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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO


SERTÃO CENTRAL – FECLESC

Radiação: Acidentes e Armas Nucleares

FELIPE GRIGORIO DA SILVA

Orientador: Prof. Francisco Célio Feitosa de França

Quixadá – Ceará
Novembro de 2018
39
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO SERTÃO
CENTRAL – FECLESC

Radiação: Acidentes e Armas Nucleares

FELIPE GRIGORIO DA SILVA

Monografia apresentada ao Curso de


Licenciatura Plena em Química da
Faculdade de Educação, Ciências e
Letras do Sertão Central (FECLESC) da
Universidade Estadual do Ceará (UECE),
como requisito parcial para obtenção do
grau de Licenciado em Química.

Orientador: Prof. Francisco Célio Feitosa de França

Quixadá – Ceará
Novembro de 2018
39
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DO


SERTÃO CENTRAL – FECLESC

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM QUÍMICA

Título do Trabalho: Radiação acidentes e armas nucleares

Autor(a): FELIPE GRIGORIO DA SILVA

Defesa em: _____/_____/_____

Conceito Obtido: _________________

Banca Examinadora

___________________________________________________

Professor

___________________________________________________

Professor

___________________________________________________

Professor
39
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois sem ele nada disso seria possível
se realizar e em segundo lugar agradeço a minha família e amigos por ter
me apoiado e ajudado nesta caminhada tão difícil.
Agradeço também aos professores do curso de Química que me auxiliaram
e tornaram tudo possível.

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“Não tente se torna uma pessoa de Sucesso,
más sim uma pessoa de valor”

(Albert Einstein)
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Resumo

A radiação é algo muito comum no nosso dia a dia e nem percebemos, o


simples fato de se expor ao sol, usar telefone ou micro-ondas estamos em
contato com ela. Desde sua descoberta o ser humano busca utilizá-la em
tratamento de doenças, na indústria para que os alimentos se conservem por
mais tempo. A energia nuclear representa um dos maiores dilemas que a
humanidade terá de enfrentar no século XXI. Precisamos de cada vez mais
energia para sustentar nosso desenvolvimento, e o núcleo do átomo é, sem
dúvida, uma fonte poderosa e abundante. No entanto, os riscos inerentes às
reações nucleares são muito grandes e piores ainda são as perspectivas de
seu uso para fins militares ou de terrorismo. Infelizmente são pouco divulgados
os grandes benefícios da energia nuclear. A cada dia, novas técnicas nucleares
são desenvolvidas nos diversos campos da atividade humana, possibilitando a
execução de tarefas impossíveis de serem realizadas pelos meios
convencionais. A medicina, a pesquisa, a indústria, particularmente a
farmacêutica, e a agricultura são as áreas mais beneficiadas. O objetivo
principal desse trabalho de monografia é tentar mostrar, dentro de um espaço
razoável, informações básicas sobre a estrutura da matéria, da radioatividade
natural ou artificial, dos efeitos das radiações ionizantes e expor alguns dos
maiores acidentes nucleares já ocorridos no mundo.

Palavras chave: Radiação, Energia e Átomos.

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ABSTRACT

Radiation is something very common in our day to day and we do not even
realize, simply exposing ourselves to the sun, using a telephone or a microwave
is in contact with it. Since its discovery the human being seeks to use it in the
treatment of diseases in the industry so that the food can be preserved for
longer. Nuclear energy represents one of the greatest dilemmas humanity will
face in the 21st century. We need more and more energy to sustain our
development, and the nucleus of the atom is undoubtedly a powerful and
abundant source. However, the risks inherent in nuclear reactions are very
large and even worse are the prospects of their use for military or terrorist
purposes. Unfortunately, the great benefits of nuclear power are little publicized.
Each day, new nuclear techniques are developed in the various fields of human
activity, enabling the execution of tasks impossible to be performed by
conventional means. Medicine, research, industry, particularly pharmaceuticals,
and agriculture are the areas most benefited. The main objective of this
monograph is to show within a reasonable space basic information about the
structure of matter, natural or artificial radioactivity, the effects of ionizing
radiation and expose some of the largest nuclear accidents in the world.

Keywords: Radiation, Energy and Atoms.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura atômica..........................................................................13


Figura 2 - Estrutura do núcleo.......................................................................14
Figura 3 - Isótopos de hidrogênio.................................................................15
Figura 4 - Emissão de particulas...................................................................16
Figura 5 - Emissão de particulas α ..............................................................17
Figura 6 - Emissão de particulas β ..............................................................18
Figura 7 - Emissão de particulas γ ..............................................................18
Figura 8 - Processo de separação de particulas.........................................19
Figura 9 - Fontes de radiação.......................................................................21
Figura 10 - Séries radiotivas..........................................................................23
Figura 11 - Nível de penetração de particulas..............................................26
Figura 12 - Modos de exposição....................................................................27
Figura 13 - Composição molecular do ser humano.....................................28
Figura 14 - organização dos seres vivos.......................................................29
Figura 15 - Contaminação e irradiação..........................................................32
Figura 16 - simbolo dos alimentos irradiados..............................................38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................10
2 ESTRUTURA DA MÁTERIA E RADIOATIVIDADE...................13
2.1 ESTRUTURA DO ÁTOMO..........................................................13
3 ISÓTOPOS..................................................................................15
4 RADIOATIVIDADE......................................................................15
4.1 RADIAÇÃO ALFA........................................................................16
4.2 RADIAÇÃO BETA.......................................................................17
4.3 RADIAÇÃO GAMA......................................................................18
4.3.1 PARTICULAS E ONDAS.............................................................19
5 ATIVIDADES DE UMA MOSTRA...............................................19
6 DESINTEGRAÇÃO OU TRANSMUTAÇÃO RADIOATIVA.......20
7 FONTES NATURAIS DE RADIAÇÃO........................................20
8 FONTES ARTIFICIAIS DE RADIAÇÃO.....................................21
9 FAMILIAS RADIOTIVAS............................................................22
10 LIXO ATÔMICO..........................................................................24
11 RADIAÇÃO IONIZANTE.............................................................24
12 TIPOS DE RADIAÇÃO E SEUS EFEITOS.................................25
13 MODOS DE EXPOSIÇÃO...........................................................26
14 ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS: NIVEL ATÔMICO E
MOLECULAR..............................................................................27
15 UTILIDADES DA RADIAÇÃO....................................................29
16 ACIDENTE EM GOIÂNIA...........................................................30
16.1 CONTAMINAÇÃO E IRRADIAÇÃO............................................31
16.2 DESCONTAMINAÇÃO EM GOIÂNIA.........................................32
17 CHERNOBYL..............................................................................33
17.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ACIDENTES.........................................35
18 PRODUÇÃO DE ARMAMENTOS NÚCLEARES.......................35
19 CONCIDERAÇÕES FINAIS........................................................36
REFERÊNCIAS...........................................................................39
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1 - INTRODUÇÃO

Radiação é energia que se propaga a partir de uma fonte emissora


através de qualquer meio, podendo ser classificada como energia em trânsito.
Ela se apresenta em forma de partícula atômica ou subatômica energéticas tais
como partículas alfa, elétrons, pósitrons, prótons, nêutrons etc. que podem ser
produzidos em aceleradores de partículas ou em reatores, e as partículas alfa,
os elétrons e os pósitrons são também emitidos espontaneamente de núcleos
dos átomos radioativos (Okuno, p.185, 2013). A radiação solar, micro-ondas,
ondas de radio, telefone celular e televisão são exemplos que estão presentes
no nosso cotidiano.

A energia nuclear consiste no uso controlado das reações nucleares


para a obtenção de energia para realizar movimento, calor e geração de
eletricidade. Alguns isótopos de certos elementos apresentam a capacidade
de, através de reações nucleares, emitirem energia durante o processo.
Baseia-se no princípio (demonstrado por Albert Einstein) que nas reações
nucleares ocorre uma transformação de massa em energia. A reação nuclear é
a modificação da composição do núcleo atômico de um elemento, podendo
transformar-se em outro ou em outros elementos. Esse processo ocorre
espontaneamente em alguns elementos; em outros deve-se provocar a reação
mediante técnicas de bombardeamento de nêutrons ou outras (CNEN, 1998).

Existem duas formas de aproveitar a energia nuclear para convertê-la


em calor: A fissão nuclear, onde o núcleo atômico se subdivide em duas ou
mais partículas, e a fusão nuclear, na qual ao menos dois núcleos atômicos se
unem para produzir um novo núcleo. Sendo a fissão nuclear do urânio uma
aplicação civil da energia nuclear. Esse processo é ultilisado em varios países
para a produção de energia, uma de suas vantagens é que nesse processo
não ha poluição atmosférica.

A fissão nuclear do urânio é a principal aplicação civil da energia


nuclear. É usada em centenas de centrais nucleares em todo o mundo,
principalmente em países como a França, Japão, Estados Unidos, Alemanha,
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Brasil, Suécia, Espanha, China, Rússia, Coréia do Norte, Paquistão e Índia,
entre outros. A principal vantagem da energia nuclear obtida por fissão é a não
utilização de combustíveis fósseis, não lançando na atmosfera gases tóxicos, e
não sendo responsável pelo aumento do efeito estufa.

Em diversos ramos da atividade humana a radiação ionizante, um tipo


emissão energética capaz de remover elétrons de átomos e moléculas é
empregada em proveito da sociedade, apesar do risco associado à sua
utilização. Desse modo, é importante conhecer a natureza, as propriedades e,
principalmente, os efeitos biológicos promovidos pelas radiações, para avaliar
seus benefícios e potenciais ameaças à saúde dos seres vivos. ( Matos, n. 20,
2014).

A cada dia com a evolução tecnológica, novas técnicas nucleares são


criadas em diversas áreas da atividade humana como, a medicina, agricultura e
a industria, que são exemplos de campos beneficiados com esse avanço.

Os isótopos radioativos ou radioisótopos, devido à propriedade de


emitirem radiações, têm vários usos. As radiações podem até atravessar a
matéria ou serem absorvidas por ela, o que possibilita múltiplas aplicações.
Mesmo em quantidades cuja massa não pode ser determinada pelos métodos
químicos, a radiação por eles emitida pode ser detectada. Pela absorção da
energia das radiações (em forma de calor) células ou pequenos organismos
podem ser destruídos. Essa propriedade, que normalmente é altamente
inconveniente para os seres vivos, pode ser usada em seu benefício, quando
empregada para destruir células ou micro-organismos nocivos (CARDOSO, p.
03, 2009). No campo dos alimentos a exposição a radiação, um processo
denominado irradiação serve para conservar produtos alimentícios por mais
tempo.

Outra ultilidade dos materiais radiotivos é a produção de energia


elétrica resultante de uma fonte nuclear é obtida a partir do calor da reação do
combustível (urânio) utilizando o princípio básico de funcionamento de uma
usina térmica convencional, que é sempre igual; a queima do combustível
produz calor, esse ferve a água de uma caldeira transformando-a em vapor. O
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vapor movimenta uma turbina que, por sua vez, dá partida a um gerador que
produz a eletricidade.

A Radioatividade em pouco tempo demonstrou seus efeitos a saúde


humana, como queimaduras e câncer, alguns dos primeiros cientistas que
trabalharam com material radioativo acabaram adoecendo e falecendo. Em
seguida de sua descoberta começou a produção de armamentos e a
construção de reatores nucleares.

As bombas nucleares se fundamentam na reação de fissão nuclear


explosiva. Na madrugada do dia 16 de julho de 1945, ocorreu o primeiro teste
nuclear da história, realizado no deserto de Alamogordo, Novo México. Foram
empregadas pela primeira vez para fins militares durante a Segunda Guerra
Mundial nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, deixando milhares
de mortos.

Em 26 de abril de 1986, em Chernobyl (Ucrânia - URSS), o descontrole


da reação provocou um incêndio no prédio do reator e a consequente liberação
de material radioativo na atmosfera,, essa radiação se espalhou contaminado
pessoas, plantações e foi responsável por milhares de mortes. Apesar de hoje
se saber que o acidente foi provocado por falhas humanas grosseiras nos
procedimentos básicos de segurança e até mesmo por erros no projeto dos
reatores, Chernobyl fez a energia nuclear virar sinônimo de desastre e
destruição. Grupos ambientalistas fizeram dela seu principal inimigo. (Merçon e
Quadrat, 2004).

Mas os tempos mudaram. Enquanto as usinas nucleares avançaram


em segurança e controle dos resíduos radioativos, o mundo passou a sofrer
com o gás carbônico emitido pelas fontes tradicionais de energia, como o
petróleo e as usinas termoelétricas a carvão. Num mundo em que o
aquecimento global é o grande problema, a energia nuclear passou a ser
novamente utilizada por muitos países, já citados acima.

O objetivo principal desse trabalho de monografia é tentar mostrar,


dentro de um espaço razoável, informações básicas sobre a estrutura da
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matéria, da radioatividade natural ou artificial, dos efeitos das radiações
ionizantes.

2 - A ESTRUTURA DA MATÉRIA E A RADIOATIVIDADE

Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos ou


suas combinações. O produto de tais arranjos são as moléculas. Uma molécula
pode ser constituída por um ou mais átomos. Macromoléculas podem
apresentar centenas ou mesmo milhares deles. Atualmente, sabemos que o
átomo é a menor estrutura da matéria que apresenta as propriedades de um
elemento químico.

A estrutura de um átomo é semelhante à do Sistema Solar, consistindo


em um núcleo, onde fica concentrada a massa, como o Sol, e em partículas
girando em seu redor, denominadas elétrons, equivalentes aos planetas
(CNEN, 2004).

Figura 1 - Estrutura atômica

Fonte: radioatividade (CNEN)

2.1 - ESTRUTURA DO ÁTOMO

O núcleo do átomo é formado, basicamente, por partículas de cargas


positivas, chamadas prótons, e de partículas de mesmo tamanho mas sem
carga, denominadas nêutrons. O número de prótons (ou número atômico)
identifica um elemento químico, comandando seu comportamento em relação
aos outros elementos.
39
Figura 2 - Estrutura do núcleo.

Fonte: radioatividade (CNEN).

As cargas positivas dos prótons contidos no núcleo são neutralizadas


pelas cargas negativas dos elétrons, que ficam contidos na eletrosfera,
distribuídos em órbitas em torno do núcleo. A relação entre as cargas positivas
e negativas resulta na estrutura eletricamente estável do átomo.

Além de orbitarem em torno do núcleo do átomo, os elétrons


apresentam movimento de rotação em torno de si mesmo. Sendo os elétrons
carregados negativamente, o resultado desta movimentação é a geração de
campos eletromagnéticos. A neutralização destes campos ocorre através do
emparelhamento de elétrons cuja rotação seja oposta. Assim um anulando a
carga do outro.

A maioria dos elementos apresentam elétrons desemparelhados nas


suas camadas mais externas de seus átomos. A neutralização desses campos
ocorre com a interação entre os átomos cujos elétrons não emparelhados
apresentem rotação em sentido oposto (CNEN, 2004).

Na natureza a maioria dos átomos com exceção dos gases nobres


necessita de uma combinação com outros átomos para que complementem os
elétrons da ultima camada. Para que um átomo possa se estabilizar este deve
apresentar oito elétrons na sua camada de Valencia, com algumas exceções
como o Hélio.
39
3 - OS ISÓTOPOS

O número de nêutrons no núcleo pode ser variável, pois eles não têm
carga elétrica. Com isso, um mesmo elemento químico pode ter massas
diferentes. Átomos de um mesmo elemento químico com massas diferentes
são denominados isótopos. O hidrogênio tem 3 isótopos: o hidrogênio, o
deutério e o trício (ou trítio). O urânio, que possui 92 prótons no núcleo, existe
na natureza na forma de 3 isótopos:

Figura 3 - Isótopos de hidrogênio

Fonte: radioatividade (CNEN)

 U-234, com 142 nêutrons (em quantidade desprezível);


 U-235, com 143 nêutrons, usado em reatores PWR, após
enriquecido (0,7%);
 U-238, com 146 nêutrons no núcleo (99,3%).
Dentre os isótopos de urânio, o mais propicio a sofrer fissão é o urânio-
235, que pode ser fissionado por nêutrons térmicos, já o urânio-238 sendo um
pouco mais estável, sendo fissionado apenas por nêutrons com uma elevada
energia cinética.

4 - RADIOATIVIDADE

O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico


virgem levou à descoberta de um fenômeno interessante: o filme foi velado
(marcado) por “alguma coisa” que saía da rocha, na época denominada raios
ou radiações. Alguns elementos como; urânio, polônio e rádio, tem uma grande
quantidade de massa atômica, esses elementos passaram a ser conhecidos
como elementos radioativos. Comprovou-se que um núcleo muito energético,
39
por ter excesso de partículas ou de carga, tende a estabilizar-se, emitindo
algumas partículas (CNEN, 2004). Decaimento radioativo ou desintegração
nuclear é a propriedade de um elemento radioativo emitir espontaneamente
energia ou partículas nucleares de seu núcleo atômico. Essas partículas
podem ser Beta e Alfa, ou ainda emitir radiação Gama. De forma simples a
radiação nada mais é do que a emissão e propagação de energia de um ponto
a outro, seja no vácuo ou num meio material. Isto pode ocorrer na forma ondas
ou de partículas com energia cinética.

Figura 4 - Emissão de partículas

Fonte: CNEN(2018)

4.1 - RADIAÇÃO ALFA OU PARTÍCULA ALFA (α)

Um dos processos de estabilização de um núcleo com excesso de


energia é o da emissão de um grupo de partículas positivas, constituídas por
dois prótons e dois nêutrons, e da energia a elas associada. São as radiações
alfa ou partículas alfa, núcleos de hélio (He), um gás chamado “nobre” por não
reagir quimicamente com os demais elementos.
39
Figura 5 – emissão de particulas (α)

Fonte: CNEN (2018)

A primeira transmutação de elementos químicos foi realizada por


Rutherford, em 1919, ao produzir átomos de oxigênio pelo
bombardeamento de átomos de nitrogênio com partículas alfa. Como
representado pela equação:

14 4 17 1
7 N + 2α → 8O+ 1 ρ

Esse processo possibilitou a criação de elementos artificiais e, em


1941, um grupo de cientistas obteve ouro a partir de mercúrio,
alcançando uma das metas dos antigos alquimistas. (Merçon e
Quadrat, 2004, p 03)

Com a descoberta dos benefícios das substancias radioativas,


principalmente (radio, tório, urânio e polônio) passaram a ser comercializada
livremente. Algumas pessoas usavam esses elementos para fins terapêuticos,
cura de doenças e para higienização de objetos e pessoal. Em pouco tempo de
uso foi detectado os seus efeitos nocivos à saúde como queimadura na pele,
câncer no pulmão entre outros. Após alguns acontecimentos os elementos
radioativos passaram a ser tratados com o devido cuidado. (Merçon e Quadrat,
2004)

4.2 - RADIAÇÃO BETA OU PARTÍCULA BETA (β)

Outra forma de estabilização, quando existe no núcleo um excesso de


nêutrons em relação a prótons, é através da emissão de uma partícula
negativa, um elétron, resultante da conversão de um nêutron em um próton. É
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a partícula beta negativa ou, simplesmente, partícula beta. No caso de existir
excesso de cargas positivas (prótons), é emitida uma partícula beta positiva,
chamada pósitron, resultante da conversão deu m próton em um nêutron.
Portanto, a radiação beta é constituída de partículas emitidas por um núcleo,
quando da transformação de nêutrons em prótons (partículas beta) ou de
prótons em nêutrons (pósitrons).

Figura 6 – Emissão de partículas (β)

Fonte: CNEN (2018)

4.3 - RADIAÇÃO GAMA ()

Geralmente, após a emissão de uma partícula alfa () ou beta (β), o


núcleo resultante desse processo, ainda com excesso de energia, procura
estabilizar-se, emitindo esse excesso em forma de onda eletromagnética,
denominada radiação gama. Como exemplos de radiações podemos citar as
micro-ondas, os raios X, sinais de rádio, radiação ultravioleta, luz do Sol, entre
outras. Como se trata da emissão apenas de radiação eletromagnética, não
existe variação em termos de carga e de massa do núcleo resultante (CNEN,
2004).

Figura 7 - Emissão de partículas ()

Fonte: CNEN (2018)


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4.3.1 - PARTÍCULAS E ONDAS

Conforme foi descrito, as radiações nucleares podem ser de dois tipos:

 Partículas, possuindo massa, carga elétrica e velocidade, esta


dependente do valor de sua energia;
 Ondas eletromagnéticas, que não possuem massa e se propagam
com a velocidade de 300.000 km/s, para qualquer valor de sua energia.
São da mesma natureza da luz e das ondas de transmissão de rádio e
TV.
Figura 8 - Processo de separação de partículas.

Fonte: CNEN (2018)

A identificação desses tipos de radiação foi feita utilizando-se uma


porção de material radioativo, com o feixe de radiações passando por entre
duas placas polarizadas com um forte campo elétrico.

5 - ATIVIDADE DE UMA AMOSTRA

Os núcleos instáveis de uma mesma espécie (mesmo elemento


químico) e de massas diferentes, denominados radioisótopos, não realizam
todas as mudanças ao mesmo tempo. As emissões de radiação são feitas de
modo imprevisto e não se pode adivinhar o momento em que um determinado
núcleo irá emitir radiação.

Entretanto, para a grande quantidade de átomos existente em uma


amostra é razoável esperar-se certo número de emissões ou transformações
39
em cada segundo. Essa “taxa” de transformações é denominada atividade da
amostra. A atividade de uma amostra com átomos radioativos (ou fonte
radioativa) é medida em: Bq (Becquerel) = uma desintegração por segundo e
Ci (Curie) = 3,7 x 1010 Bq .

6 – DESINTEGRAÇÃO OU TRANSMUTAÇÃO RADIOATIVA

Como o visto anteriormente átomos com excesso de energia ou


elementos pesados, tendem a emitir energia na forma de partículas alfa ou
beta. Nesse processo ocorre uma variação do numero de prótons no núcleo do
átomo, isto é, o elemento se transforma ou transmuta em outro com
características diferentes. Essa transmutação também é conhecida como
desintegração radioativa, designação não muito adequada. Um termo mais
apropriado é decaimento radioativo. (CNEN, 2004)

7- FONTES NATURAIS DE RADIAÇÃO

Em meios de fontes naturais rochas, sedimentos e minérios que


contem uma concentração significativas de alguns elementos como, urânio e
tório que são encontrados na forma de produtos de decaimento, ou seja, seus
isótopos tiveram uma desintegração do núcleo, e o produto desse decaimento
são o radônio e o torônio chamados de radionuclídeos.

Outra fonte de origem natural é a radiação cósmica, que são


provenientes do espaço através de explosões solares de estrelas. Boa parte
dessa radiação é parada pela atmosfera terrestre, amenizando o contato direto
com os seres humanos, recentemente, com o excesso de poluentes lançados
na atmosfera, criou-se grades buracos na camada de ozônio facilitando a
passagem direta da radiação cósmica.

A radiação natural tem as suas origens tanto nas fontes externas (as
radiações cósmicas), como nas radiações provenientes de elementos
radioativos espalhados na crosta terrestre. Na natureza podem ser encontrados
aproximadamente 340 nuclídeos, dos quais 70 são radioativos. Esses
elementos podem ser incorporados no corpo humano pela inalação de
39
partículas ou pela ingestão de alimentos com certa concentração de materiais
radioativos ( PEDROSA, p 05).

8 - FONTES ARTIFICIAIS DE RADIAÇÃO

Desde a descoberta da radiação, a utilizamos em nosso beneficio com


usos diferenciados, nas indústrias e na medicina, desse modo também nos
expomos a radiação.

Figura 9 – Fontes de radiação

Fonte:

tecnologia radiológica (Pedrosa)

Pode-se observar que dentre as fontes artificiais, o maior percentual é


o radiodiagnóstico, que utiliza a radiação ionizante para a obtenção de um
diagnóstico. A especialidade em radiodiagnóstico possui importantes funções
no âmbito de uma ação clínica, pois no tratamento de um câncer, por exemplo,
o estudo da localização e do comportamento do tumor com o tempo é um fator
de fundamental importância para um sucesso final do tratamento. Devido à
esta constatação, todo esforço deve ser direcionado no sentido de controlar e
reduzir estes valores ( PEDROSA, p 05).
39
9 - FAMILIAS RADIOTIVAS

Todos os isótopos radioativos naturais, isto é, os que ocorrem


normalmente na natureza, formados sem qualquer tipo de ativação externa, se
originaram a partir de um dos três isótopos seguintes.

1. Tório, 232
90T h

2. Urânio, 238
92 U

3. Urânio, 235
92 U

Cada um dos elementos citados se desintegra através da emissão de


partículas 42α , dando origem a um segundo elemento, que também ira se
desintegrar formando um terceiro elemento, e assim sucessivamente até que o
ultimo elemento produzido seja um isótopo de chumbo (z= 82). Desse modo:
Uma família radioativa é um conjunto de átomos que estão relacionados por
sucessivas desintegrações.

39
Figura 10 - Series radiotivas

Fonte: radiatividade (CNEN)

Alguns elementos radioativos têm meia-vida muito longa, como, por


exemplo, os elementos iniciais de cada série radioativa natural (urânio-235,
urânio-238 e tório-232). Dessa forma, é possível explicar, porque há uma
porcentagem tão baixa de urânio-235 em relação à de urânio-238. Como a
meia-vida do urânio-235 é de 713 milhões de anos e a do urânio-238 é de 4,5
bilhões de anos, o urânio-235 decai muito mais rapidamente e, portanto, é
muito mais “consumido” que o urânio-238 (CNEN, 2004).
39
Com o desenvolvimento de reatores nucleares e máquinas
aceleradoras de partículas, muitos radioisótopos puderam ser “fabricados”
(produzidos), utilizando-se isótopos estáveis como matéria prima. Com isso,
surgiram as Séries Radioativas Artificiais, algumas de curta duração.

10 - O LIXO ATÔMICO

Os produtos radiativos são resíduos que as indústrias nucleares, os


hospitais e os laboratórios devem se desfazer ou armazenar com segurança.
São resíduos radiativos os produtos de fissão ou fusão resultantes da utilização
do urânio ou do plutônio nos reatores nucleares e que são unidades de
combustíveis nucleares irradiados por ocasião do seu reaproveitamento. Esses
materiais, que não são utilizados em virtude dos riscos que apresentam, são
chamados de Rejeitos Radioativos.

Os rejeitos radioativos precisam ser tratados, antes de serem liberados


para o meio ambiente. No caso de fontes e de materiais radiativos muito
diversificados e que são largamente usados nos hospitais e indústrias, se após
seu uso esses materiais não perderem sua radiatividade por meio naturais, no
caso período de vida curto, é preciso que seja estocado. Podendo eles, ser
liberados quando o nível de radiação é igual ao do meio ambiente e quando
não apresentam toxidez química (RUBBO, 1996)

11 - Radiações Ionizantes

A radiação ionizante é a radiação capaz de, ao interagir ionizando o


átomo, remover elétrons de um átomo ou de uma molécula. Mais
especificamente, pode ser considerada como a energia que é transportada por
qualquer um dos diversos tipos de partículas e radiação electromagnética
emitida por material radioativo.

Esse processo de ionização em contato com matéria orgânica provoca


modificação temporária ou permanente na estrutura das moléculas, em alguns
casos modificam o DNA. Mutações gênicas: correspondem a alterações
introduzidas na molécula de DNA que resultam na perda ou na transformação
39
de informações codificadas na forma de genes. Quebras da molécula:
resultam na perda da integridade física do material genético (quebra da
molécula).

Os efeitos físico-químicos acontecem instantaneamente, entre 10−13 e


−10
10 segundos e nada podemos fazer para controlá-los. Os efeitos biológicos
acontecem em intervalos de tempo que vão de minutos a anos. Consistem na
resposta natural do organismo a um agente agressor e não constituem
necessariamente, em doença. Ex : redução de leucócitos.

Os efeitos orgânicos são as doenças. Representam a incapacidade de


recuperação do organismo devido à frequência ou quantidade dos efeitos
biológicos. Ex : catarata, câncer, leucemia. (PEDROSA E CNEN, 20004).

12 - TIPOS DE RADIAÇÃO E SEUS EFEITOS

Os principais tipos de radiação usados em medicina,são citados a


seguir. Seu poder de penetração e a blindagem típica associada variam com o
tipo de radiação e sua energia.

 Partícula α: não consegue penetrar nem 0,1 mm na pele, são as


radiações mais ionizantes por terem carga +2, mas, exatamente por esse
motivo, além de ter maior massa, sua penetração na matéria é pequena, no
entanto, sua inalação ou. ingestão podem ser muito danosas. Blindagem típica:
folha de papel.
 Radiação β: seus efeitos são superficiais, que são elétrons de
origem nuclear, podem percorrer até poucos metros no ar e têm um poder
ionizante bem menor doque as partículas alfa.. Blindagem típica: acrílico.
 Radiação γ e X: seus efeitos ocorrem de maneira mais distribuída
devido ao seu, grande poder de penetração sendo as radiações mais
penetrantes, seu poder de ionização é baixo em relação às partículas alfa e
beta.. Blindagem típica: chumbo.
 Nêutrons: têm alto poder de penetração, Os nêutrons se
comportam de uma forma mais complexa ao atravessar a matéria, não
39
interagindo por força coulombiana (das cargas elétricas), característica das
outras radiações. Blindagem típica: parafina.

Figura 11 - Nivel de penetração de particulas

Fonte: CNEN (2018)

13 - MODOS DE EXPOSIÇÃO

Exposição externa é resultante de fontes externas ao corpo,


proveniente dos raios X ou fontes radioativas. A exposição interna resulta da
entrada de material radioativo no organismo por inalação, ingestão, ferimentos
ou absorção pela pele. O tempo de manifestação dos efeitos causados por
estas exposições pode ser tardio, os quais se manifestam após 60 dias, ou
imediatos, que ocorrem num período de poucas horas até 60 dias.
39
Figura 12 - Modos de exposição

Fonte: GOOGLE (2018)

14 - ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS: NÍVEL ATÔMICO E MOLECULAR

Os seres vivos são constituídos, principalmente, por átomos de


carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e nitrogênio (N). Estes átomos,
combinados entre si, constituem a base das moléculas biológicas. Como pode
ser observado na tabela que segue, a água é a substância encontrada em
maior quantidade na composição química de um ser vivo.
39
Figura 13 – Composição molecular do ser humano

Fonte: radiação ionizante (CNEN)

Alguns seres vivos, como bactérias e amebas, são constituídos por


uma única célula capaz de desempenhar todas as funções inerentes à vida, a
saber: absorver nutrientes, eliminar excretas, crescer e reproduzir-se. Já nos
organismos pluricelulares (mais de uma célula), como homem, as células
passam a desempenhar funções específicas. Células que desempenham
funções específicas organizam-se em tecidos e órgãos, que por sua vez dão
origem a sistemas cujo funcionamento, nos seres vivos superiores (vegetais e
animais), é regulado por um sistema hormonal, caso dos vegetais, ou por um
sistema hormonal associado a um sistema nervoso, caso dos animais, (CNEN,
2004)
39
Figura 14 - Organização dos seres vivos

Fonte: radiação Ionizante (CNEN).

15 - UTILIDADES DA RADIAÇÃO

A cada dia, novas técnicas nucleares são desenvolvidas nos diversos


campos da atividade humana, possibilitando a execução de tarefas impossíveis
de serem realizadas pelos meios convencionais. A medicina, a indústria,
particularmente a farmacêutica, e a agricultura são as áreas mais beneficiadas.
Além das usinas nucleares que representam uma fonte poderosa de energia,
39
com as vantagens de não necessitarem de características geográficas
especificas ou áreas extensas, como as usinas hidrelétricas; não liberarem
gases causadores do efeito estufa, como as termelétricas; e não gerarem
efluentes gasosos ou líquidos.

As radiações podem até atravessar a matéria ou ser absorvido por ela,


o que possibilita múltiplas aplicações. Mesmo em quantidades cuja massa não
pode ser determinada pelos métodos químicos, a radiação por eles emitida
pode ser detectada. Pela absorção da energia das radiações (em forma de
calor) células ou pequenos organismos podem ser destruídos. Essa
propriedade, que normalmente é altamente inconveniente para os seres vivos,
pode ser usada em seu benefício, quando empregada para destruir células ou
micro-organismos nocivos. A propriedade de penetração das radiações
possibilita identificar a presença de um radioisótopo em determinado local,
(CNEN, 2004).

16 - O ACIDENTE EM GOIÂNIA

Uma fonte radioativa de césio-137 era usada em uma clínica da cidade


de Goiânia, para tratamento de câncer. Nesse tipo de fonte, o césio-137 fica
encapsulado, na forma de um sal, semelhante ao salde cozinha, e “guardado”
em um recipiente de chumbo, usado como uma blindagem contra as radiações.

Qualquer instalação que utilize fontes radioativas, na indústria, centros


de pesquisa, medicina nuclear ou radioterapia, deve ter pessoas qualificadas
em Radioproteção, para que o manuseio seja realizado de forma adequada.
Locais destinados ao armazenamento provisório de fontes ou rejeitos devem
conter tais fontes ou rejeitos com segurança, nos aspectos físico e radiológico,
até que possam ser removidos para outro local, com aprovação da CNEN

Duas pessoas “retiraram sem autorização” o equipamento do local


abandonado, que servia de abrigo dormitório para mendigos. A blindagem foi
destroçada, deixando à mostra um pó azul brilhante, muito bonito,
principalmente no escuro. E o “pozinho brilhante” foi distribuído para várias
pessoas, inclusive crianças. O material que servia de blindagem foi vendido a
39
um ferro velho. O material radioativo foi-se espalhando pela vizinhança e várias
pessoas foram contaminadas. A CNEN foi chamada a intervir e iniciou um
processo de descontaminação de ruas, casas, utensílios e pessoas. O acidente
radioativo de Goiânia resultou na morte de quatro pessoas, dentre 249
contaminadas. As demais vítimas foram desconta minadas e continuaram em
observação, não tendo sido registrados, até o momento, efeitos tardios
provenientes do acidente, (CNEN, 2004).

.A clinica responsável pelo equipamento foi transferida, mas o material


radioativo não foi retirado, ao encerrar suas atividades em um local, a empresa
deve solicitar o cancelamento da autorização para funcionamento (operação),
informando o destino a ser dado a esse material. Como isso não foi feito, ao
contrario ficou em um lugar abandonado, pessoas sem preparo e sem
conhecimento destruíram a blindagem e entraram em contato com o material,
contaminando eles mesmos e as pessoas próximas inclusive familiares.

As pessoas que tiveram contato com a fonte radioativa tiveram


sintomas tais como diarreia, vômito, manchas escurecidas na pele e outros
quadros de radiodermite. Algumas puderam voltar para as suas casas, porém
quatro morreram devido ao grau elevado de contaminação interna ou externa.
(PEREIRA, 2005).

16.1 - CONTAMINAÇÃO E IRRADIAÇÃO

 Contaminação caracteriza-se pela presença indesejável de um


material em determinado local, onde não deveria estar.
 A irradiação é a exposição de um objeto ou um corpo à radiação,
o que pode ocorrer a alguma distância, sem necessidade de um contato íntimo.
39
Figura 15 – contaminação e irradiação

Fonte: (CNEM, 2018)

No caso do acidente em Goiânia, as pessoas que vieram ao óbito e as


249 que foram contaminadas diretamente por mais tempo, o restante das
pessoas sofreram irradiação. Vale ressaltar que Irradiação não contamina mas
contaminação irradia.

16.2 - DESCONTAMINAÇÃO EM GOIÂNIA

Como foi mencionado, o “pó brilhante” foi distribuído para várias


pessoas, inclusive crianças, o que resultou em irradiação dos envolvidos.
Móveis, objetos pessoais, casas (pisos e paredes) e até parte da rua foram
contaminados com césio-137.

No caso das pessoas, procedeu-se a um processo de


descontaminação, interna e externamente, o que foi feito com sucesso, com
exceção das 4 vítimas fatais imediatas. Móveis e utensílios domésticos foram
considerados rejeitos radioativos e como tal foram tratados. Casas foram
demolidas e seus pisos, após removidos, passaram também a ser rejeitos
radioativos. Parte da pavimentação das ruas foi retirada. Estes rejeitos
radioativos sólidos foram temporariamente armazenados em embalagens
39
apropriadas, enquanto se aguardava a construção de um repositório adequado
(CNEN, 2004).

17 - CHERNOBYL

No inicio da madrugada do dia 26 de abril o terror do acidente nuclear


ocorrido em chernobyl, os técnicos encarregados pela usina nuclear decidiram
testar um sistema de segurança que permitira o funcionamento do reator com
baixa energia. Sem tomar os devidos cuidados, o reator acabou explodindo e
liberando uma imensa nuvem, 400 vezes mais radioativa do que a bomba
atômica de Hiroshima - contaminando a população, animais, meio ambiente.

A explosão provocou uma nuvem radioativa de grande intensidade que


se espalhou e contaminou a União Soviética, Escandinávia, Reino Unido e
grande parte da Europa. Durante quase um mês, Moscou manteve um
completo silêncio sobre detalhes.

O acidente provocou a destruição parcial do núcleo do reator e a


destruição total do seu sistema de refrigeração, de modo que o estado do
núcleo era definido pelos fenômenos seguintes:

 Produção de calor residual devido ao decaimento dos produtos de


fissão;
 Liberação de calor por diversas reações químicas no núcleo do
reator (combustão de hidrogênio, oxidação do grafite e do zircônio,
etc...);
 Evacuação do calor do núcleo por ar atmosférico passando através
de fissuras nos blocos procedentemente herméticos que circundam
o núcleo.

Os produtos de fissão que escapavam do combustível condensavam-


se sobre as estruturas e matérias que circundam o reator, segundo suas
temperaturas de condensação e precipitação. Mas, praticamente, todo o
Criptônio e o Xenônio escaparam além dos limites do sítio do reator e também
39
alguns dos produtos de fissão voláteis como Iodo e Césio. Praticamente todo o
resto ficou no prédio do reator.

Foram tomadas providências imediatas para evitar a existência de


condições de criticas no núcleo do reator, bem como a continuidade de
emissões radioativas para o meio ambiente. A primeira providência constituiu-
se em abaixar a temperatura do núcleo e impedir a combustão do grafite,
usando-se bombas auxiliares de alimentação de emergência, o que não teve
sucesso. Foi então que decidiu-se jogar sob. e o núcleo do reator materiais
filtrantes e absorvedores de calor, por intervenção de um grupo especial, que
serviu-se de helicópteros. Tratava-se de uma mistura de areia, boro, argila,
dolomita e chumbo.

Foram iniciados programas de estudos radio ecológicos, estudos


biomedicais e outros estudos científicos para avaliar e prever os efeitos das
radiações ionizantes sobre os organismos humanos e sobre a flora e a fauna.
Era necessário decidir sobre; evacuação da população: interdição ou limitação
sobre consumo de alimentos; comportamento da população dentro e fora de
suas casas.metas com os objetivos seguintes:

 Avaliação sobre taxas de dose às quais foram submetidos o


pessoal do sítio, população de Pripyat e da zonade 30Km;
 Avaliação sobre níveis de radiação eia populações de alguns
locais fora da zona de 30Km, onde os níveis limites
 Tinham sido ultrapassados;
 Formular recomendações sobre medidas de proteção da
população e dos trabalhadores da central contra exposições radioativas
superiores aos limites permissíveis.(CNEN, 1986)

As consequências de contaminação nuclear sobre a saúde mental e


física da população afetada foram muito graves. Alem disso, décadas depois
da catástrofe, as regiões afetadas permanecem social e economicamente
devastadas. Um total de 350.000 pessoas foram evacuadas. 784.320 hectares
de terras agrícolas passaram a ser áreas proibidas para o cultivo. Outros
39
700.000 hectares tiveram vetada a produção de madeira. Um estudo elaborado
por cientistas britânicos calcula o número de mortes entre 30.000 e 60.000.

17.1 - CLASSIFICAÇÕES DOS ACIDENTES

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica, que deu


origem ao INES (International Nuclear Events Scale), a escala logarítmica que
vai de 1 a 7 classifica a gravidade de eventos relacionados a radiação. Os
valores de 1 a 3 são os incidentes e 4 a 7 são os acidentes. São considerados
acidentes quando ocorre pelo menos uma morte. O acidente de Goiânia, por
exemplo, foi classificado como de nível 5 (OKUNO, 2013).

18 - A PRODUÇÃO DE ARMAMENTOS NUCLEARES

Na década de 30, Otto Hahn, Fritz Strassmann e Lise Meitner,


estudando a produção de elementos mais pesados que o urânio, realizaram
experimentos de bombardeio com nêutrons. Esses cientistas não obtiveram
êxito na obtenção de elementos com massa atômica superior ao urânio mas,
por outro lado, conseguiram obter elementos de massa menor em um processo
denominado fissão nuclear. Apesar da obtenção de elementos mais leves não
ser o intuito, foi constatada a enorme quantidade de energia liberada no
processo de fissão. Em uma simples comparação, a energia liberada na fissão
de uma amostra de urânio-235 e um milhão de vezes superior a energia
produzida pela mesma quantidade de petróleo.

Esse fenômeno foi descoberto em uma época de extrema crise, a


maquina de guerra da Alemanha nazista devastando a Europa e a perseguição
aos judeus provocando um êxodo de cientistas da Alemanha, dentre eles Lise
Meitner, Albert Einstein e muitos que iriam posteriormente colaborar para a
fabricação da primeira bomba atômica. Quando o cientista dinamarquês Niels
Bohr tomou ciência da descoberta da fissão do urânio pelos alemães, surgiu o
temor entre os cientistas aliados do uso da energia obtida na fissão pelos
nazistas. Assim, nos Estados Unidos, uma rede de cientistas começou a
39
trabalhar naquela que seria a maior concentração de cientistas para
trabalhar em um único só tema: o Projeto Manhattan.

O Projeto Manhattan foi um projeto de pesquisa e desenvolvimento que


produziu as primeiras bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial.
Foi liderada pelos Estados Unidos, com o apoio do Reino Unido e Canadá. Em
16 de julho de 1945, foi realizado o primeiro teste com uma bomba atômica no
deserto de Alamogordo (EUA).

Em 1945 ainda em meio a guerra, ocorreu as explosões de duas


bombas atômicas no Japão decretaram o termino da Segunda Guerra Mundial.
Em seis de agosto, 80.000 pessoas morreram em decorrência da explosão na
cidade de Hiroxima e, em nove de agosto, outras 40.000 foram vitimas fatais
em Nagasaki. (Mercon e Quadrat, 2004).

19 - CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A Química nuclear é a área da química que lida com materiais


utilizados para fins nucleares, como o Urânio, e dá origem às reações
nucleares que se tornaram mais conhecidas na humanidade durante a
Segunda Guerra Mundial, com as explosões das bombas atômicas. A partir
desses acontecimentos, reações nucleares são sempre motivos de destaque
nos jornais, por estarem sempre envolvidas em guerras, contaminações e em
grandes desastres.

Mas não é só para prejudicar o homem que a Química Nuclear existe,


ela também traz benefícios como a utilização para gerar energia substituinte à
energia gerada por hidrelétricas, e tem aplicação na medicina, na agronomia,
nas indústrias, etc. A energia nuclear está no núcleo dos átomos, nas forças
que mantêm unidos os seus componentes – as partículas subatômicas. É
libertada sob a forma de calor e energia eletromagnética pelas reações
nucleares e explosões nucleares.

Na medicina, ela é utilizada no tratamento de tumores cancerosos, na


indústria a radioatividade é utilizada para obter energia nuclear e na ciência
39
tem a finalidade de promover o estudo da organização atômica e molecular de
outros elementos. Os isótopos radioativos ou radioisótopos, devido à
propriedade de emitir radiações, têm vários usos. As radiações podem
atravessar a matéria ou ser absorvidas por ela; isso possibilita múltiplas
aplicações. Mesmo em quantidades cuja massa não pode ser determinada
pelos métodos químicos, a radiação emitida por eles pode ser detectada. A
propriedade de penetração das radiações na matéria possibilita identificar a
presença de um radioisótopo em determinado local.

Pela absorção da energia das radiações (em forma de calor) células ou


pequenos organismos podem ser destruídos. Essa propriedade, que
normalmente é inconveniente para os seres vivos, pode ser usada em seu
benefício, quando empregada para destruir células ou micro-organismos
nocivos.

A Indústria Farmacêutica utiliza fontes radioativas de grande porte para


esterilizar seringas, luvas cirúrgicas, gaze e material farmacêutico descartável,
em geral. Seria praticamente impossível esterilizar, pelos métodos
convencionais que necessitam de altas temperaturas, tais materiais, que se
deformariam ou se danificariam de tal forma que não poderiam ser mais
utilizados.

A energia nuclear representa um dos maiores dilemas que a


humanidade terá de enfrentar no século XXI. Precisamos de cada vez mais
energia para sustentar nosso desenvolvimento - e o núcleo do átomo é, sem
dúvida, uma fonte poderosa e abundante. No entanto, os riscos inerentes às
reações nucleares são muito grandes e piores ainda são as perspectivas de
seu uso para fins militares ou de terrorismo.

Na agricultura alguns alimentos são irradiados, matando fungos e


bactérias, que são os principais causadores do apodrecimento. Dessa forma,
os alimentos, como frutas e verduras, permanecem bons para o consumo por
muito mais tempo. Por segurança, ao aplicar essa técnica, é preciso que os
átomos radioativos cessem as suas atividades antes de os alimentos serem
39
embalados. Os alimentos irradiados trazem o símbolo abaixo, conhecido
como radura.

Figura 16 – Símbolo dos alimentos irradiados

Fonte: GOOGLE (2018)

Infelizmente são pouco divulgados os grandes benefícios da energia


nuclear. A cada dia, novas técnicas nucleares são desenvolvidas nos diversos
campos da atividade humana, possibilitando a execução de tarefas impossíveis
de serem realizadas pelos meios convencionais. A medicina, a pesquisa, a
indústria, particularmente a farmacêutica, e a agricultura são as áreas mais
beneficiadas.

39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CNEN - (1998) – Radioatividade (pdf) – www.cnen.gov.br/.

CNEN - (2004) - Aplicações da Energia Nuclear Apostila educativa (pdf) –


www.cnen.gov.br/.

CNEN – (2008) Radiações Ionizantes (pdf) –www.cnen.gov.br/.

OKUNO, E. Efeitos biológicos das radiações ionizantes. Acidente radiológico


de Goiânia, 2013.

MATOS, J.C.P. A radiação Ionizante em beneficio do homem, 2014.

MERÇON, F. Radiações: Riscos e Benefícios, 2004.

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2015/04/desastre-nuclear-na-
usina-de-chernobyl-completa-29-anos.html Acesso em 12/ 04/ 2018

MENEZES, Gabrielle dos Santos. Aplicação do conhecimento sobre a


radiação ionizante e o gerenciamento de acidentes com resíduos radioativos.

CARVALHO, Patrícia Veludo. Efeitos da Radiação X e Níveis de Exposição em


Exames Imagiológicos.

PELIELO, José Carlos de Mattos. A radiação ionizante em benefício do


homem.

PEDROSA, Ana Cecilia de Azevedo. Radioproteção em Serviços de Saúde.


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