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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO 

CURSO DE PSICOLOGIA 

ANA CLARA DE MOURA ARAUJO

O AGIR ÉTICO EM PSICOLOGIA

PETROLINA – PE
2022 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO 
CURSO DE PSICOLOGIA 

ANA CLARA DE MOURA ARAUJO

O AGIR ÉTICO EM PSICOLOGIA 

Trabalho apresentado ao Curso de


graduação da Universidade Federal do
Vale do São Francisco, como requisito de
avaliação da disciplina de Ética. Sob
orientação da docente Bárbara Cabral.

PETROLINA – PE
2022
“Até onde eu rompo minha subjetividade por conta de uma normatização?”

Dentro do proposto pela disciplina e pela professora na sala, com os textos lidos
e com experiências trazidas em aula, me propus a refletir mais a cerca deste
questionamento, dando início a uma das batalhas de pensamentos mais complexos no
quesito profissional. E talvez de algumas vivências das vidas alheias. Já tinha analisado
por outra perspectiva, sendo essa mais no quesito individual de subjetivação, mas não
levando em consideração O agir ético em psicologia e o coletivo, e tendo como
princípio que o discurso do mundo não é de todo mundo (Fonseca,M. 2022), pensei na
forma que os elementos cruciais de nossa vivências perpassam por discursos que são de
uma minoria, mas induzidos, pela mídia, pela família, pela escola, como discursos
únicos ou como verdade absoluta. E fiquei a pensar sobre a expectativa social e o agir
ético, até que ponto eu, como psicóloga, posso aceitar que a minha escuta seja
interferida de forma que seja condizente com esse pensamento. Penso que o agir ético
está ligado, de fato, com principalmente o primeiro parágrafo dos Princípios
Fundamentais do Código de Ética dos Psicólogos “O psicólogo baseará o seu trabalho
no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade
do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.” Sendo assim, não cabe a mim como psicóloga, e além de tudo
como humana, ferir qualquer pessoa, visto que meu trabalho e minha vivência não
funcionarão como uma forma de bolo de pessoas, no qual todas as pessoas eu vou
utilizar os mesmos “ingredientes”, excluindo qualquer necessidade individual de cada
indivíduo. Com esse pensamento sendo refletido em qualquer prática, eu começo a
ressignificar a forma que lidaria com as vivências alheias.
A leitura do texto de Amendola (2014), me fez pensar na forma de o psicólogo
não privilegiar algumas analises críticas em detrimento de outras, visto que dentro
dessas sempre estarão sujeitas a relações de poder, relacionei tal pensamento a forma
como a mídia e outros meios sociais privilegiam o corpo branco, magro e sem defeitos,
sendo que esse modelo, se trata de um modelo basicamente impossível e irreal, pois até
as próprias “modelos” são carregadas de photoshop, de maquiagem, de cintas e de
cirurgias para alcançar o modelo tido como perfeito, normal, que na verdade nada se
tem de normal, pois vai contra qualquer forma de se viver mais saudável, digo mais
saudável pois esses discursos acabam atravessando e modificando essa introspecção e
aceitação individual, levando a vários transtornos, dos alimentares aos perceptivos,
corroborando para uma sociedade doente, gordofóbica, racista dentre outros artistas
ainda não produzidos para rotular tais comportamentos e pensamentos.
Ainda sobre o texto de Amendola(2014), ela fala de sujeitos que estão inseridos
em um meio sociotécnico, com a intenção de manter um funcionamento dito como
“adequado” dentro da sociedade capitalista-industrial, consegui relacionar essa parte
com o dito pela Naomi Wolf, no livro O Mito da Beleza, no qual ela relaciona muitas
das vivências das mulheres sendo corrompidas por consequência de um capitalismo
perverso, que a todo momento quer vender, não importa se esse comercio seja um
malefício ou destruidor da subjetividade das mulheres, como um exemplo os altos
índices de lipoaspirações que desde a década de 90 só teve crescimento, mesmo que tais
procedimentos corram o risco de custar a vida das mulheres, para as mesmas é mais
aversivo não caber em um “padrão” do que mesmo viver com críticas externas e
autocríticas, e não importa se você já passou por vários “obstáculos” para ter
conseguido chegar em um ponto tido como considerável, o mercado cria, cada vez mais
imagens de beleza mais rígidas e cruéis, levando a reflexão de mais um componente, o
patriarcado, com isso, me proponho a pensar no que é Ético ou não ao me deparar com
uma paciente que chega na clínica ou em qualquer outro componente que demande de
mim, como psicóloga, e o que seria ou não ético de ser mencionado nos meus discursos,
meu discurso não pode ser somente uma forma de mercantilização das demandas
sociais, eu preciso ter em mente todo e qualquer sofrimento que é ocasionado por todo
esse discurso e tentar, com diálogos e conversas mostrar que não, não é errado você
viver bem, você não se encaixar no padrão, você não se parecer com as mulheres das
revistas ou das redes sociais, pois no caso da cliente, sua existência não perpassa por
uma excludente forma de viver, quando a prioridade é a imagem pessoal, e não a
qualidade de vida.
Conclui-se então que muitos dos discursos são pautados em falas que não
contemplas sequer, 1/3 da subjetividade das pessoas, então, penso que, para de fato estar
agindo eticamente em psicologia, o meu discurso tem que ser pautado no bem
individual, e não coletivo, dificilmente um discurso que serve para um indivíduo, irá
caber em outro, toco muito na tecla do discurso, já que é a nossa forma de promoção de
saúde, na maioria das vezes é desenvolvido em uma escuta diferente e que abarque
todas as vivência possíveis, sem segregação, assim, o agir ético, não tem uma forma
pronta de como se fazer ou como se agir, mas deve ser pautado na manutenção da
qualidade de vida de qualquer ser humano, sem distinção de gênero, raça, cor, etnia,
entre outras diferenças que são nomeadas como divergentes de um “normal”.
Referências
AMENDOLA, Marcia Ferreira. Formação em Psicologia, Demandas Sociais
Contemporâneas e Ética: uma Perspectiva. Psicologia: Ciência e Profissão [online].
2014, v. 34, n. 4 [Acessado 26 Abril 2022] , pp. 971-983. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/1982-370001762013. ISSN 1982-3703.
https://doi.org/10.1590/1982-370001762013.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional do
psicólogo. Brasília, 2005. Disponível em:
https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-etica-psicologia.pdf
WOLF, N. O Mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as
mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

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