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O voleibol e a sociedade: origem e evolução1

O voleibol é um esporte coletivo praticado no mundo todo e bastante popular no Brasil. É realizado em muitas
escolas, parques e praias do País. Ainda que seja bastante difundido nas instituições e nos locais que possibilitam a
prática corporal, o voleibol não é um esporte de origem brasileira e sua origem remonta há mais de um século. O esporte
teve seu início demarcado em 9 de fevereiro de 1895, na cidade de Holyoke, Massachusetts, nos Estados Unidos, sob o
nome de mintonette (AFONSO, 2004; MARCHI JÚNIOR, 2004; BOJIKIAN, J.; BOJIKIAN, L. 2012). O criador do
voleibol foi o diretor de educação física da Associação Cristã de Moços (ACM), William George Morgan. A ideia de
desenvolver uma nova modalidade surgiu da necessidade de ofertar uma prática corporal prazerosa aos associados da
ACM, principalmente para aqueles na faixa etária dos 40 aos 50 anos de idade, os chamados “homens de negócios”.
Para esses homens, os exercícios calistênicos, que eram bastante comuns nos ginásios, não geravam entusiasmo e o
basquetebol era considerado muito violento, haja vista os constantes contatos físicos que esse esporte proporcionava.
O basquetebol havia sido criado alguns anos antes, em 1891, na ACM de Springfield, pelo professor de educação
física James Naismith. O basquetebol, em 1895, apesar do pouco período de existência, já havia se difundido em muitas
das sedes da ACM, inclusive em Holyoque, já que se localizava a poucos quilômetros de Springfield. Apesar de ser um
esporte bastante praticado na época, o basquetebol apresentava alguns embates físicos que afastavam algumas pessoas
dessa prática. Diante disso e do pedido do pastor Lawrence Rinder, William Morgan elaborou um jogo que pudesse ser
praticado pelos associados mais antigos da ACM (MARCHI JÚNIOR, 2004).
Na sua estrutura original, o voleibol era disputado em nove pontos, em uma quadra dividida por uma rede
parecida com a do tênis. A rede se postava a cerca de 1,90m de altura. A bola utilizada no princípio do voleibol era uma
câmara de uma bola de basquetebol. Como era muito leve e a bola de basquetebol completa era muito pesada, Morgan
solicitou à firma A. G. Spalding & Brothers (a mesma fabricante das bolas de basquete) a produção de uma bola
específica para a prática do voleibol, o que foi feito após vários testes com diversos protótipos. No início, a prática do
mintonette era bastante limitada à cidade de Holyoque e aos associados da ACM. No entanto, após a conferência ocorrida
em Springfield com a presença de diretores, mencionada por Morgan, eles levaram a ideia do novo jogo para outras
instituições da ACM espalhadas pelo país. Tão logo, a prática do mintonette se difundiu em muitas cidades dos estados
de Massachusetts e da Nova Inglaterra. Observou-se também a instalação de quadras em praias, em estações de veraneio
e em playgrounds. A instalação desses espaços contribuiu para o aumento do número de praticantes e para a popularidade
do jogo. Em Springfield, diversas análises sobre a forma de jogar e o objetivo imposto pelo jogo foram realizadas, entre
elas, a do Dr. A. T. Halstead, que sugeriu a mudança do nome mintonette, que estava associado à prática do badminton
para volleyball, em alusão ao movimento de voleio realizado com os braços para fazer com que a bola passe à quadra
adversária (MARCHI JÚNIOR, 2004; MATTHLESEN, 1994).
Pode-se destacar que a prática do voleibol também não era direcionada a qualquer pessoa. Servia de modo a
oportunizar a prática esportiva para indivíduos com “sentimentos superiores” de coletividade e cooperação comuns à
sociedade cristã. Aos que não se enquadravam nessa estrutura, a eliminação era inevitável. Portanto, o voleibol, além
de uma prática esportiva, pode ser também uma forma de selecionar indivíduos e de propagar características morais de
determinados grupos sociais. É possível salientar também que o “processo de aproximação e estímulo que incentiva o
espírito de corporação” também denota a necessidade de fortalecimento de determinada classe social, compartilhando
seus ideais e fortalecendo suas ações.

1
Priess et al. Metodologia do Voleibol. Porto Alegre: SAGAH, 2018.

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