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RESUMO
Objetivo: Buscar uma reflexão acerca dos desafios de maternar na rua em uma situação
de vulnerabilidade social e política que se dá no mundo da vida dessas mulheres.
Método: Estudo descritivo a partir de uma revisão literária que se ancorou a
fenomenologia social de Alfred Schutz, além de artigos e conteúdos audiovisuais. Para
tal pesquisa, foram realizadas consultas com os descritores DeCS: maternidade,
vulnerabilidade, fenomenologia, situação de rua. Resultados: Após as leituras citadas,
foi necessário refletir diante da complexidade que a maternidade é na vida das mulheres,
e sobretudo, das mulheres em maior vulnerabilidade político-social. Por sua maioria, foi
referido diversos estigmas sociais que perpassam essa realidade, representados por meio
de discriminação, violência, e ainda, violação da dignidade humana com a carência de
políticas públicas que desvelem a singularidade no tratamento dessas mulheres.
Conclusão: Concluiu-se que para compreender tal fenômeno, é necessário uma atuação
de profissionais com um olhar afetivo sobre o mundo da vida dessas mulheres.
Buscando intervenções práticas que apresentem o combate a desesperança, apresentado
nesse contexto de vulnerabilidade, e ao inacesso a recursos que sejam capazes de
acolher tais demandas. Tornando, portanto, determinante a criação de programas de
apoio e projetos que busquem pela maior capacitação e autonomia dessas mulheres
sobre suas próprias vidas.
Palavras-chave: Maternidade; Situação de rua; Fenomenologia
INTRODUÇÃO
Tal redução se faz necessária aos profissionais de saúde que atuam nesse
contexto uma vez que, dando profundidade aos estudos bibliográficos desta pesquisa, se
torna evidente a deterioração dos cuidados e da garantia de direitos das mulheres que se
encontram sob maior vulnerabilidade. Com isso, se denota a importância de expandir os
estudos e discussões sobre esse tema na produção de conhecimento dessas múltiplas
vivências como mulher num todo e, assim, sequencialmente, como mãe pertencente a
um grupo social de maior vulnerabilidade, que são os casos das moradoras de rua. Para
que isso se resulte em ambientes e profissionais de saúde funcionais na elucidação de
políticas públicas, é preciso ultrapassar a ideia reducionista da maternidade, que ainda é
destacado nos perfis epidemiológicos e em relatórios dos sistemas de promoção de
saúde. Em análise geral, o mundo cotidiano é comum a todos e portanto, nós vivemos
como atores e nossos semelhantes do mundo da vida. Entretanto, de acordo com o
referencial filosófico, o mundo é contemplado por um campo de ação e de
possibilidades, que se apresentam a partir da conjuntura de cada pessoa, ou seja, de
forma possível para cada um, com esquemas específicos e com significados que
decorrem desses. Nesse sentido, busca-se por uma compreensão holística do fenômeno
que se relaciona a um grupo de circunstâncias.
Por fim, é preciso entender a ação social como uma projeção realizada pelo
sujeito de maneira intencional e dotada de um propósito. Esclarecendo, entretanto, as
problemáticas que serão expostas dentro do contexto pesquisado, buscando explorar as
antecipações em forma de planejamento e projeções possíveis dentro de uma política
pública funcional que visa prioritariamente auxiliar na demanda dos profissionais de
saúde a garantia e proteção de direito dessas mulheres em seu mundo da vida pelos
estudos na área da psicologia à luz da fenomenologia social de Alfred Schutz.
MÉTODO
A análise e desenvolvimento mais amplo dessa reflexão foi feito uma leitura
cautelosa da Fenomenologia Social de Alfred Schutz que, durante o estudo, se conduziu
a ser utilizado como um referencial teórico. O sociólogo afirma que “o mundo da vida
cotidiana é comum a todas as pessoas e existe porque vivemos nele como homens, com
outros homens, com os quais nos vinculam influências e tarefas comuns,
compreendendo a verdade e sendo compreendidos por eles” ou seja, cada ser-aí se
baseia pelo modo como define o cenário de ação, interpretando as possibilidades
possíveis a partir da situação biograficamente determinada a partir dos seus interesses,
compromissos, crenças e vontades que se revelam e se mostram através da interpretação
do homem enquanto ser-no-mundo.
RESULTADOS
Após as leituras citadas foi necessário refletir, com base no referencial teórico,
sobre a complexidade em que essa realidade é enfrentada, especialmente em como isso
se debruça na experiência da maternidade na vida das mulheres em situação de rua, que
enfrentam maior vulnerabilidade político-social. Por sua maioria, foi referido diversos
estigmas sociais que perpassam essa realidade, representados por meio de
discriminação, violência, e ainda, violação da dignidade humana com a carência de
políticas públicas que desvelem a singularidade no tratamento dessas mulheres.
Vale ressaltar ainda que, a maternidade para além de existir como experiência,
existe enquanto instituição. Com isso, a característica institucional que nos percorre
enquanto sociedade, trata qualquer outra maternidade que não se apresente de forma
padrão, como desviante, e portanto, com a necessidade de promover intervenções
corretivas e/ou na interferência de que ela não ocorra. Nesse sentido, em virtude de uma
historicidade patriarcal, o sujeito enquanto mulher já se encontra em situação de
desvalorização na sociedade. E para além disso, quando se trata das condições de acesso
à saúde e aos direitos, a disponibilidade de recursos variam ainda mais a depender de
mulheres homosexuais, negras, indigenas, residentes da área rural e da mulher em
situação de rua. Deixando claro, portanto, uma lacuna nas políticas de atenção à mulher,
que não atende integralmente a demanda de todas elas nesse contexto.
É importante salientar que o papel estatal e social diante dessa situação, não é
apenas de diminuir os resquícios de uma problemática que se dá pela falta de atenção
básica e acesso dessa população em situação de rua. Ou seja, é necessário
implementações de políticas públicas preventivas de acolhimento a essas mulheres, para
que em conjunto, seja possível realizar a proposta de defesa e promoção da prioridade
absoluta do direito de crianças e adolescentes.
Como uma das alternativas para enfrentar essa realidade e o embate com a ação
da retirada compulsória dessas crianças nas ruas e maternidade, o Ministério da saúde e
o Ministério do Desenvolvimento Social remeteram uma nota em conjunto, que
direcionou a ambas as redes de serviços um atendimento para essas mulheres, onde o
trabalho deverá ser articulado desde o pré-natal até o puerpério, tendo como uma das
etapas a inclusão social dessas mulheres, agora mães, juntamente com o seus filhos. A
Nota Técnica Conjunta n.º 001/2016 MDSA e MS, estabelece as “Diretrizes, Fluxo e
Fluxograma para a atenção integral às mulheres e adolescentes em situação de rua e/ou
usuárias de álcool e/ou crack/outras drogas e seus filhos recém-nascidos”, infelizmente
ela não foi produzida no âmbito do GT do Conanda, mas se tornou pauta de discussão
por parte do grupo, gerando importantes encaminhamentos, o que valida ainda mais a
diferença na ampliação desse âmbito de pesquisa com congressos, mesas,
desenvolvimento de artigos científicos, entre outras iniciativas que busquem explorar os
caminhos possíveis para uma ação cada vez mais humanizada e pautada no
acompanhamento de demandas e avaliação individual de cada caso. Entretanto, a
Resolução Conjunta CNAS/CONANDA n.º 1/2017, de 7 de junho de 2017 “Estabelece
as Diretrizes Políticas e Metodológicas para o atendimento de crianças e adolescentes
em situação de rua no âmbito da Política de Assistência Social” ela é a terceira
produção que está nessas diretrizes e diz respeito ao conjunto de orientações para
profissionais atuantes da assistência social.
CONSIDERAÇÕES FINAIS