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SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Definição de ecologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Princípios gerais da ecologia e níveis de organização ecológica . . . . . . . . . . . . . . 7
Ciclos biogeoquímicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Ciclo da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Ciclo do carbono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Ciclo do fósforo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Ciclo do nitrogênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Ecologia de populações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Dinâmica de populações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Flutuação de populações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Interações ecológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Diversidade e sucessão ecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Biomas terrestres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Tundra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Taiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Floresta temperada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Floresta tropical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Savana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Pradaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Deserto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
INTRODUÇÃO
Figura 1 – Ecologia
Esta aula tem como objetivo principal proporcionar que o aluno compreenda os fundamentos
básicos da ecologia. Para isso, apresentará os principais conceitos, oferecendo embasamento teórico
para que o aluno os apreenda e compreenda a estrutura e a dinâmica existente nos ecossistemas,
além de refletir sobre os efeitos das ações antrópicas no equilíbrio e na dinâmica destes.
Durante a disciplina, o aluno terá acesso aos seguintes conteúdos: conceitos ecológicos,
princípios gerais de ecologia, níveis de organização ecológica, energia nos ecossistemas, níveis
tróficos, cadeias e teias alimentares. Ciclos biogeoquímicos (água, carbono, fósforo e nitrogênio).
Ecologia e dinâmica de populações, padrões de dispersão e capacidade de suporte. Interação entre
as espécies, sucessão ecológica e principais biomas terrestres.
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Definição de ecologia
A palavra ecologia deriva das palavras gregas oikos, que significa “casa”, nosso meio ambiente
mais próximo, e logos, que significa “estudo”. Assim, ecologia seria o estudo dos organismos em
seu ambiente.
O biólogo alemão Ernst Haeckel, em 1869, definiu a palavra ecologia como o estudo do meio
ambiente natural e das inter-relações dos organismos entre si e com seus arredores. Dessa forma,
ecologia passou a significar a ciência que estuda como os organismos (animais e plantas) e os
micro-organismos interagem no mundo natural.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ErnstHaeckel.jpg
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A analogia de Haeckel da economia da natureza enfatiza que tudo na superfície da terra está
inter-relacionado, do mesmo modo que os empreendimentos humanos estão interligados e definidos
pelos princípios econômicos.
O mundo natural varia no tempo e no espaço, por isso é importante respeitar essa escala nos
estudos ambientais: a variação das marés, a sazonalidade do clima, a ciclicidade dia e noite etc.
Estudos de Haeckel de 1904 para alguns representantes dos grupos de anelídeos, cnidários, protozoários e briófitas.
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_Chaetopoda-edit.jpg?uselang=pt-br, https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_Actiniae.jpg?uselang=pt-br, https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_
Discoidea.jpg?uselang=pt-br e https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Haeckel_Muscinae.jpg?uselang=pt-br.
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O lugar onde um animal ou uma planta vive, muitas vezes caracterizado por uma forma vegetal
ou característica física dominante, é chamado de habitat. Os ecólogos identificam o habitat por
suas características físicas mais visíveis, frequentemente incluindo flora e fauna predominantes.
Todas as partes que interagem nos meios físicos, químicos e biológicos formam o ecossistema.
De acordo com Odum (2004), o ecossistema é uma unidade funcional básica da ecologia, visto que
agrega tanto as comunidades biológicas como o ambiente abiótico na qual estão inseridas, assim
como as relações existentes entre esses. O botânico inglês A. G. Tansley foi o primeiro a utilizar o
termo, em 1935.
Todos os ecossistemas estão ligados juntos em uma única biosfera, a qual inclui todos os meios
ambientes e organismos na superfície da Terra (RICKLEFS, 2003). A biodiversidade, ou diversidade
biológica, equivale à variedade de vida: fauna, flora e micro-organismos existentes na biosfera,
considerando tanto a riqueza (número de espécies) quanto a abundância dessas espécies.
Todos os sistemas ecológicos são governados por um pequeno conjunto de princípios gerais.
Entre os mais importantes, destacamos:
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b) O meio ambiente físico exerce uma influência controladora na produtividade dos sistemas
ecológicos.
c) A estrutura e a dinâmica das comunidades ecológicas são reguladas pelos processos
populacionais.
d) Ao longo das gerações, os organismos respondem às mudanças no meio ambiente por
meio da evolução dentro das populações.
São chamadas de evolução biológica as mudanças nos atributos hereditários dos organismos
pela substituição dos genótipos numa população, ou seja, compreende as mudanças biológicas
em uma determinada população de organismos que ocorrem além do período de vida do indivíduo.
Assim, não é possível identificar uma evolução biológica ao longo da vida de um único indivíduo,
mas em uma população ao longo de gerações (PERONI; HERNANDÉZ, 2011).
A seleção natural é caracterizada pela mudança na frequência dos atributos genéticos de uma
população pela sobrevivência e pela reprodução diferencial de indivíduos portadores daqueles
atributos. Todos os sistemas ecológicos estão sujeitos à mudança evolutiva, a qual resulta do
diferencial de sobrevivência e reprodução. A contribuição que o indivíduo deixa para as gerações
futuras, incluindo o sucesso reprodutivo, o tamanho populacional e a taxa de sobrevivência, é
chamada de fitness (FIGUEIRÓ, 2013).
O nicho ecológico representa o papel ecológico e/ou funcional de uma espécie no ecossistema.
Corresponde a todos os componentes do ambiente com os quais um organismo ou população
interage, os muitos intervalos de variação das condições e das qualidades de recursos nos quais
o organismo ou a espécie convive, frequentemente concebido como um espaço multidimensional.
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de limites impostos pelas leis naturais que determinam a transformação de energia e a ciclagem
de materiais. A figura a seguir apresenta os níveis de organização em ecologia.
A biosfera compreende o conjunto de todos os ecossistemas. Estes são compostos pelo conjunto
de comunidades, que por sua vez são formadas pelo conjunto de populações, que correspondem ao
conjunto de indivíduos da mesma espécie existentes em um meio. Fonte: Figueiró (2013, p.7).
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SAIBA MAIS
Nesse processo, o gás carbônico retirado da atmosfera e a água capturada pelas raízes, junto com
a luz solar, são transformados em energia para a planta, por meio da produção de glicose, nutrindo
o organismo e favorecendo o seu crescimento. Ao final desse processo, esses organismos ainda
liberam oxigênio.
Fonte: http://media.tumblr.com/tumblr_m064y78RzB1qdpz4x.jpg.
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Os organismos autotróficos são organismos que têm capacidade de realizar síntese dos compostos
orgânicos de que necessitam para sobreviver, ou seja, organismos que assimilam energia da luz
do sol e de substâncias inorgânicas e dessa forma produzem o seu próprio alimento, tais como as
plantas que realizam fotossíntese. Também são chamados de organismos produtores.
De acordo com Ricklefs (2003), as plantas que realizam fotossíntese proporcionam alimento, de
maneira direta e indireta, para os demais elementos da cadeia alimentar, visto que alguns animais
se alimentam delas (forma direta) e outros se alimentam desses animais que comem plantas (forma
indireta). Há ainda os organismos que consomem os restos mortais dessas plantas e desses animais.
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As cadeias alimentares estão interligadas, ou seja, não seguem um padrão linear e isolado. Esse
emaranhado de cadeias interligadas é chamado de teias alimentares.
1 “Um sistema ecológico pode ser um organismo, uma população, um conjunto de populações vivendo juntos
(frequentemente chamado de comunidade), um ecossistema ou a biosfera inteira da Terra. Cada sistema ecológico
menor é um subconjunto de um próximo maior, e assim os diferentes tipos de sistemas ecológicos formam uma
hierarquia de tamanho” (RICKLEFS, 2003, p. 2).
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CURIOSIDADE
Entendemos então que todos os animais e vegetais se constituem em alimento em algum momento
da teia alimentar. Caso uma espécie deixe de existir, toda a cadeia sentirá o impacto, mesmo que
seja um organismo pequeno como o plâncton, pois ele sustenta, ou seja, serve como alimento para
grandes animais, como as baleias. Estas poderiam até mesmo desaparecer pela falta do seu principal
alimento.
Figura 9 – Cadeia alimentar marinha
Fonte: http://www.ciimar.up.pt/cadeiastroficasmarinhas/wp-content/uploads/2015/12/cadeias-troficas.png.
Níveis tróficos
A palavra trófico deriva da palavra grega trophe, que significa nutrição e/ou alimentação. O
biólogo alemão August Thienemann utilizou o conceito de níveis tróficos em 1920 para se referir
ao caminho percorrido na transferência de energia, por meio da alimentação, ao longo da cadeia
alimentar.
Assim, nível trófico é a posição na cadeia alimentar, determinada pelo número de passos
de transferência de energia até aquele nível. Em uma cadeia alimentar de pastoreio, as plantas
representam o primeiro nível, os herbívoros, o segundo, e os carnívoros, o terceiro. Um animal pode
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ocupar mais de um nível trófico, como o homem, que se alimenta de plantas (segundo nível trófico),
de animais herbívoros (terceiro nível trófico) e de outros animais (quarto nível trófico).
A segunda lei da termodinâmica define que, se nenhuma energia entrar e/ou sair do sistema,
no processo final de trocas energéticas, haverá menor energia potencial do que no início. Ou seja,
em cada nível trófico, haverá uma perda de energia com relação ao nível anterior, resultando assim
na pirâmide energética, na qual o consumidor final terá menos energia potencial do que o produtor
inicial, conforme apresentado na figura seguinte.
A pirâmide energética ou pirâmide ecológica representa o fluxo de energia ao longo das ligações
na cadeia alimentar, que diminui progressivamente em direção aos níveis tróficos superiores,
formado pelos consumidores, sendo a base da pirâmide representada pelo nível dos produtores.
Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/figuras/bio_ecologia/piramide_energia.jpg.
Os níveis de certos nutrientes regulam a produção primária no sistema. Eles são reciclados
e mantidos dentro deste. As plantas capturam a energia luminosa do sol e transformam-na em
energia química de ligação nos carboidratos. Reorganizadas e montadas, as moléculas de glicose
tornam-se gordura, óleos e celulose. Combinadas com nitrogênio, fósforo, enxofre e magnésio,
carboidratos simples, derivados em última instância da glicose, produzem um conjunto de proteínas,
ácidos nucleicos e pigmentos.
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atinge cada nível trófico superior sucessivamente devido ao trabalho executado e também à
ineficiência das transformações de energia biológica no nível inferior. A razão entre a produção
de um nível trófico em relação àquele abaixo dele constitui a eficiência ecológica daquele elo da
cadeia alimentar.
Para a existência de determinado ecossistema, é necessário que ocorram alguns fatores abióticos
e bióticos nesse ambiente. Entre os fatores abióticos mais importantes, podemos citar: radiação
solar, água, temperatura, pressão atmosférica, correntes marinhas, salinidade, entre outros.
A radiação solar é fundamental na produção das cadeias alimentares, visto que grande parte
dos organismos autotróficos utiliza a luz solar na produção do seu alimento. Sendo assim, ela é
um fator fundamental para os estudos ecológicos, tanto na qualidade dessa luz, representada pelo
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comprimento de onda e pela cor, quanto na sua quantidade: intensidade de energia que chega ao
ambiente e duração, medida em número de horas de recebimento dessa radiação, chamado de
fotoperíodo.
A temperatura do ambiente funciona como um fator limitante para as espécies, visto que cada
organismo possui a sua temperatura de desenvolvimento ideal e a amplitude térmica tolerável de
existência, ou seja, cada um consegue sobreviver entre determinados limites de temperatura. Ela afeta
diretamente a fisiologia do organismo, influenciando a germinação das sementes, o florescimento,
o desenvolvimento dos indivíduos etc. (PERONI; HERNANDÉZ, 2011).
A pressão atmosférica influencia a circulação dos ventos, que interferem diretamente na umidade
e na temperatura do ar, além de ser um fator limitante para algumas espécies, assim como a pressão
hidrostática, que limita verticalmente a existência dos organismos em meio aquático.
As correntes marinhas interferem nas temperaturas atmosféricas locais, visto que representam
fluxos de água com temperaturas elevadas ou baixas, diferenciam a concentração de nutrientes da
água do mar e a concentração de gases.
O solo representa tanto os elementos bióticos como abióticos, visto que além da rocha
em decomposição é formado por inúmeros micro-organismos, que facilitam e/ou dificultam o
desenvolvimento de determinadas espécies.
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CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Figura 12 – Ciclos biogeoquímicos
Fonte: http://www.fragmaq.com.br/wp-content/uploads/2016/03/1-Fatores-Bi%C3%B3ticos-e-Abi%C3%B3ticos.jpg.
Diferentemente da energia, os nutrientes são retidos dentro do ecossistema e circulam entre seus
componentes físicos e bióticos. O ciclo de cada elemento pode ser pensado como um movimento
entre compartimentos do ecossistema, sendo os grandes os organismos vivos, os detritos orgânicos,
as formas inorgânicas imediatamente disponíveis e as formas inorgânicas e orgânicas indisponíveis,
geralmente em sedimentos. Dessa forma, os ecossistemas podem ser mais bem compreendidos
por intermédio dos ciclos de nutrientes, ou ciclos biogeoquímicos.
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Os ciclos dos nutrientes podem ser divididos em dois tipos: ciclos locais, como o ciclo do fósforo,
que envolve elementos que não apresentam mecanismos de transferência em longa distância;
e ciclos globais, que envolvem trocas entre a atmosfera e o ecossistema e são particularmente
aplicáveis a elementos tais como água, carbono e nitrogênio.
Ciclo da água
Embora a água esteja quimicamente envolvida na fotossíntese, a maior parte do fluxo dela pelo
ecossistema acontece pelos processos físicos de evaporação, transpiração e precipitação.
A radiação solar incidente na água, presente em rios, lagos, mares etc., promove a passagem
dela do estado líquido para o estado gasoso (vapor d’água), processo conhecido como evaporação.
Considera-se também a respiração e a transpiração dos organismos existentes, que contribuem
também para o acréscimo de moléculas de vapor d’água na atmosfera, processo conhecido como
evapotranspiração. Nas geleiras, onde encontramos água no estado sólido, ocorre a passagem
direta para o estado gasoso por meio do processo de sublimação.
Todo esse vapor d’água caminha em direção à atmosfera, onde essas moléculas irão formar as
nuvens. Devido ao resfriamento, essas partículas em estado gasoso irão se transformar em estado
líquido novamente, por meio do processo de condensação, possibilitando que essa água retorne
para o ambiente por meio da precipitação, conforme figura seguinte.
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A água existente na superfície da Terra em mares e rios é aquecida pela energia solar e evapora (processo de
evaporação). As plantas e os animais também contribuem com a produção de vapor d’água por meio do processo de
evapotranspiração. Esse vapor d’água acumula-se na atmosfera formando as nuvens, que ficam sobrecarregadas,
e, devido ao resfriamento, ocorre a precipitação, possibilitando que essa água retorne para a Terra. Então é
armazenada nas geleiras em forma de gelo ou nos cursos d’água superficiais, além de se infiltrar no solo e ser
armazenada de forma subterrânea, abastecendo os aquíferos. Fonte: http://water.usgs.gov/edu/watercycle.html.
Ciclo do carbono
O carbono (C) possui duas formas: orgânica, existentes nos organismos vivos e mortos, e
inorgânica, existente em rochas sedimentares e depósitos de combustíveis fósseis (figura 14).
Apresenta uma relação forte com o conteúdo energético devido a sua íntima associação com a
assimilação de energia via fotossíntese.
O ciclo do carbono também se apresenta em dois tipos principais. O primeiro, chamado ciclo
geológico, ocorre de forma lenta, em escala de milhões de anos, em que o carbono é comprimido
sob as placas tectônicas. Quando ocorrem erupções vulcânicas, o gás carbônico retorna para a
atmosfera, sendo expelido pelos vulcões. Esse ciclo é responsável pelo armazenamento de 99%
do carbono terrestre mantido na litosfera.
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O segundo tipo, chamado de ciclo biológico, ocorre de forma rápida e inicia-se quando os
organismos autótrofos absorvem o gás carbônico disponível na atmosfera e utilizam-no na
fotossíntese. Por outro lado, esse carbono também é devolvido para a atmosfera por meio da
respiração dos seres vivos, além da queima de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo.
Três grandes classes de processos causam a reciclagem do carbono nos sistemas aquáticos
e terrestres:
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As plantas captam gás carbônico (CO2) da atmosfera para a realização da fotossíntese. Durante o
processo de respiração, os organismos (plantas e animais) liberam CO2 para a atmosfera. O carbono
pode ficar armazenado em forma de combustíveis fósseis. O processo de decomposição e a queima de
combustíveis fósseis por indústrias e automóveis acrescem ainda mais CO2 na atmosfera, o que pode
ocasionar o agravamento do efeito estufa. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/348536458640614911/.
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SAIBA MAIS
Efeito estufa é um processo físico natural que ocorre quando parte da energia recebida pela Terra por
meio dos raios solares fica armazenada na atmosfera por meio da captação de alguns gases (CO2
- gás carbônico -, CH4 – metano -, H2O - vapor d’água etc.). Esse calor é irradiado novamente para a
superfície, não sendo liberado para o espaço, permitindo que o planeta fique aquecido e mantenha a
vida existente nele. Ou seja, sem o efeito estufa, provavelmente não seria possível a vida na Terra.
Figura 15 – Efeito estufa
Fonte: http://msalx.almanaque.abril.com.br/2013/03/25/1232/5Daaf/
aquecimento-global-grafico-01.jpeg?1364225667
Ciclo do fósforo
Como o fósforo não apresenta um componente atmosférico, ele não é transportado pela chuva
ou pelo vento. Aparece principalmente na forma de fosfato (PO43-), obtido a partir da degradação
das rochas.
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No processo de decomposição, ele é devolvido para o ambiente. Podemos chamar esse processo
de ciclagem do fósforo de ciclo ecológico, pois ocorre de forma relativamente rápida.
Outra forma de ciclagem do fósforo é por meio do ciclo geológico, em que esse elemento é
incorporado às rochas de forma lenta. O fosfato dissolvido em água é drenado para o oceano e
passa por processos de sedimentação para ser incorporado às rochas, que, por meio dos processos
de degradação, ficam disponíveis para entrarem no ciclo novamente. A figura 16 apresenta o ciclo
do fósforo e seus componentes.
O processo de decomposição devolve o fosfato armazenado nas rochas e nos organismos para o meio
ambiente. Esse fosfato é dissolvido na água e levado até o mar, onde passa por um processo de sedimentação,
formando novas rochas, que podem passar novamente por degradação e ser absorvidas novamente
pelos organismos. Fonte: http://www.sobiologia.com.br/conteudos/bio_ecologia/ecologia28.php.
Ciclo do nitrogênio
A fonte de nitrogênio para o ecossistema é o nitrogênio molecular (N2) existente na atmosfera.
Essa forma dissolve-se razoavelmente na água. O nitrogênio molecular entra no ciclo bioquímico
do nitrogênio por meio da sua assimilação por certos organismos, visto que a maioria dos seres
vivos não consegue fixá-lo.
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O ciclo do nitrogênio ocorre seguindo algumas etapas, conforme apresento a seguir e também
na figura 17:
Na assimilação, o nitrato é absorvido pelas raízes das plantas nos ecossistemas terrestres e
pelo fitoplâncton nos aquáticos. Na amonificação, ocorre a hidrólise de proteínas e a oxidação de
aminoácidos, resultando na produção de amônia (NH3), que é realizada por todos os organismos.
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A fixação do nitrogênio envolve a transformação do nitrogênio molecular (N2) em amônia por bactérias no solo,
processo de amonificação. A etapa de nitrificação envolve a oxidação do nitrogênio, primeiro da amônia para
o nitrito e então deste para o nitrato, durante as quais o átomo de nitrogênio libera energia química. Ambos os
passos são executados somente por bactérias especializadas. Na etapa de desnitrificação, ocorre a redução de
nitrato a nitrogênio gasoso, retornando para a atmosfera. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_do_nitrogênio.
ECOLOGIA DE POPULAÇÕES
A ecologia de populações estuda as características de uma população e os atributos dos
indivíduos dela, visto que cada uma possui características específicas quanto a sua dimensão,
densidade, modo de distribuição etc.
Verifica-se que na natureza as populações, em uma comunidade estável, não têm seu crescimento
ocorrendo de forma infinita, visto que há um conjunto de fatores que controlam isso. São chamados
de fatores de resistência ambiental, pois regulam o tamanho delas, como as dinâmicas populacionais
e as interações entre as populações.
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Dinâmica de populações
Figura 18 – Populações
Fonte: Petra Christen/ Hal Brindley/ Andre Anita/ Vlademir Cech Jr/ shutterstock.com
Ao contrário da simples contagem visual dos organismos, os métodos amostrais incluem uso
de armadilhas, frequência do som emitido, principalmente para aves e anfíbios, registro de pegadas,
percentual de cobertura etc.
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CURIOSIDADE
Você já parou para pensar quantos recursos naturais são necessários para manter o seu estilo de
vida? E se calcularmos isso para a população do Brasil? E do mundo? Por quanto tempo a Terra irá
suportar o nosso estilo de vida?
Para você pensar o quanto está consumindo de recursos naturais, faça o cálculo da sua pegada
ecológica, que mede a quantidade de recursos naturais necessários para manter o seu estilo de vida.
Acesse: www.pegadaecologica.org.br.
A pegada ecológica do Brasil é de 2,9 hectares globais por pessoa, de acordo com o Relatório
Planeta Vivo, da rede WWF (World Wildlife Fund). Assim, se o mundo inteiro tivesse a mesma pegada
ecológica brasileira, seriam necessários 1,6 planetas como capacidade de suporte para nosso estilo
de vida. Mas, infeliz ou felizmente, não temos mais de um planeta para sobrevivermos. Dessa forma, é
necessário e urgente repensarmos o nosso estilo de vida.
Figura 19 – Pegada ecológica
Flutuação de populações
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A resistência ambiental implica todos os fatores limitantes que agem juntos para limitar o
crescimento de uma população. De acordo com Odum (2004, p. 175), “qualquer condição que se
aproxime ou exceda os limites de tolerância diz-se ser uma condição limitante ou um fator limitante”.
Já os fatores reguladores, tais como a temperatura, a água, a luz etc., representam as condições
físicas necessárias para o desenvolvimento de um determinado ecossistema. Assim, em condições
ótimas, é possível haver o seu melhor desenvolvimento.
INTERAÇÕES ECOLÓGICAS
Em uma mesma comunidade, é possível haver dois tipos de interações: intraespecíficas, ou
homotípicas, quando ocorrem entre indivíduos da mesma espécie; e interespecíficas, ou heterotípicas,
quando envolvem indivíduos de espécies diferentes.
Essas interações podem ser harmônicas ou positivas, quando ocorre o benefício mútuo das
espécies envolvidas ou de apenas uma espécie, sem o prejuízo das demais; ou podem ser desarmônicas
ou negativas, quando ocorre prejuízo para alguma das espécies envolvidas.
Na figura a seguir, é possível verificar um quadro sintético dos principais tipos de interações
ecológicas.
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As interações ecológicas podem ser divididas entre intraespecíficas, quando ocorrem em indivíduos da mesma
espécie, de forma harmônica, como as colônias e as sociedades, ou desarmônica, como o canibalismo e a
competição; e interespecíficas, quando ocorrem entre indivíduos de espécies diferentes, de forma harmônica,
como o comensalismo, o inquilinismo, o mutualismo, a simbiose e a foresia, ou desarmônica, como o
amensalismo, a competição, o esclavagismo, o parasitismo e o predatismo. Fonte: Elaborado pelo autor.
A formação de colônias ocorre entre indivíduos de uma mesma espécie que vivem em grupos.
Muitas vezes os indivíduos que se dispersam da colônia não consegue sobreviver de forma isolada,
podendo formar outras. Podemos citar como exemplo as colônias de corais.
Nas sociedades, os indivíduos de uma mesma espécie organizam-se para viver de forma
cooperativa. Como exemplo, temos as colmeias, nas quais as abelhas se organizam, com cada
grupo em uma função: as operárias transportam o mel e o pólen, as produtoras produzem a cera,
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outras são responsáveis pela alimentação da rainha, do zangão e das larvas. A rainha é responsável
pela procriação, e o zangão, pela fertilização da rainha; outras são responsáveis pela limpeza da
colmeia, outras pela segurança etc.
A interação de canibalismo é uma forma especial de predatismo, visto que o predador e a presa
pertencem a uma mesma espécie. Um exemplo bastante conhecido ocorre quando a fêmea da
espécie de aranha chamada viúva-negra se alimenta do macho durante o momento da cópula.
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Fonte: http://topnews.in/usa/files/black-widow01.jpg.
Na relação de competição, duas ou mais populações competem por algum tipo de recurso, ou
seja, é uma relação prejudicial entre indivíduos da mesma espécie ou de espécies diferentes, que
competem por uma necessidade que ambas possuem e podem inibir uma à outra. Essa relação pode
afetar o crescimento, a reprodução e a sobrevivência das populações envolvidas, podendo regular
a densidade populacional. Como exemplos, temos a competição por espaço entre as espécies ou
a competição entre os machos para fertilizar uma fêmea e procriar.
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O comensalismo é uma interação interespecífica, entre espécies diferentes, que ocorre quando
somente uma espécie é beneficiada, entretanto, a outra não é prejudicada. Por exemplo, na convivência
entre o peixe rêmora e os tubarões, aquele se alimenta de restos da alimentação destes, sendo
beneficiado sem prejudicar a outra espécie.
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Fonte: http://www.falandodeflamengo.com.br/wp-content/uploads/2015/03/tubarao_remora.jpg.
O inquilinismo é uma relação entre espécies diferentes, em que uma espécie se abriga em
outra sem prejudicá-la, buscando suporte e não alimentação. Por exemplo, orquídeas e bromélias
buscam suporte no tronco das árvores para encontrar a luz nas florestas. Essa relação específica
recebe o nome de epifitismo; dessa forma, essas plantas são consideradas epífitas (plantas que
vivem sobre outras).
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Fonte: http://www.cartaeducacao.com.br/wp-content/uploads/2014/05/abelhas.jpg.
Na relação de simbiose, cada parceiro contribui com algo que o outro organismo não possui.
Para muitos autores, é caracterizada como uma relação de mutualismo. Como exemplo de simbiose,
podemos citar a relação que ocorre durante o ciclo do nitrogênio, na qual o fungo decompõe a
matéria orgânica, fornecendo para as plantas esse elemento, enquanto estas cedem para aqueles
os compostos orgânicos sintetizados.
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A foresia é uma associação entre espécies diferentes na qual uma utiliza outra como meio de
transporte, sem que haja prejuízo. Um exemplo é o transporte de sementes entre pelos e penas
dos animais.
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Figura 29 – Exemplo de foresia: semente que pode ser transportada entre os pelos de um animal
Fonte: http://deusemaior.com.br/wp-content/uploads/2010/10/bxk8325carrapixo800hg1.jpg.
No amensalismo, também chamado de antibiose, ocorre uma relação desarmônica entre espécies
diferentes, em que uma produz substâncias que prejudicam a outra, podendo até matá-la. Como
exemplo, podemos citar as folhas dos pinheiros, que, quando caem no solo, liberam uma substância
tóxica que inibe a germinação de outras sementes.
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Fonte: http://www.oeco.org.br/wp-content/uploads/oeco-migration//images/stories/mar2011/Foto-1.jpg.
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Fonte: http://www.warrenphotographic.co.uk/photography/bigs/15292-Ant-collecting-honeydew-from-aphids.jpg.
O parasitismo representa uma relação entre espécies diferentes na qual uma população afeta
negativamente o crescimento e/ou a sobrevivência da outra. Podem ocorrer tanto no reino animal
quanto no vegetal, por exemplo, as parasitas sanguessugas que se instalam sobre a pele do
hospedeiro e sugam o sangue desse indivíduo.
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Sucessão ecológica é a substituição de populações num habitat por intermédio de uma progressão
regular em direção a um estado estável. Conforme apresentado na figura a seguir, existem dois
tipos de sucessão ecológica:
Exemplos de sucessão ecológica primária, em que a comunidade se estabelece onde não havia
vida, como em um solo rochoso; e sucessão ecológica secundária, em que a comunidade se
estabelece em uma área que passou por alguma interferência, como a formação de pastagem
para pecuária. Fonte: http://www.estudopratico.com.br/sucessao-ecologica/.
Na sucessão ecológica primária, a comunidade estabelece-se onde não havia vida, por exemplo,
em uma ilha vulcânica, em um substrato exposto após o derretimento de uma geleira, em áreas
afetadas por meteoros, em áreas onde ocorreu derrame de lava, em área rochosa etc.
Assim, em uma área formada somente por rochas, como aquela onde ocorreu um derrame
vulcânico, o intemperismo físico (ação da chuva, vento, radiação etc.) proporciona a fragmentação
dessa rocha, que aos poucos recebe a interferência de liquens e musgos, formando uma fina camada
de solo. A ocorrência deste proporciona a fixação de algumas espécies de plantas, primeiramente
de espécies herbáceas e arbustivas. Concomitantemente com a ação do intemperismo físico, essas
espécies irão promover o intemperismo biológico, que irá proporcionar a formação de um solo mais
espesso, capaz de abrigar plantas maiores, até as espécies arbóreas.
A sucessão secundária ocorre quando surge um novo habitat, por exemplo, em uma clareira
ocasionada por um raio em uma floresta, uma área que passou por uma queimada, uma área
rural abandonada etc. Na sucessão secundária, a colonização ocorre de forma mais rápida, por
haver permanência de algumas estruturas. No exemplo da clareira, a estrutura do solo e o banco
de sementes facilitam essa nova colonização, mas pode ocorrer de permanecerem no ambiente
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espécies mais tolerantes ao distúrbio e sementes dormentes, áreas vizinhas lançarem sementes,
propágulos e espécies animais locomoverem-se e colonizarem essa nova área etc.
A extinção é o desaparecimento de uma espécie ou outro táxon de uma região ou biota. Durante
a evolução das espécies, é natural a ocorrência de extinções, entretanto, as modificações antrópicas,
nos últimos anos, têm acelerado a ocorrência delas.
BIOMAS TERRESTRES
Um bioma é definido como um grupo de organismos (flora e fauna) distribuídos em uma ampla
área geográfica, limitados latitudinalmente, que possuem um passado evolutivo que possibilitou uma
adaptação às condições ambientais. Para Odum (2004, p. 606), “o bioma é a unidade de comunidade
terrestre mais ampla que convém reconhecer. Num dado bioma, a forma de vida da vegetação do
clímax climático é uniforme”.
A distribuição das plantas é primariamente controlada pela distribuição dos fatores climáticos,
tais como umidade, luz e temperatura. Podemos ver na figura a seguir que a distribuição dos biomas
terrestres corresponde principalmente à distribuição das zonas climáticas.
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Representação dos grandes biomas terrestres: geleira, tundra, taiga, florestas temperada e tropical, pradaria,
savana e deserto. Fonte: http://decioreismelo.wixsite.com/conexaogeografia/grandes-biomas-terrestres.
As diferenças nos solos – que se denominam diferenças edáficas – são muito importantes no
controle da distribuição das plantas. O conteúdo de minerais do solo constitui fator fundamental
na determinação dos padrões de crescimento vegetal. Os tipos dele podem diferir mesmo em áreas
próximas, o que leva a variação na diversidade e na abundância de espécies vegetais em cada
ambiente. Em contraste com os fatores de crescimento, tais como luz solar e água, que afetam
geralmente grandes áreas de vida vegetal, as diferenças no solo, devido a diferenças na “rocha-mãe”,
podem ser extremamente localizadas, com linhas de demarcações bem definidas.
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Tundra
A região de tundra constitui um enorme bioma, mais desenvolvido no hemisfério Norte, sendo
principalmente encontrada ao redor do Círculo Ártico. Em geral, o gelo permanente forma uma
camada de menos de um metro, tornado a água existente nesse solo permanentemente congelada
- permafrost.
Apresenta verões curtos, sendo as temperaturas médias entre 5 °C e 8 °C. Para que ocorra
crescimento de plantas, a temperatura média deve situar-se acima do ponto de congelamento da
água durante pelo menos um mês do ano. A precipitação varia entre 35 mm e 75 mm, entretanto,
apresenta uma característica úmida devido à presença do gelo.
As grandes plantas lenhosas estão ausentes, devido à baixa temperatura e à presença de gelo
permanente, que permite apenas o desenvolvimento de um sistema radicular pouco profundo.
Sendo assim, a vegetação da tundra é composta principalmente por musgos, liquens, ciperáceas,
gramíneas e arbustos, que crescem junto ao solo.
A fauna do bioma tundra é caracterizada pela presença de alguns animais de espécies migratórias,
tais como rena, boi almiscarado, raposa, lebre e aves, que aparecem principalmente no verão.
Figura 36 – Tundra
Taiga
O bioma taiga, também conhecida como floresta boreal ou floresta de coníferas, localiza-se
principalmente na América do Norte e na Eurásia, entre as latitudes 50° e 60° norte.
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Caracteriza-se por invernos rigorosos e por uma capa de neve persistente no inverno. Os climas
que produzem esses biomas são encontrados apenas no interior de grandes massas continentais
em altas latitudes, ausentes no hemisfério Sul. Apresenta baixa precipitação anual, entre 40 mm e
10 mm, e temperaturas que variam entre -54 °C e +21 °C.
Na taiga, a maior parte da precipitação ocorre no verão, e o ar frio do inverno nesas regiões
possui um teor muito baixo de umidade. A taxa de evaporação apresenta-se baixa, sendo frequente
a presença de lagos, pântanos e brejos.
Na fauna das florestas de coníferas, é possível encontrar grandes vertebrados, como o alce e
o lince, assim como lebres, esquilos e aves como pintassilgos.
Figura 37 – Taiga
Floresta temperada
A floresta decídua temperada está quase ausente no hemisfério Sul, mas é representada em
todas as grandes massas continentais ao norte, principalmente na América do Norte e na Europa
Central. Esse tipo de floresta é bem desenvolvido em áreas com verão quente e invernos brandos
e chuvosos.
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As plantas dessas regiões, muitas vezes árvores e arbustos decíduos, possuem como característica
marcante a perda de folhas durante o outono, quando as folhas apresentam coloração característica,
ficando castanhas, avermelhadas, alaranjadas e douradas, até caírem. Essa queda de folhas é uma
resposta das espécies ao rigor das estações secas de outono e inverno, é uma adaptação adquirida
pelas plantas para sobreviver.
A vegetação das florestas temperadas é composta principalmente por árvores decíduas, espécies
que perdem as folhas no outono, e podem apresentar os quatro estratos: herbáceas, arbustivas,
arbóreas e emergentes.
Assim como as plantas, os animais são bem adaptados ao clima rigoroso, e muitos mamíferos
hibernam durante os meses frios. Os animais característicos desse bioma são: veado, urso, esquilo,
raposa e pica-pau.
Floresta tropical
As florestas tropicais estão localizadas em baixas latitudes em regiões equatoriais e tropicais. O
índice pluviométrico é elevado, acima de 1.800 mm, e a temperatura média, acima de 18 °C (BROWN;
LOMOLINO, 2006).
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De acordo com Brown e Lomolino (2006), as florestas tropicais ocupam uma área equivalente
a 6% da superfície da Terra e são responsáveis por abrigar cerca de 50% das espécies conhecidas,
correspondente à maior biodiversidade apresentada por um bioma.
As florestas tropicais são florestas densas, ou seja, apresentam grandes árvores, com espécies
acima de 50 metros de altura, as chamadas emergentes. O dossel médio das demais árvores fica
entre 30 e 50 metros, e abaixo desse estrato encontramos vários níveis de sub-bosque, composto
principalmente por palmeiras, além de lianas e epífitas (bromélias, orquídeas, samambaias etc.).
Assim como a vegetação, a fauna é marcada pela presença de uma grande variedade de espécies,
entre elas algumas ameaçadas de extinção, como o mico-leão-dourado e a onça.
Savana
As savanas localizam-se nas latitudes intertropicais, entre 25° N e 25° S. Essas áreas apresentam
uma sazonalidade pluviométrica, com estações chuvosas e secas, sendo que a pluviosidade varia
entre 300 mm e 1.600 mm (BROWN; LOMOLINO, 2006). Em algumas áreas, a estação seca pode
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se prolongar por até 10 meses, apresentando temperaturas elevadas e baixa umidade do ar, que
proporciona a ocorrência de eventos de queimadas.
Muitas comunidades vegetais nos trópicos caracterizam-se por um período bem determinado
de seca anual. Uma das mais amplamente distribuídas é o campo, com árvores muito esparsas e
que são geralmente decíduas, ou seja, perdem as folhas na estação seca.
Também é característica da flora das savanas a presença de cactos, palmeiras, árvores lenhosas
e a espécie representante da savana africana, o baobá.
A fauna característica é composta por grandes mamíferos, sendo que na África são conhecidos
os “big five”, os cinco representantes da savana: elefante, rinoceronte, leão, búfalo e leopardo.
Figura 40 – Savana
Pradaria
O bioma das pradarias está localizado entre os desertos e as florestas temperadas. Apresentam
clima sazonal, com modificações marcantes na temperatura e na precipitação (BROWN; LOMOLINO,
2006).
As pradarias possuem solos com grande presença de húmus e acumulação de matéria orgânica.
A vegetação predominante é formada por gramíneas que possuem raízes profundas, atingindo até
1,80 m de profundidade. É comum a utilização do bioma das pradarias para práticas agropecuárias,
pois são regiões de pastagem naturais.
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Podemos encontrar três tipos de pradarias: altas, com elevada umidade e gramíneas com até
dois metros de altura; mistas, presentes em solos extremamente férteis com grande diversidade
florística; e baixas, com menor diversidade de gramíneas de pequeno porte.
A fauna característica das pradarias é composta por coiotes, raposas, avestruzes e animais
típicos de pastagens, como os cavalos.
Deserto
O bioma dos desertos tem na água seu principal fator limitante, pois em geral a precipitação é
menor que 250 mm por ano (BROWN; LOMOLINO, 2006). São encontrados normalmente em torno das
latitudes 30° N e 30° S. Uma das razões para a localização dos desertos é o regime de movimento dos
ventos na atmosfera da Terra. São caracterizados por duas condições principais: grande amplitude
térmica, com altas temperaturas durante o dia e baixas à noite, e escassez de água.
Grande parte dos desertos tem o solo formado principalmente por areias, sendo comum a
formação de dunas. Outros têm a presença predominantemente de solo rochoso e até mesmo
coberto por sais. Sua esculturação é proporcionada principalmente pela erosão eólica, provocada
pelos ventos.
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Como exemplo, podemos citar o deserto do Saara, localizado na África, região subtropical,
caracterizado pelo ar seco e pelas elevadas temperaturas diurnas. Há formação de alguns desertos
continentais na Austrália, caracterizados por serem secos e sem influência marinha. Na Patagônia,
Argentina, encontramos um deserto formado por barreiras naturais, pois o ar úmido não consegue
ultrapassar as cordilheiras dos Andes, tornando a área seca. Outros desertos podem se formar pela
influência das correntes marinhas frias, como na costa do Chile e do Peru. Há também o deserto
de Gobi, na China, também seco, mas que durante o verão apresenta temperaturas elevadas e no
inverno, temperaturas baixas (ROMARIZ, 2008).
Figura 42 – Desertos
A fauna dos desertos é composta principalmente por mamíferos roedores e répteis. O período
principal de atividade fisiológica desses organismos é o noturno, quando eles saem das suas tocas
para caçar e acasalar.
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ATIVIDADE REFLEXIVA
Analise a figura a seguir e reflita sobre quantos ecossistemas existem nessa imagem e quais são:
Figura 43 - Vista aérea da Jureia – Peruíbe/SP
Fonte: http://www2.uol.com.br/guiadolitoral/materias/peruibe-3060-2014.shtml.
GLOSSÁRIO
Abiótico: São os fatores do meio físico que se fazem sentir favorecendo ou dificultando, as relações
dos seres vivos com o seu ambiente. Dentre eles destacam-se: temperatura, água, luz, solo, relevo
e vento. Fonte: Romariz (2008).
Arbustos: Vegetal lenhoso possuidor de um pequeno tronco, com ramificações desde a base, e
apresentando altura compreendida entre 3 m e 5 m. Fonte: IBGE (2004).
Biomas: Conjunto de vida (vegetal e animal) definida pelo agrupamento de tipos de vegetação
contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história
compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria. Fonte: IBGE (2004).
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Biosfera: Região da Terra onde existe vida. Compreende a porção inferior da atmosfera, a hidrosfera
e a porção superior da litosfera. Fonte: IBGE (2004).
Biota: Denominação utilizada para o conjunto da fauna e flora de uma determinada região. Fonte:
IBGE (2004).
Biótico: Representados pelos seres vivos: plantas e animais. Fonte: Romariz (2008).
Boreal: Que ocorre naquelas porções de zonas temperadas e subtemperadas do hemisfério Norte,
que caracteristicamente contêm florestas de coníferas (sempre-vivas) e alguns tipos de florestas
decíduas.
Carnívoro: Animal que se alimenta exclusivamente de carne ou que prefere a carne como alimento.
Fonte: IBGE (2004).
Clímax: Estágio de equilíbrio alcançado por uma série, comunidade ou espécie da fauna ou da flora
em um dado ambiente. Fonte: IBGE (2004).
Comensalismo: Tipo de relação harmônica interespecífica em que duas espécies se associam com
o benefício de apenas uma delas, sem causar prejuízo à outra. Fonte: IBGE (2004).
Competição: Disputa que se estabelece entre organismos e populações pelos recursos ambientais
necessários à sobrevivência. Entre os vegetais, há competição por luz, água, nutrientes etc. Entre
os animais, a competição é, mais comumente, por alimento, espaço, oportunidades reprodutivas
etc. Fonte: IBGE (2004).
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Decídua: Qualidade apresentada por uma comunidade vegetal em que 50% ou mais de seus indivíduos
perdem todas as suas folhas ou parte delas por um determinado período de tempo, em resposta a
condições climáticas desfavoráveis, em geral períodos secos ou frios. Fonte: IBGE (2004).
Dispersão: Processo pelo qual os seres vivos se disseminam (se espalham) pelo espaço. Fonte:
Fonte: IBGE (2004).
Dominante: Espécie que, por sua área de cobertura, pelo volume ocupado ou por seu comportamento
fisiológico, controle e caracterize efetivamente o ambiente. Fonte: Romariz (2008).
Emigração: É a saída de uma população para outro local, onde irá se fixar. Fonte: IBGE (2004).
Especiação: Denominação utilizada para o processo de formação de uma espécie nova. As duas
modalidades mais aceitas são a especiação por isolamento geográfico, dita alopátrica, e aquela
devida à evolução gradual, ou filética. Fonte: IBGE (2004).
Espécie: Unidade básica de classificação dos seres vivos. Designa populações de seres com
características genéticas comuns, que em condições naturais reproduzem-se gerando descendentes
férteis e viáveis. Embora possa haver grande variação morfológica entre os indivíduos de uma
mesma espécie, em geral, as características externas de uma espécie são razoavelmente constantes,
permitindo que as espécies possam ser reconhecidas e diferenciadas uma das outras por sua
morfologia. Fonte: IBGE (2004).
Evolução: Mudanças genéticas que ocorrem dentro de uma linha evolucionária. Fonte: IBGE (2004).
Fator limitante: Responsável pela extensão da área de uma planta, ficando ela situada entre um
valor mínimo, abaixo do qual a planta não poderá sobreviver, e um valor máximo, ou seja, seu limite
superior. Fonte: Romariz (2008).
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Floresta: Conjunto de sinúsias dominado por fanerófitos de alto porte e apresentando quatro estratos
bem definidos: herbáceo, arbustivo, arvoreta e arbóreo. Fonte: IBGE (2004).
Fotossíntese: Processo bioquímico realizado pelos seres clorofilados (entre eles a quase totalidade
dos vegetais), em que a energia luminosa é convertida em energia química, e armazenada em
carboidratos. Os carboidratos são sintetizados à partir de substâncias simples: gás carbônico (CO2)
e água (H2O). Como subproduto da fotossíntese há a liberação de oxigênio (O2) para a atmosfera.
Os seres que realizam a fotossíntese são denominados autótrofos e a energia fixada neste processo
é que mantém a imensa maioria dos seres vivos da Terra. Fonte: IBGE (2004).
Imigração: É a chegada de uma população a novo local para se fixar. Fonte: IBGE (2004).
Liana: Plantas lenhosas e/ou herbáceas reptantes (cipós) que apresentam as gemas e os brotos
de crescimento situados acima do solo e protegidos por catáfilos. Fonte: IBGE (2004).
Migração: Movimento de população de um local para outro, quer seja por um tempo determinado,
quer para uma fixação permanente. Abrange a imigração e a emigração. Fonte: IBGE (2004).
Mutualismo: Tipo de relação harmônica interespecífica em que dois seres de espécies diferentes
vivem intimamente associados, realizando trocas de alimentos e de produtos de metabolismo, com
o benefício de ambos. Fonte: IBGE (2004).
Nicho: Nicho ecológico é local restrito de um habitat onde existem condições especiais de ambiente.
Fonte: IBGE (2004).
Onívoro: Organismo que se alimenta de qualquer tipo de alimento. Fonte: IBGE (2004).
Parasitismo: Tipo de relação biocenótica na qual o antagonismo se manifesta sob sua forma mais
característica. Fonte: Romariz (2008).
Predação: Tipo de relação biocenótica antagônica em que um dos elementos (o predador) mata o
outro (a presa) para dele se alimentar. Fonte: Romariz (2008).
Predador: Designação dada ao animal que se alimenta de outros. Fonte: Romariz (2008).
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Simbiose: Associação de vida entre dois organismos diferentes, em que um só deles se beneficia
(comensalismo) ou em que ambos se beneficiam (mutualismo). Fonte: IBGE (2004).
Simpátrica: Tipo de especiação defendida por alguns biólogos, que se processaria sem a ocorrência
de um isolamento geográfico. Fonte: IBGE (2004).
Táxon: Qualquer unidade taxonômica, sem especificação da categoria. Fonte: IBGE (2004).
Transpiração: Uma das etapas do ciclo da água, na qual as plantas eliminam água para o ambiente
no estado de vapor.
O glossário presente refere-se às definições apresentadas por Brown e Lomolino (2006) no final
da sua obra.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; HARPER, J. L. Ecologia: de indivíduos a ecossistema. 4ª ed. Porto
Alegre: Artmed, 2007.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Vocabulário básico de recursos naturais e meio
ambiente. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2004.
ODUM, E. P. Fundamentos de ecologia. 6ª ed. São Paulo: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
FIGUEIRÓ, R. Noções básicas de ecologia para engenheiros. Volta Redonda: FOA, 2013.
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