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Professora autora/conteudista:

ANA LUCIA GOMES DOS SANTOS


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pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.


SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Definição de ecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Princípios gerais da ecologia e níveis de organização ecológica . . . . . . . . . . . . . . 7

Energia nos ecossistemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11


Cadeias e teias alimentares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Níveis tróficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Influência dos fatores abióticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Ciclos biogeoquímicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Ciclo da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Ciclo do carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Ciclo do fósforo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Ciclo do nitrogênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Ecologia de populações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Dinâmica de populações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Flutuação de populações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Interações ecológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Diversidade e sucessão ecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

Biomas terrestres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Tundra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Taiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Floresta temperada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Floresta tropical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Savana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Pradaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Deserto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57


INTRODUÇÃO
Figura 1 – Ecologia

Fonte: Vasmila/ shutterstock.com

Esta aula tem como objetivo principal proporcionar que o aluno compreenda os fundamentos
básicos da ecologia. Para isso, apresentará os principais conceitos, oferecendo embasamento teórico
para que o aluno os apreenda e compreenda a estrutura e a dinâmica existente nos ecossistemas,
além de refletir sobre os efeitos das ações antrópicas no equilíbrio e na dinâmica destes.

Durante a disciplina, o aluno terá acesso aos seguintes conteúdos: conceitos ecológicos,
princípios gerais de ecologia, níveis de organização ecológica, energia nos ecossistemas, níveis
tróficos, cadeias e teias alimentares. Ciclos biogeoquímicos (água, carbono, fósforo e nitrogênio).
Ecologia e dinâmica de populações, padrões de dispersão e capacidade de suporte. Interação entre
as espécies, sucessão ecológica e principais biomas terrestres.

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Definição de ecologia
A palavra ecologia deriva das palavras gregas oikos, que significa “casa”, nosso meio ambiente
mais próximo, e logos, que significa “estudo”. Assim, ecologia seria o estudo dos organismos em
seu ambiente.

O biólogo alemão Ernst Haeckel, em 1869, definiu a palavra ecologia como o estudo do meio
ambiente natural e das inter-relações dos organismos entre si e com seus arredores. Dessa forma,
ecologia passou a significar a ciência que estuda como os organismos (animais e plantas) e os
micro-organismos interagem no mundo natural.

Figura 2 – Ernst Haeckel (1834-1919)

Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ErnstHaeckel.jpg

Com o rápido crescimento populacional e o desenvolvimento econômico, houve uma aceleração na


utilização de recursos naturais. Assim, a ecologia assumiu um papel importante para o entendimento
sobre o meio ambiente e o uso deles. A administração dos recursos bióticos de uma forma que
sustente uma razoável qualidade de vida humana depende da sábia aplicação de princípios ecológicos,
não meramente para resolver ou prevenir problemas ambientais, mas também para instruir nossos
pensamentos e práticas econômicas, políticas e sociais.

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Figura 3 – Estudos de Haeckel

Ilustração de Haeckel da floresta tropical do Ceilão, 1905. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/


File:Haeckel_19.jpg?uselang=pt-br e https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_21.jpg?uselang=pt-br.

A analogia de Haeckel da economia da natureza enfatiza que tudo na superfície da terra está
inter-relacionado, do mesmo modo que os empreendimentos humanos estão interligados e definidos
pelos princípios econômicos.

O mundo natural varia no tempo e no espaço, por isso é importante respeitar essa escala nos
estudos ambientais: a variação das marés, a sazonalidade do clima, a ciclicidade dia e noite etc.

Figura 4 – Estudos de Haeckel

Estudos de Haeckel de 1904 para alguns representantes dos grupos de anelídeos, cnidários, protozoários e briófitas.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_Chaetopoda-edit.jpg?uselang=pt-br, https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_Actiniae.jpg?uselang=pt-br, https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_
Discoidea.jpg?uselang=pt-br e https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_Muscinae.jpg?uselang=pt-br.

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Princípios gerais da ecologia e níveis de organização ecológica


De acordo com Begon, Townsed e Harper (2007), os níveis de interesse da ecologia são: o
organismo, que estuda como o ser individual é afetado pelo ambiente; a população, que estuda como
o conjunto de indivíduos da mesma espécie se organiza no ambiente; e a comunidade, composto
pelo estudo de como diferentes populações interagem com o ambiente.

É, então, um dos princípios gerais da ecologia os organismos como unidade fundamental


desse estudo. Os organismos modificam as condições do ambiente e a quantidade de recursos
disponíveis para os outros, contribuem para os fluxos de energia e para a reciclagem de materiais.
O seu sucesso como entidade ecológica depende do balanço positivo de energia e matéria que
sustentem sua manutenção, crescimento e reprodução.

Classificamos como espécie os indivíduos que possuem semelhança estrutural, funcional e


bioquímica (genética) e que acasalando entre si geram outros indivíduos férteis.

A especiação é o processo de divisão de uma espécie em duas ou mais reprodutivamente


incompatíveis. O surgimento de uma nova espécie pode ocorrer devido à separação por uma barreira
geográfica, por exemplo, em que a população que ficou isolada passará por uma especiação alopátrica,
determinando o surgimento de uma espécie diferente da primeira, devido ao isolamento. Também
ocorrer sem essa separação, quando, em uma mesma área, alguns indivíduos podem desenvolver
uma especiação simpátrica, ocasionando o surgimento de uma espécie diferenciada por meio de
um isolamento reprodutivo e não geográfico. Assim, quando as espécies ocorrem em uma mesma
região, são chamadas de simpátricas, e, quando ocorrem em regiões diferentes, ou são separadas
por barreiras geográficas, são chamadas de alopátricas.

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Figura 5 – Especiação alopátrica e simpátrica

Especiação alopátrica e simpátrica. Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/


thumb/b/b9/Speciation_modes_edit_pt.svg/2000px-Speciation_modes_edit_pt.svg.png.

As espécies podem ser classificadas em cinco tipos:

a) Espécie nativa corresponde àquela que vive e prospera em um ecossistema específico e


se encontra nesse meio.
b) Espécie exótica é a que migra para outro ecossistema ou é introduzida nele pelos seres
humanos de forma proposital ou acidental.
c) Espécie indicadora é aquela que atua como advertência inicial de que uma comunidade ou
um ecossistema está sendo degradado.

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d) Espécie-chave corresponde àquela com uma influência dominante na composição da


comunidade, a qual pode ser revelada quando é removida.
e) Espécie fundadora é a que desempenha um papel importante ao criar e aprimorar um
habitat que beneficia outras espécies.

Organismos da mesma espécie, vivendo em um mesmo ambiente, durante determinado período,


constituem uma população. As populações têm propriedades coletivas, tais como barreiras geográficas
e densidade, além de propriedades dinâmicas (respostas evolutivas às mudanças ambientais),
que não são exibidas por organismos de forma individual e sim no conjunto desses organismos
(RICKLEFS, 2003).

Populações de diferentes espécies vivendo no mesmo lugar durante determinado período


constituem uma comunidade (RICKLEFS, 2003). Dessa forma, chamamos de comunidade biológica
as associações de populações interatuantes, definidas pela natureza de suas interações ou pelo
lugar em que vivem.

O lugar onde um animal ou uma planta vive, muitas vezes caracterizado por uma forma vegetal
ou característica física dominante, é chamado de habitat. Os ecólogos identificam o habitat por
suas características físicas mais visíveis, frequentemente incluindo flora e fauna predominantes.

Todas as partes que interagem nos meios físicos, químicos e biológicos formam o ecossistema.
De acordo com Odum (2004), o ecossistema é uma unidade funcional básica da ecologia, visto que
agrega tanto as comunidades biológicas como o ambiente abiótico na qual estão inseridas, assim
como as relações existentes entre esses. O botânico inglês A. G. Tansley foi o primeiro a utilizar o
termo, em 1935.

Todos os ecossistemas estão ligados juntos em uma única biosfera, a qual inclui todos os meios
ambientes e organismos na superfície da Terra (RICKLEFS, 2003). A biodiversidade, ou diversidade
biológica, equivale à variedade de vida: fauna, flora e micro-organismos existentes na biosfera,
considerando tanto a riqueza (número de espécies) quanto a abundância dessas espécies.

Todos os sistemas ecológicos são governados por um pequeno conjunto de princípios gerais.
Entre os mais importantes, destacamos:

a) Sistemas ecológicos funcionam de acordo com as leis da termodinâmica (governam as


transformações físico-químicas nos sistemas biológicos).

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b) O meio ambiente físico exerce uma influência controladora na produtividade dos sistemas
ecológicos.
c) A estrutura e a dinâmica das comunidades ecológicas são reguladas pelos processos
populacionais.
d) Ao longo das gerações, os organismos respondem às mudanças no meio ambiente por
meio da evolução dentro das populações.

São chamadas de evolução biológica as mudanças nos atributos hereditários dos organismos
pela substituição dos genótipos numa população, ou seja, compreende as mudanças biológicas
em uma determinada população de organismos que ocorrem além do período de vida do indivíduo.
Assim, não é possível identificar uma evolução biológica ao longo da vida de um único indivíduo,
mas em uma população ao longo de gerações (PERONI; HERNANDÉZ, 2011).

A seleção natural é caracterizada pela mudança na frequência dos atributos genéticos de uma
população pela sobrevivência e pela reprodução diferencial de indivíduos portadores daqueles
atributos. Todos os sistemas ecológicos estão sujeitos à mudança evolutiva, a qual resulta do
diferencial de sobrevivência e reprodução. A contribuição que o indivíduo deixa para as gerações
futuras, incluindo o sucesso reprodutivo, o tamanho populacional e a taxa de sobrevivência, é
chamada de fitness (FIGUEIRÓ, 2013).

A adaptação é uma característica geneticamente determinada que aumenta a capacidade de


um indivíduo em lidar com seu meio ambiente, em um processo evolutivo, no qual os organismos
se tornam mais bem ajustados ao seu meio.

O nicho ecológico representa o papel ecológico e/ou funcional de uma espécie no ecossistema.
Corresponde a todos os componentes do ambiente com os quais um organismo ou população
interage, os muitos intervalos de variação das condições e das qualidades de recursos nos quais
o organismo ou a espécie convive, frequentemente concebido como um espaço multidimensional.

As comunidades passam pelo processo de sucessão ecológica ao longo da sua evolução.


O clímax, etapa final desse processo, corresponde a uma comunidade que atingiu um estado
estacionário sob um conjunto particular de condições ambientais, ou seja, quando ela atingiu o
seu amadurecimento e está em equilíbrio no seu habitat. As grandes forças físicas e químicas
agem como funções motrizes primárias; contudo, os organismos não se adaptam simplesmente
de forma passiva a elas, mas modificam, mudam e regulam ativamente o ambiente físico dentro

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de limites impostos pelas leis naturais que determinam a transformação de energia e a ciclagem
de materiais. A figura a seguir apresenta os níveis de organização em ecologia.

Figura 6 – Níveis de organização em ecologia

A biosfera compreende o conjunto de todos os ecossistemas. Estes são compostos pelo conjunto
de comunidades, que por sua vez são formadas pelo conjunto de populações, que correspondem ao
conjunto de indivíduos da mesma espécie existentes em um meio. Fonte: Figueiró (2013, p.7).

ENERGIA NOS ECOSSISTEMAS


Define-se energia como a capacidade de produção de trabalho. De acordo com a primeira lei da
termodinâmica, é possível transformar os tipos de energia, mas não criá-la ou destruí-la. Um exemplo
é a energia em forma de luz, que pode ser transformada em alimento, por meio da fotossíntese.

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SAIBA MAIS

Fotossíntese é um processo físico-químico realizado pelos organismos (plantas e fitoplâncton) para


produzir energia. Assim, eles produzem o seu próprio alimento, tornando-se produtores na cadeia
alimentar.

Nesse processo, o gás carbônico retirado da atmosfera e a água capturada pelas raízes, junto com
a luz solar, são transformados em energia para a planta, por meio da produção de glicose, nutrindo
o organismo e favorecendo o seu crescimento. Ao final desse processo, esses organismos ainda
liberam oxigênio.

Como apresentado na equação:


FIGURA 7 – Fotossíntese

Fonte: http://media.tumblr.com/tumblr_m064y78RzB1qdpz4x.jpg.

Cadeias e teias alimentares


Cadeia alimentar é a representação da passagem de energia em um sistema entre os diferentes
seres vivos. O produtor primário (plantas) fornece energia para o consumidor primário (herbívoro),
que serve de alimento para o consumidor secundário (carnívoro) e assim por diante, conforme
apresentado na figura 8.

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Figura 8 – Cadeia alimentar

Nas cadeias alimentares, as plantas ocupam o papel de produtores, e os animais desempenham


a função de consumidores. Podem ser consumidores primários, quando comem diretamente as
plantas (herbívoros), ou secundários, terciários etc., quando se alimentam de outros animais,
formando o grupo dos carnívoros. Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/396931/.

Os organismos autotróficos são organismos que têm capacidade de realizar síntese dos compostos
orgânicos de que necessitam para sobreviver, ou seja, organismos que assimilam energia da luz
do sol e de substâncias inorgânicas e dessa forma produzem o seu próprio alimento, tais como as
plantas que realizam fotossíntese. Também são chamados de organismos produtores.

Já os organismos heterotróficos são os que se alimentam de substâncias orgânicas, ou seja, são


aqueles que não produzem seu próprio alimento, como os herbívoros, os carnívoros e os onívoros,
também chamados de organismos consumidores.

De acordo com Ricklefs (2003), as plantas que realizam fotossíntese proporcionam alimento, de
maneira direta e indireta, para os demais elementos da cadeia alimentar, visto que alguns animais
se alimentam delas (forma direta) e outros se alimentam desses animais que comem plantas (forma
indireta). Há ainda os organismos que consomem os restos mortais dessas plantas e desses animais.

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A produção primária é caracterizada pela assimilação, também chamada de produção primária


bruta, correspondente à energia produzida pelos organismos produtores (autotróficos), ou pela
acumulação, correspondente à produção primária líquida de energia e nutrientes pelas plantas
verdes e outros organismos autotróficos. Ou seja, corresponde à energia resultante do saldo da
energia produzida pelos organismos produtores menos a gasta por eles próprios. É essa energia
que estará disponível para os organismos consumidores (heterotróficos).

A produtividade primária ou básica de um sistema ecológico,1 de uma comunidade,


ou de qualquer parte dela, define-se como a velocidade a que a energia da radiação
é armazenada pela atividade fotossintética ou quimiossintética de organismos
produtores (principalmente plantas verdes) na forma de substâncias orgânicas
susceptíveis de utilização como matéria alimentar (ODUM, 2004, p. 65).

As cadeias alimentares estão interligadas, ou seja, não seguem um padrão linear e isolado. Esse
emaranhado de cadeias interligadas é chamado de teias alimentares.

1 “Um sistema ecológico pode ser um organismo, uma população, um conjunto de populações vivendo juntos
(frequentemente chamado de comunidade), um ecossistema ou a biosfera inteira da Terra. Cada sistema ecológico
menor é um subconjunto de um próximo maior, e assim os diferentes tipos de sistemas ecológicos formam uma
hierarquia de tamanho” (RICKLEFS, 2003, p. 2).

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CURIOSIDADE

Entendemos então que todos os animais e vegetais se constituem em alimento em algum momento
da teia alimentar. Caso uma espécie deixe de existir, toda a cadeia sentirá o impacto, mesmo que
seja um organismo pequeno como o plâncton, pois ele sustenta, ou seja, serve como alimento para
grandes animais, como as baleias. Estas poderiam até mesmo desaparecer pela falta do seu principal
alimento.
Figura 9 – Cadeia alimentar marinha

Fonte: http://www.ciimar.up.pt/cadeiastroficasmarinhas/wp-content/uploads/2015/12/cadeias-troficas.png.

Níveis tróficos
A palavra trófico deriva da palavra grega trophe, que significa nutrição e/ou alimentação. O
biólogo alemão August Thienemann utilizou o conceito de níveis tróficos em 1920 para se referir
ao caminho percorrido na transferência de energia, por meio da alimentação, ao longo da cadeia
alimentar.

Assim, nível trófico é a posição na cadeia alimentar, determinada pelo número de passos
de transferência de energia até aquele nível. Em uma cadeia alimentar de pastoreio, as plantas
representam o primeiro nível, os herbívoros, o segundo, e os carnívoros, o terceiro. Um animal pode

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ocupar mais de um nível trófico, como o homem, que se alimenta de plantas (segundo nível trófico),
de animais herbívoros (terceiro nível trófico) e de outros animais (quarto nível trófico).

A segunda lei da termodinâmica define que, se nenhuma energia entrar e/ou sair do sistema,
no processo final de trocas energéticas, haverá menor energia potencial do que no início. Ou seja,
em cada nível trófico, haverá uma perda de energia com relação ao nível anterior, resultando assim
na pirâmide energética, na qual o consumidor final terá menos energia potencial do que o produtor
inicial, conforme apresentado na figura seguinte.

Figura 10 – Pirâmide energética

A pirâmide energética ou pirâmide ecológica representa o fluxo de energia ao longo das ligações
na cadeia alimentar, que diminui progressivamente em direção aos níveis tróficos superiores,
formado pelos consumidores, sendo a base da pirâmide representada pelo nível dos produtores.
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/bio_ecologia/piramide_energia.jpg.

Os níveis de certos nutrientes regulam a produção primária no sistema. Eles são reciclados
e mantidos dentro deste. As plantas capturam a energia luminosa do sol e transformam-na em
energia química de ligação nos carboidratos. Reorganizadas e montadas, as moléculas de glicose
tornam-se gordura, óleos e celulose. Combinadas com nitrogênio, fósforo, enxofre e magnésio,
carboidratos simples, derivados em última instância da glicose, produzem um conjunto de proteínas,
ácidos nucleicos e pigmentos.

A eficiência ecológica é a porcentagem da energia na biomassa produzida em um nível trófico


que é incorporada naquela produzida pelo nível trófico acima. Uma quantidade menor de energia

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atinge cada nível trófico superior sucessivamente devido ao trabalho executado e também à
ineficiência das transformações de energia biológica no nível inferior. A razão entre a produção
de um nível trófico em relação àquele abaixo dele constitui a eficiência ecológica daquele elo da
cadeia alimentar.

Influência dos fatores abióticos


Figura 11 – Fatores abióticos

Fonte: Violetkaipa/ shutterstock.com

Para a existência de determinado ecossistema, é necessário que ocorram alguns fatores abióticos
e bióticos nesse ambiente. Entre os fatores abióticos mais importantes, podemos citar: radiação
solar, água, temperatura, pressão atmosférica, correntes marinhas, salinidade, entre outros.

A radiação solar é fundamental na produção das cadeias alimentares, visto que grande parte
dos organismos autotróficos utiliza a luz solar na produção do seu alimento. Sendo assim, ela é
um fator fundamental para os estudos ecológicos, tanto na qualidade dessa luz, representada pelo

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comprimento de onda e pela cor, quanto na sua quantidade: intensidade de energia que chega ao
ambiente e duração, medida em número de horas de recebimento dessa radiação, chamado de
fotoperíodo.

A presença e/ou a ausência de luz influencia no comportamento fisiológico e na distribuição dos


seres vivos na biosfera. Alguns indivíduos necessitam de grande quantidade de luz para executar
suas atividades fisiológicas, outros já não necessitam de grande incidência, como os organismos
que vivem em cavernas ou em zonas abissais.

A água é fundamental para o desenvolvimento de várias espécies, seja representada por


pluviosidade, umidade, evaporação, evapotranspiração e/ou existência de um fluxo superficial.

A temperatura do ambiente funciona como um fator limitante para as espécies, visto que cada
organismo possui a sua temperatura de desenvolvimento ideal e a amplitude térmica tolerável de
existência, ou seja, cada um consegue sobreviver entre determinados limites de temperatura. Ela afeta
diretamente a fisiologia do organismo, influenciando a germinação das sementes, o florescimento,
o desenvolvimento dos indivíduos etc. (PERONI; HERNANDÉZ, 2011).

A pressão atmosférica influencia a circulação dos ventos, que interferem diretamente na umidade
e na temperatura do ar, além de ser um fator limitante para algumas espécies, assim como a pressão
hidrostática, que limita verticalmente a existência dos organismos em meio aquático.

As correntes marinhas interferem nas temperaturas atmosféricas locais, visto que representam
fluxos de água com temperaturas elevadas ou baixas, diferenciam a concentração de nutrientes da
água do mar e a concentração de gases.

Outro elemento importante na limitação das espécies, especialmente em regiões estuarinas,


é a concentração de sais. No alto mar, a salinidade é constante, mas próximo à costa ela varia,
devido à diluição com a água doce provinda dos cursos d’água. Assim, as espécies que toleram
maiores níveis de salinidade estão localizadas próximo ao mar, e mais dentro do continente as
menos tolerante aos sais (PERONI, HERNANDÉZ, 2011).

O solo representa tanto os elementos bióticos como abióticos, visto que além da rocha
em decomposição é formado por inúmeros micro-organismos, que facilitam e/ou dificultam o
desenvolvimento de determinadas espécies.

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Podemos estabelecer o nível ótimo para o desenvolvimento de determinada espécie considerando


aquele que seja melhor frente aos padrões abióticos e bióticos existentes. Para Begon, Towsed e
Harper (2007), o nível ótimo de desenvolvimento está ligado diretamente ao melhor desenvolvimento
da espécie para deixar o máximo de descendentes possíveis.

CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Figura 12 – Ciclos biogeoquímicos

Fonte: http://www.fragmaq.com.br/wp-content/uploads/2016/03/1-Fatores-Bi%C3%B3ticos-e-Abi%C3%B3ticos.jpg.

Diferentemente da energia, os nutrientes são retidos dentro do ecossistema e circulam entre seus
componentes físicos e bióticos. O ciclo de cada elemento pode ser pensado como um movimento
entre compartimentos do ecossistema, sendo os grandes os organismos vivos, os detritos orgânicos,
as formas inorgânicas imediatamente disponíveis e as formas inorgânicas e orgânicas indisponíveis,
geralmente em sedimentos. Dessa forma, os ecossistemas podem ser mais bem compreendidos
por intermédio dos ciclos de nutrientes, ou ciclos biogeoquímicos.

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Os ciclos dos nutrientes podem ser divididos em dois tipos: ciclos locais, como o ciclo do fósforo,
que envolve elementos que não apresentam mecanismos de transferência em longa distância;
e ciclos globais, que envolvem trocas entre a atmosfera e o ecossistema e são particularmente
aplicáveis a elementos tais como água, carbono e nitrogênio.

Ciclo da água
Embora a água esteja quimicamente envolvida na fotossíntese, a maior parte do fluxo dela pelo
ecossistema acontece pelos processos físicos de evaporação, transpiração e precipitação.

A radiação solar incidente na água, presente em rios, lagos, mares etc., promove a passagem
dela do estado líquido para o estado gasoso (vapor d’água), processo conhecido como evaporação.
Considera-se também a respiração e a transpiração dos organismos existentes, que contribuem
também para o acréscimo de moléculas de vapor d’água na atmosfera, processo conhecido como
evapotranspiração. Nas geleiras, onde encontramos água no estado sólido, ocorre a passagem
direta para o estado gasoso por meio do processo de sublimação.

Todo esse vapor d’água caminha em direção à atmosfera, onde essas moléculas irão formar as
nuvens. Devido ao resfriamento, essas partículas em estado gasoso irão se transformar em estado
líquido novamente, por meio do processo de condensação, possibilitando que essa água retorne
para o ambiente por meio da precipitação, conforme figura seguinte.

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Figura 13 – Ciclo da água

A água existente na superfície da Terra em mares e rios é aquecida pela energia solar e evapora (processo de
evaporação). As plantas e os animais também contribuem com a produção de vapor d’água por meio do processo de
evapotranspiração. Esse vapor d’água acumula-se na atmosfera formando as nuvens, que ficam sobrecarregadas,
e, devido ao resfriamento, ocorre a precipitação, possibilitando que essa água retorne para a Terra. Então é
armazenada nas geleiras em forma de gelo ou nos cursos d’água superficiais, além de se infiltrar no solo e ser
armazenada de forma subterrânea, abastecendo os aquíferos. Fonte: http://water.usgs.gov/edu/watercycle.html.

Ciclo do carbono
O carbono (C) possui duas formas: orgânica, existentes nos organismos vivos e mortos, e
inorgânica, existente em rochas sedimentares e depósitos de combustíveis fósseis (figura 14).
Apresenta uma relação forte com o conteúdo energético devido a sua íntima associação com a
assimilação de energia via fotossíntese.

O ciclo do carbono também se apresenta em dois tipos principais. O primeiro, chamado ciclo
geológico, ocorre de forma lenta, em escala de milhões de anos, em que o carbono é comprimido
sob as placas tectônicas. Quando ocorrem erupções vulcânicas, o gás carbônico retorna para a
atmosfera, sendo expelido pelos vulcões. Esse ciclo é responsável pelo armazenamento de 99%
do carbono terrestre mantido na litosfera.

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O segundo tipo, chamado de ciclo biológico, ocorre de forma rápida e inicia-se quando os
organismos autótrofos absorvem o gás carbônico disponível na atmosfera e utilizam-no na
fotossíntese. Por outro lado, esse carbono também é devolvido para a atmosfera por meio da
respiração dos seres vivos, além da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo.

Três grandes classes de processos causam a reciclagem do carbono nos sistemas aquáticos
e terrestres:

a) A primeira inclui as reações assimilativas, que transformam e incorporam o carbono em


forma inorgânica, e desassimilativas, que transformam o carbono em forma orgânica e
inorgânica nos processos de fotossíntese e na respiração.
b) A segunda inclui as trocas físicas de gás carbônico entre a atmosfera e oceanos, lagos e
águas correntes.
c) A terceira consiste na dissolução e na precipitação (deposição) de compostos de
carbonato como sedimentos, particularmente calcário e dolomita. O gás carbônico
combinado com a água forma o ácido carbônico, que, reagindo com os elementos cálcio e
magnésio, forma os carbonatos. Estes, devido aos processos de erosão e sedimentação,
formam as rochas sedimentares.

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Figura 14 – Ciclo do carbono

As plantas captam gás carbônico (CO2) da atmosfera para a realização da fotossíntese. Durante o
processo de respiração, os organismos (plantas e animais) liberam CO2 para a atmosfera. O carbono
pode ficar armazenado em forma de combustíveis fósseis. O processo de decomposição e a queima de
combustíveis fósseis por indústrias e automóveis acrescem ainda mais CO2 na atmosfera, o que pode
ocasionar o agravamento do efeito estufa. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/348536458640614911/.

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SAIBA MAIS

Efeito estufa é um processo físico natural que ocorre quando parte da energia recebida pela Terra por
meio dos raios solares fica armazenada na atmosfera por meio da captação de alguns gases (CO2
- gás carbônico -, CH4 – metano -, H2O - vapor d’água etc.). Esse calor é irradiado novamente para a
superfície, não sendo liberado para o espaço, permitindo que o planeta fique aquecido e mantenha a
vida existente nele. Ou seja, sem o efeito estufa, provavelmente não seria possível a vida na Terra.
Figura 15 – Efeito estufa

Fonte: http://msalx.almanaque.abril.com.br/2013/03/25/1232/5Daaf/
aquecimento-global-grafico-01.jpeg?1364225667

Ciclo do fósforo
Como o fósforo não apresenta um componente atmosférico, ele não é transportado pela chuva
ou pelo vento. Aparece principalmente na forma de fosfato (PO43-), obtido a partir da degradação
das rochas.

Todos os organismos vivos necessitam de fósforo para o seu metabolismo, absorvido


principalmente na forma iônica (íon fosfato). As perdas do sistema terrestre são balanceadas pelas
reservas nas rochas, sendo a crosta terrestre a principal reserva desse mineral.

As plantas absorvem o fosfato existente no solo e dissolvido na água. Já os animais obtêm


suas reservas de fósforo por meio do alimento e também da dissolução desse material em água.

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No processo de decomposição, ele é devolvido para o ambiente. Podemos chamar esse processo
de ciclagem do fósforo de ciclo ecológico, pois ocorre de forma relativamente rápida.

Outra forma de ciclagem do fósforo é por meio do ciclo geológico, em que esse elemento é
incorporado às rochas de forma lenta. O fosfato dissolvido em água é drenado para o oceano e
passa por processos de sedimentação para ser incorporado às rochas, que, por meio dos processos
de degradação, ficam disponíveis para entrarem no ciclo novamente. A figura 16 apresenta o ciclo
do fósforo e seus componentes.

Figura 16 – Ciclo do fósforo

O processo de decomposição devolve o fosfato armazenado nas rochas e nos organismos para o meio
ambiente. Esse fosfato é dissolvido na água e levado até o mar, onde passa por um processo de sedimentação,
formando novas rochas, que podem passar novamente por degradação e ser absorvidas novamente
pelos organismos. Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia28.php.

Ciclo do nitrogênio
A fonte de nitrogênio para o ecossistema é o nitrogênio molecular (N2) existente na atmosfera.
Essa forma dissolve-se razoavelmente na água. O nitrogênio molecular entra no ciclo bioquímico
do nitrogênio por meio da sua assimilação por certos organismos, visto que a maioria dos seres
vivos não consegue fixá-lo.

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Algumas bactérias e cianobactérias possuem capacidade de fixar nitrogênio atmosférico, como


a Rhizobium, existente nas plantas leguminosas. Elas são responsáveis por transformar o N2 em
sais nitrogenados, e o restante é liberado no solo em forma de amônia.

O ciclo do nitrogênio ocorre seguindo algumas etapas, conforme apresento a seguir e também
na figura 17:

I. Amonificação: os fungos e as bactérias presentes no solo decompõem a matéria orgânica


e formam a amônia.
II. Nitrificação: a amônia recém-formada passa por um processo de oxidação, por meio de
bactérias nitrosas, e transforma-se em nitritos, que são liberadas no solo, onde as bactérias
nítricas os transformam em nitratos. Estes são absorvidos pelas plantas e, por meio da
cadeia alimentar, alcançam os demais animais.
III. Desnitrificação: algumas bactérias anaeróbias utilizam o nitrato recém-formado para oxidar
os compostos orgânicos e assim o transformam em gás nitrogênio, que pode, dessa forma,
retornar para a atmosfera.

Na assimilação, o nitrato é absorvido pelas raízes das plantas nos ecossistemas terrestres e
pelo fitoplâncton nos aquáticos. Na amonificação, ocorre a hidrólise de proteínas e a oxidação de
aminoácidos, resultando na produção de amônia (NH3), que é realizada por todos os organismos.

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Figura 17 – Ciclo do nitrogênio

A fixação do nitrogênio envolve a transformação do nitrogênio molecular (N2) em amônia por bactérias no solo,
processo de amonificação. A etapa de nitrificação envolve a oxidação do nitrogênio, primeiro da amônia para
o nitrito e então deste para o nitrato, durante as quais o átomo de nitrogênio libera energia química. Ambos os
passos são executados somente por bactérias especializadas. Na etapa de desnitrificação, ocorre a redução de
nitrato a nitrogênio gasoso, retornando para a atmosfera. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_nitrogênio.

ECOLOGIA DE POPULAÇÕES
A ecologia de populações estuda as características de uma população e os atributos dos
indivíduos dela, visto que cada uma possui características específicas quanto a sua dimensão,
densidade, modo de distribuição etc.

Verifica-se que na natureza as populações, em uma comunidade estável, não têm seu crescimento
ocorrendo de forma infinita, visto que há um conjunto de fatores que controlam isso. São chamados
de fatores de resistência ambiental, pois regulam o tamanho delas, como as dinâmicas populacionais
e as interações entre as populações.

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Dinâmica de populações
Figura 18 – Populações

Fonte: Petra Christen/ Hal Brindley/ Andre Anita/ Vlademir Cech Jr/ shutterstock.com

A densidade populacional é o tamanho da população em relação a uma unidade de espaço.


Geralmente, é avaliada e expressa como o número de indivíduos ou a biomassa da população, por
unidade de área ou volume.

Especialmente para propósito de manejo da espécie, quantifica-se a densidade populacional para


determinar quais frações da população consistem de jovens e adultos. A densidade é normalmente
calculada para pequenas áreas, e a abundância total para o habitat inteiro é estimada a partir desses
dados.

Ao contrário da simples contagem visual dos organismos, os métodos amostrais incluem uso
de armadilhas, frequência do som emitido, principalmente para aves e anfíbios, registro de pegadas,
percentual de cobertura etc.

O crescimento logístico corresponde ao padrão no qual o crescimento demográfico exponencial


ocorre quando a população é pequena e seu crescimento diminui imediatamente conforme a
população se aproxima da capacidade de suporte, ou seja, o número de indivíduos de uma espécie
que o ambiente pode suportar.

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A natalidade é a capacidade de uma população aumentar. A taxa de natalidade corresponde


ao número de nascimentos em determinada população no percurso de um tempo conhecido, por
exemplo, um ano.

A mortalidade corresponde à morte dos indivíduos em uma população. A taxa de mortalidade


é equivalente à taxa de óbitos em uma determinada população em um período conhecido.

CURIOSIDADE

Você já parou para pensar quantos recursos naturais são necessários para manter o seu estilo de
vida? E se calcularmos isso para a população do Brasil? E do mundo? Por quanto tempo a Terra irá
suportar o nosso estilo de vida?

Esse é o princípio do conceito da capacidade de suporte.

Para você pensar o quanto está consumindo de recursos naturais, faça o cálculo da sua pegada
ecológica, que mede a quantidade de recursos naturais necessários para manter o seu estilo de vida.
Acesse: www.pegadaecologica.org.br.

A pegada ecológica do Brasil é de 2,9 hectares globais por pessoa, de acordo com o Relatório
Planeta Vivo, da rede WWF (World Wildlife Fund). Assim, se o mundo inteiro tivesse a mesma pegada
ecológica brasileira, seriam necessários 1,6 planetas como capacidade de suporte para nosso estilo
de vida. Mas, infeliz ou felizmente, não temos mais de um planeta para sobrevivermos. Dessa forma, é
necessário e urgente repensarmos o nosso estilo de vida.
Figura 19 – Pegada ecológica

Fonte: Cherries/ shutterstock.com

Flutuação de populações

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As flutuações em determinadas populações podem ser resultado de alterações no ambiente


físico, que podem ocasionar aumento nas taxas de natalidade e mortalidade. As populações também
apresentam flutuações cíclicas determinadas pela variação de temperatura e umidade, por exemplo,
durante a sazonalidade climática (mudança nas estações do ano).

A taxa intrínseca de aumento populacional corresponde à taxa de crescimento exponencial de


uma população com uma distribuição etária estável, sob condições constantes.

A resistência ambiental implica todos os fatores limitantes que agem juntos para limitar o
crescimento de uma população. De acordo com Odum (2004, p. 175), “qualquer condição que se
aproxime ou exceda os limites de tolerância diz-se ser uma condição limitante ou um fator limitante”.

Já os fatores reguladores, tais como a temperatura, a água, a luz etc., representam as condições
físicas necessárias para o desenvolvimento de um determinado ecossistema. Assim, em condições
ótimas, é possível haver o seu melhor desenvolvimento.

A dispersão corresponde ao movimento de indivíduos (ou de sementes, propágulos etc.) de uma


determinada população. Pode ocorrer o processo de emigração, quando esses indivíduos saem
do ambiente, imigração, quando entram nele, ou migração, quando ocorrem os dois movimentos
(saída e entrada).

INTERAÇÕES ECOLÓGICAS
Em uma mesma comunidade, é possível haver dois tipos de interações: intraespecíficas, ou
homotípicas, quando ocorrem entre indivíduos da mesma espécie; e interespecíficas, ou heterotípicas,
quando envolvem indivíduos de espécies diferentes.

Essas interações podem ser harmônicas ou positivas, quando ocorre o benefício mútuo das
espécies envolvidas ou de apenas uma espécie, sem o prejuízo das demais; ou podem ser desarmônicas
ou negativas, quando ocorre prejuízo para alguma das espécies envolvidas.

Na figura a seguir, é possível verificar um quadro sintético dos principais tipos de interações
ecológicas.

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Figura 20 – Interações ecológicas

As interações ecológicas podem ser divididas entre intraespecíficas, quando ocorrem em indivíduos da mesma
espécie, de forma harmônica, como as colônias e as sociedades, ou desarmônica, como o canibalismo e a
competição; e interespecíficas, quando ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes, de forma harmônica,
como o comensalismo, o inquilinismo, o mutualismo, a simbiose e a foresia, ou desarmônica, como o
amensalismo, a competição, o esclavagismo, o parasitismo e o predatismo. Fonte: Elaborado pelo autor.

A formação de colônias ocorre entre indivíduos de uma mesma espécie que vivem em grupos.
Muitas vezes os indivíduos que se dispersam da colônia não consegue sobreviver de forma isolada,
podendo formar outras. Podemos citar como exemplo as colônias de corais.

Figura 21 – Exemplo de colônia: coral

Fonte: Ruslan Mamedov/ Seaphotoart/ shutterstock.com

Nas sociedades, os indivíduos de uma mesma espécie organizam-se para viver de forma
cooperativa. Como exemplo, temos as colmeias, nas quais as abelhas se organizam, com cada
grupo em uma função: as operárias transportam o mel e o pólen, as produtoras produzem a cera,

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outras são responsáveis pela alimentação da rainha, do zangão e das larvas. A rainha é responsável
pela procriação, e o zangão, pela fertilização da rainha; outras são responsáveis pela limpeza da
colmeia, outras pela segurança etc.

Figura 22 – Exemplo de sociedade: abelhas

Fonte: Lehrer/ shutterstock.com

A interação de canibalismo é uma forma especial de predatismo, visto que o predador e a presa
pertencem a uma mesma espécie. Um exemplo bastante conhecido ocorre quando a fêmea da
espécie de aranha chamada viúva-negra se alimenta do macho durante o momento da cópula.

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Figura 23 – Exemplo de canibalismo: aranha viúva-negra fêmea e macho

Fonte: http://topnews.in/usa/files/black-widow01.jpg.

Na relação de competição, duas ou mais populações competem por algum tipo de recurso, ou
seja, é uma relação prejudicial entre indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes, que
competem por uma necessidade que ambas possuem e podem inibir uma à outra. Essa relação pode
afetar o crescimento, a reprodução e a sobrevivência das populações envolvidas, podendo regular
a densidade populacional. Como exemplos, temos a competição por espaço entre as espécies ou
a competição entre os machos para fertilizar uma fêmea e procriar.

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Figura 24 – Exemplo de competição: cervos lutando para fertilizar uma fêmea

Fonte: Jamie Hall/ shuttersctock.com

O comensalismo é uma interação interespecífica, entre espécies diferentes, que ocorre quando
somente uma espécie é beneficiada, entretanto, a outra não é prejudicada. Por exemplo, na convivência
entre o peixe rêmora e os tubarões, aquele se alimenta de restos da alimentação destes, sendo
beneficiado sem prejudicar a outra espécie.

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Figura 25 – Exemplo de comensalismo: tubarão e rêmora

Fonte: http://www.falandodeflamengo.com.br/wp-content/uploads/2015/03/tubarao_remora.jpg.

O inquilinismo é uma relação entre espécies diferentes, em que uma espécie se abriga em
outra sem prejudicá-la, buscando suporte e não alimentação. Por exemplo, orquídeas e bromélias
buscam suporte no tronco das árvores para encontrar a luz nas florestas. Essa relação específica
recebe o nome de epifitismo; dessa forma, essas plantas são consideradas epífitas (plantas que
vivem sobre outras).

Figura 26 – Exemplo de inquilinismo: plantas epífitas

Fonte: Patjo/ Justin Dutcher/ shutterstock.com

Mutualismo é uma relação em que ambas as populações, de espécies diferentes, se beneficiam.


Por exemplo, durante a polinização das flores de angiospermas, tanto a planta quanto o polinizador
(inseto, pássaro ou morcego) beneficiam-se, o primeiro pelo néctar e a segunda pela transferência
de pólen. Ambas as partes também se beneficiam de modo mutualístico na dispersão de sementes,
em que frutos são ingeridos por pássaros frutívoros, morcegos e outros mamíferos: o consumidor
recebe uma refeição, e a planta, uma efetiva dispersão das suas informações genéticas.

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Figura 27 – Exemplo de mutualismo: abelha polinizando

Fonte: http://www.cartaeducacao.com.br/wp-content/uploads/2014/05/abelhas.jpg.

Na relação de simbiose, cada parceiro contribui com algo que o outro organismo não possui.
Para muitos autores, é caracterizada como uma relação de mutualismo. Como exemplo de simbiose,
podemos citar a relação que ocorre durante o ciclo do nitrogênio, na qual o fungo decompõe a
matéria orgânica, fornecendo para as plantas esse elemento, enquanto estas cedem para aqueles
os compostos orgânicos sintetizados.

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Figura 28 – Exemplo de simbiose: fungos decompondo matéria orgânica de plantas

Fonte: Herzstaub/ shutterstock.com

A foresia é uma associação entre espécies diferentes na qual uma utiliza outra como meio de
transporte, sem que haja prejuízo. Um exemplo é o transporte de sementes entre pelos e penas
dos animais.

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Figura 29 – Exemplo de foresia: semente que pode ser transportada entre os pelos de um animal

Fonte: http://deusemaior.com.br/wp-content/uploads/2010/10/bxk8325carrapixo800hg1.jpg.

No amensalismo, também chamado de antibiose, ocorre uma relação desarmônica entre espécies
diferentes, em que uma produz substâncias que prejudicam a outra, podendo até matá-la. Como
exemplo, podemos citar as folhas dos pinheiros, que, quando caem no solo, liberam uma substância
tóxica que inibe a germinação de outras sementes.

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Figura 30 – Exemplo de amensalismo: folhas de pinheiros no solo

Fonte: http://www.oeco.org.br/wp-content/uploads/oeco-migration//images/stories/mar2011/Foto-1.jpg.

A interação conhecida como esclavagismo ou escravismo ocorre entre indivíduos de espécies


diferentes quando uma utiliza o trabalho da outra, prejudicando a segunda. Como exemplo, pode
ser citada a relação entre as formigas e os pulgões, em que aquelas capturam e deixam-nos em
colônias para que possam retirar a seiva das raízes e produzir açúcares utilizados na alimentação
delas.

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Figura 31 – Exemplo de esclavagismo: formigas e pulgões

Fonte: http://www.warrenphotographic.co.uk/photography/bigs/15292-Ant-collecting-honeydew-from-aphids.jpg.

O parasitismo representa uma relação entre espécies diferentes na qual uma população afeta
negativamente o crescimento e/ou a sobrevivência da outra. Podem ocorrer tanto no reino animal
quanto no vegetal, por exemplo, as parasitas sanguessugas que se instalam sobre a pele do
hospedeiro e sugam o sangue desse indivíduo.

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Figura 32 – Exemplo de parasitismo: sanguessuga em um hospedeiro

Fonte: Sydeen/ shutterstock.com

Na interação de predação, uma das espécies se beneficia, enquanto a outra é prejudicada,


quando a espécie reconhecida como predador consome a espécie considerada presa. Pode ocorrer
em uma relação de herbivoria, em que os animais se alimentam de plantas, ou de carnivoria, em
que os animais carnívoros se alimentam de outros animais.

Figura 33 – Exemplo de predação: leão atacando

Fonte: alta Oosthuizen/ shutterstock.com

Diversidade e sucessão ecológica


A diversidade dos sistemas ecológicos é gerada pela proliferação de espécies em um meio
ambiente heterogêneo (complexidade estrutural do habitat). A variação espacial nas condições
promove diferenças entre as espécies que vivem em habitat diferentes. As interações entre populações
dentro do mesmo habitat também promovem diversificação local das espécies.

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Sucessão ecológica é a substituição de populações num habitat por intermédio de uma progressão
regular em direção a um estado estável. Conforme apresentado na figura a seguir, existem dois
tipos de sucessão ecológica:

Figura 34 – Sucessão ecológica

Exemplos de sucessão ecológica primária, em que a comunidade se estabelece onde não havia
vida, como em um solo rochoso; e sucessão ecológica secundária, em que a comunidade se
estabelece em uma área que passou por alguma interferência, como a formação de pastagem
para pecuária. Fonte: http://www.estudopratico.com.br/sucessao-ecologica/.

Na sucessão ecológica primária, a comunidade estabelece-se onde não havia vida, por exemplo,
em uma ilha vulcânica, em um substrato exposto após o derretimento de uma geleira, em áreas
afetadas por meteoros, em áreas onde ocorreu derrame de lava, em área rochosa etc.

Assim, em uma área formada somente por rochas, como aquela onde ocorreu um derrame
vulcânico, o intemperismo físico (ação da chuva, vento, radiação etc.) proporciona a fragmentação
dessa rocha, que aos poucos recebe a interferência de liquens e musgos, formando uma fina camada
de solo. A ocorrência deste proporciona a fixação de algumas espécies de plantas, primeiramente
de espécies herbáceas e arbustivas. Concomitantemente com a ação do intemperismo físico, essas
espécies irão promover o intemperismo biológico, que irá proporcionar a formação de um solo mais
espesso, capaz de abrigar plantas maiores, até as espécies arbóreas.

A sucessão secundária ocorre quando surge um novo habitat, por exemplo, em uma clareira
ocasionada por um raio em uma floresta, uma área que passou por uma queimada, uma área
rural abandonada etc. Na sucessão secundária, a colonização ocorre de forma mais rápida, por
haver permanência de algumas estruturas. No exemplo da clareira, a estrutura do solo e o banco
de sementes facilitam essa nova colonização, mas pode ocorrer de permanecerem no ambiente

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espécies mais tolerantes ao distúrbio e sementes dormentes, áreas vizinhas lançarem sementes,
propágulos e espécies animais locomoverem-se e colonizarem essa nova área etc.

A sucessão ecológica varia no tempo e no espaço, depende diretamente da área onde se


encontra, mas, de forma geral, não é um processo rápido. Cada estágio dessa sucessão é chamada
de sere ecológica.

A extinção é o desaparecimento de uma espécie ou outro táxon de uma região ou biota. Durante
a evolução das espécies, é natural a ocorrência de extinções, entretanto, as modificações antrópicas,
nos últimos anos, têm acelerado a ocorrência delas.

BIOMAS TERRESTRES
Um bioma é definido como um grupo de organismos (flora e fauna) distribuídos em uma ampla
área geográfica, limitados latitudinalmente, que possuem um passado evolutivo que possibilitou uma
adaptação às condições ambientais. Para Odum (2004, p. 606), “o bioma é a unidade de comunidade
terrestre mais ampla que convém reconhecer. Num dado bioma, a forma de vida da vegetação do
clímax climático é uniforme”.

A distribuição das plantas é primariamente controlada pela distribuição dos fatores climáticos,
tais como umidade, luz e temperatura. Podemos ver na figura a seguir que a distribuição dos biomas
terrestres corresponde principalmente à distribuição das zonas climáticas.

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Figura 35 – Biomas terrestres

Representação dos grandes biomas terrestres: geleira, tundra, taiga, florestas temperada e tropical, pradaria,
savana e deserto. Fonte: http://decioreismelo.wixsite.com/conexaogeografia/grandes-biomas-terrestres.

As diferenças nos solos – que se denominam diferenças edáficas – são muito importantes no
controle da distribuição das plantas. O conteúdo de minerais do solo constitui fator fundamental
na determinação dos padrões de crescimento vegetal. Os tipos dele podem diferir mesmo em áreas
próximas, o que leva a variação na diversidade e na abundância de espécies vegetais em cada
ambiente. Em contraste com os fatores de crescimento, tais como luz solar e água, que afetam
geralmente grandes áreas de vida vegetal, as diferenças no solo, devido a diferenças na “rocha-mãe”,
podem ser extremamente localizadas, com linhas de demarcações bem definidas.

As distribuições biogeográficas são limitadas e determinadas pela variabilidade fisiológica


potencial e pela amplitude do nicho realizado por cada espécie.

As áreas na superfície terrestre mostram-se descontínuas, e essa descontinuidade tem um


importante efeito sobre a distribuição dos organismos. A classificação dos principais biomas
terrestres inclui: tundra, taiga, floresta temperada, floresta tropical, savana, pradaria e deserto. Cada
bioma possui sua comunidade característica.

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Tundra
A região de tundra constitui um enorme bioma, mais desenvolvido no hemisfério Norte, sendo
principalmente encontrada ao redor do Círculo Ártico. Em geral, o gelo permanente forma uma
camada de menos de um metro, tornado a água existente nesse solo permanentemente congelada
- permafrost.

Apresenta verões curtos, sendo as temperaturas médias entre 5 °C e 8 °C. Para que ocorra
crescimento de plantas, a temperatura média deve situar-se acima do ponto de congelamento da
água durante pelo menos um mês do ano. A precipitação varia entre 35 mm e 75 mm, entretanto,
apresenta uma característica úmida devido à presença do gelo.

As grandes plantas lenhosas estão ausentes, devido à baixa temperatura e à presença de gelo
permanente, que permite apenas o desenvolvimento de um sistema radicular pouco profundo.
Sendo assim, a vegetação da tundra é composta principalmente por musgos, liquens, ciperáceas,
gramíneas e arbustos, que crescem junto ao solo.

A fauna do bioma tundra é caracterizada pela presença de alguns animais de espécies migratórias,
tais como rena, boi almiscarado, raposa, lebre e aves, que aparecem principalmente no verão.

Figura 36 – Tundra

Fonte: Gregory A. Pozhvanov/ Evgeniia Ozerkina/ shutterstock.com

Taiga
O bioma taiga, também conhecida como floresta boreal ou floresta de coníferas, localiza-se
principalmente na América do Norte e na Eurásia, entre as latitudes 50° e 60° norte.

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Caracteriza-se por invernos rigorosos e por uma capa de neve persistente no inverno. Os climas
que produzem esses biomas são encontrados apenas no interior de grandes massas continentais
em altas latitudes, ausentes no hemisfério Sul. Apresenta baixa precipitação anual, entre 40 mm e
10 mm, e temperaturas que variam entre -54 °C e +21 °C.

Na taiga, a maior parte da precipitação ocorre no verão, e o ar frio do inverno nesas regiões
possui um teor muito baixo de umidade. A taxa de evaporação apresenta-se baixa, sendo frequente
a presença de lagos, pântanos e brejos.

A vegetação da taiga é caracteriza pela presença de floresta perenifólia, composta principalmente


por pinheiros, abetos e epíceas, com pouco desenvolvimento dos demais estratos - arbustivo e
herbáceo.

Na fauna das florestas de coníferas, é possível encontrar grandes vertebrados, como o alce e
o lince, assim como lebres, esquilos e aves como pintassilgos.

Figura 37 – Taiga

Fonte: Nikitin Victor/ Lmfoto/ shutterstock.com

Floresta temperada
A floresta decídua temperada está quase ausente no hemisfério Sul, mas é representada em
todas as grandes massas continentais ao norte, principalmente na América do Norte e na Europa
Central. Esse tipo de floresta é bem desenvolvido em áreas com verão quente e invernos brandos
e chuvosos.

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Possui influência da sazonalidade, apresentando as quatro estações bem definidas, com


temperaturas abaixo de zero durante o inverno. Os solos são ricos em nutrientes e apresentam
baixa taxa de decomposição de matéria orgânica.

As plantas dessas regiões, muitas vezes árvores e arbustos decíduos, possuem como característica
marcante a perda de folhas durante o outono, quando as folhas apresentam coloração característica,
ficando castanhas, avermelhadas, alaranjadas e douradas, até caírem. Essa queda de folhas é uma
resposta das espécies ao rigor das estações secas de outono e inverno, é uma adaptação adquirida
pelas plantas para sobreviver.

A vegetação das florestas temperadas é composta principalmente por árvores decíduas, espécies
que perdem as folhas no outono, e podem apresentar os quatro estratos: herbáceas, arbustivas,
arbóreas e emergentes.

Assim como as plantas, os animais são bem adaptados ao clima rigoroso, e muitos mamíferos
hibernam durante os meses frios. Os animais característicos desse bioma são: veado, urso, esquilo,
raposa e pica-pau.

Figura 38 – Floresta temperada

Fonte: Michael Warwick/ Reinhold Leitner/ shutterstock.com

Floresta tropical
As florestas tropicais estão localizadas em baixas latitudes em regiões equatoriais e tropicais. O
índice pluviométrico é elevado, acima de 1.800 mm, e a temperatura média, acima de 18 °C (BROWN;
LOMOLINO, 2006).

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De acordo com Brown e Lomolino (2006), as florestas tropicais ocupam uma área equivalente
a 6% da superfície da Terra e são responsáveis por abrigar cerca de 50% das espécies conhecidas,
correspondente à maior biodiversidade apresentada por um bioma.

As florestas tropicais possuem todos os estratos: herbáceas, arbustivas, arbóreas e emergentes.


Quase todas as plantas são lenhosas, sendo as trepadeiras lenhosas abundantes. Existe também um
grande número de epífitas que crescem sobre os ramos de outras plantas na zona iluminada, bem
acima do solo (no extrato arbóreo). As folhas que caem das árvores são rapidamente decompostas,
e os nutrientes retornam para a vegetação.

As florestas tropicais são florestas densas, ou seja, apresentam grandes árvores, com espécies
acima de 50 metros de altura, as chamadas emergentes. O dossel médio das demais árvores fica
entre 30 e 50 metros, e abaixo desse estrato encontramos vários níveis de sub-bosque, composto
principalmente por palmeiras, além de lianas e epífitas (bromélias, orquídeas, samambaias etc.).

Assim como a vegetação, a fauna é marcada pela presença de uma grande variedade de espécies,
entre elas algumas ameaçadas de extinção, como o mico-leão-dourado e a onça.

Figura 39 – Floresta tropical

Fonte: StillFX/ Kalypso World Photography/ shutterstock.com

Savana
As savanas localizam-se nas latitudes intertropicais, entre 25° N e 25° S. Essas áreas apresentam
uma sazonalidade pluviométrica, com estações chuvosas e secas, sendo que a pluviosidade varia
entre 300 mm e 1.600 mm (BROWN; LOMOLINO, 2006). Em algumas áreas, a estação seca pode

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se prolongar por até 10 meses, apresentando temperaturas elevadas e baixa umidade do ar, que
proporciona a ocorrência de eventos de queimadas.

Muitas comunidades vegetais nos trópicos caracterizam-se por um período bem determinado
de seca anual. Uma das mais amplamente distribuídas é o campo, com árvores muito esparsas e
que são geralmente decíduas, ou seja, perdem as folhas na estação seca.

Também é característica da flora das savanas a presença de cactos, palmeiras, árvores lenhosas
e a espécie representante da savana africana, o baobá.

A fauna característica é composta por grandes mamíferos, sendo que na África são conhecidos
os “big five”, os cinco representantes da savana: elefante, rinoceronte, leão, búfalo e leopardo.

Figura 40 – Savana

Fonte: Joney/ shutterstock.com

Pradaria
O bioma das pradarias está localizado entre os desertos e as florestas temperadas. Apresentam
clima sazonal, com modificações marcantes na temperatura e na precipitação (BROWN; LOMOLINO,
2006).

As pradarias possuem solos com grande presença de húmus e acumulação de matéria orgânica.
A vegetação predominante é formada por gramíneas que possuem raízes profundas, atingindo até
1,80 m de profundidade. É comum a utilização do bioma das pradarias para práticas agropecuárias,
pois são regiões de pastagem naturais.

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Podemos encontrar três tipos de pradarias: altas, com elevada umidade e gramíneas com até
dois metros de altura; mistas, presentes em solos extremamente férteis com grande diversidade
florística; e baixas, com menor diversidade de gramíneas de pequeno porte.

A fauna característica das pradarias é composta por coiotes, raposas, avestruzes e animais
típicos de pastagens, como os cavalos.

Figura 41 – Pradaria na Mongólia

Fonte: LuDaizuoxini/ shutterstock.com

Deserto
O bioma dos desertos tem na água seu principal fator limitante, pois em geral a precipitação é
menor que 250 mm por ano (BROWN; LOMOLINO, 2006). São encontrados normalmente em torno das
latitudes 30° N e 30° S. Uma das razões para a localização dos desertos é o regime de movimento dos
ventos na atmosfera da Terra. São caracterizados por duas condições principais: grande amplitude
térmica, com altas temperaturas durante o dia e baixas à noite, e escassez de água.

Grande parte dos desertos tem o solo formado principalmente por areias, sendo comum a
formação de dunas. Outros têm a presença predominantemente de solo rochoso e até mesmo
coberto por sais. Sua esculturação é proporcionada principalmente pela erosão eólica, provocada
pelos ventos.

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Como exemplo, podemos citar o deserto do Saara, localizado na África, região subtropical,
caracterizado pelo ar seco e pelas elevadas temperaturas diurnas. Há formação de alguns desertos
continentais na Austrália, caracterizados por serem secos e sem influência marinha. Na Patagônia,
Argentina, encontramos um deserto formado por barreiras naturais, pois o ar úmido não consegue
ultrapassar as cordilheiras dos Andes, tornando a área seca. Outros desertos podem se formar pela
influência das correntes marinhas frias, como na costa do Chile e do Peru. Há também o deserto
de Gobi, na China, também seco, mas que durante o verão apresenta temperaturas elevadas e no
inverno, temperaturas baixas (ROMARIZ, 2008).

Figura 42 – Desertos

Fonte: LucVi/ shutterstock.com

A vegetação típica dos desertos constitui-se de espécies gramíneas e pequenos arbustos.


Muitas espécies adaptaram-se para suportar essas condições climáticas: algumas passaram a
armazenar água nas suas folhas, raízes e caules, outras apresentam raízes profundas que buscam
água no lençol freático, outras têm folhas no formato de espinhos que diminuem a perda de água
acumulada pelo organismo etc.

A fauna dos desertos é composta principalmente por mamíferos roedores e répteis. O período
principal de atividade fisiológica desses organismos é o noturno, quando eles saem das suas tocas
para caçar e acasalar.

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ATIVIDADE REFLEXIVA

Analise a figura a seguir e reflita sobre quantos ecossistemas existem nessa imagem e quais são:
Figura 43 - Vista aérea da Jureia – Peruíbe/SP

Fonte: http://www2.uol.com.br/guiadolitoral/materias/peruibe-3060-2014.shtml.

GLOSSÁRIO

Abiótico: São os fatores do meio físico que se fazem sentir favorecendo ou dificultando, as relações
dos seres vivos com o seu ambiente. Dentre eles destacam-se: temperatura, água, luz, solo, relevo
e vento. Fonte: Romariz (2008).

Arbóreo: Relativo ou próprio de árvore.

Arbustos: Vegetal lenhoso possuidor de um pequeno tronco, com ramificações desde a base, e
apresentando altura compreendida entre 3 m e 5 m. Fonte: IBGE (2004).

Biomas: Conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação
contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história
compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria. Fonte: IBGE (2004).

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Biomassa: Também chamada de massa biológica é a quantidade de matéria orgânica produzida


em uma determinada área.

Biosfera: Região da Terra onde existe vida. Compreende a porção inferior da atmosfera, a hidrosfera
e a porção superior da litosfera. Fonte: IBGE (2004).

Biota: Denominação utilizada para o conjunto da fauna e flora de uma determinada região. Fonte:
IBGE (2004).

Biótico: Representados pelos seres vivos: plantas e animais. Fonte: Romariz (2008).

Boreal: Que ocorre naquelas porções de zonas temperadas e subtemperadas do hemisfério Norte,
que caracteristicamente contêm florestas de coníferas (sempre-vivas) e alguns tipos de florestas
decíduas.

Carnívoro: Animal que se alimenta exclusivamente de carne ou que prefere a carne como alimento.
Fonte: IBGE (2004).

Clímax: Estágio de equilíbrio alcançado por uma série, comunidade ou espécie da fauna ou da flora
em um dado ambiente. Fonte: IBGE (2004).

Comensalismo: Tipo de relação harmônica interespecífica em que duas espécies se associam com
o benefício de apenas uma delas, sem causar prejuízo à outra. Fonte: IBGE (2004).

Competição: Disputa que se estabelece entre organismos e populações pelos recursos ambientais
necessários à sobrevivência. Entre os vegetais, há competição por luz, água, nutrientes etc. Entre
os animais, a competição é, mais comumente, por alimento, espaço, oportunidades reprodutivas
etc. Fonte: IBGE (2004).

Comunidade: Comunidade ecológica é uma assembleia ou conjunto de populações animais e


vegetais que ocorrem associadas no espaço e no tempo, apresentando parâmetros próprios, com
estrutura, função, diversidade de espécies, dominância de espécies, abundância relativa de espécies,
estrutura trófica ou alimentar, dentre outros. Fonte: IBGE (2004).

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Decídua: Qualidade apresentada por uma comunidade vegetal em que 50% ou mais de seus indivíduos
perdem todas as suas folhas ou parte delas por um determinado período de tempo, em resposta a
condições climáticas desfavoráveis, em geral períodos secos ou frios. Fonte: IBGE (2004).

Detritos: Resíduos ou sobras de substâncias.

Dispersão: Processo pelo qual os seres vivos se disseminam (se espalham) pelo espaço. Fonte:
Fonte: IBGE (2004).

Dominante: Espécie que, por sua área de cobertura, pelo volume ocupado ou por seu comportamento
fisiológico, controle e caracterize efetivamente o ambiente. Fonte: Romariz (2008).

Ecossistema: Sistema integrado e autofuncionante que consiste em interações dos elementos


bióticos e abióticos, e cujas dimensões podem variar consideravelmente. Fonte: IBGE (2004).

Emigração: É a saída de uma população para outro local, onde irá se fixar. Fonte: IBGE (2004).

Especiação: Denominação utilizada para o processo de formação de uma espécie nova. As duas
modalidades mais aceitas são a especiação por isolamento geográfico, dita alopátrica, e aquela
devida à evolução gradual, ou filética. Fonte: IBGE (2004).

Espécie: Unidade básica de classificação dos seres vivos. Designa populações de seres com
características genéticas comuns, que em condições naturais reproduzem-se gerando descendentes
férteis e viáveis. Embora possa haver grande variação morfológica entre os indivíduos de uma
mesma espécie, em geral, as características externas de uma espécie são razoavelmente constantes,
permitindo que as espécies possam ser reconhecidas e diferenciadas uma das outras por sua
morfologia. Fonte: IBGE (2004).

Evapotranspiração: Soma de todas as perdas de água devidas à sua transformação em vapor,


quaisquer que sejam os fatores postos em jogo. Fonte: IBGE (2004).

Evolução: Mudanças genéticas que ocorrem dentro de uma linha evolucionária. Fonte: IBGE (2004).

Fator limitante: Responsável pela extensão da área de uma planta, ficando ela situada entre um
valor mínimo, abaixo do qual a planta não poderá sobreviver, e um valor máximo, ou seja, seu limite
superior. Fonte: Romariz (2008).

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Floresta: Conjunto de sinúsias dominado por fanerófitos de alto porte e apresentando quatro estratos
bem definidos: herbáceo, arbustivo, arvoreta e arbóreo. Fonte: IBGE (2004).

Fotossíntese: Processo bioquímico realizado pelos seres clorofilados (entre eles a quase totalidade
dos vegetais), em que a energia luminosa é convertida em energia química, e armazenada em
carboidratos. Os carboidratos são sintetizados à partir de substâncias simples: gás carbônico (CO2)
e água (H2O). Como subproduto da fotossíntese há a liberação de oxigênio (O2) para a atmosfera.
Os seres que realizam a fotossíntese são denominados autótrofos e a energia fixada neste processo
é que mantém a imensa maioria dos seres vivos da Terra. Fonte: IBGE (2004).

Herbívoro: Organismo que se alimenta de vegetais. Fonte: IBGE (2004).

Imigração: É a chegada de uma população a novo local para se fixar. Fonte: IBGE (2004).

Liana: Plantas lenhosas e/ou herbáceas reptantes (cipós) que apresentam as gemas e os brotos
de crescimento situados acima do solo e protegidos por catáfilos. Fonte: IBGE (2004).

Migração: Movimento de população de um local para outro, quer seja por um tempo determinado,
quer para uma fixação permanente. Abrange a imigração e a emigração. Fonte: IBGE (2004).

Mutualismo: Tipo de relação harmônica interespecífica em que dois seres de espécies diferentes
vivem intimamente associados, realizando trocas de alimentos e de produtos de metabolismo, com
o benefício de ambos. Fonte: IBGE (2004).

Nicho: Nicho ecológico é local restrito de um habitat onde existem condições especiais de ambiente.
Fonte: IBGE (2004).

Onívoro: Organismo que se alimenta de qualquer tipo de alimento. Fonte: IBGE (2004).

Parasitismo: Tipo de relação biocenótica na qual o antagonismo se manifesta sob sua forma mais
característica. Fonte: Romariz (2008).

Predação: Tipo de relação biocenótica antagônica em que um dos elementos (o predador) mata o
outro (a presa) para dele se alimentar. Fonte: Romariz (2008).

Predador: Designação dada ao animal que se alimenta de outros. Fonte: Romariz (2008).

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Presa: Alimento do predador.

Propágulo: Denominação aplicada a qualquer estrutura que serve à propagação ou multiplicação


vegetativa de uma planta. Fonte: IBGE (2004).

Sere: Sequência de estágios que caracterizam as mudanças na composição da comunidade vegetal


de uma região ou área, conduzindo em direção e um estado final estável, o clímax. Fonte: IBGE (2004).

Simbiose: Associação de vida entre dois organismos diferentes, em que um só deles se beneficia
(comensalismo) ou em que ambos se beneficiam (mutualismo). Fonte: IBGE (2004).

Simpátrica: Tipo de especiação defendida por alguns biólogos, que se processaria sem a ocorrência
de um isolamento geográfico. Fonte: IBGE (2004).

Sucessão ecológica: Substituição sequencial de espécies vegetais e animais em uma comunidade


biótica. Compreende todas as etapas do processo, desde a chegada das espécies pioneiras até o
clímax. A sucessão ecológica primária ocorre onde não havia vida, e a sucessão ecológica secundária,
quando surge um novo habitat, como em uma clareira. Fonte: IBGE (2004).

Táxon: Qualquer unidade taxonômica, sem especificação da categoria. Fonte: IBGE (2004).

Transpiração: Uma das etapas do ciclo da água, na qual as plantas eliminam água para o ambiente
no estado de vapor.

O glossário presente refere-se às definições apresentadas por Brown e Lomolino (2006) no final
da sua obra.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a ecossistema. 4ª ed. Porto
Alegre: Artmed, 2007.

BROWN, J.; LOMOLINO, M. V. Biogeografia. Ribeirão Preto: Funpec-RP, 2006.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Vocabulário básico de recursos naturais e meio
ambiente. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004.

ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6ª ed. São Paulo: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.

FIGUEIRÓ, R. Noções básicas de ecologia para engenheiros. Volta Redonda: FOA, 2013.

PERONI, N.; HERNÁNDEZ, M. I. M. Ecologia de populações e comunidades. Florianópolis: CCB/EAD/


UFSC, 2011.

RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

ROMARIZ, D. A. Biogeografia: temas e conceitos. São Paulo: Scortecci, 2008.

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