Você está na página 1de 78

APOSTILA DE QUÍMICA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA (2º.PERÍODO)

AUTOR: Prof. Delio Guerra Filho


Revisão: 01
GUIA DE ORIENTAÇÃO PARA O ALUNO
1. EMENTA
Tópicos/Síntese/Unidades
1. Química e Medidas / Introdução à Química / História da Química;
2. Química e Medidas / Medidas Físicas / Unidades SI e Análise dimensional, exercícios;
3. Átomos e Moléculas / Teoria atômica e estrutura atômica / Massa atômica, massa molecular, exercícios;
4. Átomos e Moléculas / Substâncias químicas / Fórmulas químicas, nomenclatura e mol, exercícios;
5. Átomos e Moléculas / Reações químicas / Equações químicas, equilíbrio das equações químicas,
estequiometria industrial, exercícios;
6. Gases / Leis dos gases / Pressão dos gases e suas medidas, leis empíricas dos gases, lei dos gases ideais,
problemas estequiométricos, lei das pressões parciais, exercícios;
7. Cinética química / Teoria cinética molecular / Teoria cinética de um gás ideal, velocidades moleculares,
exercícios;
8 Soluções / Formação de soluções / Misturas, Tipos de soluções, Unidades de concentração e
solubilidade, exercícios;
9. Equilíbrio químico e iônico / Equilíbrio / Cálculos de constantes, Leis principais, Deslocamento do
equilíbrio, exercícios;
10 Eletroquímica / Aspectos qualitativos e quantitativos / Condutividade elétrica, eletrólise, pilhas, teoria de
Nernst, potenciais normais de eletrodos, exercícios;
11. Corrosão / Aspectos qualitativos / Meios corrosivos, tipos de corrosão, meios de proteção.

2. ESTRUTURA DE APOIO/RECURSOS DIDÁTICOS

• VISUAIS: Quadro pilot e transparências.

• AUDITIVOS: Aulas expositivas.

• LABORATORIAL:Aulas práticas.

3. AVALIAÇÃO
• ASPECTOS A SEREM AVALIADOS:
Entendimento perfeito das definições e conceitos em Química, ligação entre as definições /conceitos e a prática da
engenharia eletrica.

• INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E RESPECTIVAS PONTUAÇÕES:


Duas provas escritas (uma em cada bimestre), uma avaliação por trabalho escrito, duas
avaliações de laboratório (uma em cada bimestre), uma prova de segunda chamada (para
quem faltar a uma das provas escritas normais), uma prova escrita final.

Média = (1a. Provas escrita x 0.7 + 1a. Avaliação de Laboratório x 0,.3) + (2a. Prova escrita x 0.4 + 2a.
Avaliação de Laboratório x 0.3 + Nota da Avaliação Trabalho x 0,.3 )

4. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
RUSSEL, JOHN B. Química Geral. Vol 1 e 2, 2º edição,1994, Makron Books – São Paulo .
MAHAN, B. M.; MYERS, R. J.; Química um curso universitário; ed. Edgard Blucher, 1996

5. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
ADDISON-WESLEY -Química Inorgânica. Principios y Aplicaciones Iberoamericana (1992)
BRADY, J.E.; HUMISTON, G.E -Química Geral; 1986, 2a Edição, Volumes 1 e 2; Livros Técnicos e Científicos
Editora S.A.
LEE, JOHN DAVID; Fundamentos da Química Inorgânica. São Paulo: ed. Edgard.Blucher: Ed. da USP, 1996

2
ÍNDICE

SEÇÃO PÁGINA
AULA N. 1 4
AULA N. 2 15
AULA N. 3 15
AULA N. 4 31
AULA N. 5 31
AULA N. 6 38
AULA N. 7 38
AULA N. 8 48
AULA N. 9 48
AULA N. 10 51
AULA N. 11 51
AULA N. 12 59
AULA N. 13 59
AULA N. 14 59
AULA N. 15 63
AULA N. 16 63
AULA N. 17 64
AULA N. 18 64
AULA N. 19 74
AULA N. 20 74

3
AULA Nº 1
A QUÍMICA E O MUNDO EM QUE VIVEMOS
O ser humano surgiu há alguns poucos milhares de anos atrás, segundo os registros no livro
mais antigo do planeta, a Bíblia. Nesse “curto” espaço de tempo, o ser humano aprendeu
lentamente a transformar as substâncias encontradas na natureza para melhorar sua qualidade
de vida.

No entanto, foi nos últimos 100 anos que o ser humano desenvolveu sua capacidade de efetuar
transformações químicas e industriais que lhe permitem causar mudanças significativas no
meio ambiente.

Conseguimos, assim, produzir alimentos suficientes para a maior parte dos habitantes da Terra,
apesar de não conseguirmos distribuí-los adequadamente. Atualmente, somos também capazes
de produzir tecidos, refrigerantes, brinquedos e outros utensílios plásticos, drogas eficientes no
alívio da dor, combustíveis, detergentes e inseticidas superpoderosos que acabam com as
pragas da agricultura.

Outro fato relevante que mostra a ação contraditória da Química é observado na utilização de
combustíveis obtidos a partir do petróleo. Por um lado, a cada dia conseguimos obter
combustíveis que permitem um melhor rendimento de motores de combustão interna. Por outro
lado, esses combustíveis são absorvidos pelo solo quando ocorrem vazamentos nas refinarias
de petróleo, nos postos de gasolina e durante seu manuseio inadequado, contaminando os
lençóis freáticos e, conseqüentemente, os rios e os mares. Ao mesmo tempo, os produtos
formados na sua combustão, como o dióxido de enxofre e o monóxido de carbono, poluem a
atmosfera, provocando alteração na vegetação e problemas respiratórios nos seres vivos.
Outros exemplos são as substâncias, denominadas aditivos, acrescentadas à maioria dos
alimentos industrializados que consumimos. A finalidade positiva de um tipo desses aditivos
 os conservantes  consiste em retardar a decomposição ou a alteração dos alimentos,
aumentando o tempo entre sua produção e seu possível consumo. Outros aditivos, denominados
flavorizantes, corantes e umectantes, são usados para melhorar o sabor e o aspecto dos
alimentos.

Muitos desses produtos são usados sem nem mesmo sabermos como reagem no nosso
organismo, mas já existem evidências de que eles podem provocar alterações indesejáveis e
alguns, como os nitritos de sódio e potássio, estão sob suspeita de serem agentes cancerígenos,
apesar de serem utilizados normalmente para conservar carnes e dar-lhes um aspecto agradável.

A partir desses exemplos, pode-se dizer que a Química trouxe facilidades para a nossa vida,
ajudando a aumentar a produção de alimentos e melhorando nossa saúde. Temos, porém,
devido ao uso de produtos químicos, um ar cada vez mais poluído e praias e rios sujos e
oceanos contaminados, provocando uma grande mortandade nos ambientes aquáticos e
acarretando perigos potenciais para o funcionamento do nosso corpo.

4
=> EXPERIÊNCIAS e CIÊNCIAS

Uma pessoa que entendia muito bem o funcionamento da ciência era Richard Feynman, prêmio
Nobel de física de 1965, e um dos mais originais pensadores deste século. Feynman dizia que
“o conhecimento científico é um corpo de afirmações de vários graus de certeza  umas
menos seguras, outras mais seguras, mas nenhuma absolutamente certa. Os cientistas estão
acostumados com isso e acham inteiramente aceitável ser coerente e não estar perfeitamente
seguro, ou seja, é possível viver e não saber”. É bom lembrar das palavras de Feynman ao ler
afirmações sobre o ambiente, sobre medicina e cuidados com a saúde, e sobre nutrição.

Richard Feynman deu aos Estados Unidos uma lição sobre como se faz ciência, ao realizar uma
experiência simples para descobrir a razão da desastrosa explosão da Challenger, no
lançamento do dia 28 de janeiro de 1986. O dia fora excepcionalmente frio para a Flórida  a
temperatura, no instante do lançamento, era de aproximadamente -2ºC. O mundo todo pôde
assistir como depois de um minuto de vôo a nave e os seus foguetes explodiram, numa bola de
fogo que matou todos os tripulantes.

Para entender a razão da explosão, e a importância de experiência de Feynman, vamos


relembrar algumas coisas do projeto da nave. O foguete principal era alimentado por
hidrogênio e oxigênio líquido, contidos em grandes tanques fixados no exterior da nave. O
hidrogênio e o oxigênio combinam-se para formar água, e a energia desta reação proporciona o
impulso necesário para colocar a nave em órbita. A fim de dispor de impulso adicional durante
o lançamento, foguetes de reforço, a combustível sólido, são presos de um e outro lado da
nave. Os foguetes a combustível sólidos são feitos em seções, e as seções são enviadas da
fábrica para o Centro Espacial Kennedy, onde são montadas para constituir o foguete de
reforço. A junta entre as seções era projetada de modo que os gases quentes da queima do
combustível sólido não pudessem vazar através das paredes do foguete. Parte do projeto de
vedamento da junta, que tinha que ser um tanto flexível, era um delgado anel de borracha
especial. Desde o início, Feynman e outros pensavam que uma causa possível da explosão da
Challenger fosse a queima do combustível sólido através das paredes do foguete de reforço
atingindo o tanque de hidrogênio líquido, o que provocaria a explosão do hidrogênio. Como
porém isto havia acontecido?

Quando a nave é lançada e o combustível sólido principia a queimar, a carcaça do foguete


desloca-se levemente para fora. Se este movimento provocar a abertura da junta entre as
seções, o combustível queima através da junta. Os anéis de borracha, porém, impediriam a
abertura. Com base nas informações dos engenheiros envolvidos no projeto dos foguetes, uma
hipótese para explicar o acidente era de que, graças ao tempo excepcionalmente frio, os anéis
de borracha não tinham se expandido apropriadamente e a chama escapara através da junta.
Para provar esta hipótese, Feynman fez uma experiência marcante  porém muito simples.
Durante uma audiência pública, Feynman pegou uma amostra do anel, comprimiu-a
firmemente com uma pinça e depois colocou-a num corpo de água gelada. Todo mundo
percebeu, então, significativamente, que a borracha nas baixas temperaturas condenara a
Challenger. A hipótese de Feynman fora comprovada por essa experiência.

Nem todas as experiências são tão simples quanto a de Feynman, nem ilustram tão
marcantemente o aspecto central. Algumas levam dias, ou até meses, para se completarem e

5
envolvem verdade que as melhores experiências, e as que levam aos resultados mais úteis e
convincentes, são as mais simples.

=> CONSTRUÇÃO DE MODELOS /ESTRUTURAS MOLECULARES

Outra maneira de resolver problemas científicos é a construção de um modelo, isto é, de algo


que imaginemos reproduzir a natureza. Por exemplo, pode ser um modelo matemático para a
produção e receita de uma pequena empresa. Ou pode ser a maquete de um arquiteto, para se
ver como os aposentos de uma casa se ajustam. Ou então um químico pode fazer um modelo de
molécula, em papel de plástico, ou construir e visualizar um outro em computador.
Para resolver o problema da estrutura do ADN, Watson e Crick construíram modelos materiais
de partes do ADN. Depois, com intuição e conhecimento químicos, imaginaram como as partes
melhor se ajustavam a fim de modelar uma molécula com propriedades que correspondiam à
experiência. Watson afirmou que ele e Crick pensavam realmente que “a construção de um
modelo constitui abordagem séria em ciência, e não é recurso fácil de preguiçosos para evitar o
esforço duro e indispensável para uma carreira científica honesta”. O trabalho dos dois foi, na
realidade, exemplo de construção bem-sucedida de um modelo, embora nem todo mundo tenha
ficado entusiasmado na época de sua publicação.

A técnica dos raios x, que proporcionou a prova experimental do modelo de Watson-Crick, tem
sido usada amplamente nos últimos anos para explorar as formas, ou idéias bem-definidas
sobre a estrutura molecular e, o que é igualmente importante, desenvolveram o entendimento
sobre a relação entre a estrutura molecular e o comportamento químico. Acredita-se
modernamente que o conhecimento da estrutura molecular é fundamental para o progresso da
química. É tão importante que as empresas farmacêuticas e químicas, por exemplo, modelam
estruturas e reações químicas com o auxílio de computadores antes de iniciarem os trabalhos de
laboratório.

=> A PERGUNTA DE TODOS OS ALUNOS DE ENGENHARIA


ELÉTRICA É: POR QUE SE PREOCUPAR COM A QUÍMICA?

A estrutura do DNA, a poluição do planeta, o desastre da Challenger e a experiência de


Feynman nos mostram as razões pelas quais devemos nos preocupar com a ciência e com a
maneira pela qual se faz ciência. Muitos americanos entristeceram-se com a explosão da
Challenger, não apenas pelas mortes dos astronautas, mas também porque, a menos que fosse
explicada, poderia afetar o futuro do programa espacial. Além disso, um fracasso de engenharia
pode levar os cidadãos pouco informados a perder a confiança em toda a tecnologia, com
prejuízos para a economia e para a sociedade. O professor Feynman, com sua abordagem de
bom senso, descobriu as causas da explosão da Challenger e o programa espacial pôde
continuar a progredir cautelosamente. Centenas de problemas da nossa sociedade dependem da
ciência, de uma forma ou de outra, para serem resolvidos. Quase todos os dias lemos ou
ouvimos nos jornais, nas revistas ou na televisão pronunciamentos como os seguintes:

 Poderíamos desenvolver uma vacina para a AIDS se trabalhássemos mais rapidamente.


6
 O amianto deve ser removido de todas as edificações públicas.
 Todos os pesticidas e herbicidas deveriam ser banidos.
 O buraco na camada de ozônio, na Antártida, está aumentando.
 As queimadas das florestas tropicais são um desastre ecológico.
 O aquecimento do globo é uma realidade.
 O aquecimento do globo não é uma realidade.
 A homeopatia oferece cura garantida para todas as nossas doenças.
 Não se deve comer manteiga, mas substituí-la por margarina.
 A ingestão de margarina acarreta riscos para a saúde.
 É preciso investigar os porões de cada casa para detectar níveis perigosos de radônio.
 A ingestão de alimentos com elevado teor de selênio previne o câncer.
 A incineração de lixo provoca grave dano à ecologia local.

A lista continua indefinidamente. Em que você vai acreditar? Como irá analisar o problema?
Por que estudar química? As razões são evidentes. Você, no futuro, será chamado para tomar
decisões sobre a própria vida e o seu bem-estar, e também, sobre o bem-estar da comunidade a
que pertence  seja a local, seja a global. A compreensão da ciência em geral, e da química
em particular, será auxiliar importante na tomada de decisões.

=> GRANDEZAS FUNDAMENTAIS

Existem diversos conceitos fundamentais ou primitivos, que podemos apreender


sensorialmente, que formam a base de todas as medições físicas. Entre estes estão o tempo, o
comprimento, a massa, a força e a temperatura, que podem ser encarados como grandezas
primárias. Para cada uma delas deve ser estabelecida uma escala arbitrária de medida, dividida
em unidades de um tamanho particular. Os padrões universalmente aceitos são os do Sistema
Internacional de Unidades (com a sigla SI) estabelecidos pela Conferência Geral de Pesos e
Medidas na base de recomendação do Comitê Internacional de Pesos e Medidas. Os outros
sistemas de unidades, como o sistema inglês, relacionam-se ao Sistema Internacional mediante
fatores de conversão fixos.

> TEMPO

A unidade fundamental de tempo t é o segundo, com o símbolo s; até 1967, a sua definição
estava baseada no movimento da Terra. A definição moderna emprega um padrão atômico de
tempo, baseado numa propriedade invariante do césio 133.

> COMPRIMENTO

A unidade fundamental de comprimento l é o metro, com o símbolo m, definido em termos do


comprimento de onda duma raia vermelho-alaranjada do criptônio 86. A unidade do sistema
inglês é o pé (ft), definido como 0,3048 m.

> MASSA
7
A unidade fundamental de massa m é o quilograma, com o símbolo kg. O padrão primário é
um cilindro de liga de platina e irídio, guardado no Comitê Internacional de Pesos e Medidas,
em Sèvres, nas vizinhanças de Paris, na França. No sistema inglês, a libra-massa (lbm) é
definida como 0,45359237 kg. Deve-se entender que a massa é uma medida de quantidade de
matéria. Embora a massa esteja relacionada com o peso, os dois termos devem ser
distinguidos, pois o peso refere-se à força exercida pela gravidade sobre a massa. Num lugar
determinado, o peso é proporcional à massa, mas o fator de proporcionalidade muda de lugar
para lugar. Apesar de o peso de um corpo variar de lugar para lugar, a sua massa permanece
constante.

> FORÇA

A unidade fundamental de força F é o newton, com o símbolo N. É a força que, aplicada a um


corpo com a massa de um quilograma, lhe atribui uma aceleração de um metro por segundo por
segundo. Esta definição está baseada na segunda lei de Newton, que exprime a
proporcionalidade entre a força F e o produto da massa m e a aceleração a:

F= (a)

onde l/gc é o fator de proporcionalidade. A equação (a) relaciona quatro grandezas


fundamentais  tempo, comprimento, massa e força  e deve ser válida qualquer que seja o
sistema de unidades empregado. Quando as unidades de tempo, de comprimento e de massa
são definidas inicialmente, como foi feito nas seções 2 a 4, então a escolha da unidade de força
determina o valor de gc por intermédio da equação (a). No SI, o newton é definido de modo a
fazer gc igual à unidade. Então, pela equação (a),

1N= e

gc = 1 kg . m/N . s²

As unidades de gc podem ser encaradas de duas formas. Quando o newton é considerado uma
unidade independente, gc tem as unidades que acabamos de mencionar. No entanto, se o
newton for encarado simplesmente como uma abreviação da unidade composta kg.m/s², então
gc será adimensional, e a equação (a) poderá ser escrita:

F = ma

Nos Estados Unidos, os engenheiros químicos empregam, com muita freqüência, um conjunto
de unidades conhecido como o sistema inglês de unidades, que usa simultaneamente a libra-
força e a libra-massa. Nesta apostila, estas duas grandezas serão diferenciadas pelos símbolos
lbf e lbm. Em virtude de estas unidades de força e de massa serem definidas sem apelo à
equação (a), o fator gc não é a unidade. A libra-massa representa uma dada quantidade de

material e foi definida na seção 4 como equivalente a 0,45359237 kg. A libra-força é a força
exercida pela gravidade sobre uma libra-massa de matéria num local em que a aceleração da

8
gravidade tem o valor padrão de 32,1740 ft/s². Então, 1 lb m recebe uma aceleração de 32,1740
ft/s² sob a ação de uma força de 1 lbf. A substituição destes valores na equação (a) dá

1 lbf =

Tirando o valor de gc,

gc = 32,1740

Por isto, no sistema inglês de unidades de engenharia, gc é uma constante dimensional cujo
valor numérico é igual à aceleração normal da gravidade, mas tendo unidades diferentes. A
libra-força é equivalente a 4,4482216 N.
Deve ficar bem claro, da discussão anterior, que a libra-força e a libra-massa não medem a
mesma grandeza e não podem ser simplificadas nas equações. Quando uma equação tem
grandezas com as unidades de lbf e de lbm , a constante dimensional gc deve figurar também na
equação, para que ela seja dimensionalmente correta.

O termo peso é usado apropriadamente para indicar a força da gravidade sobre um corpo,
enquanto massa designa a quantidade de matéria num corpo. Esta distinção nem sempre é feita,
e não é raro designarem-se os padrões de massa como pesos. Além disto, o uso de uma balança
para comparar massas é chamado freqüentemente de pesada. Por isto, é preciso aprender a
distinguir se é força ou massa que se quer dizer ao usar a palavra peso de forma episódica ou
informal.

Exemplo 1 - Qual seria o peso, ou a força da gravidade, em lb f sobre um objeto de massa igual a 12,00
lbm num local em que a aceleração gravitacional é de 32,000 ft/s²?

Solução: Pela equação (a),

F= =

F= = 11,94 lbf

Exemplo 2 - Uma balança de mola está calibrada de modo a indicar libras-massas num local em que a
aceleração gravitacional tem o sem valor padrão 32,174 ft/s². Se a balança for utilizada num local em
que a aceleração da gravidade é de 32,300 ft/s², qual a massa de um objeto que passa 15,00 lb de acordo
com esta balança?
Solução: A balança de mola registra libras-força. Então, a força gravitacional sobre o objeto é de 15,00
lbf. Pela equação (a) temos

m= = = 14,94 lbm

9
> TEMPERATURA

A definição de temperatura e de uma escala de temperatura não tem a simplicidade que se pode
imaginar à primeira vista. O método mais comum de medir a temperatura usa o termômetro de
mercúrio em vidro. Este método baseia-se na expansão de líquidos quando são aquecidos. Por
isso, um tubo uniforme, parcialmente cheio com mercúrio, ou álcool ou outro líquido, pode ser
usado para indicar os graus de “quentura” simplesmente pela medida do comprimento da
coluna líquida. Os valores numéricos associados a estes graus só podem ser determinados por
uma definição arbitrária. Na escala Celsius, o ponto do gelo (ponto de congelação da água
saturada com ar na pressão atmosférica padrão) é tomado como o zero da escala; o ponto do
vapor (ponto de ebulição da água pura sob pressão de uma atmosfera padrão) é igual a 100.
Desta forma, é possível associar a um termômetro uma escala numérica; mergulha-se o
termômetro num banho de gelo e água e se faz a marca do zero na altura correspondente ao
nível do líquido; depois o termômetro é mergulhado na água em ebulição e se marca o 100 na
altura do nível do líquido. A distância entre as duas marcas é dividida em 100 partes iguais,
cada qual chamada de um grau. Outras divisões de igual tamanho podem ser marcadas abaixo
do zero e acima do 100 para ampliar a faixa do termômetro. Qual seria a qualidade deste
dispositivo medidor de temperatura? A resposta depende do fluido usado no termômetro.
Todos os termômetros, independentemente deste fluido, coincidirão sempre nas leituras dos
pontos 0 e 100 se tiverem sido calibrados pelo método descrito acima; nos outros pontos, no
entanto, as leituras usualmente não coincidem, pois os fluidos têm propriedades de expansão
que são diferentes. Seria possível fazer uma escolha arbitrária e, para muitos fins práticos, a
escolha seria inteiramente satisfatória. É possível, porém, definir uma escala de temperatura de
gás ideal como a base fundamental de todo o trabalho científico. É importante observar,
porém, que esta escala é uma escala absoluta e depende do conceito de um limite inferior da
temperatura. As temperaturas nesta escala são simbolizadas por T, e a unidade de medida é
kelvin, como o símbolo K. A temperatura Celsius, com o símbolo t, está definida em relação à
temperatura Kelvin por

t = T - 273,15 (b)

A unidade de temperatura Celsius é o grau Celsius, ou centesimal, com o símbolo ºC. Esta
unidade é igual ao kelvin. No entanto, as temperaturas na escala Celsius são 273,15 graus mais
baixos que na escala Kelvin. Isto significa que o limite inferior de temperatura, denominado o
zero absoluto na escala Kelvin, ocorre a -273,15ºC.

A Escala Prática Internacional foi escolhida de modo que a temperatura medida com o seu
emprego aproxima-se bastante da temperatura de gás ideal; as diferenças estão dentro dos
limites de erro das medições modernas. A escala está baseada na fixação de valores da
temperatura em diversos estados de equilíbrio de vários sistemas (são os chamados pontos
fixos) e na utilização de instrumentos padronizados e calibrados nestes pontos fixos. Usam-se
fórmulas para interpolar as temperaturas entre os pontos fixos e relacionar as leituras dos
instrumentos padronizados aos valores da temperatura na escala prática internacional.

O instrumento padronizado que se adota de -259,34ºC até 630,74ºC é o termômetro de


resistência de platina; entre 630,74ºC e 1064,43ºC usa-se o termopar de platina e platina ródio
(10%). Acima de 1337,58 K (1064,43ºC), a temperatura é definida pela lei da radiação de
Planck, com a temperatura de referência em 1337,58 K.

10
Além das escalas Kelvin e Celsius, os engenheiros americanos usam outras duas escalas: a
escala Rankine e a escala Fahrenheit. A escala Rankine está relacionada diretamente à escala
Kelvim por

T R = 1,8 T K (c)

e é uma escala absoluta.


Celsius Kelvin Fahrenheit Rankine

100ºC 373,15 K 212ºF 671,67 R Ponto do vapor

0ºC 273,15 K 32ºF 491,67 R Ponto do gelo

-273,15ºC 0K -459,67ºF 0R Zero absoluto

Fig. 1 - Relações entre as escalas de temperatura.

A escala Fahrenheit está relacionada à escala Rankine por uma equação análoga à equação (b):

tºF = T R - 459,67 (d)

Assim, o limite inferior de temperatura na escala Fahrenheit é -459,67ºF. A relação entre as


escaladas Fahrenheit e Celsius é dada por:

tºF = 1,8 tºC + 32 (e)

Com isto, o ponto do gelo é a 32ºF, e o ponto de ebulição normal da água a 212ºF.

O grau Celsius e o Kelvin representam o mesmo intervalo de temperatura, como acontece com
o grau Fahrenheit e o Rankine. No entanto, 1ºC (ou 1 K) é equivalente a 1,8ºF (ou 1,8 R). As
relações ente as quatro escalas de temperatura estão representadas na figura 1. Em
termodinâmica, quando se faz referência à temperatura sem outra qualificação, entende-se que
se trata da temperatura absoluta.

i. GRANDEZAS DERIVADAS

Há um grande número de outras variáveis que são definidas em termos das cinco grandezas
fundamentais. Estas grandezas secundárias ou derivadas são empregadas em virtude da
conveniência prática. Algumas delas, como o volume, são tão comuns que quase não merecem
discussão. Outras, como a energia interna e a entalpia, são especificamente termodinâmicas e
precisam de explicações detalhadas.

> VOLUME

O volume é uma grandeza que representa o produto de três comprimentos. O volume de uma
substância, como a sua massa, depende da quantidade de material considerada. O volume
específico V, por outro lado, é o volume por unidade de massa, e o volume molar é o volume

11
por mol do material e, por isto, é independente da quantidade total de material considerada. A
densidade p é o inverso do volume específico.

> PRESSÃO

A pressão P de um fluido sobre uma superfície é definida como a força normal exercida pelo
fluido por unidade de área da superfície. Quando a força está medida em N, a área em m², a
unidade de pressão é o newton por metro quadrado ou N/m², chamado pascal, e é a unidade SI
de pressão. No sistema inglês, a unidade mais comum para medir a pressão é a libra-força por
polegada quadrada, ou psi. O padrão primário de medição de pressão está baseado diretamente
nesta definição. Uma força conhecida está equilibrada pela pressão do fluido que age sobre
uma F/A. O aparelho usado para medir a pressão mediante este método é o manômetro a
contrapeso. O pistão está cuidadosamente ajustado ao cilindro, de modo que a folga é pequena.
Os contrapesos são colocados na plataforma até que a pressão do óleo, que tende a fazer o
pistão subir, seja equilibrada pela força gravitacional sobre o pistão e tudo o mais que estiver
sobre ele. A força gravitacional é dada pela equação (a) como F = mg/gc, onde m é a massa do
pistão, da plataforma e dos pesos, e g é a aceleração local da gravidade. A pressão do óleo,
portanto, será:

P= = (f)

onde A é a área da seção reta do pistão. Alguns manômetros de uso prático, como os
manômetros Bourdon, são calibrados por comparação com os manômetros a contrapeso.

As pressões são também medidas, muitas vezes, em termos da altura de uma coluna de fluido
sob a ação da gravidade. Os manômetros de mercúrio são usados para dar leituras de pressão
em polegadas ou milímetros de mercúrio. A conversão destas unidades à força por unidade de
área exige que se tenha a força exercida pela gravidade sobre a coluna de mercúrio. De acordo
com a equação (a),

F= (g)

onde g é a aceleração local da gravidade. A massa m da coluna de mercúrio é dada por

m = Ah
onde A é a área da seção reta da coluna de mercúrio, h é a altura e  é a densidade (massa
específica). Estas equações podem ser usadas para eliminar m, dando:

= P = h (h)

Uma vez que a densidade do mercúrio é uma função da temperatura, a pressão a que uma dada
altura da coluna corresponde depende da temperatura da coluna. Quando não há menção
expressa, a temperatura é de 0ºC.
12
Outra unidade de pressão comumente usada é a atmosfera, proveniente da força gravitacional
que atua sobre o ar acima da superfície terrestre. Em virtude de esta ser uma grandeza variável,
é usual empregar a atmosfera normal, igual a 14,696 lbf/in² ou 29,921 inHg a 0ºC num local
com gravidade normal (0,9869 atm).

A maior parte dos manômetros dá leituras que representam a diferença entre a pressão medida
e a pressão da atmosfera ambiente. Estas pressões são conhecidas como pressões manométricas
e podem ser convertidas a pressões absolutas pela adição da pressão barométrica. Nos cálculos
termodinâmicos é indispensável usar as pressões absolutas.

Exemplo 3 - Um manômetro a contrapeso, com um pistão de 1 cm de diâmetro, está sendo usado para
medir pressões com muita exatidão. Numa certa medição, o equilíbrio é atingido com uma massa de
6,14 kg sobre ele (incluindo-se aí a massa do pistão e a da plataforma). Qual é a pressão manométrica?
A aceleração local da gravidade é 9,82 m/s². Sendo de 748 mmHg a pressão barométrica, qual é a
pressão absoluta?
Solução: A força exercida pela gravidade sobre o pistão, a plataforma e os pesos é

F = mg = (6,14)(9,82) = 60,295 N
gc 1

Pressão manométrica = F = 60,295 = 76,77 N/cm²


A (1/4)()(1)²

Pressão absoluta = 76,77 + (748)(0,013332) = 86,74 N/cm² ou 8,56 atm

Exemplo 4 - Um manômetro de mercúrio a 80ºF está marcando 23,82 in. A aceleração local da
gravidade é 32,10 ft/s². Qual a pressão, em atmosferas, correspondente a esta altura da coluna de
mercúrio?
Solução De acordo com a equação do texto precedente,

P = h g
gc

A 80ºF, a densidade do mercúrio é 13,53 g/cm³ ou 13,53.62,43/1728 lb m/in³.

P = (23,82)(13,53)(62,43) x 32,10 = 11,62 psi ou 0,790 atm


1728 32,174

A seguir, encontra-se uma tábua de fatores de conversão.

Grandeza Conversão

13
Comprimento 1 m = 100 cm
= 3,28084 ft
= 39,3701 in
Massa 1 kg = 10³ g
= 2,20462 lbm
Força 1 N = 1 kg.m/s²
= 105 dyn
= 0,224809 lbf
Pressão 1 bar = 105 kg/m.s²
= 105 N/m²
= 106 dyn/cm²
= 0,986923 atm
= 14,5038 psia
= 750,061 mmHg
Volume 1 m³ = 106 cm³
= 10³ L
= 35,3147 ft³
= 264,172 gal
Densidade 1 g/cm3 = 10³ kg/m³
= 10³ g/L
= 62,4278 lbm/ft³
= 8,34540 lbm/gal

14
AULAS N. 2 e 3

ÁTOMOS E MOLÉCULAS
=> ELEMENTOS E ÁTOMOS

Quando o açúcar de mesa puro (sacarose) é aquecido, decompõe-se numa seqüência


complicada de mudanças químicas (a caramelização) que provoca o aparecimento de coloração
castanha e do gosto típico do pé-de-moleque e dos pirulitos. Se o aquecimento prosseguir
durante muito tempo, a temperatura bastante elevada, o açúcar pode ser convertido
completamente em duas outras substâncias puras: carbono e água. Além disso, se a água for
recolhida, pode se decomposta em hidrogênio e oxigênio puros pela passagem de corrente
elétrica. As substâncias puras como carbono, hidrogênio e oxigênio, compostas por apenas um
tipo de átomo, são classificadas como elementos. Conhecem-se, hoje, apenas 110 elementos, e
desses apenas cerca de 90 encontram-se na natureza; os restantes foram criados pelos cientistas.
Cada elemento tem um nome e um símbolo. Carbono (C), enxofre (S), ferro (Fe), cobre (Cu),
para (Ag), estanho (Sn), ouro (Au), mercúrio (Hg) e chumbo (Pb) eram conhecidos em formas
relativamente puras pelos gregos e romanos da antigüidade, pelos alquimistas da China antiga,
do mundo árabe e da Europa medieval. Muitos outros elementos, porém, como alumínio (Al),
silício (Si), iodo (I) e hélio (He) não foram descobertos nos minerais ou na atmosfera terrestre,
senão nos séculos XVIII e XIX. Finalmente, os elementos artificiais, como o tecnécio (Tc), o
plutônio (Pu) e o amerício (Am), só foram feitos no século XX, com as técnicas da física
moderna.

Muitos elementos têm nomes de origem latina ou grega, mas os elementos descobertos mais
recentemente são identificados ou pelo lugar onde foram descobertos ou pelo nome de uma
pessoa, ou lugar, de importância. A tabela, com o símbolo e outras informações sobre cada
elemento, está formatada no que se chama tabela periódica. Por ora, observe atentamente que
apenas a primeira letra do símbolo é maiúscula. Por exemplo, cobalto é Co, e não CO. A
notação CO representa a combinação de carbono (C) e oxigênio (O) no composto químico
monóxido de carbono.

Um átomo é a menor partícula de um elemento que tem as propriedades química desse


elemento. A química moderna se baseia no entendimento e na exploração da natureza no nível
atômico.

=> COMPOSTOS E MOLÉCULAS

As substâncias puras como a sacarose e a água, que são formadas por dois ou mais de dois
elementos diferentes são chamadas compostos químicos. Embora só se conheçam 110
elementos químicos, parece não haver limites práticos do número de compostos que podem ser
feitos com esses elementos. Conhecem-se, hoje, mais do que 12 milhões de compostos,
aumentando-se a lista, a cada ano, com cerca de meio milhão.

Nos compostos, os átomos de mais de um elemento se combinam numa maneira característica


do composto. Quando os elementos se tornam parte de um composto, suas propriedades
características originais, como a cor, a dureza e o ponto de fusão, são substituídas por

15
propriedades características do composto. Consideremos o açúcar comum de mesa, a sacarose,
que é composta por três elementos:

 Carbono, que usualmente é um pó negro, mas também se encontra em outras formas, como
o diamante.
 Hidrogênio, que é o gás mais leve que se conhece.
 Oxigênio, gás necessário à respiração humana e animal.

Alguns compostos  como o sal de cozinha, NaCl  são formados por íons, átomos ou
grupos de átomos eletricamente carregados. Outros compostos  como água e açúcar  são
constituídos por moléculas, que são as menores unidades discretas que têm as propriedades
químicas características do composto. A composição de qualquer composto pode ser
representada pela sua fórmula. Você já sabe que a fórmula da água é H 2O. O símbolo do
hidrogênio, H, com o índice inferior 2, indica que dois átomos desta espécie aparecem na
molécula de água. Analogamente, a fórmula mostra um átomo de O, pois o símbolo do
oxigênio, sem qualquer índice inferior, significa que somente um átomo deste tipo aparece na
molécula.

O composto sacarose tem a fórmula molecular C12H22O11. Uma única molécula é constituída
por 12 átomos de C, 22 átomos de H e 11 átomos de O. Da mesma maneira, a razão entre os
átomos numa colher de açúcar continua a ser 12 átomos de C para 22 átomos de H para 11
átomos de O.

Muitas propriedades físicas e químicas dependem da estrutura molecular. Dois traços gerais
definem o que significa este termo. O primeiro é a forma na qual os átomos se ajustam no
interior de uma molécula; o segundo e a forma na qual as moléculas se ajustam para constituir
uma fase líquida ou sólida.

=> ORIGENS DA TEORIA ATÔMICA

Pequeninas esferas, em perpétuo movimento, são apropriadas para explicar as propriedades


macroscópicas (como as diferenças entre sólidos, líquidos e gases). Essa imagem simples dos
átomos vem de longe na história  remonta ao filósofo grego Leucipo e a seu discípulo
Demócrito (460-370 a.C.). Demócrito raciocinou que se um pedaço de matéria, de ouro, por
exemplo, fosse dividido em pedaços cada vez menores, chegar-se-ia, no final, a pequeníssima
partícula de ouro que não poderia mais ser dividida mas que ainda teria as propriedades do
ouro. Para denominar essa partícula última, indivisível, da matéria, usou a palavra “átomo”
que significa, literalmente, “indivisível”. De acordo com Aristóteles (384-322 a.C.), Demócrito
ensinava que os átomos eram duros, movimentavam-se espontaneamente e uniam-se uns aos
outros mediante ligações do tipo “macho e fêmea”. Epicuro (341-270 a.C.) atribuía massa aos
átomos, e mais ou menos em 100 a.C. Asclepíades introduziu a idéia de aglomerados de
átomos, que correspondem ao que hoje chamamos moléculas.

Demócrito usava o conceito de átomos para explicar as propriedades das substâncias. Por
exemplo, a grande densidade do chumbo e a sua maleabilidade podiam ser interpretadas
admitindo-se que os átomos se agrupavam cerradamente, como esferas numa caixa, e se

16
moviam com facilidade uns sobre os outros. O ferro, por outro lado, menos denso e mais duro
que o chumbo, era constituído, segundo Demócrito, por átomos com a forma de hélices, de
modo que se enganchavam facilmente, constituindo estrutura relativamente leve, porém rígida.
Demócrito podia explicar, de maneira simples, outras observações comuns, como a secagem de
roupas, o aparecimento de umidade no exterior de um vaso com água fria, a propagação de
aromas através de um aposento, a formação de cristais a partir de uma solução. Imaginava que
os átomos se espalhavam, ou se agrupavam, e explicava assim os eventos macroscópicos que
observava. Toda a teoria atômica foi construída sobre as hipóteses de Leucipo e de Demócrito:
as propriedades da matéria que percebemos são explicáveis pelas propriedades e pelo
comportamento dos átomos que não percebemos.

Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles opuseram-se à hipótese dos átomos, e durante séculos foi
essa idéia negativa a que prevaleceu. A maioria das correntes dos iluministas rejeitava a teoria
atômica proposta por Demócrito, ou a ignorava, embora alguns cientistas conhecidos
mencionem os átomos. Galileu Galilei (1564-1642) especulava que o calor poderia ser uma
forma de movimento de pequenas partículas. Robert Boyle (1627-1691) e Sir Isaac Newton
(1642-1727) usavam conceitos atômicos para interpretar fenômenos físicos. Nenhum deles, no
entanto, ofereceu explicações detalhadas, quantitativas dos fatos físicos e químicos em termos
da teoria atômica.

=> JOHN DALTON E SUA TEORIA ATÔMICA

Em 1803, John Dalton (1766-1844) reviveu com força a idéia dos átomos. Dalton
correlacionou a idéia da existência de elementos, que não podem ser decompostos
quimicamente, à idéia dos átomos, que são indivisíveis. Os compostos, que podem ser
divididos em duas ou mais substâncias novas, devem conter duas ou mais espécies diferentes
de átomos. Dalton foi além, afirmando que cada espécie de átomo deve ter suas propriedades
específicas  em particular, massa característica. Essa idéia permitia que a sua teoria
explicasse quantitativamente as massas dos diferentes elementos que se combinavam
quimicamente para formar compostos. Ou seja, as idéias de Dalton poderiam ser usadas para
interpretar fatos químicos conhecidos, numa base quantitativa. Os postulados da teoria de
Dalton são:

 Toda matéria é feita de átomos. Esses corpos, indivisíveis e indestrutíveis, constituem as


partículas finais da química.
 Todos os átomos de um dado elemento são idênticos, não só quanto à massa, mas também
quanto às outras propriedades. Átomos de elementos diferentes têm massas diferentes e
propriedades diferentes.
 Os compostos se formam pela combinação de duas ou mais espécies diferentes de átomos.
Os átomos se combinam na razão de números inteiros pequenos, por exemplo, um átomo de
A com um átomo de B, dois átomos de A com um de B.
 Os átomos são as unidades das mudanças químicas. Uma reação química envolve apenas
combinação, separação e rearranjo de átomos, mas os átomos não são criados, nem
destruídos, nem divididos ou convertidos em outras espécies durante uma reação química.

As idéias de John Dalton foram aceitas pelos cientistas pois podiam ser usadas para explicar
diversas regras, ou leis científicas gerais que já eram conhecidas à época da proposta da teoria.

17
Alguns anos antes. Antoine Lavoisier (1743-1794) efetuou uma série de experiências nas quais
os reagentes eram cuidadosamente pesados antes de uma reação química, e os produtos
também. Lavoisier não encontrou qualquer modificação de massa provocada pela reação.
Propôs então que essa invariabilidade de massa fosse válida para qualquer reação e denominou
sua proposta de lei da conservação da matéria. Outros químicos verificaram os resultados, e a
lei passou a ser aceita. O segundo e o quarto postulado de Dalton acarretam a mesma
conclusão. Se cada espécie de átomo tem uma certa massa característica, e se exatamente o
mesmo número de cada espécie de átomo existe antes e depois de uma reação, então as massas
antes e depois devem ser as mesmas. Assim, a teoria de Dalton pôde explicar a observação
química quantitativa da conservação da matéria.

=> ESTRUTURA ATÔMICA

A teoria atômica de Dalton nada mencionava sobre as idéias de Demócrito de os átomos term
uma estrutura. Sabemos hoje que os átomos têm estrutura, e este conhecimento é importante
pois nos permite perceber como e por que os átomos se reúnem para formar as moléculas.
Embora não concordemos com a idéia de Demócrito de os átomos se ligarem por conexões do
tipo “macho-fêmea”, aceitamos a sua noção fundamental de que a compreensão dos
comportamentos dos elementos será maior se soubermos a estrutura de cada um.

ELÉTRONS

A passagem de corrente elétrica através da solução de um composto  técnica denominada


eletrólise  pode provocar reação química, como a deposição de ouro ou da prata sobre outro
metal, ou a produção de cloro a partir do cloreto de sódio. Em 1833, o cientista inglês Michael
Faraday (1791-1867) mostrou que uma certa quantidade de corrente elétrica provocava a
deposição de quantidades diferentes de metais diferentes, e que estas quantidades estavam entre
si como as massas relativas do átomos dos elementos. Essas experiências foram interpretadas
pela admissão da existência de uma partícula fundamental de eletricidade, semelhante ao
átomo, partícula fundamental de um elemento. Este “átomo” de eletricidade recebeu o nome de
elétron.

PRÓTONS

O primeiro indício experimental sobre uma partícula fundamental positiva surgiu no estudo dos
“raios canal”, que se observavam num tubo de raios catódicos especial, com catodo perfurado.
Quando se aplicava voltagem alta ao tubo, observavam-se os raios catódicos, como em
qualquer outro tubo de raios catódicos. No lado oposto do catodo perfurado, porém, observava-
se uma espécie diferente de raios. Eram raios atraídos por uma placa com carga negativa e, por
isso, deviam ser constituídos por partículas com carga positiva.

A razão entre a carga e a massa dessas partículas positivamente carregadas dependia do gás
presente no tubo (ao contrário do que acontecia com os raios catódicos, nos quais essa razão
era sempre a mesma, qualquer que fosso o gás). Quando se usava hidrogênio, a razão entre a
carga e a massa era a maior de todas, o que sugeria que o hidrogênio proporcionava partículas

18
positivas com a menor massa. Essas partículas, que foram consideradas fundamentais e com
carga positiva da estrutura atômica, posteriormente foram denominadas prótons (da palavra
grega que significa “o primário”) por Ernest Rutherford.

A massa do próton foi determinada experimentalmente e é dada por 1,672623 x 10 -24 g. A


carga do próton tem o mesmo módulo que a do elétron, porém sinal oposto, e o seu valor
relativo é +1.

NÊUTRONS

Como os átomos normalmente não têm carga, o número de prótons e o de elétrons num átomo
devem ser iguais. A maioria dos átomos tem massa maior do que a prevista numa estrutura que
tivesse exclusivamente prótons e elétrons, o que sugere a presença de partículas sem carga em
cada átomo. Como este terceiro tipo de partícula não tem carga, os métodos usuais de analisar
as partículas não podem ser usados. Em 1932, porém, muitos anos depois da descoberta do
próton, o físico inglês James Chadwick (1891-1974) imaginou engenhosa experiência que
produzia as partículas neutras hipotéticas e depois as detectava pelos íons hidrogênio, fáceis de
perceber, que arrancavam da parafina. Sabe-se hoje que essa partícula fundamental, o nêutron,
não tem carga elétrica e tem a massa de 1,6749286 x 10 -24 g, pouca coisa maior que a massa de
um próton.

O NÚCLEO DO ÁTOMO

J. J. Thomson admitia que o átomo era uma esfera uniforme de matéria com carga positiva,
dentro da qual circulavam milhares de elétrons em órbitas coplanares. Como porém esse
elétrons circulavam no interior da esfera? Tentando encontrar uma resposta, Thomson e seus
colaboradores fizeram um feixe de elétrons atravessar uma folha metálica muito delgada.
Imaginavam que, quando o feixe atravessasse a folha, os elétrons iriam encontrar um grande
número de elétrons dentro dos átomos e as cargas negativas se repeliriam. Em cada encontro
haveria pequeno desvio do feixe em relação à trajetória retilínea original, e o valor do desvio
final deveria estar relacionado com o número de elétrons no átomo. Thomson observou o
desvio, mas muito menor do que o esperado; teve que rever, com seus colaboradores, as
estimativas sobre o número de elétrons, mas não abandonou o modelo proposto para o átomo.

Em 1910, Ernest Rutherford (1871-1937) decidiu investigar mais ainda o modelo de Thomson.
Rutherford havia descoberto que os raios alfa eram constituídos por partículas com carga
positiva, com a mesma massa que os átomos de hélio. Raciocinou, então, que se o modelo
atômico de Thomson fosse correto, um feixe dessas partículas pesadas seria desviado muito
pouco ao passar através dos átomos de uma folha de ouro, muito delgada. O colaborador de
Rutherford, Hans Geiger, e um jovem estudante, Ernst Marsden, montaram o aparelho e
observaram o que acontecia quando as partículas alfa atingiam a folha de ouro. A maioria
passava quase em desvio através da folha, mas Geiger e Marsden ficaram surpresos ao observar
que algumas poucas partículas alfa sofriam grandes desvios e algumas eram até refletidas para
trás! Rutherford descreveu, depois, o inesperado resultado, dizendo: “era tão inacreditável
como se vocês disparasse um projétil de 15 polegadas contra uma folha de papel e ele se
refletisse e viesse atingi-lo”.

19
A única forma de explicar o fenômeno era abandonar o modelo de Thomson e concluir que
toda a carga positiva do átomo, e a maior parte da massa, estava concentrada num volume
muito pequeno. Rutherford denominou núcleo essa parte central do átomo. Os elétrons ocupam
o resto do espaço no átomo. Pelos resultados da experiência, Rutherford, Geiger e Marsden
calcularam que a carga positiva do núcleo de ouro estava no intervalo 100  20 e que o raio do
núcleo era de cerca de 10-12 cm. Os valores destes parâmetros, aceitos hoje, são 79 para a carga
e cerca de 10-13 cm para o raio, o que mostra ser o núcleo cerca de 100.000 vezes menor que o
átomo.

As experiências que acabamos de mencionar podem ser interpretadas em termos de três


componentes primários dos átomos: prótons, elétrons e nêutrons. O núcleo, o centro do átomo,
concentra a maior parte da massa e toda a carga positiva; seu raio é cerca de 100.000 vezes
menor do que o raio do átomo. Os prótons e os nêutrons constituem o núcleo. Os elétrons, com
carga negativa, ocupam a maior parte do volume de um átomo, mas contribuem com muito
pouca massa. Como o átomo não tem carga elétrica líquida, o número de elétrons fora do
núcleo é igual ao número de prótons no interior do núcleo.

Para os químicos, os elétrons são a parte mais importante do átomo, pois são a primeira parte
de um átomo que entra em contato com outros átomos, quando os dois se aproximam
mutuamente. Os elétrons controlam, em grande parte, a combinação química dos átomos. As
experiências feitas no início do século XX esclareceram que os elétrons ocupam o espaço
externo do núcleo atômico, mas a organização desses elétrons era completamente desconhecida
por Rutherford e seus colegas físicos contemporâneos. Essa organização é conhecida nos dias
de hoje.

=> COMPOSIÇÃO DOS ÁTOMOS

Os três constituintes primários dos átomos são elétrons, prótons e nêutrons. O núcleo do
átomo é feito de prótons e nêutrons. Os elétrons encontram-se no espaço em torno do núcleo.
Para um átomo, que não tem carga elétrica líquida, o número de elétrons com carga negativa,
em torno do núcleo, é igual ao número de prótons com carga positiva, no núcleo. Todos os
átomos têm nêutrons no núcleo (em número pelo menos igual ao de prótons), exceto o átomo
de hidrogênio, cujo núcleo é constituído por um só próton.

Todos os átomos de um mesmo elemento têm o mesmo número de prótons no núcleo. Esse
número é o número atômico, simbolizado por Z. Na tabela periódica, o número atômico de
cada elemento aparece sobre o símbolo do elemento. O átomo de sódio, por exemplo, tem um
núcleo com 11 prótons, e o seu número atômico é 11; o átomo de urânio tem 92 prótons no
núcleo e Z = 92.

Tal e qual nossos relógios e a longitude, que são padronizados em relação ao tempo e à
longitude de Greenwich, Inglaterra, as massas atômicas são estabelecidas por uma escala em
relação a um padrão. Esse padrão é a massa do átomo de carbono, que tem seis prótons e seis
nêutrons no núcleo. Esse átomo tem, por definição, exatamente 12 unidades de massa
atômica (ou 12 u.m.a.), sendo 1 u.m.a. = 1/12 da massa do átomo de carbono com seis prótons
e seis nêutrons. A u.m.a. é unidade de massa que vale 1,6605402 x 10 -27 kg. A massa de
qualquer outro elemento se estabelece em relação a esta massa. Assim, por exemplo, a
experiência

20
mostra que o átomo de oxigênio, em média, é 1,33 vezes mais pesado que o átomo de carbono;
então, o átomo de oxigênio tem a massa de 1,33 x 12,0 u.m.a. ou 16,0 u.m.a.

Determinaram-se experimentalmente as massas das partículas atômicas básicas (tabela 1).


Observe que o próton e o nêutron têm massas muito próximas de 1 u.m.a., enquanto o elétron é
cerca de 2.000 vezes mais leve.

Tabela 1 - Propriedades das partículas subatômicas


Massa
Partícula Carga Símbolo
Gramas u.m.a.
Elétron 9,109389 x 10-28 0,0005485799 -1 e
Próton 1,672623 x 10 -24
1,007276 +1 p
Nêutron 1,674929 x 10-24 1,008665 0
n

Tendo a escala relativa de massas atômicas, podemos estimar a massa de qualquer átomo para
o qual se conheça a composição nuclear. O próton e o nêutron têm massas tão próximas de 1
u.m.a. que a diferença pode ser, muitas vezes, ignorada. Os elétrons são tão leves que mesmo
um grade número deles pouco afeta a massa do átomo. Assim, basta somar o número de
prótons com o de nêutrons presentes no átomo para estimar a sua massa. O resultado é o
número de massa do átomo, que é simbolizado por A. Por exemplo, o átomo do sódio tem 11
prótons e 12 nêutrons no seu núcleo; seu número de massa A é 23. O átomo mais comum do
urânio tem 95 prótons e 146 nêutrons, e A = 238. Com esta informação, podemos simbolizar
um átomo de composição conhecida pela notação

número de massa  A
X  símbolo do elemento
número atômico  Z

(onde o índice inferior Z é facultativo, pois o símbolo do elemento nos diz qual o número
atômico). Por exemplo, o átomo de sódio, que descrevemos, tem o símbolo Na ou apenas
23
Na. Lê-se “sódio 23”.

As massas reais dos átomos foram determinadas experimentalmente nos espectrômetros de


massa. Observa-se que embora a massa seja aproximadamente igual ao número de massa, a
massa real não é um número inteiro de unidades de massa atômica (exceto no caso do 12C, que
é exatamente igual a 12, por definição). Por exemplo, a massa do átomo de ferro, com 32
nêutrons, 58Fe, é 57,9333 u.m.a., um pouco menor que o número de massa. Esta diferença, que
fica um pouco menor quando se leva em conta os elétrons, não é conseqüência de erro
experimental. É o chamado defeito de massa, que está relacionado à energia de ligação das
partículas no núcleo.

_______________
¹ Estas constantes, e outras no texto, são de E. R. Cohen e B. N. Taylor: “Fundamental physical constants”,
Physics Today, Vol. 40, pp. BG15,1987.

Exemplo - Quantos nêutrons existem num átomo de platina cujo número de massa é 195?
21
Solução A platina tem o símbolo Pt, e o seu número atômico (que se encontra na tabela periódica) é
78. O átomo tem, portanto, 78 prótons no núcleo (e 78 elétrons organizados fora do núcleo). O número
de massa do átomo é igual à soma do número de prótons com o de nêutrons no núcleo. Portanto,

Número de massa = 195 = número de prótons + número de nêutrons = 78 + número de nêutrons

Número de nêutrons = 195 - 78 = 117

=> ISÓTOPOS

Se examinarmos uma amostra natural de um elemento mediante o espectrômetro da massa,


veremos que na maioria dos casos nem todos os átomos do elemento têm o mesmo número de
massa. Tomemos o boro, por exemplo. Durante muitos anos minerais de boro, como bórax,
foram explorados no Vale da Morte, na Califórnia. Quando se examinam os átomos de boro
desses minérios, encontra-se que embora todos tenham cinco prótons nucleares alguns têm
cinco nêutrons, outros, têm seis. Isto é, encontramos átomos de 105B e de 115B, que se
denominam isótopos. Os isótopos são átomos que têm o mesmo número atômico Z, mas
diferente número de massa A. Em outras palavras, os isótopos são átomos de um mesmo
elemento que têm, porém, massas diferentes, pois têm números de nêutrons diferentes. Foi
Frederick Soddy, assistente de Ernest Rutherford, quem propôs a palavra “isótopo” para
descrever as formas diferentes de um mesmo elemento.

A maioria dos elementos tem pelo menos dois isótopos estáveis (isto é, não-radioativos), mas
alguns têm somente um (por exemplo, alumínio, flúor, fósforo). Outros têm muitos isótopos
(por exemplo, o estanho tem dez isótopos estáveis). Em geral, identifica-se o isótopo pelo seu
número de massa (por exemplo, urânio 238, 238U), mas alguns, mais importantes, recebem
nomes e símbolos especiais. Os átomos de hidrogênio têm todos um próton. Quando esta é a
única partícula nuclear, o elemento é o prótio, comumente chamado “hidrogênio”. Quando o
núcleo tem também um nêutron, o isótopo 21H é o deutério ou “hidrogênio pesado” (símbolo =
D). O núcleo do hidrogênio radioativo, 31H ou trítio (símbolo = T), tem um próton e dois
nêutrons.

A substituição de um isótopo por outro, de mesmo elemento, num composto pode provocar
conseqüências interessantes. Este efeito é especialmente notável quando o deutério substitui o
hidrogênio, pois a massa do deutério é o dobro da massa do hidrogênio.

Exemplo A prata tem dois isótopos, um com 60 nêutrons e o outro com 62 nêutrons. Quais os números
de massa e os símbolos destes isótopos?
Solução A prata tem número atômico 47 e, assim, tem 47 prótons no núcleo. Os dois isótopos têm
portanto, os números de massa

Isótopo 1: A = 47 prótons + 60 nêutrons = 107

Isótopo 2: A = 47 prótons + 62 nêutrons = 109

O primeiro isótopo tem o símbolo Ag o segundo Ag .

=> MASSA ATÔMICA


22
Os átomos de boro têm duas massas isotópicas diferentes: 10,0129 u.m.a. e 11,0093 u.m.a. Isto
significa que a massa média de um conjunto de átomos de boro não é 10, nem 11, mas um
valor intermediário, que depende das proporções de cada espécie do isótopo no conjunto.

A composição isotópica de um elemento é expressa, sempre, na base de uma percentagem em


termos do número relativo de átomos dos diversos isótopos presentes.

Abundância percentual = número de átomos de isótopo x 100%


número total dos átomos de todos os isótopos do elemento

A abundância isotópica pode ser determinada no espectrômetro de massa. Uma vez conhecidas
as abundâncias percentuais e as massas isotópicas de cada isótopo, é possível calcular a massa
média dos átomos do elemento. Os isótopos do boro 10B e 11B, têm, respectivamente, as
abundâncias percentuais de 19,91% e 80,09%. Isto significa que se pudermos contar 10.000
átomos de boro de uma amostra natural “média”, 1.991 deles teriam uma massa de 10,0129
u.m.a. e 8.009, uma massa de 11,0093 u.m.a. Essa massa média de amostra representativa dos
átomos, em unidades de massa atômica, é a massa atômica. Para o boro, a massa atômica é
10,81 u.m.a., como mostra o seguinte cálculo, onde a massa de cada isótopo foi multiplicada
pela respectiva abundância percentual:

massa atômica = (19,91). 10,0129 u.m.a. + (80,09) . 11,0093 u.m.a. = 10,81 u.m.a.
100 100

A massa atômica de cada elemento estável foi determinada experimentalmente, e são elas que
aparecem na tabela periódica. Na tabela periódica, a casa de cada elemento contém o número
atômico, o símbolo do elemento e a massa atômica. Para o cobre, por exemplo, a tabela dá:
 número atômico
 símbolo
 massa atômica

Exemplo 3 O bromo (que se usa na obtenção do brometo de prata, importante componente dos filmes
fotográficos) tem dois isótopos de ocorrência natural, um deles com a massa de 78,918336 u.m.a. e
abundância percentual de 50,69%. O outro isótopo, com a massa de 80,916289 u.m.a., tem abundância
percentual de 49,31%. Calcular a massa atômica do bromo.
Solução A massa atômica de qualquer elemento é a média das massas de todos os isótopos numa
amostra representativa. Para calcular a massa atômica, multiplica-se a massa de cada isótopo pela sua
abundância percentual dividida por 100.

Massa atômica média =

(% de abundância de isótopo 1) (massa de isótopo 1) + (% de abundância de isótopo 2) (massa de isótopo 2)


100 100

Para uma amostra de bromo o cálculo é:

Massa atômica média de bromo = massa atômica


23
= (0,5069)(78,918326 u.m.a.) + (0,4931)(80,916289 u.m.a.)

= 79,90 u.m.a

=> TABELA PERIÓDICA

A tabela periódica dos elementos é um dos instrumentos mais úteis da química. Não apenas
encerra muitas informações como pode ser usada para organizar muitas idéias da química. Por
isso, é importante para você se familiarize com os seus aspectos e terminologia principais.
Vamos nos referir freqüentemente à tabela periódica, pois boa parte desta apostila está
dedicada ao exame das propriedades químicas e físicas dos elementos e às suas interrelações.
Sugerimos ao aluno a leitura do capítulo do livro texto adotado referente a esta parte da
matéria.

=> O MOL: A CONEXÃO ENTRE O MACRO E O MICRO

Um dos aspectos mais interessantes da química é o da descoberta de uma nova substância


formada pela reação de um elemento com outro. A química, porém, também é ciência
quantitativa. Quando dois produtos químicos reagem um com o outro, temos que saber quantos
átomos de cada um são usados, de modo que se possa ter a fórmula da substância produzida. O
que quer dizer que precisamos de algum método de contar os átomos, embora sejam de
dimensões diminutas. Ou seja, deve haver maneira de ligar o mundo macroscópico, o mundo
que podemos ver, com o mundo submicroscópico dos átomos. A solução deste problema está
na definição de unidade apropriada de matéria que contenha número conhecido de partículas. A
unidade de contagem química que se usa é o mol.

A palavra “mol” foi introduzida, aparentemente, nos idos de 1896, pelo químico alemão
Wilhelm Ostwald (1853-1932), que tirou o termo do latim moles, massa, volume, corpo. O
mol, cujo símbolo é também mol, é a unidade SI de quantidade de substância e se define como
segue:

O mol é a quantidade de substância que contém tantas entidades


elementares (átomos, moléculas ou outras partículas) quantos forem
os átomos contidos em exatamente 12 g do isótopo carbono 12

A chave para o entendimento do conceito de mol é o de que um mol contém sempre o mesmo
número de partículas, qualquer que seja a substância. Porém, quantas partículas?
Numerosíssimas experiências, ao longo dos anos, estabeleceram que este número é

1 mol = 6,022136736 x 10²³ partículas

Este valor é conhecido como o número de Avogadro, em homenagem a Amedeo Avogadro e


físico italiano (1776-1856) que concebeu a idéia fundamental da grandeza (embora não tenha
determinado o seu valor). Observe que não há nada de “especial” no valor mencionado. Ele
24
provém da definição de o mol corresponder exatamente a 12 g de carbono, 12. Se o mol
correspondesse a exatamente 10 g de carbono, o número de Avogadro teria valor diferente. É
interessante mencionar que o valor foi revisto (era 6,022045 x 10²³) na década de 80, graças a
medições novas e mais aperfeiçoadas. A revisão é exemplo de que mesmo os valores e idéias
mais fundamentais da ciência estão sob escrutínio permanente. O número de Avogadro é
conhecido como nove algarismos significativos, o que não é precisão rara para muitas
constantes físicas. O valor apresentado foi tomado de E. R. Cohen e B. N. Taylor, “The
fundamental physical constants”, Physics Today, Vol. 40, pp BG11-BG15, 1987.

Como vimos anteriormente, a escala de massas atômicas é uma escala relativa, com o ¹²C
tomado como padrão; as massas de todos os outros átomos foram determinadas
experimentalmente e reduzidas a esta escala. Por exemplo, a experiência mostra que o átomo
de ¹6O é 1,33 vezes mais pesado que o de ¹²C, ou que o átomo de ¹ 9F é 1,58 vezes mais pesado
que o átomo de ¹²C. Como o mol de carbono 12 tem a massa de exatamente 12 g e contém
6,0221367 x 10²³ átomos, e como um mol de qualquer espécie de átomo sempre tem o mesmo
número de partículas que qualquer outro mol, um mol de ¹6O tem a massa, em gramas, igual a
1,33 vezes 12,0, ou 16,0 g. Analogamente, um mol de ¹ 9F é 1,58 vezes maior que 12,0 g, ou
seja, 19,0 g.

=> MOLES DE ÁTOMOS - A MASSA MOLAR

A massa, em gramas, de 1 mol de átomos de qualquer elementos (6,00221367 x 10²³ átomos do


elemento) é a massa molar (massa molecular) do elemento. A massa molar é
convencionalmente simbolizada pela letra M, e se exprime nas unidades gramas por mol
(g/mol). É igual, numericamente, à massa em unidades de massa atômica. Assim, com base
em experiências, leva em conta todos os isótopos de cada elemento.

Massa molar do sódio (Na) = massa exata de 1 mol de átomos de Na


= 22,9898 g/mol
= massa de 6,02214 x 10²³ átomos de Na

Massa molar do chumbo (Pb) = massa exata de 1 mol de átomos de Pb


= 207,2 g/mol
= massa de 6,022 x 10²³ átomos de Pb

Embora cada “pilha de átomos” tenha volumes e massas diferentes, cada qual contém 6,022 x
10²³ átomos.

O conceito de mol é pedra angular da química quantitativa. É indispensável saber converter


moles em massas e massas em moles. A análise dimensional mostra que se pode proceder da
seguinte forma:

CONVERSÕES MASSA  MOL

Mol a Massa Massa a Mol


________________________ ______________________

Moles . gramas = gramas Gramas . 1 mol = mol 25


1 mol gramas
 
massa molar l/massa molar
Por exemplo, suponhamos que se queira usar 0,35 mol de alumínio. Qual a massa de alumínio,
em gramas, que se deve ter? Utilizando a massa molar do alumínio (27,0 g/mol),

0,35 mol de Al . 27,0 g = 9,5 g de Al


1 mol de Al

encontra-se que são necessários 9,5 g de alumínio.

=> NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS

Os químicos tentam usar linguagem precisa para descrever o mundo. Sempre foi um problema,
porém, a atribuição de nomes claros, inequívocos, aos compostos, e este problema continua de
pé à medida que se descobrem moléculas novas e cada vez mais complicadas. Apesar disso,
existem regras para denominar as espécies de compostos que serão mencionadas neste texto.

=> NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS QUÍMICOS

Sugerimos a leitura do livro texto no capítulo correspondente a esse tema.

=> MOLÉCULAS, COMPOSTOS E O MOL

A fórmula de um composto nos dá o tipo de átomos ou de íons no composto e o número


relativo de cada um. Por exemplo, na molécula do tribrometo de fósforo, PBr 3, um átomo de P
se combina com três de Br. Porém, suponhamos que se tem o número de Avogadro de átomos
de P (6,022 x 10²³) combinados com o número apropriado de átomos de Br. É claro que serão
necessários três vezes o número de Avogadro de átomos de Br (18,07 x 10²³ átomos de Br)
para se ter o número de Avogadro de moléculas de PBr 3. Quais as massas dos átomos que se
combinam e qual a massa deste número de moléculas de PBr3?

Como conhecemos o número de moles de átomos de P e de Br, sabemos as massas de fósforo e


de bromo que se combinam para formar o PBr3. Vem então, da lei da conservação da massa,

que a massa do PBr3 é a soma destas massas. Ou seja, um mol de PBr 3 tem a massa equivalente
à massa de um mol de átomos de P mais a de 3 moles de átomos de Br, ou seja 270,7 g. Esta é
a massa molar (massa molecular), M, do PBr3. Os químicos dizem, comumente, “peso
molecular” para a massa molar; o conceito é o mesmo.

26
Os compostos iônicos, como o NaCl, não existem como moléculas individuais. Então, não se
pode ter uma fórmula molecular; o que se pode escrever é a fórmula mais simples que mostra o
número relativo de cada espécie de átomo na amostra. Apesar disso, continuamos a falar da
massa molar destes compostos e a estimá-la a partir desta fórmula mais simples. A fim de
sublinhar a diferença entre o NaCl que não contém moléculas, os químicos usam às vezes a
expressão peso formal (ou massa formal) em lugar das expressões massa molar ou peso
molecular. A tabela 2 exemplifica.

Tabela 2 - Massas das Moléculas e Massas Molares


Elemento ou Massa Molar Massa Média de uma
Composto (g/mol) Molécula¹ (gramas)
O2 32,00 5,314 x 10-²³
P4 123,9 2,057 x 10-²²
NH3 17,03 2,828 x 10-²³
H2O 18,02 2,992 x 10-²³
CH2Cl2 84,93 1,410 x 10-²²

P combinado com Br no composto PBr3


____________________________________________________________________________
6,022 x 10²³ átomos de P 3 x 6,022 x 10²³ átomos de Br 6,022 x 10²³ moléculas
de PBr3
= 1,000 mol de P = 3,000 moles de átomos de Br = 1,000 mol de moléculas de
PBr3
= 30,97 g de átomos de P = 239,7 g de átomos de Br = 270,7 g de moléculas de
PBr3

A fim de achar a massa molar de qualquer composto, basta somar as massas atômicas de cada
elemento numa unidade formal. Por exemplo, calculemos a massa molar do sulfato de amônio,
(NH4)2SO4, composto usado como fertilizante, em tecidos à prova de fogo, no curtimento do
couro e em muitos outros empregos. O composto tem dois íons amônio, NH4+, e um íon
sulfato, SO4²-. Numa unidade formal, existem, portanto, dois átomos de nitrogênio, oito de
hidrogênio, um de enxofre e quatro de oxigênio, o que soma 132,15 g por mol de sulfato de
amônio.

2 moles de N por mol de (NH4)2SO4 = 2 moles de N.


14,01 g de N = 28,02 g de N
1 mol de N

8 moles de H por mol de (NH4)2SO4 = 8 moles de H.


1,008 g de H = 8,064 g de H
1 mol de H

1 mol de S por mol de (NH4)2SO4 = 1 mol de S.

27
32,07 g de S = 32,07 g de S
1 mol de S

4 moles de O por mol de (NH4)2SO4 = 4 moles de O.


16,00 g de O = 64,00 g de O
1 mol de O ____________

Massa molar de (NH4)2SO4 = 132,15 g

Como no caso com os elementos, é também muito importante converter a massa de um


composto a moles do composto, ou moles a massa. Por exemplo, se você tiver 454 g de sulfato
de amônio, quantos moles tem? A massa molar que acabamos de calcular foi 132,15 g/mol,
muito menor que a massa que você tem. Pode-se estimar, antes do cálculo final, que os 454 g
de sulfato de amônio devem estar entre três e quatro moles do composto. Vejamos agora o
resultado do cálculo:

454 g de (NH4)2SO4 . 1 mol de(NH4)2SO4 = 3,43 moles de (NH4)2SO4


132,2 g de (NH4)2SO4

O resultado final está, na realidade, entre três e quatro moles.

A massa molar é a massa, em gramas, do número de Avogadro de moléculas, ou de unidades


formais de composto iônico. Com este conhecimento, pode-se determinar o número de
moléculas em qualquer amostra a partir da massa da amostra e é possível estimar a massa
média de uma molécula. Por exemplo, a massa média de uma buckybola, C60 é:

720,7 g de C60 . 1 mol de C60 = 1,197 x 10-21 g/molécula


1 mol de C60 6,022 x 10²³ moléculas

As massas médias das moléculas, na tabela de pesos moleculares que apareceu anteriormente,
foram calculadas desta forma.

Exemplo Você tem amostra de 23,2 g de etanol, C2H6O.


1. Quantos moles estão nesta amostra do álcool?
2. Quantas moléculas estão nos 23,2 g de etanol?
3. Quantos átomos de carbono estão nos 23,2 g de etanol?
4. Qual a massa média de uma molécula de etanol?

Solução: A primeira etapa de qualquer problema que envolva a conversão de massas e moles é achar a
massa molar do composto da amostra. Depois, podemos achar o número de moléculas de etanol e daí o
número de carbono nesta molécula.

x mol
Massa, g g
use a massa molar

x moléculas
mol
Moles 28
use o número de
Avogadro

x átomo de C
Moléculas molécula Número de átomo de C

1. Massa molar:

2 moles de C por mol de álcool = 2 moles de C . 12,01 g de C = 24,02 g de C


1 mol de C

6 moles de H por mol de álcool = 6 moles de H . 1,008 g de H = 6,048 g de H


1 mol de H

1 mol de O por mol de álcool = 1 mol de O . 16,00 g de O = 16,00 g de O


1 mol de O ___________

Massa molar do C2H6O = 46,07 g/mol

2. Número de moles: a massa molar, expressa em gramas por mol, é o fator de conversão em
todas as conversões de massa a mol.

23,2 g C2H6O. 1 mol de C2H6O = 0,504 mol de C2H6O


46,07 g de C2H6O

3. Número de átomos de carbono: para achar o número de átomos de C na amostra de álcool,


calcularmos inicialmente o número de moléculas de álcool. Convertemos, então, 0,504 mol
de C2H6O ao número de moléculas de álcool nesta massa do composto usando o número de
Avogadro.

0,504 mol de C2H6O . 6,022 x 10²³ moléculas de C2H6O = 3,04 x 10²³ moléculas de C 2H6O
1 mol de C2H6O

Sabemos que cada molécula contém dois átomos de carbono, então podemos calcular o número de
átomos de carbono em 23,2 g do álcool.

3,03 x 10²³ moléculas de C2H6O . 2 átomos de C = 6,07 x 10²³ átomos de C


1 molécula de C2H6O

4. Massa de uma molécula: as unidades que se desejam na resposta são gramas por molécula, o que
mostra que devemos multiplicar a unidade inicial da massa molar (gramas por mol) pelo inverso do
número de Avogadro (em moléculas/mol) para que haja o cancelamento de “mol”.

46,07 g de C2H6O . 1 mol = 7,650 x 10-²³ g


1 mol 6,022 x 10²³ moléculas
1 molécula de C2H6O
29
=> DETERMINANDO AS FÓRMULAS DOS COMPOSTOS

Muitas vezes é possível prever a fórmula de composto iônico simples, mas milhares de
compostos são muito mais complicados. Dada uma amostra de composto, como se pode
determinar a sua fórmula? A resposta está na análise química, ramo importante da química que
trata, dentre outras coisas, da determinação das fórmulas e estruturas moleculares.

COMPOSIÇÃO PERCENTUAL

Conforme a lei da composição constante, qualquer amostra de composto puro é sempre


constituída pelos mesmos elementos combinados nas mesmas proporções de massas (isto é,
ponderais). Assim, há pelo menos duas maneiras de exprimir a composição molecular: (a) em
termos do número de átomos de cada tipo por molécula ou (b) em termos da massa de cada
elemento por mol do composto. Há ainda pelo menos mais uma maneira de exprimir a
composição molecular, método que provém de (b): a composição pode ser dada pela massa
relativa de cada elemento na massa total do composto  por exemplo, em termos da massa
percentual de cada elemento; é a composição percentual por massa (ponderal). Para amônia se
tem:

Massa percentual de N na NH3 = massa de N em 1 mol de NH3 = 14,01 g de N x 100%


massa de 1 mol de NH3 17,030 g de NH3
= 82,27% (ou 82,27 g de N por 100,0 g de NH3)

Massa percentual de H na NH3 = 3,024 g de H x 100%


17,030 g de NH3
= 17,76% de H (ou 17,76 g de H por 100,0 g de NH3)

FÓRMULAS EMPÍRICAS E FÓRMULAS MOLECULARES

Consideremos agora o problema inverso do que acabamos de resolver: o de usar as massas


relativas, ou a composição percentual, para calcular a fórmula molecular. Vamos imaginar que
se conheçam as identidades dos elementos na amostra e que se tenham determinado, mediante
análise química, as massas de cada um deles numa dada massa do composto (a composição
percentual). Pode-se então calcular o número relativo de moles de cada elemento em um mol
do composto e daí o número relativo de átomos de cada elemento no composto. Em sala de
aula faremos alguns exemplos.

AULAS N. 4 e 5

REAÇÕES QUÍMICAS
No século XVIII, o grande cientista francês Antoine Lavoisier introduziu a lei da conservação
da matéria, que se tornou parte integrante da teoria atômica de Dalton. Lavoisier mostrou que a
matéria nem é criada nem destruída. Isto é, se você usar 10 gramas de reagentes deverá ter,
30
depois de a reação completar-se, 10 g de produtos. Combinando esta afirmação com a teoria
atômica de Dalton, ela significa que, se houver a reação de 1.000 átomos de um certo
elemento, estes 1.000 átomos devem aparecer, de alguma forma, nos produtos da reação.
Aplicada à reação entre o alumínio e o bromo, a conservação da matéria significa que 2 átomos
de alumínio e 3 moléculas diatômicas de Br2 (ou 6 átomos de Br) são necessários para produzir
1 moléculas de Al2Br6 (na qual os dois átomos de Al e os seis de Br estão combinados).

2 Al (s) + 3 Br2 ()  Al2Br6 (s)


reagentes produto

Os coeficientes de cada fórmula, na equação equilibrada, mostram a conservação da matéria.


Podem ser lidos como número de átomos (como nos 2 átomos de Al), em termos de moléculas
(como nas 3 moléculas de Br2), ou em termos de moles (como em 1 mol de Al2Br6). Assim, a
equação equilibrada da reação entre o alumínio e o bromo nos diz que 2 moles de alumínio
reagem com 3 moles de bromo para dar 1 mol de Al 2Br6. A relação entre as quantidades dos
reagentes e produtos químicos é a estequiometria, e os coeficientes das fórmulas, na equação
equilibrada, são os coeficientes estequiométricos.

=> EQUILIBRANDO AS EQUAÇÕES QUÍMICAS/ ESTEQUIOMETRIA

Três métodos, basicamente podem ser utilizados em tal tarefa: por tentativas, por oxi-redução e
algebricamente. Em sala de aula faremos exemplos.

=> RELAÇÕES PONDERAIS NAS REAÇÕES QUÍMICAS

As equações químicas evidenciam as relações quantitativas entre reagentes e produtos. Estas


relações, baseadas na lei da conservação da matéria, aplicam-se ao estudo da estequiometria.
Os coeficientes estequiométricos de uma equação equilibrada dão os números relativos de
átomos, ou de moléculas, ou os números de moles, e podem ser usados para calcular as massas
de reagentes e de produtos.

Um fragmento de fósforo queima no cloro para dar o tricloreto de fósforo, PCl 3, numa reação
redox. Suponhamos que se faça a reação com 1,00 mol de fósforo (P 4, 124 g/mol). A seguinte
equação equilibrada mostra que devem ser usados, 6,00 moles, ou 425 g, de Cl 2 e que serão
produzidos 4,00 moles, ou 549 g, de PCl3.
A equação equilibrada da reação entre o fósforo e o cloro aplica-se qualquer que seja a
quantidade de P4 usada (1,24 g), então será necessário 0,0600 mol de Cl2 (4,25 g) e será

formado 0,0400 mol de PCl3 (5,49 g). Pode-se confirmar experimentalmente que se forem
usados 1,24 g de P4 e 4,25 g de Cl2, então se formarão 5,49 g (= 1,24 g + 4,25 g) de PCl 3.

Reagentes Produto
______________________________________________________
P4(s) +6 Cl2(g)  4 PCl3(s)
1 molécula 6 moléculas  4 moléculas
1,00 mol 6,00 moles  4,00 moles
31
124 g 425 g  549 g (= 124 g + 425 g)

Continuando esta linha de raciocínio, suponhamos que a amostra de fósforo tenha a massa de
1,45 g. Qual a massa de Cl2 necessária para fazer todo o fósforo reagir? O seguinte
procedimento leva à resolução do problema.

Etapa 1. Escreva a equação equilibrada (com as fórmulas corretas de reagentes e produtos).


Este é sempre o primeiro passao ao se tratar de reações químicas.

P4(s) + 6 Cl2(g)  4 PCl3()

Etapa 2. Calcule os moles a partir das massas. Pela massa de P 4 calcula-se o número de
moles de P4 disponíveis. Este cálculo é indispensável, pois a equação equilibrada mostra as
relações entre moles, e não, diretamente, a relação entre massas.

1,45 g de P4 . 1 mol de P = 0,0117 mol de P4 disponível


123,9 g de P4

Etapa 3. Use o fator estequiométrico. O número de moles disponíveis de um reagente (P 4)


deve relacionar-se com o número de moles necessários do outro reagente (Cl2).
6 moles de Cl2 necessários
0,0117 mol de P4 . = 0,0702 mol de Cl 2 necessário
1 mol de P4 disponível


Fator estequiométrico (da equação equilibrada)

Neste capítulo, o número de moles de fósforo disponíveis foi multiplicado pelo fator
estequiométrico, que é a razão entre os moles do reagente necessário e os moles do reagente
disponíveis. O fator estequiométrico provém diretamente dos coeficientes da equação química
equilibrada. É esta a razão de se equilibrarem as equações químicas antes de se procederem os
cálculos. Neste caso, o cálculo mostra que 0,0702 mol de Cl 2 é o necessário para reagir com
todo o fósforo disponível.

Etapa 4. Calcule a massa a partir dos moles. Pelo número de moles de Cl2 calculado na 3ª
Etapa, pode-se agora calcular a massa de Cl2 necessária.

0,0702 mol de Cl2 . 70,91 g de Cl2 = 4,98 g de Cl2


1 mol de Cl2

Como o objetivo deste exemplo era o cálculo da massa de Cl2, o problema está resolvido.

Também se pode querer saber a massa de PCl3 que se produz na reação de 1,45 g de fósforo
com a massa calculada de cloro (4,98 g) quando a reação se completa, isto é, quando pelo
menos um dos reagentes foi usado completamente. Como há conservação de matéria, a
resposta se encontra pela adição das massas de P4 e Cl2 usadas (o que dá 1,45 g + 4,98 g = 6,43
g de PCl3). Ou então, pode-se repetir a terceira e a quarta etapa, com o fator estequiométrico e
as massas molares apropriadas.

32
Etapa 3’. Use o fator estequiométrico. Relacione o número de moles de P 4 disponível ao
número de moles de PCl3 que podem ser produzidos.

4 moles de PCl3 produzidos


0,0117 mol de P4 . = 0,0468 mol de PCl 3 produzidos
1 mol de P4 disponível


Fator estequiométrico (da equação equilibrada)

Etapa 4’. Calcule a massa a partir dos moles. Converta os moles de PCl3 produzidos a massa
em gramas.

0,0468 mol de PCl3 produzido . 137,3 g de PCl3 = 6,43 g de PCl3


1 mol de PCl3

=> REAÇÕES EM QUE UM REAGENTE ESTÁ EM QUANTIDADE


LIMITADA

Ao provocar uma reação, um químico, e também a natureza, raramente proporcionam os


reagentes numa razão estequiométrica exata. Como o objetivo da reação é obter a maior
quantidade possível de um composto útil a partir de certa quantidade de matéria-prima, muitas
vezes se opera com um grande excesso de um reagente para garantir que o reagente mais caro
seja completamente convertido. Como exemplo, consideremos a preparação da cisplatina,
Pt(NH3)2Cl2, composto que se usa no tratamento do câncer.

(NH4)2PtCl4(s) + 2 NH3(aq)  2 NH4Cl(aq) + Pt(NH3)2Cl2(s)


amônia cisplatina

Neste caso, faz sentido combinar o reagente mais caro (NH4)2PtCl4  que custa
aproximadamente quarenta dólares por grama  com muito maior quantidade do reagente
mais barato, NH3  que custa alguns centavos de dólar por grama  do que com a quantidade
dada pela equação equilibrada. Assim, ao se completar a reação, todo o (NH 4)2PtCl4 terá sido
convertido no produto e restará excesso de NH3. Quanto de Pt(NH3)2Cl2 será formado?
Depende da quantidade de (NH4)2PtCl4 presente no início, e não da quantidade de NH3, pois o
NH3 está presente em quantidade maior do que a exigida pela estequiometria da reação. O
(NH4)2PtCl4 é exemplo de reagente limitante, pois a sua quantidade determina, ou limita, a
quantidade de produto formado.

Exemplo O tetracloreto de titânio, TiCl 4, é importante produto químico. Por exemplo, o TiO 2, material
usado como pigmento branco na indústria de papel e tintas, pode ser obtido a partir do tetracloreto. Esse
produto pode ser feito pela combinação entre minério de titânio (que pode ser o próprio TiO 2 impuro) e
o carbono e o cloro.

TiO4(s) + 2 Cl2(g) + C(s)  TiCl4() + CO2(g)

Se fizermos a reação a partir de 125 g de Cl 2 e outro tanto de C, com muita quantidade de minério
contendo TiO2, qual o reagente limitante da reação? Qual a quantidade de TiCl 4, em gramas, que pode
ser obtida?

33
Solução Como é sempre o caso, quando se têm massas de elementos puros, ou de compostos, deve-se
calcular o número equivalente de moles.

Moles de Cl2 = 125 g de Cl2 . 1 mol de Cl2 = 1,76 mol de Cl2


70,91 g de Cl2

Moles de C = 125 g de C . 1 mol de C = 10,4 moles de C


12,01 g de C

Os reagentes estão presentes na razão estequiométrica exata ou um deles está presente em quantidade
maior do que a necessária para a reação completa?

Moles de C disponíveis = 10,4 moles de C = 5,91 moles de C


Moles de Cl2 disponíveis 1,76 mol de Cl2 1,00 mol de Cl2

O fator estequiométrico dado pela equação é 1 mol de C para 2 moles de Cl 2, ou 0,5 mol de C/1 mol de
Cl2. Como a razão 5,91 moles de C/1,00 mol de Cl 2 é muito maior do que o fator estequiométrico, o
carbono presente está em quantidade muito maior do que a necessária para reagir com o cloro
disponível. Inversamente, o Cl 2 presente não é suficiente para consumir todo o carbono, e então o
Cl2 é o reagente limitante.

Agora que sabemos que Cl2 é o reagente limitante, podemos efeturar o cálculo estequiométrico para
determinar a quantidade de TiCl 4 que pode ser obtida, usando o esquema de cálculo que já
mencionamos.

1,76 mol de Cl2 . 1 mol de TiCl4 . 189,7 g de TiCl4 = 167 g de TiCl4


2 moles de Cl 4 1 mol de TiCl4

=> RENDIMENTO PERCENTUAL

A quantidade máxima do produto que pode ser obtida de uma reação química é a produção
teórica. Porém, em toda operação química, há certa perda na separação e na purificação dos
produtos; qualquer químico, por melhor que seja, invariavelmente irá “perder” pequanas
quantidade de material nas diversas operações. Por isso a produção real de um composto 
isto é, a quantidade do material que se obtém realmente no laboratório ou na fábrica química
 pode ser menor do que a produção teórica. A eficiência de uma reação química, e das
técnicas usadas para obter o composto na forma pura, pode ser caracterizada pela razão entre a
produção real e a produção teórica. Chamamos esta razão de rendimento percentual.

Rendimento percentual = produção real x 100%


produção teórica

Suponhamos que você prepare aspirina no laboratório, pela seguinte reação,

C7H6O3(s) + C4H6O3()  C9H8O4(s) + CH3CO2H()


ácido salicílico anidrido acético aspirina ácido acético

34
a partir de 14,4 g de ácido salicílico e excesso de anidrido acético. O reagente limitante é o
ácido salicílico. Se você obtiver 6,26 g de aspirina, qual o rendimento percentual da
preparação? A primeira etapa é achar o número de moles do reagente limitante, ácido
salicílico(C7H6O3).

14,4 g de C7H6O3 . 1 mol de C7H6O3 = 0,104 mol de C7H6O3


138,1 g de C7H6O3

Depois, calcula-se o número de moles de aspirina que se espera com base no reagente
limitante, C7H6O3, usando o fator estequiométrico dado pela equação:

0,104 mol de C7H6O3 . 1 mol de aspirina = 0,104 mol de aspirina esperado


1 mol de C7H6O3

A quantidade máxima de aspirina que se pode obter  a produção teórica  é 0,104 mol.
Como as quantidades que se medem diretamente no laboratório são as massas, é usual exprimir
a produção teórica como massa em gramas.

0,104 mol de aspirina . 180,2 g de aspirina = 18,8 g de aspirina


1 mol de aspirina

Finalmente, sabendo-se que a produção real foi de apenas 6,26 g de aspirina, o rendimento
percentual em relação à aspirina pode ser calculado como:

Rendimento percentual = 6,26 g de aspirina que foram isolados x 100% =


18,8 g de aspirina esperados

= 33,3% de rendimento percentual

Quando um químico obtém novo composto, ou conduz uma reação, é usual publicar o
rendimento percentual. Esta é informação útil, pois dá aos outros químicos a idéia da
quantidade de produto que pode ser razoavelmente esperada da reação. Tenha, porém, a
consciência de que é difícil chegar, muitas vezes, a rendimentos de 90% ou mais. É impossível
usar cada gotícula de líquido e cada fragmento de sólido, e ocorrem, às vezes, reações
diferentes da que se deseja. Além disso, muitas reações não levam completamente aos produtos
(como é fácil de observar na obtenção de pipocas de milho).

=> EQUAÇÕES QUÍMICAS E ANÁLISE QUÍMICA

O aumento da consciência sobre os problemas ambientais, nos anos recentes, provocou a


necessidade de se conhecerem as substâncias químicas e as quantidades dessas substâncias
presentes no ambiente. Essa necessidade tornou a química analítica ainda mais importante do
que era. Os químicos que trabalham nesta área usam a criatividade para identificar as
substâncias puras e também para medir as quantidades dos componentes das misturas. A
química analítica moderna se faz, freqüentemente, mediante métodos instrumentais, mas as
reações da química e da estequiometria clássicas ainda desempenham um papel central.

35
ANÁLISE DE MISTURAS

A análise de misturas pode ser, muitas vezes, bastante difícil. É preciso ter várias idéias para
imaginar como usar a química na determinação das espécies e das quantidades presentes na
mistura. Através de um exemplo razoavelmente direto, podemos ilustrar como os problemas da
química analítica se resolvem.

Suponhamos que você tenha material pulverulento, branco, que sabe ser mistura de óxido de
magnésio (MgO) e carbonato de magnésio (MgCO 3), e queira achar a percentagem da mistura
que é de MgCO3. Muitos carbonatos metálicos se decompõem por aquecimento e dão óxidos
do metal e dióxido de carbono. No caso do carbonato de magnésio a reação é

MgCO3(s)  MgO(s) + CO2(g)

Se o material pulverulento for aquecido fortemente, o carbonato de magnésio na mistura se


decompõe em MgO e há desprendimento de CO 2 gasoso. O sólido residual do aquecimento da
mistura é constituído por apenas MgO e a sua massa é a soma da massa do MgO presente
originalmente na mistura com a massa de MgO resultante da decomposição do MgCO3. A
diferença entre a massa do sólido antes e depois do aquecimento dá a massa de CO 2
desprendido, e a estequiometria permite calcular a massa de MgCO 3 presente na mistura
original.

Admitamos que seja 1,599 g a massa da mistura de MgO e MgCO 3, e que o aquecimento
provoque o desprendimento de CO2 e deixe a massa residual de 1,294 g de MgO. Qual a
percentagem ponderal (em massa) do MgCO3 na mistura original? Conhecendo-se a massa da
mistura antes e depois do aquecimento, pode-se achar a diferença de massa, que é igual à massa
de CO2 desprendido durante o aquecimento da mistura.

Massa da mistura (MgO + MgCO3) = 1,599 g

Massa depois do aquecimento (MgO puro) = -1,294 g


Massa de CO2 = 0,305 g

Agora, convertamos a massa de CO2 a moles de CO2.


0,305 g de CO2 . 1 mol de CO2 = 0,00693 mol de CO2
44,01 g de CO2

A equação equilibrada da reação de decomposição de MgCO3 mostra que para cada mol de
CO2 desprendido deve haver um mol de MgCO3 na mistura. Assim, deve haver 0,00693 mol de
MgCO3 na mistura original e a massa de MgCO3 era

0,00693 mol de CO2 . 1 mol de MgCO3 . 84,31 g de MgCO3 = 0,584 g de MgCO3


1 mol de CO2 1 mol de MgCO3
Portanto, a percentagem ponderal do carbonato de magnésio na mistura era

Massa de MgCO3 . 100% = 0,584 g de MgCO3 . 100% = 36,5% de MgCO3


Massa de amostra 1,599 g da amostra

36
Exemplo O butilítio, LiC4H9, é um composto muito reativo usado pelos químicos na obtenção de novas
substâncias. Uma forma de determinar a quantidade de LiC 4H9 numa mistura é a adição de ácido
clorídrico. Ocorre a seguinte reação:
LiC4H9 + HCl(aq)  LiCl(aq) + C4H10(g)

Suponhamos que você tenha 5,606 g de solução de LiC 4H9 dissolvido em benzeno. Ao adicionar-se
excesso de HCl(aq), há desprendimento de 0,633 g de C 4H10. Qual a percentagem ponderal de LiC 4H9
na amostra original?
Solução Calculemos, em primeiro lugar, os moles de C 4H10 desprendidos.

0,633 g de C4H10 . 1 mol de C4H10 = 0,0109 mol de C4H10


58,12 g de C4H10
Calculemos, então, os moles e depois a massa de LiC 4H9 na amostra.

0,0109 mol de C4H10 . 1 mol de LiC4H9 . 64,06 g de LiC4H9 = 0,698 g de LiC4H9


1 mol de C4H10 1 mol de LiC4H10

Finalmente, calcula-se a percentagem ponderal de LiC 4H9 na amostra.

0,698 g de LiC4H9 . 100% = 12,4%


5,606 g da amostra

AULAS N. 6 e 7
GASES
=> AS PROPRIEDADES DOS GASES
Para descrever o estado gasoso, os químicos aprenderam que apenas quatro grandezas são
necessárias: (1) a quantidade do, n (em moles); (2) a temperatura do gas, T (em kelvins); (3) o
volume do gás, V (em litros); e (4) a pressão do gás, P (em atmosferas). Examinemos a última
grandeza, o conceito de pressão e suas unidades.

Pressão

Quando se enche uma bola de borracha, a película da bola se estica e fica tensionada. Se o ar
soprado for muito, porém, a bola arrebenta e o ar escapa com certa violência. A tensão na bola
37
de borracha é provocada por forças geradas pelas colisões das moléculas do gás com a parte
interna da película. A força por unidade de área é a pressão do gás.

Um gás, como o ar da atmosfera, exerce pressão sobre qualquer superfície com que mantenha
contato, qualquer que seja a posição da superfície. A pressão atmosférica se mede com um
barômetro, que pode ser construído enchendo-se um tubo com um líquido e depois invertendo
o tubo cheio numa cuba contendo o mesmo líquido e depois invertendo o tubo cheio numa
cuba contendo o mesmo líquido. No nível do mar, a altura da coluna de mercúrio é cerca de
760 mm acima da superfície de mercúrio na cuba inferior. A pressão da coluna do mercúrio é
equilibrada pela pressão exercida, no seu pé, pela coluna de ar acima da superfície do mercúrio
até os confins da atmosfera. A pressão medida por um barômetro de mercúrio é usualmente
dada nas unidades “milímetro de mercúrio” (mm Hg), que também se chama torr em
homenagem a Evangelista Torricelli (1608-1647), que inventou esse aparelho em 1643. A
atmosfera normal (atm) se define por

1 atmosfera normal = 1 atm = 760 mm Hg (exatos)

A unidade SI de pressão é o pascal (Pa), assim denominada em homenagem ao matemático e


filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662). É unidade de pressão definida diretamente em
termos de força por unidade de área.

1 pascal (Pa) = 1 newton/metro

É unidade muito pequena para medida das pressões usuais, e se usa mais freqüentemente o
quilopascal (kPa). A relação entre as unidades mencionadas é

1 atm = 760 mm Hg = 101,325 x 10³ Pa = 101,325 kPa

Finalmente, as pressões atmosféricas são expressas também na unidade bar, com 1 bar =
100.000 Pa. Então, 1 atm = 1,013 bar

Os dados termodinâmicos valem para gases sob pressões de 1 bar.

Qualquer líquido pode ser usado num barômetro, mas  como se mostra no inserto “Medida
das Pressões dos Gases  a altura da coluna depende da densidade do líquido. Uma
comparação entre o mercúrio, com densidade 13,6 g/cm³, a água (densidade 1 g/cm³) indica

que a coluna de um barômetro cheio de água teria pouco mais de 10 m de altura!


Evidentemente, não se usam barômetros de água, mas é importante não perder de vista o
resultado, por exemplo, quando se cava um poço. Uma bomba manual simples pode provocar a
redução da pressão na boca da tubulação do poço, e a pressão atmosférica, no fundo do poço,
provoca a ascensão da água. Quando a água chega à superfície, flui para fora da canalização.
Um poço com uma bomba deste tipo não pode conseguir água a profundidades maiores do que
10 m aproximadamente. Bombas submersas podem conseguir água de poços muito profundos,
mas operam, em parte, graças a outros efeitos.

Exemplo Converta a pressão de 635 mm Hg em atmosfera (atm), bars e quilopascais (kPa).

Solução A relação entre mm Hg e atm é 1 atm = 760 mm Hg. Observe que a pressão dada é
menor do que 706 mm Hg, então a medida em atmosferas é menor do que 1 atm.
38
635 mm Hg ( 1,00 atm ) =0,836 atm
760 mm Hg

A relação entre atm e bars é 1 atm = 1,013 bar. Então, temos

0,836 atm ( 1,013 bar ) =0,847 bar


atm

Finalmente, a relação entre mm Hg e kPa é 101,325 kPa = 760 mm Hg. Então

635 mm Hg ( 101,325 bar ) =84,7 kPa


760 mm Hg

=> AS LEIS DOS GASES: A BASE EXPERIMENTAL

Ampla variedade de experiências, nos séculos XVII e XVIII, levou à formulação de três leis
que constituem a base do nosso entendimento sobre o comportamento dos gases.

A Compressibilidade dos Gases: Lei de Boyle

Quando você bombeia os pneus da bicicleta, a bomba espreme o ar diminuindo o volume do


gás. Esta propriedade é a compressibilidade do gás (ar). Os líquidos e sólidos não têm esta
propriedade e são quase incompressíveis.

Robert Boyle estudou a compressibilidade dos gases em 1661 e observou que o volume de
massa fixa de um gás, numa dada temperatura, é inversamente proporcional à pressão do gás.
Como todos os gases comportam-se desta maneira, este enunciado é conhecido como lei de
Boyle.

A lei de Boyle pode ser demonstrada quando uma seringa de injeção é cheia de ar e selada na
ponta. Quando se aplica um peso à cabeça do pistão, o ar na seringa é comprimido; o seu
volume diminui e a pressão aumenta. Quando a pressão sobre o gás na seringa  medida pela
massa dos chumbinhos que constituem o peso que comprime o gás  for plotada em função de

1/V, observa-se uma reta. Este tipo de gráfico demonstra que o volume e a pressão de um gás
são inversamente, proporcionais um ao outro; modificam-se em sentidos opostos. Podemos
escrever de duas maneiras esta relação, sob forma matemática.

P  1 ou então V  1
V P

Qualquer das expressões mostra que, dada uma quantidade fixa de gás numa temperatura
constante, o volume do gás diminui quando a temperatura aumenta; ao contrário, se a pressão é
reduzida, o voume do gás aumenta.

A relação de Boyle, demonstrada experimentalmente, pode ser posta numa forma matemática
conveniente. Quando duas grandezas são proporcionais uma à outra, podem ser
39
matematicamente relacionadas com a introdução de uma constante de proporcionalidade, que
chamaremos de CB. Assim,

P = CB ( 1 ) ou PV = CB
V

Esta última relação é a expressão da lei de Boyle; dada uma massa de gás numa temperatura
constante, o produto da pressão pelo volume é constante. O valor da constante de
proporcionalidade CB depende da quantidade de gás (em moles) e da temperatura (em kelvins).
Isto significa que, se o produto pressão-volume for conhecido para um conjunto de condições
(P1 e V1) será conhecido para quaisquer outras condições de pressão e volume (P2 e V2), (P3 e
V3), etc., para qualquer amostra do gás.

P1V1 = P2V2 = P3V3 ...

Esta forma da lei de Boyle é útil para se conhecer, por exemplo, como se altera o volume de
certa massa do gás quando a pressão se altera (sendo constante a temperatura).

O Efeito da Temperatura Sobre o Volume do Gás: Lei de Charles

O volume de amostra de gás pode ser afetado pela pressão e pela temperatura. Em 1787, o
cientista francês Jacques Charles descobriu que o volume de uma quantidade constante de gás,
sob pressão também constante, aumentava com a elevação da temperatura. A figura 10.1
mostra como os volumes de duas amostras de dois gases diferentes se alteram com a
temperatura (sob pressão constante). Quando as retas do gráfico do volume contra a
temperatura são extrapoladas para temperaturas mais baixas, todas atingem o ponto de volume
nulo numa mesma temperatura, -273,15°C. É claro que os gases não atingem, na realidade, este
ponto de volume nulo; em temperatura mais elevada todos se liquefazem.

Em 1848, William Thomson, também conhecido como Lord Kelvin, propôs a adoção de uma
escala de temperatura que tivesse como ponto nulo a temperatura de -273,15ºC. Esta escala de
temperatura é conhecida hoje como escala Kelvin, e a unidade em que se divide é o kelvin. O
kelvin, adotado como unidade SI de medida de temperatura, tem o mesmo tamanho que o grau

Celsius. Quando se usa a escala de temperatura Kelvin, a relação entre o volume e a


temperatura, que se denomina a Lei de Charles, é a seguinte: se uma massa constante de gás
for mantida a

pressão contante, o seu volume é diretamente proporcional à temperatura absoluta. O que


pode ser escrito na forma

VT

ou, adotando uma constante de proporcionalidade, CC,

V = CC x T

ou
40
CC = V
T

O quociente V/T é sempre igual à mesma constante (para uma dada amostra em pressão
determinada). Então, o volume da amostra de gás duplica quando T, a temperatura Kelvin,
duplica (tudo a pressão constante). Isto é, se o volume e a temperatura de uma amostra de gás
(V1 e V2) forem conhecidos, podemos calcular o volume V2 numa nova temperatura T2 pela
equação

V1 = V2
T1 T 2

Volumes Iguais de Gases Contêm Números Iguais de Moléculas (a T e a P Constantes):


Gay-Lussac e Avogadro

O início do século XIX foi um tempo de muita agitação na química, com os trabalhos de John
Dalton, Jacques Charles, Amedeo Avogadro e do francês Joseph Gay-Lussac. Este trabalhou
com reações entre gases e descobriu que os volumes dos gases sempre se combinavam em
razão expressa por pequenos números inteiros desde que fossem medidos na mesma
temperatura. Esta afirmação é conhecida como a lei dos volumes que se combinam, de Gay-
Lussac. Como exemplo, 100 mL de hidrogênio gasoso, H 2, se combinam com exatamente 50
mL de oxigênio gasoso, O2, para dar 100 mL exatos de vapor de água, H 2O, se todos os
volumes gasosos forem medidos nas mesma T e P.

A lei de Gay-Lussac exprimia apenas, resumidamente, um conjunto de observações


experimentais, até ser fundamentada pelo trabalho do advogado e físico italiano Amedeo
Avogadro. Em 1811, Avogadro publicou sua idéia, hoje conhecida como hipótese (melhor,
princípio) de Avogadro, assim enunciada: volumes iguais de gases, nas mesmas condições de
temperatura e pressão, têm igual número de moléculas. Aplicada à experiência de Gay-Lussac
que mencionamos, os 100 mL de moléculas de H2 na fase gasosa devem ter o dobro do número

de moléculas de O2 nos 50 mL, e ao se combinarem pela reação devem formar 100 mL de


moléculas de H2O, com tantas moléculas quantas as de H2 iniciais.
A lei de Avogadro é conseqüência da hipótese de Avogadro: o volume de um gás, a uma certa
temperatura e pressão, é diretamente proporcional à quantidade (moles) do gás. Assim, V é
proporcional a n, número de moles do gás, e então

V  n ou V = CAn

onde CA é constante de proporcionalidade. A essência da lei de Avogadro é a variação no


mesmo sentido do volume e do número de moles do gás. À medida que a quantidade do gás
aumenta, o volume que contém o gás também aumenta (mantidas contantes T e a P). Esta a
razão de uma bola de borracha encher quando se sopra o ar para dentro dela.

Exemplo A amônia pode ser sintetizada diretamente a partir dos seus elementos.

N2(g) + 3 H2(g)  2 NH3(g)


41
Se for de 15,0 L o volume inicial do H2(g), numa dada condição de T e de P, qual o volume de
N2(g) necessário para completar a reação (nas mesmas condições de T e de P)? Qual a
produção teórica de NH3, em litros?

Solução Como o volume do gás é proporcional ao número de moles do gás, podemos usar
volumes em lugar de moles e resolver os problemas exatamente como na estequiometria.

1. Cálculo do volume necessário de N2 (em litros).

15,0 L de H2(g) disponíveis [1 L de N2(g) necessário] = 5,00 L de N2(g)


[3 L de H2(g) disponíveis]

2. Cálculo do volume de NH3(g) produzido (em litros).

15,0 L de H2(g) disponíveis [2 L de NH3(g) produzidos] = 10,0 L de NH3(g)


[3 L de H2(g) disponíveis]

=> A LEI DO GÁS IDEAL

Para descrever o estado de um gás temos quatro grandezas inter-relacionadas: pressão, volume,
temperatura e quantidade (moles). As três leis dos gases descritas nos dizem que qualquer
dessas grandezas é afetada pela alteração de uma outra, na hipótese de as restantes se manterem
fixas. Em resumo estas leis são:

Lei de Boyle Lei de Charles Lei de Avogadro


________________________________________________________________
V1 VT Vn
P
(T e n constantes) (P e n constantes) (T e P constantes)

Se todas as três leis forem combinadas, o resultado é

V  nT ou V = R (nT)
P (P)

A constante de proporcionalidade, simbolizada por R, é a constante dos gases ideais. Esta


constante, número que inter-relaciona P, V, T e n, é uma “constante universal”, que sempre se
pode usar para o cálculo dos parâmetros do gás. Reordenando a equação anterior,

PV = nRT

Esta equação é a lei do gás ideal, pois descreve o estado de um gás hipotético “ideal”.
Veremos, que um gás “ideal” não existe. Os gases reais, na pressão atmosférica ou em pressão
mais baixa, e nas temperaturas próximas das temperaturas ambientes, comportam-se como
gases ideais, com boa aproximação, a lei dos gases ideais é modelo adequado com boa
aproximação.
42
Para usar a equação, precisamos ter o valor de R. Muitas experiências mostram que nas
condições normais de temperatura e pressão (CNTP)  isto é, a 0ºC, ou 273,15 K, e sob
pressão de 1 atm exata  um mol de gás ocupa o volume de 22,414 L, e este volume é o
volume molar de CNTP. Levando estes valores numéricos na equação dos gases ideais,
podemos ter o valor de R.

R = PV = (1,0000 atm) (22,414 L) = 0,082057 L.atm


nT (1,0000 mol) (273,15 K) K.mol

Densidade dos Gases

Parâmetro que tem utilidade é a densidade de um gás em condições dadas de temperatura e


pressão. Vejamos como isto se relaciona à lei do gás ideal. Se reordenarmos a expressão PV =
nRT, temos

n = P
V RT

Como o número de moles (n) de qualquer composto é dado pelo quociente entre a massa (m) e
a massa molar (M), podemos reescrever a equação como

m = P
M . V RT

Como a densidade (d) é, por definição, o quociente entre a massa e o volume (m/V), podemos
escrever a equação anterior para ter a densidade do gás em função da massa molar, da
temperatura e da pressão.

d = m = PM
V RT
Ficamos assim com uma equação que dá a densidade do gás em função da massa molar do gás,
numa certa temperatura e pressão.

=> AS LEIS DOS GASES E AS REAÇÕES QUÍMICAS

Muitas reações química importantes, como a produção industrial de amônia e de cloro,


envolvem gases.

N2(g) + 3 H2(g)  2 NH3(g)


2 NaCl(aq) + 2 H2O()  2 NaOH(aq) + H2(g) + Cl2(g)

É importante saber tratar quantitativamente estas reações, e por isso o exemplo seguinte
explora os cálculos da estequiometria química dessas reações.

43
=> MISTURAS GASOSAS E PRESSÕES PARCIAIS

O ar que respiramos é uma mistura de nitrogênio, oxigênio, dióxido de carbono, vapor de água
e pequenas frações de outros gases.Vide tabela 1. A pressão atmosférica é a soma das pressões
exercidas pela combinação destes gases individuais. O mesmo é verdade para toda mistura
gasosa.

Jonh Dalton foi o primeiro a enunciar que a pressão de uma mistura gasosa é igual à soma das
pressões dos diferentes componentes da mistura. A pressão de cada gás na mistura é a pressão
parcial do gás, e o enunciado de Dalton é conhecido como a lei de Dalton das pressões
parciais. Esta lei é conseqüência de a lei dos gases ideais aplicar-se a cada gás,
independentemente da composição. Nenhuma propriedade de um gás ideal depende, de
qualquer forma, da natureza química das suas moléculas. Somente experiências que busquem
propriedades químicas podem mostrar a diferença entre um gás puro e uma mistura gasosa.

Tabela 1 - Componentes do ar atmosférico seco


Constituinte Massa Molecular Percentagem Molar Pressão Parcial
em CNTP (atm)
N2 28,01 78,084 0,78084
O3 32,00 20,946 0,20946
CO2 44,01 0,033 0,00033
Ar 39,95 0,934 0,00934
Massa molecular média do ar seco = 28,960 g/mol

Suponhamos que se encha um balão com mistura de nitrogênio e oxigênio, na pressão total
Ptotal numa certa temperatura, por exemplo 25ºC. A lei dos gases ideais aplicada à mistura dá:

Ptotal V = ntotal RT

Onde ntotal é o número total de moléculas de gás no balão.

ntotal = nN2 + nO2

Levando esta expressão na equação dos gases ideais, temos

Ptotal V = (nN2 + nO2) RT

Se reorganizarmos ligeiramente esta equação, obtemos resultado conveniente.

Ptotal = ntotal RT = (nN2 + no2)RT = nN2 (RT) + no2 (RT)


V V V V

Lembrando de que P = nRT/V, vemos que a pressão total da mistura de gases é a soma da
pressão (parcial) de cada gás:

Ptotal = PN2 + PO2

44
Numa mistura gasosa, todos os constituintes têm o mesmo volume e a mesma temperatura. Por
isso, a pressão de um constituinte da mistura é diretamente proporcional ao número de moles
deste constituinte. Usemos esta idéia para ampliar a utilidade da lei de Dalton.

Imaginemos que se tenha uma mistura de diversos gases, A, B, C, etc. Pela lei dos gases ideais,
sabemos que a pressão de cada gás na mistura é P = nRT/V. Portanto, podemos escrever uma
equação para a razão entre a pressão parcial do componente A e a pressão total da mistura.

PA = nA (RT/V) = nA
Ptotal ntotal (RT/V) ntotal

No Sistema Internacional de Unidades (SI) é encontrado que R = 8,31451 J K-1 mol-1 . A


Tabela 2 apresenta outros valores de R em diferentes unidades.

Tabela 2 - A constante dos gases, R.


8,20578 x 10-2 L atm K-1 mol-1
8,31451 x 10-2 L bar K-1 mol -1
8,31451 Pa m3 K-1 mol-1
62,364 L torr K-1 mol-1
1,98722 cal K-1 mol-1
R

A razão entre as pressões é a mesma que a razão entre os moles do gás A e o número total de
moles da mistura gasosa. Esta razão nA/ntotal é chamada a fração molar de A e recebe o símbolo
X A.

PA = nA = XA
Ptotal ntotal

Em geral, a fração molar de qualquer componente A de uma mistura é

XA = fração molar de A = nA = moles de A


ntotal moles de A + moles de B + moles de C + ...

Na mistura gasosa, as frações molares do nitrogênio e do oxigênio são

XN2 = 0, 010 mol de N2 = 0,67


0,010 mol de N2 + 0,0050 mol de O2

XO2 = 0, 0050 mol de N2 = 0,33


0,010 mol de N2 + 0,0050 mol de O2

Dois terços da mistura são de nitrogênio e um terço de oxigênio. Como estes gases são os dois
componentes da mistura, a soma das frações molares deve ser igual a 1.

XN2 + XO2 = 0,67 + 0,33 = 1,00

Em todos os casos, a soma das frações molares dos componentes de uma mistura tem que ser
igual a 1.
45
XA + XB + XB + ... = 1

É interessante aplicar a idéia das frações molares à composição do ar. A equação abaixo nos
informa que a pressão parcial de um gás numa mistura é igual ao produto da sua fração molar
pela pressão total.

PA = XA Ptotal

Pressão parcial do gás A = (fração molar de A) (pressão total)

Se esta equação for aplicada a uma amostra de ar seco, na pressão barométrica total de 745
mmHg, a pressão parcial de cada gás pode ser calculada.

Pressão parcial do N2 = (0,78084) (745 mmHg) = 582 mmHg


Pressão parcial do O2 = (0,20946) (745 mmHg) = 156 mmHg

=> A TEORIA CINÉTICA MOLECULAR DOS GASES

Até aqui abordamos propriedades macroscópicas dos gases. Agora passamos para a teoria
cinética molecular dos gases, descrição do comportamento dos gases no nível molecular ou
atômico.

Princípios da teoria cinética molecular dos gases.

1. Os gases são contituídos por moléculas (átomos) separadas por distâncias muito maiores que
as suas próprias dimensões.

2. As moléculas de um gás estão em movimento contínuo, aleatório e rápido.


3. A energia cinética média das moléculas do gás é determinada pela temperatura do gás.
Todas as moléculas, independentemente das respectivas massas, têm energias cinéticas
médias iguais, numa mesma temperatura.
4. As moléculas do gás colidem umas com as outras e com as paredes do vaso onde está o gás,
mas as colisões não provocam perdas de energia.

Estes quatro pontos descrevem todos os gases. Num gás ideal, além disso, as forças
intermoleculares são nulas (exceto nas colisões) e as partículas do gás têm volume nulo.
Admitindo que um gás seja ideal, é possível deduzir a lei dos gases ideais a partir do modelo
matemático que traduz os princípios mencionados. Como veremos um pouco adiantes, não
existe materialmente gás ideal, mas alguns gases, em certas circunstâncias, se aproximam
bastante do comportamento destes gases hipotéticos.

A Teoria Cinética e as Leis dos Gases

As leis dos gases, que provêm da experiência, podem ser explicadas pela teoria cinética. O
ponto de partida é escrever as equações que descrevem como a pressão do gás decorre das
colisões das moléculas com as paredes do vaso que contém o gás. A força provocada pelas
colisões depende do número de colisões e da força média por colisão. Quando se eleva a
46
temperatura de um gás, a força média das colisões com as paredes aumenta, pois a energia
cinética média também se eleva. Além disso, como a velocidade aumenta com a elevação da
temperatura, maior número de colisões ocorre por segundo. Assim, a força coletiva por
centímetro quadrado aumenta e a pressão aumenta. Isto que significa, matematicamente, que a
pressão P é proporcional a T, quando n e V são constantes.

Se aumentarmos o número de moléculas de um gás, mantendo fixa a temperatura e também o


volume, não se altera a força de cada colisão, mas se eleva o número de colisões por segundo.
Assim, a pressão também se eleva, e podemos dizer que P é proporcional a n quando V e T são
constantes.

Se a pressão não se altera quando se eleva o número de moléculas do gás, ou a temperatura, o


volume do vaso que contém o gás (ou a área sobre a qual ocorrem as colisões) deve também
aumentar. Isto pode ser enunciado dizendo-se que V é proporcional a nT quando P for
constante, o que é combinação entre a lei de Avogadro e a lei de Charles.

Finalmente, se a temperatura for constante, o impacto médio das moléculas com uma certa
massa contra as paredes do vaso deve ser constante. Se n for constante e o volume do vaso
diminuir, o número de colisões contra as paredes, por unidades de tempo, deve aumentar.
Então a pressão deve crescer, portanto P é proporcional a 1/V quando n e T forem constantes, o
que é o enunciado da lei de Boyle.

47
AULAS N. 8 e 9

MISTURAS E SOLUÇÕES
=> MISTURAS E SUBSTÂNCIAS PURAS

A maior parte das amostras de matéria na natureza é constituída por duas ou mais substâncias;
isto é, as amostras são misturas. O pé-de-moleque é, evidentemente, uma mistura, pois
podemos ver que os amendoins são bem diferentes do material onde estão mergulhados. Uma
mistura na qual é visível a desuniformidade da textura do material é uma mistura
heterogênea. É possível que misturas heterogêneas pareçam ser uniformes, mas que
examinadas com maior minúcia mostrem que não o são. Por exemplo, o ar num aposento pode
parecer um gás homogêneo até que um feixe de luz o ilumine, revelando as partículas de poeira
que nele flutuam. O leite parece muito uniforme à vista desarmada, mas com ampliação
apropriada se vêem os glóbulos de gordura e de proteína que nele flutuam. Numa mistura
heterogênea, as propriedades numa região são diferentes das que se encontram em outra região.

A mistura homogênea, ou solução, é completamente uniforme no nível macroscópico e


constituída por duas ou mais substâncias numa só fase. Não há ampliação ótica que mostre que
a solução tem propriedades diferentes em regiões diferentes, pois a heterogeneidade da solução
só existe no nível atômico ou molecular, onde as partículas individuais são muito pequenas
para serem vistas sob luz comum. Exemplos são o ar puro (na sua maior parte mistura de
nitrogênio e oxigênio gasosos), o açúcar dissolvido em água, certas ligas de latão (mistura
homogênea sólida de cobre e zinco). As propriedades de mistura homogênea são as mesmas em
quaisquer pontos de amostra, mas podem variar de uma amostra para outra conforme as
quantidades de um componente em relação às de outro.
Quando uma mistura é separada nos seus componentes puros, diz-se que os componentes foram
purificados. A maioria das operações de separação não se completa numa só etapa, e a
repetição é quase sempre necessária para se ter substâncias cada vez mais puras. Por exemplo,
o ferro pode ser separado de uma mistura heterogênea de ferro e enxofre revolvendo-se a
mistura com um ímã. Quando a mistura é revolvida a primeira zem e se retira o ímã, a maior
parte do ferro é também retirada, e o enxofre fica num estado de pureza mais elevado. Porém,
depois de apenas uma operação o enxofre ainda pode ter aparência suja, pela presença de
pequena quantidade de ferro remanescente. O revolvimento repetido com o ímã, ou talvez o
emprego de um ímã muito forte, acabará por deixar a amostra de enxofre brilhantemente
amarela, sem que seja possível purificá-la mais ainda, pelo menos com essa técnica. Nesse
processo de purificação usou-se uma propriedade da mistura, a sua cor, para acompanhar o
grau de purificação. (A cor depende das quantidades relativas de ferro e enxofre na mistura).
Quando se obtém a cor amarela brilhante, admite-se que todo o ferro foi removido e que o
enxofre está puro.
Só se tem segurança de afirmar que o enxofre está puro quando diversos métodos de
purificação não provocarem modificações das suas propriedades. Cada substância pura tem um
conjunto de propriedades físicas pelo qual pode ser reconhecida, tal qual você pode ser
reconhecido por um conjunto de propriedades, como a cor do cabelo e dos olhos, a altura, etc.
Define-se substância pura como a de uma amostra com propriedades que não podem ser
modificadas por processos de purificação. Muitas substâncias puras ocorrem naturalmente.
Ouro, diamante, enxofre e muitos minerais ocorrem naturalmente em formas muito puras., mas

48
são casos especiais. Vivemos num mundo de misturas  são misturas todas as coisas vivas, o
ar e o alimento de que dependemos e muitos produtos da tecnologia.

=> SOLUÇÕES

Muitas substâncias químicas presentes no nosso corpo, ou no organismo de um vegetal, estão


dissolvidas em água, isto é, constituem soluções. Os químicos, como os sistemas vivos, fazem
a química das soluções, e é preciso operar quantitativamente. Para isto, usam-se as equações
equilibradas e os moles, mas medem-se os volumes de solução e não as massas de sólidos,
líquidos ou gases. A concentração de uma solução, expressa em molaridade, relaciona o
volume da solução em litros, ou mililitros, à quantidade da substância em moles.

CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO: MOLARIDADE (M)

O conceito de concentração é útil em muitas situações. Por exemplo, o Rio de Janeiro tem
cerca de 13 milhões de habitantes e área superficial de 46.600 km², aproximadamente; então, a
concentração média de habitantes é de cerca de 275 habitantes por quilômetro quadrado. Em
química, a quantidade de soluto dissolvida num dado volume de solução pode ser calculada da
mesma forma e se denomina a concentração da solução. A concentração é expressa,
comumente, em moles do soluto por litro da solução; esta concentração é a molaridade da
solução.

Molaridade = moles do soluto


litros da solução

Por exemplo, se 58,4 g, ou 1,00 mol, de NaCl forem dissolvidos em água suficiente para dar
solução com o volume de 1,00 litro, a concentração, c, é 1,00 mol por litro, ou 1,00 molar. O
que se abrevia, comumente, como 1,00 M, onde M simboliza “moles por litro”.

cmolaridade = 1,00 M = [NaCl]

Outra notação comum para a molaridade é escrever a fórmula do composto dentro de


colchetes; isto quer dizer que a concentração do soluto está em moles do composto por litro da
solução. Finalmente, observe que em química usam-se como equivalentes, as expressões “mol
por litro” e “molar” no que se refere a soluções.

CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO: FRAÇÃO MOLAR (X)

Esse conceito já foi mencionado anteriormente nesta apostila. Favor revisar com leitura.

49
CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO: PERCENTAGEM EM MASSA DO SOLUTO (%)

Exprimi-se a concentração de uma solução em termos de percentagem em massa do soluto do


seguinte modo:

%= massa do soluto x 100


massa da solução

CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO: MOLALIDADE (m)

A molalidade de uma solução é o número de moles do soluto por quilo de solvente.

m= moles de soluto
quilogramas do solvente

CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO: NORMALIDADE (N)

A normalidade de uma solução é o número de equivalentes do soluto (ácido ou base em nosso


caso) por litro de solução.

N= no. de equivalentes do soluto


litros de solução

50
AULAS N. 10 e 11
A Cinética Química
Você pode obter informações sobre as quantidades molares, massa dos reagentes e produtos, e
mesmo saber quanto calor foi absorvido ou liberado em uma reação química, simplesmente
olhando a estequiometria de uma reação, sem precisar saber nada sobre átomos individuais,
moléculas ou íons no decorrer da reação. O mecanismo que leva os reagentes até os produtos
não importa.
Na cinética química é o contrário. Ela trata do que está acontecendo durante a reação química.
Ela fornece informações de grande importância prática, que dizem respeito a como as reações
químicas ocorrem, podendo fornecer informações sobre como é que moléculas individuais (ou
átomos ou íons) interagem umas com as outras, um tópico de crucial interesse para quem
estuda a própria razão e a existência de reações químicas.
O ideal, para se estudar a cinética química, seria o ato de seguir cada elétron, cada átomo, ao
longo de uma reação. E isso seria possível? Na realidade, é. Possível, e muito caro! Muitas
formas geniais foram inventadas nas últimas décadas para se examinar a forma de como é que
as reações químicas acabam por acontecer, mesmo aquelas que são tão rápidas que acontecem
na ordem de picosegundos. Mas, seguir o destino de moléculas, íons ou elétrons durante uma
reação química, não é fácil. O usual é observar se há formação de um ou mais produtos, ou o
desaparecimento de um ou mais dos reagentes, durante algum intervalo de tempo. Daí,
utilizando algum conhecimento prévio obtido de algum outro tipo de reação, pode-se propor
um mecanismo de reação química que seja consistente com os dados colhidos
experimentalmente. Hoje em dia, o uso de computadores e de programas de simulação é de
grande valia, e são sempre empregados nesses estudos.
O mecanismo de uma reação química pode incluir várias etapas, cada uma delas chamada de
"reação elementar". Uma reação elementar é aquela que ocorre em uma única etapa e
representa exatamente o que os átomos e os elétrons estão fazendo. Por isso, raramente uma
reação elementar representa aquilo que pode ser observado como começo e resultado de uma
reação química. O mecanismo de reação consiste, pois, na seqüência de todas as reações
elementares, ou etapas, que mostram todas as modificações ocorridas à nível molecular quando
de uma reação química.
Suponha, por exemplo, a reação do cloreto de iodo com hidrogênio, tudo no estado gasoso:
2 ICl + H2  I2 + 2 HCl

Foi proposta para essa reação um mecanismo de duas etapas. Primeiro, uma molécula de ICl e
uma de hidrogênio reagem para produzir HI e gás clorídrico, mas a de HI é instável no meio
reacional, e reage com outra molécula de ICl para produzir iodo elementar e nova molécula de
gás clorídrico. Assim sendo, a molécula de HI é chamada de um "intermediário", isto é, aquela
espécie que é produzida no decorrer de uma reação química, mas que acaba não aparecendo no
produto final. Se juntarmos as duas reações elementares, e somarmos os produtos e os
reagentes, teríamos a reação global final:
ICl + H2  HI + HCl

HI + ICl  I2 + HCl
2 ICl + H2  I2 + 2 HCl
A Cinética Química, portanto, pode ser entendida como o estudo das velocidades e dos
mecanismos das reações químicas. Existe uma grande diferença entre a cinética química e a

51
termodinâmica química: a velocidade de uma reação química depende do mecanismo da
reação, enquanto que a quantidade de energia (calor) liberada ou absorvida por uma reação
química depende apenas da natureza dos reagentes e dos produtos formados, isto é, independe
do mecanismo de como os reagentes se transformaram em produtos. Em outras palavras, a
termodinâmica pode nos dizer se uma reação química vai acontecer ou não, mas precisamos da
cinética para nos dizer como ela vai acontecer, e se ela vai acontecer rápido o suficiente para
ela ser de algum interesse prático.
Um outro exemplo fácil de memorizar é aquele que acontece no estado gasoso; suponha a
reação entre o ozônio e o óxido nítrico, uma das reações responsáveis pelo aumento do buraco
de ozônio na nossa atmosfera:
O3 + NO  NO2 + O2

As moléculas de ozônio e de óxido nítrico colidem umas com as outras em grande velocidade,
de acordo com a teoria cinética dos gases. Nesse processo, podemos imaginar que as moléculas
se aproximam em um primeiro momento, o que aumenta a repulsão entre elas (suas densidades
eletrônicas interferem entre si, por exemplo). Entretanto, se a energia cinética combinada é
grande o suficiente, essa repulsão será vencida, e as duas moléculas terão suas nuvens
eletrônicas "misturadas" até certo ponto, formando uma nova "molécula" que na
termodinâmica chamamos de "estado ativado", ou de complexo ativado. Nesse estado, essa
energia cinética está disponível para ser redistribuída, e pode aumentar a energia interna das
espécies que estão interagindo, de forma que o aumento nas freqüências das vibrações dos
átomos, por exemplo, pode levar à quebra de algumas das ligações e à formação de outras.
Podemos visualizar o processo como sendo:

Das inúmeras colisões que ocorrem entre as moléculas dos reagentes, apenas algumas são
efetivas, ou seja, resultam em produtos. É que vários requerimentos são necessários para uma
colisão efetiva, entre eles, pelo menos três de fundamental importância:

- Primeiro, a orientação dos íons ou moléculas têm de ser a correta: os átomos que
serão envolvidos na transferência de elétrons têm de ficar diretamente envolvidos.
- Segundo, as colisões têm de se dar com energia suficiente para que as camadas
eletrônicas dos átomos se interpenetrem até determinado grau, para que possam
haver rearranjos que levem à quebra e à formação de ligações químicas.
- Terceiro ponto é fundamental: a transferência ou compartilhamento de elétrons no
complexo ativado deve resultar em estruturas químicas estáveis nas condições da
reação.

Teoria da colisão

Pela teoria da colisão, para haver reação é necessário que:


 as moléculas dos reagentes colidam entre si;
 a colisão ocorra com geometria favorável à formação do complexo ativado;

52
 a energia das moléculas que colidem entre si seja igual ou superior à energia de
ativação.

Colisão efetiva ou eficaz é aquela que resulta em reação, isto é, que está de acordo com as
duas últimas condições da teoria da colisão. O número de colisões efetivas ou eficazes é muito
pequeno comparado ao número total de colisões que ocorrem entre as moléculas dos reagentes.

Energia de ativação

Complexo ativado é uma estrutura intermediária entre os reagentes e os produtos, com


ligações intermediárias entre as dos reagentes e as dos produtos.

Energia de ativação é a energia mínima necessária para a formação do complexo ativado.


Quanto menor for a energia de ativação de uma reação, maior será sua velocidade.
Uma elevação da temperatura aumenta a velocidade de uma reação porque aumenta o número
de moléculas dos reagentes com energia superior à de ativação. Ou seja, altera o valor da
constante K, originária de um estudo realizado por Arrhenius, no século XIX, resultando a
seguinte equação:

K=Ae

Onde A é denominado fator de freqüência, Ea energia de ativação, R constantes dos gases e T


temperatura.

Regra de van't Hoff - Uma elevação de 10°C na temperatura, duplica a velocidade de uma
reação.
Esta é uma regra aproximada e muito limitada.
O aumento da concentração dos reagentes aumenta a velocidade da reação.
Devido a esses requerimentos, poucas colisões são realmente efetivas. Entretanto, reações de
íons em solução, como:
H+ + OH-  H2O
E as reações entre radicais quase sempre são efetivas, e, portanto, são muito rápidas.
Um típico gráfico de energia é ilustrado, a seguir, para descrever o exemplo do ozônio
reagindo com o óxido nítrico pode ser:

Reação do ozônio com óxido nitrico

53
Que mostra que a energia interna do sistema é aumentada quando o complexo ativado é
formado, e mostra ainda que os produtos têm menor energia interna que os reagentes. A reação
é exotérmica, e o excesso de energia é liberada como calor (ΔH, entalpia da reação, ou
diferença de energia entre reagentes e produtos a pressão constante). No geral, quanto maior
for a energia de ativação, mais lenta será a reação química; a energia de ativação ou é zero, ou
é positiva, e por isso no maior número de casos a velocidade da reação aumenta com o
aumento da temperatura, pois esse aumento tem, na imensa maioria dos casos, o efeito de
aumentar a energia interna do sistema que está preste a reagir.
O estudo teórico sobre a Cinética Química começa com a definição da molecularidade das
reações elementares, justamente aquelas que estão relacionadas com os processos em que estão
envolvidos os intermediários altamente reativos que resultarão nos produtos. A grande maioria
das reações elementares são bimoleculares, isto é, duas moléculas sempre estão envolvidas no
processo:
A + B  produtos A + A  produtos
No nosso exemplo do ozônio com o óxido nítrico, no gráfico anterior, é um exemplo de uma
reação bimolecular do tipo A + B  produtos. Pouquíssimas reações são trimoleculares,
justamente devido aos três fatores apresentados anteriormente, como por exemplo, o fato de
que as moléculas reagentes têm de estar corretamente alinhadas para que seus átomos e suas
densidades eletrônicas interajam da maneira correta: a probabilidade para que isso aconteça é
muito, muito baixa. Para a reação
2 NO + O2  2 NO2
é considerada trimolecular.

Velocidade de reação

Uma vez que a cinética química se vale em grande parte das velocidades das reações para
que se conheça como é que elas de fato ocorrem, é necessário, no mínimo, tecermos uma
consideração sobre velocidade.

Em uma reação química, uma variação fácil de ser medida com o decorrer do tempo é o
desaparecimento dos reagentes, ou a formação dos produtos, isso porque a concentração dos
primeiros diminui ao longo do tempo, enquanto que a concentração dos últimos aumenta. Seja
a reação hipotética
A + BC

A velocidade da reação pode ser expressa como:

Velocidade = = =

Uma vez que nossa estequiometria hipotética é de 1:1:1. Os valores negativos das duas
primeiras equações significa que os reagentes estão sendo consumidos. O valor [A] significa
A2 – A1, a concentração molar no tempo 2 menos a concentração molar no tempo 1; como o
reagente está sendo consumido, A2 < A1, e [A] será negativo, portanto o sinal de menos na
equação tornará a "velocidade" um valor positivo.

54
Em cinética, como em muitas outras instâncias em química, os colchetes envolvendo uma
espécie, tipo [A], significam sempre que se está tratando da espécie medindo-se a sua
concentração em unidades de mol/litro, ou, de acordo com a convenção de recíprocos, mol.L -1.
Um gráfico típico da variação dos reagentes em uma reação seria:

Variação da concentração do reagente com o tempo

enquanto que a concentração do produto em uma reação começaria do zero, no tempo zero,
como:

Variação da concentração do produto com o tempo

Portanto, a cada momento da reação temos uma velocidade particular, e assim sendo, a
determinação da velocidade de uma reação tem de ser eminentemente experimental. Suponha
por alguns instantes que podemos determinar a concentração do reagente A à medida em que
ele se transformava em C, segundo a hipótese de A + B  C; então, utilizando o gráfico
típico, é fácil perceber que é o valor da inclinação da reta, coeficiente angular, que
passa por [A]2, t2 e [A]1, t1 é mostrado no gráfico a seguir:

55
Coeficiente angular

E o coeficiente angular da reta será a nossa "Velocidade Média" entre os tempos t1 e t2. Da
mesma forma, podemos calcular a "velocidade Instantânea" a qualquer tempo, verificando o
coeficiente angular da tangente à curva naquele tempo desejado, conforme mostrado no gráfico
a seguir.

Coeficiente angular

A velocidade de uma reação pode ser expressa pela equação:

Velocidade = k [A]m[B]n[C]º
Onde k é uma constante, os números entre colchetes são as concentrações em mol.L -1, e os
coeficientes m,n,... são em geral 1 e 2, mas pode ser zero, negativo ou fracionário. A soma dos
coeficientes retrata um ponto muito importante, que é a "ordem de reação". Assim, para

Velocidade = k [A] = k

temos uma reação total de ordem zero com relação a A. Isso significa que variação da
concentração do reagente não afeta a velocidade da reação. Outros casos possíveis de serem
encontrados são:
56
 Velocidade = k[A], que é uma reação de primeira ordem em A; significa que, se
dobrarmos a concentração de A no meio reacional, a reação irá ocorrer duas vezes mais
rápido, se triplicarmos, a velocidade triplica, e assim por diante.
 Velocidade = k[A]2, que é uma reação de segunda ordem em A; significa que se
dobrarmos a concentração de A, a velocidade da reação vai quadruplicar, etc.
 Velocidade = k[A]3, que é de terceira ordem; se dobras a quantidade de A octuplicará a
velocidade da reação, etc.
 Velocidade = k[A][B]2, uma reação de terceira ordem total, de primeira em relação ao
componente A, e de segunda em relação a B. Aplicam-se aqui os comentários feitos
para aquelas ordens respectivas.
 Velocidade = k[A][B][C], outra reação de terceira ordem total.
 Velocidade = k[A]1/2[B], uma reação de ordem 3/2 total.

Suponha um caso verdadeiro, da decomposição térmica do gás carbônico:


2 CO22 CO + O2

que é uma reação de primeira ordem em relação ao CO 2. A expressão Velocidade = [A]/t


pode então ser rearranjada para k[A] = -[A]/t onde [A] é a concentração molar em L -1 do
CO2. Nesse ponto, se fizermos um gráfico de [A] versus t teremos uma curva como aquelas que
vimos acima. Utilizando métodos de cálculo diferencial pode-se demonstrar:

k [A] = -[A]/t

aplicando o logaritmo neperiano, temos:


ln [A] = -kt + ln [A]o
onde ln é o logaritmo neperiano, e [A]o é a concentração inicial do reagente. Essa expressão
tem a forma de y = mx + b, que a de uma reta de inclinação (coeficiente angular) igual a m; no
nosso caso. Construindo um gráfico de ln [A] como eixo y contra o tempo, no eixo x, teremos
uma reta cuja inclinação será o valor de k, em mol.L -1.minuto-1 , caso a medida de tempo seja
em minutos. Portanto, se os dados experimentais de várias medidas de [A] feitas em vários
intervalos de tempo forem plotados dessa maneira, e o gráfico resulta numa reta, então a reação
é de primeira ordem. Nenhuma outra ordem de reação forneceria uma reta nessas condições.
Uma reação de segunda ordem também é fácil de ser determinada e seu o k calculado. Para
Velocidade = k [A]2, existe uma relação entre [A] e o tempo conforme mostrado na equação:
1/[A] = kt + 1/[A]o
usando o mesmo raciocínio, na construção do gráfico de 1/[A] versus tempo será uma reta de
coeficiente angular igual a k, mas só se a reação for verdadeiramente de segunda ordem para a
espécie A. A decomposição térmica do NO 2 em NO e O2 é de segunda ordem: dobrando-se a
concentração do NO2 inicial, a reação acontece quatro vezes mais rápida, ou numa proporção
de 22.

O valor da constante de velocidade é útil também para se determinar a energia de ativação de


uma reação química, pois foi comprovado por van’t Hoff e Arrhenius (independentemente) a
relação K=Ae , cuja relação logarítmica é

57
ln k = -(Ea/RT) + ln A

onde A é chamado de fator de freqüência de colisões, uma constante, R é a constante dos gases
e T a temperatura em Kelvins; portanto, determinando-se o valor de k para reações feitas a
diferentes temperaturas, o gráfico ln k por 1/T fornece uma reta de inclinação Ea/R.

Reagente(s) gasoso(s) - A pressão de um gás é diretamente proporcional à sua concentração


em mol/L. Por isso, no caso de reagente(s) gasoso(s), a lei de velocidade pode ser expressa em
termos de pressão.
Para a reação: a A(g) + b B(g)  produtos
Podemos expressar a velocidade da reação como:

V = k·pp A·pq B
Onde observa que o aumento da pressão aumenta a velocidade da reação. Quando não há
reagente gasoso, a pressão não influi na velocidade da reação.

Reação elementar é aquela que ocorre numa única etapa.


Para a reação: a A + b B + ...  produtos

temos: V = k [A]a [B]b...

Mecanismo de reação é o conjunto das etapas em que ocorre a reação. A etapa lenta é a que
determina a velocidade da reação. O mecanismo de uma reação é proposto com base no estudo
de sua velocidade.

Superfície de contato - Quanto maior for o grau de dispersão de um sólido, maior será a sua
superfície e maior será a velocidade da reação na qual é reagente.

Catálise e catalisador
Catálise é uma reação na qual toma parte um catalisador.
Catalisador é uma substância que aumenta a velocidade de uma reação, permanecendo
inalterado qualitativa e quantitativamente no final da reação.
A ação do catalisador é abaixar a energia de ativação, possibilitando um novo caminho para a
reação. O abaixamento da energia de ativação é que determina o aumento da velocidade da
reação.
 Catálise homogênea - Catalisador e reagentes constituem uma só fase.
 Catálise heterogênea - Catalisador e reagentes constituem duas ou mais fases
(sistema polifásico ou mistura heterogênea).

Promotor de reação ou ativador de catalisador é uma substância que ativa o catalisador,


mais isoladamente não tem ação catalítica na reação.
Veneno de catalisador ou inibidor é uma substância que diminui e até destrói a ação do
catalisador, sem tomar parte na reação.

58
Autocatálise
Autocatálise - Quando um dos produtos da reação atua como catalisador. No início, a reação
é lenta e, à medida que o catalisador/produto vai se formando, sua velocidade vai aumentando.

59
AULAS N. 12, 13 e 14
EQUILÍBRIO QUÍMICO
1. REAÇÕES QUÍMICAS: o conceito de velocidade

 As reações rara vez são completas: elas se processam até um estado de equilíbrio no
qual as velocidades das reações em ambas direções são iguais, e, por isso, a razão das
concentrações de reagentes e produtos é CONSTANTE.

 A maioria das reações da QUÍMICA ANALÍTICA SÃO REVERSÍVEIS, i.e.,


acontecem simultaneamente em dois sentidos opostos.

 Cabe frisar que o equilíbrio é uma condição dinâmica e não estática. No equilíbrio
as reações em ambas direções, direta e oposta, continuam a ocorrer. Porém as
concentrações dos reagentes e produtos permanecem constantes porque no equilíbrio as
velocidades das reações direta e inversa são iguais.

 As CONSTANTES DE EQUILÍBRIO são equações algébricas que descrevem a


relação entre as concentrações de reagentes e produtos quando o sistema atinge o estado de
EQUILÍBRIO QUÍMICO. Tais relações permitem o cálculo da quantidade de analito que fica
sem reagir quando se alcança um ESTADO ESTACIONÁRIO.

 GULBERG e WAAGE em 1867 descreveram o que atualmente chamamos LEI DE


AÇÃO DE MASSA, estabelecendo que “A VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO É
PROPORCIONAL ÀS MASSAS ATIVAS DAS SUBTÂNCIAS QUE REAGEM
PRESENTES EM QUALQUER MOMENTO”.
 A velocidade de uma reação mede-se a partir da VARIAÇÃO DAS
CONCENTRAÇLÕES DOS REAGENTES NA UNIDADE DE TEMPO.

 AS MASSAS ATIVAS podem ser concentrações ou pressões. Gulberg e Waage


derivaram uma constante de equilíbrio definindo EQUILÍBRIO como “A CONDIÇÃO
QUANDO AS VELOCIDADES DAS REAÇÕES DIRETA E OPOSTA (INVERSA) SÃO
IGUAIS”.
Consideremos a reação química V f

(1) aA + bB cC + dD
Vb
De acordo com Gulberg e Waage, a velocidade da reação direta (para frente), Vf, é igual ao
produto de uma CONSTANTE vezes a CONCENTRAÇÃO DE CADA ESPÉCIE elevada a
potencia igual ao número de moléculas que participam na reação, isto é,

vf = kf [A]a [B]b

CONC. MOLAR
Onde vf é a velocidade da reação direta, e kf é a constante de velocidade da reação e depende de
fatores tais como temperatura, a presença de um catalisador, etc.
Analogamente, para a reação oposta, Gulberg e Waage escreveram:

60
Vb = kb [C]c [D]d
e para o sistema em equilíbrio: V f = Vb

kf [A]a [B] b = kb [C]c [D]d

 Esta expressão é uma representação correta da constante de equilíbrio, mas o método


para sua obtenção não tem validade geral. Isto é assim porque as velocidades de reação na
realidade DEPENDEM DO MECANISMO da reação, determinado pelo número de espécies
colidindo, enquanto que a expressão de Keq depende só da ESTEQUIOMETRIA DA REAÇÃO
QUÍMICA.
A única base teórica sólida para a constante de equilíbrio provém de argumentos
termodinâmicos.

 Keq pode ser avaliada empiricamente medindo as concentrações de A, B, C e D no


equilíbrio. Notar que quanto mais favorável a constante de velocidade é para a reação direta em
relação à reação oposta (inversa), maior será a K eq e, no equilíbrio, mais deslocada para a
direita essa reação estará.
Quando se inicia a reação entre A e B, a velocidade da reação direta será grande devido a que a
concentração de A e B é grande, enquanto a reação inversa é lenta já que a concentração de C e
D é pequena (inicialmente é zero). Conforme a reação progride, a concentração de A e B
diminui e a de C e D aumenta, de forma que a velocidade da reação direta (para a direita)
diminui enquanto aquela para a reação inversa, veja figura 1. Eventualmente, as duas
velocidades se igualam e o sistema alcança o ESTADO DE EQUILÍBRIO. Nesse ponto, as
concentrações individuais de A, B, C, e D permanecem CONSTANTES (os valores relativos
dependerão da estequiometria da reação e de quão deslocado o equilíbrio fica para a direita),
porém, o sistema permanece em equilíbrio dinâmico, com as reações direta e oposta
procedendo a velocidades iguais.

 CONVENÇÃO ARBITRÁRIA: as concentrações dos PRODUTOS APARECEM NO


NUMERADOR e as CONCENTRAÇÕES dos REAGENTES NO DENOMINADOR. Isto é,
uma Keq grande indica que o equilíbrio está deslocado longe para a direita.

61
Fig 1

 Devemos mencionar que embora uma reação particular possa ter uma K eq relativamente
elevada, a reação poderia proceder de direita para esquerda se concentrações suficientemente
grandes dos produtos estivessem inicialmente presentes. Ainda, a Keq não diz que tão
rapidamente a reação alcança o equilíbrio. A Keq meramente informa a TENDÊNCIA de uma
reação a ocorrer e em quê direção, não se é suficientemente rápida para ser factível na prática.
Algumas reações, de fato, podem ser tão lentas como para serem imensuráveis. Para a reação
(1), a velocidade com que o equilíbrio será aproximado provavelmente seja diferente para a
reação direta ou oposta. Isto é, se partimos de uma mistura de C e D, a velocidade com que o
equilíbrio é aproximado pode ser muito mais lenta ou mais rápida que para a reação inversa.

2 - TIPOS DE EQUILÍBRIOS

As constantes de equilíbrio podem ser escritas para vários tipos de processos químicos (Tabela
1). Os equilíbrios podem representar DISSOCIAÇÃO (ácido/base, solubilidade), FORMAÇÃO
DE PRODUTOS (complexos), REAÇÕES (redox), DISTRIBUIÇÃO entre duas fases (água e
um solvente não-aquoso – extração por solvente); adsorção sobre uma superfície, como em
cromatografia, etc.).

TABELA 1
EQUILÍBRIO REAÇÃO Keq
Ácido-Base HÁ + H2O  H3O+ + A- Ka, Constante de Acidez
Dissociação
Solubilidade MX  Mn+ + Xn- Kps, produto de solubilidade

Complexação Mn+ aL  MLa(na – ab)+ Kf, Constante de Formação

Redox ARed + BOx  AOx + BRed Keq, Cte. Equilib da Reação

Distribuição de Fases ’  AORGÂNICO KD, Coeficiente Distribuição

62
3 - PRINCÍPIO DE LE CHATELIER

A obtenção da quantidade máxima de produto numa reação depende da escolha apropriada das
condições da reação. Pela alteração destas condições, pode-se aumentar ou diminuir a produção
da reação.
Há três maneiras de alterar a composição de mistura gasosa no equilíbrio, a fim de aumentar a
quantidade dos produtos:

b. alteração das concentrações pela remoção dos produtos do vaso de reação ou


pela adição de reagentes;
c. alteração da pressão parcial de reagente ou produto gasoso pela modificação do
volume; e
d. alteração da temperatura.

O princípio de Lê Chatelier, portanto, afirma: “quando um sistema químico em equilíbrio é


perturbado por alteração da temperatura, ou da pressão, ou de concentração, desloca a
composição da mistura em equilíbrio de modo a contrabalançar a modificação imposta”.

63
AULA N. 15 e 16
EQUILÍBRIO IÔNICO (ÁGUA)
=> AUTO-IONIZAÇÃO DA ÁGUA e pH e pOH

Embora a água pura seja muitas vezes considerada um não-eletrólito, as medições precisas
mostram que tem condutividade muito pequena. Esta condutividade é fruto da auto-ionização,
reação entre duas moléculas iguais, que produz íons. No caso da água, um próton de uma
molécula de água é transferido para outra molécula de água, deixando um íon OH- e formando
um íon hidrônio, H3O. Tal íon hidrônio é comumente escrito como íon H (aq). É possível
+

perceber o pequeno grau de auto-ionização da água pelo pequeno valor de sua constante de
equilíbrio Kc. Sendo a concentração de íons formados muito pequena, a concentração de H2O
não ionizada permanece praticamente constante, a cerca de 56 M à 25 ºC. Se reordenarmos a
expressão de Kc, reunindo o fator [H2O]2 e Kc, haverá uma expressão nova que é chamada de
Kw, também conhecida como o produto iônico da água. O valor de Kw à 25 ºC é de 10 –14.

O caráter ácido, neutro ou alcalino de uma solução depende, portanto, da concentração do íon
hidrogênio na solução.
Em solução ácida a concentração de H+ será maior que 10-7;
Em solução neutra a concentração de H+ será igual à 10-7; e
Em solução alcalina a concentração de H+ será menor que 10-7.

Para expressar tais condições são utilizadas expressões matemáticas como o pH e o pOH, cujo
somatório é 14. Assim, por definição temos:

pH = - log [H+]; e

pOH = - log [OH-].

Logo

pH + pOH = 14

64
AULA N. 17 e 18
ELETROQUÍMICA
1 – CÉLULAS GALVÂNICAS - PILHAS
Célula eletroquímica – dispositivo que utiliza reações de redox para produzir a
interconversão de energia química e elétrica.
Tipos: células galvânicas e células eletrolíticas

1 . 1 – Reações Espontâneas

Barra de Zn em solução aquosa de CuSO4

Zn(s) Zn2+(aq) + 2e- oxidação – espontânea


Cu2+(aq) + 2e- Cu(s) redução – espontânea
______________________________
Zn(s) + Cu2+(aq) Zn2+(aq) + Cu(s) ΔGo = -212 KJ/mol

Zn Zn

TEMPO

Solução aquosa Solução com menos Depósito de Cu


de CuSO4 CuSO4 e um pouco solução
de ZnSO 4
Após a imersão o depósito avermelhado sobre a superfície do zinco que consiste em partículas
finas de cobre metálico.
Simultaneamente um descoramento da solução do CuSO 4 indicando que os íons de cobre II
hidratados, Cu(H2O)4+2, são consumidos na reação.
ΔGo< 0 elétrons do Zn transferindo para Cu2+
Estado padrão – metal puro e solução iônica 1,0 mol/L
Conclusão: depende do estado, natureza e concentrações dos reagentes e produtos.

65
V

ANODO CATODO

semipilha semipilha

Ponte salina de KCl aquoso

Zn(s) Zn2+(aq) + 2e- oxidação – ANODO


Cu2+(aq) + 2e- Cu(s) redução – CATODO

- Cada uma dessas equações representa uma SEMI-REAÇÃO ou REAÇÃO DE MEIA-


PILHA ou REAÇÃO DE ELETRODO

Construímos uma pilha: PILHA DE DANIELL.


A pilha de Daniell ou célula eletroquímica é formada por duas regiões, chamadas
MEIAS CÉLULAS (semipilhas), separadas por uma porcelana porosa ou ponte
salina que impede a mistura das soluções.

SE FECHARMOS O INTERRUPTOR

1. Considerações da meia célula de zinco


 A chapa de zinco (ZnO) vai se desgastando (corroendo) com o tempo;
 A solução vai se enriquecendo de Zn++;
 Os elétrons se acumulam na própria chapa de zinco, tornando-a negativa (eletrodo
negativo ou ânodo)

2. Considerações da meia célula de cobre


 A solução vai se empobrecendo de Cu++;
 Os elétrons são retirados da chapa de cobre, tornando-a positiva (eletrodo positivo ou
catodo);
 O CuO formado, adere (deposita) sobre a própria chapa de cobre aumentando sua massa.

66
DIAGRAMAS DE CÉLULA

Zn(s)  Zn2+ (aq)  Cu2+(aq)  Cu(s) Pilha de Daniell

 - representa interface ânodo `a esquerda - oxidação

Zn(s)  Zn2+ (aq)  Cu2+(aq)  Cu(s) presença de ponte salina

Depende: natureza, estado e concentração(reagentes e produtos)

Tensão: positiva – reação espontânea negativa – reação não-espontânea

[Cu2+] = [Zn2+] = 1 mol/L – 25 ºC – a tensão é +1,10 V.

2 – CÉLULAS ELETROLÍTICAS
Energia elétrica para produzir as reações químicas - fonte externa

Sn(s)  Sn2+(aq)  Cu2+(aq)  Cu(s) 25ºC – 1,0 mol/L

Ânodo de Sn - Sn(s) Sn2+(aq) + 2e-


Cátodo de Cu - Cu2+(aq) + 2e- Cu(s)
Célula: Sn(s) + Cu2+(aq) Sn2+(aq) + Cu(s) 0,48 V

Retiramos o voltímetro e ligamos em fonte externa de tensão variável – tensão aplicada


em oposição à tensão produzida pela pilha (e- vão para fora do eletrodo de Cu e para
dentro do eletrodo de Sn)
Ocorre uma reação não espontânea – com ajuda de uma fonte externa
Anodo é transformado em catodo e vice-versa – inverte o fluxo de elétrons

Tensão (V) Tipo


Célula Fonte de reação Fluxo de Elétrons
0,48 0 Espontânea Anodo para catodo
0,47 0,1 Espontânea Anodo para catodo
0,45 0,3 Espontânea Anodo para catodo
0 0,48 Equilíbrio Equilíbrio
-0,01 0,49 Não espontânea Catodo para anodo
(Célula eletrolítica)

3 – FATORES QUE INFLUEM NA DIFERENÇA DE POTENCIAL(ddp)


67
a) Natureza dos metais formadores da pilha
- anodo – pólo negativo – “empurra” o elétron para circuito externo
- catodo – pólo positivo – “atrai” o elétron do circuito externo
Maior tendência do anodo em soltar elétron e maior tendência do catodo em
capturar - maior será a diferença de potencial – ddp

b) Concentração das soluções

Zno + CuSO4 ZnSO4 + Cuo


Aumento da [CuSO4] desloca a reação para direita – Principio de Le Chatelier
(favorece o funcionamento da pilha)

c) Temperatura da pilha
Aumenta ou diminui a ddp – 25ºC padrão

4 – ELETRODOS NAS CÉLULAS GALVÂNICAS

Função – transferir os elétrons


a) Eletrodos metal-íon metálico
Próprio metal em contato com íons da solução – metal Ag imerso em sol. AgNO3

b) Eletrodo gás-íon
Um gás em contato com seu íon ou cátion
Gás borbulhando sol. - contato elétrico feito com metal inerte(Pt) – eletrodo de
hidrogênio

c) Eletrodo metal-íon de sal insolúvel


Um metal em contato com seu sal insolúvel e uma solução que contem o ânion do sal –
Ag em AgCl

d) Eletrodo de “oxido-redução” inertes

e) Fio metálico inerte(Pt) – contato com subst. com 2 diferentes estados de oxidação
Reagentes e produtos – em solução – Fe+3 e Fe+2

f) Eletrodo de membrana ou de vidro


Serve para migrar os elétrons – ponte salina

4 – 1 Eletrodo Padrão de Hidrogênio

Eletrodo padrão ou normal – cátion H+ é o mais comum em soluções aquosas (dissociação da


água)
Placa de Pt(suporte) esponjosa que retém o gás de H2 – forma uma película de H2
Condições: [H+] = 1 M – 25ºC - Pressão H2 1 atm

68
0,76 V V

H2 – 1 atm

ANODO
CATODO

ooooo

Sol ZnSO4 1 M em Zn2+- 25°C


Sol. H2SO4 1 M em H+ - 25ºC

Zno Zn2+(aq) + 2e- oxidação - anodo


2H+(aq) + 2e- H2(g) redução- catodo

Trocando o metal, a situação poderá inverter – hidrogênio cede ou recebe elétrons

5 - CONSIDERAÇÕES TERMODINÂMICAS

Relação entre a ddp da pilha e a Energia Livre da Reação


Através da termodinâmica, a energia livre é dada por:
G = H -TS

H= variação de entalpia


Tx S = energia de organização ou termo entrópico (T=constante)
G= variação de energia livre
Para uma reação espontânea temos G  O , que representa o trabalho útil que a reação
fornece, no caso da pilha, esse trabalho é representado pela energia ou trabalho elétrico, que a
pilha irá reproduzir, portanto G = W. Considerando, porém, que para cada trabalho liberado
(W >0), a reação está perdendo energia (G <0), teremos:
G = -W
Pela física, estudando eletricidade temos que W = Q x E
6. W= trabalho elétrico
Q= carga total que passa pelo circuito (coulombs)
E= ddp da pilha (volts)

69
Q (devida a passagem de 1 mol - 6,02 X 1023- de elétrons pelo circuito) = 96500
coulombs; este valor é denominado Faraday(F), conseqüentemente, na passagem de n mols de
elétrons, teremos Q= nF:
W = n x F x E
n = nº de moles de elétrons postos na reação da pilha
F = Faraday = 96500 coulombs E = ddp da pilha (volts)

Como G = -W teremos: G = - n x F x E
Em condições padrão (solução 1 M - 25ºC)
Gº = - n x F x Eº

Pilha de Daniell:
Zn(s) + Cu2+(aq) Zn2+(aq) + Cu(s) Eº = 1,10 V

1,0 mol Cu formado 2 F (2 moles de e-) são transferido anodo Zn para catodo de Cu

Gº = - n x F x Eº = -(2 F)(96500 F/C)(1,1 V)


Gº = - 2,12 105 C V = - 2,12 105 J

Equação de Nernst

É uma equação matemática, que relaciona a ddp de uma pilha com as concentrações
molares das soluções presentes.

E = Eº - log
Keq

E = ddp da pilha (a 25ºC e com soluções de molaridade quaisquer) - ε


Eº = ddp da pilha (a 25ºC e com solução 1 molar)
0,059 é um valor constante a 25ºC (muda com a temperatura)
n = nº de moles de elétrons
Keq(Q) = constante de equilíbrio

Seja a célula: Sn(s)  Sn2+ (aq)  Ag+(aq)  Ag(s)


[Sn2+] = 0,15M [Ag+] = 1,7 M

Anodo: Sn(s) Sn2+ (aq) + 2e Eº = 0,14 V


70
Catodo: e + Ag+(aq) Ag(s) 2x Eº = 0.80 V
Célula: sn(s) + 2Ag+(aq) Sn2+(aq) + Ag(s) 0,94 V

E = 0,94 - log E = 0,98V

6 – POTENCIAIS-PADRÃO E CONSTANTE DE EQUILIBRIO

7. No equilíbrio G = 0 – energia livre dos produtos = energia livre


dos reagentes

0 = Eº - log Keq Eº = log Keq

7 – CÉLULAS GALVÂNICAS COMERCIAIS

Pilha seca – pilha de Leclancé – 1,5 V

Zn2+ (aq) + 4 NH3 (g) Zn(NH3)42+ (aq)


8. Anodo - Zn catodo de carbono
Pasta - MnO2, NH4Cl, ZnCl2 e água

Pilha de mercúrio – aparelho auditivo, relógio

Bateria de Chumbo – célula de armazenamento – carro – 12V

Bateria de níquel –cadmio – calculadoras, celular

8 - ELETROLISE

Eletrólise é a reação de decomposição não-espontânea de uma substância, que ocorre sempre


que um eletrólito é submetido á passagem de corrente elétrica proveniente de um gerador.
As condições necessárias são: presença de eletrólito em meio líquido e energia elétrica. As
reações de eletrólise podem ser realizadas nas cubas eletrolíticas contendo eletrodos inertes de
platina ou de grafite.
Estudaremos o contrário que ocorre na pilha, isto é, corrente elétrica provocando uma reação
de oxi-redução.
Para o pólo positivo (ânodo), migram os ânions que se oxidam - semi-
reação anódica
Para o pólo negativo (cátodo), migram os cátions que se reduzem - semi-reação
catódica

8 – 1 Tipos:
 Eletrólise Ígnea

71
São as reações de eletrólise que ocorrem quando o eletrólito se encontra no estado fundido.
De modo geral, essa eletrólise ocorre com sais e bases.
Exemplo: + -
2NaCl(s) 2 Na (l) + 2 Cl (l)

o
Cátodo: pólo (-) 2 Na+(l) +2e Na(s) (redução catódica)

- o
Ânodo: pólo (+) 2 Cl(l) Cl2 + 2e (oxidação anódica)
-
+ + 2Cl(l) o o
2 Na(l) 2Na(s) + Cl2
 Eletrólise em solução aquosa
São reações de eletrólise que ocorrem quando o eletrólito encontra-se dissolvido em água.
Junto com seus íons, encontram-se H+ e OH- provenientes da auto-ionização da água.

+ -
H2O H + OH
Passando uma corrente elétrica na solução, haverá, durante a eletrólise, uma competição entre
os íons presentes.
Observam-se as seguintes tendências:

* no cátodo Aumenta a
facilidade de
redução - H+ 1.
Cátions de metais alcalinos,
át
alcalino-terroso
Mostra que e alumínio
os cátions de metais alcalinos, alcalino-terroso e alumínio permanecem em solução;
havendo reação do H+ proveniente da água

Cátodo; pólo (-) 2H+ + 2e H (redução catódica)


2
Aumenta a
* no ânodo
facilidade de
oxidação OH- Ânions não-
Ânions oxigenados e F-
oxigenados e
ânions orgânicos
Conclui-se que os ânions oxigenados ou o F- permanecem em solução havendo reação dos íons
provenientes da água:
(R COO-)
-
Ânodo: pólo (+) 2OH 2
H O +1/2O + 2e (oxidação anódica)
2
Exemplos:
1) Eletrólise da solução aquosa de CuCl2. Em solução aquosa, ocorrem as dissociações:
H2O +2 -
CuCl2 Cu + 2 Cl

+ -
2 H2O 2 H + 2 OH

72
COMPETIÇÃO DE ÍONS
Cátodo Ânodo
Ìons eletrolisados mais facilmente Cu+2 2Cl-
Íons eletrolisados mais dificilmente 2H+ 2OH-
+2 o
Cátodo: pólo (-) Cu + 2e Cu (redução catódica)
-
Ânodo: pólo (+) 2Cl Cl 2 + 2e (oxidação anódica)

+2 - o
Cu (aq) + 2 Cl(aq.) Cu(s) + Cl2

2) Eletrólise da solução aquosa de NaCl ocorre:

H2O + -
2 NaCl 2 Na + 2 Cl

+ -
2 H2O 2 H + 2 OH

COMPETIÇÃO DE ÍONS
Cátodo Ânodo
Ìons eletrolisados mais facilmente 2 Na+ 2 Cl-
Íons eletrolisados mais dificilmente 2 H+ 2 OH-

+
Cátodo: pólo (-) 2 H + 2e H2 (redução catódica)
-
Ânodo: pólo (+) 2Cl Cl 2 + 2e (oxidação anódica)

+ -
2H + 2 Cl H2 + Cl
2
Utilizações da eletrólise
 Galvanoplastia: é o processo de deposição de certos metais na superfície de objetos
metálicos com o objetivo de protegê-los. Exemplos: niquelagem, prateação, cromagem e
zincagem;
 Anodização de alumínio: é o recobrimento de uma peça de alumínio por uma camada
protetora de óxido de alumínio;
 Obtenção de metais de alto grau de pureza: é o caso do cobre e do alumínio;
 Obtenção de substâncias de interesse industrial: como hidróxido de sódio e o cloro.

73
LEIS DE FARADAY
1ª Lei de Faraday
Numa eletrólise, a massa da substância eletrolisada é diretamente proporcional á quantidade de
eletricidade que atravessa o sistema
m = K1 Q

9. Onde Q =it

i = intensidade da corrente elétrica t = tempo de passagem da corrente elétrica


Temos :
m = K1 i t

2ª Lei de Faraday
Numa eletrólise, a massa de substância eletrolisada é diretamente proporcional ao equivalente-
grama da substância

m = K2 E
Resumindo, temos:

m=K.E.Q

K constante de proporcionalidade igual ao inverso do Faraday (F).

ou
Portanto, as leis de Faraday podem ser expressa da seguinte forma:

ou

74
AULA N. 19 e 20
CORROSÃO E PROCESSOS INDUSTRIAIS

=> CORROSÃO

Esta aula está reservada a apresentação de trabalhos feitos pelos alunos sobre o tema Corrosão.
Os tópicos a serem apresentados, por escrito e verbalmente, deverão ser os seguintes: definição
de corrosão, tipos de corrosão, meios corrosivos, importância econômica, prevenção, ensaios
de inspeção e exposição de casos.
O enfoque de cada trabalho será determinado pelo professor mediante o curso de engenharia
em foco (civil ou mecânica).

=> PROCESSOS INDUSTRIAIS

Esta aula está reservada a apresentação de trabalhos feitos pelos alunos sobre os temas:
Fabricação de Pilhas, Fabricação de Baterias, Fabricação de Fios, Fabricação de Vidro e
Fabricação de Isolantes Eletricos. Em cada trabalho deverão ser abordados os processos
produtivos e estudos dos fluxos de processos (importância do produto, utilização, métodos de
fabricação e detalhes de produção).
O enfoque de cada trabalho será determinado pelo professor mediante o curso de engenharia
elétrica em foco.

75
TABELAS DE CONVERSÃO DE UNIDADES

COMPRIMENTO (L)
m cm mm polegadas pé (ft)
1 100 1000 39,3701 3,28084
0,01 1 10 0,393701 0,0328084
0,001 0,1 1 0,0393701 0,00328084
0,0254 2,5400 25,400 1 0,0833333
0,304800 30,4800 304,800 12 1
1Å  1010m
1milha terrestre  1609,3m

VOLUME (L3)
m3 dm3 (litro) cm3 mm3 pe3 (ft3) Galão (Am.)
1 1000 106 109 35,3147 264,17
103 1 1000 106 0,0353147 0,26417
106 0,001 1 1000 3,53147105 2,6417104
109 106 0,001 1 3.53147108 2,6417107
0,0283168 28,3168 2,83168104 2,83168107 1 7,4805
3,7854103 3,7854 3785,4 3,7854106 0,13368 1

MASSA (M)
kg ton g mg libra (lb)
1 0,001 1000 106 2,20462
1000 1 106 109 2204,62
0,001 106 1 1000 2,20462103
106 109 0,001 1 2,20462106
0,453593 4,53593104 453,593 4,53593105 1

DENSIDADE (M/L3)
g/cm3
kg/m3 lb/ft3 lb/gal(Am.)
(ou kg/litro)
1 0,001 0,0624278 8,3455103
1000 1 62,4278 8,3455
16,0185 0,0160185 1 0,13368
119,83 0,11983 7,4805 1

VOLUME ESPECÍFICO (L3/M)


cm3/g
m3/kg ft3/lb gal(Am.)/lb
(ou litro/kg)
1 1000 16,0185 119,83
0,001 1 0,0160185 0,11983
0,0624278 62,4278 1 7,4805
8,3452103 8,3455 0,13368 1

76
PRESSÃO (M/LT2)
kg/m.s (Pa)(1)
2
kPa bar Atm kgf/cm2 mmHg (*) psi
1 103 105 9,86923106 1,01972105 7,50061103 1,45038104
1000 1 0,01 9,86923103 0,0101972 7,50061 0,145038
105 100 1 0,986923 1,01972 750,061 14,5038
1,01325105 101,325 1,01325 1 1,03322 760,000 14,6960
9,80665104 98,0665 0,980665 0,967841 1 735,565 14,2235
133,322 0,13332 1,33322. 103 1,31579103 1,3595103 1 0,0193368
6894,74 6,89474 0,0689474 0,0680457 0,0703062 51,7149 1
(1) Pascal (Pa)  N/m = 10 g/cm.s (ou dyn/cm )
2 2 2
(*) a 0C

ENERGIA (ML2/T2)
kg.m /s
2 2
g.cm /s
2 2
kJ kWh cal BTU lb.ft2/s2
(Joule) (erg)
1 10 3
10 7
2,777810 7
0,239006 9,4783.104 23,73
1000 1 10 10
2,777810 4
239,006 0,94783 2,373104
10 7
10 10
1 2,777810 14
2,3900610 8
9,47831011 2,373106
3,610 6
3,610 3
3,610 13
1 8,60420.10 5
3412,2 8,5428107
4,18401 4,18401103 4,18401107 1,1622106 1 3,9657103 99,286
418401 4,18401 4,184011010 1,1622103 1000 3,9657 9,9286104
1055,06 1,05506 1,0550610 10
2,930710 4
252,16 1 2,5068104
0,042141 4,2141105 4,2141105 1,1706108 0,01007 3,9942106 1
Joule (J)  N.m  m3.Pa
1J = 105m3.bar = 10 cm 3.bar = 9,869.103 l.atm = 5,1219ft 3/psi
1 lb.ft 2/s2 =0,031081 lbf.ft ; 1 lbf.ft = 32,174 lb.ft 2/s2

POTÊNCIA (ML2/T3)
kg.m /s (Watt)
2 3
kW HP kcal/h BTU/h
1 0,001 1,341103 0,86042 3,4122
1000 1 1,34102 860,42 3412,2
745,7 0,7457 1 641,6 2544,5
1,1622 1.1622103 1.559103 1 3,9656
0,29307 2,9307104 3,93104 0,25217 1

ENERGIA ESPECÍFICA (L2/T2)


J/kg kJ/kg erg/g kcal/kg
BTU/lb ft2/s2 lbf.ft/lb
(m2/s2) (J/g) (cm2/s2) (cal/g)
1 103 104 2,39006103 4,2992910 4
10,7639 0,33453
1000 1 107 0,239006 0,429929 1,07639104 334,53
104 107 1 2,39006108 4,29929108 1,07639103 3,3453105
4184,0 4,1840 4,1840107 1 1,79882 4,50362104 1399,75
2325,96 2,32596 2,32596107 0,555919 1 2,50365104 778,16
0,0929030 9,29030105 929,030 2,22041105 3,99416105 1 0,031081
2,9893 2,9893103 2,9893104 7.1441104 1,2851103 32,1740 1

77
CALOR ESPECÍFICO (L2/T2)
J/kg.K kJ/kg.K erg/g.K kcal/kgC BTU/lbF
ft2/s2R
(m2/s2 K) (J/g.K) (cm2/s2 K) (cal/gC) (cal Int./gC)
1 103 104 2,39006104 2,38849104 5,9798
1000 1 107 0,239006 0,238849 5,9798103
104 107 1 2,39006108 2,38849108 5,9798104
4184,0 4,1840 4,1840107 1 0,999344 2,5020104
4186,7 4,1867 4,1867107 1,00065 1 2,5036104
0,16723 1,6723104 1,6723104 3,9968105 3,9942105 1

CONSTANTES FÍSICAS

Aceleração da gravidade ao nível do mar: g = 9,80665 m/s2 = (32,1740 ft/s2)

Constante dos gases ideais: R (ML2/T2. .Un. molar):


(8314,4720,015) J/kmol.K ou m3.Pa/kmol.K
(8,3144720,000015) J/mol.K ou m3.kPa/kmol.K
0,08314472 m3.bar/kmol.K ou litros.bar/mol.K
83,14472 cm3bar/mol.K
0,084784 m3(kgf/cm2)/kmol.K ou litros(kgf/cm2)/mol.K
1,9872 Kcal/Kmol.K
0,082057 m3.atm/kmol.K ou litros.atm/mol.K
82,057 cm3atm/mol.K
1,9859 BTU/lbmol.R  10,732 ft3.psia/lbmol.R.

78

Você também pode gostar