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ESCOLA FERNÃO GAIVOTA

Diário de Guerra

CARDOZO Miguel e MENEZES Julio

Santana de Parnaíba, Vinte de Novembro de 2022

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1. INTRODUÇÃO

Uma das primeiras formas de registro histórico e a mais utilizada em todas as


ocasiões é a escrita, tendo evidências de seu uso de até décadas antes de Cristo. Nesse meio,
podemos encontrar diversos tipos diferentes de escrituras, assim possuindo diversos
contextos e utilidades. Entretanto, um recurso histórico inúmeras vezes esquecido são os
relatos de guerra feitos em diários por soldados na linha de frente. Este tipo de relato é
comumente utilizado em situações, cujo soldados possuem tempo livre para relatar as
crônicas vividas dentro do campo de batalha, dentro do pouco tempo de descanso ou recesso
que pode ser utilizado para se alimentar ou repor suprimentos, principalmente na Europa
dentre os anos 1914 e 1918, período que marca a Primeira Grande Guerra Mundial. Nesse
momento temos o uso das trincheiras, principal estratégia adotada pelos países em conflito.
Seriam quilômetros de túneis e aberturas na terra que impediam o avanço do inimigo. Sem
movimento aparente os soldados passavam a ter mais tempo livre, sendo assim uma
oportunidade para vários manuscritos serem produzidos.
A principal questão ao abordar estes tipos de escrita se manifesta com a dúvida de sua
veracidade, sendo muitas vezes textos extremamente simples e não revisados ou verificados
por órgãos governamentais, sendo assim passíveis de falsificação e alvos de desaprovação
por certa parte da comunidade científica. No entanto, atualmente, há métodos para a
validação e valorização de tais documentos, onde especialistas podem analisar o
envelhecimento dos papéis e da tinta utilizada, estimando sua idade, além disso analisa-se a
linguagem do texto e resgatam relatos históricos que possam ser condizentes com a escritura,
desta forma observando sua posição relativa a outras escrituras da época, podemos também
comparar a letra e o tipo de caligrafia utilizada no diário e em cartas e documentos que os
soldados tenham escrito, assim podendo capturar falsificações e exibindo a autenticidade dos
diários escritos em guerra. Atualmente grande parte destes documentos residem em museus
ou em posse de análise de historiadores. Importante também salientar que boa parte dos
materiais fora encontrado na residência de familiares dos combatentes ou em recolhimento
dos destroços de guerra.
Os principais momentos abordados pelos diários se mostram com experiências em
confrontos e missões, entretanto pode variar até relatos cotidianos de gestão de suprimentos
ou até os simples ato de cozinhar, todavia estes servem como denúncia para os horrores
vivenciados pelos combatentes, não apenas no âmbito militar, mas também na questão
humanitária com o tratamento de civis e eventualmente dos próprios soldados em questão.

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2. CAPÍTULO - 1

O melhor jeito de iniciar um assunto sobre os diários de guerra é falando sobre o


contexto autêntico. Vários leitores de diários pensam sobre a escrita verdadeira dos diários ou
as fontes verdadeiras. Um fato que podemos acreditar sobre a escrita autêntica é a obra de
Anne Frank “ O Diário de Anne Frank, a história de uma menina judia que passou anos se
escondendo da guerra de Hitler, publicado originalmente em 1947, que até hoje emociona
leitores ao redor do mundo” esta obra além de ser exposta pelo mundo todo foi possível
assistir algumas entrevistas e documentários nos quais são mostradas cenas e Anne Frank
contava como se sentia e outros fatores. Uma das principais formas de se conhecer o dia a dia
das guerras é principalmente através de documentos escritos por militares e por pessoas que
acompanharam o cotidiano da guerra.

“Das milhões de crianças que sofreram perseguição no período nazista, apenas uma pequena
porcentagem escreveu diários e documentos que sobreviveram até nossos dias. Nesses relatos os jovens
escritores documentavam suas experiências, desabafavam seus sentimentos, e refletiam sobre o trauma
que sofreram durante aqueles anos de contínuo pesadelo. Os jovens daquele período eram oriundos de
todas as camadas sócio-culturais. Algumas daquelas crianças vinham de famílias camponesas ou
pobres, outras haviam nascido em famílias de profissionais da classe média, e uma pequena parte havia
crescido na riqueza e estava acostumada a privilégios. Muitas vinham de famílias profundamente
religiosas, enquanto outras haviam crescido no seio de comunidades assimiladas ou seculares. No

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entanto, a maioria das crianças que escreveu diários se identificava com as tradições judaicas,
independentemente de seu nível de crença”.

O Holocausto causou um alto nivel de desconfroto e tristeza das familias, porem, os


diários e relatos de crianças da época do Holocausto podem ser agrupados em três capitulos
marcantes. Aqueles escritos por crianças que escaparam de territórios controlados pelos
alemães e tornaram-se refugiados ou membros da resistência seria o capítulo 1, aqueles
escritos por crianças que viviam na clandestinidade capítulo 2 e aqueles mantidos por jovens
moradores em guetos, ou que viviam sob outras restrições impostas pelas autoridades alemãs,
ou, ainda mais raramente, como prisioneiros dos campos de concentração, um exemplo de
pessoas que moraram em guetos foi a Anne Frank cujo ficou hospedada em um gueto por 1
mês após ir escondida para casa de seu familiar.

“Soldados que lutaram na Força Expedicionária Britânica, durante Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), faziam registros burocráticos em diários, onde eles deveriam relatar os desdobramentos
factuais da guerra. Segundo a análise de Ramsay, a maioria dos escritos, ainda assim, está em
linguagem oficial, com os militares sendo concisos na hora de escrever. Ramsay observa ainda que, em
alguns casos, as lutas intensas tornavam a escrita quase impossível e os registros ficavam com uma ou
duas linhas no máximo. Mesmo assim, os regimentos de Nottinghamshire e Derbyshire, no final de
setembro de 1916, relataram a guerra quase que hora a hora. O impacto da violência era tão avassalador
que alguns trechos eram riscados. E havia rabiscos desordenados em uma caligrafia que, de outra
forma, parecia ser bem elegante.”

As bibliotecas de hoje devem ser totalmente atualizadas com esses recursos de


conhecimento de guerra. Os diários de guerra são essenciais para o conhecimento histórico
das guerras para escolas e universidades, muitos dos diários eram pessoas novas de 14 para
cima como Anne Frank. Anne Frank era um Judia que estava se escondendo durante o
processo nazista após estar escondida na casa do amigo de seus familiares a residencia foi
encontrada por homens nazistas e foram todos levados para camara de gás, porem, o unico
que sobreviveu foi Otto Frank, pai de Anne Frank que encerrou sua historia em seu diário “O
Diário De Anne Frank”

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3. CAPÍTULO - 2 ANÁLISE

É inegável que diversos manuscritos foram produzidos nesses períodos de conflito, há


diversos exemplos de diários que relatam o dia a dia dos soldados, estes possuem diversos
conteúdos que podem contribuir para pesquisas históricas sobre a época, muitas apurações
sobre a veracidade dos textos foram levantadas e discutidas durante o tempo, como dito
anteriormente temos diversos mecanismos para a verificação, tornando-se um elemento
importante de confirmação dos movimentos históricos. Esses documentos não apenas
conseguem ajudar a fomentar momentos passados mas também ajudam a relatar momentos
de denúncia nos momentos atuais, em diversas situações dentro de conflitos armados nos
deparamos com infrações dos direitos humanos, dentre os crimes de guerra mais graves que
nos deparamos conseguimos observar o uso de armas químicas e o genocidio, esses
documentos podem servir de evidência caso algum país venha a praticar e serem julgados
eventualmente, o tribunal de Nuremberg foi um momento chave para conceituar os elementos
do Tribunal Penal Internacional, este momento foi caracterizado pela condenação de vinte
quatro oficiais do alto comando do terceiro Reich, sendo condenados principalmente por:
Conspiração contra a paz; Atos de agressão; Crimes de guerra e Crimes contra a humanidade.
(TREVIZAN, 2008)
Dentro deste contexto podemos argumentar que o uso de manuscritos feitos por
soldados esclarecem os possíveis crimes cometidos nos conflitos, eles podem ser utilizados
como evidência dentro do julgamento, entretanto, uma questão que pode ser levantada dentro
desse assunto seria de como poderíamos apurar a sua autenticidade, atualmente conseguimos
ter diversas ferramentas e técnicas que esclarecem a sua veracidade, analisando a forma e
jeito de se escrever conseguimos adquirir muitas informações, que eventualmente contribuem
com a ligação entre o texto e os eventos históricos, caso haja alguma contradição o texto em
si se torna obsoleto e é totalmente descartado, entretanto deve se atentar para momentos onde
a linguagem gera pontos de análise dentro desses textos, tendo em vista que os textos
possuem uma grande quantidade de linguajar coloquial, possuindo assim expressões
populares e vícios de linguagem, que eventualmente ajudam no entendimento da guerra em
um âmbito geral, também contribuindo para identificar possíveis erros. Outra técnica
utilizada para a confirmação de que os diários possam ser verdadeiros se encontra na análise
da letra do soldado em si, caso seja observado falhas dentro da forma de escrita e do padrão
cujo a mão escreve no papel é possível descartar a fraude totalmente. Atualmente já foram
criadas técnicas para identificar todos os pontos necessários para a contextualização do que
foi escrito, por meio do livro “Análise de Conteúdo” de Bardin (1979) há como efetuar
deduções sistematizadas e explícitas sobre a origem do texto caso seja justificado e tenha
métodos lógicos e claros, possuindo dois pólos, o objetivo e o subjetivo, para alcançar a
verdadeira mensagem do autor é necessário cuidadosamente interpretar o que foi dito e
levantar hipóteses que se confirmam ao longo do texto, este método foi utilizado no exame
das duas grandes guerras no âmbito de comunicações jornalísticas, sendo imposto para

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desvendar a comunicação da propaganda nazista, visando entender os seus objetivos.
(CAPPELLE, 2011)
Outro ponto muito dentro do assunto seria os momentos que foram feitos esses
manuscritos, a grande maioria dos diários encontrados após ou durante um conflito armado
vem de soldados, muitos pesquisadores se indagam se seria possível a criação de tais obras
dentro do ambiente árduo da guerra, é importante entender que a guerra, mesmo sendo um
fenômeno extremamente violento, é um processo demorado, há muitos momentos entre as
batalhas enfrentadas que permitem a escrita de tais documentos. Um exemplo disso seria
principalmente na guerra de trincheiras, as trincheiras eram estruturas lineares cavadas para
abrigar os soldados e impedir o avanço do inimigo, a própria natureza monótona da trincheira
configura diversos momentos para a criação de um diário, as trincheiras lhe proporcionaram
uma cobertura para escrever os acontecimentos vividos, conseguimos também observar
momentos de descanso e viagem das tropas, que podem ceder tempo para os homens
produzirem os diários. Um ponto pouco explorado dentro dos diários feitos em guerra seria
dos diários escritos pelos civis, esses apresentam um quadro mais grave, tendo em vista que
possa ocorrer diversos atentados contra os direitos humanos de totais inocentes do conflito,
um dos manuscritos mais famosos já publicados é “O diario de Zlata” (1993), este diario
conta o cotidiano de Zlata, uma menina de onze anos no conflito na guerra civil Iugolasva,
este livro denuncia diversos momentos de terror dentro do territorio civil do país.

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3. CONCLUSÃO FINAL

Com esta monografia foi possível analisar que os soldados sofriam muito -e físico e
psicologicamente. Mesmo com tudo isso conseguiram trazer cultura (informações, fica
melhor que cultura) e estudo (conhecimento) para o mundo. Desde o início houve o interesse
na escrita de uma monografia deste tema, para aprender e apresentar como era o dia a dia dos
soldados e como eram seus dias de guerra, lembrando que não só soldados mas sim pessoas
civis escreveram diários. Nos momentos anteriores ao texto é citado que Anne Frank fez um
diário durante sua vida desde criança até ( adolescência, onde mostrava seus dias
aterrorizantes de perseguição nazista e levando judeus para os campos de concentraçã Com
essa e mais outras leituras conseguimos analisar todas as nuances históricas dos eventos
vividos pelos autores, assim podendo utilizar tais documentos como fonte histórica e teorizar
sobre estes acontecimentos.

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REFERÊNCIAS

TREVIZAN, O TRIBUNAL DE NUREMBERG E POLÊMICA DAS SANÇÕES


ADOTADAS, 2008.
Disponível em:
http://intertemas.toledoprudente.edu.br/index.php/ETIC/article/viewFile/1595/1513
Acesso em: 1 out. 2022.

CAPPELLE, Análise de conteúdo e análise de discurso nas ciências sociais.


Disponível em:
http://revista.dae.ufla.br/index.php/ora/article/view/251/248
Acesso em: 2 out. 2022.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo, 2011.


Acesso em: 2 out. 2022.

ZLATA, Filipović. O diário de Zlata, 1993.


Acesso em: 30 set. 2022.

FRANK, Anne, O diário de Anne Frank, 1947,


Acesso em: 28 de junho, 2022.

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