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BIOLOGIA GERAL
Reinaldo Borba
VICE-PRESIDENTE DE INOVAÇÃO E EXPANSÃO
Fernando Castro
VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO
João Jacomel
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
Corbis/Image100/Imagemsource/Stock.Xchng
IMAGENS
Hugo Mansur
Márcio Melo
Paula Rios
REVISÃO
GLOSSÁRIO ...............................................................................................................................193
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................196
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Vamos iniciar o estudo da biologia, a ciência que estuda os seres vivos e todos os proces-
sos que neles têm lugar. A biologia é considerada uma das ciências mais promissoras e insti-
gantes do século XXI. Conhecer a natureza da vida é cada vez mais importante, não somente
para compreendermos temas tratados frequentemente no nosso dia a dia, como a preservação
do meio ambiente, os benefícios advindos dos avanços da biologia celular e molecular, da ge-
nética e da biotecnologia, mas também para o exercício pleno da nossa cidadania.
Em Biologia Geral abordaremos os aspectos introdutórios da biologia, relacionando
conceitos centrais e organizadores deste campo do conhecimento, como vida, metabolismo,
evolução e organização. Tais conceitos atuarão como elementos estruturais, cuja construção o
tornará apto para estabelecer de modo integrado outros conhecimentos das diversas discipli-
nas da biologia.
No Tema 1 trataremos sobre o histórico e perspectivas atuais da biologia, as teorias que
discutem a origem da vida, bem como os principais níveis de organização dos sistemas vivos.
Destacamos também as características básicas dos tipos de moléculas orgânicas e a organiza-
ção estrutural das células. No Tema 2 abordaremos a teoria mais aceita para explicar o surgi-
mento e a evolução das células eucarióticas. Em seguida oferecemos uma visão integrada dos
processos bioenergéticos essenciais para a manutenção do metabolismo celular, dentre os
quais a fotossíntese, a respiração celular, a fermentação e a quimiossíntese. No Tema 3 discuti-
remos as bases da teoria da evolução, considerada atualmente como a pedra fundamental do
conhecimento biológico, ou, ainda, a base comparativa para o entendimento dos vários aspec-
tos da biologia. Para tanto, analisaremos os pensamentos lamarckista, darwiniano e neodar-
winiano. No Tema 4 daremos continuidade aos conhecimentos adquiridos sobre evolução
biológica, apresentando as principais evidências e mecanismos evolutivos correlacionados.
Neste contexto, diversos exemplos serão fornecidos a fim de auxiliá-lo no entendimento de
que a evolução é um processo contínuo, que pode ser observado tanto em longo prazo, no
decorrer do tempo geológico (escala de milhares a milhões de anos), quanto no tempo atual.
Por fim, com o intuito de analisar a importância da organização da grande diversidade da vi-
da, discorremos sobre conceitos elementares da sistemática e taxonomia, ramos que fornecem
a base para o ensino de outras áreas da biologia, como, por exemplo, a zoologia e a botânica.
Como, no processo de ensino aprendizagem, nenhum conteúdo se encerra em si mes-
mo, mas é utilizado como meio para a construção, a reflexão e a discussão do conhecimento,
recomendamos a leitura complementar indicada, a interpretação dos textos, bem como a rea-
lização e aplicação das atividades didáticas propostas.
Almejamos que este material contribua para a sua formação docente e contínuo apren-
dizado dos temas relacionados à biologia.
1.1
TEMA 1.
O RECONHECIMENTO DA ESTRUTURA CELULAR PARA O
SISTEMA VIVO
1.1.1
CONTEÚDO 1.
ESTUDANDO A VIDA
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BIOLOGIA GERAL
O QUE É BIOLOGIA?
O termo biologia foi criado há cerca de 200 anos por dois naturalistas, o alemão Gottfri-
ed Treviranus (1776-1837) e o francês Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829), para se referir a
uma “ciência dedicada ao estudo dos seres vivos” que, naquele momento, estava em plena
ascensão. Deve-se ressaltar que Treviranus e Lamarck não criaram a ciência Biologia, pois a
mesma já era abordada pela história natural e fisiologia médica.
Tal como a etimologia da palavra indica (do grego βιος - bios = vida e λογος - logos =
estudo, tratado), essa ciência tem como objeto de estudo os seres vivos e os processos que ne-
les têm lugar. Deste modo, a biologia seria, por definição, a ciência que estuda a vida em seu
mais amplo sentido.
O estudo e aplicação dos conhecimentos biológicos estão presentes em nossas vidas des-
de a antiguidade e emergiu em várias civilizações e culturas ao longo do tempo. Nos livros
sagrados dos hindus foram encontradas evidências do conhecimento sobre as propriedades de
certas plantas utilizadas para a cura de suas doenças e da importância que deram à anatomia
para estudos de finalidade médica. A civilização egípcia nos legou, com seus monumentos e
com a conservação de suas múmias, a revelação de uma biologia de origem sacerdotal baseada
em ideias sobre a vida imortal. Através dos hieróglifos (complexa escrita dos faraós) sabemos
que em tão remota época se praticava a castração e outras intervenções cirúrgicas. A civiliza-
ção israelita foi dona de conhecimentos profundos em ciências biológicas. A aplicação da cas-
tração e a operação cesariana revelam no povo judeu um evidente domínio da anatomia hu-
mana. Entre os povos da Antiguidade que habitaram as Américas citamos os Incas, que
deixaram provas relevantes de seu conhecimento sobre o cultivo das terras, aproveitamento de
vegetais e de animais, propriedades medicinais de numerosas plantas, além de terem exercido
a arte de curar e praticar intervenções cirúrgicas.
MÚMIA DE RAMSÉS I, AVÔ DO FAMOSO FARAÓ RAMSÉS II, COM CERCA DE 3,5 MIL ANOS)
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Apesar de todo o conhecimento prático na Antiguidade, não se sabia exatamente como
os processos biológicos funcionavam. Vários livros, escritos por volta de 4000 a.C., provavel-
mente por Hipócrates, o ‘pai da medicina’, descrevem sintomas de algumas doenças comuns,
atribuindo suas causas à dieta ou a outros problemas físicos, mas não à obra divina. Acredita-
va-se que a matéria era composta por quatro elementos (fogo, terra, ar e água), e os corpos
vivos, genericamente, de quatro "humores": sangue, bile amarela, bile preta e flegma. As doen-
ças, de um modo geral, teriam origem no excesso de algum desses componentes.
Aristóteles, que viveu na Grécia no século IV a.C., não foi somente um grande filósofo,
mas também um grande biólogo ao compreender que o conhecimento da natureza requeria
observação sistemática. Ele reconheceu um volume espantoso de ordem no mundo vivo, con-
tribuindo para a zoologia, botânica, taxonomia e biologia do desenvolvimento. Coube a Aris-
tóteles formular o primeiro sistema de classificação dos animais, os quais foram divididos em
animais de sangue e animais sem sangue (em linhas gerais, correspondem aos atuais vertebra-
dos e invertebrados). Mesmo sem dispor de instrumentos adequados em suas observações,
muitas das colocações de Aristóteles ainda são consideradas válidas.
ARISTÓTELES, FILÓSOFO E NATURALISTA GREGO QUE CONTRIBUIU PARA A ZOOLOGIA, EMBRIOLOGIA E TAXONOMIA)
Galeno, célebre médico romano do século II d.C., verificou que somente a observação
cuidadosa das partes externa e interna de plantas e animais não seria suficiente para se com-
preender os processos biológicos. Ele supôs, por exemplo, que o sangue era bombeado do co-
ração para irrigar os tecidos e que um “novo” sangue era produzido de maneira ininterrupta
para reabastecimento do órgão. Essa ideia errônea foi repassada por quase 1500 anos. Somente
no século XVII o médico britânico William Harvey descreveu corretamente os detalhes do
sistema circulatório. Ele apresentou a teoria de que o sangue flui sem cessar em uma direção,
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BIOLOGIA GERAL
perfazendo um circuito completo e retornando para o coração. Harvey calculou que se o cora-
ção bombeia 60g de sangue por batida, a 72 batidas por minuto, em uma única hora ele teria
bombeado 240 kg de sangue, ou seja, três vezes o peso de um homem. Uma vez que produzir
uma grande quantidade de sangue em um período de tempo tão reduzido seria impossível, o
sangue teria que ser reutilizado. Esse raciocínio lógico, auxiliado pelo uso dos algarismos in-
do-arábicos, em apoio a uma atividade não observável, até então não tinha precedentes.
O ritmo da investigação científica se tornou mais intenso na Idade Média. Muitas plan-
tas foram descritas pelos primeiros botânicos (Bunfels, Bock, Fuchs e Valerius Cordus) e Ca-
rolus Linnaeus ampliou o trabalho de Aristóteles, criando as categorias taxonômicas de classe,
ordem, gênero e espécie. Uma ideia de origem comum da vida passou a ser discutida a partir
de semelhanças entre os diferentes ramos da vida.
Apesar do rápido progresso, a biologia estagnou quando o olho humano já não era mais
suficiente. Só no século XVII é que lentes foram reunidas em um tubo, formando o primeiro
microscópio. Começava a descoberta de um novo mundo, derrubando os conceitos tradicio-
nais sobre a vida. Até o século XIX as pesquisas ‘biológicas’ eram realizadas por naturalistas,
que classificavam os seres vivos e descreviam sua ‘história natural’. Eles tinham a preocupação
de organizar a diversidade de formas e comportamentos para facilitar o entendimento de pos-
síveis relações e afinidades entre organismos.
A teoria celular foi, então, formulada em princípios do século XIX por Matthias Schlei-
den e Theodor Schwann. Eles concluíram que as células constituem todo o corpo de animais e
plantas e que, de certa maneira, elas são unidades individuais com vida própria. Mesmo com a
teoria celular, por razões físicas, o microscópio óptico não permitia a visualização de detalhes
da estrutura celular. Com a descoberta do elétron no final do século XIX e do microscópio
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
eletrônico décadas depois, novas estruturas subcelulares foram descobertas, como poros nu-
cleares e a membrana dupla das mitocôndrias.
Experiências práticas em laboratório impulsionaram descobertas importantes: a síntese
de ureia (resíduo biológico) a partir de cianato de amônio (não-biológico), em 1828, por
Wölher; a cristalização da hemoglobina, por Hoppe-Seyler; a descoberta de que as proteínas
são constituídas por aminoácidos. Este último fato chamou a atenção de uma nova técnica – a
cristalografia de raios X – criada para se estudar a estrutura protéica. Através desta técnica a
estrutura da mioglobina (proteína) foi determinada em 1958. Apesar da complexidade do mé-
todo, esse estudo abriu caminho para que Watson e Crick trabalhassem com o DNA (ácido
desoxirribonucléico), marcando o início da bioquímica moderna. Hoje, o uso de computado-
res e algumas inovações experimentais permite estudar enzimas, proteínas e ácidos nucléicos
de modo mais fácil, revelando os princípios do funcionamento no nível básico da vida.
Segundo El-Hani & Videira (2000), para muitos pensadores e cientistas a biologia será
para o século XXI o que a física foi para o século XX. É dos seus avanços que se esperam os
grandes saltos científicos que virão transformar radicalmente a vida. A decifração do genoma
humano, alimentos transgênicos, vida artificial, replicação do DNA, cura de doenças, a vida
em outros planetas, radicais livres, novos conceitos desafiando antigas teorias são algumas das
novidades que já começam a ser anunciadas incessantemente.
A Biologia é um campo muito vasto de conhecimentos que cresce num ritmo acelerado,
ampliando a compreensão do mundo vivo e contribuindo para uma melhoria na qualidade de
vida. Hoje, a biologia em nossa sociedade, deve ser entendida numa abordagem evolutiva,
discutindo temas atuais, enfatizando a bioética, tecnologia, avanços científicos e biológicos,
genética, meio ambiente, sustentabilidade, evolução, dentre outros.
Desta forma, foram criadas várias subdivisões para melhor organizar os temas. Os bió-
logos contemporâneos geralmente tendem a se especializar numa área específica, e seu campo
de investigação pode ser enquadrado em uma das grandes divisões da Biologia. Algumas des-
tas subdivisões são listadas a seguir e descritas brevemente:
Zoologia: Estuda a biodiversidade dos animais e o seu comportamento no meio ambi-
ente.
Botânica: Parte da biologia que estuda e classifica os vegetais considerando a forma, es-
trutura e composição.
Citologia: Estuda a estrutura do componente básico dos seres vivos – a célula.
Histologia: Trata do estudo dos tecidos biológicos, sua formação, estrutura e função.
Anatomia: Ramo da biologia que estuda a estrutura e organização dos seres vivos, tanto
externamente quanto internamente.
Embriologia: Estuda o desenvolvimento embrionário dos animais.
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BIOLOGIA GERAL
Sistemática: Estudo científico dos organismos em sua diversidade, de sua evolução no
tempo e no espaço e classificações traduzindo suas relações mútuas.
Taxonomia: Ramo da Biologia responsável por descrever, nomear e classificar os orga-
nismos, atuais e extintos. A taxonomia é considerada como a parte da Sistemática que se ocu-
pa das regras e dos princípios a serem usados para comunicar os resultados da análise sistemá-
tica.
Fisiologia: Estuda o funcionamento das células, tecidos, órgãos e sistemas. É dividida
classicamente em fisiologia vegetal e fisiologia animal.
Genética: Ramo da biologia que estuda a herança biológica e os mecanismos envolvidos
na transmissão dos caracteres hereditários ao longo das gerações.
Ecologia: Ecologia é o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente onde vivem.
O termo "ecologia" (do grego oikos, casa, e logos, ciência) possui muitas definições, mas foi
originalmente empregado em 1866, pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel.
Paleontologia: Trata do estudo dos fósseis, que são restos ou vestígios preservados de
animais, plantas e outros seres vivos. Esta ciência analisa os organismos que viveram no pas-
sado da Terra sob uma grande variedade de aspectos, buscando conhecer as relações entre os
seres vivos, entre estes e o meio ambiente e a sua ordem no tempo.
Biogeografia: Ramo que focaliza a distribuição geográfica atual ou pretérita dos seres
vivos, as condições desta distribuição, contemplando compreender os padrões espaciais de
diversidade biológica, a composição das floras e faunas viventes ou fósseis, o determinismo e
as consequências desta composição. A Biogeografia encontra-se na interface de diferentes dis-
ciplinas científicas: Ecologia, Evolução, Sistemática, Biologia Evolutiva, Paleontologia, Geo-
grafia e as Ciências Físicas da Terra.
Os estudos biológicos se aproximam de diferentes áreas científicas ou técnicas para so-
mar esforços e resolver problemas concretos de estudo. A paleontologia, por exemplo, tem
servido de ponte entre a biologia e a geologia; a antropologia levou a uma aproximação com a
arqueologia; e a bioquímica reuniu a biologia e química. Diversas indústrias utilizam métodos
biológicos para fabricação de diferentes produtos e para a eliminação de resíduos. A aplicação
biológica abrange, pois, desde o simples fermento utilizado no pão, até atividades mais com-
plexas, como o controle de pragas e doenças.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
O QUE É VIDA?
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Até os dias atuais o termo vida ainda não recebeu um significado definitivo. Na tentativa
de encontrar definições para a vida, alguns cientistas elaboraram listas buscando ressaltar ca-
racterísticas comuns aos seres vivos. Estas características serviriam como forma de agrupar os
seres vivos e desta maneira diferenciá-los dos não vivos, entretanto a tentativa de caracterizar
a vida por meio de listas de características é cercada por problemas de solução difícil ou até
mesmo impossível (Tavares, 2000). Definições de vida foram propostas por alguns cientistas.
N. Horowitz, em 1959 afirmou que vida caracteriza-se por auto-replicação, mutabilidade e
troca de matéria e energia com o meio ambiente. Em 1986, o biólogo e evolucionista inglês
John Maynard Smith considerou que entidades com propriedade de multiplicação, variação e
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BIOLOGIA GERAL
hereditariedade são vivas ou entidades que não apresentam um ou mais dessas propriedades
não o são. Em 1987 S.J. Wicken definiu vida como uma hierarquia de unidades funcionais
que, através da evolução tem habilidade de armazenar e processar informações necessárias
para sua própria reprodução.
De acordo El-Hani & Videira (2000) outras definições de vida também foram propostas.
Segundo os autores tais tentativas de se definir a vida representam diferentes olhares sobre a
unidade dos sistemas vivos.
Definição fisiológica: Esta definição foi popular por vários anos. Um organismo vivo é
definido como sendo um ser capaz de realizar algumas funções básicas, como comer, metabo-
lizar, excretar, respirar, mover, crescer, reproduzir e reagir a estímulos externos. Várias má-
quinas realizam todas estas funções e, entretanto, não são seres vivos. Um automóvel, por e-
xemplo, “come” e metaboliza a gasolina, e joga seus excrementos pelo escape. “Respira”
oxigênio e “expira” gás carbônico. Por outro lado, algumas bactérias vivem na ausência com-
pleta de oxigênio, isto é, não respiram, e, sem dúvida, são seres vivos. A definição, portanto
apresenta algumas falhas.
Definição metabólica: Esta definição é ainda bastante popular entre muitos biólogos. E
descreve um ser vivo como um objeto finito, que troca matéria continuamente com as vizi-
nhanças, mas sem alterar suas propriedades gerais. A definição parece correta, mas, novamen-
te, existem exceções: certas sementes e esporos são capazes de permanecerem imutáveis, dor-
mentes, durante anos ou séculos e, depois, germinarem depois de semeadas.
Definição bioquímica ou biomolecular: Segundo esta definição os organismos vivos
são seres que contém informação hereditária reproduzível codificada em moléculas de ácidos
nucléicos e que controlam a velocidade das reações metabólicas através de proteínas especiais
chamadas enzimas. Esta é uma definição de vida muito mais sofisticada que a metabólica ou
fisiológica. Existem, também neste caso, alguns contraexemplos: existe um tipo de vírus que
não contém ácido nucléico e é capaz de se reproduzir sem a utilização do ácido nucléico do
hospedeiro.
Definição genética: De acordo esta definição um sistema vivo é um sistema capaz de
evoluir por seleção natural. Em 1859 Charles Darwin publicou o livro que o tornou famoso:
"A Origem das Espécies". Um parafraseamento moderno de sua teoria poderia ser algo como:
informação hereditária é transportada por grandes moléculas conhecidas como genes. Genes
diferentes são responsáveis por características diferentes do organismo. Na reprodução, este
código genético é repassado para o organismo gerado. Ocasionalmente, pequenas "falhas" o-
correm na replicação do código, e surgem indivíduos com pequenas variações – ou mutações.
Algumas mutações podem conferir características especiais que tornam o organismo mais
apto à sobrevivência. Como um resultado, estes genes "mutantes" vão se reproduzir com mais
facilidade do que os normais, e esta será a espécie dominante.
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Definição termodinâmica: O segundo princípio da termodinâmica diz que, em um sis-
tema fechado, nenhum processo que conduza a um aumento da ordem interna do sistema
pode ocorrer. O universo, como um todo, está constantemente indo para uma situação de
maior desordem – a entropia do universo aumenta com o passar do tempo. Em um organis-
mo vivo a ordem parece aumentar: uma planta utiliza moléculas simples de água e gás carbô-
nico e as transforma em açúcares e outros carboidratos, moléculas bem mais complexas. Isto
ocorre porque um ser vivo é um sistema aberto, que troca massa e energia com as vizinhanças.
Alguns cientistas concordam que, na maioria dos sistemas abertos, a ordem aumenta quando
se fornece energia para o sistema, e que isto acaba formando ciclos. Entretanto vários ciclos
termodinâmicos existem mesmo na ausência de vida, como é observado em vários processos
químicos.
ORIGEM DA VIDA
A Biologia também procura explicar as primeiras formas de vida na terra e como ocor-
rem ao longo do tempo as transformações que deram origem as formas existentes hoje no
nosso planeta. Preocupa-se, portanto, com a origem e evolução dos seres vivos. É importante
observar que a evolução é um processo que continua a ocorrer até os dias de hoje.
A Terra formou-se a 4,56 bilhões de anos. Sua superfície era inicialmente constituída
por magma quente. As rochas teriam se formado a seguir com o resfriamento do nosso plane-
ta. As rochas mais antigas de que se tem conhecimento datam de 3,9 bilhões de anos e nelas se
encontram registros de vida primitiva. Os indícios de seres vivos em eras geológicas passadas
datam de 3,5 bilhões de anos. Um bilhão de anos teriam passado desde a origem do nosso
planeta. Durante este período, modificações importantes teriam surgido nas condições ambi-
entais, possibilitando o aparecimento da vida.
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BIOLOGIA GERAL
TEORIA DO BIG BANG
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
mostrou ser esse o único cenário capaz de prever o tipo de radiação cósmica de fundo medida
pelo Cobe”, disse a Academia Real de Ciências da Suécia em comunicado.
Provavelmente os primeiros gases da atmosfera terrestre surgiram ainda durante a for-
mação da Terra. Nesta época a parte sólida da Terra estava em plena formação. Nosso planeta
seria pouco mais que um disco de gás e poeira que girava ao redor do Sol. Conforme esses
discos do sistema solar esfriavam, formavam-se blocos de rochas cada vez maiores, que se tor-
nariam planetas. Inicialmente a superfície do planeta Terra era uma grande massa fundida.
Aos poucos ocorreu o resfriamento e a superfície do planeta tornou-se sólida, sendo que este
processo perdurou por milhares de anos.
ILUSTRAÇÃO DAS CONDIÇÕES INICIAIS DA TERRA PRIMITIVA COM FORMAÇÃO DOS PRIMEIROS GASES: CH4, NH3, H2 E H2O)
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BIOLOGIA GERAL
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Como teria sido então, a origem dos primeiros seres e como estes seres vivos consegui-
ram evoluir e gerar a grande diversidade de formas de vidas encontradas atualmente no nosso
planeta?
Essa questão não é simples, pois não é possível retroceder no tempo e constatar como a
vida se originou.
‘ABIOGÊNESE’
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O termo abiogênese (do grego a-bio-genesis, "origem não biológica") designa de modo
geral a origem da vida a partir de matéria não-viva. No entanto há que se fazer distinções en-
tre diferentes ideias ou hipóteses às quais o termo pode ser atribuído. Atualmente, o termo é
usado em referência à origem química da vida a partir de reações em compostos orgânicos
originados abioticamente, entretanto a origem química será abordada mais adiante. Ideias
antigas de abiogênese também recebem o nome de geração espontânea e consistiam basica-
mente na suposição de que organismos mais complexos se originariam não somente de seus
progenitores, mas também a partir da matéria bruta. Tais ideias foram baseadas em observa-
ções descuidadas e sem o rigor científico atual e já foram invalidadas pela ciência.
Um dos defensores mais famosos da geração espontânea foi Aristóteles, há mais de dois
mil anos. Em sua versão Aristóteles supunha a existência de um "princípio ativo" dentro de
certas porções da matéria inanimada. Esse mesmo princípio ativo seria responsável, por e-
xemplo, pelo desenvolvimento de um ovo no animal adulto, e, cada tipo de ovo teria um prin-
cípio organizador diferente de acordo com o tipo de ser vivo. Esse mesmo princípio organiza-
dor também tornaria possível que seres vivos completamente formados eventualmente
surgissem a partir da "matéria bruta". Ainda no século XIII, havia a crença popular de que
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certas árvores costeiras originavam gansos; relatava-se que algumas árvores davam frutos si-
milares a melões que continham carneiros completamente formados em seu interior; acredi-
tava-se que vermes, besouros, rãs e salamandras podiam originar-se espontaneamente do pó
ou lodo.
Durante a idade média, a geração espontânea contou com ilustres defensores, tais como
Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, René Descartes e Isaac Newton. O médico belga J. B.
Van Helmont (1577-1644), que posteriormente foi responsável por grandes experimentos
sobre fisiologia vegetal, chegou a formular uma "receita" para a produção espontânea de ca-
mundongos em 21 dias. Segundo ele, bastava que se jogasse, num canto qualquer, uma camisa
suja (o princípio ativo no caso estaria no suor da camisa) e sementes de trigo para que após 21
dias fosse constatada a geração espontânea com o aparecimento dos camundongos.
Francesco Redi:
FRANCESCO REDI
FONTE IMAGEM: WWW.MUNDOEDUCACAO.COM.BR
O primeiro passo na refutação científica da abiogênese aristotélica foi dado pelo natura-
lista italiano Francesco Redi. No ano de 1668 Redi provou a partir de seus experimentos que
larvas não nasciam em porções de carne que permanecesse inacessível às moscas, de forma
que elas não pudessem colocar seus ovos. Redi supunha que a geração espontânea teria ocor-
rido apenas durante os primórdios da Terra e postulou que o que aparentava ser geração es-
pontânea na verdade decorria da deposição de ovos por moscas no material em putrefação.
Redi admitiu a necessidade de testar essa hipótese e reformulou o seu experimento limitando
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BIOLOGIA GERAL
as variáveis de forma mais cuidadosa. Ele deixou metade dos frascos com pedaços de carne
vedados e outra metade não-vedada. No entanto, essa metodologia poderia admitir alguma
margem de erro, uma vez que tampar os frascos evitava o acesso das moscas, mas também não
permitia a renovação no ar. Talvez este fato pudesse impedir que o "princípio ativo" propicias-
se a geração espontânea das larvas. Para resolver este problema, Redi aperfeiçoou o experi-
mento recobrindo a abertura dos frascos com gaze de modo a não obstruir a entrada do ar. O
resultado obtido foi o mesmo: embora as larvas não tivessem surgido no material, já que as
moscas não tiveram acesso, apareceram várias larvas no exterior da gaze. Redi provou desta
forma que as larvas apareciam somente onde as moscas pudessem depositar os seus ovos. Esta
experiência parecia negar claramente a abiogênese de organismos macroscópicos e foi aceita
por muitos naturalistas da época.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Em 1673, Antony van Leeuwenhoek, após ter aprimorado o microscópio, passou a fazer
observações dos primeiros seres invisíveis ao olho nu, nomeando esses seres microscópicos de
“pequenos animálculos”. Entre 1683 a 1695, Leeuwenhoek enviou descrições de bactérias cole-
tadas na cavidade oral para Sociedade Real de Londres. Após as descobertas realizadas por
Leeuwenhoek surgiram calorosas discussões sobre a origem dos microrganismos, uma vez que
os experimentos de Redi tratavam apenas dos organismos macroscópicos. Muitos pesquisado-
res ainda acreditavam que a vida surgia a partir da matéria bruta (geração espontânea). Por
outro lado, outros defendiam que os animálculos de Leeuwenhoek se originariam de seres
vivos pré-existentes da mesma espécie. Essa teoria ficou conhecida como Biogênese, segundo
a qual a matéria viva procede sempre de matéria viva.
Com o advento do microscópio, a crença na geração espontânea de microorganismos
ressurgiu com vigor. Bastava se colocar alguma substância em decomposição em lugar morno
e logo apareciam pequenas “bestas vivas” para quem se dispusesse a observá-las sob o micros-
cópio. A teoria da abiogênese foi parcialmente reabilitada, pois parecia a única capaz de expli-
car o desenvolvimento dos microrganismos visíveis apenas ao microscópio.
Em 1745, John Needham cozinhou pedaços de carne em infusões para destruir os mi-
crorganismos pré-existentes e colocou em frascos. Esses frascos foram aquecidos e deixados
abertos durante alguns dias. Posteriormente ele observou o rápido crescimento de colônias de
microorganismos nas infusões contendo a carne. Ele interpretou estes resultados pela geração
espontânea de microorganismos por ação do princípio ativo de Aristóteles, concluindo que,
em cada partícula de matéria orgânica, havia uma “força vegetativa” capaz de conduzir o sur-
gimento da vida na matéria orgânica. Os experimentos de Needham reforçaram a hipótese da
abiogênese.
Mas em 1768, o padre italiano Lazzaro Spallanzani aplicou uma metodologia diferente
da de Needham e verificou que a proliferação de microrganismos era proporcional ao contato
com o ar. Spallazani interpretou estes resultados considerando que o ar poderia conter os “o-
vos” destes micro-organismos, logo o surgimento de seres vivos resultaria de outra vida pré-
existente. No entanto, Needham rejeitou estes resultados, alegando que a fervura excessiva
teria destruído o principio ativo presente nas infusões.
A hipótese da abiogênese continuou sendo aceita por parte da opinião pública e por vol-
ta de 1860 a controvérsia tornou-se tão vivaz que a Academia de Ciências de Paris ofereceu
um prêmio às experiências que trouxessem esclarecimentos a questão. Em 1864 o cientista
francês Louis Pasteur candidatou-se ao prêmio apresentando uma série de experimentos clás-
sicos que abateu definitivamente a ideia da geração espontânea.
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BIOLOGIA GERAL
LOUIS PASTEUR
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Louis Pasteur apresentou tais experimentos à Academia de Ciências de Paris com o in-
tuito de provar que o aparecimento de microorganismos em caldos de cultura previamente
preparados não ocorria espontaneamente, mas decorria da presença de contaminantes no ar.
Em seus experimentos Pasteur utilizou balões de vidro com gargalos alongados que permitiam
a entrada de oxigênio, considerado necessário à vida, mas por serem longos e curvos, impedi-
am que bactérias, esporos de fungos e outros germes de natureza microbiana penetrassem nos
frascos. Posteriormente Pasteur adicionou caldo de cultura nos balões e submeteu os mesmos
a fervura até que o vapor saísse livremente das extremidades estreitas. Pasteur verificou que
após resfriamento os líquidos permaneciam inalterados, tanto em odor quanto em sabor. Para
eliminar o argumento de Needham, alguns gargalos dos balões foram quebrados, verificando-
se a infestação dos líquidos por microorganismos. Deste modo Pasteur concluiu que os mi-
crorganismos surgiam a partir de partículas transportadas pelo ar. Nos balões intactos, a en-
trada lenta do ar pelos gargalos estreitos e encurvados impedia a contaminação das infusões.
Ficou definitivamente provado que, ao menos nas condições atuais, a vida surge sempre de
outra vida pré-existente. Num sarau científico, na Universidade de Sorbonne, em Paris, Louis
Pasteur proclamou brilhantemente: “A vida é um germe, e um germe é vida... A doutrina da
geração espontânea nunca se recuperará do golpe mortal que representa este simples experi-
mento!”.
A partir deste experimento Pasteur demonstrou que mesmo após fervura as infusões
nutritivas não perdiam a capacidade de abrigar vida, como argumentaram alguns de seus opo-
sitores. Além disso, não se podia alegar a ausência do ar, uma vez que este entrava e saía li-
vremente (apenas estava sendo filtrado).
26
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
MODELO DO EXPERIMENTO REALIZADO POR PASTEUR
(FONTE IMAGEM: WWW.SOBIOLOGIA.COM.BR)
Uma vez aceita a Biogênese para explicar a origem dos seres vivos, surgiu a necessidade
de ser respondida a seguinte questão:
1-CRIACIONISMO:
27
BIOLOGIA GERAL
tubro, do ano 4004 a.C. Neste caso o universo teria apenas 6.000 anos. Entretanto, com esta
estimativa o bispo Usher estaria ignorando a existência de povos anteriores à criação do mun-
do, como os egípcios, fenícios, sumérios, babilônios, entre outros.
A crença criacionista perdurou durante mais de trinta séculos como uma verdade abso-
luta e era interpretada literalmente da forma como está escrita nos textos sagrados das diver-
sas literaturas religiosas. Nenhuma chance era dada a qualquer opinião discordante, em parte
por imposição das autoridades da época e principalmente por uma ausência de necessidade
prática de um maior questionamento. Somente nos dois últimos séculos, com a valorização do
direito do homem à liberdade de pensamento, uma série de argumentos foi levantada. A in-
terpretação literal do criacionismo passou a ser questionada com maior profundidade. De
modo a contornar a necessidade de intervenção divina na criação das espécies, surgiram várias
teorias alternativas, baseadas na observação de fenômenos naturais, tanto quanto os conheci-
mentos da época permitiam, uma dessas teorias foi a teoria da abiogênese descrita anterior-
mente.
IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
No final do século XIX vários cientistas alemães como Liebig, Richter e Helmholtz, ten-
taram explicar o aparecimento da Vida na Terra com a hipótese de que esta tivesse sido trazi-
da de outro ponto do Universo sob a forma de esporos resistentes em partículas de poeira ou
em meteoritos de origem extraterrena. A presença de matéria orgânica em meteoritos encon-
trados na Terra tem sido usada como argumento a favor desta teoria, o que não invalida a
possibilidade de contaminação terrestre, após a queda dos meteoritos. Atualmente já foi com-
provada a existência de moléculas orgânicas no espaço, como o formaldeído, álcool etílico e
alguns aminoácidos. No entanto, estas moléculas parecem formar-se espontaneamente, sem
intervenção biológica.
O físico sueco Arrhenius propôs uma hipótese semelhante, chamando-a de teoria da
Panspermia (sementes por todo o lado). Segundo esta teoria a vida teria se originado em espo-
ros impulsionados por energia luminosa vinda numa “onda” do espaço exterior. No entanto
as ideias sobre a origem extraterrena da vida caíram em descrédito, pois é inviável aceitar que
28
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
qualquer esporo resistiria a enormes variações de temperatura com o aquecimento da entrada
na atmosfera terrestre e as radiações do espaço.
Apesar disso, em meados da década de 80 no século passado, Crick (um dos descobrido-
res da estrutura do DNA) e Orgel sugeriram a teoria de Panspermia Dirigida, em que o agente
inicial da vida na Terra seriam colônias de microrganismos transportados no espaço. A vida
na Terra teria surgido a partir da multiplicação desses organismos no oceano primitivo. Ape-
sar de todos os esforços envolvidos, nenhuma destas teorias avançou verdadeiramente no es-
clarecimento do problema, pois apenas desloca a questão para outro local, transferindo o pro-
blema da Terra para outro astro e não respondendo a questão fundamental: Como surgiu a
vida?
‘HIPÓTESE HETEROTRÓFICA’
(FONTE: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM)
Ainda não existe uma teoria consistente e abrangente para a origem da vida. Essa meta,
por enquanto, é um desafio, pois há diversas teorias restritas apenas a partes do problema, e
muitas não se encaixam umas nas outras. Como não há vestígios materiais para se comprovar
a origem da vida, segundo estudiosos da área o melhor que se pode fazer é propor cenários
que poderiam ter ocorrido. A maior das dificuldades para os cientistas talvez seja a total au-
sência de fósseis dos primeiros seres a habitar a Terra. Mesmo os registros de vida mais anti-
gos que se conhece parecem ser de micróbios bastante desenvolvidos.
Uma das teorias mais populares e de grande valor histórico sobre a origem da vida é a
hipótese heterotrófica, formuladas independentemente pelo bioquímico russo Aleksandr Iva-
novitch Oparin (1894-1980), e pelo biólogo britânico John Burdon Scott Haldane (1892-
1964), ambas no século passado nos meados da década de 1920.
29
BIOLOGIA GERAL
HALDANE E OPARIN.
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
Esta teoria revolucionária tentava explicar a origem da vida na Terra, sem recorrer a fe-
nômenos sobrenaturais ou extraterrestres. Eles formularam a hipótese de uma série de reações
envolvendo a suposta composição química atmosférica na Terra primordial culminariam com
a origem da vida. Não se tratava, porém de geração espontânea, a qual afirma que seres podem
surgir repentinamente da matéria bruta todos os dias. Supunha-se no caso que há quatro bi-
lhões de anos aproximadamente, quando teria surgido a vida, a atmosfera da Terra não tinha
oxigênio. As moléculas que formaram o primeiro micróbio teriam surgido pela ação de re-
lâmpagos em uma mistura gasosa de amônia (NH3), metano (CH4) e hidrogênio (H2), sobre
um “caldeirão” oceânico emanando vapor de água. O cenário exótico ganhou o apelido de
"sopa primordial". Sinteticamente de acordo a hipótese heterotrófica a vida teria surgido por
meio das seguintes etapas: (i) formação de aminoácidos; (ii) formação de proteínas; (iii) for-
mação de coacervados (agregados coloides formados a partir de níveis crescentes de comple-
xidade molecular); (iv) obtenção de energia; (v) capacidade de reprodução; (vi) aparecimento
de seres autotrófos; (vii) predomínio de autotrófos; (viii) aparecimento de organismos aeró-
bios.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
4. Radiações ultravioletas e descargas elétricas das tempestades agiram sobre as molécu-
las da atmosfera primitiva: algumas ligações químicas foram desfeitas, outras surgiram;
apareceram assim novos compostos na atmosfera, alguns dos quais orgânicos, como os
aminoácidos, por exemplo.
5. Aminoácidos e outros compostos foram arrastados pela água até a crosta ainda quente.
Compostos orgânicos combinaram-se entre si, formando moléculas maiores, como os
“proteinoides” (ou substâncias similares a proteínas).
6. Quando a temperatura das rochas tornou-se inferior a 100oC, já foi possível a existên-
cia de água líquida na superfície do globo: os mares estavam se formando. As molécu-
las orgânicas foram arrastadas para os mares. Na água, a probabilidade de encontro e
choques entre moléculas aumentaram muito; formaram-se agregados moleculares
maiores, os coacervados.
7. Os coacervados ainda não são seres vivos; no entanto eles continuam se chocando e
reagindo durante um tempo extremamente longo; algum coacervado pôde casualmen-
te atingir a complexidade necessária (lembre-se de que a diferença entre vida e não vi-
da é mera questão de organização). Daí em diante, se tal coacervado teve a propriedade
de duplicar-se, pode-se admitir que surgiu a vida, mesmo que sob uma forma extre-
mamente primitiva.
O EXPERIMENTO DE UREY-MILLER
Em 1953 o estudante de química Stanley Miller e seu professor Harold Urey, ambos da
Universidade de Chicago, realizaram uma experiência concebida para testar a teoria inicial-
mente formulada por Haldane e Oparin e se tornou a experiência clássica sobre a origem da
vida. Neste experimento Urey e Miller tentaram reproduzir em laboratório as supostas condi-
ções da atmosfera primitiva colocando em um balão de vidro os gases metano, amônia, hidro-
gênio e vapor de água. Posteriormente eles submeteram tal mistura a um aquecimento pro-
longado. Uma centelha elétrica de alta tensão cortava continuamente o ambiente onde
estavam contidos os gases e ao fim de certo tempo foi comprovado o aparecimento de molé-
culas de aminoácidos. Com esta experiência Urey e Miller não provavam que aminoácidos
realmente se formaram na atmosfera primitiva, eles apenas demonstraram que, caso as condi-
ções propostas por Oparin e Haldane tivessem ocorrido, a síntese de aminoácidos teria sido
perfeitamente possível.
31
BIOLOGIA GERAL
FONTE IMAGEM: BIOLOGIA DE CÉSAR E SEZAR
Pouco tempo depois, em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura de aminoácidos secos
a um aquecimento prolongado e demonstrou que eles reagiam entre si, formando cadeias pep-
tídicas, com aparecimento de moléculas protéicas pequenas.
As experiências de Urey-Miller e Fox têm sido discutidas em muitos aspectos, por e-
xemplo, após alguns anos geólogos sugeriram ser improvável a Terra ter abrigado essa atmos-
fera exótica. Apesar das discussões sobre o experimento de Urey-Miller, atualmente muitos
estudiosos que pesquisam a origem da vida o consideram o marco mais importante da área.
Até 1953, entre os cientistas ainda era disseminada a crença de que a vida poderia ser um pro-
duto de alguma lei misteriosa da natureza e não poderia ser explicada pela química conven-
cional. Entretanto, Urey e Miller demonstraram que a origem da vida era um assunto que po-
deria ser investigado cientificamente.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO BIOLÓGICA
Uma característica básica da vida é o seu alto grau de ordem. A organização biológica é
baseada numa hierarquia de níveis estruturais. Os átomos (menor parte da matéria formada
por prótons, nêutrons e elétrons) constituem a matéria que forma os seres vivos e estão orde-
nados em biomoléculas complexas. Na matéria viva entre os elementos químicos mais fre-
quentes podem ser citados o carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O), nitrogênio (N) e fós-
foro (P). Nos seres vivos estes elementos químicos combinam-se entre si por intermédio de
ligações químicas formando biomoléculas denominadas substâncias orgânicas, como as prote-
ínas, glicídios, lipídeos e ácidos nucléicos.
Proteínas: As proteínas são macromoléculas complexas fundamentais sob todos os as-
pectos estruturais e funcionais das células. Nos animais, as proteínas correspondem a cerca de
80% do peso dos músculos desidratados, cerca de 70% da pele, 90% do sangue seco e 50% ou
mais do peso seco de uma célula. Mesmo nos vegetais as proteínas estão presentes. As proteí-
nas são formadas pelo encadeamento de moléculas relativamente simples chamadas aminoá-
cidos que se mantêm unidos através de ligações peptídicas. Os aminoácidos contêm átomos de
carbono, hidrogênio e oxigênio e nitrogênio em sua estrutura. Existem muitas classes diferen-
tes de proteínas, cada qual especializada para uma função biológica diversa. As principais fun-
ções desempenhadas pelas proteínas são: catálise de reações biológicas, elementos estruturais
(colágeno, queratina), energética, condutora de gases (hemoglobina), hormonal, defesa, enzi-
mática e nutricional.
33
BIOLOGIA GERAL
proteínas diferentes, cada qual com funções específicas e natureza química distinta.
IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM)
Lipídios:
Os lipídios são substâncias muito abundantes em animais e vegetais. Compreendem os
óleos, as gorduras, as ceras, os lipídios compostos (fosfolipídios, por exemplo) e os esteroides,
que representam um grupo de moléculas caracterizadas por serem insolúveis em água e solú-
veis em solventes orgânicos, como álcool, éter e clorofórmio. Estas biomoléculas desempe-
nham várias funções biológicas no organismo, entre elas: reserva energética, armazenamento e
transporte de “combustível” metabólico, componente estrutural das membranas biológicas,
isolante (térmico, elétrico e mecânico) e regulação de atividades celulares pela ação de hor-
mônios. Os lipídios se encontram distribuídos em todos os tecidos, principalmente nas mem-
branas celulares e nas células de gordura e exercem diferentes funções biológicas como repre-
sentado abaixo.
34
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
TIPOS DE LIPÍDIOS EXEMPLOS PAPEL BIOLÓGICO
Reserva energética em ani-
mais e vegetais. Nas aves e nos
mamíferos, funcionam como isolante
ÓLEOS E GORDURAS
térmico, impedindo perda de calor
(GLICERÍDEOS)
pela pele. Funcionam também como
LIPÍDIOS SIMPLES
amortecedores contra impactos me-
cânicos.
Impermeabilização de super-
CERAS fícies sujeitas à desidratação, como
superfícies de folhas e frutos.
Componente estrutural nas
35
BIOLOGIA GERAL
em que os lados da escada são formados por uma sequência alternada de açúcares e fosfatos.
Ligado a cada açúcar está uma base nitrogenada. Há dois tipos de bases nitrogenadas, as piri-
midinas, que têm um único anel de nitrogênio e carbono, e purinas, que têm dois desses anéis.
As três pirimidinas encontradas nos ácidos nucléicos são a timina (T), a citosina (C) e a uraci-
la (U); as duas purinas são a adenina (A) e a guanina (G).As moléculas de DNA e RNA se di-
ferenciam principalmente em função do peso molecular, do tipo de açúcar e base nitrogenada
e da configuração espacial. Em relação ao tipo de açúcar em vez de desoxirribose, o RNA con-
tém ribose, que apresenta um átomo de oxigênio a mais que a desoxirribose (desoxi significa
“um oxigênio a menos”). Já em função das bases nitrogenadas, o DNA contém adenina, gua-
nina, timina e citosina; as bases do RNA são a adenina, guanina, uracila e citosina. Apesar de
possuírem composição química semelhante, o DNA e o RNA desempenham papéis biológicos
distintos. O DNA é o ácido nucléico presente nos cromossomos e é portador da informação
genética. A função do RNA consiste em transcrever a mensagem genética presente no DNA e
traduzi-la em proteínas.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Membrana celular: A membrana celular ou plasmática é uma delgada película de 5nm
de espessura, composta por uma bicamada lipídica, contínua,com proteínas inseridas na sua
superfície. A membrana plasmática é uma estrutura crucial para a vida de uma célula, ela se-
para o conteúdo da célula do meio externo e controla de forma seletiva as trocas de substân-
cias entre o meio intercelular e extracelular. Nas células vegetais a membrana plasmática é
reforçada pela parede celular e nas células animais é recoberta por uma camada denominada
cobertura celular.
Citoplasma: O citoplasma é o componente celular que se localiza espacialmente entre a
membrana celular e o núcleo e contém uma solução aquosa conhecida como hialoplasma. O
hialoplasma é uma substância aquosa concentrada de substâncias químicas onde estão imersas
diferentes tipos de organelas que executam atividades diversas, como respiração, excreção,
armazenamento de substâncias nutritivas etc. A funções básicas do citoplasma é regular a en-
trada e a saída de substâncias trocadas com o meio externo e estabelecer ligações com as célu-
las vizinhas.
Núcleo: O núcleo se mantém individualizado e separado do restante da célula através de
uma membrana nuclear conhecida como carioteca, esta por sua vez se comunica com o cito-
plasma através de poros nucleares. O núcleo possui duas funções básicas: regular as reações
químicas que ocorrem na célula, e armazenar as informações genéticas da célula. O interior do
núcleo é preenchido por uma matriz denominada de nucleoplasma, um líquido de consistên-
cia gelatinosa, similar ao citoplasma.
37
BIOLOGIA GERAL
ALGAS CIANOFÍCEAS OU CIANOBACTÉRIAS, MICROORGANISMOS COM CARAC-
TERÍSTICAS DE BACTÉRIAS, PORÉM COM UM SISTEMA FOTOSSINTETIZANTE
SEMELHANTE AO DAS ALGAS
FONTE IMAGEM: WWW.ENQ.UFSC.BR/CIANOBACTERIAS.HTML
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
E TUDO COMEÇOU ASSIM...
A vida na Terra surgiu há cerca de 5 bilhões de anos, em um local mais inóspito que
Marte atualmente: uma poça de água em um oceano primitivo cercado por muito pouco
oxigênio e rico em gases tóxicos. Nos 2 bilhões de anos que se seguiram, nosso planeta foi
habitado apenas por bactérias. Porém, um fato extraordinário ocorreu nesse período: al-
gumas delas passaram a explorar o hidrogênio – um recurso abundante por aqui – e a
combiná-lo com oxigênio para obter a energia de uma forma muito mais eficiente que a
usada pelos outros seres da época. Estavam inventadas a fotossíntese e a respiração celular.
Posteriormente, cerca de 3,5 bilhões de anos atrás, outro evento surpreendente ocorreu:
surgiu um novo tipo celular muito mais complexo, maior e eficiente na utilização dos re-
cursos ambientais. Eram as células eucarióticas, que diferem das procarióticas, mais primi-
tivas, pela presença de um núcleo definido pela membrana. Como isso ocorreu é algo mis-
terioso e de verificação praticamente impossível. Esse mistério se deve à natureza das
células, diminutas e de preservação praticamente nula nos registros fósseis.
Atualmente, a hipótese mais aceita para explicar como surgiram as células eucarióticas
é conhecida como teoria endossimbionte (de endo = interna + simbiose = relação ecológi-
ca em que ambos os parceiros ganham). Proposta no começo do século 20 pelo biólogo
russo Konstantin Merezhkovsky (1855-1921), essa teoria foi “redescoberta” em 1967 por
uma professora da Universidade de Massachusetts (EUA) chamada Lynn Margulis em um
artigo inicialmente rejeitado pelo Journal of Theoretical Biology, mas que hoje é conside-
rado um dos clássicos da biologia moderna.
A teoria endossimbionte propõe que nossas células surgiram após eventos sucessivos
de fagocitose entre procariotos. Contudo, algumas dessas bactérias primitivas, por uma ra-
zão desconhecida, acabaram não sendo digeridas por seus predadores e permaneceram em
seu interior usufruindo da abundância de compostos semidigeridos presentes no cito-
plasma dessas células. Com o decorrer do tempo, os procariotos fagocitados passaram a
oferecer a suas células capturadoras vantagens como uma maior eficiência de utilização da
39
BIOLOGIA GERAL
energia contida nos alimentos, através da fotossíntese ou da respiração celular. Isso fez
com que essas células obtivessem vantagens sobre suas vizinhas, que dependiam de formas
pouco eficientes para a obtenção de energia, como a fermentação.
RICKETTSIAS
A teoria endossimbionte tem sido apoiada por descobertas sobre a natureza e evolução
das mitocôndrias e cloroplastos, organelas celulares que apresentam várias características
de seus antepassados, similares às atuais Rickettsias – grupo de bactérias parasitas intrace-
lulares associadas a doenças como o tifo. Essas organelas possuem tamanho, morfologia,
ribossomos (as pequenas fábricas onde são feitas as proteínas), além de uma série de enzi-
mas e parte do material genético semelhante ao encontrado nas Rickettsias primitivas.
40
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
partir das células primitivas. Penny e colaboradores propõem que eucariotos e procariotos
tenham derivado de um ancestral comum, provavelmente extinto.
Martin Embley e William Martin, respectivamente da Universidade de Newcastle u-
pon Tyne (Inglaterra) e de Dusseldorf (Alemanha), também publicaram recentemente, na
revista Nature, um artigo sobre a origem dos eucariotos. Esses pesquisadores defendem
que a ocorrência de outros eventos, além daqueles envolvendo mitocôndrias e cloroplas-
tos, é questionável devido à escassez de evidências. Até agora, praticamente todas as pistas
sobre a origem dos eucariotos se baseiam em comparações de seu genoma com o dos pro-
cariotos. Novas evidências poderão surgir à medida que pesquisas sejam realizadas em lo-
cais candidatos a abrigarem formas primitivas de procariotos e de eucariotos (como, por
exemplo, sedimentos abissais marinhos, pântanos e outros locais assustadores). Quem sa-
be esses estudos nos ajudem, no futuro, a elucidar esse elo perdido de nossa criação.
FONTE TEXTO: HTTP://CIENCIAHOJE.UOL.COM.BR
TEORIA CELULAR
A teoria celular foi formulada em princípios do século XIX, pelos alemães Matthias Sc-
hleiden e Theodor Schwann. Estes concluíram que as células constituem todo o tecido do cor-
po de animais e plantas, e que, de certa maneira, elas são unidades individuais com vida pró-
pria. Em outras palavras a teoria celular estabelece a célula como a unidade morfofisiológica
dos seres vivos, ou seja, a célula é a unidade básica da vida.
O conhecimento da teoria celular foi uma das mais importantes realizações na história
da Biologia, sendo visto até hoje como a base fundamental para a explicação da estrutura e
funcionamento dos organismos animais e vegetais. Tal importância decorre do fato de que
essa teoria estabelece que as células são as unidades básicas morfofisiológicas dos seres vivos,
41
BIOLOGIA GERAL
como mencionado anteriormente, além de “que elas são as menores unidades capazes de ter
vida independente”, isto é, são capazes de obter e utilizar substâncias do meio para produzir e
manter o ser vivo.
Outro fato importante decorrente do desenvolvimento da teoria celular é a possibilidade
do entendimento dos níveis mais complexos de organização dos seres vivos, a partir da análise
dos níveis mais simples. Assim, no século XX, os cientistas pensavam que se conhecessem
melhor as células, poderiam saber mais sobre a vida. Com o desenvolvimento da teoria celu-
lar, também foi possível conhecer o mundo dos microrganismos e então esclarecer como os
seres vivos surgiram.
1) Todos os seres vivos são formados por células, exceto os vírus. Como os vírus são
parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, não conseguem sobreviver sem o hospedeiro,
são considerados acelulares;
2) Todas as reações ocorrem ao nível celular;
3) As células são portadoras de material genético;
4) Toda célula origina-se de outra pré-existente: novas células se formam pela repro-
dução de células preexistentes, por meio da divisão celular.
1.1.2
CONTEÚDO 2.
A LÓGICA DA CONDIÇÃO VITAL
VÍRUS: SERES VIVOS OU NÃO VIVOS?
42
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
Os vírus sequestram o mecanismo celular dos seus hospedeiros para produzir mais par-
tículas virais e completar o seu ciclo de vida. Eles podem se reproduzir e transmitir caracterís-
ticas hereditárias, mas são dependentes das complexas enzimas de seus hospedeiros, ou seja,
são parasitas intracelulares obrigatórios e não possuem forma de reprodução independente.
Quando não estão se reproduzindo, os vírus não manifestam nenhuma atividade vital:
não crescem, não reagem a estímulos, não degradam e nem fabricam substâncias. No entanto
a sua capacidade reprodutiva é assombrosa: um único vírus é capaz de produzir, em poucas
horas, milhões de novos indivíduos.
43
BIOLOGIA GERAL
As doenças causadas por vírus são conhecidas por viroses. Algumas viroses podem levar
a morte, como a raiva e a AIDS; outras podem passar despercebidas, porém todas precisam ser
estudadas pela ciência, pois os vírus podem se modificar com o tempo, ou seja, evoluir, e de
uma doença simples pode surgir uma doença fatal.
Atualmente não há remédios eficientes para destruir os vírus dentro do organismo hu-
mano. Somente o próprio sistema imunológico ou de defesa de cada indivíduo pode combatê-
los, devido à presença de células capazes de produzir proteínas especiais chamadas de anti-
corpos, que podem se combinar com as substâncias que formam os vírus e assim destruí-los.
Faz-se necessário a presença do vírus ou de uma vacina, que normalmente é o próprio vírus
atenuado ou morto, para que haja a resposta do sistema imune. Ainda assim, a melhor manei-
ra de combater os vírus é manter um hábito de vida saudável e equilibrado, para que o nosso
organismo esteja sadio e forte para que as células do sistema imunológico possam funcionar
adequadamente.
Doenças como a AIDS, gripe, resfriado, rubéola, caxumba, hepatite A, raiva, sarampo e
poliomielite (paralisia infantil), são causadas por vírus, entre outras.
Curiosidade: Você sabe qual o tempo de vida de um vírus ou uma bactéria no ambien-
te?
A capacidade de sobrevivência do vírus fora do hospedeiro ou no ambiente externo
varia muito de uma espécie para outra. Em sua forma extracelular, os vírions (partícula vi-
ral individual completa) podem permanecer inertes por dezenas ou até mesmo centenas de
anos. Esta sobrevivência é influenciada principalmente por fatores ambientais como tem-
peratura, pH, umidade relativa do ar e possivelmente se relaciona também às característi-
cas do envoltório protéico (capsídeo) que envolve o material genético viral e a membrana
glicoprotéica quando presente (adquirida a partir da membrana plasmática da célula para-
sitada).
Estudos têm analisado o tempo de sobrevivência para diferentes tipos de vírus e já fo-
ram obtidas algumas estimativas para este período. Exemplos:
- Os vírus da febre aftosa podem sobreviver nos mais diversos ambientes no período
de 25 horas até 2 anos. Especialmente se estiver associado à matéria orgânica como solo,
plantas forrageiras, pêlos de animais, leite em pó, roupas de algodão, sapatos de couro etc.;
- O vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) (uma das viroses emergentes
mais preocupantes) pode sobreviver durante horas fora do corpo humano e até quatro dias
em dejetos humanos, ou ainda, pode sobreviver pelo menos 24 horas em uma superfície de
plástico a temperatura ambiente e por amplos períodos de frio;
- O vírus da gripe aviária sob diferentes condições ambientais podem permanecer ati-
vos por períodos que variam desde 30 até 600 dias;
44
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
- Estudos apontam que no inverno, vários fatores facilitam o aparecimento e propaga-
ção do vírus da gripe comum humana. As temperaturas baixas e a menor incidência de ra-
diação ultravioleta seriam algumas aumentam as hipóteses de sobrevivência do vírus du-
rante um tempo suficiente para que se possa ser transmitido de um indivíduo infectado
para um indivíduo saudável;
- O HIV aparentemente não sobrevive por muito tempo fora do organismo, estima-se
que pode sobreviver apenas algumas horas (o intervalo de tempo ainda não é preciso) e
uma gota de qualquer detergente comum poderia matá-lo. Vale relembrar que a transmis-
são do HIV ocorre geralmente por meio de sangue, esperma e secreções vaginais contami-
nadas;
Em relação a alguns vírus como hepatite B e C, pouco se sabe também sobre a capaci-
dade de sobrevivência em superfícies inanimadas.
Quanto às bactérias, vale destacar que são organismos altamente adaptáveis capazes de
crescer utilizando um grande número de distintas fontes de carbono e nitrogênio e de o-
cupar uma variedade inesgotável de nichos ecológicos. Considerando-se uma célula isola-
da, o tempo de vida de uma bactéria vai desde o término da divisão celular anterior até o
final da próxima divisão. Contudo, uma população de bactérias pode permanecer ativa por
um tempo indeterminado. Algumas bactérias também podem produzir esporos, estruturas
que as tornam resistentes ao calor, ao frio e até mesmo agentes químicos como desinfetan-
tes. Logo, assim como ocorre com os vírus, é provável que o tempo de sobrevivência varie
de uma espécie para outra. Vários fatores podem afetar o crescimento e sobrevivência de
uma população bacteriana, incluindo: concentração de oxigênio, temperatura, pH, luz, ra-
diação ionizante ou ultravioleta, disponibilidade de nutrientes, interações com outras po-
pulações bacterianas, número de indivíduos, presença de predadores, presença de metabó-
litos tóxicos resultantes do metabolismo das células da população em crescimento ou
presença de agentes antimicrobianos tais como antibióticos. Rossi et al (2008) faz uma sé-
rie de considerações e citações a respeito de fatores que podem influenciar no tempo de
sobrevivência das bactérias. Entre as informações mais relevantes estão: “[...] A capacidade
de adaptação do microorganismo ao estresse ambiental é um importante fator para a sua
sobrevivência e disseminação no meio ambiente. A água é fundamental para a sobrevivên-
cia bacteriana e a sua remoção induz a ocorrência de eventos celulares irreversíveis, como
desnaturação protéica, ruptura da membrana e perda de compostos citoplasmáticos, que
podem ser letais. A literatura ainda relata que a sobrevivência bacteriana é aumentada na
presença de açúcar, sangue e soro, provavelmente pelo fato da solução hipertônica reter
moléculas de água, permitindo maior tempo para as células ajustarem seu metabolismo às
novas condições...”.
Além da reconhecida resistência de alguns microrganismos à dessecação, as diferentes
superfícies nas quais são depositados e substâncias associadas também podem influenciar
45
BIOLOGIA GERAL
na preservação da viabilidade. Estudos anteriores apontam que o tempo de sobrevivência
bacteriana em superfícies secas (pisos, tecidos etc.) pode ser aumentado e favorecido na
presença de fluídos biológicos (sangue, escarro, urina etc.), pois a matéria orgânica favore-
ce a adesão bacteriana sobre superfícies inanimadas. Pesquisas apontam, por exemplo, que
o sangue é capaz de preservar a viabilidade de Staphylococcus aureus por 60 a 70 dias, de-
pendendo do suporte carreador (tecido de algodão, fibras sintéticas e piso cerâmico). Sta-
phylococcus aureus estão entre os principais patógenos relacionados à ocorrência de infec-
ções hospitalares. A literatura relata também uma relação direta entre o tempo de
sobrevivência e o grau de contaminação, visto que algumas células bacterianas podem
manter-se viáveis em decorrência de outras servirem de fonte de nutrientes. Já em condi-
ções secas, a viabilidade bacteriana do Staphylococcus aureus já foi mantida por até 14 dias
na ausência de material orgânico, sendo esse período prolongado na presença de saliva ar-
tificial e sangue, evidenciando mais uma vez o efeito protetor de algumas substâncias para
as células bacterianas.
(FONTE TEXTO: ROSSI ET AL, 2008)
46
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
plantas, algas e certas bactérias, os organismos utilizam matéria inorgânica do
ambiente (gás carbônico, água e sais minerais) para sintetizar matéria orgânica.
Enquanto que na nutrição heterótrofa, realizada pelos animais, protozoários,
fungos e pela maioria das bactérias, os organismos utilizam a matéria orgânica
existente no ambiente. Quanto à forma de respiração os seres vivos podem ser
anaeróbios ou aeróbios. Os organismos anaeróbios produzem energia na ausên-
cia de oxigênio molecular (O2), e os aeróbios utilizam o oxigênio molecular para
obter energia.
47
BIOLOGIA GERAL
5. Reprodução e crescimento: Diferente da matéria inanimada os seres vivos mos-
tram a capacidade de se reproduzir, gerando “cópias” em gerações sucessivas. A
reprodução é o processo biológico que permite aos seres vivos a perpetuação da
espécie e pode ser classificada como assexuada ou sexuada. Na reprodução asse-
xuada um novo indivíduo se origina a partir de “fragmentos” de um organismo
pré-existente, o novo descendente em questão apresenta material genético idên-
tico ao do indivíduo original. Desta forma na reprodução assexuada não há for-
mação de gametas (células germinativas especializadas) e recombinação de genes
para formar novos indivíduos. A reprodução sexuada por sua vez ocorre sempre
na presença de gametas, que se unem para formar a célula ovo ou zigoto (pri-
meira célula do novo indivíduo). Nos animais, os gametas masculinos são os es-
permatozoides e o gameta feminino é chamado de óvulo. Após a fecundação o
zigoto passa pelos processos de desenvolvimento e crescimento, em que ocorrem
sucessivas divisões celulares, e, após o nascimento se sucede o aumento do ta-
manho físico do corpo. Nos seres vivos o crescimento ocorre devido à incorpo-
ração e transformação dos alimentos.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Para saber mais...
Os menores organismos vivos em nosso planeta são as pleuropneumonias ou mico-
plasmas (PPLO), microorganismos unicelulares patogênicos com cerca de 0,125 a 1,115
mícrons de diâmetro. Os maiores organismos vivos são as sequoias, que podem atingir 100
metros de altura.
1.1.3
CONTEÚDO 3.
NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS
Ao estudar a vida podemos distinguir diversos níveis hierárquicos de organização bioló-
gica que vão desde o nível microscópico ao planetário. Pode-se estudar um ser vivo em qual-
quer um dos seus diversos níveis de organização: organismo, sistemas, órgãos, tecidos e célu-
las.
Cada um dos níveis de organização biológica está contido no nível precedente. Por e-
xemplo: Um organismo é constituído de vários sistemas; cada sistema é formado por vários
órgãos; cada órgão apresenta vários tecidos; qualquer tecido é composto de muitas células. A
célula é considerada a unidade vital de um ser vivo. Entretanto, existem alguns níveis abaixo
do nível celular. As células contêm orgânulos. Os orgânulos por sua vez são constituídos de
moléculas, e estas são constituídas por átomos.
Existem, ainda, níveis de organização situados acima do de organismo. São aqueles es-
tudados pela Ecologia. O conjunto de organismos de uma mesma espécie constitui uma popu-
lação. As várias populações que convivem numa determinada área formam uma comunidade.
Ao conjunto de comunidade e fatores não-vivos damos o nome de ecossistema. Por fim, todos
os ecossistemas da Terra constituem, em conjunto, a biosfera.
49
BIOLOGIA GERAL
ORGANELAS: Estruturas com funções especializadas que se encontram suspensas no
citoplasma celular.
CÉLULAS: Unidades morfológicas e funcionais dos seres vivos.
TECIDOS: Conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes entre si que intera-
gem e desempenham determinada função.
ÓRGÃO – Conjunto de tecidos que interagem para exercer determinada função.
SISTEMAS: Conjunto de órgãos que interagem entre si e que funcionam em harmonio-
sa interdependência.
ORGANISMO: Conjunto integrado dos sistemas.
POPULAÇÃO: Conjunto de indivíduos da mesma espécie que vive num determinado
local.
COMUNIDADE: Conjunto de populações de espécies distintas que vivem em um
mesmo local.
ECOSSISTEMA: Comunidades + Fatores abióticos (luz,água,solo).
BIOSFERA: Conjunto de ecossistemas da terra.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
MAPA CONCEITUAL
51
BIOLOGIA GERAL
ESTUDOS DE CASO
GERAÇÃO ESPONTÂNEA
A ideia de que seres vivos pudessem surgir por outros processos além da reprodução foi
muito difundida até meados do século XIX, sendo conhecida como teoria da geração espontâ-
nea ou teoria da abiogênese. Admitia-se, por exemplo, que rãs e crocodilos podiam se formar
a partir da lama do fundo de rios e lagos.
Van Helmont (1648), médico belga, chegou a formular uma “receita” para produzir ca-
mundongos em laboratório a partir da matéria não viva. Ele escreveu: “[...] colocam-se, num
canto sossegado e pouco iluminado, camisas sujas. Sobre elas espalham-se grãos de trigo, e o
resultado será que, em vinte e um dias, surgirão ratos [...]”.
A crença na abiogênese era tamanha, que Van Helmont não considerou a possibilidade
de os ratos serem atraídos pelas condições favoráveis, como o abrigo e o alimento, e não pro-
duzidos espontaneamente.
1. A partir dessa leitura, planeje um experimento para testar essa hipótese, lembrando-se
do controle experimental. A que conclusões deveríamos chegar considerando os co-
nhecimentos atuais sobre a origem dos seres vivos?
52
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
QUESTÃO 01
Miller, em 1953, testou a hipótese da Evolução Gradual dos Sistemas Químicos para
provar a origem da vida no planeta. Para isso, ele construiu um aparelho que simulava as con-
dições da Terra primitiva, introduziu nele gases que provavelmente constituíam a atmosfera e
adicionou água, a qual, ao ser fervida, formava vapor. A mistura gasosa foi submetida a des-
cargas elétricas, simulando as condições do clima da época. Após a condensação do material,
verificou-se a presença de aminoácidos.
Baseado no texto e em seus conhecimentos pode-se afirmar que todas as alternativas es-
tão corretas, EXCETO.
a) Provou apenas a formação de moléculas e não a origem do primeiro ser vivo;
provavelmente esse era semelhante a um procarionte atual, apresentando apenas
uma membrana externa, citoplasma e material genético disperso.
b) Provou que, sob certas condições, é possível haver formação de compostos orgâ-
nicos, sem a participação de seres vivos.
c) Não provou a formação de moléculas com função energética, portanto os pri-
meiros seres vivos provavelmente eram heterotróficos, produzindo seu próprio
alimento.
d) Obteve moléculas orgânicas que fazem parte das proteínas, as quais exercem pa-
péis essenciais nas células, como por exemplo, as funções enzimáticas.
e) Não provou a formação de uma molécula com função de gene. Essa molécula
provavelmente tenha sido semelhante ao RNA, pois ele, além de transmitir as ca-
racterísticas, tem capacidade de se autoduplicar.
53
BIOLOGIA GERAL
QUESTÃO 02
QUESTÃO 03
O ambiente em que os eventos iniciais da História da Vida aconteceram era marcada-
mente diverso do atual. Em razão disso, pode-se destacar como uma das características desse
ambiente a:
a) Existência de uma crosta terrestre rica em óxidos metálicos.
b) Ausência de água na forma líquida.
c) Ocorrência de uma atmosfera altamente redutora.
d) Predominância de baixas temperaturas.
e) Presença de camada de ozônio.
QUESTÃO 04
Considere os princípios biológicos que sustentam a existência dos seres vivos na Terra e
a possibilidade, no futuro, de uma sonda espacial vir a transmitir dados de outro planeta, indi-
cando a presença de sais minerais, água, gás carbônico, ureia e oxigênio. Qual das argumenta-
ções relacionadas abaixo poderia ser biologicamente interpretada como a mais coerente com a
suposição de existência de vida nesse outro planeta?
a) A presença de oxigênio é uma prova irrefutável, porque todo ser vivo depende
dele para respiração.
b) A água, pois devido a sua importância biológica constitui uma evidencia da pos-
sibilidade da existência de vida.
c) Os sais minerais comprovam a presença de vida, pois os fósseis encontrados na
Terra são constituídos de carbonatos e fosfatos.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
d) A detecção de gás carbônico revela a presença de reações fotossintéticas e, con-
sequentemente, a presença de plantas.
QUESTÃO 05
A gripe é uma das doenças que mais fez vítimas na história da humanidade. Suas epi-
demias, que ainda ocorrem todo o ano, já assustam tanto quanto a AIDS. As epidemias, quase
sempre no inverno, ocorrem quando o vírus sofre uma mutação que o torna mais virulento e
irreconhecível pelos sistemas imunológicos das pessoas infectadas, Hoje o mundo se assusta
com a nova gripe H1N1. Baseando-se em nossos estudos sobre os vírus e nas notícias na mídia
sobre esta pandemia, é correto afirmar que:
a) A nova gripe é transmitida através da carne de porco.
b) Muitos antibióticos estão sendo usados no combate a esse vírus.
c) As pessoas estão ficando com este tipo de gripe porque se recusam a usar a vacina.
d) É um vírus mutante e o nosso sistema imunológico ainda não possui defesas para ele.
e) A nova gripe se tornou uma pandemia e se iniciou no México.
CONSTRUINDO CONHECIMENTO
INFLUENZA A (H1N1)
A gripe suína é causada pelo vírus influenza A de subtipo H1N1. Todos os anos sur-
gem diversas variantes do vírus influenza A, causador da gripe comum, que podem ir des-
de pequenas alterações no material genético do vírus, até grandes recombinações. Mas, a
cada 30 anos em média, surgem vírus completamente novos, vindos de animais, como as
55
BIOLOGIA GERAL
aves e os suínos. Se eles forem facilmente transmitidos entre humanos, tem o potencial de
causar uma pandemia, como o que ocorreu em 1918, com a gripe espanhola.
Anteriormente a gripe era chamada de "suína" porque um teste de laboratório mostrou
que muitos dos genes do novo vírus eram semelhantes ao vírus influenza que normalmen-
te é encontrado nos porcos da América do Norte. Porém, um estudo mais recente mostrou
que o novo vírus é bem diferente daquele que normalmente circula entre os porcos norte-
americanos. O vírus da nova gripe contém material genético dos vírus humanos, de aves e
suínos.
Com o passar do tempo, esses vírus pandêmicos se tornam “reconhecidos” pelo siste-
ma de defesa de nosso organismo e oferecem menos risco à população. Enquanto isso,
medidas preventivas devem ser tomadas como recomenda o Instituto Brasileiro de Audi-
toria em Vigilância Sanitária (Inbravisa), que está repassando aos que o procuram cinco
recomendações dadas pelos Centros de Controle de Enfermidades (CDC, na sigla em in-
glês), dos Estados Unidos. São elas: 1) evitar contato direto com pessoas gripadas; 2) ficar
em casa se estiver em período de transmissão da doença (até cinco dias após o início dos
sintomas); 3) cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel ao tossir ou espirrar; 4) lavar
as mãos frequentemente (principalmente antes de comer ou de tocar os olhos, nariz ou
boca e depois de tossir, de espirrar e de usar o banheiro); 5) usar máscara cirúrgica em lo-
cais de grande concentração de pessoas, como aeroportos, ruas movimentadas e shopping
centers. As autoridades sanitárias americanas também orientam, como forma de aumentar
a resistência do organismo, que as pessoas se vacinem contra a gripe comum, tenham no
mínimo 8 horas de sono por dia, bebam líquidos em abundância, consumam alimentos
nutritivos e pratiquem exercícios físicos. De acordo com a Inbravisa, as dicas do CDC de-
vem ser seguidas pelos brasileiros. A elas, o Ministério da Saúde recomenda que o ambien-
te doméstico seja arejado e receba a luz solar, o que ajuda a eliminar os possíveis agentes
das infecções respiratórias e que se evite tocar os olhos, nariz ou boca após contato com
superfícies.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FORMAÇÃO DO NOVO VÍRUS DA GRIPE SUÍNA. O ESQUEMA ILUSTRA DOIS
TIPOS DIFERENTES DE VÍRUS INFLUENZA (ILUSTRADOS NO TOM ROSA E VERDE)
INFECTANDO UMA CÉLULA SUÍNA (ESFERA ROSA). OS VÍRUS UTILIZAM A
MAQUINARIA ENZIMÁTICA DA CÉLULA PARA SE REPRODUZIR. DURANTE ESTE
PROCESSO OS GENOMAS DOS DOIS TIPOS VIRAIS INFECTANTES PODEM SER
RECOMBINADOS PARA FORMAR UMA NOVA CEPA VIRAL (ILUSTRADAS NO TOM
AZUL-ARROXEADO). SE A NOVA ESTIRPE VIRAL SE TORNA HÁBIL PARA
INFECTAR CÉLULAS HUMANAS EM UMA POPULAÇÃO SEM IMUNIDADE PRÉVIA,
SURGE A POSSIBILIDADE DE QUE OCORRA UMA PANDEMIA
TEXTO ADAPTADO DOS SITES: WWW.FOLHAONLINE.COM.BR
WWW.SAUDE.GOV.BR
(FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM)
AULA PRÁTICA
TEMA: OBSERVANDO CÉLULA ANIMAL E VEGETAL
Introdução
57
BIOLOGIA GERAL
As células apresentam uma grande diversidade, porém cada uma atua como uma unida-
de independente e parcialmente autônoma.
Objetivos:
• Observar células vegetais em folha de Elódea (planta aquática);
• Observar células do epitélio bucal;
• Comparar células vegetais e animais quanto à forma e ao revestimento.
Materiais:
• Microscópio;
• Lâminas e lamínulas;
• Placa de Petri;
• Folhas de Elódea;
• Papel filtro;
• Conta gotas;
• Afastador de língua descartável;
• Corante azul de metileno.
Procedimentos:
Observações:
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
• Desenhe o que você observou:
Lâmina 1 Lâmina 2
Aumento médio:___x Aumento médio:___x
• Analise os resultados:
a)Quais são as diferenças que você pode observar entre as células animais e vegetais?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
b)Quais foram as três partes fundamentais das células observadas pelos primeiros cito-
logistas?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
59
BIOLOGIA GERAL
d)Quais são as diferenças existentes entre as células procariontes e eucariontes quanto
ao núcleo e citoplasma?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Título do livro: Vida: A Ciência da Biologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. Sadava,
D.; Orians, G.; Purves, B.; Heller, C.; Hillis, D.
Título do livro: O que é vida afinal? Para entender a Biologia do Século XXI. Rio de Ja-
neiro: Relume Dumará. 2000.312p. EL-Hani, C.N. & Videira, A.A.P.
Sinopse: É dos avanços da biologia que se esperam os grandes saltos científicos que virão
transformar radicalmente... a vida. “O que é vida? – Para entender a biologia do século XXI” é
uma coletânea de textos criados para que tanto o grande público como os professores e alunos
das escolas brasileiras possam saber mais sobre as mudanças que já começam a acontecer.
60
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Numa época de incessantes descobertas e de muita velocidade na circulação de notícias, só um
livro como este pode fornecer os esclarecimentos fundamentais aos professores do ensino
médio e universitário, além do público leigo ávido por entender os novos tempos das ciências
da vida. A nova biologia é explicada através de um texto acessível e sério, mas sem as conces-
sões ou simplificações próprias dos livros didáticos.
61
BIOLOGIA GERAL
62
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
1.2
TEMA 2.
OS PROCESSOS BIOENERGÉTICOS E O RECONHECIMENTO DE
QUE VIDA É TRABALHO
1.2.1
CONTEÚDO 1.
A IMPORTÂNCIA DOS PROCESSOS BIOENERGÉTICOS
Todo ser vivo para sobreviver necessita continuamente de energia, que é obtida a partir
de substâncias orgânicas constituintes dos alimentos.
Mesmo quando não realizamos nenhuma atividade física, nosso corpo está sempre per-
dendo energia. Observando a tabela abaixo, temos a estimativa da quantidade de calorias des-
pendida por uma pessoa de 64 kg em algumas de suas atividades diárias:
63
BIOLOGIA GERAL
ESCREVENDO 5 64 1,6 512,0
EM PÉ 2 64 1,8 230,4
ANDANDO 3 64 3,0 576,0
EXERCITANDO-SE 3 64 5,0 960,0
Total=
3,059,2 kcal
A energia que um ser vivo necessita continuamente é utilizada para manter suas diversas
atividades celulares, nas quais moléculas são modificadas, quebradas ou unidas entre si, trans-
formando-se em outras. Essa intensa e incessante atividade de transformação química consti-
tui o que chamamos de metabolismo.
As reações metabólicas podem ser classificadas em: reações de síntese, que são aquelas
em que as moléculas mais simples são unidas para formar moléculas de maior complexidade;
e reações de degradação, nas quais moléculas complexas são quebradas, transformando-se em
outras mais simples.
O conjunto de reações de síntese, por meio do qual um organismo vivo constrói as
complexas moléculas orgânicas que formam seu corpo, constitui o anabolismo. As reações de
degradação de moléculas constituem o catabolismo e é por meio das reações catabólicas que
os seres vivos obtêm a matéria prima e a energia necessária à vida.
Assim que os alimentos são ingeridos, os lipídeos, proteínas e polissacarídeos que os in-
tegram começam a ser degradados em moléculas cada vez menores por ação de uma grande
quantidade de enzimas.
64
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
A primeira etapa da quebra enzimática dos alimentos ocorre na luz do tubo digestivo,
sendo desta forma extracelular. Mediante enzimas produzidas por células do tubo digestivo,
os lipídeos são convertidos em ácidos graxos e glicerol, as proteínas são transformadas em
aminoácidos e os carboidratos são degradados em monossacarídeos (principalmente glicose).
Após absorção pelo epitélio intestinal, as moléculas degradadas ingressam na corrente sanguí-
nea, de onde são conduzidas para o interior das células.
A glicose pode ser utilizada como fonte de energia tanto na presença de oxigênio (con-
dições aeróbicas), quanto na sua ausência (condições anaeróbicas). Entretanto, considera-se
que a produção máxima de energia, a partir da oxidação de compostos orgânicos, só pode ser
atingida sob condições aeróbicas. Quando a energia é extraída dos compostos sem a presença
do oxigênio, o processo é chamado de fermentação, assunto que será discutido mais adiante.
65
BIOLOGIA GERAL
O influxo de energia através dos sistemas vivos envolve três processos: O primeiro con-
siste na captura de energia solar e sua conversão em energia química. O segundo processo
equivale à conversão da energia química, produzida pela energia luminosa, em formas de e-
nergia que possam participar de transações celulares e o terceiro processo é a utilização dessa
energia para a manutenção do metabolismo celular.
Em última instância o sol é a fonte geradora da energia proveniente dos alimentos. Nas
plantas, a partir de dióxido de carbono (CO2) e água (H2O), a energia luminosa solar incita
uma série de reações, que após produzir oxigênio (O2) convertem esta energia luminosa em
energia química. A energia nos alimentos de origem vegetal é absorvida pelos animais herbí-
voros, que irão constituir na cadeia alimentar a fonte de energia para os animais carnívoros. O
homem por possuir tanto hábito carnívoro quanto herbívoro recorre às duas fontes de ali-
mento. As substâncias alimentícias (classificadas em carboidratos, gorduras, minerais e H20),
ingressam pelo aparelho digestivo e após a retirada do conteúdo energético os produtos resi-
duais formados serão a H2O e o CO2, que podem se somar aos produtos nitrogenados resul-
tantes do catabolismo (assimilação ou processamento da matéria adquirida para obtenção de
energia) de proteínas.
Obter energia necessária para o metabolismo sempre foi questão vital para os seres vi-
vos. Durante a evolução eles desenvolveram diferentes mecanismos para conseguir tal energia
e aqueles que não foram bem sucedidos não sobreviveram. A energia numa célula é produzida
por ela mesma a partir dos nutrientes absorvidos. Para que isso ocorra, entretanto, a célula
deve quebrar estas moléculas de nutrientes no citoplasma por reações exotérmicas. A energia
liberada nestas reações é armazenada sob a forma de moléculas de ATP e será utilizada para
promover as demais reações químicas de que o organismo necessita. O melhor desempenho
obtido pelas células se deve a degradação dos alimentos de forma gradual, por meio de enzi-
mas que elas mesmas sintetizam. A seguir será descrito com maior detalhamento como a mo-
lécula de ATP é formada na célula.
Quando substâncias orgânicas são degradadas ou quebradas nos organismos vivos, co-
mo açúcares e gorduras, por exemplo, parte da energia liberada é convertida em calor e outra
parte é armazenada sobre a forma de adenosina trifosfato ou ATP, moléculas presentes em
todas as células vivas e que participam de uma grande variedade de reações bioquímicas.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
MOLÉCULA DE ATP OU ADENOSINA TRIFOSFATO)
(FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM)
67
BIOLOGIA GERAL
1.2.2
CONTEÚDO 2.
METABOLISMO ENERGÉTICO I – CONDIÇÕES AERÓBIAS
FOTOSSÍNTESE
FOTOSSÍNTESE
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
1.Conceito
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CLOROPLASTOS NAS CÉLULAS DE UMA PLANTA
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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BIOLOGIA GERAL
CLOROPLASTO DE FOLHA DO TABACO
IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
4. Etapas da fotossíntese:
A fase clara ou etapa fotoquímica ocorre somente na presença de luz solar. A energia
luminosa é utilizada para formar ATP a partir de ADP bem como para reduzir moléculas
transportadoras de elétrons, principalmente NADHP+. A fase clara da fotossíntese acontece
no interior dos tilacoides, cujas faces internas de suas membranas apresentam moléculas de
clorofila.
No cloroplasto, a clorofila e outras moléculas de pigmentos estão embebidas nos tilacoi-
des em unidades discretas de organização chamadas fotossistemas. Cada fotossistema contém
um conjunto de cerca de 250 a 400 moléculas de pigmentos e consiste em dois componentes
intimamente ligados. Dentro dos fotossistemas, as moléculas de clorofila estão ligadas a prote-
ínas específicas e situadas em locais que permitem a captação eficiente de energia luminosa. A
clorofila, ao ser iluminada, perde elétrons, o que origina. "vazios" na molécula do pigmento. O
destino dos elétrons perdidos e a “reocupação” desses vazios podem obedecer a dois meca-
nismos distintos, chamados fotofosforilação cíclica e fotofosforilação acíclica. Resumida-
mente a etapa fotoquímica pode ser divida em três subfases:
A - Fotofosforilação cíclica
71
BIOLOGIA GERAL
B - Fotofosforilação acíclica
C - Fotólise da água
A - Fotofosforilação cíclica
B - Fotofosforilação acíclica
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Esse mecanismo emprega dois sistemas fotossintetizantes: o fotossistema I e o fotossis-
tema II. No fotossistema I, predomina a clorofila a, enquanto no fotossistema II, predomina a
clorofila b.
A clorofila a, iluminada, perde um par de elétrons ativados, recolhidos por um aceptor
especial (ferredoxina). Ao mesmo tempo, a clorofila b, excitada pela luz, perde um par de elé-
trons que, depois de atravessarem uma cadeia de citrocromos, ocupa o "vazio" deixado na mo-
lécula da clorofila a. Durante a passagem desses elétrons pela cadeia de citocromos, há libera-
ção de energia e produção de ATP (fosforilação). Como o "vazio de elétrons" da clorofila a não
é preenchido pelos mesmos elétrons que saíram dessa molécula, o mecanismo é chamado fo-
tofosforilação acíclica.
C – Fotólise da água
Paralelo aos dois processos anteriores (fotofosforilação cíclica e acíclica) ocorre um ter-
ceiro processo chamado fotólise da água (ou reação de Hill). O processo de fotólise da água
ocorre no interior dos cloroplastos e a água é decomposta na presença da luz. Na fotólise da
água ocorre liberação de oxigênio molecular (O2) para atmosfera, além da produção de elé-
trons e prótons de hidrogênio para a estabilização elétrica da clorofila B e do NADP-- produ-
zidos na fotofosforilação acíclica.
Fotólise da água:
73
BIOLOGIA GERAL
O ATP e o NADPH2 produzidos na fase clara serão utilizados na fase escura da fotos-
síntese.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
5. Fatores que afetam a fotossíntese
Quando se avalia a taxa fotossintética de uma planta, percebe-se que essa taxa pode au-
mentar ou diminuir, em função de certos parâmetros. Esses parâmetros são conhecidos como
fatores limitantes da fotossíntese.
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BIOLOGIA GERAL
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE IMAGEM: WWW.BIOTEC-AHG.COM.BR
77
BIOLOGIA GERAL
capacidade de reter todo o genoma necessário para a codificação das proteínas requeridas
pelo processo de fotossíntese. Já a segunda hipótese, mais aceita, inclusive, seria a de que o
molusco forneceria as proteínas que faltam ao genoma do cloroplasto.
A equipe da cientista realizou o sequenciamento do material genético do cloroplasto, e
o resultado mostrou que ele não estava completo para realizar a fotossíntese. Além disso,
foi constatado, também, que o gene psbO (oxygenic photosynthesis) foi expresso na les-
ma-do-mar, integrado as suas células germinativas (sexuais), e que a fonte desse gene é a
alga ingerida pelo molusco.
Apesar de os pesquisadores terem demonstrado que há a retenção e a incorporação do
genoma da alga Vaucheria litorea, nas células da lesma-do-mar Elysia chlorotica, eles ain-
da não compreendem como o gene responsável pela fotossíntese pode manter-se funcio-
nal. Segundo revelou Greg Hurst, da Universidade de Liverpool, Reino Unido, ao site
Checkbiotech, a transferência de DNA entre espécies não é uma novidade, porém o que
intriga os pesquisadores é o fato de o material genético continuar funcionando dentro do
animal que o adquiriu.
Esse estudo pode ajudar os cientistas a compreenderem como ocorre a adaptação do
organismo da lesma ao genoma adquirido, de forma a mantê-lo funcional, o que constitui
uma vantagem adaptativa para o animal. Esse fenômeno é chamado de transferência hori-
zontal.
4/12/2008 - Arlei Maturano - Equipe Biotec AHG
texto:http://www.biotec-ahg.com.br/index.php/pt/acervo-de-
materias/biotecnologiaanimal/472-lesma-do-mar-torna-se-ser-autotrofo acessado em
23/11/2009)
RESPIRAÇÃO CELULAR
78
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
• Transporte ativo, que equivale ao transporte de solutos contra gradientes eletroquími-
cos através das membranas celulares,
• Endocitose, que corresponde à incorporação de partículas do meio extracelular e ma-
cromoléculas,
• Exocitose, que equivale à secreção de macromoléculas para o meio externo da célula,
• Deslocamento (migração celular) ou contração (das células musculares),
• Deslocamento dos componentes celulares (organelas, macromoléculas etc.),
• Processos de multiplicação celular (mitose, meiose),
• Recebimento de sinais extracelulares e condução destes até os sítios celulares adequa-
dos.
As mitocôndrias são usinas geradoras de moléculas de ATP. Estas organelas celulares re-
tiram a energia depositada nas ligações covalentes das moléculas derivadas dos alimentos e a
transferem para o APD. O ATP formado a partir da molécula de ADP é retirado da mitocôn-
dria e se distribui por toda célula, de modo que sua energia possa ser empregada para realizar
as diversas atividades celulares. A subsequente retirada de energia da molécula de ATP con-
duz a reconstituição da molécula de ADP, que retorna novamente para as mitocôndrias a fim
de serem “recarregadas” de energia.
79
BIOLOGIA GERAL
Assim como os cloroplastos, as mitocôndrias são envolvidas por um sistema de dupla
membrana. Este sistema consiste de uma membrana externa e uma interna, que originam dois
compartimentos, o espaço intermembranoso e a matriz mitocondrial. A matriz, que é envol-
vida pela membrana interna, contém o sistema genético mitocondrial bem como as enzimas
responsáveis pelas reações centrais do metabolismo oxidativo. Especificamente a matriz é
formada por proteínas, RNA (ácido ribonucléico), DNA (ácido desoxirribonucléico), ribos-
somos similares aos das bactérias e outras substâncias dissolvidas.
A membrana externa é permeável aos solutos presentes no citosol, exceto às macromo-
léculas. A membrana interna é intensivamente dobrada formando
pregas conhecidas como cristas mitocondriais que se estendem para
o interior da organela, aumentando consideravelmente a superfície
disponível para as enzimas e as reações que estão associadas a elas. A
forma e o número de cristas variam nos diferentes tipos celulares. A
membrana interna das mitocôndrias apresenta um elevado grau de
especialização e ambas as faces de sua dupla camada lípídica apre-
sentam uma acentuada simetria.
80
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Revisando... Origem evolutiva das mitocôndrias e cloroplastos
81
BIOLOGIA GERAL
ETAPAS DA RESPIRAÇÃO
A respiração envolve três etapas distintas: a glicólise, o ciclo de Krebs (ou ciclo do áci-
do cítrico) e a cadeia transportadora de elétrons.
Durante a glicólise a molécula de seis carbonos da glicose é quebrada resultando em du-
as moléculas de três carbonos de ácido pirúvico ou piruvato. O ácido pirúvico dissocia-se
formando piruvato e um íon hidrogênio. O ácido pirúvico e o piruvato permanecem em equi-
líbrio dinâmico e os dois termos podem ser utilizados indistintamente. No ciclo de Krebs, as
moléculas de piruvato são posteriormente oxidadas até o dióxido de carbono (molécula de
dois carbonos) e água. Os elétrons resultantes passam através da cadeia transportadora de
elétrons. Á medida que a molécula de glicose é oxidada, parte de sua energia é removida e
armazenada nas ligações fosfoanidras do ATP, numa sequência de etapas curtas e distintas.
A) Glicólise
82
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Etapa 4 – Nesta etapa a molécula de seis carbonos da frutose-1,6-difosfato é quebrada
em duas moléculas de três carbonos interconversíveis – gliceraldeído-3-fosfato e diidroxiace-
tona-fosfato – pela ação da enzima aldolase. Entretanto, em função da utilização do gliceralde-
ído-3-fosfato nas reações subsequentes, toda diidroxiacetona pode ser convertida em gliceral-
deido-3-fosfato pela ação da enzima triosefosfato isomerase.
Etapa 5 – Na quinta etapa da glicólise, moléculas de três carbonos de gliceraldeído-3-
fosfato são oxidadas, ou seja, os átomos de hidrogênio com seus elétrons são removidos, e o
NAD+ (a forma oxidada de nicotinamida adenina dinucleotídeo) é convertido em NADH. A
reação com o NAD+ ocorre pela transferência enzimática de um íon hidreto do gliceraldeído
para a nicotinamida do NAD+. A enzima que catalisa esta reação reversível é a gliceraldeído-
3-fosfato desidrogenase. Esta é a primeira reação a partir da qual a célula captura energia e
conduz a síntese de ATP na próxima etapa. A energia desta reação é utilizada para ligar um
grupo fosfato adicional, o gliceraldeído-3-fosfato é convertido então em 1,3-difosfoglicerato.
Etapa 6 – A energia de ligação do fosfato, liberada a partir da molécula de 1,3-
difosfoglicerato, é usada para recarregar a molécula de ADP. A enzima fosfogliceratoquinase
ou fosfogliceratocinase transfere o grupo fosfato de alta energia para o ADP, formando ATP e
3-fosfoglicerato. A formação de ATP pela transferência enzimática de um grupo fosfato de um
intermediário metabólico para o ADP é denominada fosforilação ao nível de substrato. Essas
reações são reversíveis nas condições celulares.
Etapa 7 – Nesta etapa o grupo fosfato remanescente é transferido ou removido da posi-
ção 3 para a posição 2 da molécula de glicerato. O 3-fosfoglicerato é convertido em 2-
fosfoglicerato pela ação catalítica da enzima fosfogliceromutase. O termo mutase é frequente-
mente empregado para designar enzimas que catalisam deslocamentos intramoleculares de
grupos funcionais.
Etapa 8 – Esta etapa é catalisada pela enzima enolase e consiste na desidratação (remo-
ção reversível de uma molécula de água) do 2-fosfoglicerato com a produção de fosfoenolpi-
ruvato.
Etapa 9 – O último passo da glicólise é a transferência do grupo fosfato de alta energia
do fosfoenolpiruvato para a molécula de ADP, formando outra molécula de ATP. Esta reação
é catalisada pela enzima piruvatoquinase ou piruvatocinase e o produto final são duas molécu-
las de piruvato.
Portanto na primeira fase da respiração celular – a glicólise – uma molécula de glicose é
convertida em duas moléculas de piruvato. O produto líquido (rendimento energético) é de
duas moléculas de ATP e duas moléculas de NADH por molécula de glicose. Além da glicose
muitos outros carboidratos entram na via glicolítica para sofrerem a degradação que libera a
energia livre, os mais importantes são os polissacarídeos de reserva (glicogênio e amido), os
83
BIOLOGIA GERAL
dissacarídeos (maltose, lactose e sacarose) e os monossacarídeos livres (frutose, manose e ga-
lactose).
Como vimos, a respiração emprega gás oxigênio e glicose, produz água e gás carbôni-
co, libera energia para o funcionamento do organismo e acontece todo o tempo, não ape-
nas quando a planta está iluminada. Já a fotossíntese emprega gás carbônico e água, pro-
duz oxigênio e glicose, necessita de energia luminosa e, por isso, ocorre se a planta for
adequadamente iluminada.
O ciclo de Krebs, ou ciclo do ácido cítrico ou, ainda, ciclo do ácido tricarboxílico é assim
denominado em homenagem a Sir Hans Krebs, o principal o responsável pela sua elucidação.
Krebs propôs esta via metabólica no ano de 1937 e recebeu o prêmio Nobel em reconhecimen-
to ao seu brilhante trabalho. O ciclo é também como ciclo do ácido tricarboxílico porque é
iniciado com a formação de um ácido orgânico (citrato) que apresenta três grupos de ácido
carboxílico.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
85
BIOLOGIA GERAL
C) A cadeia transportadora de elétrons
1.2.3
CONTEÚDO 3.
METABOLISMO ENERGÉTICO II – CONDIÇÕES ANAERÓBIAS
Os seres vivos obtêm energia a partir de diferentes mecanismos. Eucariotas aeróbicos
(células animais e vegetais) e procariotas realizam respiração aeróbica. Entretanto, alguns eu-
cariotas e procariotas produzem sua energia sob condições anaeróbicas. Em ambos os casos há
conversão de energia e produção de ATP, que é utilizado pela célula.
FERMENTAÇÃO
FERMENTAÇÃO
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
Células de levedura, por exemplo, podem viver sem oxigênio. Em condições anaeróbi-
cas, essas células convertem glicose e ácido pirúvico através da sequência glicolítica. O ácido
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
pirúvico formado é posteriormente convertido em álcool etílico (etanol) num processo co-
nhecido como fermentação alcoólica. Quando o suco de uva e de outras frutas rico em glicose
é extraído e armazenado em barris fortemente vedados para que não entre o ar atmosférico, as
células de levedura, presentes na película que recobre fruta recém-colhida, transformam esse
suco em vinho, pela conversão da glicose em etanol. A levedura, como todos os organismos,
apresentam uma tolerância limitada à concentração de álcool, e quando determinada concen-
tração é alcançada, as células da levedura morrem e a fermentação é cessada.
A fermentação alcoólica é usada na elaboração de bebidas alcoólicas entre as quais te-
mos as fermentadas (vinhos e cervejas) e as fermento-destiladas (aguardente, rum, uísque,
conhaque, tequila, gim etc.). Transforma açúcares solúveis em etanol como produto principal.
A transformação de glicose ou outro monossacarídeo em duas moléculas de álcool e gás car-
bônico é feita graças à presença de certas enzimas elaboradas por leveduras. Entre as leveduras
mais utilizadas na fermentação alcoólica encontra-se Saccharomycies cerevisiae, usada na ela-
boração de vinhos, na produção de cervejas são utilizadas as espécies S. carlsbergensis e S. u-
varum.
87
BIOLOGIA GERAL
PASTEUR ESTUDOU O PROCESSO DE FERMENTAÇÃO DO PÃO E DO VINHO.
ELE DEMONSTROU QUE A FERMENTAÇÃO NÃO REQUER OXIGÊNIO, MAS
ENVOLVE A PARTICIPAÇÃO DE ORGANISMOS VIVOS
Na ausência de oxigênio, as células dos tecidos animais não produzem álcool a partir de
piruvato, mas sim outra substância chamada ácido láctico. O ácido lático é produzido, por
exemplo, nas células musculares, durante um esforço físico intenso, como por um atleta du-
rante uma competição esportiva. O ácido lático acumulado ocasiona a sensação de câimbra
muscular.
Além da fermentação alcoólica, ocorre também a fermentação láctica. Neste processo a
glicose sofre glicólise exatamente como na fermentação alcoólica, entretanto o produto final
serão alimentos derivados do leite como as coalhadas, iogurtes e queijos. A fermentação lácti-
ca é realizada por microorganismos como bactérias, fungos e protozoários. As bactérias do
gênero Lactobacillus, por exemplo, promovem o desdobramento do açúcar do leite em ácido
lácteo e são muito empregadas pela indústria de alimentos.
Por último, existe ainda a fermentação acética, que na indústria de alimentos também é
largamente utilizada na produção de vinagre, pela oxidação do álcool por bactérias acéticas,
como Acinobacter e Gluconobacter. Porém, várias espécies acéticas podem oxidar o álcool a
ácido acético, mas muitas delas também podem oxidar o ácido acético a gás carbônico e água,
o que é indesejável, quando se tem como objetivo a produção do vinagre.
O VINAGRE É PRODUZIDO A PARTIR DA TRANSFORMA-
ÇÃO DE ÁLCOOL ETÍLICO A ÁLCOOL ACÉTICO.
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
QUIMIOSSÍNTESE
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
A quimiossíntese se refere à produção de compostos orgânicos, utilizando como fonte
de carbono o gás carbônico (CO2) e obtendo energia a partir de compostos inorgânicos redu-
zidos como metano (CH4), amônia (NH4), sulfeto (H2S) e íons de ferro (Fe2+). Este processo
é realizado por bactérias quimioautotróficas, ou ainda, por bactérias classificadas segundo a
fonte dos compostos inorgânicos utilizados – metanobactérias, nitrobactérias, sulfobactérias e
ferrobactérias. A quimiossíntese ocorre em condições microaeróbicas ou anaeróbicas e na
ausência de luz.
Fazendo uma analogia com as vias fotossintéticas, a quimiossíntese representa uma par-
cela pouco significativa no processo de produção de cadeias de carbono, entretanto, tem im-
portância fundamental no ciclo dos compostos nitrogenados.
89
BIOLOGIA GERAL
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
MAPA CONCEITUAL
91
BIOLOGIA GERAL
ESTUDO DE CASO
CHAMPANHE NO LIXO!
Até o século XVII, o champanhe era jogado fora. Fabricado, sobretudo em mosteiros euro-
peus, o vinho era descartado quando ficava borbulhando demais. Na fria região de Champag-
ne, no Nordeste da França, esse problema atacava a bebida fabricada no inverno, pois os fun-
gos que provocavam a fermentação do suco de uva perdiam a eficiência com o frio e não
conseguiam transformar o açúcar da fruta em álcool. Com o calor da primavera, os microor-
ganismos reativavam-se e o vinho engarrafado voltava a fermentar, criando espuma. O monge
Pierre Pérignon (1648-1715), de Champagne, tentou acabar com as bolhas. Inventou uma
mistura de vários tipos de vinhas, mas não conseguiu evitar a fermentação extra do clima
quente. Um dia, cansado de tantas tentativas, desistiu e rendeu-se. Resolveu aceitar o novo
sabor e acondicionar o champanhe em garrafas resistentes à pressão do gás produzido pela
espuma. Aos poucos, sua bebida se tornou conhecida. Em 1743, a vinícola Moët & Chandon
começou a produção em escala industrial do “vinho teimoso”.
(FONTE TEXTO: REVISTA SUPERINTERESSANTE, ABRIL DE 2000)
1. Lendo esta matéria e tendo conhecimento de que os levedos são utilizados para a fabricação
de bebidas alcoólicas, José e Antônio que são dois amigos que moram na cidade de Riachão do
Dantas (Estado de Sergipe) e possuem um canavial, pretendem a partir de um reservatório
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
que possuem, contendo caldo de cana e levedura de cerveja, produzir álcool. José sugere bor-
bulhar ar no reservatório, constantemente, para acelerar essa produção. Com base nessas pro-
posições, responda:
a) Você aprova a eficiência da técnica sugerida por José?
b) Apresente suas conclusões a respeito.
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
QUESTÃO 01
“Pesquisador brasileiro desenvolve uma bactéria que permite produzir álcool a partir do
soro do leite e do bagaço da cana.” (Revista Ecologia, Dezembro/1992). Na produção do álcool
pela bactéria há produção de energia e neste fenômeno ocorrerá:
a) A fermentação com produção de 38 moléculas de ATP.
b) Combustão com a queima de glicose até o final do processo.
c) Presença de NAD e FAD como aceptores finais de hidrogênio e elétrons.
d) Degradação parcial da molécula de glicose com saldo de 2 ATPs.
e) Respiração aeróbia com pouca produção de energia.
QUESTÃO 02
Conseguir energia necessária para o metabolismo sempre foi questão vital para os seres
vivos e, durante a evolução, eles desenvolveram diferentes mecanismos para obtê-la. De acor-
do com a evolução, esses mecanismos ocorreram na seguinte ordem:
a) Respiração→fermentação→fotossíntese.
b) Fotossíntese→respiração→fermentação.
93
BIOLOGIA GERAL
c) Fermentação→fotossíntese→respiração.
d) Fotossíntese→fermentação→respiração.
QUESTÃO 03
Analise a figura abaixo e, em seguida, assinale com V a alternativa verdadeira e com F a
falsa.
A sequência correta é:
a) V – V – F.
b) V – F – V.
c) F – V – V.
d) F – F – F.
QUESTÃO 04
Fisiologistas esportivos de um time de futebol desejam monitorar seus atletas para de-
terminar a partir de que ponto seus músculos começam a trabalhar anaerobicamente. É possí-
vel fazer este monitoramento verificando:
a) Excesso de ADP.
b) Diminuição da fadiga muscular.
c) Aumento na quantidade de ATP.
d) Aumento na concentração de ácido lático.
QUESTÃO 05
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
No processo de fabricação de pão, os padeiros, após prepararem a massa utilizando fer-
mento biológico, separaram uma porção de massa em forma de “bola” e a mergulham num
recipiente com água, aguardando que ela suba. Como pode ser observado, respectivamente,
em I e II do esquema abaixo. Quando isso acontece, a massa está pronta para ir ao forno.
A bola de massa torna-se menos densa que o líquido e sobe. A alteração da densidade
deve-se a fermentação, processo que pode ser resumido pela equação.
Considere as afirmações abaixo:
95
BIOLOGIA GERAL
CONSTRUINDO CONHECIMENTO
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
cares simples que são solúveis em meio aquoso. O material celular restante é separado e o
mosto líquido é fervido com lúpulo para aromatizá-lo. Então, o mosto é resfriado e aerado.
Agora as células da levedura são adicionadas. No mosto aeróbico a levedura se reproduz
muito rapidamente, empregando a energia obtida pela metabolização de parte dos açúca-
res existentes no meio. Nesta fase não ocorre a formação de álcool, pois a levedura, tendo
muito oxigênio à disposição, oxida o piruvato formado pela glicólise no ciclo do ácido cí-
trico até CO2 e H2O. O metabolismo aeróbico da levedura permite uma multiplicação
muito rápida das células e isto é controlado pela adição da quantidade correta de oxigênio.
Quando todo o oxigênio dissolvido existente no tanque de fermentação é consumido, as
células da levedura, que são facultativas, passam a utilizar anaerobicamente o açúcar exis-
tente no mosto. A partir deste ponto a levedura fermenta esses açúcares em etanol e dióxi-
do de carbono. O processo de fermentação é controlado, em parte pela concentração de e-
tanol, que se forma, pelo pH do meio e pela quantidade de açúcar remanescente. Após a
interrupção da fermentação, as células são removidas e a cerveja bruta está pronta para ser
submetida ao processamento final. As cervejas leves têm se tornado muito populares, elas
contêm menor quantidade de açúcar e menos álcool que as cervejas normais, mas conser-
vam o mesmo sabor.
Nos passos finais da fabricação da cerveja, o controle da espuma, ou “colarinho”, for-
mado por proteínas dissolvidas, é realizado. Normalmente este controle é feito pelo em-
prego de enzimas proteolíticas que aparecem no preparo do malte. Caso elas atuem duran-
te um tempo prolongado sobre as proteínas da cerveja, esta produzirá pouca espuma, e se
este tempo de atuação for muito curto a cerveja ficará turva quando gelada. Algumas ve-
zes, enzimas proteolíticas de outras fontes são adicionadas para controlar a espuma. Um
fator importante no sabor da cerveja é a concentração do sulfeto de dimetila, um compos-
to que aparece em diminutas quantidades na cerveja. Quando em alta concentração esta
substância dá à cerveja um sabor desagradável, mas sem ela a cerveja será insípida. O sulfe-
to de dimetila é formado por enzimas que aparecem durante o preparo do malte e precisa
ser cuidadosamente controlado. Muitos ingredientes e cuidados importantes na fabricação
da cerveja são assuntos da competência e habilidades do cervejeiro, e ainda, pouco conhe-
cidos pelos bioquímicos. Talvez seja melhor que uma arte tão antiga e permaneça uma ar-
te!
FONTE TEXTO: LEHNINGER, A. L. PRINCÍPIOS DE BIOQUÍMICA. 7A ED. SÃO
PAULO: SARVIER. PG 307. 1991
97
BIOLOGIA GERAL
AULA PRÁTICA
TEMA: FERMENTAÇÃO E SUA RELAÇÃO COM A TEMPERATURA
Introdução:
A fermentação é um processo de liberação de energia que ocorre sem a participação do
oxigênio. As reações químicas da fermentação são equivalentes as da glicólise. A quebra da
glicose é parcial, são produzidos resíduos de tamanho molecular maior que os produzidos na
respiração e o rendimento de ATP é pequeno.
Objetivos
• Observar o processo de fermentação e analisar a influência da temperatura nesse pro-
cesso.
Materiais:
• Fermento biológico fresco;
• 6 balões volumétricos;
• Balões de borracha (bexigas);
• Açúcar;
• Montagem para banho-maria;
• Gelo.
Procedimentos:
1. Dissolva cerca de 30g de fermento biológico (2 tabletes) em 250 ml de água;
2. Numere os balões volumétricos de 1 a 5 e distribua quantidades iguais da solu-
ção de fermento em cada um deles;
98
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
3. Em um sexto balão volumétrico, adicione apenas água (será o controle experi-
mental);
4. Coloque uma colher de sopa de açúcar em cada um dos balões volumétricos, ex-
ceto no de número 1;
5. Adapte uma bexiga em cada um dos balões volumétricos;
6. Deixe os balões volumétricos 1, 2, 3 e 6 à temperatura ambiente, coloque o balão
volumétrico de número 4 em banho de gelo e o de número 5, em um banho-
maria de temperatura entre 35 e 40o C.
• Analise os resultados:
99
BIOLOGIA GERAL
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g) Cite dois seres unicelulares que realizam fermentação e seus respectivos produtos fi-
nais.
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Título da 2ª indicação: Biologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. 964 p.
Curtis, H.
100
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Sinopse: Ambos os livros são referenciais para o início do estudo biológico, pois trazem
os conceitos principais não só a respeito da Biologia Celular como da Ciência Biológica como
um todo, de forma aprofundada e adequada aos estudantes do ensino superior.
101
BIOLOGIA GERAL
102
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
2
BLOCO
TEMÁTICO
A BIODIVERSIDADE E INTERPRETAÇÃO
DO MUNDO BIOLÓGICO
A BIODIVERSIDADE E INTERPRETAÇÃO
DO MUNDO BIOLÓGICO
2.1
TEMA 3.
OS MECANISMOS EVOLUTIVOS
2.1.1
CONTEÚDO 1.
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA
EVOLUÇÃO BIOLÓGICA’
Ainda que o mundo natural demonstre uma aparente estabilidade, a história da vida na
Terra se caracteriza por uma série de mudanças e adaptações. Tais modificações podem ser
observadas em diferentes escalas temporais. Numa curta escala do tempo podemos verificar,
por exemplo, alterações nas frequências de distintas características genéticas dentro de popu-
lações. Em escalas maiores de tempo (de milhares e milhões de anos) podemos perceber o
surgimento de novas espécies (fenômeno conhecido como especiação), mudanças extremas
105
BILOGIA GERAL
na aparência dos organismos e grandes episódios de extinção em massa, como é o caso do
registro fossilífero de invertebrados marinhos em camadas sedimentares que evidenciam e-
ventos periódicos de extinção. A vida como se apresenta atualmente constitui o produto de
todas as mudanças evolutivas registradas historicamente no nosso planeta, de modo que a
evolução dos organismos é considerada pelos biólogos contemporâneos como a pedra fun-
damental e a base unificadora de todo o conhecimento biológico. Vale destacar que a ideia de
que os organismos podem sofrer modificações com o tempo não é recente. Os primeiros filó-
sofos gregos já admitiam a possibilidade de novas formas de vida terem se originado a partir
de tipos pré-existentes. Eles reconheciam os fósseis como evidências de formas de vida preté-
ritas que foram devastadas por catástrofes naturais. Entretanto, apesar de todo o esforço inte-
lectual os gregos não definiram um conceito cientificamente testável de evolução biológica e o
tema foi desvalorizado antes do inicio do cristianismo.
Dentre os vários conceitos atribuídos recentemente, a evolução biológica pode ser defi-
nida como um conjunto de modificações adaptativas que ocorrem em populações em um am-
plo intervalo de tempo (escala do tempo geológico). Pequenas modificações apresentadas pe-
los seres vivos foram selecionadas e lentamente acumuladas através de inúmeras gerações
permitindo o desenvolvimento das espécies no meio. Com os conhecimentos modernos da
genética a biologia evolutiva foi dividida em dois ramos: microevolução e macroevolução. A
microevolução refere-se às mudanças evolutivas nas frequências gênicas dentro de popula-
ções. A macroevolução refere-se à evolução em uma escala maior, englobando a origem de
novas estruturas, tendências evolutivas, relações de parentesco entre espécies e grandes extin-
ções em massa. A macroevolução parece resultar do ajustamento contínuo das espécies a um
ambiente em mutação e da formação de novas espécies.
No período que antecedeu o século XVIII, as considerações sobre a origem das espécies
fundamentavam-se em teorias mitológicas e superstições, e não em fatos que pudesses ser
organizados em uma teoria científica testável. Os elementos figurativos da criação teorizavam
que o mundo vivo permaneceu constante desde sua concepção. Contudo, alguns pensadores
sugeriram que o padrão atual da natureza resultou de uma longa história de mudanças gradu-
ais frequentes e irreversíveis. O pensamento evolutivo era considerado rebelde e herético, con-
tudo, ainda assim havia algumas especulações a respeito.
106
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
2.1.2
CONTEÚDO 2.
LINHAS EVOLUTIVAS
LAMARCKISMO
LAMARCKISMO
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
107
BILOGIA GERAL
apenas o degrau mais alto que a marcha evolutiva havia alcançado (Fonte: A marcha da natu-
reza e seus descaminhos – Ciência Hoje Julho de 2009 pp. 71-73/Hickman et al, 2004).
HTTP://WWW.AREHN.ASSO.FR/CENTREDOC/LIVRES/LAMARCK_PHILOSOPHIE/ILL02.JPG
O princípio evolutivo proposto por Lamarck, que ficou conhecido como Lamarckismo
se baseava em duas leis fundamentais:
108
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
SEGUNDA LEI
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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BILOGIA GERAL
FONTE IMAGEM: WWW.BIOLOGIAFACIL.WORDPRESS.COM
Entre 1868 e 1876, o biologista alemão August Weismann (1834-1914), por meio de um
simples experimento, demonstrou que as hipóteses de Lamarck eram baseadas em postulados
vagas e insuficientes. Weismann cortou a cauda de várias gerações de camundongos e consta-
tou que nenhuma das gerações seguintes nascia sem as caudas, ou até mesmo com a cauda
mais curta. Ou seja, as características adquiridas por uma geração de seres vivos não eram
transmitidas para as gerações posteriores.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
ções e, as modificações evolutivas eram ocasionadas pela sobrevivência e reprodução diferen-
ciais entre organismos que apresentavam diferentes características hereditárias e não através
da transmissão dos caracteres herdados.
DARWINISMO
111
BILOGIA GERAL
FONTE IMAGEM: HTTP://REVISTAESCOLA.ABRIL.COM.BR/CIENCIAS/FUNDAMENTOS/EVOLUCAO-IDEIA-REVOLUCIONOU-SENTIDO-VIDA-
432110.SHTML
112
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Segundo a seleção natural, no interior de uma população (grupo de indivíduos da mes-
ma espécie que vive e se reproduz em uma determinada área geográfica e em um mesmo in-
tervalo de tempo) os indivíduos não são idênticos, mas possuem pequenas variações e diferem
em vários aspectos, sejam eles anatômicos, fisiológicos ou comportamentais. Assim, os indiví-
duos que se adaptam melhor a um ambiente, tendem a sobreviver deixando um número mai-
or de descendentes do que aqueles que não se adaptaram da mesma forma. Tais características
modificadas seriam transmitidas para as próximas gerações. Como as características adapta-
das também diferem de acordo com cada ambiente, com o passar do tempo, duas populações
da mesma espécie que ocupassem ambientes distintos sofreriam diferenciação dando origem a
espécies distintas, fenômeno conhecido como especiação.
HTTP://WWW.PORTALSAOFRANCISCO.COM.BR/ALFA/EVOLUCAO-DOS-SERES-VIVOS/EVOLUCAO-DOS-ORGANISMOS.PHP
Agora vamos utilizar aquele mesmo exemplo didático do pescoço das girafas, mas ago-
ra sobre a perspectiva darwinista:
• A seta vermelha indica a ideia de tempo, do pretérito ao atual;
• Aplicando a visão darwinista, no passado os indivíduos de uma população de girafas
possuíam pescoço com tamanhos diferenciados, uns seriam mais longos e outros mais cur-
tos;
• Na busca pelo alimento eram favorecidos os indivíduos que apresentavam os pesco-
ços mais longos, uma vez que obteriam alimento com maior facilidade. Já os indivíduos
com pescoços mais curtos, pelo difícil acesso ao alimento, acabariam morrendo e deixari-
am um número cada vez menor de descendentes até deixarem de existir;
• Isso explicaria o fato das nossas formas atuais apresentarem pescoços mais longos e
não curtos.
113
BILOGIA GERAL
A VIAGEM DE DESCOBERTAS DE CHARLES DARWIN A
BORDO DO H.M.S. BEAGLE
A VIAGEM DE DESCOBERTAS...
FONTE IMAGEM: WWW.CIENCIAHOJE.UOL.COM.BR
Em 1831, já com 22 anos e recém-graduado, Darwin foi indicado por John Henslow pa-
ra acompanhar o Capitão Robert FiztRoy, da Marinha Real Inglesa, como naturalista bordo
do navio de pesquisas H.M.S. Beagle para uma expedição de reconhecimento ao redor do
mundo, desde a América do Sul até a região do Pacífico. Esta experiência proporcionou a
Darwin um intenso contato com o mundo natural. Suas notas originais sobre organismos en-
contrados no Arquipélago de Galápagos, como tartarugas gigantes, iguanas marinhas e aves
conhecidas como tentilhões foram fundamentais para instigar o seu pensamento evolutivo e
conduzi-lo a elaboração de sua grande teoria. A viagem durou 5 anos, entre dezembro de 1831
e outubro de 1836 e, neste período o Beagle atracou em portos ao longo da costa da América
do Sul e regiões adjacentes. Sempre que possível, nestas circunstâncias, Darwin coletava e ob-
servava exaustivamente uma grande variedade de espécimes de animais e vegetais, além de
explorar os depósitos fossilíferos. Um fato que o impressionou bastante foi a constante mu-
dança da diversidade de organismos que encontrava em cada local. Após a saída na Inglaterra,
114
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
a primeira parada do Beagle foi Cabo Verde. A seguir rumaram para a América do Sul, che-
gando a Fernando de Noronha em fevereiro de 1832 e aportando pouco depois em Salvador,
na Bahia. Em Salvador Darwin estudou a diversidade local e ilustrou em suas anotações ca-
racterísticas detalhadas da fauna e flora encontradas. A expedição seguiu pela costa brasileira e
aportou no Rio de Janeiro em abril do mesmo ano. No Rio de Janeiro, Darwin coletou espé-
cies de insetos e efetuou medições topográficas da costa. Era a primeira vez que o naturalista
se deparava com uma grande floresta tropical intacta. Na Argentina, visitaram a cidade da
província de Buenos Aires, Bahia Branca, a Patagônia e a Terra do Fogo. Na Argentina Dar-
win ficou intrigado ao encontrar uma espécie de ema que lhe pareceu semelhante ao avestruz
do distante continente africano.
Em Ponta Alta, na Bahia Branca, Darwin também encontrou um sítio arqueológico ri-
quíssimo. Ele localizou fósseis gigantes de uma preguiça e um tatu (animais extintos), sendo
que no mesmo local havia espécies vivas semelhantes aos fósseis. Este descoberta proporcio-
nou a Darwin uma reflexão sobre o motivo da extinção destes organismos.
115
BILOGIA GERAL
FÓSSIL DE PREGUIÇA GIGANTE EM EXPOSIÇÃO PALEONTOLÓGICA E ILUS-
TRAÇÃO DE PREGUIÇA E TATU GIGANTES CUJOS FÓSSEIS FORAM ENCONTRADOS
POR DARWIN NA ARGENTINA
FONTE IMAGEM 92: HTTP://POLEGAROPOSITOR.COM.BR/?TAG=ECOLOGIA
HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/_VRPY3EU_KFK/R-01PKE2QUI/AAAAAAAABUC/QJY6YXT-VFC/S320/SLIKA13.JPG
Na região andina, Darwin explorou a cordilheira dos Andes, onde encontrou fósseis de
conchas marinhas aprisionadas em rochas de 4.000 metros de altitude. Com base neste acha-
do, ele propôs posteriormente que o local havia sido em alguma época ocupado pelo mar. Em
um ponto próximo, numa fenda entre as montanhas Darwin encontrou uma floresta fóssil
petrificada. Ele verificou que as aves da costa oriental eram bastante diferentes da costa oci-
dental e, à medida que se deslocavam, uma espécie dava lugar a outra. Darwin notou também
que as espécies observadas na América do Sul eram distintas daquelas identificadas na Europa.
Do Chile a expedição partiu para um pequeno grupo de ilhas vulcânicas situado sobre a linha
do Equador, localizado 1.000 km a oeste da costa do Equador. O Beagle aportou no Arquipé-
lago de Galápagos em setembro de 1835, permanecendo nas ilhas por cinco semanas. Durante
esta visita Darwin iniciou a formulação de suas ideias evolucionistas analisando a biota local.
Darwin notou que a maioria dos animais e plantas de Galápagos não era encontrada em ne-
nhum outro lugar do mundo. Ele pode observar que cada ilha possuía usualmente uma espé-
cie relacionada às formas encontradas em outras ilhas. Adicionalmente percebeu que estes
organismos eram semelhantes àqueles existentes na porção continental da América do Sul,
mas que diferiam em alguns aspectos. Há teorias que postulam que a biota de Galápagos se
originou no continente sul-americano e posteriormente sofreu modificações sob condições
ambientais diferenciadas em cada uma das ilhas. Mas que fatores ou mecanismos seriam res-
ponsáveis por tal diferenciação? Após Galápagos, o Beagle partiu para o Taiti, Nova Zelândia,
Austrália, Ilhas Coco e retornou a Brasil. Por fim voltaram para a Inglaterra em 2 de outubro
de 1836.
116
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
BEAGLE - EMBARCAÇÃO INGLESA ONDE O JOVEM DARWIN FEZ A SUA GRANDE VIAGEM DE DESCOBERTAS NAVEGANDO AO SUL DA
AMÉRICA DO SUL, EM 1883. TELA PINTADA POR CONRAD MARTENS, UM DOS ARTISTAS OFICIAIS DA VIAGEM.
ROTA INDICANDO A CHEGADA DA EXPEDIÇÃO DO BEAGLE ÀS ILHAS GALÁPAGOS, ARQUIPÉLAGO VULCÂNICO SITUADO A CERCA DE 1.000
KM DA COSTA DO EQUADOR
Tartarugas gigantes de Galápagos da espécie testudo sp. o nome Galápagos foi dado in-
clusive pelas grandes tartarugas (Galápagos em espanhol) que habitam as ilhas e chegam a
pesar mais de 100 quilos. atualmente as tartarugas gigantes são encontradas em apenas uma
das ilhas do arquipélago. elas já foram presentes em grande número, até que foram pratica-
mente exterminadas pelo homem. no período em que eram abundantes, cada ilha possuía
uma espécie diferente de tartaruga e curiosamente os pescadores que as frequentavam sabiam
apontar a que ilha pertencia qualquer uma das variedades. por muito tempo as tartarugas fo-
117
BILOGIA GERAL
ram utilizadas como alimento por bucaneiros, baleeiros, caçadores de foca e tripulantes de
navios ingleses e americanos de guerra. Capazes de sobreviver um ano sem água e alimento, as
lentas e virtualmente indefesas tartarugas eram armazenadas para fornecer carne fresca. no
período que Darwin esteve em Galápagos as tartarugas já haviam sido intensamente explora-
das. As formas que permaneceram vivas, sobretudo aquelas encontradas em ilhas áridas, se
deslocam regularmente para as terras altas em busca de água e alimento. Os caminhos batidos
por incontáveis gerações de tartarugas ainda são utilizados pelo ser humano para encontrar
fonte de água. já foram propostas medidas de proteção para as tartarugas contra a predação
humana, mas elas permanecem ameaçadas por outros mamíferos introduzidos nas ilhas, seja
por competição, por alimento ou predação de seus ovos e filhotes
FONTE IMAGENS: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE IMAGENS: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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BILOGIA GERAL
Os resultados imediatos da viagem do Beagle foram publicados no livro A Viagem do
Beagle (1838), baseado nos diários de Fitzroy e Darwin e nos artigos sobre a geologia da Amé-
rica do Sul, elaborados a partir das observações de Darwin e dos trabalhos de Charles Lyell.
Já de volta à Inglaterra, Darwin leu o trabalho do clérigo e economista britânico Thomas
R. Malthus (1766-1834), intitulado Ensaios Sobre o Princípio da População de 1838. Malthus
calculava que a população humana estava aumentando de modo tão acelerado que logo supe-
raria os recursos da produção de alimentos e espaço disponível. O crescimento descontrolado
conduziria fatalmente à fome.
THOMAS MALTHUS
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
O lançamento de A Origem das Espécies e a Seleção Natural em 1859 foi impulsionado
após Darwin receber um manuscrito em 1857 do naturalista inglês Alfred Russel Wallace
(1823-1913), um naturalista inglês que estava estudando a biota do arquipélago malaio, com
qual ele trocava correspondências. Neste ensaio Wallace resumia os principais pontos da teo-
ria da seleção natural na qual Darwin já vinha trabalhando há duas décadas após a longa via-
gem no Beagle. Inicialmente Darwin ficou atônito e desanimado, acreditando que Wallace
havia antecipado suas conclusões. Ele estava inclusive disposto a abdicar de suas ideias. Toda-
via dois dos seus amigos, que também tiveram um papel relevante na construção da história
da ciência, o geólogo Charles Lyell e o botânico Hooker, o convenceram a divulgar suas ideias
em um trabalho conjunto com Wallace. Em 1858, foi apresentado a Sociedade Lineana de
Londres um trabalho sobre a variação das espécies e a seleção natural. Posteriormente este
mesmo trabalho foi publicado como artigo no periódico da instituição (Journal of the Linnean
Society). No início de julho de 1858 o artigo foi lido para uma plateia indiferente e, inicial-
mente não causou um impacto muito grande. No ano seguinte Darwin reuniu resumidamente
as suas informações e as publicou em A Origem das Espécies e a Seleção Natural. Inacredita-
velmente as primeiras 1.250 cópias foram vendidas no dia do lançamento causando de ime-
diato alvoroço e muitas reações negativas. Após o lançamento de A Origem das Espécies Dar-
win produziu nos próximos 23 anos outros livros, vindo a falecer em 19 de abril de 1882.
Darwin foi enterrado na Abadia de Westminster, em Londres, próximo a outros nomes de
destaque da ciência como o célebre físico Isaac Newton.
121
BILOGIA GERAL
ALFRED RUSSEL WALLACE E CHARLES ROBERT DARWIN. DARWIN JÁ HAVIA
INICIADO A REDAÇÃO DOS RESULTADOS DE SUAS PESQUISAS QUANDO RECEBEU
A CARTA DE WALLACE SOLICITANDO SUA OPINIÃO SOBRE UM ESTUDO DAS DI-
FERENÇAS ENTRE ESPÉCIES NO ARQUIPÉLAGO MALAIO, ATUAL INDONÉSIA.
COMO WALLACE HAVIA CHEGADO ÀS MESMAS CONCLUSÕES DE DARWIN, ESTE
CONCLUIU QUE NÃO PODERIA ADIAR MAIS A DISCUSSÃO PÚBLICA DE SUAS
IDEIAS E, EM 1858, LANÇOU A ORIGEM DAS ESPÉCIES. É IMPORTANTE DESTACAR
QUE DARWIN JÁ VINHA TRABALHANDO SOBRE A SELEÇÃO NATURAL HÁ MAIS
DE DUAS DÉCADAS, DESDE QUE RETORNOU DE SUA VIAGEM NO NAVIO BEAGLE.
FONTE IMAGEM 109: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
ESTÚDIO DE TRABALHO DE DARWIN NA DOWN HOUSE, ONDE ELE
ESCREVEU A SUA OBRA REVOLUCIONÁRIA, A ORIGEM DAS ESPÉCIES (1859).
SOBRE AS MESAS ESTÃO CANETAS E BLOCOS DE NOTAS ORIGINAIS USADOS POR
DARWIN, ALÉM DE UMA GRANDE VARIEDADE DE AMOSTRAS DE ROCHAS E
PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS
FONTE IMAGENS: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
Não há dúvidas de que Charles Lyell (1797-1875), geólogo inglês, foi uma das pessoas
que mais influenciou Charles Darwin na elaboração de sua teoria evolutiva. Amigo pessoal e
dez anos mais velho que Darwin, Lyell publicou Princípios de Geologia (1830-1833), obra
formada por três volumes em que estabeleceu a ideia de. De modo geral, de acordo o Unifor-
mitarianismo, formações geológicas ou paisagens presentes na crosta terrestres são produtos
de processos naturais lentos, usuais e cumulativos que continuam ocorrendo atualmente (co-
mo processos de erosão, sedimentação e atividade vulcânica) e, não de um passado catastrófi-
co ou eventos sobrenaturais. Estas forças naturais não seriam perceptíveis na escala da vida
humana e já atuavam há bastante tempo. O Uniformitarianismo englobava dois princípios
fundamentais: (1) As leis estabelecidas pela física e química continuaram as mesmas ao longo
da história da Terra e, (2) os fenômenos geológicos pretéritos ocorreram de forma semelhante
aos que são observados nos dias atuais. As pesquisas de Lyell, como a observação de material
fóssil contido em rochas, conduziram a conclusão de que a idade da Terra deveria ser estima-
da em milhões de anos.
123
BILOGIA GERAL
Darwin levou em sua bagagem e leu avidamente o primeiro volume da grande obra de
Lyell, enquanto que segundo volume foi encaminhado ao Beagle durante a expedição. Apesar
de Lyell não relacionar os seus argumentos a implicações biológicas, para Darwin estas decor-
rências eram evidentes. Uma vez que a Terra possuía uma história extensa e contínua, tal fato
deveria ocorrer de modo similar para os organismos. A obra de Lyell de certa forma comple-
mentou e forneceu sustentação teórica e fatual à teoria de Darwin.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
COMO ILUSTRADO NA IMAGEM, PARALELAMENTE À EVOLUÇÃO BIOLÓGI-
CA, OCORREU A EVOLUÇÃO NO PERFIL GEOLÓGICO DO PLANETA
FONTE IMAGEM: BIO - VOL. 3, SÔNIA LOPES, 3ª EDIÇÃO, ED. SARAIVA
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BILOGIA GERAL
material genético confirmam a teoria de que a história da vida tem a estrutura de uma árvore
evolutiva ramificada conhecida como filogenia. As espécies que compartilham um ancestral
comum há um tempo recente apresentam mais características semelhantes ou afinidades do
que as espécies que apresentam uma ancestralidade comum mais antiga. A filogenia é utiliza-
da como base complementar para o nosso sistema classificação dos animais.
C) Multiplicação de espécies: A terceira teoria de Darwin estabelece que o processo e-
volutivo produz espécies pela fragmentação e transformação das espécies mais antigas. Os
evolucionistas acreditam que em geral a fragmentação e a transformação de linhagens condu-
zem a formação espécies novas, fenômeno conhecido como especiação.
D) Gradualismo: O gradualismo sugere que as diferenças em estruturas anatômicas que
caracterizam espécies distintas originaram-se através da acumulação de inúmeras pequenas
mudanças incrementais por longos períodos de tempo (milhares e milhões de anos). Uma
maneira simples de enunciar a teoria do gradualismo de Darwin é afirmar que o acúmulo de
mudanças quantitativas conduz a mudanças qualitativas.
E) Seleção natural: A seleção natural – teoria mais famosa de Darwin – é a peça central
da teoria da evolução. Ela oferece uma explicação natural para a origem da adaptação, inclu-
indo as características comportamentais, fisiológicas e anatômicas que potencializam a capa-
cidade de um organismo de explorar os recursos ambientais disponíveis para sua sobrevivên-
cia e reprodução. A seleção natural apoia-se genericamente em três proposições:
→ Primeira (Principio da Variação): Existem pequenas variações entre os membros de
uma mesma população biológica, ou seja, no interior de uma população não ocorrem indiví-
duos exatamente iguais. Podem ser observadas variações em caracteres anatômicos, compor-
tamentais e/ou fisiológicos.
→ Segunda (Principio da Hereditariedade): A variação é pelo menos parcialmente her-
dada e assim a prole tende a ser semelhante aos pais.
→ Terceira (Principio da Seleção Natural): Organismos com formas variantes distintas
deixam proles diferenciadas. As variedades que permitem aos seus possuidores explorar mais
efetivamente seus ambientes (obter mais alimentos, fuga de predadores, resistência a parasitas
etc.) preferencialmente sobreviverão e seus caracteres serão transmitidos às futuras gerações.
Novos caracteres favoráveis serão distribuídos pela população após um grande número de
gerações.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Este fato pode ser verificado, por exemplo, com determinadas espécies em cativeiros, em
que ao garantir condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento, se percebe uma ca-
pacidade reprodutiva elevada;
(2) O tamanho das populações naturais, a despeito de seu potencial de crescimento, se
mantém relativamente constante ao longo do tempo, sendo limitado pelo ambiente (dis-
ponibilidade de alimento e locais de procriação, predadores naturais, parasitas etc.);
(3) Os indivíduos de uma mesma população diferem quanto às diversas características,
inclusive aquelas que influem na capacidade de explorar o ambiente com êxito. Os indiví-
duos que sobrevivem e se reproduzem, a cada geração, são preferencialmente os que apre-
sentam características relacionadas à melhor adaptação às condições ambientais;
(4) Grande parte das características apresentadas por uma geração é herdada pelos
descendentes. Uma vez que em cada geração os mais aptos sobrevivem, estes, por sua vez,
tendem a transmitir aos seus descendentes as características relacionadas à maior aptidão
para sobreviver, isto é, para se adaptar. Em outras palavras, a seleção natural favorece, ao
longo de gerações sucessivas, a permanência e o aprimoramento de características relacio-
nadas a adaptação
NEODARWINISMO
127
BILOGIA GERAL
de suas pesquisas, na época o trabalho passou despercebido e sua importância só seria reco-
nhecida 35 anos depois.
Posteriormente no século XX, em meados da década de 30, a teoria de Darwin foi reava-
liada pelos geneticistas sob uma nova perspectiva e gradualmente emergiu em uma teoria mais
abrangente que reuniu em uma estrutura neodarwiniana análises sobre a genética de popula-
ções, estudos paleontológicos, biogeográficos, embriológicos, taxonômicos e de comporta-
mento animal. Os estudos destas áreas ao longo do século XX produziram evidências cada vez
mais claras do processo evolutivo proposto por Darwin. Em 1953, o biólogo britânico Francis
Crick e o bioquímico norte-americano James D. Watson, elucidaram a estrutura do DNA,
dando suporte para revelar o processo pelas quais as informações genéticas são transmitidas
através das gerações. Desde então, com o avanço de áreas especializadas da biologia como a
genômica, o conhecimento acumulado é imensamente maior ao que Charles Darwin possuía
na época da publicação de A Origem das Espécies. Por este motivo é normal que algumas de
suas ideias sejam revistas. A da árvore da vida, por exemplo, pode se tornar uma teia.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
JAMES WATSON E FRANCIS CRICK, DESCOBRIDORES DA ESTRUTURA DO
DNA, COM O MODELO MOLECULAR DO ÁCIDO NUCLÉICO EM 1953. TAL
TRABALHO POSSIBILITOU O ESTUDO DA EVOLUCÃO SOB A PERSPECTIVA DA
GENÉTICA E BIOLOGIA MOLECULAR
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
129
BILOGIA GERAL
entre as partes modificadas. Se não houvesse um modo de reunir as mutações e recombina-
ções de diferentes indivíduos, certamente os processos evolutivos seriam extremamente len-
tos.
A seleção natural elimina as mutações deletérias e preserva as combinações disponíveis
que estão mais bem adaptadas ao ambiente. A maioria das mutações é deletéria, mas a seleção
é efetiva em eliminar as mutações mais destrutivas e preservar as benéficas. Consequentemen-
te o efeito resultante é positivo, ocasionando a produção de novos genes e adaptações. Entre os
seres humanos as doenças infecciosas podem atuar como importantes agentes seletivos. Os
indivíduos infectados pelo vírus HIV (causador da síndrome da imunodeficiência adquirida –
AIDS), por exemplo, exibem diferenças na progressão da doença que podem ser atribuídas,
em parte, a variações genéticas existentes entre eles. Nos locais onde a doença está muito dis-
seminada os indivíduos com variantes genéticas que conferem maior resistência ao vírus HIV
têm maiores chances de sobrevivência. Em estudo recentemente publicado, considerando a
entrada recente do HIV em populações humanas (aproximadamente no final da década de 20)
é bastante provável que, considerando o processo de evolução e adaptação dos organismos,
haja uma tendência a longo prazo de uma relação mais equilibrada entre o HIV e seu "novo"
hospedeiro, no caso o homem, sem causar tanto dano à espécie humana como vemos na atua-
lidade. Entretanto, o tempo no processo evolutivo não corresponde à escala de tempo das ge-
rações humanas e, possivelmente, não teremos oportunidade de assistir ao processo de coevo-
lução vírus-hospedeiro. Será importante, no entanto, investir em estudos que possam avaliar
esta questão e apontar para uma relação menos danosa entre o vírus HIV e seus novos hospe-
deiros humanos, mesmo que seja em futuro distante (Fonte: FIOCRUZ).
2.1.3
CONTEÚDO 3.
A BIOLOGIA EVOLUTIVA E A CONSTRUÇÃO DE UMA VISÃO DE MUNDO
130
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Estudiosos da área afirmam que o evolucionismo moderno não só explica a diversidade
da vida como proporciona uma excelente oportunidade para análises e reflexões que desen-
volvem o espírito crítico daqueles que a estudam. Por essas razões o ensino dessa disciplina
contribui para formar uma cidadania informada, capaz de conduzir a tomada de decisões
ponderadas e de se adaptar a mudanças. Nesse contexto é extremamente oportuno proporcio-
nar reflexões sobre o modo pelo qual o tema está sendo repassado para as gerações futuras de
forma que a qualidade do ensino de ciências e biologia não seja comprometida irremediavel-
mente. Vale destacar ainda que o conhecimento da história evolutiva da vida e das teorias que
a explicam é um elemento importante da cultura científica de qualquer indivíduo. Sendo a
escola o principal local de aquisição de conhecimento científico para a maioria das pessoas, o
tema evolucionismo deve estar contemplado nos programas de ciências de forma mais com-
pleta e adequada. Carneiro (2004) destaca que o processo de evolução biológica, por tratar do
processo que originou todas as espécies, permitiu que diversas áreas como a genética, a botâ-
nica, a zoologia, a embriologia e a fisiologia, se unificassem compondo o que hoje conhecemos
como biologia. Este fato já constitui, na opinião de alguns pesquisadores, a justificativa sufici-
ente para que o ensino da Biologia tenha como princípio organizador a evolução biológica.
Ainda segundo Carneiro (2004) em todo o campo das ciências biológicas, o ponto de vista
evolutivo fornece um arcabouço útil, muitas vezes indispensável, para organizar, explanar
observações e efetuar previsões a curto e longo prazo.
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BILOGIA GERAL
(FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
AS CHARGES E CARICATURAS DA ÉPOCA (1860-1880) RIDICULARIZAVAM E
SATIRIZAVAM AS IDEIAS DE DARWIN QUE TEVE UMA ACEITAÇÃO LIMITADA
PELO PÚBLICO DURANTE O PERÍODO QUE DARWIN VIVEU. AS PROPOSIÇÕES DE
DARWIN SOBRE A ORIGEM DO HOMEM PERMANECERAM INICIALMENTE IMPLÍ-
CITAS A ORIGEM DAS ESPÉCIES (1859), ANTES DE SEREM ABORDADAS
INTEGRALMENTE 10 ANOS DEPOIS EM A DESCENDÊNCIA DO HOMEM E A SELE-
ÇÃO EM RELAÇÃO AO SEXO (1871). NESTA SEGUNDA OBRA DARWIN RELACIONA
A LINHAGEM HUMANA A ANCESTRAIS PRIMATAS, GERANDO REVOLTA EM
ALGUNS GRUPOS
FONTE IMAGEM 126: HTTP://COMMONS.WIKIMEDIA.ORG/WIKI/FILE:CARICATURA_DE_DARWIN.JPG) (FONTE IMAGENS 127 E 128:
WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM) (FONTE IMAGEM 129: WWW.CORBIS.COM
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BILOGIA GERAL
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
MAPA CONCEITUAL
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BILOGIA GERAL
ESTUDO DE CASO
VÍRUS DA GRIPE, PANDEMIAS E O ENSINO DA BIOLOGIA EVOLUTIVA
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
2. Além de promover a discussão da biologia evolutiva, outras doenças virais como
a AIDS, malária, dengue e hepatite, podem promover uma série de debates en-
volvendo aspectos sociais, históricos, de saúde pública, interesses da indústria
farmacêutica, prevenção, combate, entre outros. Neste sentido, que ações educa-
tivas derivadas destes debates poderiam ser desenvolvidas no âmbito escolar e
até mesmo estendidas para a comunidade?
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
QUESTÃO 01
Para explicar a diminuição dos membros de lagartos atuais em um estudo hipotético, foi
sugerida a seguinte teoria evolutiva: Os membros maiores presentes nos lagartos ancestrais,
137
BILOGIA GERAL
dificultavam a locomoção em possíveis substratos como areia e, gradualmente, sofreram atro-
fiamento. As alterações responsáveis pela atrofia foram transmitidas aos descendentes ao lon-
go de gerações sucessivas. É possível afirma que tal hipótese seria compatível com a teoria evo-
lutiva proposta por:
a) Gregor Mendel
b) Charles Darwin
b) Carolus Linnaeus
c) August Weissman
e) Jean Baptiste Lamarck
QUESTÃO 02
Cepaea nemoralis é uma espécie de caracol terrestre que pode apresentar uma ampla va-
riedade de padrões de coloração da concha, desde tons mais claros até mais escurecidos. Esse
caracol é predado por uma ave que o localiza através da visão. Em uma área habitada por esta
espécie de molusco, houve um acréscimo da cobertura vegetal e, levantamentos efetuados em
distintos períodos do ano apontaram que o número de caracóis com concha escura aumentou
gradativamente. Utilizando os seus conhecimentos adquiridos sobre evolução biológica, ex-
plique porque os caracóis com concha escura passaram a predominar nesta localidade, segun-
do as ideias:
QUESTÃO 03
Certa população de abelhas foi registrada, apenas, em uma área remanescente de Mata
Atlântica localizada no extremo sul da Bahia. Estudando esta população, um grupo de pesqui-
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
sadores verificou que 90% dos indivíduos da espécie apresentavam a região abdominal de co-
loração amarelada e 10% possuíam abdome preto. Outro padrão observado foi que todas as
abelhas polinizavam flores amarelas, fato que fez com que os pesquisadores deduzissem que as
abelhas de abdome amarelo poderiam se camuflar melhor entre as flores e, deste modo, sobre-
viver, reproduzir e deixar descendentes com maior êxito do que as demais espécies com ab-
dome preto. O texto acima exemplifica o processo evolutivo conhecido como:
a) Mutação
b) Seleção natural
c) Dispersão geográfica
d) Invariabilidade genética
e) Recombinação aleatória
QUESTÃO 04
Analise o questionamento a seguir com base nas teorias de Charles Darwin e na charge
ao lado publicada por caricaturista da época, após o lançamento do livro A Origem das Espé-
cies e a Seleção Natural em 1859 (Fonte imagem:
http://www.educacional.com.br/imagens/reportagens/Darwin/imagem_01.jpg). Em 1860 a
sociedade e o público em geral tiveram uma aceitação limitada às propostas de Darwin, pois
implicitamente as mesmas sugeriam que:
QUESTÃO 05
A bactéria Staphylococcus aureus (Imagem ao lado. Fonte
imagem: www.sciencephotolibrary.com), encontrada comu-
mente na pele e mucosa de humanos e outros animais, é respon-
sável por grande parte de óbitos decorrentes de infecções em
ambiente hospitalar Tem sido observado que estas bactérias
desenvolvem resistência após utilização contínua de determina-
dos antibióticos. Possivelmente tal resistência está relacionada a
139
BILOGIA GERAL
fatores como o uso indiscriminado e doses inadequadas de medicamentos, interrupção pre-
matura do tratamento de infecções, além do próprio processo de seleção natural. Quanto à
seleção natural, é possível inferir que a resistência bacteriana ocorre devido a (o):
a) Seleção de membros das populações de bactérias mais aptas para sobrevivência e re-
produção mesmo quando expostos a antibióticos.
b) Crescimento explosivo da população de formas menos adaptadas e que provavelmen-
te serão eliminadas mais rapidamente do ambiente.
c) Seleção de indivíduos com características menos adaptadas as condições adversas do
ambiente em relação a outros indivíduos da mesma população
d) Descarte de indivíduos mais adaptados a condições adversas do ambiente que tendem
a sobreviver e gerar uma prole mais numerosa nas gerações seguintes.
CONSTRUINDO CONHECIMENTO
Uma análise do ponto de vista evolucionista pode ser aplicada a um grande número de
males. Soluços, por exemplo, que variam de um aborrecimento passageiro a uma doença que
pode durar meses, ou, em raríssimos casos anos. O soluço é provocado por um espasmo de
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
músculos na garganta e no peito. O som característico é produzido quando inspiramos ar re-
pentinamente enquanto a epiglote, uma aba de tecido macio localizado no fundo da garganta,
se fecha. Todos esses movimentos são involuntários, soluçamos sem nem pensar no assunto.
Muitos são os motivos para os soluços: comer muito rápido, ou em excesso, ou até doenças
mais graves como tumores no peito.
Os soluços revelam pelo menos duas camadas da nossa história: uma parte comparti-
lhada com os peixes e a outra com os anfíbios, de acordo com uma teoria bem fundamentada.
Herdamos dos peixes os nervos principais usados na respiração. Um desses conjuntos, de ner-
vos, chamado nervo frênico, estende-se da base do crânio ao tórax e ao diafragma. Esse cami-
nho sinuoso cria alguns problemas, qualquer coisa que interrompa o trajeto desses nervos
pode interferir na respiração. Uma simples irritação pode deflagrar os soluços. Um projeto
arquitetônico mais racional do corpo humano teria colocado o início dos nervos frênicos em
local mais próximo do diafragma e não do pescoço.
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BILOGIA GERAL
mões e brânquias para a respiração. Quando usam a respiração branquial eles enfrentam um
grande problema – precisam bombear água para a boca e garganta e depois para as brânquias,
mas essa água não pode entrar nos pulmões. Como conseguem isso? Enquanto inspiram, eles
fecham a glote, impedindo que a água desça pelas vias respiratórias. Pode-se dizer que eles
respiram com as brânquias usando uma forma estendida de soluço. Remexendo em nossa
história antiga, vemos que uma boa parte dela se deu em oceanos, córregos e savanas, e não
em escritórios, praias e campos de futebol. Esse incrível descompasso entre o passado e o pre-
sente significa que o nosso corpo desaba de maneira previsível. Os ossos principais do joelho,
das costas e dos pulsos dos seres humanos apareceram em criaturas aquáticas há centenas de
milhares de anos. Como podemos nos surpreender quando rompemos a cartilagem dos joe-
lhos e desenvolvemos dores nas costas se andamos em duas pernas? Ou quando adquirimos a
síndrome do túnel do carpo porque digitamos, bordamos ou escrevemos? Nossos antepassa-
dos não faziam nada disso.
BIOEXECUTANDO
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
litaram maiores chances de sobrevivência no meio ambiente. A essas transformações, selecio-
nadas pelo meio e ocasionadas por mutações, denominamos adaptações. As adaptações dos
seres vivos podem estar relacionadas à defesa, à reprodução, à locomoção, a condições clima-
tológicas desfavoráveis, à alimentação etc. Com o experimento a seguir, você irá conhecer al-
gumas dessas adaptações.
• PAINEL 1 – DEFESA: Este painel deverá conter ilustrações de quatro grupos de orga-
nismos que apresentem as seguintes adaptações:
Grupo A: Camuflagem ou mimetismo
Grupo B: Espinho
Grupo C: Veneno
Grupo D: Aumento de tamanho (ato de inflar)
Obs.: Os organismos de cada grupo devem possuir em comum a mesma adaptação indi-
cada (neste caso as adaptações camuflagem, presença de espinho, veneno e o aumento de ta-
manho).
143
BILOGIA GERAL
• PAINEL 4 – AMBIENTE ANIMAL: Este painel deverá conter ilustrações de cinco
grupos de animais que apresentem adaptações para se locomover nos seguintes ambientes:
Grupo A: Aquático
Grupo B: Terrestre/Aquático
Grupo C: Terrestre
Grupo D: Terrestre/Arbóreo
Grupo E: Terrestre/Arbóreo/Aéreo
• PAINEL 5 – AMBIENTE VEGETAL: Este painel deverá conter ilustrações de três gru-
pos de vegetais adaptados aos seguintes ambientes:
Obs.: As fotos do painel deverão estar presentes vegetais com: sementes aladas, sementes
leguminosas e, especificamente sementes de mamão e melancia.
PROCEDIMENTOS
• A classe deverá ser dividida em 5 grupos;
• Cada grupo receberá um painel;
• O grupo terá o tempo de 10 minutos para analisar o painel;
• Efetuada a análise, os alunos deverão responder as perguntas referentes aquele painel;
• Em seguida, os grupos deverão trocar entre si os respectivos painéis, de forma que ca-
da grupo analisará os 5 tipos de painéis existentes. Para facilitar a troca de painéis, o grupo 1
deverá entregar o painel para o grupo 2; o 2 para o 3 e assim até o grupo 5, que entregará o
painel para o grupo 1.
• Após responder os questionamentos de todos os painéis, o professor poderá organizar
um debate com a classe em que serão discutidos os resultados observados.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
QUESTIONAMENTOS POR PAINEL:
145
BILOGIA GERAL
• PAINEL 3 – REPRODUÇÃO: Os seres vivos apresentam diferentes tipos de adapta-
ções que lhes garantem reprodução e perpetuação. Observando atentamente as fotos do pai-
nel, correlacione a coluna da esquerda com a de direita:
3. Alguns animais apresentam fecundação interna e outros externa. Dentre estes animais
do painel, apenas um apresenta fecundação externa. Que animal é este?
___________________________________________________________________
Resposta para conferência durante atividade: sapo
146
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Resposta para conferência durante atividade:
(Grupo D) Terrestre/Arbóreo
(Grupo C) Terrestre
(Grupo A) Aquático
(Grupo E) Terrestre/Arbóreo/Aéreo
(Grupo B) Terrestre/Aquático
1) Observando as plantas deste painel, responda a que ambiente cada grupo pertence.
Grupo A: ____________________________________________________________
Resposta para conferência durante atividade: ambiente seco
Grupo B: ____________________________________________________________
Resposta para conferência durante atividade: ambiente úmido
Grupo C: ____________________________________________________________
Resposta para conferência durante atividade: ambiente aquático
2. Na natureza, a dispersão de sementes ocorre de várias maneiras, possibilitando assim
a perpetuação de cada espécie. Por outro lado, muitas espécies vegetais perderam a necessida-
de da dispersão natural de suas sementes por causa da ação do homem, que passou a cultivá-
las realizando desta forma a propagação das mesmas. Observando as fotos do painel, re-
sponda:
147
BILOGIA GERAL
Resposta para conferência durante atividade: sementes de leguminosas
PALAVRAS CRUZADAS
148
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
Sugestão de livro paradidático:
149
BILOGIA GERAL
2.2
TEMA 4.
EVIDÊNCIAS E ARGUMENTOS DA EVOLUÇÃO
2.2.1
CONTEÚDO 1.
EVIDÊNCIAS E ARGUMENTOS DA EVOLUÇÃO
A partir da segunda metade do século XIX, a ideia da evolução biológica passou a ser
amplamente aceita no meio científico, dentre algumas evidências que reforçam esta teoria
podemos considerar as seguintes:
REGISTRO FOSSILÍFERO
REGISTRO FOSSILÍFERO
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
Os fósseis são restos orgânicos ou vestígios de seres vivos que viveram no passado geo-
lógico. São considerados fósseis restos esqueléticos de vertebrados e invertebrados (ossos, den-
tes, conchas, carapaças), icnofósseis (pegadas, marcas de repouso, excrementos, ovos e ni-
nhos) ou até mesmo organismos preservados completamente (insetos no âmbar e mamutes
preservados em baixas temperaturas). O registro fóssil nos permite comparar os organismos
que viveram no passado com as formas atuais e visualizar as mudanças evolutivas através de
amplas escalas temporais, nos dando uma ideia de quanto e como os organismos se modifica-
ram ao longo de milhares de anos. Os fósseis são depositados em camadas sedimentares estra-
tificadas, com novos depósitos formando-se sobre os mais antigos. Caso não sejam perturba-
dos, o que raramente acontece, uma sequência sedimentar se mantém preservada, com a idade
dos fósseis sendo diretamente proporcional à sua profundidade nas camadas estratificadas. A
evolução dos equídeos (cavalos) através do tempo geológico com mudanças direcionadas em
características marcantes é uma das tendências evolutivas mais bem analisadas a partir de a-
150
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
chados fósseis de um grupo de organismos. O registro fóssil indica uma mudança real não
apenas em características morfológicas nos cavalos (aumento do tamanho do corpo, expansão
da superfície de mastigação dos dentes e redução do número de dedos), mas também no nú-
mero de diferentes gêneros e de espécies que existiram. Os diversos gêneros de cavalos que
viviam em épocas passadas foram extintos e permaneceu apenas o gênero Equus (cavalo mo-
derno). Existem ainda fósseis que apresentam características comuns a espécies que existem
atualmente. É o caso do fóssil da espécie Archaeopteryx lithographica considerada a primeira
ave existente, que possuía características típicas de répteis (escamas na cabeça, dentes, garras e
cauda com ossos) e aves (asas e penas).
151
BILOGIA GERAL
PRESERVADOS NO REGISTRO FÓSSIL COM ESTRUTURAS ORGÂNICAS
PRATICAMENTE INTACTAS)
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
152
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FILHOTE DE MAMUTE ENCONTRADO PRESERVADO EM PERMAFROST, NO
NORTE DA RÚSSIA. O TERMO PERMAFROST SIGNIFICA SUBSTRATO OU SOLO
PERMANENTEMENTE GELADO. OS MAMUTES ERAM MAMÍFEROS PRÉ-
HISTÓRICOS EXTINTOS HÁ APROXIMADAMENTE 4.000 ANOS. OS MAMUTES
FAZEM PARTE DA MESMA FAMÍLIA DOS ELEFANTES, PORÉM ERAM MAIORES
(PODIAM ATINGIR ATÉ 5 METROS DE ALTURA) E POSSUÍAM GRANDES PRESAS DE
MARFIM. O CORPO DOS MAMUTES ERA COBERTO POR UMA ESPESSA CAMADA DE
PELOS DE COLORAÇÃO CINZA. OS MAMUTES HABITARAM REGIÕES DE CLIMA
FRIO E TEMPERADO. FORAM ENCONTRADOS VÁRIOS FÓSSEIS DESTE ANIMAL EM
PAÍSES DA EUROPA, NORTE DA ÁSIA (PRINCIPALMENTE SIBÉRIA) E AMÉRICA DO
NORTE, COMPROVANDO A SUA OCORRÊNCIA NESTES LOCAIS. SERVIRAM DE
ALIMENTO PARA OS HOMENS QUE VIVERAM NO PERÍODO NEOLÍTICO (IDADE
DA PEDRA POLIDA
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
ÓRGÃOS HOMÓLOGOS
153
BILOGIA GERAL
ESTRUTURAS HOMÓLOGAS EM OSSOS DOS MEMBROS ANTERIORES DE
VERTEBRADOS)
FONTE IMAGEM:
HTTP://MEDIA.PHOTOBUCKET.COM/IMAGE/ESTRUTURAS%20HOM%2525C3%2525B3LOGAS/INIBACE_2007/ESTRUTURASHOMLOGAS.JP
G
ÓRGÃOS ANÁLOGOS
O termo analogia refere-se a órgãos que desempenham funções similares, porém possu-
em origens embrionárias e evolutivas diferentes. Além disso, suas estruturas anatômicas são
distintas e não há uma relação de ancestralidade comum. Como exemplo, podemos citar as
asas de insetos, aves e morcegos; as nadadeiras de peixes, baleias e lagostas; as pernas articula-
das de insetos e vertebrados. Apesar de estas estruturas apresentarem a mesma função (voar,
nadar e caminhar, respectivamente), elas possuem desenvolvimentos embrionários caracterís-
ticos para cada organismo. Os órgãos análogos seriam o resultado da chamada evolução con-
vergente. De acordo este fenômeno, sob condições ambientais análogas ou por terem sido
submetidas a pressões seletivas similares, estruturas morfológicas fundamentalmente diferen-
tes em distintos grupos de organismos podem sofrer modificações ou adaptações para que
tenham funcionalidade semelhante. Diferente dos órgãos homólogos, os órgãos análogos não
são utilizados em estudos que visam estabelecer relações de parentesco evolutivo.
154
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE: HTTP://STI.BR.INTER.NET/RAFAAS/BIOLOGIA-AR/IMAGES/489-2.JPG
ÓRGÃOS VESTIGIAIS
155
BILOGIA GERAL
ESPECIAÇÃO
156
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
ERNST MAYR, GÊNIO DA BIOLOGIA MODERNA, QUE DEU GRANDES CON-
TRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO DA ESPECIAÇÃO E EVOLUÇÃO DE MODO GERAL
FONTE IMAGEM: HTTP://WWW.PBS.ORG/WGBH/EVOLUTION/LIBRARY/06/2/IMAGE_POP/L_062_01.HTML
Especiação alopátrica
A especiação do tipo alopátrica é resultante da divisão de uma população por uma bar-
reira física ou geográfica. Como as populações alopátricas (allo – diferente; patrys – país) pas-
sam a ocupar áreas geograficamente separadas, há o desenvolvimento do isolamento reprodu-
tivo. As populações separadas por uma barreira física evoluem independentemente,
adaptando-se a seus diferentes ambientes, gerando barreiras reprodutivas entre si em decor-
rência de seus caminhos evolutivos distintos. Logo, além da própria interrupção de fluxo gêni-
co, as espécies se diferenciam também porque os ambientes em que vivem tornam-se distin-
tos. Postula-se que a especiação alopátrica seja o tipo mais comum e dominante entre os
grupos de organismos.
157
BILOGIA GERAL
Dentre algumas barreiras físicas que promovem a separação geográfica de uma popula-
ção podemos citar cadeias montanhosas e cursos d’água, formados por eventos que ocorrem
até os dias atuais ou episódios geológicos pretéritos (exemplo: separação ou movimentação de
massas continentais, afundamento e inundação de falhas geológicas), mudanças climáticas
(exemplo: avanço de áreas desérticas sobre habitats florestais), elevação do nível do mar, avan-
ço ou recuo de geleiras, dentre outros eventos. Nos Estados Unidos, por exemplo, há grandes
barreiras geográficas naturais como Grand Canyon e o Rio Colorado, situados na divisa entre
os estados do Arizona e Utah. Embora não constituam uma barreira física para aves, estes e-
lementos da paisagem americana atuam como agentes eficazes na separação de animais que
vivem no continente. Da mesma forma a Baía de São Francisco, no Estado da Califórnia, tam-
bém dos EUA, atua como uma importante barreira física para mamíferos de pequeno porte.
Algumas espécies destes mamíferos são encontradas apenas ao norte ou ao sul, enquanto que
outras são observadas em ambos os lados da baía.
A especiação alopátrica ocorre também quando um reduzido número de indivíduos
dispersa para um local distante ou atravessa uma barreira pré-existente, onde não há outros
membros da sua espécie. Os membros dispersores podem então estabelecer uma nova popula-
ção, ocorrendo assim a especiação alopátrica através do fenômeno conhecido como efeito
fundador.
Um exemplo típico de especiação alopátrica por efeito fundador pode ser ilustrado por
14 espécies de tentilhões encontradas no arquipélago de Galápagos. O estudo deste grupo de
aves conhecidos como os tentilhões de Darwin (nome popularizado na década de 1940 pelo
ornitólogo britânico David Lack, pois Darwin foi o primeiro cientista a estudá-lo, é conside-
rado um dos estopins para que Darwin desenvolvesse o pensamento evolutivo do mecanismo
de seleção natural e surgimento de novas espécies. Os admiradores de Darwin consideram que
158
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
o modelo de evolução dos tentilhões, constitui um dos melhores exemplos do processo de
especiação.
Nas ilhas Galápagos Darwin observou as 14 espécies de tentilhões que diferiam pelo ta-
manho do corpo, forma do bico e tipo de alimento que buscavam. Ele analisou a diferença dos
hábitos alimentares e relacionou esta diferença com o bico das aves. Posteriormente, após uma
análise sistemática mais aprofundada, Darwin pôde se certificar de que se tratava de espécies
diferentes. Ele supôs ainda que possivelmente cada ilha fosse habitada por uma espécie e não
por “variedades” de uma mesma espécie. Provavelmente as14 espécies tentilhões evoluíram a
partir de um ancestral comum, casal ou grupo que imigrou ou foram transportados do conti-
nente sul-americano para Galápagos. É possível também que o número reduzido de tentilhões
fundadores foi um dos fatores primordiais para as mudanças consideráveis que surgiram pos-
teriormente. Adicionalmente, modelos evolutivos propõem que as espécies fundadoras, ori-
undas do continente, devem ter alcançado as ilhas maiores, onde conseguiram sobreviver e
permaneceram durante algum tempo. Esporadicamente, indivíduos do grupo eram transpor-
tados ou se deslocavam para outras ilhas. Cada novo grupo sobrevivente ou população, por
sua vez, deve ter permanecido isolado por um tempo suficiente para que ocorressem modifi-
cações genéticas. Nestes modelos leva-se em conta que as ilhas do arquipélago de Galápagos
são distantes e não favorecem os eventos de dispersão com frequência. Além disso, as próprias
condições ambientais diferem bastantes entre as ilhas, algumas são mais elevadas e recobertas
por florestas tropicais e úmidas, enquanto que outras são mais planas e áridas.
159
BILOGIA GERAL
AS DISTÂNCIAS E DIFERENTES CONDIÇÕES AMBIENTAIS OBSERVADAS NAS
ILHAS DE GALÁPAGOS PROVAVELMENTE FAVORECERAM OS PRECESSOS DE DI-
FERENCIAÇÃO NOS TENTILHÕES DE DARWIN
FONTE IMAGENS: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
160
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
TENTILHÕES DAS ILHAS GALÁPAGOS COM TIPOS DE BICOS DISTINTOS
ADAPTADOS A HÁBITOS ALIMENTARES. (1) E (2) POSSUEM BICOS ESMAGADORES
DE SEMENTES; (3) POSSUI BICO MANIPULADOR (INSETOS E FRUTAS) E (4)
APRESENTA PERFURADOR (INSETOS E CACTOS). O PROCESSO DE ESPECIAÇÃO
DOS TENTILHÕES DE DARWIN CONSTITUI UMA EVIDÊNCIA EVOLUTIVA DA
DESCENDÊNCIA COMUM E DO GRADUALISMO
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
161
BILOGIA GERAL
TENTILHÃO GRANÍVORO DA ESPÉCIE Geospiza magnirostris, CUJO BICO É DO
TIPO ESMAGADOR) (FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
162
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
ALGUMA BARREIRA GEOGRÁFICA PODEM SOFRER MODIFICAÇÃO AO LONGO DO
TEMPO, GERANDO ESPÉCIES DIFERENTES. É CONSENSO QUE CERTAS CARACTE-
RÍSTICAS DA JARARACA-ILHOA, COMO SEU VENENO (CINCO VEZES MAIS
POTENTE PARA MATAR UMA AVE QUE O DA JARARACA COMUM) E HÁBITO AR-
BORÍCOLA, TERIAM SURGIDO COMO RESPOSTA ADAPTATIVA ÀS CONDIÇÕES
AMBIENTAIS DA ILHA. UM ASPECTO EVIDENTE NA COLORAÇÃO DA JARARACA-
ILHOA É A PONTA ESCURECIDA DA CAUDA. EM DIVERSAS ESPÉCIES DE
JARARACAS CONTINENTAIS, A EXTREMIDADE DA CAUDA DOS JOVENS É
CONTRASTANTE (CLARO OU ESCURO) COM A COR DO RESTO DO CORPO. SE UM
ANFÍBIO OU LAGARTO CRUZA PRÓXIMO A ALGUMA SERPENTE EM BUSCA DE
ALIMENTO, ESTA SIMULA, COM A PONTA DA CAUDA, OS MOVIMENTOS DE UMA
LARVA DE INSETO. A ‘FALSA LARVA’ ATRAI A PRESA, O QUE A FACILITA SUA
CAPTURA. COMO A JARARACA-ILHOA ALIMENTA-SE DE AVES (QUE TAMBÉM SE
ALIMENTAM DE LARVAS DE INSETOS) É POSSÍVEL QUE ESTAS SERPENTES
UTILIZEM ESTA MESMA ESTRATÉGIA DE CAÇA.
(FONTE IMAGEM 151: WWW.ICB.USP.BR/~CEWINTER/GIF/JARARACA.GIF)
Especiação Simpátrica
163
BILOGIA GERAL
ma outra localidade. Como estes grandes lagos apresentam uma história evolutiva relativa-
mente recente, é muito provável que as espécies de peixes presentes surgiram através do pro-
cesso de especiação simpátrica, uma vez que não foram formadas barreiras ambientais eviden-
tes capazes de fragmentar as populações.
EVIDÊNCIAS MOLECULARES
164
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
165
BILOGIA GERAL
Em A Origem das Espécies (1859) Darwin discute os processos evolutivos de organis-
mos desde flores até mamíferos como a baleia, mas não cita ou aborda diretamente a origem
do homem a partir de um ancestral comum. Contudo não fica dúvida nenhuma de que Dar-
win incluía o homem entre os produtos da seleção natural. Apenas no último capítulo do li-
vro, no qual é feita uma recapitulação e conclusão do livro, ele escreveu: "No futuro distante,
visualizo novos campos que se estendem para pesquisas ainda mais importantes. Nova luz
será lançada sobre o problema da origem do homem e de sua história". Thomas Huxley, co-
nhecido como o “buldogue de Darwin” por defender veementemente suas ideias, lançou qua-
tro anos após (1863) a obra com título original em inglês Evidence as to Man´s Place in Natu-
re, na qual relacionou diretamente a teoria evolutiva de Darwin aos homens. Passaram-se
doze anos, para que, em 1971, Darwin publicasse A Origem do Homem e a Seleção Sexual
(Título original em inglês: The Descent of Man and Selection in Relation to Sex). Contanto
esta publicação ficou à sombra de A Origem das Espécies. Nesta obra, que também foi van-
guardista para a sua época, ele desenvolve melhor a sua teoria da seleção sexual e discute mais
detalhadamente sobre a origem do homem. Darwin declarava o chimpanzé e o gorila como
nossos parentes vivos mais próximos na árvore da vida, e ainda previa que o nosso ancestral
comum com estes primatas poderia ser encontrado na África, onde estão os habitats naturais
destas espécies nos dias atuais. Posteriormente os estudos genéticos e paleontológicos só vie-
ram a corroborar as previsões de Darwin sobre este parentesco.
166
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
mais acurada [...]. O homem e todos os outros animais vertebrados foram
construídos com base no mesmo modelo geral, passam através dos mesmos
estágios primitivos de desenvolvimento e conservam certas características
em comum.
Hoje sabemos que o nosso parente mais próximo evolutivamente é o chimpanzé, com
99% de similaridade genética. O registro fóssil indica que os primeiros hominídeos se origina-
ram entre cinco e sete milhões de anos com o aparecimento de um pequeno proto-humano no
continente africano após diversificação de um ancestral comum da linhagem dos primatas.
Desde então a família humana tem apresentado um número variado de espécies. Cada
nova espécie evoluiu quando algum grupo de hominídeos se separou de alguma forma de uma
população maior por muitas gerações e se encontrou em novas condições ambientais, o que
favoreceu o desenvolvimento de um conjunto de adaptações. Há teorias inclusive que sugerem
que durante a pré-história os nossos ancestrais co-habitaram com uma ou mais espécies de
hominídeos.
167
BILOGIA GERAL
CRÂNIOS ENCONTRADOS POR PALEONTOLÓGOS PERTENCENTES A ALGUNS
ANCESTRAIS HUMANOS. DA ESQUERDA PARA A DIREITA, OS CRÂNIOS SÃO DE:
Adapis (ANIMAL SEMELHANTE AO LÊMURE QUE VIVEU HÁ APROXIMADAMENTE
50 MILHÕES DE ANOS); PROCONSUL (UM PRIMATA DATADO DE 23-15 MILHÕES
DE ANOS); Australopithecus africanus (3-1.8 MILHÕES DE ANOS), Homo habilis (2,1-1,6
MILHÕES DE ANOS), Homo erectus (1,8-0,3 MILHÕES DE ANOS), HOMEM MODERNO
(Homo sapiens) DE ISRAEL E UM HOMEM DE CRO-MAGNON COM CERCA DE 22.000
ANOS
FONTE IMAGEM: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
Por volta de 10 mil anos atrás, humanos modernos colonizaram com sucesso cada um
dos continentes, com exceção da Antártida e, adaptações a essa variedade de ambientes, entre
outras forças evolucionárias, conduziram ao que genericamente chamamos de raças. A res-
posta definitiva e consensual se nós continuamos a evoluir ainda está longe de ser resolvida.
Recentemente uma matéria nomeada ‘Que futuro espera pelo Homo sapiens?’ publicada na
revista Scientific American Brasil sobre a Teoria da Evolução (Ano 7, no 81, Fev. 2009, pág.
56) aborda muitos contrapontos deste tema. Algumas informações desta matéria serão pon-
tuadas a seguir. De fato o homem evoluiu bastante ao longo do tempo geológico e, por este
motivo, é considerado “evoluidor” de primeira classe. Com o planeta razoavelmente habitado
pelos hominídeos modernos supostamente o tempo de evoluir teria se esgotado. Mas aparen-
temente não é o que tem sido observado. Em estudos publicados há cerca de um ano foram
analisados material genético de indivíduos de ancestralidade norte-europeia, chinesa, japone-
sa e africana e se descobriu que ao menos 7% dos genes humanos sofreram evolução relativa-
mente recente no tempo geológico, há cerca de 5 mil anos. Muitas mudanças envolveram alte-
rações nos esqueletos, disposição dentária e o aparecimento de respostas genéticas a doenças e
dietas. Outro estudo semelhante buscou sinais de seleção natural no genoma humano e foi
constatado que mais de 300 regiões mostraram evidências de alterações recentes que elevaram
as chances de sobrevivência e reprodução. Exemplos incluem resistência parcial a doenças
como malária, mudanças na pigmentação da pele e desenvolvimento de folículos capilares em
asiáticos. No século XX as condições em que se encontram a espécie humana mudaram dras-
ticamente. Diante da facilidade de transporte e diminuição de barreiras sociais, o isolamento
geográfico foi bastante reduzido e, consequentemente, o conjunto de genes humanos está sen-
do continuamente misturado. Por outro lado, o processo de seleção natural tem sido burlado
pelo homem com os avanços da biotecnologia e da indústria farmacêutica, bem como os pre-
dadores naturais não afetam mais as regras de sobrevivência. Outro contraponto é que ten-
demos a pensar na evolução como algo que envolve mudança estrutural, porém, ela pode afe-
tar também aspectos não tão perceptíveis a primeira vista como o comportamento. As
168
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
pesquisas indicam que muitas pessoas carregam genes que as tornam suscetíveis ao alcoolis-
mo, vício em drogas e outros problemas. Muitos não sucumbem, porque genes não significam
destino e os seus efeitos dependem também do ambiente em que se vive. Enquanto que em
outros indivíduos tais genes aparentemente se manifestam e afetam a sobrevivência e o núme-
ro de descendentes. As mudanças na fertilidade são suficientes para a ação da seleção natural.
A matéria conclui que, logo, muito da futura evolução da humanidade envolve e depende de
novos conjuntos de comportamentos que se disseminam em resposta a mudanças sociais e
condições ambientais.
2.2.2
CONTEÚDO 2.
ISOLAMENTO REPRODUTIVO
Muitas espécies permanecem separadas por barreiras físicas suficientes para manter o
isolamento genético e propiciar o evento de especiação. Contudo mesmo após o estabeleci-
mento de diferentes espécies, indivíduos das diferentes populações podem ocorrer na mesma
localidade. Que mecanismos impediriam o intercruzamento ou de que forma seria mantida a
identidade genética destas espécies? Neste caso, a incompatibilidade reprodutiva pode surgir
por meio de processos: mecanismos pré-zigóticos e pós-zigóticos de isolamento.
MECANISMOS PRÉ-ZIGÓTICOS
169
BILOGIA GERAL
• Isolamento etológico ou comportamental: Neste caso os indivíduos de uma popula-
ção não reconhecem ou rejeitam indivíduos de outras populações como aptas para o
acasalamento.
MECANISMOS PÓS-ZIGÓTICOS
170
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
• Baixa viabilidade do híbrido: Os adultos híbridos podem sobreviver de forma menos
saudável que uma prole gerada entre indivíduos da mesma população.
• Esterilidade ou infertilidade do híbrido: Os híbridos podem se desenvolver usual-
mente, mas serem reprodutivamente inférteis quando adultos. É o que ocorre com
as mulas, híbridos produzidos a partir do cruzamento entre burros e cavalos, que
quando adultos se mantém saudáveis, mas apresentam infertilidade e não geram
descendentes
2.2.3
CONTEÚDO 3.
SISTEMÁTICA E TAXONOMIA
171
BILOGIA GERAL
BREVE HISTÓRICO E IMPORTÂNCIA
Das classificações biológicas espera-se que uma espécie pertença a um grupo particular
ou entidade, denominado de táxon, que possui um número de caracteres diferentes e, com
base nestes caracteres, possa ser discernido dos demais grupos ou táxons. Os caracteres podem
ser mensurados de diferentes formas, utilizando para isso desde a análise conjunta de varia-
ções morfológicas, anatômicas e comportamentais, quanto acessando diretamente a informa-
ção genética de cada organismo.
172
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
No meado do século XX a sistemática ganhou uma importância tão grande quanto o seu
florescimento no século XVIII como veremos mais adiante. Em 1950 o entomólogo alemão
Willi Henning lançou um livro com uma abordagem diferenciada dos estudos sistemáticos
lançando as bases da sistemática filogenética. Essa escola era fundamentada em uma visão de
que os organismos constituem sistemas biológicos em contínua transformação. Com este tra-
balho sabemos que Henning não lançou o pensamento evolucionista, mas foi possível recons-
truir de modo mais criterioso a história das relações evolutivas ou filogenéticas entre espécies.
Anteriormente as relações de parentesco entre espécies eram avaliadas apenas de forma intui-
tiva e a classificação era realizada sem levar em consideração o conhecimento filogenético.
Desde então foi possível desenvolver uma sistemática baseada também no conhecimento evo-
lutivo e não apenas empregar uma abordagem essencialista da diversidade biológica. A siste-
mática filogenética facilitou a compreensão dos estudos em botânica, zoologia, anatomia
comparada, embriologia, fisiologia, biologia molecular, entre outros ramos e passou a ser um
dos componentes unificadores na formação dos profissionais das áreas biológicas (AMORIM,
1994).
Segundo a visão da sistemática filogenética um grupo distinto de espécies pode ser rela-
cionado historicamente ou evolutivamente, contendo um ancestral comum a todos os mem-
bros que o formam e, gerando um ramo completo da árvore da vida conhecido como clado. O
clado pode ser ‘removido’ da árvore da vida para ser analisado à parte. Quando o grupo inclui
o seu ancestral comum e todos os seus descendentes, ele é chamado de monofilético, mas nem
sempre todas as informações são disponíveis para a organização de um grupo monofilético.
Um grupo que não contém seu ancestral comum é conhecido como polifilético. Já um grupo
que não possui todos os descendentes de um ancestral comum é denominado parafilético.
Frequentemente os termos Taxonomia e Sistemática são utilizados de forma sinônima.
No entanto, podemos atualmente distinguir taxonomia de sistemática filogenética. Especifi-
camente a sistemática estuda a diversidade dos seres vivos e seus padrões de parentesco, inclu-
indo a taxonomia e a filogenia (estudos das relações evolutivas entre os seres vivos). O termo
taxonomia (“leis da ordenação”) provém das palavras gregas taxis (arranjo) e nomos (lei) e
refere-se à ciência que produz um sistema formal para que nominar e classificar as espécies
ordenadamente. A Taxonomia pode ser considerada a parte da sistemática que se ocupa das
regras e dos princípios de nomenclatura biológica. Vários conjuntos de regras conduzem o
uso de nomes científicos e os especialistas utilizam estas regras para favorecer e uniformizar a
comunicação. Deste modo as regras da nomenclatura científica são projetadas com o objetivo
de que exista apenas um nome científico correto para qualquer grupo de organismos tratados
como unidade em um sistema de classificação biológica permitindo aos cientistas se referir de
modo não-ambíguo aos mesmos organismos.
173
BILOGIA GERAL
Aristóteles, filósofo e naturalista, foi o primeiro a classificar os organismos a partir de
suas afinidades estruturais na Grécia Antiga.
174
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
NOMENCLATURA BINOMIAL
Linnaeus designou cada espécie por dois nomes, um dos nomes identifica a espécie pro-
priamente dita (epíteto) e, o outro, indica o gênero a qual espécie pertence. O gênero abrange
um grupo de espécies fortemente relacionadas e é sempre redigido com letra inicial maiúscula.
O epíteto da espécie, restritivo da espécie ou característico para aquela espécie do gênero, é
sempre escrito com letra inicial minúscula. Deste modo, a espécie é designada por um nome
formado por dois termos que são escritos em itálico ou devem ser sublinhados se manuscritos
ou datilografados. Muitas vezes o nome do gênero é um substantivo, sendo o epíteto de espé-
cie quase sempre um adjetivo. Por exemplo, o nome científico do sabiá comum norte-
americano é Turdus migratorius, do latim turdus = sabiá; migratorius = de hábito migratório.
O epíteto da espécie não pode ser citado isoladamente, o binômio completo deve ser sempre
utilizado para nomear as espécies. Opcionalmente o nome do taxonomista que primeiro pro-
pôs o nomenclatura da espécie pode ser indicado ao final, exemplo: Turdus migratorius
(LINNAEUS, 1766).
Curiosamente foi Linnaeus quem propôs o nome científico da espécie humana moder-
na. Homo é o nome do gênero o qual a espécie pertence e sapiens é o epíteto que identifica a
espécie particular do gênero. Todas as categorias acima de espécie são nomeadas utilizando
apenas um termo, com letra inicial maiúscula. Em algumas ocasiões a espécie é subdividida
em subespécies. Nesta situação é utilizada a nomenclatura trinomial. Por exemplo, para dife-
renciar sabias migratórios do sul e do leste dos EUA, o nome científico Turdus migratorius
achrustera (de cor mais pálida) é utilizado para designar o sabiá do sul.
Grande parte do sistema de classificação proposto por Linnaeus foi modificado, mas os
seus princípios básicos ainda são utilizados. No sistema de Linnaeus, espécies e gêneros são
adicionalmente agrupados em um sistema hierárquico de categorias taxonômicas superiores.
175
BILOGIA GERAL
Complementando o que foi citado anteriormente, qualquer agrupamento de organismos a-
bordados como unidade em um sistema de classificação biológica chama-se táxon. Deste mo-
do o gênero Turdus ou todos os pássaros, é referido como um táxon. O táxon acima de gênero
é a Família. Para os animais as denominações relativas à família sempre são finalizadas com o
sufixo “-idae”. O homem moderno (Homo sapiens) está incluso na família Hominidae, bem
como os nossos ancestrais fósseis e parentes próximos viventes como os gorilas e chimpanzés.
Nas plantas o sufixo “-aceae” é usado para nomes de famílias. A planta que produz a flor po-
pularmente conhecida como rosa pertence ao gênero Rosa, que está inclusa na família Rosace-
ae. Famílias, por sua vez, agrupam-se em Ordens, ordens em Classes, classes em Filos e filos
em Reinos.
176
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
EXEMPLOS DE CLASSIFICAÇÃO BIOLÓGICA:
177
BILOGIA GERAL
Classificação do gorila
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primata
Família: Hominidae
Gênero: Gorilla
Espécie: Gorilla gorilla
178
Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
1. Reino Bacteria: Com seus dois sub-reinos, Archaea e Eubacteria. Organismos proca-
riontes, unicelulares ou de organização colonial simples.
179
BILOGIA GERAL
eles são os principais decompositores da natureza, reciclando a matéria orgânica que muitas
vezes se constitui em poluentes ou que contém nutrientes em formas não aproveitáveis por
outros organismos.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
FONTE IMAGEM: HTTP://UPLOAD.WIKIMEDIA.ORG/WIKIPEDIA/COMMONS/D/D5/ANIMALIA_DIVERSITY.JPG
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
MAPA CONCEITUAL
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ESTUDO DE CASO
ANÁLISES FILOGENÉTICAS NO TRIBUNAL
A transmissão do vírus HIV, causador da AIDS, raramente é denunciada ou julgada
como crime. Entretanto em uma situação real, após se certificar que era soro-positivo, uma
mulher anonimamente chamada de Vitória, denunciou ter sido vítima de seu ex-namorado
Raul, que também era seu médico pessoal. Ela levantou a hipótese de ter adquirido o vírus,
quando Raul, sob pretexto de conduzir uma terapia com vitaminas, poderia ter injetado nela
sangue infectado de um dos seus pacientes. Após investigação foi constatado que Raul havia
realizado coleta de sangue em um paciente soro-positivo antes de proceder a suposto trata-
mento com Vitória. Mas era necessário comprovar que o HIV que a infectou tinha origem do
paciente de Raul, e não de outras fontes. A justiça então lançou mão de análises filogenéticas –
métodos utilizados para reconstruir as relações evolutivas entre organismos. Havia ainda um
segundo problema, o HIV possui uma taxa evolutiva bastante elevada, o que significa que após
a infecção e reprodução no organismo, tanto a fonte da infecção quanto o receptor, tornam-se
hospedeiros de uma população viral geneticamente diversa. Contudo, as análises filogenéticas
confirmaram que o HIV de Vitória era mais intimamente relacionado àquele do paciente de
Raul e menos relacionado do que qualquer outro soropositivo da comunidade local. Com este
resultado e outras evidências, Raul foi julgado e condenado por tentativa de homicídio (texto
modificado de: Sadava, D. et al. Vida: A ciência da biologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
p. 142-143).
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EXERCÍCIOS PROPOSTOS
QUESTÃO 01
Analise as afirmações abaixo:
I. Mutações são geradoras primárias de variabilidade.
II. Algumas formas de variação geográfica são adaptativas.
III. As características adquiridas por um organismo durante a vida não são herdáveis.
IV. O tamanho da maioria das populações naturais é limitado pela disponibilidade de
recursos naturais.
Utilizando os seus conhecimentos construídos sobre aspectos da biologia evolutiva, po-
de-se afirmar que o conjunto completo de contribuições dos geneticistas para a teoria neo-
darwinista ou teoria sintética da evolução, reúne os itens:
a) I, II e III
b) I, III e IV
c) II, III e IV
d) I e II
e) I, II, III e IV
QUESTÃO 02
A especiação do Homo sapiens tem pouca chance de ocorrer, considerando a condição
atual da espécie humana. Das afirmações abaixo a que melhor sustentaria está hipótese, é:
a) Os processos de recombinações genéticas são pouco relevantes no contexto atual.
b) As modificações ambientais que propiciam o evento de especiação são cada vez me-
nos relevantes.
c) As técnicas modernas de manipulação genética têm suprimido as chances de que mu-
tações em humanos ocorram.
d) De modo geral, os meios modernos de comunicação e locomoção têm desfavorecido
a ocorrência de isolamentos geográficos.
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BILOGIA GERAL
QUESTÃO 03
Os fósseis são restos orgânicos ou vestígios da atividade de organismos que viveram no
passado geológico e, que foram depositados em estratos sedimentares ou preservados de ou-
tras formas. Alguns exemplares de fósseis já foram mencionados diversas vezes como a com-
provação da teoria da evolução proposta pelos naturalistas ingleses Charles Darwin e Alfred
Russel Wallace. Considerando a contribuição do registro fóssil para o estudo dos processos
evolutivos, analise as proposições abaixo e indique o que poderia revelar o estudo de sequên-
cias de fósseis existentes desde camadas rochosas mais antigas até as mais recentes.
QUESTÃO 04
Considere a seguinte situação hipotética: uma população de formigas foi separada pela
construção de uma estrada em sua área de ocorrência. As duas populações resultantes perma-
neceram isoladas fisicamente durante bastante tempo. Analisadas em laboratório, observou-se
que as populações não mais constituíam uma única espécie. Inicialmente, este relato exempli-
ficaria o processo de especiação a partir do isolamento do tipo:
a) Mecânico
b) Etológico
c) Estacional
d) Geográfico
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
QUESTÃO 05
Observando as asas de um morcego, de uma ave e de um inseto, podemos deduzir que
tais estruturas constituem uma adaptação para o vôo. Entretanto, as asas evoluíram indepen-
dentemente e possuem origem embriológica distintas nos três grupos. Tais traços similares –
as asas propriamente ditas constituem um exemplo típico de:
a) Órgãos vestigiais
b) Órgãos análogos
c) Órgãos homólogos
d) Órgãos hibridizados
CONSTRUINDO CONHECIMENTO
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UNIDADES VIRAIS DO VÍRUS DA GRIPE SUÍNA INFLUENZA A (H1N1)
PROCEDENTE DA CIDADE MÉXICO E BACTÉRIAS DO GÊNERO Staphylococcus NA
MUCOSA NASAL
FONTE IMAGENS: WWW.SCIENCEPHOTOLIBRARY.COM
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
COELHO SELVAGEM DA AUSTRÁLIA E AVE DO HAVAÍ COM BICO ENCURTADO.
FONTE: IMAGEM 178:
HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/CROMZLWZYP0/SRFUYHYKFGI/AAAAAAAALRW/OU33ETWOGKA/S400/KILLER-BUNNY.GIF
BIOEXECUTANDO
MATERIAL
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• Bandeja de plástico transparente;
• 01 tesoura sem ponta;
• 01 alicate de unha;
• 01 pinça de sobrancelha;
• 01 prendedor de roupa.
PROCEDIMENTO
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Indicação de livro didático:
Título: Futuyma, D. J. Biologia Evolutiva. 2. ed. Ribeirão Preto: Funpec, 2002. 632 p.
Sinopse: Esta obra analisa de forma atual e sem distorções, a maioria dos aspectos im-
portantes e polêmicos da Biologia Evolutiva. O autor discute desde as alterações provocadas
pelos novos avanços na pesquisa da biologia molecular até o papel do documentário fossilífero
no estudo do processo biológico. O livro apresenta uma ampla visão do impacto provocado
sobre o processo evolutivo, nas últimas duas décadas, pelo estudo de populações de pequeno
tamanho e alterações genéticas que ocorreram no desenvolvimento dos seres vivos.
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Margarida Patrícia Brito Velame e Vanessa do Espírito Santo Almeida
GLOSSÁRIO
ÁCIDO NUCLÉICO – Substância que recebe essa denominação por apresentar características
ácidas e ter sido originalmente descoberta no núcleo das células.
ADAPTAÇÃO – Estrutura anatômica, processo fisiológico ou comportamento característico
que evoluíram por seleção natural.
ADP – Adenosina difosfato. Molécula precursora do ATP.
ALOPÁTRICO – Em regiões geográficas distintas afastadas e mutuamente exclusivas.
AMP – Adenosina monofosfato. Molécula precursora do ADP.
ANALOGIA – Similaridade de função, mas não de origem.
ANCESTRAL COMUM – Organismos a partir do qual todas as formas de vida atuais e preté-
ritas descendem através de uma ramificação de linhagens.
ANTICORPO – Substância de natureza protéica, produzida pelos linfócitos B do sangue, que
ataca e inativa substâncias ou microrganismos estranhos ao corpo, os quais são genericamente
chamados de antígenos.
ÁRVORE DA VIDA – Termo utilizado para documentar a ideia de que todos os seres vivos
são aparentados uns aos outros e de que novas formas vivas se originam a partir das pré-
existentes.
ATP – Adenosina trifosfato. Molécula que armazena energia a ser empregada nos processos
celulares.
BASE NITROGENADA – Componente dos ácidos nucléicos, podendo ser: adenina, citosina,
guanina, timina ou uracila.
CELULOSE – Glicídio insolúvel, de peso molecular elevado, constituinte da parede celular das
células vegetais.
CERA – Lipídio constituído por uma molécula de álcool (que não seja o glicerol), unida a uma
ou mais moléculas de ácidos graxos.
CLADO – Um táxon ou outro grupo constituído por uma espécie ancestral e todos os seus
descendentes, formando um ramo distinto em uma árvore filogenética.
CLOROFILA – Pigmento capaz de absorver energia luminosa e transformá-la em energia po-
tencial química.
COMPETIÇÃO – Situação na qual a partir de uma mesma fonte de recursos naturais, como
alimento, abrigo e outros variados, duas espécies de uma mesma comunidade estão justapos-
tos em um determinado grau, o que afeta negativamente a sobrevivência de ambas.
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DARWINISMO – Processo evolutivo proposto por Charles Darwin em A origem das espécies
de 1859 que enfatiza a descendência dos organismos vivos a partir de um ancestral comum.
ESPECIAÇÃO – Processo ou evento evolutivo através dos qual surgem novas espécies.
EVOLUÇÃO – Modificações adaptativas ou evolução orgânica nas características e diversida-
de da vida na Terra ao longo do tempo histórico.
FILOGENIA – História evolutiva ou origem e diversificação de um táxon.
FÓSSIL – Todo resto ou vestígio deixado por um organismo em uma época geológico passada
preservados por processos naturais.
FOTOFOSFORILAÇÃO – Forma de produção de ATP no cloroplasto na qual a energia utili-
zada no bombeamento de íons H+ para o lúmen do tilacoide vem da luz.
HABITAT – Lugar onde normalmente um organismo ou população vive.
HEREDITARIEDADE – Transmissão de traços biológicos dos pais a sua prole.
HOMINÍDEOS – Membros da família Hominidae, atualmente representada por uma única
espécie, a Homo sapiens.
HOMOLOGIA – Semelhança de partes de órgãos de organismos distintos, causada pela deri-
vação evolutiva a partir de um órgão correspondente de um ancestral anterior.
ISOLAMENTO REPRODUTIVO – Impossibilidade de indivíduos de espécies diferentes se
cruzarem-se ou cruzando-se, de produzir descendentes férteis.
LAMARCKISMO – Teoria evolucionista proposta por Jean-Baptiste Lamarck com a publica-
ção do livro Filosofia Zoológica em 1809, que afirmava que as características adquiridas por
um organismo ao longo de sua vida são transmitidas aos seus descendentes.
MEMBRANA TILACOIDE – Membrana lipoprotéica que delimita internamente o cloroplas-
to e apresenta inúmeras dobras em forma de tubos e bolsas achatadas.
METABOLISMO – Conjunto de atividades de transformação química que ocorrem no interi-
or da célula.
MICROSCÓPIO ELETRÔNICO – Microscópio que emprega feixes de elétrons para observa-
ção de diversos materiais, inclusive biológicos. Hoje limite de resolução de um microscópio
eletrônico de transmissão é 40.000 vezes melhor do que a resolução do microscópio óptico e 2
milhões de vezes melhor que a resolução do olho humano
MUTAÇÃO – Mudança abrupta no material genético estável de um indivíduo. Ocorrem ao
acaso. Podem ser benéficas ou maléficas.
NEODARWINISMO – Combinação do processo evolutivo proposto por Charles Darwin com
os conhecimentos da genética, ainda não conhecidos por Darwin. Elimina os elementos la-
marckistas de características adquiridas.
NUCLEOTÍDEO – Trio molecular que constitui os ácidos nucléicos – uma ribose ou desoxir-
ribose, ligada a um ácido fosfórico e uma base nitrogenada.
PAREDE CELULAR – Envoltório, em geral espesso e resistente, localizado externamente à
membrana plasmática de células de algas, fungos, plantas e bactérias.
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RECOMBINAÇÃO GÊNICA – Processo que resulta da permuta genética ou crossing-over.
RESPIRAÇÃO AERÓBICA – Processo de obtenção de energia que utiliza o gás oxigênio na
oxidação de substâncias orgânicas dos alimentos, gerando como produtos gás carbônico e
água.
SIMPÁTRICA – Que apresenta a mesma distribuição geográfica ou distribuição geográfica
sobreposta.
TÁXON – Qualquer um dos grupos ou entidades taxonômicas.
VACINA – Suspensão de antígenos isolados de microrganismos causadores de certa doença
ou mesmo dos próprios microrganismos vivos previamente atenuados (de modo a não causar
a doença). Os antígenos presentes na vacina desencadeiam no organismo vacinado, uma res-
posta imunitária primária, na qual há produção de células de memória. Caso o organismo seja
invadido pelo microrganismo contra o qual foi imunizado, ocorrerá resposta secundária, mui-
to mais rápida e intensa que a primeira, e os invasores serão destruídos antes de causar a do-
ença.
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REFERÊNCIAS
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Alegre: Artmed, 2006. 864 p.
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Brasileira de Entomologia, 1994. 204 p.
CURTIS. H. Biologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. 964 p.
DARWIN, C. A origem das espécies e a seleção natural. 1 ed. São Paulo: Madras, 2009. 447
p.
DE ROBERTIS. Bases da biologia celular e molecular. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2006. 408 p.
EL-HANI, C. N. & VIDEIRA, A. A. P. O que é vida afinal? Para entender a biologia do
século XXI. 1 ed. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000. 311 p.
FERRI, M. G. Fisiologia vegetal 1. 2 ed. São Paulo: EPU/EDUSP, 1985. 362 p.
HICKMAN, Jr., CLEVELAND, P., ROBERTS, L. S. & LARSON, ALLAN. Princípios
integrados de zoologia. 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 872 p.
JUNQUEIRA, L. C. Biologia celular e molecular. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1991. 352 p.
LEHNINGER, A. L. Princípios de bioquímica. 4 ed. São Paulo: Sarvier, 2006. 1202 p.
RAVEN, P. H.; EVERT, R. F. & EICHORN, S. E. Biologia vegetal. 7 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2007. 856 p.
SADAVA, D.; HELLER, H.C.; ORIANS, G. H; PURVES, W. K.; HILLIS, D. M. Vida: a ciência
da biologia. 8 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 1432 p.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 820 p.
REVISTAS
Revista Ciência Hoje – Darwin e a Evolução – Vol. 44, Julho. 2009.
Revista Nova Escola – A Origem da Vida – Ano 24, no 221, Abr. 2009.
Revista Scientific American Brasil – A Evolução da Evolução – Ano 7, no 81, Fev. 2009.
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SITES
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