feminista. Salvador, Bahia: Editora

Devires

Mordomo, J. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Editora

Civilização Brasileira.

Vergueiro, V. (2021). Psicoterapia e diversidade de gênero: Uma abordagem crítica e

interseccional. Editora Juruá.

Ñúnez, G. (2022). Psicologia, gênero e sexualidade: Uma perspectiva crítica. Editora Vozes.

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