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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

QUÍMICA GERAL

GUARULHOS – SP
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

2 A CIÊNCIA QUÍMICA .............................................................................................. 5

2.1 Os Ramos da Química...................................................................................... 7

2.2 Matéria .............................................................................................................. 8

2.3 Energia ........................................................................................................... 11

3 ATOMÍSTICA ........................................................................................................ 11

3.1 Modelo atômico de Bohr ................................................................................. 14

3.2 Distribuição eletrônica .................................................................................... 15

4 PROPRIEDADES PERIÓDICAS........................................................................... 18

4.1 Tabela periódica ............................................................................................. 20

5 LIGAÇÕES QUIMICAS ......................................................................................... 24

5.1 Ligação iônica ................................................................................................. 26

5.2 Ligação covalente ........................................................................................... 28

5.3 Ligação metálica ou Ligas metálicas .............................................................. 31

6 GEOMETRIA MOLECULAR ................................................................................. 33

6.1 Geometrias moleculares ................................................................................. 33

6.2 Modelo VSEPR ............................................................................................... 37

7 POLARIDADE ....................................................................................................... 40

7.1 Eletronegatividade .......................................................................................... 40

7.2 Momento de dipolo resultante, exemplos ....................................................... 44

7.3 Polaridade....................................................................................................... 46

8 GASES .................................................................................................................. 47

8.1 Características dos gases............................................................................... 47

8.2 Pressão........................................................................................................... 48

8.3 Leis dos gases ................................................................................................ 51

2
8.4 Equação do gás ideal ..................................................................................... 55

9 MISTURAS DE GASES E TEORIA CINÉTICA DOS GASES ............................... 57

9.1 Mistura de Gases e pressões parciais ............................................................ 57

9.2 Estequiometria das Reações de Gases .......................................................... 59

9.3 Teoria cinética dos gases ............................................................................... 60

10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 64

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 A CIÊNCIA QUÍMICA

A Química é a ciência que estuda a matéria e suas transformações. À medida


que avançamos o estudo, você terá os princípios químicos que atuam em todos os
aspectos da nossa vida, desde atividades cotidianas, até os processos mais
complexos, como aqueles realizadas no meio ambiente. Utilizamos princípios
químicos para compreender uma série de fenômenos, do funcionamento de uma
bateria de lítio até o tratamento medicamentoso.
Esta aula oferecemos uma visão geral a respeito do significado da química e
da função dos químicos. Abordando a Química com uma ciência central, logo,
veremos que muito do que se passa no mundo envolve Química. As transformações
que produzem a luminescência de animais, como vaga-lumes, a deterioração de
alimento, a energia elétrica proveniente das baterias, e as diversas maneiras que
nosso corpo utiliza os alimentos para produzir energia são exemplos cotidianos de
processos químicos.
A química é a ciência que estuda as transformações da matéria e suas
propriedades, sem a atividade dos químicos de todas as épocas, algumas conquistas
espetaculares jamais teriam acontecido, como os avanços no tratamento de doenças,
a exploração espacial e as maravilhas atuais da tecnologia.
A química contribui muito para o desenvolvimento do ser humano, sendo
essencial nas áreas de medicamentos, energia, alimentos, tintas, vestuário,
comunicação e transporte. Promove para Física e para indústria ferramentas
tecnológicas e modelos, contribui para Ciências Biológicas e Farmacológicas além de
munir outras ciências (ZUCCO, 2011).
Se fizermos uma retrospectiva dos últimos anos nesta década e na década
passada, podemos ver que a Química se tornou a ciência central em muitos aspectos
no desenvolvimento tecnológico e no trouxe bem-estar social à humanidade.
Visualizando o futuro, vê-se que a Química é a chave para resolvermos problemas do
nosso século como a falta recursos energéticos e proporcionar água e saneamento
para todos.

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Fazendo um exercício mental, podemos imaginar, com dificuldade, um mundo
sem a ciência química para isso, precisamos imaginar um mundo sem computadores,
telefones celulares, fotografia, cinema, sem remédios, cosméticos em geral,
detergente, sabão, sem colas, tintas e papel. Neste cenário, imaginaríamos um mundo
muito complicado de se viver.
Muito recentemente o quadro “Independência ou Morte” de Pedro Américo foi
restaurado na comemoração ao ducentésimo aniversário de independência do Brasil.
Durante o processo de restauração, análises químicas foram feitas nas tintas para
averiguar a tom original da cor que o artista havia proposto, mudanças de
composições na obra entre outras informações importantes. Logo, a contribuição da
Química na Arte, leva a descobertas incríveis. Destaca-se ainda a aplicação da
Química nas Ciências Forenses, nas cenas de crime, na análise de entorpecentes e
etc (ZUCCO, 2011).
A Física tem como objetivo decodificar as leis do universo, já a Biologia
explana sobre o fenômeno da vida. A Química, por sua vez, tem como objetivo elucidar
a matéria e suas transformações, logo “a química exerce um papel primordial em
nossa compreensão dos fenômenos materiais, em nossa capacidade de agir sobre
eles, para muda-los e controla-los”. Contudo, há uma dificuldade na comunicação
entre o os cientistas e o grande público o que acaba criando uma aversão geral
impedindo que todos, irrestritamente, consigam interpretar aspectos do mundo que
afetam nossa vida diária.
Segundo Zucco (2011), também, há uma dificuldade no entendimento do
papel fundamental da Química entre as Ciências Naturais, sua importância econômica
e sua onipresença no cotidiano. O desafio do químico e da Química é criar um vínculo
com jovens e crianças, divulgar de uma maneira mais simples as grandes descobertas
e seus princípios, embora bem estabelecidos, suas aplicações permanecem
desafiadoras: “que a Química nos permite chegar às profundezas da matéria,
possibilitando a construção de novos arranjos de átomos que, possuindo propriedades
particulares interessantes, terão aplicações ainda não previstas”. (AUTOR, ano,
página)
Entretanto, a Química não é magia. A química segue princípios claros e bem
definidos, a molécula é sintetizada de forma racional e criativa. Cabe, aqui, mencionar
o que dizia César Zucco em seu editorial (2011, 733): “Onde a natureza deixa de

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produzir suas próprias espécies, a humanidade começa, e usando coisa naturais, com
a ajuda da própria natureza, cia uma infinidade de espécies”. Deve-se ter atenção ao
potencial destrutivo que algumas dessas produções são capazes, por esse motivo, a
ética científica se faz presente na discussão.
Em suma, a Química é uma ciência central no nosso cotidiano, pode-se
percebe-la em diversos momentos do nosso dia a dia. O desenvolvimento de novas
tecnologias passa pela ciência, em especial da ciência Química, com a síntese de
novas moléculas, e novos materiais, no entanto, cabe aos químicos e a ciência como
um todo, diminuir o estigma da ciência catedrática, e tornar a comunicação mais
acessível a todos. (ZUCCO, 2011)

2.1 Os Ramos da Química

A química é mais do que tubos de ensaio e béqueres. Modernas tecnologias


transformaram consideravelmente a química nos últimos 50 anos e novas áreas de
pesquisa têm surgido. O campo da química organizou-se, tradicionalmente, em três
ramos principais:
• Química orgânica, o estudo dos compostos de carbono;
• Química inorgânica, o estudo dos demais elementos e seus compostos;
• Físico-química, o estudo dos princípios da química.
Novas áreas de estudo foram sendo inventadas à medida que novas
descobertas e áreas foram feitas.
• Bioquímica, o estudo de compostos químicos, reações e outras
processos de seres vivos;
• Química analítica, o estudo de técnicas de identificação de substâncias
e medida de suas quantidades;
• Química teórica, o estudo da estrutura molecular e suas propriedades
em função de modelos matemáticos;
• Engenharia química, o estudo e o projeto de processos químicos
industriais, incluindo a construção de plantas industriais e sua operação;
• Química medicinal, a aplicação de princípios químicos no
desenvolvimento de fármacos (BROWN, LEMAY, et al., 2016). A química
verdadeiramente é o centro da ciência.

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2.2 Matéria

Toda vez que pesamos, despejamos, tocamos em alguma coisa, estamos


mexendo com a matéria. O objetivo da química é estudas as propriedades da matéria,
particularmente, a transformação de uma forma de matéria em outra, mas o que é
matéria? A matéria é muito difícil de ser definida, sem o conhecimento de física de
partículas, todavia, pode-se adotar uma definição mais simples; matéria é qualquer
coisa que ocupa um espaço e possui massa. Assim sendo, a água, a prata, o plástico,
a carne são formas de matéria. Por outro lado, se pensarmos na radiação
eletromagnética (luz por exemplo) vemos que ela não se enquadra como matéria.
Quando nos referimos a substâncias, em química, queremos nos referir a uma
forma de matéria simples e pura. A carne por exemplo, é uma mistura de diversas
substâncias diferentes. O ar é uma mistura de diversas substâncias gasosas. Quando
olhamos os estados físicos da matéria, temos que olhar as diversas formas na qual
ela é encontrada, que são: sólido (s), líquido (l) e gás (g): Uma substância sólida é a
matéria em seu estado rígido. Uma substância líquida, é uma forma fluida da matéria,
que tem superfície bem definida e que toma forma do recipiente no qual a contém. E
por fim, a matéria gasosa, também, é uma forma fluida da matéria, porém ela ocupa
todo o recipiente que a contém (BROWN, LEMAY, et al., 2016).
Um termo muito comum e empregado é o vapor, o qual é usado para indicar
que a substância, que normalmente é sólida, ou líquida, está na forma gasosa. Por
exemplo, a água; que é gelo em seu estado sólido, água no estado líquido e vapor de
água no seu estado gasoso. Podemos olhar os estados físicos da matéria, a partir do
seu movimento. O estado sólido, possui um ordenamento grande das partículas que
constitui a matéria, o gelo, ou o ferro metálico tem seus átomos empacotado muito
próximos um dos outros e o sólido é rígido porque não podem se mover facilmente,
entretanto, as partículas que compõem o sólido não ficam parados, elas oscilam em
torno de sua posição média, as oscilações aumentam quando há um aumento de
temperatura.
O estado líquido possui semelhante empacotamento de partículas que o
sólido, no entanto, apresenta energia suficiente para movimentar-se, o que resulta na
sua fluidez, resposta da força gravitacional. O gás, vapor de água, ar, por exemplo,

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são totalmente livres, elas se movem pelo espaço em velocidades elevadas, e
eventualmente colidem-se e mudam de direção. Podemos ver de maneira ilustrada os
estados da matéria na Figura 1 (ATKINS; JONES, 2006).

Figura 1 – Estados físicos da matéria: sólido, líquido, gás

Fonte: Giacomini, Manhães, et al. (2016)

A matéria pode transitar por entre os estados físico, dizemos que a fusão é o
processo onde a matéria sólida muda para a sua fase líquida, como por exemplo um
pedaço de gelo derretendo fora da geladeira. Por sua vez, quando a matéria líquida
muda para sua fase gasosa, chamamos de vaporização/ebulição. Podemos olhar para
esses processos no sentido contrário ao descrito; as nuvens de chuva se formam e
começa a chover, a água sai do seu estado gasoso e vai para o líquido, chamamos
este processo de liquefação. Ao colocarmos a água (líquida) nas bandejas para formar
o gelo (sólido) na geladeira, o processo é chamado de solidificação. Observe a
Figura 1.
Figura 1 – Processos de mudança de estado físico da matéria,

9
Fonte: Feltre (2004)

O processo de sublimação consiste na mudança de estado físico de uma


matéria sólida para a gasosa, sem passar pela fase líquida, podemos ver esse
processo na sublimação do gelo seco, ou na naftalina, substâncias que sofrem o
processo de sublimação. Podemos caracterizar a matéria através de suas densidade,
𝑑, razão entre a massa, 𝑚, e o volume, 𝑉.

Equação 1 𝑚
𝑑=
𝑉

A densidade de uma substância não depende do tamanho da amostra, logo,


quando o volume da amostra aumenta, sua massa também aumenta na mesma
proporção. Por fim, reconhecer uma amostra de matéria como sendo água
observando sua cor, sua densidade (1,00 𝑔. 𝑐𝑚−3 ), seu ponto de fusão (0°𝐶), seu
ponto de ebulição (100°𝐶) e o fato de ser liquida a temperatura ambiente.
Exemplo: Qual o volume ocupado por 10,0 𝑔 de ouro sólido? A densidade do ouro 24
k é de 19,33 𝑔. 𝑐𝑚−3
Solução
𝑚
𝑉=
𝑑

10 𝑔 10
𝑉= −3
= 𝑐𝑚3 = 0,52 𝑐𝑚3
19,33 𝑔 𝑐𝑚 19,33

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2.3 Energia

O papel da energia dentro da química é fundamental no entendimento das


reações químicas, nos fenômenos químicos de compreensão estrutural da matéria.
Podemos definir energia em termos práticos como sendo uma medida da capacidade
de realizar trabalho. Logo, a energia é necessária para levantarmos uma caixa, ou
para forçar uma corrente elétrica através de um circuito. Quanto maior for sua energia,
maior será sua capacidade de realizar trabalho (ATKINS e JONES, 2006). No Sistema
Internacional de medidas (SI), a energia é medida em joule (J). É comum na química

o uso de quilojoule, kJ, que é definido como 1 kJ=〖10〗^3 J.

3 ATOMÍSTICA

Iniciamos o estudo da atomística através do tempo. Inicialmente a teoria


atômica e a palavra átomo teve início na Grécia antiga do século V a.C. Os filósofos
da época Demócrito e Epicuro afirmaram que toda matéria era formada por pequenas
partículas indivisíveis (átomo) movendo-se no vazio. Deste modo, a matéria seria
composta por diversos agregados atômicos em movimento.
O modelo atômico foi retomado por John Dalton em 1803, após realizar
diversos experimentos. Dalton postulou: que a matéria seria composta por pequenas
esferas, maciças e indivisíveis, chamadas de átomos. A mateira seria descontinua, ou
seja, entre um átomo e outro haveria espaços vazios. Os elementos químicos seriam
formados por um conjunto de átomos de mesma massa, tamanho e propriedade. A
combinação de diferentes átomos, em proporções distintas gera substâncias
diferentes. E por fim, o átomo não pode ser destruído, em uma reação química, há
apenas um rearranjo atômico (SCIENCE+ INDUSTRY MUSEUM, 2019).
Este modelo atômico proposto por Dalton foi refutado posteriormente pela
descoberta do elétron e próton, partículas subatômicas que possuem carga elétrica,
negativa e positiva, respectivamente.
A descoberta do elétron foi resultado e fruto de anos de estudo de diversos
cientistas, entretanto o físico inglês J. J. Thomson em 1897, realizou um experimento
usando os raios catódicos que comprovou a existência de carga negativa.

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Posteriormente, o grupo de pesquisa de Thomson, observou que os raios catódicos
sofriam desvio em campos elétricos e assim a chamaram de elétron.
Nos anos seguintes inúmeros cientistas do mundo realizaram experimentos
para comprovar a existência do elétron, destaco o físico norte-americano Robert
Millikan que determinou a carga do elétron 𝑒 = 1,602 × 10−19 𝐶. Em 1898, Thompson
propôs seu modelo atômico, que posteriormente, foi chamado de modelo de pudim de
passas.
Embora os elétrons tenham carga negativa, os átomos como um todo têm
carga zero. Portanto, os cientistas do começo do século XX sabiam que cada átomo
deve conter um número suficiente de carga positivas para cancelar a carga negativa.
Mas, onde estava a carga positiva? Thomson sugeriu um modelo atômico com uma
bola de material gelatinoso com carga positiva e elétrons suspenso nela, como passas
em um pudim,

Figura 1.

Figura 1 – Modelo atômico de Thomson

Fonte: Equipe Realize Educação (2022)

Esse modelo, entretanto, foi derrubado em 1908 por outra observação


experimental. Ernest Rutherford, sabia que alguns elementos, incluindo o radônio,
emitiam feixes de partículas positivas, que ele chamou de partículas 𝛼 (partículas
alfa). Ele pediu a dois de seus estudantes, Hans Geigar e Ernest Marsden, para

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atirarem partículas 𝛼 contra um pedaço de folha de platina com alguns poucos átomos
de espessura. Se os átomos fossem de fato bolas de geleia com carga positiva, todas
as partículas 𝛼 deveriam passar facilmente através da folha, sofrendo eventualmente
alguma ligeira deflexão.
Geiger e Marsden observou que as partículas 𝛼 passaram e sofreram muito
pouco deflexão, cerca de 1 em cada 20.000 sofria uma deflexão superior a 90°, e
algumas poucas partículas 𝛼 retornavam à direção de partida. “Isso era quase tão
incrível “, disse Rutherford, “ como se alguém tivesse disparado uma bala de 15
polegadas em um tecido de papel e ela voltasse, acertando o autor do disparo”.
(ATKINS e JONES, 2006).
Os resultados do experimento de Geiger-Marsden sugeriam um modelo de
átomo no qual existe uma densa carga positiva central circundada por um grande
volume de espaço quase vazio. Rutherford chamou essa região de carga positiva de
núcleo atômico. Seu raciocínio é que era fortemente repelida pela carga positiva do
núcleo, sofrendo deflexão de um ângulo grande, como uma bola de gude que atinge
uma bola de canhão parada.
Conforme o modelo atômico de Rutherford, os elétrons estão dispersos no
espaço em torno do núcleo. A carga positiva do núcleo cancela a carga negativa dos
elétrons circundantes. Por isso, para cada elétron que está fora do núcleo deve existir
uma partícula de carga positiva dentro do núcleo. As partículas que tem carga positiva
são chamadas de prótons.
O número de prótons do núcleo atômico de um elemento é chamado de
número atômico, 𝑍, do elemento. Assim, por exemplo, para o hélio, 𝑍 = 2, o que diz
que o núcleo de um átomo de hélio tem dois prótons. O lítio, por sua vez, 𝑍 = 3; tem
3 prótons. A tabela a seguir possui informações importantes sobre as subpartículas
atômicas.

Tabela 1 – Informações das partículas subatômicas

Partícula Símbolo Carga Massa (kg)


Elétron 𝑒− -1 9,109 × 10−31
Próton 𝑝+ +1 1,673 × 10−27
Nêutron 𝑛 0 1,675 × 10−27
Fonte: Adaptado de Atkins e Jones (2006).

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A descoberta do nêutron:

A observação de que existem diferenças de massas dentre os átomos de um


elemento ajudou os cientistas a refinar o modelo nuclear. Eles perceberam que o
núcleo atômico deve conter outras partículas subatômicas além dos prótons e
propuseram que ele também deve conter partículas eletricamente neutras, chamadas
nêutrons.
Como o nêutron não tem carga, sua presença não altera a carga total do
núcleo nem o número de elétrons. Todavia, a presença dos nêutrons altera
substancialmente a massa, por isso, um número diferente de nêutron no núcleo dá
origem a átomos de massas diferentes, mesmo que os átomos pertençam ao mesmo
elemento.

3.1 Modelo atômico de Bohr

A descoberta do átomo nuclear feito por Rutherford sugeriu que um átomo


poderia ser pensado como um sistema solar microscópico, no qual os elétrons orbitam
o núcleo. Bohr, por sua vez, assumiu que os elétrons, nos átomos de hidrogênio,
movem-se em orbitais circulares em torno do núcleo, no entanto, essa suposição
apresentava um problema.
De acordo com a física clássica, uma partícula carregada, como o elétron, que
se move em uma trajetória circular, perde energia de modo contínuo. Sendo assim,
teoricamente, à medida que o elétron perde energia, deve espiralar em direção ao
núcleo carregado positivamente. Porém, não se observa tal fenômeno – átomos de
hidrogênio são estáveis. Então, como podemos explicar essa suposta violação das
leis da física? Bohr assumiu que as leis da física vigentes na época não serviam para
descrever todas as características atômicas. Além disso, adotou a ideia de Planck de
que as energias são quantizadas (BROWN, LEMAY, et al., 2016). Bohr postulou em
seu modelo atômico:

1 Apenas orbitais com certos raios, correspondentes a energias específicas,


são permitidas aos elétrons em um átomo de hidrogênio.

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2 Um elétron em tal órbita encontra-se em um estado de energia “permitido”.
Um elétron em um estado de energia permitido não irradia energia e,
portanto, não espirala em direção ao núcleo.

3 A energia emitida ou absorvida pelo elétron apenas quando o elétron muda


de um estado de energia permitido para outro. Essa energia é emitida ou
absorvida na forma de um fóton.

Embora o modelo de Bohr explique alguns fenômenos físicos, centrados na


absorção e emissão do átomo vemos que o próprio evitou responder o porquê do
elétron (negativo) não se chocar com o núcleo (positivo) ao passo que existe uma
força de atração entre as duas partículas. Deste modo, o modelo de Bohr foi apenas
um passo para o importante desenvolvimento do modelo atômico moderno. Sua
importância está em afirmar:

 Os elétrons são encontrados apenas em certos níveis discretos de energia,


descritos por números quânticos;

 Há energia envolvida na transição de um elétron de um nível para o outro


(BROWN, LEMAY, et al., 2016).

O modelo atual centra-se em princípios da mecânica quântica: dualidade


partícula-onda, princípio da incerteza, entre outros...a partir daqui veremos como o
elétron se distribui nos átomos.

3.2 Distribuição eletrônica

Segundo a mecânica quântica, os elétrons são distribuídos em níveis (número


quântico principal, representado pela letra 𝑛) e subníveis (segundo número quântico,
representada pela letra 𝑙) ao redor no núcleo. Como observado por Bohr, estes níveis
são quantizados, ou seja, possuem valores fixos e discretos de energia.
O segundo número quântico, este número define o formato da orbita do
elétron, orbital. O valor de 𝑙 para um determinado orbital geralmente é designado
pelas letras s, p, d e f (BROWN, LEMAY, et al., 2016) (Tabela 2).
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Tabela 2 – Informações sobre o número quântico secundário

Valor de 𝑙 0 1 2 3
Letra usada s p d f
Quantidade de elétron no orbital 2 6 10 14
Fonte: Adaptado de Brown, et al., (2016).

Linus Pauling, químico ganhador de dois Prêmios Nobel, criou um diagrama,


figura X, que organiza em ordem crescente os orbitais atômicos com relação ao seu
nível de energia. O elétron acaba ocupando o orbital de menor energia, sempre
respeitando a quantidade máxima de elétrons que cada orbital comporta.

Figura 2 – Diagrama de Linus Pauling

Fonte: Prodigio Educação S.A. (2022).

1𝑠 2 2𝑠 2 2𝑝6 3𝑠 2 3𝑝6 4𝑠 2 3𝑑10 4𝑝6 5𝑠 2 4𝑑10 5𝑝6 6𝑠 2 4𝑓 14 5𝑑10 6𝑝6 7𝑠 2 5𝑓 14 6𝑑10

O átomo de cloro, Cl, por exemplo, possui 17 prótons e consequentemente 17


elétrons. Os 17 elétrons estão distribuídos da seguinte forma:

1𝑠 2 2𝑠 2 2𝑝6 𝟑𝒔𝟐 𝟑𝒑𝟓


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O átomo de telúrio, Te, por exemplo, possui 52 prótons e portanto 52 elétrons
(o número de carga positiva deve ser igual ao número de cargas negativas). Os 52
elétrons estão distribuídos nos seguintes orbitais:

1𝑠 2 2𝑠 2 2𝑝6 3𝑠 2 3𝑝6 4𝑠 2 3𝑑10 4𝑝6 𝟓𝒔𝟐 4𝑑10 𝟓𝒑𝟒

Os outros números quânticos que irão descrever o elétron

O número quântico magnético, 𝑚𝑙 , se refere às orientações de cada orbital,


pode ter valores inteiros entre – 𝑙 e 𝑙, incluindo o zero. Por exemplo, os orbitais s
possuem valores de 𝑚𝑙 = 0; já os orbitais p possuem os seguintes valores possíveis
de 𝑚𝑙 , -1; 0; 1. Os orbitais d podem assumir os valores de 𝑚𝑙 , -2; -1; 0; 1; 2 e por fim,
os orbitais f apresentam os valores de -3; -2; -1; 0; 1; 2; 3.
O número quântico de spin,𝑚𝑠 , refere-se a orientações do momento angular
do spin do elétron, sendo possível apenas dois números para essa partícula, +1/2 e
−1/2, muitas das vezes simbolizado por duas setas, para cima e outra para baixo, ↑↓.
Assim, portanto, podemos descrever o elétron do átomo de hidrogênio da
seguinte maneira:

𝑛 = 1; 𝑙 = 0; 𝑚𝑙 = 0; 𝑚𝑠 = +1/2

Já os elétrons do átomo de hélio:

𝑛 = 1; 𝑙 = 0; 𝑚𝑙 = 0; 𝑚𝑠 = +1/2
𝑛 = 1; 𝑙 = 0; 𝑚𝑙 = 0; 𝑚𝑠 = −1/2
O átomo de lítio:
𝑛 = 1; 𝑙 = 0; 𝑚𝑙 = 0; 𝑚𝑠 = +1/2
𝑛 = 1; 𝑙 = 0; 𝑚𝑙 = 0; 𝑚𝑠 = −1/2
𝑛 = 2; 𝑙 = 0; 𝑚𝑙 = 0; 𝑚𝑠 = +1/2

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E assim por diante, podemos concluir que dois elétrons em um átomo não
podem ter todos os quatro números quânticos iguais, Princípio da exclusão de
Pauling.

4 PROPRIEDADES PERIÓDICAS

Os isótonos, isóbaros e isótopos são denominações dada a dois ou mais


átomos, que possuem alguma característica em especial referente ao seu número de
prótons, nêutros, elétrons, e consequentemente sua massa. Elementos isótonos são
aqueles que apresentam o mesmo número de nêutrons. Elementos isóbaros são
aqueles que possuem a mesma massa e por fim os elementos isótopos são aqueles
que apresentam a mesmo número atômico, entretanto diferente massa (número de
nêutrons são diferentes) (ATKINS e JONES, 2006). A massa do átomo é atribuída a
duas subpartículas atômicas especificamente, próton e nêutron. Elas apresentam 1
u.m.a (unidade de massa atômica) cada. Por exemplo, o átomo de carbono, possui
número atômico (Z=6), 6 prótons e 6 nêutrons, logo sua massa atômica será a soma
das quantidades de prótons e nêutrons, A=12 u.m.a. Representamos da seguinte
maneira (Figura 3):

Figura 3 – Propriedades periódicas


Fonte: Próprio autor.

onde, X irá representar qualquer elemento químico da tabela periódica, A a


massa atômica e Z seu número atômico.

18
Uma vez que todos os átomos de um dado elemento possuem o mesmo
número atômico, o número substrico é redundante e, muitas vezes, omitido. Por isso,
o símbolo que representa o carbono-12 pode ser simplesmente 12C.
Átomos com número atômico idênticos, mas diferentes números de massa
(isso é, mesmo número de prótons, mas quantidade de nêutrons diferentes) são
chamados de isótopos. Diferentes isótopos de carbono são listados na Tabela 3. É
importante lembrar que os isótopos de um determinado elemento são todos
quimicamente semelhantes. Uma molécula de dióxido de carbono que contém um
átomo de 13C se comporta de maneira razoavelmente idêntica a um que contenha
um átomo de 12C (Tabela 3).

Tabela 3 – Os isótopos de carbono*

Símbolo Número de prótons Número de Número de


elétrons nêutrons
11
C 6 6 5
12
C 6 6 6
13
C 6 6 7
14
C 6 6 8
Fonte: Adaptado Brown, Lemay, et al., (2016)

*99% dos átomos de carbono na natureza tem massa atômica igual a 12.

Podemos determinar o número de nêutrons a partir da massa do elemento e


do seu número de prótons.

n=A-Z

Ao subtrair massa atômica do número atômico, podemos obter facilmente a


quantidade de nêutrons presente no átomo.

Como determinar facilmente a massa atômica

O modo mais preciso de se determinar a massas atômicas é por meio do uso


do espectrômetro de massa. Uma amostra gasosa é introduzida e bombardeada por
um fluxo de elétrons de alta energia. As colisões destes elétrons com os átomos ou

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moléculas do gás produzem partículas carregadas positivamente, chamadas de íons,
que são então acelerados e passam por uma fenda. Esse feixe, então, passa entre os
polos de um ímã, que o desviam, em uma trajetória curvilínea. Para íons com a mesma
carga, a magnitude dos desvios depende da massa, quanto maior for a massa do íon,
menos desvios. Os íons são, assim, separados de acordo com suas massas. Com a
variação da intensidade do campo magnético u com o aumento da tensão, o detector
pode selecionar íons de diferentes massas.

4.1 Tabela periódica

Como a lista dos elementos químicos conhecidos se expandiu durante o início


do século XIX, foram feitas tentativas para encontrar padrões de regularidade no
comportamento químico. Esses esforços culminaram no desenvolvimento da tabela
periódica, em 1869. Teremos muito a dizes sobre esta ferramenta, mas por ser tão
importante e útil, familiarizar-se a ela.
Muitos elementos apresentam fortes semelhanças com outros. Os elementos
lítio (Li), sódio (Na) e potássio (K) são todos metais macios e muito reativos, por
exemplo. Os elementos hélio (He), neônio (Ne) e argônio (Ar), por sua vez, são gases
não reativos. Já que na tabela periódica os elementos estão dispostos em ordem
crescente de número atômico, suas propriedades químicas e físicas apresentam um
padrão de repetição, ou periódico. Por exemplo, cada um dos metais macios e reativos
– lítio, sódio e potássio – vem imediatamente depois de um dos gases não reativos –
hélio, neônio e argônio.
A organização dos elementos em ordem crescente de número atômico, com
elementos que apresentam propriedades semelhantes colocados em colunas
verticais, é conhecida como tabela periódica. A tabela periódica mostra o número
atômico, o símbolo atômico de cada elemento e a massa atômico. Exemplo (Figura
4):

Figura 4 - Número atômico, o símbolo atômico de cada elemento e a massa atômico

20
Fonte: Próprio autor.

Você pode notar sutis variações entre uma tabela periódica e outra, e essas
variações são simplesmente uma questão de estilo ou relacionadas a informações
especificas que foram incluídas ou não. As linhas horizontais da tabela periódica são
chamadas de períodos. O primeiro período é composto por elementos como:
hidrogênio (H) e o hélio (He). O segundo período é composto por elementos com: lítio
(Li), berílio (Be), boro (B), carbono (C), nitrogênio (N), oxigênio (O), flúor (F) e neônio
(Ne). O terceiro período por sua vez é composto por 8 elementos, entre eles o sódio
(Na), alumínio (Al), enxofre (S) entre outros.
Os quarto e quinto período contam com 18 elementos, entre eles estão:
potássio (K), ferro (Fe), cobalto (Co), zinco (Zn) e etc. Finalmente o sexto e sétimo
período com 32 elementos cada, mas para que a tabela caiba na página, 14 deles
(número atômico 57-70 no sexto período e 89-102 no sétimo período) aparecem na
parte inferior. Ao olharmos elementos químicos do mesmo período podemos perceber
que todos eles possuem o mesmo número quântico principal.
As colunas verticais são chamadas grupos, ou família. A forma pela qual os
grupos são classificados é de certa maneira arbitrária. Três sistemas de classificação
são de uso comum, o conjunto de classificação localizado na parte superior da tabela,
que tem designação A e B é amplamente utilizado, entretanto, a IUPAC (União
Internacional de Química Pura e Aplicada) convencionou a numeração dos grupos de
1 a 18, sem designações A ou B.
Os Elementos de um grupo geralmente apresentam semelhanças nas
propriedades físicas e químicas. Por exemplo: os ”metais cunhagem” cobre (Cu), prata
(Ag) e ouro (Au), fazem parte do grupo 1B ou 11. Esses elementos são menos reativos
que a maioria dos metias, motivo pelo qual eles são utilizados em todo mundo para
fazer moedas. Muitos outros grupos na tabela também têm nomes e estão listados na
Tabela 4.
21
Tabela 4 – Grupo e nomes dos elementos da tabela periódica

Grupo Nome Elemento


1A Metais alcalinos Li, Na, K, Rb, Cs, Fr
2A Metais alcalinos-terrosos Be, Mg, Ca, Sr, Ba, Ra
6A Calcogênios O, S, Se, Te, Po
7A Halogênios F, Cl, Br, I, At
8A Gases nobres He, Ne, Ar, Kr, Xe, Rn
Fonte: Adaptado de Atkins e Jones (2006).

Muitas tabelas periódicas possuem um código de cores, que classificam os


elementos em metais, não metais e metaloides. Todos elementos metálicos
compartilham propriedades características, como brilho e alta condutividade elétrica e
térmica. Além disso, todos, exceto o mercúrio (Hg), são sólidos à temperatura
ambiente. Os não metais, ou ametais, apresentam-se em diferentes estados físicos,
como, líquido, sólido e gasoso, os não metais diferem dos metais em relação à
aparência e outras propriedades física. Os metaloides, ou semi-metais, são elementos
que se encontram próximos da linha que separa os metais dos não metais têm
propriedades de ambos (metais e não metais) (ATKINS e JONES, 2006). Observe a
tabela periódica abaixo (Figura 5).

Figura 5 - Tabela periódica

Fonte: Marlon (2020).

22
Propriedades periódicas

As principais propriedades periódicas são:

 Eletronegatividade;
 Raio Atômico;
 Energia de ionização;
 Polarizabilidade.

A seguir iremos verificar como estão organizados os elementos químicos da


tabela periódica, com relação às propriedades descritas acima.

Propriedades periódicas: Raio Atômico

O raio atômico é definido como metade da distância entre os dois núcleos do


mesmo elemento. Para isso assume-se que os átomos não estejam ligados e que são
esféricos. Na tabela periódica, os elementos que apresentam maior raio atômico estão
localizados na parte inferior-esquerdo. O frâncio, Fr, é o elemento com maior raio
atômico da tabela com valor de 290 pm (picômetros, 1 × 10−12 𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜𝑠) . Já o césio,
Cs, tem valor de raio atômico de 267 pm (LODI, 2019) (FLÔR, 2008) (ATKINS e
JONES, 2006).

Propriedades periódicas: Eletronegatividade

A eletronegatividade é a tendência de elemento químico atrair para si os


elétrons de uma ligação química. Elementos mais eletronegativos possuem uma
preferência pelo par de elétrons na quebra das ligações. Os elementos mais
eletronegativos estão localizados na parte superior direita, sendo o elemento mais
eletronegativo o flúor, F. Fato importante a ser notado, é que a eletronegatividade
segue a tendência contraria ao raio atômico, átomos com raio atômicos menores
tendem a ter elétrons mais fortemente ligados ao seu núcleo (LODI, 2019) (ATKINS e
JONES, 2006).

23
Propriedade periódicas: Energia de ionização

Energia de ionização é a energia necessária para remover um elétron da


última camada (camada de valência) de um átomo no seu estado gasoso. Pode-se
verificar que os elementos com maior energia de ionização estão localizados no canto
superior direito, assim como a eletronegatividade (LODI, 2019).

Propriedade periódicas: Polarizabilidade

A polarizabilidade é a propriedade periódica que está relacionada com as


nuvens eletrônicas dos átomos ou íons. Polarizabilidade é a suscetibilidade que um
átomo, ou íon, tem de ter a sua nuvem eletrônica polarizada, ou seja, atraída ou
repelida por outro átomo ou íon, de forma que essa nuvem se distorça. Quanto maior
essa distorção, maior a polarização da nuvem, maior a polarizabilidade da espécie
química. Diz-se que o átomo é mais polarizável. Os átomos mais polarizáveis estão
localizados no canto inferior direito da tabela periódica (LODI, 2019) (ATKINS e
JONES, 2006).

5 LIGAÇÕES QUIMICAS

Muitas substâncias químicas podem ser encontradas na natureza na forma de


moléculas – dois ou mais átomos do mesmo tipo ligados entre si. Por exemplo, a
molécula de água que contem dois átomos de hidrogênio e uma molécula de
hidrogênio, ou o gás oxigênio presente no ar, que é formado por dois átomos de
oxigênio, molécula de água do lado esquerdo e (b) molécula de gás oxigênio do lado
direito (Figura 6).
Figura 6 – Molécula de água e Átomos de oxigênio

Fonte: Próprio autor.


24
(a) Molécula de água do lado esquerdo e (b) molécula de gás oxigênio do lado direito.

Os átomos de oxigênio estão representados pela cor vermelha, enquanto que


os átomos de hidrogênio estão ilustrados pela cor branca. Os átomos de oxigênio
estão representados pela cor vermelha, enquanto que os átomos de hidrogênio estão
ilustrados pela cor branca. Representamos essas moléculas com as fórmulas
químicas, H2O e O2. O número subscrito indica a quantidade de átomos daquele
elemento, ou seja, na molécula de água, há dois átomos de hidrogênio e um átomo
de oxigênio, já na molécula de gás oxigênio, há dois átomos de oxigênio apenas.
Observe como a composição de cada uma das substâncias é dada por sua
fórmula química. Também é possível notar que essas substâncias são compostas
apenas por elementos não metálicos. Grande parte das substâncias moléculas que
iremos encontrar contém apenas não metais. Iremos ver detalhes destas ligações e
representações.
Os átomos normalmente podem ganhar, perder ou compartilhar elétrons para
obter o mesmo número de elétrons que o gás nobre do mesmo período. Os gases
nobres possuem distribuições eletrônica em que todos os orbitais estão ocupados com
elétrons, dando estabilidade, fato evidenciado por sua alta energia de ionização, baixa
afinidade eletrônica e, de modo geral, baixa reatividade química (BROWN, et al.,
2016). Os gases nobres, com exceção do He, irão apresentar oito elétrons na camada
de valência, esta observação nos leva a conhecida regra do octeto: “átomos tendem
a ganhar, perder ou compartilhar elétrons até que estejam com sua camada de
valência preenchidos por oito elétrons” (BROWN, et al., 2016, p. 56). Em termos de
orbitais, o octeto de elétrons consiste no preenchimento dos orbitais s^2 e p^6,
totalizando oito elétrons.
Pode-se representar simbolicamente os elétrons, pelo símbolo de Lewis, o
octeto é formado por quatro pares de elétrons de valência dispostos em torno do
símbolo do elemento, pode-se ver na tabela abaixo alguns elementos representados
pelos símbolos de Lewis. Existem exceções à regra do octeto, mas ela é um caminho
útil para introduzir muitos conceitos importante de ligações químicas (Tabela 5).

Tabela 5 - Elementos químicos e suas estruturas de Lewis

25
Elemento Estrutura de Elemento Estrutura de
Lewis Lewis
C H
O Na
N Ca
CI Al
Fonte: Próprio autor.

5.1 Ligação iônica

Substâncias iônicas geralmente resultam da interação entre metais do lado


esquerdo da tabela periódica com os não metais do lado direito, exceto os gases
nobres do grupo 8A. Por exemplo, quando sódio metálico, 𝑁𝑎(𝑠), é colocado em
contato com o gás cloro, 𝐶𝑙2 (𝑔), ocorre uma reação com liberação de energia.

1
𝑁𝑎(𝑠) + 𝐶𝑙2 (𝑔) → 𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑠)
2

O cloreto de lítio é formado por íons 𝑁𝑎+ e 𝐶𝑙 − em um arranjo cubico


tridimensional, como mostrado

Figura 7 a seguir:

Figura 7 - Reticulo cristalino do cloreto de sódio

Fonte: PORTELA (2019)

26
A formação dos íons sódio a partir do sódio metálico e de íons cloreto a partir
do gás cloro, nos mostra que um elétron foi retirado do átomo de sódio e recebido pelo
átomo de cloro, podemos dizer que neste tipo de ligação, ocorreu a transferência de
elétrons do átomo de sódio para o cloro.
A facilidade desta transferência ocorrer está diretamente ligada a propriedade:
de energia de ionização (facilidade com que um elétron pode ser removido de um
átomo) e afinidade eletrônica (capacidade de um átomo de ganhar um elétron)
(BROWN, et al., 2016). Desta forma, pode-se concluir que o cloreto de sódio é um
típico composto iônico, formado por um metal com baixa energia de ionização e um
não metal com alta afinidade eletrônica. Usando as estruturas de Lewis, podemos
representar a reação da seguinte forma:

Pode-se notar pela seta, que o elétron do átomo de sódio, 𝑁𝑎, é transferido
para o átomo de cloro, 𝐶𝑙− . Cada íon tem um octeto de elétrons:

𝑁𝑎+ = 1𝑠 2 𝟐𝒔𝟐 𝟐𝒑𝟔 𝐶𝑙 − = 1𝑠 2 2𝑠 2 2𝑝6 𝟑𝒔𝟐 𝟑𝒑𝟔

Quando olhamos a quantidade de elétron dentro de uma substância que é


formada por ligações iônicas, vemos que existe duas espécies carregadas. Uma que
recebeu elétron (íon negativo, ânion), uma que doou o elétron (íon positivo, cátion).
Estes, cátions e ânions, são muito importantes dentro da química, são palavras
comumente utilizadas. Substâncias iônicas apresentam propriedades em comum,
com: são sólidos quebradiços, alto ponto de fusão, quando misturados em água
podem conduzir corrente elétrica.
A estabilidade dos compostos iônicos está associada à atração entre os íons
de cargas opostos, que se aproximam e liberam energia e fazem com isso um arranjo
sólido, ou reticulo. Uma medida desta estabilidade resultante do arranjo das cargas
opostas no sólido iônico é a energia reticular. A energia reticular é a energia
necessária para separar complemente um composto iônico sólido em seus íons no

27
estado gasoso (BROWN, et al., 2016).

𝑁𝑎𝐶𝑙(𝑠) → Na+ (𝑔) + 𝐶𝑙 − (𝑔) ∆𝐻𝑟𝑒𝑡𝑖𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟 = +788 𝑘𝐽

Esta reação absorve +788 kJ de energia para separar os íons. Logo, pode-se
concluir que para junta-los o processo liberará -788 kJ. Deste modo, vê-se que a
estabilidade do sólido iônico é grande. A intensidade da energia reticular do sólido
iônico depende da carga dos íons, seu tamanho e do arranjo do sólido. Avaliamos a
equação de Coulomb para duas partículas com carga e a energia potencial

5.2 Ligação covalente

Muitas substâncias químicas não pertencem ao grupo de substâncias iônicas,


como plásticos, ceras, ácidos, resinas entre outros. Para essa enorme quantidade de
substâncias que não se comporta como substâncias iônicas, é preciso um modelo que
descreva estas ligações. G. N. Lewis argumentou que átomos podem adquirir uma
configuração eletrônica de gás nobre, compartilhando elétrons uns com outros. Está
ligação ao qual Lewis se refere, onde par de elétrons são compartilhados é chamada
de ligação covalente.
A molécula de H2, por exemplo, é formada por esse tipo de ligação. Quando
dois átomos de hidrogênio estão próximos suficiente para que seus elétrons sofram
atração dos dois núcleos e repulsão devido à proximidade dos núcleos e também dos
elétrons. Sabendo que a molécula é estável, pode-se concluir que as forças atrativas
superam as repulsivas, chega-se, portanto, ao entendimento que os elétrons se
encontram entre os dois núcleos de hidrogênio na forma (densidade eletrônica). O
resultado é que as interações eletrostáticas globais são atrativas. Assim, os átomos
na molécula de H2 se unem, principalmente porque os dois núcleos positivos são
atraídos para a concentração da carga negativa entre eles. Em resumo, o par de
elétrons compartilhado em qualquer ligação covalente atua como uma espécie de
‘cola’ que une os átomos (BROWN , et al., 2016).
A ligação covalente pode ser representada pela estrutura de Lewis, por
exemplo, a molécula de H2 onde cada átomo de hidrogênio possui dois elétrons que
28
podem ser compartilhados da seguinte forma:

Na ligação covalente, cada hidrogênio adquire um segundo elétron, portanto,


ficando com a configuração estável, semelhante à do hélio. Usando a molécula de gás
cloro, como exemplo, vejamos a representação de Lewis:

O compartilhamento do par de elétrons no ligação covalente no gás cloro


seguirá a regra do octeto, chegando à configuração eletrônica do argônio. Estas
estruturas circulares indicam o compartilhamento do elétrons na ligação covalente,
entretando, usa-se comumemente, no lugar dos circulos, um traço, para indicar está
ligação, e os pares de eletrons não-ligantes, ou isolados, assim sendo, podemos
representar as estruturas das moleculas de H2 e Cl2 como:

Segundo Brown et. al. (2016): “para não metais, o número de elétrons de
valencia em um átomo neutro é igual ao número do grupo. Portanto, pode-se prever
que os elementos do grupo 7A, assim como o F, formarão uma ligação covalente para
chegar no octeto; os elementos do grupo 6A, como o O, formarão duas ligações
covalente; os elementos do grupo 5A, como o N, formarão três, e os elementos do
grupo 4A, formarão quatro. Essas previsões são confirmadas em muitos compostos,
a exemplo dos compostos com hidrôgenio”

29
Chamamos o compartilhamento de um par de eletrons de ligação simples. Em
outras moleculas podemos notar que o compartilhamento cocorerá com mais de um
par de eletrons para o mesmo elemento. Quando dois pares de elétrons são
compartilhados por dois átomos, chamamos de ligação dupla. Escreveremos as
estruturas de Lewis para a molecula de O2.

Pode-se perceber que na ligação dupla, estão envolvidas dois pares de


elétrons, ou 4 elétrons no total. No dioxido de carbono, por exemplo, a ligação ocorre
entre dois átomos de oxigênio (6 elétrons) e um átomo de carbono (4 elétrons):

Uma ligação tripla corresponde ao compartilhamento de três pares de elétrons,


ou seja, 6 elétrons no total, pode-se ver tal ligação na molécula de gás nitrogênio, N2.

30
5.3 Ligação metálica ou Ligas metálicas

As ligas metálicas são tipo de ligações químicas que ocorrem entre os


elementos metálicos da tabela periódica. Comumente, são estruturas cristalinas
chamadas de ligas metálicas. Um modelo relativamente simples foi proposto e se
aproxima da configuração deste tipo de ligação. Os materiais metálicos possuem um,
dois ou no máximo três elétrons de valência. Nesse modelo, Erro! Fonte de
referência não encontrada., esses elétrons de valência não estão ligados ao núcleo
do átomo, estão mais livres para se movimentarem ao longo do metal. Eles podem
ser considerados pertencentes ao metal como um todo, ou como se fosse um ‘mar de
elétrons’ ou uma ‘nuvem de elétrons’. Os elétrons restantes, os que não são os
elétrons de valência, juntamente com os núcleos atômicos compõem o núcleo iônico
de carga positiva. Os elétrons livres blindam os núcleos iônicos do metal, uma vez que
haveria muito repulsão entre estes núcleos, deste modo, a ligação metálica possui
uma natureza não direcional, diferente das outras ligações químicas.
Concomitantemente, os elétrons livres colam os núcleos mantendo-os unidos. A
ligação metálica pode apresentar caráter forte ou fraca, dependendo do metal
variando entre 68 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 para o mercúrio, 𝐻𝑔, a 849 𝑘𝑗/𝑚𝑜𝑙 para o tungstênio, 𝑊. As
temperaturas de fusão para esses metais são -39°C e 3410°C, respectivamente
(CALLISTER JR; RETHWISCH, 2016) (Figura 8).

Figura 8 - Modelo de elétrons livres e núcleos iônicos na ligação metálica

31
Fonte: Adaptado de CALLISTER JR e RETHWISCH (2016).

As ligações metalicas são encontradas na tabela periodica para os elementos


do grupo 1A e 2A, no entanto, pode-se encontrar com todos os metais, inclusive os
metais de transição como 𝐹𝑒, 𝐴𝑢, 𝐴𝑔, 𝐶𝑢, 𝑍𝑛 e 𝑃𝑏. Abaixo encontra-se as principais
ligas metalicas:

 Aço – composição: Fe (98,5%), C (0,5 a 1,7%), Si, S e O (traços)

Aço – propriedade: alto ponto de fusão (1300°C) densidade de 7,7 g/cm3


e é mais resistente à tração do que o ferro puro.
Aço – aplicação: fabricação de peças metálicas que sofrem elevada
tração, principalemnte estruturas metálicas.

 Aço INOX – composição: Aço (74%), Cr (18%) e Ni (8%)

Aço INOX – propriedades: é inoxidavel; inerte as reações de oxirredução


Aço INOX – aplicação: telhares, peças de carro, brocas, etc.

 Bronze – composição: Cu (95% a 55%) e Zn (5% a 45%)

Bronze – proprieades: fácil de moldar, flexibilidade e boa aparência


Bronze – aplicação: peças de máquinas, instrumentos de sopro, tubos,
armas e torneiras.

 Amálgama – composição: Ag (70%), Sn(18%), Cu(10%) e Hg (2%)

Amálgama – propriedades: baixo coeficiente de dilatação, resistencia à


oxidação e alta maleabilidade
Amálgama – aplicação: obturação debtárias.

 Liga de Bismuto – composição: Bi (50%), Pb (27%), Sn (13%) e Cd (10%)

32
Liga de Bismuto – propriedades: baixa temperatura de fusão (68°C)
Liga de Bismuto – aplicação: em fusíveis elétricos que se fundem e se
quebram, interrompendo a passagem de corrente elétrica. (FOGAÇA,
2022).

6 GEOMETRIA MOLECULAR

6.1 Geometrias moleculares

Usamos a estrutura de Lewis para explicar as fórmulas dos compostos


covalente. Entretanto, as estruturas de Lewis não indicam a forma das moléculas,
apenas mostra o número e tipo de ligações químicas presentes. Por exemplo:
podemos escrever a estrutura de Lewis para a molécula de CF4 (Figura 9):

Figura 9 - Estrutura de Lewis para a molécula

Fonte: Próprio autor

A estrutura é elaborada com todos os átomos no mesmo plano. No entanto, o


arranjo tridimensional mais adequado é a tetraedro, com os átomos de flúor no vértice
desta figura geométrica. Conforme se observa na Figura 10 abaixo.

Figura 10 - Estrutura tetraédrica do tetrafluormetano

33
Fonte: Próprio autor

A forma de uma molécula é determinada por seus ângulos de ligação, ângulos


formados pelas linbhas que se unem ao núcleo dos átomos da molécula. Os ângulos
de ligação de uma molécula e o comprimento das ligações definem a forma e o
tamanho da molécula. Na Erro! Fonte de referência não encontrada.1, você verá
que há seis ângulos de ligação 𝐹 − 𝐶 − 𝐹 no 𝐶𝐹4 e todos têm o mesmo valor. O ângulo
da ligação é de 109,5°, característico de um tetraedro. Além disso, todas as ligações
𝐶 − 𝐹 apresentam comprimento igual a 141 pm (ATKINS; JONES, 2006).

Figura 11 – Geometrias moleculares

Fonte: Próprio autor

a) geometria linear, AB_2; (b) geometria angular, AB_2; (c) geometria trigonal, AB_3; (d) geometria
piramidal, AB_3.

34
Começamos nossa discussão a respeito de formas moleculas com moléculas
(e íons) que, assim como o 𝐶𝐹4 , tem um único átomo cental ligado a dois ou mais
átomos iguais. Tais moleculas têm a fórmula geral 𝐴𝐵𝑛 , na qual o átomo central A está
ligado a n átomos de B. Por exemplo, tendo 𝐶𝑂2 , como 𝐻2 𝑂 são moléculas 𝐴𝐵2 ,
enquanto 𝑆𝑂3 e 𝑁𝐻3 são moléculas 𝐴𝐵3 etc (BROWN, et al., 2016).
O número de possiveis formas para moléculas 𝐴𝐵𝑛 depende do valor de 𝑛. As
moléculas mais comumente encontradas para 𝐴𝐵2 e 𝐴𝐵3 . Uma molécula de 𝐴𝐵2 pode
ter duas possiveis geometrias linear, Erro! Fonte de referência não encontrada.1a
(ângulo de ligação de 180°) ou angular (com ângulo diferente de 180°). Para
moléculas com formula 𝐴𝐵3 , as duas formar mais comuns, colocam o átomo de 𝐵 no

canto de um triangulo equilátero (todos os lados iguais), Erro! Fonte de referência


não encontrada.1b Se o átomo 𝐴 estiver no mesmo plano, chamamos a estrutura de
trigonal planar, Erro! Fonte de referência não encontrada.1c. Agora, se o átomo 𝐴
estiver acima do plano dos átomos de 𝐵 forma é chamada de piramidal, Erro! Fonte
de referência não encontrada.1d.
Podemos dar como exemplo de estruturas lineares as moléculas de 𝐶𝑂2 ,
𝐻𝐶𝑙 , 𝐻2 e 𝑁2 . Para as estruturas angulares temos, 𝐻2 𝑂 , 𝐻2 𝑆 , 𝑆𝑂2 e 𝑆𝐹2 . Já as
estruturas trigonais planares são observadas nas moleculas de 𝐵𝐻3 , 𝑆𝑂3 e 𝑁𝑂3−
(ATKINS; JONES, 2006).
Algumas moléculas, como a molécula de 𝐶𝑙𝐹3 , podem ter forma de T, uma
forma imcomum. As ligações 𝐹 − 𝐶𝑙 − 𝐹 estão no mesmo plano com um ângulo de
90°, conforme Erro! Fonte de referência não encontrada.2.
35
Figura 12 - Geometria da molécula de ClF3

Fonte: Próprio autor

Grande maioria das moléculas dos tipos: AB_n podem ser classificadas em
apenas cinco formas geométricas básicas, mostradas na figura X. Todas são arranjos
altamente simétricos dos n átomos de B em volta do átomo central A. Já vimos as
primeiro três formas: linear, trigonal planar e tetraédrica. A forma bipiramidal trigonal
para AB_5 pode ser imaginado como uma trigonal plana com fois átomos adicionais,
um acima e um abaixo do plano triangular. A forma octaétrica para formulas AB_6 tem
todos os seis átomos de B a uma distância igual do átomo central A. com ângulo de
90° B-A-B (ATKINS; JONES, 2006) (Figura 13).

Figura 13 - Geometrias, linear, trigonal e tetraédrica, respectivamente

36
Fonte: Próprio autor

Figura 15 - Geometrias bipirâmide trigonal e octaédrica

Fonte: Próprio autor

6.2 Modelo VSEPR

O modelo de repulsão de pares de elétrons da camada de valência (VSEPR)


tenta explicar o motivo pelo qual algumas moléculas tendem a se arranjar de uma
determinada maneira. Em geral, cada par de elétrons não ligante, ligação simples ou
ligação múltipla produz um único domínio eletrônico ao redor do átomo central de uma

37
molécula. Entende-se como domínio eletrônico, uma região no espaço que está
diretamente sobre influência do par de elétrons, não sendo localizado como se fossem
balões.

O melhor arranjo para um determinado número de domínios eletrônicos é


aquele que minimiza as repulsões entre eles. De fato, observamos que pares de
elétrons não ligantes, tendem a repelir os elétrons da pertencentes à ligação, observe
a molécula de amônia, ela possui um par de elétrons não ligantes (BROWN, et al.,
2016).

Este par de elétrons não ligantes “empurra” as ligações 𝑁 − 𝐻 formando o


ângulo típico para esta molécula (piramidal), isso proporciona uma maior estabilidade
na molécula, uma vez que as cargas negativas (ligação simples e par de elétrons)
estão separadas pela maior distância permitida. Vejamos a molécula da água:

Nela vemos duas ligações simples e dois pares de eletrons não ligantes. Pode-
se concluir portanto, que os pares de eletrons se organizam desta modo para diminuir
a repulsão existente nesta molécula, uma vez que existe dois pares de eletrons não
ligantes na molécula.
De modo geral, Brown, et al. (2016) generaliza o modelo VSEPR da seguinte
forma:

Desenhe a estrutura de Lewis da molécula ou íon e conte o número de


domínios eletrônicos existentes ao redor do átomo central. Cada par de
elétrons não ligantes, cada ligação simples, cada ligação dupla e cada ligação
tripla contam como um domínio eletrônico. Determine a geometria do domínio
eletrônico, organizando os domínios eletrônicos em torno do átomo central

38
para que as repulsões entre eles sejam minimizadas. Use a distribuição dos
átomos ligados ao átomo central para determinar a geometria molecular
(BROWN, et al., 2016, 326).

Seguindo as orientações acima podemos tomar como exemplo a molécula de


fosfina, 𝐻3 𝑃.

Figura 16 – Estrutura de Lewis

Fonte: Adaptado de Brown, et al. (2016)

Para facilitar a etapa 2, descrita acima, usamos a Tabela 6 para determinar a


configuração inicial dos domínios eletrônicos e a geometria deste dominio.

Tabela 6 - Distribuição dos domínios eletrônicos e suas respectivas geometrias

Número de Configuração dos Geometria dos Ângulos de


domínios domínios eletrônicos domínios ligação
eletrônicos eletrônicos previsto

39
2 Linear 180°

3 Trigonal planar 120°

4 Tetraédrica 109,5°

5 Bipiramidal 120°/90°
trigonal

6 Octaédrica 90°

Fonte: Adaptado de Brown, et. al. (2016)

7 POLARIDADE

40
7.1 Eletronegatividade

Todas as ligações podem ser vistas como estruturas híbridas entre estruturas
puramente covalente e puramente iônicas. Assim, a estrutura da molécula de Cl_2,
pode ser descrita como:

Cl-Cl↔Cl^--Cl^+↔Cl^+-Cl^-

Neste caso, as estruturas iônicas contribuem muito pouco para a estrutura


final e podemos descrever a ligação quase como puramente covalente. Por serem o
mesmo átomo, as duas estruturas iônicas contribuem igualmente em termos de carga,
logo a carga média de cada átomo é zero. Mas, em uma molécula com átomos
diferentes, como HF, temos a seguinte disposição:

H-F↔H^--F^+↔H^+-F^-

tem contribuições diferentes das duas estruturas. A estrutura iônica de menor


energia é a H^+ F^-. Como o átomo de flúor tem afinidade eletrônica maior do que o
hidrogênio, a estrutura com uma carga negativa no átomo de flúor contribui mais
efetivamente do que H^- F^+. Como resultado, existe uma pequena carga negativa
residual no átomo de flúor e uma pequena carga positiva residual no átomo de
hidrogênio. Mostramos essa carga parcial no átomo escrevendo H^ (δ+) -F^ (δ-).
Esse tipo de ligação química é conhecida como ligação covalente polar. Todas
as ligações entre átomos de elementos diferentes são, até certo ponto, polares. As
ligações de moléculas diatômicas homonucleares (do mesmo elemento) e íons são
não polares (BROWN, et al., 2016).
Os dois átomos de uma ligação covalente polar formam um dipolo elétrico,
uma carga parcial positiva e uma carga parcial negativa. Um dipolo é representado
por uma seta que aposta para a carga parcial negativa, (Figura 17). O tamanho de um
dipolo-elétrico, que é a magnitude numérica, é chamado de momento de dipolo-
elétrico, μ (letra grega um) em unidade denominadas debye (D). O debye é definido
de forma a que uma carga negativa unitária (elétron) separada por 100 pm de uma
carga unitária positiva (próton) corresponda a um momento de dipolo de 4,80 D. O
momento de dipolo da ligação H-F é 1,91 D (FOGAÇA, 2022).
41
Figura 17 - Momento de dipolo elétrico do ácido fluorídrico

Fonte: próprio autor

Uma ligação covalente é polar se um átomo tem poder de atraçaõ do elétron


maior do que o outro átomo, porque, então, o par de elétrons tem maior probabilidade
de ser encontrado próximo ao primeiro. Em 1923, o químico norte-americano Lenus
Pauling propôs uma medida quantitativa da distrinbuição dos elétrons nas ligações. O
poder de atração dos elétrons exercido por um átomo que participa de uma ligação é
chamado de eletronegatividade. As eletronegatividades são representadas por 𝜒 (a
letra graga qui).
O átomo do elemento que tem a eletronegatividade mais alta tem maior poder
de atrair elétrons e tende a afastá-los do átomo que tem a menor eletronegatividade.
Pauling baseou sua escala nas energias de dissociação, 𝐷, das ligações 𝐴 − 𝐴, 𝐵 − 𝐵
e 𝐴 − 𝐵, medidas em eletronsvolts (eV). Ele definiu a diferença de eletronegatividade
dis dois elementos A e B como:

1
1 2
|𝜒𝐴 − 𝜒𝐵 | = 0,102 {𝐷(𝐴 − 𝐵) − [𝐷(𝐴 − 𝐴) + 𝐷(𝐵 − 𝐵)]}
2

Outro químico americano, Robert Mulliken, desenvolveu uma maneira mais


simples de determinar a escala de eletronegatividade. Em sua opinião, a
eletronegatividade é a média da energia de ionização e afinidade eletrônica de um
elemento (ambos expressos como eV.

1
𝜒 = (𝐼 + 𝐸𝑎 )
2

42
Quando dois átomos de uma ligação tÇem uma pequena diferença de
eletronegatividade, as cargas parciais são muito pequenas. Quando a diferença de
eletronegatividade aumenta, também crescem as cargas parciais. Se as
eletronegatividades são muito diferentes, um dos átomos pode ficar com a maior parte
do par de elétrons e a estrutura iônico correspondente contribui apreciavelmente para
a estrutura resultante. Como se apropriou da maior parte do par de elétrons
compartilhado, o elemento muito eletronegativo lembra um ânion e, o outro, um cátion.
Dizemos que uma ligaão desse tipo tem caratér iônico consideravel.
Se a diferença de eletronegatividade é muito grande, como em 𝑁𝑎𝐶𝑙 e 𝐾𝐹, a
contribuição ionica domina a distribuição covalente e é melhor considerar iônica a
ligação. Não existe linha divisória clara entre as ligações covalentes e iônicas.
Entretanto, uma regra útil diz que, se a diferença de eletronegatividade é de cerca de
2 unidade, o caráter iônico é tão alto que é melhor considerar iônica a ligação
(ATKINS; JONES, 2006).
Uma ligação covalente é polar se um átomo tem poder de atração do elétron
maior do que o outro átomo, porque, então, o par de elétrons tem maior probabilidade
de ser encontrado próximo ao primeiro. Em 1923, o químico norte-americano Lenus
Pauling propôs uma medida quantitativa da distribuição dos elétrons nas ligações. O
poder de atração dos elétrons exercido por um átomo que participa de uma ligação é
chamado de eletronegatividade. As eletronegatividades são representadas por χ (a
letra grega aqui).
O átomo do elemento que tem a eletronegatividade mais alta tem maior poder
de atrair elétrons e tende a afastá-los do átomo que tem a menor eletronegatividade.
Pauling baseou sua escala nas energias de dissociação, D, das ligações A-A, B-B e
A-B, medidas em eletronsvolts (eV). Ele definiu a diferença de eletronegatividade de
dois elementos A e B como:

|χ_A-χ_B |=0,102{D (A-B) -1/2 [D (A-A) +D (B-B) ]} ^ (1/2)

Outro químico americano, Robert Mulliken, desenvolveu uma maneira mais


simples de determinar a escala de eletronegatividade. Em sua opinião, a
eletronegatividade é a média da energia de ionização e afinidade eletrônica de um
elemento (ambos expressos como eV.

43
χ=1/2(I+E_a)

Quando dois átomos de uma ligação tem uma pequena diferença de


eletronegatividade, as cargas parciais são muito pequenas. Quando a diferença de
eletronegatividade aumenta, também crescem as cargas parciais. Se as
eletronegatividades são muito diferentes, um dos átomos pode ficar com a maior parte
do par de elétrons e a estrutura iônico correspondente contribui apreciavelmente para
a estrutura resultante. Como se apropriou da maior parte do par de elétrons
compartilhado, o elemento muito eletronegativo lembra um ânion e, o outro, um cátion.
Dizemos que uma ligação desse tipo tem caráter iônico considerável.
Se a diferença de eletronegatividade é muito grande, como em NaCl e KF, a
contribuição iônica domina a distribuição covalente e é melhor considerar iônica a
ligação. Não existe linha divisória clara entre as ligações covalentes e iônicas.
Entretanto, uma regra útil diz que, se a diferença de eletronegatividade é de cerca de
2 unidade, o caráter iônico é tão alto que é melhor considerar iônica a ligação
(ATKINS; JONES, 2006) (Figura 18).

Figura 18 - Série de eletronegatividade

Fonte: Arena marcas e patentes (2022).

44
Pode-se notar na figura acima que o elemento mais eletronegativo é o fluor. De
forma simplificada, podemos colocar os não-metais em ordem decrescente em
relação à eletronegatividade:

𝐹 > 𝑂 > 𝑁 > 𝐶𝑙 > 𝐵𝑟 > 𝐼 > 𝑆 > 𝐶 > 𝑃 > 𝐻

7.2 Momento de dipolo resultante, exemplos

O momento de dipolo, visto anteriormente, varia conforme a geometria da


molécula. Para uma molécula com mais de dois átomos, o momento de dipolo
depende tanto das polaridades das ligações individuais quanto da geometria da
molécula. Para cada ligação na molécula, considere o dipolo da ligação, que é o
momento de dipolo resultante. Vejamos a molécula de 𝐶𝑂2 , exemplo 1:

Vemos que o momento ⃗⃗⃗⃗


𝜇𝐴 é igual ao ⃗⃗⃗⃗
𝜇𝐵 , porque ambas ligações possuiem
carbono ligado diretamente ao oxigêno e portanto a mesma eletronegatividade em
magnitude. Posto isso, vejamos a direção; trata-se de direções contrarias, por este
motivo, ambos vetores se cancelam e o momento de dipolo resultante é igua a zero,
𝜇 = 0.
Exemplo 2. Observe o caso da molécula de água, 𝐻2 𝑂:

45
Nota-se que, embora a megnitude do momento de dipolo da ligação 𝐻 − 𝑂, seja
a mesma da ligação 𝑂 − 𝐻. O sentido e a direção são diferentes (ângulo de 104,5°) e
deste modo o momento de dipolo resultante é diferente de zero, 𝜇 ≠ 0.
Exemplo 3. Molécula de amônia,𝑁𝐻3 :

Vemos que para a molecula de amônia, temos o mesmo momento de dipolo,


devido as três ligações 𝑁 − 𝐻 presentes. Entretanto, os sentidos e direções do vetores
de cada uma delas são diferentes, ângulo de 107,8° entre eles. Logo, o momento de
dipolo resultante será diferente de zero, 𝜇 ≠ 0.
Exemplo 4. Molécula de tetraclorometano, 𝐶𝐶𝑙4 :

A molécula de tetraclorometano não apresenta momento de dipolo resultante,


𝜇 = 0. Ainda que tenham a mesma magnitude de momento de dipolo devido a suas
quatro ligações 𝐶𝑙 − 𝐶, a geometria tetraédrica acaba cancelando os momentos de
dipolo em relação ao sentido e direção devido a sua tridimencionalidade.
Exemplo 5. Molécula de triclorofluormetano 𝐶𝐶𝑙3 𝐹

46
A molécula de bromotriclorometano apresenta uma ligação 𝐹 − 𝐶 e três
ligações 𝐶𝑙 − 𝐶. Observando a eletronegatividade do 𝐹 (4,1 D) e do 𝐶𝑙 (2,9 D), pode-
se concluir que o momento de dipolo resultante é diferente de zero, 𝜇 ≠ 0.

7.3 Polaridade

As ligações covalentes polares, na qual, os elétrons não estão igualmente


distribuídos, tem momento de dipolo diferente de zero. Uma molécula polar é uma
molécula com momento de dipolo diferente de zero. Todas as moléculas diatômicas
são polares se suas ligações forem polares. Uma molécula de 𝐻𝐶𝑙, com sua ligação
polar 𝐻 𝛿+ − 𝐶 𝛿− é uma molécula polar. O momento de dipolo, igual a 1,10 D, é típico
de moléculas diatômicas polares. Todas as moléculas diatômicas formadas por
átomos de elementos diferentes têm alguma polaridade (ATKINS; JONES, 2006).
Uma molécula apolar é uma molécula cujo momento de dipolo elétrico é igual
a zero. Todas as moléculas diatômicas homonucleares, como 𝑂2 , 𝑁2 , ou 𝐶𝑙2 , são
apolares devido a suas ligações apolares.
A polaridade é uma das razões pelas quais a água é um solvente tão bom
para compostos iônicos com momento de dipolo de 1,85 D. Cabe ressaltar um caso
muito importante, referente à ligação 𝐶 − 𝐻, A diferença de eletronegatividade entre
esses elementos é muito pequena 𝐶, 2,5 D e 𝐻, 2,1 D, classificando desta forma a
ligações 𝐶 − 𝐻 como ligações covalente apolares (ATKINS; JONES, 2006).
Solventes apolares tendem a se misturar com substâncias apolares em uma
mistura. Já solventes polares possuem tendência a se misturar com substâncias
polares e iônicas. Deste modo, chamamos de hidrofílica a substância, ou regiões da

47
molécula com afinidade à água e hidrofóbica aquelas substâncias, ou parte das
moléculas, com baixa afinidade pela água (ATKINS; JONES, 2006).

8 GASES

8.1 Características dos gases

De diversas maneiras, os gases são a forma da matéria mais fácil de


compreender, isso porque diferentes substâncias gasosas possam a ter propriedades
químicas bastante diversas, elas se comportam de maneira muito semelhante com
relação as suas propriedades físicas.
Brown et. al. (2016) nos dá o exemplo prático; o 𝑁2 e o 𝑂2 , que compõem
aproximadamente 99% de nossa atmosfera, têm propriedades químicas muito
diferentes – o 𝑂2 é fundamental para a vida humana, já o 𝑁2 não tem a mesma
importância, para citar apenas uma diferença –, mas esses dois componentes do ar
se comportam do ponto de vista físico, como um material gasoso, uma vez que suas
propriedades físicas são essencialmente idênticas.
Dos poucos elementos que são encontrados na forma de gases a
temperaturas e pressões normais, 𝐻𝑒, 𝑁𝑒, 𝐴𝑟, 𝐾𝑟 e 𝑋𝑒 são monoatômicos e 𝐻2 , 𝑁2 ,
𝑂2 , 𝐹2 e 𝐶𝑙2 , diatômicos. Muitos compostos moleculares são gases a Erro! Fonte de
referência não encontrada.6 lista alguns deles (BROWN, et al., 2016).

Tabela 6 - Alguns compostos comuns que são gases à temperatura ambiente

Fórmula Nome Características


Muito tóxico e possui leve odor
𝐻𝐶𝑁 Cianeto de hidrogênio
de amêndoas amargas
Muito tóxico e possui odor de
𝐻2 𝑆 Sulfeto de hidrogênio
ovo podre
𝐶𝑂 Monóxido de carbono Tóxico, incolor e inodoro
𝐶𝑂2 Dióxido de carbono Incolor, inodoro
𝐶𝐻4 Metano Incolor, inodoro e inflamável
𝐶2 𝐻4 Eteno (etileno) Incolor e amadurece frutas
Incolor, inodoro e encontrado
𝐶2 𝐻8 Propano
no botijão de gás
Incolor, odor doce e gás do
𝑁2 𝑂 Óxido nitroso
riso

48
Tóxico, castanho-avermelhado
𝑁𝑂2 Dióxido de nitrogênio
e possui odor irritante
𝑁𝐻3 Amônia Incolor e possui odor pungente
𝑆𝑂2 Dióxido de enxofre Incolor e possui odor irritante
Fonte: adaptado de Brown, et al. (2016)

Observa-se que os elementos presentes na Erro! Fonte de referência não


encontrada.anterior não são metálicos. Além disso, todos apresentarem fórmulas
simples e curtas e baixa massa molar. Substâncias que são líquidos ou sólidos em
condições normais também podem ser encontradas no estado gasoso, nesse caso,
elas são chamadas de vapores. A substância 𝐻2 𝑂, por exemplo, pode existir na forma
de água líquida, gelo sólido ou vapor de água.
Os gases diferem de maneira significativa dos sólidos e dos líquidos em vários
aspectos. Por exemplo: um gás se expande espontaneamente preenchendo
totalmente o volume do seu recipiente. Por isso, o volume de um gás é igual ao volume
do próprio recipiente. Os gases também são altamente compressíveis; quando
pressão é aplicada a um gás, seu volume diminui com facilidade. Sólido e líquido, por
outro lado, não se expandem para preencher o volume dos recipientes onde eles se
encontram e não são facilmente compressíveis. Dois ou mais gases formam uma
mistura homogênea independentemente de suas identidades ou proporções relativas,
e a atmosfera é um excelente exemplo disso. Por exemplo: o vapor de água e os
vapores de gasolina que ficam sobre os líquidos formam uma mistura gasosa
homogênea. (ATKINS; JONES, 2006)

8.2 Pressão

No dia a dia, o conceito de pressão transmite a ideia de força, representando


um empurrão que tende a mover algo em uma determinada direção. A pressão, 𝑝, é
definida na ciência como a força, 𝐹, que atua sobre uma determinada área, 𝐴.

𝐹
𝑝=
𝐴

Gases exercem pressão sobre qualquer superfície com a qual estão em


contato. Por exemplo, o gás em um balão inflado exerce pressão sobre a superfície
interna do balão. A unidade SI (sistema internacional) de pressão é o pascal (Pa).
49
Esse nome é uma homenagem ao cientista francês Blaise Pascal (1623-1662) que
estudou a pressão:

1 𝑃𝑎 = 1 𝑁/𝑚2 .

Outra unidade de pressão é o bar:

1 𝑏𝑎𝑟 = 105 𝑃𝑎 = 105 𝑁/𝑚2 .

Em termos do modelo dos gases que estamos desenvolvendo, a pressão que


um gás exerce sobre as paredes do recipiente que o contém é o resultado das colisões
das moléculas com a superfície do recipiente. Quanto mais forte for a colisões das
moléculas com a superfície, maior será a força e, consequentemente, a pressão.
Qualquer objeto na superfície da Terra é afetado inúmeras colisões de moléculas que
atinge continuamente e exerce uma força sobre ele. Até mesmo em um dia
aparentemente tranquilo (ATKINS; JONES, 2006).
A pressão exercida pela atmosfera pode ser medida de várias maneiras, mais
comumente com manômetros. Quando usamos esse aparelho para medir a pressão
do ar em um pneu, estamos, na verdade, medindo a “pressão do manômetro”, a
diferença entre a pressão dentro do pneu e a pressão atmosférica.
A pressão atmosférica é medida com um barômetro, um instrumento
inventado no século XVII por Evangelista Torricelli, que fabricou uma torre de mercúrio
líquido, que é muito denso. Ele selou um tubo longo de vidro em um dos lados,
encheu-o com mercúrio e o inverteu em um béquer (Erro! Fonte de referência não
encontrada.9). A coluna de mercúrio caiu até que a pressão que ela exercia sobre a
base se igualasse à pressão exercida pela atmosfera. Para interpretar as mediadas
feitas com um barômetro é preciso saber como a altura da coluna depende da pressão
atmosférica (ATKINS; JONES, 2006).

Figura 19 - Barômetro de Torricelli

50
Fonte: (COSTA, 2018)

Desejamos encontrar a relação entre a altura, ℎ, da coluna de mercúrio e a


pressão atmosférica, 𝑃. Suponhamos que a área da seção transversal da coluna é 𝐴.
O volume de mercúrio da coluna é a altura do cilindro multiplicada pela área da seção
transversal, 𝑉 = ℎ. 𝐴 . A massa, 𝑚 , desse volume de mercúrio é proporcional a
densidade do metal, 𝑑𝐻𝑔 , pelo volume, ou 𝑚 = 𝑑𝑉 = 𝑑ℎ𝐴. A força total que esta última
exerce sobre sua base é produto da massa pela aceleração da gravidade, 𝐹 = 𝑚. 𝑔.
Logo, a pressão na base da coluna, a força dividida pela área, é:

𝐹 𝑚𝑔 𝑑ℎ𝐴𝑔
𝑝= = =
𝐴 𝐴 𝐴

𝑝 = 𝑑. 𝑔. ℎ

Mostramos que a pressão de um gás pode ser relacionada à altura de uma


coluna de líquidos e a sua densidade pela equação acima. A pressão é obtida em 𝑃𝑎,
quando a densidade, a altura da coluna e o valor de 𝑔 são expressos em unidades SI
(ATKINS; JONES, 2006).
Exemplo: Suponha que a altura da coluna de mercúrio do barômetro é de
760 𝑚𝑚. Qual a pressão atmosférica no SI? Dados o valor da densidade do mercúrio
de 13546 𝑘𝑔/𝑚3 e a aceleração da gravidade de 9,806 𝑚/𝑠 2 :

51
𝑝 = 𝑑𝑔ℎ = (13546 𝑘𝑔/𝑚3 ) × (0,760 𝑚) × (9,806 𝑚/𝑠 2 )

𝑝 = 1,01 × 105 𝑃𝑎

A aceleração da gravidade varia na superfície da Terra e depende da altitude.

8.3 Leis dos gases

Quatro variaveis são necessárias para definir a condição física ou o estado de


um gás: temperatura, pressão, volume e quantidade de gás, geralmente expressa em
quantidade de matéria (em mols). As equações que expressam as relações entre
essas quatro variáveis são chamadas de leis dos gases. Como o volume é medido
facilmente, as primeiras leis dos gases que serão estudadas expressam o efeito de
uma das variáveis sobre o volume, com as duas outras variáveis sendo nantidas
contantes.

Lei de Boyle: relação entre a pressão e o volume

Um balão meteorológico inflado solto na superfície da Terra expande à medida


que sobe. Isso ocorre porque a pressão da atmosfera diminui conforme a altura
aumenta. Assim, a primeira relação entre pessão e volume, podemos usar nossa
experiência com balões para dizer que o volume do gás aumenta à medida que a
pressão exercida sobre o gás diminui.
O química britânico Robert Boyle (1627-1691) foi o primeiro a investigar a
relação entre a pressão de um gás e seu volume. A lei de Boyle, que resume as
observações experimentais do cientista afirma que o volume de uma quantidade fixxa
de gás, manttida à temperatura constante é inversamente proporcional à pressão.
Quando duas medidas são inversamente proporcionais, uma fica menor à medida que
a outra aumenta. A lei de Boyle pode ser expressa matematicamente por:

1
𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 ×
𝑃

52
ou mais comumemnte apresentada como:

𝑃𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒

Aplicamos a lei de Boyle toda vez que respiramos. A caixa torácica, que
expande e contrai, e o diafragma, um músculo abaixo dos pulmões, controlam o
volume dos pulmões. A inspuração ocorre quando a cauxa torácica se expande e
diafragma se move para baixo. Essas duas ações aumentam o volume dos pulmões,
diminuindo, assim, a pressão do gás no seu interior. A pressão atmosférica empurra
o ar para dentro dos pulmões até que as pressões interna e atmosférica sejam
igualadas. O processo de expiração é inverso – a caixa torácica se contrai e o
diafragma se move para cima, diminuindo o volume dos pulmões. O ar é empurrado
para fora deles pelo aumento resultante da pressão (BROWN, et al., 2016).
O gráfico V versus p, ilustrado na
Figura 20a, mostra a curva obtida para uma determinada quantidade de gás a
uma temperatura fixa. Uma relação linear é obtida quando V é representado
graficamente em função de 1/p, de acordo com a
Figura 20b. (a) Gráfico volume versus pressão (b) volume versus inverso
da pressão.

Figura 20 – Lei de Boyle


Fonte: próprio autor.

Lei de Charles: relação entre temperatura e volume

53
A relação entre volume e a temperatura do gás, o volume aumenta quando a
temperatura aumenta e diminui quando a temperatura diminui foi descoberta em 1787,
pelo cientista francês Jacques Charles (1746-1823). Alguns dados típicos de
temperatura e volume são apresentados na figura 21.
Observe que a linha tracejada cruza o -273°C. Note também que é esperado
que o gás tenha volume zero a essa temperatura. No entando, essa situação nunca
pode ser presenciada porque todos os gases se liquefazem ou se solidificam antes de
atingir essa temperatura (BROWN, et al., 2016). Para uma quantidade fixa de gás a
uma pressão constante, o volume de gás é proporcional à temperatura. (Figura 21).

Figura 21 – Lei de Charles

Fonte: BROWN, LEMAY, et al (2016).

Em 1848, William Thomson (1824-1907), um físico britânico cujo título era Lord
Kelvin, propôs uma escala de temperatura absoluta, agora conhecida como escala
Kelvin. Nessa escala, 0 K, chamado de zero absoluto é igual -273,15°C. Em termos
de escala Kelvin, a lei de Charles afirma que: o volume de uma quantidade fixa de gás
mantida sob pressão constante é diretamente proporcional à sua temperatura

54
absoluta. Assim, dobrar a temperatura absoluta faz com que o volume de gás também
dobre. Matematicamente, a lei de Charles estabelece que:

𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 × 𝑇

ou

𝑉
= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑇

Em que o valor constante depende da pressão e da quantidade de gás.

Lei de Avogadro: Relação entre quantidade e volume

A relação entre a quantidade de um gás e o seu volume foi estabelecido com


base no trabalho de Joseph Louis Gay-Lussac (1778-1823) e de Amedeo Avogadro
(1776-1856) (BROWN, et al., 2016).
Gay-Lussac estabeleceu a lei da combinação dos volumes, defininfo que: a
uma determinada pressão e temperatura, os volumes de gases que reagem uns com
os outros são representados por números inteiros pequenos. Por exemplo: dois
volumes de gás hidrogênio reagem com um volume de gás oxigênio, produzindo dois
volumes de vapor de água. Três anos depois, Avogadro interpretou a observação
acima, propondo o que hoje é conhecida como a hipótese de Avogradro: volumes
iguais de gases à mesma temperatura e pressão contêm número iguais de moléculas.
Por exemplo, 22,4 𝐿 de qualquer gás a 0°𝐶 e 1 𝑎𝑡𝑚 contêm 6,02 × 1023 moléculas de
gas (isto é, 1 𝑚𝑜𝑙).
A lei de Avogadro resulta da hipótese de Avogadro, que é a seguinte: o volume
de um gás mantido a tempertatura e pressão constante é diretamente proporcional à
quantidade de matéria (em mols) do gás. Isto é:

𝑉 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 × 𝑛

ou
55
𝑉
= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
𝑛

Em que 𝑛 é a quantidade de matéria. Desta forma, dobrar a quantidade de


matéria de gás faz com que o volume dobre se a T e P permanecerem constante.

8.4 Equação do gás ideal

As três leis analisadas anteriormente foram estabelecidas so manter duas das


quatro variáveis (𝑃, 𝑉, 𝑇 𝑒 𝑛) constantes e ao verificar como as duas variáveis restantes
eram afetadas. Podemos expressão casa lei como uma relação de proporcionalidade,
(Tabela 7). Usando o símbolo matemático ∝ para “é proporcional a “, te:

Tabela 7 - Resumo da proporcionalidade encontrada nos gases

Lei Espressão matemática Variaveis constantes


Boyle 1 𝑛𝑒𝑇
𝑉∝
𝑃
Charles 𝑉∝𝑇 𝑛𝑒𝑃
Avogado 𝑉∝𝑛 𝑃𝑒𝑇
Fonte: adaptado de Brown, et al. (2016).

Podemos combinar essas relações em uma lei geral dos gases:

𝑛𝑇
𝑉∝
𝑃

e se chamarmos de 𝑅 a constante de proporcionalidade, obteremos uma igualdade:

𝑛𝑇
𝑉 = 𝑅( )
𝑃

56
reorganizando a expressão acima, chegamos à:

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇

que represneta a equação d gás ideial (também conhecida como lei do gás ideial). Um
gás ideal é um gás hipotético cujas relações entre pressão, volume e temperatura são
descritas completamente pela equação do gás ideal.
Na devivação da equação do gás ideal, consideramos (a) que as moléculas de
um gás ideal não interagem umas com as outras, e (b) que o volume combinado das
moléculas é muito menor que o volume ocupado pelo gás; por essa razão,
consideramos que as moléculas não ocupam espaço no recupiente. Em muitos casos,
o pequeno erro introduzido por esses pressupostos é aceitavel. Quando cálculos mais
precisos são necessários, podemos corrigir desvios (BROWN, et al., 2016).
A constante 𝑅 na equação do gás ideal é chamada de constante dos gases.
O valor dela, depende das unidades de 𝑃, 𝑉, 𝑛 e 𝑇. O valor de 𝑇 na equação do gás
odeoal deve sempre ser a temperatura absoluta (𝐾). Ao trabalhar com a equação dos
gás ideal, você deve observar as unidades das variáreis e escolher a constante 𝑅 em
que as unidades e são concordantes, (Tabela 8).

Tabela 8 - Valores numéricos da constante dos gases R em diferentes unidades

Unidade Valor numérico


𝐿. 𝑎𝑡𝑚/𝑚𝑜𝑙. 𝐾 0,08206
𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾 8,314
𝑐𝑎𝑙/𝑚𝑜𝑙. 𝐾 1,987
𝑚3 . 𝑃𝑎/𝑚𝑜𝑙. 𝐾 8,314
𝐿. 𝑡𝑜𝑟𝑟/𝑚𝑜𝑙. 𝐾 62,36
Fonte: adaptado de Brown, et al. (2016)

Suponhamos que tenhamos 1,000 mol de gás ideal a 1,000 atm e 0,00°C
(273,15 𝐾). De acordo com a equação do gás ideal, o volume do gás é:

57
𝑛𝑅𝑇
𝑉=
𝑃

(1,000 𝑚𝑜𝑙)(0,08206 𝐿. 𝑎𝑡𝑚/𝑚𝑜𝑙. 𝐾)(273,15 𝐾)


𝑉=
1,000 𝑎𝑡𝑚

𝑉 = 22,41 𝐿

As condições 0°C e 1 atm são chamadas de consições normal de temperatura


e pressão (CNTP). O volume ocupado por um mol de gas ideal nas CNTP é de 22,41
L, conhecido como volume molar de um gás ideal (BROWN , et al., 2016).

9 MISTURAS DE GASES E TEORIA CINÉTICA DOS GASES

9.1 Mistura de Gases e pressões parciais

John Dalton fez a seguinte observação: a pressão total de uma mistura de


gases é igual à soma das pressões que cada um exerceria se estivesse sozinho
(BROWN, et al., 2016). Se assumirmos que 𝑃𝑡 é a pressão total de uma mistura de
gases e 𝑝1 , 𝑝2 , 𝑝4 , 𝑝𝑛 são as pressões parciais dos gases, pode-se escrever a lei de
Dalton das pressões parciais das seguintes maneira:

𝑝𝑇 = 𝑝1 + 𝑝2 + 𝑝3 + ⋯

Essa equação implica que cada gás se comporta de maneira independente


dos outros, como se pode ver pela analise seguinte. Consideremos que 𝑛1 , 𝑛2 , 𝑛3 , 𝑛𝑛
representam a quantidade de matéria de cada um dos gases na mistura e 𝑛𝑡 é a

58
quantidade de matéria total de gás. Se cada gás obedece à equação do gás ideal,
podemos escrever:

𝑅𝑇
𝑝1 = 𝑛1 ( )
𝑉

𝑅𝑇
𝑝2 = 𝑛2 ( )
𝑉

𝑅𝑇
𝑝3 = 𝑛3 ( )…
𝑉

Todos os gases em um recipiente devem ocupar o mesmo volume e chegarão


a uma temperatura igual em um período relativamente curto. Com base nesse fatos,
podemos simplificar a equação a cima e obtemos:

𝑅𝑇 𝑅𝑇
𝑝𝑇 = (𝑛1 + 𝑛2 + 𝑛3 + ⋯ ) ( ) = 𝑛𝑇 ( )
𝑉 𝑉

Isso é, em temperatura e volume constante, a pressão total de uma amostra de


gás é determinada pela quantidade de matéria total de gás presente, se esse total
representa apenas um gás ou uma mistura de gases (ATKINS; JONES, 2006). Cada
um dos gases em uma mistura comporta-se de maneira independente, pode-se
relacionar a quantidade de determinado gás de uma mistura com sua pressão parcial.
Para um gás ideial, podemos descrever a seguinte equação:

𝑝1 𝑛1 𝑅𝑇/𝑉 𝑛1
= =
𝑝𝑇 𝑛 𝑇 𝑅𝑇/𝑉 𝑛 𝑇

A razão 𝑛1 /𝑛 𝑇 é chamada de fração molar do gás, que denotamos 𝑋1 . A fração


molar, 𝑋, é um número adimensional (sem unidade) que expressa a razão entre a
quantidade de matéria de um componente de uma mistura e a quantidad de matérial
total da mistura. Assim, para o gás 1, temos:

𝑀𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 1 𝑛1
𝑋1 = =
𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑛𝑇
59
Podemos, então, combinar as Equações para obter:

𝑛1
𝑝1 = ( )𝑝
𝑛𝑇 𝑇

Generalizando para um componente 𝑗 sob uma pressão total, 𝑝, chegamos a


seguinte equação.

𝑛𝑗
𝑝𝑗 = ( ) 𝑝
𝑛

𝑝𝑗 = 𝑋𝑗 . 𝑝

Suponha que a fração molar de 𝑂2 no ar é de 0,21 – isso significa que 21%


das moléculas de ar são 𝑂2 . Desse modo, se a pressão barométrica é de 760 torr, a
pressão parcial de 𝑂2 é:

𝑝𝑂2 = (0,21)(760 𝑡𝑜𝑟𝑟) = 159,6 𝑡𝑜𝑟𝑟

Esse resultado faz sentido intuitivamente: como o gás oxigênio compões 21%
da mistura, ele contribui com 21% da pressão total.

9.2 Estequiometria das Reações de Gases

É preciso, às vezes, calcular o volume de gás consumido ou produzido em


uma reação. Como exemplo, o volume de dióxido de carbono produzido quando uma
combustível queima, ou o volume de oxigênio necessário para reagir com uma
determinada massa de hemoglobina nos glóbulos vermelhos do sangue. Para
responder esse tipo de pergunta, temos que combinar os cálculos de mol a mol. Os
60
coeficientes de uma equação química balanceada indicam as quantidades relativas
(em mols) de reagentes e produtos presentes na reação. A equação do gás ideal
relaciona a quantidade de matéria de um gás a 𝑝, 𝑉 e 𝑇 (BROWN, et al 2016).
Air bags automotivos são inflados por nitrogênio gasoso, gerado pela reação
química rápida de decomposição da azida de sódio, 𝑁𝑎𝑁3 :

2 𝑁𝑎𝑁3 (𝑠) → 2 𝑁𝑎(𝑠) + 3𝑁2 (𝑔)

Se um air bag tem um volume de 36 𝐿 e será preenchido com nitrogênio


gasoso a 1,15 𝑎𝑡𝑚 e 26°𝐶, quantos “mols” de 𝑁𝑎𝑁3 devem ser decompostos?

𝑝𝑉 (1,15 𝑎𝑡𝑚)(36 𝐿)
𝑛= = = 1,69 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁2
𝑅𝑇 (0,08206 𝐿. 𝑎𝑡𝑚/𝑚𝑜𝑙. 𝐾) (299 𝐾)

Usamos os coeficientes na equação balanceada para calcular a quantidade


de matéria de 𝑁𝑎𝑁3 :

2 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑁3
1,69 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁2 × ( ) = 1,12 𝑚𝑜𝑙 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑁3
3 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑑𝑒 𝑁2

9.3 Teoria cinética dos gases

Para entender as propriedades físicas dos gases, precisamos de um modelo


que nos ajude a imaginar o que acontece com as partículas de gases quando
condições como pressão ou temperatura são alteradas. Esse modelo, conhecido
como teoria cinética dos gases, foi desenvolvido ao longo de um período de
aproximadamente 100 anos. A teoria cinética dos gases é resumida pelos seguintes
postulados:

1. Os gases consistem em um grande número de moléculas que estão em


movimento contínuo e aleatório.

61
2. O volume total de todas as moléculas dos gases é desprezível quando
comparado ao volume total no qual o gás está contido.

3. As forças atrativas e repulsivas entre as moléculas de gás são desprezíveis.

4. A energia pode ser transferida entre moléculas durante as colisões, mas,


desde que a temperatura permaneça constante, a energia cinética média das
moléculas não é alterada com o tempo.

5. A energia cinética média das moléculas é proporcional à temperatura


absoluta. Em qualquer temperatura, as moléculas de todos os gases têm a
mesma energia cinética média (BROWN, et al., 2016).

No modelo cinético dos gases, imaginamos as moléculas como estando quase


sempre muito separadas em um movimento aleatório constante. Elas se deslocam
sempre em linha reta, muidando de direçlão apenas quando colidem com as paredes
do recipiente ou com outra molécula. As colisões midam a velocidade e a direção das
moléculas, como bolas em um jogo de sinuca tridimencional (ATKINS; JONES, 2006).
Quando um gás se aquece, as moléculas se movem mais rapidamente e se
chocam com mais frequência com as paredes do recipiente que as contém. O modelo
cinétido de um gás permite obter a relação quantitativa entre a pressão e as
velocidades das moléculas:

1 2
𝑝𝑉 = 𝑛𝑀𝑣𝑚
3

O lado esqurdo da equação se parece muito com a equação dos gases ideia ,
𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇, podemos igualar o lado direito a 𝑛𝑅𝑇 e reorganizar:

1 2
𝑛𝑅𝑇 = 𝑛𝑀𝑣𝑚
3

62
3𝑅𝑇
𝑣𝑚 = √
𝑀

Em que 𝑛 é a quantidade (me mols) de moléculas de gás, 𝑀 é sua massa molar


e 𝑣𝑚 é velocidade quadrática média e é a raiz quadrada do valor médio dos quadrados
das velocidades moleculares. Isso parece complicado em palavras e é mais simples
– e mais claro – expressar o conceito em simbolos. Se existem 𝑁 moléculas na
amostra cujas velocidades são, em algum momento, 𝑣1 , 𝑣2 , … , 𝑣𝑁 , a raiz quadrada da
velocidade quadrática média é:

𝑣12 + 𝑣22 + ⋯ + 𝑣𝑁2


𝑣𝑚 =
𝑁

Observando a equação da velocidade quadraticas médias, podemos concluir


diretamente que a energia cinética molar do gás é proporcional à temperatura no
ordem de :

3
𝐸𝐾 = 𝑅𝑇
2

Aplicações da teoria cinética dos gases

1. Um aumento de volume sob uma temperatura constante faz com que a pressão
diminua. Uma temperatura constante significa que a energia cinética média das
moléculas de gás permanece inalterada. Isso significa que a velocidade média
quadrática das moléculas permanece inalterada. Quando o volume aumenta, as
moleculas devem se mover por distâncias maiores. Consequentemente, ocorrem
menos colisões com as paredes do recipiente por unidade de tempo. Logo, a
pressão diminui. Assim, a teoria cinética dos gases confirma a lei de Boyle
(BROWN, et al., 2016).

63
2. Um aumento de temperatura a volume constante faz com que a pressão
aumente. Um aumento de temperatura significa um aumento da energia cinética
média das moléculas e da velocidade quadratica média. Como não há variação
no volume, o aumento de temperatura provoca mais colisões com as paredes
por unidade de tempo, pois as moléculas estão se deslocando mais velozmente.
Somado a isso, as moléculas colidem mais fortemente com as paredes. Um
numero mairto de colisões faz com que a pressão aumente (BROWN, et al.,
2016).

64
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENA MARCAS E PATENTES. Eletronegatividade, 2022.


ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o
Meio Ambiente. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
BRIAN, S. J.J. Thmson, the electron and the birth of electronics. World Patent
Information, 2006. 330-335.
BROWN, T. et al. Química: a ciência central. Porto Alegre: Pearson, 2016.
BROWN, T., LEMAY, H. J., BURSTEN, B., MURPHY, C., WOODWARD, P.;
STOLTZFUS, M. (2016). Química: a ciência central. Porto Alegre: Pearson.
CALLISTER JR, W. D.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia de materiais: uma
introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2016.
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FELTRE, R. Química. 6. ed. São Paulo: Moderna, 2004.
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Abril 2019.
TERRA. Há 76 anos, morria Ernest Rutherford, descobridor do núcleo atômico,
19 outubro 2013.
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