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Curso Biotecnologia
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UC Biodiversidade Biológica - curso Biotecnologia
Índice
I. Introdução ........................................................................................................................ 4
A. Diversidade de organismos fotossintéticos .................................................................... 5
B. Classificação dos organismos fotossintéticos ................................................................. 6
II. Organismos fotossintéticos como recursos marinhos ........................................................ 8
2.1. Compostos bioativos de algas marinhas ..................................................................... 9
2.2. APLICAÇÕES DAS MACRO E MICROALGAS EM BIOTECNOLOGIA ............................... 16
III. Organismos fotossintéticos úteis para a biotecnologia................................................. 20
Microalgas .......................................................................................................................... 20
3.1. DOMÍNIO EUBACTERIA, Filo Cyanobacteria .............................................................. 20
3.1.1. Morfologia e ultraestrutura ................................................................................. 20
3.1.2. Ecologia ............................................................................................................... 21
3.1.3. Aplicações em biotecnologia ................................................................................ 22
3.2. DOMÍNIO EUKARIA .................................................................................................. 23
3.2.1. Reino Chromalveolata, Alveolata, Divisão Dinoflagellata ...................................... 24
3.2.1.1. Morfologia e ultraestrutura.............................................................................. 24
3.2.1.2. Ecologia ........................................................................................................... 24
3.2.2. Reino Chromalveolata, Divisão Haptophyta ......................................................... 25
3.2.2.1. Morfologia e ultraestrutura.............................................................................. 25
3.2.2.2. Ecologia ........................................................................................................... 25
3.2.2.3. Aplicações em biotecnologia ............................................................................ 26
3.2.3. Reino Chromalveolata, Divisão Heterokontophyta, classe Bacillariophyceae ........ 26
3.2.3.1. Morfologia e ultraestrutura ............................................................................. 26
3.2.3.2. Ecologia ........................................................................................................... 26
3.2.3.3. Aplicações em biotecnologia ............................................................................ 27
3.2.4. Reino Chromalveolata, Divisão Heterokontophyta, classe Labyrinthulomycota .... 27
3.2.4.1. Morfologia e ultraestrutura ............................................................................. 27
3.2.4.2. Aplicações em biotecnologia ............................................................................ 28
3.2.5. Reino Chromalveolata, Divisão Heterokontophyta, classe Phaeophyceae ............ 29
3.2.5.1. Morfologia e ultraestrutura ............................................................................. 29
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I. Introdução
As primeiras células terão surgido na terra há cerca de 3,8 mil milhões de anos. Estas eram
células procariotas heterotróficas anaeróbias. Estes organismos são, ainda hoje, dependentes
de moléculas orgânicas para obter a sua energia. Por isso, à medida que o número de
organismos heterotróficos aumentou, as moléculas orgânicas das quais dependiam começaram
a diminuir, pelo que principiou a competição, por alimento, entre os organismos heterotróficos.
Assim, ao longo do tempo as células que conseguiam utilizar eficientemente fontes de energia
limitadas tornaram-se mais vantajosas. Algumas terão adquirido a capacidade de produzir
moléculas ricas em energia a partir de compostos inorgânicos simples; estes organismos são os
autotróficos. Sem o aparecimento destes organismos a vida na terra teria desaparecido
rapidamente.
Os autotróficos mais eficientes foram aqueles que adquiriram a capacidade de utilizar a energia
do sol, através de um processo designado fotossíntese. Os organismos fotossintéticos primitivos
eram muito mais complexos do que os heterotróficos, uma vez que a utilização da luz do sol
requer um sistema de pigmentos para captação de fotões e, associado a este, um mecanismo
específico de armazenamento de energia, na forma de moléculas orgânicas.
Inicialmente, o oxigénio produzido era totalmente absorvido pelo oceano e pelos fundos
marinhos. Mas a concentração crescente de oxigénio determinou a sua libertação para a
atmosfera, tendo a atmosfera terrestre sido sucessivamente enriquecida em oxigénio.
Há cerca de 2,5 a 1,6 mil milhões de anos, a concertação de oxigénio na água do mar era
suficiente para suportar a existência de organismos aeróbios. Este momento coincide, portanto,
com o aparecimento dos organismos eucariotas aeróbios, há cerca de 1,8 mil milhões de anos.
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Ao longo do tempo várias têm sido as designações utilizadas para classificar os organismos vivos,
e, em particular, os organismos fotossintéticos.
Desde logo as designações de algas, “plantas não vasculares” ou “talófitas”, englobam uma
grande variedade de organismos autotróficos que se distinguem dos outros vegetais
principalmente pela sua simplicidade, em particular dos seus órgãos reprodutores. De forma
geral, estes órgãos não apresentam revestimento protetor formado por células somáticas e não
produzem embriões protegidos no seio materno; na maioria das espécies verifica-se também
que a diferenciação celular é nula ou muito reduzida. Isto significa que, ao contrário das plantas
terrestres, as algas não possuem muitas células especializadas em funções distintas, nem
formam tecidos diferenciados.
Mas esta definição tão simples esconde a grande diversidade filogenética de organismos, desde
as cianobactérias, organismos procariotas, incluídos nas Eubacteria, até organismos muito mais
complexos como sejam as Charophyceae (Chlorophyta), cujas estruturas reprodutoras exibem
já, pela primeira vez, um revestimento constituído por células somáticas. Assim, constituem
claramente um grupo polifilético, não exibindo um antepassado comum. A classificação destes
organismos em “algas” é, pois, uma classificação incoerente e muito artificial.
Nas algas incluem-se ainda, informalmente, dois grandes grupos. As microalgas, que são
organismos unicelulares ou coloniais (raramente pluricelulares), indiferenciados e
microscópicos. Quase todos os grupos taxonómicos incluem, ou são formados por microalgas:
Cyanobacteria, Chlorophyta, Rhodophyta, Glaucophyta, Cryptophyta, Haptophyta,
Dinoflagellata, Bacillariophyceae, ... As macroalgas que constituem organismos pluricelulares,
macroscópicos, com algum grau de diferenciação, nem que seja para desenvolverem um órgão
de fixação. Neste grupo incluem-se todas as Phaeophyceae (algas castanhas), a maioria das
Rhodophyta (algas vermelhas) e muitas Chlorophyta (algas verdes).
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A dificuldade continua a existir, todavia, no Domínio Eukaria, uma vez que o antigo reino
Protista é parafilético, isto é, reunia uma grande heterogeneidade de organismos
unicelulares, coloniais e pluricelulares, muito diversificados e não aparentados uns dos
outros.
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Anteriormente conhecido como reino Monera, foi dividido nos domínios Eubacteria e Archaea, uma
vez que os dados reunidos da biologia molecular evidenciaram a existência de duas linhagens distintas
nos procariotas.
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Estando ainda em ampla discussão, uma proposta atual de classificação dos organismos
vivos, permite definir, para o domínio Eukaria, a existência de 7 reinos, a maioria dos
quais inclui representantes fotossintéticos. Além das cianobactérias, existem
numerosos representantes fotossintéticos em 4 reinos do domínio Eukaria, os quais se
destacam em seguida:
• DOMÍNIO EUBACTERIA
1. Filo Cyanobacteria
2. DOMÍNIO EUKARIA
A. Reino Excavata
Divisão Euglenozoa (Classe Euglenoidea)
B. Supergrupo SAR
A. Reino Stramenopila, flagelos heterocônticos, quando fotossintéticos os plastídeos
têm clorofila c e são provenientes de endossimbiose secundária.
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a. Filo Ochrophyta
b. Filo Oomycota
c. Filo Labyrinthulomycetes
B. Reino Alveolata
a. Filo Dinoflagellata
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Como vimos, este grupo não tem coerência taxonómica, porém, do ponto de vista prático é fácil
distinguir este conjunto de organismos simples das macroalgas, algas macroscópicas mais
complexas.
O interesse no cultivo de microalgas é também antigo, mas mais recentemente surge associado
ao cultivo de peixe de aquacultura, sendo usado como cultivo auxiliar nos primeiros estádios de
desenvolvimento do zooplâncton.
Outras aplicações importantes são a indústria cosmética e a indústria farmacêutica, uma vez
que muitos compostos bioativos demonstraram ter efeito antimicrobiano, antiviral e anti
tumoral, além de efeito hidratante e antioxidante.
2.1.1. Lípidos
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A extração destes lípidos para a produção de biocombustíveis, porém, é ainda dispendiosa, dado
que é necessário proceder à quebra da parede celular das microalgas, não competindo, ainda,
com o preço do petróleo.
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2.1.1.1. Fitoesteróis
Estes fitosteróis são abundantes nalgumas macroalgas, como as algas castanhas, estando
igualmente presentes em microalgas como as diatomáceas Chaetoceros, Skeletonema
Thalassiosira e Pavlova.
2.1.2. Pigmentos
São exemplos de radicais livres o radical alcoxil (RO●), anião radical superóxido (O2●-), peróxido
de hidrogénio (H2O2) e o radical hidróxilo (OH●). A formação destas espécies reativas de oxigénio
(ROS) ocorre durante os processos oxidativos biológicos.
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Todos os antioxidantes contrariam esta tendência natural para um composto sofrer oxidação;
possuem, na sua estrutura molecular, grupos que transformam o antioxidante num radical livre
menos reativo (scavanger) ou neutralizam completamente o radical livre através da absorção
de toda a energia de excitação (quencher). Por exemplo, a catalase existente nos peroxissomas
é um antioxidante quencher, catalisando a reação de conversão do peróxido de hidrogénio em
água. Além das enzimas, existem muitos outros compostos com capacidade antioxidante, como
seja o ácido ascórbico.
Muitas espécies de microalga, assim como as macroalgas, estão expostas ao sol dado que
precisam captar fotões. A luz, porém, exibe um forte poder de oxidação, o qual é combatido
pela produção de compostos antioxidantes. Muitos destes compostos são, entre outros, os
pigmentos carotenoides que protegem a célula. Outros antioxidantes são, designadamente,
alguns PUFA, compostos fenólicos, esteroides, terpenoides, quinonas, azoto heterocíclico, entre
muitos outros. A maioria dos pigmentos exibe ação antioxidante, com destaque para a xantofila
astaxantina.
2.1.2.1. Carotenoides
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2.1.2.2. Ficobilinas
As ficobiliproteinas são moléculas que surgem tanto nas Cianobactérias como nas Rhodophyta,
sendo construídas por uma porção proteica e uma porção que capta luz de diversos
comprimentos de onda. As Cianobacteria exibem sobretudo o pigmento ficocianina, azul e as
Rhodophyta sobretudo o pigmento rosa ficoeritrina (figura 2.4).
2.1.2.3. Clorofilas
Além dos lípidos, os polissacarídeos são também um constituinte fundamental tanto das
macroalgas como das microalgas, produzindo-os tanto como substância de reserva (amido,
laminarina, amido florídeo) como na constituição da parede celular. Os ficocolóides, que
abordaremos na secção seguinte, são também polissacarídeos constituintes da parede celular.
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Nas macroalgas, as algas verdes exibem até 47% peso seco, enquanto que as castanhas apenas
possuem até 16%. As algas vermelhas Porphyra exibe até 47% e a Palmaria e Gracillaria até
cerca de 30% de conteúdo proteico, valores bem superiores aos observados nos vegetais
terrestres. Exibem também todos os aminoácidos essenciais.
2.1.4. Ficocolóides
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Os aditivos alimentares E407 - carragenana, E406 - agar e E400 – alginato, são extraídos a
partir de macroalgas castanhas e vermelhas.
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Estes ficocolóides têm também vindo a ser estudados pelas suas propriedades terapêuticas,
tendo sido identificadas atividade anticoagulante, antitrombótica, antidiabética e antivírica,
incluindo contra os vírus HIV, hepatite e herpes.
Outros ficocolóides não alimentares importantes são os fucanos (em especial fucoidano) e a
laminarina. Ambos são extraídos a partir de algas castanhas. O primeiro é extraído facilmente a
partir de Fucus vesiculosus e o segundo a partir das laminárias, são usados como nutracêuticos,
já que exibem efeitos anticoagulante, anti trombótico, anti-inflamatório e anti proliferativo,
além de antioxidante.
Ficocolóide Função
ADITIVO ALIMENTAR
Bolos ou pão cozidos Agar Aumenta a qualidade e controla a humidade
Carragenana
Cerveja e vinho Carragenana Promove a floculação e a sedimentação de
Alginato sólidos em suspensão
Carne enlatada Carragenana Texturiza a mistura
Alginato
Queijo Carragenana Texturiza
Leite com chocolate Carragenana Mantém o chocolate em suspensão
Leite condensado Carragenana Emulsiona
Pudins Carragenana Espessante e gelificante
Peixe congelado Alginato Retenção humidade e adesão
Gomas Carragenana Gelificante
Sumos Carragenana Viscosidade, emulsionante
Batidos Carragenana Estabiliza a emulsão
COSMETICOS
Shampoo Alginato Vitalização da interface
Pasta de dentes Carragenana Aumenta viscosidade
Batom Alginato Elasticidade, viscosidade
USOS TERAPEUTICOS E FARMACEUTICOS
Moldes dentários Alginato Retenção
Laxante Carragenana Lubrificante
Alginato
Comprimidos Carragenana Encapsulamento
Alginato
Envenenamento com Carragenana Adere ao metal
metal
USOS INDUSTRIAIS E LABORATORIAIS
Tintas Alginato Viscosidade, suspensão, brilho
Meio bacteriológico Agar Gelificante
Gel eletroforese Agar Gelificante
Carragenana
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Muitas macroalgas são muito ricas em ferro, zinco, iodo, cálcio, sódio, potássio, magnésio, cobre
e selénio. A concentração destes minerais é habitualmente muito mais concentrada daquela
encontrada nos vegetais terrestres. São particularmente relevantes o ferro e o iodo, este último
particularmente abundante nas algas castanhas, dada a sua deficiência na dieta humana.
As macro e microalgas são também uma excelente fonte de vitaminas, em especial vitamina A,
E, C e vitaminas B.
Outros microelementos relevantes incluem polifenóis, nomeadamente os florataninos,
extremamente importantes como antioxidantes. Estes são especialmente abundantes nas
macroalgas castanhas.
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A utilização de organismos fotossintéticos parece constituir uma das formas mais simples para
implementar a descarbonização da atmosfera. Porém, a utilização de plantas agrícolas para
efetuar o sequestro de CO2 não é muito eficiente, já que está estimado que estas capturam
apenas 3 a 6% das emissões, o que é manifestamente reduzido.
Porém, tanto às macroalgas como as microalgas podem fixar CO2 para produzir carbonatos
solúveis.
No que concerne as macroalgas, é sabido que o seu talo é formado por cerca de 30% de carbono,
pelo que se compreende a enorme quantidade de carbono que é sequestrado por esta via. A
biomassa produzida pode ser utilizada para consumo humano, para ração, para a indústria
alimentar, ou como fertilizante, como veremos, mas poderá também ser convertida em
biocombustíveis.
Também muitas espécies de microalgas são extremamente eficientes na fixação de CO 2,
convertendo-o no crescimento celular. Trata-se de espécies tolerantes aos gases de combustão,
até aos 40% de concentração, como é o caso da espécie Chlorococcum littorale. Outras espécies
tolerantes, como Scenedesmus obliquus e Arthrospira spp. exibem igualmente boa capacidade
de fixação de CO2 quando cultivadas em biorreatores tubulares, a temperaturas de 30ºC.
A utilização de microalgas para a mitigação de CO2 oferece várias vantagens:
1. Taxa de crescimento muito mais elevada e, portanto, capacidade de fixação de CO2
muito superior, comparativamente à das plantas terrestres.
2. Possibilidade de reciclagem do CO2 através de várias tecnologias, dado que este
pode ser convertido, pela fotossíntese, em compostos de carbono, por exemplo
para a produção de biocombustível.
3. Possibilidade de obter rendimento económico quando combinada a mitigação de
CO2 com a produção de biocombustíveis e com outros processos, como o
tratamento de águas residuais. Os processos de descarbonização associados à
produção de microalgas permitem, ainda, diminuir os seus custos de produção.
O cultivo destes organismos obriga ao fornecimento de CO2 às microalgas, o que contribui com
um custo de produção de 8 a 27%. Ora, a concentração de CO2 na atmosfera é muito reduzida
(0,03-0,06%), mas os gases industriais podem atingir concentrações de CO2 de 10-20 %. Assim,
a utilização direta de CO2 industrial no cultivo das microalgas, permite, por um lado, diminuir as
emissões nocivas para a atmosfera, por outro, reduzir os custos de fornecimento de CO2,
contribuindo diretamente para o crescimento das microalgas. Dados científicos indicam que
66% do carbono industrial utilizado é incorporado na biomassa da microalga. A utilização destes
gases industriais, pode, aliás, aumentar a concentração de ácidos gordos úteis, pigmentos e
outros compostos bioativos, dado o stress induzido nos cultivos de microalgas.
Desta forma, vários estudos têm vindo a debruçar-se sobre a possibilidade de captação de CO2
atmosférico, ou outro de origem industrial, para a produção de microalgas e de macroalgas.
Assim é possível combinar a captura de carbono com a produção de biomassa a qual, por sua
vez, tem valor comercial relevante.
2.2.2. Biorremediação
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ambiente fosfatos, compostos azotados, metais pesados e outros poluentes do meio ambiente,
em particular, de águas residuais. De facto, a agricultura intensiva e o desenvolvimento
industrial têm causado a produção massiva de poluentes, sobretudo no que se refere à emissão
de efluentes industriais e poluição agrícola difusa para os rios e para o mar. Existem atualmente
vários processos físicos e químicos de remoção de contaminantes, como os metais pesados e os
poluentes orgânicos. Vários estudos indicam que algumas microalgas de água doce, como os
géneros Scenedesmus, Oscillatoria, Phormidium e outros, removem grandes quantidades de
nitratos e fosfatos de origem agrícola, bem como metais pesados como cobre, cobalto, zinco,
cadmio, mercúrio, chumbo, crómio, níquel, ferro, manganésio, entre outros, em percentagens
que podem atingir os 98%.
Exibem, ainda, outros compostos como pigmentos, polissacarídeos, vitaminas e fibras, os quais
constituem uma importante fonte de nutrientes para o homem e para toda a cadeia alimentar,
sendo muito úteis também enquanto ração animal. De facto, as microalgas são de grande
importância, por exemplo, para a aquacultura de peixes, rotíferos, bivalves, crustáceos e, ainda,
na alimentação de algumas fases larvares de cefalópodes. De salientar que a aquacultura visa
atualmente o cultivo fundamentalmente de peixes carnívoros os quais se alimentam, em grande
medida, do pescado selvagem capturado. A substituição do peixe selvagem por uma ração
constituída por microalgas, constituirá um passo importantíssimo para a sustentabilidade dos
oceanos.
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Outros compostos bioativos extraídos a partir de organismos marinhos, com destaque para as
macroalgas e microalgas, podem, ainda, ser úteis na criação de novos antimicrobianos. De facto,
tem existido uma preocupação crescente com o aumento das estirpes de bactérias
multirresistentes, as quais não são suscetíveis aos antibióticos convencionais. A descoberta de
novas moléculas antimicrobianas constitui, portanto, uma prioridade das instituições de saúde,
provenientes por exemplo de microalgas, eficazes contra estes microrganismos.
Finalmente, o aumento do tempo de vida, a poluição e o stress, entre outros fatores, têm
aumentado significativamente os casos diagnosticados de cancro. As terapias atualmente
existentes são agressivas e pouco seletivas, exibindo, portanto, efeitos secundários severos.
Assim, está em curso investigação científica que visa, por um lado, prevenir a ocorrência de
cancro, através da utilização de micronutrientes antioxidantes, nomeadamente os carotenoides,
por outro lado, a descoberta de moléculas eficientes no tratamento das células cancerígenas,
menos agressivo e mais específico, aumentando a eficiência do tratamento e diminuindo os seus
efeitos secundários.
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biocombustíveis produzidos por este método muito mais dispendiosos do que os combustíveis
fósseis.
Microalgas
Estes serão os organismos vivos mais primitivos, com mais de 3,5 mil milhões de anos.
Estes pigmentos conferem cor verde-azulada às células (violeta, vermelho ou mesmo verde). O
verde da clorofila a é mascarado, uma vez que têm grande concentração de pigmentos
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acessórios. Estes pigmentos designam-se ficobilinas, os quais estão associados a proteínas para
formar ficobiliproteinas3. A mais abundante é a ficocianina.
Do ponto de vista morfológico as cianobactérias são muito mais evoluídas do que os restantes
grupos de bactérias, já que são as únicas que adquiriram, nalgumas espécies, a
multicelularidade. Assim, há cianobactérias unicelulares, coloniais, filamentosas, …
Tal como as restantes bactérias, muitas cianobactérias podem formar esporos quando sujeitas
a stress (ausência de nutrientes ou baixa temperatura). Designam-se acinetos e são células de
resistência. Estas células, originárias a partir de células vegetativas, possuem adaptações
distintivas que lhes permite resistir a períodos adversos – seca, frio, deficiência de nutrientes,
etc.
3.1.2. Ecologia
As cianobactérias são muito comuns, surgindo em ambientes muito diversos: marinho, de água
doce ou terrestre, mesmo em ambientes extremos como glaciares, desertos e nascentes
hidrotermais. A maioria é, contudo, de água doce, fazendo parte do fitoplâncton, em águas
doces paradas ou pouco dinâmicas. Outras espécies são bentónicas vivendo aderentes aos
fundos. Algumas, como a Scytonema, sobrevivem em meios terrestres, formando patinas negras
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Outras formas de ficobiliproteínas surgem também nas divisões Rhodophyta, Glaucophyta e
Cryptophyta.
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na rocha húmida. Algumas espécies, ainda, são simbiontes: por exemplo a espécie Azola tem
folhas com cavidades que albergam Anabaena.
Algumas destas toxinas têm vindo a ser estudadas na expectativa de que possam vir a ser usadas
na biotecnologia médica, como compostos bioativos.
Além da proteína, podem produzir também PUFA (ácidos gordos polinsaturados, como os
ómega 3 e ómega 6), os quais são utilizados para produzir óleo alimentar; alguma investigação
científica em curso está também a pesquisar a possibilidade de produção destes compostos para
biocombustíveis, em substituição do petróleo.
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Ciano HAB – cianobacterial harmfull algal bloom; em português: florescimento de algas tóxicas
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O antigo Reino Protista, proposto por Whittaker incluía mais de 64.000 espécies de organismos
unicelulares, que não exibem, entre si, ancestrais comuns, constituindo, portanto, um grupo
polifilético. De facto, os organismos foram reunidos neste reino com base em características que
não possuem: não têm organização em tecidos, como os que se observam nos Fungi,
Archaeplastida (plantas) e Metazoa (animais). Recentemente têm vindo a ser descobertos
muitos outros organismos, de tamanhos diminutos (do tamanho dos procariotas, com apenas
0,5 a 2 m), que têm aumentado o conhecimento sobre estes organismos.
Existem, porém, algumas espécies capazes de fermentar em meio anaeróbio, como é o caso dos
parasitas do aparelho digestivo dos animais.
Do ponto de vista morfológico, todos estes organismos são células eucariotas, providas de
numerosos organelos membranares e não membranares.
Exibem uma membrana plasmática, nua, ou revestida externamente por uma película (estrutura
proteica), por uma parede celular celulósica, por carbonato de cálcio, por uma frústula de sílica,
entre outros revestimentos.
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Existem mais de 4000 espécies, muitas delas extremamente abundantes e produtivas a nível do
fitoplâncton marinho. Cerca de metade das espécies não é fotossintética.
3.2.1.2. Ecologia
Os dinoflagelados fotossintéticos são organismos importantes porque fazem parte do
fitoplâncton marinho, sendo os segundos produtores marinhos mais importantes, nos climas
temperados, podendo mesmo ser os primeiros em latitudes mais quentes. Os dinoflagelados
não fotossintéticos são heterotróficos; saprófitas, parasitas, fagotróficos.
Os dinoflagelados são responsáveis pelas marés vermelhas, São HABs que se devem à
acumulação de pigmentos carotenoides à superfície da água. São provocados sobretudo por
formas autotróficas, incluindo os géneros Gymnodinium, Gonyaulax, Glenodinium, Dinophysis e
Prorocentrum. Algumas espécies de dinoflagelados marinhos - cerca de 20% das espécies de
dinoflagelados - contêm substâncias altamente tóxicas, que servem de proteção contra
predadores ou para capturar presas. Estas toxinas causam a morte das espécies marinhas que
se alimentam deles, podendo igualmente originar danos significativos nos moluscos. Os
humanos, as aves e os mamíferos marinhos podem ser afetados indiretamente por estes
organismos tóxicos quando se alimentam de peixes contaminados ou de moluscos filtradores
que acumulam as toxinas. Estas toxinas são perigosas para o homem, nalguns casos por
bloquearem as sinapses neuromusculares, provocando uma paragem cardiorrespiratória que
pode ser fatal.
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3.2.2.2. Ecologia
São espécies planctónicas ou bênticas, quase todas marinhas. A maioria delas é de pequenas
dimensões, pertencendo ao picoplâncton (que inclui organismos com cerca de 0,2 a 2 m de
comprimento). Surgem sobretudo nos trópicos, mas há igualmente muitas espécies dos mares
temperados e mesmo polares. São mais abundantes no mar alto, contribuindo de forma
significativa para a produção primária.
Descobriu-se recentemente que estes organismos podem ser muitíssimo abundantes (facto que
tem passado despercebido dado o tamanho diminuto destes organismos), formando blooms
esbranquiçados, nas espécies que exibem a presença de exoesqueleto de carbonato de cálcio,
visíveis em imagem de satélite. São, portanto, muito importantes como produtores nos oceanos.
Raramente os blooms são tóxicos (HABs).
Fruto do excesso de matéria orgânica nas zonas costeiras, algumas espécies causam HABs.
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• Todas as espécies, pelo menos nalguma fase do ciclo de vida, são unicelulares
flagelados e os flagelos são distintos morfologicamente (heterocônticos).
• A maioria das espécies é autotrófica com plastos semelhantes, ricos em fucoxantina,
um pigmento que confere a cor acastanhada ou amarelada às células. As espécies
heterotróficas são incolores.
Vulgarmente conhecidas como diatomáceas, são quase sempre organismos unicelulares, mas
existem algumas espécies coloniais; a cor é dourada-acastanhada, fruto da fucoxantina.
A célula encontra-se encerrada numa parede característica, designada frústula, constituída por
sílica e formando duas valvas transparentes, sólidas e extensamente perfuradas, que encaixam
uma na outra. As valvas são sempre ornamentadas, com padrões muitas vezes característicos
da espécie (figura 3.7).
3.2.3.2. Ecologia
As diatomáceas constituem um dos componentes mais importantes do fitoplâncton, sobretudo
em águas frias e temperadas, como a da costa portuguesa. São abundantes sobretudo durante
a primavera e outono, quando os upwellings trazem à superfície a quantidade de sílica
necessária para o crescimento dos organismos. Os blooms de diatomáceas são habitualmente
benéficos uma vez que constituem a base da cadeia alimentar de muitos organismos aquáticos.
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Quando morrem depositam-se no fundo, não sendo, muitas vezes, digerido pelas bactérias;
desta forma o carbono que contêm não retorna ao ciclo do carbono, pelo que estes organismos
contribuem para a diminuição do efeito de estufa.
Ricas em fitosteróis, têm sido investigadas para a produção de esteroides “saudáveis” para a
indústria biomédica.
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Incluem-se, ainda, nas microalgas, organismos unicelulares e coloniais das divisões Rhodophyta
e Chlorophyta. Estes grupos, porém, exibem também macroalgas, pelo que serão abordados em
conjunto com as restantes macroalgas.
“Macroalgas”
A extensa costa portuguesa possui zonas de praia arenosa e zonas rochosas. Na zona entremarés
(intertidal) das áreas rochosas surgem abundantemente algas pluricelulares macroscópica, a
formar extensas cinturas horizontais, desde o topo da maré-alta até à profundidade máxima de
24 metros de profundidade (em Portugal), onde a luz tem intensidade suficiente para assegurar
a fotossíntese.
Algumas destas algas têm importância alimentar evidente, se bem que, em Portugal, já não são
utilizadas na alimentação humana. Portugal importa anualmente cerca de 1,5 toneladas de
macroalgas para utilização da cozinha chinesa e venda nas lojas de produtos naturais. Apesar do
desinteresse, as macroalgas constituem, como vimos, um alimento saudável, possuindo baixo
valor calórico, mas elevado conteúdo em minerais (cálcio e ferro), proteínas (incluindo todos os
aminoácidos essenciais) e vitaminas. Além disso, possuem baixo conteúdo lipídico (1 a 3% peso
seco) sendo que a maioria destes lípidos é constituído por ácidos gordos polinsaturados de
cadeia longa. A maioria dos polissacarídeos não é digerível pelo homem, dado que este não
possui as necessárias enzimas digestivas; assim estes polissacarídeos funcionam como fibras
alimentares (33 a 75% do total).
Uma outra utilização tradicional foi, e é ainda noutros países, a apanha para a produção de
ficocolóides. Nas rodófitas estas fibras são compostas fundamentalmente galactanos, como
agar e as carragenanas; nas feofíceas, são constituídos sobretudo por celulose e alginatos. A
indústria de ficocolóides iniciou-se, sobretudo com a extração de carragenanas a partir da
espécie Gelidium corneum, o qual era colhido nas praias, desidratado e vendido. A utilização dos
ficocolóides constitui uma indústria internacional importante, dado que muitos dos alimentos
processados incorporam estes compostos.
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Além do seu valor alimentar, as fibras baixam também os níveis de colesterol do organismo,
exibindo ainda um elevado poder antioxidante. Tal deve-se à capacidade destas fibras para
dispersar na água, reter o colesterol e inibir a sua absorção pelo trato intestinal, e também pela
capacidade antioxidante dos polissacarídeos sulfatados e dos polifenóis.
Estudos recentes indicam que muitas destas espécies exibem grande importância pela presença
de compostos bioativos, com atividade antimicrobiana, antioxidante e anti tumoral, entre
outras. Constituem, assim, recursos marinhos, importantes.
A parede celular é revestida por uma componente fibrilar, formada por celulose e alginatos
(polissacarídeos hidratados) formando uma mucilagem que previne a dessecação do talo quanto
exposto ao ar. Os alginatos juntamente com a celulose, fornecem a rigidez e a flexibilidade
necessárias para resistir às marés e às correntes.
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3.2.5.2. Ecologia
Quase todas são restritas ao ambiente marinho, vivendo aderentes a um substrato sólido. São
maioritariamente espécies de águas frias, constituindo um elemento dominante das águas do
Ártico e do Antártico, diminuindo a sua frequência à medida que nos aproximamos dos trópicos.
São macroalgas que apresentam uma distribuição bastante limitada devido ao facto de
necessitarem de luz abundante para realizarem a fotossíntese. Em águas cristalinas não
ultrapassam os 120 metros de profundidade. Nas zonas temperadas e frias, a baixas
profundidades, os fundos marinhos são muitas vezes dominados por algas castanha
(denominadas kelps), as quais forma complexas florestas marinhas. Nesta zona são muito
importantes para os ecossistemas marinhos, formam a base da cadeia alimentar de muitas
espécies e produzem um ambiente protegido para o crescimento de organismos de menores
dimensões, como invertebrados, zooplâncton, larva e juvenis de peixes, etc. Constituem
portanto zonas de proteção, reprodução e alimentação para uma grande variedade de espécies
animais.
As algas que constituem as florestas de kelp são, ainda, importantes produtores primários e
desempenham um papel ativo na minimização do fenómeno do aquecimento global, uma vez
que fixam carbono, que pode acumular-se nos sedimentos marinhos, reduzindo a quantidade
de CO2 presente na atmosfera.
Esparguete do mar – Himanthalia elongata. A sua distribuição abrange o Atlântico Norte e pode
atingir os 3 metros de comprimento. Com um sabor semelhante ao da lula, é usada na
alimentação por ser muito rica em potássio, fósforo, ferro e vitamina C. É uma das algas com
mais sucesso entre as espécies atlânticas e, ao mesmo tempo, uma das mais baratas, devido à
sua grande biomassa e facilidade de recolha nas zonas costeiras.
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Bodelha – Fucus vesiculosus, Fucus spiralis. Alga mais pequena que as anteriores, até 60 cm, tem
uma ramificação dicotómica muito característica. Não tem propriedades alimentares comuns,
mas exibe elevado poder antioxidante e anti-inflamatório. Não é, atualmente, cultivada.
A grande maioria é pluricelular, com um baixo grau de diferenciação celular, formando talos
grandes, com dois ou três tipos celulares distintos e muito característicos do grupo (organização
pseudoparenquimatosa).
Algumas, porém, como a espécie Porphyridium cruetum, são organismos unicelulares e são
produzidas em biorreator dadas as suas importantes propriedades antialérgicas e anti-
inflamatórias.
Distinguem-se das restantes divisões fundamentalmente pelo facto das células reprodutivas
nunca exibirem flagelos. Para compensar a evidente baixa eficiência reprodutiva, as rodófitas
exibem um ciclo de vida próprio, muitas vezes trifásico, durante o qual ocorre a amplificação do
zigoto, isto é, o zigoto produz não apenas um, mas vários (ou muitos) organismos filhos.
Possuem parede celular celulósica e, frequentemente, ficocolóides associados à parede celular,
os quais são polissacarídeos muito higroscópicos, que hidratam facilmente na presença de água.
Esta propriedade impede a dessecação destes organismos. Inclui formas com exoesqueleto
calcário e formas encrostantes. A calcificação permite resistir à hidrodinâmica marinha, já que a
maioria das rodófitas vive na zona entremarés.
3.2.6.2. Ecologia
Apesar de haver algumas exceções de água doce (ca. 150 espécies), a grande maioria é marinha,
bentónica, vivendo fixa às rochas nas zonas litorais, até uma profundidade máxima de 100
metros (raras vezes crescem abaixo dos 30 metros no Atlântico norte). Surgem, por isso, apenas
numa estreita faixa litoral, com algumas exceções.
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As espécies que vivem a maiores profundidades são, frequentemente, calcificadas para evitar a
herbivoria.
Por outro lado a produção abundante de mucilagem protetora, que impede a dessecação das
células e dos talos. A mucilagem é constituída fundamentalmente por ficocolóides,
designadamente agar e as carragenanas.
Nori – Porphyra spp. – o nori é constituído pelas lâminas da alga vermelha que revestem
externamente o sushi; é feito a partir de espécies de Porphyra cultivadas no Japão. O nori
atlântico é formado por espécies semelhantes, como P. umbilicalis. Exibe grande riqueza em
aminoácidos e de boa digestibilidade. O “nori” é excecionalmente rico em provitamina A,
superando as hortaliças e, também, os mariscos e peixes. Os valores de vitamina B12 são
também muito elevados nesta alga. Tem uma baixa percentagem em gorduras e estas são de
grande valor nutritivo pois, mais de 60% das mesmas, são ácidos gordos polinsaturados ómega
3 e ómega 6.
Dulse - Palmaria palmata - Cerca de 30 % do seu peso é constituído por minerais (ferro, potássio
e iodo) e por proteínas de elevado valor nutritivo (18 %). Possui também elevados valores de
vitamina C e de ficoeritrina, pigmento vermelho percursor da vitamina A. Fortalece a visão
(vitamina A) e é aconselhada para tratamento de problemas gástricos e intestinais e para a
regeneração das mucosas.
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Esta é uma divisão natural, com características próprias, em particular no que se refere aos
pigmentos fotossintéticos, aos hidratos de carbono de reserva, à estrutura dos plastos
(cloroplastos) e do flagelo.
Morfologicamente são muito diversas, existindo espécies unicelulares móveis por flagelos,
unicelulares imóveis (cocóides), coloniais com ou sem forma fixa, com organização cenocítica
(sem divisão celular, multinucleados) filamentosos ramificados ou não, …
Apesar de a divisão incluir espécies claramente distintas das restantes divisões de algas, é muito
mais difícil separar esta divisão das plantas terrestres, uma vez muitas das suas características
são comuns também a estas plantas: os pigmentos fotossintéticos – clorofila a e b, o
polissacarídeo de reserva - amido, a constituição da parede celular - celulose, as células
reprodutivas e outros detalhes bioquímicos, o que indica que existem um relacionamento
estreito entre estes grupos. Assim, acredita-se que a divisão Chlorophyta é o grupo de algas a
partir do qual terão evoluído as plantas terrestres.
3.2.7.2. Ecologia
São quase todas espécies de ambientes aquáticos (marinhos ou água doce), constituindo um
importante componente do fitoplâncton, existindo também em ambientes terrestres, muito
diversos, como por exemplo à superfície da neve, em rochas e troncos de árvore, no solo, e em
associação simbiótica com fungos, esponjas, protozoários, celenterados, etc.
Chlorella sp. – Microalga unicelular cocóide. O género é conhecido como sendo muito eficiente
na remoção de contaminantes, como azoto, fosfato, e iões metálicos como alumínio, cálcio,
ferro, magnésio e manganésio. É também comercializada como suplemento alimentar dado o
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elevado conteúdo em proteína (até 45%) e um conteúdo lipídico elevado na ordem dos 16,5%.
Exibe ainda cerca de 10% de minerais e vitaminas, constituindo também um género importante
do ponto de vista alimentar. Exibem, finalmente, pigmentos (xantofilas) com reconhecidas
propriedades antioxidantes. A alga tem um valor comercial de cerca de 15000€ a tonelada (peso
seco).
Haematococcus pluvialis – Espécie de microalga biflagelada. É uma alga verde que, em altura de
stress (luz forte, elevada salinidade e baixo teor em nutrientes) forma células de resistência
vermelhas – cistos – os quais produzem grandes quantidades da xantofila astaxantina (figura
3.9). O género é, pois, cultivado dado que a astaxantina é um forte antioxidante, um ingrediente
fundamental em aquacultura, cosmética e como nutracêutico.
As primeiras plantas terrestres terão surgido há cerca de 440 milhões de anos. Os primeiros
colonizadores da terra terão sido algas verdes de água doce, já extintas. Estas, terão conseguido
ultrapassar problemas de obtenção e de retenção de água, bem como proteção contra a
radiação solar direta, através de várias estruturas, as quais se foram diferenciando ao longo do
tempo evolutivo, formando uma sequência bem definida de organismos fotossintéticos. As mais
primitivas são as briófitas (musgos e hepáticas), ainda sem tecido vascular), pteridófitas (fetos e
hepáticas) que já possuem tecido vascular mas ainda sem flor, as gimnospérmicas (pinheiros,
cedros, …) plantas com flor mas sem perianto, e com semente, mas sem fruto. Finalmente as
angiospérmicas, as plantas mais evoluídas e que dominam o ambiente terrestre, que
diferenciaram a flor com perianto em simultâneo com os insetos, e o fruto carnudo.
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A estrutura morfológica das plantas terrestres é muito característica, formada por tecidos e
órgãos. O sistema vegetativo é formado por folhas, raízes e caules. Estas estruturas têm funções
críticas na planta:
1. Raiz – absorção de água do solo, onde esta se encontra disponível. A raiz é uma
estrutura complexa que tem duas funções complementares – a ancoragem ao solo e a
absorção de água. Esta estrutura não surge em nenhuma alga marinha, mesmo aquelas
de maior porte.
2. Folha – órgão responsável pela captação de luz; é constituído fundamentalmente por
parênquima clorofilino, onde abundam os plastídeos, organelo onde decorre a
fotossíntese.
3. Caule – é o órgão de sustentação da planta, fundamental quando a planta se encontra
exposta ao ar; esta sustentação é assegurada por tecidos mecânicos como o colênquima
e o esclerênquima.
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Além da parte alimentar, são utilizados centenas ou mesmo milhares de moléculas como
medicamento, na cosmética, na perfumaria, como condimento ou como conservante, a maioria
dos quais são metabolitos secundários das plantas.
Existem registos de há milhares de anos, da utilização das plantas. Até meados do século XX,
início da indústria farmacêutica a partir da síntese de compostos químicos, as plantas aromáticas
e medicinais constituíram os principais agentes farmacêuticos. Ainda assim, muitos princípios
ativos não são ainda sintetizados ou a sua produção industrial é extremamente cara. Desta
forma, muitas plantas são ainda cultivadas com o fim de serem utlizadas no fabrico de
medicamentos.
A medicina tradicional tem utilizado estas plantas, durante milénios, reunindo um conjunto de
dados empíricos importantíssimos, muitos dos quais corretos. Desta forma as plantas são
eficientes no tratamento de muitas doenças. Assim, por exemplo, um chá de menta antes de ir
dormir pode ser um remédio muito mais eficaz contra a insónia do que os barbitúricos químicos.
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Tal deve-se à presença de uma certa quantidade de um ou mais químicos nas plantas que
produzem aquele efeito.
Outras doenças, contudo, carecem de medicação química (ou outra) muito mais forte do que
aquela que as plantas podem fornecer.
As plantas podem, então, ser usadas com fins terapêuticos (plantas medicinais), aromáticos
(plantas aromáticas) e dietéticos ou gastronómicos (plantas aromáticas e condimentares).
Alcaloides – compostos químicos orgânicos azotados, com efeito sobre o sistema nervoso
central. Alguns dos mais conhecidos são: cafeína, morfina, estricnina, quinina, etc. Alguns são
drogas muito poderosas, formando os venenos mais fortes de origem vegetal.
Óleos essenciais – produzidos por células ou pelos glandulares especiais, ou por vasos secretores
existentes na folha (muitas vezes), flor, fruto, raiz ou semente. São óleos voláteis,
frequentemente aromáticos, solúveis em álcool e noutros solventes orgânicos. Até à data foram
identificados mais de 600 compostos diferentes (terpenos, cetonas, fenóis, ésteres, aldeídos,
…).
Taninos – substância capaz de precipitar proteínas; por esta razão são usados na indústria de
curtumes, para remover a proteína da pele dos animais. Com muitas propriedades medicinais
reconhecidas, são também carcinogénicos.
Saponinas – glucósidos de elevado peso molecular. Possui ação detergente, tendo sido usado
como sabão durante séculos.
Muitas das propriedades das plantas são aproveitadas simultaneamente para vários fins. Plantas
aromáticas, com importantes propriedades medicinais, são usadas na culinária, como
aromatizantes: tanto especiarias como plantas aromáticas exibem propriedades medicinais
reconhecidas.
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