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COACHING PARA CONCURSOS – ESTRATÉGIAS PARA SER APROVADO

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Química Geral

Química é a ciência que estuda a estrutura das substâncias, a composição e as propriedades das
diferentes matérias, suas transformações e variações de energia.

Ela conquistou um lugar central e essencial em todos os assuntos do conhecimento humano. Relaciona-se
com outras ciências como a Biologia, Ciências Ambientais, Física, Medicina e Ciências da Saúde.

A Química é útil em inúmeras atividades, como, por exemplo, na agricultura, onde os agricultores a utilizam
para melhorar a acidez do sol. Os médicos também precisam do conhecimento químico para reconhecer a
composição das substâncias utilizadas como medicamento.

A Química é uma ciência experimental que teve seu processo de descoberta ligado à preocupação que as
culturas antigas tinham em compreender a relação entre o ser humano, a natureza e seus fenômenos: a
chamada Alquimia.

De que são feitas todas as coisas? Essa é uma pergunta que tem intrigado o ser humano desde os
primórdios da humanidade. Por essa razão, a Química tem por objetivo principal ajudar a desvendar a
resposta para essa e outras perguntas relacionadas.

Basicamente, a Química é uma ciência que estuda a matéria, as transformações que a matéria pode sofrer,
bem como as energias envolvidas nessas transformações. Isso significa que a Química está presente em
todos os aspectos de nossa vida, inclusive dentro de nós. Ao contrário do que ideias preconcebidas
possam indicar, essa ciência não é uma matéria presente somente em laboratórios e que produz
substâncias que podem destruir o meio ambiente e gerar danos à saúde, pelo contrário, a Química estuda
a composição dos materiais a fim de que suas características, propriedades e comportamentos possam ser
entendidos e usados para o nosso bem-estar e desenvolvimento da sociedade. Todavia, assim como
qualquer conhecimento, é bem verdade que a Química também pode gerar destruição ser for usada para
maus objetivos.

É por isso que é importante apropriar-se dos conhecimentos químicos. A Química Geral busca oferecer
uma introdução ao estudo da Química, abordando inicialmente aspectos macroscópicos que podemos
observar em nossas atividades diárias. Posteriormente é visto o aspecto microscópico, como o estudo dos
átomos, dos elementos químicos, das ligações químicas, da estrutura dos compostos, das interações
intermoleculares e da geometria molecular.

Os textos listados nesta seção de Química Geral darão um vislumbre inicial do quanto essa ciência é
importante, do quanto ela está presente em várias atividades do dia a dia e de conceitos fundamentais que
fornecerão uma base para que você possa continuar nos seus estudos sobre as outras áreas mais
específicas da Química.

Química Orgânica

A química orgânica é uma divisão da química proposta em 1777 pelo químico sueco Torbern Olof
Bergman. A química orgânica era até então definida como um ramo químico que estudava
os compostos extraídos dos organismos vivos.

Em 1807, foi formulada a teoria da força vital por Jöns Jacob Berzelius. Ela baseava-se na ideia de que
os compostos orgânicosprecisavam de uma força maior — a vida — para serem sintetizados.

Em 1828, Friedrich Wöhler, discípulo de Berzelius, a partir do aquecimento de cianato de amônio, produziu
a ureia, começando, assim, a queda da teoria da força vital. Essa obtenção ficou conhecida como síntese
de Wöhler. Em seguida, Pierre Eugene Marcellin Berthelot realizou uma série de experiências a partir de
1854 e, em 1862, sintetizou o acetileno. Em 1866, Berthelot obteve, por aquecimento, a polimerização do
acetileno em benzeno e, assim, é derrubada a teoria da força vital.

Percebe-se que a definição de Bergman para a química orgânica não era adequada. Então, o químico
alemão Friedrich August Kekulé propôs a nova definição aceita atualmente: “Química orgânica é o ramo da

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química que estuda os compostos do carbono”. Essa afirmação está correta, contudo, nem todo o
composto que contém carbono é orgânico, como é o caso do dióxido de carbono, o ácido carbônico,
a grafite, etc. Ainda assim, todos os compostos orgânicos contêm carbono.

Esta parte da química estuda a estrutura, propriedades, composição, reações[1] e síntese de compostos
orgânicos que, por definição, contenham carbono, mas que podem também conter outros elementos, como
o oxigênio e o hidrogênio. Muitos deles contêm nitrogênio, halogênios e, mais raramente, fósforo e enxofre.

História

Os químicos acreditavam que os compostos obtidos a partir de organismos vivos eram demasiadamente
complexos para serem sintetizados. De acordo com o conceito de vitalismo, a matéria orgânica era dotada
de uma "força vital". Esses compostos foram nomeados como "orgânicos", com as investigações
primordialmente dirigidas aos materiais inorgânicos, que pareciam ser mais fáceis de serem estudados.

Durante a primeira metade do século XIX, os cientistas descobriram que os compostos orgânicos poderiam
ser sintetizados em laboratório. Por volta de 1816, Michel Chevreul preparou sabonetes feitos
usando gorduras e álcalis. Em 1828, Friedrich Wöhlerproduziu a ureia, um componente da urina, a partir do
sal inorgânico cianato de amônio (NH4CNO), sendo essa preparação atualmente chamada de síntese de
Wöhler. Embora Wöhler sempre tenha sido cauteloso sobre a alegação de que teria refutado a teoria da
força vital, esse evento tem sido muitas vezes visto como um marco para o estabelecimento da química
orgânica. Em 1856, William Henry Perkin, ao tentar fabricar o quinino, fabricou acidentalmente o corante
orgânico conhecido como mauveína. Devido ao grande sucesso financeiro dessa descoberta, o interesse
nos estudos em química orgânica aumentou significantemente.[2]

O conceito de estrutura química foi crucial para o desenvolvimento de teorias em química orgânica,
trabalhadas de forma simultânea e independente por Friedrich August Kekulé e Archibald Scott Couper em
1858.[3] Ambos sugeriram que os átomos de carbono tetravalente (que fazem quatro ligações) poderiam se
ligar um ao outro para formar uma rede de átomos de carbono, e que os padrões dessas ligações podiam
ser discernidos por interpretações adequadas de reações químicas que haviam ocorrido. A história da
química orgânica continuou com a descoberta do petróleo e a sua separação em frações de acordo com a
diferença no ponto de ebulição de seus componentes. Já a indústria farmacêutica teve seu início na última
década do século XIX, com a fabricação do ácido acetilsalicílico (mais conhecido como aspirina)
pela Bayer, na Alemanha.[4]

Embora os primeiros exemplos de reações orgânicas e aplicações tenham sido frequentemente fortuitos, a
segunda metade do século XIX testemunhou estudos altamente sistemáticos de compostos orgânicos.
A síntese total de compostos naturais começou com ureia, e a complexidade aumentou com a obtenção
da glicose e o terpineol. Em 1907, cânfora obtida por síntese total foi comercializada pela primeira vez
por Gustaf Komppa. A partir do século XX, o progresso da química orgânica permitiu a síntese
de moléculas altamente complexas. Ao mesmo tempo, os polímeros e as enzimas foram reconhecidos
como grandes moléculas orgânicas, e foi mostrado que o petróleopossuía origem biológica.

Características

Dentro da química orgânica existem as funções orgânicas, ou seja, compostos orgânicos cujas
características químicas e físicas são semelhantes. Existem muitas funções, sendo as mais comuns:

 Hidrocarbonetos (alcanos, alcenos, alcinos, alcadienos, alceninos, cicloalcanos, cicloalcenos)

 Haleto

 Álcool

 Enol

 Fenol

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 Éter

 Éster

 Aldeído

 Cetona

 Ácido carboxílico

 Aminas

 Amida

 Nitrocompostos

 Nitrilas

 Isonitrila

 Compostos de Grignard

As razões para que haja muitos compostos orgânicos são:

 A capacidade do carbono de formar ligações covalentes consigo mesmo.

 O raio atômico relativamente pequeno do carbono em relação aos outros elementos do grupo 14 (família
4A).

 Sua eletronegatividade não é muito forte, podendo reagir sem precisar de grandes somas de energia.

 Elemento muito abundante.

Características do Carbono

 O carbono é tetravalente, ou seja, por possuir quatro elétrons na camada de valência, efetua
quatro ligações.

 Ligações múltiplas, isto é, forma ligações simples, dupla e triplas.

 O caráter da ligação é anfótero (não importa se é metal ou não-metal).[necessário esclarecer]

 Forma cadeias carbônicas.

 Possui três hibridizações: sp³, sp² e sp.

Nomenclatura dos Compostos Orgânicos

Na química orgânica, compostos orgânicos são nomeados de acordo com seus devidos prefixos, infixos e
sufixos:

Prefixo

O prefixo é adotado conforme o número de carbonos na cadeia principal:

 1 carbono: Met–

 2 carbonos: Et–

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 3 carbonos: Prop–

 4 carbonos: But–

 5 carbonos: Pent–

 6 carbonos: Hex–

 7 carbonos: Hept–

 8 carbonos: Oct–

 9 carbonos: Non–

 10 carbonos: Dec–

 11 carbonos: Undec–

 12 carbonos: Dodec–

 13 carbonos: Tridec–

 14 carbonos: Tetradec–

 15 carbonos: Pentadec–

 16 carbonos: Hexadec–

 17 carbonos: Heptadec–

 18 carbonos: Octadec–

 19 carbonos: Nonadec–

 20 carbonos: Eicos–

Infixos

É indicado pela classificação da cadeia quanto à saturação: Enquanto cadeias saturadas possuem apenas
ligações simples entres os carbonos, as cadeias insaturadas possuem ligações duplas ou triplas entre
carbonos.

 Apenas ligações simples: –an–

 Ligação dupla: –en–

 Duas ligações duplas: –dien–

 Três ligações duplas: –trien–

 Ligação tripla: –in–

 Duas ligações triplas: –diin–

 Três ligações triplas: –triin–

 Uma ligação dupla e uma tripla: –enin–

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Sufixos

Os sufixos são colocados conforme a função orgânica do composto.

 Hidrocarbonetos: –o

 Alcanos: –ano

 Alcenos/alquenos: –eno

 Alcinos/alquinos: –ino

 Ácidos carboxílicos: Ácido + –óico

 Cetonas: –ona

 Aldeídos: –al

 Álcoois ou fenóis: –ol

 Ésteres: –oato de –ila, onde –ila é o sufixo adotado para o radical.

 Éteres: Radical menor + –oxi– + radical maior

 Aminas: Radical + –amina

 Amidas: Radical + –amida

Exemplo de Nomenclaturas de Compostos Orgânicos

Estrutura da molécula do metano, o hidrocarbonetomais simples.

 Metano

1. Número de carbonos: Met– = 1 carbono

2. Tipo de ligação entre os carbonos: –an– = simples

3. Função química do composto: –o = hidrocarboneto

Logo: CH4

 Butano

1. Número de carbonos: But– = 4 carbonos

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2. Tipo de ligação entre os carbonos: -an- = simples

3. Função química do composto: –o = hidrocarboneto

Logo: CH3–CH2–CH2–CH3

 Etanol

1. Número de carbonos: Et– = 2 carbonos

2. Tipo de ligação entre os carbonos: –an– = simples

3. Função química do composto: –ol = álcool

Logo: CH3–CH2–OH

 Propenal

1. Número de carbonos: Prop– = 3 carbonos

2. Tipo de ligação entre os carbonos: –en– = dupla

3. Função química do composto: –al = aldeído

Logo: CH2=CHCOH

Química Inorgânica

Química inorgânica ou química mineral é o ramo da química que estuda os elementos químicos e as
substâncias da natureza que não possuem o carbonocoordenados em cadeias. Investiga as estruturas,
propriedades e a explicação dos mecanismos de suas reações e transformações. Os materiais
denominados inorgânicos compreendem cerca de 95% das substâncias existentes no planeta Terra.[carece de
fontes]

As chamadas "substâncias inorgânicas", que servem de foco de estudo para a química inorgânica, são
divididas em 4 grupos denominados como "funções inorgânicas". São eles:

 Ácidos

 Bases ou hidróxidos

 Sais

 Óxidos

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A estrutura iônica do óxido de potássio, K2O.

Muitos compostos inorgânicos são sais, constituídos de um cátion e um ânion agrupados por ligação iônica.
Um exemplo de sal é o cloreto de magnésio MgCl2, que é constituído do cátion Mg2+ e ânions de cloro Cl−.
Nesses compostos, as proporções de íons são tais que a carga elétrica é cancelada, fazendo com que o
composto como um todo seja eletricamente neutro. Os íons são descritos por seu estado de oxidação e a
facilidade de sua formação pode ser estimada a partir do seu potencial de ionização(para cátions) ou
da afinidade eletrônica (ânions) de seus elementos formadores.

Importantes classes de sais inorgânicos são as dos carbonatos, sulfatos e haletos. Muitos dos compostos
inorgânicos são caracterizados por um alto ponto de fusão, que se deve à grande força das interações
eletrostáticas entre os íons. Sais inorgânicos são tipicamente maus condutores no estado sólido. Outras
características importantes são a solubilidade na água e a facilidade de cristalização. Alguns sais, como o
cloreto de sódio(NaCl), são muito solúveis em água, enquanto outros, como o sulfato de bário(BaSO4), não
o são.

A mais simples reação inorgânica é a da dupla troca, quando da mistura de dois sais iônicos os seus íons
são trocados sem a mudança no estado de oxidação. Na reação de oxi-redução, um dos reagentes,
o oxidante, diminui seu número de oxidação e o outro reagente, o redutor, tem seu número de oxidação
aumentado. O resultado é uma troca de eletrons. A troca de elétrons pode ocorrer indiretamente como
também, por exemplo nas baterias, como um conceito chave da eletroquímica.

Quando um dos reagentes contem átomos de hidrogênio, uma reação pode ocorrer pela troca de prótons
na química do ácido-base. Em uma definição mais genérica, um ácido que pode ser qualquer substância
química capaz de capturar um par de elétrons, é chamado de ácido de Lewis; por outro lado, qualquer
molécula que tende a doar um par de elétrons é denominada de base de Lewis. Como um refinamento da
interações ácido-base, a teoria HSAB leva em conta a polarização e tamanho dos íons.

Compostos inorgânicos são naturalmente encontrados na natureza como minerais. O solo pode conter
sulfeto de ferro como pirita, e o sulfato de cálcio como gipsita. Compostos inorgânicos também podem ser
encontrados em outras diversas formas, tais como biomoléculas: eletrólitos (cloreto de sódio),
armazenamento de energia (ATP) ou na construção (o polifosfato é o arcabouço do DNA).

O primeiro composto inorgânico feito pelo homem foi o nitrato de amônia para fertilização do solo,
produzido pelo processo de Haber. Compostos inorgânicos são sintetizados com o uso
de catalisadores tais como pentóxido de vanádio e cloreto de titânio(III), ou com reagentes da química
orgânica tais como hidreto de alumínio e lítio.

História

Muitos materiais inorgânicos e alguns nutrientes já eram conhecidos na antiguidade: a obtenção de metais
(ouro, prata, cobre, estanho, chumbo, ferro, mercúrio) a partir de minérios, a indústria cerâmica, a
preparação de vidro (Egito), a produção de porcelana (China), os corantes minerais (acetato de cobre
(II), alvaiade, cinábrio, Auripigmento), o enxofre para fumo, o cal (para argamassas usadas em
construções) e sais tais como o cloreto de sódio (para a preparação de alimentos), o natrão (para a
produção de vidro e sabões), e o alume (para uso em curtumes).

Durante o período da alquimia, os métodos de preparação de ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido
nítrico e água régia (uma mistura de ácido clorídrico e ácido nítrico usada dissolver o ouro) já eram
conhecidos pelo árabes. O processo de fabricação de ácidos foi posteriormente melhorado
significativamente por Johann Rudolph Glauber em meados do século 16, que ainda desenvolveu um
método para a obtenção de ácido clorídrico fumegante. Robert Boyle desenvolveu sua magnum opus "O
Químico Cético", abandonando as teorias aristotélicas de alquimia e contemplando a pesquisa
experimental e conclusões com base em experimentos. Georg Ernst Stahle Johann Joachim
Becher desenvolveram, em 1700, a teoria do flogisto. Esta teoria, que se manteve por 80 anos até ser
refutada, afirmava que as substâncias suscetíveis de sofrer combustão continham o flogisto, e que o
processo de combustão consistia basicamente na perda desta substância. A causa da má interpretação da
teoria do flogisto era a então substância ainda desconhecida presente no ar, o oxigênio. Joseph Priestley,

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estudando a composição do ar, percebeu a existência de uma substância no ar, a qual participava dos
processos respiratórios e promovia reações de oxidação de metais aos seus óxidos. A teoria de elementos
de Boyle considerava que um elemento químico era uma pluralidade de átomos idênticos, indivisíveis. John
Dalton foi o primeiro a tabelar um conjunto de pesos atômicos de elementos e Jöns Jacob
Berzelius desenvolveu a linguagem de fórmulas com uma ou duas letras latinas para os elementos
químicos.

Monumento à tabela periódica na Universidade de Química e Tecnologia de Alimentos


em Bratislava na Eslováquia: o químico russo Dmitri Mendeleiev foi o responsável pela organização dos
elementos químicos na tabela periódica, chegando inclusive a prever a existência de alguns elementos com
base no raciocínio lógico e nas propriedades químicas dos outros elementos .

O período seguinte foi a busca de novos elementos químicos, a determinação de seus pesos atômicos
exatos e sua caracterização por reações com outras substâncias, sendo esta uma das tarefas mais
importantes da química inorgânica. Lothar Meyer e Dmitri Mendeleev ordenaram dos elementos químicos
por peso atômico e com base na capacidade de fazer ligações químicas, originando a tabela
periódica. Svante Arrhenius, Jacobus Henricus van't Hoff e Wilhelm Ostwald estimaram a constante de
dissociação de sais, ácidos e bases em soluções aquosas. Alfred Werner questionou a validade das teorias
e modelos aceitos na química orgânica, estruturando a nova química inorgânica em termos dos conceitos
de coordenação e de estereoquímica. A química inorgânica passou por um período de menor atividade,
que se estendeu até por volta de 1940. Entretanto, esse foi o período de renovação conceitual, marcado
pelo surgimento das teorias quânticas. Com a Segunda Guerra Mundial, o mundo ingressou na era
atômica, marcada pelo descobrimento dos elementos transurânicos e pelos avanços na radioquímica. A
disponibilização de isótopos permitiu a realização de experimentos importantes sobre o comportamento
cinético e mecanístico dos compostos inorgânicos, o qual foi racionalizado por Henry Taube, em 1949, com
base nas teorias de ligação. O entendimento lógico do caráter lábil/inerte dos compostos de coordenação
lançou a semente dos mecanismos de transferência de elétrons, propostos por Taube em 1953,
definitivamente consagrados com o Prêmio Nobel que lhe foi outorgado em 1983.

Categoria das Reações da Química Inorgânica

Há quatro categorias das reações da química inorgânica: reação de síntese (ou combinação), reação de
decomposição, reação de simples troca e reação de dupla troca.

Grupos da Química Inorgânica

Na química inorgânica existem quatro grupos funcionais: Óxidos, Ácidos,Bases e Sais.[1] Sua diferenciação
é simples: a partir de quatro critérios, descobre-se sua função.[1]

1. º - O primeiro elemento do composto é um hidrogênio, H_ ,sendo assim um ácido. (ex: HCl , HF)[1]

2. º - O possui OH como último elemento do composto, _OH , sendo assim uma base.
(ex: NaOH , AgOH)[1]

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3. º - É um composto diatômico (dois elementos), no qual o último é oxigênio , _O , sendo assim um óxido.
(ex: CO , CaO)

4. ° - O primeiro elemento é um metal e o segundo elemento é um não-metal, sendo assim


um sal.(ex: NaCl , AgF[1]

Campo da Química Inorgânica

Os maiores ramos da química inorgânica incluem:

 Minerais, tais como sal, amianto, silicatos etc.

 Metais e suas ligas, como ferro, cobre, alumínio, latão, bronze etc.

 Compostos envolvendo elementos não-metálicos, como silício, fósforo, cloro, oxigênio, por
exemplo água.

 Compostos de coordenação que envolvem metais de transição e espécies doadoras de elétrons.

Comercialmente, importantes substâncias inorgânicas incluem chips de silício, transistores, monitores de


cristal líquido, cabos de fibra óptica e um grande número de catalisadores.

A química inorgânica é baseada na físico-química e forma a base para a mineralogia. Ela frequentemente
possui interseções com a geoquímica, química analítica, química ambiental e química organometálica.

O leque da química inorgânica inclui compostos moleculares, os quais podem existir


como moléculas discretas, e cristais (estudado(s) pela cristalografia e química do estado sólido).

Química Analítica

A química analítica é o ramo da química que trata da identificação ou quantificação de espécies


ou elementos químicos. Podem ser classificados como métodos clássicos ou instrumentais.

História

A química analítica proporciona métodos para determinar quais elementos e substâncias estão presentes e
ou em que quantidades ou proporções estão presentes em uma amostra em questão. Os marcos mais
importantes nesta frente científica incluem o desenvolvimento da análise elementar sistemática por Justus
von Liebig e a análise de compostos orgânicos com base em reações específicas de seus grupos
funcionais.

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Os químicos alemães Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff usaram a espectroscopia de absorção atômica de
chama para descobrirem elementos químicos como o rubídio e o césio.

O primeiro método de análise instrumental foi desenvolvido por Robert Bunsen e Gustav Kirchhoff e foi
baseado na espectroscopia de absorção atômica de chama. Utilizando esta técnica, eles descobriram, em
1860, elementos como o rubídio (Rb) e o césio (Cs) em 1860.[1] A maioria dos grandes avanços na química
analítica ocorreu após o ano de 1900. Durante este período a análise instrumental torna-se
progressivamente dominante. Em particular, muitas das técnicas espectroscópicas e de espectrometria
básicas foram descobertas no início do século 20 e aperfeiçoadas até o final do século 20. [2] Os processos
de separação se desenvolveram na linha de tempo de modo similar e também tornaram-se cada vez mais
instrumentais.[3] Na década de 1970 muitas destas técnicas começaram a ser utilizadas em conjunto para
caracterizar completamente uma amostra.

Nesta mesma década, a química analítica tornou-se progressivamente mais abrangente em questões
biológicas (química bioanalítica), enquanto que anteriormente tinha sido amplamente focada no estudo de
compostos inorgânicos e de pequenas moléculas orgânicas. O final do século 20 também presenciou uma
expansão da aplicação da química analítica nas ciências forenses, ambientais, histologia, questões
médicas e industriais.[4] A química analítica moderna é dominada pela análise instrumental. Muitos analistas
químicos se especializam em um único tipo de instrumento. Acadêmicos tendem a se concentrar tanto em
novas aplicações e descobertas de novos métodos de análise.

Muitos métodos, uma vez desenvolvidos, são mantidos propositadamente estáticos de modo que os dados
possam ser comparados em um longo períodos de tempo. Isto é particularmente verdadeiro em garantia de
qualidade industrial, forense e aplicações ambientais. A química analítica desempenha um papel cada vez
mais importante na indústria farmacêutica, onde, além do controle de qualidade, é utilizada na descoberta
de novos fármacos e em aplicações clínicas, onde compreender as interações entre a droga e o paciente
são cruciais.

Métodos Clássicos

No início e Desenvolvimento da Química, a maioria das análises empregavam a separação dos


componentes de interesse (analitos) por técnicas como precipitação, extração ou destilação.[5] Os
compostos são identificados pela sua cor, solubilidade, ponto de fusão e de ponto de ebulição. Esses
fatores contribuem para identificação das espécies químicas.Os analitos podem ser identificados
por volumetria e gravimetria ou seja por titulação e medidas de massa. Estes métodos são relativamente
simples de equipamentos e confiabilidade dos resultados obtidos. Apesar da química analítica atual ser
dominada por técnicas instrumentais, o princípio de funcionamento de alguns de seus instrumentos
baseiam-se em técnicas tradicionais ainda muito utilizadas atualmente.

Tipos de Amostras e Métodos

Os métodos de identificação de espécies é conhecido como análise qualitativa e um que determine a


quantidade de uma espécie é conhecido como análise quantitativa. Também podemos distinguir os
métodos a partir da dimensão da amostra e dos níveis dos constituintes.

Dimensão da amostra

Para amostras maiores que 0,1 g utiliza-se o termo macroanálise. Para amostras que variam de 0,01 a 0,1
g, o termo é semimicroanálise e a aquelas amostras de massa entre 10^-4 e 10^-2 se enquadram
na microanálise. E um termo as vezes utilizado para amostras de massa menor que 10^-4
é ultramicroanálise.[5]

Análise Qualitativa

A análise qualitativa é empregada quando se pretende determinar ou identificar as espécies ou elementos


químicos presentes numa amostra, podendo ser eles atômicos ou moleculares, os quais podem ser de
origem mineral, animal e vegetal. Faz-se, em outra definição, observação quanto aos aspectos físico-
químicos (ex.: cor, odor e pH).

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Análise Quantitativa

A análise quantitativa é empregada para se determinar a quantidade de uma espécie ou elemento químico
numa amostra. Sendo utilizada para a determinação de concentrações, volumes ou massa exata da
substância, através de técnicas de: gravimetria, volumetria, instrumentais, entre outras é expressa por
resultados numéricos dos componentes da amostra. Portanto, grosso modo, os números que dizem
respeito às quantidades são levados em consideração (ex.: concentração em quantidade de matéria,
"peso" e volume).

Métodos Instrumentais

No início do século XX, os químicos passaram a explorar outros fenômenos distintos daqueles observados
nos métodos clássicos para resolução de problemas analíticos. Para realizar métodos Instrumentais com
analisar as seguintes propriedades como condutividade elétrica, absorção ou emissão de luz que detectado
em analitos inorgânicos, orgânicos e biológicos. Com isso começou a ser utilizado técnicas
como cromatografia líquida de alta eficiência, espectroscopia e técnicas eletroanalíticas. Esses
novos métodos de separação e determinação de espécies químicas passaram a ser conhecidos
como métodos de análise instrumental.[6] Seu crescimento tecnólogico foi favorecido pelo avanço
tecnólogico dos dispositivos eletrônicos e dos computadores.

A maioria dos equipamentos analíticos modernos possuem ou estão conectados a um ou mais dispositivos
eletrônicos sofisticados capazes de detectar e registrar dados relativos aos analitos.[7] Os dispsositivos
seriam amplificadores, circuitos integrados, microprocessadores ou mesmo computadores.

A Química Analítica Instrumental divide-se em métodos espectrométricos, métodos


eletroanalíticos, Pontenciometria e Coulometria

Físico-Química

A físico-química é a disciplina que estuda as propriedades físicas e químicas da matéria, através da


combinação de duas ciências: a física (onde se destacam áreas como a termodinâmica e a mecânica
quântica[1]) e a química.

Suas funções variam desde interpretações das escalas moleculares até observações
de fenômenos macroscópicos.

Normalmente mudanças de temperatura, pressão, volume, calor, e trabalho de sistemas nos


estados sólidos, líquidos e gasosos estão relacionados até com microscópicas interações
moleculares e atômicas.

A físico-química moderna é firmemente relacionada com a física. Importantes áreas de estudo


incluem termoquímica, cinética química, química quântica, mecânica estatística e eletroquímica, que trata
do estudo da eletrólise, de pilhas e baterias, e dos equilíbrios químicos que tratam dos reagentes que
cooperam para se transformarem em produtos iônicos.

A físico-química também trata das soluções e para identificação de alanitos suas propriedades coligativas e
fundamental para a ciência dos materiais. No fim do século XIX, o estudo dos coloides passou a constituir
um novo e importante campo da físico-química.[2]

História

Ao químico russo Mikhail Lomonossov é creditado a utilização do termo "físico-química" pela primeira vez
janeiro de 1752.

O termo "físico-química" foi cunhado por Mikhail Lomonosov, em 1752, quando ele apresentou
uma palestra intitulada "A Course in True Physical Chemistry" (em russo: «Курс истинной физической
химии») diante dos estudantes da Universidade Estatal de São Petersburgo.[3]

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A físico-química moderna originou-se entre as décadas de 1860 a 1880 com trabalhos


sobre termodinâmica química, eletrólitos em soluções, cinética química entre outros assuntos. O marco foi
a publicação em 1876 por Josiah Willard Gibbs de seu artigo, sobre o equilíbrio de substâncias
heterogêneas. Este artigo apresentou vários dos pilares da físico-química, como a energia livre de Gibbs,
os potenciais químicos e a regra das fases de Gibbs.[4] Outros marcos incluem a introdução dos
termos entalpia por Heike Kamerlingh Onnes e processos macromoleculares.

A primeira revista científica especificamente no campo da físico-química foi o jornal alemão Zeitschrift für
Physikalische Chemie, fundado em 1887 por Wilhelm Ostwald e Jacobus Henricus van 't Hoff. Juntamente
com Svante August Arrhenius,[5] estas foram as principais figuras da área de físico-química no final
do século XIX e início do século XX e todos os três foram agraciados com o Prêmio Nobel de
Química entre 1901-1909.

Desenvolvimentos nas décadas seguintes incluem a aplicação da mecânica estatística para os sistemas
químicos e trabalhos envolvendo colóides e química de superfície, onde Irving Langmuir teve muitas
contribuições. Outro passo importante foi o desenvolvimento da mecânica quântica, originando a química
quântica a partir de 1930, onde Linus Pauling foi um dos principais nomes.

Desenvolvimentos teóricos andaram de mãos dadas com a evolução dos métodos experimentais, onde o
uso de diferentes formas de espectroscopia, como espectroscopia de infravermelho, espectroscopia
rotacional, espectroscopia de ressonância paramagnética eletrônica e espectroscopia de ressonância
magnética nuclear são considerados as principais ferramentas desenvolvidas no século XX.

Outros importantes aspectos da físico-química foram as descobertas em química nuclear, especialmente a


separação de isótopos (antes e durante a Segunda Guerra Mundial), as descobertas mais recentes
em astroquímica,[6]bem como o desenvolvimento de algoritmos para a previsão de parâmetros físico-
químicos. Praticamente todas as propriedades físico-químicas tais como ponto de ebulição, o ponto crítico,
a tensão superficial, a pressão do vapor, etc - mais de 20 propriedades ao todo - podem ser calculadas
com precisão a partir de estrutura química, mesmo que a molécula química seja inexistente.

Química Ambiental

Química ambiental é definida como o estudo das fontes, reações, transporte e efeitos das
espécies químicas em água, solo, ar, ambientes de vida e os efeitos da tecnologia nos mesmos. Deste
modo, a química ambiental não é a ciência da monitoração ambiental, mas sim tornar compreensíveis os
mecanismos que definem e controlam a concentração de espécies a serem monitoradas.[1]

Atualmente com o aumento da população na Terra, junto com o contínuo avanço da tecnologia, as
atividades humanas têm uma influência sempre crescente na química do meio ambiente. Desde os
primeiros seres humanos e até menos de um século atrás, o homem pensava que a Terra era tão vasta
que a nossas atividades podem ter consequências não somente locais e regionais, mas também globais. [2]

Como essas transformações ameaçam o meio ambiente, há uma grande preocupação em entender os
processos que a envolvem. A química ambiental estuda os processos químicos que acontecem
na natureza, sejam eles naturais ou causados pelo homem e que comprometem não só a saúde humana,
mas de todo planeta. Devendo, contudo, observar os ecossistemas, seus
compartimentos abióticos e bióticos.[3]

Todas as questões abordadas na química ambiental que digam respeito a processos naturais e / ou
afetados por ações antrópicas, quer da atmosfera, hidrosfera e geosfera/ pedosfera têm de ser tratadas de
forma holística e integrada, possuindo esta ciência um caráter inter multidisciplinar que foi desenvolvido em
cooperação com a Biologia, Ecologia, Geologia, Engenharia sanitária, Toxicologia, entre outros.

A química ambiental teve origem na química clássica, porém o conhecimento da química do meio ambiente
não surgiu dentro das últimas décadas. Há relatos que datam do século XVII em que havia uma
preocupação com a devastação do meio ambiente em região do Reino Unido próximo onde havia extração
do carvão, já em 1872 foi divulgado no periódico inglês nature, uma minuciosa análise da qualidade do ar

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nas cidades de Londres e Manchester, apontando, inclusive, para altas concentrações na emissão de
SO2.[4]

No Brasil, em 1992, por ocasião da 2a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento (ECO 92),
a comissão de meio ambiente da SBQ publicou a primeira coletânea de trabalhos voltados para o
diagnóstico de problemas ambientais no Brasil, trazendo um resgate histórico sobre a Química Ambiental
no País. A criação da divisão de química ambiental na SBQ ocorreu em 1994 com o propósito de abrigar a
produtividade técnica e científica de quem atuava nesta área de concentração, mesmo não sendo
necessariamente formados somente por químicos.

A escalada dos problemas ambientais, e uma série de implicações econômicas decorrentes, coloca novos
desafios aos profissionais de Química. As novas demanda na formação do químico incluem: passar do
ensino disciplinar para o interdisciplinar, e passar da ênfase na aprendizagem de algoritmos para
habilidades como a formulação de perguntas, pensamento sistemático, resolução de problemas, tomada de
decisões, raciocínio avaliativo. A Química Ambiental, devido a sua características — ser interdisciplinar,
relevante, aplicada, integradora, repercutir junto ao público em geral, e ser global em sua abrangência —
deve ocupar um papel fundamental formação dos químicos. A perspectiva adquirida no estudo da química
ambiental, tanto em termos do desenvolvimento de habilidades, como da necessária consciência para a
sustentabilidade, deverá orientar a atuação do profissional de química seja no sistema produtivo, seja como
educador em quaisquer níveis de ensino.[5]

Bioquímica

Bioquímica é a ciência e tecnologia que estuda e aplica a química da vida e os processos químicos que
ocorrem nos organismosvivos. De maneira geral, ela consiste no estudo da estrutura molecular e função
metabólica de biomoléculas, biopolímeros e componentes celulares e virais,
como proteínas (proteômica), enzimas (enzimologia), carboidratos, lipídios, ácidos nucléicos(biologia
molecular) entre outros.[1][2][3] Suas aplicações englobam setores como alimentos, fármacos e biofármacos,
análises clínicas, biocombustíveis, pesquisa básica dentre outros. É uma ciência e tecnologia essencial
para todas as profissões relacionadas a ciências da vida e uma das fronteiras de desenvolvimento das
ciências químicas.

Bioquímico é o profissional que estuda e aplica as leis da bioquímica para o entendimento e aplicação
tecnológica de biomoléculas e dos organismos vivos (bioquímica industrial, biotecnologia e bioprocessos,
bioquímica médica e clínica, bioquímica de alimentos, bioquímica agrícola e ambiental) para benefícios
comerciais e industriais, e/ou benefícios a saúde humana e animal, a agropecuária e ao meio ambiente.Os
bioquímicos utilizam ferramentas e conceitos da química e da biologia, particularmente da química
orgânica, físico-química, fermentações e metabolismo, biologia celular, biologia molecular e genética, para
a elucidação dos sistemas vivos e para sua aplicação tecnológica e industrial. [4] A Bioquímica não deve ser
confundida, no Brasil, com as análises clínicas, apenas uma de suas inúmeras aplicações e nem tampouco
as análises clínicas devem ser reduzidas a apenas a bioquímica clínica. [5] Em função disso, a graduação
(licenciatura em Portugal) em Bioquímica é uma das mais tradicionais na Europa e EUA, e no Brasil, existe
nas Universidades Federais de Viçosa e de São João del Rey (UFV e UFSJ) e nas Universidades
Estaduais de Maringá e de São Paulo (UEM e USP, nesta última, como química ênfase bioquímica). No
Brasil, não se deve confundir farmacêutico com o bioquímico, visto que um é profissional de saúde e outro
é profissional da química da vida e da biotecnologia. Por bastante tempo, os cursos de graduação em
farmácia no Brasil denominaram-se Farmácia-Bioquímica, em errônea alusão à habilitação em análises
clínicas. Isto gerou na sociedade, e mesmo nos meios acadêmicos, a falsa noção de que bioquímica seria
sinônimo de análises clínicas e farmácia, algo totalmente errado.[19][1]

História

Anselme Payen: o químico francês isolou pela primeira vez em 1833 uma enzima, a diastase, sendo este
um importante marco na consolidação da bioquímica como ciência.

A história da bioquímica moderna é relativamente jovem, datando do século XIX quando começaram as
abordagens contemplando aspectos da biologia e da química, para criar uma disciplina, integrando
conhecimento destas duas ciências. No entanto, a aplicação dos conhecimentos bioquímicos se iniciou há

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cerca de 5.000 anos com a produção de pão utilizando leveduras. Assim como a química orgânica, é citado
também como um importante marco da bioquímica moderna a descoberta da síntese de ureia por Friedrich
Wöhler em 1828, provando que os compostos orgânicos poderiam ser obtidos artificialmente, em contraste
com a crença largamente aceita por um longo período de tempo: compostos orgânicos seriam gerados
apenas por organismos vivos. Outro marco importante ocorreu em 1833, quando Anselme Payen isolou
pela primeira vez uma enzima, a diastase. Esta descoberta também é considerada como a primeira vez
que foi descrito um composto orgânico que apresentava as propriedades de um catalisador. O sufixo "ase"
de diastase passou a ser usado na nomenclatura das enzimas.

Em meados do século XIX, Louis Pasteur estudou o fenômeno da fermentação e descobriu que certas
leveduras estavam envolvidas neste processo, e portanto, não se tratava de um fenômeno somente
químico como muitos haviam defendido até aquele momento (incluindo ele próprio e Justus von Liebig).
Pasteur escreveu: "a fermentação alcoólica é um ato relacionado com a vida e organização das células de
levedura, não com a morte e putrefação destas células". Pasteur desenvolveu também métodos
de esterilização de vinho, leite e cerveja (pasteurização) e contribuiu muito para refutar a ideia de geração
espontânea de seres vivos. Em 1896, Eduard Buchner demonstrou pela primeira vez que um processo
bioquímico complexo poderia ocorrer fora de uma célula, tendo como base a fermentação alcoólica usando
extrato celular de levedura.

Embora o termo "bioquímica" pareça ter sido usado pela primeira vez em 1882, é geralmente aceito que a
cunhagem formal do termo ocorreu em 1903 por Carl Neuberg, um químico alemão. No entanto grandes
pesquisadores como Wöhler, Liebig, Pasteur e Claude Bernard já usavam outras denominações.

Durante o período de 1885-1901, Albrecht Kossel isolou e nomeou cinco constituintes dos ácidos
nucleicos: adenina, citosina, guanina, timina e uracila. Estes compostos são conhecidos coletivamente
como bases nitrogenadas e integram a estrutura molecular do DNA e do RNA. Os ácidos nucléicos foram
descobertos por Friedrich Miescher, em 1869. Em 1878, o fisiologista Wilhelm Kühne cunhou o
termo enzima para se referir aos componentes biológicos desconhecidos que participavam do processo de
fermentação.

A elucidação da estrutura do DNA é considerada uma das descobertas mais importantes na área de
bioquímica no século XX.

A partir da década de 1920, a bioquímica experimentou considerável avanço, especialmente pelo


desenvolvimento de novas técnicas, como a cromatografia, a difração de raios X, a espectroscopia de
RMN, a marcação isotópica, a microscopia eletrônica e simulações de dinâmica molecular. Estas técnicas

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permitiram a descoberta e análise detalhada de muitas biomoléculas e de vias metabólicas em uma célula,
tal como a glicólise e o ciclo de Krebs.

Outro importante evento histórico em bioquímica foi a descoberta do gene e do seu papel na transferência
de informação na célula. Esta parte da bioquímica é muitas vezes chamada de biologia molecular. Na
década de 1950, James D. Watson, Francis Crick, Rosalind Franklin e Maurice Wilkins resolverem a
estrutura do DNA e sugeriram a sua relação com a transferência da informação genética. Em 1958, George
Beadle e Edward Tatum receberam o Prêmio Nobel pelo trabalho com fungos, onde demostram que um
gene gerava como produto uma enzima. Este conceito, hoje ampliado, ficou conhecido como o Dogma
central da biologia molecular. Em 1975 foi a vez de destacar as pesquisas sobre o sequenciamento de
DNA, sendo Allan Maxam, Walter Gilbert e Frederick Sanger os principais cientista envolvidos nestas
pesquisas. Logo em seguida surge a primeira empresa de biotecnologia industrial, a Genentech. Logo
tornou-se possível a fabricação de princípio ativo, hormônios e vacinas por meios biotecnológicos.

Em 1988, Colin Pitchfork foi a primeira pessoa condenada por assassinato usando como provas exames de
DNA, ocasionando uma revolução nas ciências forenses. Mais recentemente, Andrew Fire e Craig
Mello receberam o Prêmio Nobel em 2006 pela descoberta da interferência do RNA (RNAi) no
silenciamento da expressão gênica.

Aplicação

O conhecimento bioquímico é muito importante para empresas e indústrias de diversas áreas: farmacêutica
(síntese de fármacos, excipientes), médica (novos tratamentos e curas para doenças, como
na nutrição alimentar), agrícola (melhora da fixação de nitrogênioem plantas como a soja), alimentícia
(fermentação de bebidas alcoólicas, leite e derivados, produção de chocolates), cosmética (novos produtos
de beleza e higiene) e até tecnológica (produção de compósitos sustentáveis de origem renovável). [1][2][3]

Outra aplicabilidade é em ciências básicas, em sinergia com outras ciências químicas, biológicas e
farmacêuticas. Neste caso, estuda-se o sistema biológico com um olhar químico, principalmente fisiologia e
patologia moleculares, ciências ômicas, processos metabólicos e fermentativos e propriedades químicas,
físico-químicas, biofísicas e tecnológicas das biomoléculas. Como exemplo, na teoria evolucionista, teoria
que afirma que todas as formas de vida existentes no planeta Terra descendem de um ancestral em
comum. Essa teoria é baseada na semelhança de diversas características compartilhadas entre os
organismos, inclusive as de nível bioquímico.[6]Por exemplo, de maneira geral, todos os organismos, desde
um simples vírus até um chimpanzé, possuem o material genético (DNA) formado por combinações das
mesmas quatro bases nitrogenadas (Adenina, Guanina, Citosina e Timina)[1][2][3][6][7]

Biomoléculas

A química da vida engloba o estudo de proteínas, carboidratos, ácidos


nucléicos (DNA, RNA), lipídeos, vitaminas, íons bioinorgânicos (Cálcio, Magnésio,Potássio, Cloreto por
exemplo), metabolismo, enzimas, fermentações, compostos de metabolismo secundário, tais como os
da fitoquímica.

Para tanto, se utilizam de instrumentos e técnicas químicas, bioquímicas e biofísicas, tais


como eletroforese, cromatografia (em especial HPLC/CLAE e gasosa), espectrofotometria, reação em
cadeia da polimerase (PCR), plasmídeos e tecnologia do dna recombinante (engenharia genética),ensaios
enzimáticos, espectrometria de massas, ressonância magnética nuclear, ensaios de fluorescência
(espectroscopia de fluorescência por exemplo), calorimetria de titulação isotérmica (ITC), biorreatores,
ensaios de ligação de biomoléculas (Western Blot, ELISA), dicroísmo circular, PCR
quantitativo, bioinformática, Sohxlet, destilação, centrifugação, Kjeldalhl, Demanda química de oxigênio
(DQO), meios de cultura, entre outros que podem ser vistas nesta listagem: técnicas de laboratório.

Dentre os diversos tipos de biomoléculas, muitas são moléculas grandes (macromoléculas) e complexas,
formadas pela união de unidades fundamentais (monômeros) repetidamente, que dão origem a longas
cadeias denominadas biopolímeros.[1][2][6] Cada tipo de biopolímero apresenta unidades fundamentais
diferentes. Por exemplo, as proteínas são biopolímeros cujas unidades monoméricas são os aminoácidos,
enquanto que os ácidos nucléicos (como o DNA) são biopolímeros compostos por cadeias de nucleotídeos.

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Bacharelado e Licenciaturas em Bioquímica

O primeiro instituto de pesquisa estruturado e voltado unicamente para a química da vida surgiu em 1872,
como Instituto de Química Fisiológica da Universidade de Strasbourg, enquanto que, em 1880, a
universidade norte-americana de Yale estruturou os primeiros cursos regulares de química fisiológica. Por
volta de 1899, quando a universidade inglesa de Cambridge criou o laboratório de química dentro do
departamento de fisiologia, chefiado por Frederick Gowland Hopkins, primeiro professor de bioquímica
da Universidade de Cambridge, e também fundador da bioquímica inglesa.[8], a química da vida já estava
estabelecida como ciência, sob diferentes denominações.[9] O processo de maturação desta ciência
estabeleceu cursos de bacharelado (em Portugal, equivalente a Licenciatura) em diversos países [8].

É preciso ressaltar que os cursos de graduação (licenciaturas) em bioquímica e portanto,


os bioquímicos são tradicionais em países da Europa (Reino Unido, Alemanha, Espanha, Portugal, Franca
e Italia),na America Latina (Argentina, Paraguai, Uruguai,Chile,Colombia, Mexico e Guatemala) no Canadá,
na Austrália e nos Estados Unidos. Neste último país, os cursos de bacharelado em bioquímica existem
desde a década de 50. Segundo a ASBMB (American Society for Biochemistry and Molecular Biology)
existem cerca de 600 Instituições nos Estados Unidos que oferecem os cursos de bioquímica/biologia
molecular e estima-se que cerca de 2000 bacharéis foram graduados nos anos de 2001-2002. No Reino
Unido existem mais de 100 cursos de graduação em bioquímica.[10]

O Bioquímico, portanto,é o profissional que estuda a bioquímica de um ponto de vista de ciência básica e
aplicada tecnologicamente e industrialmente. Os bioquímicos utilizam ferramentas e conceitos da química e
da biologia, particularmente da química orgânica, físico-química, biologia celular, biologia molecular
e genética, para a elucidação dos sistemas vivos e para sua aplicação tecnológica e industrial.Desta forma
o bioquímico possui conhecimentos científicos, capacitação técnica e habilidades para atuar em ensino
superior, pesquisa, desenvolvimento e inovação, controle e garantia de qualidade, produção
industrial,laboratórios, comércio de produtos científicos, laboratoriais e industriais, bioeconomia, além de
aprender sobre os princípios éticos e legais relativos à profissão no âmbito do seu exercício profissional.

Em Portugal

A licenciatura em bioquímica, em Portugal, foi criada em 1979, na Universidade de Coimbra,[11] sendo


prontamente seguido de diversas outras universidades.[12]

No Brasil

O bacharelado em bioquímica, no Brasil, foi criado em 2001, na Universidade Federal de Viçosa,[10] visando
a suprir a necessidade crescente de profissionais qualificados para atuar nas áreas de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico das diversas áreas relacionadas com o curso. [13]

Em moldes semelhantes, foi criado em 2008, o segundo curso de graduação em bioquímica do Brasil;
a Universidade Federal de São João del Rei [14], implantou o curso em seu campus de expansão Centro-
Oeste [15]. Em 2011, foi criado o terceiro curso de graduação em Bioquímica, da Universidade Estadual de
Maringá. Existe também na USP a graduação em química com ênfase em bioquímica.

No Brasil, não se deve confundir farmacêutico com o bioquímico, visto que um é profissional de saúde e
outro é profissional da química da vida e da biotecnologia. Por bastante tempo, os cursos de graduação em
farmácia no Brasil denominaram-se Farmácia-Bioquímica, em errônea alusão à habilitação em análises
clínicas . Isto gerou na sociedade, e mesmo nos meios acadêmicos, a falsa noção de que bioquímica seria
análises clínicas somente e seria sinônimo de farmácia, o que de fato não é verdadeiro. [19][1]

Em 2014 foi criado o Movimento BioquímicaBrasil, com site, página de facebook e vídeo de divulgação no
youtube dedicados a divulgar o Bacharel em Bioquímica e a divulgar a ciência Bioquímica. [16]. Entre 2015 e
2016, o movimento conseguiu definir a identidade do bioquímico brasileiro e algumas simbologias, como o
dia do bioquímico brasileiro (8 de Maio) e um símbolo único da profissão,disponibilizado gratuitamente no
site do Movimento BioquímicaBrasil.

Microbiologia

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Microbiologia é o ramo da biologia que estuda os micro-organismos,


incluindo eucariontes unicelulares e procariontes, como as bactérias, fungos e vírus. Atualmente, a maioria
dos trabalhos em microbiologia é feita com métodos de bioquímica e genética. Também é relacionada com
a patologia, já que muitos organismos são patogênicos.

Conceito

Micróbios possuem características básicas do fundo dos organismos basicromáticos que os tornam
os modelos de organismosideais. Foi descoberta a origem das bactérias, tendo sido anterior à origem de
outros corpos, tais como protozoários, eucariontes e vírus. Dentre os citados, o último a se desenvolver
foram os protozoários, por tratar-se de seres com uma complexidade maior:

 São muito pequenos, então eles não consomem muitos recursos

 Eles podem-se reproduzir por divisão mitótica, permitindo a propagação de clones idênticos em
populações

 Eles podem ser congelados por longos períodos de tempo. Mesmo se 90% das células são mortas pelo
processo de congelamento, há milhões de células em um mililitro da cultura líquida.

Mosca-preta adulta (Simulium yahense) com Onchocerca volvulusque emerge da antena do inseto. O
parasita é responsável pela doença conhecida como cegueira dos rios em África. A amostra foi fixado
quimicamente, secada ao ponto crítico e, então, observada usando microscopia eletrônica de varredura
convencional. Ampliada 100 ×.

Estes traços permitiram que Joshua e Esther Lederberg pudessem dirigir um elegante experimento
em 1951 demonstrando que adaptações evolutivas surgem melhor da preadaptação do que
da mutação dirigida. Para isto, eles inventaram a replicação em placa, que permitiu que eles transferissem
numerosas colônias de bactérias para locais específicos de uma placa de petripreenchida com Ágar-
ágar para regiões análogas em diversas outras placas de petri. Após a replicação de uma placa com E.
coli, eles expuseram cada uma das placas a fagos. Eles observaram que colônias resistentes aos fagos
estavam presentes em partes análogas de cada placa, possibilitando-os concluir que os traços de
resistência aos fagos existiam na colonia original, que nunca havia sido exposta aos fagos, ao invés de
surgirem após as bactérias terem sido expostas aos vírus.

A extensiva caracterização dos micróbios tem nos permitido o uso deles como ferramentas em outras
linhas da biologia:

 Bactérias (especialmente Escherichia coli) podem ser usadas para reduplicar DNA na forma de
um plasmídeo. Este DNA é frequentemente modificado quimicamente in vitro e, então, inserido em
bactérias para selecionar traços desejados e isolar o produto desejado de derivados da reação. Após o
crescimento da bactéria e, deste modo, a replicação do DNA, o DNA pode ser, adicionalmente, modificado
e inserido em outros organismos.

 Bactérias podem também ser usadas para a produção de grandes quantidades de proteínas usando
genes codificados em um plasmídeo.

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 Genes bacteriais tem sido inseridos em outros organismos como genes repórteres.

 O sistema de hibridação em levedura combina genes de bactérias com genes de outros organismos já
estudados e os insere em uma célula de levedura para estudar interações proteicas em um ambiente
celular.

Processos Biológicos

No desenvolvimento de um bioprocesso como num qualquer processo químico poderemos considerar


genericamente três grupos de operações: a reacção, as operações a montante, de preparação dos
reagentes (matérias primas), e operações a jusante da reacção (operações unitárias) para separação de
produtos (Fig. 1). É hoje evidente a grande interdependência mútua das diferentes operações. Cada etapa
do processo de separação depende da história do produto desde (incluindo) a produção que, por sua vez,
depende das operações a montante.

As operações a montante da reacção para preparação das matérias-primas são umas de carácter
mecânico (por exemplo, moagem, mistura), outras são de carácter químico (e.g., hidrólise ou a formulação
do meio de cultivo de microrganismos) e outras ainda são de carácter físico (é o caso da esterilização dos
caldos de cultivo ou a descontaminação do ar por processos como a filtração por membranas ou em filtros
de fibras). A montante da reacção há ainda a considerar a selecção de micro-organismos produtivos, a sua
adaptação às condições de cultivo (que determinam a fisiologia de crescimento), a preparação dos
inóculos, o desenvolvimento de meios de cultivo (mais caros e quimicamente mais bem definidos, uns, ou
mais baratos e indefinidos, derivados de agroindústrias, outros), a tecnologia de esterilização dos caldos,
entre outros, que constituem, todos eles, factores que afectam não só a produção mas também os
processos de separação. A selecção dos organismos produtivos deverá ter em conta caraterísticas como,
por exemplo, a morfologia, o tamanho e a floculabilidade (que determinam as técnicas de separaçãp
sólido/líquido), tendência de adesão a superfícies sólidas, rigidez da parede celular (afecta a eficiência de
desintegração), etc. A tecnologia de DNA recombinante tem sido sobretudo usada para aumentar a
produtividade da fermentação, devendo, porém, ser hoje de algum modo re-orientada para facilitar e
melhorar as operações de separação (por exemplo, na construção de proteínas de fusão com vista a uma
separação de afinidade por ligação bio-específica a uma matriz adequada).

Figura 1 – Grupos de operações no desenvolvimento de um bioprocesso

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A pureza dos materiais, os aditivos condicionantes do meio de reacção (e.g., anti-espumas químicos) e a
tecnologia de reacção (fermentação) podem condicionar a selecção dos métodos de isolamento e
purificação dos produtos alvo e respectivos rendimentos.

As operações de concentração e purificação dependem também elas umas das outras para além de
dependerem de todas as que lhes estão a montante. A título de exemplo, a desintegração de células para
recuperação de produtos intracelulares, não segregados para o meio de suspensão, produzirá detritos de
parede celular que são extremamente difíceis de separar em algumas situações e que podem afectar
drasticamente os processos de separação com membranas e, muito particularmente, as operações
cromatográficas.

A concepção racional e a economia de um processo, globalmente entendido, assumem, assim, uma


importância vital.

Os reactores biológicos são tanques, em geral fechados, com dispositivos para entrada de soluções de
matérias-primas e catalisadores e saída de produto, com dispositivos de agitação e mistura, e sistemas de
circulação de vapor (para esterilização do conteúdo e do próprio tanque), e de circulação de água (para
extracção de calor da bio-reacção) (Fig. 2).

Os bio-catalisadores poderão ser células ou bio-moléculas dotadas de poder catalítico (enzimas)


designando-se genericamente por fermentadores, no primeiro caso, e reactores enzimáticos ou, mais
genericamente, bio-reactores, no segundo caso.

Figura 2 – Esquema genérico de um bio-reactor

Os fermentadores deverão ainda dispor de sistemas de medida e controlo de variáveis ambientais, as mais
das quais são o pH, a temperatura, o oxigénio dissolvido (no caso de cultivo aeróbio), potencial redox e
espumas.

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Interface de comunicação entre o operador e o fermentador (by courtesy of Bioengineering AG,


Switzerland).

Para a recuperação do produto alvo tem as células deverão ser separadas do meio de cultivo e ou o
produto é segregado para o meio ou permanece no interior das células, sendo que as próprias células
poderão ser elas próprias produto como no caso do fermento dos padeiros (Figura 3a). Se o produto é
intracelular então a parede das células terá de ser partida ou de algum modo permeabilizada. Uma vez

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extraído/solubilizado o produto o processo de concentração, isolamento e purificação prossegue através de


um conjunto distinto de operações unitárias como se ilustra na Figura 3b.

Figura 3a – Extracção do produto

Quando o produto é intracelular a recuperação de células é feita normalmente por centrifugação,


microfiltração ou ultrafiltração; outras técnicas podem ser também usadas, como a filtração em vácuo,
filtração compressiva ou flotação, e são-no particularmente para remoção de biomassa quando o produto é
extracelular.

Quando o produto é retido no ambiente intracelular a desintegração da parede das células pode ser feita
por homogeneização mecânica, em moinhos de bolas ou choque osmótico. As células de parede mais
resistente poderão ser permeabilizadas ou enfraquecidas por métodos químicos, físicos ou enzimáticos
antes de serem submetidas a acções mais energéticas dos métodos mecânicos. Na desintegração extensa
da parede celular resultam micro detritos celulares que deverão ser separados para não causar problemas
sérios nas operações seguintes de concentração/isolamento e purificação dos produtos. A separação dos
resíduos de parede da célula pode ser feita por centrifugação, microfiltração com escoamento tangencial,
podendo ainda usar-se filtração em vácuo ou filtração compressiva.

Para a solubilização/extracção dos produtos, que antecede a separação dos resíduos celulares, pode usar-
se solventes orgânicos, sistemas bifásicos aquosos, fluidos supercríticos, adsorção, micelas invertidas ou,
em certos casos, destilação.

As soluções com os produtos solubilizados são muito diluídas e deverão ser concentradas para remover
quantidades apreciáveis de meio de solução. As operações envolvidas permitem simultaneamente remover
muitos produtos não desejados. Esta fase do processo pode ser conseguida geralmente por técnicas como
ultrafiltração, evaporação, osmose reversa, precipitação, cristalização, extracção, ou adsorção.

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Figura 3b – Isolamento e purificação do produto

Produtos que requerem um grau de purificação mais elevado para extensa remoção de pequenas doses de
contaminantes terão de ser submetidos a operações complementares como cromatografias (de filtração em
gel, de permuta iónica, de interacção hidrofóbica, de afinidade ou pseudo-afinidade, de adsorção, entre
outros tipos de cromatografia), diafiltração, electrodiálise, electroforese ou cristalização. Os produtos que
não requerem um tão elevado grau de pureza devrão, contudo, ser desidratados ou quaisuqer resíduos de
solventes deverão ser removidos por qualquer técnica de secagem como spray-drying, freeze drying, ou
leitos de enchimento.

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Bio-reactor de alta pressão para cultivo de células com elevada densidade celular (by courtesy of
Bioengineering AG, Switzerland).

Fermentação

Nas fermentações os produtos ou biomassa são produzidos em resultado da actividade metabólica. Nesses
processos as matérias primas fornecem os elementos que entram na composição das células. Os caldos
de cultivo deverão, assim, conter as fontes de carbono, de nitrogénio, fósforo, enxofre, cálcio e micro-
nutrientes; o pH e a temperatura do caldo devem ser optimizados para a população celular em causa.
Tratando-se de organismos respiratórios o oxigénio tem de ser fornecido por borbulhamento de ar. As

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matérias primas, em particular a fonte de carbono, são de natureza diversa e o grau de pureza exigível e os
respectivos custos varia inversamente com a escala de produção. Dispondo dos nutrientes adequados, as
células desenvolvem o seu metabolismo multiplicando a biomassa ou produzindo o produto desejado.

Este processo decorre em fermentadores que mais não são do que reactores químicos heterogéneos
autocatalíticos. Contudo, as diferenças em relação aos reactores químicos são também significativas: a
massa específica das células é apenas ligeiramente superior à do caldo, a velocidade de crescimento dos
microrganismos é lenta, as dimensões das células ou dos agregados celulares são reduzidas, a mistura
reagente é de composição complexa, a transferência de massa é lenta, há em geral uma grande
sensibilidade dos microrganismos às condições ambientais, a composição do meio varia, por vezes,
significativamente ao longo do tempo por via da segregação de metabolitos e polímeros e, em organismos
filamentosos, a formação de micélios que contribuem para alteração das características reológicas do meio
de cultivo. Estas características têm forte influência na homogeneização do caldo, na energia para a
mistura, na transferência de massa gás-líquido e no controlo do processo.

O design dos fermentadores ou dos reactores químicos faz-se, porém, em obediência a princípios comuns,
requerendo balanços de massa e de energia com a inclusão da lei cinética de crescimento ou de produção
de produto que pode ou não estar associado ao crescimento.

Fundamentos

1. CRESCIMENTO CELULAR

Quando um meio de cultura é formulado e construído com os constituintes (nutrientes) adequados e é


depois semeado com um inóculo de microrganismos estes vão reproduzir-se com uma dinâmica que é
própria do micorganismo e da composição do caldo.

Uma única célula que seja inoculada num determinado instante t=0 irá desenvolver-se nesse meio e ao
atingir a maturidade para se reproduzir dividir-se-á dando origem a duas células ao fim de um intervalo de
tempo td. Cada célula-filha, por sua vez, dará origem também a duas células ao fim de novo intervalo de
tempo td. E assim sucessivamente. Este intervalo de tempo td é designado “tempo de duplicação”. Ao fim
de um tempo t haverá n=t/ td gerações. Assim, se num instante t0 houver N0 células então num outro
instante t o número de células no meio de cultura será

(1)

A base 2 não é a mais conveniente para os cálculos e a base “e” de Napier, dos logaritmos naturais, é mais
recomendável. Então no mesmo instante, t, o número N de células será

(2)

Conclui-se daqui que μ,designado “taxa específica de crescimento” está relacionado com os tempo de
duplicação pela relação seguinte:

(3)

Uma medida mais adequada do que o número de células referido a uma unidade de volume será a
concentração de biomassa, X, expressa em unidades de massa pró unidade de volume. Então a taxa
volumétrica de crescimento (rX) num dado instante depende da taxa específica de crescimento e da
concentração de biomassa nesse instante:

(4)

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Num reactor descontínuo (sem qualquer fluxo de entrada e de saída) a concentração de biomassa varia
apenas devido ao crescimento e se, do ponto de vista hidrodinâmico, houver mistura perfeita então o
balanço de massa é simplesmente

(5)

Em determinadas condições o parâmetro μ é constante e esta equação pode ser integrada para dar a
quantidade de biomassa X em qualquer instante, t, sendo X0 a concentração de biomassa no instante t0=0:

(6)

Contudo, a velocidade específica de crescimento depende das variáveis ambientais (T, pH, força iónica,
nutrientes…) que o meio de cultura proporciona às células e da concentração de substrato limitante (aquele
que mais rapidamente se esgota e que é, geralmente, a fonte de carbono). O modelo mais frequentemente
usado para descrever a relação entre a velocidade específica de crescimento com a concentração de
substrato limitante, com todas as outras variáveis mantidas constantes, foi proposto por Monod:

(7)

Nesta equação de Monod, KS é a “Constante de Monod” cujo valor é igual à concentração de substrato,
[S]½, para a qual μ = ½μmax. Por sua vez, μmax é a velocidade específica máxima de crescimento que se
poderia observar quando [S] → ∞.

::: INÍCIO :::

2. COEFICIENTE DE RENDIMENTO E MANUTENÇÃO

O crescimento celular resulta da transformação do substrato em biomassa. A taxa de consumo de


substrato, -rs,c, está pois relacionada com a taxa de crescimento celular, r x, através da relação

(8)

onde YX/S é o coeficiente de rendimento de biomassa relativamente ao substrato, significando a


quantidade de biomassa obtida por unidade de massa de substrato consumido para o crescimento.

Contudo, as células vivas são, do ponto de vista termodinâmico, sistemas altamente estruturados cuja
manutenção implica a dissipação de energia. Para restabelecer os níveis energéticos as células
necessitam de incorporar substâncias ricas em energia que, para além da que é necessária para o
crescimento, é também necessária para manutenção, i.e., para manter a composição iónica correcta
(pressão osmótica) e para reposição de constituintes celulares, e ainda para outros processos vitais
(processos de reposição de DNA, RNA e outras macromoléculas). A velocidade de consumo de substrato
para essa manutenção por unidade de volume é proporcional à concentração de células (biomassa), e
então

(9)

A constante de proporcionalidade, ms, é o “Coeficiente de Manutenção”.

Em tal situação a velocidade total de consumo de substrato por unidade de volume integra os dois
processos, e será então

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(10)

Com base nos dados directamente observáveis de [S] e X obtém-se um “coeficiente de rendimento
observável”, YX/Sobs, inferior ao coeficiente teórico YX/S, tal que:

(11)

A diferença entre YX/Sobse YX/S resulta exactamente deste substrato consumido para a manutenção

::: INÍCIO :::

3. METABOLISMO ENDÓGENO

Também a biomassa está sujeita a dois processos: o crescimento baseado no consumo de substrato e o
decaimento endógeno. Esse decaimento da massa celular é em cada instante proporcional à concentração
X de biomassa. A constante de proporcionalidade, kd, designa-se “constante de decaimento endógeno”

(12)

Considerações de ordem fisiológica indicam que dois factores independentes conduzem ao declínio da
massa celular: i) as células perdem massa devido a metabolismo endógeno, e ii) lise, ambos
caracterizados por constantes cinéticas, k e e kd0, respectivamente. A constante de decaimento endógeno é
então a soma destas duas constantes

(13)

A taxa líquida de produção de biomassa será assim

(14)

E a velocidade específica de crescimento resultante será

(15)

::: INÍCIO :::

4. CULTURA CONTÍNUA. O QUIMIOSTATO

Os processos contínuos permitem tirar maiores proveitos das designadas economias de escala. Neste tipo
de processos as células são cultivadas até que se atinja uma pré-determinada concentração de biomassa
nesse momento inicia-se o processo contínuo em que se alimenta o fermentador com caldo fresco e se
retira uma quantidade de meio a uma taxa igual de modo a conservar o volume constante. Há duas
estratégias diferentes geralmente usadas para cultivar microrganismos em processos contínuos em regime
estacionário: turbidostato e quimiostato. Em qualquer dos casos estamos perante reactores contínuos
perfeitamente agitados e o volume de suspensão no fermentador é constante.

No turbidostato os caudais de entrada e saída são iguais mas o caudal de entrada é ajustado de modo a
manter constante a densidade de células. No quimiostato o volume de suspensão celular é constante
mantendo iguais e constantes os caudais de entrada e saída: o tempo médio de permanência é constante e
atinge-se o estado estacionário por auto-ajuste da densidade celular ao caudal de entrada. O quimiostato é,
pois, um sistema auto-controlável enquanto o turbidostato (em que, pelo contrário, é o tempo médio de
permanência que se ajusta à concentração de biomassa) requer uma estratégia de controlo muito mais
complexa e não é, por isso, usado em escala comercial.

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Na figura esquemática seguinte estão representadas as variáveis necessárias à análise da teoria do


quimiostato: F é o caudal de alimentação igual ao caudal de saída, X e [S] são as concentrações de
biomassa e de substrato, respectivamente, sendo o índice “0” relativo à alimentação, V é o volume útil do
fermentador e rx é a velocidade de produção de biomassa por unidade de volume.

a) Balanço à biomassa

(16)

Dividindo por V, constante por definição de quimiostato, e considerando que rX=μX (equação 4), resulta

(17)

Nesta equação a “taxa de diluição”, D, é, por definição

(18)

que mais não é que o inverso do tempo médio de permanência da suspensão de biomassa no fermentador
em regime estacionário:

(19)

Da observação atenta da equação 17 pode concluir-se que

i) se , então e a concentração X de biomassa aumenta até se atingir um novo estado


estacionário com uma maior densidade celular.

ii) se , então e a concentração X de biomassa diminui até se atingir um novo estado


estacionário com uma menor densidade celular.

iii) se , então e a concentração X de biomassa mantém-se constante e o regime é


estacionário.

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Supondo válido o modelo cinético de Monod e que k d « μ, resulta então que em regime estacionário (

):

(20A)

ou

(20B)

e se a alimentação for estéril (X0 = 0) ter-se-á

(21)

isto é,

(22)

Conclui-se, pois, que a taxa específica de crescimento e, consequentemente, a concentração X de


biomassa podem ser controladas por ajuste da taxa de diluição.

b) Balanço ao substrato

(23)

de onde se conclui que

i) se μ>D, então e a concentração [S] de substrato diminui até se atingir um novo estado
estacionário com uma menor concentração [S].

ii) se μ<D, então e a concentração [S] de substrato aumenta até se atingir um novo
estado estacionário com uma maior concentração [S].

iii) se μ=D, então e a concentração [S] de substrato aumenta mantém-se constante e o


regime mantém-se estacionário.

Supondo novamente válido o modelo cinético de Monod resulta então que em regime estacionário (

):

(24A)

ou, equivalentemente,

(24B)

que também implica que μ=D

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Resolvendo o sistema de equações de balanço, com X0 = 0, e sendo [S]0 e D constantes, obtém-se as


concentrações de biomassa e de substrato no estado estacionário

(2

(26)

A concentração de biomassa no estado estacionério depende, pois, da concentração do substrato na


alimentação e da taxa de diluição.

Representando graficamente estas funções tem-se a Figura 2 seguinte:

Figura 2: Produtividade e Concentrações da biomassa e do substrato em estado estacionário em função da


taxa de diluição

Estas equações evidenciam, como também a Figura 2 mostra, que quando D → 0 se atinge o valor máximo
de concentração de biomassa, Xmax, enquanto a concentração de substrato tem o seu valor mínimo, isto é,
[S] → 0. Esta é uma situação que se aproxima do estádio final da cultura descontínua.

Para maiores valores de D as concentrações de biomassa e de substrato ajustam-se de acordo com as


equações 25 e 26 que também evidenciam que D não pode ser superior a mmax. D atinge um valor crítico,
Dc=mmax tal que, se for ultrapassado, a biomassa acaba sendo totalmente removida do fermentador,
fenómeno que se designa vulgarmente por “wash-out”.

c) Produtividade

Para tirar maior partido dos investimentos que se fazem o fermentador deve operar em condições que
maximizem a sua produtividade. No caso da produção de biomassa define-se produtividade pela relação

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(27)

O valor da taxa de diluição (a que corresponde um caudal de alimentação) que maximiza a produtividade
obtém-se derivando a equação 27 em ordem a D, e esse valor é

(28)

A correspondente concentração de biomassa é XPmax

(29)

O valor da produtividade máxima é então (Figura 2)

(30)

Exercício:

Neste desenvolvimento da teoria do quimiostato não se considerou nem o efeito do consumo de substrato
para manutenção nem o metabolismo endógeno. Refaça esta análise considerando ambos os efeitos.
Compare depois os seus resultados com os do simulador.

::: INÍCIO :::

5. AGITAÇÃO E MISTURA

Na análise feita da teoria do quimiostato formulou-se a condição de mistura perfeita. Essa condição implica
a inserção agitadores no fermentador com funções diversas:

1. promover a mistura de constituintes do meio de cultura reduzindo ou eliminando gradientes de


concentração e de temperatura, assim tornando o meio mais homogéneo;

2. manter os sólidos, em particular a biomassa, em suspensão;

3. promover uma melhor transferência de massa gás-líquido, desintegrando as bolhas de ar e aumentando


a área interfacial.

O conceito de mistura perfeita, ainda que fácil de concretizar em pequenos fermentadores laboratoriais,
não é realizável em equipamento de escala comercial. Na Figura 3 está esquematizada a configuração
standard de um reactor de mistura onde as dimensões dos órgãos internos estão relacionadas com a
dimensão característica, DT, do reactor.

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Figura 3: Características geométricas standard de um fermentador

A qualidade de mistura depende das características dos fluidos, do tipo e do modo de operação do agitador
e da energia que é introduzida.

::: INÍCIO :::

5.1 TIPOS DE AGITADORES

A intensidade de agitação depende grandemente do tipo de agitador usado que deverá ser seleccionado
em função da natureza do meio a agitar e da intensidade da mistura a impor.

Os agitadores podem dividir-se em duas classes: os de escoamento axial e os de escoamento radial. Os


principais agitadores são do tipo hélice marinha (propellers), lâminas (“paddles”) verticais ou inclinadas e,
sobretudo em fermentadores, turbinas de pás, e cada um deles ainda acomodam diversas variações e sub-
tipos. Os agitadores do tipo propeller são de escoamento axial, usados para agitar meios de baixa
viscosidade, rodam a velocidades elevadas e são também de menores dimensões (geralmente < 50 cm).
As paddles rodam a velocidades baixas ou moderadas (20-150 rpm) e o seu diâmetro é da ordem de 50-80
% do diâmetro do tanque de mistura., o escoamento é radial, se as lâminas forem verticais, ou axiais, se as
lâminas forem inclinadas. Mas a maior parte dos agitadores para caldos de fermentação são do tipo turbina
de Rushton com 6 pás.

Figura 4: Principais tipos de agitadores para fluidos de baixa ou média viscosidade: (a) propeller; (b)
paddle; (c) turbina de Rushton de 6 pás montadas

::: INÍCIO :::

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5.2 CHICANAS

As chicanas são usadas para evitar a formação de vórtices na agitação de líquidos de viscosidade
reduzida, como o são os caldos de fermentação, quando o agitador está montado co-axialmente no
fermentador. Em geral as chicanas, com uma largura igual a 1/10 do diâmetro do fermentador, são em
número de quatro montadas verticalmente duas a duas em posição oposta junto à parede do fermentador;
em muitos casos há um pequeno espaço entre a chicana e a parede.

A importância das chicanas advém da introdução de turbulência no líquido: o movimento do líquido sob a
acção do agitador na ausência de chicanas mover-se-ia segundo linhas de corrente circulares em torno do
eixo de agitação Figura 5 (a) e o grau de mistura entre diferentes camadas de líquido seria reduzido e
formar-se-ia um vórtice forçado que introduziria ar no líquido e reduziria a potência transmitida ao líquido.
Ao introduzir as chicanas as linhas de corrente são interrompidas, gera-se intensa turbulência e os vórtices
e remoinhos são destruídos Figura 5 (b).

Figura 5: Perfis de escoamento num vaso (a) sem chicanas e (b) com chicanas com agitador montado co-
axialmente.

::: INÍCIO :::

5.3 MECANISMOS DE MISTURA

O processo de mistura implica necessariamente o transporte dos componentes a misturar de modo


a interpenetrarem-se, permutando material entre diferentes posições. Os processos físicos envolvidos
nesse processo de mistura são:

1. convecção (distribuição)

2. turbulência (dispersão)

3. difusão

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As pás do agitador induzem um movimento circulatório, convectivo, no fluido (figura 5 (b)) que se distribui
entre os dois grandes circuitos de convecção (loops), acima e abaixo das pás. Os diferentes componentes
da mistura, dispersos em pequenos volumes na zona das pás, são levados e distribuem-se, assim, por todo
o volume do vaso de mistura (fermentador). Este transporte convectivo, rápido em pequenos fermentadores
laboratoriais, pode ser muito lento em fermentadores industriais de grandes dimensões. O resultado é uma
uniformidade macroscópica mas ao nível molecular a mistura permanece altamente segregada.

Devido à elevada turbulência na zona das pás, movimento do fluido não se faz segundo linhas de corrente
mas é aleatório, com direcções cruzadas. A sua energia cinética é concentrada em regiões de escoamento
rotacional (eddies) de diversos tamanhos que co-existem dinamicamente, com os eddies de maiores
dimensões a formarem-se na zona do agitador mas simultaneamente a quebrarem-se em eddies mais
pequenos mas de maior energia cinética, e cada vez mais pequenos até não mais sustentarem movimento
rotacional e a sua energia ser dissipada sob a forma de calor. O tamanho dos eddies mais pequenos é
caracterizado por uma dimensão característica, o comprimento de Kolmogorov, também designado escala
de mistura de Kolmogorov ou escala de turbulência, l. Sendo n a viscosidade cinemática e e (=P/rV)a taxa
local de dissipação de energia por unidade de massa de fluido (igual, regime estacionário, à potência por
unidade de massa transmitida pelo agitador ao fluido), então

Dentro destes eddies a mistura ocorre por difusão, um mecanismo geralmente lento mas que, em virtude
das pequenas distâncias de difusão, será ainda assim bastante rápido e conduz então a uma maior
uniformidade molecular.

::: INÍCIO :::

5.4 CARACTERIZAÇÃO DA MISTURA

Ao misturar os componentes de uma mistura, completamente segregados no início, o processo evolui para
a homogeneidade passando por estádios de uniformidade crescente. Ao longo do tempo o volume mínimo
de amostra com um grau de uniformidade representativo do todo o volume vai sendo cada vez menor e é
uma medida da “escala de mistura”.

A caracterização da extensão de mistura depende, pois, da escala considerada e, embora na macro escala
a mistura possa ser homogénea na micro-escala pode haver significativas heterogeneidades. Na escala
considerada ter uma “mistura completa” significa que a probabilidade de um dado elemento ser detectado
com a mesma concentração é a mesma qualquer que seja a posição considerada. A escala de avaliação a
fazer depende naturalmente do processo e da aplicação em causa, mas para cada situação a questão da
detecção põe restrições no que respeita às dimensões do detector (sensor): a escala de mistura deverá ser
da ordem de 10% da dimensão característica do sensor.

A qualidade ou extensão da mistura pode ser caracterizada por dois parâmetros: a intensidade de mistura e
o tempo de mistura. O estudo é feito normalmente recorrendo a técnicas de injecção de pulsos de um
material que introduza uma propriedade facilmente mensurável (pH, condutividade eléctrica, densidade
óptica, índice de refracção, radioactividade) numa ou em várias posições ao longo do tempo.

i) intensidade de mistura

O grau de mistura (ou complementarmente o grau de segregação) pode ser avaliado pela “intensidade de
mistura” que mede o desvio em relação à mistura completa ideal na escala de mistura considerada, e pode
ser quantificada pela expressão seguinte,

(31)

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onde C∞ é a concentração do material de análise injectado no ponto de análise ao fim de um tempo


prolongado, e a mistura considera-se completa quando ao fim de um tempo mais curto o valor medido se
encontra num intervalo de ±0.5 DC em torno do valor C∞ de equilíbrio (Figura 6a).

ii) tempo de mistura

A selecção do agitador mais apropriado para uma dada aplicação, para numa “escala de mistura” definida
atingir uma pré-estabelecida “intensidade de mistura”, requer também o conhecimento do “tempo de
mistura”, isto é, de quão rápido é o processo de mistura até se atingir o grau de homogeneidade requerido.
Recorrendo então à técnica de injecção de traços, o sensor da propriedade do material injectado colocado
no ponto mais apropriado vai dar um sinal do tipo do da figura 6.

Os dados de concentração deverão ser normalizados, entre um valor inicial zero medido antes da adição
do pulso a medir e um valor final estável medido no final do teste (tipicamente este valor final é registado ao
fim de 30 segundos após a adição do traço), de modo a eliminar os efeitos dos diferentes ganhos dos
sensores. A normalização obtém-se pela equação

(32)

que quantifica o grau de mistura ou uma outra forma de definir a intensidade de mistura.

O tempo de mistura é então definido como sendo o tempo necessário para que a resposta normalizada do
sensor se situe dentro de intervalo de ±5% do valor de equilíbrio final (Figura 7). Teremos nesse caso um
valor particular de C’ conforme a equação 33.

Figura 6a: Representação esquemática da relação da intensidade de mistura e do tempo de mistura em


resposta a um pulso de ácido

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Figura 6b: Tipo de resposta de um sensor a um pulso injectado num Reactor contínuo com agitação
mecânica

Figura 7: Respostas normalizadas de 3 sensores de condutividade.

(33)

O tempo de mistura correspondente designa-se “tempo de 95% de mistura”, tM,95, e é o que geralmente se
designa tempo de mistura tM. Pode estabelecer-se critérios mais exigente de qualidade de mistura e então
para um qualquer grau de uniformidade, n, o tempo de mistura respectivo será tM,n tal que

(34)

Na Figura 6 o espaço de tempo tC que medeia entre duas passagens do material do pulso pelo mesmo
ponto onde se situa o sensor, designa-se “tempo de circulação” e está relacionado com o tempo de mistura

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tM. Em geral, . Num processo de mistura líquido-líquido num reactor de configuração standard equipado
com uma turbina Rushton com 6 pás essa relação é, para regime turbulento,

(35)

O tempo de mistura não é, porém, um valor de significado único e pressupõe a definição de uma escala de
medida e de uma intensidade de mistura. O tempo de mistura será, pois, função da energia usada para
agitar e misturar, e, portanto, do volume de líquido a agitar, das propriedades do líquido, e das
características do agitador. Assim,

(36)

e pode ser correlacionado com o Número de Reynolds baseado no agitador, Re I, como se mostra na figura
8, sendo

(37)

(38)

θM=tMNI é o tempo de mistura adimensional, que é constante em regime turbulento (Re I>104), mas que
aumenta com a diminuição de ReI. NI é a velocidade de rotação do agitador, DI é o diâmetro do agitador
e m é a viscosidade do fluido.

Figura 8: Tempo de mistura adimensional em função do Número de Reynolds baseado no impulsor: 1.


turbina Rushton e chicanas; 2. hélice com chicanas; 3. agitador âncora; 4. agitador helicoidal.

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Uma relação de tM,95 com a potência de agitação em regime turbulento, com um desvio padrão de ±10%, é

(39)

sendo DI e DT os diâmetros do agitador e do vaso, respectivamente, NI é a velocidade de rotação do


agitador e NP é o “Número de Potência”.

(40)

P0 é a potência transmitida pelo agitador ao fluido.

Em sistemas com arejamento o tempo de mistura e o tem de circulação aumentam relativamente a


sistemas sem arejamento.

::: INÍCIO :::

5.5 VELOCIDADE MÍNIMA DE ROTAÇÃO

Em suspensões de partículas (as células e os flocos de células são partículas) há velocidade mínima do
agitador que introduz a energia necessária para não deixar as partículas sedimentar. A equação
de Zwietering pode ser usada para estimar essa velocidade mínima

(41)

onde S é uma constante que depende da geometria do sistema e toma geralmente um valor entre 5 e 10; n
é a viscosidade cinemática; dp e rL são o diâmetro e a massa específica da partícula (célula ou floco) e X é
a concentração mássica da partícula.

5.6 Potência de agitação sem arejamento

A agitação de um fluido Newtoniano, sem arejamento, requer o fornecimento de energia a uma taxa que,
entre outros factores, depende da velocidade de rotação e da dimensão do agitador e das propriedades do
fluido.

(42)

Recorrendo à análise dimensional, obtém-se

(43)

onde ReI é o Número de Reynolds e Fr é o Número de Froude.

Se outras variáveis fossem introduzidas na análise ter-se-ia uma expressão com muitos mais factores mas
que em sistemas com semelhança geométrica se manteriam constantes e seria absorvidos pela constante
K:

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Introduzindo chicanas no sistema o expoente do Número de Froude é m = 0 e então

(44

1. regime turbulento (ReI > 104): n=0

2. regime laminar (ReI < 20): n = -1

Esta relação está graficamente representada na figura 9 para diferentes tipos de agitadores.

Figura 9: Relação entre o Número de Potência e o Número de Reynolds para diferentes tipos de
agitadores

Considerando o que são NP e ReI tem-se que

1. Regime laminar P0=KμNI2DI3

2. Regime turbulento P0=KρNI3DI5

e, portanto, i) em regime laminar a potência absorvida pelo fluido depende da viscosidade do fluido mas
não da sua massa específica, enquanto ii) em regime turbulento a potência transmitida ao fluido depende
da massa específica do fluido mas não da sua viscosidade.

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Em reactores de fermentação com configuração standard equipados com um turbina Rushton com
6 pás e com chicanas anti-vórtices o número de potência em regime turbulento (ReI > 5x103) será
constante, NP= 5, e então

(45)

Em sistemas com vários andares o número de potência será proporcional ao número de andares.

5.7 Potência de agitação com arejamento

Quando em sistemas de cultivo aeróbio se introduz ar no sistema a potência consumida será menor não
apenas porque a massa específica do sistema bifásico resultante é menor mas também, e sobretudo, por
via da redução da resistência hidrodinâmica que as bolhas nas pás do agitador e a consequente redução
da razão Pg/P0 de 1.0 para ~0.4 quando o “número de arejamento”, Na, varia de 0.035 até 0.05
correspondente a um aumento do caudal de ar, Qar.

(46)

onde Na é o “Número de arejamento” ou “Número de escoamento”.

(47)

Várias correlações têm sido propostas para estimar a razão Pg/P0 em função de Na como a
equação de Michel e Miller

(48)

A razão Pg/P0 varia com o tipo de agitador, a escala do fermentador e a geometria do agitador e
sistema de borbulhamento de ar.

6. Transferência de Massa

Em fermentações aeróbias a transferência de massa gás-líquido para oxigenação dos caldos processa-se
vencendo várias resistências em série quando o oxigénio tem de se transferir das bolhas de ar até aos
microrganismos. Contudo, o filme líquido em torno da bolha tem sido considerado como a principal e
limitante resistência; por outro lado, resistências como as de interfaces não são fáceis de determinar de tal
modo que todas as resistências são englobadas numa única global e assim o fluxo de oxigénio (OTR) é

(49)

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onde C* é a concentração de oxigénio na interface ar-líquido (aproximadamente a solubilidade do oxigénio),


C é a concentração de oxigénio no todo do líquido, KL é o coeficiente global de transferência de massa e
“a” é a área interfacial específica.

Os valores de KL e de “a” poderão ser estimados através de correlações ou medidos separada ou


conjuntamente.

6.1 Determinação de KLa

A medição experimental de KLa pode ser feita por diferentes métodos

a) Método directo - balanço de massa global ao oxigénio

Por um balanço de massa ao oxigénio na fase gasosa tem-se

(50)

onde qO2,T é a quantidade de O2 transferida por unidade de tempo e unidade de volume de líquido à
temperatura T, QO2, i e QO2,0 são as quantidade de O2 que entram e saem, respectivamente, por unidade de
tempo no fermentador e VL é o volume de líquido. Considerando a equação de estado dos gases a
equação anterior pode ser re-escrita e, então,

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(51)

em que y, P e Q são a fracção molar de oxigénio no ar, a pressão total e o caudal de ar, respectivamente, e
os índices i e o referem-se à entrada e à saída do fermentador, respectivamente. R é a constante dos
gases perfeitos e T é a temperatura.

Das equações 49 e 51, e medindo C tira-se que

(52)

b) Desarejamento (Gassing-out) estático (estado não estacionário)

Na ausência de organismos respiratórios (sem consumo de oxigénio) extrai-se o oxigénio dissolvido no


líquido do fermentador injectando N2 acompanhando o evoluir da concentração do oxigénio com um sensor
polagrográfico. Quando essa concentração é suficientemente baixa, perto de 0% de saturação à
temperatura do líquido, pára-se a injecção de N2 e inicia-se o borbulhamento de ar monitorizando e
registando continuamente a evolução temporal da concentração de oxigénio. O aumento da concentração
de oxigénio é devido apenas ao processo de dissolução no líquido. Estes dados serão depois tratados de
acordo com os modelos seguintes.

O balanço de massa ao oxigénio num elemento de fluido traduz-se pela equação

(53)

de onde, por integração, se tem

(54A)

Introduzindo os valores experimentais de C ao longo do tempo nesta equação e representando-os


graficamente obtém-se uma recta cujo declive é o simétrico de KLa.

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Figura 10a: Determinação de KLa segundo a equação 73A

Ou, equivalentemente,

(54B)

com uma idêntica representação gráfica e o valor do declive é igual a –KLa.

Figura 10b: Determinação de KLa segundo a equação 73B

iii) Desarejamento (Gassing-out) dinâmico

Numa cultura de organismos respiratórios em actividade num meio de cultura a concentração de oxigénio
dissolvido resulta da quantidade que se transfere da corrente gasosa menos a que é consumida pelos
microrganismos.

Do ponto de vista de determinação experimental fecha-se a alimentação do ar no instante t0 e a


concentração de oxigénio diminui linearmente, a uma taxa constante, em resultado apenas do consumo
pelos microrganismos. Quando a concentração do oxigénio dissolvido é baixa (mas acima da concentração
crítica), no instante t1, abre-se de novo a alimentação do ar e a concentração de oxigénio aumenta a uma
taxa que dependo da transferência e do consumo pelos microrganismos (Figura 11).

O balanço de massa ao oxigénio dissolvido num elemento de fluido é, então,

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(55)

onde QO2 é a velocidade específica de consumo de oxigénio e X é a concentração de biomassa.

Figura 11: Representação esquemática da evolução temporal da concentração de oxigénio para


determinação de KLa pelo método de desarejamento (gassing-out) dinâmico.

No intervalo de tempo de t0 a t1 a taxa de consumo de oxigénio é

(56)

A partir do instante t1 a concentração de oxigénio obtém-se da equação 74 e, então

(57)

A representação gráfica de C em função de é ser uma recta com declive igual

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Figura 12: Determinação de KLa pelo método dinâmico (eq. 57)

Esta metodologia requer a determinação de declives na curva de C em função de t (Figura 11) o que pode
ser um desafio aliciante mas com indeterminações significativas.

Considerando, porém, que a escala de tempo da experiência é de várias ordens inferior à escala de tempo
da fermentação poder-se-á assumir um estado quasi-estacionário entre a transferência e o consumo de
oxigénio no momento da experiência, isto é, a concentração média, , de oxigénio dissolvido manter-se
quasi-estacionária.

(58)

Substituindo esta expressão na equação 55 resulta

(59)

Rearranjando esta equação, obtém-se

(60)

Integrando, resulta

(61)

Nota:

 Este é um método não invasivo e, portanto, adequado ao uso com microrganismos.

 É pressuposto que as bolhas não são retidas no interior do fermentador quando para a fase de
desarejamento se fecha o fornecimento de ar.

 É apropriado preencher o espaço livre do fermentador (headspace) com N2 a fim de desagregar o efeito
de arejamento de superfície.

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 O sensor de oxigénio dissolvido deve ser de resposta rápida.

 As concentrações críticas, Ccr, referidas, abaixo das quais se altera a fisiologia microbiana dependem do
microrganismo em causa, podendo tomar-se como referência os seguintes valores:

1. bactérias e leveduras 5-10 % da saturação

2. fungos 10-50 % da saturação

3. células vegetais 10-30 % da saturação

iv) Método do Sulfito

Este método é baseado na oxidação do sulfito a sulfato na presença de um catalisador de Cu 2+ ou


Co2+, de acordo com o esquema seguinte.

O consumo de oxigénio é muito rápido e a sua concentração é praticamente nula quando a concentração
do catalisador é da ordem de 10-3 M. Quantificando quimicamente a quantidade sulfito residual obtém-se,
por diferença em relação à quantidade original, a quantidade de oxigénio que reagiu e que é igual à
quantidade transferida da corrente de ar. Dividindo pelo tempo de durante o qual essa quantidade de
oxigénio foi consumida tem-se a quantidade R consumida por unidade de tempo e, daí, KLa = R/C*.

6.2 Correlações para estimativa de KLa

Um dos aspectos mais importantes a considerar nos processos de cultura de microrganismos é a


transferência de massa. Muitas correlações para estimar coeficientes de transferência de massa têm sido
propostas, porém, com largas margens de erro, até porque geralmente elas são dependentes da escala ou
específicas de processos.

As expressões conhecidas da literatura científica indicam que KLa está directamente dependente da
potência transmitida ao fluido e do caudal de ar alimentado ao fermentador, podendo, pois, escrever-se

(62)

onde us é a “velocidade superficial” do ar:

(63)

As expressões que têm sido propostas são meramente empíricas. No sistema água-ar em condições
de coalescência (soluções salinas, com força iónica elevada) das bolhas e com uma precisão de cerca de
30% pode usar-se a equação

(64)

enquanto que em condições de não-coalescência (soluções salinas), como normalmente acontece em


sistemas fermentativos se tem

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(65)

Na equação 62 a constante A é sensível e significativamente diminuída pelos anti-espumas químicos,


enquanto que os expoentes a e b variam com a escala de uma modo não específico, o que acarreta
problemas na utilização destas expressões em fase de escalamento de dados (scale-up).

7. Majoração de escala (scale-up)

A extrapolação de escala, seja no sentido da majoração (scale-up) seja no sentido da minoração


(scale-down) é um problema complexo devido aos múltiplos parâmetros envolvidos e que não permitem
obter soluções generalizadas. Assim, diferentes critérios podem ser adoptados, com base em abordagens
empíricas, mantendo como denominador comum a “semelhança geométrica” nas escalas consideradas:

 Igual taxa de dissipação de energia específica

 Igualdade de KLa

 Tempos de mistura constantes

 Igual shear

 Igual Número de Reynolds

 Combinação destes ou outros critérios

Contudo a manutenção de semelhança geométrica entre escalas diferentes tem como consequência a
dissemelhança cinemática nas diversas escalas.

7.1 Igual taxa de dissipação de energia específica (Pg/V)

Em geral o critério tem sido aplicado considerando os sistemas geometricamente semelhantes nas
duas escalas e negligenciando a energia introduzida nos sistemas pelo arejamento forçado (eventualmente
não negligenciável).

Considerando então uma escala pequena, representada pelo índice 1, e uma escala grande,
representada pelo índice 2, a semelhança geométrica implica que

Da equação 45 (P0=5ρNI3DI5) pode escrever-se

(66)

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Mantendo a mesma potência por unidade de volume na escala pequena (índice 1) e na escala grande
(índice 2), isto é, (Pg/V)1=(Pg/V)2 isso significa que e substituindo na equação tem-se

(67)

Significa isto que há uma dissemelhança no que respeita à velocidade de rotação do agitador, a
qual diminui com o aumento de escala.

As pás do agitador funcionam como uma bomba centrífuga e, considerando o número de


arejamento (equação 47) conclui-se que a capacidade de bombagem aumenta com a escala:

(68)

Contudo, a capacidade específica de bombagem, também chamada velocidade de arejamento,


diminui ao passar da pequena para a grande escala:

(69)

o que se traduz por uma deterioração da qualidade de mistura na grande escala e uma menor velocidade
de transferência de massa.

Um factor de grande importância do ponto de vista da fisiologia das células tem a ver com a
velocidade de corte, g, a que os microrganismos são sensíveis. A máxima velocidade de corte, gmax, tem
lugar na periferia das pás, onde o gradiente de velocidades também é maior. A velocidade linear na
periferia das pás, considerando a equação 67, é

(70)

que, assim, aumenta com a escala de onde gmax aumenta com escala. Porém, a velocidade de corte
média, ,

(71)

diminui com o aumento de escala, diminuindo também a intensidade de mistura e a velocidade de


transferência de massa.

O tempo de circulação é, por definição e pelas equações 39, 47 e 67,

(72)

de onde o tempo de mistura que também aumenta com a escala significando menor eficiência da agitação:

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(73)

Para que a eficiência de mistura se mantivesse teria que a potência específica de agitação ser maior na
grande escala.

Também a velocidade superficial se altera quando se muda de escala, aumentando com a escala:

(74)

Assim, se se mantiver o caudal por unidade de volume nas duas escalas, a velocidade superficial aumenta
mas uS só poderá aumentar até ao ponto de inundação das pás na escala de produção. Se, por outro lado
se pretende manter uS nas duas escalas então qualquer estudo em pequena escala (scale-down) deverá
ser conduzido a taxas de arejamento (Qar/V) maiores. Deve notar-se que embora (Qar/V) tenha um reduzido
efeito em KLa caudais elevados de ar podem causar problemas de espumas e de retenção de ar (hold-up)
no fermentador.

7.2 Igualdade de KLa

Se a velocidade de oxigenação for importante para a manutenção de níveis de oxigénio dissolvido então
um critério que poderá ser usado será o de manter o mesmo valor de KLa nas duas escalas em
consideração. Tendo em conta a relação tipo (equações 62 e 65) para a estimativa de KLa, na hipótese de
que os respectivos expoentes não variassem com a escala, e que a velocidade superficial aumenta com a
escala quando o número de arejamento é constante, então P0/V (ou Pg/V) necessário para manter uma
determinada velocidade de transferência de oxigénio diminui com o aumento de escala. Então, manter o
mesmo valor de P0/V (ou Pg/V) pode resultar num sobredimensionamento do motor de agitação a que se
adiciona a dificuldade prática de dispor de motores de alta potência para volumes de fermentação
elevados.

7.3 Igual Velocidade de Corte (Shear) máxima

Como ficou referido atrás, a velocidade linear da periferia das pás (tip speed) aumenta com a escala
(equação 70). O critério de manter a velocidade de corte máxima nas duas escalas poderá ser usado para
o scale-up de culturas de micélios, particularmente se não houver um suficiente conhecimento da relação
entre a intensidade de corte e da morfologia do micélio. Como regra prática poderá partir-se do princípio de
que ocorrerá danificação no micélio para velocidades periféricas superiores a cerca de 3 ms -1, mas factores
como a reologia do caldo podem alterar esse valor.

Para a manutenção de Ut no scale-up a potência específica será reduzida o que poderá afectar
adversamente a eficiência de arejamento. Um modo de atenuar esta deficiência seria a instalação de mais
agitadores de modo a permitir a manutenção de ambos Ut e de Pg/V. Para culturas de bactérias e leveduras
este critério é pouco útil.

7.4 Igual tempo de mistura, tM

Se a homogeneidade é importante na resposta da actividade microbiana então o tempo de mistura deve


ser mantido de modo a garantir a mesma qualidade de mistura na escala de produção como numa mais
pequena escala de teste.

Para fermentadores geometricamente semelhantes a operar em regime turbulento

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(75)

e então assumindo a igualdade de tempos de mistura, resulta

(76)

Se, adicionalmente, se Pg/V mantiver igual nas duas escalas (ver a equação 86), então

(77)

7.5 Igual Número de Reynolds, ReI

A manutenção do ReI nas duas escalas significa que

(78)

Este critério (assim como a manutenção de outros grupos adimensionais) não funciona em geral para
fermentadores, resultando em geral em parâmetros de equipamento e operatórios tecnicamente irrealistas.

7.6 Comparação dos diferentes critérios de escalamento

Cada um dos critérios referidos (e outros não considerados) baseia-se na manutenção de um ou mais
parâmetros ao transpor dados e conclusões de uma escala para outra. Porém, outras dissemelhanças são
criadas. A manutenção de P/V implica menor velocidade de rotação do agitador, maior velocidade periférica
das pás, maior caudal de ar por unidade de volume de liquido, maior tempo de mistura na majoração de
escala (scale-up); o valor de KLa também é maior, considerando o caudal de ar por unidade de volume
constante ou a velocidade superficial constante.

Este poderá ser um critério aplicável quando a oxigenação da cultura é um factor limitativo da eficiência de
fermentação. Os critérios de “shear” ou do tempo de mistura, porque implicam um significativo aumento de
Pg/V, são pouco realistas, originando heterogeneidades no oxigénio dissolvido e na concentração de
nutrientes e dificuldades no controlo do macroambiente. Como foi referido, também a manutenção de
ReI não é praticável em sistemas de fermentação.

Assim, sendo impossível manter idênticas todas as variáveis características do micro-ambiente deverá o
critério de majoração de escala basear-se na(s) propriedade(s) de transporte mais crítica para a eficiência
de fermentação.

Nas considerações feitas foi suposto sempre que o fluido (caldo) tinha comportamento Newtoniano. Se os
caldos são não-Newtonianos a análise é mais complexa. Também outros factores não foram considerados
como a facilidade ou dificuldade de extrair calor de fermentação e manter a temperatura nos valores
desejados: estes problemas aumentam com a escala e limitam o factor linear de majoração de escala. Por
outro lado, se o fermentador é também usado para esterilizar o caldo, as propriedades reológicas variam
com a temperatura e a potência dos motores de agitação também é diferente da que é necessária para a
mistura e oxigenação.

Metrologia Química

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Se observarmos o Sistema Internacional de Unidades – SI, veremos que a esmagadora maioria das
unidades de medir refere-se às grandezas físicas. O mesmo acontece com os padrões. Quase todos eles
servem para serem comparados com as grandezas físicas e, com isso, possibilitar que elas sejam
medidas. Estamos habituados a pensar nas medições das grandezas físicas como massa (peso), volume,
temperatura, comprimento, etc. como se elas fossem as únicas coisas a serem medidas. Existe, entretanto,
todo um universo de medições importantíssimas ao qual damos menos atenção. Falamos da Metrologia
Química.

A química, como todo mundo sabe, lida com os famosos elementos químicos e as suas múltiplas
interações, que acontecem ao nível molecular e atômico. O SI estabelece o mol como unidade de medir
quantidade de matéria, porém a dificuldade consiste em estabelecer padrões confiáveis para comparar as
grandezas químicas. Vamos dar um exemplo. O etilômetro (bafômetro) é usado, principalmente, para a
polícia saber se um dado motorista andou exagerando na bebida. O etilômetro detecta o teor de álcool
etílico presente no ar expelido pela pessoa que assopra o aparelho. Porém, para que a medição seja
segura o etilômetro precisa ser calibrado. Isso é feito utilizando-se uma mistura padrão de álcool e água
cuja concentração é conhecida com precisão. Padrões como esses são chamados, em química, de
Materiais de Referência. Um material de referência é uma substância homogênea que tem uma ou mais
propriedades bem estabelecidas para ser usado na calibração de um instrumento, na avaliação de um
método de medição ou na atribuição de valores a materiais. São muitos os materiais de referência exigidos
pela metrologia química, e para que se tenha uma medição precisa, esses materiais precisam ser
certificados, ou seja, preparados segundo normas técnicas reconhecidas por entidades normativas, como o
Inmetro, por exemplo.

Indústrias químicas de base, farmacêuticas, de alimentos, de mineração, entre muitas outras, utilizam
análises químicas e materiais de referência para determinar as quantidades de elementos ou compostos
químicos. O mesmo acontece com os laboratórios de análises clínicas ou empresas de saneamento. Ou
seja, a metrologia química é mesmo fundamental.

O termo metrologia vem do grego metron que significa medida, e logos que significa ciência. Segundo a
definição que consta no VIM 2012, metrologia é a ciência das medições e suas aplicações. A metrologia
engloba todos os aspectos teóricos e práticos da medição, qualquer que seja a incerteza de medição e o
campo de aplicação[1].z Medições e metrologia são essenciais a quase todos os aspectos dos
empreendimentos humanos, pois são utilizados em atividades que incluem o controle da produção, a
avaliação da qualidade do meio ambiente, da saúde e da segurança, e da qualidade de materiais, comida e
outros produtos para garantir práticas seguras de comércio e a proteção ao consumidor, só para citar
alguns exemplos.

A necessidade de medir as coisas é muito antiga e remete à origem das primeiras civilizações. Por um
longo período de tempo cada povo teve o seu próprio sistema de medidas, que era estabelecido a partir de
unidades arbitrárias e imprecisas como, por exemplo, as baseadas no corpo humano (palmo, pé, polegada,
braça, côvado, etc.), o que acabava criando muitos problemas para o comércio, porque as pessoas de uma
determinada região não estavam familiarizadas com o sistema de medidas das outras regiões.

Os processos modernos de produção são caracterizados pela montagem de sistemas e equipamentos com
peças e componentes comprados no mundo inteiro. Tal montagem só é possível se todos os agentes
envolvidos na cadeia de produção seguirem padrões rígidos, onde as grandezas e medições envolvidas
estiverem amparadas por um bom sistema metrológico, de modo a permitir condições de perfeita
aceitabilidade na montagem e encaixe de partes de produtos finais, independente de onde sejam
produzidas. Medições confiáveis em um país dependem de um sistema de metrologia nacional organizado
de tal modo que possa prover os meios para a transferência de seus valores para instrumentos de medição
comuns de acordo com procedimentos aceitos internacionalmente.

As medições estão presentes em quase todas as operações comerciais, desde o comércio em larga escala
(como o petróleo, o gás natural e a mineração) até a venda de produtos para o público em geral. Com isso,
a metrologia também é crucial para o comércio internacional porque fornece os meios técnicos necessários
para garantir que as transações comerciais sejam mais justas, transparentes e confiáveis. Para tanto, é
necessário a implementação de sistemas harmônicos de medição, que incluem a adoção do Sistema

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Internacional de Unidades (SI), instrumentos exatos de medição que seguem normas internacionais (por
exemplo, as recomendações da OIML) e métodos e procedimentos aprovados.

Por fim, outra expressão importante é a de ‘infraestrutura metrológica’, que é usada para as unidades
metrológicas de um país ou região referindo-se aos serviços de calibração e de verificação, seus institutos
e laboratórios de metrologia, e a organização e administração de seu sistema de metrologia.

Áreas da Metrologia

Basicamente, a Metrologia é dividida em três grandes áreas de atuação: científica, industrial e legal[2]:

 A Metrologia Científica trata, fundamentalmente, dos padrões de medição internacionais e nacionais,


dos instrumentos laboratoriais e das pesquisas e metodologias científicas relacionadas ao mais alto nível
de qualidade metrológica. A metrologia científica realiza as unidades de medida a partir da definição,
recorrendo à ciência (física e outras), bem como as constantes físicas fundamentais, desenvolvendo,
mantendo e conservando os padrões de referência. Atua no nível da mais alta exatidão e incerteza, sendo
independente de outras entidades em termos de rastreabilidade. A garantia dos valores obtidos assenta
fortemente em exercícios de comparação interlaboratorial com outros laboratórios primários. Exemplos: a)
a realização da Escala Internacional de Temperatura para a disseminação da grandeza temperatura
através dos mais variados tipos de termômetros empregados em laboratórios e indústrias; b) a realização
da unidade de resistência elétrica, o ohm, utilizando a constante de von Klitzing para exprimir o valor de um
padrão de resistência elétrica de referência em função do efeito Hall quântico, com uma incerteza relativa
de 10-7 em relação ao ohm, através do que se realiza a disseminação dos múltiplos e submúltiplos desta
grandeza no meio do seu orifício absurdo.

 A Metrologia Industrial abrange aos sistemas de medição responsáveis pelo controle dos processos
produtivos e pela garantia da qualidade e segurança dos produtos finais. A metrologia industrial atua no
âmbito das medições da produção e transformação de bens para a demonstração da qualidade metrológica
em organizações com sistemas de qualidade certificados. As medições na indústria viabilizam a
quantificação das grandezas determinantes à geração de um bem ou serviço, subsidiando com
informações o planejamento, a produção e o gerenciamento dos processos que o produzem. A metrologia
industrial baseia-se numa cadeia hierarquizada de padrões existentes em laboratórios e empresas, padrões
estes rastreáveis a padrões primários (internacionais ou nacionais). Exemplos: a) Medidas de comprimento
utilizando equipamentos a laser; b) Ensaios em produtos certificados, tais como brinquedos, extintores de
incêndio, fios e cabos elétricos, entre outros.

 A Metrologia Legal é parte da metrologia relacionada às atividades resultantes de exigências


obrigatórias, referentes às medições, unidades de medida, instrumentos e métodos de medição, que são
desenvolvidas por organismos competentes. Tem como objetivo principal proteger o consumidor tratando
das unidades de medida, métodos e instrumentos de medição, de acordo com as exigências técnicas e
legais obrigatórias. Com a supervisão do Governo, o controle metrológico estabelece adequada
transparência e confiança com base em ensaios imparciais. A exatidão dos instrumentos de medição
garante a credibilidade nos sistemas de medição utilizados nas transações comerciais e pelos sistemas
relacionados às áreas de saúde, segurança e meio ambiente. Exemplos: Elaboração de regulamentos,
aprovação de modelo e verificação de instrumentos de medição que serão utilizados em atividades
econômicas, ou que envolvam a saúde ou segurança das pessoas, como por exemplo: - Comércio:
balanças, pesos-padrão, hidrômetros, taxímetros, bombas medidoras de combustíveis; - Saúde:
termômetros clínicos, medidores de pressão sanguínea (esfigmomanômetros); - Segurança:
cronotacógrafos, medidores de velocidade de veículos, etilômetros; - Meio Ambiente: analisadores de
gases veiculares, opacímetros, módulos de inspeção veicular; - Efeito Fiscal: medidores de velocidade de
veículos, analisador de gases veiculares. Os instrumentos de medição sujeitos ao controle metrológico
apresentam selos que impedem seu uso indevido e etiqueta identificando a validade da última verificação
metrológica na forma “VERIFICADO”. A metrologia legal abrange ainda a verificação do conteúdo líquido
de produtos pré-medidos (embalados e medidos sem a presença do consumidor), como por exemplo:
produtos alimentícios vendidos nos supermercados, produtos de limpeza e higiene, etc.

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História e Filosofia das Ciências Naturais

Muitas questões fundamentais atualmente tratadas no âmbito das ciências da natureza (por exemplo, a
estrutura da matéria, os princípios do movimento, a origem do mundo e da vida) fizeram parte, séculos
atrás, do abrangente campo das investigações filosóficas. No entanto, a estreita relação da ciência com a
filosofia não se restringe às suas raízes históricas. Descobertas da ciência contemporânea podem se
mostrar relevantes para os debates filosóficos sobre o determinismo, o materialismo, a relação mente/corpo
etc. Por sua vez, é tarefa da filosofia refletir sobre os padrões de racionalidade científica, o valor cognitivo
das teorias, os esquemas de explicação, a evolução da ciência e outros problemas semelhantes.

Critérios empiristas de demarcação

Quais são as marcas características da ciência empírica? Que critérios distinguem a ciência de outras
formas de pensamento como a metafísica? Decerto, não é apenas na ciência que se resolvem problemas,
se realizam observações, se fazem previsões ou se explicam fenômenos. Nas realizações do senso
comum, encontramos invenções transformadoras (como a roda) e importantes descobertas (em agricultura,
por exemplo) que foram obtidas bem antes do advento da ciência ocidental.

Inicialmente, deve-se notar que não é o caso de se exigir que todos os conceitos científicos sejam definidos
com base apenas em dados dos sentidos ou operações experimentais, pois na ciência teórica se utilizam
termos (como “elétron”) que não admitem semelhante definição.[i]

Poder-se-ia deslocar a atenção dos termos (ou palavras) para os enunciados. Os enunciados concordam
ou não com a realidade: eles são verdadeiros ou falsos. Na concepção verificacionista, são tomados como
científicos os enunciados que podem, em princípio, ser verificadosexperimentalmente.[ii] No entanto, não é
possível, com base em relatos particulares de observação, verificar (mostrar que são verdadeiras) as
leis universais da ciência (como a lei de gravitação), visto que elas não se restringem a certas regiões do
espaço e do tempo.

O filósofo Karl Popper propôs a refutabilidade empírica como critério de demarcação. Não podemos
verificar uma lei universal, mas podemos falseá-la mediante um contraexemplo. Esse critério capta um
importante aspecto da ciência: as hipóteses científicas sempre estão abertas à crítica e à revisão, mesmo
depois de terem resistido a vários testes empíricos, pois nunca se terá certeza de que foram eliminadas
todas as fontes potenciais de erro. No entanto, a afirmação existencial “Há vida em outro planeta do
Universo”, tomada sem limitação no espaço e no tempo, é irrefutável pela experiência, embora em princípio
possa ser verificada.

Segundo David Hume, nas questões de fato, um homem sábio mantém crenças com intensidades
proporcionais ao apoio das evidências. Havendo evidências favoráveis e desfavoráveis, sua força não
superará a probabilidade. Entretanto, como notou Pierre Duhem, uma hipótese teórica sobre entidades
inobserváveis, considerada isoladamente, não é suscetível de controle pelas evidências empíricas. Com
exceção dos enunciados de observação, só podemos avaliar experimentalmente os enunciados científicos
quando tomados em conjunto.[iii]Daí a dificuldade de se aplicarem a enunciados isolados os critérios
empiristas de demarcação. De acordo com Willard Quine, nossas crenças estão inter-relacionadas e se
submetem em bloco ao tribunal da experiência. Nesse corpo teórico, não há uma fronteira nítida entre a
ciência natural e a metafísica especulativa. Alguns enunciados estão mais próximos da experiência
sensível e devem se ajustar a ela, enquanto outros se encontram mais no interior do sistema, tendo como
objetivo a simplicidade.

Etapas da investigação científica

O cientista lança mão das teorias disponíveis na tentativa de solucionar problemas. Em um procedimento
de ensaio e erro, as teorias que não se mostram eficazes são eliminadas e substituídas por outras
melhores, que por sua vez suscitam novos problemas não solucionados, e assim por diante. Segundo
Popper, para que a ciência avance é fundamental que seus erros sejam sistematicamente criticados e
corrigidos ao longo do tempo.

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De modo simples e esquemático[iv], os passos de uma investigação científica são geralmente descritos do
seguinte modo:

1. identificação do problema que dá início à investigação;

2. proposta de alguma teoria provisória como tentativa de responder ao problema. Nesse sentido, a
investigação sempre parte de alguma teorização anterior;

3. compilação de novos dados considerados relevantes à luz dessa teoria provisória;

4. formulação de uma teoria mais satisfatória que dá conta do conjunto de dados antigos e novos;

5. dedução de novas conclusões dessa teoria, submetendo-as depois a teste experimental.

Em seguida, o cientista poderá em diversas situações encontrar aplicações práticas desse conhecimento
teórico. Ao controlar a natureza, ele será capaz de produzir tanto medicamentos altamente eficazes como
armas de destruição em massa.[v]

Explicação científica[vi]

Uma das principais tarefas da ciência é explicar, com base nas leis científicas conhecidas, uma grande
variedade de fatos e regularidades da natureza. Muitas vezes, essa explicação consiste em uma resposta à
questão “por quê?”. Um cientista não apenas observa e descreve o movimento das marés; ele almeja
explicar satisfatoriamente por que elas se movimentam desse modo. Para tanto, ele geralmente parte de
(1) hipóteses científicas que têm forma de lei e estão bem confirmadas, e de (2) relatos das condições
iniciais do problema, buscando em sua argumentação mostrar que a descrição do fenômeno a ser
explicado pode ser logicamente deduzida dessas premissas. Além desse modelo hipotético-dedutivo de
explicação, há outros mais complexos, que requerem, por exemplo, inferência indutiva a partir de leis
estatísticas.

Quanto ao tipo de compreensão proporcionada pelas explicações científicas, Wesley Salmon distingue
duas grandes tendências. De um lado, a tradição causal-mecânica considera que a explicação se dá
mediante a identificação das causas ou a descoberta dos mecanismos subjacentes pelos quais a natureza
opera e que resultam nos fenômenos que tencionamos compreender. É o caso, por exemplo, quando se
explica que a tuberculose é transmitida por pequenas gotas de saliva, expelidas ao falar, espirrar ou tossir,
que contêm o bacilo de Koch.

De outro lado, entende-se como central para a explicação científica a unificação alcançada quando
situações aparentemente diversas são sistematizadas e subsumidas sob um pequeno número de princípios
independentes. Foi o que sucedeu, por exemplo, com a unificação das teorias da eletricidade e do
magnetismo no século 19. Importa, no caso, o caráter global da explicação. No limite, seriam buscados
princípios que não podem ser explicados por outros mais fundamentais.

Além disso, a explicação tem também uma dimensão pragmática, que a torna dependente do contexto e
dos interesses envolvidos. Uma pergunta simples como “Por que ocorreu tal acidente de automóvel?”
admite várias respostas. Podemos tomar como fator proeminente o estado do motorista, a condição do
veículo, a conservação da pista ou o clima, por exemplo. E não há uma fórmula geral que permita distinguir
a melhor resposta. Uma resposta só se destaca como "reveladora” contra o pano de fundo de nossas
habilidades, crenças e hábitos.

Em algumas situações, podemos explicar a ocorrência de um evento (por exemplo, um eclipse solar) e,
seguindo a mesma argumentação, fazer sua previsão. Mas nem sempre isso acontece. As tábuas de
marés permitem realizar previsões precisas, embora não expliquem tal fenômeno. A teoria da seleção
natural de Darwin explica a evolução das espécies, mas é limitada em seu poder de previsão.

Método e racionalidade científica

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São vários os objetivos da ciência, tanto cognitivos como práticos. Na busca desses objetivos, o cientista
deve ser guiado por métodos que sejam eficazes. Isso não quer dizer que a aplicação do método conduza
mecanicamente ao resultado desejado. A investigação científica exige engenho e criatividade na
construção de teorias e experimentos. Vencida essa etapa, caberá ao cientista comparar e avaliar os
resultados alcançados, muitas vezes conflitantes entre si. Nesse contexto, ele julgará quais são as
melhores opções, tendo em vista valores cognitivos como, por exemplo, a força empírica das teorias. A
esse respeito, deverá escolher teorias que resistiram aos testes mais severos e rigorosos, em vez de
tentar, a todo custo, salvar teorias mediante táticas evasivas e estratagemas que as tornam imunes à
crítica. Outros valores cognitivos podem ser levados em conta na escolha científica: a simplicidade, a
consistência (interna e com outras teorias estabelecidas), a precisão, a abrangência, a capacidade de
resolver problemas, o poder explicativo e preditivo etc.

A título de exemplo, merece destaque a clássica controvérsia entre os indutivistas e os defensores do


método das hipóteses. De um lado, entende-se que as proposições universais (como as leis científicas) são
inferidas e estabelecidas mediante generalização indutiva a partir de enunciados que descrevem várias
experiências particulares, garantindo-se assim a base empírica do conhecimento.[vii] Seria um erro,
segundo Newton, tentar fugir do argumento da indução por meio de hipóteses que possamos imaginar.

De outo lado, Descartes sustentou que nada nos impede de seguir suposições (hipóteses) quando, “sem
em nada diminuir a verdade das coisas, elas unicamente tornam tudo muito mais claro” (Regras, XII).
Hipóteses sobre corpúsculos invisíveis não podem ser diretamente averiguadas pela experiência, mas
podem ser avaliadas levando em conta sua contribuição nas teorias de que participam. Com tais hipóteses
se torna possível, por exemplo, dar explicações e fazer previsões sobre fenômenos ópticos como a
refração.[viii] Não há garantia de êxito ou eficácia do método indutivo nem do método das hipóteses, mas
ambos permitem a autocorreção e o avanço da ciência. Com esses métodos, somos capazes de selecionar
as melhores teorias ou hipóteses mesmo em um cenário de incerteza e falibilidade.[ix]

Contudo, a racionalidade científica não se restringe a casos de escolhas baseadas em evidências. Os


cientistas interagem com a natureza e também com outros cientistas, com os quais estabelecem
compromissos profissionais de várias espécies. Por exemplo, embora não se submetam cegamente a
nenhuma autoridade, os cientistas presumem inicialmente que seus pares sejam confiáveis. Esse recurso
ao testemunho se torna fundamental para que a pesquisa possa avançar coletivamente e chegar a
resultados que seriam inalcançáveis caso os cientistas trabalhassem sem cooperação. Contudo, essa
estratégia cognitiva requer uma avaliação de quais cientistas são mais dignos de crédito, quais são as
chances de cometerem erros, quando seria apropriado refazer o experimento por conta própria etc. E não
se pode negar que a competição também tenha seu papel construtivo na ciência. Em resposta a um novo
resultado sobre o qual não se tem muita clareza de que seja plausível, pode haver uma divisão dos
esforços cognitivos na comunidade, com grupos de cientistas seguindo diversas linhas de pesquisa,
distribuindo os riscos e aumentando as chances de êxito.

Progresso científico[x]

O progresso é uma das características mais notáveis do empreendimento científico. O trabalho intenso e
criador dos cientistas tem produzido importantes descobertas e invenções em diversos campos de
pesquisa. Mas em que consiste esse progresso? De que modo a ciência evolui historicamente, modificando
suas ideias e teorias?

Segundo a visão cumulativa da história da ciência, o desenvolvimento se dá por um contínuo acréscimo de


conhecimentos confiáveis e pela eliminação de erros e obstáculos. Entende-se que, mediante um processo
gradativo, os avanços sucessivos da ciência formam um estoque crescente de realizações bem-sucedidas,
ao mesmo tempo em que são afastados certos equívocos que dificultavam tal crescimento. Desse ponto de
vista, quando uma teoria científica é substituída por outra melhor em seu domínio, ela ainda é considerada
aproximadamente verdadeira à luz da nova teoria proposta. Pelo menos algo de sua estrutura parece ser
preservado na mudança científica. Segundo Henri Poincaré, “não devemos comparar a marcha da ciência
com as transformações de uma cidade, onde edifícios envelhecidos são impiedosamente demolidos para
dar lugar a novas construções, mas sim com a evolução contínua das espécies zoológicas que se

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desenvolvem sem cessar e acabam por se tornar irreconhecíveis aos olhares comuns, mas onde um olho
experimentado reencontra sempre os vestígios do trabalho anterior dos séculos passados”.

A essa concepção tradicional opõe-se a proposta de Thomas Kuhn de que é possível distinguir duas fases
na história da ciência: 1) a ciência normal, ou seja, aquela em que uma tradição de pesquisa está
assentada em um firme consenso entre os cientistas sobre quais problemas são genuínos e quais soluções
são adequadas, e 2) a ciência extraordinária, ou seja, aquela em que (a partir de uma situação de crise) os
cientistas passam a divergir a respeito de seus compromissos profissionais básicos. Neste último caso, o
debate pode resultar em um consenso acerca de um novo paradigma científico, que representa um modo
radicalmente diferente de pensar e de praticar a ciência. Trata-se de uma revolução científica, de uma
profunda mudança da visão de mundo científica. Também cabe aqui uma analogia. Assim como a evolução
das espécies pela seleção natural não conduz a um fim último, também a evolução das ideias científicas
não é compreendida como a gradual aproximação de um ideal mais elevado. Por mais admirável e vasto
que seja, o progresso da ciência não se dirige a uma verdade objetiva.

Realismo e antirrealismo acerca da ciência[xi]

O mundo exterior, que em grande parte é independente de nosso pensamento e experiência, pode ser
conhecido (pelo menos de modo aproximado) pela ciência em seu gradativo desenvolvimento? Realistas
como Hilary Putnam respondem de modo afirmativo. Eles entendem que, na ciência madura, comumente
as teorias são aproximadamente verdadeiras e seus termos teóricos fazem referência a objetos reais.
Mediante os recursos da ciência, aprendemos cada vez mais sobre o mundo, inclusive sobre as partes
(inobserváveis) que de outro modo seriam inacessíveis a nós. Mas o que justifica a crença na realidade tal
como descrita pela ciência? O realista argumenta que se não admitirmos (1) a existência das entidades
inobserváveis postuladas pela ciência e (2) a verdade aproximada das leis científicas, não seremos
capazes de explicar o fantástico êxito da ciência em fazer previsões novas e surpreendentes sobre os
eventos empíricos, em “enfrentar anomalias de um modo criativo e fecundo”. Sem a suposição realista de
que as descrições científicas correspondem razoavelmente bem aos fatos do mundo, as notáveis virtudes
das atuais teorias científicas (sua novidade e fecundidade, por exemplo) e a convergência no processo
evolutivo da ciência seriam vistas como frutos de um milagre, de uma misteriosa “coincidência cósmica”.

Por sua vez, o instrumentalista se opõe ao realismo científico e sustenta que não é objetivo da ciência
representar corretamente o mundo exterior independente de nós. As leis teóricas são interpretadas como
instrumentos para guiar o pensamento e a ação dos cientistas, para antecipar o futuro de modo confiável.
Sendo instrumentos, elas não são literalmente verdadeiras ou falsas. Espera-se apenas que “salvem os
fenômenos”, que sejam fecundas, econômicas, eficazes etc. Desse modo, suspende-se a crença na
existência de entidades inobserváveis como os átomos, que são tidas como apenas ficções ou construtos
mentais simples e convenientes para o propósito de “manipular o fluxo da experiência”.

Outra importante concepção antirrealista da ciência é o relativismo cognitivo. Recorrendo muitas vezes à
história da ciência, afirma-se que os padrões do que conta como “boa ciência” se transformam com o
tempo e dependem do contexto considerado. Sua validade e autoridade dependem da prática estabelecida
no interior de uma comunidade científica. Desse modo, a justificação de uma crença se torna relativa a um
paradigma científico, não havendo uma visão que permita justificar de modo absoluto. Ao contrário da
concepção realista de ciência, “o mundo lá fora” não é tomado como um padrão objetivo ao qual as teorias
devem se conformar. Por exemplo, a afirmação de que a luz é um feixe de corpúsculos está bem
fundamentada em alguns sistemas científicos, mas não naqueles que a retratam como onda. Admitindo
que existam casos legítimos de desacordos racionais na ciência, alguns relativistas consideram que esses
desacordos são transitórios e não estão presentes durante os períodos de normalidade. Outros entendem
que são recorrentes e expressam exatamente a riqueza do saber científico.

Como se pode notar, são muitas as abordagens filosóficas da ciência e as argumentações envolvidas na
defesa ou crítica de cada uma delas. As imagens de ciência refletem as grandes conquistas científicas,
mas também as visões de mundo de sua época.

Educação Ambiental

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Educação ambiental é um processo de educação responsável por formar indivíduos preocupados com
os problemas ambientaise que busquem a conservação e preservação dos recursos naturais e
a sustentabilidade, considerando a temática de forma holística, ou seja, abordando os seus
aspectos econômicos, sociais, políticos, ecológicos e éticos. Dessa forma, ela não deve ser confundida
com ecologia, sendo, esta, apenas um dos inúmeros aspectos relacionados à questão ambiental. Portanto,
falar sobre Educação Ambiental é falar sobre educação acrescentando uma nova dimensão: a dimensão
ambiental, contextualizada e adaptada à realidade interdisciplinar, vinculada aos temas ambientais e
globais.

A educação ambiental tenta despertar, em todos, a consciência de que o ser humano é parte do
meio ambiente, tentando superar a visão antropocêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o
centro de tudo, esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante. Desde muito cedo na
história humana, para sobreviver em sociedade, todos os indivíduos precisavam conhecer seu ambiente. O
início da civilização coincidiu com o início do uso do fogo e de outros instrumentos para modificar o
ambiente. Com os avanços tecnológicos, esquecemos que nossa dependência da natureza
continua.[carece de fontes]

Os problemas causados pelo crescimento


populacional, urbanização, industrialização, desmatamento, erosão, poluição atmosférica, aquecimento
global, destruição da camada de ozônio, dentre outros, obrigaram o mundo a refletir sobre a necessidade
de impulsionar a educação ambiental. O cenário é muito preocupante e deve ser levado a sério, pois as
consequências vão atingir a todos, sem distinção.

Na Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, a comunidade internacional se reuniu para discutir a


preservação e melhoria do ambiente humano, destacando, na recomendação 96, a importância estratégica
da educação ambiental. A partir do documento gerado nessa conferência, esse tema foi incluído de forma
oficial nas discussões dos organismos internacionais.

Muitos países já possuem leis que regulamentam a educação ambiental. No Brasil, a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA) foi proposta em 27 de abril de 1999, pela Lei nº 9 795. Essa lei, em seu Art. 2°
afirma:

“ A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,


devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo
educativo, em caráter formal e não formal. ”

De acordo com os fundamentos da educação ambiental e da PNEA, a educação ambiental deve ser
abordada de forma interdisciplinar, abrangendo todas as áreas do conhecimento, não devendo se restringir
a uma disciplina específica no currículo. Apenas nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas
voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental é que é facultada a criação de disciplina
específica, se for necessário. Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN - sugerem que o tema "meio
ambiente" seja de cunho transversal.[1]

O conceito de Educação Ambiental varia de interpretações, de acordo com cada contexto, conforme a
influência e vivência de cada um.

Deve ocorrer como um processo pedagógico participativo permanente para incutir uma consciência crítica
sobre a problemática ambiental, estendendo à sociedade a capacidade de captar a gênese e a evolução de
problemas ambientais. Não deve ficar restrita a ações pontuais, apenas em datas comemorativas.

No Brasil, a educação ambiental assume uma perspectiva mais abrangente, não restringindo seu olhar à
proteção e uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando, fortemente, a proposta de construção
de sociedades sustentáveis.

É uma metodologia de análise que surge a partir do crescente interesse do ser humano em assuntos como
o ambiente devido às grandes catástrofes naturais que têm assolado o mundo nas últimas décadas.[2]

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“ A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa têm
a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os seres humanos
estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas
causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a
comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação
superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no
educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação. ”

“ A educação ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de


conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em
relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas
culturas e seus meios biofísicos. A educação ambiental também está relacionada com a prática
das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de vida. ”

“ Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a
coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências
voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. ”

Aquele que pratica a educação ambiental no âmbito de ensino é conhecido como "educador ambiental" e
não precisa, necessariamente, ser um professor. Por ser uma área interdisciplinar pode e deve estar
presente nos espaços formais e não formais. Qualquer indivíduo da sociedade pode se tornar um educador
ambiental desde que desenvolva um trabalho nessa área. Entre os profissionais que trabalham com
educação ambiental encontra-se o biólogo, como mostra a Resolução CFBio nº 227/2010, que dispõe
sobre a regulamentação das atividades profissionais e as áreas de atuação do biólogo, em meio ambiente
e biodiversidade.

A educação ambiental tem sido apontada com uma poderosa alternativas às leis e à fiscalização.[3]

História

A I Conferência das Nações Unidas para o meio ambiente e desenvolvimento (1972) marca um processo
de criação de profissionais e pessoas pelo mundo com uma visão voltada as discussões do meio ambiente
e seus afins, como sustentabilidade. A partir da Conferência de Estocolmo, a educação ambiental se
contextualiza.

Em 1975, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
promoveu, em Belgrado (Iugoslávia), o Encontro Internacional de Educação Ambiental, criando o Programa
Internacional de Educação Ambiental – PIEA, que apresenta um conjunto de princípios e diretrizes para o
desenvolvimento da área.

Logo em seguida, em 1977, aconteceu a Primeira Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental,


em Tbilisi (Rússia), organizada pela UNESCO com a colaboração do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente (PNUMA), que gerou um documento onde constam os objetivos, funções, estratégias,
características, princípios e recomendações da educação ambiental, que servem como base para a prática
dos educadores ambientais no mundo inteiro até os dias atuais.

Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu a Conferência sobre o Meio Ambiente e


Desenvolvimento (Rio-92) para avaliar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas desde a
Conferência de Estocolmo. De forma paralela a esse evento, ocorreu a 1ª Jornada Internacional de
Educação Ambiental, que gerou três documentos que são referência para a prática de educação
ambiental: Agenda 21, Carta Brasileira para a Educação Ambiental e o Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global.

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Em 2012, foi publicado, na III Conferência Brasileira de Gestão Ambiental, o estudo "Educação Ambiental
Virtual",[4] elaborado pelos gestores ambientais Cássio Bergamasco e Virgínia Lages. Tal estudo abordou a
aplicação da educação ambiental no ambiente virtual; evidenciou a viabilidade financeira de projetos
semelhantes; e demonstrou o alto nível de engajamento social em relação às temáticas ambientais
cotidianas.

Química nas Escolas

A dificuldade dos alunos em Química vêm sendo um dos temas que mais tem sido estudado nos dias
atuais, principalmente pela insatisfação dos professores em não se sentirem compreendidos pelos alunos.
É um estudo bastante abrangente e de muitas opiniões e controvérsias.

Observou-se que a dificuldade dos alunos no aprendizado de Química deve-se a aspectos econômicos e
sociais juntamente com uma defasagem de conteúdos básicos.

Melhorar o ensino de Química significa elevar o rendimento escolar dos alunos, devolvendo o lado
interpessoal entre eles frente ao êxito e qualificação escolar.

O tema sobre a dificuldade dos alunos em aprender Química tem sido especulado na esfera da educação
em todo o mundo, ao enfatizar esse construto, os quais vem sido reconhecido no Brasil nos mais variados
instrumentos e teorias, buscando solucionar esse problema. Atualmente o tema educação tem merecido
destaque, haja vista o seu insistente aparecimento na mídia, bem como, as diversas discussões que têm
gerado incômodos no que diz respeito ao problema do fracasso escolar, relações interpessoais e condutas
escolares socialmente indesejáveis.

Não é de hoje que se tem buscado respostas para o problema da dificuldade de aprendizagem dos alunos,
seja a partir da elaboração de métodos e teorias práticas pedagógicas, psicológicas ou psicopedagógicas,
as quais parecem ter semelhantes objetivos: formar e capacitar o aluno para alcançar um nível intelectual,
mas também, sócio-cultural mais qualificado. Apesar disto é possível acompanhar diariamente no
desenvolvimento sócio-educacional dos jovens um certo descaso de alguns deles quanto a formação e
assimilação do conhecimento e alfabetismo intelectual, científico e mais de uma atitude humana e pró-
social frente ao êxito acadêmico.

Tal fato parece ser esclarecido no estudo seguinte mediante observações, entrevistas e questionários
entregues aos alunos.

Durante o tempo de observação foi realizado um estudo qualitativo que era destinado a obter respostas
objetivas sobre o baixo desempenho dos alunos na aprendizagem das ciências exatas: Química mais
especificamente.

Em um primeiro momento os alunos foram observados e questionados sobre suas principais dificuldades
na escola e em suas próprias casas. Foram investigados o histórico cultural dos alunos e suas
peculiaridades. Neste instante um perfil primário de cada turma pôde ser diagnosticado mediante as
respostas dos alunos. Após, em outra oportunidade, foi montado um círculo de discussões onde todas as
perguntas do momento anterior, feitas individualmente, foram estendidas ao debate. A participação dos
alunos foi bastante motivada pela presença do professor responsável pela turma. Todos os dados
relevantes foram anotados e guardados.

A segunda etapa consistiu na visualização das dificuldades dos alunos durante as aulas ministradas pelo
estagiário a partir do tipo de comportamento dos alunos e a simplicidade de suas perguntas. Em seguida
listas de exercícios com o conteúdo das aulas ministradas foram entregues aos alunos e posteriormente
corrigidas. Todos os dados foram comunicados ao professor que contribuiu efetivamente para o estudo.

Os resultados obtidos foram extremamente satisfatórios e apontaram a realidade qualitativa dos alunos de
algumas turmas do Ensino Médio do CIEP 369 – Jornalista Sandro Moreyra com bastante significância.

A grande maioria dos alunos, cerca de 90%, têm um histórico cultural bastante ruim. Alguns nunca foram
ao teatro ou cinema. Estes preferem a televisão e rádio como meios de comunicação, detendo-se a assistir

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novelas e programas humorísticos. Os alunos esquivam-se de assistir programas jornalísticos e


documentários. Em média, metade dos alunos em estudo tem filhos, ou seja, destes, 95% têm renda
própria. Muitas vezes a renda é de apenas 1 (um) salário mínimo e não possuem carteira assinada. Cerca
de 70% dos alunos são de classe econômica baixa e precisam da alimentação fornecida pela instituição
(almoço, janta...). Os cadernos e materiais didáticos dos alunos são exclusivamente fornecidos pela
Secretaria Estadual de Educação, inclusive as pastas. Aproximadamente todos os alunos, cerca de 100%,
possuem grandes dificuldades em aprender Química, mesmo alguns gostando desta ciência e acreditando
que a educação é o único meio sustentável para o seu próprio desenvolvimento.

Na segunda etapa do estudo, mediante a aplicação da aula, os alunos mostraram-se totalmente motivados
e interessados pelos assuntos mencionados, porém as dificuldades eram muitas: alguns alunos pediram
para que o ritmo da aula fosse mais lento, reclamando das dificuldades intrínsicas da disciplina; outros
pediram para que os cálculos matemáticos fossem negligenciados. Ao receberem a lista de exercícios
muitos alunos tentaram resolvê-la no ato da entrega e algumas dúvidas foram esclarecidas. Após levarem
os exercícios para casa e ser esgotado o prazo de entrega, 100% doa alunos aproximadamente
entregaram a lista de exercícios para ser corrigida. Mediante a correção, a dificuldade foi confirmada pois
nenhum aluno acertou todos os exercícios da lista, já mencionada. Alguns, cerca de 30%, entregaram
grande parte dos exercícios em branco, os exercícios foram entregues aos alunos e os dados foram
discutidos com o professor orientador.

A grande dificuldade dos alunos nas ciências exatas, como mencionado em inúmeros documentos de
educação, pode ser considerada como reflexo do descaso de muitos professores do ensino Fundamental,
que em vários casos não priorizam a individualidade dos alunos em suas aulas. Um outro agravante é a
realidade econômica e social dos alunos, o que efetivamente não ajuda estes a terem motivação para
estudar.

No curso de Química é fundamental que o aluno conheça princípios matemáticos e das ciências naturais
possibilitando que o professor de Química faça apenas pequenas revisões nas aulas de conteúdos
passados. É inviável o professor ensinar Matemática nas aulas de Química, pois o tempo é bastante curto
e os conteúdos programáticos são extensos por demais.

Em hipótese alguma o aluno pode ser culpado por não conseguir aprender Química nem o professor por
não conseguir ensinar. Acho que a culpa é do sistema de ensino e da realidade social e econômica dos
alunos. Não existe nada fácil nem nada difícil, tudo depende do esforço de cada um que consiste
justamente em romper barreiras com os recursos intelectuais. Os recursos intelectuais existem, mas a
barreiras são muitas e na maioria dos casos intransponíveis. Cabe a todos nós tentarmos amenizar estes
esforços.

Devem-se haver investimentos maciços na educação e na melhora da qualidade de vida de muitos alunos
no Brasil, A escola deve ser para todos e a qualidade também. Por isso, deve ser instaurado um programa
de atualização continuada para professores que consiga atingir um grande número de docentes.

Um outro ponto essencial que deve ser destacado é a inclusão de experimentos nas aulas de Química,
sem que os conteúdos teóricos sejam negligenciados, o que motiva bastante o aluno para estudar esta
ciência.

Para o caso dos alunos já pertencentes ao sistema, as dificuldades devido à defasagem de conteúdos
podem ser supridas com aulas extras mediante a disponibilidade dos alunos, professores e escola.

Então, tornam-se necessárias várias pesquisas para que a dinâmica do sistema educacional seja
acompanhada e os problemas solucionados da melhor forma possível.

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